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NUNES
0 DIA DA SUA
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H-,tml
MOVIMENTOS APOCALÍPTICOS
E A EXPECTATIVA DA VOLTA DE CRISTO
A segunda vinda de Cristo é a "bendita esperança" de muitos cristãos
ao redor do mundo..A expectaüva da erfadicação do pecado e do surgi-
mento de novos céus e nova terra esteve presente entre os seguidores
de Cristo duante os últimos 2 mil anos. Ao longo de todo esse periodo,
alguns têm aguardadó o evento com anseio e àlegria, enquanto outros
vêem nele motivo para alafme e desespefo.
Motivadas quef por medo ou por amor, sempre houve pessoas que
se sentiram autorizadas a anunciar uma data específica para a volta de
jesus ou para o fim do mundo. Ao apresentar idéias mal fundamenta-
das e intefpretações tendenciosas das Escrituras, os mafcadores de
data têm excitado e alarmado crentes de diferentes épocas e lugares,
transtornando a história de vários movimentos felistosos. Contudo,
uma vez que via de regra não se concretizam, tais previsões sempre
acabam em frustração, vefgonha e ceticismo.
ALCEU L. NUNES
0 DIA DA SUA
WTtuTBjA\
MOVIMENTOS APOCALÍPTICOS
E A EXPECTATIVA DA VOITA DE CRISTO
suMBIO
Introdução
Capítulo 1
Antecedentes judaicos
Capítulo 2
Cristianismo apostóhco
Capítulo 3
Cristianismo patristico
Capítulo 4
Cristianismo medieval
Capítulo 5
A Reforma, os anabatistas e os séculos 17 e 18
Capítulo 6
Presságios do fim
Capítulo 7
Novas idéias para o fim
Capítulo 8
Movimentos contemporâneos
IV. Conclusões
Conclusões
INTRODUçÃO
0 segundo advento de Cristo tem sido aguardado com solene expectativa por
cristâos ao redor do mundo. A promessa da breve volta do Senhor é consíderada a
"bendita esperança" ÍTt 2:13) do cristianismo, expressa em seus credos e cantada em seus
Mais tarde, a chegada do ano 1000 foi marcada por pressentimentos de que algo
inusitado estava prestes a ocorrer. Á meia-noite de 31 de dezembro do ano 999, o
Papa Silvestre 11 celebrou na Basíhca de Sâo Pedro` em Roma, o que ele e muitos fiéis
pensavam ser a última missa da história. Baseando-se em Apocahpse 20;7 e 8, eles
concluíam que o fim do mundo ocorreria quando Satanás fosse solto de sua prisão, ril
anos após o nascimento dejesus." Apesar do ano 1000 ter passado sem que ocorresse
o aguardado e temido advento de Cristo, as marcações de datas, cercadas de ansiedade
e expectativa, prosseguiram no movimento cristão ao longo do segundo milênjo. o
A proximidade do ano 2000 gerou uma significativa prohferação de profecias e
de novas especulaçôes sobre o que a tradição apocaHptica denomina "os dias finais". 0
misticismo envolvido fez ressurgir as profecias de Nostradamus (1503-1566). 0 alegado
cumprimento dessas profecias e o dito popular "até mil irás, dois ril não passarás" soa-
ram como vaticínios escrituristicos na mente dos mais simples, deixando uma sombra de
inquietude nos mais letrados." Mas apesar de o ano 2000 ter chegado e o novo milênio
ter se iniciado sem que as previsões se cumprissem, a tendência alarmista prosseguiu.
Assim, a ameaça da guerfa nuclear inspirou passeatas estudantis, assembléias de
oraçào e até uma "maratona de ciclismo". Lívros com pretensa autoridade bíbhca em
matéria de profecias de desgraças são vendidos aos milhões. Multidões correm aos ci-
nemas para assistir a filmes que especulavam e ainda especulam sobre as possibihdades
de destruição e salvação, seja por uma vinda do Messias ou uma guerra global, seja por
viagens de fuga para galáxias distantes."
À medida que os anos foram se passando, a idéia de um futuro apocahpse para os
homens também assumiu outras formas. Uma delas, segundo Friedrich," é a possibili-
dade de uma "catástrofe natural -uma nuvem sufocante de ar poluído, um terremoto
sob uma usina atômica, o derretimento das calotas polares, que hoje inspira üvfos e
filmes, pr€visões astrológicas e jornais clandestinos".
Mesmo com o passar dos séculos e com explicaçóes científicas que permeiam
o assunto, o espectador moderno continua a sentir-se fascinado pelas catástrofes
naturais. Embora já não se veja a mão de Deus numa epidemia de peste bubônica ou
no terremoto que sacode uma cidade, e as vítimas sejam prontamente tratadas com
antibióticos e plasma, a subtaneidade, o caráter aleatório desses desastres ainda tem
o poder de encher de assombro o imaginário da mais cética das testemunhas. Muitos
talvez imaginam, numa proporção maior, que o mundo acabará. "
Desde a introdução da seta do tempo judaico-cristâ no pensamento humano," pa-
recía de fato ]óãco se ínterrogar sobre a data do fim do mundo e, portanto, sobre a data
da criação. 0 raciocínio humano, ao longo dos rilênios de história, tem sido o de que se
tivemos uma origem, certamente teremos um fim, e a morte, ceifeira implacável, relembra-
nos conünuamente esse destino. Deve haver, porém, um final definiüvo para a humanidade
e, para se chegar à compreensão de quando o fim se dará, é preciso saber quando ocorreu o
início, a fim de que os cálculos matemáticos fimdamentados nas profecias bíbhcas possam
0 DIA DA SUA VINDA
ser elaborados. Assinala ]ean Delumeau que "essa lóãca impecável engendrou cálculos
engenhosos e longos tratados que deram ensejo a debates sempre apaixonados"."
Diferentes denominaçôes cristãs têm enfrentado dificuldades com alguns de seus
membros que insistem em marcar um tempo específico para o segundo advento de Cristo
e para o fim do mundo. Quando passa a anunciada data, tais indivíduos nâo apenas caem
em descrédito, como também trazem opróbrio para a denominação da qual são membros,
e acabam desacreditan`do a própria mensagem sobre o segundo advento.
Uma análise da literatura adventista do Brasil demonstra que alguns artigostg e,
pelo menos, um panfleto tratam do assunto de marcação de datas.2° Contudo, nenhum
estudo específico analisa mais detidamente o impacto da mafcação de datas para o
segundo advento de Cristo e para o fim do mundo sobre a missâo de pregação do
evangelho. 0 cumprimento do mandado evangéhco de Cristo (Mt 24:14; 28:18-20) tem
sido dificultado quando prognósticos e cálculos que pretensamente tentam identificar
com exatidão o momento final da história humana sâo elaborados.
A presente rivestigação tem por objetivo considerar, de forma sintética, o desenvol-
vimento cronolóáco da questão da marcação de datas para o fim do mundo na em cristà,
ensejadapelosegundoadventodecristoouporalg`macatástrofededimensõesglobaisÊnfase
especialédadatantonoprocessoeuforia/desapontamento/letaíÉageradopelamarcaçãode
datas quanto nas ímpücações desse processo sobre o cumprimento da missão evangélica.2'
Este estudo fornece uma visão panorârica dos principais blocos de marcação q#.í
de datas para o fim do mundo ao longo da história do cristianismo, abrangendo os
períodos antigo, medieval e moderno da igreja cristã, com destaque para o milerismo,
o adventismo do sétimo dia e o dispensacionaüsmo.
As datas são anahsadas e avaliadas criticamente, sendo considerados especialmente
os casos em que se teve acesso a fontes primárias. A ausência de informações docu-
mentais e/ou a dficuldade de acesso a elas limitou a anáhse dos efeitos produzídos por
algumas marcações de tempo para o fim do mundo consideradas no presente estudo.
0 conteúdo está ofganizado em três paftes. A primeira delas, intitulada "A expec-
tativa entre o início da era cristã e o final do século 15", apresenta um resumo histórico
da marcação de datas para o fim do mundo nos períodos da igreja cristã apostóhca, dos
pais da igreja, passando pelo período medieval e chegando ao século 15.
já a segunda parte, denominada "A expectativa entre o período da Reforma e
o final do século 19", abrange o periodo da Reforma Protestante do século 16, com
especial atenção ao milerismo da década de 1840 e aos adventistas do sétimo dia.
A última parte recebe o título de "A expectativa entre os séculos 20 e 21 ", e anaüsa
as marcações de datas desse período, destacando as predições de tempo propostas pela
escatolo*a dispensacionalista, pelos adventistas do sétimo dia e pelas seitas suicidas.
Os anexos apresentam textos de Roger W Coon, Márcio Dias Guarda, Emilson
Reis,josé Carlos Ramos, e Alberto R Timm sobre o problema da marcaçâo de datas para
o fim do mundo, com o objetivo de prover informações adicionais a fespeito do tema.
lNTRODUÇÃO
Notas
` Pafa os cristàos biblicos, a segunda vmda de Cristo cc>rresponde ao fim do presente mundo,
marcando o início do mjlênio (Ap 20:4-6), ao término do qual ocorrerá o juízo execudvo, ou seja, o
externúuodoshpiosedosanjosmauspormeiodofogoquetambémpurificaráoplaneta(.\p20:7-10).
À parür de então, Deus estabelecerá "novos céus e nova terra nos quais habita a jusüça" (2Pe 3:13).
20tto F`riednch, 0 F/.% c/o M##c/o (Rio de janeiro/São Paulo: Record, 2000),14.
) As unidades básicas do Cálculo Longo são: 1 uinal = 20 dias; 1 tun = 360 dias; 1 katun
= 7.200 dias; 1 baktun = 144.000 dias. Bertflia Leite e Othon Winter, F/.Â77 c/G M/./é^'#/.o (Rio de
Central, tendo seu apogeu cntre os séculos 3 e 9 a.C. Por esse motivo, são inclu`dos nesta seção do
estudo, que coloca as marcações de tempo na época em que elas ocorreram.
`5 Existem divergências quanto ao período em que viveu Zoroastro. Alguns historia-
dores o situam no sexto século a.C. (E##.6`/oP6'J/.c7 Bc7" [São Paulo: Encyclopaedia Britânica,
1989] ,15:545 e E#cz.c/opecJz.# M/.rzzdc)r J#/é!r#447.o#c7/ [São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1982] ,
20:11563). Outfos, porém, o colocam entre 1400 e 1000 a.C. (TÁ€ lJ7:or/J BooÁ Ewcjíc/oPGé//.ó7
8NolivrodeApocalipse,RomaeraaencamaçãodosmalesdahistóriaqueafliSamonovopovo
de Deus, a comunidade cristã; era uma noJa Babüônia, Nírive e Sodoma. 0 capítulo 12 apresenta
a visão da mulher -a lgreja -perseguida pelo dragão. À grande meretnz (Àp 17:1 -7) é a antimulher
e anti-igreja. A lgreja é a virgem, a mulher pura e viituosa, a esposa do Cordeiro; sua inimiga é a
meretriz, a esposa de Satanás. À destruição de Roma foi revelada ao rei babilônico Nabucodonosor
(século quinto a. C.) através do sonho da estátua, cujo significado Daniel, c) profeta hebreu, mterpretou
@n 2). 0 quarto poder, representado pelas pemas de ferro, era Roma, que ina se desfazer como
reino coeso, vi'tima de invasões e ataques das tribos bárbaras. A queda de Roma, portanto, era uma
evidência clafa, à luz da profecia biblica, de que c> mundc> aüngira a fase final da sua história.
' Friedrich, 33. http://www.ccel.cHg/fathers2/ÀNF-07/anf07-04.htm.
0 DIA DA SUA VINDA
" Ezequiel 38:1 profetizou a vinda de um terri'vel rei, Gogue+da terra de Magogue, para
se opor ao povo restaurado de Deus. Os capítulos 38 e 39 descrevem a preparação dos exércitos
que apoiaram Gogue, o seu ataque contra o povo de Deus e a sua repentina derrota por Deus. Às
nações que iam participar com Gogue na batalha representam diversos povos gentios.
' ' Friedrich, 33,
'2 C. Marvin Pate; Calvin R. Hanes jr., Z)%#rc/c7zy Déi/#j`/.o#r (Downers Grove, IL: Intervar-
siqr,1995),19. 0 ano 1000, no eritanto, não ocasionou uma agitação geral como muitos têm
imaginado. Paulien esclarece que "a visão popular do pânico em torno do ano 999 parece ter
tido sua origem em passagens isoladas encontradas em documentos publicados desde o fim do
sécu]o 16 até a primeira parte do século 19. . . À medida que o ano 1000 se aproximava, não
existia nenhum sistema uniforme de contagem dos anos na Europa. Qualquer excitamento teria
sido limitado em grande medida à lnglaterra e França. . . As evidências indicam que o periodo
em torno do ano 1000 foi um tempo significativo na história, um tempo de grandes mudanças
e considerável ansiedade. Mas as claras evidências sugerem que o excitamento daquele tempo
parece ter tido relativamente pouco a ver com o número de ano e muito mais com as mudanças
sociais e reliriosas que estavam tendo lugar naquele tempo" ("The i\fillenírium is Here Again:
Is lt Panic Time", em j4#c/wzw Uw.w+7.gJ JG#z.wc7o; J/#cJ/.Gf,1999, 37: 167, 169, 173).
" Ver Edna Dantas e Eduar-do Marini, "À Espefa do Apocahpse", Jrft) É, 8 de maio de
1996,118-123.
" Friedrich, 11 -12.
„ Ibid.,12.
„ Ibid.' 15.
origem em Deus e, conseqüentemente, tetá t'ambém o seu destino úlümo em Deus. Tomava-se
imperativo colocar a história em um formato linear, ou mesmo espiral, desde que ficasse claro que
os eventos se sucediam um após o outro até o seu momento derradeiro. .\ssim, a idéia da ``seta do
tempo" pode ter nascido dessa concepção "início-fim" segundo o raciocínio judaico-cristão.
'8 Umberto Eco, jean-Claude Carriêre, ]ean Delumeau e Stephen Jay Gould, E#/r€#Í.J./t"
j`06r? o F/.Ã# c/or Te#PoJ (São Paulo: Rocco, 1987), 55.
" Ver, por exemplo, Àlberto R. Timm, "A Volta de Cristo -Essa Bendita Esperança",
Ré'yí.j`/é7j4c7#G#/z.j`/¢ @rasil) (dezembro 1983), 8-10; idem, "0 Centro da Nossa Esperança'', R£#7.j`/ó7
.4c7zJ€#/z.j`/¢ (Brasil) (setembro de 1987), 9-11; ]osé Miranda Rocha, "0 Àno Dois Mil e o Fim
do Mundo", Rf#Í.j./c7 <4J#€#/z`j`/z7 @rasi]) (maio de 1988), 5-7; Márcio Dias Guarda, "Quando o
<Quando' se Torna Problema", RÍ?#Í.j`/z7 í4c/#p#/7.j`/z7 @rasil) (novembro de 1991),11 -13; Emilson
dos Reis, "0 Calendário do Céu", RG#z.j-/z7 4J#G#/z.j`/¢ @rasil) (novembro de 1992),10-12.
2° Sônia M. M. Gazeta, R#Por/z7 cà Co#/z7gGw R£gr"/.#t7 -j4#o 2000 (Centro de Pesquisas
28:18-20: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.
E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século."
1. AEXPECTATIVAENTRE O INÍCIO DAERACRISTÃ
E 0 FINAL DO SÉCULO 15
CAPÍTULO 1
ANTECEDENTES TUDAICOS
A idéia do fim do mundo é conhecida por quase todos os povos antigos como
um elemento básico de sua rehgião e filosofia. As crenças de um glorioso renascimen-
to e ciclos de mil anos são exemplos dessa expectativa. 0 professor I-Ienri Focillon
diz que numa antiga religião persa, o mazdaísmo, "inverno e noite cobrirão o mundo
ao fim de onze mil anos; mas os mortos ressuscitados vêm do Reino de Yima para
repovoar a terra".' Crenças semelhantes sào encontradas na mitologia germânica e em
certas comunidades islâmicas. As filosofias dos gregos Lleráclitc>2 e Zenon3 já estavam
mais ou menos imbuídas de dc>utrinas paralelas. 0 filósofo Marco T. Cícefo, em Joé7r€
cz #cz/#rGzzz c7m JG#J`Çj`,. explana que o mundo acabará em fogo, mas uma vez que o fogo é
espírito, isto é, divino, o mundo renascerá tào belo como sempre foi.J
Os judeus centralizavam sua esperança na glória messiânica, sem dedicar muita
atenção às alusões ao fim do mundo. No Antigo Testamento estão redstradas profecias
messiânicas nas quais, como lembra Donald Gowan, Deus "promete o fim do pecado
Or 33:8), da guerra (Mq 4:3), da enfermidade humana qs 35:5-6), da fome (Ez 36:30), da J
morte do ou ferimento de qualquer ser vivo qs 11:9)".S
Essa expectativa conribuiu para a prohferação de datas prováveis para o advento do
Messias.t' Avraham Cohen relata que no período que antecedeu a primeira vinda de Cristo
coexistiam vários cálculos que partiam da criação do mundo para estabelecer esse advento
e o fim do mundo. Dentre eles, constam os seguintes: (1) ao se completarem 4.231 anos,
nenhuma terra deveria ser comprada, pois perderia o valor com a chegada do Messias; (2)
o mundo duraria apenas 4.250 anos (85 jubfleus), e no último ano Ele viria; e (3) depois de
4.291 anos, o Messias viria para a nação israelita.7
Deacordocomorilenarismocristão,tendoporbaseaBil]liaSagrada,Cristoretomará
para a ressureição dos justos mortos e transformação dos justos vivos, conduzrido-os, em
seguida, para o Céu, onde reinarão por um período de mil anos. Período que no latim é cha-
mado de Â#7.Á¢#zZw e no grego de 6.Áz.Á.úu:#o. A idéia foi essencial para o cristianismo primitivo,
que deu continuidade às antigas aspiraçôes e esperanças rehgiosas do povo de lsrael.
.xpe.::::t;greg£àreo:e:l,a.s,doo:egsnúF:s:gTs:omdteo:.nos:oot;:r:`fi::d¥:::::àg:oie::
especulações e a análise dessas prováveis datas parece refletir uma batalha entre presente,
passado e fiituro.
Essa situação perdurou também durante a ldade Média. Embora os cristãos da-
quela época cressem nas previsões proféticas que surãam, havia pouca reflexão sobre
a maneira pela qual os fatos aéonteceriam, especialmente sobre o aspecto cronológico
da escatologia biblica.
ANTECEDENTES JUDAICOS
Éfácflcompreenderqueumperíodotàoconturbadocomoodescritoacimafosse
palco para o surgimento de uma significativa onda de iniciativas messiânicas pessoais.
E:f£:nTe:,FÊa:::t:oqpu:laersscao:s;Çea.Vua|aaç::¥bur::l`çàmmradc.:S,T=;:s::s(:::ta:.d,:à;
se tornaria plataforma básica para encorajar o povo a compreender os mistérios da
vida, da salvação, do sagrado e de um significado para seus sofrimentos. No judaísmo,
a escatoloãa passou a ser um fenômeno hterário que serviu de base para traduzir as
circunstâncias de então como indícios da aproximação dos acontecimentos finaís.
Os judeus do período pós-exílico" desenvolveram a expectativa de um reino
messiânico na Terra, baseado na verdade e na justiça. Essa idéia ajudou a impulsionar
a esperança quanto ao advento do Messias." E foi somente no fim do período do
judaísmo do segundo templo,'4 que uma figura escatológica, oriunda da interpre-
tação bíblica, passou a ser concebida em um corpo doutrinário. Esse personagem,
desenvolvido sobfe o solo fecundo do judaísmo normativo farisaico, fez com que os
rabinos, então principais mentofes do judaísmo sinagogal, se vissem na necessidade
de solucionar questões deücadas. Foram obrigados a fesponder com a convicção de
que, apesar das tentativas frustradas, Deus haveria de fixar ainda o tempo messiânico
num fiituro próximo."
Em decorrência da perseguição polírica e social sofrida, não é dificü entender a
razão por que muitos judeus desenvolveram a expectativa de que uma intervenção divina,
por meio do Messias, iria em breve irromper na história. Todos quantos experimentaram
o trauma do exflio ansiavam pelo dia em que a esperança da restauração nacional fosse
finalmente concretizada. 0 Messias esperado surSria para restaurar o tào sonhado estado
judaico e übertar a terra outrora prometida por Deus aos seus antepassados.
0 impacto do caos político que se instalou em lsrael fez a população mefgulhar em
rebeliões generalizadas até a explosão da Grande Guerra (66-70 d.C.).tó Esse dima de insa-
tisfação reacendeu as antigas crenças populares correntes, relativas à espera de um salvador
que pudesse trazer de volta ao povo um petíodo de tranqüilidade e paz. Convmcionou-se
chamar essa esperança de "messianismo", resultante, sobretudo, das situações adversas u~
gentes. Circunstâncias como a privação da hberdade, a opressão e a ansiedade pelo despertar
de um fiituro de paz, sob a impulsão de hderanças carismáticas, promoveram o pensamento
de que o momento da realização histórica fitma estava prestes a acontecet.
Segundo alg`ms eruditos, a comunidade de Qumran se estabeleceu em tomo do ano
150 a.C., mas maioria deles trabalha com a data da última parte do segundo século a.C. 0
sítio de Qumran foi abandonado por um periodo, perto do final do primeiro século a.C.,
devido a um terremoto ocorrido no ano 31 a.C. ou por um violento ricêndio no ano s ou
9 a.C. Depois, foi novamente habitado até ser destruído pelos romanos no ano 68 a.C."
® Os rolos do Mar Morto, juntamente com os escritos do cristianismo priritivo, for-
necem as principais evidências sobre a antigüidade da comunidade de Qumran, na qual as
crençasapocalípticasconstituíamumaparteimportante.tsAsidéiasescatolóricascolocavam
a teologia da seita em um contexto cósmico. A pretensão de possuírem revelação divina
sustentavaessepensamentocomumacertezasobrenatuml.Asinteípfetaçõesdacomunidade
sobre a lei se tornaram o critério para o juízo final, que traria salvação ou perdição etema.
A cefteza de que "este é o fim dos dias" conferiu urgência à mensagem da seita."
ANTECEDENTES |UDAICOS
::edRü.=ça3pe:::eqmu:i:.d:|:á=:leípeé:o7àud:çLE:vg':fluamaap`fersotipnag.aqd:ei:ads:i::'çg:
viria em seguida à queda de Roma", e que "a era messiânica seria inuoduzida no início
do quinto milênio ou durante esse pefl'odo".27
Entre as expectativas básicas do código judaico de interpretaçâo e das obras
de Flávic> josefo, encontra-se a crença popular de que a Terra só duraria 6 mil anos,
sendo que o Messias só apareceria no quinto milênio -uma espécie de protótipo da
0 DIA DA SUA VINDA
(Hb 11:9,10). Para o patriarca e seus descendentes crentes foi prometida não somente a
Palestina, em sua presente condição, mas um pai`s celestial com uma cidade celestial.
Eri resumo, eles olharam além das terras palestinas. 0lharam para um novo Céu,
uma nova Terra e para uma nova jerusalém. A carta aos Hebreus dá um testemunho a
respeito de todos os verdadeiros israeütas dos tempos bíblicos: "Mas, agora, aspiram
a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser
chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade" (Hb l l : 16). A comunidade
cristã se unirá a lsrael na nova ]erusalém, numa nova Terra.33
• Na verdade, o Messias e os agcntes divinamente apontados nunca deixaram de
estar, de alguma forma, condicionados ao caráter semidivino que a avidez da religio-
ANTECEDENTES JUDAICOS
sidade popular tentou lhes imputar. Essa marca é comum às tradições que reforçaram
e intensificaram ideais escatolóricos de salvação, por meio das quais se esperava um
futuro próspero e uma redenção iminente de Deus na história.
Ademais, ressalta ainda Scardelai, é importante lembrar que para os judeus
do primeiro século da era cristã a religião era responsável por manter os vínculos
vitais do processo histórico genético do passado do povo com as exigências da
concepção religiosa vigente.3J
Assim, é fácil compreender pof que as especulações acerca do fi]turo iminente sem-
pre causaram impacto negativo em comunidades com fortes tendências escatolóãcas.
Na verdade, foi com o propósito de salvaguardar o judaísmo de desgaste desnecessário,
bem como evitar que surgissem charlatães com propostas extravagantes e excêntricas,
que os fabinos tomavam medidas preventivas, evitando especulações exageradas que
eventualmente constitui'am parte quase inerente do inconsciente coletivo.
Numa época de opressão e violência, causadas pela política de ocupação romana,
o aparecimento de figuras públicas carismáticas facilmente movimentava a massa po-
pular. Possjvelmente, a especulação sobre o "fim dos tempos" acentuou a convicçâo de
muitos a respeito da vinda iminente de um salvador, já que a sua manifestação impücava
a chegada dos tempos escatológicos previstos nas profecias.
Esseaspectoéparticuhrmentenotávelduranteasguerrasjudaicasdosdoisprimeiros
séculos da era cristã. A fase tráãca de lutas e derrotas consecutivas rispirou o pensamento
e a imaginação de tal maneira que ``se fortalecia a esperança de que em um fiituro não
s distante a ritervenção de Deus na hjstória humana faria concretizar a salvação".35 Final-
mente, com a manifestação do aguardado Messias, o reino celestial seria implantado.
Um pequeno hvro intitulado Á <4Íj7/#/.cz~o c# Moz.rá, escrito em hebraico entre os anos
7 e 29 d.C., posteriormente traduzido para o grego e depois para o latim, exemplifica essa
expectativa. Ele antevê o retorno das dez tribos e o estabelecimento de um reino teocrá-
tico, não pela força das armas, mas pela intervençâo de Deus. 0 hvro sugere que Moisés
tenha dto: "Da minha morte (assunção) até seu advento passarão CCL [250] tempos".
Esses 250 tempos são interpretados por Robert H. Charles como 250 semanas/anos, ou
seja, 1.750 anos até o reinado messiânico.3ó Froom ressalta que causa espanto o fato desse
livro descrever o estabelecimento do reino sem um Messias, mas por Deus mesmo.37
0s JGgnG4bf c7G E#ocÁ, também chamado de E#oé`Á J/4#o#z.6. ou, algumas vezes, 2
E#ocÁ,38 é um pequeno livro, cuja produçâo tem sido datada entre os anos 1 e 50 d.C.
Nele se encontra pela primeira vez na literatura hebraica a equação de que um dia da
criação corresponde a mil anos da história do mundo." Essa teoria tem ocupado um
importante papel, tanto no antigo quanto no moderno quiüasmo ou milenarismo.4°
Também tem sido, consciente ou inconscientemente, aceita por muitos intérpretes que
tentaram definif o tempo para o fim do mundo.
Muitos rabis acreditavam, cQm base na semana da Criação, que o mundo duraria
6 ril anos, e seria um caos no sétimo milênio. "Aquele que é Santo, bendito seja Ele,
renovará seu mundo somente depois de sete nril anos.""
Como exposto até aquL muitos eventos contnbuíram e acentuaram a esperança mes-
siâpica através dos séculos. Destacam-se: os primeiros conflitos com Roma (Ó6~70 d.C.),
a destruição do templo ¢0 d.C.), o surSmento de Bar Kochba (132-135 d.C), a queda do
0 DIA DA SUA VINDA
Império Romano (476 d.C.) e outros aconteciméntos posteriores como o sur§mento do lslâ
(século 7 d.C.), as Cruzadas (1096 d.C. em diante), a invasão dos tártaros,'2 a ritrodução da
lnquisição," a Reforma Protestante, bem como as guerras rehãosas dos séculos 16 e 17.W
Cada um desses eventos, a seu tempo, intensificou a expectativa messiânica e estimulou
as especulações quanto à escatoloãa. A proméssa do Messias era uma das esperanças de
lsrael, em meio às circunstâncias freqüentemente desesperadoras. I'ortanto, era natural que
os judeus se voltassem para as profecias de Darriel em busca de conforto.
0 messianismo judaico foi, sobretudo, político, no sentido de que um messias
restabeleceria o reino de lsrael na Terra.+`5 Enquanto isso não se efetivava, um leque
de reinterpretações foi sendo criado, desde as formas simplesmente políticas, até as
espirituais, como a dos essênios e a dos cristãos.
A esperança cristâ seria fiindamentada na concepção de um reino de Deus a ser
estabelecido com o segundo advento de Cristo, quando os herdeiros desse reino rece-
beriam a vida eterna e os demais seriam destfuídos para sempre. Esse é o conceito de
"fim do mundo" conforme a compreensâo escatológica cristâ.
Sendo assim, a expectativa que ainda permeia a vida de muitos cristãos em rela-
ção ao segundo advento de Cristo, ajuda a compreender a atmosfera de expectação no
mundo judeu acerca da vinda do Messias."
Notas
' Henri Focülon, Tóe yeém /000 O{ew York: F. Ungar > 19ó9), 41.
2 Segundo Heráclito, a fonte de tudo, a rifluência modeladora e harmonizadora do
universo, é o calor vital, a partit do qual tudo se desenvolveu mediante graus de tensão. Ele
penetra todas as coisa§ e para ele tudo retorna. Wnliston Wakef, H/.j./o'#.¢ J¢ Jgrp/.# C#.j-ÁÃ (São
Paulo, Juerp/Aste,1980), 22. "Este mundo, que é o mesmo para todos, nenhum dos deuses
ou dos homens o fez; mas foi sempre, é e será um fogo eternamente vivo, que se acende com
medida e se apaga com medida." Nessa frase muitos vêem uma das chaves para decifrar o
pensamento de Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.), que já na Àntigüidade se tornou conhe-
cido como "o Obscuro". Proclama Heráclito: "Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz,
superabundância-fome; mas ele assume formas variadas, do mesmo modo que o fogo, quando
misturado a arômatas, é denomriado segundo os perfumes de cada um deles" (Will Durant,
Or PG#j.4doríJ.. P#'-Joó7ié/z.óÜí [São Paulo: Nova Cultural, 2000], 22-24).
3 Dos argumentos mais famosos de Zenon (Zeno, Zenão ou Stoa em grego) (488-? a.C.)
se encontram os que visam diretamente ao problema do movimento, Zenon sistematizou o
método de demonstração "pelo absurdo" e foi considerado por Aristóteles o inventor da dia-
lética, em sua acepção erística, de argumentação combativa que parte das premissas do próprio
adversário e delas extrai conclusões insustentáveis ¢bid., 22).
+ Focillon, 41.
por exemplo, W. Walket, 33 ; Donizete Scardelai, il4o#.#é'#/or A4Gjií/.ó#z.mr #o TG#Po c/G /##r.. /"f €
o#/ror #6íí/.ó7f (São Paulo: Paulus,1998),16; e Gowan, v.
`' Para mais informações sobre a história de lsrael, verjohn Bright, HÍ.Í/o'#.¢ c/€ Jj.rj7G/ (São
Paulo: Paulinas),1978.
" Scardelai, 26, 27.
tt Scardelai, 29.
t2 0s últimos profetas do Àntigo Testamento foram os do período pós-exflio de judá.
Depois deles seguiu-se o ``silêncio profético", ou período interbíblico, que durou aproximada-
mente 450 anos. Normalmente se faz referência a esse tempo como uma época em que Deus
esteve em silêncio para com o seu povo. Nenhum profeta de Deus se mamfestou ou, pelo
menos, nenhum deixou escritos que tenham sido considerados canônicos.
13 Scafdelai, 30.
" Pen'odo marcado pelo fato de, no ano 70, os romanos terem invadido jerusalém e
destruído o segundo templo. A primeira destruição ocorreu em 586 a.C., quando o imperador
babilônico Nabucodonosor invadiu o reino dejudá, dest[uiu o templo de jerusalém e deportou
a maioria dos habitantes para a Babflônia, iniciando o exflo judaico.
15 Scardelai, 22.
0 " Pouco a pouco, grandes parcelas da população foram mobilizadas contra o controle
romano, o que resultou no embate mihtar que durou de 66 a 70 d.C. e é conhecido como Guerra
]udaica. Foi no decurso deste conflito que o templo de Jerusalém foi novamente destruído.
" ]ohn ]. CoHin:s, T be APoca/yptic lmag!ination.. An lntroduction to ]euJísh Af)oca/yptic IJf erature
também uma forte teoloàa sacerdotal e uma particular, estrita, tradJção da interpretação da
lei qbid.,175). Que a comunidade de Qumran foi um movimento apocalíptico é evidente, a
despeito do fato de que os qumranitas não tenham produzido sua própria literatura apocalíp-
tica @avid J. Downs, "Early Cathoücism' and Àpocalypticism ri the Pastoral Epistles", em
Ccz/Áo/z`c B;.G/z.ct7/j2#¢#pri} Princeton Theological Seminary, 2006] , 8).
19 Ibidem.
2° 0 alvo da comunidade Qumran era alcançar uma forma angehcal de vida. De acordo
com os rolos do Mar Morto, para atingirem esse objetivo precisavam de um elevado grau de
pureza, já requeridos pelas leis levíticas mas intensificado pelas crenças escatológicas da seita.
Enquanto que a maior parte dos rolos (CD,1Qsa, a Regra de Guerra) apresenta orientações
quanto ao casamento, é verdade também que os mesmos têm regulamentos restritivos a respeito
da atividade sexual, e algumas passagens chegam a estimúlar o cehbato (ibid.,176).
2' Scardelai, 26-27.
Shmeon Bar Cochba e Bar Cosiba) como líder da rebelião contra Roma. Ele foi saudado como
o Rei-Messias pelo rabi Aquiva, que se referiu a ele (Números xxiv) como: "Uma quarta estrela
de]acob virá e o cetro irá erguer-se fora de lsrael e irá golpear pelos cantos do Reino de Moab"
(Hag. ii. 21, 22); "Eu irei sacudir os céus e a terra e destronar reinados [...]" qalmud tracate
Sanhedrin 97b). Apesar de alguns terem duvidado que fosse o Messias, ele parece ter conseguido
o apoio generahzado na nação. Após causar uma guerra (133-135 d.C.), que fez frente ao poder
de Roma, foi morto perto das muralhas de Bethar. 0 seu movimento messiámco acabou em
derrota e em miséria dos sobreviventes. Em 135 d.C., a revolta foi esmagada pelo imperador
romano Adriano. Centenas de milhares de judeus foram massacrados, os sobreviventes se
dispersaram pela diáspora ou foram feitos escravos. Adriano decretou a expúlsão de todos os
judeus dejerusalém, autorizando o seu retorno apenas por um dia ao ano, em Tisha Be'av, para
demonstrar luto pela destfuição do templo. qlávio josefo, HÇ.j.Jo'#.ó7 Jof HGéJr?#r Pio de janeiro:
CPÀD,1990], 661 -687; Scardel`ri, 335-340; Don F. Neufeld, J`G##/Á-ó7cz7zy j4é7w#/z.j./ B;.é7/G J/#cJG#/
Jo#/zr€ BooÁ, vol. 9, [Washington, DC: Review and Herald,19ó2], 623-624).
23 Que espera alguma coisa ou alguém que deve ainda `rir e que mudará o destino de lsrael.
2J Eco G/ cz/, 184.
