Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
W. E. Butler
1979
2
Sumário
2 Os dons psı́quicos 13
3 Treinamento preliminar 21
4 Os primeiros passos 37
5 Pós-escrito 55
3
4
Capı́tulo 1
O professor Denton
Quem batizou assim esta faculdade foi um professor norte-americano
de Geologia, no século dezenove. O professor Denton levou a termo uma
série completa de experiências com o auxı́lio de sua irmã, a senhora Ann
Dento Cridge. Ele descobriu que quando ela colocava sobre a testa um
espécime geológico, mesmo cuidadosamente embrulhado de maneira a não
deixar transparecer sua aparência, ela era capaz de conseguir, através de
imagens coloridas que surgiam “no olho de sua mente”, algumas noções de
história passada daquele mesmo espécime.
Denton escreveu um livro muito interessante, A alma das coisas, sobre a
5
faculdade psicométrica e deu neste alguns ótimos exemplos da precisão das
visões de sua irmã. Atualmente, porém, poderı́amos objetar que o professor
não considerou a possibilidade da telepatia entre ele próprio e sua irmã e
por causa disto o valor da evidência de uma faculdade supranormal fica
um pouco enfraquecido. Por outro lado, isto se aplica apenas a uma parte
reduzida de suas pesquisas.
Denton foi levado a estudar esta estranha faculdade ao ler os relatórios
de certo Dr. Rhodes Buchanan, que fez experiências com alguns de seus
estudantes, mandando-os segurar frascos que continham drogas poderosas.
Ele descobriu que alguns estudantes, ao manusear os frascos identificados
apenas por uma etiqueta numérica, começavam a sentir as reações fı́sicas que
teriam se tivessem tomado efetivamente uma dose das respectivas drogas.
Um gosto de metal
Buchanan começou a desenvolver suas experiências depois de uma in-
formação fortuita a respeito de um certo general Palk que, durante a Guerra
Civil Americana, descobriu que todas as vezes que tocava em algo metálico,
mesmo no escuro, percebia um estranho gosto de metal na boca.
O termo “psicometria” foi cunhado originariamente através das pesquisas
de Denton, mas desde então adquiriu um segundo significado e os psicólogos
a utilizam agora neste segundo sentido. A definição do dicionário indica
ambos os sentidos. A saber: “A medida da duração dos processos mentais
utilizados na psicanálise e nos testes de inteligência. Também, a faculdade
oculta de adivinhar, ao tocar um objeto, o caráter, as qualidades pessoais,
etc., de uma outra pessoa que o manuseou”.
É até um pouco divertido ver como os psicólogos, de comum acordo,
tentam ansiosamente se dissociar do sentido original da palavra cunhado
por Denton e tentam convencer o público de que a palavra lhes pertence e
não tem qualquer relação possı́vel com a firma ao lado: a do “ocultista”!
O trabalho de um psicometrista
Depois de mencionar brevemente a descoberta moderna desta faculdade
psı́quica (que nos séculos passados era muito conhecida em várias partes do
mundo), vamos tentar, com a nossa imaginação, observar um psicometrista
enquanto trabalha.
Existem as “reuniões de psicometria”, assim chamadas porque um psi-
cometrista profissional examina um certo número de objetos trazidos por
membros da audiência. Nestes casos, costuma-se colocar os objetos em com-
partimentos separados sobre uma bandeja, conforme dizem, para que um
objeto não influencie outro que se encontra próximo. Entretanto, sabemos
pela experiência prática que este método não é uma salvaguarda completa
contra a mistura de influências.
6
Pode ser interessante mencionar, a este respeito, algo que aconteceu no
começo das pesquisas de psicometria moderna. Certa senhora, que ouvira
falar a respeito desta estranha e nova faculdade, estava deitada à noite e
pensava na psicometria, como tinha sido descrita. De repente, resolveu
fazer um teste prático para ver se realmente funcionava. Levantou-se no
escuro e desceu a escada; sem acender a luz, escolheu uma carta ao acaso
entre a correspondência em sua escrivaninha e que ela costumava guardar
em ordem cronológica numa das gavetas. Colocou conscienciosamente a
carta sobre a testa e procurou “ver” algo a respeito da pessoa que escrevera
a carta. Conseguiu: sua mente foi inundada de impressões. E todas estas
impressões se juntaram delineando o caráter e os traços gerais de um homem,
uma pessoa muito voluntariosa e poderosa. Agitadı́ssima por ter encontrado
uma prova da existência deste estranho poder, ela voltou para a cama, sem
pensar em confirmar suas impressões; sentia que estavam completamente
certas.
Surpresa e decepção
Na manhã seguinte, ao despertar, ela se lembrou de sua experiência
psicométricas olhou ansiosa para a carta que deixara sobre o criado-mudo.
Ficou surpresa e muito decepcionada, porque o caráter do remetente não
correspondia absolutamente ao que sentira durante a experiência.
Muito contrariada, a senhora desceu para guardar a carta em seu lugar
certo, na gaveta. Enquanto fazia isto, olhou para a carta próxima do mesmo
maço e percebeu, encantada, que o que sentira durante sua tentativa noturna
de psicometria da carta escolhida se aplicava completamente à personalidade
do homem que escrevera a carta ao lado. A energia varonil de seu caráter,
emanando de sua carta, tinha sobrepujado a personalidade fraca da carta
escolhida.
7
que é, evidentemente, o capitão do navio. Enverga a farda de oficial da
Marinha da época de Nélson. Sinto que algumas árvores nas colinas são
oliveiras e acho que o litoral deve ser da Espana ou de Portugal. O navio
parece participar do bloqueio da cidade.
Um prelado
“Agora estou olhando para um anel – um anel de ouro com uma grande
ametista – é este mesmo anel que estou segurando agora e ele emana poder
e autoridade. Sim, pertence a este oficial, mas me leva para uma outra
época do passado. Parece que estou na Itália – pelo menos, tenho esta
impressão – e sinto que o primeiro proprietário viveu na Itália e foi um
prelado proeminente de sua época – acho que foi um bispo, ou, de qualquer
forma, um dignatário – ouço salmodiar em latim e sinto que este anel vem
do tempo da Renascença.
“O anel deve ter chegado às mãos do capitão como uma herança e da
mesma forma chegou às mãos de seu proprietário atual.
“Agora quero falar da pessoa que me entregou este anel para uma leitura.
Neste momento você está diante de dois caminhos a tomar – ambos são
igualmente atrativos. Sinto porém que dentro de pouco tempo – uma questão
de dias e não de semanas – o assunto se tornará mais claro e o caminho de
abrirá. Não tome qualquer decisão precipitada até que não se apresente uma
indicação clara da atitude correta a ser tomada.”
Capitão da Marinha
O proprietário do anel confirma que o objeto efetivamente pertenceu a
um capitão da Marinha que serviu com Nélson, que foi seu avoengo e que
antigamente pertenceu a um dos grandes bispos católicos da Renascença.
Confirma também que está atravessando uma crise de negócios e que está
indeciso a respeito do caminho a tomar.
Esta é uma tı́pica leitura psicométrica de boa qualidade. Algumas leituras
podem ser até melhores, outras podem ser piores, mas o exemplo propor-
ciona uma boa ideia do que podemos esperar.
Você já deve ter percebido que nesta leitura existem três nı́veis bem
definidos. Temos a descrição do primeiro proprietário do anel e de seu
ambiente, depois temos uma descrição do capitão da Marinha e das condições
gerais deste e finalmente temos uma observação que se refere ao proprietário
atual do objeto.
Podemos chamar o primeiro nı́vel de “registro primário”, o segundo de
“nı́vel secundário”, enquanto o nı́vel que abarca as condições presentes e
futuras do atual proprietário do anel pode ser chamado nı́vel terciário. Estes
três nı́veis serão encontrados em proporções variáveis em todas as leituras
psicométricas.
8
A fonte do conhecimento
A este ponto podemos nos perguntar como foi que o psicometrista con-
seguiu estes conhecimentos. Na maioria dos casos, podemos excluir qual-
quer conluio entre o psicometrista e o proprietário do objeto em questão.
Quando este conluio existe é logo descoberto. Ficamos com uma quantidade
considerável de informações que devem ser explicadas de outra maneira.
Um exame imparcial do assunto revela, em geral, a presença de muitas
coisas que absolutamente não são claras. Isto se deve à realidade psicológica
de que o nı́vel de aceitação varia muito entre uma pessoa e outra. Existem
pessoas com fraco senso crı́tico e estas aceitam como verdade muitas coisas
que outras pessoas não aceitariam como evidência. Portanto, ao avaliar as
informações dadas, temos que levar em conta o que podemos chamar de
fator de credibilidade.
Por outro lado, não podemos deixar de salientar que aquilo que muitas
vezes pode parecer uma banalidade pode ter uma importância efetiva para
a pessoa interessada. E que muitas vezes estas banalidades podem pro-
porcionar provas conclusivas sobre a correção das informações dadas pelo
psicometrista.
