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ANATOMIA HUMANA GERAL

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EaD

Anatomia Humana Geral – Profª. Drª. Camila Tavares Valadares da Silva


Cod. 33

Olá, tudo bem? Seja bem-vindo! Meu nome é Camila Tavares Valadares da Silva, sou
Fisioterapeuta graduada pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Mestre e Doutora em
Ciências (área de concentração: Psicobiologia) pela Universidade de São Paulo (USP), campus
de Ribeirão Preto. Em minha dissertação de mestrado, investiguei os efeitos da desnutrição
proteica sobre a memória e a aprendizagem em ratos. A minha tese de doutorado foi sobre
o mesmo assunto, embora tenham sido analisados outros parâmetros de comportamentos
e neurológicos. Já atuei como docente na Universidade de Uberaba (UNIUBE) nos cursos de
Fisioterapia e, também, na Universidade Paulista (UNIP), campus de Araraquara, nos cursos
de Enfermagem e Farmácia Bioquímica. No Centro Universitário Claretiano de Batatais, sou
professora nas áreas de Anatomia e Neuroanatomia no curso de Fisioterapia e Educação Física, Biologia Humana e Fisiologia
no curso de Licenciatura em Educação Física e Fundamentos Biológicos no curso de Bacharelado em Educação Física. Sou uma
apaixonada pelo estudo do corpo humano desde a graduação, quando comecei a estudar Anatomia Humana. Será um imenso
prazer participar da construção de seu conhecimento e de sua formação profissional.
Camila Tavares Valadares da Silva

ANATOMIA HUMANA GERAL


Caderno de Referência de Conteúdo

Batatais

Claretiano

2013
© Ação Educacional Claretiana, 2013 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013

611 S578a

Silva, Camila Tavares Valadares da


Anatomia humana / Camila Tavares Valadares da Silva – Batatais, SP :
Claretiano, 2013.
178 p.

ISBN: 978-85-67425-20-7

1. Noções gerais sobre os componentes do sistema esquelético e junturas,


reconhecendo a importância destes nos diferentes movimentos humanos. 2.
Aparelhos cardiorrespiratório e digestório. 3. Componentes do Sistema Nervoso
Central: estrutura do neurônio, propagação do impulso nervoso. 4. Componentes
do Sistema Nervoso Periférico. 5. Organização dos músculos esqueléticos. 6.
Estudo teórico e prático dos músculos dos membros superiores, inferiores e tronco.
I. Anatomia humana.

CDD 611

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SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 7
2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO......................................................................................................................9

UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA


3 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 23
4 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 23
5 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................23
6 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................24
7 CONSIDERAÇÕES INICIAIS E BREVE HISTÓRICO SOBRE ANATOMIA HUMANA...............................................24
8 POSIÇÃO ANATÔMICA.................................................................................................................................... 31
9 PLANOS ANATÔMICOS E EIXOS DE MOVIMENTOS DO CORPO HUMANO.....................................................32
10 TERMOS DE POSIÇÃO, RELAÇÃO E COMPARAÇÃO DO CORPO HUMANO.....................................................37
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................38
12 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................... 38
13 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 39
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................39

UNIDADE 2 - APARELHO LOCOMOTOR


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 41
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 41
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ...............................................................................................41
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................42
5 SISTEMA ESQUELÉTICO.................................................................................................................................. 43
6 DIVISÃO DO ESQUELETO................................................................................................................................ 44
7 CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS...........................................................................................................................45
8 O ESQUELETO HUMANO: PRINCIPAIS OSSOS ................................................................................................48
9 SISTEMA ARTICULAR...................................................................................................................................... 57
10 CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS ARTICULAÇÕES..........................................................................................63
11 CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ARTICULAÇÕES....................................................................................63
12 PRINCIPAIS ARTICULAÇÕES DO CORPO HUMANO.........................................................................................66
13 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS .......................................................................................................................70
14 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................... 71
15 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 71
16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................72

UNIDADE 3 - SISTEMA MUSCULAR


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 73
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 73
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ...............................................................................................73
4 INTROUÇÃO À UNIDADE................................................................................................................................ 74
5 SISTEMA MUSCULAR...................................................................................................................................... 74
6 CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DOS MÚSCULOS........................................................................................76
7 CLASSIFICAÇÃOS DOS MÚSCULOS.................................................................................................................80
8 PRINCIPAIS MÚSCULOS DO CORPO HUMANO...............................................................................................86
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................106
10 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................... 106
11 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 107
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................107

UNIDADE 4 - APARELHO CARDIORRESPIRATÓRIO


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 109
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 109
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................109
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................110
5 SISTEMA RESPIRATÓRIO................................................................................................................................. 110
6 SISTEMA CIRCULATÓRIO................................................................................................................................ 121
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................134
8 CONSIDERAÇÕES............................................................................................................................................ 135
9 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 135
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................136

UNIDADE 5 - SISTEMA DIGESTÓRIO


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 137
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 137
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................137
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................138
5 SISTEMA DIGESTÓRIO.................................................................................................................................... 138
6 CAVIDADE DA BOCA....................................................................................................................................... 139
7 FARINGE, ESÔFAGO E ESTÔMAGO.................................................................................................................141
8 INTESTINOS.................................................................................................................................................... 145
9 ÓRGÃOS ANEXOS AO CANAL ALIMENTAR......................................................................................................149
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................155
11 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................... 155
12 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 156
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................156

UNIDADE 6 - FUNDAMENTOS DE NEUROANATOMIA – SISTEMA NERVOSO


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 157
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 157
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................157
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................158
5 SISTEMA NERVOSO........................................................................................................................................ 158
6 DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO....................................................................................................................164
7 SISTEMA NERVOSO CENTRAL.........................................................................................................................165
8 SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO.....................................................................................................................173
9 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO...................................................................................................................175
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................177
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................ 177
12 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 177
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................178
Caderno de
Referência de
Conteúdo
CRC

Ementa–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Noções gerais sobre os componentes do sistema esquelético e junturas, reconhecendo a importância destes nos
diferentes movimentos humanos. Aparelhos cardiorrespiratório e digestório. Componentes do Sistema Nervoso Cen-
tral: estrutura do neurônio, propagação do impulso nervoso. Componentes do Sistema Nervoso Periférico. Organiza-
ção dos músculos esqueléticos. Estudo teórico e prático dos músculos dos membros superiores, inferiores e tronco.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Caro aluno, iniciaremos, agora, o estudo de Anatomia Humana Geral, um dos cadernos
que compõem o Curso de Graduação. No Caderno de Referência de Conteúdo (CRC), você en-
contrará as unidades básicas que o ajudarão a compreender a importância dos conhecimentos
fundamentais da Anatomia Humana como pré-requisito para outros conteúdos e para a forma-
ção de um profissional voltado à promoção e à manutenção da saúde, tanto na nossa sociedade,
de uma maneira geral, como no contexto escolar, de forma mais específica, dando subsídios
para o planejamento e para a implementação de programas esportivos apropriados.
A Anatomia Humana Geral faz parte do conteúdo básico de todos os cursos voltados para
a área biológica e da saúde. No seu Curso de Graduação ela tem por objetivo oferecer aos futu-
ros profissionais conhecimentos sobre a composição e o funcionamento do corpo humano, uma
vez que um de seus focos de trabalho será o corpo humano, que é constituído por uma série
de ossos, articulações, músculos e órgãos que trabalham em conjunto, formando os sistemas
componentes do organismo humano.
Depois de ter conhecido a estrutura geradora da vida, a célula, e a composição dos tecidos
humanos no Caderno de Referência de Conteúdo Biologia Humana, vamos, juntos, conhecer a
estrutura e o funcionamento dos órgãos e dos sistemas mantenedores da vida, sem os quais
seria impossível se locomover, respirar, alimentar etc.
O estudo de Anatomia Humana Geral em um Curso de Graduação, em um primeiro mo-
mento, pode não parecer importante., em um primeiro momento, pode não parecer impor-
tante; no entanto, ela adquire uma enorme responsabilidade, na medida em que estará pre-
8 © Anatomia Humana Geral

parando o aluno para as possíveis discussões em outros estudos, tais como Fisiologia Humana
Geral, Cinesiologia e, até mesmo, para a compreensão da realização das práticas esportivas e
dos mecanismos de lesões.
Assim, este Caderno de Referência de Conteúdo fornecerá o suporte básico para que você
possa ter uma visão crítica dos mecanismos anátomo-fisiológicos. Compreender, inicialmente,
a importância desse conhecimento parece uma tarefa difícil, porém, é fundamental para a for-
mação de um professor de Educação Física diferenciado, que tem interesse em obter uma for-
mação completa e poder cuidar apropriadamente de seus futuros alunos. Então, vamos juntos
fazer esta viagem ao corpo humano e conhecer todas as estruturas fundamentais para a loco-
moção e sobrevivência dos seres humanos.
A Educação a Distância exige uma nova forma de estudo, uma vez que você é o protagonis-
ta de sua aprendizagem. Entretanto, você não estará sozinho, pois terá todo o suporte necessá-
rio para a construção do seu conhecimento. Esse será um desafio que enfrentaremos juntos, e,
com sua dedicação, o crescimento profissional e pessoal acontecerá naturalmente.
Não se esqueça de que você deverá participar e interagir constantemente com seus pro-
fessores (tutores) e com seus colegas de curso, assim como fazer a leitura não só deste material,
como também das bibliografias indicadas.
O conteúdo deste material está organizado didaticamente em seis unidades.
Na Unidade 1, será feita uma introdução ao estudo da Anatomia Humana, passando por
um breve relato histórico e tratando de conceitos básicos. Você tomará conhecimento da posi-
ção de descrição anatômica, cuja função é a padronização do estudo anatômico. Também fare-
mos uma breve explicação sobre os planos de delimitação e de secção anatômico, assim como
dos eixos de movimentos do corpo humano, essenciais para o estudo e compreensão das diver-
sas partes do corpo.
Seguindo nossa jornada, na Unidade 2, estudaremos o aparelho locomotor, discutindo as
principais características do sistema esquelético e articular, com o objetivo de compreender o
movimento humano, muito importante para o profissional de Educação Física.
Na Unidade 3, continuaremos a falar do aparelho locomotor, focando o estudo no sistema
muscular, analisando os principais músculos que são responsáveis pelos movimentos dos mem-
bros superiores, membros inferiores, como também do tronco.
A Unidade 4 estará focada no aparelho cardiorrespiratório, tendo em vista sua importân-
cia para a sobrevivência do organismo. Iniciaremos estudando o sistema circulatório, dando
ênfase na constituição morfológica e funcional de seu principal componente, o coração. Em
seguida, estudaremos os vasos responsáveis pela circulação do sangue, as veias e as artérias.
Em seguida, estudaremos o sistema respiratório, desde o nariz até os pulmões, o principal órgão
respiratório. Ao final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de entender não somente as fun-
ções individuais dos dois sistemas, mas sua interdependência, uma vez que o sistema respirató-
rio é o responsável pelas trocas gasosas e o sistema circulatório por transportar os nutrientes e
os gases (oxigênio e gás carbônico) até as células. Esses dois sistemas são vitais e a importância
de seu conhecimento para a Educação Física é obvio quando pensamos nos objetivos principais
dessa profissão, que é a promoção e a manutenção da saúde.
Durante a Unidade 5, estudaremos o sistema digestório com seus órgãos constituintes,
relacionando sua estrutura e função, que é a obtenção dos nutrientes pelos alimentos. Dentre
esses nutrientes, podemos citar os lipídios, as proteínas, os carboidratos e a água, cujas funções
você já estudou em Biologia Humana.
© Caderno de Referência de Conteúdo 9

Finalmente, na Unidade 6, trataremos do sistema nervoso, considerado o mais complexo


de todos. No Caderno de Referência de Conteúdo Biologia Humana, você estudou a composição
do tecido nervoso, agora, estudaremos a estrutura e a função do sistema nervoso central, peri-
férico e autônomo, assim como a sua primordialidade para o funcionamento de todos os outros
sistemas.
A proposta deste Caderno de Referência de Conteúdo é despertar você para a compreen-
são dos princípios básicos da constituição da vida humana, como a estrutura e a função dos prin-
cipais sistemas componentes do corpo humano, assim como a importância desses elementos no
desenvolvimento da prática esportiva.
O convite está feito; agora, só depende de você. O êxito de sua aprendizagem dependerá,
principalmente, de seu empenho em cumprir as atividades propostas e interagir de maneira
apropriada com seus professores e colegas de turma. Portanto, venha adquirir os conhecimen-
tos básicos capazes de beneficiar e potencializar sua atuação como professor de Educação Físi-
ca.

2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO

Abordagem Geral
Neste tópico, apresentamos uma visão geral do que será estudado neste Caderno de Refe-
rência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo
de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada
unidade. No entanto, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessá-
rio a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida - científica e cul-
tural - para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva,
ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e
dos princípios básicos que fundamentam este Caderno de Referência de Conteúdo.
Assim como o estudo de Biologia Humana, o estudo da Anatomia Humana Geral é impor-
tante para a formação do professor de Educação Física. É por meio desses conhecimentos que
o educador físico poderá definir os tipos mais adequados de atividades tanto para as crianças
saudáveis quanto para aquelas que apresentarem algum tipo de disfunção ou até mesmo limi-
tações físicas. Nas seis unidades que compõem este material, você encontrará todo o conteúdo
necessário para que você tenha uma visão crítica dos sistemas que compõem o corpo humano,
aumentando sua competência profissional e garantindo uma formação mais completa e com
êxito em sua profissão.
Nesta Abordagem Geral sobre o conteúdo do Caderno de Referência de Conteúdo Anato-
mia Humana Geral, iniciaremos com a introdução ao estudo da Anatomia Humana, apresentan-
do um breve relato histórico sobre o estudo anatômico do corpo humano e seu impacto para as
ciências da saúde. Além disso, estudaremos os principais termos e conceitos utilizados em Ana-
tomia, importantes para a padronização e compreensão do Caderno de Referência de Conteúdo.
Estudaremos, também, os sistemas componentes do organismo humano, iniciando com
o aparelho locomotor, composto pelo sistema esquelético, o sistema articular e, por fim, o sis-
tema muscular. Esses sistemas são os responsáveis pela execução dos movimentos humanos,
como a locomoção. Portanto, não fica difícil verificar a importância deste estudo para os profis-
sionais da Educação Física.

Claretiano - Centro Universitário


10 © Anatomia Humana Geral

Conheceremos, ainda, os outros sistemas importantes para a nossa sobrevivência, que


são: o sistema respiratório e sistema circulatório, que, juntos, compõem o aparelho cardiorres-
piratório; o sistema digestório; e, finalmente, o sistema nervoso, imprescindível para o funcio-
namento de todos os outros sistemas.
Durante nosso estudo, faremos uma análise crítica sobre a importância desse conheci-
mento para a formação de um profissional diferenciado e comprometido com seu trabalho.
Antes de iniciarmos, vamos fazer a Oração do Cadáver, escrita por Rokitasnky em 1876:
Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este
corpo nasceu do amor de duas almas, cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu
seio o agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. Por certo amou e foi
amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu saudades dos outros que partiram. Agora jaz na
fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu
nome, só Deus sabe, mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade. A
humanidade que por ele passou indiferente .

Agora podemos começar e, já de início, perguntamos: o que é Anatomia?


Anatomia é originária da palavra grega “anatome”, em que “ana” significa “parte” e
“tome” significa “cortar”; portanto, “anatome” é “cortar em partes”, o mesmo que “dissecar”
em português.
Contudo, podemos definir Anatomia como a ciência que estuda macroscopicamente a
constituição e a organização dos seres vivos. Em Biologia Humana, vimos que os seres vivos são
constituídos de células que se agrupam para formar os tecidos, que, por sua vez, constituem os
órgãos. Os órgãos com objetivos comuns agrupam-se para formar os sistemas orgânicos, que
são estudados pela Anatomia.
Mas quando será que surgiu a Anatomia?
Essa não é uma pergunta muito simples de se responder; para isso, teremos de fazer uma
viagem para cerca de 500 anos antes de Cristo, onde começaremos a obter respostas.
A Anatomia é o estudo mais antigo da medicina, e os relatos históricos dizem que os
primeiros a estudá-la foram os egípcios, mas os maiores anatomistas foram os gregos, como
Aristóteles e Hipócrates. No início, as dissecações eram proibidas pela igreja, sendo realizadas às
escondidas, ou, então, em animais, como fez Galeno no século 2 depois de Cristo, que dissecava
porcos e macacos e fazia alusões ao corpo humano, havendo, é claro, muitos erros. Porém, no
início do século 16, mais precisamente em 1539, o médico e anatomista Belga Andrés Vesalius,
depois de ter feito inúmeras dissecações em corpos humanos, reproduziu-as perfeitamente em
sua obra De humani corporis fabrica, sendo a partir daí considerado o pai da anatomia moderna.
Depois desse breve relato, podemos imaginar quantas estruturas foram descobertas e
quantos nomes foram dados para a mesma estrutura. Na tentativa de resolver esse problema,
foi criada uma Nomenclatura Anatômica Internacional. Na verdade, foram feitas muitas tenta-
tivas, até que, em 1955, foi criada oficialmente a Paris Nomina Anatomica, no Congresso Inter-
nacional de Anatomia em Paris, a qual foi sendo atualizada a cada cinco anos em congressos
internacionais de Anatomia. A última versão da nomenclatura anatômica foi feita em 1999, em
Roma, sendo traduzida para o português pela Sociedade Brasileira de Anatomia e publicada em
São Paulo no ano 2000, sendo utilizada até o presente momento.
Desde crianças, aprendemos que o corpo humano é divido em cabeça, pescoço, tronco
e membros. A cabeça é a parte superior, presa ao tronco pelo pescoço. O tronco é divido em
tórax, abdome e pelve. Além disso, temos dois membros superiores e dois inferiores. O membro
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

superior é constituído pelo braço, antebraço e mão, enquanto o membro inferior é constituído
pela coxa, perna e pé.
A Anatomia é um estudo descritivo e, na tentativa de padronizar a descrição anatômica,
são utilizados alguns conceitos. Inicialmente, estudamos a posição em que devemos estudar
o corpo humano, que é denominada posição de descrição anatômica. Nessa posição, o corpo
deverá estar em pé, em posição bípede, com a cabeça e os olhos voltados para frente, com os
membros superiores ao lado do corpo e as palmas das mãos para frente, os membros inferiores
unidos e os pés também dirigidos para frente. O corpo poderá estar deitado sobre uma mesa.
A partir da posição anatômica, o estudo da Anatomia segue-se utilizando os planos de
delimitação, os planos de secção e os eixos, no qual os movimentos acontecem.
Os planos de delimitação, como o próprio nome diz, delimitam o corpo humano como se
estivesse dentro de uma caixa. Sendo assim, temos: dois planos verticais, o plano anterior ou
ventral e o plano posterior ou dorsal; dois planos laterais, direito e esquerdo; e dois planos hori-
zontais, o plano superior, que está acima da cabeça, e o plano inferior, que está abaixo dos pés.
Os planos de secção são importantes para se orientar a dissecação, que é a base da Ana-
tomia. Portanto, esses planos cortam o corpo humano em partes, tendo o plano de secção
mediano, que divide o corpo humano em duas metades iguais: a metade direita e a metade
esquerda. Paralelamente ao plano mediano, há o plano de secção sagital. Verticalmente, existe
o plano de secção frontal ou coronal, que divide o corpo em parte anterior e posterior. O corpo
humano também pode ser divido em metade superior e inferior pelo plano de secção transver-
sal ou horizontal.
Esses planos também são considerados na hora de analisar os movimentos corporais. Mas,
para uma melhor análise dos movimentos, precisamos determinar o eixo em torno do qual ele
está ocorrendo; sendo assim, descrevem-se três eixos perpendiculares ao plano de execução
do movimento: o eixo vertical, que atravessa o plano de secção transversal; o eixo sagital, que
atravessa o plano de secção frontal; e, finalmente, o eixo transversal, que atravessa o plano de
secção sagital.
Como você deve ter percebido, o estudo anatômico não é tão simples.
Vale ressaltar, ainda, alguns termos de posição e comparação do corpo humano que des-
crevem a localização e a relação das partes do corpo. Os termos mais utilizados são: “medial”,
para aquilo que está mais próximo do plano mediano; “lateral”, para o que está mais distante; e
“intermédio”, que é o que está entre o medial e lateral. Existem, também, os termos “anterior”
ou “ventral”; “posterior” ou “dorsal”; “superior” e “inferior”. Nos membros, por exemplo, são
utilizados os termos “proximal”, para o que está mais próximo da raiz do membro, e “distal”,
para o mais distante.
Agora, falaremos do aparelho motor, constituído pelos sistemas esquelético, articular e
muscular.
O sistema esquelético e o articular, embora sejam os responsáveis pela conformação e
sustentação do corpo humano, são considerados os elementos passivos do movimento, ou seja,
permanecem imóveis, necessitando dos músculos para que os movimentos ocorram. Os múscu-
los, portanto, são os elementos ativos do movimento.
O sistema esquelético é formado por 206 ossos, que compõem o corpo humano adulto.
Os ossos são os elementos mais rígidos e resistentes do corpo humano, com múltiplas funções,
tais como:

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12 © Anatomia Humana Geral

1) proteção dos órgãos vitais, como encéfalo, pulmão, coração, medula espinhal e me-
dula óssea;
2) sustentação do peso corporal;
3) conformação do corpo humano;
4) armazenamento de Cálcio e outros íons;
5) suporte de tecidos moles, como os músculos e os ligamentos;
1) produção de certas células sanguíneas, conhecida por hematopoiese.
Os ossos são revestidos por uma membrana conjuntiva conhecida por periósteo, com ex-
ceção da superfície articular, que é revestida pela cartilagem articular. O periósteo é importante
para a nutrição e é fonte de osteoblastos, fundamentais para o crescimento e reparo ósseo após
fraturas.
O esqueleto humano é divido em duas partes: o esqueleto axial e o esqueleto apendicu-
lar. O esqueleto axial forma o eixo do corpo humano e é composto pelos ossos do crânio, pela
caixa torácica e pela coluna vertebral. Já o apendicular é a parte apensa e livre do esqueleto,
formado pelos ossos do membro superior e do membro inferior. O esqueleto apendicular está
ligado ao esqueleto axial pela cintura escapular e pela cintura pélvica.
Além dessa divisão que pode classificar o osso quanto à sua localização, os ossos podem
ser classificados de acordo com sua forma; podem ser longos, curtos, laminares e irregulares. Al-
guns ossos apresentam características peculiares, recebendo uma classificação especial, como:
pneumáticos e sesamoides.
O crânio é formado por 22 ossos, sendo dividido em crânio neural e crânio visceral.
A cavidade torácica é formada pelas 12 vértebras torácicas, 12 pares de costelas e pelo
esterno. A coluna vertebral é porção mediana posterior do tronco, com a função de proteger a
medula espinhal, permitir a posição ereta e os movimentos do tronco. É formada por 33 vérte-
bras, divididas em cervicais, torácicas, lombares, sacro e cóccix.
O membro superior é composto pelo úmero, rádio, ulna, ossos do carpo, metacarpos e
falanges, e está preso ao tronco por meio da cintura escapular, formada pela escápula e claví-
cula.
O membro inferior, por sua vez, é formado por fêmur, tíbia, fíbula, ossos do tarso, meta-
tarso e falanges, estando também preso ao tronco, só que pela cintura pélvica formada pelos
ossos dos quadris.
Quanta coisa, não é mesmo? Mas ainda não terminamos e passaremos agora a estudar o
sistema articular.
O sistema articular é formado pelo conjunto de articulações cuja função é conectar os
ossos, permitindo ou não a mobilidade. Essa mobilidade dependerá do tipo de elemento inter-
posto entre os ossos que se articulam, que poderá ser um tecido fibroso, uma cartilagem ou o
líquido sinovial. Portanto, existem três tipos de articulações: as fibrosas, as cartilagíneas e as
sinoviais. Nas articulações fibrosas, a conexão entre os ossos é feita por um tecido conjuntivo
fibroso, com mobilidade extremamente reduzida, sendo o tipo de união mais comum entre os
ossos do crânio. Nas articulações cartilagíneas, o elemento que faz a conexão entre os ossos
é uma cartilagem e pode permitir uma pequena mobilidade, tendo como exemplo os discos
intervertebrais. E, por fim, as que mais nos interessam, as articulações sinoviais, com muita mo-
bilidade, sendo, portanto, as responsáveis pelos movimentos humanos.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Para facilitar essa mobilidade, a maior característica dessas articulações é a presença de


um líquido viscoso e lubrificador, chamado líquido sinovial. Porém, as peças ósseas permane-
cem unidas através da cápsula articular. No interior da articulação, há a presença de uma cavida-
de, chamada cavidade articular, em que se encontra o líquido sinovial. As superfícies ósseas que
se articulam são revestidas por uma cartilagem hialina, denominada cartilagem articular, cuja
função é impedir o atrito entre os ossos, facilitando o deslizamento entre eles. Portanto, todas
as articulações sinoviais possuem como características básicas: a cápsula articular, a cartilagem
articular, a cavidade articular e o líquido sinovial. Além disso, algumas articulações sinoviais
podem apresentar elementos especiais, como os ligamentos, cujas funções são manter a união
entre os ossos e impedir os movimentos indesejáveis, como também os discos e os meniscos,
que têm como funções melhorar a adaptação entre os ossos, absorver impactos e melhorar o
deslizamento entre os ossos.
As articulações podem ser classificadas funcionalmente, de acordo com a quantidade de
eixos de movimentos, em monoaxiais, quando há apenas um eixo; biaxiais, com dois eixos; e
triaxiais, com três eixos de movimentos. Além desta, podem também receber uma classificação
morfológica, isto é, de acordo com a forma das superfícies articulares. As classificações mor-
fológicas e funcionais são relacionadas; assim, temos: as planas, que são anaxiais; gínglimo e
trocoide, que são monoaxiais; condilar ou elipsoide e selar, que são biaxiais; e as esferoides, que
são triaxiais.
As principais articulações do membro superior são: o ombro, o cotovelo, o punho e as ar-
ticulações entre os ossos da mão. Já no membro inferior, temos o quadril, o joelho, o tornozelo
e as articulações entre os ossos do pé. O ombro e o quadril são as articulações que permitem
maior mobilidade; no entanto, o ombro é muito menos estável que o quadril, que é bem reforça-
do pelos ligamentos. O joelho é a maior articulação do corpo humano e também a mais lesada.
Bem, até agora, nós só falamos dos ossos e das articulações, que são passivos e depen-
dentes de outros elementos para se movimentarem: os músculos, que estudaremos a partir de
agora.
O sistema muscular é composto pelos músculos e pelos anexos, que são as fáscias e as bai-
nhas fibrosas e sinoviais. Mas o movimento corporal não é a sua única função, sendo também
responsável pela produção de calor e manutenção da temperatura corporal, estabilização das
posições corporais, como ficar de pé ou sentado, regulação do volume dos órgãos e o movimen-
to de substâncias corporais, como sangue (vasos), urina e alimentos.
Como já estudamos em Biologia Humana, os músculos podem ser classificados de acordo
com suas características morfológicas e funcionais em músculo estriado esquelético, músculo
estriado cardíaco e músculo liso. O músculo estriado esquelético é o que nos interessa agora.
Esses músculos são constituídos por uma porção carnosa, central, chamada de ventre muscular,
e duas extremidades tendinosas, os tendões musculares. O ventre é o responsável pela contra-
ção muscular e os tendões prendem os músculos aos ossos, à pele, às cápsulas articulares e a
outros tendões.
A contração do ventre muscular causa o deslocamento de um segmento ósseo sobre o
outro através do trabalho mecânico feito pelos tendões musculares. O comprimento e o volume
do músculo podem ser alterados em relação ao estado de repouso ou de trabalho. Sendo assim,
um músculo que permanece muito tempo em repouso pode diminuir o comprimento e o volu-
me de suas fibras, ao passo que um músculo muito trabalhado pode aumentar o volume de suas
fibras. A diminuição no volume das fibras é denominada hipotrofia, e o aumento, hipertrofia.

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14 © Anatomia Humana Geral

Ao praticar atividade física, o indivíduo busca a hipertrofia em vez do aumento na intensidade


do trabalho muscular.
Os principais músculos que agem nas articulações do membro superior, do membro infe-
rior e do tronco estão descritos no Caderno de Referência de Conteúdo, e o seu estudo é impres-
cindível para a formação de um professor de Educação Física comprometido com seu trabalho.
Até o momento, estudamos muitos conceitos em Anatomia, assim como o aparelho loco-
motor, cuja importância de seu estudo pelo profissional de Educação Física é indiscutível. Agora,
estudaremos os principais sistemas orgânicos, começando pelo aparelho cardiorrespiratório,
composto pelos sistemas respiratório e circulatório. Com base nesse estudo, você será capaz de
compreender a importância desse conhecimento para sua formação.
O sistema respiratório é formado por órgãos responsáveis pela respiração, que é a troca
gasosa de oxigênio e gás carbônico que ocorre entre o meio externo e o sangue, em nível dos
alvéolos pulmonares. O oxigênio absorvido pelos pulmões é transportado pelo sangue até os
tecidos e, em seguida, o gás carbônico e outros resíduos são recolhidos e transportados até os
órgãos responsáveis por suas eliminações.
Para isso, o sistema respiratório é dividido em duas porções, uma porção de condução,
formada por um conjunto de órgãos responsáveis pela condução do oxigênio inspirado até os
pulmões e do gás carbônico para o meio externo; e uma porção respiratória, formada pelos
pulmões.
O ar inspirado entra pelo nariz e cavidade nasal, onde encontramos as conchas nasais,
que aumentam a superfície mucosa para umidificar e aquecer o ar, facilitando sua absorção. Da
cavidade nasal, o ar passa pelas três porções da faringe, a nasal, a oral e a laríngea, continuando
pela laringe, a qual é um órgão formado por cartilagens e músculos que também participam da
fonação devido à presença das pregas vocais em sua cavidade interna. A laringe continua na tra-
queia, que é um tubo formado por semianéis de cartilagens que termina se dividindo nos dois
brônquios principais que se dirigem para os pulmões direito e esquerdo.
Os brônquios principais dividem-se em brônquios lobares para cada lobo pulmonar e,
dentro desses lobos, dividem-se novamente nos brônquios segmentares para formar os seg-
mentos broncopulmonares. Cada brônquio segmentar continua se dividindo sucessivamente
até os bronquíolos, que terminam nos alvéolos pulmonares, formando a árvore brônquica.
Os pulmões são dois órgãos volumosos e esponjosos, localizados na cavidade torácica e
revestidos por uma membrana conjuntiva chamada pleura. O pulmão direito é divido em três
lobos (superior, médio e inferior), pelas fissuras oblíqua e horizontal; em geral, o pulmão esquer-
do apresenta dois lobos, o superior e o inferior, separados pela fissura oblíqua. O músculo dia-
fragma é o principal músculo respiratório, sendo auxiliado pelos intercostais internos e externos
e até mesmo pelos abominais.
Então, já sabemos que o sistema respiratório garante o oxigênio para o organismo. Mas
qual o sistema encarregado pelo transporte de oxigênio e dos nutrientes até os tecidos?
A resposta é o sistema circulatório, formado pelo coração com seus vasos, pelas artérias,
pelas veias e capilares, e pelo sangue. Portanto, não fica difícil perceber a interdependência en-
tre o sistema respiratório e o sistema circulatório, não é mesmo?
O sistema circulatório é hermeticamente fechado, isto é, sem nenhum contato externo, e
possui um órgão muscular central, o coração, responsável pela propulsão do sangue pelo corpo.
Internamente, o coração é constituído por quatro câmaras, dois átrios e dois ventrículos. Os
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

átrios são separados dos ventrículos pelos septos atrioventriculares direito e esquerdo, que
apresentam orifícios, denominados óstios atrioventriculares, por onde o sangue passa do átrio
para o ventrículo. Nesses óstios, existem as valvas, que impedem o refluxo de sangue do ven-
trículo para o átrio durante a contração ventricular conhecida por sístole. Assim, temos a valva
tricúspide à direita e a valva mitral ou bicúspide à esquerda. O músculo cardíaco é chamado de
miocárdio e dele projetam-se feixes musculares em forma de pilares denominados músculos
papilares, que fixam as cordas tendíneas, que se prendem às margens das valvas, cuja função é
impedir o refluxo dessas valvas.
O coração recebe o sangue venoso de todo o corpo pela veia cava superior e veia cava
inferior, que desembocam no átrio direito, de onde o sangue passa para ventrículo direito. Do
ventrículo direito, o sangue é impulsionado para os pulmões durante a sístole, através do tronco
pulmonar, que se divide em duas artérias pulmonares, direita e esquerda. O sangue, depois de
ser oxigenado, retorna ao coração por meio das veias pulmonares, que desembocam no átrio
esquerdo e passa para o ventrículo esquerdo. Na sístole, o sangue do ventrículo esquerdo é
ejetado para todo o organismo pela artéria aorta, que vai se dividindo sucessivamente até os
capilares, onde ocorrem as trocas, e o sangue passa para veias que vão se confluindo até as veias
cavas superior e inferior, fechando, assim, o ciclo. No Caderno de Referência de Conteúdo, você
encontrará as principais veias e artérias que fazem a circulação sanguínea do corpo humano;
vale à pena conferi-las.
Durante uma atividade física, o aparelho cardiorrespiratório aumenta o seu trabalho para
levar maior quantidade de oxigênio e nutrientes até os músculos esqueléticos e o cardíaco.
Para isso, o sistema respiratório deverá absorver maior quantidade de O2, aumentando a fre-
quência respiratória. Ao mesmo tempo, o coração aumenta seus batimentos com o objetivo de
aumentar a circulação sanguínea. Com isso, não temos mais dúvidas de que esse conhecimento
é fundamental para a formação do professor de Educação Física, uma vez que ele tem papel
fundamental na orientação de atividades físicas para a manutenção da integridade e do condi-
cionamento físico dos indivíduos.
Mas nem só de oxigênio vivem as células; é preciso haver, também, os nutrientes para seu
metabolismo. O oxigênio é conseguido pelo sistema respiratório; e os nutrientes?
Para a ingestão de alimentos, existe um sistema, conhecido por sistema digestório, capaz
de realizar reações químicas, transformando os alimentos para que possam ser absorvidos. O
sistema digestório é composto por um conjunto de órgãos que formam um tubo muscular liso,
o canal alimentar, e, também, por órgãos anexos a esse canal, como o fígado, o pâncreas e as
glândulas salivares. O canal alimentar começa na boca e na cavidade da boca, onde as glândulas
salivares secretam a saliva que contém a enzima amilase, cuja função é iniciar o processo de
digestão dos carboidratos. Em seguida, o bolo alimentar passa pelas porções oral e laríngea da
faringe e segue pelo esôfago até o estômago, onde ficará por algum tempo para ser transfor-
mado pelas enzimas digestivas em um líquido pastoso chamado quimo. O quimo passa para a
primeira porção do intestino delgado, o duodeno, em que o processo de digestão é finalizado e,
assim, é iniciada a absorção dos nutrientes. Ele segue pelas outras partes do intestino delgado, o
jejuno-íleo, que termina no ceco, primeira parte do intestino grosso. O ceco continua com o colo
ascendente, que, após a flexura cólica direita, continua com o colo transverso que novamente se
flete na flexura cólica esquerda continuando no colo descendente. O colo descendente termina
no colo sigmoide, que, após curto trajeto na pelve, continua no reto, no qual os resíduos da di-
gestão são eliminados pelas fezes pelo ânus.
O fígado é a maior glândula do corpo humano que participa da metabolização das pro-

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16 © Anatomia Humana Geral

teínas, carboidratos e gorduras; é, também, o responsável pela produção e pela eliminação da


bile no duodeno. O pâncreas é uma glândula responsável pela secreção endócrina da insulina e
exócrina do suco pancreático no duodeno juntamente com a bile.
Para finalizar a apresentação deste conteúdo, vamos estudar a composição e a função do
sistema nervoso, que é considerado o mais complexo de todos os sistemas.
O sistema nervoso é o responsável pela adaptação do animal no meio ambiente. Ele é ca-
paz de perceber e identificar os estímulos internos e externos e permitir que o corpo responda
a esses estímulos.
Para isso, possui um centro que processa os estímulos e gera uma resposta por vias ner-
vosas responsáveis por enviar os estímulos até o centro e, do centro, para os efetuadores das
respostas.
O sistema nervoso é anatomicamente dividido em sistema nervoso central (SNC) e siste-
ma nervoso periférico (SNP). O sistema nervoso central é composto pelo encéfalo e pela medu-
la espinhal, e o sistema nervoso periférico, pelos nervos, gânglios e terminações nervosas.
O encéfalo é a parte do SNC que está alojada no crânio e é composto pelo cérebro, cere-
belo e tronco encefálico. O cérebro é formado pelo telencéfalo e diencéfalo, e ocupa quase toda
a cavidade craniana, sendo o responsável pela nossa consciência, inteligência, interpretação de
todos os estímulos que nele chegam e, consequentemente, geram uma resposta apropriada
para cada estímulo. No córtex cerebral, estão armazenadas todas nossas memórias e habili-
dades. A continuação caudal do cérebro é o tronco encefálico, constituído pelo mesencéfalo,
ponte e bulbo, que continua diretamente com a medula espinhal, servindo de passagem para as
vias nervosas e onde estão os principais centros vegetativos, o respiratório e o cardiovascular. O
cerebelo situa-se abaixo do cérebro e está relacionado com a coordenação motora e a manuten-
ção da postura e equilíbrio. A medula espinhal é a parte do SNC que está alojada no interior da
coluna vertebral, servindo de condutora das vias sensoriais e das vias motoras e, também, como
sede para alguns reflexos. É nela que estão conectados os nervos espinhais.
O sistema nervoso periférico é constituído pelos nervos espinhais e cranianos. Os nervos
espinhais são os que fazem conexão com a medula espinhal, sendo formados por fibras sensi-
tivas e motoras responsáveis pela inervação dos músculos, da pele e das estruturas articulares
dos membros superiores, membros inferiores e tronco. Os nervos cranianos são aqueles que
fazem conexão com o encéfalo e são responsáveis pela inervação sensorial e motora da cabeça
e da face. Para a inervação dos órgãos, existe uma terceira parte do sistema nervoso, conhecida
por sistema nervoso autônomo, dividido em simpático e parassimpático.
O tecido nervoso é composto por dois tipos básicos de células, o neurônio e as células da
glia. Os neurônios são as unidades fundamentais do sistema nervoso, especializado em captar e
conduzir o impulso nervoso por todo o sistema, através das sinapses. O neurônio pode ser sen-
sitivo e motor e é composto por um corpo de onde partem dois prolongamentos, os dendrito e
os axônios. As células da glia não são capazes de gerar e conduzir o impulso nervoso, mas são
essenciais para a manutenção do tecido, uma vez que são responsáveis pela proteção, manu-
tenção, nutrição e isolamento protetor dos axônios dos neurônios, através da bainha de mielina
formada pela oligodendrócito no SNC e pelas células de Schwann no SNP.
Vamos analisar, por fim e de maneira resumida, o controle motor feito pelo sistema ner-
voso.
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

O estímulo sensitivo é captado pelo receptor e é enviado pelos neurônios sensitivos até a
medula espinhal e de lá para o encéfalo, onde as áreas se conectam para processar o estímulo
e gerar uma resposta apropriada. Essa resposta será conduzida pelas vias motoras até a medula
espinhal, de onde partem os neurônios motores até o órgão efetuador.
Terminamos por aqui a Abordagem Geral e desejamos profundamente que os conteúdos
aqui tratados contribuam para sua formação profissional. Esperamos que você tenha acompa-
nhado as discussões com relação à importância deste estudo para a formação de um professor
de Educação Física e que a compreensão da constituição anatômica do corpo humano possibili-
te uma reflexão sobre o papel e a importância dessa área na manutenção da saúde, auxiliando-o
na sua futura profissão. Tenha sempre em mente que seu objeto de trabalho é o corpo humano;
portanto, a compreensão de sua constituição e funcionamento é importante para a prática de
uma atividade física segura e que permita a manutenção e o desenvolvimento corporal.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições con-
ceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área
de conhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de Conteúdo Anatomia Humana
Geral. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos deste Caderno de Referência de Con-
teúdo:
1) Anatomia Humana: ciência que estuda a composição macroscópica e a organização
do corpo humano.
2) Aponeuroses: são as fixações musculares em forma de leque, de cor esbranquiçada
ou amarelada. São finas e delgadas, porém muito resistentes. São constituídas por
tecido conjuntivo denso, composto principalmente por fibras colágenas.
3) Artrologia: é a parte da Anatomia que estuda as articulações.
4) Coanas: são a abertura nasal posterior, que delimita a cavidade nasal da parte nasal
da faringe.
5) Endomísio: é uma camada de tecido conjuntivo que encobre uma fibra muscular e é
composta principalmente de fibras reticulares.
6) Epimísio: é uma camada de tecido conjuntivo que envolve todo o músculo.
7) Esqueleto axial: é a parte do esqueleto que forma o eixo do corpo humano, composto
pelo crânio, pela coluna vertebral, pelas costelas e pelo esterno.
8) Esqueleto apendicular: é a parte do esqueleto formada pelos ossos do membro supe-
rior e do membro inferior.
9) Expiração: é a fase da respiração na qual ocorre a saída do ar.
10) Inspiração: é a fase da respiração em que ocorre a entrada do ar.
11) Mediastino: é o espaço entre as regiões pulmonares que se estende da abertura to-
rácica superior até o diafragma, e contém o coração, as partes torácicas dos grandes
vasos, as partes torácicas do timo.
12) Miologia: é parte da Anatomia que estuda os músculos.
13) Neuroanatomia: é o ramo da Anatomia que estuda o sistema nervoso e todas suas
subdivisões.
14) Periósteo: membrana fibrosa que recobre os ossos e que contém os vasos sanguíneos
e nervos que fornecem, respectivamente, alimentos e sensibilidade aos ossos.
15) Perimísio: é uma membrana fibroelástica formada por fibras colágenas e elásticas,
cuja função é envolver o ventre muscular para proteger e manter as fibras organizadas
e para potencializar a ação muscular.

