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MACHADO - MG
2015
Aline Aparecida dos Santos Silva
MACHADO – MG
2015
Aline Aparecida dos Santos Silva
___________________________________
Profª. Drª. Brígida Monteiro Vilas Boas
Orientadora
MACHADO – MG
2015
Aos meus pais José Raimundo e Roselene,
pelo amor e compreensão e por estarem
sempre ao meu lado.
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelo dom da vida, por ter me dado forças para superar as dificuldades para que
pudesse chegar até aqui.
Aos meus pais pelos conselhos e por sempre apoiarem os meus sonhos.
Aos meus irmãos Rosiane e Rikesley pela amizade, companheirismo.
Ao meu sobrinho Rhyan, por sempre me fazer sorrir.
Às minhas amigas Jamila e Cinthia, pelo apoio, conselhos, pelas risadas, por me acolher
sempre que precisei em suas casas. Por toda ajuda na realização deste trabalho.
À professora e orientadora Brígida Monteiro Vilas Boas, pelo apoio, dedicação, seriedade e
paciência.
Aos meus colegas de curso, pelo companheirismo, bons momentos vividos, por poder fazer
parte da “Família Alimentos”.
Às minhas amigas Jane, Regeane, Richely, Renata, Vanessa, Sandra e Aline, pela amizade e
palavras de incentivo.
À todos os professores, por todo apoio e conhecimento proporcionado.
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais- Campus
Machado, pela oportunidade, pelo conhecimento adquirido durante esses três anos.
À todos que de alguma forma contribuíram com a realização deste trabalho.
Muito obrigada
“Não temas, porque eu sou contigo; não te
assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e
te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.”
Isaías 41:10
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi elaborar bolos com adição de casca de banana, mamão e manga
e compará-los ao tradicional, avaliando a cor, composição centesimal, valor energético e
aceitabilidade sensorial. O experimento foi realizado no IFSULDEMINAS - campus
Machado. Foram elaboradas 4 formulações de bolos, sendo o tradicional com leite de vaca e
os elaborados com cascas de banana, mamão e manga. Com relação à cor da crosta houve
diferença significativa entre as quatro formulações nos parâmetros L*, a*, b*, ângulo hue e
croma. Os resultados obtidos mostraram que a adição de cascas na elaboração dos bolos
influenciou na cor do miolo, diminuindo a luminosidade e a tonalidade (ângulo hue) com
relação ao bolo tradicional (com leite de vaca). O bolo tradicional e com casca de banana
apresentaram maior teor de cinzas não diferindo estatisticamente entre si. A partir da adição
de cascas nas preparações houve um incremento no teor de fibras, não havendo diferença
significativa entre as três formulações elaboradas com cascas. O bolo com casca de manga
apresentou o maior valor energético, porém os bolos controle, com casca de banana e mamão
não diferiram entre si significativamente. A análise sensorial (realizada com 100 provadores
não treinados, formado por 64% de mulheres e 36% de homens, com faixa etária entre 15 e 32
anos) demonstrou que o bolo com casca de banana foi o mais aceito, não diferindo
significativamente do bolo tradicional com relação aos atributos de cor, sabor, textura e
aparência global. O bolo elaborado com casca de banana também apresentou maior intenção
de compra, juntamente com o bolo controle. De modo geral os bolos elaborados com cascas
de banana, mamão e manga apresentaram bom valor nutricional e aceitabilidade sensorial
para todos os atributos sensoriais avaliados. Conclui-se que é viável a adição de cascas de
frutas na elaboração de bolos, além de contribuir para minimizar a quantidade de resíduos
gerados poderá auxiliar na incorporação de nutrientes às preparações.
This study was prepared cakes with added banana peel, papaya and mango, compare them to
traditional, evaluating the color, chemical composition, energy value and sensory
acceptability. The experiment was conducted in IFSULDEMINAS - Machado campus. 4
formulations cakes were prepared, so traditional with cow's milk and made with banana,
papaya and mango peels. Regarding the crust color was no significant difference among the
four formulations in the parameters L *, a *, b *, hue angle and chroma. The results showed
that the addition of shells in the preparation of cakes influenced the crumb color by decreasing
the brightness and tint (hue angle) compared to the control cake (cow's milk). The control
cake and banana peel had higher ash content did not differ statistically from each other. From
the addition of shells in the preparations there was an increase in fiber content, with no
significant difference among the three formulations prepared with shells. The cake with
mango peel had the highest energy content, but the control cakes with banana and papaya peel
did not differ significantly. The sensory analysis (conducted with 100 untrained panelists,
made up of 64% women and 36% men, aged between 15 and 32 years) showed that the cake
with banana peel was the most accepted, not differing cake significantly control with respect
to color attributes, taste, texture and overall appearance. The cake prepared with banana peel
also showed greater intent to purchase, along with the cake control. In general the cakes made
with banana peels, papaya and mango showed good nutritional value and sensory
acceptability for all evaluated sensory attributes. It concludes that it is feasible the addition of
fruit peels in the preparation of cakes, as well as help reduce the amount of waste generated
can assist in the addition of nutrient preparations.
