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HISTÓRIA DA ARTE:

DA PRÉ-HISTÓRIA AO BARROCO
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
História da Arte: Da Pré-História ao Barroco – Prof. Ms. Emerson César Nascimento,
Prof.ª Fabíola Gonçalves Giraldi e Prof.ª Lizandra Mara Forti Garcia Duete

Meu nome é Emerson César Nascimento. Sou mestre em Estética e História da Arte
pela Universidade de São Paulo (USP), designer graduado em Desenho Industrial pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atualmente sou Delegado da II Conferência de
Cultura do Município de São Paulo, professor Conferencista em Publicidade na Escola
de Comunicações e Artes (ECA-USP). Pesquisador do Coletivo Estudos de Estética CEDE/
CNPq, Coordenador do Congresso Metáforas. Atuando profissionalmente como designer,
curador e pesquisador em estética, artes, moda e design com ênfase nos estudos sobre
a pós-modernidade.
E-mail: ecnascimento@usp.br

Meu nome é Fabíola Gonçalves Giraldi. Sou bacharel em Artes


Plásticas, licenciada em Educação Artística e estou me
especializando em Arte-Educação pela Uemg – Universidade do
Estado de Minas Gerais (Escola Guignard). Atuo como professora
de Educação Básica do estado de São Paulo.
E-mail: fabiolagiraldi@yahoo.com.br

Meu nome é Lizandra Mara Forti Garcia Duete. Sou licenciada


em Educação Artística com habilitação em Artes Plásticas pela
Universidade de Franca e especialização em Arteterapia pela
Universidade Paulista. Atuo como professora de Educação
Básica do estado de São Paulo.
E-mail: lizmara@msn.com
Prof. Ms. Emerson César Nascimento
Prof.ª Fabíola Goançalves Giraldi
Prof.ª Lizandra Mara Forti Garcia Duete

HISTÓRIA DA ARTE:
DA PRÉ-HISTÓRIA AO BARROCO

Caderno de Referência de Conteúdo


© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP)

Cursos: Graduação
Disciplina: História da Arte: Da Pré-História ao Barroco
Versão: jul./2013

Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva


Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida

Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Artieres Estevão Romeiro


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Felipe Aleixo
Camila Maria Nardi Matos Rodrigo Ferreira Daverni
Carolina de Andrade Baviera
Talita Cristina Bartolomeu
Cátia Aparecida Ribeiro
Vanessa Vergani Machado
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins Projeto gráfico, diagramação e capa
Lidiane Maria Magalini Eduardo de Oliveira Azevedo
Luciana A. Mani Adami Joice Cristina Micai
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Henrique de Souza
Luis Antônio Guimarães Toloi
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu Raphael Fantacini de Oliveira
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Tamires Botta Murakami de Souza
Simone Rodrigues de Oliveira Wagner Segato dos Santos

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SUMÁRIO

caderno de referência de conteúdo


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 7
2 oRIENTAÇÕES PARA O ESTUDo DA DISCIPLINA............................................. 8
3 referências bibliográficas ...................................................................... 37
4 e-referências ................................................................................................. 38

Unidade 1 – Arte Pré-Histórica


1 Objetivos ........................................................................................................ 39
2 Conteúdos...................................................................................................... 39
3 orientações para o estudo da unidade................................................ 39
4 INTRODUÇÃO à unidade................................................................................ 40
5 HISTÓRIA DA ARTE: PRIMEIROS MOMENTOS................................................ 41
6 arte pré-histórica e A arte contemporânea....................................... 66
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 69
8 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 69
9 e-referências................................................................................................. 70
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 71

Unidade 2 – Arte Egípcia, Grega e Romana


1 Objetivo........................................................................................................... 73
2 Conteúdos...................................................................................................... 73
3 Orientações PARA O ESTUDO da unidade................................................ 73
4 INTRODUÇÃO à unidade................................................................................ 74
5 EGÍPCIOS............................................................................................................ 75
6 GRÉCIA E SUA ARTE........................................................................................... 99
7 ROMA E A HISTÓRIA DE SUA ARTE.................................................................. 126
8 questões autoavaliativas......................................................................... 140
9 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 140
10 e-referências................................................................................................. 141
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 143

Unidade 3 – Arte na Idade Média


1 Objetivos ........................................................................................................ 145
2 Conteúdos...................................................................................................... 145
3 orientações para o estudo da unidade................................................ 145
4 INTRODUÇÃO à unidade................................................................................ 146
5 IDADE MÉDIA..................................................................................................... 146
6 ARTE BIZANTINA............................................................................................... 155
7 ARTE ROMANA (OU ROMÂNICA)..................................................................... 161
8 ARTE GÓTICA – A ERA DAS "GAIOLAS DE VIDRO E PEDRAS"......................... 176
9 questões autoavaliativas......................................................................... 192
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 193
11 e-referências................................................................................................. 193
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 195

Unidade 4 – Renascimento
1 Objetivos ........................................................................................................ 197
2 Conteúdos...................................................................................................... 197
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 197
4 INTRODUÇÃO à unidade................................................................................ 198
5 CONTEXTO HISTÓRICO DO RENASCIMENTO.................................................. 199
6 ARQUITETURA................................................................................................... 202
7 ESCULTURA........................................................................................................ 205
8 PINTURA............................................................................................................. 215
9 RENASCIMENTO FLAMENCO............................................................................ 233
10 RENASCIMENTO HOLANDÊS............................................................................ 237
11 RENASCIMENTO ESPANHOL............................................................................. 240
12 REVISÃO DOS CONTEÚDOS E TEMAS IMPORTANTES.................................... 242
13 questões autoavaliativas......................................................................... 245
14 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 245
15 e-referências................................................................................................. 246
16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 249

Unidade 5 – Barroco
1 Objetivos ........................................................................................................ 251
2 Conteúdos...................................................................................................... 251
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 251
4 INTRODUÇÃO à unidade ............................................................................... 253
5 CONTEXTO HISTÓRICO..................................................................................... 253
6 ARQUITETURA NO PERÍODO BARROCO.......................................................... 256
7 ESCULTURA BARROCA...................................................................................... 263
8 PINTURA BARROCA........................................................................................... 269
9 HERANÇA BARROCA?........................................................................................ 297
10 PARA RELEMBRAR............................................................................................ 298
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 299
12 CONSIDERAÇÕES............................................................................................... 300
13 e-referências................................................................................................. 300
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 301
15 REFERÊNCIA VIDEOGRÁFICA............................................................................ 302

Claretiano - Rede de Educação


Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Introdução geral. Arte pré-histórica. Povos antigos: Egito, Grécia e Roma. Idade
Média: arte bizantina, românica e gótica. Renascimento e barroco.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo ao estudo da disciplina História da Arte: Da
Pré-História ao Barroco. Neste Caderno de Referência de Conteú-
do, encontraremos o conteúdo básico da disciplina.
O estudo irá levá-lo à compreensão histórica e estética da
arte pré-histórica ao barroco.
Ao realizar esse estudo, não podemos nos esquecer de que
a arte está presente na vida do homem desde a pré-história. A
necessidade de se expressar é algo inerente ao homem. Neste es-
tudo, você perceberá que a sensibilidade humana se manifesta de
maneiras diferentes. A estética é reflexo da sociedade e a História
da Arte registra esses momentos para que entendamos o ser hu-
mano e a sociedade em sua diversidade e cultura.
Nesse sentido, tendo em mente que a Arte é uma área de
conhecimento humano, realizaremos uma "leitura" de mundo por
8 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

intermédio das transformações ocorridas na produção artística


nos diferentes momentos da nossa história, leitura esta que nos
tornará cada vez mais criativos e descobridores.
Após essa introdução aos conceitos principais da disciplina,
apresentaremos, a seguir, no Tópico Orientações para o estudo da
disciplina, algumas orientações de caráter motivacional, dicas e
estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo.

2. oRIENTAÇÕES PARA O ESTUDo DA DISCIPLINA

Abordagem Geral da Disciplina


Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es-
tudado nesta disciplina. Aqui, você entrará em contato com os
assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá
a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada
unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o
conhecimento básico necessário a partir do qual você possa cons-
truir um referencial teórico com base sólida - científica e cultural
- para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com
competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos co-
meçar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princí-
pios básicos que fundamentam esta disciplina.
Essa abordagem tem o intuito de relacionar os conteúdos
que serão estudados na disciplina de História da Arte: Da Pré-His-
tória ao Barroco com outras considerações que sejam propositivas
e venham somar o conteúdo já escrito.
Podemos falar de História da Arte de diversas maneiras:
escolher um objeto cultural de cada época e criar uma conversa
entre eles. Podemos, ainda, olhar como um tema foi tratado em
diversas épocas sem seguir uma cronologia exata. Mas para um
início de conversa, trataremos de cada período separadamente.

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© Caderno de Referência de Conteúdo 9

Escolheremos um conceito proposto por Fernando Hernan-


dez: objeto cultural. Como a arte é permeada pela cultura social e
individual, sempre que falarmos sobre toda produção de arte na
caverna, no museu, na parede, na rua, no atelier veremos sobre
o prisma do objeto produzido pela cultura e, portanto, um objeto
cultural.
E por que a expressão "objeto cultural", para todas as ar-
tes visuais, é adequada? Queremos, antes de tudo, desconstruir
a ideia de obra de arte tal como as Belas Artes determinavam.
Quando falamos em arte falamos de uma produção que reflete
símbolos, sejam eles da criança, do renascentista ou do primitivo.
Para compreender a arte, é necessário entendê-la em toda a sua
extensão, seja acadêmica, erudita ou popular e mesmo no encon-
tro de todas.
Pensar a arte é pensá-la dentro de uma história, cujo artista
influenciado pela cultura social elabora uma cultura individual. A
arte não deve ser vista como cópia da realidade, a arte revela es-
sências ou particularidades da realidade que éramos incapazes de
ver ou definir.
Há mais de dez mil anos, no período paleolítico, o homem
era coletor e dependia totalmente da natureza. Quando nesta não
encontrava mais alimentos, migrava em busca de uma região pro-
pícia, por isso era nômade. É possível que as suas pinturas eram
elaboradas pelo caçador, aquele que ficava mais tempo observan-
do o animal para atacá-lo. Veja como a arte visual está relacionada
à capacidade de ver.
Mas o fato mais interessante é que a arte pintada na parede
da caverna por esse pintor-caçador era para eles mágica. Pintavam
o que desejavam que acontecesse. O animal era pintado em deta-
lhes perfurados e sangrando para que acontecesse de fato. Tinha
um caráter mágico. Você pode rir dessa atitude, mas o historiador
da arte Gombrich (1999) lembra que provavelmente você não gos-
taria que riscassem a fotografia de alguém que você gosta mui-
10 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

to, não é? Mesmo sabendo que nada aconteceria, a nossa ação


humana mudou, mas preserva elementos modificados da antiga
cultura primitiva.
Há cerca de 8 mil anos, adentramos no período neolítico que
traz uma grande mudança para o homem. Pela primeira vez, ele
percebe que de animais nascem outros animais e de sementes
nascem plantas. Deixa de ser coletor e escravo da natureza e cria
currais para a procriação, desse modo, inicia a agricultura. Deixa
de mudar de região em busca de alimentos, pois produz os seus
próprios alimentos. É dessa permanência no espaço, da previsão,
do pequeno estoque de alimentos para o inverno que o homem
muda a sua maneira de enxergar a realidade. Dessa mudança,
muda, também, a maneira de representar. Já cria animais, não pre-
cisa mais da magia. A antiga pintura cheia de detalhes dá espaço
agora para poucas pinceladas, poucas massas de cores, uma arte
sintética que não precisa ser mais "realista". É o início do princí-
pio de abstração ou síntese, mas não é a abstração produzida pe-
los artistas modernos. A escolha entre naturalismo e abstração é
mais uma questão de intenção do que mera aptidão. Ao contrário
do que imaginamos, o início da arte primitiva é detalhada e o seu
avanço é a síntese, a abstração.
Como veremos, no decorrer de nossos estudos, antes de pin-
tar, o homem já esculpia, pois precisou talhar pedras para atacar
animais ou cortar a sua carne. É muito interessante a explicação do
processo pelo qual os artistas primitivos elaboravam as suas pintu-
ras nas partes mais altas da caverna em total escuridão.