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18 © Anatomia Humana Geral

16) Peristaltismo: são contrações musculares rítmicas e coordenadas que ocorrem auto-
maticamente para movimentar os líquidos de um local para outro do organismo.
17) Placa motora: região de contato entre os neurônios e as fibras musculares, também
conhecida por junção neuromuscular.
18) Posição anatômica: posicionamento universal do corpo humano para a descrição das
partes que compõem o corpo humano.
19) Quimo: é um líquido pastoso que chega ao intestino delgado após os processos diges-
tivos das enzimas do estômago no bolo alimentar.
20) Sarcômero: é a unidade funcional, contrátil, dos músculos estriados, composto pelas
proteínas contráteis actina, miosina, troponina e tropomiosina.
21) Valvas cardíacas: são estruturas formadas basicamente por tecido conjuntivo locali-
zadas entre os átrios e ventrículos, e também nas saídas da artéria aorta e do tronco
pulmonar.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apre-
sentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de
Conteúdo. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou
até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimen-
to, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar,
de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos
mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na se-
quenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organiza-
ção das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu
conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no
seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos
de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se,
ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a apren-
dizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva
do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de
ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, apenas, realizar acréscimos na es-
trutura cognitiva do aluno; é preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se con-
figure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de
conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os
novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar es-
ses conceitos nas suas já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da cons-
trução do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações
internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua
aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou
seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia
parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.
br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
© Caderno de Referência de Conteúdo 19

Posição de descrição
Boca, cavidade bucal, anatômica
Músculo estriado
faringe, esôfago,
Planos e eixos esquelético: ventre,
estômago, intestino
tendões ou aponeuroses
delgado, intestino grosso, 
Através – origem e inserção
ânus, fígado e pâncreas

Constituição e organização
Composição macroscópica do corpo humano Estruturas

Sistema 
Estuda
Sistema
digestório Muscular

ANATOMIA
Aparelho 
HUMANA Aparelho
Locomotor Cardiovascular


Sistema Sistema Sistema Sistema
esquelético: articular:  circultório respiratório
ossos articulações
 Composição Composição
Funções Funções

Proteção, Conectar os ossos, Coração, artérias, Nariz, cavidade
Sustentação, permitindo ou não  veias e sangue nasal, faringe,
conformação, a mobilidade laringe, traquéia,
armazenamento  brônquios,
de íons, Tipos bronquíolos,
hematopoiese  alvéolos e
Fibrosa, pulmões
cartilaginosa e 
Neuroanatomia
sinovial

Sistema nervoso Divisões
Sistema nervoso
central  autônomo
Sistema nervoso
periférico
Cérebro, cerebelo, tronco Sistema nervoso
encefálico e medula simpático e
espinhal Nervos espinhais e cranianos parassimpático

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Anatomia Humana Geral.

Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como dissemos anteriormente, uma
visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar en-
tre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendi-
zagem. Por exemplo, o conceito de Anatomia Humana implica conhecer a composição estrutural
do corpo humano, por meio do estudo dos órgãos componentes dos diversos sistemas orgâni-
cos e como esses sistemas se correlacionam para manter a homeostase, fator importante para a
nossa sobrevivência. Esse domínio conceitual o ajudará a compreender as interações dinâmicas

Claretiano - Centro Universitário


20 © Anatomia Humana Geral

entre os vários órgãos e sistemas para o funcionamento do organismo humano, que será com-
pletado com o estudo de Fisiologia Humana Geral e Aplicada. Além disso, conhecer a Anatomia
Humana permite aos professores de Educação Física Escolar trabalhar de forma adequada e
segura, a fim de contribuir para o desenvolvimento de todos os sistemas e, consequentemente,
melhorar a qualidade de vida das crianças e adolescentes.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se
somar àqueles disponíveis no ambiente virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem
como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no
polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu
próprio conhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os con-
teúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dis-
sertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do
ensino de Educação Física Escolar pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. As-
sim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparan-
do para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de
você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.

As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta. Por
sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos
ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas
obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há
nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com
seus colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só
a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte integrante dos conteúdos, ou seja,
elas não são meramente ilustrativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos deste Caderno de Refe-
rência de Conteúdo, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte
de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de
emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-
-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido
percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade.
© Caderno de Referência de Conteúdo 21

Você, como aluno do Curso de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma formação
conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o
seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de
Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de
produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Co-
teje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às
videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são im-
portantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram
significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses pro-
cedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é partici-
par, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de
Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.

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Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
EAD
Introdução ao Estudo da
Anatomia Humana

1. OBJETIVOS
• Conhecer a breve história da Anatomia.
• Definir Anatomia.
• Identificar os principais conceitos anatômicos para a compreensão do seu estudo.
• Compreender os planos e eixos utilizados no estudo anatômico.

2. CONTEÚDOS
• Breve histórico sobre o estudo em Anatomia.
• Conceituação de Anatomia e nomenclatura anatômica.
• Posição de descrição anatômica.
• Constituição e divisão do corpo humano.
• Planos de delimitação, planos de secção e eixos de movimentos do corpo humano.
• Sistemas orgânicos.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explicitados no Glossário e suas liga-
ções pelo Esquema de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC.
Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho.
24 © Anatomia Humana Geral

2) Nesta primeira unidade, iniciaremos o estudo de Anatomia Humana Geral com um


breve relato histórico sobre a evolução em seus estudos durante os séculos, assim
como sua importância para as ciências médicas. Estudaremos, também, os principais
termos de posição e secção do corpo humano, que são fundamentais para unificação
da linguagem que será utilizada em toda o Caderno de Referência de Conteúdo, facili-
tando, assim, o seu estudo.
3) É muito importante que você compreenda a posição de descrição anatômica e todos
os termos utilizados para estudo do corpo humano.
4) No decorrer de nosso estudo, conheceremos um pouco da história da anatomia. Se
quiser saber mais sobre essa história, acesse o site disponível em: <http://www.aula-
deanatomia.com>. Acesso em: 27 out. 2010.
5) Se você tiver dúvidas depois de ler este material, poderá recorrer às bibliografias su-
geridas e tirar suas dúvidas com seu tutor. A compreensão desses termos é imprescin-
dível para o estudo da Anatomia.
6) Leia os conteúdos com atenção, grifando os termos mais importantes e anotando suas
dúvidas, para que você não siga para a próxima unidade com incertezas. Procure so-
lucionar suas dúvidas por meio de nosso sistema de interatividades (Lista e Fórum) ou
fale diretamente com o seu tutor.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Prezado aluno, iniciaremos nosso estudo de Anatomia Humana Geral fazendo a conceitu-
ação e uma breve apresentação de alguns aspectos históricos interessantes sobre o estudo do
corpo humano, bem como de seus principais pesquisadores, os quais foram fundamentais para
o desenvolvimento dessa ciência. Em seguida, faremos uma explicação rápida sobre os níveis
organizacionais desde a Biologia Celular até a constituição dos diversos sistemas que compõem
o organismo humano.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de reconhecer, compreender e
analisar os principais conceitos utilizados em Anatomia Humana, bem como perceba a impor-
tância dessa ciência para a compreensão do funcionamento do organismo.
Que este estudo seja estimulante! Bom trabalho!

5. CONSIDERAÇÕES INICIAIS E BREVE HISTÓRICO SOBRE ANATOMIA HUMANA


Antes de iniciar o nosso estudo sobre a Anatomia Humana, vamos, juntos, ler a Oração do
Cadáver:

Oração do Cadáver–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi
Sobre o cadáver desconhecido,
Lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas,
Cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o agasalhou.
Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens.
Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e
Sentiu saudades dos outros que partiram.
Agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer,
Sem que tivesse uma só prece.
Seu nome, só Deus sabe.
Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade.
A humanidade que por ele passou indiferente (ROKITANSKY, 1876,)
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 25

Depois de você ter estudado Biologia Humana, ficou claro que o corpo humano é cons-
tituído basicamente por células, que se organizam com outras células de mesma função para
formarem os tecidos corporais (epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso). Esses tecidos, por sua
vez, reúnem-se para formarem os órgãos, que se organizam com outros órgãos de mesma ori-
gem e com funções integradas, formando os diversos sistemas que compõem o corpo humano.
Podemos enumerar esses sistemas em:
1) Sistema esquelético: formado pelos ossos, que constituem o esqueleto humano.
2) Sistema articular: formado pelas conexões entre os ossos, que permitem, ou não, os
movimentos.
3) Sistema muscular: composto pelos músculos responsáveis pelos movimentos corpo-
rais.
4) Sistema circulatório e linfático: formado pelo coração e vasos (artérias e veias) con-
dutores do sangue.
5) Sistema respiratório: formado pelos pulmões e vias respiratórias, responsáveis pelas
trocas gasosas (oxigênio e gás carbônico) entre o organismo e o meio ambiente.
6) Sistema digestório: formado por um conjunto de órgãos que se inicia na boca e termi-
na no ânus e por glândulas anexas (fígado, pâncreas, e glândulas salivares), responsá-
veis pela condução, digestão e absorção dos nutrientes necessários ao metabolismo
celular.
7) Sistema nervoso: sistema complexo e altamente sofisticado, constituído pelo cérebro,
cerebelo, tronco encefálico, medula espinhal e nervos, capazes de captar, conduzir,
interpretar os estímulos do meio ambiente e do próprio organismo e de produzir uma
resposta.
8) Sistema genital: constituído por um conjunto de órgãos distintos entre os sexos femi-
nino e masculino, porém com a mesma função: a de reprodução.
Alguns desses sistemas, com funções, localização ou desenvolvimento semelhantes, po-
dem se reunir para constituir um aparelho. Assim, temos: o aparelho locomotor (constituído
pelos sistemas esquelético, articular e muscular), o aparelho cardiorrespiratório (constituído
pelos sistemas respiratório e circulatório) e o aparelho urogenital feminino e masculino (cons-
tituído pelo sistema urinário e pelos genitais feminino e masculino). Observe todos esses níveis
de organização na Figura 1.

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26 © Anatomia Humana Geral

Figura 1 Níveis de organização do corpo humano, desde os átomos até a formação dos sistemas.

Então, baseados em tudo o que falamos até agora, como podemos definir Anatomia?
“Anatomia” é originária da palavra grega ”anatome”, que significa “cortar em partes”
(“ana” = “partes” ou “através de”, e “tome” = “corte”), o mesmo que “dissecar”, em português.
Por definição, a Anatomia é a ciência que estuda macroscopicamente a constituição e a organi-
zação dos seres vivos. Dessa maneira, podemos relatar várias formas de estudos em Anatomia,
tais como Anatomia Humana, Anatomia Vegetal e Anatomia Comparada, a qual faz uma com-
paração estrutural entre os diferentes animais e os vegetais para estabelecer relações e explicar
vários aspectos da evolução.
Quando estudamos Anatomia, devemos ter em mente os aspectos micro e macroscópicos
da constituição corporal, isto é, a citologia e a histologia, porque todas essas ciências, embora
se constituam em especializações, são inter-relacionadas e imprescindíveis para a sobrevivência
do organismo humano.
Afinal de contas, quando será que surgiu a Anatomia?
Bem, essa não é uma pergunta muito fácil de responder, tendo em vista que a Anatomia é
considerada a mais antiga da medicina, datando de 500 anos a.C., praticada por Alcméon, que
realizava dissecações em animais. Cabe lembrar que a importância da Anatomia para a medicina
é tão grande que alguns anatomistas, na era antes de Cristo, eram considerados médicos por
seus conhecimentos aprofundados do corpo humano.
Os maiores anatomistas da história foram os egípcios, que sempre demonstraram verda-
deiro fascínio pelo corpo humano ­um exemplo disso são as técnicas de mumificação dos cadá-
veres. Alguns cientistas afirmam, porém, que, na verdade, o interesse pelo estudo do corpo hu-
mano vem desde a pré-história, porque foram encontrados diversos desenhos em cavernas que
poderiam representar corpos animais e humanos. Há, ainda, os nomes de Aristóteles, Herófilos,
Erasístrato e Hipócrates, entre outros, como exemplos de gregos que estudavam Anatomia.
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 27

No início, o estudo anatômico era feito às escondidas por razões religiosas, pois, naquela
época, o corpo humano era considerado intocável. Assim,
Gáleno, no século 2º d.C., dissecava animais (como porcos
e macacos) e fazia alusões ao corpo humano. É claro que
muitos erros foram cometidos, porém suas descobertas fo-
ram importantes para o avanço da Anatomia. Já no século
16, mais precisamente em 1539, Andrés Vesálio (1514-
1564), um médico e anatomista belga, fez inúmeras disse-
cações em corpos humanos e reproduziu-as perfeitamente
em sua obra De humani Corporis fabrica, publicada quatro
anos depois, em 1543, o que lhe proporcionou o título de
pai da Anatomia moderna (Figura 2).
Não podemos deixar de falar dos artistas Leonardo
da Vinci (1425-1519) e Michelangelo di Ludovico Buonar-
roti (1475-1564), que retratavam belissimamente o corpo
humano do ponto de vista anatômico. Figura 2 Gravura de Andrés Vesálio (1514-1564).

Leonardo da Vinci dissecou vários cadáveres e fez milhares de ilustrações precisas, das quais
cerca de 750 ainda são preservadas, representando ossos, músculos, vasos e nervos (Figura 3). Suas
ilustrações são muito mais detalhadas do que as de Andrés Vesálio, embora este fosse médico e as
descrevesse com mais cuidado.

Figura 3 Gravura de Leonardo da Vinci e algumas de suas ilustrações sobre o estudo anatômico do ombro e do esqueleto humano.

Michelangelo também praticava a dissecação e a expunha em suas obras de arte. Uma


de suas obras mais conhecidas, a Criação de Adão, na Capela Sistina (Itália), é considerada por
alguns autores como uma lição de anatomia, uma vez que a obra representa Deus dando a cons-
ciência ao ser humano, representada pelo cérebro. Faça você uma análise da Figura 4 e observe
a forma do encéfalo representado por Deus e seus anjos. Além disso, Michelangelo construiu
belas esculturas, que também representam detalhadamente o corpo humano.

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28 © Anatomia Humana Geral

Figura 4 Gravura de Michelangelo e sua obra "A Criação de Adão" da Capela Sistina.

Os relatos dispostos aqui são apenas uma pequena parcela de toda a discussão a respeito
da história da Anatomia. Por isso, caso você se interesse pelo assunto, sugerimos que acesse os
sites indicados no tópico E-referências.
Com base nesses dados, muitas outras descobertas foram feitas, as quais, com certeza,
são importantes para toda a área da saúde, sobretudo para a medicina. Hoje em dia, por exem-
plo, já é possível estudar anatomia em pessoas vivas, utilizando-se técnicas de imagens como
radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética etc.

Terminologias anatômicas
Depois dessa breve viagem que fizemos pela história da Anatomia, podemos observar que
o corpo humano começou a ser estudado não só por necessidade, mas pelo simples fascínio que
despertava nos homens. Até hoje, esse assunto é de interesse de muitas pessoas e, consequen-
temente, é difundido pelo mundo todo, sendo o seu estudo imprescindível para a área da saúde,
na qual a Educação Física está incluída.
Com toda essa repercussão e graças aos importantes trabalhos anatômicos, as mesmas
estruturas corporais recebiam diferentes denominações, dependendo do centro de estudo (Ale-
manha, Itália, Franca e Inglaterra). Com o objetivo de evitar esse e outros problemas, muitas
tentativas foram feitas para padronizar e criar, assim, uma nomenclatura anatômica internacio-
nal que poderia ser traduzida para cada país. A primeira tentativa ocorreu em 1895, na Basileia,
e foi denominada Basle Nomina Anatomica (B.N.A.). No entanto, muitas atualizações foram
feitas nas décadas seguintes e, em 1955, no Congresso de Anatomia em Paris, uma nova Nomi-
na Anatomica foi aprovada oficialmente e chamada de Paris Nomina Anatomica (P.N.A.). Essas
atualizações foram feitas de cinco em cinco anos até o ano de 1980, quando foi criado o Fede-
rative Commitee on Anatomical Teminology (FCAT), no qual ficou decidido que a nomenclatura
anatômica poderia ser criticada e modificada desde que corretamente justificada e aprovada
em Congressos Internacionais de Anatomia, realizados a cada cinco anos.
A última versão da nomenclatura anatômica, que foi feita em 1999, em Roma (Itália), sen-
do traduzida para o português pela Sociedade Brasileira de Anatomia e publicada em São Paulo
no ano de 2000, é utilizada até o presente momento.
Mas você deve estar se perguntando: o que é nomenclatura anatômica?
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 29

A nomenclatura ou terminologia anatômica é o nome dado ao conjunto de termos em-


pregados para descrever o organismo em partes, ou seja, para descrever a anatomia. Antes
de ela ser criada, muitos anatomistas davam seus nomes às estruturas observadas por eles, o
que é conhecido por epônimos. Alguns epônimos, porém, foram descartados, para que fossem
utilizados termos que pudessem dar alguma informação sobre a estrutura descrita, como, por
exemplo, a forma (músculo deltoide), a ação (músculo levantador da escápula), a localização
(artéria braquial), o trajeto (artéria circunflexa anterior do úmero), os ossos ou acidentes ósseos
que unem (ligamento glenouneral, ligamento coracoacromial, ligamentos tibiofibulares). Eles
podem, também, utilizar mais de um critério. Entretanto, alguns termos não muito lógicos fo-
ram preservados devido à sua ampla utilização, tal como o “fígado” (DANGELO; FATTINI, 2007).
Para facilitar a descrição de alguns termos anatômicos, são utilizadas algumas abreviaturas, tais
como:
1) A. = artéria; Aa.= artérias.
2) V. = veia; Vv.= veias.
3) M. = músculo; Mm. = músculos.
4) Lig. = ligamento; Ligg. = ligamentos.
5) N. = nervo; Nn. = nervos.
Desde a nossa iniciação às ciências, aprendemos que o corpo humano é dividido em ca-
beça, tronco e membros, sendo que a cabeça é unida ao tronco pelo pescoço. Os membros são
divididos em superiores (popularmente chamados de braços) e inferiores (popularmente cha-
mados de pernas). A cabeça é a parte mais superior do corpo humano e é onde está localizado
o encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico). Além disso, na cabeça, estão as orelhas, os
olhos, o nariz e a boca. Abaixo dela, há o pescoço, por onde passam os tubos relacionados ao
sistema respiratório e digestório e que, também, é o local onde se encontra a medula cervical,
parte do sistema nervoso central. Já o tronco é dividido em: tórax (ou cavidade torácica), onde
estão localizados os pulmões, coração e grandes vasos importantes; abdome, onde estão loca-
lizados os órgãos abdominais (estômago, intestinos delgado e grosso, fígado, pâncreas e rins);
pelve, onde estão os órgãos pélvicos (parte final do intestino grosso, útero, ovários e bexiga
urinária); e dorso, onde está a coluna vertebral, que aloja a medula espinhal.
São dois os membros superiores, ligados ao tronco pela articulação do ombro (cintura
escapular). Cada membro superior é constituído por braço, antebraço e mão. Entre essas partes,
estão as articulações do cotovelo (unindo o braço ao antebraço) e do punho (unindo a mão ao
antebraço).
Também são dois os membros inferiores, os quais estão ligados ao tronco pelas articula-
ções do quadril (nádegas). Cada membro inferior é constituído por coxa, perna e pé. Entre a coxa
e a perna, está a articulação do joelho, e, entre a perna e o pé, está a articulação do tornozelo.
Observe, na Figura 5, todas essas partes descritas:

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30 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Moore e Argur (2004, p. 2).


Figura 5 Partes do corpo humano em posição anatômica. (A) vista anterior e (B) vista posterior.

A partir de agora, você já conhece a estrutura geral do corpo humano; por isso, nas unida-
des seguintes, faremos um estudo mais aprofundado dessas partes, reconhecendo os ossos, as
articulações, os músculos e os órgãos presentes em cada uma delas.
Em termos gerais, dizemos que o indivíduo normal é aquele sadio, ou seja, que não apre-
senta nenhuma deformidade ou doença. Já em anatomia, usamos o termo “normal” para desig-
nar o que é mais comum. No entanto, podemos observar algumas diferenças morfológicas na
forma de alguns órgãos, mas sem alterações fisiológicas, isto é, em seu funcionamento; a essas
diferenças, damos o nome de variações anatômicas. Há alguns fatores que proporcionam natu-
ralmente a variação no corpo humano, tais como a idade, o sexo, a etnia e o biótipo (tipo consti-
tucional). É importante que você conheça esses fatores de variação ao realizar seus estudos.
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 31

Se a variação anatômica causar prejuízo funcional, mas o indivíduo sobreviver com essa
variação, nós a chamamos de anomalia, como, por exemplo, a polidactilia (em que há um dedo
a mais na mão ou no pé), o lábio leporino etc. Se a anomalia for muito acentuada, ao ponto de
não haver a possibilidade de sobrevivência do indivíduo, nós a denominamos monstruosidade,
como, por exemplo, a anencefalia (não formação do encéfalo).
Uma vez que você já conhece as partes do corpo e sabe o que pode ser considerado nor-
mal, vamos conhecer alguns conceitos utilizados no estudo anatômico do corpo humano.

6. POSIÇÃO ANATÔMICA
Como dissemos anteriormente, a nomenclatura anatômica foi implantada para que se
pudesse haver uma uniformização do estudo da Anatomia. Portanto, partindo desse princípio, a
posição do corpo humano, para o estudo anatômico, deveria permanecer inalterada, evitando-
se, assim, erros na sua descrição. Dessa forma, foi designada uma posição universal para a des-
crição anatômica, conhecida por posição anatômica.
A posição anatômica descreve o indivíduo (vivo ou cadáver) em posição ereta (em posição
ortostática, em pé ou bípede), com a cabeça e olhos voltados para frente; os membros supe-
riores ao lado do corpo com as palmas das mãos voltadas para frente; e os membros inferiores
unidos e com os pés dirigidos para frente. O cadáver poderá estar deitado sobre a mesa em
decúbito dorsal (dorso em contato com a mesa), decúbito ventral (abdome em contato com a
mesa) ou em decúbito lateral (com o lado do corpo em contato com a mesa), desde que você
sempre se lembre de sua posição anatômica.
Observe a posição anatômica na Figura 6 e lembre-se de que todas as estruturas descritas
nos estudos anatômicos se referem a ela.

Figura 6 Posição de descrição anatômica do corpo humano.

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32 © Anatomia Humana Geral

7. PLANOS ANATÔMICOS E EIXOS DE MOVIMENTOS DO CORPO HUMANO


A partir da posição anatômica, o estudo da Anatomia segue utilizando planos de delimi-
tação, planos de secção e os eixos, em que os movimentos do corpo humano acontecem. Nos
parágrafos seguintes, faremos uma explicação detalhada desses planos e eixos, para os quais
você deverá ter uma atenção redobrada, uma vez que todas as descrições anatômicas, além da
posição anatômica, utilizam esses termos.

Planos de delimitação do corpo humano


Os planos de delimitação do corpo humano, como o próprio nome sugere, delimitam o
corpo humano como se ele estivesse dentro de uma caixa fechada, contando seus seis lados que
representariam os planos tangenciais à sua superfície. Assim, descrevem-se:
• Plano anterior e plano posterior: são dois planos verticais, dos quais um passa na fren-
te do corpo (tangente ao ventre), denominado plano ventral ou anterior, e o outro
passa atrás do corpo (tangente ao dorso), denominado posterior ou dorsal. Quando se
fala de cabeça, substitui-se o termo “ventral” por “frontal”; daí, tem-se o plano frontal.
Nos membros, utilizam-se os termos “plano anterior” e “plano posterior”.
• Planos laterais: são dois planos tangentes aos lados do corpo, denominados planos
laterais direito e esquerdo.
• Plano superior e plano inferior: são dois planos horizontais: um superior (a cabeça),
denominado plano superior ou cranial; e outro abaixo das plantas dos pés, denomina-
do plano inferior ou podálico.

Planos de secção do corpo humano


Anteriormente, dissemos que “anatomia” é uma pa-
lavra grega que significa "cortar em partes", o mesmo que
dissecar. No entanto, é necessário que se tenham planos
para guiar essa dissecação e se fazer o estudo anatômico
do corpo humano. Com base nisso, descrevem-se os pla-
nos de secção do corpo humano. A seguir, serão descritos
os quatro planos de secções fundamentais:
1) Plano mediano: é o plano que divide, longitu-
dinalmente, o corpo humano em duas metades
iguais, direita e esquerda.
2) Planos sagitais: são planos verticais que seccio-
nam o corpo humano paralelamente ao plano
mediano (Figura 7).

Figura 7 Plano de secção mediano e plano de


secção sagital.
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 33

3) Planos frontais ou coronais: são os planos verticais que dividem o corpo humano nas
partes anterior e posterior (Figura 8).

Figura 8 Plano de secção frontal.

4) Planos transversais ou horizontais: são planos que dividem o corpo em partes supe-
rior e inferior (Figura 9).

Figura 9 Plano de secção transversal.

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34 © Anatomia Humana Geral

O corpo humano pode ser seccionado várias vezes pelos planos sagitais, frontais e trans-
versais; porém, há apenas um plano de secção mediano, porque ele é o único que sempre divi-
dirá o corpo em duas metades iguais. Observe, na Figura 10, todos os planos de secção do corpo
humano.

Fonte: Moore e ARGUR (2004, p. 3).


Figura 10 Planos de secções do corpo humano: (A) vista superior e (B) vista anterolateral.

Eixos de movimento do corpo humano


Os eixos são linhas imaginárias que atravessam o corpo unindo os centros dos planos de
secção. O corpo humano apresenta três eixos imaginários, ilustrados na Figura 11, descritos a
seguir:
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 35

1) Eixo vertical, longitudinal ou crânio-caudal: passa do centro do plano superior (cra-


nial) para o centro do plano inferior (caudal). Atravessa o centro do plano de secção
transversal.
2) Eixo sagital, ântero-posterior: passa do centro do plano anterior (ventral) para o cen-
tro do plano posterior (dorsal). Atravessa o centro do plano de secção frontal.
3) Eixo transversal ou latero-lateral: passa do centro do plano lateral direito para o es-
querdo, ou vice-versa. Atravessa o centro do plano de secção sagital.

Fonte: Sobotta (1995, p. 1).


Figura 11 Eixos do corpo humano relacionados com os planos de secções. Em A, estão planos de secção mediano (2) e sagital (1) e
os eixos sagitais (5) e longitudinais (7); em B, estão os planos de secção transversais (4) e os eixos transversais (6) e sagitais (5); em
C, está o plano de secção frontal e os eixos longitudinais (7) e transversais (6).

O corpo humano é dotado de inúmeras articulações que permitem os movimentos fun-


damentais para o indivíduo praticar suas atividades diárias. Os movimentos corporais podem
ocorrer nos planos sagital, frontal ou transversal, e em torno de um eixo, semelhante ao eixo de
uma roda. O eixo é sempre perpendicular ao plano do movimento. Assim, temos os seguintes
movimentos corporais, relacionados com os planos e eixos:
• Flexão/extensão: são movimentos angulares; na flexão, ocorre a diminuição do ân-
gulo entre as partes do corpo (nas articulações) e, na extensão, ocorre o aumento (a
extensão) desses mesmos ângulos. Ocorrem no plano sagital e seu eixo é latero-lateral
(transversal). Esses movimentos podem ser realizados pelas seguintes articulações:
ombro, cotovelo, punho e entre os dedos da mão, quadril, joelho e entre os dedos do
pé, além da coluna vertebral. No tornozelo, esses movimentos são denominados de
dorsiflexão e flexão plantar.
• Abdução/adução: são movimentos de afastamento ou aproximação do plano mediano.
Na abdução, ocorre o afastamento dos membros superior e inferior do plano mediano
do corpo, enquanto, na adução, ocorre a aproximação. Ocorrem no plano frontal e no
eixo anteroposterior (sagital). Esses movimentos podem ser realizados pelas articula-
ções do ombro, do quadril e entre os dedos.

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36 © Anatomia Humana Geral

• Rotação interna (medial)/rotação externa (lateral): são movimentos que ocorrem ao


redor de um eixo longitudinal. Na rotação interna (medial), a porção anterior do mem-
bro vira-se para o lado interno (para dentro), e, na rotação lateral (externa), a porção
anterior vira-se para o lado externo do corpo (para fora). Ocorrem no plano transver-
sal (horizontal) e seu eixo é longitudinal. No antebraço, esses movimentos recebem o
nome de pronação quando a palma da mão se volta para trás, e supinação quando a
palma da mão se volta para frente.
Na Figura 12, você poderá observar todos esses movimentos que foram descritos:

Fonte: MOORE e ARGUR (2004, p. 5-6).


Figura 12 Movimentos do corpo humano.
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 37

8. TERMOS DE POSIÇÃO, RELAÇÃO E COMPARAÇÃO DO CORPO HUMANO


Como você deve ter percebido até agora, o estudo anatômico não é tão simples assim. En-
tão, para finalizar esta primeira unidade, não podemos deixar de estudar os termos de relação,
posição e comparação do corpo humano, ilustrados nas Figuras 13 e
Além da posição anatômica, para entender os termos de posição, relação e comparação,
é necessário conhecer os planos de delimitação e secção do corpo humano, pois as relações são
feitas a partir desses planos. Além disso, os órgãos apresentam faces, bordas e extremidades
que também são nomeadas de acordo com sua posição em relação aos planos.
Como o nome sugere, esses termos descrevem a localização e a relação das partes do cor-
po na posição anatômica, podendo, assim, fazer comparações às posições relativas de duas ou
mais estruturas ou de uma estrutura com relação à superfície ou plano mediano. Veja, a seguir,
os termos mais utilizados com sua breve definição:
1) Medial: o que está mais próximo ao plano mediano.
2) Lateral: o que está mais distante do plano mediano.
3) Intermédio: o que está entre duas estruturas.
4) Anterior ou ventral: o que está mais próximo ao abdome.
5) Posterior ou dorsal: o que está próximo do dorso.
6) Superior ou cranial: o que está mais próximo da extremidade superior.
7) Inferior ou caudal: o que está mais próximo da extremidade inferior.
8) Interno ou externo: o que está voltado ou localizado para dentro ou para fora do cor-
po.
9) Superficial ou profundo: o que está mais próximo ou mais distante da superfície.
Nos membros, utilizam-se os seguintes termos especiais:
1) Proximal ou distal: a parte que está mais próxima ou mais distante do tronco ou da
raiz do membro (ombro e quadril).
2) Média: parte que está entre a proximal e a distal. Por exemplo: falanges proximal,
média e distal.
3) Palmar ou dorsal: face anterior da mão.
4) Plantar ou dorsal: face inferior do pé.

Figura 13 Termos de relação do corpo humano.

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38 © Anatomia Humana Geral

Fonte: MOORE e ARGUR (2004, p. 4).


Figura 14 Termos de relação e posição do corpo humano.

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Vamos aproveitar este momento para verificar, por meio de uma autoavaliação, como está
a sua aprendizagem. Tente responder para si mesmo às seguintes questões:
1) Qual a definição de Anatomia?

2) Como o corpo humano é dividido?

3) O que é posição anatômica?

4) Quais são os planos de delimitação e secção do corpo humano?

5) O que são eixos e quais são os eixos do corpo humano?

6) Quais são os principais movimentos do corpo humano, e em qual plano e eixo eles ocorrem?

10. CONSIDERAÇÕES
Nesta primeira unidade, foi possível perceber que a Anatomia Humana Geral não é muito
simples e que o seu estudo exige o conhecimento de vários conceitos para a correta descrição
da anatomia humana.
Você também pôde descobrir que o fascínio pelo corpo humano começou com os gregos,
séculos antes do nascimento de Cristo, e que, até hoje, a anatomia estimula a curiosidade de
todos. Além disso, devido à sua grande intimidade com a medicina, a Anatomia é imprescindível
para todas as profissões ligadas à área da Saúde, na qual o profissional de Educação Física está
incluído.
© Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 39

Durante o estudo desta unidade, você pôde compreender, ainda, que a posição anatômica
é o primeiro dos conceitos que deve ficar bem claro, pois é por meio dela que se faz toda a des-
crição da Anatomia. A partir da posição anatômica, é possível conhecer os planos de delimitação
e de secção do corpo humano e os eixos de movimentos.
Por fim, você viu que os termos de posição, relação e comparação do corpo humano são
utilizados para descrever e comparar a posição e a relações entre as diversas estruturas anatô-
micas, com o objetivo de conhecer a constituição e a distribuição das estruturas dentro do corpo
humano.

