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Em memória de:
Luis Augusto da Silva
O Mistério Ministerial
- Filipe Augusto d’ Silva.
Introdução.
Um grande mistério.
Caros amigos e irmãos em Cristo Jesus. Acerca destas
coisas da qual irei esforçar-me a explanar nas páginas que
se seguem, posso antecipar que, o que temos hoje acerca do
ministério são apenas fragmentos comparados ao que só se
podia saber veridicamente no período bíblico. Devido à má
índole da igreja romana, que substituiu as unções por
funções.
Os crentes que queriam permanecer em seus pecados,
porem numa nova e talvez atrativa religião, sabiam do
poder e potencial de cada unção, e por isso as assassinaram
das mentes dos fiéis, fazendo-os acreditar que apóstolos
eram somente os doze e Paulo, profetas existiram apenas no
AT. Tudo se resumiu em padres para fazerem o papel de
pastoreio, e os bispos. Com o avanço do império católico
não havia a necessidade de evangelistas, pois todos eram
forçados a se converterem ao catolicismo. Mestre era algo
repudiável, porque estava estritamente ligada ao povo judeu
que estava sob acusação de heresia, mesmo aqueles que
professavam a fé em Yeshua, Jesus seu Senhor.
Os idolatras anteviram a ruina de sua estratagema caso
permitissem a permanência de cada respectiva unção assim
como ela é. Os mestres eram símbolo de resistência a
idolatria, profetas da denúncia ao paganismo. Os apóstolos
rompiam mesmo em severas perseguições mantendo viva a
sã doutrina. Com a reforma protestante, os pastores foram
reestabelecidos – Martinho Lutero é um bom exemplo do
que a igreja romana tentou evitar – e a igreja começou a
caminhar rumo a restauração ministerial.
Com os pastores na liderança da igreja, foram agora
surgindo algumas necessidades, a dar por exemplo: ganhar
almas. Se deram conta de que nem todos serviam a Cristo,
e renasceram os evangelistas; ficando estes, numa
hierarquia, abaixo dos pastores. Juntamente surgiram
métodos de evangelismos nas mais diversas formas e
juntamente com isso, uma questão, até onde vai o
evangelismo? Era chegada a hora de evangelizar outros
povos que nunca haviam ouvido falar de Jesus. Como iriam
romper as barreiras? era chegada a hora de renascer os
apóstolos, entretanto, a liderança religiosa, temendo a
autoridade apostólica decidiu não enviar apóstolos mas
apenas missionários que estariam debaixo de sua
autoridade.
Devido este drama, muito se perdeu acerca do ministério,
no momento presente há um grande véu que foi-nos posto
desde o passado, nos impedindo de enxergar a verdade. Na
história da igreja, temos apenas alguns poucos fragmentos
espalhados. Mas mediante a graça do Espirito Santo,
podemos encontrar nas Sagradas Escrituras a verdadeira
essência do ministério. Não venhamos a negligenciar este
assunto.
Sumario.
-Capitulo 1 – Fundamentos
. Chamada
. Deixando tudo para trás
. Feitos discípulos
. Chamados para servir
-Capitulo 2 – Algumas observações
. O ministério da Palavra
. A quem se destina?
. Cooperadores de Deus
-Capitulo 3 – Sacerdócio
. Fomos feitos sacerdotes
. Pequenos Samuel
. Seguindo a Arca da Aliança
. Ensinando as futuras gerações
. Tocando o chifre de carneiro
-Capitulo 4 – Diaconato
. Sua origem
. Servos d’O Profeta
. Pregue a Palavra
. Ministrando a Santa Ceia
. Obreiros do Senhor
-Capitulo 5 – O corpo de Obreiros
. As duas ordenanças
. Origem e instituição dos presbíteros
. Origem e estabelecimento dos missionários
. Paulo e os presbíteros
-Capitulo 6 – Ministério, primeira parte
. Os rebentos da Oliveira
. As duas classes
. O mestre
. O apóstolo
-Capitulo 7 – Ministério, segunda parte
. Paulo e Barnabé, Moisés e Arão
. O profeta
. O pastor
. O evangelista
-Capitulo 9 – Serviços auxiliares
. Conselheiro
. Porteiro
. O intercessor
Capitulo 1 – Fundamentos
Introdução.