Informações efetivas
9
este, em seus escritos, lançou a ideia do Inconsciente Coletivo, paralela à
consciência individual normal que todos conhecemos. Através de seu sub-
consciente mais profundo, cada pessoa está em contato direto com este incon-
sciente coletivo. Desta forma, em determinadas circunstâncias conseguimos
trazer à tona, para a nossa consciência, uma parte dos conhecimentos local-
izados naquelas esferas ocultas da mente.
A luz astral
Os registros akáshicos
10
A alma do mundo
O éter reflexivo
O desenvolvimento da faculdade
Depois de lhes oferecer algumas das teorias e hipóteses que foram lev-
antadas para explicar os fenômenos da psicometria, queremos assinalar que,
embora estas ideias possam ser interessantes e instrutivas, é mais oportuno
“voltarmos para a terra”, para nos concentrarmos no desenvolvimento da
faculdade; podemos voltar a discutir o lado metafı́sico mais tarde, depois de
uma experiência prática pessoal.
Não é necessário que você tenha qualquer teoria especial a respeito da
psicometria; você pode desenvolver a faculdade e usá-la sem ter que aceitar
qualquer teoria, da mesma forma que as pessoas podem enxergar sem ter
conhecimentos especı́ficos de óptica. Depois de desenvolver a faculdade psi-
11
cométrica, você poderá usá-la, como pode usar todas as faculdades, as fı́sicas
e as suprafı́sicas, para qualquer propósito que escolher.
Lembre-se, entretanto, que uma maior habilidade exige uma maior re-
sponsabilidade em usá-la de maneira correta, e obviamente, a este ponto,
você se defronta com o aspecto moral deste desenvolvimento. Vamos falar
mais a este respeito numa outra parte deste livro.
12
Capı́tulo 2
Os dons psı́quicos
Por algum motivo, parece ter surgido a ideia de que as faculdades psı́qui-
cas, como a clarividência, a clariaudiência, a psicometria, e assim por diante,
são “dons” peculiares que a natureza outorga a determinados indivı́duos,
e que não se trata de faculdades em poder de toda a humanidade. Esta
crença tem três aspectos. Em primeiro lugar, temos a velha ideia “pagã”
dos “deuses” que distribuem dádivas entre os mortais. Mais especificamente,
como se acreditava que estas qualidades psı́quicas significavam que existia
uma espécie de elo entre os deuses e seus devotos, as qualidades psı́quicas
eram consideradas, de uma forma especial, superiores a qualquer outra, e
ao redor de seu uso se centrava a atmosfera “divina” da religião.
No coração das religiões primitivas da humanidade se encontrava a ideia
do “oráculo”, do vidente, do “adivinho”, e atrás da religião esotérica oficial
da época havia uma inclinação e uma prática “interna” ou “esotérica”.
Quando o cristianismo começou a surgir como uma religião, aparece-
ram vários grupos, identificados de forma geral como “gnósticos”, porque
afirmavam possuir um conhecimento pessoal direto das coisas espirituais.
Muitos entre os que se converteram ao cristianismo, vindos de uma ou outra
antiga religião de mistérios, sentiam que uma boa parte de seus conhecimen-
tos anteriores poderia ser “batizada em Cristo”, e um bom número destes
se tornou mestre da Igreja primitiva.
As faculdades psı́quicas
Vale a pena notar que nos mistérios clássicos e também no gnosticismo
dos primeiros cristãos o uso de faculdades psı́quicas não significava qualquer
comunicação com os “espı́ritos” de criaturas humanas desencarnadas, como
no espiritismo moderno, mas apenas se ocupava dos contatos com entidades
espirituais de vários tipos.
Quando, por um contratempo, se manifestava algo que parecia uma
criatura humana desencarnada, acreditava-se que algo estava errado e se
tomavam medidas para que isto não se repetisse. Vale a pena enfatizar que
13
nem o “kerheb” egı́pcio, nem o hierofante de Elêusis, nem o teurgo neo-
platônico e nem o gnóstico cristão tentavam se comunicar com os “mortos”
através da mediunidade, embora conhecessem todas as formas de faculdades
psı́quicas.
Isto, naturalmente, não refuta a explanação espı́rita, mas como muitos
espı́ritas afirmaram que estes contatos devem ter acontecido, e apenas com
espı́ritos humanos, torna-se necessário frisar que, embora não possamos ne-
gar a possibilidade destes contatos com os mortos, todos os que mencionamos
nunca consideraram ser este o objetivo mais importante de suas práticas
psı́quicas.
São Paulo
Numa passagem bastante conhecida de uma de suas epı́stolas aos con-
vertidos corı́ntios, São Paulo dá instruções aos pequenos grupos de cristãos
que se reuniam para a comunhão espiritual e as orações.
Precisamos lembrar que os primeiros “adeptos”, como eram chamados os
primeiros cristãos, levaram muito a sério a promessa do Mestre. Ele prom-
etera que lhes mandaria o Espı́rito Santo para guiá-los, e eles acreditavam
que a influência do Espı́rito Santo estava presente em todas as reuniões dos
fiéis. Diziam que era uma “Igreja repleta do Espı́rito”.
Entre os pequenos grupos que se reuniam para o culto e a comunhão,
se manifestavam fenômenos psı́quicos, como aliás aconteceu muitos séculos
mais tarde em grupos parecidos da Sociedade de Amigos (mais conhecidos
como “quacres”).
Acredita-se que também nas reuniões dos quacres estes fenômenos eram
produzidos pelo poder e pela presença do Espı́rito, e não pelo esforço dos
chamados “mortos”.
Dons psı́quicos
De fato, Paulo diz que é este mesmo Espı́rito que dá a cada pessoa um
“dom” ou “carisma” particular, e neste ponto encontramos uma ligação com
a ideia pagã e também judaica dos deuses ou de Deus distribuindo dádivas
entre os homens.
Uma infeliz tradução do texto grego fez com que Paulo se referisse a
dons espirituais, quando na realidade a tradução correta da expressão é
dons psı́quicos, a saber, que pertencem à “psique”, ou alma, mais que ao
espı́rito; para Paulo, o homem era uma trindade de corpo, alma e espı́rito.
Portanto, desde a antiguidade pagã e através dos séculos cristãos até o
presente, estas faculdades psı́quicas foram consideradas um dom recebido
dos céus, e esta atitude da mente foi aplicada também a todas as faculdades
humanas. Por conseguinte, falamos em oradores dotados, artistas dotados
ou músicos dotados. Em todos estes casos estamos usando as formas de pen-
14
samento do passado, e isto se torna ainda mais marcante quando tratamos
de faculdades psı́quicas.
O limiar da consciência
Existe, entretanto, mais um ponto de vista que se encontra implı́cito nos
ensinamentos e que são a base da filosofia de vida deste autor. Queremos
dizer que as faculdades psı́quicas estão presentes em todos os homens, de
forma latente, em toda a vida, mas em alguns casos elas atuam acima do
limiar da consciência normal, enquanto na maioria dos caso atuam abaixo
deste limiar. A profundidade abaixo deste limiar determina se vale fazer um
esforço para trazê-las até uma atividade consciente de trabalho. Em alguns
casos, não valeria a pena.
Vamos simular um exemplo considerando um outro “dom”: o da música.
Já existiram pessoas que, com muito pouca idade, mostraram ter aptidão
para a música, com tamanho talento para composições e expressões musicais
que foram consideradas verdadeiros prodı́gios. Nestas pessoas a música e
suas expressões parecem inatas. Alguns grandes compositores de música
podem ser classificados nesta categoria.
Na outra extremidade da linha podemos tomar a exemplo este escritor.
Desde a mais tenra infância nunca conseguiu cantar afinado, sendo em parte
incapaz de distinguir os sons: os mistérios do desempenho de uma orquestra
permanecem, para ele, completamente desconhecidos.
Enquanto frequentava o primário, recebia um livro para ler durante a
aula de canto, porque não apenas era incapaz de cantar uma nota afinada,
mas ninguém que estivesse perto dele conseguia cantar afinado, apesar de
todos os esforços! É óbvio que qualquer tentativa de lhe dar uma educação
musical teria sido completamente inútil.
Atividade espontânea
O mesmo acontece com as faculdades psı́quicas. Em alguns casos, pare-
cem brotar e atuar espontaneamente. Em outros casos, anos seguidos de
“sessões de desenvolvimento” resultarão inúteis. Entretanto, a maioria das
pessoas parece se situar entre estes dois extremos. Elas podem desenvolver
ou revelar estas faculdades, mas o tempo necessário varia de pessoa para
pessoa.
Todavia, revelar uma faculdade é uma coisa; estabilizá-la e controlá-la
é outra coisa bastante diferente. É este o ponto onde um sem-número de
candidatos a médium não conseguem superar o teste. Não fazem qualquer
tentativa para disciplinar e treinar sua habilidade psı́quica, e isto depende
muitas vezes da ideia errada dos “dons” que já mencionamos. Vamos voltar
a discutira toda esta questão de estabilização, disciplina e treinamento mais
adiante, mas achamos que cabia mencioná-la neste ponto.
