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Modelação e Simulação - Problemas 6 Sistemas distribuídos

Modelação e Simulação
Problemas – 6 Sistemas distribuídos

P1. A equação diferencial hiperbólica

com condição inicial


, com dado
e condição fronteira
, com dado
constitui um modelo simples de campo de coletores solares distribuídos, em que se
desprezam as perdas para o ambiente. Nesta equação é a temperatura do
óleo no ponto de abcissa , no instante , é a velocidade do óleo a
aquecer. é um parâmetro que se supõe constante e é o comprimento do
tubo situado no foco dos colectores.

a) Por substituição na equação diferencial e verificação das condições iniciais e


fronteira, mostre que a solução da equação, para um dado instante inicial é
dada por

Esta solução permite calcular a distribuição de temperaturas ao longo do tubo


(“espaço”) no instante em função da distribuição de temperaturas no instante
modificada convenientemente para ter em conta a condição fronteira.
Escreva esta solução no caso particular em que .
b) Usando aproximações de 1ª ordem da solução exata que obteve na alínea a),
escreva um algoritmo simples que lhe permita relacionar com
, sendo um intervalo de tempo pequeno. Dê uma interpretação física
das operações realizadas pelo algoritmo.
c) Suponha que, no instante a temperatura do tubo é descrita por

e que . Suponha que a velocidade do óleo é constante e dada por


. Usando o algoritmo deduzido em b) represente graficamente

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em que As unidades são as expressas no início do


enunciado.
d) Pretende-se aproximar o modelo distribuído do campo, descrito pela equação
às derivadas parciais, por um modelo de parâmetros concentrados (com um
número finito de variáveis de estado). Tome como variáveis de estado as
temperaturas em pontos equiespaçados de :

e como saída do modelo de estado , a temperatura do óleo à saída do tubo.


Aproxime as derivadas parciais em ordem ao espaço por diferenças finitas de
1ª ordem. Escreva as equações do modelo de estado não linear resultante na
forma

para matrizes convenientes e e em que representa outros termos


eventualmente necessários. Escreva também a equação de saída.do modelo de
estado. Utilize notação matricial sempre que possível.
e) Modifique o modelo dado pela equação às derivadas parciais para a situação
em que há perdas para o ambiente, suposto a uma temperatura constante.

P2. Considere um troço de autoestrada em que se assumem verdadeiras as seguintes


hipóteses:
• Os veículos só podem entrar no início do troço e sair no final do troço.
• Os veículos não podem sair nem entrar ao longo do troço.
• Supõe-se que os veículos são suficientemente numerosos para que a densidade
de tráfego (número de veículos por unidade de comprimento) seja uma
variável contínua.
• No troço, todos os veículos deslocam-se sempre com uma velocidade
constante .
Seja a posição medida em a partir do início do troço e a densidade de
tráfego no ponto de abcissa , no instante . Na prática, o que se mede é o fluxo de
tráfego , dado pelo número de veículos por unidade de tempo que passam no
ponto de abcissa no instante .
a) Sejam dois pontos de abcissas . Mostre que a densidade e o fluxo de
tráfego estão relacionados por

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b) Deduza uma equação às derivadas parciais para .


c) Por substituição na equação e verificação das condições iniciais, mostre que a
solução da equação deduzida em b) é

em que é a densidade inicial de tráfego.

d) Mostre que ao longo das retas definidas no plano por a densidade

de tráfego é constante. Escreva a solução que dá como função de


para estas rectas (denominadas rectas características. A partir daqui demonstre
a solução da equação às derivadas parciais dada na alínea c).
e) Considere um troço de autoestrada com e que a velocidade de
circulação é de . Suponha que a densidade inicial de tráfego é
definida por

Represente graficamente a densidade de tráfego em função do tempo no final


do troço. Suporte o seu resultado num desenho tridimensional no espaço
.

Sugestão: Este problema é idêntico ao do campo de colectores solares, sem perdas e


sem radiação solar.

Referência: A modelação dinâmica do tráfego (por exemplo para projetar sistemas de


controlo) é um assunto que tem vindo a receber uma atenção crescente, o que se
reflete na bibliografia disponível. No âmbito restrito que se considera neste problema
sugere-se A. Jeffrey, Applied Partial Differential Equations, Academic Press, 2003,
13-17.

P3. A secagem é uma operação que ocorre com frequência em diversos tipos
processos industriais (indústria farmacêutica, indústria alimentar no fabrico de massas
alimentícias, carvão, etc.) e que se destina a reduzir o conteúdo de água de um dado
produto, normalmente em pó.

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Fig. P3-1. Linha de secagem.

A figura P3-1 representa uma linha de secagem que consiste num tapete rolante de
transporte formado por uma rede que rola com uma velocidade , sobre a qual é
transportado o material (pó, massa porosa) cujo conteúdo de água se pretende
reduzir.No início do tapete é deitado produto por um alimentador, formando-se assim
uma camada de espessura aproximadamente constante sobre o tapete. Há um conjunto
de ventiladores de ar quente que criam um caudal de ar através do tapete, que se
assume constante ao longo do espaço, e que permitem reduzir a humidade.

Por forma a construir um modelo simples para este processo de secagem, o nível de
humidade ao longo do tapete é descrito por uma variável , em que ponto
é a abcissa de um referencial alinhado com o tapete e com origem no ponto de
alimentação, e é o tempo. Supõe-se que humidade é removida com uma taxa
proporcional ao produto .

a) Mostre que um modelo para o sistema é traduzido pela equação diferencial às


derivadas parciais

em que é uma constante.


b) Aproxime este modelo por um modelo de estado de parâmetros concentrados
em que o estado é dado por valores da humidade em pontos equiespaçados:

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P4. Considere a equação do calor que modela a evolução da temperatura numa barra
unidimensional de comprimento infinito:

com condição inicial dada por uma função gaussiana de média nula e variância
unitária. Determine a solução da equação com esta condição inicial.

Sugestão: A convolução de duas funções gaussianas é uma função gaussiana cuja


média é a soma das médias e cuja variância é a soma das variâncias.

P5. Considere o sistema descrito pela equação diferencial com entrada estocástica

em que é um processo estocástico escalar, e são constantes e é ruído de


banda larga que aproxima ruído branco.

a) Escreva a equação de Fokker-Planck para este caso particular.


b) Considere a situação em que . A equação de Fokker-Planck, que dá a
densidade de probabilidade de em função de reduz-se à chamada equação
de Liouville. Escreva esta equação. Suponha que, para , a função
densidade de probabilidade do estado , , é uma distribuição uniforme
entre dois valores dados. Esboce graficamente a evolução no tempo de ,
c) Suponha agora que e que . Observe que a equação de Fokker-
Planck se reduz a uma outra equação conhecida. Determine a evolução no
tempo de quando a condição inicial é uma gaussiana. Note que a
convolução de duas funções gaussianas é uma função gaussiana cuja média é a
soma das médias e cuja variância é a soma das variâncias.

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