...Aqueles que puxam nossas vestes, não são participantes
de nossas alfarrobas; o Senhor Jesus Cristo de Nazaré
morreu dependurado no madeiro, entregando até seu último
suspiro para salvar a mim e a você, querido leitor amigo,
este Deus que é eterno e imutável sangrou até o seu último
suspiro em nosso lugar. Lembre-se sempre, a vontade de
nosso Senhor Deus é: boa perfeita e agradável, nos
enriquece e não nos acrescenta dores... esta é a palavra de
bênçãos que nosso querido Pr. Rogerio Augusto, pastor que
tem se dedicado em cuidar de seu rebanho, tem nos deixado
e é bem verdade que por muitas vezes surgem homens ou
mulheres blasfemos de má índole... más o poder de Deus é
maior que qualquer barreira ou impedimento do maligno...
Eu tenho pedido ao Senhor, Deus de Israel que venha a
efetuar suas maravilhas assim como nos tempos de nossos
antepassados, para que esta presente geração venha a ser
impactada pelo agir do mover do espirito de Deus...
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3:16) ... "Sabei agora
que Deus me derrubou, e me cercou com a sua rede. (...)
Ele despiu de minha glória, e tomou a coroa da minha
cabeça. (...) Ele pôs os meus irmãos longe de mim, e os
meus conhecidos estão verdadeiramente distantes de mim.
Os meus parentes me desapontaram, e meus amigos
íntimos se esqueceram de mim. Aqueles que abitam em
minha casa, e minhas servas me consideram um estranho;
eu sou um estranho à sua vista. Eu chamei o meus servo, e
ele não me deu resposta. Supliquei- -lhe com a minha
boca. O meu hálito é estranho para minha esposa; embora
eu suplicasse pelos filhos do meu próprio corpo. (...)
Todos os meus amigos íntimos me abandonaram, e
aqueles aos quais eu amava se voltaram contra mim. Meu
osso se racha até minha pele e minha carne, e escapei com
a pele de meus dentes. (...) Ó, se minhas palavras fossem
agora escritas! Ó, se fossem impressas num livro (...) Por
que eu sei que o meu Redentor vive, e que ele se levantara
no último dia sobre a terra. E embora depois que meus
vermes da pele destruírem este corpo, ainda assim, em
minha carne verei a Deus; a quem verei por mim mesmo, e
os meus olhos o contemplarão; e não outro; embora os
meus rins estejam consumidos dentro de mim."
(Jó 19. 6, 9,13-17,19, 20, 23, 25-27).
Chamada.
Jesus sempre, sem sombra de dúvida, irá chamar três tipos
de pessoas para sua obra; certa vez quando repreendia a
maneira com a qual os fariseus procediam disse: Portanto,
eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas (Mt 23:34)
Uma destas três características deve ser extraída ao
máximo, por essência, do ministro de Cristo.
O primeiro tipo se refere aqueles que não tem medo de dizer
o que Deus manda. Eles anteveem o futuro, apontam para o
alvo.
O segundo tipo se refere aqueles que não falam pela sua
própria sabedoria, mas pela sabedoria de Deus. Estes tem
uma visão panorâmica do presente, estão sempre a
influenciar os que o rodeiam.
O terceiro tipo se refere aqueles que vão atrás da verdade.
Eles enxergam através da neblina do passado, juntando os
fatos para edificação do presente. (Cf. Nm 8:18)
Jesus está a chamar pessoas com estas características
pessoais com um objetivo: enviar. Nosso Senhor é general
de guerra, Ele tem uma estratégia para a evangelização do
mundo, a qual não pode falhar. Na antiguidade, Deus avia
levantado profetas para fazer conhecida a sua Palavra;
entrementes, como foi dito: E os profetas, viverão eles para
sempre? (Zc 1.5) Estes profetas foram rejeitados e mortos.
Nosso Mestre predisse morte e perseguição, e mesmo que
não passemos por isto em um nível significativo, um dia
morreremos.
A estratégia aqui é a seguinte: mesmo após a morte, todo
enviado deve deixar uma marca nesta terra, fazendo assim
repercutir a mensagem que Cristo o confiou que pregasse.
