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ALCEU L.

NUNES

0 DIA DA SUA

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MOVIMENTOS APOCALÍPTICOS
E A EXPECTATIVA DA VOLTA DE CRISTO
A segunda vinda de Cristo é a "bendita esperança" de muitos cristãos
ao redor do mundo..A expectaüva da erfadicação do pecado e do surgi-
mento de novos céus e nova terra esteve presente entre os seguidores
de Cristo duante os últimos 2 mil anos. Ao longo de todo esse periodo,
alguns têm aguardadó o evento com anseio e àlegria, enquanto outros
vêem nele motivo para alafme e desespefo.

Motivadas quef por medo ou por amor, sempre houve pessoas que
se sentiram autorizadas a anunciar uma data específica para a volta de
jesus ou para o fim do mundo. Ao apresentar idéias mal fundamenta-
das e intefpretações tendenciosas das Escrituras, os mafcadores de
data têm excitado e alarmado crentes de diferentes épocas e lugares,
transtornando a história de vários movimentos felistosos. Contudo,
uma vez que via de regra não se concretizam, tais previsões sempre
acabam em frustração, vefgonha e ceticismo.

A UNASPRESS tem o prazer de pubficar o livro 0 D/.4 dú7 J#4 L/;.#4Í4,


resultado de uma extensa pesquisa de Alceu L. Nunes sobre os mais
significatiyos movimentos de mafcação de data pafa a volta dé ]esus
e o fim do mundo. Esta leitura destaca as implicações e as lições histó-
ricas que esses movimentos deixaram, e não deixa de fortalecef uma
expectativa consciente do retorno de Cristo.

Centro Universitário Adventista


de São Paulo
Campus Engenheiro Coelho
S

ALCEU L. NUNES

0 DIA DA SUA

WTtuTBjA\

MOVIMENTOS APOCALÍPTICOS
E A EXPECTATIVA DA VOITA DE CRISTO
suMBIO

Introdução

1. Aexpectativa entre o início da era cristã e o final do século l5 .................... 1

Capítulo 1
Antecedentes judaicos

Capítulo 2
Cristianismo apostóhco

Capítulo 3
Cristianismo patristico

Capítulo 4
Cristianismo medieval

11. A expectativa entre o período da Reforma e o final do século l9 .............. 39

Capítulo 5
A Reforma, os anabatistas e os séculos 17 e 18

Capítulo 6
Presságios do fim

111. Aexpectativa entre os séculos 20 e 21

Capítulo 7
Novas idéias para o fim

Capítulo 8
Movimentos contemporâneos

IV. Conclusões

Conclusões
INTRODUçÃO

0 segundo advento de Cristo tem sido aguardado com solene expectativa por
cristâos ao redor do mundo. A promessa da breve volta do Senhor é consíderada a
"bendita esperança" ÍTt 2:13) do cristianismo, expressa em seus credos e cantada em seus

hinos. Essa crença findamenta-se em profecias bíblicas, tanto do Antigo Testamento


(Sl 50:3; Is 25:8-9 etc.) quanto do Novo Oo 14:1-3; 2Pe 2:8-10 etc.), sendo esperada
por alguns e temida por outros.
Mas dversas especulaçôes em torno da segunda vrida de Cristo e do fim do mundo
têm surgido no decorrer da era cristã, gerando significativas angústias apocaHpticas.] Ao
se buscar um referencial histórico para determinar quando elas iniciaram, percebe-se
que a idéia do fim do mundo remonta aos primórdios da humanidade, associada "ao
medo de que o sol não mais ressurgisse na primavera, ou sequer no alvorecer".2
Assim, a preocupação quanto a essa idéia antecede a era cristã. Os maias eram
uma civihzaçào que atingiu um grande desenvolvimento e que tinha entre suas crenças
e convicções um cálculo complexo elaborado para o fim do mundo. Eles mulüplicavam
o GczÁ/z# por 13, chegando ao Gr¢#c/€ Cz.6`/o3, equivalente a 5.130 anos. Assim, o início
da época do Cálculo Longo é considerado como tendo ocorrido em 6 de setembro de
3114 a.C., e ela terminará em 23 de dézembro de 2021. Também acreditavam que o
universo era destruído e recriado novamente em cada ciclo, e que, segundo interpre-
taçôes, no final deste último, o quinto, haveria umá mudança radcal que marcaria o
fim da história.J
Pelo menos 2.000 anos antes de Cristo já exjstia o mito das intermináveis lutas entre
os deuses e as fórças destrutivas no espaço sideral, o que inviabiüzava a esperança de que
o mundo viesse a ser perfeito e imutável no fiituro. Na Pérsia, entre 660 e 583 a.C.,S sugiu
um profeta de nome Zaratustra (também conhecido pelos gregos como Zoroastro), cujos
ensriamentos romperam com a visâo imobirista do mundo - o eterno conflito entre a
ordem e a desordem, entre o cosmo e o caos,t` considerando toda a existência como uma
gradativa atualização do divino. Zaratustra previu uma derradeira conclusão do plano
terreno, quando todas as coisas alcançariam uma perfeiçào eterna.7
Muitos dos primeiros cristâos anteviam o segundo advento de Cristo como um
apocalipse iminente, e consideravam que esse seria um acontecimento intrinsecamente
associado à destruição de Roma.8 "A queda e a destruição do mundo logo sobrevirão",
predisse confiantemente Lactantius Firminianus (c. 240-320) em suas J#J/z./z//z.o## Dz.4¢.#¢G,
logo no início do século 4. "Mas parece que nada dessa natureza se há de temer enquanto
a cidade de Roma se mantiver intacta.''t' Quando a invulnerabihdade da cidade começou
a se afigurar menos certa, a perspectiva da destruição universal começou a ganhar um
reahsmo aterrador. Depois que os godos aniquilaram o exército imperial em Adrianópolis,
no ano de 378, Santo Ambrósio, de Milão, que obviamente identificava os godos com o
Gogue citado por Ezequiel," proclamou que "o fim do mundo aproxima-se de nós". ! '
INTRODUÇÃO

Mais tarde, a chegada do ano 1000 foi marcada por pressentimentos de que algo
inusitado estava prestes a ocorrer. Á meia-noite de 31 de dezembro do ano 999, o
Papa Silvestre 11 celebrou na Basíhca de Sâo Pedro` em Roma, o que ele e muitos fiéis
pensavam ser a última missa da história. Baseando-se em Apocahpse 20;7 e 8, eles
concluíam que o fim do mundo ocorreria quando Satanás fosse solto de sua prisão, ril
anos após o nascimento dejesus." Apesar do ano 1000 ter passado sem que ocorresse
o aguardado e temido advento de Cristo, as marcações de datas, cercadas de ansiedade
e expectativa, prosseguiram no movimento cristão ao longo do segundo milênjo. o
A proximidade do ano 2000 gerou uma significativa prohferação de profecias e
de novas especulaçôes sobre o que a tradição apocaHptica denomina "os dias finais". 0
misticismo envolvido fez ressurgir as profecias de Nostradamus (1503-1566). 0 alegado
cumprimento dessas profecias e o dito popular "até mil irás, dois ril não passarás" soa-
ram como vaticínios escrituristicos na mente dos mais simples, deixando uma sombra de
inquietude nos mais letrados." Mas apesar de o ano 2000 ter chegado e o novo milênio
ter se iniciado sem que as previsões se cumprissem, a tendência alarmista prosseguiu.
Assim, a ameaça da guerfa nuclear inspirou passeatas estudantis, assembléias de
oraçào e até uma "maratona de ciclismo". Lívros com pretensa autoridade bíbhca em
matéria de profecias de desgraças são vendidos aos milhões. Multidões correm aos ci-
nemas para assistir a filmes que especulavam e ainda especulam sobre as possibihdades
de destruição e salvação, seja por uma vinda do Messias ou uma guerra global, seja por
viagens de fuga para galáxias distantes."
À medida que os anos foram se passando, a idéia de um futuro apocahpse para os
homens também assumiu outras formas. Uma delas, segundo Friedrich," é a possibili-
dade de uma "catástrofe natural -uma nuvem sufocante de ar poluído, um terremoto
sob uma usina atômica, o derretimento das calotas polares, que hoje inspira üvfos e
filmes, pr€visões astrológicas e jornais clandestinos".
Mesmo com o passar dos séculos e com explicaçóes científicas que permeiam
o assunto, o espectador moderno continua a sentir-se fascinado pelas catástrofes
naturais. Embora já não se veja a mão de Deus numa epidemia de peste bubônica ou
no terremoto que sacode uma cidade, e as vítimas sejam prontamente tratadas com
antibióticos e plasma, a subtaneidade, o caráter aleatório desses desastres ainda tem
o poder de encher de assombro o imaginário da mais cética das testemunhas. Muitos
talvez imaginam, numa proporção maior, que o mundo acabará. "
Desde a introdução da seta do tempo judaico-cristâ no pensamento humano," pa-
recía de fato ]óãco se ínterrogar sobre a data do fim do mundo e, portanto, sobre a data
da criação. 0 raciocínio humano, ao longo dos rilênios de história, tem sido o de que se
tivemos uma origem, certamente teremos um fim, e a morte, ceifeira implacável, relembra-
nos conünuamente esse destino. Deve haver, porém, um final definiüvo para a humanidade
e, para se chegar à compreensão de quando o fim se dará, é preciso saber quando ocorreu o
início, a fim de que os cálculos matemáticos fimdamentados nas profecias bíbhcas possam
0 DIA DA SUA VINDA

ser elaborados. Assinala ]ean Delumeau que "essa lóãca impecável engendrou cálculos
engenhosos e longos tratados que deram ensejo a debates sempre apaixonados"."
Diferentes denominaçôes cristãs têm enfrentado dificuldades com alguns de seus
membros que insistem em marcar um tempo específico para o segundo advento de Cristo
e para o fim do mundo. Quando passa a anunciada data, tais indivíduos nâo apenas caem
em descrédito, como também trazem opróbrio para a denominação da qual são membros,
e acabam desacreditan`do a própria mensagem sobre o segundo advento.
Uma análise da literatura adventista do Brasil demonstra que alguns artigostg e,
pelo menos, um panfleto tratam do assunto de marcação de datas.2° Contudo, nenhum
estudo específico analisa mais detidamente o impacto da mafcação de datas para o
segundo advento de Cristo e para o fim do mundo sobre a missâo de pregação do
evangelho. 0 cumprimento do mandado evangéhco de Cristo (Mt 24:14; 28:18-20) tem
sido dificultado quando prognósticos e cálculos que pretensamente tentam identificar
com exatidão o momento final da história humana sâo elaborados.
A presente rivestigação tem por objetivo considerar, de forma sintética, o desenvol-
vimento cronolóáco da questão da marcação de datas para o fim do mundo na em cristà,
ensejadapelosegundoadventodecristoouporalg`macatástrofededimensõesglobaisÊnfase
especialédadatantonoprocessoeuforia/desapontamento/letaíÉageradopelamarcaçãode
datas quanto nas ímpücações desse processo sobre o cumprimento da missão evangélica.2'
Este estudo fornece uma visão panorârica dos principais blocos de marcação q#.í
de datas para o fim do mundo ao longo da história do cristianismo, abrangendo os
períodos antigo, medieval e moderno da igreja cristã, com destaque para o milerismo,
o adventismo do sétimo dia e o dispensacionaüsmo.
As datas são anahsadas e avaliadas criticamente, sendo considerados especialmente
os casos em que se teve acesso a fontes primárias. A ausência de informações docu-
mentais e/ou a dficuldade de acesso a elas limitou a anáhse dos efeitos produzídos por
algumas marcações de tempo para o fim do mundo consideradas no presente estudo.
0 conteúdo está ofganizado em três paftes. A primeira delas, intitulada "A expec-
tativa entre o início da era cristã e o final do século 15", apresenta um resumo histórico
da marcação de datas para o fim do mundo nos períodos da igreja cristã apostóhca, dos
pais da igreja, passando pelo período medieval e chegando ao século 15.
já a segunda parte, denominada "A expectativa entre o período da Reforma e
o final do século 19", abrange o periodo da Reforma Protestante do século 16, com
especial atenção ao milerismo da década de 1840 e aos adventistas do sétimo dia.
A última parte recebe o título de "A expectativa entre os séculos 20 e 21 ", e anaüsa
as marcações de datas desse período, destacando as predições de tempo propostas pela
escatolo*a dispensacionalista, pelos adventistas do sétimo dia e pelas seitas suicidas.
Os anexos apresentam textos de Roger W Coon, Márcio Dias Guarda, Emilson
Reis,josé Carlos Ramos, e Alberto R Timm sobre o problema da marcaçâo de datas para
o fim do mundo, com o objetivo de prover informações adicionais a fespeito do tema.
lNTRODUÇÃO

Notas
` Pafa os cristàos biblicos, a segunda vmda de Cristo cc>rresponde ao fim do presente mundo,

marcando o início do mjlênio (Ap 20:4-6), ao término do qual ocorrerá o juízo execudvo, ou seja, o
externúuodoshpiosedosanjosmauspormeiodofogoquetambémpurificaráoplaneta(.\p20:7-10).
À parür de então, Deus estabelecerá "novos céus e nova terra nos quais habita a jusüça" (2Pe 3:13).
20tto F`riednch, 0 F/.% c/o M##c/o (Rio de janeiro/São Paulo: Record, 2000),14.
) As unidades básicas do Cálculo Longo são: 1 uinal = 20 dias; 1 tun = 360 dias; 1 katun
= 7.200 dias; 1 baktun = 144.000 dias. Bertflia Leite e Othon Winter, F/.Â77 c/G M/./é^'#/.o (Rio de

janeiro: jorge Zahar Editor, 1999), 57.


J lbid., 90. Os maias vrv€ram entre a penrisula de Yucatán, no México, e Belize, na América

Central, tendo seu apogeu cntre os séculos 3 e 9 a.C. Por esse motivo, são inclu`dos nesta seção do
estudo, que coloca as marcações de tempo na época em que elas ocorreram.
`5 Existem divergências quanto ao período em que viveu Zoroastro. Alguns historia-

dores o situam no sexto século a.C. (E##.6`/oP6'J/.c7 Bc7" [São Paulo: Encyclopaedia Britânica,
1989] ,15:545 e E#cz.c/opecJz.# M/.rzzdc)r J#/é!r#447.o#c7/ [São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1982] ,
20:11563). Outfos, porém, o colocam entre 1400 e 1000 a.C. (TÁ€ lJ7:or/J BooÁ Ewcjíc/oPGé//.ó7

[Chicago: World Book,1991], 21:619).


Ó 0 antigo mito da.eterna luta entre os deuses e as forças destruidoras foi transformado em
fé apocah`ptica; €m vez de sucessivas vitórias, que se desenrolariam por todo o sempre, tef-se-ia
qJ!.Ç.Z. agora uma vitória definitiva e total. Essa nova visão trouxe consigo a idéia de que no porvir os
sofredores e oprimidos é que iriam prospeíar, enquanto os opres'sores penariam para sempre no
fogo eterno. Isso provavelmente contribuiu para que o zoroastrismo atra]`sse vários seguidores
que passariam a aguardar com confi'dnça o dJa em que a ordem estabelecida seria abolida e os
desfavorecidos teriam sua recompensa. Quando a escatologia zoroastriana foi assimilada pof
outros povos, isso aconteceu em grande escala. Ver mais em Bertflia Leite e Othon Winter, F/.%
dG M/./G^#/.o, 90. 0 antagonismo entre o bem e o mal representado pelo cosmos e pelo caos emerge
da crença do zoroastriarismo de que o profeta Saoshyant "irá trazer os mortos de volta à vida,
e lhes dará de novo seus corpos. Por fim, fixando seu olhar no mundo. ele o tomará imortal
e incorrupti'vel, complet`mdo assim o triunfo final do cosmos sobre o caos" (Norman Cohn,
CoÍ#oJ, Ccz" G o M##Jo 7#G T/z+jí [São Paulo: Companhja das Letras,1996],140).
7 Leite e Winter, 90.

8NolivrodeApocalipse,RomaeraaencamaçãodosmalesdahistóriaqueafliSamonovopovo
de Deus, a comunidade cristã; era uma noJa Babüônia, Nírive e Sodoma. 0 capítulo 12 apresenta
a visão da mulher -a lgreja -perseguida pelo dragão. À grande meretnz (Àp 17:1 -7) é a antimulher
e anti-igreja. A lgreja é a virgem, a mulher pura e viituosa, a esposa do Cordeiro; sua inimiga é a
meretriz, a esposa de Satanás. À destruição de Roma foi revelada ao rei babilônico Nabucodonosor
(século quinto a. C.) através do sonho da estátua, cujo significado Daniel, c) profeta hebreu, mterpretou
@n 2). 0 quarto poder, representado pelas pemas de ferro, era Roma, que ina se desfazer como
reino coeso, vi'tima de invasões e ataques das tribos bárbaras. A queda de Roma, portanto, era uma
evidência clafa, à luz da profecia biblica, de que c> mundc> aüngira a fase final da sua história.
' Friedrich, 33. http://www.ccel.cHg/fathers2/ÀNF-07/anf07-04.htm.
0 DIA DA SUA VINDA

" Ezequiel 38:1 profetizou a vinda de um terri'vel rei, Gogue+da terra de Magogue, para
se opor ao povo restaurado de Deus. Os capítulos 38 e 39 descrevem a preparação dos exércitos
que apoiaram Gogue, o seu ataque contra o povo de Deus e a sua repentina derrota por Deus. Às
nações que iam participar com Gogue na batalha representam diversos povos gentios.
' ' Friedrich, 33,
'2 C. Marvin Pate; Calvin R. Hanes jr., Z)%#rc/c7zy Déi/#j`/.o#r (Downers Grove, IL: Intervar-

siqr,1995),19. 0 ano 1000, no eritanto, não ocasionou uma agitação geral como muitos têm
imaginado. Paulien esclarece que "a visão popular do pânico em torno do ano 999 parece ter
tido sua origem em passagens isoladas encontradas em documentos publicados desde o fim do
sécu]o 16 até a primeira parte do século 19. . . À medida que o ano 1000 se aproximava, não
existia nenhum sistema uniforme de contagem dos anos na Europa. Qualquer excitamento teria
sido limitado em grande medida à lnglaterra e França. . . As evidências indicam que o periodo
em torno do ano 1000 foi um tempo significativo na história, um tempo de grandes mudanças
e considerável ansiedade. Mas as claras evidências sugerem que o excitamento daquele tempo
parece ter tido relativamente pouco a ver com o número de ano e muito mais com as mudanças
sociais e reliriosas que estavam tendo lugar naquele tempo" ("The i\fillenírium is Here Again:
Is lt Panic Time", em j4#c/wzw Uw.w+7.gJ JG#z.wc7o; J/#cJ/.Gf,1999, 37: 167, 169, 173).
" Ver Edna Dantas e Eduar-do Marini, "À Espefa do Apocahpse", Jrft) É, 8 de maio de

1996,118-123.
" Friedrich, 11 -12.

„ Ibid.,12.

„ Ibid.' 15.

'7 Segundo a compreensão do judaísmo e do cristiairismo, a história humana teve a sua

origem em Deus e, conseqüentemente, tetá t'ambém o seu destino úlümo em Deus. Tomava-se
imperativo colocar a história em um formato linear, ou mesmo espiral, desde que ficasse claro que
os eventos se sucediam um após o outro até o seu momento derradeiro. .\ssim, a idéia da ``seta do
tempo" pode ter nascido dessa concepção "início-fim" segundo o raciocínio judaico-cristão.
'8 Umberto Eco, jean-Claude Carriêre, ]ean Delumeau e Stephen Jay Gould, E#/r€#Í.J./t"
j`06r? o F/.Ã# c/or Te#PoJ (São Paulo: Rocco, 1987), 55.
" Ver, por exemplo, Àlberto R. Timm, "A Volta de Cristo -Essa Bendita Esperança",
Ré'yí.j`/é7j4c7#G#/z.j`/¢ @rasil) (dezembro 1983), 8-10; idem, "0 Centro da Nossa Esperança'', R£#7.j`/ó7
.4c7zJ€#/z.j`/¢ (Brasil) (setembro de 1987), 9-11; ]osé Miranda Rocha, "0 Àno Dois Mil e o Fim
do Mundo", Rf#Í.j./c7 <4J#€#/z`j`/z7 @rasi]) (maio de 1988), 5-7; Márcio Dias Guarda, "Quando o
<Quando' se Torna Problema", RÍ?#Í.j`/z7 í4c/#p#/7.j`/z7 @rasil) (novembro de 1991),11 -13; Emilson

dos Reis, "0 Calendário do Céu", RG#z.j-/z7 4J#G#/z.j`/¢ @rasil) (novembro de 1992),10-12.
2° Sônia M. M. Gazeta, R#Por/z7 cà Co#/z7gGw R£gr"/.#t7 -j4#o 2000 (Centro de Pesquisas

Ellen G. White, Instituto Àdventista de Ensino -Campus Central,1992).


2' À missão da igreja é cumprir o mandado de jesus conforme redstrado em iMateus

28:18-20: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.
E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século."
1. AEXPECTATIVAENTRE O INÍCIO DAERACRISTÃ
E 0 FINAL DO SÉCULO 15
CAPÍTULO 1

ANTECEDENTES TUDAICOS

A idéia do fim do mundo é conhecida por quase todos os povos antigos como
um elemento básico de sua rehgião e filosofia. As crenças de um glorioso renascimen-
to e ciclos de mil anos são exemplos dessa expectativa. 0 professor I-Ienri Focillon
diz que numa antiga religião persa, o mazdaísmo, "inverno e noite cobrirão o mundo
ao fim de onze mil anos; mas os mortos ressuscitados vêm do Reino de Yima para
repovoar a terra".' Crenças semelhantes sào encontradas na mitologia germânica e em
certas comunidades islâmicas. As filosofias dos gregos Lleráclitc>2 e Zenon3 já estavam
mais ou menos imbuídas de dc>utrinas paralelas. 0 filósofo Marco T. Cícefo, em Joé7r€
cz #cz/#rGzzz c7m JG#J`Çj`,. explana que o mundo acabará em fogo, mas uma vez que o fogo é
espírito, isto é, divino, o mundo renascerá tào belo como sempre foi.J
Os judeus centralizavam sua esperança na glória messiânica, sem dedicar muita
atenção às alusões ao fim do mundo. No Antigo Testamento estão redstradas profecias
messiânicas nas quais, como lembra Donald Gowan, Deus "promete o fim do pecado
Or 33:8), da guerra (Mq 4:3), da enfermidade humana qs 35:5-6), da fome (Ez 36:30), da J
morte do ou ferimento de qualquer ser vivo qs 11:9)".S
Essa expectativa conribuiu para a prohferação de datas prováveis para o advento do
Messias.t' Avraham Cohen relata que no período que antecedeu a primeira vinda de Cristo
coexistiam vários cálculos que partiam da criação do mundo para estabelecer esse advento
e o fim do mundo. Dentre eles, constam os seguintes: (1) ao se completarem 4.231 anos,
nenhuma terra deveria ser comprada, pois perderia o valor com a chegada do Messias; (2)
o mundo duraria apenas 4.250 anos (85 jubfleus), e no último ano Ele viria; e (3) depois de
4.291 anos, o Messias viria para a nação israelita.7
Deacordocomorilenarismocristão,tendoporbaseaBil]liaSagrada,Cristoretomará
para a ressureição dos justos mortos e transformação dos justos vivos, conduzrido-os, em
seguida, para o Céu, onde reinarão por um período de mil anos. Período que no latim é cha-
mado de Â#7.Á¢#zZw e no grego de 6.Áz.Á.úu:#o. A idéia foi essencial para o cristianismo primitivo,
que deu continuidade às antigas aspiraçôes e esperanças rehgiosas do povo de lsrael.

.xpe.::::t;greg£àreo:e:l,a.s,doo:egsnúF:s:gTs:omdteo:.nos:oot;:r:`fi::d¥:::::àg:oie::
especulações e a análise dessas prováveis datas parece refletir uma batalha entre presente,
passado e fiituro.
Essa situação perdurou também durante a ldade Média. Embora os cristãos da-
quela época cressem nas previsões proféticas que surãam, havia pouca reflexão sobre
a maneira pela qual os fatos aéonteceriam, especialmente sobre o aspecto cronológico
da escatologia biblica.
ANTECEDENTES JUDAICOS

Diante da quantidade de prováveis datas, este capítulo tem o objetivo de relacionar,


em uma seqüêncla lóãca, os mais importantes móvimentos ligados à marcaçâo de datas
para o fim do mundo surãdos no início da era cristâ e no final do século 15. No decorrer
do estudo houve necessidade de se reportar aos acontecimentos já anahsados, uma vez
a|guns fatos têm relação com outros posteriores.
0 longo periodo de aproximadamente 1.500 anos (100-1500 d.C.), focalizado
neste capítulo, apresenta marcações de tempo para o fim do mundo. Serão levados em
conta os seguintes aspectos: (1) os diferentes contextos históricos que geraram as várias
marcações de datas; (2) as características básicas que as envolveram; (3) as expectativas
geradas em torno das respectivas datas e (4) os resultados e cpnseqüências missiológicas
do não-cumprimento dessas expectativas.
0 período clássico da literatura apocalíptica judaica .teve seu início em 200
a.C. estendendo-se até o ano 100 d.C.8 A teologia tem revelado um interesse sem
paralelo por este assunto, talvez devido ao senso de que o nosso tempo tem quah-
dade apocalíptica. Essa forma escatológica de pensar caracterizou a fé cristã desde
o seu inlclo.
Embora o título da seção sugira como marco inicial da análise o cristianismo, é
importante ter como referência o judaísmo, pois nele se encontram dados importantes
que desencadeiam a seqüência cronológica do tema. A religiâo judaica se compõe de
momentos históricos significativos, intensificando a expectativa de um reino iminente.
A primeira parte dessa seçào tratará especificamente dos antecedentes judaicos relativos
4 àmarcaçãode datas parao fimdomundo.
Inicialmente, o povo de lsrael era uma confederação de 12 tribos encabeçadas
pelos 12 filhos do patriarca ]acó qsrael), que mais tarde se transformariam em reino.
Desde a hbertação do exílio egípcio, os judeus comemoram o fim da escravidão e a
conquista e assentamento em Canaã, a terra prometida, para onde foram guiados pelo
Senhor, o Deus Todo-Poderoso.9
0 reino de lsrael foi destruído pelos assírios em 722 a.C., e seu povo levado para
o cativeito. Mais de um século depois, Babilônia conquistou o reino dejudá. Fez cativa
a grande maioria de seus habitantes e destfuiu jerusalém e o templo (586 a.C.). Esse
exílio foi um marco histórico para a rehãão de lsrael, já que a partir desse momento ela
se tornou verdadeiramente monoteísta. 0 rei persa Ciro, o Grande, depois de conquis-
tar Babilônia em 539 a.C., autorizou a repatriação do povo judeu e a reconstrução do
templo. Por sua vez, entre 165 e 142 a.C., a fevolta macabéia culminou em uma guerra
que devolveu para o povo de judá a independência política dos sírios.
Cada novo fato parecia reacender a expectativa na vinda do Messias, como forma
de diminuir o sofrimento. A própria revolta dos macabeus, por exemplo, após seu fim,
gerou um vas£ e comphcado quadro de esperanças messiânicas que perdurou por
muito tempo. Devido à ardotosa expectativa da vinda de um hbertador descendente
de Davi, jesus pode ter sido identificado pelas autoridades romanas de forma equivo-
cada, sobretudo, como um revolucionário potencialmente perigoso. Donizete Scardelai
presume que a visão de que jesus almejava uma posição política levou Pilatos, com
a contribuição de algumas autoridades judaicas, a prender e condenar Cristo à morte
por cruz romana."
0 DIA DA SUA VINDA

Éfácflcompreenderqueumperíodotàoconturbadocomoodescritoacimafosse
palco para o surgimento de uma significativa onda de iniciativas messiânicas pessoais.

E:f£:nTe:,FÊa:::t:oqpu:laersscao:s;Çea.Vua|aaç::¥bur::l`çàmmradc.:S,T=;:s::s(:::ta:.d,:à;
se tornaria plataforma básica para encorajar o povo a compreender os mistérios da
vida, da salvação, do sagrado e de um significado para seus sofrimentos. No judaísmo,
a escatoloãa passou a ser um fenômeno hterário que serviu de base para traduzir as
circunstâncias de então como indícios da aproximação dos acontecimentos finaís.
Os judeus do período pós-exílico" desenvolveram a expectativa de um reino
messiânico na Terra, baseado na verdade e na justiça. Essa idéia ajudou a impulsionar
a esperança quanto ao advento do Messias." E foi somente no fim do período do
judaísmo do segundo templo,'4 que uma figura escatológica, oriunda da interpre-
tação bíblica, passou a ser concebida em um corpo doutrinário. Esse personagem,
desenvolvido sobfe o solo fecundo do judaísmo normativo farisaico, fez com que os
rabinos, então principais mentofes do judaísmo sinagogal, se vissem na necessidade
de solucionar questões deücadas. Foram obrigados a fesponder com a convicção de
que, apesar das tentativas frustradas, Deus haveria de fixar ainda o tempo messiânico
num fiituro próximo."
Em decorrência da perseguição polírica e social sofrida, não é dificü entender a
razão por que muitos judeus desenvolveram a expectativa de que uma intervenção divina,
por meio do Messias, iria em breve irromper na história. Todos quantos experimentaram
o trauma do exflio ansiavam pelo dia em que a esperança da restauração nacional fosse
finalmente concretizada. 0 Messias esperado surSria para restaurar o tào sonhado estado
judaico e übertar a terra outrora prometida por Deus aos seus antepassados.
0 impacto do caos político que se instalou em lsrael fez a população mefgulhar em
rebeliões generalizadas até a explosão da Grande Guerra (66-70 d.C.).tó Esse dima de insa-
tisfação reacendeu as antigas crenças populares correntes, relativas à espera de um salvador
que pudesse trazer de volta ao povo um petíodo de tranqüilidade e paz. Convmcionou-se
chamar essa esperança de "messianismo", resultante, sobretudo, das situações adversas u~
gentes. Circunstâncias como a privação da hberdade, a opressão e a ansiedade pelo despertar
de um fiituro de paz, sob a impulsão de hderanças carismáticas, promoveram o pensamento
de que o momento da realização histórica fitma estava prestes a acontecet.
Segundo alg`ms eruditos, a comunidade de Qumran se estabeleceu em tomo do ano
150 a.C., mas maioria deles trabalha com a data da última parte do segundo século a.C. 0
sítio de Qumran foi abandonado por um periodo, perto do final do primeiro século a.C.,
devido a um terremoto ocorrido no ano 31 a.C. ou por um violento ricêndio no ano s ou
9 a.C. Depois, foi novamente habitado até ser destruído pelos romanos no ano 68 a.C."
® Os rolos do Mar Morto, juntamente com os escritos do cristianismo priritivo, for-
necem as principais evidências sobre a antigüidade da comunidade de Qumran, na qual as
crençasapocalípticasconstituíamumaparteimportante.tsAsidéiasescatolóricascolocavam
a teologia da seita em um contexto cósmico. A pretensão de possuírem revelação divina
sustentavaessepensamentocomumacertezasobrenatuml.Asinteípfetaçõesdacomunidade
sobre a lei se tornaram o critério para o juízo final, que traria salvação ou perdição etema.
A cefteza de que "este é o fim dos dias" conferiu urgência à mensagem da seita."
ANTECEDENTES |UDAICOS

Além disso, o senso de proximidade quanto ao fim do mundc> os motivava a um


estilo de vida peculiar, afastando-lhes da sociedade, a fim de que nào se contaminassem
com as tentações do mundo em que viviam.2" Sua comunidade no deserto da judéia
era uma tentativa de alcançar utopicamente o Céu na Terra.
É impoftante ressaltar que estudiosos têm chamado a atençâo para a tendência
de se considerar a expectativa messiânica um produto de apocalípticos, 1iderados pelos
fariseus de lsrael. 0 que nâo parece clà£o é se realmente a classe letrada de sábios fariseus
daria prioridade a ésse tipo de hteratura após o ano 70 d.C., quando fatos importantes
marcaram a história do povo judeu. De fato, as especulações acerca do "fim" abriram
novos horizontes para a esperança no Messias, o que resultou em poderosa força
propulsora de ideais sobre o futuro, cujo maior veículo de expressão foi a hteratura
apocalíptica, a partir do segundo século a.C. Embora perdendo espaço na corrente
principal do judaísmo, a ênfase escatológica ainda desempenhou papel decisivo para
que muitas das aspirações judaicas de livramento tivessem voz.2t
0 equívoco cometido pelos rabinos ao identificarem, por exemplo, o falso messias
Bar Kochba22 como o arauto da era messiânica, acabou polemizando a questão. Além
disso, o fértil terreno apocalíptico foi responsável pelo crescimento de doutrinas judaicas
extrabíblicas, apontando assim novos rumos para a salvação escatológica.
0 messianismo judaico23 contribuiu para a visào cristà da história da humaridade,
que se distingue das mitologias por apresentar o conceito de uma seta do tempo. "A
seta do tempo é de fato uma invençào do cristianismo, mas na medida em que este é
o herdeiro do judaísmo tradicional."2+
Por sua vez, nos meios populares, esses ideais mantiveram sempre estfeitos vín-
culos com a expectativa de que a dinastia dávídica seria em breve restaurada. Dessa
forma, espelharia o estáão áureo original da soberania nacional do tempo monárqui-
co. Acreditava-se que lsrael desfrutaria então um período glorioso, assegurado pelas
aspirações do reinado de Davi.
Israel fora primariamente compreendido como reinado legitimado por uma
linhagem davídica. Conforme ressalta Scardelai, esse processo serviria de âncora vital
para os ídeais messiânicos, responsável inclusive por patrocinar a crença de que uma
intervenção do próprio Deus na história seria definitivamente consumada. Ela se daria
em breve, mediante o instrumento de escolha divina: o Messias enviado.25
Ainda no primeiro século d.C., os rabis contempofâneos de Flávio josefo2Ó acre-
ditavam que Roma era o poder que'seria substituído pelo reino messiânico. Essa idéia
derivava do hvro de Dariel e da tradiçâo popular do sexto milênio, que previa o reino
de Deus e o Messias aparecendo no quinto milênio. Essa expectativa aumentou a partir
da segunda metade do primeiro século, se estendendo ao seguinte, especialmente depois

::edRü.=ça3pe:::eqmu:i:.d:|:á=:leípeé:o7àud:çLE:vg':fluamaap`fersotipnag.aqd:ei:ads:i::'çg:
viria em seguida à queda de Roma", e que "a era messiânica seria inuoduzida no início
do quinto milênio ou durante esse pefl'odo".27
Entre as expectativas básicas do código judaico de interpretaçâo e das obras
de Flávic> josefo, encontra-se a crença popular de que a Terra só duraria 6 mil anos,
sendo que o Messias só apareceria no quinto milênio -uma espécie de protótipo da
0 DIA DA SUA VINDA

crença cristã em um milênio vindouro. Inte£pretações judaicas das profecias de Daniel


continuaram ao longo da era cristã, desde]ohanan Ben ..Zákkai, no primeiro século, até
Manasseh Ben lsrael, no sécu|o i7.28
Essas profecias de tempo influenciaram a mentahdade judaica nos dias da domi-
nação romana e foram introduzidas no crisüanismo como uma inestimável herança.2`'
A idéia de que a profecia das 70 semanas de Daniel 9:24-27 estaria se cumprindo
naqueles dias fortalecia a expectativa de que o Messias em breve viria à Palestina para
salvar lsrael. Essa esperança era comum nos dias dejesus. A escritora Ellen G. Wrhite
confirma essa expectativa e acrescenta que todos estavam ansiosos por partilhaf daquela
era de glória nacional tâo aguardada."
Como a vinda do Messias-Rei envolvia um domínio territorial, entendia-se que
Ele viria para iniciar uma nova era, quando]eová reinaria etemamente com justiça sobre
lsrael e c> mundo (Is 65, 66). Em outras palavras, o conceito da presença do Messias
pressupunha o estabelecimento de um reino messiânico terreno." A expectativa judaica
quanto à iminência de um reino permearia o pensamento da igreja cristã apostóhca,
influenciando os fervorosos cristàos desse período a calcularem uma data para esse
acontecimento ou, no mínimo, a esperarem que ele se desse em seus dias.
No hvro dos J4r/Â77of c7G Jcz/o#Go se apresenta o modelo farisaico do rei ideal e
nesse livro, por meio de um agente messiânico especialmente enviado, o autor passa
a ser o porta-voz de uma convicção amplamente aceita. Segundo essa idéia, a von-
tade e a justiça divinas seriam em breve consumadas e o estabelecimento do reino
de Deus na Terra definitivamente implantado. "Que possa Deus purificar lsrael em
bênçãos no dia da misericórdia para o tempo designado para o reinado do Messias"
(Sa/mos de Salomão 18.5)."
As esperanças judaicas não estavam voltadas somente para conquistas terrenas.
Os judeus compreendiam a profecia de lsaías: "Pois eis que Eu crio novos céus e nova
terra; e não haverá lembranças das coisas passadas, jamais haverá memória delas [...]
porque eis que crio para ]erusalém alegria e para seu povo, regozijo" (Is Ó5:17,18).
Nesse texto, o profeta uniu céu e terra como uma gloriosa herança tanto para lsrac`1
quanto para a igreja.
já Abraão, antecipava pela fé herdar a terra prometida com todos os verdadeiros
crentes. Entretanto, ele não olhou para alguma conquista humana na Palesüna ou para
umajerusalém reconstruída. A carta aos Hebreus exphca que Abraão habitava em tendas
"porque aguardava a cidade que tem fimdamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador"

(Hb 11:9,10). Para o patriarca e seus descendentes crentes foi prometida não somente a
Palestina, em sua presente condição, mas um pai`s celestial com uma cidade celestial.
Eri resumo, eles olharam além das terras palestinas. 0lharam para um novo Céu,
uma nova Terra e para uma nova jerusalém. A carta aos Hebreus dá um testemunho a
respeito de todos os verdadeiros israeütas dos tempos bíblicos: "Mas, agora, aspiram
a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser
chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade" (Hb l l : 16). A comunidade
cristã se unirá a lsrael na nova ]erusalém, numa nova Terra.33
• Na verdade, o Messias e os agcntes divinamente apontados nunca deixaram de
estar, de alguma forma, condicionados ao caráter semidivino que a avidez da religio-
ANTECEDENTES JUDAICOS

sidade popular tentou lhes imputar. Essa marca é comum às tradições que reforçaram
e intensificaram ideais escatolóricos de salvação, por meio das quais se esperava um
futuro próspero e uma redenção iminente de Deus na história.
Ademais, ressalta ainda Scardelai, é importante lembrar que para os judeus
do primeiro século da era cristã a religião era responsável por manter os vínculos
vitais do processo histórico genético do passado do povo com as exigências da
concepção religiosa vigente.3J
Assim, é fácil compreender pof que as especulações acerca do fi]turo iminente sem-
pre causaram impacto negativo em comunidades com fortes tendências escatolóãcas.
Na verdade, foi com o propósito de salvaguardar o judaísmo de desgaste desnecessário,
bem como evitar que surgissem charlatães com propostas extravagantes e excêntricas,
que os fabinos tomavam medidas preventivas, evitando especulações exageradas que
eventualmente constitui'am parte quase inerente do inconsciente coletivo.
Numa época de opressão e violência, causadas pela política de ocupação romana,
o aparecimento de figuras públicas carismáticas facilmente movimentava a massa po-
pular. Possjvelmente, a especulação sobre o "fim dos tempos" acentuou a convicçâo de
muitos a respeito da vinda iminente de um salvador, já que a sua manifestação impücava
a chegada dos tempos escatológicos previstos nas profecias.
Esseaspectoéparticuhrmentenotávelduranteasguerrasjudaicasdosdoisprimeiros
séculos da era cristã. A fase tráãca de lutas e derrotas consecutivas rispirou o pensamento
e a imaginação de tal maneira que ``se fortalecia a esperança de que em um fiituro não
s distante a ritervenção de Deus na hjstória humana faria concretizar a salvação".35 Final-
mente, com a manifestação do aguardado Messias, o reino celestial seria implantado.
Um pequeno hvro intitulado Á <4Íj7/#/.cz~o c# Moz.rá, escrito em hebraico entre os anos
7 e 29 d.C., posteriormente traduzido para o grego e depois para o latim, exemplifica essa
expectativa. Ele antevê o retorno das dez tribos e o estabelecimento de um reino teocrá-
tico, não pela força das armas, mas pela intervençâo de Deus. 0 hvro sugere que Moisés
tenha dto: "Da minha morte (assunção) até seu advento passarão CCL [250] tempos".
Esses 250 tempos são interpretados por Robert H. Charles como 250 semanas/anos, ou
seja, 1.750 anos até o reinado messiânico.3ó Froom ressalta que causa espanto o fato desse
livro descrever o estabelecimento do reino sem um Messias, mas por Deus mesmo.37
0s JGgnG4bf c7G E#ocÁ, também chamado de E#oé`Á J/4#o#z.6. ou, algumas vezes, 2
E#ocÁ,38 é um pequeno livro, cuja produçâo tem sido datada entre os anos 1 e 50 d.C.
Nele se encontra pela primeira vez na literatura hebraica a equação de que um dia da
criação corresponde a mil anos da história do mundo." Essa teoria tem ocupado um
importante papel, tanto no antigo quanto no moderno quiüasmo ou milenarismo.4°
Também tem sido, consciente ou inconscientemente, aceita por muitos intérpretes que
tentaram definif o tempo para o fim do mundo.
Muitos rabis acreditavam, cQm base na semana da Criação, que o mundo duraria
6 ril anos, e seria um caos no sétimo milênio. "Aquele que é Santo, bendito seja Ele,
renovará seu mundo somente depois de sete nril anos.""
Como exposto até aquL muitos eventos contnbuíram e acentuaram a esperança mes-
siâpica através dos séculos. Destacam-se: os primeiros conflitos com Roma (Ó6~70 d.C.),
a destruição do templo ¢0 d.C.), o surSmento de Bar Kochba (132-135 d.C), a queda do
0 DIA DA SUA VINDA

Império Romano (476 d.C.) e outros aconteciméntos posteriores como o sur§mento do lslâ
(século 7 d.C.), as Cruzadas (1096 d.C. em diante), a invasão dos tártaros,'2 a ritrodução da
lnquisição," a Reforma Protestante, bem como as guerras rehãosas dos séculos 16 e 17.W
Cada um desses eventos, a seu tempo, intensificou a expectativa messiânica e estimulou
as especulações quanto à escatoloãa. A proméssa do Messias era uma das esperanças de
lsrael, em meio às circunstâncias freqüentemente desesperadoras. I'ortanto, era natural que
os judeus se voltassem para as profecias de Darriel em busca de conforto.
0 messianismo judaico foi, sobretudo, político, no sentido de que um messias
restabeleceria o reino de lsrael na Terra.+`5 Enquanto isso não se efetivava, um leque
de reinterpretações foi sendo criado, desde as formas simplesmente políticas, até as
espirituais, como a dos essênios e a dos cristãos.
A esperança cristâ seria fiindamentada na concepção de um reino de Deus a ser
estabelecido com o segundo advento de Cristo, quando os herdeiros desse reino rece-
beriam a vida eterna e os demais seriam destfuídos para sempre. Esse é o conceito de
"fim do mundo" conforme a compreensâo escatológica cristâ.
Sendo assim, a expectativa que ainda permeia a vida de muitos cristãos em rela-
ção ao segundo advento de Cristo, ajuda a compreender a atmosfera de expectação no
mundo judeu acerca da vinda do Messias."

Notas
' Henri Focülon, Tóe yeém /000 O{ew York: F. Ungar > 19ó9), 41.
2 Segundo Heráclito, a fonte de tudo, a rifluência modeladora e harmonizadora do
universo, é o calor vital, a partit do qual tudo se desenvolveu mediante graus de tensão. Ele
penetra todas as coisa§ e para ele tudo retorna. Wnliston Wakef, H/.j./o'#.¢ J¢ Jgrp/.# C#.j-ÁÃ (São
Paulo, Juerp/Aste,1980), 22. "Este mundo, que é o mesmo para todos, nenhum dos deuses
ou dos homens o fez; mas foi sempre, é e será um fogo eternamente vivo, que se acende com
medida e se apaga com medida." Nessa frase muitos vêem uma das chaves para decifrar o
pensamento de Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.), que já na Àntigüidade se tornou conhe-
cido como "o Obscuro". Proclama Heráclito: "Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz,
superabundância-fome; mas ele assume formas variadas, do mesmo modo que o fogo, quando
misturado a arômatas, é denomriado segundo os perfumes de cada um deles" (Will Durant,
Or PG#j.4doríJ.. P#'-Joó7ié/z.óÜí [São Paulo: Nova Cultural, 2000], 22-24).
3 Dos argumentos mais famosos de Zenon (Zeno, Zenão ou Stoa em grego) (488-? a.C.)
se encontram os que visam diretamente ao problema do movimento, Zenon sistematizou o
método de demonstração "pelo absurdo" e foi considerado por Aristóteles o inventor da dia-
lética, em sua acepção erística, de argumentação combativa que parte das premissas do próprio
adversário e delas extrai conclusões insustentáveis ¢bid., 22).
+ Focillon, 41.

5 Donald Gowan, EÍcÁc7Jo/ogy o/ fóG 0/# TGí/z7%ó'#/ (Phi]adelphia: Fortress,1986), 2.


t' Para meHior compreensão das profecias de tempo no pen'odo intertestamentário e no

primeifo século do cristiaírismo (ver Froom,1 :81-204).


ANTECI:DENTES JUDAICOS

7 Avraham Cohen, E#cy#é# } T¢/z%c/ Q`lew York: Schocken, 1949), 350-351.


8 Este período tem sido considerado clássico entre erudtos biblicos e teolóãcos. Ver,

por exemplo, W. Walket, 33 ; Donizete Scardelai, il4o#.#é'#/or A4Gjií/.ó#z.mr #o TG#Po c/G /##r.. /"f €
o#/ror #6íí/.ó7f (São Paulo: Paulus,1998),16; e Gowan, v.
`' Para mais informações sobre a história de lsrael, verjohn Bright, HÍ.Í/o'#.¢ c/€ Jj.rj7G/ (São

Paulo: Paulinas),1978.
" Scardelai, 26, 27.
tt Scardelai, 29.
t2 0s últimos profetas do Àntigo Testamento foram os do período pós-exflio de judá.
Depois deles seguiu-se o ``silêncio profético", ou período interbíblico, que durou aproximada-
mente 450 anos. Normalmente se faz referência a esse tempo como uma época em que Deus
esteve em silêncio para com o seu povo. Nenhum profeta de Deus se mamfestou ou, pelo
menos, nenhum deixou escritos que tenham sido considerados canônicos.
13 Scafdelai, 30.

" Pen'odo marcado pelo fato de, no ano 70, os romanos terem invadido jerusalém e
destruído o segundo templo. A primeira destruição ocorreu em 586 a.C., quando o imperador
babilônico Nabucodonosor invadiu o reino dejudá, dest[uiu o templo de jerusalém e deportou
a maioria dos habitantes para a Babflônia, iniciando o exflo judaico.
15 Scardelai, 22.

0 " Pouco a pouco, grandes parcelas da população foram mobilizadas contra o controle
romano, o que resultou no embate mihtar que durou de 66 a 70 d.C. e é conhecido como Guerra
]udaica. Foi no decurso deste conflito que o templo de Jerusalém foi novamente destruído.
" ]ohn ]. CoHin:s, T be APoca/yptic lmag!ination.. An lntroduction to ]euJísh Af)oca/yptic IJf erature

(Grand Rapids, MI: Eerdmans,1997),148.


'8 As crenças apocalípticas não fofam os únicos fatores que constituífam a seita. Havia

também uma forte teoloàa sacerdotal e uma particular, estrita, tradJção da interpretação da
lei qbid.,175). Que a comunidade de Qumran foi um movimento apocalíptico é evidente, a
despeito do fato de que os qumranitas não tenham produzido sua própria literatura apocalíp-
tica @avid J. Downs, "Early Cathoücism' and Àpocalypticism ri the Pastoral Epistles", em
Ccz/Áo/z`c B;.G/z.ct7/j2#¢#pri} Princeton Theological Seminary, 2006] , 8).
19 Ibidem.

2° 0 alvo da comunidade Qumran era alcançar uma forma angehcal de vida. De acordo
com os rolos do Mar Morto, para atingirem esse objetivo precisavam de um elevado grau de
pureza, já requeridos pelas leis levíticas mas intensificado pelas crenças escatológicas da seita.
Enquanto que a maior parte dos rolos (CD,1Qsa, a Regra de Guerra) apresenta orientações
quanto ao casamento, é verdade também que os mesmos têm regulamentos restritivos a respeito
da atividade sexual, e algumas passagens chegam a estimúlar o cehbato (ibid.,176).
2' Scardelai, 26-27.

22 Com a destruição do segundo templo de jerusalém em 70 d.C., as previsões para a


arição do Messias sofreram uma paralisação. Sessenta anos mais tarde, um movimento poh'-
o-messiânico de grandes proporções teve lugar com 8 a r Koch b a (também grafado como
0 DIA DA SUA VINDA

Shmeon Bar Cochba e Bar Cosiba) como líder da rebelião contra Roma. Ele foi saudado como
o Rei-Messias pelo rabi Aquiva, que se referiu a ele (Números xxiv) como: "Uma quarta estrela
de]acob virá e o cetro irá erguer-se fora de lsrael e irá golpear pelos cantos do Reino de Moab"
(Hag. ii. 21, 22); "Eu irei sacudir os céus e a terra e destronar reinados [...]" qalmud tracate
Sanhedrin 97b). Apesar de alguns terem duvidado que fosse o Messias, ele parece ter conseguido
o apoio generahzado na nação. Após causar uma guerra (133-135 d.C.), que fez frente ao poder
de Roma, foi morto perto das muralhas de Bethar. 0 seu movimento messiámco acabou em
derrota e em miséria dos sobreviventes. Em 135 d.C., a revolta foi esmagada pelo imperador
romano Adriano. Centenas de milhares de judeus foram massacrados, os sobreviventes se
dispersaram pela diáspora ou foram feitos escravos. Adriano decretou a expúlsão de todos os
judeus dejerusalém, autorizando o seu retorno apenas por um dia ao ano, em Tisha Be'av, para
demonstrar luto pela destfuição do templo. qlávio josefo, HÇ.j.Jo'#.ó7 Jof HGéJr?#r Pio de janeiro:
CPÀD,1990], 661 -687; Scardel`ri, 335-340; Don F. Neufeld, J`G##/Á-ó7cz7zy j4é7w#/z.j./ B;.é7/G J/#cJG#/
Jo#/zr€ BooÁ, vol. 9, [Washington, DC: Review and Herald,19ó2], 623-624).
23 Que espera alguma coisa ou alguém que deve ainda `rir e que mudará o destino de lsrael.
2J Eco G/ cz/, 184.

25 Scardelai, 51.

2ó F]ávio josefo, cujo nome em hebfaico efa A¢á7//z.Z}czÁ# Bw yów/ Àó-KOÁw (37-100 d.C.),

foi um historiador judeu. Nascido saduceu e tornado fariseu por opção, pleiteou com êxito
perante Neto pela causa dos sacerdotes judeus deportados. Participou da revolta judaica dos
anos 66-67, mas, forçado a se render, precisou apelar para a proteção de Vespasiano, que o jj
libertou. Suas duas obras essenciais, escritas em grego, são j4 G#erm/#c/c#.ct# qá quem defenda
que essa obra tenha sido escrita em aramaico e traduzida para o grego), testemunho único
dos acontecimentos de 66-67, e j4r .4#/zÉá./.4Í¢c/#/z/c7¢z.czzÍ, preciosas para a história dos últimos
séculos que precederam a era cristã (Beatriz Helena de Àssis Pereira e Thereza Christina
Pozzoh, Crjz#de E##.c/oPG'd;.c} J/#f/r¢c/c7 Lrt7#+j¥ C#/7#Íjz/ [São Paulo: Círculo do Livro,1993] ,10:
2511). Para ampliar o conhecimento a respeito de Flávio josefo, ver Steve Mason, /or6PÁ#J cwc7
J\rGÂy TGj`/##G#/ q'eabody, M1: Hendrickson,1992) e Mireille Hadas-Lebel, F/cz'z¢.o /oji€/o.. O/.#é7#
/G Ro#4 (Rio de janeiro, Imago,1991).
" ]ose:ph Síirachti, The Doctrine of tl]e Messiah in Mediei)al Jewísh literature Q+ew Yotk.. Her`

mon,1970),11-13. Sarachek teve como fonte primária o Talmude, Sanhedrin 978.


28 Froom, 1 :204.

20 ibid., 889.

3t' El]en G. White, 0 D#G/.4cJo ó7e TocJ¢f c7r Nc7fü~# ÍTatui', SP: Casa Pubhcadora Brasneira,

2000),133. Para declarações semelhantes, ver lbid., 31, 34-35, 98.


3\ IÀ]i:z.N`iries, Crises na lg!ria APostólica e na lgeja Adueritif ta: Amálif e comparatiua e imp/icações

#z.rJ¥.o/oÉz.cz3J, Série Teses Doutorais - Religiâo, vol 1 (Engenheiro Coelho, SP: Imprensa Uni-
versitária Adventista,1999), 9-10.
3.-F+. T|. C:hf il+€s, The APocrypha arid Pf ewdepig;rai)ba of the 0 /d Testamerit (Oxf ord: Clf +i-

endon,1913), 2:651.
33 Hans K. Larondelle, "Israel na Profecia", em 0 F#/#ro, Alberto R. Timm, Amim Rodor
e Vanderlei Domeles (ed.). @ngenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2005), 236-237.
ANTECEDENTES JUDAICOS

3í Scardelai, Ó2.

35 ibid., 91.

36 A ASsunção de Moisós, c:rkzido erri Charh€s, The APocryi)ha and Pf eudepig/raf )l)a of tlJe O/d

TeftamentinEng!/isb>2;.¢2:3,rLotaT2..
37 Froom,1:194.

?$ 2 Enoch c:i+f +do einF+. H. Chíri+es,The APocr)/Pha cmd Pf eudei)igrapha of tl]e Old Testament

Í.# E#g/z.fÀ, cap. 33, 1 S6.


39 Depois da tribulação, Cristo voltará à Terra com seus santos e riaugurará o reino milenal

(Àp 20:2-7). A palavra #z.//G##z.## (mil anos) vem do latim #z.//G e ¢###j.. 0 termo gfego usado na
Bibha é cÁz./z.áu7# (quihasmo) . i\flenarismo é a crença de que haverá no futuro um pen'odo douado
de mil anos que será regido por um governo divino. Os que acreditam no milenarismo são os
cristãos ®rincipalmente evangélicos), muçulmanos, mi'sticos, espi'ritas e diversos outros.
" Froom, 1 : 195.
4` Abba Hillel Silver, Á H/.í/ocv o/ A4éJj.Í7.4#Ç'c JPGc#Á7/z.o# /.# Jm7G/ @oston: Beacon , 1959),

16, citando Jc7#Á9cJ#.#, 97A.


