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Ananindeua
2021
MICHELE DA SILVA SERRÃO
ROSEMERY DOS REIS CRUZ MENDES
A INSERÇÃO DO AÇAÍ NA MERENDA ESCOLAR EM ESCOLAS DA REGIÃO
NORTE (REVISÃO DE LITERATURA)
Ananindeua
2021
Data da aprovação: / /
Nota: _______
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Prof. Lais Rodrigues Santana Vieira
Escola Superior Madre Celeste - ESMAC
_________________________________________
Docente avaliador interno:
Escola Superior Madre Celeste - ESMAC
_________________________________________
Docente avaliador interno:
Escola Superior Madre Celeste - ESMAC
“Põe tapioca
Põe farinha d'água
Põe açúcar
Não põe nada
Ou me bebe como um suco
Que eu sou muito mais que um fruto”
(Nilson Chaves)
RESUMO
ABSTRACT
SERRÃO, Michelle da S.; MENDES, Rosemery dos R. C. The inclusion of açaí in school
meals in schools in the northern region (literature review). 2021 Dissertation for graduation in
Nutrition. Mother Celeste Higher School, Ananindeua, Pará.
School feeding is of great importance in the nutritional process of children and adolescents, as
for many this is the main meal of the day, therefore, the daily menu must provide a large part
of the nutritional needs required daily.
In the northern region of Brazil, the introduction of the açaí drink on the menu from early
childhood is common, as well as the daily consumption by a large part of the population, in
school lunches there is a great preference of students for derivatives of the Euterpe oleracea
Mart fruit, as they identify themselves with food through the traditionality of the local meal.
With excellent energy value and as a functional food, açaí is ideal to meet the nutritional
needs of individuals in the growing phase, and through this it is intended to prove the viability
of this item in the snack offered in schools in the state of Pará.
This is a descriptive research, based on electronic health databases: BIREME, PUBMED,
SCIELO. In order to analyze the main challenges and potentialities of including açaí in school
meals in schools in the municipalities of the state of Pará, addressing the acceptability among
students, the preservation of food identity and also the nutritional quality of a regional food,
and of how it will contribute to the quality of life of school-age children.
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
- Observar como é feito a inserção do açaí na merenda escolar através do programa PNAE;
- Verificar dados de aceitabilidade sobre o açaí na merenda escolar entre as crianças e jovens
em escolas da região amazônica PA.
3 REFERÊNCIAL TEORICO
O programa PNAE tem sua origem no início da década de 40 quando o então Instituto de
Nutrição defendia a proposta de o Governo Federal oferecer alimentação ao escolar, mas não
foi possível concretização devido problemas de indisponibilidade financeira. Já na década de
50 foi elaborado um Plano Nacional de alimentação e Nutrição, denominado Conjuntura
Alimentar e o Problema da Nutrição no Brasil, é nesse plano que foi estruturado um programa
de merenda escolar em âmbito nacional, sob responsabilidade do governo (BRASIL, 2020).
No ano 2006 foi organizado pela Coordenação Geral do PNAE, a Pesquisa Nacional de
Cardápios executados pelos estados e municípios brasileiros, com o intuito de analisar os
alimentos e nutrientes ofertados, abrangendo todas as regiões do país, possibilitando assim a
análise dos alimentos e nutrientes ofertados pelas creches e escolas públicas brasileiras,
incluindo as regiões indígenas e quilombolas. Também foram incluídas três porções de frutas
e hortaliças por semana (200 g/semana), pois 41% dos cardápios não mostravam nenhum tipo
de fruta ou hortaliça na semana (BRASIL, 2009).
3.2.1 Origem
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O açaí, matéria-prima para a obtenção do suco de açaí, bebida símbolo do estado do Pará,
é o principal produto oriundo da palmeira. O Brasil se posiciona como o maior produtor,
consumidor e exportador desse produto (MENEZES, 2005).
Entre os estados brasileiros produtores de açaí, Pará, Maranhão, Amapá, Acre e Rondônia
são os mais valorizados pela obtenção do fruto, sendo o primeiro, responsável por 95% da
produção de açaí, calculada em 100 a 180 mil litros/ dia em Belém (MENDES, 2003).
O fruto não é consumido in natura, pois apresenta escasso rendimento de parte comestível
e sabor relativamente insípido, quando comparado com a maioria das frutas tropicais. Além
disso, o consumo direto dos frutos deixa nos lábios, dentes e gengivas manchas de coloração
arroxeada, sendo bem acentuadas e de aspecto desagradáveis, embora facilmente removíveis.
