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JOÃO PESSOA-PB
2018
ÍSIS MEIRELES MAFALDO
JOÃO PESSOA - PB
2018
Dedico aos meus pais, pelo carinho, amor, incentivo
e por toda a dedicação dada a mim.
AGRADECIMENTOS
A Profª. Graciele pela orientação, paciência, atenção, apoio e por estar sempre disposta
a colaborar de forma tão carinhosa.
Aos membros da banca examinadora, Profª Drª Fernanda Vanessa Gomes da Silva e
Priscila Mayara de Lima Oliveira, pela atenção, correções e indispensáveis contribuições para
este trabalho.
Аos meus pais, Norma Meireles e Mafaldo Júnior, que não mediram esforços para que
chegasse até esta etapa da minha vida, não há palavras que expressem meu agradecimento por
vocês. Agradeço pelo esforço de ambos, pela confiança, companheirismo, carinho e amor
incondicional depositado a mim. Amo vocês!
Aos meus irmãos, Ícaro e Irla, que apesar de todas as intrigas, sempre me deram
incentivo, apoio e ajuda durante minha graduação е a toda minha família pela paciência e
afeto. Vocês são essenciais para mim. Um agradecimento especial à vovó Vicença por me
fazer amar e apreciar o delicioso sapoti do Piauí desde pequena.
Aos meus amigos de turma Isabella, Alany, Gabriella, Elizabeth, Ingrid, Thais e
Washington, além de Igor e Mayhanna que nos abandonaram na metade do curso. Nós
desenvolvemos respeito, união e equilíbrio em nossa amizade, trocamos experiências, alegrias
e tristeza, aprendemos que somos tão diferentes que nos completamos, foi muito gratificante
conhecer cada um vocês. Um agradecimento especial a Gabriella, minha parceira de
laboratório, por todo o apoio e cumplicidade no desenvolvimento da bala, além de todos os
momentos de descontração nas horas vagas durante cada análise.
Aos técnicos de laboratório, especialmente José Carlos e João Bosco por todo o apoio
e ensinamentos transmitidos a mim.
Aos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado durante esta longa caminhada,
Roseli, Alice, Carolina, Mariana, Tricia, Meg, Heleno, Gabrielle, Sangela, Wilker, Neto,
Heloise, Matheus e Larissa, e que compreenderam os momentos de minha ausência pelo
tempo dedicado aos estudos, mas que me apoiaram e me ajudaram sempre.
Por fim, a todos aqueles que de forma direta ou indireta fizeram parte da minha
caminhada acadêmica e possibilitaram a realização deste trabalho.
Muito obrigada!
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo
que cativas”
Antoine de Saint-Exupéry
RESUMO
O Brasil é o quarto maior consumidor de sacarose do mundo, este alto consumo é motivo de
preocupação tendo em vista os efeitos prejudiciais quando consumidos de forma
desarmoniosa, principalmente por crianças e jovens. O grande obstáculo de um consumo
consciente e moderado está na redução do açúcar inserido no desenvolvimento e fabricação
de produtos industrializados. A bala de goma ou jujuba são doces produzidos em grande
variedade de formatos, cores e sabores e apresentam baixa contribuição nutricional. A
inserção de frutas na formulação de balas pode ser utilizada como veículo para disponibilizar
nutrientes essenciais à saúde. Neste trabalho, objetivou-se desenvolver uma bala de goma
utilizando a polpa da sapota (Manilkara zapota L.) em substituição parcial da sacarose
presentes na formulação tradicional. Para formulação da bala utilizou-se como ingredientes:
polpa de sapota, açúcar, xarope de glicose, gelatina, pectina e ácido cítrico. Realizou-se o
planejamento experimental da bala com as variações de gelatina (5%, 10% e 15%) e pectina
(0,5%, 1% e 1,5%). Após a elaboração das balas realizou-se a análise fisico-quimica da polpa
de sapota. Nas balas elaboradas avaliou-se o cisalhamento, a textura, a cor e as caracteristica
físico-químicas de diferentes formulações das balas. Diante dos resultados a polpa obteve
valor de pH 6,10, umidade 74,7%, sólidos solúveis totais de 18,4 ºBrix e açúcares totais de
13,88%. Na avaliação da cor das formulações de bala indicaram tendência para cores mais
escuras com intensidade de vermelho e amarelo. A formulação 2 apresentou melhor
resultados de cisalhamento de 10N, com está analise definiram-se as quantidades de gelatina e
pectina adequadas para elaboração das balas. A presença de polpa de fruta como ingrediente
influencia a textura das balas de goma. As formulações 2 (5% gelatina, 0,5% pectina e 0,75g
de ácido citrico) e 6 (5% gelatina, 0,5% pectina e 1,25g de ácido citrico) apresentaram
diferenças significativas (p ≤ 0,05) no parâmetro de dureza. A formulação 6 obteve melhores