Pintura esquemática Valença - Espanha


O filme Guerra do fogo do diretor Jacques Arnaud mostra
que na pré-história coexistiam grupos humanos diferentes. O fato
é que os grupos em estágio de maior desenvolvimento cultural já
produziam arte como a pintura corporal e o riso já era uma co-
municação social. Arte, riso, simbolismo e amor eram marcas do
processo de humanização.

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© Caderno de Referência de Conteúdo 11

Os livros de História da Arte apresentam a arte na pré-histó-


ria europeia a partir de Altamira e Lascaux. Porém, é fato que os
arqueólogos descobriram com os sítios arqueológicos que houve
pré-história em todo o Planeta Terra e que os primeiros homens
eram africanos, portanto, a nossa origem é africana.
Então, vamos para São Raimundo Nonato, no Piauí - Brasil.
No século passado, os moradores da região encontraram ossos
que não se assemelhavam aos animais que caçavam. Niède Gui-
don chamada ao local, descobre o sítio arqueológico que dataria
de 6.000a.C. Em 1978, provavelmente caçadores‑coletores, nôma-
des e seminômades – utilizavam as grutas da região como abri-
gos ocasionais. Eles seriam os possíveis pintores. Os arqueólogos
classificaram as pinturas e gravuras em dois grandes grupos: obras
com motivos naturalistas e obras com motivos geométricos. Entre
as primeiras, predominam as representações de figuras humanas
que aparecem ora isoladas, ora participando de um grupo, em mo-
vimentadas cenas de caça, guerra e trabalhos coletivos. No grupo
dos motivos naturalistas, encontram‑se, também, figuras de ani-
mais, cujas representações mais frequentes são de veados, onças,
pássaros diversos, peixes e insetos.
Várzea grande é um estilo de pintura rupestre dessa região,
que usa predominantemente o vermelho com motivos naturalis-
tas, a representação de figuras antropomorfas e zoomorfas (com
corpo totalmente preenchido e os membros desenhados com
traços) e a abundância de representações animais e humanas de
perfil. Nota‑se, também, a frequente presença de cenas em que
participam numerosas personagens, com temas variados e que ex-
pressam grande dinamismo.
A pré-história vivia uma democracia primitiva; nela, produzia
o necessário para a sua subsistência. Porém, a descoberta do fogo
foi, talvez, o primeiro momento em que alguns homens primitivos
usaram esse conhecimento, o de fazer o fogo, como o começo de
poder sobre os outros. Na democracia primitiva, contudo, havia
12 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

uma produção igualitária e de repartição. Mais tarde, a criação das


primeiras cidades, o começo das instituições, a divisão de classes, a
criação da propriedade privada para alguns, a desigualdade social,
a formação de especialistas, os escribas, por exemplo, acabaram
com a democracia primitiva de partilha igualitária para o poder de
uns sobre a maioria, ou seja, da pré-história à civilização antiga.
O povo egípcio é originário do ramo mediterrâneo da raça
caucásia e na sua formação contribuíram elementos negróides, lí-
bios e semitas. Os grupos humanos que se estabeleceram às mar-
gens do Nilo organizaram-se em pequenas comunidades políticas,
os nomos. Liderados por um chefe sacerdote, os nomos espalha-
vam-se entre o alto e o baixo Nilo. Por volta de 4.000a.C., ocorreu
um processo de unificação, que resultou na formação dos reinos
do norte e do sul. Em 3200 a.C., o chefe do norte chamado Me-
nés, unificou os dois reinos, tornando-se, dessa forma, o primeiro
faraó.
Permanecem as comunidades neolíticas concomitante à for-
mação da cidade, elaborando novas variantes dos velhos padrões.
O artista sofria pressão, pois a arte genuína e criativa era
considerada impossível desde o começo. A ele, era concedida a li-
berdade de movimentos. Nos primeiros períodos da história egíp-
cia, os artistas não tinham uma boa posição como os escribas que
viam com desprezo o trabalho do artista, o trabalho manual era
desonroso. Só ganham prestígio, no novo Egito, quando começam
a pertencer a classes sociais elevadas. Os sacerdotes e príncipes
eram os empregadores dos artistas, provavelmente por serem os
primeiros a tomar as terras na cultura oriental antiga.
O culto aos mortos estava alicerçado na religião primitiva.
Não mudavam as representações na arte, pois temiam alterações
na ordem vigente. Os sacerdotes apresentavam os reis como deu-
ses e os reis edificavam templos para os sacerdotes.
Segundo Hauser, há um estereótipo artístico no médio impé-
rio egípcio, antes havia liberdade de expressão. Quando a aristo-

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© Caderno de Referência de Conteúdo 13

cracia feudal viu-se em primeiro plano como classe, é que criaram


convenções muito rígidas da arte religiosa e palaciana. O estilo es-
teriotipado já era produzido nos tempos neolíticos, mas as formas
cerimoniais são absolutamente novas. Não importava a conduta
de alguém, nem a sua personalidade. Apenas importava o seu clã,
descendência ou vínculo, ninguém então é representado como é
na realidade, mas, sim, conforme uma convenção.
O faraó possuía o poder máximo, era considerado a reencar-
nação de um deus.
A construção das pirâmides começa com reis, obrigando mi-
lhares de escravos a labutar para eles, ano após ano, a cortar pe-
dras nas canteiras, a arrastá-las ao local da construção e a deslocá-
-las com recursos sumamente primitivos até o túmulo ficar pronto
para receber o faraó. Nenhum povo teria suportado semelhante
dificuldade se tratasse da criação de um mero monumento.
Todos sabiam que esse trabalho era a habitação do corpo
morto do faraó que viveria após a morte. Aos pobres, restava ape-
nas fazer alguns desenhos de si mesmos em suas casas para que
depois da morte pudesse reencarnar.
Os artistas egípcios pintavam, desenhavam ou esculpiam
aquilo que sabiam sobre o que estavam representando. Não lhes
importava, naquele momento, o que viam, mas os significados que
as formas tinham para eles. Representavam as coisas por meio de
seus melhores ângulos - aqueles que melhor identificavam a figu-
ra, apresentando uma impressão mais nítida e menos complicada,
a fim de evitar qualquer mal-entendido, confusão ou encobrimen-
to dos elementos da pintura, seus tamanhos dependiam da posi-
ção social.
Foram criadas regras e padrões para sua arte, que acabaram
transformando-se, muitas vezes, em símbolos; e, assim, os manti-
veram devido à sua crença na eternidade.
14 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Ao representarem a figura humana, a cabeça é representada


de perfil, mas os olhos de frente. Os ombros e o dorso, vistos de
frente, enquanto que os braços e as pernas posicionam-se de lado.
Essa é a chamada "lei da frontalidade" e assim faziam, não porque
não soubessem desenhar, ao contrário, reuniam o que era mais
representativo no corpo humano. Uma criança também desenha
impossibilidades reais por escolher o que é mais importante. Os
pintores cubistas assim o fizeram também.
As estátuas de homens eram mais escuras e mulheres eram
mais claras, o artista precisava saber de tudo isso, não importando
inovação, o artista precisava saber seguir o modelo.
Segundo o site Conhecendo a História da Arte (2012):
O Faraó Tutancâmon, morto aos 19 anos, não foi importante em
vida. Mas na morte, passados três mil anos, tornou-se o mais fa-
moso de todos os faraós. Seu túmulo foi o único descoberto em
condições próximas às originais. O arqueólogo inglês Howard Car-
ter era o único a acreditar que a tumba poderia ser encontrada.
Durante seis anos ele escavou o Vale dos Reis e, por duas vezes,
chegou a dois metros da entrada da tumba. Em 1922, literalmente
bateu os olhos na tumba. Ao acender um fósforo para enxergar na
escuridão, viu "o brilho do ouro em toda parte".

Tomamos conhecimento da magnificência funérea dos fara-


ós por meio da tumba de Tutancâmon. A câmara mortuária conti-
nha desde cestas de frutas e guirlandas de flores que ainda manti-
nham as cores, uma cama dobrável e uma caixa de brinquedos até
quatro carruagens totalmente revestidas em ouro. De fato, o ouro
predominava na decoração: sofás de ouro, trono dourado, paredes
de ouro, um caixão de quase dois metros de ouro maciço, além da
famosa máscara mortuária cobrindo o rosto da real múmia no mais
recôndito dos três caixões que se aninhavam um dentro do outro.
Mais de 20 pessoas envolvidas na abertura da tumba morreram
em circunstâncias misteriosas, dando margem a histórias sinistras
sobre a "maldição do faraó". Essas superstições, porém, não impe-
diram que uma turnê de Tutancâmon mundo afora atraísse mais
visitantes aos museus que qualquer outra exposição na história.

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© Caderno de Referência de Conteúdo 15

Grécia e sua arte


Enquanto os egípcios "sumiam do mapa", a história da arte
perseguia outro grupo de povos primitivos, os gregos.
A península da Grécia foi dominada por povos nômades,
provavelmente descendentes dos povos indo-europeus, cerca de
1000a.C. Essas tribos combateram e derrotaram os povos nativos,
iniciando, assim, o que se tornaria o "Grande Império Grego", nas
dezenas das ilhas espalhadas pelos mares Egeu, Jônico e Mediter-
râneo.
A história da Grécia costuma-se dividir em três períodos: o
Arcaico, séculos 12 a 7a.C.; o Clássico, séculos 6, 5 e 4a.C. e o He-
lênico, 323a.C. (morte de Alexandre) até 30a.C. (instituição do Im-
pério Romano).
O principal centro dessa região era considerado a ilha de
Creta e foram os antigos habitantes dessa ilha (não se sabe exata-
mente quem) que tiveram sua arte copiada no continente grego,
especialmente em Micenas.
Era o início da história da arte grega. A princípio, as obras
eram rústicas.
Assim como os egípcios, os gregos também construíram
sua arte para seus deuses, ou em função deles. Mas seus deuses
tinham forma humana e os templos construídos para estes não
tinham as enormes dimensões das construções egípcias e, nem
havia um governante "divino" tão poderoso capaz de forçar, es-
cravizar um povo para trabalhar para si. As tribos gregas estavam
espalhadas em várias cidades (cidades-estados) e, apesar de exis-
tir rivalidade entre elas, nenhuma obteve domínio total sobre as
outras.
Vale destacar duas cidades-estados importantes: Atenas e
Esparta.
16 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

O termo "Cidade-Estado" designa regiões controladas exclu-


sivamente por uma cidade.
Atenas é a capital da Grécia e também a capital da Ática.
Além de ser uma cidade moderna, Atenas também é famosa por
ter sido poderosa Cidade-Estado e um centro de cultura muito im-
portante nos tempos antigos.
Em grego antigo, Atenas era chamada "Αθήναι" (Athíne), em
homenagem à deusa grega Atena.
Foi em Atenas que a "maior e mais surpreendente revolu-
ção em toda a história da arte produziu seus frutos" (GOMBRICH,
1972, p. 48). Os artistas gregos começaram a fazer estátuas de pe-
dras, partindo de onde os egípcios haviam parado. Há muitos tra-
ços da arte egípcia, mas os gregos estavam interessados nas suas
próprias experiências e não preocupados em obedecer regras já
consagradas. Possuíam o equilíbrio entre seguir algumas regras e
a liberdade de criação.
Todos os escultores gregos quiseram saber como iriam re-
presentar um determinado corpo. Os egípcios tinham baseado sua
arte no conhecimento. Os gregos começaram a usar os seus pró-
prios olhos. Uma vez iniciada essa revolução, nada mais a sustaria.
Nas estátuas dos irmãos Cleóbis e Biton, por exemplo, per-
cebe-se muito das regras egípcias, mas já há uma tentativa de ino-
var. Os joelhos são marcados no intuito de reproduzi-los como são.
Esse artista inicia uma experimentação própria.
E, dessa maneira, as descobertas e novas ideias foram sur-
gindo. Um escultor experimentava algo novo e logo compartilhava
com outro, este, a mesma coisa. Iam acrescentando suas próprias
habilidades e inovações naquilo que recebiam dos outros artistas.
Os gregos não tinham intenção de representar em suas
obras a melhor visão do que seria retratado. Tinham o desafio de
mostrar as coisas como as viam. Como já fora dito, as primeiras
obras têm, ainda, muitos traços de antigos e já consagrados pa-