15
Vamos considerar agora o ponto de vista ético. Já explicamos que uma
tradução infeliz estabeleceu uma ligação entre estas faculdades e a ideia
de “espiritualidade”. Vale a pena examinar o que significa esta expressão
e até que ponto pode ser aplicada a estas faculdades supranormais que se
encontram em cada um de nós.
Espı́rito e matéria
Na Igreja Cristã primitiva surgiu uma curiosa “heresia”, ou ponto de
vista (que é o significado original de heresia), que estabelecia uma divisão
definida, ou “dicotomia”, entre o “Espı́rito” e a “Matéria”. As origens
podem ser encontradas em alguns trechos das epı́stolas de São Paulo, mas
elas se tornaram proeminentes nos ensinamentos de um certo Manés, um
mestre cristão que adotou algumas ideias da religião persa, o zoroastrismo.
O Espı́rito e a Matéria eram tidos como em eterno conflito, e a Matéria era
considerada totalmente perversa.
Esta heresia, embora condenada nos grandes Concı́lios da Igreja, nunca
foi completamente erradicada da cristandade e voltou a aparecer seguida-
mente, numa ou noutra forma.
Foi a base do filão puritano que colore toda a história cristã, e que trans-
formou as reações naturais e necessárias diante de ensinamentos e comporta-
mentos licenciosos em exageros e desequilı́brios, que resultou em ensinamen-
tos e práticas igualmente prejudiciais para o desenvolvimento harmonioso do
espı́rito humano.
A tradução errada
Atualmente, embora as escolas que ensinam a usar a faculdade psı́quica
afirmem se terem livrado de ideias “ortodoxas”, aparentemente ainda estão
tolhidas pela tradução errada da passagem do Novo Testamento que se refere
aos dons psı́quicos, e muitos de seus seguidores insistem em considerar estas
faculdades como dons espı́ritas.
Eles estão certos, enquanto todos os poderes e faculdades humanas são
espirituais, no verdadeiro sentido da palavra, porque a Matéria nada mais é
que uma manifestação do Espı́rito; porém, e este é um PORÉM maiúsculo,
se eles consideram as faculdades psı́quicas como espirituais, eles têm que
considerar também as faculdades fı́sicas do homem como espirituais, para
evitar cair na heresia maniqueista.
Infelizmente, continua a vicejar o falso conceito de que uma pessoa
dotada de faculdades psı́quicas significa obrigatoriamente que esta pessoa
seja também “espı́rita” no sentido ético e moral. Qualquer pessoa que con-
hece de perto o mundo do psiquismo e de assuntos correlatos, sabe perfeita-
mente que isto não corresponde à verdade, entretanto, trata-se de uma ideia
profundamente arraigada, que não parece destinada a desaparecer tão cedo.
16
Como vimos, suas origens são antigas e não poderá ser eliminada num piscar
de olhos.
Resta o fato de que uma pessoa dotada de faculdades psı́quicas e de
habilidades mediúnicas não é, necessariamente, uma pessoa com elevados
padrões espirituais e morais. De fato, muitas vezes verificamos o contrário.
Sugestões telepáticas
Já mencionamos as profundidades variáveis da mente, nas quais estas
faculdades psı́quicas podem ser encontradas no estado latente. Vamos con-
siderar agora o caso de uma pessoa na qual estas faculdades se encontram
muito próximas da superfı́cie da mente subconsciente, mas não estão no
campo consciente do estado de vigı́lia. Entretanto, elas atuam constante-
mente nos nı́veis subconscientes, recebendo impressões dos pensamentos e
das emoções de outros ao redor.
Todas estas impressões chegam à sua mente como sugestões, que podem
ser boas ou más, e que alteram constantemente toda a consciência.
Todas as pessoas estão interligadas desta maneira, homem nenhum é uma
ilha, como já disse um poeta e, além de nossa base subconsciente comum no
que se chama o “Inconsciente Coletivo” da raça, estamos sempre cercados e,
praticamente, submersos por uma corrente turbulenta de pensamento e de
emoção, atravessada por marés rı́tmicas de energia, e estamos, consciente
ou inconscientemente, sempre reagindo conforme o conteúdo desta maré
invisı́vel.
17
Um código de vida
Por causa desta interação entre nós mesmos e o universo ao nosso redor,
e se realmente quisermos ser “nós mesmos”, é altamente recomendável que
construamos, consciente e deliberadamente, um código de vida para o nosso
cotidiano e para nosso trabalho, um padrão ético e moral que evite ficarmos
à mercê destas influências invisı́veis, mas poderosas, que recebemos do nosso
ambiente.
Sabemos quanto estes códigos de pensamento e de comportamento se
tornam necessários frente às tentações visı́veis e tangı́veis de nossa vida nor-
mal consciente. Estes códigos, porém, se tornam ainda mais imprescindı́veis
como uma salvaguarda contra as tentações subconscientes, intangı́veis e in-
visı́veis.
Depois de estabelecer este código de vida, podemos tentar, com segu-
rança, trazer até nossa mente consciente e desperta as impressões recebidas
por meio destes sentidos psı́quicos submersos. Quando conseguimos con-
trolá-las conscientemente desta forma, elas deixam de ser fontes ocultas e de-
sconhecidas de uma parte de nosso pensamento irresponsável, e começamos
a ser menos afetados pelas muitas facetas da “mente da ralé” ao nosso redor.
Estaremos assim obedecendo à máxima que , na antiguidade, se encon-
trava gravada acima do portal do Templo dos Mistérios: Gnothi heauton, e
que significa: “Conhece-te a ti próprio”! Quando as impressões psı́quicas são
trazidas assim à consciência, é possı́vel avaliar seu valor e tratá-las conforme
o código de vida desenvolvido.
A ciência da alma
O leitor tem a possibilidade de se valer delas para o aperfeiçoamento
de seu próprio caráter, e como tem um conhecimento consciente destas im-
pressões, não etá mais à sua mercê. Pode observar as condições que lhes
permitirão atuar, e também pode começar a avaliar o valor que elas poderão
ter em sua vida. Se o leitor possui uma mente do tipo cientı́fico, ele poderá
também começar a reconhecer os caracteres do alfabeto de uma ciência há
muito esquecida nestes tempos modernos: a ciência da alma.
É verdade que no estado atual de nosso conhecimento moderno destas
faculdades, o fato de exercê-las é muito mais uma arte que uma ciência, mas
progredindo na compreensão dos princı́pios que regem suas manifestações,
vamos começar a vislumbrar a ciência sublime que regulamenta as mani-
festações das faculdades paranormais.
O sistema iogue
A humanidade nunca perdeu completamente esta ciência; no ocidente,
entretanto, ela foi aparentemente suplantada pelo tipo de civilização que
aqui se desenvolveu. No oriente sobreviveu mais abertamente nos diferentes
18
sistemas de ioga, dos quais alguns fragmentos estão sendo insistentemente
propagados no ocidente em nossa época. Uma grande parte é apenas uma
paródia do verdadeiro conhecimento.
Todavia, no oriente e no ocidente existem os iniciados e os zeladores
desta Eterna Sabedoria, e eles estão prontos para assistir, neste momento
importante da história humana, aos que se dedicam ao trabalho de pesquisa
no campo da paranormalidade no mundo ocidental.
Entre estes poderes paranormais, a faculdade da psicometria é uma das
mais interessantes e instrutivas, e pode ser de grande valia quando aplicada
corretamente.
Treinamento especial
É relativamente fácil adquirir um pouco de habilidade psicométrica sem
qualquer instrução especial, mas é preferı́vel, sob todos os pontos de vista,
que o candidato-psicometrista siga um sistema definido de treinamento. A
faculdade bem treinada é muito superior à não treinada.
O treinamento necessário para desenvolver a faculdade de psicometria
pode ser subdividido em diferentes técnicas, que discutiremos mais detal-
hadamente no capı́tulo seguinte. Todavia, gostarı́amos de explicar por que
utilizamos o termo “faculdade” com uma frequência que poderá parecer
excessiva a alguns de nosso leitores. A maior parte das pessoas que lida
com estes assuntos usaria, provavelmente, a expressão “poderes psı́quicos”,
enquanto nós preferimos o termo “faculdade” porque consideramos esta ex-
pressão mais correta. Trata-se de faculdades receptivas e não de poderes
expressos.
19
20
Capı́tulo 3
Treinamento preliminar
21
luz. Estas teorias funcionam bem dentro de determinados limites, e explicam
a maioria dos fatos observados, mas existem fatos que não se enquadram
nestes esquemas, enquanto a hipótese geral da relatividade, formulada por
Einstein, consegue englobá-los.
Da mesma maneira, os cientistas vitorianos, cujas hipóteses eram formu-
ladas em bases meramente materiais, estavam convencidos de que as man-
ifestações psı́quicas não poderiam ser incluı́das no “universo racional” do
pensamento cientı́fico.
Novas hipóteses
“No universo não há lugar para fantasmas”, declarou destes cientistas,
e um outro arrematou: “Vejo na matéria a promessa e a potência de toda a
vida”.
