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INTRODUÇÃO

Talvez você possa estar se perguntando: “Por


que falar de indicação de medicamentos,
quando podemos prescrever?”. Essa é, sim,
uma pergunta pertinente. Há 10 anos nós,
farmacêuticos, ganhamos o direito de
prescrever medicamentos, através da RDC
586/2013. Porém, quando se fala em prescrição
farmacêutica, ainda há determinados entraves
para alguns colegas, diante da realidade em
que se encontram:

Para a prescrição, é necessário ter antes


uma consulta farmacêutica. Nem todos os
farmacêuticos têm essa possibilidade. Há
farmácias sem ambiente adequado; há
outras em que os proprietários entendem a
consulta como uma perda de tempo,
infelizmente.
Em linhas gerais, a prescrição permitida é
de medicamentos isentos de prescrição
médica, os MIPs, e por isso alguns
farmacêuticos entendem que não vale a
pena a prescrição, já que são medicamentos
que as pessoas podem comprar por conta
própria.
Deixo aqui a ressalva de que podem ser
prescritos fitoterápicos, homeopáticos e
florais, desde que o farmacêutico
preencha determinados requisitos

Trataremos então aqui, da velha e boa


indicação. Até porque, a maioria dos que
atuam no balcão, indica não só os MIPs, mas
também vários medicamentos tarjados que,
teoricamente, necessitam de prescrição
médica.

Deixo claro aqui que, particularmente, sou


super a favor da prescrição farmacêutica.

Acredito ser uma ferramenta que transmite


autoridade profissional, cuidado ao paciente,
atenção e profissionalismo, ainda que seja
uma prescrição de MIP. Então, se você atua
no balcão, mesmo que você não tenha uma
sala adequada para atendimento e precise
fazer isso no balcão, sugiro que você faça a
prescrição farmacêutica. Tenha seu
bloquinho personalizado, prescreva
medicamentos, orientações… faça o melhor
que pode com as ferramentas que tem!
O PRIMEIRO PASSO
Você não precisa conhecer todas as
doenças. Até porque, aprender
profundamente sobre as doenças é tarefa
dos médicos, a quem cabe fazer o
diagnóstico. Nós, farmacêuticos, que
atuamos no balcão, devemos lidar com as
doenças que são autolimitadas, chamadas
de problemas autolimitados.

Os problemas de saúde autolimitados,


também conhecidos por transtornos
menores, são enfermidades agudas, de
baixa gravidade e de breve período de
tempo. Podem ser tratados de forma
eficaz e segura com medicamentos e
outros produtos com finalidade
terapêutica, cuja dispensação não exija
prescrição médica.
Com o tempo e a experiência, obviamente,
você se sentirá capacitado a ir muito além
disso. Porém, o que é sua “obrigação” é
conhecer, saber identificar e tratar
problemas autolimitados. Com isso, você
conseguirá ajudar a muitos pacientes e saberá
exatamente qual é o seu limite e a hora certa
de encaminhar o paciente ao médico.

Sendo Farmacêutico, você pode e deve


resolver problemas de saúde através de seu
atendimento na farmácia. Você está
habilitado para atender bebês, crianças,
adultos, idosos, mulheres grávidas,
pacientes com doenças crônicas. Tudo isso
sem medo. Muitos farmacêuticos, por medo,
preferem mandar para o médico. Eu não
quero que esse seja o seu caso. Quero que se
sinta capaz e confiante e que tenha
discernimento para encaminhar para
atendimento médico ou mesmo para a
emergência os pacientes que precisam, que
você realmente não puder ajudar, por não se
tratar de problema autolimitado.
O primeiro passo é você elaborar uma
lista de sintomas comuns a problemas
autolimitados. Por exemplo:

dor (dor de cabeça, dor no corpo, dor


muscular, cólica etc)
febre
tosse
cansaço
diarreia
vômito
fraqueza
olhos vermelhos
memória ruim
coceira
Monte uma tabela e detalhe ao
máximo esses sintomas, com todas as
possibilidades. Por exemplo: diarreia

A diarreia aguda é aquela que esteja com


duração de menos de 4 semanas. Ela pode
ser infecciosa, quando causada por vírus,
bactérias ou parasitas, e pode ser por
intoxicação (alimentar, medicamentos). Ela
pode ser, ainda, decorrente de intolerância
alimentar. Um dos principais perigos da
diarreia é levar o paciente à desidratação.
Quadros mais intensos, de origem
bacteriana, podem até levar o paciente a um
quadro de sepse, já que faz parte do quadro
de gastroenterite.

DIARREIA
Há quadros de diarreia viral ou bacteriana
que vêm acompanhados de febre e/ou
vômito.

Quando mandar para o médico: casos de


diarreia com sangue, incapacidade de
ingerir líquidos, fraqueza e vômitos
persistentes. E também casos de
desidratação (pessoa faz pouco xixi ou para
de fazer xixi, as mucosas ficam ressecadas,
o pulso fica rápido demais ou ausente, os
olhos ficam ressecados e fundos).
ANOTAÇÕES
O SEGUNDO PASSO
Depois que você fizer o quadro com os
sintomas, aí você vai pesquisar as
possibilidades de medicamentos para
cada um deles. Se você já estiver
trabalhando, sugiro que você pesquise
os medicamentos de acordo com o que
tem na farmácia. Caso você não esteja
trabalhando ainda, pesquise na
internet.

