Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIDÁTICA
Caderno de Referência de Conteúdo
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
370 F224d
ISBN: 978-85-67425-95-5
CDD 370
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Saberes da docência. Fundamentos da ação docente por meio da compreensão
das diferentes propostas de ensino-aprendizagem, caracterizando o posiciona-
mento teórico-prático necessário à prática educativa. Concepção de ensinar. A
organização dos conteúdos. Competências e Habilidades. Metodologia Dialética.
Operações do pensamento. Estratégias Didáticas. Materiais e recursos didáti-
cos. Relação professor-aluno. A indisciplina na sala de aula. Representações
sociais na relação pedagógica. Parceria escola-família. Variáveis que interferem
no trabalho pedagógico. Organização da prática educativa.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Com o estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo
você vai compreender a Didática como reflexão sistemática sobre
o processo de ensino-aprendizagem. Além disso, vai poder identi-
ficar quais os saberes que constituem a docência.
Ao longo dessa conversa, você vai precisar desenvolver uma
atitude investigativa e reflexiva diante do corpo de teorias e práti-
cas que compõe a Didática.
10 © Didática
Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu-
dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará
em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma
breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões
no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral
visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do
Interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade impõe a cada disciplina que trans-
cenda sua especialidade tomando consciência de seus próprios
limites para acolher as contribuições de outras disciplinas.
De acordo com Japiassu (1976) a interdisciplinaridade se
constitui por meio de interconexões que são construídas, inter-
ligando saberes e apresentando contextos mais globais de com-
preensão do conhecimento, desconsiderando a fragmentação dis-
ciplinar e curricular do projeto educativo da escola.
Japiassu (1976, p. 73) apregoa que:
[...] na interdisciplinaridade tem-se uma relação de reciprocidade,
de mutualidade, em regime de co-propriedade que possibilita um
diálogo mais fecundo entre os vários campos do saber. A exigência
interdisciplinar impõe a cada disciplina que transcenda sua espe-
cialidade formando consciência de seus próprios limites para aco-
lher as contribuições de outras disciplinas.
Pluridisciplinaridade
A pluridisciplinaridade corresponde ao estudo de um objeto
de uma mesma e única disciplina por várias disciplinas ao mesmo
tempo. Ou seja é "a justaposição de disciplinas mais ou menos pró-
ximas nos seus campos de conhecimento" (POMBO, 2012).
© Caderno de Referência de Conteúdo 21
Transdisciplinaridade
A proposta de transdisciplinaridade parte da constatacão de
que a realidade é complexa e de que se situa em, entre e além das
disciplinas acadêmicas.
Japiassu (1976, p. 39) afirma que:
Transdisciplinaridade seria a etapa que não ficaria na interação e na
reciprocidade entre as ciências, mas alcançaria um estágio em que
não haveria mais fronteiras entre as disciplinas.
que será proposta pelo professor. Dessa forma, o espaço pode ser
organizado para que os alunos trabalhem em grupos, duplas, em
grande grupo por meio da organização em círculo em formato de
"U" ou individualmente.
Portanto, a organização de espaço dependerá exclusivamen-
te da intenção educativa que o professor tem ao planejar a sua
aula.
Para isso, a escola deverá levar em conta a curiosidade e os
interesses dos alunos, respeitando seus conhecimentos prévios,
ao mesmo tempo em que proporciona a ampliação desse conhe-
cimento por meio da reflexão, da problematização e do confronto
com o conhecimento científico.
Sabemos que é imprescindível otimizar a Organização do
tempo didático, aprendendo controlá-lo e potencializá-lo. Para
isso, o professor precisa organizar e planejar, minuciosamente, as
situações didáticas em sala de aula.
Assim, o professor deve orientar claramente os alunos quan-
to às atividades, organizar os grupos, disponibilizar recursos ma-
teriais adequados e definir o tempo previsto para realização da
atividade. Se isso não for feito, o professor terá sérios problemas
com a indisciplina em sala de aula.
Segundo Soligo (2001, p. 11):
[...] o resultado inadequado de uma atividade é fruto de uma co-
manda mal feita ou confusa, principalmente quando os alunos não
têm muita familiaridade com o que está sendo solicitado.
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co-
nhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de Con-
teúdo Didática. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Apreender: do latim apprehendere, significa segurar,
prender, pegar, assimilar mentalmente, entender, com-
preender, agarrar. Não se trata de um verbo passivo;
para apreender é preciso agir, exercitar-se, informar-se,
tomar para si, apropriar-se, entre outros fatores.
2) Aprendizagem significativa: termo cunhado pelo psi-
cólogo da aprendizagem Ausubel. Ele define a apren-
dizagem significativa como sendo o processo em que a
© Caderno de Referência de Conteúdo 33
DIDÁTICA
Intervenção
Organização pedagógica
Comênio - 1633 Originou-se: da situação
expressão didática Consigna ou
grega Techné comanda
Didactica Didaktike
Magna Autoconceito e
motivação Organização do espaço
Arte ou técnica
Arte de ensinar de ensinar Planejamento do Rotina
tudo a todos trabalho pedagógico Organização
do tempo
Calendário escolar
Inconcebíveis Gestão da sala
Inicialmente
de aula
Organização Interdisciplinaridade
Motivo: diversas
Relação do conteúdo Multidisciplinaridade
Didática: variáveis
compêndio de família-escola Pluridisciplinaridade
técnicas Transdisciplinaridade
Estratégias Transversalidade
Interferem na Relação didáticas Projetos didáticos
prática pedagógica professor-aluno
1982
Materiais e
Revisão Crítica: recursos didáticos
Técnica;
1º seminário – Perspectiva
Humana;
Didática em multidimensional
Político-social
questão Tradicional Transmissão de conteúdo passivamente
Materializam-se
Prática pedagógica Tecnicista Valorização de técnicas e métodos
Enfoque docente
Sustentam Abordagens de
Humanista Aluno aprende fazendo
ensino
Transformador Consolidam
dialético, crítico e Cognitivista Situações didáticas problematizadoras
contextualizado Experiência
Saberes da
docência Específicos
Sociocultural Conteúdos confrontados com a realidade
Pedagógicos
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati-
vas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 43
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele
à maturidade.
3. E- REFERÊNCIAS
MULTIRIO. Interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, multidisciplinaridade,
pluridisciplinaridade. Disponível em: <http://portalmultirio.rio.rj.gov.br/cime/ME04/
ME04_007.html>. Acesso em: 30 maio 2012.
© Caderno de Referência de Conteúdo 45
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANASTASIOU, L. G. C.; ALVES, L. P. A. (Orgs.). Processos de ensinagem na universidade:
pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. Joinville: UNIVILLE, 2005.
______. Metodologia do ensino superior: da prática docente a uma possível teoria
pedagógica. Curitiba: IBPEX, 1998.
BEHRENS, M. A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas: Papirus, 2005.
BERGER, G. Conditions d'une problématique de l'interdisciplinarité. In: Ceri (Eds.).
L'interdisciplinarité. Problèmes d'enseignement et de recherche dans les Université, p.
21-24. Paris: UNESCO/OCDE, 1972.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: 1ª a 4ª série. v. 1. Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1999.
______. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Referenciais para
a formação de professores. Brasília: 2001.
COLL, C. et al. O construtivismo na sala de aula. 6. ed. São Paulo: Ática, 2006.
FAZENDA, I. C. A. (Org.). FAZENDA, I. C. A. Integração e interdisciplinaridade no ensino
brasileiro: efetividade ou ideologia? São Paulo: Edições Loyola, 2002.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas,
1985.
FERRÉS, J. Vídeo e educação. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. 33. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2002.
HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo: Ática. 2000.
HECKHAUSEN, H. Discipline et interdisciplinarité. In: Ceri (Eds.). L'interdisciplinarité.
Problèmes d'enseignement et de recherche dans les Universités, pp. 83-90. Paris:
UNESCO/OCDE, 1972.
JAPIASSÚ, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
MASETTO, M. Didática: a aula como centro, 3. ed. São Paulo: FTD, 1997.
MIRAS, M. Afetos, emoções, atribuições e expectativas: o sentido da aprendizagem
escolar. In: COLL, C.; MARCHESI, A. ; PALACIOS, J. et al. Desenvolvimento psicológico e
educação. Porto Alegre: Artmed, 2004.
2. CONTEÚDOS
• Saberes da Docência:
a) Selma Garrido Pimenta e os saberes da docência.
b) Maurice Tardif e os saberes da docência.
c) Terezinha Azeredo Rios e as dimensões do saber fazer
docente.
d) Gauthier e os saberes da docência.
e) Dermeval Saviani e os saberes da docência.
• Formação do educador e os pressupostos epistemológi-
cos do processo ensino-aprendizagem:
a) Abordagem Tradicional.
b) Abordagem Humanista.
c) Abordagem Comportamentalista.
d) Abordagem Cognitivista.
e) Abordagem Sociocultural.
Maurice Tardif
Canadense, é um dos grandes expoentes na área educa-
cional. É professor titular na Universidade Laval e da Fa-
culdade de Ciências da Educação da Universidade de
Montreal (Quebec, Canadá), leciona História do Pensa-
mento Pedagógico e Fundamentos da Educação. É dire-
tor do Centro Interuniversitário de Pesquisa sobre Forma-
ção e Profissão, desenvolve diversas pesquisas sobre a
evolução e a situação da profissão docente, a formação
dos professores e os conhecimentos de base da docên-
cia. É autor dos livros: Saberes docentes e a formação
profissional e O trabalho docente: elementos para uma
teoria da docência como profissão de interações huma-
nas, ambos publicados pela Editora Vozes (imagem dis-
ponível em: <http://mauricetardif.com/>. Acesso em: 13 jul. 2012. Texto traduzido
do site disponível em: <http://mauricetardif.com/>. Acesso em: 13 jul. 2012).
Emília Ferreiro
Nenhum nome teve mais influência sobre a educação bra-
sileira nos últimos 20 anos do que o da psicolinguista ar-
gentina Emilia Ferreiro. A divulgação de seus livros no
Brasil, a partir de meados dos anos 1980, causou um
grande impacto sobre a concepção que se tinha do pro-
cesso de alfabetização, influenciando as próprias normas
do governo para a área, expressas nos Parâmetros Curri-
culares Nacionais. As obras de Emilia - Psicogênese da
Língua Escrita é a mais importante não apresentam ne-
nhum método pedagógico, mas revelam os processos de
aprendizado das crianças, levando a conclusões que pu-
seram em questão os métodos tradicionais de ensino da
leitura e da escrita. "A história da alfabetização pode ser dividida em antes e de-
pois de Emilia Ferreiro", diz a educadora Telma Weisz, que foi aluna da psicolin-
guista. Emilia Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino brasi-
leiro e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inau-
gurado pelas descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980)
na investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela
criança – ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emilia Ferreiro, que
estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos
relacionados à leitura e à escrita. De maneira equivocada, muitos consideram o
construtivismo um método. Tanto as descobertas de Piaget como as de Emilia
levam à conclusão de que as crianças têm um papel ativo no aprendizado. Elas
constroem o próprio conhecimento – daí a palavra construtivismo. A principal
implicação dessa conclusão para a prática escolar é transferir o foco da escola
– e da alfabetização em particular – do conteúdo ensinado para o sujeito que
aprende, ou seja, o aluno. "Até então, os educadores só se preocupavam com a
aprendizagem quando a criança parecia não aprender", diz Telma Weisz. "Emilia
Ferreiro inverteu essa ótica com resultados surpreendentes." O princípio de que
o processo de conhecimento por parte da criança deve ser gradual corresponde
aos mecanismos deduzidos por Piaget, segundo os quais cada salto cognitivo
depende de uma assimilação e de uma reacomodação dos esquemas internos,
que necessariamente levam tempo. É por utilizar esses esquemas internos, e
não simplesmente repetir o que ouvem, que as crianças interpretam o ensino
recebido (texto e imagem disponíveis em: <http://revistaescola.abril.com.br/lin-
gua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/estudiosa-revolucionou-alfabetiza-
cao-423543.shtml>. Acesso em: 12 jul. 2012).
Dermeval Saviani
Formado em filosofia pela PUC-SP (1966), é doutor em
filosofia da educação (PUC-SP, 1971) e livre-docente em
história da educação (UNICAMP, 1986), tendo realizado
"estágio sênior" na Itália em 1994-1995. De 1967 a 1970,
lecionou nos cursos colegial e normal. Desde 1967, é pro-
fessor no ensino superior. Foi membro do Conselho Esta-
dual de Educação de São Paulo, coordenador do Comitê
de Educação do CNPq, coordenador de pós-graduação
na UFSCAR, PUC-SP e UNICAMP, diretor associado da
Faculdade de Educação da UNICAMP, professor titular
colaborador da USP (campus de Ribeirão Preto) e sócio-
Lev Vygotsky
Teve uma vida curta – morreu de tuberculose em 1934,
aos 37 anos. O pensador bielo-russo teve uma produção
intelectual intensa. Formado em Direito, também fez cur-
sos de Medicina, História e Filosofia. Por motivos políti-
cos, suas obras foram censuradas e chegaram ao Oci-
dente apenas nos anos 60. No Brasil, só no início da dé-
cada de 80. Você sabia que o lema de Vygotsky era: "O
aprendizado é essencial para o desenvolvimento do ser
humano e se dá, sobretudo, pela interação social" (PEL-
LEGRINI, 2001) (texto e imagem disponíveis em: <http://
novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/139_fev01/html/
repcapa>. Acesso em: 12 jul. 2012).
