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2015
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Prof. Diego Boehlke Vargas
Prof. Daniel Rodrigo Strelow
Prof.ª Tatiane Thaís Lasta
338.9
V297e Vargas, Diego Boehlke
Economia política /Diego Boehlke Vargas, Daniel Rodrigo Strelow, Tatiane
Thaís Lasta. Indaial : UNIASSELVI, 2015.
206 p. : il.
ISBN 978-85-7830-875-9
Impresso por:
Apresentação
Prezado(a) acadêmico(a)! Bem-vindo ao Caderno de Estudos de
Economia Política. Aqui trabalharemos com três unidades sobre as teorias do
que se pode chamar de Economia Política.
Bons estudos!
UNI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades
em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Bons estudos!
IV
UNI
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 - ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA ....................................................................... 1
VII
UNIDADE 2 - O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA ............................................................... 63
VIII
3 A ESCOLA CEPALINA – UMA ESCOLA DE PENSAMENTO .................................................. 117
3.1 AS NOÇÕES DE “CENTRO VERSUS PERIFERIA” E DE “DETERIORAÇÃO DOS
TERMOS DE TROCA” ................................................................................................................... 118
3.2 INFLAÇÃO COM “PROBLEMA ESTRUTURAL” E A IMPORTÂNCIA DO
“PLANEJAMENTO E DO PROTECIONISMO” ........................................................................ 119
3.3 “TENDÊNCIA AO DESEMPREGO”, “TENDÊNCIA AO DESEQUILÍBRIO
EXTERNO” E A “SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES” ....................................................... 119
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 121
RESUMO DO TÓPICO 6 ...................................................................................................................... 125
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 126
IX
X
UNIDADE 1
ECONOMIA POLÍTICA
CLÁSSICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Prezado(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) à Unidade 1 do caderno de
Economia Política! Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos e no final de cada um deles você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Ao iniciar um assunto novo, de qualquer campo teórico, torna-se
indispensável que se faça, mesmo que brevemente, referências à sua história e sua
evolução. Justamente por isso propomos trabalhar, nesta primeira unidade, com
os principais conceitos introdutórios da Economia Política. Perpassaremos pela
evolução das ideias econômicas, ou seja, os principais períodos que subdividem
a chamada economia política ao longo dos séculos. Abordaremos as chamadas
correntes de pensamento da economia política que predominaram desde sua
gênese originária, passando pela Idade Média e chegando às correntes que
prevaleceram durante alguns séculos na Europa e Inglaterra, que são as correntes
da Fisiocracia e do Mercantilismo, chegando aos clássicos e, por fim, aos críticos
da economia política, dentre os quais destaca-se a produção teórica de Marx
como principal crítico das correntes sustentadas pela economia política clássica
até aquele momento. Marx, com sua obra O Capital: Crítica da Economia Política
(1867), marca os estudos da chamada economia política crítica justamente por ser
crítico das teses de Adam Smith, Ricardo e outros, como veremos no decorrer desta
primeira unidade.
2 O QUE É ECONOMIA
Caro estudante, para dar início à nossa unidade, trabalharemos de forma
abreviada e fácil as conceituações da economia e dos chamados problemas
econômicos, veremos aos poucos como a economia está presente no nosso dia a
dia em praticamente tudo o que fazemos.
3
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
• Escolha
• Escassez
• Necessidades
• Recursos
• Produção
• Distribuição
4
TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À ECONOMIA POLÍTICA
5
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
Como produzir?
6
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos:
• Que a economia está presente no nosso dia a dia em tudo o que fazemos, basta
observar.
7
AUTOATIVIDADE
8
UNIDADE 1
TÓPICO 2
EVOLUÇÕES DO PENSAMENTO
ECONÔMICO: ANTECEDENTES E
PRECURSORES
1 INTRODUÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a), neste tópico vamos nos dedicar ao estudo
da evolução do pensamento econômico. Estudaremos desde os primórdios da
antiguidade grega, antiguidade romana, Idade Média, perpassaremos ainda
pelo mercantilismo, pela fisiocracia e seus principais precursores. Buscaremos
compreender como chegamos às chamadas economias capitalistas de mercado,
para isso mencionaremos também as economias chamadas pré-capitalistas da
Europa desde as ruínas feudais até chegarmos às escolas de pensamento econômico
propriamente. Estudaremos, também, os precursores de cada período histórico e
de cada escola de pensamento.
9
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
E
IMPORTANT
A palavra economia deriva do grego oikonomos (de oiko, casa, e nomos, lei),
significando a administração da casa. O objeto de estudo da ciência econômica é o de analisar
os vários problemas econômicos e buscar formular soluções para resolvê-los de forma que
isso impacte positivamente na qualidade de vida das pessoas (VASCONCELOS; GARCIA 1999).
Além dos feudos, a Europa medieval tinha muitas cidades, as quais eram,
para a época, importantes centros manufatureiros. Esses bens manufaturados eram
comercializados nos feudos e às vezes em longa distância. O que predominava
nessa época eram as guildas, pequenos grupos organizados de artesões, e quem
quisesse produzir e vender algo deveria fazer parte dessas guildas.
que isso não deve ser posto em dúvida, todavia convém lembrar que um dos
fatores desse comércio se expandir na Europa foi o contato com os árabes. O
crescimento da produtividade agrícola significava que o excedente de alimentos
e manufaturados tornava-se disponível tanto para abastecer os mercados locais
como para o mercado internacional (HUNT, 2005).
Por volta do século XV as feiras aos poucos eram substituídas por cidades
comerciais, onde florescia um mercado permanente. Nesse período, novas leis com
relação ao comércio foram sendo criadas. É daí que surgem as leis que regem o
sistema capitalista baseadas nos negócios, contratos, representações comerciais,
leilões etc.
E
IMPORTANT
NOTA
ATENCAO
14
TÓPICO 2 | EVOLUÇÕES DO PENSAMENTO ECONÔMICO: ANTECEDENTES E PRECURSORES
E
IMPORTANT
ATENCAO
15
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
Essa corrente de pensamento acreditava que a sociedade era regida por leis
naturais e, portanto, os problemas da França eram devido à incapacidade de seus
dirigentes compreenderem essa lei natural e ordenarem a produção e o comércio
de acordo com essa lei.
16
TÓPICO 2 | EVOLUÇÕES DO PENSAMENTO ECONÔMICO: ANTECEDENTES E PRECURSORES
17
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
E
IMPORTANT
18
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você aprendeu que:
19
AUTOATIVIDADE
20
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A expressão Economia Política é de origem grega [politeia e oikonomika],
aparecendo as primeiras vezes nos escritos de Aristóteles e Platão, tomando corpo
teórico com as publicações do livro A Riqueza das Nações, de Adam Smith, em
1776, aos Princípios de Economia Política, de John Stuart Mill, de 1848, e é marcada
pela obra de David Ricardo, Princípios de Economia Política e Tributação, de 1817.
O que se denomina Economia Política Clássica vai de meados do século XVIII ao
século XIX.
21
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
22
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
NOTA
Mão invisível, segundo Pinho et al. (2003, p. 589), é a base do pensamento liberal
da escola de economia clássica: “milhões de consumidores e milhares de empresas sozinhos,
como que guiados por uma mão invisível, encontram posição de equilíbrio nos vários mercados
sem a intervenção estatal”.
