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HISTÓRIA E TEORIA

DA EDUCAÇÃO FÍSICA
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
História e Teoria da Educação Física – Prof.ª Ms. Fernanda Moreto Impolcetto e
Prof. Ms. Edson Renato Nardi

Meu nome é Fernanda Moreto Impolcetto. Sou mestre em Ciências da


Motricidade pela Unesp de Rio Claro (SP) e formada no curso de
Licenciatura em Educação Física pela mesma instituição, na qual
desenvolvo pesquisas, especialmente, na área da Educação Física escolar
como membro do grupo de estudos LETPEF (Laboratório de Estudos e
Trabalhos Pedagógicos em Educação Física), coordenado pela Profª. Drª.
Suraya Darido. Já ministrei aulas de Educação Física para a Educação
Infantil, para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Atualmente,
dedico-me à formação de professores, atuando nos cursos de Licenciatura
e de Bacharelado em Educação Física das Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro.
E-mail: fe_moreto@yahoo.com.br

Saudações aos navegantes! Meu nome é Edson Renato Nardi sou


Filósofo e Educador Físico, com mestrado (2010) e doutorando em
Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
- Araraquara. Atualmente, atuo na coordenação da graduação em
Filosofia no Claretiano – Centro Universitário. Atuo, também, na rede
pública de ensino do estado de São Paulo como professor efetivo nas
disciplinas de Educação Física e Filosofia. Possuo uma experiência de
aproximadamente 20 anos em escolas públicas na área de Ensino
Fundamental e Médio. No presente momento, tenho focado meus
estudos na área de Estética e Escola de Frankfurt bem como estudos
antropológicos sobre os rituais de passagem presentes no universo escolar.
E-mail: coordenacao-filosofia@claretiano.edu.br

Os autores agradecem a colaboração da Prof.ª Dr.ª Ana Martha de


Almeida Limongelli, pela organização dos temas desenvolvidos.

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Fernanda Moreto Impolcetto
Edson Renato Nardi

HISTÓRIA E TEORIA
DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Batatais
Claretiano
2020
© Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP)
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CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
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Botta Murakami
Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz Bulgarelli • Gustavo Fonseca • Luis
Gustavo Millan • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso

INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: História e Teoria da Educação Física
Versão: fev./2020
Formato: 15x21 cm
Páginas: 222 páginas
SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO........................................................................... 8

Unidade 1 – A HISTÓRIA DAS ATIVIDADES FÍSICAS E DA EDUCAÇÃO


FÍSICA NO BRASIL

1 OBJETIVOS......................................................................................................... 25
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 25
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 26
4 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 27
5 ATIVIDADE FÍSICA NA PRÉ-HISTÓRIA............................................................... 28
6 ATIVIDADE FÍSICA NA GRÉCIA ANTIGA........................................................... 29
7 OS JOGOS OLÍMPICOS DA ANTIGUIDADE....................................................... 36
8 A ATIVIDADE FÍSICA NA ROMA ANTIGA.......................................................... 57
9 A ATIVIDADE FÍSICA NA IDADE MÉDIA............................................................ 59
10 A ATIVIDADE FÍSICA NO RENASCIMENTO ...................................................... 67
11 A ATIVIDADE FÍSICA NA IDADE MODERNA E CONTEMPORÂNEA ................ 69
12 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL............................................... 77
13 Q UESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 85
14 C ONSIDERAÇÕES............................................................................................... 86
15 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 86
16 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 87

Unidade 2 – CONCEITOS E PRÁTICAS SOCIAIS RELACIONADOS À


EDUCAÇÃO FÍSICA
1 OBJETIVOS......................................................................................................... 89
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 89
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 90
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 90
5 TRABALHO, TEMPO LIVRE, RECREAÇÃO E LAZER........................................... 91
6 BRINCADEIRA E JOGO....................................................................................... 112
7 ESPORTE............................................................................................................. 123
8 DANÇA................................................................................................................ 137
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 140
10 C ONSIDERAÇÕES............................................................................................... 141
11 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 141
12 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 141
Unidade 3 – A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO COMPONENTE CURRICULAR
DA EDUCAÇÃO BÁSICA, COMO PROFISSÃO E CURSO DE
GRADUAÇÃO
1 OBJETIVOS......................................................................................................... 143
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 144
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 144
4 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 144
5 A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO COMPONENTE CURRICULAR............................ 145
6 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO PROFISSÃO............................................................ 164
7 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CURSO DE GRADUAÇÃO....................................... 172
8 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO ÁREA DE CONHECIMENTO................................... 174
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 179
10 C ONSIDERAÇÕES............................................................................................... 180
11 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 180
12 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 180

Unidade 4 – CONCEITUAÇÃO DE EDUCAÇÃO FÍSICA


1 OBJETIVOS......................................................................................................... 183
2 CONTEÚDOS...................................................................................................... 184
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................ 184
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE................................................................................ 185
5 REFLEXÕES CONTEMPORÂNEAS SOBRE O CONCEITO DE EDUCAÇÃO
FÍSICA................................................................................................................. 186
6 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO PROFISSÃO............................................................ 203
7 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CURSO DE GRADUAÇÃO....................................... 212
8 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO ÁREA DE CONHECIMENTO................................... 214
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS......................................................................... 219
10 C ONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 220
11 E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 220
12 R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 221
Caderno de
Referência de
Conteúdo

CRC

1. INTRODUÇÃO
O estudo de História e Teoria da Educação Física possibilitará
que você conheça a história das atividades físicas e da Educação
Física no mundo e no Brasil, bem como conceitos básicos da área,
além das diversas manifestações da Educação Física no contexto
social e no mercado de trabalho.
Na Unidade 1, aprenderemos o processo de formação e de-
-senvolvimento das atividades físicas nos diversos períodos históri-
cos da humanidade, desde a Pré-história, passando pela Antiguida-
de, Idade Média, Renascimento, Idade Moderna e Contemporânea.
Pesquisaremos, ainda, a história da Educação Física no Brasil.
A Unidade 2 nos traz alguns conceitos básicos da área, como
lazer e recreação, brincadeira, jogo, esporte e dança.
Já na Unidade 3, analisaremos a Educação Física como com-
-ponente curricular da Educação Básica, ou seja, na escola, como
profissão, como curso de graduação e área de conhecimento.
8 © História e Teoria da Educação Física

E, por fim, na Unidade 4, abordaremos a evolução do concei-


to de Educação Física ocorrido na contemporaneidade. As princi-
pais tendências surgidas nas últimas décadas e a regulamentação
desta profissão no mercado de trabalho brasileiro.
Esperamos que você aproveite bem o curso!

2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse
modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento
básico necessário a partir do qual você possa construir um refe-
rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência
cognitiva, ética e responsabilidade social.
O conteúdo desta obra trata do desenvolvimento das ativi-
dades físicas ao longo dos períodos históricos da humanidade, ou
seja, desde a Pré-história até a Idade Contemporânea, identifican-
do as atividades físicas mais significativas praticadas em cada um
desses períodos. Além disso, veremos a história da implementa-
ção e do desenvolvimento da Educação Física no Brasil.
Estudaremos, ainda, alguns conceitos e algumas práticas sociais
relacionados à área da Educação Física, como, por exemplo: "recrea-
ção" e "lazer" são conceitos com o mesmo significado? "Brincadeira"
e "jogo" podem ser definidos da mesma maneira? Além desses con-
ceitos, verificaremos as definições de "esporte" e "dança".
Analisaremos, também, a conceituação da Educação Física
com base em suas manifestações sociais.
Começaremos pela história da Educação Física: quais foram
as atividades físicas mais significativas praticadas pelo homem na
Pré-história?
© Caderno de Referência de Conteúdo 9

Nessa época, os homens simplesmente dependiam do movimen-


to, ou seja, do ato físico, para sobreviver, pois, em um primeiro momen-
to, viviam como nômades, isto é, deslocavam-se de um lugar a outro
em busca de alimentos. Nesses percursos, eles caminhavam, corriam,
nadavam, pescavam, caçavam e lançavam objetos; enfim, dependiam
dos movimentos corporais para conseguir alimento e sobreviver.
Em um segundo momento, quando passaram a manusear
objetos e a desenvolver as técnicas rudimentares de cultivo da ter-
ra e a domesticação dos animais, deixaram de ser nômades para fi-
xar moradia. No entanto, esse processo não aconteceu ao mesmo
tempo para todos os grupos humanos, o que provocou conflitos
entre os que continuavam nômades e os já estabelecidos. Surge,
então, nos grupos de moradia fixa, a necessidade de utilizar o tem-
po livre para treinamento contra as invasões. É a primeira vez que
a atividade física passa da condição utilitária para uma concepção
esportiva, relacionada, nesse caso, ao treinamento.
Além das atividades praticadas em função da sobrevivência,
as danças e os jogos em equipe são considerados atividades físicas
significativas para o homem na Pré-história. A dança era praticada,
basicamente, sob um caráter ritualístico e lúdico. Os jogos, espe-
cialmente os com bola, cumpriam relevante papel social, pois, ne-
les, as crianças imitavam as atividades dos adultos.
Já no período histórico da Antiguidade, Grécia e Roma de-
sempenharam papéis fundamentais em relação à prática das ati-
vidades físicas.
Na Grécia, as atividades físicas serviam à formação integral
dos homens, e os Jogos Olímpicos provavelmente foram o maior
legado desse povo à humanidade.
Criados em homenagem a Zeus, os Jogos Olímpicos aconte-
ciam de quatro em quatro anos, na cidade de Olímpia, e represen-
tavam o maior encontro pacífico entre as cidades-estados gregas,
pois, antes dos jogos, todos os conflitos eram suspensos.

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10 © História e Teoria da Educação Física

As modalidades de maior destaque nos Jogos Olímpicos da


Antiguidade foram: as provas de corrida, de ataque e de defesa,
os esportes equestres, o pentatlo e as provas juvenis e artísticas.
Só participavam dos jogos os homens considerados cidadãos
gregos. Os escravos, os estrangeiros e as mulheres eram impedidos
de participar das disputas. As mulheres casadas, inclusive, eram
proibidas até de assistir aos jogos, com pena de serem atiradas de
cima de um rochedo se isto acontecesse.
Os Jogos Olímpicos aconteceram por 12 séculos e sem inter-
rupções, mas, no ano 393, o imperador romano Teodósio aboliu,
oficialmente, o festival que representou uma das mais extraordi-
nárias contribuições da Grécia para a história.
Ainda no período da Antiguidade, em Roma, destacavam-se,
especialmente, os jogos públicos realizados nos grandes circos e
anfiteatros.
O mais famoso anfiteatro foi o Coliseu, palco das lutas dos
gladiadores, que travavam combates entre si ou contra feras, uti-
lizando vários tipos de armas. Os romanos também tinham inte-
resse por atividades de banho e de natação; muitas termas foram
construídas em Roma, e estas eram locais sofisticados com diver-
sas instalações.
Na Idade Média, com a ascensão da Igreja Católica, que só
encorajava as atividades que conduzissem o homem à busca pela
vida celestial, as atividades físicas passaram por um período de
profunda decadência, sobrevivendo, apenas, por meio da cavala-
ria, que se desenvolveu e adquiriu grande importância, especial-
mente porque contava com o apoio da Igreja.
As atividades físicas mais praticadas na Idade Média foram
os jogos equestres, como o torneio e a giostra, além de outros. O
torneio era uma disputa entre dois grupos de cavaleiros armados
com lanças, que buscavam derrubar os adversários para vencer.
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

Já a giostra era uma competição entre apenas dois cavaleiros que


corriam um na direção do outro empunhando uma lança, tentan-
do derrubar o oponente.
O período histórico seguinte, denominado Renascimento,
representou uma nova concepção do mundo e do papel do ser
humano, que retomou a posição central, antes ocupada pelo teo-
centrismo, imposto pela Igreja no período medieval. Inspirados
na Antiguidade Clássica, os humanistas, responsáveis pelo movi-
mento renascentista, resgataram a importância do corpo, e, numa
tentativa de reintegrar o físico e o estético às preocupações educa-
cionais, as atividades físicas tornaram-se assunto dos intelectuais.
De acordo com alguns autores, esse período representou o res-
surgimento das atividades físicas muito mais no plano teórico do que
no prático, e os jogos com bola foram as atividades físicas mais sig-
nificativas dessa época. Praticados especialmente na Europa, muitos
desses jogos deram origem aos principais jogos com bola praticados
atualmente, como o futebol, o tênis e o golfe, por exemplo.
A Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea são
marcados pelo surgimento dos movimentos ginásticos europeus,
relacionados, diretamente, ao nacionalismo e às questões milita-
res dos países de tal continente.
Basicamente, esses movimentos ginásticos foram criados e
desenvolvidos como meios de preparar a população para defender
seus países nas guerras que aconteciam na Europa por questões
territoriais e de poder. Os modelos ginásticos mais conhecidos fo-
ram o alemão, o sueco, o nórdico e o francês, que, inclusive, foram
implementados na Educação Física escolar brasileira.
Oficialmente, a inclusão da Educação Física nos currículos
escolares aconteceu em 1851, mas sua prática ficou relegada, ape-
nas, às escolas do Rio de Janeiro, capital do país naquela época.
Nesse período, a disciplina sofreu grande influência dos médicos e,
por isso, desenvolveu-se com um caráter higienista.

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12 © História e Teoria da Educação Física

A partir da década de 1920, com as reformas educacionais


promovidas pelos estados brasileiros, a Educação Física passou a
ser praticada em todas as escolas do país; mais conhecida com o
nome "ginástica".
Nesse período, a Educação Física sofreu influência dos mé-
todos ginásticos europeus e suas relações com o militarismo fo-
ram estreitadas, tanto que, a partir de 1930, o Método Francês
de ginástica foi oficialmente adotado pelas escolas brasileiras. Os
métodos ginásticos eram concebidos com forte conotação militar
e tinham por objetivo melhorar a aptidão física dos indivíduos no
sentido de torná-los mais aptos e úteis à sociedade.
A partir de 1960, porém, o esporte que havia se tornado um
fenômeno mundial desde a década de 1950 passou a adquirir es-
paço na Educação Física por meio do Método Desportivo Genera-
lizado, que tinha por finalidade integrar o conteúdo esportivo aos
métodos da Educação Física, enfatizando o componente lúdico e
utilizando o jogo como principal conteúdo.
Com o golpe militar de 1964, o esporte, contando com o
apoio do governo, transformou-se em razão de Estado e passou
a ser conteúdo praticamente hegemônico das aulas de Educação
Física escolar. Essa situação trouxe muitos benefícios à Educação
Física, como o aumento do número de cursos de formação de pro-
fessores da área, os investimentos, sua consolidação como discipli-
na obrigatória em todos os níveis de ensino, dentre outras coisas.
Em contrapartida, na escola, as consequências foram drásticas,
pois, com a responsabilidade de servir de base à seleção de novos
talentos, as aulas de Educação Física provocavam a escolha pelos
alunos mais aptos, a busca pela vitória e a quebra de recordes, que
são características do esporte de rendimento.
Na década de 1980, o modelo esportivista passou a ser mui-
to criticado, e surgiram novas propostas pedagógicas na área, que
tinham em comum a tentativa de romper com esse modelo consi-
derado tradicional. Agora, destacaremos os conceitos e as práticas
sociais relacionados à área da Educação Física.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Iniciaremos pelos conceitos de "recreação" e "lazer": o que


é recreação? Como o lazer pode ser definido? Será que esses con-
ceitos expressam a mesma coisa?
Na verdade, a resposta a essa última pergunta é não – pelo
menos na concepção de Jofre Dumazedier, reconhecido autor da
sociologia do lazer. Para ele, o conceito de lazer é mais amplo do
que o conceito de recreação, além de o incorporar.
O conceito de recreação nasceu no final do século 19, nos
Estados Unidos, com base no movimento de urbanização norte-a-
mericano. Com o fluxo da população do campo para as cidades, as
áreas rurais foram transformadas em Parques Nacionais de preser-
vação da terra, da vegetação e dos recursos naturais.
Intencionando proporcionar distração aos visitantes e con-
servar a natureza, surgiu o conceito de recreação, relacionado às
atividades que as pessoas realizavam nos parques, no sentido de
preservar e de se divertir ao mesmo tempo.
No entanto, com o crescimento da industrialização, esse
conceito passou a ser insuficiente para designar as necessidades
dos trabalhadores de compensar a tensão do trabalho e de relaxa-
mento. Surge, então, o conceito de lazer, que é considerado mais
amplo do que o de recreação por incluir a função recreativa e ir
além, em virtude da necessidade de desenvolvimento cultural e
de descanso.
Analisando essas práticas sociais, conheceremos, também,
os conceitos de "brincadeira", "jogo" e "esporte". Quais são as
principais diferenças existentes entre essas atividades? "Brincadei-
ra" e "jogo" são sinônimos? Que diferença há entre jogo e esporte?
A brincadeira e o jogo são atividades com características co-
muns, como, por exemplo, o fato de buscarem prazer e diversão e
de serem completas em si mesmas, ou seja, de não dependerem
do resultado de outra atividade para acontecerem e de não objeti-
varem recompensas materiais.