Jean Piaget
Sir Jean William Fritz Piaget (Neuchâtel, 9 de agosto de
1896 – Genebra, 16 de setembro de 1980) foi um episte-
mólogo suíço, considerado o maior expoente do estudo
do desenvolvimento cognitivo. Estudou inicialmente biolo-
gia, na Suíça, e posteriormente se dedicou à área de Psi-
cologia, Epistemologia e Educação. Foi professor de psi-
cologia na Universidade de Genebra de 1929 a 1954;
tornando-se mundialmente reconhecido pela sua revolu-
ção epidemiológica. Durante sua vida Piaget escreveu
mais de cinqüenta livros e diversas centenas de artigos.
Jean Piaget nasceu em 1896 em Neuchâtel, Suíça. Seu
pai, Arthur Piaget, foi um professor de literatura medieval
na Universidade de Neuchâtel. Piaget foi uma criança precoce, tendo publicado
seu primeiro artigo sobre um pombo albino aos 10 anos de idade (imagem dispo-
nível em: <http://curso-projetos.blogspot.com.br/2010/04/jean-piaget-1896-1980.
html>. Acesso em: 13 jul. 2012. Texto disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Jean_Piaget>. Acesso em: 13 de Julho de 2012).
© U1 - Saberes da Docência e a Formação do Educador 53
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Estamos iniciando a primeira unidade do Caderno de Refe-
rência de Conteúdo de Didática. Com este estudo, você vai com-
preender a Didática como reflexão sistemática sobre o processo
de ensino-aprendizagem e, além disso, poderá identificar quais os
saberes que constituem a docência.
Ao longo deste estudo, você precisará desenvolver uma ati-
tude investigativa e reflexiva diante do corpo de teorias e práticas
que compõe a Didática.
Para que você consiga desenvolver essa atitude, começa-
remos refletindo sobre os saberes que constituem a docência.
Lembrando que a sala de aula é um ambiente complexo em que
diferentes situações podem ocorrer, e o professor deve estar pre-
parado para agir, a fim de atender às demandas de sua atividade
profissional.
Os saberes profissionais são mobilizados na prática pedagó-
gica em sala de aula e determinam as ações e a postura do profes-
sor mediante o contexto e as diferentes situações em que ocorrem
e que são inerentes à profissão docente.
5. SABERES DA DOCÊNCIA
Para iniciarmos esta unidade, contextualizaremos a Didática
no conjunto de saberes pedagógicos da docência, uma vez que o
ato de ensinar é essencial para a formação humana e para viver-
mos em sociedade.
De acordo com Libâneo (1994, p. 33),
A educação escolar é um sistema de instrução e ensino de objetivos
intencionais, sistematizados e com alto grau de organização, sendo
ela importante para uma democratização maior dos conhecimen-
tos.
Assim,
[...] o processo de ensino visa alcançar determinados resultados em
termos de domínio de conhecimentos, habilidades, hábitos, atitu-
des, convicções e de desenvolvimento das capacidades cognosciti-
vas dos alunos.
Saberes da experiência
Antes de nos tornarmos professores, temos saberes sobre o
que é ser professor. Os saberes de nossa experiência como alunos
foram construídos por meio do contato com diferentes professo-
res em toda nossa vida escolar – experiência essa que nos permite
dizer: "aquele professor sabe ensinar" ou "aquele professor sabe o
conteúdo, mas não sabe passar", isto é, temos características pré-
-concebidas do bom professor.
Os saberes da experiência são produzidos, também, no dia
a dia do professor, por meio das experiências que ele vivencia, as
quais são aprimoradas por meio de um processo de reflexão sobre
a prática pedagógica, ou seja, o professor, no seu cotidiano, analisa
as situações vivenciadas, percebendo o que deu certo e o que não
deu, quais adequações ele deve fazer para determinados contex-
tos e situações, e, assim, vai-se desenvolvendo profissionalmente,
com vistas a sempre otimizar a sua ação docente.
O que podemos constatar é que a melhoria da prática pe-
dagógica deve passar pela reflexão e análise do que fazemos e de
nossa ação docente em consonância com outras práticas, como
com a de nossos colegas de profissão.
Certamente, a reflexão com os professores numa mesma es-
cola e a troca de experiências profissionais potencializam o nosso
desenvolvimento profissional; entretanto, isso não é suficiente,
uma vez que precisamos de referenciais teóricos que respaldem e
validem a nossa prática docente.
Segundo Zabala (1998, p. 51):
© U1 - Saberes da Docência e a Formação do Educador 61
Saberes específicos/conhecimento
Sabemos que ter domínio dos conhecimentos específicos é
fundamental para o professor ensinar bem.
Dessa forma, as pesquisas vêm apontando a gravidade cau-
sada pela carência de conhecimentos da matéria pelo professor,
transformando-o em um transmissor mecânico dos conteúdos.
Desse modo, Pimenta (2002, p. 33) entende que:
A educação é um processo de humanização, que ocorre na socie-
dade humana com a finalidade explícita de tornar os indivíduos
participantes do processo civilizatório e responsáveis por levá-lo
adiante.
Saberes pedagógicos
Além dos saberes que vimos anteriormente, para o profes-
sor saber ensinar, ele precisa, também, dos conhecimentos peda-
gógicos e didáticos.
Houssaye (1995) aponta que nós devemos nos empenhar
em construir os saberes pedagógicos com base nas necessidades
pedagógicas impostas pela prática social de ensinar.
6. saberes da
ação peda-
gógica
Fonte: adaptado de Cunha (2009).
7. ABORDAGEM TRADICIONAL
Nesta abordagem, a visão essencialista de homem não é
entendida como criação divina, mas aliada à noção de natureza
humana.
Segundo Saviani (1983, p. 24-25):
Na visão essencialista o homem é encarado como constituído de
uma essência imutável, cabendo à educação conformar-se à essên-
cia humana. A concepção humanista tradicional possui duas ver-
tentes: a religiosa, que deita raízes na Idade Média e é consubstan-
ciada pelo tomismo e neotomismo e a leiga, que está marcada pela
visão de 'natureza humana'. Esta última [...] elaborada por pensa-
dores modernos [...] foi responsável pela construção dos sistemas
público de ensino, com as características da laicidade, da obrigato-
riedade e da gratuidade.
8. ABORDAGEM HUMANISTA
No Brasil, as novas perspectivas em torno da situação eco-
nômica, política e educacional do país e os reflexos da Primeira
Guerra Mundial geraram certo entusiasmo pela educação, carac-
terizado pela necessidade de expansão do ensino.
Nesse momento, surge a Tendência Renovada ou Escola
Nova, que se fundamenta na Abordagem Humanista e, por isso,
propõe um novo tipo de homem, defende os princípios democrá-
ticos, isto é, todos têm direitos a se desenvolverem.
A Abordagem Humanista tem como proposta didática uma
visão do aprendiz como um ser ativo e curioso que constrói seu
próprio conhecimento. Estão presentes nessa proposta as ideias
de "aprender a aprender" e "aprender fazendo", além de métodos
e técnicas inovadores como: centros de interesse, estudo dirigido,
unidades didáticas, métodos de projetos, fichas didáticas e outros.
Essa abordagem tem como característica a valorização cen-
trada na criança, sendo um ser social, ativo e livre. Assim, o profes-
sor agirá como orientador da aprendizagem, e a iniciativa partirá
© U1 - Saberes da Docência e a Formação do Educador 73
9. ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA
O Golpe Militar de 1964 alterou a ideologia política, a forma
de governo e, consequentemente, a educação. No modelo político
e econômico, delineava-se um projeto desenvolvimentista.
Nesse contexto, a educação desempenhou importante papel
na preparação adequada de recursos humanos necessários à incre-
mentação do crescimento econômico e tecnológico da sociedade.
Claretiano - Centro Universitário
76 © Didática
2) Em seus estudos sobre educação, você já sentiu a sensação de que falta algo
à teoria pedagógica? Chegou a pensar que carência é essa? De que forma ela
se reflete na prática? Reflita sobre esses questionamentos.
14. CONSIDERAÇÕES
Ao longo desta unidade, você pôde refletir sobre as tendên-
cias pedagógicas, considerando que a prática pedagógica de todo
professor, mesmo de forma inconsciente, sempre pressupõe uma
concepção de ensino e aprendizagem que determina a sua forma
de agir em sala de aula.
Você também pôde perceber que a pedagogia que se firma
na escola hoje recebeu influência de diferentes tendências peda-
gógicas, assim como de pensadores que idealizaram diferentes
concepções de educação.
Com essas informações, você pôde comparar as diversas
teorias pedagógicas à prática educacional da atualidade e discer-
nir qual a concepção que se aproxima daquela que você tem de
educação.
A formação docente ocorre quando entrelaçamos os vá-
rios saberes da docência, isto é, saberes da experiência, saberes
do conhecimento e saberes pedagógicos, na busca da construção
da identidade profissional, vista como processo de construção do
profissional contextualizado e historicamente situado.
Não há como duvidar da importância dos saberes docen-
tes para o trabalho pedagógico. Desse modo, acreditamos que os
professores devem construir durante a sua vida profissional novos
saberes que os possibilitem enfrentar as diversas situações que
ocorreram na gestão do seu trabalho educativo.
Os saberes aqui discutidos potencializam o trabalho docen-
te. Por isso, faz-se necessário que os saberes construídos no per-
curso profissional do professor sejam socializados entre os seus
pares na escola em que o docente estiver trabalhando, para que
haja a troca de experiências.
© U1 - Saberes da Docência e a Formação do Educador 89
15. E-REFERÊNCIAS
Figura
Figura 1 Piaget desenvolvendo atividades com a psicóloga Constance Kamii. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/799404-livros-de-piaget-influenc
iam-educacao-30-anos-apos-sua-morte.shtml>. Acesso em: 13 jul. 2012.
Sites pesquisados
BORDENAVE, J. E. D. Alguns fatores pedagógicos. Disponível em: <http://www.opas.org.
br/rh/publicacoes/textos_apoio/pub04U2T5.pdf>. Acesso em: 10 set. 2011.
CASTRO, A. D. A trajetória histórica da didática. Série Idéias, São Paulo, n. 11, 1991.
Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_11_p015-025_c.pdf>.
Acesso em: 10 set. 2011.
CORTE, M. G. D. Desvelamentos acerca da relação teoria e prática. Disponível em:
<http://www.unifra.br/eventos/jne2008/Trabalhos/81.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2008.
CUNHA, E. R. Os saberes docentes ou saberes dos professores. Disponível em <www.
nead.unama.br/prof/admprofessor/file_producao.asp?codigo=17>. Acesso em: 15 dez.
2009.
DUARTE, N. A pedagogias do "aprender a aprender" e algumas ilusões da assim chamada
sociedade do conhecimento. Revista Brasileira de Educação, 2001b. Disponível em:
<http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE18/RBDE18_05_NEWTON_DUARTE.
pdf> Acesso em: 30 nov. 2011.
MARANGON, C.; LIMA, E. Os novos pensadores da educação. Nova Escola Online,
São Paulo, n. 154, ago. 2002. Disponível em: <http://novaescola.abril.com.br/index.
htm?ed/154_ago02/html/repcapa>. Acesso em: 2 jan. 2006.
______. Rousseau. Disponível em: <http://www.centrorefeducacional.com.br/herbart.
html>. Acesso em: 10 out. 2005.
______. Pestalozzi. Disponível em: <http://www.centrorefeducacional.com.br/herbart.
html>. Acesso em: 15 out. 2005.
______. Fröebel. Disponível em: <http://www.centrorefeducacional.com.br/herbart.
html>. Acesso em: 28 nov. 2005.
SCRIBD. Didatica: uma retrospectiva histórica. Disponível em: <http://pt.scribd.com/
doc/62189844/Didatica-Uma-retrospectiva-historica>. Acesso em: 13 jul. 2012.
SILVA, A. V. Anísio Teixeira: uma vida inteira dedicada à escola. Disponível em: <http://
www.centrorefeducacional.com.br/anisioteixer.htm>. Acesso em: 12 out. 2005.
2
"Educação é como um rio. Tem as cabeceiras onde
nascem as águas e depois vai crescendo, recebe as
águas de outras nascentes e vai aumentando sua
força e sua energia. A vida, a partir dos primeiros
contatos com o mundo, começa a educar nosso espí-
rito, a formar nosso conhecimento, nossa maneira de
andar no mundo" (GEOCITIES.WS., 2012).
1. OBJETIVOS
• Analisar a adequação das situações didáticas com base no
conhecimento sobre os processos de ensinagem.
• Compreender os processos organizadores dos conteúdos
que tomam por base os diferentes graus de relação entre
as disciplinas, por meio do estudo e análise dos conceitos
de "multidisciplinaridade", "interdisciplinaridade", "pluri-
disciplinaridade", "transdisciplinaridade" e "transversali-
dade".