Key-words: fruit peels, sensory analysis, color, chemical composition, waste recovery.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9
1. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 11
1.1. Bolo ................................................................................................................................ 11
1.2. Cascas de frutas ............................................................................................................. 12
2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 16
2.1. Matérias-primas ............................................................................................................. 16
2.2. Elaboração dos bolos ..................................................................................................... 16
2.3. Análise de cor ................................................................................................................ 18
2.4. Composição centesimal e valor energético .................................................................... 18
2.5. Análise sensorial ............................................................................................................ 18
2.6. Delineamento experimental e análise estatística............................................................ 20
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 21
4. CONCLUSÕES................................................................................................................... 28
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 29
9
INTRODUÇÃO
O consumo mundial de frutas tem crescido nos últimos anos a uma taxa média anual
de 5,6%. Parte deste crescimento pode ser explicada pela mudança de hábito dos
consumidores, os quais cada vez mais procuram nas frutas, a garantia de um alimento
saudável e funcional (SOUSA et al., 2014). Porém, um quarto da produção de frutas e
hortaliças não é aproveitado, o que não só constitui um puro desperdício, mas também um
desconhecimento e preconceito acerca da utilização de talos, folhas, cascas e sementes.
Alguns estudos referem que o desperdício no consumo doméstico chega a 20% do que se
compra para casa (FERNANDES, 2012).
Durante o processamento de frutas e hortaliças, são gerados resíduos que são
descartados no meio ambiente ou utilizados como produtos de baixo valor agregado. Uma
alternativa que vem se destacando desde o início da década de 1970 é o aproveitamento de
resíduos (principalmente cascas) de certas frutas como matéria-prima para a produção de
alimentos possíveis de serem incluídos na alimentação humana (OLIVEIRA et al., 2002).
Na avaliação de composição centesimal e de minerais das cascas de sete tipos de frutas
(banana, mamão, abacaxi, maracujá, abacate, melão e tangerina), Gondim et al. (2005)
concluíram através de análises químicas que as cascas das frutas em geral apresentam teores
de nutrientes maiores do que as das suas respectivas partes comestíveis, desta forma podem
ser consideradas como fonte alternativa de nutrientes.
A importância nutricional está no fato de que talos, folhas e cascas são, muitas vezes,
mais nutritivas que as partes dos alimentos que estamos acostumados a comer, sendo que, ao
ser desprezado, este material vai fazer parte do volume dos resíduos de origem orgânica .
Desta forma ao se passar a consumi-los, além do acesso a uma nova fonte de nutrientes, está-
se agregando valor econômico, visto ter mais alimento por um mesmo preço, e social, quando
se está ofertando uma alternativa barata para o combate à fome e subnutrição. O homem
primitivo tinha por costume consumir os vegetais por completo, mas com o tempo os tabus
alimentares foram surgindo, além do aumento da situação econômica, fazendo com que o
costume fosse alterado (PRIM, 2003).
Devido à grande quantidade de alimentos que são descartados diariamente, reduzir o
custo das preparações e proporcionar o aumento no rendimento e valor nutricional é de grande
importância (NUNES; BOTELHO, 2009). Os resíduos de frutas podem ser aproveitados na
elaboração de barras de cereais, sucos, bolos, geleia, farinhas, dentre outros (CARDOSO et
10
al., 2010). Segundo Vilar e Castro (2013) o bolo é um produto interessante para o
desenvolvimento de receitas com fins especiais por ser um produto de fácil preparação, de
baixo custo e que permite a modificação de seus ingredientes.
