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[Data: ???] - [Horário ???

]
[Localização: floresta no sul do território Chinês]
[Carolina Pov's]

Carolina: Tem certeza que é aqui mesmo a localização da cidade fantasma? Para mim,
isso aqui só é um monte de mato.

Quetzalcoatl: Tenho, seja paciente, já devemos estar chegando.

Catarina: Eu acho bom mesmo, já estou ficando cansada e pelo o que Xolotl nos falou, a
Calamidade de sangue parece ser uma pessoa difícil de se lidar…

Depois que minha irmã disse, nós ficamos em silêncio, a mini Carolina estava agitada, ela
provavelmente estava me falando para fugir, mas nós precisávamos de uma parceria com
essas tais de calamidades, seria bom para evitarmos problemas com os deuses se
tivéssemos apoio desses seres do submundo.

Porém, não se sabe muito sobre Hua Cheng, há diversos boatos sobre a sua pessoa,
Catarina andou lendo sobre eles e nos contando as bizarras histórias envolvendo esse
homem, alguns dizem que ele era um soldado que há muito tempo havia perdido seu amor
na guerra, após esta perda e junto de sua morte, ele jurou vingança e uma sede de
sangue manchou seu coração.

A segunda lenda conta que ele nasceu como uma aberração, seu rosto era
completamente deformado e seu olho esquerdo carrega uma maldição, a criança cresceu
sendo atormentada e abusada por todos que o viam, o mantendo acuado e desamparado,
ele cresceu com um profundo desprezo pela humanidade, jurando amaldiçoar a todas as
almas que tentassem lhe fazer mal novamente.

Mas, eu não tenho certeza se essas lendas são verídicas, afinal, lendas e boatos passam
por diversas mudanças ao longo dos séculos e Hua Cheng é uma figura antiga e temida
então algumas pessoas ousadas devem ter tentado sacanear com ele por meio de boatos,
acho que essas almas devem estar descansando no céu agora…

Carolina: Então, Quetzalcoatl, como é a cidade fantasma?

O Deus que agora estava em meu ombro em formato de uma pequena cobrinha com penas
e asas, pareceu pensar por um instante e então ele olhou para a pequena salamandra no
ombro de Catarina, como se pedisse que ele o ajudasse a dizer alguma coisa.
Quetzalcoatl: Então. Nunca fomos até lá.

Gêmeas: O quê??????

Quetzalcoatl: *um pouco nervoso* Bem, desde que, a calamidade sangrenta assumiu seu
posto como soberano os deuses não ficaram muito tentados a fazer visitas nos seus
domínios, isso é quase como flertar com a morte.

Xolotl: *respirando fundo* Mas, de acordo com o que alguns exploradores disseram, a
cidade fantasma é um lugar horrendo, cheio de mortos, demônios, pobreza e desordem.
Completamente diferente dos domínios de um Deus.

Quetzalcoatl: *com um sorriso presunçoso* Mas o que esperava? Calamidades são sujas
e repletas de pecados, claro que o território delas não seria diferente.

Xolotl: *dando o mesmo sorriso presunçoso* De fato.

Catarina: *fazendo uma careta* como podem dizer isso mesmo sem ter conhecido a
cidade?

Quetzalcoatl: *convencido* Apenas sabemos.

Eu fiz uma careta para a afirmativa deles, não sei nada sobre as calamidades, apenas o
que passa pelo jornal e o que era dito pelas pessoas, em resumo apenas coisas ruins, uma
prova disso são as lendas pavorosas que a Catarina havia nos contado antes de
chegarmos aqui, mas eu soube por uma fonte confiável que muitos aventureiros buscam
informações na cidade, comerciantes procuram artefatos para vender, pessoas
ordinárias buscam diversão, entre outras diversas situações, então ela deve ser muito
cheia.

Quanto mais andávamos mais escura ficava a floresta, ruídos de animais podiam ser
ouvidos por nós, mas isso não nos assustou, já lidamos com coisas muito piores. Depois
de mais alguns minutos de caminhada nós vimos diante de uma lápide, as letras estavam
em chinês, escritas com a seguinte frase: "我看的越多,我看到的越少".

Todos: …

Catarina: Alguém aqui sabe chinês?


Um grande silêncio foi a resposta de Catarina. Pobre irmã e aliás maldito Lucio! Ele nos
mandou para cá sem nem ao menos indicar um único tradutor se quer! Que diabos! Como
vamos ler as instruções para entrar na cidade fantasma se nem ao menos sabemos o
idioma predominante da porcaria da cidade?!

Carolina: Quetzalcoatl, você não é Deus do conhecimento? Por que você não sabe chinês?