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14 © História e Teoria da Educação Física

Mas grande parte dos autores que se dedicam a estudar


esses fenômenos concordam que a principal diferença entre a
brincadeira e o jogo está relacionada à natureza das regras. Na
brincadeira, existem regras que não são fixas e que podem ser mo-
dificadas a qualquer momento pelos participantes. Já no jogo, há
uma sistematização das regras, que são fixas, diferentemente do
que acontece na brincadeira.
Entretanto, você pode perguntar: e no esporte? As regras
são fixas? Com toda certeza. Além disso, elas possuem o caráter
da universalidade, como no voleibol, que é jogado com as mesmas
regras tanto aqui no Brasil quanto no Japão, por exemplo.
Outras características do esporte são seu caráter competi-
tivo, de busca pela vitória, sua quebra de recordes e sua subordi-
nação a uma ampla organização, que extrapola os interesses dos
participantes ativos da ação, como os atletas e torcedores, por
exemplo, pois é regido por órgãos especializados, como as Federa-
ções e Confederações.
Todavia, existem, ainda, a secularização e a racionalização,
que são características responsáveis por distinguir o esporte mo-
derno do esporte de outras épocas.
"Secularização" é o processo pelo qual realidades de domí-
nio religioso ou sagrado passam a pertencer ao domínio profano
ou leigo. Os Jogos Olímpicos da Antiguidade, por exemplo, eram
festivais sagrados criados em homenagem a Zeus. Já o esporte
moderno nasceu na Inglaterra, após a Revolução Industrial, sem
nenhum vínculo religioso.
A racionalização do esporte moderno desenvolveu-se por
meio da quantificação das ações dos competidores (como o nú-
mero de passes corretos, a quantidade de arremessos convertidos
e o número de chutes a gol), da especialização dos atletas e da
elaboração de estratégias e táticas de jogo cada vez mais formais e
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

calculistas, que sempre objetivam alcançar o melhor desempenho


dos atletas e das equipes nas competições.
Outra atividade a ser conceituada é a dança, considerada
uma das formas mais antigas de manifestação da expressão corpo-
ral, que surgiu e se desenvolveu na medida em que o ser humano
sentiu necessidade de se comunicar e de se expressar.
Em todas as épocas históricas, a dança desempenhou para
os povos uma representação de suas manifestações e emoções e a
comunicação de suas características culturais.
A dança pode ser basicamente considerada movimento e
gesto com ritmo, que se desenvolvem em espaço e tempo deter-
minados. O ritmo está relacionado a um período de tempo dividi-
do em determinados intervalos e pode ser externo, como a músi-
ca, ou interno, como os batimentos cardíacos.
Nos dedicaremos, também, à analisar as mudanças contem-
porâneas que aconteceram na Educação Física partindo desde a
tentativa de redefinição de seu objetivo de estudo, até as princi-
pais tendências que tem influenciado a Educação Física na con-
temporaneidade.
Por fim, vamos lidar com a profissionalização de nossa área
de conhecimento e, para isso, lidaremos com a Lei nº 9.696, de 1º
de setembro de 1998, em que nossa profissão foi regulamentada
e que foram criados seus respectivos Conselhos Regionais e seu
Conselho Federal. Por isso, a atuação no mercado de trabalho do
profissional da Educação Física só pode ser exercida por pessoas
formadas em cursos de Educação Física ou por provisionados.
Os provisionados são as pessoas que já trabalhavam na área
desde antes da promulgação da lei de regulamentação da profis-
são e que, mesmo não possuindo formação em um curso de Gra-
duação nessa área, tiveram assegurado o seu direito de continuar
atuando. No entanto, houve um prazo determinado para o regis-

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16 © História e Teoria da Educação Física

tro dos provisionados no Conselho Federal de Educação Física,


que durou até 30 de agosto de 2003. Esse registro dependia de
comprovação oficial de exercício da atividade por, no mínimo, três
anos antes do dia 2 de setembro de 1998, quando a lei nº 9.696 foi
publicada no Diário Oficial.
O exercício profissional tinha de ser comprovado por carteira
assinada, contrato de trabalho ou documento público oficial que o
confirmasse. Além disso, o requerente tinha de indicar, obrigatoria-
mente, uma atividade principal, com identificação explícita da moda-
lidade para seu exercício, bem como de assinar um termo de compro-
misso com as resoluções do CONFEF (Conselho Federal de Educação
Física) e do CREFs (Conselhos Regionais de Educação Física).
Por exemplo: se determinada pessoa trabalhava com futebol
na época da promulgação da lei, ela poderia continuar exercendo
tal atividade desde que comprovasse que sua atuação profissional
já acontecia há pelo menos três anos antes da lei. Por meio de ins-
crição no CREF, ela teria assegurado o direito de continuar traba-
lhando, mas somente com futebol, pois, na cédula de identificação
profissional, essa atividade vem especificada.
Depois de registrados, os provisionados tiveram de pas-
sar por cursos de capacitação, que visavam assegurar a eles uma
formação mínima na área, fornecendo-lhes conhecimentos so-
bre anatomia, fisiologia, psicologia e aprendizagem motora, bem
como questões pedagógicas e ético-profissionais, com o objetivo
de assegurar a responsabilidade no exercício profissional e a segu-
rança das pessoas que receberiam seus serviços.
Em relação à Educação Física como curso de Graduação, é
importante compreender que a formação nessa área atualmente
se bifurca em Licenciatura e Bacharelado, distinção essa que acon-
teceu pela necessidade de oferecer ao mercado de trabalho pro-
fissionais mais especializados.
Desse modo, o licenciado poderá atuar somente na área da
Educação Básica, ou seja, com a Educação Infantil e os Ensinos
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

Fundamental e Médio, cabendo ao bacharel, portanto, atuar nas


demais áreas do mercado de trabalho de tal área, como o treina-
mento esportivo, a preparação física, a gestão esportiva, a recrea-
ção e o lazer, dentre outras atividades, exceto na escola.
Contudo, qualquer profissional formado em qualquer uma
dessas áreas pode fazer complementação na outra para atuar no
mercado de trabalho plenamente.
Além disso, os cursos são regulamentados por leis diferen-
tes, que determinam que a duração da Licenciatura deva ser de
três anos e sua carga horária mínima de 2.800 horas, enquanto o
curso de Bacharelado deve acontecer em quatro anos, com carga
horária mínima de 3.200 horas.
Para encerrar esta síntese, vamos verificar duas posições di-
ferentes sobre a constituição da Educação Física como área de co-
nhecimento. Será que a Educação Física pode ser considerada uma
disciplina acadêmica que produz conhecimento?
Para grande parte dos pesquisadores da área, a resposta é
sim, apesar de, historicamente, a Educação Física ter desenvolvido
uma relação maior com a prática no campo da intervenção. Alguns
autores inclusive defendem a necessidade da constituição de um
corpo teórico de conhecimentos, no sentido de dar identidade à
área, proporcionar autenticidade à profissão e provocar melhora
efetiva no trabalho profissional.
No entanto, há concepções que apontam para o fato de que
a Educação Física não pode se constituir como área de conheci-
mento, pois seu objeto de estudo – considerando, neste caso, as
atividades corporais – também pode ser estudado por outras ciên-
cias. Além disso, o profissional da área, por trabalhar, diretamen-
te, como interventor, não produz; só emprega os conhecimentos
adquiridos por meio da formação inicial nos cursos de Graduação.
Estes são pontos de vista bem diferentes, mas que merecem
ser analisados, pois apresentam questões relevantes.

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18 © História e Teoria da Educação Física

Para finalizar, desejamos que este estudo contribua, de fato,


para a sua formação profissional. Que a compreensão da história e
dos conceitos importantes da área possibilitem a reflexão sobre o
papel e a importância da Educação Física na sociedade e auxiliem
na prática de sua futura profissão.
Um forte abraço. Bons estudos!

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi-
da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co-
nhecimento dos temas tratados em História e Teoria da Educação
Física. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Cultura corporal de movimento ou cultura corporal: pode
ser entendida como as práticas ou os atos físicos fora do
mundo do trabalho que foram codificados em diversas mo-
dalidades e formam um acervo da história da humanidade.
Portanto, são conteúdos da cultura corporal de movimen-
to: os jogos, os esportes, as danças, as lutas, a capoeira,
dentre outras práticas constituídas historicamente.
2) Metecos: eram os estrangeiros livres; os nascidos fora
das cidades-estados.
3) Olimpiônicos: os atletas vencedores eram assim chama-
dos, pois a denominação "olímpico" era somente relega-
da aos deuses.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais
importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um
Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você
mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o
seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o
seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas
próprias percepções.
© Caderno de Referência de Conteúdo 19

É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos


Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre
os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com-
plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or-
denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem esco-
lar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em
Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia
fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que
a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de pro-
posições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e infor-
mações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. 
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com

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20 © História e Teoria da Educação Física

o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do


site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
Figura 1 Esquema de Conceitos-chave: Introdução à História e Teoria da Educação Física

História das atividades físicas Jogos com bola

Pré-história Antiguidade Idade média Renascimento Esporte moderno

Grécia – atividade Movimentos


Atividades físicas Cavalaria e Idade moderna e
física para forma- ginásticos
para jogos equestres contemporânea
ção integral europeus
sobrevivência,
(Atenas) e para a
dança e primeiros formação de
jogos guerreiros Extinção dos Surgimento dos
(Esparta) Educação física no
jogos olímpicos jogos olímpicos
Brasil
Roma – jogos da antiguidade modernos
públicos e
atividades de
banho Jogos olímpicos Conceitos e Componente

© Caderno de Referência de Conteúdo


praticas sociais curricular
relacionados à
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área (recreação e
Surgimento dos Curso de
lazer, brincadeira,
jogos olímpicos graduação
jogo e esporte).
da antiguidade

Área de
conhecimento

Profissão

23
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave da História e Teoria da Educação Física.

Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como


dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes desse estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre os
principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu pro-
cesso de ensino-aprendizagem. Por exemplo: para entender a im-
portância dos Jogos Olímpicos atualmente, é preciso compreender
o seu papel na Grécia Antiga e onde eles foram criados, bem como
verificar os motivos que os conduziram à extinção na Idade Média e,
finalmente, as razões que levaram o Barão de Coubertain a recriar
os jogos na Idade Moderna. Sem o domínio conceitual desse proces-
so, explicitado no Esquema, é provável que se tenha uma visão con-
fusa dos acontecimentos históricos e das suas implicações indicadas
no Caderno de Referência de Conteúdo.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambiente
virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles
relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presen-
© Caderno de Referência de Conteúdo 21

cialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se


da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino da História e Teoria da Edu-
cação Física, pode ser uma forma de você avaliar o seu conheci-
mento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao
assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final,
que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada
de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida
para a sua prática profissional.

As questões de múltipla escolha são as que têm como respos-


ta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por
questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada,
inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por res-
posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso,
normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito.
Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus
colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-

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22 © História e Teoria da Educação Física

tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no


texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con-
ceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a um olhar, de forma mais apura-
da, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e no-
tar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno de curso de Graduação na modalidade EaD,
necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso,
você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e,
sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que orga-
nize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote suas reflexões em seu
caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão
ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções
científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
conteúdos desenvolvidos e para saber se estesv foram significa-
tivos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa re-
senhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu
amadurecimento intelectual.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na


modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
esta obra, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para
ajudar você.

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EAD
A História das Atividades
Físicas e da Educação
Física no Brasil
1
Prof.ª Ma. Fernanda Moreto Impolcetto

1. OBJETIVOS
• Estudar as atividades físicas mais significativas de cada
período histórico da humanidade.
• Conhecer a história dos Jogos Olímpicos da Antiguidade e
dos Jogos Olímpicos Modernos.
• Compreender o processo de inserção e desenvolvimento
da Educação Física no Brasil.

2. CONTEÚDOS
• A atividade física na pré-história.
• A atividade física na Grécia Antiga.
• Os Jogos Olímpicos da Antiguidade.
26 © História e Teoria da Educação Física

• Os Jogos Olímpicos Modernos.


• A atividade física na Roma Antiga.
• A atividade física na Idade Média.
• A atividade física no Renascimento.
• A atividade física na Idade Moderna.
• A atividade física e a Educação Física no Brasil.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


1) Utilize a linha do tempo indicada no Esquema de Con-
ceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste
Caderno de Referência de Conteúdo. Isto poderá facilitar
sua aprendizagem e seu desempenho.
2) Leia os livros da bibliografia indicada para ampliar seus
horizontes teóricos. Coteje com o material didático e
discuta a unidade com seus colegas de curso e seu tutor.
3) Antes de iniciar os estudos desta unidade, pode ser in-
teressante conhecer um pouco sobre a história das ati-
vidades físicas nos diferentes momentos históricos da
humanidade. Para auxiliar a compreensão das ativida-
des físicas na história grega, sugerimos o filme Tróia,
que retrata a guerra de Tróia e apresenta, exatamente,
os ideais de educação desse período – voltados para a
sabedoria, que é representada por Ulisses, idealizador
do “cavalo de Tróia” – e os ideais de ação, representados
por Aquiles, grande guerreiro das tropas gregas que lu-
taram contra a cidade de Tróia.
4) Ao longo da leitura desta primeira unidade, você perce-
berá que algumas informações já foram vistas em Fun-
damentos Básicos da Iniciação Esportiva. No entanto,
vale ressaltar que, pelo fato de estas serem informações
históricas, é necessário que elas sejam retomadas. Espe-
ramos que o estudo sirva como reforço do conhecimen-
to já estudado!
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 27

5) Estudaremos, também, nesta unidade, o período da ci-


vilização grega. Para contextualizar esse período, sugeri-
mos que você assista ao trecho inicial do filme 300, no
qual é retratada a formação dos guerreiros espartanos.
6) Para obter informações mais detalhadas sobre os gran-
des Jogos Gregos, como a origem dos nomes e os mitos
que os cercam, por exemplo, leia o capítulo Os deuses
e as competições, do livro Os Jogos Olímpicos na Grécia
Antiga (GODOY, 1996), que está indicado na bibliografia
básica. Para conhecer algumas histórias que indicam a
origem dos Jogos Olímpicos, leia o capítulo Olímpia: a
cidade da paz, que consta no mesmo livro.

4. INTRODUÇÃO
Nesta primeira unidade, apresentaremos o processo de de-
senvolvimento das atividades físicas ao longo da história.
O primeiro período a ser estudado corresponde à Pré-his-
tória, período no qual os homens dependiam basicamente do ato
físico para sobreviver. Em seguida, estudaremos a Antiguidade,
período no qual os impérios grego e romano merecem destaque
pelas atividades físicas praticadas por seus respectivos povos.
No terceiro período histórico, que corresponde a Idade Mé-
dia, verificaremos que as atividades físicas quase desapareceram,
sobrevivendo especialmente por meio dos jogos equestres.
O Renascimento representou um período de resgate e valo-
rização das atividades físicas, que se firmaram nas Idades Moder-
na e Contemporânea com o surgimento dos métodos ginásticos
europeus e do esporte moderno.
No ultimo tópico desta unidade analisaremos o processo de
desenvolvimento da Educação Física no Brasil, desde sua implemen-
tação oficial nos currículos escolares em 1851, até os dias atuais.

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28 © História e Teoria da Educação Física

Esperamos que este estudo seja estimulante e desejamos


um bom trabalho!

5. ATIVIDADE FÍSICA NA PRÉ-HISTÓRIA


No período da Pré-história praticamente todas as atividades
humanas dependiam do movimento, da atividade física, pois os
homens viviam numa situação de nomadismo, ou seja, precisa-
vam se deslocar em busca de alimentos, caça e pesca. Conseqüen-
temente, dependiam de sua força, velocidade e resistência para
sobreviver. As constantes migrações em busca de moradia faziam
com que realizassem extensas caminhadas, ao longo das quais lu-
tavam, corriam, saltavam e nadavam.
De acordo com Oliveira (1983) provavelmente por ser o único
que no reino animal possuía polegar, o homem desenvolveu a preen-
são, que facilitou o aperfeiçoamento da habilidade de lançar e poste-
riormente, o desenvolvimento e domínio das técnicas rudimentares
de agricultura e domesticação de animais, que levou ao aprimora-
mento das habilidades e gestos para a construção de ferramentas.
O desenvolvimento destas habilidades proporcionou a de-
terminados grupos a possibilidade de fixar moradia, o que deu iní-
cio ao processo de sedentarização e conseqüentemente de luta
pela posse de terras, pois os grupos que continuaram nômades
passaram a invadir os espaços dos grupos que já estavam fixos
e pelo estilo de vida dos primeiros, estes acabavam vencendo a
maior parte dos confrontos. Deste modo, aqueles que já cultiva-
vam a terra e criavam animais, passaram a aproveitar o tempo livre
para o treinamento com o objetivo de defender suas terras dos
invasores.
No entanto, convém destacar, como indica Grifi (1989), a ne-
cessidade de se distinguir o treinamento empírico praticado pelos
homens primitivos do treinamento sistemáticos praticado pelos
povos mais evoluídos, como os gregos. Os homens na Pré-histó-
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 29

ria praticavam exercícios físicos por causa de sua utilidade, a fim


de fortificar o corpo para defender-se dos animais como também
para combates e não por exigências espontâneas.
Além das atividades praticadas em função da sobrevivên-
cia, uma das atividades físicas mais significativas para o homem
da Pré-história foi a dança, praticada com características lúdicas e
caráter ritualístico.
Os primeiros povos perceberam que o exercício corporal
executado enquanto dançavam produzia uma grande excitação in-
terior, que podia levá-los a estados alterados de consciência, por
isso acreditavam estar entrando em contato com o poder dos deu-
ses (OLIVERIA, 1983).
As danças representavam ainda um importante papel no
processo de educação, pois faziam parte dos rituais que prepara-
vam os jovens para a vida social.
Os homens neste período histórico praticavam ainda, ativi-
dades em forma de jogos que cumpriam um papel social relevan-
te, especialmente os praticados com bola, numa espécie de prepa-
ração para a vida adulta, as crianças, que também participavam,
imitavam as atividades dos mais velhos.
Oliveira (1983) indica que na medida em que o homem entra
num estágio definitivo de sedentarização, seu tempo ocioso au-
menta, levando ao surgimento de uma concepção esportiva, para
as atividades que até então, eram praticadas apenas por razões
utilitárias, guerreiras ou ritualísticas.