Embora não constitua alimento básico como o pão, o bolo é aceito e consumido por
pessoas de diferentes faixas etárias. Trata-se de produto obtido pela mistura homogeneização
e cozimento conveniente de massa preparada com farinhas, fermentadas ou não e outras
substâncias alimentícias como, por exemplo, leite, ovos e gordura (BORGES et al., 2006).
Neste contexto, este trabalho visa elaborar bolos com adição de casca de banana,
mamão e manga em substituição ao leite de vaca e compará-los ao tradicional, avaliando a
cor, composição centesimal, valor energético e aceitabilidade sensorial.
11
1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. Bolo
De acordo com a Resolução no12, da Comissão Nacional de Normas e Padrões para
Alimentos, bolo é o produto assado, preparado à base de farinhas ou amidos, açúcar, fermento
químico ou biológico, podendo conter leite, ovos, manteiga, gordura e outras substâncias
alimentícias que caracterizam o produto (BRASIL, 1978).
O bolo é tão antigo, quanto o hábito humano de celebrar acontecimentos sociais com
alimentos. O fascínio por essa massa basicamente constituída de farinha, ovos e açúcar levou
a se multiplicar através dos tempos e povos, elaborando receitas com diferentes ingredientes,
conferindo-lhe sabor e textura agradáveis. Embora contenha alta proporção de açúcar, amido
e gordura que favoreçam uma contribuição calórica, o bolo, pela sua propriedade de aceitar
diversos ingredientes na confecção, constituiu fontes inesgotáveis de opções de
enriquecimentos nutritivo (ROSSETTI, 2006 apud PANZARINI et al., 2014).
O consumo de bolos artesanais no Brasil tem crescido, onde podem ser encontrados
em diversos pontos de vendas, tais como: padarias, confeitarias, lanchonetes, etc. Já os bolos
industriais devido à maior vida de prateleira têm ganhado mercado e já se observa vários
sabores e tipos diferentes de ingredientes na sua elaboração. A população brasileira sempre
considerou a utilização de pães e biscoito como fazendo parte do cotidiano e o bolo como fora
da rotina diária. Porém os profissionais da área de nutrição devem incentivar o consumo de
bolos em substituição a pães e biscoitos principalmente os que são produzidos com
ingredientes com propriedades funcionais, que trazem benefícios para a saúde humana e
muitas vezes estes ingredientes não são utilizados por falta de conhecimento de como prepará-
los. Hoje podemos afirmar que embora os bolos sempre tenham estado associados a festas e
comemorações, com o tempo, tornou-se um alimento mais comum, presente quase que
diariamente à mesa (CASTRO, 2010).
O mercado de bolos artesanais está em expansão, com as mulheres no mercado de
trabalho e a busca por produtos fabricados de forma mais simples e saudáveis, tem surgido
várias empresas voltadas para este setor.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e
Pães e Bolos Industrializados, o consumo de bolos industrializados se encontra na faixa de
0,20 kg/habitante/ano, porém o Brasil figura na sétima colocação global no ranking de vendas
de bolos e pães. O consumo no ano passado ficou em 275,2 mil t, o compartimento de bolos
12
industriais faturou R$ 685 milhões em 2014, desempenho 14,2% superior ao de 2013. Boa
parcela dos consumidores não tem mais tempo para preparar o doce em casa. A maioria dos
brasileiros também não cultiva o hábito de fazer o pão ou bolo para consumo diário, buscando
adquirir o produto de sua preferência nas padarias ou supermercados. Esse comportamento
justifica os índices de penetração nos lares de 76,2% para pães e 50,7% para bolos
(ABIMAPI, 2015).
A tendência da saudabilidade, pautado por nutrição e saúde, constitui na cena atual
uma das maiores frentes de oportunidade cultivadas pelas tacadas de marketing do setor,
associada ao aumento de exigências e senso crítico manifestado pelos consumidores
brasileiros nos últimos anos, a tiracolo da melhora do poder aquisitivo da população em geral.
Os pães e bolos enquadrados nessa moldura de bem-estar físico, como versões light/diet e/ou
enriquecidas com cereais integrais e vitaminas já abocanham cerca 30-40% das vendas do
setor (ABIMAPI, 2015).