11. E-REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 – Divulgação - Níveis de organização do corpo humano, desde os átomos até a formação dos sistemas. Disponível em:
<http://www.auladeanatomia>. Acesso em: 13 dez. 2010.
Figura 2 – Divulgação - Gravura de Andrés Vesálius. Disponível em: <http://www.nndb.com/people/270/000085015 >. Acesso
em: 13 dez. 2010.
Figura 3 – Divulgação - Gravura de Leonardo da Vinci e algumas de suas ilustrações sobre o estudo anatômico do ombro e do
esqueleto humano. Disponível em: <http://www.passado.com.br/ntc/Default.asp?Cod=94>, <http://iconographos.blogspot.
com/2007/11/estudos-anatmicos-de-leonardo-da-vinci.html> e <http://www.answers.com/topic/leonardo-da-vinci>. Acesso
em: 13 dez. 2010.
Figura 4 – Divulgação - Gravura de Michelangelo e sua obra "A Criação de Adão" da Capela Sistina. Disponível em: <http://
stldesignworld.wordpress.com/2009/03/08/its-the-birthday-of-michelangelo> e <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:God2-
Sistine_Chapel.png>. Acesso em: 13 dez. 20
Figura 6 – Divulgação - Posição de descrição anatômica do corpo humano. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>.
Acesso em: 13 dez. 2010.
Figura 7 – Divulgação - Plano de secção mediano e plano de secção sagital. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.
com>. Acesso em: 13 dez. 2010.
Figura 8 – Divulgação - Plano de secção frontal. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em: 13 dez. 2010.
Figura 9 – Divulgação - Plano de secção transversal. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em: 13 dez.
2010.
Figura 13 - Divulgação - Termo de relação do corpo humano. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em:
13 dez. 2010.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
MOORE, K. L.; AGUR, A. M. R. Fundamentos de Anatomia Clínica. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
SOBOTTA. J. Atlas de anatomia humana. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 19v. 1 e 2.

Claretiano - Centro Universitário


Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
EAD
Aparelho Locomotor

1. OBJETIVOS
• Conhecer os componentes do sistema esquelético.
• Identificar as funções dos ossos.
• Analisar as funções dos principais componentes do sistema articular.
• Classificar os ossos e as principais articulações do corpo humano.
• Compreender a importância do sistema esquelético e articular para a locomoção hu-
mana.

2. CONTEÚDOS
• Sistema esquelético: componentes e funções.
• Principais ossos do corpo humano.
• Sistema articular: componentes e funções.
• Principais articulações do corpo humano.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
1) Na unidade anterior, discutimos os termos introdutórios de Anatomia humana e, ago-
ra, dando continuidade aos nossos estudos, analisaremos o aparelho locomotor, com-
42 © Anatomia Humana Geral

posto pelos sistemas esquelético, articular e muscular. Devido à sua complexidade, o


sistema muscular será estudado na Unidade 3.
2) Pesquise em livros e na internet o assunto tratado nesta unidade; se encontrar algo
interessante, disponibilize-o na Lista ou no Fórum para seus colegas.
3) É muito importante que você tenha apreendido o conteúdo da Unidade 1, para que
possamos, então, passar a estudar as próximas unidades. Caso você ainda tenha dúvi-
das, leia o conteúdo novamente e peça ajuda a seu tutor e aos seus colegas.
4) No decorrer desta unidade, você conhecerá os processos de ossificação. Caso ainda
tenha dúvidas ao final deste estudo, faça uma revisão desse conteúdo no Caderno de
Referência de Conteúdo de Biologia Humana.
5) Não deixe de analisar as figuras e de identificar, especialmente, os tipos de esqueletos
que serão ilustrados nesta unidade, pois essas figuras servem de complemento, auxi-
liando a explicação do texto.
6) É importante que você tenha entendido a definição de planos e eixos e dos tipos de
movimentos realizados pelas articulações sinoviais, que foram estudados na Unidade
Caso haja dúvidas sobre esse assunto, leia novamente a unidade e sane-as com seu
tutor.
7) Responda às questões avaliativas presentes ao final de cada unidade para fixar os con-
teúdos e detectar as suas dúvidas.
8) Faça anotações de todas as suas dúvidas e procure solucioná-las por meio da Lista, do
Fórum, ou fale diretamente com o seu tutor.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na primeira unidade, você teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre a história da
Anatomia, assim como seus principais pesquisadores e sua evolução ao longo dos séculos. Além
disso, foi feita uma explanação dos principais termos utilizados em Anatomia, cuja função é pa-
dronizar o seu estudo. Dentre os termos estudados, destacamos a posição anatômica, os planos
de delimitação e secção e os eixos do corpo humano. Voltamos a salientar a importância desses
termos, pois, caso você tenha ficado com dúvida, deverá estudar novamente a unidade anterior,
ler a bibliografia e conversar com seu tutor antes de prosseguir seus estudos.
Dando continuidade ao nosso estudo sobre o corpo humano, vamos, agora, conhecer o
aparelho locomotor, formado pelo sistema esquelético e articular, cuja função é permitir os mo-
vimentos corporais, incluindo a locomoção (marcha).
Inicialmente, será feito um estudo sobre os ossos, denominado Osteologia, analisando a
sua composição, as suas funções, as suas classificações e os nomes dos principais ossos do corpo
humano. Em seguida, estudaremos o sistema articular, denominado Artrologia, no qual vere-
mos sua composição, suas funções e seus tipos articulares (sobretudo o tipo sinovial), assim
como a classificação das principais articulações do corpo humano.
De modo geral, podemos dizer que o aparelho locomotor é o responsável pela locomoção
e, também, pela proteção do indivíduo contra agressores externos, de forma que seu conheci-
mento é importante na prática de atividades físicas seguras.
Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de reconhecer as principais carac-
terísticas do aparelho locomotor, sobretudo os nomes dos principais ossos e articulações do cor-
po humano, favorecendo sua compreensão dos movimentos corporais e, consequentemente, as
aplicações desse conhecimento à sua prática profissional.
Desejamos a você êxito nos estudos!
© Aparelho Locomotor 43

5. SISTEMA ESQUELÉTICO
Como definimos anteriormente, Osteologia é a parte da Anatomia que estuda todas as
características dos ossos, como suas estruturas e funções. A união desses ossos forma o esque-
leto, que, no caso dos seres humanos, é interno, sendo denominado endoesqueleto.
Os ossos são constituídos pelo tecido ósseo, um tipo de tecido conjuntivo especializado,
formado por células (células osteoprogenitoras, osteócitos, osteoblastos e osteoclastos), fibras
colágenas e uma matriz extracelular calcificada. As fibras colágenas (parte orgânica da matriz) con-
ferem sua resistência e elasticidade, enquanto os íons cálcio e fosfato são responsáveis pela rigidez
característica dos ossos. Portanto, são considerados os elementos mais rígidos e resistentes do
corpo humano; por esse motivo, são atribuídas aos ossos importantes algumas funções, como:
1) Proteção de órgãos vitais, como coração, pulmão e sistema nervoso central (encéfalo
e medula espinhal).
2) Armazenamento de íons e minerais (cálcio e fosfato).
3) Sustentação do corpo humano (apoio).
4) Conformação do corpo humano.
5) Base mecânica dos movimentos corporais, servindo de suporte para tecidos moles
(músculos e ligamentos), ampliando a força das contrações musculares.
6) Produção de certas células sanguíneas, continuamente (hematopoiese).
Você estudou em Biologia Humana que os ossos podem ser formados por dois tipos de pro-
cessos de ossificação: a ossificação intramembranosa e a endocondral. Os ossos do crânio são for-
mados pela ossificação intramembranosa, e o restante, pela ossificação endocondral. A ossificação
endocondral ocorre através de um molde de cartilagem hialina e depende de uma ossificação intra-
membranosa prévia (Figura 1).
Esses ossos formados são revestidos por uma membrana de tecido conjuntivo denomi-
nada periósteo, que reveste as superfícies interna e externa dos ossos e possui dois folhetos,
um superficial, fibroso e resistente, e outro profundo, em íntimo contato com tecido ósseo,
denominado endósteo (Figura 2). Somente as superfícies articulares não são revestidas pelo
periósteo, mas, sim, pela cartilagem articular, cuja função é proteger as superfícies ósseas que
se articulam.
As importantes funções do periósteo e do endósteo são a de nutrição óssea e a de servir de
fonte de osteoblasto. O endósteo também possui células osteoprogenitoras, importantes para a
manutenção e o reparo ósseo. Portanto, o periósteo e o endósteo são fundamentais para o cresci-
mento ósseo durante o desenvolvimento do corpo humano e para o reparo ósseo após fraturas.

Fonte: Sobotta (1995, p. 7).


Figura 1 Desenho esquemático da ossificação endocondral, a partir de um molde cartilaginoso.

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44 © Anatomia Humana Geral

Embora o tecido ósseo seja composto pelos mesmos componentes, a maneira como as
lâminas ósseas são dispostas e o tamanho dos espaços entre elas determinam dois tipos de
substância óssea: a substância óssea compacta e a substância óssea esponjosa. Todas elas po-
dem ser observadas macroscopicamente.
Na substância óssea compacta, as lâminas do tecido ósseo estão bem unidas, sem espaços
entre elas; por isso, são mais rígidas e densas e, portanto, suportam mais peso. Já na substância
óssea esponjosa, as lâminas ósseas são mais irregulares em sua forma e tamanho e apresentam
muitos espaços entre si ou lacunas, assemelhando-se às esponjosas.
Devido às suas características mecânicas, a substância óssea compacta é encontrada no
corpo dos ossos longos, enquanto a substância óssea esponjosa é encontrada nas extremidades
e ao redor do canal medular (medula óssea). Observe, na Figura 2, as características dos dois
tipos de substâncias ósseas.

Figura 2 Desenho esquemático representando a substância óssea compacta, a substância óssea esponjosa e o periósteo.

6. DIVISÃO DO ESQUELETO
O esqueleto humano é formado por 206 ossos, divididos em duas partes: o esqueleto
axial e o esqueleto apendicular (Figura 3). Veja cada um deles mais detalhadamente, a seguir:
• Esqueleto axial: forma o eixo do corpo humano, isto é, a sua porção mediana, e é com-
posto pelos ossos do crânio, da cavidade torácica e da coluna vertebral, os quais serão
estudados mais adiante nesta unidade.
• Esqueleto apendicular: é a parte livre, apensa, formada pelos ossos dos membros su-
periores e dos membros inferiores. Está unido ao esqueleto axial pela cintura escapu-
lar, que une o membro superior ao tronco, e pela cintura pélvica, que une o membro
inferior à pelve. A cintura escapular é formada pela escápula e clavícula, e a cintura
pélvica pelos ossos dos quadris e sacro.
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Figura 3 Representação do esqueleto axial (em azul), esqueleto apendicular (em bege) e as cinturas escapular e pélvica, em vista
anterior (a) e posterior (b).

7. CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS


Os ossos podem ser classificados, de acordo com sua topografia (localização), em ossos
axiais (componentes do esqueleto axial) e apendiculares (componentes do esqueleto apendicu-
lar); porém, a classificação mais utilizada em Anatomia é feita segundo sua forma, levando em
consideração suas dimensões (comprimento, largura e espessura). Assim, temos:
1) Osso longo: é aquele cujo comprimento predomina sobre a largura e a espessura. Ele
apresenta duas extremidades, chamadas de epífises, e um corpo, chamado de diáfise.
Os ossos dos membros superiores e inferiores são os exemplos mais típicos de ossos
longos, como: úmero, rádio, ulna, fêmur, tíbia, fíbula e falanges (Figura 4).

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46 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 274, v. 2).


Figura 4 Desenho esquemático da ossificação endocondral, a partir de um molde cartilaginoso.

2) Osso curto: é aquele cujas três dimensões são equivalentes, assemelhando-se a um


cubo. Seus exemplos são os ossos do carpo (mão) e do tarso (pé) (Figura 5).
Ossos do carpo

Fonte: Sobotta (1995, p. 175, v. 1).


Figura 5 Exemplo de ossos curtos: ossos do carpo.

3) Osso laminar (plano): é o que apresenta comprimento e largura equivalentes e maio-


res que a espessura. São exemplos de ossos laminares a escápula, o esterno e osso do
quadril (Figura 6).
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Fonte: Sobotta (1995, p. 265, v. 2).


Figura 6 Exemplo de osso laminar: osso do quadril.

4) Osso irregular: é aquele cuja forma não se encaixa em nenhuma das descrições ante-
riores, apresentando uma estrutura complexa sem forma definida. As vértebras (Figu-
ra 7) e o osso temporal (crânio) são seus exemplos típicos.

Fonte: Sobotta (1995, p. 8, v. 2).


Figura 7 Exemplos de osso irregular: vértebra.

Existem ossos que trazem algumas características peculiares e, por isso, apresentam uma
classificação especial, como:
5) Ossos pneumáticos: são aqueles que apresentam cavidades no seu corpo contendo ar
e revestidas de mucosa; são denominados seios ou sinos. Os sinos ou seios paranasais
estão sujeitos à inflamação de sua parede mucosa; a essa inflamação dá-se o nome
de sinusite. Os ossos do crânio que circundam a cavidade nasal, como a maxila, o et-
moide, o esfenoide e o frontal (Figura 8). Esses seios ou sinos seios paranasais serão
estudados na Unidade

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Fonte: Sobotta (1995, p. 53, v. 1).


Figura 8 Exemplos de ossos pneumáticos.

6) Osso sesamoide: é um osso que se desenvolve no interior de tendões, ligamentos ou


cápsulas articulares, sendo a patela seu exemplo típico (Figura 9).

Fonte: Sobotta (1995, p. 284, v. 2).


Figura 9 Exemplos de osso sesamoide: patela.

8. O ESQUELETO HUMANO: PRINCIPAIS OSSOS


Como já foi estudado, o esqueleto humano é constituído por 206 ossos, que podem ser
classificados de acordo com sua localização (axial e apendicular), sua forma (longo, curto, irre-
gular e laminar) ou outra característica própria (pneumáticos e sesamoides).
Veremos, a seguir, alguns dos principais ossos do corpo humano, cujo conhecimento é
fundamental para a prática do profissional da Educação Física.
Vamos começar estudando os ossos do esqueleto axial.

Crânio
O crânio é composto por 22 ossos que se articulam entre si por tipos de junturas que não
permitem movimentos (suturas).
As funções dos ossos do crânio são a de proteger o encéfalo, a de permitir a passagem de
ar e de alimentos, a de sustentar os dentes e a de permitir a mastigação.
O crânio é dividido em duas partes: crânio neural e crânio visceral ou face:
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• O crânio neural é composto por oito ossos que formam a cavidade craniana, que abriga
e protege o encéfalo. Os ossos são: frontal (1), parietal (2), temporal (2), occipital (1),
esfenoide (1) e etmoide (1) (Figura 10).
• O crânio visceral é composto por 14 ossos que formam o esqueleto da face e estão
relacionados com o sistema digestório (cavidade bucal) e sistema respiratório (cavida-
de nasal). Os ossos são: mandíbula (1), maxila (2), zigomático (2), nasal (2), vômer (1),
lacrimal (2), concha nasal inferior (2) e palatino (2) (Figura 10).

Fonte: Schunke et al. (2007, p. 3-5).


Figura 10 Ossos do crânio em vista anterior e em vista lateral, destacados em cores diferentes para melhor visualização.

Cavidade torácica
É o esqueleto do tórax, constituído pelas costelas e cartilagens costais, vértebras torácicas
e esterno, cujas funções são proteger o coração, os pulmões, o esôfago e os grandes vasos (ar-
térias e veias) e permitir os movimentos respiratórios.
Posteriormente, a cavidade torácica é constituída pelas 12 vértebras torácicas (VT) com
seus discos intervertebrais e pelos 12 pares de costelas, que se curvam lateral, inferior e ante-
riormente para se articular com as cartilagens costais. Essas cartilagens, além de prolongar as
costelas, também aumentam a elasticidade da cavidade torácica e articulam-se com o esterno
para fechar a cavidade anteriormente.
Os 12 pares de costelas são divididos em três tipos. As sete primeiras (do 1º ao 7º par de
costelas) são denominadas costelas verdadeiras porque estão fixadas ao esterno diretamente
por suas próprias cartilagens costais. Da oitava à décima costela (do 8º ao 10º par de costelas)
são chamadas de costelas falsas, pois suas conexões com o esterno ocorrem indiretamente, ou
seja, suas cartilagens costais unem-se com a 7ª cartilagem costal para se fixarem ao esterno. As
duas últimas costelas (11º e 12º pares de costelas) são denominadas costelas flutuantes, pois
suas cartilagens costais não se conectam com o esterno, terminando entre os músculos abdo-
minais.
O esterno é um osso ímpar localizado na porção mediana da parede anterior do tórax.
Possui três partes: manúbrio, corpo e processo xifoide. O manúbrio é a sua porção superior,
triangular, que se articula com a clavícula, com a 1ª costela e com o corpo do esterno inferior-
mente.

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50 © Anatomia Humana Geral

A junção do manúbrio com o corpo forma o ângulo esternal, palpável em vivo, e é um im-
portante ponto de referência clínica, pois marca o ponto de união da 2ª costela com o esterno
e local onde ocorre a bifurcação da traqueia e o ponto mais elevado do arco aórtico. É no corpo
do esterno que as cartilagens costais (da 1ª à 7ª) se fixam.
O processo xifoide é o elemento mais inferior do esterno. É um ponto importante para a
realização das manobras de ressuscitação cardiorrespiratória (massagem cardíaca) em casos de
parada cardiorrespiratória. É importante saber que o local correto da manobra cardiorrespira-
tória é obtido palpando-se o último arco costal em sentido medial, até sua inserção no esterno,
limite entre o corpo do esterno e o apêndice xifoide.
Você poderá observar todos esses ossos na Figura 11.

Fonte: Sobotta (1995, p. 53, v. 2).


Figura 11 Ossos da cavidade torácica.

Coluna vertebral
A coluna vertebral é a porção mediana posterior do tronco, formando o eixo ósseo do
corpo humano, que, além de proteger e alojar a medula espinhal, também é fundamental para
o suporte do peso corporal e para a sua transmissão para os membros inferiores, permitindo a
nossa posição ereta e a mobilização do tronco e do pescoço.
© Aparelho Locomotor 51

É constituída por 33 vértebras, divididas por regiões em: sete vértebras cervicais (VC), 12
torácicas (VT), cinco lombares (VL), cinco sacrais, que se unem para formar o sacro, e quatro
coccígeas, que também se fundem para formar um osso rudimentar chamado cóccix (Figura 12).
O cóccix, nos seres humanos, é bastante rudimentar e não apresenta nenhuma função impor-
tante. Porém, acredita-se que seja um vestígio de cauda.
As vértebras possuem uma estrutura básica comum, contendo um corpo vertebral anterior e
um arco vertebral posterior. O arco vertebral é constituído por um processo espinhoso (posterior)
e por dois processos transversos (laterais), que delimitam um espaço chamado de canal vertebral,
onde a medula está alojada. Há, também, dois processos articulares superiores e dois inferiores, que
permitem a articulação entre as vértebras (Figura 13).
O corpo vertebral é sua porção anterior, onde o peso corporal é suportado; por isso, ele
aumenta de volume da coluna cervical para a lombar.
Além dessa estrutura básica, as vértebras possuem características particulares para cada
região de acordo com sua funcionalidade. Porém, neste Caderno de Referência de Conteúdo,
não serão abordadas essas características de cada região, por tratar-se de um assunto muito
específico; contudo, caso tenha interesse, você poderá fazer a leitura das bibliografias sugeridas.

Fonte: Sobotta (1995, p. 2, v. 2).


Figura 12 Coluna vertebral.

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Fonte: Sobotta (1995, p. 8, v. 2.).


Figura 13 Estrutura geral das vértebras.

Estudaremos, a seguir, os ossos componentes do esqueleto apendicular, isto é, dos mem-


bros superiores e inferiores, bem como os ossos das cinturas escapular e pélvica.

Ossos dos membros superiores


Os membros superiores são divididos em braço, antebraço e mão. Os seus ossos são: úme-
ro, rádio, ulna, ossos do carpo, metacarpos e falanges (Figura 14).
Veja, a seguir, os ossos que compõem os membros superiores:
1) Úmero: é o osso do braço e, por ser um osso longo, possui duas extremidades (epífi-
ses), uma proximal (superior) e outra distal (inferior), e um corpo (diáfise).
2) Rádio: é o osso lateral do antebraço.
3) Ulna: é o osso medial do antebraço.
4) Carpo: são oito ossos curtos, divididos em duas fileiras, cuja fileira proximal constitui a
articulação do punho, juntamente com o rádio, e a distal articula-se com os metacar-
pos. A fileira proximal é constituída por: escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme;
e a fileira distal é formada por: trapézio, trapezoide, capitato e hamato (sempre de
lateral para medial).
5) Metacarpo: são cinco ossos, numerados de lateral para medial.
6) Falanges: são os ossos dos dedos. Cada dedo possui três falanges (proximal, média e
distal), com exceção do polegar, que apresenta somente duas, a proximal e a distal.
Mais adiante, na Figura 15, você poderá observar atentamente os ossos que compõem o
esqueleto da mão.
Os membros superiores estão ligados ao tronco por meio da cintura escapular, formada
pela clavícula e escápula:
• Clavícula: é o osso que liga a escápula ao esterno.
• Escápula: é um osso laminar, situado posteriormente ao tronco, que constitui a articu-
lação do ombro com o úmero.
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Fonte: Sobotta (1995, p. 161, v. 1).


Figura 14 Ossos do membro superior.

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54 © Anatomia Humana Geral

Figura 15 Ossos da mão.

Ossos dos membros inferiores


Os membros inferiores são divididos em coxa, perna e pé, e os ossos que compõem cada
uma dessas partes são fêmur, tíbia, fíbula, ossos do tarso, metatarso e falanges (Figura 16):
1) Fêmur: é o osso da coxa, sendo ele o maior do corpo humano. Articula-se com o osso
do quadril proximalmente e com a tíbia distalmente, para formar a articulação do
joelho.
2) Tíbia: é osso medial da perna. Apresenta importantes saliências ósseas, como a tu-
berosidade da tíbia anteriormente, onde o músculo quadríceps (músculo anterior da
coxa) se fixa, e o maléolo medial, que prolonga a sua extremidade inferior para a arti-
culação do tornozelo.
3) Fíbula: é o osso lateral da perna, longo e muito delgado. Articula-se, em sua extremi-
dade proximal, com a tíbia e, em sua extremidade distal, proteja-se o maléolo lateral,
importante para a estabilidade da articulação do tornozelo. Patela: é um osso sesa-
moide, localizado anteriormente à articulação do joelho, no tendão do músculo qua-
dríceps. É popularmente conhecida por “rótula”, mas essa denominação não é mais
utilizada em Anatomia.
4) Ossos do tarso: são setes ossos que constituem uma parte do esqueleto do pé. Esses
ossos são: tálus, que se articula com a tíbia e a fíbula no tornozelo; calcâneo, logo
abaixo e posterior ao tálus; navicular, anterior ao tálus; cuboide, lateral ao navicular;
e os cuneiformes lateral, intermédio e medial (Figura 18).
5) Metatarso: são cinco ossos longos que se articulam com os ossos do tarso e com as
falanges, para constituir a outra parte do pé (Figura 18).
6) Falanges: são ossos longos que constituem os dedos do pé. Assim como na mão, são,
geralmente, em número de três (falanges proximal, média e distal), com exceção do
hálux (1º dedo do pé), que apresenta somente duas, a proximal e a distal (Figura18).
O membro inferior está unido ao tronco pela cintura pélvica, formada pelo osso do quadril
direito e esquerdo, que se articula com o sacro, posteriormente, para formar a pelve.
Vale ressaltar que o osso do quadril é formado pela fusão de três ossos isolados, o ílio, o
ísquio e o púbis, que eram separados durante a idade fetal. O ílio forma a porção superior e pos-
terior do osso do quadril; o ísquio encontra-se inferior ao ílio; e o púbis forma a porção anterior
do osso. Na porção central e lateral, há uma cavidade denominada acetábulo, onde a cabeça
do fêmur se articula para formar a articulação do quadril. Observe as características do osso do
quadril na Figura 17.
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Fonte: Sobotta (1995, p. 161, v. 1).


Figura 16 Ossos do membro superior.

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Fonte: Sobotta (1995, p. 264, v. 2).


Figura 17 Osso do quadril em vista lateral. O ílio, o ísquio e o púbis estão em cores diferentes para serem mais bem identificados.

Fonte: Sobotta (1995, p. 295, v. 2).


Figura 18 Esqueleto do pé. Ossos do tarso, metatarso e falanges.
© Aparelho Locomotor 57

É importante destacar que apresentamos aqui apenas as características básicas de cada


osso, de forma que um estudo mais aprofundado poderá ser realizado por intermédio das bi-
bliografias sugeridas.

9. SISTEMA ARTICULAR
No início desta unidade, foi falado que o aparelho locomotor é formado pelos sistemas es-
quelético e articular. Até o momento, estudamos as características dos ossos, agora passaremos
ao estudo do sistema articular, o qual chamamos de Artrologia.
Os ossos, em conjunto, formam o esqueleto. Porém, para que esses ossos se mantenham
unidos, são necessários elementos estruturais que permitam essa conexão, os quais chamamos
de articulações, que podem permitir a mobilidade ou não. A mobilidade de uma articulação
depende do tipo de elemento articular que está interposto entre os ossos, que pode ser tecido
fibroso, cartilagem ou o líquido sinovial.

Tipos de articulações
Há uma grande variedade de articulações, que podem se diferenciar quanto à forma e/ou
às funções. De acordo com o tipo de elemento que se interpõe entre os ossos que se conectam,
podemos definir três tipos de articulações ou junturas: as fibrosas, as cartilaginosas e as sino-
viais. A partir de agora, faremos o estudo das características e funções de cada uma delas.
Articulação fibrosa
No tipo de articulação fibrosa, também conhecida por sinartrose, a conexão entre os ossos
ocorre por um tecido conjuntivo fibroso, e sua principal característica é a mobilidade extrema-
mente reduzida. Esse é o tipo mais comum de união entre os ossos do crânio. Encontramos dois
tipos de articulações fibrosas, as sindesmoses e as suturas:
1) Sindesmose: apresenta abundante quantidade de tecido conjuntivo fibroso. As sin-
desmoses podem ser encontradas entre a tíbia e a fíbula, distalmente, formando a
sindesmose tibiofibular (Figura 19). Formam, também, as membranas interósseas,
entre o rádio e a ulna e entre a tíbia e a fíbula. Um terceiro tipo de sindesmose é en-
contrado entre os dentes e os alvéolos dentários da maxila e da mandíbula, denomi-
nado sindesmose dentoalveolar ou gonfose.

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a) b)

Fonte: Sobotta (1995, p. 174 e 294, v. 1).


Figura 19 Membrana interóssea do antebraço (A), sindesmose tibiofibular e membrana interóssea (B).

2) Sutura: apresenta menor quantidade de tecido conjuntivo fibroso e faz a conexão


entre os ossos do crânio. De acordo com a forma das bordas ósseas que se unem,
podemos ter:
• Sutura plana: união retilínea. Exemplo: entre os ossos nasais (Figura 20A).
• Sutura escamosa: união em forma de escama. Exemplo: entre o temporal e o pa-
rietal (Figura 20B).
• Sutura serreada: união em forma de linha denteada. Exemplo: entre os parietais,
entre o frontal e os parietais e entre os parietais e o occipital (Figura 20C).
a) b) c)

Fonte: Sobotta (1995, p. 9, 30 e 32, v. 1).


Figura 20 Exemplos de sutura plana (A), sutura escamosa (B) e suturas serreadas (C).
© Aparelho Locomotor 59

Articulações cartilagíneas
Nas articulações cartilagíneas, o elemento que se interpõe entre os ossos é uma cartila-
gem e, pelo fato de permitir uma pequena mobilidade entre as peças ósseas, podem também
ser denominadas anfiartroses. De acordo com tipo de cartilagem, que você já teve a oportuni-
dade de conhecer em Biologia Humana, podemos ter dois tipos de articulações cartilagíneas, as
sincondroses e as sínfises:
1) Sincondroses: nesse tipo de articulação, os
ossos são unidos por uma cartilagem hialina.
O exemplo mais típico de uma sincondrose é
a que ocorre entre os ossos esfenoide e occi-
pital, chamada sincondrose esfeno-occipital.
Algumas sincondroses são temporárias, sendo
a cartilagem ossificada com o tempo, como
ocorre durante o crescimento dos ossos lon-
gos. A sincondrose esfeno-occipital, por volta
do segundo ano de vida, é substituída por um
tecido ósseo, fato conhecido por sinostose. O
sacro é formado pela fusão das cinco vértebras
sacrais, e a união entre elas é chamada de si-
nostose, sendo, portanto, seu exemplo mais
típico. Observe, na Figura 21, a sincondrose
esfeno-occipital.
Fonte: Sobotta (1995, p. 59, v. 1).
Figura 21 Sincrondrose esfeno-occipital.

2) Sínfises: são os tipos de articulações nas quais os ossos se unem por meio de uma car-
tilagem fibrosa. Podemos citar como exemplos a sínfise púbica (entre o púbis direito
e o esquerdo) (Figura 22) e os discos intervertebrais (Figura 23).

Fonte: Sobotta (1995, p. 9, v. 1).


Figura 22 Exemplo de sínfise: sínfise púbica.
Figura 23 Discos intervertebrais.

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60 © Anatomia Humana Geral

Articulações sinoviais
O terceiro tipo de articulações, as sinoviais, é o mais complexo e móvel, sendo o respon-
sável pelos movimentos corporais, motivo que torna o seu estudo o mais importante para o
profissional de Educação Física.
As articulações sinoviais são as mais comuns do corpo humano e sua característica funcio-
nal é a mobilidade. Para que essa mobilidade ocorra, é necessário que os ossos que se articulam
estejam livres para se deslizarem durante os movimentos e que haja algum elemento facilitador,
ou seja, lubrificador. Assim, a maior característica dessas articulações é a presença de um líquido
viscoso e lubrificador, chamado líquido sinovial.
As peças ósseas não estão fixas, porém permanecem unidas pela cápsula articular. No
interior da articulação, há a presença de uma cavidade, a cavidade articular, na qual se encontra
o líquido sinovial.
As superfícies dos ossos que se articulam são revestidas por uma cartilagem hialina, de-
nominada cartilagem articular, cuja função é impedir o atrito entre os ossos, facilitando o des-
lizamento entre eles. A cartilagem articular é a parte do osso que não sofreu processo de ossi-
ficação.
Portanto, podemos dizer que todas as articulações sinoviais possuem as seguintes carac-
terísticas básicas (Figura 24):
1) cápsula articular;
2) cartilagem articular;
3) cavidade articular;
4) líquido sinovial.
Além desses elementos básicos, algumas articulações sinoviais podem apresentar ele-
mentos especiais, como: ligamentos, discos, meniscos.
A cápsula articular é uma membrana de tecido conjuntivo que envolve a articulação e é
constituída por duas camadas: uma interna, a membrana sinovial, e outra externa, a membrana
fibrosa.
A membrana sinovial é muito vascularizada e inervada e sua função é produzir o líquido
sinovial. A membrana fibrosa é a camada mais externa da cápsula articular e a mais resistente e,
além disso, pode ser reforçada pelos ligamentos capsulares, o que lhe confere maior resistência
em pontos de maior pressão ou força. Há ligamentos que estão isolados da cápsula articular e
são chamados de ligamentos extracapsulares; ou, estão dentro da articulação, sendo chamados
de ligamentos intra-articulares, como é o caso dos ligamentos cruzados anterior e posterior do
joelho. As funções dos ligamentos são manter a união entre os ossos e aumentar a resistência
da articulação, impedindo os movimentos indesejáveis.
© Aparelho Locomotor 61

Fonte: Sobotta (1995, p. 9, v. 1).


Figura 24 Exemplo de uma articulação sinovial com seus elementos básicos.

No interior de algumas articulações, encontramos interpostos entre as superfícies articu-


lares os elementos fibrocartilaginosos, conhecidos por discos ou meniscos. As funções desses
elementos são:
• melhorar a adaptação das superfícies articulares;
• absorver impactos;
• possibilitar melhor deslizamento entre as superfícies articulares.
Os discos intra-articulares são encontrados nas articulações esternoclavicular e tempo-
romandibular (ATM) (Figura 26). Já os meniscos são exclusivos das articulações dos joelhos e
possuem um formato de meia lua (Figura 25). Os meniscos são comumente lesados em atletas,
sendo, muitas vezes, necessária a sua remoção cirúrgica. Após a sua retirada, pode ser formado
outro menisco no lugar, porém, menos resistente que o primeiro.

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62 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 286, v. 2).


Figura 25 Articulação do joelho demonstrando os meniscos e os ligamentos cruzados anterior e posterior (ligamento intra-
articular).

Fonte: Sobotta (1995, p. 68, v. 1).


Figura 26 Disco articular (articulação temporomandibular – ATM).
© Aparelho Locomotor 63

10. CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS ARTICULAÇÕES


As articulações sinoviais destacam-se das demais pela sua mobilidade. Essa mobilidade,
no entanto, irá depender de alguns fatores, tais como a forma das superfícies articulares. Na
Unidade 1, estudamos os três eixos do corpo humano e, em seguida, os principais movimentos
corporais que ocorrem em torno desses eixos. Portanto, o critério para classificar uma articu-
lação funcionalmente é a quantidade de eixos que ela utiliza para realizar seus movimentos.
Assim, a articulação poderá ser:
1) Anaxial: sem eixo de movimento.
2) Monoaxial: realiza movimentos em torno de apenas um eixo (um grau de liberdade
de movimento). Exemplo: cotovelo e interfalangeanas.
3) Biaxial: realiza movimentos em torno de dois eixos (dois graus de liberdade de movi-
mentos). Exemplo: punho.
4) Triaxial: realiza movimentos em torno dos três eixos (três graus de liberdade de movi-
mento). Exemplo: ombro e quadril.

11. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ARTICULAÇÕES


Depois de termos estudado as características básicas das articulações sinoviais e como
classificá-las funcionalmente, aprenderemos, agora, a fazer a sua classificação morfológica. O
critério utilizado para tal classificação é a forma, isto é, a morfologia das superfícies articulares.
Com base nesses critérios, discutiremos, a seguir, os principais tipos. Para a sua melhor compre-
ensão, elas serão separadas de acordo com sua classificação funcional.

Anaxial
• Plana: as superfícies ósseas que se articulam são planas e permitem somente movi-
mentos de deslizamentos. A mobilidade dessas articulações é bastante reduzida e não
possuem eixo de movimentos, portanto, são anaxiais. Como exemplos, podemos citar
as articulações entre os ossos do carpo, do tarso, entre as vértebras e entre o sacro e o
ílio (sacroilíaca) (Figura 27).

Fonte: Moore e Argur (2004, p. 15).


Figura 27 Exemplo de articulação plana.

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64 © Anatomia Humana Geral

Monoaxial
• Gínglimo: as articulações do tipo gínglimo também podem ser chamadas de dobradi-
ças, pelo fato de suas superfícies ósseas permitirem movimentos em somente um eixo
de movimento, de modo semelhante à dobradiça de uma porta. São classificadas, fun-
cionalmente, como monoaxial (eixo transversal), e os movimentos permitidos são fle-
xão e extensão (movimentos angulares). As articulações do cotovelo, que estão entre
as falanges (interfalangeanas – dedos) e do tornozelo são exemplos de gínglimos. Al-
guns autores classificam o joelho como gínglimo, porém, há controvérsias acerca dessa
classificação pelo fato de o joelho realizar, além da flexão e extensão, uma leve rotação.
Observe, na Figura 28, a articulação do cotovelo, que é um exemplo de articulação do
tipo gínglimo.
• Trocoide: é também chamada de "em pivô", pelo fato de apresentar uma superfície
articular em forma de um pivô que gira sobre a outra, dentro de um anel. A articulação
radioulnar proximal é um exemplo típico. É classificada como monoaxial (eixo longitu-
dinal), sendo responsável pelos movimentos rotacionais de pronação e supinação do
antebraço.

Fonte: Moore e Argur (2004, p. 15).


Figura 28 Exemplo de articulações gínglimo.

Biaxial
• Selar: apresenta esse nome devido à forma em sela de montaria das suas superfícies
articulares, formadas por uma côncava que se encaixa numa convexa no sentido inver-
so. Permite movimentos de deslizamento de uma sobre a outra, em dois eixos, sendo,
portanto, biaxiais (eixos sagital e transversal). A articulação entre o trapézio do carpo e
o primeiro metacarpo (articulação carpometacarpal do polegar) é do tipo selar e reali-
za os movimentos de flexão, extensão, abdução e adução. Faz, também, a rotação, mas
não é um movimento isolado, e, sim, uma combinação de movimentos (Figura 29).
• Elipsoide ou condilar: nesse tipo de articulação, uma superfície articular em forma con-
dilar ou ovoide encaixa-se em outra de forma elíptica (semelhante à meia lua), permi-
© Aparelho Locomotor 65

tindo movimentos de flexão, extensão, abdução e adução. Portanto, são biaxiais (eixos
sagital e transversal) e seus exemplos típicos são a articulação radiocarpal (punho) e
a articulação temporomandibular (entre o temporal e a mandíbula). Alguns autores
classificam o joelho como condilar, devido à forma de suas superfícies articulares.

