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Universidade Federal de Goiás

Reitora Comitê de Integridade Acadêmica


Angelita Pereira de Lima Lilian Ribeiro de Rezende - Coordenadora
Luciana Alves de Oliveira - Vice-coordenadora

Vice-Reitor Fabíola Souza Fiaccadori

Jesiel Freitas Carvalho Fernanda Grazielle da Silva Azevedo Nora


Geisa Nunes de Souza Mozzer
Larissa Matuda Macedo
Pró-Reitora de Pesquisa e Inovação
Liliana Borges de Menezes Leite
Helena Carasek Cascudo
Luis Mauricio Bini
Maisa Miralva da Silva
Pró-Reitora Adjunta de Pesquisa
Marina Pacheco Miguel
e Inovação
Moema Gomes Moraes
Fabíola Souza Fiaccadori Renata de Lima Silva
Rodrigo Bombonati de Souza Moraes
Rosana de Morais Borges Marques
Rubens Damasceno Morais
Tatiana Duque Martins Ertner de Almeida

EQUIPE DE ELABORAÇÃO

Organização do Guia Revisão


Lilian Ribeiro de Rezende Rubens Damasceno Morais
Luciana Alves de Oliveira
Projeto Gráfico
Autores Iuri Vaz Miranda
Fabíola Souza Fiaccadori
Geisa Nunes de Souza Mozzer Diagramação
Liliana Borges de Menezes Leite Ilíada Damasceno Pereira
Lilian Ribeiro de Rezende
Luciana Alves de Oliveira
Fonte das imagens:
Luis Mauricio Bini
Freepick / Licença Premium
Marina Pacheco Miguel
Rodrigo Bombonati de Souza Moraes
Tatiana Duque Martins Ertner de Almeida

Novembro, 2022
Sumário

1. Apresentação............................................................................................................................................................4
2. Integridade Acadêmica como Exercício Prático da Ética.................................................5
3. Focando nas Boas Práticas Científicas...............................................................................................7

• Plágio....................................................................................................................................................................................8
• Autoplágio........................................................................................................................................................................8
• Autoria indevida de produtos acadêmicos..........................................................................................9
• Fabricação e falsificação de dados..............................................................................................................9
• “Tortura de dados”....................................................................................................................................................10
• HARKing.............................................................................................................................................................................................10
• Apresentação seletiva de resultados........................................................................................................11
• Publicação duplicada............................................................................................................................................11
• Fatiamento de publicação ou Salami Slicing..................................................................................12
• Conflito de interesses.............................................................................................................................................12
• Referenciar ou publicar em periódicos, eventos, coletâneas ou livros predató-
rios.............................................................................................................................................................................................14

4. Ambientes de Utilização Coletiva, Convivências, Representações e Relações


entre Comunidade UFG e Comunidade Externa à UFG......................................................15
5. O Ambiente de Ensino da UFG...............................................................................................................17
6. Integridade nas Pesquisas da UFG.....................................................................................................19
7. A Integridade Acadêmica e a Extensão Universitária........................................................22
8. Boas Práticas na Inovação e na Proteção Intelectual.......................................................26
9. Palavras Finais que Não São Finais… .................................................................................................31

Referências Citadas e Consultadas, Organizadas por Assunto................................32


1. Apresentação

Este Guia foi elaborado pelos membros do Comitê de Integridade Aca-


dêmica (CIA) da Universidade Federal de Goiás (UFG) no ano de 2022 como
parte das ações para disseminação das boas práticas acadêmicas na institui-
ção e implantação da cultura de integridade na UFG.
Esta ação está em consonância com a Resolução CONSUNI n. 10 (UFG,
2018), com o Plano de Integridade da UFG (UFG, 2020) e faz parte das metas
institucionais para a prevenção de más condutas no ensino, na pesquisa, na
extensão e na inovação, em todos os níveis de desenvolvimento das atividades
acadêmicas (educação básica, graduação, pós-graduação lato sensu e stricto
sensu), em todas as áreas de conhecimento, em todos os ambientes da UFG
e em todas as relações acadêmicas...
O Guia aborda questões sobre integridade acadêmica como exercício
prático da ética, conhecimento das boas práticas científicas e preservação da
integridade nos espaços de convivência entre comunidade UFG e comuni-
dade externa à UFG, bem como nos ambientes de ensino, de pesquisas, de
extensão e de inovação.
No entanto, este Guia deve ser usado como material de orientação e não
como um regulamento, sendo vedada a sua utilização para fins de investiga-
ção e punição de processos oriundos de denúncias sobre más condutas aca-
dêmicas, uma vez que busca, tão-somente, reforçar os valores fundamentais
que embasam a integridade acadêmica em todas as atividades desenvolvi-
das na UFG.
Esperamos que você aprecie a leitura e contribua para a consolidação da
cultura da integridade acadêmica na UFG.
2. Integridade Acadêmica como Exercício Prático da Ética

A ética é área da Filosofia e de discussão sobre valores e princípios que


alcançam inclusive a moral, a fim de permitir que as atividades em um gru-
po, comunidade ou sociedade possam acontecer de maneira harmônica e
aceitável. Esses valores podem ser diferentes a depender de diversos fatores
regionais, culturais e religiosos, entre outros. Considerando o ambiente das
instituições de ensino superior, a integridade acadêmica nos norteia de forma
sólida sobre as condutas éticas apropriadas a serem seguidas.
De uma forma ampla e abrangente, condutas e valores éticos universais
são o respeito interpessoal e ao ambiente, a verdade, a honestidade, a res-
ponsabilidade por nossas ações, acertos e erros. A conduta acadêmica nor-
teada pela integridade e pela ética cada vez mais ganha destaque no cená-
rio brasileiro e mundial, o que demonstra a preocupação no resgate desses
valores, a fim de que a sociedade possa manter o convívio social harmônico.
No ambiente acadêmico estabelecem-se relações e práticas que envolvem
discentes, docentes e técnicos administrativos em ações de ensino, extensão,
pesquisa, inovação, gestão, atividade técnica e relações com a comunidade
externa. Por essa razão, é fundamental que todos esses atores conheçam e
apliquem a ética em seu dia a dia.
Um dos marcos mundiais so- paço, os caminhos da integridade
bre integridade acadêmica foi a pu- acadêmica, consolidando-a como
blicação da Declaração de Singa- uma cultura nesta instituição. Neste
pura (WCRI, 2010). Publicações de Guia você conhecerá algumas nor-
órgãos internacionais, como o Inter- mas, resoluções e leis.
national Center for Academic Inte- Agora vamos refletir: Sabendo
grity (ICAI) e The Embassy of Good que valores e princípios éticos fa-
Science, e de instituições nacionais zem parte da cultura da integridade
como a Fundação de Amparo à acadêmica, o quanto eu contribuo
Pesquisa do Estado de São Pau- para estabelecer um ambiente ínte-
lo (FAPESP) e algumas universida- gro na UFG?
des, orientam sobre questões que
abordam a integridade acadêmica ● Eu busco cumprir minhas ativi-
na condução e desenvolvimento de dades com respeito aos meus co-
pesquisas científicas. Todavia, esse legas, estudantes, servidores (pro-
tema, que inicialmente limitava-se fessores e técnicos) e comunidade
a esse âmbito, vem sendo incor- externa?
porado em todas as atividades do ● Eu realizo as minhas atividades
ambiente acadêmico, pois assumir com responsabilidade, a fim de cum-
postura íntegra prezando pela ética prir o meu trabalho como se deve?
é uma atitude necessária em todos
os espaços e relações. Assim, adotar
a integridade como valor em todas
as condutas torna-se uma conse-
quência ‘natural’, sem se limitar a
uma obrigação para cumprimento
de uma norma.
Na UFG existem resoluções e
regulamentos que auxiliam a co-
munidade acadêmica a exercer
suas atividades de forma ética. Es-
ses documentos se pautam em di-
retrizes nacionais e internacionais
que direcionam, dentro de cada es-