" Duiante os séculos 12 e 13, a Europa conheceu as rivasões dos chamados mongóis.
Entre os povos que se agrupavam sob essa denominação estavam os tártaros, tribos nômades
guerreiras que habítavam as estepes russas.
43 A origem da lnquisição, uma instituiçâo da lgreja para combater a heresia, remonta a
J2 1184. O movimento teve como figura chave Doíningos de Gusmão, posteriormente beatifica-
do, o qual foi o fesponsável pelo início da ordem dos dominicanos. Essa inquisição medieval,
abfangendo o norte da ltáha e o sul da França, foi seguida pela inquisiçào espanhola, muito
mais cruel. Em uma época em que o poder religioso se confundia com o poder real, o papa
Gregório IX, em 1233, editou duas bulas que mafcaram o reinício da lnquisição. Nos séculos
seguintes, ela perseguiu, torturou e matou vários de seus inimigos, ou quem ela entendesse
como inriigo, acusando-os de heresia.
" Silver, 4.
+5 Dentro de tal contexto, assistimos ao despertar da crença baseada na esperança de

que um agente enviado por Deus estava prestes a aparecer, em cujas mãos estaria a missão de
resgate da soberania política da nação judaica. Scardelai, 41 -42. Embora a conotação espiritual
de um reino celestial também fizesse parte das esperanças da naçâo (Ver LaRondelle, "Israel
na Profecia", 231-237).
" Earle E. Cairns, 0 C#.j`//.¢#z.j`Âm Á/n¢zÜ'j` c/or J`G'ú`#/" (São Paulo: \7ida Nova, 1990), 35.
CAPÍTULO 2

CRISTIANISM0 APOSTÓLICO

As considerações do capítulo anterior demonstraram que a escatologia apoca-


líptica judaica não se deteve muito com cálculos sobre a atuação de Deus num futuro
cfonologicamente fixo, uma vez que as evidências parecem supor que o conceito de
"messias" bem como a doutfina messiâníca propriamente dita, como assinala Scar-
delai, é fruto de uma preocupação teológica posterior que aponta para o advento do
cristianismo. ` Era corrente que o reino de lsrael seria prontamente restabelecido pelo
Mestre (At 1:6; Lc 24:21).
Nesse sentido, segundo Scardelai,

pode-se afirmar com certa`segurança, embora sem o consenso da maioria dos estudiosos,
que apesar dos termos "méssias" e "messianismo" não captarem a totahdade nem o
sentido último da utopia judaica, presente em movrientos e líderes fracassados, a ide-
ologia da redenção messiânica continuou sendo a grande responsável pela fermentação
escatológica que se seguiu, iluminando a definição e o perfil da própria fé cristã`2
J3
Dessa maneira, a igreja cristã no seu iricio, empolgada com a perspectiva do
breve estabelecimento do reino de Cristo, se encaminhou para a determinação de um
tempo específico, próximo a esse evento.
Durante o primeiro século d.C., vários autores registram que o senso da brevidade
dapc"#+z.úr3 caracterizou a incipiente igreja cristã. Várias passagens do Novo Testamentc)
declaram que o mundo vivia nos eventos finais da história da redenção.J Os cristãos
desse período tinham, portanto, a convicção de que a última hora havia chegado.;
A igreja priritiva era distintamente pré-mileniahsta em suas acariciadas expecta-
Çôes do segundo advento de Cristo. A esperança dos primeiros cristãos estava fixada
nesse evento e no estabelecimento do reino de Deus na Terra. Os pais apostóhcos
antecipavam um futuro reino em conexão com o advento do Redentor. A segunda
epístola de Clemente aos Coríntios declara: "Vamos nos preparar para o reino de Deus,
hora a hora, em amor e justiça, visto que nós não sabemos o dia do aparecimento de
Deus''.ó 0 retofno do Salvador no fim dos tempos seria acompanhado de tremendos
eventos -os céus se enrolando como pergaminho, o aparecimento do r``üho do Llomem,
a ressurfeição dos mortos e a temida, contudo gloriosa, cena do julgamento seguida
pelo eterno reino celestial por vir. Com ardente expectativa desse fiituro, os primitivos
cristãos foram obrigados a espalhar o evangelho da salvaçâo com zelosa pressa.7
Embora a esperança do Antigo Testamento estivesse focalizada particularmente,
mas não exclusivamente, sobre o primeiro advento de Cristo para estabelecer seu reino
(Mq 5:2), também antecipa seu sofrimento e morte (Is 53:3-10), e enfatiza que o reino
de Deus será rejeitado a princípio (Sl 118:22, 23), mas será finalmente estabelecido
CRISTIANISMO APOSTÓLICO

quando Deus vier uma segunda vez (Is 25:8, 9). Dessa forma, ao se perceber que o
Antigo Testamento também previa o segundo advento, esse fato feavivou e manteve
a esperança no advento, assim como inspirou os primeiros seguidores de ]esus Cristo.
Era importante para eles pensar que o Cristo que veio a primeira vez como prometido
"virá novamente uma segunda vez a fim de cumprir a última de todas as promessas

que Deus tem feito", considera Olsen.8


Essa esperança da fi]tura consumação se concretiza na promessa feita por]esus do
seu fetorno à Terra no final dos tempos. Para demonstrar essa esperança, os escritores
do Novo Testamento usaram uma variedade de expressões. Algumas palavras gregas
especialmente se destacam. A primeira é Grc.Áo#4r?. ®or vir), uma palavra de ocorrência
comum usada com referência ao retorno de ]esus nos textos de Mateus 24:30, 42-44;
25:31; e Lucas 12:15; 15:5-6 e 19:23. A segunda palavra é GP/j)Ác7%.c7 (aparecimento,
presença), a qual ocorre uma vez em 2 Tessalonicenses 2:8 e cinco vezes nas epístolas
pastorais (1Tm 6:14; 2Tm 1:10; 4:1, 8; Tt 2:13). A terceira palavra é ¢f>oA47/#PJ/.J ou a
forma verbal ÁzPoÁcz/#P/o (revelar, desvelar), que se refere ao segundo advento de Cristo
qc 17:30 e lpe 1:13). A quarta e mais peculiar palavfa usada para a vinda de Cristo na
glória messiânica é j)c7m%/.c7, que significa presença, mas é também é usada no grego
secular por ocasião da visita de um rei ou imperador. No Novo Testamento essa palavra
nunca é usada para se referir ao primeiro advento de jesus, mas é usada em 15 das 20
vezes quando fala do segundo (Mt 24:3, 27, 37, 39; 1Co 15:23,1Ts 2:19; 3:13; 4:15;
5:23; 2Ts 2:1, 8-9; Tg 5:7, 8; 2Pe 1:16; 3:4 e 12; 1jo 2:28).
4 Além dessas palavras, existem referências ao "dia do Senhor" (At 2:20; 1Co 1:8;
5:5; 2Co 1:14; 1Ts 5:2; 1Pe 1:6,10, 2:16; 2Pe 3:10,12) e expressões correlacionadas,
como "o dia do julgamento" Q4t 10:15; 11:22, 24; 12:36; 2Pe 2:9; 1]0 4:7;]d 6) e "aquele
dia" q4t 7:22; Lc 10:12; 21:34; 2Ts 1:10; 2Tm 1:2, 4:8).`J
E importante ressaltar a tensão advinda do "já" e o "não ainda" do reino de Cristo.
Em suas parábolas,]esus enfatizou o "já" (Mt 13:31 -33; 45, 46) e nas bem-aventuranças
do sermão do Monte, o "não ainda" Q4t 5: 1 -12).'° Significa que aqueles que conheceram
ajesus e que responderam com fé a Ele, já tinham obtido posse do reino, mas deveriam
preparar-se para entraf nesse futuro reino por ocasião da sua Pé7wr?.c7."
A expressão "segunda vinda" não é encontrada no Novo Testamento. No entanto,
em Hebfeus 9:28 a palavra "segunda" é encontrada uma vez em referência ao segundo
advento de Cristo em poder e grande glória. 0lsen analisa que, conquanto nem jesus
nem a igreja primitiva tenham usado a expressão, a crença em seu segundo advento
permeou tanto o pensamento de ]esus como o da igreja primitiva."
Emumambientemarcadopelaiminênàa,destacam-secertasdeclaraçõesdejesusem
ocasiões diferentes. Teólogos preteristas têm interpretado essas declarações como sugerindo
o cumprimento do ej`ú.Á#'/o# (acontecimento final) dentro da primeira geração de cristãos.] 3

(1) Em Mateus 10:23,]esus afirmou: "não acabareis de percorrer as cidades de lsrael,


até que venha o Füho do Homem". (2) Em outro trecho, ao dar instrução sobre a negação
própriaesuavrida,declarou:"dosqueaquiseencontrarn,a|g`msháque,demaneimnenhuma
passafão pela morte até que vejam ter chegado com poder o reino de Deus" Q4c 9: 1). (3) E,
ao exoftar os apóstolos com a parábola da figueira, no contexto do seu retomo, Ele advertiu
"não passari esta geração sem que tudo isto aconteça" Q4c 13:30).
0 DIA DA SUA VINDA

É preciso entender o que o Senhor ]esus pretendeu transmitir ao proferi as


palavras dos textos acima mencionados: (1) jesus está indicando, neste primeifo texto,
que os pregadores do evangelho não teriam completado o seu trabalho até que Ele
viesse. ]esus não estava se referindo aos seus dias, mas a um tempo no fi]turo quando
se concretizaria a pregação do evangelho (cf. Mt 24:14). (2) Segundo um significativo
grupo de eruditos bíblicos, jesus estaria se referindo, nesse texto, à sua transfiguraçào
que se daria em seguida (Mc 9:2-8) e que seria testemunhada por Tiago, Pedro e ]oão.
A transfiguração, segundo Russel N. Champhn, foi um símbolo místico da 4zz"#Jz.cz.'+
(3) 0 que tem causado perplexidade e gerado discussão neste texto (Mc 13:30) é a
expressão "não passará esta geração''. Pode-se compreender o texto ao anahsar-se o
contexto do capítulo 13 de MarcQs, onde são apresentados os sinais que indicariam
o fim do mundo. A gGm/`Go que "não passará" será a que estiver vivenciando aqueles
acontecimentos." Uma preocupaçào cronológica mais específica é demonstrada no
diálogo de Cristo com Pedro após a ressurreição, quando o apóstolo pergunta sobre
o destino de joão. A resposta de Cristo foi "se eu quero que ele pefmaneça até que eu
venha, que te importa?" (verjo 21 :22). Essa declaração levou os ouvintes a entenderem
que o apóstolo não morreria, ou seja, que jesus voltaria antes da morte de joão (ver
jo 21:23). As palavras de ]esus não vísavam estabelecer um tempo para o Gí4`Á4'/o#, mas
antes deixaf claro que o destino final do apóstolo era uma questão da sobefania de
Deus. 0 assunto, portanto, estava fora da alcance de Pedro."
Em Mateus, após ]esus ter pronunciado seu sermão profético, os discípulos refleüram
sua preocupação com o tempo perguntando: "Dize-nos quando sucederão estas coisas e que JJ
sinais haverá da tua vinda e da consumação do século" Q4t 24:3; ver também Mc 13:3, 4). No
Monte das Oliveiras, pouco antes de]esus ascender aos céus, os chscípulos extemaími mais
uma vez a pfeocupação quanto ao tempo (c`Ám%'J) ao indagarem: "Senhor, será este o tempo
em que restaures o reino a lsrael?" (At 1:6).
A compreensão dos discípulos a respeito das declarações de jesus permite
admitir que havia uma curta estimativa de tempo para a P4ro#íz.ú7 entre os cristãos
no final do século 1 d.C. Para eles, o estabelecimento do reino de Deus não deveria
tardar, e essa forma de pensar impulsionou-os a proclamar o evangelho com poder,
convicção e autoridade.
0 senso de urgência foi marcante na pregação dos apóstolos, pois entendiam dever
apressar-se na sua tarefa, remindo o tempo, uma vez que o fim estava às portas. Bertília
Leite e Othon Winter afirmam que "a seita cristã [maneira depfeciaüva como os primitivos
cristãos eram denominados] que prosperou após a morte de ]esus sustentava que eles
esperavam uma completa transformação do mundo num fi]turo muito próximo"."
Champlin relata que em Tessalônica, porém, a situação complicou-se. Os recém-
convertidos membros dessa comunidade acreditaram que o segundo advento de Cristo
seria um acontecimento para os seus dias e que as bênçãos vindas junto desse evento
seriam desfrutadas somente pelos vivos." Assim, cada cristão que morria trazia-lhes
uma profunda tristeza. Paulo, ao ser informado por Timóteo do que estava ocorrendo,
escreveu-lhes uma carta. Foi a primeira epístola aos Tessalonicenses.
As palavras de Paulo em 1 Tessalonicenses 4:16-17, freqüentemente utilizadas
em funerais cristãos por enfatizarem a ressurreição dos mortos fiéis e a transformação
CRISTIANISMO APOSTÓLICO

dos justos vivos, foram mal compreendidas naqueles dias. Ele usou o pronome "nós"
referindo-se aos vivos por ocasião do segundo advento de Cristo e os tessalonicenses
entenderam que a ptzro#.¢ dar-se-ia antes da sua morte."
Uma vez que Cristo estava prestes a voltar, alguns tiveram um comportamento
desordenado, parando de trabalhar e vivendo da caridade da igreja (2Ts 3:6-12).2° "Se
alguém não quer trabalhar, também não coma'', declarou Paulo (v.10). Visando esclarccer
o assunto, Paulo escreveu a segunda epístola aos cristãos da cidade de Tessalônica pata
corrigir essa fàlsa expectativa (2Ts 2:1)."
No fim do pfimeiro século da era cristâ, joâo, o único remanescente dos após-
tolos, escfeveu o hvro do Apocalipse quando se encontrava exilado na ilha de Patmos.
A idéia de um fim breve está presente neste livro, pois três vezes ele ouve do próprio
Senhor]esus a declaração "venho sem demora" (Ap 22:7,12 e 20). Apesar do senso
de proximidade do fim, joão não apresenta um tempo específico para este evento.
Desdobra, porém, numa hnguagem repleta de figufas e símbolos, o caminhar célere e
rápido para a consumação de todas as coisas.
No período da igreja cristã primitiva, o senso de iminência csteve presente,
contribuindo como um elemento motivador na pregação do evangelho.22 Apesar da
ansiedade da expectativa em alguns momentos, conduzir a uma tentativa de defirir o
tempo do segundo advento, não ocorreram neste período mafcações específicas de
datas para a volta de ]esus.
0 período apostóhco foi caracterizado por uma intensa esperança escatológica,
/6 como se pôde constatar. Todavia, ao contrário da opinião da crítica bíblica moder-
na, a demora ou o adiamento da P¢ro#j7.4 não parece ter causado grande comoção
entre os primeiros cristãos, uma vez que interpretavam os eventos de maneira
diversa. Com a passagem do tempo, paulatinamente firmou-se o entendimento de
que o segundo advento de Cristo poderia não ser um evento tão iminente, e sim
um tanto distante no futuro.
Montano, por volta de 15Ó, proclamou-se ristrumento passivo, pelo qual o Espírito
Santo fàlava. Nessa nova revelação, Montano declarou cumprida a promessa de Cristo e
riaugurada a dispensação do Espírito Santo. A ele juntaram-se logo duas profetisas, Prisca
(ou Priscila) e Maxriri|a.23
0 montanismo surdu como uma tentaüva de resolver os problemas de formalismo
na igreja e de sua dependência da hderança humana, ambos resultantes de não se depender
do Espírito Santo. Essa tentativa levou-o a reafirmar as doutrinas do Espírito e do segundo
advento. Infélizmente, como geralmente acontece em movimentos dessa natureza, ele caiu
no extremo oposto, e concebeu fanáticas e eqúvocadas riterpretações da Biblia.
Durante meados do segundo século, levantou-se uma crise em tomo da questão do
segundo advento divulgado pelo movriento montariista. Nahanael Bonwestsch acurada-
mente resumiu a ética do montanismo como
umesforçoparaaprimoraravidadaigrejamantendo-aemsintoniacomaexpectaçãodoretomo
de Cristo, imediatamente às portas. [...] 0 montanismo visava também definif a essência do
cristianismo deste ponto de vista da imriência, impedmdo que a igreja adquirisse uma forma
de pefmanência mais longa na lristória.2J
0 DIA DA SUA VINDA

No desenvolvimento de sua doutrina pecuhar acerca da inspiração, Montano


concebeu-a como imediata e contínua, e se colocou comop4yz7'6`/G/o ou advogado por
meio de quem o Espírito Santo falava à sua igreja, do mesmo modo que falara através
de Paulo e dos outfos apóstolos. Montano tinha uma escato|oãa extravagante. Cria
que o feino ce]estial de Cristo seria instaufado brevemente em Pepuza, na Frígia, e
ali ele teria um papel de proenrinência, I'ara que estivessem preparados para aquele
acontecimento, ele e seus seguidores pfaticavam um rigoroso ascetismo. Diz Froom:
"0 preparo consistia em jejuns, abstinência de carne, cehbato e um ascetismo ri'ãdo".25
Não se permitia novo casamento se um dos cônjuges morresse; muitos jejuns deviam
ser feitos; a alimentação devia ser sustentada por frutos.2`' Os montanistas viviam sob a
vívida impressão de uma catástrofe final e difecionavam os seus desejos para o segundo
advento e o fim do mundo.27
A lgreja reaãu a essas extravagâncias, condenando o movimento. 0 Concílio
de Constantinopla declarou em 381 que os montanistas deviam ser olhados como
pagãos.28 No entanto, Tertuliano, um dos maiores pais da igreja, atendeu aos apelos do
grupo e aderiu ao movimento, que foi muito forte em Cartago e no Oriente. Também
representou um protesto contínuo, suscitado dentro da igreja quando se aumentou
a força da instituição, diminuindo a dependência no Espírito de Deus. Infelizmente,
esses movimentos geralmente se afastam da Bíbha,` entusiasmados pela reforma que
desejam e com o montanismo não foi diferente.

Notas
' Scafdelai, 363.

2 Ibid., 360.

3 A palavra gregap¢m#rz.¢ é composta de Pc## (com/ e o#JÍ.4 (estar), e signífica titeralmente


"esta£ com", presença; também usado, de maneira especial, significando a visita ou chegada

de um rei. 0 segundo advento de Cristo será sua presença com seus crentes. Essa P#o#+7`4 se
dará com a vinda em glória de Cristo à Terra, ocasião em que os justos mortos ressuscitam
glorificados e os justos vivos são transformados "num momento, num abrir e fechar de olhos"
(1 Co 15:52). Esse grupo de remidos ascende aos céus "para encontrar o Senhor nos ares" (1Ts
4:17) e no Céu permanece reinando com Cristo por mil anos, retomando depois para habitar
numa Terra renovada, onde habitarão para sempre (Ap 20:6; 2Pe 3:13).
4 Pode-se citar, por exemplo, Lucas 18:7, 8; Hebreus 1:1-5; 9:26,10:37; Tiago 5:8, 9; 1

joão 2:18; Apocalipse 2:16; 3:11; 22:7,12, 20.


5 Anthony A. Hoeckema, <4 Bz`é7Á.c7 6 o F#/#ro (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989),

26-28; Hebblediwaite, 27-36; George Eldon Ladd, "G B/ejwJ HoPG (Grand Rapids, MI: Eerdmans,
1970),19-20; G. C. Berkowef, TbG Rf/zw o/ Cú#.j`/ (Grand Rapids, M: Eerdmans,1963), 86.
ó A segunda epístola de Clemente aos Coríntios, cap.12: 1 em TÁG .4Por/o/z.c F#j:ú#r (New

York: Cria,1947),1:147.
7 Froom,1:18-19.
CRISTIANISM0 APOSTÓLICO

8 0lsen, 37-42. Confrontar com P. Gerard Damsteegt no Book Reviews, .4#Jr?wr


U#.wTz.#J6#/."rj;J/#c7z.Gr(1991),29:102-103.
9 0lsen, 47. Outtas palavras gregas sobre a esperança do segundo advento no
Novo Testamento: 4#c7/#o (voltar, vir) em Lucas 12:3ó; /#4of/rGPÁo (voltar) em Lucas
19:12; Gpe#.r/Gz?í. (venha) em Lucas 21 :34; Proj`oPo# (aparecimento) em 2 Tessalonicenses
2:9; PÁc7wo (manifestar) em 1 Pedro 5:4; e /GÁo (venha) em Apocalipse 2:25.
" Para ampliar a compreensão da tensão do "já x não ainda", ver Bruce Chilton,
PwG Kz.#gdoÂ# /##r' T/?.j-/.o# o/ Goc7 (Grand Rapids, MI: Eerdmans,1996), 56-66.
" Olsen, 54.
i2 ibid., 47.

" Ver Luiz Nunes, "À Expectativa da Segunda Vinda dejesus na lgreja Apostólica",
RG#/.j`/Õ T%/o'gí.cc7 c7o J:ÁLT-IÍ4Ej\7E, julho a dezembro de 1997, 45.
" Russel Norman Champlin, 0 Now Té'j./4#G#/o J#/#PrG/4Jo, 6 vols. (São Paulo:
Millenium Distribuidora Cultural,1987),1:733.
t5 Para mais esclarecimentos sobre este assunto, ver o attigo de josé Carlos Ramos,
"Não Passará Esta Geração: Um estudo exegético de Mateus 24:34 com ênfase ria
•Lm:.nênéia. da seg`mda v.tndçL" (ern 0 Futuro: A uiSão aduentisia dof últimof acontecimentos,

117-132).
" Mário Veloso, Co#ó'#/ó#.o c/o E#cz#gG/4o c7G/oGo (Santo André, SP: Casa Publicadora

js Btasileira,1984), 375; F. F. Bfuce, O E#zz#gG/úo 4ÍG/oc7~or J#/roc/#fGO G Co#€#/éí#.o, Série cultura


Bíblica (São Paulo: Mundo Cristão,1987), 4:346-349.
t7 Leite e Winter, 93.
" Champlin, 5:205.
" Ver josé Carlos Ramos, "Paulo e suas epístolas adventistas", RG#z.J./4 Ády€#/7.J./4,

março de 2003, 6-8.


2°WilliamHendriksen,rÁGB/.G/Go#/ÁGL//GHw6c7//#(GrandRapids,MI:Baker,1991),

112. Hendriksen declara que hoje, assim como ocorreu nos dias dos tessalonicenses,
existem muitas pessoas que, sob excitação espiritual, especulam acerca do futuro
negligenciando o seu dever presente.
2] Paulo escreveu a primeira epístola aos Tessalonicenses com o propósito de sanar
alguns problemas: (1) Os judeus foram implacáveis na oposição à igreja de Tessalônica.
Com a saída do apóstolo, tentaram lançar dúvidas quanto à integfidade de seu caráter
e à sincetidade de seus motivos; (2) a perseguição por parte de gentios levou Paulo
a encorajar a igreja -2:13-16, principalmente o verso 14: (3) dúvidas com respeito à
volta de jesus precisavam set extinguidas. Por exemplo: eles esperavam o retorno de
jesus para logo; alguns membros, porém, haviam morrido; qual o destino deles? Seria
mais vantajoso estaí vivo quando Cristo voltasse? Outra dúvida tinha que ver com o
comportamento dos crentes. Deveriam trabalhaf se a volta de ]esus estava tão próxima?
Estes pontos são abordados em 4:9-5:110osé Carlos Ramos, "Paulo e suas Epístolas
Adventistas", R6#/.j`/c7 Á/#G#/¢.r/c7, março de 2003, 6-8).
0 DIA DA SUA VINDA

22 Davidj. Downs,12.
23 A escatoloãa de Montano era extravagante. Cria que, em breve, o reino celestial de Cristo
se estabeleceria em Pepuza, na Frígia, e ele próprio teria um papel de proerimência. Maximla, a
última das suas ptofetisas originais, havia declarado que depois dela não aparecefla outto profeta,
mas som€nte a consumação de todas as coisas. Os montanistas atribu'am a si a fiinção de receber
revelações especiais e eram fascinados por especulações sobre a aproximação do fim do mundo.
Philip Schaff, H/.í/ocy o/ /úG Cú#.j.Jz.c7# CÁ#rj:ú [Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1970], 2:421).
2+ Nathanael Bonwestsch, G6Íé`Áz.6.Á/G c7# A4o#/z7#/.+Â%r (Erlangen, 1881), 139. Ver também

jaroslav Petikan, Cú#rcú Hz.r/ocy, 27 /79J2/, /08-22., artigo, "Patristics, millenniahsm: early
medieval," BR 140 C5Ó (curr. in per.); Ibid, E##g?wG o/ C¢/Áo/z.c. Tn¢c7z./Í.o#, 98.
25 Froom,1 :261.

26 Cairns, 82-83.

27 Harry R. Boer, 4 JÁo# Hzt7ocy o/ /óG E¢r} Có#njió (Grand Rapids, M: Eerdmans,1988),

63-65. Para obter mais informações sobre o movriento montanista e a sua escatoloria, ver também
Henry C. Sheldon, Hz.f/op o/ /ú€ C/7#+¢á# Cú#rj:ú q'eabody, M\: Hendflckson,1988), 272; e Williston
Whlkef, 4 H/.J/oo/ o/ /úG C»#.j:/z.c7# C##rf4 (New York: Charles Scribner's Sons, 1959),54-56.
28 Cairns, 83.

J9
CAPÍTULO 3

CRISTIANISM0 PATRÍSTICO

Os cristãos do segundo século ainda olhavam para o segundo advento, mas não
mais oravam A4úrr?#cz/ú4 /que significa "Ora vem, Senhor"). Em vez disso, supücavam a
Deus em favor dos "imperadores [...] seus deputados, e todos investidos de autoridade,
pela prosperidade do mundo, pela prevalência da paz, e pelo retardamento da consu-
mação final".t lsso foi o início da denominada desescatoloãzação do cristianismo.
Mesmo com essa forma diferente de pensar, alguns dos pais apostóhcos continuaram
crendo na proximidade do segundo advento e, como será visto neste capítulo, estabele-
ceram datas para o evento. Declarações encontradas nas epístolas de Clemente, Inácio e
Bamabé no final do primeiro século e início do segundo denotam certa expectação quanto
ao retorno bfeve de jesus.2 A tendência de se estabelecer uma perspectiva de tempo é
encontrada entre os pais apostólicos ainda no limiar do segundo século e mesmo entre
outros cristãos dessa época.3 A morte de Nero, a destruição de jerusalém e outros acon-
tecimentos eram encarados como sriais do segundo advento. Como jesus não voltava,
os mais cuidadosos tentaram estabelecer datas mais distantes para a p4no#Jz.c7.
De acordo com Clemente de Roma ®rimeiro século d.C.), apczm#rz.cz estava sendo
retardada pelos pecados dos cristãos. Origenes de Alexandria promoveu a idéia de que
Deus tinha adiado apczm#J?.c7 e o dia da ira a fim de que as conseqüências das más ações
dos homens pudessem ser reveladas e a justiça divina vindicada.4
A epístola de Barnabé (século 2 d.C.), um cristão eãpcio, apontava a volta de
Cristo para mil anos mais tarde.5 Estava satisfeito de que o dia quando todas as coisas
pereceriam com o mal, estava perto. No entanto, conclui, com base em sua interpre-
tação da história da criação, na qual cada dia era usado para representar mil anos, que
o universo dufaria 6 mil anos, dos quais a maior porção já tinha expirado. A Pc7ro#Íz.4
ocorreria então no fim do sexto milênio e inauguraria o grande sábado cósmico.ó
Tal sucessão de acontecimentos fortalecia o conceito de proximidade com uma
visão de tempo marcado, propiciando um terreno fértil aos alarmistas de plantão.
Ignácio (69-107 d.C.), bispo de Antioquia, acreditava que estava vivendo nos
"últimos tempos", quando todas as coisas se encaminhavam para um fim. Por isso,

admoestou seus leitores a "olhar para aquele que está além dó tempo".7 No último
capítulo do Didaches uma exortação semelhante aparece: "Cuidai da vossa vida - não
permitam que suas lâmpadas se extingam, nem que vossos lombos fiquem descobertos.
Mas estejam prontos, pois vocês não sabem quando nosso Senhor está vindo".9 0 senso
de iminência estava presente e o apelo indica a compreensão de que o fim chegara.
CRISTIANISMO PATRl-STICO

Outros grupos com idéias especulativas em torno do segundo advento e do


fim do mundo continuaram surgindo nos primeiros séculos da era cristâ. 0 livro de

•:a:os,:rá:,,'oapporfeseexnet:*e::tpao::çoãboledmea;ur:hog.ousrossoeee:pdeucrual::âedsorepl::::::.da:uànàs:
têm sido determinados. Por fim, o hvro diz, conforme Oesterley," que lsrael é ainda
amado por Deus, apesar das aparências indicarem o contrário.
0 primeiro a fofmular a hipótese de que mil anos após a morte de Cristo
aconteceria o fim do mundo foi o bispo Papias di Girapoli. A suposição foi elabo-
rada por volta do ano 130, portanto ainda não havia se passado cem anos desde
a crucificação de Cristo." Entre divefsas interpretações prevalece a idéia de que
aqueles mil anos representavam o limite extremo da tolerância divina às ações dos
homens, e depois dele não haveria mais misericórdia para os pecadores. Papias in-
sistia em que, com o fim do mundo, o cristianismo triunfaria definitivamente sobre
a morte.. iniciaria um milênio de suprema satisfaçâo e a Terra s€ria transfigurada
por dádivas do Senhor."
0 bispo e doutor da igreja de Esmirna, na Ásia Menor, Irineu (mais conhe-
cido por bispo de Lion) (130-202 d.C.) sustentava uma velha tradição judaica.
Ela afirmava que os dias da semana da criaçào eram típicos dos primeiros seis
mil anos da história humana, com o anticristo manifestando-se no sexto período.
22 0 bispo esperava que o reino milenar começasse com o segundo advento de
Cristo pafa destruir os ímpios e inaugurar, aos justos, o predomínio do reinado
de Deus durante o sétimo milênio sabático, representado pelo sábado da semana
da criação.t+ Irineu, assim como outros escritores daqueles primeiros séculos,
não tinha uma concepção exata do tempo a transcorrer antes do aguardado
advento, e naturalmente esperava uma curta duração do poder do anticristo
llipólito de Roma (170-235 d.C), discípulo de lrineu, também considerava os dias
da criação como simbólicos. Tudo indica ser ele o primeiro intéfprete cristão a cair no
erro de fixar uma data específica para o segundo advento de Cfisto, que seria, confor-
me sua marcaçâo, no ano 500 d.C.t5 Como seguia a cronoloãa da Septuaginta, mais
longa que a do texto hebraico em cerca de 1.500 anos no periodo de Adão a Abraão,
Ilipólito fixou a encarnação no ano 5500 depois da criação, e disse que os 6.000 anos
terminariam cerca de 250 anos depois de seus dias."
Cipriano (200-258 d.C), bispo de Cartago, colocou sua expectação na proxi-
midade do advento. Considerava problemático antecipar qualquer continuidade das
presentes ocupações, e exortou a todos para aguardar o repentino advento do Senhor.
Em suas advertências aos fiéis, o elemento tempo foi detalhadamente esboçado, e
ele rogava para que permanecessem firmes mesmo diante do martírio, pois a volta
de Cristo ocorreria em seus dias." Embora Cipriano não tenha marcado uma data
específica para o segundo advento e para o fim do mundo, demonstrou acreditar que
seria muito breve, em sua própria época.ts Acredita-se que ele tivesse, assim como
0 DIA DA SUA VINDA

outros pais da igreja, a mesma concepçào de que o mundo duraria 6 mil anos, sendo
o sétimo milênio a consumaçào de tudo. 't'
` Friedrich assinala2° que Mani (215-274 d.C)2' se declarava como o último e o
maior dos profetas, que haveria de conduzir.+alguns dos seus seguidores mais espiritu-
alizados para o reino da luz, qu<indo o mundo fosse consumido pelo fogo, como logo
aconteceria. Mani e seus seguidores acreditavam, à semelhança dos cristâos primiti`Tos
a quem reivindicavam como modelo, que a breve destruiçào da Terra exigia que todos
pregassem e praticassem rígidas virtudes de caráter. Viviam m castidade e na pobreza
e não comiam carne nem qualquer produto de origem animal.2:
Martinho (316-397 d.C), bispo de Tours, esforçou-se em vào por eliminar o paga-
nismo que arida restava fortemente na Gália. Para esse fim` escreveu com inquietaçâo
sobre a vrida do anticristo, cujo reino prenunciaria os cüas do juízo final. "Não há dúvida
que já nasceu o anticristo. Solidamente estabelecido desde seus primeiros anos de vida,
ele adquirirá. ao atingir a maturidade, um poder supremo''. 23
Lactâncio (c. 250-330 d.C)2` seguiu a teoria dos Ó mil anos à semelhança de Hi-
pólito` ao calcular o fim do mundo e o segundo advento para cerca do ano 500 d.C.
Tomando os seis dias da semana da criaçào como símbolos da história do mundo, ele
os concluiu com um sétmo nrilênio de pausa, descanso, depois de 6 mil anos de im-
piedade. Enfaticamente negava a teoria greco-caldaica de centenas de milhares de anos
para a história da Terra, ao declarar que somente as Escrituras revelam a história do 2j
mundo. Conforme ele repetia, o término da história terrestre estava se aproximando do
hmite do sexto milênio` reforçando a proximidade do fim à luz dessa prc)posta. Assim
como havia feito Hipólito, Lactâncio também seguiu o extenso cálculo da Septuaginta,
chegando às mesmas datas tanto para o primeiro quanto para o segundo advento de
Cristo. Concluiu que Cristo retornaria 200 anos após os seus dias, isto é, no ano 500
d.C. Mas, como ele mesmo assegurava` o fim nào viria antes da queda de Roma.25
Vitorino @ -303 ou 304 d.C), bispo de I'ettau na Alta Pannonia, próxima à mo-
derna Viena, ao interpretar o Apocalipse, não conseguiu perceber o longo período da
história fiitura submersa nos símbolos. Assim, incorfeu na atitude de outros, prevendo
o desenrolar dos acontecimentos dentro de um breve espaço de tempo.26
Ainda nessa linha de inconsistentes e indefinidas teorias de tempo` destaca-se Am-
brósio (340-397 d.C). Ele. afirmava que o sétimo período do mundo tinha terminado e o
oitavo seria a época cristã -o sétimo do Antigo Testamento (ÁGGc7oz#z7¢ é o oitavo (ogcbcz¢
do Novo Testamento. Mas ele associou o fiituro descanso com a sétima trombeta, que
anunciaria o eterno reino de Deus e de Cristo, e, com o sábado. Também reconheceu o
sábado não somente em dias, anos e peri'odos, mas em "séculos" e "milênios" -"os dias,
meses e anos deste mundo". Ambrósio predisse que o tempo da ressurreição é o ano 500,
mas para nós é o milésimo.27 Como se viu, ele valeu-se de cálculos confiisos, complexos
e dificeis de acompanhar, tentando estabelecer um tempo para os eventos finais.
Outro pai da igreja influenciadc) pela interpretação alegórica de Orígenes foi
Ticônio, no quarto século. 0 retorno de Cristo, segundo sua interpretação, estava às
CRISTIANISMO PATRI-STICO

portas, e o ano anunciado era 381.28 Em lugar de duas ressurreições literais, Ticônio
inteipretou a primeira ressurreição como sendo espiritual, da alma, como sugerido por

• 3uç:::|:Si: aresâgsnfaí.Ccoô¥|:rse.a:gpe:;ompe::ecírpeicou:aorseàp la:'.asç:om-t:rsne: t:aphrànhcal:ào,eeff:


da dispensação cristã, datando-a a partir do primeiro advento de Cristo. Assim, c.le faz
o fim princípio e o princípio fim. Além disso, esse período do milênio ele encurta de
1.000 para 350 anos, porque os três dias e meio de Cristo na tumba foram encurtados
por empregar somente partes do primeiro e terceiro dia. Restabelecendo, provavelmen-
te, uma hipótese judaica que um "tempo" possivelmente significa um século, Ticônio
equivale cada "tempo" profético a 100 anos, ou seja três tempos e meio seriam cerca
de 350 anos. Começando com a ressurreição de Cristo, esse período estaria para ser
expirado. Portanto, ele faz o término do tempo profético coincidir com os seus dias,
mais precisamente o ano 38|.2'J
Um século depois do imperador Constantino (306-337 d.C), uma nova teoria
do milênio floresceu com base no conceito de Agostinho (354-430 d.C) em C/.dc7c/G /G
Dé'#j`. Agostinho, influenciado por Ticônio, que assim como Orígenes, também lia as
Escritufas alegoricamente não considerando os dias da criação como literais. Entretanto,
como uma revelação passo a passo de uma criação que ocorrera num só momento,
dizia que esses dias simbolizavam as épocas do mundo: (1) de Adão a Noé; (2) de Noé

24 a Abraão; (3) de Abraão a Davi; (4) de Davi ao cativeiro; (5) do cativeiro a Cristo; (6)
de Cristo ao fim; e (7) o segundo advento e o descanso eterno."
Como também seguisse a cronologia da Septuaginta, ele cria que o sexto período,
que incluía o nrilênio, deveria terminar por volta do ano ó50, com uma grande erupção
do mal e com a revolta de Gogue, que seria seguida pelo segundo advento de Cristo
e o juízo. Ao alegorizar os seis dias da semana da criação, realçou que "mais seis mil
anos são computados". Então, fixou para a duração do mundo os sete dias da semana
da criação, resumidos em um dia, divididos também em doze horas, ou épocas, com o
primeiro advento de Cristo na décima-primeira hora.3'
A teoria "mundo-semana", exposta anteriormente, foi baseada em previsões pre-
cedentes a Agostinho, que, mergulhado em neoplatorismo e pitagoreanismo, realmente
determinou a doutrina para os séculos seguintes.`" Esclafece Ffoom que ele exerceu uma
influência maior do que qualquer escritor da igfeja primitiva.33 0 entusiasmo quanto
ao segundo advento esfriou no quarto século. Nesse século, o favor imperial substituiu
a perseguição aos cristãos e, segundo a concepção de Agostinho, a lgreja tornou-se o
reino de Deus aqui na Terra. Nos grandes centros do pensamento da época, o alego-
rismo filosófico ocupou o lugar da expectativa do breve retorno de Cristo."
0 DIA DA SUA VINDA

Notas `

' Tertuhano em j4Po/ogy j9,2, z4NF (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1968), 3:46.
'-TbeFirstEplftbofClementtotl)eCoriMthians,c;a:p.2:3,ínLIHanM€ri:±Ne;s,ed.,TbeAmte-NícmeFather`S

(Grand Rapids, M: Eerdmans, 1965), 1 :236; TÚG EP¢.j7¢ o/ Jg#cz¢.#r /o ÁÚG EPÁeJrim, cap 11, /.# ibid., 1 :54,.
TheEPstboflgflatiuftoPobcarp,c;2(p.3,in:ri;Nd.,l..94.,TheEpiftleofBarriabas,cÂrp.21,in`ybHà`,1W9.
3 Ladd,19-22.
4Ibid., 70.
5 TÓG EPí.fz/G o/ Bczr#cíGézf, cap.15, z.# Mensies, 283-284; Froom,1:211; Durant, 7, 2`J4;

Lepargneur, 20; Hebblethwaite, 29.


ólbidem.
] 1gnâcLo, To Pobcarp 3..2 in ANF,1..94.
8 D?.Jc7cúG.. Livro do primeiro século (também conhecido como 0 E#j`/.#éz#é'#/o c/oí Dozí

ÁPo'fJo/oJ) que não faz parte do cânon das Sagradas Escrituras. Entfetanto, é um escrito cristão
do primeiro século. E ele foi tido em tanta consideração nos tempos primitivos da lgreja, que
muitos o julgaram de importância comparável aos livros do Novo Testamento (E#c7.c/oP€c/z.c7 cJG
/z7 87.á/z.c7 Parcelona: Garriga,1964], 2:921).
9 Didacl)e \6..1.
t°2 Esdras, capítulos 14, v.1-4, e 16, v.18-78.
` ` W 0. E. Oesterley, <4# J#/mc#¢z.o# Á? Áúp B"A o/ Â4G.4Po6z2PÁcz ¢.ondon: SPCK, 1935),14ó.
\.-Fríw"co C;woTn!o, AS Grandef profedaJ: Uma noua cbaue de leitura das mais cólebreJ Í]reúsões da 25

Áz.J/o`#.4 Qio de Janeiro: Bom Texto, 2002),153.


" "A perspectiva era tremenda só na aparência, dado que à catástrofe se seguiria o advento
do reino de Deus, destinado a durar também mil anos. Esse era o sentido profimdo da promessa
da qual nasceriam as teorias medievais milenaristas, despedaçadas entre fehcidade e desespero,
ânsia e teíror. Temia-se o fim, mas esperava-se o renascimento com extraordinária esperança.
Uma fdicidade milenar estava nos planos do Senhor. Entende-se pof que era preciso superar as
provações para ter acesso a ela." Papias foi o pioneiro em defender esta hipótese ¢bidem).
`4 Irenaeus, j4gzz7.#+/ HGrgj:?.Gj`, üvro 5, cap. 30, em j4NF, 1 :560.
" SchafE, Hiflocy, 2..7 69 , 7]0.
`Ó Ilippolytus, Ezzgww/r Et7Â# Co%x#6#Árir, "On Daniel;" ftagmento 2, caps. 4-7, m .4NF, 5:179.
`] Cypiian, E.pLsàe 55, To the Peopb of ThibariJ Exhortíng io MarDmdom, cí+p. 1, ANF, 5..34] .
tslrfompeu uma violenta perseguiçâo aos cristãos sob as ordens de Décio no ano 250
d.C. Confisco, exflio, tortura e morte aconteceram (Schaff, Hz.J/ocy, 2:60, 61). Essa severa
perseguição, que teve continuidade nos dois reinados subseqüentes, levou Cipriano a crer que
o fim do mundo, com o segundo advento de Cristo, estava às portas, sendo antecedido pelo
apafecimento do anticristo (Froom, 1 :333).
`9 Cipriano acreditava que o reino eterno viria após o segundo advento de Cristo, mas
aparentemente não triha um conceito definido do relacionamento da ressuíreição e do milênio
em sua expectação (Froom,1 :335).
2° Friedrich, 88.
2] Ibidem Também conhecido por Maniqueu ou Mane, foi médico, profeta, visionário,
CRISTIAN[SMO PATRÍSTICO

fundador do maniqueísmo, religião conciliadora de todas as religiões, numa comunhão pacífica


de identidades e crenças. Como doutrina filosófica, o maniqueísmo costuma significar pouco
\ mais do que uma crença branda na dualidade do bem e do mal e rio etefno conflito entre os
\ dois. Pessoalmente, Mani foi um profeta mais apaixonado. Vagando da Babilônia até a China
ocidental, ensinou que o mundo da matéria não era criação de Deus, mas de Satanás, e que
Satanás controlava a existência fisica do homem (segundo ele, foi Satanás, na verdade, quem
criou Eva para Adão e quem gerou nela Caim e Abel).
22 Friedrich, 89.
23 ibid., 34.
24Tendo vivido por volta dos anos 260 a 325 d.C, seu nome era Lucius Caccihus Firmianus
e foi um dos escolhidos pela lgreja como referência aos estudos relativos às pregações de Pedro
nas catacumbas de Roma. Como Lactantius, ele escreveu duas obras importantes: DG Mor/z.Gz#
PGrt€c#/om#, onde narra a história do lmpério Romano da sua época, e D/.#z.#czG J#j`/7./z//z.o#Gr,
considerada a base da fé cristã.
25Lactantius, J#f/z./z//gf, hvro 7, cap. 26, em ÁJ\TF, 7:221.
'-bv.rfiormo, Commentay on the APocabpf e of tl)e B/ef sed John, voÀ. VTl, ANF, 344-360.
'-] Am[Lh€ósto, 0 n The Decease of Hi! Brother S aym,r+Nro 2 (On tbe Belief ln tbe RessurrectioM),

caps.105,108, em NPNF, 2a série 10:191-192.


28 Alois Dempf, Jcz"Â# J#P€#.#Â% (Wisscmschaftliche Buchgesellschaft,1954), 121 -122.
29 Froom, 1 :470-471.
30 Agostinho, D, G,„,j.'. Co„,r¢ Mc7„`,.Á4,oJ., llvro 1, cap. 23,1\figne em Patroloãa Latina,
26 vol. 34, cols.190-193. Ele não estabelece que cada era corresponda exatamente a mil anos.
3! Ambrosio, E.>¢o+z./z.o 7.# Ijí##, livro 7, cap. 9:28, Migne, em Patrologia Latina, vol.15,
col.1788.
32jones, nota editorial, em BGc7á7G OP#z7 c7€ T6Â#Po#.b#, 345.
33Froom,1 :487.
34MCGiffert, nota do tradutor em Eusébio, Cú#rfú H/.r/ocy, hvro 7, cap. 24, em NPNF, 2a
série,1:308, nota 1.
CAPÍTULO 4

CRISTIANISM0 MEDIEVAL

Olsen esclarece que, com o avançar do quarto século, a esperança do advento


se despiu da sua aura de imediatismo, retendo um importante componente do corpo
herdado das doutrinas cfistãs, marcando o término c7J ¢#6Â77' da história da salvação.2
Nesse periodo, o segundo advento foi abordado em muitos tratados, sermões e palestras
e, embora não fosse próximo, era uma reahdade para a qual os fiéis precisavam estar
preparados. A preocupação teolódca com a escatologia é evidente nos comentários
bíblicc}s do período medieval.
E importante citar que, durante o início do peri'odo medieval, os intérpretes
compartilharam da preocupação que Agostinho tivera anteriormente com o excesso
de predições de tempo e a compreensão distorcida da lgreja sobre o assunto. E como
Olsen especifica, o conceito "de um nrilênio na Terra foi preferido para descrever a
natureza e significado do retorno de Cristo, em lugar do tempo da sua vinda".3 Agos-
tinho se opunha às tentativas de marcar o tempo exato do segundo advento e a sua 27
atitude influenciou as gerações seguintes de intérpfetes e teólogos.4
Devido à influência do pensamento de Agostinho,, essa diminuição no entusiasmo
quanto ao segundo advento, a partir do quarto século, explica a ausência de marcações
de datas para o retorno de Cfisto e para o fim do mundo. Isso ocorreu por um longo
peri'odp, em torno de cinco séculos pelo menos. Uma vez que o reino de Deus era
representado pela sua igreja aqui na Terra, a expectativa de algo sobrenatural prestes a
ocorrer perdia o sentido. Mas, diz Boyer, "enquanto a doutrina católica distanciava-se
de especulações em torno do tempo do fim, o pensamento apocalíptico sobrevivia".5
Porém, gradativamente unida ao poder imperial, a igreja pós-Constantino colocou de
lado o seu legado apocalíptico.
0 Credo Niceno afirmava a esperança escatológica com as palavras: "Uesus] virá
novamente com glória para julgar os vivos e os mortos", mas nào continha nenhuma refe-
rência ao milênio.`' Boyer salienta que nem mesmo a queda do então cristianizado lmpério
Romano no quinto século, quando Alarico saqueou Roma em 410 e os godos depuseram
o último imperador romano em 476, produziu uma onda de apocalipticismo.7
Nem todos os escritores desse periodo encontravam-se satisfeitos com a apatia e
indiferença com relação ao fim do mundo. 0lsen relata que "ignorando as Escritufas e
a tradiçâo ortodoxa medeval, autoproclamados profetas estabeleceram datas específicas
para o aparecimento do anticristo e para a chegada dos acontecimentos finais".8
Embora no decorrer deste período, de aproximadamente 500 anos, tenha havido
um decHnio da expectativa escatológica, casualmente surriam alguns religiosos dvul-
gando as suas crenças e fespectivos cálculos com a pretensão de fiindamentá-los. As
CRISTIANISMO MEDIEVAL

obras teológicas em geral evitavam identificar os males do tempo com sinais exat'os do
fim. Contudo, a literatura dos sermões era uma das exceçôes. Os pregadores da época
apreciavam abordar os sinais dos tempos como provas visuais de que realmente o fim
estava pfóximo e, assim, o arrependimento imediato efa necessário.
Na metade do décimo século houve um movimento baseado na crença de que
o mundo se aproximava do fim. Esse movimento ocorrera também, embora mais va-
gamente, no sétimo e no oitavo séculos.9 Muitas pessoas, especialmente leigos, como
será visto> nutriam esse pressentimento. Em contraposição, porém, outros ignoravam
totalmente este temor e expectativa.
Pof volta de 950, no sul da França, popularizou-se a idéia de que assumiria o
poder o "último imperador mundial," o grande monarca que precederia a vinda do
anticristo. Apesar da doutrina da igreja afirmar que nào era dado aos homens o privi-
légio de estabelecefem datas para o fim do mundo, pois isso era um segfedo da Divina
Providência. Mas as diversas pregações levavam a pensar que tudo caminhava para o
fim e o ano 1000 seria a culminação deste terror."
A vinda do anticristo era aguardada por volta do ano 954, de modo que Adso
escreveu então o seu IJ.é7é.//# pafa refitar aquela idéia. Por outro lado, o Abade de
F`leury (945-1004)" declara, por volta de 995 na F`rança, que em sua juventude tinha
ouvido um pregador em Paris falando da vinda do anticfisto por volta do ano 1000
e dos temerosos tempos associados com esse evento.t2 0 Cardeal Baronius cita esse
testemunho pata Robert, rei da França, da seguinte maneifa:
28
Quando em minha juventude, eu tinha ouvido um sermão pregado na igteja diante do
povo de Paris acerca do fim do mundo. Naquele sermão foi dito que tão 1ogo os mil
anos tivessem terminado, o anticristo viria, e logo em seguida o julgamento universal se
seguiria. Com todas as minhas forças eu me opus a esta pregação dos evangelhos, do
Apocalipse e do livro de Dariel [...] 0 rumor tinha alcançado quase toda a terra."

Na opinião de Cohn, a temcrosa especulação surrida com a aptoximação do ano


1000 "foi somente um incidente em sucessão na turbulenta massa de movimentos que
germinou em um rico empréstimo do popular mileniahsmo''. " Seguindo a mesma hnha
de raciocínio, Bernard MCGinn pondera que "a esperança escatológica formava parte
da base da crença cristã, e assim da mentahdade medieval".'5
Diante do exposto, é fácü imaãnar que, com a proxirnidade do ano 1000, ocor-
feu alguma aãtação em tofno da perspectiva de um final pafa a história do planeta.
No tempo do Concího de Rheims, do décimo século, foi lançada a insinuação de que
o anticristo poderia estaf assentado no trono papal. De acordo com Froom," isso "le-
vou muitos a entendef que o dia do julgamento do fim dc) mundo estava às portas".
Essa expectativa estava baseada, talvez, em um literal reconhecimento dos indefinidos
1.000 anos de Agostinho, os quais colocavam o aprisionamento de Satanás no tempo
do primeiro advento de Cristo. E incidentalmente, foi o mesmo Gerbert, secretário do
Concflio de Rheims, que, como Silvestre 11, ocupou a cadeira pontifical na passagem
do fatídico ano iooo.i7
Por reconhecer que o milênio iniciara na encarnação, o aparecimento do anticristo
estaria fixado para cefca do ano 1000. Baronius declarou que essa expectação "foi pubh-
0 DIA DA SUA VINDA

cada [sic] em Gaul, primeiro pregada em Paris, e então circulou atfavés do mundo, crida
por muitos, realmente aceita com reverência pelos mais simples, mas desapfovada
pelos mais estudados"."
De acordo com William Godel,]9 um monge de ljmousin narrou os eventos dos anos
1009-1010, que, acreditava-se, iriciariam o fim do mundo, a partir da tomada dejerusalém
Nós somos colocados diante de uma situação paradoxal, pois em meados do décimo
século e através do décimo primeiro, nós possuímos provas convincentes, ou mesmo
traços significativos da crença no fim do mundo. Nos anos imediatamente anteriores
ao ano 1000 e no próprio ano 1000, não encontramos nenhum. 0 momento decisivo
parecia ter deixado os homens ridiferentes.2°
Assim, o ano 1000 apresentava um quadro de fortes contrastes. Diz Focillon
que enquanto não há nenhum texto que permita afirmar que existia um medo
que tivesse sacudido os homens neste período especificamente -uma espécie de
medo doentio -percebe-se que esse temor estava presente antes e não os deixou
quando o ano terminou.21
Por exemplo, o monge Glaber Radhulfus (990-1033), que escreveu crônicas
daqueles anos no livro H/.j-/o#.cz#.##, estava temeroso do iminente fim do mundo. Se-
gundo Fociuon, o monge afirmava que o ano 1000 não era uma data como qualquer
outra: "Satanás será em breve solto porque os ril anos estão se completando''.22 Em
sua opinião, o demônio buscava devorar o homem desde a eternidade, mas agora bem
mais do que antes, durante esses turbulentos anos. Glaber contava que o tinha visto 2g i
mais de uma vez, até mesmo permanecendo bem ao lado do seu travesseiro.23
No cerne do sef humano, o ano 1000 preservou depósitos da pré-história, que
os clérigos interpretavam de uma fofma maniqueísta, definida de maneifa doentia, mas
presente assim mesmo. Glaber estava t¢meroso de Satanás, que, segundo escrevia, lhe
dizia: "eu aparecerei em breve porque os nril anos têm se completado".24
Porém, toda e qualquer expectação sobre a vinda do anticristo, aprisionamento
de Satanás e o dia do juízo ocorrendo em conexão ou em torno do ano 1000 não foi
desenvc>lvida pela hierarquia da lgreja ou doutores em divindade, mas encontfou sua
maior expressão entre pessoas de limitada cultura e conhecimento, especialmente na
França. Glaber, por sua vez, estava temeroso também do "Deus da ira", que estava
multiphcando os grandes inais de tragédia.
Focillon assinala ainda que um meteoro apareceu logo após o anoitecer no mês
de setembro do ano 1000, e permaneceu visível aproximadamente três meses. Bfühou
tão intensamente que sua luz parecia encher a maior parte do céu e sumiu ao cantar do
galo. Mas se era uma nova estfela que Deus lançou no espaço ou se Ele simplesmente
aumentou o brilho de uma outra estrela, somente Ele poderia dizer. Para as pessoas
daquela época, tal fenômeno celeste nunca ocorreria sem ser uma demonstração segura
de algum misterioso e terrível evento. E como Focillon notou, logo um incêndio con-
sumiu a igreja de São Miguel Arcanjo. Ela foi construída sobre uma encosta rochosa
no oceano e tinha sido objeto de especial veneração por todo o mundo.25
Dizia ainda Glaber: "Homens criam que o processo natural das estações e as leis
da natureza, que até então haviam governado o mundo, tinham entrado em um eterno
CRISTIANISMO MEDIEVAL

caos, e eles temiam que a humanidade acabaria".2Í' 0 autof se refere à grande'fome


ocorrida em 1033, informando que ocorfeu no milésimo ano após a morte e ressur-
reição de ]esus. Para F`ocillon` este é certamente um toque que poderia ser chamado
de um milenarismo adiadc>. 0 mundo,não tinha chegado ao fim no ano 1000 depois
da encarnação, mas somente se completaria 1.000 anos após a paixào de Cristo, e "os
homens temeram que a humanidade terminaria". Assim, o temor passa de uma data a
outra, de acordo como o milênio é calculado.27
Glaber foi o mais conhecido defensor da idéia do fim do mundo quando o
primeiro milênio da era cristã se completasse. Ele considerava o ano 1000 a partir do
nascimento de Cfisto como um ano extremamente significativo e via sinais, em sua pró-
pria experiência, de que Satanás fora libertado ao fim do rilênio. Mas, como o mundo
não terminou no milésimo ano depois que]esus foi concebido, ele passou a focalizar
a sua atenção no ano 1000 depois da paixão. Mil anos após a cruz e a ressurreição se
completariam no ano 1033, argumentava ele.28
Parece que "certas coisas" se multiplicam no ano 1000. Além do cometa do qual
Glaber fala, é importante mencionar a suposta aparição de um dragâo no céu e um
terremoto, registrado por Sigebert de Gemblux, e na cfônica de Saint-Médard de Sois-
sons. 0 estado do cristianismo e da França, o grande número de calamidades - todas
as coisas se uniam, tudo se convergia e apontava para o terror. 0 ano 1000, então, não
era um ano de alívio entre crises.2t'
Além disso, houve grande excitação religiosa na província de Lorraine, uma década
j° ou pouco antes do memorável ano. Foi presumido que a anunciação do nascimento
de ]esus teria caído numa "sexta-feira santa", um aspecto que levou muitos a pensar
que o fim do mundo estava às portas. Mas, de acordo com Bufr, esse evento, a referida
"sexta-feira santa", já havia ocorrido no ano 992.3" Portanto, não havia base suficiente

paí.a tanta segurança de que o fim do mundo chegaria em breve.


A famosa lenda dos terrores do ano 1000 não está sem um significado sim-
bólico. Não é uma verdade que as pessoas estivessem esperando o fim do mundo
no ano 1000 impulsionadas pelo clero. Porém, o século abrindo em uma data é
caracterizado, em contraste com o século anterior, por um renascimento de atividade
tâo intensa que poderia ser tomado por um despertamento de uma sociedade que
vinha longamente sofrendo um doloroso pesadelo. Essa sentença poderia servir
como um modelo para todos os historiadofes que são tentados a tirar conclusões.
"Não é uma inverdade, como foi visto, que cettos grupos estivessem esperando
o fim do mundo no ano 1000, mas é correto que a igreja combateu os terrores, e
que as classes iluminadas ficaram provavelmente intocadas por eles [os terrofes
provocados pelo ano 1000]."

