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FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD

Fundamentos de Geologia – Prof. Ms. Clayton Ricardo Janoni

Meu nome é Clayton Ricardo Janoni, sou Geólogo bacharel em Geologia pelo Instituto
de Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro-SP da Universidade Estadual Paulista –
UNESP e mestre em Geologia Regional pela mesma universidade. Atualmente, sou
professor efetivo do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES, atuando no ensino,
pesquisa e extensão nas áreas de Geologia, Engenharia de Minas e Mineração.

e-mail: claytonjanoni@hotmail.com

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Clayton Ricardo Janoni

FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA

Batatais

Claretiano

2013
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013

551 J36f

Janoni, Clayton Ricardo


Fundamentos de Geologia / Clayton Ricardo Janoni – Batatais, SP :
Claretiano, 2013.
202 p.

ISBN: 978-85-8377-079-4

1. Estrutura e composição do Planeta Terra. 2. Deformações em rochas.


3. Tectônica de placas. 4. Água no sistema Terra. I. Fundamentos de
Geologia.

CDD 551

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


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Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli
Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami Vanessa Vergani Machado
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
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SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 7
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO.........................................................................................................................8
3 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 28
4 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .........................................................................................................................28

UNIDADE 1 - PLANETA TERRA: DAS ORIGENS À ESTRUTURA GEOLÓGICA ATUAL


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 29
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 29
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................29
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................31
5 GEOLOGIA: CIÊNCIA DA TERRA......................................................................................................................32
6 INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA......................................................................................................................35
7 TEMPO GEOLÓGICO....................................................................................................................................... 40
8 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO INTERNA DA TERRA.........................................................................................43
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................46
10 CONSIDERAÇÕES............................................................................................................................................ 48
11 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 48
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................48

UNIDADE 2 - CONSTITUIÇÃO DO PLANETA TERRA: MINERAIS E ROCHAS


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 49
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 49
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................49
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................50
5 MINERAIS....................................................................................................................................................... 51
6 INTRODUÇÃO À PETROLOGIA ÍGNEA, METAMÓRFICA E SEDIMENTAR..........................................................57
7 CICLO DAS ROCHAS........................................................................................................................................ 79
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................80
9 CONSIDERAÇÕES............................................................................................................................................ 82
10 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 82
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................82

UNIDADE 3 - DEFORMAÇÕES EM ROCHAS E TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 83
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 83
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................83
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................84
5 PRINCÍPIOS DEFORMACIONAIS......................................................................................................................85
6 ELEMENTOS ESTRUTURAIS – DOBRAS...........................................................................................................87
7 ELEMENTOS ESTRUTURAIS – FALHAS.............................................................................................................92
8 EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO TECTÔNICO................................................................................................96
9 TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS................................................................................................................98
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................103
11 CONSIDERAÇÕES............................................................................................................................................ 104
12 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 104
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................105

UNIDADE 4 - CICLO HIDROLÓGICO E INTRODUÇÃO À PEDOLOGIA – CIÊNCIA DO SOLO


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 107
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 107
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................107
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................109
5 ORIGEM DA ÁGUA NO SISTEMA TERRA.........................................................................................................110
6 CICLO HIDROLÓGICO...................................................................................................................................... 112
7 ÁGUA SUBTERRÂNEA..................................................................................................................................... 114
8 PROCESSOS EROSIVOS PROVOCADOS PELA DINÂMICA DA ÁGUA.................................................................119
9 INTEMPERISMO: CONCEITO, TIPOS E FATORES DE CONTROLE......................................................................122
10 PEDOLOGIA: CIÊNCIA DO SOLO......................................................................................................................124
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................129
12 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................... 130
13 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 131
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................132

UNIDADE 5 - OS AMBIENTES GEOLÓGICOS NA DINÂMICA EXTERNA DO PLANETA TERRA


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 133
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 133
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................133
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................134
5 AMBIENTES FLUVIAIS E ALUVIAIS ASSOCIADOS.............................................................................................135
6 AMBIENTES GLACIAIS..................................................................................................................................... 142
7 AMBIENTES DESÉRTICOS................................................................................................................................ 148
8 AMBIENTES COSTEIROS................................................................................................................................. 153
9 AMBIENTES DE FUNDO MARINHO.................................................................................................................156
10 INTRODUÇÃO GERAL À GEOMORFOLOGIA E À NEOTECTÔNICA....................................................................159
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS.......................................................................................................................160
12 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................... 160
13 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 161
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................162

UNIDADE 6 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS RECURSOS NATURAIS


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 163
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 163
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE...............................................................................................163
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................164
5 RECURSOS HÍDRICOS...................................................................................................................................... 165
6 IMPACTOS AMBIENTAIS NOS RECURSOS HÍDRICOS.......................................................................................169
7 RECURSOS MINERAIS..................................................................................................................................... 172
8 RECURSOS ENERGÉTICOS............................................................................................................................... 177
9 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS POR RECURSOS ENERGÉTICOS................................................................182
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................182
11 CONSIDERAÇÕES............................................................................................................................................ 183
12 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 183
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................184

UNIDADE 7 - GEOLOGIA REGIONAL: ESTUDO APLICADO PARA LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 185
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 185
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................185
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................186
5 ASPECTOS GEOLÓGICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO.....................................................................................186
6 ASPECTOS GEOLÓGICOS DO ESTADO DE MINAS GERAIS...............................................................................190
7 ASPECTOS GEOLÓGICOS DO DISTRITO FEDERAL............................................................................................191
8 ASPECTOS GEOLÓGICOS DO ESTADO DE RONDÔNIA.....................................................................................194
9 LEVANTAMENTOS BIBLIOGRÁFICOS ..............................................................................................................196
10 ENQUADRAMENTO DE ÁREAS EM ESTRUTURAS GEOLÓGICAS REGIONAIS..................................................197
11 ESTUDO DE CASO – ÁREAS ÍGNEAS OU DE MAGMATISMO...........................................................................198
12 ESTUDO DE CASO – ÁREAS METAMÓRFICAS OU DE FAIXAS MÓVEIS...........................................................199
13 ESTUDO DE CASO – ÁREAS SEDIMENTARES OU DE BACIAS...........................................................................200
14 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................201
15 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................ 201
16 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 202
17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................202
Caderno de
Referência de
Conteúdo
CRC
Ementa–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Evolução histórica do conhecimento geológico. Subdivisões e ramos da Geologia. Introdução à astronomia. O tempo
geológico. Estrutura e composição do Planeta Terra. Terremotos. Conceitos, origens, classificação e identificação
de minerais. Rochas Ígneas (vulcanismo e plutonismo). Rochas Metamórficas, ambientes e tipos de metamorfismo.
Rochas Sedimentares, processos e ambientes sedimentares. O ciclo das rochas. Princípios deformacionais. Dobras.
Falhas. Conceito de Tectônica. Tectônica de Placas. Regimes tectônicos. A água no sistema-Terra. Água subterrânea
e aquíferos. Intemperismo. Formação e classificação de solos. Solos brasileiros e depósitos lateríticos. Ambientes
fluviais e aluviais. Morfologia dos rios. Ambientes Glaciais e ação das geleiras. Ambientes Desérticos e ação dos
ventos. Ambientes Costeiros e ação do mar. Ambientes de fundo oceânico. Introdução à Geomorfologia e à Neotectô-
nica. Recursos Hídricos. Impactos antrópicos nos recursos hídricos superficiais e subterrâneos. Recursos Minerais.
Panorama econômico mineral no Brasil e no mundo. Recursos Energéticos. Impactos ambientais na exploração de
recursos energéticos. Geologia Regional do estado de São Paulo/Distrito Federal/Minas Gerais/Rondônia. Levanta-
mentos bibliográficos. Enquadramento de áreas nas principais estruturas geológicas regionais. Análise estratigráfica
e caracterização de unidades geológicas. Estudo de casos.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Você iniciará o estudo do Caderno de Referência de Conteúdo de Fundamentos de Geolo-
gia. O seu conteúdo está dividido em sete unidades, que serão, resumidamente, apresentadas
a seguir.
Na Unidade 1, serão abordados os conceitos iniciais da Ciência Geológica, as áreas que
compõem esta ciência, tanto teóricas como aplicadas, as terminologias necessárias para um
maior entendimento a respeito das dinâmicas internas e externas associadas ao nosso planeta,
assim como toda a magnitude do Tempo Geológico e a atual composição e estruturação do glo-
bo terrestre.
A Unidade 2 será uma das mais importantes unidades deste material, pois nela serão
apresentados a você os elementos constituintes da crosta terrestre - minerais e rochas. Você
conhecerá as mais importantes classes de minerais que configuram a composição das três clas-
ses genéticas de rochas: rochas ígneas, rochas sedimentares e rochas metamórficas. Além disso,
identificaremos todos os processos geológicos gerais, formadores dessas rochas, que configu-
ram a crosta terrestre e a sua integração final no chamado ciclo das rochas.
Na Unidade 3, você identificará os elementos deformacionais da crosta terrestre, ou seja,
aqueles que modificam e estruturam a crosta terrestre: as dobras e as falhas e, consequente-
mente, a mais importante teoria geológica que explica a movimentação e o dinamismo do pla-
neta Terra - a Teoria da Tectônica de Placas.
8 © Fundamentos de Geologia

Já na Unidade 4, será abordado o maior bem natural que existe em nosso planeta - a água,
relacionando-a com o Ciclo Hidrológico. Você conhecerá, também, o conceito de intemperismo,
muito importante para nós que vivemos em terras tropicais. O entendimento do intemperismo
nos direcionará ao estudo integrado da Pedologia - a ciência que estuda e classifica a formação
de todos os tipos de solos que compõem a superfície terrestre.
Na Unidade 5, você compreenderá os processos da dinâmica externa do planeta e a sua
relação com os ambientes geológicos. Conhecerá toda a dinâmica geológica de formação dos
ambientes: fluvial, glacial, desértico, costeiro e de fundo oceânico e, por fim, serão apresenta-
dos os conceitos iniciais da Geomorfologia e da Neotectônica, e a influência que exercem na
estruturação dos ambientes geológicos e, especialmente, no relevo terrestre.
Na Unidade 6, você estudará os principais conceitos geológicos e geopolíticos relaciona-
dos aos recursos hídricos, minerais e energéticos, como introdução ao grande estudo dos Recur-
sos Naturais, assim como os impactos ambientais causados na exploração destes.
Por meio dos estudos da Unidade 7, você poderá conhecer os aspectos geológicos regio-
nais (composição e estruturação) de algumas localidades, bem como as técnicas necessárias
para a realização de levantamentos geológicos (mapeamentos de áreas), e, por fim, realizare-
mos o estudo de caso de alguns municípios brasileiros, analisando os aspectos geológicos do
subsolo como suporte para diversas atividades economicamente exploráveis.
Bons estudos!