A palavra do profeta, mesmo que rejeitada em vida, virá a
se cumprir e o nome de Deus será glorificado através da
memória daquele profeta. O sábio mesmo que desprezado,
fara falta quando partir e seus ensinamentos permanecerão
no coração daqueles que lhe ouviram falar, fazendo-se
importante até mesmo em momentos de crise. O escriba,
mesmo que tendo seu nome esquecido por não falar de si
mesmo, seus escritos fazem-se importantíssimos para o
crescimento espiritual de outras pessoas. Estas são marcas
que todo servo de Deus deve deixar. Portanto a morte não é
o fim para estes que são enviados, pois mesmo após a morte,
sua voz continua a falar.
Deixando tudo para trás.
Não é muito fácil atender a este chamado, percebera que
não é algo muito doce de se provar. Talvez você prefira se
conformar com uma vida espiritual supérflua, sem nenhuma
novidade de Deus para contigo. Quer ser apenas um
espectador deste grande ato. Talvez pense que apenas ser
um adorador estará de bom tamanho. Porém o Pai não
enviou o seu Filho para que fossemos apenas espectadores.
Nosso Mestre e Senhor, quando estava nesta terra,
caminhando junto do mar da galileia chamou para si alguns
homens. “E, deixando logo as suas redes, o seguiram.” (Mc
1.18) Perceba que não ouve questionamentos, mas logo
deixaram suas redes. Esta chamada é maior do que qualquer
coisa que podemos ter em nosso poder ou poderíamos
almejar. Aqueles homens prontamente atenderam a este
chamado e viveram o sobrenatural, algo que nenhuma
experiência humana pode substituir. Como poderei esperar
que Deus atenda as minhas orações se não atendo ao seu
chamado para mim?
Certa vez O Príncipe dos Pregadores disse “Meu filho, se
Deus o chamou para o ministério, não se rebaixe ao ponto
de ser rei em qualquer país.” – C. H. Spurgeon. Isto pode
soar um pouco duro, um tanto grosseiro talvez, mas gostaria
de permanecer mais um instante nestas palavras “deixando
logo as suas redes”. Uma decisão deve ser tomada aqui. O
que temos em nossas mãos que nos impede de seguir este
chamado? Nos impede de segurar algo melhor? São poderes
aquisitivos? Status? Paixões? Suas próprias ideias e
concepções? Seus meios de ganhar a vida? Estas coisas não
são nada comparadas a grandiosidade do chamado. Esta
decisão de largar, seja o que estiver ainda em suas mãos,
deve ser tomada antes que seja tarde, logo.
Aqueles homens tiveram de largar suas redes para se
tornarem pescadores de homens. Isto é interessante,
homens pescando homens. Mas porque tiveram de deixar
suas redes? Sendo estas um ótimo instrumento para quem
quer fazer uma grande pesca? A resposta para esta questão
é a seguinte: O Mestre iria ensina-los a utilizar os
instrumentos adequados para esta pescaria.
Muitas pessoas chegam ao ministério ainda carregando suas
convicções adquiridas no mundo, seus próprios meios de
pensar e trabalhar. Isto é um desastre, pois utilizarão
ferramentas de que nada servem para o Reino de Deus.
Perceba, se no mundo eu utilizava de juramentos e
promessas para conquistar o que eu queria, e agora, sendo
crente no Senhor Jesus, não abri mão desta minha pratica, e
digamos que eu seja um evangelista; então penso: poxa, eu
tenho que ganhar almas para mostrar que estou gerando
frutos a minha liderança, passo então a jurar e prometer
coisas que não constam nas Sagradas Escrituras, e as almas
que eu ganhar estarão alicerçadas em uma ilusão um falso
evangelho, teremos assim uma igreja falsa e fraca também,
que rapidamente se escandalizara e voltara para o mundo.
Feitos discípulos.
O discipulado é um momento crucial para o chamado. É
quando o discípulo tem aproximação com o seu Mestre e os
fundamentos são lançados. Aqui o discípulo aprende a
pensar como o seu Mestre; aprende a agir, falar e viver
como o seu Mestre. É esta relação inicial que irá definir o
sucesso ministerial, como terminaremos nossa carreira.
Como acabara de falar, um obreiro não pode se formar
sozinho a partir de suas ideias.
Aqui Jesus irá pegar cada um de nós e extrairá aquela
essência já mencionada anteriormente. Este é um processo
que muitos desistem, ou tentam pular. Quero que agora
você imagine um Pedro impulsivo como era, liderando a
igreja de Cristo. Existem coisas em nós que impedem de
brilhar a luz que Jesus acendeu dentro de nós; impedem de
brilhar a essência de Cristo que deve prevalecer em cada
cristão.