Fizemos esta digressão para indicar que as “leis da natureza”, da maneira
como são formuladas numa época qualquer, podem sempre ser modificadas
por novas hipóteses formuladas numa época posterior. Afinal, são ape-
nas teorias, hipóteses, desenvolvidas para expressar e explicar determinados
fatos. Além destas se encontra a lei imutável do universo, e a verdade ou
falsidade de qualquer “hipótese da lei da natureza” depende de quanto ela
se aproxima da lei verdadeira.
Osa anais da história cientı́fica estão apinhados de exemplos de exatidão
relativa de teorias desenvolvidas por pensadores cientı́ficos para explicar os
fenômenos naturais observados.
Todas as hipóteses e declarações sobre a lei natural estão condicionadas
pela nossa compreensão dos fatos observados, pelos nossos preconceitos pes-
soais, conscientes ou inconscientes, e pelo escopo e a amplitude de nossa
experiência relativa ao assunto. Os cientistas vitorianos nem sempre enten-
diam isto, aliás ainda hoje muitos cientistas não o admitem.
Algum tempo atrás ouvimos um proeminente psicólogo declarar que,
apesar de qualquer quantidade de provas, jamais chegaria a considerar a
ideia da possibilidade da Percepção Extrassensorial, porque a admissão de
tal possibilidade destruiria a base de todo o ensinamento moderno.
Pensadores religiosos
Um “bloqueio” bastante parecido existe também na mente de muitos
pensadores religiosos, como está demonstrado pela tendência de estabelecer
uma divisão rápida e nı́tida entre coisas “sagradas” e coisas “seculares”.
Este é o enfoque mental que sempre indicou uma tendência a considerar as
faculdades psı́quicas como sendo “sobrenaturais”.
Não concordamos com estas crenças porque, como a maioria dos que tra-
balharam seguindo estas diretrizes, acreditamos que “sobrenatural” é apenas
Aquele que se encontra acima de toda a Natureza, por ser Ele a Fonte e a
22
Origem. Acreditamos também que a Vontade e o Propósito d’Ele são a
verdadeira lei do Universo.
Manifestações paranormais
Desta forma, todas as manifestações em qualquer plano de existência
são regidas pelas leis naturais, e não devem ser definidas “sobrenaturais”.
Costumamos, portanto, nos referir às faculdades psı́quicas como “paranor-
mais”. Por conseguinte, é lógico que se enquadram no campo da observação
e do método cientı́ficos.
Da mesma forma, uma grande parte dos testes e das investigações efetu-
ados nada tem de cientı́fico, e ambos os extremos da escala mental indicam
uma igual teimosia e a mesma má vontade em obedecer aos ditamos do
grande cientista vitoriano, Huxley, que afirmava que o verdadeiro cientista
deve estar preparado para “se sentar diante da Natureza como uma crianc-
inha, e segui-la para onde ela nos conduz”.
Em tudo que escrevemos aqui a respeito do treinamento da faculdade
psicométrica, tentamos evitar as duas posições extremas, a da aridez int-
electual e a da asneira sentimental.
Ação seletiva
Você pode ver que esta “leitura” contém a maioria das informações pro-
porcionadas pelo primeiro psicometrista, entretanto, ao invés de uma série
23
de informações coerentes, neste caso temos um amontoado de fragmentos
confusos. Como pode acontecer isto?
Existem, neste caso, dois fatores principais e um fator secundário. Em
primeiro lugar, existe a caracterı́stica das faculdades psı́quicas que atua da
seguinte forma: todas as informações recebidas através destas faculdades
se apresentam à mente como um bloco de conhecimentos, que em seguida
devem ser selecionados pela mente subconsciente e projetados para a con-
sciência, seguindo uma determinada sequência.
Incidentalmente, a mesma coisa se verifica com a visão fı́sica normal. Os
olhos absorvem o quadro completo e depois o transmitem ao centro visual do
cérebro, e por conseguinte a informação é transmitida à mente consciente
através do subconsciente. Normalmente, existe uma ação seletiva que se
processa no subconsciente, e esta ação seletiva subconsciente subdivide o
bloco de impressões visuais recebidas e apresenta as partes, num padrão
determinado, à mente desperta.
A ação seletiva subconsciente é desencadeada por vários fatores. Pode-
mos ter lido a respeito de um rio em cheia e os prejuı́zos provocados pela
enchente, e depois, no mesmo dia, podemos ir para o campo e ver uma
paisagem na qual há, entre outros detalhes, um trecho de rio. Quase sem-
pre a primeira coisa que atrairá nossa atenção naquele panorama campestre
será o rio, porque nosso subconsciente ficou impressionado pela leitura do
noticiário daquele mesmo dia.
Preconceito psicológico
Também é possı́vel sentirmos uma enorme antipatia por certos animais,
por exemplo, vacas: e sem percebê-lo conscientemente, nossa primeira ob-
servação será que existem vacas na paisagem! Aqui nos defrontamos com
o segundo fator em matéria de percepção. Um preconceito psicológico se
desenvolveu automaticamente em nosso subconsciente e todas as impressões
que chegam a qualquer um dos sentidos estão afetadas por este preconceito
em sua passagem através dos nı́veis conscientes da mente.
Quando conhecemos os nosso preconceitos, em qualquer sentido, pode-
mos compensá-los conscientemente, mas quando os desconhecemos, eles po-
dem afetar nossa capacidade de avaliar o que recebemos através de nossos
sentidos. Isto se verifica sobretudo quando temos que julgar e registrar o
que vimos ou ouvimos.
Esta seleção imperfeita das impressões pode ser, obviamente, encontrada
em algumas das “descrições” feitas por clarividentes e psicometristas e, em
grande medida, isto depende da ausência de um bom treinamento mental. É
bastante óbvio que tudo que se apresenta à mente é gravado na consciência,
e este registro mental é a base do que chamamos de “memória”.
Da mesma forma, o registro que resulta da entrada de percepções psı́-
quicas atua sob os mesmos princı́pios mentais do registro mental que é o
24
resultado da entrada de percepções dos sentidos fı́sicos.
A habilidade de observação
No caso do psicometrista, as impressões psı́quicas que entram em bloco
devem ser registradas e enviadas de novo para fora muito rapidamente, de
uma forma quase parecida como as impressões visuais recebidas por um
comentarista esportista de televisão devem ser devolvidas imediatamente
em forma de comentário, acompanhando o jogo que está sendo observado.
Isto significa que o poder seletivo da mente deve processar rapidamente
os incidentes do jogo em sua sequência correta, e para que este processo possa
ser executado com sucesso, a principal habilidade exigida é a de observação.
Observar em sequência não é tão comum como pode parece. A maioria das
pessoas apresenta a tendência, provocada por pontos falhos psicológicos, de
observar algumas coisas e deixar de observar outras, ou então de confundir
a sequência dos acontecimentos.
O treinamento da observação é um ponto essencial para qualquer pes-
soa que utiliza seus sentidos psı́quicos, e sua ausência é a já mencionada
causa secundária de dificuldades no desenvolvimento psicométrico. Os sutis
impulsos psı́quicos recebidos pelo psicometrista devem ser percebidos, reg-
istrados e traduzidos em palavras faladas ou escritas (alguns psicometristas
efetuam a chamada “psicometria por correspondência”). Quando isto não
se efetua de maneira praticamente imediata, estas impressões submergirão
no campo mental geral, misturando-se e ficando distorcidas pelas imagens
de pensamento que nele existem.
Por conseguinte, uma parte essencial do treinamento é cultivar esta ca-
pacidade de observação, e, como já explicamos, esta capacidade não é muito
comum, porque, embora todas as impressões fiquem gravadas na mente,
raramente elas chegam a emergir na consciência desperta, mas permanecem
abaixo do limiar mental, a saber, no subconsciente. Portanto, existe a ne-
cessidade de treinar a mente para atuar de maneira que muito mais destas
impressões recebidas sejam registradas pela consciência desperta.
Existem muitos exercı́cios que foram desenvolvidos para este treinamento
especı́fico, todavia muitos apresentam o defeito de serem excessivamente
complexos, e na realidade acabam por ser contraproducentes. Nestes assun-
tos, quanto mais simples o exercı́cio, melhor: as probabilidades de sucesso
aumentam com a simplicidade.
Atenção e concentração
Consideremos rapidamente o que é realmente a “observação”. É a ca-
pacidade de prestar uma atenção concentrada e conscientemente dirigida
às impressões provocadas em nossas mentes pela atuação de nossos senti-
dos, enquanto estes sentidos reagem frente às várias coisas e aos diferentes
25
acontecimentos que formam o cenário de nossas vidas.
Esta atenção dirigida e concentrada significa que precisa aprender a
manter a atenção voltada para qualquer ponto daquele cenário, conforme
a vontade. Evidentemente, é isto que chamamos de “concentração”. Por
conseguinte, a atenção e a concentração são ambas valiosos utensı́lios de
treinamento para o desenvolvimento psicométrico. Por outro lado, a atenção
também é a chave para uma vida fı́sica de muito sucesso, e vale a pena anotar
que o paranormal bem treinado, seja ele clarividente ou psicometrista, não é
absolutamente a pessoa distraı́da ou pernóstica que geralmente se acredita.
