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Olá, tudo bem? Seja bem-vindo! Meu nome é Camila Tavares Valadares da Silva, sou
Fisioterapeuta graduada pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Mestre e Doutora em
Ciências (área de concentração: Psicobiologia) pela Universidade de São Paulo (USP), campus
de Ribeirão Preto. Em minha dissertação de mestrado, investiguei os efeitos da desnutrição
proteica sobre a memória e a aprendizagem em ratos. A minha tese de doutorado foi sobre
o mesmo assunto, embora tenham sido analisados outros parâmetros de comportamentos
e neurológicos. Já atuei como docente na Universidade de Uberaba (UNIUBE) nos cursos de
Fisioterapia e, também, na Universidade Paulista (UNIP), campus de Araraquara, nos cursos
de Enfermagem e Farmácia Bioquímica. No Centro Universitário Claretiano de Batatais, sou
professora nas áreas de Anatomia e Neuroanatomia no curso de Fisioterapia e Educação Física, Biologia Humana e Fisiologia
no curso de Licenciatura em Educação Física e Fundamentos Biológicos no curso de Bacharelado em Educação Física. Sou uma
apaixonada pelo estudo do corpo humano desde a graduação, quando comecei a estudar Anatomia Humana. Será um imenso
prazer participar da construção de seu conhecimento e de sua formação profissional.
Camila Tavares Valadares da Silva
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2013 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
611 S578a
ISBN: 978-85-67425-20-7
CDD 611
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação
Educacional Claretiana.
Ementa–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Noções gerais sobre os componentes do sistema esquelético e junturas, reconhecendo a importância destes nos
diferentes movimentos humanos. Aparelhos cardiorrespiratório e digestório. Componentes do Sistema Nervoso Cen-
tral: estrutura do neurônio, propagação do impulso nervoso. Componentes do Sistema Nervoso Periférico. Organiza-
ção dos músculos esqueléticos. Estudo teórico e prático dos músculos dos membros superiores, inferiores e tronco.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Caro aluno, iniciaremos, agora, o estudo de Anatomia Humana Geral, um dos cadernos
que compõem o Curso de Graduação. No Caderno de Referência de Conteúdo (CRC), você en-
contrará as unidades básicas que o ajudarão a compreender a importância dos conhecimentos
fundamentais da Anatomia Humana como pré-requisito para outros conteúdos e para a forma-
ção de um profissional voltado à promoção e à manutenção da saúde, tanto na nossa sociedade,
de uma maneira geral, como no contexto escolar, de forma mais específica, dando subsídios
para o planejamento e para a implementação de programas esportivos apropriados.
A Anatomia Humana Geral faz parte do conteúdo básico de todos os cursos voltados para
a área biológica e da saúde. No seu Curso de Graduação ela tem por objetivo oferecer aos futu-
ros profissionais conhecimentos sobre a composição e o funcionamento do corpo humano, uma
vez que um de seus focos de trabalho será o corpo humano, que é constituído por uma série
de ossos, articulações, músculos e órgãos que trabalham em conjunto, formando os sistemas
componentes do organismo humano.
Depois de ter conhecido a estrutura geradora da vida, a célula, e a composição dos tecidos
humanos no Caderno de Referência de Conteúdo Biologia Humana, vamos, juntos, conhecer a
estrutura e o funcionamento dos órgãos e dos sistemas mantenedores da vida, sem os quais
seria impossível se locomover, respirar, alimentar etc.
O estudo de Anatomia Humana Geral em um Curso de Graduação, em um primeiro mo-
mento, pode não parecer importante., em um primeiro momento, pode não parecer impor-
tante; no entanto, ela adquire uma enorme responsabilidade, na medida em que estará pre-
8 © Anatomia Humana Geral
parando o aluno para as possíveis discussões em outros estudos, tais como Fisiologia Humana
Geral, Cinesiologia e, até mesmo, para a compreensão da realização das práticas esportivas e
dos mecanismos de lesões.
Assim, este Caderno de Referência de Conteúdo fornecerá o suporte básico para que você
possa ter uma visão crítica dos mecanismos anátomo-fisiológicos. Compreender, inicialmente,
a importância desse conhecimento parece uma tarefa difícil, porém, é fundamental para a for-
mação de um professor de Educação Física diferenciado, que tem interesse em obter uma for-
mação completa e poder cuidar apropriadamente de seus futuros alunos. Então, vamos juntos
fazer esta viagem ao corpo humano e conhecer todas as estruturas fundamentais para a loco-
moção e sobrevivência dos seres humanos.
A Educação a Distância exige uma nova forma de estudo, uma vez que você é o protagonis-
ta de sua aprendizagem. Entretanto, você não estará sozinho, pois terá todo o suporte necessá-
rio para a construção do seu conhecimento. Esse será um desafio que enfrentaremos juntos, e,
com sua dedicação, o crescimento profissional e pessoal acontecerá naturalmente.
Não se esqueça de que você deverá participar e interagir constantemente com seus pro-
fessores (tutores) e com seus colegas de curso, assim como fazer a leitura não só deste material,
como também das bibliografias indicadas.
O conteúdo deste material está organizado didaticamente em seis unidades.
Na Unidade 1, será feita uma introdução ao estudo da Anatomia Humana, passando por
um breve relato histórico e tratando de conceitos básicos. Você tomará conhecimento da posi-
ção de descrição anatômica, cuja função é a padronização do estudo anatômico. Também fare-
mos uma breve explicação sobre os planos de delimitação e de secção anatômico, assim como
dos eixos de movimentos do corpo humano, essenciais para o estudo e compreensão das diver-
sas partes do corpo.
Seguindo nossa jornada, na Unidade 2, estudaremos o aparelho locomotor, discutindo as
principais características do sistema esquelético e articular, com o objetivo de compreender o
movimento humano, muito importante para o profissional de Educação Física.
Na Unidade 3, continuaremos a falar do aparelho locomotor, focando o estudo no sistema
muscular, analisando os principais músculos que são responsáveis pelos movimentos dos mem-
bros superiores, membros inferiores, como também do tronco.
A Unidade 4 estará focada no aparelho cardiorrespiratório, tendo em vista sua importân-
cia para a sobrevivência do organismo. Iniciaremos estudando o sistema circulatório, dando
ênfase na constituição morfológica e funcional de seu principal componente, o coração. Em
seguida, estudaremos os vasos responsáveis pela circulação do sangue, as veias e as artérias.
Em seguida, estudaremos o sistema respiratório, desde o nariz até os pulmões, o principal órgão
respiratório. Ao final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de entender não somente as fun-
ções individuais dos dois sistemas, mas sua interdependência, uma vez que o sistema respirató-
rio é o responsável pelas trocas gasosas e o sistema circulatório por transportar os nutrientes e
os gases (oxigênio e gás carbônico) até as células. Esses dois sistemas são vitais e a importância
de seu conhecimento para a Educação Física é obvio quando pensamos nos objetivos principais
dessa profissão, que é a promoção e a manutenção da saúde.
Durante a Unidade 5, estudaremos o sistema digestório com seus órgãos constituintes,
relacionando sua estrutura e função, que é a obtenção dos nutrientes pelos alimentos. Dentre
esses nutrientes, podemos citar os lipídios, as proteínas, os carboidratos e a água, cujas funções
você já estudou em Biologia Humana.
© Caderno de Referência de Conteúdo 9
Abordagem Geral
Neste tópico, apresentamos uma visão geral do que será estudado neste Caderno de Refe-
rência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo
de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada
unidade. No entanto, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessá-
rio a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida - científica e cul-
tural - para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva,
ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e
dos princípios básicos que fundamentam este Caderno de Referência de Conteúdo.
Assim como o estudo de Biologia Humana, o estudo da Anatomia Humana Geral é impor-
tante para a formação do professor de Educação Física. É por meio desses conhecimentos que
o educador físico poderá definir os tipos mais adequados de atividades tanto para as crianças
saudáveis quanto para aquelas que apresentarem algum tipo de disfunção ou até mesmo limi-
tações físicas. Nas seis unidades que compõem este material, você encontrará todo o conteúdo
necessário para que você tenha uma visão crítica dos sistemas que compõem o corpo humano,
aumentando sua competência profissional e garantindo uma formação mais completa e com
êxito em sua profissão.
Nesta Abordagem Geral sobre o conteúdo do Caderno de Referência de Conteúdo Anato-
mia Humana Geral, iniciaremos com a introdução ao estudo da Anatomia Humana, apresentan-
do um breve relato histórico sobre o estudo anatômico do corpo humano e seu impacto para as
ciências da saúde. Além disso, estudaremos os principais termos e conceitos utilizados em Ana-
tomia, importantes para a padronização e compreensão do Caderno de Referência de Conteúdo.
Estudaremos, também, os sistemas componentes do organismo humano, iniciando com
o aparelho locomotor, composto pelo sistema esquelético, o sistema articular e, por fim, o sis-
tema muscular. Esses sistemas são os responsáveis pela execução dos movimentos humanos,
como a locomoção. Portanto, não fica difícil verificar a importância deste estudo para os profis-
sionais da Educação Física.
superior é constituído pelo braço, antebraço e mão, enquanto o membro inferior é constituído
pela coxa, perna e pé.
A Anatomia é um estudo descritivo e, na tentativa de padronizar a descrição anatômica,
são utilizados alguns conceitos. Inicialmente, estudamos a posição em que devemos estudar
o corpo humano, que é denominada posição de descrição anatômica. Nessa posição, o corpo
deverá estar em pé, em posição bípede, com a cabeça e os olhos voltados para frente, com os
membros superiores ao lado do corpo e as palmas das mãos para frente, os membros inferiores
unidos e os pés também dirigidos para frente. O corpo poderá estar deitado sobre uma mesa.
A partir da posição anatômica, o estudo da Anatomia segue-se utilizando os planos de
delimitação, os planos de secção e os eixos, no qual os movimentos acontecem.
Os planos de delimitação, como o próprio nome diz, delimitam o corpo humano como se
estivesse dentro de uma caixa. Sendo assim, temos: dois planos verticais, o plano anterior ou
ventral e o plano posterior ou dorsal; dois planos laterais, direito e esquerdo; e dois planos hori-
zontais, o plano superior, que está acima da cabeça, e o plano inferior, que está abaixo dos pés.
Os planos de secção são importantes para se orientar a dissecação, que é a base da Ana-
tomia. Portanto, esses planos cortam o corpo humano em partes, tendo o plano de secção
mediano, que divide o corpo humano em duas metades iguais: a metade direita e a metade
esquerda. Paralelamente ao plano mediano, há o plano de secção sagital. Verticalmente, existe
o plano de secção frontal ou coronal, que divide o corpo em parte anterior e posterior. O corpo
humano também pode ser divido em metade superior e inferior pelo plano de secção transver-
sal ou horizontal.
Esses planos também são considerados na hora de analisar os movimentos corporais. Mas,
para uma melhor análise dos movimentos, precisamos determinar o eixo em torno do qual ele
está ocorrendo; sendo assim, descrevem-se três eixos perpendiculares ao plano de execução
do movimento: o eixo vertical, que atravessa o plano de secção transversal; o eixo sagital, que
atravessa o plano de secção frontal; e, finalmente, o eixo transversal, que atravessa o plano de
secção sagital.
Como você deve ter percebido, o estudo anatômico não é tão simples.
Vale ressaltar, ainda, alguns termos de posição e comparação do corpo humano que des-
crevem a localização e a relação das partes do corpo. Os termos mais utilizados são: “medial”,
para aquilo que está mais próximo do plano mediano; “lateral”, para o que está mais distante; e
“intermédio”, que é o que está entre o medial e lateral. Existem, também, os termos “anterior”
ou “ventral”; “posterior” ou “dorsal”; “superior” e “inferior”. Nos membros, por exemplo, são
utilizados os termos “proximal”, para o que está mais próximo da raiz do membro, e “distal”,
para o mais distante.
Agora, falaremos do aparelho motor, constituído pelos sistemas esquelético, articular e
muscular.
O sistema esquelético e o articular, embora sejam os responsáveis pela conformação e
sustentação do corpo humano, são considerados os elementos passivos do movimento, ou seja,
permanecem imóveis, necessitando dos músculos para que os movimentos ocorram. Os múscu-
los, portanto, são os elementos ativos do movimento.
O sistema esquelético é formado por 206 ossos, que compõem o corpo humano adulto.
Os ossos são os elementos mais rígidos e resistentes do corpo humano, com múltiplas funções,
tais como:
1) proteção dos órgãos vitais, como encéfalo, pulmão, coração, medula espinhal e me-
dula óssea;
2) sustentação do peso corporal;
3) conformação do corpo humano;
4) armazenamento de Cálcio e outros íons;
5) suporte de tecidos moles, como os músculos e os ligamentos;
1) produção de certas células sanguíneas, conhecida por hematopoiese.
Os ossos são revestidos por uma membrana conjuntiva conhecida por periósteo, com ex-
ceção da superfície articular, que é revestida pela cartilagem articular. O periósteo é importante
para a nutrição e é fonte de osteoblastos, fundamentais para o crescimento e reparo ósseo após
fraturas.
O esqueleto humano é divido em duas partes: o esqueleto axial e o esqueleto apendicu-
lar. O esqueleto axial forma o eixo do corpo humano e é composto pelos ossos do crânio, pela
caixa torácica e pela coluna vertebral. Já o apendicular é a parte apensa e livre do esqueleto,
formado pelos ossos do membro superior e do membro inferior. O esqueleto apendicular está
ligado ao esqueleto axial pela cintura escapular e pela cintura pélvica.
Além dessa divisão que pode classificar o osso quanto à sua localização, os ossos podem
ser classificados de acordo com sua forma; podem ser longos, curtos, laminares e irregulares. Al-
guns ossos apresentam características peculiares, recebendo uma classificação especial, como:
pneumáticos e sesamoides.
O crânio é formado por 22 ossos, sendo dividido em crânio neural e crânio visceral.
A cavidade torácica é formada pelas 12 vértebras torácicas, 12 pares de costelas e pelo
esterno. A coluna vertebral é porção mediana posterior do tronco, com a função de proteger a
medula espinhal, permitir a posição ereta e os movimentos do tronco. É formada por 33 vérte-
bras, divididas em cervicais, torácicas, lombares, sacro e cóccix.
O membro superior é composto pelo úmero, rádio, ulna, ossos do carpo, metacarpos e
falanges, e está preso ao tronco por meio da cintura escapular, formada pela escápula e claví-
cula.
O membro inferior, por sua vez, é formado por fêmur, tíbia, fíbula, ossos do tarso, meta-
tarso e falanges, estando também preso ao tronco, só que pela cintura pélvica formada pelos
ossos dos quadris.
Quanta coisa, não é mesmo? Mas ainda não terminamos e passaremos agora a estudar o
sistema articular.
O sistema articular é formado pelo conjunto de articulações cuja função é conectar os
ossos, permitindo ou não a mobilidade. Essa mobilidade dependerá do tipo de elemento inter-
posto entre os ossos que se articulam, que poderá ser um tecido fibroso, uma cartilagem ou o
líquido sinovial. Portanto, existem três tipos de articulações: as fibrosas, as cartilagíneas e as
sinoviais. Nas articulações fibrosas, a conexão entre os ossos é feita por um tecido conjuntivo
fibroso, com mobilidade extremamente reduzida, sendo o tipo de união mais comum entre os
ossos do crânio. Nas articulações cartilagíneas, o elemento que faz a conexão entre os ossos
é uma cartilagem e pode permitir uma pequena mobilidade, tendo como exemplo os discos
intervertebrais. E, por fim, as que mais nos interessam, as articulações sinoviais, com muita mo-
bilidade, sendo, portanto, as responsáveis pelos movimentos humanos.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13
átrios são separados dos ventrículos pelos septos atrioventriculares direito e esquerdo, que
apresentam orifícios, denominados óstios atrioventriculares, por onde o sangue passa do átrio
para o ventrículo. Nesses óstios, existem as valvas, que impedem o refluxo de sangue do ven-
trículo para o átrio durante a contração ventricular conhecida por sístole. Assim, temos a valva
tricúspide à direita e a valva mitral ou bicúspide à esquerda. O músculo cardíaco é chamado de
miocárdio e dele projetam-se feixes musculares em forma de pilares denominados músculos
papilares, que fixam as cordas tendíneas, que se prendem às margens das valvas, cuja função é
impedir o refluxo dessas valvas.
O coração recebe o sangue venoso de todo o corpo pela veia cava superior e veia cava
inferior, que desembocam no átrio direito, de onde o sangue passa para ventrículo direito. Do
ventrículo direito, o sangue é impulsionado para os pulmões durante a sístole, através do tronco
pulmonar, que se divide em duas artérias pulmonares, direita e esquerda. O sangue, depois de
ser oxigenado, retorna ao coração por meio das veias pulmonares, que desembocam no átrio
esquerdo e passa para o ventrículo esquerdo. Na sístole, o sangue do ventrículo esquerdo é
ejetado para todo o organismo pela artéria aorta, que vai se dividindo sucessivamente até os
capilares, onde ocorrem as trocas, e o sangue passa para veias que vão se confluindo até as veias
cavas superior e inferior, fechando, assim, o ciclo. No Caderno de Referência de Conteúdo, você
encontrará as principais veias e artérias que fazem a circulação sanguínea do corpo humano;
vale à pena conferi-las.
Durante uma atividade física, o aparelho cardiorrespiratório aumenta o seu trabalho para
levar maior quantidade de oxigênio e nutrientes até os músculos esqueléticos e o cardíaco.
Para isso, o sistema respiratório deverá absorver maior quantidade de O2, aumentando a fre-
quência respiratória. Ao mesmo tempo, o coração aumenta seus batimentos com o objetivo de
aumentar a circulação sanguínea. Com isso, não temos mais dúvidas de que esse conhecimento
é fundamental para a formação do professor de Educação Física, uma vez que ele tem papel
fundamental na orientação de atividades físicas para a manutenção da integridade e do condi-
cionamento físico dos indivíduos.
Mas nem só de oxigênio vivem as células; é preciso haver, também, os nutrientes para seu
metabolismo. O oxigênio é conseguido pelo sistema respiratório; e os nutrientes?
Para a ingestão de alimentos, existe um sistema, conhecido por sistema digestório, capaz
de realizar reações químicas, transformando os alimentos para que possam ser absorvidos. O
sistema digestório é composto por um conjunto de órgãos que formam um tubo muscular liso,
o canal alimentar, e, também, por órgãos anexos a esse canal, como o fígado, o pâncreas e as
glândulas salivares. O canal alimentar começa na boca e na cavidade da boca, onde as glândulas
salivares secretam a saliva que contém a enzima amilase, cuja função é iniciar o processo de
digestão dos carboidratos. Em seguida, o bolo alimentar passa pelas porções oral e laríngea da
faringe e segue pelo esôfago até o estômago, onde ficará por algum tempo para ser transfor-
mado pelas enzimas digestivas em um líquido pastoso chamado quimo. O quimo passa para a
primeira porção do intestino delgado, o duodeno, em que o processo de digestão é finalizado e,
assim, é iniciada a absorção dos nutrientes. Ele segue pelas outras partes do intestino delgado, o
jejuno-íleo, que termina no ceco, primeira parte do intestino grosso. O ceco continua com o colo
ascendente, que, após a flexura cólica direita, continua com o colo transverso que novamente se
flete na flexura cólica esquerda continuando no colo descendente. O colo descendente termina
no colo sigmoide, que, após curto trajeto na pelve, continua no reto, no qual os resíduos da di-
gestão são eliminados pelas fezes pelo ânus.
O fígado é a maior glândula do corpo humano que participa da metabolização das pro-
O estímulo sensitivo é captado pelo receptor e é enviado pelos neurônios sensitivos até a
medula espinhal e de lá para o encéfalo, onde as áreas se conectam para processar o estímulo
e gerar uma resposta apropriada. Essa resposta será conduzida pelas vias motoras até a medula
espinhal, de onde partem os neurônios motores até o órgão efetuador.
Terminamos por aqui a Abordagem Geral e desejamos profundamente que os conteúdos
aqui tratados contribuam para sua formação profissional. Esperamos que você tenha acompa-
nhado as discussões com relação à importância deste estudo para a formação de um professor
de Educação Física e que a compreensão da constituição anatômica do corpo humano possibili-
te uma reflexão sobre o papel e a importância dessa área na manutenção da saúde, auxiliando-o
na sua futura profissão. Tenha sempre em mente que seu objeto de trabalho é o corpo humano;
portanto, a compreensão de sua constituição e funcionamento é importante para a prática de
uma atividade física segura e que permita a manutenção e o desenvolvimento corporal.
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições con-
ceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área
de conhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de Conteúdo Anatomia Humana
Geral. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos deste Caderno de Referência de Con-
teúdo:
1) Anatomia Humana: ciência que estuda a composição macroscópica e a organização
do corpo humano.
2) Aponeuroses: são as fixações musculares em forma de leque, de cor esbranquiçada
ou amarelada. São finas e delgadas, porém muito resistentes. São constituídas por
tecido conjuntivo denso, composto principalmente por fibras colágenas.
3) Artrologia: é a parte da Anatomia que estuda as articulações.
4) Coanas: são a abertura nasal posterior, que delimita a cavidade nasal da parte nasal
da faringe.
5) Endomísio: é uma camada de tecido conjuntivo que encobre uma fibra muscular e é
composta principalmente de fibras reticulares.
6) Epimísio: é uma camada de tecido conjuntivo que envolve todo o músculo.
7) Esqueleto axial: é a parte do esqueleto que forma o eixo do corpo humano, composto
pelo crânio, pela coluna vertebral, pelas costelas e pelo esterno.
