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Olá! Meu nome é Sérgio Ishikawa. Sou mestre em Gestão Financeira pela Uni-Facef, bacharel em
economia pela FEA-USP e autor de livros e artigos na área financeira e econômica. Atualmente, sou
professor do Centro Universitário Claretiano, da Fatec-Franca e da Universidade Mackenzie. Tenho
interesses diversificados, sempre procurando conhecer o mundo e as pessoas. Confio no potencial
das pessoas em fazer o bem para si mesmas e para os outros.
E-mail: sergio.ishikawa@claretiano.edu.br
GESTÃO FINANCEIRA I
Batatais
Claretiano
2014
© Ação Educacional Claretiana, 2014 – Batatais (SP)
Versão: ago./2014
658.15 I77g
Ishikawa, Sérgio
Gestão financeira I / Sérgio Ishikawa – Batatais, SP : Claretiano, 2014.
160 p.
ISBN: 978-85-8377-169-2
CDD 658.15
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação
Educacional Claretiana.
Conteúdo–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Objetivos e funções da administração financeira. Agency e governança corporativa. Fontes de financiamento e de apli-
cação de recursos. Ferramentas de análise financeira: custo de oportunidade e valor do dinheiro no tempo. VPL, TIR e
payback. Análise de balanços e índices financeiros. Economic value added e value based management.
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1. INTRODUÇÃO
A gestão financeira refere-se à administração do dinheiro. O dinheiro possui inúmeras
facetas; muitas delas, até abstratas ou virtuais, mas as consequências de sua administração são
concretas e mesmo vitais para as pessoas e organizações.
O reconhecimento da importância do papel da gestão financeira – e especialmente do
gestor financeiro – para as organizações é efetuado na Unidade 1.
Para uma administração eficaz, é necessário ter os fundamentos de matemática financeira
para a avaliação do dinheiro no tempo, os quais são apresentados na Unidade 2.
Apesar de suas limitações, o instrumento básico para avaliação de empresas são as de-
monstrações contábeis, discutidas na Unidade 3.
Os mercados financeiros e de capitais são complexos, especialmente o mercado brasileiro;
entretanto, é o ambiente externo por excelência do gestor financeiro. Uma descrição sumária
dos mercados é colocada na Unidade 4.
E, finalmente, algumas das principais abordagens para planejamento financeiro são cita-
das na Unidade 5.
Após esta introdução aos conceitos principais, apresentamos, a seguir, no Tópico Orienta-
ções para Estudo, algumas orientações de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendi-
zagem que poderão facilitar seu estudo.
8 © Gestão Financeira
Abordagem Geral
Prof. Ms. Sérgio Ishikawa
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estudado neste Caderno de Refe-
rência de Conteúdo. Aqui você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo
de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada
unidade.
Esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário, a partir do
qual você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural –, para
que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e res-
ponsabilidade social.
Gestão Financeira I é uma introdução a temas importantes para todas as pessoas, sejam
físicas ou jurídicas. Nenhuma organização, seja empresarial ou familiar, pode prescindir de uma
administração eficaz de recursos. Isso é necessário não apenas para que uma organização se
sustente, mas também para que a organização em questão possa, cada vez mais, atingir seus
objetivos.
Ao estudar este Caderno de Referência de Conteúdo, é preciso ter em mente que é preciso
muito mais do que a mera assimilação de técnicas ou regras matemáticas para se efetuar contas.
Antes de mais nada, um gestor financeiro é um gestor, ou seja: ele precisa ter uma visão abran-
gente tanto do ambiente externo quanto do interno da organização; precisa lidar não apenas
com números, mas, principalmente, com pessoas, cada uma delas tendo suas próprias ativida-
des funcionais e seus próprios interesses e reações.
Dinheiro é algo que importa a todos, tanto racionalmente quanto emocionalmente. Um
gestor financeiro deve ser capaz de lidar com tudo isso, sabendo, inclusive, comportar-se políti-
ca e polidamente, sem perder de vista a ética e o benefício de sua organização. Gestão financei-
ra é um cargo de responsabilidade crítica.
Nesse sentido, visando a um melhor entendimento sobre o assunto, dividimos o Caderno
de Referência de Conteúdo em cinco unidades, as quais apresentamos a seguir.
e alterado conforme as circunstâncias; longe de ser uma fútil tentativa de prever o imprevisível,
faz a organização estar melhor preparada para enfrentar os revezes de sua atividade e para iden-
tificar e aproveitar as oportunidades que surgem.
É praticamente impossível uma pessoa só conhecer todas as variáveis que podem afetar
uma organização, por mais simples que esta aparentemente seja. Mas, muito mais raro, é uma
pessoa só saber de antemão como agir diante de quaisquer eventos. Destaca-se, então, que
o planejamento estratégico é uma atividade de equipe, que preferencialmente deve envolver
todos os membros da organização e abordar aspectos até mesmo não diretamente financeiros.
Um gestor financeiro ideal deve saber ouvir e se comunicar com clareza com todos os membros
de sua organização.
Entretanto, um ponto fundamental para que o gestor financeiro atue eficazmente é que
a organização adote o princípio da separação entre propriedade e controle de recursos. Muitas
empresas ainda tem um estilo “amador” de administração, em que o proprietário em tudo in-
terfere e dispõe, não deixando que haja espaço para uma gestão financeira “profissional”, inclu-
sive em termos de delegação de autoridade para tomada de decisões financeiras.
Para muitos proprietários, não é fácil confiar em outras pessoas, mesmo sendo seus em-
pregados, principalmente quando dinheiro está envolvido. Além disso, não é fácil repartir o seu
poder e controle sobre a firma. Muitos confundem o caixa de sua empresa com seu próprio cai-
xa pessoal. Entretanto, sugere-se que, à medida que uma organização é obrigada a se expandir,
os proprietários também devem adotar posturas mais participativas de gestão.
Afora eventuais razões históricas e culturais – e mesmo psicológicas – para a existência
de limitações para a atuação mais participativa do gestor financeiro, deve-se admitir que, por
vezes, a atitude de muitos proprietários de empresa – principalmente sócios ou acionistas mi-
noritários – se fundamenta na falta de transparência e na consequente dificuldade de controle
das transações financeiras da própria empresa.
Mesmo quando uma empresa evolui de modo que sua administração esteja a cargo de
profissionais, isso não é garantia de que a administração seja eficaz, atinja os resultados alme-
jados pela organização e pelos seus interessados. Não é apenas o problema de se evitar fraudes
ou malversação dos recursos da empresa, mas o de evitar que tais recursos sejam comprometi-
dos em transações arriscadas. Perder o rumo do que acontece com o dinheiro é algo que ocorre,
por assim dizer, “até mesmo nas melhores famílias”.
Para evitar essa perda de rumo e minimizar os chamados custos de agency (custos de
controle dos gestores), práticas para melhor governança corporativa precisam ser implementa-
das, principalmente no sentido de que haja explicações claras sobre como o dinheiro está sendo
investido, qual o retorno esperado e qual o risco assumido nos investimentos.
Essa é uma tendência que é acentuada pelas crises financeiras internacionais recentes –
notadamente, as de 2001 e 2008 –, em que se pode perceber evidências de irresponsabilidade e
de incompetência de gestores contratados por empresas e instituições. Os gestores financeiros
não podem apenas apresentar resultados de curto prazo aparentemente favoráveis. Cada vez
mais é cobrado que os gestores financeiros adotem uma postura ética e tenham em mente a
sustentabilidade a longo prazo das organizações em que atuam.
matemáticas, a começar pelo de cálculo mental. Muitos alunos costumam ter fortes dificulda-
des com o estudo desse conteúdo. Realmente, é difícil para um iniciante leigo, sozinho, ler um
texto com equações. Mesmo em aula presencial, os professores de matemática frequentemen-
te ouvem este ou aquele aluno se queixar que o raciocínio é muito rápido e que não o conse-
guem acompanhar. Quando é preciso ler, então, parece que os números aparecem de repente,
do nada no texto. Para aqueles que realmente são pouco afeitos a fazer contas, recomenda-se
que comecem a resolver problemas e mais problemas de aritmética, mesmo os mais básicos de
soma, subtração, multiplicação e divisão.
Embora não sejamos adeptos a que meramente se decore tabuada, uma familiarização
com as principais operações até o ponto de poder fazer contas mentalmente, “de cabeça”, ajuda
a agilizar o estudo e economiza esforços. Isso é importante inclusive quando nos voltamos à
álgebra, onde se usa uma linguagem simbólica para sintetizar conceitos e para melhor visualiza-
ção dos problemas e soluções. Há regras básicas que, vez ou outra, são esquecidas por muitos;
dentre as quais, destacamos:
• primeiro, multiplica-se ou divide-se; depois, soma-se ou subtrai-se;
• as contas entre parênteses tem precedência;
• quando passamos um número ou uma variável de um lado para outro de uma equação,
o que está multiplicando passa a dividir (ou vice-versa), e o que está somando passa a
subtrair (ou vice-versa).
Nenhum aluno deve se sentir melindrado ou, pior, ficar tentado a postergar indefinida-
mente um melhor entendimento do que quer que tenha sido apresentado matematicamente,
seja em termos orais ou escritos. Temos a convicção de que o estudo desse Caderno de Referên-
cia de Conteúdo pode, inclusive, ficar tão ou mais divertido quanto a aprender a vencer um jogo,
seja um jogo abstrato de vídeo game, seja um jogo físico de futebol. O processo de aprendiza-
gem é semelhante, basta ter concentração e força de vontade.
Tendo superada essa barreira, essa falta de familiaridade com operações matemáticas,
vem o passo de se conscientizar de que a matemática financeira efetivamente tem menos ma-
temática do que convenções surgidas das rotinas dos mercados financeiros.
A própria distinção entre taxa efetiva e taxa nominal é uma convenção que não vem da
lógica matemática, e sim de necessidades legais e contratuais aceitas pela sociedade. Os méto-
dos de capitalização e de desconto não passam de operações de cálculo de variação percentual
entre valores supostos. O chamado valor presente aritmeticamente é apenas o valor inicial ou
base de algum cálculo; mas tal cálculo é fundamental para a obtenção de uma referência para
tomada de decisões que envolvam resultados financeiros no futuro. Assim, é preciso saber in-
terpretar os números resultantes com essas convenções.
Um conceito, quase filosófico, mas que é muito importante assimilar é o de “custo de
oportunidade”. Nada vem gratuitamente. Se você ganhar de brinde um saquinho de pipocas,
você ainda tem o custo, inclusive de tempo, de se dirigir ao local de fornecimento e possivel-
mente gastar dinheiro com algum refrigerante para acompanhar.
Na internet, você pode obter muitas coisas, algumas até úteis, mas se não usar com mo-
deração, acaba sendo alvo constante de propaganda e outras mensagens que, além de dispersar
sua capacidade de leitura e desgastar sua mente, podem induzi-lo a comportamentos improdu-
tivos. Na natureza como um todo, os recursos são escassos, tanto que o ar limpo de hoje pode
ser a ar poluído de amanhã. O que um come a mais, um come a menos.
© Caderno de Referência de Conteúdo 11
Por exemplo, se o objetivo é lucro, o que deve importar mais: a obtenção de um lucro rápi-
do – mesmo que por meio de cortes de funcionários – ou a obtenção de um lucro a longo prazo
– mesmo por meio de investimentos em pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos
com retorno incerto? O controle do desempenho deve se dar por meio de metas quantitativas
estipuladas ou deve levar em conta, inclusive, aspectos não financeiros? Estamos em uma época
em que se deve até estimar o valor de ativos intangíveis – como marcas e softwares – para se
ter uma avaliação abrangente das empresas.
É uma questão crítica como se deve dar o planejamento estratégico de uma organização.
Como é colocado no texto da quinta unidade, há certamente vantagens em um sistema de or-
çamentos, mas há, também, limitações a serem consideradas. O texto também oferece algumas
visões de planejamento e avaliação atualmente em voga que vão além do enfoque contábil de
orçamentação. Em especial, visões baseadas em aferição pelo valor de mercado, pelo goodwill,
pela gestão voltada à geração de valor e pelo que é conhecido como balanced scorecard.
Não pretendemos, entretanto, arrogar que um determinado modelo seja o mais adequa-
do. A resposta efetivamente cabe a uma equipe formada com esse fim pela empresa ou organi-
zação em questão. E, nessa equipe, o que podemos dizer com convicção é que o gestor financei-
ro possui um papel importantíssimo.
Já demos a entender que o estudo da gestão financeira é amplo? Mais importante: já de-
monstramos que o estudo da gestão financeira é um dos mais recompensadores até para quem
não pretende trabalhar diretamente na área? Esperamos que sim para ambas questões. Caso
contrário, tenhamos, ao menos, fé que, à medida que nos aprofundarmos no tema, veremos
que não é tão complicado quanto parece.
Comecemos já! Bons estudos!
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições con-
ceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de Conteúdo Gestão Financeira I.
Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Abertura de capital: oferta pública de parcela do capital social de uma companhia
que passará a ter suas ações negociadas em mercado e distribuídas entre outros acio-
nistas, além dos que representam o controle acionário (VOCABULÁRIO FINANCEIRO,
2011).
2) Ação: título negociável (valor mobiliário) representativo de parcela de capital social de
uma empresa. Recurso de capital próprio da empresa.
3) Ação ordinária: ação com direito a voto em assembleia de acionistas, mas sem prefe-
rência quando de distribuição de dividendos.
4) Ação preferencial: ação com preferência de recebimentos, mas sem direito a voto em
assembleia de acionistas.
5) Acionista: investidor em ações de uma empresa. Possui conotação de sócio-proprie-
tário da empresa, especialmente quando o investidor é detentor de ações ordinárias.
6) Agency: agenciamento. O problema de agency relaciona-se ao conflito de interesses
entre proprietário e agentes por ele contratados.
7) Ativo: contabilmente, representa as aplicações de recursos por parte de uma empre-
sa.
8) Ativo circulante: contabilmente, representa as aplicações de recursos em capital flu-
tuante, tais como disponibilidades de caixa, estoques e pagamentos a receber.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15
35) Dívida: acordo de empréstimo que representa um passivo da empresa. Uma obriga-
ção de devolução de certa quantia em data determinada.
36) Dividendo: lucro distribuído a acionistas.
37) Duplicata: título de crédito representativo de uma operação comercial emitido por
um comerciante (INTELECT, 2011).
38) Factoring: atividade de fomento mercantil relacionada à venda de contas a receber
de uma empresa a uma instituição especializada em sua negociação e recebimento.
39) FIDC: Fundo de Investimento em Direitos Creditórios.
40) Fluxo de caixa: distribuição de entradas e saídas de caixa ao longo do tempo.
41) Ibovespa: Índice da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo.
42) Inflação: aumento contínuo e generalizado de preços.
43) Juro: rendimento de empréstimo.
44) M1: papel moeda em poder do público mais depósitos à vista em bancos comerciais.
45) M1, M2, M3 e M4: classificações de meios de pagamentos efetuados pelas autorida-
des monetárias.
46) Meios de pagamentos: formas de dinheiro que podem ser usadas para viabilização de
transações comerciais e financeiras.
47) Mercado de capitais: mercados financeiros de títulos de dívida de longo prazo e ações.
48) Mercado de balcão: rede informal de corretoras e distribuidoras de valores para ne-
gociação.
49) Mercado financeiro: mercado de credores e tomadores de crédito.
50) Mercado primário: mercado em que novos títulos são oferecidos ao público.
51) Mercado secundário: mercado de revenda e recompra de títulos já lançados no mer-
cado primário.
52) Moeda: qualquer coisa que a sociedade convencione que sirva como unidade de con-
ta (facilitando avaliação de bens e serviços), meio de pagamento (facilitando transa-
ções com bens e serviços) e reserva de valor (facilitando a acumulação de riqueza ou
de poder de compra).
53) Nota Promissória: título representativo de promessa de pagamento a determinada
data futura. Commercial papers.
54) Obrigação: título de dívida de longo prazo.
55) Opções de compra: são direitos de aquisição de algum ativo a determinado preço
para determinada data que podem ou não ser exercidos pelo seu titular.
56) Orçamento: plano de recursos e gastos para determinado período.
57) Orçamento de capital: planejamento e gestão de gastos com ativos de longa duração
(INFOSTRAX, 2011).
58) Orçamento de caixa: previsão de recebimentos e pagamentos esperados por uma
empresa em determinado período, geralmente de curto prazo.
59) Passivo: contabilmente, representa os recursos disponibilizados para a empresa, ou
seja, suas fontes de recursos.
60) Passivo circulante: contabilmente, representa os recursos de fontes de financiamento
de curto prazo.
61) Patrimônio líquido: contabilmente, representa os recursos dos proprietários da em-
presa.
62) Planejamento orçamentário: planejamento baseado na orçamentação dos recursos
disponíveis e dos recebimentos e saídas esperadas para determinado período.
63) Rating: é uma classificação efetuada por empresa especializada independente (agên-
cia de rating) que reflete sua avaliação sobre o grau de risco envolvido em determina-
© Caderno de Referência de Conteúdo 17
mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na se-
quenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organiza-
ção das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu
conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no
seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos
de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se,
ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a apren-
dizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva
do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de
ancoragem.
Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, apenas, realizar acréscimos na es-
trutura cognitiva do aluno; é preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se con-
figure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de
conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os
novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar
esses conceitos nas suas já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da cons-
trução do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações
internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua
aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou
seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia
parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.
br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos anteriormente, uma
visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar
entre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-
-aprendizagem. De fato, o título de cada unidade do CRC já apresenta os principais conceitos a
serem absorvidos.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se
somar àqueles disponíveis no ambiente virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem
como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no
polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu
próprio conhecimento.
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os con-
teúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dis-
sertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las à prática profis-
sional pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de
questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que
será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimen-
tos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta. Por
sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos
ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas
obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há
nada relacionado a elas no Tópico Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou
com seus colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só
a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais
apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você
se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de co-
municação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com
outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece,
aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma
capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma forma-
ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do
tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem
o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de
Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de
produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Co-
teje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às
videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são im-
portantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram
significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses pro-
cedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é parti-
cipar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de
Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
EAD
Funções e Objetivos
da Gestão Financeira
1. OBJETIVOS
• Entendimento e conscientização da gestão financeira.
• Objetivos e deveres dos gestores financeiros.
• Decisões financeiras e de investimento.
2. CONTEÚDOS
• Importância do estabelecimento de objetivos estratégicos.
• Objetivo e funções do gestor financeiro e da gestão financeira.
• Capacidades de um gestor financeiro.
• Custos de agency e governança corporativa.
3) Para compreender melhor a crise financeira de 2008 e as maneiras pelas quais as em-
presas brasileiras e o governo brasileiro lidaram com ela, leia o livro Risco e regulação:
por que o Brasil enfrentou bem a crise financeira e como ela afetou a crise mundial
organizado por Garcia e Giambiagi (2010).
4) Para conhecer as diversas possibilidades de investimento em títulos públicos (títulos
emitidos pelo Governo Federal), acesse o site do Tesouro Nacional, disponível em:
<http://www.tesouro.fazenda.gov.br/>. Acesso em: 7 nov. 2011. Particularmente,
interessa-nos a opção do Tesouro Direto, que consiste em um canal para que uma
pessoa física possa investir em títulos públicos.
5) Ainda no site do Tesouro Nacional, é disponibilizado, entre outros recursos, um si-
mulador de investimentos em que é feito um pequeno questionário sobre seu perfil
como investidor. Uma vez respondido, o programa faz algumas recomendações de
aquisição de títulos adequados ao perfil apresentado. Uma das primeiras perguntas
desse recurso é justamente: “Quer realizar seu sonho”? Vale a pena conferir!
6) Em livrarias, e mesmo em bancas de jornais, é possível encontrar uma infinidade de
livros de autoajuda, inclusive financeira, com títulos atraentes e de leitura fácil, os
quais proporcionará a você melhor entendimento sobre finanças. Recomendamos,
entretanto, que tenha cuidado para não se deixar enganar por fórmulas mágicas de
enriquecimento e que não deixe de refletir devidamente sobre a real efetividade do
que estiver escrito. Deixando de lado esses supostos manuais de enriquecimento, en-
tre os livros que podem ajudá-lo a ter uma percepção inicial e mesmo inspiração para
a importância de lidar com os problemas financeiros que a vida traz (e tira!), sugeri-
mos a biografia de Samuel Klein, escrita por Elias Awad (2011). Mas não perca de vista
o seu contexto!
7) Para obter uma conceituação ampla da função de controladoria sob a ótica da gestão
econômica, assunto que será abordado nessa unidade, leia a obra Controladoria: uma
abordagem da gestão econômica – Gecon de Fipecafi e Catelli (2001).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
A Gestão Financeira refere-se à administração do dinheiro. O dinheiro é o principal meio
pelo qual se pode obter recursos e acumular riquezas, seja para fins econômicos de lucros, seja
para fins sociais de aumento do bem-estar.
Este é um assunto de interesse tanto para pessoas físicas quanto pessoas jurídicas, tanto
para governos quanto para organizações não governamentais. Enfim, é um assunto de interesse
para todos.
A presente unidade estabelece as funções e os objetivos da gestão financeira, inserindo-a
na perspectiva maior de gestão e planejamento estratégico de empresas e de famílias.
A seguir, passaremos a definir com mais detalhes os objetivos e funções da gestão finan-
ceira. Particularmente, por entendermos que o elemento humano é essencial para as atividades
de uma organização e que a gestão financeira não é algo que pode ser automatizado e entendi-
do apenas numericamente, procuraremos destacar os objetivos e as funções do gestor financei-
ro, ou seja, da pessoa encarregada pela gestão financeira de uma organização.
As principais capacidades que podem ser atribuíveis a um gestor financeiro, em especial
quando ele possui poder de tomada de decisão dentro da empresa, são discutidas na seção
seguinte.
Por fim, considerando a possibilidade de conflitos de interesses entre os gestores financei-
ros e os demais agentes e investidores da organização, apresentaremos o conceito de “custo de
agency” e o conceito de “governança corporativa” como meios para reduzir tal custo.
© U1 - Funções e Objetivos da Gestão Financeira 23
Essa última discussão é cada vez mais relevante em um mundo cioso da necessidade de
controlar os riscos financeiros assumidos pelas empresas e por seus gestores.
Não basta gastar menos do que se ganha ou se poupar a todo custo. É preciso dar um
rumo para o esforço realizado, sem o qual não há verdadeira motivação para sustentar a devida
disciplina.
Seu objetivo pessoal é passar férias no exterior? Verifique quanto custa a viagem e quanto
você ganha. Calcule quanto pode poupar, mas sem comprometer outros objetivos importantes.
Pesquise e negocie possibilidades de financiamento, de investimento e de aplicação que
possam fazer seu dinheiro crescer de forma mais rápida até o montante necessário.
Previna-se contra imprevistos, inclusive monetariamente. Fique atento a novas oportuni-
dades, como promoções feitas por agências de viagem. Planeje. Coloque em prática sua teoria.
E divirta-se na viagem!
Obviamente, em uma empresa, há um aumento da complexidade dos procedimentos fi-
nanceiros que devem ser adotados; mas uma das vantagens de se trabalhar em uma organiza-
ção é que ninguém precisa saber de tudo com todos os detalhes. Dessa forma, é importante
trabalhar em equipe, tendo uma visão sistêmica de como os componentes da organização se
inter-relacionam, para que sejam atingidos os objetivos de curto e de longo prazo da própria
organização.
O que é mais importante: investir nos recursos humanos ou no marketing? Pagar ou rene-
gociar as dívidas da empresa? Seguir ou alterar o orçamento planejado? É impossível que uma
pessoa só saiba tudo e consiga responder eficazmente todos esses questionamentos.
Porém, um ponto de partida importante para todos os membros da organização, inclusive
os responsáveis pela gestão financeira, saberem o que fazer é o estabelecimento dos objetivos
estratégicos, prioridades e metas a serem alcançados pela organização.
Uma meta pode atingir determinados níveis de custos por meio da renegociação com
fornecedores; uma prioridade pode ser vencer um concorrente ou ampliar sua participação no
mercado em que atua; uma estratégia ou ação estratégica pode ser investir em pesquisa e de-
senvolvimento; um objetivo estratégico pode ser aumentar as vendas de modo a se obter lucro
suficiente para fornecer no longo prazo o melhor produto ou serviço do mercado.
Um objetivo estratégico é um padrão mensurável pelo qual se avalia não apenas o desem-
penho presente, mas também o desempenho futuro da organização.
A avaliação pode ser expressa em termos quantitativos, mas sua abordagem é principal-
mente qualitativa, em função da visão pretendida pela organização.
O foco em uma ou outra definição de valor pode se dar por razões tanto técnicas quanto
estratégicas. Por exemplo, quando se almeja maior captação de recursos por meio da emissão
de ações, importa o valor de mercado que a empresa venha a obter.
Se o interesse for antes da distribuição de lucros para os proprietários e investidores da
empresa, uma base de projeção pode ser o valor patrimonial real da empresa. Caso a prioridade
seja o crescimento da empresa, pode-se partir de estimativas do valor presente dos retornos
líquidos dos seus investimentos.
O gestor financeiro tem de lidar com as diversas exigências do ambiente externo – eco-
nômico, de mercado, social, ambiental – e interno de sua empresa. Em termos de propriedade
empresarial, as empresas podem ser juridicamente classificadas em individuais ou societárias.
Conforme Megliorini e Vallim (2009, p. 3):
As empresas individuais são aquelas que possuem um único dono. Geralmente, essa forma jurídica se
aplica às pequenas empresas, cujos donos respondem sozinhos pela empresa e de forma ilimitada. A
razão social de uma empresa individual é constituída pelo nome do proprietário, por extenso ou abre-
viado, e pode ser complementado com o ramo de atividade ao qual ela pertence.
Já as empresas societárias são constituídas por duas ou mais pessoas. Sucintamente falan-
do, os tipos mais comuns de empresas societárias no Brasil são:
• Sociedades por cotas de responsabilidade limitada: o capital, estabelecido em contra-
to social, é representado por cotas, sendo cada social, portanto, um “cotista”.
