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NOS ESCRITOS DE ELLEN G. WHITE
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( ELLEN G. WHITE E A COMPREENSÃO DA TRINDADE


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HERMENÊUTICA TRINITARIANA MODERNA

ANTITRINITARIANISMO OU ANTITRINITARIANISMOS?

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO A DIVINDADE

O ESPÍRITO Santo na escatologia de ellen G. white

o ÔMEGA DA APOSTASIA

UNASPRESS
Ano5-N^ 1 . RevistadoSeminArio ADVET<msTALA'nNO-AMERtCANO DE Teologia.Sede Brasil-Sul
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Editores
Amin A. Rodor e Alberto R. Timm

Editores associados
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AnoS-N® 1 . RevistadoSeminárioAovEimsTALatino-AmericanodeTeologia.SedeBrasil-Sul

1° Semestre de 2006

A Trindade nos Escritos de Ellen G. White


Editorial 05

Artigos

11
Ellen G. White e a compreensão da Trindade
Jeny Moon, Ph.D.
27
As declarações trinitarianas de Ellen G White: o que ela realmente escreveu?
Tim Poirier, M.T.S.
47
Hermenêutica antitrinitariana moderna
Alberto R. Timm, Ph.D.
... 61
Antitrinitarianismo ou antitrinitarianismos?
Rodrigo P Silva, Th.D.
.... 79
Resenha crítica do livro A Divindade
Alberto R. Timm, Ph.D.
101
O Espírito Santo na escatologia de Ellen G White
AminA. Rodor, Th.D.
119
O ômega da apostasia: à imagem e semelhança do alfa
José Carlos Ramos, D.Min.

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BiDliOtííca Universitária
Periódicos
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Adventísta de São Paulo

1 0 DEZ. 2015
Editorial
BIBL. tf ●—I ^

—g-Aasinatura □
□ Permuta Q Compra

Salomão, o sábio rei de Jerusalém, num de seus “provérbios contraditórios”, sugere: “Não
responda ao insensato segundo a sua insensatez” (Pv 26:4). Oferecendo a razão para o seu
conselho, ele diz: “Para que não te faças semelhante a ele.” R. B. Y. Scott, no celebrado
comentário The Anchor Bible, indica que isto literalmente significa: “para que você não se
diminua”^ ou “desça ao nível dele”. Contudo, Salomão no mesmo fôlego acrescenta (e por
isto o provérbio é contraditório): “Responda ao insensato segundo a sua insensatez para que
não seja ele sábio aos seus próprios olhos” (v. 5). O grande problema com os insensatos é
que eles fazem uma análise errada de si mesmos, e tomam-se vítimas do auto-aplauso, além
de se entusiasmarem com os aplausos infundados de outros que a eles se juntam. Assim, os
insensatos pensam de si e agem como se fossem um rei no trono.
Na última edição de Parousia buscamos oferecer a nossos leitores uma avaliação do
antitrinitarianismo e das confusões teológicas de seus representantes. Um deles, Ricardo
Nicotra, oferece um exemplo típico de respostas evasivas, com argumentos menos convin
centes que os primeiros: “minha intenção era escrever algo simples”; “não ^oi isto que eu
disse”; “não falei que Mateus 28:19 não é autêntico”; “não defendemos uma bindMe , e
coisas do gênero, desconsiderando as observações sérias feitas a seus arrazoados. Tome-
se, por exemplo, a “análise” de Nicotra do texto de Mateus 28:19, quanto ao batisino tnmtanano.
Aplique-se um teste de lógica simples ao seu “argumento da balança . Segundo ele, pOTque
no livro de Atos o batismo é realizado em nome de Jesus, o Espírito Santo nao existe, em,
se este é o caso, seguindo o mesmo raciocínio, o Pai também não existe, porque e, o ai,
também não é mencionado nas referências aos batismos no livro de Atos.
Em um de seus folhetins de Internet, Nicotra, assumindo ares de
afirma que segundo evidências “textual, histórica, lógica exegética , o texto o a i
trinitariano “foi provavelmente adicionado posteriormente”. Novamente Nicotr^s a
tra-mão dos fatos. Ocorre que as evidências demonstram precisamente o con o.
ler com atenção as amplas provas relacionadas por Alberto R. Timm em sua ^ ,
Nicotra^. Além disso, como indicado por Alfred Plummer ein seu monumen . ^
Commentary on the Gospel ofMatthew, o tópico não poderia ser mais c aro. ,
questão da genuinidade deste verso [Mt 28:19], podeinos responder com a mm
confiança: a passagem é encontrada em cada manuscrito ^ego existen e, qu ,,3
cursivo e cada versão existente que contenha esta porção do evange ° Fnsébio
Plummer, então, avança para desacreditar a teoria criada em torno da orma
de Cesaréia, tão incensado por Nicotra, utilizou o famoso texto de Mateus.
A idéia do autor de “Em e o Pai Somos quanto ao ladrão que é preso “em nome
do Estado, da lei”, para descartar-se da personalidade do Espinto Santo, e no mmim
ridícula. A gramática do texto não permite tal argumento genénco. Cada um aos ircs
substantivos (o Pai, e o Filho e o Espírito Santo) aparecem conectados pela conjunção
grega kai (“e”), além do artigo definido diante de cada nome. Seria inconcebível lalar-se
em Mateus 28:19 de duas pessoas e uma “influência” ou “fôlego”. Dito de outra
uma vez que a palavra “nome” em Mateus 28:19 é usada em conexão com o Pai, e o Filho
e o Espírito Santo, fica claro - e aqui se poderiam relacionar as melhores gramáticas de
grego do Novo Testamento - que o elemento pessoal está presente porque o Pai e o Filho
são inegavelmente pessoas. Como observei em outro contexto, tal é a força da passagem,
que mesmo as testemunhas de Jeová, em seu antitrinitarianismo feroz, contudo mais coe-
6/ PaROUSIA - r SEMESTRE DE 2006

rentes do que Nicotra, não tentam oferecer qualquer “explicação” evasiva para este texto,
em sua Tradução Novo Mundo^.
Além disso, a falácia do arrazoado de Nicotra cai diante de outro fato básico: como
indicado por Robert Bowman,“O termo grego para ‘nome’{onoma)é utilizado 228 vezes
em todo o Novo Testamento,e com excessão de quatro delas(Mc 14:32, Lc 1:26, 24:13, At
28:7; cf. Ap 3:12), ele sempre se refere a pessoas”^. Nicotra, provavelmente forçado pelas
evidências, se vê sem saída, e com relutância admite que “não é possível provar definitiva
mente que Mateus 28:19 não fazia parte do original, mas também não podemos provar que
este texto estava no original”. Então ele arremata com um argumento absurdo, que revela
pura falta de lucidez: “Essas impossibilidades são devidas a uma razão bem simples: Não
temos acesso aos originais da Bíblia.” Será que Nicotra não sabe que este mesmo argumen
to se aplicaria a qualquer texto da Bíblia? Não temos os originais - os autógrafos - de
qualquer parte das Escrituras. Utilizando esse obscurantismo,qualquer verdade apresentada
por qualquer texto bíblico poderia ser questionada. O que provavelmente Nicotra não saiba
é que nós não dependemos dos originais autógrafos para crer no texto bíblico como o temos
hoje. Existem atualmente mais de 5.300 manuscritos gregos conhecidos do Novo Testamen
to, alguns deles vindos do segundo, terceiro e quarto séculos d.C. Somem-se a isso antigas
versões do Novo Testamento(por exemplo,a Antiga Siríaca e a Antiga Latina), algumas das
quais de procedência também do segundo século.® E em todo esse vasto material não encon
tramos dúvidas quanto à autenticidade de Mateus 28:19.’

Veja-se ainda o estranho argumento dos “dois tronos”, que virou um modismo do
antitrinitarianismo do terceiro mundo. Como o livro do Apocalipse menciona apenas dois
tronos(de Deus e o Cordeiro), o “Espírito Santo não existe”, conclui em essência o arrazo
ado binitariano. Leia-se então Isaías 6:1: No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o
Senhor assentado sobre um alto e sublime trono”(singular no hebraico). Aqui temos refe
rência a apenas um trono. E então? Segundo a lógica desfocada do antitrinitarianismo dissi
dente, deveriamos eliminar outro membro da divindade. Qual deles então? É evidente que
este tipo de argumento está abaixo da critica e não merece a atenção de qualquer pessoa de
bom senso. Com relação à bindade, defendida por esse grupo, Nicotra diz que o Filho foi
gerado, mas ainda assim partilha igualdade com o Pai. Os concílios históricos do cristianismo
não teriam paciência com este tipo de insensatez. Provavelmente, porém, Nicotra não tenha
a menor noção da enormidade desta incoerência! Como poderia uma criatura ser igual Deus
e partilhar a sua essência? O arianismo, mais sofisticado intelectual e teologicamente,enten
deu o que significa dizer que Cristo é uma criatura. Deixemos que Nicotra explique o que ele
quer dizer quando afirma que o “Filho foi gerado”. O que dizer da tentativa de “explicar” a
inexistência do Espírito Santo, apelando para os termos ruach e pneuma? Segundo Nicotra,
porque o espírito do homem não tem reeilidade concreta,o Espírito Santo também não existe.
Fantástico! Bem, se este é o caso, os anjos, que também são descritos como “espíritos”
(pneumata- Hb 1:24), pelo raciocínio desse antitrinitariano também não devem existir. Ou
o que dizer dos “espíritos malignos/impuros” (pneumaton) numa enorme quantidade de
textos bíblicos, tais como Mateus 12:24, 27 e 28; Marcos 7:26, 29 e 30? Será que eles
também não existem?® Segundo a lógica de Nicotra, o próprio Deus o Pai não deveria existir,
pois de acordo com João 4:24,“Deus é espírito”(pneuma).
Nesta edição de Parousia colocamos nas mãos de nossos leitores uma análise criteriosa
da idéia infundada de que os inequívocos escritos de Ellen G. White quanto à personalidade
do Espírito Santo e a favor da Trindade bíblica sejam “adulterações posteriores” feitas pela
liderança da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Examinem-se os fatos. Sugerimos ao leitor
uma cuidadosa análise, nesta edição, do artigo de Tim Poirier e da resenha crítica feita por
Alberto R.Timm do livro A Divindade, de Jairo Pablo Alves de Carvalho. Veja-se também
o artigo do professor José Carlos Ramos, indicando o alfa e o ômega do engano na Igreja
Adventista,segundo Ellen G White,e ainda o do professor Rodrigo P. Silva, analisando as
Editorial /7

incoerências dos antitrinitarianos. Avaliem-se a seriedade e peso do argumentos. Os


antitrinitarianos não podem continuar agindo como crianças teimosas, agarrando-se a uma
idéia fixa, simplesmente porque ela está de acordo com as preferências deles. Honestidade
intelectual exige coerência. Convidamos o leitor atento a analisar as respostas e reações que
esta edição de Parousia há de suscitar. Se haverá de prevalecerem as evasivas crônicas, e
os ataques e caricaturizações a pessoas, em lugar de se tratar dos argumentos.
Finalmente,deveriamos mencionar outra dificuldade verificada com um número considerá
vel de antritrinitarianos que insistem ser adventistas, além daquelas teológicas, intelectuais e
lógicas. Esta, não menos séria, tem que ver com a ética. Considerando o que Nicotra tem escrito
contra a Igreja Adventista do Sétimo Dia, sua defesa do congregacionalismo, suas catilinárias
contra o sistema financeiro da Igreja, ou, pior ainda, sua acusação de que a Igreja, em sua
segunda crença fundamental,seja adepta de um ensino diabólico,ondejulgaríamos que ele deve
ria estar congregando? Considerando Nicotra como o “missionário” fundador da “Igreja Cristã
Bíblica Adventista”, poderiamos supor que ele estivesse em sua própria igreja, ou entre outros
antitrinitarianos,como,para sugerir alguns,testemunhas de Jeová, mórmons.Ciência Cristã,es
píritas ou com os adeptos da Nova Era.Ao contrário, porém,ele se encontra na Igreja Adventista
do Sétimo Dia brasileira de Washington,DC,certamente cantando no co^ da Igreja os hinos da
liturgia adventista que louvam o Deus triúno,ffeqüentando a Escola Sabatina e se beneficiando da
estmtura da Igreja, tratada por ele em termos nada cordiais. Será que ele está apenas praücan o
a sua tese “do politicamente correto”, permanecendo na igreja da qual ele foi exc ui o p^a
“devagar ir colocando suas idéias”, como ele próprio aconselha a seus seguidores no i^i .
Assim, infectando outros com suas barafundas teológicas, e ludibriando a boa ® ®
sinceros da querida família adventista,que recebem um lobo disfarçado em ove a. ’^
guntamos,está o escrúpulo,a coerência e a ética desse comportamento,especí ine
Nicotra gosta de se apresentar como um paladino da verdade? Ou sera que ico
partidário da duvidosa ética segundo a quaJ os “finsjustificam os meios ?
Nenhum de nós sente qualquer prazer em se envolver neste N^^^a paz
nos ensinam as Escrituras que devemos viver em paz com todos(2Co l ● „„^;â«cia
um dos frutos do Espírito(G15:22)? E outros frutos do mesmo Espmto“O ®ao p ^
mansidão e bondade(G15:22,23)? Não proíbe a Palavra sermos .^bativo
contendas(Fp 2:3,ITim 2:8;2Tm 2:23)? Nãosomos movidos por m^iÇjaou
contra ninguém, mas devemos lembrar,como afirma R.C.Sproul: A teo S ^ ,,9
vérsias....Onde quer que a teologia seja estudada, apologias inevitamen e g gg
desejamos que nossos relacionamentos sejam marcados por p^ e
John Stott está correto, em seu livro sugestivamente intitulado Jesus t controvérsia
“a vida de Cristo foi um furacão de controvérsias”* . E impossível ® . jggusaonão
quando questões eternas estão em jogo. Assim,apenas seguimos o P. ● se ergue
cruzar os braços enquanto uma heresiajá resolvida há tanto tempo no . ~
para desviar a atenção da Igreja e de seus membros do cumpnmento a ●
Em tempos recentes os adventistas do sétimo dia estão redescobnndo ?^concluído
B. Christianini, talvez o maior apologista da Igreja Adventista no Bras * J
em seus dias: o erro e suas subtilezas devem ser confrontados . . Sétimo
Nature of Christ^\ observa que a Divisão Norte-Amencana dos Ad ^ jdentifi-
Dia,abandonando a prática tradicional de diplomacia, na década de P . a
car claramente os ministérios independentes que por muito tempo vmn^ Adamsobser-
igreja,assumindo uma posição sem ambigüidades com relação a = « estes
va que muitos adventistas gostam de citar o argumento de Gamaliel: Dai ___ x jg
homens, deixai-os, pois se este conselho ou esta obra é de homens, se
Deus, não podereis desfazê-la”(At 5:38,39). Adams indaga ainda: embora a atirmaçao ^
Gamaliel seja verdade a longo prazo,quanto tempo podemos esperar até virmos a subversão
final da dissidência e do erro? E o que acontecerá no processo? Além disso, se Gamaliel
8/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

tinha dúvida acerca da natureza daquele movimento, não é este o caso em relação ao
antinitritarianismo. Como Adams corretamente observa:“Em face da história, não podemos
manter,contudo,que o inimigo nunca gzuiha uma batalha contra a Igreja.”'^ E precisamente
por isso que não podemos,em boa consciência, permitir que o engano passe sem ser desa
fiado, pretendendo que ele não exista, e, enquanto isso, cristãos sinceros sejam desorienta
dos e a própria Igreja se tome vítima de heresias grosseiras. É claro que se corre o risco de
retaliações. Mas este é um risco calculado. E se este é o preço por testemunhar da verdade,
ele é, ainda assim, muito pequeno. Para Ellen G White,“o erro jamais é inofensivo. Nunca
ele santifica, mas sempre traz confusão e dissensão. É sempre perigoso.”*'*E por isso mes
mo deve ser combatido.

Fratemalmente,

Amín A. Rodor
Editor de Parousia

Referências
'R,B.Y.Scott, TheAnchorBible,Proverbs & Ecclesiastes(Garden City,NY:Doubleday &Co.Inc., 1988), 159.
* Alberto R.Timm,“Resenha Crítica do Livro Eu e o Pai Somos Um",Parousia,ano 4,n° 2,2”Semestre de
2005,69-93.Timm sistematicamente desacredita todos os argumentos de Nicotra. Contudo,o recurso da evasiva
novamente se repete na contra-aigumentação vazia do autor de Eu e o Pai Somos Um.Aparentemente ele e a sua
torcida não leram cuidadosamente o poderoso golpe no frágil castelo antitrinitaríano.
^ Alfred Plummer, Exegetical Commentary on the Gospel ofMatthew (Grand Rapids, Baker Book House,
1982),431.
Veja Amin A.Rodor“O Espírito-Parákletos no quarto evangelho”,Parousia,rP 2,2”Semestre ded 2005,65,
nota 26.
5 Robert M.Bowman, Why You Should Believe in the Trinity(Grand Rapids,MI,Baker Book House, 1989), 115.
* Sabe-se hoje da existência de mais de 5.300 manuscritos gregos do Novo Testamento. Entre outros. os
Papiros Chester Beaty(200 d.C.),com grandes porções do Novo Testamento;o Diatessarão, uma harmonia dos
4evangelhos,preparada por Taciano ao redor do ano 160 d.C.;o Códice Vaticano(325-350),contendo quase toda
a Bíblia;o Códice Sinaítico(350 d.C.),com todo o Novo Testamento.Além disso, mais de 10.000 manuscritos da
Vulgata Latina e, pelo menos, 9.300 de outras antigas versões, somando um total de quase 24 mil cópias ou
porções do Novo Testamento. Toda essa imensa quantidade de evidências, testemunham em favor do texto
bíblico, sem a necessidade dos originais autógrafos. Veja Bruce M. Metzer, The Early Versions of the New
Testament(Oxford: Claredon Press, 1977); Bruce M. Metzer, The Text ofthe New Testament(New York, NY:
Oxford University Press, 1968); Merriel M.Parvis e Allen Wikgren, eds., New Testament Manuscript Studies
(Chicago: University, 1950). Para uma boa introdução em português, ver Josh McDowell,Evidência que Exige
um Veredito(São Paulo,SP: Editora e Distribuidora Candeia, 1989),49-99.
’Nicotra, curiosamente,cita a versão católica Bíblia de Jerusalém, conjecturando ser “possível que em sua
forma precisa,esta fórmula reflita a influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva”,
isto porque “o livro de Atos fala em batizar em nome de Jesus”. Primeiro: nada há na afirmação da Bíblia de
Jerusalém que coloque em dúvida a autenticidade de Mateus 28:19. No livro de Atos,a aceitação de Jesus como
o Messias era o grande teste para a admissão na comunidade cristã. Precisamente esta é a razão pela qual se
T da Trindade”,Sinais dos Tempos, agosto
1999,29.Além disso,devemos observar que o batismo em nome da Trindade era prática da igreja primitiva,como
atestado por alguns dos mais antigos documentos cristãos,como,por exemplo,o Didaquê,um tipo de manual da
vida e prática da igreja apostólica,geralmente considerado por grande número de eruditos como tendo sido escrito
ainda dentro do primeiro século d.C.,alguns chegando mesmo a datar o documento por volta do ano 60d C Para
copiosas referências, veja o autoritativo F. L.Cross,ed., The Oxford Dictionary ofthe Christian Church(Oxford*
Oxford University Press, 1978).401; veja, ainda,J. N.D. Keely.Early Christian Doctrines(San Francisco.CA:
Editorial /9

Harper and Row, 1978),87-90. Como Keely observa:“Quer o batismo tenha sido administrado em nome de Jesus
na era apostólica, como muitos textos do Novo Testamento parecem inferir, o padrão tríúno não foi lento em se
afirmar,sem dúvida sob a influência da ordem do Senhor,registrada em Mateus 28:19.Assim,o Didaquê(7,1-3)
prescreve o batismo com a fórmula trinitariana"(p. 89). Justino Mártir(100-165 d.C.), um dos pais da igreja da
primeira metade do século segundo,observa que aqueles que deviam ser batizados “eram conduzidos a um lugar
onde havia água... e eram lavados em nome do Pai e Mestre de todas as coisas, de Jesus Cristo, o qual foi
crucificado sob Poncio Pilatos, e do Espírito Santo, o qual predisse pelos profetas toda a história de Jesus”(1
Apol. 61. 10-13). Veja Kelly, Early Christian Doctrines, 89-90. Interessante observar que o The Greek New
Textament, editado por autoridades textuais tais como Kurt Aland, Mattew Black, Cario M. Martini, Bruce M.
Betzger e Allen Wikgren, não registra no aparato crítico qualquer leitura variante no texto de Mateus 28:19. Mas,
evidentemente, Nicotra cita apenas o que lhe interessa. A enorme quantidade de documentos e evidências que se
opõem frontalmente às suas deduções mal-informadas,ele ou as desconhece por pura ignorância,ou consciente
mente não faz qualquer referência a elas.
® Veja Rodor,“O Espírito-Parákletos no quarto evangelho”,66, nota 30.
® R.C.Sproul,Essential Tniths ofthe Christian Faith(Wheaton,IL:lyndale House Publishers,Inc., 1992), xvii.
10
John Stott, Jesus the Controversialist(Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1970).
Arnaldo B. Christianini, Subtilezas do Erro, Radiografia do Jeovismo, O ídolo da Quarta-Feira, etc.
Roy Adams, The Nature of Christ(Hagerstown, MD:Review and Herald, 1994).
'3 Ibid., 14
Ellen G White, Testemunhos para a Igreja (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004),5:292
Ellen G.White e a
COMPREENSÃO DA TrINDADE
Jerry Moon,Ph.D.
Diretor do Departamento de História Eclesiástica do Seminário Teológico Adventista,Andrews
University, Berrien Springs, Michigan; editor da Andrews University Seminary Studies

Resumo: Este artigo examina a par Introdução*


ticipação de Ellen G. White no processo
de desenvolvimento da doutrina da Trin Em 1846,Tiago White descartou a dou
dade entre os adventistas do sétimo dia. trina da Trindade chamando-a “o velho cre
do trinitariano não-escriturístico”.^ Um sé
O autor apresenta evidências em apoio
culo depois, a denominação que ele aju
a quatro hipóteses: (1) a de que Ellen
White era uma “monoteísta trinitariana” dou a fundar votou uma declaração ofici
al de “Crenças Fundamentais” que incluía
em relação à sua concepção amadu
recida de Deus de 1898 em diante;(2) a a crença em uma Trindade.^ Que ocorreu
uma importante mudança teológica não é
de que seus escritos apresentam duas
mais assunto de debate. Que a maioria dos
formas contrastantes de trinitarianismo,
primeiros líderes entre os adventistas do
uma contestada e outra apoiada por ela;
sétimo dia mantinham uma teologia
(3) a de que sua compreensão da Trin antitrinitariana tomou-se algo reconheci
dade influenciou fortemente o estabele
do na história adventista'* desde os anos
cimento do consenso sobre a doutrina uma
1960, quando E. R. Gane escreveu
na denominação; e (4) a de que o méto tese de mestrado sobre o assunto.^ O que
do para se chegar a tal consenso foi a
é agora discutido em alguns lugares é a
rejeição da autoridade da tradição ecle
segunda hipótese de Gane, a de que a co-
siástica e a aceitação da Bíblia como fundadora Ellen G. White(1827-1915)era
única base doutrinária.
“monoteísta trinitariana”.® Desde a déca
Abstract: The present article deals da de 1980 esta opinião tem sofrido inten-
with the role of Ellen G. White in the so ataque por alguns escritores, principal
process of development of the doctrine mente de fora da comunidade acadêmi
of Trinity among Seventh-day ca.’ Contudo, o renovado escrutínio da
Adventists. The author presents evi- atuação de Ellen G White no desenvolvi
dences supporting four hypothesis: (1) mento da doutrina adventista da Tnndade
Ellen White was a “monotheist tem suscitado dúvidas suficientes parajus
trinitarian, in relation to her mature tificar um novo exame do assunto.
conception of God since 1898;(2) her A primeira parte desta pesquisa
writings present two contrasting models [publicada sob o título“O debate adventista
of trinitarianism, one rejected and sobre a Trindade” na última ediçao de
another suppported by her; (3) her Parousia, p. 19-30] identificou seis estági
understanding of the Trinity strongly os no desenvolvimento da doutrina
influenced the reaching of a consensus adventista de Deus, desde a oposição à
about this doctrine within the doutrina da Trindade até a aceitação do
denomination; and (4) the method to conceito básico de um só Deus em três
reach the consensus was the rejection
pessoas divinas.® Esta segunda parte apre
of the ecclesiastical tradition and the sentará evidência em apoio de uma quá
acceptance of the Bible as the only drupla hipótese: (1) Que a caracterização
sound basis for doctrine. de Gane de Ellen G. White como
12/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

“monoteísta trinitariana” é exata em rela que temos a verdade”,” estava se referin


ção ao seu perfeitamente desenvolvido con do às crenças que os adventistas sabatistas
ceito de Deus, de 1898 em diante. Na dé mantinham e que diferiam de outros grupos
cada de 1840, porém, ela ainda não tinha cristãos. Ela não queria dizer que não havia
no lugar certo todos os componentes desta mais verdade a ser descoberta e que os
compreensão. Seu amadurecido ponto de adventistasjamais precisariam mudar qual
12
vista se desenvolveu ao longo de um pro quer de suas opiniões.
cesso de quarentà anos, que pode ser ex
O argumento de que seus pontos de vista
tensamente documentado. (2) Que seus
escritos descrevem duas formas contras não mudaram baseia-se na visão de que
em cada estágio de sua vida o conhecimen
tantes de crença trinitariana, uma das quais to de Deus e de sua vontade foi uma com
recebeu coerente oposição da parte de
Ellen G White, e outra finalmente endos binação do que ela havia aprendido por
meios comuns tais como ensinamento dos
sada por ela. (3) Que a compreensão em
desenvolvimento de Ellen G White exer pais, freqüência à igreja, estudo bíblico e
ceu uma forte influência sobre outros es experiência pessoal, e- após dezembro de
critores adventistas,levando,eventualmen 1844- o que ela recebeu por meio de vi
te, a um grau substancial de consenso na sões. Além disso, ela mesma considerava
denominação.(4)Que o método pelo qual suas visões como um processo educacio
nal que continuou de maneira cumulativa
os primeiros adventistas chegaram a esta
posição foi a rejeição da tradição eclesiás por muitos anos.'^ Consequentemente,sua
tica como detentora de autoridade compreensão pessoal, especialmente nos
normativa, e defesa das Escrituras como primeiros anos,continha muitos elementos
não plenamente em harmonia com suas
única base doutrinária e teste para a acei
tação de alguém como membro da Igreja. crenças posteriores, porque nem seu estu
Esta rejeição da tradição levou-os inicial do bíblico pessoal, nem suas visões haviam
mente a algumas opiniões heterodoxas que ainda lhe chamado a atenção para esses
elementos inconsistentes.
receberam severa crítica da mais ampla
comunidade cristã. Sua dependência das
Por exemplo,depois de sua primeira vi
Escrituras, porém, os levou finalmente ao
são em dezembro de 1844, ela continuou
que eles criam ser um ponto de vista mais
a observar o domingo por mais quase três
bíblico da Trindade.® Este material será
anos. Ela ainda não havia aprendido acer
apresentado em cinco tópicos: evidências
ca do sábado do sétimo dia.*'^ Um segun
para a mudança; variedades de trini-
do exemplo de uma opinião mudada foi a
tarianismo,o desenvolvimento da compre
descoberta do “tempo para iniciar o sába
ensão da Divindade por Ellen G White; a
do”,em 1855. Nove anos depois que eles
Crise de Kellogg; as declarações terminan-
aceitaram o sábado do sétimo dia,os White
tes; e conclusão.
e muitos dos adventistas sabatistas ainda
observaram o sábado das 18h de sexta-
Evidências para a mudança feira às 18h de sábado. Não foi senão
No centro do debate acha-se a indaga depois que J. N. Andrews, em 1855, de
ção concernente à posição de Ellen G White monstrou pelas Escrituras'^ que o sábado
e sua atuação no processo de mudança. Al bíblico começava no pôr-do-sol, que Ellen
guns afirmam que Ellen G White não mu White reconheceu com relutância que por
nove anos os adventistas tinham estado
dou seu ponto de vista no que se refere à
Trindade, que ela ou sempre foi trinitariana em ignorância quanto ao tempo bíblico
ou nunca foi trinitariana.'* Existe ampla evi para o início do sábado.'*
dência, porém, de que suas crenças muda Um terceiro exemplo é o que os adven
ram em vários outros assuntos,de sorte que tistas têm historicamente chamado de re
é inteiramente plausível que ela cresceu tam forma da saúde. Até 1863, muitos deles,
bém na sua compreensão da Divindade. inclusive Tiago e Ellen G White,eram gran
Quando ela declarou em 1849: “Sabemos des carnívoros, até mesmo matando seus
Ellen G. White e a compreensão da Trindade /13

próprios porcos. Somente depois de se ter mas não de pessoa. A base destas diferen
conseguido a organização denominacional ciações se tomarão mais claras ao exami
básica,foi chamada a atenção do movimen narmos o contexto histórico e o processo do
to para uma plataforma mais ampla de prin seu pensamento em desenvolvimento.
cípios de saúde,inclusive a proscrição com
pleta de produtos suínos e a vigorosa reco O DESENVOLVIMENTO DA COMPREENSÃO
17
mendação do vegetarianismo. DA Divindade por Ellen White
Em vista destas e de outras áreas de Três evidências são especialmente
desenvolvimento conceituai, não é muito significativas para reconstruir o contexto
surpreendente que Ellen White devesse histórico das mais antigas referências de
mostrar desenvolvimento e mudança em Ellen G. White à Divindade: a atuação dos
sua opinião quanto à Divindade. Seus es “espiritualizadores” no milerismo pós-de-
critos sobre a Divindade mostram uma cla
sapontamento, as controvérsias de Tiago
ra progressão, não primariamente de anti e Ellen G. White contra esses “espiri
para pró-trinitarianismo, mas de relativa tualizadores”, e um credo metodista con
ambiguidade para maior especificidade. Al temporâneo que os White (e outros dos
gumas de suas primeiras declarações são primeiros adventistas) repetidamente ci
suscetíveis de várias interpretações, mas tavam para apoiar sua rejeição ao trinita-
suas declarações posteriores, de 1898 a rianismo tradicional.
1906, são explícitas a ponto de serem
dogmáticas. Sua mudança de opinião pa No período do pós-desapontamento,em
rece claramente ter sido um assunto de 1845, muitos ex-mileritas “espiritualizaram”
crescimento e progressão, em vez de re a segunda vinda, interpretando as profeci
as bíblicas do retomo de Cristo como ten
versão, porque ao contrário de seu esposo
e de outros de seus associados, ela jamais do um significado espiritual, não literal.
Por isso,os “espiritualizadores” podiam crer
atacou diretamente o ponto de vista trinitário
que ela mais tarde apoiaria explicitamente. que Jesus viera em 22 de outubro de 1844,
não literal, mas “espiritualmente”. Esta opi
nião levou a uma onda de comportamentos
Variedades de trinitarianismo extravagantes. Entre os fanáticos mais
acentuados estavam os que eram contra o
A chave conceituai que desvenda o enig trabalho, os quais acreditavam que o seti-
ma do processo evolucionário de Ellen G mo milênio já tinha sido inaugurado como
White concernente à Trindade é a desco um sábado de perpétuo descanso, e que a
berta de que seus escritos descrevem no maneira de demonstrar fé salvadora era a
mínimo duas variedades distintas de crença abstenção de todo trabalho. Outros dos
trinitariana. Contra uma destas opiniões,ela “espiritualizadores” se envolveram com o
se opôs consistentemente ao longo do seu “mesmerismo”,'’ juntaram-se aos sha-
ministério adulto, e a outra finalmente foi kers,^® ou mesmo se tomaram
21
seguidores
endossada por ela. O conceito trinitariano do espiritualismo oculto.
contra o qual ela se opôs foi um que
“espiritualizava” os membros da Divindade Tiago e Ellen G White criam que este
como seres distantes, impessoais, místicos, ensino é falso, porque lançava mao de uma
e basicamente irreais. O conceito que ela doutrina bíblica que eles acreditavam que
favoreceu retratava a Deus como pessoal, devia ser compreendida como claramente
“literal” e a tomava não-literal ou “espin-
literal e tangível. Inicialmente,ela não reco
nhecia a natureza trinitária de Deus, mas tual”. A crença central do adventismo
milerita era o segundo advento literal,
quando o fez, descreveu o Pai, o Filho e o
Espírito Santo como personalidades reais, corpóreo e pré-milenial. Partindo desta pers
enfatizando sua “trindade” como pessoas pectiva, se o segundo advento não é o re
dispostas, pensantes, sensíveis, sociais e torno literal e corpóreo do mesmo Jesus
relacionais, e explicando sua unidade em divino-humano que ascendeu, mas é, de
termos de natureza,caráter, propósito e amor. preferência, alguma “revelação” espiritual
14/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

subjetiva ao coração ou mente individual, adversário teológico dos “espiritualizadores”.


então o ensino do seu retomo literal não foi Um credo metodista do mesmo período -e
apenas modificado, mas destmído-donde a maneira como esse credo era citado e re
o verbo “espiritualizar”.“Espiritualizar” sig futado por outros dos primeiros escritores
nifica tomar algo que se compreende como adventistas^^ apóia a sugestão de terreno
literal e chamá-lo de “espiritual”, mudando comum entre as primeiras declarações de
radicalmente o conceito, de sorte que não Ellen G White acerca da(s) pessoa(s) de
tenha mais nenhum significado objetivo. Deus e o antitrinitarianismo de seu esposo
Por este motivo Tiago e Ellen G. White (embora ela na imprensa nunca denuncias
se o trinitarianismo como ele fazia). A su
cedo chegaram à convicção de que devi
am se opor a esta “espiritualização” como gestão de que aqui há uma ligação dual -
heresia. As controvérsias da sra. White con “espiritualizadores” com trinitarianos filosó
ficos,e o conceito da sra. White de um Deus
tra esta doutrina e seus comportamentos
pessoal com o antitrinitarianismo de Tiago-
resultantes são bem conhecidas. Tiago
também escreveu repetidamente no Day- pode parecer artificial para muitos leitores.
Star pós-milerita contra essas tendências Mas contra os antecedentes dos “espiri
“espiritualizantes”.^ tualizadores” pós-mileritas, considere o
fraseado de um típico credo trinitariano da
Uma das controvérsias de Tiago White época. Um aspecto do trinitarianismo tradi
contra os “espiritualizadores” incluía uma cional aceito por alguns grupos protestan
observação antitrinitariana que implicava tes, mas rejeitado pelos primeiros adventistas,
uma comunhão de crença entre os era a declaração um tanto curiosa de que
“espiritualizadores” e os trinitarianos.^'» “há somente um Deus vivo e verdadeiro,
Evidentemente, alguns dos “espirituali eterno, sem corpo ou membros”.^® Os pri
zadores” estavam apoiando seu erro pela meiros adventistas refutavam isto
referência ao que Tiago chamou de “o vigorosamente, citando várias passagens
velho credo trinitariano não escriturístico”. bíblicas que retratavam a Deus como tendo
Tiago acusou que tanto os “espiritua “corpo” e “membros”.^’
lizadores” quanto os trinitarianos tradicio
nais “espiritualizavam a existência do Pai Evidentemente, esta questão estava
também na mente de Ellen G White.^° Duas
e do Filho, como duas pessoas distintas,
literais [sic], tangíveis”.^^ vezes nas primeiras visões de Jesus, ela lhe
fez perguntas relacionadas com a “forma”
Defendendo que o Pai e o Filho são pes e “pessoa” de Deus. Em uma primeira vi
soas reais, literais,os White não duvidavam
são, ela “viu um trono, sobre o qual se as
de que “Deus é espírito” (Jo 4:24),26 mas sentavam o Pai e o Filho”. “Olhei para a
insistiam que como espírito. Deus é,contu face de Jesus”, diz ela,“e admirei sua amá
do,alguém real,tangível e literal; não irreal, vel pessoa. Não pude contemplar a pessoa
efêmero ou imaginário. Eles sentiam que os do Pai, porque uma nuvem de gloriosa luz
termos usados para a Trindade nos credos e o cobria. Perguntei a Jesus se o seu Pai
definições que conheciam faziam Deus pa tinha uma forma semelhante à dele. Afir
recer tão abstrato, teórico e impessoal que mou que sim, mas que eu não podia
Ele não era mais percebido como um ser contemplá-la, porque, disse Ele, “se uma
real, solícito e amoroso. Desse modo,a ten vez contemplares a glória de sua pessoa,
tativa de tomá-lo “espiritual” em vez de lite deixarás de existir”.^'
ral realmente o “espiritualizava”,isto é,des-
tmía o verdadeiro conceito do que Ele é e Também por volta de 1850 ela relatou:
sua semelhança. ‘Tenho visto muitas vezes o amorável Je
sus, que é uma pessoa. Perguntei-lhe se seu
Uma terceira evidência confirma que Pai era uma pessoa e tinha a mesma forma
Tiago estava realmente ligando os que Ele. Disse Jesus: ‘Eu sou a expressa
’”32
“espiritualizadores” com os trinitarianos tra imagem da pessoa de meu Pai. Assim, a
dicionais - um grupo que era praticamente visão que ela teve confirmou o texto que seu
Ellen G. White e a compreensão da Trindade /15

esposo havia escrito no Day-Star em 1846, depois,ele proclamou na Review que “Cris
dizendo que o Pai e o Filho são “duas pesso to é igual a Deus.” Ele não era ainda um
as distintas, literais e tangíveis”.^^ No que trinitariano, mas um outro ponto de refe
se refere à questão trinitariana, isto é ambí rência no mesmo artigo mostrava que ele
guo. Por si mesmo não contém nada con simpatizava com certos aspectos do
traditório em relação ao primitivo antitri- trinitarianismo. “A inexplicável Trindade
nitarianismo adventista,embora também não que toma a Divindade três em um e um em
ofereça nenhuma contradição relativamen três é muito má”, escreveu ele, “mas o
te a suas declarações explicitamente ultra-unitarianismo que toma Cristo inferi
trinitarianas do início de 1900. or ao Pai é pior”.^^ Afirmando a igualdade
de Cristo com o Pai,Tiago estava ecoando
Outras sugestões de suas primeiras vi
o que sua esposa havia escrito oito anos
sões vieram em 1858 com a publicação do antes. Para outra evidência de que ela es
primeiro volume de Spirítual Gifts.^ Sua tava conduzindo seus colegas, note-se que
crença no Espírito Santo não está em dis suas asserções de que Cristo era não-cria-
cussão, porque ela liga o Pai, o Filho e o
do'*® precederam por mais de duas déca
Espírito Santo na narrativa do batismo de das a aceitação deste conceito publicada
Cristo. Mas não menciona o Espírito Santo 41
em conexão com os concílios divinos acer por Uriah Smith.
35
ca da criação e do plano da salvação. Bloco por bloco conceituai(talvez sem
Estas declarações,como as declarações de mesmo estar ciente disto), ela estava de-
1850, são também ambíguas. Elas podiam vagar mas firmemente demolindo , a
ser lidas sem conflito por todos os primei subestrutura da opinião antitrinitan^a e
ros adventistas,independentemente de suas constmindo um ponto de vista trinitariano.
inclinações trinitarianas ou antitrinitarianas. Em outro claro rompimento com o consen
so semi-ariano prevalecente, ela declarou
Talvez seu primeiro depoimento clara em 1878 que Cristo era o “Filho eterno .
mente dissonante da posição de seus cole Ellen G White não compreendia sua eter
gas antitrinitarianos tenha surgido em 1869, na filiação como significando derivação
em um capítulo que é um ponto de referên do Pai. A filiação em sua preexistência de-
cia, “Os sofrimentos de Cristo”. No pará notava que Ele era da mesma natureza do
grafo inicial desse texto, ela afirma com Pai, em unidade e íntimo relacionamento
base em Hebreus 1:3, Colossenses 1:19 e com o Pai; mas isto não sugeria que Cnsto
Filipenses 2:6, que Cristo em sua tivera um princípio, porque ao
preexistência era “igual a Deus”.^^ A esta carne humana Cristo tomou-se o Filho de
altura, toma-se evidente que se ninguém Deus “em um novo sentido.” Partindo da
mais estava ouvindo,seu esposo estava. As
perspectiva de sua humanidade, pela pn-
primeiras declarações de Tiago White so meira vez Ele teve um “princípio”, e tam
bre a Trindade são uniformemente negati bém, como um ser humano, iniciou uma
vas,^’ mas em 1876 e 1877 ele seguiu sua nova relação de dependência do Pai.
orientação. Em uma comparação editorial
Em sua encarnação Ele adquiriu em um novo
das crenças dos adventistas do sétimo dia
sentido o título de Filho de Deus. Disse o anjo a
com as dos batistas do sétimo dia, ele in
Maria:“A virtude do Altíssimo te cobnrá com a
cluía a Trindade entre as doutrinas que
sua sombra,pelo que também o Santo,que de ti ha
“nem [os adventistas do sétimo dia, nem os de nascer,será chamado Filho de Deus.” Conquan
batistas do sétimo dia] consideram como to Filho de um ser humano,Ele tornou-se o Filho
testes do caráter cristão”. “Os adventistas de Deus em um novo sentido. Assim, Ele esteve
mantêm a divindade de Cristo tão perto dos em nosso mundo-o Filho de Deus,todavia aliado
trinitarianos”, observou Tiago White,“que por nascimento à raça humana.
não apreendemos aqui nenhuma provação
[controvérsia].”^® Tiago estava claramen Desde toda a eternidade Cristo esteve unido
te se afastando de suas primeiras contro como Pai,e quando Ele tomou sobre si a natureza
43
vérsias contra o trinitarianismo. Um ano humana,ainda era um com Deus[ênfase suprida].
16 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

Um afastamento ainda maisfundamental contexto circunjacente é semelhante em


da “antiga opinião” surgiu em 1888, no con ambas as obras, refletindo sua perspectiva
texto da luta sobre a lei em Gaiatas (3:19- anterior, ao passo que a nova frase,“a gló
3:25),emergindo um ponto de vista mais cla ria do Ser eterno, existente por si mesmo,
ro dejustificação por meio da expiação subs rodeava a ambos”, reflete sua crescente
tituta. Ellen G \^ite e outros chegaram à compreensão em 1890.
percepção de que um conceito mais amplo
Um panfleto publicado em 1897 trazia
da expiação e da justiça pela fé demanda a
plena Divindade de Cristo. “Se os homens o próximo componente importante de sua
doutrina de Deus em desenvolvimento: o
rejeitam o testemunho das Escrituras inspira
das concernente à divindade de Cristo ,es- de que o Espírito Santo é “a terceira pes
soa da Divindade.”'*^ Esse conceito rece
creveu ela,“é vão argüir com eles sobre este
ponto;pois nenhum argumento,por maiscon bería maior atenção e forma mais perma
clusivo,podería convencê-los.[ICo 2:14,ci nente em O Desejado de Todas as Na
tado] Pessoa alguma que alimente este erro ções(1898), onde ela repetiu e tomou en
pode ter exato conceito do caráter ou missão fáticos os dois pontos anteriores:“Em Cristo
de Cristo, nem do grande plano de Deus para há vida original, não emprestada, não deri
a redenção do homem” [ênfase suprida].
44 vada”,e o Espírito Santo é a “terceira pes
Ela proclamou que Cristo “era um com o eter soa da Divindade”.^” Em 1899, ela confir
no Pai-um na natureza, no caráter e no pro- mou o outro lado do paradoxo, de que em
pósito”, “igual ao Pai em poder e autorida “pessoa” Cristo era “distinto” do Pai.^' Aqui
o paradoxo essencial trinitariano da unida
de “o único ser que podería penetrar em
todos os conselhos e propósitos de Deus”.^ de de Deus em uma pluralidade de pesso
O contexto mostra que sua frase “o único as é claramente enunciado, e seu
ser” contrasta com os anjos. Contudo, esta trínitaríanismo está essencialmente comple
declaração precede a mais plena exposição to. Tudo o que resta para suas declarações
da função do Espírito Santo. terminantes de 1901 e 1905 é afirmar mais
explicitamente que os três “eternos digni
Em 1890, ela reforçou sua afirmação tários celestiais”, os “três maiores poderes
de 1888 da unidade de Cristo com o Pai do Céu”, as três pessoas vivas do trio
(em natureza, caráter e propósito) sendo, celestial”, são um em natureza, caráter e
talvez,sua ultima declaraçao importante que propósito, mas não em pessoa.^^
ainda pode ser lida ambiguamente.“O Fi
lho de Deus partilhava do trono do Pai,e a Destarte, há uma clara progressão do
glória do Ser eterno, existente por si mes simples para o complexo, sugerindo que a
mo, rodeava a ambos. Retrospectiva compreensão de Ellen G. White cresceu e
mente, esta frase se harmoniza perfeita- mudou à medida que ela recebia luz adicio
mente com suas declarações posteriores nal. Fernando Canale salientou que esta
(especialmente em O Desejado de Todas progressão é semelhante àquela apresen
as Nações, 530)de que Cristo é “existen tada no Novo Testamento. Nos evangelhos,
te por si mesmo” e de que sua Divindade o primeiro desafio foi convencer os discí
não é “derivada” do Pai. É também possí pulos de que Cristo era um com o Pai. Ten
vel, contudo, ler a sentença de uma pers do uma vez seu conceito de monoteísmo
pectiva binitariana,ou mesmo semi-ariana, se expandido para aceitar “um Deus” em
de que Jesus, exaltado ao trono do Pai na duas pessoas divinas,foi comparativamen
presença dos anjos,estava “rodeado”“pela te fácil levá-los a reconhecer o Espírito
53
glória do Ser eterno, existente por si mes Santo como a terceira pessoa divina.
mo”, isto é, o Pai. Patriarcas e Profetas,
onde aparece a frase, foi uma amplifica A CRISE DE Kellogg
ção de uma obra anterior, Spirit of E AS DECLARAÇÕES TERMINANTES
Prophecy, vol. 1 (1870), onde a frase cor
respondente diz simplesmente: “O Filho Como foi exposto acima,os escritos de
estava assentado no trono com o Pai.”'*® O Ellen G. White sobre a Divindade comuni-
Ellen G. White e a compreensão da Trindade /17

cam, no mínimo,duas variedades distintas doutrina de Deus. Apesar desta crítica,


de crença trinitariana-ela se opunha a uma Kellogg apressou a publicação. Em 30 de
e veio a concordar com a outra. Sua dife dezembro de 1902, porém, enquanto a
renciação entre essas duas opiniões da Trin Review and Herald Publishing Association
dade tomou-se muito explícita durante a estava no meio da impressão da primeira
crise de Kellogg de 1902-1907."^ Uma vez edição,a casa publicadora incendiou-se até
que alguns dos escritos de J. H. Kellogg e os fundamentos. Entre outras perdas esta
de Ellen G. White desse período têm sido vam as chapas de impressão e os exempla
seriamente mal-compreendidos em anos re res não terminados do The Living Temple.
centes, é necessário considerar esta con Kellogg levou prontamente o manuscrito
trovérsia em detalhes. para outra impressora e fez um contrato de
3 mil exemplares, assumindo os custos.
O doutor J. H. Kellogg,superintendente
médico do Sanatório de Battle Creek,foi a Quando o livro foi fínalmente distribuí
principal pessoa de credenciais científicas do, os mais flagrantes afastamentos da
entre os adventistas do sétimo dia na virada estabelecida teologia adventista ap^ece-
do século vinte.Possivelmente influenciado ram no capítulo inicial, “O Mistério da
por companheiros intelectuais de fora do Vida”.^’ “Deus é a explanação da nature-
Adventismo,^ ele teorizava que a vida de _ ,declarava Kellogg,“não um Deus fora
za
cada ser vivo - seja árvore, flor, animal ou da natureza, mas na natureza, mamfestan-
humano - era a própria presença de Deus do-se através e em todos os objetos, rnovi-
dentro dela. Sua opinião era uma forma de mentos, e variados fenômenos do univer-
panteísmo.^ Vestígios desse ponto de vista so .60 Evidentemente reagindo a alguns de
podem ser encontrados em suas apresenta seus críticos da pré-publicação, Kellogg
ções públicas na década de 1890,^’ mas a procurou embotar ou frustrar suas objeções
crise só irrompeu em 1902. por meio de referência específica ao Espí
rito Santo. Ele arrazoava que se o Espírito
Em seguida ao incêndio do Sanatório Santo podia estar em toda parte ao mesmo
de Battle Creek, em 18 de fevereiro de
tempo, e se o Espírito Santo era também
1902, Kellogg propôs um plano de arreca uma pessoa,então ninguém podia dizer que
dação de fundos para financiar a recons o Deus apresentado por Kellogg como ha
trução. Ele doaria à Review and Herald bitando em todas as coisas era um Deus
Publishing Association o manuscrito para impessoal.i^‘Como pode o poder ser sepa
um novo livro sobre saúde.^® Se a Review rado da fonte de poder?” perguntava
and Herald doasse os custos de publica Kellogg.“Onde o Espírito de Deus está em
ção, e se os 73 mil membros que compu operação, onde o poder de Deus se mani
nham a Igreja Adventista do Sétimo Dia festa, o próprio Deus está de fato e re^-
em 1902 se encarregassem de vender 500 mente presente.”"' Afirmando que o poder
mil exemplares a um dólar cada, a renda de Deus equivale à sua presença, Kellogg
pagaria as dívidas há muito existentes e obscurece seu raciocínio, como um breve
reconstruiria o sanatório. Este plano foi exemplo mostrará. Um comandante mili-
aceito. The Living Temple foi primaria tar pode emitir ordens para mobilizar as
mente um manual de fisiologia elementar, forças armadas e, por meio dessas ordens,
nutrição, medicina preventiva e tratamen o
G poder do líder chega ao lar de um solda
tos caseiros para doenças comuns. Mas o do individual, mas isso é claramente dife
frontispício citava 1 Coríntios 6:19 acerca rente da visita do comandante em pessoa
do corpo como sendo o “templo do Espíri àquele lar.
to Santo”, e aqui e ali Kellogg incorpora
va suas opiniões teológicas. Então Kellogg engendra sua metáfora
definidora,o parágrafo mais citado do The
Embora os leitores preliminares do ma
Living Temple:
nuscrito ficassem satisfeitos com o que é
dito sobre fisiologia,criticavam severamen Suponha agora que temos diante de nós uma
te algumas de suas especulações acerca da bota-não uma bota ordinária, mas uma bota viva
18/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

e, ao olharmos para ela, vemos pequenas botas mada com esta pergunta: É o Espírito San
saindo das costuras em profusão, saindo das to uma pessoa? Você diz Não”(Butler era
biqueiras, caindo dos saltos, e saltando do cano - da velha escola antitrinitariana que sus
dezenas,centenas, milhares de botas,saindo conti
tentava que o Espírito Santo era um as
nuamente de nossa bota viva -,não seríamos com
pecto ou poder de Deus, mas não uma
pelidos a dizer:“Há um sapateiro na bota”? Assim
está presente na árvore um poder que a cria e man
pessoa). Continua Kellogg:“Eu tinha su
tém,um criador de árvore na árvore, um criador de posto que a Bíblia dizia isto pelo motivo '
flores na flor... uma presença infinita,divina,embo de que o pronome pessoal “ele” é usa
ra invisível... que está sempre se declarando por do em se falando do Espírito Santo. A
sua incessante e benefícente atividade.^ Irmã White usa o pronome “ele” e tem
dito em tantas palavras que o Espírito
A teoria de Kelogg foi vigorosamente Santo é a terceira pessoa da Divindade
debatida na Igreja por vários anos. Sen [sic]. Como pode o Espírito Santo ser a
do que adventistas de destaque haviam terceira pessoa e não ser de modo algum
salientado seus erros,®^ Ellen G. White es uma pessoa, me é difícil ver.
”68

perava, a princípio, que não seria neces


sário se envolver. Entretanto, por volta Aqui está um fascinante exemplo de
de setembro de 1903, as opiniões de Kellogg como debatedor. Essencialmente,
Kellogg estavam ganhando aderentes. ele está dizendo:“Tenho sido mal compre
Quando ele afirmou publicamente que os endido. Eu não afirmei que o Pai está em
ensinos do The Living Temple “no que todas as coisas; é o Espírito Santo quem
concerne à personalidade de Deus es- está em todas as coisas. E se o Espírito
tavam de acordo com os escritos de Ellen Santo é uma pessoa, então Ellen G. White
White,*^ ela não pôde mais ficar em está errada em dizer que meu ponto de vis
silêncio. “Deus não permita que esta opi ta solapa a personalidade de Deus.” As
nião prevaleça”, ela declarou. “Não pre sim,ele procurava manobrar com perícia a
cisamos do misticismo que está nesse li reprovação de Ellen G White e manter a
vro ,continuou ela.“O escritor desse li legitimidade de sua própria opinião.
vro acha-se em uma vereda falsa. Ele Butler,porém,não foi enganado.“No que
perdeu de vista as verdades distintivas concerne à irmã White e você estarem em
para este tempo. Não sabe para onde perfeito acordo, terei de deixar isto inteira
seus passos estão se dirigindo. A trilha mente entre você e a irmã White. Ela diz
da verdade caminha ao lado da trilha do que não há perfeito acordo. Você afirma
erro, e ambas podem parecer uma para que há... Devo dar a ela o crédito... de dizer
69
mentes que não são moldadas pelo Espí que há uma diferença"' (ênfase suprida).
rito Santo,e que, portanto, não estão pron
tas para discernir a diferença entre a Kellogg está aqui contando a Butler
verdade e o erro.”^^ meias-verdades casuísticas, tentando re
tratar o “panteísmo” do The Living Temple
Em uma carta que se seguiu,ela atingiu como simplesmente uma perspectiva ci
o âmago da questão: “O Senhor Jesus ... entífica da mesma doutrina de Deus que
não representou a Deus como uma essên
Ellen G. White havia expresso em O De
cia que permeia a natureza^ mas como sejado de Todas as Nações. Embora seja
um ser pessoal. Os cristãos devem ter em
o que Kellogg queria que seus leitores
mente que Deus tem uma personalidade tão acreditassem, isto não corresponde à ver
verdadeiramente como Cristo a tem.”“
dade, mesmo que a própria Ellen G. White
Algumas semanas depois,em uma car reconhecesse que “para mentes que não
ta a George I. Butler, ex-presidente da As são moldadas pelo Espírito Santo” pode-
70
sociação Geral, Kellogg defendeu o seu ria assim parecer.
ponto de vista. “Até onde posso sondar a Ao prolongar-se o conflito,
dificuldade que é encontrada no Living adentrando o ano de 1905, Ellen G White
Temple [sic], toda a coisa pode ser acal- escreveu outro documento que expunha
Ellen G. White e a compreensão da Trindade / 19

o assunto à Igreja em linhas tão inflexí fraquecem e diminuem a Majestade com a qual
veis que não poderia ser mal compreen nenhuma semelhança terrestre pode ser compara
dido. O manuscrito apresenta talvez a da. Deus não pode ser comparado com as coisas
que suas mãosfizeram.São meras coisas terrenas,
mais radical e fundamental acusação já
sofrendo sob a maldição de Deus por causa dos
escrita contra uma falsa opinião da Trin
pecados do homem. O Pai não pode ser descrito
dade, seguida por uma de suas mais ex pelas coisas da Terra [ênfase suprida].
75

plícitas descrições do que ela considera


va ser a verdadeira compreensão da Di Então, na sentença seguinte, ela define
vindade. Nesse documento, publicado em o que compreende ser a verdade acerca
1905, ela rotula a primeira opinião de da Divindade.
“espiritualista”, “nulidade”,“imperfeita,
falsa”,"” “a trilha da serpente” e “as pro O Pai é toda a plenitude da Divindade
fundezas de Satanás”. Ela afirmou que corporificada,e é invisível a vista mortal. O Filho
aqueles que a recebessem estariam “dan é toda a plenitude da Divindade manifestada. A
Palavra de Deus declara ser Ele “a expressa ima
do ouvidos a espíritos sedutores e doutri
gem da sua pessoa.”“Deus amou o mundo de tal
nas de demônios, afastando-se da fé que
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
eles tinham considerado sagrada nos cin- todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
qüenta anos passados”.’^ vida eterna.” Aqui é mostrada a personalidade do
Pai. O consolador que Cristo prometeu enviar
Em contraste com esta opinião que se
depois de sua ascensão ao Céu é o Espírito em
veramente denuncia, ela apresenta uma
toda a plenitude da Divindade, tornando mani
outra opinião que considerava como “a pla rece-
festo o poder da graça divina a todos os que
taforma correta”,“em harmonia com a sim bem a Cristo e crêem nele como um salvador
plicidade da verdadeira piedade”, e “os pessoal. Há três pessoas
vivas do trio celestial'.
velhos, velhos tempos... quando, sob a di em nome destes três grandes poderes- o Pai, o
reção do Espírito Santo, milhares se con Filho,e o Espírito Santo -os que recebem a Cris
verteram em um dia”.^** O antagonismo to por fé viva são batizados, e estes poderes co-
entre duas opiniões opostas dificilmente operarão com os súditos obedientes do Céu em
poderia ser delineado em termos mais rígi seus esforços para viver a nova vida em Cristo
76
dos em um contexto teológico do que o [ênfase suprida].
desacordo entre doutrinas de “espíritos se
dutores” e a doutrina dos “velhos, velhos Acusando a Kellogg de estar, com sua
tempos” do Pentecostes original. Ela está doutrina “espiritualista” da Trindade, se
falando acerca de duas contrastantes dou afastando da fé” que os adventistas tinham
trinas da Trindade. Aqui está a primeira, “considerado sagrada nos cinqüenta anos
atribuída explicitamente ao Dr. Kellogg e passados”, Ellen G. White refuta claramen-
seus associados em “nossa principal te a afirmação de que todas as doutrinas
corporação médica”: da Trindade são a mesma e que a objeção
a uma exige a rejeição de todas. Ela está
Sou instruída a dizer: Os sentimentos daque
distinguindo claramente entre duas vane-
les que estão buscando idéias científícas avança
dades de trinitarianismo.
das não são de confiança. São feitas representa
ções como as seguintes;“O Pai é como a luz invi Significativamente, Ellen G White con
sível; o Filho é como a luz incorporada; o Espírito
dena a opinião da Trindade de Kellogg em
é a luz irradiada.' OPai é como o orvalho, vapor
termos quase idênticos àqueles usados por
invisível; o Filho é como o orvalho acumulado de
bela forma; o Espírito é como o orvalho caído no
seu esposo Tiago em 1846, quando ele con
denou o "velho credo trinitariano não
assento da vida.” Outra representação: “O Pai é
escritiirístico por “espiritualizar a exis-
como o vapor invisível;o Filho é como a nuvem de
chumbo; o Espírito é chuva caída e operando em tência do Pai e do Filho, como duas pes
refrescante poder.” soas distintas, literais e tangíveis.” Isto
apoia a interpretação de que ela estava
Todas estas representações espiritualistas são ao menos em parcial acordo com ele em
simplesmente nada. São imperfeitas, falsas. En- 1846,e que, posteriormente, viu semelhan-
20 / PaRCUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

ças entre os credos que afirmavam que anos depois da decidida rejeição desta idéia
Deus era “invisível, sem corpo ou mem por Tiago White no Day-Star de 1846. Esta
bros” e as “representações espiritualistas” mudança não foi uma simples reversão. A
de Kellogg retratando a Deus sob metá evidência é a de que Ellen G. White con
foras de luz e água. cordava com o ponto positivo essencial da
crença de Tiago, a saber, que “o Pai e o
Além disso, Ellen G. White afirma que
Filho” são “duas pessoas distintas, literais
na heresia de Kellogg ela “reconhecia os
mesmos sentimentos” existentes entre os [sic] e tangíveis.” Evidência subseqüente
ex-mileritas “espiritualizantes” de 1845 e mostra que ela também concordava com o
1846, contra os quais ela havia se opos ponto negativo de Tiago: que os conceitos
filosóficos tradicionais mantidos por mui
to.’'"^ A implicação é a de que os fanáticos
“espiritualizadores” pós-desapontamento, tos trinitarianos “espiritualizavam” a reali
84
o ensino dos credos de que Deus é sem dade pessoal do Pai e do Filho.
forma e intangível, bem como os concei Logo depois disso, ela adicionou a con
tos impessoais de Deus mantidos por vicção, baseada em visão, de que Cristo e
Kellogg, tudo isso foi associado por Tiago o Pai são formas tangíveis. Ela progressi
e Ellen White sob o título geral de “teorias vamente asseverou a eterna igualdade de
78
espiritualistas”. Cristo com o Pai, que Cristo não foi criado,
Esse fato está diretamente ligado ao e, por volta de 1888, que um adequado con
presente debate porque alguns têm alega ceito da expiação exige a plena e eterna
Divindade de Cristo. Somente na década
do que a opinião de Kellogg condenada
de 1890 ela tornou-se consciente da com
por Ellen G. White é a mesma opinião da
Trindade posteriormente aceita pela Igre- pleta individualidade e personalidade do
ja^^-alegação que não é apoiada pela evi Espírito Santo, mas quando o fez, ela se
dência. White rejeita claramente a opinião referiu ao Espírito Santo em termos literais
da Trindade que faz Deus parecer distan e tangíveis muito semelhantes àqueles que
te, intocável, impessoal; e aceita um pon ela havia usado em 1850 para descrever o
to de vista literal, bíblico®” da Trindade, uma Pai e o Filho. Por volta de 1905, ela de
opinião que mostra a Deus como incluin clarou explicitamente sua crença em três
do três personalidades divinas individuais, pessoas divinas unidas em um só Deus.
que são um em natureza, caráter, propósi Isto confirma as quatro hipóteses com
to e amor.
as quais se iniciou este artigo. A primeira
Suas últimas afirmações de um Deus em delas, a caracterização de Ellen G. White
três pessoas estão plenamente em harmo como uma “monoteísta trinitariana”,feita por
nia com a primeira declaração de fé explici E. R. Gane, é correta se considerarmos sua
tamente trinitariana entre os adventistas do concepção amadurecida de Deus, de 1898
sétimo dia, escrita por F. M, Wilcox na em diante. Nunca, porém, ela usou o termo
Review and Herald em 1913.®' “Os “Trindade” para descrever sua crença acer
adventistas do sétimo dia crêem”-esclare ca de Deus. Talvez o mais próximo a que
ceu Wilcox - “1) na divina Trindade. Essa ela chegou foi seu uso da expressão “trio
Trindade consiste do eterno Pai, ... do Se celestial”.®^ Um motivo provável por que ela
nhor Jesus Cristo,... [e] do Espírito Santo, consistentemente evitou o termo ‘Trindade”,
”82
a terceira pessoa da Divindade. mesmo depois de ter aceitado certos aspec
tos do ensino trinitariano, é a segunda hipó
Conclusão tese: a de que ela havia se tomado ciente de
duas variedades de crença trinitariana, uma
A primeira parte deste estudo [ver últi que ela aceitou e outra que ela rejeitou vee
ma edição de Parousia, p. 19-30] notou mentemente. Um uso indiscriminado do ter-
que a Sessão da Associação Geral de 1946 mo Trindade” podería parecer o endosso
foi a primeira a endossar oficialmente a de conceitos filosóficos aos quais ela se opu
crença em uma Trindade,®^ exatamente 100 nha diametralmente.

fe
Ellen G. White e a compreensão da Trindade / 21

Isto parece especialmente plausível à da doutrina da Trindade, apoiando-se nos


luz da terceira hipótese, segundo a qual à pressupostos filosóficos gregos de
medida que ela endossava passos atemporalidade e impassibilidade,é sim
conceituais em tomo de um trinitarianismo plesmente incompatível com um sistema
88
bíblico, sua compreensão em desenvolvi teológico inteiramente bíblico.
mento exercia uma forte influência sobre
Não como um observador impessoal,
outros escritores adventistas, levando fi
mas como um teólogo sistemático profun
nalmente a um grau substancial de con damente envolvido no desenvolvimento da
senso na denominação. doutrina adventista de Deus, Fernando
A quarta hipótese diz que o método Canale tem escrito extensamente sobre a
pelo qual os primeiros adventistas procu diferença entre uma teologia baseada nos
ravam separar os elementos bíblicos de pressupostos filosóficos gregos e uma ba
trinitarianismo daqueles derivados apenas seada nos pressupostos bíblicos.*’ Ele ar
da tradição, foi rejeitar completamente a gumenta que
tradição como base doutrinária,e lutar por em um sentido muito real, a ênfase adventista
meio de longo processo para construir nas Escrituras como a única fonte de referências
sua fé com base somente nas Escrituras.
para praticar teologia tem dado à reflexão teológi
Fazendo isto, eles virtualmente seguiram ca sobre Deus um novo e revolucionário início.
os passos da Igreja do Novo Testamento Sistematicamente suspeitosos e críticos das pos
na primeira aceitação da igualdade de turas teológicas tradicionais, os adventistas esta
Cristo com o Pai, e descobriram também vam decididos a construir doutrinas com base
sua igualdade e unidade com o Espírito somente nas Escrituras. As dificuldades implíci-
es¬
_ ; nesta nova abordagem podem explicar o
tas
Santo. No processo, a teologia adventista
casso número de declarações adventistas sobre a
mostrou semelhanças temporárias com 90
doutrina de Deus.
algumas das heresias históricas, particu
larmente com o arianismo. O repúdio da Canale faz uma sólida defesa do seu
tradição como autoridade doutrinai foi os
argumento de que pelo fato de
caro em termos do ostracismo que eles
adventistas terem se “afastado da concep
suportaram como notórios “heréticos”,
ção filosófica de Deus como intemporal e
mas sua dependência das Escrituras le
terem “aceito a concepção histórica de
vou-os finalmente ao que eles acredita
Deus conforme apresentada na Bíblia”,eles
vam ser uma opinião mais bíblica da Trin
estavam habilitados a desenvolver uma
dade.*’ Um corolário controvertido é a
genuinamente bíblica opinião da Trindade.
convicção de que a formulação clássica

Referências dos adventistas fundadores era trinitariana(ibid., 147)


não venha sendo apoiada pela evidência; Merlin Buit,
“Demise of Semi-Arianism and Anti-Trinitanamsm
'Artigo traduzido do original em inglês por Fran
cisco Alves de Pontes. in Adventist Theology, 1888-1957” (monografia,
2 James White, Day-Star, 24 de janeiro de Andrews University, 1996); Woodrow W.Whidden,
“Salvation Pilgrimage; The Adventist Joumey into
1846, 25. ”, Ministry,
^ Fifteen Meeting, General Conference Report Justification by Faith and Trinitarianism
abril de 1998,5-7; Fernando L. Canale,“Doctnne ot
n"8, Review and Herald, 14 de junho de 1946, 197.
Para uma discussão do contexto histórico, veja Jerry God”, in Handbook of Seventh-day Adventist
Moon, The Adventist Trinity Debate, Part 1: Theology,ed. Raoul Dederen,Commeníary Reference
Historical OverView”,A Í/SS 41 (2003): 122-123. Series,(Hagerstown,MD;Review and Herald,2000),
12:117-150; and Woodrow Whidden, Jerry Moon,
^ Veja Russel Holt,‘The Doctrine of the Trinity
and John W. Reeve, The Trinity: Understanding
in the Seventh-day Adventist Denomination: Its
God’s Love. His Plan of Salvation. and Christian
Rejection and Acceptance” (monografia, Andrews
University, 1969); LeRoy Edwin Froom,Movement Relationships(Hagerstown,ND;Review and Herald,
of Destiny (Washington, DC: Review and Herald, 2002), 190-220.
* Erwin R. Gane,“The Arian or Anti-Trinitarian
1971), 148-180-embora a alegação de Froom base
ada em estatísticas mileritas de que uma “maioria” Views Presented in Seventh-day Adventist Literature
'S

22/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

and the Ellen White Answer” (tese de mestrado, minha obra e experiência, tem sido inútil, que não
Andrews University, 1963). tem educado meu raciocínio ou me preparado melhor
® Gane.67-79. para sua obra”(Ellen G White, Testimoniesfor the
’ Veja, por exemplo, [Fred Allaback], “The Church [Mountain View, CA; Pacific Press, 1948],
Doctrine of the Trinity in Adventist History”, 5:686).
14
Liberty Review(5250 Johnstown Road,Mt. Vemon, Deve-se notar que quando ela e Tiago White
Ohio),outubro de 1980,4-5,7-8; Lynnford Beachy, aceitaram o sábado,sua aceitação baseava-se inicial
“Adventist Review Perpetuates the Omega”, Old mente no estudo da Bíblia estimulado pela leitura de
Paths(Smyma Gospel Ministries, HC64,Box 128- um folheto de José Bates. Posteriormente, a corre
B,Welch,WV;website www.smyraa.org)8/7,julho ção deste ponto de vista foi confirmada por visão
de 1999, 1-14; David Clayton, “The Omega of (Arthur L. White, Ellen G White: The Early Years,
Deadly Heresies”, n.p., n.d. (ca. 2000), em meus 1827-1862 [Washington, DC: Review and Herald,
arquivos;idem,“Some Facts Conceming the Omega 1985], 1:116, 120-121).
IS
Heresy”, www.restorationministry.com/Open Face/ Veja, por exemplo, Levítico 23:32 e Marcos
html/2000/open face oct 2000.htm; acessado em 10 1:32, J. N. Andrews, “Time for Commencing the
de março de 2003;e Bob Diener, The Alpha and the Sabbath”,Review and Herald^4 de dezembro de 1855,
Omega(Creal Springs,IL: BibleTruth Productions, 76-78.
[ca. 1998], videocassete. Arthur L. White, 1:322-324.
® Moon, 113-129. 17
Richard W.Schwarz e Floyd Greenleaf, Light
®Canale, 150.
10 Bearers: A History of the Seventh-day Adventist
Por exemplo, John Kiesz, um antitrinitariano Church, ed. rev.(Nampa, ID: Pacific Press, 20(K));
da Igreja de Deus(do Sétimo Dia),especula que White D. E. Robinson, The Story ofOur Health Message:
era uma “trinitariana não assumida”, que guardou The Origin, Character, and Development ofHealth
esta opinião para si mesma por meio século até que Education in the Seventh-day Adventist Church, 3"
na década de 1890ela subitamente rompeu o silêncio ed. (Nashville: Southern Publishing Association,
p^a desafiar o então ponto de vista da maioria dos 1965), 75, 81. A maioria dos adventistas já se opu
adventistas do sétimo dia (“Histoiy of the Trinity nha ao uso de bebidas alcoólicas.
18
Doctrine”, Study n® 132, http./Zwww.giveshare.org/ Schwarz e Greenleaf,53-54.Para mais exten
BibleStudy/132.trinityhistory.html, acessado em ja sa investigação da data do Milerismo pós-desapon-
neiro de 2001).
tamento, sua divisão e desintegração, veja Merlin
"Ellen G White ao Irmão e Irmã Hastings,24- D. Burt, “The Historical Background, Inter-
30 de março de 1849 (Carta 5. 1849), 5-6; connected Development, and Integration of the
reimpressaem Aían«ícríp//?eZeas«,21 vols.(Silver Doctrines of the Sanctuary, the Sabbath, and Ellen
Spring, MD: Ellen G White Estate, 1981, 1987 G White’s Role in Sabbatarian Adventism from 1844
1990, 1993), 5:200.
to 1849”(dissertação de Ph.D,Andrews University,
Temos muitas lições a aprender, e muitas, 2002), 60-272.
muitas a desaprender”, escreveu ela em 1892.“So 19
Burt,“The Historical Background”, 145.
20
mente Deus e o Céu são infalíveis. Aqueles que pen Enoch Jacobs,editor do Day-Star,dirigiu esse
sam que nunca terão de mudar um ponto de vista movimento(ibid., 231-242).
acariciado, que jamais terão ocasião de mudar uma 21
Ibid.,242;George R.Knight,Millennial Fever
opinião, serão desapontados. Enquanto nos apegar and the End ofthe World(Boise, ID: Pacific Press,
mos às nossas idéias e opiniões com determinada 1993), 260.
persistência, não podemos ter a unidade pela qual 22
Veja,por exemplo,Ellen G White,Life Sketches
Cnsto orou”(Ellen G White,“Search the Scriptures” (Mt. View,CA: Pacific Press, 1943), 85-94.
23
Review and Herald,26 de julho de 1892, par. 7). ’ Burt, 146-147, enumera quatro de tais itens,
Com a luz comunicada por meio do estudo de
cada um intitulado “Letter from Bro. White”, Day-
sua Palavra, com o conhecimento especial dado de Star,6 de setembro de 1845,17-18; 11 de outubro de
casos individuais entre seu povo sob todas as cir
1845,47;29 de novembro de 1845,35;e 24 dejanei
cunstâncias e em cada fase da experiência, posso eu ro de 1846, 25.
agora estar na mesma ignorância, na mesma incerteza 24
James White,Day-Star,24 dejaneiro de 1846,
mental e cegueira espiritual,como no princípio desta 25;o primeiro escrito de Ellen Harmon publicado foi
experiência? Dirão meus irmãos que a irmã White
“A Letter from Sister Harmon” na mesma publica
tem sido uma estudante tão lerda que seu ção,31-32.
2S
disceraimento nesta direção não é melhor do que an James White, Day-Star, 24 de janeiro de
tes de ter ela entrado na escola de Cristo,a fim de ser 1846, 25.
26
instruída e disciplinada para uma obra especial?,.. Eu Em 1877, Ellen White citou João 4:14 KJV;
nao esonrarla meu Criador admitindo que toda esta “Deus é Espírito; e aqueles que o adoram devem
luz, toda a demonstração do seu imenso poder em adorá-lo em espírito e em verdade”{Spirit ofProphecy
Ellen G. White e a compreensão da Trindade / 23