8) Esqueleto apendicular: é a parte do esqueleto formada pelos ossos do membro supe-
rior e do membro inferior.
9) Expiração: é a fase da respiração na qual ocorre a saída do ar.
10) Inspiração: é a fase da respiração em que ocorre a entrada do ar.
11) Mediastino: é o espaço entre as regiões pulmonares que se estende da abertura to-
rácica superior até o diafragma, e contém o coração, as partes torácicas dos grandes
vasos, as partes torácicas do timo.
12) Miologia: é parte da Anatomia que estuda os músculos.
13) Neuroanatomia: é o ramo da Anatomia que estuda o sistema nervoso e todas suas
subdivisões.
14) Periósteo: membrana fibrosa que recobre os ossos e que contém os vasos sanguíneos
e nervos que fornecem, respectivamente, alimentos e sensibilidade aos ossos.
15) Perimísio: é uma membrana fibroelástica formada por fibras colágenas e elásticas,
cuja função é envolver o ventre muscular para proteger e manter as fibras organizadas
e para potencializar a ação muscular.
16) Peristaltismo: são contrações musculares rítmicas e coordenadas que ocorrem auto-
maticamente para movimentar os líquidos de um local para outro do organismo.
17) Placa motora: região de contato entre os neurônios e as fibras musculares, também
conhecida por junção neuromuscular.
18) Posição anatômica: posicionamento universal do corpo humano para a descrição das
partes que compõem o corpo humano.
19) Quimo: é um líquido pastoso que chega ao intestino delgado após os processos diges-
tivos das enzimas do estômago no bolo alimentar.
20) Sarcômero: é a unidade funcional, contrátil, dos músculos estriados, composto pelas
proteínas contráteis actina, miosina, troponina e tropomiosina.
21) Valvas cardíacas: são estruturas formadas basicamente por tecido conjuntivo locali-
zadas entre os átrios e ventrículos, e também nas saídas da artéria aorta e do tronco
pulmonar.
Posição de descrição
Boca, cavidade bucal, anatômica
Músculo estriado
faringe, esôfago,
Planos e eixos esquelético: ventre,
estômago, intestino
tendões ou aponeuroses
delgado, intestino grosso,
Através – origem e inserção
ânus, fígado e pâncreas
Constituição e organização
Composição macroscópica do corpo humano Estruturas
Sistema
Estuda
Sistema
digestório Muscular
ANATOMIA
Aparelho
HUMANA Aparelho
Locomotor Cardiovascular
Sistema Sistema Sistema Sistema
esquelético: articular: circultório respiratório
ossos articulações
Composição Composição
Funções Funções
Proteção, Conectar os ossos, Coração, artérias, Nariz, cavidade
Sustentação, permitindo ou não veias e sangue nasal, faringe,
conformação, a mobilidade laringe, traquéia,
armazenamento brônquios,
de íons, Tipos bronquíolos,
hematopoiese alvéolos e
Fibrosa, pulmões
cartilaginosa e
Neuroanatomia
sinovial
Sistema nervoso Divisões
Sistema nervoso
central autônomo
Sistema nervoso
periférico
Cérebro, cerebelo, tronco Sistema nervoso
encefálico e medula simpático e
espinhal Nervos espinhais e cranianos parassimpático
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Anatomia Humana Geral.
Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como dissemos anteriormente, uma
visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar en-
tre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendi-
zagem. Por exemplo, o conceito de Anatomia Humana implica conhecer a composição estrutural
do corpo humano, por meio do estudo dos órgãos componentes dos diversos sistemas orgâni-
cos e como esses sistemas se correlacionam para manter a homeostase, fator importante para a
nossa sobrevivência. Esse domínio conceitual o ajudará a compreender as interações dinâmicas
entre os vários órgãos e sistemas para o funcionamento do organismo humano, que será com-
pletado com o estudo de Fisiologia Humana Geral e Aplicada. Além disso, conhecer a Anatomia
Humana permite aos professores de Educação Física Escolar trabalhar de forma adequada e
segura, a fim de contribuir para o desenvolvimento de todos os sistemas e, consequentemente,
melhorar a qualidade de vida das crianças e adolescentes.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se
somar àqueles disponíveis no ambiente virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem
como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no
polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu
próprio conhecimento.
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os con-
teúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dis-
sertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do
ensino de Educação Física Escolar pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. As-
sim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparan-
do para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de
você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta. Por
sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos
ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas
obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há
nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com
seus colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só
a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de
emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-
-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido
percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade.
© Caderno de Referência de Conteúdo 21
Você, como aluno do Curso de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma formação
conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o
seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de
Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de
produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Co-
teje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às
videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são im-
portantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram
significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses pro-
cedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é partici-
par, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de
Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
1. OBJETIVOS
• Conhecer a breve história da Anatomia.
• Definir Anatomia.
• Identificar os principais conceitos anatômicos para a compreensão do seu estudo.
• Compreender os planos e eixos utilizados no estudo anatômico.
2. CONTEÚDOS
• Breve histórico sobre o estudo em Anatomia.
• Conceituação de Anatomia e nomenclatura anatômica.
• Posição de descrição anatômica.
• Constituição e divisão do corpo humano.
• Planos de delimitação, planos de secção e eixos de movimentos do corpo humano.
• Sistemas orgânicos.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Prezado aluno, iniciaremos nosso estudo de Anatomia Humana Geral fazendo a conceitu-
ação e uma breve apresentação de alguns aspectos históricos interessantes sobre o estudo do
corpo humano, bem como de seus principais pesquisadores, os quais foram fundamentais para
o desenvolvimento dessa ciência. Em seguida, faremos uma explicação rápida sobre os níveis
organizacionais desde a Biologia Celular até a constituição dos diversos sistemas que compõem
o organismo humano.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de reconhecer, compreender e
analisar os principais conceitos utilizados em Anatomia Humana, bem como perceba a impor-
tância dessa ciência para a compreensão do funcionamento do organismo.
Que este estudo seja estimulante! Bom trabalho!
Oração do Cadáver–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi
Sobre o cadáver desconhecido,
Lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas,
Cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o agasalhou.
Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens.
Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e
Sentiu saudades dos outros que partiram.
Agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer,
Sem que tivesse uma só prece.
Seu nome, só Deus sabe.
Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade.
A humanidade que por ele passou indiferente (ROKITANSKY, 1876,)
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 25
Depois de você ter estudado Biologia Humana, ficou claro que o corpo humano é cons-
tituído basicamente por células, que se organizam com outras células de mesma função para
formarem os tecidos corporais (epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso). Esses tecidos, por sua
vez, reúnem-se para formarem os órgãos, que se organizam com outros órgãos de mesma ori-
gem e com funções integradas, formando os diversos sistemas que compõem o corpo humano.
Podemos enumerar esses sistemas em:
1) Sistema esquelético: formado pelos ossos, que constituem o esqueleto humano.
2) Sistema articular: formado pelas conexões entre os ossos, que permitem, ou não, os
movimentos.
3) Sistema muscular: composto pelos músculos responsáveis pelos movimentos corpo-
rais.
4) Sistema circulatório e linfático: formado pelo coração e vasos (artérias e veias) con-
dutores do sangue.
5) Sistema respiratório: formado pelos pulmões e vias respiratórias, responsáveis pelas
trocas gasosas (oxigênio e gás carbônico) entre o organismo e o meio ambiente.
6) Sistema digestório: formado por um conjunto de órgãos que se inicia na boca e termi-
na no ânus e por glândulas anexas (fígado, pâncreas, e glândulas salivares), responsá-
veis pela condução, digestão e absorção dos nutrientes necessários ao metabolismo
celular.
7) Sistema nervoso: sistema complexo e altamente sofisticado, constituído pelo cérebro,
cerebelo, tronco encefálico, medula espinhal e nervos, capazes de captar, conduzir,
interpretar os estímulos do meio ambiente e do próprio organismo e de produzir uma
resposta.
8) Sistema genital: constituído por um conjunto de órgãos distintos entre os sexos femi-
nino e masculino, porém com a mesma função: a de reprodução.
Alguns desses sistemas, com funções, localização ou desenvolvimento semelhantes, po-
dem se reunir para constituir um aparelho. Assim, temos: o aparelho locomotor (constituído
pelos sistemas esquelético, articular e muscular), o aparelho cardiorrespiratório (constituído
pelos sistemas respiratório e circulatório) e o aparelho urogenital feminino e masculino (cons-
tituído pelo sistema urinário e pelos genitais feminino e masculino). Observe todos esses níveis
de organização na Figura 1.
Figura 1 Níveis de organização do corpo humano, desde os átomos até a formação dos sistemas.
Então, baseados em tudo o que falamos até agora, como podemos definir Anatomia?
“Anatomia” é originária da palavra grega ”anatome”, que significa “cortar em partes”
(“ana” = “partes” ou “através de”, e “tome” = “corte”), o mesmo que “dissecar”, em português.
Por definição, a Anatomia é a ciência que estuda macroscopicamente a constituição e a organi-
zação dos seres vivos. Dessa maneira, podemos relatar várias formas de estudos em Anatomia,
tais como Anatomia Humana, Anatomia Vegetal e Anatomia Comparada, a qual faz uma com-
paração estrutural entre os diferentes animais e os vegetais para estabelecer relações e explicar
vários aspectos da evolução.
Quando estudamos Anatomia, devemos ter em mente os aspectos micro e macroscópicos
da constituição corporal, isto é, a citologia e a histologia, porque todas essas ciências, embora
se constituam em especializações, são inter-relacionadas e imprescindíveis para a sobrevivência
do organismo humano.
Afinal de contas, quando será que surgiu a Anatomia?
Bem, essa não é uma pergunta muito fácil de responder, tendo em vista que a Anatomia é
considerada a mais antiga da medicina, datando de 500 anos a.C., praticada por Alcméon, que
realizava dissecações em animais. Cabe lembrar que a importância da Anatomia para a medicina
é tão grande que alguns anatomistas, na era antes de Cristo, eram considerados médicos por
seus conhecimentos aprofundados do corpo humano.
Os maiores anatomistas da história foram os egípcios, que sempre demonstraram verda-
deiro fascínio pelo corpo humano um exemplo disso são as técnicas de mumificação dos cadá-
veres. Alguns cientistas afirmam, porém, que, na verdade, o interesse pelo estudo do corpo hu-
mano vem desde a pré-história, porque foram encontrados diversos desenhos em cavernas que
poderiam representar corpos animais e humanos. Há, ainda, os nomes de Aristóteles, Herófilos,
Erasístrato e Hipócrates, entre outros, como exemplos de gregos que estudavam Anatomia.
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 27
No início, o estudo anatômico era feito às escondidas por razões religiosas, pois, naquela
época, o corpo humano era considerado intocável. Assim,
Gáleno, no século 2º d.C., dissecava animais (como porcos
e macacos) e fazia alusões ao corpo humano. É claro que
muitos erros foram cometidos, porém suas descobertas fo-
ram importantes para o avanço da Anatomia. Já no século
16, mais precisamente em 1539, Andrés Vesálio (1514-
1564), um médico e anatomista belga, fez inúmeras disse-
cações em corpos humanos e reproduziu-as perfeitamente
em sua obra De humani Corporis fabrica, publicada quatro
anos depois, em 1543, o que lhe proporcionou o título de
pai da Anatomia moderna (Figura 2).
Não podemos deixar de falar dos artistas Leonardo
da Vinci (1425-1519) e Michelangelo di Ludovico Buonar-
roti (1475-1564), que retratavam belissimamente o corpo
humano do ponto de vista anatômico. Figura 2 Gravura de Andrés Vesálio (1514-1564).
Leonardo da Vinci dissecou vários cadáveres e fez milhares de ilustrações precisas, das quais
cerca de 750 ainda são preservadas, representando ossos, músculos, vasos e nervos (Figura 3). Suas
ilustrações são muito mais detalhadas do que as de Andrés Vesálio, embora este fosse médico e as
descrevesse com mais cuidado.
Figura 3 Gravura de Leonardo da Vinci e algumas de suas ilustrações sobre o estudo anatômico do ombro e do esqueleto humano.
Figura 4 Gravura de Michelangelo e sua obra "A Criação de Adão" da Capela Sistina.
Os relatos dispostos aqui são apenas uma pequena parcela de toda a discussão a respeito
da história da Anatomia. Por isso, caso você se interesse pelo assunto, sugerimos que acesse os
sites indicados no tópico E-referências.
Com base nesses dados, muitas outras descobertas foram feitas, as quais, com certeza,
são importantes para toda a área da saúde, sobretudo para a medicina. Hoje em dia, por exem-
plo, já é possível estudar anatomia em pessoas vivas, utilizando-se técnicas de imagens como
radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética etc.
Terminologias anatômicas
Depois dessa breve viagem que fizemos pela história da Anatomia, podemos observar que
o corpo humano começou a ser estudado não só por necessidade, mas pelo simples fascínio que
despertava nos homens. Até hoje, esse assunto é de interesse de muitas pessoas e, consequen-
temente, é difundido pelo mundo todo, sendo o seu estudo imprescindível para a área da saúde,
na qual a Educação Física está incluída.
Com toda essa repercussão e graças aos importantes trabalhos anatômicos, as mesmas
estruturas corporais recebiam diferentes denominações, dependendo do centro de estudo (Ale-
manha, Itália, Franca e Inglaterra). Com o objetivo de evitar esse e outros problemas, muitas
tentativas foram feitas para padronizar e criar, assim, uma nomenclatura anatômica internacio-
nal que poderia ser traduzida para cada país. A primeira tentativa ocorreu em 1895, na Basileia,
e foi denominada Basle Nomina Anatomica (B.N.A.). No entanto, muitas atualizações foram
feitas nas décadas seguintes e, em 1955, no Congresso de Anatomia em Paris, uma nova Nomi-
na Anatomica foi aprovada oficialmente e chamada de Paris Nomina Anatomica (P.N.A.). Essas
atualizações foram feitas de cinco em cinco anos até o ano de 1980, quando foi criado o Fede-
rative Commitee on Anatomical Teminology (FCAT), no qual ficou decidido que a nomenclatura
anatômica poderia ser criticada e modificada desde que corretamente justificada e aprovada
em Congressos Internacionais de Anatomia, realizados a cada cinco anos.
A última versão da nomenclatura anatômica, que foi feita em 1999, em Roma (Itália), sen-
do traduzida para o português pela Sociedade Brasileira de Anatomia e publicada em São Paulo
no ano de 2000, é utilizada até o presente momento.
Mas você deve estar se perguntando: o que é nomenclatura anatômica?
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 29
A partir de agora, você já conhece a estrutura geral do corpo humano; por isso, nas unida-
des seguintes, faremos um estudo mais aprofundado dessas partes, reconhecendo os ossos, as
articulações, os músculos e os órgãos presentes em cada uma delas.
Em termos gerais, dizemos que o indivíduo normal é aquele sadio, ou seja, que não apre-
senta nenhuma deformidade ou doença. Já em anatomia, usamos o termo “normal” para desig-
nar o que é mais comum. No entanto, podemos observar algumas diferenças morfológicas na
forma de alguns órgãos, mas sem alterações fisiológicas, isto é, em seu funcionamento; a essas
diferenças, damos o nome de variações anatômicas. Há alguns fatores que proporcionam natu-
ralmente a variação no corpo humano, tais como a idade, o sexo, a etnia e o biótipo (tipo consti-
tucional). É importante que você conheça esses fatores de variação ao realizar seus estudos.
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 31
Se a variação anatômica causar prejuízo funcional, mas o indivíduo sobreviver com essa
variação, nós a chamamos de anomalia, como, por exemplo, a polidactilia (em que há um dedo
a mais na mão ou no pé), o lábio leporino etc. Se a anomalia for muito acentuada, ao ponto de
não haver a possibilidade de sobrevivência do indivíduo, nós a denominamos monstruosidade,
como, por exemplo, a anencefalia (não formação do encéfalo).
Uma vez que você já conhece as partes do corpo e sabe o que pode ser considerado nor-
mal, vamos conhecer alguns conceitos utilizados no estudo anatômico do corpo humano.
6. POSIÇÃO ANATÔMICA
Como dissemos anteriormente, a nomenclatura anatômica foi implantada para que se
pudesse haver uma uniformização do estudo da Anatomia. Portanto, partindo desse princípio, a
posição do corpo humano, para o estudo anatômico, deveria permanecer inalterada, evitando-
se, assim, erros na sua descrição. Dessa forma, foi designada uma posição universal para a des-
crição anatômica, conhecida por posição anatômica.
A posição anatômica descreve o indivíduo (vivo ou cadáver) em posição ereta (em posição
ortostática, em pé ou bípede), com a cabeça e olhos voltados para frente; os membros supe-
riores ao lado do corpo com as palmas das mãos voltadas para frente; e os membros inferiores
unidos e com os pés dirigidos para frente. O cadáver poderá estar deitado sobre a mesa em
decúbito dorsal (dorso em contato com a mesa), decúbito ventral (abdome em contato com a
mesa) ou em decúbito lateral (com o lado do corpo em contato com a mesa), desde que você
sempre se lembre de sua posição anatômica.
Observe a posição anatômica na Figura 6 e lembre-se de que todas as estruturas descritas
nos estudos anatômicos se referem a ela.
3) Planos frontais ou coronais: são os planos verticais que dividem o corpo humano nas
partes anterior e posterior (Figura 8).
4) Planos transversais ou horizontais: são planos que dividem o corpo em partes supe-
rior e inferior (Figura 9).
O corpo humano pode ser seccionado várias vezes pelos planos sagitais, frontais e trans-
versais; porém, há apenas um plano de secção mediano, porque ele é o único que sempre divi-
dirá o corpo em duas metades iguais. Observe, na Figura 10, todos os planos de secção do corpo
humano.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Vamos aproveitar este momento para verificar, por meio de uma autoavaliação, como está
a sua aprendizagem. Tente responder para si mesmo às seguintes questões:
1) Qual a definição de Anatomia?
6) Quais são os principais movimentos do corpo humano, e em qual plano e eixo eles ocorrem?
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta primeira unidade, foi possível perceber que a Anatomia Humana Geral não é muito
simples e que o seu estudo exige o conhecimento de vários conceitos para a correta descrição
da anatomia humana.
Você também pôde descobrir que o fascínio pelo corpo humano começou com os gregos,
séculos antes do nascimento de Cristo, e que, até hoje, a anatomia estimula a curiosidade de
todos. Além disso, devido à sua grande intimidade com a medicina, a Anatomia é imprescindível
para todas as profissões ligadas à área da Saúde, na qual o profissional de Educação Física está
incluído.
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Durante o estudo desta unidade, você pôde compreender, ainda, que a posição anatômica
é o primeiro dos conceitos que deve ficar bem claro, pois é por meio dela que se faz toda a des-
crição da Anatomia. A partir da posição anatômica, é possível conhecer os planos de delimitação
e de secção do corpo humano e os eixos de movimentos.
Por fim, você viu que os termos de posição, relação e comparação do corpo humano são
utilizados para descrever e comparar a posição e a relações entre as diversas estruturas anatô-
micas, com o objetivo de conhecer a constituição e a distribuição das estruturas dentro do corpo
humano.
11. E-REFERÊNCIAS
Lista de Figuras
Figura 1 – Divulgação - Níveis de organização do corpo humano, desde os átomos até a formação dos sistemas. Disponível em:
<http://www.auladeanatomia>. Acesso em: 13 dez. 2010.
Figura 2 – Divulgação - Gravura de Andrés Vesálius. Disponível em: <http://www.nndb.com/people/270/000085015 >. Acesso
em: 13 dez. 2010.
Figura 3 – Divulgação - Gravura de Leonardo da Vinci e algumas de suas ilustrações sobre o estudo anatômico do ombro e do
esqueleto humano. Disponível em: <http://www.passado.com.br/ntc/Default.asp?Cod=94>, <http://iconographos.blogspot.
com/2007/11/estudos-anatmicos-de-leonardo-da-vinci.html> e <http://www.answers.com/topic/leonardo-da-vinci>. Acesso
em: 13 dez. 2010.
Figura 4 – Divulgação - Gravura de Michelangelo e sua obra "A Criação de Adão" da Capela Sistina. Disponível em: <http://
stldesignworld.wordpress.com/2009/03/08/its-the-birthday-of-michelangelo> e <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:God2-
Sistine_Chapel.png>. Acesso em: 13 dez. 20
Figura 6 – Divulgação - Posição de descrição anatômica do corpo humano. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>.
Acesso em: 13 dez. 2010.
Figura 7 – Divulgação - Plano de secção mediano e plano de secção sagital. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.
com>. Acesso em: 13 dez. 2010.
Figura 8 – Divulgação - Plano de secção frontal. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em: 13 dez. 2010.
Figura 9 – Divulgação - Plano de secção transversal. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em: 13 dez.
2010.
Figura 13 - Divulgação - Termo de relação do corpo humano. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em:
13 dez. 2010.
1. OBJETIVOS
• Conhecer os componentes do sistema esquelético.
• Identificar as funções dos ossos.
• Analisar as funções dos principais componentes do sistema articular.
• Classificar os ossos e as principais articulações do corpo humano.
• Compreender a importância do sistema esquelético e articular para a locomoção hu-
mana.
2. CONTEÚDOS
• Sistema esquelético: componentes e funções.
• Principais ossos do corpo humano.
• Sistema articular: componentes e funções.