• Conforme Megliorini e Vallim (2009, p. 3), “[...] cada sócio é diretamente responsável
pela integralização das cotas dos outros sócios”. O nome ou razão social dessas empre-
sas é seguido da palavra “limitada”, normalmente abreviada como “Ltda.”.
• Sociedades por ações: esse termo tende a substituir de modo pertinente a velha ex-
pressão “sociedade anônima”.
• O capital, estabelecido em contrato social, é divido em parcelas denominadas “ações”.
• Os sócios ou “acionistas” têm a responsabilidade limitada ao valor de suas ações subs-
critas ou adquiridas. Deve ficar claro que um acionista é, no sentido pleno da palavra,
um proprietário da empresa.
• Quem investe em ações, o investidor de ações, torna-se proprietário de parte da em-
presa (seu poder naturalmente é limitado pelo número de ações que possui). O nome
ou razão social dessas sociedades é seguido pela abreviatura “S.A.”.
Ainda podemos classificar as empresas em empresas de capital fechado e empresas de
capital aberto. Uma empresa de capital aberto é uma empresa cujas ações ou cujos títulos
emitidos por essa empresa (tais como debêntures e outras formas de papéis que pagam juros a
quem os adquire) são negociados publicamente, isto é, “apregoados”, em mercados como bol-
sas de valores, sendo necessária, no Brasil, a autorização de um órgão regulador denominado
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
DISCIPLINA: GESTÃO FINANCEIRA I
AUTOR: PROF. MS. SÉRGIO ISHIKAWA
As empresas de capital fechado simplesmente não captam recursos por meio de mercados
públicos com autorização da CVM. Assim, não VERSÃO DEZ./2011
necessariamente as empresas de sociedade por
ações são classificadas “de capital aberto”, como normalmente se confunde.
UNIDADE 1
FORMATAÇÃO: RITA
Especifiquemos, agora, as funções que um gestor financeiro pode ter dentro da estrutura
PREPARAÇÃO (1): CECÍLIA BEATRIZ A. TEIXEIRA
organizacional das empresas.
REVISÃO: TALITA CRISTINA BARTOLOMEU
Um possível organograma para o departamento financeiro de uma empresa é apresenta-
do na Figura 1.
Presidente
Controladoria Tesouraria
Contabilidade Contas a pagar
Orçamento Contas a receber
Auditoria Caixa
Figura 1 Posição e funções financeiras em empresa simples.
Figura 1 Posição e funções financeiras em empresa simples.
Nesse esquema tradicional, ainda útil para muitas pequenas e médias empresas, o Depar-
tamento Financeiro divide-se entre as áreas de Controladoria e Tesouraria.
Primordialmente falando, a Controladoria ocupa-se com o registro e a conferência das in-
formações, especialmente contábeis, da empresa. Essa conferência ou auditoria se dá tanto sob
o orçamento disponível planejado quanto sob as normas contábeis vigentes.
Já a Tesouraria se ocupa, basicamente, da administração do caixa e dos pagamentos e re-
cebimentos monetários da empresa.
Porém, as delimitações das funções podem variar muito de empresa para empresa, con-
forme sua evolução. Quando as empresas são de pequeno ou médio porte, fica implícito que
as principais negociações e decisões financeiras ficam a cargo direto dos proprietários. Mas, à
medida que uma empresa cresce e ocorre delegação das funções e responsabilidades, o depar-
tamento financeiro tende a adquirir maior autonomia e maior complexidade.
Pode haver, inclusive, certa controvérsia conceitual com relação ao papel da contabilida-
de, a qual talvez mereça um departamento próprio.
A Controladoria, em sentido amplo, visa à geração de informações gerenciais para tomada
de decisões na empresa, o que pode abranger, além de conhecimentos financeiros e contábeis,
conhecimentos de sistemas de informações, tributação e mesmo de ciência econômica.
Entretanto, ressaltamos que a definição de “Controladoria” depende muito do que as em-
presas definem como função e responsabilidades do controlador ou controller.
Entre as empresas brasileiras, por exemplo, não é incomum que o chamado controller ve-
nha da área de sistemas ou que sua responsabilidade se restrinja à auditoria contábil.
No que diz respeito à Tesouraria, também há diversas extensões possíveis de gestão. Por
exemplo: em empresas industriais, a gestão financeira pode auxiliar no controle dos estoques
de matérias-primas ou de produtos acabados, avaliando seus custos.
Em empresas financeiras, tais como bancos e fundos, a Tesouraria pode se encarregar da
avaliação e administração dos riscos e retornos de suas carteiras de papéis (tais como CDB’s,
ações e debêntures), que são utilizados tanto para captação quanto para aplicação de recursos
da instituição.
Em empresas em geral, a Tesouraria também pode auxiliar na análise de crédito dos clien-
tes potenciais e avaliar as políticas de crédito propostas pelo setor de vendas ou de marketing,
por exemplo, quanto aos prazos de pagamento concedidos aos clientes. Entretanto, cabe res-
saltar que a gestão financeira pode se ocupar além da administração do capital de giro ou do
financiamento de curto prazo (período inferior a um ano) da empresa, tal como dá a entender
a Figura 1.
Tão ou mais importante para os destinos da empresa é o financiamento de longo prazo
para investimentos voltados ao seu crescimento operacional e de sua participação de mercado.
Nesse enfoque, a função financeira de uma empresa ganha uma conotação estratégica funda-
mental, que passa, no mínimo, pela avaliação quantitativa dos projetos de investimentos da
empresa.
Essa avaliação permite um planejamento financeiro que envolve mais do que um orça-
mento de despesas, um orçamento do capital, isto é, de um plano para obtenção e uso das
disponibilidades de recursos de investimento da empresa ao longo do tempo.
Conselho de
Administração
Presidente
Executivo
Diretoria
Operacional
Diretoria de
Vendas
e Marketing
Diretoria de
Recursos
Humanos
Diretoria
Financeira
Controladoria Tesouraria
Contabilidade,
Orçamento e Disponibilidades
Auditoria
Aplicação e
Gestão de captação de
Custos recursos
Gestão Avaliação de
Tributária Política de
Crédito
Sistemas de
Informação Avaliação de
Investimentos
A Figura 2 também destaca a possibilidade de a empresa ter acionistas, seja como proprie-
tários fundadores, seja como investidores externos.
Efetivamente, embora existam muitas grandes empresas de propriedade individual, fa-
miliar ou de sociedade limitada, o mercado de capitais oferece a possibilidade de alavancar o
crescimento das empresas por meio da emissão de ações e outros títulos. Entretanto, com o
aumento do número de proprietários e investidores da empresa, o gestor financeiro tende, na-
turalmente, a ser mais cobrado e, à medida que seu desempenho corresponde às expectativas
desses proprietários, mais recompensado.
Cabe salientar o papel do Conselho de Administração em empresas de Sociedade Anôni-
ma, que atuam, fundamentalmente, como representantes dos acionistas na administração da
empresa. Conforme Megliorini e Vallim (2009, p. 11):
O papel do conselho de administração é a formulação de uma política geral para a empresa e o moni-
toramento dos gestores por meio do sistema de controles internos, verificando se esses gestores estão
tomando decisões alinhadas ao objetivo de maximizar a riqueza dos acionistas.
O gestor financeiro deve saber procurar, encontrar e negociar as taxas mais favoráveis. A
oferta de crédito está crescendo. Então, deixe a preguiça de lado e compare as taxas cobradas
por diversas instituições. Isso ajuda tanto na obtenção de novas linhas como na negociação de
dívidas antigas.
Para que você compreenda melhor, analise o pequeno caso relatado a seguir.
Comparação de Taxas–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O empresário Ricardo B., dono da pizzaria T., de São Paulo, sabe da importância da comparação das taxas cobradas
pelas instituições financeiras. Em busca de taxas menores para uma dívida de R$27.000, de uma linha para capital
de giro, ele mostrou ao gerente as condições oferecidas por três outros bancos. “O gerente reduziu meus juros de
4,5% para 2,5% por mês depois que soube que haviam me oferecido 2,8%”, diz ele (adaptado de Tambelini, 2007).
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Uma fonte útil de pesquisa e que pode nos ajudar na hora de compararmos as taxas pra-
ticadas é dada pelo site do Banco Central do Brasil, que oferece diversas informações, entre as
quais as taxas de juros (médias) cobradas pelas instituições financeiras, tal como exemplificado
na Tabela 1.
Tabela 1 Taxas de juros de operações de crédito – pessoa jurídica – desconto de duplicatas – ta-
xas efetivas ao mês (%)*
POSIÇÃO INSTITUIÇÃO TAXA DE JUROS
1 Banco Citibank S.A. 1,18
2 Banco Semear 1,22
3 Banco Fibra S.A. 1,49
4 Banco Itaú BBA S.A. 1,72
5 Banco Safra S.A. 1,95
6 Banco Guanabara S.A. 1,96
7 Banco Votorantim S.A. 1,99
8 Banco Banestes S.A. 2,01
9 Concórdia Banco S.A. 2,04
10 Banco Rendimento S.A. 2,09
11 Banco do Nordeste do Brasil S.A. 2,11
12 Banco Rural S.A. 2,14
13 Banco Modal S.A. 2,21
14 Banif Brasil 2,22
15 Banco Triângulo S.A. 2,22
16 Banco do Brasil S.A. 2,23
17 Banco Mercantil do Brasil S.A. 2,28
18 Banco Industrial e Comercial S.A. 2,30
19 Banco Industrial do Brasil S.A. 2,35
20 Todescredi S.A. – CFI 2,40
21 Banco Sofisa 2,40
22 Banco Moneo S.A. 2,41
23 Banco Santander (Brasil) S.A. 2,44
24 Caixa Econômica Federal 2,49
25 Vipal Financeira 2,54
26 Múltipla CFI S.A. 2,54
27 HSBC Bank Brasil S.A. Bco Multipl 2,54
28 Banco Indusval S.A. 2,55
29 NBC Bank Brasil S.A. 2,58
Outro site útil para pesquisa é o mantido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban),
que também disponibiliza diversas informações, tais como as tarifas bancárias.
O projeto STAR - Sistema de Divulgação de Tarifas de Serviços Financeiros da FEBRABAN foi concebido
para propiciar maior transparência e comparabilidade real às tarifas praticadas pelas Instituições Finan-
ceiras, por seus produtos e serviços, por meio inclusive de uma completa padronização das nomencla-
turas utilizadas. Com isso, esperamos estar prestando um melhor atendimento ao público em geral, aos
órgãos de defesa do consumidor e demais órgãos governamentais, fortalecendo ainda mais, com isso,
as bases da livre iniciativa e da livre concorrência, essenciais a um mercado mais equilibrado e mais
harmônico, em benefício de toda sociedade (FEBRABAN, 2011).
Entretanto, cabe notar que os sites citados fornecem especialmente informações estatís-
ticas históricas, dando apenas uma referência inicial de pesquisa.
Feito isso, também pode ser conveniente pesquisar a própria situação de quem se quer
negociar. Por exemplo, pode ser levantado e analisado até que ponto um banco pode baixar
suas taxas, considerando, inclusive, a conjuntura econômica e a política monetária recente do
governo.
Também é importante analisar o que pode ser feito para que um banco se interesse a
emprestar para uma empresa. Normalmente, isso implica “fazer o dever de casa”, manter em
© U1 - Funções e Objetivos da Gestão Financeira 33
A empresa que opta pelas boas práticas de Governança Corporativa adota como linhas mestras a trans-
parência, a prestação de contas, a equidade e a responsabilidade corporativa. [...] A ausência de con-
selheiros qualificados e de bons sistemas de Governança Corporativa tem levado empresas a fracassos
decorrentes de:
- Abusos de poder (do acionista controlador sobre minoritários, da diretoria sobre o acionista e dos
administradores sobre terceiros);
- Erros estratégicos (resultado de muito poder concentrado no executivo principal);
- Fraudes (uso de informação privilegiada em benefício próprio, atuação em conflito de interesses).
9. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você teve uma breve introdução sobre o trabalho de um gestor financeiro.
As proposições colocadas certamente não esgotam o assunto e levam a discussões para inúme-
ros campos de estudo, inclusive sociais.
Importa destacar que o gestor financeiro é um ser humano que lida com os recursos finan-
ceiros de outros seres humanos, possui uma função muito importante no mundo e sua atuação
está longe de ser uma questão abstrata.
© U1 - Funções e Objetivos da Gestão Financeira 35
10. E-REFERÊNCIAS
Tabela
Tabela 1 Taxas de juros de operações de crédito – pessoa jurídica – desconto de duplicatas – taxas efetivas ao mês (%)*. Disponível
em: <http://www.bcb.gov.br/fis/taxas/htms/20100420/tx011020.asp>. Acesso em: 19 jun. 2012.
Sites pesquisados
BANCO CENTRAL DO BRASIL (BCB). Taxas de juros de operações de créditos. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/fis/taxas/
htms/tx011020.asp>. Acesso em: 2 nov. 2011.
TESOURO NACIONAL. Homepage. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/>. Acesso em: 7 nov. 2011.
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS (Febraban). Homepage. Disponível em: <http://www.febraban-star.org.br/>. Acesso em:
2 nov. 2011.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (IBGC). Homepage. Disponível em: <www.ibgc.org.br/Home.aspx>.
Acesso em: 2 nov. 2011.
1. OBJETIVOS
• Compreender a importância da dimensão temporal sobre os valores monetários e fi-
nanceiros.
• Conhecer os conceitos básicos de “avaliação financeira”.
• Compreender e identificar a diversidade de meios de pagamento e de taxas de juros.
2. CONTEÚDOS
• Dinheiro e classificação dos meios de pagamento.
• Custo de oportunidade.
• Métodos básicos de avaliação financeira: payback, VPL e TIR.
• Taxa nominal versus taxa efetiva.
• Taxa real.
• Taxa de inflação.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Ao contrário do que geralmente se pode imaginar, ter dinheiro não apenas não resolve
todos os problemas, como também acarreta outros, alguns até de difícil compreensão. Saber
lidar com o dinheiro é um dos principais desafios para as pessoas físicas e jurídicas.
A própria natureza do dinheiro pode assumir diversas formas; muitas coisas podem ser
aceitas como unidade de conta, meio de pagamento ou reserva de valor. Nem sempre é vanta-
joso ter dinheiro na forma de moeda em espécie; muitas vezes, é melhor ter dinheiro na forma
de depósito bancário ou na forma de alguma aplicação, seja ela um título privado ou público.
Mas, além da forma nominal, deve ser levado em conta que o valor do dinheiro pode se alterar
em termos reais ou efetivos.
O dinheiro pode se desvalorizar com a inflação, ou seja, com a elevação contínua e gene-
ralizada de preços. Além disso, a moeda nacional também pode se desvalorizar em relação a
moedas estrangeiras quando há elevação da taxa de câmbio. Em ambos os casos, a alteração de
valor pode ser sentida no poder de compra do dinheiro. Porém, há ainda um aspecto mais sutil
que é a ação do próprio tempo sobre o dinheiro.
Para você, uma cédula de R$100,00 que pode ser recebida agora vale mais ou menos que
a mesma cédula de R$100,00 a ser recebida daqui a um ano?
Mesmo que você não espere a inflação, mesmo que não haja alteração da taxa de câmbio,
mesmo que você nem necessite imediatamente dessa cédula para pagar alguma conta, poder
usufruir de R$100,00 agora não é melhor que esperar um ano?
Você pode querer gastar esse dinheiro com bens, poupá-lo ou aplicá-lo, ou você pode
simplesmente querer tê-lo à disposição para alguma emergência. O fato é que o tempo é uma
variável importante para a tomada de decisão financeira.
No Tópico 5 desta unidade, serão descritos, rapidamente, algumas das principais formas de
meios de pagamento, para que tenhamos uma ideia das diversas dimensões de aplicação que o
dinheiro pode assumir; no Tópico 6, analisaremos um dos conceitos mais fundamentais em finan-
ças, que é o de “custo de oportunidade”, ou seja, o quanto o dinheiro pode valer em relação às
aplicações alternativas existentes no mercado; no Tópico 7, serão revistos alguns métodos básicos
© U2 - Custo de Oportunidade e Valor do Dinheiro no Tempo 39
de avaliação financeira que levam em conta o tempo, quais sejam, os baseados em payback, va-
lor presente líquido e taxa interna de retorno; no Tópico 8, discutiremos a distinção entre valores
nominais e efetivos; e, finalmente, no Tópico 9, discutiremos a distinção entre valores nominais/
efetivos e valores reais, considerando o efeito da inflação sobre as medidas financeiras.
Vamos lá?
Por exemplo: suponha que corra o boato de que muitos dos seus cheques não tenham
fundos. Um comerciante com o qual você quer comprar bens pode simplesmente se recusar a
aceitar um cheque seu de R$50,00; porém, dada a sua necessidade dos bens do comerciante,
talvez você possa negociar e fazer que ele aceite dois cheques seus de R$50,00 pela mesma
quantidade de bens, compensando-o pelo risco. Seria como se o preço dos bens medido pelos
seus cheques aumentasse em 100%, ou seja, o poder de compra dos cheques caísse pela meta-
de.
O mesmo pode ocorrer com o papel-moeda emitido pelo governo quando há a percepção
de que a diferença entre as despesas e as receitas do governo aumenta descontroladamente,
impulsionando um processo inflacionário na economia. Tal como um cheque para o seu emiten-
te, o papel-moeda é um haver ou um passivo das autoridades monetárias do governo.
No entanto, alertamos que não há uma relação matemática precisa sobre quanto de infla-
ção ocorre quando um determinado tamanho de déficit é registrado. Na verdade, há inúmeros
determinantes econômicos que podem provocar inflação, mas basta salientarmos a importância
dos fatores sociais, psicológicos e até subjetivos na mensuração dos valores por meio de deter-
minada moeda.
Outro modo de observar a importância da credibilidade para o valor dos papéis que po-
dem ser utilizados como moeda é considerar títulos que pagam juros, tais como Letras do Te-
souro Nacional (LTN) e Certificados de Depósito Bancário (CDB). Caso não se tenha confiança
que o emissor de um título – seja público ou privado – tenha insuficiência de fundos, os preços
desses títulos no mercado financeiro tendem a cair, ou seja, as taxas de juros exigidas para que o
mercado aplique nesses títulos tende a aumentar. Porém, alertamos que, assim como o concei-
to de “inflação”, há inúmeros determinantes econômicos para as taxas de juros, sendo que, por
enquanto, enfatizamos apenas fatores fundamentais relacionados às expectativas dos agentes.
No que diz respeito aos determinantes da demanda de moeda, ou melhor, dos motivos
que fazem que determinado formato de dinheiro seja procurado pelas pessoas, está a liquidez
monetária, ou seja, a possibilidade que, em determinado momento, a moeda seja conversível
e seja capaz de efetuar pagamentos. Por exemplo, vez por outra um carro pode até ser usado
como “moeda” para ajudar na aquisição de uma casa, mas, normalmente, um carro é menos lí-
quido do que dinheiro “vivo”, pois nem todo mundo aceitaria receber um carro para quitar uma
dívida, ao passo que o papel-moeda seria, provavelmente, mais aceito. Assim, o papel-moeda
tende a apresentar maior liquidez que um carro; em outras palavras, ele é um meio de paga-
mento mais corrente que carros.
Para efeito de controle monetário, o Banco Central do Brasil classifica os meios de paga-
mento conforme seus sistemas emissores de potencial de criação de liquidez no sistema bancá-
rio e financeiro. O Quadro 1 apresenta essa classificação, adotada desde julho de 2001.
Adicionalmente, nota-se que, até como reflexo do aumento da renda do país e ampliação
dos mecanismos de crédito, o total de meios de pagamento como um todo tem se elevado nos
últimos anos, ainda que esse total esteja abaixo do que é produzido internamente e talvez este-
ja, ainda, aquém das necessidades de crescimento econômico sustentável do país.
Cabe ainda notar que, nessa classificação, não foram contados títulos representativos de
valores mobiliários emitidos por empresas não financeiras, tais como ações e debêntures. E
ainda podemos nos perguntar se “vale-transporte” ou “ticket-restaurante” também não deve-
riam ser classificados como meio de pagamento. Entretanto, para fins da presente unidade, os
exemplos citados foram suficientes para se vislumbrar a variedade e complexidade de formatos
do que pode ser chamado de dinheiro.
6. CUSTO DE OPORTUNIDADE
Toda decisão financeira implica não apenas seus custos monetários, mas também seu cus-
to de oportunidade em relação a outras possíveis decisões que poderíamos ter tomado, mas
não tomamos.
Para compreendermos melhor, suponhamos que você, por precaução, carregue sempre
em seu bolso ou em sua bolsa um valor mínimo de R$50,00. Ao manter “parado” esses R$50,00,
você deixa de usufruir o rendimento de alguma aplicação financeira disponível. Suponhamos
que lhe esteja disponível uma aplicação que renda 10% ao ano. Ao manter R$50,00 sempre em
seu bolso ou em sua bolsa, você perde a oportunidade de aplicar e dispor, ao final de um ano, de
mais R$5,00. Em outras palavras, o custo de oportunidade de sua decisão de caixa é de R$5,00
ao ano.
Se vale ou não a pena arcar com tal custo de oportunidade, é uma reflexão essencial para
a administração do dinheiro. Você pode, por exemplo, achar que a perda potencial de R$5,00
seja desprezível em relação à probabilidade de gastos inesperados que podem ocorrer ao longo
de um ano, ou então considerar que esses R$5,00 a mais poderiam ser aproveitados para, no
ano que vem, pagar um lanche extra. Independente da conclusão a que se chega, o importante,
especialmente em contexto empresarial, é que uma decisão seja tomada de forma consciente
e racional.
O conceito de “custo de oportunidade” também pode abranger decisões de compra ou
venda de bens. Quanto custa comprar um sanduíche? Não é apenas o seu preço monetário; é,
também, o custo de não comprar outra coisa; uma fruta agora ou um almoço completo no ano
que vem, por exemplo. Embora os desejos humanos sejam ilimitados, os recursos econômicos
são escassos, e é preciso uma visão ampla do que pode ser obtido e planejar para que não haja
desperdícios.
Que taxa de rendimento alternativo deve ser considerada para avaliação do custo de opor-
tunidade? Depende de caso a caso. Entretanto, a maioria dos modelos financeiros considera
que um mercado suficientemente competitivo ou eficiente forneça a resposta.
Mas o que é um mercado eficiente? Basicamente, é um mercado no qual todas as in-
formações estejam disponíveis de modo que as pessoas transacionem a um preço ou taxa de
equilíbrio, sem lucros ou prejuízos extraordinários ou fora do que normalmente seria esperado
a determinado risco. Não se quer dizer que todos teriam o mesmo lucro, pois este dependeria
do capital e do risco assumido. Mas não haveria nem “negócios da China” e nem “roubadas”.
Suponhamos que se descubra um novo tipo de comércio, digamos locação de vídeos de
“quinta dimensão” (5D). De início, espera-se que as primeiras locadas de vídeos 5D apresentem
altos lucros. Mas, se o mercado for eficiente, então outros investidores se interessarão pelo
novo tipo de comércio e surgirão cada vez mais locadoras 5D. Desse modo, o lucro tende a cair
até o ponto em que a remuneração do capital se equivalha a de outros negócios de porte e
risco semelhantes (isso, é claro, se as locadoras 5D não forem totalmente ultrapassadas por ou-
tras inovações tecnológicas). Como exemplo de risco semelhante, destacamos o que realmente
ocorreu com o setor de locadoras de tradicionais fitas de vídeo e DVD’s. Podemos sugerir que o
lucro obtido por elas em sua fase madura acabou se assemelhando ao de lojas de conveniência.
No contexto de investimento empresarial ou de financiamento que envolva risco, o seu
custo de oportunidade ou taxa mínima de atratividade refere-se às taxas de rendimento espe-
radas para investimentos alternativos do dinheiro. Se o mercado for eficiente, a taxa de variação
© U2 - Custo de Oportunidade e Valor do Dinheiro no Tempo 43
Payback
Um método que pode ser considerado relativamente simples é o de Payback, isso é o
tempo que leva determinado investimento a compensar seu custo. Em um sentido mais amplo,
por vezes, a expressão “payback” é utilizada para indicar o prazo de maturação ou vencimento
de algum investimento ou aplicação. Quanto menor o número de períodos, melhor. Por exem-
plo, se tenho um investimento A que leva dois períodos para abater o capital inicial e outro
investimento B de igual valor que leva três períodos para tanto, então, o projeto A é melhor que
o investimento B.
Porém, esse é um método claramente limitado, que desconsidera muitas variáveis. Por
exemplo, suponha que os projetos de investimento A e B a seguir custem ambos R$15.000,00 e
que apresentem os seguintes retornos esperados:
PERÍODO A B
0 (-) R$15.000 (-) R$15.000
1 R$9.000 R$5.000
2 R$9.000 R$7.000
3 - R$8.000
sua versão simples, mostra sua insuficiência. Entre os fatores que consideraremos agora, está a
capitalização da quantia investida.
Assim, o termo (1 + 0,1) pode ser chamado de fator de variação e, geralmente, as fórmulas
financeiras utilizam bastante essa apresentação.
Como notação básica para nossas formulações, temos que:
VF Valor Futuro
VP Valor Presente
Taxa de variação (taxa
i nominal de juros e/ou
rendimento)
Número de períodos
n de capitalização ou de
desconto)
VF VP.(1 + i ) n
=
4.000, 00. (1 + =
0,1)
1
VF
= R$4.400, 00
J = VF – VP
Caso a mesma aplicação dure dois anos, no futuro, espera-se um montante de:
4.000. (1 + 0,1=
)
2
VF= R$4.840, 00
Para a avaliação de um fluxo de caixa esperado para o futuro, considerando uma série
uniforme de períodos com uma mesma taxa de variação em cada período, podemos rearranjar
a Fórmula básica 1 de capitalização constante para a Fórmula 2 a seguir:
VF
VP =
(1 + i ) n
© U2 - Custo de Oportunidade e Valor do Dinheiro no Tempo 47
Por exemplo, quanto você teria de aplicar em um investimento que rende 5% ao ano para,
ao final de dois anos, ter um montante de R$12.000,00?
