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Meu nome é Pe. Vitor Pedro Calixto dos Santos. Sou graduado
em Filosofia, Teologia e Psicologia pela PUCPR. Sou especialista
em Liturgia pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo em
Roma e em Psicologia Analítica pela PUCPR. Resido em Curitiba
– PR, onde trabalho no Studium Theologicum como administra-
dor e professor de Liturgia Sacramentária e de disciplinas da
área de Psicologia. Além disso, também atuo como psicólogo
clínico. No Claretiano, sou autor das obras Introdução à Liturgia
e Ano Litúrgico e Liturgia das Horas.
e-mail: vpcsantos@uol.com.br
SACRAMENTÁRIA GERAL
Batatais
Claretiano
2014
© Ação Educacional Claretiana, 2008 – Batatais (SP)
Versão: dez./2014
265 S239s
ISBN: 978-85-8377-306-1
CDD 265
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Eduardo Henrique Marinheiro
Felipe Aleixo CDD 658.151
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Juliana Biggi
Dandara Louise Vieira Matavelli Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Elaine Aparecida de Lima Moraes Rafael Antonio Morotti
Josiane Marchiori Martins Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Lidiane Maria Magalini Talita Cristina Bartolomeu
Luciana A. Mani Adami Vanessa Vergani Machado
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Patrícia Alves Veronez Montera Projeto gráfico, diagramação e capa
Raquel Baptista Meneses Frata Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Unidade 4 – SACRAMENTAIS
1 OBJETIVOS......................................................................................................... 69
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 69
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 69
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 70
5 SACRAMENTAIS: O QUE SÃO?.......................................................................... 70
6 DIVISÃO DOS SACRAMENTAIS.......................................................................... 74
7 CELEBRAÇÃO DOS SACRAMENTAIS................................................................. 77
8 BÊNÇÃOS............................................................................................................ 78
9 EXÉQUIAS........................................................................................................... 85
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 88
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 88
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 89
Caderno de
Referência de
Conteúdo
CRC
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao estudo de Sacramentária Geral, disponi-
bilizado para você em ambiente virtual (Educação a Distância).
Nesta parte, chamada Caderno de Referência de Conteúdo,
você encontrará o referencial teórico das sete unidades em que se
divide a presente obra.
Com o estudo aqui proposto, você terá a oportunidade de
refletir sobre a celebração do mistério cristão, que é o mistério
pascal de Jesus Cristo (sua morte e ressurreição), que se dá nos
sacramentos.
Cristo é, nas palavras de Paulo, o mistério de Deus e por isso
ele é o sacramento original de salvação. De sua sacramentalidade
participam a Igreja, o sacramento de salvação, a pessoa humana, o
sacramento existencial, e toda a criação que manifesta a presença
do Deus criador e salvador.
Ao longo da história, essa concepção ampla de sacramenta-
lidade foi se restringindo até chegar a designar somente os sete
sacramentos que todos conhecemos. Hoje, há um despertar para
8 © Sacramentária Geral
Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse
modo, essa abordagem geral visa fornecer-lhe o conhecimento
básico necessário a partir do qual você possa construir um refe-
rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência
cognitiva, ética e responsabilidade social.
Estamos iniciando o estudo de Sacramentária Geral que
pode ser chamado também de teologia dos sacramentos. Tivemos
a oportunidade de estudar anteriormente a experiência litúrgico-
-sacramental da Igreja em sua evolução histórica assim como a fe-
nomenologia e teologia da celebração litúrgica.
© Caderno de Referência de Conteúdo 9
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co-
nhecimento dos temas tratados em Sacramentária Geral. Veja, a
seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Bênçãos: são os sacramentais mais comuns e mais fre-
quentemente celebrados. Tais ritos são encontrados em
todas as religiões, não sendo algo exclusivamente cris-
tão nem católico.
2) Consagrações: são as bênçãos que têm um alcance per-
manente. Seu efeito é a consagração de pessoas a Deus
e de objetos e lugares para o uso litúrgico.
3) Exorcismos: constituem a ação que a Igreja faz para exi-
gir publicamente e com autoridade, em nome de Jesus
Cristo, que uma pessoa ou objeto sejam protegidos con-
tra a influência do maligno, sendo subtraídas ao seu do-
mínio.