• Principais articulações do corpo humano.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na primeira unidade, você teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre a história da
Anatomia, assim como seus principais pesquisadores e sua evolução ao longo dos séculos. Além
disso, foi feita uma explanação dos principais termos utilizados em Anatomia, cuja função é pa-
dronizar o seu estudo. Dentre os termos estudados, destacamos a posição anatômica, os planos
de delimitação e secção e os eixos do corpo humano. Voltamos a salientar a importância desses
termos, pois, caso você tenha ficado com dúvida, deverá estudar novamente a unidade anterior,
ler a bibliografia e conversar com seu tutor antes de prosseguir seus estudos.
Dando continuidade ao nosso estudo sobre o corpo humano, vamos, agora, conhecer o
aparelho locomotor, formado pelo sistema esquelético e articular, cuja função é permitir os mo-
vimentos corporais, incluindo a locomoção (marcha).
Inicialmente, será feito um estudo sobre os ossos, denominado Osteologia, analisando a
sua composição, as suas funções, as suas classificações e os nomes dos principais ossos do corpo
humano. Em seguida, estudaremos o sistema articular, denominado Artrologia, no qual vere-
mos sua composição, suas funções e seus tipos articulares (sobretudo o tipo sinovial), assim
como a classificação das principais articulações do corpo humano.
De modo geral, podemos dizer que o aparelho locomotor é o responsável pela locomoção
e, também, pela proteção do indivíduo contra agressores externos, de forma que seu conheci-
mento é importante na prática de atividades físicas seguras.
Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de reconhecer as principais carac-
terísticas do aparelho locomotor, sobretudo os nomes dos principais ossos e articulações do cor-
po humano, favorecendo sua compreensão dos movimentos corporais e, consequentemente, as
aplicações desse conhecimento à sua prática profissional.
Desejamos a você êxito nos estudos!
© Aparelho Locomotor 43
5. SISTEMA ESQUELÉTICO
Como definimos anteriormente, Osteologia é a parte da Anatomia que estuda todas as
características dos ossos, como suas estruturas e funções. A união desses ossos forma o esque-
leto, que, no caso dos seres humanos, é interno, sendo denominado endoesqueleto.
Os ossos são constituídos pelo tecido ósseo, um tipo de tecido conjuntivo especializado,
formado por células (células osteoprogenitoras, osteócitos, osteoblastos e osteoclastos), fibras
colágenas e uma matriz extracelular calcificada. As fibras colágenas (parte orgânica da matriz) con-
ferem sua resistência e elasticidade, enquanto os íons cálcio e fosfato são responsáveis pela rigidez
característica dos ossos. Portanto, são considerados os elementos mais rígidos e resistentes do
corpo humano; por esse motivo, são atribuídas aos ossos importantes algumas funções, como:
1) Proteção de órgãos vitais, como coração, pulmão e sistema nervoso central (encéfalo
e medula espinhal).
2) Armazenamento de íons e minerais (cálcio e fosfato).
3) Sustentação do corpo humano (apoio).
4) Conformação do corpo humano.
5) Base mecânica dos movimentos corporais, servindo de suporte para tecidos moles
(músculos e ligamentos), ampliando a força das contrações musculares.
6) Produção de certas células sanguíneas, continuamente (hematopoiese).
Você estudou em Biologia Humana que os ossos podem ser formados por dois tipos de pro-
cessos de ossificação: a ossificação intramembranosa e a endocondral. Os ossos do crânio são for-
mados pela ossificação intramembranosa, e o restante, pela ossificação endocondral. A ossificação
endocondral ocorre através de um molde de cartilagem hialina e depende de uma ossificação intra-
membranosa prévia (Figura 1).
Esses ossos formados são revestidos por uma membrana de tecido conjuntivo denomi-
nada periósteo, que reveste as superfícies interna e externa dos ossos e possui dois folhetos,
um superficial, fibroso e resistente, e outro profundo, em íntimo contato com tecido ósseo,
denominado endósteo (Figura 2). Somente as superfícies articulares não são revestidas pelo
periósteo, mas, sim, pela cartilagem articular, cuja função é proteger as superfícies ósseas que
se articulam.
As importantes funções do periósteo e do endósteo são a de nutrição óssea e a de servir de
fonte de osteoblasto. O endósteo também possui células osteoprogenitoras, importantes para a
manutenção e o reparo ósseo. Portanto, o periósteo e o endósteo são fundamentais para o cresci-
mento ósseo durante o desenvolvimento do corpo humano e para o reparo ósseo após fraturas.
Embora o tecido ósseo seja composto pelos mesmos componentes, a maneira como as
lâminas ósseas são dispostas e o tamanho dos espaços entre elas determinam dois tipos de
substância óssea: a substância óssea compacta e a substância óssea esponjosa. Todas elas po-
dem ser observadas macroscopicamente.
Na substância óssea compacta, as lâminas do tecido ósseo estão bem unidas, sem espaços
entre elas; por isso, são mais rígidas e densas e, portanto, suportam mais peso. Já na substância
óssea esponjosa, as lâminas ósseas são mais irregulares em sua forma e tamanho e apresentam
muitos espaços entre si ou lacunas, assemelhando-se às esponjosas.
Devido às suas características mecânicas, a substância óssea compacta é encontrada no
corpo dos ossos longos, enquanto a substância óssea esponjosa é encontrada nas extremidades
e ao redor do canal medular (medula óssea). Observe, na Figura 2, as características dos dois
tipos de substâncias ósseas.
Figura 2 Desenho esquemático representando a substância óssea compacta, a substância óssea esponjosa e o periósteo.
6. DIVISÃO DO ESQUELETO
O esqueleto humano é formado por 206 ossos, divididos em duas partes: o esqueleto
axial e o esqueleto apendicular (Figura 3). Veja cada um deles mais detalhadamente, a seguir:
• Esqueleto axial: forma o eixo do corpo humano, isto é, a sua porção mediana, e é com-
posto pelos ossos do crânio, da cavidade torácica e da coluna vertebral, os quais serão
estudados mais adiante nesta unidade.
• Esqueleto apendicular: é a parte livre, apensa, formada pelos ossos dos membros su-
periores e dos membros inferiores. Está unido ao esqueleto axial pela cintura escapu-
lar, que une o membro superior ao tronco, e pela cintura pélvica, que une o membro
inferior à pelve. A cintura escapular é formada pela escápula e clavícula, e a cintura
pélvica pelos ossos dos quadris e sacro.
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Figura 3 Representação do esqueleto axial (em azul), esqueleto apendicular (em bege) e as cinturas escapular e pélvica, em vista
anterior (a) e posterior (b).
4) Osso irregular: é aquele cuja forma não se encaixa em nenhuma das descrições ante-
riores, apresentando uma estrutura complexa sem forma definida. As vértebras (Figu-
ra 7) e o osso temporal (crânio) são seus exemplos típicos.
Existem ossos que trazem algumas características peculiares e, por isso, apresentam uma
classificação especial, como:
5) Ossos pneumáticos: são aqueles que apresentam cavidades no seu corpo contendo ar
e revestidas de mucosa; são denominados seios ou sinos. Os sinos ou seios paranasais
estão sujeitos à inflamação de sua parede mucosa; a essa inflamação dá-se o nome
de sinusite. Os ossos do crânio que circundam a cavidade nasal, como a maxila, o et-
moide, o esfenoide e o frontal (Figura 8). Esses seios ou sinos seios paranasais serão
estudados na Unidade
Crânio
O crânio é composto por 22 ossos que se articulam entre si por tipos de junturas que não
permitem movimentos (suturas).
As funções dos ossos do crânio são a de proteger o encéfalo, a de permitir a passagem de
ar e de alimentos, a de sustentar os dentes e a de permitir a mastigação.
O crânio é dividido em duas partes: crânio neural e crânio visceral ou face:
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• O crânio neural é composto por oito ossos que formam a cavidade craniana, que abriga
e protege o encéfalo. Os ossos são: frontal (1), parietal (2), temporal (2), occipital (1),
esfenoide (1) e etmoide (1) (Figura 10).
• O crânio visceral é composto por 14 ossos que formam o esqueleto da face e estão
relacionados com o sistema digestório (cavidade bucal) e sistema respiratório (cavida-
de nasal). Os ossos são: mandíbula (1), maxila (2), zigomático (2), nasal (2), vômer (1),
lacrimal (2), concha nasal inferior (2) e palatino (2) (Figura 10).
Cavidade torácica
É o esqueleto do tórax, constituído pelas costelas e cartilagens costais, vértebras torácicas
e esterno, cujas funções são proteger o coração, os pulmões, o esôfago e os grandes vasos (ar-
térias e veias) e permitir os movimentos respiratórios.
Posteriormente, a cavidade torácica é constituída pelas 12 vértebras torácicas (VT) com
seus discos intervertebrais e pelos 12 pares de costelas, que se curvam lateral, inferior e ante-
riormente para se articular com as cartilagens costais. Essas cartilagens, além de prolongar as
costelas, também aumentam a elasticidade da cavidade torácica e articulam-se com o esterno
para fechar a cavidade anteriormente.
Os 12 pares de costelas são divididos em três tipos. As sete primeiras (do 1º ao 7º par de
costelas) são denominadas costelas verdadeiras porque estão fixadas ao esterno diretamente
por suas próprias cartilagens costais. Da oitava à décima costela (do 8º ao 10º par de costelas)
são chamadas de costelas falsas, pois suas conexões com o esterno ocorrem indiretamente, ou
seja, suas cartilagens costais unem-se com a 7ª cartilagem costal para se fixarem ao esterno. As
duas últimas costelas (11º e 12º pares de costelas) são denominadas costelas flutuantes, pois
suas cartilagens costais não se conectam com o esterno, terminando entre os músculos abdo-
minais.
O esterno é um osso ímpar localizado na porção mediana da parede anterior do tórax.
Possui três partes: manúbrio, corpo e processo xifoide. O manúbrio é a sua porção superior,
triangular, que se articula com a clavícula, com a 1ª costela e com o corpo do esterno inferior-
mente.
A junção do manúbrio com o corpo forma o ângulo esternal, palpável em vivo, e é um im-
portante ponto de referência clínica, pois marca o ponto de união da 2ª costela com o esterno
e local onde ocorre a bifurcação da traqueia e o ponto mais elevado do arco aórtico. É no corpo
do esterno que as cartilagens costais (da 1ª à 7ª) se fixam.
O processo xifoide é o elemento mais inferior do esterno. É um ponto importante para a
realização das manobras de ressuscitação cardiorrespiratória (massagem cardíaca) em casos de
parada cardiorrespiratória. É importante saber que o local correto da manobra cardiorrespira-
tória é obtido palpando-se o último arco costal em sentido medial, até sua inserção no esterno,
limite entre o corpo do esterno e o apêndice xifoide.
Você poderá observar todos esses ossos na Figura 11.
Coluna vertebral
A coluna vertebral é a porção mediana posterior do tronco, formando o eixo ósseo do
corpo humano, que, além de proteger e alojar a medula espinhal, também é fundamental para
o suporte do peso corporal e para a sua transmissão para os membros inferiores, permitindo a
nossa posição ereta e a mobilização do tronco e do pescoço.
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É constituída por 33 vértebras, divididas por regiões em: sete vértebras cervicais (VC), 12
torácicas (VT), cinco lombares (VL), cinco sacrais, que se unem para formar o sacro, e quatro
coccígeas, que também se fundem para formar um osso rudimentar chamado cóccix (Figura 12).
O cóccix, nos seres humanos, é bastante rudimentar e não apresenta nenhuma função impor-
tante. Porém, acredita-se que seja um vestígio de cauda.
As vértebras possuem uma estrutura básica comum, contendo um corpo vertebral anterior e
um arco vertebral posterior. O arco vertebral é constituído por um processo espinhoso (posterior)
e por dois processos transversos (laterais), que delimitam um espaço chamado de canal vertebral,
onde a medula está alojada. Há, também, dois processos articulares superiores e dois inferiores, que
permitem a articulação entre as vértebras (Figura 13).
O corpo vertebral é sua porção anterior, onde o peso corporal é suportado; por isso, ele
aumenta de volume da coluna cervical para a lombar.
Além dessa estrutura básica, as vértebras possuem características particulares para cada
região de acordo com sua funcionalidade. Porém, neste Caderno de Referência de Conteúdo,
não serão abordadas essas características de cada região, por tratar-se de um assunto muito
específico; contudo, caso tenha interesse, você poderá fazer a leitura das bibliografias sugeridas.
9. SISTEMA ARTICULAR
No início desta unidade, foi falado que o aparelho locomotor é formado pelos sistemas es-
quelético e articular. Até o momento, estudamos as características dos ossos, agora passaremos
ao estudo do sistema articular, o qual chamamos de Artrologia.
Os ossos, em conjunto, formam o esqueleto. Porém, para que esses ossos se mantenham
unidos, são necessários elementos estruturais que permitam essa conexão, os quais chamamos
de articulações, que podem permitir a mobilidade ou não. A mobilidade de uma articulação
depende do tipo de elemento articular que está interposto entre os ossos, que pode ser tecido
fibroso, cartilagem ou o líquido sinovial.
Tipos de articulações
Há uma grande variedade de articulações, que podem se diferenciar quanto à forma e/ou
às funções. De acordo com o tipo de elemento que se interpõe entre os ossos que se conectam,
podemos definir três tipos de articulações ou junturas: as fibrosas, as cartilaginosas e as sino-
viais. A partir de agora, faremos o estudo das características e funções de cada uma delas.
Articulação fibrosa
No tipo de articulação fibrosa, também conhecida por sinartrose, a conexão entre os ossos
ocorre por um tecido conjuntivo fibroso, e sua principal característica é a mobilidade extrema-
mente reduzida. Esse é o tipo mais comum de união entre os ossos do crânio. Encontramos dois
tipos de articulações fibrosas, as sindesmoses e as suturas:
1) Sindesmose: apresenta abundante quantidade de tecido conjuntivo fibroso. As sin-
desmoses podem ser encontradas entre a tíbia e a fíbula, distalmente, formando a
sindesmose tibiofibular (Figura 19). Formam, também, as membranas interósseas,
entre o rádio e a ulna e entre a tíbia e a fíbula. Um terceiro tipo de sindesmose é en-
contrado entre os dentes e os alvéolos dentários da maxila e da mandíbula, denomi-
nado sindesmose dentoalveolar ou gonfose.
a) b)
Articulações cartilagíneas
Nas articulações cartilagíneas, o elemento que se interpõe entre os ossos é uma cartila-
gem e, pelo fato de permitir uma pequena mobilidade entre as peças ósseas, podem também
ser denominadas anfiartroses. De acordo com tipo de cartilagem, que você já teve a oportuni-
dade de conhecer em Biologia Humana, podemos ter dois tipos de articulações cartilagíneas, as
sincondroses e as sínfises:
1) Sincondroses: nesse tipo de articulação, os
ossos são unidos por uma cartilagem hialina.
O exemplo mais típico de uma sincondrose é
a que ocorre entre os ossos esfenoide e occi-
pital, chamada sincondrose esfeno-occipital.
Algumas sincondroses são temporárias, sendo
a cartilagem ossificada com o tempo, como
ocorre durante o crescimento dos ossos lon-
gos. A sincondrose esfeno-occipital, por volta
do segundo ano de vida, é substituída por um
tecido ósseo, fato conhecido por sinostose. O
sacro é formado pela fusão das cinco vértebras
sacrais, e a união entre elas é chamada de si-
nostose, sendo, portanto, seu exemplo mais
típico. Observe, na Figura 21, a sincondrose
esfeno-occipital.
Fonte: Sobotta (1995, p. 59, v. 1).
Figura 21 Sincrondrose esfeno-occipital.
2) Sínfises: são os tipos de articulações nas quais os ossos se unem por meio de uma car-
tilagem fibrosa. Podemos citar como exemplos a sínfise púbica (entre o púbis direito
e o esquerdo) (Figura 22) e os discos intervertebrais (Figura 23).
Articulações sinoviais
O terceiro tipo de articulações, as sinoviais, é o mais complexo e móvel, sendo o respon-
sável pelos movimentos corporais, motivo que torna o seu estudo o mais importante para o
profissional de Educação Física.
As articulações sinoviais são as mais comuns do corpo humano e sua característica funcio-
nal é a mobilidade. Para que essa mobilidade ocorra, é necessário que os ossos que se articulam
estejam livres para se deslizarem durante os movimentos e que haja algum elemento facilitador,
ou seja, lubrificador. Assim, a maior característica dessas articulações é a presença de um líquido
viscoso e lubrificador, chamado líquido sinovial.
As peças ósseas não estão fixas, porém permanecem unidas pela cápsula articular. No
interior da articulação, há a presença de uma cavidade, a cavidade articular, na qual se encontra
o líquido sinovial.
As superfícies dos ossos que se articulam são revestidas por uma cartilagem hialina, de-
nominada cartilagem articular, cuja função é impedir o atrito entre os ossos, facilitando o des-
lizamento entre eles. A cartilagem articular é a parte do osso que não sofreu processo de ossi-
ficação.
Portanto, podemos dizer que todas as articulações sinoviais possuem as seguintes carac-
terísticas básicas (Figura 24):
1) cápsula articular;
2) cartilagem articular;
3) cavidade articular;
4) líquido sinovial.
Além desses elementos básicos, algumas articulações sinoviais podem apresentar ele-
mentos especiais, como: ligamentos, discos, meniscos.
A cápsula articular é uma membrana de tecido conjuntivo que envolve a articulação e é
constituída por duas camadas: uma interna, a membrana sinovial, e outra externa, a membrana
fibrosa.
A membrana sinovial é muito vascularizada e inervada e sua função é produzir o líquido
sinovial. A membrana fibrosa é a camada mais externa da cápsula articular e a mais resistente e,
além disso, pode ser reforçada pelos ligamentos capsulares, o que lhe confere maior resistência
em pontos de maior pressão ou força. Há ligamentos que estão isolados da cápsula articular e
são chamados de ligamentos extracapsulares; ou, estão dentro da articulação, sendo chamados
de ligamentos intra-articulares, como é o caso dos ligamentos cruzados anterior e posterior do
joelho. As funções dos ligamentos são manter a união entre os ossos e aumentar a resistência
da articulação, impedindo os movimentos indesejáveis.
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Anaxial
• Plana: as superfícies ósseas que se articulam são planas e permitem somente movi-
mentos de deslizamentos. A mobilidade dessas articulações é bastante reduzida e não
possuem eixo de movimentos, portanto, são anaxiais. Como exemplos, podemos citar
as articulações entre os ossos do carpo, do tarso, entre as vértebras e entre o sacro e o
ílio (sacroilíaca) (Figura 27).
Monoaxial
• Gínglimo: as articulações do tipo gínglimo também podem ser chamadas de dobradi-
ças, pelo fato de suas superfícies ósseas permitirem movimentos em somente um eixo
de movimento, de modo semelhante à dobradiça de uma porta. São classificadas, fun-
cionalmente, como monoaxial (eixo transversal), e os movimentos permitidos são fle-
xão e extensão (movimentos angulares). As articulações do cotovelo, que estão entre
as falanges (interfalangeanas – dedos) e do tornozelo são exemplos de gínglimos. Al-
guns autores classificam o joelho como gínglimo, porém, há controvérsias acerca dessa
classificação pelo fato de o joelho realizar, além da flexão e extensão, uma leve rotação.
Observe, na Figura 28, a articulação do cotovelo, que é um exemplo de articulação do
tipo gínglimo.
• Trocoide: é também chamada de "em pivô", pelo fato de apresentar uma superfície
articular em forma de um pivô que gira sobre a outra, dentro de um anel. A articulação
radioulnar proximal é um exemplo típico. É classificada como monoaxial (eixo longitu-
dinal), sendo responsável pelos movimentos rotacionais de pronação e supinação do
antebraço.
Biaxial
• Selar: apresenta esse nome devido à forma em sela de montaria das suas superfícies
articulares, formadas por uma côncava que se encaixa numa convexa no sentido inver-
so. Permite movimentos de deslizamento de uma sobre a outra, em dois eixos, sendo,
portanto, biaxiais (eixos sagital e transversal). A articulação entre o trapézio do carpo e
o primeiro metacarpo (articulação carpometacarpal do polegar) é do tipo selar e reali-
za os movimentos de flexão, extensão, abdução e adução. Faz, também, a rotação, mas
não é um movimento isolado, e, sim, uma combinação de movimentos (Figura 29).
• Elipsoide ou condilar: nesse tipo de articulação, uma superfície articular em forma con-
dilar ou ovoide encaixa-se em outra de forma elíptica (semelhante à meia lua), permi-
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tindo movimentos de flexão, extensão, abdução e adução. Portanto, são biaxiais (eixos
sagital e transversal) e seus exemplos típicos são a articulação radiocarpal (punho) e
a articulação temporomandibular (entre o temporal e a mandíbula). Alguns autores
classificam o joelho como condilar, devido à forma de suas superfícies articulares.
Triaxial
• Esferoide: é o tipo articular que permite maior grau de liberdade de movimento, isto
é, três graus (triaxiais). A explicação para essa liberdade está na forma de suas super-
fícies articulares, sendo uma em formato de esfera que se encaixa em uma forma de
receptáculo, como ocorre nas articulações do ombro (entre a escápula e o úmero) e do
quadril (entre o osso do quadril e o fêmur) (Figura 30). Os movimentos realizados por
essas articulações são: flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna (ou medial)
e rotação externa (ou lateral).
Cotovelo
A articulação do cotovelo é composta pelos ossos úmero, rádio e ulna, contendo, por-
tanto, três articulações, a radioulnar proximal, a umeroulnar e a umerorradial. As articulações
umeroulnar e a umerorradial são as responsáveis pelos movimentos do cotovelo, que realiza
somente a flexão e a extensão, sendo classificada como gínglimo e monoaxial. A articulação ra-
dioulnar proximal é classificada como trocoide, monoaxial, e realiza os movimentos de pronação
e supinação do antebraço.