0 milenarismo adiado
0 término dos ril anos era indefinido, sendo o período considerado aproximado
ou um símbolo da era cristã. Alguns o feconheciam a partir do nascimento de Cristo;
outros, da sua morte. Porém, como assinala Duval, o ano 1000 d.C. era rigorosamente
o término, se fosse para ser tomado como um período definido.32 Pouco tempo depois
0 DIA DA SUA VINDA

desse período, com a terrível fome de 1033 houve muita tensão e incomum atividade
re[íãosa, poís havía pregadores preocupados com os anos tooo e ]033.„ Esse úLtímo`
era tido como o ano,mais prc>vável do fim do mundc>` por ser o milésimo aniversário
da morte de Cristo. E a maioria sentiu-se grandemente ahviada quando o tempo passou
tranqüilamente. Como Baronius tinha especificado, a aproximaçào do ano 1000 causou
apreensâo e angústia a um grande núme.ro de almas simples. Isso estava relacionado
com as crescentes distorções em torno da teoria de Agostinho do reino milenial de
Cristo, o qual terminaria, eles presuriam` cerca do ano 1000. Ou, provavelmente, isso
pode ter surgido com o pensamento de que o mundo continuaria a existir por 6 mil
anos. Essa idéia foi amplamente divulgada. pois já havia sido ensinada pelos antigos
persas. Então, ela encontrou guarida na .4PotüpÁcÍ judaica e depois em sua literatura
cabalística. Por sua vez, foi utilizada pelos milenaristas e outros primitivos grupos cris-
tâos. Froom conclui que tais idéias não tinham sido esquecidas enquanto os homens se
aproximavam do tal fatídico ponto sem retorno." E essa horrenda expectação podia
ter sido uma combinação de ambos conceitos.
Alguns autores argumentam que em 909 os dignitários da lgreja no Concílio de
Trosly, na França, estavam convencidos da aproximaçâo do fim, pelo fato das corres-
pondências apresentarem as seguintes palavras de preámbulo: .4j2Prop/.#7#¢#/g Âz7##c7z.
/g7'7#.w (c> fim do mundo se aproxima). No entanto` essa €xpressão pertence à antiga
fórmula de Marcuff, que era usada desde o século 6, e continuou sendo empregada
depois da passagem do ano 1000.3;Essa fórmula foi usada somente na F`rança, não sendo
encontrada em países como a ltália ou Alemanha." Ao que tudo indica, tratava-se de jJ
uma expressão religiosa que se tornou um chchê que ornamentava as correspondências
oficiais do clero. Entretanto` ela era utilizada sem haver uma preocupação de transmitir
uma n?ensagem de urgência ou iminência.
E nesse período ainda que o Ocidente atinge o cume dos seus infortúnios` que
tinham se alastrado no décimo século. A crença c!o fim do mundc) reaparece diante da
proximidade do dia fatal e alimentada por sinais e maravilhas. Inomináveis temores
fazem toda a humanidade acreditar que o tempo profetizado pelos apóstolos é chegado.
Mas o ano passa, o mundo não é destruído e a humanidade respira aliviada e, agradecida,
retoma o seu caminho. Enfatiza Raoul Glaber, dizendo: "Cerca de três anos depois
do ano 1000, o mundo veste a pura veste branca das igrejas"." Apesar dos temores
e sinais que previam a destruiçào final. a tranqüilidade voltou a reínar. pois na mente
de muitos o perigo pa,ssara.
0 período analisado pode ser determinado como tendo sido um dos mais
florescentes de idéias milenaristas, embora o ano 1000 propriamente nâo tenha
causado tanta agitação, como alguns supõem."O Apocalipse de]oão, tâo resplen-
dente quanto obscuro, a respeito de todas as diferenças de interpretações (espe-
cialmente a respeito dos mil anos do capítulo 20), é, contudo, estimulante para
se criar sentimentos de suspense, manter a fé em alerta e encher de expectativa,
a qual é peculiar à esperança messiânica. 0 Senhor é vindo. 0 Senhor retornaria.
0 Senhor julgaria os vivos e os mortos. Como calcular o tempo e saber quando
aconteceria? Faria o anticristo em breve o seu aparecimento? A controvérsia entre
a interpret£çâo literal e a mísüca havia começado na metade do segundo século.
CRISTIANISMO MEDIEVAL

Abraham Bar Hiya Hanasi (1065-1136) também buscava determinar o fim


apocalíptico.39 Astrônomo espanhol, matemático e filósofo, foi pesquisadof para o
Estado, cscritor de urp hvro sobre geometria e interessado em calendários. Invocou a
astroloãa por meio da união de planetas. Como seus cálculos eram derivados da data
da Criação, ele acreditava que o mundo duraria 6 mil 0 anos, com o sétimo sendo o
milênio sabático. A história da criação pfefigurava a duração da história do mundo
pof 6.000 anos. "Assim [...] em seis dias Deus fez todas as coisas, segue-se que 6.000
anos devem ser cumpfidos. E eles nâo foram cumpridos ainda, como joão diz".4°
Mas todas as coisas viriam a um fim no sexto milênio. A segunda metade do sexto
milênio foi interpretada como o peri'odo da igreja que teve seu início com o primeiro
advento de Cristo, o qual "teve lugar em Belém, sob Augusto, no ano 5500. [...] Desde
o nascimento de Cristo, então, nós devemos reconhecer que 500 anos permanecem
para completar os Ó mil, e então virá o fim".4t
Pefto do ano 1260, ocorreu uma maior expectação pelo segundo advento de
Cristo e o surgimento de uma nova era comparável aos anos que antecederam o ano
1000. Isso ocorreu devido à aplicação do princípio dia-ano ao periodo de três tempos
e meio ou 1.260 anos (Dn 7:25; Ap 12:14).+2
A comoção em torno do ano 1000 foi, de fato, menor que aquela em torno de
1260. Ao contrário dos mil anos, os 1.260 dias, ou 42 meses, são mais exphcitamente
mencionados nas profecias relacionadas a certos eventos importantes, incluindo o
domínio do anticristo (ver Dn 7:25; Ap 11:3 e 12:6,14). Portanto, receberam maior
j2 atenção do que o ano l000. Quando a data "fatídica" se aproximou, novos movim€n-
tos surgjram, sacudindo da sua apatia grande parte da população." Embora papas e
teólogos desencora}.assem tais especulações, semelhantemente ao que fizera Agostinho
em seu tempo,4+ há numerosos exemplos de marcações feitas.45
Novamente, a expectativa foi hgada a fenômenos naturais, e buscava-se elementos
para comprová-la. ]ones assinala que, em 1259, uma grande epidemia varreu cidades
das regiões central e norte da ltália." Isso foi considerado por muitos como um sinal
especial dos tempos e foi relacionado com a expectação do início de uma nova era
em 1260, como ensinado porjoachim de Floris e os franciscanos espirituais. Segundo
as exposições proféticas deles, após o ano 1260 o G#j7#gg/úo G/gr#o seria pregado e, em
pouco tempo, o sábado da consumaçâo final surgiria."
0 celebrado médico espanhol (ou francês) e alquirista Arnold Villanova, ou Amal-
dus de Bachuone (1235-1313), palestrante na Universidade de Paris, e um zeloso joachi-
mita em alguns aspectos, defendia que a igreja do Ocidente já estava irremediavelmente
destfuída, que o anticristo estava para aparecer e o mundo chegar ao seu fim.48 Acrescenta
Villanova que o tratado acerca da vinda do anticristo coloca esse evento no periodo em
queocAorpràà:i:¥=:à:tidaaçg:S;LabçÊ:àddoeí=todflea::|9aoçàa:éccoeàcâiee|lo37dse+:p|aca-ffa
divina parece ter sido feita por um eremita peregrino chamado Raniero, em 1260. Então,
essa estranha prática logo se espalhou por toda a ltáüa, aumentando o misticismo que
envolvia a expectaçâo do fim dos tempos. Aquela fora uma época de fome e pestilência.
E também tinha sido o ano em que, segundo as profecias amplamente divulgadas de
]oachirn de Floris, o mundo estava destinado a passar pelo teinado do anticristo e entfar
0 DIA DA SUA VINDA

em sua terceifa e última grande fase, a era do Espírito Santo. Sem jamais empregar a
palavra #z.//6##z.#Âz7, joachim de Floris anunciou de fato a vinda de um tempo do Espírito,
durante o qual a humanidade viveria numa santa pobreza, na piedade e na paz. A história
em sua totalidade se dividia, para ele, em três pefíodos: o tempo "de antes da graça",
o "da graça" e, enfim, "o que nós esperamos, que está próximo" e que será o de uma
"graça maior". Traduzindo: o tempo da lei mosaica antes de Cristo - a era do Pai -, o
tempo marcado pela vinda de Cristo "sob a letra do Evangelho" - a era do Filho -, e
enfim o tempo, desde então próximo, em que triunfará a "intehgência espiritual" -a era
do Espírito e do "Evangelho etemo".5°
De repente, e espontaneamente, no ano crucial de 1260, numerosas procissões
de homens marchavam através das cidades chcoteando as suas costas nuas até sangrar.
Esses autoflagelantes, como eles foram chamados, acreditavam que por se submeterem
à dor e ao sofrimento, poderiam pagar por seus pecados, sendo purificados e dignos
de enfrentat a hora do juízo que se aproximava.S]
Friedrich ressalta que a passagem relativamente sem incidentes do ano apo-
calíptico de 1260 havia amortecido a febre da expectativa, mas a fiagelaçâo sobre-
vivera no norte dos Alpes, como um ritual meio furtivo e quase herético. Com a
chegada da peste, a flagelaçâo deixou de ser furtiva,52 pois os líderes dos flagelantes
itinerantes começaram a ministrar os sacramentos, ouvif confissões e conceder o
perdão. Em alguns casos, diziam-se capazes de expulsar os maus espíritos e curar
os doentes. Seus farrapos manchados de sangue eram guardados e venerados
como reh'quias sagradas. Em Estrasburgo, eles tentaram, sem conseguir, devolver jj
a vida a uma criança morta. Com insistência cada vez maior, afirmavam que seu
movimento deveria durar 33 anos e meio e se encerrar com o segundo advento.
As pessoas lhes davam crédito, e muitas, até mesmo crianças pequenas, em pouco
tempo estavam dando adeus ao mundo. Segundo um cronista, alguns com orações,
outros com louvores nos lábios.53
Para os italianos, que pouco antes haviam suportado os terremotos de Nápoles
e Veneza, enchentes, secas e períodos de fome, esta misteriosa epidemia ~ a peste
negra-, em 1348, foi pior do que qualquer outro fato na história. Sugefe Friedrich que
aspesé:a=Êlazsl:=aeaancar,:àtaavdaamh|=àsfl=odaqTÊr`:FaÊ=md:sma=ogos'ieàtóaE:oàss£ao;:â:.5àe

Cristo - e com os eventos finais semelhantemente comparados com a vida da lgreja


-Nicholas von Cusa (1401-1464)56 aplicou sua teoria dos 34 jubüeus como talvez
caindo entfe 1700 e 1734. Ele enfatizava, contudo, que ninguém sabe a exatidão do
tempo. Também dizia que "quando Ele vem ninguém saberá. A exatidão do tempo do
advento permanecerá desconhecida a todos".57
Estendendo suas previsões, baseado nos especulativos periodos dos jubileus, Cusa
traçou um pafalelo com os 34 anos da vida de Cristo. E citando Filo58 a respeito das
águas do dilúvio vindo no 34° jubileu depois do primeiro Adão, ele previu o fim do
pecado para cerca de 34 jubileus depois de Cristo e 2.300 anos depois de Daniel. "Nós
conjeturamos que no 34° jubfleu depois do segundo Adão será consumido o pecado
através do fogo do Espírito Santo''.S9 Com essa interpretaçào ele determina que o fim
do mundo ocorreria por volta do ano 1750.
CRISTIANISMO MEDIEVAL

Descobrimento da América:
novo alento às expectativas escatológicas
0 descobrimento da América trouxe um novo ânimo às expectativas escatolóãcas.
Pafa aqueles que antes de tudo esperavam um fim do mundo próximo, a conquista
da América permitia a conversão de povos até ali desconhecidos, fazendo com que o
mundo todo se tornasse cristão, de conformidade com as profecias do Novo Testa-
mento. ]ean Delumeau exphca que "desde que a humanidade inteira se tornaria cristã,
o fim dos tempos era a partir de então iminente".ó°
Algreja,quedetinhagrandepoder,seserviudessemundoembebidoemsimbohsmos
pafa incutir na mente do homem medieval tanto a esperança quanto o medo. A fé do povo
passou a sef alimentada por maravilhas, pela necessidade de sinais e mesmo pela ilusão do
contato fisico com as forças do sobfenatural. Foi nesse período que multidões passaram
a peregrinar em santuários ou terras distantes como jerusalém, e a participar de eventos
conhecidos como cruzadas; passaram também a cultuar relíquias, como a do Santo Sudário
-"as quais, lamentavelmente, naquela época eram quase sempre imposturas''."
A história da escatologia cristã reflete um embate entre passado, presente e fu-
turo. Os fatos relatados nessa seção revelam que, durante os primeifos cinco séculos,
os cristãos não se preocuparam muito em desenvolver uma doutrina escatológica,
mas esteve sempre presente a prohferação de crenças e esperanças em um fi]turo
melhor. Os cristãos criam na vida após a morte, no segundo advento de]esus Cristo,
na ressurreição dos mortos, no julgamento final e na criação de um novo céu e de
j4
uma nova Tefra.
Apesar de não tef ocorrido uma sistematização da escatologia nos primeiros
séculos, como se percebe atualmente, algumas interpretações sobre o fim do mundo
foram emitidas. Os pais da lgfeja, por exemplo, ousaram apresentar suas posições e
idéias, sendo seguidos por outros que acrescentaram algum elemento novo. Alguns
deles, como Barnabé, Irineu e Hipólito, tomaram por base os dias da criação, aplicando
o princípio de cada dia correspondendo a ril anos, colocando assim o fim do mundo
ao térrnino de 6 mil anos. Hipóhto e Lactâncio marcaram o ano 500 para os eventos
finais, Vitorino e lgnácio enfati7,aram a pfoximidade do retorno de Cristo, enquanto
Montano afirmava que o reino de Cristo se estabeleceria muito em breve na Frígia.
Semelhantemente a Montano, Mani também se autodeclafou como o último dos
profetas. ]á Ticônio marcou o ano 381 d.C. para a vinda do reino de Deus. Alguns,
portanto, arriscavam-se afirmando que o segundo advento de Cristo ocorrefia em seus
dias, enquanto outros projetavam esse evento para um futuro longi'nquo.
Agostinho, um dos mais conhecidos pais da lgreja e que influenciou o pensa-
mento cristão medieval, constituiu-se num divisor de águas entre o senso de iminência
e urgência, marca distintiva da igreja apostólica, e a perda desse senso, que viria depois
dele, com uma gradativa redução do entusiasmo quanto ao breve retorno de Cristo e
o estabelecimento do seu feino. Atribui-se a ele, em considerável medida, a ocorrência
da denorninada "desescatologização do cristianismo".
Essa atitude perdurou por aproximadamente cinco séculos até que, com a apro-
ximação do ano 1000 (que trazia em seu bojo um misticismo exacerbado), ocorresse
uma proliferação das prevísões escatolóãcas.
0 DIA DA SUA VINDA

Após o ano 1000, houve uma maior expectativa com respeito ao fim do mun-
do, diante da pfoximidade do ano 1033 e, posteriormente, com o,ano 1260, como se
verificou. Essas duas datas suscitaram uma agitação ainda maior, tendo por base de
cálculo o decorrer de 1.000 anos após a morte de Cristo e o tempo profético de Daniel
e Apocalipse, respectivamente.
Outro fator que despertou temores do fim foi a peste negra, que em 1348 dizi-
mou milhares de vidas na Europa. A mistura de expectação e medo do fim continuaria
acompanhando o ser humano nos próximos séculos, como se verá a seguir.

Notas
'Locução latina que significa "termo final do prazo", ou "ponto de chegada" qttp://
www.mundodosfilosofos.com.br/latin.html, dia 27 de junho:15; e http://www.direito.fib.br/
dicionario, dia 27 de junho).
2 0|sen, 84.
3Ibid.,101.

4Agostinho (354-430 d.C.), prolífico escritor e teólogo, viveu algumas décadas antes
do ano 476 d.C. (quando ocorreu a queda do lmpério Romano do ocidente), considerado
o início do período medieval. A influência de Agostinho tem ido muito além do seu tempo, Jj
estendendo-se ao longo da era cristã, razão pela qual são feitas alusões a ele ainda sob o tópico
"Período Medieval", do presente estudo.
5 Boyef, 49.
ó 0 Credo Niceno tem, essencialmente, o mesmo conteúdo doutrinário do Ctedo Apostóhco.
A diferença é que ele confessa mais detalhadamente a doutrina do Deus Triúno e sua graciosa obra
salvadora. Em sua forma mais primitiva, foi adotado pela Éreja cristã no seu Primeiro Concflio
Ecumênico ou Geral, que se reuniu no ano de 325 d.C., em Nicéia, na Ásia Menor, urn lugar não
muito distante de Constantinopla, atual lstambul. 0 propósito oriSnal foi rejeitar os erros daqueles
que negavam a Trindade, especialmente a divindade de Cristo. Os que ensinavam esses erros eram
hderados por Ário, cujos ensriamentos são sememantes aos unitarianos modemos. Tál como os
arianos, os unitarianos negam a Trindade, particularmente a divmdade de Cristo (ver em ]ohn H.
I,eith, ed., Creeds of the Churches H.ouisville, KY: john Knox,1982], 30-31).
7 Boyer, 48.
8 0lsen,108. Arnold villanova (1235-1311) predisse o tempo da perseguição do anticristo

pafa o décimo-quarto século a partir do nascimento de Cristo (cerca do ano 78 do século em


que ele, Vmanova, vivia). Influenciado pot Villanova, Thomas Wimbledon, referindo-se aos
males da sua época declarou, em um sefmão (em 1388), que um certo doutor tinha predito que
o apatecimento do anticristo ocorreria em torno do ano 1400, indicando que o fim do mundo
estava pfóximo ¢bid.,109).
9 Focinon, 59.
10 Ibidem.

" Abade de Fleury-sur-Loire, conselheifo de reis e autor de cartas políticas e dogmáticas.


CRISTIAN[SMO MEDIEVAL

`2j4Po/og€/z.c%r c76 ÁZ7Go, em MCGinn, 89-90 (citado em Olsen, 108).


"Baronius, j4##o 7007, tom.11, col. 3, par. 4; ver também Horace Kjnder Mann, TbG
IJ`%r o/ ZÁG PoP# z.# /óG Ec7Í/ A4/.dJ/p ÁgGr, 18 vols. (London: Paul Kegan,1925-1932), 5:64-65.
`4 Norman Cohn, T4G P#rj`#/./ o/ /ÁG M/.//G##f.#Â# (New York: Oxford Universiqr Press, 1970) ,
30. Embora Cohn, cujo propósito era traçar as origens da ideologia nazista, superenfatizou
as bordas marginais do apocalipticismo medieval, sua obra é cuidadosamente pesquisada e,
dentro dos seus limites, útil (Citado em Boyer, 351).
" Bemard MCGinn, ÁPo#AP/í.f JP/.#.Zz#/7.9 (New York: Paulist, 1979), 21 (citado em
Boyer, 351).
`6Froom,1:587.
" Gerbert de Àurilac assumiu a função de clérigo e estudou na Espanha, Roma e França.
Por um tempo, foi mestre da Escola da Catedral de Rheims. Ele tomou-se abade de Bobbio,
arcebispo, e finalmente papa (Silvestre 11) de 999-1004 (++ult, 509-510)`
18Baronius, 11 :2.

19 Focillon, 62.

20Ibidem.
21 lbid., 63.

22 ibid., 65.
23 ibidem.
2Jlbid.' 63.

j6 25ibid, 66.
26 Raoul Glaber, Lr c7.#7 /z.zr7+ ¢ ji€r Ári/z7z.ní2r /900-7 044/ ¢aris: M. Prou, 18Ó6),111, Cap. 4.
27 Focmon, 67-68.

28]on Paulien, TÚG Mz.Á¢#7#.## Bz/g @oise, ID: Pacific Press, 1999), óÓ (ver também Focillon).
29 Focillon, 70.
3° G. L. Burr, "The Year 1.000 and the Antecedents of the Crusade", TÚG .4#e#.c4r
H/.j./o#.fz7/ RG#;.G# (abril,1901), 6:432.
31 Focillon, 81.

32Frédéric Duval, I£r /Gm€zm c/G /'cz# Mz`//G ¢aris: Bloude,1908), 71.
33 Foci|lon, 81.

34Froom,1:588-589.

35Burr, 433.

3ó Duval, 48.
37 Glabet,1.866; Edmond Pognon, L'c7# #z.//€ @aris: Gallimard,1947), 89.
38jon Paulien, The Millennium ls Here Again: Is lt Panic Time?" Nancy Vyhmeister, ed.
AndrewJ Uniuersiü S eminary S tudies,1999 , S] ..16] -17 8.
39 Sarachek, 313-314; Silver, 69-70.
4° Silver, 79; Safachek, 316-321.
4í Olsen, 72 (fonte primária em Hippolytus, Daniel 4:4-6).
42 Froom, 1 :591.
0 DIA DA SUA VINDA `

43 Froom, 1 :740.
44Àgostinho influenciou o pensamento cristão no sentido de arrefecimento do entusiasmo
ou temor quanto ao fim do mundo. À lgreja estabelecida era um evento escatológico, era o
"reino de Deus" presente.
45 Hebb|ethewaite, 61.
4ó Rufiis M. ]ones, E4gg/4#/r ri Hcaf/z.#gr, 6:49-51 ; ver também Herman Haupt, E4gG/4/z`ow,
Flag/elhMtJ, T he Neui S cbaJf Her=:!og Enyc/opeda of R2bgiw Knowledge, 4..323-32;6., ]ohrL ]. lgFL. Von
DÜNJrig;i, Prophecies and the Propbetlc Si)irit im tbe Cl)ristian Era,1UO.
47joachim de Floris (1130-1202), também conhecido como joaquim de Fioris, abade
do mosteiro cisterciense em Corace, Itáha, foi provavelmente o primeiro expositor cristão que
aphcou o princípio dia-anc> aos vários períodos de tempo de Daniel e do ÀPocahpse (Froom,
1 :683, 700. Ver também, Franco Cuomo, .4r Grz7#dó!f Pm/€#.tzr, 156-162). joaquim de Floris levou
vida ascética e foi reputado como profeta, foi respeitado por autoridades riclusive por papas que
o encorajaram a prosseguir nos estudos bibhco-apocah'pticos. Ele se imaginava especialmente
capacitado por Deus através de divina iluminação. ]oachim ensriava que o reino do Pai duara
desde a criação ao nascimento de Cristo, e um remo do Filho chegaria ao fim em 1260, e sendo
seguido pelo reino do Espínto. Então, segundo ele, o "tz#g€/4o GJ€mo seria pregado, ocorreria a
última batama contra o poder do mal, o iulgamento final, e o grande sábado da consumaç`ão
irromperia. Esta interpretação foi adotada por certos grupos da ordem dos franciscanos e também
pelos ¢Í.#./zítz4Í (espirituais) da ordem dos franciscanos. joachm de Floris teve as suas exposições
proféticas condenadas pela lgreja. Àpesar disso, depois da passagem do ano 1260 sem aparentes
mudanças nas relações eclesiásticas, os seus escritos continuararn sendo apreciados e aceitos
(Samuel Macauley jackson, ed., T4G NG2y JCÁczjff-HGRog E#g/c/ojbec/z.c7 o/ Rf/zéz.oz# K#oz#/Gc/g9 [Grand j7
Rapids, MI: Baker, 1953], ó: 184-185; e Philip Schaff, R£/záz.oz# E#94`Á7pczGc//.c7.. or Dz'c/z.o#¢o/ o/ B/.éj/7.czz/,
I:í;.ji/o#.c¢/, Do¢77.#é7/, c7#J Pr¢c/z.c¢/r4GOÁg)/ P`Iew York Funk and Wagmlls,1883], 2: 1183).
48 Froom, 1 :745.
49 ibid., 752-754.
50Eco G/ ¢/, 82.

S\ The New S cbaff Hervg, 4..323-22ó.


52 ibid.,148.

53Friedrich,163-164.
54 A pandemia conhecida por peste negra, talvez porque a hemorraàa criava manchas
negras, assumiu várias formas. A mais comum foi a peste bubôrica, assim designada por causa
dos bubões, ou inchaços, na virilha e axilas. Seguiam-se vômitos, febre e freqüentemente a
morte. A peste pneumôrica afetava os pulmões, enquanto a, septicêmica afetava o sangue e
matava em um dia. A peste foi provavelmente levada para a Asia Ocidental por comerciantes
vindos da China. Em 1357, os tártaros, devastados pela doença, cercaram Caffa, um porto
da costa da Criméia habitado por muitos mercadores itahanos. Na tentativa de transformar a
catástrofe em vantagem, o chefe tártaro jarriberg ordenou aos seus homens que lançassem os
cadáveres contaminados pela peste por cima das muralhas da cidade para infectar os habitantes.
Os resultados de tal tática ultfapassam de longe tudo quanto ]anibeg pudesse ter imaãnado.
Quando os itahanos de Caffa se viram contaminados, fugiram para Gênova, Messina e Veneza,
e, em fins de 1347 e princípio de 1348, estas três cidades eram as primeiras na Europa a sentir
os e£eLtos àa peste negtai. (Gmndef Acontetimentos que TranSfirmamm o MuMdo H`io de ]aneiro..
Reader's Digest Livros, 2000], 98).
CRISTIANISMO MEDIEVAL

55 Friedrich,147.

5óTeólogo, matemático, cientista, erudito, foi criticado muitas vezes por escritores depois
dele, pela aplicação que ele fazia do princípio dia-ano aos 2.300 dias de Daniel.
5'] Coniectura, in O|)era,934.
58Talvez o maior pensador judeu em língua grega. Viveu em Alexandria no prmeiro
século e teve papel determriante na defesa de jerusalém, antes da destruição.
•" Coniectura, in Of )erri,934.

t"Fic;o et a/.96.
`" Leite e Winter, 97-98.

j8
11. A EXPECTATIVA ENTRE 0 PEBI`ODO
DA REFORMA E 0 FINAL DO SÉCULO 19
CAPÍTULO 5

A REFORMA, OS ANABATISTAS E 0S SÉCULOS 17 E 18

A parte 1 relatou os principais movimentos marcadores de tempo para o fim do


mundo nos primeiros quinze séculos da era cristã. Dando continuidade a esse relato,
o pfesente capítulo considera os séculos seguintes, desde o periodo da Reforma até o
final do século 19. Serão levados em conta, sempre que possível, (1) o contexto histórico
das marcações de tempo; (2) as caracteristicas pessoais dos marcadores; (3) a natureza
das datas marcadas; (4) as formas de superação das marcações; (5) as imphcações mis-
sic)lóticas, que são a proposta deste estudo.
As mentes laicas e, em grande número, iletfadas do mundo medieva] cederam
lugar a pessoas questionadoras e pensantes no periodo a seguir, marcado por viagens
marítimas, pelo de§perta£ das artes e pelo pensamento cientifico. A partir do século
16, também no terreno religioso ocorrem mudanças na compreensão, uma vez que as
Escrituras chegam às mãos do povo comum. Uma transformação a ser destacada foi
na escatoloãa, quando o medo ignorante do fim do mundo abriu espaço para o estudo
racional da revelação, até então monopóho do clero. 4J
Embora o estudo das Escrituras tenha aberto a mente de muitos, ainda havia
aqueles que se afriscavam a fazer predições de um fim iminente e catastróficc>. Um
exemplo disso pode sef visto na pessoa dejohannes Stõeffer, um matemático de Tübin-
gen, que em 1499 pfeviu que todos os planetas se alinhariam na constelação de Peixes
na primavera de 1524, e predisse que essa conjunção desa§trosa traria uma enchente
que iria inundaf o mundo. Essa profecia fora genericamente rejeitada, sob a alegação
de que tal dilúvio violaria o pacto de Deus com Noé, mas o temor permaneceu. No
ano de 1523, as imprensas de várias partes da Alemanha imprimiram nada menos que
51 panfletos especulando sobre o desastre iminente.] 0 ano de 1524 transcorreu sem
que o anunciado dilúvio acontecesse.2
Cuomo assinala que também foram vãs as tentativas do clero de coibir o interesse
do povo por assuntos escatológicos:
Nãohouvelimitaçõe§àdivulgaçãodeoráculoseprediçõesapocah'pticasporumgraiidclapso
de tempo depois do ano 1000, uma vez que a primeira proibição formal de pteconiza[ o fim
do mundo se deu somente em 1516, por iniciativa do quinto Concflio de Latrão. Tentou-se
assim conter o uso sern critério e com freqüência intimidatório das profecias por parte de
pregadoresàsvezesimprovisados,masnãosepodedizerqueoeditodoconcflioproduzisse
eftitosdecisivos,como,porexemplo,inculcarnaalmapopularodifiisosentimentodaespera
escatolórica. Não é motivo de espanto, portanto, o ctédito adquirido junto a vasti'ssimas
multidões de devotos pelas profecias de certas altas personalidades do Ocidente cristão,
assinalado naqueles séculos por um cresccndo de fervores rnísdcos, êxtase e visões.3
A RIFORMA, OS ANABATISTAS E OS SÉCULOS 17 E 18

SeriadeseimaSnafquehaveriaumareduçãodemarcaçõesdetempocomaritervenção
do clero, rnas, como bem acentuou Cuomo no texto acima, isso não aconteceu. A tendência
de se perscrutar o atrativo e misterioso tema "quando será o fim do mundoy' prossçguiu.
A Reforma do século 16 teve lugar, teológica e reliãosamente, em uma atmos-
fefa impregnada dos "últimos dias". Os reformadores protestantes reconheciam nos
eventos do tempo - natufeza reliãosa, políüca ou social - os sinais da iminência do
segundo advento de Cristo. Ao definii apocahpticismo no período dos refofmadores
europeus R. 8. Barnes sugere que seu principal elemento, seu mais sahente aspecto,
era a expectação do iminente fim da histófia.4
Martinho Lutero (1483-1546) e]oão Calvino (1509-1564), os dois proeminentes
reformadores protestantes, enfatizaram que os crentes deveriam aguardar e estar pre-
pafados pafa o segundo advento de Cristo. Estavam convictos de que uma culminação
da história mundial era não somente real, mas também inrinente, e festauraram a atitude
dos primitivos cristãos no que dizia fespeito ao último dia.
Segundo Eco €/ cz/., Lutero declarou que já que a humanidade teria atingido o
"cume", tanto no conhecimento e nas artes quanto na iniqüidade e no pecado, o dia
do julgamento só deveria estar próximo.5
Calvino, diferentemente de Lutefo, parece não ter enfatizado uma data exata
para o advento. Ele não caiu na tentação, tâo comum no século 16, de calcular pe-
riodos de tempo apocalípticos. Calvino, em seu comentário sobre a ressurfeição no
capítulo 15 de 1 Coríntios, relembra seus leitores que o segundo advento deveria
42 estar na mente dos santos a cada hora.ó
Lutero escreveu mais amplamente a respeito dos sinais do segundo advento de Cristo,
algumas vezes de Lucas 21 e a|gumas vezes de Mateus 24. Em 1532 publicou E/.#6 /7ij3+Z/z.ÂÚG
PredigyonderzuhimfflcbrritiunddenT/orgenrg!ebendenzeichendeJJüngftenTagfQJTLCo"£oma:doft
Sermão a Respeito do Aparecimento de Cristo e os Sinais do Ulümo Dia).7
No sermão acima citado, encontra-se a declaração de que alguns dentre os pÍ:e-
sentes talvez estariam entre os vivos quando aqueles sinais se cumprissem, embora
eles não pudessem certamente saber com precisão o dia da fedenção final. Dentre os
sinais mencionados, é feita uma alusão ao retomo dos judeus à Palestina. 0 papado
é também claramente incluído nesta lista como um claro sinal da aborninação que
antecederia o segundo advento.8
Em uma reunião de estudos em grupog a respeito do sermão profético de ]esus
em Mateus 24, Lutero chegou a sef confuso e até mesmo especulativo ao afirmar que os
sinais aptesentados pof Cristo já haviam amplamente ocorrido. Com essa interpretação,
ele sugeriu que, em vista de a maioria dos sinais terem sido cumpridos, não havia muito
mais o que esperar, sendo que já tinham visto o suficiente em seus dias."
Cefta ocasião, em 1532, o último dia tornou-se o tema da discussão e Lutero fez
a seguinte declaração: "Eu espero estaf vivo até o último dia". A declaração, é claro,
necessitava esclarecimento, e o feformador deu-a da seguinte maneira: "0 último dia
está às portas. Meu calendário está cumprido, eu não sei de nada mais em minhas
Escrituras". Martinho Lutero identificou-se com Noé confrontando-se com o mundo
descrente." No ano de 1541, ele declarou que transcorreram 126 anos entre a morte
de Adão e o nascimento de Noé, e que o mesmo número de anos tinha transcorrido
0 DIA DA SUA VINDA .

desde a morte dejoão Huss." Lutero chegou a pensar que o retorno de Cristo ocorreria
antes mesmo que tivesse concluído a tradução da Bíblia para o alemão."
Em 1545, Lutero escreveu que o mundo estava em seu sexto e último milênio
antes do eterno sábado de descanso - tipificado pelos seis dias da semana da Criação
- com o papado estabelecido aproximadamente no ano 600, dominando rio sexto mi-
lênio, juntamente com o maometanismo. Nesse período findaram os 1.290 dias (1.290
anos a paftir da metade da septuagésima semana, ou aproximadamente 1327). 0 fim,
com a queda do anticristo, seria abreviado porque Cristo não permaneceu na tumba
os três dias completos."
Lutero acreditava que a septuagésima semana se iniciou com a crucifixão, fessur-
reição e ascensão de Cristo no trigésimo-quarto ano de sua vida, e o quinto milêrio
no fim da septuagésima semana (em 41 d.C.).t5 Embora nunca tenha fixado uma data
específica para o fim do mundo, de acordo com Froom, Lutero identificou um perí-
odo de tempo, às vezes 400, 300, ou 200 anos e mesmo para os seus dias, a partir de
estimativas especulaüvas, mantendo algum resquício do método alegórico.
Calvino, pof sua vez, solveu o problema do iminente advento, refletindo nas
palavfas de Pedro de que "para com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos
como um dia" (2Pe 3:8). 0 Senhor mantém os seus fiéis constantem€nte vigflantes
aguafdando por Ele, pois a sua vinda não está limitada por um detefminado tempo,
racíocínava Ca[víno.tó Contrastando o pensamento escato]óãco dos doís reformado.
res, percebe-se que Calvino mantinha uma atitude mais equilibrada e coerente, não se
prendendo a tempos ou datas. 4j
Declarando que o grande dia de Deus viria em breve, e aludindo à teoria dos 6 ril
anos -2 mil sem lei, 2 mil sob a lei e 2 mil sob o Messias -Melâncton" acrescentou:
"Está estabelecido que Cristo nasceu perto do fim do quarto milênio, e agora 1.545 anos
têm se passado. Portanto, nós não estamos longe do fim". " De acordo com esse cálculo,
Melâncton demonstrou cref que o mundo chegaria ao final em menos de 400 anos.
Quando as pessoas começaram a ler as Escrituras, após a tradução para diversas
línguas, ouvindo Cristo dirist-lhes a palavra como não tinha feito com seus pais, ou\rim
idéias novas, que não estavam acostumadas a ouvir de padres e outros relÉosos. Escutaíam
Cristo dizer que viera à Tefra para salvar os pobres e os aflitos, e que viria novamente, num
tempo de pestes, fome e guerras, que estaria ameaçado pelo aparecimento do anticristo
-um tempo muito parecido com o delas. E, nesse periodo de conturbação, disserajesus,
"surgirão muitos falsos pfofetas, que enganarão a muitos" (Mt 24:24)." Essas palavras de
Cristo deveriam ter servido de alerta às pessoas para se precaverem contra os enganos
que surãriam, mas, como veremos a seguir, isso não ocorreu.
Existem várias teorias quanto à origem dos anabatistas, mas a mais natural é que
se consjdere esse movimento como tendo início em Zurique, Suíça, entre os seguidores
do reformador Ulrico Zwínglio.
Embora tenha havido uma tendência de se incluir entre os anabaüstas todos os movi-
mentosprotestantesradicaiserevolucionáriosdaépoca,existeumacorrentecontemporânea
que considera todos esses movimentos como parte do que se chama "Reforma Radical".
Por sua vez, o termo "anabaüsta" tem sido aplicado mais recentemente apenas ao segmento
pacifista da Refofma Radical que subscrevia a Confissão de ScHeitheim (1527).2°
A REI=ORMA, OS ANABATISTAS E OS SÉCULOS 17 E 18

Praticamente todos os anabatistas eram milenaristas, no sentido de que 'esperavam


a vinda do reino em um fi]turo indefinido. Porém, não concebiam a si mesmos como o
J exército do apocahpse para o qual foi dada a fimção de condutor nos últimos dias, e sim
como aqueles que aguardavam o advento divino, dando grande ênfase ao fim do mundo e
ao segundo advento de Cristo. Os anabatistas sempre acreditaram num apocalipse iminente
-como acreditava Martinho Lutero, pois o próprio Cristo o predissera. Mas, embora Cristo
se houvesse recusado a estipular uma data exata, a necessjdade que os anabatistas tinham
\ de um dia do acefto de contas intensificou-se a talponto que eles ouviam qualquer um que
lhes prometesse, como Hans Hut, uma data definida para sua hbertação.2]
Os anabatistas foram perseguidos por não aceitar o batismo infantil, e, para
agravar a situação, alguns deles, compondo um grupo radical do anabatismo, adotaram
uma escatologia fanática. Essa situação acabou gerando um efeito poderoso no pró-
prio movimento. Através da matança reiterada dos líderes anabatistas, em particular
dos clérigos instruídos, as autoridades fizeram com que a hderança degenerasse em
Profetas autoproclamados.22
Zwidcau, no século 16, efa uma das maiores cidades da Alemanha. Fazia fiionteri com
a Boêmia e fóra o pivô da aãtação dos taboritas no século anterior, os quais enfatizavam uma
posiçãomuitomaisradicalquantoaomilenarismQNidiohsStorch,descendentedeumafàmflia
anteriormente rica e poderosa, mas levada à £àlência, juntou e organizou pequenos grupos
clandestinos formando um movimento aberto conhecido como os profetas de Zückau.
Storch tinha sido tecelão e se tomara especialista na Bíblia, e, com um estilo excên-
44 trico e vestindo roupas peculiares, advertia os trabalhadores de que toda a cristandade
seria destruída pelos turcos muito em breve. Mas, apesar do seu esdlo alarmista, não
especificou uma data.23 Lutero, que havia sido informado por Melâncton a fespeito
dos profetas de Zwickau, denomjnou-os "tecelões analfabetos".24 Embora um pouco
equivocadamente, os profetas de Zwickau eram gefalmente associados ao movimento
anabatista, a fim de desacreditá-lo.
Thomas Müntzer (1489 ou 1490-1525) nasceu em uma família de classe média
e estudou a Bíbha e sobfe os pais da igfeja nas Universidades de Leipzig e Frank-
firt. Tinha o desejo de ser padre, mas era atormentado por surtos de descrença. Ao
conhecer Lutero em 1519 em Leipzig, aliou-se à Reforma e, por sua recomendação,
Müntzer foi pregar em Zwickau.25 Ali, entrou em contato com Nicholas Storch, que
exerceu certa influência sobte ele.
Thomas Müntzer permaneceu por um curto pefl'odo de tempo como seguidor de
Lutero,poislogoabraçouumaposiçãomuitomaisradicalquantoaomilenarismo,assimilada
dos taboritas. Pretendendo, a exemplo dos montanistas, possuir uma especial revelação de
Deus, ele pregava apc7"r?-cz e o milênio como sendo iminentes, enfatizando a necessidade
de preparo, e instigava que esse preparo envolvia empreender uma guerra contra os ricos.
Descrevia o milênio em termos de uma comunidade igualitária composta por pobres.2ó
Müntzer não era fealmente anabatista.27 Desaprovava o batismo de recém-
nascidos, mas se dispunha a praticá-lo, embora o considerasse relativamente
sem importância. Tampouco partilhava de fato da crença total dos anabatistas a
respeito da Bíblia. Como relata Otto Friedrich, era o Espífito Santo que animava
sua visão apaixonada da injustiça do mundo e de seu fim iminente. Essa visão
0 DIA DA SUA VINDA`

destinava-se a exercer uma influência considerável no desenvolvimento irregular

/ do movimento anabatista.28
Hans Hut, um seguidor de Thomas Müntzer, pregava que "os súditos" deveriam
"assassinar todas as autoridades", pois Cristo retornaria exatamente três anos e meio
depois do início da Guerra dos Camponeses, em 1527.29
Hans Rômer insistiu em que Cristo chegaria em menos de um ano, de modo que
orgarizou um bando armado parar'atacar Erfiirt na véspera do ano novo de 1528, mas
acabou sendo traído e preso.3°
0maisinfluentedessesprofetassemi-ristnridosdoapoca]ipsefoiMelchiorHofham
(1496-1544),umsuevoqueerapeleteirc>3'porprofissão.Elehaviaseconvertidoaoluteranismo
em1522,com27anos,esetomouumpregadoritinerante.Suasperambulaçõesolevammaté
Riga e Estocolmo, ondç, em 1526, pubücou uin panfleto ezpficando o capítulo 12 de Daniel
e declarando que o mundo acabaria dentic> de sete anos, na páscoa de 1533.32
Hoffmann dividiu esse peri'odo de sete anos em duas partes aproximadamente
iguais. Na primeira fase, as duas testemunhas prometidas do Apocalipse, por ele iden-
tificadas como sendo Elias e Enoque, apareceriam na Terra para derrubaf o papa. Isso
lhes tomaria, conforme a previsão de Daniel, 1.290 dias. As duas testemunhas seriam
martifizadas, como descrito no Apocalipse, e todos os santos seriam perseguidos por
Gogue e Magogue. E então, depois dos 42 meses do Apocalipse, Cristo ressursta.33
0 apocaüpse vindouro era a obsessão de Hoffmann. Ele dizia que os turcos
repfesentavam Gogue e Magogue e Deus os usaria para destruir as fo£Ças papais e
imperiais do anticristo. "Assim Deus castiga o inimigo com o inimigo".34 4J,
As idéias excêntricas de Hoffmann continuaram a se modificar, chegando a
falar abertamente de si como sendo Elias, uma das testemunhas dos "últimos dias", e
pfegando obsessivamente o apocalipse vindouro. Segundo ele, a Nova]erusalém seria
Estrasburgo, e, como a testemunha Elias, Hoffman conduziria os 144 mil apóstolos a
fim de prepará-1os para a vinda de Cristo.
Conforme relatado por Olsen, em 1529 Hoffmann chegou a Estrasbutgo, e em
1530 se uniu aos anabatistas. Devido ao seu ponto de vista, no que se refere ao batismo
bem como suas idéias escatológicas, precisou fiirir da cidade. E por três anos trabalhou
como um bem-sucedido apóstolo do anabatismo em Friesland e na Holanda. Tendo
retornado a Estrasburgo, onde esperava que fosse a Nova ]erusalém, foi aprisionado.
Os seus seguidotes se tomaram conhecidos como melchioritas. Esse grupo desenvolveu
intensas expectativas escatolódcas. Wálter Klassen escreveu que "todos anabatistas es-
tavam unidos em sua convicção que o retorno de Cristo estava próximo" e que "Cristo
e o anticristo estavam envolvidos na luta final".35
QuandoabiémperguntouaMddiiorHofhann,emsuaprisão,oqueeleachavasobre
oquehaviaocorridocomsuaspredições,sólhefoipossívdrepetirqueCristologodegariaa
Estrasburgo, para libertar a ele e ao munda E escrcveu "Erguei vossas cabeças, vossos cora-
Ções,vossosolhosevossosouvidos.Vossasah7açãoestáàporta.Tódasaspestessec`mpriram,
excetoadosétimoanjovrigador".NaopiniãodeFriedrich,foiumamensagemqueHofhan
continuaria a repetir em seus dez anos de cadveiro até morrer em sua cela, mi 1543.3ó
Michael Stiefel (1486-1567)37 era um matemático que, mediante cálculos baseados
em um estranho sistema cabaHstico, acreditava ter desvendado os tempos pfoféticos.
A REI:ORMA, OS ANABATISTAS E OS SÉCULOS 17 E 18

Por meio desses curiosos números triangulares,38 ele pensou que o númefo 2.300 de-
signaria o começo do tempo do fim, e 1.335 seria o número representando o tempo
bem-aventurado. Stiefel acreditava tef encontrado os profimdos significados desses
números proféticos. Assim, submeteu 22 ptoposições para Lutero tentando demonstrar
que a vinda de Cristo para iniciar o julgamento ocorreria às oito horas da manhã do
dia 19 de outubro de 1533. Apesar das advertências de Lutero no sentido de que fosse
cuidadoso quanto a esse assunto, continuou pregando suas convicções. Assim sendo,
três dias antes da data fatídica, Stiefel reuniu as multidões, exortando-as a estarem
prontas, e começou a ministrar a Ceia do Senhor. Camponeses de perto e longe se
reuniram em Lochau. Seguindo o líder, que havia abandonado seus pertences materiais,
os camponeses neghgenciaram os seus trabalhos por algum tempo, e por causa disso
perderam sua colheita. Como a hora apontada passou e Cristo não veio, o resultante
desapontamento do povo não conheceu liínites. Eles tomaram Stiefel, amarraram-no
com cordas e o levaram a Wittenberg, onde alguns o cobraram pelos prejuízos.39 Ali,
foi levado a julgamento e processado pelos pre).uízos que causara. No entanto, o dano
estava feito, pois os seus cálculos haviam se espalhado amplamente.4°
Esse episódío trouxe reprovação sobre a causa da Reforma, pela qual os h'deres
não eram de forma alguma responsáveis. Contudo, Lutero mesmo não tomou isso
muito seriamente, apenas chamando-a de tentação branda.4`
Depois da prisão, Melchior Hoffman foi substituído como líder dos anabatistas
quiliastas de Estrasburgo por]an Matthyszoon, um homem magro e de barbas negras.
4ó Matthyszoon pfoclamou-se Enoque e enviou emissários a Münster em l534. Depois,
decidiu que seria Münstef42 e não Estrasburgo a Nova ]erusalém, mudando-se para lá
com sua esposa Divara, uma ex-freira. A comunhão de bens e a antecipação doentia da
vinda do reino dos céus foram alguns dos fatores que levaram o movimento ao caos.
Em 6 de janeiro de 1534, dia da festa de Epifria, dois pfegadores errantes, chamados
Bartolomáus Boekbinder e Wiuem de Kuiper, apareceram nos portões de Münster. Anun-
ciaram que Deus enviara um novo profeta para anunciar a chçgada do fim do mundo.43
Em 9 de fevereiro, depois de fechar os portões da cidade, os anabatistas começaram
a tocar o sino da igreja de São Lamberto. Multidões de fiéis correfam para a prefeitura,
onde cantaram, rezaram e profetizaram a chegada iminente de uma ledão de anjos."
Anabatistas de cidades vizinhas da Alemanha e da Holanda foram chegando
sob as promessas de que ali encontrariam segurança e receberiam as recompensas do
apocalipse vindouro. Pessoas de carroça, outros a pé, em grandés grupos e um a um,
orando e cantando aleluia entravam na cidade.45
Múitas mulheres atiravam-se no chão, contorciam-se, gritavam e estendiam os
braços em forma de cruz. Algumas afirmavam ver nuvens de fogo negro e azul des-
cendo do céu. Matthyszoon apareceu na igreja de São Lamberto com duas tábuas de
pedra e anunciou ter acabado de falar com Deus. "Cristo está voltando e estabelecerá
aqui em Münster a cidade santa do mundo".4ó
Naturalmente, a luta por Münster provocou grande desordem por toda a Ale-
manha e Holanda. Em Amsterdã, onde se supunha abrigar nada menos que 5 mil
anabatistas, um de seus profetas, Dick Tasch, previu que haveria "escuridão na cidade
por três dias, e então o Senhor a entregará a seus santos sem derramamento de sangue".
0 DIA DA SUA VINDA `

Em 22 de março, cinco desses "santos" desfilaram nus pelas ruas, brandindo espadas e
gritando: "Arrependei-vos!" e "Ai dos ímpios". Foram prontamente presos, torturados
e queriados na fogueira."
0 lídef rehrioso mais influente da cidade de Münstef foi Bernt Rothmann.48
Nos ú'l`timos meses de 1534, Rothmann publicou e despachou clandestinamente para
o mundo dois panfleto§, intitulados Rer/z./z#.fzz~o e j4#¢#c7.o d6 #.#gzz#/`cz, a fim de proclamar
a vitória dos santos de Múnster.
Segundo Rothmann,49 Deus havia decretado três eras do homem: a era do pecado,
que se encerfafa com o dilúvio; a era da perseguição, que estava chegando ao fim; e a
era da vingança. Como assinala Friedrich` o pfóprio Ctisto é que havia criado o reino
de Münster, preparando seu retorno iminente à Terra.5°
]an Beukels recorreu a táticas ainda mais estranhas, no esforço de manter
elevada a moral de seus seguidores. Uma noite, em 1534, correu descalço pela
rua, em ffente à prefeitura, aos gritos de "Rejubila-tc, Israel! Tua libertação está
próxima!" Prometeu a esperança de salvação na páscoa e, quando a páscoa veio e
se foi, declarou que Deus não podia ser preso a datas fixas. "Quereis dar um prazo
a Deus?", exclamou. "Não, Deus não tolera prazos. Deveis livrar-vos de todos os
pecados e Deus nos resgatará".5]
Por causa desses incidentes em Münster, os anabatistas continua£am a ser vistos
como fanáricos. Uma vez que Cristo nunca voltou, também o anticristo se manteve
apenas como uma possibilidade pfofetizada. Os falsos profetas previstos nas Escrituras
ainda estavam por vif.52 Cairns evidencia que o repúdio às idéias de Lutero e zwínglio, 47
além dos vários incidentes ao longo desse período, determinou a condenação e persegui-
ção ao movimento, tanto por parte dos protestantes como dos católicos romanos.53
Um caso estranho entfe os anabatistas, relatado pof Friedrich, ocorreu no dia Ó de
fevereiro de 1526. Nessa data, um homem chamado Thomas Schugger e seu irmão üe-
nhart teriam acreditado que foram chamados para encenar sua pfópria forma de martirio.
Num ritual apavorante, após ter torturado o irmão publicamente, Thomas deu-lhe fel e
vinagre pafa beber, até ele vomitar. Finalmente, tomou a espada e, crendo que se tivessem
fé ela atravessaria o seu pescoço sem lhe causar dano, matou-o. Apesar de Thomas ter
sido julgado, condenado por homicídio, e executado uma semana depois (13 de fevereifo
de 1526), os anabatistas achavam-se a essa altura em estado de delírio.54
0 fim se aproximava, segundo acreditavam, e as marifestações de êxtase espiritual
se intensificavam à medida que os "últimos dias" iam passando.
Segundo a crônica de Kessler, os anabatistas começaram a correr pelas ruas e
gritar que o dia do juízo final chegaria em exatamente uma semana. Isso convenceu
muitas outras pessoas a se batizarem, até que umas 1.200 delas pararam de trabalhaf,
abandonaram suas casas e paf tiram para as montanhas, cantando e orando a plenos
pulmões. Só depois de uma semana, sem que houvesse sinal do dia do juízo, foi que a
fome e o frio dispersaram os fiéis e os mandaram de volta para suas casas.55 Desapon-
tados e tremendo sob o rigoroso inverno europeu daquele fevereifo de 1526, além do
ffio que os castigava, também enfrentaram a zombaria, a humilhação e a frustfação da
esperança que não se concretizou.
A R£FORMA, OS ANABATISTAS E ÓS SÉCULOS 17 E 18

Cálculos para o fim


Theodor Bibhandef (1504-1564), respeitado palestrante do hvro do Apocalipse,
nascido em Constança, chegando a ser chamado "Pai da Exegese Bíblica na Suíça",
afirmou que após o témino do sexto mjlênio viriam os mil anos preditos em Apocalipse
20, com o extermínío dos ímpios. Estava persuadido de que depois de 6 rnil anos de
prevalecente impiedade viria o pfedito milênio fi]turo de justiça. Ele exortava o povo
a estudar os sinais e profecias para saber quando isso ocorreria.5ó Para Bibhander, o
tempo do fim estava definído: o mundo duraria no máximo três a quatro séculos,
quando os 6 mil anos de pecado da história humana terão passado e o predto milênio
de justiça se estabelecerá. Está entfe o grupo dos demarcadores de tempo, mas que
se esquivaram de apontar para um dia definido.
Andréas Musculus (1514-1581), partindo desse mesmo raciocínio, estabelecia que
o fim do mundo chegafia dentro de poucas centenas de anos.57 Segundo seus cálculos,
5.556 anos já tinham transcorrido, faltando menos de 500 para o término da história
deste mundo, tempo esse que Deus abreviaria.
Hugh Latimer (1490-1555) adotava a teoria dos 6 mil anos como muitos contem-
porâneos seus. Acfeditava que o te_mpo poderia ser abreviado por causa dos eleitos.58
]ohn Napier, em 1576, estabeleceu outra data pafa o juízo, o ano de 1700, usando
a mesma prenrissa dos 6 mil anos, mediante cálculos dos períodos constantes em Da-
niel e Apocalipse. Ele também fixou um número de datas manipulando os números de
48 APocalipse. Os l.260 anos terminavam em l576, e outros periodos apocalípticos expi-
ravam respectivamente em 1541,1590,1639,1688 e o último em 1786. Considerando
que Deus encurtaria o tempo por causa dos eleitos, ele esperava que o julgamento final
teria lugar entre 1688 e |70o.59
A ênfase que passou a ser dada à doutrina bíblica do segundo advento de Cristo
fez com que mentes férteis e criativas se apressassem em interpretações escatolóticas,
arriscando-se a marcar datas para esse acontecimento.
Na lnglaterra e, gradualmente por toda a Europa, nas primeiras décadas do século
17, a proximidade do fim tornou-se um assunto de crença comum a todos. 0 ano de
1666seafiguravaagourentopelacombriaçãodeseusnúme{osquepareciaecoaraalusão
apocalíptica para "seiscentos e sessenta e seis" (Ap 13:18). A medida que se apfoximava,
como aconteceu com outros anos similares de expectação - quando alguns estavam
olhando para a ruína de Roma -, mais datações e prognósticos afirmavam que a gfande
catástrofe era iminente. Mas a despeito das diferenças quanto ao tempo, a destruição
do anticristo por ocasião do advento era clara e cefta.Ó°
Baseado nos pressupostos que cercavam o ano de 1666, Philip Nicolai (1556-
1608)ót marcou o fim do mundo para o ano de 1670. Em seu livro H/.J/ocy o/ Á4G K}.#gcbÃ%
o/ Goc7, embora não estabelecesse um ano definido para a chegada do fim, sustentava
que todos os tempos proféticos -os 1.260 dias, os 1.335 dias, o pefl'odo profético dado
em Apocalipse 9, o tempo mencionado em Ezequiel 38 e 39, bem como os 1.600 está-
dios de Apocahpse 14 -apontavam para um fim no ano de 1670. As conjecturas que o
conduziram para essa data são dificeis de acompanhar,ó2 e seu livro, o qual apafeceu em
latim em 1597 e foi traduzido e impresso na Alemanha em 1626, encontrou uma larga
circulação e suscitou um significativo número de comentários.
0 DIA DA SUA VINDA ' ,

Os séculos 17 e 18 foram fortemente marcados pelas mudanças sociais e altera-


ções geográficas, resultantes da primeira fase do fenômeno denominado globalização,
iniciado por volta de 1450. Esse fenômeno, também chamado de primeira globalízação,
caracterizou-se pela expansão mercantilista da economia mundo-européia. A segun-
da fase, ou segunda globahzação (1850-1950) foi caracterizada pelo expansionismo
industrial-imperialista e coloriaüsta. Por último, a globalização propriamente dita, ou
globalização recente, acelerada a partir do colapso da URSS e a queda do muro de
Berlim, de 1989 até os das atuais.ó3
Essa nova configuração mundial a partir do século 15 -a mudança de foco nas
relações econômicas, poHticas e sociais -povoou o imarinário do homem. Isso mari-
festou-se principalmente na sua relação com o divino, com aquilo que o homem não
consegue dominar e entender.
Esse comentário é relevante pafa se entender alguns fatos narrados neste capítulo,
no que se refere aos movimentos marcadores de datas para o fim do mundo.
]esus, no sermão profético registrado em Mateus 24, havia advertido contra
marcação de tempo para o seu segundo advento e tinha também admoestado que
falsos cristos apareceriam. Vez após vez durante a era cristã, movimentos messiânicos
surgifam dentro do judaísmo. Eles fixaram datas para a vinda do Messias ou foram
influenciados por alguém pretendendo ser o Unãdo,64 conforme analisado no primei-
ro capítulo desse estudo. Assinala Olsen que "especulações messiâricas que fofam
especialmente proeminentes entre os judeus do décimo sexto século continuaram no
49
decorrer do século dezessete''.ó5
Com o passar dos anos, a Bíbha tomou-se cada vez mais a base da pregação e
dos escritos puritanos na lnglaterra.óó Clérigos e leÉos tomaram-se conscientés de uma
ênfase escatológica nas Escrituras. A esperança do segundo advento, juntamente com
suas doutrinas corfelatas, aparece como uma importante evidência da redescoberta
da essência da mensagem bíblica pelos puritanos. Provavelmente em nenhum outro
tempo na história inglesa a doutrina do segundo advento tenha sido tão largamente
proclamada ou tão prontamente aceita como no auge do puritanismo.67
0 domínicano Giovanni D. Campaneua (1568-1639), em sua obra 1+¢ Pro/#%zá ó#. C#.j`-
/o, de 1623, apoiando-se ao mesmo tempo em Lactâncio e ]oachim de Floris, anunciou:
Então os bons serão separados dos maus e haverá um céu novo e uma terra nova. 0 brilho
do sol será multiplicado por sete e a lua será como o sol hoje; e isso dufante ril anos
[...]. Esta primeira renovação das criaturas não será aquela que as tornará imortais, visto
que continuarão a procriação e a alimentação a partir das produções da terra: o que não
pode se feahzar senão mediante a corrupção dos elementos. Nesse tempo as estrelas e os
elemento§ sofferão uma purificação parcial e serão impostas a otdem e a dsposição que
convêm ao século de ouro, durante o qual os santos possuirão o mundo humano.ós

Como todos os milenaristas, Campanella se comprazia em especulações aritméti-


cas comphcadas a respeito dos prazos escatológicos. jean Delumeauóg argumenta que,
apesar da complexidade dos cálculos de Campanella, ele tentava simpüficá-los, julgando
que os eventos finais estavam muito pfóximos de ocorrer.
A RII:ORMA, OS ANABATISTAS E OS SÉCul.OS 17 E 18

William Sherwin (1607-1687?), a partir de 1671, teve a atenção focada para os


_ 2.300 dias/anos que se estendiam a partirdo cativeiro babilônico (5° séc. a. C.), termi-
nando no ano 1700, com o aparecimento de Cristo.7° Denominou o ano 1700 de tempo
bendito e, em seu característico esdo pesado, enfatizava duas vindas pessoais de Cristo
em convergência com o ririênio, uma no início e a outra no final dos mil anos.7t
Thomas Beverley (1670-1701) em sua obra K;.#gc7oÂ# o/ /#zu C4#.j`/ E#/m.#g J/r
Succession at 1697 According to a Ca/endar of Time (168Í)\ tra:ta, con[otrrLe tes,Ürno rLa
folha de fosto das "Quatro Monarquias e do Tempo, Tempos, Metade de Um Tempo
Concedidos ao Papado, e os Dez Reinos; o último estado de Roma, ou a Quarta Mo-
narquia Então Findando; Dada em Dcz#-6/e Expandida pelo j4Po#/zZ)JG, em Harmonia
Com Toda História".72
A proposição básica de Beverley foi objetivamente esta: "Que os 2.300 dias são
uma IJ.#Ác7 c/6 Tez#Po definitiva, desde o início da Mo#cz»?#z.c7 PGrt4, até o fim das Mo#¢„7#.cu,
e até a Suprema Monafquia de Cfisto'', que segundo os cálculos de Beverley, se estabe-
leceria em 1772.73 Basicamente, a única diferença entre os seus cálculos e os cálculos
de Guilherme Millef,74 elaborados algumas décadas mais tarde, foi com relação à data
da monarquia persa, o ponto de partida dos 2.300 dias pfoféticos. Por essa razão, o
final dos 2.300 dias/anos de Bevefley e Miller não coincide. Foram unânimes, porém,
ao identificarem o fim desse longo período profético com a segunda vinda de Cristo
e a instauração do seu feino.
Beverley enfrentou problemas com a justiça. Ela alegava fanatismo em seus
Jo dizeres, mas, em sua petição à Corte Suprema, argumentou que não era um fanático.
Porém, afirmava que Deus simplesmente tinha impfessionado sua mente a contemplar
o "gfande quadro pfofético e o esquema de um grandioso porvir''.75
0utro ardoroso defensor do ano 1697 foi Cotton Mather (1663-1728), um pre-
gador e escritor puritano da Nova lnglaterra. Porém, como assinala Boyer, quando o
ano passou sefenamente, ele fixou 1716.. utilizando o cronograma do professor William
Whiston,76 ano que passou em agonia e expectação.77 Foi considerado um inveterado
marcador de datas. Com o objetivo de despertar os pecadores, Mather enfatizava a pro-
ximidade do fim. Escreveu: "Tudo já foi predito [...] tudo já ocorfeu antes da Vinda do
Senhor [...]". "De acordo com o que entendemos", declarou ele, "tudo está cumprido.
EU DISSE CUMPR|DO!"78
Richard Clarke (falecido em torno de 1780) era reitor da lgreja Episcopal de São
Fihpe, Charleston, Caroüna do Sul. Tendo se tornado pregadof popular, atraía multi-
dões para ouvi-lo falaf sobre profecias. Escfeveu sobre o fim e, a exemplo de outros
discursos de alguns de seus contemporâneos, caiu igualmente na falácia de identificar
o fim dos períodos proféticos para os seus próprios dias. Sem dar uma base sólida
para suas conclusões, Clarke termina os 1.260 dias/anos em 1758 ou 1759, os 2.300
dias/anos em 1762, e os 1.335 dias/anos em 1763 ou 1765.79
]onathan Edwards (1703-1758), pastor de uma lgreja Congregacional em
Northampton, Massachusetts, acreditava que o ano 2000 traria o milênio. Entre-
tanto, evitou incorrer na precipitação de Cotton Math'er, que estabeleceu publi-
camente uma data que coincidia com os seus dias. Edwafds observou em um dos
seus sermões em 1739: "Estou longe da intenção de determinar o tempo quando
0 DIA DA SUA VINDA '

o reino do anticristo começou, pois considero este ponto muito controvertido


entfe os estudiosos das profecias".8°
Robeft Fleming ]r. (1660-1716), descendente de uma linhagem de pregadores
escoceses, previu o fim do reinado papal e sua destruição no ano 2000, por ocasião do
segundo advento de Cristo. Então o mundo entraria no glorioso íé7'Gczc/o #z./G#4Ír, momento
em que os santos reinafão na Tefra de uma forma pacífica pof mais mil anos.8t
A coisa fnais surpreendente nas profecias atribuídas à monja de Dresden82 é que elas
correspondem a um esquema totalmente semelhante àquele elaborado no fim do século 12
por joad]im de floris. Este, conhecido como o abade "dotado de espírito profético" que
causaratantaimpressãoemDanteAüghierieemoutrosgrandesespíritosmedievais,comasua
escatoloSa sistemática, perfatamente enquadrada na fflosofia evangéhca do fim do mundo.
A monja de Dresden dividiu o afco da história em três tempos, "três milênios
dedicados ao Eterno." Ela também colocava cada um desses períodos sob a influ-
ência de uma figura da Trindade. E fixou a data do juízo final nos últimos tempos da
Terceira Pessoa, o Espírito Santo. Prevê que o fim do mundo se consumará no ano
3033, calculando o tempo a partir do sacrificio de Cristo.84 As suas denominadas "pro-
fecias" continham um evidente embasamento bíbhco e isto despertou a curiosidade
dos eruditos.85

J,
Notas
] Friedrich,19Ó.
2 Uma inundação gigante foi prevista para 20 de fevereiro (ou 2 de fevereiro) pelo
astrólogo johannes Stõeffler, em 1499. À conjunção envolvia Mercúrio, Vênus, Marte,
Júpiter e Saturno, mais o Sol, todos em Peixes. Mas essa conjunção ocorreu realmente no
dia 23 e não no dia 20. Na Alemanha, em resposta a essas profecias, as pessoas consttuíam
barcos e o Conde Von lggleheim construiu uma arca com 3 andares. 0 mesmo estado de
histeria se passou em Toulouse. Quando choveu hgeiramente na data prevista, as pessoas
atacaram a arca do Conde. (http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto, em 11 de
junho de 2006).
3 Cuomo,181.
4 Michael Parsons, "The Apocalyptic Luther: His Noahic Self-Understanding" no

Jowmal of tl)e Euang/e/ical Theolog/ical S ociety (dc:zembto d€ 1998;), 62] -645.


