A ODISSEIA INTELECTUAL DE EINSTEIN RUMO À RELATIVIDADE GERAL

Texto extraído do livro The Road to Relativity, de Hanoch Gutfreund e Jurgen Renn. Tradução livre.

Os famosos artigos de Einstein de 1905 abalaram os

fundamentos da física clássica [1]. Eles desafiaram
a ideia da luz como uma onda, deram provas
contundentes da existência de átomos, levaram a
uma nova compreensão do espaço e do tempo e
identificaram a massa como uma forma de energia.
A revolução do espaço e do tempo que começou em
1905 com a formulação da teoria da relatividade
especial logo foi vista como incompleta. As
tentativas de encaixar a bem estabelecida lei da
gravitação Newtoniana na estrutura desta teoria não
tiveram sucesso, pelo menos não sem abandonar os
princípios básicos da mecânica. Embora esse
problema não levasse a questões empíricas
urgentes, ele levou Einstein em 1907 a questionar
os conceitos de espaço e tempo da teoria especial e
Einstein e a maçã de Newton: o insight engenhoso de Newton
o fez continuar a revolução com sua teoria da
o levou à conclusão de que o movimento de uma maçã caindo
relatividade geral de 1915.
e o movimento da lua orbitando a Terra são governados pela
mesma lei física – a lei da gravitação universal.
As observações a seguir apresentam ao leitor o
desenvolvimento das ideias e atitudes de Einstein
enquanto ele lutou por oito anos para alcançar uma Propomos outro roteiro para este desenvolvimento
teoria geral da relatividade que atendesse aos dramático, que explora sua geografia. Einstein
requisitos físicos e matemáticos estabelecidos no concebeu a noção do princípio da equivalência
início. (...) Apresentamos toda a história à medida quando ainda trabalhava no escritório de patentes
que ela se desenrolou, com todos os seus dilemas, em Berna e publicou-a em um artigo de revisão
mal-entendidos, caminhos e interpretações sobre a relatividade especial em 1907. Nesse artigo,
malsucedidas, os quais o próprio Einstein admitiu à Einstein também discutiu algumas de suas
medida que avançava na estrada acidentada para seu implicações imediatas, como a curvatura dos raios
objetivo final. de luz em um campo gravitacional e o efeito da
gravitação no ritmo dos relógios. Isso pode ser visto
UM CONTO DE TRÊS CIDADES: PRAGA, como um prelúdio para o verdadeiro “drama”, que
ZURIQUE, BERLIM começou em 1911, quando ele foi para Praga.
Então, após uma pausa de quatro anos, Einstein
O especialista em Einstein John Stachel se refere ao retomou seu interesse pela gravitação e o perseguiu
desenvolvimento da relatividade geral como “um intensamente - quase exclusivamente e às vezes
drama em três atos” [2]. Nesse cenário, o primeiro obsessivamente - até sua conquista triunfal. É a esse
ato ocorreu em 1907 com a formulação da ideia período que nos referimos como um “Conto de Três
básica a que Einstein se referiu como o “princípio Cidades”. Cada uma dessas cidades serviu de palco
de equivalência”. O segundo ato ocorreu em 1912, para um capítulo específico desse desenvolvimento.
quando Einstein percebeu que o campo Cada uma proporcionou um ambiente social e
gravitacional é matematicamente representado por político diferente, e cada uma foi caracterizada por
10 funções das coordenadas do espaço-tempo, que uma fase diferente em sua vida familiar. Várias
formam o tensor métrico associado à geometria não biografias de Einstein discutem como essas
euclidiana do espaço-tempo. O terceiro ato, com seu circunstâncias se relacionam com seu trabalho
“final feliz”, ocorreu em novembro de 1915, quando científico.
Einstein formulou as equações do campo
gravitacional e explicou a precessão anômala do Praga. Em 1909, Einstein foi nomeado professor
periélio do planeta Mercúrio. extraordinário da Universidade de Zurique. Pela
primeira vez ocupava um cargo de certo prestígio
acadêmico e público. Menos de seis meses depois,
ele recebeu a oferta de um cargo ainda mais
prestigioso de professor catedrático na parte alemã
da Universidade Charles de Praga, quando uma
vaga em física teórica foi aberta lá. A candidatura
de Einstein a esta posição foi mais fortemente
apoiada por Anton Lampa, um professor de física
experimental e fervoroso seguidor de Mach, que
esperava que Einstein promovesse ainda mais as
ideias Machianas [3].
Após alguma demora e apesar da relutância de sua
esposa Mileva em deixar Zurique, onde se sentia
mais confortável, e apesar dos apelos dos alunos às
autoridades da universidade para fazerem todos os
esforços para mantê-lo em Zurique, Einstein aceitou
a oferta e foi para Praga em abril de 1911.
Em Praga, Einstein escreveu 11 artigos científicos,
6 dos quais foram dedicados à relatividade. No
primeiro desses artigos, publicado em 1911, ele
discutiu a curvatura da luz e o desvio para o
vermelho gravitacional, que ele já havia descoberto
em 1907 [4], mas agora Einstein os explorava como
efeitos observáveis. Nos artigos de Praga, ele se
concentrou no desenvolvimento de uma teoria
consistente do campo gravitacional estático com
base no princípio de equivalência. Assim como a
teoria da gravidade de Newton, Einstein
representava o potencial gravitacional por uma
única função escalar, sendo que agora a velocidade
da luz era variável. No entanto, algumas
características básicas da teoria final da relatividade
geral já haviam sido concebidas. Entre elas estava o
entendimento de que a fonte do potencial
gravitacional não é apenas a massa dos corpos
concretos, mas também a massa equivalente à
energia do próprio campo gravitacional. No
entanto, até o final desse período, Einstein ainda
presumia que o potencial gravitacional era
representado por uma única função e a teoria que
ele desenvolveu estava restrita a um campo
gravitacional estático.
É interessante notar que o trabalho de Einstein sobre
a gravitação em Praga foi feito em grande parte no
contexto de uma controvérsia com o físico Max
Abraham, famoso por suas contribuições para a
eletrodinâmica e a teoria do elétron. Abraham foi o
primeiro a publicar, em janeiro de 1912, uma teoria
completa do campo gravitacional formulada dentro
da estrutura do espaço-tempo quadridimensional de
Minkowski [5]. No início, Einstein ficou
impressionado, mas depois reagiu com ceticismo.
Para seu amigo Besso, ele escreveu: “No início (por
“Em Praga eu encontrei a concentração necessária
para desenvolver a teoria geral da relatividade”
14 dias), eu também fui completamente enganado
pela beleza e simplicidade de suas fórmulas” [6].
Ainda assim, na controvérsia que se seguiu, tanto
Abraham quanto Einstein desenvolveram
percepções importantes. Em um prefácio à edição
tcheca de 1923 de seu famoso livreto popular
“Sobre a Teoria da Relatividade Geral e Especial
em Termos Simples”, Einstein refere-se ao seu
trabalho em Praga [7]:
“Estou satisfeito que este pequeno livro (...) deva
agora aparecer na língua nativa do país em que
encontrei a concentração necessária para
desenvolver a ideia básica da teoria geral da
relatividade que eu já havia concebido em 1908 [ele
deve ter se referido a 1907]. Nas salas silenciosas
do Instituto de Física Teórica da Universidade
Alemã de Praga, na Rua Vinicna, descobri que o
princípio da equivalência implica a deflexão dos
raios de luz perto do Sol por uma quantidade
observável. (...) Em Praga, também descobri a
mudança das linhas espectrais para o vermelho. (...)
No entanto, a ideia decisiva da analogia entre a
formulação matemática da teoria e a teoria
gaussiana das superfícies veio a mim apenas em
1912, após meu retorno a Zurique, sem ter
conhecimento na época da obra de Riemann, Ricci
e Levi Civita. Isso foi trazido à minha atenção pela
primeira vez por meu amigo Grossmann.”
Zurique. Em 1911, Marcel Grossmann foi
nomeado reitor do departamento de matemática e
física do Instituto Federal Suíço de Tecnologia
(ETH). Uma de suas primeiras iniciativas como
reitor foi escrever a Einstein perguntando se ele
estaria interessado em voltar a Zurique para
ingressar na ETH. Einstein concordou, recusando
uma oferta anterior de Utrecht, bem como uma
oportunidade de ir para Leiden, que seriam
atraentes dada a proximidade de colegas como H.
A. Lorentz. Quaisquer que fossem as razões de
Einstein para preferir Zurique a Utrecht ou Leiden,
naquela época foi a decisão certa. Pouco tempo
depois de retornar a Zurique em agosto de 1912, ele
iniciou uma colaboração intensa e frutífera com
Grossmann que se tornou um marco no
desenvolvimento da relatividade geral.
Durante o período de Zurique, Einstein produziu
três documentos que desempenharam um papel
significativo na busca por uma teoria da relatividade
geral: o Caderno de Zurique, o artigo Entwurf de
Einstein-Grossmann e o manuscrito Einstein-
Besso. (...) O Caderno de Zurique contém as notas
de Einstein da fase intermediária de sua busca por
uma teoria relativística da gravitação, quando ele
estava explorando, com a ajuda de Grossmann, os
conceitos e métodos do cálculo tensorial e da
geometria Riemanniana.
O caderno é composto por 96 páginas, nem todas
dedicadas à relatividade. Mesmo assim, Einstein
deu-lhe o título de “Relativitat”. As notas foram
escritas entre meados de 1912 e o início de 1913.
Einstein usou o bloco de notas tanto na frente
quanto no verso, e suas anotações encontram-se de
cabeça para baixo a cerca de um quarto do texto.
Este caderno constitui um documento muito
importante na história da ciência e é de fundamental
importância para nossa compreensão das origens da
teoria geral da relatividade [8].