Fonte: Moore e Argur (2004, p. 15).


Figura 29 Exemplos de articulações selar.

Triaxial
• Esferoide: é o tipo articular que permite maior grau de liberdade de movimento, isto
é, três graus (triaxiais). A explicação para essa liberdade está na forma de suas super-
fícies articulares, sendo uma em formato de esfera que se encaixa em uma forma de
receptáculo, como ocorre nas articulações do ombro (entre a escápula e o úmero) e do
quadril (entre o osso do quadril e o fêmur) (Figura 30). Os movimentos realizados por
essas articulações são: flexão, extensão, abdução, adução, rotação interna (ou medial)
e rotação externa (ou lateral).

Fonte: Moore e Argur (2004, p. 15).


Figura 30 Exemplo de articulações esferoides.

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66 © Anatomia Humana Geral

12. PRINCIPAIS ARTICULAÇÕES DO CORPO HUMANO


Agora que você já conheceu todas as características de uma articulação sinovial e sabe
como classificá-las funcional e morfologicamente, podemos estudar as principais articulações
do corpo humano, cujo conhecimento é essencial para um profissional de Educação Física com-
prometido com o seu trabalho. Para uma melhor discussão, começaremos pelas articulações
dos membros superiores e, em seguida, veremos as articulações dos membros inferiores.

Articulação de membros superiores


Ombro
A articulação do ombro, também conhecida anatomicamente por escapuloumeral ou gle-
noumeral, ocorre entre os ossos escápula e úmero. É uma articulação sinovial, cuja classificação
morfológica é esferoide e a funcional é triaxial, sendo capaz de realizar os movimentos de flexão,
extensão, abdução, adução, rotação medial e rotação lateral. Devido à sua grande mobilidade, o
ombro pode ser facilmente lesado durante esportes como voleibol.
Como toda articulação sinovial, esta apresenta uma cápsula articular, que é reforçada an-
teriormente por ligamentos. A escápula não possui nenhuma articulação com o tronco, sendo
que a responsável pela conexão do membro superior com o tronco é a clavícula, que se articula
com o esterno, pela articulação esternoclavicular, e com a escápula, pela articulação acrômio-
clavicular. Observe, na Figura 31, os elementos articulares da articulação do ombro.

Fonte: Schunke et al. (2007, p. 231).


Figura 31 Articulação do ombro.
© Aparelho Locomotor 67

Cotovelo
A articulação do cotovelo é composta pelos ossos úmero, rádio e ulna, contendo, por-
tanto, três articulações, a radioulnar proximal, a umeroulnar e a umerorradial. As articulações
umeroulnar e a umerorradial são as responsáveis pelos movimentos do cotovelo, que realiza
somente a flexão e a extensão, sendo classificada como gínglimo e monoaxial. A articulação ra-
dioulnar proximal é classificada como trocoide, monoaxial, e realiza os movimentos de pronação
e supinação do antebraço.
O cotovelo possui uma cápsula articular reforçada lateral e medialmente pelos ligamentos
colateral lateral e colateral medial (Figura 32).

Fonte: Sobotta (1995, p. 172, v. 1).


Figura 32 Articulação do cotovelo.

Punho e mão
A articulação do punho é também denominada radiocarpal (ou radiocárpica) e ocorre en-
tre a extremidade distal do rádio e os ossos da primeira fileira do carpo, constituindo uma arti-
culação sinovial condilar. Os movimentos realizados por essa articulação são flexão, extensão,
abdução e adução; portanto, são biaxiais (Figura 33).
As articulações entre os ossos do carpo (intercarpal) são do tipo plana, permitindo somen-
te o movimento de deslizamento. Entre o carpo e o metacarpo (capometacarpal), ocorrem os
movimentos de flexão, extensão, abdução e adução, classificada por condilar, com exceção da
carpometacarpal do polegar, que é selar. As articulações entre as falanges (interfalangeanas) são
do tipo gínglimo, realizando somente flexão e extensão.

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68 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 178, v. 1).


Figura 33 Articulação do punho e mão em um corte longitudinal.

Articulação de membros inferiores


Quadril
A articulação do quadril é semelhante à articulação do ombro sob o ponto de vista morfo-
lógico e funcional; porém, ela é mais robusta e estável, devido à sustentação do peso corporal.
Além disso, essa articulação é a responsável pela nossa locomoção.
É uma articulação sinovial, esferoide, triaxial, permitindo movimentos de flexão, extensão,
abdução, adução, rotação medial e rotação lateral.
Possui um ligamento intra-articular, denominado ligamento da cabeça do fêmur. Sua cáp-
sula é reforçada anteriormente pelo ligamento iliofemoral, posteriormente pelo ligamento is-
quiofemoral e inferiormente pelo ligamento pubofemoral. O ligamento iliofemoral é o maior e
o mais resistente dos três e tem a forma de um Y invertido. Analise esses ligamentos na Figura
34.

Fonte: Sobotta (1995, p. 279, v. 2).


Figura 34 Articulação do quadril em vista anterior e posterior.
© Aparelho Locomotor 69

Joelho
A articulação do joelho é a maior do corpo humano e ocorre entre os côndilos femorais
(extremidade distal do fêmur) e os côndilos tibiais (extremidade proximal da tíbia), mais preci-
samente na face articular dos côndilos tibiais e a patela.
A articulação do joelho é a mais discutida e complexa, estando essas discussões em volta
de sua classificação morfológica e funcional. Isso porque, além da flexão e extensão, o joelho
também realiza uma leve rotação em flexão, o que não poderia classificá-lo não como gínglimo,
mas, sim, como condilar e biaxial.
O joelho possui uma cápsula articular posterior, reforçada por ligamentos, porém, ante-
riormente, ela é substituída pelo ligamento (tendão) patelar, pela patela e pelo tendão do mús-
culo quadríceps. Na face lateral e medial, apresenta o ligamento colateral lateral (ou fibular)
e o ligamento colateral medial (ou tibial), cuja função é impedir os deslocamentos laterais do
joelho.
Internamente, encontram-se importantes estruturas articulares como os meniscos medial
e lateral e o ligamento cruzado anterior e o ligamento cruzado posterior. Os meniscos são es-
truturas fibrocartilagíneas em forma de meia lua com a função de melhorar o encaixe do côndilo
femoral na tíbia e absorver impactos sobre a articulação. Os ligamentos cruzados anterior e
posterior são ligamentos intra-articulares que impedem o deslocamento anterior e posterior da
tíbia, respectivamente.
Observe, na Figura 35, as estruturas articulares do joelho.

Fonte: Sobotta (1995, p. 285-286, v. 2).


Figura 35 Articulação do joelho em vista superficial e interna, demonstrando os meniscos e os ligamentos cruzados.

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Tornozelo e pé
Para finalizarmos esta unidade, analisaremos brevemente as articulações do tornozelo e
do pé.
O tornozelo é uma articulação sinovial gínglimo, monoaxial, que envolve a extremidade
distal da tíbia e seu maléolo medial, maléolo lateral da fíbula e o tálus (osso do tarso). Os movi-
mentos realizados nessa articulação são denominados dorsiflexão e flexão plantar.
A dorsiflexão ocorre quando o dorso do pé se aproxima da face anterior da perna, o mes-
mo que apoiar os calcanhares no chão, e a flexão plantar ocorre quando a planta do pé se
aproxima da face posterior da perna, sendo o movimento realizado quando ficamos nas pontas
dos pés. A articulação é reforçada medialmente pelo ligamento deltoide e lateralmente pelos
ligamentos talofibular anterior, talofibular posterior e calcâneofibular (Figura 36).
No pé, assim como na mão, há articulações planas entre os ossos do tarso, cuja somatória
dos movimentos de deslizamento resultam nos movimentos de inversão, quando a planta do pé
se volta internamente, e eversão, quando a planta do pé se volta externamente.
Encontramos, ainda, as articulações entre os ossos do tarso e do metatarso, entre os me-
tatarsos e as falanges, e, por fim, entre as falanges.

Fonte: Sobotta (1995, p. 300, v. 2).


Figura 36 Articulação do tornozelo em vista medial e lateral.

13. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Vamos, agora, fazer uma autoavaliação da sua aprendizagem. Para tanto, tente responder,
para si mesmo, às seguintes questões:
1) Quais são os dois tipos de esqueletos e quais são os seus componentes?

2) Como os ossos podem ser classificados?

3) Quais são os principais ossos do corpo humano?

4) Quais são os tipos de articulações?


© Aparelho Locomotor 71

5) Quais as características básicas de uma articulação sinovial?

6) Como as articulações podem ser classificadas?

7) Quais são as principais características das articulações do ombro, cotovelo, punho, quadril, joelho e tornozelo?

14. CONSIDERAÇÕES
Ao longo desta unidade, estudamos os elementos componentes do aparelho locomotor,
o sistema esquelético e articular, com suas características e funções. Esses dois sistemas são
considerados os constituintes passivos do aparelho locomotor, sendo necessários os músculos
para a realização dos movimentos.
Vimos, também, que o corpo humano é composto por 206 ossos, que podem receber
diferentes classificações quanto à sua topografia e à sua forma. Com relação à topografia, po-
dem ser classificados em axiais e apendiculares. Quanto à forma, podem ser longos, curtos,
laminares e irregulares. Os ossos podem, ainda, apresentar características peculiares e serem
classificados como pneumáticos e sesamoides.
O sistema articular também apresenta suas particularidades. Uma articulação pode ser
fibrosa, cartilagínea e sinovial. As articulações sinoviais são as mais complexas e apresentam
como características básicas a presença do líquido sinovial, a cápsula articular, a cavidade ar-
ticular e a cartilagem articular. Além desses elementos básicos, algumas articulações podem
apresentar ligamentos, discos ou meniscos, cujas funções são a estabilização, a absorção de
impactos e a melhora do encaixe ósseo.
As articulações podem ser classificadas, funcionalmente, em monoaxiais, biaxiais e triaxias, de
acordo com o grau de liberdade de movimentos. Mas elas podem, também, ser classificadas quanto
à sua forma. Das articulações do corpo humano, o ombro e o quadril são os mais móveis; porém, o
ombro é a menos estável, estando mais sujeita à lesão. A articulação do joelho é a maior e a mais
complexa, apresentando inúmeros elementos importantíssimos para a sua estabilidade, como os
ligamentos colaterais e cruzados.
O conhecimento dos principais ossos, especialmente dos que compõem os membros e o
tronco, assim como das principais articulações do corpo humano, é de grande importância para
os profissionais da Educação Física, sobretudo para a orientação de atividades físicas seguras.

15. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 2 – Divulgação - Desenho esquemático representando a substância óssea compacta e a substância óssea esponjosa.
Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/epitelio17.php>. Acesso em: 14 dez. 2010.
Figura 3 – Divulgação - Representação do esqueleto axial (em azul), esqueleto apendicular (em bege) e as cinturas escapular e
pélvica, em vista anterior (a) e posterior (b). Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com>. Acesso em: 14 dez. 20
Figura 15 – Divulgação - Ossos da mão. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com.br/biologia/ossos-membro-superior.
htm>. Acesso em: 14 dez. 2010.
Figura 23 – Divulgação - Discos intervertebrais. Disponível em: <http://www.cirurgiadacoluna.com.br/anatomia.htm>. Acesso
em: 14 dez. 20

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72 © Anatomia Humana Geral

16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
MOORE, K. L.; AGUR, A. M. R. Fundamentos de Anatomia Clínica. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 20
SCHUNKE, M. et al. Prometheus. Atlas de anatomia: cabeça e neuroanatomia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
SOBOTTA. J. Atlas de anatomia humana. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 19v. 1 e
SOUZA, R. R. Anatomia para estudantes de educação física. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.
EAD
Sistema Muscular

1. OBJETIVOS
• Classificar os tipos musculares.
• Conhecer as principais características dos músculos esqueléticos.
• Identificar os principais músculos do corpo humano.

2. CONTEÚDOS
• Definição de Miologia.
• Principais características dos músculos.
• Componentes anatômicos dos músculos.
• Classificação dos músculos.
• Principais músculos do corpo humano: membros superiores, membros inferiores e
tronco.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
1) Na unidade anterior, estudamos o sistema esquelético e o articular, os quais são con-
siderados como os elementos passivos do movimento. Agora, nesta unidade, estuda-
remos os elementos ativos do movimento, que são os músculos.
74 © Anatomia Humana Geral

2) Durante o estudo desta unidade, conforme for avançando nos conhecimentos, tente
construir o mapa conceitual dos conteúdos apresentados, ampliando sua compreen-
são.
3) Procure realizar as reflexões sugeridas durante a unidade. Faça seu cronograma de
estudo e não se apresse em prosseguir. Afinal, as reflexões são importantes para pos-
sibilitar que você se envolva por inteiro na aprendizagem.
4) Para aumentar os seus conhecimentos, é importante que leia as bibliografias sugeri-
das, tendo em mente que os conteúdos abordados neste material didático são estu-
dos básicos para direcionar a sua aprendizagem.

4. INTROUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, tivemos a oportunidade de conhecer o aparelho locomotor,
incluindo os sistemas esquelético e articular, analisando as suas características anatômicas e
funcionais. No entanto, quando estudamos o aparelho locomotor, falamos somente dos com-
ponentes passivos desse aparelho, que são os ossos e as articulações que unem esses ossos. Já
nesta terceira unidade, vamos nos dedicar ao estudo dos componentes ativos do aparelho loco-
motor, os músculos, sem os quais os movimentos articulares não seriam possíveis.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de reconhecer as características
anatômicas e funcionais do sistema muscular, assim como os principais músculos responsáveis
pelos movimentos dos membros superiores, dos membros inferiores e do tronco.
Bom estudo a todos!

5. SISTEMA MUSCULAR
O sistema muscular é composto pelos músculos e pelas estruturas anexas a ele. A ciência
que estuda esses componentes é conhecida por Miologia e concentra seu estudo no músculo
estriado esquelético.
Na Unidade 2, quando estudamos o aparelho locomotor, nós nos concentramos apenas no
estudo dos ossos e das articulações. Os ossos, embora sejam os responsáveis pela conformação
e sustentação do corpo humano, são considerados os elementos passivos do movimento, ou
seja, permanecem imóveis, caso não haja nenhum outro elemento que faça o movimento das
articulações, aproximando os ossos que se articulam. Os responsáveis por esses movimentos
são os músculos, que são os elementos ativos do movimento. Devido aos movimentos muscu-
lares, somos capazes de reagir aos estímulos que nos são dados, seja interna ou externamente.
Mas o movimento corporal não é a única função que o músculo exerce, uma vez que tam-
bém são funções atribuídas aos músculos:
1) a produção de calor e a manutenção da temperatura corporal por meio do colar gera-
do pelas contrações musculares;
2) a estabilização das posições corporais, como ficar em pé ou sentado;
3) a regulação do volume dos órgãos;
4) o movimento de substâncias corporais, como sangue (vasos), urina e alimentos.
Os músculos são constituídos por um tipo especializado de célula, as células musculares,
que compõem o tecido muscular e apresentam capacidade de contração devido à presença das
proteínas contráteis actina, miosina, tropomiosina e troponina, como você já teve a oportuni-
dade de estudar em Biologia Humana. No entanto, para a sua melhor compreensão do sistema
muscular, faremos, agora, uma breve revisão sobre o tecido muscular.
© Sistema Muscular 75

O tecido muscular é constituído por células especializadas em contração, proporcionando


os movimentos corporais ou mudança na forma dos órgãos. Essas células apresentam a capaci-
dade de transformar energia química em mecânica, por meio da quebra do ATP, e sofreram um
grande processo de diferenciação estrutural e química, passando a apresentar muitas particula-
ridades, entre elas a síntese de proteínas específicas como actina, miosina e proteínas motoras
filamentosas. Essas células musculares apresentam formato fusiforme, alongadas, sendo cha-
madas de fibras musculares, que se dispõem de forma paralela para permitir o encurtamento
do tecido muscular, produzindo o movimento. Quanto maior for a quantidade de fibra muscular,
mais forte será o músculo, e quanto maior for o comprimento da fibra muscular, a sua capacida-
de de concentração também será maior.
De acordo com suas características morfológicas e funcionais, o tecido muscular pode
ser classificado em tecido muscular estriado esquelético, tecido muscular estriado cardíaco e
tecido muscular liso (Figura 1).

Fonte: Mariscot, Carneiro e Abrahamsohn (2004, p. 126).


Figura 1 Representação dos tipos de tecidos musculares em cortes histológicos longitudinais (acima) e transversais (abaixo).

O músculo estriado esquelético é o responsável pelo movimento e a estabilização do es-


queleto, e está preso aos ossos. A sua contração é rápida, potente e voluntária, ou seja, você
tem a consciência da contração. O músculo estriado possui uma estrutura especial, denominada
miofibrilas, dispostas longitudinalmente e apresentando estriações transversais. Outra impor-
tante característica do músculo estriado é a presença dos sarcômeros, que é a unidade contrá-
til funcional da fibra muscular, constituídos por quatro tipos de proteínas contráteis: miosina,
actina, tropomiosina e troponina. No processo de contração muscular, os filamentos de actina
(finos) deslizam sobre os filamentos de miosina (espessos), havendo o encurtamento do sarcô-
mero.
A contração da fibra muscular esquelética ocorre por uma estimulação nervosa, prove-
niente de um nervo espinhal que traz o impulso nervoso originado no sistema nervoso central
até uma junção entre a terminação do nervo e o sarcolema, denominada junção neuromuscular
ou placa motora.
O tecido muscular estriado cardíaco é o músculo do coração, denominado miocárdio, e
possui características morfológicas semelhantes ao estriado esquelético, apresentando um pa-
drão estriado, com contração rápida e potente, porém, ocorre de forma involuntária, isto é, não

Claretiano - Centro Universitário


76 © Anatomia Humana Geral

há consciência de que a contração está ocorrendo. E, por fim, o tecido muscular liso compõe a
musculatura dos órgãos e não apresenta o padrão de estrias transversais, sua contração é lenta
e fraca, e não está sob controle voluntário, mas, sim, autônomo e hormonal.
Concentraremos nosso estudo no músculo estriado esquelético, que é o responsável pe-
los movimentos esqueléticos, isto é, articulares do corpo humano, como também pela manu-
tenção da posição e da postura do corpo humano.

6. CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DOS MÚSCULOS


O músculo é constituído, anatômica e funcionalmente, por uma porção central, carnosa,
chamada ventre muscular, e outra parte tendinosa, chamada tendão muscular.
O ventre é a porção ativa do músculo, isto é, o impulso nervoso originado no sistema
nervoso central chega à placa motora presente no ventre, causando o encurtamento da fibra
muscular, conhecido por contração muscular, resultando nos movimentos articulares. No entan-
to, para que esse movimento ocorra, é necessário que o músculo esteja preso às partes ósseas
que se articulam, e essa fixação é feita pelos tendões, que são as partes passivas do músculo. O
ventre e o tendão muscular podem ser vistos na Figura 2.
O ventre muscular possui uma coloração avermelhada devido à grande quantidade de
sangue em suas fibras musculares.
Os tendões são esbranquiçados e brilhantes e podem ser em forma cilíndrica ou em fita.
Quando estão sob a forma de lâmina, são denominados aponeuroses (Figura 3). Os tendões e as
aponeuroses são constituídos por tecido conjuntivo denso composto, especialmente, de fibras
colágenas, e, por isso, são resistentes e inextensíveis.
Os tendões e aponeuroses não prendem os músculos somente nos ossos, mas também
na pele (derme), em cápsulas articulares, em cartilagens e, até mesmo, no tendão de outro
músculo.

Fonte: Sobotta (1995, p. 10, v. 1).


Figura 2 Músculo braquial, demonstrando o ventre muscular e o tendão muscular.
© Sistema Muscular 77

Aponeurose

Fonte: Sobotta (1995, p. 27, v. 2).


Figura 3 Aponeurose do músculo grande dorsal.

O ventre muscular é composto por um conjunto de feixes de fibras musculares, ou seja, é


formado pela união das fibras musculares (células musculares). Cada fibra muscular é revestida
por uma membrana conjuntiva chamada de endomísio. O feixe muscular também é revestido pelo
perimísio, sendo a continuação do epimísio que reveste o músculo externamente (Figura 4).

Figura 4 Epimísio, perimísio e endomísio.

Além do epimísio, o músculo é revestido, ainda, por uma membrana de tecido conjuntivo
fibroso denominado fáscia muscular, cujas funções são: permitir o deslizamento dos músculos
entre si, fixar o músculo ao esqueleto, servir de passagem para vasos e nervos, bem como envol-
ver e conter os músculos para melhorar sua força de tração durante a contração, evitando seu
abaulamento (Figura 5).
Em alguns locais, como nos membros, as fáscias musculares originam prolongamentos
denominados septos intermusculares, que passam entre os grupos musculares, separando-os
em compartimentos funcionais (Figura 6).

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78 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 307, v. 2).


Figura 5 Fáscia muscular do membro inferior.

Septos intermusculares

Fonte: Sobotta (1995, p. 247, v. 1).


Figura 6 Corte transversal da região do braço demonstrando os septos intermusculares.

Alguns músculos apresentam tendões longos, como é o caso dos músculos que movem
os dedos das mãos e dos pés, que são recobertos por uma bainha fibrosa e sinoviais de tecido
conjuntivo denso, formando túneis entre as superfícies ósseas e facilitando o deslizamento dos
tendões. Além da bainha fibrosa, há, ainda, as bolsas sinoviais, situadas entre os músculos ou
entre o músculo e o osso, que também facilitam o deslizamento muscular (Figura 7).
© Sistema Muscular 79

Fonte: Sobotta (1995, p. 209, v. 1).


Figura 7 Bainha fibrosa e sinoviais dos tendões dos músculos dos dedos da mão.

Como vimos anteriormente, o ventre muscular é preso aos ossos por meio dos tendões e
aponeuroses. Convencionalmente, essas fixações musculares são denominadas origem e inser-
ção musculares.
A origem do músculo é a sua extremidade que se prende à peça óssea que permanece fixa
(ponto fixo), ou a que está mais próxima do tronco, como é o caso dos músculos dos membros.
Em contraponto, a inserção muscular é a extremidade do músculo que está presa ao osso que
se desloca durante a contração (ponto móvel), ou a que está mais distante do tronco. A origem
e a inserção muscular podem ser observadas na Figura 8.

Origem

Inserção

Fonte: Sobotta (1995, p. 189, v. 1).


Figura 8 Músculo bíceps braquial: origens e inserção.

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80 © Anatomia Humana Geral

7. CLASSIFICAÇÃOS DOS MÚSCULOS


Agora que você já conhece as características anatômicas dos músculos, poderemos co-
nhecer, também, as suas classificações. Embora haja muitas divergências entre anatomistas, os
músculos podem ser classificados conforme vários critérios, tais como: a forma e a disposição
de suas fibras; a quantidade de origens; a quantidade de inserções; a quantidade de ventres
musculares; a ação principal decorrente de sua contração. Vejamos, nos próximos parágrafos,
como fazer essas classificações de maneira objetiva.

Forma e disposição das fibras musculares


Como estudamos anteriormente, o músculo apresenta um ventre, formado pelas fibras
musculares e responsáveis pela contração muscular, que está fixado aos ossos pelos tendões ou
aponeuroses. Contudo, essa classificação leva em consideração a disposição das fibras muscu-
lares com relação aos tendões, determinando a sua forma e, consequentemente, a função do
músculo.
De acordo com essa classificação, os músculos podem apresentar:
• Fibras paralelas: as fibras musculares estão dispostas paralelamente ao tendão mus-
cular, determinando, assim, a forma dos músculos de acordo com suas dimensões, em
longo ou largo. Os músculos longos possuem um comprimento predominante sobre as
outras dimensões, como, por exemplo, o m. braquial (“músculo” braquial). Os músculos
largos possuem um comprimento equivalente à sua largura, tendo como um exemplo
clássico o m. glúteo máximo (Figura 9). Em alguns músculos longos, como o m. bíceps
braquial, as fibras musculares convergem para os tendões de origem e de inserção,
sendo chamados de fusiformes (forma de fuso). Os músculos largos podem possuir a
forma quadrada, triangular ou romboide, e suas fibras podem convergir para um dos
tendões, assemelhando-se a um leque, como, por exemplo, o m. peitoral maior (Figura
10) e m. grande dorsal.

Fonte: Sobotta (1995, p. 10, v. 1).


Figura 9 Músculo longo fusiforme e músculo largo.
© Sistema Muscular 81

M. peitoral maior

Fonte: Sobotta (1995, p. 58, v. 2).


Figura 10 Exemplo de um músculo largo, em leque: m. peitoral maior.

• Fibras oblíquas: as fibras musculares estão presas de maneira oblíqua em relação aos
tendões de origem e inserção, semelhante a uma pena; por isso, são denominados
peniformes (forma de pena). Os músculos peniformes podem ser unipenados ou bipe-
nados (Figura 11). Os unipenados possuem fibras presas em apenas uma borda do ten-
dão, como é o caso do m. extensor longo dos dedos do pé (Figura 12). Os bipenados,
em contraponto, apresentam as fibras musculares presas nas duas bordas do tendão,
como é o caso do m. reto femoral (Figura 12).

Fonte: Sobotta (1995, p. 10, v. 1).


Figura 11 Exemplos de músculos unipenados (esquerda) e bipenados (direita).

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82 © Anatomia Humana Geral

M. extensor longo dos dedos


M. reto femoral

Fonte: Sobotta (1995, p. 309 e 324, v. 2).


Figura 12 Exemplos de músculos bipenados, o músculo reto femoral (esquerda) e músculos unipenado, o m. extensor longo dos
dedos do pé (direita).

• Fibras circulares: são músculos que circundam orifícios como olho (m. orbicular do
olho) e boca (m. orbicular da boca) (Figura 13).

m. orbicular do olho

m. orbicular da boca

Fonte: Sobotta (1995, p. 70, v. 1).


Figura 13 Exemplos de músculos com fibras circulares.
© Sistema Muscular 83

Quanto à forma que apresentam, podemos, ainda, encontrar o m. deltoide (forma da letra
grega delta) e o m. trapézio (forma de trapézio).

Quantidade de origens
Todos os músculos possuem, pelo menos, uma origem e uma inserção, pois são a maneira
pela qual se prendem aos ossos para se deslocarem durante os movimentos. No entanto, alguns
músculos podem possuir mais origem, isto é, mais de uma cabeça, e apenas uma inserção, po-
dendo ser:
• Bíceps: duas origens ou cabeças.
• Tríceps: três origens ou cabeças.
• Quadríceps: quatro origens ou cabeças.
Esses músculos são encontrados nos membros, e a nomenclatura anatômica utiliza esses
termos para nomeá-los, tendo como exemplo o m. bíceps braquial, m. tríceps braquial e m. qua-
dríceps femoral. Observe, na Figura 14, o exemplo de músculos bíceps.

Fonte: Sobotta (1995, p. 10, v. 1).


Figura 14 Exemplos de músculos bíceps: duas origens.

Quantidade de inserções
Assim como um músculo pode apresentar mais de uma origem, pode, também, possuir
mais de um tendão de inserção, sendo:
• Bicaudado: quando possui dois tendões de inserção. Os músculos extensor longo do
polegar e extensor do indicador possuem a mesma origem, mas inserções diferentes,
um no polegar e o outro no indicador.
• Policaudado: quando apresentam três ou mais tendões de inserção. Exemplo: m. ex-
tensor longo dos dedos do pé, m. extensor dos dedos da mão, m. flexores dos dedos
da mão (Figura 15).

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84 © Anatomia Humana Geral

Figura 15 Exemplos de músculo policaudados: mais de duas inserções.

Quantidade de ventres
A grande maioria dos músculos apresenta apenas um ventre, mas, em alguns casos, po-
dem possuir mais de um, sendo classificados em:
• Digástrico: quando possui dois ventres. Exemplo: m. digástrico.
• Poligástrico: quando possui mais de dois ventres. Exemplo: m. reto abdominal (Figura
16 e 17).

Fonte: Sobotta (1995, p. 10, v. 1).


Figura 16 Exemplos de músculos bicaudados e policaudados.
© Sistema Muscular 85

Fonte: Sobotta (1995, p. 65, v. 2).


Figura 17 Exemplos de um músculo policaudado: m. reto abdominal.

Ação principal
Essa classificação segue a ação principal do músculo em decorrência de sua contração, e a
nomenclatura anatômica costuma utilizar essa classificação para nomeá-los. Eles podem ser:
1) Flexor: m. flexor longo do polegar.
2) Extensor: m. extensor do dedo indicador.
3) Pronador: m. pronador redondo.
4) Supinador: m. supinador.
5) Flexor plantar: m. flexor plantar.
6) Flexor dorsal: m. tibial anterior.
7) Levantador: m. levantador da escápula.
8) Depressor: m. depressor do lábio inferior.
9) Dilatadores: m. levantador do lábio superior e da asa do nariz.
10) Esfíncteres: esfíncter do ânus.

Localização
Os músculos podem, ainda, ser classificados quanto à sua localização, de acordo com a
posição anatômica e a região em que se encontram. Assim, temos: m. tibial anterior, m. tibial
posterior etc.

Classificação funcional dos músculos


A classificação funcional dos músculos é feita de acordo com a função do músculo durante
um movimento ou posição do corpo. Assim, temos:
1) Agonistas: são os agentes principais para a execução de um movimento desejado.
2) Antagonistas: são aqueles músculos cuja ação se opõe à do agonista, com o objetivo
de controlar a rapidez ou a potência desta ação.

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86 © Anatomia Humana Geral

3) Sinergistas: são os que se contraem para estabilizar as articulações, evitando movi-


mentos indesejáveis durante a ação do agonista.
4) Fixadores: são os músculos que estabilizam as diversas partes do corpo para que a
ação principal ocorra.
Vejamos, agora, um exemplo para que você possa entender a funcionalidade desses mús-
culos.
Quando um objeto cai no chão, nós nos abaixamos, pegamos esse objeto e voltamos para
a nossa posição inicial. Nesse momento, os músculos flexores de dedos atuam como agonistas
para que possamos pegar o objeto, enquanto os músculos extensores de dedos atuam como
antagonistas. Ao flexionar os dedos, a tendência seria flexionar o punho juntamente, pois os
músculos flexores dos dedos cruzam essa articulação também; porém, esse movimento não
ocorre, graças à ação sinergista dos músculos extensores do carpo. Os músculos do tronco e
os da cintura escapular são fixadores, permitindo a posição correta do corpo e das articulações
para que possamos agarrar o objeto.
Cabe lembrar que essa classificação funcional dos músculos pode mudar caso mude o
movimento desejado.
Esperamos que tenha ficado claro, com esse exemplo, a classificação funcional dos múscu-
los; contudo, caso ainda esteja com dúvidas, tire-as com seu tutor.

8. PRINCIPAIS MÚSCULOS DO CORPO HUMANO


A contração do ventre muscular causa o deslocamento de um segmento ósseo sobre o ou-
tro por intermédio do trabalho mecânico feito pelos tendões musculares e pelo encurtamento
do músculo. Dessa maneira, o músculo necessita atravessar uma articulação para poder movi-
mentá-la.
O comprimento e o volume do músculo podem ser alterados em relação ao estado de re-
pouso ou trabalho. Assim, um músculo que permanece muito tempo em repouso pode diminuir
o comprimento e o volume de suas fibras musculares, ao passo que um músculo muito traba-
lhado pode aumentar o volume de suas fibras. A diminuição no volume das fibras é denominada
hipotrofia, e o aumento, hipertrofia.
Ao praticar atividade física, o indivíduo busca a hipertrofia e o alongamento muscular por
meio do aumento na intensidade do trabalho muscular e das várias técnicas de alongamentos.
O trabalho muscular pode visar ao aumento da força, da potência ou da resistência mus-
cular. Há atividades físicas para cada um desses trabalhos e cabe a você, futuro educador físico,
conhecê-las para trabalhar corretamente com seus alunos. Se o objetivo é aumentar a força
muscular, deve-se realizar um exercício com muita carga (peso) e poucas repetições, levando a
uma hipertrofia muscular com o tempo. O melhor tipo de exercício para hipertrofia é a muscu-
lação.
No entanto, se o objetivo é aumentar a resistência muscular à fadiga, deve-se realizar
exercício com pouca carga, porém com muitas repetições, levando o músculo à fadiga. No tra-
balho de força muscular, também poderá ocorrer aumento na resistência do músculo, mas os
exercícios mais indicados são aqueles que aumentam a capacidade aeróbia do indivíduo, como
a natação, a corrida e o ciclismo, porque aumentam a capacidade cardiorrespiratória geral com
consequente aumento no transporte de oxigênio para os músculos, aumentando, também, a
sua resistência.
© Sistema Muscular 87

A potência do músculo é uma medida de desempenho muscular, isto é, o trabalho mus-


cular por unidade de tempo é dada pela fórmula força x distância / tempo. Para melhorar a po-
tência de um músculo, deve-se aumentar o seu trabalho em um período de tempo específico, ou
seja, determinar um tempo para que o músculo realize uma determinada força. Quanto maior
for a força gerada pelo músculo em um menor período de tempo, maior será sua potência.
Bem, agora que você já conheceu alguns detalhes sobre as características anatômicas e
funcionais dos músculos e até mesmo como trabalhá-lo, passaremos a ver os principais múscu-
los que agem sobre os membros superiores, inferiores e sobre o tronco, com o objetivo de apri-
morar seus conhecimentos para a prática de atividades físicas apropriadas para cada segmento.
Para fins didáticos, dividiremos o estudo dos músculos em três partes:
• Músculos que agem sobre o membro superior.
• Músculos que agem sobre o membro inferior.
• Músculos que agem sobre o tronco.

Músculos do membro superior


A principal função do membro superior é direcionar a mão no espaço com o objetivo de
agarrar objetos e carregar peso. No estudo do aparelho locomotor, vimos que o membro su-
perior está subdivido em braço, antebraço e mão, articulados pelo ombro, cotovelo, punho e
articulações entre os ossos da mão. Para que esses elementos se movimentem, são necessários
os elementos ativos desses movimentos, isto é, os músculos. Os principais músculos que agem
sobre o membro superior serão descritos brevemente a seguir, e, para a sua melhor compreen-
são, eles serão agrupados por regiões articulares.
1) Músculos que agem sobre a cintura escapular: a escápula faz parte da cintura esca-
pular, juntamente com a clavícula, cuja função é unir o membro superior (esqueleto
apendicular) ao tronco (esqueleto axial). A escápula desliza-se livremente sobre o gra-
dil torácico, posteriormente, e seus movimentos auxiliam nos movimentos do ombro,
aumentando sua amplitude. Por exemplo, na abdução do ombro a 90°, o movimento
é puramente da articulação do ombro, sem o movimento da escápula. No entanto,
movimentos acima de 90° só são possíveis se a escápula realizar uma rotação superior.
Os movimentos da escápula são: elevação, depressão, retração (adução), prostração
(abdução), rotação superior e rotação inferior. Esses movimentos são realizados por
músculos que se originam em ossos do esqueleto axial (vértebras, costelas e crânio) e
se inserem na escápula. Os principais músculos que agem na escápula são:
a) M. trapézio: é um dos maiores músculos do dorso e o mais superficial, tendo sua
origem desde o osso occipital até as vértebras torácicas e sua inserção na claví-
cula e na escápula. Devido ao seu tamanho, é dividido em três partes: superior,
médio e inferior, com funções distintas. O trapézio superior realiza a elevação da
escápula, o trapézio médio realiza a sua retração, e o trapézio inferior a depres-
são da escápula (Figura 18).
b) M. levantador da escápula: como o próprio nome diz, ele realiza a elevação da
escápula. Está localizado no dorso, abaixo do músculo trapézio; possui sua ori-
gem nas vértebras cervicais (1ª à 4ª) e sua inserção na escápula (Figura 19).
c) M. romboides maior e menor: também estão localizados abaixo do trapézio e,
embora sejam dois músculos distintos, possuem a mesma função; por isso, são
descritos juntos. Originam-se da 7ª vértebra cervical até a 5ª torácica e inserem-
se na borda medial da escápula. Devido à disposição diagonal de suas fibras, rea-
lizam a elevação e a retração da escápula.
d) M. serrátil anterior: é um músculo da região anterolateral do tórax, estando par-
cialmente encoberto pelo músculo peitoral maior. Sua origem vai da 1ª à 8ª cos-

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88 © Anatomia Humana Geral

tela e passa pela face anterior da escápula para se inserir na sua borda medial.
Sua função é a prostração da escápula durante os movimentos de alcance do
membro superior. Por exemplo, quando você quer pegar algum objeto distante,
estende o braço ao máximo para alcançá-lo; assim, seu m. serrátil anterior está
afastando a escápula do plano mediano para que possa realizar esse movimento
(Figura 20).

M. trapézio

Fonte: Sobotta (1995, p. 27, v. 2).


Figura 18 Músculo trapézio.

M. levantador da escápula

Mm. rombóides

Fonte: Sobotta (1995, p. 29, v. 2).


Figura 19 Músculo levantador da escápula e músculos romboides.
© Sistema Muscular 89

M. serrátil anterior

Fonte: Sobotta (1995, p. 184, v. 1).