2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estudado neste Caderno de Refe-
rência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo
de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada
unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessá-
rio a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida - científica e cul-
tural - para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva,
ética e responsabilidade social.
A Geomorfologia e outras disciplinas estão relacionadas à Geografia Física e ao Meio Am-
biente. A Geologia é muito importante no aprendizado interdisciplinar de estudantes e profis-
sionais das ciências ambientais. Na atualidade, a busca e o entendimento relacionado aos pro-
cessos físicos e aos elementos que constituem o nosso planeta - A Terra, se fazem necessários e
imediatos frente às constantes modificações e degradações que a natureza vem sofrendo.
A Geologia como ciência tenta entender a história geral do planeta Terra, desde o momen-
to em que se formarão as rochas até os presentes dias. Em termos mais expressivos, podemos
definir a Geologia como sendo a ciência que aborda a história evolutiva do Planeta Terra, como
também sua origem, composição, estrutura, além dos fenômenos naturais ocorridos durante os
diversos períodos e eras que compõem o tempo geológico.
O planeta Terra já mudou muitas vezes ao longo de sua história. Continentes nem sempre estiveram
onde estão hoje, mares se formaram e secaram, formas de vida diversas surgiram e desapareceram. As
pistas deixadas pela natureza possibilitam que o homem procure, aos poucos, desvendar essa história.
Vestígios encontrados são como peças de um grande quebra-cabeça, que aos poucos vão se encaixando
e desvendando enigmas (JORNAL DA CIÊNCIA, 2007).
© Caderno de Referência de Conteúdo 9

Este é o papel do geólogo para as sociedades atuais: buscar pistas e desvendar a história
de nosso planeta, além de contribuir significativamente na busca de soluções e correções para
os problemas ambientais.
Da mesma forma do papel aplicado da ciência geológica, a educação profissional de es-
tudantes de diversas áreas, tais como, a Geografia, a Biologia, o Turismo, a Agronomia, enfim,
áreas que se integram na busca de soluções aplicadas ao meio ambiente, também é papel e
compromisso da Geologia. Observe esta inter-relação na Figura 1.

Figura 1.

No primeiro momento, o Caderno de Referência de Conteúdo de Fundamentos de Geolo-


gia tem a missão de levar a você o conhecimento de todos os conceitos iniciais e de apresenta-
ção da ciência geológica, bem como inter-relacionar esta ciência com o ensino da Geografia. O
conhecimento a respeito dos ramos que compõem a ciência geológica também será enfatizado
neste momento de forma que você possa se situar no dialeto das ciências da terra, ou seja, com-
preender a ação do geólogo juntamente com as outras áreas das geociências.
Você irá aprender também toda relação do sistema-Terra com os elementos e a dinâmica
astronômica do Universo, do Big Bang, a composição atual do sistema solar, de forma a situar
nosso planeta no tempo e no espaço.
Outro tema bastante importante e de difícil compreensão a ser destacado nesta Aborda-
gem Geral é o "Tempo Geológico", o tempo da Terra. O entendimento quantificado e qualificado
a respeito do tempo geológico é um assunto bastante complexo, em razão do uso de conceitos
das ciências exatas nesse processo de quantificação.
Por fim, você aprenderá os conceitos e dados elementares a respeito da composição e da
estrutura do Planeta Terra, dados estes de extrema importância para o ensino da geografia físi-
ca, além de conhecer e entender de forma curiosa a dinâmica interna do planeta.
Vale destacar que nenhum profissional ligado ao quadro ambiental desenvolve suas ati-
vidades e pesquisas sozinho, sempre trabalha de forma interdisciplinar com as outras áreas do
conhecimento integrado ao sistema-Terra.

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10 © Fundamentos de Geologia

Com isso, os objetivos a serem alcançados nesse primeiro momento são:


• Compreender a evolução histórica e a subdivisão dos ramos que compõem a ciência
geológica.
• Analisar e entender os aspectos astronômicos relacionados ao Planeta Terra.
• Entender e quantificar o Tempo Geológico além da estruturação física de nosso planeta.
Comece a criar um espírito crítico junto à busca ao conhecimento, envolvendo as duas
variáveis que configuram o funcionamento do sistema-Terra, ou seja, o tempo e o espaço.
Avançando o conhecimento geológico, você poderá introduzir os conceitos relativos aos
elementos micro-mesoscópicos que constituem a crosta terrestre, ou seja, minerais e rochas.
Em todas as análises ambientais, é necessário entender os processos geológicos relacio-
nados às causas dos mais diversos problemas relativos ao sistema-Terra. E a base para um en-
tendimento maior, partindo do efeito escala de observação, é conhecer a gênese de formação,
classificações gerais e a inter-relação destes elementos (minerais e rochas) como premissas fun-
damentais para essas análises.
Inicialmente, você irá aprender o que são, como se formam e a classificação geral dos mi-
nerais que constituem as três classes genéticas de rochas, além de conhecer os métodos diretos
de identificação e reconhecimento dos principais minerais formadores de rochas.
Avançando neste entendimento integrado dos constituintes da crosta terrestre, vamos
conhecer a gênese de formação das rochas ígneas, formadoras da base da crosta terrestre e
classificada como as mais antigas nesta escala de formação. Os processos magmáticos de for-
mação destas rochas, vulcanismo e plutonismo e seus produtos, serão enfatizados para você na
forma correta de conceituação.
As rochas metamórficas continuam nesta apresentação, em que é imprescindível enten-
der o conceito de metamorfismo e seus produtos, pois ambas as rochas ígneas e metamórficas
fornecem materiais mineralógicos para a formação das rochas sedimentares. Também é impor-
tante você conhecer a gênese complexa de formação, primeiramente, dos sedimentos e, poste-
riormente, das rochas sedimentares.
Por fim, a sistemática integradora dos aspectos mineralógicos, das rochas ígneas, sedi-
mentares e metamórficas, forma o chamado Ciclo das Rochas (Figura 2). É claro que nenhuma
gênese ocorre individual e pontual, sendo fatores interdependentes na composição total da
crosta terrestre.
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

Figura 2 Ciclo das rochas.

Para um perfeito entendimento desta grande variedade de elementos que constituem


a crosta terrestre, desenvolva uma memória fotográfica e continue a desenvolver seu espírito
crítico.
Após você conhecer os elementos formadores da crosta terrestre, vamos conhecer tam-
bém os elementos deformacionais e perturbadores das rochas, que geram condições geológicas
próprias para a formação de oceanos e cadeias montanhosas, e o surgimento de elementos
estruturais geométricos para uma análise geológica estrutural.
No decorrer dos estudos, serão discutidos o que é "deformação em rochas" e os condicio-
nantes físicos para que ocorram as deformações; além disso, apresentaremos alguns critérios
para o desenvolvimento das estruturas resultantes dos processos perturbadores e modificado-
res das rochas.
A Geologia Estrutural é o ramo das ciências da Terra responsável pelo estudo deformacio-
nal e dos elementos resultantes destas deformações na litosfera: as dobras e as falhas. O obje-
tivo do estudo de tais elementos é mostrar as evidências sobre o dinamismo do planeta Terra,
e comprovar a origem da formação dos continentes, o surgimento de estruturas modernas ao
lado de estruturas muito antigas no modelamento dos continentes e oceanos.
Os elementos geométricos que você irá estudar são as dobras geológicas (Figura 3) e as
falhas geológicas (Figura 4).

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12 © Fundamentos de Geologia

Figura 3 Dobras geológicas.

Figura 4 Falhas geológicas.

As dobras (Figura 3) são deformações de caráter dúctil que ocorrem nas rochas devido a
esforços compressivos das porções crustais, conhecidas como placas tectônicas.
Já as falhas (Figura 4) são deformações de caráter rúptil que geram a quebra de porções
continentais, o desnivelamento das estruturas e a formação de elementos geomorfológicos (de
relevo) na superfície terrestre.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Consequentemente, você conhecerá os elementos deformacionais e o funcionamento da


Teoria da Tectônica de Placas, muito importantes atualmente no entendimento da estruturação
da superfície terrestre.
Nesse sentido, você passará a compreender melhor a gênese estrutural de formação dos
principais elementos de relevo.
Assim, é importante que você compreenda os fatores geotectônicos e deformacionais,
busque uma aplicação em escala global sobre os produtos resultantes e não se prenda somente
aos elementos estruturais do território brasileiro.
O funcionamento do sistema-Terra está fundamentado na compreensão dos processos
relacionados à dinâmica interna, estes vistos até o momento, e à dinâmica externa, ou seja,
aqueles que ocorrem integrados na superfície terrestre, a qual você conhecerá a partir deste
momento.
O estudo geológico da água é extremamente importante para as ciências da Terra, visto
que ela compreende o agente químico mais abundante na superfície terrestre, além de repre-
sentar um elemento essencial para a vida das inúmeras espécies de seres vivos que habitam a
superfície terrestre. Por isso, você conhecerá a gênese de formação e todo o ciclo que a água
desenvolve no funcionamento do sistema-Terra.
Como você pode notar, a água assume papel importante junto aos processos de alteração
química de minerais e rochas atuando diretamente na formação do solo. Da mesma forma, a
água é o agente erosivo mais eficiente no sistema-Terra, pois utiliza os rios para transporte dos
materiais erodidos, e os lagos e os oceanos para a distribuição e a deposição desses materiais
inconsolidados que futuramente sofrem diagênese e formam as rochas sedimentares.
Você estudará, também, todos os processos e agentes envolvidos no ciclo hidrológico (Fi-
gura 5), que, por sua vez, é responsável por uma série de efeitos climatológicos e pela formação
dos solos na superfície terrestre.

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Figura 5 Ciclo hidrológico.

Ao comparar a porcentagem de água no globo terrestre e as áreas continentais, nota-se


que toda superfície terrestre representa 100% de material analisado, a água corresponde a qua-
se 75% deste montante e as áreas continentais assumem somente os 25% restantes.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

Pode-se notar que a ação geológica da água se dá tanto em superfície como em subsuper-
fície, formando os chamados aquíferos, que são reservatórios naturais de água junto às forma-
ções rochosas.
Outro conceito bastante importante para o estudo é o intemperismo, pois este corres-
ponde à ação geológica conjunta da água, do vento, do clima, do relevo, da fauna e da flora que
proporciona os processos de alteração química e física dos constituintes da crosta terrestre, os
minerais e rochas, formando os diversos solos presentes na superfície terrestre.
O solo, formado pela ação do intemperismo, corresponde à última camada formadora da
crosta terrestre, sendo de caráter inconsolidado, e é resultante das rochas que foram decom-
postas para a sua formação. Além disso, o solo é constituído por estruturas responsáveis sendo
diagnósticas em sua classificação.
Dessa forma, os processos geológicos relacionados à formação do solo recebem o nome
de Pedogênese, e a ciência responsável pelo estudo, análise e classificação dos solos é chamada
de Pedologia.
Como você pode observar, são várias definições que exigirão de você interpretação dos
conceitos geológicos, químicos e físicos relacionados à dinâmica da água na superfície e subsu-
perfície terrestre, da mesma forma que a Pedologia requer o desenvolvimento de uma memória
fotográfica bastante expressiva de sua parte, no ato de caracterização dos diversos tipos de so-
los, para futuras classificações em estudos ambientais aplicados.
De acordo com a Ceplac (2012): “A conservação do solo e da água melhora o rendimento
das culturas e garante um ambiente mais saudável e produtivo, para a atual e as futuras gera-
ções”.
Ambientes geológicos
De certa forma, todos os conceitos apresentados até o momento se inter-relacionam com
a formação, a composição, a morfologia e os demais aspectos dos ambientes geológicos da su-
perfície terrestre.
Conceitualmente, nosso principal objetivo será introduzir uma série de aspectos relacio-
nados à Geomorfologia, ciência responsável pelo estudo e evolução do relevo terrestre; bem
como os conceitos relacionados à Neotectônica, segmento da Geotectônica responsável pelo
estudo das estruturas geológicas envolvidas na formação do relevo.
O ambiente fluvial e aluvial associados serão os primeiros ambientes a serem discutidos,
pois os rios correspondem aos principais agentes modificadores e transformadores das paisa-
gens terrestres (Figura 6), agindo intensamente no modelamento do relevo. Além disso, apre-
sentam grande importância para a vida humana, uma vez que o homem se utiliza dos rios ou de
seus produtos para sua sobrevivência.