O Caderno de Zurique contém essencialmente o
projeto para a teoria geral, mas devido a uma
compreensão física ainda imatura a ser descrita em
breve, Einstein abandonou essa teoria. Em vez
disso, ele e Grossmann publicaram o “Esboço de
uma Teoria da Relatividade Generalizada e de uma
Teoria da Gravitação”, que desde então foi
denominada teoria Entwurf, palavra que abre seu
título em alemão e que significa “esboço” [9].
Embora essa teoria não atendesse ao requisito
inicial de Einstein de covariância geral, ele se
convenceu de que isso era o melhor que poderia ser
feito e, apesar dessa e de outras deficiências da
teoria, ele expressou satisfação com ela até o verão
de 1915.
“Com a ajuda de um amigo matemático [Marcel Grossmann],
aqui [em Zurique] superarei todas as dificuldades.”
O chamado manuscrito de Einstein-Besso é uma
coleção de cerca de cinquenta páginas de cálculos,
cerca de metade deles na caligrafia de Einstein e a
outra metade na de Besso. Essas páginas contêm um
cálculo da precessão do periélio de Mercúrio com
base na equação de campo da teoria Entwurf e um
cálculo do tensor métrico em um referencial com
rotação [10].
O Departamento do Interior da Suíça aprovou o
pedido da ETH para o cargo de professor titular de
Einstein. No entanto, isso durou apenas três
semestres. Einstein estava em grande demanda, e a
próxima oferta que ele não pôde recusar veio de
Berlim.
Berlim. Em 1913, Max Planck foi eleito secretário
da Real Academia Prussiana de Ciências. Pouco
depois de sua eleição, Planck lançou uma campanha
para eleger Einstein para a Academia. Em julho de
1913, Planck foi a Zurique com Walther Nernst para
apresentar a Einstein uma tentadora proposta com
três partes: eleição para a Academia com apoio
financeiro generoso, diretor do Instituto de Física
Kaiser Wilhelm sem uma carga administrativa real
e uma cátedra na Universidade de Berlim sem
obrigações de ensino.
Einstein aceitou a oferta, dando razões diferentes a
pessoas diferentes para justificar sua decisão. Para
Lorentz, ele escreveu: “Não pude resistir à tentação
de aceitar um cargo em que seja dispensado de todas
as responsabilidades para me entregar totalmente à
ruminação” [11]. Mas para seu bom amigo Heinrich
Zangger, ele admitiu que o motivo principal para
aceitar a oferta era que isso o aproximaria de sua
prima Elsa, a quem ele cortejava apaixonadamente
na época e que mais tarde seria sua segunda esposa:
 As dúvidas de Einstein a respeito da teoria Entwurf
começaram a crescer no verão de 1915. Ele
finalmente abandonou a teoria e, em uma explosão
de criatividade e trabalho árduo, completou em
novembro daquele ano sua teoria geral da
relatividade.

Einstein se juntou a Max Planck, Walther Nernst e

muitos outros em Berlim, que na época era a capital
mundial da física. Mesmo durante as adversidades
dos anos de guerra, a cidade manteve uma
atmosfera e uma rotina de trabalho inspiradoras na
comunidade física. Gerald Holton, um pioneiro da
“Ela [Else Lowenthal] foi a principal razão da erudição de Einstein em seu contexto histórico e
minha vinda a Berlin, você sabe.” filosófico, abordou a questão [15]: “Quanto esses
fatos contribuíram para a capacidade única de
Einstein de desenvolver, entre 1915 e o final de
“Apesar de estar em Berlim, vivo numa solidão
1917, sua teoria da relatividade geral em Berlim?
tolerável. Mas aqui eu tenho algo que contribui para
Ele poderia ter feito isso se tivesse aceitado uma
uma vida mais calorosa, uma mulher a quem me
grande oferta de uma cidade em outro país?” A
sinto intimamente ligado. (...) Ela foi o principal
resposta clara de Holton é: “Nenhum outro homem
motivo da minha vinda a Berlim, você sabe” [12].
além de Einstein poderia ter produzido a
Relatividade Geral, e em nenhuma outra cidade
Em novembro de 1913, Sua Majestade Imperial e
além de Berlim”, embora não sem a ajuda de seus
Real Guilherme II confirmou a eleição de Einstein
amigos em Zurique!
como membro regular da seção de física-
matemática da Academia. Assim, aos 34 anos, ele
O DESAFIO DA GRAVITAÇÃO
se tornou o membro mais jovem da Academia.
A teoria da relatividade de 1905 havia estabelecido
Pouco depois da chegada de Einstein a Berlim,
uma nova compreensão do espaço e do tempo, e
estourou a Primeira Guerra Mundial. Confrontado
todas as interações físicas deveriam, dali em diante,
com as realidades da guerra, ele finalmente deixou
se encaixar em sua estrutura. Além disso, a teoria
a torre de marfim da ciência para se tornar um
combinou as leis de conservação de energia e
oponente político do envolvimento da Alemanha na
momento em uma única lei e demonstrou que a
guerra. Em Berlim, Einstein encontrou o fenômeno
massa é uma forma de energia. As consequências
do antissemitismo e ficou ciente, mais do que
desta teoria podem ser convenientemente descritas
nunca, de sua identidade judaica [13]. Em Berlim,
no arcabouço de um novo formalismo matemático
suas relações com Mileva se deterioraram a ponto
desenvolvido por Herman Minkowski, ex-professor
de se separar - Mileva e os filhos voltaram para
Zurique. Em meio a tudo isso, Einstein perseguiu
ardorosamente seu trabalho científico e, segundo
seu próprio testemunho, trabalhou mais do que
nunca.

Einstein continuou a trabalhar na teoria Entwurf de

gravitação, desenvolvida com Grossmann, e
sugeriu novos argumentos para apoiar sua validade.
Sua satisfação com a teoria Entwurf solidificou-se a
tal ponto que ele estava pronto em outubro de 1914
para resumi-la em um artigo de revisão, “A
Fundação Formal da Teoria Geral da Relatividade”
[14], que ele publicou nos relatórios de reunião da
Mesmo quando o trem se move, o café não erra a
Academia Real Prussiana de Ciências. Em menos
xícara. Esse é o princípio clássico da relatividade.
de um ano ele se arrependeria.
de Einstein na ETH em Zurique. Esse formalismo
[16] combina espaço e tempo em uma única
entidade – o espaço-tempo – e atribui uma distância
geométrica a quaisquer dois eventos físicos que
ocorrem em posições e tempos diferentes.
Geralmente pontos no espaço-tempo são chamados
de eventos porque são caracterizados pela
localização e hora de sua ocorrência. O quadrado
dessa distância é simplesmente o quadrado da
separação temporal entre os dois eventos menos o
quadrado de sua separação espacial. Observadores
que se movem com velocidade relativa constante
podem calcular essa quantidade usando suas
respectivas medidas de posição e de tempo, e eles
obterão o mesmo resultado. Em outras palavras, o
espaço-tempo quadridimensional de Minkowski é
equipado com uma instrução “métrica” que é
empregada para medir a distância entre eventos.
Isso pode ser comparado com a instrução métrica
familiar para medir a distância entre dois pontos no
espaço tridimensional: somar os quadrados das
separações de coordenadas cartesianas.

Não foi difícil adaptar o domínio do

eletromagnetismo à nova estrutura do espaço-
tempo da teoria da relatividade especial, que na
verdade foi inspirada pela eletrodinâmica de
Maxwell. Mas a gravitação, isto é, a força da
gravidade entre duas massas, apresentava
problemas a esse respeito. Como a lei da gravidade
de Newton assume uma ação instantânea à
distância, esta lei em sua forma clássica não era
diretamente compatível com a teoria da relatividade
especial. Uma das consequências dessa teoria é que
nenhum efeito físico pode se propagar com uma
velocidade superior à da luz no vácuo. Assim, uma
nova teoria gravitacional era necessária, mas não
estava claro como essa teoria deveria ser, que
suposições heurísticas poderiam ser feitas e mesmo
que critérios específicos ela deveria satisfazer.
Mas havia uma maneira óbvia de tornar a teoria
gravitacional clássica formalmente compatível com
os princípios da teoria da relatividade especial, e
Einstein inicialmente seguiu essa linha de
pensamento. No entanto, o problema com esta
generalização óbvia era que a teoria da gravitação
resultante parecia violar o princípio de Galileu de
que todos os corpos caem com igual aceleração.
Esse é um dos princípios básicos da física clássica,
miticamente estabelecido por Galileu jogando
objetos materiais do topo da torre de Pisa.
Todos caem da mesma forma!
levou em conta esse princípio ao definir a massa
inercial como sendo igual à massa gravitacional. A
massa inercial determina a aceleração de um corpo
causada por uma dada força, enquanto a massa
gravitacional determina a força sentida por um
corpo devido a um determinado campo
gravitacional. A dependência entre a massa inercial
e a energia na relatividade especial deveria implicar
que, em uma teoria relativística de gravitação, a
massa gravitacional de um sistema físico também
deveria depender da energia de uma forma
precisamente conhecida, de modo a manter o
princípio de Galileu. Einstein concluiu que, se a
teoria não conseguisse isso de maneira natural,
deveria ser abandonada. Cientistas contemporâneos
como Max Abraham e Gustav Mie estavam prontos
para abandonar o princípio de Galileu a fim de obter
uma teoria relativística da gravitação no sentido da
relatividade especial.

O princípio de Galileu estipula que a aceleração de A generalização da teoria da relatividade de

queda livre é a mesma para todos os corpos. Newton Einstein começou com a crítica filosófica de Ernst
Mach à mecânica clássica [17]. Mach, cujas obras o
jovem Einstein admirava, afirmou que o conceito de
movimento ou mesmo de massa inercial não pode
de forma alguma ser aplicado a um único corpo no
espaço absoluto, conforme alegado por Newton.