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● Eu sou gentil e cordial ao tratar movendo a integração entre comu-
de assuntos profissionais com meus nidade universitária e comunidade
colegas, estudantes, servidores (pro- externa, por meio do compartilha-
fessores e técnicos) e comunidade mento de conhecimentos. Nesse
externa? contexto, contribuir para corrigir e
● Eu transmito informações verda- assegurar a credibilidade de todas
deiras e cumpro as normas do lo- as atividades acadêmicas também
cal onde estou inserido(a): sala de faz parte da cultura da integridade
aula, grupos de trabalho, laborató- acadêmica.
rio, coordenações, nas divulgações
científicas, dentre outros?
● Eu respeito o ambiente de trabalho
3. Focando nas Boas
no qual estou inserido(a), cuidando Práticas Científicas
adequadamente dos equipamentos,
utensílios, infraestrutura, materiais
de pesquisa (dados, pacientes, ani- Para contribuirmos com o
mais, dentre outros) e o patrimônio avanço científico e com o bem-estar
público, de maneira geral? social proporcionado por ele, deve-
● Eu busco manter o ambiente de mos prezar pelo compromisso, res-
trabalho em que estou inserido(a) ponsabilidade e qualidade em tudo
limpo e organizado, respeitando as que fazemos, de que participamos e
normas de descarte de resíduos, produzimos. Para tanto, nossas ativi-
prezando pela biossegurança? dades devem ser pautadas nas boas
● Eu sou educado(a), proativo(a), práticas no ensino, na extensão, na
executo minhas atividades confor- pesquisa e na inovação. Mas como
me minha atribuição, sem permitir podemos fazer isso? Um passo im-
que o resultado do meu trabalho portante consiste em conhecer al-
seja modificado por conflitos de in- guns exemplos de más condutas
teresse? científicas e saber como evitá-las.
Neste Guia, você perceberá
Após ponderação e reflexão que as boas práticas acadêmicas
dos itens propostos, espera-se que abrangem nossas tomadas de deci-
as boas práticas permeiem todas as são. Portanto, é bom que conheça-
ações universitárias, inclusive pro- mos algumas situações que podem

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estar imbuídas de problemas éticos Como evitar: Preze sempre pela boa
e morais. Alguns desses problemas prática na citação, realizando a ade-
decorrem de vários vieses cogniti- quada menção das referências con-
vos que fazem parte da natureza forme regras vigentes, observando
humana, como o viés de confirma- normas de uso de material, atribuin-
ção. Ademais, vários incentivos no do os créditos aos autores, parceiros,
mundo acadêmico, como a maior editoras e a todos os envolvidos. Se
facilidade de publicar resultados você tiver acesso a um bom softwa-
que ‘combinem’ com a teoria vigen- re de análise de similaridade, pode
te, tendem a reforçar esses vieses usá-lo para evitar que algum proble-
(MUNAFÒ et al., 2017). ma passe despercebido. Pense bem,
Todavia, a promoção da trans- o objetivo primordial da comunica-
parência e da integridade acadêmi- ção científica é o aprimoramento, o
ca depende de atitudes individuais desenvolvimento do conhecimen-
e institucionais, como a busca de in- to. Então, se o que resulta das ações
formações e formas de agir confor- acadêmicas é uma cópia do esforço
me diretrizes e normas que prezem de outra pessoa a quem não foram
pela ética. Então, fique atento(a), atribuídos os créditos, que aprimo-
pois a UFG, por meio do Comitê de ramento estaremos fazendo?
Integridade Acadêmica (CIA), pro-
move várias ações que podem con- Autoplágio
tribuir para evitar a má conduta.
Para ajudar, aqui são apresen- Definição: Uso de qualquer mate-
tadas algumas definições dos prin- rial publicado pelo(a) próprio(a) au-
cipais problemas que podem ocor- tor(a), sem a correta citação dele(a)
rer e dicas para evitá-los: próprio(a) no “novo” trabalho. Assim,
mesmo que o texto, imagens, qua-
Plágio dros, tabelas, dados, métodos, infor-
mações ou outro material tenham
Definição: Uso de qualquer mate- sido produzidos por você mesmo(a),
rial publicado por outros (texto, ima- é preciso seguir as normas de cita-
gens, quadros, tabelas, dados, mé- ção.
todos, informações, entre outros) Como evitar: Realize a correta ci-
sem citação correta dos autores. tação dos trabalhos que você mes-

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mo(a) publicou ou consultou. Em meiro(a) autor(a) seja o(a) aluno(a)
outras palavras, cite “você mes- que a desenvolveu.
mo(a)”.
Fabricação e falsificação de dados
Autoria indevida de produtos acadêmicos
Definição: A invenção ou fabricação
Definição: Ocorre quando o nome de dados consiste na geração de da-
de alguém que não participou do dos e resultados de pesquisas quan-
trabalho acadêmico é declarado na titativas ou qualitativas que, de fato,
lista dos(as) autores(as). Só pode ser não foram obtidos. A falsificação de
autor(a) de um trabalho acadêmico dados ocorre quando observações
aquele(a) que desenvolveu e escre- são removidas de um determinado
veu o trabalho. conjunto de dados, sem qualquer
Como evitar: Observar os crité- justificativa e menção ao(à) leitor(a),
rios para identificação dos(as) au- por serem consideradas discrepan-
tores(as) de produtos acadêmicos tes ou atípicas. A falsificação pode
com base na efetiva participação ocorrer simultaneamente com a fa-
dos(as) pesquisadores(as) e evitar bricação de dados. Geralmente, isso
que a definição da autoria seja in- acontece quando há algum resul-
fluenciada por algum conflito de in- tado atípico que é substituído por
teresses ou motivo que comprome- outro “desejado ou esperado” com
ta a ética acadêmica. A inclusão de o objetivo de atender a interesses
coautores em produtos acadêmicos do(a) autor(a). A manipulação ou
está correta desde que os(as) pes- adulteração de imagens digitais
quisadores(as) tenham trabalhado também é uma forma de falsifica-
juntos(as) ao longo de um projeto ção.
ou durante parte considerável dele. Como evitar: Manter registros de
Nesses casos, a ordem dos nomes forma sistemática e organizada de
dos(as) autores(as) também deve todo o processo de pesquisa. Con-
ser elencada a partir daqueles(as) sultar um(a) especialista, como
que realizaram a maior parte do um(a) estatístico(a), para a escolha
trabalho. Por exemplo, numa publi- adequada do método de análise,
cação oriunda de uma dissertação aprender como dados atípicos são
ou uma tese, espera-se que o(a) pri- detectados e elaborar resultados e

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discussão mencionando sua exis- za os resultados e, posteriormente,
tência são formas de evitar tais más apresenta esses resultados como
condutas. Além disso, é importante se eles tivessem sido previstos des-
enfatizar que a remoção de dados de o início da pesquisa. A má con-
atípicos implica falha nos registros duta ocorre quando se engana o(a)
de fenômenos raros em diferentes leitor(a) ao descrever que o estudo
áreas de pesquisa. teve, desde o início, o objetivo de
testar a hipótese que foi criada, de
“Tortura de dados” fato, após conhecimento dos re-
sultados. Como explicado por Kerr
Definição: Neste Guia este termo (1998), várias são as consequências
tem o objetivo de englobar diferen- negativas do HARKing, tais como:
tes más condutas conhecidas como o “desencorajamento de identificar
P-hacking e Data-Dredging. A “tor- hipóteses alternativas plausíveis” e a
tura de dados” pode envolver, por “violação implícita de princípios éti-
exemplo, o uso intencional de di- cos básicos”. Aqui vale enfatizar que
ferentes métodos estatísticos, des- não há qualquer problema com um
considerando seus pressupostos, estudo exploratório, ou seja, quan-
até que um determinado resultado do o(a) pesquisador(a) explora os
“desejável” seja encontrado. dados, desenvolve hipóteses para
Como evitar: Ao consultar especia- explicar os padrões encontrados a
listas em análise de dados tanto na posteriori e reconhece que estudos
fase de planejamento do estudo futuros com dados independentes
como durante a análise dos resul- deveriam ser realizados para averi-
tados, visando à escolha do méto- guar a consistência desses padrões
do estatístico mais adequado para e das hipóteses levantadas.
análise realizada, previne-se a ocor- Como evitar: Ser cuidadoso(a) com
rência dessa má conduta. o planejamento. As análises e a re-
dação do texto são essenciais para
HARKing evitar essa má conduta, assim como
ponderar sobre acatar ou não de-
Definição: O HARKing (Hypothesi- terminadas sugestões em revisões
zing After the Results are Known) feitas pelos pares. Em muitos casos,
ocorre quando uma pessoa visuali- o HARKing pode ser incentivado

