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Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
180 M153h
ISBN: 978-85-67425-69-6
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A passagem da Filosofia Antiga para a Filosofia Medieval. O Cristianismo e o
mundo grego. O Neoplatonismo e sua influência no pensamento posterior. A Filo-
sofia Patrística Latina e Santo Agostinho. A gênese da primeira Escolástica; Boé-
cio e as traduções dos filósofos clássicos para o latim. João Escoto Erígena e An-
selmo de Cantuária. Pedro Abelardo e Pedro Lombardo. Influência aristotélica na
formação do pensamento ocidental. Filosofia Árabe: Averróis e Avicena. Santo
Tomás de Aquino. Guilherme de Ockham e Duns Escoto. A segunda Escolástica.
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1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Caro aluno, iniciaremos o estudo de História da Filosofia Me-
dieval. Neste Caderno de Referência de Conteúdo, você terá opor-
tunidade de se familiarizar com os autores e ideias que marcaram
a História da Filosofia Medieval.
Em cada uma das três unidades componentes deste Material
Didático Mediacional, você encontrará elementos que o ajudarão
8 © História da Filosofia Medieval
Abordagem Geral
no. Suponha também que, ao fazer uma grande viagem por ter-
ras distantes, o tal presbítero caísse prisioneiro e fosse vendido
como escravo para algum povo fora dos limites do império romano
- lembre-se de que situações como essa não eram nem um pou-
co incomuns naqueles tempos conturbados. Ora, em cativeiro e
privado de meios para subsistir e para se libertar, era possível que
o prisioneiro fosse forçado a renegar seu cristianismo e a assumir
uma religião pagã.
O que aconteceria com os dois mil batizados que se torna-
ram cristãos pelas mãos de um presbítero que renegou o cristianis-
mo - antigamente se utilizava o termo "apóstata" para se referir a
tal pessoa –, continuariam cristãos ou não?
Hoje parece fácil responder a essa questão, pois há a noção
de que ninguém perde sua dignidade por uma limitação ou falha
alheia. Porém, naqueles primeiros séculos do cristianismo, mui-
tos defendiam que a validade de um sacramento – por exemplo,
a do batismo – dependeria da santidade do ministro que o admi-
nistrou.
Levando tal noção até as últimas consequências, conclui-se
que um romano cobrador de impostos, cuja autoridade dependia
diretamente do fato de ser um "bom cidadão romano'' e, portan-
to, de ser cristão, viveria sempre na incerteza quanto ao fato de
quem o batizou ainda ser cristão ou ter se tornado "apóstata".
Essas questões exigiram que os especialistas em religião cris-
tã do período, ou seja, os epíscopos, discutissem sobre a validade
dos sacramentos e sobre a relação dessa validade com a santidade
ou com a eventual apostasia do ministro que os administra. Não
iremos reconstruir todo o debate: observaremos diretamente a
solução para essa questão tão inquietante.
Eles deliberaram que os sacramentos imprimiam "caráter":
eram como as tatuagens que os soldados faziam quando ingressa-
vam no exército romano e que, ao menos naquela altura, uma vez
feitas, não podiam ser apagadas. Ou seja, aqueles que fossem bati-
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados no CRC História da Filosofia Me-
dieval. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Ágape: noção cristã que corresponde ao amor donativo
de Deus. Difere do amor Eros, que tinha um caráter aqui-
sitivo. Ou seja, Eros busca possuir, ao passo que o amor
ágape se doa.
2) Analogia: de modo geral, o termo é utilizado para desig-
nar uma comparação entre coisas parcialmente seme-
lhantes e parcialmente distintas. No período medieval, a
analogia foi utilizada para se analisar a comparação en-
tre Deus e as coisas criadas por Ele. Assim, com base nas
características que se vê nas coisas, pode-se dizer algo
sobre Deus, mas nunca de maneira precisa, pois Deus é
totalmente distinto de todas as coisas.
3) Argumento ontológico: é o método para se provar a
existência de Deus a partir da própria ideia de um ser
divino e de quais características um ser divino tem ne-
cessariamente de possuir. O mais famoso propositor de
tal argumento foi Anselmo de Cantuária.
4) Auctoritas/auctoritates: no período medieval, era re-
servado um papel central para as opiniões autoritativas,
ou seja, as opiniões que as gerações passadas consagra-
ram como corretas. Casos em que aparentemente ha-
veria bons motivos para se defender qualquer uma de
duas opiniões contrárias, recorria-se à opinião de algu-
ma autoridade passada para resolver a questão. De ma-
neira mais geral, o método escolástico das disputationes
sempre tinha uma parte dedicada à análise e à tentativa
de conciliação entre o tema apresentado e as posições
de alguma auctoritas.
5) Compatibilista/incompatibilista: as posturas medievais
diante da relação entre fé e razão podem ser classifica-
das em dois tipos. De um lado, havia aqueles que consi-
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati-
vas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino de Filosofia, pode ser uma
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará
se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além
disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhe-
cimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profis-
sional.
Você ainda encontrará, no final de cada unidade, um gabari-
to que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões
autoavaliativas de múltipla escolha ou abertas objetivas.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste CRC convida você a olhar, de forma mais apu-
rada, a Educação como processo de emancipação do ser humano.
É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas
e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 37
1
1. OBJETIVOS
• Entender a transição da Filosofia Antiga greco-romana
para a Filosofia Medieval.
• Compreender os principais elementos que caracterizaram
a novidade filosófica do cristianismo.
2. CONTEÚDOS
• A passagem da Filosofia Antiga para a Filosofia Medieval.
• O cristianismo e o mundo grego.
• O Neoplatonismo e sua influência no pensamento poste-
rior.
• A Filosofia Patrística latina e Santo Agostinho.
• O problema do Mal e a questão do Tempo em Agostinho.
40 © História da Filosofia Medieval
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Importantes mudanças fizeram que a Filosofia deixasse
de ter as características que marcaram a Filosofia Antiga e cria-
ram progressivamente as condições para que surgisse a Filosofia
Medieval. Como já foi dito em nossa Abordagem geral, quando
abordamos a questão desta maneira, alguém pode ficar com a im-
pressão que de uma hora para outra deixou de existir o modo de
pensar típico do mundo antigo e que em seu lugar surgiu o modo
de pensar medieval. Porém, isso não é totalmente correto. É claro
que alguns acontecimentos históricos levaram a mudanças cultu-
rais muito importantes. No entanto, a transformação deu-se de
maneira lenta e progressiva.
Um dos acontecimentos históricos que alterou para sempre
o horizonte cultural da humanidade foi o advento do cristianismo.