12.000
=VP ≅ R$10.884,3537
(1 + 0, 05) 2
Outro exemplo: suponha que um título de dívida de uma empresa lhe prometa um mon-
tante de R$50.000,00 ao final de três meses. Por quanto você compraria esse título, consideran-
do que a taxa de juros disponível no mercado é de 0,8% ao mês?
50.000
=VP ≅ R$48.818,9470
(1 + 0, 008)3
Em outras palavras, R$50.000,00 para daqui a três meses vale tanto quanto R$48.818,95
agora. Se o mercado for eficiente, você encontrará uma aplicação que lhe resultará nos mesmos
R$50.000,00 se aplicar tal quantia de R$48.818,95. Assim, pagar mais do que isso pelo título em
questão é pagar acima do preço de mercado. Ou seja, você estaria emprestando por uma taxa
de juros menor que a taxa de juros disponível no mercado.
Digamos que você pague R$49.500,00 pelo título. Baseando-nos novamente na Fórmula
básica 1 de capitalização composta, a fórmula para determinar a taxa de juros média mensal que
você estaria recebendo por tal empréstimo ao emissor do título é representada pela Fórmula 3:
4.000, 00. (1 + =
0,1)
1
VF
= R$4.400, 00
No caso, a taxa de juros média mensal pelo empréstimo de R$49.500,00, que irá retornar
R$50.000,00 ao final de três meses, é:
1
50.000 3
=i 003356 0,3356% a.m.
− 1 ≅ 0,=
49.500
Conforme pudemos perceber, a taxa encontrada é menor que 0,8% ao mês. Veremos mais
adiante que a taxa encontrada nesse caso em particular também pode ser considerada como a
de uma taxa interna de retorno.
Em termos gerais, admitindo, inclusive, a possibilidade de série não uniforme de paga-
mento, com cada período podendo incidir uma diferente taxa de variação, o Valor Presente
Líquido do fluxo de caixa esperado de um projeto de investimento pode ser assim representado
(Fórmula 4):
R1 − C1 R1 − C2 R − Cn
VPL =−C0 + + + ... + n
1 + i1 (1 + i2 ) 2
(1 + in ) n
Nessa fórmula Rt, representa-se o retorno bruto esperado em um dado período de tempo
(indicado por t, cujo índice pode variar de 0 a n).
n
Rt − Ct
VPL = ∑
t =0 (1 + it )t
140.000
VPL =
−100.000 + ≅ R$33.333,33
(1 + 0, 05)1
Como o VPL desse projeto é maior do que zero (VPL > 0), a princípio o investimento é
compensador. Note que o mesmo não se daria caso a taxa mínima de atratividade exigida fosse
de 50% para o período.
140.000
VPL =
−100.000 + ≅ ( – ) R$6.666, 67
(1 + 0,5)1
Mesmo sem informar a taxa de rendimento ou de juros anual, é fácil observar que, para
qualquer taxa de mercado maior do zero, o VPL é negativo. Caso a taxa de juros seja, por exem-
plo, de 1% ao ano, então:
200.000 245.000
VPL =
−445.000 + + ≅ ( – ) R$6.807, 67
1 + 0, 01 (1 + 0, 01) 2
Observe que, à taxa de mercado de 5%, o projeto A apresenta maior valor presente líquido
que B, o que o torna financeiramente mais atraente. Mas a situação se inverte quando se con-
sidera uma taxa de mercado de 10%, em que é o projeto de investimento B que se mostra mais
atraente. Quando a taxa é 15%, ambos os projetos não se mostram financeiramente atraentes,
embora o projeto B seja o melhor deles.
Evidentemente, a avaliação de qual seja o melhor projeto depende do cenário que for con-
siderado mais provável. Essa decisão, tais como muitas outras em uma organização, não depen-
de de uma pessoa só, mas de uma equipe especializada, que tenha profundos conhecimentos
tanto de macroeconomia quanto das perspectivas de mercado dos setores em que a organiza-
ção atua, além de conhecimentos de técnicas estatísticas e/ou econométricas de previsão.
Adicionalmente, a mesma formulação para avaliação dos fluxos esperados de caixa pode
ser adaptada para análise de outros tipos de operação financeira. Por exemplo, suponha que
uma empresa possua duas duplicatas a receber, uma no valor de R$85.500,00, que vence daqui
a 12 dias úteis, e outra de R$73.333,00, que vence daqui a 38 dias úteis. Suponha que as taxas
over, ou taxas diárias do mercado interbancário, utilizadas para referenciar o desconto das du-
plicatas do banco, estejam projetadas para estar em média 0,2% por dia útil no primeiro período
de vencimento e 0,15% por dia útil no segundo período. Quanto a firma receberá pelo desconto
dessas duplicatas?
85.500 73.333
VPL = 12
+ ≅ R$152.747,3042
(1 + 0, 002) (1 + 0, 0015)38
Para nos convencermos, imaginemos que se comece com um principal inicial de R$100,00.
Um aumento de 10% leva a um montante de R$110,00. Um novo aumento de 10% sobre o prin-
cipal acumulado de R$110,00 faz que haja um incremento de R$11,00, levando a um acumulado
final de R$121,00, refletindo uma variação de 21% sobre o principal inicial.
Se alguma coisa aumenta em 10% e, a seguir, cai em 10%, quanto no final variou essa coi-
sa? Erra quem responder que se volta ao mesmo lugar. O cálculo pode ser expresso da seguinte
forma:
1 + itotal =(1 + 0,1).(1 − 0,1) =0,99
itotal =
−0, 01 =
−1%
1 + in = (1 + im ) n
1 + i10 =(1 + 0, 01)10 =1,104622
=i10 m 0,104622
= 10, 4622%
Suponhamos agora que uma aplicação renda 15% em um ano (ia). Considerando capitali-
zação composta, qual a taxa média mensal?
1
1 + im = (1 + ia ) n
1
1 + im = (1 + 0,15)12 =1, 011715
=im 0,=
011715 1,1715%
R1 − C1 R1 − C2 R − Cn
C0
= + + ... + n ⇒ VPL
= 0
1 + i1 (1 + i2 ) 2
(1 + in ) n
© U2 - Custo de Oportunidade e Valor do Dinheiro no Tempo 51
20.000 24.000
35.000
= +
1 + TIR (1 + TIR) 2
Nesse caso, a expressão pode ser reorganizada como uma equação de segundo grau.
Como tal, duas respostas para a TIR são, então, matematicamente possíveis: 16,17% a.a. e (–)
159,03% a.a.!
Financeiramente, a TIR relevante é 16,17%. Se a taxa de rendimento disponível no mer-
cado estiver abaixo da TIR do investimento em questão, então este pode ser considerado como
atraente. No entanto, se a taxa no mercado ficar acima dessa TIR, então o investimento pode
ser descartado.
O cálculo dedutivo da TIR apresenta, entretanto, inúmeros problemas. Conforme vimos
no exemplo anterior, duas respostas podem ser matematicamente possíveis. Pudemos abstrair
uma das respostas por ser um número negativo, mas nem sempre isso acontece. Além disso,
se houvesse um terceiro período de retorno líquido, uma equação de terceiro grau teria de ser
utilizada, o que exige um método algébrico de resolução ainda mais complicado. Efetivamente,
a resolução torna-se cada vez mais complexa à medida que aumenta o número de períodos,
podendo até ocorrer, conforme os valores dos retornos, os períodos determinados e as escalas
do investimento, em que nenhuma ou mais de uma resposta financeiramente relevante seja
obtida.
Na prática, para realizarmos o cálculo da TIR, é necessário utilizarmos calculadoras finan-
ceiras ou computadores. Esses instrumentos recorrem a algoritmos ou métodos de resolução
baseados em aproximação conforme determinados critérios. As máquinas são programadas
para, por meio de tentativa-e-erro, chegar a resultados financeiros plausíveis.
Por exemplo, na famosa calculadora financeira HP 12c, pode-se chegar a uma Taxa Interna
de Retorno por meio da função IRR. Já com a planilha eletrônica de cálculo Excel, há diversos
meios possíveis, em especial a função financeira =TIR(célula:célula).
De qualquer forma, com as facilidades computacionais atualmente existentes, tanto o
conceito de TIR quanto o conceito de VPL, e mesmo o de payback, podem e devem ser utiliza-
dos para a análise financeira que considera o valor do dinheiro no tempo, não se podendo afir-
mar que um seja sempre melhor que o outro em qualquer caso. Todos os métodos devem ser
trabalhados em conjunto. Contudo, podemos admitir, como faz Samanez (2007), que o critério
de VPL é mais consistente logicamente que o da TIR, mas isso ainda deixa em questão a taxa de
mercado que deva ser considerada relevante para as decisões financeiras.
Voltemos ao exemplo dos projetos de investimento A e B de R$15.000,00. Mesmo sem
fazer os cálculos, podemos notar que as taxas internas de retorno desses investimentos devem
estar próximas de 15%, quando o VPL zera. Com a ajuda de uma calculadora financeira ou plani-
lha eletrônica de cálculo, os seguintes resultados podem ser encontrados:
PERÍODO A B
0 (-) R$15.000 (-) R$15.000
1 R$9.000 R$5.000
2 R$9.000 R$7.000
3 - R$8.000
VPL (i = 5%) R$17.034,69 R$3.021,81
VPL (i = 10%) R$619,83 R$1.341,10
VPL (i = 15%) (-) R$368,62 (-) R$99,04
TIR 13,1% 14,6%
12
i
1 + ea =(1 + em ) =1 + a =(1 + 0, 005)12 =1, 061678
12
n
© U2 - Custo de Oportunidade e Valor do Dinheiro no Tempo 53
=ea 0,=
061678 6,1678% a.a
Ou seja, efetivamente, a poupança paga mais do que é declarado nominalmente. Mas, por
que existe essa complicação? Por que não se expressam somente taxas efetivas? Parte da res-
posta se deve à tradição, remontando aos tempos em que as taxas pareciam tão pequenas que
virtualmente não fazia muita diferença compor ou somar simplesmente as taxas. Outra parte
da resposta se deve às restrições jurídicas quanto à incorporação contratual dos juros no capital
devido ou aplicado, ou seja, cobrança de juros sobre juros. Talvez ainda outra parte possa ser
atribuída à inércia da natureza humana… por que não?
De qualquer forma, diversos produtos e serviços financeiros possuem essa característica.
Em particular, destaca-se, nos mercados monetários – de liquidez de curto prazo –, a chamada
taxa over (iover), definida como sendo taxa de capitalização por dia útil (edu), expressa em termos
nominais geralmente mensais, semestrais ou anuais.
Por exemplo, suponha que se divulgue uma taxa over de 2,85% a.m. Qual é a taxa de efeti-
va por dia útil dessa taxa over? Qual é a taxa efetiva mensal em um mês de 22 dias úteis?
No caso, a taxa efetiva por dia útil é dada por:
iover
edu =
30
0, 0285
=edu = 0, 0950% a.du.
30
Ou seja, para efeito de cálculo da taxa do dia útil, é considerado mês comercial de 30 dias.
Porém, a taxa efetiva mensal depende do número de dias úteis do mês, que, no caso, é dada
por:
1 + em =(1 + edu ) du
mais competitiva, menos custosa e, enfim, mais desenvolvida, os ganhos advindos da inflação
tendem a ser menores. Se, por exemplo, houver real concorrência entre as instituições financei-
ras e houver menor inadimplência entre os tomadores de crédito, não tão facilmente a taxa de
inflação pode ser incorporada nas taxas de juros nominais cobradas por essas instituições.
A inflação pode ser definida como o aumento contínuo e generalizado de preços. Contu-
do, o mero aumento no preço de um bem não necessariamente caracteriza um processo infla-
cionário. Por exemplo, suponha que ocorra uma quebra na safra do chuchu. Não necessaria-
mente o aumento do preço do chuchu afeta os demais preços da economia e perdura no tempo.
Há vários fatores que determinam a capacidade de um bem em provocar inflação, entre eles o
peso do bem no orçamento dos consumidores e o grau de substitutibilidade. Se, prosseguindo o
exemplo, o chuchu não tiver grande relevância na cesta de consumo das famílias e tiver muitos
bens concorrentes (as pessoas podem substituir, digamos, por jiló), ele não afetará significativa-
mente o poder de compra das pessoas.
A inflação é medida por meio de índices de preços que se baseiam em amostras repre-
sentativas de bens e serviços para determinadas faixas de consumo familiar ou empresarial. Em
suma, são médias ponderadas de preços. A taxa da variação da média de preços de um período
para outro é a taxa de variação de preços conhecida popularmente como “taxa de inflação” (p).
Os principais índices de preços utilizados no Brasil, inclusive para reajuste de contratos e
salários, são:
• Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Esse índice procurar refletir os preços dos principais bens
consumidos por famílias com renda mensal de um a quarenta salários mínimos em
nove das maiores regiões metropolitanas do país. É o principal parâmetro para deter-
minação de metas inflacionárias da política monetária do Banco Central do Brasil.
• Índice Geral de Preços (IGP), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O IGP não
se limita a bens de consumo, sendo uma composição de três índices: Índice de Preços
ao Atacado (IPA), com peso de 60% no IGP; Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com
peso de 30%; e o Índice Nacional de Construção Civil (INCC), com peso de 10%. O IGP
tradicional é divulgado pouco antes do dia 10 de cada mês, referente à taxa de inflação
do mês anterior. Entretanto, com a mesma metodologia de coleta de preços, mas alte-
rando os períodos de referência, a FGV divulga o IGP-M (M para expressar a ideia que
é um índice útil para o mercado), que é divulgado pouco antes do final de cada mês.
Cabe notar que não há um índice de preços perfeito que sirva para todas as pessoas e em-
presas. O custo de vida sentida por um morador da região Norte tende a ser diferente do custo
de vida sentida por um morador de Brasília. Uma pessoa que simplesmente não come chuchus
fica indiferente à sua eventual elevação de preços, enquanto que uma pessoa “viciada” em seu
consumo sofre muito com essa elevação.
Entretanto, uma confusão comum é confundir a taxa de inflação com a taxa de variação do
poder de compra ou taxa de variação real. Se os preços dos bens de consumo sobem em 100%
– ou seja, se os preços dobram – , o poder de compra dos consumidores cai pela metade, ou
seja, a quantidade de bens cai pela metade. Para um melhor entendimento, segue-se a seguinte
fórmula geral:
1+ i
1+ r =
1+ π
© U2 - Custo de Oportunidade e Valor do Dinheiro no Tempo 55
1+ 0
+r
1= = 0, 625
1 + 0, 6
( − ) 0,375 =
r= ( − ) 37,5%
Ou seja, ocorre uma queda de (-) 37,5% do poder de compra. Antes da elevação de preços,
consumia-se 500 refrigerantes; depois da elevação, consome-se 312,5 refrigerantes. O quadro a
seguir ilustra as variações ocorridas, observe:
QUANTIDADE CON-
PREÇO UNITÁRIO
PERÍODO SALÁRIO NOMINAL SUMIDA DE REFRI-
DO REFRIGERANTE
GERANTES
0 R$1.000,00 R$2,00 500
1 R$1.000,00 R$3,20 312,5
Suponha, alternativamente, que o salário nominal tenha aumentado em 20%. Como essa
taxa de variação nominal foi menor que a taxa de inflação, ainda se espera uma queda do poder
de compra. No caso:
1 + 0, 2
r= − 1 =( − ) 25%
1 + 0, 6
QUANTIDADE CON-
PREÇO UNITÁRIO
PERÍODO SALÁRIO NOMINAL SUMIDA DE REFRI-
DO REFRIGERANTE
GERANTES
0 R$1.000,00 R$2,00 500
1 R$1.200,00 R$3,20 375
Quanto ainda falta reajustar o salário nominal para recuperar o poder de compra inicial?
Em outros termos, qual a taxa de reajuste (j) necessária para que a taxa de variação real seja 0?
Incorporando esse fator de reajuste adicional, podemos reformular a equação para:
(1 + i ).(1 + j ) 1+ π
1+ r = r= 0 1+ j =
1+ π 1+ i
1 + 0, 6
=j = − 1 33,33%
1 + 0, 2
2) Suponha que um fundo de renda fixa renda 2% ao mês por seis meses. Quanto será obtido se for aplicado
R$12.000,00 nesse fundo?
© U2 - Custo de Oportunidade e Valor do Dinheiro no Tempo 57
3) Uma quantia de R$9.000,00 foi aplicada em um papel que rende 0,7% a.m. Quanto se terá ao final de 25 meses?
4) Um investidor aplicou R$600,00 em um título que rende 7,5% ao ano. Ao final de cinco anos, qual o valor obti-
do?
5) Uma ação diminuiu de preço em 15% ao longo de um ano. Se um investidor, no ano passado, investiu R$25.000,00
nessa ação, qual o valor que atualmente possui?
6) Suponha que você esteja planejando uma viagem para daqui a um ano. Você calcula que irá precisar de
R$25.000,00 para suas despesas. Um investimento promete pagar-lhe uma taxa de juros de 1% ao mês. Quanto
você terá de aplicar nesse investimento para ter a quantia necessária para sua viagem?
7) Uma nota promissória de R$75.500,00 com vencimento para daqui a sete meses lhe é oferecida. Supondo que
você determine cobrar uma taxa de juros de 2,5% a.m., quanto você pagaria pela nota?
8) Uma empresa possui uma duplicata de R$43.578,33 a vencer daqui a quatro meses. Tal empresa precisa de cai-
xa e resolve adiantar esse recebível por meio de uma operação de desconto de duplicata. Supondo que o banco
cobre uma taxa de juros de 4,5% a.m., qual será a quantia obtida pela empresa?
9) Um título oferece um retorno de R$100.000,00 para daqui a 18 meses. Supondo uma taxa de juros mensal de
1,4% a.m., qual o valor presente desse título?
10) Em 45 dias, o preço de uma ação subiu de $37 para $74. Em média, qual foi a taxa de variação diária do preço
da ação?
11) Uma aplicação de R$27.000,00 retorna R$30.000,00 daqui a um mês. Qual a sua taxa interna de retorno?
12) Suponha que um investimento apresente uma TIR abaixo da taxa disponível no mercado. O investimento deve
ser descartado? Justifique.
13) Suponha que um título de dívida prometa pagar R$10.000,00 anuais por seis anos, sendo que, ao final, ainda
será pago um principal de R$100.000,00 (em outras palavras, é pago um cupom de 10% sobre o principal).
Esse título foi oferecido para venda por R$95.000,00. Qual a taxa interna de retorno implícita na sua eventual
compra?
14) Dica: o primeiro fluxo é uma saída de caixa de R$95.000,00 e o último fluxo no sexto ano é uma entrada de caixa
dada pela soma de R$10.000,00 mais R$100.000,00.
15) Quanto maior a taxa de juros, menor é o valor presente dos títulos de dívida, ou seja, eles ficam mais baratos.
Essa afirmação é certa ou errada? Justifique.
16) A planilha a seguir descreve os fluxos esperados na aquisição de um microcomputador para uma determinada
empresa. Observe:
17) Suponha dois títulos, X e Y. O título X custa R$5.000,00 e promete pagar mensalmente R$1.500,00 por cinco
meses. O título Y custa R$36.000,00 e promete pagar R$15.000,00 mensalmente por três meses. Com base na
TIR, qual título é mais vantajoso? Com base no VPL, qual título é mais vantajoso? Explique os resultados resumi-
damente (mínimo de 10 linhas) e pesquise como pode ser resolvida a discrepância de critérios.
Dica: entre os manuais de matemática financeira que tratam do assunto, sugerimos os manuais de Vieira Sobrinho
(2000) e Samanez (2007), além de livros que tratam de avaliação de investimentos e/ou de engenharia econômica.
18) Suponha que uma duplicata de R$345,00 vença daqui a dois meses e outra duplicata de R$847,00 vença daqui
a sete meses. Considerando que o banco cobre uma taxa de juros de 4,4% ao mês, quando pode ser obtido
descontando-se as duplicatas?
19) Suponha que alguém lhe deva uma prestação de R$900,00 para daqui a cinco meses e outra prestação de
R$1.050,00 para daqui a 11 meses. Esse alguém lhe propõe pagar tudo de uma vez daqui a nove meses. Consi-
derando uma taxa de juros de 3% ao mês, qual será o valor dessa nova prestação?
Dica: calcule o valor presente da estrutura inicial de pagamentos, isto é, o valor presente da dívida total; a seguir,
calcule o valor futuro capitalizando esse valor presente por nove meses.
20) O valor de face de um título é R$100.000,00, indicando seu retorno quando da maturação do título, daqui a cin-
co meses. Seu valor atual de mercado é R$84.000,00. Qual a taxa de juros mensal paga atualmente pelo título?
Suponha que um investimento pague 10% ao ano. Quanto tempo leva para dobrar o capital inicial?
Dica: mesmo que o resultado possa ser obtido diretamente por meio de calculadora financeira, pesquise como
pode ser rearranjada a fórmula básica de capitalização composta; é inevitável que você utilize logaritmos em sua
formulação; para os valores futuro e presente, basta atribuir arbitrariamente os valores 2 e 1, respectivamente.
21) Um papel oferece taxa de juros nominal de 30% a.a. com capitalização mensal. Qual a taxa efetiva mensal? Qual
a taxa efetiva anual?
22) Em determinado mês, uma linha de crédito de curto prazo cobra uma taxa over de 5% a.m. Desse modo, calcule:
a taxa efetiva por dia útil; a taxa efetiva mensal, considerando um mês de 20 dias úteis; a taxa efetiva de um
empréstimo de cinco dias úteis.
23) Entre no site da Secretaria do Tesouro Nacional, disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br>. Nele,
você poderá encontrar a metodologia de cálculo da remuneração dos títulos públicos federais emitidos pelo
governo. Apresente, pelo menos, dois títulos públicos cuja fórmula de cálculo exige o conceito de “taxa efetiva”.
24) Suponha que uma aplicação renda nominalmente 12,8% em um ano. Considerando que, nesse ano, a taxa de
inflação tenha sido de 9,5%, qual foi a taxa de rendimento real obtida? E se a taxa de inflação fosse de 15%, qual
seria a taxa de rendimento real?
25) Suponha que uma dívida seja paga em cinco prestações mensais de R$500,00. Porém, há a projeção que a taxa
de inflação mensal nesse período seja de 3% a.m. A preços atuais, qual seria o valor dessa dívida?
Dica: utilize a taxa de inflação mensal como taxa de desconto do fluxo de valores futuros esperados.
Gabarito
Depois de responder às questões autoavaliativas, é importante que você confira o seu
desempenho, a fim de que possa saber se é preciso retomar o estudo desta unidade. Assim, con-
fira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas anteriormente:
1) R$8.998,9120.
2) Aproximadamente R$13.513,9490.
3) Aproximadamente R$10.714,6817.
4) Aproximadamente R$861,3776.
5) R$21.250.
6) Aproximadamente R$22.186,2306.
7) Aproximadamente R$63.515,5252.
8) Aproximadamente R$36.543,1030.
9) Aproximadamente R$78.860,4322.
14) Certo.
16) Respectivamente X e Y.
20) Aproximadamente 7,2725 anos. Observação: a calculadora padrão HP 12C assume que cada período é indivi-
sível, de modo que o período é arredondado para o maior inteiro positivo imediato, que, no caso, resulta em 8
anos.
22) Aproximadamente 0,1667% a.du.; aproximadamente 3,3866% a.m.; aproximadamente 0,8361% no período de
cinco dias úteis.
23) Uma resposta completa para essa questão demandaria não apenas o nome do título, mas também a apresen-
tação da metodologia de cálculo.
11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, tivemos uma introdução aos principais conceitos relacionados ao custo de
oportunidade e ao valor do dinheiro no tempo. Alguns métodos básicos de avaliação financeira
foram apresentados ou revistos. Todavia, os assuntos aqui abordados estão longe de serem es-
gotados. Mas, possuímos, agora, um ponto de partida para maiores estudos e pesquisas.
Particularmente, no que diz respeito a cálculos, cabe ressaltarmos a importância da prática
de exercícios para aquisição de maior familiaridade dos conceitos e dos raciocínios envolvidos.
Claramente, apenas a leitura textual é insuficiente. Desse modo, recomendamos a ampliação
do número de exercícios desta unidade, com os exercícios disponíveis nos livros indicados nas
referências desta unidade.
É garantido que, com a prática, as colocações matemáticas desta unidade parecerão até
óbvias. Esperamos, também, que você vá além do conteúdo apresentado e enfrente o desafio
de resolver problemas mais complexos e, talvez, até mais aplicados às questões do dia a dia de
seu ambiente de trabalho.
Na próxima unidade, abordaremos o uso de relatórios contábeis para a análise financeira,
o que exige a absorção de um outro conjunto de termos, conceitos e, até mesmo, outro tipo de
raciocínio dedutivo. Porém, definitivamente, não representam um obstáculo insuperável. Muito
pelo contrário, os conceitos de todas as unidades se reforçam entre si, e teremos seus horizon-
tes intelectuais alargados.
Até a próxima unidade!
12. E-REFERÊNCIAS
Quadro
Quadro 1 Classificação dos meios de pagamento. Adaptado de: <http://www.bcb.gov.br/ftp/infecon/NM-MeiosPagAmplp.pdf>.
Acesso em: 18 jun. 2012.
Gráfico
Gráfico 1 Evolução dos meios de pagamento (% PIB, final de período). Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 1
jun. 2010.
Site pesquisado
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.177, de 1 de março de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8177.htm>. Acesso em: 18 jun. 2012.
1. OBJETIVOS
• Compreender a contabilização da movimentação monetária de uma organização.
• Entender o uso das demonstrações contábeis para análise e compreender suas limita-
ções.
2. CONTEÚDOS
• Conceitos básicos.