[Battle Creek, MI: Seventh-day Adventist Publishing sua salvação a Deus e ao Cordeiro”(James White,
Association, 1877], 2:143). Escreveu ela em 1904: Life Incidents[1868],343,toda ênfase adicionada).
“Deus é espírito; todavia Ele é um ser pessoal, por ”O título era uma asserção explícita de sua rei
que o homem foi feito à sua imagem” (Testimonies vindicação de ter recebido o dom de profecia.
for the Church [Mountain View, CA: Pacific Press, Ellen G White,Spiritual Gifis(SDAPublishing
1948], 8:263). Tiago White mantinha que Deus é Associaüon, 1864), 1:17-18,22-28; 3:33-34.
36
“um ser espiritual” (idem, Personality ofGod [Battle Ellen G White, ‘Testimony 17 (1869)”, in
Creek: SDA Publishing Assn., CA, 1868], 3). Testimonies for the Church (Mountain View, CA:
3’ Vários escritores adventistas citavam quase as Pacific Press, 1948), 2:200; cf. “O Filho de Deus
mesmas frases do credo. D. M. Canright cita dois estava na forma de Deus, e ele não considerava
credos: metodista e episcopal. O credo metodista usurpação ser igual a Deus”(E. G White, Spirit of
incluía a frase “sem corpo ou membros”, enquanto Prophecy[1877],2:10).
que o credo episcopal especificava que Deus é “sem “Asseverar que os afirmações do Filho e Seus
corpo, membros, ou paixões.” Canright afirmava ter apóstolos são os mandamentos do Pai está tão dis
conhecimento de “outros credos” que iam “ainda mais tante da verdade como o velho absurdo trinitariano
longe” e diziam que Deus é “sem centro ou circunfe de que Jesus Cristo é o verdadeiro e eterno Deus”
rência” (“The Personality of God”, Review and (James White, “The Faith of Jesus”, Review and
Herald, 5 de setembro de 1878, 81; cf. idem, 19 de Herald,5 de agosto de 1852,52).
setembro de 1878,97; J. B. Frisbie, ‘The Seventh- 38 James White,‘The Two Bodies”, Review and
Day Sabbath [sic] Not Abolished”, Review and Herald. 12 de outubro de 1876,116;cf. Froom, 178.
Herald, 1 de março de 1854, 50. Cf. James White, 3’James White,“Christ Equal with God”,Review
Personality of God. and Herald, 29 de novembro de 1877, p. 72.
28 ^ Ellen G White,‘The First Advent of Christ”,
Doctrines and Discipline of the Metodist
Episcopal Church (New York: Carlton and Porter, Review and Herald. 17 de dezembro de 1872, par.4;
1856), 15. cf. E. G White,“Bible Study”, Review and Herald,
29
Por exemplo. Êxodo 24:9-11; 33:20-23; João 11 de janeiro de 1881, par. 3.
1:18; Hebreus 1:1-3; Uriah Smith, The State ofthe “●i Uriah Smith chamou a Cristo de o primeiro ser
Dead and the Destiny of the Wicked (Battle Creek, criado (Thoughts on the Revelation [Battle Creek,
MI: SDAPublishing Association, 1873), 27-30. Note MI: SDA Publishing Association, 1865], 59), opi
a controvérsia de Smith contra qualquer “interpreta nião que ele repudiou em Looking Unto Jesus (Battle
ção mística de nossa corrente teologia” (ibid., 27). Creek, MI: Review and Herald, 1898), 17, 12.
30 42 Ellen G White, “An Appeal to the Ministers”,
O credo em questão era um credo metodista.
White, embora criada como metodista, estava mais Review and Herald, 8 de agosto de 1878, par. 4;
tarde estreitamente associada com adventistas que Ellen G White to E. J. Waggoner and A. T. Jones, 18
citavam este detalhe do credo como um dos aspectos de fevereiro de 1887 (Carta 37, 1887), facsimile in
‘Search the
antibíblicos do trinitarianismo. idem , 1888 Materials, 28.3; idem,
31
Ellen G White, A Sketch of the Christian Scriptures.’John 5:39”, Youth ’s Instructor. 31 de agos
Experience and Views [Visions] of Ellen G White to de 1887, par. 1; idem, ‘The Truth Revealed in
(Saratoga Springs, NY: James White, 1851). Jesus”, Review and Herald. 8 de fevereiro de 1898,
33 Ellen G White, Primeiros Escritos (Tatuí, SP: par. 2.
43 Ellen G White, “Christ Our Only Hope”, Signs
Casa Publicadora Brasileira, CD-ROOM), 77, ênfa
se original. ofthe Times, 2 de agosto de 1905. [De 44 a 48 copiar
33 Note a semelhança de expressão entre sua opi as citações do CD-ROOM - numeração 43 a 47]
nião ca. 1850 e o que ela escreveu em 1868: “O Pai e Ellen G White, O Grande Conflito (Tatuí, SP:
o Filho eram um na criação do homem, e em sua Casa Publicadora Brasileira), 524 - CD-ROOM. Cf.
redenção. Disse o Pai ao Filho: ‘Façamos o homem à a asserção de E. J. Waggoner de que “Nosso objetivo
nossa imagem.’ E o triunfante cântico de júbilo em nesta investigação é apresentar a posição correta de
que os redimidos tomarão parte, é “Aquele que se Cristo de igualdade com o Pai, a fim de que Seu poder
assenta sobre o trono, e ao Cordeiro, para todo o para redimir possa ser melhor apreciado” (Christ and
sempre. His Righteousness [Riverside, CA: The Upward Way,
“Jesus orou para que seus discípulos fossem um 1988]; 19).
45
como Ele era um com seu Pai. Essa oração não con White, O Grande Conflito, 493,495.
templava um discípulo com doze cabeças, mas doze ““ Ibid., 493; idem. Patriarcas e Profetas (Tatuí,
discípulos, feitos um em objetivo e esforço na causa SP: Casa Publicadora Brasileira), 34:1; cf. Idem,
de seu Senhor. Nem são o Pai e o Filho membros do “That We Might Be Partakers of the Divine Nature”,
‘Deus triúno.’ Eles são dois seres distintos, porém Signs ofthe Times, 14 de outubro de 1897, par. 3.
47
um no desígnio e realização da redenção. Os Ellen G White, Patriarcas e Profetas, 36 -
redimidos... atribuem a honra, e glória, e louvor, de CD-ROOM.
24 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

48
Patriarcas e Profetas(1890)foi uma amplifi 1901-1950, Fichário de J. B. Kellogg, Arquivos da
cação de uma obra anterior,Spirit ofProphecy, vol. 1, Associação Geral, Silver Spring, MD.
6i
(1870),onde a correspondente sentença simplesmen Ellen G White to the Teachers in Emmanuel
te diz: “O Filho estava assentado no trono com o Missionary College,22 de setembro de 1903(‘Teach
Pai, e a multidão de santos anjos celestiais estava the Word’),” in Spalding and Magan 's Unpublished
reunida em torno deles” (E. G White, Spirit of Manuscript Testimonies ofEllen G White, 1915-1916
Prophecy.[1870], 1:17). (daqui por diante identificado como Spalding-Magan
49
Ellen G. White, Special Testimonies for Collection(Payson,AZ: Leaves-Of-Autumn Books,
Ministries and Workers,[series 1]n“ 10(Battle Creek, 1985), 320.
6S
MI: General Conference of SDAs, 1897), 25,37. Ibid., 320-321.
so
Ellen G White,The Desire ofAges,fMountain “Ibid.,324. Kellogg insinuava em Living Temple,
View,CA:Pacific Press, 1940). 530,671. 29-32, que o conceito de um Deus pessoal era (no
51
O mundo foi feito por ele,‘e sem ele nada do final das contas uma construção irreal) para o benefí
que foi feito se fez’. Se Cristo fez todas as coisas,ele cio de mentes imaturas, sugerindo que intelectuais
existiu antes de todas as coisas. As palavras faladas como ele mesmo podiam perceber a realidade além
em relação a isto são tão decisivas que ninguém pre da acomodação antropomórfíca.
67
cisa ser deixado em dúvida. Cristo era Deus essenci George I. Butler tinha sido presidente da As
almente, e no mais elevado sentido. Ele estava com sociação Geral(1871-1874, 1880-1888), e em 1903
Deus desde toda a eternidade. Deus sobre todos, foi o presidente da União-Associação do Sul.
68
bendito para sempre.” J. H. Kellogg to G I. Butler, 28 de outubro de
“O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, 1903 [uma das duas cartas de Kellogg a Butler na
existiu desde a eternidade,como uma pessoa distin mesma data]. Centro de Pesquisa Adventista,
ta, todavia um com o Pai” (Ellen G White,‘The Andrews University, Berrien Springs, MI.
Word Made Flesh,” Review and Herald,5 de abril de « GI.Butler to J. H. Kellogg,5 de abril de 1904.
70
1906, par. 6-7, ênfase suprida). Ellen G White,‘Teach the Word,” 22 de se-
Ellen G White, Ms. 130, 1901,in Manuscript tembrode 1903,\n Spalding-Magan Collection, 321.
71
Releases, 16:205; idem,Special Testimonies, Series E. G White, Special Testimonies, Series B, n”
B, n“ 7(St. Helena, CA: pela autora, 1905), 51,62- 7,63.
63. 72
53 Ibid., 62, aludindo a Apocalipse 2:24.
Canale, 128-130. Ibid., 61.
54
74
Sobre a crise de Kellogg, veja R. W.Schwarz, Ibid., 63-64.
John Harvey Kellogg, M.D.(Berrien Springs, MI: Ibid., 62.
Andrews University Press, 1981), 174-192; idem, Ibid., 62-63.
77
Light Bearers to the Remnant(Moutain View, CA: E. G White,Selected Messages,(Washington,
Pacific Press, 1979), 282-298; Jerry Moon, W. C. DC: Review and Herald, 1958), 1:203.
78
White and Ellen G White: The Relationship between Ibid., 204.
79
the Prophet and Her Son (Berrien Springs, MI; Diener.
80
Andrews University Press, 1993), 274-320. Textos bíblicos que Ellen White citou apoian
55
Froom, 351.
56 do vários aspectos de uma opinião trinitariana inclu
W. A. Spicer, ‘‘Pantheism Here and in Its em Romanos 8:16 (Evangelism [Washington, DC:
Ancient Setting”,in How the Spirit ofProphecy Met Review and Herald, 1946], 617); 1 Coríntios 2:10-
a
Crisis: Memories and Notes ofthe “Living Temple 14(ibid.); João 16:7-14(ibid., 616); João 14:16-18,
Controversy", [1938], capítulo 13. http://www. 26; 26; 16:8, 12-14 (Desire ofAges, 669-671); e
sdanet.org/atissueatissue/white/spicer/index.htm, Colossenses 2:9 (Evangelism [Washington, DC:
acessado em 18 de setembro de 2003. Review and Herald, 1946],614).
57
Veja J. H. Kellogg,‘‘God in Man,n“ 1”, ‘‘God F. M.Wilcox foi editor da Review and Herald
in Nature, n” 2”, e ‘‘God in Man, n° 3”, in General de 1911-1944 e um dos cinco curadores originais
Conference Daily Bulletin, 1897,72-84. indicados por Ellen White para superintender seu
J. H.Kellogg, The Living Temple(Battle Creek, patrimônio.
82
MI: Good Health, 1903). [F. M. Wilcox], ‘‘The Message for Today”,
59
Ibid., 28-30. Review and Herald, 9 de outubro de 1913, 21.
60
Ibid., 28. 83
61 Moon,‘‘The Adventist Trinity Debate, Part
Ibid. 1”, 122.
62
Ibid., 29. 84
63 James White, Day-Star, 24 de janeiro dc
Veja, por exemplo, W. W. Prescott, 1846, 26.
85
“Suggestions on Mattrer Found on Galleys 1-129, ‘Precisamos compreender que o Espírito San
Inclusive, of Matter for Dr. Kellogg’s New Book, to, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus,
The Living Temple",Record Group 11,A.G Daniells, está andando por estes terrenos, invisível aos olhos
Ellen G. White e a compreensão da Trindade / 25

humanos; que o Senhor Deus é o nosso Guardador e da como uma de identidade em vez de correspon
Auxiliador. Ele ouve cada palavra que proferimos e dência. As obras de salvação são produzidas no tem
conhece cada pensamento da mente”(E. G. White, po e na História pela Trindade imanente [Fritz Guy,
‘Talk at Avondale School,” 25 de março de 1899, in “What the Trinity Means to Me,” Adventist Review,
Sertnons and Talks [Silver Spring, MD:E. G White 11 de setembro de 1986, 13] por meio de suas dife
Estate, 1994], 2:136-137. rentes Pessoas, concebidas como centros de per
“E.G White,Special Testimonies, Series B,n°7 cepção e ação. Consequentemente,a indivisibilidade
(1905),62-63. das obras de Deus na História não é concebida pe
»’Canale, 150. los adventistas como sendo determinada pela
Ibid., 148-150. Em um nível mais popular, unicidade da essência-conforme ensinada na tradi-
veja Moon, “The Trinity in the Reformation Era: ção clássica agostiniana- mas antes pela unicidade
Four Viewpoints,” in The Trinity: Understanding da tarefa histórica da redenção [Raoul Dederen,
^God’s Love, His Plan of Salvaiion, and Christian “Reflections on the Doctrine of the Trinity”, A Í/SS
Relationships, Woodrow Whidden, Jerry Moon e 8(Primavera de 1970): 20]. O perigo de Triteísmo
John W. Reeve (Hagerstown, MD: Review and envolvido neste ponto de vista toma-se real quan
Herald), 166-181. do a unicidade é reduzida a uma mera unidade con
Fernando Luis Canale, A Criticism of cebida em analogia com uma sociedade humana ou
Theological Reason: Time and Timelessness as Pri uma comunhão de ação ou atividade. Além de tal
a
mordial Presuppositions, Andrews University unidade de ação, porém, é necessário imaginar
Seminary Doctoral Dissertation Series, vol. 10 Deus como a única realidade que, nos próprios atos
(Beerrien Springs, MI: Andrews University Press, pelos quais Ele se revela diretamente na História,
1983),359,402,n° 1;idem,“Doctrine of God,” 117- transcende os limites de nossa razão humana [W.
118, 126, 128-129, 132, 138-140, 145, 148-150. W.Prescott, The Saviorofthe World(Takoma Park,
<» Canale,“Doctrine of God,” 148. MD: Review and Herald, 1929), 17]. De modo al
” Canale, 150, elabora: “Finalmente, tendo-se gum pode a mente humana atingir o que a doutrina
afastado da concepção filosófica de Deus como clássica sobre a Trindade alega perceber, ou seja, a
atemporal e tendo aceito a concepção histórica de descrição da estrutura interna da natureza de Deus.
Deus conforme apresentada na Bíblia,os adventistas Juntamente com toda a criação, devemos aceitar a
vêem a relação entre a Trindade imanente e modera¬ unicidade de Deus pela fé(Tg 2:19).

Ceatra

loâíêS
As DECLARAÇÕES TRINITARIANAS
DE Ellen G. White: o que ela
REALMENTE ESCREVEU?
Tim POIRIER,M.T.S.
Diretor-associado do Ellen G White Estate,Inc.,Silver Spring,Maryland,EUA

Resumo: O artigo demonstra a auten te o que ela escreveu e ensinou.' Essas


ticidade das declarações trinitarianas en pessoas afirmam aceitar o escritos profé
contradas nos textos de Ellen G. White. ticos de Ellen G White,enquanto questio
Por meio de pesquisa nos manuscritos ori nam a autenticidade de suas declarações
ginais conservados, bem como nos docu que confirmam a crença da Igreja quanto
mentos datilografados ou impressos onde a três pessoas distintas, co-etemas, e ple
aparecem as revisões feitas de próprio namente divinas na Divindade — Pai, Filho
punho pela escritora, o autor desacredita e Espírito Santo.
os argumentos com os quais os dissiden Este artigo não tentará definir ampla
tes acusam a Igreja e sua liderança de mente o conceito de Ellen White quanto à
adulterar os textos. Além de fornecer es
Divindade,nem discutir se houve qualquer
clarecimento quanto ao processo de desenvolvimento em sua posição. O inte-
editoração e publicação dos textos de Ellen resse básico é na autenticidade das decla-
G White na época,o artigo traz um apên
rações-chave de Ellen G White, à luz dos
dice com as reproduções dos documentos documentos disponíveis. Deve-se, por ou
originais mencionados no artigo. tro lado, afirmar claramente que a crença
Abstract; The article demonstrates fundamental da Igreja na Trindade não está
baseada nos escritos de Ellen G White, mas
the authenticity of the Trinitarian
em sua compreensão da verdade bíblica.
declarations found in the writings of Ellen
G White. Researching the handwritten
A TERCEIRA PESSOA DA DiVINDADE
manuscripts, as well as the typed or
impressed ones that bring the revisions Para muitos adventistas, as declarações
made personally by the writer, the author de Ellen G White publicadas são conclusi-
discredit the theory used by the opponents vas quanto ao seu ensino sobre a questão.
that accuses the Church and its leadership No livro O Desejado de Todas as Nações
of adulterate the texts. Besides clarifi- ela escreve que “o pecado pode ser resisti
cations regarding to the process of editing do e vencido apenas através da poderosa
and publication of Ellen G White texts at agência da terceira pessoa da Divindade,a
her time,the article brings an appendix with qual viria com energia não modificada e na
the reproductions of the original documents plenitude do poder divino”(p.671).E des
mentioned in the article. ta forma que o texto é lido desde sua pri
meira publicação em 1898. Assim, como
Introdução podem os oponentes escapar da sua inter
pretação natural de que há três pessoas
Certos oponentes da segunda crença distintas na Divindade?
fundamental da Igreja(“a Trindade”), ar
gumentam que as declarações de Ellen G. Primeiro,sugerindo que a expressão foi
White quanto ao assunto não podem ser incluída em O Desejado de Todas as Na
consideradas como refletindo corretamen- ções por meio da influência dos assisten-
1
28 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

tes de Ellen G. White, ou por meio de de Ellen G White,dirigida aos “Meus irmãos \
Herbert Lacey, ou ainda W.W. Prescott.^ na América”, datada de 6 de fevereiro, de j
Segundo, indicando que as palavras “ter 1896. Ela escreveu:“O mal tinha se acumu- \
ceira pessoa” não estão em letras maius lado por séculos, e podería apenas ser limi
culas na edição original de 1898,significan tado e resistido pelo grandioso poder do Es
do que a palavra “pessoa” é usada em um pírito Santo,a terceira pessoa da Divindade,
“sentido geral”.^ Terceiro, sugerindo que o qual viría com energia não modificada, mas ;
enquanto há em realidade duas pessoas na na plenitude do poder divino.”^ Esta carta j
divindade, “o efeito real para nós é que foi copiada e enviada da Austrália para os
há três seres divinos”, uma vez que o Espí líderes da Igreja em Battle Creek, onde es
rito Santo é chamado “o outro Consolador”. tava o presidente da Associação Geral, O. |
De acordo com esta posição, o Espírito A. Olsen, e publicada no ano seguinte, em
Santo é “o Espírito (presença) do Pai e/ou um panfleto que circulou entre líderes e mi
de Cristo”, e não realmente uma terceira nistros da Igreja {Special Testemonies, n°
pessoa divina distinta.'* 10,25-33). Esta publicação contemporânea
Não tomaremos tempo para analisar a provê outra evidência - além da óbvia data j
terceira interpretação, exceto observan do direito autoral - de que esta passagem j
do posteriormente outra declaração de em O Desejado de Todas as Nações en
Ellen G White que fala do Pai, do Filho e contra-se precisamente como ela foi |
do Espírito Santo como “três agências dis orínalmente publicada em 1898. (
tintas” trabalhando juntas em favor da hu A Figura 1 (p. 29) é uma cópia esca-
manidade. Mas as duas primeiras obser neada da primeira página desta carta, de
vações atacam a autenticidade do texto e, monstrando a sentença-chave no segundo
portanto, nosso interesse concentra-se em parágrafo. O cético perguntará como sa
investigar esta posição. bemos que esta carta veio realmente de ;
Pode-se confiar nesta passagem de O Ellen G. White? O que diz o manuscrito ori
Desejado de Todas as Nações como re ginal? Infelizmente para nós, que vivemos
presentando o que Ellen G White realmente em 2006,Ellen G. White raramente preser
escreveu? O que o manuscrito original diz? vou cópias originais de suas cartas, depois
que elas sido transcritas e haviam recebido i
O White Estate freqüentemente rece sua aprovação. Nós ainda vemos que em
be este tipo de pergunta por parte de pes certas outras instâncias somos afortunados
soas que questionam a leitura ou ensino em ter o manuscrito original, mas para esta
de uma declaração publicada. Alguns fi carta o manuscrito original não é conheci- i
cam surpresos quando dizemos a eles que do como tendo sobrevivido. ’
Ellen G. White não escreveu seus capítu Mas nós temos outras evidências de
los por extenso, como eles aparecem em
sua autenticidade. As páginas 5,6 e 7 con
livros tais como Caminho a Cristo e os
têm, em entrelinhas, registros manuscri
da série O Conflito dos Séculos. Ela cer
tos de Ellen G. White, os quais ela
tamente foi a autora do texto, mas a mai
freqüentemente acrescentava depois de
or parte do material compreendendo os ca
leitura posterior do documento. A Figura
pítulos como os temos foi compilado de 2(p. 30) é uma cópia escaneada da pági
outros dos seus escritos anteriores, inclu
na 6, demonstrando estas alterações
indo seus sermões, cartas e artigos.^ As interlineares e provendo a evidência de que
sim, para encontrar o manuscrito original
esta carta foi, de fato, revista pela própria
de qualquer passagem em seu livro O Ellen G. White. Assim, estamos em base
Desejado de Todas as Nações, devemos
sólida ao concluir que esta sentença-cha
determinar a fonte e se um rascunho ma
ve em O Desejado de Todas as Nações
nuscrito do documento está disponível. não passou despercebida aos olhos da sra.
Qual, então, é a fonte desta sentença na White e entrou para o manuscrito do livro,
página 671 de (9 Desejado de Todas as quer por intermédio dos seus assistentes
Naçõesl Nós a encontramos em uma carta ou por outros líderes da Igreja.

I
As DECLARAÇÕES TRINITARIANAS DE ElLEN G. WhITE / 29

O que diriamos quanto ao segundo ar é a cópia escaneada da página contendo


gumento,de que as palavras “terceira pes- a sentença-chave. Assim, o que quer que
soa não aparecem com letras maiuscu as alegadas “conspirações” tenham feito
las nas edições mais antigas? Como vi quanto às palavras que aparecem em
mos na Figura 1, a frase também não apa Evangelismo, elas não podem ter sido ori
rece com maiusculas na carta original. ginadas pela liderança da Igreja na déca
Uma comparação adicional entre as car da de 1940. A passagem apareceu na im
tas de Ellen G. White, seus artigos publi pressão de 1906, publicada pela autora -
cados e livros, indica que este estilo edito Ellen G. White.
rial, sem intenção teológic i, governou tais Buscando a fonte deste material, des
questões quanto a se os pronomes refe cobrimos que ele vem do Manuscrito 21,
rindo-se à Divindade deveríam aparecer de 1906,escrito em novembro de 1905,in
em maiusculas. Se o argumento de que o dicando a data da transcrição como 9 de
uso de letras minúsculas na “terceira pes
janeiro de 1906. A Figura 5(p. 33)é a có
soa”, demonstra que a sra. White não es
pia escaneada da página 4, na qual esta de-
tava atribuindo status de divindade ao Es
claração-chave aparece. A sentença é idên
pírito Santo,então deveriamos explicar por tica à que foi publicada na Série B,exceto
que nas mesmas edições anteriores, o pro que na versão impressa um ponto-e-vírgu-
nome pessoal “Ele” (referindo-se ao Es la foi substituído por uma vírgula depois das
pírito Santo) duas vezes aparece em mai
palavras “trio celeste”.
uscula no parágrafo imediatamente ante
rior(p.671:1), bem como em outros luga A Figura 6(p. 34)é a cópia escaneada
res no mesmo capítulo. da primeira página deste manuscrito, mos
trando as correções manuais da sra. White
Três pessoas vivas - evidência de que ela pessoalmente revi
sou a cópia datilografada. Assim, vemos que
Analisaremos agora uma signicafícativa o que foi publicado em Evangelismo, re
declaração do livro Evangelismo. Trata- flete corretamente o que foi publicado na
se de uma compilação, publicada em 1946, Série B, a qual, por sua vez, reproduz cor
uma década antes dos diálogos entre os retamente o manuscrito de Ellen G. White
adventistas e evangélicos, que resultaram como revisado por ela.
no livro Questions on Doctrine. Entretan
Podemos avançar mais um passo, po
to, os questionamentos associados a este
rém, nesta questão. A Figura 7(p. 35) é a
período têm levado alguns a lançar uma
sombra de ceticismo nesta clara declara cópia escaneada de uma página do diário
da sra. White,onde é encontrado o original
ção trinitariana:
não editado da cópia escrita a mão do Ma
Há três pessoas vivas pertencentes ao trio ce nuscrito 21, 1906. Isto é o que foi transcri
leste; em nome destes três grandes poderes - o to pelas secretárias de Ellen G. White. Na
Pai,o Filho e o Espírito Santo - os que recebem a passagem-chave, como originalmente es
Cristo por fé viva são batizados, e estes poderes crita por Ellen G. White,lê-se: “Aqui estão
cooperarão com os súditos obedientes do Céu em as três personalidades vivas do trio celestial,
seus esforços para viverem nova vida em Cristo.’ nas quais cada alma arrependida dos seus
pecados, recebe Cristo por fé viva, para
Será que esta declaração corretamente
aqueles que são batizados em nome do Pai,
representa o que Ellen White escreveu?
e do Filho e do Espírito Santo.”
A Figura 3 (p. 31) é uma cópia
escaneada da folha de rosto da fonte em Neste ponto encontramos uma ques
que se encontra a citação de Evangelismo tão interessante. Colocando de lado deta
- Special Testemonies, Série B, n° 7. De lhes rotineiros de correções gramaticais -
particular interesse é observar no final da que as assistentes da sra. White foram ins
página a frase “Published for the Author” truídas a fazer quando transcrevendo o
(Publicado pela Autora). A Figura 4(p. 32) rascunho de manuscritos o que deverí-
T

30/ PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

amos fazer com a sua mudança de “três que não apenas existem três seres na Di
pessoas” para “três personalidades”? Aqui vindade, mas que eles são “pessoas”. Ou
está a evidência, argumentam os promo tra afirmação publicada em Evangelismo
tores do antitrinitarianismo, de que Ellen diz isto em termos evidentes: “O Espírito
G White estava fazendo uma distinção en Santo é uma pessoa, pois ele dá testemu
tre “personalidades” e “pessoas,” como a nho ao nosso espírito de que somos filhos
sentença finalmente se encontra na trans de Deus.”'°
crição do manuscrito.
Novamente nos perguntamos, o que
Deveriamos ler algo substancial nesta Ellen G. White realmente escreveu? A Fi
mudança de “pessoas” para “personalida gura 10 (p. 36) é uma cópia escaneada
des”? Um amplo estudo do uso que a sra. da fonte citada no livro Evangelismo -
White faz destes termos está fora dos Manuscrito 20, 1906, p. 9. Não apenas
parâmetros do nosso interesse neste arti este manuscrito atesta a aprovação da
go, contudo é suficiente dizer que, como sra. White(no topo da sua primeira pági
sua primeira definição, o dicionário na lemos:“Eu li isto cuidadosamente e o
Webster indica “personalidade” como “a aceitei”- Figura 11, p. 37). Possuímos o
qualidade ou estado de ser uma pessoa” original do rascunho escrito a mão, que
e,em seu uso teológico,“qualidade ou es foi transcrito por suas secretárias. A Fi
tado consistindo de distintas pessoas, dito gura 12 (p. 38) é uma cópia escaneada
acerca da Divindade”.® Meu estudo pes da sentença-chave: “O Espírito Santo é
soal do uso de Ellen G. White é o de que uma pessoa, pois Ele dá testemunho ao
ela utiliza estes dois termos de forma nosso espírito.”
intercambiável,razão pela qual,sem dúvi
Mas, dizem os promotores do
da, ela esteve completamente satisfeita
antitrinitarianismo, o Pai e o Filho são pes
com a leitura final da transcrição, como
vimos nas Figuras 5 e 6. soas. A referência não diz que “O Espírito
Santo é uma pessoa, separada ou distinta
Além do mais,se escrevendo “três per de Deus o Pai.”"
sonalidades'', Ellen G White quis evitar a
alusão a “três pessoas na divindade”, so Não,esta referência não diz isto. Mas
mos forçados a explicar por que ela clara Ellen G White tem mais a dizer sobre o
mente escreveu “três pessoas” em um do tema em outro lugar. O Manuscrito 93,
cumento anterior: Manuscrito 57, 1900, 1893, diz: “O Espírito Santo é o Conso
publicado no Comentário Bíblico lador, em nome de Cristo. Ele personifi
Adventista do Sétimo Dia: ca Cristo, contudo é uma personalidade
distinta.”'^
A obra está colocada diante de cada alma que
reconhece sua fé em Jesus Cristo pelo batismo, e A Figura 13 (p. 38) é uma cópia
se tomou um recepiente da promesa das três pes escaneada do rascunho escrito à mão por
soas-o Pai, o Filho e o Espírito Santo.’ Ellen G. White,confirmando a transcrição.
O Manuscrito 27a, 1900 acrescenta esta
A Figura 8 (p. 35) é uma cópia descrição:“O Pai,o Filho e o Espírito San
escaneada deste manuscrito e, como no to, poderes infinitos e oniscientes, recebem
exemplo anterior,somos afortunados em ter aqueles que verdadeiramente entram em
”13
o rascunho original escrito a mão, que foi relação de concerto com Deus.
transcrito pelas secretárias de Ellen G
Observe como os atributos da Divinda
White. Como podemos ver na Figura 9(p.
35),não resta qualquer dúvida de que a sra. de são aplicados a cada pessoa. Isto é se
White escreveu “as três pessoas - o Pai e guido da seguinte declaração: "'Três agên
o Filho e o Espírito Santo”. cias distintas,o Pai,o Filho e o Espírito Santo,
”14
trabalham juntas pelos seres humanos.
O uso que Ellen G White faz de “ter
ceira pessoa” e “três pessoas no trio O rascunho original escrito à mão deste
manuscrito não existe mais, mas a trans-
celestial” indica claramente sua crença de
As DECLARAÇÕES TRINITARIANAS DE ElLEN G. WhITE / 31

crição dele não apenas estampa a assina O manuscrito original não é conhecido
tura de Ellen G. White,como também suas como existente, mas a carta, como trans
correções interlineares, como visto nas Fi crita pela secretária de Ellen G White, es
guras 14 e 15 (p. 39 e 40). tampa a sua assinatura e outras correções,
significando sua aprovação à carta. Veja a
É o Espírito Santo Figura 16(p. 41 e 42).
o REPRESENTANTE DE CrISTO Será que a frase na carta original esta
OU O PRÓPRIO Cristo? belece que a sra. White cria que o Espírito
Santo e Cristo não são pessoas distintas?
Tendo em mente as ceclarações de
Ellen G White,sem qualquer ambigüidade, Nós já observamos várias declarações
acerca do “trio celeste”, vamos agora exa de Ellen G. White afirmando que existem
minar outra passagem relacionada com a “três pessoas” na Divindade, e que o Es
natureza do Espírito Santo, que os promo pírito Santo é uma “personalidade distin
tores do antitrinitarianismo usam como ta”. Como estas afirmações, cronologica
apoio. Ela aparece na página 669 de O mente, tanto antecedem como seguem a
Desejado de Todas as Nações: fraseologia desta carta, a consistência nos
O Espírito Santo é o representante de Cristo, levaria a esperar que ela não esta introdu
mas despojado da personalidade humana,e dela in zindo uma nova compreensão do Espírito
dependente. Limitado pela humanidade.Cristo não nesta passagem. De fato, nós encontra
podería estar em toda parte em pessoa. Era,portan mos a mesma linguagem de representa
to,do interesse deles que fosse para o Pai,e envias ção” utilizada nesta carta, como nós en as
se o Espírito como seu sucessor na Terra. Ninguém contramos em O Desejado de Todas
podería ter então vantagem devido á sua situação ou Nações. O parágrafo na carta onde esta
seu contato pessoal com Cristo. Pelo Espírito, o sentença aparece, começa com a decla
Salvador seria acessível a todos. Nesse sentido,es
ração: “Embora nosso Senhor tenha as
taria mais perto deles do que se não subisse ao alto. cendido da terra ao céu, o Espírito Santo
foi indicado como seu representante en
O enfoque desta passagem é a presen
tre os homens.”
ça de Cristo por meio do seu representante
-o Espírito Santo.A distinção pessoal entre Ellen G White adicionalmente explica o
Cristo e o Espírito Santo é cuidadosamente significado de suas palavras “O Espírito
expressa no texto, mas os promotores Santo é Ele mesmo” acrescentando que
antitrinitarianos indicam o manuscrito fonte “Cristo se representaria a si mesmo como
desta passagem.Nós a encontramos em uma presente em todos os lugares pelo seu Es
carta a Edson White e sua esposa, datada pírito Santo.
de 18 de fevereiro de 1895.*^ Como é a lei
Na misteriosa união que existe entre os
tura deste texto na carta original?
membros da Divindade, a presença do Es
Limitado por sua humanidade. Cristo não po pírito Santo é sinônima da presença pesso
dería estar em toda parte em pessoa; portanto, era al de Jesus; contudo, suas identidades dis
do interesse deles que ele os deixasse,e fosse para
tintas são preservadas.
o seu Pai e enviasse o Espírito Santo para ser o seu
sucessor na terra. O Espírito Santo é ele mesmo A mesma idéia é encontrada em outras
despojado da personalidade humana,e assim inde passagens da sra. White, tais como.
pendente. Ele se representaria a si mesmo como
presente em todos os lugares pelo seu Espírito Quando vós receberdes a Cristo como vosso
Santo, como o Onipresente.'* Salvador pessoal, haverá uma marcante mudança
em vós; sereis convertidos e o Senhor Jesus pelo
O que é de particular significado para os seu Espírito se erguerá ao vosso lado.”
não trinitarianos é que onde O Desejado e
de Todas as Nações apresenta “O Espírito
Santo é o representante de Cristo”, a carta Eu testifico aos meus irmãos e irmãs que a
original lê“O Espírito Santo é Ele mesmo.” igreja de Cristo, fraca e defeituosa como possa
32/ PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

ser, é o único objeto na terra ao qual Ele concede Conclusão


sua suprema consideração. Enquanto Ele estende
a todos o seu convite para virem a Ele e serem Em conclusão, não podemos abordar
salvos... Ele pessoalmente vem pelo seu Santo Es
o tema da Divindade sem reconhecer as
18
pírito em meio à sua Igreja. limitações da conceituação e linguagem
humanas. Uma coisa é examinar o que
Como explicar então a mudança nas pa um autor inspirado escreveu; outra com
lavras de O Desejado de Todas as Na pletamente diferente é dizer que enten
ções! Nós temos apenas a carta de 1895, e demos isto completamente.
nenhum rascunho para a leitura final do ca Nosso interesse neste artigo, contu
pítulo,deixando-nos com a conclusão de que do, não foi discorrer sobre o mistério da
o que foi publicado em 1898 representa a Divindade, mas sobre a fidelidade de cer
leitura editada e aprovada pela autora.'® A tas declarações descritivas encontradas
linguagem adotada por Ellen G White em O nos livros de Ellen G. White. Encontra
Desejado de Todas as Nações ajuda o lei mos que os manuscritos originais, as
tor a evitar a má interpretação que surge transcrições aprovadas, e/ou as primei
quando a sentença, como originalmente ras edições de suas obras publicadas,
construída,é isolada de todo o parágrafo do apoiam as expressões trinitarianas en
seu contexto original. contradas hoje em seus escritos.

Referências edição, Unabridged (Springfield, Mass.; G. & C.


Merriam Co.. 1954).
'Artigo traduzido do original em inglês por Amin ’£. G White, SDA Bible Commentary, 6:1074. I
A. Rodor, Th.D. Ênfase acrescentada. '
10
^ Por exemplo, veja Rachel Cory-Kuchl, The Evangelism, 616, 617.
Persons of God (s.l.: Aggelia Publications, 1996), Cory-Kuehl, 177.
159-188. E. G.White, Manuscrito 93, 1893, publica
^ www.creation-sxeventh-day-adventist-church. do em Manuscript Releases, 20: 323-325. Ênfase i
org/Binary/Essays/ePioneer.html (acessado em, 11/ acrescentada. j
04/2005). E. G. White, Manuscrito 271, 1900, publica- j
^ Cory Kuehl, 187-177. do em SDA Bible Commentary, 6:1075. Ênfase i
^ Para O Desejado de Todas as Nações este pro acrescentada. j
cesso é descrito em Arthur L.White, The Australian Ibid. Esta porção não está publicada no SDA \
Years (Hagerstown, MD: Review and Herald Bible Commentary. \
IS
Publishing Association, 1893), capítulo 32, e, para E. G White, Carta 119. 1895. |
16
maiores detalhes, veja Robert W. Olson, How The Publicado em Manuscript Releases, 14: 93. j
17
Desire ofAges Was Written(Washington, D.C.,Inc., E. G White, Manuscrito 13, 1897, publicado {
1979)e Fred Veltman,Full Report ofthe Life ofChrist emMind, Character, and Personality, 1:124-125.
18
Research Projet(n.p.: Life ofChrist Research Project, E. G.White, Carta 2d, 1892, publicada em
Review Committee, 1988). Testemonies to Ministers, \5. |
E. G White, Carta 8, 1896. ’’Contra o argumento de que a leitura publicada |
’E. G White, Evangelism (Hagerstown, MD: não reflete os ensinos de Ellen White,ergue-se o fato [
Review and Herald, 1946),615. Extraído de Special de que o texto permaneceu não-retocado por ela ao j
Testemonies, Series B,n“7,publicado em 1906. longo dos 17 anos anteriores à sua morte, e que a i
* Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary, 11" passagem foi repetida em um artigo que ela supriu
edição (Springfield, Mass.: Merriam-Webster, Inc. para as Leituras da Semana de Oração, publicadas na
2003); Webster's New International Dictionary, 2“ Review and Herald de 19 de Novembro de 1908.
As DECLARAÇÕES TRINITARIANAS DE ElLEN G. WhITE / 33

Figura 1
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Ma-- (eopr.)
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●Sunnyslda, ●● Oeoranbong, Februmry «, X890.
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prova the «rld of ain. " Chrlat Icntivr thui thls atmoimeeraent was a «on~
dorful trust. H« ^QB nearln^ th» eloao of hia alnlatry upori thl* earth ,

an^ ia» Btnndlns In vlo?? of tho oross, wlth a full roaXlsatlon of tho
toO lood of gollt that laiiat bo.placad «pon hla as tho sln-b *ar«r, Yot hls

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- ^
* á’ for theai, and ho told thoB.» "TXrrorthWoso I toll yoa tho trwth; It Is
«xpodlont for you that I ijo a«y: for If I go not array. ths Coarfortor

irlH not efta» unto yeu; bnt If I dopart, I irlll soiid hlai tmto you."

^11 haá b««n aceomulatlns for eonturles, and oonld only be ro-

^Btratnod aoid roaisted by tho olfrhty powar of tho Hely fíplrlt, tho third

r ^poraot) of the Oodhead, »ho woiíld ecoo vtth no «odlfled ensrsy. b»t la
^th® fulnesB of divina povsr. [teothar splrlt isuat b« a*t; for tha oa-

^ssnso of ovll «a* oorlclna in all irays* and th« snhialSBlon of mêtn to thls
^tanlc OBptWlty vas adiaxlng.

To-day, as In Chrlst*s dà/i Satan rulBs the alnás of aany. 0 that


hls terrible, fenrful work oould be dlseom^d and reslstod. rtelfJahneoa

has perverted principias^ selftshriass has eonfusad iho aonaes and eloudrd

tha Jnd^aMmt. It sesAS so strange that notslthstandlns the lipht


'●i that is ahinlng from nod's blassad oord, Ihare should ba sueh strang®

Jdeas hBld, sneh a daparture froio tha splrlt and praetlsa of trvth. Tha

dasire to grasp larga asgaB» vlth a dataminatlon to daprlva othors of

thalr Ood-glTori rifd^ts, has Us orlgln in flatan's alnd; and hy ihalr ob^
dlanea to hlB vllX and way nan plaasa thaaselTas undar hls tennar.
34 / PaROUSIA - r SEMESTRE DE 2006

Figura 2

>

bldden lo coaaiunleat» th» llght freji th» burning lampo to olhers» th»t
th» rogioi» of darfen*?»» oay have oprortunity to h«sr th» »avlng n»»sogo*
sotng th.lr duty, I
y^cjwi^ úh3fU/z/> ^
Vhat are vo doing? ^ jroo belleve that thla la th» psrlod in
§-
'Thioh T» are to labor aa novor bofore for th» oolraflon of elntiers? Moir

uuoh bfi+^t«r yoi’ trould har» beon oiiployod In dolng thlé class-of ‘^orà: th«t
In talclnc «p liue» of work whloh tho T<ord n«v«r aat you to do. I
aak; in your oOMnclla, In yonr ■®or»lc:n Mlaalonar:' T^oard, aro Oh rlntlans,

P thnt «vory ono of you eoTild s»rr» for a tim» in <


w l-tí<ScCoo >tÜotí^ tA~Èu£^ y/ÍAir^4k.^c^^^^Hr <£>,
foroi/:^ coioitrlaa. Thon you votad kiior/» nn«h better than you no-# do«
A * J'
what fi slf-donlal and aolf-aícrlfioe moan. And If you «rore p-^rraittod tèi-
*^tur«» yoo wouid vork awch taor» Intolllg-sMtly, Your yea and your nay
vould b» apokeii wlth a auoh grarer burd«n» and with a aonao of tha r«-
cponaiblllty invclvod. But as yot, you ha»» not touehad «▼«» th» bordar.
Th» Indlfferanca with whloh deoision» oro load» in regarrt to th»ft».o thlngs^
1» an offaria» to Ood.
4

●rhore you aro, you híwe »w«ry faetlity for th» wo^, (uid yoct kno-w
nethlns about th» hardahlp of «tartlng th» wo?dc in now. fiolds, a
poopla that hars aoarecly atv knowladgo of ataslonary vofk. irorJccra aro

Bppolatad aa alsoionarioa to th«»o forelgn flalds, %tid tho» thoy «r»


4:^
l»ft to e«t «long ha boat th»y cai», while thoa» at th» haart of th» woric
thiiiH it Tory loporlant to do ●ot»»thlng that hotí bettor be loft undon».
O if SOB» eould oaly onco haro n eenac of how tho Lord looka upon thoir
oonrs» for asveral ycara paat, thoy would hid® th4k»s«Xw«« for shio».

Th«y would labor, thoy would d«ny »»lf, that th»y mlí^t aend all thoy
oottld potaibly gnthar, to foreign flelds. If you only knav what yon
ahould know In your pooltlon. IdHUli th» «alia of «iaaionarlea wotad atlr
I
●T»ry fib»r of yonr balng. Ho» intanaely you would labor; how solf-de-
nytog you veald bo, that y»u mii^t aatid faoilltioa to thoao who nuat haw»
thaoi. Ui«aSonarl»o nuat haw» faeilttiaa, »r ola» tt la thoir dtity to

●S
As DECLARAÇÕES TRINITARIANAS DE ElLEN G. WhITE / 35

Figura 3

Series B No. 7

Testimoniesfor the Church


Containing

Messages of Waming and Instniction


to Seventh-day Adventists

Regarding Dangers Connected with


the Medicai Missionary Work

By ELLEN G. WHITE i

PUBLISHED FOR THE AUTHOR


36 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

Figura4

Come Out and he Separate 63

The Son is all the fulness of the Godhead mani-


fested. The Word of God declares Him to be ‘‘the
express image of His person.” “God so loved the
world, that He gave His only begotten Son, that who-
soever believeth in Him should not perish, but have
everlasting life.’’ Here is shown the persohality of
the Pather.
. The Comforter that Christ promised to send after
He ascended to heaven, is the Spirit in aU the fulness
of the Godhead, making manifest the power of divine
grace to all who receive and beliêve in Christ as a
personal Saviour. There are three living persons of
the heavenly trio; in the name of these three great
powers — the Pather, the Son, and the Holy Spirit —
those who receive Christ by living faith are baptized,
and^ these powers will co-operate with the obedient
subjects of heaven in their efforts to live the new life
in Christ. . .. o
There will have to be a second conversion in the
hearts of some of onr leading medicaí fraternity, and
a. CTitting away from the men who are trying to gnide
the medicai ship into the harbor, else they themselves
will never reach the haven of rest. Christ calls, Come
out from among them, and be ye separate.
I write this because any moment my life may be
ended. Unless there is a breaking away from the
influence that Satan has prepared, and a reviving
of the testimonies that God has given, souls will perish
in their delusion. They will accept fallacy after
faUacy, and will thus keep up a disunion that will
always exist until those who have been deceived take
their stand on the right platform. All this higher
education that is being planned will be extinguished;
for it is spurious. The more simple the education of
our workers, the less connection they have with the
men whom God is not leading, the more will be ac-
complished. Work will be done in the simplicity of
irue godliness, and the old, old times will be back

à
As DECLARAÇÕES TRINITARIANAS DE ElLEN G. WhITE / 37

Figura5
"1

●I

'c*»
MS
tdo tdings of earta. iHie £'al2iôr all the fullnass oT the Gody

liead 'bodlly, and is Invluible to mortal si^t.


Xde Son is all the l^Lllneso oi tiie God^ead manifested.

Siie vord of God declares iiim to be tbe e:<prees Image of bis per-
son* *'God ao loved the world that he cave hia only begotten Son,

iaaat Tíaoeoever bolievetiim In him ahould not perlsh, but haye ever-

lasting life. Here is ahown the perjonality of tae íather,

The Comforter that Ohrlst promlsed to aend after he

ajcended to heaven, is the Spirit in all the fullness of the God-

head, makinc nianifest the power of divine grace to all Mio reoeive
and beliove in Chriat as a personal Savior. Eiere are three liv-

ing persona of the heavenly trio, in the name of these three great

powera,—the Father, ●üie Son, and the Holy 3pirit,-*"-th08O Mio


reoeive Christ by living falth are baptized, and these powere
will oo-operate with the obedient subjocte of heaven in their ef-
forts to live the new life in Christ.

\7hat is the ainner to do? Believe in Christ. He is

Chriafs property, bouf^t with tlie blood of the Son of God. m


Throu^ test and trlol the Saviour redeemed human beings from the

slavery of ain. ¥ftiat then muat we do to be aaved irom sin?—

Believe on the Lord Jesus Christ as the sin-pardonlng Savior.


He mio oonfeasea his sin and humbles his heart will reoeive for-

glveness. Jesus is the sin-pardoning Saviour as weli as tae «inly

begotten Son of the inflnlte God. The pardoned ainner is recon-

ciled to God throu^ Jesus Christ our Deliverer froij. 3i„. Heep-

Ing in the path of hollness, he is a subjeot of the graoe c.f God*

There ia brou^t to him full oalvatlon, joy, and peaje, and the
true wlsdom that comes from 6od*
38 / PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

Figura6

Jan. 9, 190Ô*

r?

1^0 $“

COilB ÜUI Alfl) BE SfíPAiATS.

-oOo-

I have not been able to aleep durln^ tlie past

Lettera ixaye come to me wilfa atatemente made by men i^o claimed to


"t^Sf/Tnffnies
Jaavô asked Dr. KellO£;g if 1x6 believea tlie ,ttiat Siater
-pix.
Whits bears* Ee deolarea taat he does, but be doea riot*^^ H© aent^^
a aenalble letter to i>.e irinile 1 vao at i£olroae, üasaaohUBetts,

aaying, "I Ixave surrendered«'*^I raaponàed to it, but not anotixer


llne bas be written.^ Ee baa not apokan or acted aa a raan lixo bas

aurrendered» Ee uaa felt bltterneao ot soul against tbe Lord's

appointed agenclea liao bave ocuupied tbe poaitlon of Presldent of


ibe General Conference» Ee baa bated tbdni« Has be suirrendeeed.

tbat gall of bltterness? Ibe Lord wlll not ajoept anytLiins Uiat
be amrns ^iob is false.^í/W^

Ibe unole of tbe matter ia not revealed. I bave been


\

walting to aee làie least evidence of surrender. 'iiie Word of tiie

Lord to me ia, "He ia only gataering bia foroea for anotber dia-

play to niagnify blmself. Bie mlnistera of Ood are being drawn

in and deoelved by bia auienoe. He is doing all in bis power to r\


●s
oreate a divlslon fcatween tbe medicai work and the mlni.3ti'y of

tbe word* He bas bis measenger going forth to test Hie pulae of ;■

k
As DECLARAÇÕES TRINITARIANAS DE ElLEN G. WhTTE / 39

Figura 7

I ●.►V , ^

hUilU/lC Myiy2yL^ J U/yXt^T-^ üíí/


\
^Pl^] P yvi '

^
/
if^íuw^ ~~>kp^â^yMr^ 07^ 'Í^ClP^^^ f >
,/ . ' z' . . .V ‘O^ ^

Figura 8

, u.jun M.a pi'-ii oj. i-iutiiJiioation. 'Ji’ece end cepo© 0© lüultiplieo. un to

you tíiTougíi the knoyledf:e of Qod and of Jaaus our Lord. Tfc© Work Is
lald out before every soul that íi as aokiiowl©df’C0‘iIíls fritíi in Jesus
0lJ2?lst by baTJtlsr.^ and n©s baooin© e i’aoeivex of tke pledí^^ fpcan tlie

tJirea Persons^tlie patíier, tiie ":on, «nd tli» Holy gpirit. <.
"<»?ao0 "nd neanfi be nultln'’l0d knnTried-^e of

Figura 9

y-iy-j 'ir
^ w J
J

'P /■

.4ãr/j.iücy^f^n ^

(ípy f^ífíPeíPfpànt. ííi í.y


figura 10

grandsur.
-9-

ThCBô tablcR of* íitone are in tho heavenc, and


1
they wiii te hrooRht fürth In that day Tíhen tho judí:7nonti
ali, and tho boolcs flhall bô oponed, and rôn shnlü he J izdprod
o-oOorAing to the thlnes wrltton in the booka. They will bo Judsad
by the law ●..rltten by tho flnpcer of Ood, and Riven to Foseo to b«
deposlted in the Ark. A rocord ia kopt of tho deods of all mon,
and aceordine to hla worka v.ill every ir^n receirc non f.ence, rxho-
thor they bo good or VThother they be evii.

Tho Íí'^ly «?pirlt alviaya londn to tho wnltten vrord.

X. j. The TToiy spirlt io a nenoon; for h« beareth witnsas with our


'«t í
;^plrita that wc are tho childron of f?od. Whon thifl vT-itnOBR ia
|> , borne, it carrlen with it Ita o-m ovidonco. At such timos
4
we boUsve and are aure that \rc aro the children of Ood. v.'íiat

otrong svidence of the power of truth wo oan privonto bei levern


and unbellevera st ± ●.7hen we oan voico tho words of .To>m, "V.’o have

knovn and believed the leve that CfOd hath to ua. hod ia lovo;
M
and he that dwolloth in lovo dwelleth in Ood, and C?'^d In him.

I »The H^^ly fjpirit ha.s a peraonality elso ho oould not


we aro
j boar wltneafl to our spiritn and with our splrlts that
A ! the children of aod. Jle OTUst alfio bo a divine pereon, eloe he
J ! I

I j could not eoíirch out the secreta whlch lie hlddon In tho mind
á I of Ood. "7or w}iftt nan hnovmth the thinRs of a ir^n save the
' apirlt of man, which lo in hln; aven bo tho tlitngo of God Jeno^TOth
no juan, but the rsplrit of dod. c ●

M.JT.

I
As DECLARAÇÕES TRINITARIANAS DE ElLEN G. WhITE / 41

Figura 11
T
/-
ücEn

-?el5.7,1906- I5,y« XIV^TW

'Y^anuicri^i ^
E. f<'f
PRBACH THJ§ TORD.

an ingtruotdd that we are not to onter into any


&
controveray ovor tho apirituallotlc ropresentatlona t)\at arc fast

comlne: in from ecer:/‘fiuarter. Parther than thio, I m to fíive

thoae In charco of our papera instructlon not to publlah in th©


I
cMxuíina of tho Roview and Herald, the Signa of the Timoa, or any
otlior papero publlshocl hy Scvonth-day Advontiato, artlolea at-
NS
N temptlng to oxplaln theso sophistrloo. Wô are in danger whon-
.9 The publlcation of
©ver wo diocuoa the aophlatries of the oneny.
l7>
Q
articlos doaling v/lth those aophintrlea, ia a anare for aouls.

Lot thoao thflorioo alone, and wam all not to road then. Your
«
£>■ explanationa '.vlii amount to nothing. Let the theoriea alone. Bo
K
n
not try to ahow tho inconatstoncy or fallaoy of there. Ti®t
I <
/ .1'i ■<
them alone .t ● ■ oin.o ■
X' l-T
T-" Do^not porpotuato evil by talklng of theso theoriea
In sermone t or by publialxing in our papere articles regarding thon.

The T,oriisaya, Let thein be unexplained. Preaont tho affimativo

of plainly, clearly, and dooidadly, You oan not afford


V to etudy or coníbat theoe falso theoriss. T^resent thô truth, It
ia wrltton. The tine spent in dealing with thoao fallacles is
so ffiuch timo loat, Our papors aro not publiahed for tho purpoaf

'Vof denling with auoh subjocts. Articloa on Biblo aubjaots, fiü.1 of


42 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

Figura 12

-u j C'/

V
4

Figura 13
(
1
):^ 5^ ^^ d'í:u^^ V iíu
I
V
lá/ òiáoi/y /Ul{ (l^^yu^^tf^íer} ^ ^'jt-tí^Picy 4y-</_ l
TO, CL C^íf dt.uCf l^tC/yU^i^'^y C^/táS 'í fd/l
dfjj ,M/'> du/?'£f~i4 úy/c^yárdf/; fJ "ôi^f}././/2iy J ^/ /aAZ drt>// 1 -7-/ ^

J
As DECLARAÇÕES TRINITARIANAS DE ElLEN G. WhITE /43

Figura 14

-7-

they may "be marle perfect in one: and that thp ^orld mser know that.

thou haet r-ent me, and hast loved thean as thoix hast loved me.®

Wonderrful, gracious wordoj

- Love for God is cultiveted and developed Tay birtiolding

Hlm who nas bought us witn hls osn Leann-i to serve liim, not

under an opp'»*Pssive restraint "but with o1ip©t*í^i1 onedlenee. TTixxs

you may represeiit Piira to the world. are to strlve daily to

Increase in knowòe dge, raultiplylng our powers tnrouKt) th« ^


CCMV< «JCT Cii tiUh- hU 4.,;
glven. We gr e to grow in usefolness. TTtuB we míy tfistify to tlie
A
world that God has sent his Ron tnta tkjf to th is earthto save men

and women fron sin,;> As God's follcwers manifcst the nd^ty. power

of his erace to transfom the heart, they Show that they toéar the

tne iraprint oí his nane.

> Three distlnet agencies, the Wather^the Ron, aa d the

Holy Chost, worlt togetl'.er for- huraan heings. They are united in the
They
wodc of rnaicing the churídt on earth ITce the cliareh in heaven.

plaee the reswrcee of h«»vpr at the dispooal those who wlll

appreciate and liapart these splrltual treasixres^inaxltlplylng them


toy usixig then to the glory of God. Fvery diligent efibri to

inprove adds to the gifts we have. 0 of heaven work, #ith


The powers

hujnan heings on the plm of nultlplleatlon, C,

Ghrlst ^ame to the earth to set in operation a vast

mlssianary wotX. Tlxc^a Who coitipose hls j^ur^h are to co—operít ©

wlth hin by revealing hls attrlbntes. They are to afet xxnder the

dictation of the íím Keavenly angels co-operAe wlth

those who seeX to glve to hirnanlty the Irapress of the diviné


1

44 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

Figura 15

B mnàu, oO
I

nature.

^■od will jçlve thosfi wTio ao Tíls wiii hi/^e^ ana stlll
fast
Tílgher attaininentf; In ra oral exeelleiee, 4ust ac xxT ac tKey

falth to reocive thera» The Lora hac all rower to iinTwrt. to tiioB©

xho will eeeT: ear-neetly to draa froJi the cource of all poirer. Llght

ana graoe triii he Eiver4 to thowe i»ho pray, ctttaylng; the p-riviipges

and opportijnltieo glven them to ye^tore In thp worU' the principies

of righteo'isnes6. If they fill theit* positlcn as lisht-bearers in

the clrirch, sMnlng forth as living firtaien, Cod wlll help then to

lahor wlth tme plety ánd ear.-.est zeal for thoce In the ohvn*cíi and

out of the ch-n*ch. Chrlst knei* t?at as hic people recetved

Ms grace and attrihutes, they could Indeed ‘becoine a fainily imlted

hy holy love, co--vor}<:ers vith God "beosrme part.tócers of the divlne


nat'xre. Tn hlo love Chrlst asclgns diities to the racnibers of hie I

eírjrch, eigoinlng thesn to love and esteein one another. He batizes

them wlth the oii of hls gmoe, and sete them at wctH for thcse

whom satan hoidc in the slavery of sln. He teiis thera that thus

they can ohow their lovc for one another and for God,

I U.H.

4
I
As DECLARAÇÕES TRINITARIANAS DE ElLEN G. WhITE / 45

Figura 16-a
/ V.

●TTorfol?. Vllla", ProGpect St.,

Granvllle, N.S.W., IS' 96,

??e have ôiist oent off a large tcail, and I ai^ very, very tired.
In thi8 forenoon and took di.iner
Eldi '^Culla»h and (Br^ aíoCann oame
Tílth UD. 1 ?.’ae too veary to go to the dininccoor% and a tr-ay tob

After dlnner áío-


trou^ht to lay room "but l ate very lightly.
for consideration.
Culla;h .recented eeveral iú'.portant Liatters bpfore me

Amonc otíiers rao the urgeiit^for me to opeaK next Sabbath at AEhfield,


II/-
It Is ooncidored ne o-
and noxt Sonday ojieinfc in th© tent at Pbtershaia#

essary for cie to speak there quite frequently nor:. iiíy prayer is that

thJ Lord will strengthen k© and liubue ue vifn his .-loly Spirlt that
a nd
his naiae may be glorified by Uiy work. The Lord Is very good to rae.
/egun
1 praise hls “4)1 y nair.e« ^Alt:.oush the iTork seei.s to have oniy í'-ibX

in ABhfield, they have pitohed the tent at Petersham, tv;o nlles riearer i
The
sydney , and hold loeetlngB in it evéry evening except Saturday.

tent iQ every evenlng» Last Sunday, the collootion in Ashfield


ThiB -
●ffas v6, and the oollection in Petershai.i was oonethíne over „-0.
of theoe neetings.
Tflil so faiftoward deíhraying the e^pensos
icCullach and his oVlaborex, Bro) Hare, are w oh.en-
jiuoh Interfioted in
oouraced. Several of the uoat influentlal laon are
vieitlns and giving Bible
t.he neotings. prn^ Colllns and Pallant are

roadingo, whlch cre ates some intereetç and brings the people to th©
f.

tent to liear th© truth. Shere are many more calls for thls kind of
● I. think they will.be
lator than oan be fllled, ^ 3rn, iíoCullagh and Hare
46 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

Figura 16-b

-6-

gives thei- no llcence to t© unKiní op onoo’/rteouc, jt^^llcense to t>e

oppresslve, and to let their tonsueo, vhieh ohould *ce oanctlfled, apeaV.

wordB whlch will open a door of tet.ptation, and help the .icreat adverRary

in hic worK óf dlsoouraging souls, God hao f^lven uo a worK to do in ,

savins soule frot: the ooupanlonship of* Saten,

(U.M.H, 7 oopies)

ííiay.I7, *96,)
Hermenêutica antitrinitariana
moderna:análise metodológica
Alberto R.Timm,Ph.D.
Professor de Teologia Histórica no Salt, Unasp, Campus Engenheiro Coelho,SP,e diretor do Centro
de Pesquisas Ellen G. White — Brasil

Resumo: O presente artigo analisa cri Introdução


ticamente a hermenêutica antitrinitariana
Em meados de 1519 ocorreu em
adventista moderna. Atenção especial é
dada à maneira como essa hermenêutica Leipzig, Alemanha, um dos mais famosos
debates da história do cristianismo.‘ De um
(1) utiliza o desvio de foco; (2) faz
lado estava Johann von Eck,renomado te
releituras históricas; (3) sugere uma es
tagnação doutrinária adventista pós-1855; ólogo católico alemão, e de outro, se en
contravam, inicialmente, Andreas von
(4) acredita em uma inspiração estática;
Carlstadt, e depois, Martinho Lutero, de
(5) reivindica para si infalibilidade
fendendo a causa protestante. O debate se
interpretativa; (6) incorre em uma
estendeu de 27 dejunho a 14 dejulho, mas
seletividade de textos; (7) emprega uma
Carlstadt e Lutero não conseguiram con
ênfase dicotômico-quantitativa;(8)inter
vencer Eck a mudar de posição,e nem este
preta de uma perspectiva exclusivista-
convencer aqueles. Não houve acordo
reducionista; (9) encontra supostas am
hermenêutico, pois Carlstadt e Lutero
biguidades nos escritos inspirados;(10)
enfatizavam a autoridade exclusiva da Es
pretende receber endossos proféticos;
critura, e a interpretavam com base no
(11) identifica pretensas adulterações do
texto bíblico e dos escritos de Ellen G. método gramático-histórico,enquanto Eck
White;(12) acredita em uma sacudidura se apegava à tradição da Igreja, e relia a
Bíblia com a inconsistência típica do méto
escatológica inversa; e (13) se vale de
do alegórico de interpretação.
uma ironia vulgar.
com
Abstract:The present article analyzes A experiência de Carlstadt e Lutero
critically modem Adventist anti-Trinitarian Eck nos leva a indagar: Não estaria hoje
hermeneutics. Special attention is given to acontecendo algo semelh^te nas tentati os
how this hermeneutics (1) uses focal vas adventistas de diálogo
deviations;(2)makes historical rereadings; antitrinitarianos? Não seria “malhar em fer
(3) suggests a post-1855 Adventist ro frio” tentar convencer, com base no
doctrinal stagnation;(4) believes in static método gramático-histórico de interpreta
inspiration;(5)claims for itself infallible ção, os antitrinitarianos caracterizados por
interpretation; (6) falis into a setective uma inconsistência hermenêutica semelhan
te à de Eck? É curioso observar como al
usage of texts;(7)employs a dichotomous-
quantitative emphasis;(8)interprets from guns antitrinitarianos chegam mesmo a ne
an exclusivist-reductionistic perspective; gar a necessidade de princípios de inter
(9) finds supposed ambiguities in the pretação, alegando que,com oração since
inspired writings;(10)pretends to receive ra, podemos assegurar que a Bíblia se in
prophetic endorsements; (11) identifies terpretará a si mesma. Outros antitri-
hypothetical adulterations of the Bible text nitarianos, mais cautelosos, acabam enun
and of Ellen G. White writings; (12) ciando determinados princípios de interpre
believes in a reversed eschatological tação, mas demonstram grande inconsis
shaking; and(13)utilizes vulgar irony. tência no uso desses princípios.
48 / PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

Seja como for, uma coisa é certa: os dis transformou na mais importante “justifíç^
cursos antitrinitarianos estão fundamenta tiva teológica” dos dissidentes. Assimfa
dos em uma hermenêutica peculiar, sem a teoria antitrinitariana passou a ser usada pdp
qual o antitrinitarianismojamais sobrevive eles como uma forma de desviar a atenção
ría. Essa hermenêutica se assemelha à das de seus problemas pessoais.
testemunhas de Jeová (ou jeovistas), em
Atribui-se a Blaise Pascal a célebr|
alguns aspectos, mas dela diverge, em ou
declaração:“Não é a incredulidade que gei|
tros.^ Enquanto os jeovistas são normal
a desobediência;é a desobediência que gera
mente homogêneos em seus postulados
a incredulidade.” Não resta dúvida que a
unitarianos (crença em uma única pessoa conduta de muitos mtitrinitarianos confir
divina), os antitrinitarianos adventistas se
ma esse princípio. É comum encontrar en|
demonstram heterogêneos, e até mesmo
tre eles pessoas que, depois de passareni
o^ontraditórios,em suas exposições de uma
por sérias crises pessoais ou familiares|
suposta bindade divina(crença na existên
buscam no discurso antitrinitariano uma
cia de apenas duas pessoas divinas).
forma de dissimulação, auto-afirmação d
Os discursos antitrinitarianos se carac transferência de culpa, projetando sobn^
terizam por uma superficial retórica outros suas frustrações particulares(verl*^
interpretátiva, destituída de uma análise 9:8, 9; 19:25). Reflexões mais detidas sp^
mais profunda da problemática herme bre essa problemática aparecem em meus
nêutica envolvida. Em minhas resenhas artigos na Revista Adventista (Brasil)^
críticas dos livros antitrinitarianos “Em e o intitulados“Em crise com a mensagem”(jur
Pai Somos Um’\ de Ricardo Nicotra,^ e A nho de 1999),^ “O drama da apostasia”
Divindade,organizado por Jairo Carvalho,'* (maio de 2003)^ e “A Igreja e seus críti/ Ví

já mèndiónei alguns componentes básicos cos” (abril de 2005).* Esses artigos abprr:
da hermenêutica antitrínitariafia.^ Mas o dam especificamente o perfil dos dissidei^
presente artigo provê uma exposição mais tes,sem contudo considerar as inconsistênJ
sistemática desses componentes, com o cias hermenêuticas que caracterizam
propósito de ajüdar o leitor a entender me
suas releituras históricas e interpretações] ‘
lhor a herthenêutica na qual se apóiam os bíblicas e dos escritos de Ellen G White ^ i
postulados arititrínitáríànos. '
Releituras históricas o; ;
Desvio de foco
Os antitrinitarianos adventistas alegam)
o hiovimento antitrinitariano adventista fundamentar seus postulados apenas na|
possüi hoje adeptos qüe foram eliminados Bíblia e, sempre que conveniente, também| ■ i ■

do rõl de ínembrõs da Igreja Adventista do nos escritos de Ellen G White. Mas a cú-j ;
Sétirho Dia por descrerem da Trindade e nha de entrada para conseguir adeptos parai !
passaferri a fazer prõselitisrho a favor da suas idéias é quase sempre o apelo história!
idéia áhtitrínitaríana. Mas esse não foi o CO, mostrando alguns documentos em irf- Í
caso da maioria dos príncipais líderes des glês que, segundo eles, “comprovam” ajj
se movimento iío Brasil. Muitos deles já apostasia doutrinária da Igr^a Adventistal
haviam deixado a Igreja por outros moti do Sétimo Dia. Como muitos membros da ,
vos, em grande parte por não viverem em igreja desconhecem a história das doutrí-1
plena confòrmidáde cdm os princípios has adventistas, e nunca viram documeii-j
compórtamentais enálhados por essa deno tos semelhantes, tudo o que é moStradof
minação. Não aceitandò a disciplina ecle acaba impressionando àqueles que gostam,
siástica à qual foram submetidos, vários de novidades antagônicas à liderança daij
deles passaram, nãõ apenas a alimentar um Igreja (cf. 2Tm 4:2, 3; 2Pe 2:10). Com suá;
acentuado rèssentiméhto contra a Igreja e crença construída sobre uma plataforma;
sua liderança, como tanibém a advogâr di crítica semelhante à dos assim chamados
versos conceitos doutrinários controverti “reformistas”,® tais dissidentes raramentfe
dos. Com o tempo,o antitrinitarianismo se retomam ao seio da denominação, pois crê-

