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GINÁSTICA GERAL

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD

Ginástica Geral – Prof.ª Dra. Eliana de Toledo Ishibashi e Prof.ª Ms. Andrea Desiderio da
Silva

Olá. Meu nome é Andrea Desiderio, sou licenciada em Educação


Física e bacharel em treinamento esportivo pela Unicamp, local que
fiz mestrado e onde participo do Grupo de Pesquisa em Ginástica
e do Grupo Ginástico Unicamp (GGU). Atualmente leciono na
Universidade São Judas Tadeu, no Centro Regional Universitário de
Espírito Santo do Pinhal.e na Escola do Sitio - Campinas/São Paulo.
Tenho experiência na área de Educação Física Escolar e disciplinas
relacionadas à área da Ginástica. Sou membro do Grupo de Estudos
e Pesquisa em Educação Física Escolar (GEPEFE) da Faculdade
de Educação da Unicamp. Desenvolvo trabalhos pedagógicos e
artísticos na área do circo e da ginástica desde a infância.

Caros alunos! Sou Eliana de Toledo e é uma alegria poder


lecionar para vocês a disciplina de Ginástica Geral, área que tanto
gosto e que há anos debruço minhas experiências, pesquisas
e docência. Sou licenciada em Educação Física, Bacharel em
Treinamento em Esportes e mestre em Educação Física pela
FEF/Unicamp, instituição onde faço parte do Grupo de Pesquisa
em Ginástica. Sou doutora em História pela PUC-SP, diretora da
Gímnica – Biblioteca Virtual de Ginástica (www.ginasticas.com/
gimnica) e atualmente leciono na Universidade São Judas Tadeu
– USJT/SP (na graduação e pós-graduação). Já atuei em vários
campos da ginástica: escolar, fitness, área competitiva (com foco
na Ginástica Rítmica – ginasta, técnica, árbitra etc.) e especialmente na Ginástica Geral
(ginasta e coordenadora de grupos – Unicamp e USJT, membro da comissão organizadora
de intercâmbios e eventos nacionais e internacionais etc.). Atuei e atuo em nível de
graduação (Fefisa, Metrocamp, Fia) e pós-graduação (Unicamp, FMU/Gama Filho e Fefisa)
como docente nessas áreas e em outras, como a História da Ginástica, Ginástica Laboral,
Fundamentos da Ginástica, Rítmica, Folclore, entre outras. Possuo várias publicações na
área da Ginástica, com destaque para oito capítulos e uma organização de livros, entre
outros artigos e trabalhos científicos que podem ser consultados na base de dados Lattes.
Gostaria, ainda, de dizer o quanto meus alunos foram importantes para meu aprendizado
nessa trajetória de quase 20 anos na Ginástica, portanto, espero que possamos compartilhar
e construir muitas experiências e saberes!
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
Eliana de Toledo Ishibashi
Andrea Desiderio da Silva

GINÁSTICA GERAL
Caderno de Referência de Conteúdo

Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013

796 T58g

Toledo, Eliana de
Ginástica geral / Eliana de Toledo, Andrea Desiderio – Batatais, SP :
Claretiano, 2013.
176 p.

ISBN: 978-85-67425-34-4

1. Aspectos históricos da ginástica geral e sua contextualização no universo da


ginástica, seu papel na Educação Física e sua relação com a escola. 2. Abordagem
de seu panorama na atualidade, seus conceitos, características e formas de
desenvolvimento na Educação Física escolar (aulas, eventos etc.). 3. Reflexões e
exemplos de sua prática na escola como instrumento de intervenção social. I.
Desiderio, Andrea. II. Ginástica geral.

CDD 796

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos

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SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO.............................................................................. 15
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 35

Unidade  1 – INTRODUÇÃO AO UNIVERSO DA GINÁSTICA


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 37
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 37
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 38
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 39
5 CONCEITOS DE GINÁSTICA ................................................................................. 41
6 O UNIVERSO DA GINÁSTICA (ÁREAS E TIPOS) .................................................... 47
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 54
8 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 55
9 E-REFERÊNCIA..................................................................................................... 56
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 56

Unidade  2 – A GINÁSTICA E A ESCOLA: ASPECTOS HISTÓRICOS


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 57
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 57
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 58
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 60
5 ASPECTOS HISTÓRICOS DA RELAÇÃO ENTRE GINÁSTICA E ESCOLA ................... 61
6 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................... 73
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 75
8 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 76
9 E-REFERÊNCIA..................................................................................................... 76
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 77

Unidade  3 – PANORAMA DA GINÁSTICA GERAL NA ATUALIDADE


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 79
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 79
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE..................................................... 80
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 80
5 PANORAMA DA GINÁSTICA GERAL..................................................................... 81
6 GINÁSTICA GERAL EM DIFERENTES CONTEXTOS................................................ 81
7 GINÁSTICA GERAL NO BRASIL E NO MUNDO...................................................... 83
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 97
9 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 98
10 E-REFERÊNCIAS................................................................................................... 98
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 99

Unidade  4 – GINÁSTICA GERAL – CONCEITOS, ASPECTOS PEDAGÓGICOS


E INTERVENÇÃO SOCIAL
1 OBJETIVOS........................................................................................................... 101
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 101
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 102
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 104
5 CONCEITOS DE GINÁSTICA GERAL....................................................................... 105
6 ASPECTOS PEDAGÓGICOS DO ENSINO DE GINÁSTICA GERAL............................. 110
7 A GINÁSTICA GERAL E A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA...................................... 111
8 INTERVENÇÕES SOCIAIS POR MEIO DA GINÁSTICA GERAL................................. 118
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 125
10 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 125
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 126

Unidade  5 – O PLANEJAMENTO DE AULAS EM GINÁSTICA GERAL:


OBJETIVOS, CONTEÚDOS E MÉTODOS
1 OBJETIVOS........................................................................................................... 129
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 129
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 130
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 131
5 OBJETIVOS – PARA QUE ENSINAR?..................................................................... 132
6 CONTEÚDOS – O QUE ENSINAR?........................................................................ 135
7 MÉTODOS – COMO ENSINAR?............................................................................ 142
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 151
9 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 152
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 152

Unidade  6 – A ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS DE GINÁSTICA GERAL


1 OBJETIVOS........................................................................................................... 153
2 CONTEÚDOS........................................................................................................ 153
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 153
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................... 155
5 ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS ESPORTIVOS E DE LAZER – ABORDAGENS
GERAIS ................................................................................................................ 155
6 ESPETÁCULOS...................................................................................................... 166
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................. 174
8 CONSIDERAÇÕES................................................................................................. 175
9 E-REFERÊNCIA..................................................................................................... 175
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 175
EAD
Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC

Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Aspectos históricos da ginástica geral e sua contextualização no universo da
ginástica, seu papel na Educação Física e sua relação com a escola. Aborda-
gem de seu panorama na atualidade, seus conceitos, características e formas
de desenvolvimento na Educação Física escolar (aulas, eventos etc.). Reflexões
e exemplos de sua prática na escola como instrumento de intervenção social.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Desde a década de 1980, a Educação Física escolar tem pas-
sado por transformações significativas. Uma delas refere-se à re-
flexão sobre a abordagem tecnicista nas aulas, muito utilizada na
década de 1970, com subsequentes propostas de novas aborda-
gens, entre elas a humanista.
Essa visão possibilitou um trato mais pedagógico à Educação
Física escolar, deslocando seu objetivo da performance esportiva
e detecção de talentos, para uma democratização das práticas cor-
porais, que deveriam ser vivenciadas por todos, de maneira praze-
10 © Ginástica Geral

rosa e mais significativa (dialogando com a realidade do aluno, da


escola e da comunidade).
Já na década de 1990, destaca-se a influência da abordagem
culturalista que propôs uma nova concepção acerca dos conteú-
dos da Educação Física escolar, que passaram a ser denominados
e compreendidos como manifestações da cultura corporal. Outra
transformação proporcionada por esse grupo de autores foi uma
proposta metodológica para o ensino dessas manifestações.
Mas, nesse movimento, onde estava situada a ginástica?
Como ela foi inserida no contexto escolar? Como foi conceituada
e concebida para as aulas? Quais são os reflexos desse processo
na atualidade? Quais são as tendências atuais na área da ginástica
para a Educação Física escolar? Esses e muitos outros question-
amentos pretendem ser respondidos, reelaborados e ressignifica-
dos em nossas aulas de Ginástica Geral.
Assim, neste Caderno de Referência de Conteúdo (CRC), o
objetivo será possibilitar a você, aluno, os conhecimentos básicos
acerca do universo da ginástica, com foco na ginástica geral, assim
como seu diálogo com o ambiente escolar e sua presença (e au-
sência) na Educação Física escolar.
Para atingir esse objetivo serão compostos de seis unidades
temáticas, que de maneira correlata poderão proporcionar uma vi-
são geral da área da ginástica e seu desenvolvimento na Educação
Física escolar, de maneira crítica e reflexiva, a partir das propostas
da ginástica geral.
E para imergi-lo nessa área tão presente na atualidade, com
estudos acadêmicos crescentes e de melhor qualidade, no entan-
to, ainda pouco presente nos planejamentos e nas "quadras" da
Educação Física escolar, é que este CRC se inicia com a unidade
temática "Introdução ao universo da Ginástica". Nela você poderá
conhecer os conceitos e os tipos de ginástica existentes, distin-
guindo suas características, fundamentos e objetivos, e identifi-
cando seus contextos de prática.
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

Tendo adentrado nesse universo, na Unidade 2, você terá


contato com a relação historicamente construída entre a ginástica
e a escola, compreendendo como elas coexistiram ao longo do
tempo no Brasil, pontuando seus papéis políticos e educacionais,
seus objetivos, suas práticas etc.
O contato com essa temática possibilitará a você um mel-
hor e maior entendimento acerca de uma realidade que se con-
stitui num eco de alguns desses processos históricos, assim como
poderá instrumentalizá-lo a fazer intervenções para o presente e
para o futuro, de maneira menos fragmentada, mais crítica e pro-
cessual.
A Unidade 3 visa contextualizá-lo na área da ginástica na atu-
alidade, oferecendo informações sobre seu panorama nacional e
internacional, e provocando reflexões sobre o que vem sendo de-
senvolvido no mundo e o que realmente se apropria e/ou se res-
significa no contexto brasileiro.
Tendo adentrado o universo da ginástica, a sua relação his-
toricamente construída com a escola e tendo uma visão de seu pa-
norama no cenário nacional e internacional, partimos para as es-
pecificidades da ginástica geral, compreendendo-a como a prática
mais adequada ao ambiente escolar e uma tendência na área da
ginástica. Assim, a Unidade 4 versa sobre os aspectos conceituais
e pedagógicos da ginástica geral, a partir dos estudos de diferentes
autores.
E à Unidade 5 cabe o desenvolvimento da ginástica na Edu-
cação Física escolar, oferecendo subsídios para o planejamento
das aulas.
Para finalizar, acreditando que a ginástica geral também
pode ser desenvolvida numa proposta interdisciplinar e de en-
volvimento com a comunidade, cujos cidadãos fazem parte do en-
torno da escola e da vida dos alunos (pais, amigos, vizinhos etc.), a
Unidade 6 dedica-se à organização de eventos de ginástica.

Claretiano - Centro Universitário


12 © Ginástica Geral

Para uma breve apresentação das unidades, e para um me-


lhor entendimento acerca da relação intrínseca existente entre elas,
apresentamos a seguir um texto da autora Eliana Ayoub (1996).

Ginástica Geral: um fenômeno


sociocultural em expansão no Brasil –––––––––––––––––––––
O objetivo central deste texto é refletir sobre o movimento da Ginástica Geral no
Brasil, questionando alguns equívocos que têm se verificado no seu processo
de expansão e ressaltando o trabalho do Grupo Ginástico Unicamp como uma
proposta de vanguarda para a Ginástica Geral brasileira, reconhecida internacio-
nalmente.
Apesar da escassa bibliografia específica de Ginástica Geral, é possível levantar-
mos algumas informações relevantes que possibilitem refletir sobre esse tema.
Iniciarei a discussão por um breve histórico a respeito da Ginástica Geral, pas-
sando em seguida para alguns acontecimentos que contribuíram para a sua ex-
pansão em nosso país, para, finalmente, abordar alguns equívocos que vêm
acompanhando esse processo.
Embora não se possa precisar quando a Ginástica nasceu, seu berço é, certa-
mente, a Europa – local do mundo onde ela é mais difundida e desenvolvida.
Segundo Alberto LANGLADE, o ano de 1800 é uma data muito indicada para
assinalar o nascimento da Ginástica atual, o qual foi possível devido a uma série
de circunstâncias históricas que propiciaram o aparecimento das primeiras sis-
tematizações sobre a Ginástica, através das "Escolas" Inglesa, Alemã, Sueca e
Francesa. Para o autor "Daí em diante, a ginástica evoluiu incessantemente, não
havendo alcançado ainda hoje formas definitivas" (1970, p.22)
A Ginástica Geral (GG) também tem sua origem na Europa e grande número de
adeptos nesse continente. A GG é proposta e difundida pela FIG, especialmente
por meio das Ginastradas Mundiais ("World Gymnaestrada"), e compreende a
esfera da Ginástica orientada para o lazer (FIG, 1993, p.3). Sem finalida-
de competitiva, ela se situa num plano diferente das modalidades gímnicas de
caráter competitivo – os esportes ginásticos, formalizados e institucionalizados,
como por exemplo: a Ginástica Artística, a Ginástica Rítmica Desportiva, a Gi-
nástica Aeróbica, o Trampolim Acrobático, a Ginástica Acrobática, as Rodas Gi-
násticas, entre outras.
De acordo com a Federação Internacional de Ginástica (FIG), além das manifes-
tações de caráter gímnico, a GG engloba ainda a dança, jogos e expressões
folclóricas nacionais. Seus objetivos são desenvolver a saúde, a condição física
e a integração social, assim como contribuir para o bem-estar físico e psicológico
de seus praticantes. A GG é considerada um fator sócio-cultural (FIG, 1993, p.3).
Devido à sua amplitude de possibilidades, a GG não determina limites em rela-
ção às metodologias gímnicas, idade, sexo, número e condição física ou técnica
dos participantes, tipo de música ou vestimenta, e proporciona uma infinidade de
experiências motrizes. Na GG não há "convenções" sobre o que ou como fazer
(desde que faça bem para quem está fazendo), o que possibilita uma adaptação
às características e interesses do próprio grupo e favorece uma ampla participa-
ção, fato que a situa como a forma mais abrangente de Ginástica.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Por tudo isso, a GG, cujo principal alvo de atenção é o ser humano que a pratica,
pode estimular a socialização, promovendo a integração entre as pessoas e grupos,
bem como o respeito pela cultura de cada povo, e desenvolver a criatividade e o sen-
tido de prazer, enfatizando o caráter lúdico da Ginástica. A ludicidade, a criatividade e
a liberdade de expressão são aspectos marcantes e determinantes na GG.
Estas características básicas da GG, organizadas aqui a partir de fontes diver-
sificadas, indicam o início de um longo caminho a ser percorrido para que esse
fenômeno sócio-cultural possa ser compreendido em profundidade naquilo que o
distingue e singulariza-o dentro do mundo vasto e complexo da Ginástica.
Considerar a Ginástica Geral como um fenômeno sócio-cultural significa estudá-
-la concretamente, enquanto processo e produto, no seu inter-relacionamento
com a sociedade e com a cultura – entendida no seu sentido mais amplo "(...)
como o conjunto de expressões humanas nascidas do processo de construção
coletiva criativa da existência social, que é fruto do diálogo humano com seu uni-
verso existencial, universo esse que se manifesta concretamente na sociedade
a partir das relações de poder travadas no confronto entre os diversos grupos da
sociedade." (AYOUB, 1993, p.31)
Foi no início da década de 1980 que a Ginástica Geral passou a ser alvo de maior
atenção no Brasil, especialmente devido ao empenho dos professores Carlos
Alcântara de Rezende (Minas Gerais) e Fernando Brochado (São Paulo). Desde
então, teve início o seu processo de expansão em nosso país, o qual vem se
acentuando nessa década.
Podemos assinalar como fatores significativos para a sua expansão:
- os Festivais Nacionais de Ginástica (FEGIN), realizados sob inspiração na
"World Gymnaestrada", de 1982 a 1992, na cidade de Ouro Preto – MG, sob a
coordenação do Prof. Carlos de Rezende;
- a criação de um Departamento de Ginástica Geral pela Confederação Brasileira
de Ginástica (CBG), com diretoria própria, em 1984, e a oficialização do FEGIN
pela CBG, como Festival Nacional de Ginástica Geral, em 1986;
- os Cursos de Ginástica Geral e os Festivais de Ginástica e Dança promovidos
pela Faculdade de Educação Física da UNESP, em Rio Claro, sob a coordena-
ção do Prof. Fernando Brochado, a partir de 1988;
- a realização da VII Gimnasiada Americada, em Mogi das Cruzes-SP, em 1990;
- o esforço da CBG em ampliar a divulgação e participação de grupos brasileiros
nas Ginastradas Mundiais.
As Ginastradas Mundiais ("World Gymnaestrada") são festivais Mundiais de Ginás-
tica Geral organizados pela FIG com o objetivo fundamental de promover um inter-
câmbio de idéias a respeito da variedade de enfoques dentro dos quais a Ginástica
é desenvolvida nos diferentes países. De acordo com o pensamento original do
seu idealizador, o holandês Jo Sommer, o elemento competitivo não está presente
nestes festivais, o que possibilita a participação de crianças a idosos, indepen-
dentemente do nível técnico, numa atmosfera de multiplicidade de formas e de
congraçamento entre os diferentes povos e culturas. É um evento em que se pode
apresentar livremente todas as formas, concepções e métodos de movimento, com
ou sem equipamentos extra, possibilitando suas idéias peculiares. Caracteriza-se
como um valioso espaço gímnico criado para as demonstrações (performances)
e não para a competição, em que se pode rever e examinar tudo o que existe no
mundo amplo e variado da Ginástica. Lugar irrestrito de encontro, de troca e de

Claretiano - Centro Universitário


14 © Ginástica Geral

festa, em que o potencial de cada país em relação aos diversos pontos de vista
sobre a ginástica são expostos e respeitados, o seu lema é o seguinte: "Os ganha-
dores da Gymnaestrada são os seus participantes". (KRAMER, 1991, p.7) Por tudo
isso, a "World Gymnaestrada" é, por excelência, o acontecimento internacional da
Ginástica Geral ou, em outras palavras, "La manifestation mondiale afficielle de la
Gymnastique Générale est la Gymnaestrada Mondiale". (FIG, 1993, p.3)
Em termos comparativos, especialmente com o continente europeu, a Ginástica
Geral é um elemento da cultura corporal muito pouco difundido aqui no Brasil.
Entretanto, o aumento significativo da participação brasileira nas Ginastradas
Mundiais (no ano de 1991, na "IX World Gymnaestrada", realizada em Amster-
dam-Holanda, 165 participantes, e no ano de 1995, na "X World Gymnaestrada",
realizada em Berlim-Alemanha, 662 participantes, sendo que pela primeira vez o
Brasil teve a oportunidade de realizar uma noite nacional independente, a "Noite
Brasileira" – em 1991, o Brasil participou conjuntamente com Portugal da "Noi-
te Luso-Brasileira") somado ao aumento da quantidade de festivais de GG em
âmbito loca, regional e nacional, demonstram que o movimento da GG no Brasil
vem ganhando maior número de adeptos, de modo geral em todo o país e mais
especificamente em algumas regiões como os estados de São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais.
Paralelamente a esta expansão, podemos verificar alguns equívocos que têm
acompanhado esse processo, os quais revelam a necessidade de uma compre-
ensão mais clara da Ginástica Geral por parte dos profissionais que vêm atuando
nessa área.
Em primeiro lugar, a GG tem sido tratada como sinônimo de apresentação ou
demonstração de ginástica ou dança. A grande maioria dos grupos que têm
participado dos eventos de GG são equipes de competição de modalidades espor-
tivas de Ginástica, ou grupos de dança de academias, que transformam e adaptam
os seus trabalhos em "espetáculos coreográficos de GG" para serem demons-
trados. A Ginástica geral aparece, então como conseqüência de outros trabalhos
específicos e não como fruto de um trabalho próprio de GG. Nesse sentido, ela é
vista apenas enquanto um produto, desconectada de um processo.
Outro ponto a ser considerado é que, em ambos os casos acima mencionados,
a participação nos eventos de GG parece funcionar como um meio para
compensar possíveis lacunas. De um lado, a restrita participação dos atletas
em competições, devido ao processo seletivo próprio do esporte competitivo e,
de outro, a falta de oportunidade de muitas academias de dança em participar de
eventos próprios de sua área, sob a alegação do baixo nível dos seus trabalhos,
encontram nos festivais de GG uma brecha para a participação. Nessa perspec-
tiva, os eventos de GG assumem uma responsabilidade "compensatória",
funcionando como uma espécie de "depósito" de trabalhos.
A amplitude de possibilidades e a abrangência da Ginástica Geral têm sido
um outro motivo de preocupação quando observamos alguns trabalhos apresen-
tados em eventos de GG, no que diz respeito à qualidade. A partir da crença de
que na GG tudo cabe, tudo é possível, abre-se um espaço para o "vale tudo",
onde a técnica correta para a execução de movimentos é, muitas vezes, deixada
de lado, colocando em risco a condição física dos participantes. É o "vale tudo"
em detrimento da qualidade.
E, finalmente, as Ginastradas Regionais, promovidas pela Delegacia de Esporte,
com objetivo competitivo, têm se constituído num grave equívoco, uma vez que
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

contrariam um dos princípios mais básicos e fundamentais da GG que é a sua


finalidade não competitiva. Institucionalizar a competição na Ginástica Geral
significaria destruir uma das suas características mais preciosas e, porque
não dizer, revolucionárias.
Esses equívocos acima explicitados certamente não são os únicos pontos a se-
rem discutidos dentro da complexidade que envolve esse tema. Minha intenção
é tão somente que essas reflexões sirvam como um "pontapé inicial" para um
"jogo/diálogo" a respeito da Ginástica Geral como um fenômeno sócio-cultural
em expansão no Brasil.
A proposta de trabalho do Grupo Ginástico Unicamp (um grupo de Ginástica
Geral da Faculdade de Educação Física da Unicamp, criado desde 1989 e co-
ordenado atualmente pelos professores Elizabeth P. M. de Souza e Jorge S. P.
Gallardo) caracteriza-se como um exemplo significativo de avanço na área e tem
se diferenciado e se destacado no cenário da GG, nacional e internacionalmente.
Seus objetivos básicos são proporcionar o aumento da interação social (através
de um trabalho de grupo, em que cada um dos participantes assume o papel de
socializar as suas experiências e expectativas individuais com todo o grupo),
estimular a utilização de recursos materiais tradicionais e/ou adaptados e criar
coreografias que possam servir de inspiração para outros trabalhos de GG, com
ênfase para a Educação Física Escolar (AYOUB, 1996).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Após essa introdução aos conceitos principais, apresentare-
mos, a seguir, no tópico Orientações para estudo, algumas orienta-
ções de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem
que poderão facilitar o seu estudo.

2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse
modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento
básico necessário a partir do qual você possa construir um refe-
rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência
cognitiva, ética e responsabilidade social.

Claretiano - Centro Universitário


16 © Ginástica Geral

Histórico da Ginástica e da Atividade Física


Os exercícios físicos fazem parte e confundem-se com a história
do homem. Sob considerações gerais, a prática do exercício físico tem
origem na pré-história, assume um papel fundamental na Antigüida-
de, é excluída da vida do homem na Idade Média, fundamenta-se na
Idade Moderna e somente foi sistematizada, através das diferentes
escolas de ginástica nos primórdios da Idade Contemporânea.
No homem pré-histórico a atividade física tinha papel re-
levante para sua sobrevivência, principalmente pela necessidade
vital de atacar e defender-se. O exercício físico de caráter utilitá-
rio e sistematizado de forma rudimentar, era transmitido através
das gerações e fazia parte dos Na Antigüidade, principalmente no
Oriente, os exercícios físicos aparecem nas várias formas de luta,
na natação, no remo, no hipismo, na arte de atirar com o arco,
como exercícios utilitários, nos jogos, nos rituais religiosos e na
preparação guerreira de maneira geral.
"Mente sã, corpo são". Há milhares de anos, os homens gre-
gos botavam em prática, o que hoje é teoria. Eles se reuniam em
ginásios, em centros culturais, apreciavam belas-artes, ouviam a
boa música, discutiam filosofia profunda e, para recrear-se, prati-
cavam ginástica. Nus. Platão e Aristóteles cultuavam essa rotina,
que ressaltava a beleza através dos movimentos do corpo.
Nasce então na Grécia, o ideal da beleza humana, o qual pode
ser observado nas obras de arte espalhadas pelos museus em todo
o mundo, onde a prática do exercício físico era altamente valorizada
como educação corporal em Atenas e como preparação para a guer-
ra em Esparta. O fato de ser a Grécia o berço dos Jogos Olímpicos,
disputados 293 vezes durante quase 12 séculos (776 aC-393 dC), de-
monstra a importância da atividade física nesta época.
Em Roma, o exercício físico tinha como objetivo principal a
preparação militar e num segundo plano a prática de atividades
desportivas como as corridas de carros e os combates de gladia-
dores que estavam sempre ligados às questões militares. Recorda-
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

ções das magníficas instalações esportivas desta época como as


termas, o circo, o estádio, ainda hoje impressionam quem os visita
pela magnitude de suas proporções.

Jogos, rituais e festividades


Mas, os cristãos, através do imperador romano Teodósio,
acabaram com o culto corporal: em 393 d.C., decretou o fim dos
Jogos Olímpicos antigos, em nome de Deus e da moral.
Assim, na Idade Média os exercícios físicos foram a base da
preparação militar dos soldados, que durante os séculos 11, 12
e XIII lutaram nas Cruzadas empreendidas pela igreja. Entre os
nobres eram valorizadas a esgrima e a equitação como requisitos
para a participação nas Justas e Torneios, jogos que tinham como
objetivo enobrecer o homem e fazê-lo forte e apto.
O exercício físico na Idade Moderna, considerada simboli-
camente a partir de 1453, quando da tomada de Constantinopla
pelos turcos, passou a ser altamente valorizado como agente de
educação. Com o Renascimento, houve a readoção dos ideais clás-
sicos. Vários estudiosos da época, entre eles inúmeros pedagogos,
contribuíram para a evolução do conhecimento da Educação Física
com a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fisiologia
e à técnica. E o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau conclui: "O
exercício tanto torna o homem saudável como sábio e justo". No
século 17, desenvolve-se a pedagogia da ginástica, com o sociólo-
go inglês sir John Locke e o pedagogo suíço Jean-Henri Pestalozzi.
A alemã, influenciada por Rousseau e Pestalozzi, teve como
destaque Johann Cristoph Friederick Guts Muths (1759-1839) con-
siderado pai da ginástica pedagógica moderna.
Jahn grande nacionalista alemão considerado o pai da ginás-
tica, foi o responsável pela propagação da ginástica em aparelhos
pelo mundo inteiro, uma vez que durante o bloqueio ginástico de
1820 a 1842 na Alemanha, diversos ginastas alemães emigraram
para o mundo inteiro difundindo a ginástica de Jahn.

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18 © Ginástica Geral

Separa-se, então, a expressão corporal dos exercícios de


treinamento de guerreiros da Antigüidade e ela passa a chamar-se
"ginástica olímpica". Em 1861, em sua estréia pública, em Berlim,
reúne 6 mil pessoas.
A partir daí surgiu um grande movimento de sistematização
da prática de exercícios, a Ginástica.
A denominação Ginástica, inicialmente utilizada como refe-
rência à todo tipo de atividade física sistematizada, cujos conteú-
dos variavam desde as atividades necessárias à sobrevivência, aos
jogos, ao atletismo, às lutas, à preparação de soldados, adquiriu a
partir de 1800 com o surgimento das escolas e movimentos ginás-
ticos, uma conotação mais ligada à prática do exercício físico.
Inúmeros métodos ginásticos foram sendo desenvolvidos
principalmente nos países europeus, os quais influenciaram e até
os dias de hoje influenciam, a Ginástica mundial e em particular a
brasileira. Dentre aqueles que tiveram maior penetração no Brasil
destacam-se as escolas alemã, sueca e francesa.
Nos tempos modernos e contemporâneos, a prática de exer-
cícios físicos passa pelo contexto de educação do homem como
unidade psicobiológicos.

Métodos Ginásticos
Calistenia
A calistenia representa uma série de exercícios localizados,
com fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos. Dada a sua mobili-
dade e simplicidade, adapta-se a qualquer tipo humano, podendo
ser considerada como uma ginástica eclética.
Modernamente, calistenia é uma série de exercícios físicos
executados sem aparelhos, com a finalidade de produzir saúde,
força, elegância e bem estar geral
© Caderno de Referência de Conteúdo 19

Os exercícios calistênicos afetam principalmente as grandes


massas musculares que colaboram na manutenção ereta do tronco
e facilitam as atividades dos órgãos vegetativos, base importante da
saúde, enquanto o corpo adquire uma atitude esbelta e natural.
Escola Alemã
a) Teve início do século 19.
b) Defesa da pátria, espírito nacionalista.
c) Desenvolvimento do corpo saudável a partir de "bases
científicas" (biologia, fisiologia, anatomia).
d) Movimento ginástico na Alemanha: nacionalista, ultra-
nacionalista, socialista e racista. Indivíduo = soldado.
e) Brasil: influência de imigrantes alemães. De 1860 a 1912,
foi o método oficial na Escola Militar. Nas escolas foi com-
batido por Rui Barbosa que preferia o Método sueco.

Escola Sueca
• Perh Henrik Ling (Pedro Enrique Ling), poeta e educador,
representa no campo das atividades físicas um nome in-
confundível. Sua obra "A Ginástica Sueca ou de Ling", evo-
luiu extraordinariamente, constituindo hoje em dia, um
verdadeiro monumento educacional.
Contrariando as ideias dominantes da época, estabeleceu
novos rumos à prática dos exercícios físicos, com o objetivo de re-
generar o povo sueco, minado pela tuberculose, o raquitismo e o
alcoolismo.
• Em 1808, a Suécia deu os primeiros passos da ginástica
escolar com um regulamento que determinou que em
todos os centros de educação fossem criadas condições
favoráveis para a prática de exercícios de escalada, saltos,
acrobacias, natação, etc., sob a direção de um monitor.
• Em 1826, um novo regulamento estabeleceu: "nenhum
jovem deve ser dispensado da ginástica, salvo se provar
que ela lhe é nociva".

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20 © Ginástica Geral

• Introduziu a utilização de salas amplas e padronizadas,


providas de equipamentos e materiais especiais para a
prática da Ginástica Sueca, dividida em 4 partes:
a) Ginástica pedagógica ou educativa: para atender a to-
das as pessoas. Desenvolver o indivíduo normal e har-
moniosamente. Saúde, vícios, enfermidades, postura.
b) Ginástica militar: preparar o guerreiro/soldado. Tiro,
esgrima.
c) Ginástica médica e ortopédica: curar certas enfermi-
dades.
d) Ginástica estética: beleza e graça ao corpo.
Brasil: Rui Barbosa e Fernando de Azevedo, defensores da
ginástica sueca de Ling.
Escola Francesa
a) Primeira metade do século 19.
b) Educação voltada para o desenvolvimento social - ho-
mem completo e universal. Todo cidadão tem direito à
educação.
c) Baseado nas idéias dos alemães Jahn e Guts Muths.
d) Visão de corpo anatomofisiológico, forte traço moral e
patriótico.

Classificação Geral da Ginástica


Ginástica é um conceito, que engloba modalidades compe-
titivas e não competitivas e envolve a prática de uma série de mo-
vimentos exigentes de força, flexibilidade e coordenação motora
para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental.
Atualmente podemos dividir a ginástica em cinco campos
de atuação: condicionamento físico, competitivas, terapêuticas ou
corretivas, de demonstração e de conscientização corporal.
As modalidades não-competivas, composta pelas ginásti-
cas de condicionamento físico ou Fitness, que englobam todas as
modalidades que possuem o objetivo final de adquirir e manter a
© Caderno de Referência de Conteúdo 21

condição física de um praticante ou de um atleta; pelas ginásticas


terapêuticas, que abarcam todas aquelas práticas responsáveis
pela utilização do exercício físico na prevenção ou tratamento de
doenças e as corretivas atuam sobre a postura; e pelas de conscien-
tização corporal, que reúnem as novas propostas de abordagem
do corpo, também conhecidas por técnicas alternativas ou Ginás-
ticas Suaves, que buscam solucionar problemas físicos, funcionais
e posturais, além da ginástica laboral e hidroginástica.
A ginástica de demonstração tem como principal função a
interação social e o compartilhamento do aprendizado e da evo-
lução gímnica. É representante deste grupo a Ginástica Geral, cuja
principal característica é a não-competitividade, tendo como fun-
ção principal a interação social isto é, a formação integral do indi-
víduo nos seus aspectos: motor, cognitivo, afetivo e social.
As modalidades competivas, que compõem o grupo de mo-
dalidades coordenado pela FIG (Federação Internacional de Ginás-
tica que é um órgão que tem como objetivo orientar, regulamentar,
controlar, difundir e promover eventos na área da Ginástica são 5:
Ginástica artística
(no Brasil, chamada também de olímpica)
Ginástica rítmica
Trampolim acrobático
Ginástica acrobática
Ginástica aeróbica

GA: suas competições dividem-se em duas submodalidades,


vistas pela FIG como modalidades diferentes e de igual importân-
cia às outras cinco: WAG (feminina) e MAG(masculina), com regras
e aparelhos distintos. Enquanto os homens disputam oito provas
- equipes, concurso geral, cavalo com alças, argolas, barras parale-
las, barra fixa, solo e salto -, as mulheres disputam seis - equipes,
individual geral, solo, trave e barras assimétricas. Os ginastas de-
vem mostrar força, equilíbrio, coordenação, flexibilidade e graça
(este último, unicamente na WAG).

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22 © Ginástica Geral

Em cada prova realizam-se dois conjuntos de exercícios, um


chamado de obrigatório e outro chamado de livre, criado pelo pró-
prio atleta. Para contagem dos pontos são levados em considera-
ção: dificuldade, combinação, originalidade e execução.
GR: 1996, tornou-se um esporte olímpico, e até 2000 era de-
nominada GRD.

Provas, aparelhos, arbitragem escolar


Trampolim Acrobático
Ainda que seu surgimento seja impreciso, é sabido que na
Idade Média os acrobatas de circo utilizavam tábuas de molas nas
suas apresentações e os trapezistas realizavam novos saltos a partir
do impulso realizado em uma rede de segurança. Contudo, apenas
no início do século 20, apareceram as performances realizadas em
"camas de pular", enquanto forma de entretenimento. Enquanto
esporte, o trampolim foi criado por George Nissen, em 1936, e ins-
titucionalizado como modalidade esportiva nos programas de Edu-
cação Física em escolas, universidades e treinamentos de militares.
Popularizado, é praticado por profissionais do esporte e amadores.
Como modalidade regida pela FIG, o trampolim consiste em
liberdade, vôo e espaço. Inúmeros mortais e piruetas são executa-
dos a oito metros de altura e requerem precisão técnica e preciso
controle do corpo. As competições são individuais ou sincroniza-
das para os homens e para as mulheres. São usados um e dois
trampolins para um ou dois atletas de performances parecidas que
devem executar uma série de dez elementos.
Tumbling
Modalidade integrante dos Jogos Olímpicos de Los Angeles -
1932, teve como primeiro campeão do mundo, o norte-americano
Rolando Wolf. Nas décadas de 1960 e 1970 o tumbling atingiu maior
popularidade na Europa Oriental, tendo gradualmente adquirido
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

presença na Europa Ocidental, Estados Unidos, Ásia e Austrália.