O cotovelo possui uma cápsula articular reforçada lateral e medialmente pelos ligamentos
colateral lateral e colateral medial (Figura 32).
Punho e mão
A articulação do punho é também denominada radiocarpal (ou radiocárpica) e ocorre en-
tre a extremidade distal do rádio e os ossos da primeira fileira do carpo, constituindo uma arti-
culação sinovial condilar. Os movimentos realizados por essa articulação são flexão, extensão,
abdução e adução; portanto, são biaxiais (Figura 33).
As articulações entre os ossos do carpo (intercarpal) são do tipo plana, permitindo somen-
te o movimento de deslizamento. Entre o carpo e o metacarpo (capometacarpal), ocorrem os
movimentos de flexão, extensão, abdução e adução, classificada por condilar, com exceção da
carpometacarpal do polegar, que é selar. As articulações entre as falanges (interfalangeanas) são
do tipo gínglimo, realizando somente flexão e extensão.
Joelho
A articulação do joelho é a maior do corpo humano e ocorre entre os côndilos femorais
(extremidade distal do fêmur) e os côndilos tibiais (extremidade proximal da tíbia), mais preci-
samente na face articular dos côndilos tibiais e a patela.
A articulação do joelho é a mais discutida e complexa, estando essas discussões em volta
de sua classificação morfológica e funcional. Isso porque, além da flexão e extensão, o joelho
também realiza uma leve rotação em flexão, o que não poderia classificá-lo não como gínglimo,
mas, sim, como condilar e biaxial.
O joelho possui uma cápsula articular posterior, reforçada por ligamentos, porém, ante-
riormente, ela é substituída pelo ligamento (tendão) patelar, pela patela e pelo tendão do mús-
culo quadríceps. Na face lateral e medial, apresenta o ligamento colateral lateral (ou fibular)
e o ligamento colateral medial (ou tibial), cuja função é impedir os deslocamentos laterais do
joelho.
Internamente, encontram-se importantes estruturas articulares como os meniscos medial
e lateral e o ligamento cruzado anterior e o ligamento cruzado posterior. Os meniscos são es-
truturas fibrocartilagíneas em forma de meia lua com a função de melhorar o encaixe do côndilo
femoral na tíbia e absorver impactos sobre a articulação. Os ligamentos cruzados anterior e
posterior são ligamentos intra-articulares que impedem o deslocamento anterior e posterior da
tíbia, respectivamente.
Observe, na Figura 35, as estruturas articulares do joelho.
Tornozelo e pé
Para finalizarmos esta unidade, analisaremos brevemente as articulações do tornozelo e
do pé.
O tornozelo é uma articulação sinovial gínglimo, monoaxial, que envolve a extremidade
distal da tíbia e seu maléolo medial, maléolo lateral da fíbula e o tálus (osso do tarso). Os movi-
mentos realizados nessa articulação são denominados dorsiflexão e flexão plantar.
A dorsiflexão ocorre quando o dorso do pé se aproxima da face anterior da perna, o mes-
mo que apoiar os calcanhares no chão, e a flexão plantar ocorre quando a planta do pé se
aproxima da face posterior da perna, sendo o movimento realizado quando ficamos nas pontas
dos pés. A articulação é reforçada medialmente pelo ligamento deltoide e lateralmente pelos
ligamentos talofibular anterior, talofibular posterior e calcâneofibular (Figura 36).
No pé, assim como na mão, há articulações planas entre os ossos do tarso, cuja somatória
dos movimentos de deslizamento resultam nos movimentos de inversão, quando a planta do pé
se volta internamente, e eversão, quando a planta do pé se volta externamente.
Encontramos, ainda, as articulações entre os ossos do tarso e do metatarso, entre os me-
tatarsos e as falanges, e, por fim, entre as falanges.
7) Quais são as principais características das articulações do ombro, cotovelo, punho, quadril, joelho e tornozelo?
14. CONSIDERAÇÕES
Ao longo desta unidade, estudamos os elementos componentes do aparelho locomotor,
o sistema esquelético e articular, com suas características e funções. Esses dois sistemas são
considerados os constituintes passivos do aparelho locomotor, sendo necessários os músculos
para a realização dos movimentos.
Vimos, também, que o corpo humano é composto por 206 ossos, que podem receber
diferentes classificações quanto à sua topografia e à sua forma. Com relação à topografia, po-
dem ser classificados em axiais e apendiculares. Quanto à forma, podem ser longos, curtos,
laminares e irregulares. Os ossos podem, ainda, apresentar características peculiares e serem
classificados como pneumáticos e sesamoides.
O sistema articular também apresenta suas particularidades. Uma articulação pode ser
fibrosa, cartilagínea e sinovial. As articulações sinoviais são as mais complexas e apresentam
como características básicas a presença do líquido sinovial, a cápsula articular, a cavidade ar-
ticular e a cartilagem articular. Além desses elementos básicos, algumas articulações podem
apresentar ligamentos, discos ou meniscos, cujas funções são a estabilização, a absorção de
impactos e a melhora do encaixe ósseo.
As articulações podem ser classificadas, funcionalmente, em monoaxiais, biaxiais e triaxias, de
acordo com o grau de liberdade de movimentos. Mas elas podem, também, ser classificadas quanto
à sua forma. Das articulações do corpo humano, o ombro e o quadril são os mais móveis; porém, o
ombro é a menos estável, estando mais sujeita à lesão. A articulação do joelho é a maior e a mais
complexa, apresentando inúmeros elementos importantíssimos para a sua estabilidade, como os
ligamentos colaterais e cruzados.
O conhecimento dos principais ossos, especialmente dos que compõem os membros e o
tronco, assim como das principais articulações do corpo humano, é de grande importância para
os profissionais da Educação Física, sobretudo para a orientação de atividades físicas seguras.
15. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 2 – Divulgação - Desenho esquemático representando a substância óssea compacta e a substância óssea esponjosa.
Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/epitelio17.php>. Acesso em: 14 dez. 2010.
Figura 3 – Divulgação - Representação do esqueleto axial (em azul), esqueleto apendicular (em bege) e as cinturas escapular e
pélvica, em vista anterior (a) e posterior (b). Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em: 14 dez. 20
Figura 15 – Divulgação - Ossos da mão. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com.br/biologia/ossos-membro-superior.
htm>. Acesso em: 14 dez. 2010.
Figura 23 – Divulgação - Discos intervertebrais. Disponível em: <http://www.cirurgiadacoluna.com.br/anatomia.htm>. Acesso
em: 14 dez. 20
1. OBJETIVOS
• Classificar os tipos musculares.
• Conhecer as principais características dos músculos esqueléticos.
• Identificar os principais músculos do corpo humano.
2. CONTEÚDOS
• Definição de Miologia.
• Principais características dos músculos.
• Componentes anatômicos dos músculos.
• Classificação dos músculos.
• Principais músculos do corpo humano: membros superiores, membros inferiores e
tronco.
2) Durante o estudo desta unidade, conforme for avançando nos conhecimentos, tente
construir o mapa conceitual dos conteúdos apresentados, ampliando sua compreen-
são.
3) Procure realizar as reflexões sugeridas durante a unidade. Faça seu cronograma de
estudo e não se apresse em prosseguir. Afinal, as reflexões são importantes para pos-
sibilitar que você se envolva por inteiro na aprendizagem.
4) Para aumentar os seus conhecimentos, é importante que leia as bibliografias sugeri-
das, tendo em mente que os conteúdos abordados neste material didático são estu-
dos básicos para direcionar a sua aprendizagem.
4. INTROUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, tivemos a oportunidade de conhecer o aparelho locomotor,
incluindo os sistemas esquelético e articular, analisando as suas características anatômicas e
funcionais. No entanto, quando estudamos o aparelho locomotor, falamos somente dos com-
ponentes passivos desse aparelho, que são os ossos e as articulações que unem esses ossos. Já
nesta terceira unidade, vamos nos dedicar ao estudo dos componentes ativos do aparelho loco-
motor, os músculos, sem os quais os movimentos articulares não seriam possíveis.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de reconhecer as características
anatômicas e funcionais do sistema muscular, assim como os principais músculos responsáveis
pelos movimentos dos membros superiores, dos membros inferiores e do tronco.
Bom estudo a todos!
5. SISTEMA MUSCULAR
O sistema muscular é composto pelos músculos e pelas estruturas anexas a ele. A ciência
que estuda esses componentes é conhecida por Miologia e concentra seu estudo no músculo
estriado esquelético.
Na Unidade 2, quando estudamos o aparelho locomotor, nós nos concentramos apenas no
estudo dos ossos e das articulações. Os ossos, embora sejam os responsáveis pela conformação
e sustentação do corpo humano, são considerados os elementos passivos do movimento, ou
seja, permanecem imóveis, caso não haja nenhum outro elemento que faça o movimento das
articulações, aproximando os ossos que se articulam. Os responsáveis por esses movimentos
são os músculos, que são os elementos ativos do movimento. Devido aos movimentos muscu-
lares, somos capazes de reagir aos estímulos que nos são dados, seja interna ou externamente.
Mas o movimento corporal não é a única função que o músculo exerce, uma vez que tam-
bém são funções atribuídas aos músculos:
1) a produção de calor e a manutenção da temperatura corporal por meio do colar gera-
do pelas contrações musculares;
2) a estabilização das posições corporais, como ficar em pé ou sentado;
3) a regulação do volume dos órgãos;
4) o movimento de substâncias corporais, como sangue (vasos), urina e alimentos.
Os músculos são constituídos por um tipo especializado de célula, as células musculares,
que compõem o tecido muscular e apresentam capacidade de contração devido à presença das
proteínas contráteis actina, miosina, tropomiosina e troponina, como você já teve a oportuni-
dade de estudar em Biologia Humana. No entanto, para a sua melhor compreensão do sistema
muscular, faremos, agora, uma breve revisão sobre o tecido muscular.
© Sistema Muscular 75
há consciência de que a contração está ocorrendo. E, por fim, o tecido muscular liso compõe a
musculatura dos órgãos e não apresenta o padrão de estrias transversais, sua contração é lenta
e fraca, e não está sob controle voluntário, mas, sim, autônomo e hormonal.
Concentraremos nosso estudo no músculo estriado esquelético, que é o responsável pe-
los movimentos esqueléticos, isto é, articulares do corpo humano, como também pela manu-
tenção da posição e da postura do corpo humano.
Aponeurose
Além do epimísio, o músculo é revestido, ainda, por uma membrana de tecido conjuntivo
fibroso denominado fáscia muscular, cujas funções são: permitir o deslizamento dos músculos
entre si, fixar o músculo ao esqueleto, servir de passagem para vasos e nervos, bem como envol-
ver e conter os músculos para melhorar sua força de tração durante a contração, evitando seu
abaulamento (Figura 5).
Em alguns locais, como nos membros, as fáscias musculares originam prolongamentos
denominados septos intermusculares, que passam entre os grupos musculares, separando-os
em compartimentos funcionais (Figura 6).
Septos intermusculares
Alguns músculos apresentam tendões longos, como é o caso dos músculos que movem
os dedos das mãos e dos pés, que são recobertos por uma bainha fibrosa e sinoviais de tecido
conjuntivo denso, formando túneis entre as superfícies ósseas e facilitando o deslizamento dos
tendões. Além da bainha fibrosa, há, ainda, as bolsas sinoviais, situadas entre os músculos ou
entre o músculo e o osso, que também facilitam o deslizamento muscular (Figura 7).
© Sistema Muscular 79
Como vimos anteriormente, o ventre muscular é preso aos ossos por meio dos tendões e
aponeuroses. Convencionalmente, essas fixações musculares são denominadas origem e inser-
ção musculares.
A origem do músculo é a sua extremidade que se prende à peça óssea que permanece fixa
(ponto fixo), ou a que está mais próxima do tronco, como é o caso dos músculos dos membros.
Em contraponto, a inserção muscular é a extremidade do músculo que está presa ao osso que
se desloca durante a contração (ponto móvel), ou a que está mais distante do tronco. A origem
e a inserção muscular podem ser observadas na Figura 8.
Origem
Inserção
M. peitoral maior
• Fibras oblíquas: as fibras musculares estão presas de maneira oblíqua em relação aos
tendões de origem e inserção, semelhante a uma pena; por isso, são denominados
peniformes (forma de pena). Os músculos peniformes podem ser unipenados ou bipe-
nados (Figura 11). Os unipenados possuem fibras presas em apenas uma borda do ten-
dão, como é o caso do m. extensor longo dos dedos do pé (Figura 12). Os bipenados,
em contraponto, apresentam as fibras musculares presas nas duas bordas do tendão,
como é o caso do m. reto femoral (Figura 12).
• Fibras circulares: são músculos que circundam orifícios como olho (m. orbicular do
olho) e boca (m. orbicular da boca) (Figura 13).
m. orbicular do olho
m. orbicular da boca
Quanto à forma que apresentam, podemos, ainda, encontrar o m. deltoide (forma da letra
grega delta) e o m. trapézio (forma de trapézio).
Quantidade de origens
Todos os músculos possuem, pelo menos, uma origem e uma inserção, pois são a maneira
pela qual se prendem aos ossos para se deslocarem durante os movimentos. No entanto, alguns
músculos podem possuir mais origem, isto é, mais de uma cabeça, e apenas uma inserção, po-
dendo ser:
• Bíceps: duas origens ou cabeças.
• Tríceps: três origens ou cabeças.
• Quadríceps: quatro origens ou cabeças.
Esses músculos são encontrados nos membros, e a nomenclatura anatômica utiliza esses
termos para nomeá-los, tendo como exemplo o m. bíceps braquial, m. tríceps braquial e m. qua-
dríceps femoral. Observe, na Figura 14, o exemplo de músculos bíceps.
Quantidade de inserções
Assim como um músculo pode apresentar mais de uma origem, pode, também, possuir
mais de um tendão de inserção, sendo:
• Bicaudado: quando possui dois tendões de inserção. Os músculos extensor longo do
polegar e extensor do indicador possuem a mesma origem, mas inserções diferentes,
um no polegar e o outro no indicador.
• Policaudado: quando apresentam três ou mais tendões de inserção. Exemplo: m. ex-
tensor longo dos dedos do pé, m. extensor dos dedos da mão, m. flexores dos dedos
da mão (Figura 15).
Quantidade de ventres
A grande maioria dos músculos apresenta apenas um ventre, mas, em alguns casos, po-
dem possuir mais de um, sendo classificados em:
• Digástrico: quando possui dois ventres. Exemplo: m. digástrico.
• Poligástrico: quando possui mais de dois ventres. Exemplo: m. reto abdominal (Figura
16 e 17).
Ação principal
Essa classificação segue a ação principal do músculo em decorrência de sua contração, e a
nomenclatura anatômica costuma utilizar essa classificação para nomeá-los. Eles podem ser:
1) Flexor: m. flexor longo do polegar.
2) Extensor: m. extensor do dedo indicador.
3) Pronador: m. pronador redondo.
4) Supinador: m. supinador.
5) Flexor plantar: m. flexor plantar.
6) Flexor dorsal: m. tibial anterior.
7) Levantador: m. levantador da escápula.
8) Depressor: m. depressor do lábio inferior.
9) Dilatadores: m. levantador do lábio superior e da asa do nariz.
10) Esfíncteres: esfíncter do ânus.
Localização
Os músculos podem, ainda, ser classificados quanto à sua localização, de acordo com a
posição anatômica e a região em que se encontram. Assim, temos: m. tibial anterior, m. tibial
posterior etc.
tela e passa pela face anterior da escápula para se inserir na sua borda medial.
Sua função é a prostração da escápula durante os movimentos de alcance do
membro superior. Por exemplo, quando você quer pegar algum objeto distante,
estende o braço ao máximo para alcançá-lo; assim, seu m. serrátil anterior está
afastando a escápula do plano mediano para que possa realizar esse movimento
(Figura 20).
M. trapézio
M. levantador da escápula
Mm. rombóides
M. serrátil anterior
a) Músculos que agem sobre o ombro: a articulação do ombro ocorre entre a cabeça do
úmero e a cavidade glenoide da escápula, que permite alto grau de liberdade de movi-
mento, sendo classificada como triaxial e esferoide, como você já estudou na Unidade
No entanto, esse alto grau de liberdade de movimento faz do ombro uma articulação
muito instável e suscetível às lesões, sendo que os músculos são imprescindíveis para
sua estabilidade. Portanto, os movimentos realizados pelo ombro são: flexão, exten-
são, abdução, adução, rotação interna (medial) e rotação externa (lateral). Os múscu-
los que atuam no ombro possuem suas origens na escápula ou nas costelas e inserção
no úmero. Eles estão listados a seguir; veja-os:
b) M. peitoral maior: é o músculo mais superficial da parede anterior do tórax, com
origem na clavícula, no esterno e nas costelas, e inserção no úmero. Sua principal fun-
ção é a adução do ombro, mas também auxilia na flexão e rotação medial do ombro
(Figura 21).
c) M. grande dorsal: é um dos maiores músculo do dorso, situado superficialmente no
dorso, juntamente com o trapézio. Sua origem vai das últimas vértebras torácicas,
vértebras lombares, vértebras sacrais e ílio, através da fáscia toracolombar, e insere-se
no úmero. O m. grande dorsal junto com o m. redondo maior forma a prega axilar pos-
terior. Ele realiza a extensão, adução e rotação medial do ombro, como se fôssemos
alcançar algo em nosso dorso, como se fôssemos coçar as nossas costas ou desaboto-
ar o sutiã (Figura 22).
d) M. deltoide: é o músculo superficial do ombro, responsável pelo seu contorno. Tem
esse nome pela sua semelhança com a letra grega delta e possui origem na clavícula
e escápula, dividindo-o em três partes: clavicular, acromial e espinhal, com funções
distintas. A porção clavicular realiza a flexão do ombro, a porção acromial realiza a
abdução do ombro e a porção espinhal realiza a extensão do ombro. Sua inserção é
na face lateral do terço médio do úmero (Figura 21).
M. deltóide
M. peitoral maior
M. grande dorsal
M. supraespinhal
M. infraespinhal
M. redondo menor
M. subescapular
M. redondo maior
1) Músculos que agem sobre o punho e a mão: a articulação do punho é composta pelo
rádio e os ossos da primeira fileira do carpo. É uma articulação sinovial biaxial e condi-
lar, cujos movimentos são: flexão, extensão, abdução e adução. As articulações entre
os dedos (interfalangeanas) são monoaxiais e gínglimo, realizando somente flexão e
extensão. Os músculos responsáveis pelos movimentos do punho e dos dedos estão
localizados no antebraço e são divididos em grupo flexor agrupado na região anterior
do antebraço, e grupo extensor agrupado na região posterior do antebraço. A seguir,
listaremos os principais músculos que atuam no punho e nos dedos.
a) M. flexor radial do carpo e m. flexor ulnar do carpo: esses dois músculos pos-
suem origens na face medial do úmero (epicôndilo medial), suas origens são no
2° e 3° metacarpos e no pisiforme (osso do carpo), respectivamente. Quando se
contraem juntos, são responsáveis pela flexão de punho. No entanto, quando o
1) Músculos que agem sobre o joelho: o joelho é uma articulação condilar e biaxial,
composta pelo fêmur, tíbia e patela. É bem reforçada pelos ligamentos, porém os mús-
culos são importantes na sua estabilidade. Os músculos são divididos em dois grupos:
os da região anterior de coxa, os m. quadríceps, e os da região posterior, os m. isquio-
tibiais.
• M. Isquiotibiais: é composto pelos músculos bíceps femoral (cabeça longa e ca-
beça curta), semitendinoso e semimembranoso, todos com origem no ísquio (tu-
berosidade isquiática) e inserção em locais diferentes da tíbia e na fíbula. O bíceps
femoral é o músculo lateral com inserção na tíbia, lateralmente, e na fíbula. O m.
semitendinoso e o m. semimembranoso têm inserções na face medial da tíbia e for-
mam o limite medial da região posterior de coxa. Como são biarticulares, realizam
a extensão do quadril e flexão do joelho. Esses músculos poderão ser observados
na Figura 31.
• M. quadríceps: esse músculo é composto por quatro cabeças de origens com nomes
distintos, sendo eles o m. reto femoral, o m. vasto medial, o m. vasto intermédio e
o m. vasto lateral. Com exceção do reto femoral, que tem origem no ílio, possuem
origens no fêmur e somente um tendão de inserção, o tendão do quadríceps, e,
depois de passar pela patela, inserem-se na face anterior da tíbia (tuberosidade da
tíbia). É o mais potente músculo do corpo humano, sendo o responsável pela ex-
tensão do joelho. O m. reto femoral também atravessa a articulação do quadril; por
isso, também participa na flexão dessa articulação. Atletas, como os jogadores de
futebol, necessitam de um quadríceps forte para estabilizar o joelho e para realizar
os movimentos básicos no esporte, como chutar uma bola (Figuras 31 e 33).
1) Músculos que agem sobre o tornozelo e o pé: a articulação do tornozelo é do tipo gín-
glimo e monoaxial, sendo formada pela tíbia, fíbula e tálus, em que ocorrem os movi-
mentos de flexão plantar e dorsiflexão. Abaixo dessa articulação, há as articulações do
© Sistema Muscular 103
pé, formadas pelos ossos do tarso tálus, calcâneo, navicular, cuboide e cuneiformes,
cuja somatória de movimentos permitem a realização da inversão e eversão do pé. Os
músculos que realizam esses movimentos podem ser observados nas Figuras 34 e 35;
são eles:
a) M. tibial anterior: é o músculo mais superficial da região anterior e lateral da per-
na; tem origem na tíbia e inserção no primeiro metatarso e cuneiforme medial.
