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CATARINA

Petrúquio: (Entra Catarina.) Bom dia, Cata. Não é assim que a chamam?
Catarina: Bom dia. Ninguém me chama assim, meu nome é Catarina.
Petrúquio: Pois se engana. Cata, a bela, e Cata, a megera. Cata, me senti movido aqui hoje
para pedi-la em casamento.
Catarina: Movido? Então se remova da minha frente.
Assim que te vi percebi que se tratava de um móvel.
Petrúquio: (Senta no banco da praça.) Como, um móvel?
Catarina: Um móvel, um banco, que quer que eu coloque todo o meu dinheiro nele.
Petrúquio: Bom, já que percebeu, vem e senta no colo do papai, minha pombinha!
Catarina: Escute aqui! (Petrúquio se levanta.) Eu não conheço você, não sei quem você pensa
que é, e acho bom você dar um fora da aqui antes que eu te meta um pé na bunda!
Petrúquio: Mas como está irritada! A pombinha virou vespa!
Catarina: Se virei vespa, cuidado com o meu ferrão.
Petrúquio: Só me resta um remédio: arrancá-lo!
Catarina: Se o ignorante soubesse onde ele é.
Petrúquio: Mas quem não sabe onde é o ferrão da vespa! No rabo!
Catarina: Na língua!
Petrúquio: De quem?
Catarina: Na sua, seu grosso! Agora adeus!
Petrúquio: Assim com minha língua no rabo? Não, volta aqui Cata. (Agarra-lhe o braço.) Eu
sou um cavalheiro!
Catarina: Hum, é mesmo? (Bate nele.)
Petrúquio: Se me bater de novo, te sento a mão!
Catarina: Ué? Você não era cavalheiro? Qual é o seu emblema? Uma crista de galo?
Petrúquio: (Ajoelha.) Um galo sem crista. Você quer ser minha franguinha?
Catarina: Deus me livre! (Chuta ele.)
Petrúquio: Minha Cata, por que você é tão azeda?
Catarina: É o que acontece quando eu vejo um rato.
Petrúquio: (Sobe no banco da praça com medo.) Cadê, onde está o animal?
Catarina: Como eu queria ter um espelho.
Petrúquio: (Desce do banco.) Então eu sou o rato?
Catarina: Quanta burrice em uma pessoa só.
Petrúquio: Cata, seu pai já aprovou nosso casamento
casamento e você querendo ou não será minha esposa!
Catarina: Nunca! (Entram Batista e Bianca.)

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