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© Caderno de Referência de Conteúdo 17

drões, mas esses artistas já não se sentiam obrigados a mostrar


tudo o que estava diante dele, já não consideravam sagradas aque-
las formas de representação; apesar das regras, tinham liberdade
de criação. Podiam muito bem representar apenas parte de uma
mão quando esta se encontrava atrás da outra, por exemplo. Para
esses artistas, o estudo da forma lhes importava. Conhecer e po-
der representar a forma, era seu desafio.
O artista grego explorava a anatomia dos ossos e dos mús-
culos e mesmo quando representava a figura vestida (os gregos
introduziram o nu na arte) a roupagem acompanhava a forma do
corpo, e não simplesmente a cobria; a roupa marcava a anatomia
do corpo.
Intencionavam imitar um rosto real. O homem e seus com-
portamentos e criação dos deuses eram os seus temas.
Na Grécia Antiga, as pessoas acreditavam em vários deuses.
Estes, apesar de serem imortais, possuíam características de com-
portamentos e atitudes semelhantes aos seres humanos. Malda-
de, bondade, egoísmo, fraqueza, força, vingança e outras caracte-
rísticas estavam presentes nos deuses, segundo os gregos antigos.
De acordo com esse povo, as divindades habitavam o topo do
Monte Olimpo, na qual decidiam a vida dos mortais. Zeus era o de
maior importância, considerado a divindade suprema do panteão
grego. Acreditavam também que, muitas vezes, os deuses desciam
do monte sagrado para relacionarem-se com as pessoas. Assim,
temos os deuses, os semideuses ou titãs (filhos de deuses com
mortais) e os mortais.
As estátuas que conhecemos são, em sua grande maioria,
cópias dos originais feitos pelos romanos. Graças a essas réplicas
temos uma ideia de como eram as obras gregas. Por outro lado,
estas têm sempre uma aparência pouco tênue perto do que real-
mente eram as estátuas gregas. Por meio de escrituras, descrições
antigas e imaginação, podemos chegar a uma conclusão de como
eram realmente algumas dessas esculturas.
18 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

De acordo com Gombrich (1999, p. 84):


[...] a razão pela qual quase todas as estátuas famosas do mun-
do antigo desapareceram foi que, após a vitória do cristianismo,
considerava-se piedoso dever destruir estátuas dos deuses pagãos.
As esculturas em nossos museus são, na sua maioria, reproduções
feitas no período romano para viajantes e colecionadores, levadas
como souvenirs e decorações para jardins ou banhos públicos.

No período seguinte, o helenístico, as obras adquiriram um


caráter realista, mais dramático. A preocupação deixou de ser com
o lado mágico ou religioso, os artistas dessa época passaram a
pensar na sua própria habilidade como artista, em como repre-
sentaria um movimento, uma tensão que pudesse existir na obra.
Começou-se a pensar na arte pela arte.
Lacoonte e seus filhos são atacados por duas serpentes-
-do-mar. Ele advertiu seus compatriotas troianos que, dentro do
cavalo de madeira, estariam soldados gregos. Assim, os deuses o
condenaram por esse ato. A cena é descrita na obra de Virgílio,
Eneida.
Mesmo assim, as esculturas continuam sendo feitas sobre
ou para os deuses. E perto dos templos ou em seus interiores que
são encontradas a maioria delas. Daí a importância da arquitetu-
ra grega, monumentos tratados como verdadeiras esculturas, que
pode resumir em três estilos, classificados pelos tipos das colunas:
dórico, jônico e coríntio.
A arquitetura grega é estática, isto é, baseada no princípio cons-
trutivo de peso e sustentação e dominada pelo horizontalismo. O
maior exemplo da arquitetura grega é o templo. Esse possuía uma
planta retangular muito simples. Compunha-se de pronaos, espé-
cie de vestíbulo ou entrada; da naos, a nave central e principal do
recinto; da cela, situada na naos, onde se erguia a estátua da divin-
dade; nos fundos, separado da naos por uma parede, o epistódo-
mos, depósito para a guarda de ex-votos, relíquias e tesouros.
Construídos de preferência sobre elevações, o templo era de di-
mensões reduzidas, pois não destinava às reuniões dos fiéis, mas
à simples morada da divindade. No seu interior só penetravam os
sacerdotes. As práticas religiosas faziam-se num altar, geralmente
desaparecido, colocado no pátio fronteiro, na linha de direção da

Claretiano - Rede de Educação


© Caderno de Referência de Conteúdo 19

porta central, de sorte que do interior a divindade pudesse con-


templá-los. No pátio reuniam-se os fiéis (BATTISTONI FILHO, 1989,
p. 36).

Não só esculturas produziam os gregos, muitas pinturas fo-


ram perdidas e o pouco que ficou são os famosos vasos gregos
que não eram utilizados para guardar flores, como nós fazemos,
serviam como reservatórios de vinho ou azeite.
De acordo com alguns autores:
A pintura em vasos contava a história de deuses e heróis da mito-
logia grega ou narrava eventos contemporâneos, como as guerras
e as festas [...] riscava os detalhes do desenho com uma agulha,
expondo a tonalidade da argila. O estilo de figura vermelha, que
teve início por volta de 530 a.C., invertia o esquema de cores (STRI-
CKLAND, 1999, n. p.).
Foi um momento assombroso na história da arte quando, talvez um
pouco antes de 500 a.C., os artistas se atreveram pela primeira vez
na história a pintar um pé tal como é visto de frente.
Nas milhares de obras egípcias e assírias que chegaram até nós,
jamais aconteceu algo assim. Um vaso grego mostra com que or-
gulho essa descoberta foi adotada [...] vemos os cinco dedos dis-
postos como uma fileira de cinco pequenos círculos. Significou que
o artista deixara de ter a pretensão de juntar tudo na pintura em
sua foram mais claramente explícita, passando a levar em conta o
ângulo de onde ele via o objeto (GOMBRICH, 1999, n. p.).

Roma, a conquistadora da Gália e de Cartago, da Grécia e do


Egito, a dominadora do Mundo Ocidental durante seis séculos, a
capital dos poderosos. A não ser na engenharia e na arquitetura
monumental, Roma praticamente não produziu nenhuma criação
artística original.
Assim, enquanto os romanos conquistavam o mundo, a arte
permanecia quase que inalterada. Esse grande império ia se fun-
dando sobre as cinzas e ruínas dos reinos helênicos. Não só "pas-
saram por cima" deles como também aproveitaram ao máximo
sua arte, copiando-a literalmente.
Muitos dos artistas que em Roma trabalhavam eram prove-
nientes da Grécia por isso, além das cópias, o que existia ali era
20 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

mesmo fruto das experiências helênicas. Conta-se a história de um


general romano que, ao fiscalizar o transporte de algumas está-
tuas gregas roubadas de uma cidade oriental, gritou para os seus
soldados que se quebrassem aquelas obras ele os faria trabalhar
até que produzissem outras iguais. Dessa monta, era a estupidez
daqueles que transportavam as obras de arte para Roma. Pelo que
hoje sabemos, a mentalidade desse general e sua atitude ante as
obras de arte foram típicas da grande maioria dos romanos cultos.
À exceção dos engenheiros, a história só nos fala de pilhagem, de
imitação e aquisição em matéria de arte.
Mesmo copiando a arquitetura, os romanos não repetiram
templos aos deuses, construíram os banhos, as arenas, os teatros,
os circos. Construções enormes e cheias de ornamentos - elemen-
tos menores, molduras e relevos que, parecem ter sido acrescen-
tados à estrutura do edifício sem dele fazerem parte integrante.
Seu interesse em governar era grandioso e por isso, construiu edi-
ficações tão imponentes. Mesmo que tenha sido sobre alicerces
primeiramente gregos; foi na área da engenharia civil que os ro-
manos se "encontraram". A beleza era funcional no desenvolvi-
mento das cidades. Por isso, desenvolveram o arco, a abóboda e
o domo.
Construir um arco com pedras separadas em formas de cunha é
uma dificílima façanha de engenharia. Uma vez dominada essa
arte, o construtor pode utilizá-la para projetos cada vez mais ousa-
dos. Pode multiplicar os pilares de uma ponte ou de um aqueduto,
ou até fazer uso desse recurso para construir um teto abobadado
(GOMBRICH, 1999, n. p.).

Vale lembrar que também desenvolveram um estilo próprio


de escultura.
Os bustos romanos, por exemplo, são criações interessantes.
Não são mais deuses que devem ser adorados, mas possuem algo
de parecido. Os romanos primitivos necessitavam de retratos fiéis
aos modelos para transportar durante procissões fúnebres (costu-
me que se relaciona aos dos egípcios na crença de que a imagem
conversa a alma); mais tarde, durante o Império Romano, seus

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© Caderno de Referência de Conteúdo 21

imperadores foram conservados em bustos e/ou estátuas que


eram vistos com certa adoração. Mas são retratos mais realistas
e menos lisonjeiros que as obras gregas; pretendiam representar
fielmente seus retratados porem não os viam como deuses perfei-
tos e sublimes, eram "realmente" os retratados, executados com
naturalidade.
De acordo com Strickland (1999, n. p.):
Os romanos tinham em casa máscaras mortuárias, feitas em cera,
dos ancestrais. Essas imagens realísticas eram moldes totalmente
factuais das feições do falecido, e essa tradição influenciou os es-
cultores romanos.

Apesar de os painéis serem muito bem feitos, o objetivo dos


romanos era a ilustração perfeita de um fato histórico, não preo-
cupavam mais com ideais de beleza ou harmonia em suas obras
como os gregos faziam. Tinham gosto pela narração; os assuntos
representados tornaram-se o elemento mais importante. A queda
de uma cidade (em cima), uma batalha contra os bócios (centro)
e soldados cortando trigo do lado de fora de uma fortaleza (em-
baixo).
Idade Média
A Idade Média divide-se em três períodos culturais bastante
distintos: a economia natural da fase inicial da Idade Média, a ca-
valaria galante da Alta Idade Média e a cultura burguesa do final
da Idade Média.
Durante a Idade Média, a arte manteve-se ligada à religião
numa sucessão de três estilos. As principais formas de arte e arqui-
tetura associadas a cada estilo são as seguintes:
• Bizantino.
• Romano.
• Gótico.
A arte apenas no começo da Idade Média é simplificada, es-
tilizada, não há profundidade espacial, as proporções são arbitrá-
22 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

rias. Com o começo da economia monetária urbana e o modo de


vida burguês, predominam essa maneira de fazer a arte muda. O
que não muda é o seu caráter puramente religioso e espiritual.
A primitiva arte cristã, nos três primeiros séculos da Idade Mé-
dia, foi uma variante da arte romana tardia. Há uma vontade de
representar mais o espiritual do que o sensível, tendência para a
abstração, formas planas com cores chapadas, presença da fron-
talidade, solenidade e hierarquia. Rejeita qualquer representação
da realidade, parecendo, em certo momento, uma arte geométri-
ca da Grécia Antiga. É o despertar de um novo homem espiritual
refletido nas palavras de São Paulo: Eu vivo, mas não eu: é Cristo
que vive em mim.
Agora, a Roma Imperial está em Ruínas. A igreja em seu triun-
fo produz um estilo de arte sem nenhuma ligação com o mundo
antigo. A arte assume o seu caráter didático de educação religiosa.
O bizantino refere-se à arte do Mediterrâneo oriental desde
330 d.C., quando Constantino transferiu o trono do Império Ro-
mano para Bizâncio (mais tarde chamado "Constantinopla") até a
queda da cidade nas mãos dos turcos, em 1453.
Arte Romana (ou Românica)
Por volta de 1050, o catolicismo já estava em toda Europa
feudal e igrejas eram construídas em vários lugares.
A produção artística desse período é marcada por vários es-
tilos espalhados na Europa Ocidental, possuem semelhança, mas,
também grandes diferenças. Várias construções como termas,
aquedutos e templos são relativamente idênticos, criando certa
identidade própria nos caminhos percorridos nessa região; a lín-
gua falada era apenas uma, o latim, os costumes eram parecidos.
Arte Gótica - A era das "gaiolas de vidro e pedras"
Segundo Strickland (1999, p. 28):
O auge do desenvolvimento artístico da Idade Média, rivalizando
com as maravilhas da Grécia e da Roma da antiguidade, foi a cate-

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© Caderno de Referência de Conteúdo 23

dral gótica. De fato, essas "Bíblias de Pedra" superam até mesmo a


arquitetura clássica em termos de ousadia tecnológica. Entre 1200
e 1500, os construtores medievais ergueram essas estruturas ela-
boradíssimas, com interiores atingindo uma altura sem pretenden-
tes no mundo da arquitetura.