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16 © Fundamentos de Geologia

Figura 6 Rios – modeladores do relevo.

Entretanto, são também agentes condicionadores de catástrofes ambientais, tais como


enchentes e inundações. Enfim, conhecerão os aspectos morfológicos dos rios, a formação dos
leques aluviais e os produtos geológicos formados pela ação dos rios.
Ambiente Glacial
As geleiras correspondem a importantes elementos na composição fisiográfica do planeta
Terra. Diversos processos e fatores estão associados à dinâmica das geleiras na composição dos
ambientes glaciais, além de outros sérios fatores que são discutidos atualmente, tais como o
efeito estufa, a elevação do nível do mar, entre outros. Observe algumas áreas glaciais na Figura
7.
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

Figura 7 Áreas glaciais do planeta.

Em meados da era Cenozoica, o planeta enfrentou diversas fases glaciais, com temperatu-
ras muito baixas, alternado com fases interglaciais (fases de superaquecimento global).
Ambiente eólico
Você conhecerá, também, o ambiente eólico, ou ambiente dominado por ventos. Ele está
associado à ação eólica agindo no modelamento do relevo, e está relacionado à movimentação
das massas de ar no deslocamento de partículas (sedimentos) pelo ar.
A formação do deserto (Figura 8) é o produto mais característico da ação do ambiente eó-
lico, pois a formação de mares de areia e consequente formação de dunas são produtos da ação
dos ventos agindo na movimentação de partículas.

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18 © Fundamentos de Geologia

Figura 8 Desertos.

Ao contrário dos rios, os ventos são agentes menos efetivos no modelamento do relevo.
Ambientes costeiros
A dinâmica evolutiva dos ambientes costeiros (Figura 9), por sua vez, está associada à ação
do mar, na interface oceano-continente. Em função disso, surgem as praias e outras feições
morfológicas, tais como as baias, os cabos etc. Você estudará, também, a ação das correntes da
maré, responsáveis por muitos processos formadores e modificadores da linha costeira.

Figura 9 Ambientes costeiros: limite continentes/ oceano.


© Caderno de Referência de Conteúdo 19

Ambientes geológicos
Por fim, em relação aos ambientes geológicos que dominam a superfície terrestre, vamos
conhecer o ambiente de fundo oceânico, que, embora pouco explorado, apresenta certa impor-
tância na dinâmica externa do planeta, pelo fato de conter uma série de estruturas geológicas
formadas e associadas à movimentação das placas tectônicas, tais como a Cadeia Meso-Atlânti-
ca e uma série de ilhas e vulcões submarinos.
Os fundos oceânicos são estruturados por diversos outros ambientes menores, em escalas
diversas.
Nesse momento, já foram apresentados os processos e fatores que configuram as dinâmi-
cas internas e externas do planeta Terra, além dos aspectos gerais da ciência geomorfológica,
julgando que o entendimento integrado da evolução e formação dos ambientes geológicos seja
pré-requisito para o entendimento das formas de relevo, resultantes de tudo isso.
Após conhecer os processo e elementos gerados pelas dinâmicas interna e externa do
planeta Terra, você continuará discutindo em torno de uma questão bastante polêmica que vem
assustando uma série de nações por todo mundo, inclusive o Brasil - os recursos naturais.
A palavra “recurso” significa algo a que se possa recorrer para a obtenção de alguma coisa.
O homem recorre aos recursos naturais, isto é, aqueles que estão na Natureza, para satisfazer
suas necessidades.
No sistema-Terra ocorre uma constante troca de recursos naturais entre os seres vivos.
Contudo, os recursos naturais, após serem utilizados, podem ser renováveis, isto é, voltar a se-
rem disponíveis, ou não renováveis, isto é, nunca mais ficar disponíveis (GPCA, 2012).
A flora e a fauna são exemplos de recursos naturais renováveis. Já os minerais, como, por
exemplo, o minério de ferro e o petróleo, são classificados como recursos naturais não renová-
veis, pois, após seu uso, um dia, irão se esgotar no Planeta (GPCA, 2012).
Neste contexto, de acordo com GPCA (2012):
Conservar os recursos naturais implica em usá-los de forma econômica e racional para que, os renová-
veis não se extingam por mau uso e os não renováveis não se extingam rapidamente. Desde que, num
plano de manejo adequado, exista e se previna a ação antrópica (do homem) nociva, [a maior existência
dos] recursos naturais renováveis podem, teoricamente, acontecer.
Desde que se recicle convenientemente o recurso natural não renovável, a economia advinda possibili-
tará a dilatação do prazo de existência desse recurso na natureza.

De acordo com o site Árvores Brasil (2012):


Os recursos hídricos são de usos múltiplos. Embora o abastecimento público seja mundialmente reco-
nhecido como prioritário diante das demais demandas, a água também é utilizada para abastecimento
industrial, irrigação, [...] lazer, geração de energia elétrica, navegação conservação da biota aquática e
até mesmo para a recepção de efluentes tratados.

Observe na Figura 10 as principais bacias hidrográficas mundiais e brasileiras.

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20 © Fundamentos de Geologia

Figura 10 Principais bacias hidrográficas mundiais e brasileiras.

De acordo com o IGC (2012):


Os recursos minerais são todos os materiais retirados da crosta terrestre para nosso uso, incluindo
bens metálicos, não-metálicos, recursos energéticos e água mineral. Estes recursos estão presentes em
quase todos os aspectos do nosso cotidiano, em todos mesmo, desde as nossas roupas, casas, carros e
ruas, até alimentos e remédios.

Observe na Figura 11 algumas formas de exploração de recursos minerais.

Figura 11 Exemplos de exploração de recursos minerais.


© Caderno de Referência de Conteúdo 21

Vale ressaltar que os bens minerais podem ser utilizados em seu estado bruto ou então
após passar pelos mais variados processos industriais, desde simples moagem, até transforma-
ções mais complexas (IGC, 2012).
Os combustíveis fósseis (petróleo – Figura 12, carvão – Figura 13 e gás natural) são recur-
sos não renováveis e se enquadram nos recursos energéticos, utilizados pelas sociedades atuais,
isto é, um dia se esgotarão completamente; eles também são muito poluidores, pois o seu uso
implica muita poluição do ar.

Figura 12 Fontes energéticas - petróleo.

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22 © Fundamentos de Geologia

exploração

Figura 13 Fontes energéticas - carvão.

Por esses motivos, eles estão atualmente em declínio, em especial o petróleo. Assim, o
homem teve a necessidade de encontrar energias alternativas para suprimir as suas necessida-
des energéticas e eliminar os problemas ambientais. Das alternativas possíveis, a energia eólica,
solar, hidroelétrica, geotérmica, marés, ondas, biomassa e biogás, são as alternativas viáveis
atualmente para utilização de forma sustentável destes recursos.
Enfim, você irá conhecer as gêneses de formação destes recursos naturais, como também
as formas de utilização sustentável e os impactos causados pela má utilização destes recursos.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

Vamos discutir o quadro econômico brasileiro e mundial em relação ao papel desenvolvido


pelas nações para as políticas de preservação e legislação cabíveis à utilização destes recursos.
Aplicaremos nosso conhecimento em estudos fisiográficos, pois todos os profissionais do
meio ambiente são requeridos em algum momento de sua vida profissional para realizar levan-
tamentos junto ao meio ambiente.
Na atualidade, grande número de municípios brasileiros necessitam da realização e pro-
dução de Planos Diretores, que norteiem e descrevam todas as atividades aplicadas ao uso e à
ocupação do solo, atribuindo valores conceituais e formas mitigatórias para correção de peque-
nos, médios e até grandes impactos ambientais presentes nas áreas físicas dos municípios.
Você irá conhecer os aspectos gerais relacionados ao substrato geológico que compõem
os estados de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Rondônia.
Posteriormente, serão apresentadas formas de realização de levantamentos bibliográfi-
cos específicos para a iniciação aos estudos aplicados junto à temática geológica; com isso, a
metodologia científica será descrita a você de forma aplicada em estudos direcionados para a
complementação de estudos maiores que necessitam de suas ações como profissional do meio
ambiente.
Para estudos geológicos, é necessário que sejam realizadas pesquisas minuciosas para
caracterização das principais estruturas geológicas que configuram a base para o entendimento
das unidades rochosas presentes em determinada localidade.
Dessa maneira, os estudos serão direcionados na forma de estudos de casos para melhor
compreender como são estruturadas as áreas que apresentam seu subsolo enquadrado nas três
classes genéticas maiores de rochas: ígneas, sedimentares ou metamórficas.
Após a realização desta viagem geológica pelo tempo da Terra, você pôde ter uma noção
do que é a ciência geológica, além de seu objeto de estudo e a importância de conhecer os pro-
cessos físicos da Terra na sua formação como profissional do meio ambiente.
Devido às enormes catástrofes ambientais ocorridas na atualidade por todo globo terres-
tre, a necessidade e a procura de profissionais especialistas nos processos físicos do planeta têm
aumentado grandiosamente, daí a importância de concluirmos nossos estudos geológicos, co-
nhecendo de uma maneira geral a aplicabilidade de todos estes elementos, processos e agentes
geológicos, associados às causas e danos atribuídos ao meio ambiente.
Por fim, vale destacar o porquê de conhecer estudos de casos associados às três classes
genéticas de rochas. Todas as regiões do globo terrestre estão assentadas em uma destas três
ocorrências, sendo áreas ígneas, áreas metamórficas e áreas sedimentares.
No estudo físico do planeta Terra, tente associar os processos geológicos conhecidos por
você, e busque um ponto de partida para interpretar aqueles elementos associados a determi-
nados processos geológicos, pois, assim, seu entendimento contribuirá de forma marcante na
sociedade em que vivemos.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições con-
ceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo. Veja, a seguir, a
definição dos principais conceitos:

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24 © Fundamentos de Geologia

1) Acresção planetária: é o processo, também chamado de “colapso gravitacional”, que


ocorre entre as nuvens de gás e a poeira cósmica de alta densidade existente no uni-
verso, no momento de fusão de todos estes elementos no ato da formação do planeta.
2) Albedo: este termo diz respeito à proporção entre a energia solar refletida e a energia
solar incidente, revelando, assim, “[...] a capacidade de absorção da energia solar dos
materiais terrestres e dos organismos, rios, lagos, oceanos, geleiras continentais e flo-
restas” (SÍGOLO in TEIXEIRA, 2003, p. 249).
3) Caldeira: “[...] material fornecido por um vulcão, seja sob forma de lava ou de tufos,
muitas vezes atingindo muitos quilômetros cúbicos”. A eliminação desse volume pro-
voca uma deficiência de massa no interior, que poderá ser compensada pelo colapso
das partes exteriores (UFPA, 2012).
4) Cristalinidade: quanto melhor a formação cristalográfica dos minerais, ou seja, quan-
to maior é o tempo de resfriamento, maior cristalinidade a rocha possui.
5) Diagênese: "[...] nome dado ao conjunto de transformações que o depósito sedimen-
tar sofre após a deposição, consistindo em mudanças nas condições de pressão, tem-
peratura, Eh, pH e pressão de água, ocorrendo dissoluções e precipitações a partir
das soluções aquosas existentes nos poros. O processo termina na transformação do
depósito sedimentar inconsolidado em rocha, ou litificação” (UNESP, 2012).
6) Estado dúctil: estado máximo de deformação sem rompimento ou quebra do mate-
rial.
7) Estratigráfico: “[...] forma, arranjo, distribuição geográfica, sucessão geológica, classi-
ficação, correlação e as relações mutuais das camadas de rochas, especialmente sedi-
mentares” (PARKER, 1989, p. 1834).
8) Estuário: “[...] é uma massa de H2O costeira semifechada que possui uma ligação livre
com o mar aberto, é, portanto, extremamente afetado pela ação das marés, dentro
deles H²O doce (oriunda dos sistemas terrestres) se mistura (diluí) com H2O marinha”
(COLA DA WEB, 2008).
9) Grupo: é o nome dado ao conjunto de rochas metamórficas que apresentam as mes-
mas condições pretéritas. Um exemplo disso é o Grupo Araxá, que é formado por ro-
chas metamórficas de baixo grau, composto por quartzitos, xistos, filitos e pertencem
à Faixa de Dobramentos Brasília.
10) Isostasia: corresponde ao equilíbrio entre as porções rochosas continentais que flutu-
am e se apóiam nas porções mais densas do manto.
11) Lixiviado: compreende os minerais que se encontram na porção superior do solo e se
concentram nas porções inferiores devido à percolação de água no sistema.
12) Loess: são depósitos sedimentares que se formam devido aos sedimentos em sus-
pensão no ar por muito tempo, retirados de uma área fonte (como vulcões e erosão
glacial), são transportados pelos ventos e se depositam em regiões muito distantes
desta área fonte.
13) Matacões: fragmento de rocha maior do que bloco e que tem diâmetro maior do que
25 cm, apresentando, muitas vezes, formas esferoides (UNB, 2012).
14) Não renovável: nunca mais serão disponíveis.
15) Pedologia: é a ciência que estuda e classifica o solo.
16) Plano Diretor: é o planejamento de caráter sócio-econômico-cultural-ambiental ne-
cessário para todos os municípios para justificar suas formas de ocupação e uso do
solo.
17) Plutons: é o nome dado aos corpos intrusivos, eles estabelecem relações geométricas
com as rochas encaixantes de forma concordante ou discordante. Os corpos concor-
dantes são classificados em: sills, lacólitos, lopólitos e facólitos, já os corpos discor-
dantes são classificados em: diques, necks, apófises e batólitos.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25

18) Podzolização: é o processo de formação do solo com migração mecânica de argila do


horizonte a para o horizonte b (b textural), ou migração química do horizonte a para o
horizonte b (b espódico).
19) Renovável: que está sempre se renovando.
20) Saprólito: “Rocha decomposta por intemperismo químico para um material argiloso,
variavelmente friável, de cores amarelas a avermelhadas ou em tons de cinza, [depen-
dendo] da rocha original e do clima, podendo conter quartzo e outros minerais resis-
tentes à alteração e preservando, frequentemente, muitas das estruturas da rocha sã
que ocorre abaixo”. O saprólito ocorre na base do manto de intemperismo, mas pode
ser exposto por erosão dos níveis regolíticos, podendo apresentar dezenas de metros
de espessura em climas úmidos (UNB, 2012).
21) Seixos: fragmento de mineral ou de rocha, menor do que bloco e maior do que grânu-
lo, tamanho conhecidos como pedregulho ou cascalho, com diâmetro compreendido
entre 2,0 mm e 60 mm quando arredondados ou semiarredondados.
22) Soerguimento: a crosta terrestre exerce força de elevação sobre as rochas constituin-
tes, fazendo que rochas que estão a dezenas de metros de profundidade sejam expos-
tas em superfície sujeitas ao intemperismo.
23) Soil Survey: manual e sistema americano (USA) de classificação de solos.
24) Solução lixiviante: é uma solução que remove os detritos químicos e deixa no sistema
os materiais neoformados.
25) Tectogênica: processos pelos quais as rochas são deformadas. Refere-se, especifica-
mente, à formação de dobras, falhas, juntas e clivagem.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apre-
sentamos, a seguir (Figura 14), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que
você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse
exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a
partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar,
de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos
mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na se-
quenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organiza-
ção das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu
conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no
seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos
de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se,
ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a apren-
dizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva
do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de
ancoragem.
Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, apenas, realizar acréscimos na es-
trutura cognitiva do aluno; é preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se con-
figure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de
conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os

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26 © Fundamentos de Geologia

novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar
esses conceitos nas suas já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da cons-
trução do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações
internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua
aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou
seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia
parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.
br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).

Águas
Subterrâneas

Figura 14 Esquema dos Conceitos-chave – Fundamentos de Geologia.

Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos anteriormente, uma
visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar en-
tre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-apren-
dizagem. Por exemplo, o conceito de ciclo das rochas exige que você compreenda os conceitos
de minerais e que entenda que as rochas são constituídas por eles, sem o domínio conceitual
deste processo explicitado pelo esquema, pode-se ter uma visão confusa do tratamento da te-
mática da geologia proposto neste Caderno de Referência de Conteúdo.
© Caderno de Referência de Conteúdo 27

O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se


somar àqueles disponíveis no ambiente virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem
como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no
polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu
próprio conhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os
conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas
dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do
ensino de Geografia pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante
a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a
avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar
seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabarito, que lhe permitirá conferir
as suas respostas sobre as questões autoavaliativas de múltipla escolha.

As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta. Por
sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos
ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas
obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há
nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com
seus colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só
a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte integrante dos conteúdos, ou seja,
elas não são meramente ilustrativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos estudados, pois relacio-
nar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais
apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você
se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de co-
municação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com
outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece,
aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma
capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma forma-
ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do
tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem
o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.

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28 © Fundamentos de Geologia

É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de
Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de
produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Co-
teje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às
videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são im-
portantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram
significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses pro-
cedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é parti-
cipar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de
Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.

3. E-REFERÊNCIAS

Sites pesquisados
ÁRVORES BRASIL. O que são recursos hídricos e florestais. Disponível em: <http://www.arvoresbrasil.com.br/?pg=aguas_
florestas_recursos>. Acesso em: 9 fev. 2012.
CEPLAC. Conservação do solo e da água. Disponível em: <http://www.ceplac.gov.br/radar/conservacaosolo.htm>. Acesso em:
8 fev. 2012.
COLA DA WEB. Ambiente estuarino. Disponível em: <http://www.coladaweb.com/biologia/ambienteestuarino.htm>. Acesso
em: 26 out. 2008.
GPCA. Recursos naturais. Disponível em: <http://www.gpca.com.br/gil/art80.htm>. Acesso em: 9 fev. 2012.
IGC. Utilização de recursos minerais: argila, calcário, cimento, metais, petróleo. Disponível em: <https://docs.google.com/
viewer?a=v&q=cache:UK2rG5dKDboJ:www2.igc.usp.br/concurso/texto4.doc+Os+recursos+minerais+s%C3%A3o+todos
+os+materiais+retirados+da+crosta+terrestre+para+nosso+uso&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESh7Fgs0NuhQfk3-
j-L2aEAAdJPBP_6KWtlbR1-f0a_Z_HVGDg5AmpeGMZqlHTW4pe-lhNxssRu1aHWTPnWqtdq3iAWmqF_Rdw1Lec0Kdwe7He7Cttu
Tx74PvdG2NIlDVKg-GHicX&sig=AHIEtbREJYVOTOrY9n9X7ejWj1FvGmOdsQ&pli=1>. Acesso em: 9 fev. 2012.
JORNAL DA CIÊNCIA. Ciência e poesia explicam Geologia. 2007. Disponível em: <http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.
jsp?id=51274>. Acesso em: 8 fev. 2012.
UFPA. Rochas ígneas. Vicente Caputo (Org.). Disponível em: <https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:jjFno_gQiywJ:www.
ufpa.br/larhima/Material_Didatico/Graduacao/Geologia_Geral/Rochas%2520Igneas%2520e%2520magmatismo.doc+%C3
%A9+o+material+fornecido+por+um+vulc%C3%A3o,+seja+sob+forma+de+lava+ou+de+tufos&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srci
d=ADGEESjFqHiPPiQTjlz55ZjrAXhhvVivfdfig_bbbpVywSCoSWNGtYo66xwigLM1o3zdO7p7iz4bkfhQuJE_gmfAW1yUG6gZkqJ_
hhmMy1xUpaym-B3jF1ttoupsMCL7NVv1b3vkObWx&sig=AHIEtbRFJ99oGBwti3opLRKWlQBHIqdiuw>. Acesso em: 9 fev. 2012.
UNB. Matacões. Disponível em: <http://vsites.unb.br/ig/glossario/verbete/matacao.htm>. Acesso em: 9 fev. 2012.
_____. Saprólito. Disponível em: <http://vsites.unb.br/ig/glossario/verbete/saprolito.htm>. Acesso em: 9 fev. 2012.
UNESP. Rochas sedimentares. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/sedimentares/sedimentares.html>.
Acesso em: 9 fev. 2012.

4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
EAD
Planeta Terra: das Origens à
Estrutura Geológica Atual

1. OBJETIVOS
• Identificar e compreender a evolução histórica e a subdivisão dos ramos que com-
põem a ciência geológica.
• Identificar e analisar os aspectos astronômicos relacionados ao planeta Terra.
• Compreender e quantificar o tempo geológico e a estruturação física do nosso plane-
ta.