5]ean Delumeau, no capítulo "0 Apocalipse Revisitado", em Eco G/. c7/., 96.
6 Calvino, J#j-/z.J#Ç.c/.o'# DG 1-7 Rf/zÉ?.o# C#.j`/z.cz", Livro 11, cap. XVI,1 : 17. (http://www.
estudosbiblicos.com/artigo/josekfc02.htm, 11 dc junho de 2006).
7 Martin Luthers, Werke: K#./z.rcúe Gw##/¢#rgz7bG (Weimar: Herman Boehlaus
Nachfolger,1908), 34, Band 11, 459-482.
8 Ibidem.
9 Lutero gostava de reuniões de debates, uma espécie de "mesa redonda" onde
se formavam grupos para estudar temas doutrinários e aspectos da vida cristã. Essas
A REFORMA, OS ANABATISTALS E OS SÉCUIPS 17 E 18

reuniões aconteciam no Monastério Agostiniano na hora do jantar. Mesmo depois que


Lutero se casou (1525) o costume pfosseguiu (Froom, 2:278).
'°Martin Luther, Jci*Âzí/Á.c4G J:cÁ#j9g#, %/ 22 (St. Louis, MO: Concordia,1880), col.1331.
" Mchael Parsons, 645. Martinho Lutero relaciona o tempo de Noé com o seu próprio
tempo em um direto paralelismo, às vezes dificultando até mesmo identificar a qual pen'odo ele
está se referindo. Ele vê a sua época em termos apocalípticos. A sociedade está se deteriorando,
moral e feliãosamente, apressando a chegada do "último dia". À sememança de Noé, que
permaneceu em pé contfa o mundo, Lutero via-se também sozinho contra a lgreja. Noé sofreu
como um mártir pela causa de Deus, assim Lutero sofreu às maos dos inimigos no isolamento
e tristeza ac> realizat o seu trabalho. Foi o caráter de Noé o que mais encorajou a fé de Lutero,
pois, enquanto batamou pela causa da Reforma e todos (ou quase todos) ao seu redor estavam
errados, ele estava certo, assim como Noé nos seus dias qbidem).
12 0|sen, 116.
`3 Hebblethwaite, 77.
" Luthef, J#/P#/c7/z.o Á##om# M##c#. EÂízG#d¢/¢ (Uma Correta Computação dos Anos do
Mundo, 1545), sem paginação. Froom, 2:279. Este calendário encontfa-se na Biblioteca da
Univeísidade de Graz.
15 Ibidem.
ió O|sen, 116.
`7 Na Primeira Reforma ¢rotestante), foi Fe/!¢e MÇÁ7#c7o#, auxiliaf direto de M4#z.#Áo
I#/ím, quem melhor elaborou o conceito de éz4Íz.á/7/o" (o indiferente, secundário ou não-essencial
2 à fé), onde a fàlta de clareza ou de definição explícita ou fechada das Escritutas ou da Tradição
permite uma diversidade de pontos de vista na lgreja Cristã.
`8J# D¢#/.e¢# PropÁG/z#, em Oj7m, vol.13, col. 978` Citado em Fíoom, 2:291.
ig Friedrich, 185.
2°jacques Vidal G/ c% Dí.¢.o#ó#.o d71<# R£/;Éz.o#G+ a3arcelona: Herdet,1987), 63-65.
2'Friedrich, 204. Hans Hut era um seguidor de Müntzer que pregava que <`os súditos
devem assassinar todas as autoridades", pois Cristo fetomaria exatamente tfês anos e meio
depois do início da Guerra dos Camponeses, em 1527. qbid., 203).
22 Dentfe os pfofetas auto-proclamados, um deles foi Hans Hut, mencionado acima,
e outro foi Hans Rõmer, que insistiu que Cristo viria em menos de um ano, de modo que
organizou um bando armado pata atacar Erfi]rt na véspera do ano novo de 1528, e foi tfaído
e preso qbidem).
23 0s profetas de Zwickau eram entusiastas no sentido técnico da palavfa; isto é,
eles ptofessavam ter fecebido novas revelações de Deus, totalmente à parte da Biblia, cuja
relevância excedia àquelas da Biblia. Eles então começaram a ridictúarizar Martinho Lutefo
por sua dependência escrava às Escrituras. Eles insultavam: "Biblia, Babel, Bobo", zombando
do inteíesse bil)lico de Lutero. De acordo com Lindberg, os tíês homens (Nicholas Storch,
Thomas Dreschel, Marcos Thomai) ``chegaram a Wittenbeig logo após o natal, feivindicando
sonhos e visões divinamente inspirados de uma invasão tufca, a eliminação de todos os
sacetdotes e o iíninente fim do mundo. Eles mais adiante reivindicaram que as pessoas
deveriam ser ensinadas somente pelo Espírito Santo, sem nenhuma conexão com Cristo
e a Bil]na" T»G E#mpG# Rj/?om¢Í4/z.o#,104. (www.monergismo.com/textos/biogfafia/luteto_
storms.htm,12 de junho de 200Ó).
0 DIA DA SUA VINDA

24 Ibid., 198. "Na verdade Luteio, desde os primeiros instantes não tinha cessado
de combater a rebelião que, na sua opinião, era o prenúncio do dia do juízo" (J. H.
Mer]e D'Aubigné, H;.j./o'#.¢ dcí Re/omc7 do XI/7 Je'"/o, 6 vols. [São Paulo, SP: Casa Editora
Presbiteriana,1962], 3:220).
25 Friedrich, 198: "Pof recomendação de Lutero, Müntzcr] fora convidado, no
ano seguinte, a pfegar em Zwickau, que antes fora um dos centros da perseguida heresia
waldensiana, mas era então uma ptóspera cidade mineradora de prata, repleta de trabalhadores
migrantes. Ali, Müntzer não apenas começara a acusar de ganância os ftanciscanos do lugar,
como também se voltara violentamente contra Lutero. Que podia significaf a salvação pela fé
para `m mineiro ou um tecelão incapazes de alimentar a família? `Frente à usura, aos impostos
e aos aluguéis, declara Müntzer, `ninguém pode ter fé'."
26 Hebblethwaite, 87. Com suas idéias de todos viverem tendo tudo em comum, Thomas
Müntzer tem sido honrado pelos marxistas como o primeiro revolucionário social.
27 Müntzer reivindicou revelação extra biblica de uma forma que minava a autoridade da
Escritua. De acordo com ele, a verdadeira e viva Palavra de Deus deve ser ouvida da boca de
Deus, e não ridiretamente de algum üvro, nem mesmo da Biblia. Ele apelou para uma Palavra
lnterior para justificat a crença de que os últimos dias estavam às poitas e que a lgreja deveria
levantar as armas tanto contra as autoridades civis como contra o papado medieval qttp://
www.monergismo.com/textos/biogfafia/lutefo_stoms.htm.12 de junho de 2006).
28 Friedrich,199.
29Lutero, Martinho, Mé7#7.#Áo ljí/gro.. OGr4u. J£/í#.o#4ÁZJ., 7 vols. (São Leopoldo, RS: Editora
Sinodal,1996), 271-337.
J.?
3o ibidem.
3` Trabalhava com peles de animais.
32 Friedrich, 204.
33 ibidem.
34ibidem.
35 0|sen,127.
3ó Friedfich, 220.
37 Stiefel era um monge agostiniano e foi consagrado ao sacefdócio em 1511. Em 1522,
ele não se conformou mais com a atitude da lgreja Catóüca de tomar driheiro dos pobres e foi
forçado a deixar o monastério de Esslingen. Buscou fefúgio com Luteranos e finalmente foi
para Wittenberg e viveu na pfópria casa de Lutero pof alguns meses. Foj altamente considerado
por Lutero, que obteve para cle a posição de pastor. Eta um hábil matemático e foi considerado
um dos expoentes do seu tempo. Süefel cometeu o e£ro de predizef o fim do mundo e, quando
se compfovou que estava errado, foi pfeso e demitido do seu cargo qttp://www-groups.dcs.
st-and.ac.uk/~history/Biographies/Stiefel.html, 12 de junho de 2006).
% Tbe New Scbqf f ::Herz!og Bnç)clopedia of ReliSouS KMowledg/e,11..95, esclíiÊece cTNf3 SÜ££d
devotou-se a urn estranho sistema cabalístico de transfofmar letras nos então chamados
números trigonais, buscando descobri[ os tempos secretos da Biblia.
39john M'Clintock, ]ames Strong e Michael Stiefel, Tú%Ág7.cz7/ 4#d Ec4¢w.4J./7.cz7/ IJ./Gr¢/##

0{cw York: Harper,1891), 9:1023.


4° Froom, 2:321.
'` LÁ4#} Jc4#J?e#, vol. 21b, cols. 1825-1827.
+
A R£FORMA, OS ANABATISTAS E OS SÉCULOS 17 E 18

42 Münster era um dos muitos pequenos estados eclesiásticos no noroeste da Alemanha


sob o govemo dos príncipes bispos, que na realidade freqüentemente eram leigos. Uma cidade
com um importante comércio, softendo uma grave e crônica tensão entre os príncipes bispos
e o conselho de comerciantes.
43iiitherischriften,2fJf).
44ibid., 210.

45 ibid., 211.

4ó ibidem.
47 ibid., 213.

48 0 h'der reliSoso Bemt Rohmann constantcmente se mo`ria do catolicismo evangélico para


o lutefanismo no pão e no vinhoüa com os melchioritas e os apóstolos do grupo ljK E/v7zc7.
49 Como os 70 anos do cativeito de Babilônia haviam durado 20 vezes mais do que
o casdgo divino tradicional, que durava 3,5 anos, Rothmann calculou que 20 vezes 70
correspondiam a 1.400 anos, e, uma vez que a lgreja se desvirtuara uns 100 anos depois da
crucificação, o fim dessa era estava claramente próximo.
50 Friedrich, 220.
5i ibid., 221.

52ibid., 226.
53 Caims, 248-249.
54 Friedrich, 193.
J4 55ibidem.
5óTheodorBibliander,Adomniumordinum.Principes,viros,Populumque,Christianum,
Relatio Fideüs, 24.
57 Ttaduzido de Andréas Musculus, I/lo%/¢#gJ/e77 Tc7gí (Froom, 2:323).
58 Foi um dos mais distintos prelados da lgreja da lnglateffa. Nasceu em Leicestershire.
Em 1514 entrou para as ordens sagradas. No ano de 1530 pregou diante do Rei Henrique
VIII, e cresceu em favor perante a corte. Obteve seu B.D. em 1534 por uma disputa contra os
ensinos de Melâncton, pois Latimei era totalmente contra a Reforma. Ele se autodenominava
`irn"ohs,hn:Íxdo pçiFÀstd' .fiscxe;we:". S ermom bj Hugh IAtimer, S ermons and RBmains of Hugb I_zitimer
e outras obras do gênero (In Hugh Latimer, 1%rÁr, 2:290).
59john Napier, j4 P/áz;.#G D/.fmwcy o/ /ÁG 17:úo/G RG#6/#/z.o# o/ JTcz/.#/Joú# (Edinburgh, 1593),
9,12,15,16, 21, 22,179 (ver Olsen,124).
6°Anotações das Biblias do século 17 tesüficam da maneira que interpretavam as púofécias.
6] Filho de um pastor lutetano, Philip Nicolai tornou-se também pastor. Tíabalhou na
cidade de Unna, que foi "'tima da praga que em 1597 e 1598 matou 1.400 de seus habitantes.
0 terror das mortes o levou a escrever hinos bastante conhecidos.
G2. DariÊl;l SprirLÉrrsg)i:ie;n, Ki/rtver Beg]rif f Hmd tl]eologiJcbe Prüfung der... Zeit`:RBcbnung de§...

Herrn D. Philliji}; Nicolaí,11 Ef:. Ga.spaxH:eiri:sch:h,W:olg/eg/ründtef Bedenckn íiber dsm... 1670. ]ahr, Ob
in demJe/ben der Jürigste Tag v bof f en oder v uermuthen f yÀ Stg Àgt (C;rfAdo pot Ftoor[L, ?..`ÔOUD .
63 Fer".ndB£a:udel, Ciúlis€qão material, economia e cqpita/ifmo.. séculos XV-XT/III, (São Pt+rio..
Martins Fontes,1996); Paul Kennedy, P#Pá"#do P4rj7 o Jt7`%/o XXZ Qio de Janeiro: Campus,
1993); Marshall MacLuhan. Or jw#.or d€ Co;%##¢`#fo~eJ CoÂ% Ex/G#jio~# Jo Ho#GÂ# (understanding
media),(SãoPaulo:Cultrix,1995);LesterC.Thurow,4Co#j/7#fz7~oó7¢R;.9w¢£z7..4Íj\ÍoG+4íR£gr¢+Pzg"
0 DIA DA SUA VINDA

Indiuíduo], Empresaf e Nações Numa Economia Baseada no Conbedmento Qio de]ari!eiro.. Fboc!co, 2JÍ)OT).
ó4 Si|ver, citado por Olsen,119.
ó5 o|sen, 119.
6Ó 0 nome "puritano" é originado da vontade de purificar-se dos resquícios catóhcos
romanos. A idéia puritana expandiu-se também pa£a a purificação da sociedade por parte
dos seus seguidofes. Em termos missionários, apenas a influência puritana deixada a algumas
igrejas foi contribuição dos puritanos. Esse movriento surgiu no século 17.
67 Milhares e milhares de pessoas, tanto da Escócia como da lnglaterra, se congregavam

para ouvir a pregação dos puritanos. Depois de trinta anos de pfegação, desde o início do mo-
vimento, a mensagem dos puritanos começou a produzir mudanças. Os primeiros pregadores
puritanos, durante os primeiros tímta anos do movimento, não viram tesultado da sua pregação.
Eles pregavam o máximo que podiam, oravam muito, trabalhavam e escreviam livros maravilho-
sos e conseguiram até mesmo colocaf excelentes professores nas universidade§ de Cambridge
e Oxfofd. Mas duante vinte ou trinta anos receberam muito pouco apoio ou resposta. De
repente, no final do século Xvl e início do século XVII, ocorreu uma tremenda resposta do
povo à pregação e propostas dos puritan®s qttp:/ /www.monergismo.com/textos/pritanos/
puritanismo_augustus.htm,12 de junho}
68Eco G/ c7/., 90.

69 ibidem.
7° Shervrin viveu em Wálhgton, Hertfordshife, de 1645 a 1662, período em que proferiu

palestras sobre profecias em Baldock. Escreveu TÁG JCÁ6#G o/ GOJ} E/9r#c7/ DGJ;g#,.<4 J4J9G#G o/
the whole BooÀ of RBuelation of ]esuf christ;The Tímef of R2Stitution e ou+ríTs obtas.M:ri+as de s"í# 55
obras fofam publicadas anonimamente, e algumas vezes foram reimpressas com diferentes
títulos. (Ffoom, 2:576-577).
7` Ibid. Os 1.290 dias/anos de Daniel 12 Sherwin datou dejuliano, o Apóstata (3° séc. d. C.)
até 1656, enquanto que os 1.335 dias terminam 45 anos mais tarde, chegando ao ano 1700 -pedodo
no qual ocorteria uma "reunião" do papa com seus exércitos para o último grande conflito.
72Eme1687e1701,ThomasBevedey,ministroindependaite,pubhcouumasériedepequenos
arügos. alguns com títulos curiosos, enfatizando a aproximação do fim dos tempos @room, 2:581).
73 Froom, 2: 581.
74Vet p. |24-126.
75Froom, 2: 582.
76 Professor de matemática em Cambridge, escreveu Túe j4fm%P/7.J:4z7¢#/ o/ Jc77jJ/zw
PropÁ%.#. Foi tradutor de Josefo e escreveu uma dissertação especial acerca da cronologia de
josefo, que incluiu na sua publicação das obras completas de josefo como ,4PGÁ#4Íz.# T/.
77 Boyer, 70.

78 Citado pot Boyer, 70.


]9 Richíxid Clíxike, The Prophetic Numberf of Daniel cmd ]obn Calciildted @oston eà.),7 , 8,11,
12, 24. Citado em Ftoom, 3:201-202.
8°jonathan Edwards, P%zgc/or?+ Nri MGof c/G ## DG#r Jr¢c/o, 3a ed. (São Paulo: Publicações
Evangéücas Selecionadas,1993).
8' Tàobe;i\ FlemirL8, APocab!Ptical Koi - An Extraordimciü DiJcowrSe On The RiJe and Fall of
Papag/; or The Powrim!g Out Of Tbe T/ia/f ln Tbe R2uelation Of St. ]obn, Cbapter XT/I qnn:don:.
Printed for G. Terry in i793 ffom the oriãnai pubhshed in the year i7oi), 27-28.
1
\

A REFOBJVLA, OS ANABATISTAS E OS SÉCULOS 17 E 18

82 Cuomo, 275. A anônima monja de Dresden viveu em um convento perto do rio Elba,
na Ffança, e ali morfeu bem jovem, em 1706, com 26 anos.
83 `<Passou o milênio do Pai. Aquele que estamos vivendo é o milênio do Filho. 0 terceiro
e último será o inilênio do Espírito Santo. Depois virá a inquietação da terra" (Ibid., 276).
84ibidem.
85 As pesquisas levaram à descoberta de trinta cartas, resíduo de uma correspondência
bem mais vasta, da qual foi possível extrair espantosas considerações sobre o nível cultural
da autora, que, se realmente inculta - no limite do analfabetismo, como as notícias recolhidas
em ambientes rehgiosos deixavam supor - "devia efetivamente tê-las escrito em uín estado de
transe muito similar àquela condição de vidência extática que os crentes chamam de rispiração
divina" (Ibid., 275).


CAPÍTULO 6

PRESSÁGI0S DO FIM: TERREMOTOS, COMETAS E


OUTRAS EVIDÊNCIAS ESCATOLÓGICAS

Os prognósticos pareciam inconfimdíveis, mas pouquíssimas pessoas conseguiam


acreditar no que eles prediziam. Na cidade de Louriçal, em Portugal, por exemplo,
uma freira chamada Maria joana relatou ter tido uma visão de Cristo. Segundo ela, Ele
lhe dissera que os cidadãos de Lisboa logo seriam castigados por sua maldade. Outra
freira disse a seu confessor, em cinco ocasiões, que Lisboa estava condenada e que seu
povo devia orar pela salvação. Houve um terceiro profeta, um sebastianista -um dos
devotos que acreditavam na miraculosa restauração do rei D. Sebastião, de 24 anos,
que fora despedaçado duzentos anos antes, quando liderava um bando fnaltrapilho de
cruzados contra os infiéis de Mafrocos. Ele proclamou, segundo Friedrich, que "haveria
um grande acontecimento em Lisboa no Dia de Todos os Santos, 1° de novembro de
1752, anunciando a volta de Sebasüão como o Messias na primavera seguinte".'
Diante de tantas perspectivas, os portugueses aguardavam apreensivos o seu
destino. Quando nada aconteceu no Dia de Todos os Santos, espalhou-se o boato de
que o grande acontecimento ocorreria, na verdade, nesse mesmo dia santo, só que no
ano seguinte,1753. Como nada sucedeu, adiaram para 1754. Outra vez nada ocorreu
de especial. Um ano depois, na manhã de 1° de novembro de 1755, o padfe Manuel
Portal, do Oratório, despertou de um pesadelo, pois havia sonhado que Lisboa estava
sendo devastada por doís terremotos sucessívos. A[guma coísa o advertíra àe que eLe
nunca mais veria o crucifixo na parede de sua cela. Foi para a missa e rezou. Poucas
horas depois, seu mosteiro desfez-se em ruínas, exatamente como ele havia sonha-
do. "Uma das pernas do padre foi esmagada no desabamento, mas, resolutamente,
ele partiu para ouvir confissões e conceder a absolvição", considera Friedrich, que
ressalta que as pessoas em desespero perguntavam-se enquanto tentavam salvaf suas
vidas: "Isto é o fim do mundo?"2
enquanto atingidos pelo terremoto, em Lisboa, algumas cenas destacaram-se na
tíagédia. 0 Sr. Braddock, um comerciante inglês, assistiu a uma tfagédia mais típi-
ca, sem jamais ficar sabendo o nome da vítima. Estava saindo de seu apartamento
quando deparou com uma mulher, pálida e trêmula, toda coberta de poeira e cafre-
gando um bebê no colo. "A pobre criatura perguntou-me, na mais extrema agonia,
se eu achava que o mundo estava acabando", escreveu Bfaddock a seu amigo, o
chanceler de Norwick.3
PRESSÁdl0S DO FIM

A água subiu a uma altura tal que inundou a parte baixa da cidade, o que ater-
rorizou os pobres e já desolados habitantes, que cprriam de um lado para outfo com
gritos pavorosos achando que o fim do mundo havia chegado, caindo de joelhos e
implorando pela ajuda divina. "Quando se passava pelas ruas ou praças lafgas, não se
encontrava nada além de pessoas chorando seu infortúnio, agitando as mãos e gritando
que o mundo havia acabado".4
Apfopriadamente' o estudo da escatoloãa bíblica tem incluído o terremoto de
Lisboa como um dos sriais indicadores do fim do mundo previsto por Cristo no sermão
profético (Mt 24:7). Pela dimensão e proporção do desastre,5 esse abalo sísmico tem
sido considerado como o portal de entrada da história do mundo no "tempo do fim''.
0 desastre chocou a Europa e foi considerado pof muitos como um sinal dos últimos
dias. Na lnglaterra, um senhor chamado ]oão Biddolf chegou a escrever um longo
trabalho üterário intitulado: "Um poema sobre o terremoto de Lisboa'', publicado no
mesmo ano da ocorrência. Nesse poema, à linha 194, o autor interpreta o terremoto
comoum"prelúdioeprólogodo).uízofinal".Écertoqueofenômenoprovocougrande
ansiedade e levou muitos a um estudo mais sério das pfofecias.ó
Ellen G. White assevera que "a profecia não somente prediz a maneira e o objetivo
do segundo advento de Cristo, mas apresenta sinais pelos quais os homens podem saber
quando a mesma está próxima."7 0 profeta do Apocahpse descreve da seguinte maneira
js o primeiro dos sinais que pfecedem o segundo advento de Cristo: "Houve um grande
tremordeterfa..."(Ap6:12).8Emboraoterremotodeljsboanãotenhasidopropriamente
o fim do mundo como muitos receavam, foi um anúncio grave da sua proximidade.
Oscar Matsuura escreveu que Voltaire tí.açou o seguinte comentário, ironizando
o pânico que se abateu sobre a população, a respeito do boato que teria se espalhado
pc>r toda a França de que o mundo acabaria entre os dias 20 e 21 de maio de 1773:
Àlguns parisienses que não são filósofos, nem tiveram tempo pafa sê-lo, me infotmaram
que o fim do mundo se aptoximava e que isso aconteceria infahvelmente a 20 do mês
cotrente. Eles esperam que nessa data um cometa virará nosso globo pelo avesso, fe-
duzindo a poeira impalpável, segundo certa predição da Academia de Ciências que não
foi feita. Nada é mais provável do que esse acontecimento; pois jacques Bernoulli em
seu Trj7/zzc/o Job~ co#e/af também predissera expressamente, com terrivel ffacasso, que o
famoso cometa de 1680 voltaria no dia 17 de maio de 1719. Ele nos garantira que sua
coma [cabeleira] não significaria nada de mau, mas sua cauda seria um sinal infalível
da cólera do céu. Se ]acques Bernoulli se enganou, não foi por mais de 54 anos e três
das. Diante de um erro considerado por todos os geômetras tão desprezível, quando
comparado com a imensidão dos séculos, nada é mais razoável do que esperar o fim do
mundo para os 20 deste mês de maio de 1773, ou de qualquer outro ano. Se a predição
não acontece, ela é adiada, mas não cancelada.9

Depois do pânico de 1773, uma nova onda de boatos anunciando o fim do mundo
surriu na França em 1816, porém mais uma vez nada aconteceu. Então a data foi remar-
0 DIA DA SUA VINDA

cada para 29 de outubro de 1832, quando o cometa Biela deveria passar a cerca de 30
ril quilômetfos da órbita da Terra." Outro alafme falso, como será exposto adiante.
Vinte e cinco anos depois'do teffemoto de ljsboa, exatamente no dia 19 de maio
de 1780, ocorreu um fenômeno duplamente surpreendente -o escurecimento do sol e
da lua -cumprindo-se o vaticínio de]esus quando disse "o sol escurecerá, a lua não dará
a sua claridade..." Q4t 24:29). Foi dito que esse acontecimento foi "único ou quase único
em sua espécie pelo rnisterioso e até agora inexplicado fenômeno que nele se verificou
quando uma escuridão cobriu todo o céu e a atmosfera visíveis em Nova lnglaterra."] `
As pessoas foram tomadas de pavor e ansiedade, os homens retornafam das
suas atividades no campo, as aulas foram suspensas e uma pergunta inquietante ecoava
pelo ar: "0 que está acontecendo?" Muitos confessavam os seus pecados temendo o
juízo final, imaginando que o dia da consumação do século havia chegado.t2 À noite,
a profecia teve cumprimento cabal quando a lua, apesar de apresentar-se cheia naquela
noite, "não produziu o mínimo efeito em relação àquelas sombras sepulcrais."" Quando
as trevas se dissiparam e a lua tornou-se visível, tinha a aparência de sangue.
Apesar de anteriormente ao tefremoto de ljsboa haver ocorrido alguns pfessários
antevendo a tragédia, tal não se deu com relação ao "Dia Escuro'', que pegou a todos
de surpresa. Nem mesmo os astrônomos estavam cientes. ]esus havia predito esse acon-
tecimento, e, mesmo sem dar uma data exata, ele delimitou o tempo dizendo que seria
"logo em seguida à tribulação daqueles dias" (Mt 24:29).
Em 15 de fevefeiro de 1798, o papa Pio Vl foi levado cativo sob o comando do
general francês Berthier. Isso suscitou um renovado interesse no estudo do üvro do
Apocalipse, especialmente do capítulo 13, que trata da ferida mortal da besta que sobe
do mar (Ap 13:3). Nessa ocasião, o papa teve a sua insígnia removida e suas vestimentas
sacerdotais foram queimadas."
Compreender-se-ia, mais tarde, tef ocofrido o cumprimento dos 1.260 dias/
anos de supfemacia papal (538-1798). Aquele poder religioso representado pela
ponta pequena mencionada por Daniel no capítulo 7:8, 20, 21, 24 e 25. Estudio-
sos das pfofecias bíblícas no século 19 discerniram nesse acontecimento um sinal
evidente do "tempo do fim"."
No século 19, as previsões se fixaram nas décadas de 1830 e, mais fortemente,
de 1840." Alguns fatores contribuíram para isso, como fenômenos naturais (chuvas de
meteofos, cometas) e o estudo dos pefíodos proféticos que chegavam ao fim, segundo
alguns estudiosos das Escritufas.
Em 13 de novembro de 1833, nos Estados Unidos, a chuva de meteoros
Leonídeos (assim chamado pof ter seu radiante na constelação de Leão) causou
tumulto e impressionou profundamente a população. De acordo com os jornais
da época, muitos americanos testemunharam o fenômeno, que chegou até mesmo
a ser considerado um dos 100 mais memoráveis na história do país. Essa chuva
de meteoros pode ter contribuído também "na formação do cenário religioso
PRESSÁGIOS DO FIM

americano, uma vez que coincidiu com a intensificação da atividade religiosa e o


sufgimento de várias seitas na década de 1830".t7
Em 1878, ocorfeu novamente essa chuva de meteoros Leonídeos e um historia-
dor americano teceu o seguinte comentário, reproduzido por ]oe Rao no artigo "The
Leonids: King of the Meteor Showers'':
Durante as tfês horas do fenômeno, acreditava-se que o dia do juízo final aguardava
apenas pelo nascef do Sol. E até muito tempo após o término da chuva, uma mórbida e
supersticiosa impressão ainda pairava no ar, trazendo consigo a idéia de que o dia der-
radeiro ocorreria no prazo de no máximo uma semana. Muitos abandonaram as tarefas
cotidianas para espetar pelo fim do mundo, e vários locais foram impfovisados pafa que
as pessoas pudessem se reunir em oração.]8

No fim do século 19, Rudolf Falb, um alemão professor de geologia e mate-


mática, anunciou que na noite de 13 para 14 de novembro de 1899 o cometa Biela
retornaria. Desta vez, provocaria uma inevitável catástrofe que ocorreria quando o
cometa envolvesse o planeta com sua cauda, inflamando a atmosfera tefrestre." As
conseqüências na época foram inacreditáveis e causaram uma onda de histerismo.
Até no Brasfl, onde se tem noticias de algumas conseqüências graves provocadas não
pelo cometa, mas pelo pârico por ele gerado. Em Santa Rosa qs), quatro mulheres
enlouquecefam; em]undiaí (SP), uma senhora se atirou num poÇo; e em Santos (SP),
0 ao sair de uma igreja local, outra senhora morreu, sendo escrito em seu atestado de
óbito: "Impressão causada pelo terror do cometa Biela".2° Essas reações histéricas
podem não tef sido generalizadas, mas a angústia e o temor afetaram drasticamente
o equilíbrio emocional de algumas pessoas.
Alguns poucos aguardavam ansiosamente 1836, ano fixado em bases completamente
diferentespeloteólogoalemão].A.Bengel(1687-1752).Mesmoutilizandodiferentesformas
de cálculos, Bengel procurou coincidir os "sete tempos" com o ano de 1836. ]ohn Wesley
(1703-1791),2t em seu livro E.>PÁz#¢/ozy No/z+ UPo# /4G I\rigzy TGj`#7#e#/ Q`Totas Explanatórias
do Novo Testamento), de 175622, sustentava que o livfo do Apocalipse estende-se desde a
]erusalém terrestre até à ]erusalém celestial. Froom assinala que essa afgumentação estava
permeada pelas idéias de Bengel e sua compücada cronoloãa, chegando ao ano de 1836
com a derrota da besta, do Anticristo, com a queda de Babilônia e do sistema papal.23
Na longa história da especulação profética, ]ohn A. Brown, da lnglaterra, desem-
penhou um papel notável, tendo influenciado o pensamento apocalíptico do seu tempo.
Foi Bfown quem primeiro exphcou o que considerava ser a chave para a duração desses
tempos num livro chamado Ew#-rz.¢, publicado em Londres em 1823. Ele propunha que
o tipico reino de]udá tinha caído sob domínio gentio em 604 a.C. e assinalou que, depois
disso, não haveria governo de Deus na Terra até quatro grandes impérios - o babilônico,
o medo-persa, o macedônio e o romano - terem o seu domínio.24 Então Cristo, como
herdeiro de Davi, govemaria em ]erusalém. Mas quanto tempo passaria antes que esses
impérios expirassem? Brown encontrou aquilo que para ele era a fesposta, no quarto
0 DIA DA SUA VINDA

capítulo do livro de Daniel. Ele foi o primeiro expositor que aplicou os supostos 2.300
anos-diasdeDaniel8:14deformaqueterrinassememl843(datamudadamaistardepara
1844). Também o primeifo que chegou a um periodo profético de 2.520 anos. 0 cálculo
de Brown dos 2.520 anos era baseado na sua exposição dos "sete tempos" mencionados
no sonho de Nabucodonosor sobre a árvore cortada, em Daniel 4.25
Alfred Addis2Ó apresentou o ano de 1843 em forma tabular sob o título: T/IJ.
Tbe Bríi of the Seuentb Trumpet, Seuentb Thunder, Seuenth Via/, Th;rd W'oe, Mil/ennium, and
GGwz7//#c/gz77#/. Ele situa naquele ano o estabelecimento do reino, o segundo advento,
a besta lançada no lago de fogo, a ponta pequena quebrada, o santuáfio pufificado, o
início dos 1.335 anos, a grande multidão saindo da tribulação, o tempo do juízo dos
mortos, o pisaf das uvas, a libertação da igreja, a desolação da pfostituta, a primeira
ressurreição. Embora Addis não relacione as mensagens dos três anjos de Apocahpse
14 com organizaçôes pfoféticas, como outros fizeram, ele especificamente conclui o
testemunho de cada mensagem em 1843 com a consumação da Reforma, relacionando
o trabalho da ceifa aguda como um sinal da derrota do papado.27
]á em 1774, ]. Ph. Petri declarou em seu livro28 que as sete igrejas, os sete selos,
e as sete trombetas correm paralelamente -o sétimo iniciando em 1847, e os mil anos
começando neste tempo. Ao se reportar à visão de Daniel, exphcou que o periodo das
setenta semanas e os 2.300 anos, por ele preconizados, começam juntos, no mesmo
ano. A partir do tempo do nascimento de Cristo, 453 anos destes dois períodos ha- 6j
viam passado; o que permanece e precisa ser feito é a purificação das aborninações e
a consagração do santuário por ocasião do segundo advento de Cristo, em 1847, cujo
feino e vitória iniciam e perduram dufante o ano sabático (Hb 4 e Ap 20) por mil anos.
Ao fim desse periodo, segue um pequcno tempo no qual Satanás será solto e atacará
o acampamento dos santos.
0 filho de um rabino judeu e de fihação hebraico,josé Wolff, apontando para 1847
o tempo do segundo advento, declarou o seguinte: "Ele morreu por nossos pecados, res-
suscitou, foi para o Céu, [...] virá novamente em 1847 e reinará em]erusalém mil anos".29
"Ao ler o livro de Daniel, estou convicto de que Ele virá novamente no ano de 1847.''3°
Em todas as suas viagens, Wolff enfatizava diante de seus ouvintes o ano de
1847 como sendo o ano do retorno de Cristo. Ousadamente, escreveu proclama-
Ções para os turcos, judeus e mesmo cristãos na língua árabe, exortando-os a crer
no Senhor ]esus que veio à Terra, morreu, ressuscitou e, segundo suas convicções,
viria outra vez naquele ano. Essas pfoclamaçôes públicas foram afixadas nos muros
de várias estfadas de Alexandria.
Para chegar a esse ano, Wolff, fiindamentando-se em Daniel 8, elaborou o seguinte
cálculo: Cristo viria à Terfa depois de 2.300 anos a partir do tempo de Daniel (453 a.C.).
Reduzindo 453 de 2.300, restavam 1847. Essa previsão foi feita em 1833, faltando, por-
tanto, 14 anos para o segundo advento de Cristo. Os seus cálculos obviamente causaram
grande sensação de tal forma que o cônsul britânico precisou ordenar que ele saísse
imediatamente de Alexandria para evitar mais problemas.
` PRESSÁGIOS DO FIM

William W Pym 3] publicou em 1835 o seu trabalho j41%"d o/ 1%r#z.#g ?.# /ÁG
14f/ D¢jJJ (Uma Palavra de Advertência nos Últimos Dias), no qual dizia que os "sete
tempos" terminavam em 1847. Era contundente ao afirmar que essa conclusão é
fesultante de uma fidedigna pesquisa nas Escrituras e não se baseia em especulações
humanas. Curiosamente, ele constrói o seu cálculo dos 2.520 anos dos tempos dos
gentios com base nos "sete tempos" mencionados em Levítico 26 bem como nos
"sete tempos" de Daniel 4:

Por outras palavras, os julgamentos que Moisés usou cm decorrer duante os sete tempos,
ou 2.520 anos; e os julgamentos revelados a Daniel, que deviam terminar pela purificação
do santuário depois de uma porção do grande número 2.520.

Pymconectaoretofnodosjudeuscomoanodel847,afirmandoque"aconversãona-
cional de lsrael e ]udá ocorrerá somente com o aparecimento do Senhor]esus Cristo".32
0utra pfevisão para o fim dos 2.300 dias (e do mundo) foi feita pelo pfé-mi-
lenialista ]ames Shannon, presidente do Bacon College, em Harrodsburg, Kentucky.
33Ao seu ver, o fim dos 2.300 dias/anos (e do mundo) se daria em 1843 ou 1847. Em
uma carta pubhcada, ele implorava aos leitores para agir como se fosse absolutamente
certo que 184334 encerraria o grande drama da história do mundo. Nada está perdido
em assim pfoceder, mesmo que se admita que os cálculos conduzindo a essa conclusão

ó2 Pudessem ser errôneos.35


Nascido e criado no oeste norte-americano, ]ohn Robinson, pastor da Primeira
lgreja Presbiteriana de Cincinnati, Ohio, estipulou o término dos 2.300 anos e o início
do milênio em torno de 1843, 1844 ou 1847. Escfeveu T4G M?.//G#w.##/#/ cz/ H4r#J, BG-
irig a Pami)braJe of tbe T/iJion of Danie[ and A:Pocal!)Pf e of St. ]ohn the Diuine, puHHcíido e;:rn
i843.3ó Nas primeiras páãnas desse livfo declara que a igreja tem "orado por longo
tempo pela queda do anticristo" no segundo advento, quando "o papa, o homem do
pecado, será destruído pelo brilho da glória da sua vinda".37
Estranhamente, enquanto os anos de expectação histórica como 1843, 1844 e
1847 aproximavam-se, os olhos dos expositores do Velho Mundo começavam a fixar-se
em uma data posterior para o tempo da consumação. 0 historiadof LeRoy E. Ffoom
assinala que os anos de 1867 ou 1868 foram enfatizados como um provável término
Pafa os 1.335 anos e o ansiado fim.38
Á medida que novas datas começaram a ser marcadas por alguns, a maioria das
pessoas, encontrando-se perplexa e conftsa, procurou logo abandonar totalmente
a idéia de "tempo".
Uma das pfevisões mais marcantes para 1843, recebendo especial atenção neste
estudo, ocorreu com Guilherme Miller (1782-1849), fazendeifo de Nova lorque, leigo da
lgreja Batista. Como muitos americanos dos seus dias, tornou-se totalmente absorvido
pelas profecias bíbücas. Após pesquisar e estudar profiindamente esses temas pfoféticos,
ele concluiu que o segundo advento ocorreria "em torno de 1843".39
0 DIA DA SUA VINDA `

As pfegações e os escritos desses homens estavam impregnados de escatologia


e, como se tem observado ao longo da história cristã, esse tema produz entusiasmo e
despertamento. Os líderes das igrejas tradicionais daquela época empreenderam um
esfotço para impedir a saída do febanho sob os seus cuidados, pois perceberam o in-
teresse dos seus paroquianos na mensagem adventista proclamada por Mller e outros
ministros.4° Um grupo considerável de adeptos de diversas congregações sofferam a
femoção dos seus nomes do rol de membros. Isso ocorreu com a família Harmon,
excluída de uma lgreja Metodista em Poftland, Maine, por aceitar a mensagem milerita
quanto ao segundo advento de Cristo.41

Guilherme Miller: o segundo advento para 1844


Miller fixou o ano de 1843 com base na premissa de que a crucifixâo marca o
fim das "setenta semanas", ou 490 dias-anos. Entâo do total dos 490 anos ele sim-
plesmente subtraiu 33, e compreendeu ser o provável ano da cruz. Assim, chegou
a 457 a.C. como seu início. Essas datas comumente aceitas apareciam em muitas
notas marginais da K;.#g/¢Â%J LÍG/t?.o#, colocando o ano 457 a.C. para o sétimo ano de
Artaxerxes.42Usando uma fórmula de subtração pafalela (2300 -457 = 1843) chegou à
data para o término dos 2.300 anos. Ele imaginava que o fim desse petíodo profético
envolvia o segundo advento. ój
Guilherme Mller compfeendia que o ano 457 a.C., ponto de partida pafa os 2.300
dias/anos, começara na primavefa, ou mais €specificamente, em 21 de março de 457.
Portanto, o último ano do período profético de "duas mil e trezentas tardes e manhãs"
de Daniel (Dn 8:14) começaria na primavera de 1843 e terminaria na primavera de
1844. A despeito de todas as publicações distribuídas, as campais realizadas, da clara
evidência bíblica de Miller, e apesar de seu miraculoso chamado para anunciar isso ao
mundo, o ano do fim do mundo por ele previsto passou e Cristo nào voltou.
Mller dirigiu uma mensagem aos seus seguidores no dia 1° de janeiro de 1843: "Este
ano - Oh abençoado ano! - o cativo será hberto, as portas da prisão sefão abertas, a morte
não mais terá domínio sobre nós, e a vida, vida etema, será nossa recompensa etema".43Em
uma sinopse dos seus pontos de vista, Mller estabeleceu dezesseis detalhados itens, cada
um deles começando com `Eu c£eio", e encerrou a série com as segurites palavras:
Eu estou plenamente convicto que em algum tempo entre 21 de março de 1843 e
21 de março de 1844, de acotdo com o método judaico de computação de tempo,
Cfisto virá, e trará todos os seus santos com ele; então cada um será recompensado
de acordo com as suas obras.44

Entre os mais fervorosos seguidores de Miller encontrava-se Samuel S. Snow


(1806-1870), congfegacionahsta, depois cético, mais tafde miristro rilerita. Come-
çando com um artigo escrito em 16 de fevereiro de 1843, ele realçou o décimo dia do
sétimo mês judaico, Tishri, o dia judaico da expiação, como o verdadeiro fim da data
PRESSÁGIOS DO FIM

profética dos 2.300 anos.45 Algum tempo depois, ele estabeleccu o dia específico como
22 de outubro de 1844, que no nosso calendário equivaleria ao décimo dia do sétimo
mês naquele ano, segundo o antigo calendário judaico.46 Mediante a exposição profé-
tica por ele apresentada, teve iíiício o que foi denominado de "Movimento do Sétimo
Mês". Recebeu esse nome devido ao cumprimento da profecia dos 2.300 anos no dia
22 de outubro de 1844, correspondente ao décimo dia do sétimo mês de acordo com
o calendário feligioso judaico. Convicto, Snow afirmou: "Pelo mais cuidadoso registro
preservado na providência divina pelos judeus caraítas,47 o décimo dia do sétimo mês
cai neste ano em 22 de outubro''48
No dia 19 de outubro, as impressoras pararam de rodar.49 0 mundo exterior
estava em suspense; milhares de pessoas que nunca se haviam unido ao movimento
examinavam o cofação com temor de que fosse verdade. Esse era o clima reinante
quando finalmente chegou o 22 de outubro, momento em que seriam recompensadas
todas as esperanças dos fiéis "adventistas". 0 dia passou e]esus não veio. Caíram por
terra os sonhos dos crentes que, a despeito de procederem de diferentes denominações
religiosas, encontravam-se unidos na expectativa do retorno de Cristo.

Mllef escreveu o seguinte para Himes no dia 10 de novemb£o de 1844:

... Irmãos, permanecei firmes; a ninguém permitais que tome vossa coroa. Tenho fixado
ó4 minha mente sobre outfo tempo, e aqui quero ficar até que Deus me conceda mais
luz - e esse é Hoje, HojE e HO]E, até que Ele venha, e eu veja Aquele por quem
minha alma anela.5°

Por outro lado, a fé pessoal de Guilherme Miller na Bíbha não foi abalada pelo
amargor do desapontamento de sua previsão e das que se seguiram. Em 10 de novembro
de 1844, ele escreveu: "Embora eu tenha sido duas vezes desapontado, eu não estou
contudo arrasado ou desencorajado. Deus tem estado comigo em Espírito, e tem me
confortado".5] Mais adiante declara:

E eu não tive nem de longe o pensamento de perturbar nossas igrejas, ministros, editores
religiosos, ou por de lado os memores comentários bil)licos ou regras que tinham sido
recomendados para o estudo das Escrituras.52

Mller criou então uma nova expectativa, desta vez pafa 1845, fim do ano sagrado ju-
daico. Ele estava confiante que o fim não podia estaf longe. Crendo que suas interpretações
do grande tempo profético estavam essencialmente corretas, Mller se recusou a especular
qumtoaum"tempo"definido,embofaelecontassepessoalmentecomoadventodoSenhor
antes que o corrente ano sagrado judaico terininasse, por volta da primavera de 1845.
Assim como ele, um numeroso grupo cria firmemente na proximidade do advento.
Também estavam confiantes que os princípios básicos não tinham pefdido sua validade de-
vido ao engano quanto ao tempo específico.
0 movimento mjlerita do "segundo advento" fragmentou-se gradualmente em vários
grupos. Alguns, cuja experiência fora fráãl, abandonaram o movimento deduzindo que
0 DIA DA SUA VliüDA

ele não tinha sido diriãdo por Deus, mas tinha sido um tráãco engano. Os rileritas que
não abandonafam sua fé no segundo advento dividiram-se em tomo da "porta aberta" e
da "pofta fechada" (cf. Mt 25:10-12) como interpretações para a experiência de 1844.
Os adventistas da "pofta aberta" acreditavam que o tempo de graça não havia
irminado para o mundo em 22 de outubro de 1844. Eles continuaram relacionando
. .r`,
purificação do santuário de Daniel 8: 14 com o segundo advento de Cristo. Também
vifam o desapontamento de outubro de 1844 como o resultado do erro cfonolóãco
de escolher cedo demais a data pafa o fim dos 2.300 dias/anos. Essa pressuposiçâo os
levou a sugerir djversas novas datas para o fim desse período profético.53
Vendo as 2.300 tardes e manhãs como cumprindo-se no futuro, e associando tal
cumprimento com o segundo advento de Cristo, eles continuaram marcando novas
datas para esse evento.
Alberto R. Timm, em seu hvro 0 Jcz#/#4'#.o G óu Tr€Ár Mwczgm 4#gG'//.mr, identi-
fica mais de 20 datas diferentes sugeridas por esse segmento de ex-mileritas. Entre
as datas figuram as seguintes: (1) a primavefa de 1845; (2) o inverno de 1846; (3) a
primavera de 1846; (4) o outono de 1846; (5) a primavera de 1847; (6) o outono de
1847; (7) o inverno de 1848; (8) a primavera de 1848; (9) a primavera de 1850; (10)
o outono de 1850; (11) a primavera de 1851; (12) o outono de 1851; (13) o outono
de 1852; (14) o ano de 1854; (15) a primavera de 1855; (16) a primavera de 1856;
(17) a primavera de 1857; (18) a primavera de 1858; (19) o ano de 1866; (20) o ano 6j
de 1867; (21) o ano de 1868.54
Essa seqüência de marcações demonstra uma relutância dos adventistas da "porta
aberta"b de abdicar do equívoco de haverem associado o término das 2.300 tardes e
manhãs com o segundo advento de Cristo. Essas várias datas sugeridas evidenciam
uma incerteza e uma instabihdade de opiniões sobre o assunto.
De acofdo com R. F. Cottrel, os adventistas pós-1844, em suas interpretações
das profecias de tempo de Daniel, podiam ser comparados a "um bando de gansos
selvagens que, havendo partido para um clima mais quente, e tendo concordado com
a rota, dividiram-se e se espalharam voando em todas as direções possíveis".55

Com relação aos adventistas da "porta fechada", A. R. Timm, esclafece que


muitos adventistas da "porta fechada'', porém, criam que o tempo de graça tinha
de alguma forma terminado para o mundo em 22 de outubro de 1844, que eles
consideravam como a data correta para o fim dos 2.300 dias. A tentativa de explicar
o que aconteceu naquela data dividiu este grupo em diferentes ramificações. Um
dos ramos acreditava que Cristo veio espiritualmente à vida de cada um do povo
de Deus. 0 outro ramo maior dos adventistas da "porta fechada" formados em
torno da crença de que em 22 de outubro de 1844, uma mudança tomou lugaf no
ministério sacerdotal de Cfisto no reino celestial. E]es entenderam essa mudança
como Cristo indo à presença de seu Pai para receber o reino deste mundo (cf. Dn
7:13,14; Mt 25:1-13) e/ou a mudança de Cristo no Lugar Santo para o Santíssimo
do santuário celestial (cf. Hb 8:1, 2; Ap 11:19) paia cumprir o antítipo do Dia da
PRESSÁGIOS DO FIM

Expiação, ritual do santuátio terrestre (cf. Lv 16; 23:2Ó-32). Deste último ramo de
adventistas da "porta fechada" veio o movimento Adventista Sabatista.56

Um grupo espiritualizou o segundo advento de Cristo sustentando que a data

g:omeJreontdoe#:2:n:;d:a:un::eflndsoá,oec::,s::sccoon:e.p:ãno;|ç:spt:ra¥t:aovÁnndc:ã::e2i|::
no Céu para receber o reino. No pensamento de Appolos Hale57 e ]oseph Turner, ha-
veria um intervalo entre os dois adventos, contrariando a expectativa de Mller. Outros
argumentavam que Ele tinha vindo aos corações humanos. Assim, o segundo advento
foi espiritualizado e deixou de ser um acontecimento literal.
As doutrinas básicas distintivas do sabatismo adventista foram se definindo no
pefl'odo de 1844-1847.58 Dentfe elas, estava o pessoal, visível e pfé-nrilenial segundo
advento de Cristo. 0 retorno de]esus continuava sendo aguafdado como algo iminente
no seio do adventismo, e, embora outras datas continuassem sendo sugeridas por alguns
líderes, não aconteceu com a mesma freqüência do início do movimento. Essas novas
datas, além de tefem sido esparsas, não causafam quase nenhum impacto.
As datas estipuladas passaram, o evento anunciado não ocofreu. Porém, houve
uma reação de superação aos sucessivos desapontamentos. No caso dos adventistas
sabatistas, em seguida à decepção de 22 de outubro de 1844, volveram com oração
ao estudo da profecia buscando encontrar uma explicação, e a encontraram. "Das
ó6 cinzas de um desapontamento nasceu um movimento mundial".59 A compreensão
da existência de um santuário literal no Céu e o ministério de Cristo como sumo
sacerdote no lugar santíssimo daquele santuário a partir de 1844 proporcionou
aos mileritas um novo alento, vendo que o erro que haviam cometido não era
quanto à data e, sim, quanto ao evento ocorfido.Ó° Entenderam que a espefança e
o subseqüente desapontamento milefitas haviam sido preditos no capítulo 10 do
Apocalipse de ]oão - o livrinho ao ser comido inicialmente era doce como mel,
mas depois tornou-se amargo no estômago (Ap 10:11).Ót
0 desapontamento milerita teve ao mesmo tempo um efeito negativo e outro
positivo. Timm observa que "negativamente, o efeito desestabihzador do desaponta-
mento de outubro de 1844 danificou seriamente o sistema de crenças dos rileritàs.
Positivamente, desafiou-os a encontrar uma convincente explicação para o fracasso."ó2
Ao pesquisarem a Bíblia não somente encontrafam uma resposta satisfatória pafa a
decepção sofrida como também descobrifam uma série de outros relevantes ensina-
mentos bíblicos passados por alto pelo cristiairismo em geral.63
A experiência do desapontamento milerita de 1844 tem sido comparada à
experiência dos discípulos de jesus após a crucifixão.64 Quando a cruz e o sepulcro
pareciam ter frustrado as esperanças deles no reino aguardado, foram supreendidos
com a ressurreição. A derrota transformou-se em vitória, e a tristeza foi substituída
pela alegria. No caso dos mileritas, o anoitecer de 22 de outubro parecia ter desfeito
os seus sonhos do segundo advento. Restaria somente o opróbrio e a zombaria dos
0 DIA DA SUA VINDA

escarnecedores. Porém, um pequeno grupo, ao reestudar humildemente e com oração


as profecias, compreendeu que]esus entrara no lugar santíssimo do santuário celestial
e pôde entender a natureza do evento ocorrido em 22 de outubro de 1844.Ó5 De um
desapontamento nasceu um movimento mundial com uma mensagem consistente-
mente firmada na revelação pfofética. Aqueles fiéis viram que Deus estivera com eles
permitindo que passassem por aquela amaràa experiência.