6. ATIVIDADE FÍSICA NA GRÉCIA ANTIGA


No período histórico da Antiguidade já se torna possível uma
análise mais apurada das atividades físicas, pois os povos tornam-
-se civilizados e muitas de suas atividades foram registradas por
meio da escrita.

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30 © História e Teoria da Educação Física

No Oriente as atividades físicas adquirem finalidades de or-


dem guerreira, terapêutica, esportiva e educacional, relacionadas
muitas vezes à religião.
De acordo com Oliveira (1983) os Chineses provavelmente
criaram o mais antigo sistema de ginástica terapêutica, denomi-
nado de Kong-Fou, que teria surgido por volta de 2.700 a.C., no
qual se executava movimentos em diferentes posições, de acor-
do com alguns critérios de respiração, tudo em função da doença
a ser tratada. Este método relacionava-se também com questões
religiosas
A Índia é reconhecida pelo grande grau de elevação espiri-
tual que conseguiu atingir. Das práticas desenvolvidas neste país
merece destaque a yoga, conjunto de exercícios ginásticos rela-
cionados a doutrina, que objetiva a purificação do corpo e a iden-
tificação do homem com sua essência divina e a hatha-yoga, gi-
nástica de posições com a utilização de uma respiração adequada
(OLIVEIRA, 1983).
Os egípcios destacaram-se pela formação guerreira que era
dada a seus cidadãos. Deixaram registros nos murais dos templos
e monumentos funerários, nos quais são encontradas muitas ima-
gens de luta, além disso, cultuavam a força e resistência física, de-
senvolveram sua formação guerreira praticando equitação, luta,
arco e flecha, remo, natação, atletismo etc.
A civilização grega marca o início de um novo ciclo na história
com o nascimento do mundo ocidental civilizado e de acordo com
Oliveira (1983) o início autêntico da história da Educação Física.
Aos gregos é delegado o mérito de considerar o homem como ser
integral, sua filosofia pedagógica indicava a necessidade do desen-
volvimento intelectual, espiritual e físico na mesma proporção,
apesar de ao longo de sua história as atividades físicas não terem
tido sempre a mesma importância.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 31

A história da civilização grega pode ser dividida em quatro


momentos principais: o período Homérico, o período Histórico, o
período Clássico ou Humanista e o período Helenístico.

Período Homérico
O primeiro momento da civilização grega, que aconteceu entre
os anos de 1200 e 800 a.C. é marcado pelos poemas de Homero: Ilíada
e Odisséia. A educação desta fase, apesar de não possuir uma estru-
tura institucionalizada, baseava-se nos ideais da sabedoria e da ação,
representados respectivamente pelas figuras de Ulisses e Aquiles e era
voltada para a formação guerreira, exaltando o ideal cavalheiresco.
Além da prática de exercícios físicos, a aristocracia guerreira,
classe social privilegiada na época, aprendia no processo de for-
mação as artes musicais e a retórica (capacidade de expressar-se
facilmente, persuadir e comover pela palavra).
Neste período tem origem os mais antigos dos jogos gregos,
conhecidos como "Jogos Fúnebres", que possivelmente deram ori-
gem aos Jogos Olímpicos. Dentre eles destacam-se os que foram
mandados celebrar por Aquiles em homenagem a seu primo Pá-
troclo, morto por Heitor durante a Guerra de Tróia.
Entre as provas praticadas nestes jogos havia corrida de car-
ros, pugilato, luta, corrida a pé, combate armado, arremesso de
bola de ferro, arco e flecha e arremesso de lança. Podemos verifi-
car que a maior parte destas provas está relacionada a atividades
utilizadas na preparação de soldados. O vencedor dos jogos era
coroado com um ramo de oliveira.

Período Histórico
O segundo período da civilização grega, conhecido como his-
tórico, está relacionado à formação das cidades-estados (800 500
a.C.). Entre elas Esparta e Atenas destacam-se como representan-
tes do antagonismo ideológico que definiria a evolução político-
-histórica da Grécia Antiga (OLIVEIRA, 1983).

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32 © História e Teoria da Educação Física

Esparta era a cidade grega mais desenvolvida, mas possuía


uma política de subordinação dos cidadãos à vontade do Estado
e seus governantes. A educação privilegiava a formação cavalhei-
resca, militar e aristocrática, como no período Homérico, mas com
desprezo pelo aspecto cultural.
Reconhecido como um Estado guerreiro, no qual todos os
indivíduos deviam tornar-se soldados, Esparta desenvolvia uma
política de eugenismo, ou seja, de purificação da raça, na qual pro-
cedimentos como eliminar os recém nascidos raquíticos e disfor-
mes eram praticados pelos anciãos da cidade.
As mulheres também possuíam uma formação diferenciada,
eram robustas, enrijecidas moral e emocionalmente, para cumpri-
rem o papel de reproduzir filhos perfeitos para perpetuar o melho-
ramento da raça.
Já em Atenas a educação não tinha o caráter militar de Es-
parta, a prática esportiva, que também possuía um lugar de des-
taque, servia à formação do homem integral e não apenas como
meio de preparação para a guerra.
De acordo com Oliveira (1983) esta diferença se deve em
grande parte à descendência destas cidades. Os atenienses eram
descendentes dos jônios, povos voltados para a formação cultural
que não tinham o espírito guerreiro dos dórios, antepassados dos
espartanos. No entanto, foi o modelo ateniense que mais influen-
ciou o mundo grego, com exceção é claro de Esparta.
Os locais de prática esportiva dos atenienses serviam tam-
bém para a formação intelectual do povo. Conhecidos como giná-
sios, palestras, estádios e hipódromos, possuíam grandes acomo-
dações para o público, o que demonstra o interesse pela prática
esportiva.
Os ginásios eram de propriedade do Estado, possuíam sa-
las para conferências, instalações esportivas, recintos para mas-
sagens, duchas e unções. Localizavam-se em lugares privilegiados
cercados por beleza e tranqüilidade. Eram locais de disciplina rigo-
rosa que atendiam os jovens, adultos e atletas. Serviam também
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 33

como uma espécie de escola para a formação físico-intelectual su-


perior dos jovens e ponto de encontro de artistas e escritores, para
a troca de experiências.
O ginasiarca era a figura mais importante do ginásio, pois
além de administrá-lo, comandava a educação física e intelectual
de seus freqüentadores. Era eleito pela comunidade para dirigir
alguns ginásios ou todos, dependendo da cidade. O pedótriba
que corresponderia atualmente ao professor de Educação Física,
equiparava-se em cultura e prestígio ao médico e além da forma-
ção física também era responsável pela formação do caráter dos
jovens.
As palestras eram menores que os ginásios, geralmente pro-
priedades particulares que destinavam-se a prática de modalidades
de ataque e defesa. Eram construídas na beira de rios e cercadas por
árvores, constituídas por vários compartimentos arejados e espaço-
sos, como cômodos para massagens, duchas e banhos quentes.
Godoy (1996) descreve que os gregos tinham o hábito de la-
var-se antes e depois da prática dos exercícios físicos, em algumas
salas eram besuntados com óleo para manter a pele macia mesmo
com a longa exposição ao sol. Em outras salas, alguns polvilhavam
o corpo com areia para fechar os poros e impedir a transpiração
excessiva, o que mantinha a temperatura corporal estável.
Com o passar do tempo, as palestras passaram a ser usadas
para treinamento de exercícios físicos gerais.
Os estádios eram construções destinadas às corridas pedes-
tres e no hipódromo aconteciam as corridas de carros (bigas puxa-
das por cavalos) ou de cavalos montados. Estas construções eram
muito simples, com bastante comprimento e pouca largura e ins-
talações necessárias apenas à sua função.
O período histórico é marcado também pelo surgimento dos
grandes Jogos Gregos, entre os quais destacaremos os Píticos, os
Nemeus, os Ístimicos, as Panatenéias e os jogos Heranos.

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34 © História e Teoria da Educação Física

A Grécia era formada por cidades que eram Estados indepen-


dentes, Oliveira (1983) destaca que somente três situações eram res-
ponsáveis por despertar um espírito nacional entre estas cidades: a
possibilidade de um perigo externo, a religião e os jogos esportivos.
Em decorrência dos jogos tudo parava, inclusive os conflitos
internos, em nome da participação esportiva.
Os Jogos Píticos realizados em homenagem a Apolo de oito
em oito anos, após 582 a.C. passaram a ser quadrienais. Quase to-
das as cidades gregas enviavam representantes para participar de
procissões solenes, ritos religiosos, concursos de música e poesias.
No início do século 5° a.C. passaram a ser promovidas provas atlé-
ticas e os Jogos Píticos tornaram-se os mais populares da Grécia.
Sobre os Jogos Nemeus existem poucas informações, sabe-
-se que eram realizados a cada dois anos, na floresta sagrada da
Neméia, em honra a Héracles, considerado o maior dos heróis da
mitologia grega. Ainda existem colunas deste templo, nas quais es-
tão gravadas nomes dos vendedores das provas realizadas em 340
a.C. Os arqueólogos descobriram salas de banho e uma espécie de
hotel com restaurante para atletas e espectadores.
Os Jogos Ístmicos aconteciam a cada dois anos no istmo de Co-
rinto, ponto de ligação entre a Grécia Continental e o Peloponeso, em
homenagem a Poseidon. Eram jogos solenes e recebiam grande nú-
mero de participantes e espectadores, pois Corinto era um dos mais
importantes centros comerciais e de diversões daquele tempo. Dese-
nhos da época indicam que eram disputadas provas hípicas, atléticas,
musicais, literárias e náuticas. A partir de 580 a.C. os concursos de
poesias e músicas passaram a ser acessíveis também às mulheres.
As Pequenas (anuais) e Grandes Panatenéias (a cada quatro
anos) eram realizadas para homenagear Atena. Nas Grandes Pa-
natenéias, além de sacrifícios e ritos religiosos, eram promovidos
concursos de beleza para escolher o jovem mais forte e belo, even-
tos artísticos, náuticos, hípicos, atléticos e de ataque e defesa.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 35

Os Jogos Heranos, em homenagem a Hera esposa de Zeus,


eram realizados no mês da virgem (junho ou julho atuais), desti-
nados apenas às mulheres. Havia apenas a disputa de uma corrida
de 162 metros e participavam exclusivamente as jovens da cidade
de Elis. Elas corriam descalças, com cabelo solto e uma túnica que
exibia o ombro e o seio direito. A vencedora recebia uma coroa
de oliveira selvagem e uma porção de carne da vaca sacrificada à
deusa.

Período Clássico ou Humanista


O terceiro período da história grega, conhecido como mo-
mento Clássico ou Humanista, é marcado pelo aparecimento dos
primeiros grandes filósofos (500-338 a.C.).
Segundo Oliveira (1983) o surgimento da Filosofia propiciou
o desenvolvimento de uma pedagogia mais racional e sistemáti-
ca, por isso neste período as atividades físicas não são valorizadas
como na fase anterior, mas continuam a merecer lugar de desta-
que na educação grega, que nesta fase tornou-se a mais humanis-
ta de todas, pela concepção baseada na comunhão do corpo e do
espírito.
O filósofo Platão indica para a educação dos "heróis" a gi-
nástica para o corpo e a música para a alma. Já para Aristóteles a
ciência da ginástica devia estudar quais exercícios eram mais signi-
ficativos ao corpo, de acordo com a constituição física de cada um.
Os exercícios físicos praticados neste período eram basica-
mente voltados para a corrida, saltos e lançamentos. Tinham um
caráter natural, eram realizados em estado de nudez, com atenção
para os aspectos fisiológicos e cuidados estéticos.

Período Helenístico
O último período da antiga civilização grega é marcado por
sua decadência, em virtude das dominações impostas pelos mace-
dônios em 338 a.C. e depois pelos romanos em 146 a.C. e conse-

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36 © História e Teoria da Educação Física

qüentemente pela difusão da cultura helênica por todo o mundo


conhecido.
A partir desta época a educação passa a valorizar cada vez
mais o intelectual em detrimento do físico e estético. A prática das
atividades físicas vai perdendo seus ideais humanistas. Os atletas
começam a especializar-se prematuramente, contrariando os ob-
jetivos educativos, estéticos e de saúde que foram perseguidos du-
rante séculos pelos gregos.

7. OS JOGOS OLÍMPICOS DA ANTIGUIDADE


Os Jogos Olímpicos eram promovidos a cada quatro anos,
em homenagem a Zeus em Olímpia, local onde ele era especial-
mente venerado. Assim como Zeus era considerado o supremo rei
do Olimpo, os jogos públicos a ele dedicados eram os mais im-
portantes de todos os confrontos esportivos realizados na Grécia
Antiga e aconteceram por doze séculos sem interrupções. De acor-
do com Godoy (1996) a palavra "olimpíada" significa "espaço de
tempo", ou seja, corresponde aos quatro anos entre a realização
de duas edições de Jogos Olímpicos.
Como na história da Grécia mito e realidade se confundem,
não é possível indicar com precisão a data e o motivo que teria
levado à criação destes jogos, mas oficialmente são considerados
como os primeiros Jogos Olímpicos da Antigüidade os realizados
em 776 a.C., pois é desta data a primeira descrição histórica en-
contrada e a partir de então os nomes dos campeões passaram a
constar nos registros públicos gregos.
Olímpia era a sede permanente dos Jogos Olímpicos da An-
tiguidade, situava-se num vale calmo e bonito e tinha a estrutura
necessária para o desenvolvimento das atividades religiosas, ad-
ministrativas e esportivas que ali aconteciam a cada quatro anos.
As edificações religiosas, como os templos e altares, localizavam-
-se num bosque denominado Altis e as instalações relativas às ou-
tras atividades fora dali.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 37

Olímpia exercia sobre os gregos uma atração muito grande,


suas principais edificações eram:
1) O grande altar de Zeus: local onde ocorriam os sacrifícios
mais importantes durante os jogos.
2) O templo de Hera: onde permaneciam as coroas desti-
nadas aos campeões.
3) O templo de Réia: local de adoração à mãe de Zeus.
4) O templo de Zeus Olímpico: construção mais importante
e bonita de Olímpia, guardava uma estátua de Zeus es-
culpida em marfim e ouro sentado em seu trono.
5) O ginásio de Olímpia: servia de alojamento para os atle-
tas e local de treinamento das corridas e lançamentos.
6) Palestra: localizada na continuação do ginásio, era local
de treinamento dos saltos e lutas.
7) O estádio de Olímpia: era o centro dos jogos, com exce-
ção dos esportes eqüestres.
8) Hipódromo: local de disputa das corridas de carros e
provas eqüestres.
9) - Pórtico de Eco: local de realização da prova para arau-
tos (homens que anunciavam os atletas e as provas) e
trombeteiros (tocadores de trombeta).
10) Teocoleu: local de residência dos teólogos, únicos habi-
tantes de Olímpia.
11) Leonideu: amplo hotel que alojava as autoridades.
12) Buleutério: local de reunião do senado olímpico para or-
ganização dos jogos.
13) Prinateu: centro político e local de encontro dos atletas,
homens públicos, visitantes oficiais e sacerdotes.
Os Jogos Olímpicos representavam o maior encontro pacífi-
co entre os gregos. Três meses antes do início dos jogos o senado
olímpico que possuía sede em Elis, enviava os mensageiros que
eram encarregados de percorrer o território grego divulgando a
proclamação da trégua para a realização dos mesmos. Deste mo-
mento em diante qualquer tipo de atividade guerreira era suspen-
sa e a menor falta era severamente punida, o que conferia grande
reputação aos Jogos Olímpicos.