Coloque duas ou três opções de


medicamento para cada sintoma, a
dose para adulto, a dose para criança,
coloque quando não indicar esse
medicamento e as observações que
você julgar importantes. Seguindo
nosso exemplo:

VEJA O EXEMPLO NA
PRÓXIMA PÁGINA
QUANDO NÃO
SINTOMA MEDICAMENTO DOSE ADULTO DOSE CRIANÇA OBSERVAÇÃO
INDICAR

reduz a cólica
e ajuda a
reduzir a
motilidade
alergia à
1 gota por Kg, intestinal.
Buscopam dipirona,
1 cp de 6/6h a partir de 6 tomar por no
composto crianças abaixo
meses máximo 3 dias
de 6 meses
seguidos.
Suspender se
não houver
melhora.

em caso de
suspeita de
diarréia
bacteriana,
preferir
probióticos à
base de
1 sachê adulto 1 sachê infantil
Probióticos - bactérias (ex
8/8h 8/8h
enterogermina)
. Probióticos à
DIARREIA
base de fungos
(floratil, florax)
são ótimos em
qualquer
diarreia aguda.

pacientes
diabéticos
podem usar
esses sais,
mesmo
contendo
glicose. A
1 gole após 1 gole após
Sais de desidratação
cada cada
reidratação para esses
evacuação evacuação
pacientes é
mais perigosa
do que a
quantidade de
glicose contida
no sal de
reidratação.
ANOTAÇÕES
O TERCEIRO PASSO
O terceiro passo é uma anamnese bem feita.
Fazer anamnese é fazer perguntas ao
paciente que te levem a uma conclusão
sobre os sintomas e assim possa fazer uma
indicação correta. Isso pode ser feito de uma
forma natural, conversando com o paciente.
Não precisa de ser algo metódico e
massante, com formulários e inúmeras
perguntas. É importante que sejam feitas as
perguntas pontuais, para nortear sua
indicação.

Alguns exemplos de perguntas importantes


são:
1. Como esse problema começou?
Escute o relato do paciente de quando ele
percebeu que o problema começou e aproveite
para perguntar sobre o histórico familiar para
tal doença, se seus pais ou avós tiveram.
Pergunte também se ele já ficou internado e
como essa doença afeta a vida dele.

2. O que você sente?


Colha todos os sintomas do paciente. Anote
tudo.
3. Quais medicamentos você toma?
Anote:
Data em que iniciou a utilização de cada
medicamento
Para medicamentos, recomenda-se
documentar por princípios ativos, em vez
de especialidades farmacêuticas.
Em sessões clínicas, podem-se utilizar as
especialidades dentro da documentação
interna.
Posologia (por ex. se o paciente toma um
comprimido pela manhã e um a noite,
deve-se registrar da seguinte forma 1-0-1).

4. Quais são seus hábitos de vida?


Pergunte sobre alimentação, sono, se pratica
atividades físicas, como é o trabalho dele (pra
saber se é um fator importante pelo estresse,
depressão ou outro).
Pergunte sobre o que gosta de fazer nas horas
vagas.
Pergunte como é a relação dele com a doença e
como se comporta em relação aos
medicamentos (se costuma esquecer, se toma
certinho, o que faz quando esquece etc).
5. Para um problema agudo, como nosso
exemplo da diarreia, pergunte se comeu
algo diferente, se foi a algum lugar
diferente ou se tem alguma ideia da
causa?
Para problemas autolimitados, devemos nos
concentrar nos sintomas que o paciente está
apresentando e indicar os medicamentos de
acordo com cada sintoma. Por isso, ter uma
tabela ou uma listinha de indicações de acordo
com os sintomas é muito importante!
ANOTAÇÕES
O QUE TODO FARMACÊUTICO
PRECISA SABER PARA COMEÇAR
A ATUAR EM FARMÁCIA?

1) Principais Legislações
Existem legislações que são indispensáveis
para o Farmacêutico que vai atuar em
Drogaria. Isso não significa que você vai
precisar decorar todas elas. Porém, sugiro
que você as tenha em local de fácil consulta.
Abaixo listamos as mais importantes:

Resolução 711/2021: Código de ética da


profissão farmacêutica
Resolução 585/2013: Sobre as
atribuições do Farmacêutico Clínico
Resolução 585/2013: Sobre prescrição
Farmacêutica
Portaria 344/98: Sobre o controle de
medicamentos sujeitos a controle
especial (psicotrópicos, entorpecentes…)
Lei 13.021/2014: Lei de extrema
importância conhecer. Transforma as
farmácias e drogarias em unidades de
prestação de assistência farmacêutica,
assistência à saúde e orientação
sanitária individual e coletiva. Exige a
obrigatoriedade de um farmacêutico
em todo tempo de funcionamento da
farmácia, sendo dele a
responsabilidade e a assistência
técnica.Fala sobre o proprietário da
farmácia, que não tem autonomia para
desautorizar ou desconsiderar as
orientações emitidas pelo
farmacêutico.
RDC 44/2009: Boas práticas
farmacêuticas. Aqui fala de aplicação
de injetáveis também.
Lei 9787/99: Lei dos genéricos.
Instrução Normativa 86/2021: Lista
dos medicamentos isentos de
prescrição.
2) Aplicativos e sites para consultas
Hoje em dia todas as profissões podem
contar com a tecnologia. Na área da saúde
e medicamentos, temos diversos
aplicativos e sites para consultas de
confiança disponíveis.

Aplicativo Prodoctor Medicamentos:


aplicativo para celular gratuito, que
traz a bula dos medicamentos. Além
dos itens da bula, é possível consultar
de forma rápida o tipo de prescrição
exigida, se é referência, genérico ou
similar e a classificação de risco na
gravidez.