Suas funções são a dorsiflexão (flexão dorsal) e a inversão do pé.
b) M. tibial posterior: é o principal inversor do pé e está localizado profundamente
na região posterior da perna. Possui origem na face posterior da tíbia, fíbula e
membrana interóssea e inserção no navicular, cuneiformes e base do II, III e IV
metatarsais.
c) M. fibulares: são os dois músculos da região lateral da perna, o fibular longo e
o fibular curto, responsáveis pela eversão do pé. O fibular longo tem origem na
fíbula e inserção no primeiro metatarso, e o m. fibular curto tem origem na fíbula
e inserção no quinto metatarso.
d) M. tríceps sural: são os músculos superficiais da região posterior da perna, tam-
bém conhecida por panturrilha. Esse músculo é formado pelos músculos gastroc-
nêmios e sóleo, cujas origens são diferentes, mas a inserção é a mesma. O m. gas-
trocnêmio é dividido em duas cabeças, a medial e a lateral, sendo que a medial
tem origem no côndilo medial do fêmur, e a lateral, no côndilo lateral do fêmur.
O m. sóleo tem origem na face posterior proximal da tíbia e da fíbula. A inserção
desses músculos é feita pelo tendão do calcâneo, também chamado de tendão de
Aquiles, que se prende no osso calcâneo. O tríceps sural é o principal flexor plan-
tar do tornozelo, e o m. gastrocnêmio auxilia na flexão de joelho.
Músculos do tronco
As principais funções dos músculos do tronco são a manutenção da postura corporal e os
movimentos do tronco; para isso, temos os seguintes grupos musculares:
• Músculos abdominais: os músculos abdominais formam a parede do abdome, cujas
funções são: sustentação e proteção dos órgãos abdominais; realização dos movimen-
tos de flexão, inclinação lateral e rotação do tronco; manutenção da postura ereta e
estabilização da pelve durante os movimentos dos membros inferiores na posição dei-
tada. Compreende quatro pares de músculos, à direita e à esquerda, sendo três laterais
e um anterior. Os laterais são: m. oblíquo interno, oblíquo externo e m. transverso do
abdome. Os anteriores são os músculos retos abdominais. Cada m. reto abdominal é
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envolvido por uma bainha fibrosa, chamada bainha do reto, as quais se unem anterior-
mente formando a linha alba e são responsáveis pela flexão de tronco. O m. oblíquo
externo é o mais superficial da região anterolateral do abdome. O m. oblíquo interno
encontra-se encoberto pelo m. oblíquo externo e o m. transverso é o mais profundo
dos três. As ações desses músculos são a rotações do tronco, quando o oblíquo externo
de um lado se contrai juntamente com o oblíquo interno do lado oposto da rotação. Os
três músculos, auxiliados pelo m. reto abdominal e pelos músculos do dorso, realizam a
inclinação do tronco para o lado das contrações. Os músculos abdominais também são
importantes na respiração, na defecção, na micção, no vômito e no parto, por serem
responsáveis pelo aumento da pressão intra-abdominal. Tais músculos estão represen-
tados nas Figuras 36 e 37.
M. oblíquo externo
M. reto abdominal
M. oblíquo interno
M. transverso do abdome
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Para uma breve revisão dos conceitos apresentados nesta unidade, procure responder,
para si mesmo, às questões a seguir:
1) Quais os tipos de músculos?
5) Quais os principais músculos que agem nas articulações do ombro, cotovelo, punho, quadril, joelho e tornozelo?
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, focamos nosso estudo nos elementos ativos do aparelho locomotor, os
músculos esqueléticos. Esses músculos possuem uma porção carnosa, o ventre muscular, onde
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11. E-REFERÊNCIAS
Lista de Figuras
Figura 4 – Divulgação - Epimísio, perimísio e endomísio. Disponível em: <http://educacaofisica.org/joomla/index.
php?option=com_content&task=view&id=163&Itemid=2>. Acesso em: 14 dez. 2010.
Figura 15 – Divulgação - Exemplos de músculos policaudados: mais de duas inserções. Disponível em: <http://saber.sapo.ao/wiki/
M%C3%BAsculo_extensor_dos_dedos>. Acesso em: 14 dez. 2010.
1. OBJETIVOS
• Conhecer os sistemas componentes do aparelho cardiorrespiratório.
• Identificar os órgãos que compõem os sistemas respiratório e circulatório e suas fun-
ções.
• Compreender a interdependência do sistema circulatório e respiratório.
2. CONTEÚDOS
• Sistema de respiratório: órgãos e funções.
• Sistema circulatório: órgãos e funções.
3) Durante o estudo desta unidade, tente fazer a correlação desses conceitos com sua
futura atividade profissional e, sobretudo, entender a importância desses sistemas
para o metabolismo em repouso e durante alguma atividade física.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na Unidade 1, foi possível conhecer os termos utilizados em Anatomia, os quais foram
bastante usados na Unidade 2, como você pôde perceber. Na Unidade 2, fizemos um estudo do
aparelho locomotor, incluindo os ossos e as articulações, tivemos a oportunidade de conhecer
os ossos que compõem o esqueleto humano e as articulações que permitem a conexão entre
esses ossos. Porém, esses eram somente os elementos passivos dos movimentos, necessitando
dos músculos para realização ativa dos movimentos, que foram estudados na Unidade 3.
Um dos itens estudados em Osteologia foi a cavidade torácica, e foi dito que suas funções
são proteger o pulmão, o coração e outros órgãos relacionados. Esses órgãos são os principais
componentes do aparelho cardiorrespiratório, que estudaremos nesta unidade.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de identificar os órgãos compo-
nentes do sistema respiratório e circulatório, suas funções, assim como a interdependência en-
tre esses dois sistemas, uma vez que é o sangue, bombeado pelo coração, o responsável pelo
transporte do oxigênio, absorvido pelos pulmões, para todas as partes do corpo. A compreensão
de suas funções é imprescindível para o profissional da Educação Física, que trabalhará o condi-
cionamento físico de seus alunos.
Bons estudos!
5. SISTEMA RESPIRATÓRIO
Antes de iniciarmos nosso estudo do sistema respiratório, observe, na Figura 1, a repre-
sentação dos órgãos que o compõem, para facilitar a sua compreensão.
Porção de condução
Como o próprio nome sugere, a porção de condução é responsável por levar o oxigênio
inspirado até os pulmões e, consequentemente, eliminar o gás carbônico na expiração. Trata-
se, portanto, de um conjunto de órgãos tubulares para a condução do ar, composto pelo nariz,
pela cavidade nasal, pela faringe, pela laringe, pela traqueia e pelos brônquios. A traqueia e os
brônquios são apenas condutores de ar, já a faringe, a laringe e o nariz possuem outras funções.
A faringe é também relacionada com a condução de alimentos, fazendo parte do sistema diges-
tório. A laringe é responsável pela fonação. E, por fim, o nariz também realiza a olfação (ato de
sentir os cheiros), que é um dos sentidos.
Vamos, então, estudar as características básicas de cada um desses órgãos.
Internamente, encontra-se a cavidade nasal, que se estende das narinas até as coanas,
que é o seu limite posterior com a parte nasal da faringe. É dividida pelo septo nasal em duas
metades, direita e esquerda. O septo nasal é constituído por uma parte óssea, representada
pela lâmina perpendicular do osso etmoide e pelo osso vômer, bem como por uma parte car-
tilagínea, a cartilagem do septo nasal.
O osso etmoide é um osso pneumático que forma a parte óssea da cavidade nasal. Possui
uma lâmina mediana, a lâmina perpendicular, e duas porções laterais, onde estão os seios et-
moidais. Superiormente, apresenta a lâmina crivosa com pequenas aberturas por onde passam
as fibras nervosas que irão constituir o nervo olfatório, cuja função é a olfação. Das suas porções
laterais partem a concha nasal superior e a concha nasal média, sendo a concha nasal inferior
um osso independente. Entre as conchas nasais encontramos espaços denominados meatos, es-
tando o meato superior entre a concha nasal superior e a média, o meato médio entre a concha
nasal média e a inferior e o meato inferior abaixo da concha nasal inferior.
As conchas nasais e os meatos são recobertos por mucosa e servem para aumentar a
superfície da cavidade nasal, umedecendo e aquecendo o ar inspirado para ser mais bem absor-
vido pelos pulmões (Figura 3).
No início da cavidade nasal, logo após as narinas, há uma dilatação denominada vestíbulo
(ou entrada), que é revestida por mucosa e contém pêlos com o objetivo de filtrar certas im-
purezas. A porção mais superior da cavidade nasal é sua parte olfatória, e a inferior é somente
respiratória.
Não podemos deixar de falar dos seios paranasais, que circundam a cavidade nasal. Os
ossos pneumáticos frontal, a maxila, o esfenoide e o etmoide apresentam cavidades revestidas
de mucosas e contendo ar, denominados seios paranasais, cuja função ainda não é bem escla-
recida, mas acredita-se que também participem da umidificação do ar. Os seios paranasais são:
seio frontal, seio etmoidal, seio esfenoidal e seio maxilar.
© Aparelho Cardiorrespiratório 113
Faringe
A faringe é um órgão muscular que, além de servir de tubo condutor de ar, também faz
parte do sistema digestório, conduzindo o alimento até o esôfago. Está situada posteriormente
à cavidade nasal, à cavidade oral e à laringe, distinguindo-se em três partes: a porção nasal, a
porção bucal e porção laríngea, respectivamente. As três porções da faringe estão demonstra-
das na Figura 4.
A parte nasal da faringe (ou nasofaringe) comunica-se com a cavidade nasal, da qual é
separada pelas coanas. Nessa parte, encontramos um orifício que serve de comunicação com
a cavidade timpânica, conhecida por óstio faríngeo da tuba auditiva, cuja função é igualar as
pressões do ar dentro e fora da cavidade timpânica. Superiormente a esse óstio, encontra-se
uma elevação com a forma de meia lua denominada tórus tubário. Na Figura 3, é possível ob-
servar o tórus tubário e o óstio faríngeo da tuba auditiva.
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Às vezes, quando viajamos, temos a sensação de que nossos ouvidos estão tampados e basta abrir e fechar a boca
que sentimos um estalido que alivia essa sensação. Na verdade, o que acontece são alterações nas pressões dentro
da cavidade timpânica em decorrência da mudança de altitudes, muito comum em viagens de avião e ao descer a
serra a caminho do litoral. Quando abrimos e fechamos nossa boca, estamos equilibrando essas pressões através
do óstio faríngeo da tuba auditiva.
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A porção oral ou bucal da faringe (ou orofaringe) comunica-se com a cavidade bucal por
meio de uma abertura chamada istmo da fauce.
A porção laríngea da faringe (laringofaringe), ilustrada na Figura 4, é a mais inferior e leva
esse nome devido à sua relação com a laringe. Continua inferiormente com o esôfago, estando,
portanto, relacionada com a condução de alimento proveniente da cavidade bucal até o esôfa-
go. Nesse ponto, o bolo alimentar e o ar inspirado cruzam-se, mas é claro que isso não ocorre
simultaneamente, o que explica o fato de engasgarmos quando falamos e comemos ao mesmo
tempo. Devido a essa comunicação entre a cavidade timpânica e a faringe, as infecções que ata-
cam a faringe podem ser transmitidas para o ouvido, ou vice-versa.
Laringe
A laringe é um órgão tubular ímpar formado por cartilagens e músculos, situado no plano
mediano do pescoço, anterior à faringe e continuada pela traqueia. Além de servir de condutor
de ar, também participa da fonação e evita a entrada de qualquer coisa que não seja ar nas vias
aéreas.
As principais cartilagens da laringe estão demonstradas na Figura 5, e são elas: tireoide,
cricoide, epiglótica, aritenoide, sendo que somente a última é par.
A tireoide é a maior delas e tem a forma de um V, mais proeminente nos homens, cujo
nome popular é pomo de Adão. A cricoide tem a forma de um anel e está situada abaixo da ti-
reoide. As cartilagens aritenoides possuem a forma de pirâmides e articulam-se posteriormente
com a cricoide. A cartilagem epiglótica está situada posteriormente à cavidade bucal e à carti-
lagem tireoide; ela é revestida por mucosa, formando a epiglote, que tem a função de fechar a
entrada da laringe para impedir a entrada de alimento e líquidos nas vias aéreas.
Todas essas cartilagens são unidas por ligamentos, e seus movimentos são realizados por
músculos.
© Aparelho Cardiorrespiratório 115
Figura 7 Posição da rima da glote durante a respiração (ou em repouso), em A, e durante a fonação, em B.
Traqueia
A traqueia é a continuação da laringe e termina dividindo-se nos dois brônquios princi-
pais, direito e esquerdo, que se dirigem para os pulmões. É formada por uma série de anéis de
cartilagem hialina em forma de C, ligados entre si por ligamentos, e fechada posteriormente por
uma membrana conjuntiva denominada parede membranosa da traqueia, que apresenta uma
musculatura lisa, denominada músculo traqueal.
A traqueia é relativamente mediana, porém ligeiramente desviada para a direita, próxima
à sua extremidade inferior, que irá se dividir nos dois brônquios principais. O ponto em que
ocorre essa divisão é conhecido por carina da laringe (Figura 8).
© Aparelho Cardiorrespiratório 117
Brônquios
Acabamos de ver que a traqueia se divide em dois brônquios principais, direito e es-
querdo, também conhecidos por brônquios de primeira ordem, que se dirigem para os dois
pulmões. Os brônquios principais dividem-se em brônquios lobares ou de segunda ordem, que
se dirigem para cada lobo pulmonar. Veremos, nos próximos parágrafos, que os pulmões são
divididos em lobos, sendo que o pulmão direito se divide em três lobos, e o esquerdo, em ape-
nas dois lobos. Assim, os brônquios principais à direita dividem-se em três brônquios lobares,
e, à esquerda, em dois. Cada brônquio lobar, por sua vez, divide-se novamente em brônquios
segmentares ou de terceira ordem, que vão formar os segmentos broncopulmonares. Um seg-
mento broncopulmonar corresponde a uma área pulmonar formada por bronquíolos e alvéolos
originados de um único brônquio segmentar. Isso porque cada brônquio segmentar continua a
se dividir sucessivamente em bronquíolos até terminar nos alvéolos pulmonares (Figura 9).
Todas essas divisões, que começam com os brônquios principais e vão terminar nos alvé-
olos, formam, em conjunto, a árvore brônquica (Figura 10).
A porção de condução do sistema respiratório termina nos brônquios; portanto, passare-
mos, agora, para o estudo da chamada porção de respiração, em que as trocas gasosas aconte-
cem.
Porção de respiração
A porção de respiração, como o nome já diz, é onde realmente ocorre a respiração, isto é,
as trocas gasosas (O2 por CO2).
Os pulmões são os principais órgãos respiratórios. Trata-se de dois órgãos volumosos e
esponjosos, o pulmão direito e o esquerdo, separados por um espaço conhecido por medias-
tino, onde estão localizados o coração, os grandes vasos, os brônquios e o esôfago. Antes de
estudamos os pulmões, não podemos deixar de estudar a caixa ou cavidade torácica e a pleura,
importantes para o funcionamento e a proteção dos pulmões.
© Aparelho Cardiorrespiratório 119
Pleura visceral
Pleura parietal
Pulmões
Agora que você já conheceu a cavidade torácica e as pleuras, podemos estudar as princi-
pais características dos pulmões.
Como já foi falado, os pulmões são dois órgãos esponjosos e volumosos localizados na
cavidade torácica, cuja função é a respiração (trocas gasosas com o meio ambiente).
Devido ao fato de o diafragma ser mais elevado à direita, o pulmão direito é mais curto
que o esquerdo, porém é mais largo, porque o coração está mais deslocado para a esquerda.
Além disso, o pulmão direito é divido em três lobos (lobos superior, médio e inferior) por duas
fissuras, a oblíqua e a horizontal. A fissura horizontal separa o lobo superior do lobo médio, e
a fissura oblíqua separa o lobo médio do lobo inferior. Em geral, o pulmão esquerdo apresenta
dois lobos, superior e inferior, separados pela fissura oblíqua (Figura 12). As fissuras, no entan-
to, nem sempre separam os lobos totalmente.
Os pulmões apresentam uma base inferior que está em contato com o diafragma,
um ápice que se localiza na parte mais superior da cavidade torácica, e três faces: a diafragmá-
tica, que está em contato com o diafragma, a mediastinal, que está voltada para o mediastino e
a costal, que está voltada para as costelas.
Em sua face mediastinal, encontram-se os hilos pulmonares direito e esquerdo. O hilo
pulmonar é o local onde os brônquios, artérias e veias pulmonares, nervos e linfáticos entram e
saem do pulmão. A disposição desses elementos do hilo pulmonar é diferente no pulmão direito
e esquerdo. No hilo pulmonar direito, o brônquio principal é superior à artéria pulmonar; já no
hilo pulmonar esquerdo, a artéria pulmonar é superior ao brônquio. Em ambos os hilos, as veias
pulmonares são inferiores (Figura 13).
© Aparelho Cardiorrespiratório 121
Brônquios
A. pulmonar
Vv. pulmonares
6. SISTEMA CIRCULATÓRIO
O sistema circulatório, ou cardiovascular, é um sistema hermeticamente fechado, isto é,
sem nenhum contato com o exterior, constituído por vasos condutores, onde circulam o sangue
e a linfa, e por um órgão central contráctil responsável pela propulsão (circulação) do sangue,
o coração.
As células formadoras dos tecidos necessitam de oxigênio e nutrientes para a sua manu-
tenção e crescimento. Assim, o sistema circulatório possui a função de transportar até essas
células o sangue contendo os nutrientes, o oxigênio e os hormônios necessários para seu me-
tabolismo, e, em seguida, recolher o gás carbônico e outros resíduos metabólicos celulares e
transportá-los até os órgãos responsáveis por suas eliminações. O oxigênio foi absorvido pelo
sistema respiratório, como vimos anteriormente, e os nutrientes são absorvidos pelo sistema
digestório por meio dos processos de digestão dos alimentos.
Como se trata de um sistema fechado, as trocas entre o sangue e o tecido ocorrem através
das paredes muito finas dos capilares sanguíneos. Os vasos arteriais vão diminuindo significati-
vamente conforme se afastam do coração até formarem os capilares arteriais por onde os nu-
trientes e o oxigênio se perfundem para o material extracelular dos tecidos, em seguida, o gás
carbônico e os resíduos metabólicos passam do tecido para o interior dos capilares venosos e
daí são transportados até os órgãos eliminadores.
Coração
O coração é um órgão muscular, oco, localizado entre os pulmões, no chamado mediastino
médio, posterior ao esterno. Tem uma forma cônica e uma disposição oblíqua e é ligeiramente
desviado para a esquerda. É o órgão central do sistema circulatório que bombeia o sangue, per-
mitindo sua circulação pelo corpo por intermédio das artérias e das veias (Figura 14).
Como você poderá observar na Figura 15, o coração é envolvido pelo pericárdio, que é
um saco fibro-seroso, cujas funções são as de separá-lo dos outros componentes do mediastino,
limitar sua expansão durante a diástole ventricular e manter sua posição. O pericárdio possui
uma camada fibrosa mais externa, chamada pericárdio fibroso, e uma camada serosa, interna,
chamada pericárdio seroso. O pericárdio fibroso prende-se ao diafragma mantendo a posição
© Aparelho Cardiorrespiratório 123
do coração. O pericárdio seroso possui uma lâmina interna ou lâmina visceral que se funde com
o miocárdio (músculo do coração), formando o epicárdio; e uma lâmina externa ou lâmina pa-
rietal, que se funde com o pericárdio fibroso. Entre essas duas lâminas está a cavidade do peri-
cárdio (Figura 15), contendo uma película fina de líquido que facilita o deslizamento das lâminas
entre si, permitindo os movimentos do coração durante a sístole e a diástole ventricular.
Figura 15 Pericárdio.
O coração possui a forma de uma pirâmide invertida, apresentando uma base superior,
um ápice inferolateral, e três faces: face anterior ou esterno-costal, face inferior ou diafragmáti-
ca e face esquerda ou pulmonar. A denominação de suas faces é feita conforme suas relações.
O tecido do coração é um tipo especial, o tecido muscular estriado esquelético, que,
como foi estudado em Biologia Humana, possui características morfológicas semelhantes ao
estriado esquelético, apresentando um padrão estriado, e sua contração é rápida e potente,
porém ocorre de forma involuntária, isto é, sem sua consciência.
O músculo do coração é chamado de miocárdio e representa a porção média do coração.
Externamente ao miocárdio está o epicárdio, formado pela lâmina visceral do pericárdio sero-
so, e, internamente, está o endocárdio, uma lâmina endotelial fina que também recobre suas
valvas.
Internamente, o coração apresenta quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos. Os
átrios são separados pelo septo interatrial, enquanto os ventrículos são separados pelo septo
interventricular, dividindo o coração em duas metades, direita e esquerda, que não se comuni-
cam. Portanto, temos átrio direito, ventrículo direito, átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. Há,
ainda, os septos atrioventriculares direito e esquerdo, que separam os átrios dos ventrículos e,
para a passagem do sangue do átrio para o ventrículo, esses septos apresentam orifícios deno-
minados óstios atrioventriculares, direito e esquerdo.