Europa agora caminhava em direção ao triunfo do cristianis-


mo; uma nova etapa que almejava prosperidade e confiança.
O estilo gótico, que se estende da queda de Roma, no século
5, ao início da Renascença, no século 15, tem início com a arqui-
tetura e, em geral, é mais homogêneo que o românico. Isso pode
ter ocorrido devido a falta de trabalho nesta época; os artistas iam
atrás de empregos em diversas cidades e assim, levavam seus co-
nhecimentos, o que não mudava muito.
Ao mesmo tempo, algumas igrejas desse período apresen-
tam uma miscelânea de estilos por, de tão complexas, levarem
tanto tempo para serem concluídas, como, por exemplo, a Cate-
dral de Colônia, que levou seis séculos para ser construída.
Diferentes das igrejas românicas, que eram enormes em
função das peregrinações que traziam diversas pessoas de fora,
as catedrais góticas nasceram com as cidades; todos os novos mo-
radores participavam, de certa maneira, dessas construções, daí o
nascimento e crescimento dessas cidades onde as catedrais tor-
naram-se o centro onde acontecia grande parte das atividades da
comunidade.
O renascimento
O Renascimento compreende o período de 1400 à 1500, ou
seja, do século 15 ao 16. Esse termo foi usado por se tratar mesmo
de um re-nascimento, o nascer de novo de uma cultura. A Idade
Média durou aproximadamente 1000 anos e foi chamada "Média"
por não ter muito a acrescentar, foi o período denominado Idade
das Trevas e a arte era usada para o ensino da religião, valorizava-
-se o Divino e sobrenatural.
24 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

No início do século 15, alguns pensadores começaram a vol-


tar seus olhares para a Antiguidade Clássica, considerada por mui-
tos um período onde se tinha esgotado todas as possibilidades,
onde o artista tinha chegado à perfeição. Insatisfeitos, não foram
buscar a Antiguidade para revivê-la e sim superá-la. O renascimen-
to alimenta-se da arte grega, porém coloca como tema principal o
homem.
Descoberta da tinta a óleo, a tinta mais durável, a perspec-
tiva renascentista, a composição piramidal, o retângulo áureo e o
sfumato.
Barroco
A palavra Barroco é de origem espanhola barrueco que sig-
nifica um tipo de pérola com formação defeituosa. Esse termo foi
utilizado de forma pejorativa ao período por que seus represen-
tantes não observavam as regras estabelecidas até então.
O barroco é tão diferente de país para país que parece difícil
incluí-lo em uma só denominação. O barroco dos círculos corte-
sãos e católicos é totalmente diferente do barroco da classe média
e das comunidades protestantes. É só ver a arte de Bernini, Ru-
bens, Rembrandt e Van Goyen para perceber como são distintas.
A arte como recurso de poder
Nos países que se mantiveram católicos, a Igreja em busca
de sua revitalização busca na arte uma ferramenta de grande auxí-
lio. Nas Igrejas, unem-se arquitetura, pintura e escultura. Seu inte-
rior trabalhado com muitas imagens e ornamentos para ostentar
seu poder e dar aos seus fiéis uma "prévia" da vida espiritual por-
vir. A burguesia tendo em mãos mais dinheiro e mais poder passa
a encomendar obras de arte para exaltar-se perante a sociedade
e, o Rei para transmitir uma ideia de monarquia forte e poderosa
e para difundir a sua imagem. Um bom exemplo disso: o Rei Luís
XIV. Já nos países onde o Protestantismo vigorava, a arquitetura
sustenta-se em linha mais sóbria e a pintura passa por uma gran-

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© Caderno de Referência de Conteúdo 25

de mudança, os artistas não se veem mais obrigados a refletir em


suas obras a leis da igreja e ganham maior liberdade.
A arquitetura ganha maior expressividade nos países católi-
cos, as igrejas impõem-se pela beleza dos ornamentos, pela sun-
tuosidade e pelo movimento, nada é simples, tudo é muito bem
organizado e bem disposto no sentido de criar uma composição
majestosa. Para conseguir diferentes efeitos visuais, são usadas
curvas, contracurvas, elementos retorcidos e em espirais, colunas
torsas, teto elevado e uso da pintura e escultura.
Encerramos aqui essa abordagem preliminar dos assuntos
que serão desenvolvidos ao longo de nossos estudos. Esperamos
que ela tenha contribuído para instigá-lo a aprofundar seus conhe-
cimentos sobre História da Arte: da Pré-história ao Barroco.
Bons estudos!

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co-
nhecimento dos temas tratados na disciplina História da Arte: Da
Pré-História ao Barroco. Veja, a seguir, a definição dos principais
conceitos desta disciplina:
1) Abóbada: [...] cobertura de curvatura côncava e con-
tínua, levantada num espaço interno, e construída ge-
ralmente com pedras ou tijolos que se apóiam uns nos
outros, de modo que suportem seu próprio peso e as
cargas externas (FERREIRA, 2005).
2) Afrescos: eram pinturas feitas na parede enquanto a pri-
meira camada de argamassa ainda estava fresca.
3) Arco: [...] peça curva, geralmente montada com tijolos
ou aduelas de pedra, segundo o sistema de construção
das abóbadas, e que se emprega para vencer vãos de
portas, janelas ou outras aberturas [...] 4. Arquitetura:
Curvatura de abóbada (FERREIRA, 2005).
26 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

4) Arquitetura Grega: [...] é estática, isto é, baseada no


princípio construtivo de peso e sustentação e domina-
da pelo horizontalismo. O maior exemplo da arquitetura
grega é o templo. Esse possuía uma planta retangular
muito simples. Compunha-se de pronaos, espécie de
vestíbulo ou entrada; da naos, a nave central e principal
do recinto; da cela, situada na naos, onde se erguia a
estátua da divindade; nos fundos, separado da naos por
uma parede, o epistódomos, depósito para a guarda de
ex-votos, relíquias e tesouros (MEIRA, 2012).
5) Arte helenística: [...] é o termo aplicado à arte e arquite-
tura gregas ou de inspiração grega a partir do final do sé-
culo IV até o final do século I a.C. Um grande número de
conhecidas obras de arte gregas, tais como Laocoonte e
seus filhos, a Vênus de Milo e a Vitória de Samotrácia,
são deste período (WIKIPÉDIA, 2007a).
6) Arte rupestre: 1. Os desenhos, pinturas, etc., feitos nas
cavernas pelos homens pré-históricos; inscrição rupes-
tre. Rupestre [Do fr. rupestre < lat. cient. rupestris < lat.
rupes.] Adjetivo de dois gêneros. 1. Litófilo. 2. Gravado
ou traçado na rocha: "A primeira vez que minha atenção
foi despertada para as inscrições rupestres do interior
do Brasil foi em 1907" (GUSTAVO BARROSO, 1931, p.
197.). 3. Construído em rochedo: "algum cigano, desses
que ainda hoje o turista vê com encanto nas casas mile-
nárias, rupestres, furadas nos flancos das encostas que
cingem Granada" (FRANCO, 1961, p. 8). V. arte –, gravura
–, inscrição – e pintura (FERREIRA, 2005).
7) Artífice: autor, inventor, realizador (FERREIRA, 2005).
8) Aton: [...] era na mitologia egípcia o deus solar, represen-
tado como um disco que emitia raios que terminavam
em mãos humanas. Akhenaton, faraó da XVIII dinastia
egípcia, fez de Aton a única divindade digna de culto du-
rante o seu reinado. O culto de Aton data da época do
Império Antigo, situando geograficamente na cidade de
Heliópolis. Na época de Akhenaton Aton veio a substituir
o antigo deus Amon, desagradando muitos seguidores
de Amon, tanto que as realizações de Akhenaton (que
significa 'filho do Sol') foram destruídas por tais segui-

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© Caderno de Referência de Conteúdo 27

dores querendo apagar da história do Egito seu registro


(WIKIPÉDIA, 2007c).
9) Basílica: no Período Romano, a palavra se refere à fun-
ção do edifício (um grande local para reuniões) mais do
que à sua forma, que pode variar de acordo com seu
uso; como um edifício público oficial, a basílica romana
tinha certas conotações religiosas. O termo foi adotado,
também, pelos cristãos primitivos para se referir a suas
igrejas. Uma basílica cristã primitiva tinha uma planta
oblonga, um teto plano de madeira, telhado em treliça e
um abside (grande nicho que dá para a nave central de
uma igreja, geralmente na extremidade oriental). A en-
trada ficava no lado mais baixo, e a abside se projetava
do lado oposto, na extremidade mais distante do edifício
(JANSON; JANSON, 1996, p. 453).
10) Catasterizar: [...] segundo a mitologia é o acto de trans-
formar um personagem, homem, animal ou objecto
numa constelação de forma a eternizá-lo no firmamen-
to. A catasterização é, de certa forma, o equivalente Di-
vino à morte. Deuses, Heróis semi-divinos ou agraciados
pelos seus feitos e outros seres e mesmo objectos que-
ridos dos Deuses, que de uma forma ou de outra cessa-
ram a sua existência original, podem perpetuar-se sob a
forma de uma constelação, livrando-se assim do Hades
ou do simples oblívio (WIKIPÉDIA, 2008).
11) Catedrais: igrejas próprias dos bispos - cathedra = trono
episcopal (GOMBRICH, 1999, p. 188).
12) Cedro: Árvore de grande porte, sem ramificação, da fa-
mília das meliáceas (Cedrela fissilis), dotada de casca
grossa, considerada medicinal, flores grandes e alvas e
fruto capsular lenhoso com numerosas sementes. For-
nece madeira própria para marcenaria, escultura, cer-
tas embarcações pequenas etc. (RECANTO DAS LETRAS,
2012).
13) Cidade-estado: é o termo que "[...] designa regiões
controladas exclusivamente por uma cidade. Cidades-
-Estados eram comuns na Antigüidade, principalmente
na Grécia Antiga, tais como Tróia, Atenas e Esparta" (WI-
KIPÉDIA, 2007e).
28 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