• Analisar aspectos e pressupostos que fundamentam o en-
sino por projetos de trabalho, reconhecendo sua impor-
tância na organização de situações didáticas.
94 © Didática
2. CONTEÚDOS
• Mudança na concepção de ensinar.
• Conceito de "ensinagem".
• Organização dos conteúdos.
• Diferentes formas de organização dos conteúdos.
• Disciplinas como organizadoras dos conteúdos: diferen-
tes graus de relação.
• Organização dos conteúdos por meio dos Métodos Glo-
balizados.
Fernando Hernández
O lema de Fernando Hernández é que a organização do
currículo deve ser feita por projetos de trabalho, com atua-
ção conjunta de alunos e professores. As diferentes fases
e atividades que compõem um projeto ajudam os estu-
dantes a desenvolver a consciência sobre o próprio pro-
cesso de aprendizagem (imagem disponível em: <http://
tataiaraujo.blogspot.com/2007/12/entrevista-com-fernan-
do-hernndez.html>. Acesso em: 12 jul. 2012).
Antoni Zabala
Antoni Zabala reside em Catalão, formado em Filosofia e
Ciências da Educação pela Universidade de Barcelona,
na Espanha. Antoni Zabala preside atualmente o Instituto
de Recursos e Investigação para a Formação (Irif) e é di-
retor do Campus Virtual de Educação da Universidade de
Barcelona. Responsável pela maior transformação do sis-
tema de ensino espanhol, pós-ditadura de Franco, o edu-
cador tornou-se uma referência internacional na educa-
ção. Estudioso e mestre dos diferentes aspectos do de-
senvolvimento curricular e da formação de professores,
Zabala presta consultorias a escolas e ministérios da edu-
cação de diferentes países na América Latina, como Ar-
gentina, Peru, Bolívia e México. O professor é um crítico sobre a resistência dos
órgãos que regulamentam os sistemas de ensino brasileiro e espanhol. Defende
Hilton F. Japiassu
Hilton F. Japiassu nasceu em Carolina, Maranhão, no dia
26 de março de 1934. Filho de José Alves Ferreira e Wal-
merina Japiassu Ferreira, alcançou a licenciatura em Filo-
sofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janei-
ro (PUC) em 1969. Licenciado em Filosofia na PUC do Rio
de Janeiro (1969). Pós-Graduação em Filosofia (Epistemo-
logia e História das Ciências) na Université des Sciences
Sociales de Grenoble (França). Tese de Doutorado:
L'épistémologie des relations interdisciplinaires das les
sciences humaines (1975). Pós-doutorado em Filosofia na
Université des Sciences Humaines de Strasbourg (França)
(1985). Professor Associado nos cursos de graduação e
pós-graduação no Departamento de Filosofia da PUC do rio de Janeiro (1975 a
1985). Professor Adjunto DE de Epistemologia e História das Ciências (graduação
e pós-graduação) no Departamento de Filosofia da UFRJ (desde 1978). Mais de
20 cursos de extensão e de pós-graduação latu sensu. Mais de 60 Conferências e
Palestras em Universidades e Congressos (imagem e texto disponíveis em: <http://
www.sinergia-spe.net/editoraeletronica/autor/069/cur_069.htm.>. Acesso em: 12
jul. 2012).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na Unidade 1, você estudou os saberes que constituem a
docência, podendo constatar que diferentes saberes/conhecimen-
tos são necessários para construir a prática de um bom professor.
Além disso, você pôde consolidar os conteúdos referentes às abor-
dagens de ensino que fundamentam as tendências pedagógicas já
estudadas no Caderno de Referência de Conteúdo Concepções e
Tendências Pedagógicas Contemporâneas.
Nesta unidade, você vai compreender que o pensamento
conservador foi superado pelo advento da sociedade do conheci-
mento, que passa a exigir conexões, parcerias, trabalho conjunto e
inter-relações, no sentido de ultrapassar a fragmentação e a divi-
são nas áreas do conhecimento.
O pensamento conservador é caracterizado por uma visão
de mundo fragmentada, reducionista, objetiva e racional.
Nesse sentido, analisaremos, neste estudo, uma nova con-
cepção de organização das situações didáticas, partindo do conhe-
cimento sobre os processos de ensinagem.
Disciplinaridade
Zabala (1998) afirma que a disciplinaridade é a organização
do conhecimento em disciplinas, acarretando uma fragmentação
do saber.
© U2 - Organização dos Conteúdos 103
Multidisciplinaridade
Japiassu (1976) define como sistema multidisciplinar uma
gama de disciplinas que são propostas simultaneamente para es-
tudar um objeto sem que apareçam as relações entre elas.
Para o filósofo, quando nos situamos no nível da multidis-
ciplinaridade, a solução de um problema exige informações to-
madas de empréstimo a duas ou mais especialidades, sem que as
disciplinas levadas a contribuir para aquelas que a utilizam sejam
modificadas ou enriquecidas.
Estuda-se um objeto de estudo sob vários ângulos, mas sem
que tenha havido antes um acordo prévio sobre os métodos a se-
guir e os conceitos a serem utilizados.
Segundo Alves e Reinert (2007, p. 91),
A multidisciplinaridade foi considerada importante para acabar
com um ensino extremamente especializado, concentrado em uma
única disciplina.
A multidisciplinaridade como um conjunto de disciplinas a serem
trabalhadas simultaneamente, sem fazer aparecer as relações que
Multidisciplinaridade
Interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade surgiu no final do século 19, oriunda
da necessidade de dar uma resposta à fragmentação causada por
uma epistemologia de cunho positivista. A interdisciplinaridade
apresentava-se como uma tentativa de diálogo entre as diferentes
ciências, já que o positivismo se caracterizou pelo reducionismo e
fragmentação das diferentes áreas do saber.
© U2 - Organização dos Conteúdos 105
Interdisciplinaridade
Pluridisciplinaridade
Para Berger (1972 apud POMBO, 2012), a "pluridisciplinari-
dade é a justaposição de disciplinas mais ao menos próximas nos
seus campos de conhecimento".
Você saberia nos explicar de outra forma essas informações?
Tente pensar em um exemplo prático de pluridisciplinaridade e de-
pois compare suas idéias com as informações a seguir.
Palmade (1979 apud POMBO, 2012) amplia nossa visão "so-
bre a pluridisciplinaridade, dizendo que esta é a cooperação de
caráter metodológico entre disciplinas e que não implica uma in-
tegração conceitual".
Complementando essa ideia, Delattre (1973 apud POMBO,
2012) diz que a pluridisciplinaridade é "a simples associação de
disciplinas que concorrem para uma realização comum, mas sem
que cada disciplina tenha que modificar sensivelmente seus méto-
dos próprios".
A pluridisciplinaridade refere-se ao estudo de um fenômeno
ou objeto por diferentes disciplinas concomitantemente.
Você compreendeu agora o conceito de "pluridisciplinaridade"?
Em uma aula de literatura por exemplo, precisamos apresen-
tar o contexto histórico de determinado período literário, caracte-
rizar a pintura, a arquitetura e a escultura da época em questão,
© U2 - Organização dos Conteúdos 109
Pluridisciplinaridade
Transdisciplinaridade
Japiassu (1976) afirma que, em relação à transdisciplinari-
dade, termo criado por Piaget, se prevê uma etapa superior, que
eliminaria, dentro de um sistema total, as fronteiras entre as dis-
ciplinas.
O movimento pós-moderno utiliza-se do paradigma trans-
disciplinar. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente,
para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento.O
prefixo "trans" diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entre
as disciplinas, por meio das diferentes disciplinas, e além de qual-
quer disciplina.
Segundo Piaget (1973), a transdisciplinaridade é uma etapa
superior nas relações interdisciplinares, atingindo interações, não
estabelecendo fronteiras estáveis entre as disciplinas.
Para Gusdorf (1990 apud POMBO, 2012, p. 3),
A transdisciplinaridade evoca uma perspectiva de transcendência
que se aventura para além dos limites do saber propriamente dito.
Se cada disciplina propõe um caminho de aproximação ao saber, se
cada aproximação revela um aspecto da verdade global, então, a
transdisciplinaridade aponta para um objeto comum, situado além
do horizonte da investigação epistemológica, nesse ponto imaginá-
rio em que todas as paralelas acabam por se encontrar.
Transdiciplinaridade
Integração curricular
Com algumas exceções, o currículo das escolas, em todo o
mundo, organiza-se de acordo com áreas disciplinares distintas.
Essa organização deriva da época histórica na qual o propósito das
escolas era quase exclusivamente preparar os jovens para entra-
rem no mundo erudito das universidades.
No século 20, os educadores começaram a defender que as
escolas deveriam servir a propósitos e interesses sociais mais am-
plos do que apenas preparar para o Ensino Superior.
Dentre tais propósitos, os dois mais importantes eram, e ain-
da são:
• Contribuir para o crescimento e desenvolvimento saudá-
vel dos educandos.
• Promover as destrezas e as atitudes associadas com o
modo de vida democrático.
Segundo Yus Ramos (2005, p. 10):
Um currículo integrado é uma proposta educativa aberta e ativa,
centrada no aprendiz, fruto da negociação dos elementos pessoais
envolvidos, que procura organizar o ensino em torno de temas re-
levantes para o estudante, flexibilizando, em maior ou menor grau,
as fronteiras entre disciplinas acadêmicas, assim como os horários
e os espaços escolares, e, na medida do possível, conectando todas
as fontes de conhecimento com o ambiente sócio-natural local e
© U2 - Organização dos Conteúdos 111
Integração de experiências
As ideias que as pessoas têm sobre si próprias e sobre o seu
mundo (suas percepções, crenças, valores etc.) são construídas
com base em suas experiências.
O que aprendemos por meio da reflexão sobre as nossas ex-
periências torna-se um recurso para lidar com problemas, ques-
tões e outras situações, tanto pessoais quanto sociais, à medida
que eles surgem no futuro, não é mesmo?
Integração de conhecimento
Com essa leitura, podemos notar que, até o momento, a in-
tegração curricular utiliza uma compreensão mais abrangente da
organização e utilização do conhecimento.
Segundo Beane (2003, p. 03):
O conhecimento é um instrumento dinâmico que indivíduos e gru-
pos podem usar para abordar questões nas suas vidas. Nessa con-
formidade, o conhecimento é um tipo de poder, pois ajuda a dar
às pessoas um certo controle sobre suas próprias vidas. Quando
o conhecimento é visto como uma simples coleção de fragmentos
e retalhos de informação e destrezas organizados por disciplinas
separadas, sua utilização e seu poder estão confinados pelas suas
próprias fronteiras e, por isso mesmo, diminuídos. Pensar dessa
forma sobre a integração de conhecimento e seu uso como instru-
mento para a abordagem de problemas reais é um sinal do signi-
ficado mais profundo subjacente à idéia de integração curricular,
nomeadamente as suas potencialidades para dar vida à democra-
cia na vida escolar.
Transversalidade
Você já ouviu falar em transversalidade? Ou, então, nos te-
mas transversais? É o que veremos neste tópico.
O princípio da transversalidade tenta superar o conceito de
"disciplina", buscando uma intercomunicação entre as disciplinas,
tratando efetivamente de um tema ou objetivo comum (transver-
sal). Assim, não tem sentido trabalhar os temas transversais por
meio de uma nova disciplina, mas por meio de projetos que inte-
grem as diversas disciplinas.
Os temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacio-
nais (PCNs) incluem:
1) Ética.
2) Meio ambiente.
3) Saúde.
4) Pluralidade cultural.
5) Orientação sexual.
Agora, vamos conhecer a outra modalidade para a organiza-
ção dos conteúdos.
Professor-facilitador.
O aluno é visto como sujeito dependente, O aluno é visto como sujeito ativo, que
que recebe passivamente o conteúdo usa sua experiência e seu conhecimento
transmitido pelo professor. para resolver problemas.
O conteúdo a ser estudado é visto de O conteúdo estudado é visto dentro de
forma compartimentada. um contexto que lhe dá sentido.
Há uma seqüência rígida dos conteúdos A seqüenciação é vista em termos
das disciplinas, com pouca flexibilidade. de nível de abordagem e de
aprofundamento em relação às
possibilidades dos alunos.
Baseia-se fundamentalmente no livro Baseia-se fundamentalmente em uma
didático. análise global da realidade e em fontes
diversas.
© U2 - Organização dos Conteúdos 117
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
10) O que significa ensinagem? Qual a importância desse novo conceito para se
repensar a prática docente do século 21.
12. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você pôde analisar uma nova concepção de
ensinar, partindo dos princípios dos processos de ensinagem.
Além disso, pôde compreender que tal concepção indica um
rompimento com o conceito de "disciplinaridade" e indica novas
modalidades organizativas do conteúdo, tais como os conceitos
de: "multidisciplinaridade", "interdisciplinaridade", "pluridiscipli-
naridade", "transdisciplinaridade" e "transversalidade", além dos
métodos globalizados, difundindo o trabalho por projetos.
Esperamos ter desenvolvido uma atitude investigativa e re-
flexiva diante das múltiplas facetas do corpo de teorias e práticas
que compõe a didática.