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38 © História e Teoria da Educação Física

Os atletas olímpicos além dos treinamentos que realizavam


em suas cidades, sessenta dias antes dos jogos concentravam-se
em Elis para um estágio obrigatório. Isso acontecia para que eles
se acostumassem com o clima da região, com o regime alimentar,
tivessem contato com os equipamentos esportivos que seriam uti-
lizados e, além disso, para que convivessem com os demais parti-
cipantes. Nesta fase os atletas passavam por provas eliminatórias
que os classificariam para os Jogos Olímpicos.
Um mês antes dos jogos, as pessoas já começavam a se dirigir
para Olímpia, o público era numeroso e variado. Os atletas eram
acompanhados pelos pais, treinadores, massagistas e cavalariços.
As delegações oficiais das cidades eram dirigidas pelas principais
autoridades. Com o passar do tempo os jogos transformaram-se
também em ponto de encontro para filósofos, poetas, escritores,
oradores, pintores, escultores e políticos.
Os atletas deviam observar algumas leis, criadas para os jo-
gos para regulamentar a participação dos competidores e garantir
o respeito à disciplina e a ordem nas competições:
1) Ser cidadão livre; nem escravo, nem estrangeiro (ou me-
teco).
2) Não ter sido punido pela justiça, nem ter moral duvidosa.
3) Dentro do prazo legal, inscrever-se para o estágio de Elis.
Cumprir o período de concentração, passar pelas provas
classificatórias e prestar juramento.
4) Todo retardatário estará fora da competição.
5) As mulheres casadas são proibidas de assistirem aos Jo-
gos ou subirem ao Altis sob pena de serem atiradas do
rochedo Typeu.
6) Durante os exercícios e desenvolvimento das competi-
ções no estádio, os treinadores deverão permanecer
num recinto a eles destinado, próximo ao local da prova.
7) É proibido matar o adversário ou provocar sua morte vo-
luntária ou involuntariamente.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 39

8) É proibido perseguir fora dos limites determinados, em-


purrar o adversário ou utilizar contra ele um comporta-
mento desleal.
9) É proibido amedrontar.
10) Toda corrupção de árbitro ou de participante será puni-
da com chicote.
11) Todo concorrente contra quem não se apresentar o ad-
versário, será considerado vencedor.
12) É proibido ao participante rebelar-se, publicamente,
contra as decisões dos juízes.
13) Todo concorrente descontente com a decisão poderá re-
correr ao senado olímpico contra os árbitros. Estes, ou
serão punidos, ou sua decisão será anulada se ela for
considerada errada.
14) Será considerado fora do concurso qualquer um dos
membros do colegiado de juízes (GODOY, 1996, p.68).
Estas leis demonstram as preocupações dos gregos em rela-
ção ao bom andamento dos jogos, pois prevêem, por exemplo, a
obrigatoriedade da inscrição dos atletas e sua participação na fase
de provas classificatórias, a necessidade da ausência dos técnicos
no momento das provas, devido provavelmente a questão da in-
terferência na performance dos atletas.
O item sete indica que é proibido matar o adversário ou pro-
vocar sua morte, regulamento que estava voltado especialmente
às competições de luta, que costumavam ser muito violentas, além
disso, o item 8 prevê a questão da disputa desleal, proibindo este
tipo de comportamento. A questão da corrupção da arbitragem e
do respeito às decisões dos juízes também é contemplada, o que
indica que certamente eram problemas recorrentes nos jogos.
Outro item que merece destaque é o que se refere à par-
ticipação feminina nos jogos, permitida somente para as moças
solteiras que deveriam adquirir gosto pelo sexo oposto assistindo
as competições. Já as mulheres casadas eram punidas com a mor-
te, caso fossem pegas nas dependências dos locais de competição,
sendo atiradas de cima do monte Typeu.

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40 © História e Teoria da Educação Física

As violações ao regulamento eram punidas de acordo com a


falta cometida e podiam ser políticas, econômicas, esportivas ou
corporais.
As sanções políticas eram aplicadas aos que cometiam infra-
ções de caráter político ou bélico e resultavam em taxas, que deve-
riam ser pagas para que a participação nos jogos fosse permitida.
As penas econômicas eram as mais comuns e ficavam grava-
das nos locais por onde as pessoas passavam, juntamente com o
nome do infrator e de sua cidade natal.
A punição esportiva mais comum era a desclassificação dos
jogos aplicada aos que provocassem a morte do adversário ou ti-
vessem um comportamento desleal.
As sanções corporais, geralmente chicotadas nos locais das
competições, eram aplicadas para as infrações cometidas nas lu-
tas, pugilato, pancrácio e saída falsa nas corridas.

As modalidades de competição dos Jogos Olímpicos


A maior competição esportiva da Antiguidade apresentou no
decorrer de seu desenvolvimento várias modalidades, entre elas
destacaremos as provas de corrida, de ataque e defesa, os esporte
eqüestres, o pentatlo, as provas juvenis e os eventos artísticos.
As corridas representam o mais antigo e popular esporte
grego. De acordo com Godoy (1996) durante cinqüenta e dois anos
apenas uma corrida de breve percurso era disputada, quando os
jogos possuíam somente um dia de duração. Com o passar do tem-
po e o aumento do número de participantes as provas se diversi-
ficaram.
A pista de corrida, localizada dentro do estádio, era retangu-
lar, coberta por areia e dividida em raias no sentido do comprimen-
to, havia lajes de pedra que delimitavam seu comprimento inicial e
final, na qual postes de madeira eram fixados. Nas corridas curtas,
os postes serviam de ponto de chegada, era considerado campeão
aquele que o tacasse primeiro e nas corridas mais longas, eram
ponto de virada. As lajes eram as linhas de saída e chegada.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 41

As corridas mais disputadas eram o dromo, o diaulo e o dó-


lico. Mas além destas existia a corrida hípica e a corrida armada.
A corrida denominada dromo e conhecida também como
"estádio" é considerada como a primeira prova olímpica e seu per-
curso era de 192,27 metros. Consistia, portanto, em uma prova
de velocidade, na qual os atletas deslocavam-se nas pontas dos
pés, com o corpo estendido, tronco levemente inclinado a fren-
te, com acentuada elevação dos joelhos, balançando os braços em
movimentos vigorosos, elevando as mãos espalmadas acima dos
ombros, percorriam toda a extensão do estádio.

Figura 1 Dromo.

Outro tipo de corrida, disputada a partir dos jogos de 724


a.C. na décima quarta olimpíada, conhecida como diaulo ou duplo
estádio, consistia num percurso de 384,50 metros, ou seja, duas
vezes a distância do estádio. O atleta dispunha de duas raias para
completar o percurso, uma para ir e outra para voltar ao ponto de
partida. Para retornar ele devia contornar o poste que correspon-
dia à sua raia, no entanto, não podia apoiar-se ou utilizar o poste
para conseguir impulso que provocasse situação de vantagem em
relação aos adversários. Havia juízes que observavam as viradas,
atentos para que nenhuma irregularidade fosse cometida, o que
resultaria na desclassificação do atleta.

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42 © História e Teoria da Educação Física

Nos décimos quintos Jogos Olímpicos surge a prova mais


longa de corrida, denominada de dólico. Segundo Godoy (1996)
apesar das divergências a maior parte dos autores indica que a
distancia desta prova correspondia a vinte e quatro vezes o percur-
so do estádio, portanto, 4.614 metros. O autor indica que a prova
deve ter surgido por causa dos mensageiros que percorriam todo
o território grego divulgando informações diversas. Tratava-se de
uma corrida difícil, pois era uma prova de velocidade e resistência.
Os praticantes desta prova mantinham a cabeça erguida, tron-
co inclinado para frente, braços junto ao corpo com as mãos fecha-
das e na altura da cintura, o pé era todo apoiado no solo, do calca-
nhar para a ponta em movimentos contínuos e suaves. No entanto,
na reta de chegada, o corredor passava a utilizar a mesma técnica
dos velocistas, com movimentos amplos e corrida na ponta dos pés.

Figura 2 Dólico.

A Origem da Tocha Olímpica––––––––––––––––––––––––––––


No início dos Jogos Olímpicos, no altar con-
sagrado a Zeus localizado no bosque Altis, os
sacerdotes depositavam oferendas e prepara-
vam a lenha para a fogueira do sacrifício a ele
oferecido na abertura dos jogos.
Neste ritual de preparação um dos sacerdotes
segurava uma tocha acesa, mas o atleta res-
ponsável por acender a fogueira era escolhido
por meio de uma corrida de aproximadamente
200 metros, cuja chegada acontecia diante do
altar e de um dos sacerdotes. Figura 3 Corrida da tocha olímpica
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 43

O vencedor recebia a tocha e a honra de acender a fogueira do sacrifício, além


disso, a glória de ser proclamado campeão olímpico e ser considerado como um
favorito de Zeus. O fogo era mantido aceso durante toda a realização dos jogos.
Nos Jogos Olímpicos Modernos de Amsterdã, na Holanda em 1928, essa tradi-
ção foi resgatada e as Piras Olímpicas passaram a ser construídas para todas as
edições dos Jogos Olímpicos. São acesas na abertura da competição e apaga-
das na cerimônia de encerramento.
Ao longo do tempo a tradição de transportar a tocha olímpica com uma estafeta
de atletas tem sido mantida, mas em certas ocasiões é necessária a utilização
de meios de transporte especiais, pois a tocha sempre é acesa na Grécia alguns
meses antes do início dos jogos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A corrida hípica corresponderia atualmente a corrida de 800
metros rasos e foi assim denominada porque no hipódromo ha-
via uma disputa de corrida eqüestre com esta distância. Existem
poucas informações sobre esta prova que foi disputada em poucas
edições dos Jogos Olímpicos. Sabe-se que o participante percorria
quatro vezes o comprimento do estádio.
Godoy (1996) indica que a corrida armada surgiu nos sexa-
gésimos quintos Jogos Olímpicos, em 520 a. C. Consistia num per-
curso de distancia correspondente ao diaulo, no qual os atletas
participavam com uma roupa de linho, armadura, capacete, lan-
ça e escudo, dos quais deveriam livrar-se durante o percurso para
atingir a linha de chegada nus. Todos os implementos utilizados
pelos atletas nesta corrida ficavam guardados no templo de Zeus
e só eram entregues no momento da prova, que teria sido criada
em homenagem a um guerreiro eólio que tendo participado de
uma vitória contra os bárbaros, correu do campo de luta a Olímpia,
completamente armado, para comunicar a vitória.

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44 © História e Teoria da Educação Física

Figura 4 Corrida armada.

O pentatlo surgiu nos décimos oitavos Jogos Olímpicos em


708 a. C. Como indica Godoy (1996), apesar de ser uma única
prova incluía cinco modalidades diferentes: lançamento do disco,
salto em extensão, lançamento de dardo, corrida de velocidade e
luta. Executados provavelmente nesta ordem.
Eram exigidas dos competidores desta prova excelentes qua-
lidades físicas como velocidade, flexibilidade, musculatura rígida e
muito treinamento, pois era considerada como uma prova difícil. So-
mente os competidores que conseguissem os melhores resultados
nas quatro primeiras provas, participariam da luta – prova final.
A modalidade do lançamento do disco era muito apreciada
pelos gregos, considerada como exercício elegante, que propor-
cionava o desenvolvimento harmonioso do corpo. Já era praticada
antes de sua inclusão nos Jogos Olímpicos. O disco utilizado nas
provas era originalmente usado como arma de guerra, que mais
tarde passou a ser fabricado em bronze para utilização esportiva.
Eram peças redondas e achatadas, mais espessas no centro que
nas bordas, o diâmetro e peso variavam de acordo com a categoria
do participante.
Godoy (1996) explica que cada competidor realizava três lan-
çamentos de um pequeno local onde poderia tomar impulso, mas
quem pisasse na linha de demarcação seria desclassificado. O ar-
remesso só era válido se o disco caísse dentro de um determinado
setor, o que indica que a prova associava força e precisão.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 45

Figuras 5 Lançamento de disco Figura 6 Lançamento de disco


A prova do salto em extensão era realizada pelo competidor
segurando dois halteres de pedra ou chumbo, que variavam na
forma e no peso de acordo com a categoria do participante. Godoy
(1996) indica que estes halteres eram feitos de modo a adaptar-se
às exigências pessoais dos competidores e garantir melhores re-
sultados, por isso, possuíam formatos diversos. Além disso, não é
possível precisar se a prova acontecia com corrida e impulso ou se
o atleta permanecia parado e utilizava o balanceamento dos bra-
ços para auxiliar a impulsão no momento do salto.
Originalmente atividade bélica e de caça, o lançamento do
dardo tornou-se também modalidade olímpica, no entanto, as lan-
ças utilizadas nas competições eram mais leves e menores, forma-
das por um corpo de madeira e uma ponta de metal. No centro do
dardo havia uma tira de couro de aproximadamente 50 centímetros
e com uma argola na ponta, que possuía a função de imprimir ao
dardo movimento de rotação no lançamento, pois o competidor
passava o dedo médio pela argola e no momento do lançamento,
puxava bruscamente a tira de couro, que estava enrolada no dardo.

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46 © História e Teoria da Educação Física

Assim como na prova do disco, o dardo deveria ser lançado o


mais longe possível, mas dentro de um campo delimitado. O atleta
possuía um espaço para correr e tomar impulso, mas não podia ul-
trapassar a linha demarcatória no momento do lançamento, além
disso, a sincronização e elegância dos movimentos e a beleza do
lançamento eram considerados pelos juízes.
Na corrida era disputado o dromo, prova de velocidade com
percurso de 192,27 metros.
A luta era uma modalidade de disputa vertical, com golpes acro-
báticos refinados e graciosos, nos quais a agilidade sobrepunha-se à
força bruta, pois o importante era escapar do oponente. De acordo
com Godoy (1996) a corrente mais aceita assegura que era necessá-
rio derrubar o adversário por três vezes para ser declarado campeão,
no entanto, alguns autores indicam que a disputa acabava assim que
qualquer parte do corpo, com exceção dos pés, tocasse o solo.
Era praticada num espaço circular coberto por areia. Os com-
petidores participavam do combate despidos e com o corpo unta-
do com óleo, sem implementos nas mãos, apenas uma touca de
pele de cachorro para proteger os cabelos do contato com a areia.

Figura 7 A prova de luta do pentatlo

As provas de ataque e defesa incluíam a luta, o pugilato e o


pancrácio.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 47

A luta horizontal era a mais divulgada nos Jogos olímpicos.


Os oponentes começavam em pé e quando um deles perdia o
equilíbrio, a disputa continuava no solo. Eram utilizadas chaves de
braço, pescoço, tronco e projeções, no entanto, golpes baixos e
chaves de perna não eram permitidos. Para vencer a luta era ne-
cessário manter o ombro e as costas do adversário no solo por três
vezes ou pela desistência do oponente.
Os adversários eram definidos por meio de sorteio e as dis-
putas ocorriam por meio de eliminatórias simples até a final. A luta
horizontal deu origem à luta greco-romana, praticada atualmente
(GODOY, 1996).
O pugilato, considerado como
o precursor do boxe, inicialmente era
praticado sem implementos nas mãos,
com o tempo passaram a ser utiliza-
das bandagens, depois tiras de couro
que envolviam os pulsos, polegares e
dedos das mãos. A seguir passaram
a ser colocados nestas tiras peças de
chumbo e ponteiras de metal, que
tornaram os golpes mais perigosos.
Mas finalmente, uma espécie de luva
passou a ser confeccionada de tiras de Figura 8 Luta
couro e eram utilizadas para proteger o antebraço e as mãos. Ape-
sar disso era uma modalidade muito violenta, que causava sérias
lesões corporais nos atletas.
Os pugilistas dedicavam-se a intensos treinamentos e pos-
suíam uma técnica bem apurada. Nas competições não eram se-
parados em categorias de acordo com peso ou condição física. As
disputas não tinham limite de tempo, mas havia pausas durante a
luta. O vencedor era declarado ao levar o adversário a nocaute ou
pela desistência deste.

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48 © História e Teoria da Educação Física

Figura 9 Pugilato. Figura 10 Pugilato

Segundo Godoy (1996) o pancrácio era uma mistura de luta


e pugilato, caracterizado pela utilização de movimentos rápidos e
golpes brutos. Caracterizado como esporte perigoso, exigia força
intensa e vigorosas qualidades físicas de seus praticantes.
Era realizado dentro de um círculo com solo rígido e escor-
regadio, pelo fato de ser regado constantemente. Esta condição
favorecia a queda dos lutadores, causando fraturas e hematomas.
Eram permitidos socos, golpes com os pés, cabeçadas, estrangu-
lamentos e torções, mesmo que um dos competidores caísse no
chão, os golpes poderiam continuar. Só era proibido furar os olhos,
morder e arranhar.