NOTA
Smith distingue ainda o valor de uso e valor de troca das mercadorias, dando
destaque às mercadorias, afirmando que elas são determinadas pela quantidade de
trabalho necessário para reproduzir as mesmas. Já para os fisiocratas, como vimos
anteriormente, apenas o trabalho na agricultura produzia valor. Smith contrariou
os fisiocratas, demostrando que todas as atividades que produzem mercadorias
23
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
24
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
25
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
Vemos que
26
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
ATENCAO
A teoria das vantagens comparativas defende que uma nação exportará sempre
os produtos que produzir com custos relativamente menores que outros e importando os
produtos nos quais se tem um custo mais elevado, o que resultaria em vantagens para ambas
as economias, por isso teoria das vantagens comparativas (PINHO, et al., 2003).
E
IMPORTANT
Por isso não se tem dúvidas de que quem sempre arcou com os custos
sociais necessários à industrialização foi a classe trabalhadora. Este momento
ainda é marcado pela perda, usurpação da "habilidade artesanal", do trabalhador,
pois da manufatura passa a submeter-se ao novo sistema fabril, o que destruiu
completamente o modo de vida deste trabalhador (HUNT, 2005).
28
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
Agora, no novo sistema fabril, a única relação era de troca entre trabalho e
salário, os trabalhadores foram perdendo o acesso aos meios de produção e foram
reduzidos a meros vendedores da força de trabalho e totalmente dependentes das
condições de mercado para sua sobrevivência.
"A máquina, que antes era um apêndice do homem, se tornava agora o ponto
central do processo de produção. O homem passou a ser um simples apêndice
da máquina fria, implacável e ditadora do ritmo de trabalho” (HUNT, 2005, p.
112). Esse novo sistema fabril fez com que grupos de trabalhadores destruíssem
máquinas e fábricas que, segundo eles, eram responsáveis pela sua má situação.
29
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
30
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
31
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
clássico e início do período neoclássico. Sua obra vai consolidar o exposto por seus
precursores, nos quais se definiu melhor as restrições, vantagens e funcionamento
das economias de mercado (VASCONCELOS; GARCIA, 1999).
Entretanto, Smith era um liberal entre os autores ingleses de sua escola, foi
um dos únicos otimistas. Say, em sua releitura, conservou e fortifica este caráter, e
assim formou-se a corrente liberal otimista, denominada na história das doutrinas
como “Escola Liberal Francesa”.
Importante nos escritos de Say era a crença deste pensador nos mercados
livres que se ajustam automaticamente, em um equilíbrio em que todos os recursos,
inclusive o trabalho, estariam plenamente utilizados e isso resultaria em pleno
emprego, tanto o trabalho quanto a capacidade produtiva. Essa crença no mercado
passou a ser conhecida mais tarde como a Lei de Say. (HUNT, 2005).
32
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
E
IMPORTANT
33
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
E
IMPORTANT
34
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
Importante ainda que a economia política clássica não fosse compatível com
os ideais da burguesia, que converteu-se em uma classe dominante e conservadora.
Observa-se que entre 1825 até meados de 1848 a economia política sente uma crise.
Observa-se até hoje o desuso do termo Economia Política, isso se deve a dois fatores
expostos por Netto e Braz (2011), essa dissolução da Economia Política deve-se
a: primeiro, as investigações conduzidas pelos pensadores vinculados à ordem
burguesa e, de outro lado, os pensadores que investigavam ligados ao proletariado
(observa-se Karl Marx à frente).
35
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
36
TÓPICO 3 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
E
IMPORTANT
37
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você aprendeu que:
38
AUTOATIVIDADE
39
40
UNIDADE 1
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Após passarmos pelas evoluções do pensamento econômico, estudar os
principais precursores de cada período histórico, conhecendo bem a teoria clássica,
seus pensadores e o contexto histórico em que escreveram suas teses, podemos
agora partir para os críticos desta escola de pensamento econômico, que, como
vimos no último tópico, foi posta em questionamentos pelos críticos.
Karl Marx nasceu em Trier em 1818. Era o filho mais jovem de uma família
judaica de classe média. Estudou em Jena e obteve o título de doutor em Filosofia
em 1841. Mais tarde, como redator-chefe de um jornal, conhece Engels, que
passará a ser seu companheiro e publicarão diversas obras em conjunto, entre elas
a Sagrada Família, mais tarde publicaram o Manifesto Comunista e A ideologia
alemã. Marx, de forma clandestina, participou de diversas organizações da classe
trabalhadora de sua época. Depois de ter participado da Revolta de 1848, que
citamos anteriormente.
41
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
Marx, estando vinculado à classe operária e com Engels, vai articular uma
pesquisa que desdobrou durante 40 anos de trabalho intelectual. Por meio de sua
teoria ele explica o surgimento, o processo de consolidação, desenvolvimento
e as condições da crise da classe burguesa. As pesquisas de Marx resultaram o
contrário do que pregavam as teses da Economia Política Clássica. Explicou que
a organização da sociedade capitalista não é uma organização natural, como
defendiam as teses dos economistas clássicos, e sim que resultou antes em uma
forma de organização histórica, transitória, que contém diversas contradições e
tendências que possibilitam a sua superação, dando lugar a outro tipo de sociedade;
precisamente Marx falava de comunismo, o que também marca o fim da história,
mas apenas o ponto inicial de uma nova história, aquela que só será construída
pela humanidade assim que for emancipada (NETTO, BRAZ, 2011).
42
TÓPICO 4 | A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA
Marx foi quem pela primeira vez contestou as teses da chamada economia
clássica de Adam Smith e outros. Em 1848 ele publica o “Manifesto do Partido
Comunista”, escrito com Friedrich Engels. Essa obra trata-se de um panfleto
organizado para os trabalhadores da época na Inglaterra. Nessa obra, Marx tratará
da evolução do capitalismo, identificando várias formas de opressão da classe
trabalhadora sobre o proletariado submisso à classe empresarial. Marx vai sugerir,
nessa obra, que os rumos de uma sociedade mais justa estariam no empoderamento
dos trabalhadores, no sentido de se unirem em busca de um bem comum para não
serem explorados pelo sistema.
Todavia, outro livro seria a obra referência dos estudos críticos de Marx, é
o “Das Kapital” - “O Capital”. O primeiro livro publicado foi em 1867 e os demais
publicados em 1885, 1894 e 1905, respectivamente estes últimos depois da morte
de Marx, organizados e editados por Engels. Importante observar aqui que Marx
publica suas obras depois de todos os clássicos.
Para Marx, a grande crítica aos autores ditos da escola clássica é que lhes
faltava perspectiva histórica, embora essa crítica não se dirigisse a Smith. Na opinião
de Marx, se tivessem estudado história com mais cuidado, teriam descoberto que
“a produção é uma atividade social” e que esta, por isso, assume diferentes formas
e modos, dependendo da organização social (HUNT, 2005, p. 297).
43
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
remunerar o trabalhador o mínimo possível também, que não é nada mais do que
objeto necessário ao trabalho para o capitalista explorar.
FIGURA 15 - MAIS-VALIA
Outro termo importante utilizado por Marx é o que ele chama de acumulação
primitiva, que precede a acumulação capitalista, uma acumulação que não é
resultado do modo de produção capitalista, mas sim seu ponto de partida. Marx
ironiza afirmando: essa acumulação primitiva corresponde na Economia Política a
um papel análogo ao pecado original na Teologia.