Essas teorias e práticas ajudarão você, futuro educador, a
responder aos desafios colocados pela realidade e nela intervir.
13. E-REFERÊNCIA
Figura
Figura 1 O aluno e a interdisciplinaridade. Disponível em: <http://osmurosdaescola.files.
wordpress.com/2011/07/interdisciplinaridade.jpg...well205-35.blogspot.com>. Acesso
em: 13 jul. 2012.
Sites pesquisados
CARLOS, J. G. Interdisciplinaridade: o que é isso? Disponível em: <http://www.miniweb.
com.br/educadores/artigos/pdf/interdisciplinaridade.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2012.
© U2 - Organização dos Conteúdos 123
KILPATRICK, W. H. Educação para uma civilização em mudança. 12. ed. São Paulo:
Melhoramentos, 1974.
PIAGET. J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
VEIGA. I. P. A. (Org.). Repensando a didática. Campinas: Papirus, 2006.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
EAD
Estratégias Didáticas
3
"Saber ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua produção ou cons-
trução" (PAULO FREIRE, 2004, p. 72).
1. OBJETIVOS
• Reconhecer as etapas fundamentais do método dialético:
mobilização, construção e síntese do conhecimento.
• Analisar as diferentes estratégias didáticas, segundo as
operações mentais nelas enfocadas, a adequação às di-
ferentes situações didáticas, a dinâmica envolvida e sua
implementação e os principais aspectos de avaliação.
• Reconhecer as estratégias como a arte de aplicar meios e
condições favoráveis para a efetivação da ensinagem.
126 © Didática
2. CONTEÚDO
• Metodologia Dialética.
• Conceituação de estratégias didáticas.
• Operações do pensamento.
• Diferentes estratégias didáticas.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na Unidade 2, você conheceu uma nova concepção de en-
sinar, partindo dos processos de ensinagem. Além disso, pôde
compreender alguns conceitos bastante difundidos na educação
contemporânea, como "multidisciplinaridade", "interdisciplinari-
dade", "pluridisciplinaridade", "transdisciplinaridade", "transver-
salidade" e "trabalho por projetos".
Agora, na Unidade 3, pretendemos oferecer a você, futuro
professor, ou então, já professor no exercício de suas funções, um
referencial básico para a análise e escolha de diferentes estraté-
gias didáticas, tendo como princípio a metodologia dialética.
Neste estudo, você verá que a mediação docente é funda-
mental, pois, é o professor quem prepara e dirige as atividades
e as ações necessárias para se efetivarem as aprendizagens dos
alunos. Cabe, também, ao professor selecionar estratégias que le-
vem os alunos ao desenvolvimento de processos de mobilização,
construção e elaboração da síntese do conhecimento.
Assim, consideramos as estratégias didáticas ferramentas in-
dispensáveis para proporcionar aos nossos alunos boas situações
de aprendizagem.
Começaremos nossa conversa abordando, no tópico a se-
guir, as etapas fundamentais do método dialético. Vamos lá!
5. METODOLOGIA DIALÉTICA
Vasconcellos (2002) aponta as contribuições referentes ao
método dialético de ensino, no qual três momentos são funda-
mentais:
• Mobilização para o conhecimento.
• Construção do conhecimento.
• Elaboração da síntese do conhecimento.
Vamos conhecer, detalhadamente, esses momentos.
Construção do conhecimento
A construção do conhecimento é um momento de desenvol-
vimento operacional da atividade do aluno, ou seja, de sua práxis,
que pode ser predominantemente perceptiva, motora ou reflexiva.
© U3 - Estratégias Didáticas 129
6. ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS
É no trabalho docente que o professor se vê frente a frente
com a necessidade e o desafio de organizá-lo e operacionalizá-lo.
Em meio a esse processo é que se inserem as estratégias didáticas.
Anastasiou e Alves (2005, p. 32) explicita alguns termos que
vão contribuir para a nossa reflexão. Veja a seguir:
1. Estratégia: do grego strategía e do latim strategia, é a arte de
aplicar ou explorar os meios e condições favoráveis e disponí-
veis, com vista à consecução de objetivos específicos.
2. Técnica: do grego technikós, relativo à arte. Refere-se à arte ma-
terial ou ao conjunto de processos de uma arte, maneira, jeito
ou habilidade especial de executar ou fazer algo.
3. Dinâmica: do grego dynamikós, diz respeito ao movimento e às
forças, ao organismo em atividade ou, ainda, à parte da mecâ-
nica que estuda os movimentos.
© U3 - Estratégias Didáticas 131
7. OPERAÇÕES DO PENSAMENTO
Em qualquer situação de aprendizagem, desde a simples
memorização, mobilizamos várias operações de pensamento.
Anastasiou e Alves (2005, p. 16):
Afirma que se NÃO tivermos a clareza sobre a intencionalidade de
desafiarmos progressivamente nossos alunos na direção da cons-
trução do pensamento cada vez mais complexo, integrativo, flexibi-
lizado, será impossível prever até onde chegaremos nos processos
de ensinagem.
OPERAÇÃO DE
CONCEITO/RELAÇÕES
PENSAMENTO
Comparação Examinar dois ou mais objetos ou processos com
intenção de identificar relações mútuas, pontos de
acordo e desacordo. Supera a simples recordação,
enquanto ação de maior envolvimento do aluno.
Resumo Apresentar de forma condensada a substância
do que foi apreciado. Pode ser combinado com a
comparação.
OPERAÇÃO DE
CONCEITO/RELAÇÕES
PENSAMENTO
Observação Prestar atenção em algo, anotando cuidadosamente.
Examinar minuciosamente, olhar com atenção,
estudar. Sob a ideia de observar existe o procurar,
identificar, notar e perceber. É uma forma de
descobrir informação. Compartilhada, amplia o
processo discriminativo. Exige objetivos definidos,
podendo ser anotada, esquematizada, resumida e
comparada.
Classificação Colocar em grupos, conforme princípios, dando
ordem à existência. Exige análise e síntese, por
conclusões próprias.
Interpretação Processo de atribuir ou negar sentido à experiência,
exigindo argumentação para defender o ponto
proposto. Exige respeito aos dados e atribuição
de importância, causalidade, validade e
representatividade. Pode levar a uma descrição inicial
para depois haver uma interpretação do significado
percebido.
Crítica Efetivar julgamento, análise e avaliação, realizando
o exame crítico das qualidades, defeitos, limitações.
Segue referência a um padrão ou critério.
Busca de suposições Supor é aceitar algo sem discussão, podendo
ser verdadeiro ou falso. Temos que supor sem
confirmação nos fatos. Após exame cuidadoso, pode-
se verificar quais as suposições decisivas, o que exige
discriminação.
Imaginação Imaginar é ter alguma ideia sobre algo que não está
presente, percebendo mentalmente que não foi
totalmente percebido. É uma forma de criatividade,
liberta dos fatos e da realidade. Vai além da realidade,
dos fatos e da experiência. Socializar o imaginado
introduz flexibilidade às formas de pensamento.
Obtenção e organização dos Obter e organizar dados é a base de um trabalho
dados independente; exige objetivos claros, análise de
pistas, plano de ação, definição de tarefas-chave,
definição e seleção de respostas e de tratamento
delas, organização e apresentação do material
coletado. Requer identificação, comparação,
análise, síntese, resumo, observação, classificação,
interpretação, crítica, suposições, imaginação, entre
outros.
© U3 - Estratégias Didáticas 133
OPERAÇÃO DE
CONCEITO/RELAÇÕES
PENSAMENTO
Levantamento de hipóteses Propor algo apresentado como possível solução
para um problema. Forma de fazer algo, esforço
para explicar como algo atua, sendo guia para tentar
solução de um problema. Proposição provisória ou
palpite com verificação intelectual e inicial da idéia. As
hipóteses constituem interessante desafio ao pensar
do aluno.
Aplicação de fatos e Solucionar problemas e desafios, aplicando
princípios a novas situações aprendizados anteriores, usando a capacidade
de transferências, aplicações e generalizações ao
problema novo.
Decisão Agir a partir de valores aceitos e adotados na escolha,
possibilitando a análise e consciência deles. A escolha
é facilitada quando há comparação, observação,
imaginação e ajuizamento, por exemplo.
Planejamento de projetos e Projetar é lançar ideias, intenções, utilizando-se
pesquisas de esquema preliminar, plano, grupo, definição de
tarefas, etapas, divisão e integração de trabalho,
questão ou problema, identificação das questões
norteadoras, definição de abrangência, de fontes,
definição de instrumentos de coleta dos dados,
validação de dados e respostas, etapas e cronograma.
Requer assim identificação, comparação, resumo,
observação, interpretação, busca de suposições,
aplicação de princípios, decisão, imaginação e crítica.
Fonte: Raths et al. (1977, p. 66).
8. SUGESTÕES DE ESTRATÉGIAS
O processo de ensino e de aprendizagem está centrado na
interação aluno-professor, sendo este visto como uma espécie de
orientador, coordenador das sequências didáticas.
A participação do aluno é ativa, isto é, ele deve ler, respon-
der às questões, realizar experimentos, resolver as questões etc.
Conteúdos diversos podem ser trabalhos com diferentes téc-
nicas, com uma mesma técnica ou, ainda, com uma combinação
delas. É desejável, entretanto, que se assegure uma dinâmica de
aula capaz de estimular o interesse dos alunos, de instigá-los a re-
solver os problemas que devem emergir das próprias atividades,
(Predominantes)
Professor contextualiza o tema de modo a mobilizar as estruturas
mentais do estudante para operar com as informações que este traz,
articulando-as às que serão apresentadas; faz a apresentação dos
objetivos de estudo da unidade e sua relação com a disciplina ou
curso.
Dinâmica da Atividade
Faz a exposição, que deve ser bem preparada, podendo solicitar
exemplos aos estudantes, e busca o estabelecimento de conexões
entre a experiência vivencial dos participantes, o objeto estudado e o
todo da disciplina.
© U3 - Estratégias Didáticas 135
Estratégia 2: portfólio
É a identificação e a construção de registro, análise, seleção e
reflexão das produções mais significativas ou identificação dos
Descrição
maiores desafios / dificuldades em relação ao objeto de estudo,
assim como das formas encontradas para superação.
Operações de Identificação; Obtenção e organização de dados; Interpretação;
Pensamento Crítica; Análise; Reelaboração; Resumo.
(Predominantes)
(Predominantes)
Ao serem perguntados sobre uma problemática, os estudantes
devem:
2. evitar atitude crítica que levaria a emitir juízo e/ou excluir ideias.
(Predominantes)
Prevê atividades individualizadas, grupais, podendo ser socializadas:
(Predominantes)
Organizar um grupo de pessoas para discutir um tema, ou vários
subgrupos com tópicos da temática para realizar uma reflexão
contínua, debate fundamentado, com intervenções do professor, que,
como membro do grupo, traz suas contribuições. Não é um momento
de perguntas e respostas apenas entre estudantes e professor, mas
Dinâmica da Atividade entre todos os integrantes, como parceiros do processo.
(Predominantes)
1. Apresentar ao aluno um determinado problema, mobilizando-o
para a busca da solução.
Estratégia 9: dramatização
É uma representação teatral, a partir de um foco, problema, tema
etc.
(Predominantes)
Pode ser planejada ou espontânea.
- criatividade e espontaneidade.
Fonte: Anastasiou; Alves (2005, p. 89).
(Predominantes)
1. O professor expõe o caso a ser estudado (distribui ou lê o problema
aos participantes), que pode ser um caso para cada grupo ou o
mesmo caso para diversos grupos.
Análise de um caso:
- síntese.
Fonte: Anastasiou; Alves (2005, p. 91).
(Predominantes)
(Predominantes)
O professor coordena o processo de seleção dos temas e planeja o
simpósio juntamente com os estudantes da seguinte forma:
(Predominantes)
1. O professor explica os objetivos do fórum.
-a produção da síntese.
Fonte: Anastasiou; Alves (2005, p. 95).
3. Construção do projeto:
- revisões e recomendações.
O acompanhamento do processo deve ser contínuo, com
retroalimentação das fases já vivenciadas, assim como com as devidas
correções em tempo.
Conclua a discussão
1. Resuma a discussão – use o resumo do quadro-negro, se foi feito.
2. Aponte uma conclusão definida, mesmo que seja um compromisso – não es-
moreça simplesmente, deixando a discussão no ar.
3. Expresse uma conclusão específica e definidamente.
4. Registre as conclusões por escrito.
5. Encerre o grupo – não os deixe escapar sorrateiramente (adaptado do livro
Princípios Educacionais Aplicados ao Treinamento de Pessoal, de Thomas F.
Staton, 1999).
Debates
Para vencer um debate, o orador deverá estar munido de três qualidades indis-
pensáveis (além de uma boa causa, evidentemente):
1. Preparo – O orador deverá abastecer-se do maior número de informações
possíveis. Além daquelas que irá utilizar na sua argumentação, deverá prever e
conhecer as que serão desenvolvidas pelo adversário, preparando com antece-
dência a sua refutação.