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durante a fase de avaliação de um vocada, infelizmente, em muitos
trabalho científico. Por exemplo, re- casos, a apresentação seletiva de
visores de periódico, editores, mem- resultados também pode ser incen-
bros de banca ou orientadores po- tivada durante a avaliação de um
dem sugerir, mesmo que de forma trabalho científico ou mesmo por
bem-intencionada, a inclusão na in- patrocinadores. Em geral, a reco-
trodução do seu trabalho de alguns mendação para omitir os resultados
trechos para que o leitor depreenda que “não deram certo” é baseada na
que um determinado resultado foi justificativa de que o trabalho ficará
previsto antes da observação dos “mais claro e direto”.
resultados, bem como uma justi- Como evitar: Redigir o texto sem
ficativa plausível para tanto. Como omitir dados e resultados, não pre-
você, pesquisador(a), sabe que o re- valecendo conflito de interesses
sultado foi obtido após uma análise que porventura envolvam o(a) au-
exploratória, a recomendação é que tor(a) ou patrocinadores/financiado-
a sugestão da banca ou editor(a) de res. Prezando pela integridade aca-
revista não seja atendida. Para tan- dêmica, caso ocorram as situações
to, você poderá utilizar o conceito do mencionadas, deve-se argumentar
HARKing para justificar sua posição. que esta prática é considerada uma
má conduta científica e, portanto,
Apresentação seletiva de resultados prejudica a credibilidade da ciência.

Definição: Refere-se a situações em Publicação duplicada


que se apresentam somente os re-
sultados que “deram certo” ou que Definição: Trata-se da publicação
o pesquisador “deseja que sejam do mesmo trabalho diversas ve-
evidenciados”, como aqueles que se zes, em veículos diferentes. Esta
coadunam com uma determinada má conduta pode ser considerada
teoria, mas deliberadamente omi- grave dada a falta de ineditismo,
tem resultados que não eram espe- pré-requisito para uma publicação
rados ou conflitam com interesses científica. É um tipo de autoplágio!
particulares. Essa prática também É por isso que os periódicos, geral-
é conhecida como cherry picking e mente, nos perguntam, no processo
selective reporting. De forma equi- de submissão de artigos, se o traba-

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lho já foi publicado ou se está sendo sempre deixar claro que aquela in-
avaliado por outro periódico: nesses formação que está servindo como
casos, eles precisam se certificar se base para essa divulgação já foi pu-
estão avaliando algo original. A de- blicada anteriormente, apresentan-
finição de publicação duplicada do a devida citação e referência.
vale para artigos, teses, dissertações,
monografias, trabalhos de conclu- Fatiamento de publicação ou Salami Slicing
são de curso e projetos de pesquisa,
de ensino, de extensão ou de inova- Definição: É a expressão utilizada
ção, bem como resumos de eventos quando se publicam partes de uma
científicos. pesquisa como se fosse um traba-
Como evitar: Escolha o veículo de lho completo e independente. Nes-
publicação adequado para alcançar ta situação, é publicada uma parte
o seu público-alvo. A escolha do veí- mínima que não representa a pes-
culo certo informará à comunidade quisa completa, mas aumenta o
científica os seus achados e suscita- número de publicações daquele(a)
rá um debate valioso para o avanço autor(a).
da ciência. Em suma, submeta seu Como evitar: Sua publicação deve
trabalho a APENAS UM veículo (re- se referir aos achados do trabalho
vista ou afim) e, se for recusado, aí de forma a evidenciar se seus obje-
sim, procure outro veículo. tivos de pesquisa foram alcançados,
ou não, e o porquê. Ao contemplar
OBSERVAÇÃO: há situações ex-
na publicação os objetivos e resulta-
cepcionais, como, por exemplo,
dos conforme planejado no projeto
apresentação do seu trabalho em
de pesquisa, você evita o fatiamento
um congresso nacional e outro in-
de publicação.
ternacional, se as regras dos even-
tos assim o permitirem. Você pode
Conflito de interesses
também escrever um texto sobre o
trabalho já publicado e apresentá-
Definição: Refere-se às situações
-lo em jornais, revistas ou blogs para
em que interesses particulares dos
fins de divulgação da ciência ou até
envolvidos ou patrocinadores da ati-
utilizar o trabalho anterior como
vidade acadêmica confrontam-se
inspiração para a sua próxima pes-
com a condução da ação pautada
quisa. No entanto, o importante é

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no respeito e na ética. Fique aten- sos, entre outros) e a participação
to(a), pois esses interesses podem de cada colaborador nesses produ-
ser de diversas naturezas! Eles po- tos, então, evita-se que ao final da
dem ser financeiros ou pessoais, re- ação ou da pesquisa os interesses
ferentes a tipos de divulgação cien- sejam distintos ou não tenham sido
tífica ou atribuição de autoria de harmonizados. Afinal, “o combinado
artigos ou produtos resultantes da não sai caro!”. No caso de pesquisas
ciência. Esses casos podem prejudi- e ações financiadas, é muito im-
car o público-alvo de várias formas, portante que todas as fontes de fi-
como: participantes-voluntários de nanciamento (públicas ou privadas)
pesquisa recrutados para atender estejam identificadas nos produtos
a interesses dos pesquisadores ou gerados. Além disso, quando algum
patrocinadores; “aproveitamento” tipo de interesse, relação, função ou
de estados ou situações de vulne- vínculo puder afetar a integridade
rabilidade física, mental, social e/ou da atividade acadêmica que esti-
econômica nos processos de recru- ver sendo desenvolvida, o poten-
tamento dos voluntários para a pes- cial conflito de interesse deve ser
quisa; mau uso de recursos públicos, declarado pelas partes envolvidas.
entre outros. É importante deixar Essa questão também deve ser ob-
claro que os resultados podem in- servada nas atividades de avaliação
duzir a protocolos de tratamentos à de trabalhos acadêmicos, científi-
saúde inadequados e sem eficácia, cos ou tecnológicos, pois a busca da
por exemplo, resultando em con- neutralidade ou imparcialidade são
dutas inadequadas nas pesquisas. condições básicas para garantir a
Esses interesses particulares com- credibilidade do processo avaliativo.
prometem o ensino, a pesquisa, a Autores e avaliadores devem tornar
extensão e a inovação. pública qualquer relação que possa
Como evitar: A conversa é sempre ser considerada “conflito de interes-
bem-vinda! Se o projeto ou a ação se”, assumindo uma postura que
prevê o tipo de colaboração de cada preze pelos princípios da honesti-
integrante do grupo, os resultados dade, transparência, plena informa-
esperados, os possíveis produtos ção e verificabilidade nas etapas das
que gerará (artigos científicos, pa- ações ou pesquisas conduzidas por
tentes, apresentações em congres- sua equipe. Nesse caminho, muitas