2. CONTEÚDOS
• Evolução histórica do conhecimento geológico e principais ramos de atuação do geó-
logo.
• Introdução à Astronomia: o Big Bang, o Universo, a Via láctea e o sistema solar.
• Tempo geológico: o conceito de eras, períodos e épocas geológicas.
• Estrutura e composição do planeta Terra, campo gravitacional e eletromagnético e
calor interno da terra.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
30 © Fundamentos de Geologia

1) Para obter maiores informações sobre Geologia, consulte o seguinte endereço ele-
trônico: <http://www.igc.usp.br/geologia/o_que_e_a_geologia.php>. Acesso em: 15
ago. 2011.
2) Você poderá consultar o histórico completo da ciência geológica em:
• O papel da história da exploração aurífera em Ouro Preto e a formação de professo-
res em Geologia. Disponível em: <http://www.igc.usp.br/geologiausp/downloads/
geoindex655.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• História da Geologia. Disponível em: <http://www.minera-net.com.ar/detalle-noti-
cia.asp?i=2995&t=4>. Acesso em: 6 jan. 2012.
3) Conheça mais sobre os aspectos relacionados à magnitude do tempo geológico e ana-
lise-os por meio dos endereços eletrônicos:
• Cronômetros da Terra - o tempo Geológico. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/
geociencias/cporcher/Atividades%20Didaticas_arquivos/Geo02001/Tempo%20
Geologico.htm>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• Tempo Geológico. Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/geografia/
tempo-geologico.html>. Acesso em: 6 jan. 2012.
4) Ao analisar os processos geológicos, tente sempre ordená-los em uma linha do tem-
po. Isso facilitará seu entendimento sobre a evolução de todos esses processos e nas
diversas escalas de observação.
5) Os aspectos relacionados à estrutura, campo gravitacional e magnético terrestre e ao
calor interno da Terra podem ser melhor aprofundados pela consulta aos seguintes
endereços:
• Gravimetria. Disponível em: <http://www.iag.usp.br/siae98/gravimetria/gravime-
tria.htm>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• Estrutura da Terra. Disponível em: <http://domingos.home.sapo.pt/estruterra_4.
html>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• Magnetismo Terrestre. Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/geografia/
magnetismo-terrestre.html>. Acesso em: 6 jan. 2012.
6) Para melhor compreensão do tema campo eletromagnético da Terra, observe o se-
guinte endereço eletrônico: <http://www.mporzio.astro.it/CVS/campo.JPEG>. Acesso
em: 15 ago. 2011.
7) Antes de começar seus estudos sobre os Fundamentos de Geologia, seria interessante
para você conhecer um pouco sobre a vida e a obra de alguns dos primeiros pensado-
res que discutiram a formação e a constituição da Terra e do Universo.

Tales de Mileto
Foi o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Ele é o marco inicial da filosofia ocidental. De ascendência
fenícia, nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia, por volta de 624/625 a.C. e faleceu
aproximadamente em 556 ou 558 a.C.
Tales é apontado como um dos sete sábios da Grécia Antiga. Além disso, foi o fundador
da Escola Jônica. Considerado, também, o primeiro filósofo da “physis” (natureza), porque
outros, depois dele, seguiram seu caminho buscando o princípio natural das coisas.
Tales considerava a água como sendo a origem de todas as coisas. E seus seguidores, embora
discordassem quanto à “substância primordial” (que constituía a essência do universo), concordavam
com ele no que dizia respeito à existência de um “princípio único” para essa natureza primordial.
Entre os principais discípulos de Tales de Mileto merecem destaque: Anaxímenes, que dizia ser o “ar” a substância
primária; e Anaximandro, para quem os mundos eram infinitos em sua perpétua inter-relação (texto adaptado do site
disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tales_de_Mileto>. Acesso em: 2 fev. 2012).
Anaxímenes de Mileto (585–528 a.C.)
Concordava com Anaximandro quanto ao a-peiron, e com as características desse
princípio apontadas por Anaximandro. Mas postulou que esse a-peiron fosse o Ar.
Foi discípulo e continuador da escola Jônica e escreveu sua obra: “Sobre a Natureza”, também em prosa.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 31
Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a luz da Lua é proveniente do Sol.
Enquanto Tales sustentava a ideia de que a água é o bloco fundamental de toda a matéria, Anaxímenes dizia que
tudo provém do Ar e retorna ao Ar.
Adágio de Anaxímenes: “Exatamente como a nossa alma, o ar mantém-nos juntos, de forma que o sopro e o ar abraçam
o mundo inteiro [...]”. (texto adaptado do site disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anax%C3%ADmenes_de_
Mileto>. Acesso em: 2 fev. 2012).

Giovanni Arduino (1714–1795)


Foi um geólogo italiano. Fundador da estratigrafia e considerado como o “pai da geologia italiana”. Era irmão do
naturalista Pietro Arduino.
Foi professor de química, mineralogia e metalurgia em Veneza.
Arduino foi um especialista em mineração. Foi ele que possivelmente desenvolveu a primeira classificação de tempo
geológico, baseado no estudo da geologia do norte da Itália, particularmente num penhasco de Recoaro Terme,
uma região rica sob o ponto de vista geológico. Em 1735, dividiu a história da terra em quatro períodos: Primitivo
(primário), secundário, terciário e vulcânico (quaternário).
Sua teoria considerava que todos estes períodos foram delimitados por fenômenos naturais como catástrofes,
inundações, glaciações ou outros.
Seu maior trabalho foi “Due lettere sopra varie osservazioni naturali dirette al Prof. A. Vallisnieri”, de 1759, onde
propôs a divisão do período geológico da terra nas quatro ordens.
Além disso, dirigiu a exploração de algumas minas em Veneto e Toscana.
Em 1912, o geólogo Edoardo Billows dedicou-lhe um mineral que pensou ser uma nova descoberta com o nome de
“arduinita”. Porém, posteriormente foi verificado que este mineral se tratava da já famosa mordenita.
Em 1976, o cume Dorsum Arduino da lua foi nomeado em sua homenagem (texto adaptado do site disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Giovanni_Arduino>. Acesso em: 3 fev. 2012).

Abraham Gottlob Werner (1749–1817)


Foi um geólogo e mineralogista alemão, fundador da moderna mineralogia e da geognosia. Os seus trabalhos
contribuíram para a separação da geologia e mineralogia em ciências distintas, tendo sido o primeiro cientista a
classificar os minerais sistematicamente. Foi também o proponente de uma controversa teoria sobre estratigrafia e
defendeu e divulgou o neptunismo, uma teoria explicativa da origem das rochas, hoje obsoleta. Pela importância dos
seus trabalhos ao longo de sua vida e pelo contributo que deu às Ciências da Terra é considerado como o pai da
mineralogia moderna. Também elaborou teorias sobre estratificação das rochas e formação das rochas vulcânicas
(texto adaptado do site disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Gottlob_Werner>. Acesso em: 3 fev.
2012).

James Hutton (1726–1797)


Foi um geólogo escocês, conhecido por ser o pai do uniformitarismo e do plutonismo. Ele é considerado por muitos o
pai da geologia moderna (texto adaptado do site disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Hutton>. Acesso
em: 3 fev. 2012).

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta primeira unidade, daremos início aos nossos estudos introduzindo os conceitos bá-
sicos da ciência geológica, bem como a inter-relação desta ciência com o ensino da Geografia.
Assim, o conhecimento a respeito dos ramos que compõem a ciência geológica será enfa-
tizado de forma que você possa se situar no dialeto das ciências da terra, ou seja, compreender
a ação do geólogo juntamente com as outras áreas das geociências.
No decorrer do estudo desta unidade, você compreenderá toda a relação do sistema Terra
com os elementos e a dinâmica astronômica do Universo, do Big Bang à atual composição do
sistema solar, de forma a situar nosso planeta no tempo e no espaço.
Outro tema bastante importante a ser estudado será o tempo geológico, ou seja, o tempo
da Terra.
Por fim, você compreenderá os conceitos elementares a respeito da composição e da es-
trutura do Planeta Terra, dados estes de extrema importância para o ensino da Geografia Física.
Vamos lá?

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5. GEOLOGIA: CIÊNCIA DA TERRA


O que você entende por Geologia? Para as Geociências, a definição de Leinz e Amaral
(1987, p. 3) apresenta de forma explícita e objetiva o que esse ramo significa, conceitualmente,
para a sociedade.
O termo Geologia vem do grego geo, que significa terra, e logos, palavra, pensamento, ciência. A Geo-
logia, como ciência, procura decifrar a história geral da Terra, desde o momento em que se formaram
as rochas até o presente, pois corresponde a um conjunto de fenômenos físicos, físico-químicos e bio-
lógicos.

Em outras palavras, podemos definir a ciência geológica como a ciência cujo objeto de
estudo é o Planeta Terra, suas transformações e sua história. Essas transformações geram ele-
mentos ou fenômenos naturais que atuam de forma direta e indireta em nossas vidas.
Por exemplo, foi por meio do conhecimento geológico que se chegou à determinação da
idade da Terra, 4,6 bilhões de anos, e também à criação e ao desenvolvimento de teorias como
a Tectônica de Placas, uma teoria importante, balizadora dos aspectos evolutivos e de movimen-
tação das placas tectônicas que compõem a crosta terrestre.
A Geologia apresenta uma relação intrínseca com muitas outras ciências, em especial com
a Geografia, a Biologia e a Engenharia Ambiental. Por outro lado, a Geologia fundamenta-se por
dados e ferramentas disponibilizados pelas ciências exatas, daí o enorme grau de complexidade
no entendimento de diversos processos relacionados a essa história evolutiva.
Atualmente, o geólogo tem um papel nobre nas sociedades, em consequência da frequen-
te ocorrência de problemas e contrastes ambientais catastróficos, auxiliando na compreensão
dos processos naturais e no entendimento da dinâmica evolutiva desses processos.
Vale lembrar que nenhum profissional ligado ao quadro ambiental desenvolve suas ativi-
dades e pesquisas sozinho. Ele sempre trabalha de forma interdisciplinar com as outras áreas do
conhecimento integrado ao sistema Terra.
Cabe ao geólogo, ainda, a missão de localizar e propor métodos corretivos relacionados
ao uso e à extração de recursos naturais, como o petróleo, o gás natural e o carvão e, na pros-
pecção e exploração de metais gerados na crosta terrestre, como o minério de ferro utilizado
na metalurgia e na siderurgia, da bauxita para produção do alumínio, do urânio como mineral
energético etc.
Ou seja, a Geologia relaciona-se com muitas ciências que têm como foco de atuação o
meio ambiente. Veja na Figura 1 a inter-relação das diversas ciências que utilizam o meio am-
biente na interface de atuação.