O tumbling é executado em uma pista elevada de 25 metros, que
ajuda os acrobatas dando uma propulsão que os elevam até altura
superior a de uma tabela de basquetebol. Durante a performance,
o ginasta deve sempre demonstrar velocidade, força e habilidade,
enquanto executa uma série de manobras acrobáticas. Mortais com
múltiplos saltos e piruetas serão executados sempre em busca de
uma performance próxima ao limite de altura e velocidade.
Duplo-mini
Considerado um esporte relativamente novo, o duplo-mini é
um misto do trampolim acrobático e do tumbling: combina a cor-
rida horizontal do tumbling com os saltos verticais do trampolim.
Depois de uma pequena corrida, o atleta salta sobre um trampolim
pequeno, duplamente nivelado, para executar um salto em um dos
níveis, ressaltando no segundo, seguido imediatamente por um ele-
mento que irá finalizar sobre o colchão de aterrissagem. Os tram-
polins modernos podem propulsar os atletas treinados tão alto,
que estes podem chegar até 5/6 metros durante as performances!
Durante duas séries competitivas de 10 habilidades cada, os atle-
tas de nível superior podem facilmente demonstrar uma bela or-
dem de saltos duplos, triplos quádruplos e piruetas.
Trampolim Sincronizado
Exige a mesma habilidade técnica que o trampolim indivi-
dual, porém soma-se a isso uma maior precisão de tempo na exe-
cução dos exercícios. São usados dois trampolins para dois atletas
de performances parecidas que devem executar uma série de 10
elementos ao mesmo tempo. Assim, artisticamente, cada um exe-
cuta como se fosse uma imagem de espelho do outro, dobrando a
beleza visual da competição de trampolim.
Ginástica Acrobática
Embora a acrobacia, enquanto prática, tenha desenvolvido-
-se durante o século 8º, devido ao surgimento do circo, as primei-

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24 © Ginástica Geral

ras competições do esporte datam do século 20, com o primeira


realizada em 1974.
Suas competições possuem cinco divisões: par feminino, par
masculino, par misto, trio feminino e quarteto masculino. As ro-
tinas são executadas em um tablado de 12x12 metros, em igual
medida ao da prática artística. Os acrobatas em grupo devem ex-
ecutar três séries: de equilíbrio, dinâmica e combinada. As séries
dinâmicas são mais ativas e com elementos de lançamentos com
vôos do ginasta. As de equilíbrio valorizam os exercícios estáticos.
Em níveis mais altos, a combinada é um misto das duas séries an-
teriormente citadas. Todas as apresentações são realizadas com
música, a fim de enriquecer os movimentos corporais.
Ginástica Aeróbica
Esta modalidade - elaborada por Kenneth Cooper - foi ini-
cialmente desenvolvida para o treinamento de astronautas. Mais
tarde, a iniciativa fora continuada por Jane Fonda, que expandiu o
programa técnica e comercialmente para se tornar a popular fit-
ness aerobics. Assim, a ginástica aeróbica surgiu no final da déca-
da de 1980 como forma de praticar exercícios físicos, voltada para
o público em geral. Pouco depois, tornou-se também um esporte
competitivo para ginastas de alto nível. Esta modalidade requer do
ginasta um elevado nível de força, agilidade, flexibilidade e coor-
denação. Piruetas e mortais, típicos da ginástica artística, não são
movimentos executados pela modalidade aeróbica. Seus eventos
são divididos em cinco: individual feminino e masculino, pares
mistos, trios e sextetos.
De acordo com a FIG, o Brasil é o país com o maior número
de praticantes da ginástica aeróbica, com mais 500 mil praticantes.
Estados Unidos, Argentina, Austrália e Espanha, são outros países
de práticas destacadas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25

Modalidades Demonstrativas
Ginástica Geral
A ginástica para todos traz a essência da prática para den-
tro da Federação Internacional, ou seja, é o conceito da própria
ginástica, inserida na federação. Historicamente, a origem desta
modalidade não competitiva, está atrelada à trajetória da própria
FIG e tem por significado a junção de todas as modalidades, que
resultam em um conjunto de exercícios que visam os benefícios da
prática constante. O importante é realizar os movimentos gímni-
cos com prazer e originalidade. Esta modalidade não é competitiva
e pode ser praticada por todos independente de idade, porte ou
aptidão física.
A Ginástica Geral compreende um vasto leque de atividades
físicas orientadas para o lazer, fundamentadas nas atividades gí-
mnicas, assim como em manifestações corporais com particular
interesse no contexto cultural nacional.
A presença da Ginástica Geral como um comitê específico
dentro da estrutura da FIG a partir de 1984, vem demonstrar a
importância deste fenômeno de massa que envolve um incontável
número de praticantes em todo o mundo, ultrapassando em larga
escala o total de atletas das modalidades competitivas dirigidas
pela mesma federação.

Gymnaestrada
Por mostrar-se mais interessado pelos festivais de ginástica e
pelos benefícios da modalidade do que pelas competições, o até en-
tão presidente Nicolas Cupérus, idealizou uma Gymnaestrada com a
idéia de realizar um evento sem a preocupação com o aspecto com-
petitivo, isto é, um evento em que os participantes comparecessem
pelo prazer de sua performance e sem limitações de qualquer tipo.

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26 © Ginástica Geral

Modalidades Não Competitivas


Ginásticas de Condicionamento Físico/Fitness
Aqui estão incluídas todas as modalidades que tem por ob-
jetivo a aquisição ou a manutenção da condição física do indivíduo
normal e/ ou do atleta. A ginástica localizada é dita uma das formas
mais tradicionais e populares desta modalidade de ginástica, den-
tre as demais modalidades não esportivas e consiste em exercícios
priorizando séries para cada segmento muscular ou pelos segmen-
tos articulares. Com duração de aproximados sessenta minutos, as
práticas da ginástica localizada levam ao condicionamento físico,
emagrecimento e fortalecimento muscular.
A ginástica de academia, subdivide-se em categorias meno-
res - como step, aeroboxe, body pump, musculação e circuito -,
consiste em um apanhado organizado de movimentos ginásti-
cos, a fim de moldar o corpo e dar aos praticantes hábitos mais
saudáveis. É através da repetição, que a ginástica utilizada nas
academias atinge resultados satisfatórios.

Ginástica Corretiva
A ginástica corretiva, por sua vez, é uma modalidade de
prática individual, de uso da medicina, que visa a correção da col-
una vertebral, bem como o tratamento de anomalias musculares
e deformações congênitas. Entre alguns desvios posturais que a
corretiva é capaz de amenizar estão a escoliose e a hiperlordose.
As de compensação e de conservação possuem o mesmo caráter
individual da corretiva, e visam a melhora postural do indivíduo
antes da fase de correção.
Ginástica de Conscientização Corporal
Baseadas em propostas inovadoras na abordagem corporal,
incluem-se neste ítem o Pilates, a Yoga, o Método Cidadão-Corpo,
de Ivaldo Bertazzo, o método GDS da Godelieve e outros mais.
© Caderno de Referência de Conteúdo 27

Também conhecidas por Técnicas alternativas ou Ginásticas


Suaves, que foram introduzidas no Brasil a partir da década de 70,
tendo como pioneira a Anti-Ginástica. A grande maioria destes
trabalhos teve origem na busca da solução de problemas físicos e
posturais.
Hidroginástica
A hidroginástica tem por finalidade melhorar a capacidade
aeróbica e cardiorespiratória, a resistência e a força muscular, a
flexibilidade e o bem-estar de seus praticantes. Possui a vantagem
de poder ser praticada por pessoas de qualquer sexo e idade. A
hidroginástica é uma opção alternativa para o programa de práti-
ca mais comum de exercícios, como a ginástica de academia. Sua
eficácia vai de atletas em treinamento, gestantes, pessoas em fase
de reabilitação, inclusive pessoas que estão acima ou abaixo do
peso ou apresentam algum tipo de deficiência.
Os exercícios aquáticos são divertidos, agradáveis, efica-
zes, estimulantes, cômodos e seguros. A hidroginástica permite a
redução no esforço articular.
Ginástica Laboral
A ginástica laboral é definida como a realização de exercí-
cios físicos no ambiente de trabalho, durante o horário de expe-
diente, para promover a saúde dos funcionários e evitar lesões de
esforços repetitivos e doenças ocupacionais. Além dos exercícios
físicos, consiste em alongamentos, relaxamento muscular e flexi-
bilidade das articulações.
Apesar da prática da ginástica laboral ser coletiva, ela é mol-
dada de acordo com a função exercida por cada trabalhador. Nas-
cida em 1925, na entre os operários poloneses, a ginástica laboral
foi passada à Holanda, Rússica, Bulgária e Alemanha Oriental. Mais
tarde, chegou ao Japão. Após a Segunda Guerra Mundial, o progra-
ma evoluiu e espalhou-se pelo mundo.

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28 © Ginástica Geral

Ginástica Formativa
A Ginástica Formativa ou Educativa é elaborada a partir de
exercícios artificiais, formais ou construídos, os quais tem a finali-
dade de educar ou "formar" o corpo humano, de forma segmen-
tada, sem considerá-lo como um todo. A Ginástica sueca e seus
movimentos estão aqui colocados pelas suas características real-
mente educativas, que buscam "formar" a criança e o adolescente,
e por isso recebem este nome quando aplicadas nesta faixa etária:
crianças e adolescentes.
Ginástica Escolar
A Ginástica Escolar apresenta uma perspectiva ampliada em
todos os níveis de ensino, considerando as diferentes fases do de-
senvolvimento motor e características do processo pedagógico e
da cultura corporal dos alunos, e será discutida em detalhes na
última Unidade deste caderno.
O que é importante para uma aula de ginástica?
a) Faixa Etária: ë determinante para a montagem do grupo.
Deve ser considerada juntamente com o estágio de desen-
volvimento motor em que a criança se encontra. Temos um
padrão para este desenvolvimento motor, que normalmen-
te se apresenta de acordo com as diversas idades. Ao iden-
tificar a etapa de desenvolvimento motor em que o grupo
se encontra, não corremos o risco de pular etapas e pode-
mos atuar sobre bases científicas mais concretas.
b) Sexo: embora nas primeiras etapas não exista muita mo-
dificação comportamental entre um sexo e outro, com
as mudanças hormonais a atividade física passa a ter se-
xualidade. Se pudermos durante esta fase de descober-
ta sexual trabalhar as diferenças e maiores capacidades
físicas com os sexos separadamente, até por causa do
constrangimento entre eles, os resultados serão mais
eficientes. Nos dias atuais as classes de educação física
são mistas, nos mais diferentes grupos. Tal atitude do
homem nos tem permitido visualizar melhor quais são
as diferenças sexuais de genótipo, no que se refere à ati-
© Caderno de Referência de Conteúdo 29

vidade física, uma vez que as mesmas já são realizadas


por ambos os sexos igualmente.
c) Instalações: toda aula de atividade física, independente
do seu caráter deve levar em consideração as instala-
ções existentes e que estas realmente possam ser apro-
veitadas para qualificação da aula. Sabemos que salas
de ginástica sem barras e sem espelhos, que quadras
esportivas fora das medidas padronizadas, interferem
no padrão das performances, bem como servem como
fatores desmotivantes para os alunos.
d) Tempo Disponível: independente de outros fatores, uma
aula de educação física tem duração média de uma hora.
e) Número de Integrantes.
f) Habilidades e Atitudes.
g) Objetivos.

Partes Componentes de uma Aula de Ginástica


Aquecimento: parte principal
Constitui 4/6 da aula ou do tempo disponível.
Visa à desaceleração cardíaca, trazendo cada indivíduo para
a freqüência cardíaca normal, ou pelo menos, a 60% da Frequência
Cardíaca Máxima (FCmax). Nesta parte da aula os exercícios são
feitos geralmente sentados ou deitados.
Atitude do professor
a) Clareza na Comunicação.
b) Gestos.
c) Paciência e Compreensão.
d) Linguagem.
e) Voz.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom do-

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30 © Ginástica Geral

mínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-


mento dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo
Ginástica Geral. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Educação Física: "[...] a Educação física é uma prática
pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de
atividades expressivas corporais como: jogo, esporte,
dança, ginástica, formas que configuram uma área de
conhecimento que podemos chamar de cultura corpo-
ral" (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 50).
2) Escola: "[...] um espaço de formação e informação, em
que a aprendizagem de conteúdos deve necessariamen-
te favorecer a inserção do aluno no dia a dia das ques-
tões sociais marcantes e em um universo cultural maior.
A formação escolar deve propiciar o desenvolvimento
de capacidades, de modo a favorecer a compreensão e
a intervenção nos fenômenos sociais e culturais, assim
como possibilitar aos alunos usufruir das manifestações
culturais nacionais e universais" (BRASIL – Secretaria de
Educação Fundamental, 1997, p. 45).
3) Ginástica: entende-se por ginástica uma prática siste-
matizada de exercícios, com fundamentação científica,
cujas características principais podem ser identificadas
em práticas gímnicas historicamente consolidadas (em
especial a partir dos métodos europeus de ginástica).
4) Ginástica Geral: "[...] uma manifestação da cultura cor-
poral, que reúne as diferentes interpretações da ginás-
tica (natural, construída, artística, rítmica desportiva,
aeróbica etc) integrando-as com outras formas de ex-
pressão corporal (dança, folclore, jogos, teatro, mímica
etc), de forma livre e criativa, de acordo com as caracte-
rísticas do grupo social e contribuindo para o aumento
da interação social entre os participantes" (GALLARDO e
SOUZA, 1994, p. 292).

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
© Caderno de Referência de Conteúdo 31

quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú-


do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de
conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício
é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican-
do as informações a partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.

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32 © Ginástica Geral

Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é


você o principal agente da construção do próprio conhecimen-
to, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações
internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por
objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando
o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou
seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou
de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de
mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.
br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>.
Acesso em: 11 mar. 2010).

Fonte: adaptado de Toledo (1999, p. 120).


Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo de Ginástica
Geral.

Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como


dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre
© Caderno de Referência de Conteúdo 33

um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu


processo de ensino-aprendizagem. Este esquema, por exemplo,
possibilita que você compreenda que a ginástica geral se legitima
no ambiente escolar por se tratar de uma prática que faz parte
da área da Ginástica, e que esta, por sua vez, caracteriza-se como
uma das manifestações da cultura corporal da disciplina curricular
escolar Educação Física.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio con-
hecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas
como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles
que exigem uma resposta determinada, inalterada.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com o ensino da Ginástica Geral pode ser uma forma
de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução
de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se prepa-
rando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa
é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e
adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari-
to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões
autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).

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34 © Ginástica Geral

As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação


pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a
elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o
seu tutor ou com seus colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte
integrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente
ilustrativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados
no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os
conteúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o
conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos Curso de Graduação na modalidade
EaD e futuro profissional da educação, necessita de uma forma-
ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com
a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da
© Caderno de Referência de Conteúdo 35

interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o


seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu
caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser
utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AYOUB, Eliana. Interesses físicos no lazer como Área de Intervenção profissional de
Educação Física. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1993. (Dissertação de
Mestrado).
BRASIL - Secretaria de Educação Fundamental, v.1, 1997 p. 45. COLETIVO DE AUTORES.
Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992GALLARDO, J. S. P.;
AZEVEDO, L. H. R. Fundamentos básicos da ginástica acrobática competitiva. Campinas:
Autores Associados, 2007.

Claretiano - Centro Universitário


Claretiano - Centro Universitário
EAD
Introdução
ao Universo
da Ginástica
1
1. OBJETIVOS
• Apresentar o vasto universo da ginástica, que compreen-
de todas as suas manifestações gímnicas da atualidade.
• Compreender as particularidades que as distinguem, as-
sim como as similitudes que as fazem pertencer ao uni-
verso da ginástica.
• Estabelecer relações possíveis entre essas práticas no âm-
bito escolar, especialmente nas aulas de Educação Física.
• Identificar o que faz a ginástica geral pertencer a esse uni-
verso e uma tendência dentro dele.

2. CONTEÚDOS
• Conceitos de ginástica.
• Áreas de prática da ginástica, segundo seus objetivos
prioritários.
38 © Ginástica Geral

• Tipos de ginástica que fazem parte dessas áreas, com des-


taque para as mais desenvolvidas atualmente no Brasil.
• Relação entre esses tipos de ginástica, identificando se-
melhanças e diferenças.
• Reflexões sobre a possibilidade de inserção das diversas
práticas gímnicas no contexto escolar.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Antes de iniciar, avalie qual é o seu conceito de ginás-
tica e quais práticas gímnicas você conhece (seja pela
nomenclatura e/ou pelas características), que tenham
sido vividas, observadas, estudadas etc. Esse exercício
também é interessante de se fazer com aqueles que o
rodeiam (parentes, amigos etc.). E, ao longo da unidade,
tente estabelecer relações entre o que foi levantado e o
que foi apresentado. Dessa maneira, você poderá refle-
tir sobre os motivos desses saberes existirem ou não e
perceber o quão ainda é necessário que os professores
e a comunidade em geral conheçam melhor a vasta e
importante área da Educação Física e de nossa cultura.
2) Visite clubes, academias, atualmente os maiores con-
textos de prática da ginástica, escolas, associações, e
analise quais práticas gímnicas são desenvolvidas nes-
ses espaços. Tente relacionar o que foi desenvolvido na
unidade com o que for observado. Você poderá se sur-
preender por vários motivos (que serão refletidos nas
questões autoavaliativas.
3) Procure aprofundar os conhecimentos da unidade bus-
cando na internet não só as leituras disponíveis on-line
(indicadas na bibliografia e outras que não estejam), mas
também fotos e vídeos, que, de maneira mais didática,
poderão ilustrar o vasto e rico universo da ginástica.
4) Todas as referências a seguir foram mencionadas no
texto e podem ser encontradas na biblioteca virtual de
© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica 39

ginástica. Disponível em: < http://www.ginasticas.com/


conteudo/gimnica/gimnica_apresentacao.html >. Aces-
so em: 23 fev. 2012.
a) SOUZA, E. P. M. O universo da ginástica. s. n. t., 1996.
b) ______. Ginástica geral: um campo de conhecimen-
to da Educação Física. Campinas: Universidade Esta-
dual de Campinas, 1997. (Tese de Doutorado).
c) SOUZA, E. P. M.; TOLEDO, E.; PALERMO, C. T. Elemen-
tos Corporais. s. n. t. 1995.
d) TOLEDO, E. Proposta de Conteúdos para a Ginástica
Escolar: um paralelo com a teoria de Coll. Campinas:
Universidade Estadual de Campinas, 1999. (Disser-
tação de Mestrado).
5) Você também pode complementar a leitura desta uni-
dade com:
• Códigos de pontuação das modalidades gímnicas
competitivas (artística, rítmica, acrobática, aeróbica,
de trampolim etc.), disponíveis em: <www.cbginasti-
ca.com.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.
• Livros e manuais específicos das práticas gímnicas
(competitivas, de condicionamento físico, de de-
monstração etc.) para melhor conhecer e compreen-
der suas especificidades.
• Textos que não se caracterizam como artigos cientí-
ficos, desenvolvidos por professores renomados na
área da ginástica, utilizados como apoio ou leitura
básica de graduandos e professores e que estão dis-
poníveis on-line. Destacamos os textos O universo da
ginástica e Elementos corporais.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Vários estudos já publicados, como o de Polito (1998) e nos-
sa intervenção como docente, em cursos de graduação, especial-
ização e extensão, na organização de eventos nacionais e interna-

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40 © Ginástica Geral

cionais, atuando em intercâmbios como pesquisadoras etc., têm


deflagrado que a ginástica está, ainda, pouco presente nas aulas
de Educação Física escolar.
São inúmeros os motivos para que isso aconteça, entre os quais:
1) Os professores não tiveram a disciplina durante sua gra-
duação e não se sentem aptos a desenvolvê-la em suas
aulas.
2) Os professores que a tiveram e formaram-se há mais
tempo, somente tiveram acesso aos movimentos das gi-
násticas tradicionais, oriundas dos métodos europeus de
ginástica, ou somente uma ou duas práticas competitivas
(em especial a ginástica artística – antes denominada gi-
nástica olímpica – e a ginástica rítmica). No entanto, tive-
ram essas práticas num contexto específico (disciplinar e
competitivo) e não conseguem adaptá-las para o universo
da escola, com as tendências pedagógicas atuais.
3) Muitos não sabem lidar com a falta de material existente
nas escolas, o que acaba impedindo sua implantação.
4) Mesmo sabendo pouco a respeito da ginástica, muitos
professores ainda têm receio para ensinar os movimen-
tos gímnicos aos alunos, temendo que eles sofram le-
sões. O comportamento acontece porque não se sentem
aptos para dar a devida segurança e/ou fazer uma es-
trutura de aula em que um único professor possa "dar
conta" desse ensino para todos da classe.
5) Alguns professores não possuem o apoio da coordena-
ção pedagógica ou da direção da escola para desenvol-
ver os conteúdos gímnicos.
6) Quando a disciplina é desenvolvida, possui uma carga
horária menor e está presente em menos anos letivos do
que outras práticas tradicionais, como os esportes co-
letivos (futebol, basquetebol, voleibol e handebol). Isso
acontece porque os fatores anteriormente mencionados
influenciam e porque há, culturalmente, em nosso país,
uma valorização dessas práticas em detrimento de ou-
tras, como a ginástica, os esportes de aventura (ou ra-
dicais ou da natureza), as lutas, a dança, a capoeira etc.
© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica 41

Em nosso entendimento, a presença da ginástica na escola, o


direito dos alunos de ter acesso a esse conhecimento, cultural e his-
toricamente construído, pode ser potencializado, primeiramente,
pelo acesso dos professores ao universo da ginástica (conceitos, áreas
e tipos). Ou seja, um ganho de saberes em sua diversidade e profundi-
dade acerca dessa área tão antiga, versátil, útil e encantadora.
Nossa meta é que você possa se aproximar desse mundo,
apropriando-se dele com autonomia para uma possível interven-
ção na escola, mesmo que inicialmente de maneira tímida.
A partir deste momento, liberte-se de eventuais "pré-conceitos"
e permita-se adentrar nesse universo. Transite nele com o entusiasmo
de quem está prestes a se surpreender com o que pode encontrar e
com a curiosidade de quem anseia pelo saber e por uma Educação
Física escolar mais digna e diferenciada!
Convite aceito, vamos nessa!

5. CONCEITOS DE GINÁSTICA
Muitos são os conceitos de ginástica que foram desenvolvi-
dos ao longo de seu percurso histórico, alguns existentes (de for-
ma ressignificada) até a atualidade.
Alguns autores consideram que o simples fato de o homem
primitivo exercitar-se era uma evidência da ginástica, ou seja, o
simples fato de o homem movimentar-se para sobreviver (lutar,
caçar etc.) caracterizava-se como uma prática gímnica. Outros ain-
da consideram que as práticas mais sistematizadas da Antiguidade,
como os movimentos respiratórios, o kung fu, a ioga, entre outras,
podem ser consideradas ginástica.
No entanto, ao estudarmos a história da ginástica e sua ori-
gem etimológica, foi na Grécia antiga que surgiu o primeiro con-
ceito do termo: "gymnastiké-salicet téchue; a arte de exercitar-se
com o corpo nu" (SÉRGIO e PEREIRA, s.d., p. 391).

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42 © Ginástica Geral

Segundo Jaeger (2001), Bonorino (1931), Azevedo (1960) e


Godoy (1996), a ginástica fazia parte dos jogos entre os povos, en-
tre outras práticas como as corridas (com e sem cavalos), as lutas
e os jogos.
De maneira geral, em especial no caso da ginástica, a principal
função dessas atividades estava vinculada à formação do cidadão
grego. Havia a concepção física e moral de que os conhecimentos
do culto ao corpo e à música estavam presentes juntamente com a
filosofia e a sabedoria da época.
Objetivava-se, também, com a prática da ginástica, o de-
senvolvimento da saúde e dos valores estéticos e morais. Ela era
praticada nos ginásios, locais que tinham somente esse objetivo.
Tais espaços eram considerados de convívio seletivo, uma vez que
somente os cidadãos gregos podiam praticar a ginástica (o que ex-
clui forasteiros, escravos, mulheres etc.).
Considerando que a ginástica tinha no contexto cultural e
histórico essa concepção, características e objetivos, não parece
coerente considerar que as práticas que a antecederam sejam
consideradas "ginástica". Dito de outra maneira, causa certa estra-
nheza a defesa de que práticas mais antigas que o surgimento da
ginástica possam ser "ginásticas".
Por esse motivo, defendemos que as práticas da Antigu-
idade não sejam assim denominadas, justamente porque possuem
uma concepção, características e um contexto cultural e histórico
próprios, que as legitimam e as identificam como tais.
No entanto, não é incomum encontrarmos em academias
de ginástica da atualidade e em conversas de professores de Edu-
cação Física a abordagem das artes marciais e das manifestações
da ioga como práticas de ginástica, o que, para nós, é um grande
equívoco.
© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica 43

Outros conceitos de ginástica vão surgir


a partir do Renascimento. Aproximadamente
em 1800, surgem os métodos europeus de
ginástica, cuja cronologia de origem foi orga-
nizada por Langlade & Langlade (1970, p.20).
Para muitos autores, o grande precur-
sor do método alemão Friedrich Ludwig Jahn,
denominado na literatura como Jahn (Figura
1), é considerado o pai da ginástica moderna. Figura 1 Friedrich Ludwig Jahn.

Segundo Paoliello (1996, n. p.):


A denominação Ginástica, inicialmente utilizada como referência a
todo tipo de atividade física sistematizada, cujos conteúdos varia-
vam desde as atividades necessárias à sobrevivência, aos jogos, ao
atletismo, às lutas, à preparação de soldados, adquiriu, a partir de
1800, com o surgimento das escolas e movimentos ginásticos aci-
ma descritos, uma conotação mais ligada à prática do exercício físico.
De acordo com Soares (1994:64), a partir desta época, a Ginástica
passou a desempenhar importantes funções na sociedade industrial,
"apresentando-se como capaz de corrigir vícios posturais oriundos
das atitudes adotadas no trabalho, demonstrando assim, as suas vin-
culações com a medicina e, desse modo, conquistando status.

Nesse período, destacam-se os pesquisadores de diferentes


áreas do saber (médicos, filósofos, pedagogos), que irão protago-
nizar as publicações na área da ginástica, objetivando sua com-
preensão e ensino.
Alguns nomes e obras em destaque, de acordo com Toledo
(1999, p. 84), são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 Pesquisadores e publicações na área da ginástica
Maffeo Vegio Educação da Creança
Antonio Gazi Florida de Corona
Francisco Rabelais Gargantua e de Pantagruel
Jeronimo Merculiari De Arte Gymnastica
F. Hoffmann Do movimento artificial e As sete regras da saúde
Fonte: Toledo (1999, p. 84).

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44 © Ginástica Geral

Nessa época, a ginástica aparece como "grande salvadora"


de um momento histórico que exigia homens (trabalhadores) for-
tes, saudáveis, disciplinados e patriotas. O objetivo era aprimorar
a saúde dos indivíduos (crianças e adultos), assim como neles sus-
citar conceitos higiênicos e morais.
Ou seja, independentemente do método, o conceito de
ginástica estava voltado para esses objetivos, como esclarece
Soares (1994, p. 65):
Apresentando algumas particularidades a partir do país de origem,
essas escolas, de um modo geral possuem finalidades semelhan-
tes: regenerar a raça (não nos esqueçamos do grande número de
mortes e de doenças); promover a saúde (sem alterar as condições
de vida); desenvolver a vontade, a coragem, a força, a energia de
viver (para servir à pátria nas guerras e na indústria) e , finalmente,
desenvolver a moral (que nada mais é do que uma intervenção nas
tradições e nos costumes dos povos).

E durante muitos anos, até o século 20, a ginástica terá essa


conotação. É possível analisar esse conceito na Revista Educação
Physica (publicada nas décadas de 1930 e 1940, no Brasil), vincu-
lada a um preceito higienista e eugenista da época, gradualmente
também aplicada à beleza feminina e à performance esportiva.
E é no final do século 20 que sua conceituação parece sofrer
algumas modificações. Provavelmente, devido ao movimento em
prol da saúde que foi preconizado em todo mundo, especialmente
na Europa, denominado "Sport For All", traduzido no Brasil como a
campanha do "Mexa-se" (TOLEDO, 2010).
Mais uma vez, a ginástica é atrelada ao conceito de saúde e
considerada um de seus carros-chefes dentro do contexto do condi-
cionamento físico proposto pelas academias e endossado por médi-
cos e educadores físicos (pesquisadores do treinamento desportivo
e das relações entre doenças crônico-degenerativas e exercício).
Com o forte respaldo acadêmico da área médica, seu concei-
to parece ter sido voltado para um objetivo muito mais funcional
do que pedagógico. Um desses conceitos expressa essa constata-
© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica 45

ção, conforme aponta a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasi-


leira apud TOLEDO, 1995a, p. 15):
Uma forma ou modalidade de educação física, isto é, uma maneira de
formar fisicamente o corpo humano, sendo as restantes, além dela,
os jogos e os desportos. A definição científica diz-nos que a ginástica
é a exercitação metódica dos órgãos no seu conjunto (relacionada ao
movimento e à atitude), por intermédio de exercícios corporais, de
"forma" precisamente determinada e ordenados sistematicamente,
de modo a solicitar não só todas as partes do corpo, como as grandes
funções orgânicas vitais e sistemas anatômicos, nomeadamente: o
respiratório, o cárdio-circulatório, o de nutrição (assimilação e desas-
similação), o nervoso, os órgãos de secreção interna, etc.

Conforme falamos na apresentação deste CRC, a Educação


Física sofreu uma grande influência da área pedagógica em mea-
dos das décadas de 1980 e 1990. Esse movimento também influ-
enciou a conceituação de ginástica, considerada como conteúdo
fundamental para ser desenvolvido na escola. As literaturas que
mais influenciaram essa mudança conceitual foram:
• Coletivo de Autores (na obra Metodologia de Ensino da Edu-
cação Física) – considerando a ginástica uma manifestação
da cultura corporal necessária a ser desenvolvida na escola.
• Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (desenvolvido
por professores e pesquisadores de Educação Física, com
a promoção do MEC) – a ginástica é considerada um dos
conhecimentos de um dos três blocos de conteúdos pro-
postos a serem desenvolvidos na escola: 1º bloco: espor-
tes, jogos, lutas e ginástica; 2º bloco: atividades rítmicas e
expressivas; 3º bloco: conhecimentos sobre o corpo.
Em seu Dicionário da Educação Física e Esporte, o autor Bar-
banti (2003, p. 292) sinaliza uma nova modificação no conceito de
ginástica para o século 21:
O termo ginástica originou-se aproximadamente em 400 a.C. É de-
rivado de Gymnos, que quer dizer nu, levemente vestido e geral-
mente se refere a todo tipo de exercícios físicos para os quais se
tem que tirar a roupa de uso diário. Durante o curso da História
as interpretações de ginástica variaram. Atualmente o termo está
perdendo seu uso e tem sido substituído por exercício.

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46 © Ginástica Geral

Embora tenhamos algumas ressalvas, às considerações fei-


tas ao entendimento grego da palavra e da prática da ginástica,
a indicação feita pelo autor acerca da tendência do uso dessa pa-
lavra no século 21, parece proceder. Talvez, não no que se refere
ao seu desaparecimento, mas, principalmente, ao seu uso como
sinônimo de exercício.
Não é incomum ouvirmos de pessoas leigas na área da Edu-
cação Física que o termo "ginástica" refere-se a qualquer tipo de
exercitação, como, por exemplo, caminhadas, corridas, exercícios
domésticos, esforços físicos no trabalho etc. Isso pode ocorrer por
alguns motivos:
• uso da palavra ginástica referindo-se ao seu conceito mais
antigo (o grego), no qual as exercitações com o corpo nu
eram assim denominadas;
• falta de um entendimento maior acerca do termo "siste-
matização" (inclusive utilizando-se a palavra "método")
que foi inerente ao conceito de ginástica científica, de-
senvolvida a partir de 1800 (termo utilizado por Carmen
Lúcia Soares) até a atualidade (nas práticas de fitness,
competitivas, laborais etc.);
• as pessoas, de modo geral, parecem não estar acompanhan-
do a evolução científica da área da Educação Física, consi-
derando que qualquer exercício é ginástica. Ou seja, desco-
nhecem todos os processos (decodificados e sistematizados)
que envolvem a execução de uma sequência de exercícios
apropriada para caracteres específicos e individuais (estuda-
dos pelo treinamento desportivo, pela fisiologia do exercício
etc.), e para determinados contextos de prática.
Enfim, a discussão sobre um conceito único e/ou "legítimo"
de ginástica parece não se esgotar. Mas vale o conhecimento acer-
ca dessas conceituações ao longo da História, e sob diferentes
perspectivas, para que possamos melhor transitar por elas e dis-
cernir qual vai ao encontro de nosso entendimento.
© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica 47

6. O UNIVERSO DA GINÁSTICA (ÁREAS E TIPOS)


Depois de conhecer um pouco da trajetória histórica da
ginástica e suas conceituações, cabe, nesse segundo momento,
conhecermos com mais propriedade o grande universo que com-
preende suas práticas na atualidade.
Abordar o universo da ginástica é, portanto, a tentativa de carac-
terizar, mapear e organizar essas práticas, identificando suas peculiari-
dades, assim como as semelhanças que as tornam parte desse mundo.
Segundo Souza (1997, p. 25), é possível fazer uma classifica-
ção desse amplo universo a partir de cinco campos de atuação da
ginástica. Observe a Figura 2.

Fonte: SOUZA (1997, n. p.).


Figura 3 Classificação da ginástica de acordo com seus campos de atuação.

Para Elizabeth Paoliello (1996), autora do texto O universo da


ginástica, esses campos de atuação, por nós, também, denominados
"áreas de intervenção da ginástica", referem-se especificamente a:

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48 © Ginástica Geral

1) Ginásticas de condicionamento físico: englobam todas as


modalidades que tem por objetivo a aquisição ou a manu-
tenção da condição física do indivíduo normal e/ou do atleta.
2) Ginásticas de competição: reúnem todas as modalida-
des competitivas.
3) Ginásticas fisioterápicas: responsáveis pela utilização do
exercício físico na prevenção ou tratamento de doenças.
4) Ginásticas de conscientização corporal: reúnem as no-
vas propostas de abordagem do corpo, também conhe-
cidas por "técnicas alternativas" ou "ginásticas suaves"
(Souza, 1992). Elas foram introduzidas no Brasil a partir
da década de 1970, tendo como pioneira a antiginásti-
ca. A grande maioria desses trabalhos tiveram origem na
busca da solução de problemas físicos e posturais.
5) Ginásticas de demonstração: é representante desse
grupo a ginástica geral, cuja principal característica é a
não competitividade. A função principal é a interação
social entre os participantes.
Para Gaio (2006), o universo da ginástica subdivide-se so-
mente em dois grupos: das práticas competitivas e não competiti-
vas. Para a autora (2006, p. 13):
Dessa divisão que fizemos, podemos no momento mergulhar no
imenso universo dos movimentos gímnicos, seja pela estrada da
Federação Internacional de Ginástica, conhecendo as Ginásticas
consideradas esportes, ou pelo canal das atividades gímnicas peda-
gógicas, terapêuticas, corretivas, de condicionamento, de apresen-
tação, de lazer, entre outros objetivos e interesses que possamos
encontrar a partir da experiência em Ginásticas não-competitivas.

A lógica proposta por Gaio parte do pressuposto do que é


estabelecido convencionalmente no mundo da ginástica. Ou seja,
atualmente, temos uma área muito organizada e claramente
definida historicamente pela Federação Internacional de Ginástica
e pelo contexto esportivo: as práticas gímnicas esportivizadas.
A partir daí, podemos conceber aquelas que fazem parte do univer-
so competitivo e as que estão fora dela. Já a lógica proposta por Paoliello
(ou Souza) é de uma divisão mais voltada para os objetivos específicos
de cada prática gímnica (competir, apresentar, condicionar o corpo etc.).
© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica 49

Consideramos que a classificação proposta por Paoliello (ou


Souza) é mais didática e específica do que a proposta por Gaio,
permitindo ao graduando e ao professor de Educação Física um
melhor entendimento acerca de suas possibilidades de interven-
ção e de uso no contexto escolar.
Levamos em conta, ainda, que a divisão proposta por Paoliello
não deva ser compreendida de maneira "estanque", rígida, fixa, pois
ela está pautada nos objetivos prioritários dessas práticas gímnicas. Ou
seja, nada impede que essas práticas possam transitar de um grupo para
outro, dependendo de seu objetivo no contexto em que está inserido.
Vamos dar um exemplo: a ginástica rítmica é considerada uma prá-
tica competitiva, pois possui um código de pontuação, é organizada por
uma federação e está voltada para a performance como um esporte.
No entanto, ao ser desenvolvida no ambiente escolar (curri-
cular ou extracurricular) e/ou no clubístico (para crianças inician-
tes) ela pode ter como objetivo o contato com o esporte, em sua
configuração demonstrativa.
É muito comum assistirmos a festivais de encerramento do
ano em clubes, onde há grupos infantis que se apresentam e fazem
parte de turmas de modalidades gímnicas competitivas (rítmica,
artística, acrobática, de trampolim etc.). Nesse contexto, o objetivo
prioritário não é a competição (embora as práticas sejam concebi-
das como competitivas), e sim a participação (a demonstração).
Essas classificações por campos de atuação ou áreas de in-
tervenção possibilitam que as práticas gímnicas sejam agrupadas
segundo características principais ou objetivos prioritários. E den-
tro de cada grupo desses há, ainda, outras divisões estabelecidas
de acordo com as particularidades de cada prática.
Por exemplo, no grupo das práticas competitivas temos a ginás-
tica rítmica e a artística. A primeira pode ser melhor identificada por
seu biótipo magro e flexível, tipo de vestimenta, uso da musica (obri-
gatório), uso de aparelhos portáteis (arco, bola, corda, fita e macas)
etc.; já a artística, pode ser identificada pelo biótipo mais robusto e

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50 © Ginástica Geral

forte, tipo de vestimenta, gênero (feminina e masculina), provas com


aparelhos fixos (que diferem de acordo com o gênero) etc.
O mesmo paralelo vale para as práticas de condicionamento
físico e dos outros grupos propostos por Paoliello. Infelizmente não
é possível apresentarmos nesta unidade a conceituação e caracter-
ização dessas práticas gímnicas. Por isso, sugerimos que você as pes-
quise a partir do referencial teórico sugerido para leitura, visitas a
clubes e academias, além de consultas a vídeos e fotos na internet.
Mas o que é comum a todas essas praticas gímnicas que as
identificam como ginástica? Podemos dizer que dois aspectos são
fundamentais:
• são práticas sistematizadas e que possuem origem nas gi-
násticas científicas (métodos europeus de ginástica), seja
de maneira direta ou indireta. Por exemplo, a musculação,
prática gímnica de condicionamento físico, pode ser consi-
derada ginástica por ser oriunda do método alemão e por
possuir uma sistematização (com respaldo científico);
• suas práticas possuem muitos movimentos em comum,
os quais denominamos "elementos ginásticos" ou "ele-
mentos corporais". Por exemplo, quase todas as práticas
gímnicas de condicionamento físico (especialmente as
com música) e as práticas competitivas utilizam elemen-
tos como saltos, equilíbrios e giros.
Nessa perspectiva, fica fácil identificar o que é e o que não é
ginástica. Muitas pessoas consideram que a dança, o nado sincronizado,
as artes marciais, entre outras modalidades podem ser consideradas
ginástica. Se utilizarmos essas prerrogativas, podemos afirmar que es-
sas práticas não são ginásticas, mas possuem elementos comuns a ela.
Com relação a esses elementos, vale a consideração feita por
Souza (1996, n. p.):
Todo movimento ginástico, assim como os movimentos
característicos dos esportes, evoluíram dos movimentos naturais do
ser humano, ou habilidades específicas do ser humano que, segundo
Pérez Gallardo (1993:130), "são aquelas que se caracterizam por
© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica 51

estar presentes em todos os seres humanos, independentes de seu


lugar geográfico e nível sócio-cultural e que servem de base para
aquisição de habilidades culturalmente determinadas..."
Estes movimentos naturais ou habilidades específicas do
ser humano, quando analisados e transformados, visando o
aprimoramento da performance do movimento, entendida aqui de
acordo com vários objetivos como: economia de energia, melhoria
do resultado, prevenção de lesões, beleza do movimento entre
outros, passam a ser considerados como movimentos construídos
(exercícios) ou habilidades culturalmente determinadas. Por
exemplo, um movimento próprio do homem como o saltar, foi
sendo estudado, transformado e aperfeiçoado através dos tempos,
para alcançar os objetivos de cada um dos esportes onde ele
aparece: salto em altura, em distância e triplo no Atletismo, cortada
e bloqueio no Voleibol, salto sobre o cavalo na Ginástica Artística,
salto "jeté" na Ginástica Rítmica Desportiva, entre outros.