Não há dúvidas de que a mensagem cristã, sobretudo depois que
se difundiu pelas principais regiões do mundo antigo, operou uma
significativa mudança cultural. Prova disso é o fato de que, a partir
do momento em que aderiam à fé cristã, as pessoas abandonavam
seus costumes anteriores e se dispunham inclusive a morrer por
sua nova fé.
Contudo, talvez o momento mais marcante da transforma-
ção cultural operada pelo cristianismo tenha ocorrido quando o
imperador Constantino se converteu e tornou o cristianismo a re-
ligião oficial do Império Romano. Como consequência, acontece-
ram as conversões em massa de ímpios ou de pessoas de outras
religiões.
sar a partir de novos pontos de vista tudo o que já tinha sido pen-
sado na Antiguidade, além de verificar a medida de concordância
ou discordância que havia entre filosofia e mensagem cristã.
Contudo, quem pensar em rompimento radical com a he-
rança filosófica antiga também pode estar se distanciando do que
ocorreu naquele momento. No final da Antiguidade Clássica, já ha-
via um vocabulário comum, do qual usufruíam tanto as escolas fi-
losóficas quanto os convertidos ao cristianismo que possuíam uma
educação refinada. Mas, isso quer dizer que havia uma Filosofia e
que depois passou a haver, ao menos no Ocidente, uma "Filosofia
Cristã"?
O tema "Filosofia Cristã" foi muito debatido no século 20 EC,
pois alguns críticos da Filosofia Medieval, principalmente aqueles
que queriam desvalorizá-la e propor que não fosse estudada, jus-
tificavam suas posições com o argumento de que o que aconteceu
na Idade Média em termos de Filosofia não teve nada de criativo
e nem mesmo de genuinamente filosófico. Segundo tais críticos,
teria sido apenas uma apropriação de alguns temas e métodos fi-
losóficos da Antiguidade, corrompidos por uma abordagem emi-
nentemente teológica.
Tal crítica, sobretudo vinda daqueles que pensam que há
uma separação radical e mesmo uma incompatibilidade completa
entre religião e razão, parece ter sido muito aceita durante certo
período em alguns círculos filosóficos do século passado. Étienne
Gilson (2006, p. 6) assim retrata esta questão:
O verdadeiro problema [...] é de ordem filosófica e muito mais gra-
ve. Reduzido à sua fórmula mais simples, consiste em perguntar se
a própria noção de filosofia cristã tem sentido e, subsidiariamente,
se corresponde a uma realidade. Naturalmente, trata-se não de
saber se houve cristãos filósofos, mas de saber se pode haver fi-
lósofos cristãos. Neste sentido, o problema se colocaria da mesma
maneira a propósito dos muçulmanos e dos judeus. Todos sabem
que a civilização medieval se caracteriza pela extraordinária impor-
tância que o elemento religioso nela adquire. Tampouco se ignora
que o judaísmo, o islamismo e o cristianismo produziram então cor-
pos de doutrinas em que a filosofia se combinava de uma forma
Fé e razão –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Você quer saber como esta posição influenciou as gerações futuras? Leia o texto
da encíclica Fides et ratio que aparecerá no conteúdo da Unidade 2, e irá perce-
ber que a história iniciada na Antiguidade teve continuidade e chegou aos dias
atuais ainda cheia de vigor e relevância.
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Isto somente pode ser entendido quando se pensa a filosofia
como estilo de vida. Vamos investigar como a filosofia ganhou essa
característica no período medieval?
Nous ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O Nous comunica-se com as formas nele inscritas – há um deslocamento pro-
gressivo das ideias como formas transcendentes para categorias da mente de
Deus.
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No diálogo Leis, Platão introduz a noção de que a cadeia de
mudanças que se observa faz crer que deva haver uma causa pri-
meira a iniciar tais mudanças nas outras coisas, sem que ela pró-
pria tenha sido iniciada por algo. O poder de originar movimento é
"Alma" (Anima), e Alma é divindade.
As Almas mais elevadas são aquelas que causam os movi-
mentos mais elevados, ou seja, são as Almas que causam os mo-
vimentos celestes. Seus movimentos são os das esferas celestes,
que se movem sem sair do lugar. O automovimento das divinas
esferas celestes é, portanto, sempre regular e uniforme.
Aristóteles tinha uma abordagem bem semelhante. Porém,
fazia uma distinção adicional entre movente (ou "motor") e mo-
vido. As esferas celestes são moventes não movidos. As demais
coisas do mundo são somente movidas.
Em um dos diálogos platônicos, Timeu, notamos que a alma
divina desempenha um papel proeminente. Há nesse diálogo uma
longa narrativa mítica de como o demiurgo ou "artesão" plasmou
o cosmos. O mundo tem, portanto, um artífice divino, e aí reside
seu início: o demiurgo trouxe o mundo à existência, dando-lhe for-
Plotino
Quanto à vida e às obras de Plotino, por sorte há uma excep-
cional fonte de informações: seu discípulo Porfírio, o fenício.
Plotino nasceu em 204/205, provavelmente em Licópolis, no
Egito. Nada se conhece sobre suas origens, mas sabe-se que escre-
veu em grego. Aos 28 anos, começou seus estudos filosóficos com
Amônio de Saccas em Alexandria, onde esteve por cerca de onze
anos. Quando tinha em torno de 40 anos, mudou-se para Roma e
naquela cidade iniciou sua escola filosófica. Ali permaneceu pelo
resto da vida, passando apenas os seus últimos dias em Campânia.
Poucos filósofos da Antiguidade legaram mais obras para a
História do que Plotino. Todas as suas obras conhecidas chegaram
até os dias atuais. Os assuntos tratados por ele apresentam grande
variedade de temas e extensão.
O editor de suas obras, Porfírio, rearranjou os tratados de
acordo com os temas, em seis conjuntos com nove tratados cada.
Por isso ficaram conhecidos como o Tratado das Enéadas (o prefi-
xo enea representa nove).
A metafísica de Plotino
Tanto em Plotino quanto nos demais neoplatônicos, é possí-
vel identificar com clareza a visão de que a realidade está organi-
zada hierarquicamente em níveis ou planos. Plotino chamou esse
planos de hipóstasis, termo que adquiriu um sentido técnico mui-
to forte e que foi inclusive utilizado (em grego) pela teologia cristã
para se referir às Pessoas da Santíssima Trindade. Vejamos os prin-
cipais níveis ou planos da hierarquia plotiniana:
Porfírio
Porfírio foi um homem de grande cultura e dedicou grande
tempo e esforço para compor sua obra filosófica, impressionante
pela extensão e pela profundidade. A difusão do neoplatonismo
deve muito a ele.
Sabe-se muito pouco sobre a vida de Porfírio, apenas que
ele nasceu em torno de 234 EC, na cidade fenícia de Tiro. Sabe-se
também que ele estudou em Atenas sob a orientação de Longino e
que posteriormente se juntou à escola de Plotino, em Roma.