25 Scardelai, 51.
2ó F]ávio josefo, cujo nome em hebfaico efa A¢á7//z.Z}czÁ# Bw yów/ Àó-KOÁw (37-100 d.C.),
foi um historiador judeu. Nascido saduceu e tornado fariseu por opção, pleiteou com êxito
perante Neto pela causa dos sacerdotes judeus deportados. Participou da revolta judaica dos
anos 66-67, mas, forçado a se render, precisou apelar para a proteção de Vespasiano, que o jj
libertou. Suas duas obras essenciais, escritas em grego, são j4 G#erm/#c/c#.ct# qá quem defenda
que essa obra tenha sido escrita em aramaico e traduzida para o grego), testemunho único
dos acontecimentos de 66-67, e j4r .4#/zÉá./.4Í¢c/#/z/c7¢z.czzÍ, preciosas para a história dos últimos
séculos que precederam a era cristã (Beatriz Helena de Àssis Pereira e Thereza Christina
Pozzoh, Crjz#de E##.c/oPG'd;.c} J/#f/r¢c/c7 Lrt7#+j¥ C#/7#Íjz/ [São Paulo: Círculo do Livro,1993] ,10:
2511). Para ampliar o conhecimento a respeito de Flávio josefo, ver Steve Mason, /or6PÁ#J cwc7
J\rGÂy TGj`/##G#/ q'eabody, M1: Hendrickson,1992) e Mireille Hadas-Lebel, F/cz'z¢.o /oji€/o.. O/.#é7#
/G Ro#4 (Rio de janeiro, Imago,1991).
" ]ose:ph Síirachti, The Doctrine of tl]e Messiah in Mediei)al Jewísh literature Q+ew Yotk.. Her`
20 ibid., 889.
3t' El]en G. White, 0 D#G/.4cJo ó7e TocJ¢f c7r Nc7fü~# ÍTatui', SP: Casa Pubhcadora Brasneira,
#z.rJ¥.o/oÉz.cz3J, Série Teses Doutorais - Religiâo, vol 1 (Engenheiro Coelho, SP: Imprensa Uni-
versitária Adventista,1999), 9-10.
3.-F+. T|. C:hf il+€s, The APocrypha arid Pf ewdepig;rai)ba of the 0 /d Testamerit (Oxf ord: Clf +i-
endon,1913), 2:651.
33 Hans K. Larondelle, "Israel na Profecia", em 0 F#/#ro, Alberto R. Timm, Amim Rodor
e Vanderlei Domeles (ed.). @ngenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2005), 236-237.
ANTECEDENTES JUDAICOS
3í Scardelai, Ó2.
35 ibid., 91.
36 A ASsunção de Moisós, c:rkzido erri Charh€s, The APocryi)ha and Pf eudepig/raf )l)a of tlJe O/d
TeftamentinEng!/isb>2;.¢2:3,rLotaT2..
37 Froom,1:194.
?$ 2 Enoch c:i+f +do einF+. H. Chíri+es,The APocr)/Pha cmd Pf eudei)igrapha of tl]e Old Testament
(Àp 20:2-7). A palavra #z.//G##z.## (mil anos) vem do latim #z.//G e ¢###j.. 0 termo gfego usado na
Bibha é cÁz./z.áu7# (quihasmo) . i\flenarismo é a crença de que haverá no futuro um pen'odo douado
de mil anos que será regido por um governo divino. Os que acreditam no milenarismo são os
cristãos ®rincipalmente evangélicos), muçulmanos, mi'sticos, espi'ritas e diversos outros.
" Froom, 1 : 195.
4` Abba Hillel Silver, Á H/.í/ocv o/ A4éJj.Í7.4#Ç'c JPGc#Á7/z.o# /.# Jm7G/ @oston: Beacon , 1959),
que um agente enviado por Deus estava prestes a aparecer, em cujas mãos estaria a missão de
resgate da soberania política da nação judaica. Scardelai, 41 -42. Embora a conotação espiritual
de um reino celestial também fizesse parte das esperanças da naçâo (Ver LaRondelle, "Israel
na Profecia", 231-237).
" Earle E. Cairns, 0 C#.j`//.¢#z.j`Âm Á/n¢zÜ'j` c/or J`G'ú`#/" (São Paulo: \7ida Nova, 1990), 35.
CAPÍTULO 2
CRISTIANISM0 APOSTÓLICO
pode-se afirmar com certa`segurança, embora sem o consenso da maioria dos estudiosos,
que apesar dos termos "méssias" e "messianismo" não captarem a totahdade nem o
sentido último da utopia judaica, presente em movrientos e líderes fracassados, a ide-
ologia da redenção messiânica continuou sendo a grande responsável pela fermentação
escatológica que se seguiu, iluminando a definição e o perfil da própria fé cristã`2
J3
Dessa maneira, a igreja cristã no seu iricio, empolgada com a perspectiva do
breve estabelecimento do reino de Cristo, se encaminhou para a determinação de um
tempo específico, próximo a esse evento.
Durante o primeiro século d.C., vários autores registram que o senso da brevidade
dapc"#+z.úr3 caracterizou a incipiente igreja cristã. Várias passagens do Novo Testamentc)
declaram que o mundo vivia nos eventos finais da história da redenção.J Os cristãos
desse período tinham, portanto, a convicção de que a última hora havia chegado.;
A igreja priritiva era distintamente pré-mileniahsta em suas acariciadas expecta-
Çôes do segundo advento de Cristo. A esperança dos primeiros cristãos estava fixada
nesse evento e no estabelecimento do reino de Deus na Terra. Os pais apostóhcos
antecipavam um futuro reino em conexão com o advento do Redentor. A segunda
epístola de Clemente aos Coríntios declara: "Vamos nos preparar para o reino de Deus,
hora a hora, em amor e justiça, visto que nós não sabemos o dia do aparecimento de
Deus''.ó 0 retofno do Salvador no fim dos tempos seria acompanhado de tremendos
eventos -os céus se enrolando como pergaminho, o aparecimento do r``üho do Llomem,
a ressurfeição dos mortos e a temida, contudo gloriosa, cena do julgamento seguida
pelo eterno reino celestial por vir. Com ardente expectativa desse fiituro, os primitivos
cristãos foram obrigados a espalhar o evangelho da salvaçâo com zelosa pressa.7
Embora a esperança do Antigo Testamento estivesse focalizada particularmente,
mas não exclusivamente, sobre o primeiro advento de Cristo para estabelecer seu reino
(Mq 5:2), também antecipa seu sofrimento e morte (Is 53:3-10), e enfatiza que o reino
de Deus será rejeitado a princípio (Sl 118:22, 23), mas será finalmente estabelecido
CRISTIANISMO APOSTÓLICO
quando Deus vier uma segunda vez (Is 25:8, 9). Dessa forma, ao se perceber que o
Antigo Testamento também previa o segundo advento, esse fato feavivou e manteve
a esperança no advento, assim como inspirou os primeiros seguidores de ]esus Cristo.
Era importante para eles pensar que o Cristo que veio a primeira vez como prometido
"virá novamente uma segunda vez a fim de cumprir a última de todas as promessas
dos justos vivos, foram mal compreendidas naqueles dias. Ele usou o pronome "nós"
referindo-se aos vivos por ocasião do segundo advento de Cristo e os tessalonicenses
entenderam que a ptzro#.¢ dar-se-ia antes da sua morte."
Uma vez que Cristo estava prestes a voltar, alguns tiveram um comportamento
desordenado, parando de trabalhar e vivendo da caridade da igreja (2Ts 3:6-12).2° "Se
alguém não quer trabalhar, também não coma'', declarou Paulo (v.10). Visando esclarccer
o assunto, Paulo escreveu a segunda epístola aos cristãos da cidade de Tessalônica pata
corrigir essa fàlsa expectativa (2Ts 2:1)."
No fim do pfimeiro século da era cristâ, joâo, o único remanescente dos após-
tolos, escfeveu o hvro do Apocalipse quando se encontrava exilado na ilha de Patmos.
A idéia de um fim breve está presente neste livro, pois três vezes ele ouve do próprio
Senhor]esus a declaração "venho sem demora" (Ap 22:7,12 e 20). Apesar do senso
de proximidade do fim, joão não apresenta um tempo específico para este evento.
Desdobra, porém, numa hnguagem repleta de figufas e símbolos, o caminhar célere e
rápido para a consumação de todas as coisas.
No período da igreja cristã primitiva, o senso de iminência csteve presente,
contribuindo como um elemento motivador na pregação do evangelho.22 Apesar da
ansiedade da expectativa em alguns momentos, conduzir a uma tentativa de defirir o
tempo do segundo advento, não ocorreram neste período mafcações específicas de
datas para a volta de ]esus.
0 período apostóhco foi caracterizado por uma intensa esperança escatológica,
/6 como se pôde constatar. Todavia, ao contrário da opinião da crítica bíblica moder-
na, a demora ou o adiamento da P¢ro#j7.4 não parece ter causado grande comoção
entre os primeiros cristãos, uma vez que interpretavam os eventos de maneira
diversa. Com a passagem do tempo, paulatinamente firmou-se o entendimento de
que o segundo advento de Cristo poderia não ser um evento tão iminente, e sim
um tanto distante no futuro.
Montano, por volta de 15Ó, proclamou-se ristrumento passivo, pelo qual o Espírito
Santo fàlava. Nessa nova revelação, Montano declarou cumprida a promessa de Cristo e
riaugurada a dispensação do Espírito Santo. A ele juntaram-se logo duas profetisas, Prisca
(ou Priscila) e Maxriri|a.23
0 montanismo surdu como uma tentaüva de resolver os problemas de formalismo
na igreja e de sua dependência da hderança humana, ambos resultantes de não se depender
do Espírito Santo. Essa tentativa levou-o a reafirmar as doutrinas do Espírito e do segundo
advento. Infélizmente, como geralmente acontece em movimentos dessa natureza, ele caiu
no extremo oposto, e concebeu fanáticas e eqúvocadas riterpretações da Biblia.
Durante meados do segundo século, levantou-se uma crise em tomo da questão do
segundo advento divulgado pelo movriento montariista. Nahanael Bonwestsch acurada-
mente resumiu a ética do montanismo como
umesforçoparaaprimoraravidadaigrejamantendo-aemsintoniacomaexpectaçãodoretomo
de Cristo, imediatamente às portas. [...] 0 montanismo visava também definif a essência do
cristianismo deste ponto de vista da imriência, impedmdo que a igreja adquirisse uma forma
de pefmanência mais longa na lristória.2J
0 DIA DA SUA VINDA
Notas
' Scafdelai, 363.
2 Ibid., 360.
de um rei. 0 segundo advento de Cristo será sua presença com seus crentes. Essa P#o#+7`4 se
dará com a vinda em glória de Cristo à Terra, ocasião em que os justos mortos ressuscitam
glorificados e os justos vivos são transformados "num momento, num abrir e fechar de olhos"
(1 Co 15:52). Esse grupo de remidos ascende aos céus "para encontrar o Senhor nos ares" (1Ts
4:17) e no Céu permanece reinando com Cristo por mil anos, retomando depois para habitar
numa Terra renovada, onde habitarão para sempre (Ap 20:6; 2Pe 3:13).
4 Pode-se citar, por exemplo, Lucas 18:7, 8; Hebreus 1:1-5; 9:26,10:37; Tiago 5:8, 9; 1
26-28; Hebblediwaite, 27-36; George Eldon Ladd, "G B/ejwJ HoPG (Grand Rapids, MI: Eerdmans,
1970),19-20; G. C. Berkowef, TbG Rf/zw o/ Cú#.j`/ (Grand Rapids, M: Eerdmans,1963), 86.
ó A segunda epístola de Clemente aos Coríntios, cap.12: 1 em TÁG .4Por/o/z.c F#j:ú#r (New
York: Cria,1947),1:147.
7 Froom,1:18-19.
CRISTIANISM0 APOSTÓLICO
" Ver Luiz Nunes, "À Expectativa da Segunda Vinda dejesus na lgreja Apostólica",
RG#/.j`/Õ T%/o'gí.cc7 c7o J:ÁLT-IÍ4Ej\7E, julho a dezembro de 1997, 45.
" Russel Norman Champlin, 0 Now Té'j./4#G#/o J#/#PrG/4Jo, 6 vols. (São Paulo:
Millenium Distribuidora Cultural,1987),1:733.
t5 Para mais esclarecimentos sobre este assunto, ver o attigo de josé Carlos Ramos,
"Não Passará Esta Geração: Um estudo exegético de Mateus 24:34 com ênfase ria
•Lm:.nênéia. da seg`mda v.tndçL" (ern 0 Futuro: A uiSão aduentisia dof últimof acontecimentos,
117-132).
" Mário Veloso, Co#ó'#/ó#.o c/o E#cz#gG/4o c7G/oGo (Santo André, SP: Casa Publicadora
112. Hendriksen declara que hoje, assim como ocorreu nos dias dos tessalonicenses,
existem muitas pessoas que, sob excitação espiritual, especulam acerca do futuro
negligenciando o seu dever presente.
2] Paulo escreveu a primeira epístola aos Tessalonicenses com o propósito de sanar
alguns problemas: (1) Os judeus foram implacáveis na oposição à igreja de Tessalônica.
Com a saída do apóstolo, tentaram lançar dúvidas quanto à integfidade de seu caráter
e à sincetidade de seus motivos; (2) a perseguição por parte de gentios levou Paulo
a encorajar a igreja -2:13-16, principalmente o verso 14: (3) dúvidas com respeito à
volta de jesus precisavam set extinguidas. Por exemplo: eles esperavam o retorno de
jesus para logo; alguns membros, porém, haviam morrido; qual o destino deles? Seria
mais vantajoso estaí vivo quando Cristo voltasse? Outra dúvida tinha que ver com o
comportamento dos crentes. Deveriam trabalhaf se a volta de ]esus estava tão próxima?
Estes pontos são abordados em 4:9-5:110osé Carlos Ramos, "Paulo e suas Epístolas
Adventistas", R6#/.j`/c7 Á/#G#/¢.r/c7, março de 2003, 6-8).
0 DIA DA SUA VINDA
22 Davidj. Downs,12.
23 A escatoloãa de Montano era extravagante. Cria que, em breve, o reino celestial de Cristo
se estabeleceria em Pepuza, na Frígia, e ele próprio teria um papel de proerimência. Maximla, a
última das suas ptofetisas originais, havia declarado que depois dela não aparecefla outto profeta,
mas som€nte a consumação de todas as coisas. Os montanistas atribu'am a si a fiinção de receber
revelações especiais e eram fascinados por especulações sobre a aproximação do fim do mundo.
Philip Schaff, H/.í/ocy o/ /úG Cú#.j.Jz.c7# CÁ#rj:ú [Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1970], 2:421).
2+ Nathanael Bonwestsch, G6Íé`Áz.6.Á/G c7# A4o#/z7#/.+Â%r (Erlangen, 1881), 139. Ver também
jaroslav Petikan, Cú#rcú Hz.r/ocy, 27 /79J2/, /08-22., artigo, "Patristics, millenniahsm: early
medieval," BR 140 C5Ó (curr. in per.); Ibid, E##g?wG o/ C¢/Áo/z.c. Tn¢c7z./Í.o#, 98.
25 Froom,1 :261.
26 Cairns, 82-83.
27 Harry R. Boer, 4 JÁo# Hzt7ocy o/ /óG E¢r} Có#njió (Grand Rapids, M: Eerdmans,1988),
63-65. Para obter mais informações sobre o movriento montanista e a sua escatoloria, ver também
Henry C. Sheldon, Hz.f/op o/ /ú€ C/7#+¢á# Cú#rj:ú q'eabody, M\: Hendflckson,1988), 272; e Williston
Whlkef, 4 H/.J/oo/ o/ /úG C»#.j:/z.c7# C##rf4 (New York: Charles Scribner's Sons, 1959),54-56.
28 Cairns, 83.
J9
CAPÍTULO 3
CRISTIANISM0 PATRÍSTICO
Os cristãos do segundo século ainda olhavam para o segundo advento, mas não
mais oravam A4úrr?#cz/ú4 /que significa "Ora vem, Senhor"). Em vez disso, supücavam a
Deus em favor dos "imperadores [...] seus deputados, e todos investidos de autoridade,
pela prosperidade do mundo, pela prevalência da paz, e pelo retardamento da consu-
mação final".t lsso foi o início da denominada desescatoloãzação do cristianismo.
Mesmo com essa forma diferente de pensar, alguns dos pais apostóhcos continuaram
crendo na proximidade do segundo advento e, como será visto neste capítulo, estabele-
ceram datas para o evento. Declarações encontradas nas epístolas de Clemente, Inácio e
Bamabé no final do primeiro século e início do segundo denotam certa expectação quanto
ao retorno bfeve de jesus.2 A tendência de se estabelecer uma perspectiva de tempo é
encontrada entre os pais apostólicos ainda no limiar do segundo século e mesmo entre
outros cristãos dessa época.3 A morte de Nero, a destruição de jerusalém e outros acon-
tecimentos eram encarados como sriais do segundo advento. Como jesus não voltava,
os mais cuidadosos tentaram estabelecer datas mais distantes para a p4no#Jz.c7.
De acordo com Clemente de Roma ®rimeiro século d.C.), apczm#rz.cz estava sendo
retardada pelos pecados dos cristãos. Origenes de Alexandria promoveu a idéia de que
Deus tinha adiado apczm#J?.c7 e o dia da ira a fim de que as conseqüências das más ações
dos homens pudessem ser reveladas e a justiça divina vindicada.4
A epístola de Barnabé (século 2 d.C.), um cristão eãpcio, apontava a volta de
Cristo para mil anos mais tarde.5 Estava satisfeito de que o dia quando todas as coisas
pereceriam com o mal, estava perto. No entanto, conclui, com base em sua interpre-
tação da história da criação, na qual cada dia era usado para representar mil anos, que
o universo dufaria 6 mil anos, dos quais a maior porção já tinha expirado. A Pc7ro#Íz.4
ocorreria então no fim do sexto milênio e inauguraria o grande sábado cósmico.ó
Tal sucessão de acontecimentos fortalecia o conceito de proximidade com uma
visão de tempo marcado, propiciando um terreno fértil aos alarmistas de plantão.
Ignácio (69-107 d.C.), bispo de Antioquia, acreditava que estava vivendo nos
"últimos tempos", quando todas as coisas se encaminhavam para um fim. Por isso,
admoestou seus leitores a "olhar para aquele que está além dó tempo".7 No último
capítulo do Didaches uma exortação semelhante aparece: "Cuidai da vossa vida - não
permitam que suas lâmpadas se extingam, nem que vossos lombos fiquem descobertos.
Mas estejam prontos, pois vocês não sabem quando nosso Senhor está vindo".9 0 senso
de iminência estava presente e o apelo indica a compreensão de que o fim chegara.
CRISTIANISMO PATRl-STICO
•:a:os,:rá:,,'oapporfeseexnet:*e::tpao::çoãboledmea;ur:hog.ousrossoeee:pdeucrual::âedsorepl::::::.da:uànàs:
têm sido determinados. Por fim, o hvro diz, conforme Oesterley," que lsrael é ainda
amado por Deus, apesar das aparências indicarem o contrário.
0 primeiro a fofmular a hipótese de que mil anos após a morte de Cristo
aconteceria o fim do mundo foi o bispo Papias di Girapoli. A suposição foi elabo-
rada por volta do ano 130, portanto ainda não havia se passado cem anos desde
a crucificação de Cristo." Entre divefsas interpretações prevalece a idéia de que
aqueles mil anos representavam o limite extremo da tolerância divina às ações dos
homens, e depois dele não haveria mais misericórdia para os pecadores. Papias in-
sistia em que, com o fim do mundo, o cristianismo triunfaria definitivamente sobre
a morte.. iniciaria um milênio de suprema satisfaçâo e a Terra s€ria transfigurada
por dádivas do Senhor."
0 bispo e doutor da igreja de Esmirna, na Ásia Menor, Irineu (mais conhe-
cido por bispo de Lion) (130-202 d.C.) sustentava uma velha tradição judaica.
Ela afirmava que os dias da semana da criaçào eram típicos dos primeiros seis
mil anos da história humana, com o anticristo manifestando-se no sexto período.
22 0 bispo esperava que o reino milenar começasse com o segundo advento de
Cristo pafa destruir os ímpios e inaugurar, aos justos, o predomínio do reinado
de Deus durante o sétimo milênio sabático, representado pelo sábado da semana
da criação.t+ Irineu, assim como outros escritores daqueles primeiros séculos,
não tinha uma concepção exata do tempo a transcorrer antes do aguardado
advento, e naturalmente esperava uma curta duração do poder do anticristo
llipólito de Roma (170-235 d.C), discípulo de lrineu, também considerava os dias
da criação como simbólicos. Tudo indica ser ele o primeiro intéfprete cristão a cair no
erro de fixar uma data específica para o segundo advento de Cfisto, que seria, confor-
me sua marcaçâo, no ano 500 d.C.t5 Como seguia a cronoloãa da Septuaginta, mais
longa que a do texto hebraico em cerca de 1.500 anos no periodo de Adão a Abraão,
Ilipólito fixou a encarnação no ano 5500 depois da criação, e disse que os 6.000 anos
terminariam cerca de 250 anos depois de seus dias."
Cipriano (200-258 d.C), bispo de Cartago, colocou sua expectação na proxi-
midade do advento. Considerava problemático antecipar qualquer continuidade das
presentes ocupações, e exortou a todos para aguardar o repentino advento do Senhor.
Em suas advertências aos fiéis, o elemento tempo foi detalhadamente esboçado, e
ele rogava para que permanecessem firmes mesmo diante do martírio, pois a volta
de Cristo ocorreria em seus dias." Embora Cipriano não tenha marcado uma data
específica para o segundo advento e para o fim do mundo, demonstrou acreditar que
seria muito breve, em sua própria época.ts Acredita-se que ele tivesse, assim como
0 DIA DA SUA VINDA
outros pais da igreja, a mesma concepçào de que o mundo duraria 6 mil anos, sendo
o sétimo milênio a consumaçào de tudo. 't'
` Friedrich assinala2° que Mani (215-274 d.C)2' se declarava como o último e o
maior dos profetas, que haveria de conduzir.+alguns dos seus seguidores mais espiritu-
alizados para o reino da luz, qu<indo o mundo fosse consumido pelo fogo, como logo
aconteceria. Mani e seus seguidores acreditavam, à semelhança dos cristâos primiti`Tos
a quem reivindicavam como modelo, que a breve destruiçào da Terra exigia que todos
pregassem e praticassem rígidas virtudes de caráter. Viviam m castidade e na pobreza
e não comiam carne nem qualquer produto de origem animal.2:
Martinho (316-397 d.C), bispo de Tours, esforçou-se em vào por eliminar o paga-
nismo que arida restava fortemente na Gália. Para esse fim` escreveu com inquietaçâo
sobre a vrida do anticristo, cujo reino prenunciaria os cüas do juízo final. "Não há dúvida
que já nasceu o anticristo. Solidamente estabelecido desde seus primeiros anos de vida,
ele adquirirá. ao atingir a maturidade, um poder supremo''. 23
Lactâncio (c. 250-330 d.C)2` seguiu a teoria dos Ó mil anos à semelhança de Hi-
pólito` ao calcular o fim do mundo e o segundo advento para cerca do ano 500 d.C.
Tomando os seis dias da semana da criaçào como símbolos da história do mundo, ele
os concluiu com um sétmo nrilênio de pausa, descanso, depois de 6 mil anos de im-
piedade. Enfaticamente negava a teoria greco-caldaica de centenas de milhares de anos
para a história da Terra, ao declarar que somente as Escrituras revelam a história do 2j
mundo. Conforme ele repetia, o término da história terrestre estava se aproximando do
hmite do sexto milênio` reforçando a proximidade do fim à luz dessa prc)posta. Assim
como havia feito Hipólito, Lactâncio também seguiu o extenso cálculo da Septuaginta,
chegando às mesmas datas tanto para o primeiro quanto para o segundo advento de
Cristo. Concluiu que Cristo retornaria 200 anos após os seus dias, isto é, no ano 500
d.C. Mas, como ele mesmo assegurava` o fim nào viria antes da queda de Roma.25
Vitorino @ -303 ou 304 d.C), bispo de I'ettau na Alta Pannonia, próxima à mo-
derna Viena, ao interpretar o Apocalipse, não conseguiu perceber o longo período da
história fiitura submersa nos símbolos. Assim, incorfeu na atitude de outros, prevendo
o desenrolar dos acontecimentos dentro de um breve espaço de tempo.26
Ainda nessa linha de inconsistentes e indefinidas teorias de tempo` destaca-se Am-
brósio (340-397 d.C). Ele. afirmava que o sétimo período do mundo tinha terminado e o
oitavo seria a época cristã -o sétimo do Antigo Testamento (ÁGGc7oz#z7¢ é o oitavo (ogcbcz¢
do Novo Testamento. Mas ele associou o fiituro descanso com a sétima trombeta, que
anunciaria o eterno reino de Deus e de Cristo, e, com o sábado. Também reconheceu o
sábado não somente em dias, anos e peri'odos, mas em "séculos" e "milênios" -"os dias,
meses e anos deste mundo". Ambrósio predisse que o tempo da ressurreição é o ano 500,
mas para nós é o milésimo.27 Como se viu, ele valeu-se de cálculos confiisos, complexos
e dificeis de acompanhar, tentando estabelecer um tempo para os eventos finais.
Outro pai da igreja influenciadc) pela interpretação alegórica de Orígenes foi
Ticônio, no quarto século. 0 retorno de Cristo, segundo sua interpretação, estava às
CRISTIANISMO PATRI-STICO
portas, e o ano anunciado era 381.28 Em lugar de duas ressurreições literais, Ticônio
inteipretou a primeira ressurreição como sendo espiritual, da alma, como sugerido por
24 a Abraão; (3) de Abraão a Davi; (4) de Davi ao cativeiro; (5) do cativeiro a Cristo; (6)
de Cristo ao fim; e (7) o segundo advento e o descanso eterno."
Como também seguisse a cronologia da Septuaginta, ele cria que o sexto período,
que incluía o nrilênio, deveria terminar por volta do ano ó50, com uma grande erupção
do mal e com a revolta de Gogue, que seria seguida pelo segundo advento de Cristo
e o juízo. Ao alegorizar os seis dias da semana da criação, realçou que "mais seis mil
anos são computados". Então, fixou para a duração do mundo os sete dias da semana
da criação, resumidos em um dia, divididos também em doze horas, ou épocas, com o
primeiro advento de Cristo na décima-primeira hora.3'
A teoria "mundo-semana", exposta anteriormente, foi baseada em previsões pre-
cedentes a Agostinho, que, mergulhado em neoplatorismo e pitagoreanismo, realmente
determinou a doutrina para os séculos seguintes.`" Esclafece Ffoom que ele exerceu uma
influência maior do que qualquer escritor da igfeja primitiva.33 0 entusiasmo quanto
ao segundo advento esfriou no quarto século. Nesse século, o favor imperial substituiu
a perseguição aos cristãos e, segundo a concepção de Agostinho, a lgreja tornou-se o
reino de Deus aqui na Terra. Nos grandes centros do pensamento da época, o alego-
rismo filosófico ocupou o lugar da expectativa do breve retorno de Cristo."
0 DIA DA SUA VINDA
Notas `
' Tertuhano em j4Po/ogy j9,2, z4NF (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1968), 3:46.
'-TbeFirstEplftbofClementtotl)eCoriMthians,c;a:p.2:3,ínLIHanM€ri:±Ne;s,ed.,TbeAmte-NícmeFather`S
(Grand Rapids, M: Eerdmans, 1965), 1 :236; TÚG EP¢.j7¢ o/ Jg#cz¢.#r /o ÁÚG EPÁeJrim, cap 11, /.# ibid., 1 :54,.
TheEPstboflgflatiuftoPobcarp,c;2(p.3,in:ri;Nd.,l..94.,TheEpiftleofBarriabas,cÂrp.21,in`ybHà`,1W9.
3 Ladd,19-22.
4Ibid., 70.
5 TÓG EPí.fz/G o/ Bczr#cíGézf, cap.15, z.# Mensies, 283-284; Froom,1:211; Durant, 7, 2`J4;
ÁPo'fJo/oJ) que não faz parte do cânon das Sagradas Escrituras. Entfetanto, é um escrito cristão
do primeiro século. E ele foi tido em tanta consideração nos tempos primitivos da lgreja, que
muitos o julgaram de importância comparável aos livros do Novo Testamento (E#c7.c/oP€c/z.c7 cJG
/z7 87.á/z.c7 Parcelona: Garriga,1964], 2:921).
9 Didacl)e \6..1.
t°2 Esdras, capítulos 14, v.1-4, e 16, v.18-78.
` ` W 0. E. Oesterley, <4# J#/mc#¢z.o# Á? Áúp B"A o/ Â4G.4Po6z2PÁcz ¢.ondon: SPCK, 1935),14ó.
\.-Fríw"co C;woTn!o, AS Grandef profedaJ: Uma noua cbaue de leitura das mais cólebreJ Í]reúsões da 25
CRISTIANISM0 MEDIEVAL
obras teológicas em geral evitavam identificar os males do tempo com sinais exat'os do
fim. Contudo, a literatura dos sermões era uma das exceçôes. Os pregadores da época
apreciavam abordar os sinais dos tempos como provas visuais de que realmente o fim
estava pfóximo e, assim, o arrependimento imediato efa necessário.
Na metade do décimo século houve um movimento baseado na crença de que
o mundo se aproximava do fim. Esse movimento ocorrera também, embora mais va-
gamente, no sétimo e no oitavo séculos.9 Muitas pessoas, especialmente leigos, como
será visto> nutriam esse pressentimento. Em contraposição, porém, outros ignoravam
totalmente este temor e expectativa.
Pof volta de 950, no sul da França, popularizou-se a idéia de que assumiria o
poder o "último imperador mundial," o grande monarca que precederia a vinda do
anticristo. Apesar da doutrina da igreja afirmar que nào era dado aos homens o privi-
légio de estabelecefem datas para o fim do mundo, pois isso era um segfedo da Divina
Providência. Mas as diversas pregações levavam a pensar que tudo caminhava para o
fim e o ano 1000 seria a culminação deste terror."
A vinda do anticristo era aguardada por volta do ano 954, de modo que Adso
escreveu então o seu IJ.é7é.//# pafa refitar aquela idéia. Por outro lado, o Abade de
F`leury (945-1004)" declara, por volta de 995 na F`rança, que em sua juventude tinha
ouvido um pregador em Paris falando da vinda do anticfisto por volta do ano 1000
e dos temerosos tempos associados com esse evento.t2 0 Cardeal Baronius cita esse
testemunho pata Robert, rei da França, da seguinte maneifa:
28
Quando em minha juventude, eu tinha ouvido um sermão pregado na igteja diante do
povo de Paris acerca do fim do mundo. Naquele sermão foi dito que tão 1ogo os mil
anos tivessem terminado, o anticristo viria, e logo em seguida o julgamento universal se
seguiria. Com todas as minhas forças eu me opus a esta pregação dos evangelhos, do
Apocalipse e do livro de Dariel [...] 0 rumor tinha alcançado quase toda a terra."
cada [sic] em Gaul, primeiro pregada em Paris, e então circulou atfavés do mundo, crida
por muitos, realmente aceita com reverência pelos mais simples, mas desapfovada
pelos mais estudados"."
De acordo com William Godel,]9 um monge de ljmousin narrou os eventos dos anos
1009-1010, que, acreditava-se, iriciariam o fim do mundo, a partir da tomada dejerusalém
Nós somos colocados diante de uma situação paradoxal, pois em meados do décimo
século e através do décimo primeiro, nós possuímos provas convincentes, ou mesmo
traços significativos da crença no fim do mundo. Nos anos imediatamente anteriores
ao ano 1000 e no próprio ano 1000, não encontramos nenhum. 0 momento decisivo
parecia ter deixado os homens ridiferentes.2°
Assim, o ano 1000 apresentava um quadro de fortes contrastes. Diz Focillon
que enquanto não há nenhum texto que permita afirmar que existia um medo
que tivesse sacudido os homens neste período especificamente -uma espécie de
medo doentio -percebe-se que esse temor estava presente antes e não os deixou
quando o ano terminou.21
Por exemplo, o monge Glaber Radhulfus (990-1033), que escreveu crônicas
daqueles anos no livro H/.j-/o#.cz#.##, estava temeroso do iminente fim do mundo. Se-
gundo Fociuon, o monge afirmava que o ano 1000 não era uma data como qualquer
outra: "Satanás será em breve solto porque os ril anos estão se completando''.22 Em
sua opinião, o demônio buscava devorar o homem desde a eternidade, mas agora bem
mais do que antes, durante esses turbulentos anos. Glaber contava que o tinha visto 2g i
mais de uma vez, até mesmo permanecendo bem ao lado do seu travesseiro.23
No cerne do sef humano, o ano 1000 preservou depósitos da pré-história, que
os clérigos interpretavam de uma fofma maniqueísta, definida de maneifa doentia, mas
presente assim mesmo. Glaber estava t¢meroso de Satanás, que, segundo escrevia, lhe
dizia: "eu aparecerei em breve porque os nril anos têm se completado".24
Porém, toda e qualquer expectação sobre a vinda do anticristo, aprisionamento
de Satanás e o dia do juízo ocorrendo em conexão ou em torno do ano 1000 não foi
desenvc>lvida pela hierarquia da lgreja ou doutores em divindade, mas encontfou sua
maior expressão entre pessoas de limitada cultura e conhecimento, especialmente na
França. Glaber, por sua vez, estava temeroso também do "Deus da ira", que estava
multiphcando os grandes inais de tragédia.
Focillon assinala ainda que um meteoro apareceu logo após o anoitecer no mês
de setembro do ano 1000, e permaneceu visível aproximadamente três meses. Bfühou
tão intensamente que sua luz parecia encher a maior parte do céu e sumiu ao cantar do
galo. Mas se era uma nova estfela que Deus lançou no espaço ou se Ele simplesmente
aumentou o brilho de uma outra estrela, somente Ele poderia dizer. Para as pessoas
daquela época, tal fenômeno celeste nunca ocorreria sem ser uma demonstração segura
de algum misterioso e terrível evento. E como Focillon notou, logo um incêndio con-
sumiu a igreja de São Miguel Arcanjo. Ela foi construída sobre uma encosta rochosa
no oceano e tinha sido objeto de especial veneração por todo o mundo.25
Dizia ainda Glaber: "Homens criam que o processo natural das estações e as leis
da natureza, que até então haviam governado o mundo, tinham entrado em um eterno
CRISTIANISMO MEDIEVAL
0 milenarismo adiado
0 término dos ril anos era indefinido, sendo o período considerado aproximado
ou um símbolo da era cristã. Alguns o feconheciam a partir do nascimento de Cristo;
outros, da sua morte. Porém, como assinala Duval, o ano 1000 d.C. era rigorosamente
o término, se fosse para ser tomado como um período definido.32 Pouco tempo depois
0 DIA DA SUA VINDA
desse período, com a terrível fome de 1033 houve muita tensão e incomum atividade
re[íãosa, poís havía pregadores preocupados com os anos tooo e ]033.„ Esse úLtímo`
era tido como o ano,mais prc>vável do fim do mundc>` por ser o milésimo aniversário
da morte de Cristo. E a maioria sentiu-se grandemente ahviada quando o tempo passou
tranqüilamente. Como Baronius tinha especificado, a aproximaçào do ano 1000 causou
apreensâo e angústia a um grande núme.ro de almas simples. Isso estava relacionado
com as crescentes distorções em torno da teoria de Agostinho do reino milenial de
Cristo, o qual terminaria, eles presuriam` cerca do ano 1000. Ou, provavelmente, isso
pode ter surgido com o pensamento de que o mundo continuaria a existir por 6 mil
anos. Essa idéia foi amplamente divulgada. pois já havia sido ensinada pelos antigos
persas. Então, ela encontrou guarida na .4PotüpÁcÍ judaica e depois em sua literatura
cabalística. Por sua vez, foi utilizada pelos milenaristas e outros primitivos grupos cris-
tâos. Froom conclui que tais idéias não tinham sido esquecidas enquanto os homens se
aproximavam do tal fatídico ponto sem retorno." E essa horrenda expectação podia
ter sido uma combinação de ambos conceitos.