A Figura 4 apresenta uma síntese dos elementos que consti-


tuem a ginástica.
Os elementos corporais podem ser visualizados e melhor
compreendidos no texto "Elementos corporais", de Souza, Paler-
mo e Toledo (1999), cujo exemplo pode ser observado na Figura 5.

Fonte: SOUZA (1996, n. p.)


Figura 4 Elementos constitutivos da ginástica.

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52 © Ginástica Geral

Saltos
São definidos como "movimentos que se caracterizam por
uma acentuada permanência do corpo no ar", podendo variar de
acordo com as fases de impulso, voo e/ou aterrissagem.

Figura 5 Saltos.

Acompanhe, na Figura 6, exemplos de saltos utilizados na


ginástica:
© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica 53

Fonte: Toledo (1995b, n. p.)


Figura 6 Exemplos de saltos utilizados na ginástica.

Apresentamos somente um exemplo de elemento ginástico.


É necessário que você conheça os outros elementos apresentados
nesse mesmo texto, assim como nos códigos de pontuação das
modalidades gímnicas e nos manuais e livros de práticas de condi-
cionamento físico, entre outras práticas.
Ao encerrarmos esta unidade, esperamos que você tenha
conhecido melhor os conceitos, as áreas, os tipos e os elementos
que fazem parte do universo da ginástica. Reforçamos que você
aprofunde essa apreciação por meio de novas pesquisas, indo
além do que foi aqui apresentado.
Dada a amplitude desse universo, torna-se muito difícil reu-
ni-lo e condensá-lo num único texto. Assim, essa apreciação é ne-
cessária para que você possa dele se apropriar nas suas aulas de
ginástica geral na escola.

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54 © Ginástica Geral

7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comen-
tar as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida
nesta unidade, ou seja, dos conceitos, áreas, tipos e elementos
constitutivos do universo da ginástica. Você pode, também, esta-
belecer relações entre eles e suas possibilidades de intervenção
na escola.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Descreva exemplos do cotidiano que apontem qual (ou quais) conceito(s) de
ginástica está(ão) mais presente(s) no dia a dia do brasileiro, e portanto, de
pais, alunos e professores no ambiente escolar. Tente fazer isso estabelecen-
do paralelos com os conceitos apresentados na unidade.

2) Você está num churrasco e começa a passar na televisão a competição de


ginástica artística (Copa do Mundo de Ginástica no Brasil). Todos vão assistir
a série do Diego Hipólito e o churrasqueiro grita do quintal "Eu que estou
fazendo ginástica aqui, arrumando a churrasqueira e preparando a carne
sozinho!". Nota-se que há dois conceitos de ginástica em cena. Como você
explicaria aos leigos na área da ginástica e da Educação Física quais são esses
conceitos, suas origens e o que significam?

3) Posicione-se a favor de algum dos conceitos de ginástica que foram apre-


sentados e argumente sua opinião. Ou, proponha um conceito de ginástica,
argumentando porque e como o concebeu (qual referencial usou? Utilizou-
-se de uma percepção da realidade?).
4) Compreendendo as propostas de classificação do universo da ginástica
(campos de atuação) propostas pelas autoras Paoliello e Gaio, responda:
a) Com qual proposta você mais se identifica e por quê?
© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica 55

b) O que você mudaria numa dessas propostas, com relação à lógica de sua
subdivisão? Argumente.
c) Aponte indícios ou ideias básicas de como você explicaria esses campos de atu-
ação da ginástica numa aula de Educação Física escolar (escolha o ano letivo).
5) Como você argumentaria para uma pessoa leiga na área da ginástica que a
dança ou o nado sincronizado não são práticas gímnicas?

8. CONSIDERAÇÕES
Conhecer com profundidade esse vasto universo da ginás-
tica não é tarefa fácil e demandaria muitas leituras, pesquisas,
observações, entre outras estratégias. No entanto, parece-nos
possível conhecer os conceitos, as áreas, os tipos e os elementos
da ginástica de maneira básica, não considerando-os como partes
dissociadas de um mesmo contexto.
Assim, uma das sugestões que propomos é que você possa,
ao invés de "decorar" esses saberes, entendê-los e estabelecer di-
álogos entre eles e o que está ao seu redor. Essa troca de ideias
pode acontecer na sua experiência de vida, no seu bairro, na vi-
vência dos seus alunos, na mídia (escrita e televisiva), nas redes
sociais, nos sites de imagens etc.
A apropriação desses saberes também é gradual. Ela pode ser
potencializada da mesma forma, por meio de sua aplicabilidade no
seu dia a dia, em aulas, encontros com amigos, consultas virtuais
etc. No ambiente escolar, ela pode ser construída conjuntamente
com o aluno, com outras disciplinas e com os projetos da escola.
No entanto, ressaltamos o quanto é importante você inte-
ressar-se por esses saberes e tentar fortalecê-los por meio da exe-
cução, com boa qualidade, das estratégias propostas para o estu-
do das unidades que virão.
Esperamos que tenha gostado desse primeiro encontro aca-
dêmico com a ginástica e que esteja empolgado para a próxima
unidade, que focará a relação entre a ginástica e a escola.

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56 © Ginástica Geral

9. E-REFERÊNCIA

Figura
Figura 1 Friedrich Ludwig Jahn. Disponível em: <http://www.germany.info/Vertretung/
usa/en/08__Culture__Sports__Events/06/05/Feature__5__Gymnastics.html>. Acesso
em: 23 fev. 2012.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AZEVEDO, F. Da Educação Física – o que ela é, o que tem sido e o que deveria ser. São
Paulo: Melhoramentos, 1920.
BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e Esporte. 2. ed. Barueri: Manole, 2003.
BONORINO, L. L. et all. Histórico da Educação Física. Vitória: Imprensa Oficial, 1931.
BRASIL. SECRETARIA DO ENSINO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997. v. 17
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
GAIO, R. O rico universo da ginástica: as ginásticas. In: GAIO, R.; BATISTA, J. C. F. (Orgs). A
ginástica em questão – corpo e movimento. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2006.
GODOY, L. Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga. São Paulo: Nova Alexandria, 1996.
JAEGER, W. Paidéia – a formação do homem grego. Trad. Artur M. Parreira. 4. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2001.
LANGLADE, A.; LANGLADE, N. R. Teoria general de la gimnasia. Buenos Aires: Editorial
Stadium, 1970.
POLITO, B. S. Ginástica Artística na escola: realidade ou possibilidade? Campinas:
Universidade Estadual de Campinas, 1998. (Monografia de Graduação).
SÉRGIO, A.; PEREIRA, A. A G. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Rio de Janeiro:
Editorial Enciclopédia Limitada, s.d.
SOARES, C. L. Educação Física: raízes europeias e Brasil. Campinas: Autores Associados, 1994.
SOUZA, E. P. M. de. O universo da ginástica: evolução e abrangência. In:  História da
ginástica. Curitiba: s. n. 1996.
______. Ginástica geral: um campo de conhecimento da Educação Física. Campinas:
Universidade Estadual de Campinas, 1997. (Tese de Doutorado).
SOUZA, E. P. M., TOLEDO, E., PALERMO, C. T. Elementos corporais. s. n. t. 1995.
TOLEDO, E. A ginástica geral como um conteúdo da ginástica na escola. Campinas:
UNICAMP, 1995a. (Monografia de Graduação).
______. Propostas de ações motoras em ginástica rítmica desportiva. Campinas:
UNICAMP, 1995b. (Monografia de Graduação).
______. Proposta de conteúdos para a ginástica escolar: um paralelo com a teoria de
Coll. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1999. (Dissertação de Mestrado).
EAD
A Ginástica e a Escola:
aspectos históricos

2
1. OBJETIVOS
• Apresentar a relação histórica existente entre a ginástica
e a escola no Brasil.
• Apresentar a importância das leis e das políticas públicas
para a inserção e a prática da ginástica na escola.
• Compreender os objetivos que foram dados à ginástica
para a formação da criança dentro do ambiente escolar.
• Causar reflexões acerca do papel da ginástica na escola na
atualidade.

2. CONTEÚDOS
• Aspectos históricos da ginástica no Brasil.
• Aspectos históricos da escola no Brasil.
• Relações entre o papel da escola e da ginástica na forma-
ção da criança.
58 © Ginástica Geral

• Legislação e políticas educacionais relevantes para inser-


ção da ginástica na escola.
• Aspectos políticos e sociais que influenciaram a presença
e a ausência da ginástica na escola.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Estabeleça relações entre as informações e as reflexões
que serão fornecidas/suscitadas e a história que foi vivi-
da por você e pelas pessoas que o cercam.
2) Relembre o que você viveu, viu ou, de alguma maneira,
teve contato com a ginástica durante seu período esco-
lar. Você vivenciou essa prática na Educação Física es-
colar? Ou de maneira extracurricular? Algum aluno da
escola era ginasta? Houve algum trabalho da disciplina
de Educação Física em que você teve que pesquisar so-
bre a ginástica? Houve alguma apresentação na escola
dessa prática, seja por alunos de dentro ou de fora da
escola?
3) Ao relembrar sua história com a ginástica na escola, pro-
cure questionar: Por que isso ocorreu? Por que ocorreu
dessa maneira? Quais foram as pessoas responsáveis
pelo seu contato, ou não, com a ginástica na escola?
Qual foi o papel do seu professor de Educação Física nes-
se processo? Essas perguntas ajudarão você a buscar as
respostas ao estudar a unidade.
4) Converse com pessoas mais velhas e tente entender que
tipo de contato eles tiveram com a ginástica na escola,
especificamente em qual período (década). Isso lhe aju-
dará a estabelecer relações com os conteúdos que serão
apresentados.
5) Lembre-se de estudar processos históricos, estabelecen-
do relações com a realidade, posicionando-se como um
interventor dela. Como você interpreta o que foi vivido
no passado e o que é vivido no presente? Há ecos? Quais
© U2 - A Ginástica e a Escola: aspectos históricos 59

são? O que você "aproveitaria" para fazer no presente?


Por quê? O que você não repetiria? Por quê? O que você
ressignificaria no ensino da ginástica no século 21?
6) Estabeleça com clareza nesses processos históricos os
papéis: da escola (institucional), do Estado (poder pú-
blico), dos dirigentes escolares (diretores e coordenado-
res pedagógicos), da área de Educação Física (imersa na
área da saúde), do educador físico e dos alunos. Você
compreenderá até que ponto eles são interdependentes
e independentes para intervir sobre o ensino da ginásti-
ca nas aulas de Educação Física escolar, no passado e no
presente.
7) Todas as referências abaixo são complementares a este
estudo e podem ser consultadas no site da Revista Brasi-
leira de Ciências do Esporte:
a) CUNHA JUNIOR, C. F. F. Os exercícios gymnasticos
no Imperial Collegio de Pedro Segundo (1842-1870).
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas,
v. 25, n. 1, p. 69-82, set. 2003.
b) GOIS JUNIOR, E.; LOVISOLO, H. R. Descontinuidades
e continuidades do movimento higienista no Brasil
do século XX. Revista Brasileira de Ciências do Espor-
te, Campinas, v. 25, n. 1, p. 41-54 , set. 2003.
c) MORENO, A. O Rio de Janeiro e o corpo do homem
fluminense: o "não lugar" da ginástica sueca. Revista
Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 25, n.
1, p. 55-68 , set. 2003.
d) SOARES, C. L. Georges Hébert e o método natural:
nova sensibilidade, nova educação do corpo. Revista
Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 25, n.
1, p. 21-40, set. 2003.
e) VIGARELLO, George. A invenção da ginástica no sé-
culo XIX: movimentos novos, corpos novos. Trad.
Marie-Sophie T. R. Camarão e Revisão Técnica: Car-
men Lúcia Soares. Revista Brasileira de Ciências do
Esporte, Campinas v. 25, n. 1, p. 9-20, set. 2003.

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60 © Ginástica Geral

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, conhecemos o vasto universo da
ginástica, seus conceitos, áreas, tipos, especificidades e elementos
comuns. Como mencionamos, esse parece ser um primeiro passo
fundamental para que você tenha um arcabouço de conhecimen-
tos básicos que possibilite seu trânsito pelas próximas unidades.
Nesta unidade, o objetivo é que você conheça um pouco
sobre a relação histórica entre a ginástica e a escola, compreen-
dendo-a ao longo do tempo e identificando suas permanências e
rupturas.
Muitos alunos possuem certa "aversão" ao estudo de
História, o que é compreensível, pois, geralmente, o ensino dessa
matéria durante o período escolar foi norteado por aulas monóto-
nas e por uma série de informações, que tinham de ser decoradas
para a prova. Raros foram os casos em que os alunos foram es-
timulados a estabelecer relações entre o passado e o presente, em
pensar a História como algo atrativo, vivo e em movimento.
Em nossa concepção, não é possível compreender e fazer in-
tervenções no presente, desconhecendo o passado, pois o conhe-
cimento do passado é capaz de fornecer uma série de informações
e reflexões que nos ajudam nesse processo. Afirmamos isso não
só com base numa vasta literatura na área da História Social, mas
também com base em nossa experiência como docentes.
Assim, a partir do conhecimento dos processos históricos,
podemos nos "munir" de ferramentas que ajudam a rever e a con-
struir propostas para a atualidade. Algumas perguntas comuns de
alunos e professores, com relação à escola, podem ser mais facil-
mente respondidas, como, por exemplo:
1) Qual o objetivo que devo ter com o ensino da ginástica
na escola?
2) O que ela pode colaborar na formação de um indivíduo
crítico e autônomo?
© U2 - A Ginástica e a Escola: aspectos históricos 61

3) Quais relações são possíveis de serem feitas entre a gi-


nástica e a realidade de crianças e jovens?
4) Quais foram os papéis da ginástica na escola ao longo da
história e quais são os atuais?
5) De que forma, como educador, estou colaborando ou
modificando essa história?
As respostas a essas e a outras perguntas poderão ser desen-
volvidas ao longo desta unidade. Mas lembramos do quanto seu
envolvimento é necessário para que a ginástica faça parte da Edu-
cação Física escolar e para que sua intervenção como educador
possibilite que o ensino seja significativo para os alunos.
Retome o fôlego e vamos passear por essa histórica relação
entre a ginástica e a escola, estabelecendo paralelos com a reali-
dade (a do Brasil e a sua) e com sua ação como professor de Edu-
cação Física!

5. ASPECTOS HISTÓRICOS DA RELAÇÃO ENTRE


GINÁSTICA E ESCOLA
Na Unidade 1, apresentamos alguns conceitos de ginástica
inseridos em seus respectivos contextos históricos. Identificamos
que o primeiro conceito apareceu na Grécia antiga, aproximada-
mente entre os séculos 4 e 5 antes de Cristo.
Para adentrarmos nessa relação histórica entre ginástica e
escola no Brasil, vamos retomar, rapidamente, que, neste local e
período, a ginástica já era considerada conteúdo pilar da educação/
formação do cidadão grego, conforme aponta a citação a seguir:
A concepção grega de atividade física estava vinculada à visão de
homem e de mundo que esta civilização possuía. Cultuava-se a har-
monia da forma física, paralelamente ao desenvolvimento do es-
pírito, pois estes elementos formavam a sabedoria, que não se dis-
tinguia da ciência, posto que esta provinha da cultura da música e
da ginástica (PALAMELA; PLATÃO apud BONORINO, 1931; TOLEDO,
1999, p. 80).

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62 © Ginástica Geral

Outros autores também corroboram essa afirmação (JEA-


GER, 2001; RAMOS, 1982; MARINHO, s.d.). Isso nos faz concluir
que a ginástica, embora utilizada para a preparação para a guerra,
também era utilizada para a formação de valores morais e éticos,
assim como disciplinares e higiênicos.
Sabemos que nesse contexto histórico não havia a institu-
ição escola como a concebemos na modernidade. No entanto, vale
ressaltar que a ginástica já nasce atrelada a um modelo de forma-
ção do cidadão grego, desde sua infância (como ilustram o filme
Alexandre – O grande e pinturas da época).
Interessante notar que processo semelhante ocorreu no
Brasil, em 1851, quando o deputado Luiz Pedreira de Couto Fer-
raz apresentou sua proposta para a reforma do ensino primário e
secundário para o município da Corte. Após três anos, regulamen-
tou as matérias que deveriam ser obrigatórias no currículo escolar,
entre as quais a ginástica e a dança, respectivamente no ensino
primário e secundário (CANTARINO FILHO, 1982).
Assim, a lei nº 630 de 17/09/1851 foi responsável por in-
serir a ginástica nas escolas (MARINHO, s.d.). E antes dessa data,
segundo Kolyniak Filho (2008), em 1837, a Educação Física passou
a existir na escola quando o Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro,
adicionou as aulas de ginástica em seu currículo escolar.
Segundo Toledo (1999), a partir da independência da Repúbli-
ca, vê-se a necessidade da progressiva desvinculação do país com a
antiga metrópole Portugal. Também preocupava-se cada vez mais
em estruturar um sistema de ensino adequado à realidade do país.
Em 1852, o Regulamento da província do Amazonas colocava
como fundamental no ensino primário a educação física e moral,
sendo um dos seus conteúdos os "exercícios ginásticos". As aulas de
ginástica efetivaram-se primeiramente nas escolas militares, e não
nas escolas civis, provavelmente por dois motivos: a proposição de
se ter um exército próprio e os militares estarem mais capacitados
para lecionar em seu próprio contexto de atuação.
© U2 - A Ginástica e a Escola: aspectos históricos 63

Vale lembrar que segundo Siriani (2003), a imigração alemã


chegou ao Brasil em 1827, com 226 imigrantes, sendo a maioria
deles prussianos. E não só em São Paulo, como no Rio de Janeiro,
e principalmente na região Sul do país, esses imigrantes vieram em
massa no final do século 19 e mantiveram seus costumes, entre
eles a prática da ginástica (turnen).
Essa prática foi desenvolvida em associações e clubes forma-
dos pelos imigrantes, com destaque para a Sogipa – Sociedade de
Ginástica Porto Alegre, fundada em 1867, e o Clube alemão Ger-
mânia, na cidade de São Paulo, fundado em 1876 (o Clube Atlhéti-
co Paulistano também foi fundado por alemães, em 1900).
A autora Fiorin (2002) ressalta, ainda, que em Campinas-SP,
imigrantes alemães criaram a Sail – Sociedade Alemã de Instrução
e Leitura, em 1864. O objetivo era cultivar a cultura alemã, que
incluía, entre outras práticas, a ginástica (turnen).
A inserção da ginástica nas escolas militares foi bem sucedi-
da. Logo um projeto de Rui Barbosa, em 1882, se estabeleceu para
que a atividade fosse implantada em todo o território nacional,
nos currículos escolares, obrigatória para ambos os sexos, inclusi-
ve para a formação do professorado, segundo Marinho (s.d.).
É interessante perceber que essa foi a primeira iniciativa de
relevar a ginástica na formação de professores, uma vez que, im-
plantada a obrigatoriedade, não havia quem lecionasse a discipli-
na, a não ser os militares.
Assim, os professores deveriam vivenciar e aprender a ginás-
tica alemã, para lecioná-la nas escolas no ensino primário. Para
isso, Rui Barbosa sugeriu a fundação de uma escola normal de gi-
nástica, com o objetivo de formar professores para atuarem nas
escolas do Rio de Janeiro e nas demais províncias.
Ele estabeleceu as seguintes medidas para tornar seu proje-
to possível:

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64 © Ginástica Geral

1° Instituição de uma secção especial de ginástica em cada escola


normal.
2º Extensão obrigatória da ginástica a ambos os sexos, na formação
do professorado e nas escolas primárias de todos os graus, tendo
em vista, em relação à mulher a harmonia das formas feminis e as
exigências da maternidade futura.
3º Inserção da ginástica nos programas escolares como matéria de
estudo, em horas distintas das do recreio, e depois das aulas.
4º Equiparação, em categoria e autoridade, dos professores de
ginástica aos de todas as outras disciplinas (BARBOSA, 1883, p. 98).

No entanto, a ginástica alemã não perdurou muito no am-


biente escolar, principalmente por seu caráter rígido, disciplinador
e de exacerbado uso da força.
Segundo Góis Junior e Lovisolo (2003), não era possível dis-
tinguir uma aula de Educação Física de uma instrução militar. Isso
acontecia porque os militares vivenciavam os métodos de ginástica
em sua preparação e os reproduziam na escola civil, pois nenhuma
capacitação para esse ensino era necessária (somente a prática).
Rui Barbosa, assim como outros pedagogos da época, alme-
javam uma prática diferenciada da ginástica no ambiente escolar,
que fosse prazerosa e pedagógica. Por isso, sugeriram a substitui-
ção do método alemão de ginástica para o sueco.
Segundo ele:
Para desvanecer prevenções, e elucidar o verdadeiro alcance da
ginástica, na educação humana, a Suécia, talvez mais que nenhum
outro país, nos oferece quadros, que equivalem à mais irrefragável
das demonstrações. "Na Suécia", diz um médico ginasta dessa na-
cionalidade "o nosso timbre é harmonizar a alma com o corpo [...]
(BARBOSA, 1883, p. 86).

Além desse motivo, outros, como a Alemanha ter perdido a


Primeira Guerra Mundial (TUBINO, 1996), colaboraram para que,
em 1921, a substituição começasse a acontecer.
Goellner (1992) reforça que o enfraquecimento do método
alemão também se deu em 1908, quando houve a contratação de
uma missão militar francesa para orientar a instrução militar da
© U2 - A Ginástica e a Escola: aspectos históricos 65

Força Pública do Estado de São Paulo. Assim, não somente o méto-


do sueco é incentivado nas escolas, como também o francês.
Segundo Toledo (1999, p. 94)
Praticamente a influência do Método Sueco estendeu-se até os
primeiros anos da década de 20, época em que vários estados re-
alizaram reformas em seus sistemas de ensino, "precursoras das
grandes reformas nacionais que se realizariam a partir de 1930"
(BETTI, 1991). Em todas estas reformas, assim como, de 1851 até
meados de 1920, a Educação Física aparece como Ginástica, tendo
como objetivo principal higienizar a população (reorganizar a estru-
tura familiar, seus hábitos e valores), evitando a "formação" de uma
população fraca, miscigenada (brancos e negros), frágil e doentio.

Colabora, também, para o desenvolvimento e inserção da


ginástica sueca no ambiente escolar o autor Fernando de Aze-
vedo. Ele publica duas obras a respeito do tema, legitimando sua
proposição: A poesia do corpo ou a ginástica escolar, em 1915, e
Da Educação Física, em 1920.
Segundo Azevedo (1920), a ginástica seria um conteúdo bá-
sico que deveria anteceder os conteúdos de jogos e esportes. Ou
seja, a ginástica desenvolveria habilidades motoras e as capacida-
des físicas das crianças potencializando seu desenvolvimento e sua
posterior aquisição e performance nas habilidades mais específi-
cas e complexas dos esportes.
Percebemos, até o momento, como as políticas públicas in-
terferiram diretamente na inserção da ginástica no contexto esco-
lar, sendo que nas décadas subsequentes isso continua.
Em 1927, surgiu a edição francesa do Regulamento Geral de
Educação Física, que, traduzido para o português, ficou conhecido
como o "Regulamento 7". A obra preconizava uma Educação Física
que visasse o desenvolvimento harmônico do corpo, a conserva-
ção e a melhoria do funcionamento dos órgãos. A base teórica
eram os estudos da anatomia e fisiologia e o corpo desenvolvido
por meio de jogos, flexionamentos, exercícios educativos, aplica-
ções, esportes individuais e coletivos.

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66 © Ginástica Geral

Por conta disso, em 1929, um anteprojeto de lei defende a


adoção do método francês em todo território brasileiro, nas esco-
las primárias e secundárias.
Segundo Schneider (2004), esse método atendeu a neces-
sidades que o método alemão não conseguia atingir, como a pre-
venção de lesões e as correções de deformidades, que acometiam
crianças e jovens devido uma demanda da "nova" sociedade in-
dustrial brasileira, que exigia especialização e rendimento.
Notamos até aqui a defesa da ginástica na escola como disci-
plina curricular, nos remetendo à afirmação de que nesse período
ela era sinônimo de Educação Física. Um exemplo disso é o dis-
curso de Fernando de Azevedo (1920, p.131):
A utilidade da ginástica pedagógica, que já não se pode discutir em
teoria, depende, porém, na prática, do feito racional, que se lhe
imprimir o ensino. Não há bom método de educação física, desde
que não seja racional. É este um cânone da pedagogia, em cujos
princípios, deduzidos da observação experimental, deve assentar
todo o sistema escolar de educação física.

Independente do método de ginástica que se estabelecia para


a Educação Física escolar, ela tinha objetivos de educar o físico, como
destaca Castellani Filho (1991). Ele afirma que esse propósito não era
somente advindo de um setor militar, mas também da classe médica,
apoiados pelo setor político em prol de uma reorganização social.
Desde essa década temos o registro de um educador, que atua
tanto na escola como no espaço literário, que defende uma Educação
Física, por meio da prática da ginástica, acessível a todos, que prima
o belo e o racional e onde não se objetiva a performance. Segundo
Azevedo (1920, p. 132):
Um dos maiores preconceitos, porém, a respeito é a idéia vulgar
de que a ginástica, como arte que é, tendo a realizar o belo no útil,
deve, antes de tudo, alcançar a perfeição atual nos exercícios, exe-
cutados coletivamente, posto que devam preocupar o professor de
educação física, não são o único e principal fim da ginástica. A rea-
lização do belo pela ginástica, como arte, é no corpo humano, cujas
partes se propõem favorecer harmônica e integralmente, criando o
belo de maneira a constituir o reflexo do útil que dever ser o perfei-
to funcionamento dos órgãos.
© U2 - A Ginástica e a Escola: aspectos históricos 67

A partir da divulgação das obras de Fernando de Azevedo, em


consonância com as leis e decretos que são promulgados, a ginás-
tica, especificamente o método francês, vai se enraizando na socie-
dade brasileira, em diferentes espaços. O método alastra-se no "Es-
tado Novo", período de 1937 a 1945, governado por Getúlio Vargas.
Segundo Betti (1991), o Ministério da Educação e Saúde Pú-
blica, criado em 1930, estruturou e propôs um sistema único de
ensino para todo território. Em 1937, pela primeira vez, a cons-
tituição referiu-se diretamente à Educação Física (no artigo 31),
tornando-a obrigatória a todos os alunos até 21 anos, no ensino
formal, industrial, comercial e agrícola.
De acordo com Betti (1991, p. 46), a constituição ainda pre-
conizava que:
Art. 127 - A infância e a juventude devem ser objeto de cuidados e
garantias especiais por parte do Estado, que tomará todas as medi-
das destinadas a assegurar-lhes condições físicas e morais de vida
sã e de harmonioso desenvolvimento das suas faculdades.
Art. 131 - A educação física, o ensino cívico e o de trabalhos man-
uais serão obrigatórios em todas as escolas primárias, normais e
secundárias, não podendo nenhuma escola de qualquer desses graus
ser autorizada ou reconhecida sem que satisfaça aquela exigência.
Art. 132 - O Estado fundará instituições ou dará o seu auxílio e
proteção às fundadas por associações civis, tendo umas; e outras
por fim organizar para a juventude períodos de trabalho anual nos
campos e oficinas, assim como promover-lhe a disciplina moral e o
adestramento físico, de maneira a prepará-la ao cumprimento, dos
seus deveres para com a economia e a defesa da Nação.

Da década de 1940 para 1950 temos uma mudança sig-


nificativa no panorama de hegemonia dos métodos europeus de
ginástica no ambiente escolar, na disciplina de Educação Física.
Musa (1946) é um dos autores que propõe uma Educação Física
mais voltada para a prática esportiva.
A proposta do estudioso inclui os jogos desde as séries ini-
ciais, entendendo-a como um conteúdo possível de desenvolver
capacidades e habilidades, a moral e os valores, e de trazer à aula
um ambiente de alegria e motivação.

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68 © Ginástica Geral

Segundo Toledo (1999), inicia-se a partir dessa década um


processo lento de "esportivização" da Educação Física escolar. Essa
"esportivização" ganha força especialmente após a Segunda Guerra
Mundial, pois a ginástica era utilizada na escola para formar o físico
(incluindo preparar jovens para a guerra), os hábitos e os valores.
Com o término das guerras e a influência de novas tendên-
cias no campo educacional, a ginástica, que era concebida como
prática disciplinadora, "antiga" e de cunho militar, passa a perder
gradativamente seu valor nas aulas de Educação Física.
Soma-se a isso uma crescente valorização do esporte em
todo o mundo, a partir da retomada dos Jogos Olímpicos da era
moderna (em 1896) e seu desenvolvimento como palco também
de embates políticos e econômicos mundiais.
No campo educacional brasileiro, merece destaque a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 4.024 (em vigor
em 20 de dezembro de 1961). Segundo Toledo (1999, p. 100), a lei:
[...] resumidamente pontuava para a educação nacional: maior com-
preensão dos direitos e deveres da pessoa humana; respeito à digni-
dade e à liberdade; fortalecimento da unidade nacional e da solida-
riedade internacional; desenvolvimento integral da personalidade;
preparo ("moral e científico") do indivíduo para a sociedade; preser-
vação e expansão do patrimônio cultural; e a condenação de qualquer
tratamento desigual, no campo filosófico, político, racial ou religioso.
Esta proposta foi importante nesta época por tratar de pontos até
então "abafados" no contexto social brasileiro, como a diferença de
classes, e outros ligados a questões como a exploração do trabalho e
à má qualidade de vida, como o racismo e a perseguição política, e
principalmente dos de restrito acesso à educação por grande parte da
população. Uma grande conquista também teve a Educação Física, ao
ter sido incluída na LDB, de 1961, como disciplina obrigatória, nos cur-
sos primário e secundário, até os 18 anos (BRASIL, Congresso Nacional,
1978a). Esta lei garantiu em todo território nacional a obrigatoriedade
da prática desta "disciplina" no currículo escolar, não sendo mais vista
como atividade sistematizada, ou ainda como Método de Ginástica.

Logo após a lei, uma portaria do MEC, n. 148, de 27 de abril


de 1967, estabeleceu a Educação Física como disciplina que possui
"um conjunto de ginástica, jogos, desportos, danças e recreação",
cujo objetivo é:
© U2 - A Ginástica e a Escola: aspectos históricos 69

[...] promover o desenvolvimento harmonioso do corpo e do es-


pírito e, de modo especial, fortalecer a vontade, formar e disci-
plinar hábitos sadios, adquirir habilidades, equilibrar e conservar a
saúde e incentivar o espírito de equipe de modo que seja alcançado
o máximo de resistência orgânica e eficiência individual (BRASIL,
1983, p. 47).

Nota-se claramente a influência do movimento da Escola


Nova, tanto na lei como na portaria, valorizando uma visão do in-
divíduo em sua totalidade, abrangendo na Educação Física (e em
outras disciplinas escolares) além dos aspectos motores, os aspec-
tos afetivos, sociais, psicológicos etc. E isso valia não só para os
alunos como para os professores.
Os autores da área que iam ao encontro dessas prerroga-
tivas, segundo Betti (1991), eram Fernando de Azevedo e Inezil
Penna Marinho.
Essa influência chega não só na ginástica francesa e sueca,
ainda desenvolvidas nas escolas, assim como na concepção espor-
tiva das aulas de Educação Física que estava em pleno crescimento.
O movimento de valorização do esporte nessas aulas toma
impulso a partir da chegada do método desportivo generalizado. O
método foi criado no Instituto Nacional da França e divulgado por
seu precursor, Augusto Listello, que veio ao Brasil dar cursos sobre
a técnica, à convite do professor Antonio Boaventura da Silva.
De acordo com Listello (apud BETTI, 1991, p. 98), o método
tinha como objetivos:
[...] a) iniciar nos diferentes esportes; b) orientar para as espe-
cializações através do desenvolvimento e aperfeiçoamento das
atitudes e gestos; c) desenvolver o gosto pelo belo, pelo esforço
e performance, d) provocar as necessidades de higiene. A aula de
"Educação Física Desportiva Generalizada" tem quatro partes:
1º) Exercícios de aquecimento, com deslocamentos base de peque-
nas corridas e marchas em cadências variadas;
2º) Exercícios de flexibilidade e desenvolvimento muscular, visando
dar maior amplitude às articulações, desenvolver a elasticidade
muscular e dar consciência da boa atitude;

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70 © Ginástica Geral

3º) Exercícios de agilidade e cram, objetivando dar ao praticante


maior controle corporal e confiança em si mesmo, compreenden-
do exercícios em aparelhos (barras, escada, espaldar, etc.), trans-
posição de obstáculos difíceis, saltos em profundidade e natação
(mergulhos e salvamentos);
4º) Exercícios esportivos, dirigidos à iniciação, especialmente na
forma de jogos que evoluem de acordo com as necessidades e a
idade dos indivíduos.

Taborda de Oliveira (2002) salienta que o esporte foi visto


como referência para a disciplina de Educação física. Como ele era
codificado, normatizado e institucionalizado, poderia responder
aos anseios de controle pelo poder hegemônico, no sentido de pa-
dronizar não só as ações das crianças como dos educadores.
Para Toledo (1999, p. 103):
O esporte não só é seu conteúdo como transforma-se em foco das
atenções no panorama nacional, e sua prática é incentivada cada vez
mais no ambiente escolar, acentuando-se seu treinamento e a bus-
ca da melhor performance nas aulas. Na tentativa de se criar uma
estruturação esportiva mais adequada, visando educar fisicamente
e moralmente os cidadãos, o esporte era enaltecido para que o país
pudesse ser representado em competições internacionais. Este pen-
samento foi fortalecido a partir de 1970, quando o Brasil venceu a
Copa do Mundo de Futebol pela terceira vez. De certo modo, isto
trouxe a ilusão de que todo cidadão brasileiro tinha acesso ao es-
porte e de que estaríamos estruturalmente preparados para compor
novas seleções de alto nível em outras modalidades. Muito pior do
que isso foi fazer professores e alunos acreditarem que a escola teria
o "poder" de detectar talentos e transformá-los em grandes atletas,
através das aulas de Educação Física. O Método Desportivo Generali-
zado continuou presente na Educação Física Escolar, até aproximada-
mente 1980, e novas leis e pareceres foram promulgados, obrigando
a presença desta disciplina no currículo escolar. Enquanto disciplina,
seus objetivos e conteúdos foram alterados no final deste período,
como aponta a Portaria no. 148, do MEC, de 27 de abril de 1967,
que a conceituou como " um conjunto de ginástica, jogos, desportos,
danças e recreação" , tendo como objetivo promover o desenvolvi-
mento harmonioso do corpo e do espírito, formando e disciplinan-
do hábitos e valores. Atendendo também aos anseios da tendência
escolanovista, o esporte foi visto como conteúdo fundamental para
proporcionar a integração social, a solidariedade, a determinação, o
espírito de grupo, o "desenvolvimento" da personalidade, a forma-
ção de valores (ética), ao mesmo tempo que também proporcionava
o aprimoramento físico e a saúde.
© U2 - A Ginástica e a Escola: aspectos históricos 71

Já Taborda de Oliveira (2004, p. 13) destaca que:


[...] o esporte foi a coroação de um mundo de competição, concor-
rência, liberdade, vitória, consagração. Sugerido de forma exclusiva
pelos órgãos oficiais para a educação física escolar, ele carregava
toda a simbologia de um mundo de lutadores e vencedores.

Segundo muitos autores da área, o processo de esportiviza-


ção não foi só bem sucedido pelos motivos já expostos. O sucesso
foi ao encontro das tendências mundiais e do poder hegemônico
local, além de ter como grande trunfo a facilidade de apreensão
(conhecimento) pelos educadores, e sua forma lógica e metódica
de ensino, de forma sequenciada e com uma gestualidade históri-
ca e universalmente conhecida.
Schneider (2004) afirma que Fernando de Azevedo era con-
tra essa exacerbada valorização do esporte nas aulas de Educação
Física escolar. Ele acreditava que sua coexistência com a ginásti-
ca era possível, sendo que uma colaboraria com a outra, e ambas
para o desenvolvimento harmônico do indivíduo (habilidades mo-
toras e capacidades físicas, assim como os valores).
Algumas décadas à frente, Guérios (1974, p. 6) faz sua pro-
posição na mesma direção:
[...] a uma Educação Física Moderna, onde os conteúdos programáti-
cos são variados e adequados às necessidades bio-psíco-fisiológicas
e sociais da criança e isto podemos visualizar através dos meios ou
seja, das atividades utilizadas pela Educação Física Moderna: Ginásti-
ca Geral, jogos e recreação, higiene e saúde escolar, atividades cívicas
e sociais, atividades rítmicas e folclóricas, atividades psicomotoras
em geral, volibol, handebol, basquetebol, atletismo e natação... A
Educação Física por meio de suas técnicas - ginástica, jogo, dança,
desporto e recreação - , então integradas num sistema educacional
relacionado com a época, com o ambiente, com a vida econômica e
social do indivíduo, com o estado atual da civilização, enfim, com as
aptidões e, mui especialmente, com o sexo, será sempre, um fator
primordial para que a vida na escola seja educação - desenvolvim-
ento integral da personalidade humana.