De sua obra, sabemos que escreveu sobre uma grande varie-
dade de temas, que incluem desde comentários às obras de Platão,
Aristóteles, Teofrasto, Ptolomeu e Plotino, até ensaios filosóficos e
teológicos. Dessa imensa produção, muito pouco restou até hoje.
Todavia, pode-se dizer que o pouco que restou teve uma
enorme influência. Talvez sua principal contribuição tenha sido
permitir uma harmonização entre o pensamento de Platão e o de
Aristóteles. Até Porfírio, parece que os neoplatônicos tinham uma
postura muito crítica com relação a Aristóteles.
Uma das principais críticas era sobre a obra Categorias, que
sempre foi considerada a primeira obra do Órganon – que, por
sua vez, vinha em primeiro lugar no elenco das obras do Estagirita.
Sabe-se que de fato a obra Categorias contém passagens com alto
grau de antiplatonismo, como, por exemplo, a precedência atribu-
ída à substância primeira com relação ao gênero e à espécie - as
substâncias segundas.
A importância de Porfírio nesse contexto foi determinante,
e sua obra, Isagoge, passou a ser sempre colocada antes de Cate-
© U1 - Da Filosofia Antiga à Filosofia Medieval 83
Proclo
Proclo é o terceiro importante pensador neoplatônico cuja
grande influência pode ser percebida na posteridade. Ainda na ju-
ventude foi para Atenas estudar Filosofia platônica, e, posterior-
mente, tornou-se diretor da Academia. Foi o pensador neoplatôni-
co com a maior capacidade sistematizadora e escreveu uma vasta
obra.
Em sua obra há tratados sistemáticos de filosofia – por exem-
plo, seu Elementos de teologia – nos quais ele aplica o método
estritamente dedutivo euclidiano. Autores bem posteriores, como
Descartes e Espinosa, vão valer-se da mesma estratégia.
Em seu Elementos de teologia, Proclo começa pelo ponto
mais elevado de sua hierarquia e desce aos outros níveis, cobrin-
do as três primeiras hipóstases, nas quais "teologia" coincide com
metafísica, pois se trata do estudo das primeiras causas. Nas de-
mais obras, ele se dedica sobretudo aos temas platônicos.
As contribuições de Proclo estão mais ligadas à sua capaci-
dade sistematizadora e à sua ampla influência, e não tanto a pos-
síveis contribuições originais para o neoplatonismo. Este não é o
momento de nos aprofundarmos nas particularidades do sistema
de Proclo, um sistema que, em linhas gerais, é muito parecido com
o de Plotino. Contudo, pode-se dizer quem em certo aspecto a Fi-
losofia Medieval muito deve a ele.
Proclo foi um pagão piedoso, e naquela época os pagãos já
eram uma minoria combatida em diversas frentes. Embora nunca
tenha se convertido ao cristianismo, um escritor pouco posterior a
ele, o famoso Pseudo-Dionísio Aeropagita, utilizou o sistema divi-
sado por Proclo para constituir sua "teologia cristã".
Depois de Proclo, a Academia teve um importante mestre:
Damasceno. Este escreveu um livro intitulado Os princípios, no
qual defende um princípio inefável acima do Uno - abordagem
compartilhada por Jâmblico. Foi em 529, durante o tempo em que
© U1 - Da Filosofia Antiga à Filosofia Medieval 85
quem fala dele quanto quem ouve outros falarem sobre este as-
sunto (Confissões, XI, 17). Entretanto, quando se deixa o senso co-
mum de lado e se busca uma explicação mais elaborada do ponto
de vista filosófico ou científico, há imediatamente a percepção de
que se está diante de um "problema muito complexo", um
implicatissimum aenigma (Confissões, XI, 22, 28).
O enigma proposto pelo tempo não pode ser facilmente des-
vendado pela razão e por isso mesmo é descrito por Agostinho
como complexo. Isto decorre da natureza do próprio tempo e tam-
bém em decorrência das insuficiências da linguagem humana. O
enigma é tal que, diante da pergunta ontológica "O que é, por con-
seguinte, o tempo?" (Confissões, XI, 14, 17), Agostinho não se en-
vergonha de responder: "Se ninguém me perguntar, eu sei; porém,
se quiser explicar a quem me perguntar, já não sei" (Confissões,
XI). Se Agostinho reconhece seu fascínio e perplexidade diante da
questão, por outro lado ele não detém e nem foge do problema e
ousa uma resposta.
A resposta agostiniana ao problema do tempo implica dois
níveis distintos:
1) Há a necessidade de enfrentar com disposição e criativi-
dade uma discussão acerca da distinção entre tempo e
eternidade. Essa será uma boa oportunidade para Agos-
tinho demonstrar seu rompimento com os maniqueus e,
indiretamente, com alguns autores da filosofia grega an-
tiga que eram claramente refratários à noção de criação
e da consequente noção de linearidade do tempo.
2) A abordagem agostiniana volta-se para a natureza on-
tológica do tempo, ou seja, para a pergunta nos moldes
socrático-platônicos: "o que é o tempo"?
A natureza ontológica do tempo é analisada por Agostinho
sob dois aspectos: um aspecto visa o tempo do ponto de vista sub-
jetivo. Analisa a categoria "tempo", isto é, o tempo qualitativo ou
da consciência, voltando-se para a interioridade humana, para a
alma, e nesta, de maneira específica, para a memória.
© U1 - Da Filosofia Antiga à Filosofia Medieval 95
14. CONSIDERAÇÕES
Como você viu nesta unidade, o cristianismo significou uma
novidade do ponto de vista filosófico, pois introduziu doutrinas
que não estavam presentes na Filosofia Clássica, tais como a res-
ponsabilidade individual pelos próprios atos e a criação ex nihilo,
ou seja, a partir do nada.
Esse também foi um momento necessário de reflexão sobre
a História e sobre o lugar da pessoa humana no universo. No mo-
mento em que Constantino Magno se converteu e fez que o Impé-
rio Romano passasse a ter o cristianismo como religião oficial, as
doutrinas cristãs ganharam o status de doutrinas centrais para a
vida das pessoas em todo o Império Romano.
O cristianismo entrou em diálogo direto com as outras tra-
dições filosóficas, rejeitando alguns pontos e recuperando outros
– principalmente do estoicismo e do neoplatonismo. A principal
figura naquele contexto foi Agostinho de Hipona, pois ele não
somente foi o principal expoente da patrística, como também in-
fluenciou diretamente as gerações posteriores de filósofos e teó-
logos.