Novas previsões na América


No ano de 1858, ]osué V. Himesó6 vendeu o Í4c7w#/ HGrj7/d para os Adventistas
Evangélicos e sua Associação Americana Milenarista. E em 1866 grandes mudanças
aparecefam em sua teologia. Por alguma razão, ele tomou fenovado interesse na
questão do tempo relacionado com o segundo advento de Cristo, concluindo que
Ele retornaria entre 1866 e 1868. Por três anos ele publicou TÚG I/loí.# o/ PropÁe/r,
para apresentar esse ponto de vista, o qual sustentou até que o tempo determinado
passasse. Depois desse fracasso, desistiu para sempre da idéia de que a data poderia
sef conhecida.
j. N. Andrews (1829-1883)Ó7 declarou: "Eu creio que a evidência é suficientemente
clara de que somos a geração que pfesenciará a üteral segunda vinda de Cristo nas nuvens
docéu".Baseadoemfteqüenteemassivapesquisa,eleargumentavaqueateoriadasemana- 67
rilenal é defensável pelas Escrituras e "fortemente apoiada" por Ellen White. Declarava
que"conquantonósdevamosnosprecaverdeprediçõesexatasdetempo,avindadeCristo
não será daqui a cem anos''. Em outras palavras, ela aconteceria com certeza bem antes.68
Andrews reforçava sua afgumentação ponderando que os poderosos atos de
Deus ocorrem em um pré-detefminado período de tempo. Exemphficou com os 120
anos até o dilúvio (Gn 6:3), os 400 anos de permanência dos descendentes de Abraão
no Eãto (Gn 15:3), os 70 anos de cativeiro em Babilônia Or 25:11) e a previsão dos
eventos em tofno da cfucifixão de ]esus @n 9:24-27) concluindo as 70 semanas pro-
féticas. Esses eventos foram profetizados e tiveram seu cumprimento no tempo exato
predito. Eventos no decufso da história cfistã, como o começo do tempo do fim (ao
final dos 1.260 dias em 1798) e o início do juízo pré-advento (ao final dos 2.300 dias
em 1844), foram também preditos nas Escrituras e cumpridos no tempo apontado.
Ele concluiu, com o aparente apoio de Ellen White, que o segundo advento também
ocorrerá em um tempo pfé-fixado e apontado por Deus.69
Embora oficialmente a lgreja Adventista do Sétimo Dia não pfoponha datas
para o segundo advento de Cristo e para o fim do mundo, alguns dos seus membros
elaboram os seus cálculos e apfe:entam as teorias defenddas pof eles. No próximo
capítulo encontram-se listadas algumas dessas marcações.
0últimoanunciadordeumtempoespecíficoparaofimdomundoasefapresentado
neste capítulo é o brasileiro Antônio Mendes Maciel, cognominado Á#/o^#/.o Co#+£/Z7gz.m.
Ele nasceu Quixeramobim, Ceará, em 1830 e faleceu no arraial de Canudos, em 1897.7°
PRESSÁGIOS DO FIM

Ao final do século 19, no sertão nordestino, o líder religioso Antônio Conselheiro


previu o fim do mundo para 1900. Em 1897` os mais de 15 mil seguidores de Conse-
lheiro e a aldeia de Canudos, por ele fundada, foram aniquilados pelo recém-formado
exército repubhcano brasileiro. Euclides da Cunha, em seu livro Or JG#o~6í, descreve:
"Todos mofreram. P`To fim] eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma
criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados". 0 autor lista ainda
as profecias de Antônio Conselheiro:
Em 1896 há de rebanhos mil correr da praia para o certão [j7.c]. Então o certão virará
praia e a praia virará certão. Em 1897 haverá muito pasto e pouco rasto e um só pastor
e um só rebanho. Em 1899 ficarão as águas em sangue e o planeta há de aparecer no
nascente com o raio do sol que o ramo se confrontará na terra a terra em algum lugar
se confrontará no céu. Há de chover uma gtande chuva de estrelas e ahi [J/.c] será o
fim do mundo. Em 1900 se apagarão as luzes. Deus disse no Evangelho: eu tenho
um rebanho que anda fora deste aprisco e é preciso que se reúnam porque há um só
Pastor e um só rebanho!7`
Os habitantes da comunidade de Canudos não se renderam e lutaram até
o fim. As profecias de Conselheiro muito provavelmente contribuíram pafa que
seus seguidores não temessem a morte nas batalhas, já que o fim do mundo era
iminente para eles. Entre a exploração dos coronéis, grandes latifundiáríos que
óó' mantinham a população sertaneja na mais degradante miséria, e a promessa de
uma vida mais justa tanto na Terra como no Céu, esses homens preferiram as
Promessas à dufa fea|idade.72
No im'cio desta seção foi visto que a Reforma Protestante, embora tivesse como
fiindamento contrapor-se aos abusos do catohcismo romano, também manifestou-se
em temas escatológicos. 0 próprio Martinho Lutero arriscou-se em algumas especu-
lações, ao passo que Calvino era partidário da idéia do "advento a cada hora", isto é, a
necessidade de um preparo constante sem preocupação com datas.
Dentre os anabatistas, alguns deles como Melchior Hofhann, Mchael Stiefel e
Thomas Müntzef destacafam-se, nâo por somente mafcarem datas específicas pafa o
segundo advento de Cristo. Entretanto, também pelo distúrbio ocasionado pela agitação
em tomo da mensagem que anunciavam, ocorfendo alg`mas mortes como resultado.
ComocostumaaconteceremmovimentosreHgiosos,tambémentreosreformadores
surgjram pregadores extreristas tentando ir além das intenções dos seus oririnadores,
daí o surrimento de ensinos fanáticos decorrentes de uma hermenêutica distorcida e
tendenciosa. 0 resultado dessa postufa, como se viu, foram marcações de tempo para o
estabelecimento do reino de Deus, acarretando por vezes conseqüências tráãcas.
Os puritanos, mencionados nc! capítulo anterior, revelavam dedicação e respeito às
Escritmas Sagmdas, o que os impeliu a buscaç através dos textos proféticos, uma data pam
o fim do mundo. Todos esses marcadofes revelam algum conhecimento da Bil)ha e das
profecias alusivas ao fim dos tempos, a]guns deles, inclusive, eram ministfos do evangemo e
0 DIA DA SUA VINDA

proc-uravam desvendar os eventos finais a partir de uma interpfetação particulaf. Um deles,


Cotton Mather, pelo fato de insistir em determinar novas datas a se cumprirem enquanto
vivesse, revela uma tendência alarmista e fanática e, ao ser contundente em afirmar que
tudoestavacumprido,denotaumdesequilíbrioemocionalerelÉoso.Aintençãoeranobre,
"despertar os pecadores", como afirmou, mas o método era questionável.
As previsões continuavam a ser elaboradas, ofa segundo visões e fortes im-
pressões causadas pelo estudo da Bíblia, ora baseadas em fenômenos naturais, como
tefremotos, eclipses, cometas, bém como os conflitos béhcos internos e extefnos.
Tudo isso observado sob a perspectiva dos sinais bíblicos exacerbava o senso de que
o fim do mundo havia chegado.
Conforme abordado neste capítulo, viu-se que durante as décadas de 1830 e 1840
ocorreu um despertamento em vários países do mundo em tofno das profecias bíbli-
cas quando multidões se mobilizaram para entender a solenidade dos tempos em que
estavam vivendo. Pregadores movidos por profunda convicção, como ]oseph Wolff,
na Europa, e Guilherme Miller, nos Estados Unidos, atraíram milhares de ouvin.tes
ávidos pela exposição da palavra profética. Essas pessoas ao atenderem à exortação
de que "o fim dos tempos havia chegado", empreendefam reformas em suas vidas,
preparando-se para o encontro com o Senhor, prestes a vir.
No final da primeira metade do século 19 ainda havia uma expectativa em tor-
no do ano 1847, conforme alguns cálculos matemáticos baseados nas profecias. Na 6g
segunda metade do século, os fenômenos naturais continuaram ocorrendo, causando
maior ou menor impacto, dependendo do grau de cultura do povo da dimensão do
fenômeno. Algumas reações do povo, por ocasião da passagem do cometa Biela em
1899, seriam simplesmente cômicas não tivessem ocorrido mortes acarretadas pelo
pavor e medo, e até suicídios.
0mundoadentraoséculo20,atravessa-oetranspõeoslimitesdosupostofimdosexto
milêniQ Ao íniciar o século 21, época plena de misücismo e simbolismos, elementos propí-
dos para os que andam à pfocma de substrato que reforce os seus argmentos de marcação
de tempo para o fim de todas as coisas. Esse pefiodo sefá abordado no próximo capítulo.

Notas
t Friedrich, 227.
2ibid., 238.

3 ibid., 236.
4ibid., 238.

5Tudo começou, conforme o relato de Sir Charles Lyell, em sua clássica obra r4G P#.#czP/#
o/ G%/og)J (1830), quando se ouviu um som como se fosse o de um "trovão subterrâneo". Ime-
PRESSÁGIOS DO FIM

diatamente a seguif, um violento choque pôs abaixo a maior parte daquela cidade. Nos primeiros
sessenta segundos após o terremoto, aproximadamente mil pessoas já haviam perecido. 0 mar
primeiro recuou, deixando seca a orla htorânea. Em següda, avançou de repente, elevando-se
"mais de cinqüenta pés acima de seu ni'vel costumeiro" e tragando tudo o que encontrava pela
frente qttp:/ /www.constelar.com.br/revista/edição79/tsunami2.php,12 de junho de 2006).
6 S. ]. Schwantes, 0 DG¢o#/zw c7e U#c7 Noz/4 Em (Santo André, SP: Casa Publicadora
Brasileira,1984),194.
7 Ellen G. White, 0 Cr4#dp Co##./o Íratuí, SP: Casa Publicadora Brasteira, 2001), 304.
8 Ibidem. Ver também ]osé Carlos Ramos, "Avisos da Natureza", M/.#/.j./€'#.o, março-abril
de 2006, 27-29.
9 0scar T. Matsuura, Co#e/zzJ... cJo #z.Jo é #.é#cz.4 (São Paulo: Ícone, 1985), citado em Leite e
Winter,108.
1°Leite e Winter,109.
11 Schwantes,195.
i2ibid., 308-309.
t3 Carta pelo Dr. Samuel Tenney, de Exeter, NH, dezembro de 1785. Citado em 0 Gr¢#dG
Conftto,508-
14 Froom, 2:752, 753.
i5 ibid., 754.
"Ver:Froom,4:134-905;A.R.Timm,0J4#/#áí}.o€áuT#^rMefflf#ge#Í.4#gí'Á.ct"qngenheiro
7o Coelho, SP: Imprensa universitária Adventista, 2000),13-134.
r7 i.eite e Winter, 110.
`8]. Rao, "The Leonids: King of the Meteor Showers". Citado por I-eite e Wintet, 111.
]9No sertão do Ceará, os cantadores também falavam sobre o anúncio do fim do mundo
em forma de vefso. Uma das canções dizia: "Eu passo a noite em claro com minha sogra
na janela, esperando a minha mofte na passagem do Bie]a. 0 boato corre, corre, em minha
porta bateu, e o Biela lá nos ares nunca mais apareceu." Outra canção popular a respeito do
mesmo cometa: "Em 13 de novembto, 0 dia determinado Pela profecia do dr. Falb, Ia o
mundo acabar...O boato corre, corre Com ardor e a prevenir Que não tarda o cataclisma Para
a Terra demoüi!" Essas canções populares foram lembtadas pelo dicionarista Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira e registradas pelo astrônomo Ronaldo F. Mourão duraíite um chá da
Academia Brasileiia de ljetras em maio de 1983, sendo mais tafde publicada em matéria da Fo/Ú4
c7G J. Pzz#Áj, em 23 de março de 1997. Essas canções parecem demonstrar mais incredulidade do
que temof da iminência do evento.
2°Leite e Winter,109.
2tjohn Wesley, f`mdador do metodismo, nasceu em l.incolnshire.
22Esta obra dejohn Wesley foi tepublicada por M. Soule e T. Mason para a Methodist
Episcopal Church, nos Estados Unidos, em 1818.
23 Froom, 2:692-694.
24].A.Brown,"Onthel260and2300ptopheticycars","Gcb#.j/z.4#OGJw#,novembrode
1810,668-670.Segundooseuentendimentodostemposdosgentios,os"Gentiospisoteadores"
eram os maometanos (ou muçulmanos), e por isso ele encarava os tão comentados 1.260 anos
como sendo anos /##á7rfJ maometanos, cortespondendo a 1.222 anos +oÁ7#J.. Ele contava este
0 DIA DA SUA VINDA

pen'odo de 622 E.C. (o primeiro ano da era maometana da HGS.r¢) até 1844, data em que ele
espefava a vinda de Cristo e a restauração da nação judaica na Palestina (disponi'vel em http://
geocities.com/observa3/gentiosl.htm, acesso em 1 de outubro de 2004).
25 Esta previsão foi publicada pela primeira vez em 1 823 no seu trabalho em dois volumes
The Euen-Tide,. or, IAst Triumi)b of tbe BhJses and Onb Potentate, tbe King of KingJ, and IÊrd of IArds.
2óAlfred Addis, nascido em 1806, graduou-se n`o Triniq7 College, Cambridge, em 1827.
2] ALddis, Heayen Oi)ened, or, The W:ord of God: Being tbe Twebe VirionJ of Nebucbadneç:}(!ar,
D4#/.G/, ¢#d J/. /oÁ# qondon: joseph Robins, 1829). Citado por Froom, 3:550, 556-560.
2S pe;+iL, Díe O!f f lnbabrung Jeius Cbristi dmh Jobannem t/on Cq)itel I-:XIX ¢tank:furt. Yxle:isz,
1774),14. Citado por Froom, 2: 716.
29 R£rGc7mú# c#c/ Má:j7.o##.cy 14Go#+ @hiladelphia: Orrin Rogers,1837),131.
W]ose.phvloHff, Montbly lntellig/erice of Tbe Proceedings of tbe IJ)ndon S odey (dezemihao,18;3UJ),
1 :181 -182.
3] William W Pym, 1%# o/ 1%r7#.#g ;.# ÍúG Lj./ Dgr (ed. Americana de 1839), 38-39.
32 pym, 40.
33 Segundo o pré-mi]enialismo, o segundo advento de Cristo ocorferia antes do iíri'cio
do milênio.
34Esse tempo poderia estender-se, segundo Shannon, até 1846 ou 1847.
35james Shannon, citado em Froom, 4:377.
36john Robinson (1814-1888) nasceu na Pensilvânia, graduando-se no Franklin College,
Ohio, em 1837, e no Westminster Theological Seminary em 1844. Após sua ofdenação pelo 7,
Steubenville Presbyte.ry em 1841, tornou-se pastor de Monroville, Ohio Pfesbyterian Church
de 1841 a 1844 e de Ashland de 1844 em diante. Escreveu vigorosamente contfa a escravatura.
Foi um dos fimdadores da Univefsidade de Woostef. Foi um sincero pregador e um habilidoso
escritot sob[e profecias.
rH ]ohnTboh;"son,The Millennium ]usi at Hamd, Beírig a Parqpbra" of tl)e Virion of Daniel and
tbc A:Pocabpse oÍ S t. Jobn tbe Didne,1843 , 3 . C:x+írdo em Ftoorn, 4. 5] 8-381.
38 Froom, 3:704.
39 William Mller, Ájw/og)Í 4#d DG/p##, Second Advent Library @oston: joshua V. Himes,
1845),11.
4°0 sermão, "Come Out of Her, My People", pregado por Chafles Fitch ®ubhcado em
"The Second Advent of Christ", no dia 26 de julho de 1843), marcou o feal início do êxodo
ocorrido nas igiejas tradicionais com os seus membros voltando-;e para o movimento milerita
(F. D. Nichol, TÚG M;.d#Éú/ Ccy, 148 e 208). -
4'EllenG.Whiteeseuspaisforamdesligadosdeumaigrejametodistaemportland,Maine,
por `1onga ausência de nossos sefviçocs rehgiosos e poi sustentaf doutrinas antimetodistas,
co"o o mA!e;rism:o" . R9cords of Stemiards and IJaders of Chestnut Street M. E. Cburcb of Poriland,
Maine, from Februaq to S epteml)er,1843, reg!arding tbe cafe of Flobert Harmon, Ewnice Hamon, Sarab
8. H4mo#, ¢#d E/¢# H4"o#. a3llen Hafmon torriou-se Sra. Tiago White em 1846). @dson,
Vmeelef, Nichol, 457).
`2Artaxerxes 1, da Pérsia, ieinou de 465 a 424 a.C.
43William Miller, "Synopsis of Millet,s View,,, J'á„J o/ Â4e T`.„GJ.' janeiro de 1843' 150.
44 ibid.,147.
PRESSÁGIOS DO FIM

¢5F. D. Nichol teproduz o contexto que envolvia a expectativa em tofno do ano 1843
comentando: "Março estava prestes a abri o ano do fim do mundo. Fazendeiros, mercado[es,
donas de casa - todos sabiam disso. Os homens podiam não crer na pregação de Mllef,
e contudo tef um estranho sentimento de inquietude. Eles provavelmente devem ter
mesmo olhado fiirtivamente para o céu algumas vezes enquanto o ano fatal se aproximava.
Repentinamente, no gelado anoitecet do final de fevereiro, um cometa flamejante atravessou
o céu. Nenhum astrônomo havia previsto a sua`chegada e o público não estava preparado
para esse espetáculo afrebatadof. A própria natureza parecia conspirar com os mileritas para
levar as pessoas a olhat em direção ao céu. 0 capitão j. F. Hellweg, superintendente da U. S.
Naval Observatory, comentando a tespeito desse cometa, declarou que `o cometa de 1843
foi o mais brilhante do século". Os jornais de 1843 contêm um considerável número de
outros estranhos sinais no céu, vistos por muitos, tanto de noite quanto de dia. Algumas dessas
histórias parecem ter sido atestadas e foram publicadas nos jomais pof pessoas que não efam
mileritas. Nichol, 145, 146.
4ósamuel S. Snow, "Midnight Cry",12 de fevereiro de 1844, 244.
47 0s judeus caraítas seguem somente o que está escrito no T4#47cú (Antigo Testamen-
to). Também comemofam a Festa das Semanas (Cb4g JÁczzwj) na sétima primeira-féira após
a primeira-feria seguinte à Páscoa (P"+t7c#). Deve-se destacar que a contribuição dos cafaítas
deu grande estimulo às atividades econômico-financeiras da Criméia. Patte dessa comunidade
desapareceu no século 20, exterminada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial.
48Snow,1-4.
49 C. Mervyn Maxwell, H;.j./o'#.4 Jo <4J#G#/z+z% (Santo André, SP: Casa Pubhcadora
72 Brasneifa,1982), 33.
S°William Miller, "Lettcr from William Miller", M;.d#¢Éú/ Ccy, 5 de dezembro de
1844,179-180.
5` Mller, ``I.ettef from Miller to Himes", .4dyí#/ Hó'/¢/j, 27 de novembro de 1844, 127.
52ibidem.
53Timm, 54.
54ibid., 55,160.
55 ibid.,164.

56 ibid., 56-57.

57Appolos Hale, "Signs and Trials", j4é/zw/ H€nz7ÁJ,16 de abril de 1845, 79.
58VerTirrm,53-135.
59 Frase utilizada pelo pastor Daniel Belvedere em um sermão a tespeito do
surgimento da lgreja Adventista, onde ele exortava com as palavras de Apocalipse 10:11:
"Importa que profétizes". (s.d.)
ó° "0 movimfflto que resultou na fofmação da denominação adventista oririnou-se de uma
discussão sobre a correta intepretação da passagem de Daíriel 8:13, 14: `..Até duas mil e trezentas
tardes e manhãs; e o santuário será purifiüdo', que o sr. Miller e outios Hderes adventistas tinham
intepfetadocomosereferindoàpurificaçãodatemnasegundavindadeCristo,quee]esanunciavam
para1844.Comapassagemdesseperiodo,foidespertadaumarenovadarivestigação,_ea|g`msfotam
convencidos que, conquanto não tivesse ocorrido engano a respeito do tempo, houve um emo na
interpretação do caráter do cvento." (United States Depament of Cornmerce, Bureau of üe
Census, RGÁjgÁ9Á4r Bo¢.Gí, 1926, voL 2, 24. Citado por Nidol, 456).
0 DIA DA SUA VINDA

6] Na primeira patte de Apocalipse 10:10, joão diz em sua visão: "Tomei o hvrinho da
mão do anjo e o devorei, e na minha boca era como o mel." Certamente isso prefigurava a
alegria dos adventistas ao anteciparem a vinda do Rei. "Seu na bendita esperança", era como
assinavam suas cartas. "0 ano mais fe]iz de minha vida", recordou Ellen White. Em sua
fehcidade, eles deixaram de compreender as palavras que se seguiam: "Quando, pofém, o
comi, o meu estomago ficou amargo." Ma5`na manhã seguinte a 22 de outubfo, essas palavias
não mais pareciam incompreensíveis. Escreveu Hiram Edson: "Pude ver que a visão havia
falado e não mentira: ... tínhamos comido o livrinho; havia sido doce em nossa boca e agofa
tomara-se ama[go em nosso ventfe, amafgando todo o nosso ser." avlaxwell, 53 e 54).
62 Albefto R. Timm, "Historical Background of Adventist Biblical lnterpretation",
e" Geotge "1. TLeLd, ed., UnderStanding Scripture.. An Aduentist APproacb (SHve£ Spting, RD..

g£Í:aÁEenseefaróhvelfnv::i;ií,eM2a::á),G:`í]ilnbgig;,fl"eseiàF;it:|-E:#kvàneti:s,te:s::'f:;::%,„;gsÁÍJ?;
Ho/.. Hácz.á7 ##c7 Ec/m.o/ogí'4 ÁJw#/z.J/z7 (Atgentina: Editorial Universidade Adventista del Plata,
2002), 287-288.
Ó3 Ibidem. "0 estudo de Don F. Neufeld sobfe a literatura adventista sabatista mostra que
o desenvolvimento doutrinário foi controlado pelos seguintes sete `princípios hermenêuticos
gerais': (1) "JOÁ7 Jmj)/%j7"; (2) `a unidade da Escritura'; (3) `permiür que a Escritura explique
a Escritura'; (4) `às palavras da Bibha se deve dar seu próprio significado'; (5) `atenção para
o contexto e pano de fimdo histórico'; (6) `a Biblia deve ser interpretada de acordo com o
significado claro, óbvio e literal, a menos que se esteia empregando um símbolo'; e (7) o
`princípio tipológico'. Neufeld sugere que os adventistas apenas fizefam `pequenas alteiações
nesses princípios" (Alberto R. Timm, "Hermenêutica Adventista do Sétimo Dia,1844-1999'',
7j
em M. Alomia, G. Kingbeil, e ]. Torreblanca, eds., E#/í#J# /¢ Pz7ÁZGrijzHG"G#G^#/z.m .4J#G#/í.j./z7
Pám¢ G/ N#G#o J/É/o [Univefsidad Adventista de Bolívia: Segundo Simpósio Bibhco-Teologico
Sudamericano, Cochabanda, 29-31 de outubro de 1999], 25.)
64 Maxwell, 47-50. 0 capítulo compreendido pelas páginas citadas (47-50) é intitulado
"0 Cleópas do Milharal", uma alusão ao encontro dos dois discípulos com jesus após a
tessurteição Q.c 24:13-35). 0 desapontamento daqueles disa'pulos tornou-se em alegria ao
identificarem o Senhor fessurreto.
65 Pafa aprofimdamento e compreensão do significado biblico-profético de 1844, vef
T.imflL, 0 S antuário e as Três Men]agenJ Angiélicas.
6ójosué V Ilimes era ministro de uma grande igreja em Bostorr e conheceu Guilherme Mller
em 1 839. Quando o movimento milerita ia atinSndo o auge, IEmes publicou e fez cimlar, em 1 843,
um livro de cânticos damado TÜ€ M;./útiz/HP, com mais de duzentos cânticos, a|guns compostos
c outros adaptados especialmente ao assunto do segmdo advento.
ó7johnNcvrisAndrewsfoioprimeiromissionárioadventistacmviadoapaísesforadaAmérica
do Norte (1874). Efa um estudioso, autodidata. Conseguia ler a BilJüa cm sete idiomas difermtes e
reproduzia o Novo Testamento de memória. Aos 1 7 anos passou a observar o sábado. Ele começou
o seu trabalho como ministro aos 21, em 1850, e foi ordenado em 1853 @on F. Neuídd, J#m/ih4Í
j4JgwÁ£fir E/g(ü4jp£c¢.c7 Pwashington, DC.: Review and Herald, 1996], 10:68-69).
ÓSAndrews, "The Gteat Week of Time: Or the Period of Seven Thousand Yeafs
Devoted to the Probation and the Judgment of Mankind", RG#.GÁy 4#d HGr¢/J,17 de julho
de 1883, 456-457. Andrews publicou, nas edições das semanas seguintes da RG#.G# 4#d
HGn4/# do ano de 1883, artigos abordando os acontecimentos de cada um dos milênios da
história, até chegar ao sétimo milênio: RÍ7yí.Gzy 4#J HGrj7/J do dia 24 de julho; 31 de julho; 7
de agosto; 14 de agosto; 14 de agosto e 21 de agosto.
PRESSÁGIOS DO FIM

69 ibidem.
7° Antônio Vicente Mendes Mciel (o Conselheifo) foi educado poi um pri "irasci'vel mas
de excelente carátef, meio visionário e descorifiado, mas de tanta capacidade que sendo analfabeto
negociava largamente em fazendas, trazendo tudo perffitamente contado e medido de memória,
sem mesmo ter escrita para os devedofes." A educação údda que Antônio Maciel recebeu do
pai e o fato de mais tarde, quando já adulto, ter{uidado de três irmãs solteiias forjaram-lhe um
cafátet nobre e, segundo os seus conterrâneos, tinha uma vida cofretíssima e calma. Teve um
casamento desastrado, e a esposa o abandonou e foi viver com um pohcial. "Fulminado pela
vegonha, o infeüz procuta o recesso dos sertões, paragens desconhecidas, onde me não saibam
o nome; o abrigo da absoluta obscuridade". "... E suSa na Bahia o anacoreta sombrio, cabelos
crescidos até aos ombros, barba inculta e longa; face escaveirada; olhar fii|guante; monstmoso,
dentro de um hábito azul de brim americano; abordoado ao dássico bastão, em que se apóia o
passo tardo dos peregrinos..." Euclides da Cunha, Or J,eúo~# (São Paulo: Nova Cultufd, 2002),
101-103. Em 1893, quando o govemo central autorizou os municípios a cobrafem impostos no
interior, os beatos, incentivados pof Consemeiro, rebdararn-se contra a medida, atrancaram os
editais e os queimaram em praça pública. Fotam perseguidos por força pohcial e se fixaram n`ma
fazenda de gado abandonada, às maqgens do rio Vaza Baris, onde fimdaram Canudos, a sçgunda
``cidade santa". Viviam ali num comunismo primitivo: eram comuns a terra, os rebanhos e os

pfodutos da terra. Chamavam seu líder de Bom ]esus Conselheiro e Santo Antônio Aparecido, e
o tinham como milagreito. Em nome dele, os beatos atacavam fazendas, vflas e cidades, fatos que,
por seíem um problema para os fazendeitos da rerião, começaram a preocupa[ as autoridades.
0 govemo da Bahia resolveu intervii, e ai' começou a Guerfa dos Canudos. Antônio Consemeiro
moíreu no dia 22 de setembro. Seu copo foi exumado e a cabeça decepada à faca, pata que "a
74 ciência dissesse a última palavra» sobre sua sanidade mental (G%#¢ E#c7.Â/opá¢.c7 J/#i/rdz Lm#J+Ç
Cwhural,7..158¢).
71Cunha,108.
72rite e Writer,105.
111. AEXPECTATIVA ENTRE OS SÉCULOS 20 E 21
CAPÍTULO 7

NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM

0 século 20 experimentou profi]ndas transformações, especialmente na área das


comunicações. Os meios de comunicação como o telefone e, nas últimas décadas a
internet contribuíram para facihtar o contato entre as pessoas, diminuindo distâncias
geogfáficas. A televisão, o rádio, o cinema e outras mídias também causaram um gran-
de impacto na sociedade em geral. Como fesultado, o conhecimento humano cresceu
como em nenhuma outra época. Paradoxalmente, o desequilíbrio rehãoso, baseado
no fanatismo insano, conduziu loucuras em nome da fé. Incluem-se nesse cenário
os falsos profetas, os anunciadores do reino com data marcada para se manifestaf.
0 medo natural do ser humano continua predispondo-o a aceítar promessas de um
fi]turo brilhante e próximo.
Assim como nos capítulos anteriores, no presente capítulo as marcações de
tempo no periodo compreendido pelo século 20 e o início do século 21 são expostas
em ordem cronolórica. No decorfer da apresentação das marcações identificadas ao 77

longo desses pouco mais de cem anos, anahsa-se, sempre que possível, (1) o contexto
histórico em que elas ocorrem; (2) as características pessoais dos mafcadores; (3) a
natureza das datas marcadas; (4) as formas de superação das marcações; e (5) as im-
plicações missiológicas.
Para efeito didático, este capítulo agrupa as mafcações de datas para o fim do
mundo em seções específicas. Elas dividem-se em: (1) diversas pfedições escatológicas;
(2) o dispensacionalismo e as datas para o arrebatamento; (3) os adventistas e as datas
apontadas por alguns de seus membros; (4) os catóücos e as marcações de tempo; (5)
as seitas fanáticas suicidas; e (Ó) as marcações pafa o fim do mundo no ano 2.000. A
ordem cronolórica é mantida dentro das fespectivas seções.
Os russos tinham uma propensão pafa as visões apocalípticas, que foi inten-
sificada pela apfoximação do século 20. Depois de ter sido ateu e seguidor dos
escritos de Friedrich Nietzsche, Sergei Nilus voltou à Rússia em busca de ortodoxia.
No mosteiro de Trotski-Sergvski disse tef recebido duas visões de São Sergei. Após
esse fato, começou a perambular de um mosteiro para outro e escreveu um livfo
(intitulado em português Or Cr¢#J# G or P6Ç#em)' em que narrava suas tribulações
espirituais e profetizava "a vinda do anticristo e o domínio de Satanás na Terra''.2
Um dos aspectos mais interessantes dessa história era que, misteriosamente, Nilus
havia obtido um documento que lhe parecia ser a confirmação de suas profecias
do apocalipse iminenfe.3
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM

Segundo os profetas do juízo final, antes do advento do reino de Cristo, teria


que vir o reino do anticristo. Nisso foi que muitos russos anteviram nos presságios
de desastfe. Num dos últimos livros escritos pelo filósofo Vladimir S. Soloviev,
em 1900, ele previu uma guefra contra os japoneses, e que estes venceriam. Aliás,
os japoneses conquistariam grande parte do mundo, mas os europeus acabariam
por rechaçá-los. Então, surgiria um brilhante escritor e pensador que unificaria o
mundo e decretaria a paz permanente. Por fim, convocafia os líderes religiosos do
mundo e lhes prometeria tudo que quisessem, desde que se curvassem e acatassem
sua soberania. Também os judeus o aceitariam como o Messias, até saberem que
ele não era judeu. Essa descoberta iria iniciar a revolta que levaria à batalha final,
ao nofte de jerusalém, ocorrendo também nesse tempo a erupção de um vulcão
no fiindo do Mar Morto.4
Na manhã de 30 de junho de 1908, uma estranha luz foi vista no céu, para os
lados do Oriente. Mesmo na distante Londres, cidadãos telefonaram para a polícia, para
indagar se um bairro inteiro da cidade estava em chamas. Seis estações meteorológicas
britânicas reãstraram oscilações misteriosas da pressão barométrica. Em Potsdam,
uma estação semelhante redstrou ondas de choque atmosférico que percorriam o
mundo nas duas direções. Algo de extraordinário havia acontecido na remota Sibéria,
na reãão florestal habitada apenas por um punhado de membfos da tribo tunguska.
7g O jornal Jz.Ãz.r (Sibéria), de lrkutsk, publicou uma reportagem de um correspondente
da cidade de Nijne-Katelinsk, situada uns 960 quilômetros a sudoeste do ponto de
origem do fenômeno. Ele citou alguns aldeões que tinham visto uma coluna cilíndrica
de fogo sur'gir tepentinamente no céu, seguida por uma imensa nuvem de fimaça negfa
e um estrondo poderoso. "Todos os prédios foram sacudidos e, ao mesmo tempo,
uma dupla língua de fogo atravessou a nuvem", disseram. "Todos os habitantes da
aldeia correram para a rua, em pârico. As velhas choraram. Todos acharam que estava
chegando o fim do mundo".5
Esse sentimento generalizado de medo os acometia porque havia algum tempo
os russos viviam à beira do abismo social e político. Também possuíam uma inclinação
intrínseca para encarar cada novo desastfe como um anúncio do catachsmo final. Além
disso, eram um povo felirioso - e porventura não previra a Bibha, repetidamente, a
chegada dos últimos dias em meio à peste, fome, guefra e anarquia?6 As visões do apo-
calipse costumam ter um toque de pompa, mas os poetas e romancistas russos da virada
do século estavam sinceramente tentando expressar um sentimento genetalizado de um
breve desastre.7 Alguns exemplos da inspiração poética suffealista daqueles dias:
Andrey Bely afirmou ter nascido "sob o signo da mo£te do velho mundo", e
escrcveu num de seus poemas: "Nada existe. E nada existifá (...)/ 0 mundo se desfez
e Deus o esquecerá." Leonid Andreiev terminou o hvro 0 #.j.o #GWG/úo com uma visão
assustadora, onde todos os cadáveres dos mortos da Manchúria eram arrancados da
terra, como no dia do juízo final: "Atrás de nós jazia no chão um corpo nu, de cot ro-
0 DIA DA SUA VINDA

sada, com a cabeça jogada para trás. E num instante, a seu lado surgjram um segundo,
e um tefceiro. E a terra os expeliu, uns após outros. (...) E, súbito, eles se mexeram,
oscilafam e se ergueram, nas mesmas fileitas ordenadas: a terra `estava cuspindo novos
Corpos e estes empufravam os primeiros para cima (...)."8
0 fim da primeira década do século 20 foi de pânico. Por ocasião da passagem do
cometa Hauey em 1910, os jornais ficaram repletos de artigos sobre o fim do mundo. 0
tempo não diminiu o pavor causado pelos fenômenos astronôricos e muitqs pessoas
procuraram os observatórios para sabef como se defender do cometa. Algumas mais
desesperadas ingeriram venenos ou se atiraram de viadutos e pontes. Camponeses
italianos atetrorizados atribuíram as incomuns enchentes à aproximação do cometa, e
até a bolsa de valores de Nova York soffeu abalos.9
Além da previsão de um dia exato pafa o Apocalipse -19 de maio de 1910, -a
passagem do Hauey também gerou uma sucessiva negociação que explorava o medo
genefalizado de extinção da humanidade. Vários equipamentos especiais foram comer-
cializados, tais como: máscaras de gás, pílulas anticometa, guarda-chuvas e roupas pfo-
tetofas. Mas houve também aqueles que resolveram comemoraf os últimos momentos
de vida com um CoÂ#G/ C"Á/zz./." Com notícias tão ala£mantes, o pânico tomou conta
do mundo. Todavia, como comprova uma nota publicada em 0 Ej`/z7cb ¢ J4~o Pzz#/o,
de 15 de maio de 1910, nem todos esperavam realmente uma tragédia ou acreditavam
nessas notícias sensacionalistas: 79
Uma cauda luminosa apenas poderá aumentar na Terra a ilurinação solar do espaço. Não
é causa de temor, antes há de sef urn espetáculo belíssimo„. Quanto ao fim do mundo
po[ asfixia provocada po[ gases deletérios, cianogênios etc., nem é sério fdar disso."
A passagem dos cometas continuou exercendo fascínio. 0 temor do fim
vinha fteqüentemente à toria à medida que ocorria algum fenômeno visível no
espaço cósmico. Os marcadores de tempo para o fim utilizavam-se desses fatos
para arriscar uma previsão para um desastre definitivo que, segundo eles, acarre-
taria a extinção da vida humana.
0 poeta surealista Antonin Artaud, inventor do "teatro da crueldade", sugeriu
uma grande ligação entre a destrutividade da peste e a catarse afetiva que ele buscava no
teatfo. 0 pobre Artaud já estava mentalmente desequilibrado em 1938 e sua degenera-
ção pafecia implacável. Foi para a lrlanda levando consigo o que insistia ser a bengala
de São Patricio em busca dos segredos ocultos do universo. Convenceu-se de que o
mundo acabaria em 1940, o que, em certo sentido, aconteceu.`2 "Quando os exércitos
de Hitlet enttaram em Paris, Artaud estava confinado numa instituição psiquiátrica,
uriformizado e de cabeça raspada, e ali petmaneceria durante toda a guerra.""
As Testemunhas de jeovát4 são um grupo relirioso que suígiu nos Estados Unidos
no século 19, decofrente de uma das rarnificações do milerismo pós-desapontamento."
Esse grupo crê nos ensinos propagados por seu fiindador, Chatles Taze Russell" (1852-
1916), e mais tarde desenvolvidos por ]oseph Franklin Rutherford (18ó9-1942). Várias
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM

datas têm sido marcadas para o segundo advento de Cristo em secreto e para o fim do
mundo.t7A Sociedade Torre de Vigia de Bíbhas e Tratados, nome oficial da organização
das Testemunhas de ]eová, tem proposto diversas datas para o retomo de Cristo ou para
uma grande catástrofe mundial denominada Armagedom. ]á marcaram tal evento para
os anos de 1914,1918,1925,1941 e 1975,tssendo esta última a mais conhecida delas.t9
Apesar da maioria das Testemunhas de jeová permanecerem com o grupo após
1975, naqueles fiéis o entusiasmo diminuiu. Em 1977 e 1978, a média de horas que
dedicavam por ano ao trabalho de proselitismo, caiu de 140,3 horas/ano comparada
com as 196,8 horas em 1974. Claramente, os eventos de 1975 não somente tiveram um
dramático efeito sobfe o grupo de membros, como também exerceram um significativo
impacto negativo sobre o moral deles.2°
Nas déc'adas de 1950 e 1960, os esforços dos norte-americanos no setor da con-
quista espacial foram para conseguir pousar uma nave em solo lunar. Muitas pessoas
naquela época acreditavam que Deus jamais permitiria a pecadores pousar na Lua ou
em qualquer outro planeta contaminando-os com a sua pfesença. ]esus voltaria antes
para impedir que se fizesse tal façanha. Esse raciocínio colocava o segundo advento
de Cristo como iminente, antes da década de 1960 terminar, pois a corrida espacial
avançava a passos largos.
Difimdia-se por alguns a interpretação de que o Criador não permitiria que o
so homem contarninasse com o pecado outros lugares do universo. Mas Neil Armstrong,
em 1969, caminhou na lua... e ]esus ainda não veio.2t
Ressalte-se, no entanto, que esse pensamento contrário ao progresso cientifico e
tecnológico, considerado até mesmo como um desafio a Deus, permeava a mente de
alguns membros isoladamente.22 Entretanto, ele não refletia a compreensâo oficial da
denominação fehgiosa da qual faziam parte.
Em 1992, um movimento chamado Missão Mundial Taberah causou alvoroço entre
algimscrentesaoanunciaravoltadeCristoparaoutubrodaqueleamBang-Ik-Há,naépoca
com 17 anos, era o profeta que líderava a Mssão procedente da Coréia. Membros de igrejas
consideradas equilibí2das em suas crenças saíram às ruas de São Paulo para distribuir um
folheto rititulado "Affebatamento! Em outubro de 1992, ]esus virá novamente".23
No início do século 20, o dispensacionahsmo, com sua teoria do arfebatamento
secreto24 e a separação entre a septuagésima semana e as outras sessenta e nove se-
manas de Daniel 9, incorporou-se de forma gefal ao Protestantismo Fundamentalista.
0 dispensacionalismo alcançou ampla aceitação por meio da Bíbha anotada de Cyrus
Scoffield e o agressivo apoio do lnstituto Bíblico Moody de Chicago.25
A base do dispensacionalismo é a distinção entre lsrael e a igreja, sendo que o
plano básico de Deus é com a nação de lsrael.2ó Como os Hderes judaicos rejeitaram
o Messias, Deus suscitou a igreja como um plano provisório até que Ele possa voltaf
a cumprir na própria Palestina as expectativas do concerto abraâmico. 0 foco da es-
catolosta dispensacionahsta se concentra, por conseguinte, no Oriente Médio e, mais
especificamente, no suposto papel político-reügioso que a nação de lsrael desempenharia
0 DIA DA SUA VINDA

nos propósitos divinos. 0 restabelecimento do moderno Estado de lsfael em 1948


passou a ser considerado o mais importante referencial hjstórico para as profecias dos
últimos acontecimentos. A importância a ele atribuída aparece claramente no fato desse
evento ser considerado o ponto de partida para a marcação de datas para o pretenso
"arrebatamento secreto" da igreja.

Quando o Concílio Nacional dos ]udeu§ prc)clamou lsrael uma nação em maio
de 1948, os crentes na profecia responderam com intensa emoção. Um professor do
lnstituto Bíblico de Los Angeles anunciou em uma rádio que "esta é a notícia profética
mais importante que temos tido no século 20". No Alabama, uma mãe exortou suas
filhas a lembfarem da data como a mais importante desde o nascimento dejesus Cristo.
"Com lsrael sendo novamente uma nação'', disse ela, "]esus pode vir a qualquer mo-
mento".27 A teação emocionada d€ssa senhofa reflete a forma de interpfetar a ptofecia
bíblica e a esperança de milhares de pessoas ao redor do mundo.
0 senso da importância profética intensificou-se com o passar dos anos. "0 vale
dos ossos secos, a terra árida, as colinas pedregosas, os pântanos lamacentos de lsrael
estão vindo à vida", exultou um escritor do MoocJzy Mo#ÁÁ}, em 1950. E completou:
"0 cronogfama de Deus está cumprido." 0 renascimento de lsrael, sugeriu William
Culberson, do Moody Bible lnstitute em 1960, foi o "mais impressionante de todos os
sinais", indicando que o afrebatamento poderia ocorrer a qualquer instante.28
Comentando esse assunto, Carlos D. Perrone afirmou que ajerusalém atual, cheia de g,
ódio e sangue, e os judeus que hoje ocupam parte da Palestina nada têm a ver com a nação
que recebeu as promessas do pacto. Não são o povo nem a. terra do pacto, de modo que,
como nação, estão excluídos das profecias referentes ao verdadeiro povo do pacto.29

Movimentos popularizadores e a predição do fim


Segundo a interpretação dos pré-milenialistas, a figueira brotando (como
a visão dos ossos de Ezequiel ressurgindo para a vida) antecipa o renascimento
nacional de lsrael. Alguns encontram na parábola uma sugestão precisa para o
tempo do fim. Datando o princípio "desta geração" e a fundação da moderna
lsrael a paítif de 1948 e, posteriormente, assumindo que uma "geração" bíblica
compreende quarenta anos (e que o arfebatamento ocorrerá sete anos antes do
segundo advento), alguns engenhosos popularizadores predisseram o arrebata-
mento para 1981 (1948+40-7=1981). Alguns especuladores, datando o brotar da
figueira em junho de 1967, especularam que o arrebatamento poderia ocorrer
no portentoso ano 2000. David Webber, pastor da Southwest Radio Church,
assumindo que uma gefação cofresponde a setenta anos em lugar de quarenta
e visualizando a Declaração de Balfour3° como o brotar da figueira, afirmou no
ano de 1979, segundo Boyer, que 1987 "poderia se£ um ano muito importante no
calendário profético de Deus".3]
NOVAS [DÉIAS PARA 0 FIM

Pat Robertson,32 filho de um senador nofte-americano que experimentou uma


conversão reliàosa em 1956, se aventurou em previsões apocalípticas, predizendo o
holocausto final para o ano de 1982. Declarou a um jomal: "Eu garanto a vocês que
no outono de 1982 será o julgamento do mundo".33Mas quando o ano de 1982 passou,
a Casa Branca intimou-o a abandonaf as suas predições de juízo.
0 leigo Harold Camping, usando o seu programa noturno de rádio e escrevendo
dois lívros sobre o tema - /994? e uma série 4w yo# RGzzc3Zzy? (Vócê Está Preparado?)
-apresentou uma tipica argumentação dos prognosticadores, distorcendo as Escrituras
para tornaf a sua interpretação plausível. Camping teorizou que maio de 1988 marcou,
precisamente, o décimo terceiro milésimo aniversário da criação do mundo, determi-
nando que o fim ocorreria 2.300 dias @n 8:14) depois, em setembfo de 1994.34
Camprig, segundo alguns colçgas do Íninistério Fárily Radio, considerava-se um
pfofeta]onas dos dias atuais e que tinha a missão de anunciar o retorno de Cristo para 1994
a todas as pessoas, especialmente àquelas alcançadas pelo refiérido programa de rádio. No
seu programa Fo'm# j4é7e#o na Rádio Famflia, ele aconselhava as pessoas que telefonavam
para não fazetem planos a longo prazo, pois ]esus estaria voltando naquele ano de 1994.35
john Hinkle, pastor de uma igreja em Los Angeles, afifmou que no dia 9 de junho
de 1994 o maíor evento desde a fessurreição de Cristo iria acontecer no exterior e seria
sentido no interior.36 Hinkle teve a oportunidade de divulgar a profecia através da Trinity
82 Broadcasting Network (IBN), uma grande rede evangérica de Tv da cahfórnia. Paul
Crouch, fiindado£ e presidente da TBN, disse num dos programas de TV:

]ohn prometeu ser o nosso convidado especial no dia 9 de junho de 1994 -isto é, §e nós
ainda não tivermos sido levantados para encontrar o Senhor nos ares. Como precisamos
de suas orações e do apoio fiel como nunca antes (...) Queridos patceiros -Estamos
quase chegando ao |ar!37
Edgar Whisenant38 vendeu dois milhões de cópias do üvrc> 88 Rfflo" 17;¢ Á4G R@/z#
1%.#BG /.# /988, estabdecendo suas datas sem a devida qualificação e segurança para esse fim.
Segundo esse auto£ quando]esus disse que nenhum homem pode saber o dia e a hora da sua
irinda, não quis dizer que não se possa saber o mês ou o am
Vdcndo-sedeengenhosaevidêndaprofética,eledatouoarrebatamentoentre11e13de
setembrodel988,ofériadojudeudeRmÁH"Á#cz.ATerceiraGuerraMundialcomeçariatrês
semanas mais tarde com a rivasão russa de lsraeL ao pôr-do-sol do dia 3 de outubro de 1988
- pfecisamcmte 70 anos, 3ó4 dias e 23 horas após o nasdmento do comunismo na Rússia, no
dia 4 de outubro de 1917 -e teminando uma hora depois com a arriquilação desse país.
Esse holocausto divinamente ordenado, ele predisse, ecoando muitos outros es-
critores biblicos, produziria um invemo nucleaf, destruição em massa, água radioativa e
montanhas de corpos insepu|tos.39
Um exemplo de tais marcações dispensacionaristas pode ser encontrado em
Chatles Taylor, pregador e escritor da Caüfórnia que, sem um critério hermenêutico
seguro, propôs datas alternativas para o arrebatamento em 197Ó,1980,1988, 1989 e
0 DIA DA SUA VINDA

1992, com base em diferentes cálculos envolvendo a história moderna de lsrael. Ele
era um inveterado marcador de datas, e em 1989 predisse "Este poderia ser o ano!",
anunciando a ROJÁ H4j.Á¢#4Á /ow para lsrael. Essa marcação de data reforçava, ainda
segundo Boyer, a convicção que lsfael representava um sinal do tempo do fim de
primeifa importância e que o "tempo de Deus", como Webber denominou, "estava
rapidamente alcançando os segundos finais"4°
Dentre os autores modernos que têm causado grande impacto e influência no
mundo religioso evangélico, encontra-se Hal Lindsey.4' Talvez nenhuma outra propos-
ta de marcação de datas para a volta de Cristo tenha sido tão amplamente divulgada
em âmbito mundial como a proposta pof ele em sua teoria de "uma geração após
1948". Assumindo qu€ o artebatamento deveria ocorrer uma geração após aquela
data, e que uma geração é composta de 40 anos,42 esse autor passou a enfatizar que
o arrebatamento deveria ocorrer em 1988.
Estudos recentes têm demonstrado o não-cumprimento de algumas das mais
importantes predições de Hal Lindsey. Datas por ele anunciadas têm passado sem a
ocorfência dos eventos preditos.43 Assim mesmo, grande número de evangéhcos tem
adotado este método hteral de intepretação das Escrituras ensinado pelos denomi-
nados teólogos dispensacionaHstas.
Outia importante expectativa sobre a proximidade do "arrebatamento secreto" foi
gerada pela publicação da série I#j# BGÁz.#c/ Peixados para Tris).44 Mesmo sem marcar sj
uma data precisa para o segundo advento de Cristo, essa série tem influenciado grande
parte da opriião popular para uma breve expectativa dos últimos acontecimentos como
propostos pela teoria dispensacionahsta. Dwight Nelson refiita as idéias contidas nessa
série através do livro 17;Zizz/ `I£/BGÁy.#J"L/9BGóÍ.#J, pubücado em português como JV/.#g#c%
§ená Dei:xado i)ar;a TnáJ: 0 que a Bíblla rea/menie die`y Solwe o cirrebíif amento e o f im do mundo."
Um significativo número de evangélicos tem interpretado as Escrituras de tal
maneira a cret que o início da contagem regressiva para o fim do mundo começou em
1948, quando lsrael se tomou um Estado moderno. Estão convencidos de estar vivendo
na última geração antes do retorno de Cristo. Como acreditam que o mundo encontra-
se perto do fim, vêem evidências para o segundo advento em tudo ao seu redor, desde
a deteriofação da moral da sociedade até os tumultuosos eventos no cenário político
mundial, bem como o nítido aumento dos desastres naturais.
0 assunto da volta de Cristo foi enfocado no programa Palavta da Fé, de Vàlnice
Mlhomens, transmitido em 1990 pela Rede Bandeirantes @rasil). Em uma de suas palestras,
ela argumenta: "Se Satanás tcve dois mflênios, Israel teve dois rnflêrúos, acharn que a lsteja
Cristã vai ter mais que dois? Deus já disse: Seis dias mbalharás, mas no sétimo descansará.
0 sétimo é o descanso. Resta ainda um repouso sabático para os filhos de Deus."4ó
Valnice tomou a data da guerra dos seis dias de lsrael, em junho de 1967, e
acrescentou-1hes quarenta anos, concluindo assim que a volta de Cristo se daria no ano
de 2007, nurn sábado. Ela o fez usando as palavras de jesus em Mateus 24:34: "Em
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM

verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça." Para ela,
uma geração dura quarenta anos. Em 1990, ela afifmou que faltavam apenas 17 anos
para que se completasse essa geração.47 A alegoria, apesar de atrativa não é original, pois
dogmatizou, sem base bíblica, o tempo de uma geração em quafenta anos.