Na Amazônia brasileira o fruto é usado principalmente na obtenção da bebida açaí, um
refresco de consistência pastosa, obtido por extração mecânica, em máquinas despolpadoras
ou manualmente (OLIVEIRA, 2007).
Os nativos extraem a polpa dos frutos que são consumidas pura ou acompanhada com
farinha de mandioca, tapioca, peixe frito ou camarão. São ainda utilizadas na fabricação de
sucos, sorvetes, doces, geleias, vinho de açaí, entre outros. A bebida é obtida com a adição de
9
O açaí, além de apresentar um sabor delicioso e refrescante, é uma fruta com valor
nutricional altamente energético, contendo alto teor de lipídios, carboidratos, proteínas,
tornando-o um alimento calórico (DARNET et al, 2011).
Esse fato se deve devido ao seu alto percentual em matéria graxa, que é o principal
componente do açaí em termos quantitativos (média de 52,64% da matéria seca. O consumo
diário de um litro de açaí com 12,5% de matéria seca, contém 65,8 g de lipídeos, o que
corresponde a 66% da ingestão diária de lipídeos requerida (100 g). Isso lhe confere um valor
energético comparável ao do leite integral de vaca (614 kcal/L) (USDA, 1998).
De um modo geral a parte comestível do fruto apresenta alto valor calórico de
262kcal/100g, mas a bebida açaí, dependendo da quantidade de água adicionada durante o
processamento, tem valor energético menor, 80kcal/100g. O valor energético da bebida “açaí”
é determinado, em grande parte, pelos lipídios, haja vista que as quantidades de proteínas e,
principalmente, de açúcares totais são baixas (Tabela 1).
Souza e Bahia (2010), afirmam que além do fator histórico e socioeconômico, o açaí está
se tornando um produto de grande visibilidade no setor nutricional devido ser fonte de
diversas vitaminas, como a vitamina E 80 kcal B1, assim como também em Ferro, lipídios,
fibras, fósforo, minerais e antioxidantes, chegando a ser classificado como um dos alimentos
mais ricos em vitaminas, sendo extremamente recomendável na dieta da população.
De acordo com as propriedades antioxidantes, a vitamina E tem o papel de prevenção de
diversas doenças, incluindo câncer, diabetes e doenças cardiovasculares, baixa imunidade, e
também, está associada à prevenção ou redução do declínio da cognição, este último muito
importante na fase de desenvolvimento infantil (KANG, et al, 2006).
Já a vitamina B1 também conhecida como tiamina, ela tem entre suas funções o
metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas e a estimulação de nervos periféricos. O
composto age de forma essencial no sistema nervoso. A deficiência deste nutriente no
organismo pode levar à doença denominada beribéri, que afeta os sistemas nervoso e
cardiovascular (Ministério da Saúde, 2020).
Antioxidantes são compostos que atuam inibindo e/ou diminuindo os efeitos do estresse
oxidativo, desencadeados pelos radicais livres e compostos oxidantes. São importantes
porque, com o combate aos processos oxidativos, há menores danos ao DNA e às
macromoléculas, amenizando, assim, os danos cumulativos que podem desencadear doenças
(SCHAUSS et al., 2006).
De acordo com Portinho, et al (2012), o açaí passou a ser considerado um alimento
funcional, pois quando comparado a outros, possui grande capacidade antioxidante baseado
em análises da ação antioxidante, particularmente contra o superóxido e radicais peroxil.
A cor roxa avermelhada do açaí se deve à presença de pigmentos naturais chamados de
antocianinas, que pertencem à família dos flavonoides (antioxidantes). O teor em antocianinas
no açaí é muito importante e constitui um critério de qualidade dos frutos e da bebida. Além
disso estes pigmentos podem apresentar inúmeras propriedades vantajosas para a saúde do
consumidor (OLIVEIRA, et al, 2007).
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Para se extrair a polpa do açaí esta é macerada com água, onde é produzida uma bebida
com característica: roxa, espessa e com uma textura cremosa, sabor característicos e aspecto
oleoso. O que difere a polpa do suco de açaí é a quantidade de água adicionada ao preparo
(RORGEZ, 2003).
FIGURA 5: Polpa do açaí batida
A EAR foi estimada pelo método fatorial, que combina a quantidade necessária para a
manutenção baseada no peso corporal (equilíbrio nitrogenado) e a quantidade estimada necessária
para deposição de proteínas. A faixa de distribuição aceitável de proteína é de 5 a 20% do total
energético diário para crianças de 1 a 3 anos e 10 a 30% para 4 a 18 anos (Vieira, et al, 2008).