Temos de entender que não importa a nossa sabedoria mas,
a mente de Cristo em nós. Não importa o que pensamos,
mas o que Cristo disse. Que não seja feita a nossa vontade,
mas que possamos falar como o santo Apostolo: Já não vivo
mais eu, mas Cristo vive em mim (Gl 2:20).
Pedro, Tiago e João são exemplos a se seguir. Estes três
tiveram seu modo de viver totalmente transformados, e
ministérios inspiradores, mas para isto, primeiramente
pode-se notar duas coisas. Primeiro; pelo caminho que eles
aprendiam de seu amado Mestre. Eles não estavam
aprendendo a beira do caminho, nem um pouquinho aqui
um pouquinho ali. Eles não estavam um dia ouvindo a Jesus
e outro dia ouvindo as palavras de outro mestre – seja lá
quem fosse – eles estavam dia após dia, sem sessar,
aprendendo aos pés de seu bom Mestre. Segundo; Eles
tiveram de tomar uma decisão por si mesmos. Pedro tomou
a decisão de ama-lo (Jo 21:15-19). Tiago tomou a decisão
de beber do seu cálice “sentir o que Jesus sentiu” (Mt 20:17-
28). João tomou a decisão de atentar as suas palavras “ter
maior intimidade” (Jo 13:24,25). Foram estas decisões que
determinaram a maior característica de seus ministérios; e
os fazem relevantes para nós até hoje.
Vale ressaltar que, enquanto seguiam por este caminho de
aprendizado, eles não ficaram estagnados mas foram
testados. Qual professor que após ensinar sua turma, não
passa exercícios para desenvolver seus alunos? Da mesma
forma o discípulo deve exercitar-se e desenvolver seus
dons.
Estes três, dentre a grande multidão, os setenta e os doze
discípulos de Jesus, tiveram o privilégio de estar com Jesus
nos momentos chave de seu ministério – nos momentos em
secreto. Não foram eles que subirão com Jesus, a um alto
monte onde o viram ser transfigurado? (Mt 17:1-8) Pedro
ao ver aquela cena, vendo também ali a Moises e a Elias,
impulsivo como era disse: Senhor, é bom que estejamos
aqui. Se quiseres, farei três tendas: uma para ti, uma para
Moises e outra para Elias. (Mt 17:4) Tanta era a vontade
que Pedro tinha de aprender. Ficar ali sempre ouvindo e
aprendendo.
Eles tiveram as maiores revelações, aprenderam maiores
mistérios, devido seguirem os passos do Mestre de tal
modo, que estavam com ele até mesmo onde não deveriam
estar, no secreto. Os sábios de Israel criam e ensinavam que
Elias podia aparecer e ensinar a Lei que Deus entregou a
seu povo através Moises. Pedro Tiago e João puderam ver
a Elias e Moises. Posteriormente Paulo o santo Apostolo
teve a honra de aprender com Jesus ressuscitado e já
glorificado. Mas e para nós? A igreja tem de entender que
tem a sua disposição o Espirito Santo como professor apto
para ensinar o crente em qualquer matéria.
Chamados para servir.
“Então, depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas
vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis
o que vos tenho feito?” (Jo 13:12).
Diversos escândalos poderiam ter sido evitados no decorrer
da história da igreja, caso estivéssemos atentos a isto
“Entendeis o que vos tenho feito?”. Uma simples questão.
Muitos – a grande maioria penso eu – estão no altar sem o
verdadeiro entendimento do ministério. Ministros em todo
o mundo destroem a construção de Deus chamada igreja ao
invés de 15arrega-la. A soberba e o ego inflado estão nos
holofotes; tudo o que Cristo condenou: a hipocrisia.
Homens que querem ser servidos quando na realidade o
Mestre deu o exemplo contrário. “Todo aquele que entre
vós quiser ser grande seja vosso serviçal” (Mt 20:26).
Em um de seus sermões educacionais, o evangelista John
Wesley disse acerca de Satanás: “Um de seus inúmeros
planos é dividir o evangelho e, com uma parte dele,
contradizer e golpear a outra.” A maneira mais eficaz de
prosseguir com este plano é levar ao ministério aqueles que
não entendem; não entendem as palavras do Mestre, não
entendem quem são, não entendem o que é o santo
ministério. Isto é terrível, pois leva o povo para longe de
Deus.
