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Universidade e Extensão em tempos

de pandemia e pós-pandemia
XVI Encontro de Extensão da Universidade
Federal do Cariri

Fabiana Aparecida Lazzarin


Jucieldo Ferreira Alexandre
Hemerson Soares da Silva
Sabrina Suerli Lucena Melo
Organizadores
Universidade e Extensão em tempos
de pandemia e pós-pandemia
XVI Encontro de Extensão da Universida-
de Federal do Cariri

Fabiana Aparecida Lazzarin


0000-0002-3053-4447
Jucieldo Ferreira Alexandre
0000-0002-4949-0456
Hemerson Soares da Silva
0000-0001-5200-8782
Sabrina Suerli Lucena Melo
0000-0002-4232-5773
Editora Cultura & Informação 2021
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Editor-chefe: Esdras Renan Farias Dantas


Diagramação: Diagramador da Editora Cultura & Informação.
Capa: Serviços de terceiros.

ISBN: 978-65-993052-2-1

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Responsável: Esdras Renan Farias Dantas
Bibliotecário CRB15-670

U58
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-pandemia:
XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal do Cariri /
Fabiana Aparecida Lazzarin, Jucieldo Ferreira Alexandre, Hemerson
Soares da Silva, Sabrina Suerli Lucena Melo. – Fortaleza, CE :
Cultura & Informação, 2021.

305 p. : il.

ISBN: 978-65-993052-2-1

1. Extensão universitária. 2. Comunicação. 3. Direitos Humanos.


4. Educação. 5. Tecnologia. I. Título. II. Lazzarin, Fabiana Aparecida.
III. Alexandre, Jucieldo Ferreira. IV. Silva, Hemerson Soares da.
V. Melo, Sabrina Suerli Lucena.
21. ed. CDD: 378.155 409 816

Editora CI - Cultura & Informação


Rua Coronel Belo, 394
Fortaleza, CE.

www.editoraci.com.br
CONSELHO CIENTÍFICO

Dra. Débora Adriano Sampaio Ciência da Informação


Me. Esdras Renan Farias Dantas Biblioteconomia
Dra. Joana Coeli Ribeiro Garcia Ciências Sociais Aplicadas
Dr. José Mauro Matheus Loureiro Ciências Humanas
FICHA TÉCNICA XVI ENEX

Organizadores do XVI Enex Jucieldo Ferreira Alexandre


Luciana Bessa Silva
Aline Rodrigues B. Oliveira Milton Jarbas Rodrigues
Angélica Almeida de Sousa Polliana de Luna Nunes Barreto
Arícia do Socorro Tavares Miranda Priscilla Régis Cunha de Queiroz
Beatriz de Lima Oliveira Ricardo Aladim Monteiro
Daniely Souza
Débora Costa Convidados e mediadores do XVI Enex
Fabiana Aparecida Lazzarin
Gabriela Catunda Peres Adriana dos Santos Marmori Lima
George Soares de Oliveira Aline Rodrigues B. Oliveira
Germano Araujo Sampaio Ana Lívia de Souza Coimbra
Gilderlania Felix Agostinho Angélica Almeida de Sousa
Hemerson Soares da Silva Arícia do Socorro Tavares Miranda
Hugo Azevedo Rangel de Morais Benigna Maria de Oliveira
Igor Aquino de Pinho Cícero dos Santos Ribeiro
Jacqueline Oliveira da Silva Melo de Almeida Fabiana Aparecida Lazzarin
Larissa da Silva Miranda Francilda Alcantara Mendes
Larissa Gonçalves da Silva Gabriela Catunda Peres
Lazaro Almeida Galvao Germano Araujo Sampaio
Luciana Bessa Silva Graco Aurelio Camara de Melo Viana
Marcos Vidal Luz Hugo Azevedo Rangel de Morais
Maria Eduarda Soares Carvalho José Robson Maia de Almeida
Mateus Dutra Santiago Laura Hévila Inocêncio Leite
Milton Jarbas Rodrigues Layne Antunes de Carvalho Rodrigues
Paola Rodrigues de Godoy Accioly Milton Jarbas Rodrigues Chagas
Paulo Robertson Nogueira Sousa Olgamir Amancia Ferreira
Polliana de Luna Nunes Barreto Paola Rodrigues de Godoy Accioly
Ricardo Aladim Monteiro Polliana de Luna Nunes Barreto
Sabrina Suerli Lucena Melo Ricardo Aladim Monteiro
Sara Roberta Shenielly Rodrigues Melo Rita de Cássia Cordeiro
Saulo Emanoel de Lima Brito Sabrina Suerli Lucena Melo
Sthefanie Pereira Alves Sandra Nancy Ramos Freire Bezerra
Wellison de Sales Ferreira Tereza Ivone Lobo Pinheiro Gurgel

Projeto gráfico Equipe da Pró-Reitoria de Extensão

Cicera Maria Gabriela Soares do Nascimento Fabiana Lazzarin - Pró-Reitora de Extensão


Dara de Oliveira Vieira Angélica Almeida - Pró-Reitora Adjunta e Coordenadora de
Gabriela Catunda Gestão das Ações
Vanessa de Almeida Ribeiro Aline Rodrigues - Administradora da Coordenadoria de In-
tegração e Fomento das Ações
Normalização Arícia Miranda - Chefe de Divisão de Integração de Ações
da Microrregião II
Fabiana Aparecida Lazzarin Diógenes Gonçalves - Assistente em Administração na Co-
Gilderlania Felix Agostinho ordenadoria de Políticas Extensionistas
Hemerson Soares da Silva Emanoella Callou - Chefe do Núcleo de Apoio à Divulgação
Joana Helen Idelfonso Santos e à Difusão
Wellison Sales Ferreira Francilda Mendes - Coordenadora de Políticas Extensio-
nistas
Comissão Avaliadora dos resumos expandidos Gabriela Catunda - Programadora Visual
George Soares - Chefe do Núcleo Gestor
Sabrina Suerli Lucena Melo (Presidente) Germano Sampaio - Chefe de Divisão de Integração de
Angélica Almeida de Sousa Ações da Microrregião I
Arícia do Socorro Tavares Miranda Hemerson Soares - Auxiliar Administrativo do Núcleo de
Fabiana Aparecida Lazzarin Apoio à Divulgação e à Difusão
Francilda Alcantara Mendes Jacqueline Melo - Auxiliar Administrativo da Coordenado-
Germano Araújo Sampaio ria de Gestão das Ações
Hemerson Soares da Silva Hugo Rangel - Chefe da Divisão de Fomento
Hugo Azevedo Rangel de Morais Larissa Gonçalves - Auxiliar Administrativo da Coordena-
doria de Gestão das Ações
Luciana Bessa - Secretária Executiva e Assessora de Apoio
ao Tratamento e a Organização de Documentação
Nágila Gonçalves - Auxiliar Administrativo da Coordena-
doria de Integração e Fomento das Ações
Paola Accioly - Chefe do Núcleo de Geren. de Dados
Polliana Luna - Chefe de Divisão de Regulamentação,
Acompanhamento e Avaliação
Milton Jarbas - Chefe de Divisão de Integração de Ações da
Microrregião III
Ricardo Aladim - Chefe de Divisão de Articulação da ex-
tensão
Noelia Souza - Coordenadora de Integração e Fomento das
Ações
Saulo Lima - Chefe de Divisão de Monitoramento e Sistema
de Informações
SUMÁRIO

COMUNICAÇÃO................................................................................................... 10

BÁRBARAS.................................................................................................................................... 11
BIBLIOTECA COMUNITÁRIA COMO ESPAÇO PÚBLICO DE INFORMAÇÃO....................... 15
REVISTA MEMÓRIAS KARIRI........................................................................................................ 18

DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA......................................................................... 22

CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA MIGRANTES.......................................................... 23

EDUCAÇÃO........................................................................................................... 28

A ESCRITA DE CONTO LITERÁRIO ENQUANTO FERRAMENTA PROBLEMATIZADORA


PARA O ENSINO DE QUÍMICA.............................................................................................. 29
CAPACITAÇÃO EM NUPDEC PARA REDUÇÃO DE RISCOS E DESASTRES: UMA
CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL............................................. 34
CARIRI CONSCIENTE................................................................................................................. 38
CEP EDUCATIVO......................................................................................................................... 41
DEFINIR FUNÇÕES EM MATEMÁTICA...................................................................................... 46
DEMONSTRAR EM MATEMÁTICA............................................................................................. 50
DESCONSTRUINDO E CONSTRUINDO O SOM QUE VEM DO LIXO.................................. 54
DIVULGANDO A FÍSICA COM EXPERIMENTOS DE BAIXO CUSTO..................................... 58
EDUCAÇÃO SEXUAL (DES)CONECTADA AO CARIRI CEARENSE........................................ 63
ENGENHARIA CIVIL DA UFCA NAS ESCOLAS DO CARIRI..................................................... 68
ENSINO DE MATEMÁTICA E SEUS DESAFIOS NO CONTEXTO DE PANDEMIA................. 72
ESCOLA DE ANATOMIA – TECNOLOGIAS APLICADAS NAS AÇÕES DE ENSINO E
EXTENSÃO.............................................................................................................................. 76
EXTENSÃO COMO ARTIFÍCIO DE PESQUISA......................................................................... 81
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E PANDEMIA............................................................................... 85
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA.................................................................. 89
HABILIDADE DE TOMAR DECISÕES NO ENSINO DE MATEMÁTICA................................... 93
LEI 10.639/2003............................................................................................................................ 97
LEVANDO CIÊNCIA DE FORMA LÚDICA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO
PERÍODO DE PANDEMIA..................................................................................................... 102
NAF............................................................................................................................................. 106
O ENSINO DA FÍSICA NAS ESCOLAS...................................................................................... 110
OBSERVANDO O CÉU DO CARIRI.......................................................................................... 114
PROJETO CEARÁ 2050.............................................................................................................. 118
PROJETO SAÚDE NA ESCOLA................................................................................................. 123
PROJETO SAÚDE NA ESCOLA................................................................................................. 128
REFLEXÕES DA EXTENSÃO A DISTÂNCIA EM TEMPOS DE PANDEMIA........................... 133
REINVENTANDO A GESTÃO DE PESSOAS NA PANDEMIA.................................................. 138
SÉRIE CARIRI CIDADE............................................................................................................... 143
TEATRO DO OPRIMIDO E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA...................................................... 148

MEIO AMBIENTE................................................................................................. 152


CAPACITAÇÃO EM GERENCIAMENTO DE ÁREAS DE RISCO COM VISTA NA
SUSTENTABILIDADE............................................................................................................ 153
CICLO DE FORMAÇÃO EM MEIO AMBIENTE, TERRITÓRIO, TRABALHO E
SUSTENTABILIDADE............................................................................................................ 158
ORIENTAÇÃO TÉCNICA DE COMO UTILIZAR CONTROLE ALTERNATIVO EM
PRAGAS NA HORTA NOSSO LAR....................................................................................... 162
PROJETO RAINHA DO CAMPO............................................................................................... 167
PROJETO RONDON NA UFCA................................................................................................ 172
PROJETO RONDON NA UFCA................................................................................................ 176
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO ÂMBITO ESCOLAR................................................... 181
WETLANDS CONSTRUÍDOS COMO ALTERNATIVA NO TRATAMENTO DE
EFLUENTES DE BIODIGESTORES RURAIS......................................................................... 186

SAÚDE.................................................................................................................. 190

ABORDANDO A SAÚDE E A ESPIRITUALIDADE NOS MEIOS DIGITAIS EM TEMPOS DE


PANDEMIA POR COVID-19...................................................................................................... 191
ADAPTANDO PLATAFORMAS DIGITAIS PARA A PROMOÇÃO DE SAÚDE......................... 196
AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO DIETÉTICA COM MICRONUTRIENTES NA
COVID - 19 E A IMUNOMODULAÇÃO.............................................................................. 200
DESENVOLVIMENTO DE CONGRESSO MÉDICO ON-LINE: RELATO DE
EXPERIÊNCIA........................................................................................................................ 204
EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM TEMPOS DE PANDEMIA........................................................... 208
EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE GASTROENTEROLOGIA E CIRURGIA DO APARELHO
DIGESTIVO POR MEIO DE REDES SOCIAIS DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19........ 212
EDUCAÇÃO MÉDICA NA PANDEMIA POR COVID-19......................................................... 217
ENFOQUE DIALÓGICO NA PROMOÇÃO DE AÇÕES DE EXTENSÃO DE SAÚDE
MENTAL PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO DO CARIRI DA EEMTI
PADRE JOSÉ ALVES DE MACÊDO / ICÓ-CE....................................................................... 223
ENFRENTAMENTO DA OBESIDADE INFANTIL VIA REDES SOCIAIS................................... 228
FÓRUM DE DISCUSSÃO DE CASOS CLÍNICOS..................................................................... 232
I CICLO DE PALESTRAS EM EMERGÊNCIAS ENDÓCRINAS................................................. 237
I CIPAMEV – I CICLO DE PALESTRAS DE MEDICINA VETERINÁRIA.................................... 242
I SIMPÓSIO ONLINE DE ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR DE PACIENTES COM
SÍNDROME DE DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA........................................................................ 246
MAMULENGOS DA SAÚDE...................................................................................................... 251
ONCOLOGIA............................................................................................................................. 256
PROJETO PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES NA COMUNIDADE
ATUANDO COM PROMOÇÃO DE SÁUDE DURANTE A PANDEMIA DO
CORONAVÍRUS..................................................................................................................... 261
SAÚDE NA ALIMENTAÇÃO DE JOVENS ESTUDANTES........................................................ 266
TOXICOLOGIA E SAÚDE.......................................................................................................... 271
VIVÊNCIAS NO RASTREAMENTO DE CÂNCER DE COLO UTERINO EM
COMUNIDADE RURAL DE BARBALHA-CE........................................................................ 275

TECNOLOGIA E PRODUÇÃO............................................................................ 278

DIFUSÃO DO CONHECIMENTO............................................................................................ 279


DIREITO À CIDADE E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ..................................................................... 283
EXTENSÃO COMO CONTRIBUIÇÃO À FORMAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL...... 288
PALESTRAS SOBRE A CULTURA DO GERGELIM DURANTE A PANDEMIA DA
COVID-19.............................................................................................................................. 293
PRODUÇÃO DE MELÃO CONVENCIONAL E ORGÂNICO.................................................. 297
UFCA NO COMBATE A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS..................................................... 302
Comunicação
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

BÁRBARAS
processos de trabalho de uma re-
vista feminista na pandemia de co-
vid-19

Área temática: Comunicação

Laura de Oliveira Brasil1


Natália Pinheiro Alves da Silva2
José Anderson Freire Sandes3

Resumo: O projeto Bárbaras é desenvolvido por alunas do curso de Jornalismo da


Universidade Federal do Cariri (UFCA), que publicam uma revista de mesmo nome, voltado
ao público feminino. O presente trabalho tem por objetivo mostrar a produção de uma edição
da revista durante a pandemia, evidenciando a mudança de planos e estratégias necessárias
para o novo formato de estudo e trabalho.

Palavras-chave: Bárbaras. Jornalismo. Pandemia.

INTRODUÇÃO

As consequências do novo Coronavírus afetam o mundo desde o fim do ano de 2019,


obrigando à reorganização de diversos setores. Na linha de frente desse combate, além
dos profissionais da saúde, estão os da imprensa, responsáveis por noticiar e informar a
sociedade sobre a ação do vírus, prevenção e sintomas da doença, como também sobre dados
de contaminação e violência - em específico, a violência doméstica que, em meio à pandemia
teve um percentual ainda maior, comparado ao ano de 20194.
1 Graduanda em Jornalismo pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: laura.brasil@aluno.ufca.edu.
br
2 Graduanda em Jornalismo pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: alves.natalia@aluno.ufca.
edu.br
3 Professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: jose.sandes@ufca.edu.
br
4 Informação retirada de matéria publicada no site da Revista AzMina em 19 de junho de 2020, atualizada em
7 de outubro. Disponível em: https://azmina.com.br/reportagens/mulheres-enfrentam-em-casa-a-violencia-
domestica-e-a-pandemia-da-covid-19/.
11
11
O projeto Bárbaras, vinculado às Pró-Reitorias de Extensão e de Cultura da
Universidade Federal do Cariri (UFCA), viu-se responsável por esse trabalho, principalmente
porque o público-alvo da revista produzida - as mulheres - estão na base da pirâmide que
sustenta as relações socioeconômicas.
A revista laboratorial é desenvolvida por acadêmicas do curso de Jornalismo da
instituição, orientadas pelo professor da disciplina de Jornalismo Impresso, com apoio dos
servidores técnicos do Laboratório de Práticas de Jornalismo, além de colaboradoras da
comunidade externa das áreas da Comunicação, Design, Educação, Direito, Saúde, dentre
outras.
O projeto engloba a produção de uma revista impressa e digital, além de ações na
comunidade externa. Com 72 páginas por edição, a Revista Bárbaras já está em seu quarto
número e, dentro de sua especificidade e linha editorial, não busca apenas exercer o papel de
simples transmissora de mensagens, mas também influir e mudar uma realidade que parece
cláusula pétrea na sociedade brasileira, a violência contra as mulheres diante de um sistema
patriarcal herdado do século XIX. O trabalho de extensão é desenvolvido em escolas da rede
pública e privada, e associações comunitárias da região do Cariri cearense, através de oficinas
e minicursos que contemplam temas abordados nas reportagens.
A pandemia chegou ao Brasil ainda em fevereiro; no Ceará, a confirmação dos
primeiros casos da Covid-19 ocorreu na noite do dia 15 de março. Com isso, o lançamento
da edição número três da Bárbaras - marcado para o dia 20 daquele mês - teve de ser adiado.
Esse foi o primeiro plano de trabalho do projeto afetado pela situação pandêmica.
No decorrer dos meses, as notícias acerca da relação do aumento da violência
doméstica contra mulheres no isolamento social afetaram a equipe da revista, visto que ela
é formada majoritariamente por mulheres e o tema é um dos constantemente tratados nos
textos; esse fator foi determinante para a escolha dos assuntos das publicações no perfil da
revista no Instagram. Diante do cenário da pandemia, a equipe buscou reestruturar-se e
utilizar com maior densidade as redes sociais – um dos pontos mais positivos. Alargamos,
através da avenida on-line, o nosso contato, mesmo por telas, com antigos e novos leitores.
Para Pierre Lévy (2010) a emergência do ciberespaço representa um efeito tão radical
sobre a pragmática das comunicações quanto teve, em seu tempo, a invenção da escrita. O
objetivo deste trabalho é apresentar os resultados da nova forma de execução do projeto,
aplicada a partir das medidas de biossegurança estabelecidas pela Organização Mundial de
Saúde (OMS), Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa) e o Comitê Institucional de
Enfrentamento à Covid-19 (Cieco-19/UFCA).

METODOLOGIA

Este trabalho se vale, sobretudo, do relato de experiência das autoras, enquanto


bolsistas e repórteres da Bárbaras. Por isso, os resultados apresentados são baseados nas

12
vivências da produção da quarta edição da revista, que durou de março ao início de outubro
deste ano. A metodologia usada apresenta o cenário de adaptação do plano de trabalho do
projeto e da rotina das bolsistas ao home office.
A questão do abalo à saúde mental foi um dos principais problemas gerados por causa
do isolamento social, o que consequentemente afetou o trabalho na Bárbaras. O home office
foi um desafio, principalmente por ser uma situação inédita e que colocou as repórteres da
revista em uma nova rotina. Algumas estratégias criadas antes do isolamento social para uma
melhor parceria entre repórteres e colaboradoras não foram possíveis de se executar, como,
por exemplo, o planejamento de reuniões semanais, para discutir sobre o que estava sendo
produzido, dentre outras questões.

RESULTADOS

A adaptação ao meio virtual gerou novos processos criativos e teve de ser reinventada,
pois não era possível prever como cada bolsista iria lidar com o isolamento social e a suspensão
do semestre 2020.1. Isso tornou a construção da quarta edição da Bárbaras um exercício diário
que exigiu maior desdobramento da equipe, dentre orientador, técnicos e colaboradoras. A
adaptação do contato virtual teve que levar em conta fatores como estrutura domiciliar e
tecnológica das pessoas envolvidas.
As entrevistas para a nova edição aconteceram virtualmente, o que também dificultou
a apuração de conteúdo a partir dessas histórias, como ensaios fotográficos, além disso, para
Medina (2001), a entrevista, o perfil e a reportagem exigem uma relação de interação social,
de interpretação informativa. Para 2020, a Bárbaras planejava lançar um portal on-line de
notícias diárias que englobasse os temas mulheres, questões de gênero, feminismo e o Cariri
cearense. Entretanto, o isolamento social e o ritmo mais lento, necessário para o momento,
gerou um adiamento dessa face do projeto.
Depois de adiado no mês de março, o lançamento da Bárbaras #3 foi realocado para
28 de junho, via plataforma do Google Meet. Por conta da nova dinâmica virtual, estávamos
apreensivas quanto à recepção do público ao evento on-line e ao acesso apenas ao formato
digital da revista. No entanto, consideramos o momento muito positivo, pois reuniu -
sincronicamente - cerca de 40 participantes, dentre leitoras/es, entrevistadas, colaboradoras,
repórteres, bolsistas e orientador. É importante destacar a presença de Raimunda Freitas, 80
anos, e Terezinha Caminha, 82 anos - ambas entrevistadas pela revista -, que participaram
do evento on-line, com o auxílio tecnológico dos seus netos, e dividiram seus relatos com
a plateia virtual. Outro ponto positivo foi o aumento no índice de interações no perfil do
Instagram da revista.
Desde 15 de março, foram realizadas mais de 80 publicações, sendo oito “lives”
(transmissões ao vivo). Segundo as informações cedidas pelo aplicativo, dentre as 178
postagens do perfil (desde sua criação, em outubro de 2018), as 11 mais relevantes foram

13
13
publicadas entre março e outubro de 2020, indicando a importância do trabalho do projeto
nas redes sociais nesse período. Buscando um maior engajamento com as/os seguidoras/
es, as bolsistas pensaram em hashtags que representassem o conteúdo criado para o
momento, que foram: #QuarentenaBárbara, #BárbarasNaLinhaDeFrente, #PqLer, #PqVer
e #LIVEBárbaras. A partir delas, foi possível dialogar sobre livros, filmes, notícias, digitais
influencers, profissionais de diversas áreas e temas relevantes para as mulheres no contexto
da pandemia.

CONCLUSÕES

O trabalho remoto foi desafiador para a Bárbaras, pois muitas das repórteres tiveram
que reinventar o seu processo criativo. No meio disso, outras vias de execução surgiram,
possibilitando experimentar novas formas de fazer a revista. Com o maior alcance nas redes
sociais, mais pessoas puderam conhecer o projeto e nosso conteúdo ultrapassou a bolha
local, chegando a outras regiões e nações, como Portugal. O resultado disso nos mostrou a
importância de ocupar ainda mais o espaço on-line, fortalecendo outras redes sociais, como
o Twitter e Facebook. A crise econômica e humanitária evidenciou a importância do papel do
jornalismo na sociedade brasileira. Se considerarmos os ataques aos direitos das mulheres e as
condições de vulnerabilidade que muitas encontraram no isolamento social, ainda é possível
notar a importância de um veículo de mídia como a Bárbaras, que trata especificamente da
luta pelo fim da violência de gênero.

REFERÊNCIAS

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2010.

MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista, o Diálogo Possível. São Paulo: Editora Ática, 2001.

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Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA
COMO ESPAÇO PÚBLICO DE IN-
FORMAÇÃO

Área temática: Comunicação.

José Demétrio Bantim de Souza1


Ariluci Goes Elliott2

Resumo: O grande intuito desse projeto é de ter na biblioteca comunitária um espaço


muito importante para se criar um mecanismo que trabalhe, construindo juntamente
com a comunidade em que está inserida, condições que se possa desenvolver a cultura e
o conhecimento, podendo assim haver troca de saberes entre ambas as partes. Localizada
no Bairro Alto da Penha na cidade do Crato, a Biblioteca Luiz Cruz vai em busca de tentar
atender as necessidades informacionais daquela comunidade, podendo também ajudar
outras localidades que dela precisem. Prestar os serviços de bibliotecas nessa comunidade,
favorecendo a troca de saberes entre a comunidade universitária e a comunidade usuária, a
qual teria como grande objetivo o de democratizar a informação. Seria realizado basicamente
em duas etapas: a primeira seria realizada um estudo de usuários, para conhecer as
motivações, preferências e expectativas criadas pela comunidade e na segunda etapa serão
realizados projetos de leituras nas áreas da pesquisa, cultura e ensino, levando-se em conta as
suas características e demandas daquela comunidade. Dar acesso a toda informação possível
contida na Biblioteca Luiz Cruz e conscientizando de que a leitura é instrumento primordial
na formação de indivíduos mais conscientes e críticos na sociedade.

Palavras-chave: Biblioteca Comunitária. Leitura. Informação.

INTRODUÇÃO

A organização de uma biblioteca deve projetar-se como um organismo cultural


destinado à integração social com sólidas bases em valores democráticos. Sua concepção
política sustenta-se na informação e no conhecimento como potenciais para o desenvolvimento

1 Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: demetriobantim@hot-


mail.com
2 Docente do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: ariluci.goes@ufca.
edu.br
15
15
social, educativo e cultural de uma comunidade. Tenório et al (1995, p. 16) afirma:

“[...] comunidade refere-se especificamente àqueles espaços territoriais onde os


contatos sociais se desenvolvem por meio de relações de vizinhança, parentesco e, em
alguns casos de trabalho, como nos casos das comunidades rurais. Portanto o conceito
de comunidade será limitado enquanto espaço geográfico – bairro, distrito rural,
conjunto habitacional, vila etc. – mas não será limitado enquanto ação comunitária,
que deve ser entendida como um conjunto de relações entre pessoas que objetivam o
bem comum da população daquela área geográfica”.

A biblioteca como um todo é um agente que vai promover o desenvolvimento humano


desempenhando um papel ativo no “acesso livre e ilimitado ao conhecimento, o pensamento, a cultura
e a informação”. O conceito de biblioteca enfoca fundamentalmente esse objetivo: o de ser o espaço/
equipamento apto ao acesso fácil e eficiente e em se tratando de uma obra comunitária, esta será sem
dúvida alguma, um ponto de convergência daqueles que buscam o conhecimento através da pesquisa
ou da simples leitura.
Disponibilizar um acervo recheado de obras, que envolva as mais diversas áreas do
conhecimento, vai facilitar à comunidade mais facilidade para o hábito da leitura, fortalecendo assim
seus aprendizados para as mais diversas atividades que geram conhecimento.
Em um primeiro momento a biblioteca comunitária vai surgir a partir da ausência do estado,
onde o acesso à informação, o conhecimento e a educação são precárias, principalmente nas periferias
das cidades, sendo tanto nas zonas urbanas assim como nas rurais. O entendimento da biblioteca
comunitária como uma peça importante para criar um mecanismo que trabalhe no sentido de construir
juntamente com a comunidade em que está inserida, condições de desenvolvimento da cultura e do
conhecimento, de forma a promover a troca de saberes entre as partes envolvidas.
Partindo da concepção de que o prazer da leitura é a porta de entrada para o conhecimento,
uma importante ferramenta da educação, e que um dos papéis da Universidade é o de oferecer à
comunidade serviços, propomos um projeto de extensão na Biblioteca Luiz Cruz no bairro Alto da
Penha na cidade do Crato-CE, de forma a atender as necessidades informacionais daquela comunidade.
Partindo desta ideia, este trabalho tem o objetivo de incentivar a promoção de práticas leitoras
na comunidade, mobilizando-a no desenvolvimento do acervo e de políticas que visem promover a
disseminação da informação e do conhecimento. Com o período de isolamento causado pela Pandemia
da Covid-19, todo o trabalho/pesquisa foi realizado a distância, com mini-projetos que poderão ser
aplicados inloco logo após a vacina.

METODOLOGIA

Todo o ato de pesquisa envolve um método de pensamento reflexivo, o qual solicita


um tratamento científico. A metodologia de investigação a ser utilizada em ações online
assume características próprias, face às circunstâncias de se trabalhar a distância.
Dessa forma, inicialmente foi realizada uma reunião entre a orientadora e o bolsista,
para que pudéssemos discutir os diferentes formatos de aprendizagem a distância, formas de
16
trabalhar os conteúdos do projeto, adaptando os objetivos específicos.
Por fim, chegamos ao formato de realizar tarefas que possam (ao fim da pandemia)
serem disponibilizadas aos responsáveis pela Biblioteca Comunitária Luiz Cruz e toda
comunidade do bairro Alto da Penha e outros na cidade do Crato-CE.

RESULTADOS

Durante todo o ano de 2020 o bolsista desenvolveu atividades online, por exemplo:
Vídeo apresentando o Programa para a Comunidade; Pesquisa e Idealização de Projetos de
Leitura, vídeo mostrando como praticar atividades sobre jogos para leitura e sobre atividades
artísticas, que serão desenvolvidos na comunidade (idealizar um projeto de contação de
histórias para ser desenvolvido na comunidade após a volta as atividades inloco). Todas as
atividades foram realizadas online, na residência do bolsista.

CONCLUSÕES

Entende-se, portanto, que a biblioteca comunitária torna-se de suma importância para


a criação de mecanismos que trabalhem em prol de construir juntamente com a comunidade
condições de estruturação e desenvolvimento do conhecimento, promovendo assim ideias
e a troca de saberes entre as partes envolvidas. Acesso às informações que são importantes
na formação dos indivíduos, para que eles tenham uma visão mais ampla do mundo,
sejam formadores de opinião, minimizando as diferenças culturais, raciais, econômicas e
educacionais.
Esse projeto criado irá ser muito benéfico para a comunidade a qual será inserido
(após a pandemia), oferecendo serviços de biblioteca, organizando e implementando
atividades voltadas para o ensino e cultura, dando acesso à informação existente na Biblioteca
Comunitária Luiz Cruz, assim como, a conscientização de que, a leitura é um instrumento
importantíssimo na formação de indivíduos mais conscientes e críticos.
Os principais resultados alcançados foi a experiência de trabalhar online, em meio ao
clima de preocupação mundial com a disseminação do COVID-19, tendo a oportunidade de
aprender importantes lições, como integrar a tecnologia ao processo de formação pessoal e
profissional.

REFERÊNCIAS

TENÓRIO, Fernando Guilherme (coord.). Centro de Ação Comunitária. Administração


dos projetos comunitários. Uma abordagem prática. [São Paulo]: Loyola: CEDAC, 1995.

UNESCO. Manifesto sobre Bibliotecas Públicas. Disponível em http://archive.ifla.


org/VII/s8/unesco/port.htm. Acesso em 20 de janeiro de 2020.

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Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

REVISTA MEMÓRIAS KARIRI


salvaguarda da memória do kariri
cearense

Área temática: Comunicação

Aline Fiuza Menezes 1


Bibiana Belisário Santana 2
Daywson Adler Freires de Sousa 3
José Anderson Freire Sandes 4

Resumo: A Revista Memórias Kariri é desenvolvida desde janeiro de 2017 por meio do
curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri (UFCA), em parceria com a Pró-
reitoria de Extensão (2017) e posteriormente com a Pró-reitoria de Cultura (2018). Produzida
semestralmente, a publicação objetiva desenvolver pautas que contemplem a memória
da região do Cariri cearense. O veículo contém 72 páginas compostas por perfis, crônicas,
reportagens e ensaio fotográfico, configurando-se por meio de pesquisas e entrevistas. O
presente trabalho tem como objetivo apresentar as ações desenvolvidas pela equipe do projeto
no ano de 2020, mostrando a relevância do seu conteúdo para a salvaguarda da memória da
região do Cariri.

Palavras-chave: Memória. Cariri. Impresso. Jornalismo.

INTRODUÇÃO

O Cariri cearense é um dos principais pólos culturais do Brasil. A região é marcada


por uma diversidade de experiências, de produções artísticas, religiosidades, políticas
e construções sociais, desenvolvidas através de personagens históricos, como as figuras
religiosas, artistas, mestres de tradição, revolucionários e políticos. Por este cenário de
1 Graduanda em Jornalismo pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: alinefiuzam@gmail.com
2 Graduanda em Jornalismo pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: bibianabelisario@gmail.
com
3 Graduando em Jornalismo pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: adlerssousa@gmail.com
4 Professor do curso de Jornalismo pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: jose.sandes@ufca.
edu.br
18
18
importantes manifestações da cultura popular, o Cariri ficou conhecido como “celeiro
cultural” (SEMEÃO, 2014). Assim, com essa concentração de tantos elementos tradicionais,
torna-se pertinente a preservação e a manutenção destas práticas culturais, com intuito de
mantê-las vivas ao longo do tempo.
Diante da aceleração constante dos meios digitais e do aglomerado de informações
que recebemos diariamente, numa perspectiva construtivista, não podemos mais julgar
os fatos sociais e culturais como coisas, mas sim, devemos analisar como estes se tornam
coisas, como e por quem eles são materializados, pois sua duração e estabilidade acabam
ameaçadas pelo surgimento de novas ideias (POLLAK, 1989).
Aplicada à memória coletiva, essa abordagem irá se interessar, portanto, pelos
processos e atores que intervêm no trabalho de constituição e de formalização das memórias,
privilegiando a análise dos grupos marginalizados e valorizando a história oral, ressaltando
histórias que muitas vezes se opõe ao que temos estabelecidos como “memória oficial” e
única.
A revista Memórias Kariri pretende englobar as histórias que constituem o Cariri
cearense por meio de seus moradores, pessoas que terminam camufladas pelos sentidos
modernos e passam despercebidos como vidas carregadas de identidades e pertencimentos.
A revista trabalha dentro do eixo social, cultural, histórico e comunicacional, pensando de
forma sustentável em como incluir todos esses contextos de maneira direta e acessível aos
leitores em diversas extensões, para que assim haja de forma efetiva e também afetiva, o
reconhecimento daquilo como memória própria.
Este estudo objetiva apresentar as atividades desenvolvidas pela equipe da revista
no ano de 2020, no tocante a produção das edições 6 e 7, desde o processo de apuração
das informações e entrevistas aos procedimentos de edição e lançamento de edições
anteriores. Além disso, relata-se as medidas tomadas para manter o desenvolvimento das
atividades durante a pandemia do coronavírus, sendo realizadas de forma on-line e remota,
principalmente, através das redes sociais.

METODOLOGIA

Para a produção da revista impressa, o projeto utiliza diferentes metodologias


de ação, como pesquisa, entrevista e ensaio fotográfico. O primeiro passo realizado é a
elaboração e o desenvolvimento de pautas que abordem as temáticas propostas. Assim, faz-se
necessário um levantamento de informações e dados sobre o personagem, para possibilitar
uma primeira conversa e contato entre entrevistado e entrevistador. Posteriormente, inicia-
se o trabalho em campo, em que há o contato presencial entre as partes.
Entretanto, tendo em vista o momento de pandemia estabelecido em decorrência
do coronavírus, fez-se necessário utilizar de outras plataformas e equipamentos para a
produção da revista impressa. Desse modo, as entrevistas foram realizadas virtualmente,
através de e-mail e WhatsApp, e o processo de diagramação por meio de reuniões on-line.
19
A partir da coleta das entrevistas, segue-se para o processo de escrita das matérias.
Atrelado a isso, também são produzidas as fotografias para serem utilizadas na edição. Após
finalização e revisão dos textos, a revista passa para a diagramação, realizada em laboratório
com o auxílio do técnico especializado.
Além disso, ampliamos nosso projeto para o âmbito virtual. Durante esse período
de desenvolvimento de atividades na pandemia, as redes sociais se provaram de grande
importância. Segundo Torres (2009, p. 44) “a internet é uma rede de milhões de pessoas,
de todas as classes sociais, que buscam informações, diversão e relacionamento e que
comandam, interagem e interferem em toda e qualquer atividade ligada à sociedade”. Por
isso, nos apropriamos das redes sociais para dar continuidade ao trabalho e à interação com
o público.

RESULTADOS

No ano de 2020, tivemos que readaptar - como já frisamos - nossas atividades


em decorrência da pandemia do coronavírus. Assim, o primeiro semestre foi dedicado à
produção da sexta edição da revista e à alimentação de conteúdos nas nossas redes sociais.
Nos propusemos a fazer a revista em uma edição especial sobre a quarentena, pretendendo
resguardar as memórias deste período em que vivemos.
A partir das narrativas observadas e coletadas neste período, foi possível a construção
da sexta edição, que está em processo de diagramação e finalização. A sétima edição está em
processo de produção, seguindo a mesma proposta da sexta, com entrevistas e diagramação
sendo realizadas de forma virtual.
Além disso, buscamos intensificar nossos conteúdos nas redes sociais. Dessa forma,
oferecemos conteúdos acerca da memória da região do Cariri por meio da nossa página no
Instagram (@memoriaskariri), da nossa página no Facebook e também na nossa plataforma
digital (www.revistamemoriaskariri.com). O intuito é construir a memória de forma coletiva.
As edições quatro e cinco da revista foram lançadas digitalmente, através da produção
e publicação de vídeos nas nossas redes sociais. As revistas foram disponibilizadas on-line
e aguardamos o retorno das atividades presenciais para fazermos novos lançamentos e a
distribuição das duas edições já impressas. No nosso Instagram, realizamos lives com os
temas “Memória, cinema, história” e “Mulheres na política: de Bárbara de Alencar aos dias
atuais”, com participações de colaboradores.
Os resultados obtidos até então são de trocas de experiências e saberes entre os
envolvidos, bem como a compreensão do espaço em que vivemos, com suas multiplicidades.
Durante os meses de vigência das bolsas foram realizadas atividades que proporcionaram
uma difusão de saberes e diálogos pertinentes, que mostram o desenvolvimento efetivo da
proposta do projeto, que é gerar pertencimento à sociedade em geral. E, mesmo diante das
adversidades e desafios de realizar as atividades de forma virtual, acreditamos que o objetivo

20
20
de preservar a memória da região do Cariri está sendo alcançado.

CONCLUSÕES

O ano de 2020 foi um período de desafios para a Memórias Kariri. Primeiramente,


buscou-se adaptar as atividades à realidade de pandemia que o mundo vem enfrentando, para
assim, conseguirmos dar continuidade aos trabalhos de forma ativa e produtiva ao projeto.
Mantivemos o modelo de narração desenvolvido nas últimas edições, com narrativas longas,
literárias e jornalísticas, contando com a colaboração de parceiros na produção de textos,
imagens e ilustrações. Também tomamos a decisão de produzir uma edição especial voltada
para as memórias da quarentena, sobre como esse momento de distanciamento social está
sendo vivenciado em diversos âmbitos e localidades do Cariri.
A criação e a alimentação das páginas nas redes sociais possibilitaram um maior
alcance da produção, que atinge públicos de diferentes regiões. Ademais, com a plataforma
digital, foi possível manter uma interação próxima entre revista e leitores, através da
chamada de colaboração de produtos para publicação no site.
Diante do que foi citado, é perceptível a contribuição da revista para a salvaguarda
da memória da região. A representação construída através da revista é fundamental para
entender a construção da imagem de um detentor dessas histórias descritas, bem como da
localidade inserida, a região do Cariri Cearense.

REFERÊNCIAS

HALBAWCHS, Maurice. A Memória Coletiva. Edições Vértice. Editora Revista dos


Tribunais. São Paulo. São Paulo. 1990.

MEDINA, Cremilda de Araújo. Entrevista - O Diálogo Possível. São Paulo. Ática. 2001.

SEMEÃO, Jane. Os intelectuais do Instituto Cultural do Cariri e sua atuação na


(re)invenção do Cariri cearense (1953-1970). São Leopoldo: XII Encontro Estadual
de História ANPUH/RS, 2014.

TORRES, Cláudio. A bíblia do marketing digital. 1ª edição. São Paulo: Novatec, 2009.

21
Direitos Humanos e
Justiça
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

CURSO DE LÍNGUA PORTUGUESA


PARA MIGRANTES
interiorização e inclusão social no
cariri cearense.

Área temática: Direitos Humanos e Justiça.

Cícera Bezerra1
Janailton Coutinho2

Resumo: Fruto de um projeto de extensão, este trabalho engloba a migração Venezuela na


Região do Cariri cearense. Nesse sentido, buscou-se analisar os processos de interiorização e
integração na Região do Cariri cearense e a contribuição do ensino de Português como língua
de acolhimento e inclusão social. Pelo seu caráter social, tratou-se de uma pesquisa qualitativa
que apontou o Curso de Língua Portuguesa para Migrantes como principal instrumento
para levantamento dos dados. Para isso, elegemos o migrante venezuelano o sujeito dessa
investigação. Dada a sua relevância, pressupomos que o número de pesquisas acerca dessa
temática fosse insuficiente para uma maior compreensão da realidade local. Dessa maneira,
reconhecendo os esforços das entidades acolhedoras na região, os dados apontam para a
necessidade de ampliação de políticas públicas que permitam a integração e a inclusão dos
migrantes venezuelanos na sociedade caririense.

Palavras-chave: Migração venezuelana. Língua Portuguesa. Cariri cearense.

INTRODUÇÃO

Este artigo pretende apresentar um panorama a respeito da migração venezuelana no


Cariri cearense à luz de um projeto de extensão que abordou o ensino de Língua Portuguesa
para migrantes venezuelanos acolhidos na Casa do Migrante em Crato, estado do Ceará.
Segundo Barchfield (2020), o Brasil é considerado um país de destino e trânsito para os
venezuelanos, registrando cerca de 32.744 venezuelanos solicitantes de refúgio no país e
outros 27.804 autorizados a residirem por vias alternativas.

1 Graduanda em Agronomia pela Universidade Federal do Cariri. E-mail: bezerra.cicera@aluno.ufca.edu.br.


2 Professor do Curso de Agronomia da Universidade Federal do Cariri. E-mail: janilton.coutinho@ufca.edu.br.
23
23
Para Oliveira (2019), a fome é um dos principais fatores que demarcam os deslocamentos
migratórios. Destarte, o processo de acolhimento e a interiorização dos migrantes na Região
do Cariri carece de ações mais efetivas de acompanhamento que contribuam com o migrante
em sua busca por uma vida digna.
Nesse viés, entendendo que estudos a respeito da migração venezuelana e sua
interiorização no Cariri cearense são ainda reduzidos, faz-se necessário o aprofundamento
dessa temática com vistas à contribuição da construção de um arcabouço teórico específico e
coerente às demandas da migração Venezuela no Cariri cearense.

METODOLOGIA

Quanto à sua abordagem, utilizamos a pesquisa qualitativa, pois “Esse nível de


realidade não é visível, precisa ser exposta e interpretada, em primeira instância, pelos
próprios pesquisados” (MINAYO; GOMES; DESLANDES, 2009, p.22). Houve, pois, uma
transfiguração da ideia do Curso de Língua Portuguesa para Migrantes de Projeto de Extensão
para instrumento que possibilitou o levantamento dos dados dessa pesquisa. Concomitante,
utilizamos outros procedimentos como: entrevistas semi-estruturadas, fotos, vídeo aulas,
interações em rede sociais e plataformas de streaming.

RESULTADOS

O projeto de extensão Curso de Língua Portuguesa para Migrantes foi criado para
atender as necessidades de comunicação e inclusão social dos migrantes na sociedade
caririense. Devido a Pandemia por COVID-19, houve a necessidade de replanejamento das
atividades observando o isolamento e distanciamento social, passando a ser desenvolvidas
por meios tecnológicos e digitais. Assim, as redes sociais, os canais de streaming, videoaulas,
celulares, computadores e internet foram as principais ferramentas pedagógicas que deram
suporte à interação entre cursistas e orientadores de aprendizagem.
Dentre os trinta cursistas participantes, 70% relatou dificuldades na compreensão
da língua portuguesa utilizada durante as aulas, solicitando que o curso considerasse uma
abordagem semelhante à da educação infantil. Acrescentaram também a dificuldade de
compreender algumas palavras que só ouviram na região do Cariri. Constatou-se que os
migrantes se referiam ao vocabulário local como por exemplo, o uso das palavras cabaça,
bodega, pão agoado, baião-de-dois, pequi, oxe, oxente, cabra, cabinha, vixe, dentre outras.
Tal dificuldade revela que a língua portuguesa funciona como uma língua estrangeira
para os migrantes, requerendo uma conciliação entre sua língua materna (hispânica) e a
língua considerada estranha. Para esses venezuelanos, a incompreensão da língua portuguesa
representava uma das primeiras dificuldades na busca por emprego e permanência dos
migrantes em postos de trabalho.
24
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNADc
- do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE - a taxa de desemprego no Ceará
é de 12,1%, evidenciando que a construção do sonho venezuelano de garantir a si e a sua
família o sustento e uma vida digna em terras caririenses, segue um caminho longo e difícil.
Observando essa realidade, percebeu-se a ampliação de políticas públicas locais que garantam
mais possibilidades de acesso, contratação e permanência em postos de trabalho. Através do
Jornal Global El País, Jarochinski e Sampaio (2018) explicam que os migrantes

[...] tenham conhecimento sobre o que lhes espera nas novas cidades de destino em
termos de estrutura e assistência, em especial em relação a temas essenciais como
trabalho e emprego, moradia, serviços de saúde, documentação e reunião familiar,
entre outros.

A busca por oportunidades de emprego e renda que garanta autonomia financeira e a


inclusão social do migrante venezuelano tem se mostrado algo desafiador nesse processo de
interiorização e integração no Cariri cearense.

Figura 1 – Inauguração da Casa do


Migrante.

Fonte: Mirelly (2020).

Figura 2 – Aula online do curso de Língua


Portuguesa para Migrantes.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

25
25
CONCLUSÕES

Este artigo descreveu um breve panorama sobre a migração venezuelana no Cariri


cearense, com o intuito de oferecer uma contribuição a compor um arcabouço teórico sobre
essa temática.
Como instrumento para levantamento de dados, citamos o Projeto de Extensão Curso
de Língua Portuguesa para Migrantes, destacando que a aprendizagem da Língua Portuguesa
representa relevante contribuição para a inclusão social dos migrantes na sociedade caririense.
Trata-se, pois, de um compromisso socioeconômico a corroborar para o processo de integração
dessas pessoas, trazendo à baila, a discussão e a implementação de políticas públicas locais
que prevejam o acolhimento, integração e inclusão dos imigrantes venezuelanos no Cariri
cearense.

REFERÊNCIAS

MINAYO, M. C. S. (org.) GOMES, R. DESLANDES, F. S. Pesquisa Social: Teoria, Método


e Criatividade. 28ª edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

JAROCHINSKI, J. C. S. SAMPAIO, C. O Brasil precisa de um plano para os


venezuelanos que chegam. Estratégia precisa estar imune de influências políticas, sob
risco de expor refugiados à novas privações. El País. 2018. Disponível em: https://brasil.
elpais.com/brasil/2018/04/10/opinion/1523393064_479158.html. Acesso em: 18 set.
2020.

OLIVEIRA, A. T. R. A Migração Venezuelana no Brasil: crise humanitária, desinformação e


os aspectos normativos. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas v.13 n.1 2019
ISSN: 1984-1639. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/
view/24297/21616. Acesso em: 21 set. 2020.

BARCHFIELD, J. Interiorização traz novas perspectivas aos venezuelanos


no Brasil. Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. São Paulo. 2020.
Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/2020/01/07/interiorizacao-traz-novas-
perspectivas-aos-venezuelanos-no-brasil/. Acesso em: 18 set. 2020.

CEARÁ. SEDET desemprego. PNAD aponta estabilidade do desemprego no Ceará.


2020. Disponível em: https://www.sedet.ce.gov.br/2020/08/28/pnad-aponta-estabilidade-
do-desemprego-no-ceara/. Acesso em: 28 set. 2020.

MIRELLY, P. Casa do Migrante é inaugurada na Diocese de Crato. 2019. Disponível


em: https://diocesedecrato.org/casa-do-migrante-e-inaugurada-na-diocese-de-crato/.
Acesso em: 20 set. 2020.

PAIVA, D. Da Descoberta de uma Nova Doença até a Pandemia: A Evolução da


Covid-19 Registrada nos Tuites da OMS. G1 Bem Estar. 2020. Disponível em: https://
g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/04/03/da-descoberta-de-uma-nova-
doenca-ate-a-pandemia-a-evolucao-da-covid-19-registrada-nos-tuites-da-oms.ghtml.
26
Acesso em: 23 set. 2020.

27
27
Educação
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

A ESCRITA DE CONTO LITERÁ-


RIO ENQUANTO FERRAMENTA
PROBLEMATIZADORA PARA O
ENSINO DE QUÍMICA

Área temática: Educação

Aliana Francisca da Silva1


Mirele Cruz Alves2
Camila Almeida Alves3
Tatiana Santos Andrade4

Resumo: Diante da necessidade de práticas de ensino mais humanizadas, o uso de contos


literário apresenta-se como um recurso que além da motivação favorece a contextualização e
a problematização do conteúdo na sala de aula. Portanto, esse trabalho objetiva apresentar a
validação de um escrito, enquanto conto literário. A priori o escrito foi analisado com base nas
proposições descritas em bibliografia que define as características de conto como: Funções, Conflito,
Unidade de efeito e Brevidade. Para tanto, o mesmo foi submetido a um processo de validação por
especialistas em Ensino de Ciências com experiência na produção deste gênero. Tendo em mãos as
considerações das validadoras, realizamos a interpretação dos dados através da Análise de Conteúdo.
Conforme as ponderações apresentadas pelas especialistas foi possível identificar as Funções, através
das atitudes dos personagens em relação ao posicionamento dos moradores do vilarejo em relação
a pandemia do novo coronavírus e a automedicação; Conflito, a automedicação contra a Covid-19;
Unidade de efeito, através das sensações como, medo, curiosidade e generosidade e por último a
Brevidade, relacionada a extensão, sendo relatado que para o uso como leitura de uma única vez é
considerado extenso, porém, levando-se em consideração as características do gênero está dentro dos
padrões estabelecido. Com isso, é possível concluir que o material produzido se configura como conto
literário, e que pode ser uma ferramenta problematizadora para a aprendizagem.

Palavras-chave: Conto. Ensino de Química. Validação.

1 Graduanda em Química pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: alianafrancisca228@gmail.com


2 Graduanda em Química pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: mirelealves39@gmail.com
3 Graduanda em Química pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: camilaalvesalmeidaa@gmail.com
4 Docente da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: tatiana.andrade@ufca.edu.br 29
29
INTRODUÇÃO

Diversas pesquisas vêm sendo desenvolvidas no sentido de construir caminhos


que favoreçam práticas de ensino mais humanizadas, pautadas em questionamentos e que
promovam reflexões nos/as estudantes (OLIVEIRA; SANTOS, 2017). Dentre as possibilidades
existentes, buscamos indicar um caminho pouco habitual no que se refere ao ensino das
Ciências na tentativa de plasmar culturas que à primeira vista são consideradas como campos
de conhecimentos opostos. Assim, o uso de contos literários para o Ensino de Química, se
apresenta como um recurso que além de motivar os/as estudantes a participarem das aulas,
também pode ser uma forma contextualizada e problematizadora de abordagem do conteúdo
(ANDRADE, 2019). Para tanto, este trabalho tem como objetivo apresentar a validação de um
escrito, enquanto conto.

METODOLOGIA

O trabalho descrito utilizou uma abordagem qualitativa sendo o texto escrito a fonte
de dados deste trabalho, que foi analisado com base nas características do gênero literário,
delimitadas a priori e, apontadas por Gotlib (2004). Estas, se dividem em quatro: Funções são
ações constantes que ocorrem no decorrer do texto; Conflito são divergências que podem fazer
surgir a Unidade de efeito, que são as sensações que o texto causa no/a leitor/a, e Brevidade
relacionada à extensão curta do escrito (ANDRADE, 2019).
Para a escrita em análise, buscamos identificar temas que estão presentes no cotidiano
dos/as estudantes, através do processo de Investigação Temática de Freire (2005). Assim,
aplicou-se aos estudantes um questionário online, em decorrência da pandemia, com isso,
obtivemos o tema gerador Covid-19. Com a escrita concluída, o texto intitulado: Propagação
uma ameaça invisível, passou pelo processo de validação, através de três pesquisadoras mestra/
mestrandas em Ensino de Ciências e com experiência na produção de contos. Organizou-
se um documento apresentando o projeto, e explicando as características do gênero conto
conforme bibliografia, seguida de questões que orientavam as especialistas na busca pelas
características elencadas por Gotlib (2004) a respeito do gênero, além disso, um encontro
virtual foi organizado entre validadoras, bolsistas e coordenadora, para que as mesmas
pudessem esclarecer melhor suas ponderações.
Para a análise das recomendações apontadas pelas especialistas no processo de
validação dos escritos, optou-se pela análise de conteúdo, que Bardin (2016, p. 44) define
como “[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” e, composto por três fases:
a pré-análise, onde ocorre a sistematização do material; a exploração do material, esse é o
momento das análises e, por fim, ocorre o tratamento dos resultados (BARDIN, 2016).

30
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para melhor explicitar organizamos as falas das validadoras em um quadro, e para


manter o sigilo as nomeamos de V1, V2 e V3, como descrito abaixo:

Quadro 1- Tratamento dos dados.


Unidade de Contexto Unidade de Categoria
Registro
V1- “...percebi que Mônica, Bruno e Gabriela tem “...conscientizar a
grande responsabilidade em conscientizar a população população...”
embasados em aspectos científicos, discutidos com o
Professor e sua esposa...” “...mesmo com FUNÇÕES
V2-… a ruptura da ordem acontece quando a população a propagação do
mesmo com a propagação do vírus, não tomam os vírus, não tomam
cuidados necessários para se prevenir...” os cuidados
necessários...”
V1- “A utilização de medicamentos para prevenção da “...utilização de
Covid-19 sem prescrição médica...” medicamentos...sem
V2- “Acredito que o conflito está entre a controvérsia prescrição...”
do uso ou não de medicamentos (Cloroquina) para o “...uso ou não de CONFLITO
tratamento da COVID 19” medicamentos...”
V3-“Sim, a preocupação com a falta de informação “...falta de
sobre os medicamentos que estão utilizando para o informação sobre os
covid-19”. medicamentos...”

V2- “...é um fator que emerge das sensações que a “...torna-se complexo
leitura causa ao leitor e, portanto, torna-se complexo exemplificar...”
exemplificar por meio de recortes do texto...” “...angústia, medo, UNIDADE DE
V3- “...sim, é uma leitura curta e agradável que desperta [...] generosidade e a EFEITO
no leitor efeitos como: angústia, medo, mas também curiosidade...”
desperta a generosidade e a curiosidade...”

V1- “...à extensão do conto considero viável, pois “...à extensão do conto
apesar de conter 8 laudas a produção é de fácil leitura,considero viável...”
trazendo uma temática de extrema importância para a “...trabalhado a
sociedade de maneira mais clara...” produção pode estar
V2- “...Brevidade é algo relativo. Mas considero que um pouco extensa...”
dependendo da situação e como ele vai ser trabalhado “...quantidade de
a produção pode estar um pouco extensa. Mas a páginas está dentro BREVIDADE
quantidade de páginas está dentro dos limites para o dos limites para o
gênero literário conto...” gênero...”
V3- “...O conto ficou organizado em oito páginas “...acredito que esteja
para realizar a leitura em sala de aula em um único longo considerando o
momento acredito que esteja longo considerando o tempo da aula. Porém,
tempo da aula. Porém, se feita por partes é uma leitura se feita por partes
bem agradável...” é uma leitura bem
agradável...”
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).

De modo geral, as validadoras caracterizaram o escrito como conto, pois puderam


identificar no mesmo as características do gênero descritas por Gotlib (2004). No que se refere
as Funções, as especialistas apontam as ações dos personagens Mônica, Bruno e Gabriela
31
31
frente ao posicionamento dos/as moradores/as do vilarejo no combate a contaminação pelo
novo Coronavírus, bem como a prática da automedicação, como fio condutor da história
e, como elementos que demonstram a presença constante da função no decorrer de todo o
escrito. Diante das colocações das validadoras e de acordo com Andrade (2019, p. 110) “[...]
podemos perceber no decorrer do conto uma sequência de ações que envolvem a busca pela
compreensão da problemática”. Assim, concordamos com as validadoras e destacamos a
presença de outras Funções, como, a dificuldade de acesso à internet de qualidade que faz os
jovens saírem do confinamento de suas casas, para acessarem uma internet melhor na casa do
professor José e da Fernanda.
Já para a análise do Conflito, as validadoras identificaram a automedicação contra
a Covid-19. Fato que vem ao encontro do nosso propósito, pois, ao identificarmos o tema
gerador como Covid-19, e diante de tantas informações na mídia sobre a busca desenfreada
por medicamentos contra essa doença, achamos pertinente que esta fosse a problemática
central do escrito. Nesse sentido, podemos inferir que o conflito está posto de forma clara no
escrito produzido. Assim concordamos com as validadoras, e conforme Andrade (2019, p.
110) isto “[..] pode ser observado nos diálogos que são narrados no conto, pois, muitas ideias
contrárias que remetem ao conflito são relatadas, o que torna a narrativa mais atrativa”.
O processo de validação também aponta que o escrito pode promover no/a leitor/a
a Unidade de efeito, que de acordo com Andrade (2019) é um fator que contribui para o
despertar de sensações no decorrer da leitura, que pode ocasionar um estado e “excitação” ou
“exaltação da alma”. Sobre as colocações das validadoras, percebemos que as falas V2 e V3
corroboram com nossa afirmação, já que o escrito desperta diversas sensações no/a leitor/a.
Sobre a Brevidade é possível perceber que as colocações de V1 e V3 são relacionadas
ao uso didático do escrito, e não para as características do gênero, nesse sentido percebemos
que as mesmas apontam como extenso para ser utilizado em sala caso a opção seja pela leitura
de uma única vez, porém, elas sugerem que a leitura seja realizada por partes para evitar que
o/a leitor/a e também aluno/a acabe por perder o interesse. No entanto, V2 coloca que para as
características do gênero o escrito encontra-se dentro dos padrões estabelecidos na literatura.

CONCLUSÕES

Através das ponderações das especialistas em relação às características apontadas e


das análises desenvolvidas neste trabalho, podemos concluir que o escrito se caracteriza como
conto literário e sua extensão possibilita que o mesmo seja utilizado no contexto da sala de
aula como ferramenta problematizadora de aprendizagem.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, T. S. Apropriação de aspectos formativos de licenciandas em química


por meio da escrita, reescrita e mediação da leitura de contos e a ficção
32
científica. 2019. Tese (doutorado em Ensino, Filosofia e História da Ciência) - Instituto de
Física, Programa de Pós-graduação e Ensino, Filosofia e História das Ciências. Universidade
Federal da Bahia, Salvador, 2019.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução: Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro. São
Paulo: Edições 70, 2016.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 42ª edição, 2005.

GOTLIB, N. B. Teoria do Conto. Coletivo Sabotagem. Versão digitalizada, 2004.

OLIVEIRA, P. W.; SANTOS, N. P. Literatura e química: possíveis interações. Revista


Scientiarum História, Rio de Janeiro, v.1, p. 1-9, 2017.

33
33
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

CAPACITAÇÃO EM NUPDEC PARA


REDUÇÃO DE RISCOS E DESASTRES:
UMA CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOL-
VIMENTO SUSTENTÁVEL

Área temática: Educação.

João Victor Martins da Paz1


Ana Patrícia Nunes Bandeira2
Mateus Evangelista da Silva3
Savilla Vieira Costa4

Resumo: Os processos de deslizamentos de encostas e de inundações são frequentes nas


várias partes do mundo, provocando anualmente diversas mortes e problemas às comunidades.
As defesas civis municipais quando têm o apoio dos Núcleos de Proteção e Defesa Civil
(NUPDEC), se destacam em suas ações. Os NUPDECs são grupos comunitários, voluntários
para atuarem nas ações de conscientização ambiental e envolvimento da comunidade
voltadas para a redução de riscos de deslizamentos e inundações, bem como no auxílio em
ações emergenciais. A fim de contribuir com o desenvolvimento sustentável da região do
Cariri, o Projeto de Extensão desenvolvido pelo curso de engenharia civil da UFCA, intitulado
“Capacitação para Formação de Núcleo de Proteção e Defesa Civil para Jovens Estudantes
de Escolas Públicas”, foi executado recentemente, transferindo conhecimentos sobre o tema
de desastres naturais, para jovens estudantes de uma escola pública, situada em Juazeiro do
Norte. Nele, os estudantes desenvolveram atividades como confecção de poemas temáticos,
folders para incentivar a participação da comunidade escolar em geral e dos bairros em ações
da defesa civil e estudos de casos de problemas identificados na região do Cariri. O presente
trabalho traz os resultados obtidos pela referida ação de extensão.

Palavras-chave: Desastres. Desenvolvimento Sustentável. NUPDEC-Jovem.

1 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: joao.martins@aluno.ufca.edu.br
2 Docente do curso de Engenharia Civil na Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: ana.bandeira@ufca.edu.br
3 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: mateus905@hotmail.com
4 Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: savillacosta@gmail.com
34
34
INTRODUÇÃO

Os processos de deslizamentos de encostas e de inundações são frequentes nas várias


partes do mundo, provocando anualmente diversas mortes e problemas às comunidades.
Segundo Bandeira et al., (2016), nas grandes cidades brasileiras, os terrenos com maior
aptidão à ocupação são dominados pela classe social mais elevada, enquanto os terrenos
inadequados à ocupação, que necessitam de grande investimento financeiro para melhoria
da aptidão, ficam disponíveis à população de baixa renda. É o que também afirma Robaina
(2008).
Sarraff e Silva (2016) evidenciam que o grau de desorganização social que acomete
uma comunidade quando da ocorrência de um desastre, possui relação direta com a ausência
de estratégias que antecedem o evento, sendo necessário ações de planejamento e de respostas
aos desastres para redução dos riscos e minimização das consequências. Para Calheiros (2007),
a população deve estar organizada, preparada e orientada sobre o que fazer e como fazer,
sendo possível dessa forma, a comunidade atuar na prevenção e responder eficientemente
aos desastres.
As defesas civis municipais quando têm o apoio dos Núcleos de Proteção e Defesa
Civil (NUPDEC), se destacam em suas ações. Os NUPDECs são grupos comunitários,
voluntários para atuarem nas ações de conscientização ambiental e envolvimento da
comunidade voltadas para a redução de riscos de deslizamentos e inundações, bem como no
auxílio em ações emergenciais. No Brasil, vários municípios têm apoio das ações realizadas
pelos NUPDECs, formado por adultos, e pelos NUPDECs-Jovem, formado por jovens, como
exemplo do município de Jaboatão dos Guararapes-PE, sendo destaque brasileiro nas ações
de defesa civil. No estado do Ceará poucos são os municípios que têm NUPDECs formados nas
comunidades; e apenas o município de Caucaia tem o NUPDEC-Jovem. Na região do Cariri
não há nenhum desses grupos formados nos municípios, para apoio às ações das defesas civis,
sendo um reflexo das precárias motivações comunitárias advindas desses órgãos.
A fim de contribuir com o desenvolvimento sustentável da região do Cariri, o Projeto
de Extensão desenvolvido pelo curso de engenharia civil da UFCA, intitulado “Capacitação
para Formação de Núcleo de Proteção e Defesa Civil para Jovens Estudantes de Escolas
Públicas”, foi executado recentemente, transferindo conhecimentos sobre o tema de desastres
naturais, para jovens estudante de uma escola pública, situada em Juazeiro do Norte. O
presente trabalho traz os resultados obtidos pela referida ação de extensão.

Metodologia

O procedimento metodológico utilizado para o desenvolvimento deste trabalho


consistiu em quatro principais etapas:
a) Seleção da escola para realização do curso de capacitação em NUPDEC-Jovem;

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A escola selecionada para o desenvolvimento da ação foi o 2º Colégio da Polícia Militar,
Coronel Hervano Macêdo Júnior, localizada no município de Juazeiro do Norte – CE.
Esta escola foi escolhida por ter Pelotões (Ambiental e dos Brigadistas), formados por
jovens estudantes, que trabalham o tema meio ambiente.
b) Reunião técnica para apresentação da ação de extensão e formalizar a parceria com a
escola selecionada, o projeto foi apresentado, por meio de uma reunião, aos gestores.
A reunião se deu através da plataforma Google Meet, em 20 de agosto de 2020.
c) Preparação do folder e divulgação da ação, para motivar os alunos a participar do
curso de capacitação, foi elaborado um folder e um vídeo de divulgação, através da
plataforma de design gráfico Canva.
d) Realização do curso de capacitação, entre os dias 08 e 17 de setembro de 2020, com carga
horária total de 12 horas. Durante o curso foram abordados temas sobre os aspectos de
identificação dos riscos, monitoramento de parâmetros e ações de redução dos desastres.
Devido a necessidade de distanciamento social decorrente da pandemia de COVID-19,
todas as atividades ocorreram de forma remota, utilizando-se como ambiente para
sala de aula a plataforma Google Meet.
O curso teve como instrutores principais os autores deste trabalho. Durante as atividades
houve a participação de alguns convidados, sendo eles: Rejane Lucena, Gerente de
Planejamento Proteção e Defesa Civil em Jaboatão dos Guararapes-PE; Francisco das
Chagas Brandão, Coordenador da Defesa Civil do Estado do Ceará; Grupo do NUPDEC
adulto de Gereraú, Maranguape-CE; e Violeta Caboclo, poetisa da Região do Cariri.

Resultados

O curso de capacitação em NUPDEC teve a participação de 35 alunos do ensino


fundamental e médio atuantes nos Pelotões Ambiental e Brigadistas do 2º Colégio da Polícia
Militar, Coronel Hervano Macêdo Júnior, localizada no município de Juazeiro do Norte – CE.
Os participantes desenvolveram as seguintes atividades: Poemas temáticos; Folders
de para incentivar a participação da comunidade escolar em geral e dos bairros em ações da
defesa civil; e estudos de casos de problemas identificados na região do Cariri. Além dessas
atividades, os participantes realizaram uma entrevista com os componentes do NUPDEC, adulto,
atuantes do bairro Gereraú de Maranguape-CE; e responderam os questionamentos de diversos QUIZ
propostos durante o curso.
Por meio da realização da ação se pôde elencar uma série de impactos positivos, tanto
para a equipe universitária envolvida, quanto para a comunidade escolar. Para a equipe da
UFCA que vem atuando neste projeto, destaca-se a oportunidades dos alunos vivenciarem a
experiência de um projeto que os coloca em contato com a realidade e ao mesmo tempo acaba
por suscitar a discussão sobre os próprios conceitos que perpassam a sua atuação, tais como:
comunidade, sociedade civil, mobilização social, cidadania, meio ambiente, entre outros. As

36
36
discussões realizadas no decorrer da ação proporcionaram a transferência de conhecimento:
da importância da atuação e criação dos NUPDEC’s; do impacto das ações antrópicas no meio
ambiente; e da desigualdade social, que reflete nas ocupações de áreas de risco.
Por outro lado, diversos pontos positivos foram percebidos junto aos participantes.
A estratégia metodológica utilizada para envolvê-los tornaram os encontros mais prazerosos,
com destaque às atividades em grupo, que envolveram participantes de várias séries
escolares e as dinâmicas de grupos realizadas, segundo os depoimentos apresentados no dia
do encerramento da ação. No término da ação foi aplicado um questionário com perguntas
relacionadas a experiência e absorção de conhecimento dos temas abordados.
Após a conclusão do curso ficou claramente exposto que os participantes foram
sensibilizados e absorveram satisfatoriamente os conteúdos abordados. Os participantes
foram então mobilizados para participarem de uma campanha nacional denominada
“#AprenderParaPrevenir”, do CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de
Desastres Naturais).

Conclusões

O trabalho desenvolvido propôs-se transferir saberes a população, de maneira a


induzir a percepção dos riscos ambientais presentes nas comunidades. Através da ação
realizada conclui-se que os objetivos foram alcançados, em que todos os participantes
envolvidos (instrutores e alunos) foram sensibilizados com os temas abordados e apresentaram
excelentes trabalhos e depoimentos para contribuição ao desenvolvimento sustentável da
região do Cariri.

REFERÊNCIAS

BANDEIRA, A. P. N.; NUNES, P. H. S.; LIMA, M. G. S. Gerenciamento de riscos ambientais


em municípios da Região Metropolitana do Cariri (Ceará). Ambiente & Sociedade, v. 19, n.
04, p. 65-84, 2016.

CALHEIROS, L. B., CASTRO, A. L. C., DANTAS, M. C. Apostila sobre Implantação e


Operacionalização de COMDEC. Ministério da Integração Nacional Secretaria Nacional
de Defesa Civil. 2007.

ROBAINA, L. E. de S. Espaço urbano: relação com os acidentes e desastres naturais no


Brasil. Ciência e Natura. v. 30, n. 2, p. 93-105. 2008.

SARRAFF, T. E. S., SILVA, A. Promoção Da Cultura De Prevenção De Riscos Por Meio Dos
Núcleos Comunitários De Proteção E Defesa Civil. Revista Ordem Pública. v. 9, n. 1, jan/
jun. 2016.

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Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

CARIRI CONSCIENTE
o conhecimento transforma o cida-
dão

Área temática: Educação

Mateus Moreira Cruz1


Pedro Vinicius de Sousa Carvalho2
Ricardo Aladim Monteiro3
Milton Jarbas Rodrigues Chagas4

Resumo: A Educação fiscal é um dos instrumentos para o exercício da cidadania no Brasil, ela
se relaciona com a participação consciente e responsável do indivíduo na sociedade, zelando
não apenas para que seus direitos não sejam violados. Nesse contexto, foram realizadas ações
de ensino, por meio de palestras em algumas das escolas públicas dos municípios de Crato,
Juazeiro e Barbalha. Além disso, foi criado o Blog Cariri Transparente, com o objetivo de levar
a população, de forma simples, as informações dos gastos públicos nos municípios caririense.

Palavras-chave: Educação Fiscal. Cidadania. Poder Público.

INTRODUÇÃO

A Educação fiscal é um dos instrumentos para o exercício da cidadania no Brasil. Ela


se relaciona com a participação consciente e responsável do indivíduo na sociedade, zelando
não apenas para que seus direitos não sejam violados, mas também para o exercício de seus
deveres. Nesse contexto, o programa de extensão de nome “Cariri Consciente: o conhecimento
transforma o cidadão” vinculado à PROEX (Pró-Reitoria de Extensão), da Universidade
Federal do Cariri, foi criado com o objetivo de incentivar o controle social da população na
região do Cariri Cearense.
Foram realizadas ações de ensino, por meio de palestras, em algumas das escolas
1 Graduando em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: cruz.mateus@aluno.ufca.edu.
br
2 Graduando em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: carvalho.pedro@aluno.ufca.
edu.br
3 Professor do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Cariri (UFCA);
4 Professor do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Cariri (UFCA).
38
38
públicas dos municípios de Crato, Juazeiro e Barbalha, na região do Cariri cearense, nos anos
de 2018 e 2019. Além do Blog Cariri Transparente, que, vinculado ao programa de extensão, foi
criado no ano de 2018 com o objetivo de levar à população, de forma simples, as informações
referentes aos gastos públicos nesses municípios.

METODOLOGIA

As ações investidas nessas escolas tiveram como objetivo o ensino sobre educação
fiscal, trabalhando temas inerentes ao exercício da cidadania, como: história e função social
dos tributos, crimes contra a ordem tributária, fiscalização das origens e aplicações dos
recursos públicos por meio dos portais de transparência, etc. Tais atividades foram realizadas
através de palestras com duração média de 1h30min para alunos do ensino médio; Cerca de
40 alunos participaram em cada uma dessas ações. Cinco bolsistas foram responsáveis por
realizar as atividades, sendo três no primeiro ano (2018) e os demais no ano seguinte (2019).
Nas palestras os bolsistas utilizaram slides, vídeos e imagens com assuntos pertinentes à
educação fiscal.
Em paralelo a isso, no blog, as informações disponibilizadas no portal da transparência
dos poderes Legislativo e Executivo desses municípios são transformadas em notícias de
fácil compreensão para a população. As análises das informações são realizadas através do
levantamento dos dados orçamentários referentes a obras e projetos realizados ou a realizar,
despesas e fontes de arrecadação das instituições. Após elaboradas, as notícias são revisadas
e publicadas.
Cabe salientar que nenhuma das informações postadas, ou dos materiais elaborados
e apresentados em palestras, possuem algum viés político ou partidário, sendo estes de
responsabilidade dos membros do programa.

RESULTADOS

Atualmente, o blog já conta com mais de 120 publicações realizadas desde sua criação,
no ano de 2018 até o mês de outubro de 2020, mais de 7.000 visualizações e 2.700 visitantes
desde então.

CONCLUSÕES

A princípio, os alunos desconhecem o tema abordado, entretanto, durante as


atividades, eles demonstraram bastante interesse no assunto, uma vez perceberam que
poderiam ajudar na manutenção social, praticando atividades condizentes com o exercício
eficaz da cidadania.
Além disso, o crescente interesse dos cidadãos pelos salários pagos na Câmara
Municipal de Juazeiro, ou o aumento dos gastos com diárias neste mesmo município
39
demonstra sua crescente demanda da informação referente ao destino e execução das verbas
públicas. Demonstrando, assim, a demanda por essas informações, as quais auxiliam no
controle social. A percepção dos bolsistas é de dever cumprido, uma vez que semearam o
conhecimento sobre a educação fiscal, sobretudo, da cidadania.  

40
40
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

CEP EDUCATIVO
um relato de experiência sobre a ex-
tensão na promoção de conhecimento
sobre ética em pesquisa

Área temática: Educação

Grecia Oliveira de Sousa1


Arian Santos Figueiredo2
Yuri Mota do Nascimento3
Estelita Lima Cândido4

Resumo: Trata-se de um relato de experiência acadêmica. As atividades ocorreram no


âmbito de videoconferências, via Google Meet. Desse modo, o projeto de extensão “CEP
Educativo: ações itinerantes do Comitê de Ética em pesquisa com Seres Humanos da UFCA”
teve a iniciativa de levar para docentes e discentes dos cursos de graduação e pós-graduação
da UFCA informações a respeito da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e suas
principais resoluções, bem como do papel e da importância dos Comitês de Ética em Pesquisa
em Seres Humanos e da plataforma Brasil.