• Principais demonstrações contábeis.
• Índices financeiros baseados em demonstrações contábeis.
• Princípios e normas contábeis.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Passemos agora a estudar os principais demonstrativos contábeis – seja na forma de de-
monstrações ou de relatórios contábeis – e como eles podem nortear toda a administração de
uma empresa. Optamos aqui por usar o termo “demonstrativo” como expressão geral para os
documentos contábeis. Porém, não é incomum que esse termo também seja usado como sinô-
nimo de “demonstração”.
© U3 - Análise Financeira de Demonstrativos Contábeis 63
De fato, este é um tópico de estudo essencial para todos os gestores, e não apenas os
gestores financeiros, pois seu entendimento permite entender como vai a própria empresa que
dirigem.
As demonstrações e os relatórios contábeis constituem um importante conjunto de ferra-
mentas de análise financeira, pois, com eles, os interessados podem: obter registros da movi-
mentação de dinheiro em todos os setores da organização; controlar e fiscalizar as atividades da
empresa, inclusive em termos tributários; e o planejamento, a orçamentação e a projeção dos
resultados podem se basear na estrutura das demonstrações contábeis.
Entretanto, os formatos de lançamentos e de apresentação dos dados monetários even-
tualmente precisam ser “traduzidos” ou adaptados para a análise financeira. O principal foco da
contabilidade é a apuração dos resultados econômicos e financeiros ocorridos em dado período
de tempo, e não diretamente o que deve ser feito para gerar valor para uma empresa.
O início desta unidade introduz ou revê os conceitos contábeis básicos, a sistemática de
lançamentos e as principais demonstrações contábeis; em seguida, discute as normas e os prin-
cípios contábeis, tendo como motivação o atual movimento de reforma da contabilidade bra-
sileira em direção a padrões seguidos internacionalmente; posteriormente, apresenta as cha-
madas análises vertical e horizontal que podem ser feitas sobre os dados dos demonstrativos
contábeis. São análises relativamente simples em termos operacionais, isto é, são fáceis de cal-
cular, mas a interpretação dos resultados exige bom entendimento dos conceitos envolvidos. O
mesmo pode ser dito a respeito das análises por meio de índices financeiros, apresentadas no
final da unidade.
Vamos lá!
5. CONCEITOS BÁSICOS
A contabilidade é mais do que a mera escrituração dos fatos que afetam a riqueza de uma
pessoa física ou jurídica, tanto que envolve métodos científicos de análise. As chamadas ciências
contábeis têm como objeto de estudo o patrimônio das entidades e o que o faz variar.
E o que vem a ser o patrimônio? Uma pessoa pode entender que o seu patrimônio seja
constituído pelos bens que possui, mas também é preciso considerar suas dívidas.
Contabilmente, o patrimônio de uma pessoa ou entidade consiste nos bens e direitos
contrapostos às obrigações e exigibilidades de uma pessoa ou entidade. Em outras palavras,
o patrimônio reflete os valores que uma pessoa possui ou tem a receber em contraste com os
valores que essa pessoa tem a pagar a outras. Assim, se você, por exemplo, adquirir um imóvel
financiado, seu patrimônio líquido – direitos menos obrigações – é o valor do imóvel menos a
dívida financeira ainda pendente.
Para melhor entendimento do conceito de “patrimônio”, devemos compreender como
são lançados os valores das transações e movimentações monetárias e, a seguir, estabelecer
alguns princípios para o correto lançamento desses valores.
Nesse método, cada transação monetária é registrada de maneira que a soma dos cré-
ditos corresponda à soma dos débitos. Basicamente, um crédito corresponde a uma entrada
de recursos e um débito corresponde à sua destinação. Para ilustrar os lançamentos, podemos
utilizar um formato básico chamado de razonete. Nos razonetes, por convenção, o débito fica à
sua esquerda, e o crédito, à sua direita.
Se, por exemplo, uma mercadoria é vendida à vista por R$123,00, a operação pode ser
descrita pelos seguintes razonetes:
CAIXA MERCADORIA
Débito Crédito Débito Crédito
Venda Venda
R$123,00 R$123,00
Como ilustrado, o valor da venda é lançado a crédito na conta Caixa referente às disponi-
bilidades monetárias e lançado como débito na conta que aqui denominamos simplesmente de
Mercadoria.
Algumas Palavras sobre a Terminologia–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Um erro de leitura que deve ser evitado é associar automaticamente a palavra “débito” como algo financeiramente
ruim e “crédito” como algo bom. Contabilmente, “débito” e “crédito” são apenas duas faces de uma mesma transação
monetária, ou seja, não há um sem o outro. Esquematicamente, são apenas os lados esquerdo (débito) e direito
(crédito) de um razonete.
É verdade que, conforme o contexto, diversas conotações para as palavras “débito” e “crédito” são possíveis. Mas,
quando uma pessoa compra, por exemplo, um aparelho de TV financiado, o valor da dívida entra a crédito de sua
conta financeira (representativa de suas “obrigações”) e a débito em uma conta representativa de seus bens (os
quais podem ser denominados “haveres”). Ou seja, uma dívida é lançada tanto a débito quanto a crédito.
Os significados das palavras “Ativo” e “Passivo” também remetem, respectivamente, aos das palavras “débito” e
“crédito”, mas entendidos, de forma mais abrangente, para um conjunto de contas.
Por vezes, o termo “Capital” é entendido como “Ativo” quando estamos nos referindo à forma como os recursos foram
aplicados ou investidos, por exemplo, em dinheiro para o caixa ou em máquinas e equipamentos. Outras vezes, “Ca-
pital” é entendido como “Passivo” ou “Patrimônio Líquido”, quando estamos nos referindo à fonte dos recursos cap-
tados pela empresa. Associamos o “Passivo Exigível” com “Capital de Terceiros” quando os recursos vêm de fontes
externas à propriedade da empresa, tais como bancos e compradores de títulos de dívida financeira lançados pela
empresa (debêntures), para os quais geralmente se pagam juros. Associamos o “Patrimônio Líquido” com “Capital
Próprio” quando os recursos vêm dos proprietários e acionistas da empresa, esses últimos entendidos como sócios
da empresa, aos quais são devidos os lucros que a ela eventualmente obtém.
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Um formato de apresentação que pode servir para conferência ou verificação dos razone-
tes é o chamado balancete. Para exemplificar mais uma vez os razonetes e também um balan-
cete, suponha que se crie uma firma – batizada de Ypy Ltda. – com um capital inicial (também
denominado de capital social) de R$1.357.000,00 aplicado no Caixa, sendo que R$600.000,00
foram utilizados para a compra à vista de Estoques, sendo R$400.000,00 utilizados para a com-
pra à vista de Equipamentos em Geral. Podemos então criar os seguintes razonetes:
CAIXA CAPITAL
Débito Crédito Débito Crédito
R$1.357.000,00 R$600.000,00 R$1.357.000,00
R$400.000,00
EQUIPAMENTOS ESTOQUES
Débito Crédito Débito Crédito
R$400.000,00 R$600.000,00
© U3 - Análise Financeira de Demonstrativos Contábeis 65
Assim, o seguinte balancete de verificação para a Ypy Ltda. pode ser criado:
De modo que o balancete de verificação para a Ypy Ltda. pode ser elaborado da seguinte
forma:
Quando a soma dos débitos ou dos saldos devedores não bate com a soma dos créditos
ou saldos credores, temos, obviamente, indício de erro nos registros contábeis. Garantida essa
igualdade, esses e outros formatos auxiliares de apresentação da movimentação monetária po-
dem ser utilizados conforme a conveniência do usuário – respeitando, naturalmente, a veracida-
de dos números lançados e a pertinência das classificações utilizadas para as contas.
Em um processo de auditoria contábil, além da avaliação da precisão dos lançamentos
efetuados, há a verificação da adequação destes às normas vigentes e, idealmente, da suficiên-
cia das informações prestadas, evitando fraudes e omissões. Já em uma perícia contábil, há uma
investigação das contas motivada por uma questão judicial.
Hoje em dia, os lançamentos são efetuados eletronicamente, e a formatação dos relató-
rios contábeis pode ser bastante flexível. Porém, sem o devido entendimento da “mecânica”
utilizada nos lançamentos, a experiência de análise financeira pode facilmente comprovar que a
interpretação dos resultados apresentados nos relatórios contábeis fica prejudicada.
ATIVO
= PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
BALANÇO PATRIMONIAL
Ativo Passivo
Patrimônio Líquido
Voltando ao exemplo da firma Ypy Ltda., em que não foram utilizados recursos de terceiros
para as aplicações efetuadas (ou seja, não há Passivo Exigível), temos o seguinte Balanço Patri-
monial simplificado:
© U3 - Análise Financeira de Demonstrativos Contábeis 67
Ativo Passivo
Caixa R$357.000,00
Estoques R$600.000,00 ─
Equipamentos R$400.000,00
Patrimônio Líquido
Capital R$1.357.000,00
Você, com certeza, notou a semelhança entre esse Balanço Patrimonial e o balancete de
saldos anteriormente exemplificado. E, agora que já temos uma ideia do Balanço Patrimonial e
das Demonstrações Contábeis, passaremos aos relatórios contábeis. Muitas informações rele-
vantes são adicionadas por meio de textos complementares que, conforme a legislação vigente,
podem ter as seguintes configurações:
• Notas Explicativas.
• Relatório da Diretoria.
• Parecer da auditoria independente.
As Notas Explicativas auxiliam no esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados
do exercício de uma empresa. Segundo o Artigo 176 da Lei nº 6.404, as Notas Explicativas deve-
rão indicar:
a. os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente os estoques, dos
cálculos de depreciação, amortização e exaustão, da constituição de provisões para encargos ou
riscos, e dos ajustes para atender as perdas prováveis na realização de elementos do ativo;
b. os investimentos em outras sociedades, quando relevantes;
c. o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações;
d. os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras
responsabilidades eventuais ou contingentes;
e. a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações de longo prazo;
f. o número, espécies e classes das ações do capital social;
g. as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;
h. os ajustes de exercícios anteriores;
i. os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter,
efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia (BRASIL, 2012a).
não são obrigadas a elaborar e publicar a DFC. Já a DVA é obrigatória apenas para companhias
de capital aberto, com ações negociáveis em bolsas de valores. As sociedades por ações e com-
panhias limitadas que apresentem, no exercício social anterior, um ativo total superior a R$240
milhões ou receita bruta superior a R$300 milhões são consideradas, então, sociedades de gran-
de porte e, como tais, seguem as disposições da Lei nº 11.638 sobre escrituração e elaboração
das demonstrações financeiras (BRASIL, 2012b).
No momento em que escrevemos, ainda não é obrigatória a publicação do chamado Pa-
recer do Conselho Fiscal da empresa, tal como ocorre em outros países, embora já seja prática
corrente de muitas empresas brasileiras, dada a tendência de exigência crescente por maior
transparência para os acionistas e investidores.
As demonstrações contábeis são obrigatoriamente apresentadas ao público ao final de
cada período de 12 meses, sendo que tal período é denominado de exercício social ou período
contábil. Para fins fiscais – de Imposto de Renda –, o final do exercício social sugerido é 31 de
dezembro. Entretanto, para melhor informação ao público e gerenciamento interno, períodos
mais curtos de apresentação – semestrais, trimestrais etc. – das demonstrações são corrente-
mente publicados ou utilizados.
Os valores das Demonstrações Contábeis das empresas em geral são registrados pelo Re-
gime de Competência. Nesse regime, basicamente, as receitas e os gastos são contabilizados no
período em que forem gerados, independentemente de seu efetivo recebimento e pagamento.
Por exemplo: se uma firma vendeu uma mercadoria por algum valor em dezembro de 2020, mas
só irá receber esse valor em janeiro do ano seguinte, tal valor já será registrado nos demonstrati-
vos de 2021. O mesmo princípio se aplica aos pagamentos. O salário recebido pelos funcionários
de uma firma em janeiro de 2021 já terá sido registrado nos demonstrativos contábeis de 2020,
pois o pagamento compete ao trabalho realizado em dezembro desse ano.
O Regime de Competência é defendido por muitos teóricos contábeis e é utilizado, princi-
palmente, para fins de cálculo de Imposto de Renda. Entretanto, em termos gerenciais e finan-
ceiros, muitas vezes, é mais conveniente analisar em termos de Regime de Caixa, em que as re-
ceitas e os gastos são registrados pela data da efetiva entrada ou saída de dinheiro da empresa.
Assim, o salário recebido pelos funcionários em janeiro de 2021 será registrado para o mesmo
janeiro de 2021. Mais adiante, discutiremos as eventuais limitações do Regime de Competência
para a análise financeira.
Diferido
Como pode ser observado nessa configuração, há a distinção entre circulante e não circu-
lante. Via de regra, as contas estão dispostas de cima para baixo, em ordem decrescente de li-
quidez. Os itens relacionados no Ativo Circulante, por exemplo, são mais facilmente conversíveis
em dinheiro do que os itens do Ativo Não Circulante. O Ativo Circulante é também conhecido
como Capital de Giro ou mesmo como Capital Circulante.
Já o total do Investimento, Imobilizado, Intangível e Diferido é também denominado de
Ativo Permanente, o qual, somado com o Realizável a Longo Prazo, perfaz o Ativo Não Circulan-
te. Nesse formato mais rebuscado, o Patrimônio Líquido é considerado um grupo de contas do
Passivo Não Circulante com o Exigível de Longo Prazo.
Vejamos:
ATIVO
= PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Certamente, para os leigos, há uma profusão de denominações para o que parece ser a
mesma coisa! No que diz respeito à classificação do Patrimônio Líquido, por exemplo, Marion
(2009, p. 50) comenta:
A Lei das Sociedades Anônimas (tanto a de 1976 como a de 2007) denomina de Passivo todo o lado
direito do Balanço Patrimonial. Dessa forma, o Patrimônio Líquido estaria incluído na denominação Pas-
sivo. Esse enfoque da lei não é bem aceito nos meios contábeis, uma vez que o termo Passivo tem uma
conotação de “conjunto de dívidas, encargos e obrigações com terceiros”, não sendo suficientemente
extenso para abranger Patrimônio Líquido.
Investimento
Passivo Não Circulante
Aplicações de caráter permanente que geram rendimentos
não diretamente relacionados à manutenção da atividade Compreende todas as contas do Passivo que não tenham seus
principal da empresa. Exemplos: imóveis para exploração e pagamentos marcados até o próximo exercício social.
ações de outras companhias.
Diferido
Para exemplificar as contas mais comuns, suponha que a empresa industrial Mossapyra
S.A. apresente o seguinte Balanço Patrimonial para os finais dos anos “x1” e “x2”:
BALANÇO PATRIMONIAL DA MOSSAPYRA S.A
($mil) PASSIVO E PATR.
LÍQUIDO
ATIVO 31/12/x2 31/12/x1 31/12/x2 31/12/x1
refletir o potencial de geração de caixa dos ativos operacionais da empresa. Em tese, embora
não seja obrigatório pela regulação fiscal vigente, é reconhecido como uma medida mais útil do
desempenho produtivo da empresa do que, por exemplo, o Lucro Líquido, o qual acaba sendo
afetado por variáveis fiscais, financeiras e de política de distribuição de lucro.
Embora algumas adaptações concernentes ao lançamento das contas devam ser feitas,
o EBTIDA pode ser traduzido como LAJIDA (Lucros Antes dos Juros, Impostos, Depreciações e
Amortizações) – ou, tomando o cuidado para não confundir com o termo contábil oficial, como
“lucro operacional”. Basicamente, devemos considerar que a depreciação refere-se ao desgaste
ou obsolescência do ativo imobilizado ao longo de sua vida útil e que a amortização refere-se
ao pagamento que extingue uma dívida. Enquanto a depreciação incide sobre os bens físicos
(corpóreos), a amortização relaciona-se com a diminuição de valor dos direitos (ou despesas
diferidas) com prazo limitado (legal ou contratualmente). Há, ainda, o termo correlato “exaus-
tão”, o qual se refere à redução do valor de investimentos necessários à exploração de recursos
minerais ou florestais, ou seja, de recursos exauríveis.
Os cálculos e os valores resultantes dessas contas retificadoras do ativo permanente são
esclarecidos pela empresa por meio das Notas Explicativas. O cálculo da depreciação obedece,
em geral, a critérios determinados pelo Fisco, o qual procura evitar desvalorizações artificiais
que reduzam o resultado do exercício e o total a ser pago ao governo. Para uso gerencial interno,
porém, outros critérios podem ser considerados, salvo a necessidade de se documentar devida-
mente o que for feito pelos analistas.
Entretanto, para exemplificar um DRE Ajustado para análise financeira, consistente com
o Balanço Patrimonial da Mossapyra S.A., vamos assumir, simplificadamente, que suas contas
principais já foram deduzidas das contas retificadoras do Ativo Permanente, ou seja, o DRE já se
basearia em um BP “ajustado”.
É comum dizer que o objetivo das empresas capitalistas é a maximização do lucro. Porém,
podemos ver com a DRE que há diversas definições de “lucro”. Se o escopo da empresa for o
desempenho da sua estrutura produtiva para a criação de valor, então a maximização do EBTIDA
faz mais sentido que a maximização do Lucro Líquido contábil. Esse último é, antes, um mero
valor residual que irá ser lançado como disponibilidades para o exercício seguinte, tal como po-
deremos verificar com a DFC na seção seguinte.
O que ilustramos aqui é o denominado método indireto, pelo qual os recursos provenien-
tes das atividades operacionais são demonstrados a partir do Lucro Líquido, ajustado pelos itens
considerados nas contas de resultado que não afetam o caixa da empresa. Em contrapartida, o
método direto demonstra os recebimentos e os pagamentos derivados das atividades operacio-
nais da empresa em vez do Lucro Líquido ajustado.
Basicamente, o aumento dos ativos impacta negativamente o caixa, enquanto que um au-
mento dos passivos impacta positivamente o caixa (obviamente, os sinais são trocados quando
há uma redução dos ativos ou dos passivos). Ressalte-se, novamente, que, no método indireto,
© U3 - Análise Financeira de Demonstrativos Contábeis 77
para conciliar o Lucro Líquido com o fluxo de caixa líquido, são necessários alguns ajustes para
eliminar do lucro líquido o efeito de todos os valores diferidos decorrentes de operações de
recebimentos e pagamentos, bem como os efeitos de todos os itens classificados no fluxo de
caixa como investimentos ou financiamentos, tais como: depreciação, amortização de fundo de
comércio, ganhos ou perdas com vendas do ativo imobilizado e outras operações descontínuas.
A partir do Lucro Líquido de 31/12/x2 da Mossapyra S.A., somamos a Depreciação do Imo-
bilizado (informado pelas Notas Explicativas), subtraímos a variação do Diferido (equivalente à
Amortização do Diferido com sinal trocado), subtraímos a variação do Ativo Circulante Opera-
cional e somamos a variação do Passivo Circulante Operacional. No caso, podemos notar que
houve aumento do Diferido de um ano para outro, implicando em uma Amortização negativa,
ou seja, as despesas diferidas aumentaram, o que, a princípio, deve ter reflexo operacional para
a empresa no seu próximo exercício. Além disso, houve queda dos Ativos e Passivos Circulantes
Operacionais de um ano para outro, implicando, respectivamente, entrada e saída de caixa.
Observe o cálculo:
12.345 + 10.000 – ( 5.600 – 6.500 )
– ( 40.500 – 32.000 ) + ( 39.110 – 40.500 )
= 13.355
Tente conferir as contas para determinar o Fluxo de Caixa dos Financiamentos, de modo
que este perfaça uma entrada de R$4.915,00 (note que, nesse modelo, novamente, para simpli-
ficar, o valor do lucro líquido impactou diretamente a conta reservas de lucros de um ano para
outro). A soma de todos os fluxos de caixa é R$5.930,00, o que, somado ao saldo do Ativo Circu-
lante Financeiro do ano “x1”, implica um novo saldo de R$11.930,00 para o ano “x2”.
Para encerrarmos esse tópico, façamos a leitura do texto a seguir, que trata da gestão e
demonstração do fluxo de caixa. É um texto para todos nós refletirmos!
não pode ressaltar um e ignorar o outro. Uma empresa é um dragão de duas cabeças quando se trata desse assunto.
Ignorar o Fluxo de Caixa pode levar a empresa a um abismo mesmo que ela tenha uma boa fórmula de se obter lucro.
Alguns gerentes de negócios preocupam-se em produzir lucro e tratam o Fluxo de Caixa superficialmente. Na verdade
deveriam dar a mesma ênfase para ambos.
Isso é sentido, também, no âmbito de análise de investimentos. A projeção do valor presente dos fluxos de caixa
na forma de dividendos para os acionistas tem se destacado cada vez mais para a avaliação de ações de uma cor-
poração. Mesmo em termos funcionais, podemos facilmente notar que a boa administração do fluxo de caixa é tão
importante quanto o lucro. Por exemplo, seria satisfatória para você a situação de trabalhar para uma empresa que
obteve grandes lucros atrasando o pagamento de seu salário?
Por outro lado, há diversos instrumentos, como o lote econômico, para a gestão do fluxo de caixa, sendo que a
análise da Demonstração do Fluxo de Caixa pode ser considerada imprescindível. Entretanto, você deve ter obser-
vado, mesmo em nosso exemplo simplificado, a profusão de ajustes e hipóteses para a devida conciliação contábil.
Reconhece-se que, até a compreensão dos termos, é difícil para os não especialistas, inclusive em nível de gerência.
Há necessidade de se conscientizar que há diversas limitações nos lançamentos que precisam ser levadas em con-
ta, tais como o uso do princípio do regime de competência ao invés do, talvez mais útil administrativamente, regime
de caixa.
Assim, embora a Demonstração do Fluxo de Caixa seja um relatório importante, sua análise deve ser acompanhada
necessariamente de outras que permitam maior agilidade decisória e maior proximidade com as perspectivas rela-
cionadas às atividades produtivas e financeiras de uma empresa. E, acima disso, o analista financeiro deve procurar
sempre ter uma visão sistêmica da empresa, contextualizando qualitativamente os números obtidos por quaisquer
instrumentos de análise que utilize.
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O Ativo Não Circulante, a grosso modo, apresentou pouca variação de um ano para outro.
As maiores variações pontuais – queda de 20% em Empréstimos a Empresas Coligadas e queda
de 42,1% em Veículos, Móveis e Utensílios – referem-se a haveres de peso relativamente baixo
– ambos de 0,2% no último ano. Mas, tendo em vista justamente o peso relativo, chama-nos a
atenção o crescimento de 9,5% em Prédios.
Como a Mossapyra S.A. está financiando o crescimento das Duplicatas a Receber e dos
Prédios? Bem, ainda não é possível responder diretamente, pois, para isso, seria necessário
fazer uma diligência mais pormenorizada das contas. Mas o lado direito do Balanço Patrimonial
oferece algumas pistas ou uma visão de seus resultados.
Índices financeiros
A partir das demonstrações contábeis, podemos calcular indicadores ou índices auxiliares
para melhor visualização da situação financeira da empresa. Há inúmeros índices que podem ser
montados, conforme os aspectos que o analista queira destacar.
Tal como enfatizam Meligorini e Vallim (2007, p. 50):
Para avaliar se a situação econômica ou financeira da empresa pode ou não ser considerada satisfa-
tória, seus índices devem ser comparados com os de outras empresas que atuem no mesmo setor e
que tenham porte semelhante, bem como os indicadores-padrão do setor. É importante ressaltar que
se pode obter uma variedade de índices para cada um dos agrupamentos listados; a literatura sobre o
assunto apresenta os mesmos índices, com fórmulas ligeiramente diferenciadas. […] O leitor, se julgar
conveniente, pode incorporar novos índices ou até mesmo suprimir alguns deles.
Portanto, não apenas devemos elaborar os índices, mas compará-los com os das demais
empresas. Segundo Wernke (2008, p. 241):
Ao avaliar o desempenho dos indicadores financeiros da companhia perante os mesmos parâmetros
da média do setor em que esta se insere, é possível obter informações acerca da sua capacidade de
acompanhar, superar ou ser superada por empresas semelhantes. Para tanto, podem ser úteis os levan-
tamentos de dados que sistematicamente vêm sendo feitos há vários anos por diversas instituições de
classe (como federações estaduais da indústria, associações comerciais, sindicatos empresariais etc.) e
entidades públicas ou assemelhadas que regularmente fazem estatísticas sobre determinados setores
ou atividades comerciais (IBGE, FGV, Sebrae etc.). Além disso, há empresas privadas especializadas em
disponibilizar informes econômico-financeiros que possuem um banco de dados sobre diversos seg-
mentos. Assim, mediante pagamento, os analistas podem ter acesso ao balanço consolidado da área
de interesse e aos indicadores de desempenho respectivos ou àqueles de determinada empresa que
publique demonstrações contábeis. Por outro lado, há algumas revistas e jornais de negócios que pu-
blicam anualmente listas de “melhores empresas”, e essa seleção se baseia em indicadores que podem
ser úteis para averiguar o desempenho da empresa na comparação com as melhores do país no setor
de atuação.
Nesse Caderno de Referência de Conteúdo, destacaremos alguns dos índices mais conhe-
cidos, os quais podem ser classificados, segundo Megliorini e Vallim (2007), em:
1) Índices de Liquidez.
2) Índices de Atividade.
3) Índices de Endividamento.
4) Índices de Lucratividade.
Vejamos cada um deles com suas respectivas fórmulas:
Índices de Liquidez
Os Índices de Liquidez indicam a capacidade de a empresa cumprir suas obrigações de
curto prazo nas datas de vencimento. Os índices de liquidez são:
Liquidez Corrente
O Índice de Liquidez Corrente mede a relação entre haveres de curto prazo da empresa
para cada unidade monetária de obrigações de curto prazo. Sua fórmula é:
Ativo Circulante
Passivo Circulante
Liquidez Geral
O Índice de Liquidez Geral acrescenta os haveres e obrigações de longo prazo.
