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DICAS PARA APRESENTAÇÃO ORAL

Introdução
A apresentação oral de um projeto segue a mesma lógica proposta para a redação
científica. Desse modo, apenas transmitir a mensagem não é suficiente, é necessário
garantir que a mensagem seja recebida e entendida. Especificamente, a comunicação
oral se encaixa em diversas situações, ela pode ser uma aula, como uma compilação de
dados sobre determinado tema, uma palestra sobre determinado assunto e apresentação
de um trabalho científico propriamente dito. Apesar dos primeiros itens não seguirem o
escopo Introdução, Material e métodos, Resultados, Discussão e Conclusão, toda
apresentação oral deve ter uma sequência lógica que facilite o entendimento do público.
Portanto, nesse documento iremos mostrar algumas dicas e qual a forma mais indicada
para montar apresentações, principalmente aquelas ligadas ao método cientifico (que será
utilizada na disciplina).

Primeira pergunta que fica na nossa cabeça é: “Para que serve a projeção visual?”
ou “Para que servem os slides?
Para você que respondeu: “Cola para o apresentador”, “Enfeite para o conteúdo”,
“Texto para o público” ou até mesmo “Para guiar o apresentador”. Infelizmente essas não
são as definições mais adequadas ou a melhor maneira de aproveitar o recurso áudio
visual. O apresentador deve conhecer o próprio trabalho! Portanto, ferramentas usadas na
apresentação devem auxiliar o pesquisador a ilustrar a ideia que está sendo apresentada,
de forma que torne a apresentação mais clara para o público.

Então vamos lá. Por onde começamos?


A evolução do rádio para a TV monocromática e depois para a TV de transmissão
colorida (Red, Green, Blue) é um bom exemplo para refletirmos qual dessas mídias
citadas chama mais atenção. Você prefere ouvir um jogo de futebol no rádio? Ou assistir
em HD na TV?

Nos seres humanos, somo seres visuais e portanto devemos utilizar os recursos
visuais disponíveis a nosso favor. Na ciência não é diferente, uma boa apresentação torna
o conteúdo interessante, é sucinta e de fácil entendimento. Entretanto, devemos tomar
cuidado com exageros. Aqui vai algumas dicas para não evitarmos alguns erros!

Plano de fundo e combinação de cores


- Evite plano de fundo com muitas imagens, ou imagem com muita informação. Você até
pode utilizar esse recurso no slide do título, mas atente-se para utilizar letras contrastantes
e deixar o título limpo (Exemplo: Figura 1).
Figura 1. Planos de fundo com excesso de informação contendo imagens desconexas
com o conteúdo

- Cuidado com cores muito chamativas. O contraste de algumas cores podem


subliminarmente despertar alguns sentimentos nas pessoas (Figura 2). Conheça um pouco
mais sobre as cores e saiba como combinar e harmonizá-las. Fundo escuro com letra clara
pode irritar ou dar sono. Fundo claro com letra escura pode ser cansativo.
Figura 2. Exemplos de planos de contrastes com planos de fundo.

TAMANHO DA FONTE, IMAGEM E ESCRITA


- Evite tamanho de fonte pequena prefira no mínimo Arial 24. Para mensagens rápidas
evite fontes muitos cerificadas, como está aqui (Figura 3A)

- O slide não deve conter textos, prefira utilizar tópicos, esquemas e Figuras (Figura 4 ).

- Se optar por tópicos lembre-se da regra dos 5 do 5 por 5. Não utilize mais que 5
pontos e não mais que 5 palavras por ponto.
- Os slides não devem ser lidos.

- Utilize figuras que vão auxiliar a compreensão do conteúdo ou que estão relacionadas
com a ideia que você queira passar. Informações e imagens em excesso também podem
confundir o público (Figura 3B). Exemplo: Se sua apresentação trata-se de herbívoros
em savanas sul americanas, não coloque como exemplo uma Figura de zebras nas
savanas.
- A qualidade da imagem também deve ser levada em consideração. Evite imagens que
foram distorcidas ou que pixelam ao ajustar no seu slide (Figura 3B). .
- A fonte da fotografia deve ser citada (Figura 3A). Entretanto, não copie e cole um link
imenso da imagem que você buscou no Google (Figura 3B).
- Cuidado com tópicos não informativos – Tópicos que não vão apoiar sua lógica nos
itens do seu trabalho. “Não encha linguiça”.

Figura 3. Exemplos de tamanho de fonte e escrita.


Figura 4. Exemplo de texto e esquema transmitindo a mesma informação
Podemos fazer brincadeiras?
- Cuidado! As brincadeiras são bem vindas, mas isso dependerá do público. Brincadeira
demais pode atrapalhar o conteúdo. Fazer uma apresentação purpurina não é adequado
em apresentações de trabalhos científicos (Figura 5). Além disso, brincadeiras que não
proporcionam o entendimento do conteúdo e exemplos, não são bem vindas.