Figura 11 Pancrácio.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 49

Os esportes eqüestres possuíam grande prestígio entre os


gregos, nos Jogos Olímpicos as provas disputadas eram a corrida
de cavalos e a corrida de carros. Estas modalidades eram realiza-
das no hipódromo, originalmente uma construção simples, for-
mada por uma pista reta com o comprimento de dois estádios,
demarcada por uma linha de saída e outra de chegada. Quando
os jogos atingiram seu momento de apogeu, a pista passou a ter
um formato oval, na qual os participantes davam quantas voltas
fossem necessárias para completar a prova disputada.
Cabe destacar que nas competições eqüestres os donos dos
cavalos é que eram proclamados campeões, por isso algumas mu-
lheres, acabaram obtendo prêmios nesta prova (GODOY, 1996).
A corrida de carros foi incluída como prova olímpica nos vi-
gésimos quintos jogos, em 664 a. C. e aconteciam de duas formas:
corrida de bigas (carros puxados por dois cavalos) e de quadrigas
(carros puxados por quatro cavalos).
Godoy (1996) descreve que os carros eram baixos, leves e
frágeis com duas rodas de grande mobilidade. A parte de trás do
carro era aberta, mas as partes laterais e frontal contavam com um
pequeno parapeito. O condutor era denominado de auriga e ficava
no centro do carro segurando as rédeas dos cavalos em uma mão
e um chicote na outra.
Tratavam-se de provas grandiosas e emocionantes que reu-
niam os cavalariços mais famosos da Grécia. Na saída da prova os
carros mantinham-se em formação pontiaguda e não se sabe com
precisão se os carros percorriam oito ou doze voltas na pista. Além
da prova tradicional, uma variante foi criada, na qual o auriga no
final do percurso saltava do carro e terminava correndo com as
rédeas nas mãos guiando os cavalos até a linha de chegada.
Devido a fragilidade dos carros e à dificuldade do trajeto,
pois os carros deviam efetuar as viradas bem próximos da coluna
de virada para conseguir vantagem sobre os outros competidores,
muitos não conseguiam terminar o percurso que ficava repleto de
destroços, dos carros que se chocavam, além de aurigas feridos e
até mesmo mortos.

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50 © História e Teoria da Educação Física

Figura 12 Corrida de carros

Figura 13 Corrida de carros

A corrida de cavalos surgiu nos trigésimos segundos Jogos


Olímpicos, em 652 a. C. e acontecia sempre depois da corrida de
carros. A saída da prova era também em formação pontiaguda e
o hipódromo devia ser percorrido duas vezes. Os cavaleiros mon-
tavam sem roupas, nem sela, estribo ou freios, eventualmente
usavam esporas e cobriam o cavalo com uma manta. O cavalo era
guiado por uma correia presa no focinho.
De acordo com Godoy (1996) mesmo que o cavaleiro caísse
no percurso, mas o cavalo cruzasse a linha de chegada em primeiro
lugar, o proprietário do animal era declarado vencedor. O autor
destaca ainda que esta prova despertava pouco interesse, pois
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 51

em outro jogos gregos era disputada


com cavalos de guerra e com lança-
mento de dardo a cavalo. Sem estes
atrativos em Olímpia, tornava-se um
evento simples para o público.
As provas juvenis surgiram nos
trigésimos sétimos Jogos Olímpicos
em 632 a. C. e eram eventos espor-
tivos destinados aos jovens. No ano
de sua introdução foram disputadas
apenas provas de luta e corrida. Nas
edições seguintes foram incluídos o
pentatlo, o pugilato e o pancrácio.
Os atletas passaram então, a ser
divididos em duas categorias, a pri-
meira até dezoito anos e à partir desta
idade os adultos. Com o aumento da
participação dos atletas outra cate-
goria foi criada, deste modo, havia o
grupo dos competidores de idade até
dezoito anos, outro de atletas de de-
zoito a vinte anos e o terceiro grupo
que correspondia aos adultos, acima
de vinte anos.
O regulamento e as provas se-
guiam os padrões das disputas dos
adultos, com exceção da corrida, re-
duzida em seu percurso para 160,2
metros. Os vencedores também rece-
biam a coroa de ramo de oliveira. Figura 14 Provas de corrida
de cavalos, dólico, pugilato e
lançamento de dardo

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Godoy (1996) indica que muitos autores criticavam a exis-


tência destas provas nos Jogos Olímpicos, pois poucos competi-
dores acabavam conseguindo destaque na fase adulta, provavel-
mente em decorrência do tipo de alimentação e dos treinamentos
intensos.
Nos nonagésimos terceiros Jogos Olímpicos, em 408 a. C.
foram introduzidas as provas para arautos e trombeteiros e os
eventos artísticos começaram a ser realizados em 396 a. C. na
nonagésima sexta olimpíada, compreendendo provas de decla-
mação música, poesia, leituras, canto e narrações de viagens,
das quais participavam diversos escritores de todas as partes da
Grécia.
Segundo Godoy (1986) todas as provas descritas anterior-
mente fizeram parte do programa dos Jogos Olímpicos, porém,
não chegaram a ser realizadas ao mesmo tempo, pois quando uma
prova era acrescentada outras eram retiradas, o que provocava
uma alternância das modalidades. Apenas as provas consideradas
básicas permaneciam fixas nas edições dos jogos.

A Origem da Maratona–––––––––––––––––––––––––––––––––
Enquanto o território grego se expandia na Europa, na Ásia o mesmo acontecia
com o Império Persa, que contanto com muitos soldados e recursos materiais,
submeteram vários povos naquela região. No ano de 490 a.C. o exercito persa
comandado por Dario, atravessou o mar Egeu, chegando ao território grego pela
planície de Maratona, localizada a 40 quilômetros de Atenas. No entanto, os
persas optaram por ficar na praia, esperando o momento oportuno para atacar.
Enquanto os atenienses se preparavam para a batalha, um mensageiro chama-
do Fidípedes, excelente corredor de longas distâncias, foi enviado a Esparta para
pedir auxílio. Ele percorreu cerca de 200 quilômetros para fazer o percurso de ida
e volta, em apenas dois dias. Mas os espartanos não enviaram ajuda imediata,
porque estavam comemorando festas religiosas.
Com aproximadamente dez mil soldados o general grego Milcíades propôs que
um ataque aos persas fosse iniciado antes que eles decidissem marchar até Ate-
nas. Os soldados então atravessaram o trecho de planície e atacaram os persas
de surpresa. Deste modo começou a batalha de Maratona que terminou com a
vitória dos gregos.
Com o intuito de transmitir a notícia da surpreendente vitória, Milcíades enviou
Fidípedes a Atenas e o mensageiro, mesmo ferido, correu mais de 40 quilôme-
tros com os pés sangrando. Ao chegar ao estádio da cidade, no qual o povo
encontrava-se reunido aguardando notícias, Fidípedes só conseguiu anunciar:
“Alegrai-vos. Vencemos” e caiu morto.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 53

A última prova dos Jogos Olímpicos disputados atualmente é chamada de Ma-


ratona em homenagem a este episódio da história grega. O percurso de 42,195
quilômetros representa a distância que o mensageiro Fidípedes percorreu para
anunciar aos atenienses a vitória sobre os persas (Adaptado de Godoy, 1996).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

A programação dos jogos


Durante vários anos a programação ficou restrita a apenas
um dia, no qual aconteciam as cerimônias sagradas e a corrida do
estádio. Com o passar do tempo outras provas foram incluídas e a
duração dos jogos foi aumentando até atingir sete dias.
Godoy (1996) indica que apesar das competições esportivas
representarem a base do programa olímpico, o caráter religioso
sempre foi muito acentuado, afinal os jogos representavam um
ato sagrado em homenagem a Zeus, por isso é certo que todos os
dias de competição se iniciavam com procissões no Altis e sacrifí-
cios aos deuses.
Das várias versões existentes para a rotina dos jogos, os es-
pecialistas concluíram que no período em que os jogos atingiram
seu apogeu, os eventos desenvolviam-se da seguinte maneira:
1) Primeiro dia: cerimônia de abertura com procissão para
as atividades religiosas e desfile das delegações e atletas
no estádio; provas para arautos e trombeteiros.
2) Segundo dia: provas de corridas pedestres, dromo, diau-
lo e dólico.
3) Terceiro dia: prova de pentatlo.
4) Quarto dia: provas de luta, pugilato e pancrácio.
5) Quinto dia: provas para jovens.
6) Sexto dia: final das provas esportivas com as corridas de
carros e cavalos montados.
7) Sétimo dia: cerimônia de encerramento, proclamação
dos vencedores no Pórtico de Eco, divulgação dos no-
mes dos olimpiônicos e entrega das coroas de ramos de
oliveira (GODOY, 1996).
A cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos era cui-
dadosamente preparada, os atletas vitoriosos vestiam-se com

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54 © História e Teoria da Educação Física

túnicas bordadas em ouro e prata e dirigiam-se em procissão,


acompanhados pela multidão ao Pórtico de Eco, local onde seriam
anunciados. Além do nome do "olimpiônico" o arauto proclamava
o de seu pai e da cidade que ele representava e o atleta recebia a
coroa de ramos de oliveira.
Depois dos discursos das autoridades, os atletas vencedores
dirigiam-se ao templo de Zeus, no qual ofereciam suas coroas à
estátua da divindade e viam seus nomes serem gravados no ca-
lendário grego, fato considerado por eles como o momento mais
importante, pois o título de "olimpiônico" era a grande ambição
desses atletas.
Ao anoitecer era oferecido um grande banquete, no qual
alimentos e bebidas eram servidos a vontade. No dia seguinte os
novos heróis retornavam escoltados a suas cidades e por onde
passavam eram recebidos com grande festa.
De acordo com Godoy (1996) os vencedores entravam em
suas cidades por uma fenda cavada na muralha, isso deve-se ao
fato de que para ao gregos o "olimpiônico" era um cidadão agra-
ciado por Zeus, sendo favorecido com o dom da invencibilidade.
Portanto, não poderia usar a passagem destinada às pessoas co-
muns. Conhecidos como semideuses, estes homens seriam bem
considerados por toda a vida.

As recompensas
Nas primeiras edições dos Jogos Olímpicos o atleta vencedor
recebia apenas um pedaço do animal sacrificado a Zeus. A coroa
de ramos de oliveira provavelmente tornou-se prêmio somente a
partir da sétima Olimpíada e permaneceu como prêmio único du-
rante os anos mais expressivos desta competição.
A partir dos qüinquagésimos nonos jogos (554 a. C.) está-
tuas dos vencedores passaram a ser talhadas em tamanho natural,
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 55

em madeira, pedra, bronze ou mármore e colocadas no Altis. No


entanto, nestas estátuas o rosto dos atletas não podia ser repro-
duzido, somente depois da terceira vitória olímpica os traços fisio-
nômicos podiam ser esculpidos. Constavam no pedestal o nome
do campeão, a prova disputada e outros dados complementares.
Godoy (1996) indica que o vencedor do pentatlo era repro-
duzido com dardo, disco e halteres, o vencedor da corrida armada
com escudo e capacete, os participantes das provas eqüestres diri-
gindo carros ou montados nos cavalos.
Prêmios em dinheiro, bens e regalias como a isenção de im-
postos eram concedidos para alguns atletas por suas cidades na-
tais. Além disso, seus nomes eram gravados em edifícios públicos
e suas vitórias gravadas com letras de ouro em placas de mármore.
Mas, como mencionado anteriormente, a honra de tornar-se
um "olimpiônico" era a maior recompensa e reconhecimento que
os atletas carregavam por toda a vida.

O fim dos Jogos Olímpicos da Antiguidade


A rivalidade entre as cidades-estados fez a Grécia entrar em
decadência e com ela seus jogos esportivos. O sentido de honra
por tanto tempo cultivado pelos atletas cedeu lugar a ganância
pelo lucro. Os "olimpiônicos" já não eram mais modelo de atle-
ta equilibrado e perfeito, pois passaram a preocupar-se somente
com o desenvolvimento da parte física (GODOY, 1996).
Enquanto a Grécia enfraquecia um novo império se forma-
va e adquiria força, a Macedônia. Comandado primeiro por Fili-
pe II e depois por seu filho Alexandre Magno conquistaram todo
o território grego formando um grande império com capital em
Alexandria. A partir deste momento os estrangeiros começaram a
participar dos Jogos Olímpicos, que até então eram restritos aos
cidadãos gregos.

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56 © História e Teoria da Educação Física

Os macedônios difundiram a cultura grega pelos lugares que


passaram, transformando a história da humanidade, mas com a
morte de Alexandre, o império macedônio foi dividido e aos pou-
cos conquistado pelos romanos.
Segundo Godoy (1996) os romanos formaram colônias pela
Europa, Ásia e África, que deviam obediência a Roma e pagavam
impostos, no entanto, era permitido que conservassem seus cos-
tumes e tradições.
A influência dos povos colonizados mudou muita coisa no modo
de vida dos romanos, um bom exemplo disto é a arquitetura, que pas-
sou a ser incentivada pelos imperadores e surgiram os grandes tea-
tros, anfiteatros, circos, termas, entre outras construções.
Mas a dominação dos romanos gerou um desinteresse cada
vez maior pelas provas puramente atléticas e os ideais olímpicos
cederam espaço aos grandes jogos públicos realizados em Roma,
como as corridas de carros, os combates dos gladiadores e as lutas
contra feras.
Enquanto ocorriam essas mudanças, em Olímpia, a cada
quatro anos reuniam-se os mais famosos atletas da Ásia, Sicília,
África etc. para disputarem os Jogos Olímpicos. Depois de um lon-
go período as competições deterioram-se de tal forma que a extin-
ção ocorreu inevitavelmente.
Em 393 d.C. Teodósio I imperador de Roma, aboliu oficial-
mente o festival que representou uma das mais extraordinárias
contribuições da Grécia para a história. No ano de 390 este impe-
rador mandou matar dez mil gregos escravos que queriam a liber-
dade. Por problema de consciência, converteu-se ao cristianismo
e a pedido de um bispo acabou com todas as festas pagãs que
existiam na época, entre elas os Jogos Olímpicos.
Olímpia foi saqueada e suas edificações destruídas, com o
passar do tempo terremotos fizeram desmoronar suas ruínas. Em
1776 arqueólogos descobriram suas primeiras ruínas e a partir de
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 57

1875 a Alemanha financiou profundos trabalhos de escavação e


reconstrução da cidade (GODOY, 1996).

8. A ATIVIDADE FÍSICA NA ROMA ANTIGA


Apesar da influência dos gregos, os romanos possuíam um
espírito utilitarista voltado para o ideal coletivo, por isso privilegia-
vam o desenvolvimento do corpo para ser utilizado nas guerras e
domínio dos povos.
Diferente da concepção dos gregos, para os romanos as ati-
vidades físicas eram utilizadas para formar um protótipo de virili-
dade, perdendo o sentido do belo e da formação integral (OLIVEI-
RA, 1983).
Os jogos públicos romanos eram realizados principalmente
nos circos e anfiteatros. Os circos eram lugares luxuosos que pos-
suíam grandes arquibancadas e onde aconteciam as corridas de
carro em uma pista oval que era percorrida pelos competidores.
Nos anfiteatros, locais destinados às festas religiosas e populares,
eram disputados os combates dos gladiadores e as lutas contra
feras.
O anfiteatro mais famoso de Roma foi o Coliseu, construído
no ano 80 d.C. e inaugurado com cem dias de festas. Acomodava
aproximadamente 55 mil pessoas e como os romanos admiravam
também os espetáculos de batalhas navais, a arena do Coliseu
podia ser transformada em lago para a realização destes eventos
(GODOY, 1996).

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58 © História e Teoria da Educação Física

Figura 15 Coliseu

Figura 16 Coliseu

Muitos escravos escolhiam a carreira de gladiador para con-


quistar a liberdade. Os combates podiam ser a pé ou a cavalo, ar-
mados com espadas, facas e lanças. Com o passar do tempo surgi-
ram redes, tridentes, bolas de metal presas em tiras de couro etc.
Os gladiadores lutavam entre si ou contra animais e o destino
dos perdedores dependia da decisão do público. O principal objetivo
dos governantes romanos era distrair o povo com espetáculos gran-
diosos, nos quais eram distribuídos comida, vinho e surpresas, mano-
bra política que ficou conhecida como política do "pão e circo".
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 59

De acordo com Oliveira (1983), os circos e anfiteatros repre-


sentam, sob determinados aspectos, a decadência da civilização
romana, pois transformaram-se em locais onde multidões entu-
siasmavam-se com as deprimentes exibições dos gladiadores, lu-
tando entre si ou contra animais, sem contar que muitos cristãos
perseguidos pelos romanos, foram devorados por tigres e leões
nestes eventos.
Um poeta satírico da época, chamado Juvenal, expressou
sua indignação contra os vícios do império romano, por meio da
frase: "Mens sana in corpore sano". Provavelmente indicando a
necessidade de que corpo e mente fossem concebidos de modo
saudável.
Godoy (1996) indica que os romanos tinham muito interes-
se também pelas atividades de banho e natação. Muitas termas
foram construídas em Roma e as mais sofisticadas possuíam giná-
sio, jardins, loja, salas de esgrima, leitura, local para conferências e
apresentação de cantores. No setor aquático havia piscinas, insta-
lações para banhos com água em diferentes temperaturas, banhos
a vapor, duchas e massagens.
Com o passar do tempo, no entanto, essas casas de banho
passaram a ser mal freqüentadas, deixando de cumprir com sua
finalidade higiênica, tornaram-se símbolo da decadência dos cos-
tumes que caracterizaram o declínio do império romano (OLIVEI-
RA, 1983) associado ainda às invasões bárbaras e o advento do
cristianismo.