J
Hermenêutica antitrinitariana moderna / 49

em que finalmente conseguiram se libertar Estagnação doutrinária pós-1855


da “apostasia católica” à qual estavam sub
metidos como membros da Igreja Um dos principais fundamentos da
Adventista do Sétimo Dia. hermenêutica antitrinitariana adventista é
a autoridade normativa da tradição
As exposições históricas de Jerry adventista inicial. O antitrinitariano Jairo
Moon, intituladas “Trindade e antitrini-
Carvalho, organizador de A Divindade^
tarianismo na história adventista”'® e “O
restringe a formação doutrinária adventista
debate adventista sobre a Trindade”,"
ao período de 1844 a 1855, qumdo, em
fornecem um embasamento confiável,
sua opinião, todas as doutrinas fundamen
baseado em fontes primárias, a respeito tais da fé adventistajá estavam plenamen
de como a Igreja Adventista do Sétimo te definidas.'® Se esse fosse o caso, então
Dia aceitou a doutrina da Trindade. Des
teríamos que admitir que,a partir de 1855,
conhecendo todas as evidências históricas o adventismo acabou entrando em uma es
encontradas nessas exposições, os pécie de estagnação doutrinária. Mesmo
antitrinitarianos sugerem diferentes alter tolerando aparentemente os desenvolvi
nativas para a assim chamada “apostasia mentos doutrinários ocorridos entre 1855
trinitariana” da referida igreja. Alguns e 1888,Jairo não se inibe em declarar que
antitrinitarianos,com os quais tive contato “a partir de 1888 iniciou-se um processo
pessoal, afirmam categoricamente que de apostasia dentro da igreja adventista,
essa “apostasia” só ocorreu em 1980, encabeçado pela liderança”.'^
quando foram votadas, na Conferência
Geral em Dallas, Texas, as 27 Crenças Lamentavelmente, porém, a teoria
Fundamentais da denominação.'^ Outros antitrinitariana da estagnação doutrinária
alegam que o problema já havia começa pós-1855 encerra sérios problemas herme
do em 1971, quando LeRoy E. Froom pu nêuticos. Em primeiro lugar, ela não con
blicou o seu livro intitulado Movement of segue distinguir entre (1) a formação e a
Destiny.'^ Ainda outros sugeriam que o integração inicial das doutrinas distintivas
problema teve início em 1957,com a pu adventistas ao sistema da “verdade pre
blicação do livro Questions on sente” e (2) o redescobrimento e a
Doctrine.^'^ Um grupo significativo pre integração posterior de doutrinas básicas
fere acreditar que o trinitarianismo evangélicas ao mesmo sistema.'® No pe
adventista se oficializou já em 1931,com ríodo pós-1844 foram definidas e integra
a publicação das 22 Crenças Fundamen das, aos temas fundamentais do santuário
IS de Daniel 8:14 e das três mensagens
tais da denominação.
angélicas de Apocalipse 14:6-12,as doutri
Lendo a literatura antitrinitariana sobre
nas distintivas adventistas(1)da pe^etui-
o assunto, tem-se a impressão de que, para dade da lei de Deus e do sábado,(2) do
os antitrinitarianos, qualquer recurso é vá ministério celestial de Cristo,(3)da segun
lido,conquanto que consigam desacreditar da vinda de Cristo,(4)da imortalidade con
a doutrina da Trindade e, desta maneira, a dicional da alma e(5)do dom profético de
19
própria Igreja. É curioso encontrar Ellen G. White. É precisamente a esse
antitrinitarianos que, mesmo não tendo con processo que Ellen G White se refere ao
sultado as fontes primárias sobre o assun mencionar em 1855 que “a verdade pre-
to, se sentem plenamente qualificados a sente já estava clara naquela época.
reinventar a história adventista e a ensinar
outros sobre o assunto. Que eles não con Mas não podemos nos esquecer de que,
cordem com a doutrina da Trindade e da no período pós-1888, ocorreu também a
personalidade do Espírito Santo,já é lamen redescoberta e a integração de algumas dou
tável. Mas que eles se sintam na liberdade trinas básicas evangélicas como,por exem
de distorcer maliciosamente a história plo, a justificação pela fé e a Trindade. Se
adventista, é digno de reprovação e passí aceitássemos a teoria da estagnação doutri
vel de se questionar a própria honestidade nária pós-1855,então teríamos que continu-
desse grupo dissidente. ar. ainda hoje,com a mesma ênfase legalista
50/ PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

do período pré-1888.Teríamos de continuar sentido de que a presença do Espírito San- :


crendo, como os pioneiros a princípio, que to seria tão eficaz para os cristãos como se ^
depois de 1844 apenas a última das três o próprio Cristo estivesse entre eles. O
mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12 mesmo conceito é confirmado posterior- ,
deveria ser pregada.Embora Ellen G White mente em O Desejado de Todas as Na~ J
houvesse mencionado em 1850 que “a es ções como “o Espírito Santo é o represen- |
sência da mensagem deveria ser a primeira, tante de Cristo, mas despojado da perso- ●
a segunda e a terceira mensagens angéli nalidade humana, e dela independente”.^"* ’
cas”,^* foi somente em 1858 que ela afir Os antitrinitarianos alegam que Ellen G. ^ !
mou explicitamente que muitos que não ha White, como profetisa verdadeira,jamais |
viam aceitado as duas primeiras mensagens, poderia ter substituído a expressão “é Ele ’ |
proclamadas pelos mileritas antes de 1844, próprio” por “é o representante de Cristo”. \
ainda podiam receber todas elas “em sua Para eles, essa alteração é uma adultera-|j
ordem”,e pela fé seguir “a Jesus no santu ção acrescida ao texto original pela lide- ; I
ário celestial”.^ rança da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ; |
Outro grande problema hermenêutico na intenção de distinguir Cristo do Espírito i
da idéia da estagnação doutrinária é colo Santo,favorecendo assim a crença na dou- , |
trina da Trindade. i
car a tradição adventista pré-1855 acima .1
da autoridade normativa das Escrituras e
Mas,se os próprios profetas não podem '
dos escritos de Ellen G White. Por conse
elucidar e expandir posteriormente algumas
guinte, o critério dos adeptos dessa idéia, de suas declarações, então grandes porções i
não é se determinada doutrina possui base da Bíblia e dos escritos de Ellen G White ;
bíblica e se é endossada por Ellen G White, deveriam ser descartadas como espúrias, i !
e sim,se tal doutrina está em conformida
Alguns relatos registrados no Evangelho de S ;
de com a tradição pré-1855. Com isso, os
Marcos foram ampliados nos Evangelhos de !
antitrinitarianos adventistas acabam se
Mateus e Lucas. Por exemplo, a inscrição i
aproximando demasiadamente da postura colocada no topo da cruz de Cristo é referi
católica romana, que advoga uma espécie da em Marcos apenas como “O Rei dos .
de inspiração da história eclesiástica,e atri Judeus”(Mc 15:26). Mas Lucas a mencio- j
bui um caráter normativo à tradição religi na como “Este é o Rei dos Judeus” (Lc
osa antiga. Em contraste com os 23:38); Mateus, como “Este é Jesus, o Rei I
antitrinitarianos, os adventistas do sétimo
dos Judeus”(Mt 27:37); e João, como “Je- |
dia aceitam de sua tradição histórica ape
sus Nazareno,o Rei dos Judeus”(Jo 19:19). |
nas aqueles elementos doutrinários que es
tão fundamentados na Palavra de Deus. Se usássemos o princípio interpretativo dos )
antitrinitarianos, teiíamos de considerar es- j
púrias as três últimas variantes dessa inseri-
|
Inspiração estática ção. No entanto, Samuel Koranteng-Pipim j
sugere que essas expressões podem ter sido 1
Alguns antitrinitarianos possuem uma
extraídas de uma inscrição mais ampla como I
compreensão estática de inspiração divina,
“Este é Jesus Nazareno,o Rei dos Judeus”.^ j
que os impede de reconhecer que profetas
Seja como for,elas não se contradizem, pois *
verdadeiros acabam ampliando,por vezes,
todas preservam a expressão básica “o Rei
o significado de suas declarações anterio dos Judeus”.
res. Um dos textos de Ellen G White pre
feridos dos antitrinitarianos é a declaração À luz dessa noção estática de inspira
encontrada em Manuscript Releases, vo ção,advogada pelos antitrinitarianos, Ellen
lume 14, de que “o Espírito Santo é Ele G White não poderia ter escrito o seu “Su
[Cristo] próprio despojado da personalida plemento” (1854),^® com explicações so
de humana e independente dela”.^^ Os bre algumas declarações encontradas em^
antitrinitarianos vêem nesse texto uma afir sua “Experiência e visões”(1851).^’ Além
mação da sra. White de que o Espírito Santo disso,seria inadmissível que o conteúdo de
é Cristo. Mas o contexto toma evidente o “Dons espirituais”, vol. 1 (1858),^® fosse
Hermenêutica antitrinitariana moderna /51

ampliado significativamente pela mesma fáceis de se perceberem, ou impedir-nos


autora, ao longo dos anos, dando origem, de torcer verdades difíceis de serem en-
primeiro, aos quatro volumes da série “O tendidas”.22 Agora, se a oração prepara
Espírito de Profecia”(1870-1884)29 e, por a mente para que o Espírito Santo ilumine
último, aos cinco volumes da série de “O a compreensão da verdade, como pode
Conflito dos Séculos”(1888-1916).2o Tais Este exercer essa função na mente da
ampliações podem representar um sério queles que nem ao menos crêem em Sua
problema para os antitrinitarianos,que acre existência como revelada nas Escrituras
ditam em uma forma quase mecânica de e nos escritos de Ellen G. White? Para que
inspiração, mas não o são para os o Espírito Santo possa atuar na vida de
adventistas do sétimo dia, que crêem na tais pessoas, não deveríam elas se sub
inspiração profética de pensamento.^' Por meter à atuação dEle e ser rebatizadas, à
tanto, ampliações elucidativas,como de O semelhança dos crentes de Éfeso, que
Desejado de Todas as Nações em rela nem ao menos haviam ouvido falar “que
ção a Manuscript Releases, volume 14, existe o Espírito Santo”(At 19:1-7)?
acima mencionadas, são perfeitamente
aceitáveis para aqueles que compreendem Seletividade detextos
o conceito bíblico de inspiração.
O mais indispensável recurso da
hermenêutica antitrinitariana é, sêm dúvi
Infalibilidade interpretattva
da, a releitura seletiva da Bíblia e dos es
Um líder antitrinitariano brasileiro me critos de Ellen G.White.Sob a alegação de
disse por telefone que princípios de inter estarem provendo uma interpretação mais
pretação bíblica são desnecessários, pois, honesta e imparcial, os antitrinitarianos
para aqueles que oram com sinceridade, a enfatizam dos escritos inspirados apenas o
Bíblia interpreta-se a si mesma. O indiví que lhes interessa, e ignoram ou distorcem
duo me deixou com a impressão de serem o que não favorece os seus postulados.Esse
ele e seus colegas antitrinitarianos os úni recurso é usado ffeqüentemente nas abor
cos cristãos contemporâneos que oravam dagens antitrínitarianas de textos bíblicos
sinceramente, e que suas preces lhes con que falam, por exemplo, do batismo “em
cediam uma espécie de infalibilidade nome do Pai,e do Filho,e do Espírito San
interpretativa. Depois de encerrado o tele to”(Mt 28:19), tido pelos antitrinitarianos
fonema,continuei ponderando comigo mes como não autêntico; da bênção apostólica
mo: Por que ele crê que suas orações pes em 2 Coríntios 13:13, relegada por eles
soais são mais sinceras e eficazes do que como irrelevante;do rebatismo de“uns doze
as de todos os adventistas trinitarianosjun homens” que não haviam ouvido falar que
tos? Por mais importante que a oração seja existe o Espírito Santo (At 19.1-7), não
para a compreensão da verdade, teria ela explicada a contento pelos antitrinitananos.
a capacidade de garantir a infalibilidade O problema da releitura seletiva ü^sparece
interpretativa? Até que ponto estaria ele também na forma como os antitrinit^anos
ecoando ainda hoje a mesma postura de interpretam as declarações de Ellen Q
superioridade espiritual refletida na oração White nas páginas 613-617 do livro
do fariseu,em contraste com a do publicano, Evangelismo,^^ consideradas por eles
mencionados em Lucas 18:9-14? como espúrias.

Mesmo a oração, por mais indispensá A seletividade hermenêutica antitri


com
vel ao estudo genuíno da Palavra de Deus nitariana éjustificada ffeqüentemente
como possa ser, não garante em si mes o argumento de que não se pode construir
ma uma compreensão correta da verda uma doutrina baseada em um só texto bí-
de. Ellen G. White afirma que “nunca se blico.2^ É certo que uma doutrina, para ser
deve estudar a Bíblia sem oração”, pois verdadeira, deve ser apoiada pelo consen-
“somente o Espírito Santo nos pode fazer so das Escrituras. Mas a genuinidade de
compreender a importância das coisas uma doutrina acaba questionada se ela tam-
52/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

bém desconhecer textos bíblicos. Cristo um prato bem mais pesado do que o outro.
afirmou que os verdadeiros filhos de Deus No prato leve foi colocado “apenas um|
vivem “de toda palavra que procede da verso "em nome do Pai, do Filho e do
boca de Deus”(Mt 4:4)e ensinam “todas Espírito Santo" e o prato pesado estâi
as coisas” que Cristo ordenou(Mt 28:20). repleto de “36 versos "em nome de Je4
De igual forma,o livro do Apocalipse con sus .A conclusão óbvia do autor é que 36
dena quaisquer acréscimos ou supressões textos são mais do que suficientes para.
ao texto sagrado (ver Ap 22:18, 19). E, neutralizar o ensino de “apenas um texto”.^
além disso, Cristo prometeu que o Espíri I
to Santo viria com o propósito de guiar os A estratégia usada por Nicotra e ou
genuínos cristãos “a toda a verdade” (Jo tros antitrinitarianos é, primeiro, identi
16:13).É por esta razão que os adventistas ficar uma aparente contradição na Bí
do sétimo dia aceitam tanto o princípio da blia; depois, resolver o suposto proble
sola Scriptura (exclusividade das Escri ma confirmando a posição aparentemen-í
turas) quanto o da tota Scriptura (totali te endossada pelo maior número possí-j
dade das Escrituras). vel de textos; e, por último, negar a va
lidade dos textos, em menor número,quel
Lamentavelmente, porém, pessoas que estão em desacordo com a referida po
têm coragem de negar a própria personali sição. Assim, para os antitrinitarianos, a
dade do Espírito Santo também não se cons critério interpretativo deixa de ser qua^
trangem em impedir que Ele as guie “a toda litativo para ser quantitativo, ou seja,
a verdade”.Para elas,a seletividade na acei quanto mais um assunto é repetido nasl
tação e rejeição de textos inspirados parece Escrituras, mais importante ele se tor-l
normal e aceitável! Valendo-se de uma es
na! Esse argumento é muito parecido'
pécie de “malabarismo hermenêutico”, os com o dos oponentes do sábado, que ten
antitrinitarianos preferem,sempre que pos tam invalidar a observância do quartoi
sível,simplesmente ignorar os textos que não mandamento (Êx 20:8-1), pelo simples!
favorecem a sua idéia. Mas, quando con fato desse mandamento não ter sido re-l
frontados diretamente com tais textos, eles petido muitas vezes no Novo Testamen- í
se valem de diferentes evasivas para invali to (cf. Lc 23:56).
dar a força dos argumentos bíblicos. Algu
mas das evasivas mais comuns serão consi Se usássemos interpretações dicotô-
deradas a seguir. mico-quantitativas semelhantes às dosl
antitrinitarianos, acabaríamos mutilando |o
Ênfase dicotômico-quantitativa texto bíblico com uma série de indagações ^
artificiais: Deveriamos dar importância aos
Uma das principais evasivas interpre- relatos da criação do mundo, que apare- j
tativas para induzir pessoas a aceitar a idéia cem em sua forma expandida apenas duas
antitrinitariana é a ênfase dicotômico-quan vezes na Bíblia (Gn 1 e 2)? Deveriamos
titativa no estudo da Bíblia e dos escritos tomar a sério o Decálogo, que é mencio
de Ellen G White. Os adeptos dessa idéia nado na íntegra apenas duas vezes no
dividem os textos sagrados sobre a Divin Antigo Testamento (Êx 20:3-17; Dt 5:7-
dade em dois grupos básicos. De um lado, 21)? E o que dizer das 2.300 tardes e
eles colocam alguns textos “irrelevantes” manhãs(Dn 8:14), que são mencionadas j
que poderiam favorecer de alguma forma apenas uma vez em toda a Bíblia? Seria i
a doutrina da Trindade.Do outro lado,eles esse período profético menos importante
mencionam um grande número de textos do que os 1.260 dias, que são menciona
“importantes” que, segundo eles, negam dos, em suas várias formas, em pelo me- :
definitivamente essa doutrina. Um exem nos sete textos bíblicos(Dn 7:25; 12:7;Ap ’
plo desse tipo de interpretação é proposto 11:2,3; 12:6. 14; 13:5)? Não há dúvida de I
por Ricardo Nicotra em seu livro ""Eu e o que um assunto repetido freqüentemente ;
Pai Somos Um”. Na página 48 do livro acaba se tomando um tema predominan
aparece “A balança das evidências”, com te. Mas a mera repetição de determinado
Hermenêutica antitrinitariana moderna /53

assunto não o torna mais importante do esse problema, devemos usar sempre os
que os demais. relatos mais abrangentes como referenciais
interpretativos,complementando-os com os
Perspectiva detalhes encontrados nos textos mais re
exclusivista-reducionista sumidos.^’ Assim,quando Marcos e Lucas
falam de um cego de Jericó sendo curado
Outra evasiva interpretativa dos por Cristo(Mc 10:46-52; Lc 18:35-43), e
antitrinitarianos é a perspectiva exclusivista- Mateus relata que foram dois (Mt 20:29-
reducionista, por meio da qual os textos que 34),cremos que o milagre ocorreu realmen
falam explicitamente na existência do Pai, te com dois cegos, como mencionado por
do Filho e do Espírito Santo são relidos da Mateus, mas que o interesse de Marcos e
perspectiva das declarações que mencio Lucas se restringiu apenas a um deles.'*®
nam apenas o Pai e o Filho. A Bíblia men De igual forma, quando Mateus e Marcos
ciona o Espírito Santo como distinto da gló mencionam um anjo no sepulcro de Cristo
ria de Deus(Ez 8:3,4;43:4,5;cf.9:3; 10:4, na manhã da ressurreição(Mt 28:1-7; Mc
18, 19); como visivelmente presente no 16:1-7), e Lucas e João falam de dois (Lc
batismo de Cristo(Mt 3:13-17; Mc 1:9-11; 24:1-7; Jo 20:11-13), cremos que eram re
Lc 3:21, 22; Jo 1:32-34); como o “outro almente dois anjos, como referido por
Consolador” enviado pelo Pai em nome de Lucas e João, mas que Mateus e Marcos
Cristo (Jo 14:16, 26; cf. Is 48:16); como mencionaram apenas o anjo que dialogou
junto com o Pai e o Filho, tanto na grande mais diretamente com as mulheres."*'
comissão (Mt 28:19) quanto na bênção Portanto,jamais deveriamos usar os tex
apostólica(2Co 13:13). Mas nada disso faz tos que mencionam apenas um cego e um
I sentido para os antitrinitarianos, uma vez anjo, bem como apenas o Pai e o Filho,com
j que o livro do Apocalipse menciona ape- o propósito de neutralizar outros textos que
j nas a Deus e o Cordeiro assentados no tro- mencionam,respectivamente, dois cegos e
I no celestial(Ap 22:1,3).” Em outras pala dois anjos, bem como o Pai, o Filho e o
vras, passagens de natureza reducionista Espírito Santo. A Bíblia não fala explicita
I são usadas em substituição indevida aos mente do Espírito Santo como entromzado
textos com um escopo mais amplo. Dessa com o Pai e o Filho e sendo objeto de ado
perspectiva, alguém poderia usar outros ração. Mas isto não significa que Ele nao
textos bíblicos, que mencionam apenas o participe da Divindade e tampouco que nao
Pai, para negar a existência do Filho (ver seja digno de adoração. O silêncio de al-
Dt4:39;2Cr6:14;S173:25). guns .textos nunca deve ser usado para se
Por trás dessa perspectiva está uma lei neutralizar outros textos mais abrangentes.
tura indutiva e fragmentária da Bíblia, que
parte do específico para o geral,em vez de Supostas ambigüidades
mover-se do geral para o específico.
Além das evasivas anteriores, também
Ekkehardt Mueller toca no âmago do pro
blema ao afirmar que o argumento da ambigüidade é usado pelos
antitrinitarianos. Um exemplo disso e a for
uma abordagem indutiva busca discrepâncias ma como Jairo Carvalho interpreta a se
e observa tais fenômenos.Frequentemente,ela não guinte declaração de Ellen G White: Ao
permite a harmonização, mesmo quando esta pa
pecado só se poderia resistir e vencer por
rece possível e aconselhável. Ela está preocupada
meio da poderosa operação da terceira
em encontrar diferenças em vez de acordo e unida
de; e sempre fica apenas com partes do completo pessoa da Trindade [of the Godhead, em
quebra-cabeça.^® inglês], a qual viria, não com energia modi
ficada, mas na plenitude do divino poder.
O cristão que vive “de toda palavra que O texto é peifeitamente claro, tanto em
procede da boca de Deus”(Mt 4:4) não português como em inglês. Mas Jairo,com
pode se contentar com uma leitura frag muita criatividade e imaginação,conseguiu
mentária das Escrituras. Para evitarmos tornar ambíguo o termo “o/”(da) que an-
54/ PaROUSIA - 1“ SEMESTRE DE 2006

tecede a palavra *"Godheaer\ de modo a organizacional como a da Igreja Adventistãl


atribuir-lhe o sentido áefrom (a partir da). do Sétimo Dia, mas também de muitas dá
Segundo ele, o sentido correto da expres suas doutrinas e práticas."*^ Um dos exemi
são seria a “terceira pessoa a partir da Di pios mais claros do profetismo antitrinil
vindade”. Tal tradução é sugerida pelo au tariano aparece no texto intituladòj
tor na tentativa de acomodar ao texto a “Adventista argentino tem visão que con^i
abominável idéia de que essa “pessoa” não firma origem satânica da doutrina da Trin4
seria o Espírito Santo, e sim Lúcifer, que dade”, que menciona revelações profétij
43
após sua queda foi substituído por Gabriel. cas antitrinitarianas recebidas tanto porÍ
Não podemos negar o fato de que exis “A.V^” (Alejandro Villacentro?) quantc|
tem algumas expressões ambíguas na Bí pelo próprio Robson Ramos.^^ |
blia e nos escritos de Ellen G White, que O mero recebimento de revelações proj
devem ser cuidadosamente estudadas a fim féticas, quer por sonhos ou por visões, nãd
de não se chegar a alguma interpretação garante em si que o profeta s^a verdadeij
equivocada. Mas o problema que estamos ro. A Bíblia menciona que nos últimos diaj
considerando, não é a forma como os surgiriam manifestações proféticas tantd
antitrinitarianos interpretam as expressões verdadeiras (JI 2:28-31) quanto falsas(Md
realmente ambíguas, e sim, o motivo que 24:24;cf. IJo 4:1). A expressão “falsos pro|
os leva a considerar como ambíguas algu fetas”(Mt 24:24)se refere, em sentido pri4
mas declarações que não o são. Podem mário, a pessoas que recebem revelações!
existir outras razões para isso, mas o moti sobrenaturais de origem satânica. Mas,em
vo mais claro é, sem dúvida, o desejo de sentido secundário, ela pode ser aplicadâl '
neutralizar a força de tais declarações. Esse também àqueles que distorcem a palavra!
é mais um aspecto no qual transparece a profética registrada na Bíblia e nos escri-j I
postura antitrinitariana de adaptar a reve tos de Ellen G White. Com essa atitudej i
lação divina às suas idéias pessoais,em vez eles colocam suas idéias pessoais acima dai
de permitir que estas sejam por ela revelação divina, o que não deixa de ser
corrigidas e guiadas. uma forma secundária de profetismo, quei
acaba neutralizando a própria palavra pro-^
Endossos proféticos fética. Toda pretensa revelação profética,
para ser verdadeira, deve estar em plenai
Outro aspecto que merece ser desta
conformidade com os ensinos bíblicos(ver
cado é a manifestação de pretensas reve Is8:20;Mt4:4;7:15-23;Gl 1:8,9).
lações proféticas em alguns círculos
antitrinitarianos. Devemos ressaltar que
essa não é uma característica geral do Pretensas adulterações
I
movimento, e talvez nem todos aceitem Quando todos os demais recursos,
esse tipo de profetismo popular. Mas hermenêuticos falham,os antitrinitarianos]
Márcio Nastrini, que foi pastor distrital da apelam para uma das mais condenáveis!
Igreja Central de Curitiba, PR, declarou posturas que um ser humano pode assu- S
que os ensinos antitrinitarianos propaga mir em relação à Bíblia e aos escritos de
dos pelo Ministério 4 Anjos,com sede em Ellen G White: a acusação de que os pró-)
Contenda, PR, foram corroborados em prios textos inspirados, que não concor- j
grande parte por supostas revelações so dam com os seus postulados pessoais, não i
brenaturais recebidas por alguns integran passam de meras adulterações heréticas, i
tes daquele ministério.'*^ Robson Ramos Por exemplo, a declaração de que no Céu !
alega ter recebido um sonho a respeito de testificam “o Pai, a Palavra e o Espírito!
um bebê que falava pelos pés”, interpre Santo; e estes três são um”(1 Jo 5:7), con- '
tado por ele como um endosso divino a siderada pelos eruditos bíblicos como uma ]
uma nova’ igreja adventista do sétimo interpolação ao texto original, é qualifica
dia que pode surgir aqui na América do da por Ricardo Nicotra como “uma ousa- '
Sul” livre, não apenas de uma estrutura da tentativa de adulteração da Palavra de
Hermenêutica antitrinitariana moderna /55

Deus”/’ Postura semelhante é assumida Satanás seria anular o testemunho do Espí


pelo mesmo autor em relação à expres rito de Deus”.^^
são “batizando-os em nome do Pai, e do
48
Filho, e do Espírito Santo”(Mt 28:19). Sacudidura inversa
Jairo Carvalho acrescenta que “a partir
de 1888 iniciou-se um processo de o antitrinitariano Robson Ramosjá su
apostasia dentro da igreja adventista, en geria em seu texto “Sonho: bebê que fala
cabeçado pela liderança”,que chegou, não va pelos pés” (2001), acima mencionado,
apenas a “forjar” textos, mas também a que o bebê do seu sonho seria “a ‘nova’
“manufaturar” e “produzir” até mesmo igreja adventista do sétimo dia que pode
compilações de textos, atribuídos surgir aqui na América do Sul, através des
indevidamente a Ellen G. White.'*® se despertamento que resultou no congres
so da Associação Brasileira de Adventistas
Se Deus não preservou a Bíblia e os Leigos [ABA-Lei]. Uma iasd livre, cuja
escritos de Ellen G. White livres de ensinos
cabeça é apenas Cristo”. No mesmo texto
heréticos em suas respectivas línguas ori ele apresenta “Novas bem-aventuranças”,
ginais,então não podemos mais considerá- sendo a primeira delas:“Bem-aventurados
los como infalíveis e confiáveis. Nesse caso, os adventistas-livres, a quem a Organiza
Ellen G. White teria se equivocado em afir ção exclui e remove de seus registros me
mar:“Irmãos,apegai-vos à Bíblia,tal como ramente terrestres. Sobre eles, já não po
ela reza, parai com vossas críticas relati derá haver controle nem ameaças de per
vamente a sua validade, e obedecei à Pa no-
da de cargos ou desligamento. E seus
lavra, e nenhum de vós se perderá.”^® “Se mes permanecem nos livros do Céu!
não quisermos construir nossas esperanças Aparentemente, parte desse “sonho” aca
celestiais sobre um falso fundamento, pre bou se concretizando em julho de 2005,
cisamos aceitar a Bíblia como se lê e crer
quando foi inaugurado na cidade de São
que o Senhor quer dizer o que diz”.^‘ Se Paulo o templo da assim chamada “Igreja
adulterações heréticas foram incorporadas CristãBíblica Adventista”,^ um movimento
ao texto sagrado,então teríamos que corri antitrinitariano dissidente da Igreja
gir até mesmo estas afirmações de Ellen Adventista do Sétimo Dia, liderado por
G. White, de forma a dizerem: “Não acei 55
Ricardo Nicotra.
tem a Bíblia e os escritos de Ellen G White
Para os antitrinitarianos modernos, a
‘como se lê’, pois se encontram adultera
dos. Aceitem apenas as versões da Bíblia Igreja Adventista do Sétimo Dia apostatou
e dos escritos de Ellen G. White como a ponto de se tomar Babilônia(Ap 14:8),
corrigidas pelos antitrinitarianos!” por aceitar a doutrina “católica” da Trinda
de. Consequentemente, a advertência
Digam as pessoas o que quiserem, mas apocalíptica: “Retirai-vos dela, povo meu,
uma questão não pode ser negada: É preci para não serdes cúmplices dos seus peca
samente neste ponto que os antitrinitarianos dos”(Ap 18:4) se transforma em um cha
assumem a sua mais arrogante postura de mado para que os “verdadeiros” adventistas
juizes das próprias Escrituras Sagradas! Esta antitrinitarianos saiam dentre os “apos-
postura, por si só,é suficiente para que todo tatados” adventistas trinitarianos. Neste
o sistema antitrinitariano moderno seja re caso, no seio da Igreja Adventista do Séti-
jeitado como espúrio e inspirado por outro mo Dia podem ficar os membros em esta
espírito,que não é o verdadeiro Espírito San do de apostasia; mas dela devem sair os
to. Por mais que eles se escondam atrás de genuínos filhos de Deus para um movimento
uma capa de pretensa “santidade”, a sua “livre, cuja cabeça é apenas Cristo”,
obra tem contribuído, mais do que qualquer descomprometido da Trindade e da crença
outra coisa, para colocar em descrédito tan na personalidade do Espírito Santo.
to o texto bfljlico bem como os escritos de
Ellen G White! Não é sem motivo que a A idéia de que o povo remanescente de
sra. White advertiu que“o último engano de Deus deve se retirar da Igreja Adventista
56/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006
Jr

do Sétimo Dia está em direto antagonismo apenas uma? Seria mais conveniente traj;
com o conceito de Ellen G White sobre a balharmos hoje cada um por conta própri^
“sacudidura” final da Igreja. Um estudo do que buscarmos o conselho dos irmãos'
mais detido desse tema revela que,segun (ver Pv 15:22)7
do ela, no seio da Igreja permanecerão os
verdadeiros filhos de Deus, e dela sairão Mas a vulgaridade antitrinitariana bra
apenas os apostatados.“ A sra. White ad sileira atingiu o seu clímax com os textosj
verte enfaticamente: de Tales Fonseca como, por exemplo|
“Afinal, para que servem os teólogos?”*!
Os que se põem a proclamar uma mensagem ‘Tales Fonseca desiste de colocar todoâ
sob sua responsabilidade pessoal, e que, ao mes
os teólogos num saco e jogar no rio”*'; “Í!
mo tempo que declaram ser ensinados e guiados
por Deus, constituem sua obra especial derrubar testes simples para verificar se o Dr. José
aquilo que Deus durante anos tem estado a erguer, Carlos Ramos é Deus”*^;“O que o Pelé
não estão cumprindo a vontade de Deus.Saiba-se os teólogos adventistas têm em co^
que esses homens se encontram do lado do grande mum?”“; “Que Indiana Jones que nada;^í
enganador.Não os creiais. Estão se aliando com os Dr Rodrigão é que é o cara!”*^; e “Poí|
inimigos de Deus e da verdade. Porâo a ridículo a que Alberto Timm merece a chuteira dá
ordem estabelecida no pastorado,considerando-a ouro apesar da cabeçada contrá
um sistema eclesiástico imperialista. Afastai-vos
Nicotra”.** A analogia entre as diférentesj
desses; não tenhais comunhão com sua mensagem
por muito que eles citem os Testemunhos e atrás compreensões da natureza de Deus e o;
deles busquem entrincheirar-se. Não os recebais; futebol já parece um tanto vulgar pará
pois Deus não os incumbiu dessa obra. O resulta aqueles que ainda respeitam o texto sa^f
do de semelhante obra será incredulidade nos Tes grado. No entanto, quando o referido au-j
temunhos,e nos limites do possível,tomarão sem tor reproduz ironicamente uma chargel
efeito a obra que por anos tenho estado a fazer.” mostrando, não apenas Adão completa-J
mente despido, com o seu órgão genitalí
exposto, mas também a própria pessoa de
Ironia vulgar
Deus, como se fosse um velho irritado,®* |
Uma caractenstica marcante da litera não resta a menor dúvida de que esse au-|
tura antitrinitariana brasileira é o uso de uma tor já perdeu completamente o respeito!
forma vulgar de ironia, não condizente com para com Deus e as coisas sagradas!|
a seriedade com que se deveria estudar a Embora alguns líderes antitrinitarianos i
doutrina de Deus.Por exemplo,a síndrome não se constranjam em escrever e publicarj
do herói e dos vilões aparece claramente esse tipo de ironia vulgar, eu apelo aosl
refletida no título “Resposta do Davizinho membros da Igreja Adventista do Sétimoí|
leigo aos 10 Golias do UnaspI”,com o qual Dia a que jamais incorram em uma formàil
aparecem anunciados os “comentários” de semelhante de vulgaridade, pois isso é umaiji
Ricardo Nicotra à resenha crítica a seu li blasfêmia contra o Espírito Santo. A ver-j
vro '*Eu e o Pai Somos Tales Fon¬ dade, para ser verdade, não necessita dis- í
seca chegou mesmo a sugerir ironicamen so. Somente quando os argumentos são fia^ 1
te que,“para responder ao Nicotra, foram COS e não convincentes é que a pessoa pre- í
necessários 10” teólogos.^® A mensagem cisa apelar para a ironia vulgar como uin’ll
nas entrelinhas é que Davi conseguiu ma mecanismo de autodefesa e de sustenta- í
tar apenas a um Golias (ver ISm 17), mas ção para suas idéias. Nas páginas 636-637 1
Ricardo Nicotra foi capaz de derrubar 10 do livro Evangelismo, Ellen G White ad-(
Golias. Nessa analogia, Nicotra é conside moesta a que nos afastemos de “toda vuU
rado como excedendo em muito ao próprio garidade” e de “tudo quanto é rústico”, pois
Davi! Mas,diante da idéia do “quanto mais, Deus não considera “tais peculiaridades
melhor”(como no contraste entre “apenas como virtudes”.*"^ Fiquei chocado, no en
um verso” e os “36 versos”, acima menci tanto, quando um antitrinitariano me disse j
onada), por que então a opinião de 10 pes que eu poderiajogar no lixo esse livro, por }
soas não seria mais abalizada do que a de ter sido compilado após a morte da sra^ í
Hermenêutica antitrinitariana moderna / 57

White!®® Além disso, como disse alguém, ma expostos. Mas, por outro lado, ela ja
“julga-se melhor uma pessoa,não pelo que mais deve permitir que seus esforços mis
os outros dizem dela, mas pelo que ela diz sionários sejam inibidos pelo espírito polê
dos outros”. mico e difamador dos antitrinitarianos. Ellen
G. White admoesta na página 376 do seu
livro Obreiros Evangélicos:
Considerações Adicionais
O antitrinitarianismo adventista brasilei Podereis hoje remover todos os pontos de
apoio,tapando a boca dos contraditores de manei
ro é um movimento religioso relativamente
ra que nada mais possam dizer,e amanhã eles per
novo e, consequentemente, ainda hetero correrão o mesmo terreno outra vez. Assim acon
gêneo em sua hermenêutica. Mesmo as
tecerá sempre e sempre, porque eles não amam a
sim, é possível observar algumas de suas verdade,e não virão para a luz, para que as trevas
características hermenêuticas predominan e os erros não sejam deles afastados.
tes. Sem sombra de dúvidas, existe uma
grande diferença entre o método O ministério de Cristo durou apenas três anos,
gramático-histórico dos adventistas do sé mas uma grande obra foi feita nesse breve período.
timo dia®^ e as livres interpretações (por Nestes últimos dias, há uma obra vasta a ser feita
vezes alegóricas) dos antitrinitarianos. dentro de pouco tempo. Enquanto muitos se estão
Como no caso de Carlstadt e Lutero con preparando para fazer qualquer coisa, almas hão
de perecer por falta de luz e conhecimento.
tra Eck, é impossível qualquer acordo
interpretativo entre os adventistas do séti
Se homens empenhados em apresentar e de
mo dia e os antitrinitarianos, enquanto es fender a verdade bíblica passarem a pesquisar e a
tes últimos mantiverem o malabarismo mostrar a falácia e incoerência dos homens que
I hermenêutico e as inconsistências transformam a verdade de Deus em mentira.Sata
j inteipretativas que os caracterizam. Se a nás há de levantar adversários suficientes para lhes
Igreja tolerasse em seu meio esse tipo de manter a pena constantemente ocupada,enquanto
livre interpretação,ela estaria abdicando do outros ramos da obra terão de sofrer. Devemos
es¬
seu compromisso com os princípios da ex possuir mais do espírito daqueles homens que
clusividade das Escrituras e da totalida tavam1 reedificando os muros de Jerusalém. Estamos
de das Escrituras. fazendo uma grande obra,e não podemos descer.
Se Satanás for capaz de manter homens ocupados
Somos alertados pelo Espírito de Pro em responder às objeções dos oponentes, impe
fecia de que “os piores inimigos que temos dindo-os assim,de realizar a mais impormnte obra
são os que procuram destruir a influência para o tempo atual, seu objetivo será atingido.”
dos vigias sobre os muros de Sião”.^°
Ao aproximar-se a tempestade, uma classe
A Igreja Adventista do Sétimo Dia pos
numerosa que tem professado fé na mensagem do sui uma posição bem definida quanto à dou
terceiro anjo, mas não tem sido santificada pela trina de Deus e da personalidade do Espín-
obediência à verdade, abandona sua posição, pas to Santo, Muitas teorias procuraram mo¬
sando para as fileiras do adversário. Unindo-se ver a Igreja de sua plataforma bíblica, e
ao mundo e participando de seu espírito, chega aqueles que isso intentaram foram como
ram a ver as coisas quase sob a mesma luz; e,em meteoros que fulguraram intensamente a
vindo a prova, estão prontos a escolher o lado princípio,e depois se extinguiram. Não po
fácil, popular. Homens de talento e maneiras agra
demos permitir que pessoas com uma
dáveis, que se haviam já regozijado na verdade, hermenêutica incoerente e com interpreta
empregam sua capacidade em enganar e transviar
as almas. Tornam-se os piores inimigos de seus
ções inconsistentes nos levem a duvidar de
antigos irmãos.” ’ que Deus está guiando a Igreja ao seu tri
unfo final. A promessa em Isaías 54:17 é
Creio que a Igreja Adventista do Séti clara: “Toda arma forjada contra ti não
mo Dia tem o dever, por um lado, de escla prosperará; toda língua que ousar contra ti
recer seus membros a respeito dos sérios em juízo, tu a condenarás; esta é a herança
riscos envolvidos com a aceitação dos prin dos servos do Senhor e o seu direito que de
cípios hermenêuticos antitrinitarianos aci- mim procede, diz o Senhor.”

L
58/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

18
Referências George R. Knight, em seu livro Em Busca dà
Identidade: O Desenvolvimento das Doutrinas
'Uma descrição elucidativa do Debate de Leipzig Adventistas do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casal
é provida em E. G Schwiebert, Luther and His Ti Publicadora Brasileira, 2005), 55-130, sugere uinaj
mes: The Reformationfrom a New Perspective(Saint distinção semelhante ao considerar a ênfase de 1844^1
Louis, MS:Concordia, 1950),384-437. 1885 como centralizada em torno da pergunta
^Uma elucidativa análise cntica da hermenêutica que é adventista no adventismo?”e a ênfase em 1886^:
jeovista pode ser encontrada em Arnaldo B. 1919 como gravitando ao redor da questão “O queêl
Christianini,Radiografia do Jeovismo,2“ ed.,refun- cristão no adventismo?".
dida e ampliada(Santo André,SP:Casa Publicadora ”Ver Alberto R. Timm, O Santuário e as Três
Brasileira, 1975). Mensagens Angélicas: Fatores Integrativos no De
^ Ricardo Nicotra, “Eu e o Pai Somos Um E o senvolvimento das Doutrinas Adventistas,4“ed.,revj
Espírito Santo? Não Faz Parte da Trindade?,2“ ed. (Engenheiro Coelho, SP: Imprensa Universítáríai
(São Paulo: Ministério Bíblico Cristão, 2004). Adventista, 2002). I
“[Jairo Pablo Alves de Carvalho,org.],A Divin “Ellen G White,‘To brother J. N.Andrews andj.
dade, e a maravilhosa conexão entre o céu e a terra, sister H. N. Smith”, em idem, Pamphlets in the
chamada Espírito Santo(Contenda, PR: Ministério Concordance (Payson, AZ: Leaves-Of-Autumn,í
4 Anjos,[2003]). 1983), 1:245-246.
* Ver Alberto R.Tlnim,“Resenha Crítica do Li Ellen G White, Manuscript Releases (Silvefíl
vro 'Eu e o Pai Somos Um Parousia, ano 4, n® 2 Spring, MD: Ellen G White Estate, 1990), 5:203.|
(2® semestre de 2005):69-93;idem,“Resenha Críti Cf. Timm, O Santuário e as Três Mensagensà
ca do Livro A Divindade",Parousia, ano 5, n® 1 (1® Angélicas, 184-185.
22
semestre de 2006),79-100. Ellen G White, Primeiros Escritos, 6" ed.i
* Alberto R.Tlmm,“Em crise com a mensagem”. (Tatuí,SP: Casa Publicadora Brasileira, 1999),256,S
Revista Adventista(Brasil),junho de 1999,8-10. Manuscript Releases, 14:23-24.
’Alberto R.Timm,“O drama da apostasia”. Re ”Ellen G White, O Desejado de Todas as Na-1
vista Adventista(Brasil), maio de 2003,6-8. ções,22“ ed.(Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasileira.I
8
Alberto R. Tlnim, “A Igreja e seus críticos”. 2003),669.
25
Revista Adventista(Brasil), abril de 2005,16-17. Vfer Samuel Koranteng-Pipim, Receiving the]
®Uma elucidativa análise crítica dos “reformistas” Word: How New Approaches to the Bible Impactí]
é provida em Helmut H. Kramer, Os Adventistas da Our Biblical Faith and Lifestyle (Berrien Springs,j
Reforma(Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasileira, 1991). MI: Berean Books, 1996), 298-300.
Ver [Jerry Moon], “Trindade e antitrinita- “White, Primeiros Escritos, 85-127.
27
rianismo na história adventista”, em Woodrow Ibid., 11-83.
28
Whidden, Jerry Moon e John Reeve, A Trindade: Ibid., 129-295. j
Como Entender os Mistérios da Pessoa de Deus na “Ellen G White, The Spirit ofProphecy,4 vols,i
Bíblia e na História do Cristianismo(Tatuí,SP:Casa (Battle Creek, MI: Steam Press of the Seventh-day|
Publicadora Brasileira,2003),216-230. Adventist Publishing Association, Review and
"Ver Jerry Moon,“O debate adventista sobre a Herald, 1870-1884). j
Trindade”,Parousia,ano4,n® 2(2® semestre de 2005)- “Ellen G White, Patriarcas e Profetas, 15" ed.
|
19-30. (Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasileira, 1997);idem, I
12
Fundamental Beliefs of Seventh-day Profetas e Reis, 8“ ed.(Tatuí, SP: Casa Publicadora ^
Adventists - Church Manual Revision”, Adventist Brasileira, 1996); idem, O Desejado de Todas| as
Review, 1® de maio de 1980, 23; republicado em Nações-,idem. Atos dos Apóstolos, 8" ed.(Tatuí,SP: j
Seventh-day Adventist Church Manual,rev.em 1981 Casa Publicadora Brasileira, 1999);láem,O Grande !
([Washington,DC]: General ConferenceofSeventh- Conflito,41"ed.(Tatuí,SP: Casa Publicadora Brasi- ^
day Adventists, 1981), 32-33. leira,2001). í
13 31
LeRoy E. Froom, Movement ofDestiny(Wa Ver Alberto R. Timm, “Os adventistas e | a
shington, DC:Review and Herald, 1971), 269-326. inspiração”. Ministério (Brasil), março-abril de '
Seventh-day Adventists Answer Questions on 1999,9-12. ’
Doctrine (Washington, DC: Review and Herald, “White, O Grande Conflito, 599-600.
1957), 11, 21-22, 35-49, 641-646. 33 Ver Ellen G White,Evangelismo,3"ed.(Tatuí,
IS «
Fundamental Beliefs of Seventh-day SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997),613-617.A
Adventists”,em 1931 Year Book ofthe Seventh-day autenticidade das declarações que aparecem nessas
Adventist Denomination (Washington, DC:Review páginas do livro Evangelismo é atestada em “Origi
and Herald, 1931),377. nal Sources for Ellen White’s Statements on the
16 »*
[Carvalho, org.], A Divindade,40-46,52. Godhead Printed in Evangelism, pp. 613-617
'Tbid., 59. (Silver Spring, MD: Ellen G White Estate, 2003). ,
Hermenêutica antitrinitariana moderna / 59
34
Nicotra, “Eu e o Pai Somos Um", 40, 48- ^ White, Testemunhos Para Ministros e Obrei
49,54,75. ros Evangélicos, 51.
35
Ver Alberto R.Tinun,“O adventismo e o prin Ricardo Nicotra,“Comentários Sobre a Re
cípio da sola Scriptura", Ministério(Brasil),janeiro- senha Crítica do Livro 'Eu e o Pai Somos Um
fevereirode 1998, 18-20. em http://www.adventistas.com/julho2006/
36
Nicotra, "Eu e o Pai Somos Um”,47-49. replica_nicotra_parousia.htm, acessado em 07/
37
Ibid., 34-35. 09/2006.
38
Ekkehardt Mueller, The Revelation, ”Tales Fonseca,“Porque Alberto Timm merece
Inspiration, and Authority of Scripture”, Ministry, a chuteira de ouro apesar da cabeçada contra Nicotra”,
abril de 2000,22. http://www.adventistas.com/julho2006/
39
Ver Francis D. Nichol, ed., The Seventh-day timm_chuteiradeouro.htm,acessado em 07/09/2006.
Adventist Bible Commentary,ed.rev.(Washington,DC: “Tales Fonseca, “Afinal, para que servem os
Review and Herald, 1980),5:306-307(“Note 2”). teólogos?”, http://www.adventistas.com/feverei-
40
Ibid., 640. ro2003/tales_teologos.htm,acessado em 11/09/2006.
41
Ibid., 555. Tales Fonseca,‘Tales Fonseca desiste de colo
42
White, O Desejado de Todas as Nações,671. car todos os teólogos num saco ejogar no rio”, http:/
43
[Carvalho, org.], A Divindade, 107-145. /www.adventistas.com/marco2003/tales_teologos
44
Márcio Nastrini, e-mail para Alberto R. 2.htm,acessado em 11/09/2006.
Timm,contendo um relatório datado de 15 de maio “Tales Fonseca,“2 testes simples para verificar
de 2006. se o Dr. José Carlos Ramos é Deus”, http://
45
Robson Ramos, “Sonho: O bebê que falava WWW.adventistas.com/maio2005/2_testes
pelos pés”,em http://www.adventistas.com/novem- _ramos.htm,acessado em 07/09/2006.
bro2001/congresso/sonho_robson.htm,acessado em “Tales Fonseca, “O que o Pelé e os teólogos
7/9/2006. Cf. Ex-pastor K.,“A profetiza do pretenso adventistas têm em comum?’, http://www.
movimento leigo do Brasil”, em http://www. adventistas.com/junho2005/pele_teologos.htm,
adventista-aconseIho.com/profetiza_do %pretenso acessado em 07/09/2006.
%20moV.%201eigo.htm. «Tales Fonseca,“Que Indiana Jones que nada,
46
Jairo Carvalho,“Adventista argentino tem vi Dr.Rodrigão é que é o cara!”,http://www.adventistas.
são que confirma origem satânica da doutrina da Trin com/abril2006/rodrigojones.htm, acessado em 07/
dade”, em http://www.adventistas.com/junho2002/ 09/2006.
visao_trindade.htm,acessado em 11/9/2006;Robson “Fonseca,“Porque Alberto Timm merece a chu
Ramos,“Nota do editor”, em ibid. teira de ouro apesar da cabeçada contra Nicotra ,
47
Nicotra, “Eu e o Pai Somos Um", 38. http://www.adventistas.com/julho2006/timm_
48
Ibid., 39-56. chuteiradeouro.htm,acessado em 07/09/2006.
49
[Carvalho, org.], A Divindade,59,84. “Fonseca, “Que Indiana Jones que nada, Dr.
50
Ellen G White, Mensagens Escolhidas, 2“ ed. Rodrigão é que é o cara!”
67
(Tatuí,SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), 1:18. White, Evangelismo, 636-631.
Ellen G White, Testimonies for the Church “Ellen G White sugeriu que os depositários do
(Mountain View, CA: Pacific Press, 1948), 5:171. seu Patrimônio Literário preparassem compilações
52
White, Mensagens Escolhidas, 2:78. dos seus escritos. Essa questão é abordada em
”Ramos,“Sonho: O bebê que falava pelos pés”. Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor(Jaiui,
®^Mais informações sobre a Igreja Cristã Bíblica SP:Casa Publicadora Brasileira,2001),528-533.
Adventista podem ser encontradas no site “Ver o documento “Métodos de estudo da Bí
www.igrejacrista.com. blia” em Declarações da Igreja, 2“ ed. (Tatuí, SP.
55
Ver Timm,“Resenha Crítica do Livro 'Eu e o Casa Publicadora Brasileira,2003), 179-189.
70
Pai Somos Um”\ 70-71. Ellen G White, Testemunhos Para a Igreja
Ver o capítulo intitulado “A Sacadidura” em (Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasileira,2004),5:294.
71
Ellen G White, Eventos Finais, 3“ ed. (Tatuí, SP: E. G White, O Grande Conflito, 608.
72
Casa Publicadora Brasileira, 1995), 149-157. Ver tam E. G White, Obreiros Evangélicos, 376.
bém Ellen G White, Testemunhos Para Ministros e ”Ver Nisto Cremos: 27 Ensinos Bíblicos dos
Obreiros Evangélicos, 4“ ed. (Tatuí, SP: Casa Adventistas do Sétimo Dia, 8“ ed. (Tatuí, SP. Casa
Publicadora Brasileira,2002), 15-62. Publicadora Brasileira,2003),31-98.

L
I

1.
Antitrinitarianismo
ou ANTITRESflTARIANISMOS?
Rodrigo P. Silva, Th.D.
Professor de Novo Testamento e Filosofia no Salt, Unasp,Campus Engenheiro Coelho,SR

Resumo: O presente artigo inicia mos adventista da Trindade” é, na verdade, um


trando um panorama das diversas formas “entendimento católico” que não corresponde
de antitrinitarianismo histórico,com o intui à compreensão adventista do assunto.
to de demonstrar que essa pluralidade atu Fernando Canale' e Jerry Moon^ sistemati
almente se reflete no pensamento dos dis zaram as diferenças históricas entre o
sidentes do adventismo,opositores da dou ensinamento adventista da divindade e outras
trina da Trindade. Comparando textos vei concepções oriundas,principalmente,da filo
culados por esses grupos, o autor aponta sofia grega. Não obstante, enquanto crença
grande número de contradições e divergên fundamental,o trinitarianismo pode ser con
cias, desfazendo a falsa impressão de uni siderado uno dentro da posição contemporâ
dade interpretativa que eles têm procurado nea e oficial dos adventistas que preferiram
transmitir. Expõe,ainda,a fragilidade de sua “se limitar às declarações dogmáticas e teo
argumentação teológica, pontilhada de equí lógicas, mantendo-se distantes de um desen
vocos e falta de clareza. volvimento sistemático da doutrina de Deus
e da Trindade”^. O mesmo já não se pode
Abstract; This article starts with a
dizer do antitrinitarianismo histórico,que ain
broad spectrum of the different forms of
da abriga vários grupos divergentes em seu
historical anti-trinitarianism, aiming to
meio.A única coisa que se mantém uniforme
demonstrate that such a plurality is reflected em todos os discursos passados(com exce
on the thought of today’s dissidents of
ção de alguns subordinacionistas) é a nega
Adventism,opponents ofthe doctrine ofthe
ção do Espírito Santo como ser independente
Trinity. Comparing texts written by these
groups, the author indicates an incredible e pessoal.
number of contradictions and divergences, O objetivo deste artigo é o de oferecer
destroying the false impression of inter- um breve resumo dos principais segmen
pretative unity that they try to convey. Yet, tos antitrinitarianos do passado e verificar
the article exposes the vulnerability oftheir se
_.mesma
a falta de unidade teológica pode
theological argumentation, marked by ser vista nos dissidentes do adventismo hoje.
ambiguities and lack of clarity. Para isso será apresentada uma lista dos
segmentos históricos, seguida de uma sé
Introdução rie de citações retiradas de livros e sites
antitrinitarianos. As mesmas serão comen
Os atuais debates sobre a Trindade pro tadas e disponibilizadas por blocos para que
duzem a errônea impressão de que exis se verifique com clareza as divergências
tem apenas dois grupos ideologicamente de opinião entre os dissidentes.
rivais: os trinitarianos e os antitrinitarianos.
Também dão a entender que assim era no Definição de termos
tempo dos pioneiros. Mas não é esse o qua
dro que a história nos apresenta. Arianismo: sustenta a visão de Ario,
A doutrina da Trindade passou por várias bispo de Alexandria (3127-328 d.C.), se
abordagens,e o que muitas vezes é rebatido gundo a qual o Filho não era co-etemo com
erroneamente como “entendimento o Pai, mas teve um começo no tempo. Ele
62/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

foi O primeiro ser criado e se tomou um Origenismo: Orígenes (1857-254?)iní


“deus menor”, um ser de natureza inter ventou um conceito que pode ser entendí
mediária entre Deus-Pai e a humanidade, do como um desdobramento M
tanto na criação, quanto na redenção. subordinacionismo. Para ele, o Logos, ní
qualidade de Filho, procede do Pai nãopd
Binitarianismo: ensina que só há um
meio de divisão ou criação, mas por meie
Deus, existente em duas pessoas divinas.
de uma geração eterna. O Filho é etemá
Uma, o Pai, existe por todo o sempre. A
segunda,o Filho,foi gerado, mas não cria mente gerado pela vontade do Pai, o quj
do, nalgum momento da eternidade. O Es exclui da geração de Cristo a idéia de co
meço, antes, subentende-se uma idéia é
pírito Santo é a “força ativa e impessoal”
que une o Pai e o Filho numa mesma co relacionamento eterno. Deus é amor, ^
existência divina. Embora o Filho tenha como tal, deve ter um objeto eterno dessí
“surgido” no tempo,foi elevado pelo Pai à amor, que é o Filho, ou, do contrário, pdí
sua própria categoria, podendo,portanto,ser der-se-ia concluir que houve um tempo en
adorado pelas criaturas. Mas, durante sua que Deus não amava ou não era Pai. Logo
encarnação na Terra, Ele se fez novamen a paternidade seria - em linguageíÉ
metafísica - um acidente na essência dí
te inferior ao Pai, condição que, para al
guns se limitou apenas ao seu ministério Deus e não atributo inerente à sua pesso^
terrestre, e que, para outros, perdura por O Filho, para Orígenes, tem a mesma naí
toda a eternidade. Numa visão mais ou tureza do Pai, mas o fato de ser eterna^
menos uniforme,os binitarianos crêem que, mente “gerado” o coloca numa posição
eteraamente subordinada. !
após ter sido gerado, o Filho toma-se um
com o Pai,formando,assim,“um só Deus” Sabelianismo ou Monarquianismé
(e não dois deuses). Deste modo, os Modalista: O escritor Sabélio(c. 215 d.C.)
binitarianos não entendem como contradi formulou outra maneira de entender a Deus
tória sua adoração ao Pai e ao Filho em que também negava a doutrina da Trindar
face ao monoteísmo. Afinal, são duas pes de. Para ele, o Pai,o Filho e o Espírito Sanf:
soas unidas numa mesma divindade, for to eram diferentes manifestações de uni
mando um único Deus. Os que hoje racio único Deus. Logo, a divindade era constiri
cinam próximos a esse conceito não acei tuída de apenas uma pessoa (não duas ou
tam usar a mesma lógica quando se fala de três), que em momentos diferentes usou
“três” pessoas unidas numa mesma di distintas maneiras de se apresentar: nalgu->|
vindade. Quanto a esta última, rejeitam- mas vezes como Pai, noutras como Filho e;
na por considerá-la um absurdo do ponto finalmente,como Espírito. I
de vista da razão humana. Usam literalmen Socionismo: Fausto Socinus (1539**
te, “dois pesos, duas medidas”. 1604 d.C.)foi um racionalista que rejeitou!
Subordinacionismo: embora admitam a doutrina da Trindade por achar que elai
um plural de duas pessoas na divindade(como fugia ao “senso comum”. Suas idéias fo
o binitarianismo), os subordinacionistas ram precursoras do unitarianismo.
enfatizam com maior rigor o caráter essenci Unitarianismo: esse termo,cunhado ori
almente subordinado do Filho em relação ao ginalmente como uma contradição ao'j
Pai. Cristo foi e continuará para sempre infe trinitarianismo,sustenta que só há uma pes
rior e sujeito ao Pai e, portanto, nunca pôde soa que por natureza pode ser definida como!
ter obtido qualquer“igualdade”com Ele,con Deus: o Pai. Superenfatizando a compre-j
forme ensinam os binitarianos.Sua natureza, ensão única do monoteísmo cristão, oSi«
embora de certo modo “divina”, não é a mes
unitarianos negam qualquer tipo de divinrj
ma de Deus Pai. Quanto ao Espírito Santo, dade, adquirida ou derivada, para a pessoaij
alguns da linha subordinacionista seguem a de Cristo. Ele foi apenas um homem co^|
tendência geral dos outros grupos,que é a de mum,com uma natureza humana comumj
negar sua existência como pessoa. Uns pou que permaneceu fiel a Deus e cumpriu suai i
cos, no entanto, o entendem como um ser missão, mesmo estando na condição peca
pessoal(talvez um anjo)submisso ao Filho. minosa de qualquer filho de Adão. Foi pro-
Antitrinitarianismo ou antitrinitarianismos? /63

vavelmente aqui que surgiram as primeiras abraçando, pois não existe apenas um. Os
sementes do perfeccionismo com sua ên próprios dissidentes do adventismo às ve
fase na natureza caída de Cristo.
zes esbarram em contradições entre si, que
Os unitarianos também rejeitam a doutri revelam seu desconhecimento acerca da
na do nascimento virginal,a preexistência do pluralidade de posições antitrinitarianas.
Filho e o caráter expiatório de Sua morte na
Cruz. Que Jesus foi morto, é um fato, mas Contradições contemporâneas
não por nossos pecados,e sim pela maldade
humana que fez dEle um mártir do amor. Seguem-se aqui algumas breves contra
Nossa salvação, portanto, não está relacio dições vistas entre os dissidentes do
nada ao seu sangue derramado, mas à atitu adventismo, postas com o fim de ilustrar o
de que tomamos diante das leis de Deus. A que acima foi dito. A maioria das citações
vida de Jesus nos ajuda enquanto modelo de provém da Internet e é de se esperar que se
perfeição e não como sacrifício expiatório. alegue serem trechos fora de contexto.Con
tudo,as referências estarão costumeiramente
Monofisismo: O Concilio de Calce-
nas notas para que se verifique que mesmo
dônia,realizado em 451 d.C., sistematizou
vistas no contexto original, as fdas perma
a crença nas duas naturezas de Cristo(uma necem contraditórias.
divina e outra humana).Como reação a esse
conceito, os monofisistas ensinavam que É também possível que os mesmos se
Jesus só tinha uma natureza: a divina; ou defendam afirmando que esse foi o seu
então, uma única natureza composta, sem entendimento no passado e que hoje não o
qualquer distinção entre o divino e o huma defendem mais. Mas se é assim, por que
no. Ao contrário dos unitarianos,que viam não relataram a mudança de conceito ad
em Cristo apenas um ser humano especial, mitindo que cometeram um erro?
para os monofisistas não havia natureza A análise dos vários materiais disponí
humana em Cristo, a sua natureza divina
veis nos sites ou nos livros publicados so
absorveu qualquer traço de humanidade que bre o assunto jamais revelou qualquer ad
poderia haver nele, tomando o homem Je missão de equívoco interpretativo ou mu
sus plenamente divino. Sua pessoa, portan dança de opinião por parte dos autores que
to, nunca foi uma união entre humanidade
alimentam as páginas da discussão^. Igual
e divindade, mas a absorção da primeira mente não se encontrou em nenhum mo
pela segunda. mento uma discordância pública entre eles,
Por essa definição de termos, compre o que traz a errônea impressão de que são
endemos que,quando alguém se proclama unidos em seus conceitos.A relação de tex
descrente da Trindade, deve ter claro em tos que apresentaremos a seguir, mostrará
sua mente que tipo de antitrinitarianismo está a desarmonia interpretativa desses grupos:

Cristo teve um começo?

“Afirmar que Jesus não teve um co “Um dos atributos do Pai e do Filho
meço,é negar que seja o Filho de Deus. de Deus é a Eternidade. A eternidade de
Se é ‘eterno’ não pode ser filho e nunca Deus e de Cristo é diferente da eternida
morrería. Se está em pé de igualdade com de dos anjos. Os anjos estão sujeitos à
Deus Pai, não pode ser Advogado (me sucessão do tempo, mas Cristo foi o Cri
diador) entre Deus e o homem.” Ennis ador de todas as coisas, inclusive do tem
Meier^ po. Isaías afirma que Cristo é o ‘Pai da
Eternidade’... A questão do tempo da ge
“Crísto um dia foi parte integrante do ração de Cristo é tão absurdo [sic] quan
Pai; e por isso podemos admitir que ele to uma possível questão do local da gera-
64 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

não é mais novo que Deus o Pai, porque ção de Cristo, sendo ele gerado com o
mesmo antes de existir como ser indepen atributo da onipresença. Deus e Cristo
dente do Pai,elejá existia,como parte do são eternos e onipresentes.” Ricardo
Pai, antes de ter sido gerado por Ele. As Nicotra®
sim, como o Pai é eterno, Jesus teve sua
origem na eternidade.” Jairo Carvalho’

”8
Nesses comentários vemos a tendên cronológica, o que não é possível. Jaiiõ/
cia origenista de Nicotra contra o Carvalho, reafirmando um parecer mai|
arianismo de Meier, que põe as origens binitariano limita-se a dizer que Jesus teve/
de Cristo no tempo, negando assim sua uma origem “antes mesmo de criar o princf-j
eternidade. Nicotra, por sua vez, respon pio do pó do mundo”’. Mas não silencia quaiV^
dendo à pergunta “houve um tempo em to a dizer se esse “quando” estaria dentrii
que Cristo não tenha existido?”, simples do tempo ou fora dele. Num outro texto eleÍ
mente afirma que tal questão “não faz apenas declara que “Cristo teve origem, mas*
qualquer sentido, pois trata-se de uma que esta foi nos dias da eternidade”. É notól
tentativa de enquadrar a geração do Fi ria a tendência mais “filosófica” e menósj
lho de Deus, o Criador de todas as coi bíblica que os autores têm de separar “tem-j
sas (inclusive o tempo), em uma linha po” e “eternidade”. |

Cristo é incondicionalmente imortal?

“Ao tomarem Jesus um Deus co-igual “A diferença maior entre Cristo e o


ao Pai, os trinitarianos não podem negar homem,é que enquanto Deus soprou no
a sua imortalidade, assim, afirmam que homem o fOlego [í/c] da vida, ‘empres
Jesus não morreu de fato, pois sendo igual tando’ a sua vida ao homem,e dando-lhe
ao Pai, não poderia morrer visto que a possibilidade da imortalidade(não ine
Deus é imortal . ... Quem está mentin rente) mas, sim, dependente (pelo aces
do? A Bíblia afirma que Deus é imortal so à árvore da vida) em relação a Seu
(Ver ITm 6:16). Filho,o Verbo,ao vir à existência, gerado
A palavra imortalidade em si mesma ou procedente do próprio Pai, a vida do
já encerra uma verdade absoluta. Deus Pai veio Nele, e esta vida não foi em
não pode morrer, caso contrário não se prestada, não lhe foi dada de forma de
ria imortal. Ao tomarem Jesus um Deus pendente, e sim, era inerente ao próprio
co-igual ao Pai, os trinitarianos não po ser, ora gerado.” Rogério Buzzi"
dem negar a sua imortalidade,assim,afir
mam que Jesus não morreu de fato, pois
sendo igual ao Pai, não poderia morrer
visto que Deus é imortal. Então alegam
que apenas seu corpo morreu, porém a
sua Divindade não. Esta explicação apro
xima-se em muito dos ensinamentos do
espiritismo,o qual afirma que ‘o Homem
não morre. Ele possui um espírito imor “[O Pai e o Filho são] seres que
tal. Apenas seu corpo é que morre.’ Afi possuem exclusivamente os atributos
nal Jesus morreu ou não? Quem está da imortalidade, onipotência, onipre
mentindo. Cristo e os apóstolos ou os sença e onisciência....” Elpídio da
10
trinitarianos?” Milton Figueiredo Cruz Silva” I

i
Antitrinitarianismo ou antitrinitarianismos? / 65

“Afirmar que Jesus não teve um co “O Pai concedeu a Cristo ... a prer
meço, é negar que seja o Filho de Deus. rogativa de ter vida em si mesmo.” Jairo
Se é ‘eterno’ não pode ser filho e nunca Carvalho*'*
morreria. Se está em pé de igualdade
com Deus Pai, não pode ser advogado
(mediador) entre Deus e o homem.” “Se Cristo é o Deus eterno,como afir
Ennis Meier*^ ma o Manual da Igreja(pág.10), não po
dería morrer. Então por que a Bíblia afir
ma taxativamente que Cristo morreu, e
que Deus o Pai o ressuscitou?” Adilson
de Souza'^

Aqui vê-se a falta de clareza dos auto pode definir esse maravilhoso mistério-a
res quanto ao ensino trinitariano defendido mistura das duas naturezas ... [esse misté
”17
pela Igreja Adventista. Nunca foi objetivo rio]jamais poderia ser explicado.
da teologia adventista “explicar” o mistério Percebe-se ainda a dificuldade dos au
da morte de Jesus ou como suas naturezas tores em esclarecer a imortalidade (natu
relacionavam-se entre si. Basta aceitar o ral ou adquirida de Cristo). Enquanto uns
assombro da incompreensão” ou afirmar entendem que ele seria um candidato à
simplesmente-sem a pretensão de elucidar imortalidade semelhante a Adão, outros
- que “a humanidade de Cristo achava-se como Rogério Buzzi, Jairo Carvalho e
tão vinculada à sua plena divindade que,ao Elpídio da Cruz defendem uma imortalida
Ele morrer, podemos verdadeiramente di de incondicional para Cristo,o que os apro
zer que toda a Divindade ‘estava em Cris xima mais do origenismo(salvo no aspecto
to’ e sofreu a sua morte expiatória”'®. Nas em que defendem um “começo” para a
palavras de Ellen G. White:“o homem não existência de Cristo).

Cristo é um Deus inferior ao Pai?

“A Palavra de Deus diz que Jesus é o “Se Cristo é o próprio Deus eterno, por
Filho Unigênito; Cristo foi gerado por que o livro de Atos afirma que Cristo,além
Deus ... Eva foi gerada de Adão, por esta de ter sido ressuscitado por Deus,foi ele
razão tem a mesma natureza humana de vado a Príncipe e Salvador? Como Cristo
Adão. Não é correto dizer que Eva, por poderia ser elevado a Príncipe se já era o
ter sido gerada de Adão é um homem (ser próprio Deus?” Adilson de Souza”
humano) inferior ou um semi-humano.
Eva é tão humana quanto Adão. Seme
lhantemente, Jesus Cristo, por ter sido
gerado de Deus, é tão divino quanto o
Pai. ... Por isso Jesus não pode ser con
siderado um semi-Deus ou um Deus com
qualidade inferior.” Ricardo Nicotra'®

“Jesus é o Filho de Deus e isso signi “O Pai ordenou que o Filho devesse
fica ter tido um começo. ... Jesus nun ser considerado igual a Ele. Estando em
ca pretendeu ser igual a Deus. E Je plena conformidade com a vontade de
sus mesmo disse que o Pai é maior do Seu Pai, por meio dos testemunhos que
que ele, e que todo o seu poder provém inspirou sua serva a escrever a cerca de
66/ PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

do Pai. ... Negamos, SIM, que haja al um século, Jesus reafirma Sua Palavrasf
guém no universo igual a Deus.” Ennis [sic] de que Ele (Cristo)era igual àquelé|
Meier^° (o Pai) antes mesmo da encarnação.”:;
Jairo Carvalho-' |
M

/Jiji
Vemos aqui três abordagens conflitantes juizes perante o povo de Israel. Os anjtfi
sobre o status divino de Jesus. Nicotra diz por sua vez, são seus representantes pi
que a equiparação entre Cristo e o Pai se rante o Universo. i
dá naturalmente, assim como Eva é natu
Se existe uma terceira aplicação do tra
ralmente tão humana quanto Adão. Jairo
mo própria apenas a Cristo, ela ainda cm
Carvalho, por sua vez, embora defenda a
por ser descoberta. Pois se dissermos qw
igualdade entre ambos(Pai e Filho), suge
o Filho é Deus porfunção, igualamo-lo
re que isso se deve a uma “ordem” do Pai.
criaturas que também podem exercer
Logo, Jesus não seria igual a Deus por
papel; se entendermos que é por natureM
natureza, mas por decreto. O que gera
igualamo-lo ao Pai. Assim, tal explicaçM
uma contradição no próprio pensamento do
autor, que também sugere que Cristo era cria mais problemas que soluções para|
“um com o Etemo Pai, em natureza”.^^ proposta antitrinitariana. 1
O próprio Elpídio da Cruz Silva,ex-anl
Meier e Souza atacam qualquer tentati cião e firme defensor do antitrinitaii»
va de equiparação divina entre Cristo e o
Pai o que os faz muito mais próximos do anismo, apresenta uma idéia contráriai|
tal explicação ao ensinar que “quandoí
subordinacionismo que seus colegas.
palavra Deus é aplicada à pessoa do
Tentando esclarecer a questão, o editor e à pessoa do Filho, ela diz que existei|
do site www.adventistas.com, Robson apenas duas pessoas desta I
Ramos, traduziu o artigo de um certo Igualmente o site dos chamadi
Lynnford Beachy, segundo o qual a divin “Adventistas Bereanos” esclarece a
dade de Cristo não é a mesma do Pai.^^ O leitores que “a palavra Deus, é utiliza
autor argumenta que a palavra “Deus” tem na bíblia [í/c] de duas formas legais, una
vários significados diferentes. Ela pode se é a forma restrita da palavra, quando es^
referir a homens(Êx 7:1,SI 82:6;Jo 10:34) se refere ao único e verdadeiro Deus
ou anjos(SI 8:5).
outra, é a forma abrangente da palavra,
|
Assim, estabelece-se, na visão do arti que inclui tudo quanto o homem conside^
culista, três significados para “Deus”: um como divino, ou que represente uma foâ
limitado (aplicável a qualquer ser do uni ma de divindade”^^. O mesmo site pro|
verso), um específico(aplicado somente a segue afirmando que o primeiro uso da
Cristo)e outro ilimitado(aplicável somente lavra (chamado “sentido restrito”) refâ
a Deus Pai). re-se só ao Pai. Já o segundo (chamadq
de “sentido amplo”)é aquele que se ref(^
Embora seja verdade que a Bíblia em re a todas as criaturas que o Pai decidii|
raras vezes aplica o termo hebraico Elohim
tornar um “Deus”, como Moisés e o|
(Deus)a anjos e líderes humanos(como é juizes. Não abre margem para um “tei|
o caso de Moisés e dos juizes), em mo ceiro” sentido especial aplicado a Cristol
mento algum separa uma aplicação espe pelo que conclui que Sua divindade, aindil
cífica para Cristo em distinção daquela pró que hierarquicamente superior, não seria
pria a Deus Pai. A única diferença entre as de natureza diferente daquela aplicada ^
aplicações do termo Elohim a Deus e às demais criaturas que receberam esse tí*^
criaturas é que, no caso do primeiro, o ad tulo (inclusive o Diabo). Cristo só seria
jetivo assenta-lhe por natureza e nos últi mais divino que os anjos por sua função éj
mos porfunção. Moisés deveria ser o re não por sua natureza. Eis mais alguns tre^
presentante de Deus diante de Faraó e os chos do texto: i

li
Antitrinitarianismo ou antitrinitarianismos? /67

Observe que nestes versos Jesus afirma que João 1:1-3,referindo-se a Deus o Pai e ao Filho de
Deus chama de deuses aqueles a quem Ele re Deus,ou seja yeov [sic]= theos)
velara a sua palavra. Quem são estes? Jesus
refere-se neste caso ao Salmo 82:1-7; Leia este Concluímos portanto,que a palavra yeov[«c]
salmo e observe que Ele está falando dos pró = theos. Deus,tem um amplo significado, porém,
prios líderes do povo,em verdade,eram o [^ic] em sentido restrito,só se aplica ao Altíssimo Deus,
26
próprios sacerdotes, aqueles que deveriam en Pai de nosso Senhor e Salvador Yeshua(Jesus).
sinar o povo a amar e temer somente ao Deus
único e verdadeiro, Foram estes que acusavam Pelo visto, esses autores não comparti
a Jesus de blasfêmia, não porque se colocava lham a idéia de Ramos e Beachy de que a
na condição de Deus, mas porque dizia ser o palavra “Deus” tem um significado limita
Filho de Deus,sim,foram estes que Deus cha
mou de deuses.
do para as criaturas, específico para Cris
to e ilimitado para Deus. Jairo Carvalho,
Quem é o deus deste século que cega o enten outro paladino da mesma causa, também
dimento das pessoas para que não recebam o evan escreveu:“há um Filho de Deus,Jesus Cris
gelho da glória de Cristo? Não é ele, o próprio to,que também é Deus,dotado pelo Pai de
Satanás? Sim.É evidente que é. ilimitado poder e comando.”^^ Ora, se o
poder de Cristo é ilimitado, nem o Pai pode
Então como ele(Satanás)também é chamado ser-lhe um limite e seu título de divindade
de deus pelo apóstolo Paulo? (lembrando que a não seria em nada “específico” conforme
palavra aqui neste texto é a mesma utilizada em a explicação do site.