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revistas adotam a “avaliação duplo- comprometem a integridade da di-
cego”, quando nem os avaliadores, vulgação científica e prejudicam a
nem os autores são identificados, confiabilidade e a segurança das ins-
para evitar falhas durante esse pro- tituições e seus pesquisadores.
cesso. Como evitar: Inicialmente, é preci-
so reconhecer algumas característi-
Referenciar ou publicar em periódicos, cas de um periódico predatório, tais
eventos, coletâneas ou livros predatórios como: informações falsas ou enga-
nosas, desvio das melhores práticas
Definição: Periódicos, eventos, co- editoriais e de publicação, falta de
letâneas ou livros predatórios são transparência, solicitação agressiva
aquelas publicações científicas que e indiscriminada e falta de critérios
prometem reconhecimento aos(às) para publicação (GRUDNIEWICZ et
pesquisadores(as) por meio de pu- al., 2019). Desconfie de e-mails lison-
blicações rápidas depois que eles(e- jeiros com convites para submeter
las) pagarem uma taxa de determi- um trabalho para publicação em um
nado valor. Elas divulgam produtos determinado periódico, evento ou li-
obtidos sem a adequada avaliação vro. Geralmente, os periódicos sérios
por pares e com o único intuito de não fazem esse tipo de convite. Ao
angariar recursos financeiros aos res- escolher um veículo para divulgar os
ponsáveis por esses periódicos, even- produtos da sua pesquisa, você deve
tos ou editoras. Essas publicações avaliar a idoneidade do periódico, da
associação responsável pelo evento
ou da editora, bem como a serieda-
de e imparcialidade nos processos
de submissão e avaliação dos pro-
dutos científicos. Não devemos pu-
blicar nesses veículos, não submeter
resumos e nem utilizar referências
publicadas dessa forma nos nossos
trabalhos acadêmicos, pois as infor-
mações ali apresentadas podem ser
duvidosas devido à negligência do
processo de avaliação.
4. Ambientes de Utilização Coletiva, Convivências,
Representações e Relações entre Comunidade UFG
e Comunidade Externa à UFG

Os espaços físicos de utilização desenvolvimento ético em espaços


comum fazem parte do cenário de comuns.
(con)vivência na UFG. Portanto, con- Os órgãos e as unidades aca-
dutas para boa convivência a par- dêmicas têm normas de utilização
tir do modo que nos relacionamos dos seus espaços físicos (salas de
com os outros também integram a aula, auditórios, salas de videocon-
cultura da integridade acadêmica. ferências, laboratórios, biotérios,
O respeito ao indivíduo e à coleti- entre outros) e de equipamentos
vidade é uma prática de integrida- de uso compartilhado. Os guias ou
de acadêmica. Assim, considerar o manuais de boas práticas de labora-
modo de pensar, as crenças, as es- tórios (BPL), bem como os procedi-
colhas e decisões, os hábitos e cos- mentos operacionais padrão (POP)
tumes individuais ou de um grupo são estabelecidos com a finalidade
torna-se essencial em nossas ações. de criar um conjunto de ações que
A sala de aula, os laboratórios evitem ou reduzam o risco de aci-
e as bibliotecas são exemplos de dentes em ambiente laboratorial,
espaços para desenvolvimento da padronizando procedimentos exe-
aprendizagem e, ao mesmo tem- cutados. Dessa forma, essas ações
po, de convivência interpessoal. A vão desde o estabelecimento de
forma com que nos relacionamos normas de segurança, utilização
nesses ambientes possibilita o bom de equipamentos, manipulação de
desenvolvimento intelectual e so- produtos químicos até normas de
cioemocional (ou não). Agressões conduta para garantir a segurança
físicas ou verbais são prejudiciais. individual e em grupo.
Em qualquer nível de conhecimen- Para aqueles ambientes ins-
to, a integridade acadêmica baseia- titucionais que prestam serviços à
-se no diálogo e na comunicação comunidade, tais como: Hospital
adequada, que é essencial para o Veterinário, Hospital das Clínicas, Fa-

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culdade de Odontologia, Faculdade Também é importante des-
de Farmácia e Centro de Línguas, tacar que, nas relações entre inte-
a responsabilidade, a qualidade grantes da comunidade UFG, não
no atendimento, a disponibilidade há “hierarquia sobre/de importân-
de equipe capacitada e habilitada, cia” entre discentes, docentes e téc-
bem como a manutenção da es- nicos-administrativos: todos são im-
trutura física fazem parte do rol das portantes em suas posturas e ações
boas condutas nestes espaços. As- para o bom funcionamento da uni-
sim, as boas práticas nas relações versidade e são essenciais para a
entre comunidade universitária e disseminação da cultura da integri-
a comunidade externa à UFG tam- dade acadêmica na instituição.
bém contribuem para o exercício da Agora vamos refletir: Quanto
integridade acadêmica. O atendi- eu estou contribuindo para a boa
mento realizado ao público nesses convivência nos diferentes espaços
espaços compõe as atribuições da físicos da UFG? Fazem parte das
comunidade universitária e jamais boas práticas de convivência e utili-
deve ser concebido como um favor zação coletiva:
prestado.
Além disso, ressalta-se que a ● Pactuar as regras a serem segui-
adoção de boas práticas de convi- das coletivamente em sala de aula e
vência nos ambientes colaborativos espaços multiusuários;
também é fundamental para evitar ● Elaborar manuais, procedimen-
o assédio moral, sexual e o precon- tos ou guias de boas práticas de la-
ceito envolvendo a comunidade boratórios;
universitária (estudantes, servidores ● Cumprir as normas de utilização
ou voluntários). A Resolução CON- dos diferentes ambientes e equipa-
SUNI Nº 12/2017 trata especifica- mentos de uso compartilhado;
mente dessas más condutas (UFG, ● Contribuir para melhor convivên-
2017). Nesse sentido, a cultura da in- cia em ambientes comunitários por
tegridade acadêmica estimula boas meio do respeito às diferenças e co-
relações nos diferentes ambientes municação empática;
físicos de convivência, contribuindo, ● Evitar conversas ou situações
assim, para evitar situações desres- ofensivas entre participantes do es-
peitosas e conflituosas. paço compartilhado;

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● Questionar ou reivindicar algo de liberdade de expressão e no cumpri-
forma respeitosa. mento das regras institucionais.
Para tanto, os discentes, do-
centes e técnico-administrativos
5. O Ambiente de Ensino deverão conhecer e atender às se-
da UFG guintes normativas:

O ensino é atividade primordial ● Na educação básica: os regimen-


dentro do espaço da UFG, o qual é tos, o Projeto Pedagógico do Curso
supervisionado e coordenado pelas (PPC) e as resoluções do Centro de
Pró-Reitorias de Graduação (PRO- Ensino e Pesquisa Aplicada à Edu-
GRAD) e de Pós-Graduação (PRPG). cação (CEPAE);
Nas unidades acadêmicas, os(as) ● Na graduação: o Regulamento
coordenares(as) de graduação e de Geral dos Cursos de Graduação
pós-graduação acompanham de (RGCG) e o PPC do curso de que par-
perto o andamento dos cursos e pos- ticipam, disponível na página da in-
suem representação na Câmara Su- ternet de cada unidade acadêmica;
perior de Graduação (CSG) e na Câ- ● Na pós-graduação: o Regula-
mara de Pesquisa e Pós-Graduação mento Geral dos Programas de
do Conselho de Ensino, Pesquisa, Pós-Graduação tanto para cursos
Extensão e Cultura (CPPG-CEPEC). lato sensu como stricto sensu, os
Portanto, a integridade acadêmica projetos pedagógicos e outros re-
deve ser uma base sólida nos pro- gulamentos internos específicos de
cessos formativos dos estudantes. cada curso ou programa.
As atividades de ensino, teóricas ou
práticas, envolvem relações entre Ao considerar-se especifica-
docentes, discentes e técnicos-ad- mente a sala de aula, entende-se
ministrativos. Essas figuras se relacio- que tanto docentes quanto discen-
nam proximamente neste ambiente tes possuem responsabilidades que
com atribuições e funções distintas devem constar nos Planos de Ensi-
que interagem continuamente. Es- no das disciplinas e que, ao serem
sas relações devem ser pautadas no cumpridas, convirjam para a inte-
respeito, no diálogo, na boa convi- gridade acadêmica no ensino. Além
vência interpessoal, na garantia da das normativas relacionadas à con-