Aplicativo Equivalentes: aplicativo


para celular gratuito, que permite
consultar medicamentos com objetivo
de fazer intercambialidade. O app
mostra qual é a referência e seus
respectivos genéricos e similares.
Aplicativo UpToDate: é um aplicativo
que ajuda na tomada de decisões
médicas, com critérios da medicina
baseada em evidências.

Site da ANVISA anvisa.org.br: para


consultar legislações, bulário oficial
dos medicamentos e lista de
intercambiáveis.
3) Medicamento de Referência,
Genérico, Similar e
intercambialidade
É importante que todo farmacêutico conheça
medicamentos de referência, genéricos e
similares, tanto em termos legais, quanto em
termos comerciais. E, claro, para saber fazer a
intercambialidade de maneira correta.

Olha só:
Medicamento de Referência -
produto inovador registrado no órgão
federal responsável pela vigilância
sanitária e comercializado no País, cuja
eficácia, segurança e qualidade foram
comprovadas cientificamente junto ao
órgão federal competente, por ocasião
do registro.
Medicamento Genérico - medicamento
similar a um produto de referência ou
inovador, que se pretende ser com este
intercambiável, geralmente produzido
após a expiração ou renúncia da proteção
patentária ou de outros direitos de
exclusividade, comprovada a sua eficácia,
segurança e qualidade, e designado pela
DCB ou, na sua ausência, pela DCI.

Medicamento Similar - aquele que


contém o mesmo ou os mesmos
princípios ativos, apresenta a mesma
concentração, forma farmacêutica, via de
administração, posologia e indicação
terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do
medicamento de referência registrado no
órgão federal responsável pela vigilância
sanitária, podendo diferir somente em
características relativas ao tamanho e
forma do produto, prazo de validade,
embalagem, rotulagem, excipientes e
veículos, devendo sempre ser identificado
por nome comercial ou marca.
Produto Farmacêutico
Intercambiável - equivalente
terapêutico de um medicamento
de referência, comprovados,
essencialmente, os mesmos
efeitos de eficácia e segurança.
ANOTAÇÕES
4- Siglas de medicamentos
Muitos medicamentos têm em seus nomes
uma sigla e ela não está ali por um acaso ou
para enfeitar! Não é uma obrigação como
farmacêutico conhecê-las, mas acaba sendo
um diferencial. Sem contar que quando você
sabe o porquê das coisas tudo ganha um
novo sentido. Esse é um dos fatores que
fazem você se sentir mais seguro.


AP (Ação Prolongada) Exemplo:
Tylenol AP®

AMLO (Amlodipino) a presença do
princípio ativo amlodipino na composição
do medicamento. Exemplo: Diovan
Amlo®Fix
BAK → sigla bak está presente no
TRAVATAN BAK Free, que é a primeira e
única prostaglandina livre de cloreto de
benzalcônio (BAK)
BD (Bis in Die)→ É uma abreviação de
“bis in die”, que em latim significa duas
vezes por dia. Esta sigla também é
encontrada em prescrições médicas
escrita como “bid” ou “BID” ou “B.I.D.”.
Exemplo: Clavulin BD®
CAF (Cafeina) → Exemplos: Sonridor
Caf®, Miosan Caf®

CD (Controlled Diffusion) controle da
liberação do princípio ativo. Exemplo:
Angipress CD®
CLR (Crono-Liberação Regulada) →
Exemplo: Biofenac CLR®

CR (Controlled Release) Liberação
Controlada : Exemplos: Tegretol CR®,
Adalat CR®
CRT (Controlled Release Tablet) →
Comprimido de Liberação Controlada
DC (Dor de Cabeça): Tylenol DC®

DEPOT Ação Prolongada → uma área
do corpo , em que uma substância , por
exemplo , uma droga , pode ser
acumulado, depositado , ou armazenados
e a partir da qual ele pode ser distribuído.
Exemplo: Clopixol Depot®
DI (Desintegração Instantânea) →
Exemplo: Biofenac DI®
DL (Desagregação Lenta)

DURILES Desintegração Equilibrada

HFA o sistema de aerossol ou spray
(bombinha) que utiliza hidrofluoroalcano
como gás propelente. Usado em
substituição ao CFC. Exemplo: Clenil® HFA

LA (Long Acting) Ação Longa –
Exemplo: Rebaten LA®

LP (Liberação Prolongada) Exemplo:
Biofenac LP®
MD (Maintenance Dose ou Maximum
Dose)→ Dose de Manutenção ou Dose
Máxima respectivamente
MR (Modified Release)→ Liberação
Modificada- Exemplo: Diamicron MR®
ODT (Orally Disintegrating Tablet ou

Orally Dissolving Tablet) Comprimido
de Desintegração Oral
OROS (Osmotic [Controlled] Release

Oral [Delivery] System) Sistema Oral
de Liberação Osmótica

PLUS Algo a Mais ou Dosagem Mais
Forte

REPETABS Tablete Duplo de Repetição

RETARD Ação Retardada

SA (Sustained Action) Ação Mantida

SL (Sub-Lingual) Exemplo: Feldene SL®

SPANDETS Comprimido Especial de
Liberação Controlada
SR (Sustained Release – Liberação

Sustentada/Prolongada) É um tipo de
liberação estendida que permite uma
rápida liberação de uma dose ou fração do
princípio ativo, seguida de uma liberação
gradual da dose restante, por um período
de tempo prolongado. Ou seja, ação rápida
e duradoura. Exemplos: Voltaren SR®,
Indapen SR®.
SRO (Sustained Release Oral) →
Exemplos: Hydergine SRO®, Parlodel
SRO®
TTS (Transdermal Therapeutic

System) Sistema Terapêutico
Transdérmico

UD (Única Dose) Exemplo: Klaricid®UD
(Informação Confirmada pelo Fabricante)
XR (eXtended Release- Liberação

Estendida) ou XL A liberação estendida
tem como objetivo manter a liberação do
fármaco por um período maior de tempo.
Neste tipo, a liberação é suficientemente
lenta para que seja possível estender o
intervalo entre as doses por duas vezes ou
mais. Exemplos: Efexor XR®, Cipro XR®,
Glifage XR®, Alenthus XR®, Frontal XR®.