De maneira conclusiva, acerca de todo o processo que cons-


tituiu a Educação Física escolar, Toledo (1999, p. 105) nos aponta
que:

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72 © Ginástica Geral

Desde a introdução do Método Alemão na Escola Militar até apro-


ximadamente a década de 70, podemos destacar duas fortes
concepções na Educação Física Escolar: a gímnica e a esportiva. A
concepção gímnica refere-se à predominância e, muitas vezes, à ex-
clusividade, do conteúdo ginástica, principalmente através dos Mé-
todos Europeus, nesta disciplina; o que, durante muito tempo, a ca-
racterizou como Educação Física. A concepção esportiva refere-se
igualmente à predominância do conteúdo esporte nesta disciplina.
Podemos dizer que o Método Francês foi um estágio intermediário
entre a concepção gímnica e a concepção esportiva na Educação
Física Escolar, uma vez que a contemplava, em seu conteúdo, tanto
a Ginástica como os esportes.

Com a supervalorização do esporte nas aulas de Educação


Física escolar, em consonância com as possíveis conquistas do país
nos campeonatos mundiais e Jogos Olímpicos (impulsionados pela
conquista da Copa do Mundo, em 1970), essas aulas foram consid-
eradas um grande celeiro para a detecção de talentos esportivos.
Os professores voltaram-se para um aperfeiçoamento dos
gestos esportivos. Como consequência, as aulas tinham cada vez
mais um caráter seletivo, que causava, numa maioria, frustração
pelo não alcance de metas extraordinárias de performance.
As qualidades e limitações individuais poucas vezes eram va-
lorizadas, o que ocasionava um grande contingente de indivíduos
que pouco participavam das vivências corporais na aula. Outros,
não obtendo sucesso, acabavam por construir uma repulsa à ativi-
dade física e ao esporte (tanto na fase infantil como adulta).
Para Darido e Rangel (2005, p. 5):
[...] em oposição à vertente mais tecnicista, esportivista e biologi-
cista, surgiam os novos movimentos na Educação Física Escolar a
partir, especialmente, do final da década de 70, inspirados no novo
momento histórico social por que passaram o país, a Educação e a
Educação Física.

Assim, vários autores da Educação Física propuseram, nas


décadas de 1980 e 1990, diferentes abordagens dessa disciplina
(e, portanto, para seus objetivos, conteúdos e métodos), que iam
de encontro a essa abordagem tecnicista.
© U2 - A Ginástica e a Escola: aspectos históricos 73

Uma delas merece menção: a do Coletivo de Autores (1992),


que considerava a ginástica como uma manifestação da cultura
corporal, juntamente com os jogos, a dança, as lutas e os esportes.
Segundo os autores:
Sua prática é necessária na medida em que a tradição histórica do
mundo ginástico é uma oferta de ações com significado cultural
para os praticantes, onde as novas formas de exercitação em con-
fronto com as tradicionais possibilitam uma prática corporal que
permite aos alunos darem sentido próprio às suas exercitações
ginásticas (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 77).

Apesar dos esforços para justificar a importância da ginástica


nas aulas de Educação Física, constata-se que, em comparação às
décadas de 1920 a 1960, sua prática quase chegou à extinção.
Enquanto o processo gradativo de diminuição da prática da
ginástica ocorria no ambiente escolar, o inverso acontecia fora dele.
Ou seja, temos uma crescente expansão de outras modalidades
gímnicas, como nos clubes (rítmica desportiva, artística, acrobática,
aeróbica) e nas academias (localizada, step, aerofunk etc.).
Nas Unidades 3 e 5, vamos retomar algumas propostas
para a ginástica na escola que foram aqui mencionadas, a partir
da década de 1980, aprofundando-as e possibilitando seu uso no
planejamento escolar.

6. TEXTOS COMPLEMENTARES
É interessante pesquisar e descobrir, por meio de diferentes
fontes, quais foram os métodos ou práticas gímnicas que influen-
ciaram cada região brasileira e, se aprofundando um pouco mais,
cada instituição escolar.
O estudo de Tesche (2002) aponta a influência do método
alemão de ginástica (advindo da imigração alemã) nas escolas do
Rio Grande do Sul; já Vago (2001) aponta a influência da ginástica
sueca nas escolas de formação de professores no estado de Minas
Gerais (o que ecoou diretamente na atuação deles na escola).

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74 © Ginástica Geral

Outros estudos apontam que, numa mesma região ou cidade,


houve diferentes influências gímnicas de acordo com a orientação
pedagógica de cada escola. Por exemplo, na região Nordeste ou Sud-
este, as práticas corporais de escolas anglo-saxônicas eram diferentes
das práticas das escolas católicas. Para ilustrar essa especificidade da
unidade, e causar sua reflexão acerca do que pode ter ocorrido na sua
escola, na sua cidade, na sua região, em diferentes períodos históri-
cos, vamos utilizar trechos de livros dos autores mencionados anteri-
ormente. Iniciaremos com uma citação do prefácio do livro de Tesche:
Os vinte e cinco anos iniciais da imigração caracterizavam-se pelas
enormes dificuldades oriundas da própria natureza do empreendi-
mento relacionadas principalmente às características ambientais in-
teiramente diferentes da Europa, a inserção numa realidade social e
cultural não-familiar, quase sem recursos e sem assistência da parte
dos governos. Vencida essa etapa difícil, os imigrantes que continua-
vam vindo, somados à primeira geração dos aqui nascidos, iniciaram,
a partir de 1850, a fase de consolidação do projeto colonizador.[...]
Um fio condutor perpassava, de então para frente, toda essa movi-
mentação, que foi-se intensificando e multiplicando até o final do
século dezenove e durante as primeiras três décadas do século vinte:
a preservação da identidade. Para tanto, instalaram-se bibliotecas,
fundaram-se sociedades de canto, multiplicaram-se jornais e revisas
e puseram-se em marcha projetos amplos para fins múltiplos.
Um dos instrumentos específicos para preservar a identidade mere-
ceu uma atenção toda especial. Tratava-se da prática do Turnen.
Com essa finalidade surgiu em Porto Alegre em 1866 a Sociedade de
Ginástica, o turnverein, dando na década de 1890 origem à União de
Ginastas, o Turnerbund, transformando no início da Segunda Guerra
Mundial em Sociedade de Ginástica de Porto Alegre, Sogipa. O ideal
e o conceito de ginástica dessa e de todas as outras sociedades com
a mesma finalidade inspiraram-se no grande mestre Jahn e como ele
transformaram o turnen, os exercícios físicos, o cultivo do corpo, se-
gundo o princípio do mens sana in corpore sano, num instrumento
pedagógico no cultivo e na preservação da identidade. O mesmo
princípio, o mesmo modelo e o mesmo objetivo inspiraram e fizeram
com que a prática do turnen entrasse como complemento pedagógi-
co na educação oferecida por uma série de instituições de ensino
médio, mantida por entidades de procedência alemã (TESCHE, 2002,
Prefácio, p. 11 e 12).

E, no excerto a seguir, estão as considerações iniciais e finais


do texto de Vago (2001, p. 33 e 57):
© U2 - A Ginástica e a Escola: aspectos históricos 75

Este texto discute o processo de escolarização da Ginástica nos cur-


sos de formação do professorado de Minas Gerais, por intermédio
das escolas normais, no final do século passado e início deste. A
idéia central é a de acompanhar esse processo, partindo da primei-
ra lei mineira que estabelece a Ginástica como componente curri-
cular (em 1890), até chegar ao momento em que se estruturaram
os primeiros programas de ensino detalhados para ela (em 1916 e
1918). [...] Assim, entende-se que a escolarização da Ginástica dá-
-se também com o concurso da legislação de ensino, e é isso que a
torna fundamental como fonte de pesquisa histórica. [...] O progra-
ma da cadeira de Ginástica para o ensino normal, de 1916, não se
restringia à ginástica sueca, incluindo também os jogos, as danças
e os brinquedos infantis. Há, inclusive, a recomendação expressa
de que essas duas últimas práticas corporais – a dança e os brin-
quedos infantis – deveriam ser introduzidos nas classes primárias.
Ora, essa é outra importante novidade: essas são duas práticas cor-
porais que a legislação escolariza e que, enfim, se diferenciam das
evoluções militares, dos exercícios ginásticos e dos exercícios ca-
listênicos sempre legitimados. Mais tarde, em 1918, também será
indicada, para este mesmo fim, as folk-dances, explicitando-se um
caráter de exercícios de diversão. Finalmente, é muito interessante
perceber a atualidade dos programas estabelecidos pela legislação
para a cadeira de Ginástica, em 1916 e 1918, no que diz respeito às
práticas corporais que eles escolarizam, e que estão presentes hoje
em muitas propostas curriculares de Educação Física: a ginástica
(executando-se a diferença da especificidade de aquela ginástica
ser sueca), as danças, os brinquedos infantis e os jogos atléticos
(que incluíam várias modalidades de esporte). Há mais de 80 anos!
Seria interessante discutir as transformações históricas experimen-
tadas por tais práticas e os significados hoje atribuídos a elas no
ensino de Educação Física. Temas para investigação histórica.

7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Escolha um período histórico mencionado nos textos de Tesche (2002) e
Vago (2001) e disserte sobre sua relação com aspectos da atualidade, no
que concerne ao ensino da ginástica na escola.

2) Em sua opinião, qual(is) foi(ram) o(s) papel(éis) das políticas públicas para a
inserção da ginástica na escola, em diferentes períodos?

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76 © Ginástica Geral

3) Ao longo do tempo no Brasil, especialmente no século 20, quais foram as


semelhanças e as diferenças nos papéis da ginástica na escola?

4) Os métodos europeus de ginástica, em especial o alemão, o sueco e o francês, fo-


ram orientados a serem trabalhados na escola, no entanto, sem adequações para
a realidade brasileira. É possível afirmar que isso está acontecendo novamente
no século 21, com outras práticas gímnicas (dentro e fora da escola)? Argumente.

5) A ginástica, durante muitas décadas, almejou formar corpos fortes e disci-


plinados, atendendo a um ideal de cidadão desejado pelo Estado. E, atual-
mente, o ensino da ginástica parece servir a quais propósitos? A qual perfil
de cidadão? A quais interesses do Estado?

6) É possível notar que a formação dos educadores em relação ao que ensinar


de Ginástica, impactou diretamente na ação dos mesmos na escola. Como
você analisa o que está ocorrendo em sua formação, num curso à distância,
em relação ao ensino da ginástica? Quais suas expectativas? E como isso vai
impactar na sua atuação docente?

8. CONSIDERAÇÕES
Esperamos que você tenha desfrutado desta unidade, compre-
endendo o dinamismo e as relações de força (poder) que se estabe-
leceram (entre políticas públicas, influências internacionais, cursos de
formação etc) para que a ginástica fosse, desde o final do século 19, es-
tabelecida como conteúdo da Educação Física escolar, sendo, inclusive,
considerada sinônimo deste estudo em alguns momentos históricos.
Esperamos também que você tenha estabelecido outra
relação com a História, apropriando-se de seu potencial para
uma formação docente mais aprofundada, crítica e reflexiva. E
que, a partir disso, tenha conseguido estabelecer paralelos com a
realidade que viveu (sua trajetória histórica) e que pretende viver
como educador físico em escolas.

9. E-REFERÊNCIA

Site pesquisado
SOCIEDADE DE GINÁSTICA DE PORTO ALEGRE (SOGIPA). Home page. Disponível: <http://
www.sogipa.com>. Acesso em: 23 mar. 2012.
© U2 - A Ginástica e a Escola: aspectos históricos 77

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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1918). In: FERREIRA NETO, A. (Org.). Pesquisa Histórica na Educação Física. Vitória: UFES,
1997. v. 2.
EAD
Panorama da
Ginástica Geral
na Atualidade
3

1. OBJETIVOS
• Identificar o atual panorama da ginástica geral no Brasil e
em alguns locais do mundo.
• Conhecer diferentes contextos que se preocupam com a
ginástica geral no Brasil e no mundo.
• Estabelecer paralelos entre as abordagens de ginástica
geral em diferentes realidades/culturas.

2. CONTEÚDOS
• Fatos e atualidades da ginástica geral.
• Panorama nacional e internacional da ginástica geral.
• Federação Internacional de Ginástica e outras instituições.
80 © Ginástica Geral

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli-
citados no Glossário de Conceitos e suas ligações pelo
Esquema de Conceitos-chave para o estudo de todas as
unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendiza-
gem e seu desempenho.
2) Conhecer os sites da Federação Internacional de Ginás-
tica, da Confederação Brasileira de Ginástica, do Grupo
Ginástico da Unicamp e outras instituições, com maior
aprofundamento, auxiliará sua composição para o pano-
rama geral da ginástica geral.
3) Leia os textos e visite os sites indicados na bibliografia
para que você amplie seus horizontes teóricos. Discuta a
unidade com seus colegas e com o tutor.
4) Antes de iniciar os estudos desta unidade, conheça um
pouco da história da Federação Internacional de Ginástica
(FIG), Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), Fede-
ração Paulista de Ginástica (FPG), International Sport and
Culture Association (ISCA), e outras instituições que desen-
volvem e divulgam a ginástica geral no Brasil e no mundo.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, estudamos sobre aspectos do ensino
da ginástica na escola, abordando questões diretamente relacio-
nadas à história dessa prática.
Nesta unidade, conversaremos sobre o panorama da ginásti-
ca geral em nosso país e em outras localidades do mundo.
Podemos encontrá-la em contextos bem variados: na esco-
la, tanto nas aulas curriculares quanto nas extracurriculares, em
clubes públicos e privados, em instituições de ensino superior nos
seus três focos de atuação – ensino, pesquisa e extensão –, em or-
ganizações não governamentais, em instituições como, por exem-
© U3 - Panorama da Ginástica Geral na Atualidade 81

plo: Serviço Social do Comércio (Sesc), Deutscher Turner-Bund


(DTB), DGI, Sokol, entre outras.
Espero que aproveitem as informações e inspirem-se.

5. PANORAMA DA GINÁSTICA GERAL


Entendemos que para traçar um panorama devemos, mini-
mamente, conhecer diferentes realidades. Imaginem que estamos
no centro de um círculo e vamos descrever tudo, ou boa parte,
do que compõe o nosso redor até os limites da circunferência. As-
sim, é um panorama, uma observação ampla sobre algo, sobre um
tema, sobre uma paisagem, sobre um acontecimento.
Teremos aqui uma visão geral das abordagens, das diferen-
tes atuações, definições e possibilidades que vislumbramos, e que
tantos outros profissionais vislumbram, para a ginástica geral.
Ao apresentarmos um material tão vasto, lembramo-nos da
importância de estar sempre atentos e preparados para question-
ar as muitas diferenças de atuação da Ginástica Geral. Em alguns
casos, veremos tipos de abordagens de ginástica geral realmente
divergentes. Porém, convidamos você a conhecer essas diferenças
e, a partir do proposto, construir seu universo de conhecimento
acerca da temática, assim como a refletir criticamente sobre isso.
Optamos por apresentar um panorama abrangente em relação
à diversidade de contextos que encontramos a ginástica geral, em vez
de nos aprofundarmos em uma ou outra realidade específica.

6. GINÁSTICA GERAL EM DIFERENTES CONTEXTOS


A ginástica geral pode ser encontrada em diferentes
contextos no Brasil e no mundo. Vamos partir do pressuposto que
um conjunto de circunstâncias classifica o contexto. Pensemos em
três itens interdependentes que compõem o contexto: sujeito,
objetivo e cenário.
Claretiano - Centro Universitário
82 © Ginástica Geral

Podemos visualizar essa interdependência na Figura 1.

Sujeito

Contexto

Objetivo Cenário

Figura 1 Itens que compõem o contexto.

Os cenários podem ser, por exemplo: escolas, clubes, asso-


ciações, instituições de ensino superior , outras instituições públi-
cas e/ou privadas (clubes da prefeitura, Sesc, DTB, DGI, Sokol).
O sujeito é o público, as pessoas que os lugares citados an-
teriormente atendem: estudantes, associados, cidadãos em geral.
Os objetivos podem ser os mais variados possíveis: vivência
de determinada prática corporal, iniciação esportiva, aprendiza-
gem técnica e metodológica, profissionalização, lazer, competição,
apresentação, entre outros.
No Quadro 1, temos um exemplo para ilustrar algumas pos-
sibilidades de contextos nos quais a ginástica geral pode ser en-
contrada. Vale lembrar que se alterarmos qualquer um dos qua-
dros teremos mudanças significativas e interessantes.
Quadro 1 Possibilidades de contexto da Ginástica Geral
CENÁRIO SUJEITO OBJETIVO
Clube Jovens Competir
Escola Crianças Vivenciar
Instituição de Ensino Superior Adultos Profissionalizar-se
Associações Idosos Apresentar-se
© U3 - Panorama da Ginástica Geral na Atualidade 83

7. GINÁSTICA GERAL NO BRASIL E NO MUNDO


Nota-se empiricamente que o desenvolvimento da ginástica
geral é crescente no contexto acadêmico, na abordagem escolar,
em clubes, como conteúdo da educação física ou como forma de
abordagem coreográfica. (TOLEDO, 2005, p. 196).
Esses contextos serão apresentados individualmente. Por
questões didáticas e organizacionais eles foram subdivididos em:
1) contexto acadêmico: apresentaremos o panorama da gi-
nástica geral em instituições de ensino superior brasilei-
ras, assim como em eventos científicos;
2) contexto público: decidimos dar esse nome para insti-
tuições prioritariamente públicas que, de alguma forma,
contemplam a educação não formal relacionada à ginás-
tica geral;
3) contexto escolar: mostraremos a presença crescente da
ginástica geral nas escolas, públicas ou privadas, em ati-
vidades curriculares ou extracurriculares;
4) contexto político: incluiremos nesse contexto a visão de
instituições historicamente esportivas, que tem a ginás-
tica geral como parte de suas atividades;
5) outros contextos: aqui falaremos de instituições públi-
co/privadas como Sesc, DTB, DGI, Sokol e associações
não governamentais.
Vale lembrar que todos os contextos se relacionam de algu-
ma forma. Por exemplo: a ginástica geral estará presente na es-
cola se o professor a conhecer anteriormente, em sua formação
acadêmica ou em outros contextos. Sendo assim, reflita sobre as
relações diretas e indiretas que iremos apresentar aqui.

Contexto acadêmico
Para compor o contexto acadêmico teremos o cenário uni-
versitário (instituições de ensino superior em geral) e alunos de
graduação e pós-graduação. Identificamos alguns objetivos nesse

Claretiano - Centro Universitário


84 © Ginástica Geral

contexto: formação profissional, reciclagem de conhecimentos,


pesquisa ou lazer.
Desde o início do século 21, os cursos de educação física de
algumas instituições de ensino superior brasileiras incluíram o es-
tudo da ginástica geral como parte importante em seus currículos
de formação.
Esse fato é decorrente da mudança de paradigma da área
da educação física. É importante mencionar que em várias insti-
tuições de ensino superior a ginástica geral já vinha sendo trabal-
hada dentro dos planejamentos de outras disciplinas gímnicas e
isso ainda acontece.
O graduando de Educação Física pode, em alguns casos, con-
hecer a ginástica geral nesse mesmo cenário (instituições de ensi-
no superior), porém com objetivos diferentes da formação profis-
sional, como, por exemplo, lazer, pesquisa, vivência de uma prática
corporal, entre outros.
O Grupo Ginástico Unicamp (GGU) foi pioneiro em organizar-
se para essa prática. Desde 1989 até os dias de hoje permanece
como um grupo de ginástica geral que possibilita aos universitários
a vivência dessa atividade e de todos os valores que podem fazer
parte dela.
Além do GGU, existem muitos grupos universitários no Bra-
sil. No Festival Universitário do IV Fórum Internacional de Ginásti-
ca Geral, 16 grupos praticantes estiveram presentes, superando os
três grupos que participaram da primeira edição do encontro.
O Fórum Internacional de Ginástica Geral é um dos princi-
pais eventos acadêmicos da área, realizado por iniciativa do Grupo
de Pesquisa em Ginástica (da Faculdade de Educação Física da Uni-
camp) em parceria com o Sesc (Serviço Social do Comércio).
O evento acontece desde 2001 e já está caminhando para
sua quinta edição. A primeira foi nacional e, após dois anos, o
fórum passou a ser conhecido internacionalmente também.
© U3 - Panorama da Ginástica Geral na Atualidade 85

Composto por conferências, mesas temáticas, sessão de


pôsteres, videopôsteres, mostras pedagógicas, cursos e festi-
vais, o evento confirma que as perspectivas de desenvolvimento
da ginástica geral, apontadas em 1999 pelos autores Elizabeth
Paoliello Machado de Souza e José Carlos Eustáquio dos Santos,
na versão nacional do Fórum, estavam certíssimas.
Souza (1999, p. 43-44) afirma que o aumento de grupos
brasileiros nas Ginastradas Mundiais (maior encontro de ginásti-
ca geral do mundo), da quantidade de festivais de ginástica geral
no Brasil, do número de publicações científicas sobre o tema, de
eventos para discutir a ginástica geral no Brasil e no mundo são
indicadores de um possível crescimento dessa prática no país.
Rezende (1999, p. 42) descreve que a forma que o brasileiro
reproduzia a ginástica geral era baseada nas ginásticas de com-
petição e "elementos da cultura globalizada", mesmo tendo grande
potencial criativo em relação a ritmos, movimentos e materiais.
O autor vislumbrava que se os esforços para o desenvolvi-
mento da ginástica geral fossem direcionados para suas caracterís-
ticas inclusivas e democráticas teríamos, em pouco tempo, muitos
praticantes.
O texto a seguir, elaborado a partir de pesquisas bibliográfica
e de campo, faz uma breve análise sobre o movimento da ginástica
geral, exemplificando a atualidade no contexto acadêmico.

A ginástica geral no espaço universitário–––––––––––––––––


O espaço universitário se mostra, neste cenário de divulgação e aplicação da
Ginástica Geral, como um espaço privilegiado para desenvolvê-la em diferentes
aspectos, justamente por possuir características muito próprias:
- possibilitar a capacitação de futuros professores e técnicos, na área de Educa-
ção Física por exemplo, dentro do espaço curricular, quando considerada como
uma disciplina ou como um conteúdo de disciplinas gímnicas,
- incentivar o desenvolvimento de pesquisas na área, na graduação e/ou na pós-
-graduação, e também através da formação de grupos de estudos ou grupos
de pesquisa,
- disponibilizar uma estrutura física e organizacional que possibilita a formação de gru-
pos de Ginástica Geral, com o objetivo de apresentação (espaço extra-curricular),

Claretiano - Centro Universitário


86 © Ginástica Geral

- viabilizar a parceria ou convênio com outras instituições, de ensino ou não, para


o desenvolvimento de projetos e eventos nesta área,
- promover cursos, palestras e "workshops", abertos ao público em geral ou es-
pecificamente para os alunos da instituição, nesta área;
- promover Simpósios, Congressos e Fóruns, que possam abordar esta temática.
Estas seis características que são próprias da Universidade, Centro Universitá-
rio ou Faculdade, evidencia-nos diferentes possibilidades de desenvolvimento
da Ginástica Geral, através da divulgação, trocas e produção de conhecimento,
em que as relações humanas também se focalizam para esse fim. Para que a
relação entre as características do espaço acadêmico e o desenvolvimento da
Ginástica Geral fiquem melhor visualizados e compreendidos, aborda-se abaixo
cada um destes itens com maior especificidade.
Com relação à capacitação profissional, alguns professores que lecionam a dis-
ciplina de Ginástica, na graduação em Educação Física, abordam a Ginástica
Geral como um conteúdo curricular. Nesta abordagem, é frisado aos alunos, seu
desenvolvimento na atualidade e sua aplicação, principalmente, no contexto es-
colar, com base nas propostas de Pérez Gallardo (1993), Souza (1997) e Ayoub
(2003). Esta abordagem na graduação promove a divulgação da Ginástica Geral,
pois os alunos, futuros professores, poderão ser multiplicadores de seus concei-
tos, características, assim como poderão desenvolvê-la em diferentes campos
de atuação da Educação Física.
O espaço universitário se mostra também como um local fundamental para o
desenvolvimento de pesquisas científicas. Assim, é neste espaço, preferencial-
mente, que as pesquisas na área da Ginástica Geral (GG) têm se desenvolvido,
pois os professores, alunos e orientandos, conferenciam-se, trocam experiências
e estudos, objetivando o desenvolvimento científico nesta área do conhecimento.
Muitas dessas trocas são realizadas em encontros de orientação e/ou em grupos
de pesquisa, que são oferecidos nestas instituições, coordenados por profes-
sores vinculados às mesmas. E um fator importante para a divulgação da GG,
é que estes grupos de estudos ou de pesquisa são abertos para professores e
estudantes, não possuem nenhum custo e caracterizam-se por reuniões que dis-
cutem e produzem conhecimento nesta área. Também como centro de pesquisa
e de capacitação profissional, as instituições de ensino superior com freqüência
realizam encontros científicos, como Simpósios, Fóruns, Congressos etc, além
de cursos de extensão e de pós-graduação. Na área da Ginástica Geral, os da-
dos apontam que mais da metade das instituições pesquisadas já realizaram
eventos científicos e cursos de extensão nesta área, com destaque para Fóruns
internacionais bianuais, que colaboraram e ainda colaboram para a divulgação
de trabalhos na área.
[...] Os estudos de Souza (1997) e Martins (2001) apontam como esta prática
pode ser significativa, em diferentes aspectos (formação humana, capacitação
profissional, aplicação de conteúdos curriculares, intercâmbios etc) para os gra-
duandos em Educação Física, como futuros professores e como seres sociais,
cidadãos. Geralmente, estes grupos são coordenados pelos professores que mi-
nistram a disciplina de Ginástica (ou Ginástica Geral) na graduação.
Como instituição de ensino, de nível superior, a faculdade possui uma facilidade
em estabelecer parcerias e convênios com empresas, públicas ou privadas, de
diferentes setores da economia, ou com outras instituições de ensino, da mesma
área ou de outras áreas (centros universitários), para o planejamento e execução
de projetos.
© U3 - Panorama da Ginástica Geral na Atualidade 87

Estes projetos podem referir-se a elaboração ou aplicação de pesquisas, à reali-


zação de eventos (no caso esportivos ou de Ginástica e Dança), à intercâmbios
internacionais com diferentes entidades (que incentivam e divulgam a prática
esportiva e gímnica) etc. Todas entidades analisadas já realizaram parcerias com
pelo menos uma destas instituições: outras faculdades de Educação Física, Aca-
demias de Dança e de Ginástica (locais – da cidade), Clubes (que têm a prática
da Ginástica), Instituições Governamentais (FAPESP), Instituições que atendem
aos trabalhadores (SESC), Instituições internacionais de intercâmbio (ISCA), Ins-
tituições de Pesquisa (ISCHEPER), Instituições que organizam a Ginástica com-
petitiva (Federação Paulista de Ginástica e Confederação Brasileira de Ginástica
– vinculadas à FIG) etc. Assim, nota-se que estas parcerias foram efetivadas ob-
jetivando-se o desenvolvimento da Ginástica Geral (TOLEDO, 2005, p. 197-198).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A autora consegue expor diferentes características do con-
texto acadêmico e relacioná-las ao desenvolvimento da ginástica
geral nesse aspecto. O texto pode ser encontrado na íntegra na
Gímnica, biblioteca virtual do site Ginásticas, onde você também
encontrará artigos sobre ginástica geral e outras modalidades gím-
nicas. No tópico E-referência, ao final da unidade, estão os ende-
reços completos.

Contexto não formal público


Para iniciarmos este contexto, nosso cenário são lugares
onde acontecem aulas de ginástica, financiados integral ou par-
cialmente pelo poder público. O público-alvo são cidadãos em seu
tempo fora do trabalho, cujo objetivo é condicionar-se fisicamen-
te, prevenir ou tratar doenças, conhecer o corpo, participar de
apresentações ou competições.
Pensando nesses objetivos, lembre-se de pelo menos um
tipo de ginástica que sirva a esses ideais. Anote o nome de cada
tipo. Agora tente lembrar se na região onde você mora existe al-
gum espaço, instituição ou academia, onde seja possível praticar
ginástica, qualquer tipo de ginástica, inclusive as que você listou
anteriormente. Caso tenha lembrado, pense apenas nas que são
públicas. Privilégio para alguns, a prática da ginástica está, muitas
vezes, atrelada a uma instituição privada.

Claretiano - Centro Universitário


88 © Ginástica Geral

Partindo desse inquietamento, Emanoelli e Paoliello (2010,


p. 81) buscaram descobrir a realidade da ginástica na Região Me-
tropolitana de Campinas (RMC) e, consequentemente, verificaram
a existência ou não da ginástica geral nessas cidades.
É importante saber que as prefeituras de cada município
foram o cenário da pesquisa. Vejamos os resultados da pesquisa e
a efetiva presença da ginástica geral nas cidades pesquisadas.

Presença da ginástica em espaços públicos.––––––––––––––


Os dados coletados nas entrevistas com Secretários de Esportes, ou respon-
sáveis, de cada secretaria, caracterizou os programas de acordo com o tipo de
ginástica praticada (condicionamento físico, competição ou demonstração), faixa
etária dos praticantes, número de praticantes, de profissionais envolvidos e local
onde o programa se desenvolve.
Foram identificados 55 programas de ginástica oferecidos pelas prefeituras de
toda região, sendo que 37 são destinados a ambos os sexos, 16 às mulheres
e somente 2 aos homens. Registrou-se, também, os locais de prática destes
programas: 21 deles ocorrem em ginásios, 11 em quadra externas, 11 em áreas
cobertas e 24 em salões. Atualmente a região conta um número total de 14.556
praticantes de ginástica nos programas das prefeituras, 113 professores, 24 es-
tagiários e 8 monitores envolvidos nesta prática.
A partir da análise dos dados coletados, observa-se a predominância dos pro-
gramas de ginástica de condicionamento físico; 35 (61%) são desta categoria
enquanto que 16 (28%) são de competição e somente 6 (11%) são de ginástica
demonstrativa. A situação permanece quando analisado o número de praticantes
por tipo de ginástica praticada; 12.045 pessoas ou 82% dos praticantes estão
matriculados em programas de ginástica de condicionamento físico, ao passo
que 1.816 ou 12% estão em ginástica de competição e 836 (6%) praticam ginás-
tica demonstrativa.
Entretanto a predominância da existência e prática desta modalidade não ocorre
nos programas para crianças. Nestes, a ginástica de condicionamento é nula,
sendo ofertadas práticas esportivas/competitivas e demonstrativas da ginástica.
Observa-se, também, que a faixa etária que possui maior equilíbrio na prática
das diferentes modalidades é a adolescência (do total de programas oferecidos
a esta faixa etária, 46% são de condicionamento físico, 40% competitivas e 13%
demonstrativas), contrapondo a faixa etária da 3° idade, a qual possui a maior
concentração das atividades em uma única modalidade; condicionamento físico
(89% dos programas ofertados).
A realidade da prática da ginástica, todavia, não é igual em todas as cidades da
região. Como prova desta diferença está a comparação do número de modali-
dades ofertadas à população em cada cidade. Neste caso, observa-se que em
três delas não há nenhum programa de ginástica à população, enquanto que seis
demais cidades oferecem somente uma opção de modalidade a ser praticada,
sete proporcionam duas modalidades e somente duas oferecem três tipos de
ginástica à população.
© U3 - Panorama da Ginástica Geral na Atualidade 89

Ademais, ao comparar o número de praticantes de ginástica por cidade, observa-


-se, novamente, que três cidades não possuem nenhum programa oferecido pela
prefeitura, ao passo que somente uma das 19 cidades apresenta um número
significativo de pessoas atendidas (4.000). Nota-se, também, que seis cidades
atendem até 500 pessoas, sete cidades atingem entre 500 e 1.000 praticantes
de ginástica e, somente, três cidades ultrapassam o número de 1.000 pessoas
atendidas.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Iniciativas como as apresentadas na pesquisa apresentada
anteriormente nos mostram a existência, ou não, da ginástica ger-
al, representada pela nomenclatura ginástica de demonstração,
nas 19 cidades que compõem a Região Metropolitana de Campi-
nas, ofertadas pelo poder público.
Lembrando que Souza (1997) classifica as ginásticas em cin-
co grupos: de condicionamento físico, fisioterápica, competitiva,
de conscientização corporal e de demonstração.
Vimos que não é só na sua região que há pouco investimento
público para a divulgação da ginástica geral.

Contexto escolar
Esse contexto é formado por uma escola, seus diversos alu-
nos, da educação infantil ao Ensino Médio, e seu objetivo vai variar
de acordo com as especificidades do ensino curricular e extracur-
ricular.
A presença ou não de ginástica na escola nos diz muito. Sa-
be-se que no século passado essa prática esteve bastante inserida
nas aulas de educação física.
Algumas pesquisas, como de Nista-Piccolo (1988), Barbosa
(1999), Ayoub (2003) e Schiavon (2003), apresentaram seu desa-
parecimento, a ausência das práticas gímnicas, incluindo a ginásti-
ca geral, nas escolas pesquisadas.
Certamente há localidades que ainda não possuem ginástica
geral na escola. Porém, focaremos esta etapa em apresentar al-
gumas atividades existentes na escola, mostrando que a ginástica

Claretiano - Centro Universitário


90 © Ginástica Geral

geral é, sem dúvida nenhuma, uma das práticas gímnicas que deve
constar no programa das aulas de Educação Física em todas as ins-
tituições de ensino.
A ginástica, assim como outras práticas corporais, devem fa-
zer parte dos conhecimentos ensinados/aprendidos nas aulas de
educação física de qualquer escola. Respaldada pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais, a ginástica pode e deve estar presente nas
aulas de educação física. (BRASIL, 1997/1998).
Além desse documento, de abrangência nacional, sabemos
que o governo do estado de São Paulo e o do estado do Paraná
também incluíram esta prática corporal nas suas diretrizes para o
ensino escolar (SÃO PAULO, 2010, p. 42).
É nesse sentido que, nesta Proposta Curricular, afirma-se que a
Educação Física trata da cultura relacionada aos aspectos corpo-
rais que se expressa de diversas formas, dentre as quais os jogos,
a ginástica, as danças e atividades rítmicas, as lutas e os esportes.

A proposta curricular sugere que a ginástica geral seja abor-


dada da seguinte maneira: "Ginástica geral: – Fundamentos e ges-
tos, – Processo histórico: dos métodos ginásticos clássicos à ginás-
tica contemporânea" (SÃO PAULO, 2008, p. 50).
A Ginástica deve proporcionar ao aluno o reconhecimento das
possibilidades de seu corpo, bem como a experienciação das di-
ferentes formas de representações gímnicas. Em geral, espera-se
ainda que, a partir de sua abordagem, os alunos tenham subsídios
para questionar sobre assuntos como a busca exagerada pelo culto
ao corpo e pelos exercícios físicos, bem como os modismos e os
padrões estéticos e estereotipados de corpo (PARANÁ, 2008 apud
SILVA, PIZANI,RINALDI, 2010).

Encontramos no livro Metodologia do Ensino de Educação Fí-


sica, Coletivo de Autores (1992, p. 61-62), fundamentação teórica
para a implantação, existência e/ou permanência da ginástica no
contexto escolar.
A educação física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na
escola, do conhecimento de uma área denominada aqui de cultura
corporal. Ela será configurada com temas ou formas de atividades,
particularmente corporais, como as nomeadas anteriormente: jogo,
esporte, ginástica, dança ou outras, que constituirão seu conteúdo.
© U3 - Panorama da Ginástica Geral na Atualidade 91

Para Ayoub (1999, p. 40), "a ginástica geral está sendo visua-
lizada como prática corporal que promove uma síntese entre o que
foi e o que é a ginástica". E, ainda:
Aprender GG na escola significa, portanto, estudar, vivenciar, co-
nhecer, compreender, perceber, confrontar, interpretar, problema-
tizar, compartilhar, apreender as inúmeras interpretações da ginás-
tica para, com base nesse aprendizado, buscar novos sentidos e
significados e criar novas possibilidades de expressão gímnica. Sob
essa ótica, podemos considerar que a GG como conhecimento a ser
estudado na educação física escolar representa a ginástica. Levan-
do em consideração as características fundamentais da GG, pode-
mos afirmar que a GG traz consigo a possibilidade de realizarmos o
resgate da ginástica na educação física escolar numa perspectiva de
confronto e síntese e, também, numa perspectiva lúdica, criativa
e participativa. Nesse sentido, penso que a GG pode ser reconhe-
cida como o caminho mais apropriado e talvez mais ousado, para
resgatarmos, para re-criarmos, para re-significarmos a ginástica no
âmbito escolar.