© Caderno de Referência de Conteúdo 21
Sacramentos
Mysterion no culto, na
Filosifa, na Igreja Sacramentalidade Plena Septenário Sacramental Bençãos e Exéquias
Primitiva e na Bíblia
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino de Sacramentária Geral
pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim,
mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado,
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias apresentadas nesta obra no item Orientações para o estudo
da unidade.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
© Caderno de Referência de Conteúdo 25
1
1. OBJETIVOS
• Analisar o sentido do termo mysterion partindo de sua
origem e de seu uso nas religiões mistéricas, na Bíblia e
na Igreja Primitiva.
• Identificar o sentido do termo sacramentum com base na
sua origem e de seu uso na Igreja Primitiva.
• Reconhecer as relações existentes entre os termos myste-
rion e sacramentum na Igreja Primitiva e sua repercussão
para o estudo da sacramentária.
• Compreender os sacramentos como celebração do misté-
rio de Cristo.
2. CONTEÚDOS
• Introdução ao tema geral do estudo da sacramentária.
• Mysterion no culto e na filosofia.
• Mysterion da Sagrada Escritura.
• Mysterion na Igreja primitiva.
28 © Sacramentária Geral
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Uma das coisas que sempre chama a atenção de quem parti-
cipa da vida da comunidade eclesial é a celebração dos sacramen-
tos. Isso acontece, na maioria das vezes, pela admiração e pela
curiosidade em saber o que significa aquele rito que comunica a
graça de Deus.
Em meio a essa admiração, surgem questionamentos, os
quais, de uma ou outra forma, acompanharam a história da Igreja
© U1 – Sacramentos: Celebrações do Mistério de Cristo 29
5. CONCEITO DE SACRAMENTO
Quando ouvimos a palavra sacramento, logo entendemos
uma das sete realidades que são os principais símbolos religiosos
e ritos que nossas comunidades eclesiais, sob a presidência do mi-
nistro ordenado, realizam quando celebram a presença salvadora
do mistério de Cristo.
Normalmente é dessa forma que ocorre, mas também mi-
nistros leigos podem administrar alguns dos sacramentos, como o
batismo e o matrimônio.
No entanto, a aplicação do termo "sacramento" a tais ritos é
algo que aconteceu muito tempo depois que a comunidade cristã
já praticava esses e outros ritos para celebrar o mistério de Cristo.
De fato, nos primeiros doze séculos da história da Igreja, o
termo "sacramento" (mistério) era usado para designar outras re-
alidades distintas desses sete ritos. Era aplicado a Cristo, à Igreja, à
Escritura, à Páscoa, à encarnação, à quaresma etc.
Somente após o século 12, após um longo processo, é que
se começou a distinguir entre os sacramenta maiora (batismo e
eucaristia) e os sacramenta minora (os outros sacramentos). Essa
distinção também será feita entre os sacramenta minora e os sim-
© U1 – Sacramentos: Celebrações do Mistério de Cristo 31
Mysterion e sacramentum
Vimos que o termo "sacramento" ou "mistério" era aplicado
a realidades diversas que remetiam ao transcendente, à graça de
Deus. Mas, quando é que isso começou?
Nem no Novo Testamento nem nos padres apostólicos ou
apologistas nós encontramos uma categoria fixa que englobe a re-
alidade dos sete sacramentos.
Somente ao redor dos séculos 3º e 4º é que as Igrejas do
Oriente e do Ocidente foram escolhendo algumas categorias teo-
lógicas capazes de dar unidade e classificar adequadamente essas
realidades: foram as categorias de mysterion no Oriente e de sa-
cramentum no Ocidente, frutos de um longo processo que ainda
não está totalmente esclarecido e que tem sido objeto de estudo
da sacramentária. Para Ganoczy (1988, p. 11):
Tanto sob o aspecto da história das línguas como da história da teo-
logia, o conceito de sacramento tem origem no conceito pré-cristão
de "mistério". A simples verificação de o termo latino sacramen-
tum ter sido a versão usada, nos primeiros séculos cristãos, do
termo grego μυστηριον (mysterion) não basta para compreender
o campo religioso intensamente rico de significação que serve de
base a ambos os termos. Para isso é preciso que antes examinemos
cada um em seu próprio contexto na história do pensamento.