Vários estudos têm sido realizados com o intuito de aumentar a qualidade nutricional
de bolos com a adição de resíduos de frutas que geralmente seriam descartados, como por
exemplo, a utilização de farinha de casca de maracujá (VIEIRA et al., 2010; MIRANDA et
al., 2013), farinha da entrecasca de melancia (GUIMARÃES; FREITAS; SILVA, 2010),
resíduos de casca de abacaxi (MARTIN et al., 2012), casca de banana, laranja com casca,
semente de mamão e melão (STORCK et al. 2013) dentre outros, como forma de incrementar
fibras, minerais, e outros nutrientes às preparações.
cascas de banana possuem teores de minerais em torno de 66,71 mg de Ca, 1,26 mg de Fe,
54,27 mg de Na, 29,96 mg de Mg e 1,99 g de fibras (em 100g de amostra), valores estes
superiores ao das partes comestíveis. Um estudo realizado por Rabelo et al. (2013) que
verificaram a composição físico-química da casca de três variedades de banana em dois
estágios de maturação, concluíram que as cascas de banana apresentam em seu estágio de
maturação maduro maiores teores de proteína, fibra bruta e cinzas, sendo preferível a
utilização para elaboração de farinhas, doces, bolos, pães, entre outros, neste estágio.
Marques et al. (2010) através da análise de composição centesimal e de minerais de
casca e polpa de manga concluíram que os teores de proteína, amido e fibra alimentar da
casca são maiores do que na polpa. Os teores de magnésio, fósforo, sódio, potássio e cálcio
também são maiores para a porção da casca do que para polpa. Segundo Damiani et al. (2009)
a industrialização da manga, inclusive da casca, pode ser uma alternativa para diminuir as
perdas pelo aproveitamento das frutas fora do padrão de comercialização in natura, para
abrandar a geração de resíduos orgânicos sólidos e produzir alimentos saudáveis pela
incorporação de fibras e compostos com atividade antioxidante oriundos das cascas. Essas
cascas são constituídas por água, proteínas e carboidratos (entre os quais as fibras), o que
possibilita o seu aproveitamento na fabricação de doces, pães, biscoitos, geleias, etc.
O mamão é uma fruta com alta perecibilidade, pela alta taxa de respiração e grande
quantidade de água. Pode ser consumido verde com casca em doces ou ralado para salada,
com processo anterior de solubilização da papaína em água. A casca do mamão amadurecido
e de boa qualidade pode ser utilizada juntamente com a polpa do mamão, por ter uma
espessura fina, em sucos, vitaminas ou consumo in natura (MONTEIRO, 2009). Rinaldi,
Lima e Ascheri (2010) através da caracterização química de cascas e sementes do mamão
Formosa e Papaya concluíram que essas partes podem ser consideradas como fonte alternativa
de nutrientes, podendo fazer parte da alimentação humana e diminuindo o desperdício de
alimentos.
É fator fundamental para a redução do desperdício de alimentos a educação de quem
trabalha com esses produtos, bem como de quem os consome. É preciso esclarecer a
necessidade de cuidados especiais ao lidar com alimentos e enfatizar ações que levem a jogar
menos comida no lixo. Oficinas culinárias, realizadas regularmente, privilegiam dois temas
básicos: o aproveitamento integral dos alimentos e novas receitas, principalmente de
alimentos não convencionais ou para produção de refeição a baixo custo (GONÇALVES,
2005).
15
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Matérias-primas
A banana (Musa paradisiaca) cultivar Prata, a manga (Mangifera indica L.) cultivar
Palmer e o mamão papaia (Carica papaya L.), com os demais ingredientes (farinha de trigo,
fermento químico e manteiga) foram adquiridos em comércio local de Divisa Nova- MG, os
ovos, leite e açúcar fornecidos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia dos
Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) - Campus Machado.
Tabela 1 Ingredientes usados para as formulações dos bolos: controle, cascas de banana,
mamão e manga.