Marx resume outro efeito que favoreceu a acumulação primitiva, que são
os enclousures, com a “lei parlamentar de cercamentos de terras comunais”, que
de feudo ou terra comunal passaram a constituir propriedade. Com o processo de
usurpação da terra comunal, a classe dos camponeses teve seu salário tão baixo,
o qual não bastava para as necessidades vitais absolutas, dessa forma cria-se uma
relação de dependência entre os donos do capital e o camponês expropriado. Onde
antes a organização da vida baseava-se fundamentalmente na sua relação com a
terra (vimos isso no segundo tópico desta unidade).
46
TÓPICO 4 | A CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA
E
IMPORTANT
Mais-valia - conceito criado por Marx o qual se refere à diferença entre o valor das
mercadorias que o trabalhador produz e o valor da força de trabalho que possui, esta que é
vendida ao capitalista. Os lucros, as rendas, representam a taxa de mais-valia do capitalista em
relação ao trabalhador.
NOTA
E
IMPORTANT
47
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você aprendeu que:
48
AUTOATIVIDADE
49
50
UNIDADE 1
TÓPICO 5
A PERSPECTIVA SCHUMPETERIANA:
ECONOMIA E INOVAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico trabalharemos com um conceito popularmente conhecido
como economia da inovação, seus precursores são os chamados schumpeterianos e
neoschumpeterianos. A obra do economista tem influenciado as teorias no campo
da economia da inovação. As noções primordiais de inovação têm sua origem
justamente neste autor: Schumpeter. Conforme estudaremos na sequência.
52
TÓPICO 5 | A PERSPECTIVA SCHUMPETERIANA: ECONOMIA E INOVAÇÃO
53
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
54
TÓPICO 5 | A PERSPECTIVA SCHUMPETERIANA: ECONOMIA E INOVAÇÃO
3 NEOSCHUMPETERIANOS
Esta corrente de pensadores segue os pressupostos de Schumpeter, todavia
são correntes mais recentes. Consideram que a inovação tecnológica é a base para
o desenvolvimento do sistema capitalista. O enfoque central desta corrente seria
que “forças econômicas e fatores sociais e institucionais conferem estabilidade a
sistemas de inovação que explicam o êxito de uma dada trajetória tecnológica e o
consequente desenvolvimento econômico” (THEIS; ALMEIDA, 2010, p. 124).
55
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
LEITURA COMPLEMENTAR
A Economia Política marxista não oferece segredos aos seus iniciados. O que
ela oferece são conexões entre aspectos da realidade que outras teorias sociais tendem
a analisar separadamente. Usando a Economia Política marxista é possível perceber
relações sistêmicas entre as sociedades, dentro de cada sociedade e, através da história,
tal utilização permite a explicação da existência das classes, da exploração, do progresso
técnico, do imperialismo, do neoliberalismo e de toda uma série de estruturas, processos
e relações que não são imediatamente evidentes. Em contraste, teorias ortodoxas
(por exemplo, a economia neoclássica) utilizam modelos discretos construídos com
conceitos intercambiáveis, como “bloquinhos de lego”, como se a realidade fosse uma
aglomeração de elementos ligados apenas externamente e de forma contingente. Isso
limita analiticamente essas teorias, tornando-as pouco interessantes.
57
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
não pode ser idêntica para todos os países e épocas históricas (…) A
Economia Política é, portanto, uma ciência histórica (Engels, 1998).
58
TÓPICO 5 | A PERSPECTIVA SCHUMPETERIANA: ECONOMIA E INOVAÇÃO
se que Marx falou bastante sobre temas ambientais, embora raramente de forma
direta (Bellamy Foster, 2002; 2009; Benton, 1996; Burkett, 1999; 2003).
FONTE: FILHO, Alfredo, S. A atualidade da Economia Política Marxista. Revista Crítica marxista n.
30. 2010. UNICAMP – Campinas-São Paulo.
59
UNIDADE 1 | ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
DICAS
Prezado(a) acadêmico(a), colocamos à sua disposição alguns filmes que podem ser úteis para
sua dinâmica de aprendizado.
Tempos Modernos
A história das coisas
Privatizações - a distopia do capital
Trabalho interno – Insayd job
DICAS
SITES INTERESSANTES
<http://www.diplomatique.org.br/>
<http://outraspalavras.net/>
<http://www.cartacapital.com.br/>
60
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico você estudou que:
61
AUTOATIVIDADE
Caro(a) acadêmico(a), para fixar melhor o que estudamos neste tópico,
vamos exercitar um pouco. Leia com atenção as questões e responda-as no seu
Caderno de Estudos.
a) ( ) I, II e III.
b) ( ) II e IV.
c) ( ) II e V.
d) ( ) I, II, III, IV e V.
e) ( ) Todas as alternativas estão erradas.
62
UNIDADE 2
O PAPEL DO ESTADO NA
ECONOMIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Prezado(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) à Unidade 2 do caderno de
Economia Política! Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em seis tópicos e no final de cada um deles você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.
1 INTRODUÇÃO
Na unidade anterior nos debruçamos sobre vários temas relacionados à
economia política. Além de noções introdutórias, perpassamos brevemente os
autores clássicos, a crítica desenvolvida por Karl Marx e, ainda, os principais
postulados de Schumpeter, com sua economia da inovação.
Desta forma, nesta unidade iremos debater temas que se relacionam a esta
temática da intervenção. Logo de início conheceremos um pouco mais sobre o
keynesianismo. Os postulados dessa corrente econômica ganharam força em meio
a um ambiente conturbado, tanto da academia como da vida social, econômica e
política. Keynes, ao desconsiderar a tendência ao autoequilíbrio do capitalismo,
sugeriu a intervenção do Estado como forma de garantir sua continuidade,
principalmente em momentos de crise.
65
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
NOTA
66
TÓPICO 1 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
E
IMPORTANT
A crise de 1929, conhecida como a “Grande Depressão”, foi o período de maior crise
econômica, de nível mundial, do século XX. Iniciou em 1929, no interior do sistema financeiro,
cujo ponto central foi a quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Primeiramente atingiu a
economia norte-americana para então se espalhar pela Europa e, por conseguinte, pelos
países latino-americanos, asiáticos e africanos. Seus maiores impactos só foram atenuados em
meados da década de 1930 (SANDRONI, 1999).
NOTA
4 A ECONOMIA KEYNESIANA
A grande contribuição de John Maynard Keynes está no princípio da
demanda efetiva. Seus pressupostos foram em desencontro à premissa clássica de
que a oferta criava sua própria demanda (da qual a Lei de Say é expoente). Para
Keynes, pelo contrário, era a demanda – ou seja, as necessidades dos indivíduos
– que influenciaria a oferta. Desta maneira, para resolver o problema da crise
68
TÓPICO 1 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
E
IMPORTANT
A demanda efetiva (ou demanda solvente, agregada) pode ser entendida como a
demanda por bens e por serviços, que possuem capacidade de pagamento. São menores que
as necessidades do conjunto da população, pois se referem às necessidades que a população
efetivamente possa pagar (SANDRONI, 1999).