Jesus é ou tornou-se(temporariamente)inferior ao Pai?

“Se Jesus era e é igual ao Pai hoje, “Segundo a teologia trinitariana, Je


como Ele mesmo afirma, porque então, sus só esteve numa condição menor do
quando esteve na Terra, Ele afirmou: ‘o que o Pai,enquanto ‘limitado’ dentro de
Pai é maior que Eu’”(Jo 14:28)? Sua humanidade. Condição que podería
ser abandonada a qualquer momento
Jesus mesmo nos responde.Inspiran caso Ele desejasse, pois bastaria sair
do o apóstolo Paulo a escrever sobre Ele daquele corpo que usava provisoriamen
mesmo,nos aclara:[o autor cita Fp 2:6-8 te, para encenar teatralmente sua pró
e Hb 2:8-11], Jesus mesmo diz que Ele, pria morte.
‘por um pouco’ de tempo, o tempo de
sua encarnação e ministério na Terra,foi ... Por que então disse Jesus que
feito menor que os anjos. Sendo menor Deus, o Pai, é maior do que se de
que os anjos quando subsistindo em sua fato Deus não era? Qual seria a neces
forma humana, era, enquanto humano, sidade destas palavras, se o próprio Je
sus fosse suficiente em Si mesmo e in
menor que Deus, e Seu testemunho era
verdadeiro ao dizer, quando subsistindo dependente do Pai para todas as coisas?
em forma humana: ‘o Pai é maior que Um dos muitos pontos que os
Eu’.
trínitarianos não conseguem explicar, é
2 - Após a encarnação a informação bíblica,dada pelo apóstolo
Paulo, de que Jesus será etemamente
Jesus inspirou o apóstolo Paulo a dar submisso ao Pai(ver ICo 15:28). Quem
expressão da verdade concernente a Sua está mentindo, Jesus e Paulo ou os
29
natureza após a encarnação na Terra. trínitarianos?” Milton Figueiredo
... Portanto, Cristo era, antes de Sua
encarnação e é hoje. Deus, igual o Pai.
Consideramo-lo assim para a honra e gló
ria do Pai,para que Sua vontade seja feita
68/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

na Terra por meio de Seus servos como


já o é no Céu. Jesus mesmo diz que Ele,
‘por um pouco’ de tempo, o tempo de
sua encarnação e ministério na Terra,foi
feito menor que os anjos. Sendo menor
que os anjos quando subsistindo em sua
forma humana, era, enquanto humano,
menor que Deus, e Seu testemunho era
verdadeiro ao dizer, quando subsistindo
em forma humana: ‘o Pai é maior que
Eu”’. Jairo Carvalho^»

“Se o Pai,o Filho e o Espírito Santo são “A condicional ‘Se Jesus era menorl
membros de uma Trindade estando [í/c] é inaceitável entre cristãos que afir
consequentemente no mesmo nível mam crer na Bíblia e ter apenas as Es
hierárquico, por que Cristo disse que o crituras como regra de fé e prática. A
Pai era maior do que Ele?” Adilson de inferioridade do Filho em relação ao Pai
Souza^° foi afirmada pelo próprio Jesus Cristo,que
disse claramente: ‘O Pai é maior do que
eu.’ Não é uma invenção antitrinitarista.
Propor como o [.y/c] hipótese ‘Se Jesus
“A Bíblia mostra que a glorificação é
um ato bilateral entre Deus e seu Filho. era menor’ é colocar em dúvida as pala
vras do Filho de Deus. Quanto à verdade
O Pai glorificou o Filho e o Filho glorifi
cou o Pai através de suas obras. ... Se bíblica de que o Filho de Deus não sofreu
mudança em seu ser, mesmo com a
Cristo não recebesse de volta a glória que
encarnação, não vemos problema algum
tinha antes da encarnação, continuaria
em acreditar que Jesus era menor que o
despido dos atributos da divindade,den
Pai ontem,hoje e para sempre. Assim não
tre os quais a onipresença.” Ricardo
Nicotra^^ houve mudança alguma em Sua condi
ção de inferioriadade hierárquica ou sub
missão ao Pai. Pois a posição hierárqui
ca que alguém ocupa não altera o ser
desta pessoa. Ela será sempre a mesma
pessoa, ainda que esteja em condição in
ferior ou mesmo superior.” Robson Ra
mos31

Jesus era essencialmente menor que o ceu encarnado entre os homens. Ricardo
Pai(subordinacionismo)ou situacionalmente Nicotra, embora não cite texíualmente o
subordinado? Esta é outra questão que en verso bíblico, também demonstra simpatia
contra várias posições dentro do antitrini- pela mesma posição ao afirmar que a posi
tarianismo contemporâneo.O próprio modo ção equilibrada entre o Filho e o Pai só foi
divergente como os autores tratam textos quebrada pelo hiato de tempo em que Cris
como João 14:28 evidencia sua falta de to esteve na Terra.
unidade na compreensão do assunto. En A contradição mais forte fica por conta
quanto Robson Ramos, Adilson Souza e das explicações de Jairo Carvalho e Milton
Milton Figueiredo abraçam uma leitura li Figueiredo. Note que a explicação ofereci
teral e subordinacionista do texto, Jairo da pelo primeiro(um legítimo defensor do
Cavalho limita a desigualdade entre o Pai e antitrinitarianismo), é encarada pelo segun
o Filho ao período em que este permane¬ do como uma “teologia trinitariana”.
Antitrinitarianismo ou antitrinitarianismos? /69

o PRIMEIRO MANDAMENTO REFERE-SE AO PaI E AO FiLHO?

[Após citar Êx 20:1-3]“O texto aci “Não há outro Deus além de Cristo e
ma não diz: 'Nós somos o Senhor\ tam do Pai. Esta é a mensagem enviada do
bém não diz: 'Não terás outros deuses céu para você. Deus adverte a todos para
diante de nós.’ que ninguém aceite a outro Deus além
de Cristo e do Pai. Quem reconhece a
O Texto deixa evidente que Deus é outro Deus além de Cristo e o Pai trans-
um só, o Pai, e não uma unidade de três
gride o primeiro mandamento e comete
pessoas co-etemas.
o pecado de idolatria... foram Cristo e o
O dicionário Michaelis define 'mim' Pai que disseram no Sinai ‘não terás ou
como sendo a variação do pronome pes tros deuses diante de Mim’ ... Talvez
soal 'eu'(singular)e não 'nós'(plural). você pergunte: Porque [.yic] Cristo e o
mim Pai, que são duas pessoas distintas, pro
clamam: ‘Não terás outros deuses dian
pron. pess. Variação do pron. eu, te de Mim.’,como se ambos fossem um
sempre regida de preposição: a mim, só? ... porque Ele é um com seu pai -
para mim,por mim." Adilson de Souza^^ um na natureza, no caráter, no propósito.
Então, eles podem dizer ‘mim’, referin
do-se a ambos.” Jairo Carvalho^

[Após citar Mt 16:17 e Jo 20:17]“Al “No primeiro mandamento. Deus or


guém está mentindo aqui, ou Jesus, ou dena que ninguém tenha outro deus dian
os trinitarianos. Não seria natural que te dEle, e se identifica como pessoa no
Jesus após sua ressurreição retomasse singular.‘Não terás outros deuses diante
a sua condição original, tomando-se no de mim.’ Não diz: ‘diante de nós’! Sob o
vamente um Deus,igual ao Pai, visto que disfarce de estar honrando a Cristo, co
já havia cumprido o seu papel de filho na loca-o em igualdade com Deus Pai, o
terra? O primeiro mandamento da Lei de Eterno. Isso é o mesmo que negar que
Deus, diz: ‘Não terás outros deuses di Jesus seja o Filho de Deus e que tenha
ante de mim.’ Pode um Deus em condi morrido pelo pecador.” Ennis Meier^^
ção de igualdade admitir outros deuses
diante dEle? Quem está mentindo? Je
sus,que não apenas denominou,mas afir
mou que seu Pai era também o seu Deus?
Ou os trinitarianos, que afirmam ser Je
sus o próprio Deus em figura de Filho?”
35
Milton Figueiredo

A explicação oferecida para o primei Milton Figueiredo, Adilson Souza e


ro mandamento evidencia a forma parci Ennis Meier, negando qualquer compre
al e diversa com que os unitarianos inter ensão plural da divindade, argumentam
pretam o tema da unicidade de Deus. En que o pronome oblíquo singular “mim”,
quanto alguns abraçam um extremo expresso no primeiro mandamento não
literalismo numérico dizendo que a Di admite outra pessoa além do Pai. Esta
vindade é só o Pai e ninguém mais, ou postura faz de seu entendimento uma
tros admitem (num raciocínio bem simi abordagem bastante unitarianista de
lar ao trinitarianismo) que Deus é um,em Deus. Por outro lado, porém, Jairo Car
suas pessoas (o Pai e o Filho). valho inclui o Filho como se admitisse.
I

70/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

pelo menos nesse sentido binitariano, que na segunda edição de seu livro A DiviM
dois podem ser um” por mais que tal dade que será objeto de análise nestt|
conceito fira à lógica. “Deus é verdadei edição de Parousia. Ali ele advoga unis
ro ao dizer que há um só Deus, defende tese contrária à primeira que transcrè^
Jairo, mesmo sendo Ele e seu Filho. ... vemos acima. Ele escreve: “Jesus Cristcij
No correto estudo da Palavra, não questi declarou a Lei de seu Pai, na qual diz:|
onamos as afirmações de Deus; simples ‘Não terás outros deuses diante de mim*i|
mente aceitamos.”^’ Por que então argu diz respeito ao Pai de Jesus, o ÚNICO
menta-se tanto que a idéia de “três em DEUS. ... assim sendo, caro leitor, nâi
um” não pode ser aceita porque seria in podemos ter outros deuses diante di|
coerente diante da compreensão humana? Único e Verdadeiro Deus, o Pai, sob peni
Como explicar que dois são um e um são de transgredirmos a Santa Lei.
dois? Não seria isso um mistério? O mes
Curiosamente, o autor não esclareoe!
mo mistério que os antitrinitarianos rejei
tam ao serem expostos diante da compre em parte alguma da segunda edição de sc^*
ensão tri-única de Deus? livro, que tenha mudado de opinião nestá^
ponto ou que deveriamos corrigir o que
Jairo Carvalho certamente sentiu a in havia dito anteriormente. O silêncio pare^
congruência entre o que dizia crer e aqui ce ser o seu método para evitar a admis
lo que escrevia, pois mudou o discurso são pública de um erro.

Podemos adorar a Cristo?

(( ««
Se o Pai é o único Deus verdadeiro, Quer dizer que não é somente Deus
então deve ficar claro que qualquer ou o Pai que merece receber a nossa ado
tra forma de crença desvia-nos do prin ração? Isto mesmo! Jesus Cristo tam
cípio de que ‘Amarás ao Senhor teu Deus bém merece o nosso louvor e adoração.
40
de todo o teu coração, de todas as tuas João Marques
forças, de todo o teu entendimento e de
toda a tua alma’-e não devemos esque
cer que este mandamento foi dado pelo “Como poderiamos adorar ao Pai se
Filho que, ao determinar isto falava de não podemos nos achegar a Ele sem an
I
um outro e não de si mesmo. tes ter que ir ao Filho? Assim, quando
amamos, respeitamos e obedecemos vo I
O adventismo desvia-nos desta ordem
luntariamente a Cristo, nós o adoramos e
expressa e clara da Bíblia e manda-nos ao fazermos isso, estamos na verdade
adorar o Filho e o Consolador no mesmo adorando a Deus o Pai.” Jairo Carvalho'**
nível do Pai,o que significa erro grossei
ro em relação à ordem do Filho aos seus
seguidores. Ninguém pode ser tão exal «4
É claro que devemos adorar a Cris
tado como o Pai(SI 82:1-6), nem mesmo to, mas como Senhor e não como Deus!
99

o Filho que nos salvou e foi feito nosso Adventistas históricos leigos (Penha)'*^
Senhor (Fp 2:5-11). Muito menos o
Consolador que está sob ordens do Filho
(Jo 6:7-11). O erro da Trindade está em
»»39
produzir um desvio na adoração.

“A Bíblia diz que há um só Deus,que “O que deve ser destacado neste ver
é o Pai e um só Senhor que é Jesus Cris so [o autor está se referindo a um texto
to (1 Co 8:6), também diz que os verda- de Ellen White'*'*]é a menção de que.
Antitrinitarianismo ou antitrinitarianismos? /71

deiros adoradores adorarão o Pai, pois Deus concedeu autoridade a seu Filho.
são esses que o Pai procura para seus Agora não seria mais um único ser que
adoradores(Jo 4:23-24). A quem iremos deveria ser adorado, mas dois, o Pai e o
adorar? Ao único e verdadeiro Deus,ou Filho.” Elpídio da Cruz^^
ao deus da Igreja católica?
... Talvez para adorarmos o verdadei
ro Deus,tenhamos que abrir mão de nos
sos cargos na igreja. Eu mesmo,tive de
abrir mão do cargo de ancião da Igreja
Central de Florianópolis, por não concor
dar com a nova doutrina oficial da igre
ja.” Adilson de Souza"*^

Os antitrínitarianos afirmam,neste ponto Filho. Uma disposição confusa, própria de


com razão, que o tema da adoração verda uma teologia da adoração bastante incom
deira é por demais importante para não ser pleta e obscura.
refletido. Contudo,agem como sejá tives
O postulado de Elpídio da Cruz tam
sem definidos os parâmetros do que é cor
bém merece um destaque adicional por
reto ou errado na adoração dentro de sua
visão antitrínitáría de Deus. sua má interpretação do texto de Ellen
G White. Ele supõe que o Soberano Deus
A resposta que dão à pergunta de ser decretou (antes mesmo da encarnação)
ou não legítima a adoração de Cristo em que Cristo deveria ser adorado como Ele.
pé de igualdade com o Pai é a mostra de Que a partir daquele momento os anjos
sua incoerência ao tratar do assunto. deveríam adorar a duas pessoas e não
Elpídio da Cruz e João Marques acentu mais somente a uma, o que - pela com
am o direito legítimo de Cristo à adora preensão antitrinitariana - levaria a um
ção. Os chamados “adventistas históri politeísmo de dois deuses.
cos leigos da Penha” preferem um cami Além disso,o autor esquece-se de que
nho mediador que aceita adorar a Cristo
toda a revelação monoteísta do Antigo
num modo hierárquico diferente do Pai
Testamento se deu depois disso e o si
(mas não mostram uma liturgia que pos
lêncio em relação à divindade de uma
sibilite isso!). No outro extremo,Adilson
segunda pessoa é tão problemático quan
de Souza e outro autor (que pode ser
to o alegado silêncio em relação à ter
Ennis Meier ou Dr. Jean), negavam - pelo ceira. Se Deus havia decretado a adora
menos enquanto produziam esses escri
ção do Filho antes da queda de Adão, por
tos - que Cristo tivesse qualquer direito
que não ordenou nos dez mandamentos
à adoração como um Deus. “não terás outros deuses diante de ‘nós’
A novidade aqui parece vir da posição ao invés de ‘mim’?” Não seria mais ra
assumida por Jairo Carvalho na segunda zoável supor que o singular divino admite
edição de seu livro A Divindade. Ele pa uma pluralidade de pessoas? Ademais,se
rece disponibilizar uma adoração ao Pai a ausência do Espírito nalgumas descri
por meio do Filho. Mas ainda assim en ções em que só aparecem o Pai e o Filho
tende a adoração de Cristo num caráter significaria sua não-existência pessoal, as
mais pragmático (a obediência que agra menções singulares de Deus Pai no An
da ao Pai)e menos litúrgico. Não se trata tigo Testamento - silenciando por com
tanto de “cultuar” o Filho, mas obedecer- pleto acerca de um segundo ser - tam
lhe e, assim, alegramos (isto é, “adora bém implicariam na inexistência pessoal
mos”) ao Pai por meio da fidelidade ao de Cristo!
72/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

Cristo era onisciente?

C4
Se havia três pessoas co-etemas, “Prezado Robson,
como afirma a Doutrina da Trindade, por
referente às dúvidas do irmão que fo
que então somente o Pai sabe o dia e a
ram colocadas sobre a Trindade, faço
hora da segunda vinda de Cristo... ?
parte de um grupo que já estudou este
‘Mas a respeito daquele dia e hora nin assunto. Gostaria também que meu nome
guém sabe, nem os anjos dos céus, nem não fosse divulgado, mas não deixarei de
o Filho,senão o Pai.*(Mt 24:36). mostrar algumas verdades patentes da
Bíblia e do Espírito de Profecia que,creio,
Nota: Os trinitarianos alegam que Je Deus nos tem revelado...
sus declarou isso porque estava falando
como homem. Deus é onisciente, e não precisa que
ninguém lhe revele algo, porque Ele já o
Contudo, no livro de Atos, encontra
sabe. Isto é onisciência. Entretanto, ve
mos o seguinte diálogo entre os discípu
los e o Messias: mos que Jesus recebeu a revelação de
Deus,o que demonstra que Ele não mais
‘Então, os que estavam reunidos lhe possui este atributo da divindade. Em
perguntaram: Senhor, será este o tempo outras palavras. Deus, que criou Seu fi
em que restaures o reino a Israel? Res- lho Jesus como Deus,literalmente o deu
pondeu-lhes: Não vos compete conhecer para a humanidade, pois Jesus não é mais
tempos ou épocas que o Pai reservou pela onisciente e nem tampouco onipresente.
sua exclusiva autoridade.* (Atos 1:6-7). Isto mostra que o sacrifício de Jesus foi
muito maior do que nós imaginávamos,e
Cristo proferiu estas palavras no Mon somente nos faz amá-lo mais como nos
te das Oliveiras, ao aproximar-se o mo so Salvador e nosso Redentor.” Anôni-
mento de Sua ascensão. Portanto já ha mo46
via sido morto, ressuscitado e ^lorifica-
do. Desta forma, já não falava apenas
44
como homem. Diante destes fatos, fica [O Pai e o Filho são] seres que pos
evidente a existência de uma hierarquia suem exclusivamente os atributos da
(na divindade) entre o Pai e o Filho.” imortalidade, onipotência, onipresença e
Adilson de Souza, p. 11. onisciência....” Elpídio da Cruz Silva**"^ ’

O estudo dos chamados “atributos in Adilson de Souza, por exemplo, chega m


comunicáveis de Deus”,isto é, aquilo que repudiar a expressão “Deus Filho”, dizen-^j
só a Divindade possui e mais ninguém,nos do que o correto é dizer “Filho de Deus”^'J
ajuda a perceber outro ponto desconcer - um detalhe que não parece ter impressi-í
tante para os que negam a Trindade. Per- onado os outros autores que usam intercam-j
cebe-se, pelos comentários,que alguns des biavamente os dois títulos. |
ses autores interpretam a divindade do Fi
lho de um modo pleno conforme a própria Além da imortalidade inata, os atribu-j
visão trinitariana. tos da onipotência, onisciência e|
onipresença são a marca patente da sin
Josiel Teixeira, num artigo que nega a gularidade de Deus. Poderíam eles quali
existência pessoal e independente do Espí ficar também a Cristo? Essa é uma per
rito Santo,'^hega a referir-se a Cristo como gunta que não causa perplexidade à teo
“a segunda pessoa da Divindade”**® - um logia da Trindade, mas resulta em diver
título estranho para aqueles que negam a gência nos segmentos que a negam. As, ^
pluralidade em Deus. Outros autores, no citações acima são um exemplo disso,
entanto,relativizam o caráter divino de Cris enquanto dois autores negam a onisciên
to aproximando-se muito das idéias de Ário. cia de Cristo, Elpídio da Cruz a sustenta.
Antitrinitarianismo ou antitrinitarianismos?/73

o já citado texto de Nicotra relembra dade, dentre os quais a onipresença”.^


que a “a glorificação é um ato bilateral Embora não mencione textualmente, é
entre Deus e seu Filho”. Logo, ao voltar claro que a onisciência e a onipotência
ao céu, na visão do autor. Cristo recebe seriam os outros atributos subtendidos na
ra de volta todos “os atributos da divin¬ exemplificação.

As duas naturezas de Cristo

“Quanto a esta questão, ... quando “Cristo nuncafoi uma pessoacom duas
Cristo esteve neste mundo era o mes naturezas simultâneas.Podemos,sim,afir
mo Filho de Deus,só que agora com a mar que o Filho de Deus teve duas natu
natureza humana... O ensinamento er rezas, porém separadas no tempo. Uma
rôneo de que Cristo possuía duas na natureza antes da encarnação, e outra
turezas, simultaneamente, foi criado após a encarnação.” Elpídio da Cruz^
para defender a doutrina da Trindade.
A Bíblia não diz que Cristo encarnou, “Cristo veio com a mesma natureza
mas sim, que Ele toiyou-se carne, ou
pecaminosa que nós possuímos,cada um
seja. Cristo ao assumir a natureza hu
de nós pode resistir ao mal tal como Ele
mana, continuou sencb a mesma pes resistiu. Pode-se combinar a divindade e
soa, só que despido de sua divindade a humanidade em nós tal como estas fo
e de seus poderes, os quais foram con ram combinadas em Cristo....
cedidos pelo Pai... Cristo possuía uma
só natureza, a natureza humana, pois Como pode Cristo, um Deus,tomar-
afirma que Cristo estava lutando con se um ser humano em carne pecamino
tra o poder de Satanás, o qual afirma sa, exatamente como nós, para ser um
va que o Pai o teria rejeitado. Se Cris exemplo perfeito de nossa condição?
to possuísse duas naturezas simultâ Isto é definido pela Bíblia como sendo
neas, jamais se sentiría separado do um mistério.
Pai.” Adilson de Souza^*
Afirma que Jesus é homem,e isto tam
bém é verdade tanto quanto é verdade
que em Cristo reside corporalmente toda
a plenitude da Divindade, pois a Bíblia
sempre atesta a verdade. Como harmo
nizamos estas duas afirmações? Simples
mente aceitando a ambas- desta forma,
aceitamos que Cristo é 100% humano e
100% divino ao mesmo tempo. Como
entendemos isto?” Jairo Carvalho”

A tendência atual de alguns antitri- na. A primeira tomou o lugar da segunda


nitarianos parece ser a de criar um quando Ele se encarnou. Mas,novamente,
monofisismo às avessas, ou seja, acreditar vemos o surgimento de novas contradições.
que Jesus tinha apenas uma natureza e essa O argumento de Jairo Carvalho,embora se
podería ser a humana ou a divina, depen preocupe mais em enfatizar a natureza pe
dendo da situação. O que não aceitam é que caminosa de Jesus, parece sugerir de modo
Ele pudesse ter ambas simultaneariiente. implícito,uma misteriosa união entre divin
dade e humanidade durante a encarnação.
Para Adilson de Souza e Elpídio da Cruz, No que diz respeito à ressurreição e as
a natureza humana de Cristo foi um hiato censão do Filho de Deus, ele é claro em
ou uma interrupção em sua natureza divi- definir que no céu Cristo mantém as duas
M

74/ PaROUSIA - r SEMESTRE DE 2006 íl

naturezas humana e divina de uma só vez. que aquele apregoava uma “absorção”daÉ
Isso se choca com a premissa dos demais manidade pela divindade,enquanto essess
autores que entendem uma natureza suplan guem no sentido contrário, o da humanida
tando definitiva ou temporariamente a outra. absorvendo ou substituindo a divindade
Sua diferença com o monofísismo clássico é Cristo teria antes da encarnação. ‘

Os PIONEIROS ERAM ARIANOS?

“Nossos Pioneiros constantemente


“Os pioneiros, se em algum tempo nã(|
são acusados de serem semi-arianos(por acreditaram que Cristo era Filho de Deusij
que não totalmente?-será que com isto, logo abandonaram essa crença ariana.|
querem ‘proteger’ E.GW.7)paracontra-
por-se a uma postura que a atual lASD Os pais da fé adventista, abandonai^
ram tanto o arianismo quanto o]
(1980)adota: o trinitarianismo!
trinitarianismo pelo mesmo motivo: tanto]
Porém [5/c] a história nos revela que um quanto o outro, nega que Cristo sejai
Ário não foi o vilão que os trinitarianos Filho de Deus. |
dizem ser, antes,ele foi objeto das profe
O inimigo das almas bem sabe que a
cias bíblicas(Daniel 7:8)na condição dos
salvação depende da aceitação de queS
três chifres que foram arrancados para
que se estabelecesse o império papal... Cristo é o Filho de Deus. Ele sabe quej
quando se nega que Cristo é o Filho de
A História demonstra que os Hérulos,os
Ostrogodos e depois os Vândalos foram Deus, a salvação corre risco de não]
todos seguidores de Ário e todos eles acontecer. Sabendo disso, o diabo pre>|
cisou encontrar uma lógica aparente-íj
aceitavam o credo escrito por Euzébio de
Cesareia(um bispo que concordava com mente sábia para negar a filiação divináí
de Cristo. I
as idéias de Ário, que era um simples I
diácono). ... Com o arianismo, o inimigo usa a ne^|
É interessante notar que Ário usou a gação da filiação divina de Cristo para ne-j
palavra “criado” ao referir-se ao Filho gar sua divindade. Com o trinitarianismo,(í
de Deus, mas ... ele deixa claro ter en o mesmo inimigo usa a divindade para ne-|
tendido que Cristo foi gerado do Pai, e gar a filiação divina de Cristo. ||
i
então teve um começo. Ário acreditou A moeda é a mesma, o intento é oís
verdadeiramente que Cristo era ‘o úni mesmo. As duas faces da moeda têm o')
co Filho gerado de Deus’. E,foi por ter mesmo objetivo: negar que Cristo seja{
incluído esta palavra ‘criado’ que hoje Filho de Deus. fí;
ficou esta conotação negativa do
Para negar que Cristo é o Filho dei
‘arianismo’... Não é estranho que o chi
Deus, o demônio coloca ao alcance dosil
fre pequeno - representando Satanás -
homens duas alternativas: o arianismo|
e
tenha querido perseguir e destruir povos
o trinitarianismo. \
pagãos? Satanás contra os seus própri
os aliados! A verdade era que todos es No caso ariano, por não ser Filho.
tes povos eram seguidores de Ário e para Cristo não é Deus. No caso trinitariano,
que Satanás pudesse se estabelecer teve por ser Deus, Cristo não é Filho. i
que lutar e vencer estas oposições...
Em ambas as situações. Satanás con- ;
Uma luta que durou cerca de 200 anos
segue fazer com que os homens não crei
e, hoje, o mundo cristão tornou-se
am que Cristo é o Filho de Deus enviado
trinitariano e denigre a imagem de quem
ao mundo para salvar o pecador.” Elpídio
um dia defendeu,com a sua própria vida, da Cruz Silva^^
a natureza humana de Cristo, o gerado
de DEUS,acusando-os de arianos!” Mi
nistério Estudando a Bíblia.^'*
I
I
AnTITRINITARIANISMO ou ANTITRINITARIANISMOS? / 75

[Neste texto o autor apresenta sua “Lembramos que o termo ‘arianos’ é


discordância,quando Azenilto Brito afir utilizado para denominar os seguidores das
ma que a igreja superou sua fase anti- idéias de Ário, que não cria na divindade
trinitariana]“Os pioneiros nunca supe de Cristo. Como os adventistas criam que
raram essa fase. Morreram com sua
Jesus Cristo é Deus, não eram arianos.”
heresia ariana. Sobre isso já lhe res- Jairo Carvalho^’
pondi nas seguintes palavras:
a) Que não foi ‘um ou outro líder’, “Muitos dos pioneiros,inclusive James
mas a maioria dos pioneiros adventistas; White, J. N. Andrews, Urias Smith e
b)Que não foi por‘um tempo’, mas Waggoner tinham um entendimento Ari
até o final de suas vidas; ano ou semi-Ariano...é uma grossa men
tira, pois era a doutrina oficial da Igreja
c) Que não apenas ‘simpatizaram’ Adventista até 1980. Constava no Year
com idéias do arianismo, mas que com Book até 1912 e em consecutivos anos
bateram ferrenhamente a doutrina da anteriores.” Ennis Meier^®
Trindade.” Clóvis^®

Esse último tópico talvez seja o mais conhecimento daquilo que estão tratando.
interessante de todos, pois tem a ver com o Um exemplo disso pode ser visto nas pala
modo divergente como os dissidentes in vras de Elpídio da Cruz, que apresenta os
terpretam a posição dos pioneiros do dissidentes nos seguintes termos: “Nós,
adventismo. Um certo Clóvis afirma que unitarianos^ podemos distinguir nossa
os pioneiros morreram firmes no que ele concepção de Deus da concepção
ironicamente chama de “heresia” ariana. trinitariana, considerando a relação entre
Ennis Meier vai mais longe dizendo que o Deus e ele mesmo, ou, sendo mais claro,
arianismo ou semi-arianismo não era uma entre ele e a divindade.”^’
questão de entendimento dos pioneiros, mas Ora, conforme conceituado acima, o
de doutrina oficial da Igreja até 1980.Jairo unitarianismo é visto por todos os historia
Carvalho, por sua vez, nega que os pionei dores como uma crença que nega, entre
ros pudessem ser chamados de arianos, outras coisas, a filiação divina de Cristo,o
uma vez ^ue estes criam na divindade de sentido expiatório de sua morte na Cruz e
Cristo e Ário não. sua preexistência no Céu. Será que é isso
O grupo intitulado Ministério Estudan que Elpídio está defendendo? Ou sua
do a Bíblia procura,interessantemente,dig autoafirmação como unitariano não passa
de um total desconhecimento da questão,
nificar a figura de Ário, reputando-o como
um verdadeiro mártir da causa de Deus. que o leva a empregar mal termos técnicos
Já para Elpídio da Cruz, o arianismo seria da teologia? O grande problema é que o
tão satânico quanto o trinitarianismo que ele excesso de informações passadas ao pú
pretende combater. blico faz supor que sejam especialistas es
crevendo sobre assuntos que, na verdade,
CONCLUSÃO
pouco entendem -é o caso também da for
ma como citam palavras ou regras grama
Distorções como essas fazem-nos ques ticais do grego e do hebraico.
tionar a seriedade teológica daqueles que Talvez seja essa falta de sintonia
se dizem “restauradores do adventismo his
interpretativa dentre os próprios dissiden
tórico”. Como podem propor um rumo para tes que os impediu até agora de se unirem
a Igreja, quando nem seu próprio discurso num movimento organizado como foi o caso
está totalmente afinado?
de outros dissidentes do passado
O uso descuidado de certos termos e (adventistas da reforma,adventistas da pro
conceitos faz supor um sério grau de des- messa etc.). Sua unidade é como os pró-
76/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

prios sites que abrigam seus pensamentos: te terão algo a contribuir para o bom an4
essencialmente virtual, por isso,dificilmen- mento do povo de Deus.

16
Whiddeen, Moon e Reeve, A Trindade,30fi
Referências 17
Ellen Whiie, “Comments on Phillipians"!
'Fernando Canale,“Doctrine of God”,in Raoul Seventh-day Adventist Bible Commentary(Wash^
Dederen [ed.], Handbook ofSeventh-day Adventist ton DC: Review and Herald, 1980), VII; 904.
|
Theology (Hagertown, MD: Review and Herald, '* Nicotra, Eu e o Pai Somos Um, 104. I
19
2000), 140-149. Souza,“Em busca de respostas”,6. |
^ Jeny Moon,“A Trindade na Era da Reforma: “Meier,“Não deixe o Diabo fazer a sua cabèj
quatro pontos de vista”,in Woodrow Whiddeen,Jeny sobre a Trindade”. |
Moon e John W.Reeve,A Trindade(Tatuí,SP;Casa Jairo Carvalho, do Ministério 4 Anjos- htqi
Publicadora Brasileira,2003), 188-200. www.ministério4anjos.com.br/, disponível em ww
’Canale,“Doctrine of God”, 148. adventisias.com, acessado em 21 de abril de 2006|
* Após o fechamento deste artigo verificou-se na ^ Carvalho, A Divindade, 63. |
23
Internet uma resposta de Ricardo Nicotra à resenha Lynnford Beachy, citado por Robson Rama
crítica feita pelos professores de Teologia do Unasp “Vocês acreditam em dois deuses? É isso?”,dispti
ao seu livro Eu e o Pai Somos Um. Nessa, o autor vel em www.adventistas.com, acessado em 21 í
admite alguns erros, mas de um modo a tomá-los abril de 2006.
meros equívocos que seriam corrigidos numa próxi Silva, “Você pode crer na Trindade, mas ^
ma edição do livro. Não se trata, portanto,de nenhu que rasgar sua Bíblia”.
25
ma mudança de conceito. Disponível em http://www.adventistai
® Ennis Meier,“Não deixe o Diabo fazer a sua bereanos.com.br/Pioneiros/O%20que% 20a%2
cabeça sobre a Trindade”, disponível em www. biblia%20diz%20hebreus%201;7% 20e%2(Í
adventistas.eom/julho2002/trindade_ennis.htm-20k, HTM,acessado em 24 de abril de 2006.
acessado em 21 de abril de 2006. “Ibidem.
* Ricardo Nicotra, Eu e o Pai Somos Um: e o Carvalho, A Divindade, p. 63.
28
Espírito Santo? Não faz parte da Trindade? (São Jairo Carvalho, do Ministério 4 Anjos. |
29
Paulo: Ministério Bíblico Cristão, 2004), 105. Figueiredo, “Treze mentiras que os trinital
’’ Jairo Carvalho, A Natureza de Cristo, ontem, rianos atribuem a Deus, a Jesus e à Bíblia”.
hoje e etemamente,disponível em www.adventistas. ^ Souza,“Em busca de respostas”, 10. j
31
com,acessado em 25 de abril de 2006. Robson Ramos, “Dez perguntas para os qu
® Nicotra, Eueo Pai Somos Um, 105. não acreditam na Trindade”, disponível eiS
® [Jairo Pablo Alves de Carvalho,org.], A Divin www.adventistas.com, acessado em 21 de abril di
dade,e a maravilhosa conexão entre o céu e a terra, 2006.
32
chamada Espírito Santo(Contenda,PR: Ministério Nicotra, Eu e o Pai Somos Um, 83, 84.
4 Anjos,[2003]), 15. “Souza,“Em busca de respostas”, 8.
10
Milton Figueiredo, ‘Treze mentiras que os Carvalho, A Divindade, 33 q 41.
35
trinitarianos atribuem a Deus, a Jesus e à Bíblia”, Figueiredo, “Treze mentiras que os trintó
disponível em http://www.adventistas-bereanos.com. rianos atribuem a Deus,a Jesus e à Bíblia”.
36
br/Edição: Robson Ramos. Meier,“Não deixe o Diabo fazer a sua cabeça
II
Rogério Buzzi,“É Jesus igual a Deus”,dispo sobre a Trindade”.
nível em www.adventistas.com, acessado em 21 de 2’ Carvalho, A Divindade, 17.
abril de 2006. 28Ibid.[2“ed.],147 e 148.
'2 Elpídio da Cruz Silva, “Você pode crer na 2’ Houve certa dúvida quanto à autoria deste
Trindade, mas terá que rasgar sua Bíblia”, disponí trecho, devido à forma bastante confusa em quesá’
vel em www.adventistas.com, acessado em 21 de
disponibilizam as informações no site de Ennii|
abril de 2006. Meier. Aparentemente, o texto seria de autoria do]
'2 Ennis Meier,“Não deixe o Diabo fazer a sua próprio Meier, que o coloca simplesmente sob o.
cabeça sobre a Trindade”,disponível em adventistas. título “Minha resposta a um senhor chamadeí^
com/julho2002/trindade_ennis.htm - 20k, acesso em Heron sobre: o senhor crê que a forma de cremai
21 de abril de 2006. trindade [5/c] desenvolvida pelos adventistas é a><
Carvalho, A Divindade, 64. mesma dos pagãos?” Em seguida, vem a resposta
Adilson de Souza, “Em busca de respostas: e, depois de uma linha de separação, a pergunta
«(
101 perguntas que clamam por resposta”, apostila O que você acha desta minha resposta à luz do'
disponível em http://averdadeacimadetudo.tripod. que vem estudando sobre o erro da trindade?” e
com,acesso em 21 de abril de 2006,6. então o nome “Dr. Jean”. Mas a citação - sem
Antitrinitarianismo ou antitrinitarianismos? / 77

qualquer correção ou discordância por parte do VerdParte4.ppt>,acessado em 10de outubro de 2005.


editor do site - está disponível em http:// ”Nicotra, Eu e o Pai Somos Um,83 e 84,
www.adventistas.ws/shalon2.htm,acessado em 24 Adilson de Souza,“A Verdade de Ellen White
de abril de 2006. sobre os anjos e a mentira dos teólogos sobre Deus”,
40
João Marques, “Adoração somente a Deus”, disponível em http://www.adventistas.com/
disponível em http://www.adventistas-bereanos. downloads/verdade_anjos.doc, acessado em 24 de
com.br/2006marco/Adoracao%20somente% abril de 2006.
52
20a%20Deus.HTM,acessado em 24 de abril de 2006, Elpídio da Cruz Silva, disponível em http://
●“ Carvalho, A Divindade [2“ ed.], 155. www.adventistas.eom/abril2003/irmao_elpidio
42
Adventistas Históricos Leigos (Penha), “Je 5.htm, acessado em 24 de abril de 2006.
sus Cristo é Deus?”, disponível em http://www. Jairo Carvalho,“A natureza de Cristo, ontem,
adventistas-bereanos.com.br/2004agosto/ hoje e etemamente”,disponível em www.adventistas.
Jesus%20Cristo%20e%20Deus.HTM, acessado em com,acessado em 25 de abril de 2006.
54
24 de abril de 2006. Ministério Estudando a Bíblia,“É vergonhoso
Adilson de Souza, disponível em www. ser considerado ariano?”, disponível em http://
arquivoxiasd.com.br/reação dos leitores 2005, tempodofim3.tripod.com/arianovergonha.htm,
acessado em 22 de abril de 2006, acessado em 23 de abril de 2006.
44 55
Conforme ele mesmo cita: Spirítual Gifts, 3:37. Elpídio da Cruz Silva, “Pode ser verdadeira
45
Elpídio da Cruz Silva, “Explicações falsas acer uma Igreja que demorou 117 anos para descobrir a
ca da trindade divina”, disponível em adventistas.com\ verdade?”, disponível em http://www.adventistas.
explicaçõesfalsasacercadatrindadedi vina.htm, com/fevereiro2004/elpidio_texto17.htm.
acessado em 24 de abril de 2006. “Clovis,debate com Azenilto Brito, disponível
46 em http://www.despertabrasil.com/posts7-0.html
Anônimo, “Negações da Trindade: Conclusões
de um grupo”, disponível em http://adventistas.com/ «fepostdays=0&postorder=asc&highlight=, acessado
trindade/carta_trindade_2.htm, acessado em 24 de em 23 de abril de 2006.
abril de 2006. Carvalho, A Divindade, 65.
47 58
Cruz Silva, “Você pode crer na Trindade, mas Ennis Meier,disponível em www.alvorada.net/
terá que rasgar sua Bíblia”. 003.htm, acessado em 24 de abril de 2006.
<t
Elpídio da Cruz Silva, Politeístas ou
59
Josiel Teixeira Lima, “Por que a trindade não é
digna de adoração, segundo Apocalipse 14:6-12?”, triteístas? Dá na mesma”, disponível em http://
disponível em www.adventistas.com, acessado em www.adventistas-bereanos.com.br/2006abril/
24 de abril de 2006. politeista%20ou%20triteista%20e%20a%20
49 mesma%20coisa.HTM,acessado em 24 de abril de
Adilson de Souza, “O Pai e o Espírito Santo”,
disponível em <averdadeacimadetudo.tripod.com/ 2006. Grifo nosso.
Resenha crítica do livro
A Divindade
Alberto R.Timm,Ph.D.‘
Professor de Teologia Histórica no Salt, Unasp,Campus Engenheiro Coelho,SP,e diretor do Centro
de Pesquisas Ellen G White — Brasil

Resumo: O presente artigo provê uma suggested principies of interpretation, and


resenha crítica do livro antitrinitariano A the author’s private interpretations ofsome
Divindade, e a maravilhosa conexão quotations from Ellen G White writings.The
entre o céu e a terra, chamada Espírito private interpretations analyzed include the
Santo(Contenda,PR: Ministério 4 Anjos, expression “the Holy Spirit is himself,” the
[2003]),compilado e organizado por Jairo use of“it” to designate the Holy Spirit, the
Pablo Alves de Carvalho. Após a menção angels as the Holy Spirit,the expression “the
de alguns antecedentes históricos, o arti third person of the Godhead,” and the
go analisa criticamente a referida publi “omega” of apostasy.
cação da perspectiva da relevância do
tema abordado, do uso de fontes biblio Introdução
gráficas, das grafias e retraduções
sugeridas, das pressuposições do orga Em 2003,a editora “Ministério4Anjos”,
nizador, dos recursos retóricos emprega de Contenda, Paraná, publicou a 1“ edição
dos,dos princípios de interpretação suge do livro antitrinitariano A Divindade, e a
ridos e das interpretações pessoais de al maravilhosa conexão entre o céu e a ter-
gumas citações de Ellen G White. Entre ra. chamada Espírito Santo} Compilado
as interpretações pessoais analisadas se de várias fontes por Jairo Carvalho, o livro
encontram a expressão “o Espírito é Ele foi publicado anonimamente,sem mencio
nar o nome dos autores dos diferentes tex
mesmo”,o uso do “it” para designar o Es
pírito Santo,os anjos como Espírito Santo, tos ou mesmo do seu organizador. Já em
a expressão “a terceira pessoa da Divin 2004, a mesma editora lançou uma edição
dade” e o “ômega” da apostasia. revisada do livro,^ mas desta vez com a ex
pressão “compilação de diversos autores”
Abstract:The present article provides na primeira capa.Além da versão impressa,
a criticai review ofthe anti-Trinitarian book o material foi também disponibilizado para
titled A Divindade, e a maravilhosa co download no site do referido ministério
nexão entre o céu e a terra, chamada (www.ministerio4anjos.com.br), o que lhe
Espírito Santo [The Godhead, and the deu uma circulação mais ampla.
wonderful connection between heaven and
Em contraste com o livro **Eu e o Pai
earth,called the Holy Spirit](Contenda,PR:
Ministério 4 Anjos,[2003]), compiled and Somos Um", de Ricardo Nicotra, que se
organized by Jairo Pablo Alves de Carva vale da Bíblia para justificar sua noção
lho. After a few historical-background antitrinitariana,** A Divindade procura en
remarks, this article presents a criticai dossar a mesma idéia com textos extraídos
analysis of that book from the perspective dos escritos de Ellen G White.O conteúdo
of the relevance of the subject under de A Divindade foi criticado apologe-
consideration, the use of bibliographical ticamente em 2005 por Lourenço Gonzalez
sources, the spelling and retranslations em seu livro intitulado ironicamente Con
suggested, the organizator^s presuppo- tenda, o Caminho do Ômega? Mas essa
sitions, the use of rhetorical devices, the crítica, de natureza mais popular, poderia
80/ PaROUSIA - r SEMESTRE DE 2006

ser complementada com uma análise mais de Apocalipse 17. Em julho e agostaí
acadêmica. Como na revista ano
1999, José Carlos Ramos havia public^
4,n°2(2® Semestre de 2005)foi publicada na Revista Adventista brasileira um arti^
uma resenha crítica do livro de Nicotra,® em duas partes intitulado “A cura da fen^
julgamos conveniente publicar, na presente mortal e a teoria do sexto rei”. A mat^
edição, também uma resenha semelhante expunha a posição adventista de queS
do livro A Divindade. “reis” de Apocalipse 17 podiam se refera
às sete formas de governo romano,culmi
As páginas indicadas entre parênteses,
nando com o papado, ou, então, aos s|Í
ao longo do conteúdo básico do presente
reinos que perseguiram o povo de Deus|
artigo, se referem à paginação da 1“ edi
ção de A Divindade em que as respecti longo da história,também culminando cç|
o papado." Discordando dessas posiçõl
vas informações mencionadas podem ser
Alceu escreveu uma apostila,sugerindo qu
encontradas. Alusões esporádicas à edição
esses “reis” seriam papas que ocuparani
revisada do livro serão sempre indicadas
Sé Romana,começando em 1929 comPf
pela expressão “rev”, antes da paginação.
A expressão “autor/compilador” é usada XI e terminado com João Paulo II, que se
em alusão à autoria do livro em discussão, ria sucedido pelo próprio Satanás. O autO
uma vez que o próprio livro não identifica solicitou aos pastores Nastrini e Kleyttf
as partes escritas por Jairo Carvalho e as Bezerra Feitosa(pastor auxiliar para a Igi^
partes simplesmente traduzidas e/ou trans ja Jovem Central de Curitiba) que avalia^
critas de outros autores. sem o material. Em uma reunião entre ^
ses pastores e o autor,ficou esclarecido qu?
Antecedentes históricos^ a interpretação deste não refletia as linha
interpretativas reconhecidas pela Igre|
A publicação do livro A Divindade está Adventista do Sétimo Dia e,em vista disto
diretamente ligada a Jairo Pablo Alves de o material não devia ser publicado em fó|
Carvalho(conhecido como Jairo Carvalho) ma de livro, pois podería confundir os ií
e ao grupo dissidente da Igreja Adventista mãos. Desatendendo ao apelo dos pas^
Central de Curitiba, Paraná, por ele lidera res, Alceu publicou em dezembro de 20^
do. No ano 2000 Jairo era diretor de Ação o material como um livro de 221 páginn
Missionária da Igreja Central Jovem e mi intitulada Os Sete Reis da Profecia da
nistrava com seu amigo Alceu da Silva Oli Apocalipse 17^ advogando as mesmasidw
veira Filho(recém-converso)aos sábados à as da apostila, propondo o papel decisivO
tarde, antes do Culto JA, o Seminário As do Papa João Paulo II nas profecial
Revelações do Apocalipse^ de Daniel bíblicas.'^ Com a morte desse papa em^
Belvedere.® Mas o gmpo de estudos aca de abril de 2005, era de se esperar que q
bou aceitando várias idéias escatológicas proposta fosse abandonada. No entanto,efrí
especulativas. Isso ocorreu especialmente tre seus defensores havia alguns que con*
depois dejulho de2000,quando o Hvro Como tinuavam crendo que João Paulo II volta
Afinal Será o Fim? de César Augusto da ria, quer por clonagem ou por uma pretensa
Costa,® com o apoio do Sr. Mauro Trivellato, ressurreição demoníaca,a fim de reassumih
havia sido lançado na Igreja Central de o trono do Vaticano! I
Curitiba. Com interpretações fantasiosas das
Durante o retiro de jovens da Igrejal
sete últimas pragas e do Armagedom (Ap Central de Curitiba,realizado em fevereirpl
16),*° o livro contribuiu, segundo Mareio
de 2001 em Guaciara, litoral paranaense^j
Nastrini, então pastor daquela igreja,“para os pastores Nastrini e Elmar Storch Borges^
despertar naqueles jovens (Jairo e Alceu)a
vontade de pesquisar particularmente as pro (que substituira o Pr. Kleyton na Igreja|
Central Jovem) perceberam nitidamente^
fecias e, depois, outros assuntos”.
que entre esses jovens existia um grande^
Uma das primeiras especulações fascínio por idéias controvertidas. Jairo dei
escatológicas que afloraram naquela igreja Carvalho e sua irmã Paula Alves de Car-'
dizia respeito à interpretação dos sete reis valho (diretora JA daquela igreja) haviam^;
Resenha crítica do livro A Divindade / 81

convidado ao amigo Rogério Buzzi, da ci esses períodos representam dias literais, que
dade de Cascavel, PR, para apresentar al iniciariam com a futura “Lei Dominical
guns devocionais. Aproveitando a oportu Mundial”(1.290 dias e 1.335 dias)e com o
nidade, Buzzi mencionou aos acampantes subseqüente “derramamento da chuva se-
que possuía mais de 250 fitas cassetes de rôdia” (1.260 dias), e terminariam com o
pregadores (com perfil dissidente) como início do tempo de angústia ao se levantar
Edegardo Sagarra, Hugo Gambetta, Miguel (1.290 dias) e com o “livramento
Norberto Restrepo e outros, e que essas do povo de Deus” e a “ressurreição parci
fitas estavam à disposição daqueles que al” (1.260 dias e 1.335 dias).'® Lamenta
desejassem se consagrar para concluir a velmente, porém, esse tipo de interpreta
obra de Deus. Os pastores Nastrini e ção futurista,como sugerida por Jairo Car
Borges ficaram preocupados com a situa valho, acaba fragmentando o sincronismo 19
ção, e suspenderam os referidos dos tempos proféticos do livro de Daniel.
devocionais. Contrariados, Carvalho e
Enquanto isso, alguns sites críticos da
Buzzi deixaram o acampamento no tercei
igreja e de sua liderança começaram a di
ro dia. Para o Pr. Nastrini, “a semente es
fundir materiais do referido grupo, como,
tava germinando e a árvore haveria de pro
por exemplo, o conteúdo do livro Os Sete
duzir muitos frutos ‘amargos’”. Reis da Profecia de Apocalipse 17. Tex
Várias tentativas foram feitas entre tos disponibilizados nesses sites falavam a
2001 e 2002, através de diálogos pessoais respeito das supostas “injustiças” que es
e reuniões de estudo, para esclarecer as tavam sendo feitas ao grupo da Igreja Cen
tral de Curitiba. A crise se intensificou sig
questões e harmonizar as diferenças. Al
guns representantes da Associação Sul- nificativamente quando o grupo,que inici
Paranaense também se fizerem presentes almente se preocupava mais com especu
nessas reuniões. O Pr. Borges convidou os lações escatológicas e com temas relacio
Drs. José Carlos Ramos e Rodrigo P. Sil nados àjustificação pela fé, aderiu também
va, ambos do Unasp, Campus Engenheiro ao antitrinitarianismo que já vinha sendo
Coelho, para esclarecerem questões con veiculado por esses sites. Com o passar do
trovertidas. Mas todos esses esforços não tempo o grupo acabaria se transformando
conseguiram inibir o crescente espírito in em um dos principais núcleos de divulga
dividualista do grupo, e nem impedir o ção de materiais antitrinitarianos no Brasil.
surgimento de um movimento dissidente. O crescente espírito de independência
ideológica do grupo fez com que vários de
Além da teoria dos sete reis-papas de
seus integrantes preferissem se submeter às
Apocalipse 17, também floresceu entre os
sanções disciplinares da igreja, a abdicar de
jovens da Igreja Central de Curitiba a in
suas novas convicções. Assim, no dia 26 de
terpretação dos períodos proféticos dos fevereiro de 2003 Jairo Carvalho e sua noi
1.260 dias, 1.290 dias e 1.335 dias de Daniel va Paula Hoelz Alvarez foram removidos do
12 como sendo meros dias literais. Entre
rol de membros da igreja. No mesmo ano
1999 e 2000, vários artigos haviam sido
foram removidas daquela igreja mais cinco
publicados em periódicos adventistas bra
pessoas,e disciplinadas, outras três. Alguns
sileiros como Revista Adventista,'"* Minis
membros de outras igrejas de Curitiba e de
tério,^^ Revista Teológica do Salt -
cidades próximas também sofreram sansões
laene^^ e Parousia^'’, argumentando que eclesiásticas semelhantes.
os referidos períodos devem ser entendi
dos com base no princípio dia-ano de inter Por volta de 2001,Jairo Carvalho havia
pretação profética, como simbolizando adquirido uma chácara próxima à pequena
1.260 anos, 1.290 anos e 1.335 anos, res cidade de Contenda, PR, onde um grupo
pectivamente. Mesmo assim, em julho de de estudos, que chegou a ter cerca de 30
2002,Jairo Carvalho lançou um livro de 132 jovens - da Igreja Central de Curitiba e
páginas intitulado Daniel 12- 1260 Dias, outras igrejas - se reunia às sextas-feiras
1290 Dias e 1335 Dias, sugerindo que à noite ou aos sábados à tarde em busca
82/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

de “santificação” e “reavivamento” para o equivocados em interpretar os escritos p


■ifi
tempo do fim. A mãe de Jairo, Edna Car Ellen G. White como endossando a doufe
valho, que fora removida do rol de mem na das três pessoas da Divindade? ^
bros da Igreja do Juvevê também em 2003, terceiro aspecto envolvido é a questão!|
mudou-se para aquela chácara,convicta de integridade da liderança da Igreja q
haver recebido poder para realizar unções, questões teológicas. Teriam os teólogcS
exorcismo e curas, bem como de receber administradores da Igreja planejado uw
visões sobrenaturais. O movimento passou apostasia intencional da denominação^
a ser apoiado também por Alejandro um assunto tão sagrado como a compj|
(Villacentro?), um pretenso profeta argen ensão de Deus (p. 69-73, 84)7 jf
tino. Alguns integrantes do grupo, que ha
Uma leitura geral do livro A DivindM
viam sido removidos da Igreja Central de
é suficiente para se perceber a pobrezaí|
Curitiba,foram rebatizados pelo grupo “em
nome do Pai e do Filho”,sem qualquer alu terária e a deficiência metodológica que|
caracterizam. É evidente tambéiâl
são ao Espírito Santo.
marcante postura crítico-belicosa dos sfl
Na chácara em Contenda foi organiza proponentes para com a liderança da I^
do o assim-chamado “Ministério4Anjos”, ja Adventista do Sétimo Dia(p.69,84).
cr
com o propósito de divulgar as idéias autores não se contentam apenas em
perfeccionistas e antitrinitarianas do gru rigir” conceitos supostamente equivocad^
po. Envelopes com materiais foram envia mas chegam mesmo a julgar criticameni
dos à liderança leiga de várias igrejas e gru as próprias intenções interiores dos que^
pos do Brasil. Alguns integrantes do grupo vogam tais conceitos(cf. Mt 7:1)e a rotidí
chegaram, por vezes, a colocar panfletos los de forma desrespeitosa. Levando-se^
nos pára-brisas dos carros estacionados consideração as características do livro
próximo às igrejas adventistas durante os si, é obvio que ele não se qualificaria pal
cultos de sábado. Um marco decisivo na uma resenha crítica acadêmica. Mas,
história desse ministério foi,sem dúvida,o outro lado, reconhecemos que o tema nel
lançamento em 2003 da 1“ edição do livro abordado é relevante e merece ser anaf
A Divindade, negando categoricamente a sado criticamente, especialmente para li|
doutrina da Trindade e, especialmente, a nefício daqueles que não dispõem do teff
personalidade do Espírito Santo. po e das fontes de consulta necessárias p^
uma investigação mais detida do assunttl
Relevância do tema
Uso DE FONTES
O livro A Divindade se propõe a ofe
recer uma “visão correta” sobre a Divin O material compilado por Jairo Ci
dade, corrigindo a compreensão suposta Iho, sob o título A Divindade, pode s3
mente equivocada da Trindade, como definido como um grande agrupamento
mantida pela Igreja Adventista do Sétimo textos bíblicos e de citações dos escritj
Dia.2° Como os autores do livro buscam de Ellen G White, intercalados com
apoio nos escritos de Ellen G White para mentários pessoais, sem a devida consij
suas teorias antitrinitarianas, a discussão tência no uso de fontes. Analisando-se|
sobre o assunto envolve pelo menos três livro de uma perspectiva mais técniç<|
aspectos cruciais. O primeiro diz respeito percebem-se algumas inconsistências n^
à própria doutrina de Deus. Não resta dú referências que nele aparecem. Porexeii^
vida de que a compreensão correta de pio, o volume e a página da obi|
Deus é fundamental para toda a verda Manuscript Releases é mencionada alj
deira teologia e religião. O segundo as gumas vezes em português, de forma abfê
pecto é a questão da interpretação dos viada, como “vol.” e “pág.” (p. 88-89,15f|
escritos de Ellen G. White. Estariam os 158), e outras vezes em inglês, por extehf
Depositários do Patrimônio Literário Ellen so, como “Volume Fourteen, Page 23,24|
G White (ou Ellen G White Estate, Inc.) (p. 5, 20, 83, 124). Essa inconsistênci|

i
Resenha crítica do livro A Divindade/83

sugere que o autor/compilador pode ter, confiável. Mas tal comprovação parece
por vezes, apenas copiado e colado ci irrelevante para o referido autor/compila
tações encontradas em outras fontes se dor, pois em outros lugares ele chega mes
cundárias, sem haver consultado as pró mo a usar palavras hebraicas (p. 28-30) e
prias fontes primárias por ele indicadas. gregas (p. 45, 112, 114) sem mencionar
quaisquer léxicos ou fontes gramaticais que
O livro Primeiros Escritos, de Ellen G
apóiem as interpretações sugeridas. Com
White,é identificado erroneamente como
isso ele deixa a impressão de se considerar
tendo sido “impresso em 1858” (p. 42),
uma autoridade nessas línguas!
quando isso só ocorreu 24 anos mais tar
de (em 1882).^' Talvez o autor/compila Outra séria deficiência bibliográfica do
dor de A Divindade não estivesse infor livro em consideração transparece em suas
mado que o livro Primeiros Escritos é uma interpretações históricas.É certo que as dis
publicação posterior,que apenas reuniu em cussões históricas estão repletas de citações
um só volume os três primeiros livros de extraídas dos escritos de Ellen G White e
Ellen G. White - A Sketch of the de alguns outros autores,que parecem com
Christian Experience and Views ofEllen provar as interpretações sugeridas. Mas as
G. White (1851)^^; Supplement to the próprias interpretações não passam de
Christian Experience and Views of Ellen inferências destituídas de comprovação bi
G White (1854)23; ^ Spiritual Gifts, vo bliográfica. Tem-se a impressão de que o
lume 1 (1858).24 autor/compilador assunúu a hipótese de que
“os líderes apóstatas da lASD ‘foijavam’
Em A Divindade aparecem também re textos[antitrinitarianos]e os atribuíam aEllen
ferências esporádicas a escritos de E. J.
G White”(p. 84)e, baseado nela, passou a
Waggoner (p. 56-57), A. T. Jones (p. 69-
reler e a reinterpretar esses escritos da pers
71), LeRoy E. Froom (p. 86, 103), John H.
pectiva de suas pressuposições particulares.
Kellogg (p. 87) e Herbert E. Douglass (p. Mais uma vez a retórica das inferências
101-102),bem como a algumas declarações
pessoais é usada em substituição à espera
de Crenças Fundamentais dos Adventistas
da comprovação bibliográfica.
do Sétimo Dia, publicadas no Yearbook e
em outras fontes(p,91-99).Além disso,Jairo Grafias e retraduções
Carvalho menciona em um lugar o Dicio
nário Escolar da Língua Portuguesa, de Nenhuma produção humana pode ser
Alfredo Scottini(p.80)e,em outra ocasião, considerada absoluteimente perfeita. Mas
“o conhecido dicionário de sinônimos da lín existe um nível mínimo de precisão na
gua inglesa ‘Webster’” (p. 107). Uma vez grafia de nomes, datas e de outras infor
que o conteúdo de A Divindade é uma crí mações, para que um livro possa ser consi
tica extremamente agressiva à doutrina derado confiável. Quando uma obra
adventista da Trindade, o autor/compilador extrapola esse nível, os leitores mais
deveria ter demonstrado familiaridade com criteriosos acabam indagando: Se o autor
outras fontes bibliográficas que abordam o do livro cometeu tantos equívocos de grafia,
assunto de forma abalizada. que certeza existe de que ele não haja in
Alusão é feita ao “conhecido dicionário corrido em equívocos semelhantes no âm
bito conceituai, sugerindo conclusões pre
de sinônimos da língua inglesa ‘Webster
(p. 107), sem qualquer referência a sua cipitadas e incorretas?
edição, na tentativa de justificar a idéia de No livro A Divindade aparecem várias
que em alguns escritos de Ellen G. White a palavras grafadas em português de forma
preposição inglesa of(de) deva ser inter incorreta. Entre elas encontramos, por
pretada com o sentido áefrom(a partir de). exemplo,“coo”(p. 15),em lugar de“como”;
Uma proposta interpretativa tão contestá “uma Deus”(p.45),em vez de “um Deus”;
vel exigiría uma discussão bem mais pro “velho testamente” (p. 45), quando deve
funda do assunto,respaldada por uma com ria ser “Antigo Testamento”; “eles
provação bibliográfica bem mais ampla e possuíamo”(p.47),devendo ser “eles pos-
84/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

suíam”; “raoi de luz” (p. 54), em vez de Appeal for Evangelical Chrisíianm
“raio de luz”;“assuntos deliciosas”(p.54), como“Um apelo para o Evangelismo Ois
onde a concordância correta seria “assun tão”(p. 71),quando o sentido original sên
tos deliciosos”; “benção” (p. 58), quando melhor expresso como Apelo ao Cristã
deveria ser “bênção”, com acento circun- nismo Evangélico.
flexo; “Ee”(p. 119), em vez de “Ele”; “té
Outro problema de tradução ocorre
nós” (p. 166), quando ficaria melhor “até
quando Jairo traduziu a expressão “thrê
nós”; “tostes comprados”(p. 166), em lu
great Agencies”-^ literalmente como
gar de “fostes comprados”. Já em inglês, o
grandes Agências”, argumentando que ii
termo “prophecy” aparece como “profecy”
(p. 47); a palavra “movement”, como Deus não é necessariamente uma agênâ..
(p. 83). Mesmo que a tradução literal á
“moviment” (p. 86); e “counsels”, como
termo “Agencies” seja “Agências”,é obw
“consels”(p. 140).
que Ellen G. White o usou mais no sentii
Tais equívocos são facilmente percep de “Agentes” (para pessoas) do que d
tíveis e não alteram necessariamente o con “Agências” (para coisas). O problema i
teúdo do livro. Mas a situação fica um pouco que a tentativa de considerar o Espíriii
mais constrangedora quando nomes própri Santo como mera “agência” despersO
os acabam sendo escritos de forma erra nalizada acaba reduzindo ao mesmo níve
da.É lamentável,por exemplo,queTakoma também ao Pai e ao Filho, pois todos Q
Park apareça como “Tahoma Park” (p. três são qualificados pelo mesmo termo ti
71); LeRoy E. Froom, como “Leroy E. declaração da sra. White.
From” (p. 86); e John Harvey Kellogg,
como “John Harvey Kellogs” (p. 87-90). Mas o caso mais gritante de traduçâ
O sobrenome “Kellogg” aparece nas refe ocorre quando Jairo Carvalho tenta ptí
ridas páginas pelo menos oito vezes com suadir seus leitores de que a expressi
“Kellogs”, e não foi corrigido na edição “the Third Person of the Godhead”, qu:
revisada do livro (rev. p. 66-70), demons aparece na página 671 do livro Desirec
trando não ser um mero lapso acidental. Ages {O Desejado de Todas as Naçõé
Tem-se a impressão de que Jairo Carvalho de Ellen G White, deveria ser vertiJ
haja se confundido com a marca ao português, não como “terceira pessoí
da Divindade”,^'' e sim como “terceiií
“Kellogg’s” (significando “do Kellogg”),
que aparece em embalagens de cereais ma pessoa a partir da Divindade” (p. 107
tinais vendidos nos supermercados, ao 145, grifòs acrescentados). Segundo el|
acrescentar um “s” ao sobrenome do Dr. quando Ellen G White escreveu essa obá
John H. Kellogg. (publicada em 1898), a preposição o/(de
tinha o mesmo sentido de from (a partíi
As traduções e retraduções propostas de), e foi usada com esse sentido na ex
por Jairo Carvalho nem sempre são preci pressão acima mencionada. O argumente
sas e confiáveis. Um pequeno lapso ocor pode ser aceitável àqueles que pouco en
reu ao ele verter “Elder A. T. Jones” como tendem da língua inglesa e àqueles quê,*
“ancião A. T. Jones” (p. 70, 73). É certo mesmo a entendendo, não se inibem eiú
que na linguagem denominacional distorcê-la a fim de provar suas idéias pre
adventista a expressão church elder se concebidas (cf. Mt 15:6-13), mas ele é to
refere ao “ancião” de uma igreja local. Mas talmente descabido e infundado. Nenhuni
Jairo podería ter evitado esse lapso se tão dos contemporâneos de Ellen G. White quei
somente levasse em consideração o fato conheciam bem a gramática e a sintaxe!
de que a palavra elder é usada também da língua inglesa entendería essa expresrj
para pastores de certa projeção. Portanto, são como proposta no livro A DivindadeA
associado com A. T. Jones, o termo deve Além disso,a tradução revisionista de Jaiio|
ría ter sido traduzido como “Pastor A. T. Carvalho possui sérias implicações teoló4
Jones”. Nesse mesmo contexto, Jairo tra gicas, que serão consideradas mais deti-J
duz o título do livro de A. T. Jones An damente à frente.

i
Resenha crítica do livro A Divindade/85

Além disso, uma análise mais detida do usada como um pretexto para neutralizar
livro Desire of Ages revela que nele apa princípios hermenêuticos e históricos que
recem 2.476 vezes a preposição of,e 1.102 apóiam a doutrina da Trindade. O autor/
vezes a preposiçãofrom?^ Se a sra. White compilador do livro sugere, primeiramente,
quisesse que a preposição o/tivesse o sen que a Bíblia é tão auto-elucidativa que dis
tido defrom, por que ela já não empregou pensa o uso de quaisquer ferramentas
diretamente o termofrom,como em tantas extrabíblicas para ajudar na sua interpreta
outras ocasiões? O argumento de que na ção. Em harmonia com as interpretações
época da sra. White o termo o/possuía um medievais. Carvalho ignora o fato de que a
significado diferente do atual não é endos Bíblia foi escrita em um mundo distante e
sado pelo uso dos termos no próprio livro diferente do nosso. Na página 11 do seu
Desire ofAges. A expressão “terceira pes livro aparece a seguinte declaração:
soa da Divindade” está inserida na seguin Assim temos que,o contexto histórico, a situ
te declaração: “Ao pecado só se podería ação da época ou as regras gramaticais da língua
resistir e vencer por meio da poderosa ope original serão importantes para o entendimento de
ração da [of] terceira pessoa da [of] Di determinado preceito da Palavra de Deus apenas e
vindade,a qual viría, não com energia mo tão somente se estes forem mencionados em outra
dificada, mas na plenitude do [of] divino parte da Palavra de Deus.Se não forem,isto é para
poder”. Se tomássemos a sério a sugestão nós prova suficiente de que estes não eram absolu
de Jairo Carvalho, teríamos que traduzir tamente necessários para que compreendéssemos
o preceito em estudo.
essa declaração da seguinte forma: “Ao
pecado só se podería resistir e vencer por
Tudo o que é importante para a compreensão
meio da poderosa operação a partir da de determinado texto da Bíblia,Deus incluiu den
terceira pessoa a partir da Divindade, a tro dela mesma.O que não estiver incluso nela não
qual viría, não com energia modificada, mas era [ííc] importante,em absoluto, para a compre
na plenitude a partir do divino poder”. Na ensão de outros textos.
mesma página 671 de Desire ofAges,apa
rece também a seguinte sentença:“A hon Sendo esse o caso, por que então Jairo
ra de [of] Deus, a honra de [of] Cristo, Carvalho compilou o livro A Divindade “de
acha-se envolvida no aperfeiçoamento do diversos autores”(rev. primeira capa) não
[of] caráter de [of] Seu povo.” Para ser bíblicos? Ou podería ser que, para ele, to
mos consistentes com a proposta de Jairo, dos os demais livros que procuram ajudar
também esta sentença devería ser vertida a esclarecer o texto bíblico são “absoluta
como “A honra a partir de Deus, a honra mente” desnecessários, com exceção de
a partir de Cristo, acha-se envolvida no A Divindadel Não estaria ele tentando
aperfeiçoamento a partir do caráter a vacinar seus leitores contra quaisquer pu
partir do Seu povo.” Tais traduções sim blicações que contradigam o conteúdo de
plesmente não fazem sentido. No entanto, A Divindade'} Desconhecendo fontes
se em todos estes casos o o/deve ser tra extrabíblicas, Jairo pretende ser mais ho
duzido como “de”, e apenas no caso de nesto ao texto bíblico. Mas,consultando uma
“terceira pessoa da Divindade” com o sen boa gramática da língua hebraica, ele po
tido de “a partir de”, então toma-se evi dería ter evitado o erro de afirmar que o
dente que o critério de Jairo Carvalho é in termo hebraico ‘asah em Gênesis 1:26 é
consistente e tendencioso, visando apenas singular e “não é plural”(p. 28-29).
conseguir espaço para corroborar sua no É curioso observar como Jairo Carva
ção antitrínitariana.
lho,em seu discurso teórico,considera ina
ceitável o uso de quaisquer fontes
Pressuposições básicas
extrabíblicas para esclarecer o texto bíbli
O conteúdo do livro A Divindade é sus co e, no âmbito prático, acabou publican
tentado por pelo menos cinco pressuposi do, não apenas a referida compilação de
ções básicas. Em duas delas, a exclusivi “diversos autores”, mas também o seu li
dade das Escrituras {sola Scriptura) é vro Daniel 12 - 1260 Dias, 1290 Dias e
86/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