resultados, devido ao aumento da concentração de ácido cítrico, que resultou em pH de 3,91,
sólidos solúveis totais de 75,7 ºBrix e açúcares totais de 54,9%. As análises indicaram que é
possível desenvolver uma bala de goma utilizando a polpa da sapota em substituição parcial
de açúcares, sendo viável para o desenvolvimento de um produto inovador.
Brazil is the fourth greatest consumer of sucrose in the world; this high intake is worrisome
considering its harmful effects when consumed in a disharmonious manner, especially by
children and young persons. The great obstacle for a conscious and moderate consumption
lies in the reduction of sugars inserted in development and fabrication of industrialized
products. Jelly candies, or gummis, are sweets produced in a large variety of shapes, colors
and flavors and offer low nutricional value. The insertion of fruits in the formulation of
candies can be used as a means for providing nutrients essential to health. This study’s main
objective was the development of a jelly candy using pulp from the sapodilla (Manilkara
zapota L) as a partial substitute for the sucrose present in the traditional formulation. For the
production of the candy the following ingredients were used: sapodilla pulp, sugar, glucose
syrup, gelatin, pectin and citric acid. The candy’s experimental planning was done with
variations in gelatin (5%, 10% and 15%) and pectin (0.5%, 1% and 1.5%). After the
preparation of the candies came the physical and chemical analysis of the sapodilla pulp. In
the produced candies, the shear strength, texture, color and physical and chemical of different
preparations were tested. The resulting values for the pulp were a pH of 6.10, humidity of
74.7%, a total of soluble solids of 18.4 °Brix and a a total sugar percentage of 13.88. In the
color evaluation of each candy preparation a higher tendency towards darker colors was
perceived, with greater intensity in reds and yellows. Preparation 2 showed better results with
shear strength of 10N; with this analysis the adequate quantities of gelatin and pectin for the
formulation of these candies were defined. The presence of fruit pulp as an ingredient
influences the texture of the jelly candies. The preparations 2 (5% gelatin, 0.5% pectin and
0.75g citric and) and 6 (5%gelatin, 0.5% pectin and 1.25g citric acid) displayed significative
differences (p ≤ 0.05) in the hardiness parameter. Preparation 6 obtained better results, due to
the increase in citric acid concentration, which resulted in a pH of 3.91, total of soluble solids
of 75.7 °Brix and a total of sugars of 54.9%. The analyses point to the sapodilla pulp as a
viable partial substitute for sugars in jelly candies, thus making feasable the development of
an innovative product.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 15
2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 17
2.1 GERAL ................................................................................................................ 17
2.2 ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 17
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 18
3.1 CONSUMO DE AÇÚCAR NO BRASIL............................................................ 18
3.2 MERCADO DE BALAS NO BRASIL ............................................................... 18
3.3 BALAS DE GOMA ADICIONADAS DE SUCOS DE FRUTAS .................... 20
3.4 TECNOLOGIA DE FABRICAÇÃO DE BALAS DE GOMA ........................... 21
3.4.1 Matéria-prima ............................................................................................. 21
3.4.1.1 Água ........................................................................................................... 21
3.4.1.2 Agente geleificante ..................................................................................... 21
3.4.1.3 Açúcar ........................................................................................................ 22
3.4.1.4 Xarope de glicose ....................................................................................... 23
3.4.1.5 Ácido cítrico ............................................................................................... 24
3.4.1.6 Aromatizantes............................................................................................. 24
3.5.1.7 Corantes...................................................................................................... 25