Em vez disso, ele sugeriu que toda a mecânica
clássica deveria ser reescrita em termos de
movimentos relativos entre os corpos e também que
os conceitos de massa inercial e referencial inercial
deveriam ser redefinidos dessa maneira. As forças
centrífugas, em particular, que causam a curvatura
do nível da água em um balde giratório, deveriam
ser interpretadas não como um efeito de um
movimento acelerado em relação ao espaço
absoluto, como Newton afirmou em seu famoso
experimento do balde, mas como um efeito da
presença de outros corpos no universo. Einstein
observou que o princípio de Galileu deve de alguma
forma estar relacionado à visão especial de Mach da
mecânica, que rejeita o papel privilegiado dos
referenciais inerciais, bem como o conceito de
aceleração em relação ao espaço absoluto. Nesse
contexto, Einstein percebeu que a questão de como
manter o princípio de Galileu deve ser respondida
dentro de uma generalização do princípio da
relatividade. Em suma, no conflito entre a mecânica
clássica e a relatividade especial, Einstein em 1907
decidiu manter o princípio da equivalência entre
massa gravitacional e inercial, e, portanto, estava
disposto a aceitar que a teoria da gravitação estaria
além do escopo da relatividade especial [18].
Tendo em mente o conceito óbvio de desenvolver
uma nova teoria da gravitação dentro da estrutura
da teoria da relatividade especial, ele concluiu:
“Descobriu-se que, dentro da estrutura do programa
esboçado, este simples estado de coisas não poderia
de forma alguma, ou pelo menos de forma natural,
ser representado de uma maneira satisfatória. Isso
me convenceu de que, dentro da estrutura da teoria
da relatividade especial, não há nicho para uma
teoria satisfatória da gravitação” [19].
Em retrospecto, sabemos que Einstein estava certo.
Existem dois tipos distintos de estruturas do espaço-
tempo: uma está conectada com a mecânica clássica
de Galileu e Newton, enquanto a outra está
conectada com a relatividade especial,
determinando o comportamento das réguas e
relógios de medida e, portanto, uma “crono-
geometria”. Como John Stachel enfatizou, qualquer
teoria da gravitação que incorpore a equivalência
entre massa inercial e gravitacional deve partir de
um campo gravito-inercial que governe o
comportamento das partículas livres. Mesmo no
nível newtoniano, a gravitação pode, portanto, ser
descrita não como uma força externa agindo sobre
os corpos, mas como uma modificação da estrutura
inercial até então fixada do espaço-tempo. O
desafio de criar a relatividade geral era, portanto,
estabelecer compatibilidade entre essas duas
estruturas [20].
A HEURÍSTICA DE EINSTEIN: O
PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA
Para a nova teoria da gravitação incluir o princípio
de Galileu, ela deveria ser uma teoria generalizada
da relatividade, porque teria que dar ao movimento
acelerado o mesmo status do movimento inercial,
considerando as forças inerciais e gravitacional da
mesma maneira. O que Einstein finalmente
conseguiu com a relatividade geral foi, na verdade,
não tanto uma generalização adicional da
relatividade do movimento, mas uma “relatividade”
da gravidade, que se integrou com a inércia para
constituir um campo gravito-inercial unificado [21].
A teoria da relatividade de 1905 privilegiou o
movimento uniforme como o de um trem movendo-
se com velocidade constante. Assim, as leis da
física deveriam assumir a mesma forma em
referenciais que se movem uniformemente entre si.
O princípio de Galileu sugeriu que isso pode ser
verdadeiro mesmo para referenciais acelerados em
relação uns aos outros, porque todos os corpos em
tais referenciais se comportam da mesma maneira;
ou seja, eles caem da mesma forma. Mas, para
comparar um referencial acelerado com um
referencial em repouso e afirmar que eles são de
alguma forma equivalentes, deve-se introduzir uma
suposição adicional. Em um referencial acelerado
Uma força “fictícia” dificulta que Einstein não
perca o chapéu.
em algum lugar do espaço vazio, como uma
espaçonave longe da Terra, os corpos cairão no
chão por causa da aceleração. Em um referencial em
repouso na Terra, os corpos cairão no solo por causa
da gravitação da Terra. Se o comportamento é o
mesmo em ambos os casos, a gravitação e as forças
aparentes no foguete devido ao seu movimento
acelerado - também conhecidas como forças
inerciais - devem ser equivalentes. Esse é o famoso
princípio de equivalência de Einstein, uma das
pistas heurísticas mais importantes na construção de
uma teoria da relatividade generalizada. Em
retrospecto, ele se referiu a essa ideia como “o
pensamento mais feliz” de sua vida [22]. O
princípio da equivalência afirma que o campo
gravitacional tem apenas uma existência relativa,
porque para um observador caindo livremente do
telhado de uma casa temporariamente não existe
nenhum campo gravitacional, pelo menos em sua
vizinhança imediata. Em particular, todos os
processos físicos em um campo gravitacional
uniforme e homogêneo são equivalentes àqueles
que ocorrem em um referencial uniformemente
acelerado sem campo gravitacional. Esse conceito
pode ser ilustrado por uma nave espacial acelerada
ou pelo experimento mental de um elevador em
queda livre.
Incluir forças inerciais na tentativa de construir uma
nova teoria da gravitação teve consequências
impactantes. As forças inerciais são forças fictícias
que atuam sobre as massas em referenciais
acelerados, como a força centrífuga experimentada
em um carrossel. Einstein usou diferentes tipos de
forças inerciais como testes para a nova teoria, por
exemplo, aquelas em uma nave acelerada. Ele
também considerou as forças inerciais que atuam
em um referencial giratório, como a força que
molda a superfície de um líquido em um balde
giratório, que Newton utilizou para demonstrar o
conceito de movimento absoluto. Essas forças
“fictícias” são, na verdade, forças reais, mas sua
origem permaneceu enigmática na física clássica
porque foram atribuídas a uma propriedade
misteriosa do espaço absoluto. Considerando tais
forças inerciais no mesmo nível da conhecida força
newtoniana, Einstein poderia então tirar conclusões
qualitativas, bem como derivar requisitos para o
aparato matemático de sua nova teoria.
Um insight conceitual crucial fornecido por seus
experimentos mentais diz respeito à curvatura da
luz em um campo gravitacional e à natureza do
tempo. Einstein inferiu a curvatura dos raios de luz
em um campo gravitacional a partir do argumento
de que a trajetória de um raio de luz em um
laboratório acelerado deve ser curva devido à
superposição do movimento do laboratório e do
movimento da luz. A conclusão de que esse
resultado também deve ser válido em um campo
gravitacional está de acordo com a suposição de que
a energia não tem apenas massa inercial, mas
também gravitacional, de modo que a luz deveria
estar sujeita à atração gravitacional. A deflexão da
luz em um campo gravitacional sugere que a
velocidade da luz não deve mais ser considerada
constante, ao contrário da relatividade especial.
Essa conclusão qualitativa foi apoiada por uma
análise da sincronização de relógios em um
referencial acelerado, conforme descrito por
Einstein em um artigo escrito em 1907 (ver nota 4).
Sua análise implicava que, na presença de
aceleração, relógios em locais diferentes batem em
taxas diferentes. Ele chegou à mesma conclusão
comparando a taxa de relógios localizados em
diferentes posições em um disco giratório.
O que causa a curvatura da superfície da água em um
balde giratório?
A GEOMETRIA ENTRA NA FÍSICA
A inclusão de referenciais com rotação apresentou
outro desafio conceitual. Einstein e Max Born
encontraram esse desafio em 1909, em conexão
com a teoria da relatividade especial. Paul Ehrenfest
também descobriu, independentemente, que, de
acordo com a relatividade especial, as hastes usadas
para medir a circunferência de um disco em rotação
deveriam sofrer a chamada “contração de Lorentz”
[23]. Portanto, mais hastes são necessárias e a
circunferência parecerá maior do que a de um disco
em repouso. Porém, as hastes utilizadas para medir
o raio do disco giratório não serão alteradas, sendo
perpendiculares à direção do movimento. Portanto,
a razão entre a circunferência de um disco giratório
e seu raio terá que ser maior do que o valor
determinado na geometria euclidiana, quando
ambas as distâncias são medidas no referencial em
que o disco encontra-se em repouso. Essa
dificuldade ficou conhecida como o “paradoxo de
Ehrenfest” e gerou discussões polêmicas. A maioria
dos participantes neste debate consideraram a
questão como um problema na definição de um
corpo rígido. No entanto, Einstein identificou o
paradoxo de Ehrenfest como uma questão-chave a
ser abordada na busca de uma generalização da
teoria da relatividade. Em um artigo publicado em
1912, ele argumentou que a razão entre a
circunferência e o diâmetro de um disco em um
referencial em rotação não é mais dada por 𝜋,
indicando que a relatividade geral implica um
afastamento da geometria euclidiana [24].
E se o mundo for intrinsecamente curvo?
No processo de pensamento de Einstein, o princípio
de equivalência e o uso de modelos de laboratório
acelerados tornaram-se subordinados a um
princípio heurístico recém-formulado: o princípio
da relatividade geral. De acordo com este princípio,
a nova teoria da gravitação deveria admitir
referenciais em estados de movimento arbitrários, e
deveria descrever as forças inerciais que ocorrem
neles como a ação de um campo gravitacional
dinâmico generalizado. Esse princípio e as
mudanças conceituais implícitas nos modelos de
elevadores acelerados e baldes giratórios
desempenharam um papel crucial ao se considerar
o tipo de matemática a ser usada na formulação da
teoria da gravitação. Einstein percebeu que seria
necessário ir além da geometria euclidiana. O
desejo de incluir referenciais arbitrários deu-lhe a
ideia, no verão de 1912, de construir a nova teoria
da gravitação usando uma generalização da teoria
gaussiana das superfícies curvas, mas primeiro ele
teve que generalizar essa teoria para o mundo
quadridimensional da teoria da relatividade.