Quetzalcoatl: Eu sei chinês, mas esse garrancho aí é tudo menos chinês. Onde já se viu!
Olhe só para esses ideogramas, parece que eles foram apenas desenhados na força do
ódio, após isso foram jogados em um lago, que manchou toda a sua estrutura e para
fechar com chave de ouro comidos e vomitados por uma vaca!

Catarina: Nossa! É tão ruim assim?

Mas então de repente, as palavras da lápide começaram a brilhar e então um caminho


com lanternas foi aberto para nós, as lanternas eram feitas de pedra e dentro dela
tinham várias pequenas bolas de luz azul. Essas pequenas bolas deixam a atmosfera do
lugar ainda mais fantasmagórica, isso me faz perguntar novamente.

QUE DROGA O LÚCIO USOU PARA NOS MANDAR AQUI?

Não é como se eu tivesse medo de fantasmas, mas nos mandar negociar com uma
calamidade conhecida por jantar deuses na porrada, mandando DOIS DEUSES junto de
nós não me parece uma boa ideia! Aliás, por que ele não veio pessoalmente para cá? Mas
que diabos.

Carolina: Devemos continuar?

Catarina apenas acenou de maneira positiva e então seguimos caminho. Quanto mais nós
andávamos pelo caminho iluminado pelas lanternas de pedra, mais diferente ficava o
O ambiente à nossa volta, ao invés da floresta sinistra e escura onde nós estávamos, o
cenário foi substituído por luzes douradas, logo borrões vermelhos podiam ser vistos e
quando piscamos nossos olhos já estávamos em uma movimentada rua.

Enormes prédios tradicionais chineses nos tons de madeira vermelha estavam lá, feiras
com todo tipo de coisas estranhas, vários demônios, monstros, mortos, salões de beleza
para peles mortas, ok isso foi meio nojento… Mas tinha uma quantidade absurda de
coisa!
A cidade fantasma não tem nada a haver com o que Quetzalcoatl e Xolotl disseram, ela
é magnífica e brilhante, não aparenta ter pobreza, ela parece ser uma cidade próspera e
cheia de riquezas. Tudo aqui é muito colorido e vivo, como se fosse uma infinita festa, as
vozes aqui são acaloradas e cada uma parece se destacar de maneira única nesse
ambiente, ela me lembra muito os festivais chineses que eu vi no ano novo pela televisão,
quase uma festa eterna.

Catarina: Uau. Eu fiquei chocada.

Carolina: Nem me fale, ela é enorme.

Quetzalcoatl e Xolotl: *silêncio constrangedor*

Carolina: *tom sarcástico* Que foi? O gato comeu a língua de vocês?

Catarina: *ainda mais sarcástica* O que foi que vocês disseram mesmo? "A cidade
fantasma é um lugar horrendo, cheio de mortos, demônios, pobreza e desordem.”

Os dois deuses: Ora! Calem a boca e continuem andando!

Nós continuamos seguindo o fluxo da cidade movimentada, criaturas de todos os tipos


estavam conversando, comercializando, ameaçando, brigando, rindo, por toda a parte,
algumas vezes fomos parados por homens com diversas bugigangas que eles diziam que
iriam nos prometer riquezas e algumas vezes fomos parados por… Bem, prostitutas, acho
que de todos nós quem mais ficou desconfortável foi Quetzalcoatl, pobrezinha da
minhoquinha alada.

Catarina: E agora? Onde devemos ir?

Carolina: Eu não sei, que tal fazermos uma pausa, estamos há quase quatro horas
caminhando sem parar.

Catarina: É uma boa ideia.

Começamos a olhar em volta a procura de algum lugar que parecesse decente para um
bom descanso, mas infelizmente, as lojas da cidade fantasmas são opções nem um pouco
agradáveis para os nossos delicados e frágeis deuses, que se recusam a ficar em um bar
e eu me recuso a entrar em um bordel com a minha irmã para nós descansarmos.
Depois de um longo tempo pensando, encontramos um enorme prédio vermelho, a
estrutura dele é ainda mais luxuosa que a do resto da cidade, a construção embora
tenha um design tradicional chines, possui muitos elementos mais “modernos” (para a
época é claro) e extravagantes, este prédio é muito agradável aos olhos, na nossa frente
há um enorme arco de uma porta dupla, mas ao invés de portas tudo que está protegendo
esse lugar e uma fina e delicada cortina de contas vermelhas. Haviam três placas de
madeira nesse prédio, porém todas estão em chinês, nossos olhos voaram em direção a
minhoquinha divina.

Carolina: Eai? O que diz ai?

Quetzalcoatl: …

Catarina: *impaciente* O que foi agora?