1335 Dias3^ e vários outros livros de A. H. M. D’Aubigné, Barnas Sears, John!


T. Jones e E. J. Waggoneri® -todos com o Lewis,Augustus Neander,R.Váughan,John
objetivo de interpretar “corretamente” o Foxe,E.Bonnechose,Jacques Lenfant,Ezia
texto bíblico! Embora enalteça inicialmen H. Gillett, John C. L. Giseler, K. R|
te a Bíblia (p. 9-13)e procure basear nela Hagenbach, W. C. Martyn e outros) ao es^v
suas idéias(p. 14-34),a partir da página 35 crever O Gratide ConflitoV^ Será que da
do seu livro Carvalho parece perder, pri estava desinformada de que não se pode citó
meiro,a distinção entre a Bíblia(como luz historiadores não inspirados? E mais,cowQ
maior)e os escritos de Ellen G White(como justificar o fato de o próprio autor/compila^
luz menor) e, depois, entre esses escritos dor de A Divindade fornecer descrições
“inspirados” e a literatura adventista con históricas posteriores ao falecimento de Ellen
temporânea (não inspirada), como se esta G Whiteem 1915(p. 100-103), semseba^;
fosse tão autoritativa quanto os próprios es sear para isso em quaisquer “autores divi^
critos da sra. White. namente inspirados”? Por que deveriamos
crer na história como contada em A Divin^
Depois de considerar como inválidas as
ferramentas hermenêuticas usadas na in dadcy e não como descrita em outras obras
históricas bem mais abalizadas? Seria o caso
terpretação bíblica, o referido autor/com
de o autor/compilador de A Divindade sè
pilador também tenta desqualificar quais
quer abordagens históricas que contradigam considerar um “profeta” divinamente inspi^í
os seus postulados pessoais. Nessa tenta rado,revestido de uma autoridade profética
não concedida aos demais historiadores
tiva, ele restringe a pesquisa histórica aos
escritos proféticos; pois, para ele,“não po adventistas? Seja como for, o certo é que
demos tomar como referência histórica ele sugere que seus leitores releguem fon^
quaisquer escritos que não sejam de auto tes históricas não inspiradas, algo que ele
mesmo não pratica!
res divinamente inspirados”(p. 42). Se só
“autores divinamente inspirados” são Sem princípios hermenêuticos sólidos e
confiáveis em suas informações históricas, sem uma aferição histórica mais confiável,
como explicar o fato de o Antigo Testa o leitor fica à deriva do que o autor/compi
mento chamar a atenção para as informa lador de A Divindade lhe sugere. Desta
ções históricas contidas “no livro da Histó forma,o leitor é preparado psicologicamen*
ria dos Reis de Israel”(IRs 14:19; 15:31; te para aceitar a mais importante pressu
16:5,14,20,27;22:39;2Rs 1:18; 10:34; 13:8, posição do livro(e que sustenta todo o seu
12; 14:15,28; 15:11,15,21,26,31;2Cr20:34; conteúdo)-de que Ellen G. White não cria
33:18), “no livro da História dos Reis de na doutrina da Trindade e, consequente
Judá”(IRs 14:29; 15:7,23;22:46;2Rs 8:23; mente, jamais advogou essa doutrina em
12:19; 14:18; 15:6,36; 16:19;20:20;21:17, seus escritos. Só que, analisando os própri
25; 23:28; 24:5),“no livro da História dos os escritos de Ellen G. White, o leitor aca
Reis”(2Cr 24:27),“no livro da História dos ba percebendo que,embora o termo “Trin
Reis de Israel e de Judá”(2Cr 27:7; 35:27; dade” não apareça nos seus escritos origi»
36:8),“no livro da História dos Reis de Judá nais em inglês, o conceito de que a Divin
e de Israel”(2Cr 32:32)? Seriam esses li dade é composta por três pessoas divinas
vros não canônicos “divinamente inspira é enfatizado reiteradas vezes nesses escri
dos” como o próprio texto bíblico? E mais, tos.” Entretanto, para resolver esse
o que dizer do apóstolo Paulo que citou impasse, o autor/compilador de A D/vm-
escritores pagãos como, por exemplo, dade se vale de mais duas pressuposições
Epimênides de Creta (At 17:28; Tt 1:12), básicas, altamente comprometedoras,para
Aratus da Cicília (At 17:28) e Menander dar consistência ao seu arrazoado.
(ICo 15:33)?^'
A primeira delas, que seria a quarta em
Como explicar o fato de Ellen G. White nossa abordagem geral, é que “todos os
ter-se valido de vários historiadores não ins pontos principais de nossa fé”, incluindo a
pirados(como H.H.Milman,J. A.Wylie,J. compreensão da Divindade,já estavam ple-

I
Resenha crítica do livro A Divindade!%1

namente definidos em 1854(p.40-46,74), tar uma nova mensagem pós-1854 dejusti


e que “nunca mais seria necessário um es ficação pela fé, como apresentada por
forço como o que havia sido realizado para Jones e Waggoner em Mineápolis. Assim,
trazê-la novamente à luz” (p. 42). Conse para ser coerente com seus próprios argu
quentemente, na opinião dele,qualquer nova mentos, Jairo deveria se alinhar com a po
luz pós-1854, sobre os pontos fundamen sição legalista de Butler e Smith, em vez
tais da mensagem adventista, deveria ser da posição mais “liberal” de Jones e
encarada como “apostasia da fé”. Essa Waggoner! Mas essa incoerência é carac
posição possui, no entanto, sérias implica terística marcante daqueles que desconhe
ções com as quais o próprio autor/compila cem as declarações de Ellen G. White a
dor talvez preferisse não ser confrontado. respeito da aceitação de nova luz sobre te
Primeiramente, ela revela uma profunda mas já estabelecidos.^^
ignorância a respeito do que Ellen G White
Após restringir o desenvolvimento dou
considerava como os pilares da plataforma trinário da igreja ao período pré-1854, o
doutrinária adventista em seus primórdios.
autor/compilador de A Divindade propõe
A ênfase estava nas verdades fundamen
uma quinta(e mais comprometedora)pres
tais da Palavra de Deus que haviam sido
suposição básica,expressa por meio da acu
obliteradas pela tradição cristã e que deve-
sação de que,“a partir de 1888 iniciou-se
riam ser restauradas, sem que a questão um processo de apostasia dentro da igreja
da natureza de Deus estivesse envolvida.^'*
adventista, encabeçado pela liderança”(p.
Além disso, se todos os aspectos fun 59),e que essa liderança adulterou intenci
onalmente os escritos de Ellen G White a
damentais da mensagem adventista já es
tavam definidos em 1854,não podendo mais fim de provar a “satânica” teoria da Trin
ser acrescidos e revisados, como explicar dade(p. 69-87). O argumento da apostasia
então o fato de que a reforma de saúde foi pós-1888 é muito semelhante ao dos
adventistas da reforma,como apresentado
incorporada à mensagem adventista ape
nas nove anos mais tarde, com a visão de por Alfons Balbach em seu livro The
Ellen G. White em junho de 1863? Como History of the Seventh Day Adventist
entender o fato de a doutrina da justifica Reform Movement.^ Se esse fosse o caso,
Ellen G. White jamais teria declarado no
ção pela fé ter sido incorporada ao sistema
doutrinário adventista somente 34 anos de final de sua vida:
pois de 1854,ou seja, a partir da Conferên Não espero viver muito tempo. Meu trabalho
cia de Mineápolis em 1888? Se o sistema está quase terminado.(...)Penso que não mais te
rei testemunhos para o nosso povo. Nossos ho-
doutrinário já estivesse encerrado, como
mens de mente firme sabem o que37é bom para o
sugerido no livro A Divindade, então nem
crescimento e progresso da causa.
a mensagem de saúde e nem a justificação
pela fé poderiam ter sido integradas a esse A acusação de adulteração dos escri
sistema. Por que então o Ministério 4 An tos de Ellen G White está baseada em um
jos de Jairo Carvalho continua publicando
depoimento de A. T. Jones publicado em
os livros de A. T. Jones e E. J. Waggoner seu livro An Appeal for Evangelical
com mensagens que só foram definidas bem Christianity(1909), alegando que um arti
depois de 1854?
go sobre “Liberdade religiosa”, publicado
Pelo princípio do bumerangue, o mes em 1906 no Southern Watchman, sob a
mo argumento usado por Jairo Carvalho autoria de Ellen G White,havia sido escri
para inibir qualquer desdobramento pós- to por George E.Fifield, três anos antes(p.
1854 da doutrina da Divindade acaba cons 71). Esse incidente, envolvendo a questão
pirando contra a aceitação da própria “men de dependência literária(ou plágio?)sobre
sagem de 1888” por ele advogada (p. 52- “liberdade religiosa”,é então generalizado
69). Se tomássemos a sério o seu argumen como uma prática habitual” da liderança
to,teríamos que admitir que George I. Butler da Igreja em relação a outros temas,inclu-
e Uriah Smith estavam corretos em rejei¬ sive a Trindade(p. 73-75). Só que o autor/
88 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

compilador de A Divindade parece ter-se algo completamente destituído de fundfr


olvidado de que Jones mencionou o referi mento histórico e lingüístico. Em primeiiq
do incidente em 1909 para desacreditar, não lugar,essa acusação não foi levantada n^
apenas a liderança da Igreja, mas o próprio pela sra. White e nem pelos seus contei
dom profético de Ellen G White! porâneos. Em nenhum momento ela ae»i
sou a liderança de semelhante prática, poi:
O livro A Divindade deixa a impressão que isso realmente nunca ocorreu. Só &
de que A.T.Jones continuou como um fiel
anos mais recentes é que os antitrinitarianõí
defensor da verdade (p. 69-71), ao passo
que J. H. Kellogg se tomou um apóstata começaram a usar esse argumento a finj
de manter, pelo menos aparentemente, 4
abominável(p.87-90). Mas,em realidade,
sua crença na inspiração dos escritos d
A.T. Jones e E. J. Waggoner eram amigos
Ellen G. White, sem se comprometerK^
pessoais de Kellogg e compartilhavam
muitas de suas idéias. Desde meados da com os ensinos trinitarianos dela. Alémd^
so, no mesmo ano de 1854, em que tod^
década de 1890, Waggoner já advogava
os pilares da fé já estavam supostameni
idéias panteístas semelhantes às de
Kellogg.^® Por ocasião da Conferência Ge definidos(p.40-46,74),Ellen G White a&j
mara que a igreja apostólica batizava en
ral de 1901, Kellogg, Jones e Waggoner
“nome do Pai, do Filho e do Espírito Sáih
estavam unidos procurando convencer os
delegados da conferência a estabelecerem to”.**^ Portanto, já naquela época a srai
White endossava tanto a autenticidade ds
uma estrutura organizacional mais
Mateus 28:18-20 quanto a genuinidadedflí
congregacionalista, que daria obviamente
mais autonomia ao Sanatório de Battle uso dessa fórmula batismal pelos cristãos.j
Creek, liderado por Kellogg. Quando pre A idéia da existência de supostas aduH
valeceu a estrutura organizacional terações trinitarianas nos escritos de Elleh
missiológica defendida por A.G Daniells e G. White também não é atestada por es-'
seus associados, os três amigos ficaram tudos acurados dos seus manuscritos ori-;
profundamente frustrados, e passaram a ginais. Algumas das mais importantes dè-,
combater tanto o novo modelo organiza clarações trinitarianas da sra. White fo
cional da Igreja quanto a sua liderança e a ram republicadas nas páginas 613-617 do
própria sra. White, que apoiava o modelo livro Evangelismo.^^ Críticos têm contes
de Daniells.®® Ela estava entusiasmada tado a sua autenticidade, mas uma acurada^
com as decisões da Conferência de 1901: e confiável análise dos próprios manus-i
“Nunca fiquei tão surpresa em minha vida critos originais em que aparecem essas de^;
do que com o rumo que os acontecimentos clarações demonstra a falácia de tais acu-;
tomaram nesta reunião. Esta não é nossa sações."*^ A teoria da adulteração repre^,
obra; foi Deus que a levou a cabo.”'^ Mas senta um sério desrespeito para com osf
Jones não compartilhava da mesma opinião. escritos inspirados, e acaba minando al
Sua fiustração se intensificou depois de não confiabilidade na própria revelação divirj
ter sido eleito em 1903 para a presidência na. Como adventistas do sétimo dia, cre^i
da Associação Geral em lugar de Daniells, mos que Deus, não apenas inspirou pj
passando a “trabalhar publicamente para cânon bíblico (composto por 66 livros) e:
desacreditar Daniells até sua própria mor os escritos de Ellen G. White, mas tam-'
te em 1923”.'" As críticas dos amigos bém impediu que interpolações heréticas |
Kellogg e Jones à liderança da Igreja não neles se perpetuassem em suas respecti- -
foram apagadas pelo tempo, e ainda apa vas línguas originais. Somos advertidos por
recem refletidas no próprio conteúdo do li Ellen G White: “Se não quisermos cons- J
vro A Divindade. truir nossas esperanças celestiais sobre um
falso fundamento, precisamos aceitar à j
Mas a alegação de que a liderança da Bíblia como se lê e crer que o Senhor quer
Igreja adulterou os próprios escritos de Ellen dizer o que diz”.'*^ A mesma advertêncipi
G White para introduzir neles ensinamentos é válida também em relação aos escritos
heréticos, com a doutrina da Trindade, é de Ellen G White.
Resenha crítica do livro A Divindade/89

Os argumentos,aparentemente lógicos, ou, na opinião do mesmo autor,“a terceira


das pressuposições acima mencionadas pessoa a partir da Divindade”(p. 134-135).
aparecem em A Divindade recheados de A sra. White advertiu contra aqueles
recursos retóricos que induzem o leitor a
que usam os seus Testemunhos para
crer que o livro é realmente a mais abaliza
acusar a liderança da Igreja de apostasia.
da abordagem do assunto. Ela diz:

Recursos retóricos Os que se põem a proclamar uma mensagem


sob sua responsabilidade pessoal, e que, ao mes
Normalmente os livros de cunho mo tempo que declaram ser ensinados e guiados
por Deus, constituem sua obra especial derrubar
apologéticos,escritos dentro de um respei aquilo que Deus durante anos tem estado a erguer,
to ético aceitável, limitam suas discussões não estão cumprindo a vontade de Deus. Saiba-se
a questões de certo e errado, de verdade e que esses homens se encontram do lado do grande
erro. Mas o autor/compilador de A Divin enganador. Não os creiais. Estão se aliando com os
dade extrapola esse limite, chegando mes inimigos de Deus e da verdade. Porão a ridículo a
mo a divinizar o conteúdo do seu livro ordem estabelecida no pastorado,considerando-a
antitrinitariano e a demonizar a mensagem um sistema eclesiástico imperialista. Afastai-vos
de todos os que crêem na doutrina da Trin desses; não tenhais comunhão com sua mensagem
dade. É surpreendente como ele não se por muito que eles citem os Testemunhos e atrás
deles busquem entrincheirar-se. Não os recebais;
constrange em reivindicar autoria divina
pois Deus não os incumbiu dessa obra. O resulta
para o seu próprio livro. Já na página 3, ao do de semelhante obra será incredulidade nos Tes
comentar a questão da autoria do seu livro, temunhos,e nos limites do possível,tomarão sem
Jairo Carvalho afirma:
efeito a obra que por anos tenho estado a fazer.^
A tônica envolvida neste compêndio é a “Di
vindade”. O que nos revela Deus sobre Ele mesmo Sem qualquer sombra de dúvida, a ten
através de Sua Palavra e dos testemunhos? Existe tativa de reivindicar autoria divina para o
um terceiro Deus? Quem,ou o que é o “Espírito conteúdo de A Divindade significa avan
Consolador”? Como está escrito, Ele “não falará çar longe demais nas pretensões. Alguns
por si mesmo” João 16:13. Assim, não se falará leitores acabam indagando se o autor/com
aqui de autor humano,considerando-se que o Au mais
pilador não deveria ter sido um pouco
tor mor é Cristo, o Deus dos Espíritos dos profe realista nesse particular.
tas, que nos deu a Sua Palavra e os testemunhos,
nos quais buscamos e encontramos a verdade. É Mas o autor/compilador de A Divinda
apenas apresentada para você, leitor, a sugestão de não se contenta apenas em assumir unia
de refletir nas Palavras do Senhor.
postura pretensiosa para com o seu pró
prio material. Ele acaba quase que exorci
É certo que o livro A Divindade apre zando, não apenas os materiais que advo
senta um número significativo de textos bí gam a doutrina bíblica da Trindade, m^
blicos e de citações dos escritos de Ellen também aqueles que indevidamente “se di-
G. White. Mas isso não garante que o con zem teólogos” crendo nessa doutrina(p.56,
teúdo do livro expresse o verdadeiro senti 76). Já na página 30 do referido livro é dito
do desses textos e citações. A própria se- categoricamente que “crer em uma trinda
qüência em que citações são agrupadas em de significa ser idólatra”.E nas páginas 157
um novo material acaba, por vezes, atribu e 158 ele acrescenta:
indo a elas um sentido artificial, completa
De uma forma geral, os adventistas
mente diferente daquele encontrado em
trinitarianos, transgressores do primeiro manda
seus respectivos contextos originais. Um mento da Lei de Deus [Êx 20:3], que cometem
exemplo desse problema ocorre quando
abominação perante Ele, por admitirem a adora
Jairo Carvalho usa a declaração de que ção a um deus[o Espírito Santo] que não é Deus,
Gabriel é “o anjo que ocupa, em honra, o não poderão receber a promessa divina do derra
lugar logo abaixo do Filho de Deus”'*® para mamento do Espírito, e serão “agraciados”(se é
argumentar que esse anjo deve ser a “ter que podemos dizer assim)como [í/c] o Espírito
”47
ceira pessoa da Trindade [Divindade] de Satanás.
90/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

Mais uma vez o referido autor/compila varão que destinou e acreditou diante de todo)
dor acaba indo além da discussão entre a ressuscitando-o dentro [^/c] os mortos.” Afeí
verdade e o erro, chegando mesmo a assu 17:30,31 S
mir prerrogativas oraculares semelhantes
Lembre-se que será responsável nojuízo
às dos mensageiros de Deus que adverti
te de Cristo pelo que farás com a verdade quep
am o povo contra as práticas idolátricas do
te revelar sobre quem é Deus e qual é o test^
período pré-exílico. nho que Ele dá a respeito de Si mesmo.
Além disso,o autor/compilador procu ■I
ra convencer insistentemente seus leito Com esse tipo de argumentação o au
res a respeito do suposto alto nível de tor/compilador procura inibir o senso ciô|
confiabilidade metodológica do seu mate CO e a capacidade de avaliação dos leitd
rial. Ele alega haver usado “o método cor res destituídos de um conhecimento msà
reto de estudo da Bíblia”(p. 24), e ter re aprofundado dos temas abordados. Cop
alizado uma ‘‘pesquisa criteriosa” (p. 35) seqüentemente, alguns leitores deixam4
e uma “análise histórica” acurada(p. 84). contestar as interpretações equivocad^
Três vezes ele diz ter analisado “com im e os conceitos errôneos que permeiam
parcialidade” a declaração de Ellen G. conteúdo do livro A Divindade, imaginai
White sobre a existência de um “trio do que tal atitude os colocaria sob a desa
celestial”(p. 104-106). A expressão “ter provação divina.
ceira pessoa da Divindade” foi analisada,
O referido autor/compilador alega (l
na opinião do autor/compilador,“com im que “o primeiro passo para a apostasia éi
parcialidade”, “sem ferir em nada a gra
rejeição dos testemunhos” (p. 60); (2) qu
mática do idioma inglês”, a fim de não
ocorreu uma planejada “adulteração de tá
extrair “conclusões precipitadas”(p. 107-
temunhos de Ellen G White” (p. 69-73)|
108). Ele pretende haver fornecido “a tra (3) que “o uso dos escritos de Ellen G Wlâ
dução correta” de alguns textos e termos para apoiar idéias errôneas é uma estrá^
em inglês(p. 127, 132). Já um resumo fi
gia satânica, pois o inimigo sabe que d
nal é provido “a fim de ser utilizado para
adventistas os aceitam como sendo inspi
consulta e como guia para referência”(p. rados por Deus” (p. 88). Mas, no livro J
159). Agora, por que o autor/compilador
Divindade, não estaria o seu próprio aá
insiste tanto em que sua análise é impar tor/compilador incorrendo nos problemas
cial? Será que ele estava temeroso de que rejeição, adulteração e uso indevido “d<á
os próprios leitores não conseguiriam per
escritos de Ellen G. White para apoiar id#
ceber isso por eles mesmos? as errôneas”? Não estaria ele acusan< *
Por outro lado, o autor/compilador não autobiograficamente a outros (especialmer^
se constrange em admoestar sutilmente o te a liderança da igreja) do que ele mesntó
leitor a respeito de sua condenação no juízo é e pratica (cf. Mt 12:24-32)? 1
final, caso este rejeite as mensagens re-
Além do que já foi dito até aqui, é imi
veladas” em A Divindade. O apelo da pá portante também que se conheçam os prioí
gina 13 é incisivo:
cípios de interpretação usados no proce^
Aqui cabe-nos introduzir um conselho da de compilação e análise de textos bíblico^
parte do Senhor. Ao estudar a Palavra de Deus e das declarações de Ellen G. White êá
da forma recomendada por Ele, pode ser que contradas no livro A Divindade.
nos sejam reveladas verdades que sejam contrá
rias às nossas opiniões anteriores, opiniões es-
Princípios de interpretação
tas que foram acariciadas talvez por anos a fio.
Caso isto aconteça, atente para as Palavras da Não existe muito que se possa dizer ;
Escritura: ‘Ora, não levou Deus em conta os
respeito dos princípios de interpretações
tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos mencionados no livro A Divindade, põ|
homens que todos, em toda parte, se arrepen
essa parece não ter sido a preocupação
dam', porquanto estabeleceu um dia em que há
seu compilador e dos autores dos “dive|
de julgar o mundo com justiça, por meio de um
Resenha crítica do livro A Divindade/91

sos” textos compilados. Mesmo assim,exis percebemos que a relação do verdadeiro estudioso
tem pelo menos três princípios gerais que da Palavra para com Deus é esta mesma que Cristo
são mencionados explicitamente no livro. ensinou:ele aceita o que está escrito na Palavra,da
forma que está escrito, porque esta é a Palavra de
Um deles é que se deve estudar a Bíblia e
Deus, e sendo os pensamentos de Deus tão mais
os escritos de Ellen G White com espírito
altos que os seus quanto o céu é mais alto que a
de oração. Já no início do livro aparece o terra,ele não está em posição de questionar a Deus,
conselho: “Procure buscar a Deus em ora
assumindo que Ele tenha dito algo além do que
ção”(p. 3). Na página 104, ao abordar um possa ser lido (p. 11-12).
dos tópicos mais controvertidos do livro,o
autor/compilador aconselha:“Sugiro a você, E logo ele complementa:“Aceitemos os
leitor, que se ajoelhe neste momento e ore textos da forma como estão escritos, pois
a Deus pedindo orientação sobre a leitura, se Deus os escreveu desta forma, era Sua
antes de prosseguir com ela”. intenção que os aceitássemos exatamente
É certo que a oração é fundamental para da forma que estão escritos”(p. 13). Mas
a compreensão da revelação divina, mas aqui surgem mais algumas perguntas: Até
ela em si não assegura a fidelidade à Pala que ponto o próprio autor/compilador de A
vra de Deus. Um grupo de pessoas since Divindade colocou em prática essas re
ras pode orar pedindo a iluminação divina comendações? Por que os antitrinitarianos
sobre o seu estudo pessoal da Bíblia e ain- têm dificuldade em aceitar“daforma como
j da assim divergir entre si, como no caso estão escritos” alguns textos bíblicos que
I das discussões no Concilio de Jerusalém a mencionam explicitamente o Pai,o Filho e
respeito de ritos judaicos ainda aplicáveis o Espírito Stuito(Mt28:19;2Co 13:13; IPe
j aos cristãos gentílicos(At 15; cf. G12:11- 1:2; etc.)? Por que o autor/compilador de
I 14). Mas mesmo que Jairo Carvalho e seus A Divindade preferiu reinterpretar vários
colegas antitrinitarianos levem uma vida de textos de Ellen G. White,em vez de aceitá-
oração e de estudo da Bíblia,isto em si não los “da forma como estão escritos”? Seri-
am tais recomendações válidas apenas
j garante que suas conclusões estejam cor
retas. Seja como for, eles deveriam se para os outros e não para ele mesmo?
conscientizar de que a prática da oração Um terceiro princípio interpretativo(que
jamais deveria ser usada como escusa para em realidade é mais um método do que um
se negligenciar o uso de princípios corretos princípio)é o de reunir textos que abordem
de interpretação da Bíblia e dos escritos de o mesmo assunto. Sobre este assunto o li
Ellen G White. vro recomenda: “Deixemos que Deus nos
Outro princípio de interpretação sugeri explique os textos da Bíblia através de ou
do no livro é o da interpretação literalista tros textos que Ele também escreveu (p.
do texto. O autor/compilador assevera que 13). E mais:“Caso não compreendamos o
“qualquer declaração que Deus faça é ver texto da forma como está escrito, busque
dadeira, independente de o homem mos outro texto da Palavra que o explique.
compreendê-la ou não, ou pensar que está Desta forma. Deus mesmo estará nos ex
incompleta,podendo ser melhorada”(p. 10). plicando, através de Sua Palavra,os textos
Comentando a expressão “Que está escri que Ele lá colocou”(p. 24). Esse princípio
to na Lei? Como lês?”(Lc 10:26),o autor/ é válido,e respaldado por Ellen G White,'*®
compilador acrescenta: mas não deixa de ser também subjetivo.
Que critério deve o leitor usar na seleção
Ao responder a pergunta do homem,Jesus lhe
de textos correlacionados, para não cons
disse para aceitar o que estava escrito, da forma
truir inter-relacionamentos artificiais?
como estava escrito. Não lhe aconselhou a procu
rar ver um sentido implícito no texto que não
Além dos princípios explícitos mencio
transparecesse através das palavras. Não aconse
nados acima, o conteúdo do livro deixa
lhou nem autorizou o homem a questionar a sabe
doria de Deus quanto ao que escreveu. Em outras transparecer também outros princípios
palavras. Cristo disse a Ele: “leia e aceite o que subjacentes, altamente comprometedores.
está escrito, da forma como está escrito”. Assim, Um deles é o da seletividade reducionista.
92/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

baseada no argumento do silêncio, através assume como autênticos em sua redação^


do qual o seu autor/compilador se vale de alegando que tudo o que é necessário é que
alguns textos que falam apenas do Pai e do sejam interpretados corretamente. Esse
Filho para reinterpretar outros textos que procedimento deixa o leitor confuso,e o leva
mencionam o Pai,o Filho e o Espírito San a indagar: Afinal de contas, esses textos
to. É curioso ver como algumas declara são autênticos ou são forjados? Se são for:
ções de Ellen G White que mencionam o jados, como sugerido no próprio livro A
Pai e o Filho juntos na criação do mundo Divindade, por que então o autor/compi:
(p. 27-32) são usadas depois como o lador não disse simplesmente isso, sob a
referencial para invalidar, por exemplo,uma pretexto de que nem merecem ser coment
declaração como a seguinte:“A Divindade tados? Tentar explicar de forma positivaO
moveu-se de compaixão pela raça,e o Pai, sentido de textos adulterados significa
o Filho e o Espírito Santo deram-Se a Si reconhecê-los como autênticos!
Mesmos ao estabelecerem o plano da re-
Após considerar o uso de fontes, algunsí;
denção”5o (p. 139).
problemas com grafias e re-traduções, as
Com uma falta de critério interpretativo pressuposições básicas, os recursos
como essa, o referido autor/compilador retóricos e os princípios de interpretação
podería usar também o texto que fala do do livro A Divindade, é mais fácil entem.
Pai como “o único Deus verdadeiro” (Jo der algumas interpretações pessoais
17:3)para negar a divindade de Cristo. Mas sugeridas nesse livro.
isso seria um absurdo, pois outros textos
bíblicos declaram que tudo o que o Pai é o Interpretações Pessoais
l^ilho também é(Jo 1:1; 20:28; Cl 2:9; Hb
1:8, 9). Lamentavelmente, o autor/compi O livro A Divindade sugere várias in*
lador de A Divindade desconhece o fato terpretações pessoais contestáveis. Anali
de que interpretações fidedignas são aque saremos a seguir, brevemente, como o au
las que tomam os textos mais completos tor/compilador desse livro (1) interpreta a
como referenciais interpretativos, expressão “o Espírito Santo é Ele mesmo”
complementan-do-os com os textos mais usada por Ellen G. White;(2) considera o
lacônicos que abordam o mesmo assunto. uso que ela faz do “it” para designar o Es^
pírito Santo;(3)identifica anjos como sen
Mas o maior problema hermenêutico
do o Espírito Santo;(4) reinterpreta a ex
dos antitrínitarianos modernos(incluindo
pressão “a terceira pessoa da Divindade”
Jairo Carvalho)é,sem dúvida alguma,um
usada por Ellen G. White; e (5) expõe o
apego parcial ao princípio da exclusivida
que seria o “ômega” da apostasia.
de das Escrituras {sola Scriptura) e um
vergonhoso descaso ao princípio da totali
O Espírito Santo é Ele mesmo”^^
dade das Escrituras {tota Scriptura). Cris
to,em Seu diálogo com Satanás no deser O livro A Divindade transcreve pelo
to da tentação, afirmou incisivamente: menos cinco vezes(p.5,20,50,82-83,124)
“Não só de pão viverá o homem, mas de o seguinte texto de Ellen G. White publica
toda palavra que procede da boca de do em Manuscript Releases, volume 14,
Deus”(Mt 4:4, grifo acrescentado). páginas 23-24:
É curioso observar ainda como o autor/ Limitado pela humanidade. Cristo não podia
compilador de A Divindade gasta muito estar pessoalmente em toda parte; portanto, era
tempo na tentativa de convencer os seus para benefício deles que Ele os deixasse, fosse
para o Seu Pai, e enviasse o Espírito Santo para
leitores de que a liderança apóstata da Igre ser o Seu sucessor na Terra. O Espírito Santo é
ja adulterou os escritos pós-1888 de Ellen
Ele próprio despojado da personalidade humana
G White para comprovar por meio deles a e independente dela. Ele representaria a Si mes
“satânica” doutrina da Trindade(p.52-87). mo como presente em todos os lugares pelo Seu
Só que, ao analisar as declarações da sra. Espírito Santo, como o Onipresente. “Mas o
White que endossam essa doutrina, ele os Consolador,o Espírito Santo, a quem o Pai envU
Resenha crítica do livro A Divindade /93

ará em meu nome, esse (embora invisível para ração paralela encontrada em O Deseja
vós) vos ensinará todas as coisas e vos fará lem do de Todas as Nações, página 669,onde
brar de tudo o que vos tenho dito” [João 14:26]. é dito que “o Espírito Santo é o represen
“Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu tante de Cristo, mas despojado da perso
vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá
nalidade humana,e dela independente”.^^
para vós outros; se, porém,eu for,eu vo-lo envi
52
arei”[João 16:7]. Alguns pretendem que, ao afirmar que
o Espírito Santo é Cristo, Ellen G. White
O autor/compilador de A Divindade estaria afirmando que o Espírito Santo é
alega que neste texto Jesus é chamado de uma mera energia despersonalizada que
Espírito Santo. Para entendermos essa emana de Cristo. Mas tal interpretação
declaração é indispensável que interprete não é corroborada pelo contexto em que
mos corretamente a segunda e a terceira aparecem as referidas expressões. Ao as
sentenças, que no original em inglês apare severar que o Espírito Santo é Cristo
cem da seguinte forma:“The Holy Spirít is “despojado da personalidade humana e
Himself divested of the personality of independente dela”, Ellen G. White su
humanity and independent thereof. He gere uma clara distinção entre a nature
would represent Himself as present in all za divina do Espírito Santo e a natureza
places by His Holy Spirit, as the divino-humana de Cristo. Além disso, as
Omnipresent”. Isoladas do seu contexto, declarações de que o Espírito Santo se
essas sentenças acabam se tornando am ria enviado pelo Pai em nome de Cristo
bíguas. Consequentemente,o pronome re (Jo 14:26)e pelo próprio Cristo(Jo 16:7),
flexivo “Himself’, que aparece na expres citadas no mesmo parágrafo, confirmam
são “the Holy Spirit is Himself’, podería que o Espírito Santo é distinto tanto do
ser interpretado como se referindo ao Es Pai quanto do Filho. Para ser enviado por
pírito Santo ou a Cristo. Se optarmos pela ambos, o Espírito Santo precisa ter uma
primeira alternativa, então teríamos que personalidade distinta de ambos,pois nin
entender a sentença da seguinte forma:“O guém se auto-envia.
próprio Espírito Santo é despojado da per
Ao sugerir que o Espírito Santo é Cris
sonalidade humana e independente dela.”
to, Ellen G White empregou uma força de
Mas nesse caso os pronomes “He”, ao
expressão semelhante a que Cristo usou
“Himself’ e “His” da sentença seguinte
dizer “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30).
teriam que ser interpretados como também
Essas expressões enfatizam a unidade es
se referindo ao Espírito Santo, o que nos
sencial entre o Espírito Santo e Cristo, e
obrigaria a entender a sentença como se
entre Cristo e o Pai,respectivamente, sem
gue: “O Espírito Santo representaria a Si
com isso negar a distinção de personalida
mesmo como presente em todos os luga de entre cada um deles. Para serem con
res pelo Seu Espírito Santo, como o
sistentes, os que interpretam literalmente
Onipresente.” Mas tal interpretação é des
essas declarações deveríam interpretar da
tituída de sentido e, portanto, inaceitável.
mesma forma também a expressão Eu
A despeito de qualquer ambigüidade,o sou a videira verdadeira”(Jo 15:1)e vári
contexto confirma que os pronomes “He”, as outras semelhantes. Portanto, ao dizer
“His” e “Himself’ se referem, em ambas que o Espírito Santo é Cristo, Ellen G.
as sentenças, a Cristo e não ao Espírito White sugere que a presença do Espírito
Santo. Assim sendo, as sentenças podem Santo no mundo, como representante de
ser entendidas da seguinte forma: “O Es Cristo, não representaria qualquer perda
pírito Santo é Cristo despojado da perso para os discípulos. Por mais que alguns
nalidade humana e independente dela. busquem endosso para suas idéias
Cristo representaria a Si mesmo como pre antitrinitarianas na declaração de
sente em todos os lugares pelo Seu Espí Manuscript Releases, tais tentativas ja
rito Santo, como o Onipresente.” Esta in mais conseguirão ofuscar os claros ensi
terpretação é confirmada por uma decla- nos bíblicos e de Ellen White a respeito da

i
94/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

Divindade como formada por três pesso rentes-a pomba(Gn 1:2; Lc 3:22),o v«si ;
as distintas-Pai, Filho e Espírito Santo. to(Jo 3:8; At 2:2-4), a água(Jo 7:37-39);(Í i
fogo (Is 4:4; At 2:3), o óleo da unção(M
O uso DO “rr” para designar 10:38), o selo (Ef 1:13; 4:30) etc.^*^ Nãd| i
o Espírito Santo de surpreender que Ellen G. White se n
ra ao Espírito Santo tanto em termos
Outro argumento usado no livro A Di “he” como de “it”. Só que o uso do
vindade a favor da idéia de que o Espírito jamais deveria ser usado unilateralmentj
Santo não é um Ser pessoal é o fato de para negar a personalidade do Espírito San; '
Ellen G White se referir a Ele com o pro to, Além disso, embora o nome grego pai^
nome “it”. O autor/compilador do livro ar o Espírito Santo {Pneuma Hagion) se^
gumenta que “o termo ‘it’ é usado no idio
neutro, é interessante observarmos que<j
ma inglês para se referir a animais, coisas Novo Testamento se refere a ele com pioj
ou objetos, e nunca a pessoas. Assim, se nomes pessoais ora neutros(Rm 8:16)oft
Ellen G White estivesse compreendendo- masculinos (ver Jo 15:26; 16:7, 8, 13,1<^
o como um Deus,ela nunca usaria o termo Portanto, o uso intercambiado de gêne
‘it’ para denominá-lo” (p. 82). Só que o em Ellen G. White é semelhante ao qi
referido autor/compilador não informa os ocorre no próprio texto bíblico.
seus leitores que a sra. White também se
referiu ao Espírito Santo com o pronome Anjos como Espírito Santo
pessoal masculino “He”(Ele, para pesso
as). Por exemplo, em 1884 (antes da su O autor/compilador de A Divindade de^?
posta apostasia pós-1888)ela declarou: ter percebido que existem várias declari
O Espírito Santo exalta e glorifica o Salva
ções bíblicas (Mt 1:18, 20; 4:1; 28:19; j|
14:16, 26; 16:13, 14; etc.) e de Ellen tí
dor. É sua [inglês his]função apresentar Cristo,
a grande salvação que temos por meio dele, e a White^’ que falam do Espírito Santo conffl
sagrada, elevada pureza da sua justiça. Cristo distinto de Cristo. Isso, por si só,já desmoil
diz: ‘Ele [inglês He]há de receber do que é meu, taria o argumento de que o Espírito Santo!
e vo-lo há de revelar.’ O Espírito da verdade é o Cristo. Mas o referido autor/compilador coDI
único mestre eficaz da verdade divina. Os que segue,com muita criatividade interpretativ^
são ensinados por ele [inglês him] entraram na contornar o problema afirmando que,“con^
escola de Cristo.®^
Deus chama um ‘anjo’ de espírito[Hb 1:1^
14], um arijo fiel a ele pode ser chamado d|
Nesta citação pré-1888 a Sra. White
‘espírito santo”’(p. 24). |
estabelece uma clara distinção entre Cris
to e o Espírito Santo, ao afirmar que “o Afinal de contas, quem é o EspíriW
Espírito Santo exalta e glorifica o Salva Santo para os antitrinitarianos? Esta per^,
dor”. Se o Espírito Santo fosse o próprio gunta é muito difícil de se responder,devi-,
Cristo,como pretende o autor/compilador do à variedade de possibilidades por elesí
de A Divindade, então esta citação não sugeridas. Para Ricardo Nicotra, o Espí^
faria sentido, pois Cristo acabaria Se auto- rito Santo é apenas “um atributo que nâO:
exaltando e autoglorificando, o que seria pode ser separado” de Deus, e que deve'
um absurdo! Além disso, para aceitarmos ser entendido ao mesmo tempo como o!
“mente” de Deus Pai e a “mente” de Crisr,
a idéia de que o Espírito Santo é o próprio
to, pois “o pai e seu Filho Jesus comparti
Cristo (p. 20), teríamos que admitir que
esse “it”, em última instância, estaria se lham o mesmo pneuma [espírito]”.^® JaiiQ;
referindo a Cristo, que também acabaria Carvalho endossa essa mesma idéia ap:
dizer que o Consolador(Jo 15:26),identi
despersonalizado.
ficado em João 14:26 como sendo o Espi*>
Mas as Escrituras não apenas falam do rito Santo,“não é um ser separado de Je*
Espírito Santo como tendo uma personali sus, pois sai de dentro do próprio Pai,sen-^
dade distinta do Pai e do Filho,^^ mas tam do, portanto, algo inerente ao Pai,ou seja,
bém o associam com vários símbolos dife- um atributo do Pai a ser concedido” (p.

h
Resenha crítica do livro A Divindade/95

114-115). Por mais interessante que pos o sacrifício de Cristo de nenhum proveito teria
sa parecer, essa idéia contradiz o ensino sido. O poder do mal se estivera fortalecendo por
bíblico a respeito da “mente do Espírito” séculos,e alarmante era a submissão dos homens a
esse cativeiro satânico. Ao pecado só se poderia
(Rm 8:27). Se o Espírito Santo fosse ape
resistir e vencer por meio da poderosa operação da
nas a “mente” de Deus, como podería o
terceira pessoa da Trindade [inglês GotOiead], a
próprio Espírito Santo ter uma “mente”? qual viria, não com energia modificada,mas na ple
Teríamos então que acreditar na existên nitude do divino poder. É o Espírito que toma
cia de uma mente da mente? eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mun
Mas Jairo Carvalho não fica só com a do.É por meio do Espírito que o coração é purifi
cado. Por Ele toma-se o crente participante da
idéia do “atributo” que emana do Pai. Para natureza divina. Cristo deu seu Espfrito como um
ele, como já mencionado, o Espírito Santo
poder divino para vencer toda tendência hereditá
pode ser também o próprio Cristo (p. 5,20, ria e cultivada para o mal, e gravar Seu próprio
59
50, 82-83, 124)ou mesmo um anjo (p. 24- caráter em Sua igreja.
26). Com essa múltipla interpretação do Es
pírito Santo - como sendo um atributo do Esta citação fala claramente do Espíri
Pai, a mente do Pai, a mente de Cristo, o to Santo coino sendo a “terceira pessoa da
próprio Cristo e mesmo um anjo - os Trindade”. É certo que o termo traduzido
antitrinitarianos conseguem um bom núme
por Isolina A.Waldvogel como “Trindade
ro de opções interpretativas. Assim,quando como
aparece no original inglês
um tipo de “espírito santo” não funciona,eles Crodhead”,“ que significa literalmente “Di
simplesmente usam outro tipo de “espírito vindade”. Mas essa questão em nada alte
santo” alternativo! Os antitrinitarianos pa ra o conceito da existência de três pessoas
recem saber melhor no que não creem do
que constituem a Divindade. Jairo Carva
que no que crêem. Lamentavelmente, esse lho podería ter alegado, com base em sua
tipo de malabarismo hermenêutico,além de idéia de adulteração dos escritos de Ellen
jocoso e blasfemo para com o verdadeiro G. White (p. 52-87), simplesmente que o
Espírito Santo, está bem mais próximo do texto acima foi adulterado pela liderança
método alegórico usado pela Igreja Católica da Igreja, e que não merece ser levado em
Romana para interpretar as Escríturas du consideração. Mas ele preferiu reconhece-
rante a Idade Média,do que com o princípio lo como autêntico,e então contornar o pro
“leia e aceite o que está escrito, da forma blema com uma re-interpretação que
como está escrito”, sugerido no início do li extrapola o bom senso de qualquer intér
vro (p. 12). Não estaria Jairo Carvalho in prete honesto dos escritos de Ellen G White.
correndo aqui no problema de “ultrapassar
o que está escrito” (p. 26)? Carvalho argumenta,comojá mencio
nado no tópico “Grafias e re-traduções ,
(4
A TERCEIRA PESSOA DA DiVINDADE que a “tradução correta” da expressão
“the Third person of the Godhead” não
A teoria de que o Espírito Santo pode seria “a terceira pessoa da Divindade”, e
ser um “anjo” atinge o seu clímax na for sim “a terceira pessoa a partir da Divin
ma como o autor/compilador de A Divin dade”(p. 107-145, grifos acrescentados).
dade interpreta a seguinte declaração de Uma vez imposto o conceito artifici^ de
Ellen G. White, encontrada na página 671 “a partir da” em lugar de “da”,o caminho
de O Desejado de Todas as Nações: está aberto para uma das mais absurdas
interpretações dos escritos de Ellen G.
Descrevendo aos discípulos a obra oficial do
Whitejá propostas até hoje. Na página 132
Espírito Santo,Jesus procurou inspirar-lhes a ale
de A Divindade, argumenta:
gria e esperança que lhe animavam o próprio cora
ção. Regozijava-se Ele pelas abundantes medidas Assim,com facilidade podemos entender que
que providenciara para auxílio de Sua igreja. O no Céu haviam [í/c] três pessoas, necessariamente
Espírito Santo era o mais alto dos dons que Ele nesta oídem de importância: Deus o Pai, Deus o
podia solicitar do Pai para exaltação de seu povo. Filho-Jesus Cristo,e Lúcifer,o primeiro dos seres
Ia ser dado como agente de regeneração,sem o qual criados, querubim cobridor que estava mais próxi-
96/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

mo do trono. Todos os outros seres do universo lavreados humanos, a doutrina bíblicaj(|


estavam abaixo destes três seres em hierarquia.Te- Espírito Santo e as declarações de Ellen§
ríamos então a seguinte estruturação de pessoas, a
White sobre o assunto, substituindo-a^
partir da Divindade,antes da queda de Lúcifer
um número incontável de “espíritos santosl
É certo que os anjos celestiais são
- 1“ pessoa a partir da Divindade: Deus Pai,
que é Deus; tos”(Mc 8:38; Lc 9:26) e são “espírit^J
(Hb 1:13, 14), mas nem por isso eles fo
-2“ pessoa a partir da Divindade: Jesus Cris
dem substituir a pessoa divina do Espii^
to, que é Deus;
Santo, que “a todas as coisas perscruta,2
-3“ pessoa a partir da Divindade: Lúcifer,que mesmo as profundezas de Deus” (IGi
não é Deus. 2:10). Essa falsa analogia acaba divinizaiíáí
os anjos celestiais (cf. Ap 22:8, 9), o qoí
Cientes disso, podemos responder com segu não passa de uma forma desrespeitosa^
rança qual é o entendimento e a tradução correta mesmo blasfema de abordar o assunto
do termo “third person of the Godhead”.
Isto,sim,seria uma transgressão do primefe
mandamento do Decálogo, que ordeinl
Carvalho afirma que essa suposta ês- “Não terás outros deuses diante de mim-
truturação de pessoas, a partir da Divinda
(Êx20:3). Ilí.
de,” foi alterada após a queda de Lúcifer,
de modo que hoje a “3“ pessoa a partir da Já a expressão “a partir da Divindadell
Divindade” não é mais Lúcifer,e sim o anjo proposta por Jairo Carvalho, sugere que|
Gabriel. O referido autor cita então o se- “Divindade”é algo distinto,“a partir de”oncfe
guinte texto de Ellen G White:“O príncipe emanam ou procedem três pessoas diferelf
da potestade do mal só pode ser mantido tes. Seja como for a explicação para issoi
em sujeição pelo poder de Deus na tercei essa pseudo-distinção entre a “Divindadéí
ra ”61
pessoa da Divindade, o Espírito San- e as pessoas que dela partem é extreml
to.' Ignorando completamente o princí
mente confusa e fantasiosa. Neste partici?
pio de que devemos aceitar os textos exa- lar,como diz o ditado em português,“a emei
tamente da forma que estão escritos” (p. da ficou pior que o soneto”! Se Jairo não.^
13), Jairo não se constrange em dizer na sente confortável com a declaração de
página 137 do seu livro: a Divindade é composta de “três Pessoast
divinas distintas,como mencionado porEUea
Não podemos confundir o que é o Espírito San
to da promessa, o consolador**, que conforme vi G White, por que ele não rejeitou simple^
mos é a glória do Pai, com a menção que Ellen G mente essa declaração como espúria? Afi'
White faz na citação acima sobre a terceira pessoa a nal de contas,isso pouca diferença faria, pd,s
partir da Divindade-Gabriel.Porque[sic]ela cha no conteúdo anterior do seu Jivro, elejá ha*
ma Gabriel de Espírito Santo, nesta citação? Sim via desacreditado a confiabilidade dos es*
ples.Primeiro porque ela mesmo[51c]afirma que os critos de Ellen G White,sugerindo que eles
anjos são espíritos ministradores... Assim, porque estão permeados de adulterações. Desta
Gabriel, um espírito ministrador,foi separado para forma, ele pelo menos seria mais coerente
um fim sagrado, ele é de fato UM Espírito Santo. com o seu próprio arrazoado.
Ele não é o Espírito Santo da promessa(conforme
já vimos, este é a glória de Deus). Assim como Mas o que mais surpreende em toda a
Gabriel é um Espírito Santo, uma vez que ele é um interpretação proposta por Jairo Carvalho
espírito ministrador que foi separado para um fim
é a sua coragem de substituir o Espírito
sagrado,outros anjos também o podem ser, na me
Santo por Lúcifer nos concílios celestiais.;
dida que são separados por Deus para um fim sa-
É certo que Lúcifer era “querubim da gua^
grado. A diferença neste caso entre Gabriel e os ou
tro anjos é que aqueles não são a “terceira pessoa a
da ungido” que permanecia “no monte san*
partir da divindade**,como Gabriel o é. to de Deus”(Ez 28:14), mas ele não tinha
acesso pleno aos “propósitos de Deus”,®
Sinceramente, é difícil entender como e esta limitação ele decidiu romper a qual*
alguém (Jairo Carvalho, neste caso)não se quer custo(Is 14:13, 14; Ez 28:17). Só que,
constrange em fragmentar, com meros pa- em vez de ser admitido nos concílios restri*

iI
Resenha crítica do livro A Divindade 19^

tos da Divindade, ele acabou expulso do falou da doutrina da Trindade como o


Céu(Ap 12:7-9). Mas,sem dúvida,ele nun ômega da apostasia, porque ela não enten
ca se conformou com essa perda. Mas dia dessa forma o assunto; e ela não cen
aquilo que não lhe foi concedido na práti surou a liderança da Igreja por uma supos
ca nas cortes celestiais, ou seja, o ser ad ta adulteração dos seus escritos, porque tal
mitido no círculo interno da Divindade, adulteração simplesmente nunca ocorreu.
Lúcifer conseguiu, pelo menos teoricamen Se o tema da Divindade está diretamen
te^ nas páginas do livro A Divindade^ pu te relacionado ao ômega da apostasia,
blicado em Contenda, PR, e tudo isso em como cremos ser o caso, então essa
nome de Deus e de uma compreensão “im
apostasia envolve as teorias antitrinitarianas
parcial” dos escritos de Ellen G. White! Não
advogadas no livro A Divindade e em ou
resta dúvida de que a teoria da divinização tros do mesmo gênero. No alfa da
de Lúcifer jamais teria sido inspirada pelo
apostasia, J. H. Kellogg ofuscou a perso
Espírito Santo. Neste caso, por quem en nalidade de Deus através de suas teorias
tão teria ela sido inspirada?
panteístas, que superenfatizavam a
imanência de Deus em detrimento de sua
O “ômega” da apostasia transcendência. Por contraste, no ômega
da apostasia, os antitrinitarianos negam a
O autor/compilador de A Divindade
personalidade do Espírito Santo, super-
sugere ainda que o assim chamado enfatizando a transcendência de Deus em
“ômega” da apostasia é a crença na dou detrimento da sua imanência. No momen
trina da Trindade(p. 87-91)e, consequen
to em que a Igreja mais precisa do poder
temente,os que crêem na personalidade do
do Espírito Santo para reavivá-la para a
Espírito Santo não receberão a chuva se- conclusão da obra de Deus na terra, sur-
rôdia que preparará a Igreja para os even
gem os antitrinitarianos negando a própria
tos finais e para a segunda vinda de Cristo
personalidade do Espírito Santo, o grande
(p. 147-159). Ellen G. White identificou a
Agente do reavivamento.
crise panteísta associada ao livro The Living
Temple, publicado por J. H. Kellogg em E neste ponto surgem algumas indaga
1903,“ como sendo o “alfa de heresias le ções para a nossa reflexão: Não estariam
tais”. Ela declara:“No livro Living Temple os antitrinitarianos trabalhando hoje contra
[permeado de idéias panteístas] acha-se a própria obra do Espírito Santo? Em que
apresentado o alfa de heresias letais. Se- sentido as suas idéias os tomam melhores
guir-se-á o ômega,e será recebido por aque cristãos e mais afáveis no seu trato com os
les que não estiverem dispostos a atender irmãos? As suas pregações geram um pro
”64
à advertência dada por Deus. fundo senso de indignidade pessoal e de
Se a crença na Trindade é o ômega da arrependimento dos próprios pecados, ou
apostasia,como proposto no livro A Divin deixam após si um rastro de arrogância
dade, e essa apostasia começou em 1888 pessoal e um espírito acusador? Mesmo
(p. 59),então o “ômega” da apostasia(que possuídos das melhores intenções, não es
deveria vir por último) iniciou antes do tariam eles incorrendo no mesmo erro dos
“alfa” da apostasia(que deveria vir primei fariseus da época de Cristo que atribuíam
ro). Além disso, se o ômega da apostasia a Satanás a obra do Espírito Santo, e ao
era a crença na Trindade, que já estava, Espírito Santo a obra de Satanás (ver Mt
inclusive, adulterando os próprios escritos 12:22-32)?
da sra. White numa fase em que ela ainda
estava viva e bem ativa, por que então ela Considerações Adicionais
não censurou essa prática de forma explí
cita? Não seria, por acaso, o silêncio dela Os modernos antitrinitarianos adventis-
uma forma inaceitável de conivência com tas alegam ser restauradores do genuíno
o erro tão repulsivo? A resposta a essas adventismo,como ensinado pelos pioneiros
perguntas é simplesmente uma: Elajamais do movimento adventista. E certo que vá-
-1''

98/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

rios pioneiros não compreendiam e, por a obra deles acaba sempre gerando d|
conseguinte, não aceitavam ainda a doutri crença nos escritos de Ellen G White,poi
na daTrindade como desenvolvida em anos estes são tidos como não sendo
subseqüentes. Mas existe um enorme abis »●
confiáveis por terem sido “adulterados
mo entre os ensinos dos pioneiros adven- liderança da igreja. O processo comi|
tistas e as teorias dos modernos antitri-
normalmente com uma desconfiança
|
nitarianos. Os pioneiros criam que tanto a traduções disponíveis, seguidas de dd
Bíblia quanto os escritos de Ellen G White crença da autenticidade de declarações!
haviam sido inspirados originalmente pelo próprio original em inglês, culminandpl
Espírito Santo, que também preservou e rejeição geral desses escritos. Afinal|
ainda preserva a ambos livres de quaisquer contas, por que deveriamos depositarn(|
distorções e ensinos heréticos.Por contras sa fé em escritos adulterados? Sem sol
te, os antitrinitarianos modernos,sem uma bra de dúvidas, esta é uma das mais siíj
compreensão correta da obra do Espírito estratégias satânicas para tornar semeíá
Santo, não relutam em sugerir que ambos to a revelação divina nos últimos dias4
se encontram hoje permeados de heresias. história humana. A própria sra. White d
Enquanto Ricardo Nicotra fala de ensinos vertiu que “o último engano de Satanj
heréticos na Bíblia,“ Jairo Carvalho argu seria anular o testemunho do Espírito!
menta que heresias semelhantes podem ser Deus”,“ pois “não havendo profecia,j
encontradas hoje também nos escritos de povo se corrompe”(Pv 29:18). Não eslj
Ellen G White.
riam as alegações de adulteração dos d
A maioria dos antitrinitarianos adventis- critos de Ellen G White cumprindo a pií
tas alega crer no Espírito de Profecia. Mas dição contida nessa advertência?

Referências vam, em grande parte, de informações fomecidasf^


Márcio Nastrini em um relatório datado de ISd
' Este artigo foi produzido com o apoio de uma maio de 2006, enviado por e-mail para Alberto f
equipe avaliadora de professores do curso de Teolo Timm. Nastrini foi pastor da Igreja Central í
gia do Unasp, Campus Engenheiro Coelho, compos Curitiba, PR, entre 2000 e 2003, tendo vivenciai)|
ta por: Alberto R. Timm (relator), Amin A. Rodor, muitos fatos aqui registrados. ]
Emilson dos Reis, José Carlos Ramos, José Miranda ® Daniel Belvedere, Seminário As Revelações^
Rocha, Natanael B. P. Moraes, Reinaldo W. Siqueira, Apocalipse - Manual do Professor (Tatuí, SP: CaSÍ
Rodrigo P. Silva, Ruben Aguilar dos Santos e Wilson
Publicadora Brasileira, 1986). j
L. Paroschi. ® Cesar Augusto da Costa, Como Afinal Sem
^ [Jairo Pablo Alves de Carvalho, org.], A Divin Fim? Revisão Analítica da Escatologia Apocalíp^
dade, e a maravilhosa conexão entre o céu e a terra, (Sorocaba, SP: Cesar Augusto da Costa, 2000). '
chamada Espírito Santo (Contenda, PR: Ministério Ver Alberto R. Timm, “Resenha crítica dofr
4 Anjos. [2(X)3]). vro Como Afinal Será o Fim? de César Augustodf
^ [Jairo Pablo Alves de Carvalho, org.], A Divin Costa”, Parousia (Brasil) 1, n® 2 (2® semestre
dade: Uma Conexão Maravilhosa com o Céu, cha 2000): 3-30.
mada Espírito Santo, [ed. rev.j (Contenda, PR: Mi "José Carlos Ramos, “A cura da ferida morti),
nistério 4 Anjos, [2004]). e a teoria do sexto rei”, série de 2 partes em Revisr
* Ricardo Nicotra, “Eu e o Pai Somos Um ". E o /a Adventif/úc (Brasil), julho de 1999, 10-12; agos*
Espírito Santo? Não Faz Parte da Trindade?, 2“ ed. to de 1999.
12
(São Paulo: Ministério Bíblico Cristão, 2004). Alceu da Silva Oliveira Filho, Os Sete Reisdi
* Lourenço Gonzalez, Contenda, o Caminho do Profecia de Apocalipse 17: Interpretação Contet»
ômega (Niterói, RJ: Editora ADOS, 2005). Ainda porânea (Curitiba, PR: Idealgraf, 2000).
em 2005 foi publicada a 2" edição, revisada, desse José Carlos Ramos, ‘Teoria do Sexto Rei Cotf
mesmo livro.
tra-ataca”. Revista Adventista (Brasil), junho dí
* Alberto R. Timm, “Resenha crítica do livro *Eu 2005, 10.
e o Pai Somos Um”\ Parousia, ano 4, n® 2 (2® Se "Alberto R. Timm, “1290 e 1335 dias”, Revis&
mestre de 2005): 69-93. Adventista (Brasil), maio de 1999, 34.
’Os dados históricos contidos nesta seção deri- "Alberto R. Timm. “Os 1290 e 1335 dias
Resenha crítica do livro A Divindade/99

de Daniel”, Ministério (Brasil), maio-junho de "Na página 169 da 1° edição de A Divindade


1999, 16-18. aparece o anúncio “conheça os livros da Série 4 An
** Vilmar E. Gonzalez,“Os 1290 e 1335 Dias em jos”,seguido de uma lista contendo três livros de E.J.
Daniel 12”,Revista Teológica do Salt-Iaene(Brasil), Waggoner {Cristo e Sua Justiça, O Poderdo Perdão
janeiro-junho de 1999,9-12; William H. Shea,“As e Carta aos Romanos)',dois de A.T. Jones {Liberda
profecias de tempo de Daniel 12 e Apocalipse 12 e de Religiosa e O Caminho Consagrado à Perfeição
13”, ibid., 13-39; Alberto R. Timm,“A importância Cristã)', e outro de autoria de ambos{Lições de Fé).
31
das datas de 508 e 538 A.D. no processo de estabe Citações de autores pagãos nos escritos de Pau
lecimento da supremacia papal”, ibid.,40-54. lo são comentadas em Seventh-day Adventist Bible
17
Reinaldo W. Siqueira, “Daniel 12: interpreta Commentary,6:353-354(sobre At 17:28), 808-809
ção a partir do contexto do livro”, Parousia 1, n® 2 (sobre ICo 15:33); 7:362(sobre Tt 1:12).
(2° semestre de 2000): 61-66. Para um estudo mais detido do uso que Ellen
Jairo Pablo A. de Carvalho, Daniel 12- 1260 G White fez de fontes não-inspiradas nos escritos,
Dias, 1290 Dias e 1335 Dias(Cascavel,PR:Assoeste, ver Robert W.Olson,O uso defontes não inspiradas
2002), 43-86. p.-r E. G White(São Paulo: Centro de Pesquisas E.
'^Para um estudo mais detalhado do uso do prin G White, 1981); Herbert E. Douglass, Mensageira
cípio dia-ano de interpretação profética nos livro de do Senhor: O Ministério Profético de Ellen G White
Daniel e no Apocalipse de João, ver Alberto R.Timm, (Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasileira,2001),378-
“Simbolização em miniatura e o princípio ‘dia-ano’ 380,444-465.
de interpretação profética”, Parousia(Brasil)3,n® 1 "Para um estudo mais detido das declarações
(2® semestre de 2004): 33-46. de Ellen G White sobre as três Pessoas da Divinda
20 de, ver Woodrow Whidden,Jerry Moon e John W.
A posição adventista oficial sobre a Trindade
aparece nas“Crenças Fundamentais dos Adventistas Reeve, A Trindade: Como Entender os Mistérios
do Sétimo Dia” de número 2 a 5. Ver Manual da da Pessoa de Deus na Bíblia e na História do Cris
Igreja Adventista do Sétimo Dia,edição revisada na tianismo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
Assembléia da Associação Geral de 2005(Tatuí,SP: 2003), 231-261.
Casa Publicadora Brasileira, 2006),9-10. ^ Uma das mais claras e elucidativas exposi
Ellen G White, Early Writings of Mrs. White ções sobre as doutrinas envolvidas nesse processo
([Battle Creek, MI: Review and Herald, 1882]). de restauração inicial da verdade é provida em Ellen
22
Ellen G. White, A Sketch of the Christian G White, Spiritual Gifts, 1:133-173; republicada
Experience and Views of Ellen G White (Saratoga em idem,Primeiros Escritos,6“ed.(Tatuí,SP:Casa
Springs, NY:James White, 1851). Publicadora Brasileira, 1999), 232-261. Para um
23 estudo mais aprofundado das doutrinas que forma
Ellen G White, Supplement to the Christian
Experience and Views ofEllen G White(Rochester, ram o sistema de verdade presente, ver P. Gerard
NY: James White, 1854). Damsteegt,Foundations ofthe Seventh-day Adventist
Ellen G White, Spiritual Gifts, vol. 1 (Battle Message and Mission (Grand Rapids, MI:
Creek, MI: James White, 1858). Eerdmans, 1977); Alberto R.Timm,O Santuário e
“Ellen G White,em Seventh-day Adventist Bible as Três Mensagens Angélicas: Fatores Integrativos
Commentary,ed. rev.(Washington,DC:Review and no
_ Desenvolvimento das Doutrinas Adventistas,
Herald, 1978), 1:1120. ed., rev.(Engenheiro Coelho,SP:Imprensa Univer
"Ellen G White, The DesireofAges(Boise,ID: sitária Adventista, 2002).
Pacific Press, 1940),671. A posição de Ellen G White sobre os funda
"Isolina A. Waldvogel traduziu essa expressão mentos” da mensagem e a questão de “nova luz é
como “terceira pessoa da Trindade”,como aparece abordada em Counsels to Writers and Editors
em Ellen G. White, O Desejado de Todas as Na (Nashville, TN: Southern Publishing Associaüon,
ções,22“ ed.(Tatuí,SP: Casa Publicadora Brasilei 1946), 28-54.
ra, 2003),671. "A. Balbach, The History ofthe Seventh Day
28
O número de ocorrências dos termos ofQfrom Adventist Reform Movement(Roanoke,VA:Seventh
é facilmente determinado pesquisando-se o CD-ROM Day Adventist ReformMovement, 1999), 1-22.Para
The Complete Published Ellen G White Writings(ver um estudo equilibrado das controvércias relaciona
são 3.0), limitando-se à pesquisa especificamente do das à Conferência Geral de Mineápolis em 1888,ver
livro Desire ofAges, e pesquisando-se cada um dos George R. Knight, Angry Saints: Tensions and
referidos termos por sua vez, colocando-os entre as Possibilities in the Adventist Struggle over
pas, para que a pesquisa identifique esses termos iso Righteousness by Faith (Washington, DC: Review
ladamente,sem que sejam acrescidas a ocorrência da and Herald, 1989);idem,A Mensagem de 1888(Tatuí,
mesma sequência de letras dentro de outras palavras. SP:Casa Publicadora Brasileira,2003).
37
"Carvalho,Daniel 12- 1260 Dias, 1290 Dias e Ellen G White, “A Message for Our Young
1335 Dias. People”,Review and Herald, 15 de abril de 1915,3;
100 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

republicado em ídem. Testemunhos Seletos, 5” ed. *®Ellen G White, Conselhos Sobre Saúde,^À
(Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasileira, 1985),3:443. (Tatuí, SP; Casa Publicadora Brasileira, 1998);^
3® Ver David P. McMahon, Ellet Joseph O conteúdo deste tópico é uma versão ie\t|
Waggoner: The Myth and the Man (Fallbrook, CA: da de um texto de Alberto R. Timm publicadof
Verdict, 1979), 147-184.
seção “Perguntas & respostas" da Revista doiAj
^®Para um estudo mais detido das tensões envol c/ao,julho-setembro de 2005, 10.
52
vidas no processo de reorganização da Igreja, ver Ellen G White. Manuscript Releases (83^
Barry D. Oliver, SDA Organizational Structure: Spring. MD: Ellen G White Estate, 1993),
Past, Present and Future, Andrews University White, O Desejado de Todas as NaçõeSi^
54
Seminary Doctoral Dissertation Series, vol. 15 E. G White.“Man’s Obligation to God”,«^Í
(Berrien Springs, MI: Andrews University Press, of the Times, 3 de abril de 1884, 209; re
1989); George R. Knight, Organizing to Beat the parcialmente em idem. Caminho a Cristo,emlin^
Devil: The Development of Adventist Church gem atualizada, 2“ ed.(Tatuí, SP: Casa Publicai 1
Structure (Hagerstown, MD: Review and Herald, Brasileira, 1999),91.
2001), 103-131. ”Para um estudo mais detido da personalids
Ellen G White, em General Conference do Espírito Santo, ver LeRoy E. Froom,A Vindat i
Bulletin,25 de abril de 1901,464. Consolador (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasil(| !
41
George R. Knight, From J888 to Apostasy: 1988), 37-57; José Carlos Ramos,“Uma Pessoa^l j
The Case ofA. T. Jones(Hagerstown, MD: Review ravilhosa chamada Espírito Santo",Revista Adveiài
and Herald, 1987),206-207. (Brasil), agosto de 2001, 8-10; Ozeas C. Mouraj* j
42
E. G White, Supplement to the Christian Divindade e a personalidade do Espírito Santo*’,í i
Experience and Views, 19;republicado em idem,Pri vista Adventista (Brasil), novembro de 2002, IW 1
meiros Escritos, 101. Alberto R.Timm,“A personalidade do EspírítoSE
Ver Ellen G White,Evangelismo,3"ed.(Tatuí, to”, Sinais dos Tempos, março-abril de 2003,30:
56
SP:Casa Publicadora Brasileira, 1997),613-617. Uma interessante exposição dos nomes, !
44
Ver “Original Sources for Ellen White’s los e símbolos associados com o Espírito Santo
Statements on the Godhead Printed in Evangelism, provida em Herbert Lockyer, All the Divine Nata
pp. 613-617" (Silver Spring, MD: Ellen G White and Tltles in the Bible(Grand Rapids, MI:Zonden*!
Estate, 2003). 1975), 281-336.
45
57
Ellen G White, Testimonies for the Church Ver White, Evangelismo, 613-617.
(Mountain View,CA:Pacific Press, 1948), 5:171. 5®Nicotra, “Eu e o Pai Somos Um”, 15-16;f
46
59
Ellen G White, A Verdade Sobre os Anjos, 3" White, O Desejado de Todas as Nações,^
60
ed.(Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasileira,2001), 153. White, The Desire ofAges, 671.
61
E. G White, O Desejado de Todas as Na- White, Evangelismo, 617.
ções,671. Ellen G White, Patriarcas e Profetas, 15*ei
48
Ellen G White, Testemunhos Para Ministros e
(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1997),37'|
Obreiros Evangélicos, 4“ ed. (Tatuí, SP: Casa “John H. Kellogg, The Living Temple (BatH
Publicadora Brasileira,2002),51. Creek, MI: Good Health Publishing Co., 1903), {
49
64
Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja Ellen G White, Mensagens Escolhidas,2*^
(Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasileira,2003),4:499. (Santo André,SP;Casa Publicadora Brasileira,198^
Ver também idem.Fundamentos da Educação Cris 1:200.
tã, 2“ ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira “Nicotra, "Eu e o Pai Somos Um”,49-57. ;
1996), 126-127. 66
White, Mensagens Escolhidas, 2:78. t

i
o Espírito Santo
NA ESCATOLOGIA DE ElLEN G.WhITE
Amin a. Rodor,Th.D.
Professor de Teologia Sistemática e diretor do Salt, Unasp,Campus Engenheiro Coelho,SP