Figura 1 Inter-relação das diversas ciências que utilizam o meio ambiente na interface de atuação.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 33

O conhecimento geológico atingiu um grau de evolução bastante avançado se comparado


a décadas passadas, como 1970 e 1980.
Essa evolução não se deveu apenas às aceleradas pesquisas geológicas perante o con-
traste ambiental do ciclo natural terrestre, fundamentais para a valorização das relações entre
o agente antrópico (homem) e a natureza. Ela também tem relação com a criação de um perfil
mais crítico e consciente frente ao ritmo acelerado no desenvolvimento de cidades e na gestão
de recursos naturais.
Assim, uma das premissas fundamentais das pesquisas geológicas atuais é o estabeleci-
mento de critérios investigativos para evitar danos futuros ao meio ambiente nas várias ativida-
des humanas, além da valorização da relação entre o ser humano e a natureza.
Os objetivos da ciência geológica resumem-se ao estudo das características do interior e
da superfície da Terra, na compreensão dos processos físicos, químicos e físico-químicos, res-
ponsáveis pela formação dos elementos constituintes na estruturação atual do Planeta Terra.
Além desses segmentos geocientíficos, existem outras ciências que se apoiam de alguma
forma no sistema-Terra, como é o caso da Agronomia, da Engenharia Ambiental etc.

Evolução histórica do conhecimento geológico


Você sabia que as primeiras ideias referentes ao estudo da Geologia se deram quando o
homem, como agente social, buscou a utilização de minerais e rochas em vários segmentos de
sua vida?
A seguir, veja, por meio dos períodos da história, uma breve relação da ordem cronológica
dos fatos que levaram ao desenvolvimento da ciência geológica.
De acordo com Eicher (1996), em sua obra O tempo geológico, as primeiras utilizações de
recursos naturais aconteceram na Pré-História, quando o homem buscava no solo ferramentas
para o manuseio da vida.
Posteriormente, as primeiras observações e questionamentos vieram dos gregos na anti-
guidade clássica, período em que a ocorrência dos fatos levava a suposições de caráter abstrato
e especulativo e, a maioria delas, apresentava um fundamento geológico de acordo com os
conceitos da atualidade.
Entre os primeiros pensadores, Eicher (1996) cita Tales de Mileto (século 5º a.C.), que
supôs que a água seria o agente formador da terra; Anaxímenes (século 4º a.C.), com a ideia
de ser o fogo e o ar o agente formador, e Aristóteles (século 2º a.C.), com a suposição de que
os terremotos seriam formados pelo sopro de fortes ventos no interior da Terra, entre outros.
Na Idade Média foram poucos os progressos da ciência geológica. Somente no final do
século 15 surgem as ideias de Leonardo da Vinci, com proposições bastante enriquecedoras no
entendimento de formação dos fósseis, formação das montanhas, origem dos rios etc. Giorgio
Agricola (1494-1555) também aparece nesse cenário investigativo, contribuindo de forma gran-
diosa com a criação do primeiro manual de Mineralogia.
Outros cientistas renomados pela história da humanidade colaboraram para o suces-
so atual da Geologia, tais como: Copérnico, Galileu Galilei, Ptolomeu, Giordano Bruno, Isaac
Newton, entre outros.
No século 17, surgem nomes como Nicolas Steno, com conceitos bastante enriquecedores
no ramo da Geologia Histórica e W. G. Leibniz, aprofundando as ideias de René Descartes sobre
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a origem da crosta terrestre. Já no século 18, surgem Giovanni Arduino, Buffon e Cuvier com as
primeiras noções sobre o tempo geológico, como afirmam Teixeira et al. (2003).
Foi no início do século 19 que Abraham G. Werner e James Hutton remodelaram a ciência
geológica, dando-lhe aspectos modernos. Werner aplicava a teoria do Netunismo, a qual propõe
que todas as rochas teriam sido formadas em um oceano espesso que cobria toda a superfície
terrestre; Hutton aplicava a teoria do Plutonismo, que propunha ser o magma o agente forma-
dor das rochas, sem desprezar a água como agente formador de outras rochas, além de estabe-
lecer o conceito de erosão.
Já Charles Lyell estabeleceu os conceitos da Geologia Física e da Estratigrafia. Eduard
Suess estabelece a história de formação da crosta terrestre, entre outros. A partir desse período,
a Geologia veio se desenvolvendo no ramo científico progressivamente.
Eicher (1996) afirma que, no Brasil, a Geologia manifesta-se no final do século 18 com as
ideias e tratados de José Bonifácio, criados a partir de suas viagens científicas pelo estado de
São Paulo. Segundo ele, também a chegada da corte portuguesa, quando vieram para o Brasil
os alemães Eschewege e Varnhagen, estabeleceu diversos estudos na área da mineração e da
metalurgia.
Já no final do século 19, foi criada a Comissão Geológica do Império do Brasil, comandada
por diversas celebridades da ciência geológica brasileira como Derby, Branner, entre outros.
Até hoje a ciência geológica caminha em ritmo acelerado diante da imensa necessidade
de investigações e criações de novas técnicas para o entendimento e a correção de problemas
ambientais, além da criação de tecnologias modernas e avançadas para o processo de correção
do meio ambiente.

Subdivisões e ramos da Geologia


De acordo com Leinz e Amaral (1987, p. 3-4), a ciência geológica divide-se em dois níveis
de investigação:
• Geologia Teórica e Conceitual - composta pelas seguintes áreas: Geologia Geral, Mineralogia e
Mineralogia Óptica, Petrologia Ígnea, Metamórfica e Sedimentar, Paleontologia, Estratigrafia, Fo-
togeologia, Geologia Estrutural, Geotectônica, Geomorfologia, Geoquímica, Pedologia e Geologia
Histórica.
• Geologia Aplicada - composta pelas seguintes áreas: Geologia Econômica, Hidrogeologia, Mecâ-
nica de Solos e Rochas, Prospecção e Pesquisa mineral, Mapeamentos geológicos, Geologia de
Engenharia, Lavra de minas e Tratamento de minérios, Geologia Ambiental, Geologia do Petróleo,
Recursos Energéticos e Geofísica.

Veja na Figura 2 um quadro descritivo dos ramos que compõem a ciência geológica.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 35

Figura 2 Quadro descritivo dos ramos que compõem a ciência geológica.

6. INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA
O que você entende por Astronomia? Veja o conceito apresentado a seguir e compare
com as suas ideias.
Maciel (2001) definiu a Cosmologia como a ciência responsável pelo estudo não só da
evolução e origem do Universo, como também das maiores estruturas existentes nele. Com isso,
pertencente ao estudo maior da Cosmologia, encontra-se a Astronomia.
Teixeira et al. (2003) afirmam que Astronomia é a ciência que busca informações por meio
de investigações e análises espaciais dos fenômenos físicos relacionados à Terra e à sua atmos-
fera, estudando as origens e a evolução de todos os objetos que podem ser observados no céu,
em escala cosmológica.
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A Astronomia fundamenta suas descobertas na monitoração de fenômenos espaciais tem-


porários. Além disso, da mesma forma que as outras ciências do sistema Terra, baseia seus es-
tudos no método científico, associando observações científicas extraterrestres para confirmar
algumas teorias terrenas.
A Figura 3 mostra uma representação da Astronomia como a ciência da observação do
céu, das estrelas e do universo.

Fonte: Enciclopédia Astronomia, (v. 1, 1985, p. 18).


Figura 3 Astronomia - a ciência da observação do céu, das estrelas e do universo.

Mas por que estudar a Astronomia?


Você já se perguntou o que existe além daquilo que os seus olhos podem enxergar no céu?
Muitas perguntas sobre esse tema já possuem respostas, embora muitas outras ainda estejam
no campo das investigações.
É importante destacar que, além de respostas para as causas astronômicas, o exercício da
Astronomia esbarra em questões filosóficas, metafísicas e religiosas, sendo bastante delicada a
forma de abordagem.
Nesse sentido, vale lembrar que o objetivo maior de apresentar a você os conceitos as-
tronômicos não é defender uma teoria ou outra, mas sim apresentá-lo às diversas teorias que
existem a respeito do assunto. Caberá a você decidir, por meio de evidências, qual se adequa
melhor ao seu ponto de vista.
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Origem e estrutura do Universo: a teoria do Big Bang


Você já notou que ao olharmos para o céu observamos milhares de estrelas refletindo
suas luminosidades em diferentes intensidades?
Assim, um dos primeiros passos para entender a Astronomia é tentar hierarquizar os ele-
mentos que nela estão presentes. As estrelas se agrupam, formando as galáxias, que podem
conter uma infinidade de elementos estelares. As galáxias podem apresentar sua morfologia, ou
seja, suas formas de dois tipos: espiral e elípticas (TEIXEIRA et al., 2003, n.p.).
• Galáxia Elíptica: Estruturas do universo que apresentam formato esférico ou elipsoidal, estas apre-
sentam cor avermelhada do sol, com estrelas que se distribuem de forma uniforme pela estrutura
oval.
• Galáxia Espiral: Estrutura do universo que apresenta formato circular onde existe um aglomerado
de estrelas na porção central e um disco achatado onde se distribuem as estrelas.

Aumentando a escala de observação, podemos agrupar as galáxias em aglomerados, que


são conjuntos de galáxias reunidos por sua proximidade. Por exemplo, a Galáxia de Andrômeda,
as Nuvens de Magalhães e a Via Láctea, compõem o chamado Grupo Local.
No entanto, o maior nível hierárquico astronômico são os superaglomerados, formados
por aglomerados de até dezenas de milhares de galáxias. Observe na Figura 4 a morfologia geral
das galáxias.

Fonte: Zeilik; Smith, (1987, n.p.).


Figura 4 Morfologia geral das galáxias.

O Universo encontra-se em expansão devido ao aumento contínuo do espaço entre os


aglomerados galácticos que não se ligam pela atração gravitacional. Esses critérios astronômicos
de abertura ou fechamento do universo se dão pela chamada Constante de Hubble (18 Km/s.
106 anos-luz).
De acordo com Cordani (2003), a Astronomia não está totalmente segura se o universo se
encontra realmente em expansão ou em fechamento por causa das incoerências entre a Cons-
tante de Hubble e a densidade crítica do Universo.
Mas e se o Universo fosse fechado?
Croswell (1999), em uma suposição inversa, afirma que se o universo fosse fechado, sua
velocidade de expansão diminuiria até anular-se, formando o chamado Cosmocrunch. Toda a
matéria estaria reunida em um único ponto com uma densidade muito alta e, nessa singularida-
de, o tempo não teria sentido.
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Esse fato pode ter ocorrido há 15 bilhões de anos, com um único ponto de partida no qual
toda a matéria e energia estariam reunidas, ocorrendo, assim, uma grande explosão denomina-
da Big Bang. A Figura 5 mostra a sequência de eventos no Big Bang.

Figura 5 Sequência de eventos no Big Bang.