Quetzalcoatl: É a mesma caligrafia da primeira placa…

Carolina: Não é possível uma coisa dessas! Você não pode ao menos fazer um esforço
para ler?

Quetzalcoatl: Certo! Certo! Esperem um segundo.

Quetzalcoatl: “Aposte ou broche na cama”? “Aposte tudo até o seu pênis”? e


“HAHAHAHAHAHA”?

Catarina: Mas que droga foi essa?

Quetzalcoatl: Não sei! São o que dizem as placas!

Xolotl: Você tem certeza?

Quetzalcoatl: MAS É CLARO QUE TENHO!

Carolina: Tudo bem, vamos entrar, pelo menos de um prédio vocês tem que gostar e se
precisar apostar para entrar, podemos apostar a cobrinha aqui e ver quanto dinheiro
ganhamos em cima dela.
Catarina: Ou podemos apostar essa salamandra aqui! Ela daria um bom bichinho de
estimação.

Quetzalcoatl e Xolotl: COMO FOMOS REBAIXADOS A BICHINHOS PARA SEREM


APOSTADOS?

Catarina: *pegando e fechando o bico dos dois* quietos projetos de largatixa.

Entramos com calma no enorme edifício e assim que passamos a porta, fomos cobertos
por risadas altas, gritos chorosos e aplausos fervorosos. Eu olhei tudo muito confusa e
vi que minha irmã compartilha da mesma confusão. Antes que nós pudéssemos ter
qualquer reação ou ação, um grito estridente foi ouvido e então um homem foi arrastado
por dois enormes soldados vestidos de preto em armaduras tradicionais chinesas,
levando o homem histérico nos braços, mas o que mais nos surpreendeu, foi que enquanto
eles arrastavam o homem, seus intestinos começaram a sair de seu corpo e arrastar pelo
chão, seu coração estava em uma de suas mãos, um a um os órgãos que ficavam no
abdômen foram caindo e manchando todo aquele piso e cenário luxuoso de vermelho.

Acompanhando essa trilha de pavor, estava um pequeno diabrete que recolhia os órgãos
um a um, petiscando cada um deles, o sangue escorria pela boca dele, seus dentes
perfuram a carne dos órgãos com tanta vontade que eu senti alguns arrepios na espinha,
as pessoas ao redor começaram a rir e aplaudir enquanto assistiam ansiosas por mais.

Multidão: Excelente!! Queremos bis!!

Os braços dos soldados permaneceram firmes em torno do homem, ele dizia coisas sem
sentindo como “eu ainda posso apostar mais” ou “por favor me deixem apostar mais, eu
preciso de mais”, mas não importava o quanto ele gritava os soldados apenas ignoraram
completamente seus apelos, a luz avermelhada da cidade fantasma deixava o clima ainda
mais extremo, as vozes presentes no local começaram a me deixar um pouco tonta, o
pequeno diabrete que seguia essa trilha apenas lambeu seus dedos satisfeito enquanto
os seguia avidamente. O coração do homem ainda pulsava, a respiração dele estava alta,
os olhos arregalados repletos de pavor e ânsia me fizeram ter compaixão e piedade por
ele, mas ninguém lá pareceu sequer se importar com isso, eles apenas estavam gritando
por mais.

???: As senhoritas gostariam de apostar?

Gémeas: Ai que susto porra!


Quando olhamos para trás havia uma pequena mulher que parecia ser atendente do local,
ela estava usando uma máscara branca com olhos pretos e um largo sorriso na mesma
cor, as roupas dela também são tradicionais e ela estava com uma postura impecável.

Catarina: Sinto muito, mas não temos dinheiro.

Atendente: Ora! Mas isso não é um problema, você pode apostar mesmo sem ter
dinheiro. Venham e vejam por si mesmas.

Ao declarar isso, ela simplesmente deu de costas e passou a caminhar em direção ao


fundo do local, pelo visto esse prédio é uma toca de jogador e essa parece ser muito
grande especificamente, haviam várias mesas com diversos jogos acontecendo, cada um
deles parecia ainda mais animado que os outros, resumindo uma completa bagunça.

???: E-Eu aposto meus olhos!

???: Não há necessidade, esqueça seus olhos, nem sua vida vale porra nenhuma aqui.

A última voz soou preguiçosa, porém ela foi firme e clara, ao ouvir essas palavras a
multidão também pareceu vibrar, esta voz é grave e profunda, grossa e suave, porém ela
carrega uma crescente sensação de perigo, como se houvesse alguma coisa muito ruim
que o dono dessa voz poderia fazer.

Quetzalcoatl e Xolotl: *sussurrando sombriamente* Hua Cheng.