Houve uma grande alteração do panorama em decorrência
da redescoberta das principais obras de Aristóteles, a partir do sé-
culo 12 EC. A influência de Agostinho diminuiu com o crescimento
© U1 - Da Filosofia Antiga à Filosofia Medieval 97
15. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Platão e Aristóteles. Disponível em: <http://www.consciencia.org/
bancodeimagens/displayimage-476.html>. Acesso em: 08 jan. 2010.
Figura 3 Santo Agostinho. Disponível em: <http://www.snpcultura.org/pedras_
angulares_santo_agostinho_2.html>. Acesso em: 16 dez. 2009.
Lista de quadros
Quadro 1 Paralelo entre Platão e Aristóteles. Disponível em: <http://www.consciencia.
org/plataoaristotelesvidigal.shtml>. Acesso em: 15 jan. 2010.
Sites pesquisados
DANTAS, L. G., CAVALCANTE JUNIOR, F. S. A autobiografia agostiniana na obra A vida
feliz. Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a15/dancava01.htm>.
Acesso em: 15 dez. 2009.
HIRSCHBERGER, J. Os neoplatônicos e o Neoplatonismo - História da Filosofia Antiga.
Disponível em: <http://www.consciencia.org/os-neoplatonicos-e-o-neoplatonismo-
historia-da-filosofia-antiga>. Acesso em: 15 dez. 2009.
PLATÃO. O mito da caverna. Disponível em: <http://www.historianet.com.br/conteudo/
default.aspx?codigo=796>. Acesso em: 31 jan. 2011.
PACHECO, M. C. M. A Filosofia Medieval e a Questão da Interpretação – A palavra e
os Textos - entre a Letra e o Espírito. Disponível em: <http://www.hottopos.com.br/
mirand9/candid2.htm>. Acesso em: 15 dez. 2009.
SANTOS, B. S. Antologia de textos (Porfírio, Boécio, Ockham). Disponível em: <http://
www.bentosilvasantos.com/cms/index.php?download=OS%20UNIVERSAIS%20-%20
Porfirio,%20Boecio%20e%20Ockham.pdf>. Acesso em: 06 out. 2010.
UNICAMP. Santo Agostinho e a interpretação do gênesis. Disponível em: <http://www.ifi.
unicamp.br/~ghtc/Universo/cap05.html>. Acesso em: 15 jan. 2010
Universidade Federal de São Carlos. Filosofia Helênico Romana. Disponível em: <http://
www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y160.htm#TopOfPage>. Acesso em: 15 dez.
2009.
2. CONTEÚDOS
• E nsino e pesquisa nas universidades do século 13 EC.
• Boécio e as traduções dos filósofos clássicos para o La-
tim.
• João Escoto Erígena e Anselmo de Cantuária.
• Pedro Abelardo e Pedro Lombardo.
100 © História da Filosofia Medieval
Chartres
As maravilhosas catedrais góticas são,
sem dúvida, alguns dos mais belos frutos
oferecidos pelo Cristianismo à civilização.
Nascida num período turbulento, mas tam-
bém extremamente fecundo, a arte dos go-
dos difundiu-se da Europa para o mundo
inteiro. Seus idealizadores tinham como
objetivo levar os homens até o seu Criador,
proporcionando-lhes, por meio do esplen-
dor, da beleza e mesmo da magnificência,
a possibilidade de experimentar uma for-
ma de contato com Ele. (...) Podemos encontrar em quase toda a Europa bons
exemplares dessas obras-primas de engenharia e arte. Na França, por exemplo,
há algumas de rara beleza. Partindo de Paris rumo a sudoeste, antes de percor-
rer noventa quilômetros já contemplaremos à distância as duas torres altaneiras
da catedral de Chartres, distintas e belas, elevando-se graciosamente em meio
aos ondulantes campos de trigo (imagem e texto disponíveis em: <http://www.
arautos.org/view/show/4480-a-catedral-de-chartres>. Acesso em: 18 jan. 2010).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Como você viu na Unidade 1, a Filosofia Medieval, em seus
momentos iniciais (ou seja, no período da patrística), esteve mais
voltada para a apologética - defesa das doutrinas cristãs essenciais
- do que para a elaboração sistemática do pensamento. Isto de-
© U2 - Ambiente Cultural e Educacional na Idade Média 101
Artes. Contudo, boa parte deste material não desperta grande in-
teresse filosófico nos dias atuais, ainda que vez ou outra se encon-
tre material de excelente qualidade entre os textos de aula. Muitas
vezes, isso ocorre com materiais de Lógica, Gramática e Astrono-
mia.
Portanto, o curso de Artes era fundamental. Principalmente
os primeiros anos, que proporcionavam aos alunos a aquisição da
competência em Gramática e Lógica – as chaves para compreen-
der a Filosofia Medieval. Essas disciplinas forneciam, para o uso da
língua latina, competência linguística e vocabular altamente técni-
ca e precisa.
O fato de que o material disponível para a reconstrução da
vida intelectual na Idade Média ser composto de tantos escritos
pode fazer com que nos esqueçamos de que, em enorme medi-
da, o ensino universitário naquele período era oral. A causa de tal
fato é evidente: os livros eram muito raros, em consequência da
dificuldade de produzir manuscritos e do alto custo envolvido no
processo.
A centralização da produção de livros certamente contribuiu
para uma maior disseminação dos textos e para uma redução sig-
nificativa no preço de cada exemplar. Contudo, as bibliotecas pri-
vadas permaneceram raras no período. Este quadro só foi alterado
com o advento da impressão.
As bibliotecas das escolas melhoraram significativamente a
partir do final do século 13 EC. Porém, o acesso aos textos era qua-
se sempre restrito aos alunos das faculdades superiores.
Portanto, a preponderância do ensino oral era algo previsí-
vel, principalmente para os estudantes mais jovens. Essa necessi-
dade, porém, foi se tornando uma virtude à medida que foi se dis-
seminando a crença de que se aprende muito mais rápido e com
mais proveito por meio do método oral.
© U2 - Ambiente Cultural e Educacional na Idade Média 121
Embora tenha tido uma vida curta e tenha galgado uma po-
sição que equivalia ao cargo de primeiro ministro, seu sucesso pro-
fissional terminou em grande tragédia: foi condenado por traição.
Na prisão, antes da execução, teve tempo para escrever Consola-
ção da Filosofia, uma obra que figura com justiça entre as obras-
primas da literatura latina.
A decisão de dedicar o pouco tempo de vida que lhe restava
a discutir a providência divina e a verdadeira felicidade evidencia
que ele concebia a Filosofia como um estilo de vida, pois estava
disposto a enfrentar toda e qualquer dificuldade de maneira altiva
e corajosa. Como vimos na Unidade 1, o estoicismo e o cristianis-
mo tinham posições semelhantes em relação a qual seria a atitu-
de mais adequada para enfrentar as dificuldades da vida. Boécio
certamente bebeu nessas duas fontes: o estoicismo romano e o
cristianismo.