O sangue flui do átrio direito para o ventrículo direito, e do átrio esquerdo para o ventrí-
culo esquerdo através dos óstios atrioventriculares. Para impedir que haja refluxo do sangue, ou
seja, que o sangue retorne do ventrículo para o átrio, há dispositivos chamados valvas atrioven-
triculares. A valva direita apresenta três cúspides, isto é, três válvulas, sendo chamada de valva
tricúspide. A valva esquerda apresenta somente duas cúspides; por isso, é chamada de valva
bicúspide ou mitral. Observe as cavidades e as valvas do coração na Figura 16.
2) Veia cava inferior: transporta o sangue venoso proveniente dos membros inferiores e
do tronco para o átrio direito.
3) Tronco pulmonar: origina-se no ventrículo direito em direção aos pulmões, dividindo-
se em duas artérias pulmonares, direita e esquerda.
4) Veias pulmonares: saem dos pulmões, sendo duas direitas e duas esquerdas, trazen-
do o sangue arterial até o átrio esquerdo.
5) Artéria aorta: artéria mais calibrosa do corpo humano que se origina no ventrículo
esquerdo, de onde transporta o sangue para todo o corpo, através de sucessivas divi-
sões.
Nos orifícios de saída do tronco pulmonar e da aorta, encontram-se valvas, formadas por
três válvulas cada, denominadas valva do tronco pulmonar e valva aórtica, respectivamente,
cuja função é impedir que o sangue retorne para os ventrículos durante a diástole.
Durante a circulação sanguínea, o sangue exerce uma pressão sobre as paredes das arté-
rias, denominada pressão arterial, que é determinada pela contração (sístole) e pelo relaxamen-
to (diástole) dos ventrículos e medida por milímetros (mm) de mercúrio (Hg). Os valores de uma
pressão arterial considerada normal está por volta de 120 mmHg e de 80 mmHg (120x80mmHg)
de pressão sistólica e diastólica, respectivamente.
Tipos de circulação
O sistema circulatório consiste de dois circuitos, ou tipos de circulação: a circulação pul-
monar ou pequena circulação e a circulação sistêmica ou grande circulação.
• Circulação pulmonar: também conhecida por pequena circulação (coração - pulmão -
coração), inicia-se no ventrículo direito, por onde o sangue venoso (rico em CO2) passa,
através do tronco pulmonar, que, em seguida, se divide em artérias pulmonares, direita
e esquerda, em direção ao seu respectivo pulmão. Logo após a hematose (trocas gaso-
sas), o sangue arterial (rico em O2) retorna para o coração através das veias pulmona-
res, desembocando no átrio esquerdo e daí para o ventrículo esquerdo após a abertura
da valva mitral. Aqui termina a circulação pulmonar e inicia-se a circulação sistêmica.
• Circulação sistêmica: também conhecida por grande circulação (coração - tecidos or-
gânicos - coração), inicia-se no ventrículo esquerdo, que impulsiona o sangue para a
artéria aorta durante a sístole, que, através de suas sucessivas divisões, levará o san-
gue arterial e rico em nutrientes para todos os tecidos do corpo humano. Depois das
trocas, os resíduos metabólicos e o CO2 são recolhidos dos membros superiores e da
cabeça pela veia cava superior e dos membros inferiores e do tronco pela veia cava in-
ferior, e levados por esses vasos até o átrio direito e daí para o ventrículo direito, após a
abertura da valva tricúspide, terminando a circulação sistêmica e iniciando a circulação
pulmonar, sucessivamente.
Observe atentamente a Figura 17, que esquematiza os dois tipos de circulação sanguí-
nea.
Há, ainda, um terceiro tipo de circulação, a circulação portal, que está interposta à circu-
lação sistêmica. Trata-se de um tipo de circulação na qual uma veia está interposta entre duas
redes de capilares. O exemplo típico é a circulação portal feita pela veia porta do fígado, que
fica entre a rede de capilares dos intestinos e do fígado, onde ocorre a absorção dos nutrientes
dos alimentos no intestino, que passam por importantes processos metabólicos no fígado e, em
seguida, são liberados no sangue para serem enviados aos tecidos corporais (Figura 18).
Figura 17 Desenho esquemático dos tipos de circulação: pulmonar e sistêmica e seus principais vasos.
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O infarto do miocárdio é uma condição clínica na qual a irrigação sanguínea do miocárdio foi interrompida devido
a uma obstrução, parcial ou total, de uma das artérias coronárias. Com a supressão total ou parcial da oferta de
sangue, ocorre a morte das células do músculo cardíaco, parando de funcionar, o que pode levar à morte súbita,
morte tardia ou insuficiência cardíaca com consequências que vão desde severas limitações da atividade física até
a completa recuperação.
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© Aparelho Cardiorrespiratório 129
sobre os principais vasos do corpo humano. Nunca se esqueça de que as artérias têm fluxo
centrífugo, ou seja, do coração em direção aos tecidos, e as veias, fluxo centrípeto, ou seja, em
direção ao coração.
Artérias
Começaremos nosso estudo pela maior artéria do corpo humano, a artéria aorta. A aorta
origina-se no ventrículo esquerdo e, logo após curto trajeto ascendente, a aorta ascendente faz
uma curva à esquerda, formando o arco aórtico de onde parte as artérias que farão a irrigação
dos membros superiores e da cabeça. Em seguida, tomam um trajeto descendente, formando
a aorta descendente de onde se originam todas as artérias que irrigarão os órgãos torácicos,
abdominais e pélvicos, assim como a parede do tronco e os membros inferiores.
Do arco aórtico originam, à esquerda, a artéria subclávia esquerda e a artéria carótida
comum esquerda, e, à direita, origina-se o tronco braquiocefálico, que, em seguida, se divide
em artéria carótida comum direita e artéria subclávia direita (Figura 24).
As artérias carótidas comuns, direita e esquerda, irão se dividir em dois ramos, a artéria
carótida externa, que faz a irrigação da porção externa da cabeça e da face, e a artéria carótida
interna, que faz a irrigação do encéfalo.
Das artérias subclávias, direita e esquerda, originam-se os ramos que fazem a irrigação de
todo o membro superior. A artéria subclávia localiza-se abaixo da clavícula e, após sua passagem
pela primeira costela, entra na região da axila e passa a ser chamada de artéria axilar, que, logo
abaixo da prega inferior da axila, continua como artéria braquial. Ao nível do cotovelo, divide-
se em dois ramos terminais conhecidos por artéria ulnar e artéria radial, cujas anastomoses na
palma e no dorso da mão fazem a sua irrigação (arco palmar superficial, arco palmar profundo
e rede dorsal do carpo).
A aorta descendente passa pelo tórax (aorta torácica), pelo abdome (aorta abdominal)
e, ao chegar à cavidade pélvica, divide-se em dois ramos terminais, as artérias ilíacas comuns,
direita e esquerda. As artérias ilíacas comuns, após curto trajeto, dividem-se em artéria ilíaca
interna e externa, à direita e à esquerda. A artéria ilíaca interna faz a irrigação dos órgãos pélvi-
cos, da parede da cavidade pélvica e alguns músculos da região do quadril, enquanto a artéria
ilíaca externa é responsável pela irrigação do membro inferior.
A artéria ilíaca externa, ao entrar na região inguinal (virilha), passa a ser chamada de artéria fe-
moral, a principal artéria do membro inferior. Ela tem um trajeto descendente, medial e posterior, e,
ao chegar na fossa poplítea (posterior ao joelho), continua como artéria poplítea. Logo após originar
ramos para o joelho, a artéria poplítea divide-se em dois ramos: artéria tibial anterior e tronco tibio-
fibular que, em seguida, se dividem em artéria tibial posterior e artéria fibular. Esses ramos, além
de serem os responsáveis pela irrigação da porção anterior e posterior da perna, respectivamente,
também originam ramos para a irrigação da planta (artéria plantar medial e lateral - ramos da artéria
tibial posterior) e do dorso do pé (artéria dorsal do pé - ramo da artéria tibial anterior). As principais
artérias do corpo humano podem ser observadas na Figura 25.
Veias
Toda a drenagem venosa do membro superior é feita pela veia axilar, que recebe todo o
sangue do membro superior. Ela continua com a veia subclávia que se anastomosa com a veia
jugular interna para formar a veia braquiocefálica. As veias braquiocefálicas direita e esquerda
se juntam para formar a veia cava superior, responsável pela drenagem da cabeça e do membro
superior. A veia jugular interna recebe a veia jugular externa e as duas juntas fazem a drenagem
da cabeça e do encéfalo. Essas são veias profundas, mas existem ainda as veias superficiais e as
veias satélites.
No entanto, a drenagem venosa não termina por aqui; na verdade, ela começa na extre-
midade do membro inferior por numerosas veias digitais palmares e dorsais que desembocam
no arco venoso dorsal, onde se originam as duas principais e mais calibrosas veias superficiais
do membro superior, a veia cefálica e a veia basílica.
A veia cefálica origina-se no lado lateral (radial) do arco venoso dorsal da mão e tem um
trajeto ascendente na face anterolateral do antebraço, braço e ao nível do ombro penetra na
fáscia muscular e termina na veia axilar.
A veia basílica origina-se do lado medial (ulnar) do arco venoso dorsal da mão e apresen-
ta um trajeto ascendente na face medial e anterior do antebraço. Na porção média do braço,
perfura a fáscia muscular, torna-se profunda e passa a acompanhar as duas veias profundas
satélites do braço, as veias braquiais. Próximas da axila, essas três veias, as veias braquiais e a
veia basílica, se unem para formar a veia axilar.
As veias cefálica e basílica recebem, ao longo de seu trajeto, muitas tributárias e comu-
nicam-se entre si através da veia intermédia do antebraço, local onde são feitas as injeções
endovenosas.
Profundamente, a drenagem venosa do membro superior é feita pelas veias satélites, sen-
do duas veias ulnares, duas veias radiais e duas veias braquiais.
As veias do membro inferior também são divididas em dois grupos: as veias superficiais e
as profundas. As veias superficiais não acompanham artérias e estão localizadas na tela subcu-
tânea.
A drenagem venosa superficial do membro inferior inicia-se em numerosas veias metatar-
sais dorsais que se confluem para formar o arco venoso dorsal do pé. Desse arco partem as duas
principais veias superficiais do membro inferior, a veia safena magna e a veia safena parva.
A veia safena magna origina-se no lado medial do arco venoso dorsal do pé, anterior ao
maléolo medial, e tem um trajeto ascendente na face medial da perna e da coxa, onde perfura
a fáscia muscular e desemboca na veia femoral.
A veia safena parva nasce do lado lateral do arco venoso dorsal do pé, posterior ao malé-
olo lateral, e tem um trajeto ascendente na face posterior da perna, e, ao nível da fossa poplítea
(face posterior do joelho), perfura a fáscia profunda e desemboca na veia poplítea, uma veia
profunda.
As veias profundas acompanham artérias e têm origem nas veias digitais plantares do
pé, que se juntam para formar as veias tibial posterior, tibial anterior e fibulares, que acom-
panham as artérias com o mesmo nome. Essas veias se unem para formar a veia poplítea, que
continua com a veia femoral. A veia femoral, por sua vez, continua com a veia ilíaca externa, na
região inguinal, que, em seguida, se une com a veia ilíaca interna para formar a veia ilíaca co-
mum. As veias ilíacas comuns, direita e esquerda, unem-se para formar a veia cava inferior, que
desemboca no átrio direito, trazendo o sangue venoso proveniente dos membros inferiores e
do tronco, finalizando a drenagem venosa. As principais veias superficiais e profundas do corpo
humano podem ser observadas na Figura 26.
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos, neste tópico, que você procure responder às questões a seguir, que tratam da
temática desenvolvida nesta unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para testar seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estudados
para sanar suas dúvidas. Este é o momento ideal para você fazer uma revisão do estudo desta
unidade. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de
forma cooperativa e colaborativa. Portanto, compartilhe com seus colegas de curso suas desco-
bertas.
Confira, na sequência, as questões propostas para verificar seu desempenho no estudo
desta unidade:
© Aparelho Cardiorrespiratório 135
8. CONSIDERAÇÕES
Ao longo do estudo desta unidade, foi possível perceber que as sobrevivências das células
teciduais dependem do aporte de oxigênio e nutrientes, que são trazidos até elas pelo sangue
e da retirada dos resíduos metabólicos. Para garantir essas funções, o sistema respiratório e o
circulatório trabalham em conjunto de maneira harmoniosa e rítmica.
O sistema respiratório é formado por um conjunto de órgãos responsáveis pela condução
do ar e pela respiração propriamente dita. A respiração é a troca gasosa que ocorre entre o ar e
o sangue (O2 por CO2), ao nível dos pulmões. É através desse processo que as células conseguem
a energia necessária para a manutenção da vida. O oxigênio absorvido pelos pulmões é trans-
portado pelas artérias até os capilares, onde passa do sangue para o tecido e o gás carbônico e
outros resíduos são recolhidos e transportados pelas veias até os órgãos responsáveis por suas
eliminações, como o pulmão.
O sistema encarregado pelo transporte de oxigênio e nutrientes até os tecidos é conheci-
do por sistema circulatório e é formado pelo coração e seus vasos, artérias, veias e capilares, e
pelo sangue. Portanto, não fica difícil perceber a interdependência entre o sistema respiratório
e o sistema circulatório.
Durante uma atividade física, o aparelho cardiorrespiratório aumenta o seu trabalho para
levar maior quantidade de oxigênio e nutrientes até os músculos estriados esqueléticos e o mio-
cárdio. Para isso, o sistema respiratório deverá absorver maior quantidade de O2 e, ao mesmo
tempo, eliminar o CO2, aumentando a frequência respiratória (fluxo de ar inspirado e expirado).
Concomitantemente, o coração aumenta seus batimentos cardíacos com o objetivo de aumen-
tar a circulação sanguínea.
Com isso, podemos concluir que o conhecimento do sistema circulatório e respiratório é
fundamental para a formação do professor de Educação Física, uma vez que tem papel funda-
mental na orientação de atividades físicas e na manutenção da integridade física dos indivíduos.
Portanto, aproveite esta oportunidade e amplie seus conhecimentos, e não se esqueça de pro-
curar seu tutor sempre que tiver dúvidas.
9. E-REFERÊNCIAS
Lista de Figuras
Figura 1 – Divulgação - Desenho esquemático do sistema respiratório. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com.br/
biologia/sistema-respiratorio.htm.>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Figura 5 – Divulgação - Cartilagens da laringe. Disponível em: <http://www.cefala.org/fonologia/galeria_imagens.php?vcatego
ria=Laringe&vnome=Diagrama%201&vfile=laringe_d1.jpg&vref=15>. Acesso em: 15 dez. 20
Figura 7 – Divulgação - Posição da rima da glote durante a respiração (ou em repouso), em A, e durante a fonação, em B.
Disponível em: < http://www.brasilfonoaudiologia.com.br/Voz%20TEXTO.html>. Acesso em: 15 dez. 2010.
1. OBJETIVOS
• Conhecer os órgãos componentes do sistema digestório.
• Compreender as funções do sistema digestório.
• Analisar a importância do sistema digestório para a manutenção do organismo.
2. CONTEÚDOS
• Cavidade bucal.
• Esôfago.
• Estômago.
• Intestinos.
• Órgãos anexos: fígado e pâncreas.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, tivemos a oportunidade de conhecer os principias termos utiliza-
dos em Anatomia, como também os órgãos componentes do aparelho locomotor e do aparelho
cardiorrespiratório.
Agora, nesta unidade, vamos nos dedicar ao estudo do sistema digestório, com seus com-
ponentes e funções. Iniciaremos com uma explanação geral dos órgãos que compõem o sistema
digestório e de suas funções gerais. Posteriormente, estudaremos a Anatomia e a função de
cada órgão separadamente.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de identificar os componentes do
sistema digestório e de compreender as importantes funções desse sistema que estão envolvi-
das na obtenção de nutrientes para o funcionamento do organismo, proporcionando a você um
amplo conhecimento para o ensino e a prática de atividades físicas.
Então, vamos lá... Bom estudo!
5. SISTEMA DIGESTÓRIO
O sistema digestório humano é formado por um conjunto de órgãos e glândulas com a ca-
pacidade de realizar as reações químicas nos alimentos ingeridos para que, depois, possam ser
absorvidos pelo organismo. A essas reações químicas se dá o nome de digestão. Outra impor-
tante característica do sistema digestório é a motilidade, isto é, os movimentos realizados por
seus órgãos, denominado peristaltismo ou movimento peristálticos. Esse movimento permite
a passagem do bolo alimentar de um segmento para outro.
Os órgãos do sistema digestório incluem um longo tubo muscular (músculo liso), o canal
alimentar, que se inicia na boca e termina no ânus, e os órgãos anexos. Os órgãos que compõem
o tubo são: boca, cavidade bucal, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino
grosso e ânus. Os anexos do sistema digestório são: fígado, pâncreas e glândulas salivares.
As funções do sistema digestório são:
1) Preensão dos alimentos.
2) Mastigação.
3) Deglutição.
4) Digestão e absorção dos alimentos.
5) Expulsão das fezes.
Observe os componentes do sistema digestório na Figura 1.
© Sistema digestório 139
6. CAVIDADE DA BOCA
A cavidade da boca é a parte inicial do canal alimentar, limitada anteriormente pelos lábios
e posteriormente pela porção bucal da faringe. Na verdade, a cavidade da boca é dividida em
duas partes, o vestíbulo da boca ou simplesmente boca, e a cavidade da boca propriamente
dita.
O vestíbulo da boca compreende o espaço entre os lábios e as bochechas anteriormente
e as gengivas e os dentes posteriormente.
A cavidade da boca compreende o espaço posterior às gengivas e dentes e anterior à
porção bucal da faringe, numa estreita passagem conhecida por istmo das fauces. O istmo das
fauces, portanto, é o limite entre a cavidade bucal e a faringe (Figura 2).
A porção superior da cavidade bucal é formada pelo palato, que consiste em duas partes,
o palato duro e o palato mole. O palato duro é a parte anterior, formado pelos ossos, maxilas
e palatinos, enquanto o palato mole é a porção muscular, situada posteriormente ao palato
duro.
Os humanos, assim como a maioria dos mamíferos, prendem e cortam os alimentos com
os dentes e mastigam-nos antes da deglutição (ato de engolir). Durante a mastigação, o alimento
é diminuído, umidificado e iniciam-se os processos de transformação de alguns componentes,
como o glicogênio e amido, através das enzimas digestivas presentes na saliva. A língua tem um
papel fundamental na diminuição e diluição dos alimentos e, também, na sensação do paladar,
isto é, no reconhecimento de sabores.
A língua é um órgão muscular encoberto por uma mucosa que a torna rugosa devido à
presença de elevações conhecidas por papilas gustativas, sendo as principais e maiores as papi-
las valadas, disposta em forma de V no terço posterior da língua. Nessa mucosa, também estão
presentes os chamados botões gustativos, responsáveis pela captação dos diferentes sabores.
Portanto, a língua apresenta importantes funções na mastigação, na deglutição, na gustação e
na articulação de palavras.
Anatomicamente, a língua é dividida em uma porção anterior, o corpo, e uma porção pos-
terior, a raiz, responsável por sua implantação. No terço posterior de seu corpo, apresenta um
sulco em forma de V, conhecido por sulco terminal (Figura 3).
Os músculos envolvidos na constituição da língua dividem-se em intrínsecos e extrínse-
cos. Os músculos intrínsecos são os responsáveis pela sua forma geral, e os músculos extrínse-
cos são os que fixam a língua na cavidade da boca e realizam os seus movimentos.
© Sistema digestório 141
cervical, torácica e abdominal. O bolo alimentar atravessa todo o esôfago para chegar ao es-
tômago e é impulsionado pelos movimentos peristálticos. Para isso, o esôfago é constituído
basicamente por músculo liso. Na região de transição esofagogástrica, essas fibras se afunilam
para formar um dispositivo, denominado esfíncter inferior do esôfago, cuja função é impedir o
refluxo do alimento sólido ou líquido. O esôfago pode ser observado na Figura 4.
Figura 4 Esôfago.
O estômago também é um órgão muscular, oco, em forma de saco, podendo ser conside-
rado a parte dilatada do canal alimentar. É uma continuação do esôfago e termina no intestino
delgado, estando situado à esquerda do plano mediano, abaixo do diafragma, na porção supe-
rior da cavidade abdominal, onde está localizada a maioria dos órgãos do sistema digestório.
Possui um orifício de entrada denominado óstio cárdico (comunicação com o esôfago) e outro
de saída, o óstio pilórico, em sua comunicação com o duodeno (intestino delgado).
O óstio pilórico possui um dispositivo formado pela condensação circular e longitudinal
dos feixes musculares, chamado piloro, cuja função é controlar a abertura e o fechamento do
óstio pilórico, controlando a passagem do bolo alimentar do estômago para o intestino. Os mo-
vimentos peristálticos também estão presentes no estômago.
Sua forma é variável conforme a idade, o tipo físico e a quantidade de alimento, e asseme-
lha-se à letra “J”, cuja borda medial é denominada curvatura gástrica menor, e a borda lateral,
curvatura gástrica maior.
O estudo anatômico do estômago permite-nos descrever quatro partes: a cárdia, sua jun-
ção com o estômago; o fundo, porção superior ao nível da cárdia; o corpo, maior parte do es-
tômago; a parte pilórica, porção final contínua com o duodeno. Observe, na Figura 5, as partes
do estômago.
© Sistema digestório 143
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
No estômago, o bolo alimentar entra em contato com o suco gástrico e permanece nele por algum tempo para, de-
pois, ser liberado aos poucos para o intestino.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Neste momento, você deve estar se perguntando: o que é o peritônio?