• gordura total – uma média de não mais de 30% das calorias totais;
-6 ácidos graxo
poloonsaturado (ácido 5- 10 5- 10
linoléico) ¹
-3 ácido graxo
poliinsaturado (ácido- 0,6 – 1,2 0,6- 1,2
linolênico)¹
4 METODOLOGIA
5.2 PERÍODO
5.3 LOCAL
As bases de dados foram realizadas nas bibliotecas virtuais: Biremed, Scielo, Google
Acadêmico e Ministério da Saúde, Science Direct e em livros da área da Saúde e Nutrição.
Foram pré selecionados 30 artigos, dos quais 20 foram selecionados, entre os anos de
2010 e 2020, pela sua relevância com o proposto no objetivo desse estudo, porém somente 3
são fiéis ao tema proposto. Outro critério de inclusão utilizado foram os idiomas: português e
inglês, sendo 12 artigos selecionados em inglês e 8 em português, com texto completo
disponível na base de dados e cuja sua metodologia permita obter evidências satisfatórias em
relação ao tema proposto.
Serão utilizados como critério de exclusão os artigos sobre a temática deste trabalho
que foram publicados anterior ao ano de 2010.
5.7 AMOSTRA
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
FIGURA 10: Percentual de aceitação das preparações servidas em um dos colégios em Manaus
Já em outro estudo realizado por Viana (2017), o açaí é o alimento mais saudável que
se sobressai na preferência dos escolares, o autor percebeu que após a demanda de açaí,
muitos alimentos ricos em energia e gorduras foram mencionados. (Como mostra na imagem
9)
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Pode- se observar que em ambos os colégios existem a falta alimentos como legumes e
verduras. E em relação a frutas o açaí é o fruto com mais predominância e aceitabilidade entre
os estudantes, e possui forte influência cultural entre eles, sendo servido com
acompanhamento como a farinha de tapioca. Esses dados podem se justificar como sendo
uma preferência alimentar da região, pois quando se trata da inclusão de variedade de outros
grupos alimentares como verduras e hortaliças existe uma grande rejeição entre os alunos.
Outra justificativa dada pelas merendeiras seria o fato de a SEDUC não enviar esse tipo de
alimentos.
Esses dados corroboram com o estudo de Lenke (2013), em relação a frutas e
hortaliças, existe uma ausência de frutas em 29,5% dos cardápios do Brasil, sendo a região
Norte a com menor frequência de oferta, chegando à ausência de frutas nos cardápios
analisados a 53,5%, o mesmo ocorre para os vegetais folhosos (72,1%) e não folhosos
(37,2%). Segundo as diretrizes que regem o PNAE a Resolução CD/FNDE nº26/2013
estabelece:
- “Os cardápios deverão oferecer, no mínimo, três porções de frutas e hortaliças por
semana (200g/aluno/semana) nas refeições ofertadas.”
FIGURA 11: Alimentos mais demandados na alimentação escolar nos municípios de Belém e
Abaetetuba (área urbana)
(4,7%), que juntos produziram 71,2% do total estadual no ano de 2016 (SEDAP, 2016). Esses
dados mostram que a cidade produz açaí em grande escala, mas a maior parte é para atender
outras regiões do país, ocasionando a falta desse alimento nos colégios municipais da cidade.
Já em Santo Antônio do Tauá foi aplicado em alunos do 6º ano um teste hedônico para
avaliar o grau de aceitabilidade dos produtos de açaí a serem oferecidos como integrantes da
merenda escolar da escola, participaram desse teste 49 alunos na E.M.E.F. Aloysio da Costa
Chaves (mostrado na imagem 8).
Legenda:
D.E. = desgostei extremamente;
D.M. = desgostei moderadamente;
N.D./N.G. = nem desgostei/nem gostei;
G.M. = gostei moderadamente;
G.E. = gostei extremamente.
Do total de alunos podemos observar que a maioria gostou extremamente das porções
de açaí com tapioca, aceitando bem as novas variações do açaí diferentes das quais já estão
acostumados a consumir. O açaí com tapioca pode ser considerado como aprovado pelos
alunos, com uma aceitação de 72%, e 4% de rejeição (LOPES E SILVA, 2015).
23
Podemos perceber que quase 80% dos alunos se mostram favoráveis a inserção do
soverte de açaí na merenda escolar. No Brasil a produção de sorvete de açaí iniciou-se em
2008, por uma grande marca de sorvetes em circulação no território nacional (LISBOA e
SIMONIAN, 2010). Muitos alunos estavam provando o produto pela primeira vez, mas a
familiaridade com o fruto facilitou a sua aceitabilidade entre os estudantes. Torando- se uma
opção de doce mais viável do que mingau ou outros tipos de sovertes industrializados.