Figura 20 Músculo serrátil anterior.

a) Músculos que agem sobre o ombro: a articulação do ombro ocorre entre a cabeça do
úmero e a cavidade glenoide da escápula, que permite alto grau de liberdade de movi-
mento, sendo classificada como triaxial e esferoide, como você já estudou na Unidade
No entanto, esse alto grau de liberdade de movimento faz do ombro uma articulação
muito instável e suscetível às lesões, sendo que os músculos são imprescindíveis para
sua estabilidade. Portanto, os movimentos realizados pelo ombro são: flexão, exten-
são, abdução, adução, rotação interna (medial) e rotação externa (lateral). Os múscu-
los que atuam no ombro possuem suas origens na escápula ou nas costelas e inserção
no úmero. Eles estão listados a seguir; veja-os:
b) M. peitoral maior: é o músculo mais superficial da parede anterior do tórax, com
origem na clavícula, no esterno e nas costelas, e inserção no úmero. Sua principal fun-
ção é a adução do ombro, mas também auxilia na flexão e rotação medial do ombro
(Figura 21).
c) M. grande dorsal: é um dos maiores músculo do dorso, situado superficialmente no
dorso, juntamente com o trapézio. Sua origem vai das últimas vértebras torácicas,
vértebras lombares, vértebras sacrais e ílio, através da fáscia toracolombar, e insere-se
no úmero. O m. grande dorsal junto com o m. redondo maior forma a prega axilar pos-
terior. Ele realiza a extensão, adução e rotação medial do ombro, como se fôssemos
alcançar algo em nosso dorso, como se fôssemos coçar as nossas costas ou desaboto-
ar o sutiã (Figura 22).
d) M. deltoide: é o músculo superficial do ombro, responsável pelo seu contorno. Tem
esse nome pela sua semelhança com a letra grega delta e possui origem na clavícula
e escápula, dividindo-o em três partes: clavicular, acromial e espinhal, com funções
distintas. A porção clavicular realiza a flexão do ombro, a porção acromial realiza a
abdução do ombro e a porção espinhal realiza a extensão do ombro. Sua inserção é
na face lateral do terço médio do úmero (Figura 21).

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90 © Anatomia Humana Geral

M. deltóide

M. peitoral maior

Fonte: Sobotta (1995, p. 58, v. 2).


Figura 21 Músculo peitoral maior e músculo deltoide.

M. grande dorsal

Fonte: Sobotta (1995, p. 27, v. 1).


Figura 22 Músculo grande dorsal.

a) M. supraespinhal: o m. supraespinhal, juntamente com os músculos infraespinhal,


subescapular e redondo menor, forma o conhecido manguito rotador, cuja função
é manter a estabilidade da articulação do ombro. O m. supraespinhal tem origem na
escápula e inserção no úmero superiormente, tendo como função a abdução do om-
bro.
b) M. infraespinhal: também faz parte do manguito rotador, com origem na escápula e
inserção no úmero lateralmente à inserção do m. supraespinhal. Sua função é a rota-
ção lateral do ombro.
c) M. redondo menor: componente do manguito rotado que realiza a mesma função do
m. infraespinhal, que é a rotação lateral do ombro. Possui origem na borda lateral da
escápula e inserção no úmero logo abaixo à inserção do m. infraepinhal.
© Sistema Muscular 91

d) M. subescapular: é o último componente do manguito rotador, tendo sua origem na


face costal (anterior) da escápula e inserção na face anterior do úmero. Sua função é
a rotação medial do ombro.
e) M. redondo maior: embora tenha a mesma função do m. subescapular, a rotação
medial do ombro, não é considerado componente do manguito rotador. Tem origem
na borda lateral da escápula, abaixo do m. redondo maior e inserção na face anterior
do úmero.
Os músculos supraespinhal, infraespinhal, redondo menor, redondo maior e subescapular
podem ser observados na Figura 23.

M. supraespinhal

M. infraespinhal

M. redondo menor
M. subescapular
M. redondo maior

Fonte: Sobotta (1995, p. 185, v. 1).


Figura 23 Músculos do ombro.

1) Músculos que agem sobre o cotovelo: a articulação do cotovelo é composta pelo


úmero, pelo rádio e pela ulna. Sua classificação funcional é monoaxial e a morfológica
é gínglimo; portanto, os únicos movimentos permitidos nessa articulação são a flexão
e a extensão. Entretanto, o rádio também se articula com a ulna proximalmente, per-
mitindo os movimentos de pronação e supinação. Para a realização desses movimen-
tos, há os seguintes músculos:
a) M. bíceps braquial: é o principal flexor do cotovelo, localizado na face anterior
do braço. Possui duas cabeças de origens (por isso, é chamado de “bíceps”), uma
longa e outra curta, em diferentes locais na escápula (processo coracoide e tubér-
culo supraglenoidal) e uma única inserção no rádio. A cabeça longa do bíceps é a
sua porção lateral, e a cabeça curta é medial. Além da flexão, também auxilia na
supinação do antebraço e, pelo fato de atravessar a articulação do ombro, auxilia
na sua flexão.
b) M. braquial: também está localizado na região anterior do braço, encoberto pelo
m. bíceps braquial. Sua origem é no terço médio do úmero, sua inserção é na ulna
e tem por função a flexão do cotovelo.
c) M. braquiorradial: é o músculo da região lateral do braço, porém possui a sua
maior parte no antebraço. Ele separa os músculos da região anterior daqueles da
região posterior do antebraço. Tem origem no úmero e inserção no rádio. Sua fun-
ção é a flexão do cotovelo.
Todos esses músculos podem ser observados nas Figuras 24 e 25.

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92 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 189, v. 1).


Figura 24 Figura demonstrando o músculo bíceps braquial, músculo braquial e músculo braquiorradial.
© Sistema Muscular 93

Fonte: Sobotta (1995, p. 190, v. 1).


Figura 25 Músculos do braquial.

a) M. tríceps braquial: é o único músculo da região posterior do braço, apresentando


três origens e uma inserção. Suas origens dividem-no em três porções ou cabeças: a
cabeça longa, a cabeça medial e a cabeça lateral. A cabeça longa tem origem na es-
cápula, enquanto a medial e a lateral se originam no úmero. As três porções unem-se
para um único tendão, que se insere na ulna posteriormente (olecrano).
b) M. pronadores: são dois músculos, o pronador redondo e pronador quadrado, respon-
sáveis pelo movimento de pronação do antebraço. O pronador redondo tem origem
no úmero e na ulna e inserção no rádio. O pronador quadrado também tem origem na
ulna e inserção no rádio.
c) M. supinador: é o músculo responsável pela supinação do antebraço, com origem no
úmero e inserção no rádio.

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94 © Anatomia Humana Geral

Esses músculos estão destacados nas Figuras 26 e 27.

Fonte: Sobotta (1995, p. 188, v. 1).


Figura 26 Figura demonstrando as três cabeças do músculo tríceps braquial e o músculo braquiorradial.
© Sistema Muscular 95

Fonte: Sobotta (1995, p. 204, v. 1).


Figura 27 Figura demonstrando o músculo pronador redondo, o músculo pronador quadrado e o músculo supinador.

1) Músculos que agem sobre o punho e a mão: a articulação do punho é composta pelo
rádio e os ossos da primeira fileira do carpo. É uma articulação sinovial biaxial e condi-
lar, cujos movimentos são: flexão, extensão, abdução e adução. As articulações entre
os dedos (interfalangeanas) são monoaxiais e gínglimo, realizando somente flexão e
extensão. Os músculos responsáveis pelos movimentos do punho e dos dedos estão
localizados no antebraço e são divididos em grupo flexor agrupado na região anterior
do antebraço, e grupo extensor agrupado na região posterior do antebraço. A seguir,
listaremos os principais músculos que atuam no punho e nos dedos.
a) M. flexor radial do carpo e m. flexor ulnar do carpo: esses dois músculos pos-
suem origens na face medial do úmero (epicôndilo medial), suas origens são no
2° e 3° metacarpos e no pisiforme (osso do carpo), respectivamente. Quando se
contraem juntos, são responsáveis pela flexão de punho. No entanto, quando o

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m. flexor ulnar do carpo se contrai juntamente com o m. extensor ulnar do carpo


realizam a adução da mão, também conhecida como desvio ulnar. Em contrapo-
sição, quando o m. flexor radial do carpo se contrai com os m. extensores radiais
longo e curto do carpo, realizam a abdução do punho, ou desvio radial.
b) M. flexor superficial dos dedos e m. flexor profundo dos dedos: são os músculos
responsáveis pela flexão dos dedos. Possuem origens no úmero, ulna e membra-
na interóssea. Suas inserções são na base da falange média e distal, respectiva-
mente.
c) M. flexor longo do polegar: realizam a flexão do polegar. O m. flexor longo origi-
na-se no rádio e membrana interóssea e sua inserção é na base a falange distal
do polegar.
d) M. extensor radial longo e curto do carpo e m. extensor ulnar do carpo: estão
situados na região lateral e posterior do antebraço. Suas origens estão no úmero
lateralmente (epicôndilo lateral) e inserções nas bases do 2°, 3° e 4° metacarpos,
respectivamente. Quando os músculos extensores se contraem juntos, realizam a
extensão de punho. Também realizam a abdução e a adução da mão quando se
contraem com os m. flexores radial e ulnar do carpo, como vimos anteriormente.
e) M. extensor dos dedos: também estão localizados na região lateral e posterior
do antebraço, tendo origem no úmero lateralmente (epicôndilo lateral) e inserção
nas falanges médias e distais do 2° ao 5° dedo.
f) M. extensor longo e curto do polegar: fazem parte do grupo extensor do antebra-
ço, tendo o extensor longo do polegar origem na membrana interóssea e ulna e
inserção na base da falange distal do polegar. O m. extensor curto tem origem na
membrana interóssea e rádio e inserção na falange proximal do polegar.
Esses músculos estão marcados nas Figuras 28 e 29 para facilitar sua observação.
© Sistema Muscular 97

Fonte: Sobotta (1995, p. 194, v. 1).


Figura 28 Figura demonstrando os músculos da região anterior do antebraço.

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98 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 200, v. 1).


Figura 29 Figura demonstrando os músculos da região posterior do antebraço.

Músculos do membro inferior


Dentre as funções do membro inferior, estão a locomoção (marcha), a sustentação e a dis-
tribuição do peso corporal. Para realizar essas funções, tanto os ossos quanto as articulações são
adaptadas, e os músculos são os grandes responsáveis pelos movimentos articulares que levam
à locomoção e à sustentação de peso. Assim como foi feito anteriormente, veremos os músculos
que agem sobre o membro inferior agrupados de acordo com a região em que eles atuam:
1) Músculos que agem sobre o quadril: o quadril é uma articulação esferoide e triaxial,
formada pelo osso do quadril e pelo fêmur. Os movimentos realizados pelo quadril
são: flexão, extensão, abdução, adução, rotação lateral e rotação medial. Os músculos
da região do quadril não têm somente a função de movimentá-lo, mas também de
estabilizar e reforçar a articulação, manter a postura bípede, auxiliar na locomoção e
no equilíbrio. Os músculos responsáveis por todas essas funções são:
© Sistema Muscular 99

a) M. sartório: é o músculo anterior de coxa, com origem no ílio e inserção na face


medial da tíbia, sendo, portanto, um músculo biarticular cujas funções são a flexão
do quadril e da coxa (Figura 30).
b) M. iliopsoas: são, na verdade, dois músculos, o m. psoas maior, cuja origem está
nas vértebras lombares, e o m. ilíaco, cuja origem está na fossa ilíaca. As partes
terminais desses músculos unem-se para formar uma única inserção no fêmur. É o
principal flexor de quadril e auxilia na rotação lateral (Figura 30).
c) M. adutores: os m. adutores formam um grupo composto por cinco músculos:
adutor longo, adutor curto, adutor magno, grácil e pectíneo. Esses músculos pos-
suem origem no púbis e inserção no fêmur, com exceção do grácil, que se insere
na face medial da tíbia. Como o próprio nome sugere, esses músculos são respon-
sáveis pela adução do quadril (Figura 30).

Fonte: Sobotta (1995, p. 309, v. 1).


Figura 30 Figura demonstrando os músculos da região anterior de quadril e coxa.

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100 © Anatomia Humana Geral

a) M. glúteo máximo: é o músculo mais superficial da região posterior do quadril, tam-


bém chamada de nádegas. Tem origem na face glútea do ílio, sacro e cóccix poste-
riormente e inserção no fêmur e trato iliotibial da fáscia lata. O m. glúteo máximo é
o principal extensor de quadril, sendo importante nos movimentos de marcha para
subir escadas e levar-se da posição sentada, mas também atua como rotador lateral.
b) M. glúteo médio e m. glúteo mínimo: são responsáveis pela abdução do quadril,
fundamental para a marcha, pois, durante a abdução, produzem uma inclinação da
pelve, transferindo o peso sobre o membro apoiado no chão. O glúteo médio está
parcialmente encoberto pelo m. glúteo máximo, tem origem na face glútea do ílio e
inserção no fêmur. O m. glúteo mínimo está encoberto pelo m. glúteo médio e tam-
bém se origina no ílio e se insere no fêmur.
c) M. rotadores laterais: esses músculos, em conjunto, realizam a rotação lateral do
quadril, sendo compostos pelos músculos: piriforme, quadrado da coxa, obturador
interno, obturador externo, gêmeo superior e gêmeo inferior. Possuem suas origens
no ísquio e inserção no fêmur, separadamente.
d) M. tensor da fáscia lata: é o músculo da região lateral do quadril e também participa na
flexão e rotação medial do quadril. Tem origem no ílio e inserção no trato iliotibial.
Os músculos glúteo máximo, glúteo médio, glúteo mínimo, os rotadores laterais e o tensor
da fáscia lata podem ser observados em destaque na Figuras 31 e 32.

Fonte: Sobotta (1995, p. 318, v. 2).


Figura 31 Figura demonstrando os músculos da região posterior de quadril e coxa.
© Sistema Muscular 101

Fonte: Sobotta (1995, p. 315, v. 2).


Figura 32 Figura demonstrando o músculo glúteo máximo e o músculo tensor da fáscia lata.

1) Músculos que agem sobre o joelho: o joelho é uma articulação condilar e biaxial,
composta pelo fêmur, tíbia e patela. É bem reforçada pelos ligamentos, porém os mús-
culos são importantes na sua estabilidade. Os músculos são divididos em dois grupos:
os da região anterior de coxa, os m. quadríceps, e os da região posterior, os m. isquio-
tibiais.
• M. Isquiotibiais: é composto pelos músculos bíceps femoral (cabeça longa e ca-
beça curta), semitendinoso e semimembranoso, todos com origem no ísquio (tu-
berosidade isquiática) e inserção em locais diferentes da tíbia e na fíbula. O bíceps
femoral é o músculo lateral com inserção na tíbia, lateralmente, e na fíbula. O m.
semitendinoso e o m. semimembranoso têm inserções na face medial da tíbia e for-

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102 © Anatomia Humana Geral

mam o limite medial da região posterior de coxa. Como são biarticulares, realizam
a extensão do quadril e flexão do joelho. Esses músculos poderão ser observados
na Figura 31.
• M. quadríceps: esse músculo é composto por quatro cabeças de origens com nomes
distintos, sendo eles o m. reto femoral, o m. vasto medial, o m. vasto intermédio e
o m. vasto lateral. Com exceção do reto femoral, que tem origem no ílio, possuem
origens no fêmur e somente um tendão de inserção, o tendão do quadríceps, e,
depois de passar pela patela, inserem-se na face anterior da tíbia (tuberosidade da
tíbia). É o mais potente músculo do corpo humano, sendo o responsável pela ex-
tensão do joelho. O m. reto femoral também atravessa a articulação do quadril; por
isso, também participa na flexão dessa articulação. Atletas, como os jogadores de
futebol, necessitam de um quadríceps forte para estabilizar o joelho e para realizar
os movimentos básicos no esporte, como chutar uma bola (Figuras 31 e 33).

Fonte: Sobotta (1995, p. 310, v. 2).


Figura 33 Figura demonstrando o músculo quadríceps femoral.

1) Músculos que agem sobre o tornozelo e o pé: a articulação do tornozelo é do tipo gín-
glimo e monoaxial, sendo formada pela tíbia, fíbula e tálus, em que ocorrem os movi-
mentos de flexão plantar e dorsiflexão. Abaixo dessa articulação, há as articulações do
© Sistema Muscular 103

pé, formadas pelos ossos do tarso tálus, calcâneo, navicular, cuboide e cuneiformes,
cuja somatória de movimentos permitem a realização da inversão e eversão do pé. Os
músculos que realizam esses movimentos podem ser observados nas Figuras 34 e 35;
são eles:
a) M. tibial anterior: é o músculo mais superficial da região anterior e lateral da per-
na; tem origem na tíbia e inserção no primeiro metatarso e cuneiforme medial.
Suas funções são a dorsiflexão (flexão dorsal) e a inversão do pé.
b) M. tibial posterior: é o principal inversor do pé e está localizado profundamente
na região posterior da perna. Possui origem na face posterior da tíbia, fíbula e
membrana interóssea e inserção no navicular, cuneiformes e base do II, III e IV
metatarsais.
c) M. fibulares: são os dois músculos da região lateral da perna, o fibular longo e
o fibular curto, responsáveis pela eversão do pé. O fibular longo tem origem na
fíbula e inserção no primeiro metatarso, e o m. fibular curto tem origem na fíbula
e inserção no quinto metatarso.
d) M. tríceps sural: são os músculos superficiais da região posterior da perna, tam-
bém conhecida por panturrilha. Esse músculo é formado pelos músculos gastroc-
nêmios e sóleo, cujas origens são diferentes, mas a inserção é a mesma. O m. gas-
trocnêmio é dividido em duas cabeças, a medial e a lateral, sendo que a medial
tem origem no côndilo medial do fêmur, e a lateral, no côndilo lateral do fêmur.
O m. sóleo tem origem na face posterior proximal da tíbia e da fíbula. A inserção
desses músculos é feita pelo tendão do calcâneo, também chamado de tendão de
Aquiles, que se prende no osso calcâneo. O tríceps sural é o principal flexor plan-
tar do tornozelo, e o m. gastrocnêmio auxilia na flexão de joelho.

Fonte: Sobotta (1995, p. 324 e 328, v. 2).


Figura 34 Figura demonstrando os músculos superficiais das regiões anterior e posterior da perna.

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104 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 330, v. 2).


Figura 35 Figura demonstrando os músculos profundos da região posterior da perna.

Músculos do tronco
As principais funções dos músculos do tronco são a manutenção da postura corporal e os
movimentos do tronco; para isso, temos os seguintes grupos musculares:
• Músculos abdominais: os músculos abdominais formam a parede do abdome, cujas
funções são: sustentação e proteção dos órgãos abdominais; realização dos movimen-
tos de flexão, inclinação lateral e rotação do tronco; manutenção da postura ereta e
estabilização da pelve durante os movimentos dos membros inferiores na posição dei-
tada. Compreende quatro pares de músculos, à direita e à esquerda, sendo três laterais
e um anterior. Os laterais são: m. oblíquo interno, oblíquo externo e m. transverso do
abdome. Os anteriores são os músculos retos abdominais. Cada m. reto abdominal é
© Sistema Muscular 105

envolvido por uma bainha fibrosa, chamada bainha do reto, as quais se unem anterior-
mente formando a linha alba e são responsáveis pela flexão de tronco. O m. oblíquo
externo é o mais superficial da região anterolateral do abdome. O m. oblíquo interno
encontra-se encoberto pelo m. oblíquo externo e o m. transverso é o mais profundo
dos três. As ações desses músculos são a rotações do tronco, quando o oblíquo externo
de um lado se contrai juntamente com o oblíquo interno do lado oposto da rotação. Os
três músculos, auxiliados pelo m. reto abdominal e pelos músculos do dorso, realizam a
inclinação do tronco para o lado das contrações. Os músculos abdominais também são
importantes na respiração, na defecção, na micção, no vômito e no parto, por serem
responsáveis pelo aumento da pressão intra-abdominal. Tais músculos estão represen-
tados nas Figuras 36 e 37.

M. oblíquo externo

M. reto abdominal

M. oblíquo interno

Fonte: Sobotta (1995, p.63, v. 2).


Figura 36 Demonstrando os músculos abdominais.

M. transverso do abdome

Fonte: Sobotta (1995, p. 65, v. 2).


Figura 37 Figura demonstrando o músculo transverso do abdome. O músculo oblíquo externo e oblíquo interno foram retirados
para sua visualização.

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106 © Anatomia Humana Geral

• Músculos paravertebrais: são os músculos profundos do dorso, os pós-vertebrais pro-


fundos, divididos em três camadas (a profunda, a média e a superficial), formando
duas massas musculares de cada lado das vértebras. Possuem origem e inserção nas
vértebras e costelas e são responsáveis pelos movimentos de extensão do tronco e de
manutenção da posição vertebral na postura corporal (Figura 38).

Fonte: Sobotta (1995, p. 31, v. 2).


Figura 38 Figura demonstrando os músculos paravertebrais.

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Para uma breve revisão dos conceitos apresentados nesta unidade, procure responder,
para si mesmo, às questões a seguir:
1) Quais os tipos de músculos?

2) Quais as principais características dos músculos estriados esqueléticos?

3) Quais são os elementos anatômicos dos músculos?

4) Como os músculos podem ser classificados?

5) Quais os principais músculos que agem nas articulações do ombro, cotovelo, punho, quadril, joelho e tornozelo?

6) Quais os principais músculos do tronco?

10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, focamos nosso estudo nos elementos ativos do aparelho locomotor, os
músculos esqueléticos. Esses músculos possuem uma porção carnosa, o ventre muscular, onde
© Sistema Muscular 107

a contração ocorre, e duas extremidades resistentes, os tendões ou aponeuroses, cuja função é


prender os músculos aos ossos. Durante a contração do ventre muscular, os tendões tracionam
os ossos, movimentando a articulação que atravessa. Além disso, o sistema muscular possui ele-
mentos anexos aos músculos, que são as fáscias, as bainhas fibrosas e as sinoviais, importantes
na mecânica muscular.
Os músculos podem ser classificados de acordo com sua forma e a disposição de suas
fibras, com relação à quantidade de origens, quantidade de inserções e de ventres musculares.
Quanto à função, podem ser agonistas, antagonistas, sinergistas e fixadores, todos importantes
para a realização de um movimento coordenado e harmônico.
Por fim, foi feito um breve estudo sobre os principais músculos que agem sobre as arti-
culações mais importantes do corpo humano, sendo que este conteúdo deve ser aprofundado
com a leitura de outras bibliografias.
O conhecimento do sistema muscular do ponto de vista anatômico e funcional é impres-
cindível ao profissional da Educação Física, que trabalha basicamente os movimentos corporais
para a execução de práticas físicas durante o lazer, os jogos, as brincadeiras e até mesmo para
as práticas de esportes.
Esperamos que tenha aproveitado esta oportunidade de aprendizagem. Não se esqueça
de fazer a leitura das bibliografias sugeridas e de tirar suas dúvidas, caso as tenha, com seu tu-
tor.

11. E-REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 4 – Divulgação - Epimísio, perimísio e endomísio. Disponível em: <http://educacaofisica.org/joomla/index.
php?option=com_content&task=view&id=163&Itemid=2>. Acesso em: 14 dez. 2010.
Figura 15 – Divulgação - Exemplos de músculos policaudados: mais de duas inserções. Disponível em: <http://saber.sapo.ao/wiki/
M%C3%BAsculo_extensor_dos_dedos>. Acesso em: 14 dez. 2010.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
SOBOTTA. J. Atlas de anatomia humana. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 19v. 1 e
SOUZA, R. R. Anatomia para estudantes de Educação Física. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.

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Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
EAD
Aparelho Cardiorrespiratório

1. OBJETIVOS
• Conhecer os sistemas componentes do aparelho cardiorrespiratório.
• Identificar os órgãos que compõem os sistemas respiratório e circulatório e suas fun-
ções.
• Compreender a interdependência do sistema circulatório e respiratório.

2. CONTEÚDOS
• Sistema de respiratório: órgãos e funções.
• Sistema circulatório: órgãos e funções.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
1) Nesta quarta unidade, estudaremos o aparelho cardiorrespiratório, composto pelos
sistemas circulatório e respiratório. Procure conhecer todos os órgãos componentes e
como eles trabalham em conjunto para fornecer a todas as nossas células o oxigênio
e os nutrientes necessários para seu metabolismo.
2) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos contidos no Glossário e suas ligações
pelo Esquema de Conceitos-chave. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu de-
sempenho.
110 © Anatomia Humana Geral

3) Durante o estudo desta unidade, tente fazer a correlação desses conceitos com sua
futura atividade profissional e, sobretudo, entender a importância desses sistemas
para o metabolismo em repouso e durante alguma atividade física.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na Unidade 1, foi possível conhecer os termos utilizados em Anatomia, os quais foram
bastante usados na Unidade 2, como você pôde perceber. Na Unidade 2, fizemos um estudo do
aparelho locomotor, incluindo os ossos e as articulações, tivemos a oportunidade de conhecer
os ossos que compõem o esqueleto humano e as articulações que permitem a conexão entre
esses ossos. Porém, esses eram somente os elementos passivos dos movimentos, necessitando
dos músculos para realização ativa dos movimentos, que foram estudados na Unidade 3.
Um dos itens estudados em Osteologia foi a cavidade torácica, e foi dito que suas funções
são proteger o pulmão, o coração e outros órgãos relacionados. Esses órgãos são os principais
componentes do aparelho cardiorrespiratório, que estudaremos nesta unidade.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de identificar os órgãos compo-
nentes do sistema respiratório e circulatório, suas funções, assim como a interdependência en-
tre esses dois sistemas, uma vez que é o sangue, bombeado pelo coração, o responsável pelo
transporte do oxigênio, absorvido pelos pulmões, para todas as partes do corpo. A compreensão
de suas funções é imprescindível para o profissional da Educação Física, que trabalhará o condi-
cionamento físico de seus alunos.
Bons estudos!

5. SISTEMA RESPIRATÓRIO
Antes de iniciarmos nosso estudo do sistema respiratório, observe, na Figura 1, a repre-
sentação dos órgãos que o compõem, para facilitar a sua compreensão.

Figura 1 Desenho esquemático do sistema respiratório.

Agora, podemos iniciar nosso estudo.


© Aparelho Cardiorrespiratório 111

Todos os organismos vivos necessitam de oxigênio para o seu funcionamento normal. O


oxigênio está em abundância no meio ambiente e é absorvido pelo sistema respiratório por
meio do processo de respiração. A respiração consiste na absorção do oxigênio (O2), que é uti-
lizado pelo organismo, e na eliminação do gás carbônico (CO2), resultante dos processos oxida-
tivos celulares.
Didaticamente, o sistema respiratório é dividido em duas porções: porção de condução e
porção respiratória.
A porção de condução é constituída pelos órgãos tubulares, cuja função é encaminhar
o ar inspirado, isto é, absorvido pelo nariz até a porção respiratória propriamente dita, que é
representada pelos pulmões, considerados os órgãos respiratório por excelência. Após as trocas
gasosas com o sangue, o gás carbônico resultante é eliminado pelos pulmões e conduzido até o
meio externo por meio da expiração. A respiração, portanto, consiste em dois ciclos: a inspira-
ção (absorção do oxigênio) e a expiração (eliminação de gás carbônico). A Figura 1, como você
pôde observar, mostra os órgãos componentes de cada parte que estudaremos nos próximos
parágrafos.

Porção de condução
Como o próprio nome sugere, a porção de condução é responsável por levar o oxigênio
inspirado até os pulmões e, consequentemente, eliminar o gás carbônico na expiração. Trata-
se, portanto, de um conjunto de órgãos tubulares para a condução do ar, composto pelo nariz,
pela cavidade nasal, pela faringe, pela laringe, pela traqueia e pelos brônquios. A traqueia e os
brônquios são apenas condutores de ar, já a faringe, a laringe e o nariz possuem outras funções.
A faringe é também relacionada com a condução de alimentos, fazendo parte do sistema diges-
tório. A laringe é responsável pela fonação. E, por fim, o nariz também realiza a olfação (ato de
sentir os cheiros), que é um dos sentidos.
Vamos, então, estudar as características básicas de cada um desses órgãos.

Nariz e cavidade nasal


O nariz, propriamente dito, é parte externa inicial do sistema respiratório, por onde o ar
entra, localizado na porção mediana da face. Apresenta uma forma triangular cuja base é infe-
rior, a raiz é superior e o ápice é sua parte mais projetada anteriormente. Entre a raiz e o ápice
está o dorso do nariz. A base e o dorso podem possuir diferentes formatos de acordo com o
grupo racial. Na base do nariz, encontram-se duas aberturas, denominadas narinas, por onde o
ar entra. Ele possui um esqueleto ósseo e um cartilaginoso, sendo o esqueleto ósseo formado
pelos ossos nasais e pelas maxilas (Figura 2).

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112 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 85, v. 1).


Figura 2 Esqueleto do nariz

Internamente, encontra-se a cavidade nasal, que se estende das narinas até as coanas,
que é o seu limite posterior com a parte nasal da faringe. É dividida pelo septo nasal em duas
metades, direita e esquerda. O septo nasal é constituído por uma parte óssea, representada
pela lâmina perpendicular do osso etmoide e pelo osso vômer, bem como por uma parte car-
tilagínea, a cartilagem do septo nasal.
O osso etmoide é um osso pneumático que forma a parte óssea da cavidade nasal. Possui
uma lâmina mediana, a lâmina perpendicular, e duas porções laterais, onde estão os seios et-
moidais. Superiormente, apresenta a lâmina crivosa com pequenas aberturas por onde passam
as fibras nervosas que irão constituir o nervo olfatório, cuja função é a olfação. Das suas porções
laterais partem a concha nasal superior e a concha nasal média, sendo a concha nasal inferior
um osso independente. Entre as conchas nasais encontramos espaços denominados meatos, es-
tando o meato superior entre a concha nasal superior e a média, o meato médio entre a concha
nasal média e a inferior e o meato inferior abaixo da concha nasal inferior.
As conchas nasais e os meatos são recobertos por mucosa e servem para aumentar a
superfície da cavidade nasal, umedecendo e aquecendo o ar inspirado para ser mais bem absor-
vido pelos pulmões (Figura 3).
No início da cavidade nasal, logo após as narinas, há uma dilatação denominada vestíbulo
(ou entrada), que é revestida por mucosa e contém pêlos com o objetivo de filtrar certas im-
purezas. A porção mais superior da cavidade nasal é sua parte olfatória, e a inferior é somente
respiratória.
Não podemos deixar de falar dos seios paranasais, que circundam a cavidade nasal. Os
ossos pneumáticos frontal, a maxila, o esfenoide e o etmoide apresentam cavidades revestidas
de mucosas e contendo ar, denominados seios paranasais, cuja função ainda não é bem escla-
recida, mas acredita-se que também participem da umidificação do ar. Os seios paranasais são:
seio frontal, seio etmoidal, seio esfenoidal e seio maxilar.
© Aparelho Cardiorrespiratório 113

Fonte: Sobotta (1995, p. 87, v. 1).


Figura 3 Cavidade nasal: conchas nasais e meatos.

Faringe
A faringe é um órgão muscular que, além de servir de tubo condutor de ar, também faz
parte do sistema digestório, conduzindo o alimento até o esôfago. Está situada posteriormente
à cavidade nasal, à cavidade oral e à laringe, distinguindo-se em três partes: a porção nasal, a
porção bucal e porção laríngea, respectivamente. As três porções da faringe estão demonstra-
das na Figura 4.
A parte nasal da faringe (ou nasofaringe) comunica-se com a cavidade nasal, da qual é
separada pelas coanas. Nessa parte, encontramos um orifício que serve de comunicação com
a cavidade timpânica, conhecida por óstio faríngeo da tuba auditiva, cuja função é igualar as
pressões do ar dentro e fora da cavidade timpânica. Superiormente a esse óstio, encontra-se
uma elevação com a forma de meia lua denominada tórus tubário. Na Figura 3, é possível ob-
servar o tórus tubário e o óstio faríngeo da tuba auditiva.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Às vezes, quando viajamos, temos a sensação de que nossos ouvidos estão tampados e basta abrir e fechar a boca
que sentimos um estalido que alivia essa sensação. Na verdade, o que acontece são alterações nas pressões dentro
da cavidade timpânica em decorrência da mudança de altitudes, muito comum em viagens de avião e ao descer a
serra a caminho do litoral. Quando abrimos e fechamos nossa boca, estamos equilibrando essas pressões através
do óstio faríngeo da tuba auditiva.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

A porção oral ou bucal da faringe (ou orofaringe) comunica-se com a cavidade bucal por
meio de uma abertura chamada istmo da fauce.
A porção laríngea da faringe (laringofaringe), ilustrada na Figura 4, é a mais inferior e leva
esse nome devido à sua relação com a laringe. Continua inferiormente com o esôfago, estando,
portanto, relacionada com a condução de alimento proveniente da cavidade bucal até o esôfa-
go. Nesse ponto, o bolo alimentar e o ar inspirado cruzam-se, mas é claro que isso não ocorre
simultaneamente, o que explica o fato de engasgarmos quando falamos e comemos ao mesmo
tempo. Devido a essa comunicação entre a cavidade timpânica e a faringe, as infecções que ata-
cam a faringe podem ser transmitidas para o ouvido, ou vice-versa.

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114 © Anatomia Humana Geral

Porção nasal da faringe

Porção oral da faringe

Porção laríngea da faringe

Fonte: Sobotta (1995, p. 156, v. 1).


Figura 4 Porções da Faringe.

Laringe
A laringe é um órgão tubular ímpar formado por cartilagens e músculos, situado no plano
mediano do pescoço, anterior à faringe e continuada pela traqueia. Além de servir de condutor
de ar, também participa da fonação e evita a entrada de qualquer coisa que não seja ar nas vias
aéreas.
As principais cartilagens da laringe estão demonstradas na Figura 5, e são elas: tireoide,
cricoide, epiglótica, aritenoide, sendo que somente a última é par.
A tireoide é a maior delas e tem a forma de um V, mais proeminente nos homens, cujo
nome popular é pomo de Adão. A cricoide tem a forma de um anel e está situada abaixo da ti-
reoide. As cartilagens aritenoides possuem a forma de pirâmides e articulam-se posteriormente
com a cricoide. A cartilagem epiglótica está situada posteriormente à cavidade bucal e à carti-
lagem tireoide; ela é revestida por mucosa, formando a epiglote, que tem a função de fechar a
entrada da laringe para impedir a entrada de alimento e líquidos nas vias aéreas.
Todas essas cartilagens são unidas por ligamentos, e seus movimentos são realizados por
músculos.
© Aparelho Cardiorrespiratório 115

Figura 5 Cartilagens da laringe.

A porção interna ou cavidade da laringe é dividida em três partes: o vestíbulo, a glote e a


cavidade infraglótica.
O vestíbulo da laringe é a parte superior que vai da entrada da laringe, conhecida por
ádito, até as pregas vestibulares. Em um corte sagital, observa-se uma fenda delimitada supe-
riormente pela prega vestibular e inferiormente pela prega vocal, denominada ventrículo da
laringe. A glote é a porção da laringe localizada entre as pregas vestibulares e as pregas vocais
de cada lado, e a porção abaixo das pregas vocais é a cavidade infraglótica (Figura 6). As pregas
vocais dos dois lados delimitam uma abertura conhecida por rima da glote. Durante a fonação,
os músculos intrínsecos da laringe podem aduzir ou abduzir as pregas vocais, fechando e abrin-
do a rima da glote respectivamente, e permitindo a emissão de sons. Portanto, a abertura e a
forma da rima da glote podem variar durante a respiração e a fonação, devido aos movimentos
das pregas vocais, que se apresentam aproximadas durante a fonação e afastadas durante a res-
piração. Observe, na Figura 7, a posição da rima da glote durante a fonação e a respiração.

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116 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 126, v. 1).


Figura 6 Cavidade da laringe.

Figura 7 Posição da rima da glote durante a respiração (ou em repouso), em A, e durante a fonação, em B.

Traqueia
A traqueia é a continuação da laringe e termina dividindo-se nos dois brônquios princi-
pais, direito e esquerdo, que se dirigem para os pulmões. É formada por uma série de anéis de
cartilagem hialina em forma de C, ligados entre si por ligamentos, e fechada posteriormente por
uma membrana conjuntiva denominada parede membranosa da traqueia, que apresenta uma
musculatura lisa, denominada músculo traqueal.
A traqueia é relativamente mediana, porém ligeiramente desviada para a direita, próxima
à sua extremidade inferior, que irá se dividir nos dois brônquios principais. O ponto em que
ocorre essa divisão é conhecido por carina da laringe (Figura 8).
© Aparelho Cardiorrespiratório 117

Figura 8 Laringe, traqueia e brônquios principais.