14) Contrapposto Clássico: [...] é um termo utilizado em


escultura para assinalar uma forma de representação
humana que busca a naturalidade, em contraposição às
representações rígidas e artificiais presentes na escultu-
ra até então. Essa característica, inovação grega, é cons-
tituída pela distribuição harmônica e natural do peso da
figura representada em pé, com uma perna flexionada e
a outra sendo a principal sustentação desse peso. Assim,
a figura adquire um caráter de movimento natural tanto
de frente quanto de lado, necessitando também de uma
base específica sobre a qual age (WIKIPÉDIA, 2007).
15) Diorama: Quadro iluminado na parte superior por luz
móvel e que produz ilusão óptica (UFBA, 2012).
16) Domo: [...] cobertura hemisférica de um edifício; o extra-
dorso de uma cúpula; zimbório. 2. Arquitura: cobertura
de forma curva, executada com material translúcido,
para iluminação do interior de uma edificação (FERREI-
RA, 2005).
17) Escorço: Desenho ou pintura que representa objeto de
três dimensões em forma reduzida ou encurtada, segun-
do as regras da perspectiva. 2. As figuras assim represen-
tadas. 3. Qualquer figura menor que o natural (FERREI-
RA, 2005).
18) Esfinge: As esfinges - do vocábulo grego sphinx, que
deriva da expressão egípcia shesep ankh, que significa
'imagem vivente' - são esculturas que representam o
faraó ou uma divindade protetora. As expressões mais
típicas da estatuária egípcias faraônica possuem um cor-
po leonino e uma cabeça que pode ter tanto feições hu-
manas como traços de um animal que represente uma
divindade (SILIOTTI, 2006, p. 135).
19) Hieróglifos: os egípcios antigos escreviam usando hie-
róglifos - símbolos que, de forma similar aos kanji (na
escrita japonesa) representam letras ou sons.
20) Hórus (Heru-sa-Aset, Her'ur, Hrw, Hr ou Hor-Hekenu):
era o deus egípcio do céu, filho de Osíris e Ísis. Tinha ca-
beça de falcão e seus olhos representavam o sol e a lua.
Matou Seth e tornou-se o rei dos vivos no Egito. Perdeu

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© Caderno de Referência de Conteúdo 29

um olho lutando com Seth, considerado o famoso olho


de Hórus, originalmente conhecido como o Olho de Rá,
que foi um dos amuletos mais usados no Egito em todas
as épocas. Segundo a lenda de Osíris, na sua vingança,
Seth arrancou o olho esquerdo de Hórus que foi subs-
tituído por este amuleto. Depois da sua recuperação,
Hórus pôde organizar novos combates que o levaram à
vitória decisiva sobre Seth. O Olho de Hórus simbolizava
poder real. Os antigos acreditavam que este símbolo de
indestrutibilidade poderia auxiliar no renascimento, em
virtude de suas crenças sobre a alma (WIKIPÉDIA, 2007j).
21) Jan Van Eyck: Pintor holandês nascido em Maaseik, no
bispado de Liège, Flandres, então no Sacro Império Ro-
mano, hoje Bélgica, considerado o fundador da escola
realista flamenga, especialista na recém-criada técnica
da pintura a óleo (NET SABER, 2008).
22) Mesolítico: o termo foi inventado para descrever os gru-
pos caçadores na Europa no período pós-glacial (NOVA
ENCICLOPÉDIA ILUSTRADA - FOLHA DE SÃO PAULO,
1996). Período de transição entre o Paleolítico e o Ne-
olítico. Seus povos eram grupos de caçadores-coletores
que existiam há cerca de 10 mil anos, quando o clima se
tornou mais quente, no final da última era glacial. O ter-
mo é mais aplicável à Europa ocidental, em que as socie-
dades caçadoras do Mesolítico coexistiram com grupos
agrícolas neolíticos mais a leste.
23) Myron: [...] foi um escultor grego (século V a.C.), nascido
em Elêutras. Foi o mais velho dos três grandes escultores
do século de Péricles: Myron, Fídias e Policleto. Duas de
suas obras chegaram até nós em cópias romanas: Atena,
Mársias, e o Discóbolo, uma das esculturas mais famosas
da história da arte (WIKIPÉDIA, 2007k).
24) Naturalismo: [De natural + -ismo.] Substantivo mascu-
lino. 1. Estado daquilo que é produzido pela natureza.
2. Art. Plást. Na pintura, representação realista da natu-
reza. 3. Doutrina ou escola literária infensa a qualquer
idealização da realidade, e que insiste particularmente
nos aspectos que, no homem, resultam da natureza e de
suas leis. [Cf. realismo1 (6).] 4. Teatr. Estilo de encenação
30 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

originário da França, com Émile Zola (1840-1902), e que


é um prolongamento do teatro realista [v. realismo1 (4)],
do qual se distingue por conceber a verdade como sendo
virtualmente sinônima da seqüência dos acontecimentos.
5. Filos. Doutrina segundo a qual todo conjunto de fe-
nômenos pode ser reduzido, por um encadeamento
mecânico, a fatos do mundo concreto material sem a in-
tervenção de nenhuma causa transcendente. P. ex.: em
moral, doutrina que fundamenta a conduta humana na
satisfação dos instintos biológicos. 6. Filos. Doutrina que
preconiza a volta à natureza e à simplicidade primitiva,
quer nas instituições sociais, quer na maneira de viver;
naturismo (FERREIRA, 2005).
25) Neolítico ("nova idade da pedra"): é termo utilizado
para designar a última etapa da Idade da Pedra, carac-
terizada pela presença de machados de pedra polida e
cerâmica simples. A descoberta neolítica da agricultura
acabou com o lento desenvolvimento das sociedades
caçadoras dos períodos Paleolítico e Mesolítico, dando
início a um período de rápidas mudanças, que logo ge-
raram a utilização de metais, as cidades, os Estados e os
impérios. O termo é, portanto, melhor aplicado às popu-
lações agrícolas da Ásia e da Europa que utilizavam ma-
chados de pedra polida para abrir clareiras em florestas
e que cozinhavam seus grãos em vasilhas de cerâmica.
Os primeiros agricultores, de localidades como Jericó,
não conheciam a cerâmica e eram designados neolíticos
pré-cerâmica.
26) Paleolítico: é o termo que descreve a primeira parte da
Idade da Pedra, caracterizada pela invenção de ferra-
mentas de pedra lascada. Atualmente o uso do termo é
frequentemente ampliado para abranger o período em
que o homem viveu como caçador, coletor, predador e
artífice de ferramentas, antes e depois da última era gla-
cial.
27) Papiro: 1. Grande erva da família das ciperáceas (Cype-
rus papyrus), própria das margens alagadiças do rio Nilo,
na África, cujas compridas folhas forneciam hastes das
quais se obtinha o papiro, material sobre o qual se escre-

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© Caderno de Referência de Conteúdo 31

via. 2. Suporte gráfico feito de papiro (1). 3. Manuscrito


antigo, feito de papiro (FERREIRA, 2005).
28) Pietà: foi a única obra que Michelangelo assinou. Quan-
do ela foi exposta, viu um grupo de pessoas discutindo
sua autoria e não acreditando que poderia ser de um es-
cultor tão jovem, Michelangelo estava com 23 anos. Es-
culpiu então, na faixa que passa pelo peito da virgem, a
frase: "Michael Angelus. Bonarotus. Florent. Facieba(t)",
traduzindo: <<Miguel Angelo Buonarotus de Florença
fez>>.
29) Primitivo: [Do lat. primitivu.] Adjetivo. 1. De primeira
origem; original, inicial, inaugural: os tempos primitivos.
2. Dos primeiros tempos; primordial, primeiro: povos
primitivos. 3. Que não é derivado; básico, primário. 4.
V. primigênio. 5. Diz-se de um organismo, órgão, etc.,
em começo de evolução, ou muito pouco diferenciado
de seus antepassados mais remotos. 6. P. ext. Simples;
áspero, rude: É uma alma primitiva; Usa métodos primi-
tivos para alcançar seus fins. 7. Antrop. Obsol. Relativo
aos povos não letrados, que vivem em sociedades ger.
caracterizadas como de escala menor, organização social
menos complexa e nível tecnológico menos desenvolvi-
do do que as sociedades ditas civilizadas, e vistos pelo
evolucionismo social (q. v.) como representantes de um
estado social e mental supostamente mais próximo da
condição original, natural, da humanidade, ou dela so-
breviventes (FERREIRA, 2005).
30) Santiago de Compostela: [...] é a capital da Galiza (Es-
panha), localiza-se na Corunha, de área 221,50 km² com
população de 92.298 habitantes (2004) e densidade
populacional de 416,70 hab/km². É uma cidade mun-
dialmente famosa pela sua catedral de fachada barroca
onde acorrem os peregrinos que perfazem os Caminhos
de Santiago de maneira a depararem-se com o manto
de Sant’Iago, um dos apóstolos de Cristo, cujo corpo
se diz que foi trasladado para aquele lugar (WIKIPÉDIA,
2008b).
31) Têmpera: é um método de pintura no qual os pigmentos
de terra são misturados a um "colante", uma emulsão de
32 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

água e gemas de ovo ou ovos inteiros (às vezes cola ou


leite) (WIKIPÉDIA, 2008c).
32) Transepto: numa igreja cruciforme, braço que forma um
ângulo reto com a nave central, geralmente situado en-
tre exata e a capela-mor ou abside (JANSON; JANSON,
1996, p. 456).

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais aconselhável é
que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até
mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você
construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a
partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-
-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-
gem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,

Claretiano - Rede de Educação


© Caderno de Referência de Conteúdo 33

novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem


pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
34 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave da disciplina História da Arte: Da Pré-História ao


Barroco.

Claretiano - Rede de Educação


© Caderno de Referência de Conteúdo 35

Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como


dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre
os principais conceitos desta disciplina e descobrir o caminho para
construir o seu processo de ensino-aprendizagem. Nesse mapa
você conseguirá perceber a trajetória da arte do período que vai
do Pré-história ao Barroco, conceituando suas principais caracte-
rísticas e similaridade. Com ele, você conseguirá caminhar pela
História da Arte esclarecendo suas dúvidas.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co-
nhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati-
vas.
Responder, discutir e comentar essas questões pode ser uma
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará
se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além
disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhe-
cimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profis-
sional.

As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta


apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por
questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada,
36 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por


resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso,
normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito.
Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus
colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos da disciplina, pois relacionar aquilo que está no campo vi-
sual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
O estudo desta disciplina convida você a olhar, de forma
mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser
humano. É importante que você se atente às explicações teóricas,
práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunica-
ção, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois,
ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, per-
mite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a
ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é,
portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-

Claretiano - Rede de Educação


© Caderno de Referência de Conteúdo 37

mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades


nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
esta disciplina, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto
para ajudar você.

3. referências bibliográficas
BASTTISTONI FILHO, D. Pequena História da Arte. 3. ed. Campinas: Papirus, 1989.
FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio: o dicionário de língua portuguesa. 6. ed. rev. atual.
Curitiba: Positivo, 2005.
GOMBRICH, E. H. A História da arte. Tradução de Álvaro Cabral. 16. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 1999.
JANSON, H. W.; JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1996.
STRICKLAND, C. Arte comentada - da pré-história ao pós-moderno. Tradução de Ângela
Lobo de Andrade. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.
38 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

4. e-referências
CONHECENDO A HISTÓRIA DA ARTE. História da Arte. Arte egípcia. Disponível em:
<http://conhecendoahistoriadaarte.blogspot.com.br/2012/01/arte-egipcia.html>.
Acesso em: 27 abr. 2012.
MEIRA, T. História da arte. Disponível em: <http://historiarte-thais.blogspot.com.br/>.
Acesso em: 2 maio 2012.
RECANTO DAS LETRAS. O cardo e o cedro. Disponível em: <http://www.recantodasletras.
com.br/mensagens/1249436>. Acesso em: 2 maio 2012.
UFBA – UNIVERSIDADE DA BAHIA. Glossário. Disponível em: <http://www.moodle.ufba.
br/mod/glossary/view.php?id=20623&mode=&hook=ALL&sortkey=&sortorder=&fullse
arch=0&page=3>. Acesso em: 2 maio. 2012.

Claretiano - Rede de Educação


EAD
Arte Pré-Histórica

1
1. Objetivos
• Identificar e analisar a cultura e a arte por meio de uma
abordagem ampla, considerando a própria diversidade
cultural que a pré-história traz.
• Contextualizar e interpretar o início da arte.