7. MYSTERION NA BÍBLIA
Antigo Testamento
Veremos nesse tópico como o termo "mistério" é abordado
no Antigo Testamento.
Em primeiro lugar é preciso considerar na Sagrada Escritu-
ra os escritos veterotestamentários da época helenística (livros da
Sabedoria, Daniel, Tobias, Judite, Sirácida, Macabeus), chamados
literatura apocalíptica, que usaram o termo mysterion no seu sen-
tido filosófico ou profano e menos no cultual, mas que influencia-
ram escritos posteriores e a compreensão dos ritos cristãos.
Chama-se literatura apocalíptica os livros bíblicos escritos ao
redor do século 2º a.C. e que têm como pano de fundo a resis-
tência do povo judeu ao processo de helenização de sua cultura,
sendo que o primeiro a surgir é o livro de Daniel.
Vejamos agora um pouco mais sobre o modo como esses
livros enfocam o mistério:
Na apocalíptica fala-se de uma variedade de "mistérios". Eles são "a
origem da realidade oculta, transcendente a tudo que é e aconte-
ce, especialmente daquilo que será revelado no fim do tempo" (H.
Krämer, Mysterion, 1100), o plano divino dos acontecimentos histó-
ricos futuros, revelado a determinados "videntes" em experiências
extraordinárias (arrebatamento, sonho, visão), ao qual também
eles, por sua vez, são capazes de transmitir somente em figuras.
Aqui o conceito recebe uma coloração fortemente apocalíptica.
Novo Testamento
No Novo Testamento, aparece em Marcos (4,11) um impor-
tante exemplo do uso do termo mysterion unido ao termo "Reino",
deixando evidente uma acentuação escatológica da missão de Jesus:
© U1 – Sacramentos: Celebrações do Mistério de Cristo 37
E ele lhes dizia: a vós é dado o mistério do Reino de Deus, mas para
os de fora, tudo se torna enigma, para que, por mais que olhem
não vejam e por muito que ouçam não compreendam, a fim de que
não se convertam e não sejam perdoados.
9. MYSTERIUM E SACRAMENTUM
Uma pergunta, certamente, ainda paira no ar: se desde os
primórdios a Teologia aplicou aos ritos da Igreja o termo mysterion,
como é que hoje eles são chamados sacramentos?
O uso do termo sacramentum começou no século 3º nas
Igrejas do norte da África, para traduzir a palavra grega mysterion.
Não se sabe bem por que isso aconteceu, mas conhecemos as con-
sequências que isso teve para a compreensão da sacramentária.
Inicialmente, sacramentum começou a significar tudo aquilo
que na linguagem bíblica e litúrgica era chamado de mysterion, ou
seja, sacramentum se tornou também uma categoria teológica.
O uso dos dois termos: sacramentum e mysterion era inter-
cambiável, ou seja, eles eram vistos como sinônimos e podiam ser
usados indistintamente.
O termo sacramentum, tal qual o termo mysterium, também
possui uma história e um sentido, conforme Nocke (2001, p. 178):
O significa básico do radical sacr designa a esfera do sagrado, reli-
gioso; sacrare significa: destinar algo ou alguém à esfera do sagra-
do ("consagrar"); sacramentum é tanto o ato de consagração como
também o meio consagrador. No uso lingüístico concreto da Anti-
guidade latina, o vocábulo tem colorido acentuadamente jurídico:
são denominados sacramentum o juramento no processo civil, o
juramento à bandeira no exército e a quantia de dinheiro que os
partidos em litígio tinham que depositar como caução no processo.
Em todos os três casos, o aspecto jurídico tem conotação religiosa:
juramento e juramento à bandeira entregam a pessoa ao juízo da
divindade, a caução processual é destinada a um santuário no caso
de uma derrota".
11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você estudou as origens dos termos mysterium
e sacramentum e como eles influenciaram a constituição dos
sacramentos da Igreja através dos tempos.