Brônquios
Acabamos de ver que a traqueia se divide em dois brônquios principais, direito e es-
querdo, também conhecidos por brônquios de primeira ordem, que se dirigem para os dois
pulmões. Os brônquios principais dividem-se em brônquios lobares ou de segunda ordem, que
se dirigem para cada lobo pulmonar. Veremos, nos próximos parágrafos, que os pulmões são
divididos em lobos, sendo que o pulmão direito se divide em três lobos, e o esquerdo, em ape-
nas dois lobos. Assim, os brônquios principais à direita dividem-se em três brônquios lobares,
e, à esquerda, em dois. Cada brônquio lobar, por sua vez, divide-se novamente em brônquios
segmentares ou de terceira ordem, que vão formar os segmentos broncopulmonares. Um seg-
mento broncopulmonar corresponde a uma área pulmonar formada por bronquíolos e alvéolos
originados de um único brônquio segmentar. Isso porque cada brônquio segmentar continua a
se dividir sucessivamente em bronquíolos até terminar nos alvéolos pulmonares (Figura 9).
Todas essas divisões, que começam com os brônquios principais e vão terminar nos alvé-
olos, formam, em conjunto, a árvore brônquica (Figura 10).
A porção de condução do sistema respiratório termina nos brônquios; portanto, passare-
mos, agora, para o estudo da chamada porção de respiração, em que as trocas gasosas aconte-
cem.

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118 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 126, v. 2).


Figura 9 Divisões dos brônquios: brônquios principais, brônquios lobares e brônquios segmentares (representados pelos números).

Fonte: Sobotta (1995, p. 94, v. 2).


Figura 10 Árvore brônquica formada pelos brônquios e suas divisões sucessivas.

Porção de respiração
A porção de respiração, como o nome já diz, é onde realmente ocorre a respiração, isto é,
as trocas gasosas (O2 por CO2).
Os pulmões são os principais órgãos respiratórios. Trata-se de dois órgãos volumosos e
esponjosos, o pulmão direito e o esquerdo, separados por um espaço conhecido por medias-
tino, onde estão localizados o coração, os grandes vasos, os brônquios e o esôfago. Antes de
estudamos os pulmões, não podemos deixar de estudar a caixa ou cavidade torácica e a pleura,
importantes para o funcionamento e a proteção dos pulmões.
© Aparelho Cardiorrespiratório 119

Cavidade torácica e pleura


A cavidade torácica é formada pelas vértebras torácicas, posteriormente, pelas costelas e
cartilagens costais em seu contorno posterior, lateral e anterior, e fechada anteriormente pelo
esterno. Esses ossos são unidos por articulações sinoviais planas, cujos movimentos são realiza-
dos pelos músculos respiratórios. O principal músculo respiratório é o diafragma, auxiliado pe-
los músculos intercostais internos e externos, escalenos e esternocleidomastódeo (músculos
do pescoço).
O diafragma é um músculo em forma de cúpula que separa a cavidade torácica da cavida-
de abdominal. Quando ele se contrai realiza a inspiração devido à alteração na pressão interna
do pulmão que se torna negativa, permitindo a entrada do ar. Seu relaxamento expulsa o ar dos
pulmões, realizando a expiração. Os outros músculos permitem as alterações no diâmetro da
cavidade torácica, movimentando as costelas.
Os pulmões ocupam o maior espaço da cavidade torácica e são revestidos por um saco
seroso duplo, chamado pleura. A pleura não reveste somente o pulmão, mas também se reflete
sobre a parede interna da cavidade torácica, distinguindo dois folhetos pleurais contínuos, a
pleura visceral ou pulmonar, que reveste os pulmões, e a pleura parietal, que reveste a parede
da cavidade torácica. Entre as duas pleuras, há um espaço virtual chamado cavidade pleural,
contendo um líquido que, ao mesmo tempo, adere às duas pleuras entre si e permite o desliza-
mento de uma sobre a outra, durante os movimentos dos pulmões na inspiração e na expiração
(Figura 11).
A pleura visceral reveste todas as faces pulmonares penetrando nas fissuras que dividem
os pulmões em lobos. Ao nível do hilo pulmonar, torna-se contínua com a pleura parietal, que
reveste toda a parede da cavidade torácica, e o diafragma e recebem nomes diferentes de acor-
do com a parte que recobrem. Assim, temos a pleura costal (que reveste as costelas), a pleura
diafragmática (que reveste o diafragma), a pleura mediastinal (entre os pulmões, no mediasti-
no) e a pleura cervical (relacionada com o ápice do pulmão).

Pleura visceral

Pleura parietal

Figura 11 Pleura visceral e pleura parietal.

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120 © Anatomia Humana Geral

Pulmões
Agora que você já conheceu a cavidade torácica e as pleuras, podemos estudar as princi-
pais características dos pulmões.
Como já foi falado, os pulmões são dois órgãos esponjosos e volumosos localizados na
cavidade torácica, cuja função é a respiração (trocas gasosas com o meio ambiente).
Devido ao fato de o diafragma ser mais elevado à direita, o pulmão direito é mais curto
que o esquerdo, porém é mais largo, porque o coração está mais deslocado para a esquerda.
Além disso, o pulmão direito é divido em três lobos (lobos superior, médio e inferior) por duas
fissuras, a oblíqua e a horizontal. A fissura horizontal separa o lobo superior do lobo médio, e
a fissura oblíqua separa o lobo médio do lobo inferior. Em geral, o pulmão esquerdo apresenta
dois lobos, superior e inferior, separados pela fissura oblíqua (Figura 12). As fissuras, no entan-
to, nem sempre separam os lobos totalmente.

Fonte: Sobotta (1995, p. 96, v. 2).


Figura 12 Pulmões direito e esquerdo.

Os pulmões apresentam uma base inferior que está em contato com o diafragma,
um ápice que se localiza na parte mais superior da cavidade torácica, e três faces: a diafragmá-
tica, que está em contato com o diafragma, a mediastinal, que está voltada para o mediastino e
a costal, que está voltada para as costelas.
Em sua face mediastinal, encontram-se os hilos pulmonares direito e esquerdo. O hilo
pulmonar é o local onde os brônquios, artérias e veias pulmonares, nervos e linfáticos entram e
saem do pulmão. A disposição desses elementos do hilo pulmonar é diferente no pulmão direito
e esquerdo. No hilo pulmonar direito, o brônquio principal é superior à artéria pulmonar; já no
hilo pulmonar esquerdo, a artéria pulmonar é superior ao brônquio. Em ambos os hilos, as veias
pulmonares são inferiores (Figura 13).
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Brônquios

A. pulmonar

Vv. pulmonares

Fonte: Sobotta (1995, p. 97, v. 2).


Figura 13 Hilo pulmonar do pulmão direito e do esquerdo.

Em resumo, o sistema respiratório é formado por órgãos responsáveis pela captação do


oxigênio e eliminação do gás carbônico resultante dos processos oxidativos. O oxigênio absor-
vido e transportado pelo sangue para ser utilizado por todas as células que formam os tecidos
corporais. Durante a atividade física, a frequência respiratória (respiração por minuto) aumenta
consideravelmente para suprir as necessidades do organismo, sobretudo para garantir o aporte
de oxigênio para o cérebro, músculo cardíaco e músculo estriado esquelético. Exercícios muito
extenuantes podem ser prejudiciais para um indivíduo que não está apto para realizá-los, o que
pode até os levar à morte. Dessa forma, a compreensão do funcionamento do sistema respirató-
rio é fundamental para o professor de Educação Física, para que ele possa garantir a integridade
de seus alunos.

6. SISTEMA CIRCULATÓRIO
O sistema circulatório, ou cardiovascular, é um sistema hermeticamente fechado, isto é,
sem nenhum contato com o exterior, constituído por vasos condutores, onde circulam o sangue
e a linfa, e por um órgão central contráctil responsável pela propulsão (circulação) do sangue,
o coração.
As células formadoras dos tecidos necessitam de oxigênio e nutrientes para a sua manu-
tenção e crescimento. Assim, o sistema circulatório possui a função de transportar até essas
células o sangue contendo os nutrientes, o oxigênio e os hormônios necessários para seu me-
tabolismo, e, em seguida, recolher o gás carbônico e outros resíduos metabólicos celulares e
transportá-los até os órgãos responsáveis por suas eliminações. O oxigênio foi absorvido pelo
sistema respiratório, como vimos anteriormente, e os nutrientes são absorvidos pelo sistema
digestório por meio dos processos de digestão dos alimentos.
Como se trata de um sistema fechado, as trocas entre o sangue e o tecido ocorrem através
das paredes muito finas dos capilares sanguíneos. Os vasos arteriais vão diminuindo significati-
vamente conforme se afastam do coração até formarem os capilares arteriais por onde os nu-
trientes e o oxigênio se perfundem para o material extracelular dos tecidos, em seguida, o gás
carbônico e os resíduos metabólicos passam do tecido para o interior dos capilares venosos e
daí são transportados até os órgãos eliminadores.

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122 © Anatomia Humana Geral

Um indivíduo adulto possui, em média, cinco litros de sangue circulando continuamente


em seu corpo.
Além da função de transporte, o sangue possui células responsáveis pela defesa de nos-
sos organismos contra microorganismos patogênicos e substâncias estranhas. A redução dessas
células sanguíneas reduz a imunidade do indivíduo, deixando-o suscetível a qualquer tipo de
infecção.
Algumas das células sanguíneas são produzidas pelos chamados órgãos hematopoiéticos,
representados pela medula óssea (interior dos ossos longos), pelo timo e pelo baço.
Funcionalmente, o sistema circulatório pode ser dividido em: sistema sanguíneo, formado
pelas artérias, veias, capilares e coração, e sistema linfático, formado pelos vasos condutores
de linfa (capilares linfáticos, vasos linfáticos e troncos linfáticos) e órgãos linfoides (linfonodos)
(DANGELO; FATTINI, 2007).
Vamos iniciar, neste momento, o estudo dos componentes do sistema sanguíneo.

Coração
O coração é um órgão muscular, oco, localizado entre os pulmões, no chamado mediastino
médio, posterior ao esterno. Tem uma forma cônica e uma disposição oblíqua e é ligeiramente
desviado para a esquerda. É o órgão central do sistema circulatório que bombeia o sangue, per-
mitindo sua circulação pelo corpo por intermédio das artérias e das veias (Figura 14).

Figura 14 Desenho da anatomia externa do coração, em vista anterior e posterior.

Como você poderá observar na Figura 15, o coração é envolvido pelo pericárdio, que é
um saco fibro-seroso, cujas funções são as de separá-lo dos outros componentes do mediastino,
limitar sua expansão durante a diástole ventricular e manter sua posição. O pericárdio possui
uma camada fibrosa mais externa, chamada pericárdio fibroso, e uma camada serosa, interna,
chamada pericárdio seroso. O pericárdio fibroso prende-se ao diafragma mantendo a posição
© Aparelho Cardiorrespiratório 123

do coração. O pericárdio seroso possui uma lâmina interna ou lâmina visceral que se funde com
o miocárdio (músculo do coração), formando o epicárdio; e uma lâmina externa ou lâmina pa-
rietal, que se funde com o pericárdio fibroso. Entre essas duas lâminas está a cavidade do peri-
cárdio (Figura 15), contendo uma película fina de líquido que facilita o deslizamento das lâminas
entre si, permitindo os movimentos do coração durante a sístole e a diástole ventricular.

Figura 15 Pericárdio.

O coração possui a forma de uma pirâmide invertida, apresentando uma base superior,
um ápice inferolateral, e três faces: face anterior ou esterno-costal, face inferior ou diafragmáti-
ca e face esquerda ou pulmonar. A denominação de suas faces é feita conforme suas relações.
O tecido do coração é um tipo especial, o tecido muscular estriado esquelético, que,
como foi estudado em Biologia Humana, possui características morfológicas semelhantes ao
estriado esquelético, apresentando um padrão estriado, e sua contração é rápida e potente,
porém ocorre de forma involuntária, isto é, sem sua consciência.
O músculo do coração é chamado de miocárdio e representa a porção média do coração.
Externamente ao miocárdio está o epicárdio, formado pela lâmina visceral do pericárdio sero-
so, e, internamente, está o endocárdio, uma lâmina endotelial fina que também recobre suas
valvas.
Internamente, o coração apresenta quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos. Os
átrios são separados pelo septo interatrial, enquanto os ventrículos são separados pelo septo
interventricular, dividindo o coração em duas metades, direita e esquerda, que não se comuni-
cam. Portanto, temos átrio direito, ventrículo direito, átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. Há,
ainda, os septos atrioventriculares direito e esquerdo, que separam os átrios dos ventrículos e,
para a passagem do sangue do átrio para o ventrículo, esses septos apresentam orifícios deno-
minados óstios atrioventriculares, direito e esquerdo.
O sangue flui do átrio direito para o ventrículo direito, e do átrio esquerdo para o ventrí-
culo esquerdo através dos óstios atrioventriculares. Para impedir que haja refluxo do sangue, ou
seja, que o sangue retorne do ventrículo para o átrio, há dispositivos chamados valvas atrioven-
triculares. A valva direita apresenta três cúspides, isto é, três válvulas, sendo chamada de valva
tricúspide. A valva esquerda apresenta somente duas cúspides; por isso, é chamada de valva
bicúspide ou mitral. Observe as cavidades e as valvas do coração na Figura 16.

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Figura 16 Desenho do coração em corte frontal, demonstrando os septos e as valvas

Os movimentos do coração são conhecidos por sístole e diástole. A sístole é a contração


do ventrículo para expelir o sangue para fora do coração, enquanto a diástole é o relaxamento
do ventrículo e, consequentemente, a abertura das valvas tricúspide e mitral para que o sangue
possa fluir dos átrios para os ventrículos. Durante a sístole, as valvas, tricúspide e mitral, fecham
e impedem o refluxo do sangue.
Os átrios direito e esquerdo formam a base do coração e apresentam estruturas semelhan-
tes, com uma cavidade principal e uma expansão conhecida por aurículas, direita e esquerda. O
átrio direito recebe o sangue venoso (rico em CO2) proveniente de todos os tecidos corporais, e
passa-o para o ventrículo direito, enquanto o átrio esquerdo recebe o sangue arterial (rico em
O2) proveniente dos pulmões e passa-o para o ventrículo esquerdo. Durante a vida intrauterina,
o sangue passa do átrio direito para o esquerdo pelo forame oval, que se fecha após o nascimen-
to, deixando uma marca denominada fossa oval.
Os ventrículos apresentam uma parede muscular mais desenvolvida que a dos átrios e são
chamados de miocárdio (músculo do coração); dele projetam-se feixes musculares em forma
de pilares, denominados músculos papilares, que fixam as chamadas cordas tendíneas, que se
prendem às margens das cúspides das valvas (Figura 16). Do ventrículo direito, o sangue passa
para os pulmões para ser oxigenado e, em seguida, retorna para o átrio esquerdo e deste para
o ventrículo esquerdo. Do ventrículo esquerdo, o sangue arterial é propulsionado para todos os
tecidos do corpo.
Pelo fato de o ventrículo esquerdo ser o responsável por bombear o sangue para todo o
corpo e, portanto, realizar uma força cinco vezes maior que a do ventrículo direito, apresenta
uma parede muscular duas vezes mais espessa e com uma forma circular.
Para trazer o sangue até o coração e depois levá-lo dele, o sistema circulatório conta com
vasos de grande calibre, denominados vasos da base (Figura 16), sendo eles:
1) Veia cava superior: transporta o sangue venoso proveniente dos membros superiores
e da cabeça para o átrio direito.
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2) Veia cava inferior: transporta o sangue venoso proveniente dos membros inferiores e
do tronco para o átrio direito.
3) Tronco pulmonar: origina-se no ventrículo direito em direção aos pulmões, dividindo-
se em duas artérias pulmonares, direita e esquerda.
4) Veias pulmonares: saem dos pulmões, sendo duas direitas e duas esquerdas, trazen-
do o sangue arterial até o átrio esquerdo.
5) Artéria aorta: artéria mais calibrosa do corpo humano que se origina no ventrículo
esquerdo, de onde transporta o sangue para todo o corpo, através de sucessivas divi-
sões.
Nos orifícios de saída do tronco pulmonar e da aorta, encontram-se valvas, formadas por
três válvulas cada, denominadas valva do tronco pulmonar e valva aórtica, respectivamente,
cuja função é impedir que o sangue retorne para os ventrículos durante a diástole.
Durante a circulação sanguínea, o sangue exerce uma pressão sobre as paredes das arté-
rias, denominada pressão arterial, que é determinada pela contração (sístole) e pelo relaxamen-
to (diástole) dos ventrículos e medida por milímetros (mm) de mercúrio (Hg). Os valores de uma
pressão arterial considerada normal está por volta de 120 mmHg e de 80 mmHg (120x80mmHg)
de pressão sistólica e diastólica, respectivamente.

Tipos de circulação
O sistema circulatório consiste de dois circuitos, ou tipos de circulação: a circulação pul-
monar ou pequena circulação e a circulação sistêmica ou grande circulação.
• Circulação pulmonar: também conhecida por pequena circulação (coração - pulmão -
coração), inicia-se no ventrículo direito, por onde o sangue venoso (rico em CO2) passa,
através do tronco pulmonar, que, em seguida, se divide em artérias pulmonares, direita
e esquerda, em direção ao seu respectivo pulmão. Logo após a hematose (trocas gaso-
sas), o sangue arterial (rico em O2) retorna para o coração através das veias pulmona-
res, desembocando no átrio esquerdo e daí para o ventrículo esquerdo após a abertura
da valva mitral. Aqui termina a circulação pulmonar e inicia-se a circulação sistêmica.
• Circulação sistêmica: também conhecida por grande circulação (coração - tecidos or-
gânicos - coração), inicia-se no ventrículo esquerdo, que impulsiona o sangue para a
artéria aorta durante a sístole, que, através de suas sucessivas divisões, levará o san-
gue arterial e rico em nutrientes para todos os tecidos do corpo humano. Depois das
trocas, os resíduos metabólicos e o CO2 são recolhidos dos membros superiores e da
cabeça pela veia cava superior e dos membros inferiores e do tronco pela veia cava in-
ferior, e levados por esses vasos até o átrio direito e daí para o ventrículo direito, após a
abertura da valva tricúspide, terminando a circulação sistêmica e iniciando a circulação
pulmonar, sucessivamente.
Observe atentamente a Figura 17, que esquematiza os dois tipos de circulação sanguí-
nea.
Há, ainda, um terceiro tipo de circulação, a circulação portal, que está interposta à circu-
lação sistêmica. Trata-se de um tipo de circulação na qual uma veia está interposta entre duas
redes de capilares. O exemplo típico é a circulação portal feita pela veia porta do fígado, que
fica entre a rede de capilares dos intestinos e do fígado, onde ocorre a absorção dos nutrientes
dos alimentos no intestino, que passam por importantes processos metabólicos no fígado e, em
seguida, são liberados no sangue para serem enviados aos tecidos corporais (Figura 18).

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126 © Anatomia Humana Geral

Figura 17 Desenho esquemático dos tipos de circulação: pulmonar e sistêmica e seus principais vasos.

Figura 18 Desenho esquemático da circulação portal hepática: veia porta.


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Tipos de vasos sanguíneos


O sistema circulatório é composto por um órgão central, o coração, e um conjunto de
vasos por onde o sangue circula durante os batimentos cardíacos para transportar o sangue até
as células teciduais levando O2 e nutrientes e, depois, recolhendo o CO2 e outros resíduos até
o coração e outros órgãos responsáveis pela sua eliminação. Os vasos responsáveis por essa
circulação são as artérias, as veias e capilares, cujas características veremos a seguir, e também
poderão ser observadas na Figura 19.
• Artérias: tubos elásticos em que circula o sangue do coração para os tecidos, isto é,
centrifugamente. Sua elasticidade tem a função de manter o fluxo sanguíneo constante
e, também, de manter a pressão do sangue durante a sístole ventricular e conter o volu-
me sanguíneo. Sua parede é espessa e apresenta fibras musculares lisas que permitem
sua dilatação e retorno para a posição inicial. Podem ser de grande, médio, pequeno
calibre ou arteríolas, dependendo de seu calibre. Conforme se afastam do coração, vão-
se dividindo em ramos terminais e colaterais, até terminarem em capilares.
• Veias: são os vasos que levam o sangue para o coração, isto é, sua circulação é cen-
trípeta em relação ao coração. Suas paredes são finas, com pouca elasticidade e sua
forma depende da quantidade de sangue contida nelas. Também podem se apresentar
com grande, médio e pequeno calibre ou vênulas, começando nos capilares. Ao longo
de seu trajeto em direção ao coração, vão recebendo tributárias e formando veias de
maiores calibres até formarem as veias cavas superior e inferior, que são de grande
calibre. São mais numerosas que as artérias e podem ser profundas ou superficiais. As
profundas podem ser solitárias, que não acompanham artérias ou satélites que acom-
panham as veias e, geralmente, são duplas. Para manter a direção do fluxo, apresentam
válvulas em forma de bolso, que impedem que o sangue volte devido à ação da gravi-
dade (Figura 20).
• Capilares: são vasos microscópicos interpostos entre as artérias e veias onde ocorrem
as trocas entre o sangue e o tecido.

Figura 19 Desenho esquemático das veias, artérias e capilares sanguíneos.

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Fonte: Sobotta (1995, p. 16, v. 1).


Figura 20 Desenho esquemático das válvulas das veias.

Irrigação e drenagem do coração


O músculo cardíaco, como todos os tecidos corporais, necessita de irrigação sanguínea
para sua manutenção e sobrevivência, que é feita pelas artérias coronárias, direita e esquerda,
que irrigam o próprio músculo cardíaco. As artérias coronárias saem da artéria aorta, circundam
a parte externa do coração e vão-se dividindo sucessivamente até os capilares.
Dessa rede de capilares coronários originam-se as vênulas, as quais convergem, formando
as veias cardíacas, magna, média e pequena, que desembocam no seio coronário, situado entre
o átrio e o ventrículo esquerdo, posteriormente, e daí para o átrio direito, fazendo a drenagem
venosa do coração. Existem, também, as veias cardíacas míninas, que desembocam diretamen-
te no átrio direito. Observe, nas Figuras 21 e 22, as artérias coronárias e as veias cardíacas.

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O infarto do miocárdio é uma condição clínica na qual a irrigação sanguínea do miocárdio foi interrompida devido
a uma obstrução, parcial ou total, de uma das artérias coronárias. Com a supressão total ou parcial da oferta de
sangue, ocorre a morte das células do músculo cardíaco, parando de funcionar, o que pode levar à morte súbita,
morte tardia ou insuficiência cardíaca com consequências que vão desde severas limitações da atividade física até
a completa recuperação.
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Fonte: Sobotta (1995, p. 85, v. 2).


Figura 21 Desenho esquemático da irrigação e drenagem do músculo cardíaco.

Fonte: Sobotta (1995, p. 85, v. 2).


Figura 22 Desenho da irrigação e drenagem do músculo cardíaco, destacando o seio carótico.

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Condução nervosa do coração


O coração bombeia o sangue de maneira coordenada, alternando contrações e relaxa-
mentos ventriculares do músculo cardíaco. Durante a diástole, o miocárdio relaxa os ventrículos
para que eles se encham de sangue e, em seguida, se contrai (sístole) para bombear o sangue
para fora dos ventrículos.
Para a realização desses movimentos, as fibras musculares cardíacas possuem uma ativida-
de espontânea que gera estímulos elétricos suficientes para contrair a musculatura rapidamente
em todo o coração. Ao conjunto de fibras especializadas nessa função damos o nome de tecido
de condução do impulso nervoso. É formado por um conjunto de células musculares especia-
lizadas envolvidas por tecido conjuntivo e supridas por fibras nervosas autônomas, em forma
de nó, sendo o nó sinoatrial e nó atrioventricular. O nó sinoatrial é o marca-passo do coração,
localizado próximo à junção entre a veia cava superior e o átrio direito. O nó atrioventricular está
localizado na porção inferior do septo interatrial, de onde partem as fibras de Punkinje, especia-
lizadas em condução rápida dos estímulos (Figura 23).
O impulso nervoso gerado no nó sinoatrial é transmitido pelos átrios direito e esquerdo
e chegam até o nó atrioventricular, de onde partem as fibras de Purkinje, que formam o fascí-
culo atrioventricular, responsável pela propagação dos estímulos nervosos até os ventrículos,
contraindo-os.
Embora o coração apresente esse automatismo cardíaco, também está sob a influência do
sistema nervoso autônomo, simpático e parassimpático, que pode alterar os batimentos cardí-
acos dependendo das situações. A estimulação parassimpática diminui todas as atividades do
coração, como a diminuição da frequência de batimentos cardíacos, enquanto a estimulação
simpática apresenta efeito oposto, como o aumento da frequência cardíaca.

Figura 23 Desenho dos feixes elétricos do coração.

Principais vasos do corpo humano


Como já foi dito anteriormente, os vasos são os tubos condutores de sangue do sistema
circulatório, sendo divididos em artérias, veias e capilares. Faremos, agora, um breve estudo
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sobre os principais vasos do corpo humano. Nunca se esqueça de que as artérias têm fluxo
centrífugo, ou seja, do coração em direção aos tecidos, e as veias, fluxo centrípeto, ou seja, em
direção ao coração.

Artérias
Começaremos nosso estudo pela maior artéria do corpo humano, a artéria aorta. A aorta
origina-se no ventrículo esquerdo e, logo após curto trajeto ascendente, a aorta ascendente faz
uma curva à esquerda, formando o arco aórtico de onde parte as artérias que farão a irrigação
dos membros superiores e da cabeça. Em seguida, tomam um trajeto descendente, formando
a aorta descendente de onde se originam todas as artérias que irrigarão os órgãos torácicos,
abdominais e pélvicos, assim como a parede do tronco e os membros inferiores.
Do arco aórtico originam, à esquerda, a artéria subclávia esquerda e a artéria carótida
comum esquerda, e, à direita, origina-se o tronco braquiocefálico, que, em seguida, se divide
em artéria carótida comum direita e artéria subclávia direita (Figura 24).
As artérias carótidas comuns, direita e esquerda, irão se dividir em dois ramos, a artéria
carótida externa, que faz a irrigação da porção externa da cabeça e da face, e a artéria carótida
interna, que faz a irrigação do encéfalo.
Das artérias subclávias, direita e esquerda, originam-se os ramos que fazem a irrigação de
todo o membro superior. A artéria subclávia localiza-se abaixo da clavícula e, após sua passagem
pela primeira costela, entra na região da axila e passa a ser chamada de artéria axilar, que, logo
abaixo da prega inferior da axila, continua como artéria braquial. Ao nível do cotovelo, divide-
se em dois ramos terminais conhecidos por artéria ulnar e artéria radial, cujas anastomoses na
palma e no dorso da mão fazem a sua irrigação (arco palmar superficial, arco palmar profundo
e rede dorsal do carpo).

Fonte: Sobotta (1995, p. 116, v. 2).


Figura 24 Desenho das artérias que se originam do arco aórtico.

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132 © Anatomia Humana Geral

A aorta descendente passa pelo tórax (aorta torácica), pelo abdome (aorta abdominal)
e, ao chegar à cavidade pélvica, divide-se em dois ramos terminais, as artérias ilíacas comuns,
direita e esquerda. As artérias ilíacas comuns, após curto trajeto, dividem-se em artéria ilíaca
interna e externa, à direita e à esquerda. A artéria ilíaca interna faz a irrigação dos órgãos pélvi-
cos, da parede da cavidade pélvica e alguns músculos da região do quadril, enquanto a artéria
ilíaca externa é responsável pela irrigação do membro inferior.
A artéria ilíaca externa, ao entrar na região inguinal (virilha), passa a ser chamada de artéria fe-
moral, a principal artéria do membro inferior. Ela tem um trajeto descendente, medial e posterior, e,
ao chegar na fossa poplítea (posterior ao joelho), continua como artéria poplítea. Logo após originar
ramos para o joelho, a artéria poplítea divide-se em dois ramos: artéria tibial anterior e tronco tibio-
fibular que, em seguida, se dividem em artéria tibial posterior e artéria fibular. Esses ramos, além
de serem os responsáveis pela irrigação da porção anterior e posterior da perna, respectivamente,
também originam ramos para a irrigação da planta (artéria plantar medial e lateral - ramos da artéria
tibial posterior) e do dorso do pé (artéria dorsal do pé - ramo da artéria tibial anterior). As principais
artérias do corpo humano podem ser observadas na Figura 25.

Fonte: Sobotta (1995, p. 14, v. 1).


Figura 25 Desenho das artérias do corpo humano.
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Veias
Toda a drenagem venosa do membro superior é feita pela veia axilar, que recebe todo o
sangue do membro superior. Ela continua com a veia subclávia que se anastomosa com a veia
jugular interna para formar a veia braquiocefálica. As veias braquiocefálicas direita e esquerda
se juntam para formar a veia cava superior, responsável pela drenagem da cabeça e do membro
superior. A veia jugular interna recebe a veia jugular externa e as duas juntas fazem a drenagem
da cabeça e do encéfalo. Essas são veias profundas, mas existem ainda as veias superficiais e as
veias satélites.
No entanto, a drenagem venosa não termina por aqui; na verdade, ela começa na extre-
midade do membro inferior por numerosas veias digitais palmares e dorsais que desembocam
no arco venoso dorsal, onde se originam as duas principais e mais calibrosas veias superficiais
do membro superior, a veia cefálica e a veia basílica.
A veia cefálica origina-se no lado lateral (radial) do arco venoso dorsal da mão e tem um
trajeto ascendente na face anterolateral do antebraço, braço e ao nível do ombro penetra na
fáscia muscular e termina na veia axilar.
A veia basílica origina-se do lado medial (ulnar) do arco venoso dorsal da mão e apresen-
ta um trajeto ascendente na face medial e anterior do antebraço. Na porção média do braço,
perfura a fáscia muscular, torna-se profunda e passa a acompanhar as duas veias profundas
satélites do braço, as veias braquiais. Próximas da axila, essas três veias, as veias braquiais e a
veia basílica, se unem para formar a veia axilar.
As veias cefálica e basílica recebem, ao longo de seu trajeto, muitas tributárias e comu-
nicam-se entre si através da veia intermédia do antebraço, local onde são feitas as injeções
endovenosas.
Profundamente, a drenagem venosa do membro superior é feita pelas veias satélites, sen-
do duas veias ulnares, duas veias radiais e duas veias braquiais.
As veias do membro inferior também são divididas em dois grupos: as veias superficiais e
as profundas. As veias superficiais não acompanham artérias e estão localizadas na tela subcu-
tânea.
A drenagem venosa superficial do membro inferior inicia-se em numerosas veias metatar-
sais dorsais que se confluem para formar o arco venoso dorsal do pé. Desse arco partem as duas
principais veias superficiais do membro inferior, a veia safena magna e a veia safena parva.
A veia safena magna origina-se no lado medial do arco venoso dorsal do pé, anterior ao
maléolo medial, e tem um trajeto ascendente na face medial da perna e da coxa, onde perfura
a fáscia muscular e desemboca na veia femoral.
A veia safena parva nasce do lado lateral do arco venoso dorsal do pé, posterior ao malé-
olo lateral, e tem um trajeto ascendente na face posterior da perna, e, ao nível da fossa poplítea
(face posterior do joelho), perfura a fáscia profunda e desemboca na veia poplítea, uma veia
profunda.
As veias profundas acompanham artérias e têm origem nas veias digitais plantares do
pé, que se juntam para formar as veias tibial posterior, tibial anterior e fibulares, que acom-
panham as artérias com o mesmo nome. Essas veias se unem para formar a veia poplítea, que
continua com a veia femoral. A veia femoral, por sua vez, continua com a veia ilíaca externa, na
região inguinal, que, em seguida, se une com a veia ilíaca interna para formar a veia ilíaca co-
mum. As veias ilíacas comuns, direita e esquerda, unem-se para formar a veia cava inferior, que

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134 © Anatomia Humana Geral

desemboca no átrio direito, trazendo o sangue venoso proveniente dos membros inferiores e
do tronco, finalizando a drenagem venosa. As principais veias superficiais e profundas do corpo
humano podem ser observadas na Figura 26.

Fonte: Sobotta (1995, p. 15, v. 1).


Figura 26 Desenho das veias do corpo humano.

7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos, neste tópico, que você procure responder às questões a seguir, que tratam da
temática desenvolvida nesta unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para testar seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estudados
para sanar suas dúvidas. Este é o momento ideal para você fazer uma revisão do estudo desta
unidade. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de
forma cooperativa e colaborativa. Portanto, compartilhe com seus colegas de curso suas desco-
bertas.
Confira, na sequência, as questões propostas para verificar seu desempenho no estudo
desta unidade:
© Aparelho Cardiorrespiratório 135

1) Quais os órgãos componentes do sistema respiratório e suas funções?

2) Quais os órgãos componentes do sistema circulatório e suas funções?

3) Como ocorrem as trocas entre o sangue e os tecidos?

4) Quais as principais artérias do corpo humano?

5) Quais as principais veias do corpo humano?

8. CONSIDERAÇÕES
Ao longo do estudo desta unidade, foi possível perceber que as sobrevivências das células
teciduais dependem do aporte de oxigênio e nutrientes, que são trazidos até elas pelo sangue
e da retirada dos resíduos metabólicos. Para garantir essas funções, o sistema respiratório e o
circulatório trabalham em conjunto de maneira harmoniosa e rítmica.
O sistema respiratório é formado por um conjunto de órgãos responsáveis pela condução
do ar e pela respiração propriamente dita. A respiração é a troca gasosa que ocorre entre o ar e
o sangue (O2 por CO2), ao nível dos pulmões. É através desse processo que as células conseguem
a energia necessária para a manutenção da vida. O oxigênio absorvido pelos pulmões é trans-
portado pelas artérias até os capilares, onde passa do sangue para o tecido e o gás carbônico e
outros resíduos são recolhidos e transportados pelas veias até os órgãos responsáveis por suas
eliminações, como o pulmão.
O sistema encarregado pelo transporte de oxigênio e nutrientes até os tecidos é conheci-
do por sistema circulatório e é formado pelo coração e seus vasos, artérias, veias e capilares, e
pelo sangue. Portanto, não fica difícil perceber a interdependência entre o sistema respiratório
e o sistema circulatório.
Durante uma atividade física, o aparelho cardiorrespiratório aumenta o seu trabalho para
levar maior quantidade de oxigênio e nutrientes até os músculos estriados esqueléticos e o mio-
cárdio. Para isso, o sistema respiratório deverá absorver maior quantidade de O2 e, ao mesmo
tempo, eliminar o CO2, aumentando a frequência respiratória (fluxo de ar inspirado e expirado).
Concomitantemente, o coração aumenta seus batimentos cardíacos com o objetivo de aumen-
tar a circulação sanguínea.
Com isso, podemos concluir que o conhecimento do sistema circulatório e respiratório é
fundamental para a formação do professor de Educação Física, uma vez que tem papel funda-
mental na orientação de atividades físicas e na manutenção da integridade física dos indivíduos.
Portanto, aproveite esta oportunidade e amplie seus conhecimentos, e não se esqueça de pro-
curar seu tutor sempre que tiver dúvidas.

9. E-REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 – Divulgação - Desenho esquemático do sistema respiratório. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com.br/
biologia/sistema-respiratorio.htm.>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Figura 5 – Divulgação - Cartilagens da laringe. Disponível em: <http://www.cefala.org/fonologia/galeria_imagens.php?vcatego
ria=Laringe&vnome=Diagrama%201&vfile=laringe_d1.jpg&vref=15>. Acesso em: 15 dez. 20
Figura 7 – Divulgação - Posição da rima da glote durante a respiração (ou em repouso), em A, e durante a fonação, em B.
Disponível em: < http://www.brasilfonoaudiologia.com.br/Voz%20TEXTO.html>. Acesso em: 15 dez. 2010.

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136 © Anatomia Humana Geral

Figura 8 – Divulgação - Laringe, traqueia e brônquios principais. Disponível em: <http://www.maristas.com.br/colegios/


assuncao/pags/site_colegio/espaco/2009_ciencias/respiracao/respiracao/orgaos_respira.htm>. Acesso em: 31 jan. 2011.
Figura 11 – Divulgação - Pleura visceral e pleura parietal. Disponível em: <http://wdwbobbie.wordpress.com/2009/06/26/
plurisy/>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Figura 14 – Divulgação - Desenho da anatomia externa do coração, em vista anterior e posterior. Disponível em: <http://www.
clinicacni.com.br/cni/internet_anatomia.php>. Acesso em: 31 jan. 2011.
Figura 15 – Divulgação - Pericárdio. Disponível em: <http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/07/page/2/>. Acesso em: 15
dez. 2010.
Figura 16 – Divulgação - Desenho do coração em corte frontal, demonstrado os septos e as valvas. Disponível em: <http://
www.clinicacni.com.br/cni/internet_anatomia.php>. Acesso em: 31 jan. 2011.
Figura 17 – Divulgação - Desenho esquemático dos tipos de circulação: pulmonar e sistêmica e seus principais vasos. Disponível
em: <http://turmadomario.com.br/cms/index.php/Conteudo/Sistema-Circulatorio-Humano.html>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Figura 18 – Divulgação - Desenho esquemático da circulação portal hepática: veia porta. Disponível em: <http://www.
medicinageriatrica.com.br/tag/cirrose-hepatica/>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Figura 19 – Divulgação - Desenho esquemático das veias, artérias e capilares sanguíneos. Disponível em: <http://www.
webciencia.com/11_21circula.htm>. Acesso em: 15 dez. 2010.
Figura 23 – Divulgação - Desenho dos feixes elétricos do coração. Disponível em: <http://www.clinicacni.com.br/cni/internet_
anatomia.php>. Acesso em: 31 jan. 2011.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. ed. São Paulo: Atheneu, 20
MOORE, K. L.; AGUR, A. M. R. Fundamentos de anatomia clínica. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 20
SOBOTTA. J. Atlas de anatomia humana. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 19v. 1 e
SOUZA, R. R. Anatomia para estudantes de educação física. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.
EAD
Sistema digestório

1. OBJETIVOS
• Conhecer os órgãos componentes do sistema digestório.
• Compreender as funções do sistema digestório.
• Analisar a importância do sistema digestório para a manutenção do organismo.