Muitos homens sem entendimento são elegidos para a
liderança. Pessoas que são convertidas num dia e no outro
já é o pregador da noite. Isso quando não surgi aquele grupo
que gera uma confusão dentro da comunidade local e tem
que levantar para si um novo pastor dentre aqueles que o
apoiam. Pessoas sem nenhum preparo espiritual, sem
entendimento, só machucarão o corpo de Cristo. Querem
ser servidos pelas ovelhas, sendo que o dono do rebanho
mandou-nos para cuidar destas.
Veja comigo esta cena, Jesus se despiu de suas vestes, ora,
não eram vestes qualquer. Jesus era um mestre, ele deveria
andar a caráter; as pessoas tinham de olhar de longe e
reconhecer que estava se aproximando um mestre da Lei.
Suas vestes representavam muita coisa, como o status social
ou respeito; a função de mestre é tida em alta em qualquer
sociedade antiga. Mas Jesus não pensava no status, no
prestigio ou na honra, ele se despiu daquelas veste que
somente alguém da alta sociedade costumava utilizar e
ficou semelhante a um simples servo de uma casa – servo
que muitas vezes nós nem se quer sabemos nem o nome.
Este é o exemplo que será seguido por um verdadeiro
discípulo. O Senhor ainda está a nos perguntar: Entendeis o
que vos tenho feito?
Capítulo 4 – Diaconato
Sua origem.
O diaconato foi estabelecido na igreja de Cristo pelos
apóstolos devido ao grande crescimento do número de
pessoas que se acrescentavam a fé, isto pode ser conferido
em At 6. Este crescimento fez surgir murmurações da
parte dos judeus helenistas, eles afirmavam que suas
viúvas eram desprezadas na distribuição de alimentos. Os
Apóstolos então tomarão a decisão de eleger dentre o povo
de Deus, homens de boa reputação, cheios do Espirito
Santo e de sabedoria para exercerem o “diaconato” (At
6:2,3). A palavra “diácono” significa “aquele que serve as
mesas”, portanto a função primaria do diácono é
justamente esta: distribuição de alimentos, servir as mesas,
dar a santa ceia, etc. É dever do diácono servir a
comunidade procurando suprir com a necessidades dos
mais carentes.
Mas a origem dos diáconos como “servos” é muito
anterior a este evento, e nos fará compreender melhor seus
deveres e funcionamento. No AT, podemos ver os servos
dos profetas, jovens que ajudavam o profeta em seu
ministério. Estes servos faziam o que lhes era exigido,
como: buscar algum objeto, levar uma mensagem ou
distribuir alimento; enquanto aprendiam da boca do
profeta. Na realidade os diáconos são uma continuação
destes servos dos profetas.
Para entender melhor o que é um servo de profeta,
proponho utilizarmos algo que possamos ver em nossos
tempos. Pense em um pedreiro que vai edificar uma casa,
este homem não pode levanta-la sozinho, pois não irá
muito longe, ele se cansara muito correndo atrás de seus
equipamentos, carregando tijolos e preparando a massa.
Este pedreiro precisara de um servente de pedreiro para
lhe ajudar com estas coisas. Esta é a base de minha
ilustração. Agora pense comigo, ninguém nasce fazendo
casas, é necessário aprender. Então, torno-me primeiro
servente de pedreiro, posteriormente torno-me um
pedreiro profissional, e talvez um dia me torne mestre de
obra. Consegue perceber? Os apóstolos tinham de edificar
a igreja com a palavra, então estabeleceram diáconos para
não fazerem tudo sozinhos.
Um dia Elizeu foi servo de profeta, e o que aconteceu? Ele
subiu um degrau e tornou-se profeta no lugar de Elias. O
objetivo maior da existência dos servos de profetas ou
diáconos é o de preparar novos profetas e pastores. Temos
também o exemplo do diácono Filipe que posteriormente
tornou-se evangelista. Aqui podemos ver que para um
diácono a tendência é subir, por isso, só se deve separar ao
diaconato quem tem as especificações descritas pelos
apóstolos, a saber: Ter boa reputação; Ser cheio do
Espirito Santo; Ser cheio de Sabedoria. Gostaria de
analisa-los antes de seguirmos adiante.