Em pesquisa realizada por Carbinatto e Desiderio (2010) a


ginástica geral já aparece como a terceira prática gímnica mais en-
sinada nas escolas.
As pesquisadoras visitaram 90 escolas do interior do estado
de São Paulo e sul de Minas Gerais e verificaram que 13,5% dos
professores entrevistados ensinam a ginástica geral. À frente da
ginástica geral só estavam as ginásticas artística e rítmica, práticas
esportivas mais conhecidas no Brasil.
Incluiremos algumas especificidades sugeridas por diferen-
tes autores para cada segmento do contexto escolar: ensino infan-
til, Ensino Fundamental 1, Ensino Fundamental 2, Ensino Médio
e extracurricular. Os autores partiram de dúvidas, inquietações,
incertezas e buscaram respostas em suas práticas pedagógicas, na
literatura e reflexões pessoais.
Ensino infantil
Para Madureira (1999, p. 61), ao se pensar o trabalho de gi-
nástica geral na escola para esses sujeitos, que se iniciam no pro-
cesso escolar, deve-se perguntar se há mesmo diferença entre as

Claretiano - Centro Universitário


92 © Ginástica Geral

práticas denominadas ginástica geral, ginástica, educação física,


educação física infantil.
Madureira acredita que não e, por isso, suas aulas de ginásti-
ca geral no ensino infantil partiam do seguinte pensamento:
Ao imaginar a ginástica é importante imaginá-la no seu mais amplo
sentido. Um sentido que se expande, que se dilata até aproximar-se
e colar-se a linguagem do circo onde o corpo é, não só a ateria, mas
o centro do espetáculo, recebendo todas as atenções e cuidados.
Esta ginástica, desprovida de adjetivações (estimas), contempla a
arte de exercitar o corpo nu, ou com aparelhos, uma arte que se
aproxima e se relaciona com outras linguagens ou artes do corpo
como a arte da fugacidade (dança), as artes guerreiras (lutas) ou
as artes dramáticas (jogos). Linguagens que se misturam durante
o diálogo dos corpos, sem perderem sua autonomia como prática
corporal, social e cultural. Todas essas artes ou techne, são colo-
cadas a serviço de uma estética da existência. É assim que a GG é
compreendida neste trabalho, não como mais uma adjetivação co-
loca a ginástica durante sua história (ginástica esportiva, ginástica
expressiva, ginástica harmônica, ginástica terapêutica etc.), mas
como um resgate do sentido mais amplo dessa prática milenar. A
GG surge, ao meu ver, com este propósito de recuperar o status
de liberdade da arte da ginástica, uma arte sem fronteiras, onde
tudo é possível, baseado no corpo, em seus movimentos e em suas
expressividades (MADUREIRA, 1999, p. 61).

Fundamental 1 e 2
A seguir, trechos do relato da professora/autora Pinto (2007,
p. 266) sobre suas aulas de ginástica geral na escola:
Partindo do princípio de que as primeiras formas de manifestação
da ginástica se localiza no campo dos divertimentos, da arte, do riso
e que muitas delas eram manifestas no circo antes do Movimen-
to Ginástico Europeu, nas primeiras aulas do ensino da ginástica,
procurei abordar algumas das formas de manifestação do circo e
alguns significados intrínsecos a ele. Com isso, além de tratar de
um relevante conhecimento da Cultura Corporal na escola, procu-
rei por meio deste, explicitar um dos contextos pelo qual algumas
manifestações gímnicas foram originadas.[...] Até o momento, por
meio do confronto proposto acima, os alunos puderam diagnosti-
car e julgar a ginástica. Faltaria então, o momento que os mostra
que existe a possibilidade de transformá-la, ressignificá-la. Acre-
ditei que este era o melhor momento para apresentar aos alunos
a Ginástica Geral, [...]. Inspirada na metodologia para a prática da
Ginástica Geral do Grupo Ginástico Unicamp elaborada por Perez
© U3 - Panorama da Ginástica Geral na Atualidade 93

Gallardo e Souza, Ayoub (2000, p.76-77), propõe que os praticantes


da Ginástica Geral façam uma composição coreográfica em grupos
a partir do que foi vivido para ser demonstrada e ressalta a impor-
tância deste processo para que os alunos exerçam sua autonomia,
capacidade de ação para colocar suas idéias em prática, além de
muita cooperação. Desta forma, expliquei aos alunos que a ginásti-
ca geral é a ginástica que permite a presença tanto das acrobacias
da forma como eram "feitas pelos palhaços" como das acrobacias
da forma como foram "recriadas pelo general" e que objetivo de
sua prática é a diversão e o prazer. Expliquei-os a possibilidade de
ressignificação daquilo que foi aprendido e propus que preparas-
sem em grupos uma apresentação para ser demonstrada para os
colegas da classe na próxima aula. Nesta, eles poderiam reunir as
várias formas de ginástica, o circo e as acrobacias descobertas du-
rante a vivência dos três momentos (pois estas devem ser incenti-
vadas para continuarem a serem feitas pois são gestos que repre-
sentam a expressão e criação do próprio aluno).
Eles poderiam criar de acordo com o que, naquele momento gosta-
riam de "falar com o corpo". Os alunos prepararam-se em grupos e
no fim da aula apresentaram suas composições para os outros co-
legas. Nesta aula encerrei o ensino deste conteúdo. Todas as séries
tiveram aulas que seguiram este caminho. A diferença do ensino
desses temas entre as séries ocorreu por meio de uma ampliação
e do aprofundamento dos conhecimentos apresentados nos mo-
mentos de reflexão e aprendizado dos gestos.

Ensino Médio
Para exemplificar a presença da ginástica geral nas aulas do En-
sino Médio citamos também o professor/autor Taveira (2010, p. 274):
A GG foi inserida no planejamento das aulas de Educação Física
com o intuito de torná-las mais criativas, dinâmicas e interessantes
aos alunos.
O resultado positivo provém da diversidade de movimentos, do rit-
mo, do trabalho em grupo, da inclusão de todos os alunos, da va-
lorização de cada integrante e do prazer em conhecer o corpo por
meio dos movimentos gímnicos, gerando apresentações por meio
de mostras culturais que integram o calendário escolar das escolas.
[...] O trabalho desenvolvido em ambas as escolas pesquisadas tem
como principal objetivo criar um programa de aulas em que sejam
empregadas as várias maneiras de se estimular um jovem aluno e
que, no futuro, possa vir a tornar-se um cidadão atuante, feliz, com
aptidão física, boa coordenação motora e, principalmente, saudá-
vel. [...] Compreendemos que a inclusão da GG e de outras práticas
corporais nas aulas de Educação Física, como novas propostas de

Claretiano - Centro Universitário


94 © Ginástica Geral

atividades físicas, tornou-se um meio de aprendizagem inclusivo e


motivador, porém ainda necessita de ajustes e revisão de percurso.
[...] Devemos habituar o contexto escolar de que as aulas de Educa-
ção Física também preparam os jovens para exercer sua cidadania,
obtendo uma visão crítica desses e de outros assuntos expostos pela
sociedade de consumo, por meio da mídia, entendendo que não bas-
ta somente a informação, mas o que pode estar por trás dela.

Extracurricular
Glomb e Fuggi (2001, p. 108), desde 1999 desenvolvem pro-
jeto de ginástica geral para crianças fora da grade curricular, mas no
ambiente escolar. Utilizam-se do contraturno dos alunos para isso.
[...] a temática selecionada foi "A Ginástica e Artes : uma união para
o desenvolvimento global da criança do Ensino fundamental" onde
os alunos participavam de atividades como: montagem de seqüên-
cias gímnicas através de colagens, desenhos, mímicas; acuidade au-
ditiva e rítmica; construção de bonecos articulados e produção de
pequenas peças teatrais. A seguir os alunos participavam das ativi-
dades de ginástica utilizando as produções anteriores, trocas (entre
os grupos) de seqüências previamente produzidas, assim como a
releitura das mesmas; manipulação de materiais utilizando as ativi-
dades rítmicas; manipulação dos bonecos simulando movimentos
selecionados pelo grupo. Como resultado as crianças puderam se
descobrir, reelaborando uma concepção de corpo por meio de re-
flexões, partindo de outras concepções já conhecidas através das
Artes Plásticas. Puderam também fazer análises de seus movimen-
tos, explorando-os e desenvolvendo-os como forma de expressão.

Na unidade 5, veremos métodos de ensino para a ginástica


geral em diferentes contextos.

Contexto esportivo/federativo
O termo ginástica geral tem muita história. E, sem dúvida nenhu-
ma, sua disseminação pelo mundo passa pela Federação Internacional
de Ginástica (FIG), instituição mais importante e conhecida da área.
Foi essa organização que propôs o termo ginástica geral "no
final da década de 1970 e início da década de 1980", com o obje-
tivo de "se referir às atividades ginásticas fora da competição, ou
seja, para distinguir os esportes ginásticos do universo não compe-
titivo da ginástica." (Ayoub, 2003, p. 40-41).
© U3 - Panorama da Ginástica Geral na Atualidade 95

A FIG é responsável pela organização de sete diferentes co-


mitês: ginástica artística feminina e masculina, ginástica rítmica
feminina, ginástica aeróbica, ginástica acrobática, e ginástica para
todos (GPT). A GPT é a atual denominação que a FIG utiliza para a
ginástica geral, tendo sido substituída no ano de 2007.
Observe na Figura 2 como é estruturada a FIG.
ESTRUTURA DA FEDERAÇÃO
INTERNACIONAL DE GINÁSTICA

GINÁSTICA GINÁSTICA
GINÁSTICA GINÁSTICA GINÁSTICA GINÁSTICA DE GINÁSTICA
ARTÍSTICA ARTÍSTICA
RÍTMICA AERÓBICA ACROBÁTICA TRAMPOLIM PARA TODOS
MASCULINA FEMININA

Figura 2 Estrutura da Federação Internacional de Ginástica

Nesse mesmo ano, iniciou-se dentro da instituição a dis-


cussão acerca da possibilidade da existência de competições de
ginástica geral. Assunto polêmico, ou não, no ano de 2009 foi re-
alizada o Gym for life, na cidade de Dornbirn, evento que marcou
o início, pelo menos dentro da FIG, das competições de ginástica
geral.
Acreditamos que o principal problema da inserção da com-
petição em ginástica geral sejam as características convergentes
com as definições do termo. Muitas vezes, o ambiente competitivo
classifica as pessoas entre melhores e piores, seleciona os classifi-
cados e foca as oportunidades para esse público.
Como podemos perceber a FIG administra práticas competi-
tivas e recreativas no documento de propaganda da ginástica geral
(FIG): "Nós somos a primeira federação internacional que se de-
dica tanto ao esporte competitivo como ao esporte recreativo..."
(Yuri Titov, presidente de 1976 a 1996).
A presença de um comitê específico de GG, dentro da estrutura da
FIG a partir de 1984, vem demonstrar a importância deste fenô-
meno de massa que envolve um incontável número de praticantes

Claretiano - Centro Universitário


96 © Ginástica Geral

em todo o mundo, ultrapassando em larga escala o total de atle-


tas das modalidades competitivas dirigidas pela mesma federação
(MENEZES, s. d.).

Para que grupos praticantes de ginástica geral no mundo


inteiro se encontrem e troquem experiências, a FIG organiza a
cada quatro anos a Ginastrada Mundial. O número de participan-
tes sempre supera o número de atletas em Jogos Olímpicos, por
exemplo, certamente porque a ginástica geral não precisa excluir
ninguém.
Observa-se que o cuidado com a promoção das práticas gí-
mnicas dentro dessas instituições está necessitando de reformula-
ções, de estatutos, de atuação, de investimentos.
A FIG tem representantes oficiais em diversos países. No
Brasil, é a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), que possui
19 federações estaduais afiliadas, envolvendo clubes e outras as-
sociações, como é o caso da Liga Nacional de Esportes Acrobáticos
e Ginástica Geral (Lindag).

Outros contextos
Desde o ano de 2010 o Sesc (Serviço Social do Comércio)
vem incluindo a prática da ginástica geral em suas unidades. E não
apenas como forma de espetáculo e seminários, atividades que já
fazem parte de sua programação há muito tempo, mas também
em forma de aulas para seus usuários.
A entidade alemã DTB (Deutscher Turner-Bund) realiza a
cada quatro anos, desde 1860, o Deutches Turnfest. O evento, que
desde 2005 tornou-se Festival Internacional de Ginástica Alemão,
reuniu, nesse mesmo ano em Berlim, 70 mil participantes. O fes-
tival é composto de diversas práticas gímnicas, inclusive ginástica
geral com objetivo demonstrativo ou apenas recreativo.
Outro grande festival é o Slets, realizado na República Checa
e organizado pela Sokol, que tem suas origens nas antigas Espar-
taquiadas, realizadas desde 1862 durante o regime comunista. No
© U3 - Panorama da Ginástica Geral na Atualidade 97

ano de 2006, o evento foi realizado em Praga com a participação


de, aproximadamente, 24 mil pessoas, sendo um dos maiores ex-
emplos de ginástica.
Na Dinamarca, o DGI realiza o Landstaevne, festival de
ginástica e esportes que a cada quatro anos reúne um grande
número de pessoas. Em 2006, na cidade de Haderslev, mais de 30
mil pessoas tomaram parte neste grandioso festival.
Como foi possível perceber, este é o panorama geral da
ginástica geral na atualidade. Certamente outras atividades estão
ocorrendo nesse exato momento, fazendo com que a ginástica
geral torne-se cada vez mais acessível a todas as pessoas.

8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Como você observa a presença da ginástica geral no Brasil? É uma prática
conhecida? Cabe a quem essa popularização?

2) Quais métodos estão sendo utilizados para o desenvolvimento da ginástica


geral no Brasil? Eles são suficientes?

3) Em seu contexto profissional seria possível a implantação da ginástica geral?


De que maneira?

4) Além do exposto sobre a ginástica geral no contexto escolar, o que você per-
cebe de necessário para seu real acontecimento?

5) Reflita e discuta sobre essas duas nomenclaturas: ginástica geral e ginástica


para todos.

6) Qual a importância da discussão, proposta nesta unidade, para a sua formação?

7) Apresente a sua crítica sobre a unidade: explique e destaque:


a) os pontos fundamentais;
b) os pontos divergentes;
c) o que pode ser melhorado;
d) a relação com o objetivo proposto;
e) a importância para a formação do professor.

Claretiano - Centro Universitário


98 © Ginástica Geral

9. CONSIDERAÇÕES
O objetivo principal desta unidade foi mostrar o que está
realmente acontecendo no que diz respeito à ginástica geral no
Brasil e em algumas localidades do planeta.
Buscamos abranger realidades bem distintas e, de certa for-
ma, contextos que podem fazer parte da vida profissional de um
graduado em educação física.
Conhecemos o contexto acadêmico e suas estratégias para o
desenvolvimento da ginástica geral no país. Ele está diretamente
relacionado aos demais contextos, como o escolar, por exemplo,
no qual pudemos ver propostas concretas e discussões interessan-
tíssimas e pertinentes à formação crítica.
No contexto político, entendemos as motivações que muitas
vezes levam a escolhas não tão claras ou óbvias. Também pude-
mos mapear a existência de outras instituições que já incluíram a
ginástica geral em seus programas.
Na próxima unidade, você irá conhecer os aspectos concei-
tuais e pedagógicos utilizados pela ginástica geral, além de ser
apresentado também a formas de intervenção social compatíveis
com as definições de ginástica geral.

10. E-REFERÊNCIAS

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educação física-ensino de 1ª a 4ª série. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/
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Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf>. Acesso em: 17
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______. Orientações curriculares para o Ensino Médio: volume 1 – linguagens códigos
e suas tecnologias. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_
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em: <http://www.sportcentric.com/vsite/vnavsite/page/directory/0,10853,5217-197187-
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GINÁSTICAS.COM. Ginástica geral – ginástica para todos. Disponível em: <http://www.
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<http://www.rededosaber.sp.gov.br/portais/portals/18/arquivos/prop_edf_comp_red_
md_20_03.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2011.
SBGG. Home page. Disponível em: <http://www.ginasticageral.com.br/>. Acesso em: 17
nov. 2011.
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itemid=3255>. Acesso em: 17 nov. 2011.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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EAD
Ginástica Geral – Conceitos,
Aspectos Pedagógicos
e Intervenção
Social 4
1. OBJETIVOS
• Conhecer e causar reflexões acerca dos conceitos de gi-
nástica geral.
• Compreender as diferentes concepções de ginástica que
permeiam os conceitos de ginástica geral.
• Apresentar uma perspectiva pedagógica de ensino da gi-
nástica geral que vai ao encontro de suas prerrogativas
educacionais.
• Analisar a proposta de ginástica geral na escola como um
projeto maior de intervenção social.

2. CONTEÚDOS
• Conceitos de ginástica geral.
• A pedagogia da autonomia e as propostas da ginástica geral.
• Projetos de intervenção social com ginástica geral na escola.
102 © Ginástica Geral

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Relembre os conceitos que foram apresentados no Glos-
sário.
2) Reflita o quão é importante o domínio dos conceitos para
o aprendizado dos alunos na escola. Geralmente, os pro-
fessores estão mais atentos às técnicas, regras e caracte-
rísticas das práticas corporais do que aos seus conceitos.
3) No caso específico da ginástica você verá que não há um
consenso acerca de sua conceituação, como ocorre em
modalidades esportivas tradicionais, por exemplo. No
entanto, é possível identificar semelhanças e diferenças
marcantes entre elas. Procure analisar isso por um as-
pecto positivo, tentando vislumbrar aquele que lhe pa-
rece mais apropriado para ser desenvolvido nas aulas de
Educação Física escolar.
4) Lembre-se de que, na licenciatura, há uma extrema pre-
ocupação com o aspecto pedagógico no processo de
ensino-aprendizagem, independente do conteúdo que
seja desenvolvido.
5) Conscientize-se que uma prática realmente significativa
para o aluno pode ser propiciada pelo professor, depen-
dendo de sua abordagem pedagógica (que será tratada
nesta unidade) e como ele realiza seu planejamento (próxi-
ma unidade – abordando objetivos, conteúdos e métodos).
6) Analise o quanto a forma com a qual você desenvolve a
ginástica geral pode ser transformadora não só da reali-
dade escolar, mas também de uma realidade social que
está no entorno da escola.
7) As referências a seguir podem ser encontradas na Gí-
mnica – biblioteca virtual de ginástica. Disponível em:
<http://www.ginasticas.com/conteudo/gimnica/gimni-
ca_apresentacao.html > Acesso em: 28 nov. 2011.
a) BARBOSA, I. P.; EHRENBERG, M.; PESTANA, L. O olhar
dos participantes do GINPA (2002) sobre a Ginástica
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 103

Geral. In: ANAIS DO II FÓRUM INTERNACIONAL DE


GINÁSTICA GERAL, Souza E. P. M.; Ayoub E.; Toledo
E. (Eds.). Campinas: Sesc, 2003, p. 123-127.
b) HARTMANN, H. General Gymnastics – the conception
and its prospects for the future development in our
modern world of sports. In: ANAIS DO II FÓRUM INTER-
NACIONAL DE GINÁSTICA GERAL, Souza E. P. M.; Ayoub
E.; Toledo E. (Eds.). Campinas: Sesc, 2003, p. 21-28.
c) MACIEL, M. A. A G. B. Ginástica para todos na ave-
nida: a equipe de ginástica da Mangueira invade a
passarela do samba no Rio de Janeiro! In: FÓRUM
INTERNACIONAL DE GINÁSTICA GERAL, 2010, Cam-
pinas. Anais do V Fórum Internacional de Ginástica
Geral. Campinas: Sesc, 2010, p. 322-326.
d) NOBRE, E.; MARTINS, M. T. B. A implementação da
modalidade ginástica geral no projeto "Esporte so-
cial: uma torcida pela educação" em crianças e ado-
lescentes de 06 a 17 anos na cidade de Mauá – São
Paulo. In: FÓRUM INTERNACIONAL DE GINÁSTICA
GERAL, 2010, CAMPINAS. Anais do V Fórum Inter-
nacional de Ginástica Geral. Campinas: Sesc, 2010.
p. 286-290.
e) TOLEDO, E. A Ginástica Geral e a Pedagogia da Auto-
nomia. In: FÓRUM INTERNACIONAL DE GINÁSTICA
GERAL, 2005. Anais do III Fórum Internacional de Gi-
nástica Geral, SOUZA E. P. M.; Ayoub E. (Eds.). Cam-
pinas: Sesc, 2005, p. 73-76.
f) ______. A promoção da autonomia na Ginástica
Geral: estudos, experiências e reflexões. In: FÓRUM
INTERNACIONAL DE GINÁSTICA GERAL. 2007. Anais
do IV Fórum Internacional de Ginástica Geral, Toledo
I. E.; Venâncio S.; Ayoub E. (Eds.). Campinas: Sesc,
2007. p. 111-114.
g) TRUZZI, L.; SCARABOTTO, R. S.; RODRIGUES, V. A. a
GINÁSTICA Geral no programa "Ame a vida sem dro-
gas". In: FÓRUM INTERNACIONAL DE GINÁSTICA GE-
RAL, 2005, Campinas. Anais do III Fórum Internacio-
nal de Ginástica Geral. Campinas: Sesc, 2005, p. 83.

Claretiano - Centro Universitário


104 © Ginástica Geral

h) TRUZZI, L, UGAYA, A. A ginástica geral e a prevenção


primária ao uso de drogas. In: FÓRUM INTERNACIO-
NAL DE GINÁSTICA GERAL, 2001, Campinas. Anais
do Fórum Internacional de Ginástica Geral. Campi-
nas: Sesc, 2001, p.75.
8) Este artigo pode ser encontrado no site da revista Cone-
xões: SILVA JÚNIOR, A. P. et al. Autonomia e Educação
Física: uma perspectiva à luz do ideário da promoção da
saúde. Conexões, Campinas, 2006, v. 4, n. 1, , p. 15-33.
Disponível em:<http://polaris.bc.unicamp.br/seer/fef/
index.php>. Acesso em: 27 fev. 2012.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Até aqui você já passou por muitos saberes acerca da ginás-
tica e da ginástica geral e, especialmente, na Unidade 3, adentrou
no panorama da atividade em diferentes contextos, no âmbito na-
cional e internacional.
Nosso objetivo é que você tenha acesso inicialmente aos
conceitos de ginástica geral, assim como teve aos da ginástica,
para que ao entender melhor essa manifestação, também possa
divulgá-la e lecioná-la na escola.
Ao Apresentar e debater esses conceitos, teremos uma abor-
dagem dos aspectos pedagógicos que podem envolver o ensino da
ginástica geral (dentro e fora da escola), na perspectiva da pedago-
gia da autonomia, proposta pelo educador Paulo Freire.
Aspectos mais específicos, necessários para o planejamento
escolar, como os objetivos, conteúdos e métodos, serão aprofun-
dados na próxima unidade . A ideia central é que se possa realizar
as escolhas em relação a esses aspectos do planejamento escolar,
tendo como princípio que todos eles podem estar imersos nessa
perspectiva pedagógica da autonomia.
E, após essa abordagem, traremos exemplos de projetos, no
contexto do ensino formal e não formal, que foram desenvolvidos
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 105

com a ginástica geral, concebendo-a como um meio para uma in-


tervenção social de crianças e adolescentes em suas respectivas
comunidades e realidades sociocultural.
Em um olhar mais geral, pretendemos que você perceba a
magnitude do que é e do que pode ser desenvolvido/promovido
em relação à ginástica geral.
Prepare-se e vamos nessa!

5. CONCEITOS DE GINÁSTICA GERAL


Já estudamos, na Unidade 1, que, ao longo da história, a
ginástica obteve diferentes conceitos e veremos, a seguir, que,
com a ginástica geral, não será diferente. No entanto, a segunda
tem uma diferença em relação à primeira: sua história é mais re-
cente e seu pleno desenvolvimento está situado num período de
grande fervor acadêmico.
Assim, nas últimas décadas, vários estudiosos estão propon-
do conceituações para a ginástica geral. Aprendê-la, nesse contex-
to histórico, permite-nos mergulhar nessas propostas e fazer um
debate muito próximo e frutífero para a área.
No Brasil, embora a prática tenha se iniciado em 1963, pela
prof. Ilona Peuker (SANTOS e SANTOS, 2001; BERNARDES, 2010),
a

a preocupação com sua conceituação, no contexto acadêmico, se


deu em 1996, por um grupo de pesquisadores, conforme nos re-
lata Toledo (2008, p. 221):
A busca pela conceituação nada mais é que uma tentativa de mel-
hor compreender, definir e expressar o simbolismo desta prática
e esta busca está deflagrada, no Brasil, desde o primeiro encontro
de acadêmicos que estudam a Ginástica Geral, realizado em maio
de 1996, na Faculdade de Educação Física da Unicamp. A produção
textual originária deste encontro configurou-se como a primeira
publicação nacional específica de GG.
Na apresentação desta obra (GALLARDO et al., 1997, p.7), evi-
dencia-se o objetivo do encontro: "[...] discutir a conceituação
da Ginástica Geral e aprofundar as suas possibilidades de aplica-

Claretiano - Centro Universitário


106 © Ginástica Geral

ção nos diferentes segmentos da sociedade (escolas, clubes, aca-


demias, organizações comunitárias etc).". Nota-se, portanto, que
os textos publicados nesta obra, tratam indiretamente e direta-
mente (SOUZA E GALLARDO, 1997; REZENDE, 1997; TOLEDO, 1997;
VELARDI, 1997) esta questão, constituindo-se como também as pri-
meiras publicações que trouxeram esta problemática.

Esse grupo de pesquisadores preocupou-se com a proble-


mática, provavelmente, porque o desenvolvimento da ginástica
geral estava tomando força em algumas regiões do país (como já
sinalizou o texto de Eliana Ayoub na parte introdutória deste CRC),
no entanto, talvez sem o devido entendimento ou estudo.
Os profissionais ouviam falar sobre a ginástica geral, assistiam a
vídeos das Gymnastradas Mundiais, e com poucos recursos teórico-prá-
ticos desenvolviam sua realização. Dessa forma, outros docentes apre-
ciavam os treinamentos e as apresentações e alimentavam-se acerca
da ginástica geral, processo que se tornou um ciclo de aprendizagem.
Mediante esse cenário, a preocupação dos pesquisadores
também parecia estar voltada a propiciar um desenvolvimento
melhor estruturado da ginástica geral. Os pesquisadores (também
docentes de grupos e organizadores de eventos sobre o tema) to-
maram para si a função de estabelecer esses debates e de consti-
tuir um material teórico específico (a coletânea do encontro) para
orientar e dialogar com os interessados na área.
Anos antes desse encontro, os professores Elizabeth Paoliello
Machado de Souza e Jorge Sérgio Pérez Gallardo já se voltavam
para os estudos da ginástica geral, atentos para sua apropriação no
Brasil (diferentemente do que ocorreu com os métodos europeus
de ginástica, conforme vimos na Unidade 2, que foram introduzi-
dos no Brasil sem a devida contextualização à realidade nacional).
E, em 1994, Gallardo e Souza (1994, p. 292) propuseram uma
conceituação para a atividade, ao participarem de um congresso:
[...] uma manifestação da cultura corporal, que reúne as diferentes
interpretações da Ginástica (Natural, Construída, Artística, Rítmica
Desportiva, Aeróbica etc.) integrando-as com outras formas de ex-
pressão corporal (Dança, Folclore, Jogos, Teatro, Mímica etc), de
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 107

forma livre e criativa, de acordo com as características do grupo


social e contribuindo para o aumento da interação social entre os
participantes.
Os pesquisadores pautaram-se no conceito proposto pela Federa-
ção Internacional de Ginástica (FIG), mas deram a ela outra dimen-
são, como é possível compararmos:[...] compreende a esfera da
ginástica orientada para o lazer e engloba programas de atividades
no campo da ginástica (com ou sem aparelhos), dança e jogos, con-
forme as preferências nacionais e culturais. Eventos e competições
também podem fazer parte da GG... ela é em primeiro lugar uma
atividade dentro de um contexto de entusiasmo e de jogo, e a par-
ticipação é, sobretudo, determinada pelo prazer de praticar (FED-
ERÁTION INTERNACIONALE DE GYMNASTIC, 1993 apud AYOUB,
2003, p. 46-47).

Passados sete anos, em 2001, houve a primeira publicação


brasileira na área da ginástica geral. O livro, produzido pelos repre-
sentantes do comitê de ginástica geral da Confederação Brasileira
de Ginástica (CBG), José Eustáquio Santos e Nádia Santos, foi de-
nominado História da ginástica geral no Brasil.
Na obra, os autores Santos e Santos (2001, p. 23) apresenta-
ram sua conceituação sobre o tema:
A GG é um campo bastante abrangente da Ginástica, valendo-se de
vários tipos de manifestações, tais como, danças, expressões folcló-
ricas e jogos, apresentados através de atividades livres e criativas,
sempre fundamentadas em atividades ginásticas. Objetiva promo-
ver o lazer saudável, proporcionando bem estar físico, psíquico e
social aos praticantes, favorecendo a performance coletiva, respei-
tando as individualidades, em busca da auto-superação individual,
sem qualquer tipo de limitação para a sua prática, seja quanto às
possibilidades de execução, sexo ou idade, ou ainda quanto à uti-
lização de elementos materiais, musicais e coreográficos, havendo
a preocupação de apresentar neste contexto aspectos da cultura
nacional, sempre sem fins competitivos.

A pesquisadora Eliana Ayoub, desenvolveu sua tese de dou-


torado com foco na ginástica geral (história e aplicação na Educa-
ção Física escolar), sendo provavelmente a primeira tese no Brasil
sobre o assunto. Em 2003, ela publica um livro com a pesquisa,
popularizando a ginástica geral e, principalmente, dando subsídios
para sua prática na escola.

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108 © Ginástica Geral

Ayoub (2003, p. 73) propõe como definição do tema:


À luz das considerações anteriores, a ginástica geral está sendo vi-
sualizada como uma prática corporal que promove uma composi-
ção entre elementos do núcleo primordial da ginástica, da ginástica
científica e das diversas manifestações gímnicas contemporâneas...
O eixo fundamental da ginástica geral deve ser a ginástica, poden-
do dialogar com outros elementos do universo da cultura corporal
(como por exemplo a dança, o jogo, o esporte, a luta etc.).

Nesse mesmo ano, no II Fórum Internacional de Ginástica


Geral, realizado em Campinas, São Paulo, o pesquisador e membro
da Associação Alemã de Ginástica (DTB), Hartmann (2003, p. 22)
também propôs sua conceituação:
Isto é ginástica geral! Ela abrange uma variedade de aspectos e cada
associação nacional infere ênfases especiais em diferentes aspectos.
A ginástica geral sempre almeja agregar a maior quantidade de pes-
soas possível, de todas as idades, de ambos os sexos, com diferen-
tes experiências sociais, com diferentes interesses e em diferentes
condições físicas. A ginástica geral pode a eles propiciar um amplo
espectro de possibilidades. Assim, a ginástica geral claramente se
diferencia do conceito de performance esportiva que é caracterizado
pelo princípio da seleção. [...] Ginástica geral não é uma modalidade
esportiva, é uma sobreposição de uma parte indispensável do movi-
mento saudável e da cultura corporal (tradução nossa).

Podemos analisar que essas conceituações possuem seme-


lhanças e diferenças. Segundo Toledo, (2008, p. 223-224):
Com relação às semelhanças, há maior clareza principalmente no que
se refere aos objetivos e conteúdos, portanto suas características, con-
tidas nestes conceitos, como por exemplo, ter como base a Ginástica
e ela agregar outras manifestações da cultura. Assim, é possível esta-
belecer com clareza estes elementos conceituais como pertencentes e
uníssonos para uma conceituação e compreensão da Ginástica Geral.
No entanto, é no campo da diferenciação que é nosso terreno será
mais fértil. Com relação às diferenças, logo identificamos que há
uma pluralidade de "termos" utilizados para conceituar esta práti-
ca: manifestação da cultura corporal, campo de conhecimento da
ginástica, prática corporal, uma esfera da ginástica etc. E cada um
destes termos é detonador de uma série de outros conceitos, pois
estão relacionados a diferentes campos de compreensão, a partir
de diferentes experiências e matizes teóricas. Outros atributos que
se referem às suas características parecem balizadores ou funda-
mentos para sua definição, como: lazer, não competição, inclusão,
capacitação etc.
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 109

Interessante notar que para seus praticantes, a ginástica ger-


al possui uma diversidade ainda maior de conceituação. Em alguns
casos, há apenas uma concepção acerca da atividade e não uma
conceituação, como ilustram os trabalhos de Barbosa, Ehrenberg
e Pestana (2001) e de Stanquevich (2004).
Isso deve ocorrer provavelmente porque para alguns pro-
fessores, e para maior parte dos praticantes, valha mais viver in-
tensamente sua prazerosa prática do que debruçar-se sobre sua
conceituação.
Em nosso entendimento, "uma coisa não exclui a outra", ou
seja, seria interessante que todos os praticantes tivessem claro
qual a conceituação da ginástica geral antes de iniciar sua prática,
orientados pelos próprios professores ("neste grupo, o conceito de
ginástica geral que nos valemos é ... por entendermos que... e por-
tanto, nosso objetivo e proposta é..."). Uma situação que parece
ser necessária para a ginástica geral na escola.
Certamente, outros debates sobre o tema serão desenvolvi-
dos, inclusive por vocês alunos, que irão colaborar para o maior
entendimento e prática da ginástica geral no país.
Apresentadas as questões referentes às conceituações, consid-
eramos pertinente informar que, em 2006, a FIG publica, num pri-
meiro momento, um comunicado, via internet, que marca a história
da ginástica geral: a mudança de nome para "Ginástica para Todos".
A decisão foi tomada pelo comitê de ginástica geral da FIG, a
partir de uma assembleia realizada com 90 países-membros, para
entrar em vigor em janeiro de 2007.
No Brasil, a mudança de terminologia da ginástica geral
para ginástica para todos está gradualmente ocorrendo. Isso por-
que foram necessários praticamente 15 anos para que o nome
ginástica geral, e os conhecimentos a ela atrelados, fossem me-
lhor divulgados (congressos, cursos de graduação, clubes, publi-
cações etc.).

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110 © Ginástica Geral

Muitos autores não consideram pertinente a mudança de


nomenclatura nesse momento de legitimação da área no país. No
entanto, já é possível encontrar publicações (artigos, livros etc.)
com a nova nomenclatura.

6. ASPECTOS PEDAGÓGICOS DO ENSINO DE GINÁS-


TICA GERAL
Vários podem ser os aspectos pedagógicos que envolvem
uma prática educativa, independente de sua área (exatas, huma-
nas e biológicas) ou temática/especificidade no currículo escolar
(Matemática, Português, Educação Física etc.).
As propostas pedagógicas que são ofertadas pelos pedago-
gos brasileiros e internacionais nos são importantes para definir-
mos em qual perspectiva queremos ensinar, qual nosso objetivo
mais profundo e mais amplo na formação do indivíduo.
Nossa escolha, como professoras e pesquisadoras, na área
da ginástica, seguiu as propostas do pedagogo Paulo Freire. Se-
gundo Padilha (2002, p. 15):
As propostas de Paulo Freire coincidem com a busca da autonomia
escolar e da garantia dos direitos a todos os cidadãos, contrapon-
do-se à prática da administração pública e da gestão da adminis-
tração do país que, historicamente, tem se baseado numa tradição
colonialista, positivista, tecnocrática, liberal e, como contempora-
neamente se considera, fundamentada no ideário neo-liberal. Por
isso, quando escolhemos Paulo Freire enquanto autor que oferece
o universo de princípios a partir dos quais nos guiaremos neste tra-
balho, o fazemos, em primeiro lugar, em função daquelas carac-
terísticas e em razão do caráter interdisciplinar, multidisciplinar e
multidimensional de sua obra e de seu pensamento.

Optar por Paulo Freire é optar por uma educação transfor-


madora, significativa, crítica, reflexiva e, acima de tudo, amorosa.
Várias são as obras dele que constituem sua proposta pedagógica,
entretanto, para uma relação mais próxima com a ginástica geral,
escolhemos Pedagogia da autonomia.
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 111

Nossa maior preocupação é dar uma conotação também


pedagógica e emancipatória para o termo autonomia, que, segun-
do Silva Júnior et al. (2006, p. 15):
[...] tem sido freqüentemente utilizado na Educação Física, de ma-
neira funcional, restringindo seu conceito à operacionalização das
ações motoras e cognitivas que um indivíduo é capaz de realizar de
maneira independente. Assim, a autonomia é considerada como
sinônima de independência física e cognitiva e reduzida ao sentido
de funcionalidade independente.

E optar por essa obra é poder ofertar ao leitor (professor,


pesquisador, graduando e praticante da ginástica) vários aspectos
que permeiam o processo ensino-aprendizagem, e que têm uma
relação direta com a ginástica geral.
Dada a grandeza e profundidade dos temas abordados na
obra, optamos, neste CRC, por alguns já desenvolvidos por Toledo
(2005).

7. A GINÁSTICA GERAL E A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA


"Ensinar é uma especificidade humana" é nome do último
capítulo da obra Pedagogia da autonomia. Ele foi escolhido por-
que as aproximações com as propostas da ginástica geral poderão
ser melhor desenvolvidas. São nove os subtítulos existentes no ca-
pítulo, dos quais seis serão abordados a seguir.

Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade


Nesta parte da obra o autor reforça que a incompetência profis-
sional desqualifica a autoridade do professor, ou seja, o professor
não qualificado por princípio, não é merecedor do respeito de seus
alunos, e nem de exercer a docência. Além do educador ser seguro
em sua docência, e conquistar sua autoridade mediante a mostra
de sua competência profissional, este deve ser dotado de uma in-
dispensável generosidade com relação ao saber.
Um esforço sempre presente à prática da autoridade coerente-
mente democrática é o que a torna quase escrava de um sonho
fundamental: o de persuadir ou convencer a liberdade e que vá
construindo consigo mesma, em si mesma, com materiais que,

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112 © Ginástica Geral

embora indo de fora de si, sejam reelaborados por ela, a sua au-
tonomia. É com ela, a autonomia, penosamente construindo-se,
que a liberdade vai preenchendo o "espaço" antes "habitado" por
sua dependência. Sua autonomia que se funda na responsabilidade
que vai sendo assumida (FREIRE, 1996, p. 105).

Fazendo um paralelo com a ginástica geral, sua proposta


acaba solicitando que o educador tenha uma autoridade, sem, no
entanto, ser autoritário.
Justamente porque a proposta da ginástica geral é aberta às
diferenças, caracteriza-se como uma proposta inclusiva, em que
o educador atua como um mediador (BERTOLINI, 2004), que ge-
nerosamente dispõe de seu tempo e conhecimentos em prol do
grupo, da proposta e de si.
Manter a liderança num grupo heterogêneo, com uma pro-
posta inovadora no ambiente escolar, somente se mostra possível
se esse professor tiver segurança, competência profissional e gen-
erosidade.

Ensinar exige comprometimento


Nesse momento, o autor esclarece que não é aceitável pos-
turas contraditórias de professores na docência, ou seja:
[...] se minha opção é democrática, progressista, não posso ter uma
prática reacionária, autoritária e elitista... A percepção que o aluno
tem de mim não resulta exclusivamente de como atuo mas tam-
bém de como o aluno entende como atuo (FREIRE, 1996, p. 109).