Nós fomos nos enfiando na multidão, até que finalmente tivemos um vislumbre de uma
enorme mesa de madeira, na ponta dela estava um homem de meia idade segurando com
firmeza um copo de madeira escura, enquanto isso atrás dessa mesa havia um enorme
cortina de seda transparente vermelha, porém ela estava aberta, mostrando com muita
clareza quem ficava atrás dela.

Um homem de porte alto estava sentando em uma enorme poltrona de couro, suas longas
pernas estavam calçadas com elegantes botas de couro preto, enfeitadas no alto desta
bota estavam correntes de prata, que portavam guizos e pequenas borboletas deste
mesmo material, suas calças são mais aproximadas de um cinza escuro, elas delineiam as
pernas do homem, usando uma roupa tradicional chinesa, também nas cores pretas,
branco e vermelho, ele usava diversos acessórios de prata, caralho, esse homem deve
ser viciado em prata!? Mas parando de falar sobre roupas, o que mais me chamou a
atenção nesse homem, foi a postura relaxada e confiante que ele portava, mesmo na
presença de dois deuses, ele estava completamente a vontade, tanto que nem se deu o
trabalho de olhar para nós, ele tinha cabelos negros, olhos escarlate e pele pálida como
porcelana, portava presas que escapavam suavemente de seus lábios fechados e longas
orelhas pontudas.

O olhar dele pendeu sobre nós, novamente um profundo arrepio na nuca tomou conta de
meu corpo, ao olhar para os meus companheiros eles não pareciam muito diferentes, a
aura de poder que esse homem emana é muito profunda, o que está começando a deixar
o ambiente um tanto desconfortável.

Em mais um piscar de olhos nós já estávamos em um ambiente completamente diferente.


Na nossa frente haviam dois pequenos dados escarlate, Lúcio provavelmente mataria por
coisas nessa cor, enfim, foco! Um escritório luxuoso nos foi apresentado, as madeiras da
cor vermelho escuro, estavam presentes no chão, as paredes de cor vermelho vivo não
se destacavam mais do que as pinturas feitas na parede, elas retratavam a mesma
mulher, mas em diferentes fases de sua vida, essas pinturas pareciam
vivas e as expressões desta moça, quando seu rosto não estava coberto por uma
máscara, estavam realmente contando uma história e estavam repletas de emoções,
atrás de uma enorme mesa, estava mais uma pintura dessa moça, mas ao invés de contar
alguma história ou apresentar uma expressão que complementava o contexto das
pinturas, ela estava apenas segurando uma gota lunar em sua mão esquerda e em sua mão
direita ela estava segurando um enorme cajado de madeira repletos de pedras da lua e
diamantes, suas elegantes vestes, eram dignas de uma imperatriz, seu cabelo
era enorme e estava preso com duas pequenas tranças em suas laterais, ela estava
com uma expressão pacífica, não havia um sorriso, mas ela também não estava brava e
muito menos triste, ela estava apenas com os olhos fechados, sua expressão estava um
tanto solene.

Junto do cômodo, estavam enormes estantes com pergaminhos, todos organizados por
cor, ordem alfabética e data. A pessoa que organizou esse cômodo parece ser realmente
perfeccionista. Um enorme tapete de pelos negros estava no chão, a frente da mesa
gigante, havia um total de quatro cadeiras e atrás dela estava uma enorme poltrona de
couro, tingida de vermelho, a madeira era escura, desenhos de borboletas, almas, flores
e gotas feitas de prata estavam presentes por toda a madeira da poltrona. Na enorme
mesa estava uma maquete completa da cidade fantasma, mas ela não parecia ter forma
física, ela era completamente dourada, se destacando por todo o cômodo por causa de
sua cor, mas ela não se destacava mais do que o homem à nossa frente.

Hua Cheng.
Xolotl: Vejo que está cada dia mais extravagante, Hua Cheng.

Hua Cheng: Eu diria o mesmo, mas como não sou um homem de mentiras, irei te poupar
dos meus comentários sobre sua atual… escolha de aparência.

Xolotl ficou em silêncio, mas eu juro que por alguns segundos eu quase pude ouvi-lo
rosnar! Mas eu espero que ele se controle porque o Lúcio precisa de apoio, porque um
bocado de Deuses de uma só vez para nós lutarmos contra pode ser um tanto quanto
frustrante e cansativo.

Catarina: Nos poupe de cumprimentos, por que nos trouxe aqui?

Hua Cheng: Direta. Não a culpo. Digamos que fiquei apenas curioso, quando dois insetos
repugnantes aparecerem de repente em meu território, eu me pergunto qual o motivo
senão para conversar? Afinal imagino, que esta visita, não foi com o quesito de arrumar
brigas.