1- Ter boa reputação; Este é o ponto mais esquecido
pelos presbíteros na ora de separar alguém ao
diaconato, a boa reputação tanto na sociedade tanto
na igreja, ou o bom testemunho, é importante para
evitar futuros escândalos como está escrito: “É
necessário também que tenha bom testemunho dos
que estão de fora, para que não caia em afronta, e no
laço do diabo” (1Tm 3:7). Certa vez ouvi um filosofo
falar “se você quer saber o futuro, olhe para o
passado” esta frase é verdadeira no que diz, se o
“candidato” ao diaconato carrega com sigo um mau
testemunho, se ele tem a reputação de alguém que
mente, rouba ou adultera, é muito possível que vira a
cair no laço do diabo.
O diácono como alguém que deve cuidar do corpo de
Cristo, deve ser irrepreensível. Por isto O apostolo
Paulo fala acerca deles: “Da mesma sorte os diáconos
sejam honestos, não de língua dobre, não dados a
muito vinho, não cobiçosos de torpe ganancia;” (1Tm
3:8).
2- Ser cheio do Espirito Santo; Só pode ser cheio do
Espirito Santo alguém que verdadeiramente busca a
Deus, mas o que seria alguém cheio do Espirito
Santo? Seria alguém cheio dos dons? Creio que não,
pois se assim fosse o Dr. Lucas não se referia ao
diácono Estevão como sendo cheio do poder (Cf. At
6:8) – como veremos, só um dom é exigido. Ser cheio
do Espirito Santo está muito mais ligado aos seus
frutos do que aos dons espirituais. “Mas o fruto do
Espirito é: Amor, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.”
Alguém cheio do Espirito Santo é aquele que pratica
a piedade.
“Mas rejeita as fabulas profanas e de velhas, e
exercita-te a ti mesmo em piedade; porque o
exercício corporal para pouco aproveita, mas a
piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da
vida presente e da que há de vir.” (1Tm 4:7,8); A
piedade pode ser entendida como: a pratica de boas-
obras, obras de justiça, caridade e a guarda dos
mandamentos. A maneira mais eficaz de um servo do
Senhor Jesus se encher do Espirito Santo é através do
exercício da piedade.
3- Ser cheio de Sabedoria; Este é outro ponto onde
muitos falham. Muito se diz acerca de ter sabedoria,
nos ensinam que para ter sabedoria é necessário a
experiência que só se vem com o passar dos anos.
Outros pensam que alguém sábio é algum tipo de
filosofo ou pensador. A verdade é que a sabedoria da
bíblia é diferente da que nos ensinaram; para Deus,
eu sou sábio não quando eu: leio, reflito, e
desenvolvo um raciocínio próprio, eu sou sábio
quando: deixo a sabedoria humana, terrena de lado, e
falo ou ajo através da Sabedoria de Deus. Como
funciona o dom da palavra de sabedoria? Se fosse
para falar palavras de sabedoria humana a gloria seria
para o homem. Portanto alguém cheio de Sabedoria é
alguém que tem o Espirito de Sabedoria e deixa ele
agir em sua vida através do dom da Palavra de
Sabedoria.
Talvez você tenha percebido que eu citei um texto acerca
do episcopado quando na realidade estamos falando sobre
diáconos, será que eu me precipitei em fazê-lo? Não,
como vimos ele já era exigido aos diáconos pelos 12
apóstolos, isto se deve justamente porque um dia aquele
que hoje é diácono pode se tornar bispo. Quem buscar
para si estas qualificações terá uma carreira exemplar
como teve Ananias de Damasco, a quem a escritura não
revela sua unção, não fala acerca de sua vida e morte, mas
todos admiram e se inspiram em sua pessoa. Ananias tinha
bom testemunho, era piedoso e foi sábio em não dar
ouvidos aos seus próprios pensamentos acerca do apostolo
Paulo.
Servos d’O Profeta.
O diaconato em toda a sua particularidade, um tanto
quanto enigmática, traz consigo grandes ensinos para a
comunidade de crentes em toda terra. Como já vimos, o
diácono se trata do servo que está aprendendo o oficio
para um dia substituir o profeta, ou pastor. Porém não
podemos nos esquecer que este servo tem um Senhor além
do seu tutor: pastor. O nosso Senhor Jesus também foi e é
até hoje profeta, o maior de todos, profeta anunciado por
Moises e maior do que ele. Deste Profeta somos todos
servos, e os ministros continuam sua obra terrena.