Na ginástica geral, cada vez mais há a preocupação com um


educador comprometido com os ideais dessa proposta. Segundo
Gallardo (1996), Souza (1997) e Ayoub (2003), a ginástica geral
na escola deve ser pensada e vivida para possibilitar sua prática
e viver seus conteúdos, significados e características de maneira
prazerosa, inclusiva, coletiva e significativa.
De nada adianta o professor dizer-se coerente com a pro-
posta democrática da ginástica geral, em que se privilegia a par-
ticipação e todos são ouvidos e valorizados por suas experiências
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 113

individuais se, no momento da aula, as atividades e o processo


criativo, por exemplo, são totalmente dirigidos.

Ensinar exige liberdade e autoridade


É decidindo que se aprende a decidir... O que é preciso, funda-
mentalmente mesmo, é que o filho assuma eticamente, respon-
savelmente, sua decisão, fundante de sua autonomia. Ninguém é
autônomo primeiro para depois decidir....E ninguém é sujeito da
autonomia de ninguém. A autonomia, enquanto amadurecimento
do ser para si, é processo, é vir a ser (FREIRE, 1996, p. 120 e 121).

Não há autonomia sem liberdade, uma liberdade que pode


ser refletida e compartilhada com aqueles do grupo e com aquele
que possui a autoridade. Essa situação deveria ser muito presente
na ginástica geral, em diferentes momentos. Mas nem sempre é o
que parece acontecer.
Ouvimos muitos relatos de alunos e professores apontando
que possuem o perfil do seu coordenador, atendendo aos seus de-
sejos e expectativas. O grupo fica como mero "cumpridor" dessas
tarefas, advindas dos desejos do professor.
Uma das características da ginástica geral é justamente pro-
piciar a inclusão e a participação, a troca de experiências, o cresci-
mento individual (em busca da autonomia) e coletivo (identidade
do grupo, a partir da participação de seus integrantes).

Ensinar exige tomada consciente de decisões


Nesse sentido, a ginástica geral possui em seus princípios,
tomadas de decisões individuais e coletivas, que devem beneficiar
a todos. Deveria ser cena comum um grupo debater e estabelecer,
democraticamente, suas opções na composição coreográfica, na
escolha de critérios para a falta de compromisso etc.
Logicamente que, em algumas circunstâncias, a experiên-
cia do professor, respeitada por todos, poderá ser a orientação fi-
nal. As tomadas de decisões para questões simples fortalecem-se
como o princípio da autonomia do indivíduo no espaço escolar,

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114 © Ginástica Geral

assim como influenciam na formação do indivíduo como transfor-


mador da realidade.
Sobre esse saber, o autor esclarece:
[...] teimam em depositar nos alunos apassivados a descrição dos
conteúdos, em lugar de desafiá-los a apreender a substantividade
dos mesmos, enquanto objetos gnosiológicos, somente como os
aprendem... O que devo pretender não é a neutralidade da educa-
ção mas o respeito, a toda prova, aos educandos, aos educadores e
às educadoras (FREIRE, 1996, p. 123-125).

Ensinar exige saber escutar


Segundo o autor:
"Escutar, no sentido aqui discutido, significa a disponibilidade per-
manente por parte do sujeito que escuta para a abertura à fala do
outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro....Aceitar e respei-
tar a diferença é uma dessas virtudes sem o que a escuta não se
pode dar" (FREIRE, 1996, p. 135 e 136).

E complementando essa exposição, o IDAC (1996), em sua


obra apresentada por Paulo Freire, destaca que as diferenças en-
tre os alunos na escola são muitas: as condições materiais de vida
(residência, família, ambiente, trabalho infantil); cultura (lingua-
gem, vestimenta, hábitos, valores); experiências adquiridas fora
da escola (leituras, viagens, visitas a centros culturais); atitude dos
pais em relação à escola etc.
O significado desse "escutar" vai justamente ao encontro das
propostas da ginástica geral fundadas no respeito à diversidade,
uma vez que essa prática é inclusiva e participativa, almejando ser
uma prática de ginástica para todos, segundo sua concepção origi-
nal na FIG (AYOUB, 2003).
Além de somente permitir a inclusão, na prática da ginástica
geral pretende-se que o indivíduo aprenda a "escutar" a si e ao
outro, numa relação constante de disponibilidade, de troca e de
aprendizado. E, numa concepção mais ampla, deseja-se que o in-
divíduo seja melhor no mundo porque "escutou" o outro, porque
é um ser de relações.
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 115

Tanto o educador quanto os integrantes do grupo, comun-


gam desse ideal. Para Paulo Freire:
o conceito de "relação" possui duas dimensões: uma dimensão da es-
fera puramente humana e outra dimensão das relações que o homem
trava com o mundo... Portanto, o homem não é apenas um ser de con-
tatos mas, sim, ser de relações, pois "não está no mundo, mas com o
mundo. Estar com o mundo resulta de sua abertura à realidade, que o
faz ser o ente de relações que é" (ibid.) (PADILHA, 2002, p. 98).

Ensinar exige disponibilidade para o diálogo


O educador deve estar disponível ao diálogo, mesmo que isso sig-
nifique dizer ao aluno, numa postura sincera, humilde e ética, que
não domina todos os conhecimentos, pois esta disponibilidade
mostra para o aluno que "Minha segurança não se repousa na falsa
suposição de que sei tudo, de que sou o 'maior'. Minha segurança
repousa na convicção de que sei algo e de que ignoro algo a que se
junta a certeza de que posso saber melhor o que já sei e conhecer
o que ainda não sei" (FREIRE, 1996, p. 153).

É preciso debater as ações do mundo no diálogo com os edu-


candos.
Segundo o próprio autor, em outra obra:
O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo,
para designá-lo... O diálogo não pode existir sem um profundo amor
pelo mundo e pelos homens. O amor é ao mesmo tempo o funda-
mento do diálogo e o próprio diálogo (FREIRE, 1980, p. 82 e 83).

Um dos pilares pedagógicos da proposta da ginástica geral é a


cultivo do diálogo, como uma ação democrática, integradora e hu-
mana, entre educador e educandos. O diálogo num grupo de ginás-
tica geral sobre diferentes questões, como conteúdos de encontros,
cursos, normas do grupo, apresentações, composições coreográfi-
cas etc., deflagram o cultivo dessa prática "amorosa" e "formadora".
Sem dúvida, para o educador, tanto na ginástica geral como
em outros contextos, é mais fácil, rápido e eficiente evitar o diálo-
go e optar pela imposição de propostas.
No entanto, esses preceitos (fácil, rápido e eficiente), tão em
voga numa sociedade com fundamentação neoliberal, acabam jus-

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116 © Ginástica Geral

tamente por coibir a formação integral do indivíduo, poupando-lhe


de vivenciar a reflexão, o respeito ao outro, o confronto de ideias,
a criatividade, a relação humana e ética, propiciadas pelo diálogo.
A postura do professor e seu comprometimento para viabi-
lizar essa proposta é de suma importância para a concretização da
pedagogia da autonomia. É esse tipo de compromisso ideológico
que o autor, em outro subtítulo desse último capítulo, se refere:
"ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica".
E o autor ainda reforça que "Não se pode chegar à conscienti-
zação crítica apenas pelo esforço intelectual, mas também pela prá-
xis: pela autêntica união da ação e da reflexão" (FREIRE, 1980, p. 92).
Assim, é a partir da práxis, da relação teoria e prática esta-
belecida e vivida processualmente por alunos e professores, que
se poderá chegar à conscientização crítica. Uma práxis condizente
com uma postura ética e comprometida com o ensino:
O preparo científico do professor ou da professora deve coincidir
com sua retidão ética. É uma lástima qualquer descompasso entre
aquela e esta. Formação científica, correção ética, respeito aos out-
ros, coerência, capacidade de viver e de aprender com o diferente,
não permitir que o nosso mal estar pessoal ou a nossa antipatia
com relação ao outro nos façam acusá-lo do que não fez são ob-
rigações a cujo cumprimento devemos humilde mas perseverante-
mente nos dedicar (FREIRE, 1996, p. 18).

Na proposta de ginástica geral do Grupo Ginástico Unicamp,


principalmente na obra de Souza (1999), há a preocupação de se
instrumentalizar, orientar e sensibilizar o educador para propor ao
praticante uma diferente forma de fazer ginástica, voltada para a
formação humana, para a participação e para o prazer.
O educador também é o eixo da ação pedagógica, atuando
não só como propiciador, mas ainda como agente do processo de
autonomia do praticante.
Nesta visão (conceito de GG de Gallardo e Souza, 1994) a Ginástica
Geral deve oferecer uma vivência generalizada de todas as possi-
bilidades de movimento ao indivíduo a fim de que, após esta fase
de aquisição, aprendizagem, embasamento, expansão do vocabu-
lário motor e do conhecimento como um todo, o próprio indivíduo
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 117

possa optar por se especializar em uma determinada modalidade,


com fins competitivos ou não, ou ainda integrar as experiências
vividas, criando novas formas de prática de movimento (SOUZA e
GALLARDO, 1997, p. 35 – grifo nosso).

Segundo Toledo (2007, p. 113-114):


Conforme já mencionado, não há como haver uma proposta de
formação do indivíduo autônomo na prática da ginástica geral se
o educador não estiver imerso e convencido da mesma. E isso não
só como uma proposta educativa, mas como uma postura ética e
filosófica, que permeia sua forma de ser e ver o mundo.
Esse é o tipo de proposta que somente "funciona" se internalizada,
vivida e expressa pelo educador em cada uma de suas ações, du-
rante a aula ou encontro, e também fora dela como já menciona-
mos anteriormente.
O educador precisaria talvez, primeiro propiciar a si a autonomia...
É decidindo que se aprende a decidir... O que é preciso, funda-
mentalmente mesmo, é que o filho assuma eticamente, respon-
savelmente, sua decisão, fundante de sua autonomia. Ninguém é
autônomo primeiro para depois decidir....E ninguém é sujeito da
autonomia de ninguém. A autonomia, enquanto amadurecimento
do ser para si, é processo, é vir a ser (FREIRE, 1996, p. 120 e 121).
[...] É o educador que torna uma proposta metodológica diferencia-
da, como a proposta do GGU para a Ginástica Geral, e como tantas
outras que preenchem as livrarias e os diferentes contextos de en-
sino (escolas, clubes etc), norteada por uma pedagogia da autono-
mia, possível. É ele que, com sua vocação para a docência assumida
de forma ética e compromissada para com seus educandos, propõe
aos alunos e a si mesmo viver uma proposta na perspectiva da au-
tonomia, mesmo que isso, num dado momento, ainda pareça dis-
tante, equivocado ou até mesmo uma meta inalcançável.
É neste sentido, por exemplo, que me aproximo de novo da questão
da inconclusão do ser humano, de sua inserção num permanente
movimento de procura, que rediscuto a curiosidade ingênua e críti-
ca, virando epistemológica. É nesse sentido que reinsisto em que
formar é muito mais do que puramente treinar o educando no de-
sempenho de destrezas, e por que não dizer também da quase ob-
stinação com que falo de meu interesse por tudo que diz respeito
aos homens e às mulheres, assunto de que saio e a que volto com
gosto de quem a ele se dá pela primeira vez. Daí a crítica perman-
entemente presente em mim à malvadez neoliberal, ao cinismo de
sua ideologia fatalista e a sua recusa inflexível ao sonho e à utopia
(FREIRE, 1996, p. 15 – grifos do autor).

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118 © Ginástica Geral

8. INTERVENÇÕES SOCIAIS POR MEIO DA GINÁSTICA


GERAL
Pudemos compreender, a partir das propostas de Paulo
Freire, e das possíveis relações que podem ser estabelecidas com a
ginástica geral, por meio dos estudos de Toledo (2005; 2007), que
uma educação transformadora pode ser promovida pela ginástica.
Assim, vamos abordar nesse momento as perspectivas de
intervenção social que um projeto na área da ginástica geral pode
oferecer, com base em experiências já desenvolvidas por uma das
autoras, em parceria com outros professores.

Ginástica geral e um exemplo de projeto social – o caso do "Ame


a vida sem drogas"
O programa "Ame a vida sem drogas" teve seu início, como um
projeto piloto, no ano de 1998, pensado, organizado e desenvolvido
por um comitê representativo dos órgãos: Comen (Conselho Municipal
de Entorpecentes); CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Crian-
ça e do Adolescente); FEBRACT (Federação Brasileira das Comunidades
Terapêuticas); GEAC (Grupos de Empresários Amigos da Criança) e a
FEAC (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas.
O objetivo era "prevenir o uso de drogas nas escolas e orga-
nizações sociais na cidade de Campinas" (TRUZZI e outros, 2005,
p. 83), por meio de oficinas de arte-educação. De acordo com os
autores (2001, p. 75):
Prevenir o uso de drogas nas escolas, construir o conceito de qua-
lidade de vida e de cidadania, informando e capacitando a comu-
nidade escolar através de atividades educativas, sociais, culturais,
esportivas e lúdicas, envolvendo também nas ações: a família e a
comunidade local de cada escola.

O público-alvo eram crianças e adolescentes entre 7 e 17


anos, moradores de áreas periféricas da cidade de Campinas e fre-
quentadores ou não de organizações não governamentais (ONGs)
de seu bairro.
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 119

Diversas foram as oficinas oferecidas, entre elas a ginásti-


ca geral, presente desde o início, e as oficinas de circo, capoeira,
contação de histórias, confecção de bonecos, danças regionais e
música.
A ginástica geral foi escolhida em meio a tantas práticas cor-
porais por aproximar-se de vários dos objetivos específicos do pro-
grama, entre os quais, segundo Truzzi e Ugaya (2001, p. 77):
Desenvolver e elevar o sentimento de auto-estima; trabalhar li-
mites e tomada de decisão; propiciar a incorporação de valores
construtivos; desenvolver o campo sócio-afetivo; promover um es-
tilo de vida saudável;ampliar atividades alternativas à criança e ao
adolescente dentro do ambiente da escola; propiciar à criança e ao
adolescente a construção de uma vida mais sadia e digna; trabalhar
para a eliminação do stress.

A proposta pedagógica de trabalho com a ginástica geral,


nesse caso, foi baseada na proposta do Grupo de Pesquisa em
Ginástica da Faculdade de Educação Física da Unicamp. Sendo as-
sim, manteve como princípios norteadores a formação humana e
a capacitação, e como paradigma de orientação a socialização/so-
ciabilização (TRUZZI; UGAYA, 2001, p. 78).
A Ginástica Geral, portanto, abre possibilidades à criatividade, es-
tímulo à participação de qualquer indivíduo, oportunizando intera-
ção social, troca de experiência e aumento da auto-estima. Por não
ter cunho competitivo e devido à ausência do foco nos rendimen-
tos e performance física, facilita a integração nos mais diferentes
aspectos, independente de raça, nível social, idade, sexo, crenças
ou religiões, condição física e técnica. Dentro do Programa Ame
a Vida Sem Drogas, a Ginástica Geral é uma das possibilidades de
promoção do protagonismo juvenil, pela sua forma de abordagem:
uma atividade sistematizada, para ocupação do tempo ocioso, com
profissionais especializados orientando e dirigindo estas práticas
(TRUZZI et al., 2005, p. 84).

Durante seu desenvolvimento, as oficinas de ginástica geral


estiveram presentes em cerca de 12 instituições e atenderam mais
de 1000 pessoas. Ao final de cada ano, as oficinas eram avaliadas
quantitativa e qualitativamente e todos os envolvidos participa-
vam de um festival de ginástica geral e circo em um local central
da cidade.

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120 © Ginástica Geral

Vários foram os relatos das crianças, adolescentes, pais e


educadores acerca dos benefícios propiciados pelo projeto. Entre
os mais citados, estão:
1) poder atuar cenicamente dentro e fora da escola;
2) sentir-se capaz de realizar projetos de maior impacto na
comunidade;
3) aumento da autoestima;
4) valorização do potencial individual;
5) proximidade com o mundo artístico;
6) melhor conhecimento das possibilidades do corpo por
meio da prática da ginástica.
Veja nas Figuras 1, 2, 3 e 4 algumas imagens das apresen-
tações do grupo que participava do projeto, em eventos dentro e
fora da escola:

Figura 1 Festival Ginástica Geral e Circo de 2004


© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 121

Figura 2 Festival ginástica geral e circo 2004.

Figura 3 Apresentação na Escola Estadual Campo Grande II, 2004.

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122 © Ginástica Geral

Figura 4 Apresentação na Escola Campo Grande II, 2004.

Outros exemplos de projetos com ginástica geral e suas


intervenções sociais
Vamos apresentar, brevemente, mais três exemplos de pro-
jetos exemplares com ginástica geral. A ideia é mostrar o potencial
que a prática pode oferecer à transformação pessoal e social dos
seus envolvidos.
Um deles foi desenvolvido pelo professor e pesquisador Hen-
rique Sanioto e foi tema de sua dissertação de mestrado: "Contri-
buindo para a formação humana dos adolescentes da Febem por
meio da ginástica geral".
Como o próprio título anuncia, o público-alvo do projeto foi
composto de adolescentes de uma instituição de infratores infan-
tojuvenis, da cidade de Araraquara-SP, em um contexto considera-
do por muitos sob a ótica do preconceito e da adversidade.
Segundo o autor (2001, n. p.):
A orientação deste programa preconiza trabalhar os valores hu-
manos de convivência social (formação humana), tendo como
elemento mediador a cultura corporal dos internos. Espera-se que
esta vivência transcenda as atividades realizadas, consolidando um
alicerce social para a vida futura dos adolescentes. A metodologia
proposta consiste na aplicação de um programa de intervenção,
utilizando a ginástica geral com orientação pedagógica.

Os depoimentos dados pelos adolescentes, participantes do


projeto, são emocionantes e refletem com singeleza tudo o que foi
vivido e ressignificado em suas vidas por meio da ginástica geral.
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 123

Esses adolescentes participaram da escrita da dissertação,


assim como de eventos fora da instituição com apresentações e
entrevistas. Ressalta-se a apresentação do projeto no III Fórum In-
ternacional de Ginástica, em 2005, na sessão Mostra Pedagógica.
Outro projeto que vale menção foi o desenvolvido pela pro-
fessora Maria Augusta A. G. Maciel, no Morro da Mangueira, no
Rio de Janeiro. Maciel (2010, p. 321-322) apresentou seu trabalho
no V Fórum Internacional de ginástica geral.
A ideia de "levar para avenida" (Marquês de Sapucaí ou popular-
mente conhecida como sambódromo) a equipe de Ginástica Rítmi-
ca da Vila Olímpica da Mangueira surgiu como uma questão curiosa
e instigadora dentro de um contexto já existente no projeto de Gi-
nástica da Vila Olímpica da Mangueira. Contexto este de valoriza-
ção da autonomia das ginastas, participação nas decisões, discus-
são das atitudes e valorização da identidade do sujeito construtor
de conhecimento e de sua cidadania.
Explorar o carnaval como tema de coreografias e utilizar sambas-
-enredo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira
de Mangueira era uma forma de incorporar o carnaval à ginástica,
o que acontecia em função da preservação da identidade da equipe
e valorização da cultura brasileira. Levar a Ginástica para carnaval
mirim em 2004 era inédito. Desafio que assumimos com olhar in-
vestigativo, o que nos leva a desejar aprofundar uma análise acerca
do nosso campo de trabalho: a GPT.
O trabalho que ora apresentamos faz parte deste processo de apro-
fundamento e reflexão. Tem por objetivo mostrar que a GPT quan-
do apresentada na Passarela do Samba ganha mais um forte campo
de atuação e pesquisa, sem perder suas principais características
de através do movimento, do elemento gíminico (com ou sem a
utilização de materiais), valorizar os indivíduos e privilegiar a con-
dição humana.

O projeto começou com a prática da ginástica rítmica e, gra-


dativamente, pelos motivos expostos acima, o grupo passou a de-
senvolver a ginástica geral (GPT). A autora destaca o ineditismo de
sua proposta. O projeto abre mais um campo de intervenção social
da ginástica e mostra como isso foi possível sem que se perdesse
as características básicas da prática.

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124 © Ginástica Geral

E, finalmente, mencionamos o trabalho desenvolvido pela


professora Elizabeth Nobre, que também foi publicado no V Fórum
Internacional de ginástica geral, em 2010.
O projeto de ginástica geral apresentado foi implantado na
ONG Estrela Azul, da cidade de Mauá – SP. Para a autora, a filosofia
da ginástica geral abordada na proposta coincide totalmente com
o projeto Esporte Social da Associação Estrela Azul.
[...] uma forma de atividade que procura resgatar o movimento hu-
mano na sua totalidade, busca desenvolver suas capacidades físi-
cas e habilidades motoras individualmente, de acordo com as pos-
sibilidades do aluno. Ela preserva a individualidade, mas ao mesmo
tempo exige o trabalho em grupo, favorecendo o desenvolvimento
da criatividade e a socialização. Não tem regras rígidas quanto á
execução, por isso permite que qualquer indivíduo participe do tra-
balho [...] Com essa relação o grupo estabelece disciplina, respeito
e colaboração (MARTINS, 2003, p. 35).

A citação acima fortalece a ideia central do projeto, que é


oferecer às crianças e aos adolescentes a modalidade ginástica
geral como algo inovador e possivelmente atrativo, já que todos
podem praticar e desenvolver suas capacidades e habilidades.
Em seu artigo, a autora apresenta quais foram suas dificuldades e
como ela as superaram por meio dos valores preconizados pela ginásti-
ca geral e por uma atuação disciplinada, organizada, ética e paciente.
Passado alguns meses, ela já tinha um grupo estabelecido,
que passou a apresentar-se em vários eventos de ginástica em ci-
dades da região, e outro em formação, totalizando 200 crianças.
Em suas considerações finais, Nobre (2010, p. 287) aponta o
grande ganho com esse tipo de trabalho:
A GG é uma atividade prazerosa que traz no seu conteúdo prático,
muitas surpresas, como: a socialização em grupos heterogêneos, a
descoberta de novas possibilidades de movimentos e o intercâm-
bio de cultura e corporal.
Assim esse relato de experiência demonstra a importância em for-
talecer a prática da Ginástica Geral, principalmente em ONGs, onde
as crianças podem se sentir importantes, autoras do próprio movi-
mento e acima de tudo, praticantes de uma modalidade que é vista
por alguns como: modalidade de classe social alta.
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 125

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Com relação aos conceitos de ginástica geral, você vê alguma outra seme-
lhança ou diferença que não foi mencionada no texto? Qual(is)?
2) Com relação à diversidade de conceitos na ginástica geral, aponte um aspec-
to positivo e outro negativo que você considera intervir na divulgação e na
prática da mesma.
3) Considerando que você já estudou perspectivas pedagógicas em outras dis-
ciplinas do curso, escolha uma delas e estabeleça a relação com a ginástica
geral (para sua aplicação no contexto formal ou não formal).
4) O que mais lhe chamou a atenção em relação à proposta de Paulo Freire
adequada ao ensino da ginástica geral? Por quê?
5) Retome um dos temas da obra de Paulo Freire (Pedagogia da autonomia)
abordados por Toledo (2005) e desenvolva-o com maior propriedade, esta-
belecendo novas relações, dando exemplos que já vivenciou ou que preten-
deria aplicar como professor etc.
6) Esboce uma proposta de ginástica geral para o ensino formal, na perspectiva
da intervenção social, apontando:
a) o público-alvo;
b) as características da comunidade na qual a escola está inserida;
c) as transformações sociais que você almeja alcançar por meio do projeto
(para os alunos e para a comunidade) e como imagina que elas serão
alcançadas por meio da ginástica geral.

10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, abordamos questões centrais vinculadas à
ginástica geral para que você possa se aproximar dela. Concebemos-
a como uma manifestação da cultura corporal pertencente à Educa-
ção Física, possível e enriquecedora de ser desenvolvida na escola.
O estudo, ao longo da unidade, caracteriza-se pela visão espe-
cífica da temática ginástica geral, apontando propostas para sua con-
ceituação, abordagem pedagógica e formas de intervenção social.

Claretiano - Centro Universitário


126 © Ginástica Geral

Esperamos que você tenha compreendido melhor o que é


essa área (a partir de diferentes autores) e uma das formas de
concebê-la no âmbito pedagógico. Além disso, queremos que você
possa valorizar e, futuramente, utilizar seu grande potencial para a
transformação pessoal e social, dentro e fora do contexto escolar.
Pois, como nos alerta Alves (2004, p. 39):
O que importa não são os saberes: é o jogo-conversa que se faz com
eles. Como no jogo de peteca. A peteca não é a coisa; é apenas uma
desculpa para a brincadeira dos participantes. O que se aprende: con-
vivialidade, a arte de prestar atenção, de escutar, de falar baixo, de fa-
zer silêncio, de perguntar. Martin Buber diria: a coisa não está aqui, não
está ali; está "entre". Afinal de contas, pensar não é ter idéias. Idéias,
em si mesmas, são coisas mortas. O que importa é a dança que se faz
com elas.[...] Pensei, então, que talvez esta seja a maior falha das esco-
las tradicionais: elas se dedicam a ensinar as pedrinhas e os fiozinhos
de lã, sem cuidar do espaço invisível que dá sabor aos saberes.

Na próxima unidade, estudaremos o planejamento de aulas.


Até lá!

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALVES, R. Aprendiz de mim – um bairro que virou escola. Campinas: Papirus, 2004.
AYOUB, E. Ginástica geral e Educação Física escolar. Campinas: Unicamp, 2003.
BERNARDES, G. Revivendo meu reencontro com a ginástica rítmica. In: PAOLIELLO, E.;
TOLEDO, E. Possibilidades da ginástica rítmica. Barueri: Phorte, 2010. p. 45-71.
FREIRE, P. Conscientização – Teoria e prática da libertação: uma introdução ao
pensamento de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo: Moraes, 1980.
______. Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa. 21. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1996. Coleção Leitura.
GALLARDO, J. S. P.; SOUZA, E. P. M. A proposta de ginástica geral do grupo ginástico
Unicamp. In: Coletânea: textos e sínteses do I e II Encontro de Ginástica Geral. Campinas:
Gráfica Central da Unicamp, 1997. p. 25-32.
_________. La experiência del Grupo Ginástico Unicamp en Dinamarca. In: Anais do 3º.
Congresso Latino Americano – ICHPER. Foz do Iguaçu: 1996. p. 292-298.
PADILHA, P. R. Planejamento Dialógico – Como construir o projeto político-pedagógico da
escola. 3. ed. São Paulo: Cortez e Instituto Paulo Freire, 2002. Guia da Escola Cidadã. v. 7.
SANIOTO, H. Contribuindo para a formação humana dos adolescentes da FEBEM por meio
da ginástica geral. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2005. (Dissertação de
Mestrado).
© U4 - Ginástica Geral – Conceitos, Aspectos Pedagógicos e Intervenção Social 127

SANTOS, J. C. E. e SANTOS, N. G. M. História da Ginástica Geral no Brasil. Rio de Janeiro:


J. C. E. dos Santos, 1999.
SOUZA, E. P. M. Ginástica Geral: um campo de conhecimento da Educação Física.
Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1997. (Tese de Doutorado).
STANQUEVICH, P. Possibilidades do corpo na Ginástica Geral a partir do discurso dos
envolvidos. Piracicaba: Universidade Metodista de Piracicaba, 2004. (Dissertação de
Mestrado).
TOLEDO, E.; SCHIAVON, L. M. Ginástica Geral: diversidade e identidade. In: PAOLIELLO,
E. (Org.). Ginástica Geral: experiências e reflexões. Barueri: Phorte, 2008. p. 217-238.

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EAD
O Planejamento de Aulas
em Ginástica Geral:

5
objetivos, conteúdos
e métodos

1. OBJETIVOS
• Conhecer objetivos possíveis para o ensino de ginástica geral.
• Conhecer os conteúdos que compõem uma aula de ginás-
tica geral.
• Conhecer métodos para o desenvolvimento da aula de gi-
nástica geral.
• Identificar relações entre os três itens anteriores.
• Aprender a planejar diferentes tipos de aula de ginástica geral.

2. CONTEÚDOS
• Objetivos para as aulas de ginástica geral.
• Conteúdos de abordagem da ginástica geral.
• Métodos de ensino da ginástica geral.
130 © Ginástica Geral

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Leia os textos e visite os sites indicados na bibliografia
para que você amplie seus horizontes teóricos. Discuta a
unidade com seus colegas e com o tutor.
2) Conheça a biblioteca virtual Gímnica, hospedada no site
disponível em: <http://www.ginasticas.com/>. Acesso
em: 28 fev. 2012.
3) Pesquise diferentes vídeos sobre ginástica geral na in-
ternet (youtube, Yahoo, Google, entre outros), além de
vídeos de dança e outras práticas corporais.
4) Pesquise músicas interessantes ritmicamente.
5) Visite sites sobre ginástica geral de grupos escolares, univer-
sitários, entre outros, o Grupo Ginástico da Unicamp. Dispo-
nível em: <www.ggu.com.br>. Acesso em: 28 fev. 2012.
6) As referências a seguir mencionadas podem ser encon-
tradas no site da revista Pensar a Prática, disponível em:
<http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef>. Acesso em:
28 fev. 2012:
• MARCASSA, L. Metodologia do ensino da ginástica:
novos olhares, novas perspectivas. Revista Pensar a
prática. Goiânia, v. 7, n. 2, p. 171-186, jul./dez. 2004.
• OLIVEIRA, N. R. C.; LOURDES, L. F. C. de. Ginástica geral
na escola: uma proposta metodológica. Revista Pensar
a prática. Goiânia, v. 7, n. 2, p. 221-230, jul./dez. 2004.
7) As referências a seguir mencionadas podem ser encon-
tradas na biblioteca virtual da Unicamp e também na Gí-
mnica, biblioteca virtual de ginástica.
a) SCHIAVON, L. M. O projeto crescendo com a ginástica:
uma possibilidade na escola. Campinas: Universidade
Estadual de Campinas, 2003. (Dissertação de Mestrado).
b) SOUZA, E. P. M. Ginástica Geral: um campo de conhe-
cimento da Educação Física. Campinas: Universidade
Estadual de Campinas, 1997. (Tese de Doutorado).
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 131

c) TOLEDO, E. Proposta de Conteúdos para a Ginástica


Escolar: um paralelo com a teoria de Coll. Campinas:
Universidade Estadual de Campinas, 1999. (Disser-
tação de Mestrado).
d) VELARDI, M. Metodologia de ensino de educação
física: contribuições de Vygotsky para as reflexões
sobre um modelo pedagógico. Campinas: Universi-
dade Estadual de Campinas, 1997. (Dissertação de
Mestrado).
8) As referências abaixo mencionadas podem ser encontra-
das na Gímnica – biblioteca virtual de ginástica:
a) BERTOLINI, C. M. Esquema para coreografias de mé-
dia área. In: II FÓRUM INTERNACIONAL DE GINÁSTICA
GERAL, 2003, Campinas. Anais do II Fórum Internacio-
nal de Ginástica Geral. Campinas: Sesc, 2003, p. 53.
b) PÉREZ GALLARDO, J. S. Diferentes olhares sobre a Gi-
nástica Geral: a visão pedagógica. In: FÓRUM BRASI-
LEIRO DE GINÁSTICA GERAL, 1999, Campinas. Anais
do Fórum Brasileiro de Ginástica Geral. Campinas:
Unicamp, 1999, p. 30.
c) PINTO, L. G. S. Um relato a respeito do ensino da
ginástica na educação física escolar. In: IV FÓRUM
INTERNACIONAL DE GINÁSTICA GERAL, 2007, Cam-
pinas. Anais do Fórum Internacional de Ginástica
Geral. Campinas: Sesc, 2007. p. 266.
d) UGAYA, A. S. Valorização da cultura tradicional através
da prática da ginástica geral com orientação pedagógi-
ca. In: III FÓRUM INTERNACIONAL DE GINÁSTICA GE-
RAL, 2005, Campinas. Anais do III Fórum Internacional
de Ginástica Geral. Campinas: Sesc, 2005, p. 268.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, vimos aspectos conceituais, pedagógi-
cos e de intervenção social, assuntos de grande importância para
iniciarmos um aprendizado fundamental nesta unidade: o planeja-
mento de diferentes tipos de aula de ginástica geral.

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132 © Ginástica Geral

Planejar é um exercício e, como todo exercício, quanto mais se


faz, mais fácil fica. Temos de planejar nossas intervenções. Isso não nos
deixará vulneráveis às mudanças repentinas, muito pelo contrário, nos
dará a segurança para atuar em qualquer diversidade, caso aconteça.
Planejar é prever, ver antes, ver na imaginação. Quando ante-
cipamos determinados fatos, somos capazes de refletir sobre pos-
síveis e diferentes reações. Sabemos que um plano nada mais é do
que um plano. E que muitos planos infalíveis foram "por água abaixo".
Aqui não encontraremos planos prontos, mas, sim possibili-
dades, reflexões, questionamentos, trocas de experiência, exem-
plos. Ao longo da unidade, conversaremos bastante e precisare-
mos estar atentos e utilizar outras mídias concomitantemente.
Para um adequado planejamento de aulas, precisaremos
conhecer três características principais: objetivos, conteúdos e
método. Ou seja, teremos de definir os objetivos das aulas, escol-
her os conteúdos a serem utilizados e também selecionar a abor-
dagem e o método que utilizaremos.
Os objetivos podem variar bastante e estão relacionados dire-
tamente ao contexto da aula (tema da Unidade 3). Por exemplo, caso
o objetivo seja a formação profissional de estudantes de Educação Fí-
sica, o planejamento deve incluir uma aula adequada a esse objetivo,
com métodos para esse contexto; caso o objetivo seja proporcionar
a primeira vivência de ginástica geral a um grupo de adolescentes, a
aula seguirá diretrizes diferentes, voltada para esse propósito.
Então, vamos lá!

5. OBJETIVOS – PARA QUE ENSINAR?


A ginástica geral é uma prática corporal bastante abrangente
e uma de suas principais características é a possibilidade ilimitada
de criação gestual. Essa liberdade não está relacionada apenas aos
movimentos, mas também a seus objetivos.
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 133

Pensemos juntos: quais seriam as motivações para o ensino


da ginástica geral em diferentes contextos? Sem esquecer que tais
objetivos irão depender da concepção de educação que o profes-
sor escolher assumir. Nós, aqui, escolhemos assumir uma concep-
ção humanista.
De acordo com a proposta de ensino e desenvolvimento da
ginástica geral, pelo Grupo Ginástico Unicamp, os principais objeti-
vos são: formação humana, participação e prazer. (TOLEDO, 2007).
Esses objetivos serão explicados a seguir.
• Ser uma prática corporal participativa
A ginástica geral intenciona-se ao prazer e busca dar opor-
tunidade a toda pessoa interessada em inserir-se a um grupo. Ori-
enta-se que esta seja sua maior riqueza: a possível e, muitas vezes,
grande diversidade de indivíduos que podemos encontrar em um
grupo de ginástica geral. Podemos encontrar físicos muito varia-
dos, homens e mulheres juntos, diferentes habilidades e histórias
corporais, além de idades misturadas.
• Buscar o desenvolvimento pessoal e técnico dos seus par-
ticipantes
De acordo com Souza (1997, p. 86):
[...] o professor deve ensinar a vivenciar os valores humanos, crian-
do atividades onde o aluno tenha a oportunidade de experienciar a
cooperação, a responsabilidade, a amizade, a solidariedade, o res-
peito a si próprio e aos demais. [...]. Nesta visão o professor tem
o papel relevante na vivência de valores significativos para o ser
humano, tais como: a criatividade, o respeito às normas e leis do
grupo e da sociedade como um todo, o espírito crítico, a honradez,
a afetividade, a liberdade, a disponibilidade para estar a serviço do
grupo e não o grupo a seu serviço, entre outros.

As regras não são criadas para posteriormente podermos


comparar grupos distintos, nem para competir, nem para classifi-
car. Elas devem servir para a melhoria das relações sociais internas
no grupo e do grupo com outros grupos. Os princípios da socializa-
ção devem nortear o trabalho de ginástica geral.

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134 © Ginástica Geral

O termo socialização é aqui considerado como o processo de aqui-


sição de norma e regras de convívio social dentro do grupo famil-
iar e sociabilização como a adequação do indivíduo às regras de
convívio social numa esfera mais abrangente (escola, comunidade,
nação etc.) (SOUZA, 1997, p. 82).

A capacitação (técnica) também é interessante para a ginás-


tica geral, porém não deve ser mais importante que os valores hu-
manos presentes em cada relação do grupo.
As pessoas devem ser estimuladas, orientadas para apren-
der e valorizar o aprendizado de cada um, sem necessariamente
comparar-se. Segundo Souza & Gallardo (1996, p. 35) deve-se
"oferecer vivência generalizada de todas as possibilidades de mov-
imento aos participantes".
• Apresentar-se.
Veja o que propõe Ayoub (2003, p. 94) acerca do objetivo de
demonstração:
[...] essa perspectiva de demonstração da GG precisa ser tratada
como parte integrante do processo educativo da GG na educação
física escolar. Mais ainda: no processo de elaboração de uma
composição coreográfica, devem ser privilegiadas as experiências
e interesses dos alunos e o trabalho em grupo, estimulando a
cooperação, a capacitação de ação e a autonomia dos educandos
como sujeitos do processo educativo, para que possam compor em
co-autoria com outros sujeitos, buscando novas interpretações,
novas leituras, novas significações antes desconhecidas. Além
disso a demonstração as composições coreográficas nas próprias
aulas de educação física pode constiuir-se num importante
momento avaliativo em que os alunos sintetizam e organizam as
suas experiências e reflexões acerca da GG de forma criativa e
com liberdade de expressão, apresentando-as para apreciação
de seus pares e do professor. As apresentações em momentos
comemorativos da escola, envolvendo as diversas turmas
específicas ou grandes grupos de alunos de várias séries também
ganham um significado muito especial, como uma possibilidade de
demonstrar para a comunidade escolar o trabalho desenvolvido
na educação física. E tanto melhor se as composições refletirem
o processo de elaboração, sistematização e organização do
conhecimento com vistas a buscar níveis cada vez mais profundos
de compreensão.
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 135

Para Bertolini (2003, p. 54), professora/pesquisadora que


desenvolve ginástica geral na escola:
A Ginástica Geral é sustentada por pilares fundamentais, entre eles,
a de ser uma modalidade sem caráter competitivo, inclusiva, des-
provida de regras que limitem o número de participantes, a idade,
o sexo, a condição social ou física, ou ainda, regras que especifi-
quem o trabalho ou material a ser utilizado. Ao finalizarmos uma
seqüência coreográfica de Ginástica Geral, a apresentação deste
trabalho compõe um dos pontos norteadores da modalidade. Esta
apresentação pode ser realizada para:
- O professor
- O próprio grupo,
- Outro grupo de alunos
- Um pequeno grupo de pais ou convidados
- Um grande público.