Sua voz carregava um forte tom de desinteresse, ele brincava com algumas pequenas
peças da maquete em suas mãos, eu prefiro não saber o que elas representam.

Hua Cheng: Oh! Me perdoe os modos, como um bom anfitrião deve servi-los não?

Assim que ele terminou a frase ele desapareceu, borboletas brancas, quase
transparentes tomaram o lugar de onde estava sua figura. Eu comecei a procurá-lo pelos
lados e vi que Catarina começou a fazer o mesmo. Mas fomos pegos de surpresa, quando
uma cadeira foi empurrada por trás de nós nos obrigando a nos sentar frente a aquela
enorme maquete. E então, mais uma vez fomos cercados por borboletas brancas, e
aquele homem estava diante de nós novamente, mas dessa vez ele estava servindo taças
de cristal com cuidado, o líquido era muito semelhante com o de um vinho, ele deixou
taças a nossa frente, eram um total de 4 taças cheias de vinho até sua borda.

Hua Cheng: Este vinho é do império romano, bastante requintado, mas incomum em meu
território, espero que aproveitem.

Ele disse sorrindo, mas aquele não era um sorriso gentil, longe disso, esse sorriso
provavelmente assustaria até o diabo, acho que o diabo se questionaria na verdade.
Quetzalcoatl se mexeu de maneira nervosa em meu ombro, mas eu não conseguia
entender o porquê.
Hua Cheng: Céus! Eu esqueci que um dos nossos amiguinhos animalescos tem alguns
problemas com bebidas, então acho que devemos descartar essa opção de cortesia.

Hua Cheng estalou seus dedos e logo uma das taças de vinho a nossa frente se
transformou em uma caneca dos ursinhos carinhos, ela estava cheia até a borda com
chocolate e alguns marshmallow dentro dela, ao lado estava um pequeno baldinho de
pipoca do meu pequeno pônei com manteiga em cima.

Hua Cheng: Se não for do seu agrado, posso pedir para um criado buscar um babador.

Eu tive que segurar uma risada histérica, primeiro que seu desse essa risada dava o
braço a torcer para o homem que nem ao menos sabíamos que era nosso aliado e segundo
porque a moral do Quetzal já estava tão no lixo que eu precisava ao menos fazer esse
sacrifício para ele. Admito que deu um pouco de pena.

Hua Cheng: Certo, se quiser ração Xolotl não exite em me pedir.

Eu escutei Catarina quase cuspir o vinho que ela estava bebericando, acho que essa
atingiu o humor dela com força.

Quetzalcoatl: Certo! Chega de gracinhas! O que diabos você quer de nós?

Hua Cheng: Eu é quem pergunto, ou por acaso já se esqueceram de quem entrou no


território de quem como se fosse a casa da mãe Joana?

Catarina: Joana é algum tipo de divindade chinesa?

Hua Cheng: É, igualzinho Curupira.

Eu não entendi porra nenhuma, mas algo me diz que ele está caçoando de nós, depois vou
perguntar para o Lúcio.

Xolotl: Certo! Já entendemos! Viemos em busca de informações.

Hua Cheng: Ah, certo, então acho que já podem ir, sinto muito mas a feira da Maria Fifi
fechou as portas semana passada.

Eu tive que me segurar para não perguntar se Maria Fifi também não era uma divindade
chinesa.
Quetzalcoatl: Está caçoando de nós?

Hua Cheng: Eu? Não, eu não estou tão desocupado assim.

Ele disse enquanto brincava com mais algumas pecinhas da maquete, ele girava com
tranquilidade elas em seus dedos, brincando com aquilo como se fossem apenas
particulas insignificantes presentes no univeros, mas então ele se levantou e começou a
andar com tranquilidade pela sala, mas as mãos dele apenas jogaram as pecinhas da
maquete por trás do ombro como se fossem objetos inúteis e começar a acariciar o cabo
da espada que até então eu não havia visto.

Xolotl: *recuando um pouco* então essa é a famosa E-Ming? Mais comum do que eu
esperava.

Hua Cheng: Ora salamandra! Está cortejando minha pequena amiga? Acho que não
poderei acalmá-la, sabe? Ela é um pouco sensível.

Carolina: E desde de quando as espadas tem sentimentos?

Como se estivesse escutando nossa conversa o tempo todo, a haste que que até então
era puro prata, revelou um enorme globo ocular vermelho, o olho girou olhando para
todas as direções da sala até focar a pupila em nós, a espada começou a tremer e sair
por conta própria de sua bainha. Mas isso foi contido por seu dono que a forçou a ficar
quieta no mesmo lugar, mas ele não fez o favor de fechar o enorme olho vermelho que
prestava atenção em cada um dos nossos movimentos.