O peritônio é uma dupla membrana serosa que reveste toda a cavidade abdominal e as
vísceras abdominais, semelhante à pleura da cavidade torácica. Possui duas lâminas contínuas,
o peritônio parietal e o peritônio visceral. O peritônio parietal reveste a parede da cavidade
abdominal, enquanto o peritônio visceral reveste os órgãos. Entre as duas lâminas, existe um
espaço denominado cavidade peritoneal, contendo uma pequena quantidade de líquido, que
permite o deslizamento das lâminas entre si. Há órgãos abdominais que ficam posteriores ao
peritônio parietal, sendo chamados de retroperitoneais, como os rins e o pâncreas.
Devido à disposição, à mobilidade e ao desenvolvimento embrionário dos órgãos na ca-
vidade abdominal, o peritônio apresenta algumas formações importantes, que são: o meso ou
ligamento e o omento.
O meso é uma espécie de ligamento ou reflexão entre a parede abdominal posterior e o
peritônio visceral que, ao mesmo tempo, prende e permite a mobilidade dos órgãos, no caso os
intestinos. Os mesos presentes no corpo humano são o mesentério para o jejuno e íleo (intesti-
nos delgados), o mesocolo transverso do colo transverso do intestino grosso e o mesossigmoi-
de para o colo sigmoide do intestino grosso.
O omento é uma reflexão ou prega peritoneal (peritônio visceral) entre dois órgãos. Há
dois omentos, o omento menor e o omento maior. O omento menor é a reflexão do peritônio
visceral entre o fígado e o estômago, enquanto o omento maior é uma reflexão ampla entre o
estômago e o colo transverso do intestino grosso e dele se dispõe em forma de avental por todas
as alças intestinais, anteriormente.
Você poderá observar os mesos e os omentos nas Figuras 6 e 7, disponibilizadas na sequ-
ência.
8. INTESTINOS
Os intestinos são tubos que se estendem desde a junção entre o estômago e o duodeno
até o ânus. De acordo com seu calibre e forma, distinguem-se dois tipos de intestinos, o intesti-
no delgado e o intestino grosso. Vejamos, a partir de agora, as características de cada parte.
Intestino delgado
O intestino delgado é um tubo muscular com cerca de 2,5 cm de diâmetro e, em média, 6
metros de comprimento, estendendo-se do piloro (junção gastroduodenal) até o óstio ileal no
ceco (ou cecum), início do intestino grosso. É dividido em três partes: duodeno, jejuno e íleo.
O alimento que chega ao intestino delgado depois de ter passado pelo estômago é deno-
minado quimo, que é um líquido pastoso, altamente ácido, formado pelo bolo alimentar, enzi-
mas digestivas e suco gástrico. O quimo, ao atingir o intestino delgado, estimula a produção de
dois hormônios, a secretina, que induz o pâncreas a liberar bicarbonato de sódio neutralizando
sua acidez, e a colecistoquinina (CCK), que induz a liberação de bile, proveniente da vesícula
biliar, e enzimas pancreáticas, começando a parte mais importante do processo de digestão, a
absorção.
Para realizar a absorção com maior eficiência, a mucosa do intestino delgado é adapta-
da contando inúmeras elevações denominadas vilosidades, formando pregas circulares, cuja
função é aumentar a superfície de contato com o quimo, e, consequentemente, aumentar a
absorção e a secreção (Figura 9). Os nutrientes absorvidos pelo intestino chegam ao sangue,
onde são transportados para a circulação sistêmica ou para o fígado pela veia porta, onde alguns
nutrientes são metabolizados.
O duodeno é a primeira parte do intestino delgado, com forma de ferradura ou U, inician-
do-se no óstio pilórico, em sua junção com o estômago, e terminando em uma dobra conhecida
por flexura duodenojejunal, onde começa o jejuno.
São descritas no duodeno quatro partes: superior, descendente, horizontal e ascendente.
Em sua parte descendente, desemboca a ampola hepatopancreática, através do orifício de-
nominado papila maior do duodeno. A ampola hepatopancreática é formada pela junção do
ducto colédoco, trazendo a bile produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar, e o ducto
pancreático, trazendo o suco pancreático produzido pelo pâncreas.
O duodeno está preso à parede abdominal posterior e é a menor parte das três, com cerca
de 25 a 30 cm de comprimento; no entanto, é onde ocorre a maior parte dos processos digesti-
vos. Você poderá observar na Figura 8 as principais características anatômicas do duodeno.
Fonte: Sobotta (1995, p. 137, v. 2).
Figura 8 Duodeno, em corte frontal para estudo de sua anatomia interna.
© Sistema digestório 147
O jejuno inicia-se na flexura duodenojejunal e não há limite nítido de separação entre ele
e o íleo; por isso, costuma-se descrevê-los juntos, usando o termo “jejuno-íleo”. O íleo, por sua
vez, termina através de um orifício de abertura do íleo no ceco (intestino grosso), o óstio ileal.
O jejuno-íleo é a parte móvel do intestino delgado, formando as chamadas alças intesti-
nais, encobertas pelo omento maior e presas à parede abdominal posterior pelo mesentério. A
absorção dos nutrientes continua durante a passagem do quimo pelo jejuno-íleo (Figura 10).
Contudo, podemos dizer que a função do intestino delgado é a de completar o processo
de digestão, absorção dos nutrientes e secreção de muco, enzimas e hormônios.
Jejuno-íleo
Intestino grosso
O intestino grosso é a porção terminal do sistema digestório, facilmente diferenciado do
intestino grosso por seu maior calibre e por outras características peculiares, como a presença
do haustro, das tênias e dos apêndices epiploicos, que serão estudados brevemente a seguir.
Os haustros são dilatações da parede do intestino grosso limitadas por sulcos constritos; as
tênias são três formações em fitas formadas pela condensação dos feixes musculares longitudi-
nais que percorrem toda a sua extensão; e os apêndices epiploicos ou gordurosos do colo são
acúmulos de gorduras envolvidos pela lâmina serosa do órgão.
As funções do intestino grosso também são muito importantes e estão envolvidas na ab-
sorção de água e eletrólitos, assim como na eliminação dos resíduos da digestão. O intestino
grosso é subdividido em partes, de acordo com sua forma ou posição, em: ceco (ou cecum), colo
ascendente, colo transverso, colo descendentes, colo sigmoide, reto e canal anal. Vejamos,
agora, as características de cada uma de suas partes:
1) Ceco: é sua parte inicial, situada à direita, onde se abre o óstio ileal na papila ileal,
trazendo o conteúdo do intestino delgado. Nesse óstio, existe uma valva, chamada
valva ileocecal, com a função de evitar que o conteúdo que passou para o ceco re-
torne para o íleo. Tem o formato de um saco e de sua porção inferior projeta-se um
prolongamento cilíndrico chamado apêndice vermiforme (Figura 11), cuja função no
ser humano não é conhecida, porém é comumente acometido por infecção que é
denominada apendicite, e, nesse caso, necessita ser retirado cirurgicamente. Você
poderá observar o ceco na Figura 11.
2) Colo ascendente: é a continuação do ceco acima da papila ileal, com direção superior
e termina em uma flexão à esquerda, chamada flexura cólica direita, onde se continua
com o colo transverso. Está situado à direita e na região posterior da cavidade abdo-
minal, recoberto pelo peritônio; por isso, é retroperitoneal.
3) Colo transverso: é a continuação do colo ascendente com trajeto transverso da direita
para a esquerda na cavidade abdominal, iniciando na flexura cólica direita e terminan-
do em outra flexão, a flexura cólica esquerda, onde se inicia o colo descendente. Está
fixado na parede abdominal posterior pelo mesocolo transverso.
4) Colo descendente: é a continuação do colo transverso após a flexura cólica esquerda,
com trajeto descendente (inferior) à esquerda da cavidade abdominal e termina con-
tinuando-se no colo sigmoide, próxima à crista ilíaca, já na cavidade pélvica. Também
está fixado à parede posterior da cavidade abdominal.
5) Colo sigmoide: é a continuação do colo descendente com um trajeto inferior sinuoso,
em forma de “S”, situado no plano mediano da pelve. Está fixado à parede posterior
do abdome pelo mesosigmoide e é considerado um reservatório de fezes, sendo con-
tinuado pelo reto.
© Sistema digestório 149
6) Reto: é a continuação do colo sigmoide e estende-se até o canal anal. Possui uma
dilatação conhecida por ampola retal, antes de se estreitar para formar o canal anal.
Não possui haustros e tênias, somente uma parede muscular bem desenvolvida que
ajuda na defecação.
7) Canal anal: é a porção final do sistema digestório, abrindo-se para a superfície externa
através do ânus, formado por uma musculatura estriada, voluntariamente controlada,
que permite a saída das fezes durante a defecação.
Você pode observar todas as partes do intestino grosso na Figura 12.
processos ocorram perfeitamente, existem alguns órgãos anexos ao tubo alimentar, cuja fun-
ção é secretar substâncias importantes para a digestão ou realizar a metabolização de algumas
substâncias. Os órgãos anexos ao canal alimentar são: fígado, pâncreas e glândulas salivares.
Vejamos, a partir deste momento, algumas características desses órgãos.
Fígado
Considerado o maior órgão do corpo, o fígado pesa cerca de 1,5 Kg e está situado à direita
do corpo humano e inferiormente ao diafragma, estando ligado a ele pelo ligamento coronário
e pelo ligamento triangular esquerdo. É uma glândula cujas funções são a de produzir e a de
secretar a bile para proteção do trato intestinal, e participação no metabolismo das proteínas,
carboidratos e gorduras.
O fígado é dividido em quatro lobos por fissuras e ligamentos, sendo dois maiores e princi-
pais, os lobos direito e esquerdo, e dois menores, os lobos quadrado e caudado (Figura 13).
O lobo direito é separado do lobo esquerdo pelo ligamento falciforme, que é uma prega
destacada do peritônio. Em sua face inferior, ou face visceral, além dos lobos direito e esquerdo,
também encontramos o lobo caudado, posteriormente, e o lobo quadrado, anteriormente. En-
tre o lobo quadrado e o lobo direito, está alojada a veia cava inferior (Figura 14).
Na face inferior do fígado, entre os seus quatro lobos, mais precisamente entre o lobo
caudado e o quadrado, existe uma abertura denominada porta do fígado ou hilo hepático, onde
passam os elementos do pedículo hepático, que são: artéria hepática, ducto hepático comum,
veia porta, nervos e vasos linfáticos (Figura 14).
Como comentamos anteriormente, a bile é produzida pelo fígado e passa pelos ductos he-
páticos direito e esquerdo. Esses dois ductos se unem para formar o ducto hepático comum, no
nível da porta do fígado. Após curto trajeto, o ducto colédoco une-se ao ducto cístico, vindo da
vesícula biliar e formando o ducto colédoco, que leva a bile até o duodeno. Antes de desembo-
car no duodeno, comumente, o ducto colédoco reúne-se com o ducto pancreático para formar a
ampola hepatopancreática, que desemboca no duodeno através da papila maior do duodeno. A
bile que não é liberada no duodeno reflui para a vesícula biliar, e lá é armazenada e concentrada
até a próxima abertura da papila maior do duodeno.
A vesícula biliar é um órgão sacular, localizado na face inferior do fígado, entre o lobo
direito e o lobo quadrado, apresentando fundo, corpo, colo e o ducto cístico, já citado anterior-
mente. Ela não é a responsável pela produção da bile, mas, sim, por seu armazenamento. Você
poderá observar a vesícula biliar e os ductos na Figura 15.
© Sistema digestório 151
Pâncreas
O pâncreas (Figura 16) também é uma glândula anexa ao canal alimentar, localizado à
esquerda da cavidade abdominal, fixado à parede posterior do abdome, posteriormente ao es-
tômago. Apresenta três partes: cabeça, corpo e cauda.
A cabeça do pâncreas é a sua parte mais dilatada e está localizada no contorno do duode-
no. O corpo dispõe-se transversalmente na parede abdominal, terminando numa extremidade
estreitada, denominada cauda.
O pâncreas é uma glândula endócrina e exócrina. Sua secreção endócrina é a insulina que
é liberada diretamente no sangue, e a sua secreção exócrina é o suco pancreático, que participa
da digestão dos lipídios, glicídio e protídeos e é secretada através do ducto pancreático e do
ducto pancreático acessório (Figura 16).
© Sistema digestório 153
Glândulas salivares
As glândulas salivares são as responsáveis pela produção da saliva, que é um líquido visco-
so cujas funções são umedecer, dissolver e lubrificar os alimentos, além de participar do início
da digestão dos polissacarídeos através de uma enzima conhecida por amilase. São divididas
em três pares de glândulas extraparietais: a glândula parótida, a glândula submandibular e a
glândula sublingual (Figura 18).
A glândula parótida está localizada lateralmente na face, em posição anteroinferior à ore-
lha. É a maior das glândulas salivares e possui um ducto excreto longo, denominado ducto paro-
tídeo, que secreta a saliva no nível do segundo dente molar superior (Figura 17).
2) Como o intestino delgado e o intestino grosso são divididos e quais suas funções?
11. CONSIDERAÇÕES
Nesta quinta unidade, nós nos concentramos nos órgãos responsáveis pelo processo de
digestão, desde a preensão do alimento até a sua eliminação pelas fezes. O processo de diges-
tão, que não é tão simples, é essencial para o funcionamento do metabolismo humano, uma vez
que sua função é conseguir os nutrientes necessários para o trabalho celular.
O canal alimentar inicia-se na boca e cavidade da boca, onde o alimento já começa o
processo de digestão dos carboidratos através da enzima amilase contida na saliva. O bolo ali-
mentar segue pela faringe, esôfago e chega ao estômago, onde o processo digestivo continua,
formando um líquido pastoso, chamado quimo. O quimo, então, passa para o duodeno, primeira
parte do intestino delgado, onde o processo digestivo é completado, iniciando a absorção dos
nutrientes e o transporte de algumas substâncias (proteínas, lipídios e carboidratos) para serem
metabolizadas pelo fígado através da veia porta. O quimo continua seu trânsito pelo intestino
delgado, passando pelo jejuno-íleo, onde a absorção continua. O íleo termina no ceco, integran-
te do intestino grosso, que continua pelo colo ascendente, colo transverso, colo descendente,
colo sigmoide, reto e ânus. O colo sigmoide armazena as fezes até que o esfíncter anal se abra
ao meio externo, liberando-as.
O sistema digestório não é composto somente pelo canal alimentar, mas também por ór-
gãos anexos, que são glândulas secretoras de substâncias importantes na digestão. Entre esses
órgãos, estão o fígado, responsável pela produção e secreção da bile no duodeno e metaboli-
zação de proteínas, gorduras e carboidratos; o pâncreas, que possui uma secreção endócrina,
que é a insulina, e uma secreção exócrina, que é o suco pancreático liberado no duodeno; e as
glândulas salivares responsáveis pela secreção da saliva, que, além de umedecer, dissolver e
lubrificar os alimentos, inicia o processo de digestão dos carboidratos.
Enfim, o sistema digestório é o grande responsável pela captação de nutrientes e água,
que são necessários para o metabolismo celular. Além disso, consegue a energia necessária
para a prática de atividades físicas; daí a importância de seu conhecimento pelo professor de
Educação Física.
Esperamos que você tenha aproveitado esta oportunidade e compreendido não somente
a composição anatômica e o funcionamento do sistema digestório, mas também a importância
deste conhecimento para a sua formação.
Até breve!
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de Figuras
Figura 1 – Divulgação - Representação esquemática do sistema digestório. Disponível em: <http://www.ich.pucminas.br/pged/
db/wq/cb/2006-2/1-4/index.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 4 – Divulgação - Esôfago. Disponível em: <http://www.rgnutri.com.br/sp/fisiologia/adbee.php>. Acesso em: 16 dez.
2010.
Figura 9 – Divulgação - Desenho esquemático das vilosidades do intestino delgado. Disponível em: <http://www.webciencia.
com/11_13intes.htm>. Acesso em: 16 dez. 20
1. OBJETIVOS
• Compreender a constituição e as funções do sistema nervoso.
• Conhecer a origem do sistema nervoso.
• Reconhecer as estruturas componentes de cada parte do sistema nervoso.
• Compreender o mecanismo de propagação do impulso nervoso.
• Identificar os tipos de neurônios e células da glia e suas funções.
2. CONTEÚDOS
• Tecido nervoso.
• Origem embriológica do sistema nervoso.
• Divisão do sistema nervoso.
• Sistema nervoso central.
• Sistema nervoso periférico.
• Sistema nervoso autônomo.
1) Durante o estudo desta última unidade, tente construir o Esquema dos Conceitos-
-chave dos conteúdos apresentados, ampliando, assim, a sua compreensão.
2) Nesta última unidade, serão estudados os conceitos do sistema mais complexo, o sis-
tema nervoso, que é o controlador de todos nossos sistemas. Portanto, leia todo o
conteúdo com atenção e relacione cada parte descrita com todos os sistemas estuda-
dos.
3) Assim como nas unidades anteriores, responda às questões autoavaliativas presentes
ao final de cada unidade para fixar os conteúdos e detectar as dúvidas.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, tivemos a oportunidade de conhecer muitos conceitos em Ana-
tomia, como a posição anatômica, os planos e eixos, assim como a composição estrutural e as
funções dos principais sistemas orgânicos. O funcionamento de todos esses sistemas estudados
até agora estão na dependência de um sistema especial e muito complexo, conhecido por sis-
tema nervoso.
Nesta unidade, nós nos dedicaremos ao estudo desse sistema, desde sua origem embrio-
lógica até suas funções altamente sofisticadas.
Inicialmente, faremos uma breve análise sobre a formação embriológica do sistema ner-
voso, partindo da sua concepção até a sua formação completa e, consequentemente, conhece-
remos as partes constituintes desse sistema com suas respectivas funções.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de identificar e classificar os tipos
básicos de células que compõem o sistema nervoso, suas partes e seu funcionamento, propor-
cionando um amplo conhecimento para o ensino e a prática de atividades físicas com segurança,
reduzindo o risco de lesão e respeitando o limite de cada indivíduo, de acordo com sua idade ou
condição física.
Que este estudo seja estimulante para você!
5. SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso é um sistema complexo, do qual todos os outros sistemas são depen-
dentes, ou seja, ele controla e coordena as funções dos outros sistemas, como, por exemplo, a
contração muscular, que só ocorre se o músculo receber um estímulo motor do sistema nervo-
so.
Contudo, podemos dizer que a função do sistema nervoso é a de adaptar o animal ao meio
ambiente. Ele é capaz de perceber e identificar os estímulos externos e internos e fazer que o
organismo responda adequadamente a esses estímulos. De maneira resumida, ele recebe as
informações sensoriais (temperatura, dor, tato, pressão, visão, audição, paladar) do meio am-
biente e do próprio organismo, processa essas informações e produz uma resposta, que pode
ser uma contração muscular, uma secreção hormonal ou uma contração visceral.
Algumas funções do sistema nervoso são voluntárias ou conscientes, isto é, dependem
de nossa vontade, como andar, por exemplo, e outras são inconscientes ou involuntárias, acon-
tecendo sem a nossa vontade, como os batimentos cardíacos e os movimentos peristálticos
durante a digestão.
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 159
A complexidade e a importância do sistema nervoso são tão grandes que há uma parte da
Anatomia exclusiva para seu estudo, conhecida por Neuroanatomia.
Para entendermos sua função, é importante conhecermos a composição do tecido nervo-
so, que você já estudou em Biologia Humana, mas será revisado brevemente agora.
O tecido nervoso é constituído por células e pouca quantidade de matriz extracelular. As
suas células são os neurônios e os vários tipos de células da glia ou neuroglia.
O neurônio é a unidade morfofuncional do sistema nervoso, responsável pela recepção e
transmissão das informações sensoriais e motoras. Para isso, existem três tipos básicos de neu-
rônios, os aferentes (sensoriais), os eferentes (motores) e os interneurônios ou de associação.
Vejamos, a seguir, a funcionalidade de cada um:
• Neurônios aferentes: são responsáveis por transmitir as informações sensoriais para a
medula ou o encéfalo (cérebro, tronco encefálico e cerebelo).
• Neurônios eferentes: transmitem os impulsos (respostas) gerados no SNC para o órgão
efetuador (músculos e glândulas).
• Interneurônios ou neurônios de associação: fazem a conexão de um neurônio com o
outro.
Cada neurônio possui um corpo, chamado pericário, onde estão localizados o núcleo e o
citoplasma. Do corpo, partem prolongamentos semelhantes a galhos de árvores, os dendritos, e
um outro prolongamento longo, delgado e único, denominado axônio, que você pode observar
na Figura O axônio é o responsável pela transmissão das informações para outros neurônios,
músculos ou glândulas. A transmissão da informação ocorre através de um ponto de contato
chamado de sinapse.
As sinapses podem ser interneuronais ou neuroefetuadoras. As sinapses interneuronais,
comuns no sistema nervoso central, são a transmissão das informações de um neurônio para
outro neurônio. Já as sinapses neuroefetuadores ocorrem no sistema nervoso periférico, onde
um neurônio transmite as informações para as células efetuadoras, como as células muscula-
res ou secretoras, controlando, assim, suas funções. Essas sinapses, quando ocorrem entre um
neurônio e a célula muscular esquelética, são chamadas de sinapse neuroefetuadora somática;
porém, quando a sinapse é entre um neurônio e uma célula muscular lisa ou glandular, chama-
mos de sinapse neuroefetuadora visceral.