Bolo
Ingredientes
Tradicional Casca de banana Casca de mamão Casca de manga
Manteiga com sal 200 g 200 g 200 g 200 g
Açúcar refinado 200 g 200 g 200 g 200 g
Ovo 220 g 220 g 220 g 220 g
Farinha de trigo 310 g 310 g 310 g 310 g
Leite 250 mL - - -
Água - 170 mL 170 mL 170 mL
Casca de banana - 80 g - -
Casca de mamão - - 80 g -
Casca de manga - - - 80 g
Fermento químico 15 g 15 g 15 g 15 g
As frutas (banana, mamão e manga) foram lavadas em água corrente, com o auxílio de
detergente neutro, imersas em solução clorada (100 ppm por 10 minutos), e enxaguadas em
água corrente. Em seguida foram submetidas ao corte e retirada manual das cascas. As cascas
foram trituradas, separadamente, em mixer (marca Philips Walita) juntamente com a água e
reservadas até o momento da mistura. A elaboração dos bolos foi realizada segundo
metodologia utilizada por Martin et al. (2012). Todos os ingredientes das formulações foram
pesados em uma balança semi-analítica. Inicialmente a manteiga foi batida com açúcar em
batedeira (Planetária da marca Arno), por 4 minutos, em velocidade média e batedor de globo
vazado, em seguida foram incorporadas as gemas, batendo-se a mistura por mais 2 minutos
em velocidade alta. Em seguida, foram adicionados a farinha de trigo e o componente líquido
(leite, casca de banana, mamão ou manga triturados em Mixer com adição de água) em
velocidade baixa, até a obtenção de uma massa lisa e homogênea. As claras foram batida em
batedeira planetária, velocidade alta, até ponto de neve e adicionadas à massa com o auxílio
de uma espátula por meio de movimentos leves e circulares, seguida do acréscimo do
fermento químico.
A massa dos bolos foi colocada em forma retangular (30 cm x 40 cm), untada com
manteiga e polvilhada com farinha de trigo. Os bolos foram assados em forno elétrico à
temperatura de 175°C, por 40 minutos. Em seguida, resfriados à temperatura ambiente. As
quatro formulações foram elaboradas nas mesmas condições, com os mesmos equipamentos e
procedimentos de preparo, a fim de se eliminar eventuais variáveis no processo.
18
pedaço de cada bolo (2,5 cm x 2,5 cm) foi oferecido aos provadores. A ficha usada para a
avaliação sensorial dos bolos encontra-se na Figura 2.
1984).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação à cor da crosta dos bolos, pode-se observar que houve diferença
significativa entre as quatro formulações, com relação aos parâmetros L*, a*, b*, ângulo hue
e croma (Tabela 2). Os bolos elaborados com cascas de banana e de manga não apresentaram
diferenças significativas entre si para o valor L*, mas diferiram estatisticamente em relação as
demais formulações apresentando valores superiores, ou seja, crosta mais clara, pois o valor
L* varia de zero (preto) a cem (branco). Para o bolo tradicional o valor de L* encontrado foi
de 53,01, valor superior ao observado por Bernardino (2011), que encontrou valor de 43,73
para a crosta do bolo controle (com leite e farinha de trigo), tipo cupcakes. Em produtos
forneados, a cor é um parâmetro crítico. Os bolos com crostas muito claras ou muito escuras
são associados a falhas no processo e na formulação (ESTELLER; LANNES, 2005).
Tabela 2 Valores médios de L*, a*, b*, ângulo hue e croma da crosta do bolo tradicional e
com adição de casca de banana, mamão e manga.
Bolo Valor L* Valor a* Valor b* Ângulo hue Croma
Tradicional 53,01 b 18,33 a 39,44 a 65,07 c 43,49 a
Casca de banana 58,97 a 7,55 d 29,28 c 75,56 a 30,24 c
Casca de mamão 40,14 c 15,69 b 24,34 d 57,19 d 28,95 d
Casca de manga 59,34 a 14,67 c 36,64 b 68,18 b 39,47 b
*Médias seguidas por diferentes letras, na coluna, diferem entre si pelo Teste Scott-Knott (p< 0,05).
intensidade de cor que os bolos elaborados com casca. Souza et al. (2012) encontraram para o
parâmetro a* e b* da crosta do bolo controle (com farinha de trigo e leite em pó) os
respectivos valores 13,42 e 22,80, valores estes menores ao encontrado neste trabalho (18,33 e
39,44) para o bolo controle. O bolo com casca de banana apresentou o maior ângulo hue
(Tabela 2), ou seja, mais amarelo. O ângulo hue ou ângulo de cor determina a tonalidade,
assumindo valor 0° para a cor vermelha e 90° para a amarela.
Quanto à cor do miolo, não houve diferença significativa entre os bolos com casca de
mamão e manga com relação ao valor L* (Tabela 3). O bolo elaborado com leite de vaca
(controle) apresentou maior valor L*, demonstrando que seu miolo é mais claro que os bolos
elaborados com cascas (Tabela 3), sendo que este varia de zero (preto) a cem (branco). A
adição de cascas nas preparações favoreceu a redução do valor L*, tornando o miolo dos
bolos mais escuro, principalmente o elaborado com casca de banana que apresentou menor
valor L*, diferindo estatisticamente das demais formulações (Tabela 3).