Hua Cheng: Certo, acho que nenhum de vocês gostaria de conversar com uma lâmina, bem
vamos aos negócios, o que realmente vieram fazer aqui?

Catarina: Nós viemos aqui para… para… *sussurrando para Carolina* por que viemos aqui
mesmo?

Carolina: Acho que para construir relações com o… Abismo? *Sussurrando de volta*

Hua Cheng: Ah se foi só para um passeio cotidiano, por que não jogamos algo?

Um sorriso frio apareceu na face dele que até então estava neutra, não acho que isso
acabaria bem, na verdade eu tinha certeza disso… A mini Carolina nem precisou se
manifestar.
Quetzalcoatl: Isso não é necessário. E não viemos aqui para um passeio cotidiano.

Hua Cheng: Ora, meu caro, sem jogos, sem negócios, se é uma boa relação que vocês
querem, jogo terão que jogar, simples assim. Achei que você saberia mais sobre
relações, afinal, com uma parceira japonesa, achei que fosse mais ligado em shounens…
Decepcionante, mas tudo bem.

Ele apenas andou a passos lentos até uma das estantes e tirou um copo preto de madeira
e dois dados, ele colocou em cima da mesa os dois objetos em nossa frente, sorriu antes
de se sentar do outro lado da mesa, ele tirou E-Ming de seu cinto e a colocou em cima da
mesa, a espada começou a girar como se fosse um pião, mas seu dono logo a pressionou
sobre a mesa.

Hua Cheng: Certo! O jogo é simples, para vencer, basta tirar o maior valor.

Quetzalcoatl: Certo e qual o preço?

Hua Cheng: Minhas cinzas, E-Ming e uma bem, meu território.

Catarina: Mas isso são condições insanas? Vai apostar tudo isso em um jogo só?

Hua Cheng: Sim, não vou apostar na minha prataria! Céus que pergunta idiota. Pensei que
você fosse a gêmea esperta.

A espada quando ouviu as palavras de Hua Cheng, começou a se remexer debaixo de seus
dedos, tentando desesperadamente se soltar das mãos de seu dono, ela começou a
soltar tínidos que mais se assemelhavam aos gritos.

Carolina: Quem você está chamando de burra?

Hua Cheng: Certo, quem vai começar?

¡Pero qué hijo de puta! Ele realmente me ignorou? Que desgraçado!

Hua Cheng: Se vai me xingar, pelo menos xingue me um idioma que não existe, assim
posso fingir que não entendi.

Carolina: Que?
Hua Cheng: Enfim. Quem vai começar?

Catarina: Eu até começaria, mas, o que você quer em troca? Não seria tão fácil assim
você apostar isso tudo seria?

Hua Cheng: Ah, certo, então vamos ao meu preço. Seus status divinos.

OI???

Carolina: Que porra são status divinos? E o que diabos você vai fazer com isso???

Hua Cheng: *sorrindo de maneira doce e inocente* Ah! Nada, apenas gosto de
colecionar! Sabe? É um hobbie meu.

Catarina: Você não está falando sério está?

Hua Cheng: O que te faz pensar que eu não estou falando sério?

Carolina: Não há outra coisa que você queira?

Hua Cheng: Ah, bem, há sim, seus olhos direitos! Nada demais, acho um preço até
plausível na verdade.

Quetzalcoatl: Eu me recuso a te dar qualquer uma de suas exigências insanas! Quem


você acha que é para exigir tudo isso? Certo, eu desisto, vamos embora.

Ele apenas deslizou do meu ombro e rastejou em direção a porta, acho que ele estava
dando uma espécie de piti? Bem, se ele quer ir embora quem sou eu para impedir? Vá
réptil traidor e abandone seus amigos aqui como se não fossem nada!! Filho da mãe dele!1
Vou pegar esses lanchinhos infantis e enfiar bem fundo na guela dele!

Hua Cheng: Está bem, vamos pensar de forma racional então. O que eu posso querer de
um Deus que seja de extremo valor? Hm vamos pensar, do Deus do conhecimento nada
seria mais justo do que seu cérebro, ou sua mente, de um dos Deuses do submundo, acho
que seria sua servidão, de duas humanas, bem, acho que teria que cortar os braços da
Carolina, isso seria o equivalente a sua força e de sua gêmea, bem, eu apenas vou pegar
seus olhos, acho que alguém deve se lembrar bem de um preço parecido.
Então esses eram os preços de uma aposta vinda de umas das Calamidades? Certo,
certo.