Alguns autores argumentam que em 909 os dignitários da lgreja no Concílio de
Trosly, na França, estavam convencidos da aproximaçâo do fim, pelo fato das corres-
pondências apresentarem as seguintes palavras de preámbulo: .4j2Prop/.#7#¢#/g Âz7##c7z.
/g7'7#.w (c> fim do mundo se aproxima). No entanto` essa €xpressão pertence à antiga
fórmula de Marcuff, que era usada desde o século 6, e continuou sendo empregada
depois da passagem do ano 1000.3;Essa fórmula foi usada somente na F`rança, não sendo
encontrada em países como a ltália ou Alemanha." Ao que tudo indica, tratava-se de jJ
uma expressão religiosa que se tornou um chchê que ornamentava as correspondências
oficiais do clero. Entretanto` ela era utilizada sem haver uma preocupação de transmitir
uma n?ensagem de urgência ou iminência.
E nesse período ainda que o Ocidente atinge o cume dos seus infortúnios` que
tinham se alastrado no décimo século. A crença c!o fim do mundc) reaparece diante da
proximidade do dia fatal e alimentada por sinais e maravilhas. Inomináveis temores
fazem toda a humanidade acreditar que o tempo profetizado pelos apóstolos é chegado.
Mas o ano passa, o mundo não é destruído e a humanidade respira aliviada e, agradecida,
retoma o seu caminho. Enfatiza Raoul Glaber, dizendo: "Cerca de três anos depois
do ano 1000, o mundo veste a pura veste branca das igrejas"." Apesar dos temores
e sinais que previam a destruiçào final. a tranqüilidade voltou a reínar. pois na mente
de muitos o perigo pa,ssara.
0 período analisado pode ser determinado como tendo sido um dos mais
florescentes de idéias milenaristas, embora o ano 1000 propriamente nâo tenha
causado tanta agitação, como alguns supõem."O Apocalipse de]oão, tâo resplen-
dente quanto obscuro, a respeito de todas as diferenças de interpretações (espe-
cialmente a respeito dos mil anos do capítulo 20), é, contudo, estimulante para
se criar sentimentos de suspense, manter a fé em alerta e encher de expectativa,
a qual é peculiar à esperança messiânica. 0 Senhor é vindo. 0 Senhor retornaria.
0 Senhor julgaria os vivos e os mortos. Como calcular o tempo e saber quando
aconteceria? Faria o anticristo em breve o seu aparecimento? A controvérsia entre
a interpret£çâo literal e a mísüca havia começado na metade do segundo século.
CRISTIANISMO MEDIEVAL
em sua terceifa e última grande fase, a era do Espírito Santo. Sem jamais empregar a
palavra #z.//6##z.#Âz7, joachim de Floris anunciou de fato a vinda de um tempo do Espírito,
durante o qual a humanidade viveria numa santa pobreza, na piedade e na paz. A história
em sua totalidade se dividia, para ele, em três pefíodos: o tempo "de antes da graça",
o "da graça" e, enfim, "o que nós esperamos, que está próximo" e que será o de uma
"graça maior". Traduzindo: o tempo da lei mosaica antes de Cristo - a era do Pai -, o
tempo marcado pela vinda de Cristo "sob a letra do Evangelho" - a era do Filho -, e
enfim o tempo, desde então próximo, em que triunfará a "intehgência espiritual" -a era
do Espírito e do "Evangelho etemo".5°
De repente, e espontaneamente, no ano crucial de 1260, numerosas procissões
de homens marchavam através das cidades chcoteando as suas costas nuas até sangrar.
Esses autoflagelantes, como eles foram chamados, acreditavam que por se submeterem
à dor e ao sofrimento, poderiam pagar por seus pecados, sendo purificados e dignos
de enfrentat a hora do juízo que se aproximava.S]
Friedrich ressalta que a passagem relativamente sem incidentes do ano apo-
calíptico de 1260 havia amortecido a febre da expectativa, mas a fiagelaçâo sobre-
vivera no norte dos Alpes, como um ritual meio furtivo e quase herético. Com a
chegada da peste, a flagelaçâo deixou de ser furtiva,52 pois os líderes dos flagelantes
itinerantes começaram a ministrar os sacramentos, ouvif confissões e conceder o
perdão. Em alguns casos, diziam-se capazes de expulsar os maus espíritos e curar
os doentes. Seus farrapos manchados de sangue eram guardados e venerados
como reh'quias sagradas. Em Estrasburgo, eles tentaram, sem conseguir, devolver jj
a vida a uma criança morta. Com insistência cada vez maior, afirmavam que seu
movimento deveria durar 33 anos e meio e se encerrar com o segundo advento.
As pessoas lhes davam crédito, e muitas, até mesmo crianças pequenas, em pouco
tempo estavam dando adeus ao mundo. Segundo um cronista, alguns com orações,
outros com louvores nos lábios.53
Para os italianos, que pouco antes haviam suportado os terremotos de Nápoles
e Veneza, enchentes, secas e períodos de fome, esta misteriosa epidemia ~ a peste
negra-, em 1348, foi pior do que qualquer outro fato na história. Sugefe Friedrich que
aspesé:a=Êlazsl:=aeaancar,:àtaavdaamh|=àsfl=odaqTÊr`:FaÊ=md:sma=ogos'ieàtóaE:oàss£ao;:â:.5àe
Descobrimento da América:
novo alento às expectativas escatológicas
0 descobrimento da América trouxe um novo ânimo às expectativas escatolóãcas.
Pafa aqueles que antes de tudo esperavam um fim do mundo próximo, a conquista
da América permitia a conversão de povos até ali desconhecidos, fazendo com que o
mundo todo se tornasse cristão, de conformidade com as profecias do Novo Testa-
mento. ]ean Delumeau exphca que "desde que a humanidade inteira se tornaria cristã,
o fim dos tempos era a partir de então iminente".ó°
Algreja,quedetinhagrandepoder,seserviudessemundoembebidoemsimbohsmos
pafa incutir na mente do homem medieval tanto a esperança quanto o medo. A fé do povo
passou a sef alimentada por maravilhas, pela necessidade de sinais e mesmo pela ilusão do
contato fisico com as forças do sobfenatural. Foi nesse período que multidões passaram
a peregrinar em santuários ou terras distantes como jerusalém, e a participar de eventos
conhecidos como cruzadas; passaram também a cultuar relíquias, como a do Santo Sudário
-"as quais, lamentavelmente, naquela época eram quase sempre imposturas''."
A história da escatologia cristã reflete um embate entre passado, presente e fu-
turo. Os fatos relatados nessa seção revelam que, durante os primeifos cinco séculos,
os cristãos não se preocuparam muito em desenvolver uma doutrina escatológica,
mas esteve sempre presente a prohferação de crenças e esperanças em um fi]turo
melhor. Os cristãos criam na vida após a morte, no segundo advento de]esus Cristo,
na ressurreição dos mortos, no julgamento final e na criação de um novo céu e de
j4
uma nova Tefra.
Apesar de não tef ocorrido uma sistematização da escatologia nos primeiros
séculos, como se percebe atualmente, algumas interpretações sobre o fim do mundo
foram emitidas. Os pais da lgfeja, por exemplo, ousaram apresentar suas posições e
idéias, sendo seguidos por outros que acrescentaram algum elemento novo. Alguns
deles, como Barnabé, Irineu e Hipólito, tomaram por base os dias da criação, aplicando
o princípio de cada dia correspondendo a ril anos, colocando assim o fim do mundo
ao térrnino de 6 mil anos. Hipóhto e Lactâncio marcaram o ano 500 para os eventos
finais, Vitorino e lgnácio enfati7,aram a pfoximidade do retorno de Cristo, enquanto
Montano afirmava que o reino de Cristo se estabeleceria muito em breve na Frígia.
Semelhantemente a Montano, Mani também se autodeclafou como o último dos
profetas. ]á Ticônio marcou o ano 381 d.C. para a vinda do reino de Deus. Alguns,
portanto, arriscavam-se afirmando que o segundo advento de Cristo ocorrefia em seus
dias, enquanto outros projetavam esse evento para um futuro longi'nquo.
Agostinho, um dos mais conhecidos pais da lgreja e que influenciou o pensa-
mento cristão medieval, constituiu-se num divisor de águas entre o senso de iminência
e urgência, marca distintiva da igreja apostólica, e a perda desse senso, que viria depois
dele, com uma gradativa redução do entusiasmo quanto ao breve retorno de Cristo e
o estabelecimento do seu feino. Atribui-se a ele, em considerável medida, a ocorrência
da denorninada "desescatologização do cristianismo".
Essa atitude perdurou por aproximadamente cinco séculos até que, com a apro-
ximação do ano 1000 (que trazia em seu bojo um misticismo exacerbado), ocorresse
uma proliferação das prevísões escatolóãcas.
0 DIA DA SUA VINDA
Após o ano 1000, houve uma maior expectativa com respeito ao fim do mun-
do, diante da pfoximidade do ano 1033 e, posteriormente, com o,ano 1260, como se
verificou. Essas duas datas suscitaram uma agitação ainda maior, tendo por base de
cálculo o decorrer de 1.000 anos após a morte de Cristo e o tempo profético de Daniel
e Apocalipse, respectivamente.
Outro fator que despertou temores do fim foi a peste negra, que em 1348 dizi-
mou milhares de vidas na Europa. A mistura de expectação e medo do fim continuaria
acompanhando o ser humano nos próximos séculos, como se verá a seguir.
Notas
'Locução latina que significa "termo final do prazo", ou "ponto de chegada" qttp://
www.mundodosfilosofos.com.br/latin.html, dia 27 de junho:15; e http://www.direito.fib.br/
dicionario, dia 27 de junho).
2 0|sen, 84.
3Ibid.,101.
4Agostinho (354-430 d.C.), prolífico escritor e teólogo, viveu algumas décadas antes
do ano 476 d.C. (quando ocorreu a queda do lmpério Romano do ocidente), considerado
o início do período medieval. A influência de Agostinho tem ido muito além do seu tempo, Jj
estendendo-se ao longo da era cristã, razão pela qual são feitas alusões a ele ainda sob o tópico
"Período Medieval", do presente estudo.
5 Boyef, 49.
ó 0 Credo Niceno tem, essencialmente, o mesmo conteúdo doutrinário do Ctedo Apostóhco.
A diferença é que ele confessa mais detalhadamente a doutrina do Deus Triúno e sua graciosa obra
salvadora. Em sua forma mais primitiva, foi adotado pela Éreja cristã no seu Primeiro Concflio
Ecumênico ou Geral, que se reuniu no ano de 325 d.C., em Nicéia, na Ásia Menor, urn lugar não
muito distante de Constantinopla, atual lstambul. 0 propósito oriSnal foi rejeitar os erros daqueles
que negavam a Trindade, especialmente a divindade de Cristo. Os que ensinavam esses erros eram
hderados por Ário, cujos ensriamentos são sememantes aos unitarianos modemos. Tál como os
arianos, os unitarianos negam a Trindade, particularmente a divmdade de Cristo (ver em ]ohn H.
I,eith, ed., Creeds of the Churches H.ouisville, KY: john Knox,1982], 30-31).
7 Boyer, 48.
8 0lsen,108. Arnold villanova (1235-1311) predisse o tempo da perseguição do anticristo
19 Focillon, 62.
20Ibidem.
21 lbid., 63.
22 ibid., 65.
23 ibidem.
2Jlbid.' 63.
j6 25ibid, 66.
26 Raoul Glaber, Lr c7.#7 /z.zr7+ ¢ ji€r Ári/z7z.ní2r /900-7 044/ ¢aris: M. Prou, 18Ó6),111, Cap. 4.
27 Focmon, 67-68.
28]on Paulien, TÚG Mz.Á¢#7#.## Bz/g @oise, ID: Pacific Press, 1999), óÓ (ver também Focillon).
29 Focillon, 70.
3° G. L. Burr, "The Year 1.000 and the Antecedents of the Crusade", TÚG .4#e#.c4r
H/.j./o#.fz7/ RG#;.G# (abril,1901), 6:432.
31 Focillon, 81.
32Frédéric Duval, I£r /Gm€zm c/G /'cz# Mz`//G ¢aris: Bloude,1908), 71.
33 Foci|lon, 81.
34Froom,1:588-589.
35Burr, 433.
3ó Duval, 48.
37 Glabet,1.866; Edmond Pognon, L'c7# #z.//€ @aris: Gallimard,1947), 89.
38jon Paulien, The Millennium ls Here Again: Is lt Panic Time?" Nancy Vyhmeister, ed.
AndrewJ Uniuersiü S eminary S tudies,1999 , S] ..16] -17 8.
39 Sarachek, 313-314; Silver, 69-70.
4° Silver, 79; Safachek, 316-321.
4í Olsen, 72 (fonte primária em Hippolytus, Daniel 4:4-6).
42 Froom, 1 :591.
0 DIA DA SUA VINDA `
43 Froom, 1 :740.
44Àgostinho influenciou o pensamento cristão no sentido de arrefecimento do entusiasmo
ou temor quanto ao fim do mundo. À lgreja estabelecida era um evento escatológico, era o
"reino de Deus" presente.
45 Hebb|ethewaite, 61.
4ó Rufiis M. ]ones, E4gg/4#/r ri Hcaf/z.#gr, 6:49-51 ; ver também Herman Haupt, E4gG/4/z`ow,
Flag/elhMtJ, T he Neui S cbaJf Her=:!og Enyc/opeda of R2bgiw Knowledge, 4..323-32;6., ]ohrL ]. lgFL. Von
DÜNJrig;i, Prophecies and the Propbetlc Si)irit im tbe Cl)ristian Era,1UO.
47joachim de Floris (1130-1202), também conhecido como joaquim de Fioris, abade
do mosteiro cisterciense em Corace, Itáha, foi provavelmente o primeiro expositor cristão que
aphcou o princípio dia-anc> aos vários períodos de tempo de Daniel e do ÀPocahpse (Froom,
1 :683, 700. Ver também, Franco Cuomo, .4r Grz7#dó!f Pm/€#.tzr, 156-162). joaquim de Floris levou
vida ascética e foi reputado como profeta, foi respeitado por autoridades riclusive por papas que
o encorajaram a prosseguir nos estudos bibhco-apocah'pticos. Ele se imaginava especialmente
capacitado por Deus através de divina iluminação. ]oachim ensriava que o reino do Pai duara
desde a criação ao nascimento de Cristo, e um remo do Filho chegaria ao fim em 1260, e sendo
seguido pelo reino do Espínto. Então, segundo ele, o "tz#g€/4o GJ€mo seria pregado, ocorreria a
última batama contra o poder do mal, o iulgamento final, e o grande sábado da consumaç`ão
irromperia. Esta interpretação foi adotada por certos grupos da ordem dos franciscanos e também
pelos ¢Í.#./zítz4Í (espirituais) da ordem dos franciscanos. joachm de Floris teve as suas exposições
proféticas condenadas pela lgreja. Àpesar disso, depois da passagem do ano 1260 sem aparentes
mudanças nas relações eclesiásticas, os seus escritos continuararn sendo apreciados e aceitos
(Samuel Macauley jackson, ed., T4G NG2y JCÁczjff-HGRog E#g/c/ojbec/z.c7 o/ Rf/zéz.oz# K#oz#/Gc/g9 [Grand j7
Rapids, MI: Baker, 1953], ó: 184-185; e Philip Schaff, R£/záz.oz# E#94`Á7pczGc//.c7.. or Dz'c/z.o#¢o/ o/ B/.éj/7.czz/,
I:í;.ji/o#.c¢/, Do¢77.#é7/, c7#J Pr¢c/z.c¢/r4GOÁg)/ P`Iew York Funk and Wagmlls,1883], 2: 1183).
48 Froom, 1 :745.
49 ibid., 752-754.
50Eco G/ ¢/, 82.
53Friedrich,163-164.
54 A pandemia conhecida por peste negra, talvez porque a hemorraàa criava manchas
negras, assumiu várias formas. A mais comum foi a peste bubôrica, assim designada por causa
dos bubões, ou inchaços, na virilha e axilas. Seguiam-se vômitos, febre e freqüentemente a
morte. A peste pneumôrica afetava os pulmões, enquanto a, septicêmica afetava o sangue e
matava em um dia. A peste foi provavelmente levada para a Asia Ocidental por comerciantes
vindos da China. Em 1357, os tártaros, devastados pela doença, cercaram Caffa, um porto
da costa da Criméia habitado por muitos mercadores itahanos. Na tentativa de transformar a
catástrofe em vantagem, o chefe tártaro jarriberg ordenou aos seus homens que lançassem os
cadáveres contaminados pela peste por cima das muralhas da cidade para infectar os habitantes.
Os resultados de tal tática ultfapassam de longe tudo quanto ]anibeg pudesse ter imaãnado.
Quando os itahanos de Caffa se viram contaminados, fugiram para Gênova, Messina e Veneza,
e, em fins de 1347 e princípio de 1348, estas três cidades eram as primeiras na Europa a sentir
os e£eLtos àa peste negtai. (Gmndef Acontetimentos que TranSfirmamm o MuMdo H`io de ]aneiro..
Reader's Digest Livros, 2000], 98).
CRISTIANISMO MEDIEVAL
55 Friedrich,147.
5óTeólogo, matemático, cientista, erudito, foi criticado muitas vezes por escritores depois
dele, pela aplicação que ele fazia do princípio dia-ano aos 2.300 dias de Daniel.
5'] Coniectura, in O|)era,934.
58Talvez o maior pensador judeu em língua grega. Viveu em Alexandria no prmeiro
século e teve papel determriante na defesa de jerusalém, antes da destruição.
•" Coniectura, in Of )erri,934.
t"Fic;o et a/.96.
`" Leite e Winter, 97-98.
j8
11. A EXPECTATIVA ENTRE 0 PEBI`ODO
DA REFORMA E 0 FINAL DO SÉCULO 19
CAPÍTULO 5
SeriadeseimaSnafquehaveriaumareduçãodemarcaçõesdetempocomaritervenção
do clero, rnas, como bem acentuou Cuomo no texto acima, isso não aconteceu. A tendência
de se perscrutar o atrativo e misterioso tema "quando será o fim do mundoy' prossçguiu.
A Reforma do século 16 teve lugar, teológica e reliãosamente, em uma atmos-
fefa impregnada dos "últimos dias". Os reformadores protestantes reconheciam nos
eventos do tempo - natufeza reliãosa, políüca ou social - os sinais da iminência do
segundo advento de Cristo. Ao definii apocahpticismo no período dos refofmadores
europeus R. 8. Barnes sugere que seu principal elemento, seu mais sahente aspecto,
era a expectação do iminente fim da histófia.4
Martinho Lutero (1483-1546) e]oão Calvino (1509-1564), os dois proeminentes
reformadores protestantes, enfatizaram que os crentes deveriam aguardar e estar pre-
pafados pafa o segundo advento de Cristo. Estavam convictos de que uma culminação
da história mundial era não somente real, mas também inrinente, e festauraram a atitude
dos primitivos cristãos no que dizia fespeito ao último dia.
Segundo Eco €/ cz/., Lutero declarou que já que a humanidade teria atingido o
"cume", tanto no conhecimento e nas artes quanto na iniqüidade e no pecado, o dia
do julgamento só deveria estar próximo.5
Calvino, diferentemente de Lutefo, parece não ter enfatizado uma data exata
para o advento. Ele não caiu na tentação, tâo comum no século 16, de calcular pe-
riodos de tempo apocalípticos. Calvino, em seu comentário sobre a ressurfeição no
capítulo 15 de 1 Coríntios, relembra seus leitores que o segundo advento deveria
42 estar na mente dos santos a cada hora.ó
Lutero escreveu mais amplamente a respeito dos sinais do segundo advento de Cristo,
algumas vezes de Lucas 21 e a|gumas vezes de Mateus 24. Em 1532 publicou E/.#6 /7ij3+Z/z.ÂÚG
PredigyonderzuhimfflcbrritiunddenT/orgenrg!ebendenzeichendeJJüngftenTagfQJTLCo"£oma:doft
Sermão a Respeito do Aparecimento de Cristo e os Sinais do Ulümo Dia).7
No sermão acima citado, encontra-se a declaração de que alguns dentre os pÍ:e-
sentes talvez estariam entre os vivos quando aqueles sinais se cumprissem, embora
eles não pudessem certamente saber com precisão o dia da fedenção final. Dentre os
sinais mencionados, é feita uma alusão ao retomo dos judeus à Palestina. 0 papado
é também claramente incluído nesta lista como um claro sinal da aborninação que
antecederia o segundo advento.8
Em uma reunião de estudos em grupog a respeito do sermão profético de ]esus
em Mateus 24, Lutero chegou a sef confuso e até mesmo especulativo ao afirmar que os
sinais aptesentados pof Cristo já haviam amplamente ocorrido. Com essa interpretação,
ele sugeriu que, em vista de a maioria dos sinais terem sido cumpridos, não havia muito
mais o que esperar, sendo que já tinham visto o suficiente em seus dias."
Cefta ocasião, em 1532, o último dia tornou-se o tema da discussão e Lutero fez
a seguinte declaração: "Eu espero estaf vivo até o último dia". A declaração, é claro,
necessitava esclarecimento, e o feformador deu-a da seguinte maneira: "0 último dia
está às portas. Meu calendário está cumprido, eu não sei de nada mais em minhas
Escrituras". Martinho Lutero identificou-se com Noé confrontando-se com o mundo
descrente." No ano de 1541, ele declarou que transcorreram 126 anos entre a morte
de Adão e o nascimento de Noé, e que o mesmo número de anos tinha transcorrido
0 DIA DA SUA VINDA .
desde a morte dejoão Huss." Lutero chegou a pensar que o retorno de Cristo ocorreria
antes mesmo que tivesse concluído a tradução da Bíblia para o alemão."
Em 1545, Lutero escreveu que o mundo estava em seu sexto e último milênio
antes do eterno sábado de descanso - tipificado pelos seis dias da semana da Criação
- com o papado estabelecido aproximadamente no ano 600, dominando rio sexto mi-
lênio, juntamente com o maometanismo. Nesse período findaram os 1.290 dias (1.290
anos a paftir da metade da septuagésima semana, ou aproximadamente 1327). 0 fim,
com a queda do anticristo, seria abreviado porque Cristo não permaneceu na tumba
os três dias completos."
Lutero acreditava que a septuagésima semana se iniciou com a crucifixão, fessur-
reição e ascensão de Cristo no trigésimo-quarto ano de sua vida, e o quinto milêrio
no fim da septuagésima semana (em 41 d.C.).t5 Embora nunca tenha fixado uma data
específica para o fim do mundo, de acordo com Froom, Lutero identificou um perí-
odo de tempo, às vezes 400, 300, ou 200 anos e mesmo para os seus dias, a partir de
estimativas especulaüvas, mantendo algum resquício do método alegórico.
Calvino, pof sua vez, solveu o problema do iminente advento, refletindo nas
palavfas de Pedro de que "para com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos
como um dia" (2Pe 3:8). 0 Senhor mantém os seus fiéis constantem€nte vigflantes
aguafdando por Ele, pois a sua vinda não está limitada por um detefminado tempo,
racíocínava Ca[víno.tó Contrastando o pensamento escato]óãco dos doís reformado.
res, percebe-se que Calvino mantinha uma atitude mais equilibrada e coerente, não se
prendendo a tempos ou datas. 4j
Declarando que o grande dia de Deus viria em breve, e aludindo à teoria dos 6 ril
anos -2 mil sem lei, 2 mil sob a lei e 2 mil sob o Messias -Melâncton" acrescentou:
"Está estabelecido que Cristo nasceu perto do fim do quarto milênio, e agora 1.545 anos
têm se passado. Portanto, nós não estamos longe do fim". " De acordo com esse cálculo,
Melâncton demonstrou cref que o mundo chegaria ao final em menos de 400 anos.
Quando as pessoas começaram a ler as Escrituras, após a tradução para diversas
línguas, ouvindo Cristo dirist-lhes a palavra como não tinha feito com seus pais, ou\rim
idéias novas, que não estavam acostumadas a ouvir de padres e outros relÉosos. Escutaíam
Cristo dizer que viera à Tefra para salvar os pobres e os aflitos, e que viria novamente, num
tempo de pestes, fome e guerras, que estaria ameaçado pelo aparecimento do anticristo
-um tempo muito parecido com o delas. E, nesse periodo de conturbação, disserajesus,
"surgirão muitos falsos pfofetas, que enganarão a muitos" (Mt 24:24)." Essas palavras de
Cristo deveriam ter servido de alerta às pessoas para se precaverem contra os enganos
que surãriam, mas, como veremos a seguir, isso não ocorreu.
Existem várias teorias quanto à origem dos anabatistas, mas a mais natural é que
se consjdere esse movimento como tendo início em Zurique, Suíça, entre os seguidores
do reformador Ulrico Zwínglio.
Embora tenha havido uma tendência de se incluir entre os anabaüstas todos os movi-
mentosprotestantesradicaiserevolucionáriosdaépoca,existeumacorrentecontemporânea
que considera todos esses movimentos como parte do que se chama "Reforma Radical".
Por sua vez, o termo "anabaüsta" tem sido aplicado mais recentemente apenas ao segmento
pacifista da Refofma Radical que subscrevia a Confissão de ScHeitheim (1527).2°
A REI=ORMA, OS ANABATISTAS E OS SÉCULOS 17 E 18
/ do movimento anabatista.28
Hans Hut, um seguidor de Thomas Müntzer, pregava que "os súditos" deveriam
"assassinar todas as autoridades", pois Cristo retornaria exatamente três anos e meio
depois do início da Guerra dos Camponeses, em 1527.29
Hans Rômer insistiu em que Cristo chegaria em menos de um ano, de modo que
orgarizou um bando armado parar'atacar Erfiirt na véspera do ano novo de 1528, mas
acabou sendo traído e preso.3°
0maisinfluentedessesprofetassemi-ristnridosdoapoca]ipsefoiMelchiorHofham
(1496-1544),umsuevoqueerapeleteirc>3'porprofissão.Elehaviaseconvertidoaoluteranismo
em1522,com27anos,esetomouumpregadoritinerante.Suasperambulaçõesolevammaté
Riga e Estocolmo, ondç, em 1526, pubücou uin panfleto ezpficando o capítulo 12 de Daniel
e declarando que o mundo acabaria dentic> de sete anos, na páscoa de 1533.32
Hoffmann dividiu esse peri'odo de sete anos em duas partes aproximadamente
iguais. Na primeira fase, as duas testemunhas prometidas do Apocalipse, por ele iden-
tificadas como sendo Elias e Enoque, apareceriam na Terra para derrubaf o papa. Isso
lhes tomaria, conforme a previsão de Daniel, 1.290 dias. As duas testemunhas seriam
martifizadas, como descrito no Apocalipse, e todos os santos seriam perseguidos por
Gogue e Magogue. E então, depois dos 42 meses do Apocalipse, Cristo ressursta.33
0 apocaüpse vindouro era a obsessão de Hoffmann. Ele dizia que os turcos
repfesentavam Gogue e Magogue e Deus os usaria para destruir as fo£Ças papais e
imperiais do anticristo. "Assim Deus castiga o inimigo com o inimigo".34 4J,
As idéias excêntricas de Hoffmann continuaram a se modificar, chegando a
falar abertamente de si como sendo Elias, uma das testemunhas dos "últimos dias", e
pfegando obsessivamente o apocalipse vindouro. Segundo ele, a Nova]erusalém seria
Estrasburgo, e, como a testemunha Elias, Hoffman conduziria os 144 mil apóstolos a
fim de prepará-1os para a vinda de Cristo.
Conforme relatado por Olsen, em 1529 Hoffmann chegou a Estrasbutgo, e em
1530 se uniu aos anabatistas. Devido ao seu ponto de vista, no que se refere ao batismo
bem como suas idéias escatológicas, precisou fiirir da cidade. E por três anos trabalhou
como um bem-sucedido apóstolo do anabatismo em Friesland e na Holanda. Tendo
retornado a Estrasburgo, onde esperava que fosse a Nova ]erusalém, foi aprisionado.
Os seus seguidotes se tomaram conhecidos como melchioritas. Esse grupo desenvolveu
intensas expectativas escatolódcas. Wálter Klassen escreveu que "todos anabatistas es-
tavam unidos em sua convicção que o retorno de Cristo estava próximo" e que "Cristo
e o anticristo estavam envolvidos na luta final".35
QuandoabiémperguntouaMddiiorHofhann,emsuaprisão,oqueeleachavasobre
oquehaviaocorridocomsuaspredições,sólhefoipossívdrepetirqueCristologodegariaa
Estrasburgo, para libertar a ele e ao munda E escrcveu "Erguei vossas cabeças, vossos cora-
Ções,vossosolhosevossosouvidos.Vossasah7açãoestáàporta.Tódasaspestessec`mpriram,
excetoadosétimoanjovrigador".NaopiniãodeFriedrich,foiumamensagemqueHofhan
continuaria a repetir em seus dez anos de cadveiro até morrer em sua cela, mi 1543.3ó
Michael Stiefel (1486-1567)37 era um matemático que, mediante cálculos baseados
em um estranho sistema cabaHstico, acreditava ter desvendado os tempos pfoféticos.
A REI:ORMA, OS ANABATISTAS E OS SÉCULOS 17 E 18
Por meio desses curiosos números triangulares,38 ele pensou que o númefo 2.300 de-
signaria o começo do tempo do fim, e 1.335 seria o número representando o tempo
bem-aventurado. Stiefel acreditava tef encontrado os profimdos significados desses
números proféticos. Assim, submeteu 22 ptoposições para Lutero tentando demonstrar
que a vinda de Cristo para iniciar o julgamento ocorreria às oito horas da manhã do
dia 19 de outubro de 1533. Apesar das advertências de Lutero no sentido de que fosse
cuidadoso quanto a esse assunto, continuou pregando suas convicções. Assim sendo,
três dias antes da data fatídica, Stiefel reuniu as multidões, exortando-as a estarem
prontas, e começou a ministrar a Ceia do Senhor. Camponeses de perto e longe se
reuniram em Lochau. Seguindo o líder, que havia abandonado seus pertences materiais,
os camponeses neghgenciaram os seus trabalhos por algum tempo, e por causa disso
perderam sua colheita. Como a hora apontada passou e Cristo não veio, o resultante
desapontamento do povo não conheceu liínites. Eles tomaram Stiefel, amarraram-no
com cordas e o levaram a Wittenberg, onde alguns o cobraram pelos prejuízos.39 Ali,
foi levado a julgamento e processado pelos pre).uízos que causara. No entanto, o dano
estava feito, pois os seus cálculos haviam se espalhado amplamente.4°
Esse episódío trouxe reprovação sobre a causa da Reforma, pela qual os h'deres
não eram de forma alguma responsáveis. Contudo, Lutero mesmo não tomou isso
muito seriamente, apenas chamando-a de tentação branda.4`
Depois da prisão, Melchior Hoffman foi substituído como líder dos anabatistas
quiliastas de Estrasburgo por]an Matthyszoon, um homem magro e de barbas negras.
4ó Matthyszoon pfoclamou-se Enoque e enviou emissários a Münster em l534. Depois,
decidiu que seria Münstef42 e não Estrasburgo a Nova ]erusalém, mudando-se para lá
com sua esposa Divara, uma ex-freira. A comunhão de bens e a antecipação doentia da
vinda do reino dos céus foram alguns dos fatores que levaram o movimento ao caos.
Em 6 de janeiro de 1534, dia da festa de Epifria, dois pfegadores errantes, chamados
Bartolomáus Boekbinder e Wiuem de Kuiper, apareceram nos portões de Münster. Anun-
ciaram que Deus enviara um novo profeta para anunciar a chçgada do fim do mundo.43
Em 9 de fevereiro, depois de fechar os portões da cidade, os anabatistas começaram
a tocar o sino da igreja de São Lamberto. Multidões de fiéis correfam para a prefeitura,
onde cantaram, rezaram e profetizaram a chegada iminente de uma ledão de anjos."
Anabatistas de cidades vizinhas da Alemanha e da Holanda foram chegando
sob as promessas de que ali encontrariam segurança e receberiam as recompensas do
apocalipse vindouro. Pessoas de carroça, outros a pé, em grandés grupos e um a um,
orando e cantando aleluia entravam na cidade.45
Múitas mulheres atiravam-se no chão, contorciam-se, gritavam e estendiam os
braços em forma de cruz. Algumas afirmavam ver nuvens de fogo negro e azul des-
cendo do céu. Matthyszoon apareceu na igreja de São Lamberto com duas tábuas de
pedra e anunciou ter acabado de falar com Deus. "Cristo está voltando e estabelecerá
aqui em Münster a cidade santa do mundo".4ó
Naturalmente, a luta por Münster provocou grande desordem por toda a Ale-
manha e Holanda. Em Amsterdã, onde se supunha abrigar nada menos que 5 mil
anabatistas, um de seus profetas, Dick Tasch, previu que haveria "escuridão na cidade
por três dias, e então o Senhor a entregará a seus santos sem derramamento de sangue".
0 DIA DA SUA VINDA `
Em 22 de março, cinco desses "santos" desfilaram nus pelas ruas, brandindo espadas e
gritando: "Arrependei-vos!" e "Ai dos ímpios". Foram prontamente presos, torturados
e queriados na fogueira."
0 lídef rehrioso mais influente da cidade de Münstef foi Bernt Rothmann.48
Nos ú'l`timos meses de 1534, Rothmann publicou e despachou clandestinamente para
o mundo dois panfleto§, intitulados Rer/z./z#.fzz~o e j4#¢#c7.o d6 #.#gzz#/`cz, a fim de proclamar
a vitória dos santos de Múnster.
Segundo Rothmann,49 Deus havia decretado três eras do homem: a era do pecado,
que se encerfafa com o dilúvio; a era da perseguição, que estava chegando ao fim; e a
era da vingança. Como assinala Friedrich` o pfóprio Ctisto é que havia criado o reino
de Münster, preparando seu retorno iminente à Terra.5°
]an Beukels recorreu a táticas ainda mais estranhas, no esforço de manter
elevada a moral de seus seguidores. Uma noite, em 1534, correu descalço pela
rua, em ffente à prefeitura, aos gritos de "Rejubila-tc, Israel! Tua libertação está
próxima!" Prometeu a esperança de salvação na páscoa e, quando a páscoa veio e
se foi, declarou que Deus não podia ser preso a datas fixas. "Quereis dar um prazo
a Deus?", exclamou. "Não, Deus não tolera prazos. Deveis livrar-vos de todos os
pecados e Deus nos resgatará".5]
Por causa desses incidentes em Münster, os anabatistas continua£am a ser vistos
como fanáricos. Uma vez que Cristo nunca voltou, também o anticristo se manteve
apenas como uma possibilidade pfofetizada. Os falsos profetas previstos nas Escrituras
ainda estavam por vif.52 Cairns evidencia que o repúdio às idéias de Lutero e zwínglio, 47
além dos vários incidentes ao longo desse período, determinou a condenação e persegui-
ção ao movimento, tanto por parte dos protestantes como dos católicos romanos.53
Um caso estranho entfe os anabatistas, relatado pof Friedrich, ocorreu no dia Ó de
fevereiro de 1526. Nessa data, um homem chamado Thomas Schugger e seu irmão üe-
nhart teriam acreditado que foram chamados para encenar sua pfópria forma de martirio.