Entrementes para se tornar ministro é necessário
primeiramente servi-lo – assim como os antigos profetas –
isto não é heresia de minha parte, nosso Senhor já o disse
de antemão (Cf. Lc 22:24-30). Então descobrimos aqui
que somos servos em três instancias: Somos servos de
Cristo, de sua noiva e de nossos pastores que necessitam
de socorro para cumprir sua missão.
Assim como Elias, e posteriormente Eliseu foram um dia
professores da Escola de profetas e portanto, o principal
dos profetas de sua geração, Jesus é, semelhantemente
para conosco, sumo sacerdote, e sumo pastor da igreja; O
espirito do Senhor, de antemão já havia declarado suas
ordenanças aos seus servos e diáconos, através do
ministério dos profetas. Atentemos para as três ordens de
Cristo a seus diáconos através da boca do profeta Eliseu.
1- “Então disse ao seu servo Geazi: chama...” (2Rs
4:12). Quando o profeta queria falar com alguém,
ordenava a seu moço que fosse e chamasse aquela
pessoa para que viesse ouvir a palavra do profeta.
Cristo está dizendo aos seus servos “chama”, simples
assim; um simples convite para que a pessoa venha
ouvir a palavra do Profeta. É uma ordem simples e
clara aos diáconos, “chama” convide pessoas para a
igreja, algo tão simples como convidar alguém
certamente será cobrado.
2- “Agora, pois, corre-lhe ao encontro e dize-lhe: vai
bem contigo?” (2Rs 4:26). Eliseu estava preocupado
em ensinar ao seu sucessor a se preocupar com as
pessoas, por isso ele mesmo não o perguntou. Do
mesmo modo Jesus quer que venhamos a nos
preocupar com o bem-estar do nosso 45arrega, não
podemos ser indiferente para com aqueles que
estamos tentando salvar. Não podemos pensar em
ganhar almas para Cristo como pontos em um jogo
bobo ou pedrinhas preciosas em nossa coroa,
devemos 46arrega46a-las para o nosso Senhor.
Repreendamos toda apatia.
3- “E ele disse a Geazi: Cinge os teus lombos, toma o
meu cajado na tua mão e vai;” (2Rs 4:29). Em dados
momentos os diáconos irão ter de representar seus
pastores, seja com um sermão, seja num evento
importante, seja numa visita. Eliseu ordenou a seu
servo que cingisse os lombos e fosse com sua
autoridade; Geazi pensou que seu senhor falava
simplesmente de coisas físicas, pegou seu melhor
cinto – seu melhor terno – e foi, chegando lá nada
aconteceu. Na realidade Elizeu estava falando de
coisas espirituais a seu discípulo, da mesma maneira
que o apostolo Paulo ensinou a igreja posteriormente:
“Estais, pois, firmes, tendo cingidos os vossos
lombos com a verdade,” (Ef 6:14ª). Como bem
sabemos, Geazi faltava com um pouco da verdade as
vezes, motivo pelo qual ficou leproso. Jesus deu
autoridade a sua igreja, e disse “Ide”; não podemos
viver uma vida de aparências, temos de cingir nossos
lombos com a verdade.
Acerca destas coisas o apostolo Paulo ainda escreve:
“Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a
carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso
coração, como a Cristo;” (Ef 6:5). O diácono deve estar
disposto para qualquer situação que possa surgir, deve
entender que a necessidade da obra de Deus é maior e
mais urgente que qualquer necessidade. No que seu
epíscopo necessitar deve estar de prontidão; não deve
existir aquele sentimento de “eu não me passo por isso” no
sentido de se rebaixar ao servir outro homem de carne e
osso, Cristo tomará estas palavras como que fossem para
Ele. É também de suma importância que o diácono saiba
que não deve em hipótese alguma servir a dois Senhores;
Não se pode servir a casa de Cristo, O Senhor, sua noiva e
seus “cabeças”, e ao mesmo tempo servir ao mundo, ao
príncipe deste século e a Mamom. “A mente indivisa é
absolutamente necessária para a realização adequada das
tarefas exteriores das quais a providência divina
encarregou você.” – John Wesley.