Previsões entre os adventistas do sétimo dia


Em 1928, um líder da lgreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), na Associação
Geral,48 expôs em seus sermões dufante uma semana de oração no Emmanuel
Mssionary College as suas convicções de que o Senhor viria naquele ano. Por quê?
Porque 40 anos tinham passado desde 1888.49 0 autor dessa previsão fez um paralelo
entre a experiência do antigo lsrael, que vagueou durante 40 anos no deserto antes
de adentrar na terra prometida, e a experiência da IASD, o lsrael espiritual. Este teria
semelhantemente "vagueado pelo deserto" desde a Assembléía de Minneapolis em
1888, reunião histórica pafa a denominação. Teria sido aqTela Assembléía Geral uma
"saída do Egito espiritual" em que a igreja se encontrava até então.5°
A marcação dessa data,1928, continha apafentemente cunho escrituristico, po-
rém a hetmenêutica era particular, alegórica, e não refletia o método de interpretação
profética adotado pela IASD.
Na década de 1930, a atenção dos marcadores de data para o fim dos tem-
.9J
pos focalizou-se no texto: "Esta gefação não passará até que estas coisas sejam
cumpfidas" (Mt 24:34). Existiam informações que em Hunza e outras partes
da lugoslávia, algumas pessoas que viveram na época da chuva de meteoros em
1833 ainda estavam vivas. Uma vez que essas pessoas eram extremamente velhas,
alguns adventistas achavam que o tempo estava prestes a se cumprir.5]Atribuíram
as palavras de ]esus - "esta gefação" -aos que haviam presenciado o fenômeno
predito nas Escrituras como indicador do fim.
Pouco antes e durante a Segunda Guerra Mundial, os japoneses foram vistos por
alguns adventistas como sendo o "rei do oriente" (Ap 16:12) e, como sua bandeira
tinha um sol nascente estampado, alguns adventistas suspeitaram que a batalha do
A£magedom estava muito próxima.52 Freqüentemente os conflitos béhcos despertam
a imaãnação dos cristãos por evocarem os textos proféticos que são permeados de
linguagem militar. A tendência é fazer uma leitura das Escrituras com uma pressuposição
em mente - encontrar no texto bíblico a guerra que se desenrola.
Quando ]on Paulien ainda era um menino de nove anos, ouviu dizer que ]esus
retornaria à Terfa na década de 1960, mais precisamente em 1964. Havia o pensamento
de que, quando o movimento do advento completasse os 120 anos de pregação, Cristo
voltaria. Essa proposta escatolórica fazia uma analogia com o tempo que Noé pfegou.
Considerando-se como data inicial o ano de 1844, o ano final seria 1964.53Esse raciocínio
penetrou a mente de cristãos desejosos de presenciar o segundo advento de Cristo e,
conseqüentemente, compunha o conteúdo de sermões visando despertar a congrega-
0 DIA DA SUA VINDA

Ção para a seriedade dos tempos. 0 objetivo era nobre, mas carecia de suporte bíbhco
sério. Essas interpretações raramente efam escritas, mas eram temas de conversar e
sermões. Ao se ministrarem estudos bíbhcos, o argumento eta utihzado para enfatizar
a proximidade do segundo advento.
Na segunda metade do século 20, alguns membros adventistas do sétimo dia
calcularam os anos dos jubileus e chegaram à conclusão de que ]esus retornaria
em outubro de 1987. Outros cálculos utilizando os jubileus fixaram datas para
1991,1994,1996,1998 e 2000. Alguns, segundo Pauhen, tentaram tirar conclusões
acerca do "tempo da sua vinda baseados em sete ciclos de mil anos cada".54 Ainda
outros, baseando-se na previsão do término dos jubileus (cf. Lv 25:8-55; 27:18-25;
Nm 36:4), marcaram as datas de 1987 ou 1994 para a volta de Cristo. Por sua vez,
Antônio C. M. Gonçalves, formado pelo Seminário Adventista Latino-Americano
de Teologia (Salt-IAE) em 1981, propagou, através do /o"óz/ Jo <4#4Í#ÁG, sua teoria
de que o "jubileu final" da humanidade se cumpfiria em 3 de outubfo de 1987. Ele
argumentava que a história humana efa composta de três ciclos de 40 jubileus: (1)
Dispensação Patriarcal: da criação (3894 a.C.) até Abraão (1934 a. C.) = 1.960 anos;
(2) Dispensação judaica: de Abraão (1934 a.C.) até o Messias Ungido (27 d.C.) =
1.960 anos; e (3) Dispensação do Messias: do Messias Unddo (27 d.C.) até oJubileu
Final (1987 d.C.) = 1.960 anos.55
Norman Gulley, em sua obra C4ri/Jr CoÂ#.#g esclarece que os calendários dos jubileus
têm sido utilizados pof alguns marcadores de data para a volta de Cristo. 0 jubileu era o fim
dos ciclos de sete anos sabáticos qv 25:8-10). No quadragésimo-nono ano ou qüinquagé-
simo ano, Israel deweria. libertar os escravos (v. 10), dar descanso à tem (v. 11) e reverter a
terra aos ptoprietários oriãnais (vs. 24-28). Era a forma de pemitir que pobres e escravos
prosperassem e também de controlar a avareza dos ricos.56
A verdade é que não se encontra nenhuma referência nas Escrituras sugerindo que
lsrael tenha guardado o jubileu.57 Tambéfn, não existe nenhuma evidência bibüca de que
esse plano de misericórdia tivesse qualquer lígação com as profecias a respeito dos eventos
finais. Portanto, a especulação em tomo do jubileu é uma invenção tão humana quanto a
santificação do doringo, compara Gulley.58 Não é sçguro estudar a respeito dos eventos
finaistomandoosjubfleuscomofimdamento,pois,emboraconstemdaBil)üa,nãofomecem
os elementos necessários para intepretações escatolóricas.
Na segunda metade da década de 1980, dois pregadores alarmistas59argumentavam
que o pfesidente norte-americano Ronald Wflson Reagan era o anticristo. Devido a cada
um dos seus nomes que continham seis letras Qonald = 6; Wilson = 6; Reagan = 6),
portanto 666, o número da besta conforme Apocalipse 13.Ó° Diante desta intepretação,
os eventos finais eram breves, pois o presidente norte-americano unido ao papa nos
objetivos ecumênicos precipitaria a perseguição aos "rebeldes guardadotes do sábado".
Infelizmente, para esta teoria, o suposto "anticristo" aposentou-se, anos depois adoeceu,
vindo a fflecer em 5 de junho de 2004.
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM

No livro 0 J4#/#4'#.o JG DG#j`, pubhcado em Teresópohs Q]), Diógenes Oliveira,


entre outras coisas, propõe (1) que o "próprio céu" era o santuário celestial; (2) que o
ano de 1873 (538 d.C + 1.335 anos) "foi significativo para todo o Universo", como o
primeiro passo na difeção do retorno profético dos judeus para a Palestina; e (3) que
a "obra da expiação... encontra o seu ponto alto e decisivo, na purificação do povo
de lsrael, em seus territórios''.6]Dando a sua atenção em especial para o retorno dos
judeus para a Palestina, o autor desenvolve sua escatologia peculiar.
Em outfo material de sua autoria, com o título Co#/¢gGÂ# R£g#€+Jz.#¢ R##o úm j4#o
2000, o capítulo 1: "Tempos Determinados por Deus'', é seguido das palavras de
Salomão em Eclesiastes 3:1: "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para
cada ptopósito debaixo do céu". Nesse capítulo ele alerta: "Há na Bíblia profecias
que indicam os anos em que na década de 90, ocorrerão os maiores acontecimentos
da história, culminando com a vinda de Cristo e o estabelecimento do reino de
Deus no ano 2000".Ó2 Na coluna "A contagem regressiva", do jornal j4//o C/á7Â%r
encontra-se o seguinte:
...Os judeus se converterão ao Messias e, juntamente com os cristãos, pregarão ao
mundo a última adveftência divina para a salvação eterna. Serão os sete anos do alto
clamor, quando milhates de pessoas, milhões se convertefão a Cristo, através do
deframamento do Espírito Santo e da pregação do Evangelho do Reino pof todo o
86 mundo„. Então virá o fim.63
Como se sabe, o quadro profético enunciado por Diógenes Ohveira não
se configurou, e o desapontamento dele e dos que com ele compartilhavam tais
esperanças tornou-se amargo e vexatófio. Isso poderia ter sido evitado, pois as
admoestações e conselhos de pastores e teólogos tentando demovê-lo de suas
idéias fotam freqüentes.
0 pastor adventista llirohito Tavares de Araújo64iniciou o seu sermão declamrido:
"'1987', um sermão diferente! Avisando a eternjdade que rápido se aproxima. Agora é o
tempo." Mais adiante ele argumenta que "1987 é o início da última década, encerrando
o 6° milênio, quando o pecado não mais terá predomínio na terra (4004 a.C. + 1986
d.C. = 5.990 + 10 (última década) = 6000''.
Ainda na primeira página do sermão, Tavafes de Araújo declara com ênfase
quando se dará o "Grande Dia do Senhor'', confirmando e condicionando a afir-
mação à sua interpretação profética:
No ano 4004 desde Adão, deu-se o nascimento do SenhorJesus e mais os 1986 anos
depois de Cristo que faz pouco passaram, temos o total de 5.990 anos. Entre outras mui-
tas teorias, essa é a contagem de tempo mais fidedigna que a história nos legou. Destes
10 anos que restam paía o riício do 7° nrilênio -o Grande Dia do Senhor -se Deus
"abfeviando o tempo" sepatar uma semana de anos (7 anos) como o tcmpo para ultimar
o preparo do seu povo e para a viagem dos remidos, passando por outros mundos não
caídos, antes da entrada triunffl no Reino de Deus, testará então ao homem apenas um
0 DIA DA SUA VINDA

tempo de 3 a 4 anos de graça. Exatamente o petíodo de tempo que o dono da vinha


concebeu à figueita que ocupava inutilmente uma parte do seu teffeno ¢.c 13:6-9). Se
menos ou mais anos, Deus sabe.65

No decorrer da sua mensagem, o pregador delimita o prazo repetindo a ffase


"daqui 3 ou 4 anos". Também chama a atenção para o pouco tempo restante, marcan-
do os últimos eventos antecedendo a segunda vinda de Cristo. Em uma avahação do
]ongo do tema abordado, eLe Lamenta: «embora a teo]oãa díscorde, todas as profecías
acham-se praticamente cumpridas, restando apenas alguns acontecimentos que se
desencadearão rapidamente".
0 sermão de Hirohito é composto de exortações ao "povo do advento" no
sentido de que se prepare de forma plena e completa, apelando à mudanças no
vestuário, na alimentação, em recreações, na vida devocional e no envolvimento
missionário. 0 problema é que tudo isso estava condicionado ao tempo marcado.
E o tempo passou. Se as reformas foram empreendidas em virtude da urgência, é
provável que a motivação tenha passado também.
Em uma carta procedente de Hortolândia, com a data de 3 de maio de 1991, en-
dereçada ao "Povo Adventista do Sétimo Dia", Marinete Mafcolino alega ter recebido
sonhos e revelações de Deus.66 Inicialmente, narra alguns episódios em que ela entendeu
possuir um poder especial de cura em suas orações, e também receber revelações que
lhe mostravam pessoas conhecidas sendo queimadas no fogo do juízo final.
No final da carta, em seguida ao tópico "A Mensagem Recebida'', ela narra o seguinte:
No quarto sábado do mês de novembro de 1984, estava nesta ocasião assistindo a Escola
Sabatina na lgreja de Poços de Caldas, no Estado de Minas Gerais, onde firi fazer uma
visita. 0 pastor estava recapitulando a lição, cujo ti'tulo era `Os Serviços do Santuário'.
Estava ele exphcando como fimcionavam os serviços do santuário, quando uma voz,
bem dara e penetrante, veio a mim, dizendo: - DAQUI A DOZE ANOS EU VOLTO.
0lhei para os demais irmãos à minha volta, e petcebi que não tinham ouvido aquela voz,
mas Somente eu a tinha ouvido.67

0s doze anos se passafam. Segundo a mensagem que ela afirmou ter recebido do
próprio Cristo no ano de 1984, em 1996 deveria ter acontecido o tetorno do Senhor
em glória. 0 evento não ocorreu, e, assim como outros anunciadores de datas ao longo
da história cristã, restaram a perplexidade, a vergonha e a busca de explicações para o
não cumprimento da predição.
Alceu da Silva Oliveira Filho, autor do üvro Or Jc7/g RGÍ+ cb Pre¢#.áí JG ÁPo%ÁPw,
é advogado, ex-membro da lgreja Adventista Central de Curitiba. Ele elaborou uma
pesquisa chamada "Interpretação Contemporânea". Adventistas, a maioria de Curitiba,
inflamafam-se com o tema, visto que o autof direcionou seus escritos aos membfos de
sua comuridade denominacional. Na contra-capa do livro está escrito:
I.ogicamente, o hvro não se propõe a marcar uma data para o Segundo Advento de Cris-
to, acontecimento que só o pfóprio Deus sabe quando ocorrefá. Porém, analisando os
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM

fatos e entrelaçando informações dadas por Ele atfavés de seus profetas, "Os Sete Reis
da Profecia de Ap 17" procura clarear este assunto e, com racionaüsmo e tempetança,
alertat o meio adventista para eventos que já estão em andamento e parecem fofmar o
quadro final da história desse mundo.68
Ele identifica os sete reis de Apocahpse 17 como sendo os papas a paftif de 1929,
quando a "ferida mortal foi curada" e os poderes foram restaufados ao pontífice. 0 sexto
rei, segundo essa seqüência, era]oão Paulo 11, que seria substituído por um b£eve pefl'odo
e então retomaria sendo o oitavo rei.Ó9 Essa argimentação tem sido identificada no meio
adventista como sendo uma "mafcação vegetariana de data"7°para o segundo advento. Ele
podenãoestarmafcandoumdiaespeci'fico,masidentificapessoasqueestarioocupando
posições que culminafão com o fim do mundo e o advento de Cri§to.
A teoria proposta por Oüveira Filho não é original, conforme esclarece ]osé C.
Ramos, em seu artigo "A cura da ferida mortal e a teoria do sexto rei" ®arte 1). 0
assunto é explorado pelo Dr. Robert N. Smith ]r., adventista leigo do Texas, em seu
livro T»e JG.xÁÁ KZ.#g - "666 " úÍ#cJ rúG NGzp W7To#/# O#JGr, obra pubhcada em 1993.7t Ramos
complementa o artigo referido acima com um esclafecimento peftinente:
A lgreja e o mundo não precisam nem de alarmismo nem de sensacionalismo. Afinal,
temos tantas verdades que contam com um clafo "assim diz o Senhor", e que devem ser
estudadas e ptoclamadas, que qualquer empenho com simples hipóteses é simplesmente
88 irrelevante. E vivamos de tal forma que, se Cristo vier amanhã, ou ainda hoje, louvado
seja o seu nome. Estejamos prontos para saudá-lo e para nos reunir com Ele.72

Tem ocorrido um número considerável de marcações de tempo entre os adventis-


tas do sétimo dia, como foi visto até aqui. George R. Knight declarou que "encontram-
se, em alguns setores do mundo adventista, aqueles que estão estreitamente hgados a
um quase delírio de estabelecimento de datas, procurando viver num constante estado
de excitação a respeito da proxirnidade do fim".73
0 Movimento Adventista nasceu impulsionado e impregnado pela mensagem
"Cristo em breve voltará". A expectativa da volta do Senhor, aliada ao senso da proximi-
dade, tem contribuído para levar alguns dentre os crentes no advento a tentar desvendar
o mistério oculto - "daquele dia e hora ninguém sabe" avlt 24:36) -propondo datas
para o acontecimento.74 Porém, a lgreja Adventista do Sétimo Dia, embora considere o
bfeve retomo de Cristo de forma üteral, visível e pessoal como uma de suas princjpais
doutrinas, não promove e nem tampouco incentiva tal procedimento.
Or ro#Áor G #+o~# Je/64w.w J¢#/no#75 foram pubhcados em português e divu|gados
por Oséas Maurer através dos "Adventistas do Sétimo Dia, os Remanescentes", cuja sede
nacional está estabelecida em Brasíha, DF. Classificam o seu nome com a frase: "Não

ãiaáoêsm!cgsi,'!g:eààpu:Íeefrse!:sAednvse=g:t:|àomsfs¥e:Eiariâ:ãles:;7Suasorganizações
Cartazes foram afixados em postes de ilurinação pública e muros de várias
cidades brasfleiras, sem qualquer autorização municipal, marcando o fechamento da
0 DIA DA SUA VINDA

porta da graça para o ano de 2005 e acusando pubhcamente o papa de ser a besta do
Apocalipse. A mensagem fundamental do movimento é baseada em uma sucessão
cronológica de datas, dentre as quais se destacam as seguintes:
1888 -Começou o alto clamor para a IASD;
1988 -Começou o jukamento dos vivos para a IASD, que foi rejeitada e vomitada
(somente 5% dos advéntistas foram aprovados e pertencerão aos 144.000), e começou
o alto clamor para o mundo;
2005 - Fechamento da porta da graça.
Esse grupo constitui-se num movimento dissidente, razão pela qual as suas
interpretações afastam-se radicalmente do ensino oficial da IASD. As marcações de
tempo propostas por eles, como as demais expostas nesta seção, não constituem uma
interpretação equilibrada dos eventos finais. A postura ostensiva assumida pelo grupo,
atacando abertamente outras denominações rehriosas, contrària a metodoloda evan-
gelística utiuzada pela IASD, que procura fespeitar o credo de cada um. 0 resultado é
negativo, angariando antipatia e preconceito com relação à lgreja.
Mesmo em Roma pode-se encontrar pessoas tentando descobrir quando o mundo
tefminará. Em uma catedral chamada Basílica de San Paolo fi]ori le Mura, uma das cinco
principais catedrais de Roma, existem círculos de lona em torno da parte mais elevada
da igreja, com pinturas de vários papas voltando, inclusive um indivíduo chamado Pe-
dro. Em 1978,15 destes espaços estavam vagos. 0 guia que conduzia os turistas pela 8g
igreja apontou para esses espaços e disse: "Nós cremos que quando tivermos mais 15
papas, o Senhor virá". Em seguida, o grupo dirigiu-se à Catedral de São Pedro. Perto
do altar de São Pedro há uma grande pedra de mármore com todos os nomes dos
papas gtavados nela, e na ocasião da visita, em 1978, havia espaço para cefca de mais
seis nomes. Disse o guia: "Quando toda esta pedra estiver preenchida com os nomes
dos papas, o Senhor estafá retornando".78
0 cristão católico-romano também c£ê no fim do mundo e, via de regra, elabora
os seus cálculos e prognósticos para esse acontecimento buscando fiindamentá-los a
partir de ingênuas e simples superstições, sem a mínima ligação com as profecias bí-
bhcas sobre o assunto. Não há base para espefar que o fim do mundo ocorra quando
determinado número de papas tiver ocupado o seu lugar e exercido o seu mandato.

Notas
t Também traduzido como 0 Grj7#4b.oío #o PíÇ#G#o_ (Friedrich, 300).
2 Ibidem.
3 Ibidem.
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM

4ibid, 354.
5ibid., 352.
6 Ibidem.
7 ibid, 353.
8Ibidem.
9 0 Ej:/zzdg dg J. Pz7#Á), 15 de maio de 1910. Citado por l.eite e Wintet, 115.
10Ibidem.
1 l lbidem.
`2 Sempfe que eclode uma guerra de graves proporções, como foj a Segunda Guerra
Mundial, a [eação das pessoas em todo o mundo é: "Isso é o fim do mundo!" Na Segunda
Guerra, especialmente pela frieza e crueldade do nazismo no Holocausto, itensificou-se o
sentimento de que o ser humano chegara ao "seu próprio fim", perdera o furno, o valor e o
sentido da existência. 0 mundo, desde então, nunca mais seria o mesmo.
i3Friedrich,176.
``Pam amphar a compreensão da história, doutrinas e escatoloda das Testemunhas de
]eová, ver Anexo 5.
t5 Em lugar de se unif ao pregador adventista jonas Wendeu, Russell organizou sua pfópria
classe de estudo da Bil)üa. Uma congiegação foi formada ao longo de cinco anos, durante os quais
certas posições doutrinarias foraín adotadas, entre elas a volta ;.#w.j¥'#/de]esus e a oportunidade de
salvação @Ó+ a ressurreição (teoria conhecida como j¥gaí#czg cúá7##). Em 1876 o grupo de Russen se
go uniu ao gmpo de um tal N. H. Barbouf, de Rochester, NY, por sustentarem opinião semelhante
quanto à maneira da volta de Jesus. Um livro intitulado TÓG Tú#G 1%ri#r (Os Três Mundos) foi
pubücado por Barbou e Russen, onde afirmavam quejesus voltara invisivelmente em 1874 e que
no transcurso dos quafenta anos seguintes, ou seja, até 1914, ocorteria a "grande tribulação". Os
judeus seriam restaurados, o podef dos gentios seria quebrantado, os reinos do mundo passariam
a pertencer a Deus e a era do julgamento seria ritroduzida Oosé Caílos Ramos, "Os Emissários
do Reino", em R#úfÁ3 j4d##tiíz7, janeito de 1993, 28-29).
t6 Cha[les T. Russel efa filho de um comeiciante de Pittsburgo, Pcnsilvânia. Presbiteriano
de início e congregacionaüsta a seguir, Russell acabou imergindo no agnosticismo ainda em
sua adolescência. Aos 18 anos, porém, assistiu a algumas exposições bil)licas feitas por ]onas
Wendell, pregadot adventista não do sétimo dia, as quais, citando as palavras do próprio Russeu,
foram suficientes "sob a direção dc Deus, pata restabelecet rinha fé vacilante na inspiração da
Biblia e pam mostrar que os registros dos apóstolos e dos profetas sc acham indissoluvelmente
ügados (8#¢Á/6.iíadw4#¢ J.# M;.#j.J%J, 276 [citado poí: Ramos 28-31]).
]7 Hebblethwaite,127. Ver também PmjDÁG/r o/ Á46 +4Poft7óPJ€ (Grand Rapids, MI: Baker,
1994),143-150. Amaldo 8. Chrisüanini, na pádna 15 de seu livro R4¢.ogr4/4 d7 /Gow.j7m, diz:
"As chamadas Testemunhas de jeová, nos últimos anos, em seus escritos e especialmente
em suas palestras e estudos orais, no ini'cio da década de 70, têm dado muita ênfase à data
de 1975, como ano decisivo `nos planos de ]eová'. Nos scus contatos missionários diziam
abe[tamente que surgiria o Armagedom e até outubro desse ano tudo estaria consumado na
Terra, seria o início do %Í.4^#;.o fzz4zz'/z.~, coincidindo com seis mil anos da existência do homem.
Em sua htefatura ptoselitista, essa§ afitmações, embofa não categóricas, fofam insinuadas de
forma bem persuasiva." Em seguida, na página ló, Christianini transcrewe algumas dessas
declarações, extraídas do üvfo LÍ;1Zg E/gr#¢ -#4 L.bGnjz¢dG JOJ F;./úoJ. cb D6#J., editado em 1966
pelas Testemunhas de ]eová. Uma das referidas citações, na página 29 declata: "Os seis mil
0 DIA DA SUA VINDA

anos desde a criação do homem terminarão em 1975 e o sétimo pefl'odo de mil anos da história
da vida humana começará no outono (segundo o hemisfério setentrional) do ano de 1975 da
era cristã. Quão apropriado seria se jeová-Deus fizesse deste vindouro sétimo periodo de mil
anos um periodo sabático de descanso e livramento, um grandioso sábado de jubileu para se
proclamar überdade através da Ter[a e todos os seus habitantes!"
`8 Pa:iri!o R!orn:àio, Euangéhcos em Crise: Decadênçia dowtrinária na igrçja brarildra rs: ãüo PíNri!o..
Mundo Cristão,199Ó],175). Romeiro comenta: "Em 1920, o segundo presidente da Sociedade
Torte de Viria, Rutherford, publicou um livro intitulado M;./»õ# Í2#G £4gom t/J.%# /c7%;.J
Mo~enõo ®ublicado em 1923 em portuguê§). Nesse liv[o, Rutherford afirmou que os justos do
Antigo Testamento ressuscitariam em 1925. A organização chegou até a comprar uma mansão
em San Diego, na Califómia, denominada Beht Sarim (Casa dos Príncipes), pafa hospedar
Abraão, Isaque, Jacó e outros ilustres do Antigo Testamento. Uma foto da tal mansão pode ser
encontrada na própria literatura das Testemunhas de Jeová." (175-176).
19 Paulien, 20.
2° Chris Bader, "When Pfophecy Passcs Unnoticed: New Petspectives on Failed
Prophecy", Jo#mú7//or ÍbG J#.e##Jí4. J`/rrd/ o/ R£/7É7.o#,1999, 38:123. Diveísos pesquisado[es têm
documentado os efeitos do fracasso de 1975. Em quase todos os países, o crescimento médio
anual das Testemunhas de jeová tem dechnado substancialmente. Por exemplo, o crescimento
médio do grupo nos Estados Unidos criu de 6°/o para 2°/o. Ibid.,122.
2] No dia 20 de julho de 1969, o astronauta Neil Atmsttong fincava a bandeira norte-
americana ria superficie lunar: um marco para a humanidade e também uma vitória para os
Estados Unidos na corrida espacial. Ainda hoje existem pessoas que duvidam que o homem
foi à Lua (www:bb.co.uk, em s de fevereiro de 2006). 9,
22Membros de diversas confissões íeligiosas até hoje atribuem o avanço da ciência
à "obta do demônio".
23 0 fouieto informava que o profeta fora chamado por Deus quando tinha apenas
13 anos de idade e que fóra treinado intensa e pessoalmente por Deus. Ele se comunicava
constantemente com Deus da mesma forma como Ehas, Samuel e outros pfofetas do Antigo
Testamento. Qomeiro, 178).
24 A crença no arrebatamento remonta ao peí]'odo da tradição apocalíptica bizantina entre
o quarto e o sétimo séculos. Escritos escatológicos que têm recebido pouca atenção dos eruditos
evangéücos são feveladores. 0 mais esdarecedor desses escritos é o sermão de autoria de Pseudo-
Efr@ám c;ori!eci!do c;orno On Tbe IAfi Time], tl]e Arítícbtist, and tbe End of tln Wíorkl oM Ser7mon of
jóG ÁÓG E#J o/ Jó6 1%n47. Esse sermão, além de ser um vívido exemplo da honrilética apocalíptica
medieval, também inclui uma declaração de um conceito similar ao arrebatamento mais de mil
anos antes das intcpfetações de john Darby jones e Cy[us Scoffield, a quem se convencionou
atribuir o nascimento das idéias dispensacionalistas qimothy j. Demy e Thomas D. Ice, `The
Rapture and An Eaily Medieval Citadon" em B/.G/z.oZÁ7% Jáz" julho-set€mbro de 1995, 306-17).
25Froom,4:1203-1204.
26 Respostas assinaladas ao dispensacionalismo são encontradas em Hans K LaRondeHe,
0 lf mc/ de Dew md Pnof ic;a: Primc¢iof ds lmieri)retaf ão Prüfética @;"g/ri/Éro Coc;fli!f i, SP.. rm!pms:a
Unjvetsjtária Advcntista, 2002); jdem, "Israe] na Profecia", em AJberto R Triim, Amín A. Rodor
eVçunidedàDomdes,eds.,0Fwiwro:AVifõoAdunttiaduÚffímofAcmtecimemtoS,2:31-Z3].
27Boyeb 187.
28ibidein.
29 Carlos D. Pe[rone, `Um Estudo das Prof;ecias Relativas ao Fim" ¢arte 2), 0 Mzmíid%o,
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM

julho-agosto de 1974, 17. Sobre o mesmo assunto, declara Ellen G. White: "Fofam-me
indicados então alguns que estão em grande erro de crer que é seu dever ir à anüga jeíusalém,
entendendo que têm uma obra a fazer ali antes que o Senhor venha. Tàl opinião é de molde
a afastar a mente e o interesse da p£esente obra do Senhor, sob a mensagem do terceifo anjo,
pois os que pensam que devem não obstante ir à velha ]erusalém terão seus pensamentos
fixados nisso, e os seus recursos setão tirados da causa da verdade presente pata permitir a eles
e outros estar ali. Vi que tal missão não realizaria nenhum bem real, que levaria urn bom espaço
de tempo para levar alguns judeus a se tornarem crentes mesmo na primeira vinda de Cristo,
quanto mais no seu segundo advento. Vi que Satanás havia enganado sobremodo alguns neste
ponto e que as almas a todo redor deles, neste país, poderiam ser ajudadas pof eles e levadas
a guardar os mandamentos de Deus, mas foram, deixando-as perecer. Vi também que a vema
]erusalém jamais seria reconstruída, e que Satanás estava fazendo o máximo para levaf a mente
dos fi]hos do Senhof pata essas coisas agota, no tempo do aiuntamento, impedindo~os de
dedicar todo o seu interesse à presente obra do Senhor, levando-os assim a negügenciarem a
necessária preparação para o dia do Senhor." a]Uen G. White, P#.#G;.roJ Ej.m./or Íratúí, SP: Casa
Publicadora Brasileira,1999] , 75-76).
3°Ardiur]ames Balfour, o ministro da§ Relações Exteriores do govemo britânico, enviou o
seguinte memorando ao l.ord Rothschild, líder da Fedetaçâo Sionista na Grã-Btetanha, em 2 de
novembro de 1917: `Tenho o prazef de comunicar-me, em nome do Governo de S`]q Majestade,
a seguinte declaração de simpatia com as aspirações judaico-sionistas que foram aprésentadas e
aprovadas pelo Gabinete. 0 Govemo de Sua Majestade vê com simpatia o estabelecimento na
Palestina de uma pátria para o povo judeu, e fará os melhores esforços para facilitar a realiza-
ção desse obietivo, ficando, potém, clatamente compreendido que nada setá feito que venha a
92 prejudicaf os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas existentes na palestina, ou
os direitos e o status político dos judeu`s em qualquer outro país." Pisponível em http://www.
espada.eti.bf/nl408.asp. Acesso em 5 de outubro de 2004).
3i Boyer, 190.
32 M.G. `Tat" Robertson tem alcançado feconhecimento nacional e intemacional como
um reliSoso envolvido nos meios de comunicação, filantropista, educadot, líder feügioso,
homem de negócios e autor de vários hvros. Dentre eles, destacam-se J£x J/¢f /o JpÍ.#./%/
R2riual,. Bring it On, Counting Disaster, The Ten Offlnses, The New W:orld Order, Sbout ii from tbe
How§etops (`im:zL íi"Sok;uog£aiEa) e Tbe End of the Age.
33Boyef,138.
34Harold Camping é o fundador, presidente e administrador de programas de rádio.

:eaumɧt:::eÉçoc:nahce:::ae¥eac[qaeí:gt:S:r:::;.rpger:o::uà§áefl:g:ótraáeAribt::tro*£fctaen::
milhões de pessoas nos Estados Unidos, Canadá e em torno do mundo através de seu império
de rádio. Seu ministério é baseado na Califórnia com transmissão ampla para vários estados.
(Consulta ftita no Cadê? em 2 de dezembro de 2005). A respeito de si mesmo, Hafold Camping
declara: ``Sou um engenheiro, sou metódico. Quando iniciei o estudo da Biblia cerca de trinta
anos atrás, comecei a ver coisas que outfos não perceberam. Descobri que Deus tinha uma
linha do tempo, desde Gênesis até Apocalipse, e com um cálculo preciso, de tal forma que o
fim do mundo pode ser acuradamente detefminado." (Romeiro,181).
35 Romeiro,180-181. Camping explicava a sua maneira de planejar para o fiituro assim:
"Veja, minha esposa me disse que precisava de um piso novo para nossa cozinha. Eu lhe disse

que não se esfofçasse ou gastasse dinheiro para fazer isso até outubro ou novembro de 1994 -
depois do tempo predito para a volta de Cristo". Ele, que não tem formação teolóüca, achava
0 DIA DA SUA VINDA

que não estava espamando qualquer engano ou predições errôneas e ainda advertia: "Quando
chegar o dia 6 de setembro de 1994, ninguém mais poderá ser salvo. Chegou o fim."
36 Romeiro, 179.
37 Ibidem. Nem Crouch e nem o pastor que ele tornou famoso pediram desculpas
pela profecia falsa.
38Edgaf Whisenant era um desconhecido estudante da Biblia até 1988, quando escreveu
dols Üvtos, riiútu.hdos 88 R3asom Why the Rpture Could Be in 1988 e On Borrowed Time. Qittp../ /
cade.search.yahoo.com, em 30 de março de 2006).
39Boyer,130.
40Ibidem.
4' A teoria escatológico-dispensacionalista de Hal Lindsey foi popularizada no Brasil
especialmente através de suas obras: j4 j4go#z.c7 c7o Gn¢#c76 PÁ7#G/¢ TGm¢, 6a ed. (São Paulo: Mundo
Cristão, 1981/,. Or j4#or sO.. Co#/¢ge# R€g#íj7.#j7 f7ám o /#7'£o Fz.#4/ (São Paulo: Mundo Cristão,
1981) e 0 Á#pÃ#/a#Gw/o Qio de janeiro.. Record,1985). Criticas às idéias de Lindsey podem
ser encontradas em Alberto R. Timm, "Uma Anáüse Cfl'tica da Escatoloãa Dispensacionalista
de Hal ljndsey" @issertação de mestrado, Instituto Adventista de Ensino, 1988); Samuele
Btwcchi:occhi, Hal IJridsy'S Prüphetic ]igsaw Pu«:!e: Fh€ Predictions tbat Fdiled! @e;tTien SpTings,Ml..
Bibücal Perspectives,1987); Alberto R. Timm, "0 adventismo e o princi'pio da SoÁ7 J#zj>/#r¢",
0 M;.#/.j./e'#.o, janeiro-fevereiro de 1988, 20.
42 Em 1970, Lindsey escreveu em TÚG 14/g Gr€4/ P/á7#e/ E¢#ó ¢ublicado em português
com o título j4 .4go#¢.¢ cb Gr¢#JG P/zzj7€/zg TG#j7): "Uma geração na Biblia é algo em tomo de 40
anos." Mas em 1977 ele disse: "Não sei quanto tempo leva uma geração biblica. Talvez algo
entre 60 e 80 anos." Citado por Samuene Bacchiochi no seu artigo "0 Tempo Está Derrotando
as Predições de Lindsey", R£47.r/#j4d#G#/z.r/¢, agosto de 1986, 41.
¢3 Ver Timm, "Uma Análi§c Critica da Escatologia Dispensacionalista de Hal Lindsey".
44 Em 1996, a Tyndale House Pubhsher (www.qrndale.com) começou a pubhcar a série
de Tim Lahaye e jerry 8. Jenkins intitulada "Left Behind" (www.leftbehind.com), constitui'da
pelos seguintes 12 volumes: 1# BGÁz.#cJ.. 4 No#G/ o/ /úG Eáí#úJ lm/ Dqyr qeft Behind, n° 1);
Tribulation Force: The Comtiming Drama of Tbose L4t Bebind qje:ftBehin!à, rL° ).) ., Níco/cm: The Rise
of Anticbrist a.eftBekLind, n° 5)., Soul Haniest: The W;orld TdkJ Sides Q.eft Behir.d, n° 4)., APolbon:
Tbe Destroyer h Um!ea]hed qSftBek; "d, rL° 5;)., Af sassins: ANignment: ]emalem, Targpt.. Aniicbrist
l.e£+ Behind, n° 6)., Tbe lndwelling Tbe Beaft TakS Pofsession qjeft Behind, n° 7)., Tbe Marh: The
Be4rf R#ÁJ ÂÚG 1%r# (I.eft Behind, n° 8); D€j.Gcr¢/z.o# j4#/z.cú#.j./ T4Á# ÍúG Túm# q.eft Behind, n°
9D., Tbe Rsmnarit: On tl)e BrinR of Armagemdon aÀftBehiri:d, r\° 1UD., Armageddon: Tbe Cosmic Battle
o/ ÁÚG .4g" q,eft Behind, n° 11); and GÁ7#.o#r j4j!PGm.#g.. TÚG E#J o/ Dgr q.eft Behind, n° 12).
Cf. Nancy Gibbs, "Apocalipse Now", T/.#G,1 de julho de 2002, 20-28; ]ohn Cloud, "Meet the
Prophet", ibid., 30-33.
45 Dwight K. Nelson, lz7;4á7/ `I#j# BGÁz.#c7' 1+% BGÁz.#cJ (Hagetstown, h®: Review and
Herald, 2001), publicado em poituguês como j\r¢.#g#6'Â# JIGné DG/.xzzc/o pá7m Tnzá.. 0 7w ¢ B/'bÁ.cz
rp4/7wG#/í ¢.z J.obw o cm?bár/zí#f#/o ¢ o/Â# Jo #//#do (ratuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004).
4ó Romeifo,183. Válnice Milhomens faz um para]elo entfe o sábado da Criação, os seis mil
anos de história e deduz que o sétimo milênio é o sábado que marca o início do descanso eterno
do povo de Deus. Ela arg`menta que quando lsfael foi festaufado em 1948 era apenas o prelúdio.
Quando chegou o ano de 1967, seis e sete se encontraram. A seguif, parte da argumentação dela
transcrita por Romeiio: "Não passará esta geração até que o resto se cumpra. Que geração?
A geração que começou no dia sete de junho de 1967. Quanto dura uma geração? Quarenta
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM

anos. Glória! Uma geração, contando de 1967, vai até quando? 2007. Faltam quantos anos paia
completar uma geração desde a restauração de ]erusalém? 17 anos" ¢bid., 183-184).
47 ibid., 185.

48A fonte pesquisada, ]on Paulien, não revela o nome do pregador.


49]on Paulien, 17:ú4/ ÍúG B;.b¢ J?r Ááo#/ TÚG E#c/-T/.Â#G (Hagerstown, ND: Review and
Herald,1998), 22~23.
5°Ainda subsiste o debate acerca de como foi recebida a mensagem da justificação pela
fé em Cristo dada na Assembléia da Associação Geral de 1888. Alguns preferem crer que a
mensagem, claramente proclamada em Minneapohs pof E. ]. Waggoner e A. T. jones e apoiada
pof Ellen G. White, recebeu oposição pelos delegados da Assembléia. Outros ctêem que foi
aceita pela maioria dos delegados e que iniciou um grande feavivamento que resultou em uma
bênção real para a igreja remanescente. Amold V. Wallenkampf, lJ7lÁá7/ Ewcy j4c7w#/z.j./ JÁo#Á/
K#ow.4bo#/ /888 (Washington, DC: Review and Herald,1988), 7. Para amphaf a compreensão
do tema, ver também George R. Knight, FroÂ# 7888 /o 4Pof/iqg/.. TÚG C#G o/ j4. T. /o##
(Washington, DC: Review and Herald,1987).
5t Para melhor compreensão da expressão "esta getação", ver: josé Caflos Ramos, "An
Exegeticàl Study On Mattew 24:34", Universidade Andrews, maio de 1982.
S2PaLrii:en, What the Bible Sqyf About the EndTime, 2:3.
53ibid,19.

s4Ibid.' 20.
55Antorio Caflos Gonçalves, "1987/ 1988: começa o (último?) jubileu!". /or%/doj4jw4#Áã,
94 outubro 1987, 3; "jubileu -A estrela da volta do Messias", ibid., dezembfo 1987, 4-5; "Mais
detalhes sobfe o jubileu", ibid., janeiro/fevereiro 1988, 4.
56 NCM"2in G`"cy, ChriSt h Coming A Chrift-centered APproach to IAst-Dq EtMmts

Qlagerstown, h®: Review and Hefald,1998), 508.


57 Siegffied H. Horn, ed., j`%#/ó-dgí.4dw#/7.J/ Bí.G/G D;.f/z.o#4cy, ed. rev. (Washington, DC:
Review and Herald, 1979), 625.
58 Gu||ey, 508.
59Membros da lgfeja Adventista do Sétimo Dia.
6°WandetleyD'Paulae]acódeohveirapinto(esteúltimograduadoemTeoloriapelosalt-
IAE em 1989) visitaram igtejas adventistas do Brasfl, pfomoveram reuniões de reavivamento,
alertando as congregações de que a união entre o presidente norte-americano e o papa havia
ocorrido, em seguida seria promulgado o decreto dominical e se desencadearia a petseguição
contra os guardadores do sábado. 0 livreto produzido pof D'Paula, 0 Ú/yz.Â% JÂ%j)éri.o M##dí4/,
atualizado em 2003, retirou as referências ao pfesidente Ronald Reagan e passou a aphcá-las
em várias instâncias a George W Bush. Algun s j./z.J# utilizados por esses senhores mostravam
a placa traseira do veículo presidencial com o número Ó6ó. Efa mais uma prova, segundo eles,
de que o fim estava às portas.
6] Diógenes l,opes Ohveira, 0 +¢#/zfó#.o 4b DG#r Íreresópolis, R]: Diógenes L. 0liveira,
s.d.), 2, 82-83,100-101. Diógenes Lopes de Oliveira, natural de Baixo Guandu, ES, formado
pelo Salt-IAE em 1981.
62D.uógierLe;s L. de OHwém, Contagem Rsgrefsiua Riimo ao Ano 2000: Prof iedaS que moStram oS

grandes acontedmentos que ocorrerão neJia década, culminando com a únda do Messias,1990 ,9 .R!cfu:taínào
as argumentações contidas nesse material, Sônia M. M. Gazeta escreveu RG¢"/é7 á Co#/zggí#
NOVAS IDÉIAS PARA 0 FIM

a hora da vinda de jesus e estabelecendo concerto eterno com seu povo. Semelhantes
à estrondos do mais fortc trovão, suas palavras ecoam pela Tetra inteira. 0 lsfael de
Deus fica a ouvir, com o o]har fixo no alto. Têm o semblante iluminado com a sua glória,
brilhante como o rosto de Moisés quando desceu do Sinai. Os ímpios não podem olhar
para eles. E, quando se pronuncia a bênção sobie os que honraram a Deus, santificando o
seu sábado, há uma grande aclamação de vitória." Ellen G. White, 0 Gr¢#dG Co#/Í./o (Tatui',
São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2001), 640. Isto acontecerá depois que o destino
eterno de todos já estiver selado. Portanto, este texto não fotnece matgem à especulação de
que alguns saberão o dia e a hora da volta de Cristo antes dos denominados eventos finais:
decreto dominical, fechamento da porta da graça, decreto de morte, perseguição aos fiéis
e as sete últimas pragas do Apocahpse. Haverá também uma rçssurieição especial nesse
período. Para amphar a compfeensão da escatolosta adventista, ver Gn¢#JG Co#/%.}o, 603-6.62;
ver também, Donald Ernest Mansell, Túe J`Ác7PG o/ /Á7G CoÂz#.#g C#.j:/.f.. j4 Jeg#e%e o/ E#J-/z.#G
Euenti Based on tbe Wrtings of Ellen G. White Q`I.ampa, ID: Paclhc P£ess,1998).
]S SoMhos e Visões d8 ]eanine S autron: Menfag;m compbtíH até feteml?ro d81995,2 vc>Às. @rasí@Àa:. Cen:no

Evangdístico Sonhos e Visões,1995). Oséas Maure[ é natml de São Ffaricisco do Sul, SC, ex-ancião
da lgÉa Advmtista Central de Brasflia, e se aposentou como fimcionário do Banco do Brasil
76 Timm, "Movimentos, Tendências e lnterpretações Particulates na lgreja Adventista do
Sétimo Dia do Brasil", apostila de classe,18-19.
77 0 movimento também ensria, entre outras coisas, (1) que "a IASD tofnou-se Babflôria,
a parúr da década de 1960, porque se uniu ao estado, ao papado, ao ecumenismo, mudou suas
doutrinas, deixou o mundo entíar na igreja, adotou o pentecostalismo da Ce/eéJr¢/z.o# Cú#rfú, está
g6 usando técnicas espíritas e pagãs de programação neurolingüística nas pregações e, finalmente,
recusou a vefdade enviada do céu a ela, através da Sra. White e da Sra. Sautron; (2) que os
remanescentes vivos devem agora se abster de todo produto animal e também do sexo..."; e
(3) queJones e Waggoner são as duas testemunhas de Apocalipse 11 :3, que ressuscitarão "para
pertencef aos 144.000" qbidem).
78ibidem.
MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS

desestabilizar toda a minha base cristã de tal maneira que eu não sabia mais em que
acreditava após conversar com ele.''9
0 incidente de Waco é uma dura prova de que a mentaüdade "dia do juízo"
pode ter severas conseqüências para aqueles que são envolvidos por ela.'° A história
da vida de Vernon`Wayne Howell (o verdadeiro nome de Koresh), especialmente a sua
infância, ajuda a entender o seu comportamento desordenado. Problemas emocionais
não resolvidos, adicionados à memorização de textos proféticos complexos da Biblia,
que ele mal-interpretou e retirou do contexto, resultaram em um quadro apocalíptico
forjado pela sua imaãnação perturbada e doentia.
DÍversos fótulos têm sido usados para descrever o pensamento distorcido de David
Koresh: "psicopata, paranóico, megalomaníaco. Um dos diagnósticos mais perceptivos
pode ser que Koresh sofria de uma aguda desofdem de personalidade narcisista"."
Em 1995, no japão, a seíta Verdade Suprema, lidefada por Shoko Asahafa, lan-
Çou gás no metrô de Tóqujo, envenenando milhares de pessoas. Baseado em tradições
japonesas, nas quais a idéia de fim do mundo é menos freqüente, Asahara proclamou
que ele e seus seguidores estavam predestinados a controlar a história."
Os adoradores do Heaven's Gate Q'ortal do Céu), em San Diego, na Caüfómia,
uma mistura entre o milenarismo tfadicional com mitos da ficção científica correntes
na cultma popular americana, em especial a ufoloria, decidiram dar um fim à pfópria
vida. Marshall Applewhite, também conhecido como "Father john", era o líder do
grupo. A maior parte dos suicidas tinha formação universitária e entrou em contato
com a seita através da internet.
Em março de 1997 foram encontrados em uma casa luxuosa nos subúrbios de
San Diego 39 corpos de homens e mulheres que pertenciam à seita lligher Souce
- um grupo que prestava serviços de informática e compartilhava crenças esotéricas
através de um "site" conhecido como "Heaven's Gate". Todos estavam vestidos de
preto e cobertos por mantos purpúreos. Eles acfeditavam que sua essência imortal
residia apenas temporariamente em seu corpo tefreno, que a individuahdade do copo
devia ser riãdamente suprimida. Também criam que logo após a morte sua essência
poderia reunir-se aos poderes superiores extraterresttes, e uma nave espacial estava à
espera deles atrás da cauda do cometa Halle-Bopp, que naqueles dias passava próximo
à Terra,t3 para levá-los pafa "casa''. Eles combinaram conscientemente o milenarismo
com a ficção científica moderna.
Segundo Gould, a declaração oficial redirida antes do suicídio coletivo," em 1997,
dizia express amente:
Viemos do Nível Sobre-Hummo no espaço sideral e agora abandonamos o copo que
vestimos pafa nossa tarefa terrena, a fim de voltaf para o mundo de onde viemos -missão
cumprida. 0 espaço sideral a que nos referimos é aquilo que sua hteratura rehdosa chama
de Reino dos Céus ou Reino de Deus. Viemos com o propósito de abrir uma passagem
pa[a o Reino de Deus nos últimos tempos desta civihzação, no fim deste milênio."
CAPÍTULO 8

MOWMENTOS CONTEMPORÂNEOS

Em 1978, na noite de 18 de novembro, aconteceu em ]onestown -uma aldeú no


meiodaseh7adaGuiana(indesa)-omaisdramáticocasodesuicídiocoletivoporfanatismo
relíSosQSçguindoopastorjim]ones,tlíderdaseitaoTemplodopovo,maisde900pessoas
morreram ao ingerir uma mistura de suco de laranja com cianureto Os que se recusaram a
bebefovenenoforamassassinados.2jonesconseguirapefsuadiramultidão,alçgandorece-
bet visões divrias, de que um holocausto nuclear era iminente e que somente duas cidades
sobrevíveriam: Ukkiàh, Califórtria, e Belo Horizonte, Brasil. Além do mais, ensinava ele, era
necessário um ato de suicídio revolucionário para protestar coma o racismo e o fascismo.3
Ainda que ele não tivesse previsto com exatidão a data do apregoado holocausto, incuüu
em seus sçguidores um senso de inquietante e desesperadora brevidade.
Comentando esse suicídio coletivo, o diário 1%rÁí.#g/o# Po+/, num curto editorial,
fesumidamente escfeveu: "0 episódio das mortes na Guiana desafia o entendimen-
to." Com efeito, é dificil acreditar que homens e mulheres nofmais possam aguardar
pacientemente, numa longa fila, a dose letal que os matafá em poucos instántes. Não
se pode imaginar que pais, mães e filhos se unam em nome da fé, na consumação de
tão diabólico ritual. Numa tentativa de explicar esse comportamento doentio, escreveu
Enoch de Ohveira: "Uma geração torturada pelo medo, traumatizada pela angústia,
e tiranizada pela incerteza, busca com sofreguidão um salvador - qualquer salvador
- com uma palavra de fé, portador de uma mensagem de esperança."4
Em setembro de 1985, sob o comando da denominada "sacerdotisa suprema"
Mangayonon Butaog, fiéis foram mortos com formicida mediante a promessa de
que todos veriam a "imagem de Deus" em breve.5E em Yongin, a sul-coreana Pafk
Sóon, conhecida como a "mãe benevolente", reahzou no dia 29 de agosto de 1987
um ritual em que morreram 32 pessoas, sob a promessa de um reino celestial imediato
aos que se submetessem.Ó
Em 19 de abril de 1993, aterrorizado, o mundo assistiu aos seguidofes de Da-
vid Koresh7 envolvidos pelas chamas em Waco, no Texas. Ele se autodenominava
Cristo e disse que §eus seguidofes pfecisavam passaf pelo "fogo purificador". Setenta
e cinco pessoas morreram queimadas inclusive vinte e cinco crianças. 0 incri'vel é
que alguns dos seus seguidores que sobreviveram àquele infemo ainda aguardam o
aparecimento em glória do seu "messias" com os discípulos que foram sacrificados.8
David ]ewell, cuja esposa havia morrido no fogo na semana anterior prestou o se-
guínte depoimento: "Em 20 minutos, em um diálogo telefônico, Koresh conseguiu
0 DIA DA SUA VINDA

_Em 31 de março de 1998, membros de uma seita üderados por um taiwanês,


esperavam a chegada de Deus, que deveria anunciar a data do fim do mundo. Na hora
apontada, no entanto, Deus não apareceu. 0 líder da seita se justificou dizendo que
Deus estava dentro de cada membfo do grupo e também profetizou uma grande ca-
tástrofe para o ano de 1999, dizendo que apenas os puros e vegetarianos deveriam se
salvar, sendo levados por uma nave espacial. Assim como os integrantes do Heaven's
Gate, quase todos os membros dessa seita tinham formação universitária. Neste caso,
contudo, apesaf da preocupação dos poticiais, não houve suicídios.t6
No início de janeiro de 1999, membros da seita apocalíptica Concerned Christians
(Cristãos Preocupados), todos norte~americanos, planejavam apressar o segundo ad-
vento de Cristo com um banho de sangue nas ruas de ]erusalém. Além desse grupo, o
governo israelita já identificou outros, com planos semelhantes ou de suicídio coletivo
no Monte das Oliveiras.17
Numa aldeia de Uganda, o número de membros de uma seita apocalíptica
mortos ultrapassou a 700. Eram adeptos da seita religiosa Movimento pela Restau-
ração dos Dez Mandamentos de Deus, e estavam convencidos de que no sábado
17 de março do ano 2000 seriam levados para o paraíso, depois de uma visão de
Nossa Senhora. Trata-se do segundo maior suicídio coletivo da história contem-
porânea, só superado pelo registrado em jonestown, nas Guianas, em 1978.`8
Quando]ean Delumeau, em E#/rG#.r/¢wo¢# o/# Jor /g#PoJ, foi interrogado 99
sobre os temores ou expectativas escatológicas que renascem no fim do milênio,
declarou em 1999 que
os suicídios coletivos pepetrados em seitas como a Otdem do Templo Solaf, e Portão
do Pafaíso, revelam a angústia que se apoderou de certos espíritos frágeis ante a apro-
ximação de prazos que mes parecem apocah'pticos. A vida em nosso planeta, pensam
eles, ficou impossível e ficafá cada vez mais à aptoximação de catásttofes esperadas. As
pesquisas de opinião píovam que esse sentimento é muito compaftilhado no Ocidente;
parte delas, publicada iecentemente, estabelece que 59°/o dos habitantes dos Estados
Unidos esperam catástrofes iminentes. ]9

0 ateísmo responsabiliza a religião por fazer as pessoas acreditarem numa


vida "pós-morte" incomparavelmente melhor do que a vida presente. Segundo
ateus e agnósticos, essa crença de que a morte não é o fim de tudo influencia a
humanidade a pensar no suicídio como uma forma de antecipar o desejado mo-
mento da eternidade luminosa. 0 biólogo evolucionista Richard Dawkins declara:
"Não há dúvida de que o cérebro suicida obcecado pela vida após a mofte é uma
arma poderosa e perigosíssima."2°
0 estrago causado pot essas seitas na mjssão de proclamar o evangelho é irrei
parável. Os céticos passam a ver a cristandade em geral como estando contaminada
por esse pensamento doentio de "ansiar pela morte para obter a promessa superior".
Os cristãos têm sido comparados pelos descrentes àquele grupo de terroristas que,
MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS

em 11 de setembro de 2001, aceitou participar de uma missão suicida, com a certeza


de no além desfrutar de prazeres e delícias.

Previsões para o ano 2000


As chamadas profecias de Nostradamus2] causaram pânico em muitas partes do
mundo, quando, a partir de cálculos em seus escritos, chegou-se ao ano 2000.22 Suas
pfofecias são vagas e abertas a muitas interpretações. Assim, muitos acreditam que suas
previsões vêm se concretizando em fatos como a ascensão e queda de Napoleão ou
do nazismo. Nostradamus prevê o fim do mundo somente no ano 3797, como a|guns
acfeditam, mas de qualquer forma as interpretações de suas profecias dizem sobre
muita destruição e fome para o final do milênio. Por exemplo:
A fome seiá tão grande e longa que o homem virará canibal... A guerra começará quando
o Sol, Mafte e Mefcúrio se unifem no signo de Aquário. No ano de 1999 e sete meses, do
céu vifá o gtande fei do Terror. Ele trará de volta à vida o rei dos mongóis, antes e depois,
reinados de guerra. Do país da grande Arábia nascerá um fortc mestre da lei de Maomé.
Esse rei entfará na Europa usando turbante azul. Aquele que fará os infemais deuses de
Anil)al viverem novamente. Será o terror da humaridade, nunca tanto horror.23

As previsões de Nostradamus não poderiam ser menos tertíveis, pois ele próprio
íoo viveu como médico numa Europa assolada pela cólera, vendo morrer a própria esposa
e filho sem poder fazer nada. Dissimulando sua fé judaica pefante o tribunal da lnquisi-
Ção, que naquela época perseguia tanto protestantes quanto judeus, e atormentado pela
visão de milhares de mortes ao seu redor, não poderia ter outro sentimento senão o
apocalíptico. Suas profecias, no entanto, não são totalmente desesperançosas: "Depois
de a guerra durar um pouco, haverá um novo reinado de Satumo e uma era dourada.
Nascerá uma nova era de paz universal, uma paz de ril anos".24
A pattir da segunda metade do século 20, os intérpretes e estudiosos da obra de
Nostradamus entram em uma zona de confiisão maior, levados pelo fervor "milenarista"
(quase apocalíptico) que se quis encontrar em suas predições.25 Buscando apoio às pressu-
posições de um fim com data marcada, recofreu-se aos obscuros e misteriosos textos de
Nostradamus para se apresentar um argumento pretensamente digno de credibilidade.
Em]uazeiro, no Ceará, persiste ainda hoje uma seita denominada Borboletas Azuis,
assim chamada devido à cor da roupa de seus adeptos. Trata-se de uma seita de fanáticos,
devotos do padre Cícero Romão Batista. A seita adota no cotidiano rituais de penitência
e sacrificios como forma de salvar a alma diante da proximidade do Apocalipse. Segundo
eles, no ano 2000 o mundo se consumiria em fogo. A suposta pfofécia foi revelada ao
líder da seita num sonho em que o padre Cícero lhe deu a missão de organizar um grupo
capaz de orar pela salvação da humanidade. De acordo com Leite e Winter, os penitentes
de]uazeiro são adeptos da castidade, não participam das festas rerionais e nem usufruem
o conforto tecnolórico. Em suas casas não há enerãa elétrica, água encanada ou rek5ãgs,
0 DIA DA SUA VINDA

não falam ao telefone, nem andam em automóvel e nem usam dinheiro. Pot fim, não en-
viam as crianças à escola, preferindo que sejam alfabetizadas pelos fiéis mais velhos.26
]ames MCKeever presumiu: "Nós não estamos dizendo que]esus voltará no ano
2000. Nós estamos dizendo que, se esta tendência continuar, é possível que]esus volte
em tomo do ano 2000, mais ou menos dentro. de trinta anos".27 Este era, novamente,
um tema muito antigo na exposição pipfética. Remontado pelo menos até ]oachim de
Floris, e na história americana até ]onathan Edwafds e Timothy Dwight, ambos tendo
vislumbrado o ano 2000 como escatolodcamente momentoso.28
Uma nova expectação pelo segundo advento de Cristo foi relatada em um aftigo na
revista I\rG#j`#GGÁ, de 15 de novembro de 1999. 0 fato foi descrito da seguinte maneira:
Ifmão David veio a jerusalém do Bfooklin 18 anos atrás, esperando dia após dia teste-
munhar a Segunda Vrida. Ele vendeu todas as suas posses na América e encontrou um
lugar para viver no Monte das Oliveiras, em um empoeirado lugar chamado Azzarye
na vizinha Palestina. Os evangelhos chamam a este lugar Betânia e dizem que este foi
o lugar onde ]esus ressuscitou Lázaro dos mortos. Irmão David e um punhado de se-
guidores reúnem-se aqui cada entafdecef para esperar pelo retorno do messias, orando
e fdando em línguas. 0 irmão David declarou ao repórtet da fevista NG#j»GGÁ estar
muito entusiasmado porque sentia que o Senhor estava retornando. A passagem do
milênio é o tempo da Sua vinda.29

0 líder dessa seita aguardava a segunda vinda de ]esus no Monte das Olivei- joí
ras. Ele se autodenominava I£mão David e pedia para assim ser tratado pelos seus
seguidores. A permanência dele e de mais 100 estrangeiros vivendo naquela região
preocupou as autoridades policiais de lsrael. 0 medo era que causassem tumulto
dentro de ]efusalém enquanto aguafdavam o "grande dia". Felizmente, dessa vez,
não ocorreram pfoblemas significativos.3°
Em junho de 2001, uma previsão esotérica provocou transtornos. "Um planeta
vermelho, chamado Hercobólus, está vindo em direção à Terfa. Vri ocorrer um cho-
que fiilminante que destruirá quase toda a vida existente. Apenas um lugar ficará hvre
da destruição: a retião rural de Sete Barras', grande produtora de banana no Vale do
Ribeira. Os poucos sobreviventes serão recolhidos por um disco voadof." 3t
De olho nessa previsão esotérica, e seguindo uma cabeleifeifa com quem fizefam
um curso de gnose, quatro rapazes e um adolescente de Santo André fiigiram de casa
e fofam parar na feãão mais pobfe e menos desenvolvida do Estado de São Paulo.
Aflitos, os pais peregrinaram pelas delegacias e pefcorteram mais de 500 km de estra-
das, "até tudo acabaf bem, com os filhos de volta para casa e a ameaça de Hercobólus
momentaneamente sob contro|e."32
No dia 15 de setembro de 2005, os judeus celebraram a passagem de ano, come-
morando a entrada do ano 5765. Provavelmente, muitos utilizarão essa contagem dos
anos em sua afgumentaçâo do fim do mundo ao término de seis ril anos. Os adeptos
da teoria de que "o sétimo milênio será celebrado no Céu" podem alegar que todas
MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS

as marcações de tempo falharam até hoje porque ainda faltam mais de 200 anos para
chegar o sétimo milênio.
A ffeqüência com que as catástrofes naturais têm ocorrido criou uma série de
anáhses sombrias vindas do mundo científico com respeito à continuidade da vida
humana no planeta Terra. Servem como .exemplos as reportagens especiais de dois
números da revista Lly.óz, que troux,eram nas capas as manchetes: "A Terra no limite''33
e "Aquecimento global: os sinais do Apocahpse".34 Ressalte-se que o intervalo entre a
publicação das duas reportagens foi curto (outubfo de 2005 e junho de 2006). Tam-
bém abordando catástrofes naturais, a reportagem de capa da revista JzPG#.#/p#"7#/G
destaca os dizeres: "0 fim do mundo começou".35 Ambos os periódicos, contendo
essas matérias, foram publicados a partir de outubro de 2005, após uma sucessão de
desastres, como enchentes, epidemias e fiiracões.
Zinaldo Santos, na R£#.J./zz.4J#€#/z.J./z7 de fevereiro de 2006, desenvolvendo o tema
de capa "Catástrofes naturais e fim do mundo", coloca o seguinte:
Aproximadamente cinco anos atrás, pesqüsadores norte-americanos do Fundo
Mundial para a Natureza esboçaram um cenário caótico do planeta Terra em 2100, caso
ele chegue até lá. 0 quadro seria resultante de preocupantes calamidades e alterações
na natu[eza: migfação e extinção de algumas espécies de aves e animais, sepultamento
de cidades e ilhas, provocado pelo aumento do nível das águas do maí; inundações,
OZ nevascas, fi]facões e ciclones ceifando vidas a cada ano.3ó

Os adventistas do sétimo dia crêem que os riscos cada vez maiores de destrui-
Ção do planeta asseguram que em pouco tempo o Senhor da História intervirá para
fazer "novas todas as coisas" (Ap 21:5). Mesmo que não seja possível estabelecer
com precisão o último momento da história do planeta Terra, os sinais no mundo
natural e o desequilíbrio ecológico deixam claro que esse tempo não demorafá.
0 século 20 foi palco das duas Guerras Mundiais, sendo que a primeira
ocorreu entre 1914 e 1918 e a segunda entre 1939 el945. Além desses conflitos
bélicos com milhões de mortos, outfos embates ocasionafam milhares de baixas
em pouco tempo com a utilização de armas tecnologicamente mais precisas e
destrutivas.37 0 século tecém-concluído foi caracterizado pela insegurança e te-
mor, sentimentos crescentes no ser humano nas últimas décadas, em grande parte
devido ao terforismo e à violência. Diante desse quadro de instabilidade social e
emocional desencadeado a paftir das guerras mundiais, os anunciadores do fim
do mundo multiplicaram-se, alguns deles inclusive atrevendo-se a estabelecef com
precisão a data em que o fim ocorreria.
Muitos têm afirmado num tom solene e profético que a humanidade se
autodestruirá em um futuro próximo, e que a extinção do planeta ocorrerá em
decofrência do uso de armas nucleafes. A pfoximidade do ano 2000 coincidindo
com a incapacidade humana de viver em paz atraiu os prognósticos sombrios de
uma mortandade universal.
0 DIA DA SUA VINDA

No entanto, essa destruição não ocórrerá como fesultado de uma decisão suicida
tomada por condutores de nações integrantes do "clube atômico". Enoch de Oliveira
pondera que será uma conseqüência da intervenção sobrenatural de Cristo nos destinos
do mundo. Como Criador do átomo, Deus intervifá de forma inevitável para assumir o
controle da energia nuclear e para "destruir os que destroem a terra" (Ap 11:18).38
Dentre os sinais apresentados pof jesus a respeito do fim do mundo em Mateus
24, encontra-se a pregação do evangelho "por todo o mundo''. Levando-se em conta
a rapidez e alcance do evangelho em lugares anteriormente impenetráveis, - e nesse
aspecto a mídia tem indiscutível e significativa participação -pafa um grupo inevitável
deduzir que em pouco tempo a missão estará cumprida. 0 passo seguinte nesse racio-
cínio é "quanto tempo levará para qu`e o mundo todo seja alcançado pela Palavra de
Deus?" Os "pregoeiros de tempo", alguns movidos pelo zelo missionário, outros com
o intuito de demonstrar mais espiritualidade e consagração, mesmo estando integrados
às igrejas consideradas tradicionais e sérias arriscam suas predições, geralmente dando
um prazo curto. "Poucos anos, no máximo entre cinco a dez anos'', e "o mundo todo
terá sido alertado e o Senhor]esus virá".
0 sinal está correto, ]esus Cristo foi claro ao indicar que o fim do mundo está
associado à pregação do evangelho "a cada nação, tribo Hng`ia e povo" (Ap 14:6). Esse
foi um dos mais significativos sinais deixados pelo Senhor. 0 perigo está na tentativa
de estabelecer-se um prazo para que eàsa missão seja plenamente levada a termo. Ao jo5
se delimitar um prazo, cria-se uma ansiedade, freqüentemente seguida por alarmismo
e fanatismo em tofno dos acontecimentos finais e atitudes impróprias no aguardo do
advento de Cristo e do fim do mundo.
Essa seção apresentou pfognosticadores do fim do mundo no periodo com-
preendido entre o início do século 20 e início do século 21. Comparando-se com os
períodos mais longos abordados nos capítulos anteriores, os capítulos 6 e 7 destaca-se
por uma incidência proporcionalmente maiof de marcadores de datas.
Desde o início do século 20, foram despertados temores e expectativas quanto à
chegada do místico ano 2000. As condições sociais e políticas de países atormentados
por revoluções internas como ocofreu na Rússia, bem como a instabilidade e incerteza
da continuidade da vida humana nos países europeus envolvidos nas duas grandes
guefras, somadas ao anseio da alma humana por uma vida melhor, formam um cenário
predisponente a pregações e doutrinas assegurando soluções imediatas.
Nessecontexto,Érejascristãscomoalgrejacatólica,IgrejaAdventistadosétimoDia,
Igrejas Evangélicas de cunho dispensacionalista, §eitas como as Testemunhas de ]eová 39 e
outras, tiveram dentre os seus adeptos, a|guns que emitimm cálculos proféticos e interpreta-
Ções do fim do mundo, chçgando a fomular uma data específica para o acontecimento.
Nos últimos cem anos, marcar datas para o fim do mundo evidenciou-se como
um procedimento febril. Em algumas circunstâncias, o fanatismo insano que induziu
pessoas ao suicídio, crendo que iriam alcançar um nível superior de existência num
MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS

paraíso dístante, o mais rápido possível. 0 surpreendente é que, dentre os que atentaram
contra a própria vida ao se unirem à seitas suicidas, encontravam-se pessoas com nível
universitário e/ou procediam de igrejas consideradas equilibradas em suas crenças.
A proximidade do ano 2000 e do fim do milênio culminou com o surgimento
de cultos de cunho apocalíptico. Tais seitas organizam-se sempre em torno de
um líder carismático - em geral, uma pessoa que se inspira em antigas profecias
e as interpreta como se fossem aquilo que a Bíblia chama de "sinal dos tempos".
Considerando-se especialmente eleitos, dizem ouvir a voz de Deus é apresentam-
se como os únicos capazes de atender ao chamado divino, estando os demais
destinados à perda eterna. 0 líder geralmente vê maleficios e corrupção por toda
parte e interpreta os desastres naturais como sinais inquestionáveis da ira divina
e indícios da proximidade do juízo final. Em alguns casos, essas seitas revelam
apenas uma série de comportamentos estranhos, mas em outros, cõmo foí visto
nesse capítulo, o que se presencia são verdadeiras tragédias.

