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*Aula Vrinda Bhumi 27/09*

*BG 10.10*

*"Para aqueles que estão constantemente devotados, que me adoram com amor, Eu dou
discriminação pelo qual eles vem até a Mim."*

Comentário

Madhusudana Saraswati reconhece que as palavras satata-yuktanam indica aqueles que sempre estão
devotados a Krsna, e priti-purvakam indica amor abnegado. Situado no verso anterior, ele diz que é tal
que os devotos sentem "Nós temos atingido tudo isso através de devoção eterna. Não há nada mais a
ser alcançado." De toda forma em contradição a isso ele escreve no comentário do presente verso que
Krsna dá o poder de discriminação aos devotos abnegados. Isso implica que bhakti é meramente o meio
para jnana. De acordo com Adwaita Vedanta depois de atingir a salvação a devoção se retira.
Conhecimento e desapego são fatores concomitantes da devoção.

Então no sentido geral, o poder de discriminação que Krishna dá ao seus devotos é o aspecto cognitivo
do bhakti apropriado. Ele dá a eles conhecimento do relacionamento eterno com Ele e cultivando essa
relação, esses devotos vem ate Ele.

Krsnadasa Kaviraj Goswami cita esse verso 3 vezes no CC. Na primeira, ele conecta com o catuh-sloki do
Srimad Bhagavatam, no contexto de explicar a natureza do siksa-guru, que ilumina alguém com
conhecimento transcendental. Em seu comentario na citação de Kaviraj Goswami, Swami Maharaj
Prabhupada descreve: "O Senhor declara que por iluminação do conhecimento teísta ele concede apego
por ele para aqueles quem constantemente engajam em seu serviço amoroso transcendental."

Relativo ao estado emocional de Krsna do qual este verso acontece, há um significado mais profundo a
considerar. Para alguém que está constantemente devotado a Krsna, adorando Ele com amor, qual a
necessidade que tal devoto tem de discriminação? Tais devotos não são praticantes, eles são devotos de
Krsna de Vraja, quem corporificam o amor espontâneo não nascido e natural(ragatmika). Aqui Krsna está
falando das gopis em particular, assim ele flui dentro desse verso desde o verso anterior no oceano de
néctar da palavra ramanti (amor conjugal) e suas implicações. As gopis já tem discriminado entre matéria
e espírito, e exercido poderosa discriminação dentro de assuntos espirituais, escolhendo por exemplo
Krsna sobre Narayana. O que mais ainda elas necessitam discriminar? Ja tendo atingido Krsna, as
palavras yena mam upayanti te (eles vem ate à Mim) nesse verso também aparecem redundantes. Além
do mais o termo buddhi-yoga no segundo capitulo entendido como niskama-karma-yoga, ação
desapegada dentro do contexto de deveres prescritos escrituralmente. Qual necessidade devotos
elevados como gopis tem por praticar ação desapegada ou deveres prescritos?

Se nós tomamos buddhi-yoga significando niskama-karma-yoga, nós deveríamos pensar que Krsna
inspira as gopis em ação abnegada, para que elas atendam a deveres familiares e deveres socio-
religiosos com responsabilidade para que seus familiares não se tornem suspeitos. Elas fazem isso sem
apego a qualquer resultado, a mente delas se absorveram na esperança de encontrar secretamente com
Krsna. Porque elas encontram ele no escuro da noite quando todos os devotos dormem e sonham com
Krsna mas não tem serviço ativo. O serviço das gopis é as vezes referido como 24h "serviço em Krsna
nitya-lila" (satata-yuktanam). Krsna é o senhor das gopis. Elas não podem encontrar com ele
abertamente. Como elas encontram com ele? Krsna dá a elas o poder de discriminação através de seus
olhares de soslaio assim como fazem para fugir a noite e encontrar Ele (mam upayanti) nos bancos do
Yamuna.