17
duta educacional, são consideradas aproveitamento e convirjam para a
também as normas e conceitos éti- cultura da integridade acadêmica.
cos relacionados à conduta moral Por outro lado, o plágio, a cópia de
no ambiente de ensino. Dentre es- respostas em processos avaliativos
ses, questões como assédio moral e (“cola”), a falta de zelo com o patri-
sexual, agressões físicas e verbais, di- mônio público, o mau uso dos uten-
vulgação de material sem autoriza- sílios e equipamentos disponibiliza-
ção e não cumprimento das regras dos pela instituição são exemplos
devem ser coibidos e levados a co- de más condutas.
nhecimento de esferas específicas Na relação docente-docente,
para os devidos encaminhamentos docente e técnico-administrativo
institucionais. ou técnico-administrativo e técni-
Na relação docente-discente, co-administrativo, consideramos as
uma relevante via de mão dupla, é relações entre servidores da UFG e
fundamental que as normas da uni- externos à UFG, bem como a rela-
versidade sejam conhecidas e aplica- ção entre o docente, a coordenação
das corretamente por ambos, a fim do curso e a instituição. É impor-
de se estabelecer a boa relação entre tante observar o planejamento das
as partes e garantir o bom cumpri- aulas e demais ações formativas; ter
mento das atividades de ensino. cuidado com o preparo do material
Na relação discente-discente de ensino e com o uso de material
ou discente-docente, considera- de colegas com devida autorização
-se a boa conduta do discente para ou citação; cumprir prazos e entre-
com outro discente e do discente ga de documentos exigidos como
para consigo mesmo e para com a planos de ensino, frequência, notas,
instituição. Espera-se que a cultu- consolidação de turmas; ministrar
ra da integridade acadêmica per- todo o conteúdo previsto e cum-
meie o desenvolvimento de todas prir a carga-horária do componen-
as ações discentes. A proatividade, te curricular conforme o explicitado
o bom comportamento, a comuni- no Plano de Ensino; não reter ava-
cação clara e a convivência saudável liações (provas, trabalhos, relatórios).
durante as aulas possibilitam que Agora vamos refletir? Quanto
todos participem dos processos de eu estou contribuindo para estabe-
ensino-aprendizagem com bom lecer um ambiente de ensino em-

18
basado em integridade acadêmica ● Eu, como discente, mantenho-
da UFG? -me concentrado e respeito meus
colegas durante as aulas para que
● Eu permito diálogo aberto e res- todos possam aproveitar igualmen-
peitoso com meus alunos ou com te os ensinamentos repassados?
meu professor? ● Eu, como técnico-administrati-
● Eu, como docente, entrego no vo, estou ciente das atividades que
prazo instituído pela UFG o plano devo desenvolver e das normas que
de ensino e pactuo com a turma as devo seguir?
regras a serem seguidas estabele- ● Nós, discentes, docentes e técni-
cendo um “combinado”? cos-administrativos, prezamos por
● Eu, como docente, cumpro com uma relação de respeito durante
minhas responsabilidades de entre- ações de ensino e de orientação?
ga de notas no tempo correto e reali-
zo as atividades de revisão das notas?
● Eu, como discente, conheço e
6. Integridade nas Pesquisas
identifico situações de más condu- da UFG
tas, como o plágio, e busco continua-
mente informações para evitá-las?
● Eu, como discente, respeito o am- Se você for desenvolver algu-
biente de atividade avaliativa e não ma pesquisa científica ou tecnoló-
busco obter informações de forma gica na UFG, qualquer que seja a
não autorizada pelo meu colega e sua área de conhecimento, observe
pelo meu professor? que existem órgãos institucionais
dedicados a esta atividade como a A PRPG é responsável pela
Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação pós-graduação stricto e lato sensu
(PRPI) e a Pró-Reitoria de Pós-Gra- da UFG. Na instituição existem mais
duação (PRPG). Note que nesses de sessenta programas de mestra-
espaços existem regras específicas do ou doutorado, mais de quarenta
que devem ser lidas, consultadas cursos de especialização, três pro-
sempre que for necessário e segui- gramas de residência e o programa
das para que todas as pessoas en- UFG Doutoral como formação com-
volvidas saibam quais são seus di- plementar à investigação científica.
reitos, seus deveres, preservem as Destaca-se que pelo UFG Douto-
boas relações e vivências na institui- ral e com o apoio do CIA/UFG tem
ção e garantam a credibilidade de sido ofertada uma disciplina espe-
todos os produtos gerados. cífica sobre integridade acadêmica,
Relativamente à pesquisa, a na qual a temática é verticalizada.
PRPI é responsável, dentre outros, Na página da PRPG (https://prpg.
pelo Programa de Iniciação à Pes- ufg.br/), você encontra as informa-
quisa (PIP) na graduação, pela Ges- ções e resoluções necessárias para
tão de Projetos e Grupos de Pes- o adequado funcionamento desses
quisa, pela Plataforma Research programas e cursos. Além disso, é
Electronic Data Capture (REDECap) importante destacar que cada pro-
e pelos Comitês: Comitê de Ética grama ou curso tem os seus regula-
em Pesquisas com Seres Humanos mentos e editais específicos dispo-
(CEP), Comissão de Ética no Uso de nibilizados em suas páginas e que
Animais (CEUA), Comissão Interna também devem ser observados
de Biossegurança (CIBio) e Comitê para garantir o correto andamento
de Integridade Acadêmica (CIA). Na e conclusão das atividades. Fique
página da PRPI (https://prpi.ufg.br/), de olho!
você encontrará documentos e as No desenvolvimento de pes-
orientações necessárias para forma- quisas tanto na graduação como
lizar suas atividades de pesquisa na na pós-graduação, problemas de
UFG e será informado(a) de como relação entre orientadores(as) e
realizá-las com o devido amparo e orientandos(as) ou entre membros
segurança. Não hesite em consultá- de um grupo de pesquisa podem
-la e verifique todas as instruções! ser evitados quando todas as par-

20
tes estão cientes das suas respon- da comunicação científica do seu
sabilidades e atribuições. Além do trabalho tanto para os seus pares,
cumprimento dos prazos acadêmi- quanto para a sociedade.
cos preestabelecidos, das regras do Consulte também as defini-
programa ou curso e dos espaços ções e dicas que foram apresenta-
onde as pesquisas são desenvolvi- das no item 3 deste Guia sobre os
das, nessas parcerias é essencial es- principais tipos de más condutas.
clarecer e definir quais são as tarefas Todas as etapas da pesquisa, desde
que cada um(a) irá realizar. Ao longo a elaboração do projeto, desenvolvi-
desse processo também é impor- mento, conclusão e divulgação de-
tante manter comunicação clara e vem ser pautadas nas boas práticas
eficiente entre as partes. Lembre-se acadêmicas. Esses cuidados devem
de que a relação orientador(a)-o- fazer parte da rotina de trabalho de
rientando(a) é uma relação peda- todas as pessoas envolvidas na pes-
gógica e profissional de mão dupla, quisa: discentes, orientadores(as) e
baseada em respeito mútuo, com- coorientadores(as), pessoal de apoio
prometimento, compreensão e técnico e colaboradores(as). Fortale-
transparência. cendo essa ideia, Moher et al. (2020)
Também é importante ressal- publicaram os Princípios de Hong
tar que, conforme o tipo de pesqui- Kong para a promoção da integri-
sa que será realizada, antes de qual- dade na pesquisa. Traduzido por
quer etapa você deverá submeter Vasconcelos, Penido e Rode (2021,
o seu projeto à apreciação do CEP p. 3), esses princípios destacam as-
ou à CEUA. Antes de começar, fique pectos que convergem para as boas
atento(a) e se informe se sua pes- práticas:
quisa precisará dessas avaliações
Princípio 1: Deve-se valorizar, na ava-
junto à coordenação de pesquisa
liação dos pesquisadores, as práticas
da sua unidade acadêmica! Caso responsáveis desde a concepção até
seja necessária a apreciação ética, a execução da pesquisa, incluindo
o desenvolvimento da ideia inicial
é fundamental aguardar o parecer do trabalho, o desenho de pesquisa,
favorável do CEP ou da CEUA antes metodologia, execução e a dissemi-
nação efetiva dos resultados;
de iniciar as ações em campo. Ao fi- Princípio 2: Deve-se valorizar o relato
nal, com o término da sua pesqui- preciso e transparente das pesqui-
sas, independentemente dos seus
sa, lembre-se de realizar a adequa-
resultados;