9. A ATIVIDADE FÍSICA NA IDADE MÉDIA


A Idade Média tem início no ano de 395 com a divisão do Im-
pério Romano pelo imperador Teodósio I e durou até o ano 1453.
A Igreja Católica fortificou-se ao ser transformada em reli-
gião livre no ano de 313 e o cristianismo foi responsável pela des-

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60 © História e Teoria da Educação Física

vitalização das atividades físicas, pois o homem só era encorajado


à conquista da vida celestial.
De acordo com Oliveira (1983) o total descaso pelas coisas
materiais estabelecia um absoluto divórcio entre o físico e o inte-
lectual. O ideal da educação cristã realizava-se por meio da morti-
ficação do corpo para alcançar a vida eterna. A Igreja condenava os
jogos e as manifestações públicas romanas.
Assim, o exercício físico e os espetáculos desapareceram: cir-
cos, anfiteatros e termas foram destruídos.
O sistema político-social-econômico era o feudalismo, no
qual poucos senhores eram donos de grandes terras e possuíam
em suas dependências os vassalos, homens livres ou servos, que
lhes defendiam as propriedades e a vida em troca de pequenos
pedaços de terra, que eram cultivados pelos servos (GRIFI, 1989).
Estes servos, explorados e oprimidos pela classe dominan-
te formada pela nobreza e pelo clero, eram os únicos trabalhado-
res da sociedade feudal e valiam muito pouco para seus senhores
(OLIVEIRA, 1983).
Os vassalos, pela obrigação de servir aos senhores da terra,
abrigavam jovens que eram treinados para tornarem-se cavalei-
ros. Deste modo as atividades físicas, apesar de não merecerem
um destaque especial, passaram a ser utilizadas na preparação dos
cavaleiros.

A cavalaria
Com precedentes históricos na Grécia e em Roma, foi na Idade
Média que a cavalaria desenvolveu-se e adquiriu maior importância.
Originalmente, era uma casta militar aberta a todos, aco-
lhendo pessoas de toda classe social. Com o passar dos anos e
o desenvolvimento das instituições feudais, a cavalaria sofreu um
processo de seleção. Cavaleiro significava sempre mais pertencer
a uma classe social elevada, tornando-se assim, privilégio somente
das classes nobres (GRIFI, 1989).
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 61

A educação cavaleresca tinha finalidades militares e reli-


giosas. O cavaleiro devia defender a fé, colocar-se a serviço dos
oprimidos e menos favorecidos, elevar o seu espírito ao culto da
mulher, consagrando-lhe pensamentos e obras dignas. A cavalaria
foi colocada também a serviço da Igreja na época das Cruzadas.
O futuro cavalheiro recebia uma educação extremamente rígi-
da. Até os sete anos era educado pela família. Aos doze anos ia para
um castelo feudal, viver conforme as exigências do senhor feudal,
aprender boas maneiras e praticar os exercícios preparatórios para
a guerra (como correr, saltar, lutar, arremessar pedras e lanças, ca-
valgar). Havia também uma pequena formação intelectual, mas por
muitos considerada inútil, já que desviava da atividade física.
Aos catorze anos, era denominado de "escudeiro" e recebia
um cavalo, esporões de prata, lança, escudo, elmo e couraça. A
partir desta fase devia aperfeiçoar sua corrida vestindo uma pesa-
da armadura, manejar com destreza a lança, usar a espada, atirar
com o arco e cavalgar perfeitamente (GRIFI, 1989).
Com aproximadamente 21 anos, o jovem estava pronto para
ser nomeado "cavaleiro", por meio de um ritual de investidura. A
cerimônia era realizada pela Igreja. O futuro cavaleiro passava uma
noite em vigília, fazendo jejum e oração, para que no dia seguinte
estivesse purificado de corpo e alma para a cerimônia. Depois de
prestar o juramento, recebia armadura, esporas de ouro e uma
espada. O ritual terminava com uma prova de habilidade, na qual
o novo cavaleiro devia correr a Quintana (jogo eqüestre de brinca-
deira e destreza).
De acordo com Grifi (1989) a armadura do cavaleiro, no iní-
cio, era uma espécie de túnica com aplicações de lâminas de metal
ou couro. Posteriormente foi substituída por uma malha de aço
que depois foi reforçada por lâminas metálicas para a proteção das
costas, antebraços e pernas. Em 1400 aproximadamente, passou
a ser feita completamente de ferro batido, com lâminas metálicas
articuladas.

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62 © História e Teoria da Educação Física

O cavaleiro usava na cabeça uma malha de aço ou de couro e


o elmo. Para defender-se o escudo, na maioria das vezes de lenha
reforçada e bordada em ferro. As armas de ataque eram a lança, a
espada, a clava e o machado.

Figura 17 Cavaleiro da Idade Média

Os Jogos Eqüestres
Os jogos eqüestres foram as manifestações atléticas de maior
sucesso na Idade Média. Os principais e mais famosos eram: o Tor-
neio, a Giostra, o Carosello, o Bigordo, o Passo d'Arme, a Gualdana,
a Quintana e a Corrida do arco.

Torneio
Reservados aos nobres cavaleiros, os Torneios eram realiza-
dos em ocasiões de festas religiosas, acontecimentos políticos e
casamentos. Aconteciam a partir da iniciativa de um determinado
senhor que desafiava outro nobre. Se este aceitava o desafio, a
data era combinada e escolhidos os nomes dos quatro juízes res-
ponsáveis pelo encontro.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 63

Realizavam-se em uma área fechada e quadrangular deno-


minada "liça", com lugar separado para o público. Os juízes tinham
a responsabilidade de verificar as armas, armaduras e cavalos que
seriam utilizados na disputa, para garantir que todos os competi-
dores estivessem em igualdade de condições.
Na noite antecedente ao Torneio, em vigília os cavaleiros fa-
ziam juramentos de competir com lealdade e respeitar todas as
regras. No dia do evento, assistiam uma missa e seguidos por sua
corte de servos e ajudantes dirigiam-se ao lugar da disputa.
Havia lugares reservados aos príncipes, cavaleiros anciões,
aos juízes e às damas. As mulheres possuíam um lugar de desta-
que nestes eventos, pois gozavam de grande respeito e podiam
conceder a graça ao cavaleiro, que em dificuldade, lhe recorresse.
O cavaleiro que durante o combate fosse agraciado por uma dama,
não poderia mais ser golpeado pelos adversários (GRIFI, 1989).
Entre o som das trombetas e dos tambores era dado o sinal
de início e as tropas de cavaleiros se lançavam uma contra a outra,
desferindo violentos golpes para amassar a couraça, romper as lan-
ças, desequilibrar o adversário ou mesmo abater cavalo e cavaleiro.
O vencido era excluído do confronto e entregava ao vence-
dor um penhor, que podia ser o próprio cavalo. O combate termi-
nava no fim da tarde ou era adiado para o dia seguinte. Ao final
do Torneio acontecia uma grande festa, o vencedor era premiado
pela dama por quem tinha combatido e tornava-se um mito do
Torneio. Muitos cavaleiros passaram a dedicar-se exclusivamente
aos torneios por causa dos prêmios que passaram de uma coroa,
armadura ou cavalo, para quantias cada vez mais consideráveis.
Com o tempo a glória antes cobiçada pelos cavaleiros foi ceden-
do lugar à acumulação de bens e as disputas tornaram-se espetáculos
perigosos e de crueldade. Em 1139 a Igreja posicionou-se contra os
Torneios em virtude das mortes que causavam e chegou até a negar
sepultura religiosa aos que morressem nestas disputas que progressi-
vamente foram substituídas pelas Giostras (GRIFI, 1989).

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64 © História e Teoria da Educação Física

Giostras
Eram combates menos violentos que os Torneios, pelo fato
de serem usadas armas "corteses", ou seja, sem pontas ou reco-
bertas. Aconteciam em qualquer lugar da cidade, pois necessita-
vam apenas de uma "liça" pequena, já que somente dois cavalei-
ros se enfrentavam.
Segundo Grifi (1989) os participantes eram selecionados
entre os nobres de antigas descendências cavalerescas. A disputa
consistia de uma corrida a cavalo de um concorrente contra o ou-
tro com a lança empunhada. Deviam atacar o adversário tentando
desequilibrá-lo ou fazendo cair cavaleiro e cavalo. Por volta do ano
1400, foi colocada uma barreira separatória no centro do recinto.
Além das Giostras dos príncipes e senhores feudais, haviam
também as populares realizadas pelos burgueses e artesãos. No sé-
culo 14 começaram a ser utilizadas lanças apontadas o que fez com
que as Giostras fossem gradativamente substituídas pelo Carosello.

Carosello
Tratava-se de um espetáculo no qual os cavaleiros, enquanto
guiavam carros ou carruagens deviam girar em volta de um alvo
central e executar jogos de destreza e habilidade. Freqüentemente
eram representados episódios heróicos da antiguidade, com ves-
tuários luxuosos e armas valiosas (GRIFI, 1989).

Bigordo
Atividade semelhante ao Torneio, porém menos perigosa e car-
regada de cerimônias, era realizada em homenagem a pessoas ilustres
ou na celebração de alguma festa. O Bigordo era muito na praticado
na Itália e permitia aos cavaleiros mostrar sua habilidade no cavalgar,
além de expor suas vestimentas luxuosas, equipamentos e cavalos.
Desenvolvia-se nas proximidades da cidade em lugar aberto,
com fossos, árvores e cercados onde os participantes combatiam,
utilizando armas sem pontas. O espetáculo assumia um caráter de
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 65

espetáculo e por isso possuía poucas regras. Com o tempo o terre-


no foi cercado para que o público pudesse apreciar de modo mais
adequado as exibições dos cavaleiros.

Passo d’Arme
Tratava-se uma disputa de armas entre duas fileiras con-
trapostas, cujo objetivo, era defender um ponto ou atacar o alvo
controlado pelo adversário, como um castelo ou ponte. De acordo
com Grifi (1989) era uma atividade pacífica com características lú-
dicas. Os cavaleiros deviam ser habilidosos para manusear as ar-
mas e realizar um plano de ataque ou defesa.

Gualdana
Acontecia em ocasiões de caças ou para festejar a chegada
de algum grande senhor. Realizava-se de modo que um grupo fin-
gia assaltar o outro, em decorrência disso, fileiras de cavaleiros
enfrentavam-se simulando batalhas, enquanto percorriam grande
trechos de estradas e montanhas. Não teve grande desenvolvi-
mento, pois, pelo fato de desenvolver-se em espaço aberto e am-
plo não contava com a participação do público (GRIFI, 1989).

Quintana
Era um exercício de muita brincadeira e destreza. O cavaleiro
segurando uma lança tentava acertar um alvo, que era um fanto-
che de dimensões humanas e representava o inimigo, ao qual era
fixado um bastão ou espada. Se o fantoche não fosse atingido no
peito, girava sobre si mesmo e sua arma atingia o cavaleiro. Os ca-
valeiros que caíam ou deixavam a lança cair eram desclassificados
(GRIFI, 1989).

Corrida do Arco
De acordo com Grifi (1989) eram corridas de cavalo a galope,
nas quais os cavaleiros deviam enfiar uma lança ou espada em um

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66 © História e Teoria da Educação Física

arco suspenso. Vencia que conseguia enfiar o implemento num


maior número de arcos.

Outras atividades esportivas da Idade Média


Os jogos eqüestres foram as atividades esportivas mais prati-
cadas na Idade Média pela classe alta, mas os jovens do povo tam-
bém se divertiam com outros tipos de atividades variadas como
o tiro ao alvo, os jogos com bola, o truque, a luta, a esgrima o
pugilato e a caça.
O tiro ao alvo realizado com arco e flecha, além de ser pra-
ticado como atividade esportiva, possuía uma conotação militar
no sentido de preparar os cidadãos que pudessem servir à guerra.
Esta atividade marcou em diversos momentos a vitória dos ho-
mens do povo sobre a cavalaria e tornou-se legendária por meio
de nomes como Robin Hood e Gulhielmo Tell.
Os jogos com bola, de acordo com Grifi (1989) foram um ele-
mento socialmente positivo, pois uniam as classes sociais, já que
todos eram praticantes destas atividades, nobres, populares, estu-
dantes, servos etc. A bola era lançada por aparelhos (bastões, clava,
raquete) ou por golpes dados com a mão ou o pé. Os mais pratica-
dos foram a bola ao vento, bola à corda, bola a rede, entre outros.
De certo modo foram progenitores de muitos esportes modernos.
O truque, por exemplo, antecessor do golfe moderno, con-
sistia em fazer passar uma bola de madeira em um arco cravado
no solo.
A luta era praticada em ocasião de festas religiosas ou duran-
te o intervalo das festas populares, pelo povo, nobres e até pelo rei
e possuía grande audiência popular. A esgrima, além de contribuir
para o treinamento militar dos cavaleiros, era praticada nas fes-
tas populares e em competições cavalerescas. Eram usadas como
arma a espada, a lança, o machado e a clava ferrada. Já o pugilato
que teve grande destaque na cultura esportiva grega e romana, foi
uma atividade pouco praticada na Idade Média.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 67

A caça era atividade muito praticada, tanto como fonte de


alimento pelo povo como passatempo pelos nobres e cavaleiros.
Era realizada com arco e flechas, punhal e espada, geralmente à
cavalo, com o auxílio de cães e falcões.

10. A ATIVIDADE FÍSICA NO RENASCIMENTO


De acordo com Oliveira (1983) o Renascimento foi um mo-
vimento intelectual, estético e social, promovido pelos "humanis-
tas", que representou uma reação à decadente estrutura feudal do
início do século 14.
Representou uma nova concepção de mundo e do papel do
ser humano, proporcionando um redescobrimento da individua-
lidade, espírito crítico e liberdade do homem. O reconhecimento
deste papel colocou o homem numa posição de protagonista, sur-
ge o antropocentrismo renascentista em reação ao teocentrismo
medieval, que colocava as questões divinas acima dos interesses e
necessidades humanos.
Inspirado na obras da Antiguidade Clássica o movimento hu-
manista voltou a valorizar o belo, resgatando a importância do cor-
po. As atividades físicas tornam-se assunto dos intelectuais, numa
tentativa de reintegração do físico e do estético às preocupações
educacionais (OLIVEIRA, 1983).
Voltadas para o Ensino Superior, as atividades físicas foram
cultivadas principalmente nas cortes. A Educação Física introduz-
-se nos currículos elitistas e exercícios físicos como salto, corrida,
natação, luta, equitação, jogos com bola e dança, transformaram-
-se em prioridades para o ideal da educação cortesã.
Oliveira (1983) indica que no plano teórico, muitos pensado-
res dedicaram suas reflexões à importância dos exercícios físicos.
Leonardo Da Vinci, por exemplo, escreveu o "Estudo dos movimen-

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68 © História e Teoria da Educação Física

tos dos músculos e articulações", um dos primeiros tratados de


biomecânica que o mundo conheceu.

Figura 18 Estudo dos movimentos dos músculos e


articulações de Leonardo Da Vinci

Além de Da Vinci, outros pensadores como Montaigne e


Francis Bacon foram precursores de uma nova tendência e aprova-
ram a inclusão da ginástica, dos jogos e esportes nas escolas.
Na verdade, de acordo com Grifi (1989) este período repre-
sentou o ressurgimento das atividades físicas muito mais no plano
teórico que prático. Os conceitos de Educação Física se consolida-
ram, tanto para a formação dos indivíduos, quanto para a prepa-
ração militar e os regulamentos dos jogos em equipes, principal-
mente os realizados com bola, tornaram-se mais claros e técnicos.
Os jogos com bola destacaram-se nos séculos 14, 15 e 16 re-
lacionados às manifestações folclóricas que surgiam neste período
histórico em países como a França, a Itália, a Alemanha, a Suíça, a
Inglaterra e a Escócia. Já estudamos em Fundamentos Básicos da
Iniciação Esportiva que muitos dos jogos praticados no Renasci-
mento deram origem a esportes praticados atualmente.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 69

O tênis tem como prováveis antecessores o jogo conhecido


como paume praticado na França, que consistia em rebater a bola
com a mão e a pallacorda praticada na Itália. O golfe, o hóquei e
o críquete, originaram-se da crosse jogada na França com uma es-
pécie de bastão com uma curvatura na extremidade, que deveria
atingir uma bola e enviá-la ao alvo, cravado na terra, circulo ou
buraco no chão. Já o futebol moderno tem origem do cálcio Fio-
rentino, jogo italiano muito popular naquela época que passou a
ser praticado na Inglaterra.