© U2 - Ambiente Cultural e Educacional na Idade Média 125
autor e não de Boécio, isso nos deixaria sem outros textos para
estabelecer se Boécio realmente foi, se não um mártir, ao menos
um autor cristão.
Com o tempo, no entanto, acrescentou-se uma informação
que teve caráter decisivo para esta questão: foi descoberto por
Holder, em 1877, um fragmento de Cassiodoro que atribui a Boé-
cio um Librum de sancta Trinitate et capita quaedam dogmática.
Isso parece ter posto fim à dúvida sobre a orientação cris-
tã de Boécio e decidido a questão em favor da autenticidade das
Opuscula (A este respeito, ver o interessante texto de Jean Lauand,
disponível no tópico E-Referências).
Todavia, a respeito de Boécio não interessa apenas saber se
era um autêntico pensador cristão. Sobretudo, interessa saber so-
bre quais foram as obras que produziu. Ele escreveu sobre um con-
siderável conjunto de temas, e, em todos os aspectos da Filosofia
que ele abordou, sua influência na Idade Média foi enorme.
Entretanto, sua autoridade foi mais difundida no terreno
da Lógica. Deve-se a ele um primeiro comentário sobre a Introdu-
ção (Isagoge) de Porfírio, traduzida em latim por Mário Vitorino,
e um segundo comentário sobre a mesma obra, porém acrescido
de uma tradução mais adequada, produzida por ele mesmo; uma
tradução e um comentário da obra Categorias de Aristóteles; uma
tradução e dois comentários da obra De interpretatione, um para
principiantes, outro para leitores já mais avançados; as traduções
de Primeiros Analíticos, Segundos Analíticos, Argumentos sofísti-
cos e Tópicos, de Aristóteles. Depois, uma série de tratados de
lógica:
a) Introductio ad categoricos syllogismos.
b) De syllogismo categorico.
c) De syllogismo hypothetico.
d) De divisione.
e) De differentis topicis.
f) Enfim, um comentário sobre os Tópicos, de Cícero, que
chegou incompleto até nós.
Mas por que Boécio foi tão influente? Será que é apenas um
efeito do acaso? O próprio Boécio chama para si esse papel de
intermediário entre a Filosofia Grega e o mundo latino. Sua inten-
ção inicial era traduzir todos os tratados de Aristóteles, todos os
diálogos de Platão, e demonstrar por comentários a concordância
fundamental das duas doutrinas.
Boécio só conseguiu cumprir efetivamente uma pequeníssi-
ma parte de seu ambicioso projeto, mas o valor de sua obra para o
Ocidente não é menos impressionante. Ele legou às gerações pos-
teriores uma obra rica e suficientemente representativa para que
sua abordagem sistemática seja sentida com clareza. Tudo indica
que os pontos principais que ele quis comunicar foram preserva-
dos e incorporados à cultura filosófica da posteridade.
Além de um tratado sobre os sentidos da vida humana e da
cultura, na excelente obra De consolatione pbilosophiae, Boécio
deu de presente à Idade Média a imagem alegórica da Filosofia
que aparece em estátuas ou nas fachadas de algumas igrejas. Tam-
bém naquela obra, Boécio forneceu uma definição de Filosofia e
uma taxonomia das ciências que lhe são subsidiárias.
A filosofia é descrita como o amor à Sabedoria. Muito além de
uma simples habilidade prática, ou mesmo de algum tipo de conhe-
cimento especulativo abstrato, ela tem um caráter de presença real.
A Sabedoria é o pensamento que pensa a si, cuja atividade põe em
movimento todas as suas partes, mas que não depende daquelas
outras coisas para que possa existir. Ela basta a si mesma.
A Sabedoria é também a fonte luminosa que torna o pensa-
mento humano claro e lhe transmite uma finalidade última, ins-
pirando-o a buscá-la. Assim, a Filosofia, ou o "amor à Sabedoria",
não apenas é entendida como a busca da Sabedoria, mas pode
com justiça significar igualmente a busca de Deus ou o amor a
Deus.
Em sua totalidade, a Filosofia é constituída por duas partes:
uma teórica ou especulativa e outra ativa ou prática. O primeiro
Anselmo de Cantuária
Biografia–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nascido em 1033, no montanhoso vale de Aosta, norte
da Itália, desde muito cedo Anselmo tende ao caminho
da fé e da investigação que brilhantemente tomaria
pelo resto de sua vida. Aos 23 anos, sai de casa e
vaga pelas terras da Burgúndia e da França, até que,
em 1059, chega à Normandia e se instala na famosa
escola da abadia de Bec, regida pelo grande Lanfranc,
a quem viria substituir em 1063, quando este se muda
para a Cantuária.
É a partir de então que Bec cresce mais do que
nunca. Anselmo escreve aí as suas principais
obras e ganha fama, servindo também como con-
Figura 2 Anselmo de selheiro a governantes e nobres por toda a Euro-
Cantuária. pa. No ano de 1093, torna-se arcebispo da Can-
tuária, mais uma vez sucedendo o seu agora já falecido mestre Lanfranc.
Tão sólida era a sua fé cristã que enfrentou as ânsias absolutistas do próprio rei
inglês Guilherme Rufus, exilando-se por quase uma década, até que Henrique
1º, soberano de atitudes mais conciliares, fez com que Anselmo voltasse a ocu-
par a sua sé. Mas não demora muito e, insatisfeito, sai em novo exílio, até 1107.
Apesar de todos esses problemas, continua a escrever importantes obras teoló-
gicas. Anselmo morre em 21 de abril de 1109 (SANTOS, 2011).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Anselmo de Aosta ou de Cantuária (1033-1109 EC) coloca a
existência de Deus em primeiro plano em sua filosofia. Para ele,
a questão impõe-se não por uma insuficiência da fé de quem crê,
mas por exigência de uma fé pautada pela razão.
Na obra Monologion - cujo título era na verdade Exemplum
meditandi de ratione fidei –, Anselmo argumenta a favor da exis-
tência de Deus como Bem Supremo, como grandeza suprema,
como ente supremo e como natureza suprema (quatro vias ansel-
mianas).
Em seu Proslogion - cujo título era Fides quaerens intellectum -,
Anselmo argumenta a favor da condição de real e necessária da
existência de Deus, visto ser Deus o que de maior pode ser pen-
sado.
No Monologion, o caminho começa por algo de que a própria
razão, sozinha, pode se convencer: de que há uma natureza única
© U2 - Ambiente Cultural e Educacional na Idade Média 139
Pedro Lombardo
Biografia–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Quem era portanto Pedro Lombardo? Mesmo se as notícias sobre a vida são
escassas, podemos contudo reconstruir as linhas essenciais da sua biografia.