3.4.2 Processo de elaboração de balas de gelatina ............................................. 25
3.5 SAPOTA .............................................................................................................. 26
4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 28
4.1 COLETA DE FRUTOS ....................................................................................... 28
4.2 ELABORAÇÃO DAS POLPAS DE SAPOTA .................................................. 28
4.3 FORMULAÇÃO DAS BALAS DE GOMA ....................................................... 29
4.4 ELABORAÇÃO DAS BALAS DE GOMA........................................................ 30
4.5 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICAS DA POLPA E BALA DE GOMA .................. 31
4.5.1 pH.................................................................................................................. 31
4.5.2 Acidez titulável ............................................................................................ 31
4.5.3 Sólidos solúveis por refratometria (ºBrix) ................................................ 32
4.5.4 Açúcares redutores (glicídios redutores em glicose) ................................ 32
4.5.5 Açúcares totais (glicose e sacarose)............................................................ 33
4.6.6 Açúcares não redutores em sacarose ......................................................... 33
4.5.7 Umidade ....................................................................................................... 34
4.5.8 Atividade de água (Aw)............................................................................... 35
4.6 DETERMINAÇÃO DE TEXTURA (TPA) E CISALHAMENTO .................... 35
4.7 DETERMINAÇÃO DE COR .............................................................................. 36
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................. 36
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 37
5.1 POLPA DE SAPOTA ........................................................................................... 37
5.2 BALAS DE GOMA ADICIONADAS DE POLPA DE SAPOTA ..................... 39
5.2.1 Elaboração das balas e determinação da força de cisalhamento ............ 39
5.2.2 Análise de cor ............................................................................................... 41
5.2.3 Determinação de textura (TPA) ................................................................. 44
5.2.4 Analises físico-químicas .............................................................................. 46
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 49
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Desenvolver uma bala de goma utilizando a polpa da sapota (Manilkara zapota L.) em
substituição parcial da sacarose presentes na formulação tradicional.
2.2 ESPECÍFICOS
● Caracterizar a polpa de sapota (Manilkara zapota L.) quanto a seus parâmetros físico-
químicos;
● Elaborar diferentes formulações de bala de goma adicionada de polpa de sapota
(Manilkara zapota L);
● Determinar o perfil de textura e força de cisalhamento das balas;
● Realizar a caracterização físico-química das balas;
● Determinar os parâmetros de cor das balas;
● Estudar o processo de fabricação de balas de goma.
18
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As balas são um doce que possui ampla diversidade no mundo, porém, apesar da
popularidade e alto consumo por pessoas de várias faixas etárias, não há registros precisos
sobre sua história no Brasil. Supostamente, as primeiras balas produzidas e consumidas no
Brasil foram as "balas japonesas" ou “balas de mistura”, produzidas por portugueses ou
italianos, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. De acordo com a Associação
19
deseja investir nesse segmento deve buscar informação sobre o segmento em que pretende
atuar (SEBRAE, 2017).
As frutas são reconhecidas como fonte de vitaminas, fibras, minerais e ainda outras
substâncias importantes nutricionalmente para a dieta humana. O alto teor de vitamina C,
presença de carotenóides e flavonóides são fatores que conferem qualidade as frutas, estes
compostos têm despertado interesses, devido às suas importantes funções e ações para a saúde
humana, especialmente por atuarem como antioxidantes e sequestrantes de radicais livres,
capazes de ajudar a reduzir o risco de enfermidades como o câncer e doenças cardiovasculares
(AGUIAR, 2001).