Notas
104
t]ames Warren "]im" ]ones, fundador do "Peoples Temple". Os membros da igfeja
de jones o chamavam "papai" e acreditavam que o seu movimento era a solução para os
ptoblemas da sociedade e muitos não separavam Jones do movimento ptopfiamente dito.
Ele era filho de um membro da seita radiéal Ku-Klux-Klan e conside[ava-se a teencarnação
de jesus e Lenin. No verão de 1977, ]ones e a maioria dos membros do Peoples Temple
mudatam-se de San Francisco pafa Guyana depois de ter sido iniciada uma investigação
em sua igreja poi sonegação fiscal. A intençâo deles era criar uma utopia agricultural
na floresta, hvre do racismo e baseada em princípios comunistas. Nessa ocasião, jones
afifmou aos seus seguidores que ele era a encarnação de Cristo e Deus (http://rickross.
com/gfoups/jonestown.thml,14 de junho de 2006).
2Leite e Winter,103; Geofge Vecsey, "Seven Survivors of Cult Retufn", rbG NéÁy
yoíÁ T;.%GJ., 30 de novembro de 1978; "Nightmare in ]onestown'', T;.jwG, 4 de dezembfo
de 1978, 23.
3 Http:/ /www.gbs.sha.bw schule.de/jimjones_history.htm,14 de junho de 2006.
4 Enoch de Oliveira, .4#o 2000.. j4#g#'í/z.4 o# E¢fflz#fzí? Íratuí, SP: Casa Publicadota
Btasileira,1988), 24. Foi o mais espantoso suicídio da história humana. 0 reverendo ]im
]ones, de 47 anos, fundador da exótica seita."O Templo do Povo'', exaltava diante dos fiéis
os "encantos da morte". Dirigia-se a uma congregação que, sob sua liderança carismática,
havia emigrado dos Estados Unidos pata se estabelecer como colônia em uma pequena
comunidade agrícola de nome Jonestown, nos confins da selva tropical da Guiana. Esse
suicídio trouxe à luz a história assombrosa de um "messias" que ao longo de 15 anos trilhou
impunemente os caminhos da insanidade feliriosa. Os desmandos dejones inclu'am relatos
de violência, tortura e extorsões que se mesclavam com as pfáticas teligiosas. E o númeto
de adeptos da seita chegou a 10 mil pessoas qbid., 23-24).
0 DIA DA SUA VINDA

5Leite e Winter, 103.


6 Ibidem.
7Este foi o nome adotado por ele. Seu nome de registro era Vernon Wayne Howell.
Soffeu abuso sexual do seu padrasto quando tinha cinco anos e isto perdurou até que atingisse
os nove anos de idade. A partir dos nove anos passou a freqüentar a lgreja Adventista do
Sétimo Dia em Hou§ton, no Texas. Apfeciava ouvir pregadores através dõ rádio e amava ler
a Biblia, fixando na memória textos complexos de livfos ptoféticos como lsaías, jeremias e
Ezequiel. Visitava com regularidade um pastor da lgreja Batista que residia próximo à sua
casa e assistia ocasionalmente os cultos aos domingos. Das divefsas corfentes de influência
religiosa, a sua ligação com a lgreja Adventista do Sétimo Dia exetceu o mais significativo
impacto em seus conceitos apocalípticos. (Kenneth Samples, Erwin de Castro, Richard
A:ho."Í=s, e R!obc:ft Tly+e, Prophets of tbe A:PocalgpJe: Daüid KoreJb arid other American Messiabs
[Gfand Rapids, MI: Baker,1994],17-23).
8 Tí.z#G, 3 de maio de 1993,16-29.
9 Ibid., 23.
`°David Kofesh acreditava que sua mãe e seu pai biolódco voltariam a viver juntos e
reconstituiriam a fámflia desfeita havia mais de vinte anos. Deveriam if pata lsrael e permane-
cer lá até o Amagedom. "Os sonhos de Vemon de uma famfia feunida novamente jamais se
materializaram" Q:ennedi Samples G/ 4/, 20).
" Craig L. Nessan, "When Faith Tums Fatal: David Koresh and Ttagic Msfeadings of
Revelation", C#me#/J ;.# T4%Á?2g}Í 4#JM/.Jw.o#, 1995, 22: 191.
12|.eite e Winter,104.
13Ibidem.
`4Ve;i t2Mribérn A:Le:iíandÊo B`"!ón, 0 Terceiro Milênio e ai Prqf iciaJ do APocappse: Como Viwr
JGz¢ Mecb do F#/#m (Tatuí, SP: Casa Publicadoía Brasileira,1998), 9.
" Stephen Jay Gould, 0 Mz.&á e% £#GÍÂâo (São Paulo: Companhia das Iletms, 1999), 51 -52.
16Leite e Wintef,104.
i7 ibid.,103-104.
`8 Hftp://an.uol.com.br, em 28 de fevereiro de 2006.
]9 ]ean Delumeau, em Eco et al., 98.
20 Ríchafd Dawkíns, o+ M,,j:j,,z.r De,go„„4d,, dz R,#é,.Go, http:,,www.str.com.br,ath
misseis.htm, em 28 de fevereiro de 2006.
" Michel de Notredame Qlostradamus é o equivalente latino) nasceu na França em 1503
e fàleceu em 1566. judeu convertido ao cristianismo, além de exeicer a fimção de médico, dedi-
cou-se à astroloda. Sua fama se deve ao hvro CG#Â##.cM, escrito em 1555, que contém uma série
de píofecias em vetsos` Em 1559, a morte do [ei Henrique 11 da Ftança de forma semelhante
à prevista nas CG#/#'#.4f rendeu a Nostradamus grande notoriedade e a nomeação como médico
da corte de Caílos IX ajeite e Winter,101). Suas obras: "G PmpÁG#.er,. rbGj4/%zÍ#4ÍT,. OÍzAf.4Po/b
Qttp:/ /em.wikipedia.org/wiki/nostradmus#wotks,14 de junho de 2006).
22Nas CG#¢#.cÜ (quadm 10-72) lê-se: "No ano mil novecentos e noventa e nove, sete
meses / Do céu virá um grande rei do tetrof / A fessuscitaf o g£ande Íei de Ahgoulmois /
Antes depois, Mafte (a) Reinar por fortuna". Os "exegetas" htepfetam: Chçga o fim do mundo
como conseqüência de um guerra ou revolução em escala mmdial. "Rei de Alngoulmois" é um
anagrama de "rei dos mongóis" (que denota um país asiátic\o, embora não necessariamente os
MOVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS

mongóis). A data é clafa: julho de 1999 Qené Barrillac, Í4J Pno/¢cz.ázJ.. JGo Má7Ázg#7.4f, Noj./rjz&##f
€ o,€Â# d #//#Jo [São Paulo: Planeta, 2004], 96-97).
23Barti|lac, 97; Leite e Winter,102.
24Extraído do programa intitulado TÚG #cm #Áo Jáw /0%o#o#, dirigido e narfado por
Orson Welles qeite e Wintef,102). Muitas previsões de Nostfadamus para o século 20 fa-
lhafam - simplesmente não aconteceram, afirmou Michael di Cicco num artigo publicado
no jomal Z#o Horj7. Alguns acadêmicos, diz Di Cicco, afirmam que as profecjas de Nostfa-
damus são tão vagas que, com um pouco de imaginação, podem se adaptar a praticamente
qualquer acontecimento. qomeiro,174-175).
25 Bardllac, 118.
26 ibidem.
27Boyer, 338.
28ibidem.
29 Matt Rees, "The Way the World Ends", I\rG2yj.#GeÁ,15 de novembro de 1999, 62-64.
3°Em lsíael há um risco constante resultante de uma bizarra aflição psicológica denomi-
nada "síndíome de Jerusalém". Cada ano uns poucos turistas e peregrinos, emocionalmente
entusiasmados pela cidade santa, ficam convencidos de que são o Filho de Deus ou um dos seus
profetas. Talvez o caso mais notório tenha ocorrido em 1969, quando um cristão australiano,
imaginando que poderia apressar a segunda vinda de Cristo, provocou os muçulmanos em todo
o mundo quando tentou incendiar a principal mesquita de Jenisalém. Qees 62-63).
3] 0 ErJz3do c/G JGo Pz7#/o, 1 de julho de 2001.
ÍOó 32ibidem.
33 Líg.4Í,12 de outubro de 2005, 84-118. Ao ttatar dos efeitos das tfansfofmações climáticas,
o cientista inglês Martin Rees, professot de cosmologia em Cambridge, escreveu no livro Hom
F/.#á7Á "Acredito que as chances de nossa civilização na Tefra sobfeviver até o fim do século
pfesente não passam de 50°/o"qbid., 86).
34Ibid., 21 de junho de 2006, 68-83. Esta repoftagem inicia com a seguinte declatação,
na página 69: "Já começou a catástrofe causada pelo aquecimento global, que se esperava para
daqui a trinta ou quarenta anos. A ciência não sabe como reverter seus efeitos. A saída pafa
a geração que quase destruiu a espaçonave Terfa é adaptar-se a fiitacões, secas, inundações e
incêndios florestais."
35 J#pe#.#/mjT#/p, outubro de 2005, 44-54. A revista traz na capa a manchete: "0
fim do mundo começou: enchentes, epidemias, furacões -para os cientistas o apocalipse
já começou. Entenda como o planeta entrou em colapso e conheça a conspi[ação para
esconder isso de você." Na página 44, Rafael Kenski, o autor da reportagem, declara: "A
tempefatufa média do planeta subiu O,7°C no último século. Nas últimas décadas, geleiras
tidas como eternas começaram a derreter, enchentes e secas se tornaram mais violentas,
ondas de calor matafam milhares e um furacão fez sua estréia no Brasil. E o pior: foi só
o começo. Nos próximos 100 anos prevê-se que a temperatura aumentará entre 1,4°C e
5,8°C. Se considetafmos que O,7°C causou tudo isso, dá pafa dizer que a palavfa `apocalipse'
não está longe de descrever o que vem por aí. 0 aquecimento global não é uma ameaça
distante: é um perigo palpável, real, e está bem à sua frente." jorge M. Woodwell, ecólogo
dos laboratórios B£ookhaven, Upton, New York, preconiza que "se seguirmos degradando
o nosso mundo, finalmente matafemos todas as espécies dc peixes, aves c animais que
nos agradam, enquanto que sobreviverão as espécies que não apreciamos. Desaparecendo
0 DIA DA SUA VINDA

as florestas, as aves e os mananciais, e ficarão as ervas daninhas, os insetos e roedores."


(Citado por Oliveira, <4#o 2000.. .4#g#j./z.4 o# EJP#¢#fzz?,149).
36 RÓ#z`j-/z7.4c/##/7.Í/zz, fevereiro de 200ó, 8. Nesse artigo o Dr. Ruy Camargo Vieira, presi-
dente da Sociedade Criacionista Brasileifa, faz questão de mencionar a escatologia bibhca como
fonte de explicação para o atual desequilíbrio da natureza: "Sob o ponto de vista biblico, não
deixam de sef previsíveis catástrofes naturais, dentfo do quadro ptofético referente à volta de
Cristo e ao fim do mundo. No próprio sermão profético de Cristo (Mateus 24), foram suas as
palavras ligando a ocoftência desses fenômenos com a proximidade do fim. Para aqueles que
esquadrinham as tevelações biblicas, não há dúvida de que eles são um sinal dos tempos."
37 Ver, Arthur S. Maxwell, .4 Bozübc7 .4/o^Â77z.ót7 e o F/.# c/o A4##c7o (Santo André, SP: Casa
Publicadora Brasileira, s.d.).
380liveira, 46-47. "Além de qualquer possibilidade de um tráãco genocídio global, está a
confottadora certeza de que Deus não permitirá que a insensatez dos que dirigem as nações, por
motivos ideológicos, precipitem o extermínio da civilização, tal como vaticinam os chamados
`profetas do apocahpse" qbid., 47)`
39I'aramdhorcomprefflsãodahistóriaedaescatoloSadasTestmunhasdeJeoiÁverAnexo5.

0
IV CONCLUSÕES
CONCLUSÕES

0 problema da marcação de datas para o fim do mundo, ffeqüentemente, veio à tona


ao longo da era cristã. Apesar do acúmulo de sucessivos desapontamentos das gerações
anteriores, em cada nova geração existem pessoas que crêem set as únicas que finalmente
conseguiram pfopor a data correta para o aguardado evento. Conseqüentemente, exíste
toda uma cadeia histórica de marcações de datas para o fim do mundo. 0 presente estudo
discorreu a respeito de a|gumas dessas marcações, especialmente no mundo ocidental.
Após a introdução, a parte 1, intitulada `lí4 €i>P%/zz/z.#¢ G#/7t7 o z.#z'67.o cZ¢ Gw m.j`/cg~ G o

/#cz/ 4Ío j`é''47//o 7J ", tfatou respectivamente dos antecedentes judaicos e a sua influência
sobre a expectação do fim do mundo no cristianismo apostóhco. Também enumerou
as principais marcações dufante o periodo dos pais da igreja, avançando pelo período
medieval chegando até o século 15.
]à a. ptiite Tl, sob o tí"Lo "A expe{tatíua entre o Período dci Rsfoma e o final do Sécu/o
/9", abordou as marcações durante o período da Reforma Protestante do século 16,
com ênfase no movimento anabatista. Após o período correspondente à Reforma,
ahstaram-se as datas marcadas nos séculos seguintes pelos puritanos na Europa e, no
século 19, pelo movimento milerita na América do Norte. Outros acontecimentos
foram narrados nesse capítulo por suscitarem tensões quanto ao tempo, como o ter- JJJ
remoto de l.isboa (1° de novembro de 1755), o "Dia Escuro" (19 de maio de 1780),
o aprisionamento do papa Pio VI (15 de fevereiro de 1798), a chuva de meteoros (13
de novembro de 1833) e o temor do fim pof ocasião da passagem do século 19 para o
século 20, além de outros episódios.
Na parte 111, intitulada "Á e)¢G6`/ó7/7.#c7 G#/rG j.o j`G'c#/oJ 20 G 2 /'', mefeceram desta-

que as propostas de tempo desencadeadas a paftir de uma série de acontecimentos.


Destacam-se os desastres naturais, passagens de cometas e conflitos bélicos, a esca-
tologia dispensacionalista e as datas marcadas para o arrebatamento, as marcações
de tempo por parte de alguns membros da lgreja Adventista do Sétimo Dia, as
Testemunhas de ]eová e suas datas para o fim, as seitas apocalípticas suicidas, as
marcações de tempo para o ano 2000, incluindo Nostradamus e outras.
0 presente estudo salientou algumas catacterísticas básicas do fenômeno da mar-
cação de datas para o fim do mundo, que permitem algumas conclusões significativas.
Em vários casos o próprio fo#/gx/o ÁÍ.j./o'#.m era usado como um pretexto para a
marcação de datas. Um dos mais ffeqüentes fatores desencadeadores de marcação
de datas tem sido o estudo especulativo da Bíblia, em que os marcadores utilizam
uma interpretação tendenciosa. 0 próprio reformador Martinho Lutero se valeu do
expediente da especulação bíblica para expor algumas de suas idéias escatológicas.
0 montanismo, segundo justificou seu idealizador Montano, surgiu como uma rea-
Ção ao formalismo que gradualmente foi permeando os cristãos a partir do século
CONCLUSÕES

1. Ele também se apresentou como sendo a instrumentaüdade pela qual o Espírito


Santo falava, e predisse o estabelecimento do reino celestial de Cristo em breve em
Pepuza, na Frígia. Há outtos exemplos de especulação contendo aparente cunho
bíbüco gerando marcações de tempo,como a teoria dos jubileus, os 120 anos da
pregação de Noé a partir de 1844 até 1964, segundo alguns pregadores adventistas,
e a última gefação, desde a declaração do Estado de lsrael em 1948, como alegaram
os dispensacionalistas.
Outro elemento que faz parte do co#/íx/o propulsor de marcações de tempo são
os fenômenos fisicos. Os casos mais significativos referidos neste estudo são: (1) o
aparecimento de um meteoro ao cair da noite no mês de setembro do ano 1000 como
pressááo de um terrível evento; (2) o terremoto de ljsboa em 1755, precedido por
alegadas premonições; (3) o escurecimento do Sol e da Lua no dia 19 de maio de 1780;
(4) a chuva de meteoros de 13 de novembro de 1833; (5) a chuva de meteoros de 1878;
(6) a passagem do cometa Bjela em 1899; (7) as ondas de choque atmosférico na Sibéria
em 30 de junho de 1908; e (8) a passagem do cometa Halley em 1910.
Dentre os casos acima mencionados, destacam-se três: o terremoto de Lisboa, o
escurecimento do Sol e da Lua e a chuva de meteofos em 1833. Embora o temido fim
do mundo não tenha acontecido como se esperava quando ocorreram esses fenômenos,
eles se constituíram sinais indicadores alertando sobre o tempo do fim. Muitas deno-
jj2 minações cristãs, inclusive a lasd, relacionafam esses fenômenos às profecias bil)ücas,
especialmente ao sermão profético proferido por Jesus no livro de Mateus, capítulo
24, e à abertura do sexto selo mencionado em Apocaüpse 6:12-17.
Além dos fenômenos fisicos e epidemias como a peste negra, que dizimou mi-
lhões de vidas na Europa a partir de 1348 e nas décadas seguintes, quando assumiu
proporções de uma pandemia, constituíram outro fator componente do contexto
histórico para as marcações de datas. 0 ano de 1260, que evocava o período profético
dos 1.260 dias/anos, havia passado aparentemente sem nada de especial ter aconte-
cido. Quando, porém, a peste negra atinãu a Europa, temeu-se que o juízo divino
finalmente os alcançara.
No século 20, doenças como a gripe espanhola em 1918, a gripe asiática e a gripe
de Hong Kong em 1957 e 1958, respectivamente, e, a partir de 1980, doenças como a
AIDS, Ebola, Safs, "mal da vaca louca" e, em 2005 e 2006, a gripe aviária, suscitaram
renovados temores de que a faça humana encontra-se com os dias contados no planeta
devido ao risco presente de contaminação. Milhões de vítimas morreram das doenças
mencionadas, e a ciência médica, com todo o progresso nas pesquisas e descobertas,
vê-se, por vezes, impotente para contef o avanço dessas doenças mortais.
Reconhece-se, à luz das profecias biblicas, que a prohfefação de doenças constitui
em um dos sinais da proximidade do fim. No entanto, alguns cristãos com tendências
alarmistas têm ido mais longe. Ao fazerem a sua análise da crescente onda de pestes
atinSndo os seres humanos, emitem previsões arriscando-se no estabelecimento de
uma data limite para a extinção da humaridade.
0 DIA DA SUA VINDA

Com respeito às c¢rjzc/í#'j./z.mr óbr #4ríjzcbrGJ JG cZ/zzJ., um ponto que se destaca neles
é a capacidade de persuasão. Desde o início da era cristã, lídefes carismáticos despon-
taram. Montano anunciava um reino iminente e via-se como um profeta numinado
por Deus para a execução dos planos divinos. Mesmo tendo as suas idéias rejeitadas
pela igreja, conquistou adeptos, sendo um deles o influente Tertuliano.' Outros ainda,
Çomo os profetas de Zwickau, no século 16, ofgarizados e liderados por Nicholas
Storch. Thomas Müntzer o apoiou e instigou o povo a mataf as autoridades e guerrear
contra os ricos. No Bfasil, no final do século 19, Antônio Conselheiro conduziu uma
batalha com discrepante inferioridade contra as tropas do governo.2 Válendo-se do
magnetismo pessoal, esses líderes carismáticos obtiveram apoió e aceitação, mesmo
quando suas teorias continham elementos insanos. 0 que foi visto nas seitas suicidas
comandadas pof ]im ]ones, David Koresh e o líder do "Heaven's Gate", Marshall
Applewhite, comprovam sua capacidade de mobiüzaf pessoas em favor de sua causa,
que Srava em torno de um paraíso a ser estabelecido brevemente, bastando que acei-
tassem todos os seus comandos e orientações. Esses homens demonstraram crer, com
devoção, no que anunciavam, a ponto de mofrerem pelas suas convicções levando
também outros à morte.
Outra questão a ser considerada na tentativa de se compreender melhor a influên-
cia exercida pelos profetas do apocahpse é a classe de pessoas geralmente mais sujeitas
a esse tipo de mensagem. 0 sociólogo Ronald Enroth, ao estudar o comportamento zj
de grupos influenciados pof relidosos alafmistas, chegou à conclusão de que

qualquer pessoa passando por uma crise de identidade ou envolvida em uma séria busca
espiritual está teoricamente vulnerável a ser alcançada pelas seitas e cultos sedutores. . .
Pessoas que recentemente passaram pof algum tipo de experiência dolorosa ou que se
encontfam cm um estado rafo de angú§tia, estresse, ou incefteza estão bem mais suscetí-
veis. . . Quando alguém se sente excessivamente angustiado, inseguro, magoado, solitário, '
desprezado, confi]so ou culpado, esta pessoa é um alvo fácfl àqueles que oferecem, sob
pfetexto rehgioso, um escape para os problemas ou "paz de espírito".3
Por sua vez, as é/c7/¢r %czrfzzJczJ podem ser divididas em dois grupos significati-
vos: (1) datas com cumprimento iminente, a se cumprirem com o marcador ainda
vivo; e (2) datas com cumpfimento num período posterior à vida da geração em
que foi marcada a data.
Uma das mais importantes concentrações de marcação de datas ocorreu no século
19. Nesse periodo, dentre os que marcaram datas a se cumprirem em seus dias, des-
tacam-se ]oseph Wolff, na Europa, e Guilhefme Miller na América do Norte. Ambos
anunciaram datas em que poderiam estar vivos quando elas chegassem, o que de fato
ocorreu, acarretando-lhes desapontamento, frustração e vergonha em virtude da não
concretização de suas interpretações proféticas.
No pefl'odo abranddo por esse capítulo, a maior concentração de datas mar-
cadas encontra-se em algumas ramificações pós-1844 do Movimento Milerita, como
CONCLUSÕES

pôde ser constatado. Porém, outras ramificações do milerismo efam desprovidas


do comportamento típico dos que andam em busca de datas para se manterem
zelosos e fortalecidos em sua crença.
Houve um_rçssufgimento de apontamentos de datas nas últimas três décadas
do século 20, destacando-se as mafcações para o arrebatamento secreto anunciadas
pelos adeptos do dispensacionalismo. Os "profetas do arrebatamento" também
se expuseram ao vexame da passagem de datas, pois várias delas foram mafcadas
para os seus dias.
Por outro lado, as marcações de datas para um tempo distante, em que os mar-
cadores inevitavelmente não estariam mais vivos, também são numerosas. Hipólito,
por exemplo, um dos pais da igreja, previa o fim do mundo p?ra o ano 500, o bispo
Papia di Girapoli para 1.000 anos após a morte de Cristo; e Lutero calculava para
cerca de trezentos anos após os seus dias. Esses não se arriscaram a passar pelas datas
sugeridas, pois elas encontravam-se bem longe da sua época. Conseqüentemente,
estavam livres do desconforto das críticas, gracejos e ironia. Mesmo Nostradamus não
pôde ser desafiado pelo conteúdo preditivo das CG#/#'#.czf, pela questão óbvia de ter
vivido séculos antes de suas profecias receberem uma diversidade de interpretações,
especialmente nos últimos anos que precederam o ano 2000.
]á a r:zPGrJzfgo czzr m.J# devido ao desapontamento pelo não cumprimento da expec-
4 tativa deriva geralmente: do abandono da expectativa ou da marcação de novas datas.
Tomando-se novamente como exemplo o movimento milerita da América do
Norte, a sua história atesta que as duas reações -abandono da esperança e novas
marcações - foram verificadas. Após o transcurso das datas anunciadas por Miller
e outros pfegadores que o apoiaram, as pçssoas tomaram rumos diferentes. Um
gfupo não resistiu às provocações e sátiras dos incrédulos, abandonando totalmente
a esperança no segundo advento de Cristo, sendo que alguns deles, aparentemente
devido à vergonha do desapontamento, foram mais longe, tornando-se céticos
quanto à religião, à Bíblia e a Deus.
Outro grupo de mileritas adventistas optou por novas marcações de datas
o objetivo de manter elevados o fervor e o entusiasmo, bem como visando con-
quistar mais adeptos para a sua causa, pe£suadindo-os da proximidade do segundo
advento de Cfisto. Ao que parece, para eles bastava refazer os cálculos para a
esperança manter-se viva.
Um dos fragmentos sobreviventes do milerismo superou o trauma do de-
sapontamento de 22 de outubro de 1844 ao compreender o fundamento bíblico-
profético para essa data @n 8:14) após longos períodos de estudo e oração. Esses
crentes entenderam, inclusive, que a experiência pe]a qual passaram -o anúncio do
advento de Cristo e o não cumprimento do evento na data proclamada -achava-se
profetizada em Apocalipse 10:2, 8, 9 ao provarem o "livrinho doce como o mel
na boca, porém amargo no estômago''. Desse fragmento do milerismo nasceu um
movimento teligioso mundial denominado lgreja Adventista do Sétimo Dia.
0 I)lA DA SUA VINDA

Em relação às z.Â#P/z.ftzfo~# j.oá# c7 #z.rJ.#~o, percebe-se que datas marcadas a curto


pfazo normalmente geram grande expectativa e conseqüente fervor missiológico
tendendo ao fanatismo. Mas o desapontamento subseqüente pode se caracterizar pela
fragmentação do movimento, como no caso do milerismo, pelo esfriamento da fé,
pela racionalização ou reinterpretação do evento ocofrido na data marcada, como no
caso dos adventistas da "porta fechada" ou ainda a marcação de novas datas, como
no caso dos adventistas da "porta aberta''.
já datas marcadas à longo prazo normalmente não suscitam nenhuma motivação
missiológica adicional na época em que foram fi.xadas. No entanto, podem gefar tal
motivação e incorrer em um dos problemas acima mencionados, caso essa marcação
seja redescoberta e reenfatizada próximo ao seu cumprimento.
Este pfocedimento de reenfatizaf as profecias aconteceu com as CG#/#'#.¢j.,
de Nostradamus, que foram reinterpfetadas na década de 1990, e, segundo alguns
intérpretes, indicavam o fim para o final do segundo milênio. Próximo ao ano
2000, mesmo sem ter sido levado muito a sério, o assunto causou algum impac-
to. Especialmente pelos meios de comunicação se empenhaf por tornar o tema
motivo de debate em fórum popular, com comunicadores de rádio e televisão
fazendo entrevistas pelas ruas, e articulistas incluindo o assunto como matéria
nos jornais e revistas.
Com respeito ainda às implicações missiológicas das marcações de datas, jí
constata-se que denominações feligiosas a que pertencem esses marcadores sofrem
o descrédito da sociedade. Igrejas sérias e tradicionais passam a ser olhadas com
desconsideração, menosprezo e desconfiança. Algumas reportagens apresentam
uma postura queprovoca risos e ifonia, zombando da credulidade do povo que
ainda crê no fim do mundo. Algo que está supostamente inaceitável à mente ra-
cional forjada pelo iluminismo do século 18.
Além do preconceito e da desconfiança suscitados pelos alarmistas e au-
todenominados "pfofetas" marcadores de tempo, há ainda outra conseqüência
grave decorrente desse comportamento desordenado, no que corresponde às
implicações missiológicas. 0 problema maior é que, quando o excitamento e a
empolgação passam, as pessoas ficam em uma condição pior do que a anterior.
Confi]são e cinismo são um preço pesado a ser pago por um pequeno período
de excitamento e feavivamento. A letargia que sucede ao desapontamento pode
desencadear uma atitude irfeversível de apatia e até mesmo de total indiferença a
assuntos espirituais no futuro.
Os que se deixam levar pela marcação de datas trazem prejuízos para si e para
seus familiares, pois acabam vendendo propriedades, abandonando seus empregos
e desistindo de estudar. Além disso, há o pre).uízo espiritual, pois quando o previsto
não acontece, alguns entre os decepcionados passam a não desejar acreditar mais
na Bíblia. Existe ainda o prejuízo para o testemunho cristão, pois torna-se mais
CONCLUSÕES

dificil evangelizaf quando a credibilidade da Palavra de Deus é questionada pelos


incrédulos devido ao não-cumprimento das previsões feitas.
0 presente estudo procurou demonstrar que a atitude alarmista e especula-
tiva é extremamente prejudicial ao cristianismo. Esse procedimento resultou no
conceito de que a esperança cristã é apenas uma consolação fantasiosa para as
frustrações da realidade terrena. Para` os céticos, a idéia insuflada por Karl Marx
de que "a religião é o ópio do povo",4 é confirmada especialmente ao serem vistas
tentativas de cristãos de anteciparem o fim do mundo, sempre interpretando os
cataclismos da natureza, a crescente imoralidade ou as doenças que proliferam de
forma endêmica como sinais do fim.
Embora as datas marcadas passem sem a consumação do predito, o `evento
(segundo advento de Cristo e conseqüente fim do mundo) continua sendo relevan-
te. As datas podem falhar, uma forte razão inclusive para evitá-las, mas a mensagem
do segundo advento continua vigente até que se cumpra, conforme é assegurado
nas Escrituras. Embora a Palavra de Deus não forneça um mapa detalhando os
acontecimentos finais, apresenta uma visão panorâmica através dos sinais, sendo
seguro permanecer sob esses parâmetfos.
0 cristão que aguafda o segundo advento de Cristo e, conseqüentemente, o
fim da era do pecado e o início de um mundo melhor, conforme prometido por
6 Deus em sua Palavra, necessita desenvolver uma atitude equilibrada enquanto
aguarda esse evento. 0 senso de iminência - "jesus em breve voltará" -precisa
estar presente todos os dias em sua mente para então, levá-lo a um estilo de vida
elevado, de maneira que as graças divinas e o fruto do Espírito Santo sejam visíveis
e notórios. Com a convicção da proximidade desse evento, o cristão aproveitará
todas as oportunidades que surgirem e até mesmo criará oportunidades para
advertir, exortar e animar as pessoas a atentarem para o futuro eterno que Deus
tem preparado para "aqueles que 0 amam" (1Co 2:9).
0 senso de iminência (ver Ap 22:7,12, 20)5 é indispensável para que a espe-
rança não esfrie, produzindo apatia e mornidão espirituais (ver Mt 24:48-51 e Rm
13: 11,12) . Em oposição, o cristão sensato vai se precaver da desequiübrada atitude
especulativa da marcação de datas, imaginando que esta seja a única fofma das
pessoas deixarem a frieza, a passividade, a indiferença e a inatividade na missão.
0 equilíbrio deve s€r mantido entre o desejo pelo reino dos céus e a submissão
humilde ao cronograma divino, pois tudo acontecerá "na plenitude dos tempos"
(Gl 4:4) e em conformidade com os sábios desígnios e propósitos estabelecidos
por Deus desde toda a eternjdade.
Quando tendências especulativas e alarmistas surgem, convém lembrar que
"as coisas encobertas pertencem ao Senhor" Pt 29:29), e atentar cuidadosamente

para as palavras de Cristo: "Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem
os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai" (Mt 24:36).
0 DIA DA SUA VINDA

Proposta para fiituros estudos


Seria relevante se fiitufos estudos provessem uma análise técnica do perfil psi-
colódco dos marcadores de datas e de seus seguidores, com o propósito de identificaf
mais pfecisamente características pessoais que favoreçam essa atitude.
Em face à nature?a panorâmica do presente estudo, fi]turas investigações pode-
riam abordar com mais profimdidade algumas marcações de datas que foram tratadas
apenas tangencialmente.
Com base nas informações providas na presente rivestigação, fiituros estudos
poderiam disponibilizar um seminário de conscientização para que membros da igreja
desenvolvam um senso de iminência da volta de Cristo livre das especulações associadas
à marcação de datas para o fim do mundc> e o segundo advento de Cristo.

Notas
` Após a morte de Montano e das suas "piofetisas" Maximfla e Priscfla, o movimento

petdeu o impul§o alcançado ao longo dos cinqüenta anos da pregação deles (156 a 206).
Mesmo assim, no ano 207, Tertuliano, o tenomado teólogo do norte da Áffica, aderiu às í
idéias montanistas. Nos sécu]os scguintes, o núme[o de adeptos foi decrescendo e, depois de
sofrerem petseguições, finalmente desapafeceram entre 500 e 550 (Boer, 63-65).
Previu o fim do mundo para 1900. "0 tebelado afremetia com a ordem constituída
porque se Hie§ afigurava iminente o feino de deHcias prometido" (Cunha,127).
3KenethSamples#4/,17.
4"Areliããoéosuspirodooprimido,aalmadomundodesalmado,bemcomooespírito

das condições sem espírito. É o ópio do povo. Abolir a reliãão, a fehcidade ilusória do povo, é
reivindicar a sua verdadeira felicidade." Kafl Marx, "Para uma ctítica da fflosofia do direito de
H!cger' e:m Chii:s B.ohr"+", 0 litmo daf ldéias.. Um didonário de teorias, conceitos, cren{aS e Peniadores,
quefirmam nosJa úsão de mundo Rio de ]aneíro: Campus, 2000, 261.
5"AsegundavridadeCristoéabenditaesperançadalgreja,ogmdepontoculminantedo

evangelho. A vrida do Salvador será hteral, pessoal, visível e universaL Quando Ele voltaí; os justos
fflecidos serão ressuscitados e, juritamente com os justos que estivefem vivos, setão glorificado§
e levados pam o Céu, mas os hpios itão morref. 0 cumprimento quase completo da maioria
dos aspectos da profecia, bem como a condição atual do mundo, indica que a vinda de Cristo é
iminente` 0 tempo exato desse acontecimento não foi revelado, e somos, portanto exortados a estaf
prepa±ados cm todo o tempo" (Associação MinisteriaL "Cfenças Fmdamentais, 24: A Segunda
Vinda de Cristo", N;.j/o Cn£#íoí rratuí, SP: Casa Publicadora Brasneira,1990], 431).
V. ANEXOS
0 DIA DA SUA VINDA

ANEXO I

ELLEN WHITE E 0 TEMPO MARCAD0


UMA SÍNTESE/SUMÁRIot

Conselhos relativos à lgreja '


1. Todo tempo histórico, ao que diz respeito à pfofecia bíbhca, terminou no dia
22 de outubro de 1844, com a entrada de Cristo no lugar Santissimo do Santuário
Celestial q?E, 243):
a) Nenhuma data pode ser estabelecida das Escrituras além deste ponto terminal
(SDABC 9:971).
b) 0 tempo não tem sido uma prova desde aquela data; o tempo nunca será uma
prova novamente (1ME,188; PE, 75).
c) Nunca jamais haverá uma mensagem para o povo de Deus baseada em um
tempo definido (1ME,188; SDABC 9:971).
d) A mensagem do terceiro anjo não deve "dependef" do tempo (1ME, 188;
PE 75).

2. As admoestações/censuras de Ellen G. White quanto ao tempo marcado, muitas z


vezes se baseiam no contexto de Atos 1:6-7 onde o Senhof ressurreto disse aos curio-
sos discípulos que se Ele fosse agora estabelecer o seu reino, "eles não iriam saber"
(1 ME 91,186).

a) Deus não tem revelado a hofa pafa qualquer outro evento além de 22 de
outubro de 1844. Deus, além disso, não pretende que qualquer ser humano
possua tal informação:
(1) Não esgotar sua força mental em tal especulação (1hffi,186).
(2) Deus não deu tal mensagem para os homens (1ME,192).
(3) Ele não teria nenhum motivo pafa declarar tais segredos.
b) As coisas feveladas são para nós e nossos filhos; pofém os segredos, as coisas

Abreviaturas das obras de Euen G. White usadas neste texto:


GC - 0 Grande Conflito
lÀffi -Mensagens Escolhidas, vol.1
2Àffi - Mensagens Escolhidas, vol. 2
PE - Primeiros Escritos
SDABC - Seventh-day Adventists Bible Commentary (Comentário Biblico Adven-
tista do Sétimo Dia)
TM - Testemunhos pafa Ministros e Obreiros Evangéhcos
ELLEN WHITE E 0 TEMPO MARCADO...

não reveladas, pertencem somente a Deus @t 29:29).


3. Ellen G. White expressamente admoestou a igreja ("não é para nós sabermos')
contra o esforço para determinar datas para tais eventos como:

a) Derramamento do Espírito Santo/a última chuva, a chuva serôdia (1ME,


188,192).
b) Fechamento da porta da gfaça da mensagem do terceifo anjo (1ME,191).
c) Ence£ramento da provação humana (1ME,191,192).
d) 0 segundo advento (1ME,188; TM, 55).

(1) Não podemos dizer que Ele virá em 1 ou 2 ou 5 anos.


(2) Nem tampouco falar em 10 ou 20 anos (1ME,189).
e) Qualquer outro evento escatoloãcamente relatado "de especial importância"
o qual é assunto relativo às promessas de Cristo ÍIM, 55).
4. A atitude da lgreja para com os marcadores de data é apresentada:
a) "Devemos tomaf cuidado com qualquer um que mafcaf uma data..."
b) Eles devem ser "encontrados e combatidos" ativamente:
(1) Não porque são pessoas más (muitas vezes são vistas pelos irmãos da
igreja como bons, zelosos, financeiramente generosos, trabalhadores na causa
do Senhor); mas especialmente,
J22
(2) Porque estão errados, e estão guiando almas a falsos caminhos, minando
assim a fé e causando a perdição eterna (IM, 55).

5. Historicamente, tal especulação:


a) Era um problema permanente no ministério terrestre de Cristo (1hffi,186).
b) Foi um problema repetido no movimento adventista pós 1844 (", 54).
c) Será um problema na igfeja novamente vasto antes da volta de Jesus. Con-
forme as primeiras 60-70 párinas do texto em 2hffl o qual chama a tudo de
heresias, fanatismos, aberrações, estfanhos acontecimentos, no movimento de
1844 e imediatamente após isso, Ellen G. White diz três ou quatro vezes naquelas
páãnas que todas essas coisas serão vistas novamente na lgreja Adventista do
Sétimo Dia antes do retorno de Cristo.
6. Por que Deus reteve esta informação de seu povo?
a) Eles fariam um uso impróprio dela (1ME,189).
b) Ao invés de avançar o trabalho da mensagem do terceiro anjo, ela atualmente
retafdaria seu progresso em preparar um povo para encontfar a Cristo em paz
(1ME,189).
(1) Isto gera uma doentia e falsa estimulação, induzindo ao §ensacionaüsmo,
enquanto que o cristão não deve viver em "tempo de emoção ou excitamen-
to" (1ME,189).
0 DIA DA SUA VINDA

(2) Não devemos perder tempo sendo absorvidos em teorias sobre as coisas
não-reveladas (1ME,189).
(3) Nossa única salvaguarda se encontra no fato de vivef num estado de
contínua prontidão (1hffi,186,187,190,191).
c) 0 último efeito está em colocar o povo de Deus acima da simplicidade do
evangelho (1ME,187).

7. Os praticantes do `tempo-marcado" e seu ffibalho/mensagem são cafacterizados como:


a) Falsos ensinadofes (TM, 54, 55); ensinadores de mentiras ÍrM, 55).
b) Gastam muito tempo em coisas insignificantes (1ME,192).
c) São zelosos em avançar no erfo (IM, 54).
d) São indispostos em ter um espírito hurnilde, educável, ou em estudar a Palavra
de Deus objetivamente, ou aconselhar-se com obreiros experimentados na causa
do Senhor ", 54, 55).
e) Misturam o erro com a verdade ÍrM, 55), fi]ndamentando-o em faciocínios
imperfeitos (GC, 457).
f) Sua mensagem é aquela da decepção (IM, 55).
g) Periritem que sua imaãnação permaneça sob "novas", "estranhas'', "impres-
sionantes" e "falsas" teorias (IM, 54, 55).
h) Estão dessa forma em desamonia com Deus, sua igreja e sua üderança (IM 55).
i) Lançam fora o ensino bíblico (e a oração de Cristo em]oão 17) sobre a unidade
cristã, "desprezando-a" (IM, 55).
j) Tendem a petder o sentido, a direção, como ]eú, e então recorrem a seus
irmãos para seguirem o exemplo deles (IM, 55).
k) São possuídos de um intenso desejo de impressionar o mundo com alguma
coisa oriãnal para elevar o povo a um estado de êxtase espiritual (1ME,187).
1) Suas "teorias" e "cálculos" desviam aqueles que estudam cada uma das ver-
dades presentes (1ME,189).

A estratégia de Satanás em encorajar a marcação de um tempo:


Por que ele promove isto?
1. Isto desvia a atenção do estudo da vefdade presente e a execução da obrigação
presente, focalizando-se em expectativas de algum "estado especial de excitamento"
(1M,186,188-90).
a) 0 cristão, ao contrário, deveria se rendef ao controle do Espírito Santo para
realizar as obrigações presentes (1ME,186).
b) Nossa tarefa é assistir, trabalhar, esperar e esfofçar-nos.
c) Nossa salvaguarda está em viver num estado de contínua prontidão para o
ELLEN WHITE E 0 TEMPO MARCADO...

aparecimento do Senhor (1ME,192).


2. Este estudo gera falso excitamento (1ME,188, PE, 75), desqua]ificando assim o
cristão da graça eficaz da mensagem do terceiro anjo (1ME,186).

3. Quando um cristão, repetidas vezes tem suas esperanças estimuladas, e subseqüente-


mente frustradas com desapontamento em não cumprimento das mesmas, essa grande
decepção de fé torna impossível para o cristão ter a impressão corretamente das grandes
verdades da Palavra de Deus em sua mente (GC, 457).
4. Os críticos exploram a falha de tais predições usando-as para desprezar/ridicularizar
e destruir a credibilidade:
a) De pessoas crentes.
b) Do movimento de 1843-44 (GC, 457).
5. Alguns, influenciados pelas teofias do "tempo marcado", tendem a fixar uma data
para a volta do Senhor para um fiituro tão remoto que eles então descansam numa fàlsa
segurança e não se desenganam até que seja tarde demais para serem salvos.

24
Notas
` Roger Coon, pesquisa prepatada em 28 de outubro de 1987, fomecido pelo Centro de

Pesquisas Ellen G. White, Unasp - Campus Engenheiro Coelho. Usado com permissão.
ANEXO 2

QUAND0 0 "QUANDO" SE TORNA PROBLEMA'

Quanto tempo resta ainda ao homem sobre a face da Terra? Quando se dará
a volta de jesus? A tentativa de fespondef a essas pefguntas tem levado pessoas às
experiências mais curiosas de pesquisas, cálculos ou adivinhações. A aproximação
do final do segundo rnilênio2 da era cristã é mais um fator de expectativa que vem
incentivar as elucubrações.
A resposta peremptória de Cristo, quase ao se despédir dos discípulos, "Não vos
compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade"
(Atos 1:7) se foi suficiente para confofmar os apóstolos em suas limitações, não foi
completamente crida por muitos outros cristãos antigos e modernos.
A maioria dos que tentaram marcar datas para a volta de Cristo com base na Bí-
blia o fizeram fundamentados na chamada "teoria dos 6.000 anos" e na cronoloãa do
arcebíspo Ussher. Uns poucos se baseafam nos "jubileus judaicos" ou outras fontes.

A teoria dos 6.000 anos


2
A idéia de que o mundo deve durar 6.000 anos é anterior ao cristianismo e não
tem origem na Bíbria. Na mitoloãa persa' Zoroastro ensinava que „o/„/ c', J.,,'J Â"`'/,^„,'„
viria Soksan (o hbertador) para Hvrar os justos e dar início ao milênio de Soksan (o
sétimo) com a imortahdade e incorruptibilidade dos justos.
Uma variante dessa idéia aparece num escrito judaico no Livro dos Segre-
dos de Enoque, composto no período intcftestamentário. No capítulo 33:1 reza:
"Deus mostfou a Enoque a idade deste mundo; sua existência é de sete mil anos
e o oitavo milênio é o fim."
Por volta do 3° século da nossa era, o pseudo-Bamabé (que nada tinha a vef com
o companheiro do apóstolo Paulo), defendeu em sua Epístola de Barnabé 15:4: "Em
seis dias os terminou. Isso significa que em Ó.000 anos o Senhor consumará todas as
coisas, porque para Ele um dia é como mil anos. Ele mesmo o atesta quando diz: "E/.J
g#G o Jz.¢ c7o JG#Áior j.é'/jz' mÂ% %;./ c?#oj`. Portanto, filhos, em seis dias, isto é, em seis mil
anos, todas as coisas serão consumadas."
No versículo citado por Bamabé, 2 Pedro 3:8, quando examinado no seu contexto,
o que se pode entendef é que Pedro está falando da longanimidade de Deus que, por sua
vontade, aumentaria o tempo se com isso todos pudessem chegar ao arrependimentQ
Além disso, como bem explica o Pastor Arnaldo Christianini, num artigo na R£z¢.j`/z7
44Í#G#/z.j./zz de fevereiro de 1974, o texto estabelece apenas uma comparação e jamais
uma equívalência entre mil anos e um dia. A equivalência que a Bíbha estabelece, em
outras passagens, é de um dia por um ano, e isso é utilizado em interpretação profética,
QLUANDOO"CLUANDO"SETORNAPROBLEMA

mas em nenhum lugar a equivalência de um dia por ril anos.


0 volume 1 do CoÃ7é'#/#'#.o B/'G/z.4oj4J#G#/z.j./# em espanho afirma na página 206: "Na
Bíbha não há nenhum período profético de 6.000 anos. Isso se oriãnou na mitologia
antiga ®ersa e etrusca, por exemplo) e em uma analoãa judaica dos dias da criação. Foi
cristianizado pelos pais da igreja e persistiu durante muito tempo depois de Ussher."

A cronologia de Ussher
0 afcebispo irlandês ]ames Ussher elaborou sua cronologia bíblica em
meados do século dezessete, bem antes de poder contar com a arqueologia ou a
história para oferecer-lhe subsídios, e como os dados cronológicos da Bíblia são
insuficientes para a elaboração de um completo sistema de datas (ver matéria do
Pastor Arnaldo Christianini na RG#z.j./tz 4c/#c'#/z.j`/zz de janeiro de 1973), o apoio que
restou a Ussher foi a teoria dos 6.000 anos. Ele escolheu afbitrariamente o ano
4.000 a.C. para ser o ano da cfiação do mundo, que mais tarde foi corrigido para
4.004 a.C.
A cronologia de Ussher passou a ser impressa nas Bíblias inglesas desde
1.679 e ganhou aceitação genefalizada. 0 Pastor Enoch de Oliveira (4m 2.000
-Í4#g#'J/z.c7 o# EJPGrz7#ft7.?, p.14) cita váfios teólogos e pessoas influentes que aju-
daram a popularizar essa cronologia e a estabelecer o ditado popular: "Até dois
J2ó
mil chegará, mas daí não passará", até hoje muito mencionado.
Com base nisso, john Cumming marcou a volta de ]esus pafa 1.864; R. C.
Shimeall marcou para 1.868; o astrônomo ]. 8 Dimgleby fez algumas modificações
na cfonologia de Ussher e mafcou para 1.928.
Também sofreram influencia dessa cronologia as Testemunhas de ]eová, que
marcaram o fim dos 6.000 anos para 1.975.
"A Bíblia não pretende ser um registro completo de toda a História, e as

genealogias bíblicas nem sempre incluem todos os elos da cadeia (CoÂ%#/ú7'#.o Bj'b//.m
Í4c/w#/z.j./á7,1: 196.) Esse fato deve afastar qualquer dogmatismo, principalmente
nas datas anteriores ao êxodo. Dizer isso, entretanto, não significa aceitar o evo-
lucionismo nem necessariamente uma cronologia muito extensa, como ptevine
mais uma vez o Co%6#/#'#.o B/'G/z.fo, na página 206: "Dizer que os seis dias da semana
da criação não proporcionam nenhum indicio para determinar a duração deste
mundo não é negar sua realidade ou permitir interpretá-los como longos períodos
de tempo. A aceitação de uma criação literal não requer que a vincule a um deter-
minado ano. A data da criação é desconhecida porque os dados cronológicos da
Bíblia não são contínuos ou completos. E a criação tampouco pode ser calculada
a partir de ciclos astronômicos''.
0 DIA DA SUA VINDA

As citações de E. G. White
0 leitor do Espírito de Profecia seguramente estará lembrado que E. G. White
usou a expressão "seis mil" pelo menos 24 vezes em seus escritos referindo-se aos
eventos registrados em Gênesis 1 a 3, e pelo menos 16 vezes indicou que quatro mil
anos decorreram entre a criação e o tempo de Cristo.
0 que se tem dito a esse respeito é:
a) Ela seguiu a prática comum de -usar números fedondos para relacionar eventos
grandemente separados uns dos outros;
b) Ela fez uso da cronologia de Ussher mas jamais disse que o mundo terminaria
no final desse período;
c) Ela jamais mencionou que Cristo voltaria no ano 2000 ou qualquer outro ano;
d) "Quanto aos escritos de minha mãe seu uso como autoridade sobre pontos de
História e cronologia, mamãe nunca considerou que nossos irmãos os considerassem
como autoridade no tocante a pormenores de História ou de datas históricas." - Esse
é apenas um pafágrafo da explicação de G. C. White que se encontra no Apêndice 8
de M-czgG„ EJ.'o/4,'Ázj., vol. 3' sobre as refefencias cronolóãcas nos escritos de Ellen
White. Noutro passo, ele diz: "Parece-me que há perigo em dar demasiada ênfase à cro-
nologia. Se fosse essencial para a salvação do homem que ele tivesse clara compreensão
da cronoloda do mundo, o Senhor não teria pe£mitido as divergências e discrepâncias
que encontramos nos escritos dos histofiados bíbhcos, e tenho a impressão de que
nestes últimos dias não deve haver tanta controvérsia acerca de datas,"

Movimento do jubileu
Os adeptos do movimento do jubileu têm insistido em calcular a data da volta
de Cristo somando o que consideram os três ciclos de 40 jubileus (3 x 40 x 49 anos).
Assim chegaram a 1987, e daí para a frente uns estão marcando para 1994 e outros
para 14 de outubro do ano 2000!
As fraquezas desse movimento são por demais evidentes, basta lembfar que a
instituição do jubüeu era uma lei civil, de aplicação restrita aos judeus em Canaã, sem
qualquer significado profético, com ciclos de 50 e não de 49 anos, e não há como de-
terminar uma data inicial para esses ciclos.
É mais um exemplo de especulação estéril e danosa para a preparação espiritual
que deve nos caracterizar nestes tempos de expectativa.