Tabela 3 Valores médios de L*, a*, b*, ângulo hue e croma do miolo do bolo tradicional e
com adição de casca de banana, mamão e manga.
Bolo Valor L* Valor a* Valor b* Ângulo hue Croma
Tradicional 76,21 a -2,89 b 25,60 c 98,55 a 25,44 c
Casca de banana 61,54 c 4,52 a 22,80 d 78,79 d 23,24 d
Casca de mamão 67,75 b 3,28 a 40,09 a 85,35 b 40,25 a
Casca de manga 66,91 b 4,27 a 28,66 b 81,54 c 28,97 b
*Médias seguidas por diferentes letras, na coluna, diferem entre si pelo Teste Scott-Knott (p< 0,05).
redução da tonalidade do miolo com a adição das cascas das frutas. Andrade et al. (2015)
observaram valores de ângulo hue de 83,8º para o bolo tradicional (sem substituição parcial
da farinha de trigo por farinha desmucilada de taro), valor menor ao encontrado neste
23
trabalho.
Não houve diferença significativa entre o teor de umidade, proteína bruta e fração
glicídica dos quatro bolos em estudo (Tabela 4). Guimarães, Freitas e Silva (2010) obtiveram
para o bolo controle simples (que não contem farinha de entrecasca, a parte branca da
melancia) o valor de 25,68% de umidade, valor aproximado ao encontrado neste trabalho. Em
bolos industrializados a umidade situa-se em valores próximos a 30% (ESTELLER;
ZANCARANO JÚNIOR; LANNES, 2006), as quatro formulações apresentaram teores
próximos de umidade se comparados a porcentagem encontrado em bolos industrializados.
Tabela 4 Composição centesimal (%) e valor nutricional (kcal 100-1 g) dos bolos tradicional e
com adição de casca de banana, mamão e manga.
Extrato Proteína Fibra Fração Valor
Bolo Umidade Cinzas
etéreo bruta bruta glicídica energético
Tradicional 26,68 a 18,59 b 8,06 a 0,14 b 1,11 a 45,42 a 381,20 b
Casca de banana 27,38 a 18,54 b 7,40 a 0,36 a 1,14 a 45,18 a 377,15 b
Casca de mamão 26,68 a 19,34 b 7,12 a 0,41 a 1,00 b 45,44 a 384,33 b
Casca de manga 24,71 a 22,69 a 6,85 a 0,50 a 0,93 b 44,31 a 408,88 a
*Médias seguidas por diferentes letras, na coluna, diferem entre si pelo Teste Scott-Knott (p< 0,05).
Para extrato etéreo, o maior teor encontrado foi para o bolo com casca de manga que
diferiu significativamente dos bolos controle, com casca de banana e casca de mamão, e estes
não apresentaram diferença significativa entre si (Tabela 4). Mota et al. (2011) encontraram
para extrato etéreo do bolo controle (sem substituição do açúcar refinado e gordura vegetal
hidrogenada), valor inferior (11,15%) ao observado para o bolo tradicional neste trabalho.
Os bolos elaborados com casca de banana, mamão e manga apresentaram um
incremento no teor de fibra em relação à formulação tradicional (Tabela 4). Segundo Gondim
et al. (2005), as cascas de banana e mamão possuem 1,99% e 1,20% de fibra,
respectivamente. Storck et al. (2013) encontraram para as cascas de manga e mamão valores
superiores para este nutriente em relação à polpa, respectivamente 4,16% na casca e 1,6% na
polpa e 2,09% na casca e 1,0% na polpa. Os mesmos autores obtiveram para o bolo elaborado
com casca de banana 0,8% de fibra bruta, valor este superior ao encontrado neste trabalho
(0,36 g). Marques et al. (2010) concluíram a partir da composição centesimal e de minerais de
casca e polpa de manga 'Tommy Atkins' que os teores de proteína, amido e fibra alimentar da
24
Tabela 5 Valores médios (notas*) dos atributos cor, textura, sabor e aspecto global dos bolos
tradicional e com adição de casca de banana, mamão e manga.