Matemáticos como Bernhard Riemann, Elwin
Christoffel e Tullio Levi-Civita forneceram o
importante pano de fundo para essa generalização,
mas Einstein não estava familiarizado com seus
trabalhos e teve que assimilar essa nova matemática
gradualmente com a ajuda de seu amigo Marcel
Grossmann.
O modelo mental de movimentos ao longo de
superfícies curvas, conhecido no mundo da física
clássica, também apontava diretamente para uma
solução do problema de determinar as equações de
movimento em um campo gravitacional arbitrário.
Um objeto que é restringido a se mover ao longo de
uma superfície curva sem atrito bidimensional e
sem outras forças além das exercidas pela própria
superfície sempre se moverá ao longo do caminho
mais curto, chamado de geodésica. Essa é a
generalização mais simples de uma linha reta. A
ideia poderia ser imediatamente transferida para o
caso do movimento observado a partir de um
referencial arbitrariamente acelerado,
correspondendo ao movimento em um campo
gravitacional na ausência de quaisquer outras
forças. Esse movimento também poderia ser
representado como uma geodésica no espaço-tempo
quadridimensional, nas coordenadas curvilíneas
usadas para descrever tal referencial.
(Curiosamente, no entanto, a trajetória descrita por
um objeto em movimento livre acaba sendo o
caminho mais longo possível entre dois eventos no
espaço-tempo. Isso é uma consequência das
propriedades matemáticas peculiares da métrica do
espaço-tempo.)
A descrição revisada da ação da gravidade
significava que o campo gravitacional não era mais
considerado uma força no sentido da física
newtoniana, mas como a personificação das
propriedades geométricas de um continuum espaço-
temporal generalizado. O conceito de métrica como
uma generalização do conceito de distância já foi
introduzido. Enquanto uma superfície plana é
caracterizada por uma métrica que se comporta da
mesma forma em toda a superfície, as propriedades
geométricas de uma superfície curva devem ser
descritas por uma métrica variável. Essa métrica
associa diferentes distâncias reais com uma
determinada distância coordenada em diferentes
locais na superfície. Essa métrica variável acabou
por ser uma representação adequada do potencial
gravitacional.
É assim que um caminho reto fica em uma superfície
curva.
A HEURÍSTICA DE EINSTEIN: UM PLANO
DE AÇÃO
Em sua busca por uma teoria relativística da
gravitação, Einstein poderia se orientar usando um
modelo bastante familiar aos físicos
contemporâneos, pois representava um dos grandes
sucessos da física do século XIX, a saber, a teoria
unificada de todas as interações eletromagnéticas
estabelecida por James Clerk Maxwell e Heinrich
Hertz. Na verdade, era uma característica notável
dessa teoria não descrever os campos elétricos e
magnéticos separadamente, mas como
componentes de um campo eletromagnético
unificado. Essa teoria foi desenvolvida em sua
forma definitiva pelo físico holandês Hendrik
Antoon Lorentz, que mais tarde se tornou um dos
mentores de Einstein. O conceito central desta
teoria era o de “campo”. Em contraste com a
descrição das interações de partículas devido a
forças agindo à distância, uma teoria de campo não
se restringe às partículas em interação, mas se
estende a seus arredores completos. Teorias de
campo descrevem como o campo que preenche o
espaço é gerado por cargas e correntes,
consideradas “fontes” do campo, e também
descreve como esse campo, por sua vez, determina
o movimento das partículas carregadas. Uma
representação matemática dos processos físicos
interpretados de acordo com este “modelo de
Lorentz”, portanto, inclui necessariamente duas
partes:
• uma equação de movimento, descrevendo o
movimento de partículas carregadas em um
determinado campo eletromagnético; e
• uma equação de campo, descrevendo o
campo eletromagnético gerado por suas
fontes: cargas e correntes.
Notavelmente, essa teoria poderia ser apresentada
de forma mais elegante na formulação do espaço-
tempo quadridimensional da teoria da relatividade
especial de Einstein, que então se tornou um
trampolim para a generalização de sua teoria. Uma
consequência dessa reformulação foi a percepção
de que o campo eletromagnético poderia se
manifestar de maneira diferente em termos de
campos elétricos ou magnéticos, dependendo do
estado de movimento de um sistema físico. Esta
propriedade notável foi, na verdade, um dos pontos
de partida do trabalho de Einstein sobre a teoria da
relatividade especial.
Ao construir uma teoria relativística do campo
gravitacional, Einstein foi guiado em quase todos os
aspectos pelo modelo de Lorentz, incluindo os
papéis complementares dos aspectos gravitacionais
e inerciais do campo. Estes eram análogos à
interação entre os aspectos elétricos e magnéticos
do campo eletromagnético. Assim, a nova teoria
incluiria duas partes:
• uma equação de movimento, descrevendo o
movimento de partículas em um
determinado campo gravitacional; e
• uma equação de campo, descrevendo o
campo gravitacional gerado por suas
fontes: matéria e energia.
Einstein determinou a primeira equação no verão de
1912. A segunda representava o maior desafio. O
lado direito da equação de campo representa a fonte
do campo ou do potencial, e o lado esquerdo
descreve, por meio de um procedimento
matemático específico - um chamado operador
diferencial - como a fonte gera o campo ou o
potencial.
Einstein aceitou o modelo de Lorentz como uma
diretriz heurística, mas logo descobriu que a tarefa
de encontrar uma equação de campo seria o desafio
mais difícil que teria de enfrentar em sua luta para
formular uma teoria relativística da gravitação.
Primeiro, ele foi confrontado com o problema de
encontrar um objeto matemático apropriado para
representar o potencial gravitacional. Em segundo
lugar, a equação do campo gravitacional que
substituiria a equação correspondente da física
clássica tinha de ser compatível com os resultados
da gravidade clássica e da relatividade especial.

Einstein teve que ter em mente que a natureza do
campo gravitacional em circunstâncias normais, ou
seja, no caso de campos estáticos fracos (o limite
newtoniano), era bem conhecida e satisfatoriamente
descrita pela lei da gravidade de Newton. Portanto,
a equação de campo relativística para a gravitação
teria que dar os mesmos resultados que as leis de
Newton sob essas circunstâncias. Essa restrição
pode ser chamada de “princípio de
correspondência” de Einstein. Claramente, a nova
equação de campo também deveria ser consistente
com as leis inquestionavelmente válidas de
conservação de energia e momento nas interações
físicas. Esse requisito pode ser chamado de
“princípio de conservação”. Além disso, a pesquisa
anterior de Einstein, guiada pelo princípio da
equivalência, produziu uma série de descobertas
que teriam que ser reproduzidas na nova teoria.
Assim, o plano de ação de Einstein era construir
uma teoria que satisfizesse os seguintes princípios:
• o princípio da correspondência;
• o princípio da conservação; e
• o princípio da equivalência.
Além disso, a teoria tinha que obedecer ao critério
de covariância generalizada.
“O espaço-tempo diz para a matéria como se mover; a
matéria diz ao espaço-tempo como se curvar.” (John
Archibald Wheeler)
AS DUAS ESTRATÉGIAS: MATEMÁTICA
VERSUS FÍSICA
Antes mesmo que Einstein pudesse começar a
implementar seu plano de ação, ele teve que
resolver outro problema, a saber, como o potencial
gravitacional poderia ser matematicamente
representado no contexto da teoria relativística que
ele estava prestes a construir? [25] A dica decisiva
veio de sua exploração da equação do movimento e
da consideração das estranhas propriedades do
movimento rotacional em tal teoria. Em 1912,
Einstein percebeu que o potencial gravitacional não
é, como na teoria de Newton, dado por uma função
simples, mas, surpreendentemente, por toda um
conjunto de funções do espaço e do tempo que,
juntas, formam um objeto matemático complexo
conhecido como tensor métrico. Einstein também
percebeu que esse tensor métrico está relacionado à
geometria não-euclidiana, então sua nova teoria da
gravitação se tornaria uma teoria da curvatura do
espaço e do tempo. Essa percepção constitui o que
Stachel chama de “segundo ato” no
desenvolvimento da teoria geral da relatividade
[26].
Dada a complexidade do objeto matemático que
representa o potencial gravitacional, a busca por
uma equação de campo relativística revelou-se um
processo de pesquisa extremamente desafiador, ao
longo do qual algumas das estruturas básicas de
conhecimento que dominavam a heurística de
Einstein tiveram que ser revisadas. Seus esforços
nessa direção nos anos de 1912 a 1915 podem ser
descritos como uma interação entre duas estratégias
heurísticas complementares: uma “estratégia física”
e uma “estratégia matemática”.
Em relação à estratégia física, Einstein partia de
uma equação de campo que, desde o início,
reproduzia a lei da gravitação correta no limite
newtoniano clássico e assim satisfazia seu princípio
de correspondência. Ele então a modificava para
tornar válidas as leis fundamentais restantes da
física, incluindo o princípio da conservação de
energia e momento. A etapa final era, então,
encontrar de que forma essa equação de campo
candidata satisfazia um princípio generalizado da
relatividade.
Seguindo uma estratégia matemática
complementar, Einstein partia de uma equação de
campo matematicamente plausível que satisfazia
imediatamente o princípio mais geral da
relatividade. Ele era capaz de recorrer a alguns dos
recursos matemáticos trazidos à sua atenção por seu
amigo matemático Marcel Grossmann, em
particular, o “cálculo diferencial absoluto”
formulado por Ricci e Levi-Civita em um artigo
publicado em 1901, no qual o trabalho anterior de
Riemann, Christoffel e outros foi desenvolvido em
um esquema de cálculo completo. Esse cálculo
diferencial absoluto foi por muito tempo
desconhecido pelos físicos, e em 1912 Einstein
provavelmente sabia muito pouco sobre ele. Mas
depois que se mudou de Praga para Zurique, o
contato com Grossmann deu a Einstein acesso a
esses métodos matemáticos.
Matemática ou física, por onde começar? Eis a
questão.