NOTA
69
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
NOTA
70
TÓPICO 1 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
Vale lembrar que suas ideias influenciaram o famoso New Deal, programa
de recuperação econômica de Franklin D. Roosevelt (1933-1939). A grande
convicção que pairava no ar era que o capitalismo poderia ser salvo (quando
envolto em crises), desde que os governos interviessem na economia, cobrando
impostos, reduzindo juros, tomando empréstimos e gastando.
NOTA
71
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
5 CRÍTICAS E INFLUÊNCIAS
Alguns autores fizeram algumas críticas à obra de Keynes. Uma delas
afirma que tal teoria não logrou ser “geral” (como pretendia a Teoria Geral), sendo
assim, mais adaptada à realidade socioeconômica da Grã-Bretanha durante a
Grande Depressão dos anos de 1930. Além disso, há críticas por ser limitada aos
problemas do subemprego e ao curto prazo. Outros afirmam que Keynes tenha
simplificado demais a complexa realidade econômica e, ainda, deixou de lado a
análise da microeconomia. Além de não ter se debruçado sobre o caso dos países
emergentes. Soma-se a isso o fato de que não considerou o problema do fim da
análise produtiva como fundamental.
72
TÓPICO 1 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
73
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos que:
• As teorias keynesianas sustentavam que o pleno emprego era apenas uma das
situações possíveis da economia, portanto, era possível alcançar o equilíbrio
com desemprego e sem o emprego total dos recursos disponíveis.
74
AUTOATIVIDADE
75
76
UNIDADE 2 TÓPICO 2
O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior vimos alguns dos pressupostos básicos do keynesianismo,
que influenciou e vem influenciando pesquisadores, governos e políticas no
mundo todo. Neste segundo tópico nossa atenção estará voltada a um modelo
de Estado, o “Estado de Bem-Estar Social”. Podemos ter certeza de que muitos
dos postulados de Keynes têm influência sobre as concepções mais recentes desta
forma de atuação estatal.
O Estado de Bem-Estar Social é uma das formas que o Estado pode assumir.
Evidente que tem maior incidência no cotidiano dos indivíduos, em maior grau
em alguns casos, em outros, em menor grau. Muitos pesquisadores fazem uma
classificação dos vários modelos que vem a assumir este tipo de Estado, de acordo
com as funções que desempenha. Podemos citar como exemplo bem-sucedido
na atualidade os países escandinavos. Nestes são ofertados de maneira universal
serviços públicos de alta qualidade, como educação, moradia, garantia de emprego,
de renda, saúde e tantos outros. É bom lembrar que tais serviços são fruto de lutas
históricas e não apenas da caridade de governantes.
2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Algumas vezes já ouvimos falar do Estado de Bem-Estar Social, também
conhecido como Welfare State ou, ainda, Estado assistencial. De fato, é uma das
formas de se conceber o Estado, diante das mais diversas formas que ele assume
ou pode assumir. Historicamente, podemos apresentar a política adotada na
Grã-Bretanha, no pós-Segunda Guerra, como exemplo deste modelo de Estado.
Frutos de reivindicação de longa data, muitas políticas de assistência social foram
aprovadas, desde saúde à educação, que tinham como propósito garantir serviços
idênticos a todos os cidadãos, independente de sua renda (BOBBIO; MATTEUCCI;
PASQUINO, 2000).
77
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
É na Inglaterra dos anos 1940 que se chega àquilo que vem a ser
definitivamente o Welfare State, ou seja, a garantia da universalidade de direitos
a todos os cidadãos, independente de sua idade, renda e posição social. Exemplo
seguido por muitos outros países industrializados.
E
IMPORTANT
78
TÓPICO 2 | O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL
Esta ação estatal acaba reduzindo os riscos sociais a que os cidadãos estão
expostos, principalmente pela dinâmica do capitalismo. Baseia-se em uma noção
de direito social e, é claro, tem relação com o mercado, já que tenta amenizar os
resultados adversos das atividades capitalistas, como a desigualdade de acesso aos
bens públicos, entre tantas outras.
Mesmo que o modelo de Welfare State seja aquele que busca o bem-estar dos
indivíduos através dos direitos sociais, a constituição deste entre as nações levou
em consideração certas especificidades. Portanto, há como distingui-los. Esping-
Andersen (1991) nos ajuda neste sentido, ao distinguir três tipos de Welfare State:
o Liberal, o Conservador e o Social-democrata. Apesar desta divisão, não há como
apontar uma delimitação tão clara entre os modelos. Ou seja, características dos
três tipos se entrelaçam. Um modelo conservador pode apresentar características
de um modelo social-democrata e vice-versa, por exemplo. Vejamos cada regime
em separado.
79
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
80
TÓPICO 2 | O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL
81
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
Discorrer sobre a crise do Welfare State não é tão simples, muito menos
algo de consenso. Isto porque remete mesmo a posturas ideológicas e, de certa
forma, pela retomada de poder no direcionamento do Estado por determinadas
classes sociais. Um elemento para o qual podemos chamar a atenção é o caso de
países desenvolvidos, em que a redução do Welfare State se relaciona com a crise
fiscal, ocasionada pela dificuldade crescente em equilibrar os gastos públicos com
crescimento econômico. Realizar esta tarefa em uma economia capitalista nem
sempre é tarefa fácil.
82
TÓPICO 2 | O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL
Podemos dizer que foi um marco para os direitos sociais no Brasil, já que
sustenta uma ampliação do sistema de proteção social e, mesmo, a instituição
de princípios de universalização. Podemos destacar deste período a criação do
Sistema Unificado de Saúde (SUS), a criação do seguro-desemprego, a evolução da
previdência social (com sistema unificado com a previdência urbana e incorporação
dos benefícios às mulheres). Longe de citar todos os avanços, pelo menos em tese
se fundou um sistema de proteção social que universalizou direitos sociais e tratou
temas importantes, como a saúde, a assistência social e a previdência como questões
de ordem pública e, portanto, responsabilidade do Estado brasileiro (BENEVIDES,
2011). Em tese, o Brasil deu um passo à consolidação de um Welfare State, mas na
prática ainda está longe disso.
83
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que:
• É na Inglaterra dos anos 1940 que se chega àquilo que vem a ser definitivamente
o Welfare State, ou seja, a garantia da universalidade de direitos a todos os
cidadãos, independentemente de sua idade, renda e posição social.
• Este modelo de Estado é fruto da luta organizada dos cidadãos por melhores
condições de vida e não mera caridade de governantes piedosos.
• O Brasil nunca logrou estruturar um Welfare State aos moldes dos países europeus
e escandinavos. O que existem são políticas e demais elementos garantidores
de melhores condições de vida à população, ora mais expressivos, ora menos
expressivos.
84
AUTOATIVIDADE
2 O modelo de Bem-Estar Social é uma das muitas formas que o Estado pode
assumir. Vimos no tópico 2 algumas características dele. Com base nisto, leia
com atenção as afirmações abaixo e assinale o conjunto correto de afirmações:
85
86
UNIDADE 2
TÓPICO 3
A TEORIA DA REGULAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Depois de vermos um pouco sobre as teorias keynesianas e entrar em
contato com o modelo de Bem-Estar Social, nossa tarefa neste terceiro tópico será
conhecer um pouco da Escola Francesa da Regulação.