Fonte: Farmacêutico Digital


(farmaceuticodigital.com)
5- Formas farmacêuticas
As formas farmacêuticas são as formas
físicas de apresentação do medicamento,
e elas podem ser classificadas em sólidas,
líquidas, semi-sólidas e gasosas.

As formas sólidas podem ser pós,


granulados, comprimidos, drágeas, cápsulas,
supositórios e óvulos.

As formas líquidas são as soluções, xaropes,


elixires, suspensões, emulsões, injetáveis,
tinturas e extratos. As formas gasosas são os
aerossóis (sprays).

Já as formas semi-sólidas são os géis, loções,


ungüentos, linimentos, ceratos, pastas,
cremes e pomadas.

Sendo assim, o Farmacêutico precisa ajustar


seu vocabulário, com objetivo de transmitir
mais profissionalismo ao cliente/paciente.
Um xarope, então, não se refere
necessariamente a um medicamento
indicado para tosse.
Além disso, é importante que o
farmacêutico tenha pelo menos uma noção
da farmacocinética relacionada a cada
forma farmacêutica, a fim de saber qual
absorve mais rápido, qual pode sofrer
interferência dos alimentos… entre um gel,
um creme dermatológico e uma pomada,
qual preferir de acordo com a indicação.

6- Cálculo
O cálculo de dosagem de medicamentos
faz parte da rotina do Farmacêutico.
É comum que o paciente tenha uma
prescrição em comprimidos e só tenha
disponível na farmácia em líquido, ou o
contrário. Também acontecem situações
onde o paciente precisa que o
Farmacêutico indique ou prescreva
medicamentos e aí é imprescindível
mesmo saber a dosagem correta.
Muitos Farmacêuticos se sentem
inseguros de fazer indicações exatamente
porque não têm certeza da dose
adequada, especialmente se o paciente
for criança. A faculdade dá uma base
teórica, mas quando vamos para a
prática, muitos de nós nos sentimos
perdidos, inseguros, com medo de errar e
prejudicar uma pessoa com uma
indicação incorreta.

Um passo importante para vencer o


medo de indicar é exatamente
aprender a calcular a dose dos
medicamentos. E é isso que vamos fazer
aqui: aprender a calcular a dosagem
correta de medicamentos
Relembrando unidades de medida de
peso e volume de medicamentos:

A primeira coisa que precisamos


compreender são as unidades de medidas
de peso e volume para medicamentos. São
essas unidades que nos darão a primeira
noção de dosagem de medicamentos.

Via de regra, os medicamentos podem ter


suas dosagens de peso em:
microgramas: µcg
Miligramas: mg
Gramas: g

E as dosagens em relação ao volume,


normalmente são em:
mililitros (mL)
gotas
microgotas
unidades internacionais (UI)

Para a conversão de doses, é muito


importante saber como essas unidades de
medida se relacionam entre si.
Um medicamento em líquido sempre vai ter sua
dosagem descrita em peso em relação ao volume.

Por exemplo:
Dipirona 500mg/mL è significa que em cada
mL tem 500mg. Ou, ainda, em cada 20gotas,
tem 500mg. Logo, se a pessoa tomar 40 gotas,
estará ingerindo 1000mg ou 1g.

Amoxicilina 250mg/5mL è significa que em


cada 5mL tem 250mg de amoxicilina. Se a
pessoa tomar 10mL, estará ingerindo 500mg,
que é equivalente a 1 comprimido.
Para calcular a dosagem dos medicamentos,
é imprescindível levar em conta 4 fatores
importantes:

1- Peso: O peso do paciente é muito


importante de você saber, principalmente se
for uma criança. Muitos farmacêuticos
confundem na hora de calcular a dose de
medicamentos para crianças porque acreditam
que deve ser levado em conta apenas a idade.
Na verdade, o peso corporal é o fator mais
importante para calcular a dose de criança.


2- Idade: O 4 fator importante é a idade. Na
regra geral, é considerado adulto para tomar
medicamento a pessoa que tem acima de
40kg. Isso vai ser uma pessoa de 12 anos, mais
ou menos. Porém, há casos de crianças de 8
anos com mais de 40kg. E nesse caso não
poderá ser considerada a dosagem de adulto.
A capacidade do organismo de assimilar uma
dose de adulto exige uma certa “maturidade
orgânica”. Por isso que a idade é importante.
Vai acontecer casos de medicamentos que não
devem ser administrados em pessoas com
menos de 18 anos, por falta de estudos.
Assim, é sempre importante saber a idade e
o peso do paciente, para que o cálculo da
dosagem seja feito de forma adequada.