*Om Visnu Pada Bhaktivedanta Puri Maharaj*

*Erguendo o Olhar para as Estrelas*

Se queremos entender guru tattva, a verdade a respeito do guru, de uma maneira profunda, então nós
temos que desenvolver uma compreensão de que ‘Gurudeva tem me ajudado a estabelecer o meu
destino, porque meu destino era incerto, estava muito relacionado com o plano objetivo, então foi
Gurudeva que me deu a visão’. “Aquele que me deu a visão vida após vida, esse é o meu senhor”, assim
se diz na canção. Entretanto, se ele me deu a visão, eu tenho que enxergar, não é simplesmente ter a
visão que está tudo resolvido. Por isso, o guru é quem dá o destino, isso é sambandha jñāna, no
momento da iniciação o guru dá o destino, para onde vamos, qual é a meta, o que temos que aspirar.
Nós estamos olhando para baixo agora. Quando caminhamos olhamos para baixo, para o solo, para as
coisas que não têm muito valor, essa é a nossa tendência. Entretanto, quando o guru nos dá a visão,
começamos a olhar para cima, para a lua, para as estrelas.

Depois, o guru nos instrui e nos mostra como alcançar esse refúgio elevado, por isso estamos
endividados com Gurudeva, porque ele nos deu o destino e está nos instruindo também. Essa instrução
se chama śikṣā ou também abhidheya tattva, ou seja, como nós vamos praticar. Temos que ter dīkṣā e
logo em seguida temos que ter śikṣā; claro que o ideal também é ter śikṣā no início, antes da iniciação,
mas se temos śikṣā depois da iniciação, então nosso futuro está garantido. A śikṣā é tão importante
quanto a dīkṣā. Ou se nós analisamos de uma maneira mais aclarada, podemos entender que a śikṣā
pode ser até mais importante, porque a instrução nos move; śikṣā significa literalmente “aquele que está
perto”, ou seja, aquele que está perto pode nos ajudar e não é somente uma questão de espaço físico,
estar perto significa um sentimento que desenvolvemos com Gurudeva.

Isso é guru tattva, entender que o guru é um princípio que se expande. No início deve haver uma
aproximação da nossa parte e Kṛṣṇa explica isso, tad viddhi praṇipātena paripraśnena sevayā (Bg. 4.34),
se aproxime do guru disposto a fazer sacrifício, faça perguntas de maneira submissa, entenda que esse
aspecto é muito elevado e além disso, pratique serviço. Esses aspectos são muito importantes e fazem
parte de guru tattva, porque quando nos aproximamos do guru vamos a algo superior para alcançar a
nossa felicidade, tasmād guruṁ prapadyeta jijñāsuḥ śreya uttamam (SB. 11.3.21) o verso diz, nos
aproximamos de algo tão superior para alcançar a felicidade. Guru tattva é a nossa vida, é a nossa meta,
sem o guru nós não somos nada, por isso nossa fé no guru deve estar sempre vibrante, por que o guru é
Kṛṣṇa em certo sentido e, é a maneira que Kṛṣṇa se manifesta neste mundo, por isso sempre vamos
incrementar a nossa fé no nosso guru e seguir adiante na nossa vida espiritual.

*Madre Teresa de Calcutá*

Nós queremos muito rezar apropriadamente e, então, fracassamos. Desencorajamo-nos e desistimos da


prece. Deus permitiu o fracasso, mas ele nao quis o desencorajamento. Ele quer que sejamos mais
parecidos com as crianças, mais humildes, mais agradecidos quando oramos. Permita que Deus se utilize
de você sem consultá-lo: "Tu, Senhor, só Tu, tudo para Ti, serve-Te de mim. Nao é necessario estar
sempre meditando, nem conscientemente experimentar a sensação de que estamos falando com Deus,
nao importando o quanto isso seja bom. o que importa é estar com Ele, viver Nele, em sua Alma.

*Guru Tattva*

Muitos gurus tomam vantagem de seus discipulos e se aproveitam deles. Eles exploram seus discípulos
por sexo e usam eles para enriquecer. Mas um Guru que pode remover as misérias do seu discipulo é
muito raro. (Purana-vakya)

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