As células da glia estão localizadas entre os neurônios e não são capazes de gerar impulsos
nervosos, mas proporcionam suporte estrutural e funcional para os neurônios. Acredita-se que
há cerca de 10 células da glia para cada neurônio. Outras funções relacionadas a essas células,
além de suporte, são as de sustentação e defesa do sistema nervoso, revestimento ou isolamen-
to das fibras nervosas e modulação da atividade neuronal.
Os tipos de neuroglia encontrados no sistema nervoso central são os astrócitos, os oli-
godendrócitos, as células ependimárias e as micróglias. No sistema nervoso periférico, encon-
tram-se as células de Schwann. As principais características e funções de cada uma dessas célu-
las são brevemente estudadas a seguir:
1) Astrócito: são as maiores células gliais, com o formato de estrela, possuindo diversos
prolongamentos, cujas funções estão relacionadas com as trocas metabólicas entre
neurônios e sangue, oferecendo, também, uma barreira adicional, denominada bar-
reira hematoencefálica para a defesa do sistema nervoso. Os astrócitos sintetizam im-
portantes substâncias para o metabolismo neuronal e removem do meio extracelular
os restos celulares, excessos de neurotransmissores e íons (Figura 3a).
2) Oligodendrócito: são menores que os astrócitos e possuem poucas ramificações e
prolongamentos. Estão dispostas em fileiras entre os neurônios e são responsáveis
pela produção e manutenção da bainha de mielina, bainha protetora que envolve os
neurônios e aumenta a velocidade da condução nervosa (Figura 3b).
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 161
Logo após a fecundação, isto é, o encontro do espermatozoide com o óvulo, inicia-se uma
série de divisões mitóticas, formando o blastocisto, até o final da primeira semana. Durante a
segunda e a terceira semana, as células externas do blastocisto penetram no endométrio do
útero para formarem a placenta e suas células internas darão origem aos três folhetos embrio-
nários de onde se formarão todas as estruturas componentes do corpo humano, os folhetos são:
endoderma, mesoderma e ectoderma.
O endoderma é o folheto mais interno e dará origem aos órgãos do trato digestório, fígado
pâncreas, órgãos do sistema respiratório. Do mesoderma originam-se a derme (camada interna
da pele), os músculos esqueléticos, os ossos e os órgãos do sistema excretor e do sistema cir-
culatório. Por fim, do ectoderma vão se originar os órgãos sensoriais, a epiderme (camada mais
externa da pele) e o sistema nervoso, nosso maior interesse no momento.
Se voltarmos ao começo desta unidade, recordaremos que a função do sistema nervoso
é adaptar o animal ao meio externo através dos estímulos que percebe; então, não é por acaso
que ele se origina do folheto embrionário mais externo, o ectoderma. Portanto, o sistema ner-
voso começa a se desenvolver a partir da terceira semana de gestação, por volta do 19° dia.
O primeiro evento indicando que o sistema nervoso está se formando é o espessamento
da porção central do ectoderma, formando a placa neural, que vai se desenvolvendo e dá ori-
gem ao sulco neural, o qual se aprofunda mais e forma a goteira neural, cujas bordas se fecham
superiormente para formar o tubo neural, de onde se originam todos os elementos do sistema
nervoso central. As bodas da goteira neural que não se fecharam no tubo neural se encontram
com o ectoderma que não se diferenciou e formam uma lâmina longitudinal denominada crista
neural, que dará origem aos elementos do sistema nervoso periférico. Inicialmente, as cristas
neurais são contínuas, porém, durante o seu desenvolvimento, fragmentam-se para formar os
gânglios e os nervos espinhais. Observe as fases do desenvolvimento embrionário nas Figuras
4 e 5.
Figura 5 Desenho esquemático da formação do tubo neural.
Enquanto isso, o tubo neural continua seu desenvolvimento e sua extremidade superior
dilata-se mais para formar o encéfalo, enquanto sua extremidade caudal se desenvolve em me-
nor ritmo para formar a medula espinhal. O encéfalo primitivo apresenta, inicialmente, três
dilatações, denominadas prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. Vejamos, a seguir, como
essas dilatações se desenvolvem e quais estruturas dão origem:
• Prosencéfalo: durante o crescimento, desenvolvem-se duas massas laterais despropor-
cionalmente, de maneira que recobre a porção central. As massas laterais são denomi-
nadas telencéfalo e a porção central diencéfalo, compondo o cérebro, que ocupará a
maior parte da cavidade craniana.
• Mesencéfalo: continua se desenvolvendo sem originar outra parte. É um dos compo-
nentes do tronco encefálico.
• Rombencéfalo: durante o desenvolvimento, ele se dividirá em metencéfalo e mielen-
céfalo. Do metencéfalo, originam-se a ponte e o cerebelo, e, do mielencéfalo, o bulbo.
A ponte e o bulbo também fazem parte do que chamamos de tronco encefálico.
Quando o tubo neural se fechou, havia um canal em seu interior, denominando canal
neural, que permanece por todo o desenvolvimento e após o nascimento, fazendo-se presente,
assim, por toda a vida, passando a constituir os ventrículos no encéfalo e o canal central da me-
dula espinhal. No interior desses ventrículos, está circulando o líquido encefalorraquidiano ou,
simplesmente, o líquor.
Observe, na Figura 6, a demonstração de todas as estruturas que compõem o sistema
nervoso central após seu desenvolvimento.
Cerebelo
SNC Mesencéfalo
Tronco encefálico Ponte
Bulbo
Medula espinhal
Nervos espinhais
SNC Nervos cranianos
Gânglios
Terminações nervosas
Além dessa divisão anatômica, não podemos deixar de falar da divisão funcional do siste-
ma nervoso, o qual é dividido em sistema nervoso somático e sistema nervoso visceral.
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 165
Cérebro
O cérebro é a parte superior do SNC, e não só pela topografia, mas também pelas suas
nobres funções. Ele é composto pelo telencéfalo e pelo diencéfalo, que juntos ocupam cerca de
80% da cavidade craniana.
O telencéfalo desenvolve-se bem mais do que o diencéfalo, constituindo os chamados
hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, que são divididos incompletamente pela fissura lon-
gitudinal. O diencéfalo fica encoberto pelos hemisférios cerebrais, em posição mediana, e é
subdividido em: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. Vamos, agora, estudar separada-
mente a estrutura e a função de cada uma dessas partes do cérebro.
Telencéfalo
Como já foi dito, o telencéfalo forma duas massas laterais volumosas, conhecidas por he-
misférios cerebrais, que são incompletamente divididos pela fissura longitudinal em hemisfério
direito e hemisfério esquerdo, ligados internamente por uma massa de substância branca c
onhecida por corpo caloso. Esses hemisférios são divididos em lobos que recebem os nomes
dos ossos do crânio com que se relacionam; assim, temos os lobos: frontal, parietal, occipital e
temporal, que podem ser vistos na Figura Na superfície externa dos lobos, existe uma camada
de substância cinzenta, conhecida por córtex ce-
rebral, que é a sede de processamento de todos
os estímulos que chegam até o cérebro. É no cór-
tex cerebral que interpretamos os estímulos e
identificamos os sons, os objetos, os cheiros e to-
dos os outros estímulos e, também, é onde se ini-
ciam os comandos motores para os músculos.
Para aumentar a superfície cortical, mas
sem aumentar o volume cerebral e, consequen-
temente, a cavidade craniana, o cérebro humano
apresenta relevos limitados por depressões. Esses
relevos são chamados de giros e as depressões Figura 7 Desenho esquemático dos lobos cerebrais.
são os sulcos, que são como dobras do cérebro. Cerca de dois terços do córtex estão encobertos
nesses sulcos. Os giros e os sulcos geralmente recebem o nome referente à posição em que se
encontram dentro de cada lobo; assim, temos os giros frontais superior, médio e inferior, se-
parados pelos sulcos superior e inferior. No lobo temporal, ocorre da mesma maneira. O lobo
occipital e o parietal possuem lóbulos, que são formados por mais de dois giros.
Os principais sulcos cerebrais são: o sulco central, o sulco lateral, o sulco parieto-occipital
e o sulco calcarino.
O sulco central separa o lobo frontal do pa-
rietal, mas, na verdade, sua importância é ainda
maior quando dizemos que ele separa as duas prin-
cipais áreas, a sensitiva e a motora, do SNC. A área
motora primária fica no giro pré-central, localizada
anteriormente ao sulco central, no lobo frontal. Em
contraponto, a principal área sensitiva, conhecida
por área somestésica, fica no giro pós-central, pos-
terior ao sulco central, no lobo parietal. Observe
essas áreas na Figura O sulco lateral separa o lobo
temporal dos lobos frontal e parietal e nas suas Figura 8 Desenho esquemático dos giros pré-central e pós-
bordas está localizada a área da audição. O sulco central, e dos sulcos central e lateral.
parieto-occipital separa o lobo parietal do lobo oc-
cipital, mais precisamente os lóbulos pré-cúneo, anterior ao sulco, e cúneo, posterior. Por fim, o
sulco calcarino é visto na face medial do lobo occipital, constituindo o limite posterior do cúneo,
e onde está a área da visão (Figura 9).
A análise interna dos hemisférios cerebrais permite-nos identificar uma área de substância
cinzenta externa, o córtex cerebral, que acabamos de estudar, uma área de substância branca,
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 167
conhecida por centro branco medular, e, mais profundamente, encontramos núcleos de subs-
tância cinzenta conhecidos por núcleos da base (Figura 10).
O centro branco medular consiste em feixes de fibras nervosas que conectam as diversas
áreas cerebrais ou o córtex às áreas abaixo dele. O mais espesso feixe de fibras é o corpo calo-
so, que conecta o hemisfério direito ao hemisfério esquerdo. No entanto, o mais importante é
denominado cápsula interna, passando entre os núcleos da base e o diencéfalo, formado por
fibras que levam os estímulos sensoriais até o córtex e trazem os impulsos nervosos do córtex
para as áreas subcorticais.
Os núcleos da base são núcleos de neurônios, localizados abaixo do córtex cerebral, com
a função de controle da resposta motora, participando do planejamento e execução do ato
motor. Os principais núcleos da base são: claustro, núcleo caudado, putâmen e globo pálido,
sendo que os dois últimos também são conhecidos por núcleo lentiforme. O núcleo caudado e
o núcleo lentiforme formam o corpo estriado, a estrutura basal mais importante. A doença de
Parkinson ocorre devido à degeneração dos neurônios dopaminérgicos do corpo estriado.
Córtex cerebral
Centro branco
medular
Núcleos da base
Diencéfalo
O diencéfalo é a parte do cérebro que está encoberta pelos hemisférios cerebrais, sendo
visível somente na face inferior do cérebro. É subdividido em tálamo, hipotálamo, epitálamo e
subtálamo.
O tálamo é formado por duas massas de substância cinzenta, localizadas uma de cada lado
do cérebro. É constituído de vários núcleos, cuja função é receber e integrar os diversos impul-
sos sensitivos provenientes da periferia, como o tato, a dor e a pressão, assim como os estímulos
visuais e auditivos e, após o processamento, enviá-los para as áreas corticais específicas (Figura
11).
O hipotálamo está localizado abaixo do tálamo, do qual está separado pelo sulco hipotalâ-
mico, e, embora seja uma área bem pequena, é uma das mais importantes do SNC, pois está
relacionada com o controle hormonal e visceral, buscando a manutenção da homeostasia (equi-
líbrio das funções orgânicas). Ao hipotálamo pertence a hipófise, estrutura nervosa que contro-
la a secreção de todos os hormônios. Dentre as diversas funções do hipotálamo, podemos citar:
Tálamo
Hipotálamo
Fonte: Sobotta (1995, p. 275, v. 1).
Figura 11 Diencéfalo.
Cerebelo
O cerebelo está situado abaixo do cérebro e posteriormente ao tronco encefálico, ao qual
está conectado através dos pedúnculos cerebelares superior, médio e inferior. Por esses pe-
dúnculos, o cerebelo recebe e envia seus impulsos nervosos às áreas subcorticais e à medula
espinhal. A sua anatomia interna é semelhante ao cérebro, sendo constituído por um córtex e
uma área branca, conhecida por corpo branco medular do cerebelo, onde estão localizados os
núcleos do cerebelo (Figura 12).
Anatomicamente, o cerebelo é dividido em uma porção central, conhecida por verme, e
duas laterais, conhecidas por hemisférios cerebelares, cuja superfície apresenta diversas fissu-
ras que formam as folhas do cerebelo. Dessas fissuras, duas delas se aprofundam para dividir
o cerebelo em três lobos. Assim, a fissura prima separa o lobo anterior do lobo posterior, e a
fissura póstero-lateral separa o lobo posterior do lobo flóculo-nodular. Em uma vista medial, o
córtex e o corpo medular do cerebelo têm a aparência de uma árvore; daí foi dado ao cerebelo
o nome de árvore da vida. No entanto, as funções do cerebelo são importantes para o controle
da postura e do equilíbrio, sendo o responsável pela coordenação da atividade motora do corpo,
tornando os movimentos mais harmônicos.
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 169
Lobo flóculo-nodular
Tronco encefálico
O tronco encefálico é a parte do SNC que está interposta entre o cérebro e a medula es-
pinhal, mas não serve somente para comunicar essas partes. Suas funções são importantes e
estão relacionadas com o controle de dez dos 12 pares de nervos cranianos, além de regular as
atividades viscerais mais importantes relacionadas com a respiração e a circulação. É dividido
em três partes: o mesencéfalo, a ponte e o bulbo (Figura 13). O mesencéfalo está abaixo do
diencéfalo, o bulbo é a parte mais caudal que continua com a medula espinhal, e a ponte está
entre as duas partes citadas.
O bulbo é também chamado de medula oblonga, devido à sua relação com a medula
espinhal; porém, a disposição das substâncias branca e cinzenta entre as duas estruturas são
diferentes. No bulbo, a substância cinzenta está organizada em núcleos, sendo um dos princi-
pais o núcleo olivar, que participa da regulação da atividade motora e delimita uma elevação na
superfície lateral de cada lado do bulbo, denominada oliva bulbar. Em sua face anterior, encon-
tramos duas saliências chamadas pirâmides bulbares, onde cerca de 80% das fibras que estão
descendo do córtex cerebral cruzam para o lado oposto e descem pela medula espinhal. O local
onde ocorre o cruzamento das fibras corticais na pirâmide bulbar é chamado de decussação das
pirâmides e explica o fato de indivíduos sofrerem um acidente vascular encefálico (AVE) de um
lado e perderem os movimentos do lado oposto.
A ponte pode ser considerada realmente uma ponte de ligação entre as áreas corticais e
subcorticais, o cerebelo e a medula espinhal. Está localizada entre o mesencéfalo e o bulbo, do
qual é separada pelo sulco bulbopontino. Sua porção anterior é chamada de base da ponte e é
formada por feixes de fibras que se convergem para formar de cada lado o pedúnculo cerebelar
médio, por onde o cerebelo se comunica com o restante do sistema nervoso. Na ponte, também
são encontrados vários grupos de neurônios que recebem o nome de núcleos e por onde pas-
sam muitas fibras ascendentes e descendentes.
O mesencéfalo é a porção superior do tronco encefálico e é continuado superiormente
pelo diencéfalo. Contém muitos núcleos e feixes de fibras nervosas que sobem até o cérebro e
descem para a medula espinhal. Anteriormente, apresenta duas porções laterais denominadas
pedúnculos cerebrais, por onde passam as vias ascendentes e descendentes. A sua porção pos-
terior é denominada tecto de mesencéfalo. Internamente, os pedúnculos cerebrais são dividi-
dos em porção anterior, denominada base, e uma posterior, denominada tegmento, pela subs-
tância negra, que é uma faixa de substância cinzenta. No tegmento dos pedúnculos cerebrais,
encontram-se dois núcleos de substância cinzenta que, devido à sua coloração avermelhada,
são denominados de núcleos rubros (Figura 15). O tecto, por sua vez, possui quatro protuberân-
cias pequenas, denominadas, em conjunto, como corpos quadrigêmeos; porém, são funcional-
mente divididos em dois colículos superiores e dois colículos inferiores (Figura 14).
De modo geral, podemos dizer que o tronco encefálico não só serve de passagem paras
as inúmeras vias que ascendem e descendem no sistema nervoso, mas também possui vários
núcleos para os nervos cranianos ou que participam do controle dos movimentos voluntários.
Também não podemos deixar de falar do controle dos reflexos respiratórios e vasomotor exer-
cido por esses segmentos.
Mesencéfalo
Ponte
Bulbo
Corpos quadrigêmeos:
colículos superiores e
colículos inferiores
Medula espinhal
A medula espinhal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso que ocupa incompletamente
o canal vertebral, tendo como limite superior o bulbo e terminando em nível da segunda vér-
tebra lombar (L2). À medida que vai se aproximando da coluna lombar, seu calibre vai se afuni-
lando para formar o cone medular, que continua com um filamento delgado de sua meninge
mais fina, a pia máter, que estudaremos a seguir, chamada de filamento terminal. Embora a
medula termine em nível de L2, suas raízes nervosas continuam descendo pelo canal vertebral
juntamente com o filamento terminal, constituindo a cauda equina.
A superfície externa da medula espinhal é caracterizada pela presença de sulcos que per-
correm longitudinalmente toda a sua extensão, que são: o sulco mediano posterior, a fissura
mediana posterior, os sulcos laterais posteriores e os sulcos laterais anteriores, que ficam nas
laterais do sulco mediano posterior e fissura mediana anterior, respectivamente. Esses sulcos
podem ser observados na Figura
Sulco mediano posterior
Meninges
O sistema nervoso central é revestido por três membranas conjuntivas de diferentes es-
pessuras, conhecidas por meninges. As meninges que envolvem o sistema nervoso são: dura-
máter, aracnoide e pia-máter.
A dura-máter é a mais externa, mais espessa e resistente das meninges. A dura-máter me-
dular envolve a medula e, inferiormente, ela forma o saco dural que reveste a cauda equina e o
filamento terminal e continua-se superiormente com a dura-máter craniana que possui algumas
diferenças, como a presença de dois folhetos.
A aracnoide está localizada entre a dura-máter e a pia-máter e é mais delgada que a dura-
máter.
A pia-máter é a mais delgada e a mais interna de todas, estando aderente ao tecido ner-
voso de tal modo que fica quase impossível separá-la dele. No término da medula espinhal, no
cone medular, a pia-máter continua-se para formar o filamento terminal.
Entre as meninges, existem os espaços: extradural, presente somente na medula espinhal,
sendo aquele que está entre o canal vertebral e a dura-máter; o subdural, entre a dura-máter
e a aracnoide; e o subaracnoide, entre a aracnoide e a pia-máter, sendo de grande importância
clínica, pois é o local onde está o líquor.
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Nas anestesias raquidianas, o anestésico é injetado no espaço subaracnoide por meio de uma agulha inserida entre
a segunda e terceira ou terceira e quarta vértebras lombares.
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vés dos forames do crânio. Eles podem ser somente sensoriais, motores ou mistos, isto é, com
funções sensoriais e motoras, e são responsáveis pela inervação dos músculos, da pele e das
estruturas articulares da cabeça. Também são responsáveis pela condução de informações sen-
sórias relacionadas com os sentidos da visão, audição, olfato e paladar. Os 12 pares de nervos
cranianos são:
1) N. olfatório.
2) N. óptico.
3) N. oculomotor.
4) N. troclear.
5) N. trigêmeo.
6) N. abducente.
7) N. facial.
8) N. vestíbulo-coclear.
9) N. glossofaríngeo.
10) N. vago.
11) N. acessório.
12) N. hipoglosso.
Os gânglios podem ser divididos em espinhais, cranianos ou autonômicos. Os gânglios
sensoriais espinhais e cranianos são dilatações onde estão alojados os corpos dos neurônios
sensitivos. Os gânglios autonômicos também são dilatações irregulares presentes ao longo do
curso das fibras nervosas autonômicas e é o local onde o neurônio pré-ganglionar faz sinapse
com o neurônio pós-ganglionar.
Figura 20 Esquema dos órgãos inervados pelo sistema nervoso autônomo, simpático e parassimpático.
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 177
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de Figuras
Figura 1 – Divulgação - Desenho esquemático dos neurônios e seus componentes. Disponível em: <http://www.passeiweb.
com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/biologia/biologia_animal/sistema_nervoso/sist_nervoso>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 4 – Divulgação - Desenho esquemático do início da formação do sistema nervoso. Disponível em: <http://www.forp.usp.
br/mef/embriologia/geral.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 5 – Divulgação - Desenho esquemático da formação do tubo neural. Disponível em: <http://www.forp.usp.br/mef/
embriologia/geral.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 6 – Divulgação - Desenho esquemático do sistema nervoso central após sua formação. Disponível em: <http://www.
guia.heu.nom.br/cerebro.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 7 – Divulgação - Desenho esquemático dos lobos cerebrais. Disponível em: <http://www.medicinageriatrica.com.
br/2007/05/22/saude-geriatria/acidente-vascular-cerebral-aspectos-clinicos/>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 8 – Divulgação - Desenho esquemático dos giros pré-central e pós-central. Disponível em: <http://auladeanatomia.com/
neurologia/telencefalo.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 17 – Divulgação - Vista interna da medula espinhal. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Medulaespinal.GIF>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 18 – Divulgação - Nervos espinhais. Disponível em: <http://www.anafisiopilates.com.br/mobilizacao.php>. Acesso em:
16 dez. 2010.
Figura 19 – Divulgação - Nervos cranianos. Disponível em: <http://faballvet.blogspot.com/2007/05/nervos-cranianos.html>.
Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 20 – Divulgação - Vista interna da medula espinhal. Disponível em: <http://wwwvetmorfo2.blogspot.com/>. Acesso em:
16 dez. 2010.