Palavras-chave: Ética em Pesquisa. CEP. Plataforma Brasil.

INTRODUÇÃO

Nos últimos meses, o mundo tem testemunhado a trágica expansão do novo coronavírus
e, simultâneo a isso, inúmeros desafios surgem para que se possa enfrentar a pandemia e
superá-la. Mediante esse novo contexto mundial, sucedeu a necessidade de readequar a forma
de disseminar informação, tendo as mídias sociais se tornado grande aliada para contornar
as novas dificuldades impostas. Nessa perspectiva, os projetos de extensão voltados às ações
direcionadas ao público se apropriaram dessa nova metodologia como campo de prática
acadêmica e efetivado, de fato, suas atividades.
1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cari-
ri (UFCA). E-mail: grecia.oliveira@aluno.ufca.edu.br
2 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: arian.santos@aluno.ufca.edu.br
3 Docente do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: yuri.mota@ufca.edu.br
4 Docente do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: estelita.lima@ufca.edu.br
41
41
Com isso, apesar do atual período desafiador, nota-se a crucial importância das
pesquisas científicas como promotoras do conhecimento, além de mudanças de paradigmas e
de conjunturas sociais. Nesse sentido, muitas pesquisas com seres humanos continuam sendo
desenvolvidas em consonância com as circunstâncias impostas, de modo que os preceitos
éticos continuam sendo a base da garantia da dignidade humana e devem ser seguidos
rigorosamente.
Desse modo, o projeto de extensão “CEP Educativo: ações itinerantes do Comitê de
Ética em pesquisa com Seres Humanos da UFCA” teve a iniciativa de levar para docentes
e discentes dos cursos de graduação e pós-graduação da UFCA informações a respeito da
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e suas principais resoluções, bem como do
papel e da importância dos Comitês de Ética em Pesquisa em Seres Humanos e da plataforma
Brasil.

Metodologia

Trata-se de um relato de experiência acadêmica vivenciado pelos alunos de Medicina


da UFCA membros do projeto durante três encontros no segundo semestre de 2020. As
atividades ocorreram no âmbito de videoconferências, via Google Meet, devido às medidas
de isolamento social impostas pela pandemia do COVID-19. Para tanto, foi usado material
em PowerPoint com os principais pontos das resoluções do Conep sobre a temática abordada.
Além disso, foi feita a navegação no site oficial da Plataforma Brasil para a visualização de
todas as ferramentas por ela ofertada. Posteriormente, era realizada, durante um período de
30 minutos, um momento para tirar dúvidas.

Resultados

Inicialmente, foi realizado um planejamento dos assuntos a serem abordados. Como


muitos pesquisadores desconhecem os diversos recursos que a Plataforma Brasil dispõe,
optou-se por acessá-la em tempo real e demostrar seus artifícios, como o pesquisador poderia
se cadastrar e submeter o seu projeto de pesquisa, como acessar as resoluções, cartas circulares
e outros documentos de interesse, emitidos pela Conep. Também foi orientado como o usuário
poderia conferir se um projeto se encontrava aprovado pelo sistema CEP/Conep (Figura 1).

42
Figura 1: Captura de tela da
apresentação sobre a Plataforma Brasil.

Fonte: Elaborada pelos autores (2020).

Houve ainda a necessidade de se falar sobre a importância da ética em pesquisa com seres
humanos, em que foram abordados os princípios éticos universais e sua aplicabilidade nessa área,
demostrando-se que as normas rígidas de conduta protege o sujeito que está sendo pesquisado,
a instituição de pesquisa e o pesquisador. Ademais, levando em consideração a importância do
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), foi apresentado qual seu papel na avaliação e acompanhamento
dos aspectos morais de todas as pesquisas envolvendo seres humanos, além da sua missão de
salvaguardar os direitos e a dignidade dos participantes da investigação.
Outrossim, foi abordado sobre os tipos de pesquisas que necessitavam de um parecer do
CEP e as que são dispensadas dessa análise. Também, foi debatido a questão das tramitações, as
atribuições do pesquisador responsável, os prazos de análise no CEP e os impactos do atraso na
análise. As considerações feitas a respeito do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
objetivaram mostrar a sua importância para a proteção legal e moral do pesquisador, posto que é a
manifestação clara de concordância com a participação na pesquisa, bem como garantir o respeito à
dignidade dos participantes, sua autonomia e defesa em sua vulnerabilidade (Figura 2).

Figura 2: Captura de tela sobre apresentação


da palestra.

Fonte: Elaborada pelos autores (2020)

43
43
No total, foram realizados três encontros síncronos por videoconferência, sendo o
primeiro destinado para todos os pesquisadores da UFCA, o segundo e o terceiro para os
discentes das disciplinas de pós-graduação de Metodologia da Pesquisa em Biblioteconomia
e Ciência da Informação e de Epistemiologia e Métodos de Pesquisa. A média de pessoas em
cada reunião era de 30 e a duração de cada encontro foi de cerca de 1h e 30 min, sendo os
30 min finais destinados para esclarecimento de questionamentos e dúvidas. Em todos os
encontros, contou-se com a presença de membros do CEP da UFCA, os quais auxiliaram os
membros discentes do projeto nas discussões (Figura 3).

Figura 3: Captura de tela sobre apresentação da palestra.

Fonte: Elaborada pelos autores (2020)

A ação se mostrou significativa para a comunidade científica que participou, obtendo-


se um feedback positivo e com uma interação notável. Muitos participantes tiraram dúvidas
baseados nos seus projetos de pesquisa, outros relataram ainda que a apresentação foi rica,
relevante e que adquiriram novas informações sobre o tema. Alguns ouvintes demostraram
interesse em ler resoluções e normativas na íntegra a partir da exposição que foi feita.

Conclusões

Os Comitês de Ética em Pesquisa, como instâncias de controle social, regulam as


pesquisas que envolvem seres humanos, visando garantir o respeito e a prevenção de danos aos
participantes. Nesse sentido, as ações de extensão que tratam desse tema são de fundamentais
relevância para a propagação de informações pertinentes e sanar dúvidas dos pesquisadores.
Desse modo, notou-se que a ação promovida pelo projeto, foi relevante com boa receptividade
e interatividade do público.

REFERÊNCIAS

PLATAFORMA BRASIL. Disponível em: https://plataformabrasil.saude.gov.br/login.jsf;j-


sessionid=5A276216E237F27DEDD825AFC84E55D9.server-plataformabrasil-srvjpdf132 .
44
Acesso em: 18 out. 2020.

CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/comis-


soes-cns/conep/ . Acesso em: 18 out. 2020.

45
45
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

DEFINIR FUNÇÕES EM MATE-


MÁTICA
um diagnóstico da compreensão de
estudantes de licenciatura

Área temática: Educação

Gilvan Félix Evangelista Júnior 1


Paulo Gonçalo Farias Gonçalves2

Resumo: Neste trabalho, foi diagnosticado o entendimento de 15 alunos da graduação de


uma licenciatura em Ciências Naturais e Matemática, sobre a ação de definir o conceito de
função matemática. Para conseguir os dados desejados foi elaborado um questionário que
foi adotado como referência um Esquema da Base Orientadora Completa da Ação (EBOCA),
esquema desenvolvido pelo pesquisador P. Ya Galperin em sua teoria de formação das ações
mentais e dos conceitos.

Palavras chaves: Educação Matemática. Aprendizagem. Teoria de Galperin.

INTRODUÇÃO

A formação do pensamento científico requer, dentre outros aspectos, a assimilação


de procedimentos gerais, no sentido da articulação da racionalidade diante de análises
e significados enquanto elementos operacionais da psique. Em virtude de sua relevância
no processo de generalização e abstração, a habilidade de definir é fundamental para o
entendimento e utilização dos conceitos científicos (CUTRERA e STIPCICH, 2015, p.2).
Para Puentes e Longarezi (2012) o pensamento científico ocupa um lugar central no
desenvolvimento psíquico do estudante e para que isso aconteça os conceitos científicos e as
ações mentais psicológicas precisam ser a base da formação, tal qual:

1 Discente do curso de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática da Universidade Fede-


ral do Cariri (UFCA), campus Brejo Santo-CE. E-mail: junior.gilvan@aluno.ufca.edu.br
2 Doutor em Educação e Licenciado em Matemática. Professor Adjunto da Universidade Federal do Cariri
(UFCA), campus Brejo Santo-CE. E-mail: paulo.goncalo@ufca.edu.br 46
46
[...] os conceitos científicos se caracterizam por constituírem os elementos essenciais
da experiência social, as conquistas das gerações anteriores, na forma de imagens
abstratas e generalizadas, que os alunos assimilam convertendo-as em experiência
individual própria e em elementos de seu desenvolvimento intelectual. (PUENTES e
LONGAREZI, 2012, p. 8)

Percebendo essa relevância para o contexto do ensino e aprendizagem de Matemática,


o presente estudo apresenta os resultados de um diagnóstico da compreensão de estudantes
de licenciatura sobre a habilidade de definir funções matemáticas.

METODOLOGIA

A presente pesquisa foi parte das ações do Projeto de Iniciação à Docência “Princípios
de Matemática – Uma proposta de iniciação à docência sob o aporte da Educação Matemática”
e teve como participantes 15 alunos de cursos de licenciatura da Universidade Federal do Cariri
(UFCA), campus Brejo Santo-CE, matriculados na disciplina de Princípios de Matemática,
em 2020.
O instrumento de pesquisa utilizado foi a prova pedagógica, que consiste em um rol
de questões organizadas com intuito de diagnosticar a compreensão dos respondentes sobre
determinados conhecimentos, habilidades, etc.
A aplicação da prova pedagógica ocorreu por meio do formulário eletrônico Google
Forms, enviado aos discentes matriculados na disciplina de Princípios de Matemática. O
referido instrumento foi organizado em dois blocos, sendo o primeiro deles direcionado a
coletar dados gerais (como idade, sexo, período no curso, entre outros); e o segundo sobre a
compreensão do que é e como definir e a aplicação desse entendimento na definição do que é
uma função matemática.
Para a elaboração desse esquema foram levantadas referências sobre: definir um
conceito (o que é definir um conceito?), os respectivos procedimentos necessários (como
definir um conceito?) e a definição de uma função matemática (o que é uma função?).
Acerca de alguns referenciais que tratam das funções matemáticas levantados no
âmbito dessa pesquisa, apresentamos Melo (2015, p. 298), que define-as como “[...] relações
matemáticas especiais entre dois elementos. Ou seja, uma função matemática é uma forma
especial de se fazer uma correspondência entre elementos de dois conjuntos”. Propondo uma
definição que apresenta mais elementos matemáticos, Gonçalves e Flemming (2006, p. 12)
elaboram a seguinte conceituação: “Seja A e B subconjuntos de . Uma função f: A em B é uma
lei ou regra que a cada elemento de A faz corresponder um único elemento de B. O conjunto
A é chamado domínio de f e é denotado por D(f). B é chamado de contradomínio ou campo
de valores de f.”
Veja que, apesar das diferenças entre alguns aspectos da definição, a essência se vale
em termos em comuns como: conjuntos, relações, correspondência, etc., que foram buscados
nas respostas dos alunos.
47
RESULTADOS

No que se refere à compreensão dos participantes sobre o que é uma definição,


adotamos a compreensão que definir um conceito matemático consiste em construir um
enunciado que integra o conjunto de propriedades essenciais (necessárias e suficientes) que
delimitam um conceito matemático.
Dentre os respondentes, 13,3% descreveram que se trata de dar sentido ou significado
a um conceito ou ideia, 6,66% mencionaram a capacidade de delimitar e manipular os
conceitos matemáticos. Em contrapartida, não houve quem descrevesse como um enunciado.
A maioria dos respondentes (80%) perderam o foco falando dos símbolos matemáticos e seus
problemas, apesar de terem adentrado no que foi solicitado na questão.
Em relação ao entendimento sobre como definir, as etapas consideradas relevantes
a partir da referência adotada são: (I) Selecionar uma classe de objetos, (II) Listar as
características da classe de objetos matemáticos que será conceituada, (III) Verificar quais das
características são essenciais para delimitar a classe de objetos matemáticos e quais não são,
(IV) Selecionar as características essenciais e (V) Enunciar o texto da definição do conceito
matemático, estabelecendo nexos entre suas propriedades essenciais.
Dentre os discentes, 20% entendem que para elaborar uma definição de um conceito
matemático é necessário verificar quais das características são essenciais para delimitar a
classe de objetos matemáticos, enquanto as demais etapas não foram identificadas nas
respostas dos alunos.
No que diz respeito à definição do que é uma função matemática, adotamos o seguinte
entendimento: Seja A e B conjuntos de . Uma função f é uma regra que estabelece associações
entre um elemento do conjunto A com um único elemento do conjunto B.
Solicitados que aplicassem as compreensões anteriormente explicitadas para definir
o conceito de função matemática, os resultados mostraram que 46,6% dos participantes
estavam parcialmente corretos, faltando apenas pequenos detalhes dentro da definição para
se assemelhar totalmente com o modelo estabelecido.
Fica visível que, apesar de haver respostas incoerentes, os alunos não tiveram tantas
dificuldades para definir o conceito em questão, diferente dos resultados das respostas
anteriores em que foi manifestado uma porcentagem maior nas dificuldades em expor o
processo de definir um conceito. Sendo assim, é perceptível que o problema está no ato de
reconhecer os processos formativos do conceito, podendo resultar em sérias dificuldades em
aprender novos conceitos ou atualizar os existentes futuramente.

CONCLUSÕES

Por se constituir como uma habilidade básica para outras, compreender adequadamente
como se define um conceito, em particular, matemático, é de suma importância para a
48
48
aprendizagem científica.
Por meio de um diagnóstico da compreensão de estudantes, foi possível verificar
que mesmo sendo um conceito estudado desde a Educação Básica, discentes de licenciaturas
ainda possuem dificuldades para definir funções matemáticas, o que pode ser um dos fatores
que dificultam a aprendizagem de conceitos mais avançados.
Nesse sentido, este estudo aponta para necessidades de adequações na formação
dos licenciandos, que também precisam englobar a aprendizagem de habilidades gerais.
Além disso, indica a possibilidade de desenvolvimento de ações extensionistas no âmbito da
Educação Básica, visando auxiliar ainda mais prematuramente na melhoria da compreensão
dos discentes de conceitos matemáticos fundamentais

REFERÊNCIAS

GONÇALVES, M. B; FLEMMING, D. M. Cálculo A: Funções, Limites, derivação e


integração. Florianópolis: Person, 6 ed., 2006.

MELO, H. S. A aprendizagem de conceitos matemáticos fundamentados na sua etimologia


e morfologia. In: GARRÃO, A. P.; DIAS, M. R; TEIXEIRA, R. C (Orgs). Investigar em
Educação Matemática: Diálogos e conjunções numa perspectiva interdisciplinar. Ponta
Delgada: Letras Lavadas Edições, 2015, p. 293-304.

CUTRERA, Guillermo. STIPCICH, Silvia: Construyendo definiciones en la ciencia escolar.


consideraciones didácticas desde un análisis discursivo. el caso del concepto de sustancia.
Conferência de Ensino e Pesquisa Educacional na Área de Ciências Exatas e Naturais,
Anais IV. La Plata, 28, 29 e 30 de outubro de 2015 - ISSN 2250-8473. p. 1-11. Disponível
em: http://jornadasceyn.fahce.unlp.edu.ar/convocatoria. Acesso em: 3 maio 2020.

PUENTES, Roberto Valdés. LONGAREZI, Andréa Maturano. Escola E Didática


Desenvolvimental: Seu Campo Conceitual Na Tradição Da Teoria Histórico-cultural,
Educação em Revista, Belo Horizonte. 2012. p. 1-25.

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Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

DEMONSTRAR EM MATEMÁTI-
CA
a construção de uma orientação
para a formação de professores

Área temática: Educação

Janielle Nogueira da Silva 1


Paulo Gonçalo Farias Gonçalves 2

Resumo: O presente trabalho se trata de uma pesquisa, que visa a construção de uma
orientação para a formação de professores, com enfoque na habilidade de demonstrar com
o público alunos da disciplina de princípios de Matemática, do Instituto de Formação de
educadores - IFE, da Universidade Federal do Cariri (UFCA), a priori, faz-se um levantamento
bibliográfico, referindo-se a etapa 1, o planejamento, isso devido a pandemia causada
pelo novo coronavirus, posteriormente a intervenção seré feita com os licenciandos.Com a
bibliografia, podemos destacar os principais tipos de demonstração, que serão utilizados para
analisar os invariantes para a construção do EBOCA.

Palavras-chave: Base Orientadora da Ação. Formação de habilidades. Matemática.

INTRODUÇÃO

A produção do conhecimento em Matemática demanda, dentre outros aspectos, de


um encadeamento lógico adequado, que permita a validação de proposições que irão compor
o sistema axiomático que constitui essa ciência e linguagem. O referido processo pode se dá
por meio da demonstração matemática.
Embora a demonstração matemática se coloque como um conhecimento profissional
essencial para o futuro professor dessa área, a falta de familiaridade dos estudantes de cursos
de formação de professores de Matemática, sobretudo pelo contato inadequado com essa
habilidade em níveis de ensino anteriores, acaba constituindo um cenário de inúmeras
dificuldades de aprendizagem das técnicas de demonstrações. Considerando a importância
de sistematizar uma orientação da habilidade a ser assimilada pelo aprendiz, isto é, uma
1 Bolsista/voluntária do grupo de pesquisa em Educação Matemática e Didática Desenvolvimental (GPEM2D).
2 Coordenador/Orientador do grupo de pesquisa em Educação Matemática e Didática Desenvolvimental
(GPEM2D). 50
50
representação mental que permita guiá-lo durante sua ação (TALIZINA, 2000), no âmbito
da Teoria de Formação Planejada das Ações Mentais e dos Conceitos, de P. Ya. Galperin, foi
criado o termo Esquema da Base Orientadora Completa da Ação (EBOCA), que consiste na
materialização de uma orientação desejável.
Tendo em vista a problemática inerente a aprendizagem da habilidade de demonstrar
e os fundamentos balizados na Teoria de P. Ya. Galperin, o presente trabalho tem como objetivo
apresentar o planejamento de uma orientação da ação de demonstrar em matemática.

METODOLOGIA

Considerando a necessidade de adequações das ações acadêmicas durante a


pandemia, este estudo é um recorte da primeira parte de uma investigação que visa subsidiar
o planejamento de experiências educativas na formação de professores de Matemática.
A construção da orientação da ação de demonstrar em Matemática tem ocorrido a
partir do seguinte percurso:

● Pesquisa bibliográfica em literatura especializada sobre o tema;


● Seleção de obras que abordam: a (i) definição de demonstrar em matemática, os (ii)
tipos de demonstrações e os (iii) procedimentos necessários para realizar cada um
desses tipos;
● Identificar os elementos invariantes de (i), (ii) e (iii).

O percurso acima descrito culminará na elaboração do Esquema da Base Orientadora


Completa da Ação (EBOCA), constituído pelos elementos invariantes relativos a compreensão
do que é e como executar diferentes tipos de demonstrações em Matemática.

RESULTADOS

De um modo geral, a demonstração em Matemática pode ser entendida como “[...]


uma dedução destinada a provar a verdade da sua conclusão apoiando-se sobre premissas
reconhecidas ou admitidas como verdadeiras” (LALANDE, 1999, p. 239). Comungando desse
entendimento, Fossa (2009) afirma que a demonstração é o porquê de um teorema.
As demonstrações matemáticas podem ser entendidas como diretas, quando parte-se
de uma premissa e verifica-se a veracidade da conclusão; ou indireta, quando a validade de
uma afirmativa se dá por meio do falseamento de sua negação.
Enquanto recorte dos resultados parciais obtidos até o momento, apresentaremos
3 (três) tipos de demonstrações e uma possibilidade inicial de orientação geral para ambos:
demonstração direta e condicional (se p então q), direta e bicondicional (p se, e somente se,
q) e indireta e contrapositiva (se “não q” então “não p”), em que p e q são proposições lógicas. A
construção de uma orientação inicial para a ação de demonstrar em matemática é detalhada no Quadro
51
1:

Quadro 1: Orientação inicial da ação de demonstrar em Matemática.


INDIRETA E
DIRETA E CONDICIONAL DIRETA E BICONDICIONAL
CONTRAPOSITIVA

1) Ler a situação-problema a ser demonstrada


2) Identificar a hipótese inicial
3) Identificar a tese inicial
4) Definir a técnica de demonstração que melhor se adeque a situação-problema
- Assumir hipótese inicial como - Negar a tese inicial e assumi-
hipótese la como hipótese
- Assumir tese inicial como tese - Negar a hipótese inicial e
assumi-la como tese

5) Selecionar premissas que podem ser assumidas como verdadeiras, a partir de conhecimentos
anteriores e/ou dos dados da questão.

6) Planejar uma estratégia de resolução

7) Executar a estratégia de resolução

8) Revisar a resolução da demonstração e, se necessário, corrigir

9) Verificar se é possível aperfeiçoar a demonstração


10) Inverter hipótese e tese
inicial e retornar a etapa 5.
- Assumir tese inicial como
hipótese
- Assumir hipótese inicial como
tese

Fonte: Elaborado pelos autores.

É possível observar que, embora possuam peculiaridades, há procedimentos comuns aos 3


(três) tipos de técnicas de demonstrações estudadas até o momento.
Como já mencionado, a ideia é que, findado o planejamento dessa orientação será
possível planejar ações que incluam a formação inicial de professores, mas podendo ainda
inserir-se na formação continuada.

CONCLUSÕES

Enquanto fase inicial de uma futura intervenção educativa para a formação docente,
este estudo apresentou uma orientação geral, que visa superar uma visão fragmentada sobre
diferentes técnicas usadas para se demonstrar ideias matemáticas.
Haja vista as dificuldades de se ensinar e aprender sobre as demonstrações
matemáticas, é de suma importância que sejam empreendidas investigações que se debrucem
sobre o tema, em uma visão integrada entre os conhecimentos matemáticos e os conhecimentos
52
52
pedagógicos.

REFERÊNCIAS

FOSSA, J,A. Introdução às técnicas de demonstração na Matemática. São Paulo:


Editora da Física, 2009 a.

LALANDE, A .Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. Traduzida por Fátima Sá Carneiro,


Maria E. de Aguiar, José E. Torres e Maria G. de Souza. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

TALIZINA, N. F. Manual de Psicología Pedagógica. México: Universidad Autónoma de


San Luís Potosí, 2000.

53
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

DESCONSTRUINDO E CONS-
TRUINDO O SOM QUE VEM DO
LIXO
um novo olhar para o que é descar-
tável

Área temática: Educação.

João Victor da Silva Coelho1


Antônio Chagas Neto 2

Resumo: O presente trabalho visa apontar os resultados obtidos pelo projeto “Desconstruindo
e construindo o som que vem do lixo”, trazendo a metodologia e o planejamento feito entre os
meses de abril e dezembro do presente ano.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Educação Musical. Meio Ambiente.

INTRODUÇÃO

O nosso mundo sofre com a insensibilidade humana pelo planeta Terra, jogamos
lixo no chão, cortamos árvores, enchemos o mar de plástico, esgotamos recursos naturais e
explodimos o ecossistema. Como forma de educar as pessoas sobre sustentabilidade, música
e meio ambiente, construímos um projeto que mistura a música e a ideia de conscientização
da sustentabilidade mostrando que atos simples e criativos podem contribuir com a natureza
e sua harmonia. Segundo Pedro Jacobi (2003, p. 198):
A educação ambiental como formação e exercício da cidadania refere se a uma nova
forma de encarar a relação do homem com a natureza, baseada numa nova ética que
pressupõe outros valores morais e uma forma diferente de ver o mundo e os homens.
A educação ambiental deve ser vista como um processo de permanente aprendizagem
que valoriza as diversas formas de conhecimento e forma cidadãos com consciência
local e planetária.

O autor citado aponta que a educação ambiental é essencial para o exercício do


ser humano. É por meio dessa forma de pensar e cuidar do mundo que o cidadão promove
alternativas para o nosso ecossistema sobreviver ao meio do caos do homem. Como
forma de procurar alternativas para a terra, algumas empresas estudam e criam projetos,
1 Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: victortrack62@gmail.com
2 Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: antonio.chagas@ufca.edu.br 54
54
compartilhando ideias como a dos três R`s, que se compõem em Reduzir, Reutilizar e
Reciclar. Essa proposta segue de forma contínua o ciclo para causar menor impacto no
meio ambiente. Nosso objetivo geral é mostrar que é possível a conscientização de crianças
e adolescentes sobre musicalização e sustentabilidade. Utilizamos como método a aplicação
de oficinas, dicas, vídeo aulas e diversos outros materiais que produzimos e desenvolvemos.
Por conta da pandemia do coronavírus, tivemos que replanejar o projeto para ser efetuado
nas redes sociais, isso nos possibilitou um olhar diferenciado para com os mecanismos da
internet. A pandemia trouxe também uma possibilidade para os cidadãos que estiveram em
isolamento social, conseguimos instruir as pessoas ao seu próprio favor, entendendo sobre a
reciclagem e tomando para si a produção de arte.

METODOLOGIA

Procuramos uma forma de construção com uma metodologia ativa que buscasse a
praticidade e a participação ativa do jovem para um melhor desenvolvimento. Utilizamos
como método vídeo aulas, textos de conscientização, criação de conteúdo em redes sociais,
assim como propostas pedagógicas para serem executadas com o projeto. O planejamento foi
todo construído em reuniões e encontros dos bolsistas, voluntário e orientador, cada um com
suas funções e ideias.

RESULTADOS

Os principais resultados do projeto foram as ações desenvolvidas nas mídias digitais,


criamos o Instagram3, o Canal no Youtube4 e o Site5 para poder divulgar o nosso conteúdos.
Dentro desses espaços, promovemos alguns conteúdos dentro da Sustentabilidade, Educação
Musical e a Construção de Instrumentos. No Instagram, trabalhamos com cinco conteúdos
que foram as vídeoaulas com o passo a passo de construção de instrumentos, sugestões de
materiais possíveis para serem reutilizados, indicação de grupos musicais que trabalham
como instrumentos e/ou materiais recicláveis para a produção e promoção da sua música,
sugestões de jogos didáticos com materiais recicláveis e o quadro Fábrica vs Reciclável
que trazia como os instrumentos eram encontrados no mercado e como eles poderiam ser
fabricados. No Youtube colocamos as Vídeoaulas, entre Abril e Outubro construímos 15
vídeoaulas com diversos instrumentos publicados semanalmente. Além disso, o Site era outra
ferramenta utilizada, onde colocamos o passo a passo de criação dos instrumentos feitos nas
videoaulas. Entre Outubro e Dezembro vamos focar na construção de um E-book, onde irá
conter o compilado dos nossos conteúdos realizados esse ano.

3 https://www.instagram.com/desconstruindoeconstruindoosom/?hl=pt-br
4 https://www.youtube.com/channel/UCtD9AFLt_u4W93z8NV2Pstg/featured
5 https://desconstruindoecon.wixsite.com/meusite
55
Figura 1 – Captura de tela do Perfil do Instagram do projeto.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 2 – Captura de tela do Site

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 3 – Captura de tela do canal no Youtube

Fonte: Elaborado pelos autores.

56
56
CONCLUSÕES

Conseguimos atingir variados tipos de público com abrangência no conteúdo


apresentado, fizemos o que estava planejado para esse novo contexto. Acreditamos que
poderíamos melhorar a nossa divulgação, promover mais conteúdos para o nosso site. No
futuro, gostaríamos de promover o nosso projeto com a sua função inicial, indo as ONG´s e
promovendo essas trocas em sala de aula com as crianças e adolescentes.

REFERÊNCIAS

JACOBI, Pedro. Educação ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. Caderno de


Pesquisa, São Paulo. n. 118, p. 189-205, mar. 2003. Disponível em: http://publicacoes.
fcc.org.br/ojs/index.php/cp/issue/view/33. Acesso em: 20 out. 2020.

57
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

DIVULGANDO A FÍSICA COM


EXPERIMENTOS DE BAIXO
CUSTO

Área temática: Educação

Andressa Maria Filgueira de Sá1


Jonas Monteira da Costa2
Gilson Francisco de Oliveira Junior3

Resumo: O projeto de extensão “Divulgando a Física com experimentos de baixo custo”


se propõe a divulgar conceitos físicos através de experimentos físicos com materiais de
baixo custo. Quando o professor realiza atividades experimentais em suas aulas, permite
que os alunos através da curiosidade, se interessem pelos conceitos científicos abordados.
Com isso, abordamos conteúdos que são trabalhados no Ensino Fundamental II e Ensino
Médio. Conforme a análise dos conteúdos, são selecionados experimentos considerados mais
simples e baratos, para serem aplicados nas escolas do município de Brejo Santo no Estado do
Ceará e em seus municípios vizinhos. Busca-se, favorecer principalmente as escolas que não
tem acesso a laboratórios de física ou que não tenham recursos para realizar experimentos
mais complexos. Procurando assim, contribuir no aprendizado dos alunos, enfatizando
a importância da Ciência e mostrando que a Física é acessível e atrativa. Por motivos de
isolamento social devido a pandemia de COVID-19, as atividades realizadas consistem na
elaboração de vídeos didáticos que vem sendo divulgados através das redes sociais. Foram
realizados, experimentos físicos de eletromagnetismo e óptica, no qual, demonstramos a
construção e funcionamento de motores elétricos, pêndulo eletrostático, eletroímã e efeitos
ópticos causado pelos fenômenos físicos de refração da luz e reflexão interna total da luz. Todos
os experimentos realizados envolvem ações presentes no cotidiano e materiais acessíveis ao
público.
Palavras-chave: Ensino de Física. Práticas Experimentais. Experimentos de baixo custo.

1 Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: andressa.filgueira@aluno.ufca.edu.br


2 Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: jonas.monteiro@aluno.ufca.edu.br
3 Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: gilson.francisco@ufca.edu.br
58
58
INTRODUÇÃO

Desde muito tempo, os cientistas sempre procuravam formas de comprovar suas


teorias através da experimentação. Sem contar, que com a prática experimental, torna-se
possível uma melhor compreensão de determinados fenômenos. Segundo Cleci Rosa (2003),
é importante a realização experimental, uma vez que, a sociedade se encontra em um processo
constante de tranformação tecnológica, no qual, a experimentação é a base desse processo e
se considerarmos que o professor está formando indivíduos que irão exercer um papel em
sociedade, não se pode negar a importância de realizações experimentais nas escolas.
Frente a isto, o projeto de extensão “Divulgando a Física com experimentos de baixo
custo” iniciou-se no mês de abril de 2020, com o propósito de divulgar conceitos físicos através
de experimentos físicos com materiais de baixo custo. Pode-se dizer que quando o professor
realiza atividades experimentais em suas aulas, permite que os alunos através da curiosidade,
se interessem pelos conceitos científicos abordados (ANDRADE, TEIXEIRA et al., 2019).
Com isso, esse estudo propõe analisar conteúdos que são trabalhados no Ensino Fundamental
II e Ensino Médio. Conforme a análise dos conteúdos, são selecionados experimentos
considerados mais simples e baratos, para serem aplicados nas escolas do município de Brejo
Santo no Estado do Ceará e em seus municípios vizinhos. Busca-se, favorecer principalmente
as escolas que não tem acesso aos laboratórios de física ou que não tenham recursos para
realizar experimentos mais complexos. Procurando assim, contribuir no aprendizado dos
alunos, enfatizando a importância da Ciência e mostrando que a Física é acessível e atrativa.

METODOLOGIA

O estudo consiste na realização de pesquisas bibliográficas, em livros, artigos, teses


e revistas, como base para as futuras ações. A partir das pesquisas, ocorre a seleção de
experimentos físicos de acordo com os conteúdos que são ensinados no ensino básico, sua
praticidade e o custo dos materiais. Por motivos de isolamento social devido a pandemia de
COVID-19, as atividades realizadas consistem na elaboração de vídeos didáticos para serem
divulgados através das redes sociais como Instagram, Facebook e Youtube. O trabalho conta
com a realização de encontros remotos com o orientador via Google Meet, e participações em
aulas remotas.
Foram realizados, experimentos físicos de eletromagnetismo e óptica, no qual,
demonstramos a construção e funcionamento de motores elétricos, pêndulo eletrostático,
eletroímã e efeitos ópticos causados pelos fenômenos físicos de refração da luz e reflexão
interna total da luz. Todos os experimentos realizados envolvem ações presentes no cotidiano
e materiais acessíveis ao público.

59
RESULTADOS

Como resultado de nossas ações, foram realizados 4 experimentos de eletromagnetismo


(1 de motor elétrico, 1 de eletroímã e 2 de pêndulo eletrostático) e 4 experimentos de óptica (3
de refração da luz e 1 de reflexão interna total da luz), totalizando oito experimentos físicos,
e produzidos seis vídeos. Atualmente, estamos trabalhando no Instagram, em um canal no
YouTube, em uma página no Facebook, na elaboração de vídeos para aulas assíncronas e
planejando participações em aulas síncronas. Os resultados obtidos no momento são favoráveis,
pois, já conseguimos conquistar um público nas redes sociais e a partir dos comentários nas
postagens dos vídeos, pode-se afirmar que mesmo o projeto estando em andamento, muitas
pessoas já se interessaram pelo nosso trabalho. Com isso, buscamos sempre melhorar nossos
vídeos para atingir um maior público possível. A nossa expectativa é transmitir a Física de
maneira mais simples e criativa, atraindo principalmente os alunos do ensino básico.
Com base nos vídeos que foram produzidos, é normal que haja alguns desafios a serem
enfrentados, principalmente por causa do isolamento social. Dentre eles, são destacados, a
gravação de áudios, edição e o uso de linguagem acessível. Por conta do barulho na moradia,
algumas gravações tiveram que atrasar um pouco, entretanto, foi possível conseguir acesso a
sala de rádio do Instituto de Formação de Educadores para a gravação dos vídeos. O processo
de edição se torna complicado para quem não tem familiaridade neste trabalho, porém,
através das pesquisas realizadas, foi possível produzir um bom material para ser publicado.
Vale ressaltar, que o público nas redes sociais é variado, portanto, torna-se difícil fazer uso de
uma linguagem acessível a todos.
Porém, para que haja divulgação científica é importante que os conceitos e práticas
trabalhados, sejam acessíveis a todos, mesmo se houver um público variado (AMAZONAS
et al., 2017). Pode-se lembrar que o professor tem o poder de tornar o conhecimento mais
acessível para diversos públicos. Desse modo, o uso dos materiais de baixo custo visa construir
acessibilidade em escolas com pouco material e favorecer a criatividade e envolvimento dos
alunos com o assunto trabalhado. Porém, para que isso ocorra com êxito, é necessário que
haja uma transposição didática, onde o saber complexo é simplificado.

60
60
Figura 1 – Captura de tela do Instagram

Fonte: Elaborado pelos autores

Figura 2 – Captura de tela do Instagram

Fonte: Elaborado pelos autoreS

Fonte: Elaborado pelos autoreS

CONCLUSÕES

Em virtude dos argumentos aqui apresentados, percebemos que a realização de


experimentos físicos com materiais de baixo custo é de fundamental importância para o
desenvolvimento educacional do indivíduo. Pois, permite que um maior público tenha acesso
aos materiais utilizados, que seja notado o impacto da ciência no cotidiano, e que o professor
incentive seus alunos a fazerem pesquisas em uma tentativa de guiá-los a descobrirem
outras formas de solucionar um devido problema. Logo, será exercitado a criatividade e o
pensamento reflexivo ou crítico sobre devidas práticas experimentais, levando o indivíduo a
fazer observações, questionamentos e favorecendo ao debate proposto nas aulas. Portanto, o
nosso projeto visa possibilitar o entendimento dos conceitos físicos, mudando a ideia de que
a física é uma ciência de difícil entendimento.

REFERÊNCIAS

AMAZONAS, Márcio et al. Física Itinerante: Resultados de um Projeto de Divulgação


Científica no Amazonas. XI ENPEC – Encontro Nacional de Pesquisa em Educação
em Ciências, 2017.

CUPAIOLI, Marcos Eder. Abordagem experimental no ensino de física com materiais de


baixo custo e reciclados. Dissertação de Mestrado, UNESP, 2016.

MOREIRA, Marcos Luiz Batista. EXPERIMENTOS DE BAIXO CUSTO NO ENSINO DE


MECÂNICA PARA O ENSINO MÉDIO. Dissertação de Mestrado, UFRPE, 2015.

ROSA, Cleci Werner da. Concepções teórico-metodológicas no laboratório didático de física


na Universidade de Passo Fundo. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo
Horizonte), v. 5, n. 2, p. 94-108, 2003.

SÉRÉ, Marie-Geneviève; COELHO, Suzana Maria; NUNES, Antônio Dias. O papel da


experimentação no ensino da física. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 20, n.
1, p. 30-42, 2003.

TEIXEIRA, Ricardo Roberto Plaza; ANDRADE, Adriana de. USO DE EXPERIMENTOS DE


BAIXO CUSTO EM ATIVIDADES DE EXTENSÃO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA.
Revista Compartilhar-Reitoria, v. 3, n. 1, p. 49-52, 2018.

62
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

EDUCAÇÃO SEXUAL (DES)CO-


NECTADA AO CARIRI CEAREN-
SE
possibilidades e desafios na pande-
mia

Área temática: Educação.

Elaine de Jesus Souza1


José Felipe Alves de Sousa2
Cecília Pereira de Caldas3

Resumo: A Educação Sexual constitui um campo transdisciplinar que vai além de uma
abordagem biológico-higienista, entendida como um processo contínuo e planejado que
abrange distintas abordagens e metodologias socioculturais acerca de sexualidade, corpo e
gênero, visando desconstruir preconceitos e discriminações que compõem a homofobia ao
abordar, de forma contínua e sistemática, questões culturais como gênero, corpo e sexualidade.
Nesse cenário pandêmico, as ações do projeto estão sendo realizadas de forma remota, por meio
de ferramentas digitais como Google Meet, grupos de Whatsapp e Instagram. O projeto conta
com a parceria de escolas públicas municipais e estaduais de três cidades do cariri cearense
(Brejo Santo/CE, Mauriti/CE e Barro/CE), visando continuar o processo de desconstrução de
discursos essencialistas e fundamentalistas acerca da Educação Sexual. As ações realizadas
remotamente foram o concurso de imagens com a participação de estudantes dos Ensinos
Fundamental e Médio ademais, realizamos uma live sobre a temática “Masculinidades e
Educação”, grupos focais com a participação de discentes das escolas parceiras, realizamos
também minicursos sobre a temática de sexualidade. Nesse rumo, o projeto vem disseminando
(in)formações e aprendizados acerca dos conceitos de corpo, gênero e sexualidade. Esse projeto
de extensão sobre Educação Sexual, embora desenvolvido remotamente, vêm possibilitando
aprendizados e (des)construções que favorecem a incorporação da Educação Sexual na/pela/
para a diversidade de vidas humanas nos currículos escolares.

Palavras-chave: Educação Sexual. Gênero. Sexualidade.


1 Professora Adjunta da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: elaine.souza@ufca.edu.br
2 Graduando em Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática pela Universidade Federal do Cariri
(UFCA). E-mail: felipesousaalves01@gmail.com
3 Graduanda em Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática pela Universidade Federal do Cariri
(UFCA). E-mail: cecilia20pereira@gmail.com
63
63
INTRODUÇÃO

A Educação Sexual constitui um campo transdisciplinar que vai além de uma


abordagem biológico-higienista, entendida como um processo contínuo e planejado que
abrange distintas abordagens e metodologias socioculturais acerca de sexualidade, corpo e
gênero, visando desconstruir preconceitos e discriminações que compõem a homofobia ao
abordar, de forma contínua e sistemática, questões culturais como gênero, corpo e sexualidade
(SOUZA et. al 2020, p.03).
Nesse contexto, o projeto intitulado “Educação Sexual na/pela/e para diversidade
de vidas humanas” visa ampliar a incorporação de abordagens socioculturais e políticas da
Educação Sexual nos currículos escolares e acadêmicos, por meio de estratégias didático-
metodológicas que estimulem o engajamento de toda a comunidade escolar, além de discentes,
docentes, pais/mães/responsáveis. Para, assim, promover o reconhecimento e acolhimento
da diversidade de vidas humanas (identidades sexuais, de gênero, étnico-raciais), sobretudo
ao problematizar o modo como as diferenças são utilizadas para reiterar preconceitos e
desigualdades sociais.

Metodologia

Nesse cenário pandêmico, as ações do projeto estão sendo realizadas de forma remota,
por meio de ferramentas digitais como Google Meet, grupos de Whatsapp e Instagram (@
edu.sexpara_diversidade). O projeto conta com a parceria de escolas públicas municipais e
estaduais de três cidades do cariri cearense (Brejo Santo/CE, Mauriti/CE e Barro/CE), visando
continuar o processo de desconstrução de discursos essencialistas e fundamentalistas acerca
da Educação Sexual. Para tanto, realizamos um replanejamento das atividades, que consistem
na elaboração de slides, imagens e vídeos sobre as temáticas do projeto para divulgação
na página do Instagram e apresentação nos grupos focais realizados quinzenalmente com
estudantes das escolas parceiras. Organizamos um concurso online de imagens sobre “Corpos
além do biológico”, bem como Lives com a participação de convidados/as para abordar
temáticas de Gênero (Masculinidades; Feminismos e feminilidades...). Os principais temas
discutidos têm sido corpo, gênero, sexualidade, sexo, prazer, virgindade e relacionamentos,
gravidez entre jovens, prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), métodos
contraceptivos.

Resultados

Uma das ações remotas foi o concurso de imagens com a participação de estudantes
dos Ensinos Fundamental e Médio, que teve como objetivo: representar as diferentes formas
de expressões dos corpos, evidenciando que são múltiplos e vão “além do biológico”, de forma
64
lúdica e dinâmica, através de uma atividade que incentive a criatividade dos/as participantes
para produzir imagens, desenhos, pinturas ou fotografias, visando desconstruir padrões e
representações estereotipadas.
Ademais, realizamos uma live sobre a temática “Masculinidades e educação: uma
conversa necessária”, com o professor Antonio Jefferson Barreto Xavier (doutorando
em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS) e a mediação do
bolsista José Felipe. Tal ação envolveu a participação virtual de estudantes, possibilitando
problematizar preconceitos, como machismo, sexismo, acerca da temática de gênero, assim
como foram discutidos os conceitos de masculinidades tóxica e hegemônica.
Nos grupos focais com a participação de discentes das escolas parceiras, realizamos
minicursos sobre a temática de sexualidade. As discussões contam com relatos de discentes
sobre dúvidas e/ou vivências acerca desse tema a exemplo da seguinte fala de uma aluna:
“Lá no meu sítio, uma mulher obrigou a filha dela a casar porque ela “se perdeu” com um
menino lá, e nem tão mais juntos, já se separaram”. O fato da moça ter vivenciado a primeira
relação sexual pressupõe uma ideia incoerente, do ponto vista biológico e sociocultural, de
“perda da virgindade”, sendo vista pela comunidade como uma “perdida”, “mulher sem valor”
e, assim, para “ser respeitada e não ficar mal falada” precisaria se manter em um casamento.
Tal enunciado evidencia a importância da Educação Sexual para o autoconhecimento dos/as
jovens e problematizações acerca dos tabus, mitos e preconceitos alicerçados em discursos
fundamentalistas-religiosos que marcam a região do cariri cearense.
Em detrimento de representações hegemônicas que hierarquizam as identidades/
diferenças, os aparatos discursivos de uma cultura demandariam o contraponto de uma
Educação Sexual reflexiva, sistemática e politicamente interessada com a problematização
desses modelos de desigualdade sexual, de gênero, de raça/etnia, de religião, de classe,
de geração, entre outros (FURLANI, 2013). Para Louro (1997), a desconstrução de
essencialismos, fundamentalismos e oposições binárias possibilita que sejam reconhecidas
múltiplas vivências e expressões de corpos, masculinidades, feminilidades e sexualidades
construídas socioculturalmente.
Nesse rumo, o projeto vem disseminando (in)formações e aprendizados acerca dos
conceitos de corpo, gênero e sexualidade, a partir dos relatos discentes durante os encontros
virtuais, vislumbramos as possibilidades para desconstruir de preconceitos e discriminações,
a exemplo das seguintes falas de um/a aluno/a: “Eu uso calça cintura alta [...], roupa não
tem gênero e a gente tem que vestir o que se sente bem”; “Lá na minha casa com minha
mãe [...] eu que digo a ela que não vou casar cedo e nem ser dona de casa”. Tais enunciados
evidenciam o impacto significativo que o projeto vem proporcionado aos/as estudantes do
cariri cearense.
Entretanto, as dificuldades para o desenvolvimento do projeto se acentuaram nestes
tempos de pandemia da COVID-19, por exemplo, a falta de acesso à internet (e em muitos
casos nem possuem celular e/ou notebook) impede a participação de alunos/as da zona rural,
a carência na participação de docentes devido à sobrecarga das aulas remotas, necessidade de
65
65
maior apoio da gestão escolar para a divulgação de encontros e atividades do projeto, visando
incentivar a participação de discentes e docentes, esses são fatores que vêm dificultando a
presença de um maior público envolvido nas ações do projeto, como alcançamos na edição
de 2019.

Figura 1 – Fotos das ações de extensão

Fonte: Fotos retiradas pelo/as autor/as (2019/2020).

Conclusões

Esse projeto de extensão sobre Educação Sexual, embora desenvolvido remotamente,


vêm possibilitando aos/as estudantes e demais participantes, conhecimentos e práticas que
auxiliam em todos os aspectos da vida pessoal, profissional e social. Sobretudo ao propor
atividades didático-metodológicas lúdicas acerca das temáticas corpo, gênero e sexualidade,
indo além de uma abordagem biológica-higienista, que trabalha somente questões de gravidez
entre jovens, métodos contraceptivos e prevenção de IST. Por isso, almejamos ampliar a
participação e o engajamento de estudantes e docentes nas ações do projeto, por meio da (re)
invenção de estratégias dinâmicas que superem os desafios e potencializem os resultados.
Os relatos da comunidade escolar participante evidenciam aprendizados e (des)
construções que favorecem a incorporação da Educação Sexual na/pela/para a diversidade
de vidas humanas nos currículos escolares, como um campo transdisciplinar potente para a
problematização de linguagens, saberes, práticas responsáveis pela produção de identidades/
diferenças.

REFERÊNCIAS

FURLANI, Jimena. Educação sexual: possibilidades didáticas. In: LOURO, Guacira Lopes;
FELIPE, Jane; GOELLNER, Silvana Vilodre (Org.). Corpo, gênero e sexualidade: um
debate contemporâneo na educação. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 67-82.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-


66
estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.

SOUZA, Elaine de Jesus et al. “O preço do preconceito nos ‘couros’”: (des)construções


acerca da educação sexual na escola. Cidadania em Ação: Revista de Extensão e
Cultura, Florianópolis (SC), v. 4, n. 1, jan./jun. 2020.

67
67
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

ENGENHARIA CIVIL DA UFCA


NAS ESCOLAS DO CARIRI
uma aproximação entre universida-
de e o ensino médio público da re-
gião

Área temática: Educação

Mateus Evangelista da Silva1


João Victor Lacerda Araújo2
Nelson Matheus Rodrigues Ferraz de Alencar3
Aerson Moreira Barreto4

Resumo: A situação apresentada pelo ensino médio na região do Cariri se insere no contexto
nacional a partir das dificuldades e políticas neste setor. Verifica-se que as dificuldades
encontradas pelos estudantes durante o ensino médio, refletem-se no ensino superior
pela baixa procura por esses cursos e alta evasão nos semestres iniciais, estando entre os
mais afetados os cursos de Engenharia. Diante dessa problemática, o projeto de extensão
“ENGENHARIA CIVIL DA UFCA NO AR NAS ESCOLAS DO CARIRI”, busca promover a
disseminação do Curso de Engenharia Civil da instituição, por meio da informação e troca
de experiências, estimulando um espaço de transformações tanto no âmbito social quanto
profissional e acadêmico, através da conexão entre universidade e público externo. O objetivo
deste trabalho é apresentar as contribuições desse projeto, do ponto de vista acadêmico e
social, a partir das atividades já desempenhadas, além de perspectivas futuras. A metodologia
utilizada consiste em três procedimentos chaves: Pesquisa documental sobre os Cursos de
Engenharia Civil no Brasil e na UFCA; Pesquisa de levantamento sobre a visão de discentes e
egressos do curso de Engenharia Civil da UFCA sobre vários aspectos do curso; Organização
de dados e Composição de metodologia de ação junto a escolas de ensino médio no Cariri;
Ação de parceria com as escolas em forma de seminários aos alunos das mesmas. Ao fim do
trabalho espera-se despertar nos alunos do ensino público da região Cariri o interesse pelo
1 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: mateus905@hotmail.com
2 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: joaovictorlacerda077@gmail.
com
3 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: nelson.matheus@aluno.ufca.
edu.br
4 Docente no curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: aerson.barreto@ufca.edu.br
68
68
ingresso no curso de Engenharia Civil da UFCA.

Palavras-chave: Engenharia Civil. Ensino médio. Extensão.

INTRODUÇÃO

A situação apresentada pelo ensino médio na região do cariri se insere no contexto


nacional a partir das dificuldades e políticas neste setor, e esse quadro vem ocorrendo há
mais de uma década. Assim, verificou-se que a precariedade do Ensino Médio reflete como
uma dificuldade no Ensino Superior, em especial nos cursos de Engenharia, acarretando em
baixa procura e alta evasão, principalmente nos primeiros anos de curso (CHINELATTO et
al, 2007).
O problema da evasão escolar no ensino superior é mencionado por Souza,
Dominguez e Mai (2019), quando afirmam que a evasão nos cursos superiores contribui para
a crescente desigualdade social, que caracteriza-se com um dos problemas mais enraizados
na sociedade brasileira e as Universidades Federais, como patrimônio público, tornam-se
cada vez mais elitizadas a partir do momento em que alunos provenientes do ensino privado,
mostram-se majoritariamente capazes de concluir o curso de graduação, o que contribui para
a desigualdade em termos de oportunidade no mercado de trabalho.
Arruda-Barbosa et al (2019) destacam que diversos estudos apontam como fatores
importantes, que contribuem para os processos de evasão nos cursos superiores, as escolhas
por cursos de graduação baseadas em informações insuficientes e estereótipos sobre esses
cursos e suas atividades.
Entende-se, portanto, a extensão universitária como agente capaz de intervir
positivamente nesta problemática. De acordo com Floriano et al (2017), a extensão tem função
fundamental na formação das universidades, atuando na busca por atividades que trazem
benefícios às classes menos favorecidas e promovendo a aproximação entre os discentes e os
problemas sociais do país.
Nesse sentido, o projeto de extensão “ENGENHARIA CIVIL DA UFCA NO AR NAS
ESCOLAS DO CARIRI”, busca promover a disseminação do Curso de Engenharia Civil da
instituição, por meio da informação e troca de experiências, estimulando um espaço de
transformações tanto no âmbito social quanto profissional e acadêmico, através da conexão
entre universidade e público externo.
Este trabalho tem por objetivo apresentar as contribuições desse projeto, do ponto
de vista acadêmico e social, a partir das atividades já desempenhadas, além de perspectivas
futuras.

Metodologia

A metodologia de trabalho utilizada no projeto de extensão “ENGENHARIA CIVIL


69
DA UFCA NO AR NAS ESCOLAS DO CARIRI”, tem três procedimentos chaves: Pesquisa
documental sobre os Cursos de Engenharia Civil no Brasil e na UFCA; Pesquisa de
levantamento sobre a visão de discentes e egressos do curso de Engenharia Civil da UFCA
sobre vários aspectos do curso; Organização de dados e Composição de metodologia de ação
junto a escolas de ensino médio no Cariri; Ação de parceria com as escolas em forma de
seminários aos alunos das mesmas com base no procedimento anterior, que ocorrerá por
meio de plataforma de conferências on-line.
Inicialmente utilizou-se técnicas de documentação indireta, pesquisa em documentos
e biografias, e documentação indireta extensiva, questionários, formulários, análise de
conteúdo, na qual foi estudado tudo o que envolve o âmbito da UFCA, como o curso e os
cursos, o campus, a assistência aos discentes, em seguida a coleta de informações com os
componentes que se encaixam no assunto estudado (Discentes do 6° ao 10° semestre e
egressos), por meio da plataforma FORMS, para aquisição das informações necessárias nas
ações diretas com as escolas.
Foi feita análise de dados tanto quantitativas, com organização dos dados em tabelas
e gráfico para visualização, como também, qualitativas, tal como análise de discurso, com
o viés de redigir um material. O público alvo alunos de ensino médio de escolas públicas
do município de Juazeiro do Norte, com o propósito de direcionar e informar os estudantes
sobre a Universidade Federal do Cariri.

Resultados

Ao fim do trabalho espera-se despertar nos alunos do ensino público da região Cariri
o interesse pelo ingresso no curso de engenharia civil, para isso serão esclarecidas questões
importantes para os alunos interessados, como auxílios ofertados pela universidade e pelo
governo federal; facilidade de acesso ao Campus; funcionamento do restaurante universitário;
matérias mais relevantes para o vestibular; entre outras dúvidas. Ao esclarecer os alunos
acerca desses questionamentos a tendência natural é de que o interesse pelo curso de
engenharia civil na UFCA aumente significativamente. Por fim deseja-se alcançar em torno de
300 alunos de escolas públicas com essa iniciativa e entre pessoas alcançadas indiretamente,
como pais e professores, ao menos 600, o que causará grande impacto na comunidade da
região e consequentemente o aumento no número de estudantes interessados.

Conclusões

É possível que ao término do trabalho o projeto alcance benefícios a comunidade local,


comunidade essa que muitas vezes não têm acesso adequado às informações e terminam por se
conformar com a sua posição. Compreende-se que a ampliação dos horizontes do público alvo será um
fator relevante que o trabalho realiza em sua atuação junto às escolas. Constata-se também que apesar
dos efeitos negativos da pandemia de Covid-19 o projeto prosseguiu com algumas adaptações, dessa
70
70
forma os objetivos iniciais poderão ser alcançados. Assim, o fortalecimento e disseminação do curso
de engenharia civil tem neste projeto um instrumento parceiro tanto na sua estabilização quanto no
combate à evasão.

REFERÊNCIAS

Arruda-Barbosa, L., Sales, M. C., Souza, I. L. L., Gondim-Sales, A. F., Silva, G. C. N.,
Lima Júnior, M. M. EXTENSÃO COMO FERRAMENTA DE APROXIMAÇÃO DA
UNIVERSIDADE COM O ENSINO MÉDIO. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 49, n.
174, p. 316-327, out./dez. 2019.

Chinelatto, A. S. A., Vaz, M. S. M. G., Almeida, M. M., Modesto, F. A., Foltran Júnior,
D. C., Krüger, J. A., Ielo, F. G. P. F. EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: PROMOVENDO A
INTERAÇÃO DOS CURSOS DE ENGENHARIA DA UEPG COM O ENSINO MÉDIO.
Revista Conexão, Ponta Grossa, v. 3, n. 1, p. 31-34, jan/dez. 2007.

Floriano, M. D. P., Matta, I. B., Monteblanco, F. L., Zuliani, A. L. B. Extensão universitária: a


percepção de acadêmicos de uma universidade federal do estado do Rio Grande do Sul. Em
Extensão, Uberlândia, v. 16, n. 1, p. 9-35, jan./jun. 2017.

Souza, M. S. K., Dominguez, G. N., Mai, L. J. K. Fazendo extensão universitária em


escolas públicas de Joinville sobre a temática física no esporte. In: Seminário de Extensão
Universitária da Região Sul – SEURS, 37, 2019, Florianópolis.

71
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

ENSINO DE MATEMÁTICA E
SEUS DESAFIOS NO CONTEX-
TO DE PANDEMIA

Área temática: Educação.

Maria Gerrylane Pereira dos Santos1


Paulo Gonçalo Farias Gonçalves2
Karine Symonir de Brito Pessoa3

Resumo: Com a pandemia do novo coronavirus instituições de ensino tiveram que paralisar
suas atividades presenciais, impactando principalmente no trabalho do professor, o qual
tivera que adaptar suas práticas de ensino para o novo modelo de ensino, o chamado “ensino
remoto”. Diante desse contexto, o presente estudo busca identificar os principais desafios da
escola, docentes e discentes, segundo a percepção de professores de Matemática do município
de Abaiara- Ce. Para tanto utilizou-se um questionário semiestruturado, disponibilizado no
Google Formulários e enviado para o e-mail dos participantes. Diversos foram os desafios
encontrados, entre eles, falta de recursos tecnológicos, falta de acesso à internet, dificuldade
em manusear tecnologias, entre outros.

Palavras-chave: Ensino remoto. Tecnologias digitais. Matemática.

INTRODUÇÃO

O isolamento social ocasionado pela pandemia do novo coronavírus provocou


mudanças em inúmeros setores da sociedade. No caso da educação, em particular, com a
suspensão das aulas presenciais, foi necessária a adesão ao ensino remoto emergencial, que
demandou dos profissionais da educação ajustes em suas práticas para se adaptarem ao novo
contexto em tela.

1 Graduada em Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática e graduanda em Matemática pela Univer-
sidade Federal do Cariri, campus Brejo Santo-CE. Email: gerrylanesantos4@gmail.com.
2 Doutor em Educação e Licenciado em Matemática. Professor Adjunto da Universidade Federal do Cariri, campus Brejo
Santo-CE Prof. Dr. Paulo Gonçalo Farias Gonçalves, paulo.goncalo@ufca.edu.br.
3 Doutoranda em Educação, Mestra em Demografia, Graduada em Estatística e em Licenciatura em Matemática. Professo-
ra do Centro Universitário do Rio Grande do Norte (UNI-RN), campus Natal-RN. Email: karine.symonir.edu@gmail.com.
72
72
Para os docentes, essa transição do ensino presencial para o ensino remoto de
uma forma não planejada trouxe grandes desafios, devido boa parte dos professores não se
encontrar, efetivamente, capacitada para desenvolver atividades mediadas por Tecnologias
Digitais (TD) durante o processo de ensino e aprendizagem.
Existe uma variedade de recursos tecnológicos que são disponibilizados para auxiliar o
professor na sua prática docente, mas é necessário que os docentes os conheçam, se apropriem
de suas ferramentas para, assim, planejar aulas estimulantes com o potencial de despertar o
interesse dos estudantes em aprender. Alves (2020, p.355) destaca que, “[...] o corpo docente
não se sente preparado para assumir as atividades escolares com a mediação das plataformas
digitais, seja por conta do nível de letramento digital, ou, por limitações tecnológicas para
acesso a estes artefatos”.
Referente ao ensino de Matemática, cujo processo requer estratégias e recursos
de ensino diversos e potencializadores da aprendizagem, é fundamental compreender as
ações desenvolvidas pelos docentes. Durante essa transição, o professor precisou mobilizar
estratégias didáticas, novos conhecimentos e manusear recursos digitais para ensinar
matemática, devendo adaptar sua prática de ensino ao uso de recursos tecnológicos na
abordagem dos conteúdos matemáticos.
Diante desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo identificar os principais
desafios da escola, docentes e discentes, segundo a percepção de professores de Matemática
do município de Abaiara-CE.

METODOLOGIA

A presente pesquisa consiste em um recorte das ações do projeto de monitoria e


extensão intitulado: “Laboratório de Educação Matemática e Tecnologias na formação de
professores de Matemática - Disseminando o uso de objetos de aprendizagem na rede pública
de Educação Básica do Cariri”, vinculado ao Instituto de Formação de Educadores (IFE), da
Universidade Federal do Cariri (UFCA).
A investigação foi desenvolvida no período de maio a outubro do ano de 2020, com
um quadro de 10 (dez) professores de Matemática que atuam na cidade de Abaiara-CE, dos
quais 7 (sete) atuam na rede pública municipal e 3 (três) na rede estadual.
Para coleta de dados foi utilizado um questionário semiestruturado, cuja intenção
foi captar diversos aspectos relacionados aos desafios educacionais durante o ensino remoto.
O questionário foi disponibilizado no Google Formulários e enviado para o e-mail dos
participantes.
As respostas do questionário aplicado foram organizadas, analisadas (BARDIN,
1977) e categorizadas em função dos seguintes elementos: desafios da escola, desafios dos
alunos e desafios dos professores.

73
RESULTADOS

No que se referem aos desafios da escola na percepção dos professores, os dados


mais recorrentes foram a preocupação com o atendimento universal aos estudantes (30%) e
a escassez de tecnologias digitais (20%).
Este fato evidencia uma preocupação dos docentes com o contexto escolar tanto
em desenvolver estratégias que permitam a inclusão dos discentes nas atividades remotas,
quanto em buscar melhorias na disponibilidade de recursos tecnológicos.
Em relação aos desafios dos professores, os respondentes apontam, sobretudo,
as dificuldades em manusear as tecnologias digitais e a disponibilidade de uma estrutura
adequada para desenvolvimento das atividades de forma remota.
As dificuldades com o uso de tecnologias digitais comungam com os dados de Oliveira
et al. (2020), que verificou que, embora 89% dos docentes participantes da pesquisa nunca
tiveram experiência com ensino remoto, 41,3% dos professores não estão recebendo nenhum
tipo de formação e estão se qualificando por conta própria.
Isso indica uma urgente demanda por formações continuadas para os docentes
e ainda que as redes públicas de ensino disponibilizem aos professores os equipamentos e
infraestrutura adequada para desenvolverem seu labor por meio do home office.
Acerca dos desafios dos alunos, 80% dos respondentes citam a falta de recursos
tecnológicos pelos discentes. Esse fato acaba dificultando a atuação do professor no ensino
remoto, que precisa planejar atividades que possam ser desenvolvidas nas diferentes
realidades socioeconômicas dos estudantes.

CONCLUSÕES

Com a pandemia, as escolas tiveram que paralisar suas atividades presenciais e ofertar
aulas mediadas por tecnologias digitais em todas as etapas de ensino.
No presente estudo, foi possível identificar que disponibilidade inadequada de
recursos tecnológicos são obstáculos enfrentados pela escola, professores e alunos. Observou-
se também que muitos professores não estavam preparados para o uso de ferramentas
tecnológicas na educação, evidenciando uma carência em suas formações.
Deste modo, é importante que haja maiores investimentos nesse sentido, uma vez que
o retorno às atividades presenciais ainda é desconhecido e que o uso de tecnologias digitais no
contexto educacional tem se mostrado promissor para atenuar os desafios de promover uma
educação em tempos de distanciamento social.

REFERÊNCIAS

ALVES, L. Educação Remota: Entre a ilusão e a realidade. Interfaces Científicas, v. 8, n.


3, p. 348- 365,2020. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/index.php/educacao/
article/view/9251 . Acesso em: 30 set. 2020.
74
74
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

MOURA, E.; BRANDÃO, E. O uso das tecnologias digitais na modificação da prática


educativa escolar. Revista Fazer, v. 1, p. 1-17, 2013.

OLIVEIRA, D. A. et al. Trabalho Docente em tempos de pandemia (Relatório


Técnico). Belo Horizonte: GESTRADO/CNTE, 2020. Disponível em: https://gestrado.net.
br/pesquisas/trabalho-docente-em-tempos-de-pandemia-cnte-contee-2020/. Acesso em:
25 out. 2020.

75
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

ESCOLA DE ANATOMIA – TEC-


NOLOGIAS APLICADAS NAS
AÇÕES DE ENSINO E EXTEN-
SÃO
um relato de experiência

Área temática: Educação

Lorena Magalhães de Macedo1


João Heitor Basílio de Medeiros2
Diogenes Pereira Lopes3
Cristiane Marinho Uchôa Lopes4

Resumo: Desenvolver alternativas para o ensino e aprendizagem de anatomia durante o


período da pandemia do novo coronavírus pode auxiliar às ações educativas, bem como fornecer
maior espaço para a educação da comunidade. Nesse sentido, este trabalho objetivou relatar
a experiência do uso de recursos digitais nas práticas de monitoria e extensão em Anatomia
Humana (AH). Para isto, foram realizadas aulas de monitoria pela plataforma google meet e
grupos em aplicativos de mensagem para acompanhamento, além de vídeos semanais sobre
o conteúdo divulgados à comunidade no YouTube e Instagram como atividades de extensão.
As aulas e reuniões tiveram boa receptividade, estimulando a aprendizagem participativa e a
autonomia dos alunos, bem como fornecendo melhor resultado nos métodos interativos de
abordagem do conteúdo. Além disso, os conteúdos divulgados à comunidade externa, uma
vez que promoveram o engajamento e a ampliação do conhecimento social sobre o assunto.
Desse modo, as atividades remotas de monitoria e a divulgação de conteúdos educativos para
a comunidade aliadas a metodologias interativas de estímulo ao aprendizado se qualificam
como boas práticas para o conhecimento de AH.

Palavras-chave: Anatomia Humana. Monitoria. Ensino à distância.

1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: lorena.macedo@aluno.ufca.edu.br


2 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: heitor.medeiros@aluno.ufca.edu.br
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: diogenes.pereira@aluno.ufca.edu.br
4 Docente da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: cristiane.marinho@ufca.edu.br
76
76
INTRODUÇÃo

A Anatomia Humana é uma disciplina voltada ao conhecimento científico aplicado ao


desenvolvimento de habilidades que levam à delimitação e ao reconhecimento de estruturas
e de suas relações com a atividade do organismo humano (SIQUEIRO E FERREIRA,
2001). Ultimamente, o ensino da Anatomia Humana tem se transformado, tornando-
se cada vez mais desafiador, tendo em vista o progressivo desenvolvimento da missão do
ensino universitário (TERREL, 2006). Em especial, atualmente, com a pandemia do novo
coronavírus e as consequentes medidas restritivas e de isolamento social adotadas para sua
contenção, evidenciou-se, ainda mais, a necessidade da adoção de metodologias de aplicação
e engajamento do ensino da Anatomia Humana, particularmente no curso de Medicina, já que
é eminentemente prático. Com isso, tal cenário aflorou desafios importantes para a efetivação
do processo de ensino e aprendizagem dessa disciplina, sendo necessário o desenvolvimento
de uma abordagem que qualifique o ensino de conteúdos práticos por meio de ferramentas
digitais, além de tornar esse conhecimento disponível à comunidade externa como parte
das atividades de extensão da universidade. Desse modo, esse trabalho objetivou relatar a
experiência de práticas inovadoras na disseminação do conhecimento da Anatomia Humana
à comunidade para superação das barreiras impostas pelo cenário de restrição das atividades
presenciais.

Metodologia

Foram realizadas aulas de monitoria da disciplina de Anatomia Humana, pelo projeto


Escola de Anatomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA), durante o ano de 2020 por
meio da plataforma Google Meet. As aulas foram ministradas por três monitores do Projeto
de Ensino e Extensão (PEEX) e cinco monitores da Programa de Iniciação à Docência (PID)
para alunos do 1º e 2º semestres do curso de Medicina. Os alunos foram separados em grupos
no aplicativo Whatsapp, onde cada grupo tinha em torno de oito a nove participantes. Os
grupos foram criados a fim de agendar as monitorias e tirar as dúvidas dos alunos. Abordou-
se nas aulas temas acerca da Anatomia dos sistemas do corpo humano. Tais monitorias foram
realizadas por meio da apresentação com slides do Power Point, ao vivo, e acompanhadas
com estudos dirigidos. Foram aplicados questionários por meio do Kahoot. Além das aulas
ministradas, foi criado um canal na plataforma Youtube e uma página no Instagram, nos
quais foram postados vídeos semanais de diversos temas da área da saúde correlacionados
com a Anatomia Humana.

Resultados

A pandemia por coronavírus, anunciada pela Organização Mundial da Saúde em


março de 2020, provocou a suspensão das aulas presenciais. Sendo assim, aulas de monitoria
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passaram a ocorrer por meio da plataforma Google Meet. As reuniões tiveram boa receptividade,
aproveitamento e participação de 80% dos alunos. Todavia, foi relatada certa dificuldade de
acesso à internet, visto que certos discentes residiam em cidades no interior do Nordeste nas
quais a qualidade do sinal de internet estava prejudicada, impossibilitando, ocasionalmente, a
participação de alguns alunos. Ademais, ocorreram problemas de conexão da web em algumas
transmissões, prorrogando o tempo anteriormente estipulado para cada aula. Alguns alunos
referiam timidez em ligar a câmera ou o microfone durante as reuniões pelo Google Meet,
fato que, por vezes, interferia na dinâmica das atividades propostas. Em relação às postagens
semanais de imagens e vídeos no Instagram (figura 1) e no Youtube, acerca da Anatomia
Humana de órgãos e sistemas correlacionados com uma patologia clínica, o Instagram teve
maior alcance, atingindo a marca de 643 seguidores e mais de 6.500 visualizações, com a
postagem de 27 vídeos e 12 imagens informativas, além disso, foram recebidas mensagens
com elogios e dúvidas sobre o conteúdo. Já o canal do Youtube apresentou menor engajamento
do público, registrando 28 inscritos, cerca de 250 visualizações, com a publicação de 19
vídeos (figura 2). Nesse contexto, as publicações no Instagram também possuíam o objetivo
de informar a população sobre saúde em conjunto com as relações anatômicas, por exemplo,
em uma das postagens, abordou-se amamentação, anatomia da mama e o ensino às mães
sobre o posicionamento do bebê para uma amamentação mais eficaz.

Figura 1 – Escola de Anatomia no Instagram.

Fonte: Instagram (2020).

78
78
Figura 2 – Visualizações por vídeo no Instagram e no Youtube.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Conclusões

Monitorias à distância na disciplina de Anatomia Humana associadas a publicação de


vídeos e postagens em redes sociais resultaram em boas estratégias de ensino em um contexto
de impossibilidade de aulas presenciais. De fato, alguns empecilhos foram encontrados
durante a adaptação de alunos e monitores a uma nova realidade na rotina de estudos, como as
questões da conectividade e da interação aluno-monitor, porém, tais aspectos não impediram
um adequado aproveitamento por parte dos estudantes. Já as redes sociais exibiram alcance
bastante considerável na divulgação de conhecimentos acerca da Anatomia Humana tanto
para discentes quanto para a população em geral, atestando sua eficiência como ferramenta
de ensino no meio digital.

REFERÊNCIAS

LINHARES, Martha Maria Prata- et al. Social distancing effects on the teaching systems and
teacher education programmes in Brazil: reinventing without distorting teaching. Journal
Of Education For Teaching, [S.L.], p. 1-11, 4 ago. 2020. Informa UK Limited. http://
dx.doi.org/10.1080/02607476.2020.1800406. Disponível em: https://www.tandfonline.
com/doi/full/10.1080/02607476.2020.1800406 . Acesso em: 18 out. 2020.
OZER, Mehmet Asim; GOVSA, Figen; BATI, Ayse Hilal. Web-based teaching video
packages on anatomical education. Surgical And Radiologic Anatomy, [S.L.], v. 39,
n. 11, p. 1253-1261, 17 jun. 2017. Springer Science and Business Media LLC. DOI http://
dx.doi.org/10.1007/s00276-017-1889-9. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
gov/28624845/ . Acesso em: 18 out. 2020.

SIQUEIRO NETO, E.G.B.; FERREIRA, JR. O ensino da Anatomia Humana no curso de


Medicina da Universidade Federal de Goiás — avaliação e perspectivas. Arq Ciênc Saúde
Unipar. 2001; 5(1):41-50.

TERRELL, M. Anatomy of learning: instructional design principles for the anatomical


79
sciences. Anatomical Record, 2006. Disponível em: http://www.pubmed.com. Acesso
em: 04 maio 2020.

80
80
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

EXTENSÃO COMO ARTIFÍCIO


DE PESQUISA
uma experiência com jogos africa-
nos

Área temática: Educação

Cícero Helton Pereira1


Lorran Cicero dos Santos2
Edileusa Francisca da Silva3
Maria Santana de Souza4
Anna Karla Silva do Nascimento5
Paulo Gonçalo Farias Gonçalves6

Resumo: O presente trabalho constitui um resumo expandido que tem por objetivo relatar
a experiência extensionista referente a pesquisa e levantamento de dados de jogos de origem
africana, suas adaptações e potencialidades para o ensino matemático. O trabalho é de
cunho qualitativo e relata as ações advindas do projeto “Jogos de origem africana e educação
matemática: um olhar etnomatemático”, visto que as intervenções desenvolvidas são relevantes
para o ensino, pois trata da inserção da história e cultura africana e afro-brasileira no ambiente
educacional, seguindo assim a Lei 10. 639 de 2003, que traz a obrigatoriedade dessa temática.
O aporte teórico deste trabalho, retrata ainda, reflexões sobre a Etnomatemática em uma
perspectiva do pesquisador D’ambrósio.

Palavras-chave: Jogos africanos. Matemática. Ensino.