6. CONTEÚDOS – O QUE ENSINAR?


Para ensinar ginástica geral, além das especificidades rela-
cionadas ao contexto do qual a aula fará parte, conheceremos os
conteúdos próprios que devem ser ensinados. Dividimos esses
conteúdos em três grupos, denominados componentes gímnicos,
componentes artísticos e componentes culturais. Acompanhe, a
seguir, os princípios de cada um.

Componentes gímnicos
Dentre os componentes gímnicos, encontramos os funda-
mentos da ginástica, os quais são a base gestual da ginástica. Tra-
balhos com diferentes tipos de deslocamentos, saltos, rotações
(giros e rolamentos), balanços, equilíbrios e ondas.
Pérez Gallardo (1999, p. 31) sugere o trabalho com as "dife-
rentes formas de ginástica: natural, construída, localizada, aeróbi-
ca, artística, acrobática, rítmica entre outras".

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136 © Ginástica Geral

Todos esses fundamentos possuem diferentes maneiras


de execução (padrões de movimento) e todas elas podem variar.
Essas "atitudes corporais na experiência do movimento" foram
identificadas por Laban (1971), estando presentes em toda a
movimentação humana, como os "fatores de movimento". São eles:
1) fluência: qualidade de movimento livre e controlada;
2) peso: movimento com qualidade leve e firme;
3) espaço: qualidade direta e flexível;
4) tempo: qualidade de movimento súbito e sustentado.
Laban (1971) também propôs a organização espacial dos
movimentos (corêutica) em direção, plano, eixo e nível. Rangel
(2003, p. 46-47) afirma que:
Direção: é a trajetória traçada no espaço que estabelece relações
de correspondência de orientação dentro dos sólidos geométricos
e/ou poliedros regulares. [...] São vinte e sete as direções espaciais
que formam a orientação espacial discriminada por Laban.

As direções são divididas em dimensionais (alto, baixo, di-


reita, esquerda, frente, trás e centro), diagonais (combinação de
três direções dimensionais) e diametrais (combinação de duas di-
reções dimensionais) (RANGEL, 2003).
Em relação aos planos espaciais, Rangel (2003, p. 91-92) os
define como:
Plano espacial é a combinação de duas dimensões. Os planos espa-
ciais são visualizados quando é feita a ligação dos extremos alcan-
çados pelas doze direções diametrais. No plano uma das dimen-
sões é a dominante (principal) e a outra dimensão é a secundária.

Laban denominou esses planos de: plano da porta, plano da


mesa e plano da roda. De acordo com a classificação cinesiológica
dos planos corporais, a Figura 1 apresenta a seguinte correlação:
1) Plano da porta = plano frontal.
2) Plano da mesa = plano horizontal ou transversal.
3) Plano da roda = plano sagital.
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 137

Fonte: RANGEL (2003, n. p. )


Figura 1 Classificação cinesiológica dos planos corporais.

Os eixos espaciais são divididos em: vertical, horizontal e sa-


gital. Para Rangel (2003, p. 51):
Eixo é uma linha imaginária, que cruza um ponto central, com con-
teúdo direcional de tensões opostas. Um eixo divide um corpo em
partes aproximadamente equilibradas, para cada dimensão espa-
cial há um eixo correspondente. Dimensão de comprimento: eixo
vertical, dimensão de amplitude: eixo horizontal, dimensão de pro-
fundidade: eixo sagital. Existem também outros eixos, tais como
eixos diagonais, diametrais e transversais.

Em relação ao nível espacial do movimento, podemos realizá-


lo como baixo, médio ou alto. De acordo com Rangel (2003, p. 88):
Nível é a relação de posição espacial que ocorre em duas: relação
à articulação na qual ocorre o movimento. Por exemplo, um braço
pode estar alto, médio ou baixo, em relação à articulação do om-
bro; do corpo como todo em relação a um objeto, outro (s) corpo
(s) ou o espaço geral. Por exemplo o corpo do agente está baixo em
relação a uma cadeira ou a outro agente.

As qualidades do movimento e sua organização espacial in-


fluenciam e instigam as descobertas e escolhas gestuais. Devem
estar presentes na aula de ginástica geral para que os alunos pos-

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138 © Ginástica Geral

sam explorar movimentos, criar gestos e não apenas repetir signos


preestabelecidos por outras atividades que excluíram essas pos-
sibilidades de suas características ao basearem-se em códigos e
valores de movimentos.

Componentes artísticos
Chamamos de componentes artísticos as atividades que es-
tão diretamente ligadas ao universo das artes (cênicas, plásticas,
musicais).
Esses componentes estarão presentes nas coreografias de
ginástica geral, mas não devem ser apenas pensados quando uma
nova criação começar. Eles devem ser exercitados diariamente, as-
sim como os componentes gímnicos, por exemplo.
Música
Conhecer e identificar a variação rítmica de uma música é
algo que os alunos aprendem com o tempo e não apenas na hora
da coreografia.
A escolha da música pode ocorrer em qualquer momento do
trabalho. A estimulação sonora será sempre bem-vinda e atrelada
ao trabalho; com o silêncio, atingirá a perfeição rítmica. Pode pare-
cer estranho, mas podemos ter aulas e apresentações de ginástica
geral sem a utilização de música.
Durante as aulas de ginástica geral, o professor deve conhe-
cer o universo musical de seus alunos e apresentar novas possibi-
lidades também. Não devemos deixar-nos vencer pelas escolhas
hegemônicas, pelo que "todo mundo ouve".
Devemos conhecer a dinâmica vigente e apresentar outras
possibilidades musicais. Sobre esse tema, Pérez Gallardo (1999, p.
32) afirma:
[...]- adequação da música ao trabalho apresentado: quando os mo-
vimentos estão integrados ao pulso (ritmo) da música; - alternância
rítmica, trabalho em diferentes pulsos da música: a composição deve
explorar os diferentes pulsos da música (no pulso, na metade do
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 139

pulso, no dobro do pulso etc), afim de evitar a monotonia rítmica.


Porém, na utilização dos diferentes pulsos, o movimento deve estar
sempre dentro do ritmo da música; - trabalho na melodia da música:
é constituída de frases musicais que se estabelecem sobre o pulso
(métrica) pré estabelecido, permitindo a fluidez do movimento cor-
poral; - trabalho na intencionalidade da música: é o trabalho dentro
do significado que a música oferece, o qual é culturalmente definido.
Esta intencionalidade pode ser redimensionada e utilizada de acordo
com a mensagem que se pretende comunicar; - qualidade da grava-
ção: este fator é fundamental para a valorização do trabalho.

Além das características inerentes à música deve-se levar em


consideração, ao escolher uma música para aulas e/ou coreogra-
fias, o grupo em questão.
A música deve estar adequada ao tema, ao material, à ida-
de dos alunos, os quais devem simpatizar pela música para que
desenvolvam boas dinâmicas. Na organização de um festival de gi-
nástica geral, por exemplo, devemos variar os estilos musicais ao
longo da programação. Ritmos fortes, intercalados com músicas
que sensibilizam. (BERTOLINI, 2003, p. 57).
As músicas da moda devem ser evitadas, porém, sem negá-
-las. Devemos conhecer o cotidiano de nossos alunos e refletir so-
bre nossas escolhas, sobre as imposições das mídias, sendo essa
uma ótima oportunidade para que isso ocorra.
Quando utilizamos músicas muito conhecidas corremos o
risco de nos apresentarmos em um festival utilizando o mesmo
repertório que outros grupos. Portanto, a pesquisa para a seleção
de músicas deve ser constante.
Jogos de movimento e ocupação do espaço
Veja alguns exemplos: jogos de deslocamento, jogos de pausa,
jogos de ocupação do espaço, jogos de sombra, jogos de espelho,
jogos irmão siameses (uníssono). Jogos em duplas, trios, quartetos.
Jogos de cardume, "equilíbrio de platô" (termo bastante utilizado no
mundo das artes cênicas, quando o grupo é estimulado a orientar-
-se no espaço em relação ao outro, ao material, à plateia, sozinho).

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140 © Ginástica Geral

Jogos que desenvolvam a orientação a diferentes formações


espaciais: círculos, filas, quadrados, triângulos entre outras diver-
sas possibilidades devem ser estimulados e recriados. Ocupar o
espaço sem forma previamente conhecida também é totalmente
possível e deve ser estimulado e explorado. A coreografia irá ga-
nhar riqueza com isso.
Figurino e cenário
Considerando que a ginástica geral é uma prática corporal
que sempre deve se oferecer ao olhar do outro, podemos também
incluir a pesquisa na área do vestuário e da cenografia.
Em alguns casos, incluir cenário pode limitar a atuação da
coreografia a determinados locais, porém se este não for o caso,
não há problema. Lembre-se de preparar o cenário de acordo com
a temática coreográfica e tenha cuidado na escolha dos materiais
para fazê-lo. Assim, você garante uma bela estética para seu tra-
balho final.
O figurino deve ser pensado no decorrer da coreografia,
quando possível, junto com a criação. Deve ter relação com o tema
que está sendo desenvolvido e não apelar a modismos, estereó-
tipos, demasiada exposição corporal ou vulgarização dos alunos.
Uma bela vestimenta colaborará para o sucesso da coreografia.
Outro cuidado que deve ser tomado é não valorizarmos de-
mais ou de menos esse item em detrimento ao processo de socia-
lização a que se objetiva a ginástica geral.
Muitas vezes, a uniformização de roupas simples pode ga-
rantir um belo espetáculo, enquanto figurinos muito elaborados
podem encarecer e excluir alunos. E isso não é o que queremos.
Em contrapartida, a necessidade de buscar recursos para a
compra/criação do cenário e figurino, pode, quando bem orienta-
da, ser uma ótima maneira de o grupo exercer a cidadania, organi-
zando-se coletivamente para a resolução desse problema.
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 141

Materiais
A escolha dos materiais deve levar em consideração também
o grupo e a coreografia. Eles devem, inicialmente, explorar ma-
teriais bastante conhecidos na educação física como bolas, arcos,
bastões, plintos, colchões, entre outros. A utilização de materiais
de diferentes naturezas e finalidades, que não a prática corporal, é
fundamental para a inovação em cada aula e em cada coreografia.
Objetos como cadeiras, baldes, galões de água, escadas, flu-
tuadores de piscina, boias, pneus etc., tornam-se fundamentais
para aprendermos novas possibilidades de movimento com o ma-
terial.
A liberdade de escolha pelo material a ser trabalhado bus-
ca desenvolvimento da criatividade. E, por meio da resolução de
problemas, o ensino e a aprendizagem não ficam estacionados e
repetitivos.

Componentes culturais
Nesse momento, é de suma importância a busca e a pesquisa
aprofundada para conhecer e valorizar aspectos culturais de cada
sociedade. Muitas vezes, conhecemos pouco sobre nossa própria
cultura, ora pelas distâncias, ora pela apropriação de aspectos cul-
turais de outros países.
Cabe ao professor conhecer a realidade de seus alunos, suas
histórias de vida, seus gostos e desgostos, seus conhecimentos.
Com esse conteúdo, a turma já poderá fazer uma composição, va-
lorizando cada indivíduo do grupo.
Partimos, então, para conhecer a cultura ao nosso redor, do
nosso bairro/cidade, suas histórias e peculiaridades, descobrir ati-
vidades corporais que são realizadas, conhecer seus objetivos e
suas histórias. Chegaremos, assim, à pesquisa de nossa região ge-
ográfica e de nosso país. No caminho, teremos que fazer escolhas
para garantir boa qualidade no processo ensino/aprendizagem.

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142 © Ginástica Geral

A seguir, veremos algumas sugestões de professores/pesqui-


sadores que desenvolvem a ginástica geral na perspectiva da valo-
rização da cultura e da cultura corporal.
Ugaya (2005, p. 268), sugere que:
as manifestações populares podem servir como fonte de idéias
[...] para a GG, podemos citar a capoeira, o maculelê, o frevo, o
mergulhão do cavalo marinho, que possuem na sua estética uma
linguagem muito próxima da ginástica, como por exemplo saltos,
giros, acrobacias [...].

Já Pérez Gallardo (1999, p. 31) afirma que:


Utilização dos conteúdos da cultura corporal desenvolvidos nos cur-
sos de GG: [...] jogos e ou brincadeiras: populares e/ou folclóricas,
sejam eles de origem local, regional, nacional e internacional. [...]
lutas: nacionais (capoeira), internacionais (karate, esgrima, judô),
elementos das danças: populares, folclóricas, contemporâneas e/
ou clássicas, experiências de vida: experiências que o aluno adquire
dentro de seu próprio ambiente e que possam ser integradas en-
riquecendo o trabalho grupal [...].

Para finalizar este tópico acerca dos conteúdos a serem de-


senvolvidos no planejamento em ginástica geral, sugerimos a lei-
tura de Toledo, Tsukamoto e Gouveia (2009). No texto, há a apre-
sentação dos fundamentos da ginástica geral (características), com
exemplos imagéticos (fotos) e uma série de atividades para desen-
volver cada um deles.
Essas atividades podem servir para seu planejamento e tam-
bém como um banco de ideias para outros trabalhos que você ve-
nha a criar sozinho ou em parceria com os alunos.

7. MÉTODOS – COMO ENSINAR?


A intervenção pedagógica, quer dizer, a maneira como o pro-
fessor irá se dirigir ao seu aluno para ensinar ginástica geral deve
seguir, de acordo com nosso pensamento, formas que valorizem o
ser humano, que possibilitem ao aluno desenvolvimento, que crie
problemas que culminam na descoberta de diferentes caminhos.
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 143

Como dissemos, conheceremos os caminhos no fazer ped-


agógico, na experimentação.
Inicialmente, apresentaremos dois métodos de ensino para
a ginástica geral, baseados nas propostas de Pérez Gallardo e
Paoliello (1996) e Velardi (1997). Incluiremos também tópicos de
ensino sugeridos por Ayoub (2003) para a observação específica
das aulas de ginástica geral na escola.
Após a apresentação e explicação dessas propostas, iremos
mostrar alguns exemplos de aulas que asseguram essas formas de
abordagem.
Os métodos não se esgotam e não são receitas fechadas,
deve ser compreendidas e revisitadas para novas descobertas e
críticas. A união ou mescla entre as propostas apresentadas pode
resultar em um quarto método, basta tentarmos.

Metodologia do Grupo Ginástico Unicamp


A proposta de intervenção com a ginástica geral criada e de-
senvolvida pelo Grupo Ginástico Unicamp (GGU) denomina-se no-
tadamente pedagógica. Ela é baseada no paradigma socialização/
sociabilização, sendo caracterizada por uma abordagem sociocul-
tural de educação física, e segundo Pérez Gallardo (1999, p. 30):
[...], o principal objetivo é contribuir para a formação do ser hu-
mano, utilizando como meio para sua capacitação os diferentes
conteúdos da cultura corporal. Nossos estudos apontam para uma
concepção de GG preocupada com o processo e a forma de pro-
dução cultural nas diferentes regiões e culturas a saber: processo
de organização social (criação de leis, regras, normas de convívio
social), [...], enfatizando-se os aspectos que tenham relação com a
cultura corporal e/ou motora que fazem parte de cada grupo social,
a todos os integrantes de uma sociedade.

Para Souza (1997, p. 91):


[...] a metodologia que utilizamos pode, para efeito didático, ser
dividida em duas partes: uma destinada ao aumento da interação
social e à vivência e exploração de inúmeras possibilidades de mo-
vimento e a outra direcionada para a utilização e exploração dos
recursos que o material proporciona.

Claretiano - Centro Universitário


144 © Ginástica Geral

O encontro é iniciado com uma preparação corporal (seja


um jogo, um alongamento etc.). Em seguida, começa a criação de
uma linguagem comum de movimentos. Isso quer dizer que par-
tem para desenvolvimento e/ou aperfeiçoamento das habilidades
individuais. Nesse momento, são utilizados deslocamentos, imita-
ções de gestos e criações.
Após o trabalho individual, formam-se grupos para realiza-
ção de jogos de movimento ou jogos cênicos, como cardume, ir-
mão siamês, espelho, sombra, entre outros. Ao chegar na estrutu-
ra grupal, são exploradas diversas formações coreográficas, como
círculos, linhas etc. Partem, então, para o encontro das experiên-
cias motoras e as formações coreográficas. (SOUZA, 1997, p. 91).
Os materiais são explorados partindo de sugestões de movi-
mentos. Inicialmente, quando é possível, experimentam a real utilida-
de do material; depois, experimentam as descobertas de movimen-
tos inusitados. Nessa exploração, surge o momento da união entre
os componentes artísticos e os gímnicos e alguns questionamentos
aparecem: Como podemos saltar com o material? Podemos lançá-lo?
Souza (1997, p. 93) diz que para motivar as descobertas indi-
viduais ou coletivas o grupo utiliza-se de variáveis de movimento.
• Utilização dos mais variados ritmos musicais, explorando o pul-
so da música, como por exemplo caminhar no pulso da música,
na metade do pulso, no dobro do pulso etc, a melodia e a inter-
pretação das emoções que a música inspira.
• Utilização das possibilidades de amplitude do movimento, por
exemplo: passos curtos, longos, curtos e longos etc.
• Utilização de deslocamentos em diferentes direções, para frente,
para trás, para os lados, em linhas curvas, retas, combinadas etc.
• Utilizações de diferentes posições do corpo: em pé, sentado,
deitado, em quatro apoio etc.
• Utilização da variação do centro de gravidade do corpo: baixo,
médio, alto.
• Utilização de variáveis de expressão corporal ou expressão afe-
tiva, como por exemplo: executar um movimento com alegria,
tristeza, raiva etc.
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 145

• Utilização de imitações (teatralização) de personagens, animais,


atividades esportivas, atividades profissionais etc.
• Utilização de diferentes expressões culturais, como por exemplo:
dança (clássica, folclórica, popular), teatro, mímica, jogos, lutas etc.
• Utilização dos movimentos característicos das diferentes moda-
lidades Ginásticas (artística, rítmica, aeróbica, acrobática etc.).

Metodologia dos três momentos


Velardi (1997) apresenta um método de aula fundamentado
nos estudos de Vygotsky. A técnica aborda, principalmente, o de-
senvolvimento humano e a aprendizagem, a formação de concei-
tos, a mediação e o papel do brinquedo e da brincadeira.
A autora vivenciou a aplicação desse método durante sua
participação no projeto Crescendo com a Ginástica, realizado na
Faculdade de Educação Física da Unicamp entre os anos de 1987 a
1997. O objetivo principal foi:
[...] contribuir para o desenvolvimento integral da criança por meio
de propostas lúdicas fundamentadas nessas modalidades gímnicas.
A criança era o foco principal do trabalho, sempre respeitando as
características de cada faixa etária. (SCHIAVON, 2003, p. 19).
A proposta está centrada em criar condições para oferecer às crian-
ças maior possibilidade de ampliação do seu vocabulário motor,
e de desenvolvimento global de suas potencialidades, através de
estratégias que proporcionem sua participação de maneira ampla.
(VELARDI, 1997, p. 31).
Essa proposta metodológica enfatiza a importância da exploração
de movimentos antes que eles possam ser ensinados de uma ma-
neira específica e totalmente direcionados pelo professor. (SCHIA-
VON, 2003, p. 21).
O professor não sabe exatamente quais caminhos sua aula irá per-
correr, e não pode perder de vista o objetivo que tem pré-determi-
nado para aquela aula. (SCHIAVON, 2003, p. 23).

A autora propõe a divisão desse método em três partes, as quais


foram denominadas "três momentos". Para Velardi (1997, p. 160):
A busca de situações prazerosas é o ponto chave, que norteia o
direcionamento dos conteúdos. [...] o objetivo principal é vincular
o prazer ao brincar com o conteúdo, com os materiais, com as re-

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146 © Ginástica Geral

gras, com os colegas e o professor. O prazer relacionado ao que


está sendo vivenciado "durante", ao que é vivido "no presente", no
momento em que o aluno "brinca de fazer" a atividade.

No primeiro momento, o tema da aula é apresentado e os


alunos são desafiados a explorar o ambiente proposto para criar
movimentos relacionados ao tema. Para Velardi (1997, p. 136):
O momento inicial (primeiro momento) é determinante para que
o aluno se integre à atividade, e para que o professor observe seus
potenciais de execução, suas experiências anteriores em relação ao
conteúdo proposto, observando e refletindo sobre quais informa-
ções ou intervenções serão mais adequadas aos alunos ou grupo.
Não devemos simplesmente utilizar o primeiro momento como
uma situação que permite ao professor envolver-se em outra tare-
fa, enquanto os alunos fazem o que querem.

Schiavon (2003.p. 22) afirma:


Neste momento os materiais que as crianças utilizam em aula devem
estar de acordo com o tema proposto, para que seja mais um estí-
mulo à sua criatividade. Muitas vezes, as crianças não sabem muito
o quê fazer, principalmente quando tiveram experiências anteriores
que não permitiram explorações, ou seja, quando participaram so-
mente de atividades direcionadas por modelos, não estando acostu-
madas a explorar, mesmo em outros ambientes de ensino. E mais do
que as crianças, muitos professores se sentem desconfortáveis nessa
situação de observação, por não dirigirem a aula completamente.
Isto se deve à formação que esses professores tiveram e a forma com
que também foram ensinados no passado.

A mudança para o momento seguinte dependerá do grau de


motivação dos alunos. O professor, sempre atento, deve perceber
quando os alunos já começam a se desinteressar pela exploração
e, ainda, durante o primeiro momento, estimular a descoberta.
No segundo momento, o professor propõe desafios, para
serem solucionados corporalmente. Os problemas pensados,
planejados e propostos pelo professor devem iniciar o caminho de
aproximação entre o aluno e o objetivo final da aula. Esse objetivo
deve ser pensado também no planejamento.
Velardi (1997, p. 144) destaca que:
Este segundo momento da proposta metodológica é o espaço re-
servado para a solução de problemas, em que o aluno deverá refle-
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 147

tir sobre uma situação pré-determinada, que, diretamente relacio-


nada aos objetivos da aula, promovam uma reflexão sobre o que é
feito, como e porque pode ser modificado.

Para Schiavon (2003, p. 23):


Não é um momento fácil para o aluno e nem para o professor. Os
alunos precisam compreender o que estão fazendo, resolver pro-
blemas de acordo com o tema proposto com "soluções corporais";
o que auxilia o aluno a compreender e permite ao professor verifi-
car qual o nível de execução que seu aluno se encontra..

O terceiro momento é a hora de encontrar-se com o objetivo


final. Certamente, alguns alunos podem descobri-lo no primeiro
momento, ou no segundo, mas também tiveram a oportunidade
de vivenciar outras possibilidades corporais.
E essa é a grande riqueza dessa proposta: superar a valoriza-
ção das descobertas individuais sem modelos previamente conce-
bidos. De acordo com Velardi (1997, p. 152):
Um terceiro momento relaciona-se a propostas de atividades di-
rigidas diretamente pelo professor, que irá sugerir atividades que
considerar pertinentes ao trabalho e que ainda não tenham sido
representadas anteriormente, os elementos que não apareceram
como resultado dos movimentos anteriores, mas que segundo a
observação do professor, estão emergindo.

Também Schiavon (2003, p. 24) ressalta a relevância desse


terceiro momento:
É importante que a criança aprenda novas combinações, diferentes
técnicas de movimento, compondo outras habilidades, mas essa
aprendizagem possa se tornar um momento muito mais rico quan-
do antecedido por explorações e resoluções de problemas acerca
do tema que está sendo tratado. Direcionar a realização de um
movimento pode não ter tanto problema se o aluno teve a opor-
tunidade de explorar seus movimentos anteriormente na busca de
soluções corporais.

Para que você possa ter uma visão geral acerca da metodo-
logia dos três momentos, apresentamos uma síntese no Quadro 1,
proposto por Toledo (1999, p. 66), onde encontramos claramente
o objetivo, o papel do professor e do aluno.

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148 © Ginástica Geral

Quadro 1 Síntese da metodologia dos três momentos


OBJETIVO PAPEL DO PROFESSOR PAPEL DO ALUNO
Não interfere no pro-
cesso de exploração;
observa e avalia os po-
Entrar em contato Sugerir e explorar mo-
tenciais de execução,
Primeiro com o tema; é o tem- vimentos e materiais,
as experiências trazidas
momento po de exploração dos a partir de suas expe-
pelos alunos e a orga-
possíveis movimentos. riências anteriores.
nização do espaço, que
propicia o tema a ser
desenvolvido na aula.
Sua interferência é
Refletir sobre uma situ-
crucial; deve colocar o
Transmitir as pro- ação pré-determinada;
maior número de di-
postas por meio de deve sentir-se capaz
cas para o aluno, para
"pistas", propiciando a de executar a tarefa,
que ele possa revelar
Segundo criação e a solução de amparado pelo conhe-
seus pontos de vista,
momento problemas contidos cimento prévio ou por
formulando novas
nas tarefas; ingressar um mediador externo;
respostas; prepara o
em direção à forma- explorar os recursos
meio social que ser-
ção dos conceitos. oferecidos pelo meio-
virá como elemento
-ambiente e social.
mediador.
Imitar e/ou redimen-
Propor atividades diri-
Sugerir atividades que sionar o conhecimen-
gidas que não tenham
considera pertinente to transmitido pelo
aparecido ainda em
ao trabalho e à aula, professor; elaboram
Terceiro aula, utilizando como
mostrando aos alunos conceitos e executam
momento recurso a imitação
um conhecimento ações mais complexas,
(como aprendizado
"novo", de forma lúdi- compreendendo a
profundo, criativo e
ca e estimulante. lógica dos momentos
desafiador).
anteriores.
Fonte: Toledo (1999, p. 66)

Você também pode encontrar o detalhamento dessa


metodologia, com exemplos de múltiplos conteúdos (esportes, jo-
gos etc.) para a Educação Física escolar, na obra de Toledo, Velardi
e Nista-Píccolo (2009).
Essa proposta foi baseada, fundamentada e aplicada por
vários anos em aulas de ginástica. Primeiramente, no projeto Cre-
scendo com a Ginástica, na Unicamp, depois no Projeto Imagyn-
ação (programa de ginástica artística em período extracurricular,
em escolas da região de Campinas e Rio de Janeiro) e em diversas
aulas de educação física.
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 149

A professora/pesquisadora Larissa Pinto (2007, p. 268-269)


relatou sua forma de utilização do método apresentado em uma de
suas aulas de educação física com o tema ginástica e ginástica geral.
Analisando a proposta acima, identifiquei o primeiro momento (de
exploração, descobertas, livre expressão) com as manifestações
corporais praticadas antes de serem transformadas para ginástica
"científica". E, visualizei o segundo e o terceiro momento, como
uma representação da ginástica "científica", pois estes são respon-
sáveis por "lapidar" e "moldar" os gestos anteriormente descober-
tos assim como foi feito com a ginástica "científica" no momento de
sua elaboração.[...]. Não realizei os três momentos na mesma aula.
Realizei o primeiro deles nas aulas de "circo e acrobacias", "contor-
cionismo" e "equilibristas".[...]. Os segundos e terceiros momentos
[...] começaram a ser realizados somente a partir da aula em que a
ginástica "científica" foi apresentada.

A importância do planejamento de cada aula está explicita-


mente demonstrada anteriormente. Apenas com um bom plane-
jamento, o professor saberá como propor os problemas e os desa-
fios para as supostas e posteriores conquistas dos alunos.
Cabe ao professor estar sempre atento às novas descobertas
de seus alunos e ter um olhar crítico para organizar essas ideias de
forma esteticamente interessante para compor uma coreografia
de ginástica geral.

Proposta de Ayoub baseada no Grupo de Trabalho Pedagógico


UFPe – UFSM
O Grupo de Trabalho Pedagógico UFPe – UFSM, em seu liv-
ro Visão didática da educação física: análises críticas e exemplos
práticos de aula, de 1991 (p. 36-37), apresenta cinco perspectivas
para a configuração didática do esporte.
Ayoub (2003, p. 93) transfere essas perspectivas para o de-
senvolvimento e abordagem da ginástica geral na escola da se-
guinte maneira, incluindo a sexta possibilidade ao final:
1) "A ginástica geral como algo socialmente regulamentado".
Como já vimos em outras unidades, a constituição da gi-
nástica geral como prática corporal reconhecida perpas-

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150 © Ginástica Geral

sa por invenções, divulgações, aceitações e recusas. A


Federação Internacional de Ginástica teve, inicialmente,
a função de criar e divulgar, porém, atualmente, outros
grupos já recriaram seus conceitos iniciais. Transforma-
ram as práticas de ginástica geral de acordo com suas
realidades sociais e culturais.
O aluno deve conhecer esse caminho, seja lendo, ouvin-
do, vivenciando de forma lúdica etc., para, assim, tentar
entender seu papel social nas mudanças ou permanên-
cias das práticas corporais.
2) "A ginástica geral como algo a ser aprendido".
Interpretemos essa sugestão como algo a ser vivencia-
do, experimentado corporalmente. Em outras palavras,
significa vivenciar as possibilidades corporais da ginásti-
ca, as de outras pessoas, estar aberto ao novo, criar
sem modelos preestabelecidos; aprender a cooperar, a
trabalhar para o grupo, para o outro. Ter prazer nessa
experiência; aprender compor coreografias, escolher
músicas, preparar figurinos, cenários.
3) "A ginástica geral como algo a ser assistido".
Saber assistir uma apresentação de ginástica geral, des-
de como se portar em um espetáculo até observar as
escolhas do grupo para seu trabalho coreográfico. En-
tender e respeitar as concepções estéticas de cada gru-
po. Julgar o necessário, mantendo sempre grande res-
peito com o outro grupo.
4) "A ginástica geral como algo a ser refletido".
Exercitar a reflexão. Isso só será possível se a pessoa esti-
ver interada dos acontecimentos, das possibilidades, das
escolhas. Para uma boa reflexão, temos de estar prepara-
dos para questionamentos novos, críticas construtivas.
De acordo com os objetivos participativos, como podem-
© U5 - O Planejamento de Aulas em Ginástica Geral: objetivos, conteúdos e métodos 151

os pensar em inserir competições na ginástica geral?


Como iremos comparar os grupos, as ideias?
5) "A ginástica geral como algo a ser modificado".
Devemos ter sempre em mente que as propostas devem
ser adaptadas a seus novos contextos e localidades. Algo
que foi interessante e deu muito certo em um lugar, pode
ser que não funcione com outro grupo. Temos de estar
atentos aos momentos de mudança, sem perder a perso-
nalidade e as especificidades da ginástica geral.
6) "A ginástica geral como algo a ser demonstrado"
Saber também estar em cena, no palco, no ginásio, na
quadra, em qualquer lugar que seja. Mas saber que o
grupo está utilizando a linguagem gímnica da ginástica
geral para "falar" a seu público. Para isso, temos de sa-
ber falar por meio dessa linguagem.
Encerramos a parte metodológica anunciando novas refle-
xões que têm surgido, como o de Marcassa (2004) e Oliveira e
Lourdes (2004), rumo a novas propostas.

8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) A partir do conhecimento exposto, você consegue distinguir a diferença en-
tre objetivo, conteúdo e método? Esses conceitos são importantes para se
pensar uma proposta de ensino de ginástica geral? Por quê?

2) Qual a inter-relação existente entre esses três pilares de uma aula?

3) Qual a importância da discussão, proposta nesta unidade, para a sua formação?

4) Inicie a elaboração de aulas para crianças de diferentes idades e culturas.


Leve as dúvidas para a discussão virtual e releia os textos sugeridos.

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152 © Ginástica Geral

9. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, estudamos sobre os objetivos, conteúdos e
métodos para desenvolvermos aulas de ginástica geral.
Os objetivos da atividade como proposta pedagógica de so-
cialização/sociabilização foram apresentados e discutidos. Além
disso, apresentamos os conteúdos que devem compor cada aula,
assim como métodos de aula que compõem uma forma de ensino
particular a cada grupo.
Na próxima unidade, falaremos de outro assunto muito im-
portante para a ginástica geral: a organização de eventos.
Bons estudos!

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AYOUB, E. Ginástica Geral e educação física escolar. Campinas: Unicamp, 2003.
GRUPO DE TRABALHO PEDAGÓGICO UFPe – UFSM. Visão didática da educação física:
análises críticas e exemplos práticos de aulas. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1991.
Coleção Educação Física – Série Fundamentações; 11.
LABAN, R. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1971.
RANGEL, L. Dicionário Laban. São Paulo: Annablume, 2003.
TOLEDO, E.; VELARDI, M.; NISTA-PICCOLO, V. L. Como ensinar esses conteúdos nas aulas
de Educação Física? In: MOREIRA, E. C. C.; NISTA-PÍCCOLO, V. L. (Orgs.). O quê e como
ensinar Educação Física na escola. Jundiaí: Fontoura, 2009, p. 63-90.
TOLEDO, E. ; TSUKAMOTO, M. H. C.; GOUVEIA, C. R. Fundamentos da Ginástica Geral. In:
NUNOMURA, M.; TSUKAMOTO, M. H. C. (Orgs.). Fundamentos das Ginásticas. Jundiaí:
Fontoura, 2009, p. 23-50.
SOUZA, E. P. M.; PÉREZ GALLARDO, J.S. Ginástica Geral: duas visões de um fenômeno.
In: ENCONTRO DE GINÁSTICA GERAL, 1996, Campinas. Coletânea Encontro de Ginástica
Geral. Campinas: Unicamp, 1996, p. 35.
EAD
A Organização de Eventos
de Ginástica Geral

6
1. OBJETIVOS
• Conhecer eventos de ginástica geral.
• Identificar especificidades de cada tipo de organização.
• Saber organizar um pequeno evento na área da ginástica
geral.

2. CONTEÚDOS
• Formas pedagógicas de trato com a organização de eventos.
• Diferentes eventos possíveis na ginástica geral.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Um bom evento inicia-se com uma boa ideia.
154 © Ginástica Geral

2) Some forças com as pessoas ao seu redor, o evento será


muito mais prazeroso, no entanto, certifique-se das po-
tencialidades que eles têm para que o evento não fique
comprometido tecnicamente.
3) Um evento de sucesso inicia-se com um bom planeja-
mento, elaborado com a devida antecedência.
4) Avalie a adequação entre o que pretende fazer e o que é
possível fazer, assim, você terá maiores chances de êxito.
5) Todas as referências a seguir podem ser consultadas na
Gímnica - biblioteca virtual de ginástica. Disponível em:
<http://www.ginasticas.com/>. Acesso em: 1 mar. 2012.
a) ALMEIDA, M.F.B et al. Ginástica geral de grande
área no contexto escolar: uma possibilidade de in-
teração social. In: FÓRUM DE GINÁSTICA GERAL,
1999, Campinas. Anais do Fórum de Ginástica Ge-
ral. Campinas: Sesc, Unicamp, 1999, p. 94.
b) BERTOLINI, C. M. Esquema para coreografias de
média área. In: II FÓRUM INTERNACIONAL DE GI-
NÁSTICA GERAL, 2003, Campinas. Anais do II Fórum
Internacional de Ginástica Geral. Campinas: Sesc,
Unicamp, 2003, p. 53.
c) BUENO, T. F. Ginástica de grande área: uma realidade
possível no contexto escolar. Campinas: Universidade
Estadual de Campinas, 2004. (Dissertação de Mestrado).
d) BUENO, T. F., et al. Ginástica de grande área: uma rea-
lidade possível no contexto escolar. In: FÓRUM DE GI-
NÁSTICA GERAL, 2001, Campinas. Anais do Fórum de
Ginástica Geral. Campinas: Sesc, Unicamp, 2001, p. 144.
e) DESIDERIO, A., GRANER, L. S. P. Modelo para orga-
nização de festivais construído a partir da prática
da organização do Festival Interno de Ginástica e
Festival Coisas da FEF. In: FÓRUM INTERNACIONAL
DE GINÁSTICA GERAL, 2005, Campinas: Anais do III
Fórum Internacional de Ginástica Geral. Campinas:
Sesc, Unicamp, 2005, p. 190.
f) ROBLE, O. J. A Ginástica Geral como foco expressivo.
In: FÓRUM INTERNACIONAL DE GINÁSTICA GERAL,
2001, Campinas. Anais do Fórum Internacional de
Ginástica Geral. Campinas: Sesc, Unicamp, 2001.
© U6 - A Organização de Eventos de Ginástica Geral 155

g) TOLEDO, E. Ginástica de grande área: algumas abor-


dagens e reflexões de sua manifestação no Brasil.
In: FÓRUM DE GINÁSTICA GERAL, 2007, Campinas.
Anais do IV Fórum de Ginástica Geral. Campinas:
Sesc, Unicamp, 1999, p. 94.
6) A referência abaixo pode ser encontrada na biblioteca
virtual da Unicamp:
• DESIDERIO, A. Qualidade de Vida e Ginástica Geral:
possíveis aproximações. Campinas: Universidade Es-
tadual de Campinas, 2009. (Dissertação de Mestrado).