Você aprendeu ainda que o entendimento sobre o sacramen-
to mudou ao longo da história, pois até pouco tempo atrás ele tinha
um sentido restritivo. No século 20, o simbólico passou a ser valori-
zado novamente por meio do movimento litúrgico e o sacramento
© U1 – Sacramentos: Celebrações do Mistério de Cristo 45
2. CONTEÚDOS
• Sentido pleno da sacramentalidade.
• Cristo, sacramento original de salvação.
• Igreja, sacramento principal.
• Homem, sacramento existencial.
• Criação em seu sentido sacramental.
• Sacramentos, ações simbólicas da sacramentalidade ple-
na.
48 © Sacramentária Geral
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Vimos na unidade anterior que o conceito de sacramento
(mysterion) referia-se, nos primórdios da vida da Igreja, a uma con-
cepção ampla da sacramentalidade, o que foi se modificando ao
longo da história até chegar ao sentido restritivo de sacramento,
entendido como um dos sete ritos sacramentais.
Estudamos ainda que na primeira metade do século 20 o
movimento litúrgico e outros teólogos recuperaram a visão de sa-
cramentalidade ampla das origens, inserindo os sacramentos na
economia da salvação, que tem no mistério de Cristo o seu ponto
alto e do qual os sacramentos fazem a memória.
Dando seguimento a nossos estudos, aprofundaremos nossa
visão sobre essa concepção mais ampla da sacramentalidade.
Bons estudos!
5. SACRAMENTALIDADE PLENA
A compreensão e visão mais ampla têm marcado a Teologia
Sacramentária atual e encontra na obra de Edward Schillebeeckx –
Cristo Sacramento do encontro com Deus, uma referência que será
retomada por outros teólogos estudiosos da Sacramentária Geral.
© U2 – Sacramentos: uma Visão Plena da Sacramentalidade 49
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Porque atualmente fala-se em sacramentalidade plena, e não em sacramen-
talidade restritiva?
4) Você ainda tem dúvidas sobre o conteúdo estudado? Se a resposta for posi-
tiva, o que deve fazer para saná-las?
8. CONSIDERAÇÕES
Seguindo a postura crítica proposta por nós, analisamos
como os sacramentos não estão contidos apenas nos sete ritos
mais tradicionais da Igreja.
Vimos como o Cristo, a Igreja, o homem e a criação parti-
cipam ativamente dos sacramentos celebrados, e como cada um
dos ritos é a expressão simbólica de uma sacramentalidade plural,
que remonta aos primórdios da Igreja.
O tema da próxima unidade é "Sacramentos: problemas fun-
damentais de sua Teologia".
Vamos em frente em nossos estudos!
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOROBIO, D. Da celebração à Teologia: que é um sacramento? In: BOROBIO, D. (Org.).
A celebração na Igreja – 1: Liturgia e Sacramentologia fundamental. São Paulo: Edições
Loyola, 1990. p. 283-424.
NOCKE, F.-J. Doutrina geral dos sacramentos. In: SCHNEIDER, T. (Org.). Manual de
Dogmática. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 171-204. v. II.
ROCCHETTA, C. Os sacramentos da fé. São Paulo: Paulinas, 1991.
ROVIRA BELLOSO, J. M. Os sacramentos: símbolos do Espírito. São Paulo: Paulinas, 2005.
EAD
Sacramentos: Problemas
Fundamentais de sua
Teologia
3
1. OBJETIVOS
• Verificar a eficácia sacramental em seu desenvolvimento
histórico, das origens até o presente.
• Compreender as várias dimensões da eficácia sacramen-
tal: o ex opere operato e seus efeitos – a graça e o caráter.
• Identificar as várias explicações para a instituição dos sa-
cramentos por Cristo.
• Analisar a origem e o sentido da diversidade sacramental
presente no septenário sacramental.
2. CONTEÚDOS
• Eficácia sacramental – desenvolvimento histórico do
tema.
• Eficácia sacramental – ex opere operato.
• Eficácia sacramental – os efeitos do sacramento: graça e
caráter.
• Sobre matéria e forma.
56 © Sacramentária Geral
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, procuramos entender a plenitude sa-
cramental. Agora vamos estudar outras características, como a
questão da eficácia e da instituição dos sacramentos por meio de
seu desenvolvimento histórico.