87
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
E
IMPORTANT
3 PRECEITOS BÁSICOS
Os regulacionistas, embora estivessem de acordo com a tese do esgotamento
das políticas keynesianas, criticaram a opção neoliberal para resolver a crise
do fordismo. Sua proposta era tentar entender os processos de acumulação e
crise do capitalismo contemporâneo mediante o desenvolvimento de um novo
referencial teórico-metodológico. Dentre as categorias mais importantes por eles
desenvolvidas, ganharam destaque as categorias modelo de desenvolvimento,
paradigma tecnológico, regime de acumulação, modo de regulação, fordismo,
fordismo periférico, pós-fordismo, entre outras.
88
TÓPICO 3 | A TEORIA DA REGULAÇÃO
NOTA
89
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
90
TÓPICO 3 | A TEORIA DA REGULAÇÃO
NOTA
91
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
Neste tópico existe ainda uma classificação de crises que venham a ocorrer
no processo de acumulação capitalista. Conforme nos aponta Carvalho (2008),
podemos resumi-las da seguinte forma:
92
TÓPICO 3 | A TEORIA DA REGULAÇÃO
• Crises estruturais: são as crises de grande proporção, que marcam o fim de uma
era do capitalismo. As soluções para este tipo de perturbação exigem grandes
mudanças, desde políticas, técnicas, produtivas, institucionais e sociais.
93
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:
94
AUTOATIVIDADE
95
96
UNIDADE 2
TÓPICO 4
A TEORIA DESENVOLVIMENTISTA
1 INTRODUÇÃO
Nas unidades anteriores vimos um pouco sobre keynesianismo, discutimos
o Estado de Bem-Estar Social e, ainda, conhecemos mais sobre a Escola Francesa
da Regulação. Pois bem, nossa tarefa agora, neste quarto tópico, será conhecer um
pouco mais sobre a teoria desenvolvimentista.
97
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
98
TÓPICO 4 | A TEORIA DESENVOLVIMENTISTA
E
IMPORTANT
NOTA
99
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
NOTA
100
TÓPICO 4 | A TEORIA DESENVOLVIMENTISTA
4 O NOVO DESENVOLVIMENTISMO
A euforia das políticas neoliberais dos anos 1990 encontra seu limite e
o debate acerca do desenvolvimentismo ressurge a partir dos anos 2000, agora
denominado novo desenvolvimentismo. O grande predomínio neoliberal até então
se deu principalmente pela influência dos países centrais, como os Estados Unidos.
Seu ideário era de desregulamentação completa das economias, para assim atrair
novos investimentos externos e possibilitar a livre mobilidade de capitais.
101
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
NOTA
102
TÓPICO 4 | A TEORIA DESENVOLVIMENTISTA
NOTA
103
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
Há quem afirme que tanto no Brasil como nos demais países latino-americanos
há vários elementos daquilo que poderia ser o novo desenvolvimentismo. No caso
brasileiro, principalmente nas recentes políticas do Estado orientadas à inclusão
social, o que vem ocorrendo é uma espécie de redefinição de um projeto nacional
de desenvolvimento, com políticas sociais e econômicas identificadas com aquelas
do novo desenvolvimentismo.
104
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico vimos que:
105
AUTOATIVIDADE
106
UNIDADE 2
TÓPICO 5
INDICADORES DE
DESENVOLVIMENTO E POLÍTICAS
PÚBLICAS
1 INTRODUÇÃO
Até agora já vimos quatro tópicos importantes: o primeiro dedicado ao
keynesianismo, o segundo ao Estado de Bem-Estar Social, o terceiro à Teoria
Francesa da Regulação e o quarto, dedicado ao desenvolvimentismo, com destaque
para o caso latino-americano. Neste quinto tópico iremos conhecer um pouco sobre
os indicadores de desenvolvimento e políticas públicas, que podem muito bem
assumir a forma de políticas para o desenvolvimento.
2 O TEMA DESENVOLVIMENTO
Para podermos entender melhor o tema das políticas públicas, é necessário
um debate inicial do próprio conceito de desenvolvimento. Como vimos
anteriormente, os estudos acerca do desenvolvimento estão inseridos na fronteira
entre a teoria econômica e a política e têm sua origem em três fontes principais: a
primeira se refere aos trabalhos teóricos dos economistas clássicos; a segunda nas
crises econômicas e; a terceira nos estudos voltados a uma intervenção na realidade.
Normalmente se associa desenvolvimento à ideia de progresso e de crescimento.
Porém, não é somente isso. O desenvolvimento é um fenômeno de muitas faces e
que requer um olhar multidisciplinar.
107
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
3 OS INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO
Ao longo dos anos, alguns indicadores vêm ganhando destaque na
mensuração do desenvolvimento por inúmeras agências. Muitos são os
indicadores que podem ser utilizados para esta tarefa. Não há como afirmar que
existe um indicador tão abrangente que seja capaz de mensurar todo o processo de
desenvolvimento.
108
TÓPICO 5 | INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS
109
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
DICAS
110
TÓPICO 5 | INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS
Souza (2006) nos ajuda a compreender melhor o tema das políticas públicas,
através de uma síntese de seus principais elementos.
112
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico vimos que:
113
AUTOATIVIDADE
114
UNIDADE 2
TÓPICO 6
A CONTRIBUIÇÃO DA CEPAL NA
AMÉRICA LATINA E NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Chegamos ao fim da Unidade 2, cujo tema foi o papel do Estado na
economia. Até o momento, conhecemos um pouco mais acerca de cinco temas que,
de certa forma, têm ligação entre si. Entre eles: o keynesianismo, a Escola Francesa
da Regulação, o Estado de Bem-Estar Social, o desenvolvimentismo e o tema dos
indicadores de desenvolvimento em conjunto com o das políticas públicas.
Nosso esforço neste último tópico será conhecer um pouco mais sobre a
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Esta importante
instituição ligada à ONU exerceu grande influência no direcionamento de políticas
de vários governos latino-americanos, inclusive do brasileiro. Na verdade, ainda
tem sua influência atualmente.
Nos subtópicos que seguem veremos com mais cuidado esse assunto.
2 BREVE HISTÓRICO
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) tem
sua criação datada de 1948. É um órgão ligado à ONU (Organização das Nações
Unidas), mais precisamente ao Conselho Econômico e Social desta entidade.
Atualmente tem sede em Santiago, no Chile.
Na época de sua criação, seu grande objetivo era elaborar alternativas para
o desenvolvimento dos países da América Latina, vistos como subdesenvolvidos.
A fim de mitigar este cenário, formou-se um quadro de especialistas de diversas
áreas (administradores, economistas, sociólogos, entre outros). Evidente que
estas pessoas já contavam com renome nos países da região, dentre os quais vale
destacar o argentino Raúl Prebisch (considerado grande inspirador do organismo)
e o brasileiro Celso Furtado. Mais tarde ficaram conhecidos como representantes
da Escola Cepalina (SANDRONI, 1999).
115
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
DICAS
116
TÓPICO 6 | A CONTRIBUIÇÃO DA CEPAL NA AMÉRICA LATINA E NO BRASIL
Além da sede principal (no Chile), tem uma sede sub-regional para a
América Central, localizada no México e outra subsede para o Caribe, localizada
em Porto Espanha, Trinidad e Tobago. Conta ainda com cinco escritórios nacionais,
localizados em Brasília, Bogotá, Buenos Aires, Montevidéu e Washington (CEPAL,
2015).