Figura 5. Exemplo de apresentações com abordagem visual inadequada.

-Entretanto, utilizar clássicos consagrados que fazem sentido na apresentação, são bem
vindas. Por exemplo, no trabalho “O aporte de sedimentos não influencia o tamanho
de uma espécie de esponja no rio Amazonas”, a apresentação da discussão pode seguir
o exemplo seguinte (Figura 6).
Figura 6. Exemplo de apresentação utilizando personagens cômicos para o
entendimento do conteúdo.
DICAS VISUAIS FINAIS
- Utilizar cores de fontes que relacionem com o organismo ou tema apresentado (Figura
7).
- Utilizar número de slides, isso facilita o retorno ao slide desejado.
- Não fazer “vai e vem”, se necessário repita os slides.
- Cuidado com excesso de animações. Elas são válidas, mas podem ficar cansativo e
desconfiguram-se facilmente. Alternativa: Pode fazer pseudoanimação, duplicando os
slides e acrescentando os itens em cada novo slide.
- Sempre testar previamente
- Ensaiar a apresentação (apresente para os colegas do grupo, casa, trabalho etc)
Figura 7. Exemplo de demonstração de resultados utilizando cores relacionadas com o
ambiente ou alvo do estudo.
O QUE DEVE CONTER EM CADA TÓPICO?

Título

- Deve conter o título do trabalho, autores, filiação (curso, programa de pós graduação) e
logos (laboratório, agência de fomento) (Figura 8).

Figura 8. Exemplo de slide de título

Introdução

-Lembre-se da lógica científica, a introdução deve embasar a sua hipótese. Desse modo,
deve conter a teoria geral e principais ideias e pressupostos que fazem sua hipótese ter
sentido biológico (Figura 9).
-Utilize esquemas e imagens para demonstrar o caminho lógico do raciocínio até a
hipótese. Toda base teórica e desenvolvimento do raciocínio foi baseado em literatura
previamente conhecida. Desse modo, é necessário colocar a citação no rodapé.
Figura 9 Método hipotético-dedutivo de raciocínio lógico do que conter na introdução

Hipótese

-Apesar de muito comumente encontrado não é necessário colocar a hipótese na forma


escrita no slide. Utilizar esquemas também são bem vindos, entretanto se isso atrapalhar
a compreensão, prefira o escrito básico ou combine os dois (Figura 10A).

Previsão ou Predição

- São suas variáveis operacionais, o que você espera que aconteça se sua hipótese for
verdadeira (ver texto auxiliar de estatística). Está ligada com os resultados esperados,
portanto você pode representar elas graficamente, sem valores, apenas colocando as
variáveis nos respectivos eixos. Isso facilita o entendimento do trabalho (Figura 10B).
A

Figura 10. Exemplo de como demonstrar hipótese e previsão utilizando recursos


visuais e escrita.

Material e métodos

-Ao apresentar os métodos, dê preferência para o uso de esquemas e desenhos que


representem de forma pictórica o desenho experimental adotado no trabalho. Evite texto
excessivo e principalmente tópicos

Área de estudo
-Na mesma lógica que a escrita cientifica, no método você começa pela área de estudo e
local. Aqui poderá colocar imagem, ou mapa do local de estudo (Figura 11A).

Coleta de dados
-Esse é um dos itens mais difíceis de demonstrar sem ser com a escrita. Contudo, utilize
esquemas da sequência lógica de coleta, ou fotos sequenciais dos procedimentos (Figura
11B).

Análise de dados
-Deixe claro para o público quais são as variáveis que serão testadas. Quais delas são as
preditoras (Variáveis independentes) e quais são as resposta (Variáveis dependentes).
A

Figura 11. Exemplo de slides de Material e métodos

Resultados

-Prefira sempre apresentar os resultados na forma de gráficos ou tabela. Se da tabela é


possível construir um gráfico, prefira-o. Evite colocar mais de dois gráficos por slide.

O que conter nos gráficos?

- Não podemos esquecer dos valores e nome dos eixos.


- Ao apresentar um gráfico, lembre-se das três fases: 1) explique os eixos calmamente (e
o conteúdo quando houver mais de uma informação interna, como duas linhas ou mais de
duas categorias de barras), 2) explique a informação contida na figura (qual a tendência
observada ou qual grupo é maior ou menor que os demais) e 3) apresente as interpretações
oriundas do passo 2, caso julgue necessário.
- As legendas das figuras não devem vir nos slides, apenas no relatório.
- Você pode preferir apresentar gráficos coloridos para diferenciar variáveis, locais ou
organismos (Figura 12A). Entretanto, a apresentação de gráficos limpos e em preto e
branco são bem vindas (Figura 12B).
- Para apoiar os resultados, você pode inserir tópicos rápidos, esquematizando o que
acontece com cada variável.
-NÃO esqueça do valor teste e não use estatiquês. No gráfico você não precisa colocar
por extenso que houve diferença significativa. Utilize o valor de “P” e o poder do teste de
forma que o público perceba que há uma relação (Destaque em balão vermelho)

Figura 12. Exemplo de slides para demonstração dos resultados.