Qual é a eficácia dos sacramentos? De que maneira eles fo-
ram instituídos?
Essas e outras perguntas serão analisadas e respondidas no
decorrer desta unidade.
Boa leitura!
© U3 – Sacramentos: Problemas Fundamentais de sua Teologia 57
5. EFICÁCIA SACRAMENTAL
Matéria e forma
Na base de toda a discussão sobre a eficácia está a questão
da causalidade (o sacramento é a causa da graça) e o pensamen-
to aristotélico das causas, assumido especialmente por Tomás de
Aquino. Desse pensamento, adota-se o par de conceitos hilemor-
fista, matéria (υλη - hylé) e forma (μορφη – morphe).
Assim como o hilemorfismo aristotélico considera matéria e
forma como partes não separáveis, mas constituintes de um todo
que se condicionam mutuamente, o ato sacramental simbólico
será compreendido como um só evento.
A Teologia Escolástica procurou enquadrar todos os sacra-
mentos nessa categoria, mas nem todos eles puderam ser com-
preendidos pela concepção hilemórfica, pois, para alguns sacra-
mentos, este procedimento era fácil, como no batismo: a matéria
é água, e a forma é a fórmula batismal "Eu te batizo em nome do
Pai, e do Filho e do Espírito Santo".
No entanto, para outros sacramentos, foi preciso fazer uma
adaptação, como no sacramento da penitência que, por não pos-
suir matéria, teve os atos do penitente (contrição, confissão e sa-
© U3 – Sacramentos: Problemas Fundamentais de sua Teologia 63
A Teologia atual
A Teologia atual procurou explicar a instituição dos sacra-
mentos por Cristo de novas maneiras, de acordo com a relação
apresentada por Borobio (1990, p. 347-349):
1) K. Rahner diz que a origem dos sacramentos tem a ver
com a instituição da Igreja como protossacramento e,
partindo da força da palavra de Cristo, proclamada com
compromisso pela Igreja a um sujeito em uma situação
particular.
2) E. Schillebeeckx parte do mesmo princípio eclesiológico,
mas acentuou a orientação de Cristo para que os sacra-
7. SEPTENÁRIO SACRAMENTAL
O tema do septenário sacramental refere-se à questão da
diversidade dos sacramentos. Para aprofundar este tema, leia as
obras de Borobio (1990 p. 350-360) e Ganoczy (1988 p. 48-51).
Por que existem vários sacramentos? Por que são sete?
Sobre esse tema, o Concílio de Trento condenou a opinião
que afirma haver "mais ou menos sete" sacramentos, afirmando
que são somente sete (DS 1601).
Não encontramos, de fato, na Escritura, fundamento que de-
monstre que os sacramentos sejam sete e nada mais.
Foi ao longo da história que, aos poucos, ao batismo e à eu-
caristia foram sendo acrescentados outros sinais sacramentais, au-
mentando o número dos sacramentos.
A pesquisa histórica não traz respostas sobre a organização
septenária dos sacramentos, embora possa encontrar uma expli-
cação para esse fato na função antropológica da administração dos
sacramentos pela Igreja.
© U3 – Sacramentos: Problemas Fundamentais de sua Teologia 67
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Qual a importância da eficácia para os sacramentos?
9. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, estudamos a eficácia sacramental em seu de-
senvolvimento histórico, das origens até o presente, além de com-
preender suas várias dimensões.
Também estudamos as várias explicações para a instituição
dos sacramentos por Cristo. Por fim, analisamos as origens do sep-
tenário sacramental.
Partiremos agora para a última etapa de nosso estudo: o co-
nhecimento sobre os sacramentais, as bênçãos e exéquias.
4
1. OBJETIVOS
• Compreender o sentido teológico dos sacramentais.
• Reconhecer as distinções e relações entre os sacramentos
e sacramentais.
• Entender o sentido teológico-litúrgico-pastoral das bên-
çãos e das exéquias.
2. CONTEÚDOS
• Sacramentais.
• Bênçãos.
• Exéquias.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior estudamos sobre a eficácia sacramental
e as questões relativas à instituição dos sacramentos.