DICAS
117
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
Esta teoria foi muito eficiente, já que sua base eram as características da
realidade latino-americana. Vejamos mais detalhadamente alguns dos principais
conceitos da chamada Escola Cepalina a respeito do subdesenvolvimento dos
países da América Latina.
119
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
120
TÓPICO 6 | A CONTRIBUIÇÃO DA CEPAL NA AMÉRICA LATINA E NO BRASIL
LEITURA COMPLEMENTAR
É um capitalismo estranho, que não tem banco nem dinheiro. Se você dissesse
isso para um economista conservador, no início do século XX, final do século XIX,
ele acharia que você deveria ser enviado a um hospício. Mas, de qualquer maneira,
eles têm a necessidade de formular uma regra, ou regras que valem o tempo inteiro,
independentemente do período histórico e da conjuntura que a economia esteja
vivendo. Se olharmos a ideia do ajuste fiscal, estão dizendo que, na verdade, só
podem surgir os desequilíbrios macroeconômicos por conta dos equívocos da
política econômica. Se a economia for deixada a ela mesma, tem capacidade de se
reequilibrar automaticamente, pelas suas próprias forças, e, ao mesmo tempo, claro
que apresenta flutuações, mas são autocorrigíveis. Os desequilíbrios e as flutuações
só poderiam vir da tentativa do Estado de intervir.
Tome-se como exemplo o que o Joaquim Levy falou: “precisamos acabar com
o patrimonialismo”. O que é o patrimonialismo? A tentativa do Estado de intervir
para estimular um ou outro setor. Isso é uma visão – eu diria, para ser gentil – pobre,
do que é o patrimonialismo.
121
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
Se você não tem renda, não decide nada. Se a renda cai, também vai poupar
menos. O Keynes, sobre quem estou escrevendo um livro, já explorou essa ideia,
que é superideológica, porque justifica o enriquecimento pelo esforço: “eu poupei,
sacrifiquei meu consumo presente para ter o consumo no futuro, então produzi um
benefício social”. O Keynes diz: não senhor, você, na verdade, tomou uma decisão
de acumular a riqueza para si mesmo. Como empreendedor e produtor de riquezas,
alguém só é útil socialmente quando investe, gera renda adicional, emprega mais
gente, gera mais imposto. Quando poupa, está fazendo uma subtração. E aquilo
fica lá perturbando o tempo inteiro, afinal, como você vai adquirir renda, receita,
basicamente pela sua riqueza poupada? Aplica, digamos, num CDB, em uma
poupança, e aí fica um parceiro do juro alto.
122
TÓPICO 6 | A CONTRIBUIÇÃO DA CEPAL NA AMÉRICA LATINA E NO BRASIL
Como os modelos deles não têm bancos, ficam falando de montar poupança –
poupança externa, da família, do governo. É uma trapalhada. E acham que políticas
para o desenvolvimento, keynesianas, são para fazer déficit. Não é nada disso! Isso é
uma falsificação absurda do Keynes. Ele disse uma vez, para seu companheiro: vocês
se preocupam demais com a cura e não com a prevenção, é preciso haver um processo
de socialização do investimento, ou seja, o Estado precisa estar permanentemente
apetrechado para manter a taxa de investimento a um nível razoável, nem muito
exagerada e nem muito baixa. Outra coisa que ele dizia é que é possível ter um
sistema fiscal progressivo, que estimule o consumo de quem tem renda menor, é
necessário fazer distribuição de renda.
123
UNIDADE 2 | O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA
FONTE: BELLUZZO, Luiz Gonzaga de Mello. Belluzo: a regra da economia de hoje é o povo
que se lixe. [21 jan.2015]. Revista digital: Revista Fórum. Entrevista concedida a Anna
Beatriz Anjos e Glauco Faria. Disponível em: <http://www.revistaforum.com.br/
blog/2015/01/belluzzo-regra-da-economia-de-hoje-e-o-povo-que-se-lixe/>. Acesso em:
15 fev. 2015.
124
RESUMO DO TÓPICO 6
Neste tópico vimos que:
• A CEPAL foi, durante os anos de 1950 até 1970, uma escola de pensamento.
Sua interpretação do desenvolvimento econômico dos países latino-americanos
diferia dos aspectos da visão dominante de sua época.
125
AUTOATIVIDADE
126
UNIDADE 3
O DESENVOLVIMENTO DO
CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Prezado(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) à Unidade 3 do caderno de
Economia Política! Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e no final de cada um deles você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.
TÓPICO 1 - O IMPERIALISMO
127
128
UNIDADE 3
TÓPICO 1
O IMPERIALISMO
1 INTRODUÇÃO
129
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
NOTA
NOTA
130
TÓPICO 1 | O IMPERIALISMO
NOTA
131
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
E
IMPORTANT
132
TÓPICO 1 | O IMPERIALISMO
NOTA
E
IMPORTANT
A formação dos monopólios industriais e o novo papel atribuído aos bancos dão
origem ao capital financeiro, cuja dinâmica é essencial ao estágio imperialista do capitalismo.
2 O ESTÁGIO IMPERIALISTA
Como se viu, o estágio imperialista do desenvolvimento do capitalismo
inicia-se nos últimos anos do século XIX, período no qual o capital financeiro
possui um papel decisivo. Aí, as empresas eram tipicamente monopolistas. Embora,
ainda assim, subsistissem empresas pequenas e médias (não monopolistas), estas
estavam totalmente subordinadas às pressões dos grandes monopólios.
134
TÓPICO 1 | O IMPERIALISMO
135
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
E
IMPORTANT
136
TÓPICO 1 | O IMPERIALISMO
desigualdade dos ritmos decorre outra lei que, por falta de denominação
apropriada, chamaremos de lei do desenvolvimento combinado,
que significa aproximação das diversas etapas, combinação das fases
diferenciadas, amálgama das formas arcaicas com as mais modernas.
137
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
NOTA
[...] não se pode entender o que acontece numa dada escala fora das
relações de acomodamento que atravessam a hierarquia de escalas –
comportamentos pessoais (por exemplo, dirigir automóveis) produzem
(quando agregados) efeitos locais e regionais que culminam em
problemas continentais, de, por exemplo, depósitos de gases tóxicos ou
aquecimento global (HARVEY, 2004, p. 108).
138
TÓPICO 1 | O IMPERIALISMO
E
IMPORTANT
139
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
E
IMPORTANT
140
TÓPICO 1 | O IMPERIALISMO
E
IMPORTANT
141
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
E
IMPORTANT
142
TÓPICO 1 | O IMPERIALISMO
E
IMPORTANT
143
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
144
TÓPICO 1 | O IMPERIALISMO
Tais trabalhadores possuem muitas diferenças entre si, desde trabalhadores sem
nenhuma qualificação até técnicos e universitários. O Quadro 8 dá uma ideia do
crescimento da participação da força de trabalho ocupada no setor de serviços.
NOTA
TUROS
ESTUDOS FU
145
RESUMO DO TÓPICO 1
• O imperialismo pode ser dividido por uma etapa “clássica”, outra dos “anos
dourados” e, por fim, pelo capitalismo contemporâneo.
146
AUTOATIVIDADE
147
148
UNIDADE 3
TÓPICO 2
OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
É possível distinguir três conformações mais específicas do desenvolvimento
do capitalismo: uma etapa liberal, ao longo do século XIX; o capitalismo
“organizado”, entre 1930 e 1980; e uma última etapa relativa ao período mais
recente, cujos traços são demarcados pelos processos de globalização.