Uma vez estabelecida uma equação de campo
matematicamente plausível, restava verificar se ela
atendia aos outros requisitos físicos. A séria
desvantagem desse procedimento era que a relação
que tal objeto matemático abstrato mantinha com o
conhecimento físico familiar não era inicialmente
clara. Uma alteração sistemática do candidato
matemático inicial era, portanto, necessária com o
objetivo de tornar possível sua interpretação física
consistente, e isso se tornou uma parte necessária da
estratégia. Em particular, uma equação de campo
candidata tinha que atender à demanda de que a
teoria de Newton pudesse ser recuperada para o
caso especial de um campo gravitacional estático
fraco e garantir a conservação de energia e
momento. Além disso, tinha que cumprir a condição
de que, mesmo depois de ter sido modificada para
atender a essas demandas, o conjunto de
transformações de coordenadas admissíveis ainda
permanecesse amplo o suficiente para incluir pelo
menos transformações para referenciais acelerados
representando os casos especiais de aceleração
uniforme e rotação uniforme.
A questão do limite newtoniano da relatividade
geral é complicada pelo fato de que existem na
verdade duas abordagens: uma passando pelo
estágio intermediário da relatividade especial e a
outra via uma generalização dos campos
gravitacionais dentro da física newtoniana,
permitindo o tratamento de soluções descrevendo
movimentos lentos ou quase estáticos. Esta última,
no entanto, exige uma reformulação da teoria
newtoniana - incluindo o princípio da equivalência
- em termos de conceitos matemáticos que foram
introduzidos muito mais tarde pelo matemático
francês Elie Cartan em reação ao trabalho de Levi-
Civita e Weyl. Antes que essa abordagem
matemática sofisticada fosse desenvolvida, Einstein
foi compelido a introduzir suposições sobre o limite
newtoniano que mais tarde se revelaram
problemáticas.
O MELHOR QUE PODE SER FEITO: A
ASCENSÃO DA TEORIA DE ENTWURF
A colaboração de Einstein com Grossmann é mais
bem refletida no Caderno de Zurique, que acabou
levando à publicação da chamada teoria Entwurf. O
problema central da pesquisa de Einstein
documentado neste caderno era encontrar uma
equação de campo para o campo gravitacional, ou
seja, encontrar uma relação que determinasse como
esse campo é gerado por sua fonte, energia e
matéria. O caderno contém uma entrada importante
sobre a ajuda de Marcel Grossmann, que referiu
Einstein a um conceito matemático chave, o
chamado tensor de Riemann, e assim mostrou a ele
o caminho real para a relatividade geral do ponto de
vista da teoria contemporânea. Einstein e
Grossmann, no entanto, abandonaram essa estrada
real logo depois.
Houve duas razões principais para esse abandono.
Eles perceberam que, para atingir o limite
newtoniano correto, teriam que impor certas
condições à escolha das coordenadas admissíveis.
Grossmann e Einstein também descobriram que
exigir que sua teoria satisfizesse a conservação de
energia e momento impunha condições de
coordenadas ainda mais restritivas. Como
resultado, eles chegaram à conclusão de que uma
teoria baseada no tensor de Riemann não poderia
ser harmonizada com esses requisitos físicos.
Somente em 1915, depois que Einstein adquiriu
uma compreensão muito mais profunda de como
esses requisitos deveriam ser articulados para o caso
de sua nova teoria da gravitação, essa conclusão
pôde ser revisada.
Encontrar a equação do campo gravitacional correta
não era apenas uma questão de determinar a
expressão matemática correta, mas também de
integrar o formalismo matemático e o significado
físico. Dominar a matemática seria como usar uma
língua de forma gramaticalmente correta, sem, no
entanto, compreender o significado de suas
palavras. O Caderno de Zurique revela Einstein
lutando com uma nova linguagem matemática para
a qual ele estava tentando traduzir parte do
conhecimento físico familiar enquanto tentava
simultaneamente descobrir os novos insights físicos
que abrigava.
Einstein alternou repetidamente entre os requisitos
físicos derivados da teoria da gravidade de Newton
e outras condições sugeridas por um formalismo
matemático apropriado para a descrição de um
espaço-tempo curvo, sem dúvida esperando que as
duas estratégias finalmente convergissem. No
caderno, no entanto, ele falhou em realizar
totalmente suas aspirações.
Paradoxalmente, o principal resultado dos
experimentos de Einstein com a estratégia
matemática foi a implementação mais ou menos
bem-sucedida da estratégia física. Claramente, o
ponto de vista representado pela teoria clássica da
gravidade de Newton teve precedência sobre os
novos insights mais especulativos relacionados com
a generalização do princípio da relatividade.
Portanto, parecia mais plausível para Einstein
construir sobre esse ponto de vista seguro, mesmo
que isso significasse renunciar a algumas de suas
ambições mais elevadas a respeito de uma
generalização do princípio da relatividade.
Depois de muitas tentativas abortadas, Einstein
acabou derivando, no final do Caderno de Zurique,
uma equação de campo que ficou conhecida como
o núcleo da teoria Entwurf. Ele satisfez
principalmente os princípios enraizados na física
clássica, a saber, o princípio da correspondência e o
princípio da conservação. Einstein percebeu que a
classe de sistemas de coordenadas em que a
equação da teoria Entwurf assume a mesma forma
não satisfaz o princípio da relatividade generalizado
da maneira que ele imaginou. Ele, portanto,
abandonou com o coração pesado a compreensão da
covariância geral. No entanto, ele podia se
assegurar de que esta equação era aceitável porque
a restrição necessária dos sistemas de coordenadas
admissíveis podia aparentemente ser justificada
pelo requisito de implementar o princípio de
conservação. Portanto, parecia haver uma razão
convincente para a extensão limitada em que o
princípio da relatividade generalizado era satisfeito
na teoria Entwurf. Do ponto de vista moderno, essa
teoria está incorreta, mas naquele ponto Einstein
presumiu que era o melhor que poderia ser
alcançado. O ponto culminante desse processo foi a
publicação em 1913, juntamente com Grossmann,
do artigo “Esboço (Entwurf) de uma Teoria Geral
da Relatividade e de uma Teoria da Gravitação”.
Esse artigo consiste em duas partes: uma parte física
de autoria de Einstein e uma parte matemática de
autoria de Grossman.
Inicialmente, Einstein não estava completamente
satisfeito com a teoria publicada. Em uma carta a
Lorentz, ele se referiu à falta de covariância geral
como uma “mancha escura feia” da teoria Entwurf
[27]. Mas, quando Einstein procurou razões para
defender essa deficiência, ele concluiu que a
covariância restrita era uma necessidade. A
princípio, ele pensou que poderia usar a
conservação de energia e momento para justificar a
falta de covariância geral de sua nova teoria. Em
dezembro de 1913, Einstein escreveu a Mach: “O
referencial é, por assim dizer, adaptado ao mundo
existente com o princípio da energia e perde sua
existência nebulosa apriorística” [28].
Einstein finalmente percebeu, no entanto, que esse
argumento não era válido. Mas, enquanto isso, no
verão de 1913, ele havia encontrado outro
argumento mais profundo - o famoso “argumento
do buraco” - alegando que teorias com covariância
geral estão fadadas a violar a causalidade. Na
formulação original do argumento, Einstein
considerou um espaço-tempo preenchido com
matéria, exceto em uma região fechada, o buraco.
Adotando a suposição aparentemente plausível de
que os pontos do espaço-tempo podem ser
identificados por coordenadas, ele poderia mostrar
que uma distribuição de matéria específica fora do
buraco não determina com exclusividade o campo
gravitacional interno. Einstein achava que esse
resultado era suficiente para rejeitar todas as teorias
com covariância geral. Só no final de 1915 Einstein
percebeu que essa suposição aparentemente
razoável era insustentável em sua nova teoria da
gravitação, porque as coordenadas não têm
significado físico. O argumento do buraco e sua
refutação eventualmente se tornaram o ponto de
partida para formular o importante conceito de
teorias independentes de fundo, isto é, de teorias
para as quais o tempo e o espaço não são um palco
fixo para o drama da física [29].
Em 1913, no entanto, foi precisamente o incorreto
argumento do buraco que motivou Einstein a
consolidar ainda mais a teoria Entwurf, cuja
principal “mancha escura” parecia ter sido
superada. Ele concluiu que “o fato de que as
equações gravitacionais não são covariantes, o que
me incomodava muito há algum tempo, mostrou-se
inevitável; pode ser facilmente provado que uma
teoria com equações covariantes não pode existir se
exige-se que o campo seja completamente
determinado matematicamente pela matéria” [30].
De 1913 até o final de 1915, Einstein estava
convencido de que a agora esquecida teoria de
Entwurf constituía a solução para o problema de
uma teoria relativística da gravitação. A seu amigo
Besso, ele escreveu em 1914: “Agora estou
completamente satisfeito e não tenho mais dúvidas
da exatidão de todo o sistema, seja a observação do
eclipse solar bem-sucedida ou não. O sentido da
questão é muito evidente” [31].
O MÉTODO VARIACIONAL ENTRA NA
CENA
Uma dúvida incômoda, entretanto, persistia: qual
era a relação da equação de campo da teoria Entwurf
com a tradição matemática do cálculo diferencial
absoluto? Desde sua colaboração com Grossmann,
Einstein estava bastante familiarizado com essa
tradição e sabia que os tensores de Riemann e de
Ricci seriam os objetos matemáticos corretos sobre
os quais construir sua teoria. Ele estava convencido
de que deveria haver uma relação entre sua teoria
Entwurf e essa linguagem matemática, mas não
estava claro qual poderia ser essa relação. Para
esclarecer essa questão, ele novamente pediu ajuda
a Grossmann. No início de 1914, o matemático de
Zurique Paul Bernays sugeriu a Einstein e
Grossmann que eles derivassem a equação de
campo Entwurf de um formalismo variacional que
traça a evolução de uma única função conhecida
como Lagrangiana. Nesse formalismo, a
conservação de energia-momento emerge como um
subproduto natural. Einstein e Grossmann tiveram
sucesso em encontrar uma função Lagrangiana da
qual a equação de campo Entwurf poderia ser
derivada, e eles observaram que esta função é
invariante sob transformações entre sistemas de
coordenadas especificados unicamente pelo
requisito de conservação de energia-momento.