1 Graduando em Matemática pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: cicero.helton@aluno.ufca.edu.br


2 Graduando em Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática pela Universidade Federal do Cariri
(UFCA). E-mail: lorran.santos@aluno.ufca.edu.br
3 Graduanda em Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática pela Universidade Federal do Cariri
(UFCA). E-mail: edileusa.silva@aluno.ufca.edu.br
4 Graduanda em Matemática pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: maria.santana@aluno.ufca.edu.br
5 Professora da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: karla.nascimento@ufca.edu.br
6 Professor Adjunto da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: paulo.goncalo@ufca.edu.br
81
81
INTRODUÇÃO

A Lei 10.639 de 2003 veio para tornar obrigatório o ensino da História e Cultura
Afro- brasileira e Africana na educação (BRASIL, 2003), esta surgiu como uma importante
ferramenta de inserir tal temática no meio educacional, que até então se mostrava eurocêntrico
e que de certa maneira desvaloriza brasileiros afrodescendentes, excluindo sua participação
direta e indireta em diversos lócus da sociedade (ROSA;OREY, 2016). Com a matemática não
tem sido diferente, as contribuições de diferentes culturas têm sido apagadas, sobretudo nos
livros didáticos, em que se observa a prevalência de uma matemática ocidental.
Para D’Ambrosio (2009) cada indivíduo tem suas raízes construídas com sua
família, amigos e lugar onde reside, porém ao chegar na escola, essas raízes são modificadas
e substituídas, diante disto, o programa etnomatemática surge como uma importante
ferramenta para o resgate destas raízes em diferentes áreas (D’AMBROSIO, 2020). O mesmo
autor traz que a etnomatemática está relacionada às práticas, técnicas de lidar com os
fenômenos compartilhados com o próprio grupo, está associada com compreender, ensinar e
passar adiante os conhecimentos destes grupos (D’AMBROSIO, 2009). Com isso, se observa
a importância de se trabalhar a etnomatemática nas aulas de matemática.
Partindo desse pressuposto, surge o projeto de extensão intitulado “Jogos de Origem
Africana e Educação Matemática: um olhar etnomatemático”, que vem atuando desde o
ano de 2016 em escolas da rede pública nos municípios de Abaiara, Brejo Santo e Porteiras,
alcançando alunas/os, professoras/es e universitárias/os. Durante o ano de 2020, devido o
contexto pandêmico da COVID-19, o projeto passou por adaptações, mudando sua forma
de aplicação, migrando do presencial para o virtual, com o auxílio de algumas plataformas
digitais. Com isso, atualmente, o trabalho tem como objetivo relatar uma experiência
extensionista referente a pesquisa e levantamento de dados de jogos de origem africana, suas
adaptações e potencialidades para o ensino matemático.
Isto posto, este trabalho está organizado da seguinte maneira: após a introdução
descrevemos a metodologia e os instrumentos investigativos utilizados; na sequência,
encontram-se os resultados no qual expomos o material empírico e por fim, relatamos na
conclusão, o que ficou desta experiência.

METODOLOGIA

Durante o ano vigente (2020), as atividades sofreram adaptações por conta do


distanciamento social imposto pela pandemia da Covid-19, partindo do modo presencial para
o virtual. As aplicações de sequência didáticas com os jogos, que eram aplicadas nas escolas
públicas de ensino básico, precisaram ser repensadas e adequadas para o ensino remoto,
segundo Martins e Almeida (2020) com a pandemia da Covid-19 a utilização de tecnologias
ganhou força no Brasil, diante disso estivemos em quarentena, mas também estivemos
conectadas/os nos comunicando no ciberespaço.
82
O presente trabalho possui uma abordagem qualitativa, a escolha surgiu devido à
natureza do estudo vigente, nesse sentido D’Ambrósio enfatiza que a pesquisa qualitativa é
“focalizada no indivíduo com toda a sua complexidade, e na sua inserção e interação com o
ambiente sociocultural e natural” (D’AMBROSIO, 2000, p.103), constatando a importância.
Primeiramente, efetuou-se um estudo bibliográfico referente a Etnomatemática,
Educação Matemática e Jogos Didáticos. Fornecendo-nos um aporte teórico para iniciarmos
as pesquisas. Após isso, foi realizada uma pesquisa com caráter amplo para identificação de
jogos de origem africana, em que passamos a conhecer suas origens, materiais que compõem
os jogos, suas regras e um pouco sobre suas influências nas suas nações.
A partir dessa pesquisa inicial, começaram as discussões acerca dos jogos, até chegar
na escolha de quatro jogos que são: Borboleta de Moçambique, Fanorona, Senet e Tsoro
Yematatu. Desta maneira, iniciaram mais uma etapa da pesquisa para compreender as histórias
e culturas que os jogos possuem. Isto feito, iniciou a procura de conteúdos matemático para
inserir nos jogos. No sentido de viabilizar a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem,
os jogos africanos pesquisados são adaptados com assuntos matemáticos e exploradas suas
competências para o ensino, sem que haja perda do caráter cultural e sua originalidade.
A ideia final do projeto, é a produção de vídeos sobre jogos africanos para a
plataforma de vídeos YouTube, com as adaptações para trabalhar os conteúdos matemáticos,
contextualizando com a história e cultura africana e afro-brasileira, inserindo assim a Lei
10.639/2003 nas aulas de matemática da educação básica, em que se rompe a ideia de que a
matemática tem origem puramente no ocidente.

RESULTADOS

Diante das pesquisas realizadas obtivemos quatro jogos, cada um com uma
particularidade diferente, com sua própria concepção matemática e de países diferentes:
O jogo Borboleta de Moçambique é um jogo de captura semelhante ao jogo de Damas
e recebe esse nome devido ao formato de seu tabuleiro, pois se assemelha as asas de uma
borboleta. O Fanorona é um tradicional jogo de Madagascar, e tem como objetivo capturar
todas as peças da/o adversário(a) e utiliza de um tabuleiro derivado do “Alquerque”.
O Senet é um jogo de tabuleiro egípcio que significa “jogo da passagem”. É um dos
jogos mais velhos da humanidade, tendo seu surgimento no Egito. O Tsoro Yematatu é um
jogo de arranjos que têm origem no Zimbábue, o tabuleiro tem o formato de um triângulo
isósceles e possui três peças diferente para cada jogador.
Após a escolha dos jogos, procuramos adentrar mais na pesquisa para sabermos
quais os conteúdos seriam possíveis de serem aplicados com os mesmos. Em alguns deles
foram identificados a possibilidade de se trabalhar mais de um conteúdo matemático, porém
decidimos optar por apenas um, pois que seria mais viável para a produção dos vídeos.
Durante todo o processo, foram perceptíveis as dificuldades em pesquisar as histórias
sobre os jogos e suas culturas de origens. Muitos textos relevantes na investigação foram
83
83
encontrados em língua estrangeira, tendo que ser submetidos a uma tradução para serem
interpretados e inseridos ao projeto. Outro obstáculo, foi o fato de não encontrar materiais
históricos sobre alguns jogos, tornando-o o trabalho mais complexo.
Com o aporte teórico finalizado, iniciou-se o procedimento de confecção dos vídeos
para a plataforma “YouTube”. Nos vídeos irão conter a origem, história, regras dos jogos,
como construir os jogos e suas adaptações com os conteúdos matemáticos.

CONCLUSÕES

Em vista dos argumentos apresentados, este trabalho evidenciou competências para


suprir a demanda de incluir temáticas culturais que dão visibilidades e valorização a culturas
não hegemônicas, reverenciando as nossa raízes, com os saberes africanos e afro-brasileiros.
Estudos sobre a etnomatemática são relevantes e contribuem para a melhoria dos processos
de ensino e aprendizagem em todos os níveis de educação. Assim, entende-se esse campo
metodológico como importante, cabendo a necessidade de desenvolver mais pesquisas e
estudos nessa área.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 10.639/2003, de 9 de janeiro de 2003. Diário Oficial da União, Poder


Executivo, Brasília, 9 jan. 2003.

D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à prática. 7.ed. Campinas:


Papirus, 2000.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática – elo entre as tradições e a
modernidade. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Sobre las propuestas curriculares STEM y STEAM y el programa
de Etnomatemática. Revista Paradigma, v. 41, p. 151-167, 2020.
MARTINS, Vivian; ALMEIDA, Joelma. EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA NO
BRASIL: SABERES FAZERES ESCOLARES EM EXPOSIÇÃO NAS REDES. Revista
Docência e Cibercultura, v. 4, n. 2, p. 215-224, 2020.
ROSA, Milton; OREY, Daniel. A etnomatemática, a pedagogia culturalmente relevante
e a Lei 10.639/2003: uma perspectiva sociocultural no ensino e aprendizagem em
matemática. In: BANDEIRA, Francisco de Assis; GONÇALVES, Paulo Gonçalo. (Org.)
Etnomatemáticas pelo Brasil: aspectos teóricos, ticas de matema e práticas
escolares. Curitiba: CRV, 2016. p.145-170.

84
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E
PANDEMIA
um percurso de aprendizagem e
desafios

Área temática: Educação

Regina Pimentel Cruz1


Polliana de Luna Nunes Barreto2

Resumo: O programa de extensão Paidéia Cidade Educadora vinculado à Pró-Reitoria de


Extensão (PROEX/UFCA) da Universidade Federal do Cariri (UFCA). O objetivo deste relato
é descrever como se deu a atuação extensionista, em meio a pandemia de Covid- 19, os desafios
apresentados às ações de extensão que compõem o programa e suas percepções acerca do
fazer extensão em tempos de distanciamento social. O relato tem abordagem qualitativa,
utilizando-se de técnicas de pesquisa bibliográfica e o método observacional.

Palavras-chave: Extensão. Desafios. Paidéia.

INTRODUÇÃO

O fazer extensão universitária é um caminho de inúmeras possibilidades, quando bem


executada se torna parte integrante das experiências que unem a academia e a comunidade
externa. Segundo o FORPROEX (1987), esse fazer é capaz de confrontar a realidade brasileira
e regional, gerar a democratização do conhecimento acadêmico e, a participação efetiva da
comunidade na atuação da Universidade. Nesse processo, a extensão também potencializa a
interdisciplinaridade necessária à reflexão sobre os problemas sociais.
A troca de experiências e vivências transmutam os extensionistas e os moradores do
local de atuação, fazendo com que projetos e programas se aproximem de forma a estabelecer
uma inveterada ligação com as ações da universidade em seu território.
1 Discente em Administração Pública pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: Reginapimentel932@gmail.
com
2 Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2018). Mestre em Políticas Públicas e Gestão da Educação
Superior pela Universidade Federal do Ceará (2012). Licenciada em História pela Universidade Regional do Cariri (2004).
Docente do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Cariri (UFCA), onde atua desde 2014.
E-mail: polliana.luna@ufca.edu.br 85
85
O Paidéia Cidade Educadora é um programa que acredita que a educação tem o poder
de alterar as mais variadas realidades. Concorda com Freire (2013) para quem o conhecimento
exige curiosidade e fomenta a transformação da realidade. O conhecimento e sua troca é um
fator que move o programa a buscar uma interação constante com a sociedade externa.
O objetivo deste relato é descrever como se deu a atuação extensionista, em meio
a pandemia de Covid- 19, os desafios apresentados às ações de extensão que compõem o
programa e suas percepções acerca do fazer extensão em tempos de distanciamento social.

METODOLOGIA

O pronto relato tem abordagem qualitativa, tendo como desígnio relatar as


experiências a partir de construções de ações de extensão de forma remota, do programa
Paidéia Cidade Educadora em 2020. Quanto às técnicas, utilizamos a pesquisa bibliográfica e
o método observacional. Devido à pandemia de Covid- 19 e por consequência o distanciamento
social, teve-se que se utilizar novos modelos de atuação e mecanismos de aproximação com
a comunidade, tendo em vista o panorama global que se apresentou e que persiste até o
momento, o do distanciamento físico.

RESULTADOS

A aproximação da universidade para com a comunidade externa tem o intuito


de construir uma ponte consistente para que os residentes do local que a atuação se
dá, colocando o extensionista não como intruso “abalando” a dinâmica social do território,
mas, como indivíduos que vão se ater à localidade e compreender seus processos diários
para criação de um elo com a universidade. Por advento da pandemia não foi possível tal
proximidade, porém foram utilizados mecanismos para que o fazer extensão se mantivesse
firme apesar de todo cenário adverso apresentado.
Nesse sentido, foi através das parcerias com a comunidade externas que pudemos
nos aproximar das de vários públicos, com elas aprender e construir um conhecimento
pertinente. Até o momento foram firmadas parcerias com projetos da Universidade Federal
do Cariri - UFCA e comunidade externa, são ações que também acreditam que a educação
é um dos meios para a transformação da sociedade. Os projetos parceiros foram: Coletivo
Camaradas, Roda de Poesia do Gesso, Cine Clube, Distocult, Laboratório de Estudos Urbanos,
Sustentabilidade e Políticas Públicas ( Laurbs) e a Associação de Moradores do bairro Alto da
Penha na cidade do Crato.

EXTENSÃO NA PANDEMIA

Fazer extensão é algo complexo que inclui uma troca mútua de saberes e que se tornou
mais desafiadora com o advento da pandemia, fazendo com que houvesse uma mudança
86
abrupta e radical nos mecanismos utilizados para as realizações das ações de extensão. O
trabalho que antes era realizado dentro das localidades de atuação de forma presencial,
passou por reformulações passando a se dar mediante um olhar desafiadoramente distante.
O desafio se fez ao lidarmos obrigatoriamente com a realidade virtual, contudo, a despeito das
expectativas se fez amparada pelo fortalecimento de interações por meio das mídias sociais.
Deste modo, o mundo online foi utilizado com mais afinco para as ações de extensão,
contactamos a comunidade externa através das ferramentas online, buscamos dialogar com
os parceiros sobre a educação como ponto crucial mesmo em meio a todos as adversidades
causadas pela pandemia. Apesar das cooperações entre os atores, um desafio se impôs: a
fragilidade no acesso à internet. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em 2018 45,9 milhões de brasileiros não tinham acesso à internet. O que
reafirma ainda mais o complexo cenário das ações de extensão em tempos de isolamento
social.

Apesar dos reveses, as ações de extensão foram reinventadas, novos mecanismos de


interação foram utilizados, o diálogo que antes era muito próximo, continuou sendo contíguo
agora no online, podendo alcançar novos públicos, traçar outros panoramas, criar novos
projetos e se reinventar.
As interações e contatos com novos públicos se deram mediante parcerias firmadas.
Com o Coletivo Camaradas foram realizadas duas ações: Roda de Poesia Virtual e a participação
em vídeo dos sete anos do Roda de Poesia. Com o Cine Clube foram duas ações conjuntas para
debater as obras e adaptação cinematográfica de O conto da Aia da escritora Margaret Atwood,
e em um segundo momento foi debatida a obra Orgulho e Preconceito de Jane Austen. Com
o Laboratório de Estudos Urbanos Sustentabilidade e Políticas Públicas (Laurbs) as parcerias
se deram enquanto a escrita de artigos com o quantitativo de três trabalhos escritos, assim
como de ações de extensão. Com o Distocult as parcerias se deram mediante a mediações
de leitura quando o Paidéia esteve presente nas discussões das quatro obras; Orgulho e
Preconceito, O Conto da Aia, O Quinze e o O Cortiço, nessas ocasiões trabalhamos clássicos
e contemporâneos da literatura brasileira e internacional. Com a Associação de Moradores
do Bairro Alto da Penha foi desenvolvido um projeto tendo em vista as ações de extensão no
território e seus impactos que deverão ser implementados no ano de 2021.

CONCLUSÕES

Ser extensionista é algo único, propicia uma experiência ímpar. Se conhece outras
realidades, pontos de vista diferentes, nos transmutamos, nos tornamos criativos, tecemos
um olhar crítico e humano sobre as diferentes discussões que estão presentes no mundo.
As experiências e dificuldades apresentadas pela pandemia de Covid-19 se apresentaram
desafiadoras para as ações de extensão, assim como para o mundo, tais adversidades são
superadas e se transformam em novas oportunidades para construir novos contatos, partilhar
87
87
saberes e construir caminhos pautando outras maneiras de interação com o público-alvo.
Ainda que limitados pelo isolamento social, o objetivo da extensão de aproximar cada vez mais
universidade e comunidade externa se mantém de modo que a comunidade possa enxergar a
universidade como parte dela e ter a certeza de que aquele espaço a ela pertence.

Agradecimentos

Agradecemos pelo apoio financeiro oferecido pela Universidade Federal do Cariri, através da
Pró-reitoria de Extensão para que o Programa Paidéia Cidade Educadora se fizesse real.

REFERÊNCIAS

ATWOOD, M. O Conto da Aia. Trad. de Ana Deiró. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

AUSTEN, Jane. Orgulho e preconceito. Tradução de Lúcio Cardoso. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1941.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 30. ed. São Paulo: Ática, 1997.

Fórum dos pró-reitores de Extensão- FORPROEX. Conceito de extensão, institucionalização


e financiamento. I FORPROEX- Encontro de Pró -reitores. Brasília, 1987. Disponível
em:https://www.ufmg.br/proex/renex/images/documentos/1987-I-Encontro-Nacional-do-
FORPROEX.pdf . Acesso em 15 de set. 2020.

Freire, Paulo, 1921-1997. Extensão ou comunicação? [recurso eletrônico] / Paulo


Freire ; tradução Rosiska Darcy de Oliveira. - [1. ed.] - Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2013.
Disponível:https://www.academia.edu/38319324/Paulo_Freire_Extens%C3%A3o_ou_
comunica%C3%A7%C3%A3o_pdf . Acesso em: 29 de set. 2020.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acesso a Internet. 2020. Disponível :


https://www.ibge.gov.br/busca.html?searchword=acesso+a+internet. Acesso em: 08 de out.
2020.

QUEIROZ, Raquel de. O Quinze.82°. Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.

88
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE MATEMÁTICA
contribuições para o desenvolvi-
mento profissional e o ensino de es-
tatística
Área temática: Educação.

Ana Cecília Figueirêdo Leite 1


Edicarlos Pereira de Sousa 2
Rodrigo Lacerda Carvalho 3
Luiz Eduardo Silva Santos 4
Maria Santana de Souza 5

Resumo: O presente resumo expandido é fruto do projeto de extensão intitulado


“Desenvolvimento Profissional de Professores de Matemática e o Ensino de Estatística
no Ensino Fundamental” que vem sendo desenvolvido ao longo do ano de 2020, numa
parceria universidade/escola, tendo como participantes alunos/professores da educação
básica. O objetivo geral do projeto é entender como um processo formativo contribui com
o desenvolvimento profissional dos docentes de Matemática do ensino fundamental e,
por consequência, como isso influencia no conhecimento de seus alunos sobre conceitos
estatísticos. O processo formativo é pautado em reflexão-planejamento-ação-reflexão
promovendo construção, planejamento e desenvolvimento de sequências de ensino em sala
de aula sobre a Matemática, temas interdisciplinares e críticos, com destaque para a reflexão
colegiada que permite a análise das potencialidades e dos limites da ação dos professores e
da aprendizagem dos estudantes. Sendo assim, esse projeto espera contribuir com a cultura
da formação do professor dentro da escola, onde docentes da educação básica assumem com
autonomia o seu desenvolvimento profissional; e a universidade cumpre seu papel na produção
de conhecimento, garantindo uma apropriação equitativa, diminuindo as desigualdades que
a Matemática promove quando não aprendida.
1 Graduanda em Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais e Matemática pela Universidade Federal do Cariri
(UFCA). E-mail: ana.leite@aluno.ufca.edu.br
2 Professor do Instituto de Formação de Educadores da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: edicarlos.perei-
ra@ufca.edu.br
3 Professor do Instituto de Formação de Educadores da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: rodrigo.lacerda@
ufca.edu.br
4 Graduando em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: eduardo.silva@aluno.
ufca.edu.br
5 Graduando em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: maria.santana@aluno.
ufca.edu.br 89
89
Palavras-chave: Ensino de estatística. Aprendizagem Matemática. Formação de professores.

INTRODUÇÃO

O ensino de Matemática, em consonância com as questões sociais que permeiam


o contexto de vida dos estudantes, se constitui em um veículo que lhes possibilita
desenvolvimento, socialização e exercício da cidadania. Para Skvosmose (2008), isso
se efetiva pelo desenvolvimento da competência democrática, ou seja, o conjunto de
conhecimentos mínimos que os cidadãos comuns devem ter para serem capazes de observar
o processo de formatação da sociedade com postura crítica, mesmo que não sejam capazes de
compreendê-lo plenamente. Tal perspectiva é denominada de Educação Matemática Crítica.
A necessidade de projetos envolvendo o ensino de estatística surge porque ainda temos um
contexto marcado por baixos percentuais de aprendizado de conceitos matemáticos. Nesse
sentido, em parceria com a secretaria municipal de educação de Brejo Santo – CE, o projeto
de extensão “Desenvolvimento Profissional de Professores de Matemática e o Ensino de
Estatística no Ensino Fundamental” vem sendo desenvolvido ao longo do ano de 2020, tendo
por objetivo geral entender como um processo formativo contribui com o desenvolvimento
profissional dos docentes de Matemática do ensino fundamental e, por consequência,
como isso influencia no conhecimento de seus alunos sobre conceitos estatísticos. Essa
ação de extensão integra a Rede Educação Matemática Nordeste (REM-Ne), formada por
pesquisadores de universidades públicas do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte,
Bahia e São Paulo. O processo formativo é pautado em reflexão-planejamento-ação-reflexão
promovendo construção, planejamento e desenvolvimento de sequências de ensino em sala
de aula sobre a Matemática, temas interdisciplinares e críticos, com destaque para a reflexão
colegiada que permite a análise das potencialidades e dos limites da ação dos professores
e da aprendizagem dos estudantes. O projeto traz como base teórica o desenvolvimento
profissional de professores, conforme abordado em Day (2001), Clarke e Hollingsworth
(2002) e Ponte (2012). Segundo os autores, o desenvolvimento profissional decorre ao longo
da carreira do professor, incluindo aprendizagens pessoais e relacionadas com a docência,
provenientes da própria experiência, atividades informais vividas na escola e atividades
formais, oportunizando rever, renovar e aperfeiçoar o seu conhecimento e a sua prática. Os
conteúdos matemáticos e estatísticos que estão sendo trabalhados são pautados na Educação
Matemática Crítica (SKOVSMOSE, 2007), que postula a Matemática como uma ferramenta
para promover o empoderamento dos estudantes na busca da justiça social e na equidade de
aprendizagem; no Letramento Estatístico (GAL, 2002), que nos permite pensar no ensino de
Estatística para a leitura do mundo; e no Ciclo Investigativo (WILD; PFANNKUCH, 1999),
que assegura uma postura ativa e investigativa do estudante no processo de construção do
seu conhecimento. O projeto considera que o professor produz sua vida e sua profissão que
constitui um espaço de desenvolvimento profissional que não é regulado externamente e que
90
tem no cerne uma produção coletiva.

Metodologia

O projeto acontece no contexto da articulação Universidade-Escola, sendo coordenado


pelo núcleo Cariri, formado por estudantes e professores da Universidade Federal do Cariri
(UFCA), e tendo como participantes professores da rede municipal de ensino de Brejo Santo
– CE. Além disso, de modo colaborativo, ocorre a parceria com outros docentes da educação
básica que são acompanhados pelos pesquisadores das seguintes universidades: Universidade
Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade de Pernambuco (UPE), Universidade
Estadual de Santa Cruz (UESC), Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Universidade de
Campinas (UNICAMP). O processo formativo se desenvolve totalmente no formato remoto,
com atividades síncronas e assíncronas, abordando o conhecimento estatístico de alguns
conteúdos; o planejamento de sequências de ensino para aulas de matemática, utilizando-se de
elementos locais e globais vinculados à COVID-19; e o desenvolvimento profissional docente.
Durante o planejamento da formação docente, definimos formulários para o diagnóstico inicial
sobre o conhecimento do conteúdo estatístico de professores, os conceitos estatísticos que
serão abordados, os textos base para servir de material norteador, as atividades e a produção
de tutoriais e vídeo-aulas. Para acompanhamento virtual dos cursistas, estamos utilizando
as ferramentas disponíveis do G Suite for Education do Google e o Telegram, que auxilia
no envio de dúvidas e ideias. Ao final do processo formativo, os professores responderão
novamente os instrumentos diagnósticos.

Resultados

Considerando que o processo formativo está em andamento, com cerca de 70


professores acompanhados pelas universidades acima mencionadas, a análise dos dados
obtidos ao longo do projeto acontece de forma gradual. Houve uma primeira formação com
os núcleos que integram a REM-Ne para a realização de ajustes no curso de formação com as
escolas parceiras, onde percebemos algumas dificuldades que os professores apresentaram
em relação ao manuseio das ferramentas tecnológicas e também no tocante à sobrecarga de
atividades em um curto período de tempo. Esse primeiro momento foi importante para fazer
alterações nos prazos das atividades e buscar novas estratégias com o intuito de aproximar
os professores à utilização das tecnologias. Sendo assim, este projeto espera contribuir com
a cultura da formação do professor dentro da escola, onde docentes da educação básica
assumem com autonomia o seu desenvolvimento profissional; e a universidade cumpre seu
papel na produção de conhecimento, garantindo uma apropriação equitativa, diminuindo
as desigualdades que a Matemática promove quando não aprendida. Esta ação de extensão
também busca fortalecer a parceria já existente entre o Instituto de Formação de Educadores
91
91
(IFE), em Brejo Santo, e a rede pública de educação básica. Por fim, espera-se que o projeto
contribua para que professores, a partir de suas práticas docentes nas escolas, percebam a
importância da sua autoria, socializando suas experiências e aprendizagens.

Conclusões

A partir do desenvolvimento do projeto, podemos inferir algumas conclusões parciais


acerca dos desafios do ensino remoto, visto que a proposta inicial seria totalmente presencial,
contudo, diante do cenário de calamidade pública que enfrentamos, tivemos que transpor o
formato físico para o virtual. As dificuldades que pudemos observar se relacionam à resistência
de alguns professores em utilizar as ferramentas tecnológicas, seja por falta de recursos ou
por não saber manusear. Entretanto, essas dificuldades também serviram de incentivo para
outros docentes que se viram na necessidade de aprender sobre novos recursos metodológicos.
Por fim, citamos ainda dois pontos cruciais: a dificuldade do docente em abordar conceitos
estatísticos e a necessidade de outras formações docentes posteriores, voltadas ao trabalho
com tecnologias, diante do cenário atual vivenciado pelos docentes cursistas que buscam
se adaptar às necessidades do ensino remoto. Além disso, pode-se pensar em processos
formativos que mesclem o formato remoto com o presencial.

REFERÊNCIAS

CLARKE, D. J.; HOLLINGSWORTH, H. Elaborating a model of teacher professional


growth. Teaching and Teacher Education, 18(8), 2002. p. 947-967.

DAY, C. Desenvolvimento Profissional de Professores: os desafios da aprendizagem


permanente. Porto: Porto Editora, 2001.

GAL, I. Adults Statistical Literacy: meanings, components, responsibilities.


International Statistical Review, 70(1), 2002. p. 1-25.

PONTE, J. P. Estudiando el conocimiento y el desarrollo profesional del profesorado de


matemáticas. In N. Planas (Ed.), Educación Matemática: Teoría, crítica y prática.
Barcelona: Graó, 2012. p. 83-98.

SKOVSMOSE, O. Educação crítica: incerteza, matemática, responsabilidade.


Tradução Maria Aparecida Viggiani Bicudo. São Paulo: Cortez, 2007.

SKOVSMOSE, O. (2008). Desafios da Educação Matemática Crítica. São Paulo:


Papirus.

WILD, C.; PFANNKUCH, M. Statistical thinking in empirical enquiry.


International Statistical Review, n. 67, p. 223-265, 1999. Disponível em: http://www.stat.
aucland.ac.nz/~iase/publications/isr/99.wild.pfannkuch.pdf. Acesso em: 29 jan. 2020.

92
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

HABILIDADE DE TOMAR DECI-


SÕES NO ENSINO DE MATEMÁ-
TICA
Área temática: Educação

Francisca Dayane Ferreira de Sousa1


Paulo Gonçalo Farias Gonçalves2

Resumo: O presente trabalho apresenta um estudo relato do processo de elaboração de uma


orientação geral para a ação de tomar decisões em Matemática, tendo por metodologia uma
revisão bibliográfica e fundamentação baseada na Teoria de Formação Planejadas das Ações
Mentais e dos Conceitos, de P. Ya. Galperin.

Palavras-chave: Base Orientadora da Ação. Galperin. Tomar decisões.

INTRODUÇÃO

Constantemente, os seres humanos se deparam com situações que lhes apresentam


diferentes caminhos e exigem uma tomada de decisão para qual deve trilhar. Dada sua
relevância, a habilidade de tomar decisões deve permear o estudo de diferentes disciplinas,
permitindo que os estudantes possam assimilar essa habilidade e melhor aplicá-la em
momentos distintos da sua vida.
A habilidade de tomar decisões envolve o processo de escolha de uma alternativa
entre várias, desprezando as outras que não satisfazem o objetivo principal. Além disso, essa
escolha é feita a partir da análise das alternativas, que geralmente buscam solucionar um
problema da forma mais eficiente possível, dadas as condições.
Considerando a importância do planejamento de orientações que possam subsidiar a
elaboração de sistemas didáticos voltados para a formação de habilidades, o presente estudo
relata o processo de elaboração de uma orientação geral para a ação de tomar decisões em
Matemática.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

A Teoria de Formação Planejadas das Ações Mentais e dos Conceitos, de P. Ya.

1 Graduanda em Licenciatura em Matemática pela UFCA. E-mail: fdfds1998@gmail.com.


2 Doutor em Educação pela UFRN. E-mail: paulo.goncalo@ufca.edu.br.
93
93
Galperin, apresenta um modelo que busca explicar como ocorre o processo de assimilação da
ação e dos conceitos, do plano externo ao plano mental.
Em uma compreensão adotada pela Teoria de P. Ya. Galperin, durante sua ação, o
indivíduo parte de uma representação mental que o guia (orientação); coloca em prática
(execução); verifica e corrige, se necessário (controle). Esse ciclo cognoscitivo constitui os
momentos funcionais da ação humana (NÚÑEZ, 2009).
Por ter um papel preponderante na qualidade da execução e do controle, a orientação
é um momento fundamental da teoria e se dá por meio de uma Base Orientadora da Ação
(BOA).
Quando uma BOA desejável é organizada e materializada para ser assimilada pelo
aprendiz, ela é denominada Esquema da Base Orientadora Completa da Ação (EBOCA)
(GALPERIN, 1989). Conforme Gonçalves (2020), o EBOCA se constitui como uma referência
para o planejamento, diagnóstico, execução e avaliação das atividades de aprendizagem.
O EBOCA pode ser dividido em 3 (três) componentes: a definição da habilidade
(modelo do objeto), como executá-la (modelo da ação) e como controlá-la (modelo de
controle).

METODOLOGIA

Considerando a necessidade de adequação da investigação em função da interrupção


das atividades presenciais na Universidade Federal do Cariri, apresentamos o percurso
relacionado ao planejamento da orientação da ação de tomar decisões, que servirá de suporte
para as futuras ações de elaboração e aplicação de experiências formativas.
Inicialmente realizamos uma pesquisa bibliográfica na literatura científica que
discutisse sobre a habilidade de tomar decisões, especificamente sobre: (i) a definição de
tomar decisões e (ii) como tomar uma decisão. A partir desse levantamento, os dados foram
separados em função dos tópicos (i) e (ii).
A comparação entre os diferentes dados separados em (i) e em (ii) e a identificação
de seus aspectos invariantes permitiram a construção do modelo do objeto e modelo da ação
da habilidade de tomar decisões em Matemática, respectivamente. O modelo de controle foi
constituído ajustando as etapas do modelo da ação como frases interrogativas. Descritos os
procedimentos iniciais, apresentamos na seção seguinte os resultados desse processo.

RESULTADOS

Iniciando com a construção do modelo do objeto, que diz respeito à definição da


habilidade de tomar decisões em matemática. A partir das compreensões de Núñez e Ramalho
(2019), Simon (1955), Macedo (2009), entre outros, sobre o que é tomar uma decisão,
identificamos os seguintes aspectos invariantes: a) escolha de uma alternativa entre várias, b)
essa alternativa seja a que melhor satisfaz a situação colocada.
94
De modo similar ocorreu a elaboração do modelo da ação, separando as etapas
propostas pelos autores segundo os momentos funcionais da ação (orientação, execução e
controle). Por fim, o modelo de controle relacionou, para cada uma das etapas do modelo da
ação uma etapa de controle, no formato de um questionamento.
Uma síntese do processo de elaboração do Esquema da Base Orientadora Completa
da Ação (EBOCA) da habilidade de tomar decisões em Matemática é apresentada no Quadro
1:

Quadro 1: EBOCA da ação de tomar decisões em Matemática

Modelo do objeto Modelo da ação Modelo de controle


Escolher, em um rol de A1 Delimitar a situação-problema C1 Qual a situação-problema
alternativas, a que melhor que necessita de uma tomada de que necessita de uma tomada
satisfaça uma situação- decisão. de decisão?
problema proposta,
A2 Determinar os critérios para a C2 Quais são os critérios a
segundo critérios definidos.
tomada de decisão. serem adotados para a tomada de
decisão?
A3 Determinar as alternativas C3 Quais são as alternativas
disponíveis. disponíveis?
A4 Comparar as alternativas C4 Quais os prós e os contras
disponíveis, considerando os prós e de cada uma das alternativas
contras de cada uma delas. disponíveis?

A5 Selecionar a melhor alternativa, C5 Qual a alternativa que


segundo os critérios adotados. melhor se adequa à situação-
problema, segundo os critérios
adotados?
A6 Aplicar a alternativa C6 Os resultados obtidos com a
selecionada. aplicação são adequados aos
critérios estabelecidos
Fonte: Elaborado pelos autores.

O esquema permite guiar os aprendizes que o assimilem em diferentes situações-


problema em matemática, que envolvam a aplicação da habilidade de tomar decisões,
integrando o entendimento do saber, do saber-fazer e do controle da referida ação.
Como já mencionado, enquanto resultado parcial de uma investigação mais ampla,
a ideia é que o EBOCA construído possa ser a base para o diagnóstico da compreensão de
estudantes sobre tomar decisões e para a elaboração de um sistema didático que auxilie na
formação dessa habilidade.

CONCLUSÕES

Tendo em vista a relevância da habilidade de tomar decisões para a diferentes situações


é importante que os discentes possam aprendê-las em sala de aula. Nesse sentido, este estudo
apresentou uma orientação para essa ação no contexto da disciplina de Matemática e tomando
95
95
como aporte a Teoria de Formação Planejada das Ações Mentais e dos Conceitos.
Enquanto estudo em andamento, esperamos que a construção do EBOCA possa
subsidiar a compreensão sobre o que os futuros participantes da pesquisa sabem e o que não
sabem acerca da habilidade em questão, a fim de adequar as atividades de aprendizagem que
serão propostas aos seus participantes.

REFERÊNCIAS

GALPERIN, P. Ya. Organization of Mental Activity and the Effectiveness of Learning. Soviet
Psychology, v. 27, n. 3, p. 65- 82, 1989.

GONÇALVES, P. G. F. A orientação da ação de controle na resolução de


problemas matemáticos em professores: uma experiência formativa à luz da Teoria
de P. Ya. Galperin. 2020. 205f. Tese (Doutorado em Educação), Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, 2020.

NÚÑEZ, I. B. Vygosky, Leontiev e Galperin: formação de conceitos e princípios


didáticos. Brasília: Liber Livro, 2009.

NÚÑEZ, I. B.; RAMALHO, B. L. Reelaboração da base orientadora da ação na formação


de uma habilidade geral: uma experiência na formação de professores de Ciências. In:
ALMEIDA, J. J. P. de; DANTAS FILHO, F. F. D. (Orgs.). Itinerários de pesquisas em
Ensino de Ciências e Educação Matemática. Campina Grande: EDUEPB, v.1, p. 225-
252, 2019.

MACEDO, L. A situação-problema como avaliação e como aprendizagem.


In: BRASIL. Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), Fundamentação Teórico-
Metodológico. Brasília: MEC/SEF, 2009.

SIMON, H. A. A behavioral model of rational choice. Quarterly journal of


economics, v.69, p.99-118, 1955.

96
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

LEI 10.639/2003
descolonizando o olhar sobre a Áfri-
ca

Área temática: Educação.

Suzana Maria Amorim do Monte1


Edileusa Francisca da Silva2
Reginaldo Ferreira Domingos3

Resumo: Em um país rico em diversidade, a educação brasileira tem excluído a participação


de diversas culturas e tem mantido um olhar eurocêntrico, que perpetua uma cruel herança
colonial, na qual nega a formação originária brasileira, excluindo da história africanas/os,
indígenas e seus descendentes. Diante disto, a Lei 10.639/2003 surge como uma importante
ferramenta para a inserção do estudo, na educação básica, em torno das contribuições dos
povos africanos e dos afrodescendentes. Existe grande perpetuação de estereótipos em
torno do continente africano. Assim, este surge com a proposta de apresentar dados de uma
ação intitulada “Conhecendo Melhor a África”, do projeto de extensão “A prática docente e
a formação continuada: Lei 10.639/2003 e o Ensino da História e Cultura Africana e Afro-
brasileira” que foi ministrada para alunas/os de graduação com o objetivo de uma breve
explanação em torno do continente africano, visto que, nos cursos de licenciatura e formação
continuada não tem a inserção de tal conteúdo em sua estrutura. O minicurso se dividiu
em dois momentos, de forma que no primeiro ocorreu o diálogo com as/os participantes
sobre concepções prévias que estas/es tinham em torno da África e foi apresentado algumas
contribuições do continente para com a sociedade, sobretudo, com o Brasil. O segundo
momento foi pedido um pequeno texto sobre o continente. Nessa perspectiva, o estudo em
torno do continente africano tem se apresentado como uma importante ferramenta contra o
racismo e tem sido uma forma de descolonização epistemológica.

Palavras-chave: Lei 10.639/2003. África. Descolonização.


1 Graduanda em LI em Ciências Naturais e Matemática pela Universidade Federal do Cariri. E-mail: suzana.maria@aluno.
ufca.edu.br
2 Graduanda em LI em Ciências Naturais e Matemática pela Universidade Federal do Cariri. E-mail: edileusa.silva@
aluno.ufca.edu.br
3 Professor adjunto na Universidade Federal do Cariri. E-mail: reginaldo.domingos@ufca.edu.br 97
97
INTRODUÇÃO

O Brasil é um país diverso, na educação essa diversidade tende a ser desconsiderada,


apresentando-se a partir de uma perspectiva eurocêntrica. Nesse sentido, recaindo na tendência
de negar a formação originária brasileira, excluindo da história africanas/os, indígenas e seus
descendentes. A Lei 10.639 vem da necessidade do estudo, na educação básica, em torno
das contribuições dos povos africanos e dos afrodescendentes. Há grande desinformação em
torno do continente africano, propagam-se estereótipos em torno da África.
No processo de enfrentamento desse racismo necessita-se de uma transformação e
reorganização social permitindo às emergências e inclusões dos grupos marginalizados pela
reprodução de uma herança colonial em que perpetua uma colonialidade cruel. É o que Achille
Mbembe (2018) chama de “alterocídio” que ocorre em função de um “Eu” eurocentrado que
mata o “Outro”. Pois, “[...] o pensamento europeu sempre tendeu a abordar a identidade não
em termos de pertencimento mútuo (copertencimento) a um mesmo mundo, mas antes na
relação do mesmo com o mesmo [...]” (MBEMBE, 2018, p. 11). Somente a insurgência de
outro fazer epistêmico, decolonial e de descolonização, de um refazer a prática docente e de
enfrentamento a sistematização da herança colonial de perpetuação do racismo é que se torna
possível reverter essa realidade de exclusão e produção de um racismo estrutural (LUZ, 2013;
BERNARDINO-COSTA, MALDONADO-TORRES, GROSFOGUEL, 2019; BERNARDINO-
COSTA, GROSFOGUEL, 2016).
É, nesse viés análitico que a África pode e deve ser vista como um continente rico em
diversidade, culturas, conhecimentos, com um passado de rainhas e reis, marcado por lutas
de resistência contra a escravização e não apenas um continente inferior, em que o reduzem
e/ou “confundem” à condição de país. Ressalta-se que a sanção da Lei 10.639/2003 não foi
acompanhada de um amplo programa de reestruturação dos currículos das licenciaturas e
de formações continuadas que pudessem garantir que profissionais da educação tivessem
conhecimento teórico devido para tratar a temática.
Essas problemáticas são alguns dos pontos de partida para a construção do Projeto de
Extensão “A prática docente e a formação continuada: Lei 10.639/2003 e o ensino da História
e Cultura Africana e Afro-brasileira”, que por sua vez, foi instigado a pensar uma ação junto
aos discentes da educação superior. Assim, a ação intitulada “Conhecendo melhor a África”
foi ministrada para alunas/os de graduação com o objetivo de trazer uma breve explanação
sobre o continente africano e sua importância para o Brasil.

METODOLOGIA

A ação ocorreu em setembro de 2020 com discentes de graduação. Aos participantes


foram apresentados o tema e o objetivo do projeto, com a participação de 27 pessoas no
minicurso; sendo 24 estudantes, 2 servidoras/es da UFCA e 1 discente da Universidade
98
Estadual do Ceará (UECE).
O minicurso ocorreu em dois momentos, o primeiro, em que as/os alunas/os
puderam transmitir o que sabiam sobre o tema: “O que é a África?” “Diga o nome de um país
africano?” “Qual a importância da África para o Brasil?”. Posteriormente, trabalhou-se as
contribuições africanas para o Brasil nas ciências naturais, na cultura, na religião, no idioma
e na matemática. Enfatizando tratados sobre as plantas medicinais de origem africana;
a presença e importância das religiões de matriz africana; as contribuições culturais e os
conhecimentos matemáticos, questões essas que favorecem na formação brasileira.
Apresentou-se imagens de alguns países africanos e europeus com o objetivo de
mostrar situações que são apresentadas como realidade africana em que é propagada na
mídia, nos materiais didáticos e, por conseguinte, nos imaginários das pessoas pode se repetir
em outros continentes e países. Acrescentou-se, imagens mostrando as riquezas e belezas
existentes em África, sua diversidade cultural e pluralidade étnica.
No segundo momento, solicitou-se as/os participantes construíssem uma dissertação
entre 10 e 20 linhas, sobre o que é o continente africano e como sua visão sobre África mudou
diante das questões trabalhadas no minicurso. Assim, servindo para a avaliação acerca das
concepções em torno da África, antes e depois do minicurso.

RESULTADOS

Finalizado o primeiro momento foram analisadas as concepções e experiências das/


os participantes. Com isso, selecionamos alguns trechos desses textos. A/o participante A
trouxe que:
“[...]foi possível perceber através das imagens que nos fora mostrado como tem
lugares bonitos no continente africano algo que não é visto pois se criou o estereótipo
de um país miserável, ainda que haja miséria e fome na África; é bom ver com outros
olhos e notar o quanto se tem feito o quanto o país é rico e o quanto ainda temos a
conhecer sobre ele[...]” (Participante A)

Com esse trecho se foi possível perceber a presença da concepção do continente


africano como um país, diminuindo toda a diversidade. A participante A apresentou seu ponto
de vista sobre uma África miserável e com fome, enfatizando a importância da quebra desses
estereótipos. A partir dessas concepções, é apresentada a riqueza existente no continente.
A escola tem sido importante lócus para a formação de uma sociedade com
representações positivas de afro-brasileiras/os e que respeita a diversidade (GOMES, 2008).
Ela também é responsável, pelo processo de reprodução, pelas concepções elaboradas em torno
do continente africano, assim caso haja estudo estereotipado este mesmo será reproduzido.
Diante disso, a/o Participante B apresenta:

“[...] a visão que tinha sobre este lugar (África) era algo como pessoas passando fome,
sede, falta de medicamentos e através disso morrendo. Posso afirmar, que no ambiente
escolar aprendi algo muito parecido com que citei anterior [...]. Diante disso, tinha
essa visão que a África era um continente onde tinha apenas negros pobres passando
fome e morrendo.” (Participante B)
99
99
A/o participante B, explicita bem sua experiência com ausência de contato com o
continente africano. Nessa perspectiva, Gomes (2008) destaca a necessidade de novos olhares
críticos a respeito do que foi escrito sobre a história da/o negra/o no Brasil. A não efetivação
de práticas educativas anti-racistas e de enfrentamento do racismo estrutural apenas reforça
e mantém a estrutura hegemônica de base eurocêntrica. Nesse sentido, o projeto de extensão
tem refletido sobre esse imaginário aviltante, em torno dos dilemas e nuances conceituais,
sobre os estereótipos, fruto do racismo estrutural.

CONCLUSÕES

A ação resultou em diversas indagações e discussões em torno do continente


africano. As dissertações produzidas pelas/os participantes revelaram como o racismo se
perpetua no imaginário e no discurso de maneira a afetar o processo educacional, gerando
visões estereotipadas entorno do continente africano e de afrodescendentes. É perceptível
nos relatos a reprodução de narrativas que propagam estereótipos tidos como naturais. É
necessário, a compreensão da importância de uma educação antirracistas para a formulação
de uma sociedade que discuta e entenda a dimensão das questões etnicorraciais, que respeita
a diversidade, que valoriza as contribuições dos diferentes povos.
A escola é central no combate ao racismo e todo tipo de preconceito, mas não o
único, afinal o espaço escolar é um local onde transita ou deveria circular o diálogo sobre
as diversidades e desse locus chegar à comunidade. A sociedade também é responsável pelo
enfrentamento ao racismo, nela há uma dívida histórica para com a população negra.

REFERÊNCIAS

BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R..


Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. In: BERNARDINO-COSTA, J.;
MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R.. Decolonialidade e pensamento
afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. p.09-26.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei no 10.639. Publicada em 09 de janeiro de


2003.

GOMES, N. L.. A questão racial na escola: desafios colocados pela implementação da Lei
10.639/03 . In: MOREIRA, Antonio Flávio; CANDAU, V. M. (org.). Multiculturalismo:
diferenças culturais e práticas pedagógicas . Petrópolis: Vozes, 1983. p. 67-89.

LUZ, N. C. do P. (Org.). Descolonização e educação: diálogos e proposições


metodológicas. 1 ed. Curitiba, PR: CRV, 2013.

MBEMBE, A. Crítica da razão negra. Trad. Sebastião Nascimento. Paris: n-1 edições,
2018.
100
TORRES-MALDONADO, N. Analítica da colonicalidade e da decolonialidade: algumas
dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, N;
GROSFOGUEL, R. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2019.p.27-54.

101
101
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

LEVANDO CIÊNCIA DE FOR-


MA LÚDICA PARA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES NO PERÍODO
DE PANDEMIA
um relato de experiência
Área temática: Educação.

Cícero Eduardo Gonçalves Lemos1


Maria Tereza Costa Santos2
Rayra Mirella Rodrigues Gonçalves3
Ana Victória Mota Lima4
Liana de Andrade Esmeraldo Pereira5

Resumo: O objetivo deste estudo é relatar as experiências de extensão do projeto Clube das
Ciências durante o período de isolamento social, deflagrado perante a situação de pandemia.
Metodologia aplicada nas ações foram experimentos de forma síncrona, em salas virtuais de
escolas que estão tendo aulas no formato EaD no período de pandemia. As ações, junto às
escolas, tiveram início por meio do contato da coordenação do projeto com a coordenação das
escolas e com os professores responsáveis pelas turmas. A faixa etária escolhida foi de alunos
de 8° e/ou 9° ano do ensino fundamental que estavam tendo aulas remotas, síncronas, por
meio de videoconferência.

Palavras-chave: Educação. Ciência. Experimentos.

INTRODUÇÃO

Devido a pandemia provocada pelo SARS-Cov-2 no ano de 2020 muitos fatores e


hábitos que eram comuns sofreram grandes mudanças, afetando desde o setor da economia
até a saúde e educação. Diante disso, as metodologias utilizadas em salas de aula tiveram que
ser alteradas e muitos professores se viram despreparados para ensinar através de plataformas
online, visto que conseguir a atenção e participação dos alunos são algumas das principais
dificuldades apresentadas (BEHAR, 2020)
As plataformas de EAD se tornaram a principal escolha por parte do meio acadêmico

1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail:eduardo.lemos@aluno.ufca.edu.br


2 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail:mmaria.tereza@aluno.ufca.edu.br
3 Graduanda em Biomedicina pelo Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (UNILEÃO). E-mail:mirellarodri-
gues2013@gmail.com
4 Graduanda em Biomedicina pelo Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (UNILEÃO). E-mail:anavitoriia15@gmail.
com
5 Docente da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: liana.esmeraldo@ufca.edu.br 102
102
para dar continuidade ao ensino durante o período de pandemia. Sabe-se que diversos
fatores estão envolvidos em uma boa aprendizagem, como o contato com os colegas de classe,
realização de experimentos em laboratórios e contato com o professor, quando associados
esses fatores tornam possível uma aprendizagem eficiente. Entretanto, o ensino online
dificulta a realização de outras metodologias interativas (ZAJAC, 2020).
Com isso, o projeto clube das ciências teve a iniciativa de levar para as salas de aulas
remotas experimentos e explicação sobre os temas relacionados à química, física e biologia
para as turmas de ensino fundamental. A metodologia utilizada pelos membros do projeto
possibilita a participação da turma, chamando a atenção das crianças através das reações dos
experimentos. O objetivo deste estudo é relatar as experiências de extensão do projeto Clube
das Ciências durante o período de isolamento social, deflagrado perante a situação de
pandemia.
Visto que a participação e foco das crianças no ensino remoto é de suma importância
para um aprendizado eficiente, o projeto mostrou aos professores que outros métodos criativos
podem ser utilizados como meio de ensino, proporcionando mais conhecimento tecnológico
aos professores, que por sua vez podem aplicar os mesmos métodos em suas aulas.

METODOLOGIA

As ações foram realizadas por meio das plataformas ZOOM e Google Meet, os membros
realizaram 3 experimentos científicos, em cada encontro, dentro das áreas da química, física
e biologia. Estes eram bem simples e tinham como critério de escolha o uso de materiais,
em sua grande maioria, encontrados em casa. Posteriormente a realização do experimento,
de forma síncrona, os membros faziam uma breve explanação, de forma lúdica e de fácil
compreensão, haja vista a idade do público alvo em que tinham auxílios, muitas vezes, de
apresentações na forma de slides, também havia um momento de tira dúvidas. No fim das ações
eram compartilhados os perfis do projeto nas redes sociais, em prol de disseminar o conteúdo científico
produzido pelo projeto.

RESULTADOS

As ações, junto às escolas, tiveram início com o contato da coordenação do projeto


com a coordenação das escolas e com os professores responsáveis pelas turmas. A faixa etária
escolhida foi de alunos de 8° e/ou 9° ano do ensino fundamental que estavam tendo aulas
remotas, síncronas, por meio de videoconferência. Após ter uma data para a ação, acordado
com o professor da turma e quais seriam os temas mais apropriados para uma abordagem com
os alunos, os membros do projeto se organizavam a fim de escolher os melhores experimentos
que seriam levados e a metodologia apropriada de explicação destes (Figuras 1 e 2).

103
Figura 1 - Captura de tela do experimento “submarino na garrafa”. Elaborado pelos
autores.

Figura 2 - Captura de tela do experimento “Difusão celular”. Elaborado pelos autores.

Obtivemos uma média de 20 alunos por cada ação. Foram feitas, até o presente
momento, 3 ações com os colégios: Monteiro Lobato, Esperança e Desafio, ambas da região
do Cariri da rede privada de ensino. A rede privada foi escolhida pelas dificuldades de se
encontrar escolas públicas na faixa etária supracitada, que estivessem tendo aulas síncronas
por videoconferência neste período de pandemia da COVID-19.
Durante o encerramento das ações muitos professores e alunos nos agradeceram e
tiraram dúvidas sobre situações do dia a dia relacionadas aos experimentos. Muitos relataram
que agora passariam a prestar atenção em algumas situações da sua rotina diária e sua relação
com as ciências. Alguns alunos também demonstraram interesse por pesquisar outros temas
relacionados aos experimentos científicos e tentar fazer experimentos em casa como uma
forma empírica de estudar ciências na quarentena. Ainda como feedback, vários alunos e
professores passaram a seguir as redes sociais do projeto.
Umas das dificuldades que obtivemos foi, como já supracitado, encontrar escolas
públicas que se encaixassem no perfil das ações. Contudo, o projeto está buscando o
desenvolvimento, ainda este ano, de aulas com experimentos de forma assíncrona em prol de
cobrir escolas que não têm estrutura para ter aulas síncronas neste período de pandemia, a
exemplo da rede pública de ensino.
Uma outra dificuldade que apresentamos foi a de como adaptar a linguagem científica
e técnica para uma melhor compreensão dos alunos de acordo com os seus conhecimentos
prévios. Em busca do desenvolvimento dessa habilidade, convidamos uma psicopedagoga e
uma professora de química do 9º ano para uma Reunião formativa sobre: Quais as melhores
estratégias de comunicação para adaptar a linguagem científica aos alunos do ensino
fundamental em parceria com o Projeto de Cultura PESCA - Popularização em Saúde: Ciência
e Arte.

CONCLUSÕES

O estudo da ciência para as crianças tem a importância de fazê-las observar o mundo


de uma maneira completamente nova. Através do conhecimento científico, uma criança passa
a ter mais conhecimento da importância de ações que preservem o planeta, de cuidado com
os animais, com os outros e consigo mesmo, além de formular questionamentos importantes
que despertam a sua curiosidade, fazendo com que a sua capacidade de pensar se desenvolva.
O ensino da ciência lhes possibilitará ver e compreender o mundo com maior criticidade e
com conhecimentos para discernir, julgar e fazer escolhas conscientes.

REFERÊNCIAS

BEHAR, Patrícia Alejandra. O ensino remoto emergencial e a educação a distância.


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2020. Acesso em: 19 de outubro de
2020.

ZAJAC, Danilo. Ensino remoto na educação básica e COVID-19: Um agravo ao direito à


educação e outros impasses. Escola preparatória da UFABC. São Paulo. 2020. Acesso
em: 19 de outubro de 2020.

105
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Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

NAF
um projeto de extensão que ofere-
ce serviços contábeis e fiscais gra-
tuitos

Área temática: Educação.

Geysa Gabriela Pinheiro Gomes1


Ricardo Aladim Monteiro2

Resumo: O NAF é o Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal (NAF) é um projeto criado pela
Receita Federal Brasileira (RFB) em parceria com as Instituições de Ensino Superior (IES),
que possuem os cursos de Ciências Contábeis ou Comércio Exterior. O NAF da Universidade
Federal do Cariri – UFCA, conta com 11 estudantes voluntários, e este projeto tem o objetivo
de relatar as atividades desenvolvidas por esses alunos e suas contribuições para a população.

Palavras-chave: NAF. Educação Fiscal. Extensão.

INTRODUÇÃO

Criado em 2011, o Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal (NAF) é um projeto criado pela
Receita Federal Brasileira (RFB) em parceria com as Instituições de Ensino Superior (IES),
que possuem os cursos de Ciências Contábeis ou Comércio Exterior. De acordo com a RFB
(2020) esse projeto tem como objetivo geral oferecer serviços contábeis e fiscais para pessoas
hipossuficientes, seja pessoa física ou jurídica, como Microempreendedor Individual (MEI),
Microempresa e entidades sem fins lucrativos. E, como objetivos específicos transmitir a
cidadania fiscal para a sociedade, apresentar o sistema de arrecadação tributária e melhor
capacitar os alunos para o mercado de trabalho, unindo a teoria abordada em sala de aula
com a prática nos atendimentos prestados à população. No segundo semestre de 2019, o
NAF foi instituído na Universidade Federal do Cariri (UFCA), contemplando o curso de
Ciências Contábeis. Inicialmente, contou com a participação de 11 discentes voluntários.
Vale ressaltar que, esse projeto está vinculado ao Núcleo de Práticas Contábeis. Com o início
dos atendimentos, foi oferecido os seguintes serviços: orientação e elaboração de Declaração
1 Graduanda em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: geysapinheiro0@gmail.com
2 Mestre em Administração pela Universidade Potiguar (UnP). E-mail: ricardo.aladim@ufca.edu.br. 106
106
de Imposto de Renda; abertura, acompanhamento e encerramento do MEI; emissão de
certidão negativa, regularização de CPF; orientação e emissão de carteira de trabalho digital
e Declaração do Imposto sobre Propriedade Rural. Dessa maneira, a população passou a ter
mais um canal de atendimento gratuito para a resolução de assuntos contábeis e fiscais. O
presente trabalho buscou descrever as atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão
“Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal” da UFCA. E, a partir disso, ressaltar a grande contribuição
que traz para todos os envolvidos.

Metodologia

Quanto ao método do presente trabalho, utilizou-se o observacional que observa


algo que já aconteceu ou acontece (GIL, 2008). Neste caso, observou-se o desenvolvimento
do projeto NAF e os benefícios oferecidos aos alunos, sociedade e instituição de ensino e
públicas. No que se refere aos objetivos, aplicou-se a pesquisa descritiva, que descreve
os fatos observados, mas sem a interferência do pesquisador (PRODANOV E FREITAS,
2013). Buscou-se descrever as atividades desenvolvidas pelo NAF UFCA. Em relação ao
procedimento, empregou-se o estudo de caso que estuda de forma aprofundada um ou mais
objetos e descreve situações que estão sendo investigadas (GIL, 2008). No que diz respeito a
abordagem, usou-se a pesquisa qualitativa visto que o pesquisador tem maior aproximação
com o ambiente e objeto de estudo, mas que não há manipulação por parte deste. E, não
requer o uso de métodos e técnicas estatísticas (PRODANOV E FREITAS, 2013).

Resultados

Em março de 2020, com o início da pandemia do novo coronavírus, uma doença


altamente transmissível, os estabelecimentos não essenciais foram fechados para conter o
avanço do contágio na população. Logo, as atividades do projeto também foram suspensas
presencialmente. Contudo, para não deixar de oferecer os atendimentos a sociedade, o
NAF UFCA inovou e adotou mecanismos de atendimento online, como e-mail, whatsApp,
instagram e facebook. E, ainda inseriu na tabela dos serviços oferecidos a orientação
sobre o Auxílio Emergencial, que é um benefício financeiro para trabalhadores informais,
microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados para auxiliar essas
pessoas hipossuficientes no momento de crise em virtude da pandemia do novo coronavírus
(CAIXA, 2020). Além disso, no momento de isolamento social, também realizou-se orientação
e elaboração de Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF), para isso foi
elaborada uma lista com os documentos necessários, incluindo uma foto legível segurando um
documento oficial com foto e uma declaração de responsabilidade assinada pelo contribuinte
para confirmar que está de acordo com todas as informações preenchidas. Essas medidas
de segurança são para evitar possíveis problemas e questionamentos futuros. Mesmo com
o isolamento social, os treinamentos para os discentes não pararam, sendo realizados de
107
forma remota. O Programa de Educação Fiscal do Ceará ministrou uma capacitação para os
monitores do NAF Integrado, tratando de vários assuntos sobre Cidadania Fiscal. Ademais,
foram realizados pela coordenação responsável por todos os NAFs do Brasil webinars tratando
de temas como MEI, IRPF e DITR. De forma direta, 696 contribuintes foram beneficiados com os
serviços do NAF e, de forma indireta, o triplo dessa quantidade. Essa forma indireta se deu através
dos contribuintes que receberam o atendimento de forma direta, pois a partir disso tornaram-se
multiplicadores, repassando esses conhecimentos para familiares, amigos e vizinhos. Com isso, além
de ser benéfico para a população e alunos, também é vantajoso para algumas instituições públicas,
como a Receita Federal, Secretaria da Fazenda e Caixa Econômica Federal, tendo em vista que a
tendência é diminuir a concentração de pessoas nas filas. Observou-se participação assídua dos alunos
nas capacitações. Em média, 25 alunos do Curso de Ciências Contábeis da UFCA inscreviam-se
nas capacitações, o que corresponde a 62,5% do total de 40 alunos. Isso se deve aos treinamentos
diferenciados, onde são abordados assuntos que não são vistos na sala de aula. Também notou-se que
os discentes desenvolveram melhor a oratória. Segundo Lima (2019) a oratória é importante
para facilitar a comunicação entre as pessoas e, consequentemente, quem sabe se comunicar
bem transmitirá seu pensamento melhor e conseguirá persuadir e influenciar as pessoas. Isso
é importante tanto para se destacar no mercado de trabalho, quando para prestar os serviços
com excelência, principalmente, no que se refere a disseminação da educação fiscal. Outro ponto
observado é que nos treinamentos, os extensionistas ampliaram suas relações interpessoais,
pois na maioria dessas capacitações estavam presentes os NAFs de outras instituições e eram
realizadas atividades em grupos. De acordo com Fonseca et al. (2016) “relacionamentos
interpessoais éticos e gentis diminuem o individualismo, aumentam o comprometimento
e a responsabilidade. Um clima organizacional harmonioso resulta em entusiasmo, amplia
a visão de futuro, melhora o desempenho e a produtividade”. Dessa maneira, os alunos ao
entrarem no mercado de trabalho, já irão saber como manter um relacionamento harmônico
com os demais colaboradores. Além disso, Fonseca et al. (2016) ressalta a importância do
trabalho em equipe, pois torna o trabalho mais eficaz e enriquecedor, devido várias pessoas
pensarem de diferentes maneiras e chegarem a uma melhor solução.

Conclusões

Portanto, observa-se que o projeto de extensão NAF UFCA traz benefícios para os
alunos, instituição de ensino, sociedade e instituições públicas, como a RFB e a SEFAZ. Os
discentes tornam-se profissionais mais qualificados para atender as exigências do mercado
de trabalho; a instituição de ensino forma profissionais mais capacitados e cumpre com
seu papel social; a sociedade recebe serviços contábeis e fiscais gratuitos e também obtém
conhecimento sobre os tributos; e as instituições públicas disseminam a educação fiscal.
Desse modo, atingindo todos os objetivos aos quais o projeto se propõe a alcançar.

108
108
REFERÊNCIAS

AUXÍLIO EMERGENCIA. Disponível em: https://www.caixa.gov.br/auxilio/PAGINAS/


DEFAULT2.ASPX. Acesso em: 17 out. 2020.

EDUCAÇÃO FISCAL. Disponível em: http://receita.economia.gov.br/acesso-rapido/


direitos-e-deveres/educacao-fiscal/naf/conheca. Acesso em: 16 out. 2020.

FONSECA, L. et al. Relacionamento interpessoal & trabalho em equipe: impactos


num ambiente organizacional. VII Congresso Nacional de Excelência em Gestão & III
INORVASE. [s. l.], p. 1-23, 2016.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
LIMA, Diogo Henrique Ferreira. A oratória como ferramenta para estabelecer uma
comunicação eficaz entre líderes e liderados. 2019. Monografia (Bacharelado em
Ciências Militares) - Academia Militar das Agulhas Negras, Resende, 2019.

PRODANOV C. C; FREITAS E. C. Metodologia do trabalho cientifico: métodos e


técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

UFCA ITINERANTE. Disponível em: https://www.ufca.edu.br/academico/extensao/ufca-


itinerante/. Acesso em: 16 out. 2020.

109
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

O ENSINO DA FÍSICA NAS ES-


COLAS
o papel da experimentação no ensi-
no da física
Área temática: Educação

Raul Dos Santos Maciel1

Resumo: Neste trabalho, foi feita uma pesquisa bibliográfica para analisar, sob a visão de
vários autores, os benefícios da prática experimental para o ensino de física e os impactos
negativos da falta desta.

Palavras-chave: Física. Escolas. Educação brasileira.

INTRODUÇÃO

No início da década de 1950, o vencedor do Nobel de física Richard Feynman veio ao


Brasil, onde lecionou por vários meses. Ao final do ano acadêmico, os estudantes pediram-
lhe para que desse uma palestra sobre suas experiências com o ensino no Brasil. Na palestra,
haviam não só estudantes, mas também professores e oficiais do governo. Feynman então,
chocou a todos quando disse: “O principal propósito da minha apresentação é provar aos
senhores que não se está ensinando ciência alguma no Brasil!”.
Durante a palestra, Feynman teceu duras críticas ao método de aprendizado por meio
da memorização mecânica em vez do uso do raciocínio. Disse que não conseguia entender
como alguém podia ser educado neste sistema de auto propagação, no qual as pessoas passam
nas provas e ensinam os outros a passar nas provas, mas ninguém sabe nada. Mesmo após
quase 70 anos, vemos que muitas das críticas feitas por Feynman ainda podem ser aplicadas
da mesma forma que foram na década de 50.
O ensino das ciências físicas e naturais no país está fortemente influenciado pela
ausência da prática experimental, dependência excessiva do livro didático, método expositivo,
reduzido número de aulas, currículo desatualizado e descontextualizado e profissionalização
insuficiente do professor (PEDRISA, 2001; DIOGO; GOBARA, 2007).
Gleiser (2000) afirma que, no ensino de física, deve-se mostrar a conexão entre uma
expressão matemática e o seu fenômeno correspondente. Segundo Quirino e Lavarda (2001),
quando o professor introduz os experimentos em uma sala de aula comum, ele se vê frente
a um novo comportamento dos alunos: mais interessados e participativos. Desta forma, o
1 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). raul.maciel@aluno.ufca.edu.br 110
110
objetivo deste trabalho será analisar como a ausência da prática experimental impacta o
aprendizado e a importância da experimentação no ensino de física.

METODOLOGIA

O presente estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica, realizada entre os dias


13/10/20 e 20/10/20, sendo feita uma análise de caráter qualitativa, com a intenção de
aprofundar o entendimento sobre o tema proposto: O papel da experimentação no ensino da
física. A pesquisa foi feita a partir de um levantamento de referências teóricas que já foram
analisadas e publicadas em livros, periódicos e artigos científicos. Logo após a coleta de dados
das refrerências, foi realizada a leitura do material e as principais informações acerca do
tema foram reunidas e analisadas buscando uma compreensão e ampliação do conhecimento
acerca do mesmo.

RESULTADOS

A física é uma das disciplinas consideradas mais difíceis de se aprender e ensinar,


chegando a ser desprezada por muitos alunos. Quase sempre os conteúdos de Física são
abordados através da utilização de fórmulas prontas e diretas, onde por sua vez os estudantes
não conseguem enxergar uma conexão entre estas com o seu cotidiano, logo o estudante acaba
se distanciando da disciplina por achar complicada e até mesmo chata. Segundo OLIVEIRA
(2007), essa falta de conexão entre os conteúdos e a realidade dos alunos pode fazer muitas
vezes os alunos pensarem que física é coisa de outro mundo, o que acaba por acentuar as
dificuldades enfrentadas por eles.
Dessa forma, podemos ver a importância de se relacionar a teoria com a vida prática.
O uso do laboratório, as demonstrações e experimentos possibilita ao aluno aprender a
como se constrói o conhecimento cientifico. Desde o final do século passado, o laboratório
tem sido considerado importante para o ensino de Ciências, por estimular o interesse dos
alunos (BLOSSER, 1988). Ver a ciência em ação é uma das coisas mais fascinantes do seu
aprendizado.
Existem muitos obstáculos que dificultam a utilização de experimentação no ensino
de física. Podemos citar a falta de salas apropriadas para a experimentação, ausência de
material científico, muitos alunos por sala de aula, poucos professores de Física, formados
em Física, para suplantar a carência do ensino, além das limitações na formação acadêmica
do professor em relação ao saber experimental.
Há também a questão do tempo necessário para preparar esses experimentos. Os
professores tem que preparar as aulas, elaborar e corrigir provas e atividades dos alunos, de
várias turmas diferentes, e ainda há professores que trabalham em mais de uma escola, tendo
assim um tempo muito limitado para se dedicar a preparar uma atividade experimental.
111
Muitas vezes, pela falta de recursos nas instituições de ensino, os professores arcam
com os custos dessas experiências, tentando contornar o problema da falta de recursos com
materiais baratos e recicláveis. Outro entrave seria a carência de pesquisa sobre o que os
alunos realmente aprendem por meio de experimentos (SAAB; CÁSSARO; BRINATTI, 2005;
PENA, 2009).
Ao adotar o ensino de Física pela experimentação, o professor, além de explicitar sobre um
fenômeno físico, deve assumir uma postura questionadora de quem lança dúvidas para o aluno e
permite que ele exponha suas ideias, as quais, serão problematizadas pelo professor (DCEs FÍSICA,
2008).
O experimento é uma parte central na construção de novos conhecimentos. Pode-
se inferir então que, além da prática experimental estabelecer para os alunos uma relação
entre o que eles veem em sala e o seu cotidiano, ela cria um ambiente onde os estudante
constroem o próprio conhecimento, debatem, formulam hipóteses e refletem sobre as
mesmas, reestruturando o seu conhecimento com a ajuda dos professores e outros colegas.
No momento em que o professor conseguir que o aluno, além de manipular objetos, amplie as
suas ideias, ele estará desenvolvendo nesse aluno o conhecimento científico.

CONCLUSÕES

A física não é uma disciplina fácil. Os alunos tem dificuldade para entender e por
uma série de fatores, os professores tem dificuldade em ensinar. É complexa a situação da
educação científica brasileira. As escolas não tem laboratórios ou equipamentos adequados
para a realização de experiências mais complexas, fazendo com que alguns professores
que ainda tentam realizar experiências recorram a alternativas mais viáveis como o uso
de materiais recicláveis. O ensino de ciências, em específico de física, é fundamentado
em aspectos essencialmente teóricos. Os livros didáticos concentram-se basicamente em
conceitos matemáticos e resolução de exercícios.
Se faz necessário uma reforma na rede de ensino, massivos investimentos nas
melhorias das condições das escolas, de trabalho, remuneração e capacitação dos professores,
além de uma reflexão destes sobre as suas didáticas para com os alunos. É preciso um diálogo
com os alunos, adaptar o conteúdo que verão a sua realidade, mostrar que o que estão vendo
nos quadros e nos livros não são apenas um monte de palavras difíceis, conceitos que não
entendem e fórmulas que eles tem que decorar para passar em provas e vestibulares.
Conclui-se então que, embora reproduzir experimentos ou copiar práticas não resolva
os problemas do ensino de ciências, a utilização de aulas experimentais é importante para a
construção do conhecimento científico, e por isso é extremamente importante para o ensino
de ciências. Elas estabelecem uma ligação entre o dia-a-dia do aluno e as teorias e fórmulas
vistos em sala de aula, além de serem incentivados a raciocinar e aplicar os conhecimentos
adquiridos nas aulas teóricas para evoluir as capacidades de analisar, debater e resolver
problemas ao invés de simplesmente memorizar conteúdo para resolver provas.
112
112
REFERÊNCIAS

BLOSSER, P. E. Materiais em pesquisa de ensino de física: o papel do laboratório no ensino


de ciências. Cad. Cat. Ens. Fis., Florianópolis, v. 5 , n. 2, 74 - 78, ago., 1988. Disponível
em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/9824/9049. Acesso em: 19
out. 2020.

DIOGO, R.C.; GOBARA, S.T. Sociedade, educação e ensino de física no Brasil: do Brasil
Colônia ao fim da Era Vargas. In: Simpósio Nacional de Ensino de Física, 17., 2007, São
Luis. [Anais...] São Luis: Sociedade Brasileira de Física, 2007.

FEYNMAN, Richard. O Senhor Está Brincando, Sr. Feynman! As Estranhas


Aventuras de um Físico Excêntrico. Trad. de Alexandre Carlos Tort (Elsevier, Rio de
Janeiro, 2006).

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

GLEISER, Marcelo. Física na Escola, v. 1, n. 1, p. 4-5. 2000. Disponível em: http://www.


sbfisica.org.br/fne/Vol1/Num1/artigo1.pdf. Acesso em: 19 out. 2020.

PARANÁ/SEED/DEB. Diretrizes Curriculares da Educação Básica/DCEs – Física. Curitiba:


SEED/DEB, 2008.

PEDRISA, C. M. Características históricas do ensino de ciências. Ciências em Foco,


Campinas, SP, v. 1, n. 1, 2013. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/
index.php/cef/article/view/9161. Acesso em: 20 out. 2020.

QUIRINO, W. G.; LAVARDA, F. C. Experimentos de Física para o Ensino Médio com


Materiais do Dia-a-Dia. Disponível em: http://www2.fc.unesp.br/experimentosdefisica/
rbef_1pp.htm. Acesso em: 19 out. 2020.

SAAB, S. C.; CÁSSARO, F. A. M.; BRINATTI, A. M. Laboratório caseiro: tubo de ensaio


adaptado como tubo de Kundt para medir a velocidade do som no ar. Cad. Brás. Ens.
Fis., v. 22, n. 1, p. 112 - 120, abr., 2005. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.
php/fisica/article/view/6397/5923. Acesso em: 19 out. 2020.

113
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

OBSERVANDO O CÉU DO CARI-


RI
divulgação científica através da as-
tronomia.

Área temática: Educação.

Claudio do Nascimento Souza1


Érika Sousa de Araújo2
Maria Natália Marcena do Santos3
Tharcísyo Sá e Sousa Duarte 4

Resumo: O projeto de extensão – “Observando o Céu do Cariri: Divulgação Cientifica


Através da Astronomia”, tem como objetivo principal difundir conhecimento científico de
qualidade para todos os públicos, em particular, os alunos da rede básica de ensino, por meio
da astronomia. Atualmente em razão da pandemia do Coronavírus as atividades do projeto
estão sendo realizadas através de plataformas virtuais e/ou redes sociais tais como Instagram,
Facebook, canal no Youtube e Google Meet. Foram nesses ambientes que divulgamos nossos
materiais, 09 vídeos de divulgação científica de curta duração; 02 vídeos orientando a produção
de experimentos de baixo custo; 11 folders informativos e 10 quizzes sobre astronomia no
stories do Instagram; além de dois encontros síncronos com alunos da rede básica de ensino
(estados do Ceará e Paraíba) através do Google Meet. A partir do monitoramento dessas
redes sociais, em especial o Instagram, foi possível perceber que tivemos da ordem de 2.500
visualizações em nossas publicações e diversas interações, principalmente com a região do
Cariri Cearense e em alguns casos com diversas partes do Brasil. Mesmo diante de todas as
dificuldades envolvidas no processo de adaptação dessa nova realidade, a utilização destas
plataformas e canais podem se consolidar como bons veículos para publicação e divulgação dos
projetos de extensão da UFCA, além disso, tais ambientes podem proporcionar a ampliação

1 Graduando em Licen. Inter. em Ciências Naturais e Matemática pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail:
claudio.souza@aluno.ufca.edu.br
2 Graduando em Licen. Inter. em Ciências Naturais e Matemática pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail:
erika.sousa@aluno.ufca.edu.br
3 Graduando em Licen. Inter. em Ciências Naturais e Matemática pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail:
natalia.marcena@aluno.ufca.edu.br
4 Professor adjunto e coordenador do curso de Licenciatura em Física do Instituto de Formação de Educadores da Univer-
sidade Federal do Cariri (IFE/UFCA). E-mail: tharcisyo.duarte@ufca.edu.br 114
114
do interesse por ciência/astronomia, principalmente dos jovens, a partir de bons projetos de
divulgação científica.

Palavras-chave: Educação. Astronomia. Tecnologia.