NOTA
E
IMPORTANT
149
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
NOTA
NOTA
150
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
E
IMPORTANT
151
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
E
IMPORTANT
2 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA
A fase dos “anos dourados” do capitalismo, relativa ao período entre 1930
e 1980, com resultados de crescimento econômico e taxas de lucro compensadoras,
chega ao fim. As ondas longas expansivas são substituídas por ondas longas
recessivas. A taxa de lucro começou a declinar rapidamente, conforme mostra a
Tabela 1, a seguir.
152
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
NOTA
153
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
E
IMPORTANT
154
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
E
IMPORTANT
155
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
E
IMPORTANT
156
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
DICAS
158
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
DICAS
159
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
160
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
DICAS
3 NEOLIBERALISMO
Vimos que na terceira fase do desenvolvimento do capitalismo, a etapa do
capitalismo contemporâneo, também conhecida por globalização, houve diversas
mudanças relativas ao mundo do trabalho: a dinâmica denominada reestruturação
produtiva. Tais alterações são fruto de uma forma específica de orientar o
desenvolvimento dos países, isto é, uma forma específica de política, chamada de
neoliberalismo.
162
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
NOTA
• Aumento das remessas de lucros para fora do país: entre 2004 e 2011, as remessas
totais para o exterior elevaram-se 238,4%.
• Aumento das importações: entre 2004 e 2011 houve aumento de 260% do total
das importações, passou de US$ 62,835 bilhões para US$ 226,233 bilhões.
Este dado revela que as multinacionais importam grande quantidade de bens
163
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
DICAS
4 FINANCEIRIZAÇÃO DO CAPITAL
Caro(a) aluno(a), primeiramente, cabe lembrar, rapidamente, do que vimos
até este momento no Tópico 2. Para compreendermos a formação da sociedade
contemporânea, o desenvolvimento do capitalismo foi dividido em três grandes
etapas:
1) O liberalismo econômico, que tem auge durante o século XIX com a crença no
livre mercado como melhor ajuste da economia, e perdura até a década de 1930,
cujo fim é demarcado pela crise econômica de 1929.
2) A partir daí surge uma segunda etapa, cuja intervenção do Estado nas relações
econômicas e sociais é fundamental para seu entendimento; este período se
alonga desde 1930 até o início da década de 1980. É o período no qual muitos
países implementam políticas específicas para orientar o desenvolvimento.
164
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
O item que será visto a partir de agora tratará da última parte deste tripé:
a financeirização do capital. A Figura 32 ilustra a organização da dinâmica da
restauração do capital.
FONTE: O autor
165
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
NOTA
166
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
167
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
NOTA
168
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
financeiros das famílias americanas (capital fictício), entre 1946 e 2012. É nítido
que a riqueza financeira, que era colada com o movimento do PIB nas décadas
seguintes ao pós-guerra, passa a crescer em ritmo muito mais acelerado após a
década de 1980, justamente no período que estamos estudando relativo à etapa do
capitalismo contemporâneo.
169
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
DICAS
DICAS
170
TÓPICO 2 | OS PROCESSOS DE GLOBALIZAÇÃO
171
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
TUROS
ESTUDOS FU
172
RESUMO DO TÓPICO 2
173
AUTOATIVIDADE
174
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), ao longo do terceiro, e último, tópico da Unidade 3
deste Caderno procurar-se-á discutir aspectos e problemáticas desafiadoras que
atravessam as sociedades na entrada do século XXI.
176
TÓPICO 3 | ASPECTOS DESAFIADORES DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS
177
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
dos dois grupos que possuem maior remuneração de forma geral, conforme visto
anteriormente. Dentro destes dois grupos, as pessoas de cor branca são maioria,
também, nos estratos sociais de maior remuneração. Entre os Empregadores, 74,6%
dos que recebem mais do que R$ 593,00 são de cor branca; entre os colarinhos-
brancos, 67,7% dos que recebem mais do que R$ 593,00 são de cor branca.
Mas, então, em qual grupo ocupacional a maioria das pessoas não é branca?
Justamente naqueles grupos em que predominam rendimentos Inferior e Ínfimo,
com exceção dos “Não remunerados não agrícolas”, aí, 51,6% é de cor branca. Entre
os trabalhadores não agrícolas, 45,1% são de cor branca. Entre os trabalhadores
agrícolas, apenas 37,4% são de cor branca. E entre os não remunerados agrícolas,
40,1% são de cor branca. Contudo, no interior destes grupos que possuem menor
remuneração, os estratos sociais 1, 2, 3 (acima de R$ 593,00) sempre são ocupados
em maioria por pessoas de cor branca, nunca a maioria é ocupada por outras raças.
178
TÓPICO 3 | ASPECTOS DESAFIADORES DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS
DICAS
Tais desigualdades também podem ser captadas por meio da renda média
da população, segundo o sexo e a raça da população. A seguir é possível perceber
que, em 2009, a renda média dos homens de raça branca era de R$ 1.491,00 e das
mulheres de raça branca, R$ 957,00. Já a renda média dos homens de raça negra era
de R$ 833,50; das mulheres de raça negra, ainda menor, de R$ 544,50. Isto é, fica
evidenciada a desigualdade existente quanto às relações de gênero, bem como a
desigualdade entre as relações raciais.
179
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
3 VIOLÊNCIA E JUVENTUDE
A temática relativa à violência e seu constante crescimento na vida
cotidiana tem ganhado grande importância na atual organização das sociedades,
especialmente nas grandes aglomerações urbanas. Desta forma, ao longo dos anos,
muitos indicadores foram sendo utilizados para avaliar o grau de violência em
diferentes lugares e de diferentes formas, tais como taxas de homicídio, conflitos
étnicos, ambientais, religiosos e raciais, índices de criminalidade, entre outros. A
própria ideia de violência vem passando por constantes reconceituações, contudo,
pode-se dizer, segundo Waiselfisz (2014), que violência guarda relação com a noção
de coerção ou força e com o dano que se produz a um indivíduo ou a um grupo de
indivíduos ao qual pertence determinada classe social de gênero ou étnica.
180
TÓPICO 3 | ASPECTOS DESAFIADORES DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS
Transporte
Homicídio
Homicídio
Suicídio
Suicídio
Ano
181
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
os jovens! E, em 2010, a taxa era de 16,7 para os não jovens e 52,3 para os jovens!
Os dados para o ano de 2011 são ainda mais expressivos, em todas as causas de
mortes violentas os jovens são, proporcionalmente, mais afetados, inclusive nos
casos de suicídios.
182
TÓPICO 3 | ASPECTOS DESAFIADORES DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS
ocorrem devido a causas externas, apenas 8,5% das mortes dos não jovens são
oriundas de causas externas. Entre as causas externas, os dados também revelam as
mortes devido a homicídios, suicídios e acidentes de trânsito (transporte). Nos três
casos, como se viu dos dados estatísticos anteriormente, fica clara a desigualdade
na mortalidade dos jovens e dos não jovens, sugerindo quem são as maiores
vítimas da violência que acomete a sociedade brasileira.