21
Princípio 3: Deve-se valorizar as prá- mento confrontada com a realidade
ticas da ciência aberta (pesquisa
e permanente interação entre teo-
aberta) - como métodos, materiais e
dados abertos; ria e prática” (PROEC, 2022). Como
Princípio 4: Deve-se valorizar um
mencionado anteriormente, a con-
amplo espectro de pesquisas e con-
tribuições acadêmicas, como repli- cepção de integridade acadêmica
cação, inovação, translação, síntese e se aplica a todos os espaços da UFG,
metapesquisa;
Princípio 5: Deve-se valorizar uma inclusive no contexto da extensão
série de outras contribuições para universitária. Por isso, espera-se que
fomentar a pesquisa responsável e
essa integração também preze por
para a atividade acadêmica, como a
revisão por pares para projetos e pu- vivências pautadas na integralidade.
blicações, a orientação, a divulgação/
Na UFG, a Pró-Reitoria de Ex-
extensão e a troca de conhecimento.
tensão e Cultura (PROEC) instrui,
orienta e normatiza a extensão uni-
Para ajudar nesse processo,
versitária visando as boas práticas
cada pesquisador da UFG pode
neste cenário, inclusive com a dispo-
pensar num check list de integrida-
nibilização do Manual para Elabo-
de para sua pesquisa. Você pode se
ração de um Projeto de Extensão.
inspirar em exemplos já disponíveis
Em nossa universidade, as Coorde-
em publicações como o UK Resear-
nações das Atividades de Extensão
ch Integrity Office (UKRIO) e seu
(CAEx) das unidades acadêmicas e a
código de práticas para pesquisas
Câmara de Extensão e Cultura (CEC)
(UKRIO, 2021).
são espaços que colaboram com
os processos que envolvem ações
7. A Integridade Acadêmica de extensão e cultura (INSTRUÇÃO

e a Extensão Universitária NORMATIVA PROEC 1, 2020). Fique


atento(a) às normas vigentes, con-
sultando regularmente a página da
PROEC (https://www.proec.ufg.br/).
A integração da comunidade
Compreender a concepção de
acadêmica e comunidade externa à
extensão proposta pela Política Na-
universidade “permite impulsionar
cional de Extensão Universitária
a democratização do conhecimen-
e pelas Diretrizes para a Extensão
to acadêmico; mecanismos de inte-
na Educação Superior Brasileira é
gração entre os saberes acadêmico
essencial para o entendimento da
e popular; produção do conheci-

22
integridade acadêmica neste cená- o acesso deste fosse improvável. Ou,
rio. Mas, em que se pautam as boas ainda, entender a extensão universi-
condutas para o contexto da exten- tária e a comunidade externa como
são universitária? instrumentos de formação profis-
A integridade acadêmica na sional do acadêmico. Em realidade,
extensão universitária abrange con- para alcançar a essência da exten-
dutas éticas que contribuem para são, toda e qualquer ação tem de
evitar as ações que, intencionalmen- apresentar um propósito emanci-
te ou por negligência, depreciam ou pador e, para isso, também tem de
desqualificam a universidade, sua abranger a formação humana, po-
comunidade ou a comunidade ex- lítica e de consciência crítica, assim
terna. As ações de extensão também como as demais ações presentes no
devem ter espaço na formação aca- processo formativo dos estudantes.
dêmica, com ações educativas, arti- Assim, tanto o papel social e
culadas com o ensino, a pesquisa e a político como o desenvolvimento
inovação. Não devem, nesse sentido, socioeconômico ou cultural devem
configurar como práticas assisten- compor as ações de extensão. Es-
cialistas ou mera prestação de servi- pera-se que, ao assumir esse papel
ço à comunidade. As situações em como uma boa conduta, as relações
que a comunidade universitária dei- múltiplas e recíprocas entre as par-
xa de socializar os conhecimentos tes envolvidas possam contribuir
produzidos ou projeta conhecimen- para o processo emancipatório de
tos construídos na universidade de transformação de um determina-
forma arrogante e unilateral, sem do espaço. Todavia, a própria per-
respeitar os conhecimentos cotidia- cepção de emancipação também
nos do senso comum, podem confi- pode gerar tensões. Então devemos
gurar situações de más condutas. agir para atenuar essas tensões e, ao
Outras concepções equivoca- mesmo tempo, resguardar e pre-
das abrangem ideias limitadoras zar pelo compromisso com o gru-
em que a extensão deveria ser uma po social no qual estamos inseridos
projeção da universidade no seu (SOUSA, 1997). Assumir a cultura da
entorno, isto é, enxergar a universi- integridade acadêmica torna-se
dade saindo de seus muros para le- um caminho para o enfrentamento
var o conhecimento científico onde de eventuais tensões.

23
Mas, e aí? Vou participar da ex- breposição de carga-horária de ati-
tensão na UFG. Como as boas con- vidades de ensino e pesquisa;
dutas podem fazer parte das mi- ● Envolver a comunidade externa
nhas vivências, do meu cotidiano com a universidade e comunidade
na extensão? Quais os cuidados que interna (discentes, docentes e téc-
devo ter? Fazem parte das boas prá- nico-administrativos) nas etapas de
ticas na extensão: planejamento, desenvolvimento e
avaliação da ação;
● Adotar os preceitos estabelecidos ● Vivenciar processos dialogais e
pela Política Nacional de Extensão emancipatórios;
Universitária e Diretrizes para a Exten- ● Prezar pelo respeito entre todos
são na Educação Superior Brasileira; os envolvidos, inclusive nos aspectos
● Contemplar aspectos pedagó- sociais, históricos, culturais, relativos
gico, social, político e cultural, arti- a gênero e a questões étnico-raciais;
culando a extensão ao ensino e à ● Estimular e vivenciar o empode-
pesquisa, para vivenciar o princípio ramento de todos os envolvidos;
básico da indissociabilidade; ● Estimular e vivenciar o protago-
● Contemplar a inserção da exten- nismo estudantil;
são nos processos formativos dos ● Promover a democratização e so-
estudantes e nos Projetos Pedagó- cialização dos conteúdos elabora-
gicos dos Cursos (PPC’s), sem so- dos na universidade;
● Adotar estratégias para a comu- de extensão a promoção da demo-
nicação adequada e transparência cratização e a socialização dos con-
em todas as etapas das ações de ex- teúdos elaborados na universidade,
tensão, bem como a devolutiva de deixando de compartilhá-los com a
produtos e conhecimentos alcança- comunidade externa à universida-
dos no percurso; de, bem como não estimular a pro-
● Atender aos fluxos administra- moção da transformação social;
tivos e cronogramas referentes à ● Não envolver os estudantes, téc-
extensão: CAEx atuam com as dire- nicos-administrativos ou a comuni-
ções das unidades acadêmicas, uni- dade externa nas etapas do projeto,
dades especiais ou órgãos sobre as ou mesmo envolvê-los sem a postu-
atividades de Extensão e Cultura; ra crítica da situação social e eman-
● Apresentar projetos de extensão cipatória, necessária para promover
para apreciação pelos departamen- a transformação social;
tos, CAEx e Conselho Diretor, bem ● Utilizar o momento da ação de
como mantê-los atualizados no SI- extensão para coletar dados para a
GAA, com os devidos relatórios; pesquisa sem apresentar um pro-
● Apreciar projetos e elaborar pare- jeto de pesquisa apreciado e apro-
ceres conforme atribuições da CAEx vado pelo Comitê de Ética em Pes-
e cronograma de reuniões estabe- quisa ou sem consentimento dos
lecido. participantes;
● Desrespeitar valores, costumes
Por sua vez, consideram-se e crenças da comunidade externa
más condutas na extensão: à universidade ou, ainda, não con-
siderar as normativas dos espaços
● Propor projeto que não possibili- envolvidos;
te interação com a comunidade ex- ● Não possibilitar a devolutiva dos
terna à universidade; produtos elaborados a partir dos
● Desenvolver projeto e ações de projetos;
extensão ignorando necessidades ● Não seguir os fluxos administra-
da comunidade externa ou diag- tivos estabelecidos, não cadastrar
nóstico situacional; projeto de extensão no Sistema In-
● Ignorar ou não adotar nos per- tegrado de Gestão de Atividades
cursos metodológicos das ações Acadêmicas (SIGAA), nem elaborar