2. Conteúdos
• Escultura, pintura, arquitetura e outras formas de arte
pré-histórica.

3. orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
40 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

1) A arte rupestre desenvolveu-se durante um longo perío-


do da história humana. No Brasil, recentemente tivemos
a descoberta de um grande sítio arqueológico no Piauí.
Isso confirma a presença de povos pré-históricos que
habitavam nosso território. Confira as pinturas deixadas
por esses homens nas cavernas do Brasil e compare-
-as com as pinturas encontradas nas demais regiões do
mundo, visitando o sítio do Museu do Homem Ameri-
cano, disponível em: <http://www.fumdham.org.br>.
Acesso em: 6 jul. 2011.
2) Durante o estudo desta disciplina, você terá os subsídios
necessários para realizar pesquisas e aprofundar o seu
conhecimento sobre a arte pré-histórica. Para tanto,
contamos com sua participação e dedicação, a fim de
que possamos alcançar os objetivos propostos.
3) Antes de iniciarmos, é importante que você conheça um
dos importantes artistas que integraram o estudo desta
unidade:

Mestre Didi
Mestre Didi é um sacerdote-artista que nasceu em Salvador – Bahia em 1917.
Completamente integrado ao universo Nagô de origem Iorubana, usa da tradi-
ção, herança de antigas civilizações, replantadas e recriadas na poética de seus
trabalhos.

4. INTRODUÇÃO à unidade
Antes de darmos início ao estudo desta unidade, é impor-
tante entender que a história da arte, desde o princípio, não é so-
mente uma história de progresso da competência e capacidade
técnicas, mas uma história de ideias, concepções e necessidades
em constante mudança.
Nesse sentido, será preciso realizar um estudo cronológico
da história da arte, cujo ponto de partida está na pré-história.
Desse modo, convidamos você a estudar a cultura e a arte
por meio da ampla abordagem e diversidade cultural inerentes à
pré-história, bem como a conhecer e refletir sobre seu início.
Bom estudo!

Claretiano - Rede de Educação


© Arte Pré-Histórica 41

5. HISTÓRIA DA ARTE: PRIMEIROS MOMENTOS


Para iniciar nossos estudos sobre os primeiros momentos da
história da arte, observe atentamente a Figura 1 e reflita sobre a
Europa pré-histórica:

Fonte: Upjohn, Wingert e Mahler (1987, p. 33).


Figura 1 Mapa da Europa pré-histórica.

É interessante, também, conhecer a evolução do homem


nesse período, conforme descrito no Quadro 1.
42 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Quadro 1 Evolução do homem.


PERÍODOS HOMÍNIDAS LOCAIS CARACTERÍSTICAS SOCIEDADE
• Sociedade
comunal.
• Coup de poing • Esboço da
• Australopitecos. (machado organização
• Pithecanthropus manual sem social.
erectus. cabo). • Nascimento da
• Sinanthropus • Coup de poing instituição da
PALEOLÍTICO
pekinenses. • Cheliana. (aperfeiçoado família.
INFERIOR
• Paleantropos. • Acheliana. e lascas de • Nomadismo.
(500.000-
• Homem de • Musteriana. pedras). • Domínio do fogo.
30.000 a.C.)
heidelberg. • Início do • Rudimentos de
• Javantropos. emprego linguagem.
• Homo de ossos na • Indícios de rituais
• eanderthalensis. confecção de funerários.
objetos. • Primeiras
práticas de
magia.
• Nascimento da
arte por meio
da magia.
• Utilização de
ossos e chifres.
• Pedras
lascadas,
instrumentos
• Organização
especiais
social mais
para gravar
complexa.
e esculpir
• Agrupamentos
pequenas
baseados em
esculturas
famílias e clãs.
(Vênus de
• Crescimento de
Willendor, por
PALEOLÍTICO sedentarismo.
• Grimaldi. exemplo).
SUPERIOR • Aurinhacense. • Desenvolvimento
• Chancelade. • Bastões de
(30.000-18.000 • Solutriana. da linguagem.
• Cro-Magnon. comando.
a.C.) • Madaleniana. • Maior
• Outros. • Auge do
diversidade da
trabalho com
linguagem.
o sílex, lâminas
• Maior
e pontas
diversidade dos
de arpão
ritos funerários.
dentadas.
• Uso mais
• Atiradores de
freqüente da
dardos.
magia.
• Apogeu da arte
das cavernas
(Altamira e
Lascaux).
• No final,
declínio da
produção
artística.

Claretiano - Rede de Educação


© Arte Pré-Histórica 43

PERÍODOS HOMÍNIDAS LOCAIS CARACTERÍSTICAS SOCIEDADE


• Formação de
uma consciência
• Agricultura.
de ser social.
• Domesticação
• Início de uma
de animais.
NEOLÍTICO vida urbana,
• Teares simples
(18.000-5.000 Diversos. Agropastoril rural. organizada em
(cordas,
a.C.) aldeias.
tecidos e redes
• Sedentarismo
trançadas).
mais freqüente.
• Cerâmica.
• No final, esboço
• Barcos.
de concepções
religiosas.
• Vida urbana,
• Emprego de
agrícola e
cobre, bronze,
pastoril.
ferro e outros
IDADE DOS • Sociedade
metais.
METAIS (5.000- Diversos. Agropastoril estratificada.
• Avanço técnico
4.000 a.C.) urbana. • Surgimento
na agricultura,
do Estado e da
transporte e
religião como
indústria.
instituições
• Escrita.
definidas.
Fonte: Livro Didático COC (s. d., p. 79).

Agora, você pode se perguntar: arte, por quê?


Saber o que é arte ou por que ela existe é uma questão que
"persegue" as pessoas. São perguntas pertinentes com respostas,
talvez, desnecessárias, diante da sua imensa existência, afinal, a
arte existe sim e desde muito tempo e em diversos lugares. Exis-
te antes mesmo que a história começasse a ser escrita, se assim
podemos mencionar, pois a linguagem, ou melhor, as imagens da
pré-história continham tanto significados como atualmente têm as
letras para nós.
Pode-se afirmar, portanto, que as pinturas, esculturas e ou-
tras formas de arte primitivas são uma forma de escrita. Por elas,
conseguimos supor o que essas imagens representavam para
aqueles homens.
Desse modo, alguns símbolos podem ser usados como exem-
plo do significado das imagens para o homem pré-histórico, como
é possível observar na Figura 2, que, apesar de não representar um
objeto pré-histórico, foi realizada por povos primitivos e, por isso,
pode ser utilizada como ilustração desse pensamento.
44 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Neste contexto, de acordo com Gombrich (1999, p. 30):


A figura representa uma estátua originária do México. Os estudio-
sos pensam que ela representa um deus da chuva, cujo nome era
Tlaloc. Nessas regiões tropicais, a chuva é freqüentemente uma
questão de vida ou morte para as pessoas; pois sem chuva as safras
podem-se perder e elas correm o risco de morrer de fome. Não
admira que o deus das chuvas e trovoadas assumisse, no espíri-
to dessa gente, a forma de um demônio terrivelmente poderoso.
O raio que surge das entranhas do céu parecia ser, na imaginação
desses povos, uma enorme serpente e, por isso, muitos povos ame-
ríndios consideravam a cascavel um ser sagrado e poderoso. Se
observarmos mais atentamente a figura de Tlaloc, vemos, de fato,
que a sua boca é formada por duas cabeças de cascavéis colocadas
frente a frente, com suas grandes e venenosas presas sobressaindo
das mandíbulas, e que o nariz também parece ser formado pelos
corpos retorcidos das cobras. Talvez até os olhos possam ser vistos
como serpentes enroscadas. [...] Se tentarmos penetrar na menta-
lidade que criou esses ídolos sobrenaturais, poderemos começar a
entender como a feitura de imagens nessas primeiras civilizações
estava não só ligada à magia e religião, mas era também a primeira
forma de escrita. A serpente sagrada na antiga era mexicana era
não só a imagem de uma cascavel, mas também podia desenvol-
ver-se num signo para o raio e, portanto, converter-se num caráter
pelo qual uma trovoada poderá ser comemorada ou, talvez, invo-
cada. Sabemos muito pouco a respeito dessas misteriosas origens,
mas, se quisermos compreender a história da arte, teremos bem
em recordar uma vez por outra que imagens e letras são, realmen-
te, parentes consangüíneas.

Claretiano - Rede de Educação


© Arte Pré-Histórica 45

Fonte: Gombrich (1999, p. 30).


Figura 2 Tlaloc, o deus da chuva asteca, séculos 14 - 15 - pedra: altura 40 cm; museu Für
Völkerkunde, Staatliche Museen (Berlim).

Para a compreensão da arte pré-histórica, é importante pen-


sarmos como se fôssemos os próprios artistas pré-históricos, pois,
mesmo vivendo em outro contexto e nossos símbolos sendo ou-
tros, é possível tentar transferir alguns de nossos sentimentos para
certas manifestações pré-históricas.
46 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Mas quando começou a arte? Onde está a primeira obra?


Quem a criou? Qual a finalidade da arte?
Quando falamos em arte pré-histórica, logo nos vem à men-
te a pintura rupestre. Porém, antes de pintar, o homem começou
a esculpir.
Esculpiu suas ferramentas de trabalho, criando utensílios
com formas e funções que foram se aprimorando. Partindo daí, o
homem esculpiu diversos objetos, como armas, objetos de adorno
e outros utensílios, estatuetas de marfim, pedra e osso.
Dentre esses objetos, podemos citar as conhecidas "vênus":
figuras femininas, que podem estar ligadas a símbolos ou ritos de
fecundação. Dentre essas esculturas, a Vênus de Willendorf (Figu-
ra 3) e a Vênus de Laussel (Figura 4) recebem grande destaque na
história.
A maioria dos especialistas coincidem em atribuir a esta e outras
obras semelhantes certos fins culto-mágicos relacionados com a
fecundidade; é, em efeito, o que sugerem imediatamente sua apa-
rente gravidez e hipertrofia daqueles rasgos especificamente ma-
ternais. Seriam utilizados talvez em determinados ritos de iniciação
feminina ou nos momentos de parto? É provável. Certa confirma-
ção disso pode-se ver nos atribuídos às estatuetas semelhantes em
algumas culturas neolíticas. Talvez estas "vênus" paleolíticas devem
associar-se também, e principalmente, à ocupação básica daqueles
homens primitivos: a caça. Estudos etnológicos recentes sobre co-
munidades primitivas atuais sugerem que ditas estatuetas possam
ser representações de divindades ou espíritos protetores de ani-
mais e homens, que asseguravam a existência daqueles e o êxito
da atividade venatória destes (BOZAL, 1977, p. 16).
Essa vigorosa imagem é uma das mais antigas esculturas em pedra
do nu feminino da história da arte. As concepções clássicas da be-
leza humana ideal não têm validade para explicar sua significação
e peculiaridades; da mesma forma, seu naturalismo inabalável não
pode ser equacionado como fidelidade à natureza, pois a cabeça e
as mãos são apenas esboçadas.
Note que a carnação flácida e os seio caídos representam um tipo
generalizado de nutriz e enfatizam a fertilidade. Tal como nas es-
tatuetas de marfim das "Vênus" de Willendorf e outras, o artista
julgou sem importância os detalhes pessoais do rosto e das mãos.
O chifre (cheio de sangue) está ligado aos mitos da "senhora dos

Claretiano - Rede de Educação


© Arte Pré-Histórica 47

animais", uma deusa que tem ascendência sobre os animais e os


conduz aos caçadores (O MUNDO DA ARTE, 1995, p. 34).

Fonte: Bozal (1977, p. 16).


Figura 3 Vênus de Willendorf - cerca de 20.000 a.C., arte aurinhacense, calcário: altura
10,45 cm, Naturhistoriches Museum, (Viena).
48 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Fonte: O mundo da arte (1995, p. 34).


Figura 4 Vênus de Laussel, c. 15.000-10.000 a.C., relevo rupestre: altura 46 cm, musée
d'Aquitane (Bordéus).

No final do período denominado "Paleolítico superior", co-


meçam aparecer estatuetas representando animais.
Mesmo com a relevância desses objetos, foram as pinturas
que mais se destacaram. As primeiras conhecidas foram encon-
tradas nos últimos estágios do Paleolítico, que teve início há cerca
de 35.000 anos. Algumas das mais representativas podem ser en-
contradas nas cavernas do Sudoeste da França (Figuras 5 e 6) e no
Norte da Espanha (Figuras 7 e 8), e foram realizadas há cerca de
15.000 a.C.