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na Unidade 5 conhecemos os conteúdos, objetivos e mé-
todos para o ensino da ginástica geral. E, conforme explicitado
em outras unidades, toda essa vivência pode culminar (ou não)
na apresentação de sequências coreográficas que foram construí-
das criativamente em aula, considerando que a demonstração e a
apreciação são processos importantes na formação do aluno.
Essas apresentações podem ocorrer dentro da própria aula
(em grupos) ou em eventos específicos para esse fim, temáticos ou
não da disciplina ou da escola (datas festivas, trabalhos interdisci-
plinares etc.).
Assim, para encerrarmos o aprendizado sobre ginástica
geral, iremos conhecer alguns eventos e descobrir caminhos para
organizá-los.

5. ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS ESPORTIVOS E DE LA-


ZER – ABORDAGENS GERAIS
Antes de conhecer algumas particularidades sobre a organi-
zação de eventos na área da ginástica geral, abordaremos alguns
aspectos considerados básicos para a organização de qualquer
evento.

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156 © Ginástica Geral

Fase preparatória ou pré-evento


Essa fase caracteriza-se basicamente pela estruturação e
pelas preparações necessárias para que o evento ocorra da mel-
hor forma possível.
Vale lembrar que raramente os eventos são "perfeitos". O
que mais ocorre são poucos ou vários problemas, que afetam di-
retamente ou indiretamente sua realização. Entretanto, isso pode
ser bem administrado nessa etapa inicial, ou seja, uma boa prepa-
ração minimiza a incidência de problemas.
Podemos subdividir essa fase em três:
1) definição do perfil do evento;
2) check list geral (dimensão do evento);
3) check list específico por área ou comissões.

Definição do perfil do evento


O primeiro passo para a realização de um evento, seja ele
esportivo ou não, é traçar com clareza seu perfil, ou seja, suas ca-
racterísticas essenciais.
Nesse caso, sugere-se que o coordenador do evento, com ou
sem sua equipe de trabalho, estruture o perfil por meio de uma
ficha com informações sobre o acontecimento.

Perfil do evento–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Nome
Objetivo(s): (competição/destaques, participação/maior volume de pessoas, so-
cialização numa comunidade, divulgação de um esporte pouco conhecido etc.).
Público-Alvo/ Participantes (faixa etária, classe social, relacionados com aquela
modalidade esportiva etc.).
Local(is) (da realização do evento, da inscrição, de cada fase do evento etc.).
Data ou duração (cronograma do evento, com detalhes).
Horário(s).
Formas de Inscrição (fax, telefone, pessoalmente, internet etc.).
Estabelecimento de Parcerias (Apoio, Patrocínio).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© U6 - A Organização de Eventos de Ginástica Geral 157

Os dados estão intimamente relacionados entre si e caracter-


izam-se pelo alicerce do evento. É fundamental que eles estejam
claros na divulgação. Dessa forma, evitam-se equívocos básicos
de informação, assim como uma frustração por parte do público,
decorrente de uma expectativa exagerada que foi criada pela falta
de informação e não foi atendida.

Organização do check list geral


Estabelecido o perfil do evento, é necessário a organização
de um check list geral, ou seja, um levantamento do que é preciso
para que o evento aconteça.
Suponhamos que o evento seja um campeonato de vôlei de
duplas entre os alunos da Metrocamp (Faculdade Integrada Me-
tropolitana de Campinas). Um provável check list geral seria (sem
pensar nas especificidades que foram destacadas no perfil do
evento):
1) reserva de quadras;
2) material esportivo de voleibol (rede, bolas, apito, súmu-
las específicas etc.);
3) árbitros e mesários (checagem das inscrições, carteiri-
nhas, uniforme);
4) banheiros e/ou vestiários próximos;
5) bebedouro e/ou torneiras;
6) cantina próxima ou venda de bebidas e petiscos;
7) pessoas para organizar a entrada e a saída de equipes;
8) material de apoio (mesas, cadeiras, banco sueco etc.);
9) premiação e certificados.
O check list geral será fundamental para o estabelecimento
do check list específico por áreas.

Organização do check list por área ou comissões


Estabelecido o check list geral, é o momento do coordenador
do evento especificar cada um desses itens para que detalhes a ele

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158 © Ginástica Geral

relacionados não faltem no dia do evento, prejudicando-o. Uma


das formas, que parece ser muito eficaz, é uma divisão dos itens
por áreas ou comissões:
1) Manutenção: refere-se a toda parte elétrica, hidráulica
e de verificação das instalações (pregos, barras, pintura,
lâmpadas, grama etc.).
2) Atendimento/secretariado: é uma das responsáveis
pelo sucesso inicial do evento. Informalmente, dizemos
que é o "cartão de visitas" do evento. Deve estar bem
capacitado tecnicamente (saber muitas e precisas infor-
mações, ter padrão no bom atendimento, "ser educado
e paciente" etc.) e conquistar o cliente a participar do
evento. Também é responsável por determinar quem irá
receber o público e atender às dúvidas, elaborar e impri-
mir documentos, fichas, relatórios etc.
3) Normas e regulamentos (comissão técnica): é a res-
ponsável por estabelecer as normas ou regulamentos
do evento, portanto, devem ser profissionais que atuam
na área específica. Ou seja, se o evento é esportivo ou
de lazer, deve haver um profissional de Educação Física
envolvido na comissão (o que minimiza "furos" no re-
gulamento e possíveis conflitos). Outra função é fazer
contatos com convidados ou árbitros que irão ajudar na
realização do evento e listar o que deve ser comprado
para se cumprir o regulamento (especificidades dos ma-
teriais – bolas, jogos, papéis, redes etc.);
4) Limpeza: cabe a essa comissão avaliar a relação entre as ca-
racterísticas do evento (número de pessoas, local, compor-
tamento social e da modalidade/atividade etc.) e a limpeza
adequada nas instalações que serão utilizadas (número de
banheiros, quantidade de papel higiênico, periodicidade da
limpeza das instalações e áreas de maior fluxo etc.). Caso o
coordenador do evento deve opte por terceirizar o serviço,
a comissão deve orientar a empresa e os funcionários (per-
sistir na supervisão das ações orientadas).
5) Segurança: essa comissão avalia a quantidade e a forma
de segurança necessária (inspeção de metais, seguran-
ças vestidos oficialmente ou à paisana etc.), auxilia na
© U6 - A Organização de Eventos de Ginástica Geral 159

segurança das instalações exigidas por lei: sinalização de


saídas de emergência, mais de dois acessos de saída, va-
lidade de extintores etc., e também analisa se o evento
necessita de "salva-vidas".
6) Estrutura física: responsável pela adequação da estrutura
física, em conjunto com a manutenção, que efetuará as
especificidades orientadas por essa comissão. Em alguns
casos, a equipe técnica, responsável por normas e regula-
mentos, também passa alguma orientação nesse sentido.
7) Transporte: estuda os meios de transporte existentes (ou
que tenham de ser criados) para se ter acesso ao evento,
assim como sua periodicidade e capacidade (que deve
ser proporcional ao público estimado). Também estuda
a necessidade de transporte para convidados ou contra-
tados, parcerias com estacionamentos etc.
8) Alimentação: essa comissão irá avaliar qual é a alimen-
tação (bebidas e comidas) mais consumida pelo público-
-alvo (faixa etária, classe social), de acordo com a ativi-
dade e o horário, na quantidade proporcional ao fluxo
do evento. Assim como no caso da limpeza, essa área
pode ser terceirizada, mas é a comissão que deve orien-
tar a empresa e os funcionários no dia do evento (persis-
tir na supervisão das ações orientadas).
9) Divulgação: essa comissão deve discutir, de preferência
com a participação de especialistas na área, Publicidade
e Propaganda, as formas mais eficazes e possíveis (de
acordo com o perfil e custo do evento), para divulgá-lo
adequadamente, em diferentes veículos de comunica-
ção: imprensa escrita (jornais, revistas, etc.), material
impresso (folders, cartazes, flyers), imprensa falada (rá-
dio e televisão) etc. A comissão também pode auxiliar
as demais, minimizando os custos, ao realizar parcerias
com empresas que atuarão (terceirizadas), em troca da
projeção da sua marca durante o evento e/ou no mate-
rial publicitário.
10) Atendimento médico/primeiros socorros: essa comis-
são vai analisar a necessidade e a viabilidade de aten-
dimento de emergência, requerendo a presença de um
profissional da área paramédica (enfermeiros, bombei-

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160 © Ginástica Geral

ros, professores de Educação Física com cursos especí-


ficos) ou da área médica, a compra de uma caixa de pri-
meiros socorros, o aluguel de ambulâncias e parcerias
com hospitais próximos.
11) Compras/financeiro: essa comissão, com a ajuda de to-
das as outras, estabelece a relação entre o custo de tudo
que é solicitado e do que é possível ser atendido median-
te os recursos existentes para a realização do evento.
12) Equipe de apoio: seleciona pessoas que tenham o per-
fil para atuar de forma intensa (ágeis, prestativas, que
dominam bem o local, que conheçam a comissão orga-
nizadora etc.). Para isso, elas devem ter ciência das infor-
mações básicas (das diferentes comissões) sobre o even-
to. No dia, essa equipe estará dividida para dar suporte
("apoio nos problemas emergenciais") às comissões es-
pecíficas. Numa linguagem informal, "é o pessoal que
corre para lá e para cá", ajudando a resolver as situações
não previstas (quebra de material, perda de bola, com-
pra de mais bebida ou comida, buscar mais papel, fazer
ligações etc.). Essa equipe, geralmente, está: uniformiza-
da, equipada com walky-talkys, com carro à disposição,
com cópia do regulamento e com lista de contatos etc.
13) Avaliação: essa comissão é opcional, dependendo do por-
te. Visa avaliar o evento durante sua realização, de ma-
neira informal (observação, contato com os participantes
ou público etc.), ou no final do evento, de maneira formal
(sendo responsável pela aplicação, distribuição, lembran-
ça sobre a resposta desse evento). Geralmente, quando há
uma avaliação impressa aos participantes, eles a recebem
juntamente com o material do evento (pasta com crono-
grama, programa, regulamento, informes gerais etc.) ou
pelas mãos de algum membro da comissão logo após o
evento, para preenchimento imediato. Há casos em que
a avaliação é enviada alguns dias depois do evento, por
via impressa ou por e-mail, mas o retorno é pequeno. A
avaliação é um feedback para a comissão organizadora,
pois pode mostrar pontos negativos e positivos não per-
cebidos. Essa área também organiza a avaliação do even-
to elaborada pelas comissões da comissão organizadora.
© U6 - A Organização de Eventos de Ginástica Geral 161

Com base na avaliação da própria comissão e dos partici-


pantes, faz-se uma avaliação mais completa e imparcial,
assim como traça-se novos rumos para futuros eventos.
Dependendo da dimensão do evento, e das condições finan-
ceiras, técnicas ou políticas, o coordenador pode optar em esta-
belecer uma comissão para cada área, assim como delegar para
algumas pessoas, de sua confiança e com capacidade técnica, a
supervisão de mais de uma comissão.
Outro fator corriqueiro que parece estar presente na organi-
zação de eventos de pequeno porte é a confiança dessa supervisão
a pessoas mais próximas, como irmãos, pais ou namorados(as).
Essa é uma ação que deve ser analisada com cuidado, pois pode
resultar no sucesso ou no fracasso do evento e, em alguns casos,
no “estranhamento" dessas relações.
A pessoa escolhida deve saber discernir bem a relação ínti-
ma (familiar, amorosa etc.), guiada pela emoção, da relação pro-
fissional (que exige cuidados técnicos e ações com bom senso e
agilidade), guiada pela razão.
Vale ressaltar, também, a importância da remuneração dos
membros da comissão. Mesmo que seja uma quantia simbólica,
estabelece-se uma maior relação profissional e de cumplicidade.

O imprevisto que pode ser previsto


Uma questão que deve estar muito clara para quem organiza
eventos é que alguns imprevistos podem ser previstos. Esses im-
previstos geram o famoso "plano B", ou seja, as comissões devem
fazer um levantamento do que é essencial para a realização do
evento e traçar um plano de emergência caso haja alguma falha.
Exemplos:
1) Num festival de dança, deve haver um som e um micro-
fone reservas, já de pronto uso, mesmo que de menor
porte.

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162 © Ginástica Geral

2) Num campeonato de vôlei, deve haver bolas e redes re-


servas.
3) Numa atividade de argila, deve haver argila em maior
quantidade que a prevista (mesmo que em consignação).
4) Numa palestra ou conferência, deve haver data shows,
notebooks, microfones reserva, além de materiais de su-
porte que não foram solicitados para uma eventualidade
(na hora o palestrante resolve usar vídeo, retroprojetor,
flip chart etc.).

Entre o ideal e o possível


O bom organizador de eventos é aquele que equaliza o ideal
e o possível. O cuidado de não pensar grande demais, tendo pouco
e vice-versa. Em outras palavras, ela faz o melhor possível dentro
de suas possibilidades.

Um dia antes do evento


Um dia antes do evento, o coordenador geral deve "tentar"
realizar uma reunião com todos os responsáveis pelas comissões,
independente de quantos forem, para uma averiguação de tudo
que foi proposto e do que já está concretizado.
Essa reunião também favorece a harmonia no trabalho, que
se refletirá durante o evento (nas ações das comissões e no bom
atendimento ao público), uma vez que todos estão cientes das
ações de todos.
É muito salutar a troca de sugestões entre as comissões, pois
é corriqueiro estarmos tão entretidos e "alienados" no que temos
de fazer, que nos esquecemos de alguns detalhes.
Caso não seja possível realizar a reunião, é importante que o co-
ordenador faça uma checagem com cada comissão e que depois passe,
de alguma forma (cópias, e-mail, ofícios etc.), a informação a todos.
Nesse dia, portanto, cada comissão irá checar e deixar tudo
que for possível pronto.
© U6 - A Organização de Eventos de Ginástica Geral 163

Deve-se ter o mínimo de ações possíveis no dia do evento,


pois, assim, minimizamos a incidência de erros ou "problemas de
última hora", que denigrem a imagem do evento.
Resumindo, na reunião, com todos os envolvidos pode-se
verificar:
1) Passagem da rotina do evento – apresentação.
2) Revisão/exposição de todas as comissões.
3) Acertos finais – resolução de pendências.
4) Informes de todos para todos.
5) Orientações gerais – comportamentos, filosofia do even-
to etc.
6) Revisar o check list.

No dia do evento
É difícil estabelecer aqui as ações que serão executadas no
dia, pois elas dependem das particularidades de cada evento.
O que é possível estabelecer são ações básicas, comuns aos
eventos esportivos e de lazer:
1) Solicitar que todos da comissão organizadora (responsá-
veis pelas comissões) estejam no local com antecedên-
cia (uma ou duas horas, dependendo do evento), para
uma revisão do evento.
2) Solicitar que cada comissão faça uma nova verificação
de suas ações.
3) Pedir que cada comissão execute aquela ação que não
foi possível realizar no dia anterior, com o apoio de ou-
tras comissões, se necessário.
4) Preocupar-se constantemente com o atendimento ao
público (entrada, estadia e saída) e com os participantes,
assim como com a segurança.
5) Pensar num trabalho em equipe, em que todos SÃO a
comissão organizadora, e, portanto, todos devem se aju-
dar para que o evento tenha sucesso.

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164 © Ginástica Geral

Durante o evento
1) Todos os coordenadores de comissões devem estar dis-
poníveis, supervisionando sua equipe e cobrindo even-
tuais falhas e problemas.
2) A comunicação deve ser constante entre os membros de
cada comissão e também entre os coordenadores de co-
missões (via rádio ou staffs).
3) Deve-se receber tudo e a todos com bom humor e dis-
posição, minimizando conflitos, frustrações e maiores
problemas.
4) Uma comissão deve tentar ajudar a outra no que for
possível, desde informações até trabalhos pesados.
5) Fazer o seu trabalho com maior eficiência, sem menos-
prezar os aspectos humanos.
6) Preocupar-se com a atuação do público e de tudo que
envolve o bom andamento do evento.
7) Preocupar-se em agradecer as autoridades presentes e
os patrocinadores.
8) Os coordenadores de comissões devem estar presentes
durante todo o evento.
9) Todos devem zelar pela satisfação dos envolvidos, mes-
mo que isso não seja necessariamente de competência
da comissão organizadora.
10) Aplicar ou reforçar a entrega de algum documento de
avaliação (impresso), ou fazer essa avaliação de maneira
informal, conversando com os participantes e o público
em geral.
Nesse contexto, é importante que você se lembre sempre de:
1) Qual filosofia (a ideia de homem e de mundo) o evento
deseja transmitir?
2) Qual é sua colaboração para o alcance do objetivo do
evento?
3) Qual imagem você espera que fique nos participantes?
4) Colaborei para o sucesso do evento? De que forma? O
que poderia ter feito que não fiz?
© U6 - A Organização de Eventos de Ginástica Geral 165

Fase de finalização ou pós-evento


Muitos autores denominam essa fase de “avaliação", no en-
tanto, ela abrange mais do que isso. É o momento de finalização
do evento, em que alguns itens devem ser contemplados:
1) Elaboração de um relatório que forneça dados sobre o
evento: duração (excedeu o previsto? Por que?), núme-
ro de pessoas que assistiram e participaram, aconteci-
mentos extras, lista nominal dos responsáveis pelas co-
missões presentes no dia, fotos etc. Ou seja, um relato
com detalhes, fiel e abrangente, sobre o evento.
2) Elaboração de uma avaliação específica de cada comis-
são, onde são pontuados os aspectos negativos e positi-
vos de todas as fases (preparatória e durante o evento),
sinalizando possíveis soluções e programações futuras.
3) Elaboração de um documento final (relatório geral ou
dossiê), composto pelos relatórios sobre o evento e pelas
avaliações das comissões. Caso necessário, pode ser ela-
borado, de forma conjunta, um único relatório que levan-
te os dados e os aspectos positivos e negativos, "misturan-
do-se" as informações mais relevantes de cada comissão,
caracterizando-se uma avaliação ou relatório geral.
4) Fornecer um feedback (retorno) para os patrocinadores
e instituições de apoio (geralmente através de uma car-
ta), agradecendo a possibilidade da parceria e entregando
uma cópia do relatório (geral ou específico). Deve-se tam-
bém solicitar aos parceiros esse feedback sobre o evento.
5) Arquivar os documentos mais importantes que foram
usados para posterior consulta no próximo evento: car-
tazes, cartas convite, fichas de inscrição, regulamentos,
camisetas promocionais, modelos de súmulas etc. Geral-
mente, essa atribuição está na comissão de secretariado
e/ou divulgação. Ela é uma forma de registrar a história
do evento, assim como retomar ideias e impressões já
realizadas para uma futura edição do evento.
6) Socialização entre os membros de cada comissão, com
um encontro informal, um momento de comemoração e
congraçamento da equipe, fortalecendo os laços de ami-
zade e a união da equipe.
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166 © Ginástica Geral

6. ESPETÁCULOS

Festivais, mostras e apresentações


Uma das características da ginástica geral é o caráter de-
monstrativo, oferecer-se ao olhar do outro, seja em aula para pe-
quenos grupos, seja em forma coreográfica longa em ambientes
cênicos.
De acordo com Pavis (1999, p. 141):
É espetáculo tudo o que se oferece ao olhar. O espetáculo é uma
categoria universal sob as espécies pela qual o mundo é visto. Este
termo genérico aplica-se à parte visível da peça (representação), a
todas as formas de artes da representação (dança, ópera, cinema,
mímica, circo etc) e a outras atividades que implicam uma partici-
pação do público (esportes, ritos, cultos, interações sociais).

Organizar espetáculos, de qualquer natureza, não é tarefa


fácil, portanto, planeje com bastante antecedência suas ações e
agrupe pessoas que possam cooperar com tal iniciativa.
Ensinamos aquilo que conhecemos de alguma maneira. Por
isso, esteja sempre interado sobre espetáculos e apresentações de
diferentes naturezas. Conheça, assista, converse. Senso estético é
bastante importante nesse momento. Assim, cuidado para não se-
guir eventos de natureza diferente da ginástica geral.
Tenha em mente que a ginástica geral é, segundo Desiderio
(2009, p. 73):
[...] uma das formas de arte de representação, é a parte da ginás-
tica que mais se aproxima da arte e se distancia das características
limitantes do esporte moderno (rendimento, hierarquização, orga-
nização burocrática e publicidade e transparência) e das diretrizes
militares de ordem e disciplina do esporte moderno.

Ainda com esse pensamento, Roble (199, p. 56), afirma:


A magia que se estabelece entre quem faz o espetáculo e o público
que o assiste, a experiência estética que nisso se molda, são ele-
mentos que estão no universo da arte sendo fatores de expressão
e não de mera reprodução.
© U6 - A Organização de Eventos de Ginástica Geral 167

Nos diferentes contextos que vimos a ginástica geral inserida,


podemos divulgar o trabalho por meio de eventos. Utilize esse recur-
so para mostrar o que está sendo desenvolvido nas aulas de ginástica
geral, mas não o tenha como ponto principal de sua proposta.

Exemplos:
• O primeiro exemplo que traremos é um festival escolar que
se realizava a cada dois anos, na cidade de Campinas, pre-
cisamente no Instituto Educacional Parthenon, durante a
VI Olimpíada Cultural promovida pela instituição. O evento
era composto pelas apresentações de grupos, formados
pelos 700 alunos da escola e alguns grupos convidados.
A professora responsável Claudia Mara Bertolini (2003, p.
53) relata-nos em seu trabalho que "nesta modalidade específica,
deixamos de lado as tabelas, a premiação, os times e nos voltamos
para a música, espaço, materiais e roupas."
O espaço utilizado foi uma quadra poliesportiva com capaci-
dade máxima para 120 alunos, apresentando-se ao mesmo tempo.
Para facilitar ou ainda servir como fonte de inspiração, você pode
programar o seu evento inspirado em um tema (cores, sonho, rit-
mos,...) e/ou evento em si (olimpíada, festa da primavera, aniversá-
rio da entidade, festival de fim de ano, dia das mães, dia dos pais...)
(BERTOLINI, 2003, p. 54).

A ginástica geral fazia parte dos conteúdos desenvolvidos


nas aulas de educação física da escola e a autora/professora suge-
re que o professor, já no seu planejamento inicial, reserve as aulas
para a preparação e execução do evento.
No exemplo, a professora utilizou dois meses de preparati-
vos, com duas aulas por semana. Além das especificidades para o
desenvolvimento das coreografias que você viu, na unidade ante-
rior, o professor deve organizar os outros itens do festival.
Para a abertura da Olimpíada Cultural, os grupos convida-
dos e a banda da polícia militar, a dois meses do evento, foram

Claretiano - Centro Universitário


168 © Ginástica Geral

contatados para confirmação da presença. Por ser uma olimpíada,


houve desfile de equipes, entrada da tocha, juramento do atleta
e, entre uma apresentação e outra, a organização previu música e
falas sobre as coreografias.
Outro exemplo foi a organização de um festival universitário
na Faculdade de Educação Física da Unicamp. As autoras, ex-alunas
da instituição, durante cinco anos, organizaram o Festival Interno de
Ginástica e o Festival Coisas da FEF, eventos que encerram o primeiro
e segundo semestres, respectivamente, de atividades acadêmicas.
Desiderio e Graner (2005, p. 190) descrevem o passo a passo
da organização desse evento.
Dois meses antes
Organizadores e Coordenadores –[...] Os organizadores, em reu-
nião com os coordenadores, devem tratar sobre data, horário,
local, período de inscrição, conteúdos da ficha de inscrição, ne-
cessidades físicas e quem serão as pessoas da equipe de trabalho.
Além destas definições os organizadores devem dar andamento e
supervisionar todos os tópicos seguintes.
Estipular data, horário e local para o festival – É de grande im-
portância estipular data e local antecipadamente. [...] Isto evita
também conflito de eventos. Uma conversa informal entre o pro-
fessor coordenador do evento e outros professores da Faculda-
de auxilia na primeira sugestão de data, horário e local, sendo
então encaminhado à direção de serviços da FEF em forma de
documento (ofício). Leva-se em média 15 dias para a obtenção da
resposta. Tendo, o professor coordenador, a confirmação da data,
é possível partir para as próximas ações.
Definir período de inscrição: Este período deve ser definido neste
momento para constar na ficha de inscrição, no regulamento e
nos cartazes de divulgação. Sugerimos que o prazo de inscrição
não seja curto, para que os possíveis interessados tenham tempo
hábil para se organizar, porém é de extrema importância que o
período de inscrição seja encerrado entre 7 a 10 dias úteis antes
do festival, para que a seqüência de apresentações seja organiza-
da, divulgada e reorganizada caso haja necessidade.
Elaborar a ficha de inscrição e regulamento: Na ficha de inscrição
deve conter: nome do grupo; nome do responsável pelo grupo,
telefone e e-mail; nome da coreografia; release; qual o vínculo
do grupo com a faculdade; tempo de duração da demonstração;
número de participantes; material necessário; observações im-
© U6 - A Organização de Eventos de Ginástica Geral 169

portantes e se algum integrante irá apresentar em outro grupo.


A ficha de inscrição é, talvez, o documento mais importante para
a comissão organizadora, pois a partir dele a comissão "conhe-
ce" os grupos que irão se apresentar, tendo todas as informações
necessárias para estabelecer contato com o grupo caso haja ne-
cessidade, e organiza a seqüência de apresentação do dia do fes-
tival. [...] No regulamento deve conter prazo de inscrição; data de
divulgações das ordens de apresentação; horário para entrega da
música, com identificação sobre a qual grupo pertence e possíveis
especificações; horário de chegada e concentração dos grupos,
tempo máximo de apresentação e telefone para contatar os or-
ganizadores. [...]
Elaborar cartaz de divulgação do Festival: Com a definição da
data, local, horário e período de inscrição para o festival, pode-
mos preparar o cartaz de divulgação. Neste cartaz deve conter: a
data, o local, o horário do festival e informações sobre inscrição
(local e prazo). O cartaz deve ser chamativo, para atrair partici-
pantes e público. [...]
Elaborar ofícios para pedidos e reservas: São utilizados três tipos
de ofícios que devem ser enviados para: o Diretor de Serviços,
com pedido de reserva de filmadora, cadeiras e preparação do
ambiente; para a CODESP (Coordenação de desenvolvimento de
eventos e esporte) com a reserva do ambiente (Ginasinho da FEF)
e para o Coordenador de Graduação, com pedido de auxílio finan-
ceiro para o pagamento de iluminação, sonorização e divulgação
(banner e faixa).
Pedidos para o Departamento de Educação Motora: Por ser este
departamento responsável pelas disciplinas pedagógicas, partici-
pantes do festival, não é necessário a realização de ofícios para
estes pedidos. Para os preparatórios serão necessários folhas sul-
fite, fita crepe, cartolina, fita VHS e etiquetas.
Um mês antes
Divulgação do Festival: Neste momento os cartazes de divulga-
ção devem ser expostos nos locais de maior visibilidade dentro da
FEF (murais, salas de aula, cantina, ginásio etc); as informações
devem ser disponibilizadas no site da FEF e a faixa de divulgação
deve ser colocada na entrada da FEF ou na cantina.
Formar equipe de trabalho: Durante esses cinco anos de organiza-
ção as equipes de trabalho foram montadas de diferentes maneiras:
ora pelos integrantes do Grupo Ginástico Unicamp (GGU), ora por
pessoas interessadas e que já tinham vivência anterior nesta prática,
ora por alunos das disciplinas ligadas a Ginástica. Independente da
origem desta equipe ela deve ser formada por pessoas que se res-
ponsabilizem pelas seguintes funções: 1- montagem e desmontagem

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170 © Ginástica Geral

do local – sugere-se um grupo de 6 pessoas disponíveis no local cinco


horas antes do início do evento para organizar as cadeiras, bancos,
cenário, mesa de som e mesa de filmagem. 2- registro de imagens
(filmagem e fotografia) – O "operador de filmagem", responsável
por filmar o evento na íntegra, deve estar no local uma hora antes
do início para reconhecimento do aparelho e testes. O "fotógrafo"
deve estar meia hora antes e sua função é registrar a imagem de
cada grupo antes do mesmo se apresentar. 3- organização da mesa
de som – responsável pelo recebimento, identificação e organização
das músicas na seqüência de apresentação. Deve estar no local uma
hora e meia antes do início. 4- locução – o locutor deve estar meia
hora antes para reconhecimento do que deve ser lido durante o fes-
tival. 5- organizador de grupos responsável por organizar os grupos
na concentração, antes de se apresentarem. Deve estar no local meia
hora antes. Essa equipe será mediada pelos organizadores do festi-
val, que em reuniões devem dar informações gerais sobre o evento e
esclarecer a maneira que cada função deve ser exercida.
Dez dias antes
Ofícios: acompanhar o andamento e resultado dos ofícios enca-
minhados.
Recolhimento de inscrições: Ao recolher as inscrições deve-se estar
atento a quantidade de grupos inscritos e ao item da ficha de inscri-
ção "tempo de duração", para que o evento não se torne extenso e
cansativo. Caso o número de inscritos seja grande, deve-se priorizar
grupos ligados a FEF (extensão e disciplina) e havendo mais de uma
apresentação por grupo, este deverá selecionar e diminuir o número.
Ordem de apresentações: Devem respeitar o item citado ante-
riormente em relação à "se algum integrante irá se apresentar em
outro grupo". Deve ser colocado no início do festival grupos com
crianças, idosos e grupos
de locais distantes. As disciplinas e projetos de extensão devem
ser distribuídas durante todo o evento e ao final grupos experien-
tes ou semi-profissionais e o GGU.
Divulgação da ordem de apresentação: A primeira ordem de apre-
sentação deve ser divulgada no mínimo seis dias úteis antes do
evento. No período de três dias os organizadores devem ser notifi-
cados de possíveis problemas por parte dos participantes em rela-
ção a ordem estabelecida. Com isso a ordem final é estabelecida e
os participantes têm conhecimento desta três dias antes do evento.
Dia do evento
Os organizadores devem estar no local do festival sete horas antes
do evento para: receber a equipe de som e iluminação e indicar
os locais de instalação destes equipamentos; afixar a ordem das
© U6 - A Organização de Eventos de Ginástica Geral 171

apresentações no local da concentração dos grupos e vestiários;


providenciar fitas VHS e filmes para câmera filmadora e fotográfica;
providenciar a fala do locutor (abertura, ordem e release das
apresentações); providenciar etiquetas e canetas para identifica-
ção das músicas; entregar para equipe de trabalho, cópias da or-
dem de apresentações e orientá-la na realização de suas funções,
até o encerramento do festival.

Eventos com ginástica geral de grande área


Muitos eventos esportivos utilizam apresentações gímnicas
em suas aberturas, por exemplo, os grandes eventos internacio-
nais, como os Jogos Olimpícos. Podemos dizer que muito se asse-
melham a festivais de ginástica de grande área.
Já tivemos exemplos dessas demonstrações nos Jogos Pan
Americanos que foram sediados no Brasil, como ilustram as Figu-
ras 1 e 2.

Fonte: Toledo (2007, p. 41)


Figura 1 Demonstração de Ginástica na abertura dos Jogos Pan Americanos, no estádio do
Pacaembu, São Paulo, em 1963.

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172 © Ginástica Geral

Figura 2 Abertura dos Jogos Pan Americanos, no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro, em 2007.

A ginástica de grande área "é uma ginástica de demonstra-


ção" (BUENO et al., 2001, p. 145), realizada em grandes áreas, nor-
malmente campos ao ar livre. Esse tipo de atividade conta com a
presença de muitas pessoas, as quais podem utilizar materiais de
pequeno ou grande porte, ou nem possuir materiais.
De acordo com Toledo (2007, p. 41):
a ginástica de grande área possui no Brasil uma característica forte-
mente voltada para a comemoração de datas cívicas (influência da
política militarista) e para a abertura ou encerramento de eventos
esportivos, dando a ela um caráter espetacular e/ou cerimonial.
Nota-se neste sentido uma diferença interessante em relação à
prática européia, pois esta promove eventos específicos de ginásti-
ca, cujo foco principal é a própria prática e adesão à ginástica. [...]
Esta manifestação gímnica rende-se cada vez mais ao prazer pela
prática, à diversão, à socialização, ao congraçamento e encontro
com a natureza (uma vez que estes eventos e estas práticas são
mais desenvolvidos no verão europeu).

Atualmente, algumas escolas realizam eventos de ginástica


de grande área, com objetivos muito semelhantes aos apresenta-
dos anteriormente. Vejamos alguns exemplos.
© U6 - A Organização de Eventos de Ginástica Geral 173

Nos anos 1999 e 2000, o Colégio Sagrado Coração de Jesus da


cidade de Campinas/SP, organizou apresentações de ginástica geral
de grande área para a comemoração de 90 anos da escola e para a
abertura das olimpíadas, respectivamente. 900 alunos entre três e 17
anos participaram dos eventos a cada ano, como ilustra a Figura 3.

Fonte: Bueno (2004, n.p.).


Figura 3 Abertura das Olimpíadas do Colégio Sagrado Coração de Jesus – 2000.

De acordo com Bueno e outros (2001, p. 145):


Divididos em grupos executavam diferentes expressões gímnicas ex-
ploradas em diversas formações, com e sem deslocamento que acon-
teciam simultaneamente no campo de futebol da escola. A composi-
ção coreográfica com tema "Sidney é aqui..." contou com a criação da
equipe de Educação Física formada por 6 professores além da contri-
buição dos próprios alunos que vivenciam a Ginástica Geral no con-
teúdo curricular da Educação Física. O trabalho envolvia o manejo de
aparelhos portáteis de pequeno e grande porte (arcos encapados com
panos, espaguetes de natação , guarda-chuvas de papel, bandeiras,
bandeiras "gigantes" , grandes leques) tendo em suas cores a repre-
sentação dos continentes. Além da utilização de grandes bases imó-
veis, como quatro tablados em forma de círculos, uma pirâmide de 06
metros de altura representando a chama Olímpica e dois mastros de 5
metros de altura com tecidos representando a união dos continentes,
todos confeccionados nas oficinas da escola pelos seus funcionários.
Os alunos foram preparados para o evento utilizando uma das três au-

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174 © Ginástica Geral

las semanais de Educação Física além de uma aula semanal de Artes,


durante um período de 40 dias mais dois ensaios gerais. Inicialmente
foram preparados em subgrupos procurando explorar os movimentos
possíveis de cada aparelho , lembrando também que sua movimenta-
ção deveria ser vista de grandes distâncias.

No próximo exemplo, os professores de Educação Física do Co-


légio Visconde de Porto Seguro, na cidade de Valinhos, interior paulis-
ta, reuniram 1200 alunos para um festival de ginástica de grande área.
Os alunos foram divididos em sete coreografias e exploraram os
seguintes materiais: bexigas, flutuadores de piscina (tipo espaguete),
paraquedas, bandeiras, guarda-chuva, minitrampolim e colchões.
A apresentação ocorreu no campo de futebol da escola e en-
volveu pais, alunos, professores e funcionários. Segundo Almeida
et al. (1999, p. 94):
Foram exploradas diversas formas rítmicas e coreográficas, tais
como: formações em linha, círculos, quadrados entre outras. Para
os ensaios foram utilizadas duas das três aulas semanais, durante
um período de dois meses, totalizando 16 aulas e três ensaios ge-
rais, envolvendo uma equipe de 14 professores. Após avaliação do
evento foi percebida a importância de incluir a Ginástica Geral no
conteúdo curricular da educação física.

7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Baseado nos exemplos apresentados, você, estudante de graduação sente-se pre-
parado para assumir a organização de um evento desse porte ou semelhante?
2) Você já frequentou algum evento na área da ginástica? Em caso positivo, como
utilizaria o que viu em sua escola? Em caso negativo, como pretende possibilitar
a você e aos seus alunos essa frequência (em eventos na área da ginástica)?
3) Ao propor um evento de ginástica geral à direção da escola, quais argumen-
tos você utilizaria para mostrar os benefícios dessa prática corporal?
4) Apresente um tema interdisciplinar para um evento de ginástica geral (mostra
ou festival), mencionando como e quais disciplinas escolares você envolveria.
5) Você conseguiria propor um evento de ginástica geral que tivesse relação com
algum outro já realizado pela escola ou pela comunidade? Esboce como ele seria.
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8. CONSIDERAÇÕES
Ao finalizarmos a Unidade 6 podemos lembrar que a organiza-
ção de eventos de ginástica geral é certamente uma área para con-
hecermos e melhorarmos cada vez mais. Suas especificidades, ali-
adas a um belo plano de ação, poderão propiciar um ótimo evento.
Não se esqueça que para organizar um bom evento é preciso
frequentar eventos, analisando tudo com detalhamento. Também
é importante que alie sua experiência aos dos demais colegas,
consulte livros e orientações específicas sobre o assunto (alguns
exemplos estão indicados nas referências abaixo).
Os eventos em ginástica geral propiciam conhecimentos e experi-
ências múltiplas para todos aqueles que neles estão envolvidos: comitê
organizador, professores, alunos, pais e membros da comunidade.

9. E-REFERÊNCIA
Figura 2 Abertura dos Jogos Pan Americanos, no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro, em
2007. Disponível em: <http://culturabrasileiranoppe.pbworks.com/f/1253581124/800px-
Abertura_Jogos_Panamericanos_1_13072007.jpg>. Acesso em: 30 nov. 2011.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CESCA, C. G. G. Organização de eventos – manual para planejamento e execução. 3. ed.
São Paulo: Summus, 1997.
DAIUTO, M. Organização de competições esportivas. São Paulo: Hemus, 1991.
GARBER, P. R.; LOPER, M. S. 101 Segredos para ser um supervisor bem-sucedido. São
Paulo: Futura, 1998.
GIACAGLIA, M. C. Organização de Eventos – Teoria e Prática. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2003.
MATIAS, M. Organização de Eventos – procedimentos e técnicas. 2. ed. São Paulo:
Manole, 2002.
PAVIS, P. Dicionário de teatro. São Paulo: Perspectiva, 2000.
POIT, D. R. Organização de eventos esportivos. 3. ed. Barueri: Phorte, 2004.

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