11. A ATIVIDADE FÍSICA NA IDADE MODERNA E CON-


TEMPORÂNEA
Na Idade Moderna o processo de revitalização das ativida-
des físicas e sua inclusão nos meios pedagógicos iniciado no Re-
nascimento tiveram continuidade e foram firmados.
Nos séculos 18 e 19 surgem os chamados "sistemas ginás-
ticos" europeus, cuja história de elaboração e institucionalização
confunde-se com a história do nacionalismo e do militarismo pre-
sentes nesta época na Europa, pois vincularam-se aos processos
da afirmação da nacionalidade destes países e à constante preocu-
pação de preparação para a guerra (BETTI, 1991).
Os sistemas ginásticos mais conhecidos tiveram origem na
Alemanha, França, Dimanarca e Suécia.

O Movimento Ginástico Alemão


De acordo com Betti (1991) o movimento ginástico alemão
teve origem em 1774, no Philanthropinun, uma escola do peda-
gogo Johann Bernhard Basedow que dava grande importância à
saúde e à Educação Física. Sua escola iniciou o primeiro progra-
ma moderno de Educação Física que compreendia exercícios de
corridas, saltos, arremessos e lutas semelhantes aos praticados na
Grécia Antiga.

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70 © História e Teoria da Educação Física

Em 1784 um instituto semelhante ao Philanthropinun foi


fundado e Cristoph Friedrich GutsMuths experimentou novas ati-
vidades e aparatos, elaborando um sistema de trabalho que ficou
conhecido como "ginástica natural" ou "método natural".
GutsMuths dividiu as atividades em três categorias: os exer-
cícios ginásticos, os trabalhos manuais e os jogos sociais. Ele acre-
ditava na influência do corpo sobre a mente e o caráter e também
que a saúde deveria ser o objetivo básico da educação, mais do
que o conhecimento. Foi responsável por introduzir o jogo como
meio de educação e considerado por alguns pesquisadores como
o autor da primeira abordagem metódica de Educação Física.
GutsMuths considerava que a ginástica possuía grande signi-
ficação social e patriótica, que era um meio educativo fundamen-
tal para a formação dos indivíduos e conseqüentemente da nação
alemã. Por isso, chegou a pedir que o Estado assumisse a organiza-
ção a divulgação da ginástica.
Mas a relação entre a Educação Física e o nacionalismo atin-
giram o auge na Alemanha no século 19 com Friedrich Ludwig Jahn,
responsável pela criação do movimento denominado Turnen, cujo
objetivo imediato era o fortalecimento físico e moral da juventude
alemã para a libertação do país do domínio dos franceses.
O propósito de Janh era proporcionar o desenvolvimento de
uma vida ativa, saudável, em comunhão com o ar livre e despertar
nos jovens o espírito público, que um dia poderia servir à nação.
Sua metodologia consistia em jogos e exercícios de correr, saltar,
arremessar e lutar, além do uso de aparatos utilizados como barras
para suspender e varas para arremessar em alvos. Segundo Betti
(1991) derivou daí a idéia do Turnplatz (playground). O primeiro
Turnplatz foi criado por Jahn nas proximidades de Berlin, em 1811.
Quando a Guerra da Libertação alemã teve início em 1813,
Jahn e vários de seus alunos se juntaram às forças armadas que
lutaram contra Napoleão. Com a vitória dos alemães e o fortaleci-
mento do patriotismo, foram organizados vários outros grupos de
Turnen em todo o território da Alemanha. O objetivo de Jahn, que
havia se tornado um herói, agora era lutar pela unificação do país.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 71

No entanto, o governo alemão passou a temer a difusão do


Turnen, que possuía forte conotação política e Jahn foi preso em
1819, acusado de traição. Mas a repressão não impediu o cresci-
mento do Turnen.
De acordo com Betti (1991) a guerra franco-prussiana de
1870 que propiciou a unificação da Alemanha, contou com a pre-
sença de quinze mil membros do Turnen, o que proporcionou a
valorização da ginástica, que a partir de então passou a receber o
apoio do Estado.
Nas escolas alemãs a Educação Física foi introduzida por
meio do sistema ginástico de Adolph Spiess, que criou um sistema
ginástico adaptado a objetivos pedagógicos e integrado ao currícu-
lo escolar, com bastante ênfase à disciplina e um desenvolvimen-
to eficiente e completo de todas as partes do corpo, através da
submissão, treino de memória e respostas rápidas e precisas ao
comando.

O Movimento Ginástico Nórdico


Após o envolvimento nas Guerras-Napoleônicas em 1814,
a Dinamarca além perder território, entrou numa profunda crise
econômica. A partir de 1820 a situação do país melhorou e surgiu
um novo sentimento patriótico.
Neste período Franz Nachttegall liderou o movimento que
levou à consolidação da Educação Física dinamarquesa. Influencia-
do por GutsMuths abriu um ginásio particular e seu sistema ginás-
tico fez grande sucesso, atingindo o meio militar.
Em 1804 foi criado o Primeiro Instituto Militar de Ginástica,
em Copenhague e Nachtegall tornou-se o primeiro diretor e o lo-
cal se transformou em uma escola preparatória de professores de
ginástica para as escolas em geral. Sob sua liderança, a Dinamarca
tornou-se o primeiro país europeu a introduzir a Educação Física
como disciplina escolar, promover cursos para professores e editar
manuais.

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72 © História e Teoria da Educação Física

Betti (1991) indica que os principais objetivos da Educação


Física na Dinamarca durante o século 19, assim como em muitos
países europeus, eram o desenvolvimento da competência militar
e do patriotismo.

O Movimento Ginástico Sueco


Devastada pela guerra contra a Rússia no início do século 19, a
Suécia depois de perder a Finlândia, foi mobilizada por uma onda de
patriotismo e o povo mobilizou-se para reconstruir o prestígio do país.
Per Henrik Ling influenciado pela educação sueca e nórdica,
passou a utilizar a ginástica para instigar força e coragem no enfra-
quecido povo sueco. Ling escreveu um manual de ginástica militar
e esgrima que foi adotado pelo exército sueco e de outros países e
propôs ao governo a fundação de uma escola nacional de ginásti-
ca, da qual foi diretor por 25 anos.
Estudioso de anatomia e fisiologia, objetivada desenvolver
o corpo através de movimentos selecionados cuidadosamente, e
para atingir seus objetivos, dividiu a ginástica em quatro catego-
rias consideradas por ele interdependentes: a militar, a médica, a
pedagógica e a estética.
De acordo com Betti (1991) Ling dedicou-se mais a estudar a
ginástica médica e militar. Sobre a segunda, destacava o propósito
nacionalista e aumentar a condição física dos soldados, enfatizava
o vigor e a capacidade de suportar esforços. Seu sistema de ginás-
tica difundiu-se para diversos países dentro e fora do continente
europeu, mas os pesquisadores que deram continuidade ao seu
trabalho acabaram por restringir o embasamento teórico por ele
desenvolvido, fato que foi objeto de diversas críticas no século 20.

O Modelo Ginástico Francês


Entre 1815 e 1848, somente depois da derrota de Napoleão,
é que a ginástica foi introduzida na França, particularmente no
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 73

exército, por um militar espanhol chamado Francisco Amoros, que


havia lutado pelas tropas napoleônicas e estava refugiado neste
país desde 1814.
Em 1820 Amoros fundou o Ginásio Militar e Civil de Ginásti-
ca, com o apoio do governo e foi o seu primeiro diretor. Em 1831
tornou-se diretor nacional da ginástica francesa, mas em virtude de
desavenças com o governo o Ginásio Normal foi fechado em 1837.
Betti (1991) indica que Amoros orientou seu trabalho no
sentido de aumentar as potencialidades militares da juventude e
elaborou o primeiro programa de ginástica francês que foi utiliza-
do no exército e nas escolas por alguns anos. Foi ainda, um dos
primeiros ginastas a utilizar aros, escada de cordas, o trapézio e
uma máquina para testar a força.
O interesse pelo programas de ginástica na França estavam
relacionados com a preocupação com a segurança do país, pois
enquanto as escolas estiveram sob o controle da Igreja, o ensino
religioso e intelectual eram enfatizados em detrimento da educa-
ção física.
Em 1852 foi fundada a Escola Militar Normal de Ginástica de
Joinville-le-Pont, perto de Paris, que passou a formar professores
para as escolas e o exército. Esta escola desenvolveu um sistema
próprio de ginástica e oferecia cursos apenas para oficiais, exer-
cendo importante influência na França e também no Brasil no iní-
cio do século 20.
Depois da derrota dos franceses na guerra franco-prussia-
na em 1870, o interesse pela Educação Física foi revigorado, pois
o governo atribuiu a derrota nacional à degeneração física e mo-
ral do povo. Algumas leis foram aprovadas a partir de então, tor-
nando a ginástica obrigatória no currículo escolar e os militares e
professores formados na Escola Militar de Joinville-le-Pont foram
empregados nas escolas para ministrar aulas de ginástica visando
a aumentar as potencialidades militares dos jovens (BETTI, 1991).

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74 © História e Teoria da Educação Física

De acordo com Betti (1991) estes sistemas ginásticos euro-


peus do século 19, formaram a primeira base institucional para a
Educação Física moderna e tiveram raízes no nacionalismo político
de seus países de origem, na educação de um ideal nacional e na
formação do indivíduo a serviço do Estado, aliado ao militarismo,
que preocupava-se em preparar fisicamente o povo para a guerra.
A compreensão do vínculo das correntes ginásticas com o mili-
tarismo é muito importante, pois, explica muito da postura pedagó-
gica autoritária, das práticas militarescas e da vinculação à educação
moral e cívica, presentes durante muito tempo na Educação Física.

O Modelo Esportivo Inglês


Em Fundamentos Básicos da Iniciação Esportiva verificamos
que as atividades físicas na Inglaterra tiveram um desenvolvimen-
to diferente em comparação aos países europeus, pois pelo fato
de localizar-se fora do continente e ter uma poderosa marinha que
garantia a proteção contra as invasões estrangeiras, não foi neces-
sário impor ao povo inglês a disciplina e o treinamento físico dos
modelos ginásticos adotados pelos países continentais.
Em decorrência disso, a maior contribuição dos ingleses à
Educação Física ocorreu na área dos esportes, tanto que grande
parte das modalidades esportivas praticadas por equipes e com
bola conhecidas atualmente, tiveram suas regras estabelecidas e
oficializadas neste país.
Com a Revolução Industrial a classe média adquiriu poder
político e influência social, passando a reivindicar privilégios edu-
cacionais, como a construção de escolas públicas. Até então, a
educação era responsabilidade da Igreja e de instituições particu-
lares beneficentes. O aumento do número das escolas foi decisivo
para o desenvolvimento dos jogos esportivos.
O inglês Thomas Arnold, diretor do Colégio Rugby, foi o pri-
meiro responsável por utilizar o esporte como meio de educação.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 75

Tubino (2006) indica que ele realizou um trabalho neste colégio


em que as atividades físicas praticadas pelos burgueses e aristo-
cratas ingleses foram incorporadas ao processo educativo e aos
alunos era concedida liberdade para organizar e dirigir os jogos,
criando regras, em situações de fair-play.
As regras que surgiram nos jogos praticados no colégio Ru-
gby, foram difundidas à sociedade inglesa. Ao mesmo tempo, as
conquistas trabalhistas propiciaram o aumento do tempo de lazer
dos trabalhadores, fato que muito colaborou para a popularização
das atividades esportivas que mais tarde seriam divulgadas por
todo o mundo por meio dos Jogos Olímpicos e da Associação Cris-
tã de Moços (ACM).

O renascimento dos Jogos Olímpicos


De acordo com Oliveira (1983) o francês Pierre Fredy, co-
nhecido como Barão de Coubertin, pode ser considerado como a
primeira figura mais representativa do cenário do esporte contem-
porâneo. Com formação em filosofia e grande interesse pela práti-
ca esportiva foi o principal responsável pelo início do processo de
restauração dos Jogos Olímpicos, que começou em 1892.
No ano de 1894 aconteceu em Paris o Congresso Atlético In-
ternacional que decidiu sobre o renascimento dos Jogos Olímpi-
cos, além disso, foi fundado o Comitê Olímpico Internacional (COI)
composto por doze membros selecionados por Coubertin, que se
baseou no critério de independência dos indicados em relação a
países ou grupos, na tentativa de tornar o comitê imune a influên-
cias políticas (BETTI, 1991). No ano de 1896 aconteceram os I Jo-
gos Olímpicos modernos na cidade de Atenas, na Grécia.
O Barão de Coubertain inspirado nos ideais dos Jogos Olím-
picos da Antiguidade, via no esporte a possibilidade de promoção
da paz entre as nações e, além disso, acreditava no modelo educa-
tivo das escolas inglesas, relacionando o esporte inglês à educação
corporal dos gregos.

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76 © História e Teoria da Educação Física

Outro ideal defendido pelo movimento olímpico era o ama-


dorismo, ou seja, o grupo responsável pelo movimento do renasci-
mento dos jogos considerava o profissionalismo no esporte como
um problema, pois levava os atletas a competir pelo lucro, por isso
colocava-se contra a participação de atletas profissionais. Tanto
que na quinta edição dos Jogos Olímpicos, em 1912 em Estocol-
mo na Suécia, o Comitê Olímpico cassou as medalhas que o atleta
norte-americano Jim Thorpe conquistou nas provas do pentatlo e
do decatlo, pelo fato de que ele recebia dinheiro para atuar como
jogador de beisebol em ligas menores dos Estados Unidos. Apenas
em 1983, trinta anos depois de sua morte, o COI reconheceu a
injustiça e devolveu a medalha a seus familiares.
Os Jogos Olímpicos cresceram muito em importância o que
gerou também o aumento do número de países participantes e
atletas. A primeira edição dos Jogos contou com a participação de
14 países e 241 atletas. Nos Jogos realizados em 2008, na cidade
de Pequim na China, participaram 202 países e 11099 atletas.
Além de significativo evento esportivo, os Jogos Olímpicos
são considerados também como evento político e econômico, pois
são transmitidos a bilhões de espectadores no mundo todo movi-
mentando grande quantidade de dinheiro especialmente dos pa-
trocinadores.
De acordo com Betti (1991) a ideologia olímpica defendida
pelo COI ao longo dos tempos revela a grande influencia do espor-
te inglês do século 19, que privilegiava o espírito cavalheiresco e
nobre traduzido no conceito de fair-play. No entanto, tal ideologia
acabou sendo vencida pelos fatos, como por exemplo, a constante
interferência da política internacional (como por exemplo, os boi-
cotes que aconteceram em algumas edições dos Jogos, o maior
deles foi em 1980 em Moscou onde 69 países liderados pelos Esta-
dos Unidos deixaram de participar como protesto contra a invasão
soviética ao Afeganistão), os processo de profissionalização dos
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 77

atletas, a utilização do doping, entre outros fatores que ameaçam


o espírito do fair-play.
Os Jogos Olímpicos sem dúvida foram decisivos para a uni-
versalização do esporte, pois difundiram o modelo esportivo, pa-
drões para seu funcionamento, além de regras e normas de con-
duta. Mas por outro lado, seu grande crescimento também gerou
conflitos, pois o esporte passou a interessar cada vez mais a um
maior número de países, que além da participação almejam um
bom desempenho, assim, os Jogos tornaram-se palco de disputas
esportivas e também econômicas.
Um ponto que merece destaque neste cenário é o fato de
que a necessidade de desenvolvimento levou os países à elabo-
ração de políticas esportivas e deste modo, o esporte tornou-se
razão de Estado em muitas nações (BETTI, 1991), inclusive no Bra-
sil, especialmente na década de 1970, quando o esporte passou a
contar com o apoio do governo.

12. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL


Algumas informações já estudadas em Fundamentos Básicos
da Iniciação Esportiva serão retomadas neste tópico para o aprofun-
damento da história da Educação Física no Brasil. Então, vamos lá!
A introdução e sistematização da Educação Física no sistema
educacional brasileiro encontram suas raízes na Europa, no início
do século 19, a partir da consolidação do estado burguês que veio
dar suporte à construção e consolidação do capitalismo no país.
A educação passa a ter uma importância incontestável para
a dinamização do processo de produção e as atividades físicas pas-
sam a desempenhar um papel importante na formação do novo
ideal de cidadão que deveria ter condições para o engajamento
na força produtiva do trabalho, dessa forma, vislumbraram-se ho-
mens fortes, sadios e aptos fisicamente (RESENDE, 1994).