3- Apresentação do medicamento: A
apresentação do medicamento está
relacionada à forma farmacêutica e à dosagem
que ele vai se apresentar. Ex: Solução oral em
gotas 200mg/mL

4- Dose diária recomendada pela bula:


consulte sempre a bula oficial do
medicamento, destinada aos profissionais de
saúde. Você encontra facilmente todas as bulas
no Bulário da Anvisa. Tem aplicativos de celular
que mostram a dose diária também. Essa dose
pode estar escrita de formas diferentes, que
você deverá saber interpretar. Exemplos:

a) 2mg/Kg/dia, 3x ao dia: aqui você vai calcular


a dose total do dia e no final vai dividir por 3
doses, pois o paciente vai tomar 3x ao dia.
b) 2mg/Kg/3x ao dia: nesse caso o cálculo é
para cada dose.
O cálculo de dosagem, na prática
Todos os cálculos podem ser realizados
por regra de 3. É fácil, simples e não
precisa ficar decorando nada. É
interpretar os dados da bula e pronto.

Porém, há uma fórmula que facilita


ainda mais o cálculo:

Dose: dose recomendada pela bula


Peso: peso do paciente
mL e mg: é a apresentação
Exemplo: Uma criança de 15kg
apresentando quadro de alergia de pele
(vermelhidão, coceira). Qual dosagem
de hidroxizina você recomendaria?

Resposta:
A dose recomendada na bula do
hidroxizine em solução oral é 0,7mg por
kg, 3x ao dia.
A apresentação da hidroxizine é
2mg/mL

D x Px mL
________
mg

0,7 x 15 x 1
_________
2

A dose será 5,25mL, 3x ao dia


ANOTAÇÕES
7- Lidando com reações adversas
e outras intercorrências

O que fazer quando a pessoa


vomita após tomar medicamento?

1- Medicamentos líquidos, com


exceção de antibióticos:
Como os medicamentos líquidos têm
uma absorção mais rápida, pois não
precisam ser dissolvidos antes da
absorção, a orientação deve ser:

Vomitou até 15 minutos após


tomar o medicamento: repetir a
dose integral.
Vomitou de 16 a 30 minutos após
tomar o medicamento: repetir a
metade da dose.
Vomitou após 30 minutos: não
precisa repetir.
2- Antibióticos líquidos:
Vomitou até 15 minutos: repetir a
dose integral.
Vomitou a partir de 16 minutos:
antecipar a próxima dose em duas
horas. Por exemplo:
Amoxicilina: tomar 5mL de 8/8
horas → 7h, 15h, 23h
Imagine que pessoa tomou 7h e vomitou às 7:20.
Dessa forma, ao invés de tomar a próxima dose
às 15h, ela vai tomar às 13h. E a dose seguinte,
oito horas depois, ou seja, 21h.
3- Medicamentos sólidos, inclusive
antibióticos:

Vomitou até 20 minutos após


tomar o medicamento: repetir a
dose integral.
Vomitou após 20 minutos de ter
tomado o medicamento: antecipa
a próxima dose me 2 horas e segue
o fluxo.

4- Anticoncepcionais orais, inclusive


pílula do dia seguinte: se a mulher
vomitar até 2 horas após tomar o
medicamento, deve repetir a dose.
O que fazer quando a mulher
esquece de tomar anticoncepcional?

Se ela tomar a pílula combinada (com 2


hormônios), pode atrasar até 12 horas sem
que haja comprometimento do tratamento.
Se ultrapassar 12 horas, ela deve ingerir 2
comprimidos de uma vez, assim que lembrar
e utilizar método de barreira durante 7 dias.

Se ela tomar minipílula, a eficácia fica


reduzida já na primeira hora de atraso. Ela
deve tomar assim que lembrar e utilizar
método de barreira por 7 dias.

Se ela tomar injetável e passar da data de


tomar, ela tem duas opções.
1- Espera a menstruação descer e recomeça
os ciclos de aplicações.
2- Faz um teste de gravidez para descartar a
possibilidade antes de tomar a injeção. Nesse
caso, ela deverá utilizar método de barreira
por 7 dias.
Pode beber (bebida alcoólica)
quando se está em tratamento?

Esse é um questionamento frequente de


muitos pacientes. Nós, enquanto profissionais
de saúde, jamais iremos estimular que o
paciente beba bebida alcoólica e tome
medicamento. Isso não combina com saúde.

Porém, precisamos saber que o álcool não


corta efeito de medicamentos, nem de
antibióticos, nem anti-inflamatórios. O que
o álcool pode fazer é:

potencializar o efeito de alguns


medicamentos, especialmente dos que
atuam como depressores do sistema
nervoso. Essa interação pode ser bastante
perigosa.
provocar um efeito chamado antabuse.
Isso ocorre com álcool + metronidazol e
diversos outros antifúngicos orais. Nessa
interação, o paciente vomita, fica
vermelho, tem rubor, taquicardia..
estimular a diurese, dependendo da
bebida. Quanto mais intensa for a diurese,
mais rápida será a eliminação do fármaco.
Na hora de orientar, use o bom senso.
Se o paciente deixar entender que vai
deixar de fazer um tratamento para
poder beber ou que vai adiar o início do
antibiótico na sexta-feira para beber no
final de semana, diga a ele que é melhor
tomar o medicamento, mesmo que ele
vá beber (se não for dos que causam
efeito antabuse).
ANOTAÇÕES
O que são interações
medicamentosas?
Interação medicamentosa é evento clínico em
que os efeitos de um fármaco são alterados
pela presença de outro fármaco, alimento,
bebida ou algum agente químico ambiental.
Constitui causa comum de efeitos adversos.
Quando dois (ou mais) medicamentos são
administrados, concomitantemente a um paciente,
eles podem agir de forma independente ou
interagirem entre si, com aumento ou diminuição
de efeito terapêutico ou tóxico de um ou de outro.