Claretiano - Rede de Educação


© Arte Pré-Histórica 49

Fonte: Gombrich (1999, p. 42).


Figura 5 Caverna em Lascaux, c. 15000-10.000 a.C. (França).

Fonte: O mundo da arte (1995, p. 25).


Figura 6 Animais de caça, c. 15.000 - 10.000 a.C., pintura rupestre - caverna de Lascaux
(França).
50 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Fonte: O mundo da arte (1995, p. 26).


Figura 7 Bisonte. C. 12.000 a.C. pintura rupestre, Altamira (Espanha).

Também aqui no Brasil, a arte teve sua manifestação na pré-


-história.

A arte rupestre no Brasil––––––––––––––––––––––––––––––––


O Brasil pré-histórico apresenta-se com tradições rupestres de ampla dispersão
através de suas grandes distâncias e ampla temporalidade. O registro arqueológico
e, concretamente, o rupestre assim o indicam. As tradições rupestres do Brasil não
evoluíram por caminhos independentes; os seus autores ou grupos étnicos aos
quais pertencem, mantiveram contatos entre si, produzindo-se a natural evolução
no tempo e no espaço que nos obriga a estabelecer as subdivisões pertinentes
(MARTIN, 2011).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Claretiano - Rede de Educação


© Arte Pré-Histórica 51

Fonte: Del Prado (1996, p. 24).


Figura 8 Grande cerva, por volta 13.000 a.C, cultura magdalenense, cova de altamira
(Santillana Del Mar, Espanha).

Assim, podemos encontrar essa arte em diferentes regiões


brasileiras. Observem as Figuras 9, 10 e 11:
52 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Figura 9 Nicho Policrômico - Toca do Boqueirão da Pedra Furada - Serra da Capivara (PI).

Figura 10 Sítio: Xique-Xique I - Carnaúba dos Dantas - Seridó (RN).

Claretiano - Rede de Educação


© Arte Pré-Histórica 53

Figura 11 Sítio: Toca do Morcego - Serra da Capivara (PI).

Nossos sítios arqueológicos são importantes para a compre-


ensão da nossa própria existência no mundo.
De acordo com Proença (2007, p. 16):
As pesquisas científicas sobre as antigas culturas que existiam no
Brasil abrem um novo panorama tanto para a historiografia como
para a arte brasileira. Por meio delas, podemos ver com mais clare-
za nossa história inserida em um contexto maior, na história huma-
na. Além disso, podemos constatar que nossas origens antecedem
em muito os séculos 15 e 16, período em que se deu o início oficial
da "história do Brasil".

Pinturas rupestres ajudam-nos a compreender o homem ca-


çador dessa época; a arte rupestre espalhou-se ao redor do mun-
do até chegar aos aborígines australianos (população nativa aus-
traliana), que as praticava até recentemente, o que faz com que
nos aproximemos dos conceitos dos artistas dessas cavernas.
O que vimos até agora são realmente obras de arte?
Se considerarmos que arte é um belo artigo de luxo a ser
apreciado em galerias, museus e exposições ou mesmo algo pre-
54 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

cioso que serve para uma bela decoração, talvez precisássemos


descartar essas pinturas e não tratá-las como arte. No entanto,
se considerarmos a finalidade de cada "obra", seu caráter utilitá-
rio, como a construção de casas, templos e outras arquiteturas,
fabricação de utensílios, realização de pinturas e esculturas, não
há como imaginar um povo sem arte. Por exemplo, as pinturas en-
contradas afastadas da entrada da caverna, muitas vezes, pintadas
uma sobre a outra, não eram simplesmente decoração.
Você já imaginou o que representavam essas pinturas se
considerarmos que elas tinham uma função definida?
Para responder a essa indagação, observe a Figura 12.

Fonte: O mundo da arte (1995, p. 28).


Figura 12 Cavalos e íbis, C. 15.000-10.000 a.C, pintura rupestre: altura 80 cm, Lascaux
(França).

É importante destacar que os povos primitivos não são mais


simples do que nós. Aliás, por estarem mais próximos de onde
emergiu a humanidade, seus pensamentos podem ser até mais
complexos que os nossos: pintavam bisões, veados, cavalos e bois
(animais que havia na região) com tanta representatividade e sen-
sação de vida que não dá para pensar em contemplação, por par-

Claretiano - Rede de Educação


© Arte Pré-Histórica 55

te deles, dessas imagens. Seu senso de observação fascina, assim


como os traços fortes e firmes e as cores brilhantes, presentes jun-
tamente com a ideia de dor e agonia dos animais representados.
O homem primitivo era capaz de perceber a anatomia
animal, ser observador natural, olhar e entender o que faz parte
de seu mundo e saber representá-lo de forma concreta. O próprio
naturalismo, com o qual os bichos eram desenhados e pintados,
ilustra esse pensamento.

Fonte: Del Prado (1996, p. 22).


Figura 13 Bisão ferido – cultura magdalenense - salão Preto de Niaux (Ariége).

Em uma época em que os recursos eram tão escassos, se


comparados aos que estamos habituados a utilizar, como eram as
pinturas? Segundo Beckett (1997, p. 10):
As cavernas são totalmente subterrâneas e, por isso, estão sempre
às escuras. Os arqueólogos descobriram que os artistas pintavam
com a ajuda de pequenas lâmpadas de pedra, cheias de banha ou
tutano. Os esboços eram talhados na rocha macia, ou então finas
linhas de tinta eram sopradas na parede com um caniço oco. Para
fazer tinta colorida, os artistas usavam ocre, um mineral que podia
ser socado até virar pó e produzir pigmentos vermelhos, marrons e
amarelos. O preto talvez consistisse em pó de carvão vegetal. Todos
esses pigmentos eram esfregados na parede com as mãos (resul-
tando em gradações de tom muito delicadas, que fazem lembrar a
56 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

pintura a pastel) ou misturados a alguma forma de fluido aderente


(como a banha, por exemplo) e aplicados com toscos pincéis feitos
de caniços ou cerdas. Os recursos eram simples, mas o efeito, em
especial no estranho silêncio da caverna, é avassalador.

Observe que, por serem povos caçadores, eles dependiam


dos bichos que retratavam. Acreditavam na força e no poder que
as imagens transmitiam. Eles não diferiam muito as imagens do
que era real. Pintavam os animais para que pudessem dominá-los
e para que, assim, sua caçada fosse certa. Pintavam e os "ataca-
vam" atirando lanças nas pinturas; acreditavam estar "matando",
ou mesmo "capturando" o espírito do animal, exercendo poder so-
bre eles (Figuras 13 e 14). Considerada essa hipótese, como muitos
pensadores acreditam, cada figura servia para ser usada apenas
uma vez; estando "morta", podiam fazer outra por cima, sempre
que necessário.
Estranho pensar assim?
Se fizermos uma comparação com um pensamento ou uma
ideia própria do homem atual, será mais fácil compreender esse
tipo de ritual. Quando sentimos raiva ou desprezo por alguém, não
é de se espantar que, ao termos uma foto dessa pessoa, sentimos
vontade de rasgá-la, furar partes dela, ou mesmo atear fogo.
Mesmo sabendo que isso não afetará a pessoa despreza-
da, temos uma estranha sensação de que algo vai lhe acontecer,
como, por exemplo, "malhamos Judas".

Fonte: Gombrich (1999, p. 41).


Figura 14 Cavalo, c. 15000-10000 a.C., pintura em caverna, Lascaux (França).

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© Arte Pré-Histórica 57

Malhação de Judas––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Malhação de Judas ou Queima de Judas é uma tradição vigente em diversas
comunidades católicas e ortodoxas que foi introduzida na América Latina pelos
espanhóis e portugueses. É também realizada em diversos outros países, sempre
no Sábado de Aleluia, simbolizando a morte de Judas Iscariotes.
Consiste em surrar um boneco do tamanho de um homem, forrado de serragem,
trapos ou jornal, pelas ruas de um bairro e atear fogo a ele, normalmente ao meio dia.
Cada país realiza a tradição de um modo, alguns queimam os bonecos em frente a
cemitérios ou perto de igrejas. No Brasil é comum enfeitar o boneco com máscaras
ou placas com o nome de políticos, técnicos de futebol ou mesmo personalidades
não tão bem aceitas pelo povo. Algumas cidades fazem da Malhação de Judas
uma atração turística, como a cidade paulista de Itu. Famosa por seus objetos de
tamanhos avantajados, os moradores da cidade aumentam o tamanho do boneco
a cada ano, mas com um diferencial, no lugar de atearem fogo, é usado até mesmo
dinamite, costuma-se chamar o Estouro de Judas (WIKIPÉDIA, 2012c).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Portanto, se somos capazes de sentir isso ou de compreen-
der essa sensação, imaginemos o que passava na cabeça daqueles
povos que necessitavam, por questão de sobrevivência, matar es-
ses bichos!
Outra "justificativa" para a feitura desses desenhos e pintu-
ras ter uma razão definida é o fato de grande parte deles estar
localizada em lugares, às vezes, inacessíveis.
[...] e por que transmitem uma sensação tão maravilhosa de vida?
O ato mágico de "matar" não poderia ter sido praticado com a mes-
ma eficácia em imagens menos realistas? Talvez as pinturas mada-
lenianas das cavernas sejam a fase final de um desenvolvimento
que começou como simples magia para matar, mas que mudou de
significado quando os animais começaram a escassear (aparente-
mente, as grandes manadas dirigiram-se para o norte quando o
clima da Europa Central ficou mais quente). Se foi assim, o objetivo
principal das pinturas de Lascaux e Altamira pode não ter sido o de
"matar", mas sim o de "criar" animais - aumentar o seu número.
Será que os madalenianos tinham que praticar sua magia procria-
tória de fertilidade nas entranhas da Terra por pensarem que ela
fosse uma coisa viva de cujo útero surgem todas as outras formas
de vida? (JASON, 1996, n. p.).

Veja, na Figura 15, um relevo de arte primitiva modelado em


argila sobre um pedaço de rocha feito por um artista magdalenia-
no. A obra retrata a principal finalidade da arte do homem primiti-
vo: a procriação da caça (O MUNDO DA ARTE, 1995).
58 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Fonte: O mundo da arte (1995, p. 17).


Figura 15 Relevo em argila representando o acasalamento de bisontes. Magdaleniano, c.
20000-10000 a.C. Altura do macho: 63 cm, altura da fêmea: 61 cm. Lê Tuc d' Audoubert
(Ariège) (França).

Os homens pré-históricos acreditavam no poder da nature-


za. Acreditavam, algumas vezes, que podiam até ser homem e ani-
mais ao mesmo tempo. Veja a Figura 18.

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© Arte Pré-Histórica 59

Fonte: O mundo da arte (1995, p. 27).


Figura 16 Homem com máscara de cabeça de ave atacado por um bisonte ferido, c. 15.000-
10.000 a.C. Pintura rupestre: altura 1,40 m, Lascaux (França).

De acordo com a Enciclopédia O mundo da arte (1995, p.


27), sobre a Figura 16:
Esta cena vívida e sangrenta pode ser explicada através de lendas
xamanistas que sobreviveram na Sibéria até tempos recentes. Dois
xamãs rivais travam combate, um disfarçado em bisonte e o outro
com uma cabeça de ave. A vara encimada por uma figura de ave
indica que o "espírito-guia" do xamã prostrado apareceu em forma
de ave. Uma lança parece ter perfurado o flanco do bisonte, cujas
entranhas brotam da ferida (O MUNDO DA ARTE, 1995, p. 27).

Informação complementar––––––––––––––––––––––––––––––
O xamanismo é um tipo de religião de povos asiáticos e árticos. Embora
a palavra xamã tenha origem na tribo siberiana dos Tugus, não existe
origem histórica ou geográfica para o xamanismo, prática religiosa, de
cura e filosófica encontrada no mundo todo. O xamanismo trabalha com
profundo respeito às forças da natureza, com rituais vividos por qualquer
tipo de pessoa, envolvendo cristais, fogo, água, metal, madeira. É um
conceito de vida que busca no autoconhecimento a chave para o equilíbrio
do ser. O sacerdote do xamanismo é o xamã, que entra em transe durante
rituais xamânicos, manifestando poderes aparentemente sobrenaturais, e
invocando espíritos da natureza. A comunicação com estes aspectos sutis
60 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

da natureza se processa através de estados alterados de consciência.


