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BATALHA PELO CONTEÚDO

MOVIMENTO NEO-REALISTA PORTUGUÊS

Continuando a jornada pela história do nosso país, no dia 23 de


Setembro a turma de Design viajou até Vila Franca de Xira ao
Museu do Neo-Realismo para ver a exposição permanente: “Ba-
talha pelo Conteúdo - Movimento Neo-Realista Português”, um
dos movimentos culturais mais influentes do século XX.
O tema central era o Neo-Realismo, movimento literário que
surgiu em Portugal nos anos 30, inspirado na literatura norte-
americana e no romance regionalista brasileiro. No fundo, este
movimento procurava instaurar uma literatura em Portugal que
incluísse os princípios do realismo socialista.
Este período neo-realista que corresponde em parte ao salaza-
rismo e à ideologia do marxismo, defendia a separação dicotómi-
ca entre a forma e o conteúdo, ou da “arte útil” em oposição à
“arte pela beleza”. Foi um movimento de um grupo de personali-
dades que queria devolver a literatura e a pintura ao público. Esta
revolta inspirou artistas à tentativa de mudar a sociedade através
de uma poderosa “ferramenta”, a arte.

Em comparação à exposição visitada ânteriormente (Viva a República), acabámos por encontrar um conte-
údo e aspecto mais soft e muito menos vasto. Tipograficamente a informação é muito bem disposta e orga-
nizada. É apresentada em leves caixas de texto que contêm apenas a informação essencial ao público. Existe
uma boa quantidade de imagens desde obras originais, fotos de obras a imagens de autores. Os vídeos dão
um toque extra e complementam a exposição. Mais uma vez, a cor predominante é o vermelho, a cor da re-
volta, da revolução, da mudança. Os objectos e obras expostas (embora muitos deles reproduções ou fotos
dos originais) formam um vasto conjunto, desde livros de autores como Alves Redol e Manuel da Fonseca a
manuscritos e textos riscados e cortados pela própria mão da censura.

Sendo eu um orgulhoso Lagóia (Portalegrense), tenho de realçar a exposição “Tapeçaria de Portalegre”. Para
minha grande surpresa três das valiosas peças são neo-realistas, de autores como Júlio Pomar, Lima de Freitas
e Rogério Ribeiro. Tanto estes autores como outros posteriores, viram a tapeçaria como um meio à dispo-
sição da pintura, uma arte que ultrapassa até a da tela. Já fora deste movimento podemos encontrar tapeça-
rias de grandes nomes como Viera da Silva e Manuel Cargaleiro. “Tapeçaria de Portalegre” é sem dúvida um
grande complemento para quem vai ao encontro da exposição “Batalha contra o Conteúdo”. Partilhando a
mesma origem que as tapeçarias, envolvido pelo neo-realismo e pela saudade, por breves momentos, eu pude
mesmo sentir que estava em casa.

Faculdade de Belas Artes // Design de Comunicação II // ano lectivo 2010/11 // Francisco Meireles Ladeira // 4978 F

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