Resumo: Este artigo analisa a compre efforts of the devil, that at the same time is
ensão escatológica de Ellen G. White acer an evidence of the true Trinity.
ca da pessoa e obra do Espírito Santo nos
últimos dias da história da Igreja. O autor, Introdução
num primeiro momento,aborda a evidên
cia textual que demonstra que Ellen G. Ellen G White escreveu sobre uma enor
White cria na pessoalidade e divindade do me variedade de tópicos,como refletido em
Espírito Santo,sem a necessidade de evi seus livros, artigos, cartas e testemunhos.
dência sensorial. A seguir, discorre sobre Contudo,os temas escatológicos,'como era
o processo de reavivamento e reforma a de se esperar, pela própria natureza do
ocorrer no tempo do fim sob a “mi- movimento adventista, são uma de suas
nistração do Espírito Santo”,comparando maiores ênfases. O foco do despertamento
tipologicamente a “chuva serôdia”, prome adventista, deve-se lembrar, tanto antes
tida para a última proclamação do evan como depois de 1844,foi nas profecias do
gelho, no fechamento da era cristã, com a fim do tempo,de Daniel e Apocalipse. Foi
“chuva temporã”, derramada nos tempos desta perspectiva que os adventistas de
senvolveram sua identidade teológica, na
apostólicos. O autor também chama a
história do cristianismo.^ Crendo que cons
atenção para a contrafação da Trindade,
tituíam um movimento profético com mis
predita no livro do Apocalipse como um
dos últimos enganos de Satanás, e que,ao são especial para o tempo do fim,eles pas-
saram a aplicar a si mesmos a designação
mesmo tempo, é uma evidência da Trin
dade verdadeira. de “Igreja remanescente”, “o povo rema
nescente de Deus”, ou, simplesmente, o
Abstract: The article provides an remanescente”.^ Por meio destas desi^a-
analysis of Ellen G. White’s eschatological ções os adventistas indicaram que se viam
understanding regarding to the person and como o último segmento da igreja, previsto
role of the Holy Spirit during church’s end- no capítulo 12 de Apocalipse.
time history. The author, at first brings up
textual evidences that demonstrate that Ellen Este trabalho,de forma abreviada,con-
G. White believed in the personality and centra-se na pessoa e função do Espírito
divinity of the Holy Spirit, without the need Santo em aspectos específicos da
of sensorial evidences. Then, he discusses escatologia de Ellen G White,especialmen
the process of revival and reformation to te naqueles ligados ao grande movimento
occur at the time of the end under the de reavivamento,reforma e seus desdobra
“ministration ofthe Holy Spirit,” typologically mentos esperados na vida da I^eja rema
comparing the “latter rain” promised for the nescente no tempo do fim. Inicialmente,
final proclamation ofthe gospel,closing the como introdução,trataremos,de forma ge
Christian era, with the outpouring of the ral, do Espírito Santo na compreensão de
“early rain” in the apostolic period. The Ellen G White.A intenção aqui é sublinh^
author also calls attention to the counterfeit aspectos gerais de sua pneumatologia
of the Trinity predicted in the book of como fundamentação necessária para a
Revelation, as one of the last deceiving construção deste artigo. As passagens dos
102/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

escritos de Ellen G White utilizadas devem desacreditar esta precária idéia, articulffi|í
ser vistas como representativas, uma vez sem lucidez pelos opositores da Segun#
que seria impossível esgotar a riqueza do Crença Fundamental.®
tópico naquilo que ela escreveu. Contudo,
Além das passagens clássicas do livto
tais referências quanto ao Espírito Santo,
Evangelismo e O Desejado de Todas &
são suficientes para estabelecer que, para
Nações*^ quanto ao Espírito Santo e àTritt-
a voz profética aos adventistas, o Espírito
dade, o livro Atos dos Apóstolos, num po
Santo é inequivocamente uma pessoa, de
deroso capítulo entitulado “O dom doE^
quem a Igreja dependerá para o cumpri
rito”,‘° introduz, em projeção tipológica,c>
mento de sua missão. O Espírito Santo,em
papel do Espírito Santo nos últimos evcah
cumprimento da promessa de Cristo rela
tos descritos na escatologia de Ellen 6
cionada à pessoa e obra do Consolador,** é
visto pela sra. White,como o “o Ministro" White. Essa seção trata da presença e afr
das mudanças a serem testemunhadas na vidade do Espírito Santo no início da histó
ria da Igreja Cristã, notoriamente no
vida da Igreja na consumação da obra do
tecostes,considerado pela sra. White cotóp
evMgelho. Qualquer tentativa de suprimir
a “chuva temporã” e como uma antecipa
tal ênfase,sob qualquer alegação, não pode
ser vista, senão, como parte de uma exa ção da gloriosa ação do Espírito no fechai
mento da obra da Evangelho, vista comofl
gerada má compreensão, senão algo pior, «4

para confundir a Igreja militante de Cristo, chuva serôdia”.“ Para ela, o grande arco
precisamente quando o Espírito Santo é da histórico da Igreja é aberto e se fecha coin
maior urgência e importância.^ a pessoa e a ação do Espírito Santo.
É óbvio que Ellen G. White, em vários
O Espírito Santo nos escritos textos, conecta a pessoa do Espírito Santo
DE Ellen G White com a promessa do Consolador do Evan
gelho joanino, onde o Parákletos é clara
O Index dos Escritos de Ellen White, mente introduzido por Jesus em seu famo
produzido em Cd-Rom,® apresenta sob so “discurso de despedida” (Jo 13-17)
headings como “Holy Spirit” e “Holy como o “outro Parákletos^', que o substi-
Ghost”, além de “Third Person of the tuiria na vida da Igreja. “O Salvador”,dii
Godhead”, nada menos que 10.434 refe a voz profética ao povo do advento,“esta
rências na totalidade dos seus escritos dis va apontando para o futuro, ao tempo em
poníveis(aqui não se incluem as referênci que o Espírito Santo deveria vir para faztí
as ao termo “Espírito”, centenas delas re- sua obra como o representante de Crista
lacionadas com a terceira pessoa da Di O mal que se tinha acumulado por séculos
vindade). Evidentemente estaria não ape devia ser resistido pelo divino poder do
”13
nas fora de propósito, mas de possibilida Espírito Santo. Ellen G. White não se
de, analisar esta enorme variedade de con refere ao Espírito Santo como um poder,
textos. Entretanto, por si mesmo tal volu mas fala do poder do Espírito Santo. De
me de referências deveria servir de adver fato, para ela, “o Espírito concede aforça
tência à mentalidade simplista dos que,em que sustenta a alma que se esforça e luta
tempos recentes, acusam a igreja e seus em todas as emergências. (...) Em triste
líderes de “adulterarem” os escritos de zas e aflições, quando as perspectivas se
Ellen G White quanto ao Espírito Santo e afiguram negras e o futuro aterrador,e nos
à Trindade.'' Tal sugestão revela uma exa sentimos desamparados e sós - é tempo
cerbada superficialidade. Seria absoluta de o Espírito Santo, em resposta à oração
**u
mente impossível adulterar tópico tão cen da fé, conceder conforto ao coração.
tral e difuso na teologia de Ellen G White, Além do óbvio em confirmar as palavras
sem desfigurar, mutilar e tomar desconexo de Cristo quanto à indispensável ação do
muito daquilo que ela escreveu. Uma sim Espírito(cf.Jo 14:15-17,26; 15:26-27; 16:7-
ples análise dos argumentos utilizados na 11, 12-14), é desnecessário indicar que a
“tese da adulteração”, seria suficiente para linguagem, a menos que realmente não se

j
o Espírito Santo na escatologia de Ellen G. White/103

tjueira ver, não deixa margem para dúvida Citando João 15:26 e 16:13, para Ellen
quanto a estar ela tratando de uma pessoa. G.White é suficiente saber que “Cristo nos
Negar tal realidade não é apenas demons- diz que o Espírito é o Consolador,o Espírito
b*üção de falta de percepção teológica, mas de Verdade que procede do Pai”, acres
basicamente falta de análise literária. Falta centando:“Declara-se positívamente a res
de percepção da qualidade dos textos que peito do Espírito Santo, que, em sua obra
untitrinitarianos dizem ler. Tais críticos não de guiar os homens em toda a verdade,‘não
upenas demonstram inabilidade para ler as falará de si mesmo.’”** Ainda na pagina
entrelinhas de Ellen G White quanto ao Es seguinte, a sra. White reverentemente re
pírito Santo; eles p^ecem incapazes de ler jeita intrometer-se na intimidade essencial
corretamente as próprias linhas. de Deus e daquilo que não foi revelado:“A
natureza do Espírito Santo é um misténo.
Os textos se multiplicariam, porém Ellen Os homens não a podem explicar, porque o
G White sublinha uma severa advertência
Senhor não no-la revelou.”'*^ O que mms e
aos antitrinitarianos que buscam confirma necessário, além da clareza inconfundível
ção sensorial e empírica para a pessoa do
desta declaração? Que a Divindade fiz^-
Espírito Santo,e tentam reduzir um misté
se uma petição,solicitando a permissão de
rio da revelação a uma precária equação uma meia dúzia de “especialistas” para que
matemática:“Não é essencial que sejamos Ele exista em Trindade,como revelado em
capazes de definir exatamente o que seja o sua Palavra infalível? A resposta é óbvia e
Espírito Santo.”'^ A sra. White sugere aqui
exige apenas bom senso!
que,se os mistérios divinos precisassem ser
entendidos completamente pela falha lógi Então, na seqüência imediata da cita
ca humana, antes de os podermos aceitar, ção mencionada acima, na qual Ellen G
então serí^amos forçados, por tal lógica, a White afirma que a natureza do Espinto
eliminar das Escrituras uma enorme quan Santo é um mistério, temos uma forte re
tidade dos seus ensinos fundamentais: cri preensão aos que pretendem enclausurar
ação especial, dilúvio, êxodo,os dez man Deus no castelo mal construído das suas
damentos,o sábado,encarnação,nascimen especulações e arrazoados débeis: Com
to virginal, ressurreição, o segundo adven fantasiosos pontos de vista, podem-se reu
to, e certamente todos os relatos de mila nir passagens da Escritura e dar-lhe um
gres, simplesmente porque nenhum deles significado humano [a respeito do Espiri
pode ser objeto de verificação dos senti to Santo]; mas a aceitação desses pontos
dos. Friedrich Schleiermacher, o conheci de vista não fortalecerá a Igreja.” Sua com
do “pai da teologia liberal”, então estaria preensão, é, então, levada à conclusão ló
correto em rejeitar a Trindade,simplesmen gica: “Com relação a tais misténos - de
te porque ele não “podia sentir” tal realida masiado profundos para o entendimento
de.“Como podería alguém sentir três pes humano - o silêncio é ouro.”^« Ellen G.
16
soas [na Divindade]?”, arrazoava ele. White parece estar aqui diretamente se di
Mas antes de celebrar com Schleiermacher, rigindo ao charlatanismo da “teologia
os antitrinitariamos devem ser informados antitrinitariana contemporânea,expressa e
de que ele também, pela mesma razão e defendida com muito zelo m^,deploravei-
com mais coerência,rejeitou o Segundo Ad mente, sem qualquer entendimento.
vento, a doutrina do pecado,e outros ensi
nos do Novo Testamento.*’Schleiermacher, Ninguém é chamado para explicar aqui
como tantos outros que seguem a ênfase lo que Deus,em sua sabedoria resolveu não
no que eles sentem/entendem, substituiu a elucidar em todos os detalhes. Devemos
transcendência pela imanência. A verdade lembrar que os cristãos não arrogam
para Schleiermacher, não vem de cima, da possuirem conhecimento absoluto de
revelação; emerge de dentro, do homem. Deus. Dispomos a respeito de Deus ape-
Para descobrir as doutrinas, ele olhou para nas de conhecimento necessário. Dispo-
dentro da natureza humana, em lugar de mos somente daquilo que Ele decidiu re¬
depender da Palavra de Deus. velar. Como Lutero“ enfatizava, ao con-
104 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

trário do homem,que usa máscara para se que não podiam “ver/entender” como a
esconder, Deus usa máscara para se reve matéria, que é má,e o espírito, queéboin.
lar. Assim, mesmo quando Ele se revela podiam se unir numa pessoa real, “con
{Deus Revelatus), Ele continua velado e cluíram” que Jesus não podia ter realida^
misterioso {Deus Absconditus) em sua es de concreta. Assim, Ele apenas tinha a
sência infinita. Isto pode ser um duro golpe aparência (do verbo grego dokéo, daí,
para a arrogância humana, que gosta de docetismo), mas não era um ser humano
ditar o que Deus pode ou não pode ser e real. Os ebionitas,^^' por outro lado, influ
fazer. Mas aqui, a verdade transcende a enciados pelo monoteísmo absoluto dos
ficção: sabemos dos mistérios de Deus ape judeus, porque também não podiam “verf
nas aquilo que foi revelado, e o que foi re- entender” como Jesus podia ser Deus,sen
velado é suficiente! O escárnio, as caricatu- do que há apenas um Deus, concluíram
rizações e as irreverências grotescas do que Jesus era apenas um homem,um pro^
antitrinitarianismo devem ser fortemente feta, no máximo,“adotado” por Deus em
enfrentados com a convicção de que não seu batismo.
pretendemos conhecer, como os velhos
escolásticos medievais pensavam. Deus Aqui, entretanto, os antigos ebionitas,
em sua essência, ou o quid sobre Ele. Cre como Ário (para não falar das modernas
mos,como Lutero e Calvino,que Deus em testemunhas de Jeová), eram mais consis
tentes que os antitrinitarianos rnal-informa-
sua essência deve ser deixado de lado, por
dos dos nossos tempos, os quais não passa
que realmente são os seus atributos (o
qualis) que nos interessam.^^ Dizer, ouvi riam num teste de lógica básica. Aqueles(os
ebionitas), ao menos afirmavam o mono
falar de três mas vejo apenas um”, podería
teísmo absoluto,sem nenhuma concessão a
ser cômico,se não fosse trágico. Tal atitu
de simplesmente revela uma extraordiná uma segunda pessoa na Divindade,em igual
ria indigência espiritual, para não se falar dade com o único Deus que eles defendiam
de outras deficiências,e deixa transparecer na sua formulação equivocada de unidade.
nas entrelinhas algo da psicologia do atual A versão piorada e confusa dos antitri
nitarianos recentes, recita com fervor zelote
antitrinitarianismo da periferia: Eles querem
ver\ E se este é o caso, deveríam então o shema Judaico como entendido por eles
mesmos, dentro da idéia de unidade mate
descartar a Divindade completamente, por
que, afinal, eles simplesmente não podem mática (ignorando o significado bíblico de
ver. Ponto final! Nem um, dois ou três. unidade composta), mas,ao mesmo tempo,
subvertem todo argumento deles, aceitando
A lógica antitrinitariana indica ainda na Divindade a segunda pessoa da Trindade
uma extraordinária confusão entre verda bíblica. Afinal, pode-se devolver a eles uma
de e realidade, como percebida pelos fra outra versão de sua fórmula: “Falam de unu
cos sentidos e má compreensão humanos. mas vemos dois!” Isto é, uma curiosa
A verdade da revelação se eleva acima “bindade”, ou uma “trindade” de “dois ter
da realidade, no nível das nossas ços.” Aqui encontramos aquele tipo de in
limitadíssimas percepções. Esta mentali consistência comum entre evangélicos em
dade do “ver/entender para crer” foi, ão oposição aos Dez Mandamentos: para eli
longo da era cristã, o útero no qual um minarem o quarto mandamento da lei, ora
grande número das heresias foi concebi argumentam que a “lei foi abolida ”, ora
do. Foi porque Ário,^^ influenciado pela fi que hoje “vivemos debaixo da graça ”, ou,
losofia grega, não podia “ver/entender” ainda, que “Jesus cumpriu a lei”. Contu
como Deus, sendo imutável, poderia do, como tal discurso não pode ser susten
encarnar-se(o que equivalería, para Ário, tado sem contradição à luz do ensino bíblico
a uma mudança, além de uma negação da (que continua condenando o adultério,furto,
natureza imaterial de Deus e de sua uni idolatria,falso testemunho,etc),eles dão uma
dade), que ele “concluiu”, então, que Je volta, e reaparecem com um “decálogo” de
sus não podia ser pleno Deus, mas ape “nove mandamentos”, por mais incoerente
nas um ser criado! Os docetistas^^ por¬ que isto pareça. Assim, ao mesmo tempo
o Espírito Santo na escatologia de Ellen G. White /105

que fazem infundadas acusações aos que “força”, “fôlego” ou, como em algumas
aceitam os Dez Mandamentos, completos, versões antitrinitarianas ainda mais con
na íntegra, dez, preto no branco, eles mes fusas, a “um anjo”. A sra. White está em
mos, na prática aceitam "nove ávos” da lei harmonia aqui com o pensamento teoló
que a retórica deles diz ter sido “abolida por gico clássico,que entende o Espírito Santo
Cristo”, “cravada na cruz”, e “desnecessá no papel de Santificador, ao lado do Pai,
ria sob o novo concerto”. Francamente! como criador,e de Cristo como redentor,
idéia comum nos compêndios de teologia
No século 16,o teólogo calvinista Jerô- sistemática.
nimo Zanchi, para provar a doutrina da
predestinação, arreizoou que Deus é oni Ellen G White expressa a sua percep
potente e onisciente-isto quer dizer: pode ção tipológica da ação do Espírito Santo
tudo e sabe tudo. Portanto, Deus sabe e no início da história da I^eja em correla
determina tudo o que há de acontecer e, ção com sua poderosa atividade e presen
assim, não existe tal coisa como liberdade ça na consumação da obra do evangelho.
humana. O que Zanchi fez com tal argu “O derramamento do Espírito nos dias dos
mento foi pretender que Deus tenha que apóstolos foi o começo da primeira chu
se ajustar à nossa compreensão da onis- va,ou temporã,e glorioso foi o resultado.
ciência e da onipotência. Mas o certo é Até ao fim do tempo,a presença do Espí
que,se Deus é de verdade onipotente, Ele rito deve ser encontrada na verdadeira
não tem por que se moldar aos argumen igreja.”^^ Ao aproximar-se o fim da cei-
tos de Zanchi ou de qualquer outro. Se fa da Terra”, ela observa, “uma conces
Deus é verdadeiramente onisciente, Ele são especial de graça espiritual é prome
saberá como permitir que exista a liber tida a fim de preparar a igreja para a vin
dade humana, ainda quando o sistema de da do Filho do homem.Esse derramamen
Zanchi não der lugar a ela.^’ Da mesma to do Espírito é comparado com a queda
forma, as aparentes “contradições” atri da chuva serôdia.”^^ E a todo discípulo
buídas ao ensino bíblico da Trindade não consagrado o Senhor “concederá a pre
passam de invenções humanas criadas sença do seu Espírito, com seu poder
pela rebelião contra o que está revelado. vivificante e santificador”.^ Para EllenG
Em todas estas situações, como no caso White,o último capítulo da atuação do Es
dos antitrinitarianos que “vêem apenas pírito Santo não foi escrito com o segundo
uma pessoa”, observa-se o triunfo da ido capítulo do livro de Atos,ou com a morte
latria humana,pretendendo engessar Deus do grupo original dos apóstolos de Cnsto.
nas idéias e conceitos que eles mesmos Ellen G White observa que no Pente-
articularam,e às quais, eles pensam.Deus
costes o “Espírito Santo, assumindo
é obrigado a submeter-se. ma de línguas de fogo, repousou sobre a
Ainda na seqüência do texto mencio assembléia. Isto era um emblema do dom
os
nado acima, Ellen G. White, indica que então outorgado aos discípulos, o qual
“o Espírito é dado como agente de rege capacitava a falar.”'^ “O Espírito S^to ,
neração, para tornar efetiva a salvação ela afirma, “fez por eles [os discípulos] o
operada pelo nosso Redentor”.^® Ele bus que não teriam podido fazer por si mesmos
ca “atrair os homens para a grande ofer em toda a existência”.^® De fato, em uma
nosdis-
ta feita na cruz do Calvário”.^® É Ele única hora,o EspMto Santo operou
reavivamento
quem “afasta as afeições das coisas desta cípulos a transformação, o ^ -
terra e enche a alma com o desejo de e reforma” que três anos de comunhão com
santidade”.^® E ainda: “É o Espírito San Jesus não tinham completado. Mediante a
to quem tomará as coisas de Deus e lhas instrução do Espírito, eles receberam a ha
gravará na alma. Por seu poder o cami bilitação final para o cumprimento da gran
nho da vida se tornará tão claro que nin de comissão evangélica. Não é de admirar
guém o errará.”^’ Tal linguagem não pode a surpresa da sra. White face à indiferen
estar se referindo a mera “influência”. ça geral da Igreja quanto ao precioso dom

ti
106 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

objeto da promessa de Cristo,como seu di 1844, com o término da grande cadeia


vino substituto:“Uma vez que este[o Espí profética de Daniel 8:14, até o fechamen
rito Santo]é o meio pelo qual havemos de to da porta da graça (Ap 22:11). Portan
receber poder, por que não sentimos fome to, limitamos a atenção nesta seção aos
e sede pelo dom do Espírito? Por que não temas relacionados com o reavivamento
falamos sobre Ele, não oramos por Ele, e e à reforma na Igreja, a chuva serôdia,
não pregamos a seu respeito?”^’ Ellen G ao alto clamor e à sacudidura, todos ela
White ficaria muito mais surpresa,contu intimamente relacionados com a pessoa
do,se além da indiferença,ela vivesse para do Espírito Santo.
presenciar a aberta rejeição e descrença
Sem pretender exaurir o tema deste es
no Espírito Santo em alguns círculos
tudo,em sua convergência com incontáveis
adventistas de hoje, embora já em seus referências difusas e assistemáticas sobre
dias ela advertisse:“Cumpre-nos ser mui
a terceira pessoa da Trindade, as citacõa
to cuidadosos de não ofender o Espírito
utilizadas aqui são suficientes para se esta
de Deus.”^® Precisamente porque, para belecerem dois fatos:(1)a teoria da falsifi
ela, “o inimigo opera com todas as suas
cação de textos de Ellen G. White para pro
enganadoras energias para anular o efei
var a pessoa do Espírito Santo, é absoluta
to da profunda operação do Espírito de
Deus no ser humano”.^® mente insustentável;(2)para o dom profé
tico manifesto em Ellen G. White, Espírito
Santo não pode ser outra coisa senão uma
O Espírito Santo no tempo DO FIM pessoa, poderosamente ativa na proporçS)
em que a cortina desce sobre as últimas
Gerhard Pfandl'*® observa que o para cenas da história humana e sobre a vida da
digma escatológico de Ellen G. White,
constmído sobre o fundamento do método Igreja. Como descrito em O Grande Conr
flito: “A obra será semelhante àquela do
historicista de interpretação profética, or- dia do Pentecostes. Como a ‘chuva
ganiza-se em três segmentos seqüenciais,
temporã’ foi dada no derramamento do
cada um deles com eventos distintos:(1)o
Espírito Santo na abertura do evangelho,
tempo dejuízo investigativo ou pré-adven-
para causar a germinação do precioso grão,
to, que termina com o fechamento da porta a ‘chuva serôdia’ será dada no seu fecha
da graça;(2)o grande tempo de angústia,
mento, para o amadurecimento da colhei
que toma lugar após o esgotar-se do tempo ta.”'** Como afirmado em outro contexto,
de graça, e que culmina com o segundo
para a sra. White,“o derramamento do Es
advento de Cristo; e,finalmente,(3)o mi
pírito Santo no dia do Pentecostes foi a chu-
lênio, que tem seu início após a parousia, va temporã, porém a chuva serôdia será
e envolve os últimos eventos do drama das
mais copiosa”.'*^
eras com a ressurreição dos ímpios, a des
truição final deles, e a plena restauração Reavivamento e reforma,sob a
do paraíso perdido.
MINISTRAÇÃO DO ESPÍRITO SaNTO
Como indicado anteriormente, depois
de breve consideração sobre a visão de Qual poderia ser considerada a maior
Ellen G. White quanto à pessoa do Espí necessidade da Igreja, vivendo no tempo do
rito Santo e sua ação nas origens da Igre fim? Contrariamente ao que muitos-domi
ja Cristã, voltamos a atenção agora para nados por noções pragmáticas ou pelas idéi
sua percepção quanto ao papel do Espí as de “gestão empresarial”,e que entendem
rito Santo nos eventos finais, que tomam tal necessidade em termos de mais recur
lugar dentro do primeiro período de sua sos, membros influentes, melhores instala
estrutura escatológica. Novamente, se ções, mais acesso aos meios de comunica
ria impossível aqui dar detalhado trata ção-poderiam pensar,Ellen G White apre
mento à extensa amplitude do tema,com senta outro quadro, de compreensão pura
desdobramentos que se estendem deste mente espiritual:“Um reavivamento da ver
o início da obra dojuízo pré-advento,em dadeira piedade entre nós, eis a maior e a

..Jl
o Espírito Santo na escatologia de Ellen G. White /107

mais urgente de todas as nossas necessi Palavra, pois é o Espírito Santo quem
dades. Buscá-lo deve ser a nossa primeira elucida e interpreta a Palavra(ICo 2:10).
ocupação.”'*^ Todo o parágrafo, devemos (2) No mesmo contexto, ela faz uma ou
observar, sugere que tal reavivamento está tra conexão vital:“Só podemos esperar um
”49
conectado com a pessoa e obra do Espírito reavivamento em resposta à oração.
Santo,o substituto de Cristo, prometido para Assim, a Palavra e a oração, ambos vis
guiar a Igreja. Não é de admirar que a sra. tos nas Escrituras como instrumentos do
White, depois de afirmar que a busca de tal Espírito Santo (Ef 6: 17,18; cf, Jo 14:26;
experiência deve ser prioridade na vida dos Rm 8:27), não podem ser apreciados por
discípulos de Cristo, indica que “nosso Pai aqueles que, de uma forma ou de outra,
celeste está mais disposto a conceder o seu rejeitam o Espírito Santo. (3) Ellen G
Espírito Santo àqueles que Iho peçam,do que White estabelece ainda uma ligação entre
pais terrenos o estão a dar boas dádivas ao o reavivamento e o arrependimento:“Le-
seus filhos”.'*^ vante-se a igreja e arrependa-se de suas
prevaricações diante de Deus. Deve ha
Tal experiência é vista como algo tão
ver diligente exame do coração.”^® Mas
vital que ela chega a afirmar que “o povo novamente devemos observar que o arre
de Deus não surportará o teste a menos
pendimento (metanoiay literalmente mu
que haja um reavivamento e reforma”. De
dança de mente), não é algo natural ao
fato, ela continua:“O Senhor não admitirá homem. Para Jesus e o Novo Testamen
nas mansões celestiais que Ele está pre
to, o arrependimento é também resultado
parando para os justos, uma alma que seja
auto-suficiente.”'*^ Ellen G. White, contu da ação do Espírito Santo, iluminando a
mente e o coração(Jo 16:8). Assim,a Pa-
do, considerando a importância do
lavra, a oração e o arrependimento., não
reavivamento/reforma na experiência da
estão apenas conectados entre si no ce
Igreja no final de sua história, não deixa a nário dos últimos eventos, mas sobretudo
noção aberta, para que isto se torne uma intimamente conectados com a ação do
questão de opinião; e informa precisamen
te como isso deve se realizar: “Um Espírito Santo.
reavivamento e reforma devem acontecer Outro aspecto a ser cuidadosamente
^
”46
sob a ministração do Espírito Santo. observado é o de que no mesmo capitulo,
Um pouco mais no final do parágrafo do poucas páginas depois da passagem cruci
livro Serviço Cristão^ onde ocorre este quanto à prioridade do reavivamento/refor-
texto revelador, depois de definir o signifi ma na Igreja, como antecipação da[^e-
cado da reforma como uma renovação es rosa proclamação que preparará a co
piritual, Ellen G. White acrescenta: “Re da terra sob a ministração do Espmto bM-
forma não trará qualquer bom fruto dejus to. a sra. White observa que tal
tiça, a menos que ela esteja conectada com reavivamento/reforma e seus desdobra-
o reavivamento do Espírito.”'*^ mentos não virão sem obstáculos:
No mesmo capítulo em que discute o Não há coisa alguma que Satanás tema t^to
o caminho
reavivamento/reforma, no livro Mensa quanto que o povo de Deus desimpeça
gens Escolhidas (vol. 1), ela coloca o in mediantearemoção de todo impedimento,de m^o
dicador em alguns aspectos fundamentais que o Senhor possa derramar seu Espínto sobre
uma languescente Igreja e uma congregação imi»
quanto à maior necessidade na vida da nitente. Se Satanás pudesse fazer o que ele quena,
Igreja:(1)“Enquanto o povo se acha tão nunca haveria outro despertamento.grande ou pe-
destituído do Espírito Santo de Deus, não queno, até o fim do tempo.'
”48
pode apreciar a pregação da Palavra.
Ellen G. White aqui conecta o Espírito Assim,se colocarmos todas estas idéias
Santo com o poder transformador da Pa
juntas,o quadro não podería ser mais claro:
lavra que Ele próprio inspirou(2Pe 1:21).
Lutar contra o Espírito Santo é equivalen A igreja de Cristo aguarda um segundo
te a permanecer insensível aos apelos da Pentencostes, o qual, à semelhança do
1
108 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

primeiro descrito no livro de Atos, deve pessoal de Deus e de Jesus C^Espírito de


acompanhar a poderosa proclamação final Deus” e ”Espírito de Jesus" enfatizam
do evangelho eterno. A obra de renovação primariamente não posse, mas procedeu^
espiritual, que há de preparar a Igreja para cia. porque Ele seria o enviado do Paiette
os últimos eventos de sua história, está inti Jesus,como o próprio Cristo havia prome
mamente ligada à Palavra^ à oração e ao tido em seus ditos relacionados ao
arrependimento. Estes, por sua vez, deve Parákletos), supera todos os outros dons
mos observar, são precisamente os meios divinos. No Novo Testamento, o Espírito
pelos quais o Espírito Santo opera, como Santo não apenas é designado por carac
apresentado pelo Novo Testamento. Não é terísticas que claramente indicam sua per
de surpreender que tal movimento de refor sonalidade — Ele tem conhecimento das coi
ma e reavivamento deva acontecer sob “a sas divinas(1Co 2:1); perscruta(lCo2:10);
ministração do Espírito Santo”,utilizando os convence(Jo 16:8); tem mente(Rm 8:27);
seus canais regulares de operação. Por ou conhece,sonda,assiste, intercede(Rm 8:16,
tro lado,Ellen G White desmascara a inten 14, 26); pode ser entristecido (Ef 4:30);é
ção do inimigo em sabotar tal movimento na resistido e tentado(At 5:9; 7:51); pode se
Igreja. Não precisaríamos de muita imagi difamado e blasfemado (Mt 12:31; 32);ê
nação para entender que tal estratagema não nomeado entre outras pessoas (como em
podería ser melhor sucedido em um plano Mt28:19,20;2Co 13:14, IPed l:2)-,masé
de ataque,do que ser dirigido precisamente apresentado também com uma enorme
contra o divino agente do esperado variedade de funções relacionadas com a
reavivamento/reforma: o Espírito Santo. proclamação do Evangelho e a conversão
Tentar confiindir a compreensão da Igreja - o Espírito Santo ensina (Lc 12:12, Jo
neste aspecto crucial, com heresias e idéias
14:26); Ele guia na pregação do Evangelho
falsas a respeito do Espírito Santo, fere o
(At 8:29; 13:2; 16:6,7); ilumina a mente no
âmago da questão e fatalmente teria um
estudo da Palavra(Jo 14:26; 16:13); habili
desastroso efeito sobre a Igreja.
ta com dons indispensáveis para a procla
Ellen G. White não deixou sem adver mação da salvação(At 2:3 e 4); administra
tência os perigos de ensinos contrários à e distribui dons(1Co 12:11);comissiona(At
revelação. 13:2,4; 20:28); testemunha(Jo 15:26);in
tercede(Rm 8:26); anuncia(Jo 16:14e 15);
Homens e mulheres se levantarão professan
do possuírem nova luz ou uma nova revelação, habilita os filhos de Deus a proclamarem o
cuja tendência é perturbar a fé nos antigos marcos. evangelho com sucesso e poder (At 1:8);
A doutrina deles não apresenta o teste da Palavra relembra as verdades das Escrituras em
de Deus e, contudo, almas serão enganadas.^^ momentos de necessidade (Jo 14:26, Mc
13:11); convida(Ap 22:17). Um estudo de
E ainda: “Ele [Deus] não dá a um ho todas estas passagens leva à conclusão
mem nova luz contrária à fé establecida inescapável de que sem o Espírito Santo
do corpo.”^^ Além disto,“Deus não aban não há pregação efetiva e muito menos
donou seu povo escolhendo um aqui e ou conversão.
tro acolá, como os únicos dignos de se
Por que Deus enviou o Espírito Santo?
rem os depositários de sua verdade.”^^ A
Tal pergunta permite mais do que uma úni
dissidência antitrinitaniana,com seu debo
ca resposta. Das páginas do Novo Testa
che e irreverência, cumpre um papel no
mento, fica alísolutamente claro, em pri
plano do dragão, em sua luta contra o re
meiro lugar, que o Espírito veio aos cris
manescente (Ap 12).
tãos individualmente, para criar neles uma
qualidade de vida que, de outra forma,
Pentecostes n estaria completamente fora do poder hu
A CHUVA SERÔDIA mano.Em segundo lugar,o Espírito Santo
foi enviado à comunidade cristã, a Igreja,
O Espírito Santo, a terceira pessoa da para unir os cristãos em um tipo de comu
Trindade,como o enviado e representante nhão desconhecida e sem paralelo em
o Espírito Santo na escatologia de Ellen G. White /109

qualquer outro grupo. Mas,como Michael (At 2:5). Além disso,sob a ação do Espíri
Green, em seu extraordinário livro I to Santo,cada um dos obstáculos começou
Believe in the Holy Spirit (Creio no Es a cair. O próprio obstáculo da língua foi
pírito Santo), observa: vencido sob a poderosa manifestação do
dom de línguas, que ungiu o início da pre
De um cândido exame dos registros do Novo
gação do evangelho.^ Lucas não diz que
Testamento, não pode haver qualquer dúvida de
foram os apóstolos que iniciaram a missão.
que o propósito primário da vinda do Espírito
Santo sobre os discípulos foi equipá-los para a
Eles apenas aguardaram em Jerusalém até
missão. O Confortador não vem para que os ho que o Espírito viesse sobre eles. Não fo
mens se tomem confortáveis, mas para tomá-los ram os apóstolos que cumpriram a ordem
missionários.®® de Cristo de “pregar a todas as nações”.
Ao contrário,foi um ex-fariseu convertido
Em dois capítulos, Green faz uma cui que iniciou a gigantesta obra missionária sob
dadosa análise dos Evangelhos, do livro a direção do Espírito Santo. Não foram os
de Atos e das Epístolas em geral, conclu apóstolos em Jerusalém quejamais sonha
indo que “the Holy Spirit is for mission” ram em alcançar eunucos ou samaritanos,
(o Espírito Santo é para a missão). O pró mas foi o Espírito quem os guiou em tal
prio livro bíblico de Atos dos Apóstolos po missão. A lista pode continuar e, em cada
dería corretamente ser entitulado “Atos do caso, a inciativa da pregação das boas no
Espírito Santo”, porque no livro de Atos,o vas está com o Espírito Santo. Não é por
Espírito Santo é o grande agente da mis acaso que para Ellen G White,“ até o fim
são da Igreja.^^ Deve-se notar que a as do tempo,a presença do Espírito Santo deve
censão (At 1:6-11), não é apresentada permanecer com a Igreja verdadeira”.®'
como se a cortina estivesse caindo sobre
Ellen G. White ainda indica que o Espí
a vida de Jesus. Ao contrário, aqui a cor
tina se levanta para deixar o Espírito San rito Santo não apenas assistirá a Igreja na
to no centro da cena. Como prometida, a derradeira proclamação do evangelho.
Para ela, a “chuva serôdia”, sob a ação
era do Espírito tem início precisamente nes
do Espírito, também “dará poder para a
se ponto (Jo 7:39). Assim como o próprio
Jesus fora ungido com o Espírito no início grande voz do terceiro anjo e preparará
do seu ministério (Mt 3:16; Lc 3:22, cf. os santos para estarem de pé no período
At. 10:38), a Igreja é ungida em seu início quando as sete últimas pragas serão der
ramadas” Em outro contexto ela conti
com o Espírito Santo, para o cumprimento
nua: “É a chuva serôdia que revive [os
de sua missão, como poderosamente tes
temunhado no capítulo 2 de Atos, e nos discípulos de Cristo] e os fortalece a pas
seus desdobramentos. sarem pelo tempo de angústia. Suas fa
ces brilharão com a glória desta luz como
Ellen G. White vê na concessão do Es acompanha o terceiro anjo.”®^ Segundo
pírito Santo aos discípulos originais para a Ellen G. White, no tempo do fim,
grande obra de pregação do Evangelho,um a obra será semelhante àquela do dia do Pente-
cumprimento do que fora prometido pelos costes. Quando a ‘chuva temporã’foi dada,com o
profetas hebreus no Antigo Testamento:“O derramamento do Espírito Santo na abertura do
derramamento do Espírito nos dias dos evangelho para causar o crescimento da preciosa
apóstolos foi o início da chuva temporã, e semente,assim ‘a chuva serôdia’ será dada no fi
glorioso foi o resultado”^* (cf. J1 2:28,29). nal, para o amadurecimento da colheita.®*
Realmente, o Pentecostes I foi aquilo que
fora prefigurado em sua tipologia: a dedi Portanto,assim como seria inimaginável
cação dos primeiros frutos a Deus.^’ Tal o Pentecostes de Atos sem a Pessoa do
cumprimento não deve ser visto apenas em Espírito Santo, da mesma forma é incon
termos do número dos batizados(At 2:41), cebível imaginar o fechamento da obra do
mas na própria amplitude geográfica das evangelho, independente da direção e atu
etnias representadas em Jerusalém, “vin ação do Espírito Santo,a poderosa terceira
dos de todas as nações de debaixo do céu” pessoa da Trindade.
110 / PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

Ellen White insiste que o Pai está dese Cristo. Deus reconhecerá este fato por um dena-
”74
joso de “conceder o Espírito Santo”.“ A mamento sem medida do seu Espírito.
vinda do Espírito Santo sobre a Igreja, se
gundo a voz profética ao remanescente, Apenas “aos que que esperam humil
pode ser uma experiência atual:“É privilé demente em Deus, que estão atentos àsiQ
gio da Igreja ter [tal experiência] agora.”“ guia e graça, é concedido o Espírito.””0
A promessa é para todos,e o tempo é hoje: mesmo texto indica que não é suficiente
“Nesta mesma hora seu Espírito e sua gra falar sobre o Espírito Santo, mas se debtar
ça se acham à disposição de todos quantos guiar pelas agências divinas. Segundo Ellen
deles necessitam...”®’ Em O Desejado de G White, não haverá limite para aquele que
Todas as Nações, Ellen G White observa abandonando a idolatria do eu,“abre mar
que“Cristo prometeu odom do Espírito Santo gem para a operação do Espírito Santo em
à sua Igreja, e a promessa pertence tanto a seu coração, e vive uma vida inteiramenle
nós quanto aos primeiros discípulos.”®® Mas consagrada a Deus”.’^’
há, por outro lado, condições para isto: “O
Espírito trabalha no coração do homem de Tais referências, por sua diversidadee
acordo com seu desejo e consentimento...”®® varidade de contextos, indicam claramen
Para a voz profética ao remanescente, sem te como a sra. White entendeu a pessoae
qualquer dúvida, obra do Espírito Santo no esforço final da
Igreja para o cumprimento da comissão
antes da última visitação dosjulgamentos divi evangélica. Por outro lado, esta diversi
nos sobre a terra, haverá entre o seu povo tal dade e variedade de contextos subverte
reavivamento da primitiva piedade que não foi tes
temunhada desde os tempos apostólicos.
completamente a tese de “adulteração”
dos ensinos de Ellen G. White quanto ao
Mas ela acrescenta: Espírito Santo, expondo sua fragilidadee
precariedade.
A menos que diariamente estejamos progre
dindo na exemplificação das ativas virtudes cris Talvez esta seção possa ser concluí
tãs, não reconheceremos as manifestações do Es da com duas claras citações, indicando a
pírito Santo na chuva temporã. Ela pode estar ca maneira como o dom profético aos
indo nos corações ao nosso redor, e não a adventistas entendeu o Espírito Santo.
discernirmos ou a recebermos.,.’** Primeiro, no contexto em que discute a
pregação do evangelho a todas as nações,
Ellen G. White, em vários dos seus es- ela declara que “a verdade armada com
critos,indica condições para recebermos o a onipotência do Santo Espírito seria vi
Espírito Santo no tempo do fim,como ter a toriosa na batalha contra o mal”.” Qual
disposição para recebê-lo” e desejarmos quer pessoa com um treino básico em
sua plenitude: “Quando a necessidade do teologia entende que onipotência é um
Espírito Santo é uma questão de pouca aten dos atributos incomunicáveis da Divin
ção,há na igreja aridez e trevas espirituais, dade. Falando do Espírito Santo como
declínio e morte.”” Assim, ironicamente, onipotente, Ellen G. White não pode es
por negligência podemos sofrer a falta da tar falando de outra coisa senão que Ele,
quilo que nos é oferecido em infinita pleni o Espírito Santo, é Deus, partilhando de
tude. Contudo,“o Espírito Santo virá a to um atributo verificado apenas na Divin
dos quantos pedem o pão da vida para o dade. Segundo, discutindo a promessa
dar aos semelhantes”,partilhando-o no tes de Cristo quanto ao dom do Espírito San
temunho missionário.” to, ela indica: “Nós não podemos usar o
O grande derramamento do Espírito de Deus, Espírito Santo. O Espírito Santo é que
o qual ilumina a Terra com sua glória, não ocorrerá deve nos usar.’”® Este foi o engano bá
sem que tenhamos um povo esclarecido, que co sico de Simão, o mágico, confundindo a
nheça por experiência o que representa ser pessoa do Espírito Santo com um mero
cooperador de Deus. Quando tivermos uma con poder que pudesse ser adquirido e ma
sagração completa,de todo coração ao serviço de nipulado (cf. At 8:17-20). Por ser o Es-

I
o Espírito Santo na escatologia de Ellen G. White/ 111

pírito Santo um ser pessoal é Ele quem que subiu da terra. Da mesma forma como
dispõe daqueles com quem pode contar, as Escrituras descrevem Deus em Trinda
nunca o contrário! de (o Pai, o Filho e o Espírito Santo), o
Apocalipse pinta o quadro do último confli
to descrevendo os oponentes em termos de
A Trindade contrafeita
uma contrafação da verdadeira Trindade.
É supreendente que, enquanto o judaís O primeiro personagem, o dragão, é Sata
mo oficial dos dias de Jesus não reconhe nás, que pretende ser uma contrafação de
ceu a sua verdadeira identidade,como o es Deus, o Pai. Ele buscou ser igual a Deus
perado Messias e Deus encarnado, o diabo no início(Is 14:12-14).Em sua tentativa de
e seus anjos nunca falharam em distingüir ser uma alternativa a Deus,ele tomou-se o
Jesus como o Filho de Deus, o Santo do deus deste século(2Co 4:4).
Altíssimo. Em algumas circunstâncias os O segundo personagem da trindade de
demônios chegam a declarar: “Sei quem tu moníaca é introduzido em Apocalipse 13:1
és” {oida se tis ei). Ou como em Lucas com a besta que emerge do mar.
4:41:‘Também de muitos saíam demônios,
E eu pus-me sobre a areia do mar e vi subir do
gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus!
mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifes
Ele, porém, os repreendia para que não fa e sobre os criftes dez diademas,e sobre as cabeças
lassem, pois sabiam ser Ele o Cristo.” Esta um nome de blasfêmia.E a besta que vi era seme
passagem,como Valtair Miranda observa em lhante ao leopardo e os seus pés como os de urso
seu interessante artigo “A cristologia dos e a sua boca como a de leão.E o dragão deu-lhe o
demônios”,possibilita fazermos a leitura in seu poder e o seu trono e grande poderio.
versa, e pensar sobre o conhecimento que
Jesus tinha dos demônios:“Desse texto po É curioso que esta besta que surge do
demos extrair que Jesus sabia que os demô mar seja uma imagem perfeita do dragão.
”79
nios sabiam quem ele era. Como o dragão, ela também tem sete cabe-
Da mesmaforma,no livro do Apocalipse ças e dez chifres. Nos evangelhos, Jesus é
o próprio demônio reconhece a veracidade a imagem do Pai(Jo 14:9). Em outros ex-
da Trindade, a ponto de buscar contrafazê- tos do Novo Testamento. “Ele [Jesus] é a
la em uma reencenação dos seus persona imagem de Deus”(2Co 4:4,cf. Fp 2:6).
gens. O capítulo 12 do Apocalipse descreve Na trindade falsa o segundo personagem
o cenário do fim em termos de uma contro
é uma contrafação de Jesus Cristo, omo
vérsia cósmica:o dragão vermelho,com sete
tal poder é identificado? Na históna do Cns-
cabeças e dez chifes e sobre as cabeças tianismo apenas uma entidade se ajus
sete diademas. Viu-se também a mulher
esta descrição, pretendendo ser Cns o,pe
vestida do sol,tendo a lua debaixo dos pés e
doando pecados, arrogando ter
uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça mãos as chaves do reino, por meio o
(v. 1-2). A guerra movida pelo dragão foca ma sacramental. Este poder instituiu
liza em particular “aqueles que guardam os ra uma paródia do verdadeiro santu^o,
mandamentos de Deus e têm o testemunho a obra da redenção é levada a efeito pe a
de Jesus” (v. 17). Deve-se observar, contu
mediação de Cristo. Não é Por^aso ^u®
do,que neste conflito o diabo não está sozi estabestatinhaumnomedeblasfemia.Bl
nho. Ele entra em campo com toda a sua fêmia na linguagem bíblica é aplicada a
artilharia pesada. Nos desdobramentos dos pretenção de igualdade com ® P
capítulos que seguem,descobrimos que neste der para perdoar pecados (cf. Mc z:i). a
conflito final,o inimigo,grande colecionador
besta que surge das muitas.águas,
, « é o mes-
de derrotas, reúne os seus aliados: a besta
mo chifre pequeno de Daniel 8. Ela é uma
que subiu do mar e a besta que subiu da composição de outros animais,o leao,o urso
terra(Ap 13:1-18). eo leopardo, descritos em Daniel 7, porque
O quadro aqui é de uma trindade: o dra incorpora aspectos dos inimigos do povo de
gão, a besta que subiu do mar e a besta Deus,em todos os tempos.
112/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

Apocalipse 13 oferece outros detalhes berada como uma contrafação à Trinda- \


da semelhança entre a segunda pessoa da de verdadeira. Ainda em Apocalipse 13:13
trindade contrafeita,e a segunda pessoa da lemos desta besta que surgiu da terra:
verdadeira Trindade. Ela também sofre “Também opera grandes sinais, de manei
uma ferida mortal, da qual é restaurada. ra que até fogo do céu faz descer à terra,
Assim,ela também reencena a morte e res diante dos homens.” Foi o Espírito Santo
surreição de Jesus.Seu poder,ou “ministé quem trouxe fogo do Céu à terra, ungindo
rio”,em contrafação ao ministério de Cris os discípulos no Pentecostes(At 2). O que
to,à semelhança da segunda pessoa da ver vemos aqui, não é apenas uma contrafa
dadeira Trindade, teve também uma dura ção do Espírito Santo, mas uma
ção de “três anos e meio”, ou 1260 anos, reencenação do próprio Pentecostes.
ou ainda 42 meses proféticos(v. 5). O sim
bolismo bíblico não podería ser mais explí Os textos indicados neste p>equeno su
mário sugerem que haverá no final uma !
cito. O que vemos aqui é uma contrafação
de Cristo, descrita não apenas em termos megaobra de contrafação e engano, que
da posição de Jesus dentro da Trindade, envergonha nossas idéias paroquiais sobre |
como a“imagem do Pai”, mas também em o que está para sobrevir ao mundo. O ver- ;
termos da duração do seu ministério,de sua so 14 acrescenta palavras descritivas des
morte e ressurreição. se poder que simula o Espírito Santo:
E engana os que habitam na terra com sinais
Se o dragão é a contrafação de Deus,
que lhe foi permitido que fizes.se em presença da
o Pai, e se a besta que sobe do mar é a
besta,dizendo aos que habitam na terra,que fizes
contrafação de Deus, o Filho, então a se- sem uma imagem à besta que recebera a ferida de
qüência lógica é a de que a besta que su espada e vivia.(...) E foi concedido que dessee^
biu da terra no verso 11 de Apocalipse 13 rito à imagem da besta para que também a imagon
é a contrafação do Espírito Santo. “E vi da besta falasse e fizesse que fossem mortos todos
subir da terra outra besta e tinha dois chi os que não adorassem a imagem da besta.
fres semelhantes aos de um cordeiro e
falava como dragão.” A palavra “cordei Para os adventistas do sétimo dia,com
ro” aparece 29 vezes no Apocalipse, 28 um conhecimento básico do livro do
das quais são referências a Cristo. A ou Apocalipse,enquanto a primeira besta,que
tra referência aparece aqui (Ap 13:11). simula a segunda pessoa da Trindade,tem
Esta besta também é parecida com Cris sido tradicionalmente identificada como a
to. No quarto evangelho,o Espírito Santo Igreja de Roma, a segunda, simulando o
é chamado de Parákletos, o Consolador. Espírito Santo, a terceira pessoa da Trin
Em João 14:16, O Espírito Santo é cha dade bíblica, tem sido interpretada como o
mado de “outro Consolador”. A obra do protestantismo moderno,com sua extraor
Espírito Santo é continuar a obra de Cris dinária ênfase em milagres, prodígios e dom
to na vida dos seus discípulos. No de línguas, precisamente marcas da opera
Apocalipse, esta besta que surge da terra, ção do Espírito Santo e do Pentecostes. O
é semelhante a um cordeiro. “Ela exerce quadro deste grande conflito final é com
todo o poder da primeira besta na sua pre pleto, e ganha cores ainda mais vivas em
sença e faz que a terra e os que nela habi Apocalipse 16:13 a 16:
tam adorem a primeira besta, cuja chaga E vi sair da boca do dragão,da boca da bestae
mortal foi curada”(v. 12). da boca do falso profeta, três espíritos imundos,
semelhantes a rãs, porque eles são espíritos de
Assim,como o Espíríto Santo não fala de
demônios operadores de sinais, e se dirigem aos
si, mas de Cristo(Jo 16:13), esta segunda reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para
besta, a contrafação do Espíríto Santo, pro a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso,
move a primeira besta, age sob o seu po
der e pelos seus interesses. É evidente que Aqui encontramos a mesma contrafação
o dragão, a besta do mar e a besta da ter da trindade do Apocalipse 12 e 13. Os mes
ra juntas são retratadas de maneira deli¬ mos personagens, agora armados com três
o Espírito Santo na escatologia de Ellen G. White /113

espíritos imundos,a contrapartida diabólica lado, vimos que Ellen G White rejeita qual
dos três anjos do Apocalipse 14. Deve-se quer tentativa de comprovação sensorial
lembrar que no Apocalipse 14:6-9, temos o para uma verdade da revelação. Para a voz
relato das três mensagens angélicas. Em profética ao remanescente,o Espírito San
outras palavras, no final, o conflito cósmico to,como a própria Divindade,envolve mis
será uma Trindade contra outra trindade, térios não revelados, e isto não deveria vir
cada uma delas armada com três anjos,cada como surpresa ao estudante humilde e
uma empenhada em sua proclamação final. despreconceituoso das Escrituras.
Cada grupo de anjos tem uma missão que
Além disso, este artigo focalizou al
envolve o mundo todo(Ap 14:6 e 16:14). O
primeiro trio convoca o mundo todo a ado guns aspectos da escatologia de Ellen G
rar ao Deus verdadeiro,o outro reúne multi White,em particular aqueles ligados à sua
dões para o serviço da trindade falsa. compreensão do reavivamento, reforma e
derramamento do Espírito Santo,que bem
O espaço não permite elaboração mais podemos classificar de Pentecostes II,
ampliada do quadro apocalíptico da crise eventos tipificados no Pentecostes regis
dos séculos. Mas as lições são óbvias: como trado no livro de Atos.Em outras palavras,
no caso dos demônios dos dias de Cristo, aquilo que foi testemunhado nas origens do
que nunca falharam em reconhecer sua ver Cristianismo,quando,à semelhança do pró
dadeira identidade, Satanás,como descrito prio ministério de Jesus, a igreja foi ungida
no Apocalipse 13 a 16, reconhece Deus com o Espírito Santo, será duplicado em
como uma Trindade, e é assim que organi escala infmitamente maior, no fechama-
za o seu último ataque para enganar a todo mento da obra do evangelho.Segundo Ellen
0 mundo, se possível “até os escolhidos”, G. White,“é a união do Espírito Santo com
antes do fechamento da porta da graça. O o testemunho humano que haverá de ad
surpreendente é que como os fariseus dos vertir o mundo”.®° Para ela, na proclama
dias de Cristo, que não o reconheceram,os ção do evangelho eterno é o “Espírito San
antitrinitarianos adventistas, ao contrário dos to quem dá autoridade à palavra da verda
próprios demônios, não vêem o ensino cla de”.®* Abrindo e fechando o arco de toda a
ro da Trindade,aquilo que até o inimigo re história cristã,sob a ministração do Espíri
conhece,e busca imitar. Como sabemos,o to Santo, ela observa:
falso existe apenas em contrafação ao ver
Aqueles que creram em Cristo foram selados
dadeiro. Em outras palavras, não existe a
pelo Espírito Santo... Mais foram convertidos por
fasificação daquilo que não existe. Assim, um sermão no dia do Pentecostes do que os que
o falso, a contrafação, apenas dão teste foram convertidos durante todos os anos do mi
munho em favor da existência do verda nistério de Cristo. Poderosamente Deus trabalha
deiro e genuíno. rá quando os homens e mulheres se entregarem
sob o controle do Espírito.

Conclusão
Desta maneira, “na obra que foi reali
Tentamos neste artigo sugerir, de for zada no dia do Pentecostes, podemos ver o
ma abreviada, a amplitude e alcance da que será feito pelo exercício da fé Por
compreensão de Ellen G. White quanto ao tanto,como advertido pela pena profética,
Espírito Santo e à Trindade. Tal complexi não deveria ser uma surpresa a resistência
dade de referências e contextos, por si ao Espírito Santo verificada hoje em dguns
mesma,levanta uma séria advertência aos círculos de pretensos adventistas, pois Ele,
proponentes da noção da “adulteração” dos o_ Espírito Santo, é precisamente o grande
seus escritos quanto a estes tópicos. A pró agente, ministro e mestre na conclusão da
pria forma difusa e assistemática das refe obra do Evangelho.
rências com relação ao Espírito Santo, de
sacredita a falácia de que as citações cla Na visão de Ellen G. White,o Espíri
ras foram “temperadas” pela Igreja e sua to Santo é essencial para a consumação
liderança em período posterior. Por outro da obra da pregação.
114/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

A pregação da Palavra não será de nenhum servaçào da própria simulação e do falso, í


proveito sem a contínua presença e ajuda do Espí porque a contrafação é um testemunho
rito Santo.Este éo único mestre eficaz da verdade eloqüente em favor do verdadeiro.Em ou
divina... A menos que o Espírito Santo impressio tras palavras, a existência do falso clara
ne o coração com a verdade, alma alguma cairá
mente assinala a existência do genuíno.
sobre a Rocha e se despedaçará.^
Podemos crer na existência do verdadei
A voz profética ao povo do advento ex ro dom de profecia no final dos tempos,
trai então uma poderosa lição da manifes porque segundo Jesus, viriam falsos pro
tação do Espírito nos primórdios da Igreja, fetas. Falsos cristos testemunham em fa
com implicações para a finalização de sua vor do verdadeiro Cristo. Não houvesseo
missão no tempo do fim: “Antes de ser es verdadeiro, não haveria o falso! Isto é i
crito um livro do Novo Testamento, antes verdade no reino das coisas práticas da
de ser pregado qualquer sermão depois da vida. Jamais ouviu-se falar de uma cédula
ascensão de Cristo, o Espírito Santo des falsa de quinze reais, simplesmente por- ‘
”84
ceu sobre os apóstolos em oração, O que não existe a verdadeira cédula de ;
resultado,ela indica, veio dos próprios ini quinze reais, mas a cédula falsa de cin- ,
migos: “Enchestes Jerusalém desta vossa qüenta reais testifica da realidade daequi- i
doutrina”(At 5:28). Discutindo então as valente verdadeira. Com a Trindade bíbli- ‘
condições para a manifestação do Espíri ca verificamos o mesmo quadro.
to Santo no fechamento da obra do evan
Curiosamente,contudo,como indicado,
gelho, ela fala da necessidade da entrega
ao mesmo tempo em que o diabo tenta es
da vida à direção e influência do Espírito.
tabelecer uma contrafação travesti da Trin
Contudo, com palavras imersas em uma
aura de tristeza ela conclui: “Mas muitos dade bíblica e sua obra (Ap 14-16), con
fundindo as pessoas, duplicando, precisa
não se submeterão. Querem-se dirigir a si
mente aquilo que nas Escrituras são os ins
mesmos. E por isto não recebem o celes
te dom.”®* trumentos do Espírito Santo: seus sinais e
milagres. Ironicamente, mesmo fazendo
Finalmente, podemos,como indicado, descer “fogo do céu”, símbolo do Pente-
concluir a existência da verdade divina de costes e do dom de línguas, esta mesma
duas formas: Primeiro aceitando suas evi tentativa se converte, para os que querem
dências diretas, disponíveis por meio da ver, num claro testemunho em favor da ver
revelação, ou,em segundo lugar, pela ob- dadeira Trindade e do Espírito Santo.

Referências
vivem na última geração antes que Cristo venha.Os
guardadores do sábado entenderão quando eles fo
'Todo o livro O Grande Conflito, a despeito de rem perseguidos. O dragão deverá fazer guerra con
seus aspectos históricos, converge para temas de tra o remanescente[Ap 12:17], Signs, 75-115, veja
caráter escatológico, no que consiste a ênfase básica Damsteegt, 243. “Os adventistas do sétimo dia”,
do volume. Ellen G White,O Grande Conflito(San observa Ellen G White,“foram escohidos por Deus
to André,SP:Casa Publicadora Brasileira, 1958). como um povo peculiar.... [foram feitos] represen
^ Para uma boa introdução ao tópico, veja P. tantes seus e chamados para serem embaixadoresseus
Gerard Damsteegt Foudations ofthe Seventh-day na derradeira obra de salvação.” Ellen G White,Tes
Adventist Message and Mission(Grand Rapids, MI: temunhos Seletos (Santo André, SP: Casa
William B. Eerdmans Publishing Company, 1977), Publicadora Brasileira,1956), 3: 140. Para os pio
103-292. neiros adventistas, outros motivos escatológicos
’Veja por exemplo,Tiago White,Day Star,June, encontravam cumprimento no remanescente.Tais
1845,17; Ellen G White[Ellen G Harmon], To The como Elias, o profeta do Antigo Testamento,cuja
Remanent Scattered Abroad, 23, Early Writings of missão de restauração, em tempo de apostasia ge
Ellen G White, 32,47;Tiago White,Present Truth, ral deveria encontrar uma missão paralela nos
Julho 1849, 1.Tiago White escreveu, que os adventistas. “Elias teve uma mensagem para o povo
adventistas “devem ser a última igreja; aqueles que do seu tempo, muito semelhante à mensagem do
o Espírito Santo na escatologia de Ellen G. White /115

terceiro anjo, a qual é dirigida à última geração da Carvalho analisadas em Alberto Timm, “Resenha
terra.” Roswell F. Cottrel, “Elijah the Tishbite”. Crítica do Livro ‘A Divindade’”, nesta edição de
Review and Herald, 1 Outubro, 1861. 141. Ellen Parousia.
G White também chamou a atenção para o parale ’Veja Poirier, Ibid.
10
lo entre a missão de João Batista como um Ellen G White,“O dom do Espírito”,em Atos
“reformador”, preparando o caminho para o pri dos Apóstolos, 47-56.
meiro advento, com a missão dos adventistas do '' White,Atos dos Apóstolos,54.A metáfora das
sétimo dia. De João Batista afirma a voz proféti chuvas temporã e serôdia, representado dois distin
ca;“Era ele um representante daqueles que estari tos momentos do derramamento do Espírito Santo
am vivendo nos últimos dias, aos quais Deus con sobre sua Igreja,é extraída do Antigo Testamento.O
fiara sagradas verdades para serem apresentadas livro de Deuteronômio (Dt 11:13-14), introduz o
perante o povo, a fim de preparar o caminho para ano agricultura! da Palestina, dividido em dois seg
0segundo aparecimento de Cristo.” Ellen G White, mentos; o tempo da semeadura,quando a primeira,a
Testemunhos para a Igreja.{Tatuí, SP: Casa chuva temporã, era vital para semente gemunar e
Publicadora Brasileira, 2002), 3:62. Deve-se crescer e, posteriormeente,a vinda da segunda,a chu
obervar que tanto Elias como João Bartista foram va serôdia,que enchia os grãos, preparando-os para
profetas do Espírito. a colheita. A aplicação espiritual destes dois perío
* Para Ellen White,“o Espírito Santo não é limi dos de chuvas, identificados como dom do Espírito
tado a algum século ou era. Cristo declarou que a Santo, é mais tarde encontrado principalmente nos
divina influência do seu Espírito estaria com seus profetas menores(cf. Os 6:3,Zc 10:1). Veja o capí
seguidores até o fim. Desde o dia do Pentecostes até tulo “Early and Latter Rain” George Rice e Neal C.
o presente, o Confortador tem sido enviado a todos Wilson em The Power of the Spirit (Hagerstown,
os que se rendem inteiramente ao Senhor e a seu MD: Review and Herald Publishing Association,
serviço. A todos os que aceitam a Cristo como um Hagerston, 1991),22-29.
12
Salvador pessoal, o Espírito Santo vem como Para detalhada discussão sobre o Paracletos
consolador, santificador, guia e testemunha.” Ellen no evangelhojoanino,veja Amin A.Rodor,‘O Espí-
G White,Atos dos Apóstolos(Santo André,SP:Casa riio-Parâkletos no quarto evangelho”,em Parousia,
Publicdora Brasileira, 1965),49. ano 4, n° 2 (2“ Semestre de 2005), 53-68. Como
5 Ellen G White,em outro contexto, observa que claramente indicado no evangelho segundo João, o
“...o inimigo opera com todas as suas enganadoras Espírito não é o Pai, pois é o Pai quem o envia, e
energias para anular o efeito da profunda operação ninguém envia-se a si mesmo.Oparákletos, por ou
do Espírito de Deus no ser humano.” Ellen G White, tro lado, não é Jesus, pois é Jesus quem roga ao Pai
Mensagens Escolhidas (Santo André, SP: Casa que envie o “outro (allos)parákleto", além do f^o
Publicadora Brasileira, 1966), 1:133. Para Ellen G de que o parâkletos dá testemunho a respeito de
White, estes são os temas do nosso estudo: “Cristo Jesus e relembra o que Ele ensinou.
13
crucificado pelos nossos pecados. Cristo ressuscita White, Atos dos Apóstolos,47.
do dentre os mortos. Cristo nossos intercessor pe ●Mbid, 51.
rante Deus, e intimamente relacionado com estes '5 Ibidem. . .
■6 Friedrich D. Schleiermacher, The Chnstian
asssuntos acha-se a obra do Espírito Santo, o repre
sentante de Cristo, enviado com poder divino e dons Faith (T & T Clark, Edinburgh, 1889), 144.
para os homens"(Ellen G White, Carta 86, 1895, Ibid., 529. Para Schleiermarcher, o ponto d
citada em Evangelismo [Santo André, SP: Casa partida da dogmática é a auto-consciência do
Publicadora Brasileira, 1959], 187). duo (p. 501). Adogmática, em outraspalavras. éum
* Legacy of Light, CD-ROM (Silver Spring, exame e articulação na esfera da vida intenor, P
Maryland:The White Estate Inc.). De fato, para Ellen dade cristã (Ibid., 428, 485). Neste
G White,“a operação do Espírito Santo”, ao lado da do, como reconhecido pelo próprio ♦
encarnação de Cristo, sua divindade,seu sacrifício e Schleiermacher, foi absolutamente coerente com o
intercessão no Céu,são temas vitais do Cristianismo, seu sistema; Veja K. Baith, Theology o
“revelados desde o Gênesis até o Apocalipse”. Ellen (Londres: SCM, 1962), 181.
18
G White, Fundamentos da Educação Cristã (Tatuí, White, Atos dos Apóstolos, 51.
SP:Casa Publicadora Brasileira, 1996),385. Ibid., 52
’Veja nesta edição de Parousia Tim Poirier,“As “ Ibidem. , .
21
declarações trinitarianas de Ellen G White: o que Ela Este charlatanismo na área da teologia, se^
realmente escreveu?” Com evidências além da dúvi inaceitável em qualquer outra ciência. E aqui cabe
da razoável, Poirier desmantela a precária teoria da uma palavra de desmistificação. Os “cunosos em
“adulteração” dos textos cruciais de Ellen G White teologia e seus patétícos defensores, como práüca
quanto ao Espírito Santo. comum
- de seus arremedos, em verdadeiras apologias
8
Veja as sofríveis idéias e argumentos de Jairo da ignorância, tentam desqualificar os teólogos. Como

i
116/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

na célebre fábula da raposa e das uvas, que são carac uma parte du substância do Pai. Ele não podia
terizadas de “verdes”, precisamente por estarem fora também ser sem início, pois isto o faria irmão do
do alcance, estes “aprendizes de feiticeiro” sugerem Pai, não um Filho. Portanto, o Filho foi criado
que 0 estudo de teologia é praticamente desnecessá pelo Pai. Veja também Aloys Grillmeier, Chrisíin
rio, senão até mesmo um obstáculo na busca da ver Christian Traciition (New York, NY: Sheed &
dade. Desta maneira eles buscam eliminar o que de Ward, 1965), 189-192. Assim como tantos ou
veria testar suas barafundas teológicas. E como, tros, Ário. a partir de suas idéias, “decidiu” o que
em geral, os teólogos não fazem uma defesa pró Deus pode ou não ser.
2J
pria, o embuste passa sem ser desafiado. Da mes Veja Gonzalez, Ibid., 133.
2b
ma forma que ninguém precisa ser médico para Para uma discussão sobre os ebionitas, veja
viver com saúde, é evidente que ninguém precisa também Gonzalez, Ibid., 125-128.
27
ser teólogo para conhecer a vontade de Deus para Veja Justo L. Gonzalez e Zaida M. Pérez,
a salvação. Contudo, como para praticar a medici Introdução à Teologia Cristã(Santo André,SP:Edi
na é necessário treino formal em anatomia, biolo tora Academia Cristã Ltda. 2006), 18 e 19.
28
White, Atos dos Apóstolos ,52.
gia, patologias, e uma infinidade de áreas correlatas;
Ibidem.
da mesma forma, para se discutir teologia como
^ Ibid., 52 e 53.
uma ciência, é necessário mais que mero entusias
Ibid., 53.
mo. É certo que, muitas vezes, os teólogos são
Ibid., 55.
responsáveis pela fama que ganharam, de discuti
”Ibidem.
rem abstrações. Mas, a resposta à má teologia,
”Ibid., 56.
não é a não-teologia, ou abrir-se as portas para
”Ibid., 39. Para Ellen G White,“a aparência de
charlatães despreparados, discutirem o que não
fogo significa o zêlo fervente com que os apóstolos
entendem e chegarem a conclusões estapafúrdias.
trabalhariam, e o poder que assistiría sua obra”. Ibid.
O pior é que mesmo quando seus erros são clara
Nas Escrituras, o fogo é associado com a presença de
mente indicados, como no caso de Ricardo Nicotra
Deus. Assim, um perfeito símbolo do Espírito Santo,
(veja Alberto Timm, avaliação de Ricardo Nicotra,
“Resenha Critica do Livro Eueo Pai Somos Um, que ilumina,aquece, purifica e transforma.
^ White, Atos dos Apóstolos, 40.
Parousia, ano 4, n" 2 (2“ Semestre de 2005), 69-
” Ibid., 50.
93, eles continuam buscando cortinas de fumaça
3* Ellen G White, Mensagens Escolhiátis (Santo
para “explicar” o que continua sem qualquer ex
André,SP:Casa Publicadora Brasileira, 1966), 1:130.
plicação. Se na medicina, a charlatanice trata de 39 Ibid., 131.
perigos evidentes — e por isto mesmo é que deve Gerhard Pfandl,“A escatologia de Ellen White”
ser seriamente combatida -, em teologia a questão
em O Futuro, Alberto R. Timm, Amin A. Rodor,
é muito mais crucial, por tratar de questões eter
Vanderlei Dorneles, eds. (Engenheiro Coelho, SP:
nas. Teologia é algo muito sério para ser deixado
Unaspress, Centro Universitário Adventista de São
ao critério de curiosos, que se aventuram a divul
Paulo, 2004), 311-326
gar incoerências, barafundas mal elaboradas e in- ●»' Ellen G White, O Grande Conflito, 611
consístentemente defendidas, sob uma capa de fal- Ellen G White, Parábolas de Jesus (Tatuí, SP:
sa piedade, Casa Publiedora Brasileira, 2000), 121.
” Martin Luther, Bondage ofthe Will, Selection Ellen G White, Mensagens Escolhidas, 1:121.
from his Early Wrilings, editado por John Ellen White coloca tal antecipação do despertamente
Dillenberger (Doubleday & Company, New York, da igreja no terreno da revelação especial. “Em vi
NY, 1961), 191. ^ sões da noite, passsaram perante mim representa
23
João Calvino, Institutos da Religião Cnsta,
ções de um grande movimento de reforma entre o
I.iii.3. Para Calvino é totalmente desnecessário preo
povo de Deus... Um espírito de intercessão tal como
cupar-se com o quid (quem é Deus em sua essencia), se manifestou antes do grande dia de Pentecostes...
quando o nosso interesse prático é no qualis (seus
Corações foram convencidos pelo poder do Espíri
atributos). Calvino insiste que Deus nao pode ser to Santo, e manifestava-se um espírito de genuína
conhecido perfeitamente. Embora possamos conhe conversão.” Ellen G White, Testemunhos Para a
cer algo do seu ser, para o homen endurecido, cor
Igreja, (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
rompido por ignorância e malícia, este conhecimento 2006), 9: 126.
será sempre a posteriori, ou sempre posterior reve ^ White, Mensagens Escolhidas, 1: 121.
lação (ibid., I.iv). . j x ● Ibid.; veja também Ellen G White, Testemu
^ Para uma introdução ao pensamento de Ano,
nhos Para a Igreja (Tatuí, SP: Casa Publicadora Bra
vaja Justo L. González, AHisto^ "-(f* igm sileira), 7: 285.
Thoughl (Abingdon Press, Nashville, TO . 1970), <6 White, Serviço Cristão, 42. A mesma idéia é
268-278. Ário iniciava com um monoteismo abso-
reçeúádiemMensagens Escolhidas, 1: 128: “Precisa
luto, da aaordo com o qual o Filho nio podia sar
o Espírito Santo na escatologia de Ellen G. White/ 117

haver um reavivamento e uma reforma sob a além dos ensinos dos profetas e apóstolos quanto
ministração do Espírito Santo.” ao Espírito Santo, ‘‘Cristo mesmo chama a nossa
47
White, Ser\'iço Cristão, 42. atenção para o crescimento do mundo vegetal,como
White, Mettsagens Escolhuias, 1; 121. uma ilustração da operação do seu Espírito no sus
Ibidem. Ela observa;“É chegado o tempo para ter a vida espiritual...” Ela acrescenta; ‘‘õ podêT
que uma reforma completa aconteça. Quando esta vitalizante do Espírito Santo... permeia a alma, re
reforma iniciar, o espírito de oração atuará em cada
nova os motivos e afeições e leva os próprios pen
crente e banirá da Igreja o espírito de discórdia e samentos à obediência da vontade de Deus,capaci
conflito”{Testemunhos Para a Igreja, 8; 251;Ser\>i-
tando o que recebe a produzir os preciosos frutos
ço Cristão, 142).
de obras santas. O Autor desta vida espiritual é
Mensagens Escolhidas, 1: 126.
SI
Ibid., 124. invisível, e o método exato pelo qual é esta vida
S2 repartida e mantida está além da capacidade da filo
White, Testemunhos Para a Igreja, 5; 292;
também 2: 103. sofia humana explicar”( Ibid.).
S8
S3
Ibid., 5: 291 e 2: 103. Em outro contexto White, Atos dos Apóstolos, 54, 55; cf. Joel
2:28,29.
White observa:‘‘Quando o poder de Deus testifica 59
Para uma valiosa discussão sobre a pessoa e
daquilo que é a verdade,essa verdade deve perma-
ações do Espírito Santo no Pentecostes, veja F.F.
necer para sempre como a verdade. Não devem ser
Bruce, The New International Commentary on the
agasalhadas nenhumas suposições posteriores con
New Testament: The Book oftheActs(Grand Rapids,
trárias ao esclarecimento que Deus proporcionou
Ml:William Eerdmans Publishing Companhy,1980),
Surgirão homens com interpretações das Escritu
28-94; veja ainda Hendrikus Berkhof, The Doctrine
ras que para eles são verdade, mas que não são de
ofthe Holy Espirit (Atlanta, GA:John Knox Press,
Deus. Deu-nos Deus a verdade para este tempo 1977), 30-65.
como um fundamento para nossa fé. Ele próprio
nos ensinou o que é a verdade. Aparecerá um e Como em geral observado,as nações aqui des
ainda outro com a nova iluminação que contradiz critas, sugerem a presença em Jerusalém de repre
sentantes dos quatro pontos cardeais, um símlw o
aquela que foi dada por Deus sob a demonstração
de Seu Santo Espírito.” White, Mensagens Esco- da amplitude do avanço e alcance do Evangelho(F.F.
Ihidas, 1: 161. Bruce,ibid.,56-64).
61
^ White, Testemunhos Para a Igreja, 5: 291. White, Atos dos Apóstolos, 54,55.
55 62
Michel Green, I Believe in White, Primeiros Escritos(Tatuí,SP.2W3), ●
63
Ellen G. White, Seventh-day Adventm
977{”58 Eerdmans Publishing Commentary(Hagerstown,MD.,Review and
^ Ibid., 59. Publishing Association, 1980),7:984.
57 64
White, O Grande Conflito, 611.
O Espmto Santo no livro de Atos representa 65
White,/Ko,<ioj/lp<íaote,50.
um dos mais fortes obstáculos às idéias 66
Ellen G White, Evmsdismo,701. vw
antitrinitarianas. Além de suas manifestaçBes nos bém Testemunhos Para a Igreja, (Tatuí, SF.-t-w**
capítulos iniciais, em Atos 5:3-4, num paralelismo também iSer-
Publicadora Brasileira,2006),8:20; ver
sinônimo direto, o Espirito Santo é Deus Pode se
VIÇO67Cristão, 250. „ ^ris-
tentaro Espírito Santo;"Mentistes ao Espirito San
White, Testemunhos, 8: 20; ServtÇ
to... mentistes a Deus”(At 5:3,4). Pessoas são di- tão, 250.
tas estarem sob sua influência(At 9-17)- Ele ofere 68
Ellen G White, O Desejado
ce consolação (At 9:31); as pessoas recebem õ Nações (Tatuí, SP: Casa Publicadora Bras
Espirito Santo(At 8:17; 10:47); Ele fala(At 8-29V 1995), 396.
Ele arrebata (At 8:39). Em Atos 16:6, o Espírito 69
Ellen G White, Parábolas de Jesus, ●
Santo impede Paulo e seus acompanhantes de 70
Ellen G White, Testemunho para Mmis >
‘‘anunciar a palavra na Ásia”,ou ir para a‘‘Bitínia”(v 508. Em seu Parábolas de Jesus, 121,E ^
7), porque o plano era outro (cf. v. 9-12). Em Atos observa que ‘‘o Espírito aguarda nosso pe
19:2,
_ a,.
ignorância dos discípulos de Éfeso - - quanto recepção.” 598
71
ao Espirito Santo:“Nós nem ainda ouvimos que White, Testemunhos Para Ministros,
haja Espírito Santo ,fortemente sugere sua existên 72
White, Atos dos Apóstolos, 50.
73 (Tatuí,
cia pessoal. Ellen G White comenta a ignorância White, Serviço Cristão . .. SP:.^ Casao
dos cristãos de Éfeso com uma aplicação pertinen Publicadora Brasileira, 2004)252. Inician
te: Há muitos hoje em dia tão ignorantes da obra página 250,Ellen G White dedica todo
do Espírito Santo sobre o coração quanto o eram os de Serviço Cristão, para tratar do Espínto
74
crentes de Éfeso; não há. entretanto, verdade mais Ibid., 253.
75
as Na-
claramente ensinada na Palavra de Deus" {Atos Ellen G White, O Desejado de Todas
dos Apóstolos, 284). Ela passa então a indicar que ções, 396.
118 / PaROUSIA - r SEMESTRE DE 2006

X
íVhíte, Serviço Cristão,254. Nesta mesma pá ” Valiair A. Miranda,"A cristologia dos demô
gina ela oberva que Deus poderosamente pode "ope nios." Em Vo.x Scripturciae, Volume X; Número 1.
rar quando os homens se entregam à direção do seu Dezembro de 2000, 3-18.
80
Espírilo.” Com antecipação profética ela observa; White, em Seventh-day Advenlist Commen-
“Logo ocorrerão mudanças peculiares e rápidas, e o tary, 6: 1053.
81
povo de Deus será revestido do Espírito Santo, de Ibid., 1055.
^ Ibidem.
forma que, com sabedoria celeste, enfrente as emer 83
gências desta épocae neutralize ao máximo possível a Whiie, O Desejado de Todas as Nações,
influência desmoralizadora do mundo. 396.
77 ^ Ibidem.
White, Atos dos Apóstolos, 21.
78 ** Ibidem.
White, O Desejado de Todas as Nações, 61.