2. CONTEÚDOS
• Cavidade bucal.
• Esôfago.
• Estômago.
• Intestinos.
• Órgãos anexos: fígado e pâncreas.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
1) Na unidade anterior, estudamos o sistema circulatório e observamos que sua função
é transportar oxigênio e nutrientes para os tecidos, assim como eliminar os resíduos
metabólicos. Nesta unidade, estudaremos como esses nutrientes são obtidos e os re-
síduos eliminados; portanto, tente relacionar a importância do trabalho sistemático
desses dois sistemas com a sua futura profissão.
138 © Anatomia Humana Geral

2) Para a construção do seu conhecimento, é necessário que os conceitos apresentados


sejam bem compreendidos e analisados. Portanto, não deixe dúvidas para trás e re-
corra sempre ao seu tutor. Ele vai orientá-lo sobre como superar suas dificuldades e,
assim, realizar um bom curso a distância.
3) Não deixe de analisar as figuras e as tabelas presentes no texto, pois elas são impor-
tantes para a compreensão das biomoléculas e servem de complemento para a expli-
cação do conteúdo.
4) Responda às questões autoavaliativas presentes ao final de cada unidade para fixar os
conteúdos e detectar as suas dúvidas.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, tivemos a oportunidade de conhecer os principias termos utiliza-
dos em Anatomia, como também os órgãos componentes do aparelho locomotor e do aparelho
cardiorrespiratório.
Agora, nesta unidade, vamos nos dedicar ao estudo do sistema digestório, com seus com-
ponentes e funções. Iniciaremos com uma explanação geral dos órgãos que compõem o sistema
digestório e de suas funções gerais. Posteriormente, estudaremos a Anatomia e a função de
cada órgão separadamente.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de identificar os componentes do
sistema digestório e de compreender as importantes funções desse sistema que estão envolvi-
das na obtenção de nutrientes para o funcionamento do organismo, proporcionando a você um
amplo conhecimento para o ensino e a prática de atividades físicas.
Então, vamos lá... Bom estudo!

5. SISTEMA DIGESTÓRIO
O sistema digestório humano é formado por um conjunto de órgãos e glândulas com a ca-
pacidade de realizar as reações químicas nos alimentos ingeridos para que, depois, possam ser
absorvidos pelo organismo. A essas reações químicas se dá o nome de digestão. Outra impor-
tante característica do sistema digestório é a motilidade, isto é, os movimentos realizados por
seus órgãos, denominado peristaltismo ou movimento peristálticos. Esse movimento permite
a passagem do bolo alimentar de um segmento para outro.
Os órgãos do sistema digestório incluem um longo tubo muscular (músculo liso), o canal
alimentar, que se inicia na boca e termina no ânus, e os órgãos anexos. Os órgãos que compõem
o tubo são: boca, cavidade bucal, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino
grosso e ânus. Os anexos do sistema digestório são: fígado, pâncreas e glândulas salivares.
As funções do sistema digestório são:
1) Preensão dos alimentos.
2) Mastigação.
3) Deglutição.
4) Digestão e absorção dos alimentos.
5) Expulsão das fezes.
Observe os componentes do sistema digestório na Figura 1.
© Sistema digestório 139

Figura 1 Representação esquemática do sistema digestório.

Vejamos, a partir de agora, as principais características anatômicas e funcionais de cada


componente do sistema digestório.

6. CAVIDADE DA BOCA
A cavidade da boca é a parte inicial do canal alimentar, limitada anteriormente pelos lábios
e posteriormente pela porção bucal da faringe. Na verdade, a cavidade da boca é dividida em
duas partes, o vestíbulo da boca ou simplesmente boca, e a cavidade da boca propriamente
dita.
O vestíbulo da boca compreende o espaço entre os lábios e as bochechas anteriormente
e as gengivas e os dentes posteriormente.
A cavidade da boca compreende o espaço posterior às gengivas e dentes e anterior à
porção bucal da faringe, numa estreita passagem conhecida por istmo das fauces. O istmo das
fauces, portanto, é o limite entre a cavidade bucal e a faringe (Figura 2).
A porção superior da cavidade bucal é formada pelo palato, que consiste em duas partes,
o palato duro e o palato mole. O palato duro é a parte anterior, formado pelos ossos, maxilas
e palatinos, enquanto o palato mole é a porção muscular, situada posteriormente ao palato
duro.

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140 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 104, v. 1).


Figura 2 Boca e cavidade da boca.

Os humanos, assim como a maioria dos mamíferos, prendem e cortam os alimentos com
os dentes e mastigam-nos antes da deglutição (ato de engolir). Durante a mastigação, o alimento
é diminuído, umidificado e iniciam-se os processos de transformação de alguns componentes,
como o glicogênio e amido, através das enzimas digestivas presentes na saliva. A língua tem um
papel fundamental na diminuição e diluição dos alimentos e, também, na sensação do paladar,
isto é, no reconhecimento de sabores.
A língua é um órgão muscular encoberto por uma mucosa que a torna rugosa devido à
presença de elevações conhecidas por papilas gustativas, sendo as principais e maiores as papi-
las valadas, disposta em forma de V no terço posterior da língua. Nessa mucosa, também estão
presentes os chamados botões gustativos, responsáveis pela captação dos diferentes sabores.
Portanto, a língua apresenta importantes funções na mastigação, na deglutição, na gustação e
na articulação de palavras.
Anatomicamente, a língua é dividida em uma porção anterior, o corpo, e uma porção pos-
terior, a raiz, responsável por sua implantação. No terço posterior de seu corpo, apresenta um
sulco em forma de V, conhecido por sulco terminal (Figura 3).
Os músculos envolvidos na constituição da língua dividem-se em intrínsecos e extrínse-
cos. Os músculos intrínsecos são os responsáveis pela sua forma geral, e os músculos extrínse-
cos são os que fixam a língua na cavidade da boca e realizam os seus movimentos.
© Sistema digestório 141

Fonte: Sobotta (1995, p. 104, v. 1).


Figura 3 Língua.

7. FARINGE, ESÔFAGO E ESTÔMAGO


A faringe é um órgão muscular e membranoso que faz parte do sistema respiratório e
digestório, como já foi estudado na unidade anterior (sistema respiratório). Faremos uma bre-
ve revisão de suas partes e nos concentraremos naquelas que são importantes para o sistema
digestório.
O órgão pode ser dividido em três partes contínuas: a porção nasal (nasoaringe), a porção
oral (orofaringe) e a porção laríngea (laringofaringe).
A porção nasal comunica-se com a cavidade nasal através das coanas, como definido na
unidade anterior.
A porção oral ou orofaringe comunica-se com a cavidade da boca através do istmo das
fauces e apresenta duas pregas laterais musculares paralelas, uma anterior, chamada arco pala-
toglosso, e uma posterior, chamada arco palatofaríngeo. Entre essas duas pregas, em ambos os
lados, encontra-se a fossa tonsilar, onde está alojada a tonsila palatina, popularmente conheci-
da por amígdalas. As tonsilas palatinas são órgãos linfoides que constituem a primeira barreira
contra a entrada de bactérias no organismo.
A parte laríngea ou laringofaringe localiza-se posteriormente à laringe e é continuada pelo
esôfago.
O esôfago é um tubo muscular com aproximadamente 25 cm de comprimento, que se
inicia na porção laríngea da faringe, atravessa todo o pescoço, tórax e, logo após sua passagem
pelo hiato do diafragma, continua-se com o estômago, distinguindo-se, assim, em três partes:

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142 © Anatomia Humana Geral

cervical, torácica e abdominal. O bolo alimentar atravessa todo o esôfago para chegar ao es-
tômago e é impulsionado pelos movimentos peristálticos. Para isso, o esôfago é constituído
basicamente por músculo liso. Na região de transição esofagogástrica, essas fibras se afunilam
para formar um dispositivo, denominado esfíncter inferior do esôfago, cuja função é impedir o
refluxo do alimento sólido ou líquido. O esôfago pode ser observado na Figura 4.

Figura 4 Esôfago.

O estômago também é um órgão muscular, oco, em forma de saco, podendo ser conside-
rado a parte dilatada do canal alimentar. É uma continuação do esôfago e termina no intestino
delgado, estando situado à esquerda do plano mediano, abaixo do diafragma, na porção supe-
rior da cavidade abdominal, onde está localizada a maioria dos órgãos do sistema digestório.
Possui um orifício de entrada denominado óstio cárdico (comunicação com o esôfago) e outro
de saída, o óstio pilórico, em sua comunicação com o duodeno (intestino delgado).
O óstio pilórico possui um dispositivo formado pela condensação circular e longitudinal
dos feixes musculares, chamado piloro, cuja função é controlar a abertura e o fechamento do
óstio pilórico, controlando a passagem do bolo alimentar do estômago para o intestino. Os mo-
vimentos peristálticos também estão presentes no estômago.
Sua forma é variável conforme a idade, o tipo físico e a quantidade de alimento, e asseme-
lha-se à letra “J”, cuja borda medial é denominada curvatura gástrica menor, e a borda lateral,
curvatura gástrica maior.
O estudo anatômico do estômago permite-nos descrever quatro partes: a cárdia, sua jun-
ção com o estômago; o fundo, porção superior ao nível da cárdia; o corpo, maior parte do es-
tômago; a parte pilórica, porção final contínua com o duodeno. Observe, na Figura 5, as partes
do estômago.
© Sistema digestório 143

Fonte: Sobotta (1995, p. 130, v. 2).


Figura 5 Estômago.

Internamente, a parede do estômago possui uma camada ou túnica mucosa avermelhada


com diversas pregas, as pregas gástricas, que só aparecem quando o estômago está vazio, e,
quando está cheio, sua parede apresenta-se lisa. Além dessa túnica mucosa, o estômago ain-
da apresenta mais três: a submucosa, abaixo da camada mucosa; a muscular, contendo três
camadas com fibras em diferentes direções; e a serosa, a mais externa e fina, formada pelo
peritônio.

–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
No estômago, o bolo alimentar entra em contato com o suco gástrico e permanece nele por algum tempo para, de-
pois, ser liberado aos poucos para o intestino.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Neste momento, você deve estar se perguntando: o que é o peritônio?
O peritônio é uma dupla membrana serosa que reveste toda a cavidade abdominal e as
vísceras abdominais, semelhante à pleura da cavidade torácica. Possui duas lâminas contínuas,
o peritônio parietal e o peritônio visceral. O peritônio parietal reveste a parede da cavidade
abdominal, enquanto o peritônio visceral reveste os órgãos. Entre as duas lâminas, existe um
espaço denominado cavidade peritoneal, contendo uma pequena quantidade de líquido, que
permite o deslizamento das lâminas entre si. Há órgãos abdominais que ficam posteriores ao
peritônio parietal, sendo chamados de retroperitoneais, como os rins e o pâncreas.
Devido à disposição, à mobilidade e ao desenvolvimento embrionário dos órgãos na ca-
vidade abdominal, o peritônio apresenta algumas formações importantes, que são: o meso ou
ligamento e o omento.
O meso é uma espécie de ligamento ou reflexão entre a parede abdominal posterior e o
peritônio visceral que, ao mesmo tempo, prende e permite a mobilidade dos órgãos, no caso os
intestinos. Os mesos presentes no corpo humano são o mesentério para o jejuno e íleo (intesti-
nos delgados), o mesocolo transverso do colo transverso do intestino grosso e o mesossigmoi-
de para o colo sigmoide do intestino grosso.

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144 © Anatomia Humana Geral

O omento é uma reflexão ou prega peritoneal (peritônio visceral) entre dois órgãos. Há
dois omentos, o omento menor e o omento maior. O omento menor é a reflexão do peritônio
visceral entre o fígado e o estômago, enquanto o omento maior é uma reflexão ampla entre o
estômago e o colo transverso do intestino grosso e dele se dispõe em forma de avental por todas
as alças intestinais, anteriormente.
Você poderá observar os mesos e os omentos nas Figuras 6 e 7, disponibilizadas na sequ-
ência.

Fonte: Sobotta (1995, p. 153, v. 2).


Figura 6 Peritônio.
© Sistema digestório 145

Fonte: Sobotta (1995, p. 154, v. 2).


Figura 7 Omento maior.

Podemos concluir que as funções do peritônio são:


• Permitir o deslizamento entre os órgãos abdominais.
• Realizar a reserva nutricional por meio do acúmulo de gorduras, sobretudo no omento
maior.
• Proteger os órgãos e defedê-los contra infecções.

8. INTESTINOS
Os intestinos são tubos que se estendem desde a junção entre o estômago e o duodeno
até o ânus. De acordo com seu calibre e forma, distinguem-se dois tipos de intestinos, o intesti-
no delgado e o intestino grosso. Vejamos, a partir de agora, as características de cada parte.

Intestino delgado
O intestino delgado é um tubo muscular com cerca de 2,5 cm de diâmetro e, em média, 6
metros de comprimento, estendendo-se do piloro (junção gastroduodenal) até o óstio ileal no
ceco (ou cecum), início do intestino grosso. É dividido em três partes: duodeno, jejuno e íleo.

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146 © Anatomia Humana Geral

O alimento que chega ao intestino delgado depois de ter passado pelo estômago é deno-
minado quimo, que é um líquido pastoso, altamente ácido, formado pelo bolo alimentar, enzi-
mas digestivas e suco gástrico. O quimo, ao atingir o intestino delgado, estimula a produção de
dois hormônios, a secretina, que induz o pâncreas a liberar bicarbonato de sódio neutralizando
sua acidez, e a colecistoquinina (CCK), que induz a liberação de bile, proveniente da vesícula
biliar, e enzimas pancreáticas, começando a parte mais importante do processo de digestão, a
absorção.
Para realizar a absorção com maior eficiência, a mucosa do intestino delgado é adapta-
da contando inúmeras elevações denominadas vilosidades, formando pregas circulares, cuja
função é aumentar a superfície de contato com o quimo, e, consequentemente, aumentar a
absorção e a secreção (Figura 9). Os nutrientes absorvidos pelo intestino chegam ao sangue,
onde são transportados para a circulação sistêmica ou para o fígado pela veia porta, onde alguns
nutrientes são metabolizados.
O duodeno é a primeira parte do intestino delgado, com forma de ferradura ou U, inician-
do-se no óstio pilórico, em sua junção com o estômago, e terminando em uma dobra conhecida
por flexura duodenojejunal, onde começa o jejuno.
São descritas no duodeno quatro partes: superior, descendente, horizontal e ascendente.
Em sua parte descendente, desemboca a ampola hepatopancreática, através do orifício de-
nominado papila maior do duodeno. A ampola hepatopancreática é formada pela junção do
ducto colédoco, trazendo a bile produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar, e o ducto
pancreático, trazendo o suco pancreático produzido pelo pâncreas.
O duodeno está preso à parede abdominal posterior e é a menor parte das três, com cerca
de 25 a 30 cm de comprimento; no entanto, é onde ocorre a maior parte dos processos digesti-
vos. Você poderá observar na Figura 8 as principais características anatômicas do duodeno.


Fonte: Sobotta (1995, p. 137, v. 2).
Figura 8 Duodeno, em corte frontal para estudo de sua anatomia interna.
© Sistema digestório 147

Figura 9 Desenho esquemático das vilosidades do intestino delgado.

O jejuno inicia-se na flexura duodenojejunal e não há limite nítido de separação entre ele
e o íleo; por isso, costuma-se descrevê-los juntos, usando o termo “jejuno-íleo”. O íleo, por sua
vez, termina através de um orifício de abertura do íleo no ceco (intestino grosso), o óstio ileal.
O jejuno-íleo é a parte móvel do intestino delgado, formando as chamadas alças intesti-
nais, encobertas pelo omento maior e presas à parede abdominal posterior pelo mesentério. A
absorção dos nutrientes continua durante a passagem do quimo pelo jejuno-íleo (Figura 10).
Contudo, podemos dizer que a função do intestino delgado é a de completar o processo
de digestão, absorção dos nutrientes e secreção de muco, enzimas e hormônios.

Jejuno-íleo

Fonte: Sobotta (1995, p. 158, v. 2).


Figura 10 Desenho demonstrando o Jejuno-íleo. O omento maior foi rebatido para melhor visualização.

Intestino grosso
O intestino grosso é a porção terminal do sistema digestório, facilmente diferenciado do
intestino grosso por seu maior calibre e por outras características peculiares, como a presença
do haustro, das tênias e dos apêndices epiploicos, que serão estudados brevemente a seguir.

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148 © Anatomia Humana Geral

Os haustros são dilatações da parede do intestino grosso limitadas por sulcos constritos; as
tênias são três formações em fitas formadas pela condensação dos feixes musculares longitudi-
nais que percorrem toda a sua extensão; e os apêndices epiploicos ou gordurosos do colo são
acúmulos de gorduras envolvidos pela lâmina serosa do órgão.
As funções do intestino grosso também são muito importantes e estão envolvidas na ab-
sorção de água e eletrólitos, assim como na eliminação dos resíduos da digestão. O intestino
grosso é subdividido em partes, de acordo com sua forma ou posição, em: ceco (ou cecum), colo
ascendente, colo transverso, colo descendentes, colo sigmoide, reto e canal anal. Vejamos,
agora, as características de cada uma de suas partes:
1) Ceco: é sua parte inicial, situada à direita, onde se abre o óstio ileal na papila ileal,
trazendo o conteúdo do intestino delgado. Nesse óstio, existe uma valva, chamada
valva ileocecal, com a função de evitar que o conteúdo que passou para o ceco re-
torne para o íleo. Tem o formato de um saco e de sua porção inferior projeta-se um
prolongamento cilíndrico chamado apêndice vermiforme (Figura 11), cuja função no
ser humano não é conhecida, porém é comumente acometido por infecção que é
denominada apendicite, e, nesse caso, necessita ser retirado cirurgicamente. Você
poderá observar o ceco na Figura 11.

Fonte: Sobotta (1995, p. 138, v. 2).


Figura 11 Ceco em vista externa posterior e interna anterior.

2) Colo ascendente: é a continuação do ceco acima da papila ileal, com direção superior
e termina em uma flexão à esquerda, chamada flexura cólica direita, onde se continua
com o colo transverso. Está situado à direita e na região posterior da cavidade abdo-
minal, recoberto pelo peritônio; por isso, é retroperitoneal.
3) Colo transverso: é a continuação do colo ascendente com trajeto transverso da direita
para a esquerda na cavidade abdominal, iniciando na flexura cólica direita e terminan-
do em outra flexão, a flexura cólica esquerda, onde se inicia o colo descendente. Está
fixado na parede abdominal posterior pelo mesocolo transverso.
4) Colo descendente: é a continuação do colo transverso após a flexura cólica esquerda,
com trajeto descendente (inferior) à esquerda da cavidade abdominal e termina con-
tinuando-se no colo sigmoide, próxima à crista ilíaca, já na cavidade pélvica. Também
está fixado à parede posterior da cavidade abdominal.
5) Colo sigmoide: é a continuação do colo descendente com um trajeto inferior sinuoso,
em forma de “S”, situado no plano mediano da pelve. Está fixado à parede posterior
do abdome pelo mesosigmoide e é considerado um reservatório de fezes, sendo con-
tinuado pelo reto.
© Sistema digestório 149

6) Reto: é a continuação do colo sigmoide e estende-se até o canal anal. Possui uma
dilatação conhecida por ampola retal, antes de se estreitar para formar o canal anal.
Não possui haustros e tênias, somente uma parede muscular bem desenvolvida que
ajuda na defecação.
7) Canal anal: é a porção final do sistema digestório, abrindo-se para a superfície externa
através do ânus, formado por uma musculatura estriada, voluntariamente controlada,
que permite a saída das fezes durante a defecação.
Você pode observar todas as partes do intestino grosso na Figura 12.

Fonte: Sobotta (1995, p. 161, v. 2).


Figura 12 Intestino grosso com todas as suas partes sendo demonstradas após a retirada das alças intestinais do intestino
delgado.

O trânsito do quimo no intestino delgado e dos resíduos da digestão no intestino grosso é


controlado por contrações rítmicas de sua parede muscular lisa, chamados movimentos peris-
tálticos.

9. ÓRGÃOS ANEXOS AO CANAL ALIMENTAR


Os órgãos descritos até agora são todos componentes do tubo alimentar, sendo os res-
ponsáveis diretos pela digestão e absorção de água e nutrientes. No entanto, para que esses

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150 © Anatomia Humana Geral

processos ocorram perfeitamente, existem alguns órgãos anexos ao tubo alimentar, cuja fun-
ção é secretar substâncias importantes para a digestão ou realizar a metabolização de algumas
substâncias. Os órgãos anexos ao canal alimentar são: fígado, pâncreas e glândulas salivares.
Vejamos, a partir deste momento, algumas características desses órgãos.

Fígado
Considerado o maior órgão do corpo, o fígado pesa cerca de 1,5 Kg e está situado à direita
do corpo humano e inferiormente ao diafragma, estando ligado a ele pelo ligamento coronário
e pelo ligamento triangular esquerdo. É uma glândula cujas funções são a de produzir e a de
secretar a bile para proteção do trato intestinal, e participação no metabolismo das proteínas,
carboidratos e gorduras.
O fígado é dividido em quatro lobos por fissuras e ligamentos, sendo dois maiores e princi-
pais, os lobos direito e esquerdo, e dois menores, os lobos quadrado e caudado (Figura 13).
O lobo direito é separado do lobo esquerdo pelo ligamento falciforme, que é uma prega
destacada do peritônio. Em sua face inferior, ou face visceral, além dos lobos direito e esquerdo,
também encontramos o lobo caudado, posteriormente, e o lobo quadrado, anteriormente. En-
tre o lobo quadrado e o lobo direito, está alojada a veia cava inferior (Figura 14).
Na face inferior do fígado, entre os seus quatro lobos, mais precisamente entre o lobo
caudado e o quadrado, existe uma abertura denominada porta do fígado ou hilo hepático, onde
passam os elementos do pedículo hepático, que são: artéria hepática, ducto hepático comum,
veia porta, nervos e vasos linfáticos (Figura 14).
Como comentamos anteriormente, a bile é produzida pelo fígado e passa pelos ductos he-
páticos direito e esquerdo. Esses dois ductos se unem para formar o ducto hepático comum, no
nível da porta do fígado. Após curto trajeto, o ducto colédoco une-se ao ducto cístico, vindo da
vesícula biliar e formando o ducto colédoco, que leva a bile até o duodeno. Antes de desembo-
car no duodeno, comumente, o ducto colédoco reúne-se com o ducto pancreático para formar a
ampola hepatopancreática, que desemboca no duodeno através da papila maior do duodeno. A
bile que não é liberada no duodeno reflui para a vesícula biliar, e lá é armazenada e concentrada
até a próxima abertura da papila maior do duodeno.
A vesícula biliar é um órgão sacular, localizado na face inferior do fígado, entre o lobo
direito e o lobo quadrado, apresentando fundo, corpo, colo e o ducto cístico, já citado anterior-
mente. Ela não é a responsável pela produção da bile, mas, sim, por seu armazenamento. Você
poderá observar a vesícula biliar e os ductos na Figura 15.
© Sistema digestório 151

Fonte: Sobotta (1995, p. 140, v. 2).


Figura 13 O fígado em vista anterior.

Fonte: Sobotta (1995, p. 140, v. 2).


Figura 14 O fígado em vista inferior.

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152 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 144, v. 2).


Figura 15 A vesícula biliar.

Pâncreas
O pâncreas (Figura 16) também é uma glândula anexa ao canal alimentar, localizado à
esquerda da cavidade abdominal, fixado à parede posterior do abdome, posteriormente ao es-
tômago. Apresenta três partes: cabeça, corpo e cauda.
A cabeça do pâncreas é a sua parte mais dilatada e está localizada no contorno do duode-
no. O corpo dispõe-se transversalmente na parede abdominal, terminando numa extremidade
estreitada, denominada cauda.
O pâncreas é uma glândula endócrina e exócrina. Sua secreção endócrina é a insulina que
é liberada diretamente no sangue, e a sua secreção exócrina é o suco pancreático, que participa
da digestão dos lipídios, glicídio e protídeos e é secretada através do ducto pancreático e do
ducto pancreático acessório (Figura 16).
© Sistema digestório 153

Fonte: Sobotta (1995, p. 148, v. 2).


Figura 16 Pâncreas.

Glândulas salivares
As glândulas salivares são as responsáveis pela produção da saliva, que é um líquido visco-
so cujas funções são umedecer, dissolver e lubrificar os alimentos, além de participar do início
da digestão dos polissacarídeos através de uma enzima conhecida por amilase. São divididas
em três pares de glândulas extraparietais: a glândula parótida, a glândula submandibular e a
glândula sublingual (Figura 18).
A glândula parótida está localizada lateralmente na face, em posição anteroinferior à ore-
lha. É a maior das glândulas salivares e possui um ducto excreto longo, denominado ducto paro-
tídeo, que secreta a saliva no nível do segundo dente molar superior (Figura 17).

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154 © Anatomia Humana Geral

Fonte: Sobotta (1995, p. 20, v. 1).


Figura 17 Glândula parótida.

A glândula submandibular localiza-se abaixo da mandíbula anteriormente à glândula pa-


rótida e o seu ducto excreto, chamado ducto submandibular, abre-se abaixo da língua, próximo
ao plano mediano.
A glândula sublingual localiza-se no assoalho da cavidade da boca, e sua secreção é libera-
da por vários ductos, cerca de 12 canais, que se abrem lateralmente, de cada lado da língua.

Fonte: Sobotta (1995, p. 21, v. 1).


Figura 18 Glândula salivares: parótida, submandibular e sublingual.
© Sistema digestório 155

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Realize, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho com relação ao
estudo desta unidade:
1) Quais órgãos compõem o canal alimentar?

2) Como o intestino delgado e o intestino grosso são divididos e quais suas funções?

3) Quais são os órgãos anexos do canal alimentar?

4) Quais as funções do fígado e do pâncreas?

5) Quais são as principais glândulas salivares?

11. CONSIDERAÇÕES
Nesta quinta unidade, nós nos concentramos nos órgãos responsáveis pelo processo de
digestão, desde a preensão do alimento até a sua eliminação pelas fezes. O processo de diges-
tão, que não é tão simples, é essencial para o funcionamento do metabolismo humano, uma vez
que sua função é conseguir os nutrientes necessários para o trabalho celular.
O canal alimentar inicia-se na boca e cavidade da boca, onde o alimento já começa o
processo de digestão dos carboidratos através da enzima amilase contida na saliva. O bolo ali-
mentar segue pela faringe, esôfago e chega ao estômago, onde o processo digestivo continua,
formando um líquido pastoso, chamado quimo. O quimo, então, passa para o duodeno, primeira
parte do intestino delgado, onde o processo digestivo é completado, iniciando a absorção dos
nutrientes e o transporte de algumas substâncias (proteínas, lipídios e carboidratos) para serem
metabolizadas pelo fígado através da veia porta. O quimo continua seu trânsito pelo intestino
delgado, passando pelo jejuno-íleo, onde a absorção continua. O íleo termina no ceco, integran-
te do intestino grosso, que continua pelo colo ascendente, colo transverso, colo descendente,
colo sigmoide, reto e ânus. O colo sigmoide armazena as fezes até que o esfíncter anal se abra
ao meio externo, liberando-as.
O sistema digestório não é composto somente pelo canal alimentar, mas também por ór-
gãos anexos, que são glândulas secretoras de substâncias importantes na digestão. Entre esses
órgãos, estão o fígado, responsável pela produção e secreção da bile no duodeno e metaboli-
zação de proteínas, gorduras e carboidratos; o pâncreas, que possui uma secreção endócrina,
que é a insulina, e uma secreção exócrina, que é o suco pancreático liberado no duodeno; e as
glândulas salivares responsáveis pela secreção da saliva, que, além de umedecer, dissolver e
lubrificar os alimentos, inicia o processo de digestão dos carboidratos.
Enfim, o sistema digestório é o grande responsável pela captação de nutrientes e água,
que são necessários para o metabolismo celular. Além disso, consegue a energia necessária
para a prática de atividades físicas; daí a importância de seu conhecimento pelo professor de
Educação Física.
Esperamos que você tenha aproveitado esta oportunidade e compreendido não somente
a composição anatômica e o funcionamento do sistema digestório, mas também a importância
deste conhecimento para a sua formação.
Até breve!

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156 © Anatomia Humana Geral

12. E-REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 – Divulgação - Representação esquemática do sistema digestório. Disponível em: <http://www.ich.pucminas.br/pged/
db/wq/cb/2006-2/1-4/index.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 4 – Divulgação - Esôfago. Disponível em: <http://www.rgnutri.com.br/sp/fisiologia/adbee.php>. Acesso em: 16 dez.
2010.
Figura 9 – Divulgação - Desenho esquemático das vilosidades do intestino delgado. Disponível em: <http://www.webciencia.
com/11_13intes.htm>. Acesso em: 16 dez. 20

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
SOBOTTA. J. Atlas de anatomia humana. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 19v. 1 e
SOUZA, R. R. Anatomia para estudantes de educação física. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.
EAD
Fundamentos de
Neuroanatomia – Sistema
Nervoso
6

1. OBJETIVOS
• Compreender a constituição e as funções do sistema nervoso.
• Conhecer a origem do sistema nervoso.
• Reconhecer as estruturas componentes de cada parte do sistema nervoso.
• Compreender o mecanismo de propagação do impulso nervoso.
• Identificar os tipos de neurônios e células da glia e suas funções.

2. CONTEÚDOS
• Tecido nervoso.
• Origem embriológica do sistema nervoso.
• Divisão do sistema nervoso.
• Sistema nervoso central.
• Sistema nervoso periférico.
• Sistema nervoso autônomo.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
158 © Anatomia Humana Geral

1) Durante o estudo desta última unidade, tente construir o Esquema dos Conceitos-
-chave dos conteúdos apresentados, ampliando, assim, a sua compreensão.
2) Nesta última unidade, serão estudados os conceitos do sistema mais complexo, o sis-
tema nervoso, que é o controlador de todos nossos sistemas. Portanto, leia todo o
conteúdo com atenção e relacione cada parte descrita com todos os sistemas estuda-
dos.
3) Assim como nas unidades anteriores, responda às questões autoavaliativas presentes
ao final de cada unidade para fixar os conteúdos e detectar as dúvidas.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, tivemos a oportunidade de conhecer muitos conceitos em Ana-
tomia, como a posição anatômica, os planos e eixos, assim como a composição estrutural e as
funções dos principais sistemas orgânicos. O funcionamento de todos esses sistemas estudados
até agora estão na dependência de um sistema especial e muito complexo, conhecido por sis-
tema nervoso.
Nesta unidade, nós nos dedicaremos ao estudo desse sistema, desde sua origem embrio-
lógica até suas funções altamente sofisticadas.
Inicialmente, faremos uma breve análise sobre a formação embriológica do sistema ner-
voso, partindo da sua concepção até a sua formação completa e, consequentemente, conhece-
remos as partes constituintes desse sistema com suas respectivas funções.
Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de identificar e classificar os tipos
básicos de células que compõem o sistema nervoso, suas partes e seu funcionamento, propor-
cionando um amplo conhecimento para o ensino e a prática de atividades físicas com segurança,
reduzindo o risco de lesão e respeitando o limite de cada indivíduo, de acordo com sua idade ou
condição física.
Que este estudo seja estimulante para você!

5. SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso é um sistema complexo, do qual todos os outros sistemas são depen-
dentes, ou seja, ele controla e coordena as funções dos outros sistemas, como, por exemplo, a
contração muscular, que só ocorre se o músculo receber um estímulo motor do sistema nervo-
so.
Contudo, podemos dizer que a função do sistema nervoso é a de adaptar o animal ao meio
ambiente. Ele é capaz de perceber e identificar os estímulos externos e internos e fazer que o
organismo responda adequadamente a esses estímulos. De maneira resumida, ele recebe as
informações sensoriais (temperatura, dor, tato, pressão, visão, audição, paladar) do meio am-
biente e do próprio organismo, processa essas informações e produz uma resposta, que pode
ser uma contração muscular, uma secreção hormonal ou uma contração visceral.
Algumas funções do sistema nervoso são voluntárias ou conscientes, isto é, dependem
de nossa vontade, como andar, por exemplo, e outras são inconscientes ou involuntárias, acon-
tecendo sem a nossa vontade, como os batimentos cardíacos e os movimentos peristálticos
durante a digestão.
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 159

A complexidade e a importância do sistema nervoso são tão grandes que há uma parte da
Anatomia exclusiva para seu estudo, conhecida por Neuroanatomia.
Para entendermos sua função, é importante conhecermos a composição do tecido nervo-
so, que você já estudou em Biologia Humana, mas será revisado brevemente agora.
O tecido nervoso é constituído por células e pouca quantidade de matriz extracelular. As
suas células são os neurônios e os vários tipos de células da glia ou neuroglia.
O neurônio é a unidade morfofuncional do sistema nervoso, responsável pela recepção e
transmissão das informações sensoriais e motoras. Para isso, existem três tipos básicos de neu-
rônios, os aferentes (sensoriais), os eferentes (motores) e os interneurônios ou de associação.
Vejamos, a seguir, a funcionalidade de cada um:
• Neurônios aferentes: são responsáveis por transmitir as informações sensoriais para a
medula ou o encéfalo (cérebro, tronco encefálico e cerebelo).
• Neurônios eferentes: transmitem os impulsos (respostas) gerados no SNC para o órgão
efetuador (músculos e glândulas).
• Interneurônios ou neurônios de associação: fazem a conexão de um neurônio com o
outro.
Cada neurônio possui um corpo, chamado pericário, onde estão localizados o núcleo e o
citoplasma. Do corpo, partem prolongamentos semelhantes a galhos de árvores, os dendritos, e
um outro prolongamento longo, delgado e único, denominado axônio, que você pode observar
na Figura O axônio é o responsável pela transmissão das informações para outros neurônios,
músculos ou glândulas. A transmissão da informação ocorre através de um ponto de contato
chamado de sinapse.
As sinapses podem ser interneuronais ou neuroefetuadoras. As sinapses interneuronais,
comuns no sistema nervoso central, são a transmissão das informações de um neurônio para
outro neurônio. Já as sinapses neuroefetuadores ocorrem no sistema nervoso periférico, onde
um neurônio transmite as informações para as células efetuadoras, como as células muscula-
res ou secretoras, controlando, assim, suas funções. Essas sinapses, quando ocorrem entre um
neurônio e a célula muscular esquelética, são chamadas de sinapse neuroefetuadora somática;
porém, quando a sinapse é entre um neurônio e uma célula muscular lisa ou glandular, chama-
mos de sinapse neuroefetuadora visceral.

Figura 1 Desenho esquemático dos neurônios e seus componentes.

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160 © Anatomia Humana Geral

De acordo com o número de prolongamentos, os neurônios podem ser classificados em:


1) Unipolar: possui um único prolongamento a partir do corpo celular, não sendo encon-
trado nos seres humanos.
2) Bipolar: possui dois prolongamentos que saem do corpo celular, um dendrito e um
axônio, sendo encontrado no ouvido interno (gânglio coclear e vestibular), na retina e
na mucosa olfatória.
3) Pseudounipolar: possui um prolongamento saindo do corpo celular, que, a seguir, se
divide em dois: um se dirige para a periferia e outro para o SNC; são denominados,
respectivamente, de axônio periférico e axônio central. São os neurônios sensoriais
que transmitem os impulsos nervosos da periferia para a medula espinhal.
4) Multipolar: possui mais de dois prolongamentos que saem do corpo celular, os den-
dritos e o axônio, sendo a maioria dos neurônios do sistema nervoso.
Todos esses neurônios podem ser observados na Figura 2.

Fonte: Lundy-Ekman (2004, p. 29).


Figura 2 Desenho esquemático dos tipos de neurônios: (A) bipolar, (B) pseudounipolar, (C) Multipolar, (D) Mulitpolar do cerebelo,
(E) interneurônio.