Apesar da população recorrer a hábitos alimentares mais saudaveis buscar
características naturais em produtos, a indústria de alimentos ainda faz uso de frequente de
sabor e aroma artificial, os quais reproduzem características sensoriais de frutas em sucos,
balas e chicletes. Estes sabores podem ser fornecidos pelos compostos orgânicos ésteres,
como por exemplo, butanoato de etila (aroma de abacaxi), etanoato de butila (sabor de maçã
verde), acetato de pentila (aroma artificial de banana) (SOUZA, 2017).
A incorporação de frutas em confeitos se apresenta como alternativa potencial de
adequação das indústrias à demanda do consumidor por produtos mais saudáveis e naturais.
Os sólidos solúveis presentes nas frutas em alguns casos podem substituir parte da sacarose,
além das frutas contribuir para saborizar e colorir os alimentos, permitindo reduzir o uso de
aditivos (AVELAR, 2016).
As balas de gomas possuem baixo custo, alta disponibilidade e ampla aceitação por
todas as faixas etárias e classes sociais (DALMAGRO, 2014). Porém a fabricação e
comercialização destas balas com suco de fruta acrescidas ou não de ingredientes funcionais
são pouco popularizadas, estes produtos se enquadram na categoria de confeitos funcionais ou
confeitos fortificados, segmento que engloba os produtos fortificados com vitaminas, minerais
ou outros ingredientes com algum aspecto nutricional ou propriedade relacionada à saúde
(GARCIA; PENTEADO, 2005), sendo majoritariamente vendidos em farmácias. Contudo é
crescente os estudos e lançamentos de produtos de confeitaria com a adição polpa, suco e
extrato de frutas em razão dos consumidores desejarem apreciar produtos com atributos
sensoriais característicos das frutas.
21
3.4.1 Matéria-prima
3.4.1.1 Água
As balas de goma são confeitos de baixa cocção e com alto conteúdo de umidade cuja
textura é fornecida pelo agente geleificante utilizado, podendo ser goma arábica, ágar,
gelatina, pectina e amidos especiais (GARCIA; PENTEADO, 2005). A aceitação e
preferência dos consumidores em relação a estas balas estão relacionados a textura, a boa
claridade ou ausência de turbidez e a cor clara e brilhante. Na indústria de alimentos, a
gelatina é amplamente utilizada devido a suas propriedades reológicas e a característica de
derretimento na boca que é aliada à sua textura elástica e sensação agradável no paladar as
quais proporcionam excelentes características sensoriais (AGILERA; RADEMACHER,
2004).
A gelatina é uma proteína derivada da hidrólise parcial do colágeno, a qual é o
principal constituinte da pele, ossos, tendões e tecidos conjuntivos de animais, principalmente
22
3.4.1.3 Açúcar
camada que avança da superfície para o centro da bala, resultando em perda de sabor, além da
alteração na cor do produto (HARTEL, 2001).
De acordo com Hoppe, Mallmann e Oliveira (2015) os açúcares redutores podem ser
formados pela hidrólise da sacarose (inversão), uma reação química cuja cinética é controlada
pela atividade de água e pH, sendo favorecida por soluções ácidas e em meio com alto teor de
umidade, resultando na formação de glicose e frutose, que além de açúcares redutores,
também são conhecidas como açúcares invertidos.
Os açúcares presentes nas balas são responsáveis por realçar o sabor e cor, ajudam a
manter o conteúdo da água, controlam o crescimento de bactérias, leveduras e bolores,
diminui a oxidação, isto é, conserva o alimento e permite uma melhor vida de prateleira, além
de ajudar a proporcionar textura ideal do produto (CARRETA, 2006).
3.4.1.6 Aromatizantes
3.5.1.7 Corantes
São aditivos alimentícios definidos como toda substância que confere, intensifica ou
restaura a cor de um alimento. São utilizados em baixa quantidade para alcançar a função
tecnológica garantindo aos alimentos industrializados aparência próxima do natural. Destaca-
se como aditivo essencial para a indústria de alimentos na conquista do mercado, pois para o
consumidor o aspecto visual é um importante fator para a seleção dos produtos (ALVES et al.