Discussão

-Retome seus resultados de forma que embasem sua hipótese, indicando o que ocorre com
os dados. Por exemplo: “Os indivíduos de M. amazonicum do folhiço possuem urópodo
e abdômen mais desenvolvidos que os indivíduos encontrados na areia, o que confere
maior velocidade na fuga de predadores (Figura 13A). Isso corrobora minha hipótese de
que indivíduos que vivem em locais de alta pressão de predação possuem maior eficiência
na fuga de predadores.”
- Interpretar os resultados e as suas implicações em função da teoria usada no projeto
(utilizar literatura, portanto necessidade de citação no rodapé do slide) (Figura 13B).
- Utilize para isso esquemas e sequências lógicas.
A

Figura 13. Exemplo de slides com esquemas para representar a discussão.

Conclusão
Geralmente um único slide, com implicações e possíveis planos futuros.

Referências

Se houve citação no rodapé que embasou sua introdução e discussão é necessário um slide
de referências bibliográficas.
DICAS FINAIS (Modificado de Edson Vieira)

Lembre-se que essas dicas não são universais e que, com o tempo, é importante que você
encontre seu estilo e saiba ajustar a apresentação ao tipo de plateia que irá assisti-la.

- Nunca comece a apresentação pedindo desculpas por achar que ela está feia ou mal
organizada. Siga com a apresentação de forma clara e segura.
- Não gaste mais de 1 min no mesmo slide, caso não haja nenhum tipo de animação ou
pseudo-animação. Normalmente períodos maiores que 1 min geram redução de atenção
na plateia.
- Evite posturas muito desleixadas (ex: arrasto de chinelo, escora em cadeiras, mão no
bolso), pois elas dão a impressão de que o apresentador não se importa com a plateia ou
mesmo com o próprio trabalho.
- Evite vícios de linguagem – “Tipo assim”, “Mano”, “Sussa”, “Bichinho”...
- Evite antropomorfismos
- É aconselhável que você se movimente durante a apresentação. Porém, cuidado com
movimentos extremamente repetitivos do tipo joão-bobo, pois eles desviam a atenção do
conteúdo que você quer apresentar. Além disso, manter a postura e um bom controle do
apontador ou laser, evitando movimento repetitivos, ajudam a não causar desgosto na
plateia.
- Evite o uso de muletas na apresentação: ééééé, ããããã e variações enquanto você
apresenta. Lembre-se de que não há mal nenhum em fazer pausas durante as frases para
organizar o pensamento.
- Se você utilizou um teste estatístico conhecido (ex: teste t, modelos lineares gerais ou
generalizados, modelos mistos, análises de ordenação), não há necessidade de gastar
tempo e espaço nos métodos explicando qual teste você usou. Deixe para apresentar uma
informação curta sobre eles acoplada aos resultados do trabalho.
- Se alguma figura contiver mais de uma informação interna (como mais de uma linha de
tendência representando grupos distintos ou barras com cores diferentes correspondendo
a tratamentos distintos), lembre-se de inserir uma caixa na figura contendo uma amostra
dos diferentes padrões ou cores internas e uma palavra que explique o que cada um
representa (ex: o nome de cada tratamento ou grupo).
- Não faça uma apresentação usando o mesmo tom de voz do início ao fim. Aprenda a
variar o tom e a postura de acordo com os diferentes contextos da apresentação. Saiba
frisar partes mais importantes ou mais difíceis de compreender.
- Não mate a estatística do seu trabalho ao sugerir que existe uma tendência, quando o
teste deu não-significativo.
- Lembre-se de que resultados não significativos também são resultados e, por isso, devem
ser discutidos.
- Lembre-se que o uso de figuras e organogramas é bem-vindo tanto na introdução, quanto
na discussão. É muito comum o uso desses recursos ser concentrado na introdução,
enquanto a discussão contém basicamente frases desconexas usadas como cola. A
discussão deve ser tão interessante e atraente, quanto qualquer outra parte do trabalho.
- Mate o demônio que surge do seu lado durante a apresentação e que faz você crer que a
plateia quer comê-lo vivo ou atear fogo em você. Lembre-se que apresentações orais são
ótimas oportunidades de discutir ciência e trocar informações em tempo real.
- Durante as discussões, não tenha medo de argumentar (argumento é diferente de
opinião). Mas tenha em mente que se surgir um argumento melhor que o seu e para o qual
você não tem um contra-argumento (novamente estou me referindo a argumento e não a
opinião), é louvável que você admita um erro.

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