QUE É O IDIOTA QUE CAMINHA FUCKING LONGAS HORAS PARA VIR AQUI E
QUASE

PERDER A VIDA? ISSO NÃO É O MESMO QUE FLERTAR COM A PORRA DA MORTE?

Lúcio, depois dessa você me paga! Da próxima vez venha você pessoalmente!! Carlinha,
linda do meu coração! Me deseje sorte!

Carolina: Certo… Eu aceito.

Quetzalcoatl: Você vai apostar a porra do meu cérebro sem a minha permissão??

Catarina: Carolina! Meus olhos! Você está ficando louca???

Xolotl: Sua humana veio com defeito! Exijo que a troque imediatamente!!!

Quetzalcoatl: E você acha que eu tenho escolha??

Hua Cheng: Oh! Boa escolha.

Então, ele me entregou o copo com os dados, eu coloquei os dados da dentro, mentalizei
a imagem de Carla em minha cabeça enquanto começava a balançar o copo, pensando em
Carla com todas as minhas forças! Ela provavelmente deve estar escutando Blanke
Space da Taylor Swift agora! Então eu espero que isso me dê forças para conseguir
alcançar meus objetivos.

Quetzalcoatl: Anda logo! Perde de uma vez! Já não há mais salvação para nós….

Carolina: Deixa de ser dramático! Sua minhoca com penas!

Voltei a me concentrar na imagem de Carla, senti uma lágrima escorrer de um dos meus
olhos, não sei se era o desespero ou porque eu estava imaginando a Carla vestida de
anjinho. Quando joguei os dados sobre a mesa e ouvi o barulho deles se chocando contra
a mesa, fechei meus olhos com força, rezando para que Carla tivesse ouvido minhas
preces.
Hua Cheng: Você. Certo, eu realmente não esperava por esse resultado…

Quando abri os meus olhos estavam dois dados mostrando o resultado com o número
seis, eu não pude acreditar em meus olhos, lágrimas grossas saíram de meus olhos, mas
eram lágrimas da mais genuína felicidade, não estávamos mortos! Antes de entramos na
cidade fantasma Quetzalcoatl nós explicou sobre o sistema de apostas chinês, se um
resultado der o número máximo na vez do primeiro jogador, isso não significa vitória, na
verdade teremos que esperar o segundo jogador lançar os dados e ver o valor, caso ele
de igual ao do primeiro jogador então um empate será declarado.

Hua Cheng pegou o copo e os dados sem cerimônia, ele balançou o copo de maneira
preguiçosa, quando ele abriu o copo e os dados foram lançados, lá estavam os dois
perfeitos seis, um empate justo. Deuses estão salvos!

Hua Cheng: Certo. Resultado intrigante, foi divertido enquanto durou, mas bem, acho
que devo partir para a retaliação, E-Ming já está chateada o suficiente comigo após esse
jogo.

Carolina: Que? Mas por que? Nós não perdemos!!

Hua Cheng: De fato, mas as coisas se tornam entediantes, então, adeus foi ótimo
conhecê-los.

Nós já estávamos preparando uma posição de batalha quando a porta foi aberta de
maneira bruta e uma voz feminina foi ouvida por nós, a expressão superior e tediosa de
Hua Cheng foi substituída para surpresa e se tornou bem mais suave.

???: Terminei o glossário de feitiços você quer sair para testar alguns? Minhas costas
estão doendo de tanto ficar na mesma posição! Preciso de alguns mimos e descanso e…

A voz feminina foi calada de repente, ela pareceu ficar alguns segundos em silêncio, a
expressão suave de Hua Cheng continuou no rosto dele, só que dessa vez ela estava
banhando com um pouco de malícia, era quase como se não estivéssemos lá.

Hua Cheng: Jiejie por que estava fazendo isso a essa hora? Você não me disse que
apenas leria e então iria descansar?
???: Você sabe que o meu descansar acaba virando algo produtivo muito mais rápido do
que eu gostaria, mas me diga o que diabos está fazendo? E por que há dois deuses na sua
sala?

Hua Cheng: Jiejie, eu apenas encontrei uma diversão momentânea durante a noite, não
precisa se preocupar com isso agora, por que não falamos sobre como relaxar você?

Jiejie do Hua Cheng(?): Diversão momentânea? Certamente dois deuses não viriam ao
seu território apenas para conversar com você! Eles geralmente fogem do seu alcance.

Hua Cheng: Jiejie não precisa se preocupar, você deve estar tão tensa do dia cansativo
de trabalho! Os céus são muito ruins com você, tenho certeza de que deveriam lhe dar
mais descansos e folgas, então porque não procuramos um método delicioso e
tranquilizador para você dormir melhor?