2. Atenção – Por mais cuidadoso que seja o orador, nem sempre ele poderá pre-
ver com exatidão os rumos que serão tomados em um debate. Quando surgirem
aspectos novos ou diferentes daqueles idealizados na preparação, o orador de-
verá colocar toda sua criatividade e imaginação para adaptar-se à nova circuns-
tância. Isto só ocorrerá se a atenção estiver concentrada no desenrolar de todos
os pontos debatidos, observando e classificando por ordem de importância todos
os argumentos. Um momento apenas de desatenção poderá colocar por terra o
trabalho de longo tempo, e o que é mais importante, a vitória.
3. Determinação – Por falar em vitória, o orador não poderá ter outro objetivo em
sua mente. Fará tudo o que estiver ao seu alcance para vencer o seu adversário
e tornar a sua causa vitoriosa. Utilizará todos os seus argumentos, toda a sua
energia e toda a sua competência. Se for preciso, deverá gritar, chorar e implorar.
Só a vitória, nenhum outro resultado interessará. Ao final, se for derrotado, sua
consciência deverá possuir a tranquilidade de ter tentado todos os "recursos"
legítimos à sua disposição.
© U3 - Estratégias Didáticas 157
Como argumentar
1. Não misturar os argumentos quando forem de espécie diferente. A não obser-
vância desta regra confundirá e enfraquecerá a boa exposição.
Coloque os argumentos pela ordem crescente de importância a partir do segun-
do: inicialmente, um bom argumento, não o melhor; em seguida, o mais fraco
(desde que mereça ser incluído), aumentando a importância dos próximos; final-
mente, os melhores argumentos, cuja importância fosse conceituada em: fraco,
razoável, bom, ótimo e excelente, colocaríamos na seguinte sequência:
Argumento 1 – ótimo
Argumento 2 – fraco
Argumento 3 – razoável
Argumento 4 – bom
Argumento 5 – excelente
O argumento "fraco" não seria apresentado em primeiro lugar, para não correr
o risco de causar má impressão logo no início. "É no início que preparamos o
ânimo do ouvinte para o restante do discurso" (Cícero). O argumento "excelente"
também não, porque os outros seriam enfraquecidos e pareceriam sem utilidade.
2. Depois de analisar todos os argumentos, se você chegar à conclusão que
somente um deles é forte e merece ser utilizado, prepare convenientemente o
auditório para recebê-lo, valorize-o com os melhores recursos da oratória, afinal,
é o único que possuímos e com a responsabilidade de dar a vitória.
3. Se, ao final, você chegar à conclusão que todos serão fracos e sem boa base
de sustentação, coloque-os todos ao mesmo tempo, como se fosse uma rajada,
para tentar compensar a falta de qualidade pela quantidade.
4. Os argumentos não deverão ser tão numerosos para que o auditório não fique
confuso e sem condições de avaliá-los convenientemente.
5. Um bom argumento desenvolvido além do tempo considerado normal para a
sua apresentação terá o seu valor diminuído e retirará a boa resistência física e
emocional do orador.
Como refutar
Mesmo quando o orador está expondo e não houver uma refutação explícita,
este deverá prever as dúvidas que poderiam estar pairando nos ouvintes e refu-
tá-las. Isso significa que sempre haverá a refutação. Podemos refutar:
1. Os fatos – Examiná-los e tentar provar que são falsos ou colocar dúvidas
quanto à sua autenticidade.
2. Os argumentos – Demonstrar que os princípios são falsos e que as conclusões
se revestem de forças que não lhe são próprias.
3. As doutrinas – Demonstrar que foram concebidas por meio de erros e bases
preconceituosas. Em seguida, apresentar, de forma clara e objetiva, a boa dou-
trina.
4. Os depoimentos – Verificar as contradições, o comportamento parcial das
testemunhas, a conduta sem critério de quem julga e desmascarar os artifícios
utilizados para arrancar os depoimentos.
5. Os documentos – Provar a inutilidade e a falta de autenticidade dos documen-
tos apresentados. Demonstrar que houve rasuras e que foram inseridos itens
que comprometem o original.
Visibilidade
Tudo o que for bem apresentado facilitará a compreensão
da audiência.
a) O tamanho mínimo das letras impressas nas transparên-
cias deve ser tamanho 16.
b) A transparência deve ter, no máximo, dois tipos.
c) A imagem deve ser legível em qualquer lugar da sala.
Clareza
As transparências apresentadas devem ser de fácil com-
preensão ao primeiro olhar, sem a ajuda específica do apresenta-
dor.
Simplicidade
Evite o excesso de palavras. A audiência envolvida na leitura
não prestará atenção no que o apresentador estiver falando.
Se tal transparência for necessária, deixe a audiência ler sem
interrupção. Depois, remova a transparência e reassuma a apre-
sentação.
a) Limite o visual com apenas uma ideia exposta.
© U3 - Estratégias Didáticas 161
Controle
Esteja apto a acrescentar ou cancelar informações, projetá-
-las ou retirá-las a seu critério.
a) Faça uso do interruptor "liga-desliga" do retroprojetor.
Quando quiser dar ênfase a um tópico específico que
está sendo discutido, ligue o retroprojetor. Toda a aten-
ção da audiência será dirigida para a tela. Quando quiser
atenção voltada totalmente para você, desligue o retro-
projetor. O uso do interruptor, quando usado com habi-
lidade, faz que a audiência se mantenha sempre alerta.
b) Use a técnica de revelação. Coloque um papel sobre a
transparência a ser projetada; exponha item por item,
puxando-a gradativamente. Dessa forma, sempre have-
rá maior expectativa do próximo assunto a ser revelado.
c) Escreva na transparência. Acrescente informações como:
"últimos dados", ou grife pontos importantes, utilizando
as canetas especiais. Isso fará que haja maior relaciona-
mento com a audiência.
Colocação da transparência
a) Coloque corretamente a transparência a ser projetada
na superfície do retroprojetor.
b) Coloque a transparência sobre o retroprojetor antes de
ligá-lo e retire-a após ter desligado o aparelho.
c) Após a apresentação, desligue o retroprojetor. Esteja
certo de não ter esquecido nada sobre o aparelho.
d) Use um lápis ou uma caneta como indicador sobre a
transparência. Não aponte o assunto em pauta na tela.
Mantenha os olhos em contato com a audiência, colo-
cando o lápis ou a caneta no ponto em questão. A som-
bra do lápis ou caneta será vista na tela, dirigindo a aten-
ção da audiência para o lugar desejado.
e) Quando estiver discutindo sobre catálogos, brochuras,
revistas etc., apresente, primeiro, as transparências e
depois passe as amostras à audiência, evitando, assim,
possíveis distrações dos participantes.
© U3 - Estratégias Didáticas 163
12. CONSIDERAÇÕES
A aprendizagem ocorre quando o aluno participa ativamen-
te do processo de reconstrução do conhecimento, aplicando seus
esquemas operatórios de pensamento aos conteúdos estudados.
Por isso, a aprendizagem supõe atividade mental, pois aprender é
agir, e operar mentalmente é pensar, refletir.
Assim, a estratégia didática mais adequada à aprendizagem
de um determinado conteúdo é aquela que ajuda o aluno a in-
corporar os novos conhecimentos de forma ativa, compreensiva e
construtiva, estimulando as operações do pensamento. Para que a
aprendizagem se torne mais efetiva, é preciso substituir, nas aulas,
as tarefas mecânicas que apelam para a repetição e a memoriza-
ção por tarefas que exijam dos alunos a execução de operações
mentais.
Nessa perspectiva, a função do professor é coordenar e facilitar
o processo de reconstrução do conhecimento por parte do aluno:
• apresentando situações desafiadoras que acionem as
operações de pensamento;
© U3 - Estratégias Didáticas 167
13. E-REFERÊNCIAS
ANASTASIOU, L. G. C. Ensinar, aprender, apreender e processos de ensinagem. Disponível
em: <http://eventos.unipampa.edu.br/seminariodocente/files/2011/03/Oficina-10-
Estrat%C3%A9gias-metodol%C3%B3gicas.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2012a.
______. Interface: comunicação, saúde, educação. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?pid=S141432832009000300012&script=sci_arttext>. Acesso em: 12 jul.
2012b.
4
"O espaço pedagógico é um 'texto' para ser constante-
mente lido, interpretado, escrito e reescrito" (FREIRE,
2004, p. 84-86).
1. OBJETIVOS
• Reconhecer o papel e a importância dos materiais didáti-
cos para o trabalho pedagógico.
• Analisar as diferentes possibilidades de escolha dos mate-
riais e recursos didáticos.
• Reconhecer as características e as formas de utilização
dos recursos auditivos, audiovisuais e visuais.
• Identificar e analisar a utilização dos recursos materiais e
recursos didáticos, segundo as necessidades de desenvol-
vimento de cada situação didática.
170 © Didática
2. CONTEÚDOS
• Materiais e recursos didáticos.
• Escolha dos materiais e recursos didáticos.
• Recursos auditivos.
• Recursos audiovisuais.
• Recursos visuais.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, você conheceu um referencial para a
análise e escolha de diferentes estratégias didáticas, tendo como
princípio a metodologia dialética.
Neste estudo, temos o objetivo de apresentar a você as prin-
cipais características e o uso dos materiais curriculares e outros
recursos didáticos, além de apontar o papel e a importância que
eles adquirem nas diferentes formas de intervenção, como instru-
mentos para a comunicação da informação, para propor ativida-
des, para a experimentação, para a elaboração e construção do
conhecimento ou para o exercício e a aplicação.
7. RECURSOS AUDITIVOS
Música
Não é qualquer música que se permite decodificar por qual-
quer público. Não é mesmo? Sempre devemos considerar a su-
posta adequação/inadequação entre o conteúdo, o contingente
e a clientela. À medida que se avança no grau de escolaridade,
por exemplo, pode-se recorrer a canções com maior sofisticação e
complexidade interpretativa.
Existe uma preocupação que busca sugerir novos ares no
ambiente escolar, por vezes, um tanto rarefeito de criatividade. Os
professores sabem, cada qual à sua maneira, que não existem ver-
dades dogmaticamente estabelecidas.
A música permanece na categoria de meio, de recurso di-
dático-pedagógico ou, quando muito, de fonte documental. Nada
disso, porém, deve nos conduzir a perder de vista a música – por
extensão a arte –, inclusive como um fim em si mesma.
As considerações feitas pela música não vêm em prejuízo,
que fique bem claro, da fruição da música pela música, como fala
à sensibilidade e ao envolvimento lúdico. Afinal, ela não deve ser
encarada tão somente como um trampolim para galgarmos outras
esferas.
Análise da música
• Audição.
• Levantamento inicial de informações musicais.
a) Gênero musical.
b) Arranjo/instrumental.
c) Melodia/harmonia.
d) Interpretação/arranjo vocal.
Síntese - letra/música
• Contrapor as informações colhidas.
• Interpretação das informações: qual o projeto/mensagem que a canção vei-
cula.
• Como ela faz em sua totalidade (letra/música, forma/conteúdo).
a) Há contradição ou harmonia entre forma/conteúdo etc.?
Historicização da obra/documento
• Em função dos conteúdos estudados, como as informações e interpretações
se enquadram?
• Contextualização da produção da obra (em relação à época).
Releitura e problematização da obra como projeto artístico/ideológico
(D´EUGÊNIO; AMARAL; BORJA, 1987, p. 184-185).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
8. RECURSOS AUDIOVISUAIS
Filmes, slides, transparências, painéis fotográficos, registros
sonoros são recursos complementares importantes, desde que o
professor verifique e reafirme a relação do filme com os conteúdos
que estão sendo trabalhados, prepare sua sequência e garanta a
qualidade da apresentação.
2. Solicite que os alunos façam associações das questões levantadas pelo vídeo com
o meio em que vivem (bairro, rua, escola etc.). É importante incentivar o aluno a
trazer suas experiências para dentro da escola. Ao exprimir a emoção por meio
das palavras, o aluno articula, organiza o pensamento.
4. Os vídeos podem gerar vários tipos de textos, como poesias, narrativas, relatórios
etc. Os textos podem ser organizados em jornais de sala de aula etc.
9. Peça para os alunos uma pesquisa sobre os comerciais que conhecem. Discuta
aspectos estéticos, de conteúdo e a natureza das escolhas dos alunos. Peça para os
alunos criarem comerciais e discuta os objetivos de suas criações.
10. Forme equipes de reportagens na classe para entrevistar pessoas da escola sobre
algum tema suscitado pelo vídeo. A partir das entrevistas, faça um jornal de sala
de aula que poderá ser apresentado em uma TV feita com caixa de papelão.
9. RECURSOS VISUAIS
Quadro-negro
Como você já sabe, um dos recursos mais utilizados na esco-
la é o quadro-negro. O professor usa o quadro-negro durante uma
aula expositiva, enquanto desenvolve a explicação. À medida que
explica o conteúdo, vai anotando no quadro os dados mais impor-
tantes da exposição, que precisam ser ressaltados, visualizados e
fixados.
Exposição de trabalhos
Para que o trabalho seja divulgado para toda a escola ou para
amparar o professor em sua explanação, poderão ser organizados:
1) Murais ou quadros didáticos.
2) Exposições e livros artesanais.