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78 © História e Teoria da Educação Física

Oficialmente, a inclusão da Educação Física no Brasil aconte-


ceu por meio do sistema escolar em 1851, com a reforma Couto
Ferraz. No ano de 1854 a ginástica passou a ser disciplina obriga-
tória no ensino primário e a dança no secundário. Em 1882, em
outra reforma realizada, Rui Barbosa defendeu a inclusão da ginás-
tica na escola obrigatória para ambos os sexos.
Neste início a Educação Física escolar estava sob forte in-
fluência dos médicos e a concepção dominante era de caráter hi-
gienista, cuja ênfase era dada à saúde e formação de hábitos de
higiene nos alunos. A intenção era disciplinar os hábitos das pes-
soas no sentido de afastá-las de práticas que pudessem provocar a
deterioração da saúde e da moral, para que não ocorresse o com-
prometimento da vida coletiva.
Na prática, porém, é apenas nos primeiros anos da década
de 1920 que vários Estados iniciaram suas reformas educacionais
e incluíram a Educação Física como disciplina, com o nome mais
freqüente de ginástica. Anteriormente a esta data, tais leis só eram
aplicadas no Rio de Janeiro (capital brasileira na época) e nas es-
colas militares.
A partir da década de 1930 a relação da Educação Física com
o militarismo se estreita. De acordo com Betti (1991) este relacio-
namento existia pelo menos desde 1890 no Distrito Federal, pois
uma reforma efetuada por Benjamim Constant incluía no conteú-
do de algumas disciplinas do ensino primário e secundário mar-
chas, evoluções militares, manejo de armas de fogo e exercícios
de tiro ao alvo.
Neste período a Educação Física ensinada nas escolas passou
a ter por base os métodos ginásticos de origem européia, já estu-
dados anteriormente. Os mais utilizados no Brasil foram o sueco
(criado por Ling), o alemão (criado por Jahn) e principalmente o
francês.
Estes métodos, concebidos com forte conotação militar de-
vido ao contexto no qual foram idealizados, procuravam melho-
rar a aptidão física dos indivíduos no sentido de contribuir para o
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 79

desenvolvimento social, uma vez que os indivíduos estariam mais


aptos a atuar na sociedade e, portanto, seriam mais úteis a ela.
Na verdade o modelo militarista via a Educação Física como
meio para formar uma juventude nacionalista e patriótica, prepa-
rada para defender seu país em combates e guerras, por isso das
escolas deveriam sair indivíduos aptos fisicamente.
Durante o período considerado até próximo da década de
1960, o método de Educação Física oficialmente adotado nas es-
colas brasileiras era proveniente da França, criado na Escola Militar
Normal de Ginástica de Joinville-Le-Pont e divulgado no Brasil por
uma missão militar francesa (BETTI, 1991).
No modelo conhecido como Regulamento de Educação Fí-
sica nº 7 ou Método Francês a Educação Física é compreendida
como "o conjunto de exercícios cuja prática racional e metódica é
suscetível de fazer o homem atingir o mais alto grau de aperfeiçoa-
mento físico, compatível com sua natureza" (BETTI, 1991, p.75). As
formas de trabalho físico propostas eram jogos, flexionamentos,
exercícios educativos, aplicações, esportes individuais e coletivos.
Neste método de ensino o jogo corresponde às atividades
que possuem a função de regularizar os movimentos praticados
espontaneamente pelos indivíduos quando impulsionados pela
necessidade da prática de atividades físicas.
Os flexionamentos são movimentos corretivos e localizados
sobre as articulações e músculos. Correspondem aos alongamen-
tos praticados atualmente e serviam para preparar o corpo para
determinada aplicação. As aplicações, por sua vez, compreendem
grupos de exercícios como marchar, correr, saltar, trepar, levantar
e transportar, lançar, atacar e defender-se.
Os esportes individuais são exercícios de dificuldade pro-
gressiva, que exigem bom nível de qualidade física, a qual pode
ser desenvolvida por meio de treinamento especial. Já os esportes

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80 © História e Teoria da Educação Física

coletivos exigem qualidades morais, além das físicas, pois de acor-


do com a concepção do método, a dificuldade a ser superada no
jogo coletivo é mais de ordem moral que física.
Os alunos eram divididos em grupos para as aulas de Educa-
ção Física, de acordo com critérios fisiológicos e avaliações práti-
cas. Para passar a um grupo considerado de nível superior, o aluno
deveria passar por uma avaliação e alcançar um resultado mínino
estabelecido para cada etapa da mesma.
As aulas incluíam lições de Educação Física, sessões de jo-
gos, de esportes individuais e coletivos. A "lição de Educação Fí-
sica" continha exercícios variados e combinados com a finalidade
de melhorar e aperfeiçoar os sistemas orgânicos e suas funções.
Além disso, previa a realização de dois jogos com duração de dois
a quatro minutos cada um.
A lição de Educação Física deveria ser substituída uma ou
duas vezes por semana por uma sessão de jogos com duração de
quarenta e cinco minutos, que deveria ser programada de acordo
com a preferência e as condições dos alunos.
A sessão de esportes individuais tinha duração de trinta a
quarenta e cinco minutos, de acordo com a capacidade física dos
alunos e a sessão de esportes coletivos era determinada de acordo
com o nível dos grupos e também das capacidades físicas.
A partir dos treze anos, já no Ensino Secundário, a ênfase
das aulas de Educação Física era a iniciação esportiva. Os alunos
já podiam praticar os esportes coletivos de forma plena, mas com
duração limitada. Somente no Ensino Superior havia prática regu-
lar dos esportes coletivos e participação em competições.
A formação de professores de Educação Física nesta época
aconteceu por meio da colaboração entre o sistema militar e o sis-
tema educacional. Os cursos de formação de professores foram
organizados sob orientação do Exercito em várias partes do país,
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 81

formando o núcleo de muitas futuras instituições de Ensino Supe-


rior em Educação Física.
A Educação Física no Brasil também esteve fortemente li-
gada aos princípios da eugenia nesta época, no sentido de que
a melhoria e aperfeiçoamento da "raça" brasileira poderiam ser
alcançadas por meio de uma prática sistemática e orientada de
atividade física.
Betti (1991) indica que os ideais eugênicos possuíam a inten-
ção de forjar um tipo racial único no país, pois o povo brasileiro era
caracterizado como "sem coesão étnica, sem tipo definido, sem
morfologia estável" (p.77). Assim, a prática sistemática de exercí-
cios físicos pelas massas poderia melhorar a "morfologia do tipo
brasileiro" ou pelo menos esconder por meio de um corpo bem
trabalhado, os desequilíbrios resultantes da misturas sociais exis-
tentes.
Nas aulas de Educação Física escolar, as preocupações eugê-
nicas se manifestaram por meio de fichas de avaliação que contro-
lavam as medidas antropométricas dos alunos, como peso e altura.
Nota-se que as concepções que influenciaram a Educação
Física escolar até este período (higienismo, métodos ginásticos e
eugenismo) consideravam-na como disciplina essencialmente prá-
tica, que não necessitava de uma fundamentação teórica para lhe
dar suporte, por isso ela não era evidentemente distinta da instru-
ção física militar.
Porém, com o final da Segunda Guerra Mundial entraram em
cena concepções pedagógicas menos conservadoras e aos poucos
crescia a influencia das idéias da Escola Nova, que enxergavam o
homem não apenas pelo aspecto biológico, mas também psicoló-
gico e sociológico (BETTI, 1991).
O movimento escola-novista já havia surgido desde a década
de 1920, mas se fez presente somente nesta época. Sua ênfase

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82 © História e Teoria da Educação Física

encontrava-se no aprender fazendo e tinha por base o respeito à


personalidade da criança, visando seu desenvolvimento integral e
caracterizando a escola como democrática e utilitária.
De acordo com Betti (1991) a proposta pedagógica da Esco-
la Nova incluía uma importante participação da Educação Física,
pois tinha como finalidade proporcionar uma educação integral,
na qual o desenvolvimento do ser humano deveria ser dirigido
adequadamente de acordo com suas fases de desenvolvimento. A
função educadora deveria ser considerada um processo unitário,
sem divisão em partes e neste contexto a Educação Física consti-
tui-se como um dos elementos essenciais desta proposta.
A partir do início da década de 1960, no entanto, este movi-
mento passa a ser reprimido com a instalação da ditadura militar no
país. Desde a década de 1950, o esporte já havia se transformado
em um fenômeno de aceitação mundial. A prática esportiva pro-
gressivamente adquiriu espaço no campo da Educação Física e uma
nova concepção, conhecida como Método Desportivo Generalizado,
que também veio da França vigorou até o final da década de 1960.
O Método Desportivo Generalizado (MDG) foi difundido no
Brasil por Augusto Listello e tinha por finalidade incorporar o con-
teúdo esportivo aos métodos da Educação Física, com ênfase no
aspecto lúdico, utilizando o jogo como principal conteúdo, que foi
percebido como um meio privilegiado por apresentar-se como ati-
vidade mais agradável para os jovens, que por meio dele, manifes-
tam sua personalidade, descobrem aptidões e gostos, adquirem
auto-conhecimento, exercem iniciativa e responsabilidade, traba-
lham coletivamente desenvolvendo a cooperação e preparando os
alunos para a competição da vida cotidiana.
O Método Desportivo Generalizado (MDG) representou uma
reação contra os velhos métodos de ginástica e ao mesmo tempo,
foi uma tentativa de manter o esporte sob o domínio pedagógico
da Educação Física.
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 83

Com o golpe militar no ano de 1964, o esporte que já era


bastante difundido na Educação Física, voltou a crescer e tornou-
-se razão de Estado. O governo passou a utilizá-lo como recurso
para manter a população desinformada e controlada ideologica-
mente.
Muitos aspectos positivos podem ser indicados em favor da
área da Educação Física neste período, como a sua consolidação
como disciplina curricular obrigatória em todos os níveis e mo-
dalidades de ensino (da Educação Infantil ao Ensino Superior), as
campanhas de mobilização da população (Mexa-se, Esporte Para
Todos), a canalização de recursos financeiros destinados à constru-
ção de estádios e ginásios esportivos, a proliferação de cursos para
professores de Educação Física, os investimentos em mecanismos
de promoção do esporte escolar, o crescimento da indústria de
materiais esportivos, entre outros aspectos.
No entanto, como a Educação Física escolar foi atrelada a
outro sistema, o esportivo nacional, foi-lhe conferida a responsa-
bilidade de servir de base para a formação de novos talentos. Na
escola a disciplina passou a ter um conteúdo quase que exclusi-
vamente ligado ao esporte, o que provocou a seleção dos alunos
mais habilidosos em detrimento dos considerados menos habili-
dosos ou inaptos para a prática de determinadas modalidades es-
portivas.
Como estudado em Fundamentos Básicos da Iniciação Es-
portiva, a área sofreu severas críticas em virtude deste modelo
que privilegiava os alunos com potenciais específicos para a práti-
ca esportiva, excluindo todos os outros que não se encaixavam no
modelo. Na verdade o grande equívoco da Educação Física foi re-
produzir no contexto escolar o esporte com as características das
modalidades de rendimento.
Na década de 1980 o modelo esportivista, também chamado
de mecanicista, tecnicista ou tradicional, passa a ser muito critica-
do e seus efeitos passam a ser sentidos e contestados, pois o Brasil

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84 © História e Teoria da Educação Física

não obteve grande destaque no cenário esportivo internacional


(com exceção da seleção masculina de futebol) e a competição
esportiva não aumentou o número de praticantes de atividades
físicas.
Neste momento inicia-se um profundo questionamento dos
princípios e discursos da Educação Física e se inicia um período de
valorização dos conhecimentos produzidos pela ciência.
Ocorre então a criação dos primeiros cursos de pós-gradua-
ção em Educação Física, o retorno de professores doutorados fora
do país, aumento no número de publicações de livros e revistas da
área e de eventos como congressos, que acabaram por contribuir
com a mudança do enfoque que existia até então, tanto no que
dizia respeito à natureza da área quanto no que se referia aos seus
objetivos, conteúdos e princípios pedagógicos de ensino e apren-
dizagem (DARIDO, 2003).
Foi ampliada a visão de uma área biológica e as dimensões
psicológicas, sociais, cognitivas e afetivas foram reavaliadas. O alu-
no passou a ser concebido como ser humano integral, diferente
do que acontecia até então, pois somente o aspecto motor era
considerado. Os objetivos educacionais também foram ampliados,
voltados para a formação de um corpo que pudesse sustentar a
atividade intelectual, para conteúdos diversificados e pressupos-
tos pedagógicos mais humanos.
De acordo com Darido & Sanches Neto (2005) apesar de
todas as críticas, o modelo esportivista ainda é freqüentemente
utilizado na escola. Os autores indicam ainda, que o excesso de
criticas a este modelo voltou-se para outro extremo, no qual se de-
senvolveu um modelo de aula em que os alunos é quem decidem
o que vão fazer, escolhendo a atividade e a maneira como querem
praticá-la, cabendo ao professor o papel de entregar uma bola e
marcar o tempo.
Este modelo, chamado de "recreacionista" aconteceu por
duas razões principais. Primeiro pelo fato de que o discurso aca-
© U1 - A História das Atividades Físicas e da Educação Física no Brasil 85

dêmico, que passou muitos anos discutindo o que não fazer nas
aulas de Educação Física, não apresentou propostas viáveis para a
prática e, além disso, pela falta de políticas públicas que facilitem
o trabalho dos professores, como melhores condições de trabalho,
espaço e materiais adequados, políticas salariais e apoio para a
formação continuada (DARIDO & SANCHES NETO, 2005).
Atualmente existem abordagens pedagógicas na área da
Educação Física escolar brasileira que são resultantes da articula-
ção de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções
filosóficas, que embora contenham enfoques científicos diferen-
tes, procuram romper com o modelo mecanicista que por muito
tempo perdura na área, buscando uma Educação Física que articu-
le as múltiplas dimensões do ser humano.
Entre elas podemos destacar a abordagem desenvolvimen-
tista, a construtivista, a crítico-superadora, a saúde renovada, os
Parâmetros Curriculares Nacionais entre outras (DARIDO, 2003),
que serão estudadas com aprofundamentos na terceira unidade
deste Caderno de Referência de Conteúdo, no tópico Educação Fí-
sica como componente curricular da Educação Básica.

13. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Vamos verificar como está indo nossa aprendizagem por
meio de uma autoavaliação? Tente responder para si mesmo as
seguintes perguntas.
1) Quais foram as atividades físicas mais praticadas em cada um dos períodos
históricos indicados?
a) Pré-história.
b) Antiguidade (Grécia e Roma).
c) Idade Média.
d) Renascimento.
e) Idade Moderna e Contemporânea.

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86 © História e Teoria da Educação Física

2) Indique as principais características de cada uma dos quatro períodos histó-


ricos da Grécia Antiga: período Homérico, Histórico, Clássico ou Humanista
e Helenístico.

3) Quais provas dos Jogos Olímpicos da Antiguidade são praticadas até hoje?

4) Desde sua implementação no Brasil a Educação Física sofreu diversas influ-


ências que foram responsáveis por determinar os conteúdos transmitidos
no contexto escolar. Indique as influências de acordo com cada período des-
tacado a seguir:
a) Período de implementação nas escolas, de 1951 até a década de 1920.
b) Da década de 1930 até 1960.
c) Durante a década de 1960.
d) A partir de 1970.
e) A partir de 1980.

14. CONSIDERAÇÕES
O objetivo desta unidade foi, basicamente, apresentar a você
a história das atividades físicas mais significativas praticadas pelo
homem, bem como a história da Educação Física no Brasil.
Tenha em mente que a compreensão histórica destes fatos é
fundamental, pois, por meio dela é que conseguiremos entender o
cenário atual da Educação Física, especialmente no contexto escolar.

15. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 - Dromo. Disponível em: < http://portuguese.cri.cn/mmsource/
images/2006/09/18/aoyungu8.jpg>. Acesso em: 22 jun. 2010.
Figura 2 - Dólico. Disponível em: <http://turmadaalegria-rg.blogspot.com/2008/08/
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Figura 3 - Tocha olímpica. Disponível em: <http://www.institutoniciamacieira.com.br/
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Figura 4 - Corrida Armada. Disponível em: < http://iguinho.ig.com.br/home_iguinho/
images/olimpiadas-figgrega.gif>. Acesso em: 22 jun. 2010.
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Figuras 5 e 6 - Lançamento de disco. Disponível em: <http://olimpia776.warj.med.br/


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Figura 7 - Luta do pentatlo. Disponível em: <http://www.clickideiamedio.com.br/f2/
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Figura 8 – Luta. Disponível em: <http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2004/jusp696/
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Figura 9 e 10 – Pugilato. Disponível em: <http://portuguese.cri.cn/mmsource/
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Figura 11 - Pancrácio. Disponível em: <http://www.greektheatre.gr/Pankration.jpg>.
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Figura 12 - Corrida de carros (bigas). Disponível em: <http://ghiraldelli.files.wordpress.
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Figura 13 - Corrida de carro. Disponível em: <http://www.equitacao.com/files/quadrigas.
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Figura 14 - Apresentação as modalidades olímpicas da corrida de cavalos, o
dólico, o pugilato e o lançamento de dardo. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.
com/_0b9FGKGF0Zw/SJ2HgXfocaI/AAAAAAAAAYs/86s-z__16jg/s1600-h/index_mid.
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Figura 15 – Coliseu. Disponível em: <http://api.ning.com/
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Acesso em: 22 jun. 2010.
Figura 16 – Coliseu. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
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Figura 17 - Cavaleiro da Idade Média. Disponível em: <http://www.lojadosbebes.com/
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Figura 18 - Da Vinci. Disponível em: <http://templars.files.wordpress.com/2007/11/
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16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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GRIFI, Giampiero. História da educação física e do esporte. Porto Alegre: D.C. Luzzatto,
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