INTRODUÇÃO

A Astronomia é considerada uma das ciências mais antiga da história da humanidade


e continua fascinando as pessoas desde os tempos mais remotos (OLIVEIRA; SARAIVA,
2010). É notório que ainda hoje o céu continua sendo alvo de muita curiosidade e pesquisa
por parte de diversas culturas com os mais diversificados objetivos (PICAZZIO, E., 2011).
A busca por respostas para as grandes questões fundamentais – Como surgimos na Terra?
Somos únicos no Universo? etc – continuam abertas e estimulando novas teorias científicas
e desenvolvimento tecnológico. Contudo, é possível perceber que uma grande parcela da
população, tomando como referência a região do Cariri Cearense, ainda apresenta uma grande
lacuna nas suas formações sobre conhecimentos básicos de ciência e principalmente de
astronomia. Na verdade, muitos ainda preservam e propagam o conhecimento “tradicional”
associado com “crendices populares” ou alguns mitos antigos.
No que concerne à Astronomia, vale destacar que tal conhecimento científico em
muitas escolas, em especial da rede pública, são introduzidos a partir de projetos criados
e desenvolvidos em universidades, no nosso caso no IFE/UFCA. A partir dessa carência
observada, o projeto “Observando o Céu do Cariri: Divulgação Científica Através da
Astronomia”, tem como objetivo principal, propagar esse tipo de conhecimento científico por
meio da astronomia para a comunidade em geral e principalmente para as escolas de ensino
básico de nosso Cariri cearense e demais regiões.
Atualmente vivemos uma nova realidade imposta pela pandemia do Coronavírus.
E razão disso, todos tiveram que (e muitos ainda estão tentando) se adaptar à essa “nova
realidade”. Com o nosso projeto de extensão, não foi diferente. Tivemos que nos reinventar e
nos adaptar à essa realidade imposta. Assim, com o auxílio das ferramentas computacionais
e internet, passamos a explorar novos ambientes: redes sociais, canais de divulgação e
atividades virtuais, a fim de proporcionar informação científica de qualidade para todos.

METODOLOGIA

A metodologia de trabalho desenvolvida ao longo projeto de extensão se configura


como ativa, segundo Cordeiro (2020), na qual utiliza-se das possibilidades tecnológicas
disponíveis para propagar informação/conhecimento científico e interagir de maneira mais
dinâmica com o público alvo, no nosso caso, estamos utilizando as seguintes ferramentas
virtuais: Instagram, Google-Meet e o YouTube (Figura 1).
Em relação às fases de desenvolvimento do projeto, todas as atividades são planejadas
115
em reuniões prévias com o coordenador e toda a equipe. Após esse estágio, inicia-se o processo
de desenvolvimento dos materiais e roteiros para os vídeos de curta duração - buscando sempre
uma linguagem acessível ao público alvo. Após a produção e revisão do material é realizada a
publicação e monitoramento dos mesmos. Além disso, também produzimos e compartilhamos
fôlderes, enquetes, quizz, …, autorais sobre os mais diversos temas de astronomia no perfil
do projeto nas redes sociais Instagram e Facebook: @obsceukariri. Tal prática sempre
busca divulgar conteúdos científicos de forma acessível para todos os públicos. Na fase atual
do projeto, estamos desenvolvendo Atividades Virtuais síncronas em escolas da rede básica
de ensino através da plataforma “Google-meet”, apresentando e estimulando o ensino de
ciência, principalmente astronomia.

RESULTADOS

Até o presente foram desenvolvidos e compartilhados nove vídeos de divulgação


científica de curta duração sobre diversos temas de astronomia; dois vídeos orientando a
produção de experimentos de baixo custo - fases da lua e algumas constelações; onze fôlderes
informativos e dez quizzes sobre astronomia no Stories do Instagram; além de dois encontros
síncronos com alunos da rede básica (estados do Ceará e Paraíba) de ensino através do Google-
meet.
De maneira geral, e tomando às redes sociais, em especial o instagram (Figura 2),
como referência, conseguimos estimar que até o momento tivemos quase 2.500 visualizações
em nossas publicações. Além disso, a partir dos dados armazenados e disponibilizados por
essa plataforma, conseguimos mapear estatisticamente que o público interessado em nossa
temática em sua maioria são pessoas na faixa etária de 18 a 24 anos, cerca de 51% do total, e
que desses 61% são declarados do gênero feminino. Também foi possível inferir que o nosso
alcance geográfico está concentrado em torno da cidade de Brejo Santo, onde está localizado a
sede do IFE/UFCA, em um raio de aproximadamente 100 km. Contudo, em razão do alcance
das redes é possível, obter algumas interações pontuais de pessoas de diversas partes do
Brasil. Reforçando a importância desse tipo de projeto para a divulgação e popularização da
ciência.

Figura 1 – Captura de tela das Redes Sociais(Instagram),


Canal(YouTube) e Atividade Virtual(Google-Meet)

Fonte: Elaborado pelos Autores(2020).


116
116
Figura 2 – Captura de tela de dados do Instagram.

Fonte: Elaborado Pelos Autores (2020)

CONCLUSÕES

Em razão da atual situação que vivemos o projeto de Extensão “Observando o Céu do


Cariri: Divulgação científica através da astronomia” tentou se adaptar a realidade e utilizou
os recursos tecnológicos disponíveis para desenvolver e realizar as suas ações. A partir
disso, o projeto conseguiu ter quase de 2.500 visualizações nas suas postagens e interagir
constantemente com pessoas da nossa região do Cariri cearense e em alguns casos de várias
partes do Brasil. Através dos dados coletados foi possível perceber que o público jovem e
feminino – faixa etária de 18 a 24 anos – se faz mais presente no projeto, possivelmente
em razão de utilizar tais redes mais frequentemente e de está em busca de “novidades”.
Contudo, as redes apresentam um cenário de grande desafio, uma vez que os projetos de
divulgação científica precisam “disputar a atenção” do público com os mais diversos temas
e informações, sendo portanto necessário um estudo mais detalhado das estratégias para
ampliar tanto o alcance, furando a “bolha regional” imposta pelo algoritmo de controle da
plataforma, quanto a interação. De todo modo, mesmo diante de uma grande quantidade
de informação, a utilização de redes sociais pode ampliar consideravelmente o interesse por
ciência, principalmente dos jovens, a partir de bons projetos de divulgação científica.

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA FILHO, K. S.; SARAIVA, M. F. O. Astronomia e Astrofísica. Porto Alegre: Ed.


Universidade/UFRGS., 2000.

PICAZZIO, E. Astronomia: O Céu que Nos Envolve. São Paulo - SP, 2011.

FRIAÇA, Amâncio C.S. et al. Astronomia: Uma visão Geral do Universo. 2008.

CORDEIRO, Karolina Maria de Araújo. O impacto da pandemia na educação: a utilização


da tecnologia como ferramenta de ensino. Faculdades IDAAM, http://repositorio.idaam.
edu.br/jspui/handle/prefix/1157, ano 2020, p. 1-15, 13 ago. 2020. Disponível em: http://
repositorio.idaam.edu.br/jspui/handle/prefix/1157. Acesso em: 14 out. 2020.
117
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

PROJETO CEARÁ 2050


contribuições do observatório das
cidades do Cariri

Área temática: Educação

Ana Lívia da Silva dos Santos1


Francisco Raniere Moreira da Silva2
Isabelle Almeida Ribeiro3
Marcos Danilo Estevam Sobreira4
Maykon Oliveira Monte5

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo geral, apresentar a atuação do Observatório
das Cidades do Cariri no desenvolvimento das atividades do Projeto Ceará 2050 no Cariri,
enquanto espaço de articulação em rede e ação coletiva. O Projeto Ceará 2050, trata-se de uma
iniciativa do Governo do Estado do Ceará em parceria com a diferentes Instituições de Ensino
Superior (IES) e a sociedade civil, articulando-se numa estrutura de Governança em Rede
Compartilhada. Com tentáculos espalhados pelas 14 macrorregiões de planejamento do estado,
o Ceará 2050 conta no Cariri, com o apoio do Observatório das Cidades do Cariri, Programa de
Extensão vinculado ao Laboratório de Estudos em Gestão de Cidades e Territórios (LaCITE).
De abordagem qualitativa e baseado em um estudo descritivo, o resumo conta os detalhes
da chegada do Ceará 2050 na região do Cariri e seus desdobramentos através do Núcleo de
Mobilização e Discussão da Plataforma Ceará 2050 no Cariri. Para a consolidação no Projeto
em âmbito regional, o Observatório, espaço de articulação e organização em rede, contribuiu
não somente na realização dos Encontros Regionais, mas, sobretudo, para a continuidade
das tratativas em torno do Ceará 2050 na região. Agrupando diferentes organizações que,
coletivamente, definiram as principais contribuições da região para o planejamento estadual

1 Discente do curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: a_li-
vias@outlook.com
2 Docente do curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: raniere.
moreira@ufca.edu.br
3 Discente do curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: isa-
belleribeiro@hotmail.com
4 Discente do curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: dani-
lomdes@gmail.com
5 Discente do Programa de Pós-Graduação em Avaliação de Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará (UFC).
E-mail: maykonmonte7@gmail.com 118
118
a partir das demandas e potencialidades do Cariri.

Palavras-chave: Observatório das Cidades do Cariri. Ceará 2050. Rede Cidadã.

INTRODUÇÃO

O delineamento estratégico de políticas públicas governamentais, revelam-se como


de potencial relevância para a gestão do território em diversas escalas de ação. Com efeito,
a reflexão dos desafios que giram em torno das políticas, deve observar a congruência entre
os elementos técnicos, políticos e participativos nas decisões que regem o planejamento e a
implementação das políticas públicas (REZENDE; ULTRAMARI, 2007).
No Brasil, o avançar do planejamento participativo alinhado à implementação e a
avaliação de políticas públicas, demonstram consideráveis mudanças a partir da década de
1990. Devido a crescente adesão da Administração Pública Gerencial, moldando o cenário
nos três níveis de governo em relação ao planejamento a longo prazo (BRESSER-PEREIRA,
1996).
Nessa perspectiva, encontra-se um conjunto de investidas do Governo do Ceará em
parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a sociedade civil no desenvolvimento
da Plataforma Ceará 2050. Projeto fundamentado no planejamento participativo e estratégico,
sendo sustentado pelos pilares do desenvolvimento sustentável (NETO, 2018)
O Laboratório de Estudos em Gestão de Cidades e Territórios (LaCITE/UFCA), por
meio do Observatório das Cidades do Cariri, assumiu o desafio de executar os desdobramentos
do Projeto, no âmbito do Núcleo de Mobilização e Discussão da Plataforma Ceará 2050 no
Cariri. Nesse sentido, para discorrer sobre essas tratativas, o presente trabalho tem como
objetivo geral, apresentar a atuação do Observatório das Cidades do Cariri no desenvolvimento
das atividades do Projeto Ceará 2050 no Cariri, enquanto espaço de articulação em rede e
ação coletiva.

Metodologia

Adotando a abordagem qualitativa, o resumo classifica-se como descritivo, contando


como delineamento, à pesquisa bibliográfica dos elementos que constituem o Projeto Ceará
2050.

Resultados

O Projeto Ceará 2050 iniciou em 2018, por meio de Encontros Regionais nas 14 regiões
de planejamento do Estado, apresentando 29 Objetivos Estratégicos distribuídos em cinco
Eixos: Valor para a Sociedade, Capital Humano, Serviços aos Cidadãos, Governança e Setores
Econômicos, cujo objetivos é tornar o Ceará um território justo, igualitário e desenvolvido em
119
2050, através do modelo de Gestão em Rede Compartilhada (ARAUJO, 2018).
No Cariri, antes da realização do primeiro Encontro Regional, ocorreu, o Ceará 2050
esteve presente durante a realização da VII Edição do Cidades em Debate, projeto de cultura
integrante do LaCITE. Com o tema “UFCA no Ceará 2050: Nosso Papel no Desenvolvimento
do Cariri”, o evento contou com a participação dos Professores Antônio Miranda (UFC) e
Expedito Parente (UFC).
Realizado no Centro de Convenções do Crato em junho de 2018, o I Encontro
Regional contou com a presença de diferentes representações do Poder Público Municipal,
da iniciativa privada, academias regionais e da sociedade civil. No mesmo dia, ocorreu tanto
a apresentação do Projeto Ceará 2050 e seus Objetivos Estratégicos, quanto os detalhes do
Plano Plurianual Participativo do Estado.
O II Encontro Regional, realizado no âmbito da UFCA em março de 2019, tinha
como proposta central, a identificação das demandas e potencialidades regionais do Cariri a
partir dos 29 Objetivos Estratégicos do Projeto. Os encaminhamentos foram protagonizados
pelas representações organizacionais presentes, sobretudo àquelas situadas entre Barbalha,
Crato e Juazeiro do Norte.
Paralelamente aos Encontros Regionais, ocorriam as deliberações do Núcleo de
Discussão e Mobilização da Plataforma Ceará 2050 no Cariri. O grupo, formado em 2018,
conta com 21 instituições parceiras, e quatro reuniões realizadas em diferentes espaços. Em
síntese, o Núcleo atua não somente no delineamento e acompanhamento das demandas
regionais, mas, na aproximação de novos atores de segmentos diversos.
Realizada em setembro de 2019, a última reunião do grupo consolidou os três Eixos
de ação coletiva, quais sejam: 1) Vocações Regionais; 2) Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável; e 3) Capital Humano e Integração Regional. Além de traçar 24 ações em
andamento e 15 em potencial, constituindo as proposições enviadas a Coordenação Estadual
do Projeto (MONTE, 2019).
Em todos os momentos, tanto na realização dos Encontros Regionais, quanto
no acompanhamento do Núcleo Cariri, o Observatório das Cidades do Cariri, ao lado da
Coordenação Estadual, esteve como intermediário na Gestão em Rede Compartilhada
(ARAUJO, 2018). Operacionalizando um de seus objetivos enquanto programa de extensão,
isto é, fortalecendo e articulando uma rede cidadã de monitoramento e ação coletiva, através
da definição de iniciativas em colaboração.
Ao assumir tamanha tarefa de escala regional, o Observatório ultrapassa o recorte
territorial proposto em 2019, a Região Metropolitana do Cariri, alcançando proporções
estaduais. Consolidando-se como espaço aglutinador de atores e mobilizador de políticas
públicas territoriais. Sem perder de vista, os interesses, as potencialidade e os desafios do
Cariri no trato das questões governamentais.

120
120
Figura 1 – I Encontro Regional

Fonte: Ceará 2050 (2018).

Figura 2 – Núcleo Cariri

Fonte: LaCITE (2019).

Conclusões

O Observatório das Cidades do Cariri, desde a institucionalização em 2018, esteve


comprometido com estratégias para além da identificação das dificuldades de ordem urbana
e institucional dos municípios do Cariri. Ao alinhar-se com o Projeto Ceará 2050, o Programa
amplia os horizontes de atuação e reforça como atribuição as ações pautadas na articulação e
colaboração em rede.
O Ceará 2050 define-se como estratégia de desenvolvimento a longo prazo,
necessitando, dentre outras coisas, de tentáculos espalhados entre as 14 macroregiões do
Estado. Descentralizando a liderança do próprio Poder Público e delegando aos laboratórios
e grupos distribuídos entre as academias, o Projeto inova significativamente na condução
de políticas públicas regionais. Contribuindo para o fortalecimento da UFCA no Cariri e nos
espaços de decisão política, e, indiretamente, valorizando o papel da ciência em um cenário
nacional de descredibilização da universidade pública.
Com isso, ao passo em que o Observatório contribui para a continuidade do Projeto
Ceará 2050 no Cariri, o Programa também cumpre sua missão enquanto espaço de extensão,
organizando e conduzindo os encaminhamentos do Núcleo de Discussão e Mobilização da
Plataforma Ceará 2050 numa estrutura em formato de rede cidadã.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Tania Bacelar. Governança para a Plataforma Ceará 2050. Consórcio


CEPLAM-PERSONAL, 2018. Disponível em: http://www.ceara2050.ce.gov.br/api/wp-
content/uploads/2018/10/ceara-2050-apresentacao-2050-governanca-tania-bacelar-
ceplan-personal.pdf. Acesso em: 25 Out. 2020.
121
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Da administração pública burocrática à gerencial. 1996.
DE OLIVEIRA, José Antônio Puppim. Desafios do planejamento em políticas públicas:
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2006.
MONTE, Maykon Oliveira. Núcleo de Discusão e Mobilização da Plataforma Ceará
2050 no Cariri. 2019. 5ª Edição do Boletim Informativo do Observatório das Cidades do
Cariri. Disponível em: https://issuu.com/ufca6/docs/08__edi__o___1_. Acesso em: 25
Out. 2020.

NETO, Barros. Um futuro de excelência, que tal?. 2018. Artigos do Ceará 2050.
Disponível em: http://www.ceara2050.ce.gov.br/api/wp-content/uploads/2019/01/ceara-
2050-artigo-barros-neto.pdf. Acesso em: 25 Out. 2020.

REZENDE, Denis Alcides; ULTRAMARI, Clovis. Plano diretor e planejamento estratégico


municipal: introdução teórico-conceitual. Revista de Administração Pública, v. 41, n.
2, p. 255-272, 2007.

122
122
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

PROJETO SAÚDE NA ESCOLA


cartilha digital de educação em saú-
de para estudantes

Área temática: Educação.

Geovanna Carvalho de Freitas Soares1


Flassian Hiêrro Leite de Oliveira2
Yuri de Sousa Cavalcante3
Clara Rosa Muniz Martins4
Carlos Davi Bezerra Felipe5
Cristiane Marinho Uchôa Lopes6

Resumo: O Projeto Saúde na Escola, desenvolvido conjuntamente pela Liga Caririense de


Anatomia Humana (LICAN) e pelo Projeto de Ensino e Extensão: Escola de Anatomia da
UFCA, por meio de material informativo sobre educação em saúde utiliza das Tecnologias
da Informação e Comunicação (TIC) para disponibilizar cartilhas digitais para estudantes
do ensino médio e de cursos preparatórios para o vestibular da rede pública. O objetivo do
projeto é fazer o ensino em saúde de forma acessível, integrada ao cotidiano dos estudantes
virtualmente e abordando temáticas compatíveis com os problemas de saúde mais comuns
da comunidade e que também sejam pertinentes às provas de vestibular, a fim de prevenir
doenças, estimular hábitos saudáveis entre os jovens e auxiliar os estudos remotos nessas
instituições de ensino.

Palavras-chave: Educação em Saúde. Cartilhas. Tecnologias da Informação e Comunicação.

1 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: geovanna.freitassoares@gmail.com


2 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: flassianhierro@gmail.com
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: sousa.yuri@aluno.ufca.edu.br
4 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: clara.rosa@aluno.ufca.edu.br
5 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: davi.bezerra@aluno.ufca.edu.br
6 Docente do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: cristiane.marinho@ufca.edu.br 123
123
INTRODUÇÃO

A Universidade Federal do Cariri (UFCA) apresenta como uma de suas principais


vertentes a extensão universitária como ponte entre o meio acadêmico e a comunidade, gerando
benefício mútuo e construção social favorável. Nesse sentido, a Liga Caririense de Anatomia
Humana (LICAN), em parceria com o Projeto de Ensino e Extensão: Escola de Anatomia
da UFCA, desenvolveu o Projeto Saúde na Escola com o fito de alcançar a comunidade por
meio das instituições de ensino médio e cursos preparatórios para o vestibular, ambos da
rede pública, propagando educação em saúde de forma acessível e prática aos estudantes.
Devido à atual situação de pandemia do novo coronavírus e às importantes medidas de
distanciamento social para contenção da transmissão da COVID-19, o Projeto Saúde na
Escola usou como ferramenta de disseminação do material informativo para as instituições
de ensino cadastradas as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), como plataformas
de ensino on-line, páginas virtuais e redes sociais, as quais segundo Pinto et al. (2017) são
estratégias efetivas de promoção da saúde e prevenção de agravos em grupos específicos.
Dessa forma as cartilhas de educação em saúde de maneira digital foram desenvolvidas tanto
para atender as necessidades de propagar informação de qualidade sobre saúde aos jovens,
quanto para complementar teoricamente a formação dos alunos para as provas do vestibular,
uma vez que as temáticas abordadas - educação sexual, prevenção de doenças crônicas e
aspectos da COVID-19 – englobam esses dois objetivos.

METODOLOGIA

Inicialmente, foram realizadas buscas nas plataformas on-line de aplicativos – App


Store e Play Store – sendo selecionado o aplicativo Canva© para efetivação das cartilhas.
Em seguida, temas específicos, os quais foram estimados relevantes para os objetivos pré-
estabelecidos do projeto, foram direcionados à tutela de cada um dos respectivos integrantes
da Liga (cinco membros). Posteriormente, foi estabelecido um cronograma de lançamento
das cartilhas, compreendido entre 03/08/2020 e 26/10/2020. As cartilhas on-line foram
elaboradas via pesquisas bibliográficas operacionalizadas mediante a busca eletrônica de
artigos indexados nas bases de dados PubMed e SciELO, além de buscas de imagens em
atlas de Anatomia Humana. Os dados obtidos e ilustrações selecionados foram compilados e
organizados a partir das ferramentas disponibilizadas pelo próprio aplicativo (Canva©), o qual
baseia-se na disponibilização de ferramentas e estruturas nas quais pode-se associar palavras, conteúdos
ou conceitos a diversas definições, figuras ou tópicos, com utilização da frente cartão para arquitetar o
conteúdo abordado. As cartilhas on-line representam fichas de estudo, abordando aspectos associados
ao processo de educação e promoção de saúde para a população, além de abordar conhecimentos
técnicos e anatômicos variados, como denominação de doenças, fisiopatologia, fatores de risco
e prevenção, entre outros tópicos, de variadas comorbidades que atingem o corpo humano,
a fim de otimizar e consolidar o aprendizado do público. A vantagem do digital, neste caso,
124
está na possibilidade de criação de inúmeras versões diferentes, com imagens digitalizadas
e coloridas sem nenhum custo e possibilidade universal de acesso. As seguintes instituições
de ensino se cadastraram via Google Forms© para receber os materiais de educação em saúde:
Cursinho Comunitário LOGUS (Barbalha - CE), Escola de Referência em Ensino Médio de Salgueiro
(Salgueiro - PE), Escola Técnica Estadual Professor Francisco Jonas Feitosa Costa (Arcoverde - PE),
Escola Técnica Estadual Jurandir Bezerra Lins (Igarassu - PE), Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Ceará - Campus Cedro (Cedro - CE); todas pertencentes à rede pública, às quais foi
disponibilizado o material em PDF por meio da plataforma Google Drive©.

RESULTADOS

O Projeto Saúde na Escola por meio das suas ações remotas, utilizando as Tecnologias
da Informação e Comunicação (TIC) para informar jovens estudantes acerca de assuntos
diversos da saúde, coloca em prática uma vertente da educação em saúde atual, elucidada por
Rodrigues (2017) como radical, uma vez que amplia o horizonte de ensino em saúde tornando
o público alvo o sujeito da interação, adentrando seu cotidiano e utilizando uma linguagem
acessível. Nessa perspectiva, o projeto disponibiliza cartilhas interativas (Figura 1), com
linguagem prática e por meio de plataformas digitais, como salas de aula virtuais, websites
das instituições de ensino e grupos virtuais do WhatsApp©, assim a educação em saúde torna-
se integrada ao cotidiano do jovem estudante que recebe o material informativo. A temática abordada
nas cartilhas é de extrema importância para o público alvo nas escolas de ensino médio e cursos
preparatórios para o vestibular, pois assuntos como educação sexual e prevenção de doenças crônicas
são de fundamental importância para a saúde da comunidade, principalmente dos jovens, os quais
são amplamente alcançados e influenciados pelo universo digital (BASTOS et al., 2018), o que faz a
dinâmica virtual do Projeto Saúde na Escola ideal para a disseminação de comportamentos saudáveis,
promoção da saúde e prevenção de agravos. Com a utilização das TIC foi possível alcançar cinco
instituições de ensino públicas em dois estados diferentes da região nordestina, Ceará e Pernambuco,
onde as cartilhas foram disponibilizadas remotamente para os alunos do 1º ao 3º ano do ensino médio
e nas turmas de preparatório para o vestibular, proporcionando um impacto na saúde de um
número significativo de jovens estudantes. Além disso, o projeto visa auxiliar paralelamente
as aulas remotas que foram implementadas nas instituições de ensino participantes devido
ao cenário de pandemia, uma vez que o material pode ser utilizado pelos professores e aborda
temáticas úteis para as provas de vestibular, visto que nas cartilhas é discutido aspectos gerais
das patologias, medidas de prevenção e correlações anatômicas básicas.

125
125
Figura 1 – Captura de tela da cartilha sobre COVID-19

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

CONCLUSÕES

O Projeto Saúde na Escola utiliza das TIC para realizar uma educação em saúde
ampliada através de cartilhas digitais, voltada para o dia a dia dos estudantes do ensino
médio e cursos preparatórios para o vestibular, propagando conhecimento emancipatório
sobre saúde, a fim de alcançar prevenção de doenças, promoção de hábitos saudáveis e auxílio
nos estudos remotos para o vestibular. Dessa forma a extensão ultrapassa seus limites físicos
e incentiva o uso das tecnologias digitais para benefício da comunidade de do meio acadêmico
em prol de uma melhor educação em saúde acessível e efetiva.

REFERÊNCIAS

BASTOS, Ismael Brioso et al. UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO


E COMUNICAÇÃO PARA A SAÚDE DO ADOLESCENTE: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA. Essentia, Sobral, v. 19, n. 2, p. 61-72, dez. 2018. ISSN: 1516-6406.
Disponível em: https://essentia.uvanet.br/index.php/ESSENTIA/article/view/166. Acesso
em: 19 out. 2020.

PINTO, Agnes Caroline Souza et al. USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO


E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE DE ADOLESCENTES: REVISÃO
INTEGRATIVA. Rev Enferm Ufpe On Line, Recife, v. 2, n. 11, p. 634-644, fev. 2017.
DOI: 0.5205/reuol.10263-91568-1-RV.1102201710. Disponível em: https://pesquisa.
bvsalud.org/portal/resource/pt/bde-30519. Acesso em: 19 out. 2020.

RODRIGUES, Ediones dos Santos. Uso de tecnologias da informação e comunicação na


educação em saúde de adolescentes soropositivos. 2017. 32 f. Monografia (Bacharel
em Odontologia) – Faculdade de Macapá – FAMA, 2017. Disponível em: https://
126
repositorio.pgsskroton.com/bitstream/123456789/16103/1/EDIONES%20DOS%20
SANTOS%20RODRIGUES.pdf. Acesso em: 19 out. 2020.

127
127
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

PROJETO SAÚDE NA ESCOLA


o uso de tecnologias digitais para a
educação em saúde no ensino mé-
dio

Área temática: Educação

Geovanna Carvalho de Freitas Soares1


Clara Rosa Muniz Martins2
Carlos Davi Bezerra Felipe3
Flassian Hiêrro Leite de Oliveira4
Yuri de Sousa Cavalcante5
Cristiane Marinho Uchôa Lopes6

Resumo: A Liga Caririense de Anatomia Humana, conjuntamente ao Projeto de Ensino


e Extensão: Escola de Anatomia da UFCA, desenvolveu o Projeto Saúde na Escola visando
abordar com estudantes do ensino médio temáticas voltadas à educação em saúde usando
as tecnologias digitais de informação e comunicação. O objetivo do projeto foi informar os
estudantes sobre os mais diversos temas da educação em saúde, como prevenção de doenças,
educação sexual e aspectos relacionados à COVID-19, por meio de videoaulas interativas
desenvolvidas pelos acadêmicos de medicina participantes do projeto e disponibilizadas
virtualmente às instituições de ensino públicas. Dessa forma, foi possível que a extensão
adentrasse o mundo digital com flexibilidade, auxiliando na saúde dos estudantes e das
pessoas do seu convívio, além de promover um conhecimento fundamental para as provas de
vestibular.

Palavras-chave: Educação em Saúde. Tecnologia da informação. Extensão.

INTRODUÇÃO

A Liga Caririense de Anatomia Humana (LICAN) é um projeto de extensão da

1 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: geovanna.freitassoares@gmail.com


2 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: clara.rosa@aluno.ufca.edu.br
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: davi.bezerra@aluno.ufca.edu.br
4 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: flassianhierro@gmail.com
5 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: sousa.yuri@aluno.ufca.edu.br
6 Docente do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: cristiane.marinho@ufca.edu.br 128
128
Universidade Federal do Cariri (UFCA) que tem como um dos seus objetivos promover ações de
educação em saúde na construção e multiplicação do conhecimento em seus variados âmbitos
direcionados à comunidade estudantil do ensino médio e dos cursinhos universitários da rede
pública. A presença das tecnologias digitais abriu espaço para que tal objetivo fosse alcançado,
uma vez que a evolução tecnológica voltada à educação vem corroborando para disseminação da
informação diante do cenário pandêmico causado pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). O uso
das tecnologias permite desenvolver estratégias de ensino eletrônico, e-learning, que engloba
uma abordagem pedagógica específica que tem como características principais ser flexível,
envolvente e centrada no discente (PAULINO et al., 2018). Nesse viés, a LICAN, em conjunto
com o Projeto de Ensino e Extensão: Escola de Anatomia da UFCA, desenvolveu o Projeto
Saúde na Escola para que os alunos das instituições públicas pudessem ter acesso a materiais
informativos direcionados à educação em saúde, que abordavam temáticas que objetivavam
a promoção da saúde, do autocuidado e prevenção, além de auxiliar na aprendizagem de
conteúdos que são exigidos nos vestibulares. Diante do cenário vivenciado, a utilização da
tecnologia se fez necessária para a melhor disseminação do conhecimento, por meio de vídeos
gravados pelos acadêmicos do curso de Medicina, melhorando o processo ensino-aprendizado
e tornando-o mais popular e acessível. Neste contexto, o ensino precisa ser repensado a fim de
corresponder às expectativas deste novo e atual momento (FORNAZIERO, 2010). O presente
estudo objetiva discutir os benefícios que as inovações provocadas pelo uso da tecnologia
proporcionam para a educação em saúde, elucidar como as temáticas abordadas podem ser
positivas para o processo de aprendizagem dos discentes das instituições públicas e mostrar
como o acesso a esse conteúdo pode influenciar na promoção da saúde.

METODOLOGIA

Para selecionar as instituições que demonstrassem interesse em participar do Projeto


Saúde na Escola, os membros da LICAN e do projeto Escola de Anatomia da UFCA, do curso
de Medicina da UFCA, disponibilizaram formulários eletrônicos para preenchimento de
dados na plataforma Google Forms®, onde a instituição de ensino deveria informar para inscrição
no projeto: nome da instituição, e-mail, localização física e forma de disponibilização dos materiais
digitais aos alunos. Dessa forma, as seguintes instituições demonstraram interesse em receber os
materiais de educação em saúde: Cursinho Comunitário LOGUS (Barbalha - CE), Escola de Referência
em Ensino Médio de Salgueiro (Salgueiro - PE), Escola Técnica Estadual Professor Francisco Jonas
Feitosa Costa (Arcoverde - PE), Escola Técnica Estadual Jurandir Bezerra Lins (Igarassu - PE),
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - Campus Cedro (Cedro - CE);
todas pertencentes à esfera pública. No processo de desenvolvimento dos vídeos informativos,
primeiramente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica através da busca eletrônica de artigos
indexados nas bases de dados PubMed e SciELO sobre a temática escolhida, juntamente à
busca de imagens em atlas de Anatomia Humana. A montagem dos vídeos ocorreu por meio de
variados aplicativos gratuitos de edição, como o Lumen5® e o Open Broadcaster Software®,
129
que possibilitam organização e dinamicidade dos elementos visuais e sonoros do material elaborado.
Posteriormente, seguindo uma ordem de envio estabelecida pelo cronograma, compreendido
entre 03/08/2020 e 26/10/2020, as instituições receberam via Google Drive® em formato
MP4 os materiais audiovisuais.

RESULTADOS

A nova dinâmica de ensino remoto adotada por muitas instituições de ensino médio
e superior durante a pandemia do novo coronavírus desencadeou nos projetos de extensão
universitária a necessidade de se utilizar das mais diversas tecnologias da comunicação e
da informação como forma de continuar o contato com a comunidade sem desrespeitar as
medidas de distanciamento social tão vitais para a contenção da pandemia. Nesse viés, o
projeto Saúde na Escola, fazendo uso de conceitos elencados por Paulino et al. (2018) sobre
a Educação Popular em Saúde, em prol de uma educação emancipatória e que faça parte
do cotidiano dos estudantes, iniciou a disponibilização de vídeo aulas interativas (Figura 1)
abordando os mais diversos temas de educação em saúde para jovens estudantes, a fim de
informar acerca de medidas de prevenção de doenças, da Anatomia Humana correlacionada às
patologias comuns da sociedade, diversos aspectos da educação sexual e também informações
pertinentes sobre a COVID-19, como as medidas de prevenção de contágio e comorbidades
associadas aos grupos de risco. A flexibilidade do compartilhamento do material via websites
oficiais das instituições de ensino (figura 2), salas de aulas virtuais ou redes sociais, como o
WhatsApp®, foi um ponto crucial para a realização do projeto, uma vez que os vídeos foram
utilizados como material de suporte para as aulas remotas das instituições participantes,
auxiliando na formação e preparação desses alunos para o vestibular. Tal flexibilidade
possibilitou um amplo alcance das ações do Projeto Saúde na Escola, visto que cinco escolas
da rede pública, distribuídas em dois estados distinto, Ceará e Pernambuco, divulgaram o
material de educação em saúde para os estudantes do 1º ao 3º ano do ensino médio e para
turmas preparatórias para o vestibular, estimulando práticas saudáveis e informando uma
quantidade considerável de jovens discentes. Além disso, as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) dos cursos de graduação em Medicina apontam para a grande importância da temática
da Educação em Saúde na formação médica e o uso das novas tecnologias de informação e
comunicação (PAULINO et al., 2018). Pensando nisso, o projeto de extensão Saúde na Escola
promoveu aos acadêmicos de Medicina participantes, uma experiência dinâmica pedagógica
única no estudo e na promoção de saúde, uma vez que o desenvolvimento dos materiais em
vídeo sobre os mais diversos temas da saúde na comunidade acrescentou conhecimento
teórico e prático à formação universitária do acadêmico mesmo em um contexto tão atípico,
no qual a educação superior se encontra devido à pandemia do novo coronavírus.

130
130
Figura 1 – Captura de tela do ambiente virtual
Moodle® de uma instituição de ensino participante

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

Figura 2 – Captura de tela da vídeo-aula sobre métodos


contraceptivos disponibilizada pelo projeto

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

Conclusões

O projeto Saúde na Escola, em meio a um cenário de educação remota sem precedentes,


promoveu educação em saúde de maneira prática e integrada ao cotidiano dos estudantes
131
por meio de videoaulas interativas, a fim de informá-los sobre aspectos gerais das patologias
comuns à sociedade e também auxiliar na preparação para o vestibular complementando o
componente curricular já realizado pelas instituições de ensino.
A ação foi bem executada quanto ao alcance das instituições de ensino em variadas
localidades e quanto à diversidade das temáticas abordadas, embora um método mais
quantitativo acerca da avaliação do impacto das informações na vida e nos estudos dos jovens
ainda seja um desafio para a proposta do projeto. Além disso, a comunidade acadêmica
participante do projeto adquiriu conhecimento teórico e prático com metodologias de
ensino digitais, favorecendo sua formação superior por meio da extensão em contato com a
comunidade.

REFERÊNCIAS

FORNAZIERO, C. C., et al. O ensino da anatomia: integração do corpo humano e meio ambiente.
Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 34, n. 2, p. 290-297, 2010. DOI:
https://doi.org/10.1590/S0100-55022010000200014 Disponível em: https://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022010000200014. Acesso em: 18 out. 2020.

PAULINO, Danilo Borges et al. WhatsApp® como Recurso para a Educação em Saúde:
Contextualizando Teoria e Prática em um Novo Cenário de Ensino-Aprendizagem. Revista
Brasileira de Educação Médica, Uberlândia, v. 1, n. 42, p. 169-178, nov. 2018. DOI: https://
doi.org/10.1590/1981-52712018v42n1rb20170061 https://doi.org/10.1590/1981-
52712018v42n1rb20170061 Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
55022018000100171&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 18 out. 2020

132
132
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

REFLEXÕES DA EXTENSÃO A
DISTÂNCIA EM TEMPOS DE
PANDEMIA
o uso de plataformas virtuais em
uma ação Liegs/ufca

Área temática: Educação.

Eduardo Leite Alves1


Brenner Alexandre Vieira2
Patrick Wendell Barbosa Lessa3
Cícera Mônica da Silva Sousa Martins4
Jeová Torres Silva Júnior5

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar o processo de implementação da segunda
edição do Curso Gestão Social ofertado pelo Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Gestão
Social – LIEGS, no ano de 2020, abordando nesta edição o tema “Extensão a Distância”, levando
em consideração o atual cenário de pandemia. Tendo em vista este impasse, o Laboratório articulou
o curso com total disponibilidade em ambiente virtual e aberto para participantes de todo o país.
Sua primeira edição contou com um total de 26.512 inscritos e a atual com apenas 520, pois esta foi
uma aplicação-teste devido ser um novo método para o LIEGS. O curso teve duração de 07 semanas
que ao todo contabilizaram 120 horas. Seu planejamento, rede de relacionamentos e execução foram
inteiramente de forma online, com a utilização das plataformas digitais para interação com os cursistas,
sendo as principais delas o Google Classroom para divulgação dos 12 módulos temáticos, videoaulas e
materiais complementares, o Google Meet e Instagram para lives, fóruns e debates em tempo real e a
plataforma Socrative para aplicação das avaliações. Esta edição do Curso Gestão Social trouxe muitos
ensinamentos enriquecedores tanto para a equipe do Laboratório quanto para os participantes, uma
vez que a interação entre estes dois lados foi um dos pontos-chave e esta proporcionou várias trocas
de experiências e saberes. Ao final desta edição, os participantes responderam um questionário que
tinha como objetivo avaliar o curso em si, a equipe técnica e a si próprio. Por meio deste questionário,
nos foi exposto em quais pontos estamos indo bem e quais precisamos melhorar para uma experiência

1 Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: eduardo.leite.alves0@gmail.com


2 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: brenner.alexandree@gmail.com
3 Graduando em Administração pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: patrick.lessa@aluno.ufca.edu.br
4 Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), pesquisadora do LIEGS/UFCA. E-mail: monicamar-
tins_sousa@hotmail.com
5 Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor tutor do LIEGS/UFCA. E-mail: jeova.
torres@ufca.edu.br 133
133
mais satisfatória.

Palavras-chave: Educação à Distância. Gestão Social. Formação.

INTRODUÇÃO

O Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Gestão Social (LIEGS) é um programa de


extensão da Universidade Federal do Cariri (UFCA), fundado em novembro 2006, sediado em Juazeiro
do Norte, vinculado ao Centro de Ciências Sociais Aplicados (CCSA) e reconhecido pela Pró-Reitoria
de Extensão (PROEX) da instituição. Atualmente o LIEGS desenvolve de modo continuado quatro
ações de extensão: o projeto Gestão Social nas Escolas, o Núcleo de Extensão em Desenvolvimento
Territorial, os Seminários de Gestão Social e as Oficinas da Escola Livre em Gestão Social, além de
outras ações executadas de forma eventual.
Partindo da compreensão da gestão social como processo de “tomada de decisão coletiva, sem
coerção, baseada na inteligibilidade da linguagem, na dialogicidade e no entendimento esclarecido
como processo” (CANÇADO, TENÓRIO, ERTHAL, 2013, p. 17-18) e da compreensão do que é
extensão e práticas de educação popular advinda de Freire (1983), o LIEGS atua em comunidades,
organizações da sociedade civil e ações em políticas públicas partindo de metodologias de natureza
participativa.
No atual cenário de pandemia por conta do COVID-19, o laboratório teve que replanejar suas
atividades para dar continuidade às suas ações de extensão. Visto o contexto de isolamento social e a
dificuldade de ir ao campo para executar suas ações, optou-se pela promoção de atividades remotas
que contribuíssem para que o LIEGS continuasse buscando realizar seu objetivo. Assim, alguns
projetos foram idealizados para o período, dentre eles, a organização da segunda edição do Curso de
Gestão Social- Extensão à distância.
A primeira edição desse curso aconteceu em 2017. Esta segunda edição recebeu 520 inscritos,
entre docentes, discentes, atuantes da área e pesquisadores de todo o território nacional. O curso
foi realizado em ambiente virtual, utilizando as ferramentas Google Suite disponibilizado pela UFCA
(Google Meet, Google Classroom e Google Drive) e a plataforma Socrative, como meios de facilitação,
atuação e interação com os membros da equipe e alunos.
O curso foi composto de 12 (doze) módulos temáticos sequenciais com carga horária total de
120 horas e duração de 07 (sete) semanas. Os textos ficaram disponíveis junto com as vídeo-aulas no
ambiente Google Classroom e as avaliações foram realizadas pelos estudantes participantes através
do aplicativo Socrative. A cada três módulos, buscou-se elaborar fóruns de discussão para debater as
dúvidas sobre os temas abordados.
O propósito deste trabalho é refletir sobre as experiências na construção e oferta do curso,
bem como as reflexões dos participantes emitidas através da avaliação que estes fizeram do Curso de
Gestão Social EAD, promovido pelo LIEGS entre junho e agosto de 2020.

METODOLOGIA

O presente estudo, caracterizado como qualitativo, foi construído a partir de duas


estratégias metodológicas: a análise documental e o relato de experiências. Segundo Gil (2008), a
análise documental é um instrumento de coleta de dados que permite ao pesquisador conhecer fatos
134
relevantes acerca de um tema escolhido. Para isso, foram analisados os formulários de avaliação sobre
o curso, submetido pelos alunos ao final do processo, como também os materiais educativos utilizados
no curso. Já sobre o método de relato de experiência, Daltro e Faria (2019, p.235) afirmam que este
se configura como um tipo de narrativa que, de forma simultânea “circunscreve experiência, lugar
de fala e seu tempo histórico, tudo isso articulado a um robusto arcabouço teórico, legitimador da
experiência enquanto fenômeno científico”. Para composição do relato, foram utilizadas as narrativas
dos bolsistas e pesquisadores envolvidos na construção e execução do projeto.
Ao final do curso foi enviado um questionário avaliativo, dividido em 6 seções: Ambiente
virtual; Material didático; Aspectos pedagógicos; Suporte técnico; Equipe de gestão e docentes; e
Interatividade. Na maioria das questões foi aplicada uma escala likert de satisfação para obtenção das
respostas, com itens de 1 a 5 (1 equivale a muito insatisfeito e 5 equivale a muito satisfeito). Nas outras
questões, constituídas para coleta de respostas abertas, os participantes poderiam trazer informações
complementares, sugestões, críticas e/ou elogios. Foram totalizadas 131 participantes respondentes.
O objetivo da avaliação era saber como os participantes vivenciaram o curso EAD, visto que a crise
sanitária global impediu que o curso fosse feito de forma presencial e que a aplicação do feedback é
válida aqui, devido à sua essencialidade no aspecto de melhorar o processo de aprendizagem (FLUMINHAN,
ARANA, FLUMINHAN, 2013). As informações obtidas nessa avaliação formam a base das discussões dos
resultados expostos na seção seguinte.

RESULTADOS

Através de um objetivo central de transmitir os conceitos de gestão social, mesmo em tempos


de pandemia, a realização do curso trouxe vários ensinamentos e também resultados que foram muito
além das expectativas iniciais. Desde o início da aplicação dos primeiros módulos, notou-se uma
participação bastante assertiva dos participantes. Com o passar das aulas, os alunos tiveram bastante
interação nos chats das transmissões ao vivo.
Dentre as dificuldades na realização, a participação dos alunos foi muito mais expressiva do
que a prevista inicialmente, sendo assim, a equipe de suporte, que era limitada a quatro pessoas, teve
que se desdobrar para atender a demanda de dúvidas e informativos diários dos participantes do curso.
Além de que, como o público alvo foi bastante diverso, desde pessoas com notória familiaridade com
plataformas digitais, até pessoas que tiveram sua primeira experiência, a abordagem do suporte era
diversificada, dependendo do aluno. Destarte, vários comentários dos participantes demonstraram
o nível de conhecimento sobre os ambientes virtuais, alguns até afirmaram que foi a primeira vez
que utilizaram o Classroom. As atividades foram realizadas através dos 12 módulos propostos pelo
curso, com pelo menos uma live em cada um. Ao final de 3 módulos, uma avaliação era aplicada com o
intuito de aprofundar a aprendizagem dos alunos, ao todo foram aplicadas 4 avaliações. No que tange
ao feedback do curso, pode-se afirmar que, nas seções voltadas apenas para o curso, todas as médias
foram superiores a 4 (ver Quadro 1).

Quadro 1: média geral e desvio padrão das seções do formulário avaliativa


Média
Seção Desvio Padrão
Geral
Ambiente Virtual 4.63 0.53
Material Didático 4.79 0.34
135
135
Aspectos Pedagógicos 4.54 0.58
Suporte Técnico 4.66 0.48
Secretaria, coordenação, mediadores e professores-palestrantes 4.80 0.33
Interatividade, Material Gráfico e Outros Aspectos 4.55 0.56
Autoavaliação 3.91 01.08
Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

Neste sentido, é notável que a equipe organizadora do evento demonstrou sua eficiência e
seu esmero pelo planejamento e organização do curso. Em contrapartida, a autoavaliação foi a seção
que obteve a menor média, isto pode ser justificado devido à alguns participantes não terem muita
experiência com as plataformas utilizadas ou alguns fatores externos que comprometeram a eficácia
do curso, por exemplo, as atividades domésticas. Desta forma, nota-se que, em home office, há sim
algumas dificuldades para as pessoas se integrarem com totalidade aos cursos online.
Diante os dados do quadro acima, ainda é possível perceber que os desvios padrões das seções
voltadas para o curso em si foram relativamente baixas - inferiores a 1 -, logo, há a comprovação de
que as respostas foram bastante semelhante e não houve muita dispersão. Já na seção Autoavaliação,
fica perceptível que o desvio padrão é superior a 1, o que demonstra a diversidade do público que
participaram do curso.

CONCLUSÕES

A partir das informações expostas nesse trabalho, partindo da visão de estudantes e


professores que foram os realizadores da ação, foi visto que pode-se aprender bastante com a aplicação
de um curso totalmente virtual, e principalmente, o grupo ficou realizado com o tamanho sucesso
após a finalização do curso. Através da interação com os alunos, foi possível adaptar o processo de
aprendizagem tanto de plataformas digitais como de gestão social. A partir disso percebe-se que a
familiaridade com esses meios varia de pessoa a pessoa, e a abordagem também tem que variar. Para
as próximas edições, ficam ensinamentos referentes a ampliação do conceito de gestão social através
de plataformas digitais, e suas contribuições que vão muito além de conhecimento técnico, e sim,
social na vida de cada um.

REFERÊNCIAS

CANÇADO, A. C.; TENÓRIO, F. G.; ERTHAL, L V. Gestão Social versus Gestão Estratégica. In:
TENÓRIO, F. G. (org.). Gestão Social e Gestão Estratégica: Experiências em Desenvolvimento
Territorial. Rio de Janeiro: FGV, 2013.

DALTRO, M.R.; FARIA, A. A. Relato de experiência: Uma narrativa científica na pós-modernidade.


Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 19, n. 1, 223-237, 2019.

FLUMINHAN, C. S. L.; ARANA. A. R. A; FLUMINHAN, A. A importância do feedback como


ferramenta pedagógica na educação à distância. Colloquium Humanarum, vol. 10, n. Especial, Jul–
Dez, 2013, p. 721-728.

FREIRE, P. (1983). Extensão ou Comunicação? (Traducción de Rosisca Darcu de Oliveira). 7ª ed.


(1ª edición:1969). Rio de Janeiro: Paz e Terra.
136
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008.

137
137
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

REINVENTANDO A GESTÃO DE
PESSOAS NA PANDEMIA

Área temática: Educação.

Liana de Andrade Esmeraldo Pereira1


Sabrina Suerli Melo2

Resumo: A pandemia do coronavírus ensejou mudanças no estilo de vida e trabalho


da população. Adaptações e reinvenções se fizeram necessárias para acompanhar as
transformações advindas dessa situação. Da mesma forma, o programa Núcleo em Gestão de
Pessoas impulsionou a divulgação das ações e eventos online e gratuitos com o objetivo de
instrumentalizar as pessoas com ferramentas necessárias ao exercício das atividades remotas.
E, por meio deste trabalho, constatou-se que, através das visualizações e feedbacks obtidos,
as estratégias utilizadas foram exitosas no alcance dos objetivos traçados

Palavras-chave: Gestão de Pessoas. Home Office. Isolamento Social.

INTRODUÇÃO

A pandemia que assolou o mundo em 2020 suscitou mudanças no modo de viver


das pessoas, trazendo novos desafios a serem enfrentados. Estamos vivenciando um cenário
de crise econômica e social, onde vários trabalhadores tiveram redução de carga horária ou
contratos suspensos, aumentando o número de desempregados. Entre os ainda empregados,
muitos tiveram que aprender a trabalhar com tecnologias digitais para continuarem o
exercício profissional. A situação de home office, termo utilizado para definir situações de
trabalho remoto em ambiente doméstico, também trouxe impactos na convivência familiar,
principalmente em lares com filhos. Os pais começaram a desempenhar múltiplos papéis, pois
enquanto cuidam de seus lares, também trabalham nesse espaço (LOSEKANN; MOURÃO,
2020).
1 Doutora em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB). Docente da Universidade Federal do
Cariri (UFCA). E-mail: liana.esmeraldo@ufca.edu.br
2 Especialização em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica pela Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN). Assistente
Administrativo na Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: sabrina.melo@ufca.edu.br 138
138
Tais vivências provocaram o entrelaçamento entre o público com o privado e outras
adaptações necessárias à manutenção do trabalho remoto, infligindo novos padrões de
aprendizagem, desenvolvimento de novas habilidades e formação de novas competências.
Losekann e Mourão (2020) afirmam que o trabalho durante a pandemia trouxe novas
perspectivas para a dimensão produtividade, tanto para as empresas, como para os
trabalhadores. Partindo da compreensão das reverberações do teletrabalho no contexto
atual, algumas publicações ressaltaram a proliferação de agravos à saúde mental durante
a pandemia, como os artigos da revista de Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT)
que destacaram inclusive, as ações desenvolvidas por uma rede de solidariedade por meio de
serviços online gratuitos de suporte psicológico alcançando várias classes de trabalhadores,
porém mais uma vez, requerendo a necessidade de equipamentos tecnológicos (FIHO Et al,
2020).
Barbosa, Costa e Hecksher (2020) assinalam que essa situação de mudanças nas
dinâmicas de trabalho ampliou as desigualdades sociais já existentes no país. Entende-se
que a aquisição e aprendizagem dos equipamentos evidenciaram as dificuldades inerentes
ao mercado de trabalho, exacerbando-as, uma vez que, determinadas profissões e trabalhos
tornaram-se precários pela impossibilidade de realização das atividades na modalidade
remota.
Com o objetivo de assessorar os trabalhadores neste novo tempo, o programa de
extensão Núcleo em Gestão de Pessoas-NUGEP realizou parcerias com outros projetos,
agregou colaboradores eventuais e impulsionou a divulgação de eventos e ações online e
gratuitas de modo a instrumentalizar a população com as ferramentas necessárias ao exercício
das atividades laborais e condições de trabalho, gestão das emoções e cidadania. Tendo em
vista esse cenário, o presente resumo objetiva relatar as experiências do NUGEP nas ações
desenvolvidas no ano de 2020 em um contexto de atividade remota.
Metodologia
O presente estudo, de caráter qualitativo, foi construído a partir da metodologia
Relato de Experiência, que segundo Oliveira (2012) consiste em uma forma de construção
do conhecimento voltada ao campo vivencial, onde as ações acompanhadas são descritas
partindo da perspectiva do produtor desse conhecimento. Para compor esse relato, foram
analisados materiais referentes às atividades desenvolvidas durantes este ano pelo NUGEP,
como reuniões, oficinas e rodas de conversa. Também foi consultado relatos de membros da
equipe sobre as atividades desenvolvidas e pessoas que acompanham a página na rede social,
o Facebook em questão, muito utilizado, assistido e dinâmico.
Foram abordadas questões científicas, tecnológicas, educacionais, culturais, sociais e
organizacionais, demonstrando atenção sobre a situação da pandemia e assumindo o caráter
transformador do conhecimento produzido. A união com outras propostas de projetos foi
essencial para o fortalecimento das ações, ampliando as perspectivas, vivências e relações
entre a comunidade.

139
Resultados

A proposta metodológica mostrou-se eficiente quanto ao manuseio de informações


atualizadas e necessárias dentro da conjuntura atual, em que as atividades virtuais foram
preponderantes. A comunicação intermediada pelas mídias sociais demonstrou ser um
indicador de um hábito de vida contemporâneo, consolidado em uma Pandemia, uma vez que
o fluxo de informações foi disseminado de forma dinâmica na direção todos-todos. A Página
do NUGEP- Núcleo de Gestão de Pessoas no facebook foi criada no ano de 2015 e é utilizada
até os dias atuais. Como pode ser observado nas figuras 1 e 2,

Figura 1- Total de visualizações da página do NUGEP no


Facebook

Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).

Figura 2- Medição do
engajamento das últimas postagens
da página do NUGEP

Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).

Foram 206 publicações do mês de março até outubro de 2020. Dentre as postagens
realizadas, de acordo com um cálculo feito sobre alcance e engajamento, as temáticas mais
140
140
acessadas durante o período de pandemia foram o vídeo sobre Comunicação Não-Violenta,
uma publicação sobre o saque do FGTS e um vídeo produzido por um dos psicólogos da UFCA
quarentena e saúde mental, como pode ser visto na tabela 1

Tabela 1- Publicações de maior alcance na página do NUGEP no período pandêmico


(março a outubro de 2020).
Publicações de maior alcance e engajamento no período pandêmico

Publicado Tipo Direcionamento Alcance Envolvimento Temática

04/04/2020 Vídeo Público 17 3 “A chave da Quarentena”


04/04/2020 Vídeo Público 11 2 “Cordel: Cuidados em
tempos de quarentena”
12/04/2020 Link Público 11 1 “O isolamento é físico e não
afetivo”
16/04/2020 Vídeo Público 13 2 “Mente, corpo e alma:
incentivando exercício físico
em casa”
22/05/2020 Vídeo Público 11 5 “Inteligência emocional”
10/06/2020 Vídeo Público 12 0 “Semana do Meio
Ambiente”
17/06/2020 Vídeo Público 10 2 “Momento impar: o que
esperar da gestão de
pessoas em tempos de
pandemia?”
26/06/2020 Vídeo Público 470 31 “Comunicação Não-
Violenta”
09/07/2020 Vídeo Público 69 49 “Saque do FGTS
emergencial”
Fonte: Elaborado pelas autoras (2020).

Como pode ser observada, a maioria das publicações mais acessadas trata de
assuntos voltados a saúde ocupacional e a temáticas emergentes como os auxílios e questões
ambientais. A busca por conteúdos envolvendo saúde mental corrobora com o que é dito por
Hilo et. al (2020) a busca dos trabalhadores por conteúdos que os ajude a compreender o
contexto pandêmico e a se adaptar a essa nova realidade de trabalho.

Conclusões

Neste período de isolamento social, o uso das redes sociais se tornou o principal meio
de comunicação, em várias áreas, mas principalmente em atividades laborais e estudantis.
Este alcance se deve a possibilidade de ampliação do acesso a população com informações e
conhecimentos atuais e relevantes. Por conta desta realidade, a página do NUGEP, alcançou
maior visibilidade, principalmente pelo cuidado em disseminar assuntos que atingissem um
público diversificado. A integração com atividades de outros projetos/propostas também
possibilitou o fortalecimento das ações e consequentemente atingir a finalidade do programa
que se constitui em colaborar na formação técnica e humana dos discentes, propositores e
141
executores das ações, e contribuir para o desenvolvimento social e humano da comunidade
externa.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, A. L. N. H.; COSTA, J. S.; HECKSHER, M. Mercado de trabalho e pandemia


da Covid-19: ampliação de desigualdades já existentes? Mercado de Trabalho: conjuntura
e
análise, Rio de Janeiro, n. 69, 2020.

FIHO, J. M.J. Et al. A saúde do trabalhador e o enfrentamento da COVID-19. Revista


Brasileira de Saúde Ocupacional. São Paulo, v. 45, p.1-3, 2020.

LOSEKANN, R. G. C. B; MOURÃO, H. C. Desafios do teletrabalho na pandemia COVID-19:


quando o home vira office. Caderno de Administração, v. 28, p. 71-75, 5 jun. 2020.

OLIVEIRA, A. Do relato de experiência ao artigo científico: questões sobre gênero,


representações e letramento na formação de professores a distância. SCRIPTA, Belo
Horizonte, v. 16, n. 30, p. 307-320, 1º sem. 2012.

142
142
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

SÉRIE CARIRI CIDADE


uma produção tecnológica do ob-
servatório das cidades do cariri

Área temática: Educação.

Ana Lívia da Silva dos Santos1


Francisco Raniere Moreira da Silva2
Isabelle Almeida Ribeiro3
Marcos Danilo Estevam Sobreira4
Maykon Oliveira Monte5

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo geral a apresentação do processo de


construção de material científico e informativo sobre a Região Metropolitana do Cariri, através
da Série Cariri Cidade. Trata-se de uma produção tecnológica do Observatório das Cidades do
Cariri, Programa de Extensão vinculado ao Laboratório de Estudos em Gestão de Cidades e
Territórios (LaCITE) da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Pautado numa abordagem
qualitativa e fazendo uso de pesquisas bibliográficas e documentais para a construção dos
materiais utilizados durante as gravações, a Série Cariri Cidade também empregou duas
técnicas de coleta de dados, objetivando a obtenção de informações dos interessados que
votaram para definir os temas que foram objetos de discussões durante às entrevistas.
Apesar da conclusão das gravações em 2019, apenas duas entrevistas foram divulgadas até
o momento, sendo este o principal desafio para a concretização dos trabalhos. Além disso,
identifica-se como mais uma dificuldade a ser superada nos próximos trabalhos da Série, a
inclusão de novos docentes e pesquisadores(as) das cidades limítrofes ao Eixo Crajubar (Crato,
Juazeiro do Norte e Barbalha) e que também integram a Região Metropolitana do Cariri. Para
tanto, às etapas iniciadas em 2019 e o sucesso das gravações, já constituem o terreno inicial
para a superação dos desafios identificados neste trabalho e outros que venham a surgir,
1 Discente do Curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: a_li-
vias@outlook.com
2 Docente do Curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail:
Raniere.moreira@ufca.edu.br
3 Discente do Curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail:isa-
bellearibeiro@gmail.com
4 Discente do Curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: dani-
lomdes@gmail.com
5 Discente do Programa de Pós-Graduação em Avaliação de Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará (UFC).
E-mail: maykonmonte7@gmail.com 143
143
podendo contribuir para a ampliação do alcance das ações do Observatório das Cidades do
Cariri e, consequentemente, o fortalecimento da divulgação científica entre os municípios
metropolitanos.

Palavras-chave: Entrevista. Série Cariri Cidade. Observatório.

INTRODUÇÃO

Analisar a cidade para além das estruturas físicas constitui parte de um exercício
importante na identificação de elementos implícitos na dinâmica urbana. Enquanto espaço
constituído por diferentes atores e interesses, a cidade real, isto é, aquela que se apresenta
como tal, pode não transparecer em um primeiro momento os desafios de ordens política,
econômica e social (MARICATO, 2002; ROLNIK, 1995). Com relevantes contribuições à
ciência, a geografia ainda ocupa posição significativa nos estudos referentes à cidade. Segundo
Rolnik (1995), ao ser comparada a um imã, a cidade atrai grupos distintos, cujas ações
sobre o território urbano são diversos, e, consequentemente, não sendo captados em sua
totalidade por uma única ciência. Desta forma, áreas do conhecimento vinculadas à gestão,
como a administração pública, alinham-se aos estudos urbanos na busca de estratégias que
visem a resolução e/ou minimização dos problemas públicos. Um passo fundamental nesse
processo, antecedendo a ideia finalística de concretizar agendas políticas em instrumentos de
ação pública (Lascoumes e Le Galès, 2012), parte do desenvolvimento e publicação do saber
científico. Entende-se que, por mais importante que seja a produção de políticas públicas
pelos atores que vivem no âmbito da cidade, é indispensável a compreensão de temas que,
inclusive, podem ser pautas das estratégias traçadas. Nessa perspectiva, a divulgação científica
surge como um aliado necessário de compreensão da cidade, seja apresentando os problemas
e/ou propondo soluções. Conforme Miranda et.al. (2020), os cidadãos têm a necessidade de
receber informações sobre ciência, pois afetam (in)diretamente a vida em sociedade. Para
tanto, a universidade pública tem papel indispensável na difusão do conhecimento científico e
tecnológico, bem como auxiliar na formação de profissionais críticos e sensíveis às demandas
do território.
Considerando esse panorama, o Observatório das Cidades do Cariri, vinculado ao
Laboratório de Estudos em Gestão de Cidades e Territórios (LaCITE), através do objetivo
de construir e difundir informações ligadas a realidade urbana dos municípios do Cariri,
desenvolveu a Série Cariri Cidade. Produto tecnológico composto por cinco entrevistas que
abordam temas votados por estudantes, tendo como entrevistados, docentes e gestores. Com
isso, o presente trabalho adota como objetivo geral, apresentar a construção de material
científico e informativo sobre a Região Metropolitana do Cariri6 (RM-Cariri) através da Série
Cariri Cidade. Sinalizando os desafios de discutir nove municípios metropolitanos no terreno
6 A Região Metropolitana do Cariri foi instituída através da Lei Complementar Estadual N° 78/2009, e compreende nove
municípios: Barbalha, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Jardim, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do
Cariri.
144
acadêmico, assim como os resultados obtidos e as possibilidades de continuidade da produção
tecnológica.

METODOLOGIA

A metodologia está fundamentada na abordagem qualitativa, dividindo-se entre


pesquisa bibliográfica e documental, enquanto delineamentos da pesquisa. Adicionalmente,
o trabalho empregou duas técnicas de coleta de dados: 1) questionário virtual disponível ao
público geral; e 2) entrevista junto aos pesquisadores convidados.

RESULTADOS

A Série Cariri Cidade iniciou-se com a divulgação do questionário: “O que você gostaria
de saber sobre a Região Metropolitana do Cariri?”, disponível entre os dias 15/04/2019 à
27/04/2019, no qual poderia ser votado até quatro temas, a partir dos doze temas sugeridos:
1) Cidades Inteligentes – Tecnologia e Inovação; 2) Cultura; 3) Direito à Cidade; 4) Economia
e Desenvolvimento Territorial; 5) Educação para a Cidadania Ativa; 6) Gênero e Diversidade;
7) Governança; 8) Habitação; 9) Infraestrutura Urbana; 10) Meio Ambiente; 11) Mobilidade
Urbana; e 12) Segurança Pública. Com a participação de 56 votantes, definiu-se os seguintes
assuntos: (1) Infraestrutura Urbana (22 votos); (2) Direito à Cidade e Mobilidade
Urbana (21 votos); (3) Cidades Inteligentes – Tecnologia e Inovação (20 votos);
(5) Meio Ambiente (18 votos). Devido ao empate ocorrido entre os temas de Direito
à Cidade e Mobilidade Urbana, optou-se por agrupá-los na mesma discussão. Após a
consolidação dos resultados, iniciou-se a fase de mapeamento dos docentes que ocuparam a
posição de entrevistados(as). Alguns nomes já integravam a equipe de parceiros do LaCITE,
e outros tiveram o primeiro contato, ampliando a rede de parcerias externas do Laboratório.
Desta forma, o grupo de sujeitos participantes das entrevistas organizou-se da seguinte
maneira: (1) Infraestrutura Urbana - Profa. Ana Patrícia Bandeira (UFCA); (2) Direito à
Cidade e Mobilidade Urbana - Profa. Firmiana Fonseca (URCA); (3) Cidades Inteligentes
– Tecnologia e Inovação - Prof. Alandey Severo (UFCA) e Michel Araújo (Ex-Secretário de
Desenvolvimento e Inovação do Município de Juazeiro do Norte); (5) Meio Ambiente – Prof.
Diego Coelho (UFCA). Diferente das demais entrevistas, o tema sobre Cidades Inteligentes
– Tecnologia e Inovação, contou com dois entrevistados. A combinação das diferentes
visões sobre o objeto de debate, apesar de partir de atores atuantes, resultou em aportes
significativos ao trabalho, pela correlação das abordagens teóricas e práticas relacionadas a
Cidades Inteligentes. No qual, o segundo entrevistado, Michel Araújo, apresentou os primeiros
resultados e as perspectivas quanto ao Plano Diretor de Tecnologia da Cidade de Juazeiro do
Norte. As entrevistas foram gravadas entre os meses de Junho e Julho de 2019 na própria
UFCA. E após cinco meses de edição audiovisual, a divulgação dos vídeos iniciaram-se em
maio de 2020, nas mídias sociais do LaCITE. Apesar da longevidade do trabalho, a produção
145
145
alinhou-se aos objetivos do Observatório, articulando-se em rede com os parceiros(as) do
LaCITE desde o início da atividade, cujos resultados corroboram para a produção e difusão
de informações úteis sobre a realidade urbana das cidades que integram a RM-Cariri. Além
disso, a utilidade dos materiais estão para além da disponibilidade entre os canais virtuais
da internet. Compondo a Biblioteca Virtual do Observatório, às entrevistas terão múltiplas
funções, podendo serem utilizadas em outras atividades do Programa e em outros espaços
acadêmicos e de gestão, haja vista o potencial dos dados informativos e científicos agrupados,
alinhando-se aos pilares da divulgação científica (MIRANDA, et.al. 2020). Até o momento
da escrita deste resumo, três entrevistas completas já foram divulgadas, restando duas. Esse
é o principal desafio a ser superado para a concretização do trabalho, que foi interrompido
devido o cenário de pandemia causado pelo Novo Coronavírus (COVID-19).

Figura 1 – Logormarca da Série

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

Figura 2 –Entrevistados(as)

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

CONCLUSÕES

Objetivando a apresentação da construção de materiais científicos e informativos


sobre a RM-Cariri a partir da Série Cariri Cidade, o presente trabalho, ao tomar como
referência os pilares mobilizadores de ação do Observatório das Cidades do Cariri, considera
que a produção tecnológica cumpriu parcialmente os resultados esperados da iniciativa. Ao
alcançar o desenvolvimento de conteúdos acadêmicos através da interação dos parceiros do
LaCITE, a Série agrupa importantes elementos que instigam a criticidade dos interessados pela
dinâmica urbana dos nove municípios metropolitanos. Ao passo em que, permite identificar
desafios que ainda precisam ser superados entre os pesquisadores(as) do Cariri. Em que
146
pese a pertinência das discussões ocorridas, nota-se que parte das falas dos entrevistados
estão estritamente próximas da realidade do Triângulo Crajubar (Crato, Juazeiro do Norte
e Barbalha), municípios conurbados e polarizadores de investimentos públicos e privados
no contexto da RM-Cariri. Como estratégia de superação de tal desafio, recomenda-se a
continuidade das atividades inerentes a Série Cariri Cidade com adaptações necessárias.
Buscando incluir novos pesquisadores(as) para além do Crajubar, ampliando os dados
científicos e informativos dos demais seis municípios limítrofes.

REFERÊNCIAS

LASCOUMES, Pierre; LE GALÈS, Patrick. A ação pública abordada pelos seus


instrumentos. Revista Pós Ciências Sociais, v. 9, n. 18, 2012. Disponível em: http://
www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/article/view/1331. Acesso em: 19 de
Out. de 2020.

MARICATO, Ermínia. As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias: Planejamento urbano
no Brasil. In: ARANTES, O; VAINER, C; MARICATO, E. A cidade do pensamento
único: desmanchando consensos. 3. Ed. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 121-188.
ROLNIK, Raquel. O que é cidade. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.

MIRANDA, Janaiany Silva de; DANTAS, Lys Maria Vinhaes; NEVES, Leandro Queiroz;
FERREIRA, Thaila Mariana; SANTOS, Valdelice da Conceição. Divulgação Científica
como Experiência Formativa na Educação Superior: um relato sobre o canal de tv
baía kirimurê. Revista Extensão, Cruz das Almas, v. 17, n. 1, p. 77-83, jan. 2020.
Semestral. Disponível em: https://www2.ufrb.edu.br/revistaextensao/components/com_
chronoforms5/chronoforms/uploads/edicao/20200506134046_Revista_Extenso_17_
volume.pdf. Acesso em: 19 out. 2020.

147
147
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

TEATRO DO OPRIMIDO E EX-


TENSÃO UNIVERSITÁRIA
uma análise das percepções de jo-
vens residentes no bairro alto da
penha, em Crato - Ceará

Área temática: Educação.

Geovane Gesteira Sales Torres1


Caio Ricardo da Silva2
Diego Coelho do Nascimento3

Resumo: O programa de extensão homônimo ao Laboratório de Estudos Urbanos,


Sustentabilidade e Políticas Públicas (Laurbs), ligado à Pró-Reitoria de Extensão (PROEX)
da Universidade Federal do Cariri – UFCA, empreendeu atividades de extensão universitária
com jovens moradores do bairro periférico Alto da Penha, Crato – CE, intuindo debater
assuntos e realidades locais convergentes aos problemas socioambientais e políticos presentes
no território. Para tanto, o núcleo de extensão em voga atuou na promoção de momentos
de reflexão e discussão com os(as) jovens do bairro Alto da Penha, quando se realizaram
atividades inspiradas na modalidade Teatro do Invisível, ramificação cênica do Teatro
do Oprimido, o qual objetiva edificar performances em ambientes do cotidiano, visando a
reprodução de situações de opressão para que os(as) participantes reflitam e reajam a tal.

Palavras-chave: Teatro do Oprimido. Extensão Universitária. Intervenção Social.

INTRODUÇÃO

Trabalhar com questões voltadas à urbanidade, sustentabilidade e políticas públicas


com jovens de comunidades urbanas e periféricas consiste em uma realização bastante
complexa por questões de ordem material, geracional, territorial e subjetiva. Desperto para
isso, o programa de extensão homônimo ao Laboratório de Estudos Urbanos, Sustentabilidade
e Políticas Públicas (Laurbs), ligado à Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) da Universidade

1 Graduando em Administração Pública pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: geovanesalescrato@gmail.
com
2 Graduando em Administração Pública pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: caio.ricardo042@gmail.com
3 Docente no curso de Administração Pública pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: diego.coelho@ufca.
edu.br 148
148
Federal do Cariri – UFCA, empreendeu atividades de extensão universitária com jovens
moradores do bairro periférico Alto da Penha, em Crato – CE, intuindo debater assuntos
e realidades locais convergentes aos problemas socioambientais e políticos presentes no
território.
Para tanto, o núcleo de extensão em voga atuou na promoção de momentos de reflexão
e discussão com os(as) jovens do bairro Alto da Penha, quando se realizaram atividades
inspiradas na modalidade Teatro do Invisível, ramificação cênica do Teatro do Oprimido,
o qual objetiva edificar performances em ambientes do cotidiano, visando a reprodução de
situações de opressão para que os(as) participantes reflitam e reajam a tal. (BOAL, 1991)
O roteiro da intervenção do teatro do invisível consistiu na ida à comunidade
de representantes de uma empresa do ramo de insumos da construção civil, denominada
“CIAMENTO”, os quais se reuniram com os(as) jovens do bairro a fim explicarem um projeto
a ser edificado no território. O pseudo projeto consistiu na instalação de uma indústria de
cimento em áreas do bairro onde se localizam a única escola pública da comunidade, a sede
da associação de moradores do bairro e o prédio de um projeto filantrópico da Pastoral do
Menor (Igreja Católica). A proposta também previu que os(as) moradores afetados com a
obra seriam realocados em um conjunto habitacional localizado em uma área distante do
centro da cidade.
Desse modo, o presente resumo expandido objetiva analisar a pertinência da
metodologia do Teatro do Oprimido para ações de extensão universitária. Para tal, realizou-
se uma pesquisa exploratória cujo objetivo geral foi avaliar a pertinência da metodologia
cênica Teatro do Oprimido para a promoção de ações de extensão universitária em contextos
periférico-urbanos por meio das percepções dos(as) jovens participantes das ações de extensão
do Laurbs no bairro Alto da Penha, em Crato, CE.

METODOLOGIA

A investigação em voga se configura como um estudo de caso por se voltar à análise


das representações sociais de jovens sobre as suas participações nas ações do Laurbs no bairro
Alto da Penha, em Crato - CE. Assim, adota-se como meio da investigação uma pesquisa com
survey ex-post-facto, pois, a mesma se realizou ao término da situação investigada. A pesquisa
com survey consiste na coleta direta de dados proferidos por sujeitos cujo comportamento e
pensamento se almeja estudar, para tanto, amiúde se empregam questionários pré-definidos.
O instrumental de coleta de dados foi composto por uma descrição da pesquisa; oito questões
objetivas/múltipla escolha (das quais apenas três se analisaram neste trabalho) e quatro
questões discursivas/abertas (das quais apenas uma se trata neste resumo).
O questionário contou com a colaboração de 11(onze) dos(as) participantes da
atividade, ou seja, o valor integral dos(as) jovens envolvidos. Em relação às questões
discursivas, as mesmas foram analisadas com base no método análise de conteúdo. Essa é
uma metodologia interpretativa cuja principal observação se volta ao conteúdo do discurso
149
investigado. Assim, tal método corresponde à adoção de técnicas linguísticas sistemáticas e
descritivas dos textos para a realização da análise. Buscando, dessa maneira, a identificação
de conhecimentos relacionados à produção/recepção das comunicações. (BARDIN, 2002)

RESULTADOS

No tocante às perspectivas dos sujeitos em relação à atividade teatral, notam-


se visões que demonstram os sentimentos dos(as) interlocutores de que as ações a serem
impetradas pelo pseudo projeto corporativo desvalorizavam as suas existências. De modo
isolado, uma participante exclamou que a ação a possibilitou perceber determinados aspectos
da comunidade, algo que apenas foi possível em uma ocasião de risco ao território. Fato que
se vislumbra nos discursos a seguir:

Respondente 6: “Nunca ninguém falou mal da gente assim na cara da gente”


Respondente 7: “Além de tudo, senti como se a gente não fosse nada, nem pudesse
fazer nada”
Respondente 8: “Oxe! Pensei que fosse verdade, ele falando das coisas daqui como
se não fosse nada”
Respondente 10: “Comecei a ver que a gente tinha coisas que nem ligava e que por
isso vinha aquele povo pra acabar com tudo”(sic) (Excerto dos questionários
respondidos pelos(as) jovens participantes das atividades).