3) Painéis temáticos e ilustrações.
4) Cartazes.
Parece tarefa simples, mas precisa ser orientada para que
o resultado não dê a entender apenas uma coleção aleatória de
imagens.
O professor pode sugerir aos alunos subtemas para os painéis.
© U4 - Materiais e Recursos Didáticos 181
Mapas
Como você possivelmente já sabe, um mapa é uma repre-
sentação geométrica plana, simplificada e convencional, do todo
ou de parte da superfície terrestre, superfície curva, sobre uma
superfície plana, folha de papel ou monitor de vídeo.
A leitura do mapa requer competência do aluno para com-
preender a representação gráfica. As representações fazem parte
do sistema de sinais criados pelo homem para se comunicar com
os outros. Pertence, de certo modo, ao campo da escrita.
Contudo, para ler mapas, é preciso ainda compreender as
diferentes linguagens da informação e como os homens criaram
formas de expressar seus conceitos e hipóteses por meio dos ma-
pas. Para ler um mapa, é preciso aprender essa linguagem.
A leitura, de mapas e de imagens, é apreendida de forma
progressiva.
Assim, fotos comuns, fotos aéreas, vídeos, filmes etc. tam-
bém podem ser utilizados como fonte de informação e de leitura
do espaço para desenvolver, com base nelas, a linguagem de re-
presentação.
O trabalho com a linguagem cartográfica é importante desde
o início da escolaridade. Ele contribui para compreender e desen-
volver capacidades relativas à representação do espaço.
Gráficos
Como sabemos, os dados numéricos são muito importantes
para o trabalho em sala de aula, pois ajudam a comparar e con-
frontar informações. O que não quer dizer, de forma alguma, que
os dados bastam como forma de expressar e explicar fenômenos
abordados.
Frequentemente, os livros didáticos apresentam dados esta-
tísticos organizados em gráficos e tabelas, mas exploram pouco a
interpretação que eles trazem. Portanto, deve-se tratar os dados nu-
méricos de forma visual para que eles se tornem atraentes ao aluno.
Maquetes
Você já fez algum trabalho em maquetes? Como foi essa ex-
periência? Tente relembrar, fazendo algumas considerações e de-
pois compare com as informações a seguir.
© U4 - Materiais e Recursos Didáticos 183
Fotografias
A fotografia, desde sua invenção, vem sendo utilizada no re-
gistro dos cenários e personagens da realidade e no registro espe-
cífico dos mais diferentes temas oferecidos por esta. Assim, ela é
um resíduo do passado e pode ser objeto de estudo em diferentes
áreas das ciências e das artes.
As fotografias, que retratam diferentes aspectos da vida de
um país ou de um grupo social, são importantes para os estudos
referentes às mais diversas áreas de conhecimento. Essas fontes
fotográficas se prestam à recuperação de informações de um dado
contexto.
Segundo Kossoy (2003, p. 32):
Fotografias são imagens, documentos insubstituíveis cujo potencial
deve ser explorado. Seus conteúdos, entretanto, jamais deverão ser
entendidos como meras ilustrações de texto. As fontes fotográficas
são uma possibilidade de investigação e descoberta na medida em
que se sistematizam suas informações e se estabelecem metodo-
logias adequadas de pesquisa e análise para a decifração de seus
conteúdos por meio do estudo de procedência, determinação de
seus elementos constitutivos e detecção das múltiplas informações
nele contidas.
Características da imagem
− Tamanho.
− Formato.
− Suporte.
− Enquadramento.
− Nitidez.
− Planos.
− Aspectos relacionados à cor.
Dados da imagem
− Descrição da cena (elementos de referência).
− Indumentária.
− Objetos.
− Paisagem urbana ou rural.
− Identificação do ambiente.
Contextualização histórica
− Conexão entre o autor e a cena representada (intencionalidades).
− Relação entre a fotografia e o contexto social.
− Elementos econômicos, políticos e culturais.
− Gestos e expressões dos personagens.
Síntese
− Contraposição das informações colhidas nas etapas anteriores.
− Seleção e composição de ideias significativas.
− Elaboração de comentário de acordo com os objetivos da análise.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Gravuras
As gravuras são usadas no processo ensino-aprendizagem
para facilitar a visualização de seres, objetos, fatos e fenômenos
© U4 - Materiais e Recursos Didáticos 185
Pintura
A arte tem uma dimensão estética que faz que a pintura seja
muito atrativa, além de possuir um conteúdo informativo de ex-
traordinário interesse. Assim, por meio da pintura de uma deter-
minada época, conhecemos uma infinidade de tipos de paisagens,
cidades, descrições de batalhas, personagens históricos etc.
Apreciar uma obra de arte é um exercício que pode ser con-
siderado em cinco estágios de desenvolvimento, que logo conhe-
ceremos.
Como se sabe, a reação perante uma pintura (ou outra ma-
nifestação artística) varia em consonância com a idade e o nível
sociocultural. A idade não constitui fator determinante na sequên-
cia dos graus de desenvolvimento, pois, apenas nos estágios mais
baixos, existe uma correlação com o nível etário. Qualquer criança
do Ensino Básico atinge facilmente os dois primeiros estágios, e
um adolescente, o terceiro, mas um adulto podem nunca atingir
os dois últimos estágios.
Roteiro de análise–––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Materialidade
• Situação concreta da obra:
a) elementos técnicos (óleo, aquarela, afresco etc.);
b) suportes (tela, parede, madeira, rocha etc.).
Tema
• Assunto ou objeto e a forma como é representado:
a) identificação da cena;
b) enumeração de objetos e pessoas;
c) descrição do ambiente;
d) composição: perspectiva, distribuição do volume, formas e estruturas ge-
ométricas etc.
e) figuração: naturalista, realista, movimento ou rigidez, esquematismo, abs-
tração etc.
f) cor: quente ou fria, luminosidade, contraste ou harmonia etc.
Expressão
• Interpretação dos sentidos dos elementos:
a) mentalidade da época;
b) estilo: conjunto de elementos significativos que duas ou mais obras parti-
lham entre si;
c) elementos e motivos simbólicos das figuras históricas (expressões, ges-
tos etc.);
d) capacidade da obra em confirmar e difundir ideias conforme determinada
receptividade.
Enquadramento espaço-temporal
• Inquérito acerca da obra, do autor e do contexto histórico:
a) autor: biografia e ponto de vista;
b) época;
c) conexão entre obra e autor: integração da obra no conjunto de outras do
mesmo autor e da mesma época;
d) relação entre obra/artista e contexto social;
e) elementos econômicos, políticos e culturais;
f) personagens indicados;
g) princípios filosóficos e religiosos.
Síntese
• Reexame e formulação dos próprios juízos acerca da obra:
a) contrapor as informações colhidas nas etapas anteriores;
b) apresentar questões, obter respostas e suscitar novas interrogações e
novas respostas;
c) selecionar ideias e informações que interessam;
d) escrever o comentário da obra de arte.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Conhecimentos prévios––––––––––––––––––––––––––––––––
a) Folhear o jornal para conhecê-lo.
Objetivos
a) Aprofundar as atividades em um primeiro contato com o jornal e a revista.
b) Iniciar a observação de conteúdos dos periódicos, considerando alguns
parâmetros estabelecidos pelo professor.
c) Iniciar um trabalho de classificação, organização e hierarquização de da-
dos levantados.
Material
a) Periódicos já conhecidos pela equipe, sem a necessidade de todos os
jornais terem a mesma data.
Desenvolvimento
1) Distribuir os periódicos para as equipes.
2) Selecionar alguns temas para observação (ver, a seguir, Ao professor) e
solicitar aos grupos que examinem seus periódicos, levantando os temas
encontrados. Pode-se, por exemplo, copiar as manchetes ou os títulos.
3) Anotar as observações, em grupos. Um tempo deve ser fixado para essa
parte.
4) Orientar a classe na análise e na apresentação das conclusões, propondo
que respondam às seguintes questões:
a) Que tipo de periódico analisamos?
b) Quem o produziu? (Nesse ponto, deve-se alertar a classe para os dois
tipos de profissionais que o produziram: o dono do periódico ou sua
direção e os que fizeram as matérias, ou seja, patrões e/ou chefes e
empregados. Eventualmente, elementos da direção ou mesmo o pro-
prietário podem também fazer matérias. Geralmente, quando se trata
de um grande periódico, o proprietário é um grupo econômico).
c) Para que leitores é destinado?
d) Qual a finalidade do periódico?
e) Que tipo de textos e/ou imagens apresenta?
f) Depois do trabalho de ordenação de dados, classificação e hierarqui-
zação, cada grupo expõe, oralmente, os resultados.
Ao professor
Propor alguns temas de observação, tais como:
a) No periódico, o que predomina: textos escritos? Fotos? Publicidade? Ou-
tros?
b) Nos jornais, os temas dominantes são políticos? Esportivos? Fofocas?
Notícias policiais? Outros? Estabelecer uma hierarquia.
c) Nas revistas especializadas, levantar os temas dominantes. Se for uma
revista para mulheres, o que se encontra mais: moda? Culinária? Conse-
lhos de beleza? Fofocas? O mesmo se poderá fazer com revistas para
homens, jovens, crianças, com revistas científicas e outras.
As fontes da informação
Conhecimentos prévios––––––––––––––––––––––––––––––––
a) Ter informações sobre o que é jornal e notícia.
Objetivos
a) Identificar nos periódicos (jornais e revistas) a origem das notícias ou
informações.
b) Conhecer "quem fala" nos jornais e nas revistas.
c) Conhecer as agências nacionais e internacionais de informação.
Material
a) Jornais completos e revistas recentes.
Desenvolvimento
a) Examinar um jornal ou uma revista em grupo.
b) Examinar artigos, reportagens e notícias, página por página, anotando
os nomes das agências de onde provêm as notícias e dos jornalistas que
assinam as matérias, além de suas procedências (por exemplo: cidades e
países onde são correspondentes).
c) Preencher os quadros que seguem em anexo, respondendo às perguntas:
1) De onde vêm as notícias segundo as agências?
2) Quem fala na notícia? (governo, instituições, organismos, empresas,
políticos, redatores, especialistas convidados, outros).
3) Qual a posição do informante? (representante do jornal no país,
enviado especial, repórter cobrindo a matéria, testemunha, atuante,
outros).
4) Quem escreve? (quando não for o correspondente quem assina a
matéria, por exemplo).
5) Quem transmite as notícias? (agências, informantes, outros).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Revistas
Nessa técnica, o aluno será estimulado a estudar, raciocinar
e emitir seu ponto de vista, além de desenvolver sua criatividade.
© U4 - Materiais e Recursos Didáticos 191
Jogos
O aluno deve se sentir desafiado pelo jogo, e não somente
pelos outros participantes. Logicamente, o aspecto competitivo
estará presente. Não devemos nos preocupar com o aparecimento
desse fator (competição), desde que a nossa postura seja a de evi-
denciar que a competição é da natureza dos jogos, e não da vida.
É muito importante que você se assegure da organização no
registro de dados (marcações do jogo), para que sejam compreen-
didas as interpretações sobre o desenvolvimento ou o final do jogo.
Segundo Borin (2004, p. 8):
A atividade de jogar, se bem orientada, tem papel importante no
desenvolvimento de habilidades de raciocínio, de organização, de
atenção e de concentração, tão importantes para o aprendizado,
em especial da Matemática, e para a resolução de problemas em
geral.
Os jogos auxiliam na descentralização, que consiste em desenvol-
ver a capacidade de ver algo a partir de um ponto de vista e a coor-
denação de ações para chegar a uma conclusão.
Pode-se, também, identificar o desenvolvimento da linguagem, da
criatividade e do raciocínio dedutivo, exigidos na escolha de uma
jogada e na argumentação necessária durante a troca de informa-
ções.
Tipos de jogos
1) O jogo deve ser para dois ou mais jogadores, ou seja,
não pode ser um jogo "solitário". A melhor opção é tra-
balhar com grupos de quatro alunos, formando duas
equipes. Essa formação facilita a troca de informações,
dentre outras vantagens.
2) O jogo deve ter regras preestabelecidas, que não podem
ser modificadas no decorrer de uma rodada. Qualquer
alteração nas regras só pode ser sugerida após a conclu-
são de uma rodada do jogo.
3) As regras devem ser formuladas de modo que, ao final,
só haja uma equipe vencedora.
4) O jogo não deve ser apenas mecânico e sem significado
para os alunos; ao contrário, deve ser interessante e de-
safiador.
© U4 - Materiais e Recursos Didáticos 193
Jogos de treinamento
Esses jogos, segundo Krulik e Rudnik (1983 apud BORIN,
1996), são ideais para auxiliar a memorização ou a fixação de con-
ceitos, fórmulas e técnicas ligadas a alguns tópicos do conteúdo.
São utilizados para reforçar determinados tópicos em que os alunos
apresentem deficiência e são substitutos das listas de exercícios.
Jogos de estratégias
A meta principal desse tipo de jogo é propiciar o desenvol-
vimento do raciocínio lógico. Sua característica principal é possuir
uma estratégia vencedora a ser descoberta pelos jogadores. Vale
ressaltar que o fator sorte, em nenhum momento, deve interferir
na escolha das jogadas.