/
o ÔMEGA DA apostasia:
À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA
José Carlos Ramos, D.Min.
Professor de Daniel c Apocalipse no Sali. Unasp,Campus Engenheiro Coelho,SP

Resumo: O presente artigo compara a


Introdução
atual apostasia relacionada à rejeição da
doutrina bíblica da Trindade com a grave Em sua trajetória por este mundo,o povo
apostasia ligada ao panteísmo na Igreja de Deus tem enfrentado problemas de
Adventista ocorrida no início do século apostasia, seja o simples ato de abjuração
G- 'Vhite denominou da fé pelos atrativos do “presente século
de alfa . Considerando que a apostasia (2Tm 4:10),ou a conduta mais sutil de aban
“alfa” foi combatida
com firmeza pela dono da verdade por filosofias artifíciosas e
escritora, que anteviu, por revelação divi perversivas, incompatíveis com OS concei
na,que nos últimos dias surgiría um movi
tos bíblicos (Cl 2:8). Isto sempre foi assim.
mento dissidente semelhante, porém mais Nos tempos do Antigo Testamento, Israel
pernicioso - o “Ômega” o autor apre freqüentemente dava as costas às orienta
senta evidências que apontam para a oran- ções divinas e se voltava ao culto pagão-
de probabilidade de o atual processo ^ de
Nessas ocasiões. Deus provia mensageiros
apostasia antitnnitariana ser o cumprimen com advertências, mas eram ignorados pelo
to daquela previsão. Além do paralelo
quanto ao ataque à natureza e personali- povo,ou,então,contraditados por falsos pm-
fetas a quem o povo dava mais atenção(2Cr
dade de Deus, o artigo tambérn enumera
14 características 36:15,16;Jr25:3,4;35:15;44:4,5;5:31;l4’
marcantes, comuns a 13,14,15;23:26-32,36;29:8,9;Ez I3d0).
ambas as apostasias.
Esta situação perdurou até que o desastre
Abstract: This article compares the do cativeiro se tomou inevitável.
Se-
present apostasy related to the rejection Em o Novo Testamento, o próprio
of the biblical doctrine of the Trinity with nhor Jesus preveniu seus seguidores 9*^^
lhe serious .apostasy
. . , tied up to the to ao fascínio do pecado, que se intensin-
pantheistic cnsis in the Adventist Church caria com a passagem do tempo e levan^
in the beginning of last century, which was muitos a abdicarem da fé(Mt 24:12). Ig*^
called by Elien G. White the “alpha” mente os preveniu quanto ao aparecimen
Considering that the “alpha” was strongly to de falsos profetas que enganariam ^
opposed by her, which also anticipated muitos” (v. 11, 24). A esse respeito, Paulo
by divine revelation, that at the time of também foi claro:
end a similar dissident movement would ,nos
Ora,o Espírito afirma expressamente que
arise, but even more malignant - the últimos tempos, alguns apostatarão da fé, porol^
“omega” -,the author presents evidences decerem a espíritos enganadores e a ensinos e
that points out the great probability of the demônios,pela hipocrisia dos que falam mentiras,
current process of anti-Trinitari an e que têm cauterizada a própria consciência(1
apostasy be the fulfülment of that 4:1,2).

prophecy. Besides providing a parallel Mais que isso, ele previu que chegana
regarding to the attacks against the nature o momento em que membros da Igreja re
and personality of God, the article also jeitariam a verdade por fantasias muito ao
presents fourteen striking characteristics gosto deles, não faltando quem os condu
common to both apostasies. zisse nessa direção:
120/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

...haverá tempo em que não suportarão a sã ja, não vai além de criticá-la e combater
doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, sua estrutura, sua liderança e seu mi
segundo as suas próprias cobiças, como que sen nistério; e do mórbido ressentimento de
tindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar eternos frustrados e inconformistas,que
ouvidos à verdade,entregando-se às fábulas(2Tm a tudo questionam e se julgam injus
4:3,4).
tiçados pela maneira como a igreja “os
considera”.
Empenho maligno nos últimos dias O inimigo é astuto no emprego de to
Quanto ao povo de Deus nos últimos das estas e outras situações para provo
dias, a profecia previu que ele também não car desvios na fé que levem à formação
estaria a salvo desses percalços. Muito ao de movimentos colaterais, à simples de
contrário! Apocalipse 12:17 afirma que, fecção, ou mesmo à permanência de dis
sidentes no seio da igreja, para que não
nesse tempo, o dragão irar-se-ia contra a
cessem ali os questionamentos, as críti
mulher (a igreja), e pelejaria contra “os
restantes da sua descendência”, a comu cas, as discórdias, as dúvidas, e as fac
nidade final dos fiéis. Essa ira se manifes ções. Muito criteriosamente, ele se vale
de mentes brilhantes, mas irrequietas (e
ta de duas formas distintas mas conver
como gosta de usar os que reúnem maior
gentes no interesse satânico de se opor a
Deus e à sua obra: a intolerância religi potencial!), que acabam discordando do
parecer da Igreja em questões doutrinári-
osa, que, cedo, se degenera em arbitrari as e administrativas, gerando uma situa
edade, perseguição, e morte; e a contro
ção extrema de franca oposição.
vérsia teológica tendenciosa, geradora
de heresias que deturpam o ensino,
maculam a verdade,confundem os since No CURSO histórico
ros, e desencaminham os incautos e DO POVO DO ADVENTO
despreparados. A perseguição remove da
igreja apenas os de coração dobre e os Desde antes de 1844, quando tudo se
hipócritas, e acaba por resultar em maior encaminhava para o surgimento do re
fervor e fidelidade da parte dos sinceros e manescente que restauraria as verdades
fiéis,fortalecendo,inclusive,o testemunho lançadas por terra pelo poder apóstata
em favor da verdade. No tempo do impé (ver Dn 8:12-14), e muito mais depois
rio romano,os próprios adversários da igre dessa data, o inimigo esteve vigilante e
ja acabavam por reconhecer que o san ativo, contrafazendo, tanto fora como
gue dos mártires era como semente, pro dentro da Igreja, fatos, assuntos e men
duzindo maior número de cristãos. Se as sagens direta ou indiretamente ligados a
sim foi no passado, por que não o seria ela, com o objetivo de obliterar a verda
em nossos dias ou no próximo futuro? de e frustrar os propósitos de Deus. Uma
lista não-exaustiva destas investidas con
Quanto à controvérsia teológica, é
bom lembrarmos que a contestação é útil tra a Igreja, em seu curso histórico, in
quando provinda de bons motivos, tais clui o seguinte:*
como a exaltação do direito, a busca da 1842 - movimento pré-pentecostal,
verdade, etc. ,todavia, deletéria quan- com Philemon Steward liderando a seita
do fruto do fanatismo e zelo sem enten dos tremedores. Ele ia diariamente a um
dimento; da mera especulação; do amor monte onde, segundo o que afirmava, re
à originalidade e ineditismo visando auto- cebia a visita de um anjo que lhe trazia re
projeção; da arrogância intelectual que velações consideradas dom de profecia',
tenta cobrir a superficialidade de conhe
cimento; do orgulho da pseudo-erudição 1844 - movimento migratório dos
que se ostenta com ares de “único de Mórmons de Illinois para o estado de Utah.
tentor da verdade”; de uma falsa orto Nesse ano, deu-se difusão ao Livro de
doxia que, a pretexto de reformar a Igre- Mórmon, publicado em 1830 por Joseph
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA / 121

Smith, na pretensão de espírito de profe razões de sua atitude e alinha argumentos


cia e com valor normativo, para eles, igual contra o pensamento adventista;
ao da Bíblia;
1888 - o legalismo quase rechaça o
1846- movimento da santificação con tema dajustirícação pela fé na Assembléia
sumada. Membros praticavam o magnetis de Minneápolis;
mo; caíam em êxtase, não trabalhavam e
diziam estar preparados para a trasladação; 1893 - Ana Phillips, de Battle Creek,
alega receber visões autênticas, mas,feliz
1848-o espiritismo moderno nasce em
mente,logo se deixou dissuadir por um tes
Hydesville, Nova Iorque, no lar da farmlia temunho de Ellen G White;
Fox,colocando em xeque a verdade bíblica
da imortalidade condicional,e impondo um 1900 - heresia da carne santa adota
sistema totalmente antibíblico de salvação; da por um grupo de Indiana-assumiam o
1850 - movimento dos selados na perfeccionismo de que Cristo,na agonia do
Getsêmani, fora ali revestido de carne
Nova Inglaterra - as pessoas não poderí imaculada,semelhante à de Adão antes da
am pecar ainda que o quisessem;^
queda, e de que o crente deveria buscar a
1853 - começa em Michigan o movi mesma experiência. Partidários da idéia
mento separatista conhecido como Parti criam que a pessoa,uma vezreavivada pelo
do Mensageiros pouco depois se liga à De Espírito Santo, não mais pecaria nem viria
fecção da Era Porvir de Wisconsin; de a morrer. Aqui ricava evidenciado que o
curta duração; perfeccionismo, manifestado desde o prin
cípio, estana sempre perseguindo a Igreja;
1855 - movimento da falsa humilda mais recentemente, Robert D. Brinsmead
de — crentes rastejam como animais, mes- encabeçou o movimento“chamado ao san
mo nas ruas, até a igreja; tuário’*, considerado “uma versão mais re
1858-surge, também em Michigan, o finada da heresia da carne santa”;^
partido dissidente A Esperança de Israel 1902 — o panteísmo do Dr. John
logo desfeito,deixando alguns remanescen Harvey Kellogg, com a adesão de Ellet J.
tes que, em 1866, se uniram ao Partido Waggoner, um dos campeões da justifica
Marion, de lowa,formado por dois admi ção pela fé na Assembléia de Minneápolis,
nistradores da Associação local que se opu alguns médicos e outros pastores. O movi
seram fortemente à organização da Igreja. mento em tomo do assunto começara an
O Partido Marion se tornou conhecido tes de fíndar o século;
como Igreja de Deus (Adventista), um
ramo que, em 1933, deu origem à iRreia 1905 - defecção de Albion Fox
de Deus (Sétimo Dia); Ballenger, contrariando a doutrina do san
tuário celestial conforme sustentada pela
1858 e 1863 — o dom de línguas é ex Igreja, controvérsia que reaparecería mais
plorado extravagantemente no leste dos Es tarde com William W. Fletcher, Louis R.
tados Unidos; Conradi,E. B. Jones, e, mais recentemen
te, Desmond Ford;
1859- Charles Robert Darwin (1809-
1882) propõe a teoria da evolução em 1914-Primeira Grande Guerra,o pro
franco conflito com o pensamento blema na Alemanha- um gmpo se separa
críacionista, colocando em xeque a verda da Igreja, dando origem aos chamados re
de bíblica do sábado; formistas. A Igreja Adventista do Sétimo
Dia é acusada de ser Babilônia, idéia pro
1887- Dudley Marvin Canríght aban
pagada desde 1893 nos Estados Unidos;
dona a Igreja, em desacordo com alguns
dos ensinos dela,incluindo o do santuário. 1916 - Margarida Rowen alega ser a
Em 1889, ele publicou Seventh-day sucessora de Ellen G White(que falecera
Adventism Renounced, onde explica as em 16 de julho de 1915),e cúdiZ.Reforma
^2/ ParouSlA - 1
semestre de 2006

pas—* impôs-se Z ''f


^OH>eni!a^ De

Sautron,
Década de 1980 - Tem início no se\o
do adventismo o movimento antitrinií^^
moderno, fundamentado no pressuposto
'

e^ean^
seus assfi^r"^
O ÕMEGA DA a postasia: À IMAGEAf E SEMEUlAf^C'^ DO AJLJ^A /2^

mais próximos
mais
te uma pessoa viva pode ser o alfa e
ôn^ega, 0 pOTãVó 'xmcviV etiação e seu
em que a Igreja Adventista do Sétimo í^“
apostatou por vir a crer na Trindade, e [ "s-^ítôffivca?. awiais è Mounce. Aifac ^^^^(^conSL-
hebrarco ajyn-
c amando, destarte, um retomo, oomo^^^^ nesta m ^^ventístas, especula-
êam seus partidários, à crença dos direção, bem como
deL!'!'Victo,T Houteff,
metrã ^
ros. Originário dos Estados Unidos, o
^LosAngel es, cria o nat^^ teológicas(tal como
^ast Or, ''iniento, qual onda avassaladora, pr^*
se^ e perLn relação à Cl White não co-
Uma uiente se alastrou por todo O mundo. - : â orr^-
suan^-^^S^edistra'^/*^^'^^ Deus), a ver provaveímeníe, jr^us

é uma listagem nhecia este ''5ôntiula«//à^‘»;'^f


tou para que (
de"d^f'""f ®i“4uicas, desde antes de 1
nuS^®'" para £0 icuitar.e, se possível, obstar O n -j, para, com 0 pruuu incorpora^'’*- a^
pelo
Ca.;„T
144 iTuf ’
local
pretenH snn^*^^r Deus no cumprimento da . ■'*>!?'quão empo em que estamos
terminada até sobrev. do
^●I^Ção nõ ^ Prepará^^inl reu- artim-^ u ^^"^tgtiada por Jesus. Ma^ ^ont tQVé Je Süs nos sentimos da anteriores e as q^uev,^^^^^^p,ego d
'«lina^rd:r^“Céu,mai’'^‘‘=i'ras- Um ^uo inibiram a Igreja* ^ ^ file 5^^‘UestPi provável que tal
pior de todas,
efldo
virnem primórdios segundo termo.
dos to, incorpora hoje milhões rp
cor! "" Ellen G. White Vamos nos o
CO-
E]]p"'íí^ P^uno mundial de evangel»^ leU^ ^tnprego do termo
de pre-
da crise ^ escreveu em 1904 entP Pura se H seguiria ao acerca do Alm J alisP“l°®’ , de his'
"■«rte de H '"‘“^"^r. Ma" que Punteísta ;
íiia'’' w
da analis que tal é o caso, os 20eventos^acmra^del60ano;j^„3ts
T Monte om 195 ocasião .s« ^Po
o povo de Deus. observador doste ii’'. no transcurso ^ „tista, jjssiden'®®
stQsi^^ detidamente o
Nos
passados cinquenta
anos 0
>lista:"o"!r-’le!tr^l25sS:
Pnssou a c vprr, *^utro
feito
as a nós com toda sorte de Ad^
- '®^lo a movi"’^;'"; ver. me^
ex - deram deles.^ apos»®*^ ;
reo ® ^^^Udfica- en<ti ®nibotar-nos o espírito em r^ ao '^●“ostasia
que antt^
nisté!^^ f^alavra - especialmente qu^ àni
!? “ "°n>e 4l'“"“'"ovW °
ê^m dÜr'^ ^bsto no santuário celestial e foi
fonTs°h^“'’‘diano“n“^ * Séu' ÓO primeira e
pelos pura estes últimos dias. como ^ ^ fórmula é usa-
0
"‘rágicoS:,^PccaIíp°^">ovi^^^^'^oO,-„ ‘^Pocalin'^°l^° décimo quarto caP*^ feili*’
corti SSo referência ao Deus ümlivro‘^°"„fo"doutri''fpr‘‘BállenSf;a
quando m ● lo ‘èm feitn^^ ^^"sagens de toda esp^e*^
até ^cò^Prinefn* “0 primeiro e o aopen®J*^905. ^“'‘^outrina ‘‘q"”!" sabe

igüiiis
dia, nrr,, P*^®^^uo sobre os adventistas d ^iP
Porpom!"^^"^” substituir a verdade /í Isaías°4 ° (D8; 22:13), ;::antou
^ atestaHn buscada com ® 48:12. Deus é
os Autor e
u^^rcos n^'° ^‘*agroso do Sen
—S ^ qual íança^'^'- ser Preserv q^®
j ^ nos tornaram
fornaram o que somu
som ’ coisas que se
u igreja ^Ue us cha^^^^ . medH <= conforme D^f % de seu glorioso
a t em ennf ^^und o “ref 'futo. Palavra e o testemun O^nrt^^^rso h1 ó quem conserva o
é diff ^^^‘^uzícíq p ’ ^°^avia r ^®^®rmar” com^ conclama a nos apegarni^
th^ Pia ruuip^ ^*stória nas mãos, con-

S??5?“5ss
ba fé- princípios
autoridade inquestionável- ^^0 > ?''max final, quando baram P.„ aiud“ ;jta d« dra-
(ev P*^r !<; plenamente consu-
ca, r,
O 9^e nada temos a te-
*‘sab^íf continua mais ativo 9'^^.stá A P^cado).
do > 12-17\ pouco tempo nd^ d
0
óo Senhor prev* os N^p 0 5ta sia
Ni ngüém Nid! apocalíptica, ap íilf^
fundia.-
*ais. natureza, que
Ham até fXQ se processam não na
o Cristo e Satanás,
tiiente. e cada vez mais Oh Duxo descolorido e sem
Este lugar
NS do^ncias que tomam te jíier*^ taP ào
P q^e a ohr será levado a ^ 0^.
S^' C ou. na melhor das SO'
tn-
? se torn salvação seja cuir^^Lp' apf^elf''; 0 eP
°^und 0, N te ’4 hu^^^sultado da pretendida sja eP
vL mais fero^ nos
^^^érsia “Agrand^td'
ProporenZ*^ e o mal há de
cad a vez maiores ate '*45'M°.V„'y*
^‘0^. .'^^tnem, ^ „ ..^-
^trn percebemos qne
122/PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

Adventista do Sétimo Dia Rowenita. De Década de 1980 — Tem início no seio


lá para cá,não tem faltado quem assim ale do adventismo o movimento antitrinitário
gue. Mais recentemente, Jeanine Sautron, moderno,fundamentado no pressuposto de
da França,impôs-se,criando o movimento que a Igreja Adventista do Sétimo Dia
do Remanescente, com representação em apostatou por vir a crer na Trindade, e re
várias partes do mundo,inclusive no Bra clamando, destarte, um retomo,como ale
sil; mas o movimento feneceu tão logo a gam seus partidários, à crença dos pionei
“profetisa” veio a falecer; ros. Originário dos Estados Unidos,o mo
vimento, qual onda avassaladora, pratica
1929 - Victor T. Houteff, adventista mente se alastrou por todo o mundo.
de Los Angeles,cria o movimento A Vara
Bem, esta é uma listagem parcial das
do Pastor, especificamente objetivando tentativas satânicas, desde antes de 1844,
uma convocação para a reforma e for
de dificultar, e,se possível, obstar o avanço
mação dos 144 mil. Em 1935, ele e seu do povo de Deus no cumprimento da mis
grupo se transferiram para Waco,Texas, são a ele consignada por Jesus. Mas estas
e criaram, numa fazenda local, o Centro
artimanhas não inibiram a Igreja, que, de
Monte Carmelo, onde pretendiam reu-
um pequeno grupo nos primórdios do mo
nir os 144 mil e prepará-los para a tras- vimento,incorpora hoje milhões empenha
ladação, não para o Céu, mas para a Pa dos num plano mundial de evangelização.
lestina, onde formariam, em reg^e de Ellen G White escreveu em 1904 em plena
teocracia, o novo reino de Davi. Dai co crise panteísta:
ordenariam a conclusão da obra de pre
Somos o povo de Deus,observador dos man
gação do evangelho no mundo para que
damentos. Nos passados cinqüenta anos tem-se
Cristo pudesse retomar. PO*" feito pressão sobre nós com toda sorte de heresi
da morte de Houteff em 1955 reumam- as,a fim de embotar-nos o espírito em relação aos
seem Monte Carmelo apenas 125 segui- ensinos da Palavra — especialmente quanto ao mi
dores. Finalmente, um outro ex- nistério de Cristo no santuário celestial e à mensa
adventista, o texano Vemon gem do Céu para estes últimos dias,como foi dada
passou a se identificar
- como David
. «««vo pelos anjos do décimo quarto capítulo do
Koresh,reorganizou o ntovimento agora Apocalipse. Mensagens de toda espécie e feitio
com o nome Adventistas do Setmo Dia têm feito pressão sobre os adventistas do sétimo
- Ramo Davidiano. O movimento, com dia, pretendendo substituir a verdade que, ponto
forte sabor apocalíptico, prosseguiu at por ponto, tem sido buscada com estudo e oração
e atestada pelo poder milagroso do Senhor. Mas
o trágico desfMho de 19 de abnl de 1993. os marcos que nos tomaram o que somos,devem
quando mais de 90 ‘"XS” ser preservados,e sê-lo-ão,conforme Deus o mos
carbonizadas. Pressionadas por um cer- trou mediante sua Palavra e o testemunho de seu
co Dolicial Que já durava vinte dias. Ue Espírito. Ele nos conclama a nos apegarmos firme
fatròuanrpessoas
laio, quanau y se lançam numa
chamou, mente,com a mão da fé, aos princípios fundamen
tais baseados em autoridade inquestionável.^
obra para a f ^sam “reformar”
mas imaginam que P^ Deus O inimigo continua mais ativo que nun
a
a Igreja, continuará a conduzir,
tem conduzido e conimu ca, “sabendo que pouco tempo lhe resta”
é difícil prever até onde o inimigo as le (Ap 12:17). A serva do Senhor previu que
vará e oue triste fim as aguarda. E o pior movimentos desta natureza, que denotam
dMuL o conflito entre Cristo e Satanás,continua
ue luoo é^e
eq o nome “adventistas
w uara do
ser veiculado riam até o fim, e cada vez mais intensa
sétimo dia es ^^ticiários mundiais, mente. “Este conflito será levado a efeito
negativamente nos nuu^
Tudo muito triste! até que a obra de salvação seja cumprida.
E ele se tomará cada vez mais feroz con
Ninguém se engane;o inimigo é astuto, forme o fim se aproxima.”^ “A grande con
e o “fete puder fazer para denegrir a trovérsia entre o bem e o mal há de assu
imagem dò povo de Deus diante do mundo, mir proporções cada vez maiores até o seu
ele fará;
o ÔMEGA DA apostasia: k IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA / 123

final desenlace.”* E quanto mais próximos te uma pessoa viva pode ser o alfa e
do fim,“os enganos de Satanás serão mais ômega, o ponto inicial da criação e seu
sutis,seus assaltos mais decididos”.^ descanso final.”’Como afirma R. H.
Uma das estratégias satânicas atuais é Mounce, “Alfa e Ômega representam o
fomentar, entre os adventistas, especula hebraico Aleph - Tau, que foram consi
ções nesta ou naquela direção, bem como deradas não simplesmente como a pri
prosseguir com controvérsias teológicas(tal meira e a última letra do alfabeto, mas
como se nota presentemente em relação à como incluindo todas as demais.”’®
natureza e personalidade de Deus), a ver
se consegue distrai-los do cumprimento de Provavelmente,Ellen G White não co
sua principal tarefa: a pregação da tríplice nhecia este pormenor, mas Deus a orien
mensagem angélica.® tou para que usasse a fórmula alfa e ômega
A julgar pelo tempo em que estamos para, com o primeiro termo, distinguir de
vivendo,e quão próximos nos sentimos da terminada apostasia que incorporasse as
volta de Jesus, é muito provável que tal anteriores e as que viriam, até sobrevir a
controvérsia esteja ocorrendo em cumpri pior de todas, referida com o emprego do
segundo termo.
mento da apostasia que Ellen G. White
identificou com o emprego do termo Vamos
imaginar desconhecendo
ômeg^ e que, segundo ela, seguiria ao n G. White,bem como o que ela disse
Mas para se deduzir que tal é o caso ^21 apostasia. Observando
precisamos analisar mais detidamen^ eo
alfu da apostasia. s eventos acima alistados, ocorridos
160 anos de his-
O ALFA DA APOSTASIA dprn ^ ^ Adventista,vários dos quais
f» o X a movimentos dissidentes
e apóstatas, qual deles,
.a nosso ver, mere-
são as letras primeira e cena o '
ultima do alfabeto grego. A fórmuU é uL Talvez cpíteto de “alfa da apostasia”?
Ii5,^ ^ ^ontássemos o de 1887, a rebe-
da no Apocalipse em referência ao Deus
verdadeiro como sendo “o primetro e o um liv^cT*^ ^unright, afinal ele escreveu
ao contendo duras críticas à Igreja e
ultimo,o princípio e o fim”(i-g- 22-
P®*\^^mento doutrinário desta. Podería
um eco de Isaías 44:6 e 48-12’ nt'. x
tanto Razão como Propisuf^Tr ^ leva«f® quando o Pr. Ballenger se
^ doutrina distintiva da
Consumador de todas as coUas “ú/se " greja, o santuário celestial. Quem sabe
cumprent na efetivação de seu glorioso a
fno 1914, que abriu espaço pam
plano redentor. Ele é quem coÃervH iK mformista que conhecemos? Me-
mteiro curso da história nas mãos, con mor seria, talvez,o de 1916,quando ouíra
duz.ndo-a rumo ao clímax final, qiandõ acção reformista surgiu, com a diferen
seu plano aparecerá plenament^Tonsu. ça de que os cabeças do movimento aca
mado. E por isso que nada temos a te baram presos, acusados de assassinato.
mer (exceto o pecado). Nesse caso, ainda mais provável seria o
movimento reformista de David Koresh,
À luz da profecia apocalÍDtica os
que acabou em tragédia.
eventos da História se processam não na
qualidade de um fluxo descolorido e sem Nenhum desses, todavia,se enquadra
ria na apostasia que a serva dp Senhor
vida de circunstâncias que tomam lugar
denominou “alfa”.Algo mais atraente,faS"
por obra do acaso, ou, na melhor das hi cinante,sedutor, mais sutil(portanto,mais
póteses, em resultado da pretendida so-
temerário e ameaçador),e,ópiordetúdC|
berania humana nos assuntos do mundo apresentando-se cpm ares de “nova lu^”»
Antes de tudo, refletem “a vida de ho- foi por ela indicado como sêndo esse tipo
mens e
nações vistas à luz daquele que é de apostasia: o envolvimento dõ ©i'* ^^hn
a luz de cada homem, e a vida de toda a Harvey Kellogg,então líder de nOssa phfa
história; e assim percebemos que somen- médica, com o panteísmo.

X
124/PaROUSÍA - 1° SEMESTRE DE 2006

Por que o eiro do Dr. Kellogg foi tão ção: a de que ele agia em favor dos sóli
sério? No que consistiu a gravidade de sua dos princípios de saúde.
nova posição? Em que aspecto a defec Ellen G. White nunca se deixou levar
ção do Dr. Kellogg foi tão ameaçadora aos por suas pretensões. Por meio de trabalho
ideais da Igreja, que ensejou a perspecti pessoal, incluindo várias cartas a ele envi
va de uma apostasia futura paralela, que adas, tentou persuadi-lo do perigo de suas
ela chamou de “ômega”, e a fez tremer novas idéias, mas em vão. Foi desligado
por nosso povo?'^ da comunhão da igreja em 10 de novem
bro de 1907.
Dados históricos
Implicações teológicas
O alfa da apostasia envolveu, natural
mente, assuntos de ordem administrativa, Assim colocados, não seria difícil infe
mas foi especialmente no campo do pen rir as implicações destes conceitos para a
samento teológico que ele se tomou mais mensagem do evangelho. Se a vida do ho
preocupante. Os conceitos panteístas, mem é a própria essência de Deus nele,
propugnados por Kellogg(quejá vinha dan então tudo o que ele tem que fazer é pro
do sinais de tendências para o esoíe- curar a salvação em si mesmo. As verda
rísmo*^) despojavam Deus de sua perso des ligadas diretamente a Jesus e sua obra,
nalidade e o reduziam a simples energia que tais como encarnação, expiação, ministé
a tudo penetra; Deus se fazia presente em rio no santuário celestial, segunda vinda,
todas as coisas no universo e era a garan etc, são simplesmente uma farsa, porque,
tia da existência e permanência delas. Para afinal, o próprio pecado e o estado peca
ele, ã vida era a própria essência de Deus, minoso do homem são também uma far
“não simplesmente as manifestações do sa. A Bíblia afirma que o pecado faz se
seu poder, mas sua presença real.”*'* As paração entre Deus e o pecador (Is 59:2);
sim,qualquer ser vivo carregava Deus den mas, para o panteísmo, esta separação
tro de si. não existe, porque Deus está dentro do
próprio homem. Jesus, então, teria vindo
Estes conceitos foram mais ampla para salvá-lo do quê? De fato, a apostasia
mente divulgados com a publicação, em encabeçada por Kellogg não era mais uma
1903, de The Living Temple, obra prin entre outras; era uma que englobava as
cipal de Kellogg sobre suas idéias demais, pois conspirava contra a fé cristã
serviu
panteístas. O “templo vivo”, que no seu todo. “As teorias espiritualistas
de título ao livro, é o corpo humano, e é acerca da personalidade de Deus, leva
vivo porque Deus está nele a partir de das à sua conclusão lógica, derribam toda
uma simples célula. As colocações desta a ordem cristã.” Enquanto as outras
obra provocaram, naturalmente, grande apostasias haviam se voltado contra insti
agitação entre os líderes adventistas,tanto tuições de Deus (como, por exemplo, o
positivamente, levando alguns a saudá- santuário), essa era uma apostasia que se
las com entusiasmo e a acatarem-nas voltara contra o Deus das instituições, e,
como nova luz, quanto negativamente, portanto, envolvia a ambos.
fazendo com que outros reagissem des
favoravelmente. Isto induziu Kellogg,não É interessante notar como teólogos não-
muito tempo depois, a fazer uma revisão adventistas, de linha conservadora, reagi
de sua obra e alterar parte do seu con- ram ao panteísmo e suas implicações. Para
tentativa de torná-la mais o panteísta, afirma D. S. Clark, “Deus é
teúdo, numa ,, ^
aceitável. O novo título, The Miracle of tudo e tudo é Deus... O universo é Deus e
Life seria novamente mudado em 1907 Deus é o universo, e o homem é a mais
elevada forma existencial de Deus. Não
para’ Life Ils Mysieries and Miracles
- a Manual of Health Principies^ Com existe Deus pessoal à parte da personali
”16
dade do homem... Mas “se Deus é tudo.
isso Kellogg tornava efetivo e definitivo
então todo o mal do mundo faz parte de
o que desdf o início tinha sido sua alega-

-> A
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA /125

Deus,tanto quanto o bem;e como todas as um todo,todos os seres e toda a existência é[sic]
coisas surgem por uma lei de necessidade, Deus.“
o mal é uma necessidade. Isto faz desapa
recer toda a distinção entre o bem e o mal Segundo esses autores, para o
e destrói toda a moralidade do mundo.”'^ panteísmo “a redenção tem muito mais a
Além disso, o panteísmo “faz a personali ver com os atos éticos dos homens,em sua
dade proceder do que é impessoal. Se a natureza e em suas expressões.”^ Em ou
personalidade é uma virtude ou vantagem tras palavras, a redenção depende do pró
preeminente, então o Deus do panteísmo, prio homem, pois não passa de mera con
do qual procedem todas as coisas, é inferi secução humana. Assim o panteísmo co
or aos seres conscientes e sensíveis deste meça por aviltar a Deus e termina por dig
mundo.”'® E “se Deus é impessoal, não nificar o homem.
podemos amar nem orar a tal Deus, e a
religião se toma uma irrealidade.” Assim Não foi, portanto, por mero acaso que
“o ser absoluto do panteísmo não é absolu Ellen G White classificou a heresia susten
to de modo algum, porque é deficiente no tada por Kellogg como o alfa da apostasia,o
que concerne à personalidade”.'’ que requereu dela uma firme tomada de
posição para combater e rebater o mal. E
Para A. H. Strong, “panteísmo é esse
da forma como ela a repeliu podemos de
método de pensamento que concebe o uni tectar suas próprias características.
verso como o desenvolvimento de uma
substância inteligente e voluntária, ainda
Catorze características
que impessoal, a qual alcança consciência
apenas no homem.O panteísmo, portanto, A situação criada entre os adventistas
identifica Deus, não com cada objeto no com a crise panteísta no apagar das luzes
universo, mas com a totalidade das coi do século 19 e início do 20ensejou uma das
sas”.^® De acordo com esse autor, a “filo mais solenes advertências do Espírito de
sofia panteísta deveria adorar Satanás aci Profecia.Elas estão especialmente contias
ma de tudo”, em vista de seu intelecto e num documento intitulado Testimoniesfor
força.2' Isto me leva a concluir que, se the Church Containing Letters to
gundo o panteísmo. Satanás, vivo, pessoal Physicians and Ministers (médicos e p^*
e inteligente como é, deve também conter tores foram os mais contagiados com a he
a presença de Deus.
resia, com destaque para os primeiros),^
Para L. Berkhof, o panteísmo ferido como Special TestimonieSj ’
« j , sustenta n® 2. Parte desse material foi
que o ser de Deus e realmente a substân
cia de todas as coisas”.22 Esse fato cons em Mensagens Escolhidas^ l:193-z ●
Outras advertências foram registradas n
pira contra a santidade de Deus, pois o tor
oitavo volume dos Testemunhos
na “responsável por tudo o que acontece
Igreja e em A Ciência do Bom Viver,
no mundo, tanto para o mal quanto para o
bem”,e estabelece que a responsabilidade meio de suas ponderações,podemos elaoo-
rar o perfil da heresia:
moral do homem “é fruto da imaginação,e
a oração e a adoração religiosa não pas- (01) Heresia letal-“No livro [The]
sam de superstição.”^^ Living Temple acha-se apresentado o alta
de heresias letais.”^ Por que letal? Porque
Beckwith observa que “todo panteísmo
os “que continuarem a manter essas teonas
é monismo [isto é, oposto ao pensamento
espiritualistas hão de,sem dúvida,compro
trinitário]”,embora“monismo envolva mais
meter sua experiência cristã, cortar ^
que panteísmo.”^''Champlin e Bentes con-
ção com Deus e perder a vida eterna .
firmam esse detalhe dizendo que
(02) Mistura do falso com o ver
o panteísmo é uma espécie de monismo, que dadeiro - Advertiu a sra. White:
identifica a mente e a matéria, e que pensa que a
unidade é divina. E assim o finito e o infinito tor Apartai-vos da influência exercida pelo livro
nam-se uma e a mesma coisa... Concebidos como [Thé\ Living Temple\ pojs encerra ensinamentos
126/PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

I
especiosos. Há nele opiniões inteiramente verda com aparência de piedade. Esta outra pre
29
deiras, mas estas se acham mescladas de erro. tensão, todavia, foi igualmente denunciada
pelo Espírito de Profecia:
0 próprio Satanás foi educado nas cortes
celestiais, e tem conhecimento do bem da mesma O pensamento mais triste de todos é o de que,
sob a sua[de Satanás]influência,os homens teião
maneira que do mal. Mistura o precioso com o vil,
30 uma forma de piedade,sem ter verdadeira ligação
e é isso que o habilita a enganar. com Deus. 35

(03) Alegação de ser uma grande


VERDADE-Ellen G White denunciou a pre Como já visto, a heresia estava sendo
considerada uma nova luz que pretendia
tensão do engano panteísta nos seguintes confirmar o que o Deus, por meio dos teste
termos: munhos,revelara.
Ensinamentos que estão desviando as pessoas
(06) Conceito sobre Deus à luz da
da verdade vêm sendo apresentados como de gran
de valor... Muitos fatos serão apresentados que RAZÃO humana — O alfa da apostasia pre
parecerão verdadeiros, e, contudo, terão que ser teriu a revelação divina pela lógica da
ponderados cuidadosamente, com rnuita oração; racionalidade humana.Em uma de suas car
pois podem ser sutis artifícios do inimigo.^' tas pessoais endereçadas a Kellogg, no
empenho de ajudá-lo a ver o engano e o
Há muitos que... trarão suas imperfeições para perigo em que estava se envolvendo,ela o
dentK)da igreja, e negarão a fé. adotando teonas advertiu:
estranhas, que ptomovetão como se fossem ver-
Você tem seguido o inimigo passo a passo exa
dades.^^
minando mistérios muito altos e santos para a sua
compreensão. Então, em seu ensino,o Santo tem
>
(04)Aparente apoio da Bíblia e do sido rebaixado às idéias cienrificas e espiritualfsticas i
36
Espírito de Profecia - E claro que os do homem.
proponentes da heresia '' i

ante da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Mais ou menos na mesma ocasião,ela


® na como de grande valor, te-
sustentarem- apelou aos obreiros em geral:
nam que se valer da Bíblia e dos escritos Rogo aos que estão trabalhando para Deusqt»
de Ellen G White; procuj^^a^m o não aceitem o espúrio em lugar do genuíno. Não
apoio dos escritos inspirados. Q permitam que a razão humana seja posta onde de
isso, Ellen G White declarou: veria estar a verdade divina e santificadora.”

Os textos sso tírados de seu contexto, e usa-


PTTÔncBS.*- Atrsvés dc Ela também lembrou à Igreja que
dm para susteni^^,ssagens da Escrimra. Es- a inteligência mais privilegiada pode se esfor
todo o hvro <=«T'“^en^as de modo a faze- çar até o ponto de se perder em conjeturas a res
sas Pode haver nesse
peito da natureza de Deus; mas o esforço será
rem o erro estejam em har-
inútil... Mente humana alguma pode compreender
livro expressões e ®P‘" J ^ pode haver em a Deus.O ser humano fínito não deve tentar inter
monia ^finnações que. tiradas do
pretar a Deus. Ninguém deve alimentar a especu
meus de acordo com o pensa-
lação a respeito da natureza divina. Nesse assun
contexto.e irVin* rempte,dir-se-iam to, o silêncio é eloquência. O Onisciente está aci
mentodoautorde(^lW«« ma de qualquer discussão.”
de acotdo com os d,que as idéi-
pode dar aparente . ^jam em harmonia
as de(The] iívtng “^i,a.po«Sm.que (07)Pressão sobre adventistas dosé
com meus escntos. Deu ^ timo dia — Tal como costuma acontecer
prevaleça esta impressão. com dissidentes no empenho de dissemí-
—Misturan- nar suas idéias, os que defendiam o
panteísmo não se preocupavam em anun
do(05)Ap^ciaDE^
a verdade com pretendendo
ciar a “nova luz” àqueles no mundo neces
sitando de salvação. A pressão para que a
lendo-se da Bíbha ostentou-se heresia fosse aceita era feita sobre mem-
a heresia deu o passo seguuu
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA /127

bros da Igreja. Ellen G White afirmou no se livro... As teorias espiritualistas acerca da per
auge da crise panteísta: sonalidade de Deus levadas à sua conclusão lógica,
derríbam toda a ordem cristã.'*^
Digo a todos:estejam de sobreaviso, pois,como
anjo de luz.Satanás está percorrendo todas as reu
(11)Fator de desagregação
niões de obreiros cristãos,e em cada igreja procura
ganhar para seu lado os membros.’’ Os sentimentos do inimigo estão sendo disse
minados por toda a parte. Sementes de discórdia,
Aqui parece claro que o inimigo se faz de infidelidade, estão sendo amplamente seme
representar por aqueles dissidentes que ins adas... Enquanto as teorias extraviadoras desse li
tam com membros de igreja a que aceitem vro forem entretidas por nossos médicos,não pode
suas opiniões. Ela disse ainda: haver união entre eles e os ministros que estão
levando a mensagem evangélica. Não deve haver
Estão atualmente penetrando as instituições união enquanto não houver mudança. Quando os
educativas e as igrejas por toda parte, ensinos missionários médicos fizerem sua prática e seu
espiritualistas que minam a fé em Deus e em sua exemplo se harmonizarem com o nome que levam,
Palavra.^
quando sentirem a necessidade de se unirem firme
44 mente com os ministros do evangelho, então po
«46
Ensinos espiritualistas eram os con- derá haver ação harmônica.
ceitos panteistas da Divindade, conforme
esposados por Kellogg (ver característica (12)“Amor espiritual não santifi-
10 abaixo). CADO

(08)Uma agressão à personalidade Vi as consequências desses fantasiosos pontos


DE Deus de vista acerca de Deus,na apostasia,espiritualismo
e amor livre. A tendência para o amor livre, que
Ele[o livro The Living Temple]introduz aqui esses ensinos encenam,estava tão disfarçada que,a
lo que não passa de especulação acerca da perso princípio, era difícil tomar claro o seu verdadeiro
nalidade de Deus e do lugar de sua presença... As caráter.*’ Até que o Senhor mo apresentou,eu não
afirmações feitas em [The] Living Temple acerca sabia como denominá-lo,masfui instruída achamá-
desse ponto são incorretas...*' lo amor espiritual não-santificado.*^
A força potente que atua por meio de toda a
natureza e sustenta todas as coisas não é, como Provavelmente a instrução divina aqui
teve a ver com o fervor, o entusiasmo, a
alguns cientistas descrevem,simplesmente um prin
cípio dominante,uma energia impulsionante.Deus devoção, o interesse como os correligio
é espírito; não obstante é um Ser pessoal...*’ nários do panteísmo propugnavam a he
resia,'’’ bem como os sentimentos carnais
50
(09)Uma representaçãofalsa de Deus que a heresia pode alimentar.
E,portanto, uma desonra para Ele
(13) Teoria em total dissonância
A teoria de que Deus é uma essência que pene COM os ENSINOS DE Cristo - Para Ellen
tra toda a natureza é aceita por muitos que profes G White, a revelação de Deus em Cristo
sam crer nas Escrituras; mas,se bem que revestida era “a última palavra”, o fator decisivo, a
de belas roupagens,esta teoria é perigosíssimo en- norma para qualquer crença ou concepção.
gano. Ela representa falsamente a Deus e é uma
desonra para sua grandeza e majestade.** Cristo veio revelar aos seres humanos o que
Deus quer que saibam.*'Cristo falou com autori
dade. Toda a verdade essencial ao conhecimento
(10)“EspiRmzAÇÃo” DE Deus
das pessoas proclamou Ele com a indubitável cer
Já se estão infiltrando entre nosso povo ensi teza do conhecimento.Nada proferiu defantasioso
nos espiritistas, que enfraquecerão a fé dos que ou sentimentalista. Não apresentou sofismas,nem
lhes derem ouvidos.** opiniões humanas.Nada de contos vazios,nenhu
ma falsa teoria revestida de linguagem bonita bro
Médicos, tendes vós estado a fazer a obra do tou de seus lábios.*’
Mestre escutando fantasiosas interpretações
espiritualistas das Escrituras, interpretações que O panteísmo deveria ser sumariamente
minam os fundamentos de nossa fé,ficando quie rejeitado porquejamais o mínimo vestígio
tos?... Não precisamos do misticismo que há nes- dele se fez presente no ensino de Jesus.
128/PaROUSIA - 1°SEMESTRE DE 2006

Podemos com segurança rejeitar as idéias que panteísmo e dualismo. Pois a distinção absoluta
não se encontram em seus ensinos... Não apresen entre a essência divina e o mundo é mais segurae
tem teorias ou provas que Cristo nunca mencio firmemente mantida por aqueles que adoram a Trin
53
nou e que não têm fundamento na Bíblia. dade, do que por aqueles que não o fazem. É pre
cisamente aqueles sistemas de monoteísmo que,
(14)Inspiração pelo diabo no mais alto grau,tem excluído a doutrina da Trin
dade, e se orgulham por conta disto — o [pseudo]
Idéias brilhantes, cintilantes, muitas vezes re- judaísmo e maometanismo como exemplos-que
lampejam de uma mente que se acha influenciada têm levado ao mais deplorável panteísmo,em vis
pelo grande enganador. Os que escutam e aquies- ta de sua esterilidade e vacuidade.^''
cem ficarão encantados,como ficou Eva pelas pa
lavras da serpente. Eles não podem dar ouvidos a Isto assim ocorre porque se admitimos
encantadoras especulações filosóficas, e conser- a unicidade da essência divina sem a ne
var ao mesmo tempo clara na mente a palavra do
cessária caracterização das três pessoas,
Deus vivo.^
despojamos Deus de sua personalidade, já
Os que semeiam enganos acerca de Deus e da que uma simples substância é de si mesma
natureza,os que inundam o mundo com ceticismo, impessoal. É o mero ser, vazio, despido, sim
são inspirados pelo inimigo caído, que é também
♦»5S
ples e abstrato. E, portanto, c£uninho aber
estudante da Bíblia... to para o panteísmo.

Naturalmente isto é verdade com res Outros teólogos são do mesmo parecer.
Diz Bloesch:
peito a qualquer ensino falso.
Ignorar a Trindade é terminar ou no deísmo ou
no panteísmo. Pelo primeiro. Deus se toma remo
Razão elementar
to e distante, e, pelo segundo, Ele se torna
indistinguível da alma ou substância do mundo. O
O que teria contribuído para que a Igr®“
verdadeiro Deus não está nem totalmente fora do
ja Adventista do Sétimo Dia se tomasse tão
mundo nem está incorporado no mundo. Ele é um
vulnerável ao panteísmo que uma apostasia
transcendente e vivo Senhor que se encarnou no
tal como aquela ocorrida com Kellogg e os mundo, mas que permanece essencialmente inde
que a ele se uniram, viesse a se tornar uma pendente do mundo.*®
reaüdade? LeRoy Mwin Froom define-o
de maneira bem objetiva: Strong, por sua vez, adverte:
Indubicavelmenle, falta de claro e coeso pen Nem a independência de Deus, nem sua
samento quanto à Divindade em nossas primeiras benditibilidade podem ser mantidas sobre as bases
décadas - as três pessoas da Divindade, e, assiin, da unidade absoluta. O antitrinitarianismo quase
dapemonalidadedo Espírito Sanro- tomou mais necessariamente toma a criação indispensável à
fácLtatemporáriaeperigosad.gressao Havm perfeição de Deus, tende a uma crença na eternida
também confusão concernente ao Espmto Santo, de da matéria, e conduz por fim, como no
com o realce a tais textos como quando Cnsto maometanismo, e no moderno judaísmo e
“assoprou” sobre seus discípulos
56 e disse, recebei unitarianismo, ao panteísmo.*®
o Espírito Santo” (Jo 20:22).
Igualmente Aulén é bem objetivo:
Se a Igreja tivesse estatelecido desde
...as idéias fundamentais que produziram a dou
o princípio o conceito tnnitáno de Deus
trina da Trindade pertencem às mais profundas con
cmo ponto doutrinário defimdo, efeüyo,
vicções da fé cristã... Não é um acidente que a fé
indisputável, seria mais dificil que se abris cristã em Deus é, ao mesmo tempo, fé em Cristo e
se alLm espaço para o panteísmo no seio no Espírito. Nenhuma pode ser eliminada sem des
do a^entisL, pois a creiiça naTnndade truir a fé cristã, desde que o evento de Cristo envol
é, reconhecidamente, o mms poderoso an ve a auto-realização da amorosa vontade de Deus, e
tídoto contra esta heresia. Na época da ex o Espírito revela o imediato e contínuo trabalho de
plosão do panteísmo em solo cristão, Deus. Este triplo ponto de vista expressa, portan
Nitzsch afirmou: to, a significativa e viva revelação do Deus verda
deiro, e, ao mesmo tempo, previne a fé de ser
É a doutrina da Trindade somente que provê
uma perfeita proteção contraoatefsmo.politeísmo. empobrecida por influências deísticas e panteísticas.
E SEMELHANÇA DO ALFA / 129
O ÔMEGA DA apostasia: Â IMAGEM

Uma fé em Deus, que é. ao mesmo tempo, fé em recursos humanamente possíveis tinham


Cristo, nunca pode se tomar panteística; e uma fé sido exauridos^^ sem se chegar a um con
queé,ao mesmo tempo,fé no Espírito não pode se senso sobre determinado ponto,só então o
tomar deística. Todas as assim chamadas interpre Espírito de Deus atuava mais diretamente
tações unitananas tendem inevitavelmente a se tor-
nar panteísticas ou deísticas e empobrecem o con- para conduzir o grupo à harmonia.“Algu-
teúdo e vivacidade da fé em Deus“ mas vezes passávamos a noite toda em
solene investigação das Escrituras,para que
Finalmente Kim: pudéssemos compreender a verdade para
o nosso tempo. Em algumas ocasiões o
A doutrina [da Trindade] é uma salvaguarda
Espírito de Deus descia sobre mim,e por
contra as falsas representações deísticas da divina
transcendência... Contra o panteísmo, a mais se
ções difíceis eram esclarecidas pelo modo
gura arma é a concepção ética esirilamente pesso- indicado por Deus, e havia então perfeita
«63
al, da vontade amorosa de Deus...*‘ harmonia.
Quando determinado assunto ficava de
Motivos Divinos finitivamente assentado como verdade bíbli
ca,Ellen G White era eventualmente movi
Se Ellen G. White desde o princípio foi da pelo Espírito Santo no sentido de
usada por Deus como sua mensageira en confirmá-la e exortar a Igreja ao cumpri
ao por que Ele não a moveu, ainda nos mento da mesma. Seu papel, portanto, era,
pnmordios do movimento, para que instas nesse aspecto, mais subordinado ao consen
se com a l^eja no sentido de incluir a dou- so em tomo da Palavra, ao qual se chegava
como um de seus artigos como fruto de acurado estudo. Igualmente,
de fe. Nao faria isso com que teorias quando ocorriam distorções®^ que punham
panteistas nunca se manifestassem no seio em risco a unidade da fé,como no caso dos
do adventismo?
desvios heréticos que foram surgindo, sua
voz de advertência se fazia ouvir.
Em primeiro lugar, devemos observar
que nao é um corpo doutrinário devidí Tudo isto não significa, todavia, que
uma vez estabelecidos esses marcos
Sst"açá0 de mn‘““° que impede a mal
testaçao de movimentos heréticos no seio incipientes da fé, nenhuma verdade mais
da Igreja. Fosse isso verdade e não seria havería que pudesse se tomar evidente.
mos vitimas das dissidências que hoiel Em tempo algum a Igreja pretendeu ter
tão ocorrendo. Divergentes e sep^atir. recebido toda a revelação que Deus tinha
tas sempre houve e sempre haverá A para ela, inclusive sobre a Divindade.Ela
meira e maior dissidência de todas oc<^’ sempre esteve aberta à contingência de
reu num lugar perfeito,com o próprio Deu^ uma nova luz, sempre foi receptiva às in
declarando de viva voz a sua vontade dicações divinas,®® em que pese 0 zelo
Quando alguém resolve divergir da verl com que assume a necessidade de avaliar
dade, não se deixará convencer ainda ouê qualquer nova pretensão. Disse a serva
Deus desça pessoalmente do céu para^di- do Senhor em 1900:
zer que ele está errado.
Ninguém deve chegar à conclusão de que não
Em segundo lugar,devemos lembrar que há mais verdades a serem reveladas.O que busca a
verdade com diligência e oração encontrâiá precio
o corpo doutrinário sustentado pelos
sos raios de luz que ainda hão de brilhar daÍNavra
adventist^ não foi resultante de uma in
de Deus.Ainda se acham dispersas muitas gemas
terferência prévia do Espírito de Profecia. que devem ser reunidas para tomar-se proprieda
Jamais Ellen G White pretendeu ser fonte de do povo remanescente, do povo deDeus.“
primária informativa de verdades bíblicas
para formação do pensamento doutrinário Essa é precisamente a razão porque a
da Igreja. As doutrinas estabelecidas de Igreja nunca estabeleceu um como
início emergiram mediante intenso exame outras entidades religiosas o fizeram,para
das Escrituras secundado porjejum e mui fixar definitivamente o que devemos crer;
ta oração. Quando ocorria que todos os tudo o que temos é uma declaraç^ deféy
130/PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

susceptível de alterações quando Deus pesquisa nos anos iniciais do movimento.A


mostrar serem necessárias. segunda provavelmente por acharem nos
sos pioneiros, vários deles advindos de co
Assim, não é correto afirmar que Deus,
munidades unitarianas, quejá possuíam luz
em pouco tempo, trouxe à consciência da
suficiente sobre a Divindade e que não ca
Igreja recém-surgida toda a verdade que ela
reciam de maior pesquisa nesse assunto;
deveria crer, viver e anunciar; e, certamen
ou então por sentirem que, quanto a esse
te, até hoje não a temos. Os motivos por
tema, havia pontos de divergência e, por
que Deus age desta ou daquela maneira es tanto, não deviam insistir no assunto.®^ A
tão quase sempre acima de nossa capaci
primeira, obviamente, pela ênfase que a
dade de total compreensão, mas hoje, mais
Igreja daria à lei de Deus nas primeiras
de 160 anos depois do grande desaponta
décadas; afinal a terceira mensagem
mento, podemos perceber que Deus prefe
angélica reclamava a reforma do sábado,
riu utilizar circunstâncias que, então, ainda
e, por esta e outras razões, a lei, com justi
viríam a ocorrer, para conduzir a Igreja à
ça, deveria ser exaltada.®®
plena aceitação de duas verdades que, por
esta ou aquela razão,não haviam ainda sido Em outras palavras, antes de 1888 a
plenamente assimiladas: ajustificação pela Igreja adotava uma postura mais repressora
/é,e a doutrina da Trindade, a primeira de e contestadora dos erros doutrinários difun
natureza mais experíenciale praxiológica(isto didos na cristandade. Era perita na argu
é, que tem a ver com a prática ou a condu mentação doutrinária; os adventistas se
ta),e a segunda de natureza mais conceituai. viam como um povo chamado por Deus
para ciosamente reivindicar, diante de um
Isto não significa que a Igreja deva ser mundo em rebelião, o caráter santo da sua
caracterizada como uma entidade apóstata lei, e restaurar as verdadesjogadas porteira
no período em que ainda não possuía uma pela apostasia. Evidentemente nada de er
conceituação mais cabal sobre a Divinda rado havia nesta postura, exceto que, em
de, não tendo a Trindade como um artigo seu zelo e com sua ênfase, ela se tomou
específico de fé. Afinal, se ela não a admi um terreno fértil para o legalismo. Estava
tia explicitamente, tampouco a negava em perdendo de vista o fato de que Jesus é a
sua declaração de fé. Além do mais, razão fundamental de todas as coisas, e o
apostasia se verifica somente quando ocor único meio de salvação. Aquilo que, com
re abandono de uma verdade revelada e Ele, deveria ser uma bênção, estava, sem
previamente aceita. Por exemplo, um ateu Ele, se tornando uma pedra de tropeço.
não é um apóstata pura e simplesmente por Deus, porém, teve misericórdia de seu
ser ateu; pode ser que ele sempre foi ateu, povo, permitindo que os eventos de 1888 e
então não tería se apostatado de nada pelo os que ocorreram em seguida despertas
fato de ser ateu. Mas no momento em que sem-no para a necessidade de uma identi-
lhe foi revelado que o ateísmo é um erro e ílcação mais profunda e significativa com
ele deixou de ser ateu, será um apóstata a mensagem e experiência da justificação
se. renegando sua nova convicção, voltar pela fé. A partir desse tempo, verificou-se
ao ateísmo. A dedução lógica desse fato é um interesse cada vez maior neste sublime
que o atual movimento dissidente que nega tema, e em suas implicações para a fé e a
a Trindade é, este sim, um movimento vida cristã.
apóstata, pois reassume uma posição anti Na verdade, uma postura pré-1888
ga da Igreja, anterior à subseqüente reve como essajamais podería ter-se verificado
lação de Deus a ela mediante as circuns em detrimento da proclamação do método
tâncias envolvidas com os eventos de 1888 I
correto de salvação, mas foi o que infeliz
e com a crise panteísta de Kellogg.A dissi mente aconteceu. Nesse contexto, muitos
dência antitrínitariana é,no mínimo,um re
imaginavam que “o importante,segundo a
trocesso na fé.
lógica,era pregar as verdades peculiarmen
Não haviam ambas as doutrinas, a jus te adventistas, para que as pessoas pudes
tificação pela fé e a Trindade,sido tema de sem converter-se doutrinariamente ao

JL
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA /131

adventismo do sétimo dia. Quarenta anos vindade de Jesus idêntica à do Pai, e o va


praticando esse tipo de evangelismo levou lor decisivo do ministério divino do EspMto
a uma espécie de distanciamento entre o Santo em favor do pecador-detalhes que
adventismo e o cristianismo básico.”®’ se ligam à segunda verdade que seria in
Quarenta anos a partir de 1844 levam à corporada pela Igreja, a Trindade. Como
década de 1880, no final da qual ocorreu a George R. Knight destaca,
Assembléia de Minneápolis. Como diz as discussões sobre a questão da salvação du
Knight, “o adventismo precisava de uma rante o período de 1888 intensificaram a
correção de curso em sua teologia”,''® o que conscientização de alguns adventistas sobre a ne
tomou lugar a partir da referida assembléia. cessidade de corrigir os pontos de vista
Todavia, o legalismo estava tão arraigado denominacionais sobre a Divindade. Alguns pas
no adventismo, que as colocações de saram gradualmente a compreender que a posição
Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner diante tradicional da denominação era inadequada. Em
dos delegados, principalmente acerca do suma,o adventismo precisava de uma concepção
plano de redenção, encontraram forte re- cristológica e pneumatológica capaz de satisfazer
as exigências de sua compreensão enriquecida do
sistencia da parte de alguns veteranos, en-
plano da salvação.’^
tre eles George I. Butler e Urias Smith.^'
Além disso, Ellen G AVhite, pouco tempo Em 1892, a Pacific Press, onde
depois da histórica assembléia, advertiu a
Igreja neste termos: Waggoner exercia a fimção de editor, pu
blicou o trabalho de um não-adventista so
Por aproximadamente dois anos temos estado bre a Trindade, com o título The Bible
urgindo com as pessoas para que venham e acei Doctrine ofthe Trinity, autoria de Samuel
tem a luz e a verdade concernente àjustíficação de T. Spear. Em suas considerações, Spe^
Cristo, e eles não sabem se vêm, e tomam esta afirma que Jesus “é verdadeiramente divi
preciosa
. .verdade, ou não. Estão presos por suas no e verdadeiramente Deus no mms abso
própnas idéias. Não permitem ao Salvador entrar
luto sentido... e que esta distinção... nao
Como um povo, temos pregado a lei até sermos conflita com a doutrina da unidade divina
tão áridos como os montes de Gilboa, que não
tinham orvalho, nem chuva.’^ como ensinada na Bíblia.” Ligando seu
tema ao plano de salvação, Spear fala do
Não é correto, todavia, supor,como fa “Deus tri-personar\ “trazido diante de
zem alguns, que a grande maioria de nossos pensamentos sob os títulos pesso
adventistas teria rejeitado a mensagem da ais de Pai, Filho e Espírito Santo”jodos
justificação pela fé. Mais de um mês antes “«o mesmo nível de divindade**. No ®
de dar o testemunho acima, Ellen G. White chamento de suas considerações,
havia declarado: classifica seu tema,a Trindade,como 111]®^
gloriosa doutrina”.” Jamais Ellen G Whi e
Tenho viajado de lugar a lugar, assistindo reu- censurou a Pacific Press por ter pubHcado
niões onde a mensagem da Justiça de Cristo foi
o estudo de Spear, tal como fizera oom a
pregada. Eu considerei um privilégio colocar me
ão lado de meus irmãos, e dar meu testemunho Review quando publicou material con^“
rio à fé,” ou mesmo com a própria Pacific
com a mensagem para o tempo; e eu vi que o
poder de Deus amparou a mensagem onde ela foi Press quando, uns dez anos após a publi
falada. Você não poderia levar o povo a acreditar cação do trabalho de Spear, publicou ma
téria comercial também não condizente
em South Lancaster que não era uma mensagem 77
de luz aquela que viera a eles. As pessoas confes com o nosso pensamento.
savam os seus pecados,e se apropriavam dajus-
tiça de Cristo.’^ Dois anos antes, Ellet J. Waggoner
afirmara:
Note-se, então, que, paradoxalmente, Com efeito, o fato de Cristo ser parte da Di
houve os que relutaram em aceitar a “pre vindade, possuindo todos os atributos dela, sen
ciosa mensagem”, enquanto outros do igual ao Pai em todos os respeitos, como Cri
prazerosamente a receberam, uma mensa ador e Legislador, é a única força que existe na
gem que, por implicação, destacaria a Di- expiação.É isto apenas que toma a redenção uma
132 / PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

possibilidade... Mas se lhe faltasse um iota [a emprestada, não derivada... A divindade


menor letra do alfabeto grego]em ser igual a Deus, de Cristo é a certeza de vida eterna para
não poderia nos conduzir a este... Em Jesus habi o crente", e “o Espírito Santo era o maior
ta a plenitude da Divindade-, Ele é igual ao Pai em dos dons... sem o qual o sacrifício de Cristo
cadaaxributo.Consequentemente, a redenção que de nenhum proveito teria sido... Ao peca
há nele — a habilidade de resgatar o homem perdi
do só se poderia resistir e vencer por meio
do — é infinita.’*
da poderosa operação da terceira pessoa
da Trindade [‘Divindade’, segundo o ori
Contudo, Waggoner nutria a idéia de que
ginal], a qual viria, não com energia modi
Cristo havia sido gerado do Pai num pas
ficada, mas na plenitude do divino poder.
sado tão remoto “que para a compreensão
É o Espírito que torna eficaz o que foi re
finita é praticamente sem começo”,’^ po
alizado pelo Redentor do mundo”, eram
sição que se harmonizava com aquela mais
uma ‘‘pedra no sapato” de antitrinitarianos
recente de Uriah Smith.^°
que ainda permaneciam na Igreja.
Inegavelmente,tudo isso era um notável
Um deles,jovem obreiro de vinte e pou
progresso em direção a um entendimento
cos anos, surpreendeu-se com esses “tes
mais correto da Divindade,e um afastamento
temunhos” e chegou à conclusão (tal como
bastante significativo do unitarianismo sus
dissidentes hoje imaginam que tenha ocor
tentado de início pelos pioneiros que proce rido com outros escritos da serva do Se
diam de comunidades religiosas unitarianas,
nhor) de que aquelas afirmações não pro
entre elas a Conexão Cristã, e estavam
cediam da própria pena de Ellen G. White.
contagiados por idéias antitrinitárias. Deus
Ele supunha que fossem acréscimos
estava usando o confronto com um legalismo
interpolados pelos responsáveis pela
inconsciente que se infiltrara na Igreja, para
editoração e revisão, para final publicação,
chamá-la de volta a uma verdade eclipsada
dos originais de O Desejado.
- a justificação pela fé - e, por meio desta,
a uma noção mais inequívoca da Divindade, Ojovem, no entanto, era sincero,e que
com ênfase no Espírito Santo. Knight as ria se certificar de toda a verdade. Viajou
sim coloca: então para a Califórnia, onde ela residia, e
foi visitá-la. Inquirindo sobre o assunto,fo
De muitas formas, a década de 1890 foi a déca
ram-lhe franqueados os manuscritos da
da do Espírito Santo. Nas publicações adventistas,
obra para que ele mesmo se certificasse,
escritores como E.J. Waggoner,A.T. Jones, W. W.
Prescott e Ellen White exaltavam o papel do Espí para sua surpresa e admiração, de que as
rito no plano da salvação. Afinal,de uma perspec ditas afirmações eram rigorosamente ori
tiva bíblica, o Espírito tem de ser forçosamente ginais. Não seria necessário dizer que, por
tratado teologicamente, uma vez o povo comece a conta disso, Milian Lauritz Andreasen,pre
pensar seriamente sobre o plano da salvação. A cisamente aquele jovem, tornou-se
literatura adventista tinha mais a dizer sobre o trinitariano convicto. Uns cinqüenta anos
Espírito na década de 1890 do que em qualquer depois daquela visita, ele viria a afirmar:
outra década de seu primeiro século.®'
...se Cristo não é essencialmente Deus no mais
E quanto ao detalhe questionável da alto sentido, se Ele não é auto-existente, então nós
cristologia de Waggoner,ficaria por conta temos um salvador que não é Deus por si mesmo,
de Ellen G. White uma corrigenda, o que alguém que deve sua vida a outro, um que teve co
meço e que pode, portanto, ter um fim. Assim, a
ela fez com a publicação,em 1898,do seu
obra salvífíca do Filho naufraga na insignificância...
O Desejado de Todas as Nações. Nes 83
Isto deprecia e degrada a Deus e a seu caráter.
sa obra, a autora enaltece a Jesus e o Es
pírito Santo de forma a contestar aqueles
“saudosistas” que ainda mantinham idéi Panteísmo de Kellogg:
as estreitas sobre a Divindade. Declara
A GOTA QUE FALTAVA
ções tais como “desde os dias da eterni
dade, o Senhor Jesus era um com o Pai”, Mais ou menos dez anos após a Sessão
“em Cristo há vida original, não[tomada] de Minneápolis, eclodiu em Battle Creek a
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA /133

heresia panteísta de Kellogg,a gota d*água do as pastorais) e o evangelho de Lucas


que faltava. Se até ali ainda restava algu eram inspirados.
ma dúvida quanto à necessidade de a Igre
Isso obrigou a Igreja a reagir. Ela com
ja possuir uma definição clara, categórica bateu a heresia reafirmando sua aceitação
e efetiva de sua posição quanto à Divinda
do Antigo Testamento como Palavra de
de, a defecção encabeçada pelo famoso
Deus, e considerando o Novo Testamento
cirurgião evidenciava que se isto não fosse
o seu complemento final e absoluto.A men
feito ela teria que pagar o alto preço da
sagem do evangelho deveria ser recebida
perda de sua própria identidade e senso de
missão. em suas quatro versões, e o restante do
Novo Testamento não se limitava aos es
Estaria Deus,entretanto, valendo-se de critos de Paulo.O valor do livro de Atos no
uma heresia para concitar seu povo a fa combate à heresia foi logo reconhecido, e
zer o que deveria ser feito? Bem,isso não foi naturalmente inserido ao cânon. Assim
era absolutamente inédito, pois no passa também outras produções entre as que com
do Deus já havia procedido de forma se põem hoje o Novo Testamento.
melhante. É reconhecido que uma here
Um mal que resultou em bem,diriamos.
sia surgida no segundo século concorreu
Com efeito, não seria demais considei^
diretamente, entre outros benefícios, para
a formação do cânon do Novo Testamen qualquer heresia uma bênção di^arçam
não apenas no sentido dejoeirar o povo de
to, algo sobre o que a Igreja de então não
tinha ainda maiores preocupações;refiro- Deus fazendo com que a palha se ^pare
me ao marcionismo. do cereal, mas também no sentido w sa
cudir sua apatia e prepará-lo mais efícaz-
Marcion, seu expositor, afirmava em mente para os desafios que o esperam.
Roma que Cristo havia estabelecido uma Ellen G White escreveu em 1889:
religião nova,sem qualquer vínculo com
a história de Israel. O Antigo Testamen Quando não surgem novas questõesem resul
tado de investigação das Escrituras, °
to deveria ser totalmente rejeitado pois
aparecem divergências de opinião que ms 8
apresentava a ação de um Deus que não
oshomensaexaminaraBíbliaporsimwm^.^
somente não poderia ser o Pai de Jesus, se certificarem que possuem a verdade,haverá mui-
mas, em certo sentido, era antagônico a se
tos agora,como antigamente, que
Ele. Sendo rigorosamente justo, esse tradições [inclusive a dos pioneiros], culw^o
Deus impusera aos homens uma lei im- i__ nem sabem o quê... Deus despertará ’
possível de ser cumprida, ocasionando a outitJS meiosfalharem,intioduzir-se-aoenwelí^
queda e a degeneração da raça. Por ou- heresias, as quais os hão de peneirar,separando a
84
tro lado, o Pai de Jesus, o Deus onipo palha do trigo.
tente e,ao mesmo tempo,misericordioso
Assim,O panteísmo de Kellogg
e compassivo, enviara-o para ser o Sal
igualmente num bem,pois,como
vador. Jesus,o Messias, não correspondia
vendo,a posição da Igrew quanto à Dmn-
ao Messias anunciado pelos antigos pro dade acabou definida. E a partir da oca
fetas. A religião de Jesus era absoluta
sião desta apostasia que temos os IMS
mente nova. Apenas Paulo era um após
explícitos testemunhos do Espínto de f™-
tolo legítimo, pois fielmente preservara a
fecia quanto à personalidade e divindade
religião de Cristo em sua pureza original,
do Espírito Santo. Algum^ destas decla
sem qualquer contaminação com o juda
rações com suas respectivas datas são
ísmo. Prova disto era o aparente comba
como seguem:
te que Paulo fizera à lei(que na mentali
dade do herege não havia sido aparente, 1897:
mas real), e seus embates contra elemen O príncipe da potestade do mal só pode ser
tos judaizantes de seu tempo. Assim, mantido em sujeição pelo poder de Deus, na ter
Marcion estabeleceu o seu próprio cânon: ceira pessoa da Trindade [“Divindade”, no origi
apenas as epístolas paulinas (excetuan- nal], o Espírito Santo.“
134/PaROUSIA - 1°SEMESTRE DE 2006