2008)
A aparência, segurança, características sensoriais e aceitabilidade dos alimentos são
afetadas pela cor, sendo este um dos principais atributos percebidos pelo consumidor no
momento de compra e consumo. De acordo com Food Ingredients Brasil (2016) os corantes
são adicionados aos alimentos para dar uma tonalidade distinta e fazê-los parecerem mais
atraentes, devido à perda de cor durante o processo e possíveis variações de cor de matéria-
prima. Os corantes alimentícios também ajudam a distinguir um produto de outro,
diferenciando sabores de uma mesma base ou mesmo dando identidade a uma marca, como
ocorre na indústria de balas, pirulitos, jujubas entre outros.
O uso de corantes na indústria de alimentos e bebidas ganhou popularidade ao longo
dos anos e deu origem ao uso de corantes sintéticos e naturais. Os corantes naturais podem
melhorar o valor nutricional do alimento, além da função principal de auxiliar a qualidade
visual dos produtos alimentares. Estas potenciais propriedades nutracêuticas podem fazer a
diferença na hora da escolha entre cores naturais ou sintéticas de alimentos em um momento,
onde a dieta humana é cada vez mais baseada em alimentos processados (DALMAGRO,
2014).
O processo mais comum de fabricação de balas de goma consiste nas etapas básicas
do processamento que podem ser resumidas em cozimento, moldagem, remoção dos moldes,
finalização e embalagem. De acordo com Garcia e Penteado (2005), o processo de fabricação
das gomas de gelatina consiste em dissolver a gelatina em meio líquido em temperatura de 80
26
3.5 SAPOTA
de carboidratos em 100g de polpa, destacando pelo elevado teor de açúcar, além de possuir
vitaminas A, B1, B2, B5, e C, e minerais como o cálcio, fósforo e ferro (COSTA, 2000,
BRASIL, 2014).
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.5.1 pH
Vx0,64
Acidez = equivalente g de ácido cítrico/100g (1)
A
Vxfx100
Acidez% = (2)
Ax10
Onde:
V = Volume em mL gasto da solução de hidróxido de sódio 0,1N
f = Fator da solução de hidróxido de sódio 0,1 ou 0,01 M
A= nº de g da amostra usado na titulação
0,64 = Fator de conversão do ácido cítrico
32
𝐹𝐶/2𝑋250𝑋100
Açúcares redutores em glicose(%) = (3)
𝑉𝑥𝑃
Onde:
FC = Fator de correção da solução de Fehling.
V = Volume em mL da amostra gasto na titulação.
P = Peso da amostra em g.
33
Para a determinação açúcares totais da polpa e das balas de goma foi utilizando 50 mL
das soluções de amostras preparadas anteriormente (determinação de açúcares redutores), em
seguida, transferidas para Erlenmeyers, onde foi adicionado 2ml de ácido clorídrico
concentrado e colocados em banho-maria a 60ºC por 90 minutos. Decorrido o tempo
estabelecido, as amostras foram estriadas e neutralizadas com solução de hidróxido de sódio,
posteriormente transferidas para balões volumétricos de 250mL e completados com água
destilada, colocou-se a amostra na bureta. No Erlenmeyer pipetou-se 5mL Fehling A e 5mL
de Fehling B, adicionou 40mL de água destilada e titulou-se até atingir a coloração vermelho-
tijolo (AOAC, 2005). Anotou o volume gasto para a realização do cálculo (4):
𝐹𝐶/2𝑋250𝑋100
Açúcares totais (glicose + sacarose)% = (4)
𝑉𝑥𝑃
Onde:
FC = fator de correção da solução de Fehling.
V = volume em mL da amostra gasto na titulação.
P = peso da amostra em g.
Para esta determinação foi utilizado os resultados das análises anteriores, empregando
o seguinte cálculo (5):
Açúcares não redutores em sacarose(%) = (AT– AR)x 0,95 (5)
Onde:
AT = Açúcares totais
AR = Açúcares redutores
0,95 = Fator de conversão da sacarose.