3) Qual era a exigência básica para se poder fazer os estudos nos cursos univer-
sitários medievais? Quais faculdades existiam naquele período?
4) Por que Boécio foi tão influente na Idade Média? Será que isto foi apenas
um efeito do acaso?
14. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você aprendeu um pouco mais sobre o sur-
gimento das primeiras universidades. Aprendeu sobre os métodos
e os componentes da vida docente e da vida estudantil e sobre
como a Filosofia era parte da vida de mestre e estudantes.
A Filosofia continuou a ser encarada como o melhor estilo
de vida possível. Nos casos mais emblemáticos, de Boécio e de
Abelardo, ela serviu muito para consolá-los nos momentos em que
enfrentaram suas calamidades pessoais.
Era a profissão dos intelectuais medievais, mas também in-
fluenciava diretamente seu estilo de vida e suas esperanças para o
futuro, para a vida presente e para a vida depois da vida terrena.
© U2 - Ambiente Cultural e Educacional na Idade Média 145
15. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Boécio. Disponível em: <http://symploke.trujaman.org/index.php?title=Boecio>.
Acesso em: 16 jan. 2010.
Figura 2 Anselmo de Cantuária. Disponível em: <http://www.dm.ieab.org.br/imagens/
sobre/ieab/anselmo.gif >. Acesso em: 08 fev. 2011.
Figura 3 Pedro Abelardo. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/
hfe/momentos/abelardo/index.html>. Acesso em: 18 jan. 2010
Sites pesquisados
CAMPOS, S. L. de B. Pedro Abelardo: "Intelligo ut Credam". Disponível em: < http://www.
filosofante.org/filosofante/?mostra=noticia&ver=1&id=186&le=F02&label=F%E9%20
e%20Raz%E3o>. Acesso em: 18 jan. 2010.
HIRSCHBERGER, J. Boécio: o último romano. Disponível em: <http://www.consciencia.
org/filosofia_medieval5_boecio.shtml>. Acesso em: 15 dez. 2009.
LAGE, A. C. P. Universidade Medieval. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.
br/navegando/glossario/verb_c_universidades_medievais.htm>. Acesso em: 15 dez.
2009.
LAUAND, J. Cassiodoro e as Institutiones: o trabalho dos copistas. Disponível em: < http://
www.hottopos.com/videtur31/jean-cassiodoro.htm>. Acesso em: 04 fev. 2011.
MEIRINHOS, J. F. A Filosofia no Século XII – Renascimento e resistências, continuidade e
renovação. Disponível em: <http://www.hottopos.com.br/mirand9/meirin.htm>. Acesso
em: 15 dez. 2009.
2. CONTEÚDOS
• Influência Aristotélica na formação do pensamento oci-
dental.
• Filosofia em Árabe: Averróis e Avicena.
• Santo Tomás de Aquino, Guilherme de Ockham e Duns
Escoto.
• Essência, Existência e Individuação.
• O Problema dos Universais.
• Segunda escolástica.
148 © História da Filosofia Medieval
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
A recepção das obras de Aristóteles no Ocidente cristão sig-
nificou um salto de qualidade na discussão de questões tradicio-
nais da Filosofia e, ao mesmo tempo, introduziu elementos impor-
tantes para a discussão de novos temas.
As traduções para o Latim das obras dos pensadores que es-
creveram em Árabe foram elementos determinantes nesse contex-
to. Contudo, tais traduções teriam permanecido incompreensíveis
se não fosse o trabalho de interpretação e explicação de autores
como Alberto Magno, Tomás de Aquino, João Duns Escoto e tantos
outros.
A criatividade daqueles autores na elaboração de distinções
lógicas e metafísicas era imensa. Os textos escritos por eles foram
extremamente numerosos e a grande maioria permanece em for-
mato manuscrito e no Latim original.
Mesmo assim, o interesse que despertavam não desapare-
ceu. Vários dos autores mais estudados da Filosofia Moderna e
Contemporânea deram seus primeiros passos filosóficos mais ar-
rojados depois de lerem e estudarem autores medievais.
Entretanto, o interesse da Filosofia Medieval para as discus-
sões atuais não precisa ser a única justificativa para estudar aque-
les autores. Você ficará ainda mais convencido disso com a leitura
e o estudo propostos nesta unidade.
Portanto, nesta unidade você se familiarizará um pouco mais
com a História da Filosofia em Árabe. A partir desse contexto, você
perceberá que discussões a respeito de temas como a Essência e
a Existência, a verdade que vem pela fé e a verdade que vem pela
razão, o problema da Individuação, e, principalmente, discussões
a respeito do Problema dos Universais, são excelentes portas para
o aprofundamento do estudo da Filosofia Medieval.
Com a leitura desse trecho escrito pelo Prof. Miguel Attie Fi-
lho, você certamente se convenceu de que a Filosofia em língua
árabe é um tema muito interessante e genuinamente filosófico, e
não é uma versão menos original da Filosofia. Ao contrário, a tradi-
ção filosófica grega, com todos os seus valores e originalidade, foi
preservada pelos povos do Oriente Médio, de parte da África e da
parte da Europa onde se falava Árabe.
Você verá que essa tradição foi retransmitida ao Ocidente
Cristão e foi fundamental para os grandes desenvolvimentos filo-
sóficos daquele período.
Biografia ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Tomás de Aquino nasceu pelos fins de 1224, em
Roccaseeca, na região de Nápoles, de uma família
nobre. Aos cinco anos foi para o Claustro de Mon-
te Cassino. Aos quatorze vai estudar em Nápoles.
Teve como mestre do quadrivium Pedro de Hibérnia,
autor de comentários sobre Aristóteles e a quem To-
más deve o seu primeiro contacto com os filósofos
gregos. Aos vinte anos entra na ordem dos domini-
canos, dirigindo-se um ano depois para Paris, onde
continua os estudos; e depois, de 1248 a 1252, em
Colônia, junto de Alberto Magno. [...] Na côrte-papel
travou conhecimento com o seu confrade Guilher-
me de Morbeca (Moerbeke), que lhe fez seguras
traduções das obras de Aristóteles e também tra-
duziu para latim tratados de Proclo, Arquimedes, do
comentador de Aristóteles, Alexandre de Afrodísias,
Figura 1 Tomás de Aquino.
Metafísica Tomista
Tomás escreveu sua Summa contra gentiles entre 1258 e
1264. Basicamente, ela continha duas seções. A primeira era com-
posta pelos Livros I, II e III, que cobrem as verdades que são natu-
ralmente acessíveis ao intelecto humano. A segunda é o Livro IV,
que cobre as verdades cujo acesso não se dá pela razão natural,
tais como as verdades relativas à Trindade, à Encarnação, aos sa-
cramentos cristãos e à Ressurreição.