Nesta unidade entenderemos o que são os sacramentais, as
bênçãos e as exéquias, quais são suas divisões, em que momentos
podem ser usados e por quem podem ser ministrados.
Esta é a última etapa de nosso trabalho para o entendimento
do papel dos sacramentos na fé cristã.
Bons estudos!
Bênçãos
As bênçãos podem ser de pessoas, da mesa, de objetos e
lugares.
Toda bênção é louvor a Deus e pedido para obter seus dons.
Como afirma o Catecismo da Igreja Católica: "Em Cristo, os cris-
tãos são abençoados por Deus, o Pai "de toda sorte de bênçãos
espirituais" (Ef 1,3). É por isso que a Igreja dá a bênção invocando
o nome de Jesus e fazendo habitualmente o sinal sagrado da cruz
de Cristo" (nº 1.671).
Consagrações
As consagrações são as bênçãos que têm um alcance perma-
nente. Seu efeito é a consagração de pessoas a Deus e de objetos
e lugares para o uso litúrgico.
Entre as consagrações destinadas a pessoas (esta consagra-
ção não é a ordenação sacramental), podemos citar: a bênção do
abade e da abadessa de um mosteiro, a consagração das virgens,
o rito de profissão religiosa e as bênçãos para alguns ministérios
da Igreja (como os leitores, acólitos, ministros extraordinários da
eucaristia, catequistas etc.).
Entre as consagrações de objetos e lugares, encontram-se a
dedicação da igreja e do altar, a bênção dos óleos dos catecúme-
nos e dos enfermos, a consagração do óleo do crisma, a bênção
dos vasos e das vestes sagradas etc.
A bênção dos óleos dos catecúmenos e dos enfermos e a con-
sagração do óleo do crisma são feitas pelo Bispo, reunido com o seu
presbitério na manhã da Quinta-feira Santa. Em seguida, esse óleo é
levado a cada uma das paróquias da diocese, para ser usado durante
a celebração dos sacramentos: o óleo dos catecúmenos (no batismo
de crianças e adultos), o óleo dos enfermos (na unção dos enfer-
mos) e o óleo do crisma (na confirmação ou crisma, nas ordenações
presbiterais e episcopais e nas dedicações de igreja e altar).
Exorcismos
Os exorcismos constituem a ação que a Igreja faz para exi-
gir publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que
uma pessoa ou objeto sejam protegidos contra a influência do ma-
ligno, sendo subtraídas ao seu domínio.
Jesus, durante sua vida pública, realizou exorcismos (Mc
1,25ss; Lc 11,12) e é dele que a Igreja recebeu o poder e o encargo
de exorcizar. Encontramos os exorcismos simples durante a cele-
bração do batismo (de crianças e adultos).
As orações de exorcismos são mais elaboradas no Ritual de
Iniciação Cristã de Adultos (RICA) e seguem o esquema pedagógi-
co do catecumenato. No Ritual de Batismo de crianças são mais
simplificadas, como, por exemplo: "Deus da vida e do amor, vós
enviastes vosso Filho Jesus ao mundo para nos libertar do pecado
e da morte. Afastai destas crianças todo o mal e ajudai-as a com-
bater o bom combate. Como templos vivos do Espírito Santo, ma-
nifestem as maravilhas do vosso amor. Por Cristo, nosso Senhor"
(Ritual de Batismo de Crianças nº 55).
Após longo período de revisão, foi publicado em 2005 o
Ritual de Exorcismos e outras súplicas, conforme as normas da
Sacrosanctum Concilium. O exorcismo solene, no entanto, só
pode ser praticado por um sacerdote com a autorização do Bispo
e observando as regras estabelecidas pela Igreja. O Catecismo
adverte justamente que é preciso antes de tudo certificar-se de
que se trata de uma verdadeira possessão diabólica (nº 1.673) e
não de doenças psíquicas ou físicas que devem ser curadas com a
ciência médica.
Neste sentido, assim se expressa o Código de Direito Canô-
nico (1983, n. p.):
Cânon 1172 – § 1 – Ninguém pode legitimamente fazer exorcismos
em possessos a não ser que tenha obtido licença peculiar e expres-
sa do Ordinário local. § 2 – Essa licença seja concedida pelo Ordiná-
rio local somente a presbítero que se distinga pela piedade, ciência,
prudência e integridade de vida.