1899; Mais ou menos simultânea com a crise


Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, Kellogg, outra heresia — exatamente opos
que é tanto uma pessoa como o próprio Deus,está ta ao panteísmo, mas envolvendo,também,
86
andando por esses terrenos. o Espírito Santo - igualmente contribuiu
para que a Igreja solidificasse sua posição
A Divindade moveu-se de compaixão pela raça, quanto à Divindade: o “movimento
e 0 Pai, o Filho e o Espírito Santo deram-se a si pentecostalizado da carne santa”,’^ difun
87
mesmos ao estabelecerem o plano da redenção. dido principalmente em Indiana.Comentan
do as duas heresias, Knight salienta como
1901: o grande tema de Minneápolis ainda foi o
Os eternos dignitários celestes- Deus, Cristo fator primordial por esta nova tomada de
e o Espírito Santo - munindo-os[aos discípulos] posição da Igreja.
de energia sobre-humana,... avançariam com eles
88
para a obra e convenceríam o mundo do pecado. Em reação a essas aberrações teológicas,hou
ve a tentativa de esclarecer o conceito bíblico da
1905; Trindade e de outras doutrinas correlacionadas.
Essas tentativas, porém, foram mais do que ape
O Consolador que Cristo prometeu enviar de nas uma reação a esses problemas da virada do
pois de ascender ao Céu, é o Espfrito em toda a século. Foram uma consequência natural da neces
plenitude da Divindade, tomando manifesto o po sidade de ter uma compreensão mais apropriada
der da graça divina a todos quantos recebem e ciêem da Divindade face à nova ênfase sobre o plano da
94
em Cristo como um Salvador pessoal. Há três pes salvação surgida em 1888.
soas vivas pertencentes à Trindade [“trio”, no ori
ginal]celeste;em nome deste três grandes poderes- Fidelidade à maneira como Deus con
o Pai,o Filho e o Espírito Santo-os que recebem a duzira as coisas naquela assembléia mais o
Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes zelo pelo cumprimento correto da missão
cooperarão como os súditos obedientes do Céu em
89 que recebera de Deus, motivaram a Igreja
seus esforços para viver a nova vida em Cristo.
a definir em termos claros e precisos seu
Cumpre-nos cooperar com os três poderes conceito sobre Divindade; tudo muito
mais altos no Céu - o Pai, o Filho e o Espírito cristocêntrica e soterocentricamente.
Santo-e esses poderes operarão por meio de nós,
fazendo-nos coobreiros de Deus.”
Conclusão: o conhecimento da
1906: VERDADE É PROGRESSIVO

O Espírito Santo é uma pessoa, pois dá tes Como visto, os marcos iniciais de fé,
temunho com o nosso espírito de que somos fi
lhos de Deus... estabelecidos com muito estudo e oração,
nunca foram considerados por Ellen G
O Espírito Santo tem personalidade, do con White a expressão definitiva daquilo em
trário não podería testificar ao nosso espírito, e que deveriamos crer; ela sempre os con
com nosso espírito que somos filhos de Deus.Deve siderou o fundamento,o alicerce em cima
ser também[no inglês“must also be”,tem que ser
do qual “temos estado a construir, nos úl
também]uma pessoa divina,do contrário não po ”95
Ela disse tam-
timos cinqüenta anos.
dería perscrutar os segredos quejazem ocultos na
mente de Deus...’* bém que, durante esse tempo, a verdade,
ponto por ponto, tem sido buscada com
1908: estudo e oração, e atestada pelo poder
”96
milagroso do Senhor. Em verdade, a
O Espírito ia ser dado como agente de regene
Igreja nunca parou de estudar a Bíblia em
ração,sem o qual o sacrifício de Cristo de nenhum busca de maior conhecimento da vontade
proveito teria sido... Ao pecado só se podería re
do Senhor, como o demonstra estas duas
sistir e vencer por meio da poderosa atuação da
terceira pessoa da Divindade,a qual não viría com fórmulas empregadas por Ellen G. White:
energia modificada, mas na plenitude do divino temos estado a construir” e “tem sido
poder. É o Espírito que toma eficaz o que foi rea- buscada com estudo e oração”. O origi
92
lizado pelo Redentor do mundo. nal inglês registra, respectivamente “we

J
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA / 135

have been building” e “has been sought cação pela fé, que veio a lume 33 anos
out by prayerful study”. mais tarde, tema que,inclusive, estimulou
a Igreja a um estudo mais acurado da Di
Ambas as expressões indicam contínua
vindade? E se este magno assunto já esta
investigação visando o progresso no conhe
va plenamente estabelecido, a que deve
cimento e compreensão da verdade,em que mos tributar a controvérsia panteísta de
pese o fato de que a primeira também en Kellogg e a heresia da came santa, ocorri
volva outras atividades da obra de Deus.
das logo em seguida, as quais reforçaram
Portanto, cai por terra a teoria sustentada ainda mais a necessidade de a Igreja ter
por dissidentes de que o corpo doutrinário uma posição bem clara, objetiva, definida
da Igreja foi estabelecido em seus primei sobre a Divindade,resultando numa ainda
ros anos, e que este fato tomaria supérflua mais enfática abordagem de Ellen G White
qualquer inquirição posterior da verdade. da divindade de Jesus e da personalidade e
Por exemplo, Jairo Pablo Alves de Carva divindade do Espírito Santo? Não estaria
lho, em seu opúsculo A Divindade (p. ela indicando que a crença na Trindade,
41ss), alardeia que esse corpo doutrinário como visto acima, é, de fato, um anteparo
foi estabelecido entre 1844 e 1855, e que contra o insidioso panteísmo?
“não seria necessário um novo esforço para
trazê-la [a temática da Divindade] nova Knight informa que a nova concepção
em tomo da Divindade ocorreu em resul
mente à luz”; para tanto, ele se vale de ci
tado do empenho não de teólogos da Igre
tações de Ellen G. White numa desespera
da tentativa de encontrar respaldo à sua ja, mas da própria Ellen G White.
conclusão. Curiosamente, não foram os teólogos de ne
Mas o dissidente ignora que o conheci nhum lado da controvérsia de 1888 que fizeram o
mento da verdade é progressivo,e que a pró adventismo recuperar o ponto de vista bíblico a
respeito da Divindade, mas Ellen White.Embora
pria Ellen G White afirmou aquilo quefoi vis ela não tenha desempenhado papel relevante na
to acima, a saber,que nesses 50 anos(1854-
formação doutrinária das principais crenças
1904)a verdade, ponto por ponto(o que,na adventistas na década de 1840[como foi referido],
turalmente,inclui o tema da Divindade),“tem na década de 1890 ela ajudou seus companheiros
sido buscada com estudo e oração”; ignora de igreja a compreender como suas interpretações
98
também como o Senhor conduziu os aconte eram inadequadas.
cimentos para que este progresso no conhe
cimento adicional da verdade e no estabele Nesse caso, temos de convir que ^ no
cimento(ou restabelecimento)de novos arti vas conclusões a que a Igreja chegou vieram
gos de fé se efetivasse. Em plena crise como resultado não do mero arbítrio humano,
panteísta ela afirmou: mas inteiramente doinfluxo divino. Utilizan
Não devemos pensar[no original,“we must do sua mensageira.Deus demonstrou que es
not think”, é imperativo que não pensemos]: teve invisivelmente conduzindo cada situa
“Bem, nós temos toda a verdade, nós compre ção, mesmo porque Ele nunca abandonou o
endemos os pilares básicos de nossa fé [isto é, seu povo. A certeza desse fato é um legado
aquilo que biblicamente havia sido assentado que recebemos daquela geração, o qual de
pelos pioneiros], e podemos descansar neste vemos com zelo e espírito de oração conser-
conhecimento.” A verdade é progressiva, e de var.agora quando,segundo posso entenda;o
vemos andar na luz crescente. Não devemos
ômega da apostasia está afrontosamente atu
pretender que nas doutrinas vistas por aqueles
que estudaram a palavra da verdade, não exis
ando para desestabilizar a Igreja.
tia algum erro, pois homem vivente algum é
infalível.” O ÔMEGA DA Apostasia;
os PARALELOS ÓBVIOS
Pergunto então: se é um fato que as
verdades fundamentais do adventismo fo Feito um levantamento do alfa da
ram estabelecidas até 1855, o que dizer, à apostasia,e circunstâncias que determina
luz do que temos considerado, da justi/i- ram o seu contexto, estamos em melhor
136/PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

condição de constatar se a presente es basta observar o que dissidentes antitri-


peculação herética envolvendo a doutrina nitários afirmam especialmente sobre o
da Trindade se ajustaria àquilo que Ellen Espírito Santo, o qual, na linguagem de
G White chamou de ômega da apostasia. Ellen G White,é tão pessoal e divino como
Naturalmente desde o tempo da defecção o Pai.“^ Desprezando um sem-número
do Dr. Kellogg,o inimigo tem sido incan de panfletos, folhetins, volantes, etc,que
sável no combate ao povo de Deus, vez são por aí distribuídos, tomo por referên
por outra fazendo surgir aqui e ali novos cia os opúsculos inventados por Ricardo
movimentos heréticos. Para se confirmar Nicotra e Jairo de Carvalho’®^ (verdadei
esse fato, basta uma olhadela na lista de ras cópias-carbonos de outras produções)
investidas satânicas contra a Igreja depois para fazer notar que os dissidentes não
de 1902, na relação registrada no início têm o mínimo escrúpulo em tomar aque
deste estudo.®® Mas a exemplo do que le a quem a revelação identifica como a
ocorrera com tais movimentos antes da inefável “terceira pessoa da Divindade”'®®
crise Kellogg,as manifestações que ocor como simples energia, virtude, luz, so
reram depois igualmente envolveram ape pro,'®’ ou qualquer coisa do tipo. Outra
nas instituições divinas, como a questão concepção sustentada por alguns deles é a
do santuário, o dom de profecia e a Igre de que, se o Espírito Santo deve ser refe
ja; todos eles com exceção de um: aquele rido em termos de personalidade, então
corrente em nossos dias. Este,justamen não seria mais do que um anjo,'®® ou, na
te como ocorreu com a heresia panteísta melhor das hipóteses, fruto de uma fu
de Kellogg, tem a ver igualmente com a são ou absorção de personalidade, ora
natureza e personalidade divinas, e, por conceituado como sendo o Pai, ora como
tanto, não apenas se levanta contra as ins sendo o Filho.'®®
tituições de Deus, mas também contra o
Deus das instituições. Mais paralelos
Antes de tudo,é imperativo que demos Estabelecido o paralelo básico da atual
atenção a um conselho, ou, melhor dizen apostasia com a anterior(ambas envolvem
do, a uma advertência dada por Ellen G a personalidade e presença de Deus), veri
White justamente quando ela previu o fiquemos agora se aquelas catorze carac
surgimento do terrível ômega. terísticas do alfa, referidas páginas atrás,
encontram uma correspondência na
Sabia eu que devia advertir nossos irmãos e
irmãs a que não entrassem em controvérsia em apostasia sobre a Trindade e o Espírito San
relação à presença epersonalidade de Deus.'°° to, corrente em nossos dias, de forma a que
se solidifique a suspeita de que esta seja,
Esse tipo de apostasia fê-la tremer“pelo de fato, o anunciado ômega.
nosso povo’*,‘°‘ e aqui se tem a nítida im
pressão de que,em sua ansiedade,ela ape Característica 01: heresia letal
lou à igreja a que não especulasse sobre a
O alfa da apostasia era uma heresia le
personalidade de Deus, considerando que
tal porque colocava em risco a salvação
quanto mais isso(não especular)fosse fei
daquele que a assumia. Seria a atual
to mais postergaria o terrível quadro. No
tamos, então, que a apostasia ômega, a apostasia antitrinitariana menos letal, des
merecendo o Espírito Santo como ela faz?
exemplo da alfa, tem a ver com a natureza
Leve-se em conta que é somente através
e personalidade de Deus.
dele que podemos vencer o pecado; que é
Infelizmente esse tempo chegou, pois apenas Ele quem aplica ao pecador os efei
hoje se vive nos círculos adventistas uma tos salvíficos do Calvário; que sem Ele “o
verdadeira controvérsia sobre a perso sacrifício de Cristo de nenhum proveito te-
nalidade divina, naturalmente envolven ria sido.*♦110 Como diz Donald G Bloesch,
do também a questão de sua presença. “nossa salvação foi planejada pelo Pai, exe
Para se constatar essa triste realidade cutada pelo Filho, e aplicada e revelada pelo
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA /137

Espfrito Santo. Cristianismo evangélico será numa cadeia temátíca ilegítima que as obriga a afir
'113
para sempre solidamente trinitariano tanto mar aquilo que eles pretendem.’
III
quanto fundamentalmente cristocêntrico.
O mesmo é feito com testemunhos do
Evidência contundente da atividade
Espírito de Profecia.
salvífica da terceira pessoa da Divindade é
o fato de que não haverá mais disponibili
Característica 05:aparência de
dade de salvação para o impenitente de
pois que a porta da graça se fechar, isto é, PIEDADE
depois que o Espírito Santo for retirado Não se descarta aqui a eventualidade
deste planeta. de haver pessoas sinceras envolvidas no
ômega, pois até entre os pagãos que não
Característica 02: mistura do falso conhecem o evangelho há pessoas assim;
COM o VERDADEIRO essa, portanto, não é a questão. Refiro-
me ao fato de que, em seu empenho por
A exemplo das demais, com especial “resgatar” adventistas da condição, se
menção do alfa, a atual heresia antitri- gundo alegam, de apostasia em que se
nitariana não oferece apenas enganos;basta encontra a Igreja, líderes do movimento
uma lida em materiais que têm sido prepa e pessoas que dele participam revelam
rados por dissidentes para que isto seja zelo e interesse suficientes para aparen
constatado. Aí está um dos maiores fato tar um bom grau de piedade. Impressio
res de perigo de qualquer heresia, e com na, por exemplo, os apelos que fazeni a
esta não é diferente.
membros da Igreja para que deixem de
transgredir o primeiro mandamento do
Característica 03: alegação de ser decálogo adorando “um terceiro deus
UMA grande verdade (como chamam ao Espírito Santo), e
abandonem o erro “enquanto é tempo
Não é precisamente isso que os dissi Mas será mesmo que somos nós que te
dentes antitrinitarianos alegam? Que a Igre mos de abandonar o erro?
ja apostatou por crer na Trindade e que eles
realizam uma grande obra de retomo à ver Apelos nesse sentido,todavia,não têm
dade? o mínimo valor, porque os “Iventó^ do
sétimo dia não transgridem esse manda-
Característica 04: aparente apoio da menTo alrando dois ou ttês deus«
um só Deus em três pessoas
Bíblia e do Espírito de Profecia
conforme a Bíblia e o Espmto de ftofe-
Aqui o ômega se aproxima considera ia revelam. Além disso,o Espmto Santo
velmente do que Ellen G. White disse do é digno de nossa reverência e culto;pois
alfa: sua divindade é inquestionavelmente
114
de-
clarada nas Escrituras,■'Em 4 de ja-
Os textos são tirados de seu contexto, e usa
neiro de 1881, Ellen G White encerrou
dos para sustentar teorias errôneas... citam-se pas
sagens da Escritura... de modo a fazerem o erro sua mensagem de ano novo registrando
parecer verdade...112 as palavras do cântico tnmtáno que ván-
as de nossas igrejas costumam cantar
Comojá tive oportunidade de mencionar, como doxologia nos cultos de sábado;
in-
aquele que precede imediatamente a“
o que acontecia no tempo de Ellen G White,e
vocação”, e que dissidentes, por uma
que mereceu sua veemente censura, está literal
mente ocorrendo hoje, pois tal como a serva do questão de coerência, não cantam. Mas
Senhor denunciou, os atuais dissidentes a serva do Senhor cantava. Suas pala
[antitrinitarianos] igualmente reúnem um punha
vras foram: “...consagremos a Ele tudo
do de ‘passagens bíblicas’, arbitrariamente cata o que somos e tudo o que temos, e, en
das aqui e ali e, sem o mínimo respeito às mais tão, que todos nos unamos no cântico:
elementares regras hermenêuticas, colocam-nas ‘Praise God, from whom all blessings
- 1” SEMESTRE DE 2006

flow; praise him, all creatures here dele do que na doutrina propriamente),
below; praise him above, ye heavenly %eurverdadeiro
O e 118 „„ d^us
Father, Son, and Holy misterioso (ver I® ● ●
Ghost”’,"5 (correspondente, em portu O conceito trinitáno e, na verdade, a
guês, ao n° 581 do Hinário Adventista
do Sétimo Dia: “A Deus supremo Cria ^'“^nTe^runi/aTe deT^
dor, vós, anjos e homens, dai louvor; a
Deus, o Filho, a Deus, o Pai, a Deus, P'”^‘"“^|ufre'maXsta°:om“ad;
Espírito, glória dai”). '"^""..m oela forma plural como é refe
rido no Vfeiho Testamento,e explicitamente
Ademais, não existe piedade autênti como P^.Filho e Espírito Santo nas pági-
ca que se faça acompanhar da sórdida Zs do Novo Testamento. E por isso que
atitude de demolir aquilo que Deus «nLles que crêem na Trindade aceitam-
edificou. Piedade não combina com he
^
na como um item exclusivo da revelação,
resia e falso ensino. Em 1897, quando a como assevera Bromiley,
digressão encabeçada por Kellogg come
“^objeções rkcionalistas à Trindade nau-
çava a crescer, Ellen G. White declarou:
“Abundam ao nosso redor falsas doutri fragaii por insistirem em inteipret^ o Cri
ador em termos da criatura, isto é, a um-
nas,falsa piedade,falsa fé e muito do que dade de Deus em termos de unidade ma-
é na aparência sincero. Mestres virão «máfica O cristão não e confundido se
vestidos como anjos de luz; e, se possí * omanece um elemento de mistério que
vel, enganarão até aos escolhidos.”"®
de™fia a derradeira análise ou compre-
enL,porque
»»l 19
ele é apenas homem,e Deus
Característica 06:conceito sobre é Deus.
Deus à luz da razão humana Interpretar o Criador em termos da cri-
Conceitos antitrinitários tendem a ex nfiira envolve também o antropomor^
r» rnnceito que toma a realidade subs-
plicar a Divindade à luz da razão. Seus
dThome"m por modelo de Deus:
expositores apreciam empregar o argu
mento simplista de que 1+1+1 é igual a 3 comoé com o primeiro,assim também deve
e nunca igual a 1; assim submetem a Di ser com o segundo. Dessa forma, os dissi-
vindade a uma “prova dos nove”. Mas Lntes argumentam que se o homem tem
se querem utilizar uma operação mate um espírito que não é uma entidade pesso
mática para defini-la, porque não usam a al à p^e dele, assim também Deus tem
multiplicação em lugar da adição? pois um eW°‘l"® ^ A
1x1x1 é igual al. mo >20 Mas Deus continua perguntando. A
quem me comparareis para Eu lhe seja
Mas o Deus, cuja “grandeza é inson-
igual?”(Is 46:5).
dável”(SI 145:3), não pode ser avaliado
pela medida finita e elementar da cria Característica 07: pressão sobre
ção; Ele pergunta: ...que coisa seme-
lhante confrontareis comigo? (Is 46:5), adventistas do sétimo dia
e declara: Seria interessante fazer-se um levanta
...são os meuscaminhos mais altos que os vos- mento das atividades missionárias cumpri
sos caminhos,e os meus pensamentos mais altos das por grupos separatistas; por exemplo,
do que os vossos pensamentos (55:9). quantas almas foram efetivamente ganhas
Embora o binitarista Ricardo Nicotra pelos dissidentes que abandonaram a igre
denuncie os trinitários de tentarem ja por descrerem da Trindade? Certamen
te constatar-se-ia que eles não estão preo
compatibilizar “as contradições” da dou
trina da Trindade por declararem-na um cupados com a salvação de perdidos,
exceto dos adventistas do sétimo dia que
mistério(o que, para o dissidente,é uma
consideram perdidos por crerem na Trin
grande impropriedade,"’ ainda que es
tas contradições estejam mais na mente dade.Sem qualquer plano de evangelização.
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA /139

dissidentes se limitam a cirandar igrejas a íbe algo para um enquanto permite para
ver se conseguem demover este ou aquele outro? É difícil não concluir que, para
membro de suas convicções e atraí-lo para esses antitrinitanos. Deus não tem crité
o lado deles. rio; o que nega para um, faculta para
outro. Esse, todavia, não é o Deus que
A Bíblia afirma que Jesus voltará ape
nas quando o evangelho for proclamado se revela na Bíblia, pois o Espírito S^to,
segundo ela, não é um mero anjo, ainda
“por todo o mundo, para testemunho a to 123
que Gabriel.
das as nações”(Mt 24:14).Pelo que se nota,
se esta tarefa for deixada sob a responsa Outra agressão à personalidade de Deus
bilidade desses dissidentes, podemos nos imposta pela apostasia antitrinitanana é a
preparar para permanecer ao menos mil forma atípica e artificial como esse mesmo
anos mais neste planeta. dissidente traduz e interpreta o inglês “of
the Godhead” empregado por Ellen G
Característica 08: uma agressão à White em alusão ao Espírito Santo como
PERSONALIDADE DE DeUS
terceira pessoa da Divindade.
‘a
Carvalho traduz essa expressão por
A presente apostasia agride a persona partir da Divindade”,-^ e não “da Divm-
lidade de Deus porque elimina uma das dade” como seria o correto.'“ obngando
pessoas divinas, o Espírito Santo, para Ellen G White a concordar Mm (M con
transformá-la numa abstração, ou numa
ceitos anütrinitarianos dele:o Espwjo ^ -
criatura (primeiramente Lúcifer, então o to não é a terceira pessoa da
anjo Gabriel ou qualquer outro). mas uma terceira pessoa apa ‘ '
Já imaginamos, uma criatura no seio da É o caso de se perguntar“
Divindade? Era isso o que Lúcifer ambici ela quisesse afirmar que o Esp
onava, e o que o motivou a encetar sua re é a terceira pessoa da Divindade, como
belião no Céu: teria escrito?

Desejava participar dos conselhos e propósi OfatoéqueEUenG^ad™^»


tos divinos,dos quais foi excluído por sua própria três pessoas na Divindade, O ’., .
incapacidade,como ser criado que era,de compre e o ^írito Santo,enquanto o tos^ente.
ender a sabedoria do Infinito Deus.Foi esse orgu tomando a Divindade en®® P tereeiro
121
lho ambicioso que o levou à rebelião... tida. coloca o Espinto Santo

Veja, então, que Lúcifer quis participar


dos conselhos de Deus, mas não pôde,por
Setrâtao’raho o primeiro e^o
que era uma criatura.
^rdXostolirimètoTí^nM
Pela forma como entendem o Espírito vidade. é a violência contra o **o™a m-
Santo, os dissidentes tornam a Deus um glês no tocante à estrutura e sigmfic^o
incoerente. Carvalho, por exemplo, afir dos termos; o segundo, porém, imphca
ma que o Espírito Santo e Gabriel são o numa aberração teológica séna. Com o
mesmo ser.122 A Bíblia mostra que o Es- seu contra-senso, o dissidente acaba pro
pírito Santo participa dos conselhos de vocando uma separação eríüca entre a Di
Deus,afirmando que Ele “a todas as coi vindade e as pessoas que a consUtuem.
sas perscruta, até mesmo as profundezas Se nesse raciocínio o Espírito S^to,como
de Deus” (ICo 2:10,11). Mas se Ele e o dissidente supõe, não participa da Di
Gabriel são o mesmo ser, por que, então, vindade. igualmente o Pai e o Filho tam
Lúcifer não pôde participar desses con bém não participam, pois aquele é a ter-
selhos por ser uma criatura,enquanto que ceira pessoa a partir dela, enquanto es
Gabriel,também uma criatura, participa? tes são a primeira e a segunda. Temos
Faz Deus acepção de pessoas (nesse aqui, portanto,quatro entidades separadas
caso, acepção de anjos)? Usa Ele de par e autônomas, a saber, uma substância im
cialidade? Tem os seus preferidos? Pro- pessoal(a Divindade) e três pessoas:
Ia DfmPADE Pm\ — FILHO O ESPIRITO SANTO

í i l
pnmeira segunda terceira
pessoa pessoa pessoa
partir da Divindade

Esta estrutura separa a Divindade da personalidade, e vice-versa, e torna a pri


meira uma substância abstrata, simples, vazia, impessoal, e isto é puro panteísmo, o
mal do alfa da apostasia repetido no ômega\ uma agressão à personalidade de
Deus. O paralelo é perfeito. Além do mais, a estrutura é também politeísta, pois além
da Divindade estão o Pai, o Filho e o Espírito Santo, cada um ocupando uma posição
definida, tal como ocorria no ranking dos deuses pagãos.

Característica 09: uma representa acerca de Deus”,'-^^‘‘teorias espiritualistas”


ção FALSA DE Deus e, portanto, uma que comprometem a “experiência cris
tã”, “teorias espíritas” que mereciam
desonra PARA Ele 135 ‘
repreensão, ‘ensinos espiritualistas
- -
que
” 136
É no que a presente apostasia minam a fé em Deus e em sua Palavra”, -
antitrinitariana resulta. Ela reduz a terceira “espiritismo” conseqüente de “fantasiosos
pessoa da Divindade às vezes a uma abs pontos de vista”,'^"' etc. Ela considerou to
tração e, outras, a uma criatura. Em qual das as abstrações sobre o Espírito Santo
quer destas duas hipóteses. Deus está sen como de cunho espiritualista ou espiritista.
do desonrado.Por exemplo,numa interpre “São imperfeitas, inveridicas. Enfraquecem
tação equivocada de Atos 2:33,'^^ Carva e diminuem a Majestade a que não pode
lho chegar ao extremo de tachar o Espírito ser comparada nenhuma semelhança
Santo de “isto”,'^^ o que seria uma ofensa terrena,”138 Como essas abstrações prati-
139
até para um ser humano. camente se equivalem às de hoje, com-
preendemos que a atual heresia também
consegue a façanha de “espiritizar” a Deus.
Característica 10:“espiritização
DE Deus
Característica 11: fator de
se
Também aqui a presente apostasia desagregação
aproxima consideravelmente do alfa ,
Tem a atual dissidência em torno da
pois 0 conceito abstrato que sustentam
Trindade e da pessoa e Divindade do Espí
sobre o Espírito Santo equivale ao concei-
to abstrato de Deus do panteísmo de rito Santo contribuído para fortalecer a uni
Kellogg. Pode-se constatar que isso é ver dade da Igreja? A resposta é um categóri-
dade observando-se como Ellen G, White co não!” Ao contrário, ela tem sido causa
condenou as diferentes abstrações aplica de discórdia e divisão, e conseqüente en
das na época ao Espírito Santo e como fraquecimento do corpo de Cristo. A esse
elas são praticamente equivalentes às que respeito, e de como nos posicionar frente a
são aplicadas hoje. tal situação, a Palavra de Deus é incisiva:
“Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aque
Ela classificou essas abstrações de seus
les que provocam divisões e escândalos,em
dias como “misticismo”'^^,“fantasiosas in desacordo com a doutrina que aprendestes;
terpretações espiritualistas das Escritu afastai-vos deles”(Rm 16:17).
ras” “teorias espiritualistas da persona
lidade de Deus”,’^' “ensinos espiritistas que A Igreja não pode ficar indiferente di
enfraquecerão a fe , teorias espiritistas ante daqueles que semeiam dúvida e sus-
o ÒMÍiOA Í)A AFOSTASíA: À imagemESEMELHAMÇA do AifA / 141

peita com respeito à organização, aos verdadeiro amor. porém,


obreiros, e às doutrinas que sustentamos do no coração e/n que Jesus reina”.'-” e
e que formam a substância e conteúdo ta\s corações jamais se levantarão contra
do que cremos. Enquanto um membro
sua causa e contra sua Igreja.
guarda suas idéias divergentes para si
mesmo, sem permitir que as mesmas in
terfiram mesmo em seu comportamento
Característica 13:total dissonância
cristão, ele pode continuar em comunhão COM os ENSINOS DE CrISTO
com a Igreja; mas no momento em que
Qual o conceito da Divindade apresen
ele passa a pregá-las aos companheiros
tada por Cristo? Expressou-se Ele contrá
de fé, gerando confusão e facções, deve
rio à idéia de um Deus triúno? O que disse
ser advertido, e disciplinado, caso conti
Ele acerca da natureza do Espírito Santo?
nue com sua postura.
Aos judeus incrédulos, Jesus se apre
Infelizmente é isso o que tem aconteci sentou como Filho de Deus e em igualdade
do com respeito a atual dissidência. Igrejas com Ele em natureza e obras, razão por
têm sido invadidas e divididas por idéias
que quiseram apedrejá-lo (Jo 5:18; 10:31-
controversas; que o digam as comissões que 33). Além disso, Cristo definiu a unidade e
têm cumprido o desagradável dever de dar pluralidade de Deus com a conhecida fór-
baixa a nomes de membros queridos que mula “Eu e o Pai somos um”(10:30). Que
antes comungavam na mesma fé; que o esta pluralidade não era binitária mas
digam as congregações que se viram sub trinitária, infere-se do fato de Ele identifi-
traídas de vários de seus membros. car o Espírito Santo como outro
E rnais um ponto importantíssimo: não é Consolador”, o que denota sua personali
raro dissidentes (sem se declararem como dade''*^ e sua natureza divina idêntica à dele
tal) se fazerem presentes às reuniões da mesmo.''*^ Finalmente,Ele confirmou o con
igreja a fim de tomar conhecimento de algo ceito trinitário de Deus ao conferir à Igreja
que venha a favorecer a própria dissidên a grande comissão evangélica, segundo a
cia. Na época do alfa da apostasia, Ellen qual o batismo nas águas deveria ser mi
G. White exortou as igrejas nestes termos: nistrado “em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo”.
Devo advertir a todas as nossas igrejas a que
se acautelem contra homens que estão sendo envi
Característica 14: inspiração
ados para fazer a obra de espiões em nossas asso-
ciações e igrejas — uma obra instigada pelo pai da PELO diabo
mentira e do engano.140
O que se deveria dizer de um movi
Portanto, cuidado com eles! mento...

(01) que apregoa uma heresia letal?


Característica 12: AMOR ESPIRITUAL (02) que mistura o falso com o ver
NÃO-SANTIFICADO dadeiro?
verda-
o fervor, o entusiasmo, a devoção, o (03) que alega ser uma grande
interesse, a dedicação, o empenho com os de, quando oferece uma heresia.
quais os propugnadores de um falso ensi- da Bíblia
(04)que se vale deslealmente
no se devotam à disseminação do mesmo
e do Espírito de Profecia?
indicam uma qualidade de amor espiritual
(05) que ostenta aparência de piedade
não-santificado, por se expressar em fa
ao tempo em que dissemina um engano.
vor de uma causa equivocada. Também
os não-cristãos amam aquilo a que se de (06) que impõe a lógica humana como
dicam, e alguns estariam até dispostos a norma de interpretação e compreensão de
disponibilizar a própria vida em favor da algo tão transcendente como a natureza e
causa amada, fosse assim requerido. O personalidade de Deus?
142/ PaROUSIA - 1° SEMESTRE DE 2006

(07) que não se preocupa com a Pai é um como^ porque foi o primeiro que
evangelização de um mundo perdido, mas gerou seu Filho no útero de Maria.”
tão somente com proselitismo entre os pró
prios adventistas para arrebatá-los para as Considerando esses blasfemos despro
suas próprias fileiras? pósitos sobre o santíssimo Deus revela
do nas páginas sagradas; considerando as
(08)que agride a personalidade de Deus? advertências de Ellen G. White à Igreja
sobre o vindouro ômega;e,afinal,conside
(09) que oferece uma representação
rando o fato de que, em seu preciso
falsa dEle, e que lhe é, portanto, uma de
sonra? paralelismo com o alfa, a presente dissi
dência antitrinitariana cumpre o que pode-
(10) que resulta, com sua mensagem, riam ser chamadas as especificações do
na “espiritização” de Deus? ômega,sinto-me fortemente inclinado a crer
que a referida dissidência é, com efeito, o
(11) que é um fator de desagregação e
anunciado ômega da apostasia.
enfraquecimento do corpo de Cristo?
A serva do Senhor tremeu ao tomar
(12) que é imbuído de amor espiritual
não santificado?,e dele conhecimento,tremeu por nosso povo.
E não poderia ser diferente, se levarmos
(13)que está em dissonância com o que em conta que o ômega se revela bem mais
Cristo ensinou? preocupante:
Que dizer de um movimento assim,se (1)em sua propagação, pois, enquanto
não que é resultante do influxo diabólico? o alfa se limitou praticamente a uma re
Com efeito, o alfa e o ômega da apostasia gião na América e não avançou muito para
provêm de só um lugar: a mente satânica. além do círculo de um grupo de obreiros,
o atual movimento, por meio dos rápidos
Conclusão meios de comunicação disponíveis em
nossos dias (com especial alusão a sites
Observamos como o panteísmo do alfa de Internet), tem se alastrado por várias
da apostasia desmereceu a Deus a ponto regiões do globo;
de torná-lo inferior à própria criatura e de
fazê-lo residir no próprio Satanás.'« A pre (2)em sua penetração, pois, enquanto
sente dissidência que nega a Tnndade,com o alfa atingiu parte da classe médica e mi
ênfase no demérito do Espírito Santo, não nisterial de Battle Creek, a presente dissi
. O dissidente Jairo de dência tem contagiado diferentes camadas
deixa por menos
classificar o Espírito de da força leiga da Igreja(precisamente esse
«isto”'46 (como visto,em resultado de uma potencial sem a participação do qual a obra
não será concluída'^'), numa amplitude tal
interpretação equivocada de At 2:33), re-
baixTa terceira pessoa da Divindade a um que pode penetrar em cada lar adventista
no mundo,bastando para isso o acionar de
plano inferior ao da criatura. Nao sen-
do suficiente este ultraje, o mesmo d.ssi- alguns botões;
tote atinge o limiar da insensatez ao iden (3) em seus resultados devastadores,
tificar a mesma augusta pessoa com a gló dada a maneira como a dissidência tem sido
ria divina para,então,afirmar patencamen- poderosa em semear dúvidas e incertezas,
tó que o próprio Satanás possui o Espinto acabando por dividir e enfraquecer nossas
148
Santo. congregações; e, por fim.
Assim,os antítrinitarianos da dissidên- (4) na implicação dos conceitos alar
● .Hvpntista se prestam decididamente a
deados. No alfa da apostasia, a natureza
leviandades como esta. Faz algum tempo, de Deus foi aviltada em seu todo, por uma
SrouW)dissidente urne-mail no qual filosofia que o reduzia a uma simples ener
gia que permeia o mundo e que nele se inte-
gra. de tal modo a se tomar com ele uma
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA /141

peita com respeito à organização, aos verdadeiro amor,porém,“somente é acha


obreiros, e às doutrinas que sustentamos do no coração em que Jesus reina”,''** e
e que formam a substância e conteúdo tais corações jamais se levantarão contra
do que cremos. Enquanto um membro sua causa e contra sua Igreja.
guarda suas idéias divergentes para si
mesmo, sem permitir que as mesmas in Característica 13:total dissonância
terfiram mesmo em seu comportamento COM os ENSINOS DE CrISTO
cristão, ele pode continuar em comunhão
com a Igreja; mas no momento em que Qual o conceito da Divindade apresen
ele passa a pregá-las aos companheiros tada por Cristo? Expressou-se Ele contrá
de fé, gerando confusão e facções, deve rio à idéia de um Deus triúno? O que disse
ser advertido, e disciplinado, caso conti Ele acerca da natureza do Espírito Santo?
nue com sua postura.
Aos judeus incrédulos, Jesus se apre
Infelizmente é isso o que tem aconteci sentou como Filho de Deus e em igualdade
do com respeito a atual dissidência. Igrejas com Ele em natureza e obras, razão por-
têm sido invadidas e divididas por idéias que quiseram apedrejá-lo(Jo 5:18; 10:31-
controversas; que o digam as comissões que 33).Além disso,Cristo definiu a unidade e
têm cumprido o desagradável dever de dar pluralidade de Deus com a conhecida fór
baixa a nomes de membros queridos que mula “Eu e o Pai somos um”(10:30). Que
antes comungavam na mesma fé; que o esta pluralidade não era binitária naas
digam as congregações que se viram sub trinitáría, infere-se do fato de Ele identifi-
traídas de vários de seus membros. "outro
car o Espírito Santo como
Consolador”, o que denota sua personali
E mais um ponto importantíssimo: não é dade'^^ e sua natureza divina idêntica à dele
raro dissidentes(sem se declararem como mesmo."'^ Finalmente,Ele confirmou o con
tal) se fazerem presentes às reuniões da ceito trinitário de Deus ao conferir à Igreja
igreja a fim de tomar conhecimento de algo a
a grande comissão evangélica, segundo l
que venha a favorecer a própria dissidên
qual o batismo nas águas deveria ser nu-
cia. Na época do alfa da apostasia, Ellen nistrado “em nome do Pai e do Filho e do
G. White exortou as igrejas nestes termos:
Espírito Santo”.
Devo advertir a todas as nossas igrejas a que
se acautelem contra homens que estão sendo envi Característica 14:inspiração
ados para fazer a obra de espiões em nossas asso PELO DIABO
ciações e igrejas — uma obra instigada pelo pai da
140
mentira e do engano. O que se deveria dizer de um movi
mento...
Portanto, cuidado com eles!
(01)que apregoa uma heresia letal?

Característica 12: amor espiritual (02) que mistura o falso com o ver
dadeiro?
nâo-santificado
(03) que alega ser uma grande verda
O fervor, o entusiasmo, a devoção, o de, quando oferece uma heresia?
interesse, a dedicação,o empenho com os
quais os propugnadores de um falso ensi (04)que se vale deslealmente da Bíblia
no se devotam à disseminação do mesmo e do Espírito de Profecia?
indicam uma qualidade de amor espiritual (05) que ostenta aparência de piedade
não-santificado, por se expressar em fa ao tempo em que dissemina um engano?
vor de uma causa equivocada. Também
os não-cristãos amam aquilo a que se de (06) que impõe a lógica humana como
dicam, e alguns estariam até dispostos a norma de interpretação e compreensão de
disponibilizar a própria vida em favor da algo tão transcendente como a natureza e
causa amada, fosse assim requerido. O personalidade de Deus?
142/ PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

(07) que não se preocupa com a Pai é um como, porque foi o primeiro que
evangelização de um mundo perdido, mas gerou seu Filho no útero de Maria.”
tão somente com proselitismo entre os pró
Considerando esses blasfemos despro
prios adventistas para arrebatá-los para as
pósitos"*’ sobre o santíssimo Deus revela
suas próprias fileiras?
do nas páginas sagradas; considerando as
(08)que agride a personalidade de Deus? advertências de Ellen G. White à Igreja
sobre o vindouro ômega;e, afinal, conside
(09) que oferece uma representação
rando o fato de que, em seu preciso
falsa dEle, e que lhe é, portanto, uma de
sonra? paralelismo com o alfa, a presente dissi
dência antitrinitariana cumpre o que pode-
(10) que resulta, com sua mensagem, riam ser chamadas as especificações do
na “espiritização” de Deus? ômega,sinto-me fortemente inclinado a crer
que a referida dissidência é, com efeito, o
(11) que é um fator de desagregação e anunciado ômega da apostasia.
enfraquecimento do corpo de Cristo?
A serva do Senhor tremeu ao tomar
(12) que é imbuído de amor espiritual
não santificado?, e dele conhecimento,tremeu por nosso povo.
E não poderia ser diferente, se levarmos
(13)que está em dissonância com o que em conta que o ômega se revela bem mais
Cristo ensinou? preocupante:
Que dizer de um movimento assim,se- (1)em sua propagação, pois,enquanto
não que é resultante do influxo diabólico? o alfa se limitou praticamente a uma re
Com efeito, o alfa e o ômega da apost^ia gião na América e não avançou muito para
provêm de só um lugar: a mente satamca. além do círculo de um grupo de obreiros,
o atual movimento, por meio dos rápidos
Conclusão meios de comunicação disponíveis em
nossos dias (com especial alusão a sites
Observamos como o panteísmo do alfa de Internet), tem se alastrado por várias
da apostasia desmereceu a Deus a ponto regiões do globo;
de tomá-lo inferior à própna cnamra e de
(2)em sua penetração, pois, enquanto
fazê-lo residir no própnoSa^as. Apre o alfa atingiu parte da classe médica e mi
sente dissidência que nega a Tnndade,com
nisterial de Battle Creek, a presente dissi
ênfase no demérito do Espinto Santo, nao
dência tem contagiado diferentes camadas
da força leiga da Igreja(precisamente esse
potencial sem a participação do qual a obra
não será concluída'^'), numa amplitude tal
interpretação Divindade a um que pode penetrar em cada lar adventista
no mundo, bastando para isso o acionar de
baixaaterceir ^p ,47 Não sen-
plano inferi „itraie o mesmo dissi- alguns botões;
do da insensatez ao iden- (3) em seus resultados devastadores,
dente «‘«6® ° pessoa com a gló- dada a maneira como a dissidência tem sido
üficaramesma I ^^jj-pateticamen-
poderosa em semear dúvidas e incertezas,
acabando por dividir e enfraquecer nossas
Santo. congregações; e, por fim,

Assim,os antitrinitarianosdadissidên-
decididamente a (4) na implicação dos conceitos alar
deados. No alfa da apostasia, a natureza
cia adventista se pres^^
de Deus foi aviltada em seu todo, por uma
leviM^scom dente um e-mailnoqual filosofia que o reduzia a uma simples ener
recebí de0^0 .j ^^Q^vicção en-
ele deixou bem cl^^ ..ge o gia que permeia o mundo e que nele se inte-
gra, de tal modo a se tomar com ele uma
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA / 143

unidade; mas se o mundo é Deus e Deus é alfa, passará, sejam muitos ou sejam pou
o mundo,então sua obra a ser nele cumpri cos os que venham a ser levados por ela.
da é pura ilusão. Na presente apostasia Os sinceros e fiéis entre o remanescente,
antitrinitariana, embora Deus e o mundo se porém, não serão desencaminhados.
mantenham distintos, a Divindade é frag
mentada e, dependendo do conceito adota Por entre a confusão de doutrinas enganado
ras, o Espírito de Deus será um guia e um escudo
do pelo dissidente,reduzida a uma ou a duas
aos que não têm resistido às evidências da verda
pessoas, e mais uma influência, o Espírito de,silenciando todas as outras vozes além da que
Santo, que deverá, a exemplo do que deter vem daquele que é a verdade.IS4
mina o panteísmo,permear a matéria.Se no
primeiro caso,a obra de Deus no mundo era A obra de Deus continuará “vencen
ilusão, agora ela é um sonho inatingível, do e para vencer” (Ap 6:2), pois seu '
pois sem o Espírito Santo como pessoa divi grande Comandante jamais perdeu uma
na unindo sua força ao nosso esforço,conti batalha. A vitória final se efetivará em
nuaremos nesse mundo indefinidamente; breve, pois a Igreja se fundamenta no tri
simplesmente porque a obra divina em nós unfo da cruz, o mesmo que lhe garante
e no mundo jamais será concluída sem todos os recursos disponíveis pelo Céu,
Ele.'^^ É isso o que o inimigo mais deseja,
por meio do ministério da terceira pessoa
razão pela qual ele inspira determinados ele
da Divindade,o Espírito Santo,impulsio-
mentos a questionarem mesmo a existência
nando-a para as grandes conquistas que
desse sublime ser, e confundir as mentes a esperam.
à maneira como Ele atua.
quanto
Como o ministério do Espfrito tem importância Este mesmo Espírito, em 1889, moveu
a
vital para a igreja de Cristo,éo decidido empenho de serva do Senhor a declarar: “Espero que
Satanás, por meio dessas excentricidades de gente os irmãos sejam fortalecidos e estabeleci
desequilibrada e fanática, cobrir de opróbrio a obra dos na fé. A obra certamente progredirá,
do Espfrito Santo e induzir o povo a negligenciar a quer avancemos com ela quer não. Ela será
fonte de virtude que Deus proveu para o seu povo.'" vitoriosa.”‘55 ^
Graças a Deus, porém, que a onda
Avançar ou não avançar com ela,é você
avassaladora do ômega, a exemplo da do quem decide!

HjjFERÊNCIAS sentei-lhes a natureza de sua obra. O Senhor medeu


força para lhes revelar,claramente,o o, perigo.Entre
o seu
para adequada abordagem dos empenhos satâ-
ou^s pontos de vista, sustentavam que os que se
● os para obstar a obra de Deus ente os adventistas achassem uma
vez sanüficados, não poderiam mais
de o início de sua história, ver Enoque de Olivei- pecar. Seu ensino falso estava operando srandf» mai
Mão de Deus ao Ume(Santo André,SP: Casa
ente eles mesmose entre outros.Estavam adquirindo
'■^’h^icadoraBrasileira, 1985), 115-142.
influência espintista sobre os que não viam o mal des
Este movimento era quase uma repetição do sasteonas vestidas de lindos trajes.AdoutnnrÍ que
mo'' * mento dos selados, que surgira quatro anos an- todos eram santos levara à crença de que as afeições
disso, Ellen G White comentaria mais
tes. Acerca dos santos nao levariam nunca ao mal.A consequência
tafde: desta crença foi o cumprimento dos maus desejos de
‘pepois de 1844, tivemos que enfrentar fanatis- corações que,embora professassem ser santos, esta
ITlOS
de todas as espécies. Foram-me dados testemu- vam longe da pureza de pensamentose de vida.”*Ellen
h s de repreensão, que eu deveria apresentar a al- G White,Testemunhos para a Igreja(Tatuí,SP:Casa
uns que mantinham teorias espíritas. Publicadora Brasileira,2006),8:292,293.
^ Havia os que estavam ativos em disseminar idéi- ^ Oliveira, A Mão de Deus ao Leme,133.
as falsas; acerca de Deus. Foi-me dada luz de que * Ellen G White, Mensagens Escolhidas(Santo
esses homens estavam tomando sem efeito a verda- André,SP:Casa Publicadora Brasileira, 1985), 1:208.
de, por meio de seus falsos ensinos. Fui instmída de ® Ellen G White,Specioi Testimonies,Série B,n®
2,8.
que estavam desviando pessoas, apresentando teori-
as especulativas relativamente a Deus. ® Ellen G White, O Grande Conflito (Tatuí, SP:
Dirigi-me ao lugar onde se encontravam e apre- Casa Publicadora Brasileira, 2004), 11.

L
144/PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

13. estão em grande perigo de ser afinal levados a consi


*Ellen Whíte foi suficientemente incisiva a esse derar a Bíblia toda uma obra de ficção.”
respeito: “Não deve ser enfrentado [o panteísmo David S. Clark, Compêndio de Teologia Sis
assumido por Kellogg] retirando nossas forças temática (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana,
operantes do campo a fim de investigar doutrinas e 1988), 90.
pontos de divergência. Não temos tal investigação a ”Ibid.,91.0 panteísmo ‘‘toma Deus tanto bom
fazer”(Mensagens Escolhidas, 1:200). “O inimigo como mau (Norman Geisler, Christian Apologetics
res-
está procurando desviar o espírito de nossos irmãos [Grande Rapids: Baker, 1976], 189), e o faz
e irmãs da obra de preparar um povo que subsista ponsável pelas mais abjetas impurezas que se en
nestes últimos dias.Seus enganos destinam-se a des contram no coração humano. (Carsten Johnsen, The
viar a mente dos perigos e deveres do momento” Mystic “OMEGA"ofEnd-Time Crisis[Mezien,Fran
(Testemunhos para a Igreja, 8: 296). ça: The Untold Story Publishers,s/d], 84). Se esse é
* B.Carpenter, cit. em R.Tuck, The Preacher's o caráter do Criador,a repercussão em suas criaturas
Complete Homiletic Commentary(London & New será devastadora;daí a observação que Ellen G White
Yorit: Funk & Wagnalls Company,s/d),31:411. faz sobre panteísmo e amor livre (ver característica
10
R. H. Mounce, The Book ofRevelation, The 13, abaixo). Ela afirma: ‘‘As teorias panteístas não
New International Commentary on the New são apoiadas pela Palavra de Deus. A luz de sua
'I^stament(Grand Rapids:Eerdmans, 1980),73.Esta verdade mostra que essas doutrinas são meios des
maneira de considerar as letras inicial e terminal do truidores de vida. As trevas são o seu elemento; a
alfabeto hebraico como incorporando as demais co sensualidade a sua esfera. Satisfazem o coração na
incide com o significado do nosso termo alfabeto:as tural,e favorecem a inclinação”(White,Testemunhos
duas primeiras letras gregas(alfa e beta)são reunidas para a Igreja, 8:291). Grifos acrescentados
18
para integrar as demais. Clark,Compêndio de Teologia Sistemática,91.
"Cf. o que Ellen G White afirmou em plena Nesse ponto, o panteísmo seguramente é contradi
crise pantefsta:“Ensinamentos que estão desviando tório, pois ele não admite a personalidade de Deus
as pessoas da verdade vêm sendo apresentados como por considerá-lo a suprema força no universo.Para o
de grande valor... Muitos fatos serão apresentados panteísmo,personalidade também é,“na melhor das
que parecerão verdadeiros,e,contudo,terão que ser hipóteses, um nível menor e mais inferior de Deus...
ponderados cuidadosamente,com muita oração;pois Um Deus pessoal é um cidadão de segunda classe
podem ser sutis artifícios do inimigo”(White,Teste- nos Céus. O absoluto como absoluto e último está
munhospara a Igreja,8:231,290).Osensinamentos além da personalidade e consciência” (Geisler,
panteístas de Kellogg se diziam fundamentalmente Christian Apologetics, 189).
19
bíblicos,com premissas extraídas de ICoríntios 6:19 Claric, Compêndio de Teologia Sistemática,91.
e passagens afins, onde o corpo humano é referido “Augustus H.StFong,Systemqtic Theology(Old
como santuário do Espirito Santo; isso é evidente a Tappan, NJ: Fleming H,Revell, 1979), 1:100.
partir do título do livro onde o reconhecido médico Ibid., 2:567.
expôssua teoria: The Living Temjde(OTemplo Vivo). “ Louis Berkhof, Systematic Theology (Grand
PcMtanto,não seria fácil,de início,perceber o sentido Rapids, MI: Eerdmans, 1976),61.
25 Ibid., 139, 168. Ver também 171. Geisler ob
pmicioso deste ensino.
12 serva que,no panteísmo,“tanto a comunhão como a
White, Mensagens Escolhidas, 1:202. O alfa
da apostasia fez Ellen G White também tremer: adoração se tomam impossíveis”(Geisler, Christian
“Quando considero o estado de coisas em Battle Apologetics, 187).
24
Clarcnce Augustine Beckwith, “Pantheism”,
Creek,tremo por nossosjovens que ali estão”,disse
ela em 1903 (White, Testemunhos para a Igreja, The New Schqff-Herzog Encyclopedia ofReligious
Knowledge,Samuel Macauley Jackson, ed.(Grand
8:227).
*2 Sistema filosófico que admite uma doutrina Rapids, MI: Baker Book House, 1959), 8:328. Na
realidade,o monismo é“o background metafísico do
secrâa,a que apenas um grupo de pessoas,os inici¬
ados,tem acesso. panteísmo”(Geisler, Christian Apologetics, 173).
25 Russel Norman Champlin & João Marques
Cit. em LeRoy Edwin Froom, Movement of
Bentes,“Panteísmo”,Enciclopédia de Bíblia, Teolo
Destiny (Washington, DC: Review and Herald.
gia,e Filosofia(São Paulo:Candeia, 1991),5:40.
1972),353.
26 Ibid., 41.
*» White, Mensagens Escolhidas, 1:204. Cf.
”'White, Mensagens Escolhidas, 1:200.
White, Testemunhos para a Igreja, 8:291: “^tas
2* White, Testemunhos para a Igreja, 8:292.
teorias,seguidas até à suaconclusão lógica,derribam
2* White, Mensagens Escolhidas, 1:199.
toda a organização [inglês economy]cristã. Remo
* White, Testemunhos para a Igreja, 8:306.
vem a necessidade da expiação efazem do homem o
5' Ibid., 231,290.
seu próprio salvador.Essas teorias a respeito de Deus
52 White. MS 145, 1905.
tomam sem efeito a sua Palavra,e os que as aceitam
o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA /145

Em 1906, Ellen G White comentou esse fato »Ibid., 296,300.


da seguinte forma:“Antes do desenrolar dos recen ^ White, Mensagens Escolhidas 1:197.
53
tes eventos, o procedimento que o Dr. Kellogg e White, Testemunhos para a Igreja, 8:292.
seus associados seguiríam foi claramente delineado *Froom,Movement ofDestiny,345,347.
perante mim.Ele e outros planejavam como ganhar ^ Karl Immanuel Nitzsch, System of Christian
a simpatia do povo [adventista]. Eles procurariam Doctrine(Edinbuigh,E.T., 1849),81.
dar a impressão de que criam em todos os pontos ^ Donald G Bloesch, Essentials of Evangelic
de nossa fé, e tinham confiança nos Testemunhos. TheologyiSan Francisco: Haiper&Row,1982),137.
39
Assim muitos seriam enganados,e tomariam posi Stxong,SistematicTTieology, 1:347.
ção ao lado dos que se haviam apartado da fé.” Car “Aulén,The Faith ofthe Christian Churdi,229,
61
ta 328, 1906. Otto Kim,‘Trínity”, The New Schqff-Herzog
”White,Mensagens Escolhidas^ 1:199,202,203. Enciclopédia ofReligious Kttowledge, 12:22.
35 62
White, Testemunhos para a Igreja, 8:294. Ver White, Mensagens Escolhidas, 1:206.
63
^ Ellen G White, Carta 253, 1903. Ellen G White, Testemunhospara Ministrose
37
White, Testemunhos para a Igreja,8:298. Obreiros Evangélicos(Tatuí, SP: Casa Publicadora
“Ibid., 279. Brasileira, 1993),25.
64
»Ibid., 294. Entre elas a tendência por marcação de novas
White, A Ciência do Bom Viver (Tatuí, SP: datas por alguns pioneiros,Tiago White e José Bates
Casa Publicadora Brasileira,2004),428. como exemplos(ver Geoige R.Knight,Em Busca de
41
White, Mensagens Escolhidas, 1:202,203. Identidade [Tatuí,SP: Casa Publicadora Brasileira.
White, Testemunhos para a Igreja, 8:263. 2005],83,84).
63
“*3 White,A Ciência do Bom Viver,428.Cf.Gustaf Não se ignora aqui o comportamento entre
Aulén:“O Deus do pantefsmo,que penetra todas as líderes adventistas de se deixarem levar pela 'cres-
coisas,justamenteé tão inativocomoodeusdo defsmo cente tendência”,entre 1870e 1880,“de preservare
que é exaltado e removido do mundo”(Xhe Faith of proteger suas concepções teológicas,em vezde con-
the Christian Church [Philadelphia: Fortress, 1981], tmuar a progredir no conhecimento.”(Ibid.,89) Rccyi
125). tendência se nota hoje entre dissidentes
** White, Testemunhos para a Igreja, 8:291.
43 White, Mensagens Escolhidas, 1:196,202,204. “■^^0.'rn«te.Cm«Mu»S<,bnEsctaaSa.
Ibid., 195,199. ionnoCIituf. SP: CasaPublicadora Brasileira, 1996),
67
*10 próprio Kellogg, cabeça do movimento, não
se apercebeu desse lado imoral do panteísmo.
era nutndo e manodo a todo custo por estes Drimei.
Maxwell assim o comenta: “O conceito bíblico de tos pesquisadores da verdade (ver Whit.
e o corpo do cristão é o *templo do Espírito Santo* «hospamUinisn^s.
?lCoríntíos 6:19) foi por ele levado a extremos numa
forma de panteísmo que tomava Deus residente de 1888 «to Assembléia de
modo pessoal em cada criatura vivente, nos animais,
insetos e plantas, chegando mesmo a identifícar a
oeus com a lei da gravidade e a luz solar. Tal posição emve.dade"CRepenta:^:^^t^“»“P> Review
ondHerald, 1® de abril de 1890,193)
olapava a doutrina adventista fundamental de Cris-
^ num santuário celestial, e estabelecia uma base
to
70
^^ght. Em Busca de Idemidade, 92.
ncial para o fanatismo e a imoralidade (com base 71
Ibidetit
72
00 fato de que Deus está em mim, qualquer coisa que Ellen G White, “Christ
deseje fazer deve estar certa, uma conclusão a que . Prayed for Unirt
Among His Disciples”,
^^oróprio Kellogg nunca chegou).” C. Mervyn março de 1890,146. Revtew and Herald, 11 de
® ^ História do Adventismo {Santo André, SP: 73

Casa Publicadora Brasileira, 1982), 226,227.


481 White, Testemunhos para a Igreja, 8:292.
49 Sobre a qualidade de fervor, Ellen G White
74
em 1903: ”Falsas teorias estarão misturadas
afirmou 73 Em Busca de Identidade 112,
come ada fase da experiência e serão advogadas com
Conforme republicado in toiwn em MiHan
fervor satânico a fim de cativar a mente de toda a
Lau^Andreasen,7»eBooto/Hu6;«„(,^“
não estiver arraigada e fundamentada no
alma que ton, DC: Review and Herald, 1948), 115-124(ori«L
conhecimento dos sagrados princípios da Pa- acrescentados). ^
pleno 76
lavra” (M594,1903). Ver especialmente o capítulo 17, “Advertên.
50 Veja acima o tópico “ImplicaçõesTeológicas”. cia Solene”, em White, Testemunhos pam Igrein
5» White, Testemunhos para a Igreja, 8:265. 8:90-96. ^ ^
77
52 Ibid., 201. Ver especialmente o capítulo 30, ‘Ttabalhos
146/PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

99
Comerciais”,em Ellen G White, Testemunhos Para Confira a listagem de eventos inserida por data
a Igreja (Tatuí, SP: Casa,2005),7:161-168. no tópico “no Curso Histórico do Povo do Advento”.
78
Ellet J. Waggoner, Christ and His White, Mensagens Escolhidas, 1:203. Ên
Rightedusness(Oakland, CA: Pacific Press, 1972), fase acrescentada.
101
44,63.A primeira edição desta obra data de 1890. Ibid.
79 102
Ibid., 22. É possível que esta idéia um tanto Que este é o caso, basta conferir a maneira
acristológica (no sentido histórico do termo) de exótica como Ricardo Nicotra e Jairo Pablo Alves de
Waggoner tenha contribuído para que ele descambasse Carvalho fazem a exegese de João 15:26,com especi
mais tarde para o panteísmo de Kellogg. al atenção voltada ao verbo grego ekporeúomai,“pro
Semi-ariano como era, Uriah Smith não aceita ceder”,só para demonstrar que o Espírito Santo tem,
va a plena divindade de Jesus e tampouco a persona como seu habitat natural, o íntimo do Pai - uma
lidade e divindade do Espírito Santo. Antes, José dedução com cheiro de panteísmo (ver respectiva
Bates e Tiago White partilharam desse mesmo pon mente página 35 e páginas 114, 115 dos opúsculos,
to de vista. relacionados na nota 105,da autoria desses dissiden
81
Knight, 115. tes). Para uma avaliação desta interpretação, ver José
“Ellen G White, O Desejado de Todas as Na C.Ramos,“Uma pessoa maravilhosa chamada Espí
ções(Tatuí,SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), rito Santo”, Parousia, n°. 2, ano 4,42,43.
103
13,395 e 501. A esse respeito, veja Ibid., 41-51.
104
M. L. Andreasen, The Faith of Jesus (Wa White, Evangelismo, 616, 617.
shington,DC:Review and Herald, 1949),22. R. Nicotra,Eueo Pai Somos Um (São Paulo:
Ellen G White, Testemunhos Seletos (Tatuí, Ministério Bíblico Cristão, 2004) e Jairo P. A. de
SP:Casa Publicadora Brasileira, 1985),2:312. Carvalho, A Divindade, e a maravilhosa conexão
“Ellen G White,Evangelismo(Tatuí,SP: Casa entre o céu e a terra, chamada Espírito Santo(Con
Publicadora Brasileira, 1997),617. tenda, PR: Ministério 4 Anjos,[2003]).
“Ibid., 616. White, O Desejado de Todas as Nações,501.
”Ellen G White,Conselhos Sobre Saúde(Tatuí, Nicotra, Eu e o Pai Somos Um, 8, 9, 28;
SP:Casa Publicadora Brasileira, 1998),222. Carvalho, A Divindade, 21, 22, 44-46, 52, 74, 110,
White, Evangelismo, 616. 114, 116, 117, 118, 121, 122, 124, 125, 142, 143*
® Ibid., 615. 159.
Ibid., 617. Carvalho, A Divindade, 24.
Ibid., 616,617. Nicotra, Eueo Pai Somos Um,8, 12,28,32,
92
Ellen G White,“Christ’s Most Essential Gift 33, 36; Carvalho, A Divindade, 18, 19, 20, 21, 26
to His Church”, Review and Herald, 19 de novem 31,32,50,51.
bro de 1908, 16. White, O Desejado de Todas as Nações,501.
93
Knight, Em Busca de Identidade, 117. Vale Bloesch, Essentials of Evangelic Theology,
lembrar que é crido ter o pentecostalismo moderno 2:239.
surgido em 1901 emTopeka,Kansas,o qual acabou, White, Mensagens Escolhidas, 1:199, 202.
finalmente, dividido em dois grupos principais: o Ramos,“Uma pessoa maravilhosa chamada
movimento da santidade(coincidentemente o assun Espírito Santo”, 44.
to da carne santa em Indiana),e o da Trindade(en Ver Ibid., 48, 49.
volvida pelo menos indiretamente na crise Kellogg). Ellen G. White,“The New Year”, Review and
O segundo grupo pentecostalista adotava uma posi Herald,4 dejaneiro de 1881,5.Tradução:“Louvai a
ção sabeliana,que afirmava ser Jesus,Ele unicamen Deus de Quem todas as bênção fluem; louvai-O to
te, o Pai,o Filho e o Espírito Santo,e assumiam que das as criaturas cá embaixo;louvai-O acima,vós exér
cito celestial; louvai ao Pai, Filho e Espírito Santo.
»*
a única forma correta de batismo era em “nome de
Jesus”, desde que acompanhado de manifestação White, Evangelismo, 364.
117
glossolálica(ver Vinson Synam,“Pentecostalismo”, Nicotra, Eu e o Pai Somos Um, 3, 4. Este
Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, dissidente argumenta que não se pode continuar con
Walter A.Elwell,ed.[São Paulo: Vida Nova, 1990], siderando um mistério aquilo que Deus já revelou.
131-135). A maneira como processavam o batismo, Mas o mistério que Deus achou por bem revelar é o
excetuando-se o falar línguas,é defendido e seguido evangelho(Rm 16:25, 26), e o que ocorre é que o
por dissidentes adventistas antrinitarianos hoje. dissidente simplesmente confundiu conhecimento
94
Knight,Em Busca de Identidade, 117. salvífico de Deus,aquele conhecimento experiencial,
White, Mensagens Escolhidas, 1:207. espiritual que resulta em nossa salvação, com uma
Ibid., 208. compreensão da personalidade e natureza divinas
^ Ellen G White, “Open the Heart to Light”, (exatamente do que trata o ensino da Trindade)que
Review and Herald,25 de março de 1890,177. podemos obter na dependência exclusiva do que é
98 exarado nas Escrituras.
Knight,Em Busca de Identidade, 117.
1

o ÔMEGA DA apostasia: À IMAGEM E SEMELHANÇA DO ALFA / 147

118
Àqueles que tentavam sondar a realidade di to daquele que Paulo pregava,e que deveria ser deno
vina estribados no raciocínio, Ellen G White foi bem minado “anátema”(v. 8, 9). Assim, a divindade de
explícita:‘Tanto na divina revelação,como na natu Jesus e a do Espírito Santo são idênticas.“Mas,qual
reza, Deus deixou aos homens mistérios para lhes a qualidade da divindade de Jesus? A Bíblia e o Espí
exigirfé’'(White,Testemunhos para a Igreja,8:261; rito de Profecia não deixam por menos: Ele é tão
grifos acrescentados). divino quanto o Pai, e é um com Este desde toda a
119
Geoffrey W. Bromiley,“Trindade”,em Enci eternidade (Jo 1:1; 10:30). ‘Cristo era Deus em es
clopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã,3:577. sência e no mais alto sentido. Ele esteve com Deus
Nicotra, Eu e o Pai Somos Um,8,9, 11. desde toda a eternidade...’[Ellen G White,‘The Woixi
121
Ellen G White, Testemunhos Para a Igreja Made Flesh,’ Review andHerald,5 de abril de 1906,
(Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasileira,2004),5:702. 8]. Se assim é com o primeiro Consolador [Cristo,
122
Carvalho, A Divindade, 24, 80, 132, 133, ver IJo 2:1] não será diferente com o segundo. O
134-137. mesmo Espírito de Profecia confirma esse fato: ‘O
A inspiração claramente nega que o Espírito Consolador que Cristo prometeu enviar depois de
Santo é Gabriel. Este disse à Maria, anunciando a ascender ao Céu,é o Espírito em toda a plenitude da
geração de Jesus em seu íntimo: “Descerá sobre ti o Divindade,tomando manifesto o poder da graça di
Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá vina a todos quantos recebem e crêem em Cristo
com a sua sombra...”(Lc 1:35). Gabriel não poderia como um Salvador pessoal.’ [Evangelismo, 615
estar falando de si mesmo. (grifos acrescentados)]. ‘Toda a plenitude da divin
A fórmula aparece em White, Conselhos So dade’ é precisamente o que Colossences 2:9 afirma
bre Saúde, 222; O Desejado de Todas as Nações,
residir corporalmente em Cristo. Com efeito,o Espí
501; Evangelismo, 617; Testemunhos para Minis rito Santo é o segundo Consolador, da mesrm'ssima
tros, 392; The Seventh-Day Adventist Bible
natureza do primeiro”(Ramos,“Uma pessoa mara-
Commentary(Hagerstown,MD:Review and Herald, vilhosa chamada Espírito Santo”,48).
1980), 6:671; e My Life Today (Washington, DC:
Quanto à autenticidade dessa fórmula regis
Review and Herald, 1952),36.
‘25 Carvalho, A Divindade, 107, 128. trada por Mateus em seu Evangelho, ver José Carlos
'25 Ver Ramos,“Uma pessoa maravilhosa cha Ramos, ‘Mateus 28:19 — falso ou autêntico?”. Re
vista Adventista, maio de 2005, 10,11.
mada Espírito Santo”, 50, nota 27, quanto ao equí
voco da versão “a partir de” para “of the Godhead”. Ver acima o tópico “Implicações teológicas”
146

'27 Sobre o erro de interpretação do dissidente, Carvalho, A Divindade, 21.


147
Ver Ramos,“Uma
verlbid.,44,45. pessoa maravilhosa cha-
128 Carvalho, A Divindade, 21. mada Espírito Santo”,44,
148
12® White, Mensagens Escolhidas, 1:202. 149
Carvalho, A Divindade, 165
●3® Ibid., 196.
●3' Ibid., 204.
'32 Testemunhos Para a Igreja, 8:291.
'33 Ibidem; A Ciência do Bom Viver, 428.
134 White, Testemunhos Para a Igreja, 8:292.
'35 Ibid.
'36 White, A Ciência do Bom Viver, 428.
'37 White, Evangelismo, 602. 151
'38 Ibid., 614. Sem a participação da assim
leiga,evidentemente em si chamada força
139 Quanto a esta equivalência, ver Ramos, “Uma
pessoa maravilhosa chamada Espírito Santo”, 44.45. corimdeobiomsJamaisalgrejL^tegjj!^®™**®®
^ '40 White, Special Testimonies, série A, 12,9. a m,ss5o que Cristo lhe coufiou.“A^17™
'4' Ellen G White, Atos dos Apóstolos (Tatuí, na Terra nunca poderá ser finalizad» ”

Sp- Casa Publicadora Brasileira, 1999), 551. homens e mulheres que compõem nossaTi?‘°“
'42 Por meio do termo “Consolador”, grego ceirem fileiras, ejuntem seus esforços ao!7*
mstros e oficiais da igreja"(Ellen a'white / T"'
pa rákletos, que significa etimologicamente “chama- Cristão [Tatuí, SP; Casa Publicad^ n’
do para estar ao lado de”; o termo é masculino e se
1999], 68). O diabo sabe disso, daí seu Cel’
aplica à pessoa que apóia, conforta, orienta, defende,
etc, o que uma abstração não faz.” (Ramos, “Uma de,com o ômega,quebrar essa força indispeísávtí
aos interesses do reino de Deus na Terra.
maravilhosa chamada Espírito Santo”, 47,48).
pessoa
I
>'*3 Por meio do termo “outro”, grego állos, outro “Em toda a sua divina beleza devem elas ra«i
jóias da verdade]resplandecer nas trevas morais d
da mesma espécie ou natureza, em contraste com
mundo. Isso não pode ser realizado senão com o
héteros, outro de natureza diferente, como em Gálatas
auxílio do Espírito Santo, mas com Ele podemos
1 ;6, héteron euangélion - “outro evangelho”, distin- fazer todas as coisas’’ (Ellen G White, Obreiros

t. í
148/ PaROUSIA - 1® SEMESTRE DE 2006

Evangélicos[Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasilei que nela a autora está contanto a sua própria experi
ra,1993], 289). ência como mensageira de Deus.
White,O Grande Conflito^ 10.Que este texto White, Obreiros Evangélicos^ 289.
é,de fato, da pena da serva do Senhor,embora seja Ellcn G White, Testemunhos Para a igreja
extraído da introdução desta obra,é evidente do fato (Tatuí,SP:Casa Publicadora Brasileira,2004,S:S71.
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atualizado. Por meio de artigos, pesquisas bíblicas, resenhas de livros,
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E m tempos recentes os adventistas do sétimo dia estão
redescobrindo aquilo que Arnaldo B. Christianini, talvez o
maior apologista da Igreja Advfentista no Brasil, já havia
concluído em seus dias: o erro e suas subtilezas devem ser confrontados.
Roy Adams,em seu Tòe Nat/n-e of Christ^ observa que a Divisão Norte-
Americana dos Adventistas do Sétimo Dia, abandonando a prática
tradicional de diplomacia, na década de 1990, passou a identificar
claramente os ministérios independentes que por muito tempo vinham
perturbando a igreja, assumindo uma posição sem ambigüidades com
relação a vários deles. Adams observa que muitos adventistas gostam de
ci^ar o argumento de Gamaliel: “Dai de mão a estes homens, deixai-os,
pojs se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, mas se é de
Deus,não podereis desfazê-la”(At 5:38,39).
, Adams indaga ainda: embora a afirmação de Gamaliel seja verdade a
longo prazo,quanto tempo podemos esperar até virmos a subversão final
da dissidência e do erro.? E o que acontecerá no processo? Além disso, se
Gamaliel tinha duvida acerca da natureza daquele movimento,não e este
o caso em relação ao antinitritarianismo. Como Adams corretamente
observa: Em.face da historia, nao podemos manter, contudo, que o
inimigo nunca ganha uma batalha coiltra a Igreja.”
E precisamente por isso que não podemos, em boa consciência,
)
permitir que o engano passe sém ser desafiado, pretendendo que ele não
exista, e, enquanto isso, cristãos sinceros sejam desorientados e a própria
torne vitima de heresias grosseiras. E claro que se corre o nsco de
retaliações. Mas este é um risco calculado. E se este é o preço por
testemunhar da verdade; ele é, ainda assim, muito pequeno.Para Ellen G.
White,“o erro jamais é inofensivo. Nunca ele santifica, mas sempre traz
confusão e dissensão. E sempre perigoso.” E por isso mesmo deve ser
combatido.

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Seminário adventista
Latino-Americano de teologia

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