O desfecho de uma interação medicamentosa


pode ser perigoso quando promove aumento
da toxicidade de um fármaco. Por exemplo,
pacientes que fazem uso de varfarina podem ter
sangramentos se passarem a usar um
antiinflamatório não-esteróide (AINE) sem reduzir
a dose do anticoagulante. Algumas vezes, a
interação medicamentosa reduz a eficácia de um
fármaco, podendo ser tão nociva quanto o
aumento. Por exemplo, tetraciclina sofre quelação
por antiácidos e alimentos lácteos, sendo
excretada nas fezes, sem produzir o efeito
antimicrobiano desejado.
Há interações que podem ser benéficas e
muito úteis, como na co-prescrição deliberada
de anti-hipertensivos e diuréticos, em que
esses aumentam o efeito dos primeiros por
diminuírem a pseudotolerância dos primeiros.
Supostamente, a incidência de problemas é
mais alta nos idosos porque a idade afeta o
funcionamento de rins e fígado, de modo que
muitos fármacos são eliminados muito mais
lentamente do organismo.

Classificação das interações


medicamentosas

Interações farmacocinéticas: são aquelas


em que um fármaco altera a velocidade
ou a extensão de absorção, distribuição,
biotransformação ou excreção de outro
fármaco. Como diferentes representantes
de mesmo grupo farmacológico possuem
perfil farmacocinético diferente, as
interações podem ocorrer com um
fármaco e não obrigatoriamente com
outro congênere. As interações
farmacocinéticas podem ocorrer pelos
mecanismos:
Na absorção: Alteração no pH gastrintestinal;
Adsorção, quelação e outros mecanismos de
complexação; Alteração na motilidade
gastrintestinal; Má absorção causada por
fármacos.

Na distribuição: Competição na ligação a


proteínas plasmáticas; Hemodiluição com
diminuição de proteínas plasmáticas.

Na biotransformação: Indução enzimática


(por barbituratos, carbamazepina, glutetimida,
fenitoína, primidona, rifampicina e tabaco);
Inibição enzimática (alopurinol, cloranfenicol,
cimetidina, ciprofloxacino, dextropropoxifeno,
dissulfiram, eritromicina, fluconazol,
fluoxetina, idrocilamida, isoniazida,
cetoconazol, metronidazol, fenilbutazona e
verapamil).

Na excreção: Alteração no pH urinário;


Alteração na excreção ativa tubular renal;
Alteração no fluxo sanguíneo renal; Alteração
na excreção biliar e ciclo êntero-hepático.
Interações farmacodinâmicas: correm nos
sítios de ação dos fármacos, envolvendo os
mecanismos pelos quais os efeitos desejados
se processam. O efeito resulta da ação dos
fármacos envolvidos no mesmo receptor ou
enzima.

Um fármaco pode aumentar o efeito do


agonista por estimular a receptividade de seu
receptor celular ou inibir enzimas que o
inativam no local de ação. A diminuição de
efeito pode dever-se à competição pelo
mesmo receptor, tendo o antagonista puro
maior afinidade e nenhuma atividade
intrínseca. Um exemplo de interação sinérgica
no mecanismo de ação é o aumento do
espectro bacteriano de trimetoprima e
sulfametoxazol que atuam em etapas
diferentes de mesma rota metabólica.

Interações de efeito: ocorrem quando dois


ou mais fármacos em uso concomitante têm
ações farmacológicas similares ou opostas.
Podem produzir sinergias ou antagonismos
sem modificar farmacocinética ou mecanismo
de ação dos fármacos envolvidos. Por
exemplo, álcool reforça o efeito sedativo de
hipnóticos e anti-histamínicos.
Interações farmacêuticas: também chamadas
de incompatibilidade medicamentosa,
ocorrem in vitro, isto é, antes da
administração dos fármacos no organismo,
quando se misturam dois ou mais deles numa
mesma seringa, equipo de soro ou outro
recipiente. Devem-se a reações físico-químicas
que resultam em:

• Alterações organolépticas – evidenciadas


como mudanças de cor, consistência (sólidos),
opalescência, turvação, formação de cristais,
floculação, precipitação, associadas ou não a
mudança de atividade farmacológica.
• Diminuição da atividade de um ou mais
dos fármacos originais.
• Inativação de um ou mais fármacos
originais.
• Formação de novo composto (ativo, inócuo,
tóxico).
• Aumento da toxicidade de um ou mais dos
fármacos originais.

A ausência de alterações macroscópicas não


garante a inexistência de interação
medicamentosa.
ANOTAÇÕES
As interações medicamentosas podem
ser consideradas erros evitáveis?

Sim e não! Sim, porque o farmacêutico (e o


médico) deveriam ter conhecimento das reações
causadas pela combinação de medicamentos,
alimentos, fitoterápicos etc. Não, porque na era
da polifarmácia é comum que pacientes com
doenças crônicas e que estejam usando até uma
dezena de medicamentos diferentes não relatem
o fato ao profissional de saúde, já que recebem
receitas de prescritores de diferentes
especialidades.