Sobre o aspecto socioeducacional segundo Rodrigues (2013), verificou- se que entre
os meses de agosto, setembro e outubro, períodos da safra de verão do açaí, existe uma evasão
escolar entre os alunos moradores das ilhas próximas a Belém onde existem comunidades
ribeirinhas que vivem do extrativismo vegetal, sendo cerca de 80% proveniente do açaí.
Como indica a imagem abaixo nos períodos de agosto, setembro e outubro são períodos da
safra de açaí e nesse mesmo período as taxas de frequência escolar são baixas (Imagem 14).
FIGURA14: Taxas de Frequência escolar das Unidades Pedagógicas (UP) estudadas na ilha do
Combu.
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Isso se deve pelo fato de que em alguns momentos do dia as crianças se ausentam para
apanhar açaí, sendo relatado pelos professores dessa região que o trabalho infantil é uma das
principais causas de ausência escolar. A inclusão dos alimentos regionais produzidos no
cardápio das escolas pode ser um potente indutor de qualidade social e educacional, por meio
de consideração dos significados da alimentação associada à tradição e a cultura local, porém
quando olhado pela perspectiva das crianças na ilha do Combu essa realidade se torna
diferente, sendo importante a análise e reflexão das realidades dessas crianças (BEZERRA,
2018).
Também temos a questão higiênico sanitária, sendo um fator desafiador para pequena
agricultura familiar. Segundo Viana (2017), A mini agroindústria fornecedora, estudada por
ele no estuário amazônico, o armazenamento do açaí encontrava-se totalmente dentro dos
padrões estabelecidos pela legislação vigente no país, visto que, o açaí encontrava-se
armazenado em isopor com gelo para o resfriamento. O açaí processado fica armazenado no
gelo por no máximo três horas, que é o prazo máximo entre o processamento, a entrega e
distribuição do açaí para as crianças da escola. Este curto espaço de tempo entre o
processamento e o consumo pelos escolares só é possível pela proximidade entre a
agroindústria e a escola, tendo uma distância entre elas de 1,5 quilometro, feito por uma
motocicleta. O que possibilita um tempo bastante curto desde o envase do açaí até chegar nas
escolas para ser consumido.
7. CONCLUSÃO
Conclui- se que o açaí obteve boa aceitabilidade entre as crianças, sendo bem mais aceito
pelos estudantes do que alimentos que se encontram mais presentes nas escolas municipais da
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região norte e que não são considerados saudáveis, como pizza, salgados e outros. O açaí na
merenda escolar nos traz a importância de compreender as tradições familiares dos alunos nas
escolas observadas, sendo primordial para alinhar as estratégias nutricionais utilizadas na
oferta da merenda escolar.
E com base nos estudos realizados, pode-se verificar que a preferência dos indivíduos
estudados está diretamente ligada a alimentação no âmbito familiar, tornando o Euterpe
oleácea admissível no lanche disponibilizado. A cultura do açaí é passada de pai para filho,
muitas crianças do interior têm seu primeiro contato com o açaí na mamadeira quando bebes.
Sendo assim essa proposta de merenda escolar atende os princípios do PNAE, que dão
prioridade as particularidades regionais e respeitam a diversidade cultural, além de poder
trazer uma visibilidade maior para agricultura familiar da região, possibilitando um
fortalecimento produtivo regional.
Porém é importante citar que existem muitas regiões do interior do estado do Pará que
utilizam a mão de obra infantil para fazer a colheita do açaí, nos trazendo uma questão
bastante emblemática sobre evasão escolar nos períodos de safra do açaí. Além dessa questão,
foi verificado que muitas regiões como Abaetetuba possuem dificuldade em trazer a inserção
desse alimento nas escolas, mesmo sendo uma das principais cidades que produzem açaí no
estado do PA. Esse fato se deve pela SEDUC não disponibilizar recursos para fazer a compra
do açaí para as escolas, não levando em consideração a demanda e tradições da população
local. Outro fator importante encontrado é a dificuldade em alinhar a padronização higiênica
sanitária exigida pelos órgãos responsáveis como a que é realizada pela pequena agricultura
familiar, porém é percebido que apesar da estrutura pequena e simples é possível realizar o
processamento do açaí em condições higiênicas sanitárias satisfatórias.
Assim a aceitação dos alimentos derivados do fruto açaí, é de grande valia para a nutrição
adequada das crianças e adolescentes em fase de crescimento, já que os nutrientes essenciais
estão presentes no cardápio oferecido.
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