Após essa grande explosão surgiram o espaço, o tempo e a energia universal e, em con-
sequência da expansão do espaço, surgiram as quatro forças fundamentais da natureza: Força
Eletromagnética, Força Nuclear Forte, Força Nuclear Fraca e Força Gravitacional (ANDERSON,
1989).
Ainda de acordo com Anderson (1989), posteriormente se deram as condições para a for-
mação de matéria e a consequente formação dos elementos químicos. As estrelas e as galáxias
formaram-se mais tarde e, devido ao resfriamento, a matéria agrupou-se em nuvens de gás,
conhecidas por nebulosas, que entraram em colapso, formando as primeiras estrelas.
A Figura 6 mostra um quadro esquemático dos eventos astronômicos com as respectivas
idades.

Figura 6 Quadro esquemático dos eventos astronômicos com as respectivas idades.


© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 39

Sistema Solar
O Sistema Solar, com idade de 4,6 bilhões de anos, é formado pelo Sol (que pode ser con-
siderado uma estrela mediana composta por hidrogênio e hélio), planetas, satélites, asteroides
e cometas (TEIXEIRA et al., 2003).
Todos esses elementos formaram-se simultaneamente em termos de massa e volume to-
tal do Sistema Solar: o Sol corresponde a 99% da massa total, enquanto os outros corpos corres-
pondem a menos de 1%.
Veja na Figura 7 a composição do Sistema Solar.

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 11).


Figura 7 A composição do sistema solar.

O funcionamento do Sistema Solar está ligado ao fato de os planetas desenvolverem órbi-


tas elípticas em torno do Sol, ou seja, a órbita do planeta é definida por dois momentos próxi-
mos e dois momentos distantes do Sol.
Os planetas são classificados em:
• Internos (telúricos): Mercúrio, Vênus, Terra e Marte - apresentam massa e densidade
média pequena, possuem poucos satélites e atmosferas finas.
• Externos (jovianos): Júpiter, Saturno, Urano e Netuno - apresentam massa e densidade
média grande comparada ao Sol, possuem inúmeros satélites e atmosferas bastante
espessas com predomínio de H e He.
Vale destacar que Plutão foi considerado um planetoide, não se classificando mais como
um planeta devido a convenções da União Astronômica Internacional. O mesmo fazia parte dos
planetas externos; no entanto, apresentava características totalmente diferentes dos demais
planetas desse grupo.
Segundo Croswell (1999), entre os planetas internos e os externos existe o chamado Cin-
turão de Asteroides, formado por uma infinidade de corpos menores que manifestam, também,
órbitas elípticas, acompanhando o movimento dos planetas.
De acordo com Safronov (1992), o Sistema Solar formou-se devido à alta concentração
de poeira cósmica, gerando uma nebulosa em formato de um disco circular de baixa rotação, a
estrela central, o Sol. Este, entra em processo de fusão nuclear elevando a temperatura dos cor-
pos mais proximais, que, depois, entram em processo de resfriamento e, consequentemente,
ocorre a condensação dos gases em matérias sólidas, causando a acresção planetária, guiadas
pela força da gravidade.

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A acresção planetária é um processo também chamado de colapso gravitacional, que


ocorre entre as nuvens de gás e a poeira cósmica de alta densidade existente no universo, no
momento de fusão de todos esses elementos no ato da formação dos planetas.
Com essa sequência se deu a formação dos chamados planetésimos que se aglomeraram
em porções maiores gerando os protoplanetas e, consequentemente, a formação do Sistema
Solar.
Após a formação dos planetas, devido à proximidade do Sol, foi ocorrendo diferenciação
geoquímica entre os materiais constituintes. Os planetas internos apresentam núcleos metá-
licos (Fe e Ni) envolvidos por um espesso manto de material silicático, e os planetas externos
apresentam núcleos sólidos silicáticos envoltos por espessas camadas gasosas, voláteis de H e
He.
Outros elementos importantes pertencentes ao Sistema Solar são os meteoritos, frag-
mentos rochosos provenientes do Cinturão de Asteroides. Os meteoros são considerados estre-
las cadentes que se volatilizam ao entrar na atmosfera terrestre.
Os meteoritos maiores, ao atingirem a superfície terrestre, produzem enormes crateras
de impactos. A Antártica é o local onde os cientistas mais encontram amostras de meteoritos,
devido ao degelo das calotas polares e, também, à facilidade de observação na paisagem branca
e gelada.
Segundo Gomes e Keil (1980, p. 14), os meteoritos são classificados de acordo com a sua
estrutura interna e suas composições químicas e mineralógicas em:
• Meteoritos rochosos: Condritos e Acondritos, compostos somente por minerais silicáticos, estes
perfazem um total de 95% dos meteoritos encontrados na superfície terrestre.
• Meteoritos Ferro-Pétreos (siderólitos): mistura de minerais silicáticos com minerais metálicos, cor-
respondem a 1% do total.
• Meteoritos Metálicos (sideritos): formados somente por minerais metálicos, correspondem a 4%
do total.

O significado geológico para o estudo e a importância dos meteoritos corresponde a asso-


ciações da composição destes com a composição das rochas ígneas presentes na crosta terrestre
no momento de formação do planeta.
A composição desses meteoritos é similar à composição dos planetésimos, fragmentos
que, se submetidos a análises radiométricas para datações, apresentam a mesma idade da for-
mação primitiva do sistema solar – 4,6 bilhões de anos.
As duas maiores ocorrências de queda de meteoritos na Terra foram no deserto do Arizo-
na nos Estados Unidos, formando uma cratera de 1.200 metros de diâmetro, e nas proximidades
da cidade de São Paulo, produzindo uma cratera da ordem de 3.600 metros de diâmetro, hoje
preenchidas por sedimentos e que, provavelmente, corresponde à bacia de São Paulo.

7. TEMPO GEOLÓGICO
A Geologia é uma ciência de caráter estritamente histórico, que depende totalmente da
variável "tempo". Cabe ao geólogo não somente estudar os processos geológicos, como tam-
bém ordená-los no tempo, segundo uma cronologia própria do Planeta Terra, mediante regis-
tros em rochas e minerais.
A ordenação dos processos e eventos geológicos segue a padronização da escala do tem-
po geológico, aplicada em todos os países do mundo. A criação dessa escala foi baseada em
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 41

datações de rochas por métodos geocronológicos ou por datações de fósseis. Foram a partir
dessas datações que se chegou à idade de 4,56 bilhões de anos para o Planeta Terra.
As primeiras ideias de tempo, na Geologia, foram desenvolvidas por Nicolau Steno. Por
meio de observações feitas em rochas sedimentares, ele definiu três aspectos importantes para
o estabelecimento das idades desses materiais: o princípio da superposição, o princípio da ho-
rizontalidade original e o princípio da continuidade lateral das camadas.
No entanto, com o passar do tempo, esses princípios, que eram primordiais ao entendi-
mento evolutivo da formação das rochas, passaram a apresentar algumas incoerências. Surgiu,
então, a seguinte pergunta: onde se enquadram as rochas ígneas e metamórficas nessa ordena-
ção de eventos geológicos?
Hutton, em meados do século 18, criou o princípio das causas naturais, estabelecendo a
relação de discordâncias entre rochas, ou seja, durante a formação destas havia hiatos de tempo
na formação de uma para outra sequência de rocha, gerando novos questionamentos no pro-
cesso de constituição delas.
Atualmente, são conhecidos três tipos de discordâncias:
• Não conformidade.
• Discordância angular.
• Desconformidade.
Esses fatos são apenas exemplos da evolução do conhecimento geológico para a criação
da escala do tempo geológico. Em 2004 foi criado pela Comissão Internacional de Estratigrafia
da União Internacional das Ciências Geológicas o Quadro Estratigráfico Internacional, que apre-
senta a seguinte divisão: Eons, Eras, Períodos, Épocas e Idades.
São três Eons: Arqueozoico (4,56 b.a.), Proterozoico (2,5 b.a.) e Fanerozoico (545 m.a.).
Eon corresponde à maior subdivisão do tempo geológico, correspondendo em termos filosófi-
cos à eternidade ou ao mundo eterno.
O Eon Arqueozoico não apresenta subdivisões e corresponde ao Eon mais antigo na escala
do tempo geológico. É nesse Eon que se deu a formação das rochas graníticas mais antigas da
formação da crosta terrestre.
O Eon Proterozoico apresenta três subdivisões: Paleoproterozoico, Mesoproterozoico e
Neoproterozoico. Neste Eon ocorreram as formações das faixas móveis ou de dobramentos,
com as respectivas sequências de rochas metamórficas.
Por fim, o Eon Fanerozoico, que é o mais novo deles, dividido em três eras geológicas: Era
Paleozoica, Era Mesozoica e Era Cenozoica. Foi durante o Eon Fanerozoico que se formaram as
maiores bacias sedimentares do globo terrestre.
A Era Paleozoica é composta por seis períodos geológicos: Cambriano, Ordoviciano, Silu-
riano, Devoniano, Carbonífero (Mississipiano e Pensylvaniano) e Permiano. A Era Mesozoica,
compreende três períodos geológicos: Triássico, Jurássico e Cretáceo e a era Cenozoica é com-
posta pelo Terciário e pelo Quaternário.
O período Terciário, da Era Cenozoica, é dividido em dois subperíodos: Paleógeno (com-
posto pelas épocas Paleoceno, Eoceno e Oligoceno) e o Neógeno (composto pelas épocas Mio-
ceno e Plioceno). Por fim, o período Quaternário apresenta uma subdivisão em duas épocas:

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Pleistoceno e Holoceno.
Em relação às idades, não entraremos em detalhes a respeito das subdivisões por não ser
necessário nessa escala de observação desse estudo. Observe a representação gráfica dessa
escala na Figura 8.

Figura 8 Escala do Tempo Geológico.


© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 43

É muito importante entender a escala do tempo geológico, pois todos os processos


geológicos são ordenados de acordo com os períodos dessa escala.
Além disso, existem duas formas de datações em rochas: por métodos geocronológicos,
utilizando elementos químicos radioativos para os testes químicos, por exemplo, o método Po-
tássio-Argônio, o Urânio-Chumbo, o Samário-Niodímio e o Rubídio-Estrôncio; ou pelo apare-
cimento de fósseis nas camadas sedimentares, por exemplo, o Peixe Dastilbe elongatus, com
ocorrência na Bacia do Parnaíba, no Cretáceo do Ceará.

8. ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO INTERNA DA TERRA


Atualmente, não é possível atingir o centro do planeta para obter informações diretas a
respeito de sua estrutura e composição. As teorias e dados quantificados disponíveis apoiam-se
em princípios geofísicos, nos quais as aplicações e as análises de ondas sísmicas nos permitem a
dedução de várias características em relação à estrutura interna do Planeta Terra.
Nessa conceituação, é interessante conhecer os mecanismos envolvidos na dinâmica da
Terra, tais como: a composição das diversas camadas internas que estruturam o planeta, o fluxo
de calor interno, o magnetismo terrestre e a força gravitacional, além de conceitos gerais como
a forma, as dimensões, entre outros.
A Terra apresenta uma forma esférica achatada nos polos, não totalmente circular, pois
na região equatorial o raio terrestre é da ordem de 6.378 Km e na região polar, de 6.357 km. A
maior elevação dá-se no Himalaia e a maior depressão, na fossa das Filipinas. A Terra apresenta
uma densidade média da ordem de 5,5 g/cm3.
A estrutura geral do planeta Terra é composta por domínios heterogêneos: crosta terres-
tre, manto e núcleo, além das descontinuidades entre as zonas de transição.
No próximo tópico, veja o comportamento geológico dos diferentes materiais presentes
em cada estrutura e as características físicas desses materiais.

Crosta terrestre
A crosta terrestre corresponde à camada sólida mais externa do planeta Terra, sendo divi-
dida em duas porções: a crosta continental e a crosta oceânica.
A crosta continental apresenta espessura em torno de 30 km a 40 Km (crátons) e de 70 km
a 80 Km (cadeias montanhosas). A porção superior da crosta continental é composta por rochas
siálicas de caráter granítico e a porção inferior por rochas ferro-magnesianas de caráter básico.
Entre as duas porções da crosta continental ocorre a descontinuidade de Conrad, responsável
pela mudança de composição geral dos materiais geológicos ali presentes.
Na porção superior da crosta continental ocorrem os três grupos de rochas: ígneas, meta-
mórficas e sedimentares.
Já a crosta oceânica apresenta espessura média de 8 Km, é composta por rochas predomi-
nantemente vulcânicas máficas (ferro-manesianas) e ocorrência de delgadas camadas de sedi-
mentos inconsolidados na porção superior da região crustal.

Manto
O manto terrestre é a porção intermediária da estrutura geral do planeta, que apresenta
duas subdivisões: o manto superior e o manto inferior. Entre a crosta terrestre e o manto ocor-
re outra importante interface, a descontinuidade de Mohorovicic.
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O manto superior apresenta rochas conhecidas como ultramáficas, ou seja, rochas negras
compostas por minerais totalmente ferro-magnesianos. Essa porção mantélica ainda preserva
características de materiais sólidos, similares à composição da porção inferior da crosta conti-
nental e oceânica. A porção inferior do manto superior assume comportamento plástico dos
materiais.
O manto inferior apresenta características de uma zona composta por materiais em es-
tado plástico, ou seja, materiais não mais sólidos, e sim em estado dúctil, estado máximo de
deformação sem rompimento ou quebra de material. Além disso, apresenta características de
material pastoso quando sujeito a altas pressões e composição ferro-magnesiana.
No conjunto total apresentado até o momento, podemos agrupar as porções sólidas da
crosta terrestre com a porção superior do manto superior e denominar esse conjunto de Litos-
fera, isto é, a esfera rochosa ou sólida da Terra.

Núcleo
O núcleo terrestre também é divido em duas porções: o núcleo externo e o núcleo inter-
no. O conjunto dessas duas porções nucleares é separado das porções mantélicas, ou seja, das
porções que formam o manto como um todo, de acordo com a Descontinuidade de Gutenberg.
O núcleo externo é composto por uma liga metálica de ferro e níquel em estado de fusão
(material viscoso); já o núcleo interno apresenta caráter sólido composto pelo mesmo mate-
rial. Assim, acredita-se que, com a consolidação gradativa do núcleo externo, a tendência é o
aumento do núcleo interno. Observe a Figura 9, que traz um arranjo estrutural do Planeta Ter-
ra evidenciando as camadas principais com suas respectivas espessuras e as descontinuidades
presentes.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 45

Fonte: adaptado de Teixeira, et al. (2000, p. 65-85).


Figura 9 Arranjo estrutural do Planeta Terra evidenciando as camadas principais com suas respectivas espessuras e as
descontinuidades presentes.

Campo gravitacional e magnetismo terrestre


Você sabia que a gravidade é uma das quatro forças fundamentais exercidas sobre a ma-
téria? É graças a ela que temos a sensação de estarmos grudados na Terra e não flutuamos no
espaço.
A Terra exerce a força gravitacional de atração exercida pelo núcleo terrestre sobre todos
os objetos presentes nela, desde os mais leves, até os mais pesados nos quais ela se manifesta
de forma mais intensa.
Assim, podemos afirmar que a gravitação é a responsável pela atração e pela permanência
de todos os corpos celestes presentes no universo.
Um exemplo interessante para entender o conceito de gravidade são os astronautas nas
estações espaciais que se mantêm em órbita ao redor da Terra. Nessas estações, o movimento
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relativo entre a nave e os astronautas é praticamente nulo, fazendo que eles flutuem no interior
das aeronaves. Quanto mais nos afastamos da Terra, menor é a força gravitacional, ou seja, me-
nor é a ação do campo gravitacional terrestre exercida sobre o corpo.
Um conceito bastante importante no entendimento do equilíbrio geral das porções con-
tinentais siálicas sobre as porções ferro-magnesianas é o conceito de Isostasia, apoiado em
princípios hidrostáticos. A isostasia corresponde ao equilíbrio entre as porções rochosas conti-
nentais que flutuam e se apoiam nas porções mais densas do manto.
Da mesma forma que ocorre a força gravitacional na Terra, ocorre também a força eletro-
magnética. A Terra possui um campo magnético dividido em duas partes: o campo horizontal e
o campo vertical. Um exemplo bastante conhecido com relação à presença de um campo mag-
nético na Terra é o funcionamento das bússolas.
Uma das hipóteses de formação do campo eletromagnético terrestre fundamenta-se na
rotação da Terra entre as partes líquidas do núcleo e as partes sólidas do manto, compostas por
elementos químicos metálicos.
Mas qual é a finalidade do campo magnético?
O campo magnético serve como proteção contra os raios solares mais intensos, liberados
durante as erupções solares, evitando, assim, danos aos ecossistemas terrestres.
A região terrestre dominada pelo campo magnético é conhecida como Magnetosfera.
Outra ideia interessante é com relação ao paleomagnetismo, ou seja, as evidências mag-
néticas deixadas nas rochas em épocas remotas e passadas. As rochas preservam as caracte-
rísticas magnéticas em sua estrutura no momento de formação, por isso, elas servem como
ferramentas interpretativas para a remontagem da história magnética do planeta Terra.

Calor interno da terra


Atualmente, sabe-se que quanto mais próximos do interior da Terra, maior é a temperatu-
ra comparada à superfície terrestre.
Chamamos de grau geotérmico a quantidade de metros necessária para aumentar em
1° C a temperatura interna. Por exemplo, o caso da superfície terrestre que apresenta 25° C,
mantendo-se até a profundidade de 25 metros.
O transporte do fluxo de calor no interior da Terra acontece de duas formas: por condução
ou por convecção. Vale destacar que esse fluxo de calor é o responsável pela movimentação das
placas tectônicas.
As correntes térmicas de convecção desenvolvem-se em sentidos ascendentes e descen-
dentes circular, similar a uma máquina térmica.

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar as questões a seguir que tra-
tam da temática desenvolvida nesta unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho.
Se você encontrar dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão
desta unidade. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocor-
re de forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus
colegas.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 47

Nesta primeira unidade do material, estudamos os principais pensadores relacionados à


Geologia e também o surgimento do planeta Terra e sua estrutura interna. Para que você tenha
maior domínio sobre o que está sendo estudado, propomos a seguir algumas questões. Tente
resolver os exercícios e confira suas respostas.
1) É a ciência que busca informações por meios de investigações e análises espaciais dos fenômenos físicos rela-
cionados à Terra e à sua atmosfera:
a) Climatologia.
b) Astronomia.
c) Geologia.
d) Geomorfologia.
e) Biologia.
2) As alterações da superfície da Terra são demoradas. Para sabermos sobre elas, devemos recorrer à busca de
informações que são viáveis para os seres humanos, e que possibilitam o conhecimento da geologia atual de
porções crustais. Desta forma, assinale a alternativa mais plausível:
a) Observamos as alterações in loco.
b) Aguardamos as mudanças geológicas sobre a litologia.
c) Recorremos a estudos feitos por cientistas do passado, que observaram as alterações.
d) Buscamos evidências em rochas, pois estas alterações acontecem em milhões de anos.
e) Enviamos sondas para o interior do Planeta Terra.
3) A porção do Planeta Terra que está em constante movimento e que determina a movimentação das Placas
Tectônicas é:
a) Crosta.
b) Litosfera.
c) Manto.
d) Núcleo Interno.
e) Núcleo Externo.
4) É muito importante entender a escala de tempo geológico, pois todos os processos geológicos são ordenados
de acordo com os períodos desta escala. Para estabelecer esta escala, a comunidade científica conta com alguns
artifícios. Assinale a alternativa que indica os mais plausíveis:
a) Observação das alterações ao longo do tempo.
b) Observação das alterações ao longo do tempo e datação de rochas.
c) Busca de registros de cientistas do passado que observaram processos de alterações da superfície terrestre.
d) Datação de rochas e observações de fósseis.
e) Nenhuma das anteriores.
5) A porção do Planeta Terra que está em estado sólido é:
a) Litosfera.
b) Manto Inferior.
c) Núcleo Interno.
d) Núcleo Externo.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) c.

2) d.

3) a.

4) d.

5) a.

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10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você obteve conhecimentos sobre os objetivos, os ramos de atuação e por
que é necessário para você, futuro licenciado em Geografia, estudar e conhecer as Geociências.
Com isso, o desafio de situar nosso planeta numa escala de observação astronômica, co-
nhecer e saber quantificar o tempo geológico e compreender a estruturação do planeta Terra
são metas que já foram atingidas.
Por fim, vale destacar que os conceitos iniciais estudados servem de base teórica e concei-
tual para avançarmos a um entendimento em escalas menores de observação geológica.

11. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 5 Sequência de eventos no Big Bang. Disponíveis em: <http://www.lip.pt/~outreach/posters/9112020_3_pt.jpg>.
<http://www.vista-arts.com/media/images/immersive_images/vista_web_big_bang_1.jpg>. Acesso em: 21 out. 2011.
Figura 8 Escala do tempo Geológico. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/.../image032.jpg>. Acesso em: 25 out. 2007.

Site pesquisado
O GLOBO. Plutão perde status de planeta. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2006/08/24/285396239.asp>.
Acesso em: 21 out. 2011.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ANDERSON, D. L. Theory of the Earth. Boston: Blackwell, 1989.
CLARK JÚNIOR, S. P. Yociteru Hasui [Trad.] Estrutura da Terra. Traduzido do original: Structure of the Earth. São Paulo: Edgard
Blücher, 1973.
EICHER, D. L.; FARJALLAT, J. E. S. Tempo geológico. São Paulo: Edgard Blücher, 1975.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 14. ed. São Paulo: Companhia Nacional, 1987.
MACIEL, W. J. O nada que existe. São Paulo: Rocco, 2001.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.

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