Vale lembrar que esse problema pode ser


causado por alterações nos efeitos de um
medicamento por conta do consumo
concomitante de outro medicamento ou sua
utilização juntamente com determinado alimento
ou bebida. Embora em alguns casos os efeitos de
medicamentos combinados sejam benéficos, é
comum que as interações medicamentosas
tendam a ser prejudiciais.
Quase todas as interações do tipo medicamento-
medicamento envolvem itens de prescrição
obrigatória, mas algumas incluem medicamentos
isentos de prescrição (MIPs), como o ácido
acetilsalicílico, antiácidos e descongestionantes.
Reações secundárias
A atuação de um fármaco pode ocorrer em
diferentes tecidos, visto que esses ativos
podem atingir diversos alvos moleculares.
Por esse motivo, há reações secundárias ao
efeito principal de interesse no tratamento
com um princípio ativo.

Desafios dos farmacêuticos


Há desafios que devem ser encarados pelos
farmacêuticos para minimizar os problemas
com medicamentos.

1 – Dedicação na pesquisa: Há a
necessidade de o farmacêutico se dedicar
durante o atendimento para a avaliação da
interação. Há softwares e aplicativos para
aparelho celular que realizam isso de forma
a otimizar o trabalho. A atualização desses
recursos deve ocorrer com frequência, pois
se trata de um banco de dados que é
enriquecido conforme as reações são
registradas e documentadas.
2 – Interpretação cuidadosa: Nem todas
as interações estão documentadas e são
conhecidas. Isso quer dizer que há a
possibilidade de ocorrer uma interação e
ela ser interpretada erroneamente, como
se fosse uma reação adversa dos fármacos
envolvidos, e na realidade o que ocorreu foi
uma manifestação da interação
medicamentosa.

3 – Orientação assertiva: Além de verificar


as possíveis interações, deve-se afastar as
administrações de diferentes fármacos
durante do dia. Orientar o paciente que ele
deve utilizar os medicamentos com certo
intervalo de tempo, a fim de evitar
possíveis interações desconhecidas,
lembrando que muitos pacientes,
principalmente idosos, utilizam vários
medicamentos ao mesmo tempo, o que
ocasiona grandes chances de interações.
Exemplos de 20 interações
medicamentosas
1. Ácido acetilsalicílico (AAS) e captopril:
O ácido acetilsalicílico pode diminuir a ação
anti-hipertensiva do captopril.

2. Omeprazol, varfarina e clopidogrel:


O omeprazol (inibidor da bomba de prótons)
pode aumentar a ação da varfarina e diminuir
a ação do clopidogrel (antitrombóticos).

3. Ácido acetilsalicílico e insulina:


O AAS pode aumentar a ação hipoglicemiante
da insulina.

4. Amoxicilina e ácido clavulânico:


A amoxicilina associada ao ácido clavulânico
aumenta o tempo de sangramento e de
protrombina (elemento proteico da
coagulação sanguínea) quando usada com
AAS.
5. Inibidores da monoamina oxidase
(MAO) e tiramina (monoamina derivada
da tirosina): Os inibidores da monoamina
oxidase (tratamento da depressão)
associada à tiramina pode promover crises
hipertensivas e hemorragia intracraniana.

6. Omeprazol e fenobarbital: O omeprazol


usado com fenobarbital (anticonvulsivante)
pode potencializar a ação do barbitúrico.

7. Levodopa e dieta proteica: Levodopa (L-


dopa) - usada no tratamento da doença de
Parkinson - tem ação terapêutica inibida por
dieta hiperproteica.

8. Leite e tetraciclina - Os íons divalentes


e trivalentes (Ca2+, Mg2+, Fe2+ e Fe3+):
presentes no leite e em outros alimentos -
são capazes de formar quelatos não
absorvíveis com as tetraciclinas,
ocasionando a excreção fecal dos minerais,
bem como a do fármaco.
9. Óleo mineral e vitaminas: Grandes
doses de óleo mineral interferem na
absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E,
K), β-caroteno, cálcio e fosfatos, devido à
barreira física e à diminuição do tempo de
trânsito intestinal.

10. Diurético e minerais: Altas doses de


diuréticos (ou seu uso prolongado) promove
aumento na excreção de minerais. Exemplo:
furosemida, diurético de alça, acarreta perda
de potássio, magnésio, zinco e cálcio.

11. Alimentos e penicilina e eritromicina:


Após a ingestão de alimentos ou líquidos, o
pH do estômago dobra. Essa modificação
pode afetar a desintegração das cápsulas,
drágeas ou comprimidos e,
consequentemente, a absorção do princípio
ativo. O aumento do pH gástrico em função
dos alimentos ou líquidos pode reduzir a
dissolução de comprimidos de eritromicina
ou de tetraciclina.
12. Alimentos e fenitoína ou dicumarol:
Medicamentos como a fenitoína ou o dicumarol
desintegram-se mais facilmente com a
alcalinização do pH gástrico. O pH também
interfere na estabilidade, assim como na
ionização dos fármacos, promovendo uma
alteração na velocidade e extensão de absorção.

13. Antibióticos e vitamina C: Os antibióticos


não devem ser misturados com vitamina C ou
qualquer substância que a contenha (sucos
cítricos), pois ela inibe a ação dos antibióticos.

14. Anticoncepcionais orais e anti-


hipertensivos: Os anticoncepcionais (em geral)
podem elevar a pressão arterial, anulando a
ação dos hipotensores.