25
relatórios e pareceres em tempo atividades conduzidas na Universi-
hábil; dade. Tudo aquilo que é criação do
● Elaborar relatórios parcial e final espírito, do raciocínio e que, portan-
sem dados necessários para sua to, é imbuído de novidade, é pro-
apreciação pela CAEx ou simples- priedade de seu(sua) criador(a) e,
mente não os elaborar. por lei, é direito dele(a) utilizar a sua
criação e de proibir que terceiros a
utilizem sem seu consentimento.
8. Boas Práticas na Inovação As bases legais brasileiras que
e na Proteção Intelectual orientam o tema são: Direitos au-
torais (Lei 9.609/1998), Direitos so-
bre programas de computador (Lei
A Pró-Reitoria de Pesquisa e 9.610/1998), Propriedade industrial
Inovação (PRPI) também é a res- (Lei 9.279/1996) e Incentivos à ino-
ponsável pela gestão da Inovação vação e à pesquisa científica (Lei nº
na UFG, contando, para tanto, com o 10.973/2004, Lei nº 13.243/2016 e De-
Setor de Propriedade Intelectual de creto nº 9.283/2018). Na UFG, existe a
Transferência de Tecnologia (SPITT), Resolução CONSUNI nº 11/2018, que
o Parque Tecnológico Samambaia, versa sobre a Política de Inovação.
o Centro de Empreendedorismo e Assim, a propriedade intelec-
Incubação (CEI), a rede de labora- tual se refere a criações que estão
tórios de prototipagem (IPElab) e o protegidas e abrangem os seguin-
Programa UFG Júnior (de Empresas tes aspectos:
Juniores).
De acordo com a Organização A. Propriedade industrial: cria-
Mundial da Propriedade Intelectual ções que estão ligadas ao setor pro-
(OMPI), a propriedade intelectual dutivo. Subdividem-se em: paten-
(PI) envolve as criações da mente, tes, marcas, desenhos industriais,
tais como: invenções; obras literárias indicações geográficas, segredos in-
e artísticas; desenhos; símbolos, no- dustriais e repressão à concorrência
mes e imagens, que são usados no desleal;
comércio (WIPO, 2022). Pode ser en- B. Direito autoral: são direitos con-
tendida, também, como o conjunto cedidos aos(às) autores(as) de obras
de tudo aquilo que é derivado das intelectuais expressas por qualquer

26
meio ou fixadas em qualquer su- processo. Além disso, nosso trabalho
porte. Subdivide-se em: direitos de envolve investimento público no de-
autor(a), registros de programas de senvolvimento de pesquisas científi-
computador e direitos conexos (in- cas, projetos de extensão e na capaci-
terpretações dos artistas que são in- tação de recursos humanos. Todavia,
térpretes, as execuções dos artistas, cada um de nós somos responsáveis
os fonogramas e as emissões de ra- por aquilo que criamos e pelas ações
diodifusão); que realizamos para obter resultados.
C. Proteção sui generis: perten- A UFG instituiu as Diretrizes
cem ao escopo da propriedade in- Gerais para a Gestão da Propriedade
telectual, mas não são considerados Intelectual, orientando as ações de
Direito de Autor ou Propriedade In- proteção da propriedade intelectual,
dustrial. Subdividem-se em: conhe- da transferência de tecnologia, do
cimentos tradicionais, cultivares e licenciamento, bem como da desti-
topografia de circuito integrado. nação dos ganhos econômicos. Te-
mos, ainda, uma ferramenta muito
O que os aspectos acima apre- eficaz de apoio à gestão de proteção
sentados têm em comum é o fato de da propriedade intelectual, transfe-
tentarem proteger uma criação, fruto rência de tecnologia e catálogo de
do esforço de uma pessoa ou grupo laboratórios: a Plataforma de Pro-
de pessoas e, portanto, pertencem a priedade Intelectual e Transferência
ela ou a esse grupo. Logo, essa pro- de Tecnologia (Plataforma PITT). A
priedade deve ser reconhecida e res- PRPI promove a orientação à co-
peitada. No entanto, no ambiente munidade interna e externa à UFG,
acadêmico, a atividade primária é a desenvolve a gestão dos pedidos de
produção e transmissão de conheci- proteção de propriedade intelec-
mento, e a universidade fornece toda tual, celebra os contratos de parce-
a infraestrutura e condições para ria em pesquisa, desenvolvimento e
que nós, partícipes da comunida- inovação, além de gerir os acordos
de acadêmica, possamos trabalhar de transferência de tecnologia.
e criar. Por isso, a UFG sempre será Aqui vão algumas dicas que,
titular desses produtos, sendo que se observadas, assegurarão que seu
os pesquisadores envolvidos figura- produto intelectual esteja imbuído
rão como inventores do produto ou de integridade acadêmica:

27
Divulgações científicas: devemos ser observada e precisa ser com-
sempre prezar por realizar pes- preensível e acessível. Também é
quisas inéditas, apoiando nossas importante não divulgar fake news,
propostas em extensa busca na li- que, além de prejudicarem a ima-
teratura por informações, pela apre- gem da universidade, ainda cor-
sentação acurada dos resultados, roem o tecido social e deterioram
evidenciando como foi realizado a democracia e o espaço público
todo o tratamento de dados, agra- autônomo (CARVALHO, 2020), ao
decendo e reconhecendo a partici- induzirem a erros de julgamento e
pação de todos os(as) colaborado- decisões por parte daqueles que re-
res(as) e informando corretamente cebem as informações falsas.
sobre qualquer financiamento pú-
blico ou privado do qual tenha se Dados abertos: o propósito dos da-
beneficiado a pesquisa. A divulga- dos abertos é permitir que informa-
ção científica intensifica o diálogo ções não pessoais estejam disponí-
entre a comunidade acadêmica e a veis para uso gratuito, podendo ser
comunidade externa, de modo que criadas e compartilhadas, reconhe-
a sociedade: 1) perceba e reconheça cendo os créditos dos(as) autores(s),
o valor e a utilidade do que se pro- criadores(as) e inovadores(as). Foca-
duz nas universidades; 2) possa par- -se aí em dados da administração
ticipar das produções científicas; 3) pública ou dos órgãos governamen-
amplie o acesso ao conhecimento tais, incluindo-se ainda as empre-
científico; e 4) avance na formação sas, as organizações da sociedade
da cidadania e do processo demo- civil, entre outras, além de se buscar
crático. estabelecer a cultura da transparên-
cia pública. Mais informações estão
Divulgações não científicas: pre- disponíveis no Portal Brasileiro de
cisamos observar sempre a correta Dados Abertos e no Open Know-
informação que se quer utilizar para ledge Foundation. Conforme TCU
a popularização da ciência e dos re- (2022), há cinco motivos principais
sultados da pesquisa, separando a para a abertura dos dados: 1) a socie-
mera opinião do pesquisador da- dade exige mais transparência na
quilo que é fruto de uma pesquisa gestão pública; 2) a própria socie-
científica. A linguagem correta deve dade é instigada a contribuir com