Estados esses alcançados através de batidas de tambor, danças e até
ervas enteógenas.
O xamã pode ser homem ou mulher, e sempre há na história pessoal
desse indivíduo um desafio, como uma doença física ou mental, que se
configura como um chamado, uma vocação. Depois disto há uma longa
preparação, um aprendizado sobre plantas medicinais e outros métodos
de cura, e sobre técnicas para atingir o estado alterado de consciência
e formas de se proteger contra o descontrole. O xamã é tido como um
profundo conhecedor da natureza humana, tanto na parte física quanto
psíquica (WIKIPÉDIA, 2012d).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Inúmeras tribos primitivas, em suas diversas cerimônias,
vestem máscaras que representam animais, divindades e outros
elementos que fazem parte de suas crenças. Quando se vestem,
transformam-se nessas próprias entidades; tornam-se outro ser
naquele momento. É como em um "faz-de-conta" para as nossas
crianças, porém, para esses povos, não havia quem lhes convencia
de que a representação é isso e o real é aquilo; a tribo toda era
envolvida em um mesmo pensamento ritualístico.
Essas manifestações geralmente ocorrem nas danças. Po-
demos compreender algumas delas, hoje, por ainda existir traços
desses tipos de manifestações nos quais os povos primitivos se
apropriavam de elementos naturais e, partindo deles, construíam
suas crenças. Observe as Figuras 17.

Fonte: O mundo da arte (1995, p. 38).


Figuras 17 Os "Dançarinos leopardos" de Caçal Hüyük, Anatólia Meridional (Turquia).
Detalhes. c. 6.000 a.C. Mural. Museu Arqueológico (Ancara).

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© Arte Pré-Histórica 61

Só escavo em 1961, este é um fascinante registro do progresso


efetuado pela humanidade com o surgimento das primeiras cida-
des verdadeiras no Sul da Anatólia. São as mais antigas pinturas
que se conhecem feitas sobre paredes de casas, e não sobre ro-
chas. O aparecimento de figuras humanas naturalísticas animadas
refletiu a perda de interesse pelos animais de caça, influenciando
profundamente povos que ainda levam uma vida de caçadores no
Mediterrâneo Ocidental e cujo estilo "animais-e-humanos" por fim
se propagou através da África. As figuras saltitantes e rodopiantes,
envolvidas por faixas pontilhadas, representam provavelmente
dançarinos vestidos em peles de leopardos. Se for realmente este
o caso, teremos aí as mais antigas imagens dos ritos extáticos do
culto a Dionísio, que os gregos julgavam ter-se originado na Ásia
Menor (O MUNDO DA ARTE, 1995, p. 38).

É importante observar que algumas máscaras (Figura 18)


por eles utilizadas parecem ser bastante diferentes do que real-
mente representam nos rituais. Mesmo tendo alguns símbolos,
enxergamos essa arte com nossos olhos, nossa bagagem históri-
ca e cultural, o que nos espanta quando descobrimos alguns dos
"verdadeiros" significados. Além disso, as cerimônias continham
elementos sigilosos que não eram revelados aos que não faziam
parte do grupo.
62 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Figura 18 Máscara ritual do Alasca, representando um demônio da montanha comedor de


homens, com o rosto manchado de sangue. Museum für Völkerkunde (Berlim).

Falamos dos homens e de seus gestos e atitudes, no entanto


não falamos ainda de seu habitat propriamente dito. Havia mo-
radias nesse período? Esses primeiros homens tinham casas? No
princípio, quando ainda nômades, onde moravam?

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© Arte Pré-Histórica 63

Do período Paleolítico, não restou muitos vestígios de arqui-


tetura, pois os homens eram nômades e habitavam nas cavernas
para protegerem-se do rigor da natureza. Mais tarde, quando pre-
cisavam parar por alguns dias, passaram a construir choças e caba-
nas cobertas com folhagens e peles de animais, algo bem rústico.
É somente no Período Neolítico, quando esse homem come-
ça a produzir alimentos e domesticar animais, que surgem habita-
ções mais complexas, como as construções palafíticas e as mega-
líticas.
As primeiras palafíticas são habitações de madeira construí-
das sobre estacas que são fincadas nos lagos e às margens de rios.

Monumentos megalíticos
Os monumentos megalíticos são enormes construções de
pedras que possuem diferentes e diversas disposições e formas.
Podem-se dividir em menir (grandes blocos de pedra erguidos ver-
ticalmente, provavelmente estátuas de divindades) (Figura 20), ali-
nhamento (menires enfileirados), cromlech menires dispostos em
círculo; cujo maior exemplo é o de Stonehenge) (Figuras 19, 20 e
21) e dólmen (formado por duas pedras verticais que sustentam
uma terceira colocada na horizontal; provavelmente túmulos).
64 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Fonte: Goitia (1995, p. 24).


Figura 19 Alinhamento de Carnac, c. 1800 a.C. (França).

Fonte: Goitia (1995, p. 23).


Figura 20 Cromleque de Stonehenge, 1600-1400 a.C., Salisbury (Inglaterra).

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© Arte Pré-Histórica 65

Fonte: Pischel (1996, p. 19).


Figura 21 A aldeia pré-histórica de Barumini, na Sardenha.

Fonte: Pischel (1996, p. 17).


Figura 22 Círculo megalítico de Stonehenge.
66 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Há muito que descobrir e estudar sobre essa arte pré-histó-


rica (inclusive a brasileira), mas, por meio dessas "poucas" mani-
festações dos homens pré-históricos, construtores de um universo
de símbolos importantíssimos para a História da Arte, já podemos
iniciar uma compreensão do caminho por ela percorrido; perceber
que retrata o seu tempo e que os artistas utilizam-se dessa lin-
guagem para ilustrar, criticar, entender, mostrar, enfim, viver a sua
história, o seu pensamento de mundo.

6. arte pré-histórica e A arte contemporânea


Também alguns artistas contemporâneos, como o Mestre
Didi, tem forte ligação com a Natureza e suas "forças", assim como
os artistas primitivos, e representam isso em seus trabalhos.
Mestre Didi revela em sua obra inspiração mítica, formal e
material. A linguagem Nagô com a qual se expressa é um discur-
so sobre a experiência do sagrado, conferindo existência ao plu-
ral universo simbólico neoafricano que se cria e recria na multi-
plicação de formas e sentidos. Numa poderosa linguagem, suas
obras contribuem para atualizar a visão de mundo, herdada e
reelaborada, expandindo-se para fora de sua comunidade inicial,
universalizando-se. As esculturas de Mestre Didi são de inspiração
arbitrária; revelam a autenticidade do artista identificado com sua
ancestralidade e que formalizam suas ideias conforme sua própria
sensibilidade, uma atualização da visão cósmica e mítica de seus
antepassados, resultado de antigas memórias. Suas obras estão
imbuídas de uma consciência, incorporada quase que genetica-
mente do homem com a Terra.
Mestre Didi é um porta-voz orgânico de sua tradição, para
além do formal, expressa significado e sentido de uma herança
milenar: homem e cosmos, homem e natureza, homem e estru-
tura comunitária, homem e linguagem, dinastia, ancestralidade,
homem e continuidade existencial.

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© Arte Pré-Histórica 67

O artista afirma que:


Os Orixá do Panteão da Terra são os que nos alimentam e nos aju-
dam a manter a vida. Os meus trabalhos estão inspirados na natu-
reza, na Mãe Terra-Lama, representada pela Orixá Nanã, patrona
da agricultura (WIKIPÉDIA, 2012e).

Vejamos as Figuras 23 e 24 algumas de suas obras:

Fonte: Galeria de Arte (2007).


Figura 23 Opá Ossanyin Nlá, 1998 - grande cetro da natureza - nervura de palmeira, couro,
búzios: altura: 65 cm.
68 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

Fonte: Galeria de Arte (2007).


Figura 24 Odé olorú ninu iya egan agbara, 2000 - Poderosa Patrona da Floresta com
Magnífico Herdeiro - nervura de palmeira, couro, tecido, búzios: altura 1,68 cm.

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© Arte Pré-Histórica 69

7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Avaliando seus conhecimentos adquiridos, como você entende a necessida-
de da representação artística para o homem nos primórdios da humanida-
de?

2) Quais fatores podem ser importantes para a criação estética desse período
histórico?

3) Quais contribuições deixaram os povos primitivos para entendermos suas


representações como arte?

4) A arte relaciona-se diretamente com alguns aspectos de culto. Reflita sobre


essa intima relação que a arte proporciona em variados períodos da história
humana, e contextualize situações de representação que denotam essa re-
lação entre arte e religião.

8. CONSIDERAÇÕES
Nesta primeira unidade, você teve a oportunidade de estu-
dar a cultura e a arte por meio de uma abordagem ampla, consi-
derando a diversidade cultural inerente à pré-história. Além disso,
pôde conhecer e refletir sobre o curioso início da arte.
70 © História da Arte: Da Pré-História ao Barroco

De posse de tais conhecimentos, convidamos você a estudar


na Unidade 2 a arte antiga. Até lá!

9. e-referências

Lista de figuras
Figura 9 Nicho Policrômico - Toca do Boqueirão da Pedra Furada - Serra da Capivara (PI).
Disponível em: <http://www.ab-arterupestre.org.br/images/foto03.jpg>. Acesso em: 7
jul. 2011.
Figura 10 Sítio: Xique-Xique I - Carnaúba dos Dantas - Seridó (RN). Disponível em: <http://
www.ab-arterupestre.org.br/images/foto06.JPG>. Acesso em: 7 jul. 2011.
Figura 11 Sítio: Toca do Morcego – Serra da Capivara (PI). Disponível em: <http://www.
ab-arterupestre.org.br/images/foto04.jpg>. Acesso em: 7 jul. 2011.
Figura 16 Mestre Didi. Disponível em: <http://www.terra.com.br/istoegente/44/fotos/
expo_4.jpg>. Acesso em: 6 jul. 2011.

Sites pesquisados
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Acesso em: 3 out. 2007.
ARTE NA ESCOLA. Home page. Disponível em: <http://www.artenaescola.org.br>. Acesso
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em: 7 jul. 2011.
GALERIA DE ARTE SÃO PAULO. Catálogo da exposição "Mestre Didi - esculturas" de 31
de maio a 21 de junho de 2000. Disponível em: <galeriasaopaulo@uol.com.br>. Acesso
em: 3 out. 2007.
MARTIN, G. Sobre arte rupestre. Disponível em: <http://www.ab-arterupestre.org.br/
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HISTÓRIA DO MUNDO. Humanos caçam renas e mamutes. Disponível em: <http://www.
historiadomundo.com.br/pre-historia/humanos-cacam-renas-mamutes/>. Aceso em: 7
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HISTÓRIA NET. Conteúdo. Disponível em: <http://www.historianet.com.br/conteudo/
default.aspx?categoria=4>. Acesso em: 7 jul. 2011.
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© Arte Pré-Histórica 71

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______. Xamanismo. Disponível em: <http://portuguese-wikipedia.wiki-site.com/x/
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______. Deoscóredes Maximiliano dos Santos. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/
wiki/Deosc%C3%B3redes_Maximiliano_dos_Santos>. Acesso em: 25 abr. 2012e.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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Camargo. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
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Preto: Editora COC, s. d.
O MUNDO DA ARTE. Enciclopédia: mundo oriental. O Mundo Antigo. 7. ed. Rio de
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PISCHEL, G. História universal da arte I - arquitetura, escultura, pintura, outras artes. 2.
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STRICKLAND, C. Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno. Tradução de Ângela
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história à Grécia antiga. 9. ed. Rio de Janeiro: Venda Nova/Amadora/Bertrand Editora
(Livraria Bertrand, imprensa Portugal-Brasil), 1987.
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