Num ritual apavorante, após ter torturado o irmão publicamente, Thomas deu-lhe fel e
vinagre pafa beber, até ele vomitar. Finalmente, tomou a espada e, crendo que se tivessem
fé ela atravessaria o seu pescoço sem lhe causar dano, matou-o. Apesar de Thomas ter
sido julgado, condenado por homicídio, e executado uma semana depois (13 de fevereifo
de 1526), os anabatistas achavam-se a essa altura em estado de delírio.54
0 fim se aproximava, segundo acreditavam, e as marifestações de êxtase espiritual
se intensificavam à medida que os "últimos dias" iam passando.
Segundo a crônica de Kessler, os anabatistas começaram a correr pelas ruas e
gritar que o dia do juízo final chegaria em exatamente uma semana. Isso convenceu
muitas outras pessoas a se batizarem, até que umas 1.200 delas pararam de trabalhaf,
abandonaram suas casas e paf tiram para as montanhas, cantando e orando a plenos
pulmões. Só depois de uma semana, sem que houvesse sinal do dia do juízo, foi que a
fome e o frio dispersaram os fiéis e os mandaram de volta para suas casas.55 Desapon-
tados e tremendo sob o rigoroso inverno europeu daquele fevereifo de 1526, além do
ffio que os castigava, também enfrentaram a zombaria, a humilhação e a frustfação da
esperança que não se concretizou.
A R£FORMA, OS ANABATISTAS E ÓS SÉCULOS 17 E 18
J,
Notas
] Friedrich,19Ó.
2 Uma inundação gigante foi prevista para 20 de fevereiro (ou 2 de fevereiro) pelo
astrólogo johannes Stõeffler, em 1499. À conjunção envolvia Mercúrio, Vênus, Marte,
Júpiter e Saturno, mais o Sol, todos em Peixes. Mas essa conjunção ocorreu realmente no
dia 23 e não no dia 20. Na Alemanha, em resposta a essas profecias, as pessoas consttuíam
barcos e o Conde Von lggleheim construiu uma arca com 3 andares. 0 mesmo estado de
histeria se passou em Toulouse. Quando choveu hgeiramente na data prevista, as pessoas
atacaram a arca do Conde. (http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto, em 11 de
junho de 2006).
3 Cuomo,181.
4 Michael Parsons, "The Apocalyptic Luther: His Noahic Self-Understanding" no
24 Ibid., 198. "Na verdade Luteio, desde os primeiros instantes não tinha cessado
de combater a rebelião que, na sua opinião, era o prenúncio do dia do juízo" (J. H.
Mer]e D'Aubigné, H;.j./o'#.¢ dcí Re/omc7 do XI/7 Je'"/o, 6 vols. [São Paulo, SP: Casa Editora
Presbiteriana,1962], 3:220).
25 Friedrich, 198: "Pof recomendação de Lutero, Müntzcr] fora convidado, no
ano seguinte, a pfegar em Zwickau, que antes fora um dos centros da perseguida heresia
waldensiana, mas era então uma ptóspera cidade mineradora de prata, repleta de trabalhadores
migrantes. Ali, Müntzer não apenas começara a acusar de ganância os ftanciscanos do lugar,
como também se voltara violentamente contra Lutero. Que podia significaf a salvação pela fé
para `m mineiro ou um tecelão incapazes de alimentar a família? `Frente à usura, aos impostos
e aos aluguéis, declara Müntzer, `ninguém pode ter fé'."
26 Hebblethwaite, 87. Com suas idéias de todos viverem tendo tudo em comum, Thomas
Müntzer tem sido honrado pelos marxistas como o primeiro revolucionário social.
27 Müntzer reivindicou revelação extra biblica de uma forma que minava a autoridade da
Escritua. De acordo com ele, a verdadeira e viva Palavra de Deus deve ser ouvida da boca de
Deus, e não ridiretamente de algum üvro, nem mesmo da Biblia. Ele apelou para uma Palavra
lnterior para justificat a crença de que os últimos dias estavam às poitas e que a lgreja deveria
levantar as armas tanto contra as autoridades civis como contra o papado medieval qttp://
www.monergismo.com/textos/biogfafia/lutefo_stoms.htm.12 de junho de 2006).
28 Friedrich,199.
29Lutero, Martinho, Mé7#7.#Áo ljí/gro.. OGr4u. J£/í#.o#4ÁZJ., 7 vols. (São Leopoldo, RS: Editora
Sinodal,1996), 271-337.
J.?
3o ibidem.
3` Trabalhava com peles de animais.
32 Friedrich, 204.
33 ibidem.
34ibidem.
35 0|sen,127.
3ó Friedfich, 220.
37 Stiefel era um monge agostiniano e foi consagrado ao sacefdócio em 1511. Em 1522,
ele não se conformou mais com a atitude da lgreja Catóüca de tomar driheiro dos pobres e foi
forçado a deixar o monastério de Esslingen. Buscou fefúgio com Luteranos e finalmente foi
para Wittenberg e viveu na pfópria casa de Lutero pof alguns meses. Foj altamente considerado
por Lutero, que obteve para cle a posição de pastor. Eta um hábil matemático e foi considerado
um dos expoentes do seu tempo. Süefel cometeu o e£ro de predizef o fim do mundo e, quando
se compfovou que estava errado, foi pfeso e demitido do seu cargo qttp://www-groups.dcs.
st-and.ac.uk/~history/Biographies/Stiefel.html, 12 de junho de 2006).
% Tbe New Scbqf f ::Herz!og Bnç)clopedia of ReliSouS KMowledg/e,11..95, esclíiÊece cTNf3 SÜ££d
devotou-se a urn estranho sistema cabalístico de transfofmar letras nos então chamados
números trigonais, buscando descobri[ os tempos secretos da Biblia.
39john M'Clintock, ]ames Strong e Michael Stiefel, Tú%Ág7.cz7/ 4#d Ec4¢w.4J./7.cz7/ IJ./Gr¢/##
45 ibid., 211.
4ó ibidem.
47 ibid., 213.
52ibid., 226.
53 Caims, 248-249.
54 Friedrich, 193.
J4 55ibidem.
5óTheodorBibliander,Adomniumordinum.Principes,viros,Populumque,Christianum,
Relatio Fideüs, 24.
57 Ttaduzido de Andréas Musculus, I/lo%/¢#gJ/e77 Tc7gí (Froom, 2:323).
58 Foi um dos mais distintos prelados da lgreja da lnglateffa. Nasceu em Leicestershire.
Em 1514 entrou para as ordens sagradas. No ano de 1530 pregou diante do Rei Henrique
VIII, e cresceu em favor perante a corte. Obteve seu B.D. em 1534 por uma disputa contra os
ensinos de Melâncton, pois Latimei era totalmente contra a Reforma. Ele se autodenominava
`irn"ohs,hn:Íxdo pçiFÀstd' .fiscxe;we:". S ermom bj Hugh IAtimer, S ermons and RBmains of Hugb I_zitimer
e outras obras do gênero (In Hugh Latimer, 1%rÁr, 2:290).
59john Napier, j4 P/áz;.#G D/.fmwcy o/ /ÁG 17:úo/G RG#6/#/z.o# o/ JTcz/.#/Joú# (Edinburgh, 1593),
9,12,15,16, 21, 22,179 (ver Olsen,124).
6°Anotações das Biblias do século 17 tesüficam da maneira que interpretavam as púofécias.
6] Filho de um pastor lutetano, Philip Nicolai tornou-se também pastor. Tíabalhou na
cidade de Unna, que foi "'tima da praga que em 1597 e 1598 matou 1.400 de seus habitantes.
0 terror das mortes o levou a escrever hinos bastante conhecidos.
G2. DariÊl;l SprirLÉrrsg)i:ie;n, Ki/rtver Beg]rif f Hmd tl]eologiJcbe Prüfung der... Zeit`:RBcbnung de§...
Herrn D. Philliji}; Nicolaí,11 Ef:. Ga.spaxH:eiri:sch:h,W:olg/eg/ründtef Bedenckn íiber dsm... 1670. ]ahr, Ob
in demJe/ben der Jürigste Tag v bof f en oder v uermuthen f yÀ Stg Àgt (C;rfAdo pot Ftoor[L, ?..`ÔOUD .
63 Fer".ndB£a:udel, Ciúlis€qão material, economia e cqpita/ifmo.. séculos XV-XT/III, (São Pt+rio..
Martins Fontes,1996); Paul Kennedy, P#Pá"#do P4rj7 o Jt7`%/o XXZ Qio de Janeiro: Campus,
1993); Marshall MacLuhan. Or jw#.or d€ Co;%##¢`#fo~eJ CoÂ% Ex/G#jio~# Jo Ho#GÂ# (understanding
media),(SãoPaulo:Cultrix,1995);LesterC.Thurow,4Co#j/7#fz7~oó7¢R;.9w¢£z7..4Íj\ÍoG+4íR£gr¢+Pzg"
0 DIA DA SUA VINDA
Indiuíduo], Empresaf e Nações Numa Economia Baseada no Conbedmento Qio de]ari!eiro.. Fboc!co, 2JÍ)OT).
ó4 Si|ver, citado por Olsen,119.
ó5 o|sen, 119.
6Ó 0 nome "puritano" é originado da vontade de purificar-se dos resquícios catóhcos
romanos. A idéia puritana expandiu-se também pa£a a purificação da sociedade por parte
dos seus seguidofes. Em termos missionários, apenas a influência puritana deixada a algumas
igrejas foi contribuição dos puritanos. Esse movriento surgiu no século 17.
67 Milhares e milhares de pessoas, tanto da Escócia como da lnglaterra, se congregavam
para ouvir a pregação dos puritanos. Depois de trinta anos de pfegação, desde o início do mo-
vimento, a mensagem dos puritanos começou a produzir mudanças. Os primeiros pregadores
puritanos, durante os primeiros tímta anos do movimento, não viram tesultado da sua pregação.
Eles pregavam o máximo que podiam, oravam muito, trabalhavam e escreviam livros maravilho-
sos e conseguiram até mesmo colocaf excelentes professores nas universidade§ de Cambridge
e Oxfofd. Mas duante vinte ou trinta anos receberam muito pouco apoio ou resposta. De
repente, no final do século Xvl e início do século XVII, ocorreu uma tremenda resposta do
povo à pregação e propostas dos puritan®s qttp:/ /www.monergismo.com/textos/pritanos/
puritanismo_augustus.htm,12 de junho}
68Eco G/ c7/., 90.
69 ibidem.
7° Shervrin viveu em Wálhgton, Hertfordshife, de 1645 a 1662, período em que proferiu
palestras sobre profecias em Baldock. Escreveu TÁG JCÁ6#G o/ GOJ} E/9r#c7/ DGJ;g#,.<4 J4J9G#G o/
the whole BooÀ of RBuelation of ]esuf christ;The Tímef of R2Stitution e ou+ríTs obtas.M:ri+as de s"í# 55
obras fofam publicadas anonimamente, e algumas vezes foram reimpressas com diferentes
títulos. (Ffoom, 2:576-577).
7` Ibid. Os 1.290 dias/anos de Daniel 12 Sherwin datou dejuliano, o Apóstata (3° séc. d. C.)
até 1656, enquanto que os 1.335 dias terminam 45 anos mais tarde, chegando ao ano 1700 -pedodo
no qual ocorteria uma "reunião" do papa com seus exércitos para o último grande conflito.
72Eme1687e1701,ThomasBevedey,ministroindependaite,pubhcouumasériedepequenos
arügos. alguns com títulos curiosos, enfatizando a aproximação do fim dos tempos @room, 2:581).
73 Froom, 2: 581.
74Vet p. |24-126.
75Froom, 2: 582.
76 Professor de matemática em Cambridge, escreveu Túe j4fm%P/7.J:4z7¢#/ o/ Jc77jJ/zw
PropÁ%.#. Foi tradutor de Josefo e escreveu uma dissertação especial acerca da cronologia de
josefo, que incluiu na sua publicação das obras completas de josefo como ,4PGÁ#4Íz.# T/.
77 Boyer, 70.
82 Cuomo, 275. A anônima monja de Dresden viveu em um convento perto do rio Elba,
na Ffança, e ali morfeu bem jovem, em 1706, com 26 anos.
83 `<Passou o milênio do Pai. Aquele que estamos vivendo é o milênio do Filho. 0 terceiro
e último será o inilênio do Espírito Santo. Depois virá a inquietação da terra" (Ibid., 276).
84ibidem.
85 As pesquisas levaram à descoberta de trinta cartas, resíduo de uma correspondência
bem mais vasta, da qual foi possível extrair espantosas considerações sobre o nível cultural
da autora, que, se realmente inculta - no limite do analfabetismo, como as notícias recolhidas
em ambientes rehgiosos deixavam supor - "devia efetivamente tê-las escrito em uín estado de
transe muito similar àquela condição de vidência extática que os crentes chamam de rispiração
divina" (Ibid., 275).
Jó
CAPÍTULO 6
A água subiu a uma altura tal que inundou a parte baixa da cidade, o que ater-
rorizou os pobres e já desolados habitantes, que cprriam de um lado para outfo com
gritos pavorosos achando que o fim do mundo havia chegado, caindo de joelhos e
implorando pela ajuda divina. "Quando se passava pelas ruas ou praças lafgas, não se
encontrava nada além de pessoas chorando seu infortúnio, agitando as mãos e gritando
que o mundo havia acabado".4
Apfopriadamente' o estudo da escatoloãa bíblica tem incluído o terremoto de
Lisboa como um dos sriais indicadores do fim do mundo previsto por Cristo no sermão
profético (Mt 24:7). Pela dimensão e proporção do desastre,5 esse abalo sísmico tem
sido considerado como o portal de entrada da história do mundo no "tempo do fim''.
0 desastre chocou a Europa e foi considerado pof muitos como um sinal dos últimos
dias. Na lnglaterra, um senhor chamado ]oão Biddolf chegou a escrever um longo
trabalho üterário intitulado: "Um poema sobre o terremoto de Lisboa'', publicado no
mesmo ano da ocorrência. Nesse poema, à linha 194, o autor interpreta o terremoto
comoum"prelúdioeprólogodo).uízofinal".Écertoqueofenômenoprovocougrande
ansiedade e levou muitos a um estudo mais sério das pfofecias.ó
Ellen G. White assevera que "a profecia não somente prediz a maneira e o objetivo
do segundo advento de Cristo, mas apresenta sinais pelos quais os homens podem saber
quando a mesma está próxima."7 0 profeta do Apocahpse descreve da seguinte maneira
js o primeiro dos sinais que pfecedem o segundo advento de Cristo: "Houve um grande
tremordeterfa..."(Ap6:12).8Emboraoterremotodeljsboanãotenhasidopropriamente
o fim do mundo como muitos receavam, foi um anúncio grave da sua proximidade.
Oscar Matsuura escreveu que Voltaire tí.açou o seguinte comentário, ironizando
o pânico que se abateu sobre a população, a respeito do boato que teria se espalhado
pc>r toda a França de que o mundo acabaria entre os dias 20 e 21 de maio de 1773:
Àlguns parisienses que não são filósofos, nem tiveram tempo pafa sê-lo, me infotmaram
que o fim do mundo se aptoximava e que isso aconteceria infahvelmente a 20 do mês
cotrente. Eles esperam que nessa data um cometa virará nosso globo pelo avesso, fe-
duzindo a poeira impalpável, segundo certa predição da Academia de Ciências que não
foi feita. Nada é mais provável do que esse acontecimento; pois jacques Bernoulli em
seu Trj7/zzc/o Job~ co#e/af também predissera expressamente, com terrivel ffacasso, que o
famoso cometa de 1680 voltaria no dia 17 de maio de 1719. Ele nos garantira que sua
coma [cabeleira] não significaria nada de mau, mas sua cauda seria um sinal infalível
da cólera do céu. Se ]acques Bernoulli se enganou, não foi por mais de 54 anos e três
das. Diante de um erro considerado por todos os geômetras tão desprezível, quando
comparado com a imensidão dos séculos, nada é mais razoável do que esperar o fim do
mundo para os 20 deste mês de maio de 1773, ou de qualquer outro ano. Se a predição
não acontece, ela é adiada, mas não cancelada.9
Depois do pânico de 1773, uma nova onda de boatos anunciando o fim do mundo
surriu na França em 1816, porém mais uma vez nada aconteceu. Então a data foi remar-
0 DIA DA SUA VINDA
cada para 29 de outubro de 1832, quando o cometa Biela deveria passar a cerca de 30
ril quilômetfos da órbita da Terra." Outro alafme falso, como será exposto adiante.
Vinte e cinco anos depois'do teffemoto de ljsboa, exatamente no dia 19 de maio
de 1780, ocorreu um fenômeno duplamente surpreendente -o escurecimento do sol e
da lua -cumprindo-se o vaticínio de]esus quando disse "o sol escurecerá, a lua não dará
a sua claridade..." Q4t 24:29). Foi dito que esse acontecimento foi "único ou quase único
em sua espécie pelo rnisterioso e até agora inexplicado fenômeno que nele se verificou
quando uma escuridão cobriu todo o céu e a atmosfera visíveis em Nova lnglaterra."] `
As pessoas foram tomadas de pavor e ansiedade, os homens retornafam das
suas atividades no campo, as aulas foram suspensas e uma pergunta inquietante ecoava
pelo ar: "0 que está acontecendo?" Muitos confessavam os seus pecados temendo o
juízo final, imaginando que o dia da consumação do século havia chegado.t2 À noite,
a profecia teve cumprimento cabal quando a lua, apesar de apresentar-se cheia naquela
noite, "não produziu o mínimo efeito em relação àquelas sombras sepulcrais."" Quando
as trevas se dissiparam e a lua tornou-se visível, tinha a aparência de sangue.
Apesar de anteriormente ao tefremoto de ljsboa haver ocorrido alguns pfessários
antevendo a tragédia, tal não se deu com relação ao "Dia Escuro'', que pegou a todos
de surpresa. Nem mesmo os astrônomos estavam cientes. ]esus havia predito esse acon-
tecimento, e, mesmo sem dar uma data exata, ele delimitou o tempo dizendo que seria
"logo em seguida à tribulação daqueles dias" (Mt 24:29).
Em 15 de fevefeiro de 1798, o papa Pio Vl foi levado cativo sob o comando do
general francês Berthier. Isso suscitou um renovado interesse no estudo do üvro do
Apocalipse, especialmente do capítulo 13, que trata da ferida mortal da besta que sobe
do mar (Ap 13:3). Nessa ocasião, o papa teve a sua insígnia removida e suas vestimentas
sacerdotais foram queimadas."
Compreender-se-ia, mais tarde, tef ocofrido o cumprimento dos 1.260 dias/
anos de supfemacia papal (538-1798). Aquele poder religioso representado pela
ponta pequena mencionada por Daniel no capítulo 7:8, 20, 21, 24 e 25. Estudio-
sos das pfofecias bíblícas no século 19 discerniram nesse acontecimento um sinal
evidente do "tempo do fim"."
No século 19, as previsões se fixaram nas décadas de 1830 e, mais fortemente,
de 1840." Alguns fatores contribuíram para isso, como fenômenos naturais (chuvas de
meteofos, cometas) e o estudo dos pefíodos proféticos que chegavam ao fim, segundo
alguns estudiosos das Escritufas.
Em 13 de novembro de 1833, nos Estados Unidos, a chuva de meteoros
Leonídeos (assim chamado pof ter seu radiante na constelação de Leão) causou
tumulto e impressionou profundamente a população. De acordo com os jornais
da época, muitos americanos testemunharam o fenômeno, que chegou até mesmo
a ser considerado um dos 100 mais memoráveis na história do país. Essa chuva
de meteoros pode ter contribuído também "na formação do cenário religioso
PRESSÁGIOS DO FIM
capítulo do livro de Daniel. Ele foi o primeiro expositor que aplicou os supostos 2.300
anos-diasdeDaniel8:14deformaqueterrinassememl843(datamudadamaistardepara
1844). Também o primeifo que chegou a um periodo profético de 2.520 anos. 0 cálculo
de Brown dos 2.520 anos era baseado na sua exposição dos "sete tempos" mencionados
no sonho de Nabucodonosor sobre a árvore cortada, em Daniel 4.25
Alfred Addis2Ó apresentou o ano de 1843 em forma tabular sob o título: T/IJ.
Tbe Bríi of the Seuentb Trumpet, Seuentb Thunder, Seuenth Via/, Th;rd W'oe, Mil/ennium, and
GGwz7//#c/gz77#/. Ele situa naquele ano o estabelecimento do reino, o segundo advento,
a besta lançada no lago de fogo, a ponta pequena quebrada, o santuáfio pufificado, o
início dos 1.335 anos, a grande multidão saindo da tribulação, o tempo do juízo dos
mortos, o pisaf das uvas, a libertação da igreja, a desolação da pfostituta, a primeira
ressurreição. Embora Addis não relacione as mensagens dos três anjos de Apocahpse
14 com organizaçôes pfoféticas, como outros fizeram, ele especificamente conclui o
testemunho de cada mensagem em 1843 com a consumação da Reforma, relacionando
o trabalho da ceifa aguda como um sinal da derrota do papado.27
]á em 1774, ]. Ph. Petri declarou em seu livro28 que as sete igrejas, os sete selos,
e as sete trombetas correm paralelamente -o sétimo iniciando em 1847, e os mil anos
começando neste tempo. Ao se reportar à visão de Daniel, exphcou que o periodo das
setenta semanas e os 2.300 anos, por ele preconizados, começam juntos, no mesmo
ano. A partir do tempo do nascimento de Cristo, 453 anos destes dois períodos ha- 6j
viam passado; o que permanece e precisa ser feito é a purificação das aborninações e
a consagração do santuário por ocasião do segundo advento de Cristo, em 1847, cujo
feino e vitória iniciam e perduram dufante o ano sabático (Hb 4 e Ap 20) por mil anos.
Ao fim desse periodo, segue um pequcno tempo no qual Satanás será solto e atacará
o acampamento dos santos.
0 filho de um rabino judeu e de fihação hebraico,josé Wolff, apontando para 1847
o tempo do segundo advento, declarou o seguinte: "Ele morreu por nossos pecados, res-
suscitou, foi para o Céu, [...] virá novamente em 1847 e reinará em]erusalém mil anos".29
"Ao ler o livro de Daniel, estou convicto de que Ele virá novamente no ano de 1847.''3°
Em todas as suas viagens, Wolff enfatizava diante de seus ouvintes o ano de
1847 como sendo o ano do retorno de Cristo. Ousadamente, escreveu proclama-
Ções para os turcos, judeus e mesmo cristãos na língua árabe, exortando-os a crer
no Senhor ]esus que veio à Terra, morreu, ressuscitou e, segundo suas convicções,
viria outra vez naquele ano. Essas pfoclamaçôes públicas foram afixadas nos muros
de várias estfadas de Alexandria.
Para chegar a esse ano, Wolff, fiindamentando-se em Daniel 8, elaborou o seguinte
cálculo: Cristo viria à Terfa depois de 2.300 anos a partir do tempo de Daniel (453 a.C.).
Reduzindo 453 de 2.300, restavam 1847. Essa previsão foi feita em 1833, faltando, por-
tanto, 14 anos para o segundo advento de Cristo. Os seus cálculos obviamente causaram
grande sensação de tal forma que o cônsul britânico precisou ordenar que ele saísse
imediatamente de Alexandria para evitar mais problemas.
` PRESSÁGIOS DO FIM
William W Pym 3] publicou em 1835 o seu trabalho j41%"d o/ 1%r#z.#g ?.# /ÁG
14f/ D¢jJJ (Uma Palavra de Advertência nos Últimos Dias), no qual dizia que os "sete
tempos" terminavam em 1847. Era contundente ao afirmar que essa conclusão é
fesultante de uma fidedigna pesquisa nas Escrituras e não se baseia em especulações
humanas. Curiosamente, ele constrói o seu cálculo dos 2.520 anos dos tempos dos
gentios com base nos "sete tempos" mencionados em Levítico 26 bem como nos
"sete tempos" de Daniel 4:
Por outras palavras, os julgamentos que Moisés usou cm decorrer duante os sete tempos,
ou 2.520 anos; e os julgamentos revelados a Daniel, que deviam terminar pela purificação
do santuário depois de uma porção do grande número 2.520.
Pymconectaoretofnodosjudeuscomoanodel847,afirmandoque"aconversãona-
cional de lsrael e ]udá ocorrerá somente com o aparecimento do Senhor]esus Cristo".32
0utra pfevisão para o fim dos 2.300 dias (e do mundo) foi feita pelo pfé-mi-
lenialista ]ames Shannon, presidente do Bacon College, em Harrodsburg, Kentucky.
33Ao seu ver, o fim dos 2.300 dias/anos (e do mundo) se daria em 1843 ou 1847. Em
uma carta pubhcada, ele implorava aos leitores para agir como se fosse absolutamente
certo que 184334 encerraria o grande drama da história do mundo. Nada está perdido
em assim pfoceder, mesmo que se admita que os cálculos conduzindo a essa conclusão
profética dos 2.300 anos.45 Algum tempo depois, ele estabeleccu o dia específico como
22 de outubro de 1844, que no nosso calendário equivaleria ao décimo dia do sétimo
mês naquele ano, segundo o antigo calendário judaico.46 Mediante a exposição profé-
tica por ele apresentada, teve iíiício o que foi denominado de "Movimento do Sétimo
Mês". Recebeu esse nome devido ao cumprimento da profecia dos 2.300 anos no dia
22 de outubro de 1844, correspondente ao décimo dia do sétimo mês de acordo com
o calendário feligioso judaico. Convicto, Snow afirmou: "Pelo mais cuidadoso registro
preservado na providência divina pelos judeus caraítas,47 o décimo dia do sétimo mês
cai neste ano em 22 de outubro''48
No dia 19 de outubro, as impressoras pararam de rodar.49 0 mundo exterior
estava em suspense; milhares de pessoas que nunca se haviam unido ao movimento
examinavam o cofação com temor de que fosse verdade. Esse era o clima reinante
quando finalmente chegou o 22 de outubro, momento em que seriam recompensadas
todas as esperanças dos fiéis "adventistas". 0 dia passou e]esus não veio. Caíram por
terra os sonhos dos crentes que, a despeito de procederem de diferentes denominações
religiosas, encontravam-se unidos na expectativa do retorno de Cristo.
... Irmãos, permanecei firmes; a ninguém permitais que tome vossa coroa. Tenho fixado
ó4 minha mente sobre outfo tempo, e aqui quero ficar até que Deus me conceda mais
luz - e esse é Hoje, HojE e HO]E, até que Ele venha, e eu veja Aquele por quem
minha alma anela.5°
Por outro lado, a fé pessoal de Guilherme Miller na Bíbha não foi abalada pelo
amargor do desapontamento de sua previsão e das que se seguiram. Em 10 de novembro
de 1844, ele escreveu: "Embora eu tenha sido duas vezes desapontado, eu não estou
contudo arrasado ou desencorajado. Deus tem estado comigo em Espírito, e tem me
confortado".5] Mais adiante declara:
E eu não tive nem de longe o pensamento de perturbar nossas igrejas, ministros, editores
religiosos, ou por de lado os memores comentários bil)licos ou regras que tinham sido
recomendados para o estudo das Escrituras.52
Mller criou então uma nova expectativa, desta vez pafa 1845, fim do ano sagrado ju-
daico. Ele estava confiante que o fim não podia estaf longe. Crendo que suas interpretações
do grande tempo profético estavam essencialmente corretas, Mller se recusou a especular
qumtoaum"tempo"definido,embofaelecontassepessoalmentecomoadventodoSenhor
antes que o corrente ano sagrado judaico terininasse, por volta da primavera de 1845.
Assim como ele, um numeroso grupo cria firmemente na proximidade do advento.
Também estavam confiantes que os princípios básicos não tinham pefdido sua validade de-
vido ao engano quanto ao tempo específico.
0 movimento mjlerita do "segundo advento" fragmentou-se gradualmente em vários
grupos. Alguns, cuja experiência fora fráãl, abandonaram o movimento deduzindo que
0 DIA DA SUA VliüDA
ele não tinha sido diriãdo por Deus, mas tinha sido um tráãco engano. Os rileritas que
não abandonafam sua fé no segundo advento dividiram-se em tomo da "porta aberta" e
da "pofta fechada" (cf. Mt 25:10-12) como interpretações para a experiência de 1844.
Os adventistas da "pofta aberta" acreditavam que o tempo de graça não havia
irminado para o mundo em 22 de outubro de 1844. Eles continuaram relacionando
. .r`,
purificação do santuário de Daniel 8: 14 com o segundo advento de Cristo. Também
vifam o desapontamento de outubro de 1844 como o resultado do erro cfonolóãco
de escolher cedo demais a data pafa o fim dos 2.300 dias/anos. Essa pressuposiçâo os
levou a sugerir djversas novas datas para o fim desse período profético.53
Vendo as 2.300 tardes e manhãs como cumprindo-se no futuro, e associando tal
cumprimento com o segundo advento de Cristo, eles continuaram marcando novas
datas para esse evento.
Alberto R. Timm, em seu hvro 0 Jcz#/#4'#.o G óu Tr€Ár Mwczgm 4#gG'//.mr, identi-
fica mais de 20 datas diferentes sugeridas por esse segmento de ex-mileritas. Entre
as datas figuram as seguintes: (1) a primavefa de 1845; (2) o inverno de 1846; (3) a
primavera de 1846; (4) o outono de 1846; (5) a primavera de 1847; (6) o outono de
1847; (7) o inverno de 1848; (8) a primavera de 1848; (9) a primavera de 1850; (10)
o outono de 1850; (11) a primavera de 1851; (12) o outono de 1851; (13) o outono
de 1852; (14) o ano de 1854; (15) a primavera de 1855; (16) a primavera de 1856;
(17) a primavera de 1857; (18) a primavera de 1858; (19) o ano de 1866; (20) o ano 6j
de 1867; (21) o ano de 1868.54
Essa seqüência de marcações demonstra uma relutância dos adventistas da "porta
aberta"b de abdicar do equívoco de haverem associado o término das 2.300 tardes e
manhãs com o segundo advento de Cristo. Essas várias datas sugeridas evidenciam
uma incerteza e uma instabihdade de opiniões sobre o assunto.
De acofdo com R. F. Cottrel, os adventistas pós-1844, em suas interpretações
das profecias de tempo de Daniel, podiam ser comparados a "um bando de gansos
selvagens que, havendo partido para um clima mais quente, e tendo concordado com
a rota, dividiram-se e se espalharam voando em todas as direções possíveis".55
Expiação, ritual do santuátio terrestre (cf. Lv 16; 23:2Ó-32). Deste último ramo de
adventistas da "porta fechada" veio o movimento Adventista Sabatista.56
g:omeJreontdoe#:2:n:;d:a:un::eflndsoá,oec::,s::sccoon:e.p:ãno;|ç:spt:ra¥t:aovÁnndc:ã::e2i|::
no Céu para receber o reino. No pensamento de Appolos Hale57 e ]oseph Turner, ha-
veria um intervalo entre os dois adventos, contrariando a expectativa de Mller. Outros
argumentavam que Ele tinha vindo aos corações humanos. Assim, o segundo advento
foi espiritualizado e deixou de ser um acontecimento literal.
As doutrinas básicas distintivas do sabatismo adventista foram se definindo no
pefl'odo de 1844-1847.58 Dentfe elas, estava o pessoal, visível e pfé-nrilenial segundo
advento de Cristo. 0 retorno de]esus continuava sendo aguafdado como algo iminente
no seio do adventismo, e, embora outras datas continuassem sendo sugeridas por alguns
líderes, não aconteceu com a mesma freqüência do início do movimento. Essas novas
datas, além de tefem sido esparsas, não causafam quase nenhum impacto.
As datas estipuladas passaram, o evento anunciado não ocofreu. Porém, houve
uma reação de superação aos sucessivos desapontamentos. No caso dos adventistas
sabatistas, em seguida à decepção de 22 de outubro de 1844, volveram com oração
ao estudo da profecia buscando encontrar uma explicação, e a encontraram. "Das
ó6 cinzas de um desapontamento nasceu um movimento mundial".59 A compreensão
da existência de um santuário literal no Céu e o ministério de Cristo como sumo
sacerdote no lugar santíssimo daquele santuário a partir de 1844 proporcionou
aos mileritas um novo alento, vendo que o erro que haviam cometido não era
quanto à data e, sim, quanto ao evento ocorfido.Ó° Entenderam que a espefança e
o subseqüente desapontamento milefitas haviam sido preditos no capítulo 10 do
Apocalipse de ]oão - o livrinho ao ser comido inicialmente era doce como mel,
mas depois tornou-se amargo no estômago (Ap 10:11).Ót
0 desapontamento milerita teve ao mesmo tempo um efeito negativo e outro
positivo. Timm observa que "negativamente, o efeito desestabihzador do desaponta-
mento de outubro de 1844 danificou seriamente o sistema de crenças dos rileritàs.
Positivamente, desafiou-os a encontrar uma convincente explicação para o fracasso."ó2
Ao pesquisarem a Bíblia não somente encontrafam uma resposta satisfatória pafa a
decepção sofrida como também descobrifam uma série de outros relevantes ensina-
mentos bíblicos passados por alto pelo cristiairismo em geral.63
A experiência do desapontamento milerita de 1844 tem sido comparada à
experiência dos discípulos de jesus após a crucifixão.64 Quando a cruz e o sepulcro
pareciam ter frustrado as esperanças deles no reino aguardado, foram supreendidos
com a ressurreição. A derrota transformou-se em vitória, e a tristeza foi substituída
pela alegria. No caso dos mileritas, o anoitecer de 22 de outubro parecia ter desfeito
os seus sonhos do segundo advento. Restaria somente o opróbrio e a zombaria dos
0 DIA DA SUA VINDA
Notas
t Friedrich, 227.
2ibid., 238.
3 ibid., 236.
4ibid., 238.
5Tudo começou, conforme o relato de Sir Charles Lyell, em sua clássica obra r4G P#.#czP/#
o/ G%/og)J (1830), quando se ouviu um som como se fosse o de um "trovão subterrâneo". Ime-
PRESSÁGIOS DO FIM
diatamente a seguif, um violento choque pôs abaixo a maior parte daquela cidade. Nos primeiros
sessenta segundos após o terremoto, aproximadamente mil pessoas já haviam perecido. 0 mar
primeiro recuou, deixando seca a orla htorânea. Em següda, avançou de repente, elevando-se
"mais de cinqüenta pés acima de seu ni'vel costumeiro" e tragando tudo o que encontrava pela
frente qttp:/ /www.constelar.com.br/revista/edição79/tsunami2.php,12 de junho de 2006).
6 S. ]. Schwantes, 0 DG¢o#/zw c7e U#c7 Noz/4 Em (Santo André, SP: Casa Publicadora
Brasileira,1984),194.