Liquidez Imediata
O Índice de Liquidez Imediata limita-se a quanto a empresa possui em dinheiro (em “cai-
xa”, “bancos” e “aplicações financeiras”) em relação à dívida de curto prazo.
Disponibilidades
Passivo Circulante
Liquidez Seca
O Índice de Liquidez Seca abstrai os estoques (que podem ser considerados como ativos
não financeiros) do Ativo Circulante para sua relação com a dívida de curto prazo.
Caso a preocupação maior seja a liquidez da empresa, então quanto mais altos os índices,
melhor a situação da capacidade de pagamento da empresa. Entretanto, cada índice salienta
aspectos distintos da política de capital de giro da empresa. Por exemplo, não necessariamente
é um bom sinal a empresa possuir um Índice de Liquidez Imediata elevado, principalmente devi-
do a um “caixa” excessivamente grande, devido ao custo de oportunidade de deixar o dinheiro
“parado”.
Índices de Atividade
Os Índices de Atividade estimam o tempo que uma empresa demora, em média, para re-
ceber de clientes, pagar os fornecedores e renovar os estoques, além de quantas vezes, em um
dado período de tempo, ocorrem essas atividades. Uma vez que trabalhemos com demonstra-
ções contábeis anuais, para chegar ao período médio em dias, podemos assumir ano comercial
de 360 dias. Alternativamente, também poderia ser considerado ano civil de 365 dias, embora a
diferença não seja muito grande. Caso trabalhemos com demonstrações contábeis trimestrais,
teríamos então de considerar períodos de 90 dias ao invés de 360 dias.
Vejamos cada um dos índices de atividade:
Duplicatas a Re ceber
× 360 dias
Re ceita Operacional Líquida
Giro de Recebimentos
360 dias
= vezes por ano
PMR
Duplicatas a Pagar
× 360 dias
Compras Anuais
Giro de Pagamentos
360 dias
vezes por ano
PMP
Estoques
× 360 dias
Custo Operacional
Giro de Estoques
360 dias
vezes por ano
PME
Novamente, para interpretação dos índices, precisamos contextualizá-los à situação e à
estratégia adotada pela empresa. Em tese, quanto maior o Período Médio de Recebimentos e,
consequentemente, quanto menor o Giro de Recebimentos, menos favorável está a situação
financeira da empresa. Ou seja, grosseiramente falando, a empresa demora muito a receber
dos clientes, e os recebimentos ocorrem poucas vezes no período. Também desfavorável, nova-
mente em tese, seria o caso se o Período Médio de Pagamentos fosse muito curto, e o Giro de
Pagamentos, muito elevado.
Em empresas industriais ou de transformação, a interpretação financeira dos estoques
tem de estar forçosamente acompanhada da interpretação operacional e mercadológica. Se for
assumido, por exemplo, que o ideal, ao menos em termos financeiros, é manter o nível de esto-
ques o mais baixo possível para diminuir seu custo de carregamento, então pode ser entendido
como más notícias um Período Médio de Estoques (ou Período Médio de Estocagem) alto e,
consequentemente, um Giro de Estoques baixo.
Índices de Endividamento
Os Índices de Endividamento também devem ser pesados com relação aos objetivos es-
tratégicos da empresa. Caso interesse mais a empresa manter um endividamento baixo, quanto
menor o Endividamento Geral, melhor, desde que não prejudique as operações da empresa. Em
enfoque mais amplo, interessa também observar a composição ou estrutura do capital. Para
tanto, destacamos aqui a relação entre o Imobilizado do Patrimônio Líquido, que, a princípio,
indica a relação entre o ativo, que supostamente gerará maior produção e rendimento no futu-
ro, e o financiamento dado pelo capital próprio aplicado pelos acionistas. Por fim, destacamos o
Exigível a Longo Prazo sobre o Patrimônio Líquido, que indica a relação entre capital de terceiros
de longo prazo e o capital próprio.
© U3 - Análise Financeira de Demonstrativos Contábeis 85
Endividamento Geral
Ativo Permanente
Patrimônio Líquido
Índices de Lucratividade
Entre os Índices de Lucratividade, há os índices de “margem” de lucro sobre as vendas,
destacando-se os conceitos de Lucro Bruto, Lucro Operacional (ou EBIT) e Lucro Líquido. A Taxa
de Retorno sobre o Ativo Total – também denominado de Return on Asset (ROA) – reflete o de-
sempenho operacional da empresa, enquanto que a Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido
– também denominado de Return on Equity (ROE) – reflete a rentabilidade disponibilizada para
o capital próprio (a terminologia é variada e não é incomum na literatura até associar o ROA
e/ou o ROE com o conceito de Taxa de Retorno sobre o Investimento – Return on Investiment
(ROI) – embora, em nosso entender, o ROI se refira a investimentos mais específicos). A fim de
salientar a geração de valor para o acionista, pode-se descontar do Patrimônio Líquido o Lucro
Retido, ou seja, do lucro que não é distribuído aos acionistas.
Vejamos as fórmulas:
Margem Bruta
Lucro Bruto
Re ceita Operacional Líquida
Margem Operacional
Lucro Operacional
Re ceita Operacional Líquida
Margem Líquida
Lucro Líquido
Re ceita Operacional Líquia
Lucro Operacional
Ativo Total
Lucro Líquido
Patrimônio Líquido - Lucro Re tido
Assim, o último resultado do Índice de Liquidez Geral da Mossapyra S.A. – de 0,83 – pode
ser considerado relativamente baixo se a empresa atuar, por exemplo, no setor de Indústria
Digital no período descrito na Tabela 1, mas nem tanto se atuar no setor de Energia. Obvia-
mente, essa é apenas uma ilustração de uma entre muitas comparações que podem ser feitas.
Uma análise estratégica, por exemplo, identificaria e compararia os dados do(s) concorrente(s)
direto(s) da empresa.
Passando agora para outros índices, vemos que o Período Médio de Recebimentos da
Mossapyra S.A. aumentou (e o Giro de Recebimentos diminuiu) de um ano para outro, ao pas-
so que o Período Médio de Pagamentos diminuiu (e o Giro de Pagamentos aumentou). Esses
resultados tendem a ser considerados financeiramente desfavoráveis para a administração da
empresa. Porém, o Período Médio de Estoques diminuiu (e o Giro de Estoques aumentou), o
que tende a ser considerado financeiramente favorável.
O Endividamento Geral apresentou leve aumento, enquanto que a Imobilização do Patri-
mônio Líquido apresentou ligeira diminuição. Entretanto, ressalta-se o significativo crescimento
do Exigível a Longo Prazo em relação ao Patrimônio Líquido, a despeito de todos os índices de
lucratividade terem apresentado queda de um ano para outro.
Embora os dados apresentados da Mossapyra S.A. até agora ainda não permitam uma
visão completa de sua situação, há suficientes elementos para questionar se o sacrifício da lu-
cratividade e o aumento da liquidez e do endividamento de longo prazo são compatíveis com
a estratégia de crescimento da empresa e com o setor em que atua. Efetivamente, saber fazer
questões fundamentadas é uma importante contribuição do analista para a administração das
empresas, possibilitando-lhes maior autoconhecimento e até mesmo mudança de rumos.
Como coloca Wernke (2008, p. 242):
Especialmente quando a avaliação de desempenho é realizada com finalidades gerenciais estritamen-
te internas, a última fase do processo de análise das demonstrações contábeis consiste definir ações
que serão implementadas em virtude dos resultados apurados. Com isso, medidas de incentivo ou
aprimoramento das estratégias atuais que proporcionam efeitos benéficos podem ser determinadas
ou planejadas. Por outro lado, ao detectar aspectos indesejados evidenciados pela evolução dos indi-
cadores, iniciativas de correção de rumo ou visando substituir políticas comerciais adotadas devem ser
implementadas.
Ou seja, com a análise sistemática dos demonstrativos contábeis da própria empresa (ou de terceiros),
os administradores financeiros têm condições de identificar pontos positivos ou negativos relacionados
ao desempenho das organizações que dirigem (ou que se relacionam comercialmente ou que preten-
dem investir). Quanto mais familiarizados com as técnicas analíticas e com os indicadores econômico-
-financeiros […], mais chances ou oportunidades os gestores terão para otimizar os resultados.
De qualquer forma, por mais complexa que aparente ser a contabilidade, ainda mais com-
plexo é o ambiente empresarial. As Ciências Contábeis estão em constante evolução, procu-
rando acompanhar a evolução da dinâmica dos mercados. Assim, no próximo tópico, iremos
nos estender mais um pouco sobre os princípios contábeis, até para salientar a importância de
termos uma visão crítica e sistêmica no tratamento dos números.
Antes disso, vejamos mais texto que nos ajudará a refletir sobre o conteúdo abordado até
o momento.
O retângulo de cima é uma Demonstração de Renda, […]. Mede renda e despesas. Dinheiro que entra e dinheiro que sai.
O diagrama inferior é um Balanço. É chamado de Balanço porque representa o equilíbrio entre ativos e passivos. Muitos
novatos nas finanças não conhecem a relação entre a Demonstração de Resultado e o Balanço. […] meu pai rico dizia
para dois garotos que “ativos põem dinheiro no seu bolso”. Simpático, simples e útil.
“Este é o padrão de fluxo de caixa de um passivo”.
Agora que ativos e passivos foram definidos em diagramas, pode ficar mais fácil o entendimento das palavras.
Um ativo é algo que põe dinheiro no meu bolso.
Um passivo é algo que tira dinheiro do meu bolso.
Isto é o que você realmente precisa saber. Se quer ser rico, simplesmente passe sua vida comprando ativos. Se quer
ser pobre ou pertencer à classe média, passe a vida comprando passivos. É o desconhecimento dessa diferença que
provoca a maior parte das dificuldades financeiras. […]
As setas nos diagramas representam o movimento do dinheiro ou “fluxo de caixa”. Números apenas dizem pouco. Do
mesmo modo como palavras dizem pouco. É a história que conta. Nas demonstrações financeiras, a leitura dos números
é a busca pelo enredo, pela história. A história de para onde o dinheiro está indo. Em 80% das famílias, a história finan-
ceira é um percurso de trabalho árduo na tentativa de progredir. Não porque não ganhem dinheiro. Mas porque passam
suas vidas comprando passivos no lugar de ativos.
O que você está fazendo para aumentar seus ativos e diminuir seus passivos?
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Além disso, há ainda o que vem a ser chamado de convenção da consistência. Ainda se-
gundo Megliorini e Vallim (2009, p. 36),
[...] por essa convenção, uma vez adotado determinado procedimento (entre todos os possíveis), ele
não deverá ser alterado com frequência, sob pena de prejudicar a comparação dos dados contábeis no
tempo.
tativa de inflação for, por exemplo, de elevação, então é do interesse dos acionistas e investido-
res ter noção do valor real dos rendimentos que suas aplicações podem propiciar.
Esse e outros exemplos ilustram como as normas contábeis, embora muito importantes,
são referências insuficientes para a tomada de decisão. Efetivamente, os próprios estudiosos
das Ciências Contábeis procuram ampliar os limites da abordagem contábil, tornando-a mais
útil para a gestão das empresas. Nesse sentido, podemos propor a seguinte classificação de
abordagens contábeis:
• Contabilidade Convencional: esta é voltada para o atendimento das normas e regula-
ções vigentes, tendo em vista os usuários externos das informações contábeis, sendo
campo de atuação, por exemplo, dos auditores.
• Contabilidade Gerencial: esta é voltada para a aplicação dos métodos e conceitos con-
tábeis na gestão das organizações, tendo em vista os usuários internos das informa-
ções. Podemos identificar as seguintes vertentes:
a) Em nível operacional das empresas, quando o foco é o aumento da eficiência produti-
va, destaca-se a chamada Contabilidade de Custos, sendo campo de atuação, inclusi-
ve, de engenheiros de produção.
b) Em nível financeiro, quando o foco é a análise financeira dos investimentos, propomos
que seja chamada de Contabilidade voltada às Finanças. Entretanto, cabe alertar que
o termo “contabilidade financeira” é utilizado por muitos – em nosso entender, erro-
neamente –, no sentido que aqui damos à contabilidade convencional.
Todavia, o fato de a contabilidade convencional ter uma natureza de registro histórico, não
a invalida como instrumento e muito menos como base de tomada de decisão administrativa.
Muito pelo contrário, a contabilidade possui uma metodologia explícita e objetiva, o que, nem
sempre, pode ser dito, por exemplo, de alguns métodos estatísticos e econométricos de análise
e previsão. Assim, quando se critica a contabilidade convencional, não se deve perder de vista a
sua importância até para melhorar organização de uma empresa.
Além disso, tal como ocorre com as leis, as normas e convenções contábeis variam geogra-
ficamente e evoluem com o tempo. O desenvolvimento dos mecanismos financeiros e da pró-
pria tecnologia de informações leva a novos desafios para a aferição e controle das transações
monetárias. Esse é um desafio também para as autoridades monetárias, cujos bancos centrais
têm de lidar com formas cada vez mais inovadoras de meios de pagamento. Um exemplo da
dificuldade de controle financeiro é a crise de crédito ocorrida em 2007, a partir do mercado
imobiliário dos EUA, a qual foi acentuada pelos chamados derivativos – ativos cujo valor deri-
vam dos valores de outros ativos e indicadores – utilizados pelo sistema financeiro.
De fato, atualmente, há um processo contínuo em andamento de padronização dos prin-
cípios e normas contábeis no mundo todo. Mas como existem vários tipos de usuários das de-
monstrações contábeis, cada um com sua própria especificidade jurídica e econômica, as nor-
mas contábeis tendem a ser estabelecidas por uma série de entidades governamentais e de
classe, em diversos âmbitos, o que dificulta o estabelecimento de um padrão ou conjunto de
princípios que seja universalmente aceito.
Particularmente no Brasil, ainda podemos distinguir entre as normas voltadas para a Con-
tabilidade Pública e para a Contabilidade Empresarial. No que diz respeito à legislação voltada
à contabilidade do setor público, destaca-se a Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que esta-
belece as Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e ba-
lanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Essa é uma referência básica
para as portarias da Secretaria do Tesouro Nacional, por exemplo, que procuram uniformizar e
consolidar padrões de contabilidade para os balanços dos órgãos do setor público.
Quanto à legislação voltada à contabilidade das empresas, temos diversas leis esparsas,
porém, podemos destacar:
1) a Lei nº 6.404/15.12.1976 para as sociedades por ações, recentemente alterada pela
Lei nº 11.638/28.12.2007;
2) o Código Civil, para outros tipos de sociedades;
3) as normas sobre Contabilidade Tributária, geralmente de responsabilidade da Secre-
taria da Receita Federal;
4) as normas para o mercado de capitais, de responsabilidade da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM);
5) as Normas Brasileiras de Contabilidade, emitidas pelo Conselho Federal de Contabili-
dade (CFC).
O Conselho Federal de Contabilidade, juntamente com os Conselhos Regionais de Con-
tabilidade, mantém grupos de estudo e trabalho para consolidação das Normas Brasileiras de
Contabilidade. Ele define, por exemplo, segundo a Resolução CFC n° 750/1993, que há sete prin-
cípios contábeis: entidade; continuidade; oportunidade; registro pelo valor original; atualização
monetária; competência e prudência. Devido à sua complexidade, não iremos discutir cada um
desses princípios, mas ressaltamos a importância dessas referências quando de maior diálogo
entre o gestor financeiro e o contabilista, ambos interessados na melhor mensuração do desem-
penho da empresa em que atuam.
IFRS ´ US GAAP––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
IFRS com prazo de validade
Normas obrigatórias, a partir de 2010, estão em revisão e podem mudar mais se houver convergência com os EUA.
As normas internacionais de contabilidade que serão adotadas, obrigatoriamente, pelas companhias abertas brasilei-
ras nos balanços de 2010, conhecidas como IFRS, estão com o prazo de validade perto de vencer. Enquanto conta-
dores e auditores locais correm contra o tempo para deixar tudo pronto no prazo, os principais órgãos internacionais
responsáveis pela emissão de normas contábeis tentam costurar um entendimento que pode resultar em mudanças
significativas nas regras atuais.
Na prática, isso quer dizer que o modelo novo adotado pelas companhias aqui no Brasil pode se tornar velho em
poucos anos.
Um exemplo é o caso das provisões para inadimplência dos empréstimos. Até o ano passado, os bancos brasileiros
usavam o critério da perda esperada para calcular a provisão de devedores duvidosos. No balanço em IFRS referen-
te a 2010, terão de usar o sistema de perda incorrida. Daqui a poucos anos, com a revisão da norma internacional, o
mais provável é que voltem para o sistema antigo, embora com algumas diferenças no método de avaliação.
Além desse processo contínuo de aperfeiçoamento das normas IFRS, que já ocorre normalmente, isso deve se
intensificar tendo em conta a busca por um padrão global de contabilidade que envolva também os Estados Unidos.
O Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb), que emite as IFRS, e o seu similar americano Fasb,
responsável pelo padrão chamado de US Gaap, têm dito repetidamente que buscam uma convergência entre os dois
sistemas de contabilidade.
De fato houve acordo entre os dois órgãos em diversos aspectos tratados até agora, mas numa das áreas mais
importantes e polêmicas, relativa à classificação e mensuração de instrumentos financeiros, o que se viu foi um
distanciamento de opiniões.
Seguindo o histórico de sua escola, o Fasb deixou claro há duas semanas, com a divulgação de uma minuta que
entrou em audiência pública, que defende uma abordagem que aumenta a abrangência do registro dos instrumentos
financeiros pelo valor de mercado (valor justo), enquanto o Iasb já emitiu uma nova norma, o IFRS 9, que admite com
maior flexibilidade o uso do método do custo amortizado (marcação do papel pela curva), o que deve reduzir a vola-
tilidade dos balanços em momentos de crise.
Os especialistas não consideram que essa divergência seja insolúvel, mas entendem que, se o objetivo for alcançar
um único padrão contábil internacional de alta qualidade, algum dos lados terá que ceder, ou os dois.
Eventuais mudanças que o Fasb possa fazer no US Gaap não interferem no novo padrão de contabilidade brasileiro, que
tem como base as IFRS, ressalta a presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Ana María Elorrieta.
No entanto, ela admite que tanto a minuta proposta pelo órgão americano, como os comentários recebidos durante
a audiência pública, podem influenciar a regulamentação do Iasb.
O IFRS 9 foi emitido em agosto, com permissão para adoção antecipada, mas com o uso obrigatório previsto apenas
para o exercício de 2013. Diante disso, uma mudança na regra até poderia ser feita, mas não seria algo trivial, uma
vez que África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e algumas empresas japonesas já estão usando o novo sistema.
Também não seria fácil para o Iasb simplesmente ignorar todo o processo de audiência pública conduzido para ela-
borar o IFRS 9 e dizer que mudou de ideia após ouvir a opinião do Fasb.
Nesse sentido, o Iasb pediu que todos os agentes envolvidos com o IFRS nos mais de 120 países que adotam mo
modelo se manifestem na consulta feita pelo órgão americano. A esperança é que, ao perceber a reação do mercado
à sua proposta, o Fasb possa rever o texto sugerido.
Segundo o professor Eliseu Martins, representante da Fipecafi no Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a
minuta apresentada pelo Fasb expande o uso do valor justo para quase todos os instrumentos financeiros, como
carteiras de recebíveis e de empréstimos, que nos sistemas contábeis usados até agora podiam ser marcados pela
curva, caso fossem mantidos até o vencimento. «Parece que depois de toda essa discussão sobre valor justo, o Fasb
concluiu não só que ele não foi responsável pela crise financeira, como quer expandir seu uso», diz o professor, que
destaca que as diferenças em relação ao modelo proposto no IFRS “são grandes”.
Se o Iasb for convencido a seguir pelo mesmo caminho do Fasb, isso mudaria bastante não só o balanço dos bancos,
como das empresas não financeiras brasileiras, diz Eliseu.
Se o plano A de convergência total entre o IFRS e US Gaap não der certo, não está descartado um caminho de meio termo.
O plano B teria como base aproximar a contabilidade em quase todos os pontos e apresentar uma breve reconciliação com as
diferenças. Nesse cenário, há expectativa de que a Securities and Exchange Commission (SEC) poderia permitir a adoção
do IFRS pelas empresas americanas mesmo sem a convergência total (TORRES, 2010).
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta
unidade:
1) Qual a diferença entre custos e despesas? Aluguel é um custo ou despesas? Salário é um custo ou despesa?
2) O que é capital de giro? Que outros nomes ele pode ser chamado? Quais são os seus componentes? O que jus-
tifica que ele esteja no lado do ativo ao invés do lado do passivo de um Balanço Patrimonial?
4) Por meio de razonetes, indique como uma compra financiada de um bem pode ser lançada a débito e a crédito.
A seguir, faça o mesmo com uma venda financiada de um bem.
5) Pesquise o conceito de Ativo Intangível e a importância de sua explicitação na versão mais recente da chamada
“Lei das S.A.” (Lei nº 11.638).
6) Por que Despesas Financeiras Líquidas são classificadas como Despesas Operacionais? Aponte vantagens e des-
vantagens desse procedimento.
7) Por que não se pode dizer que o principal objetivo de uma empresa capitalista seja a maximização do Lucro
Líquido Contábil?
8) Suponha que uma firma aumente seu endividamento bancário. Como isso afeta a DFC?
9) Suponha que uma firma revenda parte de seus equipamentos. Como isso afeta o BP, a DRE e a DFC?
10) Nesta unidade foi ilustrado o chamado método indireto para elaboração da DFC. Como seria esse método?
Quais as suas vantagens e desvantagens?
11) Quais as vantagens e desvantagens de cada índice de liquidez (geral, corrente, imediata e seca) do ponto de
vista da administração de uma empresa industrial, comercial e de serviços?
12) O ROA pode ser entendido como rentabilidade da empresa e o ROE como rentabilidade do empresário. Justifi-
que.
13) Como podem ser elaborados a Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, e Demonstração do Valor
Adicionado?
14) “Um ativo é algo que põe dinheiro no meu bolso”. Até que ponto essa afirmação é válida? Avalie também a
afirmação “um passivo é algo que tira dinheiro do meu bolso”.
15) “Não se deve misturar o caixa da empresa com o caixa de seus proprietários”. Essa recomendação fundamental
para uma gestão financeira profissional tem ressonância em um dos princípios contábeis adotados pelo Conse-
lho Federal de Contabilidade. Qual é esse princípio? Justifique.
17) O que é contabilidade gerencial? Qual sua importância para a gestão e análise financeira?
18) O que é contabilidade de custos? Qual sua importância para a gestão e análise financeira?
19) O que vem a ser US GAAP e FASB? Pesquise como suas normas diferem das normas brasileiras.
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, tanto oferecemos os conceitos básicos de contabilização da movimenta-
ção financeira de uma organização quanto levantamos pontos complexos e atuais de discussão
sobre os procedimentos contábeis.
Cabe, agora, a você, em seus diversos níveis de formação e interesse, aprofundar-se nesse
ou naquele tópico levantado. Porém, ao final, o gestor financeiro tem de estar a par dos usos
e limitações dos instrumentos contábeis para melhor análise e melhor diálogo com as demais
áreas de atuação da organização. Deve ser enfatizado que a contabilidade ainda é reconhecida-
mente o mais poderoso sistema de informações de uma empresa e que as críticas feitas a ela
– tal como podem para a própria gestão financeira – não devem demovê-lo de seus esforços de
entendimento.
11. E-REFERÊNCIAS
Lista de tabela
Tabela 1 Índice de Liquidez Geral – comparação por setor. Adaptado de: <http://mm.portalexame.abril.com.br>. Acesso em: 18
jun. 2012.
Sites pesquisados
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Princípios fundamentais e normas brasileiras de contabilidade. 3. ed. Brasília:
CFC, 2008. Disponível em: <http://www.cfc.org.br>. Acesso em: 18 jun. 2012a.
______. Resoluções, Ementas e Normas do CFC. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.
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BRASIL. Presidência da República. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 18 jun. 2012a.
______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/
lei/l11638.htm>. Acesso em: 18 jun. 2012b.
PORTAL DE CONTABILIDADE. Glossário de termos contábeis. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/
glossario.htm>. Acesso em: 19 jun. 2012.
MEGLIORINI, E.; VALLIM, M. Aurélio. Administração financeira: uma abordagem brasileira. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2007.
OLIVEIRA, A. T.; COSTA, J. A. V.; CANAN, I. 11 anos sem correção! Uma análise dos efeitos da correção monetária não reconhecida
nas demonstrações contábeis do Serviço Social da Indústria – SESI de 1996 a 2006. Revista de Contabilidade do Mestrado em
Ciências Contábeis da UERJ, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p. 1, set./dez., 2007.
TORRES, F. IFRS com prazo de validade. Valor Econômico, São Paulo, jun. 2010.
TRACY, J. A. Accounting for dummies. Foster City, CA: Book Wordwide, 1999.
WERNKE, R. Gestão financeira: ênfase em aplicações e casos nacionais. Rio de Janeiro: Saraiva, 2008.
EAD
Mercados Financeiros
e de Capitais
1. OBJETIVOS
• Ambiente financeiro, principais instituições, papéis e operações.
• Aplicações e captações de recursos financeiros de curto e de longo prazo.
2. CONTEÚDOS
• Visão geral.
• Sistema financeiro nacional: composição, evolução recente e tendências, factoring e
cartão de crédito, Copom, Selic e taxa de juros over-Selic, títulos públicos e títulos pri-
vados bancários (CDB, CDI, RDB e RDI).
• Operações de financiamento de curto prazo.
• Instituições e fundos de financiamento de longo prazo.
• Papéis para capitalização das empresas: ações, debêntures, notas promissórias, letras
de câmbio, CRI e FIDC.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Para direcionamento do presente texto, optamos por enfatizar os elementos que mais
diretamente possam interessar aos gestores financeiros das empresas. Assim, a presente uni-
dade descreve sucintamente as principais instituições e operações dos mercados financeiros e
de capitais.
