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Tradução de
Miriam L. Moreira Leite
e
Dante Moreira Leite
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LIVRARIA PIONEIRA EDITORA
São Paulo
Índice
CARL ROGERS
Prefácio 1
··············································································
BARRY STEVENS
Introdução ........................................................................ . 3
Quem Abre as Cortinas .. ........... ................... ....... ........... .. 9
CARL ROGERS
Em Busca de uma Moderna Perspectiva de Valores: O
Processo Valorizador na Pessoa Madura ......... ............ 13
BARRY STEVENS
Da Minha Vida I ............................................................... 33
Da Minha Vida II ............................................................. 47
CARLROGERS
Aprender a Ser Livre ······················································· 53
BARRY STEVENS
Da Minha Vida III .................................... ...... ,................ . 79
Da Minha Vida IV .... ........................................................ 99
CARL ROGERS
A Relação Interpessoal: O Núcleo da Orientação ...... .... 103
BARRY STEVENS
Da Minha Vida V .. .... ..................... ................ ........ ........ .. 121
Da Minha Vida VI ..................... .................................... ... 131
EUGENE T. GENDLIN
Comunicação Subverbal e Expressividade do Terapeuta:
Tendências de Terapia Centralizada no Cliente no
Caso de Esquizofrênicos ................ .. ....... .. ..................... 137
1
Prefácio
8ARRY STEVENS
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eu não agisse de acordo com o que eu sabia. Par
enquanto . t t , . ece
que uma insensatez de meu m e1ec o e consegmr pensar que
aquilo que sei, eu sou, e que as palavras resolvem tudo.
CARL Ro?ERS e eu nascemos no mesmo_ ano. Alé:rn
disso, existe mmto po~co e~ co~um em nossa~ vidas exterio-
. s Mas em nossas vidas mter10res ele segum muito 0
re • . 'd seu
caminho e eu o meu, e foi por,
termos segm o os nossos ca:rn·1-
nhos que, há alguns anos, nos passamos a nos corresponder
no ano passado, nos e~contramos. Quando i~so aconteceu v::
rificamos que concordavamos tanto a respeito da vida e da
pessoas, que parecia uma combinação. Parece que é O qu s
acontece quando ca da um "dança comorme
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a musica" -.:.. suae
sua clarineta interior. Sem dú~ida, nem sempre ouvi a
minha música. Por duas vezes, estive num caos mental de tal
ordem, que parecia que jamais eu poderia sair dele. Nas duas
vezes, saí quando consegui me ouvir novamente.
Quando pensei neste livro pela primeira vez, imaginei
que seria a habitual apresentação de artigos, com alguns co-
mentários do organizador - eu. Foi quando CARL ROGERS
escreveu que esperava que eu colocasse mais de mim mesma
no livro. Verifiquei que, quando falava com as pessoas sobre
os artigos de ROGERS, freqÜentemente uma descrição ou al-
guma coisa de minha vida ajudava-as a reter o sentido do
autor. Isto parecia ocorrer através de uma espécie de recipro-
cidade de experiência: quanto a minúcias de ambiente, pes-
soas e incidentes, embora a minha experiência fosse diferente
das vividas por elas, alguma coisa dessa experiência trazia-
lhes à consciência uma experiência sua que lhes esclarecia o
sentido. Espero que a minha parte neste livro faça o mesmo
por você, que eu não conheço.
Sem esse afloramento à consciência de sua vivência,
meu trabalho torna-se inútil. Em minha opinião, se alguma
coisa do que escrevi for aceita sem essa consciência torna-se
prejudicial porque o problema .é este: por várias razões, ab-
sorvemos coisas que não têm ligação conosco, e pensamos
nelas como nossas. Isto aconteceu tanto comigo, no caso de
meu marido que, quando depois de seu suicídio compreendi o
que tinha ocorrido, senti que não poderia permitir que um
homem me amasse - afinal, como seria possível, para mim
ou para ele, saber se o que ele amava em mim era meu ma-
rido ou eu mesma?
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De outro lado, se vivi durante semanas ou meses com
alguma coisa que você só conheceu por um momento, este
momento é real para você, e o que é bom é o fato de ser tra-
zido à consciência. Então a minha experiência foi empregada
para fisgar sua experiência à consciência, e o anzol pôde ser
atirado fora.