7 Ellen G. White, 0 Cr4#dp Co##./o Íratuí, SP: Casa Publicadora Brasteira, 2001), 304.
8 Ibidem. Ver também ]osé Carlos Ramos, "Avisos da Natureza", M/.#/.j./€'#.o, março-abril
de 2006, 27-29.
9 0scar T. Matsuura, Co#e/zzJ... cJo #z.Jo é #.é#cz.4 (São Paulo: Ícone, 1985), citado em Leite e
Winter,108.
1°Leite e Winter,109.
11 Schwantes,195.
i2ibid., 308-309.
t3 Carta pelo Dr. Samuel Tenney, de Exeter, NH, dezembro de 1785. Citado em 0 Gr¢#dG
Conftto,508-
14 Froom, 2:752, 753.
i5 ibid., 754.
"Ver:Froom,4:134-905;A.R.Timm,0J4#/#áí}.o€áuT#^rMefflf#ge#Í.4#gí'Á.ct"qngenheiro
7o Coelho, SP: Imprensa universitária Adventista, 2000),13-134.
r7 i.eite e Winter, 110.
`8]. Rao, "The Leonids: King of the Meteor Showers". Citado por I-eite e Wintet, 111.
]9No sertão do Ceará, os cantadores também falavam sobre o anúncio do fim do mundo
em forma de vefso. Uma das canções dizia: "Eu passo a noite em claro com minha sogra
na janela, esperando a minha mofte na passagem do Bie]a. 0 boato corre, corre, em minha
porta bateu, e o Biela lá nos ares nunca mais apareceu." Outra canção popular a respeito do
mesmo cometa: "Em 13 de novembto, 0 dia determinado Pela profecia do dr. Falb, Ia o
mundo acabar...O boato corre, corre Com ardor e a prevenir Que não tarda o cataclisma Para
a Terra demoüi!" Essas canções populares foram lembtadas pelo dicionarista Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira e registradas pelo astrônomo Ronaldo F. Mourão duraíite um chá da
Academia Brasileiia de ljetras em maio de 1983, sendo mais tafde publicada em matéria da Fo/Ú4
c7G J. Pzz#Áj, em 23 de março de 1997. Essas canções parecem demonstrar mais incredulidade do
que temof da iminência do evento.
2°Leite e Winter,109.
2tjohn Wesley, f`mdador do metodismo, nasceu em l.incolnshire.
22Esta obra dejohn Wesley foi tepublicada por M. Soule e T. Mason para a Methodist
Episcopal Church, nos Estados Unidos, em 1818.
23 Froom, 2:692-694.
24].A.Brown,"Onthel260and2300ptopheticycars","Gcb#.j/z.4#OGJw#,novembrode
1810,668-670.Segundooseuentendimentodostemposdosgentios,os"Gentiospisoteadores"
eram os maometanos (ou muçulmanos), e por isso ele encarava os tão comentados 1.260 anos
como sendo anos /##á7rfJ maometanos, cortespondendo a 1.222 anos +oÁ7#J.. Ele contava este
0 DIA DA SUA VINDA
pen'odo de 622 E.C. (o primeiro ano da era maometana da HGS.r¢) até 1844, data em que ele
espefava a vinda de Cristo e a restauração da nação judaica na Palestina (disponi'vel em http://
geocities.com/observa3/gentiosl.htm, acesso em 1 de outubro de 2004).
25 Esta previsão foi publicada pela primeira vez em 1 823 no seu trabalho em dois volumes
The Euen-Tide,. or, IAst Triumi)b of tbe BhJses and Onb Potentate, tbe King of KingJ, and IÊrd of IArds.
2óAlfred Addis, nascido em 1806, graduou-se n`o Triniq7 College, Cambridge, em 1827.
2] ALddis, Heayen Oi)ened, or, The W:ord of God: Being tbe Twebe VirionJ of Nebucbadneç:}(!ar,
D4#/.G/, ¢#d J/. /oÁ# qondon: joseph Robins, 1829). Citado por Froom, 3:550, 556-560.
2S pe;+iL, Díe O!f f lnbabrung Jeius Cbristi dmh Jobannem t/on Cq)itel I-:XIX ¢tank:furt. Yxle:isz,
1774),14. Citado por Froom, 2: 716.
29 R£rGc7mú# c#c/ Má:j7.o##.cy 14Go#+ @hiladelphia: Orrin Rogers,1837),131.
W]ose.phvloHff, Montbly lntellig/erice of Tbe Proceedings of tbe IJ)ndon S odey (dezemihao,18;3UJ),
1 :181 -182.
3] William W Pym, 1%# o/ 1%r7#.#g ;.# ÍúG Lj./ Dgr (ed. Americana de 1839), 38-39.
32 pym, 40.
33 Segundo o pré-mi]enialismo, o segundo advento de Cristo ocorferia antes do iíri'cio
do milênio.
34Esse tempo poderia estender-se, segundo Shannon, até 1846 ou 1847.
35james Shannon, citado em Froom, 4:377.
36john Robinson (1814-1888) nasceu na Pensilvânia, graduando-se no Franklin College,
Ohio, em 1837, e no Westminster Theological Seminary em 1844. Após sua ofdenação pelo 7,
Steubenville Presbyte.ry em 1841, tornou-se pastor de Monroville, Ohio Pfesbyterian Church
de 1841 a 1844 e de Ashland de 1844 em diante. Escreveu vigorosamente contfa a escravatura.
Foi um dos fimdadores da Univefsidade de Woostef. Foi um sincero pregador e um habilidoso
escritot sob[e profecias.
rH ]ohnTboh;"son,The Millennium ]usi at Hamd, Beírig a Parqpbra" of tl)e Virion of Daniel and
tbc A:Pocabpse oÍ S t. Jobn tbe Didne,1843 , 3 . C:x+írdo em Ftoorn, 4. 5] 8-381.
38 Froom, 3:704.
39 William Mller, Ájw/og)Í 4#d DG/p##, Second Advent Library @oston: joshua V. Himes,
1845),11.
4°0 sermão, "Come Out of Her, My People", pregado por Chafles Fitch ®ubhcado em
"The Second Advent of Christ", no dia 26 de julho de 1843), marcou o feal início do êxodo
ocorrido nas igiejas tradicionais com os seus membros voltando-;e para o movimento milerita
(F. D. Nichol, TÚG M;.d#Éú/ Ccy, 148 e 208). -
4'EllenG.Whiteeseuspaisforamdesligadosdeumaigrejametodistaemportland,Maine,
por `1onga ausência de nossos sefviçocs rehgiosos e poi sustentaf doutrinas antimetodistas,
co"o o mA!e;rism:o" . R9cords of Stemiards and IJaders of Chestnut Street M. E. Cburcb of Poriland,
Maine, from Februaq to S epteml)er,1843, reg!arding tbe cafe of Flobert Harmon, Ewnice Hamon, Sarab
8. H4mo#, ¢#d E/¢# H4"o#. a3llen Hafmon torriou-se Sra. Tiago White em 1846). @dson,
Vmeelef, Nichol, 457).
`2Artaxerxes 1, da Pérsia, ieinou de 465 a 424 a.C.
43William Miller, "Synopsis of Millet,s View,,, J'á„J o/ Â4e T`.„GJ.' janeiro de 1843' 150.
44 ibid.,147.
PRESSÁGIOS DO FIM
¢5F. D. Nichol teproduz o contexto que envolvia a expectativa em tofno do ano 1843
comentando: "Março estava prestes a abri o ano do fim do mundo. Fazendeiros, mercado[es,
donas de casa - todos sabiam disso. Os homens podiam não crer na pregação de Mllef,
e contudo tef um estranho sentimento de inquietude. Eles provavelmente devem ter
mesmo olhado fiirtivamente para o céu algumas vezes enquanto o ano fatal se aproximava.
Repentinamente, no gelado anoitecet do final de fevereiro, um cometa flamejante atravessou
o céu. Nenhum astrônomo havia previsto a sua`chegada e o público não estava preparado
para esse espetáculo afrebatadof. A própria natureza parecia conspirar com os mileritas para
levar as pessoas a olhat em direção ao céu. 0 capitão j. F. Hellweg, superintendente da U. S.
Naval Observatory, comentando a tespeito desse cometa, declarou que `o cometa de 1843
foi o mais brilhante do século". Os jornais de 1843 contêm um considerável número de
outros estranhos sinais no céu, vistos por muitos, tanto de noite quanto de dia. Algumas dessas
histórias parecem ter sido atestadas e foram publicadas nos jomais pof pessoas que não efam
mileritas. Nichol, 145, 146.
4ósamuel S. Snow, "Midnight Cry",12 de fevereiro de 1844, 244.
47 0s judeus caraítas seguem somente o que está escrito no T4#47cú (Antigo Testamen-
to). Também comemofam a Festa das Semanas (Cb4g JÁczzwj) na sétima primeira-féira após
a primeira-feria seguinte à Páscoa (P"+t7c#). Deve-se destacar que a contribuição dos cafaítas
deu grande estimulo às atividades econômico-financeiras da Criméia. Patte dessa comunidade
desapareceu no século 20, exterminada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial.
48Snow,1-4.
49 C. Mervyn Maxwell, H;.j./o'#.4 Jo <4J#G#/z+z% (Santo André, SP: Casa Pubhcadora
72 Brasneifa,1982), 33.
S°William Miller, "Lettcr from William Miller", M;.d#¢Éú/ Ccy, 5 de dezembro de
1844,179-180.
5` Mller, ``I.ettef from Miller to Himes", .4dyí#/ Hó'/¢/j, 27 de novembro de 1844, 127.
52ibidem.
53Timm, 54.
54ibid., 55,160.
55 ibid.,164.
56 ibid., 56-57.
57Appolos Hale, "Signs and Trials", j4é/zw/ H€nz7ÁJ,16 de abril de 1845, 79.
58VerTirrm,53-135.
59 Frase utilizada pelo pastor Daniel Belvedere em um sermão a tespeito do
surgimento da lgreja Adventista, onde ele exortava com as palavras de Apocalipse 10:11:
"Importa que profétizes". (s.d.)
ó° "0 movimfflto que resultou na fofmação da denominação adventista oririnou-se de uma
discussão sobre a correta intepretação da passagem de Daíriel 8:13, 14: `..Até duas mil e trezentas
tardes e manhãs; e o santuário será purifiüdo', que o sr. Miller e outios Hderes adventistas tinham
intepfetadocomosereferindoàpurificaçãodatemnasegundavindadeCristo,quee]esanunciavam
para1844.Comapassagemdesseperiodo,foidespertadaumarenovadarivestigação,_ea|g`msfotam
convencidos que, conquanto não tivesse ocorrido engano a respeito do tempo, houve um emo na
interpretação do caráter do cvento." (United States Depament of Cornmerce, Bureau of üe
Census, RGÁjgÁ9Á4r Bo¢.Gí, 1926, voL 2, 24. Citado por Nidol, 456).
0 DIA DA SUA VINDA
6] Na primeira patte de Apocalipse 10:10, joão diz em sua visão: "Tomei o hvrinho da
mão do anjo e o devorei, e na minha boca era como o mel." Certamente isso prefigurava a
alegria dos adventistas ao anteciparem a vinda do Rei. "Seu na bendita esperança", era como
assinavam suas cartas. "0 ano mais fe]iz de minha vida", recordou Ellen White. Em sua
fehcidade, eles deixaram de compreender as palavras que se seguiam: "Quando, pofém, o
comi, o meu estomago ficou amargo." Ma5`na manhã seguinte a 22 de outubfo, essas palavias
não mais pareciam incompreensíveis. Escreveu Hiram Edson: "Pude ver que a visão havia
falado e não mentira: ... tínhamos comido o livrinho; havia sido doce em nossa boca e agofa
tomara-se ama[go em nosso ventfe, amafgando todo o nosso ser." avlaxwell, 53 e 54).
62 Albefto R. Timm, "Historical Background of Adventist Biblical lnterpretation",
e" Geotge "1. TLeLd, ed., UnderStanding Scripture.. An Aduentist APproacb (SHve£ Spting, RD..
g£Í:aÁEenseefaróhvelfnv::i;ií,eM2a::á),G:`í]ilnbgig;,fl"eseiàF;it:|-E:#kvàneti:s,te:s::'f:;::%,„;gsÁÍJ?;
Ho/.. Hácz.á7 ##c7 Ec/m.o/ogí'4 ÁJw#/z.J/z7 (Atgentina: Editorial Universidade Adventista del Plata,
2002), 287-288.
Ó3 Ibidem. "0 estudo de Don F. Neufeld sobfe a literatura adventista sabatista mostra que
o desenvolvimento doutrinário foi controlado pelos seguintes sete `princípios hermenêuticos
gerais': (1) "JOÁ7 Jmj)/%j7"; (2) `a unidade da Escritura'; (3) `permiür que a Escritura explique
a Escritura'; (4) `às palavras da Bibha se deve dar seu próprio significado'; (5) `atenção para
o contexto e pano de fimdo histórico'; (6) `a Biblia deve ser interpretada de acordo com o
significado claro, óbvio e literal, a menos que se esteia empregando um símbolo'; e (7) o
`princípio tipológico'. Neufeld sugere que os adventistas apenas fizefam `pequenas alteiações
nesses princípios" (Alberto R. Timm, "Hermenêutica Adventista do Sétimo Dia,1844-1999'',
7j
em M. Alomia, G. Kingbeil, e ]. Torreblanca, eds., E#/í#J# /¢ Pz7ÁZGrijzHG"G#G^#/z.m .4J#G#/í.j./z7
Pám¢ G/ N#G#o J/É/o [Univefsidad Adventista de Bolívia: Segundo Simpósio Bibhco-Teologico
Sudamericano, Cochabanda, 29-31 de outubro de 1999], 25.)
64 Maxwell, 47-50. 0 capítulo compreendido pelas páginas citadas (47-50) é intitulado
"0 Cleópas do Milharal", uma alusão ao encontro dos dois discípulos com jesus após a
tessurteição Q.c 24:13-35). 0 desapontamento daqueles disa'pulos tornou-se em alegria ao
identificarem o Senhor fessurreto.
65 Pafa aprofimdamento e compreensão do significado biblico-profético de 1844, vef
T.imflL, 0 S antuário e as Três Men]agenJ Angiélicas.
6ójosué V Ilimes era ministro de uma grande igreja em Bostorr e conheceu Guilherme Mller
em 1 839. Quando o movimento milerita ia atinSndo o auge, IEmes publicou e fez cimlar, em 1 843,
um livro de cânticos damado TÜ€ M;./útiz/HP, com mais de duzentos cânticos, a|guns compostos
c outros adaptados especialmente ao assunto do segmdo advento.
ó7johnNcvrisAndrewsfoioprimeiromissionárioadventistacmviadoapaísesforadaAmérica
do Norte (1874). Efa um estudioso, autodidata. Conseguia ler a BilJüa cm sete idiomas difermtes e
reproduzia o Novo Testamento de memória. Aos 1 7 anos passou a observar o sábado. Ele começou
o seu trabalho como ministro aos 21, em 1850, e foi ordenado em 1853 @on F. Neuídd, J#m/ih4Í
j4JgwÁ£fir E/g(ü4jp£c¢.c7 Pwashington, DC.: Review and Herald, 1996], 10:68-69).
ÓSAndrews, "The Gteat Week of Time: Or the Period of Seven Thousand Yeafs
Devoted to the Probation and the Judgment of Mankind", RG#.GÁy 4#d HGr¢/J,17 de julho
de 1883, 456-457. Andrews publicou, nas edições das semanas seguintes da RG#.G# 4#d
HGn4/# do ano de 1883, artigos abordando os acontecimentos de cada um dos milênios da
história, até chegar ao sétimo milênio: RÍ7yí.Gzy 4#J HGrj7/J do dia 24 de julho; 31 de julho; 7
de agosto; 14 de agosto; 14 de agosto e 21 de agosto.
PRESSÁGIOS DO FIM
69 ibidem.
7° Antônio Vicente Mendes Mciel (o Conselheifo) foi educado poi um pri "irasci'vel mas
de excelente carátef, meio visionário e descorifiado, mas de tanta capacidade que sendo analfabeto
negociava largamente em fazendas, trazendo tudo perffitamente contado e medido de memória,
sem mesmo ter escrita para os devedofes." A educação údda que Antônio Maciel recebeu do
pai e o fato de mais tarde, quando já adulto, ter{uidado de três irmãs solteiias forjaram-lhe um
cafátet nobre e, segundo os seus conterrâneos, tinha uma vida cofretíssima e calma. Teve um
casamento desastrado, e a esposa o abandonou e foi viver com um pohcial. "Fulminado pela
vegonha, o infeüz procuta o recesso dos sertões, paragens desconhecidas, onde me não saibam
o nome; o abrigo da absoluta obscuridade". "... E suSa na Bahia o anacoreta sombrio, cabelos
crescidos até aos ombros, barba inculta e longa; face escaveirada; olhar fii|guante; monstmoso,
dentro de um hábito azul de brim americano; abordoado ao dássico bastão, em que se apóia o
passo tardo dos peregrinos..." Euclides da Cunha, Or J,eúo~# (São Paulo: Nova Cultufd, 2002),
101-103. Em 1893, quando o govemo central autorizou os municípios a cobrafem impostos no
interior, os beatos, incentivados pof Consemeiro, rebdararn-se contra a medida, atrancaram os
editais e os queimaram em praça pública. Fotam perseguidos por força pohcial e se fixaram n`ma
fazenda de gado abandonada, às maqgens do rio Vaza Baris, onde fimdaram Canudos, a sçgunda
``cidade santa". Viviam ali num comunismo primitivo: eram comuns a terra, os rebanhos e os
pfodutos da terra. Chamavam seu líder de Bom ]esus Conselheiro e Santo Antônio Aparecido, e
o tinham como milagreito. Em nome dele, os beatos atacavam fazendas, vflas e cidades, fatos que,
por seíem um problema para os fazendeitos da rerião, começaram a preocupa[ as autoridades.
0 govemo da Bahia resolveu intervii, e ai' começou a Guerfa dos Canudos. Antônio Consemeiro
moíreu no dia 22 de setembro. Seu copo foi exumado e a cabeça decepada à faca, pata que "a
74 ciência dissesse a última palavra» sobre sua sanidade mental (G%#¢ E#c7.Â/opá¢.c7 J/#i/rdz Lm#J+Ç
Cwhural,7..158¢).
71Cunha,108.
72rite e Writer,105.
111. AEXPECTATIVA ENTRE OS SÉCULOS 20 E 21
CAPÍTULO 7
longo desses pouco mais de cem anos, anahsa-se, sempre que possível, (1) o contexto
histórico em que elas ocorrem; (2) as características pessoais dos mafcadores; (3) a
natureza das datas marcadas; (4) as formas de superação das marcações; e (5) as im-
plicações missiológicas.
Para efeito didático, este capítulo agrupa as mafcações de datas para o fim do
mundo em seções específicas. Elas dividem-se em: (1) diversas pfedições escatológicas;
(2) o dispensacionalismo e as datas para o arrebatamento; (3) os adventistas e as datas
apontadas por alguns de seus membros; (4) os catóücos e as marcações de tempo; (5)
as seitas fanáticas suicidas; e (Ó) as marcações pafa o fim do mundo no ano 2.000. A
ordem cronolórica é mantida dentro das fespectivas seções.
Os russos tinham uma propensão pafa as visões apocalípticas, que foi inten-
sificada pela apfoximação do século 20. Depois de ter sido ateu e seguidor dos
escritos de Friedrich Nietzsche, Sergei Nilus voltou à Rússia em busca de ortodoxia.
No mosteiro de Trotski-Sergvski disse tef recebido duas visões de São Sergei. Após
esse fato, começou a perambular de um mosteiro para outro e escreveu um livfo
(intitulado em português Or Cr¢#J# G or P6Ç#em)' em que narrava suas tribulações
espirituais e profetizava "a vinda do anticristo e o domínio de Satanás na Terra''.2
Um dos aspectos mais interessantes dessa história era que, misteriosamente, Nilus
havia obtido um documento que lhe parecia ser a confirmação de suas profecias
do apocalipse iminenfe.3
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM
sada, com a cabeça jogada para trás. E num instante, a seu lado surgjram um segundo,
e um tefceiro. E a terra os expeliu, uns após outros. (...) E, súbito, eles se mexeram,
oscilafam e se ergueram, nas mesmas fileitas ordenadas: a terra `estava cuspindo novos
Corpos e estes empufravam os primeiros para cima (...)."8
0 fim da primeira década do século 20 foi de pânico. Por ocasião da passagem do
cometa Hauey em 1910, os jornais ficaram repletos de artigos sobre o fim do mundo. 0
tempo não diminiu o pavor causado pelos fenômenos astronôricos e muitqs pessoas
procuraram os observatórios para sabef como se defender do cometa. Algumas mais
desesperadas ingeriram venenos ou se atiraram de viadutos e pontes. Camponeses
italianos atetrorizados atribuíram as incomuns enchentes à aproximação do cometa, e
até a bolsa de valores de Nova York soffeu abalos.9
Além da previsão de um dia exato pafa o Apocalipse -19 de maio de 1910, -a
passagem do Hauey também gerou uma sucessiva negociação que explorava o medo
genefalizado de extinção da humanidade. Vários equipamentos especiais foram comer-
cializados, tais como: máscaras de gás, pílulas anticometa, guarda-chuvas e roupas pfo-
tetofas. Mas houve também aqueles que resolveram comemoraf os últimos momentos
de vida com um CoÂ#G/ C"Á/zz./." Com notícias tão ala£mantes, o pânico tomou conta
do mundo. Todavia, como comprova uma nota publicada em 0 Ej`/z7cb ¢ J4~o Pzz#/o,
de 15 de maio de 1910, nem todos esperavam realmente uma tragédia ou acreditavam
nessas notícias sensacionalistas: 79
Uma cauda luminosa apenas poderá aumentar na Terra a ilurinação solar do espaço. Não
é causa de temor, antes há de sef urn espetáculo belíssimo„. Quanto ao fim do mundo
po[ asfixia provocada po[ gases deletérios, cianogênios etc., nem é sério fdar disso."
A passagem dos cometas continuou exercendo fascínio. 0 temor do fim
vinha fteqüentemente à toria à medida que ocorria algum fenômeno visível no
espaço cósmico. Os marcadores de tempo para o fim utilizavam-se desses fatos
para arriscar uma previsão para um desastre definitivo que, segundo eles, acarre-
taria a extinção da vida humana.
0 poeta surealista Antonin Artaud, inventor do "teatro da crueldade", sugeriu
uma grande ligação entre a destrutividade da peste e a catarse afetiva que ele buscava no
teatfo. 0 pobre Artaud já estava mentalmente desequilibrado em 1938 e sua degenera-
ção pafecia implacável. Foi para a lrlanda levando consigo o que insistia ser a bengala
de São Patricio em busca dos segredos ocultos do universo. Convenceu-se de que o
mundo acabaria em 1940, o que, em certo sentido, aconteceu.`2 "Quando os exércitos
de Hitlet enttaram em Paris, Artaud estava confinado numa instituição psiquiátrica,
uriformizado e de cabeça raspada, e ali petmaneceria durante toda a guerra.""
As Testemunhas de jeovát4 são um grupo relirioso que suígiu nos Estados Unidos
no século 19, decofrente de uma das rarnificações do milerismo pós-desapontamento."
Esse grupo crê nos ensinos propagados por seu fiindador, Chatles Taze Russell" (1852-
1916), e mais tarde desenvolvidos por ]oseph Franklin Rutherford (18ó9-1942). Várias
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM
datas têm sido marcadas para o segundo advento de Cristo em secreto e para o fim do
mundo.t7A Sociedade Torre de Vigia de Bíbhas e Tratados, nome oficial da organização
das Testemunhas de ]eová, tem proposto diversas datas para o retomo de Cristo ou para
uma grande catástrofe mundial denominada Armagedom. ]á marcaram tal evento para
os anos de 1914,1918,1925,1941 e 1975,tssendo esta última a mais conhecida delas.t9
Apesar da maioria das Testemunhas de jeová permanecerem com o grupo após
1975, naqueles fiéis o entusiasmo diminuiu. Em 1977 e 1978, a média de horas que
dedicavam por ano ao trabalho de proselitismo, caiu de 140,3 horas/ano comparada
com as 196,8 horas em 1974. Claramente, os eventos de 1975 não somente tiveram um
dramático efeito sobfe o grupo de membros, como também exerceram um significativo
impacto negativo sobre o moral deles.2°
Nas déc'adas de 1950 e 1960, os esforços dos norte-americanos no setor da con-
quista espacial foram para conseguir pousar uma nave em solo lunar. Muitas pessoas
naquela época acreditavam que Deus jamais permitiria a pecadores pousar na Lua ou
em qualquer outro planeta contaminando-os com a sua pfesença. ]esus voltaria antes
para impedir que se fizesse tal façanha. Esse raciocínio colocava o segundo advento
de Cristo como iminente, antes da década de 1960 terminar, pois a corrida espacial
avançava a passos largos.
Difimdia-se por alguns a interpretação de que o Criador não permitiria que o
so homem contarninasse com o pecado outros lugares do universo. Mas Neil Armstrong,
em 1969, caminhou na lua... e ]esus ainda não veio.2t
Ressalte-se, no entanto, que esse pensamento contrário ao progresso cientifico e
tecnológico, considerado até mesmo como um desafio a Deus, permeava a mente de
alguns membros isoladamente.22 Entretanto, ele não refletia a compreensâo oficial da
denominação fehgiosa da qual faziam parte.
Em 1992, um movimento chamado Missão Mundial Taberah causou alvoroço entre
algimscrentesaoanunciaravoltadeCristoparaoutubrodaqueleamBang-Ik-Há,naépoca
com 17 anos, era o profeta que líderava a Mssão procedente da Coréia. Membros de igrejas
consideradas equilibí2das em suas crenças saíram às ruas de São Paulo para distribuir um
folheto rititulado "Affebatamento! Em outubro de 1992, ]esus virá novamente".23
No início do século 20, o dispensacionahsmo, com sua teoria do arfebatamento
secreto24 e a separação entre a septuagésima semana e as outras sessenta e nove se-
manas de Daniel 9, incorporou-se de forma gefal ao Protestantismo Fundamentalista.
0 dispensacionalismo alcançou ampla aceitação por meio da Bíbha anotada de Cyrus
Scoffield e o agressivo apoio do lnstituto Bíblico Moody de Chicago.25
A base do dispensacionalismo é a distinção entre lsrael e a igreja, sendo que o
plano básico de Deus é com a nação de lsrael.2ó Como os Hderes judaicos rejeitaram
o Messias, Deus suscitou a igreja como um plano provisório até que Ele possa voltaf
a cumprir na própria Palestina as expectativas do concerto abraâmico. 0 foco da es-
catolosta dispensacionahsta se concentra, por conseguinte, no Oriente Médio e, mais
especificamente, no suposto papel político-reügioso que a nação de lsrael desempenharia
0 DIA DA SUA VINDA
Quando o Concílio Nacional dos ]udeu§ prc)clamou lsrael uma nação em maio
de 1948, os crentes na profecia responderam com intensa emoção. Um professor do
lnstituto Bíblico de Los Angeles anunciou em uma rádio que "esta é a notícia profética
mais importante que temos tido no século 20". No Alabama, uma mãe exortou suas
filhas a lembfarem da data como a mais importante desde o nascimento dejesus Cristo.
"Com lsrael sendo novamente uma nação'', disse ela, "]esus pode vir a qualquer mo-
mento".27 A teação emocionada d€ssa senhofa reflete a forma de interpfetar a ptofecia
bíblica e a esperança de milhares de pessoas ao redor do mundo.
0 senso da importância profética intensificou-se com o passar dos anos. "0 vale
dos ossos secos, a terra árida, as colinas pedregosas, os pântanos lamacentos de lsrael
estão vindo à vida", exultou um escritor do MoocJzy Mo#ÁÁ}, em 1950. E completou:
"0 cronogfama de Deus está cumprido." 0 renascimento de lsrael, sugeriu William
Culberson, do Moody Bible lnstitute em 1960, foi o "mais impressionante de todos os
sinais", indicando que o afrebatamento poderia ocorrer a qualquer instante.28
Comentando esse assunto, Carlos D. Perrone afirmou que ajerusalém atual, cheia de g,
ódio e sangue, e os judeus que hoje ocupam parte da Palestina nada têm a ver com a nação
que recebeu as promessas do pacto. Não são o povo nem a. terra do pacto, de modo que,
como nação, estão excluídos das profecias referentes ao verdadeiro povo do pacto.29
]ohn prometeu ser o nosso convidado especial no dia 9 de junho de 1994 -isto é, §e nós
ainda não tivermos sido levantados para encontrar o Senhor nos ares. Como precisamos
de suas orações e do apoio fiel como nunca antes (...) Queridos patceiros -Estamos
quase chegando ao |ar!37
Edgar Whisenant38 vendeu dois milhões de cópias do üvrc> 88 Rfflo" 17;¢ Á4G R@/z#
1%.#BG /.# /988, estabdecendo suas datas sem a devida qualificação e segurança para esse fim.
Segundo esse auto£ quando]esus disse que nenhum homem pode saber o dia e a hora da sua
irinda, não quis dizer que não se possa saber o mês ou o am
Vdcndo-sedeengenhosaevidêndaprofética,eledatouoarrebatamentoentre11e13de
setembrodel988,ofériadojudeudeRmÁH"Á#cz.ATerceiraGuerraMundialcomeçariatrês
semanas mais tarde com a rivasão russa de lsraeL ao pôr-do-sol do dia 3 de outubro de 1988
- pfecisamcmte 70 anos, 3ó4 dias e 23 horas após o nasdmento do comunismo na Rússia, no
dia 4 de outubro de 1917 -e teminando uma hora depois com a arriquilação desse país.
Esse holocausto divinamente ordenado, ele predisse, ecoando muitos outros es-
critores biblicos, produziria um invemo nucleaf, destruição em massa, água radioativa e
montanhas de corpos insepu|tos.39
Um exemplo de tais marcações dispensacionaristas pode ser encontrado em
Chatles Taylor, pregador e escritor da Caüfórnia que, sem um critério hermenêutico
seguro, propôs datas alternativas para o arrebatamento em 197Ó,1980,1988, 1989 e
0 DIA DA SUA VINDA
1992, com base em diferentes cálculos envolvendo a história moderna de lsrael. Ele
era um inveterado marcador de datas, e em 1989 predisse "Este poderia ser o ano!",
anunciando a ROJÁ H4j.Á¢#4Á /ow para lsrael. Essa marcação de data reforçava, ainda
segundo Boyer, a convicção que lsfael representava um sinal do tempo do fim de
primeifa importância e que o "tempo de Deus", como Webber denominou, "estava
rapidamente alcançando os segundos finais"4°
Dentre os autores modernos que têm causado grande impacto e influência no
mundo religioso evangélico, encontra-se Hal Lindsey.4' Talvez nenhuma outra propos-
ta de marcação de datas para a volta de Cristo tenha sido tão amplamente divulgada
em âmbito mundial como a proposta pof ele em sua teoria de "uma geração após
1948". Assumindo qu€ o artebatamento deveria ocorrer uma geração após aquela
data, e que uma geração é composta de 40 anos,42 esse autor passou a enfatizar que
o arrebatamento deveria ocorrer em 1988.
Estudos recentes têm demonstrado o não-cumprimento de algumas das mais
importantes predições de Hal Lindsey. Datas por ele anunciadas têm passado sem a
ocorfência dos eventos preditos.43 Assim mesmo, grande número de evangéhcos tem
adotado este método hteral de intepretação das Escrituras ensinado pelos denomi-
nados teólogos dispensacionaHstas.
Outia importante expectativa sobre a proximidade do "arrebatamento secreto" foi
gerada pela publicação da série I#j# BGÁz.#c/ Peixados para Tris).44 Mesmo sem marcar sj
uma data precisa para o segundo advento de Cristo, essa série tem influenciado grande
parte da opriião popular para uma breve expectativa dos últimos acontecimentos como
propostos pela teoria dispensacionahsta. Dwight Nelson refiita as idéias contidas nessa
série através do livro 17;Zizz/ `I£/BGÁy.#J"L/9BGóÍ.#J, pubücado em português como JV/.#g#c%
§ená Dei:xado i)ar;a TnáJ: 0 que a Bíblla rea/menie die`y Solwe o cirrebíif amento e o f im do mundo."
Um significativo número de evangélicos tem interpretado as Escrituras de tal
maneira a cret que o início da contagem regressiva para o fim do mundo começou em
1948, quando lsrael se tomou um Estado moderno. Estão convencidos de estar vivendo
na última geração antes do retorno de Cristo. Como acreditam que o mundo encontra-
se perto do fim, vêem evidências para o segundo advento em tudo ao seu redor, desde
a deteriofação da moral da sociedade até os tumultuosos eventos no cenário político
mundial, bem como o nítido aumento dos desastres naturais.
0 assunto da volta de Cristo foi enfocado no programa Palavta da Fé, de Vàlnice
Mlhomens, transmitido em 1990 pela Rede Bandeirantes @rasil). Em uma de suas palestras,
ela argumenta: "Se Satanás tcve dois mflênios, Israel teve dois rnflêrúos, acharn que a lsteja
Cristã vai ter mais que dois? Deus já disse: Seis dias mbalharás, mas no sétimo descansará.
0 sétimo é o descanso. Resta ainda um repouso sabático para os filhos de Deus."4ó
Valnice tomou a data da guerra dos seis dias de lsrael, em junho de 1967, e
acrescentou-1hes quarenta anos, concluindo assim que a volta de Cristo se daria no ano
de 2007, nurn sábado. Ela o fez usando as palavras de jesus em Mateus 24:34: "Em
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM
verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça." Para ela,
uma geração dura quarenta anos. Em 1990, ela afifmou que faltavam apenas 17 anos
para que se completasse essa geração.47 A alegoria, apesar de atrativa não é original, pois
dogmatizou, sem base bíblica, o tempo de uma geração em quafenta anos.
Ção para a seriedade dos tempos. 0 objetivo era nobre, mas carecia de suporte bíbhco
sério. Essas interpretações raramente efam escritas, mas eram temas de conversar e
sermões. Ao se ministrarem estudos bíbhcos, o argumento eta utihzado para enfatizar
a proximidade do segundo advento.