Observa-se que três dos sujeitos empregam a locução pronominal “a gente”, nota-
se uma possível consciência coletiva no sentido de demonstrarem inconformismo com a
alternativa teatralmente construída. Salienta-se que dois dos interlocutores utilizaram o
vocábulo “nada” para a construção dos seus relatos, sendo que em dois momentos distintos
a expressão se refere à desvalorização da comunidade e dos seus moradores. Nesse esteio,
o fragmento “pra acabar com tudo” reforça esse sentido da palavra “nada”. Um terceiro uso
da expressão exprime o sentimento de impotência ante à ação empresarial teatralmente
construída.
As reações e sentimentos dos(as) jovens participantes das oficinas de Teatro do
Oprimido evidenciam a eficiência da metodologia no seu propósito magno, considerando-se
que a ação intuiu simular circunstâncias de opressão para que os(as) interlocutores reagissem
a tal situação de modo não submisso. Este é, segundo Boal (2009), o espírito da estética do
oprimido, a qual anseia “[...] ajudar os oprimidos a descobrir a Arte descobrindo a sua arte;
nela, descobrindo-se a si mesmos; a descobrir o mundo, descobrindo o seu mundo; nele, se
descobrindo. (BOAL, 2009, p.170)
Nesse direcionamento, a empatia gerada pelo teatro do invisível, modalidade do TO,
se constrói porque “[...] pode ser benéfica quando o personagem com o qual nos deixamos
empatizar, tanto no teatro como na vida cotidiana, produz ideias e emoções que ajudam o
nosso desenvolvimento intelectual e emotivo.” (BOAL, 2009, p. 88). Algo que não se alcança
com intensidade na alternativa teatral tradicional, marcadamente segregada pela dicotomia
atores versus espectadores. Assim, a metodologia cênica adotada pelo programa de extensão
150
150
homônimo ao Laurbs se fundou na ascensão dos “espectadores” à categoria de protagonistas do
processo teatral, pois, assim é possível intensificar o sentimento de empatia e contribuir para
as reflexões dos sujeitos quanto às relações de opressão em que se inserem e as possibilidades
de combate/resistência às mesmas.
A relevância da metodologia cênica em questão se evidencia ao se contemplar o fato
de que 100% dos(as) jovens julgaram positivo o impacto da ação. Em acréscimo, afirma-
se que 63,63% dos(as) participantes julgaram concordar totalmente com a importância
da atividade, enquanto 36,36% discordaram em partes de tal afirmação. Enfim, 100% dos
sujeitos exclamaram concordar totalmente com a afirmativa de que a oficina do Teatro do
Oprimido poderia ser realizada em outras comunidades.

CONCLUSÕES

Metodologias lúdicas como as tocantes ao Teatro do Oprimido são importantes para


impactar positivamente a consciência dos(as) jovens sobre seu território e os seus papéis
nele, provocando, assim, o despertar à participação social. Os resultados da pesquisa em voga
destacam a sua relevância. É mister frisar que os repertórios discursivos analisados sinalizam o
inconformismo dos(as) jovens ante situações de opressão, rejeição às condutas políticas corruptas e
pouco interessadas no bem estar da comunidade, além de esperança em articulações comunitárias
para a resolução dos problemas locais. Questões que confirmam a hipótese de que a metodologia
cênica Teatro do Oprimido se mostra relevante para a promoção de ações de extensão universitária em
contextos territoriais periféricos, considerando-se o seu potencial reflexivo gerador de intervenções
sociais coletivas.

REFERÊNCIAS

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002.

BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas, 6°edição. Rio de


Janeiro: EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A., 1991.

BOAL, Augusto. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.

151
Meio Ambiente
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

CAPACITAÇÃO EM GERENCIA-
MENTO DE ÁREAS DE RISCO
COM VISTA NA SUSTENTABILI-
DADE

Área temática: Meio Ambiente.

Mateus Florencio Sousa1


Ana Patrícia Nunes Bandeira2
Francisca Denise Pereira Almeida3
Rayanne Sales Alcantara Primo4
Vinicius Alves Pereira da Luz5

Resumo: Com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento sustentável da região


metropolitana do Cariri, foi desenvolvido o curso de extensão para capacitação de técnicos
municipais voltado para o gerenciamento de áreas de riscos de erosão, deslizamentos e de
inundações. Neste sentido, o presente trabalho apresenta os resultados da ação e o impacto
que esse curso proporcionou para a comunidade técnica regional; trazendo relatos da
contribuição para o processo de formação acadêmica dos estudantes de graduação envolvidos
no projeto.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Curso de capacitação. Região Cariri.

INTRODUÇÃO

Nos últimos 30 anos, tem se observado um aumento significativo no número de


desastres naturais em várias cidades do globo, como resultado da interferência antrópica
na preservação dos espaços verdes, devido ao crescimento acelerado das cidades. O uso do
espaço geográfico sem planejamento e avaliações técnicas adequadas é a principal causa dos
diversos problemas da ocupação urbana, tais como: erosões, deslizamentos e inundações.

1 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: mateus.florencio@aluno.ufca.
edu.br
2 Professora em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: ana.bandeira@ufca.edu.br
3 Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: denise.almeida@aluno.ufca.edu.
br
4 Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: rayanne.sales@aluno.ufca.edu.br
5 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: vinicius.alves@aluno.ufca.edu.br
153
153
Diante deste contexto, a Organização das Nações Unidas estabeleceu 17 Objetivos
para o Desenvolvimento Sustentável (ODS). No Brasil, os ODS-11 têm por finalidade reduzir
significativamente, até 2030, o número de mortes e o número de pessoas afetadas por
desastres naturais, além de diminuir a quantidade de residentes em áreas de risco e as perdas
econômicas diretas causadas por estes desastres (ONU, 2015).
Nos municípios brasileiros, os processos de deslizamentos e de inundações são
frequentes, assim como ocorrem na Região Metropolitana do Cariri, interior do Ceará
(BANDEIRA et al., 2016). Nesta região os desastres naturais têm gerado danos materiais,
perdas humanas e gastos públicos. Todavia, observa-se que poucas ações têm sido realizadas
no gerenciamento do uso e ocupação do solo para evitar o surgimento de novas áreas de
riscos. No município do Crato, por exemplo, as inundações são recorrentes, causadas pelas
enchentes do canal do Rio Grangeiro, que corta a cidade; além de deslizamentos na encosta
do Bairro Seminário, como o ocorrido em 2019, após uma precipitação de cerca de 130
milímetros em 12 horas de duração (DIÁRIO DO NORDESTE, 2019).
Com objetivo de contribuir com o desenvolvimento sustentável da região metropolitana
do Cariri, foi desenvolvido um curso de extensão para capacitação de técnicos municipais
voltado para o gerenciamento de áreas de riscos de erosão, deslizamentos e de inundações.
Neste sentido, o presente trabalho apresenta os resultados da ação e o impacto que esse curso
proporcionou para a comunidade técnica regional; trazendo relatos da contribuição para o
processo de formação acadêmica dos estudantes de graduação envolvidos no projeto.

METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido em 03 principais etapas descritas a seguir:


a) Pesquisa bibliográfica sobre o tema: esta etapa foi realizada por meio de pesquisa em
periódicos e livros, além de referências das instituições governamentais, para elaboração dos
materiais didáticos utilizados no curso (slides, apostila, avaliação, etc.). Dentre os materiais
consultados destacam-se os volumes publicados por Brasil (2018); Bandeira et al., (2016);
Bandeira (2010); Bandeira (2003); IPT (1991).
b) Elaboração do Folder de Divulgação: a divulgação se deu de forma virtual, por meio
de folder digital e posts nas redes sociais. Dessa maneira, foram solicitadas as inscrições
através de um formulário, criado no Google Forms, e as confirmações foram dadas por e-mail.
c) Realização do curso de capacitação: o curso teve como público alvo técnicos atuantes
nas defesas civis, servidores públicos e profissionais que atuam na região, que desenvolvem
atividades relacionadas ao meio ambiente. Entre os temas abordados na capacitação destacam-
se: processos de inundações, deslizamentos e erosões; identificação e mapeamento de áreas
de riscos; medidas de redução dos riscos; e planejamento urbano.
A capacitação foi realizada entre os dias 17 e 28, do mês de agosto de 2020, com carga
horária total de 20 horas. As reuniões foram realizadas pelo Google Meet. Ao término do
curso, foi aplicado um formulário de desempenho. Além deste, os participantes preencheram
154
uma ficha de satisfação sobre o curso (conteúdo apresentado, material distribuído, nível de
conhecimento e didática dos instrutores).

RESULTADOS

Após divulgação do curso nas mídias sociais, as inscrições abrangeram participantes


de 8 dos 9 municípios da RM-Cariri, não havendo participantes do município de Jardim.
Participaram das atividades 31 pessoas. As Figuras 1 e 2 ilustram momentos das aulas
realizadas.

Figura 1. Aula do dia 24/08/20.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 2. Aula do dia 21/08/20.

Fonte: Elaborado pelos autores.

No final do curso os participantes obtiveram resultados satisfatórios e os objetivos


foram atingidos. No mínimo 80% dos participantes avaliaram os quatro aspectos da ação de
extensão como muito satisfatórios, conforme apresentado na Figura 3.
Alguns participantes descreveram sobre as suas impressões a respeito da ação, as
quais incluíram elogios, sugestões e opiniões, sobre os impactos positivos do curso em suas
atribuições profissionais, indicando o cumprimento da meta do curso em gerar aprendizado
a servidores, técnicos e funcionários públicos municipais.

155
155
Figura 3. Avaliações dos participantes quanto ao curso.
Fonte: Elaborado pelos autores.

Fonte: Elaborado pelos autores.

CONCLUSÕES

Através dos resultados obtidos, pode-se concluir que o curso gerou um impacto positivo
para os participantes, tornando-se uma ação importante na moldagem de profissionais, que
passaram a ter uma percepção detalhada das áreas de risco, compreendendo que para se ter
uma cidade mais sustentável, baseada nos princípios do ODS 11, é necessário um trabalho
conjunto entre os órgãos públicos e a sociedade.
Para os acadêmicos do curso de engenharia civil que participaram da ação, o curso
possibilitou o aprofundamento do aprendizado de informações específicas, visto que os
temas são abordados superficialmente nas disciplinas do curso de graduação, resultando
no aprimoramento de conceitos, como desenvolvimento sustentável, na identificação dos
problemas urbanos regionais, e no amadurecimento de ideias e soluções que possam vir a
contribuir para a sociedade através destes futuros profissionais.
Dessa forma, a ação de extensão trouxe importantes contribuições para o
desenvolvimento urbano, preservação do meio ambiente, formação acadêmica e para a
população em geral, ampliando a relação entre a universidade e a sociedade, construindo o
pensamento de cidades melhores para se viver e ambientalmente sustentáveis.

REFERÊNCIAS

BANDEIRA, A. P. N.; NUNES, P. H. S.; LIMA, M. G. S. Gerenciamento de riscos ambientais


em municípios da Região Metropolitana do Cariri (Ceará). Ambiente & Sociedade, v. 19,
n. 04, p. 65-84, 2016.

BANDEIRA, A. P. Parâmetros Técnicos Para Gerenciamento de Áreas de Riscos


de Escorregamentos de Encostas na Região Metropolitana do Recife. (Tese de
Doutorado) - UFPE. Recife, PE, 2010.

BANDEIRA, A. P. Mapa de Risco de Erosão e Escorregamento das Encostas


com Ocupações desordenadas do Município de Camaragibe-PE. (Dissertação de
Mestrado) - UFPE. Recife, PE, 2003.
156
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Desenvolvimento Urbano. Projeto
de Fortalecimento da Estratégia Nacional de Gestão Integrada de Riscos de
Desastres (GIDES). 06 Volumes. 2018.

DIÁRIO DO NORDESTE. Abril 2019. Disponível em: https://diariodonordeste.


verdesmares.com.br/regiao/encosta-desaba-e-destroi-parte-de-casa-apos-chuvas-no-crato-
na-madrugada-desta-quinta-feira-4-1.2083316. Acesso em: 06 out. 2020.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS (IPT). Ocupação de encostas.


Coordenação de M. A. CUNHA. São Paulo, SP: IPT, 1991.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU BR). Plataforma Agenda 2030. 2015.
Disponível em: https://brasil.un.org/. Acesso em: 06 jun. 2020.

157
157
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

CICLO DE FORMAÇÃO
EM MEIO AMBIENTE,
TERRITÓRIO, TRABALHO E
SUSTENTABILIDADE

Área temática: Meio ambiente

Nayana Tavares Feitosa1


Christiane Luci Bezerra Alves2
Valéria Feitosa Pinheiro 3
Anderson Alcântara Medeiros 4

Resumo: O seguinte trabalho tem como objetivo mostrar os trabalhos desenvolvidos pelo
Ciclo de Formação em Meio ambiente, Território, Trabalho e Sustentabilidade, criado com o
intuito gerar conhecimento sobre os sistemas locais de produção e impactos das atividades
sob o meio ambiente e trabalhadores envolvidos através de oficinas interativas, filmes,
visitas técnicas, dentre outras atividades.

Palavras-chave: Trabalho. Meio ambiente. Sustentabilidade.

INTRODUÇÃO

No curso do desenvolvimento histórico do processo de reprodução do capital, as


atividades produtivas são crescentemente subordinadas à lógica de um processo acumulativo,
alimentado pela exploração da força-de-trabalho e dos recursos naturais. Na fase que sucede a
Segunda Guerra Mundial, são incorporados elementos da 3ª revolução científico-tecnológica
à matriz industrial e intensificadas as conexões globais.
Porém, na década de 1970, expõe-se um conjunto de determinantes para
estrangulamentos estruturais que comprometem os padrões de crescimento da economia
mundial, hegemônicos do pós-guerra. Em resposta ao cenário de redução das taxas de lucro
1 Graduanda em Ciências Econômicas pela Universidade Regional do Cariri (URCA). E-mail: nayana_tavares@hotmail.
com
2 Professora do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri (URCA). E-mail: chrisluci@gmail.com
3 Professora do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri (URCA). E-mail: valeriafp@terra.com.
br
4 Professor do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri (URCA). E-mail: andersonalcmed@
hotmail.com
158
158
e crise no modo de acumulação dos países centrais, são incorporados novos princípios de
flexibilidade produtiva, com produção de bens variados, a preços baixos e em pequenos
lotes.
As crises dos sistemas econômicos e sociais são permeadas pela crise ambiental, visto
que o modelo de desenvolvimento consolida-se indistintamente, com a extração crescente
de recursos naturais e o aumento significativo de desequilíbrios ambientais. A compreensão
da crise ambiental passa, então, a ser palco de um conjunto amplo de interpretações que
incorporam desde as discussões sobre as adaptações do sistema econômico e de indivíduos
a um cenário de crise estrutural, às possibilidades de transformação da ordem econômico-
social vigente.
Na economia nacional, o cenário de ajustes da economia a partir da orientação do
mercado, no contexto de globalização e afirmação de princípios neoliberais, soma-se às
transformações em nível global para determinar uma reestruturação espacial no território
nacional. Essas alterações ocorrem, como enfatiza Silva (2007, p. 217), “incluindo uma
redefinição do conteúdo ideológico dos espaços, o estabelecimento de nova divisão social e
espacial do trabalho e a criação de novos espaços de produção e consumo”.
Portanto, considerando a complexidade sistêmica que permeia as crises ambientais
e do trabalho e os desafios impostos a populações e territórios, bem como o desafio ético
que coloca como prioritária a percepção da sociedade de suas vulnerabilidades econômicas
e socioambientais, este projeto de intervenção se propõe em levar essas reflexões para o
conjunto da sociedade, através de um Ciclo de Formação em Meio ambiente, Território,
Trabalho e Sustentabilidade.
Para isso, esse estudo tem como objeto a compreensão do conhecimento como saber
educacional, na perspectiva crítica, construindo estratégicas de diálogo e criticidade. Norteado
pelos objetivos de atuação junto à comunidade acadêmica e sociedade caririense em geral;
Realização de minicursos, como também, o desenvolvimento de aulas de campo técnicas em
locais relevantes levando subsídios para uma reflexão crítica que envolvam as temáticas do
trabalho, meio ambiente, território e sustentabilidade.

METODOLOGIA

Minicursos/oficinas interativas envolvendo recursos como: filmes/documentários,


atividades com desenho, colagens, fotografias; construção de conteúdo; realização de aulas
de campo/visitas técnicas para conhecimento de sistemas produtivos locais e entender
particularmente os impactos das atividades produtivas sobre o meio ambiente e sobre os
trabalhadores envolvidos; convites a professores e/ou pesquisadores, que podem contribuir
com as diferentes discussões; com o advento da pandemia, causado pelo Sars- CoV -2, fez-se
necessário o uso das redes sociais como ferramenta de interação.
Além de oficinas no modelo remoto, através de plataformas como o Google Meet
e Zoom, identificou-se que a discussão das temáticas poderia ocorrer através de mídias
159
digitais, como o Instagram e Facebook, sem perder conteúdos relevantes, ganhando uma
linguagem mais acessível, além do público acadêmico, otimizando o alcance também em
escala. Deste modo, atuou-se em diversas séries que contemplavam, adicionalmente, dicas
sobre pesquisa acadêmica, de modo geral.
Assim, tem-se trabalhado conteúdo nas séries: Dicas do Mattas, que envolvem
essencialmente reflexões e apontamentos sobre a vida acadêmica e trabalhos científicos;
Série ABNT, que apresenta elementos das normais científicas da ABNT; Glossário MATTAS,
que discute conceitos relativos à trabalho, meio ambiente e território, indicando literatura
científica para aprofundamento; MATTAS indica, filmes ou livros, geralmente acompanhado
de resenha crítica dos pesquisadores; além de informar através de notícias relevantes,
eventos científicos, entre outros.

RESULTADOS

Notou-se a participação e engajamento dos participantes, viabilizando a expansão de


novos valores, que contribuiu para a criação de uma nova identidade para o indivíduo, com
vista à atuação proativa na comunidade em que vive, além da contribuição para formação de
cidadãos, conscientes do seu papel na sociedade.
Ressalta-se que esse processo contribuiu para ampliar a rede de contatos e integração
com grupos e pesquisadores da URCA e de diversas instituições, consolidando, inclusive, a
perspectiva interdisciplinar do laboratório.

Quadro 1 – Divulgação de oficinas e material de redes sociais.

160
160
Fonte: Elaborado pelos autores.

CONCLUSÕES

As reflexões sobre as temáticas propostas contribuem para formação de cidadãos


conscientes do seu papel na sociedade, subsidiando-os com instrumental crítico acerca do
tema Trabalho, Meio ambiente, Território e Sustentabilidade, podendo transformá-los em
multiplicadores de conhecimento.

REFERÊNCIAS

SILVA, J. F. G. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 2 ed. Campinas, SP:


UNICAMP. IE, 1996. p. 217.

GEHLEN, Ivaldo; RIELLA, Alberto. Dinâmicas territoriais e desenvolvimento sustentável.


Sociologias. Porto Alegre, ano 6, n. 11, jan/jun 2004, p. 20-26.

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Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

ORIENTAÇÃO TÉCNICA DE
COMO UTILIZAR CONTROLE
ALTERNATIVO EM PRAGAS NA
HORTA NOSSO LAR
um relato de experiência virtual

Área temática: Meio Ambiente

Rita de Cássia Alves de Brito Ferreira1


Francisco Roberto de Azevedo2

Resumo: A mudança de hábitos alimentares e preocupação com o meio ambiente fizeram


com que os sistemas de cultivo que não fazem uso de defensivos químicos alcançassem grande
espaço. A horta comunitária urbana Nosso Lar produz hortaliças em sistema agroecológico,
que visam a preservação do agroecossistema, criando ambiente favoravel a não proliferação
de pragas e quando necessário utilizando métodos de controle alternativo. Após declarada
pandemia em Março de 2020 todas as atividades passaram a ser realizadas via internet sen-
do necessário adptar as atividades pensadas a situação. Portanto, este trabalho visa relatar a
experiência da realização de um projeto de extensão, que tem como publico alvo produtores
de hortas, por canais virtuais durante o isolamento social.As atividades foram realizadas via
redes sociais e foram baseadas em vídeos, cartilha, material em PDF e publicações informa-
tivas. Dessa forma conseguiu-se atender os participantes do projeto e alcançar novas pessoas
por meio das plataformas digitais. O uso das redes sociais proporcionou interação e alcance
entre os participantes e com outros. Mas ainda são necessários cursos e capacitações no meio
rural que permitam que os agricultores possam utilizar a internet aproveitando todos os seus
recursos.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Redes Sociais. Pandemia.

INTRODUÇÃO

A preocupação com o meio ambiente e a busca por hábitos alimentares mais sau-
dáveis provocaram um grande aumento nas produções orgânicas e agroecológicas, que não
fazem uso de produtos químicos (ALVES et al., 2019). Sendo assim, o controle de pragas e do-
enças é feito através de metodologias alternativas que visam a utilização de produtos naturais
sem haver a necessidade do uso desses defensivos químicos (CORREA; SALGADO, 2011).
1 Discente do curso de Agronomia da Universidade Federal do Cariri. E-mail: rittacassiabrito.ferreira@gmail.com.
2 Docente do curso de Agronomia da Universidade Federal do Cariri. E-mail: roberto.azevedo@ufca.edu.br.
162
162
A horta comunitária urbana Nosso Lar em Juazeiro do Norte, Ceará, produz hortali-
ças em sistema agroecológico, que são meios de cultivo que preservam os sistemas ecológicos,
preservação do meio ambiente, favorecendo a ciclagem de nutrientes (SANTOS et al., 2013).
Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar pandemia em 11 de março de 2020 e
os Estados declararem isolamento social no dia 17 do mesmo mês, todas as atividades pre-
senciais em intuições de ensino cessaram, inclusive ações de extensão. Sendo assim, essas
atividades precisaram se reinventar e muitas migraram para os meios virtuais (UNIVERSI-
DADE FEDERAL DO CARIRI, 2020).
As redes sociais se tornaram grande aliadas para o enfrentamento deste período, para
trabalhar, ter aulas, relaxar e começar novos negócios (MALAVÉ, 2020). Portanto, este traba-
lho visa relatar a experiência da realização de um projeto de extensão, que tem como público
alvo produtores de hortas, por canais virtuais durante o isolamento social.

METODOLOGIA

O contato com os participantes ocorreu através de redes sociais, sendo utilizadas,


principalmente o WhatsApp e o Instagram. As atividades foram desenvolvidas por meio de
vídeos oficinas, cartilhas, palestras, publicações informativas e debates em grupo, virtual-
mente. Inicialmente foi feito uma apresentação para os participantes por vídeo para apresen-
tar o projeto e o planejamento para o primeiro trimestre. Em seguida, foi feito um grupo no
WhatsApp com todos os integrantes e um perfil no Instagram para publicações informativas.
Então, foi feito um levantamento bibliográfico em livros, revistas e sites sobre as
principais hortaliças, pragas que as acometem e plantas repelentes a fim de se iniciar a pro-
dução da cartilha e das publicações. Vídeos do YouTube foram compartilhados sobre hortas
comunitárias, consórcio de culturas e compostagem. A partir de então, foi definido o con-
teúdo presente na cartilha e nas publicações que seriam feitas. Semanalmente, foram feitas
publicações nas redes sociais e duas vezes por semana compartilhados conteúdos por meio
do aplicativo de mensagens.

RESULTADO

O vídeo de apresentação do projeto demonstrava todos os objetivos, missão e plane-


jamento do projeto para o primeiro trimestre de atuação, de uma forma didática e organiza-
da. A partir de pesquisas foi elaborado materiais referentes ao manejo integrado de pragas
(MIP), plantas repelentes, colheita e armazenamento de plantas medicinais (figura 2) que foi
compartilhado e debatido com os participantes via aplicativo de mensagens.

163
Figura 1 - Captura de tela do material em PDF disponibilizado aos participantes.

Fonte: Produzidos pelos autores.

A partir do levantamento bibliográfico pode-se separar o conteúdo que iria compor


a cartilha (figura 2). Sendo assim a cartilha apresenta métodos alternativos de controle para
ácaros, formigas, lagartas, lesmas, caracóis, paquinhas, grilos, pulgões, cochonilhas, mosca-
branca, percevejos, tripes, cigarrinhas e vaquinhas. Também apresenta cuidados necessários
para uma aplicação correta mesmo de produtos alternativos, como horário de aplicação e uso
de equipamento de proteção individual (EPI).

Figura 2 - Captura de tela da cartilha sobre


produtos alternativos para controles de pragas
em hortas.

Fonte: Produzidos pelos autores.

Por meio do instagram (@alternativasustentavellufca) (figura 3) foi publicado conte-


údo sobre instalações de hortas, tipos de hortaliças e formas de escolher, consórcio e rotação
de culturas em hortas, conceito de pragas e controle alternativo das principais pragas em
hortas.

164
164
Figura 3 - Captura de tela das publicações do perfil de Instagram alternativa sustentável
UFCA.

Fonte: Instagram, 2020.

Todas as atividades foram elaboradas a partir de pesquisa em revistas, livros, circu-


lares técnicos e sites de órgãos competentes e levaram informações necessárias à realização
das ações, entretanto o distanciamento social impossibilitou e dificultou algumas práticas,
fazendo-se necessária a adaptação e reinvenção de formas para enfrentar tal período, assim
como concluiu Serrão (2020), as plataformas digitais podem ser elencadas como meio de
desenvolver as ações durante o período crítico, sendo uma nova habilidade a ser adquirida.

CONCLUSÕES

A experiência de trabalho virtual requer muita adequação, criatividade e dedicação,


visto que a criação de conteúdos busca a pesquisa e esforços para a elaboração. A comuni-
cação constante com os participantes observando suas necessidades é fundamental para o
andamento das atividades. Capacitações e cursos no ambiente rural sobre o uso da internet
como ferramenta de trabalho é de suma importância para que os produtores adentrem a nova
realidade. Assim como, políticas públicas que favoreçam a evolução tecnológica no campo.

REFERÊNCIAS

CORRÊA, J. C. R.; SALGADO, H. R. do N. Atividade inseticida das plantas e aplicações: re-


visão. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 13, n. 4, p.500-506, 2011.

GERTLER, A. J.; LORA, M. I.; GODOY, W. I.; RODRIGUES, A. P. A.; BARRIONUEVO, F.


A Preferência por Alimentos Orgânicos e a Agroecologia Como Chave Para a Mudança de
Hábitos Alimentares. Cadernos de Agroecologia, v. 14, n. 1, p. 4, 2019.

MALAVÉ, M. O papel das redes sociais durante a pandemia. Mai. 2020. Disponível em:
http://www.iff.fiocruz.br/index.php/8-noticias/675-papel-redes-sociais. Acesso em: 16 out.
165
2020.

SALES, M. B.; AMARAL, M. A.; JUNIOR, I. G. S.; SALES, A. B. Tecnologias de Informação e


Comunicação via Web: Preferências de uso de um grupo de usuários idosos. Revista Kai-
rós: Gerontologia, v. 17, n. 3, p. 59-77, 2014.

SANTOS, J. O.; SOUSA SANTOS, R. M.; ALBUQUERQUE FERNANDES, A.; SILVA SOUTO,
J.; BORGES, M. D. G. B.; FERREIRA, R. T. F. V.; SALGADO, A. B. Os sistemas alternativos
de produção de base agroecológica. Agropecuária Científica no Semiárido, v. 9, n. 1,
p. 01-08, 2013.

SERRÃO, A. C. P. Em Tempos de Exceção como Fazer Extensão? Reflexões sobre a Prática


da Extensão Universitária no Combate à COVID-19. Revista Práticas em Extensão, v. 4,
n. 1, p. 47-49, 2020.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI. A extensão em tempo de pandemia atuação


das ações durante o isolamento social. 2020. Disponível em: https://www.ufca.edu.
br/noticias/a-extensao-em-tempo-de-pandemia-atuacao-das-acoes- urante-o-isolamento-
-social/. Acesso em: 16 out. 2020.

166
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Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

PROJETO RAINHA DO CAMPO

Área temática: Meio Ambiente

Jesus dos Santos Brito1


Sávio Roberto Martins2
Sebastião Cavalcante de Sousa3

Resumo: A redução no tamanho de florestas naturais é muito debatida em todo o mundo,


tendo provocado resultados negativos no ambiente como exemplos temos os incêndios,
desmatamento para uso comercial, abertura de novas áreas para introdução da pecuária
e os fenômenos naturais muito mais recorrentes nas últimas décadas. Historicamente a
abertura de novas áreas é muito comum, entre os povos que se beneficiam da abertura dessas
áreas para construção civil e habitação, expansão da agricultura, garimpo, pecuária. Como
consequência da retirada da vegetação florestal temos a perda da biodiversidade local, erosão
dos solos, aumento da desertificação, perda da qualidade física, química e biológica dos
solos, diminuição da fauna e flora. Com o propósito de melhorar as condições do ambiente
local afetado pelo desmatamento, que gera mudanças bruscas na vida dos agricultores e da
população local, buscou-se proporcionar a implantação das práticas conservacionistas de água
e solo, contando com trabalho de caráter participativo entre os agricultores nos diferentes
solos e climas na região do Cariri. Coletou-se cerca de 20.000 sementes de pau d’arco das
mais variadas espécies dentre elas o Ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus). Sementes que
serão distribuídas entre os agricultores da região, localizados no município de Santana do
Cariri, onde foram plantadas cerca de 4.000 mudas em parceria com a prefeitura e o governo
do estado.

Palavras-chave: Meio ambiente. Recursos naturais. SAF’s.

INTRODUÇÃO

A redução no tamanho de florestas naturais é muito debatida em todo o mundo,


1 Graduando em Agronomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: jesussantos15@live.com
2 Graduando em Agronomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: savio.roberto@aluno.ufca.edu.br
3 Professor efetivo pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: sebastiao.sousa@ufca.edu.br
167
167
tendo provocado resultados negativos no ambiente como exemplos temos os incêndios,
desmatamento para uso comercial, abertura de novas áreas para introdução da pecuária e os
fenômenos naturais muito mais recorrentes nas últimas décadas.
Historicamente a abertura de novas áreas é muito comum, entre os povos que se
beneficiam da abertura dessas áreas para construção civil e habitação, expansão da agricultura,
garimpo, pecuária. Como consequência da retirada da vegetação florestal temos a perda da
biodiversidade local, erosão dos solos, aumento da desertificação, perda da qualidade física,
química e biológica dos solos, diminuição da fauna e flora. Para Dias (1998) a degradação
ambiental pode ser entendida como alteração das condições naturais que comprometem o
uso dos recursos naturais (solos, água, flora e fauna, etc) reduzindo a qualidade de vida das
pessoas. Já Silva e Ribeiro (2004) a degradação ambiental é caracterizada por desmatamentos
derrubados da floresta e a queima da vegetação tendo por objetivo aumentar as áreas limpas
para atender as atividades econômicas.
A diminuição destes impactos provocados pelo desmatamento desordenado, se torna
possível com uso de novas técnicas de reflorestamento melhoradas. O seguinte trabalho
apresenta novas técnicas e propostas com objetivo geral de avaliar o uso do pó de rocha da pedra
cariri em sistemas agroflorestais (SAF´s) em áreas degradadas e como objetivos específicos,
avaliar o uso do pó de rocha da pedra cariri e terraços de base estreita na integração pau
d’arco (Ipê rosa) (Handroanthus impetiginosus Mart. ex DC) Mattos, Tifton 85 (Cynodon
spp.), cafeeiro (Coffea arábica), mandioca (Manihot esculenta Crantz), algodão (Gossypium
hirsutum L.).

METODOLOGIA

Com o propósito de melhorar as condições do ambiente local afetado pelo


desmatamento, que geram mudanças bruscas na vida dos agricultores e da população local, o
presente trabalho buscou proporcionar a implantação das práticas conservacionistas de água
e solo, contando com trabalho de caráter participativo entre os agricultores nos diferentes
solos e climas na região do Cariri. As práticas conservacionistas envolvidas fazem uso de
terraços de base estreita, uso de pó de rocha da pedra cariri e sistemas agroflorestais (SAF’s).

RESULTADOS

Coletou-se cerca de 20.000 sementes de pau d’arco das mais variadas espécies dentre
elas o Ipê rosa (Handroanthus impetiginosus Mart. ex DC) Mattos. Sementes que serão
distribuídas entre os agricultores da região, localizados no município de Santana do Cariri,
onde foram plantadas cerca de 4.000 mudas em parceria com a prefeitura e o governo do
estado. Os terraços de base estreita foram construídos de forma manual pelos agricultores,
evitando a perda de solo por escoamento durante as chuvas. O pó de rocha moído da pedra
cariri (amarela), obtido do rejeito da mineração em mineradoras de Nova Olinda - Ce. Os

168
sistemas agroflorestais fazem uso de várias espécies entre as quais temos pau d’arco (Ipê rosa)
(Handroanthus impetiginosus Mart. ex DC) Mattos, cafeeiro (Coffea arábica), mandioca
(Manihot esculenta Crantz), algodão (Gossypium hirsutum L.) e a forrageira Tifton 85
(Cynodon spp).
Os SAF´s podem resultar em alternativas que podem contribuir para a recuperação
de áreas degradadas na Chapada do Araripe, proporcionar maior rentabilidade na agricultura
familiar, proporcionar a inclusão de espécie nativa de elevado valor econômico que possam
realizar maior proveitos dos recursos edafoclimáticos das regiões em estudo. A extração de
calcário laminado no Cariri Cearense, para a produção da pedra cariri, gerou, em mais de
30 anos de exploração, aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de resíduos só na região
de Nova Olinda (CE) e Santana do Cariri (CE) (Vidal et al., 2017). Os solos na região Cariri
cearense oriundos do arenito apresentam-se, de uma maneira geral, com uma textura arenosa
e de baixa fertilidade, baixo teor de matéria orgânica, pH ácido, necessitando de correção de
solo e aplicação de nutrientes em forma de adubação para que se dê um bom desenvolvimento
vegetal da maioria das culturas.
A produção de alimentos de forma convencional se dá com adubação química
formulada como fonte de nutrientes minerais às plantas. Tais produtos além de serem
importados, aumentam os custos de produção e podem apresentar impurezas contaminantes
do meio ambiente. Já a aplicação de produtos naturais oriundos de resíduos que possam
nutrir as plantas com menores custos econômicos, ausência de riscos ambientais e ainda
corrigir impactos ambientais vindo a ser uma excelente alternativa para a produção agrícola.

Figura 1 – Plantações.

Fonte: Produzido pelos autores, 2020.

169
169
CONCLUSÕES

Este trabalho busca levar aos agricultores da região do Cariri, a implantação de


um novo sistema que agregue o uso dos recursos naturais de forma conservadora afim de
melhorar a condição do ambiente local. Assim como difundir entre os agricultores novas
técnicas usadas para melhoria do meio ambiente local e consequentemente mostrando os
pontos positivos do trabalho, e melhoria na qualidade de vida.

REFERÊNCIAS

ARRAES, Ronaldo de Albuquerque. MARIANO, Francisca Zilania. SIMONASSI, Andrei


Gomes. Causas do Desmatamento no Brasil e seu Ordenamento no Contexto Mundial:
RESR, Piracicaba, 2012. vol. 50, Nº 1, p. 119-140. Disponível em: https://www.scielo.br/
pdf/resr/v50n1/a07v50n1.pdf. Acesso em: 20 out. 2020.

DIAS, Regina Lúcia Feitosa. Intervenções públicas e degradação ambiental no


semiárido cearense (O caso de Irauçuba). Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento
e Meio Ambiente, PRODEMA. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 1998. Disponível
em: http://repositorio.ufc.br/ri/bitstream/riufc/5099/1/2008_eve_pvpslimaa.pdf. Acesso
em 20 out. 2020.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Centro Nacional


de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. Rio de Janeiro:
Embrapa-CNPS, 1997. 212 p. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/
Repositorio/Manual+de+Metodos_000fzvhotqk02wx5ok0q43a0ram31wtr.pdf. Acesso em
20 out. 2020.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Práticas de


conservação do solo. Set. 2012. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/
infoteca/bitstream/doc/928493/1/CIRTEC133tamanhografica2.pdf. Acesso em: 20 out.
2020.

SILVA, Jadielle Lidianne Clemente. VIDAL, Carlos Alberto Soares. BARROS, Luiz
Marivando. FREITA, Francisco Ronaldo Vieira. Aspectos da degradação ambiental no
nordeste do brasil: R. gest. sust. ambient., Florianópolis, 2018. v. 7, n. 2, p.180-191.
DOI: http://dx.doi.org/10.19177/rgsa.v7e22018180-191. Disponível em: http://www.
portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/gestao_ambiental/article/view/6206/3750. Acesso
em 20 out.2020.

SILVA, Rubicleis Gomes da. RIBEIRO, Claudiney Guimarães. Análise da Degradação


Ambiental na Amazônia Ocidental: um Estudo de Caso dos Municípios do Acre. Rev.
Econ. Sociol. Rural. Rio de Janeiro, 2004. vol. 42, nº 01, p. 91-110. Disponível em: https://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20032004000100005. Acesso em:
20 out. 2020.

VIDAL, Francisco Wilson de Holanda. PADILHA, Manoel William Montenegro. OLIVEIRA,


Raimundo Roncy de. Aspectos do aproveitamento dos rejeitos da Pedra Cariri.
Centro de tecnologia Mineral. Ceará, 2005. Disponível em: http://www.cetem.gov.br/
170
publicacao/CTs/CT2005-013-00.pdf. Acesso em 20 out. 2020.

171
171
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

PROJETO RONDON NA UFCA


ação bichano solidário

Área temática: Meio ambiente

Maria Ruth Gonçalves da Penha1


Jeane Ferreira de Andrade 2
Iasmin Carvalho Soares3
Murilo Duarte de Oliveira4
Sebastião Cavalcante de Sousa5
Maria do Socorro Vieira Gadelha6

Resumo: O Projeto Rondon, atividade de extensão da Universidade Federal do Cariri -UFCA,


vem desenvolvendo no cenário da pandemia de SARS-COVID-2 a ação ¨Bichano Solidário¨,
que consiste na fabricação e instalação de comedouros para cães nos campus da universidade
com o intuito de alimentar os animais presentes no local. Essa ação foi pensada após a XVI
Encontro de Extensão (ENEX) 11, 12 e 13 de novembro de 2020 – UFCA – Campus Juazeiro
do Norte-CE suspensão das aulas, uma vez que a alimentação desses ¨bichanos¨, também foi
interrompida. Nesse contexto, a ação inicial foi a instalação desses comedouros no Centro de
Ciências Agrárias e da Biodiversidade - CCAB e, futuramente, nos demais campus localizados
em Juazeiro do Norte, Barbalha e Brejo Santo.

Palavras-chave: Comedouro. Animais de rua. Projeto de extensão.

1 Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: maria.ruth@aluno.ufca.edu.
br
2 Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: jeane.andrade@aluno.ufca.
edu.br
3 Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: iasmim.soares@aluno.ufca.
edu.br
4 Docente em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). E-mail: muriloduartevet@
gmail.com
5 Docente em Agronomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: sebastiao.sousa@ufca.edu.br
6 Docente em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Ceará (UFC). E-mail: socorro.vieira@ufca.edu.br 172
172
INTRODUÇÃO

Foram contabilizados 54,2 milhões de cães e 23,9 milhões de gatos como animais de
estimação no Brasil (IBGE,2018). Desses, 5% são Animais em Condição de Vulnerabilidade
(ACV), o que representa 3,9 milhões de pets, apesar da regulamentação do Art.32 da Lei
9.605/98, assegurando a pena de um a três de detenção e multa para quem provocar qualquer
dano aos animais.Os animais em condição de rua, também chamados de errantes, sobrevivem
a partir de ONG´s ou indivíduos sensibilizados pela causa animal.
O Projeto Rondon, atividade de extensão da Universidade Federal do Cariri -UFCA,
vem desenvolvendo no cenário da pandemia de SARS-COVID-2a ação ¨Bichano Solidário¨, que
consiste na fabricação e instalação de comedouros para cães nos campus da universidade com
o intuito de alimentar os animais presentes no local. Essa ação foi pensada após a suspensão
das aulas, uma vez que a alimentação desses ¨bichanos¨, também foi interrompida. Nesse
contexto, a ação inicial foi a instalação desses comedouros no Centro de Ciências Agrárias
e da Biodiversidade - CCAB e, futuramente, nos demais campus localizados em Juazeiro do
Norte, Barbalha e Brejo Santo.

METODOLOGIA

No presente relato de experiência foi adotado como metodologia a pesquisa pela


literatura cinzenta (sites,livros e revistas) disponível online e free. Foram utilizados os
descritores “Brasil”,“abandono”, “animais de rua” e “universidades”.Cada documento
encontrado foi lido na íntegra e selecionado de acordo com a temática principal da pesquisa.
As informações sobre a ação ¨Bichano Solidário¨ foram próprias dos autores que conduzem
as atividades de extensão.

RESULTADO

A ação ¨Bichano Solidário ̈ iniciou-se a partir da necessidade de dispor aos animais


presentes no Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade – CCAB/UFCA uma alimentação
adequada, visto que a fonte de nutrição, restos de comida do refeitório universitário, está
suspensa por tempo indeterminado devido a pandemia de COVID-19. Logo, a ideia de
construir e instalar comedouros na universidade foi uma meta urgente a ser alcançada.Com a
definição do cronograma de execução, foram realizadas reuniões entre os membros do Projeto
Rondon para determinar os materiais necessários, quantidade,custo e prazo de entrega dos
comedouros.
Foram planejados a construção de 3 comedouros para serem disponibilizados no
CCAB. O material necessário para construir um comedouro foi um cano PVC de 100mm,
joelho 45o e joelho 90op / cano PVC de 100mm, tampão p/cano PVC de 100mm e fixadores.
foi decidido o uso de pallet 60x60cm para apoio de comedouro e adesivos das logomarcas do
projeto e da ação para identificação.(Figura 1). Os próprios integrantes do Projeto Rondon
173
montaram e instalaram os comedouros no campus (Figura 2).

Figura 1- Logomarcas da ação Bichano Solidário e do Projeto


Rondon;

Fonte: Produzida pelos autores, 2020.

Figura 2 - Instalação dos comedouros;

Fonte: Produzida pelos autores, 2020.

Foi realizada uma divulgação da ação “Bichano Solidário” pela rede social Instagram
do Projeto Rondon (@projetorondonufca) e por meio de folders explicativos, no intuito de
compartilhar as idéias da ação, atingindo e sensibilizando o maior número de individuos pela
causa em questão. Nos folders, foram utilizadas imagens dos mascotes da ¨Bichano Solidário,
uma cachorra e uma gata, animais de estimação de alunas do curso de Medicina Veterinária
da UFCA escolhidos por meio de votação (Figura 3).

174
174
Figura 3 - Folders da Ação Bichano Solidário

Fonte: Produzida pelos autores, 2020.

Em conjunto com os comedouros, também serão instaladas urnas de doações, que


consistem em pequenas urnas para depositar contribuições monetárias dos circulantes do
campus (corpodocente e discente), ao voltar as aulas presenciais, possibilitando a participação
da universidade como um todo e estreitando os laços da comunidade acadêmica com a causa
da ação.

CONCLUSÕES

A ação ¨Bichano Solidário ̈ é uma atividade extensionista de válida importância para


a universidade e para a região do Cariri, uma vez que alerta sobre o abandono de animais e a
necessidade de cuidado para com estes ¨bichanos¨. A ação vai além de simples comedouros,
ela expressa o Projeto Rondon como um todo na universidade, ou seja, um projeto que por
meio de diversas ações representa a causa animal na região,oferecendo formas de alertas para
situações desfavoráveis e instigando o desejo de luta pela causa.

REFERÊNCIAS

INSTITUTO PET BRASIL. Disponível em: http://institutopetbrasil.com/imprensa/pais-


tem-39-milhoes-de-animais-em-condicao-de-vulnerabilidade/. Acesso em: 2020.

IBGE, INSTITUTOmBRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em:


https://www.ibge.gov.br/. Acesso em: 2020.

175
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

PROJETO RONDON NA UFCA


curso on-line bovinos da UFCA

Área temática: Meio ambiente

Iasmim Carvalho Soares1


Jeane Ferreira de Andrade 2
Maria Ruth Gonçalves da Penha3
Murilo Duarte de Oliveira4
Maria do Socorro Vieira Gadelha5
Sebastião Cavalcante de Sousa6

Resumo: Relato de experiência sobre como foi ter o primeiro curso on-line do Projeto
Rondon da UFCA, vai ser mostrado passo a passo de como foi redigido esse curso nessa nova
plataforma.

Palavras-chave: Pandemia. Conhecimento. On-line.

INTRODUÇÃO

A sociedade atual transforma-se a cada dia e os métodos educacionais precisam


acompanhar essas transformações para assim conseguir levar o maior nível de conhecimento
possível. No atual momento em que estamos foram redimensionadas as formas de pensar em
conjunto com as disposições tecnológica atual e com isso escolas e universidades tiveram que
mudar as formas de repassar os conhecimentos para seus alunos, com maior nível de clareza
1 Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: iasmimsoares67@aluno.
ufca.edu.br
2 Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: jeane.andrade@aluno.ufca.
edu.br
3 Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: maria.ruth@aluno.ufca.edu.
br
4 Médico Veterinário, Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF SERTÃO-PE). E-mail:
muriloduartevet@gmail.com
5 Docente da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: socorro.vieira@ufca.edu.br
6 Docente da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: sebastião.sousa@ufca.edu.br
176
176
e qualidade.
Entrando em xeque o curso disponibilizado pelo Projeto Rondon na UFCA chamado
Curso de Bovinos: Bem-estar, inseminação e nutrição que por motivos mais fortes ocorreu
de forma online, para isso foi-se necessário a organização e competência de todos os
organizadores do curso, para conseguir substituir as partes práticas por excelentes explicações
e vídeos esclarecedores durante o momento de discussão. Neder (2000) colocava o EAD
(Ensino a distância) como um meio, uma ferramenta que permitia a ampliação do acesso à
escola, o atendimento ao adulto, e ainda possibilitava a disseminação de acesso a informações
e tecnologias de comunicação.  
No contexto atual de distanciamento social, a modalidade de curso on-line veio
exatamente para somar conhecimento aos interessados em aprender, pois propicia momentos
de interação coletiva e emancipação do indivíduo no contexto social. Além de aumentar as
formas diferentes de ver o mundo, de ensinar e aprender. Atrelando as exigências para que
os educadores possam proporcionar reflexões amplas e de forma integrada, repensando os
conceitos de educação em conjunto com a tecnologia.
O primeiro curso on-line ocorreu na Suécia em 1833, segundo Amorim (2012) era
um curso de contabilidade e as informações era repassada através de correspondência, nesse
sentido surgiu a necessidade do aumento das formas de comunicação que fossem rápidos e
bons os suficientes para atender as demandas da sociedade.

METODOLOGIA

No presente relato de experiência foi adotado como metodologia a pesquisa pela


literatura cinzenta (sites, livros e revistas) disponível online e free. Foram utilizados o descritor
“Projeto Rondon”. Cada documento encontrado foi lido na íntegra e selecionado de acordo a
temática principal da pesquisa. As informações sobre a o curso de “Bovinos” foram próprias
dos autores que conduzem as atividades de extensão.

RESULTADOS

Em agosto de 2020, o Projeto Rondon que é um projeto de extensão da Universidade


Federal do Cariri, realizou o primeiro curso (Figura 1), onde a temática era “Bovinos: Bem
estar, nutrição e inseminação” (Figura 2), em que foi ofertado 40 vagas para os interessados, a
divulgação foi feita nas redes sociais com a disponibilização de um link para a inscrição, houve
muitos inscritos, porém o número de participantes era restrito e apenas os 40 primeiros foram
aceitos para participar. Tivemos no curso três instrutores para cada módulo que contabilizou
três módulos (Quadro 1).
Foram exatas três semanas de 10 a 28, onde os encontros ocorreram todas as
segundas, quartas e sextas da semana, das 14 horas as 18 horas, com uma breve pausa de 20
minutos para descanso. Foi disponibilizado apostila dos assuntos passados durante o curso
177
com o intuito de fixar todas as pautas discutidas de forma on-line, a apostila era organizada
a partir dos assuntos que os instrutores passavam. A frequência era feita em dois momentos
do dia, na primeira hora após o começo da aula e a segunda vez após o intervalo de descanso
de 20 minutos, era registrada por um dos organizadores do curso através de uma planilha,
além de no final de cada dia, 30 minutos antes de acabar a aula também era disponibilizado
um formulário de presença onde era exigido alguns dados do participante, para assegurar a
participação de cada um.
Ao final do curso fizemos uma avaliação das três semanas, onde era perguntado a todos
os participantes como tinha ocorrido as experiências durante o curso e uma breve avaliação
dos instrutores. A certificação era dada a quem obteve 75% de participação no curso, ou seja,
que teve presença em 7 dias do curso, o certificado foi disponibilizado no drive do Projeto
Rondon e todos os participantes foram informados sobre o ocorrido.  
Foi um momento único para todos, pois foi evidenciado que a tecnologia une pessoas
e aprendizados diversos em uma única sala mesmo na distância. Reafirmando a tese de Moore
e Kearsley (1996, p.1) que afirmam que o conceito fundamental da Educação a Distância é
simples: alunos e professores estão separados pela distância e algumas vezes também pelo
tempo.
Partindo desta premissa, pode-se afirmar que a EAD (Educação a distância) está
vinculada à mídia, ao meio de comunicação, mas estão unidos pelo desejo de aprender, além
de permitir atingir um número significativo de pessoas, sem perder a qualidade do ensino,
dando oportunidade a diversas pessoas e contribuindo para o conhecimento de diversas áreas
sem sair do conforto do seu lar.

Figura 1 - Registro do primeiro encontro do curso.

Fonte: produzida pelos autores, 2020.

178
178
Figura - 2: Pôster oficial da inscrição do curso.

Fonte: produzida pelos autores, 2020.

CONCLUSÕES

Então todas as oportunidades oferecidas por cursos on-line são de extrema importância
para os vivem esse atual momento de pandemia, onde estar no conforto do seu lar é a melhor
opção para contribuir com a saúde coletiva. Além de ajudar a enriquecer os conhecimentos
e técnicas da melhor forma possível, consiste em uma proposta de ensino mais acessível
a uma grande parcela da população, contribuindo assim para o cenário educacional local.
No momento do curso foi observado a diversidade de pessoas de lugares muito distantes
mais unidos em uma mesma sala, isso demonstra um aspecto positivo do EAD (Educação a
distância), são diversas formas de pensar, distintas experiências em um mesmo local e isso
tudo sem sair de casa.
Conclui-se então que com esse método de ensino diferenciado contribui para formar
cidadãos mais bem preparados, tanto de pensamentos, quanto de tomadas de decisões, com
autonomia para seguir e contribuir mais a frente com a sociedade. Sem dúvidas não será o
último momento de contato on-line, as organizações para futuros cursos vão continuar, pois
essa forma de ensino veio para ficar.

REFERÊNCIAS

ALVES, Lucinéia. Educação à distância: conceitos e história no Brasil e no mundo.


Disponível em: http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2011/
Artigo_07.pdf.

AMORIM, Marisa Fasura de. A importância do ensino à distância na educação


profissional. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/raead/article/
view/3218.

MARTINS, Karine. A importância da educação a distância na sociedade atual.


Disponível em https://www.assessoritec.com.br/wpcontent/uploads/sites/641/2016/12/
ArtigoKarine.pdf.
179
MOORE; KEARSLEY. Histórico da educação a distância.
Disponível em http://www.escolanet.com.br/sala_leitura/hist_ead.html.

NEDER, M. L. C. A Orientação Acadêmica na EAD: a perspectiva de (re) significação


do processo educacional.
Disponível em: https://www.ead.unb.br/arquivos/livros/ead_reflexoes_critica_praticas.
pdf.

180
180
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

SUSTENTABILIDADE AMBIEN-
TAL NO ÂMBITO ESCOLAR
alguns aspectos observados no 9º
ano em brejo santo – CE

Área temática: Meio Ambiente

Francisco Danrley Edgar Silva1


Marcus Venicio da Silva Fernandes2

Resumo: O presente trabalho se constituiu num estudo de ação-reflexão sobre a prática


da sustentabilidade ambiental no âmbito escolar de instituições de ensino do município de
Brejo Santo – CE, tendo uma abordagem através da educação ambiental (E.A.) na forma
inter e/ou multidisciplinar. Objetivou-se com presente trabalho ampliar os conhecimentos
de alunos(as) das séries finais do ensino fundamental e ampliar sobre a temática do meio
ambiente, dando ênfase às questões referentes à sustentabilidade, com o intuito de incrementar
e intensificar as ações que já vem sendo desenvolvidas pelas instituições. As atividades que
deram origem aos dados apresentados neste trabalho, foram realizadas presencialmente com
35 alunos(as) de duas turmas do 9º ano de uma escola do ensino fundamental do município
de Brejo Santo – CE. Após a apresentação de palestra sobre a temática “Sustentabilidade
e Educação Ambiental”, realizou-se a aplicação de questionário com questões objetivas
relacionadas à temática supracitada. E na sequência, devido a pandemia da Covid-19 não
foram realizadas atividades presenciais com a comunidade externa, foram desenvolvidas
apenas atividades remotas de pesquisas para coleta e tratamento de dados. Conclui-se com
base na análise dos dados coletados, que os discentes devem adquirir conhecimentos quanto
aos principais aspectos da sustentabilidade ambiental, tais aspectos devem ser abordados na
escola e complementados no âmbito familiar, pois podem atuar como instrumentos de ação
para a conscientização correlatamente a conservação do meio ambiente, além do ambiente
no qual estão inseridos na sociedade. Os resultados obtidos demonstraram também que
uma porcentagem considerável dos alunos(as) que participaram da atividade, possui noções
1 Graduando em Licenciatura em Química pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: danrley.silva@aluno.
ufca.edu.br
2 Professor Adjunto da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: marcus.fernandes@ufca.edu.br
181
181
básicas sobre E.A. que necessitam de aprimoramentos e ampliação dos conhecimentos em
relação a essa temática, para que atuem como protagonistas socioambientais.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Educação Ambiental. Meio Ambiente.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho se constituiu num estudo de ação-reflexão sobre a prática da


sustentabilidade ambiental no âmbito escolar de instituições de ensino do município de Brejo Santo –
CE, tendo uma abordagem através da educação ambiental (E.A.) na forma inter e/ou multidisciplinar
(FRAGOSO e NASCIMENTO, 2018). Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 2000), Azevedo, Genovese e Genovese (2014, p. 4) afirmam que:
A principal função do trabalho dentro da escola com o tema Meio Ambiente é
contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e a atuarem na
realidade socioambiental de modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e
da sociedade, local e global. Para isso, é necessário que, mais do que informações e conceitos,
a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a
aprendizagem de habilidades e procedimentos.
Conforme Medeiros et al. (2011):
“[...] crianças bem informadas sobre os problemas ambientais vão ser adultas mais
preocupadas com o meio ambiente, além do que elas vão ser transmissoras dos
conhecimentos que obtiveram na escola [...]”. Objetivou-se com presente trabalho
ampliar os conhecimentos de alunos(as) das séries finais do ensino fundamental e
ampliar sobre a temática do meio ambiente, dando ênfase às questões referentes à
sustentabilidade, com o intuito de incrementar e intensificar as ações que já vem
sendo desenvolvidas pelas instituições.

METODOLOGIA

As atividades que deram origem aos dados apresentados neste trabalho, foram
realizadas presencialmente com 35 alunos(as) de duas turmas do 9º ano de uma escola do
ensino fundamental do município de Brejo Santo – CE. Após a apresentação de palestra sobre
a temática “Sustentabilidade e Educação Ambiental”, realizou-se a aplicação de questionário
com questões objetivas relacionadas a temática supracitada. E na sequência, devido a pandemia
da Covid-19 não foram realizadas atividades presenciais com a comunidade externa, foram
desenvolvidas apenas atividades remotas de pesquisas para coleta e tratamento de dados.

RESULTADOS

Após tratamento dos dados obtidos a partir de questionário aplicado a trinta e cinco
alunos(as) com aproximadamente 86% com idade entre 14 e 15 anos, observou-se que 23
alunos(as) (66%) já tiveram acesso a temática sobre educação ambiental, e 12 alunos(as)
(34%), afirmaram não ter estudado a referida temática.
182
Quanto maior a porcentagem de alunos(as) que tiverem acesso a conhecimentos
sobre E.A., maior será a possibilidade de obtenção de cidadãos ambientalmente conscientes,
conforme Arana e Klebis (2013) ressaltam: “[...] a educação ambiental pode despertar a
tomada de consciência frente ao meio ambiente, reaproximando o homem da natureza e
despertando uma maior responsabilidade e respeito dos indivíduos em relação ao ambiente
em que vivem [...]”.
Em relação a possíveis avanços científicos e tecnológicos poderem contribuir
na educação ambiental, foi unânime a resposta “sim”, demonstrando que os alunos(as)
compreendem a importância da ciência e tecnologia nas questões ambientais. Da mesma forma
os discentes foram também unânimes na afirmação em relação em que a sustentabilidade
deve ser realizada, sinalizando com a resposta.: “Em todos os locais (nas nossas casas, nas
escolas etc.)”.
Sobre a relação entre ciência e sustentabilidade, 5ª questão (Figura 1a), 6 alunos(as)
(17%) consideraram que ambas se relacionam muito, 27 alunos(as) (77%) afirmaram que
essa relação é moderada, 1 aluno(a) considerou pouca relação e 1 aluno(a) deixou em branco.
Em relação a contribuição da educação ambiental na qualidade de vida, 27 alunos(as) (77%)
afirmaram que contribui muito, discordando assim dos 6 alunos(as) (17%) consideraram que
uma contribuição moderada sobre a qualidade de vida (Figura 1b).
Sobre a reutilização de algo que iria para o lixo, 22 alunos(as) (63%) afirmaram que já
reutilizaram, enquanto 13 alunos(as) (37%) afirmaram que não fizeram reutilização (Figura
2a). Sendo assim relevante de forma socioambiental, que a maioria dos alunos(a) de alguma
forma já tenha realizado reutilização de algo que iria para o lixo, conforme afirma Rodrigues
et al. (2017): “[...] Devido aos desastres ambientais, [...] a população usufrui do conceito dos
3R’s (reciclar, reduzir e reutilizar), no qual evita grandes depósitos de lixos, poluições nos
rios, no ar etc [...]”.
Em relação a objetos ou artesanatos obtidos a partir de materiais reutilizáveis (Figura
2b), uma quantidade considerável, 16 alunos(as) correspondente a 46%, afirmaram que já
tinham ganhado, enquanto 7 alunos(as) (20%) afirmaram que já compraram, 8 alunos(as)
(23%) já compraram e ganharam e 4 alunos(as) (11%) afirmaram que nunca tiveram contato
com objetos oriundos de reutilização.

183
183
Figura 1 - Respostas do questionário.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 2 – Respostas do questionário.

Fonte: Elaborado pelos autores.

CONCLUSÕES

Conclui-se com base na análise dos dados coletados, que os discentes devem adquirir
conhecimentos quanto aos principais aspectos da sustentabilidade ambiental, tais aspectos
devem ser abordados na escola e complementados no âmbito familiar, pois podem atuar
como instrumentos de ação para a conscientização correlatamente a conservação do meio
ambiente, além do ambiente no qual estão inseridos na sociedade. Os resultados obtidos
demonstraram também que uma porcentagem considerável dos alunos(as) que participaram
da atividade, possui noções básicas sobre E.A. que necessitam de aprimoramentos e
ampliação dos conhecimentos em relação a essa temática, para que atuem como protagonistas
socioambientais.

REFERÊNCIAS

ARANA, A.R.A.; KLEBIS, A.B.S.O. A importância da educação ambiental no contexto


escolar: Um estudo em Presidente Epitácio – SP. XI Congresso Nacional de Educação.
Anais [...]. 2013. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/CD2013/pdf/10644_6880.
pdf . Acesso em 18 out. 2020.

184
AZEVEDO, L.A.V.; GENOVESE, C.L.C.R. e GENOVESE, L.G.R. Educação ambiental na
escola: Uma prática indispensável para a conscientização ecológica. Revista de Educação,
Ciências e Matemática v.4 n.2 maio 2014. Disponível em: http://publicacoes.unigranrio.
edu.br/index.php/recm/article/view/2274 . Acesso em 16 de out. 2020.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente e Saúde. Ministério da


Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 2 ed. Brasília, 2000. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf . Acesso em 16 out. 2020.

FRAGOSO, E.; NASCIMENTO, E.C.M. A educação ambiental no ensino e na prática escolar


da Escola Estadual Cândido Mariano – Aquidauana/MS. Revista de Educação Ambiental.
2018. Disponível em: https://periodicos.furg.br/ambeduc/article/view/6988 . Acesso em
18 out. 2020.

MEDEIROS, A.B. et al. A Importância da educação ambiental na escola nas séries iniciais.
Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 1, set. 2011. Disponível em: http://www.
terrabrasilis.org.br/ecotecadigital/pdf/a-importancia-da-educacao-ambiental-na-escola-
nas-series-iniciais.pdf . Acesso em 18 out. 2020.

RODRIGUES, A.J.S. et al. Aplicação da política dos 3r’s, em conjunto com a tríade da
sustentabilidade, para incentivar a redução de resíduos sólidos em Serra Branca – PB.
XXXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Anais [...]. 2017. Disponível em:
http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STP_248_433_30974.pdf . Acesso em 18 out.
2020.

ENGLER, R.C.; LACERDA, A.C.; GUIMARÃES, L.H. Associações entre design e artesanato,
um caminho para a sustentabilidade. V Simpósio de Design Sustentável. Anais [...]. 2015.
Disponível em: https://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/associaes-entre-
design-e-artesanato-um-caminho-para-a-sustentabilidade-22498 . Acesso em 18 out. 2020.

185
185
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

WETLANDS CONSTRUÍDOS
COMO ALTERNATIVA NO TRA-
TAMENTO DE EFLUENTES DE
BIODIGESTORES RURAIS

Área temática: Meio Ambiente

Heloisa Avila Angelo Leite1


Thâmara Martins Ismael de Sousa2

Resumo: O trabalho tem o objetivo de apresentar o Wetland Construído como uma alternativa
para o tratamento de efluentes de biodigestores rurais na região do Cariri Cearense e entender
a visão da comunidade em relação a necessidade de tratamento desse efluente.

Palavras-chave: Wetland Construído. Biodigestores Rurais. Tratamento.

INTRODUÇÃO

A pecuária configura-se como umas das principais atividades econômicas do Brasil,


evidenciando-se na criação de gado. Essa prática está presente na maioria das pequenas
propriedades rurais do semiárido nordestino e um dos principais problemas encontrados na
sua execução consiste na grande quantidade de resíduos gerados e sua disposição inadequada,
uma vez que possuem altas taxas de substâncias, que sendo lançadas sem tratamento, podem
causar grandes prejuízos, (OTENIO et al. 2018).
A utilização de sistemas biodigestores vêm sendo aplicada como uma alternativa
de tratamento desses resíduos gerados na propriedade. Os biodigestores são estruturas
alimentadas por matéria orgânica que por meio da digestão anaeróbia produzem: biogás,
utilizado para geração de energia, e um efluente líquido com potencial de utilização como
biofertilizante. Segundo FILHO (2014), esse efluente líquido, principalmente quando se
refere a estruturas de pequena escala, depende da qualidade dos resíduos sólidos usados na
alimentação dos mesmos.
Apesar de já ter sido submetido a um tipo de tratamento, a quantidade de sólidos

1 Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: heloisa.avila@aluno.ufca.edu.br
2 Doutoranda em Engenharia Civil e Ambiental - PPGECA pela Universidade Federal de Campina Grande – (UFCG).
E-mail: thamara.sousa@ufca.edu.br 186
186
dissolvidos e outras substâncias presentes nos efluentes dos biodigestores é alta, trazendo
a necessidade de diluição em água para possibilitar a sua utilização como biofertilziante em
culturas diversas.
Entre as várias alternativas de pós tratamento desses efluentes, o Wetland Construído
(WC), que é um sistema que replica processos que ocorrem naturalmente em ambientes
alagados, é umas das melhores alternativas para sistemas de pequena escala. SEZERINO et
al. (2018), destaca que os WC possuem baixo custo de operação e manutenção e operação
simplificada. Nesse sentido, o presente trabalho tem o objetivo de apresentar o Wetland
Construído como uma alternativa para o tratamento de efluentes de biodigestores rurais do
Cariri Cearense e entender a visão da comunidade em relação a necessidade de tratamento.

METODOLOGIA

Os biodigestores rurais são tecnologias sociais que vêm sendo muito utilizados como
alternativa ao tratamento de resíduos gerados na criação de animais, o Programa de Extensão
Enactus UFCA, da Universidade Federal do Cariri, tem realizado várias ações no sentido de
apresentar essa tecnologia na região.
Até o presente momento, o Programa realizou a construção de quatro biodigestores
rurais em duas cidades diferentes. Foi realizado o acompanhamento desses biodigestores com
o objetivo de entender a relação das comunidades com a tecnologia, perceber se as pessoas
enxergam a necessidade de tratamento dos efluentes dos biodigestores rurais e apontar o
Wetland Construído como alternativa de tratamento desses efluentes.
Para isso, foi elaborado um formulário com perguntas que posteriormente foi aplicado
para o beneficiário de cada biodigestor que tinha mais contato com a tecnologia; as respostas
se baseiam numa escala onde o entrevistado responde com “SIM” ou ‘NÃO” em determinadas
perguntas, e com “Muito pouco”, “Pouco” ou “Muito” em outras perguntas, de acordo com o
seu entendimento. Após a aplicação do questionário foi feita uma avaliação qualitativa das
respostas dos beneficiários.

RESULTADOS

A pesquisa foi feita em quatro diferentes propriedades rurais localizadas no Sítio Boa
Esperança e Sítio Espinhaço, município de Barbalha-CE e no Sítio Umbuzeiro, na cidade de
Tarrafas-CE. Três dos biodigestores funcionam com alimentação de esterco bovino, enquanto
um biodigestor funciona com esterco suíno, observar tabela 01.

187
Tabela 01 - Biodigestores rurais estudados
Forma de
alimentação
Localização
do
biodigestor
Biodigestor Sítio Boa Esperança, Barbalha-
Esterco Bovino
01 CE
Biodigestor
Esterco Bovino Sítio Espinhaço, Barbalha-CE
02
Biodigestor
Esterco Bovino Sítio Espinhaço, Barbalha-CE
03
Biodigestor
Esterco Suíno Sírio Umbuzeiro, Tarrafas-CE
04
Fonte: Elaborado pelos autores

Após a identificação da forma de alimentação e localização dos biodigestores foi


realizado um questionário resultando nas respostas que podem ser observadas na tabela 02.

Tabela 02 - Perguntas apresentadas aos beneficiários de caba biodigestor rural.


Beneficiário Beneficiário Beneficiário Beneficiário
Perguntas
01 02 03 04
Quanto o uso do biodigestor
auxiliou no reaproveitamento
Muito Muito Muito Muito
de espaços que antes estavam
sem utilização?
Quanto a tecnologia
melhorou a destinação
Muito Muito Muito Muito
de esterco animal junto a
beneficiado?
O beneficiário utiliza o
efluente do biodigestor como SIM SIM SIM SIM
biofertilizante?
O beneficiário dilui o efluente
do biodigestor em água para
SIM SIM SIM SIM
possibilitar seu uso como
biofertilizante?
O beneficiário sabe que
o efluente do biodigestor
NÃO SIM SIM SIM
não pode ser descartado
diretamente no solo ?
O beneficiário sabe que o
efluente do biodigestor tem NÃO NÃO NÃO SIM
necessidade de tratamento?
Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

Todos os beneficiários fizeram o aproveitamento de espaços que antes estavam sem


utilização, melhorando a permanência das pessoas na comunidade e a qualidade do uso do
188
188
solo. As famílias também melhoraram a destinação do esterco animal e passaram a utilizar
o efluente do biodigestor como biofertilizante através da diluição em água, evitando assim o
uso de fertilizantes químicos. Três dos beneficiários entrevistados sabiam que o efluente do
biodigestor não pode ser despejado diretamente no solo, porém, apenas um beneficiário tinha
conhecimento que o efluente do biodigestor pode conter substâncias nocivas as pessoas e ao
meio ambiente, isso afirma a necessidade de ensinar as comunidades sobre a importância
do tratamento, diminuindo a caga orgânica do efluente e realizando um pós tratamento com
uma tecnologia social simples como o Wetland Construído.

CONCLUSÕES

O uso de Wetlands Construídos apresenta-se como uma alternativa viável de


pós tratamento de efluentes de biodigestores rurais. É necessário levantar uma discussão
nas comunidades sobre a importância do pós tratamento desses efluentes, uma vez que
muitas pessoas não tem conhecimento dessa necessidade. A construção de comunidades e
propriedades rurais mais sustentáveis se dá através do conhecimento e replicação de técnicas
e tecnologias sociais simples e de fácil aplicação. Nesse sentido, a extensão universitária tem
papel importante e pode promover transformação e melhoria da convivência com o meio
rural pelo ensinamento de tecnologias sociais e troca de conhecimento coma as comunidades.

REFERÊNCIAS

FILHO, I. O. S.; Avaliação da toxidade e remoção de matéria orgânica de efluente


de biodigestor de resíduos sólidos orgânicos tratados em Wetlands. Dissertação
de Mestrado, Engenharia Civil e Ambiental, Universidade Federal de Pernambuco. Caruaru,
2014. 63f. il. ; 30.

OTENIO, M. H.; MACIEL, A. M.; SILVA, J. B. G.; PAULO, V. R.; NASCIMENTO A. M.;
Aplicação de biofertilizante de água residuária da bovinocultura leiteira na
cultura do milho. Comunicado técnico 86, Embrapa, Juiz de Fora, Minas Gerais, 2018.

SEZERINO, P,H; ROUSSO B. Z.; PELISSARI, C.; SANTOS, M. O.; FREITAS, M. N.;
FECHINE, V. Y.; LOPES, A. M. B.; Wetlands Construídos Aplicados no Tratamento
de Esgoto Sanitário: recomendações para implantação e boas práticas de operação e
manutenção. Brasil. Ministério da Saúde, Fundação Nacional de Saúde. – Florianópolis :
Universidade Federal de Santa Catarina, 2018 56 p. : il.

189
Saúde
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

ABORDANDO A SAÚDE E A ESPIRI-


TUALIDADE NOS MEIOS DIGITAIS
EM TEMPOS DE PANDEMIA POR CO-
VID-19
um relato de experiência sobre a ex-
tensão universitária por via remota
Área temática: Saúde

José Evandier Leandro de Souza Silva1


Karine Guiot Araújo2
Virgínia Gadelha dos Santos3
Vanessa Medeiros de Andrade4
Jaciara Bezerra Marques5

Resumo: A pandemia pelo SARS-COV-2 já impactou os estudos de mais de 1,5 bilhão de


estudantes em 188 países. Meses depois do início do confinamento social, boa parte das
instituições de ensino continuaram fechadas. Dessa forma, a tecnologia e o ensino a distância
se tornaram aliados para dar continuidade ao aprendizado e dirimir os prejuízos. Um dos
eixos que mais trabalhamos – a espiritualidade – dimensiona e redimensiona o sentido
da vida com um dinamismo interno de busca por um significado; diante da pandemia, a
dimensão espiritual aponta para o sentido da esperança e da resiliência. Em vista disso, o
Programa de Extensão em Saúde, Espiritualidade e Dor do Cariri (LIASE Cariri) vem por
meio deste relato de experiência com o objetivo de expor as vivências, os aprendizados e
as dificuldades encontradas ao atuar na extensão universitária de forma remota. Nesse
período, foi compartilhado com o público conhecimentos teóricos e práticos a respeito da
espiritualidade e sua relação com a saúde, cuidados e prevenção relacionados à COVID-19,
abordagem da dor e dos cuidados paliativos, e cuidados com a saúde mental, destacando a
campanha do setembro amarelo. Produzimos um curso online de Cuidados Paliativos, com
produção de seis ebooks; dois podcasts abordando a espiritualidade, os cuidados em saúde e
o bem-estar mental, e, também, eventos juntamente com outros projetos da nossa instituição,

1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: evandiersousa@gmail.com


2 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: karine_guiot@hotmail.com
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: virginiagadelha20@gmail.com
4 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: vanessa.andrade@aluno.ufca.
edu.br
5 Geriatra e Docente de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: geriatriacariri@gmail.com
191
191
como o Curso Básico em Dor e Cuidados Paliativos no Câncer. Firmamos parcerias com ligas e
grupos de todo o Brasil, para troca de conhecimento, colaboração e experiências. Observamos
que as mídias sociais tiveram papel central na facilitação das atividades durante esse ano,
apesar de algumas limitações em relação ao acesso. Entretanto, sabemos que apesar dos
pontos positivos, o ideal da extensão universitária é o contato presencial com as comunidades.
No que diz respeito as áreas da saúde, incluem-se também as práticas clínicas, que não podem
ser substituídas por nenhum recurso virtual.

Palavras-chave: Espiritualidade. Extensão Universitária. Pandemia.