28
serviços inovadores ao cidadão; 3) a Escolha dos veículos de publica-
possibilidade de aprimoramento da ção: a publicação científica tem por
qualidade dos dados governamen- finalidade primária comunicar à
tais; 4) a viabilização de novos ne- comunidade científica os produtos
gócios; e 5) o fato de a abertura de de um trabalho e, com isso, se pôr à
dados ser obrigatória por Lei. prova dos pares. Portanto, ela busca
aprimorar-se por meio da apresen-
Conflito de interesses: O conflito de tação dos resultados e da recepção
interesses, verdadeiro (factual) ou das críticas e sugestões dos cientis-
percebido como possível (potencial), tas peritos no assunto. A escolha do
ocorre quando o interesse do(a) pes- veículo correto proporcionará o de-
quisador(a) coexiste aos interesses senvolvimento da ciência, ao passo
de outra natureza, gerando uma si- que a escolha de um veículo errado
tuação real conflituosa e prejudicial pode pôr em dúvida a credibilida-
“à objetividade e imparcialidade” do de daquele produto. Desse modo,
avanço da ciência (FAPESP, 2014, p. é responsabilidade do pesquisador
25). Ao prezar pela cultura da integri- prezar pela escolha correta da co-
dade acadêmica, o(a) pesquisador(a) municação do produto intelectual
sempre deve declarar, de modo ex- de sua pesquisa, de forma a garantir
plícito, a existência do conflito a to- seu impacto positivo na sociedade
das as partes que possam se inte- e, consequentemente, valorizá-lo.
ressar pela pesquisa. Conforme já Conforme já mencionado no item 3,
mencionado no item 3 deste Guia, a devemos ter cuidado para não pu-
“Declaração de Conflito de Interesse” blicar em eventos e periódicos pre-
permite a transparência científica, datórios.
fazendo com que aquele que acessa
a pesquisa avalie o comportamento Coautoria de trabalhos científicos:
do(a) autor(a) ou apresentador(a) do Conforme já mencionado no item 3
trabalho. As diferentes prioridades deste Guia, a inclusão de um pesqui-
que configuram conflitos de interes- sador como coautor deve ser justifi-
ses devem ser, a priori, evitadas com cada por um envolvimento impor-
um acordo estabelecido no início da tante na elaboração de uma criação
pesquisa; ou remediadas, com acor- intelectual. O mero auxílio em tare-
dos posteriores. fas não criadoras não constitui cria-

29
ção intelectual. “O coautor é corres- mecanismos industriais e comer-
ponsável pelo trabalho e responde ciais disponíveis na localidade em
por ele” (MONTENEGRO; ALVES, que foram criados (ou em que estão
1997). Devem-se evitar más condu- protegidos). É dever do pesquisador
tas como “incluir [alguém] como avaliar as potencialidades de seu
coautor, por ‘cortesia’ a amigos ou produto e, sendo propriedade in-
colegas”; como também “criar um dustrial, contatar a PRPI para enca-
sistema imoral de trocas de favores e minhamentos da proteção indus-
permitindo que pessoas totalmen- trial e apresentar seu resultado para
te desligadas do assunto sejam, até uma avaliação. A UFG preza pela
sem saber, incluídas como coauto- regulação desses procedimentos,
res” (MONTENEGRO; ALVES, 1997). pois é um de seus objetivos fomen-
No documento da FAPESP (2014), tar o ciclo da inovação, conferindo à
há a orientação de que, em um tra- universidade uma boa reputação e
balho científico, apenas os(as) pes- credibilidade. Assim, os envolvidos
quisadores(as) que tenham dado devem buscar informações sobre
contribuições intelectuais diretas e as formas de proteção disponíveis e
substanciais para a concepção ou dar andamento ao processo de pro-
realização da pesquisa, cujos resul- teção. Dessa forma, haverá o vínculo
tados são nele apresentados, de- como produto da UFG, o qual será
vem ser apresentados(as) como encaminhado ao setor produtivo vi-
“autores(as)” e assumam responsa- sando à melhoria da qualidade de
bilidades sobre o mesmo (FAPESP, vida, bem como dos processos que
2014, p. 23). proporcionem o retorno financeiro
que fomenta o ciclo da inovação.
Proteção e comercialização do
produto industrial: produtos de
propriedade industrial são aqueles
que resultam de pesquisas que ge-
ram depósito de pedidos de paten-
tes, registros de marcas, desenhos
industriais ou são segredos indus-
triais. Eles têm o intuito de alcançar
a sociedade, principalmente, pelos

30
9. Palavras Finais que Não São Finais…

Agora que você conhece aspectos importantes da integridade acadêmi-


ca, zele por ela em todos os espaços da UFG e fique atento(a) ao realizar suas
atividades.
Neste Guia foram apresentadas noções sobre as principais questões e
cenários acadêmicos, segundo as quais assumir a postura em conformidade
com a integridade é fundamental para a adoção de boas práticas para boas
(con)vivências. Não temos a intenção de esgotar o tema em poucas páginas,
mas se você precisar se debruçar sobre algum assunto específico, dê uma
olhada na lista de referências que foram consultadas para a elaboração deste
conteúdo.
A integridade acadêmica é um tema dinâmico e em construção nas ins-
tituições brasileiras. Ao término da leitura deste Guia, esperamos que você te-
nha despertado sua atenção para a questão e que você preserve a integridade
acadêmica em todas as atividades desenvolvidas na UFG. Releia este material
sempre que necessário. Compartilhe o Guia com seus colegas de turma, com
os seus pares e com sua equipe de trabalho. Consulte, dialogue, reflita sobre
integridade acadêmica e adote a postura condizente.
A consolidação das boas práticas depende de você e de todo o coletivo
UFG! Assim, ao incorporarmos a integridade no ensino, na pesquisa, na inova-
ção e na extensão estamos vivenciando a cultura da integridade acadêmica.
Assumir ‘ser íntegro’ como valor em todas as condutas significa fazer parte de
um movimento contínuo e constante que preza pelo respeito, pela honesti-
dade, pela justiça, pela confiança e pela responsabilidade sempre! Isso indica
que as palavras aqui ainda não são finais… e que continuaremos construindo
esta história.

Boas condutas, melhores vivências! A UFG conta com você!

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Referências Citadas e Consultadas, Organizadas por Assunto
Item 1. Apresentação

UFG: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Resolução CONSUNI n. 10/2018. UFG, 3p.,


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UFG: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Plano de Integridade da Universidade


Federal de Goiás. UFG, 61p., 2020. Disponível em: <https://files.cercomp.ufg.br/weby/
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Item 2. Integridade Acadêmica como Exercício Prático da Ética

FAPESP: FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Códi-


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Academic Integrity. 3ª edição, 17p., 2021. Disponível em: <https://academicintegrity.org/
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Item 3. Focando nas Boas Práticas Científicas

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Item 4. Ambientes de Utilização Coletiva, Convivências, Representações e Rela-


ções entre Comunidade UFG e Comunidade Externa à UFG

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Item 5. O Ambiente de Ensino da UFG

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de Graduação. Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD). Disponível em: <https://pro-
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Item 6. Integridade nas Pesquisas da UFG

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CEUA: COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS DA UFG. Apresentação. UFG,


2022. Disponível em: <https://ceua.prpi.ufg.br/p/3313-comissao-de-etica-no-uso-
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MOHER, D.; BOUTER, L.; KLEINERT, S.; GLASZIOU, P.; SHAM, M.H.; BARBOUR, V. et
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so em: 05 de set. de 2022.

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em: 05 de set. de 2022.

Item 7. A Integridade Acadêmica e a Extensão Universitária

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PROEC: PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA DA UFG. Manual para Elaboração


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