Na segunda metade do século 20, alguns membros adventistas do sétimo dia
calcularam os anos dos jubileus e chegaram à conclusão de que ]esus retornaria
em outubro de 1987. Outros cálculos utilizando os jubileus fixaram datas para
1991,1994,1996,1998 e 2000. Alguns, segundo Pauhen, tentaram tirar conclusões
acerca do "tempo da sua vinda baseados em sete ciclos de mil anos cada".54 Ainda
outros, baseando-se na previsão do término dos jubileus (cf. Lv 25:8-55; 27:18-25;
Nm 36:4), marcaram as datas de 1987 ou 1994 para a volta de Cristo. Por sua vez,
Antônio C. M. Gonçalves, formado pelo Seminário Adventista Latino-Americano
de Teologia (Salt-IAE) em 1981, propagou, através do /o"óz/ Jo <4#4Í#ÁG, sua teoria
de que o "jubileu final" da humanidade se cumpfiria em 3 de outubfo de 1987. Ele
argumentava que a história humana efa composta de três ciclos de 40 jubileus: (1)
Dispensação Patriarcal: da criação (3894 a.C.) até Abraão (1934 a. C.) = 1.960 anos;
(2) Dispensação judaica: de Abraão (1934 a.C.) até o Messias Ungido (27 d.C.) =
1.960 anos; e (3) Dispensação do Messias: do Messias Unddo (27 d.C.) até oJubileu
Final (1987 d.C.) = 1.960 anos.55
Norman Gulley, em sua obra C4ri/Jr CoÂ#.#g esclarece que os calendários dos jubileus
têm sido utilizados pof alguns marcadores de data para a volta de Cristo. 0 jubileu era o fim
dos ciclos de sete anos sabáticos qv 25:8-10). No quadragésimo-nono ano ou qüinquagé-
simo ano, Israel deweria. libertar os escravos (v. 10), dar descanso à tem (v. 11) e reverter a
terra aos ptoprietários oriãnais (vs. 24-28). Era a forma de pemitir que pobres e escravos
prosperassem e também de controlar a avareza dos ricos.56
A verdade é que não se encontra nenhuma referência nas Escrituras sugerindo que
lsrael tenha guardado o jubileu.57 Tambéfn, não existe nenhuma evidência bibüca de que
esse plano de misericórdia tivesse qualquer lígação com as profecias a respeito dos eventos
finais. Portanto, a especulação em tomo do jubileu é uma invenção tão humana quanto a
santificação do doringo, compara Gulley.58 Não é sçguro estudar a respeito dos eventos
finaistomandoosjubfleuscomofimdamento,pois,emboraconstemdaBil)üa,nãofomecem
os elementos necessários para intepretações escatolóricas.
Na segunda metade da década de 1980, dois pregadores alarmistas59argumentavam
que o pfesidente norte-americano Ronald Wflson Reagan era o anticristo. Devido a cada
um dos seus nomes que continham seis letras Qonald = 6; Wilson = 6; Reagan = 6),
portanto 666, o número da besta conforme Apocalipse 13.Ó° Diante desta intepretação,
os eventos finais eram breves, pois o presidente norte-americano unido ao papa nos
objetivos ecumênicos precipitaria a perseguição aos "rebeldes guardadotes do sábado".
Infelizmente, para esta teoria, o suposto "anticristo" aposentou-se, anos depois adoeceu,
vindo a fflecer em 5 de junho de 2004.
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM
0s doze anos se passafam. Segundo a mensagem que ela afirmou ter recebido do
próprio Cristo no ano de 1984, em 1996 deveria ter acontecido o tetorno do Senhor
em glória. 0 evento não ocorreu, e, assim como outros anunciadores de datas ao longo
da história cristã, restaram a perplexidade, a vergonha e a busca de explicações para o
não cumprimento da predição.
Alceu da Silva Oliveira Filho, autor do üvro Or Jc7/g RGÍ+ cb Pre¢#.áí JG ÁPo%ÁPw,
é advogado, ex-membro da lgreja Adventista Central de Curitiba. Ele elaborou uma
pesquisa chamada "Interpretação Contemporânea". Adventistas, a maioria de Curitiba,
inflamafam-se com o tema, visto que o autof direcionou seus escritos aos membfos de
sua comuridade denominacional. Na contra-capa do livro está escrito:
I.ogicamente, o hvro não se propõe a marcar uma data para o Segundo Advento de Cris-
to, acontecimento que só o pfóprio Deus sabe quando ocorrefá. Porém, analisando os
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM
fatos e entrelaçando informações dadas por Ele atfavés de seus profetas, "Os Sete Reis
da Profecia de Ap 17" procura clarear este assunto e, com racionaüsmo e tempetança,
alertat o meio adventista para eventos que já estão em andamento e parecem fofmar o
quadro final da história desse mundo.68
Ele identifica os sete reis de Apocahpse 17 como sendo os papas a paftif de 1929,
quando a "ferida mortal foi curada" e os poderes foram restaufados ao pontífice. 0 sexto
rei, segundo essa seqüência, era]oão Paulo 11, que seria substituído por um b£eve pefl'odo
e então retomaria sendo o oitavo rei.Ó9 Essa argimentação tem sido identificada no meio
adventista como sendo uma "mafcação vegetariana de data"7°para o segundo advento. Ele
podenãoestarmafcandoumdiaespeci'fico,masidentificapessoasqueestarioocupando
posições que culminafão com o fim do mundo e o advento de Cri§to.
A teoria proposta por Oüveira Filho não é original, conforme esclarece ]osé C.
Ramos, em seu artigo "A cura da ferida mortal e a teoria do sexto rei" ®arte 1). 0
assunto é explorado pelo Dr. Robert N. Smith ]r., adventista leigo do Texas, em seu
livro T»e JG.xÁÁ KZ.#g - "666 " úÍ#cJ rúG NGzp W7To#/# O#JGr, obra pubhcada em 1993.7t Ramos
complementa o artigo referido acima com um esclafecimento peftinente:
A lgreja e o mundo não precisam nem de alarmismo nem de sensacionalismo. Afinal,
temos tantas verdades que contam com um clafo "assim diz o Senhor", e que devem ser
estudadas e ptoclamadas, que qualquer empenho com simples hipóteses é simplesmente
88 irrelevante. E vivamos de tal forma que, se Cristo vier amanhã, ou ainda hoje, louvado
seja o seu nome. Estejamos prontos para saudá-lo e para nos reunir com Ele.72
ãiaáoêsm!cgsi,'!g:eààpu:Íeefrse!:sAednvse=g:t:|àomsfs¥e:Eiariâ:ãles:;7Suasorganizações
Cartazes foram afixados em postes de ilurinação pública e muros de várias
cidades brasfleiras, sem qualquer autorização municipal, marcando o fechamento da
0 DIA DA SUA VINDA
porta da graça para o ano de 2005 e acusando pubhcamente o papa de ser a besta do
Apocalipse. A mensagem fundamental do movimento é baseada em uma sucessão
cronológica de datas, dentre as quais se destacam as seguintes:
1888 -Começou o alto clamor para a IASD;
1988 -Começou o jukamento dos vivos para a IASD, que foi rejeitada e vomitada
(somente 5% dos advéntistas foram aprovados e pertencerão aos 144.000), e começou
o alto clamor para o mundo;
2005 - Fechamento da porta da graça.
Esse grupo constitui-se num movimento dissidente, razão pela qual as suas
interpretações afastam-se radicalmente do ensino oficial da IASD. As marcações de
tempo propostas por eles, como as demais expostas nesta seção, não constituem uma
interpretação equilibrada dos eventos finais. A postura ostensiva assumida pelo grupo,
atacando abertamente outras denominações rehriosas, contrària a metodoloda evan-
gelística utiuzada pela IASD, que procura fespeitar o credo de cada um. 0 resultado é
negativo, angariando antipatia e preconceito com relação à lgreja.
Mesmo em Roma pode-se encontrar pessoas tentando descobrir quando o mundo
tefminará. Em uma catedral chamada Basílica de San Paolo fi]ori le Mura, uma das cinco
principais catedrais de Roma, existem círculos de lona em torno da parte mais elevada
da igreja, com pinturas de vários papas voltando, inclusive um indivíduo chamado Pe-
dro. Em 1978,15 destes espaços estavam vagos. 0 guia que conduzia os turistas pela 8g
igreja apontou para esses espaços e disse: "Nós cremos que quando tivermos mais 15
papas, o Senhor virá". Em seguida, o grupo dirigiu-se à Catedral de São Pedro. Perto
do altar de São Pedro há uma grande pedra de mármore com todos os nomes dos
papas gtavados nela, e na ocasião da visita, em 1978, havia espaço para cefca de mais
seis nomes. Disse o guia: "Quando toda esta pedra estiver preenchida com os nomes
dos papas, o Senhor estafá retornando".78
0 cristão católico-romano também c£ê no fim do mundo e, via de regra, elabora
os seus cálculos e prognósticos para esse acontecimento buscando fiindamentá-los a
partir de ingênuas e simples superstições, sem a mínima ligação com as profecias bí-
bhcas sobre o assunto. Não há base para espefar que o fim do mundo ocorra quando
determinado número de papas tiver ocupado o seu lugar e exercido o seu mandato.
Notas
t Também traduzido como 0 Grj7#4b.oío #o PíÇ#G#o_ (Friedrich, 300).
2 Ibidem.
3 Ibidem.
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM
4ibid, 354.
5ibid., 352.
6 Ibidem.
7 ibid, 353.
8Ibidem.
9 0 Ej:/zzdg dg J. Pz7#Á), 15 de maio de 1910. Citado por l.eite e Wintet, 115.
10Ibidem.
1 l lbidem.
`2 Sempfe que eclode uma guerra de graves proporções, como foj a Segunda Guerra
Mundial, a [eação das pessoas em todo o mundo é: "Isso é o fim do mundo!" Na Segunda
Guerra, especialmente pela frieza e crueldade do nazismo no Holocausto, itensificou-se o
sentimento de que o ser humano chegara ao "seu próprio fim", perdera o furno, o valor e o
sentido da existência. 0 mundo, desde então, nunca mais seria o mesmo.
i3Friedrich,176.
``Pam amphar a compreensão da história, doutrinas e escatoloda das Testemunhas de
]eová, ver Anexo 5.
t5 Em lugar de se unif ao pregador adventista jonas Wendeu, Russell organizou sua pfópria
classe de estudo da Bil)üa. Uma congiegação foi formada ao longo de cinco anos, durante os quais
certas posições doutrinarias foraín adotadas, entre elas a volta ;.#w.j¥'#/de]esus e a oportunidade de
salvação @Ó+ a ressurreição (teoria conhecida como j¥gaí#czg cúá7##). Em 1876 o grupo de Russen se
go uniu ao gmpo de um tal N. H. Barbouf, de Rochester, NY, por sustentarem opinião semelhante
quanto à maneira da volta de Jesus. Um livro intitulado TÓG Tú#G 1%ri#r (Os Três Mundos) foi
pubücado por Barbou e Russen, onde afirmavam quejesus voltara invisivelmente em 1874 e que
no transcurso dos quafenta anos seguintes, ou seja, até 1914, ocorteria a "grande tribulação". Os
judeus seriam restaurados, o podef dos gentios seria quebrantado, os reinos do mundo passariam
a pertencer a Deus e a era do julgamento seria ritroduzida Oosé Caílos Ramos, "Os Emissários
do Reino", em R#úfÁ3 j4d##tiíz7, janeito de 1993, 28-29).
t6 Cha[les T. Russel efa filho de um comeiciante de Pittsburgo, Pcnsilvânia. Presbiteriano
de início e congregacionaüsta a seguir, Russell acabou imergindo no agnosticismo ainda em
sua adolescência. Aos 18 anos, porém, assistiu a algumas exposições bil)licas feitas por ]onas
Wendell, pregadot adventista não do sétimo dia, as quais, citando as palavras do próprio Russeu,
foram suficientes "sob a direção dc Deus, pata restabelecet rinha fé vacilante na inspiração da
Biblia e pam mostrar que os registros dos apóstolos e dos profetas sc acham indissoluvelmente
ügados (8#¢Á/6.iíadw4#¢ J.# M;.#j.J%J, 276 [citado poí: Ramos 28-31]).
]7 Hebblethwaite,127. Ver também PmjDÁG/r o/ Á46 +4Poft7óPJ€ (Grand Rapids, MI: Baker,
1994),143-150. Amaldo 8. Chrisüanini, na pádna 15 de seu livro R4¢.ogr4/4 d7 /Gow.j7m, diz:
"As chamadas Testemunhas de jeová, nos últimos anos, em seus escritos e especialmente
em suas palestras e estudos orais, no ini'cio da década de 70, têm dado muita ênfase à data
de 1975, como ano decisivo `nos planos de ]eová'. Nos scus contatos missionários diziam
abe[tamente que surgiria o Armagedom e até outubro desse ano tudo estaria consumado na
Terra, seria o início do %Í.4^#;.o fzz4zz'/z.~, coincidindo com seis mil anos da existência do homem.
Em sua htefatura ptoselitista, essa§ afitmações, embofa não categóricas, fofam insinuadas de
forma bem persuasiva." Em seguida, na página ló, Christianini transcrewe algumas dessas
declarações, extraídas do üvfo LÍ;1Zg E/gr#¢ -#4 L.bGnjz¢dG JOJ F;./úoJ. cb D6#J., editado em 1966
pelas Testemunhas de ]eová. Uma das referidas citações, na página 29 declata: "Os seis mil
0 DIA DA SUA VINDA
anos desde a criação do homem terminarão em 1975 e o sétimo pefl'odo de mil anos da história
da vida humana começará no outono (segundo o hemisfério setentrional) do ano de 1975 da
era cristã. Quão apropriado seria se jeová-Deus fizesse deste vindouro sétimo periodo de mil
anos um periodo sabático de descanso e livramento, um grandioso sábado de jubileu para se
proclamar überdade através da Ter[a e todos os seus habitantes!"
`8 Pa:iri!o R!orn:àio, Euangéhcos em Crise: Decadênçia dowtrinária na igrçja brarildra rs: ãüo PíNri!o..
Mundo Cristão,199Ó],175). Romeiro comenta: "Em 1920, o segundo presidente da Sociedade
Torte de Viria, Rutherford, publicou um livro intitulado M;./»õ# Í2#G £4gom t/J.%# /c7%;.J
Mo~enõo ®ublicado em 1923 em portuguê§). Nesse liv[o, Rutherford afirmou que os justos do
Antigo Testamento ressuscitariam em 1925. A organização chegou até a comprar uma mansão
em San Diego, na Califómia, denominada Beht Sarim (Casa dos Príncipes), pafa hospedar
Abraão, Isaque, Jacó e outros ilustres do Antigo Testamento. Uma foto da tal mansão pode ser
encontrada na própria literatura das Testemunhas de Jeová." (175-176).
19 Paulien, 20.
2° Chris Bader, "When Pfophecy Passcs Unnoticed: New Petspectives on Failed
Prophecy", Jo#mú7//or ÍbG J#.e##Jí4. J`/rrd/ o/ R£/7É7.o#,1999, 38:123. Diveísos pesquisado[es têm
documentado os efeitos do fracasso de 1975. Em quase todos os países, o crescimento médio
anual das Testemunhas de jeová tem dechnado substancialmente. Por exemplo, o crescimento
médio do grupo nos Estados Unidos criu de 6°/o para 2°/o. Ibid.,122.
2] No dia 20 de julho de 1969, o astronauta Neil Atmsttong fincava a bandeira norte-
americana ria superficie lunar: um marco para a humanidade e também uma vitória para os
Estados Unidos na corrida espacial. Ainda hoje existem pessoas que duvidam que o homem
foi à Lua (www:bb.co.uk, em s de fevereiro de 2006). 9,
22Membros de diversas confissões íeligiosas até hoje atribuem o avanço da ciência
à "obta do demônio".
23 0 fouieto informava que o profeta fora chamado por Deus quando tinha apenas
13 anos de idade e que fóra treinado intensa e pessoalmente por Deus. Ele se comunicava
constantemente com Deus da mesma forma como Ehas, Samuel e outros pfofetas do Antigo
Testamento. Qomeiro, 178).
24 A crença no arrebatamento remonta ao peí]'odo da tradição apocalíptica bizantina entre
o quarto e o sétimo séculos. Escritos escatológicos que têm recebido pouca atenção dos eruditos
evangéücos são feveladores. 0 mais esdarecedor desses escritos é o sermão de autoria de Pseudo-
Efr@ám c;ori!eci!do c;orno On Tbe IAfi Time], tl]e Arítícbtist, and tbe End of tln Wíorkl oM Ser7mon of
jóG ÁÓG E#J o/ Jó6 1%n47. Esse sermão, além de ser um vívido exemplo da honrilética apocalíptica
medieval, também inclui uma declaração de um conceito similar ao arrebatamento mais de mil
anos antes das intcpfetações de john Darby jones e Cy[us Scoffield, a quem se convencionou
atribuir o nascimento das idéias dispensacionalistas qimothy j. Demy e Thomas D. Ice, `The
Rapture and An Eaily Medieval Citadon" em B/.G/z.oZÁ7% Jáz" julho-set€mbro de 1995, 306-17).
25Froom,4:1203-1204.
26 Respostas assinaladas ao dispensacionalismo são encontradas em Hans K LaRondeHe,
0 lf mc/ de Dew md Pnof ic;a: Primc¢iof ds lmieri)retaf ão Prüfética @;"g/ri/Éro Coc;fli!f i, SP.. rm!pms:a
Unjvetsjtária Advcntista, 2002); jdem, "Israe] na Profecia", em AJberto R Triim, Amín A. Rodor
eVçunidedàDomdes,eds.,0Fwiwro:AVifõoAdunttiaduÚffímofAcmtecimemtoS,2:31-Z3].
27Boyeb 187.
28ibidein.
29 Carlos D. Pe[rone, `Um Estudo das Prof;ecias Relativas ao Fim" ¢arte 2), 0 Mzmíid%o,
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM
julho-agosto de 1974, 17. Sobre o mesmo assunto, declara Ellen G. White: "Fofam-me
indicados então alguns que estão em grande erro de crer que é seu dever ir à anüga jeíusalém,
entendendo que têm uma obra a fazer ali antes que o Senhor venha. Tàl opinião é de molde
a afastar a mente e o interesse da p£esente obra do Senhor, sob a mensagem do terceifo anjo,
pois os que pensam que devem não obstante ir à velha ]erusalém terão seus pensamentos
fixados nisso, e os seus recursos setão tirados da causa da verdade presente pata permitir a eles
e outros estar ali. Vi que tal missão não realizaria nenhum bem real, que levaria urn bom espaço
de tempo para levar alguns judeus a se tornarem crentes mesmo na primeira vinda de Cristo,
quanto mais no seu segundo advento. Vi que Satanás havia enganado sobremodo alguns neste
ponto e que as almas a todo redor deles, neste país, poderiam ser ajudadas pof eles e levadas
a guardar os mandamentos de Deus, mas foram, deixando-as perecer. Vi também que a vema
]erusalém jamais seria reconstruída, e que Satanás estava fazendo o máximo para levaf a mente
dos fi]hos do Senhof pata essas coisas agota, no tempo do aiuntamento, impedindo~os de
dedicar todo o seu interesse à presente obra do Senhor, levando-os assim a negügenciarem a
necessária preparação para o dia do Senhor." a]Uen G. White, P#.#G;.roJ Ej.m./or Íratúí, SP: Casa
Publicadora Brasileira,1999] , 75-76).
3°Ardiur]ames Balfour, o ministro da§ Relações Exteriores do govemo britânico, enviou o
seguinte memorando ao l.ord Rothschild, líder da Fedetaçâo Sionista na Grã-Btetanha, em 2 de
novembro de 1917: `Tenho o prazef de comunicar-me, em nome do Governo de S`]q Majestade,
a seguinte declaração de simpatia com as aspirações judaico-sionistas que foram aprésentadas e
aprovadas pelo Gabinete. 0 Govemo de Sua Majestade vê com simpatia o estabelecimento na
Palestina de uma pátria para o povo judeu, e fará os melhores esforços para facilitar a realiza-
ção desse obietivo, ficando, potém, clatamente compreendido que nada setá feito que venha a
92 prejudicaf os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas existentes na palestina, ou
os direitos e o status político dos judeu`s em qualquer outro país." Pisponível em http://www.
espada.eti.bf/nl408.asp. Acesso em 5 de outubro de 2004).
3i Boyer, 190.
32 M.G. `Tat" Robertson tem alcançado feconhecimento nacional e intemacional como
um reliSoso envolvido nos meios de comunicação, filantropista, educadot, líder feügioso,
homem de negócios e autor de vários hvros. Dentre eles, destacam-se J£x J/¢f /o JpÍ.#./%/
R2riual,. Bring it On, Counting Disaster, The Ten Offlnses, The New W:orld Order, Sbout ii from tbe
How§etops (`im:zL íi"Sok;uog£aiEa) e Tbe End of the Age.
33Boyef,138.
34Harold Camping é o fundador, presidente e administrador de programas de rádio.
:eaumɧt:::eÉçoc:nahce:::ae¥eac[qaeí:gt:S:r:::;.rpger:o::uà§áefl:g:ótraáeAribt::tro*£fctaen::
milhões de pessoas nos Estados Unidos, Canadá e em torno do mundo através de seu império
de rádio. Seu ministério é baseado na Califórnia com transmissão ampla para vários estados.
(Consulta ftita no Cadê? em 2 de dezembro de 2005). A respeito de si mesmo, Hafold Camping
declara: ``Sou um engenheiro, sou metódico. Quando iniciei o estudo da Biblia cerca de trinta
anos atrás, comecei a ver coisas que outfos não perceberam. Descobri que Deus tinha uma
linha do tempo, desde Gênesis até Apocalipse, e com um cálculo preciso, de tal forma que o
fim do mundo pode ser acuradamente detefminado." (Romeiro,181).
35 Romeiro,180-181. Camping explicava a sua maneira de planejar para o fiituro assim:
"Veja, minha esposa me disse que precisava de um piso novo para nossa cozinha. Eu lhe disse
que não se esfofçasse ou gastasse dinheiro para fazer isso até outubro ou novembro de 1994 -
depois do tempo predito para a volta de Cristo". Ele, que não tem formação teolóüca, achava
0 DIA DA SUA VINDA
que não estava espamando qualquer engano ou predições errôneas e ainda advertia: "Quando
chegar o dia 6 de setembro de 1994, ninguém mais poderá ser salvo. Chegou o fim."
36 Romeiro, 179.
37 Ibidem. Nem Crouch e nem o pastor que ele tornou famoso pediram desculpas
pela profecia falsa.
38Edgaf Whisenant era um desconhecido estudante da Biblia até 1988, quando escreveu
dols Üvtos, riiútu.hdos 88 R3asom Why the Rpture Could Be in 1988 e On Borrowed Time. Qittp../ /
cade.search.yahoo.com, em 30 de março de 2006).
39Boyer,130.
40Ibidem.
4' A teoria escatológico-dispensacionalista de Hal Lindsey foi popularizada no Brasil
especialmente através de suas obras: j4 j4go#z.c7 c7o Gn¢#c76 PÁ7#G/¢ TGm¢, 6a ed. (São Paulo: Mundo
Cristão, 1981/,. Or j4#or sO.. Co#/¢ge# R€g#íj7.#j7 f7ám o /#7'£o Fz.#4/ (São Paulo: Mundo Cristão,
1981) e 0 Á#pÃ#/a#Gw/o Qio de janeiro.. Record,1985). Criticas às idéias de Lindsey podem
ser encontradas em Alberto R. Timm, "Uma Anáüse Cfl'tica da Escatoloãa Dispensacionalista
de Hal ljndsey" @issertação de mestrado, Instituto Adventista de Ensino, 1988); Samuele
Btwcchi:occhi, Hal IJridsy'S Prüphetic ]igsaw Pu«:!e: Fh€ Predictions tbat Fdiled! @e;tTien SpTings,Ml..
Bibücal Perspectives,1987); Alberto R. Timm, "0 adventismo e o princi'pio da SoÁ7 J#zj>/#r¢",
0 M;.#/.j./e'#.o, janeiro-fevereiro de 1988, 20.
42 Em 1970, Lindsey escreveu em TÚG 14/g Gr€4/ P/á7#e/ E¢#ó ¢ublicado em português
com o título j4 .4go#¢.¢ cb Gr¢#JG P/zzj7€/zg TG#j7): "Uma geração na Biblia é algo em tomo de 40
anos." Mas em 1977 ele disse: "Não sei quanto tempo leva uma geração biblica. Talvez algo
entre 60 e 80 anos." Citado por Samuene Bacchiochi no seu artigo "0 Tempo Está Derrotando
as Predições de Lindsey", R£47.r/#j4d#G#/z.r/¢, agosto de 1986, 41.
¢3 Ver Timm, "Uma Análi§c Critica da Escatologia Dispensacionalista de Hal Lindsey".
44 Em 1996, a Tyndale House Pubhsher (www.qrndale.com) começou a pubhcar a série
de Tim Lahaye e jerry 8. Jenkins intitulada "Left Behind" (www.leftbehind.com), constitui'da
pelos seguintes 12 volumes: 1# BGÁz.#cJ.. 4 No#G/ o/ /úG Eáí#úJ lm/ Dqyr qeft Behind, n° 1);
Tribulation Force: The Comtiming Drama of Tbose L4t Bebind qje:ftBehin!à, rL° ).) ., Níco/cm: The Rise
of Anticbrist a.eftBekLind, n° 5)., Soul Haniest: The W;orld TdkJ Sides Q.eft Behir.d, n° 4)., APolbon:
Tbe Destroyer h Um!ea]hed qSftBek; "d, rL° 5;)., Af sassins: ANignment: ]emalem, Targpt.. Aniicbrist
l.e£+ Behind, n° 6)., Tbe lndwelling Tbe Beaft TakS Pofsession qjeft Behind, n° 7)., Tbe Marh: The
Be4rf R#ÁJ ÂÚG 1%r# (I.eft Behind, n° 8); D€j.Gcr¢/z.o# j4#/z.cú#.j./ T4Á# ÍúG Túm# q.eft Behind, n°
9D., Tbe Rsmnarit: On tl)e BrinR of Armagemdon aÀftBehiri:d, r\° 1UD., Armageddon: Tbe Cosmic Battle
o/ ÁÚG .4g" q,eft Behind, n° 11); and GÁ7#.o#r j4j!PGm.#g.. TÚG E#J o/ Dgr q.eft Behind, n° 12).
Cf. Nancy Gibbs, "Apocalipse Now", T/.#G,1 de julho de 2002, 20-28; ]ohn Cloud, "Meet the
Prophet", ibid., 30-33.
45 Dwight K. Nelson, lz7;4á7/ `I#j# BGÁz.#c7' 1+% BGÁz.#cJ (Hagetstown, h®: Review and
Herald, 2001), publicado em poituguês como j\r¢.#g#6'Â# JIGné DG/.xzzc/o pá7m Tnzá.. 0 7w ¢ B/'bÁ.cz
rp4/7wG#/í ¢.z J.obw o cm?bár/zí#f#/o ¢ o/Â# Jo #//#do (ratuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004).
4ó Romeifo,183. Válnice Milhomens faz um para]elo entfe o sábado da Criação, os seis mil
anos de história e deduz que o sétimo milênio é o sábado que marca o início do descanso eterno
do povo de Deus. Ela arg`menta que quando lsfael foi festaufado em 1948 era apenas o prelúdio.
Quando chegou o ano de 1967, seis e sete se encontraram. A seguif, parte da argumentação dela
transcrita por Romeiio: "Não passará esta geração até que o resto se cumpra. Que geração?
A geração que começou no dia sete de junho de 1967. Quanto dura uma geração? Quarenta
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM
anos. Glória! Uma geração, contando de 1967, vai até quando? 2007. Faltam quantos anos paia
completar uma geração desde a restauração de ]erusalém? 17 anos" ¢bid., 183-184).
47 ibid., 185.
s4Ibid.' 20.
55Antorio Caflos Gonçalves, "1987/ 1988: começa o (último?) jubileu!". /or%/doj4jw4#Áã,
94 outubro 1987, 3; "jubileu -A estrela da volta do Messias", ibid., dezembfo 1987, 4-5; "Mais
detalhes sobfe o jubileu", ibid., janeiro/fevereiro 1988, 4.
56 NCM"2in G`"cy, ChriSt h Coming A Chrift-centered APproach to IAst-Dq EtMmts
grandes acontedmentos que ocorrerão neJia década, culminando com a únda do Messias,1990 ,9 .R!cfu:taínào
as argumentações contidas nesse material, Sônia M. M. Gazeta escreveu RG¢"/é7 á Co#/zggí#
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM
a hora da vinda de jesus e estabelecendo concerto eterno com seu povo. Semelhantes
à estrondos do mais fortc trovão, suas palavras ecoam pela Tetra inteira. 0 lsfael de
Deus fica a ouvir, com o o]har fixo no alto. Têm o semblante iluminado com a sua glória,
brilhante como o rosto de Moisés quando desceu do Sinai. Os ímpios não podem olhar
para eles. E, quando se pronuncia a bênção sobie os que honraram a Deus, santificando o
seu sábado, há uma grande aclamação de vitória." Ellen G. White, 0 Gr¢#dG Co#/Í./o (Tatui',
São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2001), 640. Isto acontecerá depois que o destino
eterno de todos já estiver selado. Portanto, este texto não fotnece matgem à especulação de
que alguns saberão o dia e a hora da volta de Cristo antes dos denominados eventos finais:
decreto dominical, fechamento da porta da graça, decreto de morte, perseguição aos fiéis
e as sete últimas pragas do Apocahpse. Haverá também uma rçssurieição especial nesse
período. Para amphar a compfeensão da escatolosta adventista, ver Gn¢#JG Co#/%.}o, 603-6.62;
ver também, Donald Ernest Mansell, Túe J`Ác7PG o/ /Á7G CoÂz#.#g C#.j:/.f.. j4 Jeg#e%e o/ E#J-/z.#G
Euenti Based on tbe Wrtings of Ellen G. White Q`I.ampa, ID: Paclhc P£ess,1998).
]S SoMhos e Visões d8 ]eanine S autron: Menfag;m compbtíH até feteml?ro d81995,2 vc>Às. @rasí@Àa:. Cen:no
Evangdístico Sonhos e Visões,1995). Oséas Maure[ é natml de São Ffaricisco do Sul, SC, ex-ancião
da lgÉa Advmtista Central de Brasflia, e se aposentou como fimcionário do Banco do Brasil
76 Timm, "Movimentos, Tendências e lnterpretações Particulates na lgreja Adventista do
Sétimo Dia do Brasil", apostila de classe,18-19.
77 0 movimento também ensria, entre outras coisas, (1) que "a IASD tofnou-se Babflôria,
a parúr da década de 1960, porque se uniu ao estado, ao papado, ao ecumenismo, mudou suas
doutrinas, deixou o mundo entíar na igreja, adotou o pentecostalismo da Ce/eéJr¢/z.o# Cú#rfú, está
g6 usando técnicas espíritas e pagãs de programação neurolingüística nas pregações e, finalmente,
recusou a vefdade enviada do céu a ela, através da Sra. White e da Sra. Sautron; (2) que os
remanescentes vivos devem agora se abster de todo produto animal e também do sexo..."; e
(3) queJones e Waggoner são as duas testemunhas de Apocalipse 11 :3, que ressuscitarão "para
pertencef aos 144.000" qbidem).
78ibidem.
MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS
desestabilizar toda a minha base cristã de tal maneira que eu não sabia mais em que
acreditava após conversar com ele.''9
0 incidente de Waco é uma dura prova de que a mentaüdade "dia do juízo"
pode ter severas conseqüências para aqueles que são envolvidos por ela.'° A história
da vida de Vernon`Wayne Howell (o verdadeiro nome de Koresh), especialmente a sua
infância, ajuda a entender o seu comportamento desordenado. Problemas emocionais
não resolvidos, adicionados à memorização de textos proféticos complexos da Biblia,
que ele mal-interpretou e retirou do contexto, resultaram em um quadro apocalíptico
forjado pela sua imaãnação perturbada e doentia.
DÍversos fótulos têm sido usados para descrever o pensamento distorcido de David
Koresh: "psicopata, paranóico, megalomaníaco. Um dos diagnósticos mais perceptivos
pode ser que Koresh sofria de uma aguda desofdem de personalidade narcisista"."
Em 1995, no japão, a seíta Verdade Suprema, lidefada por Shoko Asahafa, lan-
Çou gás no metrô de Tóqujo, envenenando milhares de pessoas. Baseado em tradições
japonesas, nas quais a idéia de fim do mundo é menos freqüente, Asahara proclamou
que ele e seus seguidores estavam predestinados a controlar a história."
Os adoradores do Heaven's Gate Q'ortal do Céu), em San Diego, na Caüfómia,
uma mistura entre o milenarismo tfadicional com mitos da ficção científica correntes
na cultma popular americana, em especial a ufoloria, decidiram dar um fim à pfópria
vida. Marshall Applewhite, também conhecido como "Father john", era o líder do
grupo. A maior parte dos suicidas tinha formação universitária e entrou em contato
com a seita através da internet.
Em março de 1997 foram encontrados em uma casa luxuosa nos subúrbios de
San Diego 39 corpos de homens e mulheres que pertenciam à seita lligher Souce
- um grupo que prestava serviços de informática e compartilhava crenças esotéricas
através de um "site" conhecido como "Heaven's Gate". Todos estavam vestidos de
preto e cobertos por mantos purpúreos. Eles acfeditavam que sua essência imortal
residia apenas temporariamente em seu corpo tefreno, que a individuahdade do copo
devia ser riãdamente suprimida. Também criam que logo após a morte sua essência
poderia reunir-se aos poderes superiores extraterresttes, e uma nave espacial estava à
espera deles atrás da cauda do cometa Halle-Bopp, que naqueles dias passava próximo
à Terra,t3 para levá-los pafa "casa''. Eles combinaram conscientemente o milenarismo
com a ficção científica moderna.
Segundo Gould, a declaração oficial redirida antes do suicídio coletivo," em 1997,
dizia express amente:
Viemos do Nível Sobre-Hummo no espaço sideral e agora abandonamos o copo que
vestimos pafa nossa tarefa terrena, a fim de voltaf para o mundo de onde viemos -missão
cumprida. 0 espaço sideral a que nos referimos é aquilo que sua hteratura rehdosa chama
de Reino dos Céus ou Reino de Deus. Viemos com o propósito de abrir uma passagem
pa[a o Reino de Deus nos últimos tempos desta civihzação, no fim deste milênio."
CAPÍTULO 8
MOWMENTOS CONTEMPORÂNEOS
As previsões de Nostradamus não poderiam ser menos tertíveis, pois ele próprio
íoo viveu como médico numa Europa assolada pela cólera, vendo morrer a própria esposa
e filho sem poder fazer nada. Dissimulando sua fé judaica pefante o tribunal da lnquisi-
Ção, que naquela época perseguia tanto protestantes quanto judeus, e atormentado pela
visão de milhares de mortes ao seu redor, não poderia ter outro sentimento senão o
apocalíptico. Suas profecias, no entanto, não são totalmente desesperançosas: "Depois
de a guerra durar um pouco, haverá um novo reinado de Satumo e uma era dourada.
Nascerá uma nova era de paz universal, uma paz de ril anos".24
A pattir da segunda metade do século 20, os intérpretes e estudiosos da obra de
Nostradamus entram em uma zona de confiisão maior, levados pelo fervor "milenarista"
(quase apocalíptico) que se quis encontrar em suas predições.25 Buscando apoio às pressu-
posições de um fim com data marcada, recofreu-se aos obscuros e misteriosos textos de
Nostradamus para se apresentar um argumento pretensamente digno de credibilidade.