O jogador fica totalmente livre para fazer suas opções de
acordo com limites impostos pelas regras do jogo. Na busca da
estratégia, fica visível a necessidade de formulação de hipóteses,
argumentação e experimentação, para tornar válidas essas hipóte-
ses, até a descoberta de um caminho vitorioso.
Segundo Maluta (2007), o exercício do raciocínio dedutivo
está presente na escolha das jogadas, tanto certas quanto erradas,
que se baseiam na análise, que leve o jogador a elaborar e a reela-
borar hipóteses a todo momento.
E qual é o papel do professor nesse jogo?
O professor tem papel fundamental, devendo promover a
socialização das descobertas, atuando como orientador, e não
como transmissor de conhecimentos.
Laboratório
O laboratório é outro recurso valioso na área de Ciências Na-
turais. É o local onde se realizam os experimentos.
Um experimento é uma técnica de investigação que deve es-
tar acompanhada de questões que permitam reflexão, posterior
análise e organização dos dados obtidos, e fornecimento de infor-
mações para que o conceito pretendido seja elaborado.
Livro didático
Observe, a seguir, o que diz Rangel em seu texto a respeito
da importância da utilização dos materiais didáticos no processo
ensino-aprendizagem, incluindo o livro didático, que, hoje, é um
dos recursos mais utilizados pelos professores em geral.
2) Como você pode fazer a escolha do recurso ou material didático mais ade-
quado a cada situação de aprendizagem?
7) É nesse formato e nessa função que residem, também, os dois grandes pe-
rigos do livro didático:
a) Segundo Rangel (2006), quais são os dois grandes perigos na utilização
do livro didático? Explique os argumentos apresentados pela autora.
b) Qual é o programa governamental destinado à avaliação, à aquisição e à
distribuição gratuita do livro didático para a escola pública?
12. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final do estudo desta unidade, na qual pude-
mos analisar as características e o uso dos materiais curriculares
e outros recursos didáticos, além de termos a oportunidade de
compreender o papel e a importância que eles adquirem nas di-
ferentes formas de intervenção pedagógica, como instrumentos
para a comunicação da informação, para propor atividades, para a
experimentação, para a elaboração e construção do conhecimento
ou para o exercício e a aplicação.
Assim, tivemos como objetivo a reflexão sobre a utilização
dos materiais curriculares e outros recursos didáticos, apontando
alguns princípios didáticos para uma prática educativa que tenha
como eixo a formação de um cidadão autônomo, crítico e partici-
pativo.
É bom lembrar que, ao pensarmos em princípios didáticos,
devemos considerar que os alunos constroem significados a par-
tir de múltiplas e complexas interações. Além disso, cada aluno é
sujeito de seu processo de aprendizagem, enquanto o professor é
o mediador na interação dos alunos com os objetos de conheci-
mento.
13. E-REFERÊNCIAS
ARAUJO, J. C. S. Entre o quadro-negro e a lousa virtual: permanências e expectativas.
Disponível em: <http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/trabalho/GT04-
2277--Int.pdf>. Acesso em: 10 de Dezembro de 2010.
CARNEIRO, M. H. S.; SANTOS, W. L. P.; MOL, G. S. Livro didático inovador e professores:
uma tensão a ser vencida. Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências, vol. 7, n. 2,
dez. 2005. Disponível em: <www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/ensaio/article/
viewFile/93/142>. Acesso em abr. 2012.
FURLAN, S. A. A Geografia na sala de aula: a importância dos materiais didáticos.
Disponível em: <http://didatgeoufrj.blogspot.com.br/2010/05/geografia-na-sala-de-
aula-importancia.html>. Acesso em 13 de Julho de 2012.
RANGEL, E. O. Sobre sujeitos, situações e materiais didáticos no processo de ensino/
aprendizagem. Disponível em: < http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/ >. Acesso
em: 10 set. 2006.
VISÃO GEOGRÁFICA. Cartografia. Disponível em: <http://www.visaogeografica.com/
cartografia.htm>. Acesso em: 30 maio 2012.
5
"Ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozi-
nho. A educação que deve ser um ato coletivo, soli-
dário – um ato de amor, dá pra pensar sem susto,
não pode ser imposta. Porque educar é uma tarefa
de trocas entre pessoas [...]" (PAULO FREIRE, 2004,
p. 35).
1. OBJETIVOS
• Identificar e analisar os diferentes fatores que interferem
no resultado do trabalho pedagógico.
• Organizar situações de ensino e aprendizagem adequadas
aos objetivos, conteúdos e princípios didáticos propostos.
• Reconhecer as funções do professor para o desenvolvi-
mento de um trabalho pedagógico de qualidade.
• Identificar e refletir sobre as diferentes formas de organi-
zação do trabalho pedagógico.
202 © Didática
2. CONTEÚDO
• Variáveis que interferem no trabalho pedagógico.
• Funções do professor no processo de ensino-aprendiza-
gem.
• Concepção de ensino e aprendizagem do professor.
• Crença do aluno na sua própria capacidade de aprender:
autoconceito.
• Motivação e aprendizagem.
• Organização do tempo e do espaço escolar.
• Trabalho diversificado.
• Gestão da sala de aula.
• Relação da família com a aprendizagem dos alunos.
Rosaura Soligo
Rosaura Soligo (Brasil) tamas@uol.com.br Formada em
Pedagogia e Psicologia, Mestre em Educação pela UNI-
CAMP, atualmente professora de cursos de especializa-
ção para professores alfabetizadores e coordenadora de
projetos do Instituto Abaporu de Educação e Cultura, com
trabalhos de assessoria a Secretarias de Educação em
vários municípios do país. Experiência com alfabetização
de crianças, formação continuada, documentação da prá-
tica profissional, produção de material pedagógico e víde-
os educativos. Membro da equipe de idealizadoras do
PROFA (Programa de Formação de Professores Alfabeti-
zadores) e de sua equipe de coordenação nacional. Pes-
quisadora colaboradora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Conti-
nuada (GEPEC), na Faculdade de Educação da UNICAMP. Co-organizadora do
livro 'Porque escrever é fazer história' (Ed. Alínea, 2007) junto com o Prof. Dr.
Guilherme do Val Toledo Prado, e autora de vários artigos na área da educação
(imagem disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_9XFZYBC1GQ/TI5RAjztVgI/
AAAAAAAACSg/Nu6i2_sB3ow/s1600/Rosaura+Soligo+%282%29.JPG>. Aces-
so em: 10 fev. 2011. Texto disponível em: <http://www.crefal.edu.mx/gleace/cv_
rosaura_soligo.html>. Acesso em: 10 fev. 2011).
Telma Weisz
Doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo,
Telma Weisz foi a criadora do Programa de Formação de
Professores Alfabetizadores (Profa), lançado em 2001
pelo Ministério da Educação. Hoje coordena um programa
semelhante, o Letra e Vida, na Secretaria de Educação do
Estado de São Paulo. Referência em alfabetização, Weisz
acredita que formar leitores e gente capaz de escrever é
uma tarefa de todos da escola: coordenadores, gestores e
professores de todas as séries e disciplinas. "Eu diria que
leitura e escrita são o conteúdo central da escola e têm a
função de incorporar a criança à cultura do grupo em que
ela vive" (imagem disponível em: <http://revistaescola.
abril.com.br/linguaportuguesa/alfabetizacaoinicial/aposte-alto-capacidade-alu-
nos-429248.shtml>. Acesso em: 10 fev. 2011. Texto disponível em: <http://edu-
carparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/entrevista-telma-weisz-403872.
shtml>. Acesso em: 10 fev. 2011).
© U5 - Organização do Trabalho Didático-Pedagógico 205
Celso Antunes
Celso Antunes é bacharel e licenciado em Geografia pela
USP, Especialista em Inteligência e Cognição pela mesma
instituição e Mestre em Ciências Humanas também pela
USP. É membro da Associação Internacional pelos direi-
tos da criança brincar (UNESCO). Autor de mais de 180
livros didáticos e de cerca de 60 livros sobre temas na
área de Educação. Ministrou palestras e cursos em todos
os estados do País, em mais de 500 municípios (imagem
disponível em: <http://www.papirus.com.br/entrevista_de-
talhe.aspx?chave_entrevista=4&menu=autores>. Acesso
em: 10 fev. 2011. Texto disponível em: <http://www.celso-
antunes.com.br/pt/celso.php>. Acesso em: 10 fev. 2011).
César Coll
César Coll foi um dos principais coordenadores da refor-
ma educacional espanhola. Professor de Psicologia Evo-
lutiva e da Educação na Faculdade de Psicologia da Uni-
versidade de Barcelona. Foi um dos principais coordena-
dores da reforma educacional espanhola e consultor do
MEC na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacio-
nais, aqui no Brasil. Escreveu Psicologia e Currículo (Ed.
Ática), Ensino, Aprendizagem e Discurso em Sala de Aula,
(Ed. Artmed). Logo nos primeiros debates sobre a reforma
educacional brasileira, em meados dos anos 1990, ficou
decidido que o modelo para as mudanças seria o imple-
mentado na Espanha sob a coordenação de César Coll
Salvador, da Universidade de Barcelona. Das discussões no MEC, das quais Coll
participou como assessor técnico, surgiram os Parâmetros Curriculares Nacio-
nais. Desde então, as idéias desse pensador, que já haviam chamado a atenção
de algumas escolas de São Paulo, passaram a influenciar toda a nossa rede de
ensino (imagem disponível em: <http://www.crearmundos.net/primeros/entrevis-
ta%20cesar%20coll.htm>. Acesso em: 10 fev. 2011. Texto disponível em: <http://
educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/materias_296370.shtml>. Acesso
em: 10 fev. 2011).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, estudamos as características e a uti-
lização de diferentes materiais e recursos didáticos. Além disso,
destacamos a importância que eles adquirem na constituição de
diferentes práticas pedagógicas, como instrumentos de interven-
ção, experimentação, elaboração e construção do conhecimento.
Fonte: MOA. Revista Pátio, ano VIII, n. 30, p. 66, Mai./Jul., 2004.
Figura 2 Dificuldades de aprendizagem.
Autoimagem e aprendizagem––––––––––––––––––––––––––––
A imagem que uma pessoa tem de si é, em grande parte, formada a partir da
maneira como ela é vista pelos outros com quem convive, a opinião do outro
tem influência proporcional ao valor que ele tem em nossa vida. Assim, quando
pessoas que são importantes para nós nos elogiam, nos sentimos encorajados a
enfrentar desafios, fortalecendo nossa auto‑imagem. Zabala (1998) nos aponta
que o professor é importante para os alunos e constitui uma referência para a sua
formação de autoconceito. Desta forma, a maneira como se relaciona com eles
é fundamental para que se sintam inteligentes e capazes.
Para isso, é bom não só elogiar o aluno na ocasião adequada, mas também
mostrar a ele, de forma precisa e direta, quais foram suas conquistas. Essas
informações ajudam os alunos a tomar consciência de sua própria aprendizagem
e usar com mais segurança os conhecimentos de que se apropriaram.
© U5 - Organização do Trabalho Didático-Pedagógico 213
Expressar para o outro o que estamos aprendendo também contribui para o de-
senvolvimento dessa consciência, porque a expressão organiza o pensamento.
Você já percebeu que muitas vezes nos damos conta do que pensamos somente
no momento em que estamos conversando com outra pessoa?
Por exemplo, quando alguém nos faz perguntas por não compreender o que
queremos dizer, ajuda‑nos a organizar e complementar uma idéia que estava
confusa e assim, por meio do diálogo, vamos organizando nossa fala e, ao mes-
mo tempo, nosso pensamento.
No entanto, se expressar nem sempre é fácil. Cabe ao professor ajudar os alunos
a falar de si, emitir opiniões sobre os acontecimentos e explicitar suas hipóteses
explicativas nas situações de aprendizagem. É preciso construir uma relação
com os alunos e entre eles de forma a criar um ambiente onde todos sejam res-
peitados em suas diferenças:
• não permitindo que zombem uns dos outros;
• ouvindo as idéias de cada um com atenção;
• fazendo com que todos participem das atividades coletivas propostas;
• evitando comentários negativos na presença dos alunos;
• permanecendo atento à entonação da própria fala (muitas vezes não é o
que dizemos, mas o tom que usamos configura depreciação).
O professor que de fato se constitui como autoridade proporciona um clima de
confiança e respeito, garantindo um ambiente propício para a aprendizagem, em
que os alunos se sentem seguros para dizer o que pensam e querem, em um
permanente exercício de democracia (CENPEC, 2002, p. 16-17).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Organização do espaço
Em sua opinião, trabalhar com a diversidade pode ser uma
tarefa difícil? O que você pensa sobre esse assunto?
Vale lembrar que suas reflexões são fundamentais para a sua
aprendizagem. Mesmo que você ainda não possua a prática edu-
cativa, sugerimos que reflita, analise, questione e pesquise as situ-
Atividades diversificadas
A importância do trabalho diversificado se faz necessário em
sala de aula porque os alunos apresentam interesses e motivações
variados e porque cada um tem um ritmo próprio de desenvolvi-
mento que deve ser considerado e respeitado.