São mercados extremamente dinâmicos e em constante evolução. Devemos reconhecer
que qualquer descrição já começa, de certa forma, desatualizada, principalmente em seus de-
talhes. E, por vezes, um simples detalhe relacionado a alguma modificação na forma como de-
terminado produto financeiro é tributado leva a grandes fortunas ou a grandes prejuízos com
suas operações.
Recomenda-se ao estudante interessado que procure informações adicionais não ape-
nas em livros ou manuais, mas em periódicos especializados, como o jornal Valor Econômico, a
revista Conjuntura Econômica e sites da internet. Portanto, convidamos você a pesquisar, a se
aprofundar, e mesmo a corrigir, se necessário, o texto desta unidade.
A primeira seção da presente unidade oferece uma visão geral e crítica da função dos
mercados financeiros, enfatizando não apenas seu papel para o crescimento econômico, mas
também suas distorções.
Não é incomum encontrar em muitas pessoas certo preconceito com relação aos bancos
e mesmo à política monetária.
Sempre parece que o dinheiro é caro e escasso, tanto para produção quanto para consu-
mo de bens, ao passo que se noticia grandes lucros em instituições bancárias. Entretanto, sem
as instituições financeiras e o crédito, nem a produção nem o consumo seriam viabilizados em
volume socialmente satisfatório.
As eventuais distorções dos mercados financeiros, que fazem que eles pareçam, antes,
obstáculos do que meios para o crescimento econômico, não deixam de refletir contradições
históricas da estrutura econômica em que estamos inseridos. Assim, é preciso ampliar os ho-
rizontes para compreender devidamente como os mercados têm funcionado e quais as suas
tendências.
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 99
5. VISÃO GERAL
Comecemos com uma visão geral para reflexão.
Embora sigamos a tradição e façamos uma distinção no título desta unidade entre mer-
cados “financeiros” e de “capitais”, na verdade, tal distinção não é tão nítida, seja em termos
conceituais, seja em termos didáticos.
Geralmente, associa-se o mercado de capitais a operações com papéis, como ações e de-
bêntures, enquanto o mercado financeiro é associado a operações com demais títulos de dívida,
caracteristicamente de curto ou médio prazo.
Ainda de forma um tanto difusa, entende-se que o mercado de capitais está voltado espe-
cificamente para o financiamento do investimento e do crescimento das empresas produtivas
de bens, enquanto o mercado financeiro se refere ao crédito em geral. Alguns autores, como
Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 15-18), optam por distinguir os mercados do dinheiro nos
segmentos monetário (para controle da liquidez monetária da economia e dos suprimentos
momentâneos de caixa), de crédito (para financiamento do consumo e capital de giro das em-
presas), de câmbio (para conversão de valores em moedas estrangeiras e nacional) e de capitais
(para financiamento de investimentos, de giro e especiais, como habitação).
Em nosso entender, porém, os mercados financeiros e de capitais se interagem de manei-
ra tão abrangente na prática que qualquer distinção é apenas para convenção preliminar de aná-
lise. Ao final, tudo se refere a finanças ou aos mecanismos pelos quais o dinheiro é comerciado
para as pessoas, sejam físicas ou jurídicas, do setor privado ou público.
Esquematicamente, as transações financeiras podem ser entendidas como relações entre
aplicadores e tomadores de recursos. Em outras palavras, entre credores e devedores, entre
emprestadores e captadores de empréstimos ou entre superavitários e deficitários de exceden-
tes. Observe o esquema a seguir:
As pessoas físicas e jurídicas, tomadoras de recursos, possuem duas opções básicas para
se financiar: recorrer diretamente ao mercado (por exemplo, por meio do lançamento de notas
promissórias) ou recorrer aos serviços de intermediários financeiros (por exemplo, bancos e
fundos).
Entre os serviços que podem ser prestados pelos intermediários financeiros, estão a cus-
tódia de recursos e a liquidação das transações. Os recursos podem ser captados como depósi-
tos à vista, depósitos a prazo, letras e obrigações, cotas de fundos etc.
Os intermediários financeiros podem lucrar tanto pelos juros cobrados pelas operações de
empréstimos quanto pelas receitas operacionais (tarifas) advindas de serviços prestados.
Quem aplica em caderneta de poupança ou em Certificado de Depósito Bancário (CDB),
na verdade, está emprestando dinheiro para os intermediários financeiros emprestarem, por
sua vez, para outras pessoas.
Mesmo quem apenas deposita dinheiro em conta corrente (depósito à vista) está disponi-
bilizando recursos para os bancos financiarem ou investirem em algo.
Um simples pagamento de uma conta qualquer em um banco também disponibiliza re-
cursos para este, pelo menos enquanto a moeda estiver em fluxo, até que o credor seja pago. O
fato é que o dinheiro não fica parado, está sempre se movimentando no mercado em busca de
mais dinheiro.
Em termos ideais, as transações financeiras permitem a transformação da poupança (ren-
da não consumida) dos agentes econômicos em investimento (ampliação da estrutura produti-
va), permitindo a formação de capital e o crescimento econômico.
Mas agora cabe uma crítica: nem sempre, os fluxos de recursos alcançam os tomadores
de recursos de forma eficiente, e, nem sempre, há suficiente geração de poupança para investi-
mento produtivo.
Pode ocorrer, por exemplo, de um governo disputar excessivamente com o setor privado
os recursos da poupança nacional por meio do crescente endividamento público e da tributa-
ção. Com isso, as taxas de juros tendem a se elevar, fazendo que os retornos das transações
financeiras pareçam ser maiores que os retornos que, por exemplo, uma fábrica possa gerar.
Configura-se, por vezes, uma “ciranda financeira”. Essa expressão se tornou popular na
época das grandes taxas de inflação brasileira na década de 1980.
Com a inflação em elevação, de um lado, os investidores preferiam aplicar em operações
financeiras de curto prazo que ofereciam retornos e níveis de segurança maiores do que em em-
presas; de outro lado, os tomadores de recursos – em especial, o governo – tinham de oferecer
tais condições financeiramente atraentes para continuar operando ou uma “bolha especulati-
va”.
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 101
Essas distorções nos fluxos entre poupança e investimento não são desconhecidas para
os que atuam na economia brasileira, alinhando-se entre as suas mais graves vulnerabilidades.
Entretanto, as autoridades reguladoras dos mercados financeiros têm objetivado reduzir essas
distorções e aumentar sua eficiência por meio, por exemplo, de subsídios para determinadas
modalidades de crédito voltadas ao desenvolvimento econômico e de medidas diversas para
incentivar a concorrência entre os bancos.
Os gestores financeiros podem ter em vista esse direcionamento de política econômica na
prospecção de tendências para a tomada de decisões para suas organizações.
Contudo, sem dúvida, temos, no Brasil, um dos mais complexos e regulados sistemas fi-
nanceiros do mundo. Ao mesmo tempo, a maior parte da sociedade tem o acesso ao sistema
financeiro dificultado, de modo que os recursos financeiros ofertados não chegam a atender
adequadamente sua demanda potencial.
Apesar de a mídia volta e meia destacar os lucros expressivos obtidos pelos grandes ban-
cos privados nacionais, o mercado financeiro brasileiro pode ser considerado relativamente pe-
queno em relação às necessidades de crescimento econômico do país.
Composição do SFN
O Quadro 1 apresenta a composição do Sistema Financeiro Nacional (SFN) sob a ótica das
autoridades monetárias:
Sobre esse elenco de atores do sistema financeiro nacional, representando a parte regu-
lada do sistema, seguem informações sumarizadas coletadas do site do Banco Central do Brasil.
vinculados; promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição; zelar pela liquidez e solvência das sociedades
que integram o mercado; disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados
em bens garantidores de provisões técnicas; cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as ativida-
des que por este forem delegadas; prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP. Mais informações poderão
ser encontradas no endereço: <www.susep.gov.br>.
Resseguradores. Entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que têm por objeto exclusivo a
realização de operações de resseguro e retrocessão. O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) é empresa ressegu-
radora vinculada ao Ministério da Fazenda. Mais informações podem ser encontradas em: www.susep.gov.br e www.
irb-brasilre.com.br.
Sociedades seguradoras. São entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, especializadas em
pactuar contrato, por meio do qual assumem a obrigação de pagar ao contratante (segurado), ou a quem este desig-
nar, uma indenização, no caso em que advenha o risco indicado e temido, recebendo, para isso, o prêmio estabele-
cido. Mais informações poderão ser encontradas no endereço: www.susep.gov.br.
Sociedades de capitalização. São entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que negociam
contratos (títulos de capitalização) que têm por objeto o depósito periódico de prestações pecuniárias pelo contratan-
te, o qual terá, depois de cumprido o prazo contratado, o direito de resgatar parte dos valores depositados corrigidos
por uma taxa de juros estabelecida contratualmente; conferindo, ainda, quando previsto, o direito de concorrer a
sorteios de prêmios em dinheiro. Mais informações poderão ser encontradas no endereço: www.susep.gov.br.
Entidades abertas de previdência complementar. São entidades constituídas unicamente sob a forma de socie-
dades anônimas e têm por objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário, concedidos em
forma de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas físicas. São regidas pelo Decreto-
-Lei 73, de 21 de novembro de 1966, e pela Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001. As funções do órgão
regulador e do órgão fiscalizador são exercidas pelo Ministério da Fazenda, por intermédio do Conselho Nacional
de Seguros Privados (CNSP) e da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Mais informações poderão ser
encontradas no endereço: <www.susep.gov.br>.
Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). É um órgão colegiado que integra a estrutura do
Ministério da Previdência Social e cuja competência é regular o regime de previdência complementar operado pelas
entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). Mais informações poderão ser encontradas
no endereço: <www.previdenciasocial.gov.br>.
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC). É uma autarquia vinculada ao Ministério
da Previdência Social, responsável por fiscalizar as atividades das entidades fechadas de previdência complementar
(fundos de pensão). A Previc atua como entidade de fiscalização e de supervisão das atividades das entidades fe-
chadas de previdência complementar e de execução das políticas para o regime de previdência complementar ope-
rado pelas entidades fechadas de previdência complementar, observando, inclusive, as diretrizes estabelecidas pelo
Conselho Monetário Nacional e pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar. Mais informações poderão
ser encontradas no endereço: www.previdenciasocial.gov.br.
Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). São organizadas sob a forma de fun-
dação ou sociedade civil, sem fins lucrativos e são acessíveis, exclusivamente, aos empregados de uma empresa
ou grupo de empresas ou aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entes deno-
minados patrocinadores ou aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou
setorial, denominadas instituidores. As entidades de previdência fechada devem seguir as diretrizes estabelecidas
pelo Conselho Monetário Nacional, por meio da Resolução 3.121, de 25 de setembro de 2003, no que tange à apli-
cação dos recursos dos planos de benefícios. Também são regidas pela Lei Complementar 109, de 29 de maio de
2001. Mais informações poderão ser encontradas no endereço: <www.previdenciasocial.gov.br> (BANCO CENTRAL
DO BRASIL, 2011b).
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Evolução recente do SFN e tendências
Além de termos um sistema financeiro complexo, este se altera muito rapidamente. A Ta-
bela 1 apresenta a evolução recente do Sistema Financeiro Nacional em termos de número de
instituições de âmbito do Conselho Monetário Nacional.
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 109
Capítulo I
DO CONTRATO DE FOMENTO EMPRESARIAL
Art. 2º Contrato de fomento empresarial é aquele pelo qual uma parte transmite à outra, total ou par-
cialmente, a título oneroso, créditos decorrentes de suas atividades empresariais.
Parágrafo único. O contrato de fomento empresarial poderá prever, ainda, a prestação de serviços rela-
cionados à atividade empresarial, tais como:
I – assessoria sobre o processo produtivo ou mercadológico;
II – avaliação e seleção de clientes ou fornecedores;
III – análise e gestão de créditos;
IV – acompanhamento de contas a pagar e a receber.
Art. 11. O nome empresarial da sociedade de fomento empresarial conterá a expressão fomento em-
presarial, fomento mercantil, fomento comercial, faturização ou factoring, e nele, assim como em qual-
quer texto de divulgação de suas atividades, não poderão constar as expressões banco, financeiro, fi-
nanciamento, empréstimo, investimento ou de instituição financeira.
Art. 12. É vedado à sociedade de fomento empresarial:
I – captar depósitos do público em geral por instrumentos privativos de instituições financeiras;
II – executar operações com créditos não decorrentes das legítimas atividades empresariais do faturi-
zado;
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 111
Outro caso especial, especialmente sensível para os consumidores, é o das operações com
cartão de crédito. O cartão de crédito é um serviço de intermediação que permite ao consumi-
dor adquirir bens e serviços em estabelecimentos comerciais previamente credenciados, me-
diante a comprovação de sua condição de usuário por meio da apresentação do referido cartão.
Esse serviço prestado pelas administradoras de cartão de crédito é praticamente autor-
regulado pelo mercado, ou seja, a princípio, não depende diretamente de autorização ou de
fiscalização das autoridades monetárias para o seu funcionamento. Conforme o Banco Central
do Brasil:
Nos termos do disposto pelo artigo 17 da Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, o Conselho Monetário
Nacional e o Banco Central não detêm competência para regulamentar e supervisionar as atividades
das administradoras de cartões de crédito, por não serem consideradas instituições financeiras. No
entanto, quando a emissão e administração desses cartões são exercidas por instituições financeiras, a
atividade está sujeita à ação normativa e fiscalizadora do Banco Central (BANCO CENTRAL DO BRASIL,
2011e).
Portanto, apesar de sua aparente conveniência comercial, sugerimos que o usuário de car-
tão de crédito deve ter atenção redobrada antes de assinar o contrato. Particularmente, mesmo
após a assinatura, o usuário deve evitar que as faturas não sejam pagas integralmente – entran-
do no chamado crédito rotativo – por causa das mais do que elevadas taxas de juros que são
cobradas pelos débitos residuais. Além disso, o usuário deve se precaver das inúmeras tarifas,
multas e sistemas de pontuação e cobrança que, sob as mais diversas nomenclaturas, podem
confundir e sobrecarregar os seus custos.
Atendendo a algumas reivindicações de órgãos de proteção ao consumidor, o Banco Cen-
tral do Brasil, em 25 de novembro de 2010, estipulou que, a partir de junho de 2011, o valor
mínimo das faturas de cartão de crédito a serem pagas a cada mês não pode ser menor que 15%
do total da dívida, com aumento para 20% em dezembro do mesmo ano.
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112 © Gestão Financeira
O objetivo é tentar evitar que as dívidas se acumulem e fiquem impagáveis. Além disso,
também para junho de 2011, o Conselho Monetário Nacional ratificou regras tarifárias para os
cartões de crédito. Nesse caso, o objetivo é padronizar as tarifas e permitir a melhor escolha
para os clientes.
Copom
Finalmente, passemos agora a tratar de um órgão que é bastante destacado na mídia de-
vido à formulação de metas de taxas de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom).
Esse órgão, segundo o Decreto nº 3.088, de 21 de junho de 1999, não entra diretamente
na composição do Sistema Financeiro Nacional porque é um órgão interno do Banco Central do
Brasil, estando inserido no chamado Sistema de Metas de Inflação, que dá as diretrizes para a
fixação do regime de política monetária.
Veja, a seguir, sua definição, sumarizada a partir do site do Banco Central do Brasil:
O Copom foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política
monetária e de definir a taxa de juros. A criação do Comitê buscou proporcionar maior transparência
e ritual adequado ao processo decisório, a exemplo do que já era adotado pelo Federal Open Market
Committee (FOMC) do Banco Central dos Estados Unidos e pelo Central Bank Council, do Banco Central
da Alemanha. Em junho de 1998, o Banco da Inglaterra também instituiu o seu Monetary Policy Com-
mittee (MPC), assim como o Banco Central Europeu, desde a criação da moeda única em janeiro de
1999. Atualmente, uma vasta gama de autoridades monetárias em todo o mundo adota prática seme-
lhante, facilitando o processo decisório, a transparência e a comunicação com o público em geral. [...]
Destaca-se a adoção, pelo Decreto 3.088, em 21 de junho de 1999, da sistemática de “metas para a
inflação” como diretriz de política monetária. Desde então, as decisões do Copom passaram a ter como
objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional. Segundo o mes-
mo Decreto, se as metas não forem atingidas, cabe ao presidente do Banco Central divulgar, em Carta
Aberta ao Ministro da Fazenda, os motivos do descumprimento, bem como as providências e prazo para
o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos.
Formalmente, os objetivos do Copom são “implementar a política monetária, definir a meta da Taxa
Selic e seu eventual viés, e analisar o ‘Relatório de Inflação’”. A taxa de juros fixada na reunião do Copom
é a meta para a Taxa Selic (taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apu-
rados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia), a qual vigora por todo o período entre reuniões
ordinárias do Comitê. Se for o caso, o Copom também pode definir o viés, que é a prerrogativa dada
ao presidente do Banco Central para alterar, na direção do viés, a meta para a Taxa Selic a qualquer
momento entre as reuniões ordinárias.
As reuniões ordinárias do Copom dividem-se em dois dias: a primeira sessão às terças-feiras e a se-
gunda às quartas-feiras. Mensais desde 2000, o número de reuniões ordinárias foi reduzido para oito
ao ano a partir de 2006, sendo o calendário anual divulgado até o fim de outubro do ano anterior. O
Copom é composto pelos membros da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil: o presidente, que
tem o voto de qualidade; e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais,
Assuntos Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e De-
sestatização, e Administração. Também participam do primeiro dia da reunião os chefes dos seguintes
Departamentos do Banco Central: Departamento Econômico (Depec), Departamento de Operações das
Reservas Internacionais (Depin), Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos
(Deban), Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab), Departamento de Estudos e Pes-
quisas (Depep), além do gerente-executivo da Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores
(Gerin). Integram ainda a primeira sessão de trabalhos três consultores e o secretário-executivo da
Diretoria, o assessor de imprensa, o assessor especial e, sempre que convocados, outros chefes de de-
partamento convidados a discorrer sobre assuntos de suas áreas.
No primeiro dia das reuniões, os chefes de departamento e o gerente-executivo apresentam uma aná-
lise da conjuntura doméstica abrangendo inflação, nível de atividade, evolução dos agregados monetá-
rios, finanças públicas, balanço de pagamentos, economia internacional, mercado de câmbio, reservas
internacionais, mercado monetário, operações de mercado aberto, avaliação prospectiva das tendên-
cias da inflação e expectativas gerais para variáveis macroeconômicas.
No segundo dia da reunião, do qual participam apenas os membros do Comitê e o chefe do Depep,
sem direito a voto, os diretores de Política Monetária e de Política Econômica, após análise das proje-
ções atualizadas para a inflação, apresentam alternativas para a taxa de juros de curto prazo e fazem
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 113
recomendações acerca da política monetária. Em seguida, os demais membros do Copom fazem suas
ponderações e apresentam eventuais propostas alternativas. Ao final, procede-se à votação das propos-
tas, buscando-se, sempre que possível, o consenso. A decisão final ─ a meta para a Taxa Selic e o viés,
se houver ─ é imediatamente divulgada à imprensa ao mesmo tempo em que é expedido Comunicado
através do Sistema de Informações do Banco Central (Sisbacen) (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011c).
A taxa de juros over-Selic, ou simplesmente taxa Selic, sobre a qual são definidas as me-
tas, é definida pelo Banco Central do Brasil:
[...] a taxa apurada no Selic, obtida mediante o cálculo da taxa média ponderada e ajustada das ope-
rações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e cursadas no referido
sistema ou em câmaras de compensação e liquidação de ativos, na forma de operações compromissa-
das. Esclarecemos que, neste caso, as operações compromissadas são operações de venda de títulos
com compromisso de recompra assumido pelo vendedor, concomitante com compromisso de revenda
assumido pelo comprador, para liquidação no dia útil seguinte. Ressaltamos, ainda, que estão aptas a
realizar operações compromissadas, por um dia útil, fundamentalmente as instituições financeiras ha-
bilitadas, tais como bancos, caixas econômicas, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e
sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011a).
Ressalte-se que a meta de taxa de juros Selic é uma sinalização dada pelas autoridades mo-
netárias sobre o que elas desejam para a taxa de juros média das taxas praticadas no mercado
de títulos públicos, ou seja, as instituições financeiras participantes não são obrigadas a seguir
tal meta. Entretanto, dada a credibilidade quanto à capacidade de as autoridades monetárias
intervirem nesse mercado – por exemplo, por meio da compra e venda de títulos públicos –, os
demais agentes normalmente não se afastam de forma significativa das taxas assim objetivadas.
2001-2008
1. Spread total 100%
2. Custo Administrativo 17,94%
3. Inadimplência 31,94%
4. Custo de Direcionamento (Compulsório + 3,85%
Subsídio Cruzado)
5. Encargos Fiscais e FGC 4,29%
Impostos 3,16%
Custo do FGC 1,13%
6. Margem Bruta, Erros e Omissões (=1-2- 41,98%
3-4-5)
7. Impostos Diretos 14,82%
8. Margem Líquida, Erros e Omissões 27,16%
Quanto maior o grau de inadimplência nas operações de crédito, por exemplo, maior tende a ser a taxa de juros co-
brada pelas instituições financeiras. Todavia, não é irrazoável considerar que quanto maior a taxa de juros cobrada,
maior tende a ser o grau de inadimplência, configurando um círculo vicioso financeiro. Não há soluções fáceis para
o problema.
Porém, entre as coisas que o gestor financeiro de uma organização tem de fazer para prever e planejar seus custos
financeiros, está o de observar e calcular o comportamento desses custos frente a uma variação da taxa Selic, en-
contrando o spread bancário que sua própria organização enfrenta.
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Títulos públicos
Os títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e transacionados no Selic constituem-
-se em uma importante forma de financiamento para o governo pagar suas contas, além de
serem utilizados pelo Banco Central do Brasil para controlar a liquidez monetária da economia.
Simplificadamente falando, quando as autoridades monetárias querem reduzir a liquidez
– por exemplo, para tentar reduzir as expectativas de elevação da inflação –, o Banco Central
pode vender para o mercado um volume significativo de títulos públicos de sua carteira.
Quando as instituições financeiras compram esses títulos, menos dinheiro fica disponível
para circular e ser emprestado por elas a outras pessoas. Com menos moeda, a taxa de juros
se eleva e a atividade econômica é refreada, fazendo que os preços dos bens se estabilizem ou
mesmo caiam.
Na prática, não é tão fácil reduzir a inflação, do contrário, ela nem seria problema e tema
de árduo estudo dos economistas. Porém, a venda e a compra de títulos públicos é uma das
ferramentas básicas que as autoridades monetárias podem utilizar para controle da inflação.
Os títulos públicos são considerados, a princípio, como aplicações muito seguras. A forma
mais básica de título público é aquele vendido por deságio sobre o seu valor nominal. Por exem-
plo, leiloa-se um título que promete pagar um valor futuro de, digamos, R$1.000,00 daqui a um
ano. Se esse título for vendido por um valor presente de R$900,00, um desconto ou deságio de
10% sobre o valor nominal, então o aplicador usufruirá de uma taxa de juros anual de, aproxi-
madamente, 11,11% ao ano.
Entretanto, por diversas circunstâncias históricas, no Brasil, há muitos títulos públicos que
não apenas pagam elevadas taxas de rendimento como são vinculados a variados tipos de re-
muneração, inclusive correção monetária por índices de preços, indexação cambial e mesmo
indexação à própria taxa de juros do mercado. Em casos extremos, esses títulos públicos chegam
a esvaziar a atratividade dos investimentos privados em geral.
Para uma relação atualizada e completa dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacio-
nal, recomenda-se consulta ao site. Porém, veja, a seguir, as características básicas dos princi-
pais títulos correntemente negociados:
• LTN: Letras do Tesouro Nacional. Voltados à cobertura do déficit orçamentário, são títu-
los prefixados negociados com deságio sobre o valor nominal.
• LFT: Letras Financeiras do Tesouro. Emitidos para assunção, pela União, das dívidas
de responsabilidade dos Estados e do Distrito Federal, além de viabilizar a redução da
presença do setor público estadual na atividade financeira bancária. São títulos pós-
-fixados, com remuneração baseada nas taxas médias dos financiamentos diários para
títulos públicos federais.
As LFT’s podem ser emitidas em duas séries distintas: LFT-A e LFT-B. O resgate da LFT-A
ocorre em parcelas mensais e consecutivas, enquanto o resgate total da LFT-B ocorre
no vencimento.
• NTN: Notas do Tesouro Nacional. Têm como objetivo básico alongar o prazo de finan-
ciamento da dívida do Tesouro. No momento em que escrevemos, há 10 séries distin-
tas: A, B, C, D, F, H, I, M, P e R, subsérie 2. As notas mais negociadas atualmente são:
a) NTN-B: rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no
momento da compra;
b) NTN-C: rentabilidade vinculada à variação do IGP-M, acrescida de juros definidos
no momento da compra;
c) NTN-F: rentabilidade prefixada pela taxa interna de retorno do fluxo de pagamen-
tos dos cupons de juros e do deságio ou ágio sobre o valor nominal do título;
d) NTN-D: títulos públicos com rentabilidade vinculada à variação cambial;
e) NTN-H: rentabilidade vinculada à Taxa Referencial (TR). É um índice de metodo-
logia complexa, baseado na taxa média ponderada dos Certificados de Depósito
Bancário de uma seleção de 30 instituições financeiras, afora um redutor de rendi-
mentos eventualmente atribuído.