Em]uazeiro, no Ceará, persiste ainda hoje uma seita denominada Borboletas Azuis,
assim chamada devido à cor da roupa de seus adeptos. Trata-se de uma seita de fanáticos,
devotos do padre Cícero Romão Batista. A seita adota no cotidiano rituais de penitência
e sacrificios como forma de salvar a alma diante da proximidade do Apocalipse. Segundo
eles, no ano 2000 o mundo se consumiria em fogo. A suposta pfofécia foi revelada ao
líder da seita num sonho em que o padre Cícero lhe deu a missão de organizar um grupo
capaz de orar pela salvação da humanidade. De acordo com Leite e Winter, os penitentes
de]uazeiro são adeptos da castidade, não participam das festas rerionais e nem usufruem
o conforto tecnolórico. Em suas casas não há enerãa elétrica, água encanada ou rek5ãgs,
0 DIA DA SUA VINDA
não falam ao telefone, nem andam em automóvel e nem usam dinheiro. Pot fim, não en-
viam as crianças à escola, preferindo que sejam alfabetizadas pelos fiéis mais velhos.26
]ames MCKeever presumiu: "Nós não estamos dizendo que]esus voltará no ano
2000. Nós estamos dizendo que, se esta tendência continuar, é possível que]esus volte
em tomo do ano 2000, mais ou menos dentro. de trinta anos".27 Este era, novamente,
um tema muito antigo na exposição pipfética. Remontado pelo menos até ]oachim de
Floris, e na história americana até ]onathan Edwafds e Timothy Dwight, ambos tendo
vislumbrado o ano 2000 como escatolodcamente momentoso.28
Uma nova expectação pelo segundo advento de Cristo foi relatada em um aftigo na
revista I\rG#j`#GGÁ, de 15 de novembro de 1999. 0 fato foi descrito da seguinte maneira:
Ifmão David veio a jerusalém do Bfooklin 18 anos atrás, esperando dia após dia teste-
munhar a Segunda Vrida. Ele vendeu todas as suas posses na América e encontrou um
lugar para viver no Monte das Oliveiras, em um empoeirado lugar chamado Azzarye
na vizinha Palestina. Os evangelhos chamam a este lugar Betânia e dizem que este foi
o lugar onde ]esus ressuscitou Lázaro dos mortos. Irmão David e um punhado de se-
guidores reúnem-se aqui cada entafdecef para esperar pelo retorno do messias, orando
e fdando em línguas. 0 irmão David declarou ao repórtet da fevista NG#j»GGÁ estar
muito entusiasmado porque sentia que o Senhor estava retornando. A passagem do
milênio é o tempo da Sua vinda.29
0 líder dessa seita aguardava a segunda vinda de ]esus no Monte das Olivei- joí
ras. Ele se autodenominava I£mão David e pedia para assim ser tratado pelos seus
seguidores. A permanência dele e de mais 100 estrangeiros vivendo naquela região
preocupou as autoridades policiais de lsrael. 0 medo era que causassem tumulto
dentro de ]efusalém enquanto aguafdavam o "grande dia". Felizmente, dessa vez,
não ocorreram pfoblemas significativos.3°
Em junho de 2001, uma previsão esotérica provocou transtornos. "Um planeta
vermelho, chamado Hercobólus, está vindo em direção à Terfa. Vri ocorrer um cho-
que fiilminante que destruirá quase toda a vida existente. Apenas um lugar ficará hvre
da destruição: a retião rural de Sete Barras', grande produtora de banana no Vale do
Ribeira. Os poucos sobreviventes serão recolhidos por um disco voadof." 3t
De olho nessa previsão esotérica, e seguindo uma cabeleifeifa com quem fizefam
um curso de gnose, quatro rapazes e um adolescente de Santo André fiigiram de casa
e fofam parar na feãão mais pobfe e menos desenvolvida do Estado de São Paulo.
Aflitos, os pais peregrinaram pelas delegacias e pefcorteram mais de 500 km de estra-
das, "até tudo acabaf bem, com os filhos de volta para casa e a ameaça de Hercobólus
momentaneamente sob contro|e."32
No dia 15 de setembro de 2005, os judeus celebraram a passagem de ano, come-
morando a entrada do ano 5765. Provavelmente, muitos utilizarão essa contagem dos
anos em sua afgumentaçâo do fim do mundo ao término de seis ril anos. Os adeptos
da teoria de que "o sétimo milênio será celebrado no Céu" podem alegar que todas
MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS
as marcações de tempo falharam até hoje porque ainda faltam mais de 200 anos para
chegar o sétimo milênio.
A ffeqüência com que as catástrofes naturais têm ocorrido criou uma série de
anáhses sombrias vindas do mundo científico com respeito à continuidade da vida
humana no planeta Terra. Servem como .exemplos as reportagens especiais de dois
números da revista Lly.óz, que troux,eram nas capas as manchetes: "A Terra no limite''33
e "Aquecimento global: os sinais do Apocahpse".34 Ressalte-se que o intervalo entre a
publicação das duas reportagens foi curto (outubfo de 2005 e junho de 2006). Tam-
bém abordando catástrofes naturais, a reportagem de capa da revista JzPG#.#/p#"7#/G
destaca os dizeres: "0 fim do mundo começou".35 Ambos os periódicos, contendo
essas matérias, foram publicados a partir de outubro de 2005, após uma sucessão de
desastres, como enchentes, epidemias e fiiracões.
Zinaldo Santos, na R£#.J./zz.4J#€#/z.J./z7 de fevereiro de 2006, desenvolvendo o tema
de capa "Catástrofes naturais e fim do mundo", coloca o seguinte:
Aproximadamente cinco anos atrás, pesqüsadores norte-americanos do Fundo
Mundial para a Natureza esboçaram um cenário caótico do planeta Terra em 2100, caso
ele chegue até lá. 0 quadro seria resultante de preocupantes calamidades e alterações
na natu[eza: migfação e extinção de algumas espécies de aves e animais, sepultamento
de cidades e ilhas, provocado pelo aumento do nível das águas do maí; inundações,
OZ nevascas, fi]facões e ciclones ceifando vidas a cada ano.3ó
Os adventistas do sétimo dia crêem que os riscos cada vez maiores de destrui-
Ção do planeta asseguram que em pouco tempo o Senhor da História intervirá para
fazer "novas todas as coisas" (Ap 21:5). Mesmo que não seja possível estabelecer
com precisão o último momento da história do planeta Terra, os sinais no mundo
natural e o desequilíbrio ecológico deixam claro que esse tempo não demorafá.
0 século 20 foi palco das duas Guerras Mundiais, sendo que a primeira
ocorreu entre 1914 e 1918 e a segunda entre 1939 el945. Além desses conflitos
bélicos com milhões de mortos, outfos embates ocasionafam milhares de baixas
em pouco tempo com a utilização de armas tecnologicamente mais precisas e
destrutivas.37 0 século tecém-concluído foi caracterizado pela insegurança e te-
mor, sentimentos crescentes no ser humano nas últimas décadas, em grande parte
devido ao terforismo e à violência. Diante desse quadro de instabilidade social e
emocional desencadeado a paftir das guerras mundiais, os anunciadores do fim
do mundo multiplicaram-se, alguns deles inclusive atrevendo-se a estabelecef com
precisão a data em que o fim ocorreria.
Muitos têm afirmado num tom solene e profético que a humanidade se
autodestruirá em um futuro próximo, e que a extinção do planeta ocorrerá em
decofrência do uso de armas nucleafes. A pfoximidade do ano 2000 coincidindo
com a incapacidade humana de viver em paz atraiu os prognósticos sombrios de
uma mortandade universal.
0 DIA DA SUA VINDA
No entanto, essa destruição não ocórrerá como fesultado de uma decisão suicida
tomada por condutores de nações integrantes do "clube atômico". Enoch de Oliveira
pondera que será uma conseqüência da intervenção sobrenatural de Cristo nos destinos
do mundo. Como Criador do átomo, Deus intervifá de forma inevitável para assumir o
controle da energia nuclear e para "destruir os que destroem a terra" (Ap 11:18).38
Dentre os sinais apresentados pof jesus a respeito do fim do mundo em Mateus
24, encontra-se a pregação do evangelho "por todo o mundo''. Levando-se em conta
a rapidez e alcance do evangelho em lugares anteriormente impenetráveis, - e nesse
aspecto a mídia tem indiscutível e significativa participação -pafa um grupo inevitável
deduzir que em pouco tempo a missão estará cumprida. 0 passo seguinte nesse racio-
cínio é "quanto tempo levará para qu`e o mundo todo seja alcançado pela Palavra de
Deus?" Os "pregoeiros de tempo", alguns movidos pelo zelo missionário, outros com
o intuito de demonstrar mais espiritualidade e consagração, mesmo estando integrados
às igrejas consideradas tradicionais e sérias arriscam suas predições, geralmente dando
um prazo curto. "Poucos anos, no máximo entre cinco a dez anos'', e "o mundo todo
terá sido alertado e o Senhor]esus virá".
0 sinal está correto, ]esus Cristo foi claro ao indicar que o fim do mundo está
associado à pregação do evangelho "a cada nação, tribo Hng`ia e povo" (Ap 14:6). Esse
foi um dos mais significativos sinais deixados pelo Senhor. 0 perigo está na tentativa
de estabelecer-se um prazo para que eàsa missão seja plenamente levada a termo. Ao jo5
se delimitar um prazo, cria-se uma ansiedade, freqüentemente seguida por alarmismo
e fanatismo em tofno dos acontecimentos finais e atitudes impróprias no aguardo do
advento de Cristo e do fim do mundo.
Essa seção apresentou pfognosticadores do fim do mundo no periodo com-
preendido entre o início do século 20 e início do século 21. Comparando-se com os
períodos mais longos abordados nos capítulos anteriores, os capítulos 6 e 7 destaca-se
por uma incidência proporcionalmente maiof de marcadores de datas.
Desde o início do século 20, foram despertados temores e expectativas quanto à
chegada do místico ano 2000. As condições sociais e políticas de países atormentados
por revoluções internas como ocofreu na Rússia, bem como a instabilidade e incerteza
da continuidade da vida humana nos países europeus envolvidos nas duas grandes
guefras, somadas ao anseio da alma humana por uma vida melhor, formam um cenário
predisponente a pregações e doutrinas assegurando soluções imediatas.
Nessecontexto,Érejascristãscomoalgrejacatólica,IgrejaAdventistadosétimoDia,
Igrejas Evangélicas de cunho dispensacionalista, §eitas como as Testemunhas de ]eová 39 e
outras, tiveram dentre os seus adeptos, a|guns que emitimm cálculos proféticos e interpreta-
Ções do fim do mundo, chçgando a fomular uma data específica para o acontecimento.
Nos últimos cem anos, marcar datas para o fim do mundo evidenciou-se como
um procedimento febril. Em algumas circunstâncias, o fanatismo insano que induziu
pessoas ao suicídio, crendo que iriam alcançar um nível superior de existência num
MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS
paraíso dístante, o mais rápido possível. 0 surpreendente é que, dentre os que atentaram
contra a própria vida ao se unirem à seitas suicidas, encontravam-se pessoas com nível
universitário e/ou procediam de igrejas consideradas equilibradas em suas crenças.
A proximidade do ano 2000 e do fim do milênio culminou com o surgimento
de cultos de cunho apocalíptico. Tais seitas organizam-se sempre em torno de
um líder carismático - em geral, uma pessoa que se inspira em antigas profecias
e as interpreta como se fossem aquilo que a Bíblia chama de "sinal dos tempos".
Considerando-se especialmente eleitos, dizem ouvir a voz de Deus é apresentam-
se como os únicos capazes de atender ao chamado divino, estando os demais
destinados à perda eterna. 0 líder geralmente vê maleficios e corrupção por toda
parte e interpreta os desastres naturais como sinais inquestionáveis da ira divina
e indícios da proximidade do juízo final. Em alguns casos, essas seitas revelam
apenas uma série de comportamentos estranhos, mas em outros, cõmo foí visto
nesse capítulo, o que se presencia são verdadeiras tragédias.
Notas
104
t]ames Warren "]im" ]ones, fundador do "Peoples Temple". Os membros da igfeja
de jones o chamavam "papai" e acreditavam que o seu movimento era a solução para os
ptoblemas da sociedade e muitos não separavam Jones do movimento ptopfiamente dito.
Ele era filho de um membro da seita radiéal Ku-Klux-Klan e conside[ava-se a teencarnação
de jesus e Lenin. No verão de 1977, ]ones e a maioria dos membros do Peoples Temple
mudatam-se de San Francisco pafa Guyana depois de ter sido iniciada uma investigação
em sua igreja poi sonegação fiscal. A intençâo deles era criar uma utopia agricultural
na floresta, hvre do racismo e baseada em princípios comunistas. Nessa ocasião, jones
afifmou aos seus seguidores que ele era a encarnação de Cristo e Deus (http://rickross.
com/gfoups/jonestown.thml,14 de junho de 2006).
2Leite e Winter,103; Geofge Vecsey, "Seven Survivors of Cult Retufn", rbG NéÁy
yoíÁ T;.%GJ., 30 de novembro de 1978; "Nightmare in ]onestown'', T;.jwG, 4 de dezembfo
de 1978, 23.
3 Http:/ /www.gbs.sha.bw schule.de/jimjones_history.htm,14 de junho de 2006.
4 Enoch de Oliveira, .4#o 2000.. j4#g#'í/z.4 o# E¢fflz#fzí? Íratuí, SP: Casa Publicadota
Btasileira,1988), 24. Foi o mais espantoso suicídio da história humana. 0 reverendo ]im
]ones, de 47 anos, fundador da exótica seita."O Templo do Povo'', exaltava diante dos fiéis
os "encantos da morte". Dirigia-se a uma congregação que, sob sua liderança carismática,
havia emigrado dos Estados Unidos pata se estabelecer como colônia em uma pequena
comunidade agrícola de nome Jonestown, nos confins da selva tropical da Guiana. Esse
suicídio trouxe à luz a história assombrosa de um "messias" que ao longo de 15 anos trilhou
impunemente os caminhos da insanidade feliriosa. Os desmandos dejones inclu'am relatos
de violência, tortura e extorsões que se mesclavam com as pfáticas teligiosas. E o númeto
de adeptos da seita chegou a 10 mil pessoas qbid., 23-24).
0 DIA DA SUA VINDA
mongóis). A data é clafa: julho de 1999 Qené Barrillac, Í4J Pno/¢cz.ázJ.. JGo Má7Ázg#7.4f, Noj./rjz&##f
€ o,€Â# d #//#Jo [São Paulo: Planeta, 2004], 96-97).
23Barti|lac, 97; Leite e Winter,102.
24Extraído do programa intitulado TÚG #cm #Áo Jáw /0%o#o#, dirigido e narfado por
Orson Welles qeite e Wintef,102). Muitas previsões de Nostfadamus para o século 20 fa-
lhafam - simplesmente não aconteceram, afirmou Michael di Cicco num artigo publicado
no jomal Z#o Horj7. Alguns acadêmicos, diz Di Cicco, afirmam que as profecjas de Nostfa-
damus são tão vagas que, com um pouco de imaginação, podem se adaptar a praticamente
qualquer acontecimento. qomeiro,174-175).
25 Bardllac, 118.
26 ibidem.
27Boyer, 338.
28ibidem.
29 Matt Rees, "The Way the World Ends", I\rG2yj.#GeÁ,15 de novembro de 1999, 62-64.
3°Em lsíael há um risco constante resultante de uma bizarra aflição psicológica denomi-
nada "síndíome de Jerusalém". Cada ano uns poucos turistas e peregrinos, emocionalmente
entusiasmados pela cidade santa, ficam convencidos de que são o Filho de Deus ou um dos seus
profetas. Talvez o caso mais notório tenha ocorrido em 1969, quando um cristão australiano,
imaginando que poderia apressar a segunda vinda de Cristo, provocou os muçulmanos em todo
o mundo quando tentou incendiar a principal mesquita de Jenisalém. Qees 62-63).
3] 0 ErJz3do c/G JGo Pz7#/o, 1 de julho de 2001.
ÍOó 32ibidem.
33 Líg.4Í,12 de outubro de 2005, 84-118. Ao ttatar dos efeitos das tfansfofmações climáticas,
o cientista inglês Martin Rees, professot de cosmologia em Cambridge, escreveu no livro Hom
F/.#á7Á "Acredito que as chances de nossa civilização na Tefra sobfeviver até o fim do século
pfesente não passam de 50°/o"qbid., 86).
34Ibid., 21 de junho de 2006, 68-83. Esta repoftagem inicia com a seguinte declatação,
na página 69: "Já começou a catástrofe causada pelo aquecimento global, que se esperava para
daqui a trinta ou quarenta anos. A ciência não sabe como reverter seus efeitos. A saída pafa
a geração que quase destruiu a espaçonave Terfa é adaptar-se a fiitacões, secas, inundações e
incêndios florestais."
35 J#pe#.#/mjT#/p, outubro de 2005, 44-54. A revista traz na capa a manchete: "0
fim do mundo começou: enchentes, epidemias, furacões -para os cientistas o apocalipse
já começou. Entenda como o planeta entrou em colapso e conheça a conspi[ação para
esconder isso de você." Na página 44, Rafael Kenski, o autor da reportagem, declara: "A
tempefatufa média do planeta subiu O,7°C no último século. Nas últimas décadas, geleiras
tidas como eternas começaram a derreter, enchentes e secas se tornaram mais violentas,
ondas de calor matafam milhares e um furacão fez sua estréia no Brasil. E o pior: foi só
o começo. Nos próximos 100 anos prevê-se que a temperatura aumentará entre 1,4°C e
5,8°C. Se considetafmos que O,7°C causou tudo isso, dá pafa dizer que a palavfa `apocalipse'
não está longe de descrever o que vem por aí. 0 aquecimento global não é uma ameaça
distante: é um perigo palpável, real, e está bem à sua frente." jorge M. Woodwell, ecólogo
dos laboratórios B£ookhaven, Upton, New York, preconiza que "se seguirmos degradando
o nosso mundo, finalmente matafemos todas as espécies dc peixes, aves c animais que
nos agradam, enquanto que sobreviverão as espécies que não apreciamos. Desaparecendo
0 DIA DA SUA VINDA
0
IV CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
/#cz/ 4Ío j`é''47//o 7J ", tfatou respectivamente dos antecedentes judaicos e a sua influência
sobre a expectação do fim do mundo no cristianismo apostóhco. Também enumerou
as principais marcações dufante o periodo dos pais da igreja, avançando pelo período
medieval chegando até o século 15.
]à a. ptiite Tl, sob o tí"Lo "A expe{tatíua entre o Período dci Rsfoma e o final do Sécu/o
/9", abordou as marcações durante o período da Reforma Protestante do século 16,
com ênfase no movimento anabatista. Após o período correspondente à Reforma,
ahstaram-se as datas marcadas nos séculos seguintes pelos puritanos na Europa e, no
século 19, pelo movimento milerita na América do Norte. Outros acontecimentos
foram narrados nesse capítulo por suscitarem tensões quanto ao tempo, como o ter- JJJ
remoto de l.isboa (1° de novembro de 1755), o "Dia Escuro" (19 de maio de 1780),
o aprisionamento do papa Pio VI (15 de fevereiro de 1798), a chuva de meteoros (13
de novembro de 1833) e o temor do fim pof ocasião da passagem do século 19 para o
século 20, além de outros episódios.
Na parte 111, intitulada "Á e)¢G6`/ó7/7.#c7 G#/rG j.o j`G'c#/oJ 20 G 2 /'', mefeceram desta-
Com respeito às c¢rjzc/í#'j./z.mr óbr #4ríjzcbrGJ JG cZ/zzJ., um ponto que se destaca neles
é a capacidade de persuasão. Desde o início da era cristã, lídefes carismáticos despon-
taram. Montano anunciava um reino iminente e via-se como um profeta numinado
por Deus para a execução dos planos divinos. Mesmo tendo as suas idéias rejeitadas
pela igreja, conquistou adeptos, sendo um deles o influente Tertuliano.' Outros ainda,
Çomo os profetas de Zwickau, no século 16, ofgarizados e liderados por Nicholas
Storch. Thomas Müntzer o apoiou e instigou o povo a mataf as autoridades e guerrear
contra os ricos. No Bfasil, no final do século 19, Antônio Conselheiro conduziu uma
batalha com discrepante inferioridade contra as tropas do governo.2 Válendo-se do
magnetismo pessoal, esses líderes carismáticos obtiveram apoió e aceitação, mesmo
quando suas teorias continham elementos insanos. 0 que foi visto nas seitas suicidas
comandadas pof ]im ]ones, David Koresh e o líder do "Heaven's Gate", Marshall
Applewhite, comprovam sua capacidade de mobiüzaf pessoas em favor de sua causa,
que Srava em torno de um paraíso a ser estabelecido brevemente, bastando que acei-
tassem todos os seus comandos e orientações. Esses homens demonstraram crer, com
devoção, no que anunciavam, a ponto de mofrerem pelas suas convicções levando
também outros à morte.
Outra questão a ser considerada na tentativa de se compreender melhor a influên-
cia exercida pelos profetas do apocahpse é a classe de pessoas geralmente mais sujeitas
a esse tipo de mensagem. 0 sociólogo Ronald Enroth, ao estudar o comportamento zj
de grupos influenciados pof relidosos alafmistas, chegou à conclusão de que
qualquer pessoa passando por uma crise de identidade ou envolvida em uma séria busca
espiritual está teoricamente vulnerável a ser alcançada pelas seitas e cultos sedutores. . .
Pessoas que recentemente passaram pof algum tipo de experiência dolorosa ou que se
encontfam cm um estado rafo de angú§tia, estresse, ou incefteza estão bem mais suscetí-
veis. . . Quando alguém se sente excessivamente angustiado, inseguro, magoado, solitário, '
desprezado, confi]so ou culpado, esta pessoa é um alvo fácfl àqueles que oferecem, sob
pfetexto rehgioso, um escape para os problemas ou "paz de espírito".3
Por sua vez, as é/c7/¢r %czrfzzJczJ podem ser divididas em dois grupos significati-
vos: (1) datas com cumprimento iminente, a se cumprirem com o marcador ainda
vivo; e (2) datas com cumpfimento num período posterior à vida da geração em
que foi marcada a data.
Uma das mais importantes concentrações de marcação de datas ocorreu no século
19. Nesse periodo, dentre os que marcaram datas a se cumprirem em seus dias, des-
tacam-se ]oseph Wolff, na Europa, e Guilhefme Miller na América do Norte. Ambos
anunciaram datas em que poderiam estar vivos quando elas chegassem, o que de fato
ocorreu, acarretando-lhes desapontamento, frustração e vergonha em virtude da não
concretização de suas interpretações proféticas.
No pefl'odo abranddo por esse capítulo, a maior concentração de datas mar-
cadas encontra-se em algumas ramificações pós-1844 do Movimento Milerita, como
CONCLUSÕES
para as palavras de Cristo: "Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem
os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai" (Mt 24:36).
0 DIA DA SUA VINDA
Notas
` Após a morte de Montano e das suas "piofetisas" Maximfla e Priscfla, o movimento
petdeu o impul§o alcançado ao longo dos cinqüenta anos da pregação deles (156 a 206).
Mesmo assim, no ano 207, Tertuliano, o tenomado teólogo do norte da Áffica, aderiu às í
idéias montanistas. Nos sécu]os scguintes, o núme[o de adeptos foi decrescendo e, depois de
sofrerem petseguições, finalmente desapafeceram entre 500 e 550 (Boer, 63-65).
Previu o fim do mundo para 1900. "0 tebelado afremetia com a ordem constituída
porque se Hie§ afigurava iminente o feino de deHcias prometido" (Cunha,127).
3KenethSamples#4/,17.
4"Areliããoéosuspirodooprimido,aalmadomundodesalmado,bemcomooespírito
das condições sem espírito. É o ópio do povo. Abolir a reliãão, a fehcidade ilusória do povo, é
reivindicar a sua verdadeira felicidade." Kafl Marx, "Para uma ctítica da fflosofia do direito de
H!cger' e:m Chii:s B.ohr"+", 0 litmo daf ldéias.. Um didonário de teorias, conceitos, cren{aS e Peniadores,
quefirmam nosJa úsão de mundo Rio de ]aneíro: Campus, 2000, 261.
5"AsegundavridadeCristoéabenditaesperançadalgreja,ogmdepontoculminantedo
evangelho. A vrida do Salvador será hteral, pessoal, visível e universaL Quando Ele voltaí; os justos
fflecidos serão ressuscitados e, juritamente com os justos que estivefem vivos, setão glorificado§
e levados pam o Céu, mas os hpios itão morref. 0 cumprimento quase completo da maioria
dos aspectos da profecia, bem como a condição atual do mundo, indica que a vinda de Cristo é
iminente` 0 tempo exato desse acontecimento não foi revelado, e somos, portanto exortados a estaf
prepa±ados cm todo o tempo" (Associação MinisteriaL "Cfenças Fmdamentais, 24: A Segunda
Vinda de Cristo", N;.j/o Cn£#íoí rratuí, SP: Casa Publicadora Brasneira,1990], 431).
V. ANEXOS
0 DIA DA SUA VINDA
ANEXO I
a) Deus não tem revelado a hofa pafa qualquer outro evento além de 22 de
outubro de 1844. Deus, além disso, não pretende que qualquer ser humano
possua tal informação:
(1) Não esgotar sua força mental em tal especulação (1hffi,186).
(2) Deus não deu tal mensagem para os homens (1ME,192).
(3) Ele não teria nenhum motivo pafa declarar tais segredos.
b) As coisas feveladas são para nós e nossos filhos; pofém os segredos, as coisas
(2) Não devemos perder tempo sendo absorvidos em teorias sobre as coisas
não-reveladas (1ME,189).
(3) Nossa única salvaguarda se encontra no fato de vivef num estado de
contínua prontidão (1hffi,186,187,190,191).
c) 0 último efeito está em colocar o povo de Deus acima da simplicidade do
evangelho (1ME,187).
24
Notas
` Roger Coon, pesquisa prepatada em 28 de outubro de 1987, fomecido pelo Centro de
Pesquisas Ellen G. White, Unasp - Campus Engenheiro Coelho. Usado com permissão.
ANEXO 2
Quanto tempo resta ainda ao homem sobre a face da Terra? Quando se dará
a volta de jesus? A tentativa de fespondef a essas pefguntas tem levado pessoas às
experiências mais curiosas de pesquisas, cálculos ou adivinhações. A aproximação
do final do segundo rnilênio2 da era cristã é mais um fator de expectativa que vem
incentivar as elucubrações.
A resposta peremptória de Cristo, quase ao se despédir dos discípulos, "Não vos
compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade"
(Atos 1:7) se foi suficiente para confofmar os apóstolos em suas limitações, não foi
completamente crida por muitos outros cristãos antigos e modernos.
A maioria dos que tentaram marcar datas para a volta de Cristo com base na Bí-
blia o fizeram fundamentados na chamada "teoria dos 6.000 anos" e na cronoloãa do
arcebíspo Ussher. Uns poucos se baseafam nos "jubileus judaicos" ou outras fontes.
A cronologia de Ussher
0 afcebispo irlandês ]ames Ussher elaborou sua cronologia bíblica em
meados do século dezessete, bem antes de poder contar com a arqueologia ou a
história para oferecer-lhe subsídios, e como os dados cronológicos da Bíblia são
insuficientes para a elaboração de um completo sistema de datas (ver matéria do
Pastor Arnaldo Christianini na RG#z.j./tz 4c/#c'#/z.j`/zz de janeiro de 1973), o apoio que
restou a Ussher foi a teoria dos 6.000 anos. Ele escolheu afbitrariamente o ano
4.000 a.C. para ser o ano da cfiação do mundo, que mais tarde foi corrigido para
4.004 a.C.
A cronologia de Ussher passou a ser impressa nas Bíblias inglesas desde
1.679 e ganhou aceitação genefalizada. 0 Pastor Enoch de Oliveira (4m 2.000
-Í4#g#'J/z.c7 o# EJPGrz7#ft7.?, p.14) cita váfios teólogos e pessoas influentes que aju-
daram a popularizar essa cronologia e a estabelecer o ditado popular: "Até dois
J2ó
mil chegará, mas daí não passará", até hoje muito mencionado.
Com base nisso, john Cumming marcou a volta de ]esus pafa 1.864; R. C.
Shimeall marcou para 1.868; o astrônomo ]. 8 Dimgleby fez algumas modificações
na cfonologia de Ussher e mafcou para 1.928.
Também sofreram influencia dessa cronologia as Testemunhas de ]eová, que
marcaram o fim dos 6.000 anos para 1.975.
"A Bíblia não pretende ser um registro completo de toda a História, e as
genealogias bíblicas nem sempre incluem todos os elos da cadeia (CoÂ%#/ú7'#.o Bj'b//.m
Í4c/w#/z.j./á7,1: 196.) Esse fato deve afastar qualquer dogmatismo, principalmente
nas datas anteriores ao êxodo. Dizer isso, entretanto, não significa aceitar o evo-
lucionismo nem necessariamente uma cronologia muito extensa, como ptevine
mais uma vez o Co%6#/#'#.o B/'G/z.fo, na página 206: "Dizer que os seis dias da semana
da criação não proporcionam nenhum indicio para determinar a duração deste
mundo não é negar sua realidade ou permitir interpretá-los como longos períodos
de tempo. A aceitação de uma criação literal não requer que a vincule a um deter-
minado ano. A data da criação é desconhecida porque os dados cronológicos da
Bíblia não são contínuos ou completos. E a criação tampouco pode ser calculada
a partir de ciclos astronômicos''.
0 DIA DA SUA VINDA
As citações de E. G. White
0 leitor do Espírito de Profecia seguramente estará lembrado que E. G. White
usou a expressão "seis mil" pelo menos 24 vezes em seus escritos referindo-se aos
eventos registrados em Gênesis 1 a 3, e pelo menos 16 vezes indicou que quatro mil
anos decorreram entre a criação e o tempo de Cristo.
0 que se tem dito a esse respeito é:
a) Ela seguiu a prática comum de -usar números fedondos para relacionar eventos
grandemente separados uns dos outros;
b) Ela fez uso da cronologia de Ussher mas jamais disse que o mundo terminaria
no final desse período;
c) Ela jamais mencionou que Cristo voltaria no ano 2000 ou qualquer outro ano;
d) "Quanto aos escritos de minha mãe seu uso como autoridade sobre pontos de
História e cronologia, mamãe nunca considerou que nossos irmãos os considerassem
como autoridade no tocante a pormenores de História ou de datas históricas." - Esse
é apenas um pafágrafo da explicação de G. C. White que se encontra no Apêndice 8
de M-czgG„ EJ.'o/4,'Ázj., vol. 3' sobre as refefencias cronolóãcas nos escritos de Ellen
White. Noutro passo, ele diz: "Parece-me que há perigo em dar demasiada ênfase à cro-
nologia. Se fosse essencial para a salvação do homem que ele tivesse clara compreensão
da cronoloda do mundo, o Senhor não teria pe£mitido as divergências e discrepâncias
que encontramos nos escritos dos histofiados bíbhcos, e tenho a impressão de que
nestes últimos dias não deve haver tanta controvérsia acerca de datas,"
Movimento do jubileu
Os adeptos do movimento do jubileu têm insistido em calcular a data da volta
de Cristo somando o que consideram os três ciclos de 40 jubileus (3 x 40 x 49 anos).
Assim chegaram a 1987, e daí para a frente uns estão marcando para 1994 e outros
para 14 de outubro do ano 2000!
As fraquezas desse movimento são por demais evidentes, basta lembfar que a
instituição do jubüeu era uma lei civil, de aplicação restrita aos judeus em Canaã, sem
qualquer significado profético, com ciclos de 50 e não de 49 anos, e não há como de-
terminar uma data inicial para esses ciclos.
É mais um exemplo de especulação estéril e danosa para a preparação espiritual
que deve nos caracterizar nestes tempos de expectativa.
vam ficando com uma falsa excitação, nascida de pregar-se o tempo; vi que a terceira
mensagem angéhca pode subsistir sobre seu próprio fimdamento, e que não precisa
nenhum tempo para fortalecê-la, e que ela irá com forte poder, e fará sua obra e será
abreviada em justiça" (Mmc7gG" Ejifo/úí.d¢j`,1 : 188.)
Nesse mesmo capítulo de MGw¢gew EJ.coÁ4/.&r há testemunhos definidos contra
tentativas de determinar datas para o derramamento do Espírito Santo e volta de Cristo
@. 188); e fim do tempo da graça ®. 191 e 192).
A melhor coisa que podemos fazer atualmente é: "Em lugar de exaurir as ener-
gias de nossa mente em especulações quanto aos tempos e às estações que o Senhor
estabeleceu pof seu próprio poder, e reteve dos homens, devemos render-nos nós
mesmos ao domínio do Espírito Santo, cumprir os deveres atuais, dar o pão da vida,
não adulterado com opiniões humanas, a almas que estão perecendo pela verdade"
UMenfagenfEJcolbidas,1..186).
Poftanto, nem os sinais, nem qualquer cfonologia, sistema de cálculo, ou citações
do Espírito de Profecia, nada nos autoriza a marcar ano, mês ou dia para a volta de
Cristo. Tudo indica que estamos muito próximos desse dia glorioso, que é alto tempo
de apfessarmos nossa preparação para o grande evento. E aceitaf a soberania divina
que escolheu reter de nós essa revelação, seguramente para o nosso bem.
A única deferência especial de Deus, de acordo com o capítulo "0 I.ivramento dos
28 Justos",
"uma vozdeouvida
0 Gr¢#JG Co#/z./o,
no Céu", será declaraf
isso quando "o dia econdições
as seguintes a hora da estiverem
vinda de]esus" através
vigentes: de
]esus
está pfestes a vir, o decreto de morte do povo contra o povo de Deus está em vjgor, o
jukamento no Santuário Celestial foi concluído e o tempo da graça terminou. Apenas
nessa ocasião, nâo por uma descoberta humana, mas por uma revelação especifica de
Deus, momentos antes de Cristo voltar, será antecipado para os salvos "o dia e a hora".
Hoje, entretanto, seja nosso empenho tão somente a pregação e a santificação. Deixemos
o tempo, o "quando" com o Único que conhece o exato momento de agir.
Notas
t Márcio Dias Guarda, R£#?.J`/# Ác7#€#/z.T/z2, novembro de 1991,11-13. Usado com
permissão.
2Quandoesteartigofoiescfito(novembrode1991)noiníciodaúltimadécadado
nrilênio, havia um clima de tensão com a expectativa de que o mundo estava vivendo
os seus últimos anos de existência. Nota do autor.
ANEXO 3
0 CALENDÁRIO Do CÉUÍ
OS nouos "Profetcu" que afldam marcando data |)ara a uolta de Crifto nõo merecem crédíto
Alguma vez, Deus enviou a seu povo uma mensagem que envolvia tempo es-
pecífico, uma data marcada? Deus usa esse método hoje, ou irá usá-lo no fiituro? É
possível, de acofdo com a Bíblia ou com os escritos de Ellen White, descobrir quando
ocofrerão os últimos eventos, tais como o derramamento da chuva serôdia, o fecha-
mento da porta da gfaça, as sete pragas e a própria segunda vinda de Cristo? Quando
surge uma pessoa dizendo ter uma mensagem de Deus para seu povo, é possível saber
se Deus a enviou mesmo ou não? Essas perguntas merecem respostas.
Atualmente, em alguns lugafes, têm surrido pessoas dizendo haver recebido reve-
lações de Deus com relação à marcação de datas, através de visões, sonhos, orientação
do Espírito Santo, estudo das Escrituras e dos escritos de Ellen White. Vamos, pois,
começar por este ponto -verificando como se reconhece um profeta.
Os falsos profetas 2
0 ensino de ]oão
0 apóstolo ]oão, em Apocalipse 10, diz algo importante. Vamos ver o relato,
verso por verso.
0 verso 1 mostra um anjo diferente de outros anjos do Apocahpse. Ele se
apresenta da mesma maneira que Deus e seu Fflho, quando Eles aparecem em outfos
lugares da Escritura.