Evidentemente, existem paranormais que são distraı́dos e pernósticos, e
existem várias razões para que sejam assim. Por outro lado, existem muitos
padres que, mais ou menos, apresentam uma imagem que se parece bastante
com a paródia que se faz deles nos programas humorı́sticos.
Existe ainda um curioso detalhe: depois do treinamento e desenvolvi-
mento da faculdade psı́quica, as impressões que entram podem, em alguns
casos, ser comparadas, pela intensidade, às percepções puramente sensoriais.
“Reflexo condicionado”
Os seguidores de determinados sistemas “ocultos” afirmam que as pes-
soas comuns atravessam a vida num sonho desperto, reagindo automati-
camente às condições ao seu redor, e justificam em geral as afirmações dos
psicólogos “behavioristas” e dos Materialistas Dialéticos comunistas, no sen-
tido de que uma criatura humana é apenas a peça complexa de um mecan-
ismo, que funciona dirigida pelo que se chama de “reflexo condicionado”.
A famosa experiência dos “cães de Pavlov” é considerada a prova deste
enfoque mecânico da vida, e estas escolas de ocultismo, embora discordem
completamente com o enfoque basicamente materialista, afirmam, entre-
tanto, que a maioria dos pensamentos e das ações do homem médio é o
resultado deste “reflexo condicionado”. Por outro lado, eles afirmam, com
absoluta certeza, que o homem tem a possibilidade de acordar deste sonho
e de começar a atuar como uma criatura consciente.
As implicações ulteriores desta doutrina nos afastariam demais da rota
que escolhemos, mas quisemos mencioná-la porque é um fato indiscutı́vel
que, em maior ou em menor medida, esta qualidade onı́rica da consciência
se manifesta em nossa vida desperta e em nosso trabalho.
26
nossa volta, de uma forma como jamais pensarı́amos fazer vivendo na cidade.
Qualquer impressão dos sentidos, ao chegar em nossa mente, seria avaliada
conscientemente e o resultado seria um aumento sensı́vel da acuidade de
nosso sentido fı́sico.
Mesmo em nossa vida urbana moderna, poderı́amos diminuir muito a
taxa de mortalidade provocada por “acidentes” se aprendêssemos a prestar
atenção ao que nos cerca, ao invés de caminhar e de dirigir de forma quase
automática, dependendo apenas do bom senso dos outros, ou então da ve-
locidade de nossos reflexos.
Isto não significa que precisamos sempre observar o ambiente em nossa
volta com a mesma intensidade utilizada pelos “batedores brancos” no tempo
da colonização do oeste norte-americano; significa apenas que uma parte
desta intensidade deve ser trazida para a vida comum. E, considerando, não
seria uma má ideia.
O jogo de Kim
Em alguns de meus escritos anteriores mencionei um determinado ex-
ercı́cio, conhecido em geral com o nome de “jogo de Kim”, extraı́do de
um livro de Rudyard Kipling, cujo tı́tulo é Kim. Pelos comentários de
meus leitores, parece que este jogo foi considerado excessivamente difı́cil por
muitos.
Acredito que uma grande parte da dificuldade foi, na realidade, psi-
cológica, porque quando se começa a praticar este exercı́cio, quase todos o
acham um pouco desanimador. O motivo é que o jogo comprova de maneira
bastante enérgica o quanto nossa capacidade mental de atenção é precária.
Todavia, a repetição sistemática deste exercı́cio pode desenvolver a capaci-
dade num tempo relativamente curto.
Para os leitores que ainda não ouviram falar no jogo de Kim, devo ex-
plicar que é jogado com um certo número de pequenos objetos, como anéis,
botões coloridos ou lavrados, porcas e parafusos pequenos e outras pecin-
has mecânicas diminutas, que são colocados sobre uma bandeja. Firmamos
nossa atenção nos objetos durante dois ou três minutos e depois a bandeja
é coberta com um pano. A seguir, escrevemos os nomes dos objetos que
lembramos ter visto na bandeja. Pode ser útil pedir a ajuda de uma outra
pessoa para colocar os objetos na bandeja, mas este detalhe não é realmente
essencial.
Depois de escrever o nome do maior número possı́vel de objetos, reti-
ramos o pano que cobre a bandeja, para verificar a diferença entre o número
de objetos lembrados e o número efetivo dos objetos sobre a bandeja.
Como referência, quando conseguimos lembrar o nome de oito ou nove
objetos entre os vinte que estão sobre a bandeja, podemos dizer que o re-
sultado é bom. Na maioria dos casos, as pessoas lembram apenas cinco ou
seis. A capacidade de lembrar melhora com a prática, quando se chega a
27
lembrar dezessete ou dezoito objetos entre os vinte. Depois de conseguir
um marcador razoável, podemos variar o exercı́cio tentando lembrar os de-
talhes de cada objeto: sua forma, o tipo de gravação, sua cor e qualquer
defeito aparente. As pessoas que acham que o espı́rito de competição é um
bom auxı́lio, podem tentar executar o exercı́cio como um jogo, com um dois
amigos. Por outro lado, na maioria dos casos nos sentimos a tal ponto enver-
gonhados pela nossa incapacidade inicial, que preferimos um jogo solitário!
28
gens será uma maior capacidade de concentração: já isto pode proporcionar
dividendos razoáveis no cotidiano.
A faculdade da memória
29
Resumindo, a questão não está no tempo gasto em observar uma coisa
ou uma pessoa, mas está na intensidade da atenção necessária.
Apresentação da prova
Chegamos a um ponto muito importante deste treinamento. Você deve se
lembrar de que, quando descrevemos a “leitura” de um paranormal, demos
duas versões da mesma leitura: a primeira, feita por um psicometrista de
bom nı́vel, e a outra por um psicometrista cujo trabalho era de qualidade
muito inferior. Afirmamos na ocasião que a diferença mais evidente entre os
dois paranormais estava na apresentação, e isto está relacionado com o que
estávamos dizendo um pouco mais atrás, a respeito da atenção concentrada.
Existe uma “técnica da descrição”, e em geral, esta técnica não pode ser
aprendida sem método. Envolve o uso disciplinado da atenção, mas depois
de aprendê-la, esta técnica significa a diferença entre o sucesso e o fracasso.
É de nossa opinião que o sucesso nesta técnica da descrição é essencial se
você deseja executar qualquer trabalho neste campo. Uma técnica parecida
é utilizada pelos investigadores e também no trabalho rotineiro da polı́cia.
Você já se perguntou alguma vez como é que você reconhece um amigo
ou um conhecido? Provavelmente isto nunca lhe ocorreu, mas na maioria
dos casos costumamos reconhecer as pessoas de forma subconsciente, e rara-
mente conseguimos explicar como isto acontece. Precisamos examinar esta
questão com o maior cuidado.
Evidentemente existem, nas pessoas, determinadas coisas, pontos car-
acterı́sticos, e alguns destes são extremamente pessoais, de maneira que o
reconhecimento se efetua quase que exclusivamente através deles. Por ex-
emplo, o nariz de Cyrano de Bergerac era a marca de identificação de seu
dono; o mesmo vale para as costas tortas de Ricardo III (se é que a imagem
de Shakespeare é correta). Entretanto, todos ou quase todos estes pontos
de reconhecimento tão salientes podem ser imitados, e não servem tão bem
para o reconhecimento quanto alguns outros aspectos do indivı́duo.
30
mais sutis, que muitas vezes são a melhor prova que pode ser oferecida pelo
psicometrista.
31
A seguir, chegaremos a pontos mais sutis, como a postura, etc., que
já mencionamos, e, neste caso, muitas vezes podemos conseguir os detal-
hes mais convincentes. Para resumir o que já explicamos a respeito desta
questão de descrição cuidadosa, poderı́amos sugerir a seguinte sequência
generalizada:
Talentos pessoais
32
e a não ser que você proporcione a esta faceta oculta do seu eu uma opor-
tunidade de se expressar, ela poderá começar a atuar em sentido contrário
aos seus esforços,
Não se esqueça que seu subconsciente tem seus próprios pontos de vista,
que nem sempre concordam com os pontos de vista de sua mente consciente,
e a não ser que você proporcione a esta faceta oculta do seu eu uma opor-
tunidade de se expressar, ela poderá começar a atuar em sentido contrário
aos seus esforços. Vamos discutir este assunto um pouco mais adiante.
33
técnica pode ser utilizada com ideias religiosas, artı́sticas ou sociológicas.
A parte importante, nisto tudo, é que você não deve ficar sentado e ou-
vir, disfarçando seu ódio, e também não pode se impor um estado mental de
resistência passiva. Você deve apenas ouvir calma e atentamente todas as
declarações, concordando ou discordando só mentalmente e não emocional-
mente.