Einstein e Grossmann finalmente publicaram um
artigo no qual eles mostraram como a equação de
Entwurf, bem como a conservação de energia-
momento, podem ser obtidas a partir de tal
formalismo variacional [32]. Em certo sentido, isso
representou uma adaptação da estratégia
matemática à teoria Entwurf. Einstein se
convenceu, erroneamente, de que o método
variacional que ele usou para derivar a equação de
campo levava exclusivamente à teoria Entwurf.
O MANUSCRITO EINSTEIN-BESSO:
EINSTEIN NÃO CONSEGUE VER A
ESCRITA NA PAREDE
Um critério importante para qualquer nova teoria da
gravitação não é apenas sua capacidade de
reproduzir as leis do movimento planetário,
conforme estabelecido por Kepler e Newton, mas
também explicar os pequenos desvios dessas leis à
medida que se tornam evidentes, em particular, pela
precessão do periélio da órbita de Mercúrio. Esta
precessão consiste em uma ligeira rotação da elipse
da órbita de Mercúrio. A maior parte dessa rotação
pode ser explicada pela influência de outros
planetas no contexto da teoria newtoniana. Mas,
naquela época, os astrônomos já sabiam havia 50
anos que havia uma discrepância entre o valor
observado dessa precessão e a teoria newtoniana, de
43’’ (segundos de arco) por século.
O que causa a precessão da órbita de Mercúrio?
Já em 1907, em uma carta a Conrad Habicht [33],
Einstein identificou a explicação dessa discrepância
como um dos objetivos de uma nova teoria da
gravitação. Seis anos depois, ele poderia usar essa
discrepância para testar a teoria Entwurf. Em 1913,
junto com seu amigo Michele Besso, Einstein
encontrou um método engenhoso para resolver
aproximadamente a equação de campo Entwurf e,
assim, determinar o deslocamento da órbita de
Mercúrio. Esse método é descrito no manuscrito de
Einstein-Besso, compreendendo cerca de cinquenta
páginas repletas de cálculos [34]. Esse
procedimento gerou o resultado decepcionante de
18’’ por século. No entanto, isso não causou, pelo
menos não naquela época, dúvidas a Einstein
quanto à validade da teoria Entwurf. Se Einstein
tivesse levado a sério esse resultado, ele poderia ter
rejeitado a teoria e embarcado na jornada certa dois
anos antes.
O manuscrito Einstein-Besso contém outro cálculo
importante que poderia ter levado a uma
consequência semelhante. Ele deriva o tensor
métrico em um referencial em rotação e mostra que
essa é uma solução da equação do campo
gravitacional gerada por um disco de massa em
rotação (estrelas distantes) [35]. Einstein ficou
muito feliz com esse resultado porque parecia
confirmar a interpretação de Mach do experimento
do balde giratório de Newton e validava a noção de
“rotação em repouso” na teoria relativística da
gravitação. Na verdade, porém, Einstein cometeu
um erro nesse cálculo, que ele percebeu apenas
cerca de dois anos depois, em setembro de 1915.
A TEORIA ENTWURF: ABANDONO
Outro problema central no caminho para a teoria
correta, que foi resolvido no decorrer da elaboração
da teoria Entwurf, foi o de satisfazer o princípio da
correspondência. Esse problema surgiu, como foi
apontado anteriormente, na investigação da relação
entre o caso limite da teoria candidata com
motivação matemática e a teoria newtoniana
clássica. A solução surgiu da tentativa de Einstein
de avaliar as consequências astronômicas da teoria
Entwurf e verificar se ela poderia explicar o
movimento do periélio de Mercúrio. No outono de
1915, Einstein decidiu abandonar a teoria Entwurf e
revisitar suas pesquisas anteriores sobre uma teoria
covariante da gravitação. Em retrospecto, Einstein
deu três razões para esse movimento:
• A teoria não explicava a rotação do
periélio de Mercúrio.
• A teoria não confirmava a heurística
machiana de Einstein (tratamento de um
referencial com rotação como equivalente
a um referencial em repouso).
• A conclusão de que o método variacional
conduzia exclusivamente à equação de
campo Entwurf revelou-se errada.
Notavelmente, a teoria Entwurf sobreviveu
inicialmente a todos esses problemas. Mesmo o
último não levou à refutação da teoria, mas apenas
a uma tentativa bem-sucedida de reparar essa
derivação em um nível técnico, recorrendo a um
argumento físico. A falha no argumento do buraco
não está listada aqui porque Einstein reconheceu a
falácia desse argumento somente depois de ter
concluído sua teoria geral da relatividade.
O fracasso na derivação da teoria Entwurf de
princípios matemáticos, no entanto, teve
consequências de longo alcance no que diz respeito
à reflexão de Einstein sobre os resultados que ele
alcançou. Essa falha mostrou que a adaptação da
estratégia matemática à teoria Entwurf por meio de
um formalismo variacional definitivamente não
apontava essa teoria como a única possível, como
ele esperava. Em vez disso, abriu a possibilidade de
examinar outras equações de campo candidatas e
aplicar a elas a extensa rede de conclusões que
foram desenvolvidas pela primeira vez para a teoria
Entwurf. A vinculação dessa nova possibilidade
com os pontos fracos da teoria Entwurf previamente
descobertos levou Einstein, após uma fase
contemplativa, a desistir de suas tentativas de
fortalecer a teoria Entwurf e, em vez disso, retornar
a uma nova fase exploratória.
Uma análise cuidadosa revela que praticamente
todos os problemas técnicos que surgiram na busca
de Einstein pela estratégia matemática no Caderno
de Zurique poderiam ser resolvidos nos dois anos
seguintes. Isso foi resultado direto de sua
preocupação com temas vinculados à teoria
Entwurf. Assim, embora essa teoria tenha sido
abandonada, ela desempenhou um papel essencial
na evolução da teoria geral da relatividade.
Os resultados de Einstein para a teoria Entwurf
paradoxalmente não tanto a solidificaram, mas
constituíram ferramentas que o ajudaram a remover
os obstáculos que antes o impediam de aceitar as
equações do campo gravitacional baseadas no
tensor de Riemann.
O ESFORÇO FINAL: NOVEMBRO DE 1915
No outono de 1915, Einstein embarcou em um novo
esforço que culminou em novembro com a
submissão de quatro artigos à Real Academia
Prussiana de Ciências. Ele começou com um artigo
que o trouxe de volta ao caminho da matemática,
que ele havia deixado havia três anos, convencido
de que havia encontrado a solução definitiva.
Apenas sete dias depois, ele publicou um adendo
oferecendo uma nova interpretação da mesma teoria
juntamente com a provocadora, embora
equivocada, afirmação de que toda matéria é de
origem eletromagnética. Uma semana depois, ele
apresentou um forte argumento empírico a favor da
nova teoria, demonstrando sua concordância com a
precessão observada do periélio de Mercúrio.
Finalmente, outra semana depois, ele revisou sua
teoria mais uma vez, removendo o último obstáculo
em direção a uma teoria covariante, ou, como disse
o historiador da ciência Michel Janssen, desatando
o nó que o próprio Einstein havia criado com a
teoria Entwurf [36]. Quando Einstein enviou seus
artigos da Academia para Arnold Sommerfeld em
dezembro de 1915, ele o incentivou a lê-los
cuidadosamente, apesar do fato de que “enquanto
você está lendo, a parte final da batalha pelas
equações de campo se desenrola bem na sua frente”.
4 de novembro. No primeiro desses artigos, “Sobre
a Teoria Geral da Relatividade” [37], apresentado
em 4 de novembro, Einstein explicou sua mudança
de perspectiva e sua busca renovada por uma
equação de campo covariante: “Meus esforços nos
últimos anos foram direcionados a fundamentar
uma teoria da relatividade geral, válida também
para o movimento não uniforme, sobre a suposição
da relatividade. Eu realmente acreditava ter
encontrado a única lei da gravitação que estaria de
acordo com um postulado da relatividade geral
razoavelmente formulado. (...) Perdi a confiança
nas equações de campo que deduzi.” Ele então
lembrou com pesar: “Cheguei à demanda de
covariância geral, uma demanda da qual me afastei,
embora com o coração pesado, três anos atrás,
quando trabalhei com meu amigo Grossmann”.
Einstein percebeu que um ligeiro ajuste da
expressão para o próprio campo gravitacional era
suficiente para fazer com que o aparato matemático
desenvolvido para a teoria Entwurf obtivesse a
teoria de 4 de novembro, a chamada teoria de
novembro. A nova expressão para o campo
gravitacional era dada pelo símbolo de Christoffel,
que é uma combinação de derivadas das
componentes do tensor métrico. Ele é construído de
uma forma mais complicada do que a expressão
correspondente que representava o campo
gravitacional no caso da teoria Entwurf. Nesse
artigo, Einstein se referiu à versão anterior do
campo gravitacional como um “preconceito fatal”,
enquanto algumas semanas depois, em uma carta a
Arnold Sommerfeld, ele descreveu a identificação
do campo gravitacional com o símbolo de
Christoffel como “a chave para a solução”.
O símbolo de Christoffel é uma quantidade familiar
do cálculo diferencial absoluto e aparece
naturalmente nas discussões dos principais objetos
de interesse neste cálculo: os tensores de Riemann
e de Ricci. Se o símbolo de Christoffel for
interpretado como a expressão matemática
apropriada para o campo gravitacional, uma
perspectiva inteiramente nova se abre.