As células da glia estão localizadas entre os neurônios e não são capazes de gerar impulsos
nervosos, mas proporcionam suporte estrutural e funcional para os neurônios. Acredita-se que
há cerca de 10 células da glia para cada neurônio. Outras funções relacionadas a essas células,
além de suporte, são as de sustentação e defesa do sistema nervoso, revestimento ou isolamen-
to das fibras nervosas e modulação da atividade neuronal.
Os tipos de neuroglia encontrados no sistema nervoso central são os astrócitos, os oli-
godendrócitos, as células ependimárias e as micróglias. No sistema nervoso periférico, encon-
tram-se as células de Schwann. As principais características e funções de cada uma dessas célu-
las são brevemente estudadas a seguir:
1) Astrócito: são as maiores células gliais, com o formato de estrela, possuindo diversos
prolongamentos, cujas funções estão relacionadas com as trocas metabólicas entre
neurônios e sangue, oferecendo, também, uma barreira adicional, denominada bar-
reira hematoencefálica para a defesa do sistema nervoso. Os astrócitos sintetizam im-
portantes substâncias para o metabolismo neuronal e removem do meio extracelular
os restos celulares, excessos de neurotransmissores e íons (Figura 3a).
2) Oligodendrócito: são menores que os astrócitos e possuem poucas ramificações e
prolongamentos. Estão dispostas em fileiras entre os neurônios e são responsáveis
pela produção e manutenção da bainha de mielina, bainha protetora que envolve os
neurônios e aumenta a velocidade da condução nervosa (Figura 3b).
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 161

3) Células ependimárias: são as células que revestem as cavidades ventriculares do en-


céfalo e do canal medular. Suas funções estão envolvidas com a produção e com o
movimento do líquor (líquido encefalorraquidiano).
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O líquor é um fluido aquoso e incolor cuja função é proteção mecânica do sistema nervoso central.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
4) Micróglias: são as menores das células gliais e sua função é fagocitar resíduos e es-
truturas danificadas do sistema nervoso central, tendo, portanto, função de defesa do
tecido nervoso.
5) Células de Schwann: são células que envolvem os axônios do sistema nervoso peri-
férico, sendo responsáveis pela formação da bainha de mielina desse sistema (Figura
3b).
Os neurônios cujos axônios são revestidos pela bainha de mielina são denominados de
mielínicos, e os que não apresentam mielina são denominadas amielínicos. A bainha de mielina
é interrompida entre cada célula de Schwann (SNP) e cada prolongamento do oligodendrócito
(SNC) pelo Nódulo de Ranvier. Sua função é promover isolamento elétrico das fibras, aumentan-
do a velocidade da condução nervosa de tal modo que o impulso nervoso em uma fibra mielíni-
ca seja conduzido cerca de 100 vezes mais rápido do que na fibra amielínica. O impulso nervoso
é passado de um nódulo de Ranvier para outro, como se saltasse, sendo, portanto, chamado de
condução saltatória.
a) b)

Fonte: Lundy-Ekman (2004, p. 22-23).


Figura 3 Desenho esquemático das células da glia (A) astrócito e (B) Oligodendrócito (A) e Células de Schwann (B).

A observação macroscópica do sistema nervoso central permite-nos identificar a presença


de uma parte clara, denominada substância branca, e uma mais escura, denominada substância
cinzenta. A substância branca é composta de células da glia e axônios mielinizados responsáveis
por sua coloração branca. A substância cinzenta é composta pelos corpos de neurônios, os pro-
longamentos iniciais dos axônios e células da glia.
Bem, agora que você já revisou o tecido nervoso, podemos falar um pouco sobre o desen-
volvimento embriológico do sistema nervoso para melhor a compreensão de suas funções e das
partes constituintes desse sistema.

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162 © Anatomia Humana Geral

Logo após a fecundação, isto é, o encontro do espermatozoide com o óvulo, inicia-se uma
série de divisões mitóticas, formando o blastocisto, até o final da primeira semana. Durante a
segunda e a terceira semana, as células externas do blastocisto penetram no endométrio do
útero para formarem a placenta e suas células internas darão origem aos três folhetos embrio-
nários de onde se formarão todas as estruturas componentes do corpo humano, os folhetos são:
endoderma, mesoderma e ectoderma.
O endoderma é o folheto mais interno e dará origem aos órgãos do trato digestório, fígado
pâncreas, órgãos do sistema respiratório. Do mesoderma originam-se a derme (camada interna
da pele), os músculos esqueléticos, os ossos e os órgãos do sistema excretor e do sistema cir-
culatório. Por fim, do ectoderma vão se originar os órgãos sensoriais, a epiderme (camada mais
externa da pele) e o sistema nervoso, nosso maior interesse no momento.
Se voltarmos ao começo desta unidade, recordaremos que a função do sistema nervoso
é adaptar o animal ao meio externo através dos estímulos que percebe; então, não é por acaso
que ele se origina do folheto embrionário mais externo, o ectoderma. Portanto, o sistema ner-
voso começa a se desenvolver a partir da terceira semana de gestação, por volta do 19° dia.
O primeiro evento indicando que o sistema nervoso está se formando é o espessamento
da porção central do ectoderma, formando a placa neural, que vai se desenvolvendo e dá ori-
gem ao sulco neural, o qual se aprofunda mais e forma a goteira neural, cujas bordas se fecham
superiormente para formar o tubo neural, de onde se originam todos os elementos do sistema
nervoso central. As bodas da goteira neural que não se fecharam no tubo neural se encontram
com o ectoderma que não se diferenciou e formam uma lâmina longitudinal denominada crista
neural, que dará origem aos elementos do sistema nervoso periférico. Inicialmente, as cristas
neurais são contínuas, porém, durante o seu desenvolvimento, fragmentam-se para formar os
gânglios e os nervos espinhais. Observe as fases do desenvolvimento embrionário nas Figuras
4 e 5.

Figura 4 Desenho esquemático do início da formação do sistema nervoso.


© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 163


Figura 5 Desenho esquemático da formação do tubo neural.

Enquanto isso, o tubo neural continua seu desenvolvimento e sua extremidade superior
dilata-se mais para formar o encéfalo, enquanto sua extremidade caudal se desenvolve em me-
nor ritmo para formar a medula espinhal. O encéfalo primitivo apresenta, inicialmente, três
dilatações, denominadas prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. Vejamos, a seguir, como
essas dilatações se desenvolvem e quais estruturas dão origem:
• Prosencéfalo: durante o crescimento, desenvolvem-se duas massas laterais despropor-
cionalmente, de maneira que recobre a porção central. As massas laterais são denomi-
nadas telencéfalo e a porção central diencéfalo, compondo o cérebro, que ocupará a
maior parte da cavidade craniana.
• Mesencéfalo: continua se desenvolvendo sem originar outra parte. É um dos compo-
nentes do tronco encefálico.
• Rombencéfalo: durante o desenvolvimento, ele se dividirá em metencéfalo e mielen-
céfalo. Do metencéfalo, originam-se a ponte e o cerebelo, e, do mielencéfalo, o bulbo.
A ponte e o bulbo também fazem parte do que chamamos de tronco encefálico.
Quando o tubo neural se fechou, havia um canal em seu interior, denominando canal
neural, que permanece por todo o desenvolvimento e após o nascimento, fazendo-se presente,
assim, por toda a vida, passando a constituir os ventrículos no encéfalo e o canal central da me-
dula espinhal. No interior desses ventrículos, está circulando o líquido encefalorraquidiano ou,
simplesmente, o líquor.
Observe, na Figura 6, a demonstração de todas as estruturas que compõem o sistema
nervoso central após seu desenvolvimento.

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164 © Anatomia Humana Geral

Figura 6 Desenho esquemático do sistema nervoso central após sua formação.

6. DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO


O sistema nervoso é anatomicamente dividido em: sistema nervoso central (SNC) e siste-
ma nervoso periférico (SNP).
O sistema nervoso central é a porção central mediana, que está alojada no crânio e no
interior do canal vertebral, também chamado de neuroeixo. É formado pelo encéfalo, composto
pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico e pela medula espinhal.
O sistema nervoso periférico é a parte que está fora do neuroeixo, sendo composto pelos
nervos, gânglios espinhais e terminações nervosas.
Acompanhe, no esquema a seguir, toda a formação do sistema nervoso:
Telencéfalo
Cérebro
Encéfalo Diencéfalo

Cerebelo

SNC Mesencéfalo
Tronco encefálico Ponte
Bulbo
Medula espinhal

Nervos espinhais
SNC Nervos cranianos
Gânglios
Terminações nervosas

Além dessa divisão anatômica, não podemos deixar de falar da divisão funcional do siste-
ma nervoso, o qual é dividido em sistema nervoso somático e sistema nervoso visceral.
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 165

O sistema nervoso somático controla os movimentos voluntários, através de suas fibras


eferentes, e, também, a sensibilidade da pele e estruturas articulares do corpo, através das fi-
bras aferentes; assim, pode-se dizer que ele adapta o indivíduo ao meio externo. O SNC e SNP
podem ser funcionalmente inseridos nesse sistema nervoso somático. No entanto, o sistema
nervoso visceral cuida do meio interno, isto é, das vísceras. Também apresenta fibras aferentes,
que transmitem as sensações viscerais (dor, fome e plenitude gástrica) e fibras eferentes que
levam os impulsos motores até o músculo liso, o músculo cardíaco e as glândulas. Os compo-
nentes eferentes do sistema nervoso visceral formam o sistema nervoso autônomo, simpático e
parassimpático, cujas características veremos nos próximos parágrafos.

7. SISTEMA NERVOSO CENTRAL


O sistema nervoso central, como foi dito anteriormente, é composto pelo encéfalo e pela
medula espinhal, que estão alojados no interior da cavidade craniana e do canal vertebral, res-
pectivamente. O encéfalo, por sua vez, é composto pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico,
cujas características e funções veremos a partir de agora.

Cérebro
O cérebro é a parte superior do SNC, e não só pela topografia, mas também pelas suas
nobres funções. Ele é composto pelo telencéfalo e pelo diencéfalo, que juntos ocupam cerca de
80% da cavidade craniana.
O telencéfalo desenvolve-se bem mais do que o diencéfalo, constituindo os chamados
hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, que são divididos incompletamente pela fissura lon-
gitudinal. O diencéfalo fica encoberto pelos hemisférios cerebrais, em posição mediana, e é
subdividido em: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. Vamos, agora, estudar separada-
mente a estrutura e a função de cada uma dessas partes do cérebro.
Telencéfalo
Como já foi dito, o telencéfalo forma duas massas laterais volumosas, conhecidas por he-
misférios cerebrais, que são incompletamente divididos pela fissura longitudinal em hemisfério
direito e hemisfério esquerdo, ligados internamente por uma massa de substância branca c
onhecida por corpo caloso. Esses hemisférios são divididos em lobos que recebem os nomes
dos ossos do crânio com que se relacionam; assim, temos os lobos: frontal, parietal, occipital e
temporal, que podem ser vistos na Figura Na superfície externa dos lobos, existe uma camada
de substância cinzenta, conhecida por córtex ce-
rebral, que é a sede de processamento de todos
os estímulos que chegam até o cérebro. É no cór-
tex cerebral que interpretamos os estímulos e
identificamos os sons, os objetos, os cheiros e to-
dos os outros estímulos e, também, é onde se ini-
ciam os comandos motores para os músculos.
Para aumentar a superfície cortical, mas
sem aumentar o volume cerebral e, consequen-
temente, a cavidade craniana, o cérebro humano
apresenta relevos limitados por depressões. Esses
relevos são chamados de giros e as depressões Figura 7 Desenho esquemático dos lobos cerebrais.

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166 © Anatomia Humana Geral

são os sulcos, que são como dobras do cérebro. Cerca de dois terços do córtex estão encobertos
nesses sulcos. Os giros e os sulcos geralmente recebem o nome referente à posição em que se
encontram dentro de cada lobo; assim, temos os giros frontais superior, médio e inferior, se-
parados pelos sulcos superior e inferior. No lobo temporal, ocorre da mesma maneira. O lobo
occipital e o parietal possuem lóbulos, que são formados por mais de dois giros.

Os principais sulcos cerebrais são: o sulco central, o sulco lateral, o sulco parieto-occipital
e o sulco calcarino.
O sulco central separa o lobo frontal do pa-
rietal, mas, na verdade, sua importância é ainda
maior quando dizemos que ele separa as duas prin-
cipais áreas, a sensitiva e a motora, do SNC. A área
motora primária fica no giro pré-central, localizada
anteriormente ao sulco central, no lobo frontal. Em
contraponto, a principal área sensitiva, conhecida
por área somestésica, fica no giro pós-central, pos-
terior ao sulco central, no lobo parietal. Observe
essas áreas na Figura O sulco lateral separa o lobo
temporal dos lobos frontal e parietal e nas suas Figura 8 Desenho esquemático dos giros pré-central e pós-
bordas está localizada a área da audição. O sulco central, e dos sulcos central e lateral.
parieto-occipital separa o lobo parietal do lobo oc-
cipital, mais precisamente os lóbulos pré-cúneo, anterior ao sulco, e cúneo, posterior. Por fim, o
sulco calcarino é visto na face medial do lobo occipital, constituindo o limite posterior do cúneo,
e onde está a área da visão (Figura 9).

Fonte: Sobotta (1995, p. 279, v. 1).


Figura 9 Desenho esquemático dos giros e sulcos do telencéfalo.

A análise interna dos hemisférios cerebrais permite-nos identificar uma área de substância
cinzenta externa, o córtex cerebral, que acabamos de estudar, uma área de substância branca,
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 167

conhecida por centro branco medular, e, mais profundamente, encontramos núcleos de subs-
tância cinzenta conhecidos por núcleos da base (Figura 10).
O centro branco medular consiste em feixes de fibras nervosas que conectam as diversas
áreas cerebrais ou o córtex às áreas abaixo dele. O mais espesso feixe de fibras é o corpo calo-
so, que conecta o hemisfério direito ao hemisfério esquerdo. No entanto, o mais importante é
denominado cápsula interna, passando entre os núcleos da base e o diencéfalo, formado por
fibras que levam os estímulos sensoriais até o córtex e trazem os impulsos nervosos do córtex
para as áreas subcorticais.
Os núcleos da base são núcleos de neurônios, localizados abaixo do córtex cerebral, com
a função de controle da resposta motora, participando do planejamento e execução do ato
motor. Os principais núcleos da base são: claustro, núcleo caudado, putâmen e globo pálido,
sendo que os dois últimos também são conhecidos por núcleo lentiforme. O núcleo caudado e
o núcleo lentiforme formam o corpo estriado, a estrutura basal mais importante. A doença de
Parkinson ocorre devido à degeneração dos neurônios dopaminérgicos do corpo estriado.

Córtex cerebral

Centro branco
medular

Núcleos da base

Fonte: Sobotta (1995, p. 315, v. 1).


Figura 10 Estrutura interna do cérebro.

Diencéfalo
O diencéfalo é a parte do cérebro que está encoberta pelos hemisférios cerebrais, sendo
visível somente na face inferior do cérebro. É subdividido em tálamo, hipotálamo, epitálamo e
subtálamo.
O tálamo é formado por duas massas de substância cinzenta, localizadas uma de cada lado
do cérebro. É constituído de vários núcleos, cuja função é receber e integrar os diversos impul-
sos sensitivos provenientes da periferia, como o tato, a dor e a pressão, assim como os estímulos
visuais e auditivos e, após o processamento, enviá-los para as áreas corticais específicas (Figura
11).
O hipotálamo está localizado abaixo do tálamo, do qual está separado pelo sulco hipotalâ-
mico, e, embora seja uma área bem pequena, é uma das mais importantes do SNC, pois está
relacionada com o controle hormonal e visceral, buscando a manutenção da homeostasia (equi-
líbrio das funções orgânicas). Ao hipotálamo pertence a hipófise, estrutura nervosa que contro-
la a secreção de todos os hormônios. Dentre as diversas funções do hipotálamo, podemos citar:

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168 © Anatomia Humana Geral

regulação da temperatura corporal, controle da ingestão de alimentos e água e da eliminação de


água pela urina (diurese), comportamento sexual e emocional, entre outras (Figura 11).
O epitálamo está localizado posteriormente ao tálamo, sendo sua estrutura mais visível à
glândula pineal, cuja função é o controle do crescimento de gônadas. O subtálamo é a porção de
difícil visualização e está localizada na transição do diencéfalo com o mesencéfalo; sua função
está relacionada com a regulação motora dos movimentos corporais.

Tálamo

Hipotálamo
Fonte: Sobotta (1995, p. 275, v. 1).
Figura 11 Diencéfalo.

Cerebelo
O cerebelo está situado abaixo do cérebro e posteriormente ao tronco encefálico, ao qual
está conectado através dos pedúnculos cerebelares superior, médio e inferior. Por esses pe-
dúnculos, o cerebelo recebe e envia seus impulsos nervosos às áreas subcorticais e à medula
espinhal. A sua anatomia interna é semelhante ao cérebro, sendo constituído por um córtex e
uma área branca, conhecida por corpo branco medular do cerebelo, onde estão localizados os
núcleos do cerebelo (Figura 12).
Anatomicamente, o cerebelo é dividido em uma porção central, conhecida por verme, e
duas laterais, conhecidas por hemisférios cerebelares, cuja superfície apresenta diversas fissu-
ras que formam as folhas do cerebelo. Dessas fissuras, duas delas se aprofundam para dividir
o cerebelo em três lobos. Assim, a fissura prima separa o lobo anterior do lobo posterior, e a
fissura póstero-lateral separa o lobo posterior do lobo flóculo-nodular. Em uma vista medial, o
córtex e o corpo medular do cerebelo têm a aparência de uma árvore; daí foi dado ao cerebelo
o nome de árvore da vida. No entanto, as funções do cerebelo são importantes para o controle
da postura e do equilíbrio, sendo o responsável pela coordenação da atividade motora do corpo,
tornando os movimentos mais harmônicos.
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 169

Verme Pedúnculo cerebelar superior

Pedúnculo cerebelar médio

Lobo flóculo-nodular

Pedúnculo cerebelar inferior


Hemisférios cerebelares
Fonte: Sobotta (1995, p. 294, v. 1).
Figura 12 Cerebelo.

Tronco encefálico
O tronco encefálico é a parte do SNC que está interposta entre o cérebro e a medula es-
pinhal, mas não serve somente para comunicar essas partes. Suas funções são importantes e
estão relacionadas com o controle de dez dos 12 pares de nervos cranianos, além de regular as
atividades viscerais mais importantes relacionadas com a respiração e a circulação. É dividido
em três partes: o mesencéfalo, a ponte e o bulbo (Figura 13). O mesencéfalo está abaixo do
diencéfalo, o bulbo é a parte mais caudal que continua com a medula espinhal, e a ponte está
entre as duas partes citadas.
O bulbo é também chamado de medula oblonga, devido à sua relação com a medula
espinhal; porém, a disposição das substâncias branca e cinzenta entre as duas estruturas são
diferentes. No bulbo, a substância cinzenta está organizada em núcleos, sendo um dos princi-
pais o núcleo olivar, que participa da regulação da atividade motora e delimita uma elevação na
superfície lateral de cada lado do bulbo, denominada oliva bulbar. Em sua face anterior, encon-
tramos duas saliências chamadas pirâmides bulbares, onde cerca de 80% das fibras que estão
descendo do córtex cerebral cruzam para o lado oposto e descem pela medula espinhal. O local
onde ocorre o cruzamento das fibras corticais na pirâmide bulbar é chamado de decussação das
pirâmides e explica o fato de indivíduos sofrerem um acidente vascular encefálico (AVE) de um
lado e perderem os movimentos do lado oposto.
A ponte pode ser considerada realmente uma ponte de ligação entre as áreas corticais e
subcorticais, o cerebelo e a medula espinhal. Está localizada entre o mesencéfalo e o bulbo, do
qual é separada pelo sulco bulbopontino. Sua porção anterior é chamada de base da ponte e é
formada por feixes de fibras que se convergem para formar de cada lado o pedúnculo cerebelar
médio, por onde o cerebelo se comunica com o restante do sistema nervoso. Na ponte, também
são encontrados vários grupos de neurônios que recebem o nome de núcleos e por onde pas-
sam muitas fibras ascendentes e descendentes.
O mesencéfalo é a porção superior do tronco encefálico e é continuado superiormente
pelo diencéfalo. Contém muitos núcleos e feixes de fibras nervosas que sobem até o cérebro e
descem para a medula espinhal. Anteriormente, apresenta duas porções laterais denominadas
pedúnculos cerebrais, por onde passam as vias ascendentes e descendentes. A sua porção pos-
terior é denominada tecto de mesencéfalo. Internamente, os pedúnculos cerebrais são dividi-
dos em porção anterior, denominada base, e uma posterior, denominada tegmento, pela subs-
tância negra, que é uma faixa de substância cinzenta. No tegmento dos pedúnculos cerebrais,
encontram-se dois núcleos de substância cinzenta que, devido à sua coloração avermelhada,
são denominados de núcleos rubros (Figura 15). O tecto, por sua vez, possui quatro protuberân-

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170 © Anatomia Humana Geral

cias pequenas, denominadas, em conjunto, como corpos quadrigêmeos; porém, são funcional-
mente divididos em dois colículos superiores e dois colículos inferiores (Figura 14).
De modo geral, podemos dizer que o tronco encefálico não só serve de passagem paras
as inúmeras vias que ascendem e descendem no sistema nervoso, mas também possui vários
núcleos para os nervos cranianos ou que participam do controle dos movimentos voluntários.
Também não podemos deixar de falar do controle dos reflexos respiratórios e vasomotor exer-
cido por esses segmentos.

Mesencéfalo

Ponte

Bulbo

Fonte: Netter (2008, p. 114).


Figura 13 Tronco encefálico em vista anterior.

Corpos quadrigêmeos:
colículos superiores e
colículos inferiores

Fonte: Netter (2008, p. 115).


Figura 14 Tronco encefálico em vista posterior.
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 171

Fonte: Sobotta (1995, p. 287, v. 1).


Figura 15 Mesencéfalo em corte transversal.

Medula espinhal
A medula espinhal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso que ocupa incompletamente
o canal vertebral, tendo como limite superior o bulbo e terminando em nível da segunda vér-
tebra lombar (L2). À medida que vai se aproximando da coluna lombar, seu calibre vai se afuni-
lando para formar o cone medular, que continua com um filamento delgado de sua meninge
mais fina, a pia máter, que estudaremos a seguir, chamada de filamento terminal. Embora a
medula termine em nível de L2, suas raízes nervosas continuam descendo pelo canal vertebral
juntamente com o filamento terminal, constituindo a cauda equina.
A superfície externa da medula espinhal é caracterizada pela presença de sulcos que per-
correm longitudinalmente toda a sua extensão, que são: o sulco mediano posterior, a fissura
mediana posterior, os sulcos laterais posteriores e os sulcos laterais anteriores, que ficam nas
laterais do sulco mediano posterior e fissura mediana anterior, respectivamente. Esses sulcos
podem ser observados na Figura
Sulco mediano posterior

Sulco lateral posterior

Sulco lateral anterior


Fissura mediana anterior
Fonte: Sobotta (1995, p. 336, v. 1).
Figura 16 Medula espinhal.

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172 © Anatomia Humana Geral

Internamente, em corte transversal, a medula espinhal é constituída pela substância bran-


ca que circunda a substância cinzenta (Figura 17).
A substância branca da medula é formada pelas fibras que formam as vias ascendentes e
descendentes e são agrupadas em três colunas ou funículos: anterior, lateral e posterior. O funí-
culo anterior está localizado entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior de cada lado
da medula, e é formado, basicamente, pelas vias nervosas descendentes ou motoras. O funículo
lateral está localizado entre o sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior e nele encontram-se
vias ascendentes e descendentes. Por fim, o funículo posterior está localizado entre o sulco lateral
posterior e o sulco mediano posterior e é formado pelas vias ascendentes ou sensitivas. Na coluna
cervical, o funículo posterior é dividido em dois fascículos, o grácil e o cuneiforme, que são as duas
principias vias proprioceptivas dos membros superiores e inferiores.
A substância cinzenta é formada, basicamente, pelos corpos dos neurônios motores e cé-
lulas da glia, e, em cortes transversais, possui a forma da letra “H”, divididas em três colunas, a
anterior, a posterior e a lateral, que só é encontrada na medula torácica e lombar superior. Pela
coluna posterior, entram as fibras sensitivas provenientes dos nervos espinhais, enquanto, na
coluna anterior, estão os corpos dos neurônios motores, que irão constituir os nervos espinhais.
Portanto, podemos dizer que a coluna anterior é motora e a coluna posterior é sensorial.
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A sensibilidade proprioceptiva é a capacidade que temos de perceber a posição de nossas articulações sem preci-
sarmos de nossa visão. Assim, se fecharmos os olhos e alguém flexionar nosso joelho, por exemplo, somos capazes
de perceber essa flexão. A propriocepção é imprescindível para nossa locomoção.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O calibre da medula espinhal não é constante, pois apresentam duas dilatações, uma na
região cervical e outra na região lombar, denominadas intumescência cervical e intumescência
lombossacral, respectivamente. Essas intumescências correspondem aos locais de origem dos
nervos que formam os plexos nervosos que fazem a inervação dos membros superiores e infe-
riores. Na medula cervical está o plexo braquial, que inerva o membro superior, enquanto na
medula lombossacral está o plexo lombossacral, que inerva o membro inferior.
A medula espinhal é virtualmente dividida em 31 segmentos, dos quais partem as raízes
anteriores e posteriores que formarão os 31 pares de nervos espinhais.

Figura 17 Vista interna da medula espinhal.


© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 173

Meninges
O sistema nervoso central é revestido por três membranas conjuntivas de diferentes es-
pessuras, conhecidas por meninges. As meninges que envolvem o sistema nervoso são: dura-
máter, aracnoide e pia-máter.
A dura-máter é a mais externa, mais espessa e resistente das meninges. A dura-máter me-
dular envolve a medula e, inferiormente, ela forma o saco dural que reveste a cauda equina e o
filamento terminal e continua-se superiormente com a dura-máter craniana que possui algumas
diferenças, como a presença de dois folhetos.
A aracnoide está localizada entre a dura-máter e a pia-máter e é mais delgada que a dura-
máter.
A pia-máter é a mais delgada e a mais interna de todas, estando aderente ao tecido ner-
voso de tal modo que fica quase impossível separá-la dele. No término da medula espinhal, no
cone medular, a pia-máter continua-se para formar o filamento terminal.
Entre as meninges, existem os espaços: extradural, presente somente na medula espinhal,
sendo aquele que está entre o canal vertebral e a dura-máter; o subdural, entre a dura-máter
e a aracnoide; e o subaracnoide, entre a aracnoide e a pia-máter, sendo de grande importância
clínica, pois é o local onde está o líquor.
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Nas anestesias raquidianas, o anestésico é injetado no espaço subaracnoide por meio de uma agulha inserida entre
a segunda e terceira ou terceira e quarta vértebras lombares.
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8. SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO


O sistema nervoso periférico (SNP) é formado pelos nervos espinhais e cranianos, gânglios
e terminações nervosas, que podem ser um receptor ou uma junção neuroefetuadora.
De modo geral, a função do SNP é comunicar o SNC com o meio externo; assim, os estímu-
los sensoriais são captados pelos receptores e enviados pelos neurônios sensitivos até o SNC,
e, consequentemente, conduzir os impulsos motores gerados pelo SNC através dos neurônios
motores até a junção neuroefetuadora, promovendo a contração muscular.
Os nervos espinhais são aqueles que fazem conexão com a medula espinhal através de
duas raízes, a raiz anterior e a raiz posterior. A raiz anterior é formada pelas fibras eferentes ou
motoras, que têm origem na coluna anterior da medula espinhal e dirigem-se até os músculos
estriados esqueléticos para produzirem suas contrações. A raiz posterior é formada pelas fibras
aferentes ou sensitivas, que se iniciam em um receptor e conduzem as informações sensitivas
(dor, tato, pressão, temperatura e vibração) até a coluna posterior da medula espinhal. Os cor-
pos dessas fibras estão localizados nos gânglios espinhais, localizados bem próximos da medula
espinhal.
Há 31 pares de nervos espinhais, sendo oito cervicais, 12 torácicos, cinco lombares, cinco
sacrais e um coccígeo. Do quinto ao oitavo nervos cervicais e o primeiro torácico formam o ple-
xo braquial que inerva os músculos, a pele e as estruturas articulares dos membros superiores.
O plexo lombossacral é formado pelos nervos espinhais do segundo nervo lombar ao primeiro
coccígeo, que inerva os músculos, a pele e as articulações dos membros inferiores (Figura 18).
Os nervos cranianos (Figura 19) são os que fazem conexão com o encéfalo. Existem 12
pares de nervos cranianos, dos quais dez se conectam com o tronco encefálico e passam atra-

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174 © Anatomia Humana Geral

vés dos forames do crânio. Eles podem ser somente sensoriais, motores ou mistos, isto é, com
funções sensoriais e motoras, e são responsáveis pela inervação dos músculos, da pele e das
estruturas articulares da cabeça. Também são responsáveis pela condução de informações sen-
sórias relacionadas com os sentidos da visão, audição, olfato e paladar. Os 12 pares de nervos
cranianos são:
1) N. olfatório.
2) N. óptico.
3) N. oculomotor.
4) N. troclear.
5) N. trigêmeo.
6) N. abducente.
7) N. facial.
8) N. vestíbulo-coclear.
9) N. glossofaríngeo.
10) N. vago.
11) N. acessório.
12) N. hipoglosso.
Os gânglios podem ser divididos em espinhais, cranianos ou autonômicos. Os gânglios
sensoriais espinhais e cranianos são dilatações onde estão alojados os corpos dos neurônios
sensitivos. Os gânglios autonômicos também são dilatações irregulares presentes ao longo do
curso das fibras nervosas autonômicas e é o local onde o neurônio pré-ganglionar faz sinapse
com o neurônio pós-ganglionar.

Figura 18 Nervos espinhais.


© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 175

Figura 19 Nervos cranianos.

9. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO


O sistema nervoso autônomo é o responsável pela inervação motora dos órgãos (músculo
liso e cardíaco) e das glândulas, como, por exemplo, coração, tubo digestório, glândulas sudo-
ríparas etc. É subdividido em sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático
(Figura 20), que, além da diferença funcional, estruturalmente, apresenta dois neurônios em
sua constituição, o neurônio pré-ganglionar e o neurônio pós-ganglionar. O neurônio pré-gan-
glionar tem origem na coluna lateral da medula espinhal e vai até o gânglio autonômico, onde
faz sinapse com o neurônio pós-ganglionar, que sai do gânglio e vai até a parede dos órgãos e
glândulas.
O sistema nervoso simpático é formado pelos neurônios eferentes que têm origem na co-
luna lateral da medula espinhal desde o primeiro segmento torácico até o segundo lombar; por

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176 © Anatomia Humana Geral

isso, é também denominado de toracolombar. Estruturalmente, o sistema nervoso simpático


apresenta fibras pré-ganglionares curtas e pós-ganglionares longas.
É amplamente distribuído por todo o corpo e participa da inervação do coração, dos pul-
mões, do tubo digestório (estômago, intestino delgado e intestino grosso), do fígado, do pâncre-
as, dos órgãos genitais, dos vasos sanguíneos, das glândulas salivares, das glândulas sudoríparas
e do m. ereto de pêlos dos membros e do tronco. De maneira geral, podemos dizer que o siste-
ma nervoso simpático prepara o organismo para uma emergência (luta ou fuga). Dessa forma,
se o indivíduo for exposto a uma situação aversiva, o sistema nervoso simpático irá promover o
aumento da frequência cardíaca e respiratória, o aumento da pressão arterial e a redistribuição
de sangue para aumentar a disponibilidade de oxigênio e nutrientes para os músculos esque-
léticos, cardíaco e encéfalo. Além disso, provoca, também, a dilatação da pupila, a inibição do
músculo liso, dos intestinos e da parede vesical (bexiga urinária), o fechamento dos esfíncteres,
sudorese e os pêlos ficam eriçados.
O sistema nervoso parassimpático é formado por fibras que se conectam com o tronco
encefálico e com a medula sacral; por isso, podemos dizer que é crânio-sacral. De sua porção
cranial, o principal componente é o nervo vago, responsável pela inervação parassimpática das
vísceras torácicas e abdominais; porém, também fazem a inervação da cabeça (olhos e glândulas
salivares e glândula lacrimal) pelos nervos oculomotor, facial e glossofaríngeo. Sua porção sacral
emerge da medula espinhal do segundo, terceiro e quarto segmento sacral e faz a inervação das
vísceras abdominais e pélvicas, como o coração, tubos respiratórios, estômago, fígado, pâncre-
as, intestinos (delgado e grosso), bexiga urinária e, também, os órgãos genitais. Apresenta as
fibras pré-ganglionares longas e pós-ganglionares curtas, diferentemente do simpático.
Enquanto o sistema nervoso simpático ativa o organismo, o parassimpático tem a função
de repor e conservar energia; assim, ele produz uma redução dos batimentos cardíacos e da
frequência respiratória, aumenta o peristaltismo, relaxa os esfíncteres e contrai as pupilas, na
tentativa de voltar o organismo ao seu funcionamento basal.

Figura 20 Esquema dos órgãos inervados pelo sistema nervoso autônomo, simpático e parassimpático.
© Fundamentos de Neuroanatomia – Sistema Nervoso 177

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Sugerimos, neste tópico, que você procure responder às questões a seguir, que tratam da
temática desenvolvida nesta unidade, bem como que as discuta e as comente. A autoavaliação
pode ser uma ferramenta importante para testar seu desempenho.
1) Quais as células que compõem o tecido nervoso e quais as suas funções?

2) Quais as divisões do sistema nervoso?

3) Quais os componentes do sistema nervoso central e periférico?

4) Quais os componentes do sistema nervoso autônomo e suas funções?

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Nesta unidade, tivemos a oportunidade de estudar brevemente o mais complexo e pri-
mordial dos sistemas componentes do organismo humano, o sistema nervoso. Ele é, anatomica-
mente, dividido em sistema nervoso central e periférico e, funcionalmente, em sistema nervoso
visceral e sistema nervoso somático. O sistema nervoso central é o que forma o neuroeixo,
estando localizado no interior do crânio e do canal vertebral, e é constituído pelo encéfalo e me-
dula espinhal. O encéfalo, por sua vez, é formado pelo cérebro, tronco encefálico e cerebelo. O
cérebro é composto pelo teléncefalo e diencéfalo, sendo responsáveis por funções superiores,
como pensamentos, memórias, inteligência e comportamento emocional. Além disso, o dien-
céfalo apresenta importantes funções de homeostase através do hipotálamo e de integração
dos impulsos nervosos pelo tálamo. O tronco encefálico é composto pelo mesencéfalo, ponte
e bulbo, cujas funções são as de servir de passagem para as vias ascendentes e descendentes,
além de possuir inúmeros núcleos com funções diversas, como controle respiratório, vasomotor
e núcleos dos nervos cranianos. O cerebelo é primordial para a execução de movimentos coor-
denados e da manutenção da postura e do equilíbrio.
A medula é a parte caudal do sistema nervoso central e faz a conexão com o sistema ner-
voso periférico, através dos nervos espinhais, cuja função é transmitir os impulsos sensoriais até
a medula espinhal e os motores até os músculos.
Funcionalmente, o sistema nervoso é dividido em somático, que adapta o indivíduo ao
meio externo, e visceral, que regulariza o meio interno. Ambos possuem fibras aferentes e efe-
rentes, porém sua diferença maior está no componente eferente, sendo que, no sistema nervo-
so somático, a fibra eferente termina no músculo estriado esquelético, realizando sua contra-
ção, enquanto, no sistema nervoso visceral, termina no músculo liso, no músculo cardíaco e nas
glândulas, constituindo o sistema nervoso simpático e parassimpático.
Portanto, podemos concluir que nenhum dos sistemas que compõem o organismo hu-
mano poderia sobreviver sem a presença do sistema nervoso, uma vez que ele é o responsável
pelas contrações musculares, permitindo nossos movimentos e, também, o funcionamento de
todas as nossas vísceras.

12. E-REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 – Divulgação - Desenho esquemático dos neurônios e seus componentes. Disponível em: <http://www.passeiweb.
com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/biologia/biologia_animal/sistema_nervoso/sist_nervoso>. Acesso em: 16 dez. 2010.

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178 © Anatomia Humana Geral

Figura 4 – Divulgação - Desenho esquemático do início da formação do sistema nervoso. Disponível em: <http://www.forp.usp.
br/mef/embriologia/geral.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 5 – Divulgação - Desenho esquemático da formação do tubo neural. Disponível em: <http://www.forp.usp.br/mef/
embriologia/geral.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 6 – Divulgação - Desenho esquemático do sistema nervoso central após sua formação. Disponível em: <http://www.
guia.heu.nom.br/cerebro.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 7 – Divulgação - Desenho esquemático dos lobos cerebrais. Disponível em: <http://www.medicinageriatrica.com.
br/2007/05/22/saude-geriatria/acidente-vascular-cerebral-aspectos-clinicos/>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 8 – Divulgação - Desenho esquemático dos giros pré-central e pós-central. Disponível em: <http://auladeanatomia.com/
neurologia/telencefalo.htm>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 17 – Divulgação - Vista interna da medula espinhal. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Medulaespinal.GIF>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 18 – Divulgação - Nervos espinhais. Disponível em: <http://www.anafisiopilates.com.br/mobilizacao.php>. Acesso em:
16 dez. 2010.
Figura 19 – Divulgação - Nervos cranianos. Disponível em: <http://faballvet.blogspot.com/2007/05/nervos-cranianos.html>.
Acesso em: 16 dez. 2010.
Figura 20 – Divulgação - Vista interna da medula espinhal. Disponível em: <http://wwwvetmorfo2.blogspot.com/>. Acesso em:
16 dez. 2010.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


COSENZA, R. M. Fundamentos de neuroanatomia. ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 1998.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
LUNDY-EKMAN, L. Neurociência: fundamentos para reabilitação. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
MACHADO; A. B. M. Neuranatomia funcional. ed. Rio de janeiro: Atheneu, 1998.
NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 20
SOBOTTA. J. Atlas de anatomia humana. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 19v. 1 e
SOUZA, R. R. Anatomia para estudantes de educação física. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
SCHUNKE, M. et al. Prometheus. Atlas de anatomia: cabeça e neuroanatomia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 20

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