4.5.7 Umidade
A análise de umidade da polpa de sapota (Figura 6A) e balas de gomas (Figura 6B) foi
realizada em triplicata, seguindo a metodologia do Instituto Adolfo Lutz (2008) com
adaptações. Primeiramente pesou-se 4,0000g da amostra em cápsulas de alumínio,
previamente taradas, em seguida as amostras foram submetidas a banho-maria (60 a 70°C)
(Acblabor) por aproximadamente 10 minutos, posteriormente levou-se as cápsulas a estufa de
circulação de ar (Solab) a 50°C (para evitar caramelização) e as amostras foram mantidas em
estufa até que a diferença entre as pesagens não fosse superior a 0,0005g. Anotou os pesos das
cápsulas para a realização do cálculo (6):
A−Asx100
Umidade% = 𝑃
(6)
Onde:
A= Massa em g da cápsula + amostra integral.
As = Massa em g da cápsula + amostra seca.
P = Massa em g da amostra.
35
Figura 7 – Texturômetro
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 8 – Balas de goma elaboradas com polpa de sapota (Manilkara zapota L.) em
diferentes teores de gelatina e pectina
1 2 3 4 5
Formulações: 1 (5% gelatina e 1,5% pectina), 2 (5% gelatina e 0,5% pectina), 3 (10%
gelatina e 1% pectina), 4 (15% gelatina e 0,5% pectina) e 5 (15% gelatina e 1,5%
pectina). Fonte: Próprio autor
Força maxima na
cisalhamento (N)
60,
ruptura em 40,
20,
0,
1 2 3 4 5
Formulações
Em relação à força máxima na ruptura em cisalhamento, que pode ser entendida como
força de corte (TYAGI, et al., 2007), as formulações 1 e 2 apresentaram menor força de corte,
quando comparada às demais amostras com 10% e 15% de gelatina. As formulações 3 e 5
podem ser comparadas aos biscoitos produzidos por Mansur (2011) que obteve força máxima
na ruptura em cisalhamento de aproximadamente 40N e 50N para biscoitos formulados com
14% e 21% de dextrina de trigos. Estes resultados indicam que as amostras com 5% de
gelatina são mais frágeis ao corte do que as demais amostras, características mais similares
das balas de goma, o que possibilitou o descarte das formulações 3, 4 e 5.
O gráfico mostrou que para cortar a formulação 4 (15% gelatina e 0,5% pectina)
utilizou o dobro da força aplicada para cortar a formulação 5 (15% gelatina e 1,5% pectina),
por possuir maior quantidade de pectina e deveria apresentar maior dureza e resistência ao
corte em comparação com a formulação 4. Tal fato pode ser explicado pela mistura dos
ingredientes na preparação das formulações, em que a formulação 5 pode ter sido mais
homogeneizada do que a formulação 4, resultando na formação de um gel mais firme, no
caso, o gel da pectina da formulação 5 provavelmente foi quebrado pela força na agitação
manual, pois as formulações com 15% de gelatina resultaram em uma massa de consistência
mais firme e pesada durante a preparação das balas de goma.
O xarope de glicose presente nas formulações tem maior interação com a água do
sistema e menor interação com a pectina, o que favorece a obtenção de géis mais rígidos por
ligações intermoleculares de pectina (EVANGELIOU; RICHARDSON; MORRIS, 2000),
como observado nas formulações 3, 4 e 5. A temperatura de cocção na qual começa a se
formar o gel, durante o processo de resfriamento depende diretamente do grau de esterificação
41
Tabela 3 – Parâmetros de cor avaliados nas balas de sapota (Manilkara zapota L.)