INTRODUÇÃO

A pandemia pelo SARS-COV-2 já impactou os estudos de mais de 1,5 bilhão de


estudantes em 188 países – o que representa mais de 90% do total de estudantes no mundo
(UNESCO, 2020). Em meio a esse panorama assustador e conturbado, não apenas na questão
de saúde, mas também no aprendizado de todos, os impactos são inimagináveis.
Meses depois do início do confinamento social, boa parte das instituições de ensino
continuaram fechadas para evitar o contágio e o aumento nos casos de COVID-19. Dessa
forma, a tecnologia e o ensino a distância se tornaram aliados para dar continuidade ao
aprendizado e dirimir os prejuízos. Diante dessas circunstâncias, as redes sociais foram um
exitoso canal de comunicação que possibilitaram o prosseguimento das práticas de ensino e
de extensão nas escolas e nas universidades.
Em adição, a realização estratégica das ações de extensão dos estudantes da
área da saúde em todo o país, por meio de redes sociais, como o Instagram, WhatsApp e
YouTube, possibilitou que diversos assuntos relacionados à prevenção de agravos, à saúde
mental e ao bem-estar humano alcançassem públicos de diferentes idades, classes sociais e
localidades diversas do Brasil e do mundo. Outrossim, um dos eixos que mais trabalhamos –
a espiritualidade – dimensiona e redimensiona o sentido da vida com um dinamismo interno
de busca por um significado existencial; no palco clínico-assistencial é reconhecido que esse
aspecto compreende e pode definir as relações terapêuticas.
Na atualidade, diante da pandemia, a dimensão espiritual aponta para o sentido da
esperança, para o poder da resiliência, para a reflexão sobre o processamento da notícia de
testagem positiva e para a disposição dos meios internos para esse enfrentamento (TAVARES,
2020). Em vista disso, o Programa de Extensão em Saúde, Espiritualidade e Dor do Cariri
(LIASE Cariri) vem por meio deste relato de experiência com o objetivo de expor as vivências,
os aprendizados e as dificuldades encontradas ao atuar na extensão universitária de forma
remota, abordando a saúde, a espiritualidade, os cuidados paliativos e a dor durante a
pandemia pelo novo coronavírus.

192
METODOLOGIA

Esse estudo trata-se de um relato de experiência acadêmica sobre a extensão


universitária dos alunos do curso de medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA),
pertencentes ao Programa de Extensão em Saúde, Espiritualidade e Dor do Cariri (LIASE
Cariri). O presente trabalho descreve o processo de educação em saúde, por intermédio das
mídias digitais, durante o distanciamento social causado pelo SARS-COV-2, no ano de 2020.
Nesse período, foi compartilhado com o público conhecimentos teóricos e práticos a
respeito da espiritualidade e sua relação com a saúde, cuidados e prevenção relacionados à
COVID-19, abordagem da dor e dos cuidados paliativos, e por fim, os cuidados com a saúde
mental, destacando a campanha do setembro amarelo. Ademais, essa explanação descreve
como essa nova forma de interação possibilita a disseminação de informações, favorecendo a
manutenção da promoção da saúde nas comunidades, sobretudo às mais distantes e excluídas.
Como instrumento principal foram utilizadas as redes sociais, principalmente o
Instagram, também foi empregue, em menor escala, o YouTube, o Facebook, o WhatsApp
e plataformas de podcasts, como o Spotify. É importante ressaltar que todos os membros
do programa participaram de todos os processos, desde os extensionistas vinculados a Pró-
Reitoria de Extensão da UFCA (PROEX), aos demais integrantes da LIASE.
A fim de atingir os nossos objetivos na extensão, foram produzidas publicações
utilizando-se de textos, imagens e vídeos, abordando os temas supracitados. Além disso,
realizamos encontros de ensino online, como o I Simpósio de Cuidados Paliativos e
Espiritualidade e as Reflexões em Saúde Online. Produzimos também um curso online de
Cuidados Paliativos, com produção e divulgação de seis ebooks gratuitamente e, ainda, dois
podcasts abordando a espiritualidade, os cuidados em saúde e o bem-estar mental.
Ademais, realizamos eventos juntamente com outros projetos da nossa instituição,
como por exemplo o Curso Básico em Dor e Cuidados Paliativos no Câncer; e, também,
firmamos parcerias com ligas e grupos de todo o Brasil, para troca de conhecimento,
colaboração e experiências.

RESULTADOS

Diante da atual circunstância de isolamento social e suspensão das atividades


presenciais de extensão, o uso das mídias sociais foi fundamental na aproximação dos ligantes
com a comunidade. Ao realizarmos os eventos online, como as Reflexões em Saúde e o I
Simpósio de Cuidados Paliativos, que teve abrangência nacional, foi possível minimizar as
distâncias com acadêmicos, profissionais e demais interessados nos temas abordados.
Além disso, a utilização de meios virtuais possibilita a democratização do acesso aos
conhecimentos para pessoas que presencialmente não teriam como participar, por motivos
diversos, das atividades do programa. Dessa feita, pessoas de outros estados e com atribuições
que lhes impediam de estarem conectadas de modo síncrono, tiveram a oportunidade de
assistir, estudar ou palestrar sobre os temas propostos.
193
193
É importante ressaltar, todavia, que foi possível observar as diferenças relacionadas à
acessibilidade aos eventos online, sobretudo devido à conectividade, pois enquanto muitos possuem
acesso a banda larga de qualidade, que lhes permitem acessar aplicativos e sites facilmente, outras, não
puderam aproveitar da melhor forma, por não possuírem uma conexão de boa qualidade ou por acesso
nenhum à internet. Para minimizar esses impactos, procuramos deixar disponíveis, em plataformas
como o Spotify e o YouTube, materiais informativos e gravações das reflexões online, para que possam
ser acessados futuramente e sempre que for possível pela comunidade interessada.
Apesar de todos esses benefícios, tivemos dificuldades que vão além da conectividade,
pois a divulgação de ciência nas redes sociais deve contar com linguagem simples a fim
de abranger todos os públicos, tornando desafiador adaptar a divulgação dos saberes sem
perder a qualidade da informação. Além disso, nesses ambientes midiáticos é insuficiente
divulgar conteúdos originais, visto que o público tem a expectativa de uma interatividade na
comunicação (BARBOSA, 2017).
Dessarte, tivemos que desenvolver habilidades que permitissem um maior interesse
e entendimento sobre o que estava sendo publicado a fim de atingir nossos objetivos. Por fim,
o saldo e as experiências foram positivas, com um importante aumento no alcance das nossas
redes sociais ao longo do ano e muitos feedbacks positivos advindos do público atendido.

CONCLUSÕES

Concluímos que as mídias sociais tiveram papel central na facilitação das atividades
durante esse ano. Sem dúvidas, estas foram as ferramentas cruciais para que pudéssemos
atingir positivamente a comunidade de nossa região, bem como de outros estados do
país, apesar de algumas limitações em relação ao acesso à internet por algumas pessoas.
Entretanto, sabemos que apesar dos pontos positivos, o ideal da extensão universitária é o
contato presencial com as comunidades, no que diz respeito as áreas da saúde, incluem-se
também as práticas clínicas, que não podem ser substituídas por nenhum recurso virtual,
pois a humanização da saúde, um dos pilares defendidos em nosso programa, depende
principalmente desse contato físico.
Em vista disso, acreditamos que a utilização da via remota funcionou de maneira eficaz
como alternativa para o momento vivido neste ano, apresentando vários benefícios; contudo,
o ensino e a extensão a distância não substituem a atuação presencial. Dessa maneira, quando
o contexto de saúde estiver favorável, as modalidades virtuais devem sim continuar, mas,
como complementares.  

REFERÊNCIA

DIAS, Érika. A Educação e a COVID-19. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de
Janeiro, v.28, n.108, p. 545-554, jul./set. 2020. DOI https://doi.org/10.1590/S0104-
40362019002801080001. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-40362020000300545 . Acesso em: 18 out. 2020.

194
SAE DIGITAL. Educação e Coronavírus – Quais são os impactos da pandemia?. jun. 2020.
Disponível em: https://sae.digital/educacao-e-coronavirus/ . Acesso em: 20 out. 2020.

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO. Coronavírus: impactos na educação


do Brasil e do mundo. ago. 2020. Disponível em: https://fia.com.br/blog/coronavirus-
impactos-na-educacao/ . Acesso em: 20 out. 2020.

TAVARES, Cássia. Dimensões do cuidado na perspectiva da espiritualidade durante a


pandemia pelo novo coronavírus (COVID-19). Journal Health NPEPS. 2020 jan-
jun; 5(1):1-4. DOI http://dx.doi.org/10.30681/252610104517 . Disponível em: https://
periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/view/4517 . Acesso em: 20 out. 2020.

BARBOSA, Cristiane. A divulgação da ciência em redes sociais: o uso do Facebook


por instituições de pesquisa do Amazonas. Tese (Doutorado em Ciências da
Informação – Especialidade em Jornalismo e Estudos Mediáticos). Universidade Fernando
Pessoa. Porto. P. 03. 2017. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/handle/10284/6223.
Acesso em: 18 out, 2020.

195
195
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

ADAPTANDO PLATAFORMAS
DIGITAIS PARA A PROMOÇÃO
DE SAÚDE
um relato de experiência

Área temática: Saúde.

Carlos Davi Bezerra Felipe1


Cristiane Marinho Uchôa Lopes2

Resumo: As plataformas online vêm revolucionando a maneira como a humanidade se


relaciona, exercendo forte impacto sobre a formação de opiniões para tomada de atitudes
por pessoas em todo o mundo. Sob esse viés, o projeto de extensão Vida Saudável vinculado
a Universidade Federal do Cariri, durante o período da pandemia da COVID-19, fez uso de
plataformas digitais, como Instagram e Youtube para divulgar informações sobre educação em
saúde. Dessa forma, verificou-se resultados bastante positivos no que concerne a divulgação
das informações e interatividade da comunidade com os temas divulgados. Destarte, as
plataformas digitais demonstraram ser um meio adequado para a divulgação de informações
sobre educação em saúde, podendo ser uma alternativa a divulgação e a interação das
informações com a sociedade, na busca incessante de gerar impacto positivo na comunidade.

Palavras-chave: Plataforma digital. Promoção de saúde. Ações de extensão.

INTRODUÇÃO

Contemporaneamente, no mundo, as tecnologias da informação vêm transformando


as formas de comunicação, além de comprovadamente exercerem forte influência na formação
de opiniões. Nesse contexto, surgem novas formas de se fazer extensão, sobretudo na vigência
da pandemia da COVID-19, a qual, definitivamente, mudou a forma como a humanidade se
relaciona entre si (FERES, 2016).
Nessa conjuntura, surgiu o Projeto Vida Saudável, o qual é vinculado à Pró-

1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: davi.bezerra@aluno.ufca.edu.br


2 Professora Adjunta do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: cristiane.marinho@ufca.
edu.br 196
196
Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Cariri (UFCA), atuando em conjunto com
a Coordenadoria de Qualidade de Vida no Trabalho (CQVT) o projeto tem como objetivo
atuar na área de promoção de saúde, abordando temas de interesse popular com o intuito de
conscientizar e promover uma melhoria da qualidade de vida da comunidade.
Com efeito, segundo o Ministério da Saúde, educação em saúde é toda ação de cunho
educativo que, tendo como base a problematização do processo de trabalho em saúde, tenha
como objetivo transformar tanto as práticas profissionais, como as atividades da própria
organização do trabalho, tendo como foco as necessidades de saúde das pessoas e da sociedade
e a ampliação dos laços da formação com exercício do controle social em saúde (LEITE, 2018).
Dessa forma, fica evidente o papel da extensão universitária como parte atuante e de
fundamental importância na difusão das informações, com o fito de promover educação em
saúde.
O advento da internet e sua evolução, ampliou substancialmente o acesso à informação,
com a produção massificada de conteúdo das mais diferentes fontes, locais, horários e em
uma velocidade sem precedentes. Há cada vez mais informações, disponibilizadas na internet,
resultando em uma fonte útil de difusão do conhecimento e apoio, com maior facilidade na
transposição de barreiras geográficas, pessoais e físicas.
Nesse enfoque, o Projeto Vida Saudável vem usando dessa potente forma de interação
como ferramenta para promoção à saúde. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo
relatar e descrever a experiência de se fazer extensão através da adaptação de plataformas
digitais para a promoção de saúde.

METODOLOGIA

O projeto Vida Saudável é um projeto de extensão da UFCA, o qual possui como


objetivo realizar ações de extensão, com temas relacionados à promoção de saúde e qualidade
de vida para a comunidade, através de vídeos e materiais informativos. O material informativo
é produzido a partir da plataforma Canva®, sendo o texto retirado de artigos postados nas
plataformas Scielo®, Medline® e Scopus®, com linguagem adaptada para o público leigo
em relação ao tema abordado.
Outrossim, os vídeos são produzidos com o uso da plataforma Lumen5® e editados
através do software Filmora®. Os temas são relacionados à Ergonomia no ambiente de
trabalho e na sala de aula, doação de sangue, uso correto da máscara facial, alimentação
saudável, entre outros. Uma vez produzidos os materiais, esses são amplamente divulgados
nas nossas redes sociais Instagram® (@projetovidasaudavel_ufca) e Youtube® (Canal Projeto
Vida Saudável), bem como enviados para os e-mails institucionais dos servidores da UFCA com
o intermédio da CQVT.

197
RESULTADOS

O Projeto Vida Saudável desenvolveu suas ações de promoção de saúde por meio,
principalmente, das plataformas digitais, das redes sociais com a publicação de postagens
com linguagem simples e com textos e imagens elucidativas sobre temas relacionados à saúde
e qualidade de vida, vide figura 1 e figura 2.

Figura 1 – Captura de tela


da página do Projeto Vida
Saudável no Instagram

Fonte: Instagram® (2020).

Figura 2 – Capa do material informativo sobre “DICAS DE


ERGONOMIA DURANTE O USO DO COMPUTADOR” postado na
página do Projeto Vida Saudável no Instagram.

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

198
198
Os novos métodos de se fazer extensão aliados a ampla divulgação nas redes sociais
devem otimizar a maneira como se faz educação em saúde (MARTORELL, et al. 2017). Desse
modo, o projeto gerou forte impacto na comunidade, como prova disso se pode citar que
os vídeos publicados no Instagram® já obtiveram um total de 1.185 visualizações, confirmando,
assim, a efetividade e a importância das redes sociais na propagação de conteúdos sobre educação em
saúde. Além disso, um diferencial que pode ser visto no uso de plataformas digitais é a interatividade:
após as postagens dos vídeos a comunidade é livre para fazer indagações e tirar dúvidas sobre o tema
abordado. Outro fator que corrobora com a difusão dessas informações, é a ampla divulgação feita
pela própria comunidade entre si, por compartilhamentos dos vídeos para amigos nas redes sociais,
propagando ainda mais as informações, promovendo saúde.

CONCLUSÕES

Destarte, foi possível explorar os benefícios proporcionados pelas plataformas digitais


no processo de educação em saúde, dentre esses destacam-se a interatividade com o público
e o vasto e rápido alcance das publicações, as quais com o incentivo dos próprios usuários
alcançam um número elevado de pessoas em um curto espaço de tempo, algo bastante
complicado de se fazer quando se trabalha com práticas de extensão presenciais. Dessa forma,
as plataformas digitais demonstraram ser um importante meio para difusão de informações
sobre educação em saúde, constatando-se um novo meio de gerar impacto positivo na
comunidade mesmo em situações adversas, agregando novas formas e conhecimentos sobre
como se fazer extensão.

REFERÊNCIAS

FERES, G. G.; OTTONICAR, S. L. C.; VALENTIM, M. L. P. Competência em informação e os


contextos educacional, tecnológico, político e organizacional. Revista Ibero-Americana
de Ciência e Informação, v. 9, n. 1, p. 124-42, 2016.

LEITE, M. M. J.; PRADO, C.; PERES, H. H. C. Educação em saúde: desafios para uma
prática inovadora. Difusão Editora, 2018.

MARTORELL, L. B. Uso de mídias sociais: um caso de urgência e emergência para


profissionais da saúde. RBOL - Revista Brasileira de Odontologia Legal, v. 4, n. 1,
2017.

199
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTA-
ÇÃO DIETÉTICA COM MICRO-
NUTRIENTES NA COVID - 19 E
A IMUNOMODULAÇÃO

Área temática: Saúde

Gabriel Bezerra Pereira1


Dionizio Gonçalves Bezerra Neto2
Washington Moura Braz3

Resumo: O aparecimento da COVID-19, em pacientes que apresentem comorbidades, pode


ser um fator determinante no aparecimento de complicações e na piora do quadro clínico
geral do paciente. Sabe-se que a abordagem alimentar é importante no enfrentamento da
maior parte dessas doenças crônicas de risco. Em virtude disso, torna-se importante avaliar
o papel da imunomodulação e estratégias imunológicas no combate à COVID-19 e o papel
imunológico da suplementação dietética com vitaminas e minerais. Foi realizada pesquisa
na base de dados PubMed, Biblioteca Nacional de Medicina, com os descritores ‘’Covid-19’’
(DeCS), “Suplementação dietética” (DeCS) e “Imunidade” (DeCS). Foram utilizados os filtros
“texto completo livre” e “publicações no último ano”, restando 21 trabalhos, dos quais 8 estão
diretamente ligados ao tema proposto e foram incluídos no estudo. Ao se estabelecer uma
relação de causa e efeito entre os padrões nutricionais do indivíduo e a potencial gravidade de
acometimento pela infecção do SARS-CoV-2, foi possível identificar que alguns micronutrientes
então potencialmente relacionados ao sistema imune, dentre eles, destacamos os beta-
glucanos, o zinco e a vitamina D. Inúmeros estudos apontam que a obesidade, por exemplo,
é um fator de risco independente da idade e essa condição traz consigo um desequilíbrio
metabólico e muitas vezes nutricionais, o que agrava a cascata imunológica. Nossa análise
trouxe que a suplementação de micronutrientes é bastante promissora no enfrentamento ao
SARS-CoV-2, algo bastante positivo e que permite uma possível superação dos empecilhos
que o novo coronavírus nos trouxe. Por meio dessa análise, podemos destacar que os beta-
glucanos, o zinco e a vitamina D apresentaram potencial de eficácia no enfretamento à
COVID-19 e podem ser testados em pacientes através de estudos multicêntricos para melhorar

1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: bezerra.gabriel@aluno.ufca.edu.br


2 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: dionizio.neto@aluno.ufca.edu.br
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: washington.braz@aluno.ufca.edu.br
200
200
a defesa imunológica primária e orientar para a modulação imunológica.

Palavras-chave: Covid-19. Suplementação dietética. Imunomodulação.

INTRODUÇÃO

A pandemia de COVID-19, em curso, começou no final de 2019, na cidade de Wuhan,


China. COVID-19 foi atribuído a um novo tipo de coronavírus, denominado pela OMS como o
“novo coronavírus-2019” (SARS-CoV-2). Esse novo vírus é membro da família Coronaviridae
e da subfamília Coronaviridae (Wang C, 2020).
Dentre suas principais características, apresenta como estado pró-inflamatório
a justificativa para suas complicações, possibilitando a elevação de citocinas, fatores de
crescimento, fatores de estimulação para macrófagos e granulócitos, fator de necrose tumoral
e fator de crescimento endotelial vascular. Assim, de forma simples, o SARS-CoV-2 leva a
uma tempestade inflamatória que pode levar a uma síndrome do desconforto respiratório
agudo (SDRA), levando à fibrose pulmonar e morte.
O aparecimento da COVID-19, em pacientes que apresentem comorbidades, pode ser
um fator determinante no aparecimento de complicações e na piora do quadro clínico geral
do paciente. Nos casos de pacientes com histórico de hipertensão arterial sistêmica, diabetes,
doenças cardiovasculares e obesidade, inúmeros estudos associaram a um maior índice de
internação em unidades de terapia intensiva.
Os prováveis mecanismos que justificam a complicação do quadro são a elevação da
demanda metabólica, a lesão cardíaca, devido a uma resposta imune inflamatória avassaladora,
a tempestade de citocinas e o dano direto aos cardiomiócitos. Além do dano cardiovascular,
inúmeros órgãos e sistemas podem ser atingidos e essa condição eleva o risco de implicações
severas.
Dessa forma, torna-se importante avaliar o papel da imunomodulação e estratégias
imunológicas no combate à COVID-19 e o papel imunológico da suplementação dietética com
vitaminas e minerais.

METODOLOGIA

Realizada pesquisa na base de dados PubMed, Biblioteca Nacional de Medicina,


entre os dias 5 e 24 de outubro do ano de 2020, com os descritores ‘’Covid-19’’ (DeCS),
“Suplementação dietética” (DeCS) e “Imunidade” (DeCS). PubMed é um motor de busca de
livre acesso à base de dados MEDLINE de citações e resumos de artigos de investigação em
biomedicina, sendo uma das principais fontes de publicação de conhecimento médico e de
saúde no mundo, motivo da nossa escolha por tal base de dados. Foram utilizados os filtros
“texto completo livre” e “publicações no último ano”, restando 21 trabalhos, dos quais 8 estão
diretamente ligados ao tema proposto e foram incluídos no estudo.
201
CONCLUSÕES

Ao estabelecer uma relação de causa e efeito entre os padrões nutricionais do


indivíduo e a potencial gravidade de acometimento pela infecção do SARS-CoV-2, foi possível
identificar que alguns micronutrientes então potencialmente relacionados ao sistema imune.
Estudos apontam que a obesidade é um fator de risco independente da idade e essa condição
traz consigo um desequilíbrio metabólico e muitas vezes nutricionais, o que agrava a cascata
imunológica.
Dentre os micronutrientes que foram mais bem estabelecidos como importantes fatores
relacionados à potencial gravidade de doença, está a vitamina D e vários estudos demonstraram
que valores abaixo de 30 ng/dL estão relacionados a uma maior morbimortalidade. Acerca
da temática, a vitamina D possui ação nuclear e, dentre inúmeras ações, como a regulação do
metabolismo ósseo e muscular, também atua como moduladora do sistema imune e, quando
seus valores estão reduzidos, a tempestade de citocinas provocada pelo SARS-CoV-2 se torna
mais grave.
Outros micronutrientes mostram poucas evidências, como a vitamina C, que ajuda a
prevenir infecções virais, especialmente o resfriado comum. Uma revisão da literatura de 640
estudos não conseguiu identificar qualquer evidência conclusiva para a profilaxia da vitamina
C na prevenção do resfriado comum, mas ainda sem comprovação na infecção pelo SARS-
C0V-2(Jayawardena R, 2020).
A suplementação diária de multivitamínico-mineral e vitamina E (200 mg / dia)
mostrou um efeito favorável na incidência e na gravidade de infecções agudas do trato
respiratório em participantes idosos não institucionalizados e bem nutridos (Graat JM, 2002).
Os beta-glicanos são polissacarídeos de ocorrência natural, obtidos de diferentes fontes, como
aveia, cevada, bactérias, leveduras, algas e cogumelos. Os beta-glucanos derivados de diferentes
fontes apresentam variações em sua estrutura, responsáveis ​​por suas propriedades biológicas
específicas (Akramiene D, 2007).
Além disso, alguns minerais comprovam certa relação do sistema imune,
principalmente, com o zinco e o selênio, que podem estar em quantidades reduzidas em
pacientes obesos.

RESULTADOS

Em virtude dos argumentos apresentados, concluímos que, mesmo em meio à


pandemia que ainda assola boa parte do nosso país e do mundo, é possível criar meios de
superação aos desafios do isolamento social e fechamento das universidades.
Com isso, nossa análise trouxe que a suplementação de micronutrientes é bastante
promissora no enfrentamento ao SARS-CoV-2, algo bastante positivo e que permite uma
possível superação dos empecilhos que o novo coronavírus nos trouxe. Por meio dessa análise,
202
202
descobrimos que os beta-glucanos, o zinco e a vitamina D podem ser testados em pacientes
através de estudos multicêntricos para melhorar a defesa imunológica primária e orientar
para a modulação imunológica.

REFERÊNCIAS

JAYAWARDENA, Ranil et al. Enhancing immunity in viral infections, with special emphasis
on COVID-19: a review. Diabetes Metab Syndr, v. 14, n. 4, 367-382, jul./ago. 2020. doi:
10.1016/j.dsx.2020.04.015.

XU, Yi et al. The importance of vitamin D metabolism as a potential prophylactic,


immunoregulatory and neuroprotective treatment for COVID-19. J Transl Med, v. 18, n.
1, ago. 2020. doi: 10.1186/s12967-020-02488-5.

INFUSINO, Fabio et al. Diet Supplementation, Probiotics, and Nutraceuticals in SARS-


CoV-2 Infection: A Scoping Review. Nutrients, v. 12, n. 6, jun. 2020. doi: 10.3390/
nu12061718.

JOVIC, Thomas et al. Could Vitamins Help in the Fight Against COVID-19?. Nutrients, v.
12, n. 9, 2020.

CONTE, Luana; TORALDO, Domenico. Targeting the gut–lung microbiota axis by means of
a high-fibre diet and probiotics may have anti-inflammatory effects in COVID-19. Ther Adv
Respir Dis. v. 14:1753466620937170. jan./dez. 2020. doi: 10.1177/1753466620937170.
PMID: 32600125; PMCID: PMC7328354.

ISAIA, Giancarlo; MEDICO, Enzo. Associations between hypovitaminosis D and COVID-19:


a narrative review. Aging Clin Exp Res, v. 32, p. 1879-1881, (2020). https://doi.
org/10.1007/s40520-020-01650-9.

RAO, Kosagi-Sharaf et al. Role of immune dysregulation in increased mortality among a


specific subset of COVID-19 patients and immune-enhancement strategies for combating
through nutritional supplements. Front Immunol. 2020;11:1548, jul. 2020. doi:10.3389/
fimmu.2020.01548.

OHAEGBULAM, Kim et al. Vitamin D supplementation in COVID-19 patients: a clinical


case series. American Journal of Therapeutics, v. 27, n. 5, p e485-e490, sep./oct.
2020. doi: 10.1097/MJT.0000000000001222.

CHEN, Liang et al. A novel combination of vitamin C, curcumin and glycyrrhizic acid
potentially regulates immune and inflammatory response associated with Coronavirus
infections: a perspective from system biology analysis. Nutrients, v. 12, n. 4, apr. 2020.
doi:10.3390/nu12041193.

203
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

DESENVOLVIMENTO DE CON-
GRESSO MÉDICO ON-LINE: RE-
LATO DE EXPERIÊNCIA

Área temática: Saúde.

Bruna Raynara Novais Lima1


Brena Suianne Pereira Lima2
Lorena Magalhães de Macedo3
Jonas Lima Pinho4
João Pedro de Souza Bezerra5
Alyce Brito Barros6
Patrícia Maria de Albuquerque Brayner7

Resumo: Em decorrência da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, as atividades de


ensino presencial realizadas na Universidade Federal do Cariri (UFCA), em Barbalha-CE, foram
suspensas por tempo indeterminado como medida sanitária. Nesse sentido, o Programa de
Atenção à Gestante (ProGest), precisou modificar as ações que desenvolvia para a comunidade
circunscrita à universidade e para os acadêmicos da área de saúde, como o desenvolvimento
do V Congresso de Saúde da Mulher do Cariri (CONSMUC) que passou ser realizado via on-
line. A fim de melhor estruturar a organização do congresso, todos da organização foram
divididos em grupos de whatsApp para facilitar a comunicação e a distribuição de atividades.
A edição do V CONSMUC, realizado pela primeira vez de forma virtual obteve 336 inscritos,
com 164 trabalhos submetidos voltados para a área de Ginecologia e Obstetrícia.

Palavras-chave: Educação Médica. Materiais de Ensino. COVID-19.

1 Discente do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: bruna.raynara@aluno.ufca.edu.br.


2 Discente do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: brena.suianne@aluno.ufca.edu.br.
3 Discente do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: lorena.macedo@aluno.ufca.edu.br.
4 Discente do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: jonas.pinho@aluno.ufca.edu.br.
5 Discente do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: pedro.bezerra@aluno.ufca.edu.br.
6 Discente do curso de Enfermagem do Centro Universiátio de Juazeiro do Norte. E-mail: alyce.brito@hotmail.com.
7 Docente do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: patricia.brayner@ufca.edu.br.
204
204
INTRODUÇÃO

Em decorrência da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, as atividades de ensino


presencial realizadas na Universidade Federal do Cariri (UFCA), em Barbalha-CE, foram
suspensas por tempo indeterminado como medida sanitária. Essa realidade não apenas
prejudicou o ensino das matérias já disponibilizadas no cronograma da universidade, mas
também modificou a metodologia utilizada nos projetos de extensão vinculados à UFCA.
Nesse sentido, o Programa de Atenção à Gestante (ProGest), precisou modificar as
ações que desenvolvia para a comunidade e para os acadêmicos da área de saúde. Um exemplo
dessas adaptações foi o desenvolvimento do V Congresso de Saúde da Mulher do Cariri (V
CONSMUC) em formato on-line. Embora o contexto caótico da pandemia pudesse dificultar
a realização desse evento, todos os integrantes do projeto se reinventaram com novas ideias,
a fim de não quebrar a tradição desse congresso que integra ensino, pesquisa, extensão e
cultura.
Assim, no contexto da pandemia, as salas de aula virtuais se tornaram uma solução
para que o ensino acadêmico não fosse prejudicado (JESUS et al., 2020). Nesse sentido,
eventos científicos on-line, apresentam o benefício de integrar um público ainda maior para
a construção do conhecimento (JESUS et al.,2020). Assim, o ProGest não mediu esforços
em desenvolver o V CONSMUC on-line, de forma a repassar conhecimento para todos os
acadêmicos interessados na área.

METODOLOGIA

O ProGest é formado por 16 integrantes, 1 orientadora e 2 médicos auxiliares. A fim


de melhor estruturar a organização do congresso, todos da organização foram divididos em
grupos no WhatsApp para facilitar a comunicação e a distribuição de atividades. O grupo
da coordenação era composto pelos 3 profissionais já formados na área de Ginecologia e
Obstetrícia e 2 estudantes que eram bolsistas remunerados. Outros 3 grupos foram criados
para melhorar a interação com os bolsistas voluntários.
O primeiro grupo mediava o contato de representantes do ProGest com ligantes
de outros projetos de extensão que desejassem receber desconto no congresso em troca de
realizar propaganda semanal do evento nas respectivas redes sociais da liga beneficiada.
O segundo grupo era formado pelos estudantes que desenvolviam as mídias de
postagens para o Instagram oficial do evento. Essas mídias incluíam postagens para
sorteios, divulgação de palestrantes e patrocinadores e eventuais avisos para os inscritos.
O terceiro grupo era responsável por manter o Instagram atualizado com as postagens
desenvolvidas pelos demais ligantes.
As postagens não eram feitas aleatoriamente, mas eram organizadas de maneira
que favorecessem o marketing do congresso e instigasse a procura pelo evento científico
a ser desenvolvido. Por fim, uma integrante foi designada para solucionar as dúvidas e os
205
problemas enviados para a plataforma oficial do evento. As bolsistas remuneradas ficaram
responsáveis por coordenar todo esse processo, além de desenvolverem arquivos formais
de pedido de patrocínio, convite para ministração de palestras e edital para submissão de
resumos científicos.
Ademais, convidaram os 15 palestrantes que compareceram no congresso online,
participaram de todas as gravações e contrataram a revista científica para publicação dos
Anais do evento. O planejamento do congresso ocorreu durante os meses de julho e agosto,
enquanto que a realização do evento ocorreu nos dias 10, 11 e 12 de setembro de 2020.

RESULTADOS

A edição do V CONSMUC, realizado pela primeira vez de forma virtual obteve 336
inscritos, com 164 trabalhos submetidos voltados para a área de Ginecologia e Obstetrícia,
nas seguintes áreas temáticas: Assistência Multiprofissional na Obstetrícia, Assistência
Pré-Natal, Assistência Puerperal, Cirurgia Ginecológica, Climatério, Endocrinologia
Ginecológica, Ginecologia Geral, Oncologia Ginecologia, Saúde Reprodutiva e Sexual,
Ultrassonografia na Obstetrícia e Uroginecologia. No site do evento, foram disponibilizadas
15 aulas com profissionais do Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco, contribuindo
para integrar e compartilhar o saber nacional acerca da temática.
Tais aulas foram gravadas semanas antes da realização do congresso com o objetivo
de evitar empecilhos , como instabilidade da internet, quedas de energia e falhas na
comunicação, que poderiam ocorrer em uma aula remota ao vivo com os palestrantes de
diferentes cidades ou estados. Porém, é preciso ressaltar dificuldades, como internet com
baixa qualidade, ausência de aparelhos adequados para acompanhar as aulas e necessidade
de compartilhar os eletrônicos com familiares, o que pode ter dificultado o acesso de alguns
inscritos ao ambiente remoto.
Esses entraves enfrentados por muitos alunos podem dificultar a adesão às aulas
on-line (APPENZELLER et al., 2020). Nesse sentido, para contornar tal realidade, as aulas
gravadas foram disponibilizadas na plataforma Even3 durante o período de um mês. Para
facilitar o desenvolvimento do evento on-line, foi de extrema importância à contratação
de uma plataforma de eventos, pois além de comportar as palestras, facilitar o acesso
dos inscritos e receber as submissões de trabalhos científicos, a mesma tem a função de
vender os ingressos aos participantes e transferir o dinheiro arrecadado para uma conta do
contratante, o que contribuiu para o desenrolar positivo do evento. O V CONSMUC teve como
temática central a “Sexualidade da Mulher” e todo o dinheiro arrecadado foi destinado para
a publicação do livro de urgências e emergências obstétricas que está sendo desenvolvido
pelos ligantes do projeto.

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Figura 1 - Aula divulgada no V CONSMUC.

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

CONCLUSÕES

Após a necessidade de adaptação na realização de eventos acadêmicos, os membros


e coordenadores do Programa de Atenção à Gestante aprenderam como deve ser feito
o planejamento de um evento virtual. Na organização desse evento foi compreendida a
importância de gravar as palestras previamente, a fim de evitar possíveis problemas que
prejudiquem a transmissão das aulas remotas.
Ademais, os integrantes perceberam a importância do bom trabalho em equipe,
além da contratação de profissionais de suporte técnico responsáveis pela organização do
congresso e da plataforma. Por fim, no V CONSMUC os organizadores tiveram o benefício
de interagir com estudantes e palestrantes de todo o país, favorecendo a construção de um
conhecimento mais amplo.organizadores tiveram o benefício de interagir com estudantes
e palestrantes de todo o país, favorecendo a construção de um conhecimento mais amplo.

REFERÊNCIAS

APPENZELLER, Simone et al. Novos Tempos, Novos Desafios: Estratégias para


Equidade de Acesso ao Ensino Remoto Emergencial. Rev. bras. educ. med., Brasília,
v. 44, supl. 1, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S010055022020000500201&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 20 out. 2020.
https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.supl.1-20200420.

JESUS, Patricia et al. Planejamento e participação de evento científico online como


recurso educacional e interativo no ensino EaD: um relato de experiência. Research,
Society And Development, [s. l.], v. 9, n. 9, p. 1-17, ago. 2020. http://dx.doi.
org/10.33448/rsd- v9i9.7163.

207
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM
TEMPOS DE PANDEMIA
um relato de extensão

Área temática: Saúde.

Cícero Lucas do Nascimento Silva1


Livia Menezes Soares2
Leticia Viana Albuquerque3
Amanda Albuquerque Cabral4
Sara Alves Oliveira5

Resumo: A Liga de Saúde Comunitária do Cariri (LISAC/UFCA) desenvolveu ações de


extensão no período de pandemia e isolamento. Essas atividades têm utilizado o perfil do
Instagram da liga (@lisac.ufca) e compilado cultura, extensão e ensino por meio de postagens
informativas, dicas de entretenimento para o cuidado em saúde mental e criação de
personagem carismático que dialogue com diversos públicos e trate de questões importantes
em saúde. Com essas ações, objetivamos construir e difundir conhecimentos relacionados
aos cuidados físicos e mentais no período de pandemia de maneira que dialoguem com a
cultura, e as vivências do público, além conscientizar sobre temáticas importantes de saúde
comunitária em conteúdos informativos.

Palavras-chave: Saúde comunitária. Mídias sociais. Educação em saúde.

INTRODUÇÃO

Segundo o Plano Nacional de Extensão Universitária, a Extensão Universitária


consiste em um processo amplo que envolve a educação, a cultura e a ciência, possuindo
um caráter transformador importante na comunidade. A interação entre as instituições de
ensino e comunidade, em tempos de restrição social, podem ser realizadas através do uso de
1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: cicero.lucas@aluno.ufca.edu.br
2 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: livia.menezes@aluno.ufca.edu.br
3 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: leticia.albuquerque@aluno.ufca.edu.br
4 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: amanda.albuquerque@aluno.ufca.edu.
br
5 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: sara.oliveira@aluno.ufca.edu.br
208
208
plataformas digitais, reorganizando o tradicional conceito da “sala de aula” como restrito ao
espaço fechado das universidades (SANTANA et al., 2020).
Nesse cenário, frente às restrições decorrentes do isolamento social que o país enfrenta
no atual contexto de pandemia, o uso das plataformas online tornou-se um importante meio
para disseminar o conhecimento e o ensino na população.
Tendo isso em vista, o presente resumo consiste em um relato sobre como tem sido
desenvolver as ações de extensão da Liga de Saúde Comunitária do Cariri (LISAC/UFCA)
por meio da utilização do aplicativo Instagram. A escolha desta plataforma virtual como
ferramenta promotora de educação em saúde foi motivada pelo alcance, capilaridade e
praticidade de seu uso, permitindo uma interação rápida e ampla com diversos públicos.
Com essas ações, objetivamos construir e difundir conhecimentos relacionados
aos cuidados físicos e mentais no período de pandemia de maneira que dialoguem com a
cultura, e as vivências do público, além conscientizar sobre temáticas importantes de saúde
comunitária em conteúdos informativos.

METODOLOGIA

As postagens, realizadas na rede social do Instagram, pela Liga de Saúde Comunitária


do Cariri (LISAC/UFCA), foram divididas em 3 intervenções principais: “LISAC indica”, “As
aventuras de dona Albertina” e “Posts informativos” os quais são publicados semanalmente.
O “LISAC indica” (figuras 1 e 2) se baseia na sugestão de livros e filmes, com o intuito
de atenuar os impactos psicológicos da pandemia e fomentar a arte e a cultura na comunidade. As
indicações se relacionam a temáticas de relevâncias que envolvem, por exemplo, assuntos de destaque
do mês ou temas recorrentes no âmbito da saúde comunitária retratadas nessas artes. Essa intervenção
tem a particular capacidade de possibilitar momentos de ensino aliados ao lazer da comunidade.
As “Aventuras de dona Albertina” (figura 3) se passam a partir da criação de uma personagem,
a conhecida Dona Albertina, feita e pensada pelos integrantes da liga com o intuito de aproximar
ainda mais o público-alvo, pacientes e usuários do SUS, ao conteúdo veiculado. É usado, para isso,
situações rotineiras e corriqueiras do cotidiano do cidadão comum que ao se deparar com problemas
do dia a dia descobre uma forma de resolvê-los. É veiculado, assim, aos seguidores da rede social, mais
uma forma lúdica e descontraída de aprender sobre diversos temas da saúde.
Os “Posts informativos” (figura 4) consistem em publicações informativas acerca
de assuntos mais relevantes para o momento, incluindo conhecimentos básicos acerca da
pandemia COVID-19, bem como temáticas com datas comemorativas ou mês de destaque.
Nesse sentido, de maneira clara e objetiva, esses posts permitem que a comunidade se informe
e conheça assuntos importantes, estimulando a busca por conhecimento e esclarecendo
dúvidas sobre temas relevantes.

209
Figuras 1 e 2 – Captura de tela do “LISAC indica”.

Fonte: Instagram @lisac.ufca

Figura 3 – Captura de tela do “Aventuras de dona Albertina”.

Fonte: Instagram @lisac.ufca

Figura 4 – Captura de tela do “Post informativo”

Fonte: Instagram @lisac.ufca

RESULTADOS

Um dos objetivos descritos no Plano Nacional de Extensão Universitária, abrange:


“Enfatizar a utilização de tecnologia disponível para ampliar a oferta de oportunidades e
210
210
melhorar a qualidade da educação, aí incluindo a educação continuada e a distância”.
Seguindo essa linha de pensamento, a Liga de Saúde Comunitária do Cariri (LISAC)
buscou através da tecnologia da mídia social do instagram expandir e dar continuidade ao
ensino da comunidade acerca da saúde comunitária.
Segundo dados disponibilizado pelo Instagram e coletados no dia 20/10/2020, os
frequentadores da página são predominantemente jovens (85% tem entre 18 e 34 anos de
idade) e mulheres (53% é do sexo feminino).
Os municípios de onde os usuários acessam a página são principalmente Juazeiro
do Norte (28% dos acesso), Fortaleza (17%), Barbalha (12%) e Crato (12%). Em relação às
postagens, em 2020, os 6 posts que mais receberam impressões incluem as duas postagens
de “As aventuras da dona Albertina”, três do “LISAC indica” e um convite para reunião
formativa aberta da liga. Já as 6 publicações de maior alcance, incluem as duas postagens
de “As aventuras da dona Albertina”, duas postagens do “LISAC indica” e dois convites para
reuniões formativas abertas da liga.

CONCLUSÕES

O distanciamento social, decorrente da pandemia de COVID-19, impediu a realização


de ações de extensão em seu formato presencial. Nesse cenário, as atividades online tornaram-
se ainda mais importantes para possibilitar o ensino e ampliar o conhecimento da comunidade
acerca de assuntos relevantes, envolvendo ações de autocuidado e manutenção da saúde física
e mental.
Sob essa perspectiva, a utilização das mídias sociais como meios para permitir e
expandir esse ensino remoto, se configura como uma prática válida, além de ter sido essencial
para a manutenção das atividades durante a pandemia. No entanto, apesar de todos os
benefícios, observa-se que as postagens atingem principalmente os jovens, enfatizando a
necessidade de buscar meios capazes de expandir o alcance dessas publicações, de forma que
o ensino possa ser cada vez mais amplo.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Plano Nacional de Extensão Universitária. Disponível em: https://www.


ufmg.br/proex/renex/images/documentos/Plano-nacional-de-extensao-universitaria-
editado.pdf. Acesso em: 25 out. 2020.

SANTANA, Valdilene Valdice de, et. al., A importância do uso da internet sob o viés
da promoção interativa na educação em tempos de pandemia. Brazilian Journal
Of Development, Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78866-78876, out. 2020. DOI:10.34117/
bjdv6n10-353

211
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE GAS-


TROENTEROLOGIA E CIRURGIA DO
APARELHO DIGESTIVO POR MEIO
DE REDES SOCIAIS DURANTE A
PANDEMIA DO COVID-19
um relato de experiência sobre a ex-
tensão universitária à distância
Área temática: Saúde

Cinthia Oliveira Lima1


Yuri Mota do Nascimento2
Arian Santos Figueiredo3
Conceição Soraya Morais Marques4
Willian de Souza Araújo5
Antônio Carlos Silva do Nascimento Filho6
José Evandier Leandro Souza Silva7
Nélio Barreto Vieira8

Resumo: A Liga Acadêmica de Clínica e Cirurgia do Aparelho Digestivo (LACCAD) da


Universidade Federal do Cariri (UFCA) desenvolvia suas ações e trabalhos, porém com o
novo formato de ensino (EaD), as atividades da Liga passaram a ser feitas através de mídias
sociais, como o Instagram. Portanto, este trabalho tem como objetivo relatar as experiências
dos alunos durante a realização das atividades de extensão.

Palavras-chave: Extensão. Gastroenterologia. Cirurgia Digestiva.

INTRODUÇÃO

A pandemia do novo coronavírus (COVID-19) é uma emergência sem precedentes,


a qual afetou, intensamente, todos os setores globais, incluindo a educação. A ampla

1 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: cinthia.oliveira@aluno.ufca.edu.br


2 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: yuri.mota@aluno.ufca.edu.br
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: arian.santos@aluno.ufca.edu.br
4 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: soraya.morais@aluno.ufca.edu.br
5 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: araujo.willian@aluno.ufca.edu.br
6 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: antonio.carlos@aluno.ufca.edu.br
7 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: evandier.silva@aluno.ufca.edu.br
8 Professor orientador da LACCAD e Pós-Graduando em Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina do ABC,Santo An-
dré, São Paulo, Brasil. E-mail: nelio.barreto@ufca.edu.br
212
212
implementação das políticas de isolamento social não permitiu que as atividades educacionais
ocorressem presencialmente, tornando-se necessária a implementação de outros meios para
dar continuidade ao processo educacional (AYITTEY et al., 2020). Diante dessas circunstâncias,
as redes sociais foram um exitoso canal de comunicação que possibilitaram o prosseguimento
das práticas de ensino e de extensão nas escolas e nas universidades.
Segundo Paes e Paixão (2012), a educação em saúde pode contribuir para a formação
da consciência crítica dos indivíduos, uma vez que, com os conhecimentos adquiridos, as
pessoas poderão beneficiar a comunidade, na qual estão inseridas. Dessa forma, a realização
estratégica das ações de extensão das faculdades de medicina, por meio de redes sociais, como
o Instagram, possibilitou que diversos assuntos acerca da saúde e do bem-estar humano
alcançassem públicos de diferentes idades, comunidades e classes sociais.
A Liga Acadêmica de Clínica e Cirurgia do Aparelho Digestivo (LACCAD) da
Universidade Federal do Cariri (UFCA) foi um dos projetos de extensão da Faculdade de
Medicina (FAMED) que recorreu às redes sociais para prosseguir com suas atividades de
educação em saúde, as quais dissertam sobre a temática de Gastroenterologia e de Cirurgia
do Aparelho Digestivo, apresentando-se, na maioria das vezes, como assuntos que originam
bastantes dúvidas e curiosidades na população.
Nesse contexto, o trabalho objetiva relatar a experiência dos membros da LACCAD
da UFCA, durante a realização das ações de extensão universitária, à distância, sobre
Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo, por meio do uso das redes sociais, na
pandemia do COVID-19.

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência acadêmica dos alunos do curso de medicina da


UFCA, pertencentes à LACCAD. O trabalho descreve o processo de educação em saúde, por
intermédio das redes sociais, o qual compartilhou com a população conhecimentos acerca de
Gastroenterologia e da Cirurgia do Aparelho Digestivo.
Os temas para as publicações nas redes sociais eram determinados após o planejamento
das ações, o qual era realizado ao final de cada mês, durante as reuniões executadas pelos
membros da LACCAD, remotamente, na plataforma Google Meet. Após a definição dos
objetivos e a adequação das ações de extensão, as atividades referentes aos assuntos sobre
Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo foram alteradas para publicações semanais
na rede social, as quais abordavam explicações sobre doenças do aparelho digestivo, discussões
de casos clínicos e resoluções de questões de provas de residência médica. As publicações, por
meio da plataforma Instagram, eram destinadas aos estudantes e aos profissionais de saúde,
como também a qualquer público que possuísse interesse sobre o conteúdo. Associado às
publicações já citadas, também eram produzidos pôsteres informativos sobre as patologias
gastrointestinais mais prevalentes na população como azia, gastrite e câncer de cólon.

213
RESULTADOS

As redes sociais possibilitaram a continuidade da Liga Acadêmica durante a pandemia,


além de possibilitar o alcance de novos públicos, incluindo alunos de outras instituições, e a
implementação de novas formas de promover educação em saúde.
No entanto, assim como todo programa, essa ação foi acompanhada por consequências
positivas e negativas resultantes de um processo de adaptação conjunto (professor-aluno-
instituição) à necessidade de novas formas de ensino. O emprego de programas online como
via de acesso aos estudos explicitou a desigualdade quanto à disponibilidade de recursos para
uma boa educação.
Ademais, a notícia do emprego do estudo remoto foi motivo de grande alarde, visto
que uma parcela dos discentes seriam lesados por não possuírem uso ilimitado da rede social,
assim como o fato de alguns não disporem de aparelhos necessários a esse novo modo de
estudo.

Por exemplo, enquanto a China, que já possui uma robusta estrutura de conectividade,
tem sido bem-sucedida na oferta de ensino a distância, países com baixa cobertura
de internet, celulares ou televisões, como o Vietnã e Mongólia, têm tido dificuldade
para avançar nesta agenda. (World Bank, 2020).

Como pode-se notar na fala da instituição supracitada, países pobres e/ou em


desenvolvimento apresentam uma maior dificuldade na implementação dessa modalidade
de educação, por meio das internet e das mídias sociais, seja por uma instabilidade da rede
oferecida, seja por uma dificuldade de acesso por parte da população.
Todavia, apesar das dificuldades de acesso de parte da comunidade acadêmica,
observou-se impactos positivos no público assistido pela página da Liga no Instagram, com
um bom engajamento (novos seguidores, curtidas, comentários e compartilhamentos) e um
bom feedback advindo de estudantes. Com isso, o meio digital proporcionou o alcance de
públicos até então inalcançáveis, visto que a extensão presencial que a liga realizaria na região
do Cariri não se abrangeria para localidades mais distantes. Conforme as figuras 1, 2 e 3,
observa-se a diversidade de temas trazidos à discussão pela liga, junto à comunidade, bem
como observou-se uma nova forma de realizar a extensão em cenários que impossibilitaram
atividades presenciais.

214
214
Figura 1 - Captura de tela. Postagem de educação em saúde a respeito
da Doença de Chron.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 2 - Captura de tela. Postagem a respeito do Setembro Verde:


Mês de Combate ao Câncer de Intestino.

Fonte: Produzido pelos autores.

Figura 3 - Captura de tela. Postagem sobre momento de ensino aberto


à comunidade sobre Doenças Inflamatórias Intestinais.

Fonte: Produzido pelos autores.

CONCLUSÕES

Esta nova forma de fazer a extensão universitária, levando à comunidade informações


sobre educação e saúde sobre as áreas da Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo,
foi um grande desafio, mas que certamente trouxe resultados de grande valor à Liga
Acadêmica. Poder se reinventar e utilizar as redes sociais como um novo espaço promotor de
saúde, compartilhando informações que versam sobre a saúde humana com a comunidade
findou em grandes resultados. Assim, diversos foram os benefícios que essa experiência
215
trouxe ao grupo, afinal, a partir dela, abriu-se a oportunidade e uma maior percepção de
outras ferramentas que podem ser utilizadas como aliadas da extensão universitária.

REFERÊNCIAS

AYITTEY, Foster Kofi et al. Economic impacts of Wuhan 2019-nCoV on China and the
world. Journal of Medical Virology, Estados Unidos. v. 92, n. 5, p. 473-475, maio. 2020.
DOI: 10.1002/jmv.25706. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32048740/.

PAES, Caila Carolina Duarte Campos. PAIXÃO, Alvaneide Nunes dos Passos. A importância
da abordagem da educação em saúde: Revisão de literatura. REVASF, Petrolina-PE, vol.
6, n.11, p. 80-90, dez. 2016. Disponível em: https://www.periodicos.univasf.edu.br/index.
php/revasf/article/view/38.

216
216
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

EDUCAÇÃO MÉDICA NA
PANDEMIA POR COVID-19
experiências de um curso on-
line sobre conceitos em cirurgia
vascular

Área temática: Saúde

Nicolly Castelo Branco Chaves1


Pedro Walisson Gomes Feitosa2
Ítalo Constâncio de Oliveira3
André de Oliveira Porto4

Resumo: Elevados riscos de morbimortalidade são realidade desde o nível global estendendo-
se até mesmo à conjuntura encontrada no Estado do Ceará. Diante do referido desafio, a
Liga de Cirurgia Vascular do Cariri iniciou atividades voltadas à expansão do aprendizado
acadêmico em seus diversos âmbitos, bem como à promoção da saúde em comunidade. Em
um período atípico de isolamento, a inovação para alcance de estudantes da área de saúde
e continuidade do processo educativo em modalidade completamente virtual, segundo
determinações da Pró- Reitoria de Extensão da UFCA, surgiu por meio do desenvolvimento
do Curso Conceitos de Cirurgia Vascular, cujo suporte se mantém por meio de plataforma
educativa elaborada pelo próprio projeto. As repercussões a nível nacional traduzem-se em
parâmetros significativos: quantidade de pessoas alcançadas pela publicação no Instagram do
projeto (77.825), curtidas no post de divulgação do curso (13.524), inscritos no site licivasc.
com (20.783), inscritos no Curso Conceitos de Cirurgia Vascular (4.871) e concludentes do
curso (1389). Portanto, a Liga de Cirurgia Vascular, pautada nas contribuições à comunidade
acadêmica e geral, conduziu ações exitosas de impacto externo e interno ao projeto.

Palavras-chave: Cirurgia Vascular. Covid-19. Educação médica. Curso online.

1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: nicollycastelo10@gmail.com


2 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: gomesfeitosa.walisson@outlook.com
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: italo.constancio@outlook.com
4 Coordenador Docente do Projeto Liga de Cirurgia Vascular do Cariri pela Universidade Federal do Cariri E-mail:
andre.porto@ufca.edu.br
217
217
INTRODUÇÃO

Durante o século XX, a realidade epidemiológica mundial apresentou transição das


causas predominantes de óbitos: anteriormente, provocados por doenças transmissíveis
e, atualmente, por patologias não-transmissíveis. Sob essa perspectiva, a nível global, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) constata as doenças cardiovasculares como a principal
causa de morte, ceifando anualmente cerca de 17,9 milhões de vidas, o que corresponde a um
terço dos óbitos globais por período (OMS, 2020). Aprofundando conceitos, tais patologias
são definidas, pela American Heart Association, como acometimentos variados sofridos pelo
coração e por vasos sanguíneos, sendo seus principais exemplos a Doença Coronariana e o
Acidente Vascular Encefálico (ESTADOS UNIDOS, 2020).
A constatação da presença de tal conjuntura mundial a nível nacional é possível a partir
de dados fornecidos pelo Cardiômetro – ferramenta de alerta desenvolvida pela Sociedade
Brasileira de Cardiologia -, segundo o qual 400 mil mortes são provocadas anualmente por
doenças cardiovasculares, o que significa que 46 óbitos ocorrem por hora, totalizando 1100
mortes/dia aproximadamente (BRASIL, 2020). Uma abordagem sob a ótica do Estado do
Ceará também revela dados alarmantes sobre as doenças cardiovasculares: desde 1998
tais manifestações patológicas lideram as causas de mortalidade por doenças crônicas não-
transmissíveis, correspondendo a 54,1% dos óbitos nos últimos 20 anos. Ademais, entre 1998
e 2018, as doenças isquêmicas apresentaram as maiores taxas – 22,2 e 56,3 óbitos por 100 mil
habitantes -, inclusive, demonstrando aumento de cerca de 153% doo valor (BRASIL,2020).
Inserido nesse panorama, o projeto Liga de Cirurgia Vascular do Cariri (LICIVASC)
volta-se para o estudo aprofundado dos aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos, clínicos
e profiláticos associados às doenças cardiovasculares. A partir disso, os objetivos do referido
projeto focam na disseminação de conhecimentos acadêmicos aos estudantes da área de saúde,
a fim de que estejam cada vez mais informados acerca da temática, tornando-se ferramentas
potenciais de observação e acompanhamento do curso dessas doenças na comunidade.
Como aspecto fundamental à mudança social, a população também é colocada como alvo
da educação em saúde e considerada participante ativa na profilaxia e autocuidado, no que
concerne às problemáticas cardiovasculares.
Em contra partida, com o estado de pandemia por COVID-19 decretado pela OMS
em 2020, repercutindo em um ano de isolamento social, interrupção de aulas presenciais
e uma série de acometimentos à saúde física e mental de milhares de pessoas, a comissão
organizadora do projeto LICIVASC buscou desenvolver atividades remotas de forma equitativa
e democrática, a fim de contribuir com a educação de acadêmicos neste período de intensas
modificações estruturais.
Neste viés, a LICIVASC delineou um curso inteiramente on-line, gratuito, em uma
plataforma digital própria do projeto, com auxílio de outras redes de apoio. Este trabalho
objetiva relatar as experiências do projeto Liga de Cirurgia Vascular do Cariri e a realização
218
do I Curso on-line de Conceitos em Cirurgia Vascular.

METODOLOGIA

Seguindo as orientações e diretrizes da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade


Federal do Cariri (UFCA), o projeto desenvolveu atividades virtuais pautando-se na necessidade
de ofertar um espaço para continuidade e aprofundamento dos estudos acadêmicos em
Cirurgia Vascular, uma especialidade médica pouco abordada nas grades curriculares das
graduações na área da saúde, objetivando, ainda, ultrapassar os obstáculos físicos necessários
ao distanciamento social.
Nesse ínterim, a Liga de Cirurgia Vascular do Cariri iniciou a organização do “I Curso
on-line de Conceitos em Cirurgia Vascular” composto por oito módulos que abordassem
temas recorrentes e necessários para início do estudo nesta especialidade clínica.
À priori, os acadêmicos integrantes do projeto, todos estudantes de Medicina da UFCA,
iniciaram, em março de 2020, a programação de uma plataforma digital através do site “wix.com”. O
layout da plataforma foi idealizado pelos programadores do projeto, sendo as artes desenvolvidas pelo
programa computacional “Photoshop”. Os vídeos de apresentação foram gravados com ferramentas
audiovisuais apropriadas e editados pelo programa computacional “Filmora”. Após o processo de
edição do site, concluído em maio de 2020, o projeto LICIVASC adquiriu os direitos autorais e registros
oficiais pela plataforma(https://www.licivasc.com/cursos).
Após o processo de produção da plataforma de cursos própria do projeto, iniciou a
articulação de lançamento do primeiro curso sobre conceitos básicos em Cirurgia Vascular.
Para definição dos temas a serem abordados no curso, a comissão organizadora consultou
o orientador do projeto, médico cirurgião vascular, e a Sociedade Brasileira de Angiologia e
Cirurgia Vascular.
As oito temáticas definidas foram delineadas por sua importância na construção da
base dos estudos em cirurgia vascular- o objetivo geral do curso proposto. Após definição das
temáticas, iniciaram as inscrições do curso pelo site do projeto, sendo divulgadas abertamente
na rede social Instagram(@licivasc_ufca) e pelo site oficial da UFCA (https://www.ufca.
edu.br/informes/abertas-as-inscricoes-parao-curso-online-e-gratuito-sobre-bases-do-
conhecimento-em-cirurgia-vascular/).
A seguir, a comissão organizadora do curso definiu que os módulos seriam compostos
por uma vídeo-aula ministrada por um professor especialista no tema, uma vídeo-aula
ministrada por um integrante do projeto complementar à aula do professor e, ainda, uma
apostila sobre a matéria apresentada nas vídeo- aulas.
A escolha de uma aula complementar ministrada por um estudante de medicina
foi definida pelo objetivo da LICIVASC de colocar o estudante enquanto protagonista do
processo de ensino-aprendizagem e proporcionar uma experiência de iniciação à docência.
As aulas dos professores e dos alunos foram gravadas via Google Meet, com apresentação de
slides simultânea, editadas pelo software “Filmora”, compartilhadas via plataforma YouTube
219
219
e apresentadas na plataforma oficial do projeto. Após essas etapas de inscrições e produção,
o curso foi lançado em meados de maio de 2020.

RESULTADOS

As inscrições foram lançadas na página do projeto pela rede social Instagram no dia
23 de maio de 2020. O curso foi lançado em 06 de junho deste ano, estando disponível por
tempo ilimitado no site (https://www.licivasc.com/cursos). As informações quanto o alcance
do curso são apresentadas em Quadro-1.
Ademais, o curso superou as expectativas da comissão organizadora, recebendo em
seu trabalho de estreia um grande alcance de pessoas em números apresentados, além de
uma positiva heterogeneidade de inscritos, compostos por pessoas de diferentes estados do
Brasil, idades e níveis de formação médica. A avaliação dos dados referentes ao formulário
de inscrição observou que do total de 4.871 participantes, cerca de 71% dos participantes
identificaram-se no gênero feminino, 29% no gênero masculino e 0,0% em outro gênero. A
faixa etária dos participantes inscritos foi entre 18 e 34 anos, sendo 85% entre 18 a 24 anos
e 15% de 25 a 34 anos. Os participantes declaram moradia nos estados de São Paulo (27%),
Minas Gerais(23%), Bahia(18%), Pernambuco(16%) e Ceará(16%).
Após conclusão de todos os oito módulos, os estudantes recebem uma certificação
podem avaliar tanto seu desempenho como a estrutura do curso, sugerindo formas de melhoria,
críticas ou agradecimentos. As considerações expressas pelos participantes contribuíram
tanto para inspiração da equipe organizadora na continuidade do projeto, como também para
melhoria das propostas de cursos on-line que o projeto produziu e lançou em seguida. Por
este veículo foram recebidos centenas de mensagens, as quais podem ser representadas nas
falas expostas a seguir:

“Os conteúdos foram ministrados maravilhosamente tanto


pelos monitores quanto pelos profissionais de saúde.”
MAGM, Bahia, 21 anos

“Foi muito bom ter o tempo disponível para realizar o


curso, pude fazer sem pressa ele e aprender mais.”
VGM, São Paulo, 32 anos

“O som dos alunos as vezes era muito baixo.”


EBGF, Pernambuco, 18 anos

“Aulas muito compridas” EHCR,


Minas Gerais, 26 anos

220
Apesar de situada em contexto atípico e dual, em que estudantes de Medicina
necessitam exercer seu papel e manter a seguridade de sua própria saúde, a
educação médica contínua possui grande significado enquanto compromisso
com o aprendizado constante e, primariamente, com o bem-estar da
comunidade (SAHI et al., 2020)

Quadro 1 - Resumo do alcance em números de pessoas pelo Curso Conceitos em Cirurgia


Vascular.

INTERAÇÃO DIGITAL NÚMERO DE PESSOAS

Pessoas alcançadas pela publicação no 77.825


Instagram do projeto

Curtidas no post de divulgação do curso 13.524

14.748
Comentários no post de divulgação do curso

Pessoas que começaram a seguir a página @ 11.255


licivasc_ufca no Instagram

Inscritos no site licivasc.com 20.783

Inscritos no Curso Conceitos de Cirurgia 4.871


Vascular

Concluíram o Curso Conceitos de 1.389


Cirurgia Vascular

CONCLUSÕES

Embora inserida em cenário atípico de pandemia de COVID-19, a Liga de Cirurgia


Vascular do Cariri desenvolveu, até o presente momento, atividades pautadas sob a perspectiva
de alcance da comunidade, promoção e prevenção da saúde, bem como disseminação e
sedimentação de conhecimentos acerca da temática vascular. O objetivo de realização do
curso foi devidamente contemplado e ainda possibilitou o crescimento pessoal e profissional
dos acadêmicos de medicina envolvidos na ação, proporcionando o desenvolvimento de
outros cursos com esta abordagem descrita.

221
221
REFERÊNCIAS

BRASIL. Governo do Estado do Ceará. Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Boletim


Epidemiológico: doenças crônicas não-transmissívies. Boletim Epidemiológico,
Fortaleza, p. 1-11, 22 nov. 2019. Disponível em: https://www.saude.ce.gov.br/wpcontent/
uploads/sites/9/2018/06/boletim_epidemiologico_DCNT_22_novembro_2019.p df.
Acesso em: 19 out. 2020.

BRASIL. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Cardiômetro: mortes por


doenças cardiovasculares no brasil. Mortes por Doenças Cardiovasculares no Brasil. 2020.
Disponível em: http://www.cardiometro.com.br/. Acesso em: 19 out. 2020.

ESTADOS UNIDOS. AMERICAN HEART ASSOCIATION. What is Cardiovascular


Disease? 2020. Disponível em: https://www.heart.org/en/health-topics/consumer-
healthcare/what-is-cardiovascular-disease. Acesso em: 19 out. 2020.

JOSEPH, Philip; LEONG, Darryl; MCKEE, Martin; ANAND, Sonia S.; SCHWALM,
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694, set. 2017. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1161/
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JIN, Yuefei; YANG, Haiyan; JI, Wangquan; WU, Weidong; CHEN, Shuaiyin; ZHANG,
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LEE, Cheryl Yi-Pin; LIN, Raymond T. P.; RENIA, Laurent; NG, Lisa F. P.. Serological
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SAHI, Puneet Kaur; MISHRA, Devendra; SINGH, Tejinder. Medical Education Amid the
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Disponível em: https://www.who.int/health-topics/cardiovascular-diseases/#tab=tab_1.
Acesso em: 19 out. 2020.

222
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

ENFOQUE DIALÓGICO NA PROMO-


ÇÃO DE AÇÕES DE EXTENSÃO DE
SAÚDE MENTAL PARA ALUNOS DO
ENSINO MÉDIO PÚBLICO DO CARI-
RI DA EEMTI PADRE JOSÉ ALVES DE
MACÊDO / ICÓ-CE
um relato de experiência
Área temática: Sáude

Luma Karen Macedo Araújo1


Lívia Maria Angelo Galvão2
Liana de Andrade Esmeraldo Pereira3

Resumo: A partir do compromisso estabelecido entre ensino-serviço-comunidade, o


presente trabalho, vinculado ao projeto UFCA itinerante, realizado pela Pró Reitoria de
Extensão da Universidade Federal do Cariri (PROEX/UFCA), tem por objetivo compartilhar
a sistematização de um relato de experiência de difusão de ações de extensão integrativas,
de XVI Encontro de Extensão (ENEX) 11, 12 e 13 de novembro de 2020 – UFCA – Campus
Juazeiro do Norte-CE caráter educativo-informativo, enquanto ferramenta dialógica para a
promoção de Saúde Mental, oportunizando a autonomia e a inserção dos atores envolvidos
no seu território de origem, tendo como público alvo os alunos dos três anos de ensino médio
público do Cariri da EEMTI Padre José Alves de Macêdo/Icó-CE.

Palavras-chave: Ensino Médio. Escola. Saúde Mental. Adolescência.

INTRODUÇÃO

A adolescência, por ser um período importante na manutenção da prospecção social


e no estabelecimento das condições emocionais, apresenta-se como uma fase estruturante na
promoção da saúde mental do indivíduo. Nessa perspectiva, as condições de saúde mental são
responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19
anos e, não obstante, permanecem sem diagnóstico e tratamento, sendo a falta de informações

1 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: luma.araujo@aluno.ufca.edu.br


2 Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: livia.angelo@aluno.ufca.edu.br
3 Doutora em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UNB). Docente da Universidade Federal do
Cariri (UFCA). E-mail: liana.esmeraldo@ufca.edu.br
223
223
a respeito da saúde mental e o estigma os principais fatores que impedem a procura por
atendimento especializado e acabam por interromper o processo de desenvolvimento
psicomotor do jovem (OMS, 2018).
Diante da gravidade de problemas relacionados à saúde mental na adolescência,
notou- se a urgente necessidade do estabelecimento de programas preventivos. Visto isso, o
Programa Saúde na Escola (PSE), instituído pelo decreto ministerial n° 6.286/2007, tem como
principal objetivo contribuir para a promoção, prevenção e atenção à saúde, gerindo assistência
aos educandos da rede pública (BRASIL, 2007). Nesse contexto, a escola apresenta-se como
um importante ambiente de promoção de saúde, possuindo grande relevância para os alunos
de ensino médio, visto que esta faixa etária encontra-se submetida às transformações da
adolescência, o que segundo Ores et al. (2012) e Borges e Werlang, (2006) pode relacionar-se
ao aparecimento de comportamentos de risco, gerindo um quadro de instabilidade emocional
que dificulta o processo de crescimento social e emocional do jovem.
Isto posto, e a partir do compromisso estabelecido entre ensino-serviço-comunidade,
o presente trabalho, vinculado ao projeto UFCA itinerante, realizado pela Pró Reitoria de
Extensão da Universidade Federal do Cariri (PROEX/UFCA), tem por objetivo compartilhar
a sistematização de um relato de experiência de difusão de ações de extensão integrativas,
de caráter educativo-informativo, enquanto ferramenta dialógica para a promoção de Saúde
Mental, oportunizando a autonomia e a inserção dos atores envolvidos no seu território de
origem, tendo como público alvo os alunos dos três anos de ensino médio público do Cariri da
EEMTI Padre José Alves de Macêdo / Icó-CE.

METODOLOGIA

O presente trabalho, de caráter qualitativo, trata-se do relato de experiência de


ações de extensão comunitária em saúde mental vivenciada pelos integrantes do projeto
“Intervenções psicossociais de apoio: um enfoque dialógico na prevenção, identificação
e promoção de Saúde Mental para alunos de escolas públicas do ensino médio do Cariri”,
considerando o período que vai de meados de agosto a meados de outubro do atual ano, por
meio de plataforma digital Google Meet. Para construção deste relato, foram escolhidos como
instrumentos de coleta de dados a observação participante, que segundo Dallos (2010) é uma
técnica que possibilita um conhecimento mais amplo e aprofundado de um público ou objeto
a ser pesquisado.
Sobre a metodologia adotada para realização da ação de extensão, que foi direcionada
aos discentes do 1° ao 3° ano do ensino médio público da EEMTI Padre José Alves de Macêdo,
localizada na cidade de Icó-CE, optou-se pela metodologia ativa. As atividades dialógicas se
passaram em dois momentos. No primeiro encontro, foi promovida uma roda de conversa
com a temática “saúde mental em tempos de pandemia”, com a presença de duas especialistas
do campo da psicologia e, posteriormente, aplicado um questionário online, através do
Google Forms, a fim de entender o contexto socioeconômico, emocional e cultural no qual
224
os alunos estão inseridos, para que assim fosse possível a adequação das demais atividades à
realidade dos discentes. Por meio do questionário, foram sugeridas as temáticas de interesse
para a atividade seguinte. Em um segundo encontro, a temática da roda de conversa, haja
vista a sugestão dos alunos, foi sobre os transtornos de ansiedade e de depressão. Para este
momento, contou-se com a participação de uma médica, pós-graduanda em psiquiatria.
Ademais, existe uma continuação do cuidado e prevenção aos transtornos mentais
através das redes sociais, como o Instagram. Semanalmente são postados vídeos informativos
elaborados por médicos, psiquiatras e psicólogos, onde explanam de forma objetiva
informações sobre ansiedade, depressão, suicídio, isolamento social, transtornos alimentares,
insônia, automutilação, fobias, procrastinação e concentração nos estudos e outras condições
que venham a afetar a saúde mental.

RESULTADOS

As atividades desenvolvidas permitiram a interação dialógica do adolescente com


eixos temáticos específicos de saúde, atendendo aos princípios da Extensão Universitária.
A estratégia pedagógica, utilizando-se de participação ativa, foi fundamental para a
compreensão do processo de ensino-aprendizagem e para a incitação do desenvolvimento de
novas habilidades.
Assim sendo, no primeiro momento, destinado à aplicabilidade de um questionário
para aferição dos aspectos gerais da qualidade de saúde mental dos discentes, bem como a
discussão dialógica de uma temática geral (saúde mental em tempos de pandemia), percebeu-
se um espaço de problematização e reflexão da realidade de inserção, gerindo espaço para o
sucessivo encontro, como pode ser visto na figura 1.

Figura 1: Captura de tela da primeira roda de conversa sobre saúde mental em tempos de
pandemia.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

Na avaliação do questionário, viu-se a necessidade de trabalhar uma temática mais


específica, atendendo aos anseios emocionais dos estudantes, dessa forma, foram considerados
como eixos de intervenção: transtornos de ansiedade e de depressão. A materialização desse
encontro se mostrou complacente com as necessidades de intervenções locais, possibilitando
225
225
transformação social, através da construção de um espaço de mudança emocional e troca de
informações, mecanismos responsáveis por propiciar autonomia sobre os assuntos tratados
ao longo dos encontros.
Assim, atenta-se para que a saúde dos jovens deva abranger as mais variadas formas
de vivências e compreender a educação como uma ferramenta capaz de promover saúde
(Campos et al., 2014).
Destarte, com a aplicabilidade dessas ações de extensão foi permitido aferir,
assim como já contemplado por Campos et al., (2014), a importância da escola como um
ambiente de transformação. Dessa forma, conferiu-se que ao final das reuniões, os discentes
se encontravam mais encorajados de expressarem possíveis anseios e dúvidas, bem como
compreender as respostas fisiológicas e patológicas da mente, identificando eventuais
circunstâncias que necessitem de assistência especializada.
Ademais, as discussões se fizeram imprescindíveis para o protagonismo e
empoderamento, por meio da prática reflexiva, direcionando os discentes ao reconhecimento
de sua percepção crítica e de atuação social.

CONCLUSÕES

Ao atentar-se à saúde dos adolescentes, aqui representados pelos alunos do ensino


médio da escola selecionada, foi detectada a necessidade de ampliar a assistência em saúde
mental em contextos escolares e, principalmente, de democratizar o processo de ensino-
aprendizagem. Assim, investir preventivamente nos aspectos cognitivos e emocionais da
esfera pessoal constituiu-se em um fator potencializador da vida.
Isto posto, utilizando-se das plataformas digitais e de metodologias ativas, pôde-se
averiguar as prerrogativas para um ambiente transformador, voltando-se para o conhecimento
crítico do desenvolvimento regional sustentável, uma vez que houve o enfoque na realidade
biopsicossocial, levando em consideração a importância da introdução do jovem na aferição
de novas habilidades, oportunizando a autonomia dos atores envolvidos.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, I. C. Et al. Compartilhando saberes através da educação em saúde na escola:


interfaces do estágio supervisionado em enfermagem. R. enferm. Cent. O. Min. Minas
Gerais, v.4, n. 1, p. 1048-56, jan/abr, 2014.

BORGES, V. R; WERLANG, B. S. G. Estudo de ideação suicida em adolescentes de 15 a 19


anos. Estud. psicol. (Natal), Natal , v. 11, n. 3, p. 345-351, Dec. 2006 .

BRASIL. Decreto nº 6.286, de 05 de dezembro de 2007. Institui o Programa Saúde


na Escola - PSE, e dá outras Providências. Brasília: Ministério da Saúde; Ministério da
Educação, 2007.
226
DALLOS, R. Métodos Observacionais. In: BREAKWELL, G. M.; FIFE-SCHAW, C.;
HAMMOND, S.; SMITH, J. A. (org.). Métodos de Pesquisa em Psicologia. 3ª edição.
Porto Alegre: Artmed, 2010. p.133-155.

ORES, L. C. Et al. Risco de Suicídio e Comportamento de Risco à Saúde em Jovens de 18


a 24 anos: Um Estudo Descritivo. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28(2),
p.305- 312, 2012.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Saúde mental dos adolescentes. Folha


informativa, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3kilF4j.