Essencialmente, Einstein precisou apenas inserir a
nova expressão para o campo gravitacional no
formalismo matemático da teoria Entwurf para
obter uma nova equação de campo. Essa equação
era surpreendentemente semelhante a um dos
candidatos que ele já havia analisado no Caderno de
Zurique.
A teoria de novembro não implementou o princípio
da relatividade geral completamente, porque ainda
havia uma ligeira restrição nos sistemas de
coordenadas admissíveis, o que estava implícito no
princípio da conservação. Esse princípio, portanto,
exigia, assim como no caso da teoria Entwurf, uma
restrição de coordenadas. No entanto, o sentimento
de triunfo de Einstein ao publicar essa teoria era
totalmente justificado. Ao adaptar os argumentos
físicos usados para derivar a teoria Entwurf, ele
conseguiu chegar a uma equação de campo que
poderia ser derivada pela estratégia matemática, ou
seja, partindo do tensor de Riemann e, assim,
assegurando uma ampla covariância. Assim, as
duas estratégias, a física e a matemática,
essencialmente convergiram; as peças do quebra-
cabeça foram montadas de uma maneira nova e
surpreendente. Em retrospecto, tudo dependia da
reinterpretação do campo gravitacional expresso
pelo símbolo de Christoffel.
Algumas perguntas sem resposta ainda
permaneceram. Em particular, o significado físico
da restrição de coordenada que seguia do princípio
de conservação não era claro. Por menor que essa
restrição possa ter sido, ainda não era passível de
uma interpretação física óbvia. Portanto, a tensão
entre o formalismo matemático e o significado
físico da nova teoria não foi totalmente dissipada.
11 de novembro. Para resolver essa tensão, no dia
11 de novembro, Einstein apresentou um adendo
[38] ao artigo de 4 de novembro, que acabara de ser
publicado. Na introdução, ele escreveu: “Agora
quero mostrar aqui que uma estrutura ainda mais
concisa e lógica da teoria pode ser alcançada pela
introdução de uma hipótese adicional
reconhecidamente ousada sobre a estrutura da
matéria”. Einstein propôs então uma nova
interpretação do formalismo da teoria de novembro
que o levou a ressuscitar outro candidato da era do
Caderno de Zurique: o tensor de Ricci. Se for feita
a suposição de que os únicos campos que ocorrem
como fontes de gravitação são campos
eletromagnéticos, de modo que, em última análise, convencional na teoria gravitacional de Newton. No
toda a matéria possa ser reduzida a estes últimos, entendimento moderno, a escolha de um
então uma equação de campo baseada no tensor de determinado sistema de coordenadas é, portanto,
Ricci pode ser formulada sem impor qualquer apenas uma questão de conveniência, em vez de ser
restrição de coordenadas adicional. Com a imposta pela própria teoria. Em princípio, este foi o
introdução dessa ousada suposição, o princípio de caso também para a teoria de novembro de Einstein,
conservação não implica mais qualquer restrição embora o princípio da conservação ainda impusesse
sobre os sistemas de coordenadas admissíveis, mas, algumas restrições adicionais de coordenadas.
em vez disso, torna-se uma estipulação sobre as
fontes admissíveis do campo gravitacional. Em
outras palavras, ao considerar temporariamente
uma hipótese especulativa sobre a natureza da
matéria, Einstein deu mais um passo para seu
objetivo final de uma teoria da gravitação com
covariância geral.

18 de novembro. Em 18 de novembro, Einstein

apresentou outro artigo à Academia Prussiana,
“Explicação do movimento do periélio de Mercúrio
a partir da Teoria Geral da Relatividade” [39]. Esse
é o único dos artigos de novembro que ele também
apresentou oralmente à Academia - aparentemente
na esperança de obter mais apoio dos astrônomos
para a verificação de sua teoria. Einstein estava tão
confiante em sua nova teoria que agora se dispôs a
fazer um esforço para aplicar o método que havia
trabalhado com Besso – no contexto da teoria
Entwurf – para calcular a precessão do periélio, e
obteve o resultado correto. Quando Einstein viu
esse resultado, ficou tão animado que, como disse a
um de seus colegas, teve palpitações cardíacas. Um
dia depois de enviar este artigo, David Hilbert
escreveu a ele: “Muito obrigado pelo seu cartão-
postal e parabéns por conquistar o movimento do
Novembro de 1915: Einstein finalmente pôde livrar-se
periélio. Se eu pudesse calcular tão rapidamente de qualquer restrição na escolha de coordenadas.
quanto você, em minhas equações o elétron seria
forçado a se render e simultaneamente o átomo de 25 de novembro. No último dos quatro artigos [40],
hidrogênio teria que produzir sua nota de desculpas submetido em 25 de novembro, Einstein concluiu a
explicando por que não irradia”. Einstein aceitou o última etapa crucial seguindo a lógica interna de seu
elogio, mas deixou de dizer a Hilbert que não havia programa de pesquisa. De acordo com essa lógica,
necessidade de começar do zero - a única exigência uma teoria que realiza plenamente o princípio geral
era uma ligeira modificação em seus cálculos da relatividade não deve ser vinculada por restrições
anteriores com Besso. de coordenadas devidas ao princípio de
conservação. Esse objetivo motivou Einstein a
No contexto da teoria de novembro, Einstein fez superar a tensão central remanescente na relação
outra descoberta importante. Pela primeira vez, ele entre formalismo matemático e interpretação física.
percebeu que as restrições de coordenadas que A tensão se expressava tanto em uma restrição de
seguiam do princípio de correspondência tinham coordenadas sem sentido físico (no caso da teoria
um significado totalmente diferente das restrições de 4 de novembro) quanto em uma hipótese
de coordenadas que seguiam do princípio de especulativa sobre a estrutura da matéria (no caso
conservação. Para satisfazer o limite newtoniano, da teoria baseada no tensor de Ricci, apresentada
era naturalmente legítimo selecionar, entre a em 11 de novembro). Ambas as suposições
multidão de coordenadas permitidas, o sistema de provaram ser supérfluas na versão final da teoria.
coordenadas que naturalmente descrevia um Para alcançar essa versão final, bastava mudar a
sistema em repouso, correspondendo à escolha
maneira como as fontes do campo gravitacional
eram inseridas no lado direito da equação de campo.
Se o traço do tensor de energia-momento, isto é, a
soma de suas componentes diagonais, for
apropriadamente adicionado ao termo de fonte no
lado direito da equação de campo, então todas as
condições adicionais tornam-se supérfluas. Em
particular, o princípio de conservação também é
satisfeito como uma consequência automática da
equação de campo modificada. Alternativamente, a
expressão modificada agora conhecida como tensor
de Einstein pode ser usada no lado esquerdo em vez
do tensor de Ricci; entretanto, Einstein chegou a
essa modificação final de sua teoria começando do
lado direito da equação de campo. Essa modificação
só se tornou possível depois que Einstein aprendeu
– no contexto do cálculo do movimento do periélio
de Mercúrio – como interpretar corretamente o
limite newtoniano. Ao contrário do que ele
acreditava enquanto trabalhava no Caderno de
Zurique, Einstein descobriu que o termo adicional
do lado direito da equação de campo de fato não
perturbava sua compatibilidade com o limite
newtoniano.
Em seus escritos posteriores, Einstein
frequentemente enfatizou que a nova solução para o
problema da gravitação era uma consequência
natural da teoria matemática centrada no tensor de
Riemann, a partir da qual os candidatos da
estratégia matemática podem ser obtidos. Assim,
ele mesmo descreveu a descoberta do final de 1915
não como resultado de uma convergência de
estratégias físicas e matemáticas, mas como um
sucesso exclusivo das últimas. Mesmo em seu
primeiro artigo de novembro, Einstein ficou
fascinado com o poder do formalismo matemático
para conduzir à teoria correta: “Ninguém que
realmente o apreendeu pode escapar de seu encanto,
porque significa um verdadeiro triunfo do cálculo
diferencial geral fundado por GAUSS, RIEMANN,
CHRISTOFFEL, RICCI E LEVI-CIVITA”. (Os
nomes são maiúsculos na publicação original.)
A CORRIDA FINAL: ALBERT EINSTEIN
VERSUS DAVID HILBERT
Enquanto Einstein trabalhava nos estágios finais de
sua teoria, um esforço paralelo ocorria em
Gottingen, onde David Hilbert, o reconhecido
matemático líder de sua geração, apresentava seu
famoso artigo “Sobre os fundamentos da física
(primeira contribuição)”. A versão publicada desta
palestra para a Academia de Gottingen contém a
equação de campo correta da teoria da relatividade
geral e é datada de 20 de novembro de 1915, ou seja,
cinco dias antes da apresentação do artigo final de
Einstein. Embora o artigo de Hilbert não tenha sido
publicado até 1916, muitas vezes é afirmado que ele
deveria receber o crédito, em vez de Einstein, pela
formulação da equação de campo. A princípio,
Einstein também se preocupou com a possibilidade
de Hilbert reivindicar prioridade para si mesmo.
Esta foi uma fonte de contenda amarga, embora
breve, entre esses dois amigos pessoais e
profissionais [41].
Hilbert e Einstein: quem chegou primeiro?
O consenso sobre a prioridade de Hilbert sofreu
uma reversão dramática quando o registro
preliminar da palestra de Hilbert na Academia,
levando o selo “6 de dezembro de 1915” – datando-
o assim após o artigo conclusivo de Einstein – foi
descoberto em seu arquivo [42]. A teoria
desenvolvida no registro da palestra de Hilbert
difere em alguns aspectos importantes da versão
publicada, então ele deve ter revisado
consideravelmente a versão documentada antes da
publicação. Descobriu-se que a base conceitual da
versão de prova da teoria de Hilbert é em muitos
aspectos mais semelhante à teoria Entwurf de
Einstein do que a versão final da teoria da
relatividade geral. Contra esse pano de fundo, agora
parece improvável que Hilbert tivesse em mãos a
chave para os problemas de Einstein ou que sua
contribuição representasse o triunfo de uma
estratégia matemática que não precisava de
interação com uma estratégia física.