Lembre-se de que as ideias que lhe parecem repugnantes fazem a alegria
da pessoa que você está ouvindo, e da mesma forma, as ideias que você acha
tão obviamente corretas parecem odiosas ao seu adversário.
Algumas experiências neste sentido poderão convencê-lo do papel da
emoção no que costumamos chamar de “pensamento racional”.
Até no campo da matemática, que já foi considerada praticamente o
único assunto anti-emocional, podemos encontrar o mesmo preconceito emo-
cional atuando, enquanto os vários defensores de diferentes novos sistemas
de geometria a da revolucionária hipótese da relatividade se insultam com
artigos violentos ou pronunciam discursos inflamados durante os congressos
cientı́ficos.
O treinamento é necessário?
Muitas pessoas desenvolvem a faculdade de psicometria sem nenhum
treinamento mental, e algumas pessoas podem estar a se perguntar se todo
o treinamento mencionado no capı́tulo anterior é realmente necessário. A
resposta é que o treinamento não é absolutamente necessário, mas pode
proporcionar um grande auxı́lio.
Para dar um exemplo, sabemos que existem pessoas com um senso mu-
sical e um ritmo inatos, e que conseguem tocar um instrumento musical
de forma bastante razoável. Existem até prodı́gios musicais natos, mas o
trabalho destas pessoas pode se tornar muito mais fácil quando aprendem a
teoria e a técnica da música.
Portanto, existem pessoas que ganharam a faculdade de psicometria
sem qualquer treinamento, a não ser o que aprenderam num “cı́rculo de
desenvolvimento”, e que conseguem efetuar um bom trabalho. Mas acon-
tece muitas vezes que a faculdade seja mal empregada, para propósitos que
muitos de nós considerarı́amos afastados dos propósitos legı́timos da psi-
cometria.
Isto acontece sobretudo quando a psicometria é usada para entrar em
contato com criaturas desencarnadas. Durante os muitos anos de experiências
neste campo constatamos que estas tentativas às vezes alcançam seu ob-
jetivo, mas isto não significa que aconteça sempre, e, de qualquer forma,
deploramos que a psicometria seja utilizada desta maneira.
É nossa opinião que existem outras maneiras melhores para conseguir
estes contatos, e queremos sugerir da maneira mais enérgica que seria melhor
se esta maravilhosa faculdade pudesse ser separada da atmosfera religiosa
34
e sectária onde geralmente é encontrada, e tratada de forma objetiva. Ao
mesmo tempo, e com ainda maior urgência, gostarı́amos de resgatá-la do
ambiente mesquinho onde os profissionais da clarividência a exploram com
intuito venal.
35
36
Capı́tulo 4
Os primeiros passos
Percepções psicométricas
Como já dissemos, este método dará bons resultados, porque quando
a mente aprendeu um determinado tipo de disciplina, as percepções psi-
cométricas se tornam mais confiáveis.
Você deve ter notado que estamos falando em percepções e esta é a melhor
maneira de descrever o que acontece quando tentamos examinar um objeto
através da psicometria. Esta percepção é uma impressão generalizada que
recebemos, e durante algum tempo, até que o experimentador não desen-
volva concretamente suas formas de percepção visual ou aural, permanecerá
apenas uma impressão.
Em seguida, com o progresso do desenvolvimento, começarão a apare-
cer as imagens visuais e/ou audı́veis. Lembre-se, qualquer percepção, fı́sica
ou metafı́sica, na realidade é o desenvolvimento de um jogo básico de im-
pressões.
No plano fı́sico, o sentido básico é o tato, e cada um dos cinco sentidos é
um tipo diferente de “tato”. Assim, os raios de luz tocam na retina sensitiva
de nossos olhos e provocam determinadas mudanças quı́micas e ópticas ali
e no nervo óptico. Estas mudanças são transmitidas ao centro da visão no
37
cérebro, e ali, de alguma forma misteriosa, são traduzidas em impressões
visuais.
As ondas sonoras que repercutem sobre o tı́mpano provocam movimentos
no complicado ouvido interno, e estes afetam o fluido que se encontra num
canal especial, no qual também estão muitas fibras nervosas. A partir destas
fibras, mudanças elétricas e quı́micas são transmitidas ao centro da audição
no cérebro, e aı́ são transformadas em impressões audı́veis.
O paladar e o olfato atuam exatamente da mesma forma: todos os cinco
sentidos se fundamentam no tato, que foi o primeiro sentido a se desenvolver
na fase da evolução.
Desenvolvimento posterior
38
Preparação para uma leitura
A escolha do objeto
Você agora está pronto para sua primeira leitura. Isto naturalmente lev-
anta a questão do objeto que você terá que escolher para as suas primeiras ex-
periências, porque existem grandes diferenças entre os objetos, por causa dos
registros que eles podem nos proporcionar, e para as primeiras experiências
é melhor escolher os que proporcionam as impressões mais fortes e, portanto,
de leitura mais fácil.
Antes de discutir os tipos de objeto, vale a pena pensar onde você poderá
obtê-los. Se você puder contar com a ajuda de um ou dois amigos que possam
39
fornecer objetos e que depois verifiquem a exatidão de sua “leitura”, isto
será de grande valia. porque você pode evitar dar demonstrações de sua
faculdade a pessoas cépticas, ou até tomar atitudes antagônicas.
Também será útil se você não estiver a par de todos os detalhes da vida
ı́ntima de seus amigos, porque estes conhecimentos podem confundi-lo, e de
qualquer forma diminuiriam o valor de sua leitura.
Duas “memórias”
40
A técnica da percepção
Você pode abrir a carta sobre uma mesa e colocar sua mão sobre a carta.
Ou então pode apoiar apenas as pontas dos dedos sobre a assinatura; pode
também tentar comprimir a carta sobre a testa. Você deve encontrar sozinho
o método que mais lhe convém; toda pessoa tem suas próprias peculiaridades
neste assunto.
Como mencionamos, é preferı́vel que o remetente da carta seja uma
pessoa que você não conheça pessoalmente, embora seja útil que você esteja
na condição de obter informações a respeito desta pessoa depois da leitura;
caso contrário, você não terá a possibilidade de verificar se acertou ou se se
enganou.
De posse da carta, você expressará sua vontade ou “intenção” de ler o
registro psı́quico desta carta. Basta a simples intenção; basta esta indicação,
endereçada ao seu subconsciente, de seu desejo para que todas as impressões
que possam ser captadas sejam transmitidas à sua consciência desperta.
Esta é a “ação de desengate”, sobre a qual falaremos mais adiante.
Agora você apenas espera, até perceber impressões novas e diferentes
em sua mente. Estas impressões podem permanecer apenas impressões, ou
podem ser acompanhadas de imagens coloridas e sons interiores. Às vezes
as imagens se apresentam sem qualquer impressão, mas qualquer coisa que
aconteça deve ser descrita ao amigo que o está assistindo, atuando como
auditor. Se você não tiver a possibilidade de ser assistido por outra pessoa,
poderá registrar as suas impressões num gravador.
Sensações fı́sicas
41
e interromper o contato. Às vezes o psicometrista consegue isto lavando
as mãos antes de iniciar o contato com um objeto diferente, mas pode-se
conseguir a interrupção também apenas através da expressão da vontade,
de uma intenção definida de interromper o contato.
A necessidade de discriminação
Especialmente quando se trata de cartas, você pode receber com frequência
uma impressão da personalidade do remetente, e isto pode ser bastante útil
e comprobatório. Entretanto, lembre-se que se o remetente da carta ou
o dono do objeto sofreram recentemente um forte choque, ou estiveram às
voltas com uma forte carga mental ou emocional, você, muito provavelmente,
receberá em primeiro lugar a impressão desta condição.
Portanto, mesmo na leitura mais simples, você poderá constatar que se
torna necessário exercer a discriminação, e que não se podem aceitar todas
as impressões apenas pelo seu valor aparente. O pensamento tem uma ex-
istência real, distinta da mente e das emoções que causaram sua formulação,
e os resultados dos pensamentos muitas vezes permanecem gravados nos ob-
jetos, e podem ser lidos por você como impressões de fatos realmente ocorri-
dos. Da mesma forma, às vezes os clarividentes encontram muita dificuldade
em fazer distinções entre imagens mentais com grande carga emocional e en-
tidades ou condições astrais efetivas.
42
muitas vezes, forçar impressões sobre este de maneira a se constituir na
camada mais forte de influências relacionadas com este objeto: estas im-
pressões serão percebidas antes de qualquer outra.
Precisão incrementada
43
própria equação pessoal e, sobretudo, nunca torça ou altere conscientemente
as impressões recebidas, para impressionar os outros ou para se justificar.
A importância da discrição
Temos mais uma recomendação a fazer. Acabamos de usar o termo
“discrição”. Muitos paranormais têm o hábito desprezı́vel de discutir com
outras pessoas as informações psı́quicas recebidas sobre outros indivı́duos.
Isto é realmente imperdoável.