227
227
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

ENFRENTAMENTO DA OBESI-
DADE INFANTIL VIA REDES SO-
CIAIS
relato de experiência de ações do
projeto estilo de vida saudável na
escola na pandemia por COVID-19

Área Temática: Saúde

Sarah Cavalcante Brandão1


Ingra Bezerra de Melo Gonçalves2
Ítalo Emanoel de Sousa Chaves3
Emmanuela Quental Callou Sá4
Thereza Maria Tavares Sampaio5

Resumo: O Projeto de Extensão Estilo de Vida Saudável na Escola tem o objetivo de atuar na
identificação, prevenção e tratamento do sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes e,
diante da pandemia de COVID 19, reconheceu a necessidade de adaptação quanto ao uso das
redes sociais com o intuito de alertar acerca da problemática e minorar as taxas de excesso de
peso. Portanto, estre trata-se de estudo qualitativo, do tipo relato de experiência, com base
nos dados obtidos entre abril e segunda semana de outubro do ano de 2020 na página da
mídia social do projeto de extensão.

Palavras-chave: Obesidade. Extensão Universitária. COVID-19.

INTRODUÇÃO

A obesidade é uma doença inflamatória crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo


de gordura corporal e condicionada por inúmeros fatores, com destaque para desequilíbrio
entre ingesta e gasto de energia, atividade física reduzida e sedentarismo (CABRERA et al.,
2014). Estima-se que 7,3% das crianças brasileiras estão obesas (ONU, 2017) e, devido à série
de repercussões precoces e tardias (OLIVEIRA, 2017), representa grande problema de saúde
pública mundial por elevar os índices de morbimortalidade (CORICA et al., 2019).

1 Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: sarahcavbr@gmail.com


2 Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: ingra.goncalves@outlook.com
3 Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: italo.emanoel@aluno.ufca.edu.br
4 Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: emmanuela.callou@ufca.edu.br
5 Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri. E-mail: therezasampaio@yahoo.com.br
228
228
Com o início da pandemia por COVID-19 (LI et al., 2020; GUO et al., 2020), as
medidas de contenção de transmissão estabelecidas (WHO, 2020) levaram a redução da
atividade física, o aumento do tempo de tela e dos distúrbios relacionados à ansiedade e,
consequentemente, o aumento das taxas de obesidade de forma global (DA SILVA ARAÚJO
et al. 2019).
Já que prevenir a obesidade infantil leva à diminuição da incidência de doenças
crônico-degenerativas e intervenções direcionadas ao público infanto-juvenil são úteis,
fortaleceu-se a necessidade de intervenções simples, econômicas e remotas. Bandeira Neto et
al., (2018) demonstraram resultados satisfatórios com o uso da rede social como ferramenta
de promoção e educação em saúde.
Nesse contexto, o Projeto de Extensão Estilo de Vida Saudável na Escola, cujo objetivo
é atuar na identificação, prevenção e tratamento do sobrepeso e obesidade em crianças e
adolescentes, reconheceu a necessidade de adaptação quanto ao uso das redes sociais com o
intuito de alertar acerca da problemática e minorar as taxas de excesso de peso.

METODOLOGIA

Trata-se de estudo qualitativo, do tipo relato de experiência, com base nos dados
obtidos entre abril e a segunda semana de outubro do ano de 2020 na página da mídia social
do projeto de extensão Estilo de Vida Saudável na Escola, desenvolvido pela Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA), com apoio da Pró-Reitoria de Extensão
da respectiva universidade.
Foi criada uma conta na rede social Instagram com o objetivo de alcançar o público
alvo, principalmente a comunidade da Escola de Ensino Fundamental Senador Martiniano de
Alencar, Barbalha - Ceará, por meio de medidas educativas, preventivas e de controle contra
a obesidade infantil.
Foram realizadas busca de materiais de relevância científica na literatura atual com
temática relacionada à obesidade infantil, bem como foram convidados especialistas de várias
áreas do conhecimento para contribuição. Utilizando-se do meio lúdico e de fácil compreensão,
os materiais são preparados e editados com o auxílio de plataformas e programas de designs
gráficos (Canva e Adobe Premiere), resultando em materiais textuais e vídeos com uma média
de duração de 1 a 5 minutos.
As postagens ocorreram de uma a duas vezes por semana após uma revisão criteriosa,
buscando-se utilizar todas as ferramentas da rede, como feed (postagens permanentes na
página principal), stories (publicações acessíveis por apenas 24 horas) e IGTV (vídeos).
Ademais, como uma forma de democratizar informação, também foram disponibilizados
materiais complementares às postagens por meio de plataforma de armazenamento de dados
(Google Drive) com link disponibilizado no próprio perfil da rede social utilizada.

229
RESULTADOS

A página virtual no Instagram foi criada em 17 de abril de 2020 sob o domínio


“estilosaudavelescola.ufca”. Até a segunda semana de outubro do mesmo ano, foram realizadas
107 postagens, sendo 79 stories, 22 postagens no feed e 6 IGTVs, e contabilizados 177
seguidores. De modo geral, as postagens abordaram as seguintes temáticas: 1. Apresentação
do projeto, seus integrantes e ações prévias; 2. Fatores de risco e consequências da obesidade
infantil; 3.
Diagnóstico de obesidade; 4. Medidas de tratamento comportamentais, farmacológicas
e cirúrgicas e suas indicações; 5. Alimentação saudável; 6. Prática de atividade física; 7.
Medidas preventivas em geral. As interações por meio do Instagram possibilitaram que o
Projeto expandisse sua atuação para além da escola alvo, tendo alcance nas cidades de
Barbalha - CE (25% dos seguidores), Juazeiro do Norte - CE (24%), Fortaleza (19%)Crato -
CE (8,8%) e São Paulo - SP (3,1%) dentre outras.
A tabela 1 mostra como se deu essa interação com o público nesse período. Em
contrapartida, algumas limitações foram encontradas, como, por exemplo, a dificuldade de
acesso à internet por grande parcela dos estudantes da escola alvo, fato que impossibilitou
que houvesse reuniões virtuais com esse público e uma maior interação em redes sociais por
parte deles.

Tabela 1 – Métricas da conta do Projeto de Extensão no Instagram.


Variável (n) Média (±DP1)
Curtidas por postagem no feed (n=28) 12,75 (±4,24)
Visualizações por vídeo no IGTV (n=6) 69,17 (±16,33)
Alcance2 por postagem no feed das últimas 10 semanas (n=10) 50,65 (±53,37)

1
Desvio Padrão. 2 Número de indivíduos que visualizou o conteúdo.
Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

CONCLUSÕES

No geral, a nova realidade das ações de extensão, criou novos paradigmas para a
comunidade, extensionistas e universidades, já que surgiu o desafio de que os projetos de
extensão se mantivessem como norteadores de boas práticas em saúde e produção de
conhecimento de forma remota. Com essa nova proposta de funcionamento, os membros do
Projeto têm a oportunidade de continuarem inseridos em um meio ativo de transformação
social, de modo que, além de atuarem na promoção de saúde e prevenção de agravos, passam
por vivência enriquecedora para formação técnica e social no âmbito acadêmico do Curso de
Medicina da UFCA, o que aumenta a notoriedade da universidade como entidade formadora
de profissionais-cidadãos capacitados e engajados em meio à sociedade em que vivem.

230
230
REFERÊNCIAS

CABRERA, Thays Fernanda Castilho et al. Análise da prevalência de sobrepeso e obesidade


e do nível de atividade física em crianças e adolescentes de uma cidade do sudoeste de São
Paulo. Journal of Human Growth and Development, v. 24, n. 1, p. 67-72, 2014. DOI
https://doi.org/10.7322/jhgd.73455. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/jhgd/
article/view/73455/79860. Acesso em: 16 de out. 2020.

CORICA, Domenico et al. Could AGE/RAGE-related oxidative homeostasis dysregulation


enhance susceptibility to pathogenesis of cardio-metabolic complications in childhood
obesity?. Frontiers in endocrinology, v. 10, p. 426, 2019. DOI https://doi.org/10.3389/
fendo.2019.00426. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/
fendo.2019.00426/full. Acesso em: 16 de out. 2020.

DA SILVA ARAÚJO, Raiane Jordan et al. ANSIEDADE EM CRIANÇAS OBESAS: UMA


REVISÃO SISTEMÁTICA. Gep News, v. 2, n. 2, p. 325-334, 2019. Disponível em: https://
www.seer.ufal.br/index.php/gepnews/article/view/7919/5757. Acesso em: 16 de out. 2020.

GUO, Yan-Rong et al. The origin, transmission and clinical therapies on coronavirus disease
2019 (COVID-19) outbreak–an update on the status. Military Medical Research, v. 7,
n. 1, p. 1-10, 2020. DOI https://doi.org/10.1186/s40779-020-00240-0. Disponível em:
https://link.springer.com/article/10.1186/s40779-020-00240-0. Acesso em: 16 de out.
2020.

LI, Qun et al. Early transmission dynamics in Wuhan, China, of novel coronavirus–
infected pneumonia. New England Journal of Medicine, 2020. DOI https://doi.
org/10.1056/NEJMoa2001316 . Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/
NEJMOa2001316. Acesso em: 16 de out. 2020.

BANDEIRA NETO, Ebenézer Pinto et al. Utilização de mídias digitais como meio de
educação em saúde no contexto de emergências: extensão universitária. Cidadania em
Ação: Revista de Extensão e Cultura, v. 2, n. 2, p. 47-58, 2018. Disponível em: https://
www.revistas.udesc.br/index.php/cidadaniaemacao/article/view/12907. Acesso em: 16 de
out. 2020.

OLIVEIRA, Luis Carlos et al. Excesso de peso, obesidade, passos e atividade física de
moderada a vigorosa em crianças. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 51, 38, 2017. DOI
https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2017051006771. Disponível em: https://www.
scielosp.org/article/rsp/2017.v51/38/pt/. Acesso em: 16 de out. 2020.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Aumento do sobrepeso e da obesidade infantil.


Disponível em: https://nacoesunidas.org/aumentam-sobrepeso-e-obesidade-no-brasil-
aponta-relatorio-de-fao-e-opas. Acesso em: 16 de out. 2020.

WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. Critical preparedness, readiness and


response actions for COVID-19: interim guidance, 24 June 2020. World
Health Organization, 2020. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/
handle/10665/332665/WHO-COVID-19-Community_Actions-2020.4-ara.pdf. Acesso em:
16 de out. 2020.

231
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

FÓRUM DE DISCUSSÃO DE CA-


SOS CLÍNICOS
um relato de experiência

Área Temática: Saúde

Rayane da Silva Moura1


Isaura Elaine Gonçalves Moreira Rocha2
Mariana Oliveira Aragão3
Karollyne de Albuquerque Queiroz4
Bruno Daniel Teixeira de Oliveira5
Gabriella Moreira Bezerra Lima6
Ana Bárbara Xavier Luciano Lucena7
Felipe Coutinho Vasconcelos8

Resumo: A COVID-19 mudou drasticamente a organização habitual da sociedade, bem como


o processo de ensino-aprendizagem que teve que se adapta à educação de forma remota.
Por isso, este estudo aborda a criação de um fórum online focado na discussão de casos
clínicos na cardiologia criado pelo projeto Liga Acadêmica de Cardiologia Clínica e Cirúrgica
(LICAR) da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Tem como objetivo relatar a trajetória
dos integrantes da LICAR em discussões de casos clínicos em cardiologia por meio de um
fórum online. Quantos aos procedimentos para realização da ação, utilizou-se a plataforma
1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: rayane.silva@aluno.ufca.edu.
br
2 Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Docente das disciplinas semio-
logia médica e cardiologia no curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: elaine.
goncalves@ufca.edu.br.
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: mariana.aragao@aluno.ufca.
edu.br
4 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: karollyne.queiroz@aluno.ufca.
edu.br
5 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: bruno.teixeira@aluno.ufca.
edu.br
6 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: gabriella.moreira@aluno.ufca.
edu.br
7 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: barbara.lucena@aluno.ufca.
edu.br
8 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: felipe.coutinho@aluno.ufca.
edu.br 232
232
Even3 para realização das inscrições para o Fórum Online, os encontros foram feitos de forma
remota através da plataforma de vídeo conferências Google Meet, além disso, o evento incluía
mapa mental e e-book sobre a temática aborda, bem como emissão de certificados. Como
resultado, os participantes puderam problematizar suas perspectivas sobre as temáticas
discutidas e trabalhar a importância e significado da abordagem clínica adequada. Além
disso, possibilitou o acesso de ensino remoto à 200 estudantes de diversos cursos da área de
saúde. Por fim, nas conclusões foi possível expandir o conhecimento na área de cardiologia
por meio do aprendizado de casos clínicos aos participantes do fórum.

Palavras-chave: Fórum. Discussão. Conhecimento.

INTRODUÇÃO

No contexto de 2020, o agente viral SARS-CoV-2, que causa a doença denominada de


COVID-19, foi disseminado rapidamente, devido a sua capacidade de propagação em nível
exponencial, configurando-se como uma pandemia, de acordo com a Organização Mundial
da Saúde (JOYE; MOREIRA; ROCHA, 2020). Essa nova realidade mudou drasticamente o
comportamento da humanidade e de suas organizações, forçando-nos ao remodelamento das
nossas relações interpessoais.
Diante disso, medidas de suspensão de aulas presenciais foram adotadas em mais de
156 países do mundo (COSTA; SOUSA, 2020). Nessa perspectiva, tais medidas favoreceram
a adaptação do processo de ensino-aprendizagem a um cenário de educação à distância,
permitindo a continuação da produção e da obtenção do conhecimento com a adição da
possibilidade da elaboração de situações de ensino, mediadas por dispositivos eletrônicos. Isso
abre espaço para o planejamento de atividades que oportunizem momentos de aprendizagem
ativa que tenham significado tanto para o aluno quanto para o professor. (CAMACHO;
JOAQUIM; MENEZES, 2020)
Visando a essa mudança de cenário, esse relato de experiência teve por objetivos
relatar a trajetória dos integrantes da Liga Acadêmica de Cardiologia Clínica e Cirúrgica
(LICAR) da Universidade Federal do Cariri (UFCA), que, considerando a situação atual
de pandemia, viram uma oportunidade de salientar o estudo e a discussão de tópicos da
cardiologia. Criando, assim, um fórum online focado na discussão de casos clínicos na
cardiologia, expondo as particularidades desse tipo de evento e os resultados obtidos para os
participantes e organizadores.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, sobre o evento “Fórum


de discussão: Casos clínicos na cardiologia”, organizado e realizado pela LICAR. Esse fórum,
cujo período de inscrição foi do dia 26 de junho ao dia 29 de junho pela plataforma Even3, foi
realizado entre os dias 29 de junho de 2020 e 29 de julho de 2020 e disponibilizou 200 vagas.
233
O evento foi contemplado com um total de 7 aulas distribuídas ao longo do mês, as quais
foram ministradas por médicos especialistas em cardiologia e endocrinologia por meio da
plataforma online google.meet e, em cada dia de evento, os participantes receberam, por
email, o link para a aula online e um mapa-mental referente à temática da discussão do
respectivo dia que foi previamente elaborado pelos ligantes do projeto de extensão. Além
disso, foi instituída a figura de um mediador que organizou as participações em blocos de
comentários e perguntas dos participantes.
No último dia de discussões, foi realizado o preenchimento de um formulário pelos
participantes, objetivando realizar o controle da frequência ao evento para a certificação
dos participantes e tal formulário incluía nome, instituição vinculada, curso, palavras-chave
divulgadas em cada dia de aula e um espaço para sugestões ou críticas a fim de sondar o
interesse do público em participar de futuros eventos organizados pela liga. Além disso,
todos os participantes receberam um ebook elaborado também pelos ligantes com todas as
temáticas discutidas durante o fórum.

RESULTADOS

No Fórum de discussão: Casos clínicos na cardiologia, um total de 200 inscritos,


estudantes de graduação de diversas áreas da saúde (Tabela 1), tais como medicina com
170 inscritos, representando 85% das inscrições no evento, em seguida acadêmicos de
enfermagem, fisioterapia e biomedicina de diversas universidades nacionais e internacionais,
como a UCEBOL - Universidad Cristiana de Bolívia e a UBA - Universidade de Buenos Aires,
que totalizaram 41 instituições de ensino superior, participaram dos 7 dias de discussões
clínicas do evento no decorrer do mês de julho, que durou cerca de duas horas cada dia.
Esses dados reforçam o caráter multiprofissional do evento assim como sua significativa
repercussão para a comunidade.
Durante o período de inscrições online no Fórum, notou-se um aumento expressivo
no número de seguidores da rede social instagram da Liga Acadêmica de Cardiologia Clínica
e Cirúrgica (LICAR), organizadora do evento, o que representou um crescimento de 43,57%
de seguidores, durante o intervalo do curso (Gráfico 1), aumento de grande relevância para
as repercussões das ações de extensão da liga por meio de postagens dos ligantes nesta rede
social.
No decorrer do evento, os facilitadores contribuíram com a explanação do assunto, com
a exposição de suas vivências à discussão, estimulando o raciocínio clínico dos participantes
e o debate sobre as temáticas em questão. Por sua vez, com ávida participação e interesse
pelo debate, os estudantes compartilharam questionamentos e experiências sobretudo nas
dificuldades da prática clínica e na abordagem dos assuntos para a comunidade. Foi possível,
portanto, para os participantes, problematizar suas perspectivas sobre as temáticas discutidas
e trabalhar a importância e significado da adequada abordagem clínica.
Por fim, essa atividade de ensino-extensão da LICAR evidenciou resultados

234
234
significativos para o crescimento do projeto de extensão dentro da própria instituição, da
mesma maneira que engrandeceu o nome da Universidade Federal do Cariri para as demais
comunidades acadêmicas, por meio de ferramentas tecnológicas que aproximaram das
diversas instituições de ensino, assim como, possibilitou o acesso de ensino remoto à 200
estudantes de diversos cursos da área de saúde.

CONCLUSÕES

Tabela 1 - Tabelas referentes a estratificação referente ao curso.


CURSO QUANTIDADE PERCENTUAL
MEDICINA 170 85%
BIOMEDICINA 4 2%
ENFERMAGEM 16 8%
FISIOTERAPIA 6 3%
OUTROS 4 2%
Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

Gráfico 1 – Gráfico referente ao crescimento da comunidade virtual instagram da Licar.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

Destarte, o “Fórum de discussão: Casos clínicos na cardiologia” foi um evento


realizado pela Liga Acadêmica de Cardiologia Clínica e Cirúrgica (LICAR) que teve grande
alcance na comunidade acadêmica, atingindo seu objetivo de expandir o conhecimento na
área de cardiologia por meio do aprendizado de casos clínicos, o qual tornou o “Fórum de
discussão: Casos clínicos na cardiologia” singular em relação aos demais eventos de outras
235
ligas acadêmicas no mesmo período, visto que o evento tinha um caráter mais participativo
dos estudantes para a resolução dos casos, ao invés de focar em palestras expositivas.

REFERÊNCIAS

CAMACHO, Alessandra Conceição Leite Funchal; JOAQUIM, Fabiana Lopes; MENEZES,


Harlon França de. Possibilidades para o design didático em disciplinas online na saúde.
Research, Society And Development, [S.L.], v. 9, n. 4, p. e111942907, 19 mar. 2020.
Research, Society and Development.

COSTA, Marcos Rogério Martins; SOUSA, Jonilto Costa. Educação a Distância e


Universidade Aberta do Brasil: reflexões e possibilidades para o futuro pós-pandemia.
Revista Thema, [S.L.], v. 18, p. 124-135, 30 jul. 2020. Instituto Federal de Educacao,
Ciencia e Tecnologia Sul-Rio-Grandense.

JOYE, Cassandra Ribeiro; MOREIRA, Marília Maia; ROCHA, Sinara Socorro Duarte.
Educação a Distância ou Atividade Educacional Remota Emergencial: em busca
do elo perdido da educação escolar em tempos de covid-19. Research, Society
And Development, [S.L.], v. 9, n. 7, p. 1-29, 24 maio 2020. Research, Society and
Development.

236
236
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

I CICLO DE PALESTRAS EM
EMERGÊNCIAS ENDÓCRINAS
um relato de experiência sobre
educação em saúde na realidade
virtual

Área Temática: Saúde

Francyne da Silva Gonçalves1


Emmanuela Quental Callou de Sá2
Erich Pires Lisboa3
Yasmin Medeiros Pereira4
Tatiana Fátima Monteiro Silva5
Rebeca Meir Muniz Vieira6
Yuri Mota do Nascimento7

Resumo: a Liga Acadêmica Caririense de Endocrinologia e Metabologia (LACEM) criou o


I Ciclo de Palestras em Emergências Endócrinas para que a comunidade acadêmica pudesse
ter acesso a esses temas de forma complementar à sua formação. O presente trabalho visa
discorrer sobre o evento realizado, bem como sobre os resultados alcançados.

Palavras-chave: Emergência. Endocrinologia. Educação em saúde.

1 Discente do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: francynebiom@gmail.
com.
2 Docente da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: emmanuela.callou@ufca.edu.br
3 Docente da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: erich.lisboa@ufca.edu.br
4 Discente do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: yasmin.pereira@aluno.
ufca.edu.br
5 Discente do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail:tatymonteirosilva@gmail.
com
6 Discente do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: rebecameir@gmail.com
7 Discente do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: yuri.mota@aluno.ufca.
edu.br
237
237
INTRODUÇÃO

As Emergências Endócrinas compreendem doenças potencialmente fatais, cujo


diagnóstico e tratamento podem ser um desafio, levando ao atraso de seu reconhecimento
e tratamento. Os distúrbios do cálcio são importantes problemas clínicos, relativamente
comuns e associados a diversas morbidades (SCHUCH, et al. 2014).
As alterações do cálcio podem levar a quadros de apresentação dramática, necessitando
de cuidados de emergência ou quadros praticamente assintomáticos. O coma mixedematoso
é uma emergência médica causada pela grave deficiência de hormônios tireoidianos. É uma
apresentação rara do hipotireoidismo, provavelmente devido ao diagnóstico e tratamento
precoces. Tem como causas básicas todas relacionadas ao hipotireoidismo em geral (VALENTE,
et al. 2002).
A crise tireotóxica (CT) é a complicação mais temida do hipertireoidismo, caracterizada
por um conjunto de sinais e sintomas secundários à hipersecreção aguda e inapropriada de
hormônios tireoidianos. Apresenta elevadas taxas de mortalidade, mesmo quando se institui
a terapêutica adequada em tempo hábil (MAIA, et al. 2003).
A apoplexia hipofisária é uma patologia rara, dada a variabilidade de apresentação
clínica e dificuldade diagnóstica. No Serviço de Urgência, sintomas inespecíficos podem
atrasar a correta abordagem diagnóstica e terapêutica e aumentar o risco de insuficiência
adrenocortical aguda potencialmente fatal (MORENO, et al. 2015).
A insuficiência adrenal secundária se dá pela deficiência de ACTH, podendo resultar
do comprometimento hipofisário, porém mais frequentemente decorre de sua supressão pelo
uso crônico de corticosteróides com posterior interrupção de forma inadequada (AZEVEDO,
et al. 2017).
Por fim, as complicações agudas da diabetes (hipoglicemia, cetoacidose diabética,
síndrome hiperglicêmica hiperosmolar e lactacidose) são causas de recorrência à urgência e
internamento e estão associadas, na maioria dos casos, a intercorrências médicas e/ou falhas
terapêuticas (GALLEGO, et al. 2007).
Tendo em vista essas condições clínicas como principais emergências endócrinas e de
extrema relevância para a formação médica, a Liga Acadêmica Caririense de Endocrinologia
e Metabologia (LACEM) criou o I Ciclo de Palestras em Emergências Endócrinas para que
a comunidade acadêmica pudesse ter acesso a esses temas de forma complementar à sua
formação. O presente trabalho visa discorrer sobre o evento realizado, bem como sobre os
resultados alcançados.

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência acadêmica dos alunos do curso de Medicina


sobre o I Ciclo de Palestras em Emergências Endócrinas, vivenciado pelos membros da Liga
Acadêmica Caririense de Endocrinologia e Metabologia (LACEM) em Outubro de 2020, no
âmbito das ações de extensão à distância devido à pandemia do novo coronavírus. O curso
238
surgiu da necessidade dos acadêmicos da Liga de verem um maior aprofundamento sobre
as temáticas de Emergências Endocrinológicas, enfermidades estas bastantes comuns nos
setores de emergências brasileiros.
A partir disso, os membros uniram-se em um propósito de levar à comunidade
acadêmica e externa a discussão sobre esses temas, de modo a ampliar conhecimentos e
promover educação em saúde de forma ampla e dinâmica, utilizando-se ferramentas como
a internet. Os temas foram escolhidos a partir do diálogo entre os acadêmicos ligantes do
projeto de extensão, considerando as temáticas de maiores relevâncias e que por vezes são
menos abordadas, inclusive na educação médica.
Assim, ficaram como temáticas: Emergências Relacionadas ao Metabolismo do
Cálcio, Crise Tireotóxica e Coma Mixedematoso, Apoplexia Hipofisária e Insuficiência Adrenal
Secundária e Complicações Agudas ao Diabetes Mellitus. Em continuidade, seguiu-se com o
convite aos palestrantes, nomes de referências em cada área a ser abordada. Posteriormente
seguiu-se para a elaboração do cronograma do ciclo de palestras e abertura das inscrições.
As reuniões foram transmitidas via Google Meet, conforme a base de streaming
disponibilizada pela Universidade Federal do Cariri, e as palestras aconteceram nos turnos
da manhã e tarde no dia 03 de Outubro.

RESULTADOS

Ao todo, foram realizadas 44 inscrições para o I Ciclo de Palestras em Emergências


Endócrinas através do preenchimento de um formulário online contendo informações básicas
sobre o perfil dos interessados no evento.
Quanto ao estado de origem destes houve inscritos do estado do Ceará, Bahia,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Tocantins, Amazonas, São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
Em relação às áreas acadêmicas, participaram estudantes do curso de Medicina, Enfermagem
e Fisioterapia além de médicos já formados.
O evento ocorreu no dia 03 de Outubro de 2020 em dois turnos (manhã e tarde) tendo
início às 09h com a participação do médico endocrinologista Dr. Enzo Oliveira que discutiu
sobre as Emergências relacionadas ao Metabolismo do Cálcio e em seguida uma abordagem
sobre Crise Tireotóxica e Coma Mixedematoso realizada pelo médico clínico Dr. Erich Pires
encerrando o turno da manhã às 11h e 30min.
No período vespertino, a médica endocrinologista sobre Dra. Patrícia Figueiredo
iniciou sua apresentação às 15h sobre Apoplexia Hipofisária e Insuficiência Adrenal seguida
da palestra da Dra. Emmanuela Quental, médica endocrinologista e coordenadora discente
da LACEM, sobre as Complicações agudas relacionadas ao Diabetes Mellitus, encerrando o
ciclo de palestras às 18h.
O público recebeu importantes informações sobre conceitos, fisiopatologia,
identificação de sintomas, condutas e minimização de riscos concernentes aos quatro temas
abordados. Foi observado uma boa aceitação e entendimento pelo público abordado, pois

239
239
todas as apresentações trouxeram casos clínicos reais da rotina dos palestrantes convidados,
ilustraram com muita riqueza os temas e trouxe detalhes da abordagem ao paciente em uma
emergência hospitalar, além das condutas e evolução destes.
Quanto a organização do evento, a equipe realizou estratégias de organização,
produção de material informativo, divulgação do evento, contato com profissionais da área
que pudessem contribuir com as palestras e mediação dos encontros em ambiente digital, que
fizeram parte da dinâmica do evento e viabilizaram o entrosamento dos membros, a divisão de
tarefas e a conquista de novas habilidades para a realização de tal atividade. Essas situações
foram realizadas com êxito e permitiu que o resultado satisfatório do ciclo de palestras fosse
alcançado.

Figura 1 – Capturas de tela do I Ciclo de Palestras em Emergências Endócrinas

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

CONCLUSÕES

O I Ciclo de Palestras em Emergências Endócrinas apresentou aspectos positivos


evidentes que incluem a facilidade de acesso, tendo em vista que foi realizado de forma
totalmente online e gratuita, além da objetividade das palestras com abordagem direta aos
temas mais relevantes em emergências da endocrinologia foram cruciais para a didática
eficiente que o curso apresentou.
Para a realização de eventos futuros, a vivência, tanto na organização do curso quanto
na participação como ouvinte, demonstra a importância da divulgação em massa online do
evento através das mídias sociais, tanto na página da liga, quanto nas mídias dos palestrantes
envolvidos, para que se alcance o maior número de pessoas possível. Em suma, o evento foi
realizado com êxito, cumprindo com seu objetivo.

REFERÊNCIAS

SCHUCH, Thiéle Fonseca; BOFF, Celine de Oliveira; CASTRO, João de Carvalho.


Distúrbios do cálcio na emergência. Porto Alegre: Acta méd. p. 6, 2014.

VALENTE, Orsine; MARTINS, Angélica Marques; VALENTE, Marcelo. Diagnóstico e


tratamento das urgências tireoidianas. Diagn. tratamento, p. 18-24, 2002.

MAIA, Frederico Fernandes Ribeiro; ARAÚJO, Levimar Rocha. CRISE TIREOTÓXICA–


MANEJO DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO. Rev. méd. Minas Gerais, p. 202-204,
240
2004.

MORENO, Carolina et al. Apoplexia hipofisária no serviço de urgência. Revista


Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, v. 10, n. 2, p. 171-174, 2015.

AZEVEDO, Eduardo Rubio; GONÇALVES, Pedro Paes Leme. Insuficiência adrenal na


Sala de Urgência. Revista QualidadeHC, 2017. Disponível em: https://www.hcrp.usp.br/
revistaqualidade/uploads/Artigos/212/212.pdf. Acesso em: 18 Out. 2020.

GALLEGO, Rosa; CALDEIRA, Jorge. Complicações agudas da diabetes mellitus.


Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, v. 23, n. 5, p. 565-75, 2007.

241
241
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

I CIPAMEV – I CICLO DE
PALESTRAS DE MEDICINA
VETERINÁRIA
projeto Rondon

Área Temática: Saúde

Jeane Ferreira de Andrade1


Maria Ruth Gonçalves da Penha 2
Iasmim Carvalho Soares3
Murilo Duarte de Oliveira4
Maria do Socorro Vieira Gadelha5
Sebastião Cavalcante de Sousa6

Resumo: O Projeto Rondon tem por finalidade viabilizar os estudantes universitários nos
processos de desenvolvimento local sustentável e de fortalecimento da cidadania. Dessa
forma, com a intenção de relacionar o curso de Medicina Veterinária com as necessidades
das comunidades do Cariri, o Projeto Rondon foi iniciado na Universidade Federal do Cariri
– UFCA, em abril de 2020. No entanto, com o cenário de pandemia atual, foi necessário
adaptar as atividades de forma remota. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo
apresentar uma das ações do Projeto Rondon, voltada para comunidade no novo contexto.
Foi realizado uma pesquisa pela literatura cinzenta (sites, livros e revistas) disponível online
e free, as informações sobre o I Ciclo de Palestras de Medicina Veterinária, foram próprias
dos autores que conduzem as atividades de extensão. Desse modo, o Projeto Rondon
realizou um Ciclo de Palestras, no período de 21 de julho à 11 de agosto de 2020. Voltada
principalmente para estudantes e profissionais das ciências agrárias e com participação de
diferentes instrutores. As palestras remotas ministradas serviram como mais um instrumento

1 Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: jeane.andrade@
aluno.ufca.edu.br
2 Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: maria.ruth@aluno.
ufca.edu.br
3 Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: iasmim.soares@
aluno.ufca.edu.br
4 Médico Veterinário, Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF SERTÃO – PE)
E-mail: muriloduartevet@gmail.com
5 Docente da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: socorro.vieira@ufca.edu.br
6 Docente da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: sebastiao.sousa@ufca.edu.br
242
242
no processo de aprendizado para o aluno de graduação, ampliando sua visão no contexto dos
assuntos abordados, bem como outro ganho relevante foi o alcance em diferentes espaços
institucionais das diversas regiões do Brasil.

Palavras-chave: Projeto Rondon. Palestras. Medicina Veterinária.

INTRODUÇÃO

O Projeto Rondon (PRO) é uma ação do Governo Federal coordenada pelo Ministério
da Defesa, que tem por finalidade viabilizar a participação do estudante universitário nos
processos de desenvolvimento local sustentável e de fortalecimento da cidadania. (GUIA DO
RONDONISTA, 2017).
Foi idealizado durante os governos militares e iniciou no governo Costa e Silva (1967-
1969), recebendo este nome em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon,
que foi um militar e humanista, defensor dos povos indígenas no Brasil. O PRO foi uma
articulação entre universidade, universitários e integração nas áreas de atuação, decorrente
da mobilização da juventude (SOUZA, 2015).
Dessa forma, com o intuito de relacionar o curso de Medicina Veterinária com as
necessidades das comunidades do Cariri, o PRO foi iniciado na Universidade Federal do
Cariri – UFCA, em abril de 2020. Entretanto, a COVID-19 foi registrada em mais de 180
países ao redor do mundo, e mediante ao grande avanço da contaminação da doença, várias
autoridades governamentais vêm adotando diversas estratégias, com a intenção de reduzir o
ritmo da progressão da doença (Kraemer et al., 2020), sendo necessário adaptar as ações de
forma remota.
Sendo assim, decidiu-se ofertar palestras on-line com temas relacionados as ciências
agrárias, direcionada a estudantes da área de diversas instituições de ensino, constituindo-se
o I CIPAMEV – I Ciclo de Palestras de Medicina Veterinária, o que foi ofertado dos dias 21 de
julho à 11 de agosto de 2020.

METODOLOGIA

No presente relato de experiência foi adotado como metodologia a pesquisa em sites,


livros e revistas disponível online e free. Foi utilizado o descritor “Projeto Rondon”. Cada
documento encontrado foi lido na íntegra e selecionado de acordo a temática principal da
pesquisa. As informações sobre o I Ciclo de Palestras de Medicina Veterinária, foram próprias
dos autores que conduzem as atividades de extensão.

RESULTADOS

Com a pandemia da COVID – 19, houveram várias mudanças socias, entre elas,
necessidade de adaptação nas atividades realizadas por todos. Entretanto, a vantagem dessa
nova realidade, é o alcance de pessoas de diversas localidades do Brasil.
243
Dessa forma, o I CIPAMEV, teve como objetivo atingir estudantes dos diversos cursos
das ciências agrárias de diversas instituições de ensino das mais distintas regiões do Brasil,
constituído por 4 palestras on-line. Todas com duração de 2 horas, ministradas às terças-
feiras das 10:00hs às 12:00hs. (Tabela 1).
Foi confeccionado uma logomarca (Figura 1), e todas as informações referentes
ao evento foram divulgadas por meio de mídias socias, principalmente pelo instagram do
projeto: @projetorondonufca. As inscrições foram realizadas através do Google Forms,
sendo gerado um link de inscrição a cada semana e disponibilizado através da biografia do
instagram do projeto para estudantes, profissionais ou interessados no tema, com limitação
de 100 participantes por palestra. Além disso, confeccionamos posts com o currículo de cada
palestrante.
As palestras ocorreram pelo Google Meet, sendo enviado para os participantes por
e-mail o link da sala (Figura 2). Os instrutores apresentaram os temas de forma didática,
reservando espaço para discussões e dúvidas relacionadas ao tema em questão. Além disso, foi
gerado certificados para os participantes ao final de cada palestra, mediante preenchimento
do link de frequência, disponibilizado 10 minutos antes do encerramento.

Tabela 1 – Instrutores do CIPAMEV com seus respectivos temas e datas.


Tabela do CIPAMEV - I Ciclo de Palestras de Medicina Veterinária
Data Palestra Instrutor

21/07 Hipocalemia Em Vacas Ms. Carlos Magno Bezerra


Leiteiras: Desafio Para de Azevedo Silva
Produção
28/07 Dra. Maria Luana
O Desafio Da Raiva Silvestre Cristiny Rodrigues
Silva
04/08 Educação do Campo: Qual é a
importância para as Ciências Ms. Rafael Santos de Aquino
Agrárias?
11/08 Panorama Da Leishmaniose No Brasil Ms. Clécio Henrique Limeira
Fonte: Produzida pelos autores, 2020.

Figura 1 – Logomarca do I CIPAMEV.

Fonte: Produzida pelos autores, 2020.


244
244
Figura 2 – Palestra CIPAMEV.

Fonte: Produzida pelos autores, 2020.

CONCLUSÕES

As palestras remotas, ministradas no I CIPAMEV serviram como mais um instrumento


no processo de aprendizado para o aluno de graduação, ampliando sua visão no contexto dos
assuntos abordados, bem como outro ganho relevante foi o alcance em diferentes espaços
institucionais das diversas regiões do Brasil.
O ambiente físico usado por nossos participantes na sua grande maioria foram suas
residências, locais estes que ofereceram privacidade e conforto para os mesmos, principalmente
no que se refere aos meios de proteção contra a COVID 19. Acreditamos que este tipo trabalho
pode contribuir para discussões e reflexões no processo de ensino aprendizagem entre as
diversas instituições de ensino das ciências agrárias do Brasil, na capacitação de nossos
discentes com temas bem distintos e ofertados por profissionais qualificados das diversas
áreas das ciências agrárias.

REFERÊNCIAS

KRAEMER, M. U. G. et al. The effect of human mobility and control measures on the
COVID-19 epidemic in China. Science Preprints, vol. 368, n. 6490, p. 493-497, 2020.
Disponível em: https://science.sciencemag.org/content/sci/368/6490/493.full.pdf. Acesso
em: 18 set. 2020.

MUNDO RONDON. A Revista do Projeto Rondon. Edição 1.Ano 1, 2014. Disponível


em: https://noticias.paginas.ufsc.br/files/2014/05/Revista-Mundo-Rondon-FINAL.pdf.
Acesso em: 18 set. 2020.

SOUZA, A. et al. Projeto Rondon: uma possibilidade de aprendizado acadêmico. Revista


de Enfermagem da UFSM, v. 5, n. 3, p. 573-579, 2015.

245
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

I SIMPÓSIO ONLINE DE ABOR-


DAGEM MULTIDISCIPLINAR DE
PACIENTES COM SÍNDROME DE
DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA
um relato de extensão

Área Temática: Saúde

José Arinelson da Silva 1


Letícia Viana Albuquerque 2
Lívia de Menezes Soares3
José Péricles Magalhães Vasconcelos4

Resumo: A Síndrome de Dependência Alcoólica (SDA) consiste em um grande desejo de


consumir determinada substância alcoólica, sendo essa vontade irresistível para o indivíduo.
Referente à extensão universitária, os estudantes são os principais responsáveis por sua
formação técnica e social, devido ao aspecto participativo e transformador das ações de
Extensão e Ensino. Nessa perspectiva, as atividades de ensino remoto são necessárias para a
manutenção da participação e transformação presentes nas ações de extensão universitária.
Tendo em vista a indissociabilidade entre extensão e ensino, o objetivo desse trabalho é
descrever uma atividade remota em forma de simpósio realizada pelos acadêmicos do curso
de medicina voluntários do Projeto Álcool: informar para conscientizar e prevenir a respeito
da abordagem multidisciplinar do alcoolismo. Tratou-se de um evento gratuito e online,
transmitido pela plataforma do Google Meet, aberto a acadêmicos, profissionais de todas as
áreas da saúde e demais membros da comunidade interessados no tema. Realizado de 13
a 15 de agosto de 2020, o simpósio recebeu inscrições predominantemente de estudantes
das áreas de ciências da saúde e das ciências humanas. As palestras ocorreram em 3 dias,
divididas em dois momentos de ensino. Durante o evento foram abordados diversos âmbitos
da SDA, como os aspectos farmacológicos, psicológicos, psiquiátricos e de emergência dessa
patologia. O ensino remoto é capaz de estimular discussões e fomentar o conhecimento para a
comunidade em tempos de restrição social, como é o caso da pandemia COVID-19. O simpósio

1 Graduando do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: jose.arinelson@ufca.edu.br
2 Graduanda do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: leticia.albuquerque@aluno.
ufca.edu.br
3 Graduanda do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: livia.menezes@aluno.ufca.edu.
br
4 Docente do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: jose.vasconcelos@ufca.edu.br
246
246
realizado pelo projeto permitiu ampliar os debates acerca da SDA e possibilitou aos estudantes
organizadores o desenvolvimento de habilidades importantes como oratória, organização,
comunicação e gestão de eventos. Por fim, é preciso salientar a necessidade de considerar a
SDA como uma enfermidade importante que exige uma abordagem multiprofissional para ser
enfrentada, devendo, assim, ser uma temática em constante pauta nas discussões acadêmicas
e comunitárias.

Palavras-chave: Síndrome de Dependência Alcoólica. Extensão universitária. Ensino


remoto.

INTRODUÇÃO

A síndrome de dependência alcoólica (SDA) é baseada em um grande desejo de


consumir determinada substância alcoólica, sendo essa vontade irresistível para o indivíduo
e relacionada com os frequentes episódios de recaídas (PENEDA, 2014).
O consumo excessivo de álcool pode prejudicar todos os órgãos, além de estar
relacionado com transtornos mentais ou comportamentais. Apesar dos impactos, dados do
Ministério da Saúde (2019) apontam que 17,9% da população adulta no Brasil faz uso abusivo
de bebida alcoólica.
Referente à extensão universitária, os estudantes são os principais responsáveis por
sua formação técnica e social, devido ao aspecto participativo e transformador das ações de Extensão
e Ensino, importantes para o indivíduo e para comunidade.
Nesse sentido, a “sala de aula” deve ser compreendida como todo espaço em que se
constrói o conhecimento histórico-social, não sendo restrito ao espaço físico tradicional da
Universidade (FORPROEX, 2012). Sob essa perspectiva, as atividades de ensino remoto se
configuram como práticas necessárias para a manutenção dessa participação e transformação
presentes nas ações de extensão universitária que são tão importantes para a formação
profissional e cidadã do indivíduo.
Assim, tendo em vista a indissociabilidade entre extensão e ensino, o objetivo desse
trabalho é descrever uma atividade remota em forma de simpósio realizada pelos acadêmicos do
curso de medicina voluntários do Projeto de extensão Álcool: informar para conscientizar e prevenir a
respeito da abordagem multidisciplinar do alcoolismo.

METODOLOGIA

O I SIMPÓSIO - Abordagem Multidisciplinar do Paciente com Síndrome de Dependência


Alcoólica (I SAMDA) foi organizado pelos estudantes do curso de medicina voluntários do
Projeto Álcool: Informar para conscientizar e prevenir, um projeto de extensão vinculado à
PROEX da Universidade Federal do Cariri (UFCA). Evento gratuito e online, transmitido por
meio da plataforma do Google Meet, aberto a acadêmicos e profissionais de todas as áreas da
saúde, bem como demais membros da comunidade interessados na temática. Realizado de 13
247
a 15 de agosto de 2020, o simpósio recebeu 59 inscrições, predominantemente de estudantes
das áreas de ciências da saúde (medicina, odontologia, biomedicina, enfermagem, fisioterapia
e terapia ocupacional) e das ciências humanas (psicologia).
As palestras ocorreram em 3 dias, sendo divididas em dois momentos de ensino, o
primeiro às 19 horas e o segundo às 20:10, finalizando às 21:00. Durante o evento foram
abordados diversos âmbitos da Síndrome de Dependência Alcoólica (SDA), como os aspectos
farmacológicos, psicológicos, psiquiátricos e de emergência dessa patologia. As palestras foram
ministradas por profissionais especialistas convidados, de forma a agregar conhecimentos
quanto à avaliação, prevenção, abordagem e tratamento da enfermidade.

RESULTADOS

De início, vale-se destacar que “o tratamento do alcoolismo deve lançar mão de atenção
multiprofissional, de recursos e serviços diversos, como atendimento médico, psicológico e
de outras especialidades” (SOUZA et al., 2015, p.1353). Conforme Peneda (2017), a equipe
do Programa de Saúde da Família deve estar preparada para informar, conscientizar e atuar
junto com a família durante a busca pela cura do paciente com SDA. Para isso, o atendimento
multidisciplinar apresenta-se como estratégias para manejo da patologia.
Nesse sentido, no primeiro dia de palestras propôs-se o debate acerca do papel do
médico da atenção primária no combate a essa conduta, os obstáculos enfrentados como o
preconceito e a dificuldade de se estabelecer uma rede de apoio familiar ao usuário para que
um tratamento efetivo seja possível. A discussão contou com a participação de um profissional
médico especialista em Saúde da Família e da Comunidade.
Destarte, a fim de seguir a diretriz da interdisciplinaridade definida pela Política
Nacional de Extensão universitária (2012), que propõe a interseção das várias áreas do
conhecimento, durante o segundo dia do evento o enfoque se deu às questões farmacológicas
atreladas ao consumo desmedido do etanol, sendo conduzida por um profissional doutor em
farmacologia.
De acordo com Garrido et al., (2016) o uso excessivo e crônico do álcool pode causar
vários danos à saúde do indivíduo, desde complicações clínicas até diversos transtornos
mentais. Alguns desses impactos foram abordados durante a quarta palestra do I SAMDA,
que versou sobre as consequências psíquicas do uso abusivo de álcool e foi ministrada por um
médico psiquiatra e do sono, especialista na saúde da família.
No último dia do evento, as abordagens voltaram-se para os âmbitos psicológico
e de condutas a intoxicações agudas decorrentes do abuso do álcool. Referente à primeira
temática, a psicóloga convidada destacou a importância da terapia psico-comportamental
para o tratamento da SDA, frisando os obstáculos existentes até a cura, principalmente as
recaídas.
No derradeiro debate, um enfermeiro especialista em urgência/emergência explanou
as condutas adequadas no atendimento ao paciente com intoxicação alcoólica aguda que
248
248
apresenta um conjunto de sinais e sintomas relacionados com a ação direta do etanol sobre o
sistema nervoso central, deprimindo-o (PIRES, 2013).
É importante salientar que as ações de Extensão Universitária contribuem significativamente
para a formação do estudante tanto por proporcionar experiências enriquecedoras para a sua
formação, quanto por tornar possível o seu contato com problemáticas atuais, estimulando
reflexões críticas. Dessa maneira, o enriquecimento acadêmico ultrapassa as barreiras teóricas
e metodológicas e contribui para a transformação social (FORPROEX, 2012).

CONCLUSÕES

O distanciamento social decorrente da pandemia de COVID-19 impediu a realização


de diversas atividades presenciais. Dessa forma, as tecnologias virtuais se tornaram ainda
mais importantes, possibilitando a manutenção, ainda que de maneira remota, de momentos
de ensino, reuniões e comunicação social.
O ensino remoto é capaz de estimular discussões e fomentar o conhecimento para
a comunidade em tempos de restrição social. O simpósio de abordagem multidisciplinar
realizado pelo projeto permitiu ampliar os debates acerca da SDA, além de possibilitar aos
estudantes organizadores o desenvolvimento de habilidades importantes como oratória,
organização, comunicação e gestão de eventos.
Por fim, é preciso salientar também a necessidade de considerar a SDA como uma
enfermidade importante que exige uma abordagem multiprofissional para ser enfrentada,
devendo, assim, ser uma temática em constante pauta nas discussões acadêmicas e
comunitárias.

REFERÊNCIAS

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Consumo abusivo de álcool aumenta 42,9%


entre as mulheres. 2019. Disponível em: https://saude.gov.br/noticias/agencia-
saude/45613-consumo-abusivo-de-alcool-aumenta-42-9-entre-as-mulheres. Acesso em: 12
out. 2020.

FORPROEX. Política Nacional de Extensão Universitária. Manaus, maio 2012.


Disponível em: https://proex.ufsc.br/files/2016/04/Pol%C3%ADtica-Nacional-de-
Extens%C3%A3o-Universit%C3%A1ria-e-book.pdf. Acesso em: 15 out. 2020.

GARRIDO, Maria Clara Tosta et al. Prevalência de alcoolismo e sintomas depressivos em


pacientes da clínica geral na cidade de Salvador-BA. Revista Brasileira de Neurologia
e Psiquiatria, Salvador, v. 1, n. 20, p. 37-72, 2016. Disponível em: https://www.
revneuropsiq.com.br/rbnp/article/viewFile/193/87. Acesso em: 10 out. 2020.

PENEDA, Juliana Utsch Oliveira Nogueira. Alcoolismo em programa de saúde da


família. 2017. 30 f. TCC (Graduação) - Curso de Especialização em Atenção Básica em
Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, Campos Gerais, 2017. Disponível
em: https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/9395/1/alcoolismo-programa-saude-
familia.pdf. Acesso em: 11 out. 2020.
249
PIRES, Inês Sofia Afonso. Intoxicação Alcoólica Aguda - Casuística no Serviço de
Urgência Geral do Centro Hospitalar Cova da Beira, E.P.E. 2013. 84 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Farmacia, Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2013. Disponível
em: https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/3118/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20
In%C3%AAs%20Pires.pdf. Acesso em: 11 out. 2020.

SOUZA, Luiz Gustavo Silva; MENANDRO, Maria Cristina Smith; MENANDRO, Paulo
Rogério Meira. O alcoolismo, suas causas e tratamento nas representações sociais de
profissionais de Saúde da Família. Physis: Revista de Saúde Coletiva, [S.L.], v. 25, n.
4, p. 1335-1360, dez. 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-
73312015000400015. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-73312015000401335&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 10 out. 2020.

250
250
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

MAMULENGOS DA SAÚDE
um resgate da cultura nordestina
na prática virtual de educação em
saúde

Área Temática: Saúde

Wendell da Silva Sales1


Elaíne Apolinário dos Santos2
Sally de França Lacerda Pinheiro3

Resumo: As relações de ensino-aprendizagem permitem ao homem compreender e atuar no


meio em que vive. Nessa ótica, o uso da educação em saúde através do teatro de mamulengo
facilita esse processo, trazendo uma série de benefícios à saúde, além da valorização da cultura
nordestina. Desse modo, este trabalho tem como objetivo relatar as ações do teatro mamulengos
no estímulo das crianças ao desenvolvimento de hábitos saudáveis, na conscientização da
população sobre a importância da saúde infantil e na valorização dessa prática cultural
nordestina. Na metodologia, foram criados e divulgados imagens e vídeos sobre saúde por
alunos do projeto e artistas gráficos da região nas redes sociais. A construção desse material
foi realizada com o uso da aplicação CorelDraw Graphics Suite 2020 para imagens e uso de
smartphone para gravação e edição para os vídeos. Como resultado, foi possível difundir o
conhecimento sobre teatro à população e sua aplicação para a saúde infantil. Nas conclusões,
infere-se que as novas modalidades de ensino antes pouco exploradas, são atualmente o
principal meio de propagação de ensino e cultura, já que permitiu ao projeto realizar ações em
saúde no meio remoto. Contudo, observou-se que apesar da ampla divulgação das atividades,
o público-alvo do projeto ainda se encontra pouco distante do alcance das ações, devido ao
baixo acesso às redes sociais por essa faixa etária.

Palavras-chave: Teatro de mamulengo. Saúde na infância. Educação virtual.

1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: wendell.sales@aluno.ufca.


edu.br
2 Graduando em medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: E-mail: elaine.apolinario@
aluno.ufca.edu.br
3 Doutora em Ciencias da Saúde e da Vida pela Université Paris Descartes. E-mail: sally.lacerda@ufca.edu.br
251
251
INTRODUÇÃO

O ensino e a aprendizagem são processos basilares que permitem que o sujeito


desenvolva a capacidade de dominar e de se apropriar das ferramentas culturais para
compreender as várias determinações que os rodeiam (LIMA, 2020). Isso posto, a educação
em saúde possibilita que os indivíduos conheçam o processo de saúde-doença e, a partir
disso, depreendam as suas particularidades, tornando-se sujeitos ativos desde a prevenção
do adoecimento até o processo de cura.
De fato, para que esse processo educacional ocorra, podem-se ser adotados diversos
procedimentos, sendo a arte uma forma bastante significativa de aprendizagem. Nesse sentido,
o teatro entra como uma ação pedagógica potencialmente capaz de auxiliar no processo
educacional, de forma a conferir a ele um maior sentido (COELHO, 2014), propiciando à
comunidade a abordagem de temas de grande relevância social e cultural, ampliando os
horizontes de conhecimento, de criatividade e de sensibilidade.
Sob esse prisma, o teatro de mamulengos surge como estratégia prática, criativa e
aplicável aos meios virtuais que pode facilitar o processo de educação em saúde a ser trabalhado
com crianças, objetivando, principalmente, estimular nas crianças o desenvolvimento de
hábitos saudáveis, conscientizar a população da importância da saúde infantil e difundir e
valorizar essa pratica cultural nordestina vinda desde a época colonial.

METODOLOGIA

Para a realização da prática de educação em saúde, foram utilizadas a criação e


divulgação de imagens e de vídeos em ambiente. Os conteúdos de imagem e vídeo foram
construídos por alunos do projeto de extensão Mamulengos da Saúde da Universidade Federal
do Cariri e de parcerias com artistas gráficos da região, sendo disponibilizados ao público por
meio da rede social Instagram e da plataforma de compartilhamento de vídeos Youtube.
O material de imagem foi construído através do aplicativo CorelDraw Graphics
Suite 2020, além da utilização de fotos de domínio público disponíveis no Google. Os vídeos
contendo apresentações de teatro de mamulengos foram gravados e editados no smartphone
Galaxy S10e pelo aplicativo de câmera do aparelho. Para análise da difusão e da efetividade
das publicações, foi usado o critério de quantificação de curtidas, de visualizações e de
compartilhamentos do material divulgado pelas mídias sociais do projeto.

RESULTADOS

As ações realizadas nas redes sociais tem sido o principal meio de escolha para
realização das ações do projeto. Visto que essa forma de organização vem conquistando novos
espaços e formas de agir baseadas na colaboração e cooperação entre os segmentos envolvidos
(MACHADO; TIJIBOY,2005).
O advento da internet fez com que as informações registradas pudessem alcançar
252
um maior número de pessoas de diferentes lugares e diferentes idades, e além disso, as
informações podem ficar registradas para um acesso ao longo prazo, pois aquilo que antes
estava restrito a nossa memória agora está registrado e publicado (LORENZO,2013).
Nesse aspecto, levar a cultura do teatro de mamulengo através da criação de
conteúdo virtual nos mostrou uma nova perspectiva, visto que a ideia inicial do projeto era
ser totalmente presencial, com isso, foi possível estabelecer novas metas para que assim fosse
possível alcançar o público-alvo. As adaptações do projeto ganharam um novo estilo ajustado
as câmeras e as novas tecnologias, a qual buscou sempre respeitar as medidas de isolamento
social, no que antes eram um teatro de bonecos debaixo de um mesmo palco, agora registra-
se uma encenação teatral com cada integrante no seu ambiente virtual.
Todavia, os percalços não impediram que as ações em saúde pudessem alcançar as
pessoas, visto o número de visualizações em cada postagem e também o compartilhamento
entre os membros das redes sociais, destacando ainda mais a importância dessa ferramenta
tanto para a educação a distância, como também para as publicações de materiais educativos.
Deste modo, constata-se que com o desenvolvimento da web, de ferramentas abertas,
colaborativas e em rede, que se utilizam das linguagens características das redes sociais,
bem como a adoção de tecnologias de realidade virtual e vídeos digitais é possível
vislumbrar um cenário que aponta para ambientes de aprendizagem inovadores
baseados no conceito de educação em rede (SOUZA; GIGLIO,2015).

Nesse sentido, Souza e Giglio em seu livro Mídias digitais, redes sociais e educação em
rede: experiências na pesquisa e extensão universitária enfatiza bem o uso das redes sociais
como meio de propagar o conhecimento. Ainda assim, é possível obter um feedback em
relação ao conteúdo aplicado, a partir de comentários, compartilhamentos entre os usuários
e “curtidas “a qual as publicações recebem.

253
253
Figura 1 – Captura de tela do Instagram do projeto.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

CONCLUSÕES

As novas modalidades de ensino que antes pouco usadas e que hoje é o principal meio
de propagação de ensino e cultura é a principal ferramenta dos projetos de extensão para
realização das suas ações. Para o Projeto mamulengos da saúde não foi diferente, as redes
sociais têm fornecido a hospedagem do projeto para que dessa forma pudesse transmitir as
ações em saúde.
Todavia, as redes sociais ainda nos distanciam da especificidade do público alvo, pois
as crianças ainda que representando uma pequena parcela, encontram-se mais distanciadas
das redes sociais. E ainda, a dificuldade de acesso pela internet nos lugares distantes da
zona urbana e também o aspecto econômico são percalços que fazem parte da jornada do
projeto. Por isso, o Projeto mamulengos da saúde, prevê a disponibilização dos vídeos das
apresentações teatrais em escolas da rede pública e particular, a fim de promover o maior
alcance dos vídeos educacionais.

REFERÊNCIAS

LORENZO,Eder Wagner Maia et al . A utilização das redes sociais na educação. Rio


de Janeiro,2013.

SOUZA, Márcio Vieira et al. Mídias digitais, redes sociais e educação em rede:
254
experiências na pesquisa e extensão universitária. São Paulo ,2015.

MACHADO,Joicemegue Ribeiro et al . Redes Sociais Virtuais: um espaço para


efetivação da aprendizagem cooperativa. Disponível em:https://www.seer.ufrgs.br/
renote/article/viewFile/13798/7994. Acesso em: 19 out. 2020.

LIMA, Guilherme da Silva. O conceito de compreensão em Bakhtin e o Círculo: reflexões


para pensar o processo educativo. Bakhtiniana, Rev. Estud. Discurso, São Paulo, v. 15,
n. 3, p. 297-317, set. 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S2176-45732020000300297&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 19 out. 2020.
Epub Set 21, 2020. https://doi.org/10.1590/2176-457348458.

COELHO, Márcia Azevedo. Teatro na escola: uma possibilidade de educação efetiva.


POLÊM!CA, [S.l.], v. 13, n. 2, p. 1208-1224, maio 2014. ISSN 1676-0727. Disponível em:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/10617. Acesso em: 20
out. 2020. doi:https://doi.org/10.12957/polemica.2014.10617.

255
255
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

ONCOLOGIA
educação preventiva e paliativa na
Região do Cariri

Área temática: Saúde

Raul César Fortaleza Pinheiro


Izabela Pinho de Alcântara
Cícero Eduardo Gonçalves Lemos
Grécia Oliveira de Sousa
Sionara Melo Figueiredo de Carvalho

Resumo: Visando levar conhecimento e discussões para a população geral sobre o câncer,
doença que assola milhares de pessoas, alunos do curso de Medicina desenvolveram cursos e
palestras feito por profissionais da área e também os próprios alunos, abordando temas como
câncer de mama, câncer infantil e a importância do diagnóstico precoce.

Palavras-chave: Câncer. Prevenção. Cuidados paliativos.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a disponibilidade de informação apoiada em dados válidos, confiáveis


e atualizados, é condição essencial para a formação do alicerce da saúde social (BARTNIK;
SILVA, 2009). Ter a informação correta, no momento oportuno, faz a diferença para um
planejamento estruturado e coerente com a realidade, permitindo ações eficazes e efetivas
(SILVA et al., 2019). Atualmente, o câncer é considerado um problema de saúde pública
mundial e está entre as quatro principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos de
idade) na maioria dos países. Para o Brasil, a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022
aponta que ocorrerão 625 mil casos novos de câncer (INCA, 2020). Observado esse cenário é
perceptível a importância de programas educacionais voltados para a área da oncologia, seja
para fins de diagnóstico precoce, seja para o melhor entendimento de cuidados paliativos
(TORRES et al.,2008; RODRIGUES; CRUZ; PAIXAO, 2015). Diante disso, objetivou-se levar
informações à comunidade acadêmica e a população em geral almejando a edificação de uma
sociedade com indivíduos informados acerca do câncer.
256
256
Metodologia

Os procedimentos utilizados para o desenvolvimento do projeto foram a realização de


cursos online, como o I Curso de Urgências Oncológicas do Cariri e o Curso de Dor e Cuidados
paliativos no Câncer, em que profissionais da área da saúde de todo o país puderam repassar
ensinamentos acerca da oncologia para a comunidade acadêmica via Google Meet e YouTube.
Além disso, foram realizadas palestras abertas ao público em geral, também de forma remota
via redes sociais (Facebook e Instagram), com alunos e profissionais da saúde sobre temas
diversos, como câncer de mama, câncer infantil, importância do diagnóstico precoce.

Resultados

A educação em oncologia desenvolvida pelo projeto viabilizou uma grande disseminação


de informações no meio acadêmico e na sociedade. No meio acadêmico deve-se considerar
o poder do diagnóstico precoce e da melhor condução em cuidados paliativos. Somado
a isso destaca-se que a comunidade acadêmica sendo portadora da informação coerente e
verdadeira, torna-se uma disseminadora de tais informações. Tal agente consegue informar e
transmitir conhecimentos para a sociedade. Ademais, no meio social as informações ganham
relevância, principalmente, na prevenção dos diversos tipos de câncer e na busca por ajuda
médica de forma antecipada. Vale enfatizar da dificuldade até então encontrada, que seria a
realização de forma remota, mas entendendo que o câncer continua aumentando o número
de casos, o meio virtual foi o que pôde melhor divulgar a causa e tornar as informações mais
acessíveis para a população.

257
Figura 1 – Captura de tela do I curso de urgências oncológicas do cariri

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

Figura 2 – Captura de tela do curso de dor e cuidados paliativos no câncer

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

258
258
Figura 3 – Captura de tela da campanha setembro dourado disponibilizada para a
população em geral.

Fonte: Elaborado pelos autores (2020)

Conclusões

Diante do crescente número de casos de câncer registrados pelos dados do Instituto


Nacional do Câncer, trabalhar estratégias de prevenção e diagnóstico precoce de câncer pode,
antes de tudo, salvar milhares de vidas todos os anos. Dessa forma, ressalta-se a importância
do poder da informação no âmbito acadêmico e social a partir do desenvolvimento de cursos e
palestras que visaram conscientizar e promover de forma eficaz a disseminação de informações
nas diversas esferas sociais e assim impulsionar a prevenção e o diagnóstico precoce da
doença. Além disso, familiarizar a comunidade acadêmica com os cuidados paliativos se fez
importante, principalmente, pela crescente atuação das equipes nesse âmbito.

REFERÊNCIAS

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA). Estimativa: Incidência de Câncer no


Brasil. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/
document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf. Acesso em: 17 out. 2020.

RODRIGUES, J. D; CRUZ, M. S; PAIXAO, A. N. An analysis of breast cancer prevention in


259
Brazil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 10, p. 3163-3176, 2015.

SILVA, A. F. et al. Palliative care in paediatric oncology: perceptions, expertise and practices
from the perspective of the multidisciplinary team. Revista gaucha de enfermagem, v.
36, n. 2, p. 56-62, 2015.

SILVA, L. F. et al. Nursing interventions in palliative care in Pediatric Oncology: an


integrative review. Revista brasileira de enfermagem, v. 72, n. 2, p. 531-540, 2019.

TORRES, A. R. et al. Academic Leagues and medical education: contributions and


challenges. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 12, p. 713-720, 2008.

260
260
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

PROJETO PREVENÇÃO DE
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
NA COMUNIDADE ATUANDO COM
PROMOÇÃO DE SÁUDE DURANTE A
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
um relato de experiência

Área Temática: Saúde

Maria Vitória Filgueira Martins1


Heberty Di Tarso Fernandes Facundo2
Ítalo Gonçalves Pita Oliveira3
Marley Luana Oliveira Silva4
Bruna Silveira Barroso5

Resumo: As Doenças Cardiovasculares (DCVs) são a causa número um de morte em todo


o mundo, ceifando cerca de 17,9 milhões de vidas a cada ano. Muitas mortes poderiam ser
evitadas com o controle de quatro fatores de risco: tabagismo, dieta inadequada, inatividade
física e uso nocivo de álcool. Por isso, este relato tem como objetivo discorrer as experiências
e metodologias virtuais do projeto durante o período de pandemia do novo coronavírus, com
o intuito que esta iniciativa de promoção de saúde seja efetiva nas informações, de modo a
incitar mudanças de hábitos e condições para o cuidado. Na metodologia, foram estudados
temas por meio de artigos científicos e diretrizes, na sequência realizou-se encontros online,
bem como a produção de materiais informativos/interativos como cordéis e panfletos que
foram divulgados nas redes sociais do projeto (Facebook e Instagram). Como resultado,
foi possível difundir os conhecimentos e tornar o grupo participante coparticipes em todas
as atividades. Desse modo, o projeto abordou fatores de riscos e meios de prevenção para
patologias cardiovasculares, como atividade física, diabetes mellitus e hipertensão arterial
sistêmica. Infere-se que a disseminação de informações sobre as doenças cardiovasculares
constituiu forma eficaz de intervenção na comunidade, no sentido de promover a saúde e a
qualidade de vida dessa população.

Palavras-chave: Doenças Cardiovasculares. Promoção de saúde. Extensão universitária.


1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: vitoria.filgueira@aluno.ufca.edu.br
2 Docente do curso de Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: heberty.facundo@ufca.edu.br
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: italopita@hotmail.com.
4 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: marley.luana@aluno.ufca.edu.br
5 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: bruna.silveira@aluno.ufca.edu.br 261
261
INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCVs) são a causa número 1 de morte em todo


o mundo, ceifando cerca de 17,9 milhões de vidas a cada ano (WHO, 2020). As DCVs são
responsáveis por um terço de todas as mortes no Brasil, com semelhança entre homens e mulheres
após a menopausa. Esses dados revestem-se de maior importância quando consideramos que 80% das
mortes prematuras poderiam ser evitadas com o controle de quatro fatores de risco: tabagismo, dieta
inadequada, inatividade física e uso nocivo de álcool (OLIVEIRA, 2019).
Este problema é evidenciado pelo alto investimento do governo federal, através do
Sistema Único de Saúde (SUS). O impacto financeiro da hospitalização repercute em grandes
custos tanto para o sistema de saúde, quanto para o paciente e seus familiares. No Brasil, no
primeiro semestre de 2018 foram gastos 1.183.354.712,23 reais com serviços hospitalares
relacionados ao aparelho circulatório, totalizando 561.350 internações no país (BRASIL,
2020).
Vários são os fatores de risco para as DCVs, podem ser citados: tabagismo,
dislipidemias, hipertensão arterial (HA), diabetes mellitus (DM), obesidade e sobrepeso,
sedentarismo, dieta pobre em vegetais e frutas, uso de álcool, estresse psicossocial, e idade
acima de 45 anos para homens e 55 anos para mulheres (MOREIRA; GOMES; SANTOS,
2010). O sedentarismo ganha destaque em relação às DCVs, sendo um dos principais fatores,
além de ser considerado um dos entraves para a saúde pública e comprometer entre 50 a 80%
da população do mundo (REZENDE; LOPES; REY-LÓPEZ; MATSUDO; LUIZ, 2014).
Assim, o projeto “Prevenção de doenças cardiovasculares na comunidade”, cadastrado
pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Cariri, conduz suas atividades com
o objetivo de promover à saúde com educação popular, de forma acessível e democrática,
abordando patologias cardiovasculares e seus fatores de risco, incitando mudanças de
hábitos de vida e assim tornando o indivíduo um ser informado e responsável pela sua saúde.
Este trabalho objetiva discorrer as experiências e metodologias virtuais do projeto durante o
período de pandemia do novo coronavírus, com o intuito que esta iniciativa de promoção de
saúde seja efetiva nas informações, de modo a incitar mudanças de hábitos e condições para
o cuidado.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência que busca descrever as


atividades realizadas pelos integrantes do “Projeto de Prevenção de Doenças Cardiovasculares
na Comunidade” da Universidade Federal do Cariri.
As ações aconteceram nos meses de maio, junho e julho de 2020 de forma virtual
devido à pandemia do novo Coronavírus. Para o desenvolvimento das atividades e como
proposto pelo cronograma do projeto, os acadêmicos previamente estudaram os temas
262
propostos por meio de artigos científicos e diretrizes, e após isso foram realizadas discussões
em encontros virtuais com coordenador, para delineação das atividades e como uma forma de
expandir o conhecimento e pensamento crítico dos estudantes. Em uma segunda fase, foram
produzidos os materiais informativos/interativos sobre os temas, como cordéis e panfletos,
os quais após avaliação do conteúdo pelo coordenador foram publicados semanalmente nas
redes sociais do projeto (Instagram e Facebook).
Ao final de cada mês e após a realização de todas as publicações, tendo cada uma
abordado um aspecto sobre o tema, as informações foram reunidas em folder ou cartilha
educativa.

RESULTADOS

Sendo a promoção de saúde um processo que engloba a capacitação da comunidade


para atuar na sua qualidade de vida e saúde, produzir e compartilhar os materiais produzidos
pela equipe foi crucial para alcançar as metas do projeto durante a pandemia.
As atividades foram elaboradas pelo coordenador e acadêmicos integrantes do
Projeto, com o objetivo de difundir os conhecimentos e tornar o grupo coparticipes em todas
as atividades. Mensalmente foram realizados encontros virtuais prévios para apresentação
dos objetivos propostos, divisão das atividades a serem realizadas e para abordar fatores
de riscos e meios de prevenção para patologias cardiovasculares, nos meses de maio, junho
e julho foram abordados respectivamente os temas: Atividade física, Diabetes Mellitus e
Hipertensão Arterial Sistêmica.
Com os temas Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica foram produzidos
respectivamente 4 e 5 materiais didáticos, os quais abordaram os fatores de risco, dados
estatísticos, sinais e sintomas, complicações e meios de prevenção; sobre o tema Atividade
Física foram produzidos 6 materiais interativos/informativos, nos quais abordou-se os
seus benefícios para as doenças cardiovasculares, a forma correta para beneficiar o sistema
cardiovascular e sua importância para a saúde no geral. Cada publicação teve em média 145
pessoas alcançadas no Facebook, 82 pessoas alcanças no Instagram e todos os materiais
objetivaram repassar a comunidade informações importantes aos cuidados com a saúde
cardiovascular e bem estar.
A relação da universidade com a comunidade se fortalece pela Extensão Universitária,
ao proporcionar diálogo entre as partes e a possibilidade de desenvolver ações socioeducativas
que priorizam a superação das condições de desigualdade e exclusão ainda existentes (ROCHA,
2007). Assim, diante da importância dessa aquisição de conhecimento para a formação
acadêmica, essas atividades de extensão universitária estando vinculadas ao ensino e à
pesquisa, geram um novo espaço de aprendizagem que complementa a formação acadêmica.

263
263
Figura 1 – Captura de tela do post “Cordel sobre atividade física e doenças
cardiovasculares” do Facebook do projeto.

Fonte: Elaborada pelos autores, 2020.

CONCLUSÕES

O Projeto de extensão universitária proporcionou para a sociedade grandes


contribuições, pois propicia a interação dos acadêmicos com a comunidade, onde as teorias
aprendidas em sala de aula se concretizam. A extensão possui papel essencial, possibilitando
aos acadêmicos aprendizados extras e meios de compartilhar os conhecimentos adquiridos
durante a graduação.
O período de pandemia do novo coronavírus apesar de ter impedido o contato real
com a comunidade, contribuiu para a utilização de meios virtuais que possibilitaram maior
alcance das produções.
Com isso, a disseminação de informações sobre as doenças cardiovasculares, bem
como a capacitação do acadêmico de medicina por meio do incremento de sua graduação,
constituiu formas eficazes de intervenção na comunidade, no sentido de promover a saúde
e a qualidade de vida dessa população. Assim, a prevenção através de promoção em saúde
deve ocorrer continuamente, visto a grande prevalência e morbimortalidade de doenças
cardiovasculares.

REFERÊNCIAS

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. . Mortalidade hospitalar do SUS por local de


internação: departamento de informática do sus ⠳datasus. Departamento de Informática
do SUS –DATASUS. 2020. Disponível em: http://tabnet. datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sih/
cnv/niuf.def. Acesso em: 30 set. 2020.

MOREIRA, Thereza Maria Magalhães; GOMES, Emiliana Bezerra; SANTOS, Jênifa


Cavalcante dos. Fatores de risco cardiovasculares em adultos jovens com
hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus. Revista Gaúcha de Enfermagem, [S.L.],
v. 31, n. 4, p. 662-669, dez. 2010. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/
s1983-14472010000400008.

OLIVEIRA, Glaucia Maria Moraes de. Sociedade Brasileira de Cardiologia – Carta das
Mulheres. Arq Bras Cardiol, Rio de Janeiro, v. 6, n. 112, p. 713-714, maio 2019.
264
REZENDE, Leandro Fornias Machado de; LOPES, Maurício Rodrigues; REY-LÓPEZ,
Juan Pablo; MATSUDO, Victor Keihan Rodrigues; LUIZ, Olinda do Carmo. Sedentary
Behavior and Health Outcomes: an overview of systematic reviews. Plos One, [S.L.], v.
9, n. 8, p. 1-7, 21 ago. 2014. Public Library of Science (PLoS). http://dx.doi.org/10.1371/
journal.pone.0105620.

ROCHA, Leliane Aparecida Castro. Projetos Interdisciplinares de Extensão


Universitária: ações transformadoras. 2007. 84 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Programa de Pós- Graduação em Semiótica, Tecnologias de Informação e Educação,
Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes, 2007.

WHO, World Heart Organization-. Cardiovascular Diseases. 2020. Disponível em:


https://www.who.int/health-topics/cardiovascular-diseases#tab=tab_1. Acesso em: 30 set.
2020.

265
265
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

SAÚDE NA ALIMENTAÇÃO DE
JOVENS ESTUDANTES
vivenciando a extensão em
ambiente virtual

Área Temática: Saúde

Yasmin Medeiros Pereira1


Emmanuela Quental Callou Sá2
Francyne da Silva Gonçalves3
Thalya Gonçalves Lôbo do Nascimento4

Resumo: É conhecida a importância da alimentação na promoção da saúde e na prevenção de


doenças, bem como os efeitos negativos que uma má alimentação na infância e/ou na juventude
pode gerar na idade adulta. Tendo em vista que o Programa Nacional de Alimentação Escolar
tem tido dificuldades em conseguir manter um fornecimento de alimentação aos alunos de
escolas públicas, ocasionando impacto não só no financeiro das famílias, mas também na
qualidade da alimentação dos jovens, o projeto de extensão Saúde na Alimentação de Jovens
Estudantes (SAJE) surgiu com o objetivo principal de levar informações acerca dos principais
nutrientes e ajudar os jovens na construção de uma alimentação saudável. Porém, com a atual
realidade de isolamento social, o projeto viu-se enfrentando um novo desafio: a atuação da
extensão em ambiente virtual. Buscando, então, suprir as lacunas da não possibilidade de
ações presenciais, a equipe implementou práticas que visassem a participação dos alunos e a
inclusão de todos. O presente trabalho explana sobre essas práticas e os resultados até então
alcançados.