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 117
(VF =
− VP) ⋅ IR R$ 25.483, 0135
= ⋅ 0, 20 R$5.096, 60
VF − (VF − VP) ⋅ IR =
R$ 20.386, 41
VF − (VF − VP) ⋅ IR
= R$ 210.914,88 − R$10.914,88 ⋅ 0, 225
= R$ 208.459, 03
Exemplo 3 – CDI
Por exemplo, suponha uma operação interfinanceira com um principal (VP) de
R$4.000.000,00, lastreada em CDI, que é realizada em uma sexta-feira e resgatada na terça-feira
seguinte. Temos um período de três dias úteis, e, no primeiro dia, a aplicação rende nominal-
mente 2,52% ao mês over (i1); no segundo, 2,48% ao mês over (i2); e, no terceiro, 2,61% ao mês
over (i3). O montante (VF) obtido com a operação é:
1
i
k
VF =VP ⋅ ∑ 1 +
k =1 30
0, 0252 0, 0248 0, 0261
= R$ 4.000.000, 00 1 + ⋅ 1 + ⋅ 1 +
30 30 30
= R$ 4.010.155, 25
D = VF ⋅ d ⋅ n
Por exemplo, se temos R$100,00 a receber, a taxa de desconto for de 20% e o número de períodos for igual a um,
então:
=D R$100, 00 ⋅ 0,
= 20 ⋅ 1 R$ 20, 00
Ao ser informado do desconto cobrado pelo banco, por exemplo, de uma duplicata, o gestor financeiro pode deduzir
facilmente a taxa de juros efetiva da operação considerando a fórmula básica de regime de capitalização simples,
onde i é a taxa de juros e VP o valor presente dado pela diferença entre VF e D:
VF = VP ⋅ (1 + i ⋅ n )
VF= (VF − D) ⋅ (1 + i ⋅ n)
Voltando ao exemplo,
R$100,
= 00 ( R$100, 00 − R$ 20, 00 ) ⋅ (1=
+ i ⋅ 1)
= i= 0, 25 ou 25%
Contudo, Samanez (2002, p. 93) afirma que, na prática, os bancos fazem uso do desconto racional composto fi-
nanceiro [Existe também o desconto racional composto comercial, quando o cálculo é realizado usando-se uma
taxa de juros composta postecipada. Porém, essa modalidade não possui uso prático no atual mercado brasileiro.].
O valor desse desconto é calculado usando-se uma taxa de juros composta antecipada. Adaptando a formulação de
Samanez (2002, p. 93), temos que o valor do desconto é dado por:
n
VF (1 + i ) p
− 1
D = VF − VP = VF − n
= VF ⋅ n
(1 + i ) p (1 + i ) p
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 121
Nesse caso, i representa a taxa de juros efetiva usada pelo banco para cálculo de seus fatores de desconto; n é o
prazo da operação em dias antes do vencimento do título e g é o período referencial da taxa i (por exemplo, se i for
uma taxa mensal, então p igual a 30; se i for uma taxa anual, então p igual a 360).
De acordo com Samanez (2002, p. 93):
No sistema financeiro, essa [taxa de juros composta antecipada] é conhecida como fator de desconto, que é calculado pe-
los bancos para todos os dias do ano a partir da taxa de juros. Assim, o valor do desconto de um título pode ser calculado
multiplicando-se seu valor nominal pelo fator de desconto correspondente ao período de desconto.
Como exercício, suponha que uma duplicata com valor de resgate de $2.300 seja descontada 160 dias antes de seu
vencimento pelas regras do desconto financeiro composto; calcule o valor do desconto financeiro e o valor obtido
pelo desconto supondo que a taxa de juros efetiva aplicada na operação seja de 24% a.a. (VF = $2.300; n = 160; i =
24% a.a.; p = 360; D = ?; VP = ?) [As respostas são, respectivamente, $209,71 e $2.090,29].
Alternativamente, como os recursos (funding) dos bancos são geralmente obtidos mediante venda de Certificados
de Depósito Bancário (CDB), a taxa de desconto pode ser simplesmente formada pelo custo de captação dado por
esses CDB’s, acrescidos dos custos operacionais, das despesas administrativas e da margem de lucro.
Contudo, para as empresas tomadoras de recursos, o cálculo da taxa de desconto interessa pouco. Importa mais se
os juros cobrados implicitamente pelo desconto forem maiores ou não do que em outras operações de empréstimo.
Além disso, cada banco tende a cobrar taxas diferentes pelo desconto de títulos. Mais uma vez ressaltamos, assim,
que o gestor financeiro, além de pesquisar continuamente sobre as taxas oferecidas pelo mercado, deve ter uma
postura negociadora para obter as melhores condições possíveis de financiamento.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O BNDES, apesar de operar algumas vezes de forma direta, geralmente atua por meio de
agentes financeiros, como bancos comerciais, bancos de investimento e sociedades financeiras.
Em termos institucionais, é interessante observar que o chamado Sistema BNDES consiste
no BNDES propriamente dito e em duas subsidiárias, o Finame (Agência Especial de Financia-
mento Industrial) e o BNDESPAR (BNDES Participações S.A.).
O Finame é voltado para o financiamento de máquinas e equipamentos industriais, inclu-
sive na forma de leasing, a empresas nacionais. Entre suas linhas de financiamento incluem-se
o Finame Especial, o Finame Agrícola, o Leasing Finame e o BNDES-Exim, este voltado ao finan-
ciamento de empresas exportadoras de bens e serviços.
Já o BNDESPAR tem como objetivo principal promover a capitalização de empresas na-
cionais por meio de participações acionárias. Assim, em vez de conceder um financiamento, o
BNDESPAR adquire ações das empresas, injetando recursos próprios para financiar seus inves-
timentos. Após a consolidação dos investimentos, o BNDES coloca as ações adquiridas à venda
no mercado.
Outra forma de atuação do BNDES é a garantia oferecida no lançamento público de novas
ações e financiamento para que os acionistas venham a subscrever o aumento de capital da
empresa.
O sistema BNDES opera diversos programas e fundos voltados ao crédito de longo prazo.
Entre os fundos podemos, por exemplo, destacar:
% a.m. 0,8
0,6
0,4
0,2
0
jan/04
jan/05
jan/06
jan/07
jan/08
jan/09
jan/10
jul/04
jul/05
jul/06
jul/07
jul/08
jul/09
jul/10
Selic TR TJLP
*Dado do primeiro dia do mês
*Dado do primeiro dia do mês
Apesar do nome, a TJLP não é a taxa de juros de longo prazo que o setor financeiro privado
cobraria no mercado. Efetivamente, uma das críticas relacionadas ao financiamento BNDES é o
custo da intermediação financeira, além da pesada burocracia envolvida no processo.
Entretanto, entendemos que não são obstáculos insuperáveis. Antes de qualquer coisa,
cabe ao gestor financeiro organizar sua empresa para, pelo menos, ser apta a este ou a outros
financiamentos para investimento que possam estar disponíveis.
Além do BNDES, também podem ser consideradas as linhas de financiamento de longo
prazo oferecidas pelo Banco do Brasil (BB), destacando-se sua atuação no crédito rural, e pela
Caixa Econômica Federal (CEF), destacando-se sua atuação no crédito imobiliário.
Outra opção a ser avaliada é representada pelos fundos de capital de risco ou private
equity. Basicamente, são fundos fechados que compram participações do capital de empresas
privadas, constituídos em acordo contratual entre investidores e gestores, não sendo tais parti-
cipações abertamente oferecidas no mercado, e sim por meio de colocação privada.
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124 © Gestão Financeira
Essas e ainda outras alternativas de financiamento podem ser pesquisadas. O gestor fi-
nanceiro deve permanentemente se atualizar sobre o que está disponível e ainda negociar ou
mesmo criar seus próprios meios de financiamento!
Estão expressamente excluídos do mercado de valores mobiliários os títulos da dívida pública federal,
estadual ou municipal e os títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira, exceto as de-
bêntures (PORTAL DO INVESTIDOR, 2011).
Nesta seção, vamos nos concentrar em alguns papéis que podem ser considerados tradi-
cionais: ações, debêntures, notas promissórias (commercial papers). A Tabela 3 apresenta a
evolução, em termos de volume de emissões, dessas três tradicionais formas de financiamento
utilizadas pelas empresas, além do subtotal de Certificado de Recebível Imobiliário (CRI) e do
Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC), este também chamado de “fundo de
recebíveis”.
Ações
Ações são títulos que representam parcelas do capital de uma empresa. Portanto, o inves-
tidor em ações, chamado de acionista, é um coproprietário da empresa. Em outras palavras, o
investidor de ações de uma empresa é um investidor da empresa, é um empresário.
A ideia do acionista como coproprietário talvez não seja muito difundida em nosso país. A
maioria antes observa os movimentos dos preços desses papéis nas bolsas, ou seja, prioriza os
ganhos especulativos nos mercados secundários de revenda e recompra de ações, sem consi-
derar nem mesmo os eventuais dividendos ou lucros que são distribuídos aos acionistas. Essa é
uma visão falha do mercado de capitais que precisa ser mudada.
Nesse sentido, consideraremos inicialmente o ponto de vista das empresas emissoras,
quando as ações são uma fonte de financiamento para investimento das empresas. A seguir,
consideraremos o ponto de vista dos aplicadores em ações.
Mas o primeiro passo é a abertura de capital. Nem toda sociedade de ações ou sociedade
anônima é uma empresa de capital aberto.
Efetivamente, o processo de abertura do capital é um processo complexo e custoso. Con-
forme a BM&FBovespa (2011a), o primeiro procedimento formal para a empresa abrir o capital
é protocolar um pedido de registro de companhia na Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
que é o órgão regulador e fiscalizador do mercado de capitais brasileiro.
Simultaneamente ao pedido perante a CVM, a empresa também pode solicitar a listagem
na BM&FBovespa. Somente as empresas que obtêm esse registro podem ter suas ações e de-
bêntures negociadas na Bolsa. Atualmente, o processo de abertura do capital leva, em média,
10 semanas e começa no momento em que a empresa realiza três ações:
• análise preliminar da conveniência da abertura;
• escolha do auditor independente;
• escolha do coordenador-líder, o intermediário financeiro encarregado pelo lançamento
de ações no mercado.
Entretanto, para maiores detalhes, sugere-se fortemente que se recorra à própria
BM&FBovespa, em virtude da elevada possibilidade de alteração dos procedimentos.
Conforme texto de divulgação sobre a abertura de capital da Comissão de Valores Mobi-
liários (CVM), temos como vantagens:
1) AMPLIAÇÃO DA BASE DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS E DE SEU POTENCIAL DE CRESCI-
MENTO. Acesso ao mercado de capitais do País, para captação de recursos destinados ao financia-
mento de projetos, expansão, mudança de escala ou diversificação de seus negócios, ou mesmo
à reestruturação de seus passivos financeiros. A captação de recursos através do lançamento de
valores mobiliários é uma alternativa aos financiamentos bancários, viabilizando o acesso a inves-
tidores potenciais, não só no Brasil, como no exterior, tendo em vista a possibilidade de captação
de recursos externos, através de processos de lançamento de recibos de depósito negociáveis nos
mercados de capitais de outros países, com aprovação da CVM e do Banco Central.
2) MAIOR FLEXIBILIDADE ESTRATÉGICA - LIQUIDEZ PATRIMONIAL. Margem para administração de sua
estrutura de capital, balanceando as relações entre capital acionário e de terceiros, e, consequente-
mente, seu risco empresarial. Os acionistas controladores aumentam a liquidez do seu patrimônio,
através da oportunidade de negociação de sua participação na empresa, que tende a se valorizar
ao longo do tempo pela diversificação de compradores, sobretudo investidores institucionais, na-
cionais ou estrangeiros.
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 127
Investimento em ações
As ações podem ser negociadas em bolsa ou em mercado de balcão. Ao contrário do que
muitos pensam, bolsas não são órgãos oficiais do governo, são mais como “mercadões” em que
os comerciantes de ações e outros valores mobiliários se reúnem e se organizam.
A princípio, nada impediria que você vendesse ou comprasse ações em uma banquinha na
esquina. Entretanto, provavelmente, assim ficaria difícil encontrar clientes de forma segura ou
mesmo que obtivesse um preço justo pelas ações. Dessa forma, basicamente, bolsas são locais
que propiciam as condições e os sistemas adequados para a realização de negociação de compra
e venda de títulos e de outros ativos.
Adicionalmente, as bolsas procuram orientar e fiscalizar os serviços prestados por seus
intermediários, facilitando a divulgação constante de informações sobre as empresas e sobre os
negócios que se realizam sob seu controle. Como entidades sem fins lucrativos, é do interesse
das bolsas que o mercado se amplie, até para que seus papéis tenham liquidez e possam alcan-
çar um preço justo.
Atualmente, no Brasil, destaca-se a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que, em
2008, teve suas operações integradas com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Seguem
as atividades da BM&FBovespa:
• Desenvolve, implanta e provê sistemas para a negociação de ações, derivativos de ações, títulos de
renda fixa, títulos públicos federais, derivativos financeiros, moedas à vista e commodities agrope-
cuárias.
• Realiza o registro, a compensação e a liquidação de ativos e valores mobiliários transacionados por
meio de suas plataformas de negociação, além da listagem de ações e de outros ativos, bem como
divulga informação de suporte ao mercado.
• Atua como depositária central dos ativos negociados em seus ambientes, além de licenciar softwares
e índices.
• Atividades de gerenciamento de riscos das operações realizadas por meio de seus sistemas.
• Exerce o papel de fomentar o mercado de capitais brasileiro.
• Também gerencia investimentos sociais, com foco no desenvolvimento de comunidades que se rela-
cionam com seu universo (BM&FBOVESPA, 2011f).
Como você pode notar, ações não são os únicos produtos que são oferecidos nas bolsas.
Além disso, podendo estar relacionados às bolsas, estão os mercados de balcão, que podem ser
organizados ou não.
Sucintamente, um mercado de balcão é um mercado de títulos sem lugar físico determi-
nado para as transações, as quais são realizadas por telefone entre as instituições financeiras.
Nele, segundo Stuber (2012), são negociadas ações de empresas não registradas em bol-
sas e outras espécies de títulos. O mercado de balcão organizado propriamente dito é um siste-
ma organizado de negociação de títulos de valores mobiliários de renda variável, administrado
por entidade autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
As ações podem ser ordinárias ou preferenciais. As ações ordinárias não apenas propor-
cionam participação nos resultados da empresa como conferem ao acionista o direito de voto
nas assembleias gerais de acionistas promovidas pela empresa.
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 129
Note que, enquanto os dividendos são relacionados aos lucros obtidos por determinada
empresa em certo período, os juros sobre o capital relacionam-se às reservas de capital defini-
das pela empresa em questão, mas não diretamente.
Na verdade, esse é ponto de vista apenas de quem procura especular com a variação dos
preços das ações, especialmente em seu mercado secundário, isto é, o mercado de revendas e
recompras de ações.
Podemos definir o especulador simplesmente como aquele que tenta comprar na baixa de
preços das ações e vendê-las quando estão em alta.
Embora seja possível que o especulador também se interesse pelos dividendos da ação e
mesmo pelas perspectivas de crescimento da empresa, esse interesse não caracteriza sua ativi-
dade principal.
Todavia, a eventual valorização ou desvalorização das ações faz que o valor do capital
próprio ou patrimônio líquido da empresa de sociedade anônima também se altere no mesmo
sentido.
Quando se diz que as ações são um investimento de longo prazo, não se quer dizer que se
deve aplicar dinheiro em ações e esquecer o assunto. Muito pelo contrário, cabe ao investidor
acompanhar cuidadosamente o que ocorre com a empresa que emitiu as ações e se os retornos
dessas ações são suficientemente compensadores.
Basicamente, com a intermediação de corretoras autorizadas, para ganhar dinheiro com
a variação dos preços das ações, temos o mercado a vista e o mercado a termo de ações, além
do mercado de opções.
O mercado a termo caracteriza-se por:
[...] operações com prazos de liquidação diferidos, entre 16 e 999 dias corridos. Para aplicações no
mercado a termo são requeridos, além do registro na BM&FBOVESPA, um limite mínimo para transação
e depósito de valores na BM&FBOVESPA — tanto pelo vendedor como pelo comprador —, utilizados
como margem de garantia da operação. O contrato a termo pode ainda ser liquidado antes de seu ven-
cimento (BM&FBOVESPA, 2011h, p. 28).
Tanto o mercado a termo quanto o mercado de opções podem ser considerados mercados
derivativos (cujo valor deriva) do mercado à vista de ações. Sendo assim, detalhemos um pouco
mais os principais elementos para acompanhamento desse último.
No mercado à vista da BM&FBovespa, cabe notar que, embora as ordens de compra e ven-
da sejam feitas ao preço correntemente vigente, a liquidação física (entrega de títulos vendidos)
se processa no 3º dia útil após a realização do negócio na Bolsa e a liquidação financeira (paga-
mento e recebimento do valor da operação) também se dá no 3º dia útil posterior à negociação,
e somente mediante a efetiva liquidação física.
Para a aquisição de ações, afora a intermediação oferecida por corretoras e instituições
autorizadas, destacamos aqui dois meios: fundos mútuos de investimento e clubes de investi-
mento.
Cada vez mais tem se popularizado um sistema de acompanhamento e negociação de ações via
internet, denominado home broker, oferecido, inclusive, em sites de bancos múltiplos com carteira de
investimentos. As vantagens operacionais desse meio de comunicação são evidentes, porém, cumpre
notar que ainda é exigida a presença de intermediários financeiros, com todos seus custos e tarifas.
Part. Acumulada
Código Ação Tipo Qtde. Teórica Participação (%)
(%)
VALE3 Vale ON N1 37,70 3,132 35,693
BBDC4 Bradesco PN EDJ N1 61,90 2,939 38,632
GGBR4 Gerdau PN N1 87,33 2,915 41,547
BBAS3 Brasil ON NM 56,68 2,559 44,106
PDGR3 PDG Realt ON NM 180,90 2,541 46,647
PETR3 Petrobras ON 57,62 2,389 49,036
USIM5 Usiminas PNA N1 83,12 2,332 51,368
CSNA3 SID Nacional ON 57,80 2,324 53,692
ITSA4 Itaú S.A. PN N1 118,84 2,179 55,871
CYRE3 Cyrela Realt ON NM 57,40 1,753 57,624
FIBR3 Fibria ON NM 36,90 1,560 59,184
CIEL3 Cielo ON NM 75,66 1,552 60,736
BRFS3 BRF Foods ON NM 39,01 1,495 62,231
GFSA3 Gafisa ON NM 84,90 1,422 63,653
MMXM3 MMX Miner ON NM 73,98 1,239 64,892
RDCD3 Redecard ON NM 38,61 1,223 66,115
MRVE3 MRV ON NM 51,64 1,198 67,313
LAME4 Lojas Americanas PN I10 49,24 1,133 68,446
ECOD3 Ecodiesel ON NM 729,14 1,131 69,577
CMIG4 Cemig PN N1 27,47 1,113 70,690
GOLL4 Gol PN N2 28,69 1,088 71,778
ALLL3 All Amer Lat. ON NM 48,58 1,075 72,853
TAMM4 TAM S.A. PN N2 17,99 1,070 73,923
BRAP4 Bradespar PN N1 16,39 1,067 74,990
SANB11 Santander BR UNT N2 31,48 1,045 76,035
RSID3 Rossi Resid. ON NM 49,38 1,026 77,061
AMBV4 Ambev PN 2,95 1,024 78,085
JBSS3 JBS ON NM 100,89 1,014 79,099
LREN3 Lojas Renner ON NM 11,86 0,954 80,053
TCSL4 TIM Part S.A. PN 111,66 0,936 80,989
TNLP4 Telemar PN 24,89 0,898 81,887
Pão de Açúcar-
PCAR5 PNA N1 9,15 0,893 82,780
CBD
ELET3 Eletrobras ON N1 26,35 0,879 83,659
VIVO4 Vivo PN 11,44 0,855 84,514
BTOW3 B2W Varejo ON NM 16,58 0,834 85,348
NATU3 Natura ON NM 12,46 0,830 86,178
CCRO3 CCR Rodovias ON NM 12,73 0,819 86,997
CSAN3 Cosan ON NM 20,88 0,797 87,794
EMBR3 Embraer ON NM 44,13 0,792 88,586
GOAU4 Gerdau MET PN N1 18,72 0,737 89,323
ELET6 Eletrobras PNB N1 18,54 0,733 90,056
CESP6 CESP PNB N1 17,43 0,718 90,774
CPLE6 COPEL PNB N1 10,57 0,655 91,429
BRKM5 Braskem PNA N1 23,90 0,643 92,072
LIGT3 Light S.A. ON NM 17,53 0,621 92,693
DTEX3 Duratex ON NM 21,75 0,579 93,272
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 133
Part. Acumulada
Código Ação Tipo Qtde. Teórica Participação (%)
(%)
BISA3 Brookfield ON NM 48,34 0,572 93,844
ELPL6 Eletropaulo PNB EJ N2 12,76 0,571 94,415
USIM3 Usiminas ON N1 17,00 0,552 94,967
MRFG3 Marfrig ON NM 25,24 0,502 95,469
UGPA4 Ultrapar PN N1 3,23 0,486 95,955
KLBN4 Klabin S.A. PN N1 59,72 0,481 96,436
CRUZ3 Souza Cruz ON 3,53 0,463 96,899
CPFE3 CPFL Energia ON NM 7,66 0,450 97,349
LLXL3 LLX LOG ON EC NM 69,08 0,435 97,784
PRTX3 PORTX ON NM 69,08 0,411 98,195
SBSP3 Sabesp ON NM 6,44 0,398 98,593
BRTO4 Brasil Telecom. PN 22,27 0,386 98,979
TNLP3 Telemar ON 5,57 0,262 99,241
Transporte
TRPL4 PN N1 3,03 0,244 99,485
Paulista
TMAR5 Telemar N L PNA 3,27 0,225 99,710
TLPP4 Telesp PN 2,68 0,155 99,865
TCSL3 TIM Part. S.A. ON 12,88 0,135 100,000
Quantidade
3.904,40 100,000 ─
Teórica Total
Debêntures
Tão ou mais importante quanto o lançamento de ações para financiamento de investimen-
tos das empresas, mas menos divulgado pela mídia, é o lançamento de debêntures.
Um dos motivos pelo quais essa reduzida divulgação ocorre é que as operações com de-
bêntures são tipicamente operações de balcão, sem um amplo mercado secundário de revendas
e recompras de debêntures facilmente acompanhável, como ocorre com o movimento de ações
na bolsa. E sugerimos, adicionalmente, que um dos motivos pelos quais esse mercado secun-
dário possui baixa liquidez é que quem compra uma debênture, até porque ela foi estruturada
“sob medida” para suas necessidades, dificilmente a renegocia para terceiros.
Efetivamente, a principal característica de uma debênture – que não passa de um título de
dívida emitido por empresa em forma sociedade de ações que paga juros ao comprador do pa-
pel – é sua flexibilidade em termos de quantidade, valores, prazos, pagamentos, vencimentos,
prêmios etc. Como exemplo, segue um modelo de anúncio.
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 135
Anúncio de início de distribuição pública de emissão de debêntures conversíveis em ações preferenciais com garantia flutuante.
LOGOMARCA(S) DO COORDENADOR(ES)
Comunica(m) o início de distribuição pública de debêntures conversíveis em ações preferenciais com garantia flutuante
de emissão da:
LOGOMARCA DA EMISSORA
AUTORIZAÇÃO
OBJETO SOCIAL DA EMITENTE
Número e data:
“O registro da presente emissão não implica, por parte da CVM – Comissão de Valores Mobiliários, garantia de veracidade
sobre as informações prestadas em julgamento sobre a qualidade da Companhia Emitente, bem como as debêntures a
serem distribuídas.”
Há duas formas de debêntures: nominativas ou escriturais. Quanto à classe, podem ser simples, con-
versíveis ou permutáveis. Já no que diz respeito à garantia, podem ter as seguintes classificações: real,
flutuante, quirografária ou subordinada.
Esses títulos dão aos seus detentores um direito de crédito sobre a companhia emissora e possuem
características particulares de prazo e rentabilidade, sempre definidas em sua escritura de emissão.
As escrituras são os documentos mais importantes das emissões de debêntures. Nelas, estão descritas
todas as características do papel: valor nominal; indexador pelo qual o valor é atualizado; prazo; forma
de cálculo; rentabilidade proposta pelo emissor; fluxo de pagamento; e condições que devem ser obe-
decidas pela companhia emissora ao longo da vida útil do ativo.
Definido na data de emissão, o valor nominal das debêntures é atualizado ao longo da existência do
título, de acordo com as características previamente estabelecidas na escritura de emissão, resultando
no chamado PU (Preço Unitário) da curva, ou PU Histórico. Os negócios realizados com debêntures no
mercado secundário podem ser diferentes do seu preço na curva, em função das condições de mercado
e liquidez, dando origem aos preços de negociação. Além disso, por determinação do Banco Central, os
investidores institucionais são obrigados a marcar suas carteiras a mercado.
Nos casos em que há baixa liquidez do ativo, como ocorre com as debêntures, a ausência de preços de
negociação é suprida pelos preços sintéticos de projetos de precificação, como os desenvolvidos pela
ANDIMA. A divulgação em tempo real dos preços praticados no mercado secundário, assim como de
preços de referência, a exemplo dos sintéticos, tem sido crescentemente utilizada no mercado interna-
cional como forma de aumentar a transparência dos negócios realizados com debêntures, incentivando
a participação de um número maior de investidores.
Os investidores devem estar familiarizados com as instituições que atuam no mercado de debêntu-
res. Além da empresa, responsável pela emissão do título, outros participantes possuem importância
relevante no processo de venda e distribuição pública de debêntures. Entre eles estão a instituição
financeira intermediária – que atua como coordenador líder da emissão ou no sindicato de bancos para
a distribuição do ativo –, o agente fiduciário – que representa os interesses da comunhão de debenturis-
tas diante da emissora –, as agências de classificação de rating, as instituições que prestam os serviços
de liquidação e custódia, como o SND – Módulo Nacional de Debêntures e a instituição depositária,
responsável pelos serviços de escrituração do ativo (DEBÊNTURES, 2011).
Destaca-se que, embora exista a possibilidade de debêntures com garantia real – dada por
bens móveis ou imóveis dos responsáveis pela dívida – ou com garantia flutuante – baseada no
privilégio sobre o ativo da empresa frente a outros credores –, muitas operações com debêntu-
res tipicamente são quirografárias, ou seja, não oferecem nenhum privilégio ou preferência ao
titular das debêntures em relação a outros credores da empresa.