15. Benzodiazepínicos (em geral) e cimetidina:


A administração de cimetidina e alguns
benzodiazepínicos (alprazolam, clordiazepóxido,
clorazepato, diazepam e triazolam) resulta em
diminuição do clearence plasmático e aumento
da meia vida plasmática e concentração destes
benzodiazepínicos. Além disso, pode ocorrer
aumento do efeito sedativo com o uso de
cimetidina e benzodiazepínicos.
16. Digoxina e diazepam: O diazepam pode
reduzir a excreção renal da digoxina, com
aumento da meia vida plasmática e risco de
toxicidade. Esse efeito é também relatado com
o alprazolam.

17. Antidiabéticos orais e pirazolônicos: A


administração de fenilbutazona e outros
derivados pirazolônicos ( fenilbutazona,
oxifembutazona e dipirona),
concomitantemente aos antidiabéticos orais,
pode potencializar a atividade hipoglicêmica.

18. Anticoncepcionais orais e indutores de


enzimas microssônicas: Os anticoncepcionais
orais (em geral), quando usados com indutores
de enzimas microssônicas (rifampicina,
barbitúricos, carbamazepina, fnitoína,
primidona, griseofulvina) podem ter seu efeito
anticoncepcional diminuído.

19. Anticoagulantes orais e


anticoncepcionais orais: Pode ocorrer a
diminuição dos efeitos dos anticoagulantes
(em geral) quando usados com os
anticoncepcionais.
20. Bebidas alcoólicas e ansiolíticos,
hipnóticos e sedativos: Uma interação muito
relevante é a potencialização do efeito
depressor do sistema nervoso central (SNC) do
álcool por ansiolíticos, hipnóticos e sedativos.
A depressão resultante dessa interação pode
causar até a morte por falência cardiovascular,
depressão respiratória ou grave hipotermia.

Interações do bem
Há também as interações de efeito que
ocorrem quando dois ou mais fármacos
em uso concomitante têm ações
farmacológicas similares ou opostas,
atuando em sítios e por mecanismos
diferentes. Podem produzir sinergismos
ou antagonismos, sem modificar a
farmacocinética ou o mecanismo de ação,
como a potencialização do efeito sedativo
dos hipnóticos e anti-histamínicos pelo
uso do etanol.
Deve-se considerar que há interações
benéficas que são utilizadas como
ferramentas da terapêutica, como o
sulfametoxazol associado com
trimetroprima, que produzem uma
reação sinérgica para aumento do
espectro antibacteriano.

Outro exemplo é a naloxona


(antagonista opioide) usada no
tratamento de intoxicações de
fármacos opioides. Eles são utilizados
intencionalmente para bloqueio da
toxicidade dos opioides, em caso de
superdosagem de opipoides, e
depressão respiratória por essa
substância.
ANOTAÇÕES
O papel do farmacêutico
A análise das prescrições feita pelo
farmacêutico, seja na farmácia ou em
consultórios e clínicas, contribui, de forma
decisiva, para a redução de erros de
medicação, da piora do quadro do paciente e
dos gastos desnecessários.

A eficiência de farmacêuticos nessa


abordagem pode ser aumentada, de maneira
significativa, com a utilização de programas
informatizados, que auxiliam no
agrupamento dos dados e na detecção de
interações medicamentosas com o
cruzamento de diferentes prescrições.

Já o uso do Prontuário Eletrônico permite a


detecção mais fácil da interação
medicamentosa (e de sua gravidade). A partir
dessa ferramenta, é possível tomar uma
decisão quanto ao uso do tratamento no
paciente, sempre com o apoio da farmácia
clínica, que é uma ótima forma de reduzir a
incidência com problemas causados por
interações medicamentosas.
Esteja alerta com quaisquer medicamentos
que tenham baixo índice terapêutico ou que
necessitem manter níveis séricos específicos
(ex.: glicosídeos digitálicos, fenitoína,
carbamazepina, aminoglicosídeos, varfarina,
teofilina, lítio, imunossupressores,
anticoagulantes, citotóxicos, anti-hipertensivos,
anticonvulsivantes, antiinfecciosos ou
antidiabéticos etc.)

Lembre-se daqueles medicamentos que são


indutores enzimáticos (ex.: barbituratos,
carbamazepina, glutetimida, fenitoína,
primidona, rifampicina, tabaco etc.) ou
inibidores enzimáticos (ex.: alopurinol,
cloranfenicol, cimetidina, ciprofloxacino,
dextropropoxifeno, dissulfiram, eritromicina,
fluconazol, fluoxetina, idrocilamida, isoniazida,
cetoconazol, metronidazol, fenilbutazona e
verapamil).

Analise a farmacologia básica dos


medicamentos considerando problemas óbvios
(depressão aditiva do Sistema Neural Central,
por exemplo) que não sejam dominados, e
tente imaginar o que pode acontecer se
medicamentos que afetam os mesmos
receptores forem usados concomitantemente.
Considere que os idosos estão sob
maior risco devido à redução das
funções hepática e renal, que
interferem na eliminação dos fármacos.
Crianças pequenas também são mais
susceptíveis a interações, devido à
imaturidade dos órgãos e do organismo
de forma geral.

Tenha em mente que interações que


modificam os efeitos de um fármaco
também podem envolver
medicamentos de venda sem
prescrição, fitoterápicos (ex. contendo
Hypericum perforatum, conhecida no
Brasil como erva-desão-joão), assim
como certos tipos de alimentos, agentes
químicos não-medicinais e drogas sociais,
tais como álcool e tabaco. As alterações
fisiológicas em pacientes individuais,
causadas por fatores como idade e
gênero, também influenciam a
predisposição a reações adversas a
medicamentos resultantes de interações
medicamentosas.
OBSERVAÇÃO:

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