Portanto, a primeira parte da Summa contra gentiles trata
das verdades sobre Deus que são conhecidas por intermédio das
capacidades naturais do entendimento humano. Ou seja, a partir
do simples uso da razão, a pessoa pode saber que Deus existe, que
Deus é um e que Deus é bom. Cada um dos três primeiros livros
desta obra explora diversos meios pelos quais a humanidade co-
nheceu Deus utilizando a razão natural.
Por sua vez, o Livro VI explora os mesmos temas, só partindo
da perspectiva da Revelação. Nesta parte da obra, Tomás apresen-
ta as verdades de fé do cristianismo. Primeiro Deus aparece em
sua economia interna (a Trindade), depois em sua ação no mundo
(Encarnação e Sacramentos) e finalmente como o fim último de
todas as coisas (Redenção pela Ressurreição).
Consequentemente, a primeira parte dessa obra de Tomás
pressupõe uma base metafísica que independe da revelação. Não
por acaso, em vários outros pontos, como, por exemplo, em seus
comentários a obras como a Metafísica de Aristóteles, Tomás de-
senvolveu uma reflexão metafísica que pressupõe apenas o sim-
ples uso da razão.
Uma obra curta, mas extremamente interessante para ilus-
trar o pensamento metafísico de Tomás, é o De ente et essentia. Há
duas excelentes traduções recentes desse texto para o Português:
a edição bilíngue publicada pelo Prof. Carlos Arthur do Nascimento
em 1995 e a tradução do Prof. Mário Santiago de Carvalho, que se
encontra disponível online.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para João Duns Escoto (1266-1308 EC), a importância estava
na ordem essencial, ou seja, na ordem que se atribui ao ser. Na
quididade e não na ordem acidental ou dos indivíduos dentro da
espécie e do gênero (excedente/excedido; causa eficiente/efeito;
e causa final/dirigido a um fim).
Nenhuma coisa possui uma relação de ordem essencial para
consigo mesma. Em nenhuma ordem essencial é possível o círcu-
lo. O que não é posterior ao anterior, tampouco é posterior ao
posterior. Cabe a uma só natureza o primado na tríplice ordem da
eficiência, da finalidade e da eminência.
O conhecimento do particular e do universal não se dá nem
pelo particular e nem pelo universal, mas pela natureza comum.
Para Tomás, a natureza comum não tem unidade.
A sequência argumentativa de Duns Escoto a respeito do ser
e de como chegar dos seres finitos tomados em comum - ens commune
Questão de "prioridade"
Em sua forma mais elaborada, o Problema dos Universais pa-
rece permitir uma solução melhor se as questões principais forem
reorganizadas.
Como ninguém pressupõe que seja possível ver a "humani-
dade" parada na esquina ou a "humanidade" tomando um refri-
gerante num ambiente lotado, parece seguro dizer que todos con-
cordam que a "humanidade" somente pode ser encontrada em
cada um dos seres humanos, e somente neles.
Tampouco haveria problemas para saber o que é "universal"
e o que é "particular", pois ninguém pensaria em "Sócrates" como
sendo universal ou em "animal" como sendo particular, pois "Só-
crates" é claramente um indivíduo e "animal" se refere obviamente
a muitos seres. A principal dificuldade seria, portanto, saber o que
tem "prioridade" – tanto no que se refere à existência das coisas,
quanto ao que se refere ao entendimento (pensamento) em si.
Do ponto de vista do acesso imediato, parece que a priori-
dade deveria estar do lado dos particulares, pois é bem evidente
que o mundo está repleto de coisas particulares que são imedia-
tamente acessíveis aos sentidos. Contudo, parece inegável que as
coisas particulares do mundo são percebidas como pertencentes a
conjuntos, classes ou tipos de coisas.
Por exemplo: coisas frias são percebidas como frias e coisas
secas como secas. A particularidade das coisas seria provavelmen-
te insuficiente para lhes dar significado. Além disso, quando se diz
algo de algum particular, fica implícita a noção de que há uma rela-
ção real entre aquele particular e o que é dito dele.
Guilherme de Ockham–––––––––––––––––––––––––––––––––
Guilherme de Ockham, o Inceptor venerabilis, nasceu
pouco antes de 1300 ao sul de Londres, fêz-se francis-
cano, estudou em Oxônia, onde veio a ensinar, foi acu-
sado por ensinar doutrinas heterodoxas e citado a com-
parecer em Avinhão. Fugindo, acolheu-se à proteção de
Luís da Baviera. "Imperador, defende-me com a espada
e eu te defenderei com a pena", disse ele, segundo de
ordinário se refere. Desde 1320 viveu em Munique, onde
representa os interesses político-eclesiásticos de seu
senhor. Depois da morte deste procura reconciliar-se
com o Papa e retrata-se do procedimento anterior. Gui-
lherme morreu em 1319 em Munique, verossimilmente
de peste; foi aí mesmo sepultado.
As suas obras mais importantes são: Comentário das
Sentenças, Quodlibeta septem, Centiloquium theologicum, Quaes-tiones in libros
Physicorum, Summulae in libros Physicorum (= Philosophia naturalis), Summa
totius lógicae (Adaptado de HIRSCHBERGER, 2010).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A crítica de Ockham ao realismo era um pouco mais sutil e
consistente do que a posição nominalista ingênua de alguns dos
contemporâneos de Abelardo.
Em primeiro lugar, Ockham insistia que tudo o que existe na
realidade é particular. Em segundo, afirmava que a questão dos
universais era meramente lógica e semântica, sendo assim perfei-
tamente solucionável com os recursos das ciências da linguagem.
Em terceiro, dizia que o próprio Aristóteles não sustentou em qual-
quer passagem de suas obras que gênero e espécie fossem partes
constitutivas reais das coisas e nem mesmo que o indivíduo fosse
uma substância composta.
Fica assim evidente que, de maneira geral, Ockham rejeitou
vigorosamente as principais ideias realistas. E, em particular, a po-
sição de Escoto. Junto com a ontologia realista, Ockham recusou
também a exposição escolástica tradicional da doutrina da abstra-
ção.