Bolo Cor Textura Sabor Aspecto global
Tradicional 7,60 a 7,58 a 7,69 a 7,73 a
Casca de banana 7,46 a 7,71 a 7,46 a 7,65 a
Casca de mamão 7,18 b 6,94 b 6,73 b 6,79 c
Casca de manga 7,08 b 7,35 b 7,32 a 7,32 b
*Médias seguidas por diferentes letras, na coluna, diferem entre si pelo Teste Scott-Knott (p< 0,05). *Notas 1-
desgostei extremamente, 2-desgostei muito, 3-desgostei moderadamente 4-desgostei ligeiramente, 5- não
gostei/nem desgostei 6- gostei ligeiramente, 7-gostei moderadamente 8-gostei muito e 9- gostei extremamente.
Todos os tratamentos receberam notas para o atributo cor entre os conceitos gostei
moderadamente (7) e gostei muito (8), e o bolo tradicional e elaborados com casca de banana
e manga também receberam notas para os atributos textura, sabor e aspecto global entre estes
conceitos, exceto o bolo com casca de mamão (Tabela 5). Martin et al. (2012) também
verificaram que o bolo elaborado com aproveitamento de resíduo do abacaxi, sobretudo de
suas cascas foi bem aceito, a maioria das respostas dadas pelos provadores para os atributos
testados foi superior a 7, além de contribuir para o enriquecimento nutricional da dieta
A formulação com casca de mamão recebeu menores notas para os atributos sabor e
aspecto global (Tabela 5), ficando entre os conceitos gostei ligeiramente (6) e moderadamente
(7). Não houve diferença significativa entre os bolos com casca de mamão e manga em
relação aos atributos cor e textura (Tabela 5).
De acordo com a Tabela 6, pode-se observar que o bolo tradicional e com adição de
casca de banana apresentaram índices de aceitabilidade acima de 80% para todos os atributos
avaliados. Entretanto, todas as formulações apresentaram índices de aceitabilidade com boa
repercussão, ou seja, igual ou superior a 70% (DUTSCOSKY, 1996; MONTEIRO, 1984).
Vieira et al. (2013), ao elaborar bolo com polpa e casca de banana, obtiveram 92,5% de índice
de aceitabilidade. Aiolfi e Basso (2013) também encontraram alto índice de aceitabilidade
(97%) para bolo com casca de banana.
26
Tabela 6 Índice de aceitabilidade (%) da cor, textura, sabor e aspecto global dos bolos:
tradicional, casca de banana, casca de mamão e manga.
Bolo Cor Textura Sabor Aspecto global
Tradicional 84,44 84,22 85,44 85,89
Casca de banana 82,89 85,66 82,89 85,00
Casca de mamão 79,77 77,11 74,77 75,44
Casca de manga 78,66 81,66 81,33 81,33
Tabela 7 Valores médios (notas*) para intenção de compra dos bolos: tradicional, casca de
banana, casca de mamão e manga.
Bolo Intenção de compra
Tradicional 4,2 a
Casca de banana 4,0 a
Casca de mamão 3,5 b
Casca de manga 3,7 b
*Médias seguidas por diferentes letras, na coluna, diferem entre si pelo Teste Scott-Knott (p< 0,05). *Notas: 1-
certamente não compraria, 2-provavelmente não compraria, 3-talvez compraria/talvez não, 4- provavelmente
compraria e 5-certamente compraria.
lactose é, em média, de 5%, enquanto 100g de manteiga contêm 0,4g de lactose (MARTEAU,
2005).
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4. CONCLUSÕES
Pode-se concluir que é viável a elaboração de bolo com casca de frutas. Os bolos
elaborados com cascas de banana, mamão e manga apresentaram bom valor nutricional e
aceitabilidade sensorial para todos os atributos avaliados. O bolo elaborado com casca de
banana não diferiu do bolo tradicional com relação à avaliação sensorial, se destacando entre
as três formulações elaboradas com cascas de frutas. A adição de cascas na elaboração de
bolos influenciou a cor da crosta e miolo, porém não prejudicou a aceitação pelos
consumidores. Desta forma, cascas de banana, mamão e manga podem ser acrescentadas às
preparações como fonte alternativa de nutrientes. O uso de cascas na elaboração de bolos irá
contribuir para minimizar a quantidade de resíduos gerados e auxiliar na incorporação de
nutrientes às preparações.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABIMAPI (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE BISCOITOS, MASSAS
ALIMENTÍCIAS E PÃES E BOLOS INDUSTRIALIZADOS). Anuário ABIMAPI 2015.
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