No verso 2, a idéia é que antes o livrinho estivera fechado, mas agora se encon-
tra aberto. Além disso, a mensagem desse anjo está relacionada ao tempo. Devemos
examinar a Bíblia para descobrir um livro que possuía as seguintes caracteristicas: (a)
é pequeno ®), estivera fechado e (c) está relacionado ao tempo. Creio que o livro de
Daniel, particularmente as profecias seladas relativas ao tempo do fim, é o hvrinho,
agofa aberto na mão do anjo (Daniel 2:4). A posição que ele assume colocando um pé
sobre o mar e outro sobre a terra indica sua autoridade sobre o mundo, bem como o
valor de sua mensagem para toda a humanidade.
"0 poderoso anjo que instruiu a]oão não era nenhuma outra pefsonagem senão
Cristo. Colocando o seu pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra seca, mostra
o papel que está desempenhando nas cenas finais da grande controvérsia com Satanás.
Esta posição denota o seu poder e autoridade supremos sobre toda a terra", comenta
Ellen G. White no volume 7 do Co%G#/zz'#.o Bz'é7/z.m <4J#G#/z.j./z7, página 971.
Os versos 3 e 4 apresentam uma visão simbóhca. 0 profeta ouviu sete trovões fjj
fdarem e entendeu sua mensagem;-estava a ponto de escrevê-la, mas uma voz do Céu
lho proibiu. Não seria proveitoso para o povo de Deus conhecer aquela mensagem.
"A luz especial dada a ]oão, expressa nos sete trovões, foi uma delineação dos
eventos que transpirariam sob as mensagens do primeiro e segundo anjos. Não era o
melhor para o povo saber estas coisas, pois a sua fé devia ser necessariamente provada",
diz Ellen White, na mesma obra.
No verso 8, comer o hvro indica o recebimento da mensagem de Deus, a assi-
milação e o entendimento da mesma. Isso flustra adequadamente o que ocorreu aos
adventistas/mileritas, especialmente entre 1842 e 1844. Retrata sua alegria ao receberem
a mensagem da breve volta de]esus, de fato, uma mensagem doce como o mel. Contu-
do, quando chegou o dia tão esperado, 22 de outubro de 1844, e]esus não regressou,
amargo foi o seu desapontamento. Amargo como o fel.
Voltando aos versos 5 e 6, o anjo que simboliza Cristo jura em nome daquele que é
oCriador,istoé,delemesmo:"]ánãohaverámaisdemora."Emgrego,alínguaemque
o Apocalipse foi originalmente escrito, a palavra que aparece aqui é mo#oj.. E a mesma
palavra que aparece dezenas de vezes no Novo Testamento, traduzida por "tempo".
Exemplos: Apocalipse 2:1; 6:11; 20:3. 0 dicionário de grego afirma que ela significa
"tempo, duração, um periodo de tempo''. A Bíblia de ]erusalém, uma das traduções
mais perfeitas para a nossa língua, reza assim: "]á não haverá mais /€Â#j)o."
0 CALENDÁRIO DO CEÚ
/zzÁtz €*Íz./zzfzz~o #czj.6?.dz c7Gj>r€gzzr o /e#j>o, vi que a terceifa mensagem angélica pode subsistir
sobre seu próprio fimdamento, e que não precisa de nenhum tempo pra fortalecê-la e
que ela irá com forte podef e fará sua obra e será abreviada em justiça."
Em 1844, um homem estava marcando tempo e espalhando largamente seus
argumentos para provar suas teorias. Ellen G. White ficou sabendo disso em uma
reunião campal. Ela mesma conta a resposta que deu:
• "... eu disse ao povo que não necessitava daf atenção à teoria desse homem pois
o acontecimento que ele predizia não havia de ter lugat. Os tempos e estações, Deus
estabelece por seu próprio poder. E por que não nos deu Deus esse conhecimento?
Porque não fariamos dele o devido uso, caso Ele assim fizesse. Desse conhecimento
viria em resultado um estado de coisas entre nosso povo que #/zzkjb#.á7gr¢#c/6%G#/€ á7
obr¢ c# DGzu no preparar um povo pata subsistir naquele grande dia que há de vir. Ná7~o
deuemos úuer em exdta{ão acerca de temi)o."
• "Não há, porém, nenhum mandamento pafa ninguém pesquisar as Escrituras,
a fim de verificar, se possível, quando terminará o tempo de graça. Deus não tem tal
mensagem para quaisquer lábios mortais. Ele não quer que nenhuma língua mortal
declare aquilo que Ele ocultou em seus secretos concílios."
• "Em vez de viver na expectativa de algum tempo especial de excitação, cumpre-
nos aproveitar sabiamente as oportunidades presentes, fazendo o que deve ser feito
para que almas sejam salvas."
"Precavenham-se todos os nossos imãos e irmãs de qualqucr que %ózq#G /e#Po
pim o Se:rhor c:irrrrpiir s,"a paL.La;wta. a reJi)eito de Jua uinda, ou dcerca de quabuer outra Pro-
Â7Gífzz de especial importância, por Ele feita. `Não nos pertence saber os tempos ou as
estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio podef.' Falsos mestfes podem parecer
muito zelosos da obra de Deus, e podem despender meios pafa apresentar ao mundo
e à igreja as suas teorias; mas, como #z.j./#r¢z# o G#o co# c7 y€#jz7Jg, sua mensagem é de
0 CALENDÁRIO DO CEÚ
engano, e levará almas para as veredas falsas. DG#"G-/4GJ/z7z# oPoJ7Íz7~o, não porque sejam
homens maus, mas Po#7#G j`#~o Â#GJ/7t;J dg/zz/j7.Ázc/eJ e procuram colocar sobre a falsidade
o sinete da verdade."
Em 1893, quando se encontrava na Austrália, Ellen G. White escreveu uma carta
a um de nossos irmãos que estava mafcando datas:
• "Não fois o único l)omem que o diabo tem engariado nesfa queftão .... Durcrr[+e os
últimos quarenta anos, um homem após outro tem se levantado alegando que o
Senhor o enviou com a mesma mensagem; mas permiti-me dizer-vos, como a eles
tenho dr+o, cTne es]a menf agem que Proclamais ó um dof engam Satánicos destinado] a criar
conf ;uJõo entre as ig!rejaf ."
A vitória
Faço-lhe agora uma pergunta: baseado na Palavra de Deus, o que você pensa a
fespeito dessas pessoas que têm anunciado datas para o cumprimento dos eventos finais?
Sim, são fàlsos profetas. Certamente foram enviadas, mas não por Deus. Consciente ou
inconscientemente estão trabalhando a favor de Satanás e contra o Senhorjesus e seu
povo. Os falsos profetas se vestem como ovelhas e parecem ovelhas (usam bastante a
Bíblia e os escritos de Ellen G. White e até dizem e fazem algumas coisas boas), mas
não são ovelhas; são lobos devoradofes.
134
E para que não sejamos enganados e devorados por eles que Deus capacitou sua
igfeja a discernir entre o verdadeiro e o falso. Primeiramente, Deus nos deu sua Palavra.
Ouvindo e praticando, estaremos firmados sobre a Rocha. Em segundo lugaf, Ele nos
deu o dom de profecia. Deus previu que os nossos dias seriam os mais perigosos e
díficeis da história humana, e por essa razão nos legou as milhares de páãnas do Es-
pírito de Profecia, de modo que pudéssemos ser mais do que vencedores. Em terceiro
lugar, Deus deu a alguns dos membros de sua igreja a capacidade de discernir o mal e
guiar com segurança o seu povo.
Não sejamos cristãos instáveis, inconstantes; vamos fazer uso desses três recursos
concedidos pelo Céu para que estejamos firmados sobre a Rocha.
Notas
' Emilson Reis, RGri#<4J#€#Áü%, novembro de 1992,10-13. Usado com permissão.
ANEXO 4
Aquela sexta-feira revestia-se de profunda tristeza para nossa farnília. Após qua~
tro dias em estado de coma, minha ifmã finalmente descansara. Ao chegarmos a sua
casa, antes dos serviços ffinebres, encontramos Henrique, seu filhinho de três anos
e meio de idade, brincando inocentemente, como se não entendesse a situação. Não
muito depois, €le se aproximou de mim e perguntou: "Tio Ronald, sabe que a mamãe
morreu?" Sufpreso com a pergunta, indaguei-lhe: "É mesmo?... E onde a mamãe está?"
-"A mamãe está lá na igreja!", foi a resposta. -"E o que vai acontecer agora?", voltei
a perguntar-lhe. Sua resposta foi: "A mamãe vai ficar lá no cenritério da igreja; mas
quando ]esus voltar, ela vai ressuscitar!"
Suas palavras certamente refletiam a explicação que anteriofmente lhe fora dada
a respeito do que estava acontecendo; mas, mesmo assim, elas eram carregadas de uma
profi]nda esperança: "quando ]esus voltaf!"
Em reahdade, essa tem sido a esperança dos cristãos através dos séculos. Ela é um
dos temas predominantes do Novo Testamento, e sua mensagem tem sido cantada pela
lgreja cristã. Muitos têm nela depositado a esperança, e têm orado fervorosamente por ,
sua concretização. Mas qual é o verdadeiro sentido dessa esperança? Sob que aspecto
deve repousar nossa ênfase ao considerarmos esse tema? 0 centro de nossa esperança
está nos fz.#cz?.r que anunciam sua bre.ve concretização, no /í%j>o em que o evento há de
ocorrer ou #cz¢#G/e que em breve há de voltar?
terror" (verso 26) e os que exultarão (verso 28) em face dos últimos acontecimentos.
Isso torna evidente que os sinais em si não são o objeto de nossa esperança, poís somos
adveftidos a olha£ pafa cima e aguardar do alto a concretização de nossa redenção.
Como a expectativa na parábola da figueira (Mt 24:32) não está nos ramos que
se renovam, nem nas folhas que brotam, mas no verão que se aproxima, assim tam-
bém a esperança do cristão não se fimdamenta no cumprimento dos sinais mencio-
nados por Cristo, mas na realidade que eles apontam: a breve volta de Cristo. Por-
tanto, se por um lado encararmos o cumprimento dos sinais que Cristo deixou como
meros acontecimentos naturais, eles deixarão de ser JÍ.#4Í.J para nós. Se, por outro
lado, fixafmos neles nossa esperança, eles assumirâo para nós um carátef /.d9Áj'/#.®,
em substituição a Cristo que é "a esperança da glória" (Cl 1:27).
perdjdos. Não veio despertar e satisfazer curiosidade; pois sabia que isto não faria
senão aumentar o desejo por coisas curiosas e maravilhosas."3 Não devemos viver em
excitação acerca de tempo. Não nos devemos absorver com especulações relativamente
aos tempos e às estações que Deus não revelou. ]esus disse a seus discípulos `viãai',
mas não para um tempo definido... Não sereis capazes de dizer que Ele virá dentro
de um, dois, ou cinco anos, nem deveis retardar sua vinda, declarando que não será
Por dez, ou vinte anos."4
"Quanto mais freqüentemente se marcar um tempo definido para o segundo
advento, e mais amplamente for ele ensinado, tanto mais se satisfazem os propósitos
de Satanás. Depois que se passa o tempo, ele provoca o ridículo e o desdém aos seus
defensores, lançando assim o opróbrio sobre o grande movimento adventista... Os que
persistem neste efro, fixarão finalmente uma data para a vinda de Cristo num fiituro
demasiado lonstnquo. Serão levados, assim, a descansar em falsa segurança, e muitos
se desenganarão tarde demais.''5
"Tenho sido repetidamente advertida com referência a marcar tempo. Nunca mais
haverá para o povo de Deus uma mensagem baseada em tempo."6 "0 tempo não tem
sido um teste desde 1844, e nunca mais o será."7 Em vez de viver na expectativa de
algum tempo especial de excitação, cumpre-nos aproveitar sabiamente as oportunidade
presentes, fazendo o que deve ser feito para que almas sejam salvas. Em lugar de exaurir
as enerãas de nossa mente em especulações quanto aos tempos e às estações que o
Senhof estabeleceu por seu próprio poder, e reteve dos homens, devemos render-nos
nós mesmos ao domínio do Espírito Santo, cumprir os deveres atuais, dar o pão da vida,
não adulterado com opiniões humanas, a almas que estão perecendo pela verdade."8
"0 Senhor me tem mostrado que a mensagem do terceiro anjo deve ir, e ser proda-
mada aos dispersos filhos do Senhof, mas não deve estar na dependência do tempo. Vi que
a|gunsestavamconsçguindoumfálsoexcitamento,despertadoporpfegaremtempo;masa
mensagem do terceiro anjo é mais fofte do que o tempo possa ser. Vi que esta mensagem
pode sustentar o seu próprio fiindamento e não necessita de tempo para fortalecê-la; e
que ela irá em grande poder e fará a sua obra, e sefá abreviada em justiça."9
21:5), quando aqueles que depositaram sua esperança em Cristo hão de resplan-
decer "como as estrelas sempre e eternamente" (Dn 12:3).
Écomessaesperançaemmentequeoapóstolo]oãoesffeveu:"Amados,agorasomos
filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele
se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-lo como Ele é" (1 ]o 3:2).
E o resultado natural dessa ênfase em Cristo será a purificação do próprio coração (1 jo 3:3)
e a dedicação da vida à prodamação do evangemo ao mundo Qft 24: 14).
Aos primeiros discípulos]esus desviou a atenção e a preocupação por "conhecer
tempos ou épocas", para a necessidade de receber a unção do Espírito Santo a fim de
testemunharem com poder no cumprimento da missão (At 1:7 e 8). Por semelhante
modo, o mundo será convencido, não por constatar a precisão matemática em que
formulamos os cálculos em relação com os acontecimentos finais da história do mundo,
mas por sentir que realmente estivemos com ]esus (At 4:13) e que "o amor de Cristo
nos constrange" (1 Co 5:14).
Considerações adicionais
Eril Brunner afirma: "0 que o oxigênio é para ps pulmões, a esperança é para
o sentido da vida humana. Remova-se o oxigênio, e a morte há de ocorfef pof asfixia;
remova-se a esperança, e a humanidade será constringida por falta de fôlego. 0 deses-
138
pero sobrevém, paralisando os poderes intelectuais e espirituais por um sentimento
de uma existência destituída de sentido e pfopósito. Como o destino do organismo
humano depende do suprimento de oxigênio, assim o desdno da humanidade depende
de seu suprimento de esperança.""
0 verdadeiro cristão sabe que essa esperança transcende o tempo e o espaço, e
centraliza-se na segunda vinda de Cristo (1 Co 15:19). E Edward Gibbon identifica
a fié no iminente retorno de Cristo como um dos cinco fatores mais importantes do
progresso do cristianismo", afirmando que, enquanto essa esperança foi mantida,
produziu "os mais salutares efeitos sobre a fé e a prática dos cristãos"."
Certa ocasião, ouvi o pastor Ernest Steed, da Associação Geral, contar um epi-
sódio significativo que ele ptesenciou ao visitaf uma das flhas do Sul do Pacífico. Ao
anoitecer, ele acompanhou os nativos ao alojamento em que pernoitavam. Era uma
construção rudimentar, na qual o primeiro qndar, que ficava junto ao solo, servia de
abrigo aos animais domésticos; o andar seguinte era destinado aos homens da tribo;
e um terceifo andar era feservado às mulheres. De madrugada, quando ainda escuro,
todos os nativos da tribo deixaram o alojamento e foram até a praia na direção em
que nascia o sol, retornando depois de algum tempo. Curioso ante o incidente, o
pastor Steed indagou-lhes a respeito do que foram fazer. Os nativos responderam
que, quando o missionário adventista lhes havia pregado o evangelho, ele afirmara
que jesus haveria de vir do Oriente Q4t 24:27). Assim, cada manhã, eles iam pata
ver se Jesus já estava voltando!
0 DIA DA SUA VINDA
Tàl costume pode parecer o fesultado de uma fé ingênua, aos olhos de uma mente
racionalista. Mas é uma demonstração prática de fié na iminente volta de Cristo, por
um grupo de nativos que aceitou o evangelho.
Na verdade, não somos instados a estabelecer datas para a volta de Cristo, mas
a crermos na iminência desse evento. Essa iminência cumprir-se-á para cada um de
nós individualmente quando ]esus voltar em glória e majestade nas nuvens do céu, ou
quando formos chamados ao descanso. 0 certo é que a cada um de nós individualmente
Cristo declara: "Certamente venho sem demora." Que nossa resposta seja como a do
apóstolo ]oão: "Amém. Vem, Senhor ]esus" (Ap 22:20).
Nota§
' Alberto R. Timm, R£z¢.j./z7,4J#G#/z.j-/z7, setembro de 1987, 9-11. Usado com pefmissão.
2 Detalhes adicionais sobte o propósito e o significado que os 6.000 anos possuem em
telação à história deste mundo nos escritos de Ellen G. White podem ser encontrados em Warren
H.Joh3ni,u`;:uánà¥:e"=":G?JlbEhJC#F":#|n:18o7:y„,M`.-,amdelg84'2o-23.
4ibid.,189.
5 E||en G. White, 0 Crzí#dç Co#/Í./o, 459.
óidem.,MmzzgmEfco/4z.d",1:188.
7 ide", Primeí;os EScritos.75.
d.),]:3i!:bíd"2.
JNEXO 5
OS EMISSÁRIOS D0 REiNoÍ
Elas podem ser vistas indo de porta em porta ou interceptando pessoas nos
movimentados centros urbanos, para oferecer as edições mais recentes de DGpe#z%../
e j4 Je#/z.#G/cz. Independente de idade, sexo e sítuação sócio-econômica e cultural,
todas são motivadas pelo dever comum de comunicar aquilo que supõem ser as
novas do "Reino de ]eová" reveladas a elas através da Sociedade Torre de Vida
Bíbüas e Tratados, sediada no Brooklin, em Nova lorque, EUA. Elas são chamadas
Testemunhas de ]eová, que hoje soma aproximadamente quatro milhões no mundo
e umas trezentas mil no Bfasil.
Segundo alguns estudiosos, as Testemunhas formam uns dos movimentos re-
liãosos de crescimento proporcional mais rápido em todo mundo. Elas dobraram o
número de adeptos nos últimos dez anos.
A que se deve tamanho ímpeto missionário? Talvez a este simples fato: as Tes-
temunhas considefam-se o povo exclusivo de Deus, comissionadas por Ele para o
cumprimento de uma obra especial no mundo, antes que a impendente batalha do
Armagedom sej.a travada. Esse pensamento infi]nde-lhes um notável senso de missão. ,4í
Estimuladas pof um forte sentimento de que receberam de ]eová uma mensagem
que precisam comunicar ao mundo para não porem em risco a própria salvação, são
compelidas a um intenso programa de ação, cafacterizado por um persistente contato
com o público. Milhões de pessoas são visitadas cada ano e mflhares doutrinadas nos
postulados da Sociedade.
História
Embora as Testemunhas reportem o início de seu trabalho aos tempos de Abel,
o filho de Adão e Eva, a fimdação do movimento deve, na realidade, ser tributada a
Charles T. Russell (1852-1916), filho de um comerciante de Pittsburgo, Pensilvânja.
Presbiteriano de início e congfegacionalista a seguir, Russell acabou imerdndo no
agnosticísmo ainda em sua adolescência. Aos 18 anos, porém, assistiu a algumas
exposições bíblicas feitas porjonas Wendell, pregador adventista não do sétimo dia,
as quais, citando as palavras do pfóprio Russell, foram suficientes "sob a direção de
Deus, para restabelecer minha fé vacilante na inspiração da Bíblia e para mostrar que
os registros dos apóstolos e dos profetas se acham indis§oluvelmente ligados" (8#4-
líficadofpafaserMiniftrof,2:]GJ).
Em lugar de se urir a Wendeu, Russell organizou sua própria classe de estudo da
Bíbha. Uma congregação foi formada ao longo de cinco anos, durante os quais certas
posições doutrinárias foram adotadas, entre elas a volta z.##z.J¢'#G/ de Jesus e a oportuni-
OS EMISSÁRIOS DO REINO
dade de salvação c7Po'Í a ressurreição (teoria conhecida como j¥g##dz c4cz#f?). Em 1876,
o grupo de Russell se uniu ao grupo de um tal N. H. Barbour, de Rochester, NY, por
sustentarem opinião semelhante quanto à maneira da volta de ]esus. Um livro intitu-
lado TZJG Tbr% 1%n/d (Os Três Mundos) foi publicado por Barbour e Russen, onde
afirmavam que ]esus voltara invisivelmente em 1874 e que no transcurso dos quafenta
anos seguintes, ou seja, até 1914, ocorreria a "grande tribulação", os judeus seriam
restaurados, o poder dos gentios seria quebrantado, os reinos do mundo passariam a
pertencer a Deus, e a era do julgamento seria introduzida.
Barbour, todavia, discordava da teoria da segunda chance, e a coligação durou
apenas dois anos. Em 1879, Russell lançou o primeiro número de j4 To#p JG I/l/Éz.tz c#
J¢.éz~Ío eÁrj7#/o d¢ P#j¥#/`¢ JG C#.j./o, hoje j4 JG#/7.#6Áz, cuja disseminação contribuiu para o
surdmento de novas congregações. Em 1881, criou Sociedade de Tratados da Torre de
Vigia de Sião, legaüzada em 1884 e mudada para Sociedade Torre de Viàa de Bil)has e
Tratados, em 1896. A partir dessa época, Russeu publicou muitos artigos e discursos,
e uma série de seis volumes conhecida como J/#c7z.# /'# /ÁG J#z¢/#"f (Estudos nas Es-
crituras), pfecursores das atuais publicações das testemunhas.
Deixando de lado a questão da validade das posições bilJücas assumidas por Rus-
sell, e o não cumprimento de suas profecias (algumas oriundas de cálculos baseados
na extensão dos corfedores da Grande Pirârride do Eãto), é dificil não considerar o
j42 primeiro presidente da sociedade da Torre de vigia uma figura, no mínimo, controver-
tida. Se, por um lado, ele foi um ardoroso defensor e disseminador das conclusões a
que chegou, por outfo não viveu uma vida inteiramente compatível com a mensagem
bíblica. 0 processo de divórcio em que esteve envolvido, o "conto" do trigo milagroso,
a farsa do seu conhecimento da língua grega, e outros incidentes que lhe valeram a|g`ms
processos na Justiça, não deixam dúvida a respeito.
Formado em Direito, foi fácil para joseph F. Rutherford (1869-1942), sucessor de
Russen, reformular os estatutos da Sociedade, agora em Nova lorque, e obter-lhe quali-
dade legal definitiva. Foi inegavelmente um homem de grande visão administrativa. Criou
o */og¢# "Anunciai o Rei e o Reino", incrementando o trabalho de campo e dando novo
impulso ao movimento. Foi ele que iniciou o programa de visitação de casa em casa, até
hoje seguido pelas Testemunhas, e a prática de congressos redonais e periódicos, com a
concentração de grande número de adeptos em estádios e outros locais adequados.
Revelou-se um prolífero escritor, escrevendo em média um livro por ano. Acte-
dita-se que acima de trezentos milhões de cópias de suas obras foram distribuídas
durante sua gestão. Alterou diversos pontos doutrinários estabelecidos por Russeu, o
que trouxe revolta e divisão, resultando na formação de movimentos paralelos, dois
doscTurisajmdapetrna,nece:m..DawnBibleStudentsAsfodationeIAyman'SHomeMi]sionay
Mo#6#G#/. Os emissários da Sociedade, que até 1931 eram conhecidos como russelitas,
Estudantes lnternacionais da Biblia, e Autoristas do Milênio, passaram a se chamar
pelo seu nome atual: testemunhas de ]eová.
0 DIA DA SUA VINDA
A obra no Brasil
Segundo pesquisa realizada pelo universitário Amarildo Gusmão, a mensagem da
Torre de Viãa penetrou no Brasfl em 1920, através de alguns marinheiros brasileiros
que haviam sido abordados por Testemunhas em Nova lorque. 0 primeiro missionário
chegou no Brasil em 1922.
A revista To#e JG LízÉz.á7 foi pubücada em nossa idioma pela primeira vez em 1923,
tendo o nome sido alterado para Á j4/#/¢/.c7, em 1940. Era época da guerra e o primeiro
nome não comunicava bem. Todavia, o segundo também não pôde permanecer devi-
do a uma outra pubücação homônima. Em 1943, recebeu definitivamente o nome de
4 JG#/z.#G/c7. Outra revista, Co#JOÁ7ftz~o, começou a circular na década de 40. Mais tarde
passou a ser chamada DG¢G#zz¢../
Vez por outra têm as Testemunhas enfrentado sérios problemas com as au-
toridades cívís e reüãosas em vírtude do seu comportamento agressívo. No tempo
de Getúlio Vargas as publicações foram inte£rompidas e os ttabalhos da Sociedade
proibidos oficialmente.
0 Brasfl ocupa o terceiro lugaf em número de adeptos, perdendo apenas para os
Estados Unidos e o México. Mas a julgar pelas cifras de 1989, podefá em breve ocupar a
segunda posição. Foram aqú batizadas 23.937 pessoas, mais do que em qualquer outfo
lugar do mundo, exceto os Estados Unidos, com 48.358 novas adesões.
OS EMISSÁRIOS DO REINO
Organização e atividades
As testemunhas de ]eová não constroem templos, mas se reúnem nos conhecidos
"Salões do Reino" formando as congfegações locais, cujos líderes são chamados "servos
de congregação". Cada congregação possui uma área geográfica onde deve atuar. Várias
áreas formam um circuito, que recebe a assistência de um líder, o "servo de circuito". Vários
circuitosformamumdistrito,supervisionadoporum"servodédistrito".Frialmentevários
disritosdeterminamaobranumpaís,conhecidacomorzz#o,egeralmentehderadaporuma
filial ou sede local. As diferentes filiais no mundo respondem diariamente à sede mundial
nos Estados Unidos. Isto inclui o envio de relatórios das atividades de cada congregaçãQ
Não são feitas coletas nas reuniões. Todas as despesas são cobertas por contri-
buições voluntárias dos membros, mais o lucro advindo da literatura vendida. Existem
nos lugares de reunião caixas ou urnas apropriadas para a entrega dos donativos.
Cada pessoa batizada é considerada um ministro ordenado de ]eová Deus, pafa
participar da obfa de expansão do Reino. Se alguém pode devotar pelo menos cem horas
de atividade por mês é considerado ump/.o%/.#o. Os que atingem 145 horas são chamados
P?.o#G/.mJ GPGcz-czz.í. A principal atividade é testemunhar de casa em casa, o que naturalmente
envolve a venda de literatura; os que fazem isso são chamadosp#á/7.Í¢éb#f. As reuriiões nos
salões do Reino visam ao estudo das doutrinas mediante a análise dos temas preparados
pela Sociedade em Nova lorque. Reuriões de treriamento são fütas freqüentemente, onde
J44 são discutidas técnicas de oratória, de aproximação com o púbüco, de doutrinamento, e
de procedimento e argumentação em debates com não-Testemunhas.
Duascerimôniassãorealizadas:obatismoporimersãonaságuaseaceiadacomemoía-
Ção(ceiadosenhor).Obatismoéadministradosomenteapessoasqueforamsufidentemente
ristruídas para entender o que uma Testemunha crê, como deve viver e ast Naüiralmente é
espetado que cada neófito amadueça espiritualmente mediante o continuo estudo e aprendi-
zagem.Aceiaéoferecidaapenasumavezaoano,nadatadamortede]esus.Éesperadoque
apenasumapequenaminoriaparticipe,exatamenteaquelesquesritamfazerpartedos144ril
de Apocalipse 7:14. Em 1989, apenas 8734 pessoas em todo o mundo tomaram a ceia.
Pessoas desljgadas do congregação são tratadas com o máximo rigor. `Ninguém da
congregação deve cumprimentar tais pessoas quando se encoma com elas em púbüco,
nem deve acolhê-las nos seus lafes. Até mesmo parentes consangüíneos, que não moram
no mesmo lar, dando mais valor às relações espirituais, evitam contato com tais ao máximo
possível.Eosquesãomembrosdamesmafimfladodesassodadocessamdeterassocíação
espiritual com o transgressof" (Ijí:¢4% Pz7% o MG# PG' G' 4 T#Á7 PzzÁ7gm, 180).
0 que crêem
As Testemunhas de ]eová se destacam por suas crenças peculiares, as quais, em
diferentes áreas do ensino bíblico, se resumem no seguinte:
r%/ogz.é7 -São unitarianos e esposam um monoteísmo absoluto. Rejeitam a San-
tíssima Trindade não aceitando a plena divindade de ]esus nem a personalidade do
0 DIA DA SUA VINDA
Espírito Santo, para eLas a símp]es enerãa djvína. Demonstram profimdo ínteresse
pelo nome ]eová, e atribuem-no exclusivamente ao Pai. Este criou o universo usando
o Filho como instrumento.
C#.J/o/ogz.¢-Antesdenascer,CristovivianoCéu.Foiaprimeiracriaçãóde]eováe
seu nome era Miguel. Devido à sua posição era considerado "um deus", mas não igual
a jeová. Veio ao mundo nascendo de uma virgem, sem contudo ocoffer a encamação
do Filho de Deus. Cristo foi nada mais que um homem perfeito. Morreu numa estaca
e não numa cruz, e Sua ressurreição não foi corporal, mas espiritual e invisível, apa-
recendo aos discípulos em corpos materializados para este fim. Reintegtado à esfera
celestial, voltou a ser o anjo Miguel.
Jcz/#zzfzz~o -A morte de Cristo não é considerada o sacrificio e2piatório que salva
o pecador, mas o pagamento do fesgate que outorga ao homem uma segunda chance
de ser leal a ]eová e labutar pela vida eterna. A aceitação do resgate é apenas um item
entre outros a serem cumpridos por alguém que espera ser salvo. Conseqüentemente,
o beneficio do resgate não é para todos, mas apenas para os que são "dignos entre os
filhos de Adão" (Do Pzzrjí/'jio PGfiJz.Jo ázo Pz¢rjz/'Jo Rp¢%¢, 143). Maior ênfase é dada à
sobrevivência na batalha do Armagedom do que à salvação do pecado.
0 r# Á#Âzíá7#o - 0 homem não possui uma alma imortal que vai, imediatamente
após a morte, para o Céu, para o purgatório, ou pafa o infemo. A condição de uma
pessoa na morte é de absoluta inconsciência. Com respeito ao destino eterno, a huma- J
nidade está dvidida em três grande grupos: oJ/.#J/oJ, aqueles que reconhecem o governo
de ]eová e fazem sua vontade acatando as orientações da Sociedade Torre de Vida e
preparando-se para sua recompensa no Céu ou na Tetra; " z'%í.of, os que se rebelam
contra o governo de ]eová, e que, conseqüentemente, ao morrerem são ariquilados,
isto é, não têm perspectiva de ressurreição; e af z.#/.#J/or, que nesta vida não obtêm um
cofreto conhecimento da vontade de Jeová, e que, poftanto, ressuscitafão no transcurso
do milênio para terem a segunda oportunidade.
PozJo c7G DG#r -A lgfeja é constituída por apenas 144 mil membfos feunidos
a partir do dia de Pentecoste do ano 33 d.C. Naturalmente os líderes da Sociedadé
participam desse grupo, conhecido também como "classe untida", ou "pequeno
rebanho". Deus tem ainda "outras ovelhas", em quantidade inumefável que formam
a "grande multidão". Expressões bíblicas como "justificação pela fé", "novo nas-
cimento", "estar em Cristo", "batismo com o Espírito Santo", etc. definem experi-
ências desfrutadas apenas pelos 144 mil. Estes têm sua recompensa com Cristo no
Céu. Para tanto, necessitam sacrificar sua vida terrena, como Cristo fez. Ressuscitam
espiritualmente, então, e sobem pafa o Céu. A ressurreição espiritual dos 144 mil
começou em 1918 e prossegue a cada instante em que um eleito morre. 0 grupo
será completado algum tempo depois do Armagedom, o que significa que a|gumas
Testemunhas terão de morrer durante o milênio. Os participantes da "grande mul-
tidão" viverão eternamente na Terra.
OS EMISSÁRIOS DO REINO
4ó
Conclusão
Não nos cumpre aqui avaüar, do ponto de vista bibhco, suas posições doutrinárias.
Muita coisa tem sido djta e escrita a esse respeito, e continuará a sê-lo. Todavia, uma
considefação adicional e final deve sef feita. As testemunhas de]eová se julgam o povo
da Bíblia. Um simpatizante do movimento afifmou: "Pfovavelmente a característica
mais notável das testemunhas de ]eová é seu apelo à autoridade das Escrituras para
tudo o que pensam e fazem" (Marley Cole, T#.ÃL%j)Áé7#/ KZ.#gt7o#, 37). Por sua vez, a
Sociedade Torre de Vigia não hesita em afirmar seu monopóho da verdade. Somente
as testemunhas possuem a verdadeira fé cristã e cumprem a vontade de Deus. Qual-
quef outra religião é falsa.
Deve-se lembrar, porém, que essa tem sído a pretensão do movimento desde a
sua origem. Russell declarou em seus J/z/J/.# z.# /ÁG Jmp/zm que seria melhor ler seus
estudos sem ler a Bíblia do que ler a Bíbüa e ignorar seus estudos. Disse também: "Pes-
soas não podem ver o plano divino ao estudar a Bíblia por ela mesma''. A idéia era que
a Bíblia deveria ser estudada à luz do que Russell ensinava; caso contrário, o estudante
seria antes desencaminhado que conduzido à verdade (1%/zú ro#Gr,15/09/1910, 298).
Pretensão idêntica foi reivindicada em relação aos ensinos de Rutherfórd e aos escritos
posteriores da Sociedade.
Ho).e não é diferente. As testemunhas contriuam considerando a Sociedade Torre
de Vigia o único instrumento ou canal usado por]eová pfa instruir seu povo na Terra.
Para se confifmar esse fato, basta notar que seus "estudos bíblicos" são na realidade
0 DIA DA SUA VINDA
estudos de suas pubhcações. É dificfl escapar à impressão de que não é a Bibüa que
normatiza os ensinos da Sociedade e sim os ensinos da Sociedade que normatizam a
compreensão da Bíblia.
Mais sutpreendente ainda são as alterações que esses ensinos têm sofrido ao longo
dos anos. William]. Schneu, uma ex-Testemunha, informa que em apenas onze anos, de
1917 a 1928, a Sociedade mudou suas doutrinas 148 vezes, e que mudanças têm ocorrido
"muitas vezes de lá pra cá" (J#/o /4G IJÉÁ/ o/ Cb#.r/z.áz#.g/ [ Na Luz do Cristianismo],13).
Isto é muito sério para uma entidade que alega ter o monopólio da verdade.
As Testemunhas se defendem dizendo que o conhecimento da verdade é pro-
gressivo. Mas a ampliação do conhecimento da verdade jamais é feita em detrimento
da vefdade já revelada. Se ontem as testemunhas, através da instrução de]eová, faziam
ceftas afirmações que hoje, igualmente pela instrução de ]eová, feputam como erro,
não somos deixados senão com duas alternativas possíveis: ou ]eová não está seguro
daquilo que fevela, o que é uma impropriedade, ou a instrução não provém dele.
Ademais, determinadas posições doutrinárias foram descartadas e substituídas
por outras, tão-somente para serem readmitidas tempos depois. Quem então pode
garantir que as "verdades" anunciadas hoje pelos emissários da Sociedade continuafão
`Verdades" amanhã?
Notas
`josé Carlos Ramos, R£#.j./z7.4¢G#/z.j./z, janeiro de 1993, 28-31. Usado com permissão.
VI. BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
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