Formulação L* a* b* C* hº
1 29,61 ± 0,99 7,17 ± 0,59 5,77 ± 0,82 9,21 ± 0,96 38,72 ± 1,76
2 28,38 ± 0,45 7,29 ± 0,59 5,17 ± 0,07 8,94 ± 0,28 35,02 ± 0,75
3 37,50 ± 1,69 9,81 ± 0,95 14,14 ± 1,62 17,25 ± 1,82 55,25 ± 1,45
4 37,09 ± 2,31 10,75 ± 0,26 15,39 ± 1,51 18,84 ± 1,25 55,09 ± 2,21
5 36,32 ± 1,27 8,88 ± 0,20 12,90 ± 0,99 15,66 ± 0,92 55,41 ± 1,44
6 25,61 ± 0,21 2,83 ± 0,34 1,95 ± 0,43 3,44± 0,53 34,16 ± 2,81
Valores expressos em média ± desvio padrão. L* – luminosidade (branco cem ao preto zero). a* –
intensidade de verde (-) e vermelho (+). b* – intensidade de azul (-) e amarelo (+). C* –
cromaticidade. hº – ângulo de tonalidade. Formulações com 0,75g de ácido cítrico: 1 (5% gelatina e
1,5% pectina), 2 (5% gelatina e 0,5% pectina), 3 (10% gelatina e 1% pectina), 4 (15% gelatina e
0,5% pectina) e 5 (15% gelatina e 1,5% pectina). Formulação com 1,25g de ácido cítrico: 6 (5%
gelatina, 0,5% pectina).
Tabela 4 – Perfil de textura instrumental (TPA) de jujubas comerciais e das balas de sapota
(Manilkara zapota L.)
Amostras
Parâmetros
Jujuba 1 Jujuba 2 Formulação 2 Formulação 6
Adesividade (mJ) 0,60 ± 0,14a 0,50 ± 0,17a 30,86 ± 3,50c 16,47 ± 2,29b
Elasticidade 0,16 ± 0,01c 0,11 ± 0,02b 0,02 ± 0,01a 0,05 ± 0,01a
Coesividade 0,28 ± 0,03a 0,41 ± 0,04c 0,50 ± 0,04d 0,36 ± 0,01b
Gomosidade (N) 32,54 ± 6,58b 49,48 ± 2,64c 15,23 ± 1,19a 14,59 ± 0,75a
Mastigabilidade
166,60 ± 51,05a 271,57 ± 17,65b 245,57 ± 76,93ab 92,35 ± 5,18a
(mJ)
Dureza (N) 114,41 ± 11,73c 122,64 ± 9,21c 30,52 ± 2,93a 41,24 ± 3,31b
Valores expressos em média ± desvio padrão. a-d letras distintas na mesma linha apresentam
diferenças estatísticas entre si pelo teste Tukey (p ≤ 0,05). Jujuba 1 (jujuba comercial com
revestimento de açúcar); Jujuba 2 (jujuba comercial com revestimento de amido); Formulação 2 (5%
gelatina, 0,5% pectina e 0,75g de ácido cítrico); Formulação 6 (5% gelatina, 0,5% pectina e 1,25g
de ácido cítrico).
A textura das jujubas comerciais e das balas de goma formuladas se difere pelos
ingredientes e quantidades dos insumos adicionados aos produtos. Para elaboração das jujubas
comerciais utiliza-se, predominantemente, açúcar, xarope de glicose, amido de milho
modificado, aromatizantes, corantes artificiais e acidulante (ácido cítrico). Enquanto para as
balas emprega-se a polpa da fruta, açúcar, xarope de glicose, gelatina, pectina e ácido cítrico,
todavia utilizou-se 55% de polpa na formulação, em substituição ao amido de milho
modificado está presente a gelatina e pectina como agente geleificante, aromatizantes e
corentes não são utilizados.
45
das balas, quanto maior a adição de ácido, maior a firmeza ou dureza do produto, resultados
similares foram encontrados por Menezes et al (2009).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AMIRA, E. A. et al. Chemical and aroma volatile compositions of data palm (Phoenix
dactylifera L.) fruits at maturation stages. Food Chemistry, v. 127, p. 1744–1754, 2011.
ASSÍS, S. Balas e doces, Panorama. Anuário Comércio Exterior, 2006. Análise Comércio
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