0 que está revelado


A última data que pode sef estabelecida com base nas profecias bíbhcas é 22 de
outubro de 1844. "0 Senhor mostfou-me que a mensagem deve ir, e que não deve
depender de tempo; pois o tempo não será nunca mais uma pfova. Vi que alguns esta-
QLUANDOO"C|UANDO"SETORNAPROBLEMA

vam ficando com uma falsa excitação, nascida de pregar-se o tempo; vi que a terceira
mensagem angéhca pode subsistir sobre seu próprio fimdamento, e que não precisa
nenhum tempo para fortalecê-la, e que ela irá com forte poder, e fará sua obra e será
abreviada em justiça" (Mmc7gG" Ejifo/úí.d¢j`,1 : 188.)
Nesse mesmo capítulo de MGw¢gew EJ.coÁ4/.&r há testemunhos definidos contra
tentativas de determinar datas para o derramamento do Espírito Santo e volta de Cristo
@. 188); e fim do tempo da graça ®. 191 e 192).
A melhor coisa que podemos fazer atualmente é: "Em lugar de exaurir as ener-
gias de nossa mente em especulações quanto aos tempos e às estações que o Senhor
estabeleceu pof seu próprio poder, e reteve dos homens, devemos render-nos nós
mesmos ao domínio do Espírito Santo, cumprir os deveres atuais, dar o pão da vida,
não adulterado com opiniões humanas, a almas que estão perecendo pela verdade"
UMenfagenfEJcolbidas,1..186).
Poftanto, nem os sinais, nem qualquer cfonologia, sistema de cálculo, ou citações
do Espírito de Profecia, nada nos autoriza a marcar ano, mês ou dia para a volta de
Cristo. Tudo indica que estamos muito próximos desse dia glorioso, que é alto tempo
de apfessarmos nossa preparação para o grande evento. E aceitaf a soberania divina
que escolheu reter de nós essa revelação, seguramente para o nosso bem.
A única deferência especial de Deus, de acordo com o capítulo "0 I.ivramento dos
28 Justos",
"uma vozdeouvida
0 Gr¢#JG Co#/z./o,
no Céu", será declaraf
isso quando "o dia econdições
as seguintes a hora da estiverem
vinda de]esus" através
vigentes: de
]esus
está pfestes a vir, o decreto de morte do povo contra o povo de Deus está em vjgor, o
jukamento no Santuário Celestial foi concluído e o tempo da graça terminou. Apenas
nessa ocasião, nâo por uma descoberta humana, mas por uma revelação especifica de
Deus, momentos antes de Cristo voltar, será antecipado para os salvos "o dia e a hora".
Hoje, entretanto, seja nosso empenho tão somente a pregação e a santificação. Deixemos
o tempo, o "quando" com o Único que conhece o exato momento de agir.

Notas
t Márcio Dias Guarda, R£#?.J`/# Ác7#€#/z.T/z2, novembro de 1991,11-13. Usado com

permissão.
2Quandoesteartigofoiescfito(novembrode1991)noiníciodaúltimadécadado

nrilênio, havia um clima de tensão com a expectativa de que o mundo estava vivendo
os seus últimos anos de existência. Nota do autor.
ANEXO 3

0 CALENDÁRIO Do CÉUÍ

OS nouos "Profetcu" que afldam marcando data |)ara a uolta de Crifto nõo merecem crédíto

Alguma vez, Deus enviou a seu povo uma mensagem que envolvia tempo es-
pecífico, uma data marcada? Deus usa esse método hoje, ou irá usá-lo no fiituro? É
possível, de acofdo com a Bíblia ou com os escritos de Ellen White, descobrir quando
ocofrerão os últimos eventos, tais como o derramamento da chuva serôdia, o fecha-
mento da porta da gfaça, as sete pragas e a própria segunda vinda de Cristo? Quando
surge uma pessoa dizendo ter uma mensagem de Deus para seu povo, é possível saber
se Deus a enviou mesmo ou não? Essas perguntas merecem respostas.
Atualmente, em alguns lugafes, têm surrido pessoas dizendo haver recebido reve-
lações de Deus com relação à marcação de datas, através de visões, sonhos, orientação
do Espírito Santo, estudo das Escrituras e dos escritos de Ellen White. Vamos, pois,
começar por este ponto -verificando como se reconhece um profeta.

Os falsos profetas 2

De um modo especial, os mensageiros de Deus no Antigo Testamento eram os


profetas. "Profeta" é freqüentemente a tradução da palavra hebraica #c7áÁ¢., que significa
"o que fala por outro'', "porta-voz". Portanto, um profeta é um mensageiro de Deus,
alguém que recebe uma mensagem de Deus e a comunica a seu povo. A principal
tafefa dos profetas não é fealizar milagres, nem mesmo predizef o fi]turo, embora
eles freqüentemente o façam, mas transmitir a revelação que Deus lhes deu. Há, no
Antigo e no Novo Testamento, dezenas de profetas, maiores, menores e anônimos,
que foram enviados por Deus. É através deles que Deus tem revelado os seus segredos
e aquilo que pfetende realizar no fiituro.
Visto o ministério dos profetas ter sido um método tão amplamente utiüzado
por Deus para informar, consolaf e transformar seu povo, Satanás bem cedo come-
çou a usá-lo também, enviando os seus mensageiros, os falsos profetas, como uma
contrafação. Os profetas verdadeiros são instrumentos de bênção, enquanto que os
falsos são agentes do mal. Os primeiros são de fato profetas. Os segundos, apenas
verossimilhantes: parecem, mas não são. Parecem, sim, porque freqüentemente usam
a verdade de mistura com o erro, já que, nesse caso, seu poder de persuasão é maior.
Quem está sendo iludido olha para as coisas boas que dizem ou fazem e imaãna que
vêm de Deus, não percebendo que sua porção de verdade visa apenas encobrir o
engano que está por detrás.
0 CALENDÁRIO DO CEÚ

No tempo do Antigo Testamento, em todo o período da era cristã e mesmo


nos dias de Ellen G. White, houve falsos profetas; ainda hoje, eles estão em ativida-
de, e existirão até o final de todas as coisas. Observemos algo que a Bíbüa declara a
respeito deles:
• Eles surgem dentro do próprio povo de Deus (At 20:29-31; 2 Pe 2:1).
• Eles parecem ovelhas (Mt 7:25).
• Eles vêem em nome de]esus avlt 24:5).
• Eles são em grande númefo (Mt 24:11).
• Eles conseguirão enganar a muitos (Mt 24:11).
Felizmente, Deus não nos deixou sem a luz necessária para detectar os fal-
sos profetas. Existem alguns testes que devemos aplicar aos pretensos pfofétas
para saber se são verdadeiros ou nâo (1 jo 4:1). Todos os profetas, verdadeiros
ou falsos, devem ser submetidos a eles. Os verdadeíros sempre passaram nessas
provas, inclusive Ellen White.
Devemos observar, contudo, que não é suficiente passar em um teste; o profeta
deve passar em todos. Se não for aprovado em qualquer um deles, não precisamos
perder tempo aphcando outros.
Não vamos analisar todas as provas, porque isso não é necessário. Com
relação à "mafcação de datas", apenas uma prova é suficiente Or 28:1-9,15-17).
j3o Para mim, essa é a mais importante de todas as provas apresentadas nas Escritu-
ras. Aproveito pafa sugerir ao leitor que, sempre que aparecer alguém alegando
ter uma revelaçâo de Deus, use primeiro essa prova; somente depois, se ainda for
necessário, aplique as outras.
]eremias diz que a mensagem do verdadeiro profeta se harmoniza com todas
as mensagens que Deus enviou anteriormente através dos outros profetas. Um novo
profeta pode trazer informação nova, algum detalhe a mais, pofém nunca entrará em
contradição com a mensagem dos que vieram antes dele.
Segundo ]eremias, a mensagem de Hananias (vefsos 1 a 4) não se harmonizava
com as mensagens dos verdadeiros profetas que haviam profetizado anteriormente
(vefso 8); esse fato era evidência de que o Senhor não o havia enviado, de que ele efa
um falso profeta e de que sua mensagem era mentirosa. A mensagem de Hananias
era agradável aos ouvidos, era uma boa notícia para o povo de Deus daqueles dias,
era o que o povo mais queria ouvir, era o que mais desejava, mas era uma mensagem
mentirosa, e por isso Deus o condenou, e por isso ele morreu.
Igualmente, se Deus enviar um profeta hoje, ou no fi]turo, ele deve concordar
com os que vieram antes, isto é, com os profetas do Antigo Testamento, com os do
Novo e com Euen White. Se a sua mensagem for de oposição ao que eles ensinaram,
então sabemos que não provém de Deus.
Agora, vamos examinar o que dois profetas do passado escreveram a respeito
de marcação de datas.
0 DIA DA SUA VINDA

0 ensino de ]oão
0 apóstolo ]oão, em Apocalipse 10, diz algo importante. Vamos ver o relato,
verso por verso.
0 verso 1 mostra um anjo diferente de outros anjos do Apocahpse. Ele se
apresenta da mesma maneira que Deus e seu Fflho, quando Eles aparecem em outfos
lugares da Escritura.
No verso 2, a idéia é que antes o livrinho estivera fechado, mas agora se encon-
tra aberto. Além disso, a mensagem desse anjo está relacionada ao tempo. Devemos
examinar a Bíblia para descobrir um livro que possuía as seguintes caracteristicas: (a)
é pequeno ®), estivera fechado e (c) está relacionado ao tempo. Creio que o livro de
Daniel, particularmente as profecias seladas relativas ao tempo do fim, é o hvrinho,
agofa aberto na mão do anjo (Daniel 2:4). A posição que ele assume colocando um pé
sobre o mar e outro sobre a terra indica sua autoridade sobre o mundo, bem como o
valor de sua mensagem para toda a humanidade.
"0 poderoso anjo que instruiu a]oão não era nenhuma outra pefsonagem senão
Cristo. Colocando o seu pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra seca, mostra
o papel que está desempenhando nas cenas finais da grande controvérsia com Satanás.
Esta posição denota o seu poder e autoridade supremos sobre toda a terra", comenta
Ellen G. White no volume 7 do Co%G#/zz'#.o Bz'é7/z.m <4J#G#/z.j./z7, página 971.
Os versos 3 e 4 apresentam uma visão simbóhca. 0 profeta ouviu sete trovões fjj
fdarem e entendeu sua mensagem;-estava a ponto de escrevê-la, mas uma voz do Céu
lho proibiu. Não seria proveitoso para o povo de Deus conhecer aquela mensagem.
"A luz especial dada a ]oão, expressa nos sete trovões, foi uma delineação dos
eventos que transpirariam sob as mensagens do primeiro e segundo anjos. Não era o
melhor para o povo saber estas coisas, pois a sua fé devia ser necessariamente provada",
diz Ellen White, na mesma obra.
No verso 8, comer o hvro indica o recebimento da mensagem de Deus, a assi-
milação e o entendimento da mesma. Isso flustra adequadamente o que ocorreu aos
adventistas/mileritas, especialmente entre 1842 e 1844. Retrata sua alegria ao receberem
a mensagem da breve volta de]esus, de fato, uma mensagem doce como o mel. Contu-
do, quando chegou o dia tão esperado, 22 de outubro de 1844, e]esus não regressou,
amargo foi o seu desapontamento. Amargo como o fel.
Voltando aos versos 5 e 6, o anjo que simboliza Cristo jura em nome daquele que é
oCriador,istoé,delemesmo:"]ánãohaverámaisdemora."Emgrego,alínguaemque
o Apocalipse foi originalmente escrito, a palavra que aparece aqui é mo#oj.. E a mesma
palavra que aparece dezenas de vezes no Novo Testamento, traduzida por "tempo".
Exemplos: Apocalipse 2:1; 6:11; 20:3. 0 dicionário de grego afirma que ela significa
"tempo, duração, um periodo de tempo''. A Bíblia de ]erusalém, uma das traduções
mais perfeitas para a nossa língua, reza assim: "]á não haverá mais /€Â#j)o."
0 CALENDÁRIO DO CEÚ

Que tempo é esse?


1. Ele está relacionado com o livro de Daniel.
2. Ele está relacionado com a experiência dos adventistas mileritas que esperavam
o retorno de Cristo em 22 de outubro de 1844.
3. Ele está felacionado, de acofdo com o verso 7, com a sétima trombeta, cujo
conteúdo aparece em Apocalipse 11:15-18. Obsefvando os últimos dois versículos,
percebemos que essa trombeta e, portanto, o tempo da profecia do capítulo 10 estão
relacionados com o julgamento dos mortos e com o santuário.
Continuamos a perguntar: que "tempo" é esse que tefminou? Não é o "tempo"
da historia humana, pofque o mundo e a hjstória humana continuam até hoje. Não é
o "tempo" da graça, da oportunidade de salvação, porque ainda hoje os homens con-
tinuam se arrependendo e sendo salvos, e você e eu somos prova disso. 0 "tempo"
mencionado nessa profecia é o tempo profético. 0 anjo está jurando que nunca mais
haverá outro tempo profético, nunca mais havefá outra profecia que envolva um tempo
especí9co uma data mafcada.
E por essa fazão (verso 11) que o povo da profecia, representado por]oão, deveria
continuar a profetizar e a anunciar a mensagem de Deus.
0 úlümo tempo profético, a última data marcada é a que aparece no livro de
Daniel, naquela porção que Deus mandou selar e que diz respejto à profecia das 2.300
J32 tardes e manhãs, que terminou em 22 de outubro de 1844.
0 povo de Deus aceftara na data, mas errara no acontecimentQ Naquela ocasião, o
Senhorjesus não veio como esperavam, mas, no santuário celestial, deixou o lugar santo e
passouparaolugarsantissimo,ondeseencomaaarcadaaliança,comosDezMandamentos
oriSnais, e começou a julgar os mortos, para determinar o galardão de seu povo.
Após o desapontamento de 1844, alguns adventistas/mileritas, que vieram a
tornar-se os pioneifos da lgre).a Adventista do Sétimo Dia, entenderam, estudando
Apocaüpse 10, que o grande desapontamento de 1844 fora previsto por Deus e reve-
lado a]oão, em Patmos, mais de 1.700 anos antes que ele ocorresse. 0 próprio Deus
estabelecera uma profecia com data marcada para cumprir-se. Isso ocorreu pafa provar
o povo de Deus, que se dizia desejoso de aguardar a Cristo. E, de fato provou, de modo
que muitos não suportaram a prova e se afastaram dos caminhos de Deus.
Agora, em Apocahpse 10, Deus está dizendo que nunca mais haverá outra data
marcada. Como Deus utihzou o dilúvio uma vez e disse que nunca mais usaria tal mé-
todo, também usou a marcação de datas para o seu propósito, mas prometeu nunca
mais fazer uso desse método.
Poftanto, no último livro da Bíblia, um profeta genuíno, joão, apresenta clara-
mente a mensagem de que nunca mais haverá um tempo profético, uma data mafcada.
Observe que nessa profecia o Criador não apenas fala, não apenas promete, mas Ele
jura, e, como não há nenhum nome maior que o seu pelo qual jurar, Ele faz um solene
juramento em seu próprio nome: "Não haverá mais tempo."
0 DIA DA SUA VINDA

0 que diz Ellen G. White


Comentando o Apocalipse 10, Ellen G. White escreveu: "Este tempo, que
o anjo declara com juramento solene, não é o fim da história deste mundo, nem
do tempo probatório, mas do tempo profético que precederia o advento de nosso
Senhor. Após este período não tefá outra mensagem sobre o tempo definido. Após
este período de tempo abrangendo de 1842 a 1844, não haverá nenhum vestígio
de tempo profético. 0 cálculo mais longe atinge o outono de 1844." Isso também
estÁ no Comentário Bíblico Aduentifta.
Poressacitação,jásepodeterumaidéiadopensamentodeEllenwhitecomrelaçãoà
marcação de datas. Contudo, pafa que Íriguém tenha dúvida, vamos examinar mais algumas
de suas citações qá muitas outras) que aparecem no primeiro volume do livro Ã4rizzgeffl
Bscolbídas,eernTestemwmbospamMin;Stros-(osgftfosEo;arnucÊescen:mdos)..
• "0 Senhor mostrou-me que a mensagem deve ir, e que não deve depender
de Úe:rri:pcf. i)oif o tempo não ]erá nunca mais uma Proua. Vi que algwm estaua7m fi[ando com uma

/zzÁtz €*Íz./zzfzz~o #czj.6?.dz c7Gj>r€gzzr o /e#j>o, vi que a terceifa mensagem angélica pode subsistir
sobre seu próprio fimdamento, e que não precisa de nenhum tempo pra fortalecê-la e
que ela irá com forte podef e fará sua obra e será abreviada em justiça."
Em 1844, um homem estava marcando tempo e espalhando largamente seus
argumentos para provar suas teorias. Ellen G. White ficou sabendo disso em uma
reunião campal. Ela mesma conta a resposta que deu:
• "... eu disse ao povo que não necessitava daf atenção à teoria desse homem pois
o acontecimento que ele predizia não havia de ter lugat. Os tempos e estações, Deus
estabelece por seu próprio poder. E por que não nos deu Deus esse conhecimento?
Porque não fariamos dele o devido uso, caso Ele assim fizesse. Desse conhecimento
viria em resultado um estado de coisas entre nosso povo que #/zzkjb#.á7gr¢#c/6%G#/€ á7
obr¢ c# DGzu no preparar um povo pata subsistir naquele grande dia que há de vir. Ná7~o
deuemos úuer em exdta{ão acerca de temi)o."
• "Não há, porém, nenhum mandamento pafa ninguém pesquisar as Escrituras,
a fim de verificar, se possível, quando terminará o tempo de graça. Deus não tem tal
mensagem para quaisquer lábios mortais. Ele não quer que nenhuma língua mortal
declare aquilo que Ele ocultou em seus secretos concílios."
• "Em vez de viver na expectativa de algum tempo especial de excitação, cumpre-
nos aproveitar sabiamente as oportunidades presentes, fazendo o que deve ser feito
para que almas sejam salvas."
"Precavenham-se todos os nossos imãos e irmãs de qualqucr que %ózq#G /e#Po

pim o Se:rhor c:irrrrpiir s,"a paL.La;wta. a reJi)eito de Jua uinda, ou dcerca de quabuer outra Pro-
Â7Gífzz de especial importância, por Ele feita. `Não nos pertence saber os tempos ou as
estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio podef.' Falsos mestfes podem parecer
muito zelosos da obra de Deus, e podem despender meios pafa apresentar ao mundo
e à igreja as suas teorias; mas, como #z.j./#r¢z# o G#o co# c7 y€#jz7Jg, sua mensagem é de
0 CALENDÁRIO DO CEÚ

engano, e levará almas para as veredas falsas. DG#"G-/4GJ/z7z# oPoJ7Íz7~o, não porque sejam
homens maus, mas Po#7#G j`#~o Â#GJ/7t;J dg/zz/j7.Ázc/eJ e procuram colocar sobre a falsidade
o sinete da verdade."
Em 1893, quando se encontrava na Austrália, Ellen G. White escreveu uma carta
a um de nossos irmãos que estava mafcando datas:
• "Não fois o único l)omem que o diabo tem engariado nesfa queftão .... Durcrr[+e os
últimos quarenta anos, um homem após outro tem se levantado alegando que o
Senhor o enviou com a mesma mensagem; mas permiti-me dizer-vos, como a eles
tenho dr+o, cTne es]a menf agem que Proclamais ó um dof engam Satánicos destinado] a criar
conf ;uJõo entre as ig!rejaf ."

A vitória
Faço-lhe agora uma pergunta: baseado na Palavra de Deus, o que você pensa a
fespeito dessas pessoas que têm anunciado datas para o cumprimento dos eventos finais?
Sim, são fàlsos profetas. Certamente foram enviadas, mas não por Deus. Consciente ou
inconscientemente estão trabalhando a favor de Satanás e contra o Senhorjesus e seu
povo. Os falsos profetas se vestem como ovelhas e parecem ovelhas (usam bastante a
Bíblia e os escritos de Ellen G. White e até dizem e fazem algumas coisas boas), mas
não são ovelhas; são lobos devoradofes.
134
E para que não sejamos enganados e devorados por eles que Deus capacitou sua
igfeja a discernir entre o verdadeiro e o falso. Primeiramente, Deus nos deu sua Palavra.
Ouvindo e praticando, estaremos firmados sobre a Rocha. Em segundo lugaf, Ele nos
deu o dom de profecia. Deus previu que os nossos dias seriam os mais perigosos e
díficeis da história humana, e por essa razão nos legou as milhares de páãnas do Es-
pírito de Profecia, de modo que pudéssemos ser mais do que vencedores. Em terceiro
lugar, Deus deu a alguns dos membros de sua igreja a capacidade de discernir o mal e
guiar com segurança o seu povo.
Não sejamos cristãos instáveis, inconstantes; vamos fazer uso desses três recursos
concedidos pelo Céu para que estejamos firmados sobre a Rocha.

Notas
' Emilson Reis, RGri#<4J#€#Áü%, novembro de 1992,10-13. Usado com permissão.
ANEXO 4

0 CENTR0 DA NOSSA ESPERANÇA`

Aquela sexta-feira revestia-se de profunda tristeza para nossa farnília. Após qua~
tro dias em estado de coma, minha ifmã finalmente descansara. Ao chegarmos a sua
casa, antes dos serviços ffinebres, encontramos Henrique, seu filhinho de três anos
e meio de idade, brincando inocentemente, como se não entendesse a situação. Não
muito depois, €le se aproximou de mim e perguntou: "Tio Ronald, sabe que a mamãe
morreu?" Sufpreso com a pergunta, indaguei-lhe: "É mesmo?... E onde a mamãe está?"
-"A mamãe está lá na igreja!", foi a resposta. -"E o que vai acontecer agora?", voltei
a perguntar-lhe. Sua resposta foi: "A mamãe vai ficar lá no cenritério da igreja; mas
quando ]esus voltar, ela vai ressuscitar!"
Suas palavras certamente refletiam a explicação que anteriofmente lhe fora dada
a respeito do que estava acontecendo; mas, mesmo assim, elas eram carregadas de uma
profi]nda esperança: "quando ]esus voltaf!"
Em reahdade, essa tem sido a esperança dos cristãos através dos séculos. Ela é um
dos temas predominantes do Novo Testamento, e sua mensagem tem sido cantada pela
lgreja cristã. Muitos têm nela depositado a esperança, e têm orado fervorosamente por ,
sua concretização. Mas qual é o verdadeiro sentido dessa esperança? Sob que aspecto
deve repousar nossa ênfase ao considerarmos esse tema? 0 centro de nossa esperança
está nos fz.#cz?.r que anunciam sua bre.ve concretização, no /í%j>o em que o evento há de
ocorrer ou #cz¢#G/e que em breve há de voltar?

Sinais: objeto de nossa esperança?


Ante o pedido dos discípulos Q4t 24:3), ]esus passou a enumerat um grande
número de j`z.#4z.r que haveriam de anteceder sua segunda vinda. Esses sinais podem
ser classificados em (1) "sinais gefais'', que são fatos que sempre ocorreriam, mas que,
devido à sua intensificação, se transformariam em indícios de sua breve volta; e (2)
"sinais específicos", que ocorreriam especificamente em felação a esse evento.
Se observarmos o atual contexto em que vivemos, disünguiremos um extraor-
dinário cumprimento das palavras de Cristo. Esse fato por si só já é suficiente para
fascinar qualquer estudante sincero das profecias bíbhcas. Mas a pergunta que surge é:
Deveremos depositar a nossa esperança nesses J.Í.#zz¢.J`?
É certo que os sinais da breve volta de Cristo são deveras significativos; caso
contrário, o Salvador jamais os teria mencionado. Mas ao mesmo tempo em que os
enumerou, Ele também advertiu: "Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai
e erguei as vossas cabeças; porque a vossa redenção se aproxima" qjc 21:28). É esse
"erguei as vossas cabeças" que faz a diferença entre os "homens que desmaiarão de
0 CENTRO DA NOSSA ESPERANÇA

terror" (verso 26) e os que exultarão (verso 28) em face dos últimos acontecimentos.
Isso torna evidente que os sinais em si não são o objeto de nossa esperança, poís somos
adveftidos a olha£ pafa cima e aguardar do alto a concretização de nossa redenção.
Como a expectativa na parábola da figueira (Mt 24:32) não está nos ramos que
se renovam, nem nas folhas que brotam, mas no verão que se aproxima, assim tam-
bém a esperança do cristão não se fimdamenta no cumprimento dos sinais mencio-
nados por Cristo, mas na realidade que eles apontam: a breve volta de Cristo. Por-
tanto, se por um lado encararmos o cumprimento dos sinais que Cristo deixou como
meros acontecimentos naturais, eles deixarão de ser JÍ.#4Í.J para nós. Se, por outro
lado, fixafmos neles nossa esperança, eles assumirâo para nós um carátef /.d9Áj'/#.®,
em substituição a Cristo que é "a esperança da glória" (Cl 1:27).

Tempo: objeto de nossa esperança?


Em diálogo com alguém que alegava ter recebido o dom profético para advertir
a lgreja em nossos dias, perguntei-lhe a respeito de qual seria a necessidade de uma
nova maniftstação desse dom em geral para a igreja hoje. Sua resposta foi que o mesmo
Deus que chamara Ellen G. White para mencionar os e#6#/or que haveriam de ocorrer
no fim dos tempos, agora o estava incumbindo de apresentar à lgreja o /Gz#Po específico
em que os eventos irão ocorrer.
136 Talvez esse seja um exemplo extremo dentro de um grupo representativo que,
embofa não reclame para si o dom pfofético, julga possuir luz suficiente para advertir
a lgfeja da bfevidade da volta de Cristo, enfatizando o tempo em que os eventos finais
ocorrerão. Alguns chegam a argumentar que as palavras de Cristo em Mateus 24:36
nos impedem apenas de saber o "dia e hofa", mas que o #G^í ou pelo menos o cz#Õ de
sua vo]ta é possível sef determinado. Os argumentos mais comuns baseiam-se em cál-
culos matemáticos elaborados sob a premissa de que em "detefminado ano" terá fim
o petíodo dos "6000 anos" e, conseqüentemente, nesse mesmo ano ]esus voltafá.2
Em realidade, a curiosidade humana em relação ao tempo em que a volta de Cristo
há de ocorrer não.se lifnita aos nossos dias. Apesar de Cristo tef afifmado em seu sermão
profético que "a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos Céus, nem o
Filho, senão somente o Pai" Qlt 24:36), pouco antes de sua ascensão os discípulos voltaram
a indagar-Ihe: "Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a lsraely' (At 1:6).
Diante da insistência dos discípulos, Cristo claramente afirmou: "Não vos compete
conhecer tempos ou épocas que o Pai feservou para sua exclusiva autoridade..."(Atos
1:7). Essas palavfas esclarecem o fato de que quaisquer tentativas por definir um /8¢o
específico ou G¢o# em que os eventos finais hão de ocofter é tentaf penetrar naquilo
que Deus reservou para si, e que não é de sua vontade que conheçamos @t 29:29).
Comentando a respeito desse assunto, a Sra. White declara: "]esus não veio
assombrar os homens com alguns grandes pronunciamentos de um tempo especial
em que havia de ocorrer algum grande acontecimento, mas veio instruir e salvar os
0 DIA DA SUA VINDA

perdjdos. Não veio despertar e satisfazer curiosidade; pois sabia que isto não faria
senão aumentar o desejo por coisas curiosas e maravilhosas."3 Não devemos viver em
excitação acerca de tempo. Não nos devemos absorver com especulações relativamente
aos tempos e às estações que Deus não revelou. ]esus disse a seus discípulos `viãai',
mas não para um tempo definido... Não sereis capazes de dizer que Ele virá dentro
de um, dois, ou cinco anos, nem deveis retardar sua vinda, declarando que não será
Por dez, ou vinte anos."4
"Quanto mais freqüentemente se marcar um tempo definido para o segundo
advento, e mais amplamente for ele ensinado, tanto mais se satisfazem os propósitos
de Satanás. Depois que se passa o tempo, ele provoca o ridículo e o desdém aos seus
defensores, lançando assim o opróbrio sobre o grande movimento adventista... Os que
persistem neste efro, fixarão finalmente uma data para a vinda de Cristo num fiituro
demasiado lonstnquo. Serão levados, assim, a descansar em falsa segurança, e muitos
se desenganarão tarde demais.''5
"Tenho sido repetidamente advertida com referência a marcar tempo. Nunca mais
haverá para o povo de Deus uma mensagem baseada em tempo."6 "0 tempo não tem
sido um teste desde 1844, e nunca mais o será."7 Em vez de viver na expectativa de
algum tempo especial de excitação, cumpre-nos aproveitar sabiamente as oportunidade
presentes, fazendo o que deve ser feito para que almas sejam salvas. Em lugar de exaurir
as enerãas de nossa mente em especulações quanto aos tempos e às estações que o
Senhof estabeleceu por seu próprio poder, e reteve dos homens, devemos render-nos
nós mesmos ao domínio do Espírito Santo, cumprir os deveres atuais, dar o pão da vida,
não adulterado com opiniões humanas, a almas que estão perecendo pela verdade."8
"0 Senhor me tem mostrado que a mensagem do terceiro anjo deve ir, e ser proda-
mada aos dispersos filhos do Senhof, mas não deve estar na dependência do tempo. Vi que
a|gunsestavamconsçguindoumfálsoexcitamento,despertadoporpfegaremtempo;masa
mensagem do terceiro anjo é mais fofte do que o tempo possa ser. Vi que esta mensagem
pode sustentar o seu próprio fiindamento e não necessita de tempo para fortalecê-la; e
que ela irá em grande poder e fará a sua obra, e sefá abreviada em justiça."9

Cristo: o objeto de nossa esperança


Ser um "adventista" não significa desconhecer o tempo e o contexto em
que vivemos, para apenas acariciar sonhos e imaginações utópicas em relação
ao futuro. Um genuíno adventista é alguém que aceitou a Cristo como Salvador
pessoal e como Senhor de sua vida, cujo coração foi a tal ponto enternecido pelo
grande amor de Cristo, que sua viva ligação com Ele aumenta cada vez mais seu
anseio de vê-lo face a face.
A gloriosa promessa de contemplar "a sua face" (Ap 22:4) não permite que
centralizemos nossa esperança no /GÂ#j>o e nos J/.#áz/.J que ocorrem ao nosso redor.
0 tempo deixará de existir (Mt 28:28) e a presente ordem de coisas passará (Ap
0 CENTRO DA NOSSA ESPERANÇA

21:5), quando aqueles que depositaram sua esperança em Cristo hão de resplan-
decer "como as estrelas sempre e eternamente" (Dn 12:3).
Écomessaesperançaemmentequeoapóstolo]oãoesffeveu:"Amados,agorasomos
filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele
se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-lo como Ele é" (1 ]o 3:2).
E o resultado natural dessa ênfase em Cristo será a purificação do próprio coração (1 jo 3:3)
e a dedicação da vida à prodamação do evangemo ao mundo Qft 24: 14).
Aos primeiros discípulos]esus desviou a atenção e a preocupação por "conhecer
tempos ou épocas", para a necessidade de receber a unção do Espírito Santo a fim de
testemunharem com poder no cumprimento da missão (At 1:7 e 8). Por semelhante
modo, o mundo será convencido, não por constatar a precisão matemática em que
formulamos os cálculos em relação com os acontecimentos finais da história do mundo,
mas por sentir que realmente estivemos com ]esus (At 4:13) e que "o amor de Cristo
nos constrange" (1 Co 5:14).

Considerações adicionais
Eril Brunner afirma: "0 que o oxigênio é para ps pulmões, a esperança é para
o sentido da vida humana. Remova-se o oxigênio, e a morte há de ocorfef pof asfixia;
remova-se a esperança, e a humanidade será constringida por falta de fôlego. 0 deses-
138
pero sobrevém, paralisando os poderes intelectuais e espirituais por um sentimento
de uma existência destituída de sentido e pfopósito. Como o destino do organismo
humano depende do suprimento de oxigênio, assim o desdno da humanidade depende
de seu suprimento de esperança.""
0 verdadeiro cristão sabe que essa esperança transcende o tempo e o espaço, e
centraliza-se na segunda vinda de Cristo (1 Co 15:19). E Edward Gibbon identifica
a fié no iminente retorno de Cristo como um dos cinco fatores mais importantes do
progresso do cristianismo", afirmando que, enquanto essa esperança foi mantida,
produziu "os mais salutares efeitos sobre a fé e a prática dos cristãos"."
Certa ocasião, ouvi o pastor Ernest Steed, da Associação Geral, contar um epi-
sódio significativo que ele ptesenciou ao visitaf uma das flhas do Sul do Pacífico. Ao
anoitecer, ele acompanhou os nativos ao alojamento em que pernoitavam. Era uma
construção rudimentar, na qual o primeiro qndar, que ficava junto ao solo, servia de
abrigo aos animais domésticos; o andar seguinte era destinado aos homens da tribo;
e um terceifo andar era feservado às mulheres. De madrugada, quando ainda escuro,
todos os nativos da tribo deixaram o alojamento e foram até a praia na direção em
que nascia o sol, retornando depois de algum tempo. Curioso ante o incidente, o
pastor Steed indagou-lhes a respeito do que foram fazer. Os nativos responderam
que, quando o missionário adventista lhes havia pregado o evangelho, ele afirmara
que jesus haveria de vir do Oriente Q4t 24:27). Assim, cada manhã, eles iam pata
ver se Jesus já estava voltando!
0 DIA DA SUA VINDA

Tàl costume pode parecer o fesultado de uma fé ingênua, aos olhos de uma mente
racionalista. Mas é uma demonstração prática de fié na iminente volta de Cristo, por
um grupo de nativos que aceitou o evangelho.
Na verdade, não somos instados a estabelecer datas para a volta de Cristo, mas
a crermos na iminência desse evento. Essa iminência cumprir-se-á para cada um de
nós individualmente quando ]esus voltar em glória e majestade nas nuvens do céu, ou
quando formos chamados ao descanso. 0 certo é que a cada um de nós individualmente
Cristo declara: "Certamente venho sem demora." Que nossa resposta seja como a do
apóstolo ]oão: "Amém. Vem, Senhor ]esus" (Ap 22:20).

Nota§
' Alberto R. Timm, R£z¢.j./z7,4J#G#/z.j-/z7, setembro de 1987, 9-11. Usado com pefmissão.
2 Detalhes adicionais sobte o propósito e o significado que os 6.000 anos possuem em

telação à história deste mundo nos escritos de Ellen G. White podem ser encontrados em Warren
H.Joh3ni,u`;:uánà¥:e"=":G?JlbEhJC#F":#|n:18o7:y„,M`.-,amdelg84'2o-23.
4ibid.,189.
5 E||en G. White, 0 Crzí#dç Co#/Í./o, 459.
óidem.,MmzzgmEfco/4z.d",1:188.
7 ide", Primeí;os EScritos.75.

Idem, M€#Jz7gG#J Eí#o/4!.¢r, 1 : 186.


Ide:rrL,PrimeimEfritos,75.
" Emil Brunnet, E/pm4/Ho4€ a'hiladelphia: The Westminster I'ress, s.d.), 7.
``EdwardGibbon,T4GDGc/z.w¢#dFWo/ÁÁGROÂ#4#E#P;.#QJewYoík:ModemLbtary,

d.),]:3i!:bíd"2.
JNEXO 5

OS EMISSÁRIOS D0 REiNoÍ

Elas podem ser vistas indo de porta em porta ou interceptando pessoas nos
movimentados centros urbanos, para oferecer as edições mais recentes de DGpe#z%../
e j4 Je#/z.#G/cz. Independente de idade, sexo e sítuação sócio-econômica e cultural,
todas são motivadas pelo dever comum de comunicar aquilo que supõem ser as
novas do "Reino de ]eová" reveladas a elas através da Sociedade Torre de Vida
Bíbüas e Tratados, sediada no Brooklin, em Nova lorque, EUA. Elas são chamadas
Testemunhas de ]eová, que hoje soma aproximadamente quatro milhões no mundo
e umas trezentas mil no Bfasil.
Segundo alguns estudiosos, as Testemunhas formam uns dos movimentos re-
liãosos de crescimento proporcional mais rápido em todo mundo. Elas dobraram o
número de adeptos nos últimos dez anos.
A que se deve tamanho ímpeto missionário? Talvez a este simples fato: as Tes-
temunhas considefam-se o povo exclusivo de Deus, comissionadas por Ele para o
cumprimento de uma obra especial no mundo, antes que a impendente batalha do
Armagedom sej.a travada. Esse pensamento infi]nde-lhes um notável senso de missão. ,4í
Estimuladas pof um forte sentimento de que receberam de ]eová uma mensagem
que precisam comunicar ao mundo para não porem em risco a própria salvação, são
compelidas a um intenso programa de ação, cafacterizado por um persistente contato
com o público. Milhões de pessoas são visitadas cada ano e mflhares doutrinadas nos
postulados da Sociedade.

História
Embora as Testemunhas reportem o início de seu trabalho aos tempos de Abel,
o filho de Adão e Eva, a fimdação do movimento deve, na realidade, ser tributada a
Charles T. Russell (1852-1916), filho de um comerciante de Pittsburgo, Pensilvânja.
Presbiteriano de início e congfegacionalista a seguir, Russell acabou imerdndo no
agnosticísmo ainda em sua adolescência. Aos 18 anos, porém, assistiu a algumas
exposições bíblicas feitas porjonas Wendell, pregador adventista não do sétimo dia,
as quais, citando as palavras do pfóprio Russell, foram suficientes "sob a direção de
Deus, para restabelecer minha fé vacilante na inspiração da Bíblia e para mostrar que
os registros dos apóstolos e dos profetas se acham indis§oluvelmente ligados" (8#4-
líficadofpafaserMiniftrof,2:]GJ).
Em lugar de se urir a Wendeu, Russell organizou sua própria classe de estudo da
Bíbha. Uma congregação foi formada ao longo de cinco anos, durante os quais certas
posições doutrinárias foram adotadas, entre elas a volta z.##z.J¢'#G/ de Jesus e a oportuni-
OS EMISSÁRIOS DO REINO

dade de salvação c7Po'Í a ressurreição (teoria conhecida como j¥g##dz c4cz#f?). Em 1876,
o grupo de Russell se uniu ao grupo de um tal N. H. Barbour, de Rochester, NY, por
sustentarem opinião semelhante quanto à maneira da volta de ]esus. Um livro intitu-
lado TZJG Tbr% 1%n/d (Os Três Mundos) foi publicado por Barbour e Russen, onde
afirmavam que ]esus voltara invisivelmente em 1874 e que no transcurso dos quafenta
anos seguintes, ou seja, até 1914, ocorreria a "grande tribulação", os judeus seriam
restaurados, o poder dos gentios seria quebrantado, os reinos do mundo passariam a
pertencer a Deus, e a era do julgamento seria introduzida.
Barbour, todavia, discordava da teoria da segunda chance, e a coligação durou
apenas dois anos. Em 1879, Russell lançou o primeiro número de j4 To#p JG I/l/Éz.tz c#
J¢.éz~Ío eÁrj7#/o d¢ P#j¥#/`¢ JG C#.j./o, hoje j4 JG#/7.#6Áz, cuja disseminação contribuiu para o
surdmento de novas congregações. Em 1881, criou Sociedade de Tratados da Torre de
Vigia de Sião, legaüzada em 1884 e mudada para Sociedade Torre de Viàa de Bil)has e
Tratados, em 1896. A partir dessa época, Russeu publicou muitos artigos e discursos,
e uma série de seis volumes conhecida como J/#c7z.# /'# /ÁG J#z¢/#"f (Estudos nas Es-
crituras), pfecursores das atuais publicações das testemunhas.
Deixando de lado a questão da validade das posições bilJücas assumidas por Rus-
sell, e o não cumprimento de suas profecias (algumas oriundas de cálculos baseados
na extensão dos corfedores da Grande Pirârride do Eãto), é dificil não considerar o
j42 primeiro presidente da sociedade da Torre de vigia uma figura, no mínimo, controver-
tida. Se, por um lado, ele foi um ardoroso defensor e disseminador das conclusões a
que chegou, por outfo não viveu uma vida inteiramente compatível com a mensagem
bíblica. 0 processo de divórcio em que esteve envolvido, o "conto" do trigo milagroso,
a farsa do seu conhecimento da língua grega, e outros incidentes que lhe valeram a|g`ms
processos na Justiça, não deixam dúvida a respeito.
Formado em Direito, foi fácil para joseph F. Rutherford (1869-1942), sucessor de
Russen, reformular os estatutos da Sociedade, agora em Nova lorque, e obter-lhe quali-
dade legal definitiva. Foi inegavelmente um homem de grande visão administrativa. Criou
o */og¢# "Anunciai o Rei e o Reino", incrementando o trabalho de campo e dando novo
impulso ao movimento. Foi ele que iniciou o programa de visitação de casa em casa, até
hoje seguido pelas Testemunhas, e a prática de congressos redonais e periódicos, com a
concentração de grande número de adeptos em estádios e outros locais adequados.
Revelou-se um prolífero escritor, escrevendo em média um livro por ano. Acte-
dita-se que acima de trezentos milhões de cópias de suas obras foram distribuídas
durante sua gestão. Alterou diversos pontos doutrinários estabelecidos por Russeu, o
que trouxe revolta e divisão, resultando na formação de movimentos paralelos, dois
doscTurisajmdapetrna,nece:m..DawnBibleStudentsAsfodationeIAyman'SHomeMi]sionay
Mo#6#G#/. Os emissários da Sociedade, que até 1931 eram conhecidos como russelitas,
Estudantes lnternacionais da Biblia, e Autoristas do Milênio, passaram a se chamar
pelo seu nome atual: testemunhas de ]eová.
0 DIA DA SUA VINDA

Embora de forma muito mais intensa, Rutherford seguiu de perto o estflo de


trabalho de Russell, escrevendo artigos e fazendo novas previsões pfoféticas tão teme-
rárias quanto as do predecessor. Exemplo desse fato é o r/o;g¢# que ele criou para uma
campanha de pregação levada a efeito de 1918 a 1921, A4/.%# g#G j4gor¢ L//.#GÂ#/á7z%à
Mom?rj7~o, que serviu de título pafa um livro lançado em 1920. 0 estabelecimento do
Reino era previsto para 1925, e o mundo deveria muito lógo testemunhar a ressurreição
de Abraão, Isaque, ]acó e outros "principes". Em 1929, foi construída em San Diego
a mansão BGÁÁ Jc7#.Â#, destinada a abrigar os ressurretos vultos bíblicos. Foi vendida eín
1942 logo após a morte de Rutherford.
Nathan H. Knofr (1905-1977), o tefceiro presidente, estabeleceu escolas de trei-
namento para as Testemunhas. 0 movimento desfrutou de considerável avanço em
sua gestão, cfescendo em recursos e adesões, apesaf das baixas verificadas logo após
1975, quando o Armagedom era esperado e não veio. 0 atual presidente, Frederick
W Franz, tem se preocupado em aprimorar c) pensamento teológico da Sociedade. É
tido pelas testemunhas como um erudito em Hebraico, embora em 1954 tenha sido
desacreditado nesse ponto num tribunal da Escócia. Muito provavelmente esteve à
£tente da comi:ss~a,o que ptepzirou zL Tnaduíão do Nouo Mmdo daf EScritwms SagmdaJ. Pot
outro lado, tem enfrentado sérias dificuldades com o problema de dissidência na alta
cúpula da organização. 0 próprio sobrinho, Raymond Franz, não somente resignou o
cargo, mas também abandonou a fé. J4

A obra no Brasil
Segundo pesquisa realizada pelo universitário Amarildo Gusmão, a mensagem da
Torre de Viãa penetrou no Brasfl em 1920, através de alguns marinheiros brasileiros
que haviam sido abordados por Testemunhas em Nova lorque. 0 primeiro missionário
chegou no Brasil em 1922.
A revista To#e JG LízÉz.á7 foi pubücada em nossa idioma pela primeira vez em 1923,
tendo o nome sido alterado para Á j4/#/¢/.c7, em 1940. Era época da guerra e o primeiro
nome não comunicava bem. Todavia, o segundo também não pôde permanecer devi-
do a uma outra pubücação homônima. Em 1943, recebeu definitivamente o nome de
4 JG#/z.#G/c7. Outra revista, Co#JOÁ7ftz~o, começou a circular na década de 40. Mais tarde
passou a ser chamada DG¢G#zz¢../
Vez por outra têm as Testemunhas enfrentado sérios problemas com as au-
toridades cívís e reüãosas em vírtude do seu comportamento agressívo. No tempo
de Getúlio Vargas as publicações foram inte£rompidas e os ttabalhos da Sociedade
proibidos oficialmente.
0 Brasfl ocupa o terceiro lugaf em número de adeptos, perdendo apenas para os
Estados Unidos e o México. Mas a julgar pelas cifras de 1989, podefá em breve ocupar a
segunda posição. Foram aqú batizadas 23.937 pessoas, mais do que em qualquer outfo
lugar do mundo, exceto os Estados Unidos, com 48.358 novas adesões.
OS EMISSÁRIOS DO REINO

Organização e atividades
As testemunhas de ]eová não constroem templos, mas se reúnem nos conhecidos
"Salões do Reino" formando as congfegações locais, cujos líderes são chamados "servos
de congregação". Cada congregação possui uma área geográfica onde deve atuar. Várias
áreas formam um circuito, que recebe a assistência de um líder, o "servo de circuito". Vários
circuitosformamumdistrito,supervisionadoporum"servodédistrito".Frialmentevários
disritosdeterminamaobranumpaís,conhecidacomorzz#o,egeralmentehderadaporuma
filial ou sede local. As diferentes filiais no mundo respondem diariamente à sede mundial
nos Estados Unidos. Isto inclui o envio de relatórios das atividades de cada congregaçãQ
Não são feitas coletas nas reuniões. Todas as despesas são cobertas por contri-
buições voluntárias dos membros, mais o lucro advindo da literatura vendida. Existem
nos lugares de reunião caixas ou urnas apropriadas para a entrega dos donativos.
Cada pessoa batizada é considerada um ministro ordenado de ]eová Deus, pafa
participar da obfa de expansão do Reino. Se alguém pode devotar pelo menos cem horas
de atividade por mês é considerado ump/.o%/.#o. Os que atingem 145 horas são chamados
P?.o#G/.mJ GPGcz-czz.í. A principal atividade é testemunhar de casa em casa, o que naturalmente
envolve a venda de literatura; os que fazem isso são chamadosp#á/7.Í¢éb#f. As reuriiões nos
salões do Reino visam ao estudo das doutrinas mediante a análise dos temas preparados
pela Sociedade em Nova lorque. Reuriões de treriamento são fütas freqüentemente, onde
J44 são discutidas técnicas de oratória, de aproximação com o púbüco, de doutrinamento, e
de procedimento e argumentação em debates com não-Testemunhas.
Duascerimôniassãorealizadas:obatismoporimersãonaságuaseaceiadacomemoía-
Ção(ceiadosenhor).Obatismoéadministradosomenteapessoasqueforamsufidentemente
ristruídas para entender o que uma Testemunha crê, como deve viver e ast Naüiralmente é
espetado que cada neófito amadueça espiritualmente mediante o continuo estudo e aprendi-
zagem.Aceiaéoferecidaapenasumavezaoano,nadatadamortede]esus.Éesperadoque
apenasumapequenaminoriaparticipe,exatamenteaquelesquesritamfazerpartedos144ril
de Apocalipse 7:14. Em 1989, apenas 8734 pessoas em todo o mundo tomaram a ceia.
Pessoas desljgadas do congregação são tratadas com o máximo rigor. `Ninguém da
congregação deve cumprimentar tais pessoas quando se encoma com elas em púbüco,
nem deve acolhê-las nos seus lafes. Até mesmo parentes consangüíneos, que não moram
no mesmo lar, dando mais valor às relações espirituais, evitam contato com tais ao máximo
possível.Eosquesãomembrosdamesmafimfladodesassodadocessamdeterassocíação
espiritual com o transgressof" (Ijí:¢4% Pz7% o MG# PG' G' 4 T#Á7 PzzÁ7gm, 180).

0 que crêem
As Testemunhas de ]eová se destacam por suas crenças peculiares, as quais, em
diferentes áreas do ensino bíblico, se resumem no seguinte:
r%/ogz.é7 -São unitarianos e esposam um monoteísmo absoluto. Rejeitam a San-
tíssima Trindade não aceitando a plena divindade de ]esus nem a personalidade do
0 DIA DA SUA VINDA

Espírito Santo, para eLas a símp]es enerãa djvína. Demonstram profimdo ínteresse
pelo nome ]eová, e atribuem-no exclusivamente ao Pai. Este criou o universo usando
o Filho como instrumento.
C#.J/o/ogz.¢-Antesdenascer,CristovivianoCéu.Foiaprimeiracriaçãóde]eováe
seu nome era Miguel. Devido à sua posição era considerado "um deus", mas não igual
a jeová. Veio ao mundo nascendo de uma virgem, sem contudo ocoffer a encamação
do Filho de Deus. Cristo foi nada mais que um homem perfeito. Morreu numa estaca
e não numa cruz, e Sua ressurreição não foi corporal, mas espiritual e invisível, apa-
recendo aos discípulos em corpos materializados para este fim. Reintegtado à esfera
celestial, voltou a ser o anjo Miguel.
Jcz/#zzfzz~o -A morte de Cristo não é considerada o sacrificio e2piatório que salva
o pecador, mas o pagamento do fesgate que outorga ao homem uma segunda chance
de ser leal a ]eová e labutar pela vida eterna. A aceitação do resgate é apenas um item
entre outros a serem cumpridos por alguém que espera ser salvo. Conseqüentemente,
o beneficio do resgate não é para todos, mas apenas para os que são "dignos entre os
filhos de Adão" (Do Pzzrjí/'jio PGfiJz.Jo ázo Pz¢rjz/'Jo Rp¢%¢, 143). Maior ênfase é dada à
sobrevivência na batalha do Armagedom do que à salvação do pecado.
0 r# Á#Âzíá7#o - 0 homem não possui uma alma imortal que vai, imediatamente
após a morte, para o Céu, para o purgatório, ou pafa o infemo. A condição de uma
pessoa na morte é de absoluta inconsciência. Com respeito ao destino eterno, a huma- J
nidade está dvidida em três grande grupos: oJ/.#J/oJ, aqueles que reconhecem o governo
de ]eová e fazem sua vontade acatando as orientações da Sociedade Torre de Vida e
preparando-se para sua recompensa no Céu ou na Tetra; " z'%í.of, os que se rebelam
contra o governo de ]eová, e que, conseqüentemente, ao morrerem são ariquilados,
isto é, não têm perspectiva de ressurreição; e af z.#/.#J/or, que nesta vida não obtêm um
cofreto conhecimento da vontade de Jeová, e que, poftanto, ressuscitafão no transcurso
do milênio para terem a segunda oportunidade.
PozJo c7G DG#r -A lgfeja é constituída por apenas 144 mil membfos feunidos
a partir do dia de Pentecoste do ano 33 d.C. Naturalmente os líderes da Sociedadé
participam desse grupo, conhecido também como "classe untida", ou "pequeno
rebanho". Deus tem ainda "outras ovelhas", em quantidade inumefável que formam
a "grande multidão". Expressões bíblicas como "justificação pela fé", "novo nas-
cimento", "estar em Cristo", "batismo com o Espírito Santo", etc. definem experi-
ências desfrutadas apenas pelos 144 mil. Estes têm sua recompensa com Cristo no
Céu. Para tanto, necessitam sacrificar sua vida terrena, como Cristo fez. Ressuscitam
espiritualmente, então, e sobem pafa o Céu. A ressurreição espiritual dos 144 mil
começou em 1918 e prossegue a cada instante em que um eleito morre. 0 grupo
será completado algum tempo depois do Armagedom, o que significa que a|gumas
Testemunhas terão de morrer durante o milênio. Os participantes da "grande mul-
tidão" viverão eternamente na Terra.
OS EMISSÁRIOS DO REINO

Ú/7z.%or GZJe#/of - 0 fim do mundo é na reahdade o fim do atual "sistema de coi-


sas". A volta de jesus ocorfeu em 1914. Foi um evento espiritual e, por tanto, invisível
aos mortais. Não se deu o retorno üteral de ]esus à Terra, mas sua posse na direção do
Reino, no Céu. Por isso, as testemunhas falam mais na "presença" de Cristo do que
na sua vinda. Geração de 1914 não passará sem que venha o Armagedom, quando os
reinos do mundo perderam o domínio. No fim do milênio ocofrerá o ju|gamento final
de todos os que estiverem vivos sobre a Terfa. Serão julgados segundo o que pfatica-
ram, não presente existência, mas na existência que terão durante o milênio. Satanás e
os derradeiros rebeldes serão então para sempre aniquilados.
É/z.c4 ~ As testemunhas de ]eová são incentivadas a manter um comportamento
ético exemplar no meio em que vivem. Todavia, agem de forma inusitada em dife-
rentes ci£cunstâncias: recusam cumprir serviço militaf, não cantam o hino nacional
nem pfestam deferência à bandeira, rejeitam transfiisão de sangue, não participam de
celebração alguma, cívica ou refiriosa, não comemoram qualquer tipo de nataHcio, não
vestem luto, não guardam qualquer dia semanal, não respeitam qualquer feriado, não se
envolvem em qualquer assunto de natureza política, civil e filantrópica, e desaconselham
os jovens a perseguirem cursos universitários. 0 que crêem e o que fazem, dizem, é
pot fidelidade à Bíbha.


Conclusão
Não nos cumpre aqui avaüar, do ponto de vista bibhco, suas posições doutrinárias.
Muita coisa tem sido djta e escrita a esse respeito, e continuará a sê-lo. Todavia, uma
considefação adicional e final deve sef feita. As testemunhas de]eová se julgam o povo
da Bíblia. Um simpatizante do movimento afifmou: "Pfovavelmente a característica
mais notável das testemunhas de ]eová é seu apelo à autoridade das Escrituras para
tudo o que pensam e fazem" (Marley Cole, T#.ÃL%j)Áé7#/ KZ.#gt7o#, 37). Por sua vez, a
Sociedade Torre de Vigia não hesita em afirmar seu monopóho da verdade. Somente
as testemunhas possuem a verdadeira fé cristã e cumprem a vontade de Deus. Qual-
quef outra religião é falsa.
Deve-se lembrar, porém, que essa tem sído a pretensão do movimento desde a
sua origem. Russell declarou em seus J/z/J/.# z.# /ÁG Jmp/zm que seria melhor ler seus
estudos sem ler a Bíblia do que ler a Bíbüa e ignorar seus estudos. Disse também: "Pes-
soas não podem ver o plano divino ao estudar a Bíblia por ela mesma''. A idéia era que
a Bíblia deveria ser estudada à luz do que Russell ensinava; caso contrário, o estudante
seria antes desencaminhado que conduzido à verdade (1%/zú ro#Gr,15/09/1910, 298).
Pretensão idêntica foi reivindicada em relação aos ensinos de Rutherfórd e aos escritos
posteriores da Sociedade.
Ho).e não é diferente. As testemunhas contriuam considerando a Sociedade Torre
de Vigia o único instrumento ou canal usado por]eová pfa instruir seu povo na Terra.
Para se confifmar esse fato, basta notar que seus "estudos bíblicos" são na realidade
0 DIA DA SUA VINDA

estudos de suas pubhcações. É dificfl escapar à impressão de que não é a Bibüa que
normatiza os ensinos da Sociedade e sim os ensinos da Sociedade que normatizam a
compreensão da Bíblia.
Mais sutpreendente ainda são as alterações que esses ensinos têm sofrido ao longo
dos anos. William]. Schneu, uma ex-Testemunha, informa que em apenas onze anos, de
1917 a 1928, a Sociedade mudou suas doutrinas 148 vezes, e que mudanças têm ocorrido
"muitas vezes de lá pra cá" (J#/o /4G IJÉÁ/ o/ Cb#.r/z.áz#.g/ [ Na Luz do Cristianismo],13).

Isto é muito sério para uma entidade que alega ter o monopólio da verdade.
As Testemunhas se defendem dizendo que o conhecimento da verdade é pro-
gressivo. Mas a ampliação do conhecimento da verdade jamais é feita em detrimento
da vefdade já revelada. Se ontem as testemunhas, através da instrução de]eová, faziam
ceftas afirmações que hoje, igualmente pela instrução de ]eová, feputam como erro,
não somos deixados senão com duas alternativas possíveis: ou ]eová não está seguro
daquilo que fevela, o que é uma impropriedade, ou a instrução não provém dele.
Ademais, determinadas posições doutrinárias foram descartadas e substituídas
por outras, tão-somente para serem readmitidas tempos depois. Quem então pode
garantir que as "verdades" anunciadas hoje pelos emissários da Sociedade continuafão
`Verdades" amanhã?

Notas
`josé Carlos Ramos, R£#.j./z7.4¢G#/z.j./z, janeiro de 1993, 28-31. Usado com permissão.
VI. BIBLIOGRAFIA
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