A voz dele pendia malícia, ele estava sorrindo, mas a voz dele não carregava uma milícia
cruel, ele parecia verdadeiramente apaixonado e feliz de estar na presença dessa
pessoa, ele simplesmente esqueceu de nós.

Jiejie do Hua Cheng(?): Hua Cheng! Não fuja do assunto!

Hua Cheng: Eles simplesmente não importam Jiejie, deixe eles ai, eles já estão de saída
mesmo e agora que você está aqui e parece bem acordada podemos conversar durante
uma noite inteira.

Jiejie do Hua Cheng(?): Espere! O que?

Ele simplesmente se levantou de onde ele estava acompanhamos ele com os olhos e
quando vimos a mulher com que ele estava conversando percebemos que era a mesma
pessoa presente em todas as pinturas, exceto que ela estava apenas usando um roupão
azul escuro de seda, nele estavam diversas constelações bordadas a mão com o uso de
linha branca e então com um único movimento ele pegou ela pela cintura e a pegou nos
braços no estilo princesa.

Jiejie do Hua Cheng(?): Ei! Você! Ah! Mas você não pode!

Ela parecia estar tropeçando nas próprias palavras e isso apenas arrancou uma risada
deliciosa do Hua Cheng que deixou um beijo casto nos lábios desavisados da moça.
Quetzalcoatl: Esse rosto me é familiar… Espere! Xolotl! Esta não é la Dama de la Luna?

Xolotl: Sim… Mas eu pensei que ela estava em reclusão por causa dos estudos da magia,
ouvi dizer que ela até mesmo escolheu viver com a família dela que havia reencarnado e
começado a levar uma vida pacífica…

Hua Cheng: Ah, acho que vou fazer vocês lembrarem o que aconteceu depois dos
banimentos e exilio dela, meu período favorito de genocídio divino na história.

Ok! Oficialmente acabou toda a doçura de alguns minutos atrás dele! Que beleza Xolotl
e Quetzal! Ele estava quase nos deixando ir e vocês fizeram uma burrada dessas! Como
diabos eles podem ser tão idiotas? Porém, antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, la
Dama de la Luna sussurrou alguma coisa no ouvido dele que o fez sorrir satisfeito, ele
deu uma última olhada em nós e então disse as seguintes palavras.

Hua Cheng: Certo, eu ajudo vocês, podem sair do meu território, agora se me dão
licença, eu tenho uma Jiejie para agradar.

Catarina: Nossa… Isso foi intenso. E o que vocês dois querem dizer com La Dama de la
Luna? É aquela mesma história contada para nós quando éramos crianças? A da
feiticeira que se tornou a desgraças dos três reinos e logo depois desapareceu para se
envolver nas suas próprias práticas?

Carolina: Mamãe nos dizia que se fossemos más meninas ela iria nos amaldiçoar…

Xolotl: Nossa… Ela está realmente de volta. Depois de quase 20 dinastias…

Quetzalcoatl: Depois da partida dela Jun Wun não se pronunciou mais então pensei que
ela estava morta…

Carolina: Depois conversamos sobre isso! Vamos logo embora daqui, vamos só colocar o
presente do Lúcio em cima da mesa e se mandar para casa antes que Hua Cheng mude de
ideia e tente acabar com a nossa raça.

Eu coloquei rapidamente o presente que o Lúcio preparou em cima da mesa e me preparei


para meter o pé para longe dali, Catarina catou Xolotl pelo rabo e veio atrás de mim logo
em seguida, assim que eu abri a porta para sair, deixei uma frestinha aberta para ver
aquela sala por uma última vez, porém assim que fiz isso Hua Cheng apareceu como uma
névoa de borboletas e pegou o presente em mãos curioso. Quando ele abriu a caixa
vermelha de veludo, lá dentro havia um conjunto bem ornamentado de prata, colares,
mais brincos e um cinto, havia até mesmo um enfeite para o cabo de E-Ming. A espada
por sua vez se soltou por conta própria da bainha e se enfiou ela mesmo no enfeite de
prata, zumbindo satisfeita por sua nova aparência, Hua Cheng por sua vez, olhou
atentamente para a prata quase hipnotizado, acho que ele namoraria aqueles objetos por
mais algum tempo, porém, algo pareceu fazer ele mudar de ideia e mais uma vez ele
desapareceu, acho que ele está indo fornicar…

Carolina: Certo cambada! Vamos logo!

Catarina: Espero que o Lúcio deixe a gente descansar pelo menos dois dias depois desse
encontro caótico e estressante.

Quetzalcoatl: Concordo, merecemos um bom descanso.

Carolina: Mas você não fez porra nenhuma além de reclamar e se cagar de medo?!

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