O trabalho diversificado em sala de aula apresenta-se em
nossas escolas como um procedimento capaz de atender as dife-
renças individuais dos alunos em seus vários aspectos.
Soligo (2001, p. 14) assevera que:
Trabalho diversificado é aquele em que o professor subdivide a
turma em grupos que desenvolverão ao mesmo tempo, atividades
diferentes, dirigidas ou não pelo professor. Por exemplo, enquanto
um grupo recebe orientação direta do professor, os outros traba-
lharão independentemente, em atividade como: leitura silenciosa,
redação, exercícios escritos, atividades artísticas, jogos etc.
Planejando atividades
Para planejar um trabalho diversificado, é preciso:
• Prever o tempo que se gastará com o grupo dirigido para orga-
nizar a atividade independente.
• Arrumar a sala de aula prevendo a disposição das carteiras, can-
tinhos, de modo a facilitar a movimentação dos alunos, evitan-
do que um grupo perturbe o outro.
• Organizar a atividade independente de acordo com as necessi-
dades e possibilidades do grupo, com orientações claras, para
que os alunos atuem interessados e motivados e não precisem
recorrer constantemente ao professor.
• Preparar os alunos para modalidades de trabalho independen-
te (orientação, hábitos de estudo e organização) e de trabalho
em grupo (indivíduos que trabalham em conjunto para solução
de problemas em que cada um é responsável pelo trabalho de
todos).
• Distribuir os alunos pelos grupos definindo quem vai fazer tra-
balho dirigido e quem vai fazer trabalho independente.
• Corrigir os trabalhos e avaliar os resultados obtidos (CONS-
TRUIRNOTICIAS, 2012).
Organização do tempo
Sabemos que é imprescindível otimizar o tempo didático,
aprendendo a controlá-lo e potencializá-lo. Para isso, o professor
precisa organizar e planejar, minuciosamente, as situações didáti-
cas em sala de aula.
Ele deve orientar, claramente, os alunos quanto às ativida-
des, organizar os grupos, disponibilizar recursos materiais adequa-
dos e definir o tempo previsto para realização da atividade. Se isso
não for feito, o professor terá sérios problemas com indisciplina
em sala de aula.
Outra questão importante, segundo os PCNs, é o horário
escolar, que deve obedecer ao tempo mínimo estabelecido pela
legislação vigente para cada uma das áreas do currículo. A partir
desse critério e em função das opções do projeto educativo da es-
cola, é que se poderá fazer a distribuição horária mais adequada
(BRASIL, 1997).
Calendário Escolar
Os calendários, juntamente com relógios e horários, são um
dos principais referentes temporais da escola e da experiência do
tempo dos professores. Eles traduzem e balizam a rítmica das prá-
ticas e atividades docentes nos tempos escolares e cotidianos.
Teixeira (2004) aponta que os calendários escolares impõem
os ritmos das atividades docentes e discentes. Ao estabelecerem
a rítmica das atividades educativas, dos tempos e dos espaços es-
colares, influenciam nos delineamentos e nas escolhas didático-
-pedagógicas e em suas formas de realização.
Os calendários refletem o que a escola é, o que ela faz e a
que se propõe. Por meio deles, pode-se conhecer sua ação educa-
cional, a vida dos professores e dos alunos.
De acordo com Teixeira (2004, p. 25):
© U5 - Organização do Trabalho Didático-Pedagógico 227
Fonte: MOA. Revista Pátio, ano VIII, n. 30, p. 68, Mai./Jul., 2004.
Figura 7 Cronograma de conteúdo escolar.
12. Saber dar a devida importância ao tom de voz empregado e estudar a lin-
guagem gestual - poupe energia nas primeiras aulas, respire e permita aos seus
alunos que respirem.
13. Jamais se comparar a qualquer colega - nunca comparar um aluno ou uma
classe com outra. Além de "escorregão" ético imperdoável, é importante que
você e seus alunos descubram que são únicos.
14. Distribuir com uniformidade, serenidade e justiça a atenção a todos – é claro
que em toda classe existe e existirão sempre os mais simpáticos e os mais "cha-
tinhos", mas você não está ali para dar aula apenas para alguns ou para os que
mais gostam de você.
15. Analisar com calma as razões que podem levar alunos ao desinteresse ou
indisciplina e discutir particularmente com eles essa postura - traçar e discutir
juntos, atualizar e reavaliar um certo "código de ética" que deve pautar as rela-
ções entre alunos e professores.
16. Conhecer diferentes estratégias de ensino, jogos operatórios, técnicas de
ensino e aprendizagem - a chave de fenda é ótima ferramenta, mas o bom me
cânico necessita de outras para concertos específicos.
17. Possuir projetos de avaliação claros e explícitos - se preocupar mais com a
compreensão e a aprendizagem do aluno que com seus resultados. Nunca faça
da prova uma arma de coação, um instrumento de terror. Além de deslavada
covardia é mapa explícito de incompetência gritante.
18. Manter atualizados seus registros e suas notas - tenha um "diário" de anota-
ções, pensamentos, frases, conceitos, estratégias, teorias e tudo mais que usa
em aula. Mesmo um chef extraordinário não dispensa seu "caderno de receitas".
19. Cumprir com integridade tudo quanto prometeu - faça de sua relação com os
alunos um modelo de responsabilidade política, não busque, nesta, exemplos
para aquela.
20. Fazer das perguntas uma eficiente ferramenta de aprendizagem - o verda-
deiro professor é sempre um grande perguntador, interrogador nato, decifrador
de códigos, eficiente intérprete de linguagens. Ensine seus alunos a perguntar,
valorize a sabedoria que toda pergunta inteligente oculta.
21. Não se desgaste ensinando aos alunos tudo quanto sozinhos eles podem
apreender - mostre a eles caminhos, sugira dicas, organize suas informações.
22. Estimular o aluno a interpretar o que ele aprendeu utilizando diferentes habi-
lidades como comparar, analisar, criticar, deduzir, classificar, sintetizar, transferir,
julgar, argumentar etc.
23. Não fazer exposições que utilizem mais que um minuto e meio para cada ano
de idade do aluno - alternar a citação com exemplos, indagações, curiosidades,
jogos, desafios, anagramas, gráficos, atividades práticas diversas.
24. Ensine seus alunos a leitura dos saberes que se encontram em diferentes
linguagens - o texto é apenas uma linguagem. Mostre outras, como a linguagem
corporal, musical, espacial, pictográfica e muitas outras.
25. Saber delegar aos alunos tarefas e funções junto à classe, que explorem
capacidades de aprender e de aprendizagem - ensine por meio de exemplo que
o bom jogo é aquele em que quem corre muito é a bola, não o jogador. O aluno
que, orientado pelo professor, ensina o colega, aprende duas vezes.
26. Fazer revisões periódicas do aprendido - utilizar jogos operatórios que esti-
mulem o domínio dos conceitos básicos e o uso de diferentes habilidades. Nunca
se esqueça de que existem coisas que você "já ensinou umas cem vezes", mas
seu aluno, se aprendeu, aprendeu pela primeira vez.
27. Organizar de forma eficaz, na medida do possível em consenso com os alu-
nos, o espaço da aula e a disposição dos lugares de cada um - mostrar aos
alunos que em uma equipe de futebol ou basquete cada atleta tem sua posição
e a dinâmica de suas relações forma o conjunto.
28. Cuidar da sua apresentação, dignificando a importância e o sentido do ato
pedagógico - o professor pode trabalhar de maneira mais descontraída, mas não
deve esquecer que é um profissional e que dignifica uma função.
29. Mostrar atenção aos problemas dos alunos - mostrar-se companheiro so-
lidário e compreensivo na caminhada do aluno pelo aprender. Se possível, ter
sempre um tempo para atendê-lo pessoalmente.
30. Concluir a aula de maneira amistosa, bem-humorada e deixar dúvidas no
ar para estimular curiosidade para a aula seguinte - superar com dedicação e
esforço continuado a aceitação da rotina. Renovar sentimento de entusiasmo e
envolver o aluno pela paixão (ANTUNES, 2003, p. 06-08).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A relação professor-aluno––––––––––––––––––––––––––––––
Neste texto, analisaremos a importância do vínculo afetivo na relação professor-
-aluno, uma vez que acreditamos que todo educador deve adquirir a competên-
cia de lidar com a diversidade de questões que surgem na sala de aula. Sabemos
da complexidade que é intermediar e resolver conflitos, entretanto, o professor
precisa estar preparado, pois esta é uma constante.
© U5 - Organização do Trabalho Didático-Pedagógico 237
Ensinar implica interações entre as pessoas. Isso é observado por Tardif (2002,
p. 118) ao afirmar que "ensinar é desencadear um programa de interações com
um grupo de alunos, a fim de atingir determinados objetivos educativos relativos
à aprendizagem de conhecimentos e à socialização".
Ensinar é um ato afetivo que se expressa por meio dos elos da afetividade, que
favorecem uma troca entre o professor e os alunos.
Para o professor concretizar seu ato de ensinar de forma efetiva, o vínculo afetivo
é indispensável. Isso porque as emoções, interesses pessoais, sonhos e neces-
sidades formativas permeiam toda relação pedagógica.
Seguindo essa premissa, o ensinar envolve uma disponibilidade para lidar com
o outro e compreendê-lo. Esse exercício necessita de gosto e identificação com
a docência.
Segundo Tardif (2002), o ensinar implica não só pensar nos alunos, mas tam-
bém de perceber e sentir suas emoções, seus conflitos, suas alegrias e seus
conflitos afetivos.
Dessa forma, vivenciar um ensino permeado pela afetividade significa o fortale-
cimento de um processo de conquista para despertar o interesse do aluno, obje-
tivando a concretização do processo didático. O professor tem necessidade de
conquistar a colaboração e a confiança dos alunos, uma vez que isso é impres-
cindível para que se consolide com sucesso o processo de ensino-aprendizagem
(VEIGA, 2006).
Nesse sentido, o vínculo afetivo torna a sala de aula um ambiente mais humani-
zado, mais próximo das características e necessidades dos alunos.
Freire (1996) assevera que a afetividade não deve ser isolada do processo cog-
nitivo. Dessa forma, o ato de ensinar deve propiciar uma formação integral do
sujeito para:
• Problematizar, conhecer, buscar, investigar, encontrar solução, desvelar
o objeto em estudo;
• Dedicar-se com atenção, afeto, prazer e alegria, quando compreende a
importância do processo de ensino para sua formação. O ato de ensinar
favorece o encontro entre o afeto e a razão.
É preciso aprender a combinar a severidade e o respeito. Deve-se entender que,
nesse processo pedagógico, a autoridade e a autonomia devem conviver juntas,
a autoridade do professor e a autonomia do aluno, não de forma contraditória,
mais de forma complementar.
Um fator fundamental do trabalho docente que trata da relação entre o aluno e o
professor, da forma de se comunicar, se relacionar afetivamente, as dinâmicas,
a organização e a motivação em sala de aula é o que chamamos de situação
didática.
A formação do ser humano ocorre por meio de sua participação na rede de rela-
ções que constitui a dinâmica social. É convivendo com pessoas, seja com adul-
tos ou com seus colegas, que a criança assimila conhecimentos e desenvolvem
hábitos e atitudes de convívio social, como a cooperação e o respeito humano.
Daí a importância do grupo como elemento formador.
Na escola, o espaço da sala de aula constitui um grupo social, a interação pro-
cessa-se por meio da relação professor-aluno e da relação aluno-aluno. É no
convívio diário com o professor e com os colegas que o aluno vai paulatinamente
exercitando hábitos, desenvolvendo atitudes e assimilando valores.
2) Conceitue "situação didática" e fale sobre como organizá-la para que o tra-
balho docente resulte em aprendizagem.
3) Quais as funções para o professor em relação aos seus alunos de acordo com
Zabala (1998)?
10) Quais as razões pelas quais o trabalho diversificado tem se mostrado funda-
mental para reverter as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos
alunos?
11) Para que servem os calendários escolares e qual a sua importância para a
organização do trabalho pedagógico?
13) Quais as orientações necessárias que estão implicadas no sucesso das situ-
ações didáticas?
14) Quais os passos propostos por Celso Antunes para uma boa gestão em sala
de aula?
13. CONSIDERAÇÕES
Como vimos ao longo do Caderno de Referência de Conteúdo
de Didática, na sala de aula, os conteúdos devem ser selecionados
em função do aluno e trabalhados por meio de metodologias que
estimulem a ação coletiva, com o objetivo de que a cooperação
a procurar soluções.
Eu queria uma escola que desde cedo
usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando corretamen-
te os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações... pedri-
nhas... só porcariinhas!... fazendo vocês aprenderem brincando...
14. E-REFERÊNCIAS
CONSTRUIRNOTICIAS. Trabalho diversificado: procedimento que atende às diferenças
individuais dos alunos. Disponível em: <http://www.construirnoticias.com.br/asp/
materia.asp?id=1425>. Acesso em: 12 jul. 2012.
ANDRADE, C. D. Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças. Disponível em: <http://
www.espacoacademico.com.br/012/12drummond.htm>. Acesso em: 13 jul. 2012.