Ainda falando acerca de servos, o evangelista John
Wesley vai falar que: “Outro ponto relacionado ao
serviço a Deus é obedecer-lhe. [...] É oferecer todos os
atos com um amor santo e fervoroso, como sacrifícios a
Deus por meio de Jesus Cristo.”; servir é, doar-se pela
obra, é abrir mão de um momento de lazer para estar no
campo de batalha. É duro este serviço, diaconato, não
posso tentar enfeitar caro leitor – prefiro apresentar-lhe a
verdade para que enxergues a Cristo nela. “Ofereça cada
ato” como que fosse um sacrifício exigido
minunciosamente, que cada ação louve ao Deus de Israel,
sirva como Cristo serviu.
Pregue a Palavra.
Em seu livro “Eis-me aqui Senhor Envia-me a mim” o
evangelista-missionário Josué Yrion, que já pregou a
milhões de pessoas em setenta e quatro países diferentes,
registrou o seguinte: “Foi ali, na esquina de um bar, em
uma tarde de evangelismo no mês de Fevereiro de 1982,
que meu líder de equipe me permitiu ‘pregar’ pela
primeira vez, um ‘pequeno sermão’ evangelístico que não
passou de 5 a 8 minutos. Depois, para minha surpresa,
algumas pessoas se converteram. É logico que eu estava
nervoso em minha ‘primeira’ oportunidade. Me recordo
que ao abrir a Bíblia e ler em João 3:16 para ‘pregar’ do
lado daquele bar, em um bairro de Belo Horizonte, minha
Bíblia tremia em minhas mãos.” (Tradução livre).
O diácono deve ter em mente que sendo ele servo de
profeta, e de que um dia irá suceder seu pastor, não pode
fugir da pregação da Palavra. Ele deve ser provado e
testado nesta matéria por seus líderes espirituais. Não deve
ter vergonha de falar a congregação, ou mesmo as almas
perdidas, isto não provem de Deus. Não deixe que o medo
de falhar, a insegurança, ou vergonha te impeçam de
cumprir com a vontade do Senhor. Até os “grandes”
começaram um dia, e sentiram o mesmo que nós sentimos
hoje. Não tente fugir como Jonas, ou pior, não se
acomode; quando Jonas fugiu da pregação da palavra,
Deus mandou uma tempestade seguida de um grande
peixe, se nos acomodarmos o que o nosso Senhor fara?
Certo que tomara providencias.
No livro de Atos podemos ver qual foi a ação de Deus
para locomover seus servos: perseguição. Jesus havia
ordenado que a igreja fosse por todo o mundo, mas os
crentes queriam ficar só ali em Jerusalém recebendo
alimentação da parte dos apóstolos; para eles parecia bom
demais, não necessitavam de uma experiência com Deus
de ir pegar o próprio maná – pensavam eles. “Mas os que
andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a
Palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes
pregava a Cristo.” (At 8:4,5); a perseguição foi a resposta
de Deus para a inercia da igreja, para o comodismo de
seus diáconos. Este cenário espiritual montado pelo
próprio Deus e Senhor, possibilitou o aprimoramento
estrutural de Filipe, que era diácono na ocasião, e o levou
a novos patamares tornando-o pregador e mais a frente,
evangelista.
Filipe “pregava a Cristo” o que isto quer dizer? Certa vez
um pregador, Presbítero Jeferson, disse em nossa pequena
comunidade acerca da fé (Cf. Hb 11:1): “A fé é prego
batido, ponta virada; depois que viramos a ponta, fica
firme e não sai mais.” O que eu aprendo com isso? Que
somente a insistência da pregação do evangelho – pregar é
exatamente isto: um movimento repetido várias vezes,
como que para pregar um prego – é capaz de gerar uma fé
genuína no coração do ouvinte. “Antes que Cristo volte,
devemos insistir na pregação poderosa do evangelho.” –
Geziel Gomes. Devemos insistir em pregar à Cristo como
único e verdadeiro salvador para esta humanidade
corrompida, para este terrível século enquanto a tempo –
grande reponsabilidade temos em nossas mãos como
servos. Lembre-se querido irmão, a fé vem pelo ouvir;
“Como ouvirão se não há quem pregue?” (Rm 10:14-17).