Palavras-chave: Alimentação saudável. Nutrição juvenil. Educação em saúde.

INTRODUÇÃO

É conhecida a importância da alimentação na promoção da saúde e na prevenção de doenças,


bem como os efeitos negativos que uma má alimentação na infância e/ou na juventude pode gerar na

1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: yasmin.pereira@aluno.ufca.edu.br


2 Docente em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: emmanuela.callou@ufca.edu.br
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: francyne.goncalves@aluno.ufca.edu.br
4 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: thalya.lobo@aluno.ufca.edu.br 266
266
idade adulta (ACCIOLY, 2009). Um estudo feito com alunos do ensino médio da rede pública
estadual em Fortaleza - CE demonstrou que 9,9% dos estudantes estavam obesos e entre as
causas estavam fatores socioeconômicos e demográficos (DE BARROS CRIDRÃO, 2019).
Diante disso, faz-se necessário dar uma maior atenção à alimentação dos estudantes
nesta atual conjuntura de pandemia, visto que o Programa Nacional de Alimentação Escolar
tem tido dificuldades em conseguir manter um fornecimento de alimentação aos alunos de
escolas públicas, ocasionando impacto não só no financeiro das famílias mas também na
qualidade da alimentação dos jovens (DE AMORIM, 2020).
Tendo em vista tal conjuntura, o projeto de extensão Saúde na Alimentação de Jovens
Estudantes (SAJE) baseia-se na realização de atividades teórico-práticas com alunos do
ensino médio de escolas públicas da região do Cariri, tendo como objetivo principal levar
informações acerca dos principais nutrientes e ajudar os jovens na construção de uma
alimentação saudável. Porém, com a atual realidade de isolamento social, o projeto viu-se
enfrentando um novo desafio: a atuação da extensão em ambiente virtual. Buscando, então,
suprir as lacunas da não possibilidade de ações presenciais, a equipe implementou práticas
que visassem a participação dos alunos e a inclusão de todos. O presente trabalho explana
sobre essas práticas e os resultados até então alcançados.

METODOLOGIA

Trata-se de um relato de experiência acadêmica dos alunos do curso de Medicina da


UFCA sobre as práticas do projeto de extensão Saúde na Alimentação de Jovens Estudantes,
vivenciadas pelos discentes membros deste mesmo projeto, durante os meses de agosto e
setembro de 2020, no âmbito das ações de extensão à distância devido à pandemia do novo
coronavírus.
O tema da ação de extensão foi escolhido com base nas necessidades atuais dos alunos
de escola pública, sendo então a alimentação saudável um tema de extrema relevância e uma
dificuldade real dos alunos diante da paralisação das escolas devido o isolamento social.
Sabendo-se das possíveis dificuldades técnicas dos alunos, como falta de aparelhos eletrônicos
e problemas de conexão com a internet, o projeto buscou meios para amenizar esses percalços
e garantir a maior inclusão possível.
Então, foram elaboradas aulas em formato de apresentação de slides, de forma dinâmica
e didática, sobre os principais nutrientes, higienização dos alimentos e como montar um prato
saudável, que foram apresentadas via videoconferência pelo Google Meet, com abertura para
os estudantes tirarem dúvidas pelo chat ou por voz através de seus microfones.
Somado a isso, foi proposta uma atividade de Diário Alimentar para os alunos
descreverem o que comeram durante 3 a 5 dias, baseando-se nos conhecimentos adquiridos
durante as ações do projeto, a fim de no último encontro serem expostas as experiências e
relatadas as dificuldades e os ganhos durante a atividade. Por fim, para suprir aqueles que
não conseguiram participar ao vivo das aulas, foi disponibilizado material em formato PDF
com resumo do conteúdo das aulas, para garantir que todos tivessem acesso às informações.
267
RESULTADOS

O público inicial estimado do projeto foram 150 alunos que cursam o 1° ano do ensino
médio em uma escola da rede pública da cidade de Penaforte. Durante a realização das aulas
quinzenais, no entanto, estima-se que apenas 12 jovens tenham participado dos encontros.
Essa baixa adesão deu-se por dificuldades técnicas como incompatibilidades com aparelhos
e a plataforma utilizada, assim como dificuldade em acesso à internet na cidade, mas que
foram contornadas com a disponibilização de material textual e disponibilização de meios de
comunicação para tira-dúvidas além da reunião ao vivo, como: e-mail, instagram e whatsapp.
Durante as aulas iniciais houveram dificuldades em relação ao entrosamento dos
alunos, pois estes estavam tímidos em participar das discussões e tirar alguma dúvida mesmo
após estímulos de comunicação estabelecidos pelos bolsistas e professora da instituição de
ensino. No decorrer das atividades, houve uma melhora em relação a participação e no último
encontro foi possível discutir sobre o padrão alimentar dos alunos através da apresentação
dos seus diários alimentares.
Nessa atividade foi possível observar o quão importante é falar sobre a alimentação
entre os jovens e adolescentes no contexto atual que enfrentamos, pois a rotina alimentar
também sofreu mudanças. O feedback ao fim das ações com o grupo de estudantes foi positivo,
baseado nos relatos dos estudantes que evidenciaram a importância da abordagem desse
tema, a atenção que deve ser dada à higiene dos alimentos, às práticas alimentares, à ingestão
de água e à escolha e priorização de alimentos naturais em detrimento dos fast foods ricos em
gorduras, refrigerantes e enlatados.

Figura 1 - Capturas de tela de aulas do projeto SAJE.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

268
268
Figura 2 - Captura de tela do material em PDF.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

Figura 3 - Colagem de capturas de tela dos


diários alimentares dos alunos.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

CONCLUSÕES

Apesar das dificuldades, o projeto SAJE conseguiu cumprir com seu objetivo de passar
aos alunos informações sobre os principais nutrientes, sobre como higienizar adequadamente
os alimentos, sobre como se alimentar de forma saudável e sobre a importância da alimentação
na saúde.
Além de contribuir para a população, o projeto ainda deu a oportunidade dos discentes
vivenciarem situações que requeiram o desenvolvimento de habilidades médicas para atuação
no seu dia a dia e aumentou a interação destes com a sociedade, gerando o desenvolvimento
de habilidades de conversação com o público, gestão, trabalho em equipe, docência e
organização. Para futuras ações, recomenda-se levantar a possibilidade de gravar as aulas ao
vivo para disponibilização offline para os alunos que não conseguirem acessar no momento
programado.

269
REFERÊNCIAS

ACCIOLY, Elizabeth. A escola como promotora da alimentação saudável. Ciência


em tela, v. 2, n. 2, p. 1-9, 2009.

DE AMORIM, Ana Laura Benevenuto; JUNIOR, José Raimundo Sousa Ribeiro; BANDONI,
Daniel Henrique. Programa Nacional de Alimentação Escolar: estratégias para
enfrentar a insegurança alimentar durante e após o Covid-19. Revista de Administração
Pública, 2020.

CIDRÃO, Geórgia Guimarães de Barros et al. Obesidade na adolescência: análise de


fatores de risco em estudantes da rede pública estadual de Fortaleza, Ceará. RBONE-Revista
Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v. 13, n. 77, p. 129-140, 2019.

270
270
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

TOXICOLOGIA E SAÚDE
um olhar sobre a prevenção e o cui-
dado para intoxicações no Cariri

Área temática: Saúde

Carlos Henrique angelim Macedo1


Gislene Farias de Oliveira2
Wendell da Silva Sales3

Resumo: O Projeto de Prevenção e Orientação Para Intoxicações no Cariri, busca através


das redes de interações sociais, projetar para a sociedade o conhecimento médico a respeito
dos riscos da utilização de agrotóxicos, abordando temáticas de prevenção e de condições
clínicas das intoxicações por essas substâncias. Essas atividades são realizadas através de
redes sociais como o Instagram e Youtube, por meio de postagens semanais de material visual
informativo e de pequenas videoaulas. Foi obtido um resultado positivo, sendo o alcance do
Instagram superior ao do Youtube, sendo essa primeira uma ferramenta com grande potencial
de cunho educativo. Contudo, fica a desejar as questões referentes a atividades práticas, ou
seja, em campo de atuação, que são de suma importância nesse processo.

Palavras-chave: Toxicologia. Intoxicação. Extensão.

INTRODUÇÃO

A pandemia do novo coronavírus desencadeou uma série de mudanças em diversos


setores da sociedade, tanto no Brasil como no mundo. Isso posto, fez-se necessário a
implementação de medidas que reduzissem a intensidade de disseminação do vírus, sendo o
isolamento social a de maior impacto no cotidiano da população. Nesse sentido, para adotar as
recomendações dos órgãos de saúde diante do enfrentamento contra a COVID-19, o processo
educacional precisou ser adaptado para se encaixar nas novas necessidades do corpo social,
sendo o ambiente virtual o palco de quase todas as relações de ensino-aprendizagem.

1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: carlos.henrique@aluno.ufca.edu.br


2 Professora adjunta do curso de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: gislene.farias@ufca.edu.br
3 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: wendell.sales@aluno.edu.br 271
271
De fato, é válido ressaltar que, apesar dos desafios impostos por essa nova realidade,
observa-se um grande potencial para inovações na área da educação, evidenciando o quanto
as tecnologias digitais podem ser ferramentas valiosas no processo de ensino-aprendizagem
em todos os níveis de ensino. Sob esse prisma, a concepção de educação em saúde está
atrelada aos conceitos de educação e de saúde, sendo tradicionalmente compreendida como
transmissão de informações em saúde, com o uso de tecnologias mais avançadas ou não
(SALCI et al., 2013).
Diante disso, o Projeto de Prevenção e Orientação Para Intoxicações no Cariri, busca
através das redes de interações sociais, projetar para a sociedade o conhecimento médico
a respeito dos riscos da utilização de agrotóxicos, abordando temáticas de prevenção e de
condições clínicas das intoxicações por essas substâncias, visando promover uma interação
virtual com a sociedade em geral, por meio da divulgação de materiais educativos. Com efeito,
esse esforço visa relatar a experiência da extensão em tempos de pandemia, por meio das
redes sociais, e frisar a importância das tecnologias como aliadas no processo de educação e
democratização da informação.

METODOLOGIA

O projeto de Prevenção e Orientação Para Intoxicações no Cariri foi idealizado por


alunos da Universidade Federal do Cariri e realiza, semanalmente, postagens de materiais
informativos na sua página do Instagram® (@intoxicacariri). Esse material é confeccionado
no aplicativo Canva®, o qual proporciona templates que podem ser manejados de acordo
com o conteúdo que se queira abordar. Ainda, foi realizada uma série de vídeos em que cada
membro do projeto produziu uma pequena videoaula, sendo disponibilizadas na ferramenta
do IGTV® no Instagram®.
Essas videoaulas foram apresentadas em slides no programa PowerPoint® e gravadas
pelo programa OBS Studio®. Além disso, foi criado um canal no YouTube® para a divulgação
desse material, a fim de que um público maior conseguisse ter acesso a esse material. Todo o
conteúdo produzido e postado fica disponível na página para que possa ser visto a qualquer
momento, basta entra no perfil do projeto.

RESULTADOS

Analisando o período de 16 de abril a 16 de outubro, foram realizadas 34 publicações


na página do Instagram. Essas postagens obtiveram um total de 280 curtidas e de 104
visualizações nas videoaulas, figuras 1 e 2. No canal do YouTube® foram publicados 04
vídeos, sendo o primeiro deles publicados a cerca de um mês, os quais obtiveram um total
de visualizações aproximadamente 3,7 vezes menor do que aqueles postados no Instagram.

272
Figura 01 – Captura de tela da página do projeto de prevenção e
orientação para intoxicações no cariri no Instagram.

Fonte: Instagram, 2020.

Figura 02 – Captura de tela das videoaulas


postadas no IGTV do Instagram do projeto.

Fonte: Instagram, 2020.

Thomas (2017), concluiu que o Instagram é uma importante ferramenta para a


disseminação de informações e orientações em saúde, e que cabe aos profissionais de saúde
se capacitarem para a sua utilização. Contudo, apesar de um grande número de pessoas ainda
não fazer parte do mundo digital, a participação em comunidades virtuais tem se tornado um
hábito na vida das pessoas, e cresce mais a cada dia que passa. Dessa forma, percebe-se que o
Instagram® tem um grande potencial como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem,
e que no contexto da nossa atividade, obteve-se um alcance mais significativo do que quando
273
273
comparado à outra plataforma utilizada, sendo, portanto, a nossa principal ferramenta de
disseminação de conteúdo.

CONCLUSÕES

Portanto, frente a pandemia da COVID-19, fez-se necessário uma adaptação do


Projeto de Prevenção e Orientação Para Intoxicações no Cariri, fazendo uso das redes sociais
para a realização das atividades, assim, foi constatado que o Instagram se fez mais efetivo no
quesito alcance de público quando comparado ao YouTube®, mostrando-se uma ferramenta
importante no processo de educação a distância. Contudo, cabe destacar que essa nova
realidade que nos demandou uma adaptação das atividades, também deixando a desejar no
que se refere às atividades de cunho prático, as quais compunham grande monta do nosso
planejamento inicial.

REFERÊNCIAS

THOMAS, L. S. O instagram como ferramenta para educação em saúde. Congresso


Internacional em Saúde, 6. [Anais...] 2017.

SALCI, M. A., et al. Educação em Saúde e suas perspectivas teóricas: algumas reflexões.
Texto contexto - Enferm., v. 22, 2013.

274
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

VIVÊNCIAS NO RASTREAMEN-
TO DE CÂNCER DE COLO UTE-
RINO EM COMUNIDADE RURAL
DE BARBALHA-CE

Área temática: Saúde

Jessica Rayanne Pereira Santana1


Luiz Fellipe Gonçalves Pinheiro2
Claudio Gleidiston Lima Silva3
Sávio Samuel Feitosa Machado4

Resumo: Trata-se de um relato sobre as vivências dos extensionistas do Programa Liga


Universitária de Patologia do Cariri (LUPAC). Tem como objetivo difundir as vivências de
acadêmicos de medicina no acompanhamento da coleta de material para rastreamento do
câncer de colo uterino em comunidade carente de Barbalha, CE. Na metodologia, promoveu-
se palestras sobre o tema, e posteriormente, realizou-se entrevistas e acompanhamento da
coleta, do transporte e da análise do material citopatológico do colo uterino. Nos resultados,
percebe-se que houve oportunidade de vivenciar situações corriqueiras e não teóricas, como
casos de abuso sexual, violência moral e a já bem documentada relação indissociável da
falha no rastreio do câncer de colo uterino com a ocorrência dessa patologia. Além disso,
tornou possível que mais mulheres tivessem acesso ao rastreamento, maior agilidade nos
resultados dos exames, menores custos ao sistema de saúde municipal e maior confiabilidade
dos exames. Conclui-se que as práticas em saúde, são imprescindíveis para uma equilibrada
formação acadêmica de suporte e permite vivenciar situações diversas para além da teoria. As
ações do projeto enriquecem o acesso da população às tecnologias de prevenção e torna mais
sustentável os sistemas de saúde, bem como permite a expansão da universidade às pessoas
que, comumente, não a usufruem de forma direta.

Palavras-chave: Programas de rastreamento. Neoplasias do colo do útero. Zona rural.


1 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: jessica.pereira@aluno.ufca.edu.br
2 Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: fellipe.pinheiro@aluno.ufca.edu.br
3 Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC); Residência e mestrado em Patologia pela Univer-
sidade Federal do Ceará (UFC); Professor Adjunto em Patologia e Bioética na Universidade Federal do Cariri (UFCA).
E-mail: claudio.gleidiston@ufc.edu.br
4 Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC); Residência em Patologia pela Universidade Fede-
ral do Rio Grande do Norte (UFRN). E-mail: savio.machado@ufca.edu.br 275
275
INTRODUÇÃO

O câncer do colo uterino ainda é uma importante causa de morbidade e mortalidade


na população feminina, principalmente nos países em desenvolvimento, que contêm 85% dos
casos diagnosticados (IARC, 2013). No Brasil, é o 3º câncer mais prevalente nas mulheres
(INCA, 2020) e o 4º com maior taxa de mortalidade (INCA, 2018). A implementação do
rastreamento para o câncer de colo do útero em países desenvolvidos ocasionou redução
importante na incidência e na mortalidade da doença, bem como prolongou a sobrevida das
pacientes já portadoras (SILVA et al, 2010).
Porém, muitas vezes, o acesso a esse mecanismo de prevenção é limitado, principalmente
em áreas carentes e rurais, o que justifica maior incidência dessa patologia em mulheres com
condições socioeconômicas inferiores e\ou que residem em áreas periféricas. O objetivo desse
trabalho é difundir as vivências de acadêmicos de medicina no acompanhamento da coleta de
material para rastreamento do câncer de colo uterino em comunidade carente de Barbalha.

METODOLOGIA

O presente trabalho utilizou-se do relato de acadêmicos de medicina envolvidos


no processo de rastreamento do câncer de colo uterino. O rastreamento foi realizado
semanalmente na Unidade Básica de Saúde da comunidade do Sítio Lagoa, em Barbalha-CE.
Em cada ação de extensão, 12 alunos se revezavam em duplas, inicialmente realizavam uma
palestra sobre o tema e posteriormente faziam uma entrevista e acompanhavam a coleta, o
transporte e análise do material citopatológico do colo uterino.

RESULTADOS

O processo de acompanhamento permitiu aos alunos o ganho técnico-científico em


relação ao câncer de colo uterino, bem como seus diagnósticos diferenciais. No primeiro
momento da ação, ocorria uma palestra onde era exposta a importância do rastreamento,
como o procedimento seria realizado, os cuidados antes de se fazer a coleta e, ao final, um
momento para tirar dúvidas.
Posteriormente, os alunos realizavam uma entrevista de forma individual com cada
paciente, tanto para coletar dados que seriam importantes no momento da avaliação do
citopatológico, quanto para avaliar a vulnerabilidade daquela mulher e retirar dúvidas mais
específicas sobre saúde da mulher. Com isso, houve oportunidade de vivenciar situações
corriqueiras e não teóricas, como casos de abuso sexual, violência moral e a já bem documentada
relação indissociável da falha no rastreio do câncer de colo uterino com a ocorrência dessa
patologia. Após a conversa era iniciada a coleta, realizada pelo aluno que fez a entrevista e sob
orientação e supervisão da preceptora que também era enfermeira da unidade.
A coleta era transportada pelos alunos até a universidade, onde era avaliada. Assim,
276
o resultado do exame era obtido rapidamente e já era entregue pela dupla que realizaria
a ação na semana seguinte. Portanto, ficou evidente o benefício trazido pelo Programa
Liga Universitária de Patologia do Cariri (LUPAC), principalmente nas figuras de seus
coordenadores, às mulheres da comunidade em questão, já que com a parceria da Liga com a
UBS da comunidade, tornou-se possível mais mulheres terem acesso ao rastreamento, maior
agilidade nos resultados dos exames, menores custos ao sistema de saúde municipal e uma
maior confiabilidade dos resultados dos exames, já que partem de um ambiente de pesquisa
e de ensino técnico-científico.

CONCLUSÕES

Práticas em saúde, principalmente em localidades menos assistidas, são imprescindíveis


a uma equilibrada formação acadêmica de suporte a um profissional com boas condutas e
com conhecimentos sobre as diversas situações para além da teoria. A parceria de programas
e projetos de extensão com a comunidade, em destaque comunidades carentes, enriquece
o acesso da população às tecnologias de prevenção e torna mais sustentável os sistemas de
saúde, bem como permite a expansão da universidade a indivíduos que, comumente, não a
usufruem de forma direta.

REFERÊNCIAS

IARC - International Agency for Research on Cancer. World Health Organization.


GLOBOCAN 2012: estimated cancer incidence, and mortality and prevalence worldwide in
2012 [Internet] Lyon: IARC; 2013. [cited 2014 Feb 11]. Available from: http://globocan.
iarc.fr/Default.aspx [ Links ]

SILVA GA, Girianelli VR, Gamarra CJ, Bustamente-Teixeira MT. Cervical cancer mortality
trends in Brazil, 1981-2006. Cad Saúde Pública. 2010;26(12):2399-407.

277
277
Tecnologia e
Produção
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

DIFUSÃO DO CONHECIMENTO
a atuação da LABIM frente ao dis-
tanciamento social

Área temática: Tecnologia e Produção

Ilka Rebeca Angelo Leite1


Ana Verônica Gonçalves Borges2
Fábio Cristian Alves Pinheiro Filho3
Francisco César Silva Coelho Filho4
José Igor Noronha Sousa5

Resumo: O presente trabalho relata a experiência de um evento realizado pela Liga


Acadêmica de Building Information Modeling (LABIM), a qual está em busca de enfrentar os
desafios decorrentes do distanciamento social e dar continuidade ao propósito de disseminar
o conhecimento sobre a metodologia BIM. É nesse contexto que, com o objetivo de superar
tais adversidades, a Liga realizou este curso, voltado para integrantes de empresas juniores
do Nordeste, abordando a temática do Processo Colaborativo.

Palavras-chave: BIM. Processo colaborativo. Compatibilização.

INTRODUÇÃO

A difusão do conhecimento acerca das tecnologias e das inovações tornou-se algo


intrínseco ao meio acadêmico. Tais inovações consistem na substituição de dispositivos e
na aquisição e conhecimento de métodos renovadores (PORTER, 1989). Portanto, a estreita
relação entre as novas tendências e a Universidade faz com que sejam necessárias ações que
estendam o conhecimento dos alunos para as novidades do mercado.
Neste âmbito, a Liga Acadêmica de Building Information Modeling (LABIM),
traz consigo o objetivo de expandir e apresentar conteúdos e ferramentas relacionadas à

1 Graduando pela Universidade Federal do Cariri -UFCA. E-mail: ilka.rebeca@aluno.ufca.edu.br


2 Professora pela Universidade Federal do Cariri - UFCA. E-mail: ana.borges@ufca.edu.br
3 Graduando pela Universidade Federal do Cariri - UFCA. E-mail: fabio.cristian@aluno.ufca.edu.br
4 Graduando pela Universidade Federal do Cariri - UFCA. E-mail: cesar.coelho@aluno,ufca.edu.br
5 Graduando pela Universidade Federal do Cariri - UFCA. E-mail: jose.igor@aluno,ufca.edu.br 279
279
metodologia BIM, bem como as suas aplicações na prática da engenharia civil.
Visando demonstrar o emprego desses conceitos, o exposto trabalho detalha uma
capacitação externa virtual realizada pela Liga durante o período de distanciamento social,
para duas empresas juniores do Nordeste. A princípio, apresentam-se os meios utilizados
para a realização do curso e o método para obter-se o feedback dos participantes. Em seguida,
discorre-se sobre os resultados alcançados, realizando-se uma análise sobre os pontos
elogiados, bem como sobre tópicos que necessitam de melhorias.

METODOLOGIA

O evento foi realizado entre os dias 20 e 26 de julho de 2020, visando compartilhar e


agregar conhecimento para estudantes da área da construção civil e integrantes de empresas
juniores, acerca da metodologia BIM, com ênfase na temática do Processo Colaborativo.
Inicialmente, foram realizadas reuniões através de plataforma de videoconferência
entre os organizadores e os representantes de cada Empresa Júnior, com o objetivo de definir
quais seriam os temas abordados nas capacitações. As empresas tinham o objetivo comum
de aprender mais sobre o processo Colaborativo para o desenvolvimento de suas atividades.
Portanto, os temas escolhidos foram:
1. Processo Colaborativo no Autodesk Revit;
2. Compatibilização, Arquivos BCF e Interface do Navisworks;
3. Processo colaborativo utilizando as nuvens BIMCollab e Trimble Connect.
As capacitações foram realizadas ao longo de uma semana, com duração de duas horas
diárias, iniciando às 19h30 e finalizando por volta de 21h30, totalizando 10 horas de curso. A
plataforma para a realização do evento foi escolhida em decorrência do conhecimento prévio
dos responsáveis e por suportar todo o público esperado.
Além das capacitações, foi destinado um horário para sanar eventuais dúvidas dos
participantes, que ocorreu no sábado e no domingo, das 14 às 20 horas. Para um melhor
aproveitamento desse momento, foi decidido que dúvidas conceituais seriam respondidas
utilizando o aplicativo de mensagens, onde foi criado um grupo com os organizadores e os
participantes do evento, e dúvidas sobre a reprodução de procedimentos ocorreriam via
plataforma de videoconferência.
Por fim, foi enviado um formulário com o objetivo de receber feedback de cada
participante sobre a experiência e aproveitamento do curso ao longo da semana. Todas as
informações sobre o evento, como links para reuniões, comunicados e observações foram
enviadas por e-mail para cada participante do evento.

RESULTADOS

Foi realizada uma pesquisa com os inscritos no evento, para que se pudesse entender
melhor as características do público alvo e obter sugestões de melhorias nos eventos futuros.
280
Na imagem abaixo, percebe-se que os estudantes, em sua grande maioria, não possuíam
conhecimento acerca do BIM ou apenas de forma superficial, visto que se trata de um tema
muito falado entre os estudantes da área da construção civil, entretanto seu ensino ainda é
incipiente e limitado a cursos e treinamentos externos à universidade.

Figura 1 - Conhecimento dos participantes


sobre o tema abordado.

Fonte: Elaborada pelos autores, 2020.

Já a imagem abaixo revela que para os espectadores, o evento foi em sua grande
parte suficiente e satisfatório, atingindo assim os objetivos da Liga Acadêmica em transmitir
o conhecimento de forma clara e eficaz.

Figura 2 - Aproveitamento dos participantes.

Fonte: Elaborada pelos autores, 2020.

Houve ainda sugestões de melhorias por parte dos espectadores, que foram avaliadas
e servem de preparo para que os próximos eventos atinjam resultados ainda mais satisfatórios,
entre as sugestões estão:
• Acompanhamento diário das dúvidas e não apenas ao final do evento;
• Disponibilização dos vídeos em plataformas de compartilhamento;
• Intervalo, principalmente na explicação de conceitos teóricos.
281
281
CONCLUSÕES

Diante de um cenário atípico houve a necessidade de adaptação a uma nova realidade.


Nesse contexto, os eventos realizados de forma remota pela Liga Acadêmica mostraram-se
bastante satisfatórios na visão dos participantes.
Mesmo sendo um evento inédito para todos os responsáveis pelo seu desenvolvimento,
é de grande entusiasmo saber que mais de 80% dos participantes obtiveram um aproveitamento
satisfatório ou suficiente diante dos eventos. Atrelado a isso, faz-se necessário ter em vista
as sugestões de melhorias em eventos futuros, recomendadas pelo público-alvo, como
um acompanhamento estendido, a posterior disponibilização dos vídeos e organização de
intervalos em eventos com maior duração.
Dessa forma, poder-se-á obter um maior aproveitamento do evento, tanto para os
participantes quanto para os organizadores que serão postos em prática futuramente, seja
para capacitações e palestras remotas ou presenciais.

REFERÊNCIA

PORTER, Michael Eugene. A vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro:


Campus, 1989.

282
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

DIREITO À CIDADE E
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ
um subsídio para a difusão da
informação sobre gestão da cidade

Área temática: Tecnologia e Produção

Ana Lívia da Silva dos Santos1


Francisco Raniere Moreira da Silva2
Isabelle Almeida Ribeiro3
Marcos Danilo Estevam Sobreira4
Maykon Oliveira Monte5

Resumo: Considerando os efeitos perversos do capital no âmbito das cidades, e a necessidade


de estratégias mobilizadoras de mudanças críticas para a população, o presente trabalho tem
como objetivo geral, apresentar a construção da Cartilha sobre Direito à Cidade e Participação
Cidadã, produto tecnológico do Programa Observatório das Cidades do Cariri vinculado ao
Laboratório de Estudos em Gestão de Cidades e Territórios (LaCITE) da Universidade Federal
do Cariri (UFCA). Desse modo a Cartilha foi construída em três processos: I) Levantamento
dos conteúdos basilares; II) Construção da Cartilha; e III) Diagramação. Após a definição dos
conteúdos, a Cartilha dividiu-se em três eixos: I) Definindo a Cidade; II) Direito à Cidade; III)
Gestão Democrática da Cidade; e IV) Participação Cidadã e Inovação Pública. Por conseguinte,
a finalização da Cartilha, representa um significativo avanço do Observatório das Cidades do
Cariri no âmbito de seus trabalhos internos e externos, consolidando as discussões norteadoras
de ações desde a sua formalização em 2018. E mesmo sendo um produto tecnológico recente,
já foi incorporada em iniciativas realizadas pelo Observatório em 2020, por meio do curso
sobre “Participação Cidadã e Direito à Cidade”, iniciativa promovida pelo Núcleo de Educação

1 Discente do curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: a_li-
vias@outlook.com
2 Docente do curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: ranie-
re.moreira@ufca.edu.br
3 Discente do curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: isa-
belleribeiro@hotmail.com
4 Discente do curso de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: dani-
lomdes@gmail.com
5 Discente do Programa de Pós-Graduação em Avaliação de Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará (UFC).
E-mail: maykonmonte7@gmail.com 283
283
a Distância da Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD/UFCA), no qual contou com a presença
de participantes de diferentes localidades do país. Nesse sentido, espera-se que o material seja
norteador educacional para os trabalhos desenvolvidos em prol da cidadania para a cidade,
promovendo informação e perspectivas sobre a importância da participação cidadã na gestão
das cidades a favor da construção de cidades mais justas e inclusivas.

Palavras-chave: Direito à Cidade. Cidadania. Cartilha.

INTRODUÇÃO

Conforme o crescimento desordenado dos espaços urbanos avançavam, problemas


de ordens física, social e política, tomaram conta das cidades brasileiras, sobretudo nas
metrópoles nacionais, acarretando numa série de gargalos que colocavam em risco a qualidade
de vida urbana e a garantia do direito à cidade. Segundo David Harvey (2012, p. 81):
“[...] a expansão mais recente do processo urbano trouxe com ela incríveis
transformações no estilo de vida. A qualidade de vida urbana tornou-se uma
mercadoria, assim como a própria cidade, num mundo onde o consumismo, o turismo
e a indústria da cultura e do conhecimento se tornaram os principais aspectos da
economia política urbana”.

Nesse contexto, segundo Lefebvre (1968), o direito à cidade surge para os movimentos
populares urbanos brasileiros como uma plataforma política de redução das desigualdades
perpetuadas pela lógica capitalista de produção da cidade, que mercantiliza o espaço urbano
e o transforma em uma engrenagem a serviço do capital.
Desta forma, considerando os efeitos perversos do capital no âmbito das cidades,
e a necessidade de estratégias mobilizadoras de mudanças críticas para a população, o
presente trabalho tem como objetivo geral, apresentar a construção da Cartilha sobre Direito
à Cidade e Participação Cidadã, produto tecnológico do Programa Observatório das Cidades
do Cariri vinculado ao Laboratório de Estudos em Gestão de Cidades e Territórios (LaCITE)
da Universidade Federal do Cariri (UFCA).
Tendo em vista o objetivo central do Observatório de fomentar a ampliação
da participação cidadã no trato das questões urbanas e na gestão da cidade, por meio do
delineamento de estratégias e instrumentos que favoreçam a reflexão, a construção coletiva
de ações e a incidência nas políticas públicas voltadas ao desenvolvimento das cidades, a
cartilha visa estimular a informação e o debate sobre a cidade, os instrumentos disponíveis
e as possibilidades de construção de novos dispositivos de intervenção nestes lugares, bem
como a importância do engajamento e participação cidadã na gestão da cidade.

METODOLOGIA

A Cartilha foi construída em três processos: I) Levantamento dos conteúdos


284
basilares; II) Construção da Cartilha; e III) Diagramação. Após a definição dos conteúdos, a
Cartilha dividiu-se em quatro eixos: I) Definindo a Cidade; II) Direito à Cidade; III) Gestão
Democrática da Cidade; e IV) Participação Cidadã e Inovação Pública. O conteúdo e as artes
utilizadas, partiram de importantes princípios: linguagem clara e objetiva; visual leve e
atrativo; adequação ao público alvo e fidedignidade das informações.

RESULTADOS

Elaborada em maio de 2020, a Cartilha sobre “Participação Cidadã e Direito à Cidade”,


trata-se de uma produção tecnológica do Observatório das Cidades do Cariri, cujo objetivo
principal reside na difusão de informações sobre elementos relacionados aos problemas
urbanos, bem como os instrumentos de planejamento urbano que visem solucioná-los de
forma participativa. O material divide-se em quatro eixos complementares: I) Definindo a
Cidade; II) Direito à Cidade; III) Gestão Democrática da Cidade; e IV) Participação Cidadã e
Inovação Pública.
O primeiro eixo, parte do amplo questionamento “O que é Cidade?”, iniciando uma
discussão que perpassa características comuns no âmbito das cidades desde os primeiros
registros históricos, apresentando conceitos e provocações que instigam o leitor a refletir
sobre os aspectos colocados em relação ao território no qual reside. A proposta é extrapolar a
exposição de ideias e gerar nos leitores, comparações do ambiente descrito com a conjuntura
da cidade real de cada indivíduo. A estratégia também é aplicada aos demais eixos da Cartilha.
A segunda parte, refere-se ao Direito à Cidade, expressão que, continuamente, ganha
cada vez mais espaço nas academias, mas que nasce e tem significado nas ruas, através dos
movimentos sociais. Assim como as discussões iniciadas no Eixo I, inicia-se o debate sobre o
Direito à Cidade a partir de elementos que constituem o conceito do termo, partindo de uma
discussão histórica com autores tidos como referências no debate. Em seguida, apresenta-
se os desdobramentos jurídicos no Brasil desde a Constituição Federal de 1988, legislação
alvo de investidas pelos movimentos sociais que inseriram dimensões relevantes em torno do
Direito à Cidade a partir do Movimento Nacional pela Reforma Urbana (MNRU).
O terceiro Eixo, compreende os delineamentos decorrentes da ação dos movimentos
sociais na busca por instrumentos que garantam o cumprimento da Gestão Democrática da
Cidade. Inicialmente, partindo do debate sobre a política urbana no Brasil, são reforçados
os encaminhamentos do Eixo anterior, apresentando os instrumentos constitucionais
conquistados com o apoio do MNRU.
Em seguida, é descrito os principais dispositivos de ação pública e social presentes no
Estatuto da Cidade, legislação que marcou um passo significativo no cenário jurídico brasileiro
sobre a questão urbana. Dentre os instrumentos apresentados, destacam-se o Plano Diretor
Participativo e os espaços de participação popular que estabelecem estreita relação com a
Gestão Democrática da Cidade.
O quarto e último Eixo, tem como título a “Participação Cidadã e a Inovação Pública”,
285
285
agrupando os vestígios dos temas até então discutidos, considerando as possibilidades de
transformações da seara pública pelas mãos dos atores sociais. Trata-se de um desafio em
termos de mobilização e políticas públicas de diferentes ordens, mesmo diante de um rol
de instrumentos que asseguram os canais de participação cidadã, tais como: Conselhos,
Conferências, Audiências Públicas e etc.
No entanto, entende-se que mesmo diante de desafios políticos, às políticas urbanas
no Brasil avançaram consideravelmente, sobretudo após a consolidação da participação
social como meio obrigatório na elaboração e aprovação de políticas públicas, resultando,
positivamente, em expressivas inovações públicas.
A finalização da Cartilha, representa um significativo avanço do Observatório
das Cidades do Cariri no âmbito de seus trabalhos internos e externos, consolidando as
discussões norteadoras de ações desde a sua formalização em 2018. E mesmo sendo um
produto tecnológico recente, já foi incorporada em iniciativas realizadas pelo Observatório
em 2020, por meio do curso sobre “Participação Cidadã e Direito à Cidade”, realizado entre
os meses de julho e agosto a partir de uma iniciativa promovida pelo Núcleo de Educação a
Distância da Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD/UFCA), no qual contou com a presença
de participantes de diferentes localidades do país.
Dentre os desafios observáveis no processo de consolidação do trabalho, ressalta-se
a dificuldade dos autores(as) responsáveis pela elaboração dos textos. Acostumados com a
escrita acadêmica e científica, houve dificuldades na adaptação do conteúdo utilizando uma
linguagem simples e direta, tendo em vista o público-alvo que, posteriormente, fará uso do
material, no entanto, os resultados referentes à escrita se tornaram bastante positivos.

Figura 1 – Capa da Cartilha: Participação


Cidadã e Direito à Cidade

Fonte: Autores (2020).

CONCLUSÕES

Depreende-se que os conteúdos abordados na Cartilha são basilares para o


286
mapeamento de estratégias importantes sobre a política urbana no Brasil, traçando uma rota
de conhecimento objetivo aos leitores, de modo a facilitar a identificação de diferentes pontos
e perspectivas que podem ser aprofundados e postos em prática. Nesse sentido, espera-se que
o material seja norteador educacional para os trabalhos desenvolvidos em prol da cidadania
para a cidade, promovendo informação e perspectivas sobre a importância da participação
cidadã na gestão das cidades a favor da construção de cidades mais justas e inclusivas.

REFERÊNCIAS

LEFEBVRE, Henri. Writing on Cities. Oxford: Blackwell, 1996, p. 158.

LEFEBVRE, Henri. Le droit à la ville. L’Homme et la société, v. 6, n. 1, p. 29-35, 1968.

287
287
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

EXTENSÃO COMO
CONTRIBUIÇÃO À FORMAÇÃO
ACADÊMICA E PROFISSIONAL
uma ação da LAGEO/UFCA

Área temática: Tecnologia e Produção

Carolline Cruz Piancó 1


Ana Patrícia Nunes Bandeira 2
Antônio Marcos Cruz da Paz 3
João Victor Martins da Paz4
Vitória Tiffany Teixeira Braga5
Wanny Renali Oliveira Grangeiro6
Gustavo Hugo Pereira Vidal7

Resumo: A Liga Acadêmica de Geotecnia (LAGEO), uma ação extensionista da Universidade


Federal (UFCA), criada em dezembro de 2019 - sendo composta pelos Professores
Coordenadores, pelos Membros Fundadores e pelos Membros Ligantes, do curso de
Engenharia Civil - tem por objetivo complementar a formação profissional dos membros
e da comunidade acadêmica em geral, no que concerne aos temas relacionados à área de
geotecnia. Este trabalho apresenta as atividades realizadas por esta ação de extensão e os
resultados obtidos por meio do desenvolvimento deste projeto, como a elaboração de
artigos acadêmicos, o desenvolvimento de programas de incentivo ao estudo e a elaboração
de projetos, além da promoção de palestras, minicursos e de capacitações. A LAGEO tem
potencializado o conhecimento dos acadêmicos, o que demonstra, além de sua relevância
acadêmica, a destreza e fortalecimento de aspectos como: trabalho em equipe, oratória e
tomada de decisões; oportunizando também importantes contribuições ao meio técnico

1 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: carolline.pianco@ufca.edu.br
2 Docente do curso de Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: ana.bandeira@ufca.edu.br
3 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: antonio.marcos@aluno.ufca.edu.
br
4 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: joao.martins@ufca.edu.br
5 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: vitoria.tiffany@ufca.edu.br
6 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: wanny.renali@ufca.edu.br
7 Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: gustavo.hugo@ufca.edu.br 288
288
profissional, em prol de uma engenharia geotécnica de qualidade.

Palavras-chave: LAGEO. Geotecnia. Extensão.

INTRODUÇÃO

Os cursos de graduação em engenharia civil de todo país demandam dos alunos, no


ciclo profissional, o desenvolvimento de diversas atividades, destacando-se: a elaboração
projetos, o acompanhamento de obras e a execução dos mais diversos ensaios de laboratório.
Neste sentido, a Liga Acadêmica de Geotecnia / LAGEO – UFCA, uma ação extensionista da
UFCA, composto por discentes do curso de Engenharia Civil, tem por objetivo, complementar
a formação profissional dos membros e da comunidade acadêmica em geral, no que concerne
aos temas relacionados à área de geotecnia. Este trabalho apresenta as atividades realizadas
por esta ação de extensão e os resultados obtidos por meio do desenvolvimento deste projeto,
como a elaboração de artigos acadêmicos, o desenvolvimento de programas de incentivo ao
estudo e a elaboração de projetos, além da promoção de palestras, minicursos e de capacitações.

Metodologia

De acordo com Giannotti et al. (2008), o mercado de trabalho exige não apenas o
conhecimento técnico do profissional de engenharia, mas outros requisitos como: criatividade,
senso crítico, autoaprendizado e trabalho em equipe. Os autores enfatizam ainda, que uma
alternativa é a aplicação de uma metodologia baseada no Problem Based Learning (PBL),
que, como o próprio nome diz, consiste no aprendizado baseado na resolução de problemas.
Neste contexto, a LAGEO-UFCA, visando este diferencial na experiência dos membros, trata-
se de uma ação de extensão da UFCA, voltada para realização e promoção de atividades de
ensino, pesquisa e extensão, que busque a melhoria da formação de recursos humanos na
área de Geotecnia.
A LAGEO - UFCA foi criada em dezembro de 2019, sendo composta pelos Professores
Coordenadores, pelos Membros Fundadores e pelos Membros Ligantes. Os Professores
Coordenadores deste projeto agem na Liga Acadêmica no intuito de orientar o processo de
ensino-aprendizado, sendo eles: Profa. Dra. Ana Patrícia Nunes Bandeira e Prof. Dr. João
Barbosa de Souza Neto; contando também com a participação da Engenheira M.Sc. Diana
Rodrigues de Lima, técnica do Laboratório do Mecânica dos Solos. Os demais membros da
LAGEO se dividem em presidência e quatro diretorias: Comunicação, Ensino, Extensão e
Pesquisa; totalizando 19 (dezenove) membros.
A fim de alcançar o objetivo principal da ação, a LAGEO já tem desenvolvido diversas
atividades, destacando-se:
a) Nivelamentos Temáticos em Geotecnia A fim de nivelar o conhecimento teórico, da área de
geotecnia, entre os membros da LAGEO, várias reuniões de nivelamento são realizadas entre
289
os membros.
Nesta atividade são trabalhados diversos assuntos das disciplinas de Mecânica dos
Solos I e Mecânica dos Solos II.
b) Visitas Técnicas em Obras na Região do Cariri (LAGEO Visita).
Esta atividade, denominada LAGEO Visita, consiste na realização de visitas técnicas
em obras em andamento, na fase da geotecnia, realizadas na região metropolitana do Cariri,
a fim de proporcionar esclarecimentos da prática real da engenharia geotécnica.
c) Rodas de Estudo
A atividade denominada Rodas de Estudo consiste na leitura de artigos com a
promoção de um debate sobre os aspectos apresentados nos artigos técnicos e científicos;
tendo a finalidade de promover o enriquecimento dos conhecimentos adquiridos no curso de
graduação para todos os membros participantes.
d) LAGEO Recebe
A atividade denominada LAGEO Recebe tem por objetivo promover para a comunidade
externa minicursos e palestras na área de geotecnia, ministrados por profissionais convidados

Resultados

As atividades da LAGEO UFCA iniciaram intensamente desde janeiro de 2020. Neste


referido mês foi realizada uma visita técnica em uma obra, na fase de sua fundação, com os
membros da Liga. De janeiro a março de 2020 houve diversos encontros presenciais para o
nivelamento temático da equipe. No entanto, devido à pandemia do COVID-19, as atividades
do projeto passaram a ser realizadas totalmente de forma remota, desde abril de 2020,
resultando em investimentos em reuniões virtuais frequentes e divulgação de atividades
nas mídias sociais, se tornando o principal canal para a realização da ação. Para facilitar a
divulgação na modalidade remota, foi criado o site institucional da LAGEO-UFCA, o canal do
YouTube, o Facebook da liga e Instagram @lageo.ufca. Foi então, a partir do mês de abril de
2020, que houve grande participação dos discentes e de profissionais de engenharia, em todas
as atividades promovidas pela LAGEO-UFCA, excedendo as expectativas.
As atividades realizadas, internamente, com os membros da LAGEO, tiveram como
resultados a produção de diversos materiais, tais como:

a. Vídeos e áudios, disponibilizados digitalmente no site institucional da LAGEO


e nas redes sociais. No canal do YouTube destaca-se o quadro Minuto LAGEO, que
tem o intuito de explanar assuntos pertinentes a geotecnia; e os Geocasts (podcasts
produzidos pelos membros da liga, voltados para vestibulandos e discentes de
Engenharia);

b. Apostila autoral com todos os conteúdos estudados nas disciplinas de Mecânica


dos Solos I e Mecânica dos Solos II, com o objetivo de auxiliar e complementar o
290
290
aprendizado do aluno no curso de graduação em engenharia civil;

c. Geomapas (mapas mentais, como uma técnica de estudo alternativa);

d. Lista de questões no formato de quiz, com resolução comentada de questões;

e. Software didático e gratuito, o LAGEO TS, que auxilia a resolução de problemas


de tensões no solo.Com relação às atividades promovidas para o público interno e
externo, pela LAGEO, destacam-se minicurso e palestras, realizadas no formato on
line e ministradas por convidados, profissionais da área de geotecnia. Ressalta-se que
essas atividades são tradicionalmente realizadas de forma presencial, normalmente
em eventos regionais e nacionais, como congressos temáticos, onde muitas vezes o
acadêmico não tem condições de participar. As atividades dessa modalidade foram:

i) Curso “Elaboração de Cartografias Geotécnicas, com o auxílio do software


QGIS”, realizado nos dias 21 a 23 de julho de 2020 e proferido pelo M.Sc.
Antônio Italcy de Oliveira Júnior;

ii) Evento: “Mulheres, um olhar geotécnico”, realizado em 12 de agosto de


2020, com as palestrantes: Profa. Dra. Carina Maia Lins Costa, M.Sc. Laís
Chaves Guilherme e M.Sc. Diana Rodrigues de Lima.

iii) Palestra Técnica: “Execução de Fundações Profundas”, realizada


recentemente, em 14 de outubro de 2020 e proferida pelo Engenheiro Dr.
Wilson Cartaxo Soares. Esses eventos promovidos pela Liga, totalizaram mais
de 300 inscritos, com fornecimento de certificados de participação. Ressalta-
se que a Palestra Técnica: “Execução de Fundações Profundas”, teve 243
visualizações, no dia da transmissão pelo YouTube, demonstrando o impacto
e abrangência das atividades, criando ambientes propícios ao aprendizado
de temas da geotecnia, bem como aperfeiçoando a formação profissional dos
participantes.

Conclusões

Através dos resultados obtidos conclui-se que a ação da LAGEO-UFCA conseguiu,


satisfatoriamente, alcançar os objetivos propostos, dando oportunidade ao estudante de
melhorar sua formação acadêmica, na temática da geotecnia, assim como dos profissionais
enriquecerem seus conhecimentos. Sendo assim, a LAGEO tem potencializado o conhecimento
dos acadêmicos, o que demonstra, além de sua relevância acadêmica, a destreza e fortalecimento
de aspectos como: trabalho em equipe, oratória e tomada de decisões; oportunizando também
importantes contribuições ao meio técnico profissional, em prol de uma engenharia geotécnica

291
de qualidade.

REFERÊNCIAS

GIANNOTTI, Mariana et al. Proposta de Aplicação de PBL nos Cursos de Engenharia.


COBENGE, 36., São Paulo, 2008.

292
292
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

PALESTRAS SOBRE A CULTURA


DO GERGELIM DURANTE A
PANDEMIA DA COVID-19
relato de experiência

Área temática: Tecnologia e Produção.

Liliane Monteiro Januario1


Fagner Soares Farias2
David da Silva Andrade3
Felipe Thomaz Câmara4

Resumo: O gergelim que é uma planta adaptada aos climas tropical e subtropical, com
temperaturas médias elevadas, 25- 30 ºC, e tolerância a períodos relativos de seca, propício
para a região do Cariri-CE. No entanto, a cultura apresenta pouco destaque na região, logo,
o projeto “Acompanhamento e Difusão do Cultivo de Culturas de Interesse Econômico no
Município de Missão Velha-CE”, tem o objetivo de despertar o interesse dos agricultores
de Missão Velha, Mauriti e Crato para o cultivo com maior diversidade de culturas e o uso
de consórcio; Reduzir a dependência do monocultivo; Elevar a renda e qualidade de vida
dos agricultores familiares da região; E também aumentar a experiência dos graduando em
agronomia por meio de elaboração de palestras, utilizando ferramentas digitais, como no
caso da palestra intitulada “Sobre a cultura do gergelim”.
Palavras-chave: Palestra online. Extensão. Cultura do gergelim.

INTRODUÇÃO

A agricultura desenvolvida na região do Cariri cearense é baseada na agricultura


familiar e no uso de técnicas de cultivo passadas de pai para filho, sendo muitas vezes de
baixo rendimento.

1 Graduando em Agronomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: lilianemonteirojanuario@gmail.com


2 Graduando em Agronomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: fagnersfarias@gmail.com
3 Graduando em Agronomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: andradedavid80@gmail.com
4 Graduado em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). E-mail: felipe.camara@ufca.edu.br 293
293
As culturas mais cultivadas são o feijão caupí e o milho, sendo o último uma cultura
muito exigente em água, no qual o cultivo em anos de seca ou com presença de veranicos
prolongados tem sua produtividade muito afetada. Dentre as culturas viáveis para a
região, tem-se o gergelim que é uma planta adaptada aos climas tropical e subtropical, com
temperaturas médias elevadas, 25- 30 ºC, e tolerância a períodos relativos de seca, (SAVY
FILHO,2020).
A ação de extensão intitulada “Acompanhamento e difusão do cultivo de culturas de
interesse econômico no município de missão Velha-CE” pretendia apresentar aos agricultores
mais culturas agrícolas de importância econômica para a região e mostrar visualmente e com
dados de produtividade a viabilidade econômica, despertando o interesse dos agricultores
em ampliar o número de culturas, ficando menos dependente do monocultivo do milho e
feijão, que são predominantes na região, aumentando a renda e qualidade de vida destes
agricultores.
Porém, com a pandemia da Covid-19 e consequente suspensão do calendário
acadêmico de 2021, bem como todas as atividades de extensão presenciais, fez-se necessário
mudanças no plano de atividade do projeto, onde se optou por realizar um ciclo de palestras
sobre a cultura do gergelim no mês de setembro de 2020.
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho destas palestras no
formato on-line, por meio da resposta de questionário pelos participantes das palestras.

METODOLOGIA

A realização do ciclo de palestras online sobre “A CULTURA DO GERGELIM”, se deu a


partir da importância na continuidade das ações de extensão pelo projeto “Acompanhamento
e Difusão do Cultivo de Culturas de Interesse Econômico no Município de Missão Velha-
CE”, do Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade (CCAB), da Universidade Federal do
Cariri. De modo que aconteceu no mês de setembro, durante os dias 08 a 24, de 08:00 h às
10:00 h, nas terças e quintas-feiras.
Primeiramente foi feito o convite aos palestrantes, especificamente da área do gergelim
(Sesamum indicum), logo depois, foi desenvolvido o cartaz para divulgação das palestras,
formulário de inscrição, e ao final uma ficha de avaliação e a entrega dos certificados. Foram
realizadas 6 palestras (Importância econômica da cultura do gergelim, Manejo do solo e
adubação da cultura do gergelim, Mecanização da cultura do gergelim, Pragas da cultura do
gergelim, Doenças da cultura do gergelim e Processamento da cultura do gergelim).
No total houve 37 inscrições, dividido em 4 categorias (estudantes, graduados,
técnico agrícolas e agricultores). Ao final das palestras foram entregues um questionário para
avaliação aos inscritos, que tem finalidade diagnóstica, com as seguintes perguntas:
1) O curso atingiu seu objetivo?
2) O programa estabelecido foi desenvolvido?
3) A carga horária foi bem distribuída?
294
4) Você diria que seu aproveitamento neste curso foi bom?
5) Você acha que poderá aplicar os conhecimentos adquiridos durante o curso na sua
prática profissional?

RESULTADOS

Nas figuras 1 e 2, nota-se que dos inscritos, 18 responderam a ficha avaliativa de


5 perguntas: “o ciclo de palestras atingiu seu objetivo”, com 88,9% sim e 11,1% Talvez,
“o programa estabelecido foi desenvolvido”, com 100% sim, “a carga horária foi bem
distribuída” com 83,3% sim e 16,7% talvez, “você diria que seu aproveitamento neste ciclo de
palestras foi bom”, com 77,8% sim, 16,7% talvez e 5,5% não, “você acha que poderá aplicar
os conhecimentos adquiridos durante o ciclo de palestras, na sua prática profissional” 83,3%
sim e 16,7% não.
Observa-se que apesar das dificuldades em oferecer palestras no sistema on-line,
mais de 80% dos participantes que responderam ao questionário demonstram satisfação com
o formato em que foi desenvolvido, e consideram que poderão usar destas informações na
sua vida profissional, e ainda elogiaram a palestra e demonstraram que há necessidade de
mais palestras como estas, além de uma indicação da necessidade de palestra específica sobre
manejo da irrigação na cultura do gergelim.

Figura 1 – Captura de tela durante a apresentação do ciclo de palestras (a) e resultados da


avaliação das palestras (b).

a b

Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

295
295
Figura 2 – Resultados da avaliação das palestras pelos participantes.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

CONCLUSÕES

Dessa forma, conclui-se que a extensão universitária é necessária para expandir


a cultura do gergelim na região do Cariri-CE, e assim também proporcionando novos
conhecimentos e apresentando aos agricultores novas culturas agrícolas, ficando menos
dependente do monocultivo e aumentando a renda e a qualidade de vida destes agricultores.
Em suma, o ciclo de palestras online ofereceu aos participantes a oportunidade de conhecer
novas técnicas do cultivo do gergelim, com profissionais da área de atuação, destacando os
principais temas sobre a importância econômica, manejo e adubação, mecanização, doenças e
pragas e o processamento do gergelim, que são imprescindíveis para melhorar a rentabilidade
e a produtividade.
Por fim, observou-se na ficha de avaliação ao final do ciclo de palestras que contribuiu
positivamente na formação dos estudantes de agronomia, graduados, técnicos agrícolas e
agricultores, e que poderão aplicar os conhecimentos adquiridos na sua prática profissional.

REFERÊNCIA

SAVY FILHO, A. Cultura do Gergelim. Disponível em: http://www.iac.sp.gov.br/cultivares/


inicio/Folders%5CGergelim%5CIACOuro.htm. Acesso em: 19 out. 2020.

296
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

PRODUÇÃO DE MELÃO
CONVENCIONAL E ORGÂNICO
um relato de experiência sobre
a utilização de meios digitais em
tempos de pandemia

Área temática: Tecnologia e Produção

Fagner Soares Farias1


David da Silva Andrade2
Liliane Monteiro Januário3
Felipe Thomaz da Câmara4

Resumo: O melão é uma cultura que têm todas suas condições de clima e solo satisfeitas
para produção na região do Cariri-CE. No entanto, a cultura atualmente apresenta pouca
expressão no Cariri cearense, sendo abastecida com frutos dos municípios de Mossoró-RN e
Limoeiro do Norte – CE. O objetivo desta ação de extensão é reforçar a difusão da tecnologia
de produção do melão, por meio da elaboração de cursos e palestras, utilizando ferramentas
digitais, como no caso do curso intitulado “PRODUÇÃO DE MELÃO CONVENCIONAL E
ORGÂNICO”.

Palavras-chave: Extensão Universitária. Região do Cariri-CE. Curso Online.

INTRODUÇÃO

No Brasil, a região Nordeste destaca-se como sendo a principal produtora de melão,


isso se deve às condições ótimas de clima para seu desenvolvimento, intensidade e duração
de luminosidade e temperatura alta (SILVA et al., 2002).
Apesar de a baixa pluviosidade desfavorecer seu desenvolvimento (MENDONÇA et
al., 2004), esse fator é superado pelo uso da irrigação. A cultura do melão apresenta atualmente
pouca expressão no Cariri cearence, com a região sendo abastecida com frutos dos municípios

1 Graduando em Agronomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: fagnersfarias@gmail.com


2 Graduando em Agronomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: andradedavid080@gmail.com
3 Graduando em agronomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: lilianemonteirojanuario@gmail.com
4 Professor de agronomia pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). E-mail: felipe.camara@ufca.edu.br 297
297
de Mossoró-RN e Limoeiro do Norte – CE, sendo estes considerados os maiores produtores
e exportadores do Brasil. Estas regiões apresentam condições de clima e solo similares à do
Cariri-CE, fato que a torna apta para o avanço da produtividade do meloeiro.
De acordo com o IBGE (2015) em 2014, o Brasil produziu 589.939 toneladas de melão,
desse total o Nordeste produziu 559.102 toneladas. Os maiores produtores no referido ano,
foi o Rio Grande do Norte em primeiro com 232.575 t, e em segundo o Ceará com 222.391 t.
A produtividade alcançada pelo Rio Grande do Norte está próxima a 28,1 mil kg/ha,
enquanto o Ceará atingiu 30,3 mil kg/ha, sendo a maior produtividade nacional no estado de
Alagoas, 35,5 mil kg/ha.
No sentido de reforçar a difusão da tecnologia de produção do melão na região do
Cariri-CE e considerando a importância da continuidade das ações de extensão, as atividades
foram organizadas de modo que não ofereçam risco sanitário os participantes, seguindo
assim, as recomendações de prevenção à COVID-19 do Ministério da Saúde. Dessa forma,
a elaboração de cursos e palestras online por meio da utilização de ferramentas digitais
mostraram-se a melhor alternativa.
O presente trabalho teve o objetivo de relatar a experiência da utilização de meios
digitais em tempos de pandemia, bem como na elaboração e execução do curso remoto
intitulado “PRODUÇÃO DE MELÃO CONVENCIONAL E ORGÂNICO”.

METODOLOGIA

A realização do curso online “PRODUÇÃO DE MELÃO CONVENCIONAL E


ORGÂNICO” foi pensado e executado em virtude da importância na continuidade das ações
de extensão pelo projeto “Difusão e Implantação de Unidades Piloto de Produção de Melão
na Região do Cariri Cearense”, do Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade (CCAB) da
Universidade Federal do Cariri (UFCA). O mesmo ocorreu no mês de setembro, durante os dias 07
a 18, de 09:00h às 11:00h nas segundas, quartas e sextas. Inicialmente, foi realizado o convite aos
palestrantes, onde teve participação de profissionais que trabalham diretamente com melão
(Cucumis Melo L.).
Em seguida, houve o desenvolvimento do formulário de inscrição, no qual ficou
disponível para participação dos estudantes de agronomia, graduados, técnicos agrícolas e
agricultores. O processo de divulgação, troca de informações e apresentação das unidades
do curso ocorreram por meio das ferramentas digitais “Instagram”, “WhatsApp” e “Google
Meet” respectivamente.

298
Figura 1 – Captura de tela durante apresentação do curso.

Fonte: Produzida pelos autores, 2020.

Cada apresentação contou com a participação dos bolsistas do projeto, que


desempenhavam a função de mediador da ação. Ao final do processo, encaminhou-se uma
ficha avaliativa aos participantes, que tem finalidade diagnóstica, com as seguintes perguntas:
1) O curso atingiu seu objetivo?
2) O programa estabelecido foi desenvolvido?
3) A carga horária foi bem distribuída?
4) Você diria que seu aproveitamento neste curso foi bom?
5) Você acha que poderá aplicar os conhecimentos adquiridos durante o curso na sua
prática profissional?

RESULTADOS

No total, das 71 inscrições, 48 responderam a ficha avaliativa, com os resultados


estando apresentados na Figura 2.

299
299
Figura 2 – Resultado da avaliação do curso on line.

Fonte: Produzida pelos autores, 2020.

Observa-se na Figura 2 que todos os participantes consideraram que a programação


do curso foi desenvolvida, 97,9% que o curso atingiu seu objetivo, 93,8% que a carga horária
foi bem distribuída entre os tópicos ministrados no curso, 83,3% consideraram ter boa
participação no curso e 91,7% que vão ter condições de aplicar os conhecimentos adquiridos
no curso na sua vida profissional.
Diante destes resultados, considera-se que apesar das dificuldades de realização de
um curso on-line, e sem práticas presenciais, o curso foi considerado muito proveitoso pelos
participantes, o que demonstra que uma boa organização, com participação de profissionais
especializados na área, podem oferecer cursos de qualidade mesmo no sistema de cursos on-
line, utilizando-se de recursos áudio-visuais adequados.

CONCLUSÕES

Dada a importância econômica do melão (Cucumis Melo L.), se faz necessário uso da extensão
universitária para difundir a cultura na região do Cariri-CE, possibilitando aos agricultores
300
mais uma fruta de alta rentabilidade, além de ciclo curto e grande mercado.
Nesse sentido, o curso online “PRODUÇÃO DE MELÃO CONVENCIONAL E
ORGÂNICO” proporcionou aos participantes a oportunidade de conhecer as técnicas de
cultivo do melão com profissionais que trabalham diretamente na área, dando ênfase ao
controle dos fatores, como irrigação, adubação, formas de cobertura do solo, controle de
pragas e doenças, entre outras técnicas de manejo orgânico, que são fundamentais para
melhorar a rentabilidade, viabilidade e melhoria na qualidade dos frutos.
Por fim, observou-se com esta ação uma contribuição significativa na formação dos
estudantes de agronomia, graduados, técnicos agrícolas e agricultores, uma vez que segundo
a ficha avaliativa anteriormente apresentada, 91,7% acreditam que poderão aplicar os
conhecimentos adquiridos durante o curso na sua prática profissional.

REFERÊNCIAS

SILVA, R.A. BEZERRA NETO, F.; NUNES, G.H.S.; NEGREIROS, M.Z. Estimação de
parâmetros e correlações em famílias de meio-irmãos de melões Orange Flesh
HTC. Caatinga, Mossoró, v.15, n.1/2, p. 43-48, 2002.

MENDONÇA F.V.; MENEZES J.B.; GUIMARÃES A.A.; SOUZA P.A.; SIMÕES A.N.; SOUZA
G.L.F.M. Armazenamento de melão amarelo, híbrido RX 20094, sob temperatura ambiente.
Horticultura Brasileira, v.22, n.1, p. 76-79, 2004.

IBGE. Disponível em: www.ibge.org.br. Acesso em: 10 fev. 2016.

301
301
Universidade e Extensão em tempos de pandemia e pós-
pandemia: XVI Encontro de Extensão da Universidade Federal
do Cariri

UFCA NO COMBATE A PANDE-


MIA DO CORONAVÍRUS
a produção de máscaras face Shiel-
ds

Área temática: Tecnologia e produção.

Maria do Socorro da Silva de Sousa1


André Wesley Barbosa Rodrigues 2
Márcia Qualio Baptista dos Santos3
Pedro Athirson Fernandes Rodrigues4
Kamile Peixoto de Melo Nascimento5
Pedro Antônio Figueredo de Sousa 6
Luana Cristina Rodrigues dos Santos7

Resumo: Este artigo tem o propósito de apresentar um estudo teórico e prático realizado
dentro da Universidade Federal do Cariri (UFCA) para a fabricação de 26.000 máscaras
do tipo escudos faciais, também conhecida como Face Shields. O projeto faz parte de uma
ação realizada pela universidade, com o propósito de doar todo o material fabricado, para
hospitais, profissionais envolvidos no enfrentamento à covid 19, secretária de saúde do
estado e municípios, primeiramente na região do Cariri e estados vizinhos, e dessa forma
contribuir para o enfrentamento e combate ao Coronavírus. Para tanto, foi criado um projeto
de extensão, comandado pelo Curso de Engenharia de Materiais, juntamente com os alunos
do curso de graduação de Engenharia de Materiais. Inicialmente foi feito protótipo para a
hastes dos protetores, seleção de quais materiais poderiam ser fabricados as Face Shields.

Palavras-chave: Coronavírus. Face Shields. Injeção. Reciclagem.

INTRODUÇÃO

O contexto imposto pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2), causador da pandemia


1 Professora, Universidade Federal do Cariri (UFCA), E-mail: maria.sousa@ufca.edu.br ;
2 Professor, Universidade Federal do Cariri (UFCA), E-mail: andre.rodrigues@ufca.edu.br;
3 Professora, Universidade Federal do Cariri (UFCA), E-mail: marcia.qualio@ufca.edu.br;
4 Graduando, Universidade Federal do Cariri, (UFCA), E-mail: athirson.fernanes@aluno.ufca.edu.br;
5 Graduando, Universidade Federal do Cariri, (UFCA), E-mail: Kamilepx2010@hotmail.com;
6 Graduando, Universidade Federal do Cariri, (UFCA), E-mail: Pedro.antonio_18@hotmail.com;
7 Graduando, Universidade Federal do Cariri, (UFCA), E-mail: luaanac.rodrigues@gmail.com 302
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da Covid-19, originou uma série de medidas restritivas à população mundial. Desde janeiro
de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o uso de máscaras, tanto para
os profissionais da área de saúde, que lida diretamente com pacientes infectados, pelo novo
Coronavírus (SARS-CoV-2), quanto para a população em geral, como medida de prevenção
da doença.
De acordo com Barbosa et al (2020), esta recomendação gerou a escassez na oferta
de EPI em âmbito global, originando desabastecimento em hospitais e unidades básicas de
saúde. Diante desta situação, prezando por assegurar proteção aos profissionais que atuam
na área da saúde ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS), representados respectivamente
pelas Unidade Básicas de Saúde(UBS), pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e pelos
hospitais, tanto públicos quanto privados da região do Cariri, o projeto de fabricação de
máscaras do tipo face Shields da Universidade Federal do Cariri, caracteriza-se como uma
ação processual e contínua de caráter educativo, social, cultural e científico, com a finalidade
de produzir máscaras para o enfrentamento da pandemia causada pelo coronavírus (Sars-
CoV-2).
O projeto “Fabricação de máscaras do tipo face shield para o enfrentamento da
pandemia do Coronavírus, COVID-19” foi idealizado pelo professor Dr. André Wesley
Barbosa Rodrigues e composto por diversos outros atores, como atuantes do curso de Design,
e bolsistas do curso de Engenharia de Materiais, ambos também da UFCA, sob o apoio da
Pró- reitoria de Extensão desta Universidade. Teve início em maio de 2020 e finalizado em
dezembro do mesmo ano.
Para efetivação desta ação, a Universidade Federal do Cariri contou com a parceria
do SENAI, a indústria de calçados PVC, situada em Juazeiro do Norte, e das prefeituras
municipais, secretarias de saúde e hospitais privados das cidades de Juazeiro do Norte, Crato
e Barbalha, Caririaçu, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda, Santana do Cariri,
Brejo Santo, Sonopole, Icó, Aurora, Iara, Barro, Orós, Piquet Carneiro, Várzea Alegre, Lavras
da Mangabeira, Jati, Assaré, Fortaleza, Altaneira, Porteiras, Jaguaretama, Irapuan Ribeiro,
Morada Nova, Iguatu, Arneiroz, Tauá, Granjeiro, bem como, outros municípios dos estados
do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí. Estas parcerias operaram por meio de um acordo de
cooperação, o qual se caracteriza como um instrumento formal, utilizado pelos envolvidos
para estabelecer um vínculo cooperativo.
Vale lembrar, que todas as ações aqui apresentadas, só puderam ser desenvolvidas
por encontrar respaldo na Resolução 356/2020, publicada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) que, devido ao agravamento da situação, permite a confecção
de máscaras em caráter de excepcionalidade. Assim sendo, este artigo tem como finalidade
básica, mostrar uma das principais contribuições da Universidade Federal do Cariri no
enfrentamento da pandemia causada por meio do novo Coronavírus, através de atividades
multidisciplinares, realizadas no projeto de extensão, a qual, neste estudo integra saberes das
áreas de Engenharia de Materiais, Design e Saúde, além de parcerias de âmbito social voltada
a soluções de problemas diversos.
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METODOLOGIA

O projeto “Fabricação de máscaras do tipo Face Shield para o enfrentamento


da pandemia do coronavírus, Covid-19” se resume em cinco etapas importantes. As três
primeiras etapas são definidas como o processo de fabricação em si, a quarta etapa consiste
na montagem e embalagem do produto e a quinta incide na entrega das máscaras aos seus
respectivos destinos.

Figura 1 - Máquina Injetora Termoplástico/Produção da haste na UFCA/corte da viseira


na prensa balancim/doação.

Fonte: produzida pelos autores, 2020.

A Primeira etapa é a fabricação do molde de alumínio. Segundo Garcia (2008), um


molde de injeção garante a qualidade dimensional e estrutural das peças produzidas. Nesse
caso, o molde consiste em uma matriz cuja finalidade é padronizar o formato das hastes das
máscaras.
Na confecção de um molde de alumínio para injeção de qualidade, é utilizada
matéria prima certificada, além de equipamentos de primeira linha que são manuseados por
profissionais altamente qualificados, por este motivo, o molde de alumínio para fabricação
da haste da Face Shield foi produzido na Indústria de Calçados PVC, situada no município de
Juazeiro do Norte, pela máquina CNC.
A Segunda etapa consistiu na confecção do suporte da máscara, o qual foi produzido
em uma injetora de termoplástico maraca BOLE 70N, no laboratório de polímeros do Curso de
Engenharia de Materiais da UFCA. Nesta etapa, Filho (2014) explica que para tudo ocorrer da
melhor forma, as condições para o processamento da injeção necessitam ser parametrizadas,
tendo em vista os componentes da qualidade dos polímeros, geometria da peça e a descrição
do produto.
O corte da película de Acetato, ficou para a terceira etapa. Aqui é produzido a viseira
protetora da máscara e pode acontecer simultaneamente ao processo de produção das hastes.
O corte desta película foi feito através de um Balancim hidráulico no laboratório de calçados
da Unidade do SENAI em Juazeiro do Norte.. Esse procedimento é um pouco mais simples,
pois o acetato, vem em rolos e precisa ser cortado no formato e tamanho ideal, prevendo
princípios da boa ergonomia e funcionalidade.
A quarta etapa incidiu na montagem das máscaras, realizada no laboratório de
polímeros do Curso de Engenharia de Materiais, na UFCA. Foi unido haste de plástico à
viseira, finalizando assim o processo de montagem das máscaras.
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Em seguida foram embaladas em sacos plásticos, com um suporte, uma película de
acetato e o elastômero de fixação. Já na quinta etapa ocorreu a doação das máscaras. Estas
foram doadas, mediante ofício de solicitação das instituições demandantes. A entrega ocorreu,
preferencialmente, na Universidade Federal do Cariri, Campus Juazeiro do Norte.

RESULTADO

Segundo Barbosa et al(2020), as máscaras Face Shields, estão entre os itens de


proteção individual mais procurados pelos profissionais de saúde, pois elas garantem uma
proteção contra as gotículas produzidas ao tossir, espirrar e falar com os pacientes acometidos
e em tratamento de covid-19, ou em atendimento nas unidades de saúde. Em outras palavras,
elas podem ser muito eficientes em evitar a contaminação dos médicos(as), enfermeiros(as),
fisioterapeutas e outros profissionais envolvidos.
O projeto conseguiu produzir e distribuir pouco mais que 26 mil máscaras tipo face
Shields, durante o período de execução do projeto; capacitou alunos do curso de Engenharia
de materiais da Universidade Federal do Cariri, bolsistas do projeto, para operação de injetora
de termoplástico, treinamento e horas de operação do equipamento que não tem durante
a graduação; Atendeu com rapidez, qualidade e quantidade a demanda por esse EPI, pelas
unidades de saúde e demais órgãos que estavam envolvidos no combate ao novo coronavírus.
Diante disso, é possível afirmar que o objetivo geral do projeto foi atendido ao ponto de
ultrapassar as expectativas iniciais.

CONCLUSÕES

Os procedimentos adotados neste projeto, demandaram a integração solidária de


diversos agentes. De um lado a universidade com seu pessoal técnico, representado por
professores, alunos, técnicos de laboratório e seus equipamentos; do outro, os parceiros e
doadores. Com essa integração tripartite, foi possível o alcance e o atendimento da demanda
na região do Cariri, em outros municípios do estado do Ceará, além de outros estados do país,
como Pernambuco, Piauí e Paraíba. Abastecendo-os com equipamento de proteção individual.
Beneficiou-se de forma direta e indireta milhares de pessoas, proporcionando-
lhes um aparato que junto com os demais equipamentos de proteção individual (EPI), são
fundamentais para manter saudáveis e atuantes, além de garantir a proteção dos profissionais
que trabalham na área da saúde.
O projeto em tela, teve como principal justificativa o tempo e o custo reduzidos para
a produção das hastes das máscaras. Com esta iniciativa, fabricou-se duas hastes para as
máscaras em menos de trinta segundos, ou seja, milhares de máscaras por dia, com um custo
estimado de pouco mais de um real por máscara pronta. Em outras palavras, a produção em
escala torna-se vantajosa para todos os beneficiados do projeto.

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REFERÊNCIAS

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P. M.; NUNES, V. A. V. Design, saúde e integração social no enfrentamento da pandemia
Covid-19: case máscara de alta proteção AZUL A-98. Projética, Londrina, v. 11, n. 1,p.
276-308, 2020.

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Campinas, 2006.150p. Dissertation.

FILHO, Nelson F., A busca da normalidade: a regulação dos processos de trabalho de


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Universidade federal de Santa Catarina. Santa Catarina, 2014.

GARCIA, M. C. R. Fundamentos de Projetos de Ferramentas: Moldes de Injeção para


Termoplásticos. Pelotas: Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas/Unidade de
Sapucaia do Sul-RS, CEFET, 2008.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 7. ed.


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NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 05/2020 Brasília, 21 de mar de 2020.

SANCHES, Maria Celeste de F. Moda e projeto: estratégias metodológicas em


design. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2017.

THIOLLENT, Michel. Pesquisa-ação nas organizações. 2. ed. São Paulo: Atlas,


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