O comportamento do psicometrista deve ser igual ao do médico ou do
advogado; qualquer informação adquirida mediante o exercı́cio de sua fac-
uldade psı́quica deve ser considerada estritamente confidencial, e não deve
ser comentada com qualquer um.
Constatamos muitas confusões surgidas por causa de indiscrições, e ped-
imos mais uma vez para que você não esqueça nossa recomendação. As
fofocas maliciosas ou vulgares só conseguem afastar as pessoas inteligentes
e cultas, que são, afinal, as pessoas que desejamos interessar no assunto.
Trabalho seletivo
Depois de alcançar uma certa eficiência no exame psicométrico de ob-
jetos, da forma que descrevemos, você poderá começar a utilizar o que
chamamos de método “seletivo” de trabalho. Até este ponto você apenas
44
recebias passivamente qualquer impressão ou imagem que penetrava em sua
mente, enquanto “lia” o objeto. Agora precisa aprender a desenvolver a
capacidade de dirigir sua visão psı́quica da maneira que deseja.
Você deve procurar ativamente a informação que deseja, ao invés de re-
ceber passivamente qualquer coisa. Ao conseguir esta capacidade de seleção,
você dará um passo decisivo para a frente, acelerando seu desenvolvimento,
e terá um controle sempre maior sobre sua faculdade.
Existem duas formas para conseguir isto. No primeiro caso, formula-se
uma intenção geral, fazendo uma pergunta especı́fica, e a pergunta deve ser
simples e em termos vı́vidos. Quanto mais vı́vida for a pergunta, maiores
serão as chances de uma resposta através das faculdades psı́quicas da pessoa
em questão.
Um exemplo pode ajudar a ilustrar melhor este ponto. Quando dese-
jamos conseguir informações de tipo especı́fico, relacionadas com o objeto
que está sendo examinado, apanhamos o objeto e estabelecemos o costumeiro
contato passivo com o mesmo. Via de regra, em nossa mente surge uma es-
fera de névoa cinzenta em rotação, em cujo meio brilham pequenos pontos
luminosos. Cada ponto luminoso é a origem de uma linha de informações
que se referem ao objeto e a quem está ligado ao mesmo.
A seguir, formulamos mentalmente a pergunta que interessa, e logo um
ponto de luz parece se sobressair, e enquanto o observamos, uma torrente
de impressões relacionadas com a pergunta começa a inundar nossa mente.
Este é um dos métodos de utilizar uma ação positiva.
A árvore da vida
O outro método para conseguir um contato seletivo se vale de um “sı́mbolo-
chave”. Este sı́mbolo foi ligado com uma ideia emocional e mental especı́fica.
Assim, um sı́mbolo-chave que pode ser utilizado é um cı́rculo alaranjado com
o sı́mbolo do planeta Mercúrio no centro. Este sı́mbolo especı́fico é um de
uma série de dez que, juntos, formam a chamada “Árvore da Vida”; este
é um grupo muito importante de sı́mbolos usados numa filosofia ocultista
cujo nome é a Cabala. Para maiores informações sobre este grande sı́mbolo
de grupo, você pode consultar nosso livro intitulado “A Magia e a Cabala”.
O sı́mbolo de Mercúrio está especialmente ligado com todos os assuntos
que se referem à mente: livros, conferências, transmitir informações por to-
dos os meios (Mercúrio, ou Hermes dos gregos, era o mensageiro dos deuses),
como cartas, telefonemas, telegramas ou conversação pessoal. Portanto, se
quisermos conseguir qualquer informação, através da psicometria, sobre o
quilate intelectual de quem escreveu uma determinada carta que está em
exame psicométrico, este sı́mbolo poderá servir como um excelente sı́mbolo-
chave, e manter as impressões psı́quicas contidas nesta única linha, excluindo
os assuntos irrelevantes.
Entretanto, o sı́mbolo-chave deve ter sido pensado e relacionado na mente
45
com a caracterı́stica para a qual serviria de chave. Neste caso, você teria
que inventar seus próprios sı́mbolos-chave, embora possa usar como base o
sistema de sı́mbolos da Árvore da Vida.
46
em várias épocas de sua existência, e por conseguinte torna-se difı́cil para o
psicometrista selecionar uma determinada época do passado.
Por outro lado, a aura da flor, que também é uma criatura viva, se parece
mais com uma folha branca, uma tabula rasa, e a força do pensamento e da
emoção que a marcam através da pessoa que procura um conselho pode ser
facilmente identificada.
O paranormal em desenvolvimento pode experimentar a psicometria das
flores, mas queremos salientar que ele deve continuar as experiências com
toda espécie de objetos, com complexos registros psı́quicos, e não se satis-
fazer com este método elementar.
É extremamente fácil cair nesta armadilha, mas se você o fizer, limitará
sensivelmente suas capacidades psicométricas, porque o uso dos sı́mbolos-
chave como desengate é tão eficaz quanto o contato floral, e em compensação
pode proporcionar uma quantidade muito maior de informações.
47
que costumamos chamar de “Teoria do Cão Fila”, é talvez mais acessı́vel
para a média das pessoas que a ideia metafı́sica oriental. A este propósito
gostarı́amos de acrescentar que ambos os pontos de vista são corretos, en-
tretanto um precisa do outro para se tornar mais completo.
Numa certa época fizemos um bocado de experiências neste sentido, e a
ideia que apresentamos realmente é o resultado de todos aqueles trabalhos.
48
o que há numa certa garrafa ou num certo frasco cujo rótulo desapareceu;
naturalmente, quando a identificação visual é impossı́vel, o procedimento
natural é abrir a garrafa para sentir o cheiro do produto.
Mas isto pode ser muito perigoso, porque a substância pode ser tóxica
e muito volátil, de maneira que poderia afetá-lo antes que tivesse tempo de
expeli-la de seus pulmões. O truque consiste em respirar fundo e, mantendo
o ar nos pulmões, farejar de leve o conteúdo da garrafa.
Seus pulmões estão cheios de ar e não absorvem qualquer quantidade do
gás que emana da substância desconhecida e que está sendo testada, mas
os nervos olfativos captam o suficiente para uma identificação. Quando a
substância é especialmente irritante ou perigosa, os pulmões podem ser ime-
diatamente esvaziados, e o ar que estava retido arrasta consigo a quantidade
mı́nima do elemento mortal que ainda pode se encontrar nas narinas. No
passado descobrimos que este pequeno macete podia nos poupar uma porção
de complicações.
O abuso do “mı́stico”
Aliás, caso algum leitor, depois de nossa referência a R. H. Benson, se
sinta inclinado a pensar que este escritor se converteu a doutrinas psı́quicas, é
melhor esclarecer logo que ele se valeu da comparação num livro de histórias
sobre misticismo, e isto tem muito pouco a ver com fenômenos psı́quicos.
49
É verdade que alguns fenômenos psı́quicos se manifestam frequentemente
na vida dos mı́sticos, mas são considerados obstáculos e não um auxı́lio
na vida mı́stica. Aliás, o mesmo vale para o budismo e algumas outras
religiões orientais. Todas elas se opõem energicamente ao desenvolvimento
de faculdades psı́quicas, porque são opinião que estas, como brinquedos,
atrairão as pessoas para longe da senda espiritual, e na melhor hipótese
apenas fazem perder tempo.
Em nossos tempos modernos abusa-se excessivamente da expressão “mı́stico”,
pois a expressão é aplicada aos fenômenos psı́quicos e ocultistas. Esper-
amos, futuramente, poder discutir os valores respectivos do psiquismo, do
ocultismo e do misticismo, conforme nosso próprio conceito, num outro livro.
Talismãs e amuletos
Os talismãs e os amuleto, cujas virtudes são anunciadas nas várias pub-
licações psı́quicas e ocultistas, podem ser citados como exemplo de “objetos
carregados”. Alguns são vencidos com base na conhecida máxima do “show-
man” norte-americano Barnum: “A todo minuto nasce mais um”, porém
há outros, cuidadosamente preparados por pessoas com conhecimentos sufi-
cientes dos princı́pios da magia.
O primeiro tipo de objeto carregado funciona sobretudo através da au-
tossugestão de quem o usa, mas o segundo tipo tem poderes reais, autossug-
estão à parte, e este segundo tipo de objeto carregado exige muitos cuidados
quando nos aproximamos dele.
Quando é sabido que temos, ou então que estamos desenvolvendo poderes
psı́quicos, acontece frequentemente que alguém nos ofereça um destes objetos
para uma “leitura”, e nunca é demais tomar alguns cuidados. Afinal, você
não tentou desenvolver capacidades psicométricas só para “ser sacrificado
e proporcionar uma festa psı́quica”, se nos for permitido parafrasear um
pouco um ditado que se referia aos antigos gladiadores romanos.
Os objetos carregados deste segundo tipo foram abençoados e consagra-
dos pelos ministros de organizações cristãs e não-cristãs. O anel, trazido
pelo hipotético postulante, para uma leitura psicométrica, era deste tipo. A
influência irradiada do objeto (sobretudo quando a consagração foi efetuada
de forma apropriada, e não superficialmente, como acontece com alguns re-
ligiosos) está situada num elevado nı́vel moral e ético, e o efeito só pode ser
benéfico.