No caso de debêntures subordinadas, simplesmente não há nenhuma garantia e aqueles
que investem em debêntures apenas têm preferência de pagamento sobre os acionistas em
caso de liquidação da empresa.
Torna-se assim vital nesse mercado não apenas a presença de um intermediário financei-
ro, mas também um Agente Fiduciário (trustee).
Todavia, é importante não confundirmos o agente fiduciário com a figura do fiador (que
assina todo o documento e é responsável integralmente por ele, inclusive pelo valor total do
contrato, sendo o primeiro a ser cobrado no caso de inadimplência) ou com a figura do avalista
(que assina pelo valor de face do título, sem se encarregar de eventuais juros e encargos). O
Agente Fiduciário é fiscal e responsável pela administração dos recursos devidos, além de outros
agentes que permitem avaliação e acompanhamento do risco da empresa, tais como os que se
encarregam do rating e do bookbuilding.
Dessa forma, apesar de as debêntures poderem ser consideradas uma das formas mais
antigas de captação de recursos por parte das empresas, pode-se dizer que os mercados pri-
mário e secundário de debêntures ainda têm muito a evoluir, principalmente em termos de
avaliação e gestão de risco.
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 137
Nº R$
Ao(s____________________________________________________________________________________________________________
a ______________________________________________________________________CPF / CNPJ_______________________________
EMITENTE
CPF / CNPJ
CPF / CNPJ
CPF / CNPJ
Avalista(s)
Assinatura
Endereço
Exemplo 4
Uma empresa pretende captar capital de giro por meio de uma operação de lançamento
de commercial papers no valor de R$10.000.000,00. O prazo é de 60 dias e a taxa de desconto
oferecida é 2% no bimestre. Considerando que o custo de emissão representa 1% do valor de
captação, determinar o custo efetivo mensal da operação (adaptado de Samanez, 2002, p. 117-
118).
Resolução
O custo de emissão refere-se a encargos diversos para o lançamento do título em questão,
inclusive tributários e de intermediação financeira. O custo efetivo refere-se à taxa de juros (em
regime de capitalização composta) implícita na operação para o tomador de recursos, observe:
1
VF n
=i = −1
VP
1
R$10.000.000, 00 2
= = − 1 ≅ 0, 015346 1,5346% a.m.
R$9.700.000, 00
Exemplo 5
Um commercial paper, com valor de face de R$1 milhão e vencimento daqui a três anos
deve ser resgatado hoje a uma taxa de juros compostos de 12% a.a. Qual deve ser o valor do
resgate?
Resolução
O valor de resgate é o valor presente do título. No enunciado, temos ainda a informação
que se considera a taxa de juros compostos. Podemos então calcular:
VF
= VP =
(1 + i )
n
R$1.000.000, 00
= = R$ 711.780, 25
(1 + 0,12)3
CRI e FIDC
Sucintamente falando, CRI é um título de crédito nominativo, de livre negociação, lastrea-
do em créditos imobiliários, e constitui promessa de pagamento em dinheiro, sendo de emissão
exclusiva das Companhias Securitizadoras de créditos imobiliários.
Ressalte-se que securitização pode ser definida em geral como uma operação em que, por
exemplo, um crédito é transformado em títulos mobiliários negociáveis no mercado. É uma for-
ma de transformar ativos relativamente não líquidos em títulos mobiliários líquidos e transferir
os riscos associados a eles para os investidores que os compram.
Já o FIDC, cujas cotas são vendidas para os investidores que operam no mercado de des-
conto de recebíveis, é uma forma de financiamento para uma empresa que tenha recebíveis.
Por exemplo, em vez de uma empresa descontar uma duplicata no banco, procurando adiantar
parte de seu faturamento a receber, ela pode vender esse valor recebível para um FIDC.
A princípio, essa operação tende a ter um custo menor para a empresa do que o de um
empréstimo bancário, até por conta da isenção de tributos relacionados à intermediação finan-
ceira.
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 141
Por sua vez, o FIDC é uma organização especializada que tende a possuir uma classificação
de risco melhor que a da empresa tomadora de recursos, e pode negociar melhor os recebíveis
com outros investidores.
Apesar da crescente importância do CRI e, especialmente, do FIDC, optamos didaticamen-
te por deixar sua discussão detalhada para momento posterior. Entretanto, sugerimos como
referências as publicações e os estudos disponíveis nos sites da Andima ou da Anbima (vide links
no Tópico E-referências).
Recentemente, a Associação Nacional das Instituições dos Mercados Financeiro e de Ca-
pitais (Andima) fundiu-se com a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) e pas-
sou a se denominar Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro (Anbima).
3) Entre no site da CVM (2011, b) e comente quais serviços são oferecidos para o público em geral, inclusive em
termos de educação financeira.
4) Entre no site do BCB (2011, b) e comente quais serviços são oferecidos para o público em geral, inclusive em
termos de educação financeira.
9) Responda, sucintamente, quais as diferenças entre bolsas de valores e bolsas de mercadorias e futuros.
10) No âmbito da área de seguros, pesquise e explique, sucintamente, o que são operações de resseguro e retro-
cessão.
11) Pesquise e explique, sucintamente, as diferenças entre entidades abertas e fechadas de previdência comple-
mentar.
12) Explique o que são cooperativas centrais de crédito e sua diferença em relação a sociedades de crédito ao mi-
croempreendedor.
13) Explique por que as empresas de factoring não podem ser instituições bancárias.
14) Explique as diferenças entre associações de poupança e empréstimo, sociedades de crédito imobiliário e com-
panhias hipotecárias.
15) Explique o que faz o Copom e o que é meta de taxa de juros Selic.
17) O que é spread bancário? O que faz que ele seja elevado no Brasil?
19) O Tesouro Direto oferecido pelo site do Tesouro Nacional procura dar várias informações e subsídios aos inves-
tidores iniciantes, inclusive uma calculadora de rendimentos, um simulador e mesmo um pequeno questionário
para identificação do perfil do investidor. Experimente esses recursos sem compromisso e comente os resulta-
dos.
20) Além dos títulos públicos citados na presente unidade, pesquise outros tipos de títulos públicos emitidos pelo
Tesouro Nacional.
21) Um banco anuncia pagar 18% ao ano para uma aplicação em CDB prefixado de sua emissão. Considerando um
investimento de $600.000 por dois anos nesse título e uma alíquota de 17,5% de IR, calcule seu rendimento
líquido de impostos.
22) Suponha um CDB com as mesmas características da questão anterior, mas pós-fixado com uma TR que, ao final
desses dois anos, acumulou uma correção de 11,5% no principal. Calcule novamente o rendimento líquido de
impostos.
23) O governo procura incentivar as aplicações de longo prazo baixando as alíquotas conforme o aumento do perío-
do de aplicação. Continuando a questão anterior do CDB pós-fixado, suponha que a aplicação dure três anos e
meio, com uma alíquota de IR de 15%. Calcule mais uma vez o rendimento líquido de impostos.
24) Considere um CDI que rende em quatro dias úteis as seguintes taxas a.m.o.: 3,65%; 3,56%; 3,43% e 3,98%. Cal-
cule a taxa efetiva de rendimento acumulada no período.
25) Continuando a questão anterior, suponha que tenham sido aplicados $2,5 milhões no CDI. Qual o montante
obtido?
26) Pesquise com mais detalhes o que são Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRC) e sua evolução recente.
27) Pesquise com mais detalhes o que são Fundos de Investimento em Direitos Creditórios e sua evolução recente.
28) Faltam recursos para financiamento de longo prazo para as empresas brasileiras? Ou faltam antes condições
para as empresas brasileiras obter o financiamento?
29) Pesquise mais detalhes sobre a metodologia dos índices de ações do Bovespa citados no texto (IBrX, IGC, ITAG
etc.) e compare o desempenho recente desses índices.
30) O que é empresa de capital aberto? É necessário que a empresa seja de capital aberto para o lançamento de
debêntures?
11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, delineamos um panorama geral do sistema financeiro nacional, destacan-
do suas instituições e seus principais papéis.
Apesar de complexo, esse é o ambiente natural no qual atua o gestor financeiro e sua prá-
tica à maior familiaridade, com, pelo menos, alguns dos termos envolvidos, mas seu desempe-
nho será muito melhor com um esforço sério de estudo e pesquisa. Os detalhes é que definirão
quanto dinheiro entra ou sai de sua organização.
Na próxima unidade, discutiremos a questão do planejamento financeiro e orçamentário
das empresas, ressaltando a necessidade de um enfoque estratégico.
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de gráficos
Gráfico 1 Volume de crédito (% PIB) – final de período. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 7 nov. 2011.
Gráfico 2 Evolução recente da TJLP, taxa Selic e TR* (% a.m.). Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/
localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries>. Acesso em: 23 nov. 2011.
© U4 - Mercados Financeiros e de Capitais 143
Figura
Figura 1 Rede do Sistema Financeiro Nacional. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?SPBLIQVISAO>. Acesso em: 10 fev. 2012.
Quadro
Quadro 1 Composição do SFN. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?SFNCOMP>. Acesso em: 24 jun. 2012.
Lista de tabelas
Tabela 1 Evolução do SFN em número de instituições de âmbito da CMN. Adaptado de: <http://www.bcb.gov.br/htms/deorf/
r200412/quadro1.asp?idpai=REVSFN200412>. Acesso em: 24 jun. 2012.
Tabela 2 Estimativas médias – peso percentual (2001 e 2008). Fonte: Banco Central do BrasilDepep. Disponível em: <http://
www.bcb.gov.br/?SPREAD>. Acesso em: 24 nov. 2011.
Tabela 3 Volume de emissões de valores mobiliários (R$ milhões). Disponível em: <http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 1 set.
2010.
Tabela 4 Composição da Carteira Teórica do Ibovespa em 13/12/2010. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/
indices/ResumoCarteiraTeorica.aspx?Indice=Ibovespa&idioma=pt-br>. Acesso em: 13 dez. 2010.
Sites pesquisados
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______. Homepage. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 22 nov. 2011b.
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2011h.
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BANCO DO BRASIL. Glossário. Disponível em: <http://www.bb.com.br/docs/pub/voce/dwn/GlossarioU.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2012.
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL. Prospecto Definitivo da Quarta Oferta de Distribuição Pública de Debêntures Simples.
Disponível em: <http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/produtos_e_servicos/mercado_de_capitais/docs/prospecto_
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CARTÃO BNDES. Homepage. Disponível em: <https://www.cartaobndes.gov.br/cartaobndes/index.asp>. Acesso em: 22 nov.
2011.
1. OBJETIVO
• Abordagens e ferramentas de planejamento e controle financeiro.
2. CONTEÚDOS
• Fundamentos de planejamento.
• Orçamento geral e orçamentos específicos.
• Vantagens e limitações de um sistema de orçamentos.
• Medidas de desempenho pelo valor de mercado (EVA, MVA, VBM, goodwill).
• Visão estratégica (BSC).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Muitas pessoas não gostam de planejar. Para começar, acham bobagem tentar prever o
futuro, já que este é sempre incerto e coisas inesperadas acontecem a toda hora. Além disso, é
cansativo ficar pensando em detalhes obscuros que talvez, quem sabe, não sejam importantes.
Muitos até se amarram em conceitos “meio filosóficos” do tipo “não lutar contra a corren-
te”, “deixar a vida lhe levar”, “primeiro se entra na batalha, depois se vê o que tem que se fazer”
etc. Mas esses conceitos não são princípios ou mesmo atitudes que sirvam para todas as situa-
ções. São apenas sugestões para descontrair de vez em quando. Pois, quando um general entra
em uma batalha, ele e seu exército têm de estar devidamente preparados e armados. É melhor
ter a vitória como possibilidade calculada do que ter a derrota como inevitabilidade.
Para muita gente, planejar suas próprias finanças é ainda mais torturante. Para essas pes-
soas, ora não sobra dinheiro para planejar, ora é difícil fazer contas. Mas se houvesse planeja-
mento, o dinheiro poderia sobrar. Os números resultantes das contas teriam sentido para aten-
der necessidades e desejos.
Mas concordemos que, para uma pessoa, só é mesmo difícil planejar, seja seu dinheiro ou
dos outros. Todavia, tal prática nos ajuda a trabalhar em equipe, com objetivos claros, dados e
informações úteis, estratégias razoáveis e sistemas para revisão das metas. Flexibilidade para
mudar rapidamente quando necessário é importante, até porque planejar não é algo que se
faz uma vez e pronto. Planejar é uma rotina periódica, mas também dinâmica, que faz parte da
administração do dia a dia, exigindo capacidade de aprendizado e reação.
A partir do planejamento, ocorre a ação dos agentes da organização e, durante a ação, há a
necessidade de controle, para verificação dos resultados obtidos pelos planos e ações efetuados,
com a eventual necessidade de novo planejamento, como você pode ver no esquema a seguir.
Controle Planejamento
Ação
O controle produz relatórios e documentos, mas eles não têm valor em si. Eles têm de ser
seriamente considerados, pois o controle exige respostas dos executivos responsáveis a pergun-
tas com “Por que tal procedimento atingiu ou não a meta estipulada?” Quando não há resposta,
talvez seja preciso repensar toda a organização.
Não necessariamente esse ciclo é linear. Muitas vezes, a ação sobrepõe-se ao controle e
ao planejamento, quando imprevistos ocorrem e tomadas de decisão rápidas são necessárias.
Mas, para a sustentabilidade da organização no longo prazo, esse aparato tem de estar à dispo-
sição para o realinhamento da organização e a obtenção de maior eficiência.
Nesta unidade, exemplificaremos alguns dos instrumentos básicos de planejamento e
controle financeiro. Entretanto, deve ficar claro que o planejamento financeiro está em função
do planejamento estratégico que uma organização deve ter.
Com sua visão e missão estabelecidas, a análise de seus pontos fortes e fracos, suas poten-
cialidades e perspectivas traçadas, o planejamento financeiro estabelece metas a serem cumpri-
das e os critérios de controle sobre sua execução.
© U5 - Planejamento e Controle Financeiro 147
5. FUNDAMENTOS DE PLANEJAMENTO
Conforme Hoji (2010, p. 415):
O planejamento consiste em estabelecer com antecedência as ações a serem executadas dentro de
cenários e condições preestabelecidos, estimando os recursos a serem utilizados e atribuindo as res-
ponsabilidades, para atingir os objetivos fixados. Os objetivos fixados somente poderão ser atingidos
com um planejamento adequadamente estruturado.
O planejamento não pode se transformar em uma mera obrigação burocrática. Ele precisa
ser avaliado constantemente em termos de sua efetiva utilidade para a organização.
Conforme Oliveira (1995, p. 39-41), podemos estabelecer filosofias que permitam que o
processo de planejamento não perca o rumo:
a) filosofia da satisfação: os objetivos devem ser atingíveis, para proporcionar um nível mínimo de
satisfação aos responsáveis pela execução do planejamento;
b) filosofia da otimização: com a utilização de técnicas matemáticas e estatísticas e de modelos de
simulação, o planejamento deve ser feito para atingir o melhor resultado possível;
c) filosofia da adaptação: conhecida também como planejamento inovativo, consiste em responder ade-
quadamente às mudanças externas, pois o planejamento trabalha com diferentes níveis de incertezas.
derando as restrições de recursos). Fazendo uma analogia com futebol, em que é muito comum
se confundir estratégia com tática de jogo, podemos dizer que, antes do jogo, o técnico faz um
planejamento estratégico de como o time deve se preparar para ganhar determinado campeo-
nato, antevendo os jogadores que devem atuar ou ser contratados, os horários e campos de trei-
namento, os pontos mínimos que devem ser obtidos em determinada fase do campeonato etc.
Antes de determinado jogo, o planejamento tático consiste em definir qual o melhor es-
quema de jogo contra o adversário, a escalação do time, indicar as jogadas que devem ser mais
treinadas etc. E, mais uma vez, antes do jogo, o planejamento operacional consiste em definir
como cada jogador deve atuar, dar atenção a este ou aquele jogador que precisa ser mais moti-
vado, os reservas que devem ficar de prontidão etc. Quando finalmente o jogo começa, ele deve
controlar a ação e estar preparado para efetuar as mudanças táticas.
No que diz respeito às finanças, é preciso viabilizar recursos monetários para a sustenta-
ção ou mesmo o crescimento de longo prazo da empresa.
O ponto estratégico central consiste nos investimentos que devem ser realizados para via-
bilização dos objetivos estrategicamente traçados. Para tanto, linhas de financiamento de longo
prazo devem ser pesquisadas, seja com capital próprio ou de terceiros.
Uma vez definidas as condições para obtenção de recursos para os investimentos, proce-
de-se à alocação dos recursos entre os campos de atuação da organização e seus departamen-
tos, ou seja, definem-se os orçamentos para a organização.
Cabe comentar que a gestão do capital de giro, ainda que foco de preocupação para muitas
empresas (especialmente, talvez, aquelas mal administradas), pode ser entendida em termos de
planejamento operacional, para otimização de disponibilidades monetárias no pagamento das
despesas correntes.
Nesse sentido, podemos considerar que é um erro entender que um aumento do caixa seja
um objetivo central do planejamento estratégico, especialmente se for levando em conta o prin-
cípio da separação entre a entidade jurídica e seus proprietários. A maximização do lucro a ser
distribuído aos proprietários ao longo do tempo é que pode ser considerada objetivo estratégico.
3) orçamento de matérias-primas;
4) orçamento de mão de obra direta;
5) orçamento de custos indiretos de fabricação;
6) orçamento de custos de produção;
7) orçamento de despesas de vendas;
8) orçamento de despesas administrativas e gerais
9) orçamento de investimentos (de capital);
10) orçamento de aplicações financeiras e empréstimos;
11) orçamento de caixa (demonstração de fluxo de caixa projetado);
12) orçamento de resultado (demonstração do resultado projetado).
Dado o caráter introdutório do presente texto, voltado para um público mais amplo, va-
mos nos limitar a exemplificar numericamente apenas os orçamentos de vendas e de produção.
Posteriormente, serão explanadas apenas as variáveis mais importantes a serem consideradas.
Orçamento de Vendas
Como projetar as vendas? Essa pergunta só pode ser respondida com base nas perspec-
tivas de mercado em que a empresa atua. Para tanto, são necessárias projeções da conjuntura
econômica, do comportamento dos consumidores ou clientes diante dos produtos oferecidos e
preços cobrados pela empresa, além da reação dos concorrentes.
O desempenho passado e/ou sazonal das vendas também pode ser uma importante base
para projeções. Entretanto, cada empresa possui sua própria resposta e esta deve ser a mais
realista possível, dentro do seu contexto.
A partir das projeções de unidades vendidas, é preciso projetar os impostos e taxas a serem
pagos pelas vendas, sem os quais o orçamento de vendas é incompleto. Veja um exemplo simples:
Orçamento de Produção
A formatação básica de um orçamento de produção baseia-se na seguinte equação contábil:
Estoque Final
= Estoque inicial + Entradas − Saídas
Entradas =−
Saídas Estoque inicial + Estoque Final
guros, materiais de expediente, depreciação etc. Exemplos de custos variáveis indiretos seriam
eletricidade, água, entre outros. Tal orçamento vincula-se ao orçamento de investimentos rela-
cionado, contabilmente, às movimentações do ativo permanente da empresa.
A apuração dos custos unitários pode ser feita por meio de algum método de custo médio
ponderado pelas participações de cada item de matéria-prima no produto, isto é, pelos seus
coeficientes técnicos (relembremos o exemplo de fabricação do caderno).
Entretanto, para fins fiscais, é utilizado o método de custeio por absorção, em que, por
meio de índices (taxas de rateio), debita-se do custo dos produtos todos os custos de fabricação,
que resume o orçamento do custo de produção. Observe:
Quadro 3 Orçamento-resumo do custo de produção.
ORÇAMENTO-RESUMO DO CUSTO DE PRODUÇÃO
Períodos Obs.
PRODUTOS EM ELABORAÇÃO
Matérias-primas ... (1)
(+) Mão de obra direta ... (2)
(+) Custo indireto de
... (3)
fabricação
(=) Total de consumo ... (4) = (1) + (2) + (3)
(+) Estoque inicial de
... (5)
matérias primas
(-) Estoque final de matérias-
... (6)
primas
(=) Transferência para
... (7) = (4) + (5) – (6)
produtos acabados
PRODUTOS ACABADOS
Estoque inicial de produtos
... (8)
acabados
(+) Produção do período ... (9) = (7)
(-) Estoque final de produtos
... (10)
acabados
(=) Custo dos produtos
... (11) = (8) + (9) – (10)
vendidos
O estudo dos métodos de custeio é uma disciplina à parte, a de Contabilidade de Custos, a qual, por
sua vez, se relaciona à disciplina de Contabilidade Gerencial ou mesmo à Contabilidade Tributária, o
que vai além dos objetivos do presente texto.
Orçamento de Caixa
Em tal orçamento, projetam-se os fluxos de caixa da empresa, em consonância com o or-
çamento de aplicações financeiras e empréstimos.
Em tese, supondo uma empresa suficientemente organizada, esse orçamento é elaborado
depois de estabelecidos os orçamentos de produção, de marketing e de investimentos, de ma-
neira que configure um saldo mínimo de caixa para eventuais emergências.
O cálculo desse saldo mínimo pode envolver considerações quanto à sazonalidade de re-
cebimentos e pagamentos, assim como de elevações inesperadas nos custos das matérias-pri-
mas e de possíveis quedas de preços dos bens que produz.
Um aspecto fundamental da definição do orçamento de caixa é a sincronização dos fluxos
de caixa para o adequado funcionamento das diversas áreas da empresa. Entretanto, cada em-
presa necessita desenvolver seu próprio modelo de gestão de caixa (ou, em sentido mais amplo,
de capital de giro) face às diversas especificidades do contexto em que atua.
Entre os modelos que podem ser citados como base para o desenvolvimento de um mo-
delo próprio, estão os de:
1) caixa mínimo operacional;
2) Baumol;
3) Miller e Orr;
4) “dia da semana”.
siderados mais relevantes a números conformados aos princípios contábeis. Um exemplo dos
primeiros números seriam os de margem de contribuição, resultantes de abordagem de custeio
variável.
Outro conjunto útil de relatórios auxiliares seria um de análise de movimentações finan-
ceiras, englobando todas as necessidades de caixa das diversas áreas e os fatores que levam a
essas necessidades, inclusive com estudo dos impactos das variações das taxas de juros sobre o
endividamento da empresa e outros indicadores financeiros.
Limitações
a) os orçamentos baseiam-se em estimativas, estando sujeitos a erros maiores ou menores, confor-
me a sofisticação do processo de estimação;
b) o plano de resultados, por si só, não garante o resultado projetado; deve ser continuamente moni-
torado e adaptado às circunstâncias;
c) o custo de implantação e manutenção do sistema não permite sua utilização plena por todas as
empresas;
d) os atrasos na emissão de dados realizados prejudicam significativamente a implementação de ajus-
tes em tempo hábil;
e) as dificuldades de implementação de ajustes geram desconfianças em relação a resultados proje-
tados;
f) quando existe alta volatilidade das variáveis econômicas e financeiras, os resultados projetados
sofrem fortes distorções.
9. BSC
Uma proposta de planejamento e controle estratégico que ganhou certa notoriedade no
final do século passado foi a do Balanced Scorecard (BSC).
Apesar da implementação de um sistema em que cada membro da organização preen-
chesse cartões de desempenho ou seus equivalentes eletrônicos tenham se mostrado custosos
em termos de elaboração e de avaliação, entendemos que seus princípios ainda se mostram
relevantes.
Os cartões de desempenho (scorecards) teriam como itens básicos os objetivos, os indi-
cadores, as metas e as iniciativas de cada atividade efetuada pela pessoa ou grupo de pessoas.
Conforme Kaplan e Norton (1997), o valor é conseguido com o aperfeiçoamento da capa-
cidade de gerar mais conhecimento, sendo este um ativo intangível por excelência.
O Balanced Scorecard propõe um aumento da comunicação e da compreensão entre os
diversos componentes da organização, para que todos se comprometam com o aumento da
eficiência e eficácia dos processos da empresa.
O BSC reconhece que nem todas as medidas de desempenho podem ser financeiras ou
quantificáveis, e propõe a introdução de variáveis qualitativas relacionadas ao atingimento das
metas e dos objetivos das diversas áreas da empresa. Vejamos:
© U5 - Planejamento e Controle Financeiro 159
Em nosso entender, em que pese o mérito dos princípios abordados pelo BSC, cuja in-
fluência podemos perceber até no estilo de redação dos relatórios da administração de muitas
grandes empresas, sua efetiva implementação exige a presença de uma liderança motivadora
para a reorganização da empresa.
Sem tal presença, as informações colhidas pelo BSC tendem a se perder, tornando-se mero
procedimento burocrático.
Mesmo admitindo que isso possa ocorrer com qualquer sistema de planejamento e con-
trole, estamos em uma época em que aparentemente os resultados financeiros, tanto em ter-
mos individuais quanto organizacionais, são mais preocupantes e que o controle externo – no
sentido de transparência e governança corporativa – acaba por se fundir aos controles internos
da organização, mesmo que só aparentemente.
Deixamos essa reflexão a vocês.
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, foram descritas, ainda que em linhas gerais, algumas das abordagens úteis
de planejamento e controle.
O orçamento foi apresentado como uma das ferramentas essenciais para essas aborda-
gens, sendo citados alguns dos principais itens que seriam relevantes para a elaboração de um
sistema de orçamento para uma empresa industrial.
Por fim, foram discutidas algumas abordagens focadas no valor de mercado da empresa –
EVA, MVA, VBM e goodwill – e na formação de uma visão estratégica – BSC.
Esperamos que o conteúdo abordado nas cinco unidades deste Caderno de Referência de
Conteúdo contribua para sua formação profissional.
11. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamento Técnico CPC-04. Ativos intangíveis. Disponível em: <http://
www.cpc.org.br/noticias56.htm>. Acesso em: 21 jun. 2012a.
______. CPC-04. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_04n.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2012b.