Uma primeira visão sobre o Brasil, de forma mais ampla, revela uma
pequena queda na taxa de homicídios entre 2001 e 2011: -1,8%; a taxa manteve-se
estável ao longo dos anos. Entretanto, quando comparamos as grandes regiões
brasileiras é possível perceber uma grande desigualdade. A região Norte foi aquela
que teve maior aumento das taxas de homicídio, 92,4% entre 2001 e 2011. E, no
interior desta região, o estado que teve maior aumento foi o Pará, com 185,6% de
variação da taxa de homicídios. O Estado de Roraima foi o que teve maior redução,
-43,6%.
Por sua vez, a região Sudeste foi a única do país que reduziu sua taxa de
homicídios entre os jovens, e em quase pela metade: -49,6%. O Estado de São
Paulo, que tinha uma taxa de 86,8, em 2002, e passou para 21,9, em 2011, redução
de 74,8%, a maior redução do país. Já o Estado de Minas Gerais tinha uma taxa de
24,9 e subiu para 43,3, crescimento de 74,1%.
Entre os três estados da região Sul, Paraná foi o que teve maior crescimento
da taxa, 65,6% e, Rio Grande do Sul, a menor taxa, 13,1%.
183
UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
Por outro lado, se olharmos apenas o ano mais recente da pesquisa, 2011,
veremos que a região Nordeste foi a que registrou maior taxa de homicídios: 72,2.
Enquanto a menor taxa encontra-se na região Sul: 44,4. No Nordeste, a maior taxa
para 2011 esteve no Estado de Alagoas (149,9, a maior do país) e, a menor, no Piauí
(24,9). E, na região Sul, a maior taxa foi do Estado do Paraná (64,1), e, a menor, de
Santa Catarina (22,6).
Na região Norte, a maior taxa para 2011 foi registrada no Estado do Pará
(77,1), e a menor em Roraima (28,5). No Sudeste, a maior taxa foi do Estado do
Espírito Santo (105,1), e a menor, no Estado de São Paulo (21,9, a menor taxa do
país para 2011). E, no Centro-Oeste, a maior taxa de homicídios para o ano de 2011
foi do Estado de Goiás (72,0), e a menor, no Mato Grosso do Sul (45,5).
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DICAS
Este e outros dados sobre violência e juventude no Brasil podem ser encontrados no
“Mapa da Violência: homicídios e juventude no Brasil”, disponível em: <http://mapadaviolencia.
org.br>.
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TÓPICO 3 | ASPECTOS DESAFIADORES DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS
4 JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL
Os temas discutidos até aqui permitiram vislumbrar alguns aspectos
desafiadores das sociedades contemporâneas. Viu-se que o cenário do mercado
de trabalho no Brasil é bastante desigual quanto à distribuição de renda, gerando
consequências às mulheres e aos negros, por exemplo. Mas, as consequências
da desigualdade do desenvolvimento também se revelam nos indicadores sobre
violência no Brasil; aí, os jovens são os mais afetados, com acentuada participação
entre as vítimas de homicídios.
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UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
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TÓPICO 3 | ASPECTOS DESAFIADORES DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS
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UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
O que está em jogo neste caso não é apenas evitar os prejuízos decorrentes
de certos impactos ambientais, como a poluição, mas a manutenção de
certos valores, práticas sociais e relações com a natureza que foram ou
serão perdidos diante do “progresso” econômico no aproveitamento
de recursos naturais e da disputa por território. (FIOCRUZ; FASE, 2006
s/p.).
Assim, viu-se que quase 80% dos conflitos resultam em piora da qualidade
de vida da população. Contudo, os conflitos também sujeitam populações a doenças
não transmissíveis ou crônicas, como o câncer, e doenças respiratórias decorrentes
da poluição química (40,07%), violência, ameaça (37,71%), insegurança alimentar,
devido aos impactos no ambiente de produção (30,98%) e falta de atendimento
médico (29,97%).
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DICAS
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TÓPICO 3 | ASPECTOS DESAFIADORES DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS
LEITURA COMPLEMENTAR
Se há um tema que está sempre presente nos debates atuais, junto com a
destruição ambiental, esse tema é o do trabalho e seu corolário, o desemprego. Isso
porque também não há nenhum país que, em alguma medida, não esteja vivenciando
o desmoronamento do trabalho.
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UNIDADE 3 | O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
pensar no risco do desemprego. Esse medo ocorre não só na base dos assalariados,
pois essa tendência cada vez mais avança na ponta da pirâmide social, chegando
até os gestores.
Desemprego
Na China, país que mais intensamente cresceu na última década, com quase
1 bilhão de trabalhadores, cerca de 26 milhões de trabalhadores que migraram do
campo para as cidades perderam seus empregos, gerando a onda de revoltas a que
assistimos atualmente.
A América Latina também não ficou de fora desse cenário: a mesma OIT
antecipou que, dada a ampliação da crise, “até 2,4 milhões de pessoas poderão
entrar nas filas do desemprego regional em 2009”, somando-se aos quase 16 milhões
hoje desempregados, sem falar do “desemprego oculto” e outros mecanismos que
mascaram as taxas reais de desemprego (Panorama laboral para América Latina e
Caribe, janeiro de 2009).
No limite da degradação
A cada dia vemos mais e mais exemplos de trabalho escravo no campo; nos
agronegócios do açúcar, no etanol de Lula, cortar mais de 10 toneladas de cana por
dia é a média por baixo, low profile. No norte do país esse número pode chegar a
até 18 toneladas diárias.
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TÓPICO 3 | ASPECTOS DESAFIADORES DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS
O trabalho jovem
São essas algumas das forças que moldam o mundo do trabalho hoje. Mas
existe ainda outro ponto – dentre tantos – que podemos lembrar, para concluir.
Sendo a CULT uma publicação que tem nos jovens um público importante, vale
a pena fazer uma nota geracional: poucos jovens hoje conseguem emprego nas
carreiras que escolheram. Quando têm qualificação, perambulam de um emprego
a outro até chegar – se conseguirem – ao que pretendiam inicialmente. Quando lhes
falta o capital cultural, aí a empreitada é mais difícil. Para conseguir emprego, são
“obrigados” a realizar trabalhos “voluntários”. Ou o que é ainda mais frequente:
a explosão do trabalho do estagiário, que se converte em um trabalho efetivo com
sub-remuneração.
Por fim, outra contradição social cada vez mais vital: se os empregos se
reduzem, aumentam os índices de desemprego, empobrecimento e miserabilidades
social – realidade em que bilhões hoje vivem com menos de 2 dólares por dia. Se,
como resposta, os capitais globais e suas transnacionais recuperarem os níveis
de crescimento, como fez a China na última década, o aquecimento global nos
converterá no mundo da torrefação. Trabalho e aquecimento global serão, portanto,
os grandes dilemas do século 21.
FONTE: ANTUNES, Ricardo. Os dilemas do trabalho no limiar do século 21. Cult, 139. Disponível
em: <http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/os-dilemas-do-trabalho-no-limiar-do-
seculo-21>. Acesso em: 29 jan. 2015.
197
RESUMO DO TÓPICO 3
198
AUTOATIVIDADE
3 Podemos dizer que existem diferenças entre o rendimento dos homens e das
mulheres no Brasil?
199
200
REFERÊNCIAS
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www.aladi.org/nsfweb/sitioport>. Acesso em: 24 jan. 2015.
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ANOTAÇÕES
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