© U4 – Sacramentais 77
Profissão
- monástica Bênção
Pessoas
- religiosa Exorcismo
- outras formas
Bênção
Coisas
Dedicação
"Realidades Bênção
Bênção
cósmicas"
Exéquias
Fonte: Scicolone (1993).
8. BÊNÇÃOS
Bênção cristã
Os cristãos assumirão esta forma de compreender e celebrar
a bênção em duas dimensões, colocando nela o memorial do mis-
tério pascal de Jesus Cristo, a bênção máxima de Deus-Pai, que,
expiando a maldição, trouxe-nos a bênção (Ritual de Bênçãos nos
2-3). E por isso é que podemos bendizer a Deus em Jesus Cristo,
seu Filho.
© U4 – Sacramentais 81
Apêndices
A celebração destas bênçãos pode acontecer durante a mis-
sa, conforme o caso, e a sua presidência, somente em alguns casos
está reservada ao ministro ordenado, sendo que todas as demais
podem ser administradas por leigos e leigas.
Ainda que os leigos possam usar o Ritual de Bênçãos com-
pleto, foi publicada pela Congregação do Culto Divino uma edição
própria para leigos: Congregação para o culto divino (1991): ritual
de bênçãos por ministros leigos. São Paulo: Paulinas, 1991.
O esquema celebrativo a ser observado normalmente é o
seguinte:
1) ritos iniciais;
2) proclamação da Palavra de Deus;
3) homilia;
4) preces;
5) oração de bênção;
6) conclusão do rito.
© U4 – Sacramentais 85
9. EXÉQUIAS
Desde que somos batizados, participamos da morte e da res-
surreição de Cristo (Rm 6,4).
Essa participação no mistério pascal de Cristo se atualiza em
cada celebração dos sacramentos e dos sacramentais até que, pela
morte, celebramos a Páscoa para sempre e ressuscitamos para a
vida eterna.
Movidos pela fé na ressurreição é que a Igreja celebra as exé-
quias, ou ritos fúnebres, acompanhando seus filhos até sua última
morada, expressando pelas suas orações a índole pascal da morte
cristã (SC 81).
Os ritos fúnebres estão presentes em todas as culturas e reli-
giões, mas os cristãos viram, desde os primórdios, que pela morte
participamos da morte de Cristo – e com ele ressuscitamos –, pas-
sando a proclamar isso durante as celebrações exequiais.
Praenotanda – introdução
1) Primeiro tipo: celebração na casa do defunto, procissão
até a igreja, celebração na igreja (missa ou liturgia da pa-
lavra seguida do rito da encomendação – commendatio,
procissão até o cemitério, celebração junto ao túmulo,
com bênção e inumação).
2) Segundo tipo: inteiramente no cemitério – celebração
na capela do cemitério (liturgia da palavra e rito da en-
comendação), procissão até o túmulo, celebração junto
ao túmulo com bênção e inumação.
3) Terceiro tipo: inteiramente na casa do defunto, liturgia
da palavra (ou missa) e rito da encomendação.
4) Missas para os defuntos (Missal).
Para concluir, um exemplo da Eucologia das exéquias:
Pai de misericórdia e Deus de toda consolação,
Vós nos acompanhais com amor eterno,
Transformando as sombras da morte em aurora de vida,
Olhai agora compassivo as lágrimas dos vossos filhos,
Dai-nos, Senhor, vossa força e proteção
Para que a noite da nossa tristeza se ilumine com a luz da vossa paz.
O vosso Filho e Senhor nosso, morrendo, destruiu a nossa morte,
E, ressurgindo, deu-nos novamente a vida.
Dai-nos a graça de ir ao seu encontro para que, após a caminhada
desta vida,
6) Qual é o papel dos sacramentais em sua prática religiosa? Como eles ajudam
a ampliação de sua religiosidade?
7) O que você pode fazer para ampliar seus conhecimentos sobre os sacramen-
tais?
8) Você ainda tem dúvidas em relação aos conteúdos estudados? Quais proce-
dimentos podem ser utilizados para eliminar tais dúvidas?