Entretanto, mesmo neste caso, é aconselhável usarmos, na aproximação,
a mesma atitude mental que assumirı́amos com objetos de outro tipo.
50
disposto, e se este amigo tem uma boa capacidade de visualização, melhor
ainda.
Este exercı́cio deve ser executado da seguinte forma: providencie cinco
pedacinhos de madeira, com um comprimento de sete centı́metros e qualquer
espessura. Marque os pedacinhos de madeira com números ou letras, para
poder distingui-los. A pessoa que deve “carregá-los” anota num caderno
qual é a emoção forte que deseja gravar em cada um. Como é mais fácil
fazer isto com imagens visuais, deve-se anotar no caderno também quais
imagens serão usadas em cada caso.
Suponhamos que o objeto “A” deva ser carregado com a emoção que
chamamos raiva. A pessoa poderá usar qualquer imagem que, na sua opinião,
reproduz bem esta emoção, e segurando o objeto entre as mãos desenvolverá
esta imagem da maneira mais forte possı́vel, esforçando-se ao mesmo tempo
para sentir a emoção que representa.
Feito isto, deve embrulhar o objeto num pedaço de seda, e transferir
sua atenção para o próximo objeto. Aliás, é aconselhável deixar passar
aproximadamente quinze minutos, para fazer desaparecer qualquer rastro
emocional de sua mente, caso contrário as influências no próximo objeto
poderão resultar um pouco misturadas.
Este trabalho deve ser continuado até conseguir carregar os cinco objetos.
É claro que durante este trabalho você, pessoalmente, não deve permanecer
no mesmo local, e nem mesmo a uma distância suficiente para ouvir. É
preferı́vel que fique fora de casa durante todo o trabalho.
51
método, poderá se valer da faculdade para sentir as condições em cada
quarto ou casa onde pretende entrar, e isto pode ser muito útil num perı́odo
posterior.
Diagnóstico psicométrico
Temos aqui mais uma interessante aplicação da psicometria: podemos
chamá-la de “diagnóstico psicométrico”. O ocultismo ensina que a doença
do corpo fı́sico se origina no sutil “duplo etérico”, que é o segundo plano
do corpo fı́sico, e sobre o qual o corpo fı́sico é continuamente construı́do
e demolido, de maneira que hoje não temos o mesmo corpo material que
tı́nhamos, por exemplo, há cinco anos (algumas autoridades médicas afir-
52
mam que em dois anos se verifica uma total mudança de matéria fı́sica no
corpo).
Portanto, conforme os ensinamentos ocultistas, o corpo etérico é o corpo
real contı́nuo, que mantemos durante toda nossa vida, e neste corpo podem
ser encontrados os primeiros sintomas de doença, muito antes que se mani-
festem os primeiros sintomas fı́sicos ou que se possam ver os primeiros sinais
que permitem a um médico fazer um diagnóstico.
É durante esta fase “pré-material” que se pode cuidar melhor da doença
através de métodos mais sutis da medicina homeopática e mediante as
chamadas “curas espirituais”, embora, naturalmente, esses métodos pos-
sam ser aplicados com sucesso mesmo quando a doença já está instalada no
verdadeiro corpo material.
53
54
Capı́tulo 5
Pós-escrito
Escrever este livro foi, para nós, um trabalho de amor. Deixando de lado
qualquer consideração de lucro, sentimos uma grande satisfação em reunir
uma parte dos conhecimentos relativos a esta maravilhosa faculdade e que
adquirimos durante cinquenta e três anos de experiências práticas no campo.
Existem poucos livros sobre o assunto, e os que existem parecem ter sido
escritos partindo de um ponto de vista sectário e religioso. Neste livro fize-
mos o possı́vel para evitar este tipo de preconceito, porque estamos conven-
cidos, como aliás repetimos no texto, que estas faculdades psı́quicas estão,
por si próprias, na mesma categoria dos nossos outros sentidos do plano
fı́sico, e não dependem de nossos pontos de vista éticos ou morais.
Evidentemente, ao mesmo tempo, todos que leram até este ponto devem
ter percebido que existe um padrão definido que o psicometrista aprendiz
deve respeitar.
Isto não significa que o psicometrista deve pertencer a uma congregação
religiosa definida, mas significa que, se ele quer executar plenamente seu
trabalho, deve estar preparado a se impor uma disciplina.
Diz a Bı́blia: “É maior aquele que se controla do que aquele que toma
uma cidade pelas armas”. O autocontrole é uma das maiores virtudes do psi-
cometrista; se ele realmente quer ser eficaz, deve estender este autocontrole
sobre uma ampla área de sua personalidade e fazer dele um fator poderoso
em sua vida cotidiana.
Quando tiver um maior controle sobre si próprio, o psicometrista desco-
brirá que está começando a ter maior poder sobre os outros, e a este ponto
começam a aparacer determinadas considerações de caráter ético.
Princı́pios de comportamento
Quando você descobre que é capaz de exercer seu poder sobre outros ao
seu redor, logo se defronta com esta questão: Que tipo de influência você
vai exercer sobre os outros, e em nome de qual autoridade você usa esta
influência? Há uma máxima que diz que o poder corrompe, e, de fato, no
55
campo da atividade psı́quica, surgem as tentações do poder, e quanto mais
cresce o sucesso do paranormal, maior se torna a tentação de utilizar este
poder sobre os outros de forma abusiva.
A disciplina que você se impôs, até este momento, é apenas um controle
emocional e mental, e é esta a disciplina que lhe confere seu poder. De
que forma, porém, deve ser empregado este poder? Quais regras deverá
ele respeitar a qual código de comportamento deverá adotar para si? O
psicometrista deve se colocar diante de todas estas questões antes de iniciar
seu trabalho.
Evitamos cuidadosamente qualquer enfoque sectário ou religioso ao tratar
desta faculdade puramente natural; agora, porém, sentimo-nos obrigados a
entrar no campo da religião, porque o exercı́cio destes poderes, como de
qualquer poder que está ao nosso alcance, é essencialmente um assunto es-
piritual. Não pode haver qualquer dicotomia: não é possı́vel dividir a vida
em “espiritual” e “material”, porque toda a existência é, em última análise,
espiritual.
Os ensinamentos da religião
Por conseguinte, podemos procurar um código de comportamento, uma
regra a seguir, entre os ensinamentos da religião. É claro, estamos na era
da iconoclastia, da destruição de todas as velhas imagens já estabelecidas
e, também, da entronização de novas imagens, porque o homem precisa ter
algumas imagens, algumas regras. Por conseguinte, os velhos códigos caı́ram
em desgraça, mas vamos sugerir que eles ainda possam voltar a valer.
Nos primeiros tempos da revolução russa, a ideia da permissividade, que
parece ser a tônica de nossos tempo, foi estendida a toda a área da ética
sexual, e o “amor livre”, que hoje está sendo fervorosamente defendido por
muita gente, floresceu com ampla liberdade.
Entretanto, as atribulações e a decadência social que foram causadas
pela difusão da ética do amor livre foram tão graves que os governantes
baniram a permissividade e reassumiram os padrões que tinham apressada-
mente descartado.
Os dez mandamentos
Nossa sugestão, por conseguinte, é que o código de comportamento con-
tido nos Dez Mandamentos é muito útil para qualquer pessoa que dispõe
destes maiores poderes pessoais. O sumário da lei, como foi transmitido por
Jesus, é uma afirmação positiva deste mesmo código, mas no presente estado
de caos semântico, quando até o significado de palavras parece duvidoso, as
declarações mais definidas e contundentes do antigo códice mosaico podem
ser mais úteis.
Outras religiões têm seus próprios códigos éticos e também podem ser de
56
utilidade para o paranormal em desenvolvimento. Nós adotamos há muito
tempo os ensinamentos deixados por nosso Mestre Jesus e deste fizemos
nosso código de comportamento; embora seja necessário confessar que em
muitas ocasiões transgredimos este código, ele permanece nosso guia nas
dificuldades da vida, e especialmente nas dificuldades que surgem por causa
do exercı́cio destes poderes supranormais da mente.
Nossa palavras de despedida aos nossos leitores são um conselho: adotem
uma norma, imponham-se um sistema de autodisciplina e depois vão em
frente com o desenvolvimento deste poder. Isso lhes dará, como nos deu
através de todos estes anos, a felicidade e sempre maiores oportunidades de
servir ao próximo.
Afinal, a única razão para cultivar intensamente esta ou qualquer outra
faculdade é - conforme as palavras do neófita que se encontra diante da porta
da Loja dos Mistérios: “Desejo conhecer para poder servir” - servir a Deus e
servir ao próximo; isto traz um vislumbre da verdadeira paz e da verdadeira
liberdade, vindas d’Ele, que disse: “Estou entre vós para servir”. Pois é
como Dante falou há muito tempo: “Em Sua Vontade está nossa paz”.
57