Para que isto ocorra parece necessário ler com o espí-
rito voltado para dentro, à procura de "onde estão as ligações
comigo?" Para isso é preciso ter tempo - tempo para um diá-
logo eni re o leitor e o livro. Para mim, é mais importante ler
um parágrafo ou uma página, quando só tenho tempo para
isso, do que ler correndo uma porção de páginas, · quando
tenho uma hora. Subterraneamente, enquanto faço outra
coisa, parece que continua o diálogo entre mim e aquela pas-
sagem. Observo-o quando por um momento sobe à superficie,
revelando-me o que está acontecendo.
Há pouco tempo li um livro diretamente do começo ao
fim, mas saltando as partes que não me interessavam.
Quando terminei, fiquei interessada por voltar e ler as partes
que saltara. Então, li de novo as que eu lera da primeira vez.
Esses são apenas dois de meus modos de ler livros, e
não recomendo nenhum deles. Para mim, o que é importante
observar é: "Será que estou me aborrecendo?" Se for o caso,
paro de ler ou salto as páginas de qualquer maneira tradicio-
nal, até que alguma coisa no livro e eu nos encontremos sem
dificuldade e eu leia por estar interessada. Com o manuseio
forma-se alguma coisa entre mim e o livro.
Um de meus problemas ao escrever este livro foi: "até
que ponto devo fazer uma ligação direta entre a minha parte
e os artigos?" Fiz essa pergunta a algumas pessoas. Um
jovem respondeu: "Gosto de fazer as minhas ligações. Eu me
sinto bem quando elas surgem na cabeça". Depois disse, com
a mesma energia: "mas quando não as compreendo, quero
que façam as ligações por mim." Acho que é isso. O problema
não tem resposta. Os artigos especializados estão aqui, para
quem quiser interagir por si; se se aborrecer com a minha
parte, pode saltá-la.
Neste livro, um artigo é inédito. Os outros foram pu-
blicados em revistas especializadas e, em dois casos, em li-
vros especializados. Para a maioria, não é fácil encontrá-los.
Meu filho encontrou um deles numà cesta de papéis e, se não
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r fosse isso, poderíamos nunca ter sabido de sua existência.
Pelo menos, este livro os torna acessíveis a todos nós, e penso
que é para todos nós que eles falam.
No meu modo de ver, o conhecimento das refações in-
terpessoais através do método centralizado no cliente não
pode ser seguido no sentido habitual, isto é, uma espécie de
cópia. Exige que a pessoa comece do mesmo ponto em que
R0GERS começa - um ponto que cada pessoa precisa atingir
em si mesma. A partir desse ponto, que para ela é central,
necessariamente seu modo será o seu, seu caminho será um
caminho exploratório, feito com o conhecimento de que não
existem respostas finais, que é melhor uma presteza para
corrigir os erros que tentar não cometê-los. Os artigos de
EUGENE GENDLIN e JOHN SHLIEN mostram que empregam
autenticamente o tratamento centralizado no cliente, e dei-
xam transparecer suas individualidades. Da mesma forma,
WILSON VAN DUSEN escreve: "Vejo uma grande semelhança
entre mim e CARL ROGERS. A diferença estaria no estilo e na
maneira de descrevermos as coisas. Esta questão de estilo
contradiz toda tentativa de chegar a uma psicoterapia que
seja a melhor e a mais adequada. O que é adequado para um,
não o é para outro."
Parece-me que isto é verdade a respeito de todos nós,
em nossas relações com os outros, sejam pais, cônjuges, ami-
gos, conhecidos ou pessoas que apenas encontramos e com
quem vivemos por muito pouco tempo: precisamos começar
da mesma base, e cada um tem que encontrá-la por si mesmo,
mas depois disso "o que é adequado para um, não o é para
outro".
Neste ponto acho que devo apresentar os agradecimen-
tos usuais nos livros, mas quando leio agradecimentos
sempre me parecem tão inexpressivo~, enquanto que o que
sinto pelos que tornaram possível a realização deste l~vro
está profundamente integrado em minha existência e em
minha vida. Acho que elas sabem disso. Fiquemos assim, de
pessoa para pessoa.
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