A exposição escolástica da doutrina da abstração mais cor-
rente no período medieval fazia uso frequente da doutrina das
"espécies", cuja essência era a seguinte:
© U3 - Aristotelismo e Neoplatonismo no Pensamento Medieval Ocidental 183
A ressurreição –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Antes do Novo Testamento, o tema da ressurreição na Bíblia surge no livro de
Daniel e no segundo livro dos Macabeus, neste último caso a ressurreição é
apresentada como uma esperança num contexto em que famílias inteiras eram
exterminadas, impedindo, portanto, que a "permanência" através da descendên-
cia e da transmissão das tradições tivesse lugar. Se até o tempo dos Macabeus
não era necessário se preocupar com o pós-morte visto que terminada a existên-
cia da pessoa esta se juntaria aos seus antepassados no Sheol, "permanecendo"
em sua prole e nas tradições passadas de geração em geração, a partir daquela
situação de genocídio o tema da "permanência" individual após a morte se tornou
premente (MADEIRA, 2009).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O que parece estar acima de qualquer dúvida é o fato de que
a imortalidade da alma não esteve sempre presente de maneira
inequívoca na tradição cristã, pois não foi herdada do judaísmo
e nem teria sido recebida de maneira natural por intermédio da
influência grega. Lembremo-nos de que a "crença de que após a
morte a sombra da pessoa iria para o Hades não equivalia a pen-
sar numa alma individual que sobrevivesse à destruição do corpo"
(MADEIRA, 2009).
Contudo, com o passar dos séculos, a crença na imortalidade
da alma se impôs como uma necessidade inescapável do pensa-
mento cristão, principalmente no que se refere à necessidade de
defender a igualdade e a dignidade entre todas as pessoas.
ser humano tem que ser responsável de alguma maneira por tais
erros de julgamento para ser imputável (passível de ser responsa-
bilizado por suas boas ou más ações).
Ainda que se negue o caráter espiritual do ser humano, os
princípios básicos da moralidade tem que ser de alguma maneira
associados diretamente com a natureza humana.
No contexto medieval, a questão da imortalidade da alma
surgia, dentre outros momentos, no debate sobre a mortalidade
do corpo e a salvação da alma individual, debate que estava ligado
às Sentenças de Pedro Lombardo.
A discussão ficou ainda mais complexa com a recepção dos
comentários de Averróis ao De anima, nos quais este parece negar
a imortalidade da alma individual, a salvação individual e a respon-
sabilidade humana pelas próprias ações.
Tomás de Aquino se dispôs a resolver essa dificuldade com
uma interpretação correta e adequada do texto de Aristóteles e
uma análise da estrutura da alma humana do ponto de vista teóri-
co, a fim de demonstrar em que sentido ontológico e epistemoló-
gico se pode dizer que a alma do indivíduo é imortal.
A partir de então, a abordagem teórica das questões referen-
tes à alma humana esteve ligada à questão de como o texto do De
anima poderia ser mais bem interpretado.
O Renascimento produziu importantes ferramentas filológi-
cas e linguísticas que permitiram estudar de maneira mais provei-
tosa tanto Aristóteles quanto os demais autores clássicos. Também
havia no período a preocupação em estudar Anatomia, Fisiologia
e as demais artes médicas, de tal maneira que houve importantes
discussões sobre a Anatomia e a Fisiologia cerebrais e sobre as
funções e faculdades da alma.
A questão da compatibilidade entre Aristóteles e a doutrina
cristã, central no século 13 EC e nos seguintes, foi perdendo força
e a imortalidade da alma passou a ser discutida sob o ponto de vis-
© U3 - Aristotelismo e Neoplatonismo no Pensamento Medieval Ocidental 191
3) Qual foi o fato curioso com relação ao que se diz sobre Deus nas vias propos-
tas para provar a Sua existência?
4) Com base nos seus estudos, você seria capaz de se arriscar a dizer qual seria
a solução para o Problema da Individuação na Idade Média?
12. CONSIDERAÇÕES
Nesta terceira unidade, você pôde analisar a filosofia desen-
volvida pelos principais autores medievais, tais como o dominicano
Tomás de Aquino e o franciscano João Duns Escoto, dentre outros.
Esses autores se preocuparam com temas como Essência e
Existência; o Problema dos Universais; o Problema da Individuação;
as provas da existência de Deus etc. Lançaram mão de termos téc-
nicos como Ser (esse); natureza comum (natura communis); ser em
geral (ens commune); ente. O uso destes e de muitos outros termos
e as distinções produzidas por tal uso são sutis e complexos.
Contudo, após este contato mais próximo com a Filosofia
Medieval, sua curiosidade intelectual certamente ficou aguçada,
e você poderá aprofundar seus estudos com as referências com-
plementares.
Depois deste contato sistemático com a Filosofia Medieval,
você já tem condições de continuar suas leituras a respeito desse
período fascinante e instigante da História da Filosofia. É claro que
os temas estudados são muito complexos e sofisticados e não se
deixam compreender com uma leitura superficial e apressada - ali-
ás, você já percebeu que todos os filósofos importantes produzi-
ram textos profundos -, mas demandam muitas releituras e muita
dedicação.
Neste CRC de História da Filosofia Medieval, você teve um
bom aperitivo desse imenso arcabouço filosófico e desenvolveu
seu gosto por novos temas e autores. Isto certamente lhe será
muito útil nos estudos.
13. E-REFERÊNCIAS
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Sites pesquisados
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em: <http://www.aquinate.net/portal/Tomismo/Antitomistas/antitomistas-guilherme-
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www.ief.uc.pt/UserFiles/stomasdeente.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2011.
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<http://www.consciencia.org/aquinovidigal.shtml>. Acesso em: 14 dez. 2009.
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FREITAS, M. B. C. Duns Escoto Perante as Recentes Investigações Histórico-Críticas.
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HIRSCHBERGER, J. São Tomás de Aquino - História da Filosofia na Idade Média. Disponível
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______. A escola franciscana mais recente: doutrinas antigas e novas – História da
Filosofia na Idade Média. Disponível em: <http://www.consciencia.org/filosofia_
medieval21_escola_franciscana.shtml>. Acesso em: 15 jan. 2010.
LANDIM FILHO, R. A questão dos universais segundo a teoria tomista da abstração.
Disponível em: <www.ufjf.br/bibliojf/files/2009/10/landim3.pdf>. Acesso em: 08 fev.
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Disponível em: <http://iiiseminariofariasbrito.blogspot.com/>. Acesso em: 09 fev. 2011.
MOURA, D. O. A Filosofia de S. Tomás de Aquino e as XXIV Teses Tomistas. Disponível em:
<http://www.santotomas.com.br/?p=496>. Acesso em: 08 fev. 2011.
MUNDO DOS FILÓSOFOS. Santo Tomás de Aquino: a vida e as obras. Disponível em:
<http://www.mundodosfilosofos.com.br/aquino.htm>. Acesso em: 14 dez. 2009.
SOUZA NETO, F. B. Introdução à "O ente e a essência". Disponível em: <http://salterrae.
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© U3 - Aristotelismo e Neoplatonismo no Pensamento Medieval Ocidental 199