Em seu artigo, Hilbert graciosamente reconheceu a
primazia de Einstein: “As equações diferenciais da
gravitação que resultam aqui estão, ao que parece,
de acordo com a magnífica teoria da relatividade
geral estabelecida por Einstein” [43].
(...) Estas notas introdutórias reconstruíram o
processo complexo pelo qual a heurística de
Einstein o levou à formulação da teoria geral da
relatividade no ano de 1915. Em particular, a
interação entre a heurística de Einstein e seus
resultados matemáticos intermediários
desempenhou um papel fundamental. Esses
resultados concretos propiciaram uma nova
interpretação física, alterando assim a heurística.
No entanto, essa interação não terminou com a
formulação da equação de campo no artigo de
conclusão de novembro de 1915. As tensões entre a
heurística de Einstein e as implicações da nova
teoria também caracterizaram sua evolução
posterior até pelo menos 1930 e, em alguns
aspectos, esse processo continua até hoje.
NOTAS E REFERÊNCIAS
[1] John Stachel (ed.), Einstein’s Miraculous Year: Five
Papers that Changed the Face of Physics (Princeton, NJ:
Princeton University Press, 2005).
[2] Ver o prólogo ao artigo de John Stachel, The First
Two Acts, em The Genesis of General Relativity, vol. 1,
pp. 81ff.
[3] Philipp Frank (ed.), Einstein: His Life and Times
(New York: Da Capo, 1989).
[4] Albert Einstein, On the Relativity Principle and the
Conclusions Drawn from It (1907), em CPAE vol. 2,
Doc. 47, 252–311.
[5] Max Abraham, Zur Theorie der Gravitation,
Physikalische Zeitschrift 13 (1912): 1– 4. Tradução para
o inglês em The Genesis of General Relativity, vol. 3, pp.
331– 339.
[6] Einstein a Michele Besso, 26 de março de1912, em
CPAE vol. 5, Doc. 377, pp. 276– 279.
[7] A introdução complete é reproduzida em CPAE vol.
6, Doc. 42, p. 418.
[8] O Caderno de Zurique é descrito e analisado em
Einstein’s Zurich Notebook: Commentary and Essays,
vol. 2 de The Genesis of General Relativity.
[9] Albert Einstein e Marcel Grossmann, Outline of a
Generalized Theory of Relativity and of a Theory of
Gravitation (1913), in CPAE vol. 4, Doc. 13, pp. 151–
188.
[10] O Manuscrito de Einstein-Besso é descrito e
analisado em What Did Einstein Know and When Did He
Know It? A Besso Memo Dated August 1913, em The
Genesis of General Relativity, vol. 2, pp. 785– 837. Ver
também, de John Earman e Michel Janssen, Einstein’s
Explanation of the Motion of Mercury’s Perihelion, em
The Attraction of Gravitation, vol. 5 de Einstein Studies,
ed. J. Earman, M. Janssen, e J. D. Norton (Boston:
Birkhäuser, 1993), 129– 172.
[11] Einstein a H. A. Lorentz, 14 de agosto de1913, em
CPAE vol. 5, Doc. 467, pp. 349– 351.
[12] Einstein a Heinrich Zangger, 27 de junho de 1914,
em CPAE vol. 8, Doc. 16a; reimpresso em vol. 10, Doc.
349a, pp. 11– 12.
[13] Hanoch Gutfreund, Einstein’s Jewish Identity, em
Einstein for the 21st Century: His Legacy in Science, Art,
and Modern Culture (Princeton, NJ: Princeton
University Press, 2008); e John Stachel, Einstein’s
Jewish Identity, em Einstein from ‘B’ to ‘Z’ (Basel:
Birkhäuser, 2002). Para os pensamentos de Einstein
sobre política, ver David E. Rowe e Robert Schulmann
(eds.), Einstein on Politics: His Private Thoughts and
Public Stands on Nationalism, Zionism, War, Peace, and
the Bomb (Princeton, NJ: Princeton University Press,
2007).
[14] Albert Einstein, The Formal Foundation of the
General Theory of Relativity (1914), em CPAE, vol. 6,
Doc. 9, pp. 30– 84.
[15] Gerald Holton, Who Was Einstein? Why Is He Still
So Alive? em Einstein for the 21st Century.
[16] Scott Walter, Breaking in the 4-Vectors: the Four- [33] Einstein a Conrad Habicht, 24 de dezembro de 1907,
Dimensional Movement in Gravitation, 1905–1910, em em CPAE vol. 5, Doc. 69, p. 47.
The Genesis of General Relativity, vol. 3, pp. 194– 252. [34] Ver nota 10.
[17] Ernst Mach, The Science of Mechanics: A Critical [35] Michel Janssen, Rotation as the Nemesis of
and Historical Account of Its Development (LaSalle, Ill.: Einstein’s Entwurf Theory, em The Expanding Worlds of
Open Court Publ., 1960). General Relativity, ed. H. Goenner, J. Renn, J. Ritter e T.
[18] Jürgen Renn, Classical Physics in Disarray, e John Sauer, vol. 7 de Einstein Studies (Boston: Birkhäuser,
Stachel, The First Two Acts, em The Genesis of General 1999). Para uma versão mais concisa e atualizada, ver
Relativity, vol. 1, pp. 21– 80 e pp. 81– 111, também Michel Janssen ‘No success like failure...’, 167–
respectivamente. 227.
[19] Albert Einstein, Autobiographical Notes, ed. P. A. [36] Para uma versão mais detalhada tecnicamente dos
Schilpp (La Salle IL: Open Court, [1949] 1979), 61. desenvolvimentos de novembro de 1915, ver Michel
[20] John Stachel, Albert Einstein: A Man for the Janssen e Jürgen Renn, Untying the Knot: How Einstein
Millennium, em International Conference on the Albert Found His Way Back to Field Equations Discarded in
Einstein’s Century, 11– 22 de julho de 2005, ed. J. Alimi the Zurich Notebook, em The Genesis of General
e A. Fufza (Paris, France: Melville: American Institute Relativity, vol. 2, pp. 839– 925.
of Physics Press, 2006), 211– 244; e Einstein’s Intuition [37] Albert Einstein, On the General Theory of Relativity
and the Post- Newtonian Approximation, em (1915), em CPAE vol. 6, Doc. 21, pp. 98– 107.
Proceedings of the Conference Topics in Mathematical [38] Albert Einstein, On the General Theory of Relativity
Physics, General Relativity and Cosmology na ocasião (Addendum) (1915), in CPAE vol. 6, Doc. 22, pp. 108–
do 75o aniversário do professor Jerzy F. Plebanski 110.
(Mexico City: World Scientific, 2002), 453– 467. [39] Albert Einstein, Explanation of the Perihelion
[21] Michel Janssen, The Twins and the Bucket: How Motion of Mercury from the General Theory of Relativity
Einstein Made Gravity Rather than Motion Relative in (1915), em CPAE vol. 6, Doc. 24, pp. 112– 116.
General Relativity, Studies in History and Philosophy of [40] Albert Einstein, The Field Equations of Gravitation
Modern Physics 43(2012): 159– 175. (1915), em CPAE 6, Doc. 25, pp. 117– 120.
[22] “der glücklichste Gedanke meines Lebens,” CPAE [41] Einstein a Heinrich Zangger, 26 de novembro de
vol. 7, Doc. 31, p. 136 [p. 21]. 1915, em CPAE vol. 8, Doc. 152, pp. 150– 151.
[23] Ver a discussão de John Stachel em The Rigidly [42] Leo Corry, Jürgen Renn e John Stachel, Belated
Rotating Disk as the ‘Missing Link’ in the History of Decision in the Hilbert- Einstein Priority Dispute,
General Relativity, em Einstein and the History of Science 278 (1997): 1270– 1273.
General Relativity, ed. D. Howard e J. Stachel, vol. 1 de [43] David Hilbert, Die Grundlagen der Physik (Erste
Einstein Studies (Boston: Birkhäuser, 1989), 48–62. Ver Mitteilung), Königliche Gesellschaft der Wissenschaften
também a discussão de Michel Janssen em ‘No success zu Göttingen. Mathematisch- Physikalische Klasse.
like failure...’: Einstein’s Quest for General Relativity, Nachrichten (1915): 395– 407.
1907– 1920, em The Cambridge Companion to Einstein,
ed. M. Janssen e C. Lehner (Cambridge: Cambridge
University Press, 2014), 167– 227 [p. 181].
[24] Albert Einstein, The Speed of Light and the Statics
of the Gravitational Field (1912), reimpresso em CPAE
vol. 4, Doc. 3, pp. 95– 106.
[25] Jürgen Renn e Tilman Sauer, Pathways out of
Classical Physics, em The Genesis of General Relativity,
vol. 1, pp. 133– 312.
[26] Ver nota 1.
[27] Einstein a H. A. Lorentz, 16 de agosto de 1913, em
CPAE vol. 5, Doc. 470, pp. 352– 353.
[28] Einstein a Ernst Mach, segunda metade de dezembro
de 1913, em CPAE vol. 5, Doc. 495, pp. 370– 371.
[29] John Stachel, The Hole Argument and Some
Physical and Philosophical Implications, Living
Reviews in Relativity 17 (2014): 1–66.
[30] Einstein a Ludwig Hopf, 2 de novembro de 1913,
CPAE vol. 5, Doc. 480, pp. 358–359.
[31] Einstein a Michele Besso em 10 de março de 1914,
em CPAE vol. 5, Doc. 514, pp. 381– 382.
[32] Albert Einstein e Marcel Grossmann, Covariance
Properties of the Field Equations of the Theory of
Gravitation Based on the Generalized Theory of
Relativity (1914), em CPAE vol. 6, Doc. 2, pp. 6–15.