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1° Edição, 2016
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação do autor. Qualquer semelhança com datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Criado no Brasil.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código
Penal.
Capítulo um
E u gosto de ouvir o
estalar da lenha
queimando. De olhar as
cores do fogo, sentir o
cheiro da fumaça passando pela chaminé. Isso me faz sentir em casa. Protegido
do mundo opressivo que outrora conheci.
Estou sentado na cadeira de balanço que fiz para minha esposa quando
ela estava grávida. Seu nome é Pétala Mackay Sawyer, e eu a amo muito.
Também estou olhando para ela agora, lendo atentamente o que está escrito no
caderno de receitas da minha mãe. Pétala aprendeu a cozinhar um ano depois
que nos conhecemos, mas sempre olha as receitas para fazer exatamente igual,
porque assim ela está me agradando. São palavras dela.
Ouço o ressonar tranquilo de Cattleya e olho para ela. Nossa filha está
abraçada ao travesseiro deitada no sofá. Ela tem dezessete anos e foi
aprovada para estudar em Harvard, onde sua mãe também estudou. Está nos
visitando pois, não mora mais aqui e isso corta o meu coração. Estou muito
orgulhoso da minha menina que cresceu falando que seria uma grande
escritora. Por que isso? Pela linda história de amor que vivo com sua mãe.
“Eu quero ser capaz de colocar no papel, o que vejo nos olhos dos
meus pais. Quero um dia mostrar ao mundo que o amor é simples, e ainda
existe”.
“Respiro um pouco para continuar a ler, pois, essa parte eu escondo da minha filha. Não
me sinto confortável em dizer que aos treze anos, meu pai me levara a um pequeno bordel pobre da
cidade onde ele era bastante conhecido por sinal. Ele pagou uma mulher para fazer sexo comigo.
Ela conseguiu, afinal, eu era um menino sentindo coisas que jamais pensei e por ela fazer o que
estava fazendo, foi fácil ficar excitado. Mas Cattleya não precisa saber disso.” — Pensei.
pela
mãe.
minha
E u senti o sabor do
guisado de veado e
pareceu ter sido feito
própria
O dia amanheceu. Os
raios de sol são fracos
essa época do ano e
misturam-se a uma fina neblina por entre as árvores fazendo as cores ficarem
mais vivas com a garoa nas folhagens. É lindo.
O aroma de café fresco me desperta e como Pétala já não estava na
cama, imagino que seja ela a fazê-lo. O dia será chuvoso pelo que vejo da
minha janela e isso irá dar-me tempo suficiente para aproveitar cada minuto
com minha filha. E falando nela, ouço os seus passos apressados pelo
corredor, o que me faz sorrir feito bobo.
Ela abre a porta do quarto com o sorriso estampado nos lábios e sem
se importar em como estou vestido. Quando ela está em casa sempre uso
pijamas. Seria constrangedor que minha filha me pegasse nu em meu próprio
quarto. Pétala entrou logo atrás dela com toda a sua graça e beleza. “Meu Deus,
como eu amo essa mulher!”
— Acho que estamos mimando muito seu pai. — Disse ela.
— Acho que você ama mimá-lo, já que faz isso por quase dezenove
anos. — Disse Cattleya.
— Acho que mereço ser mimado, obrigado. — Falei olhando para as
duas paradas no meio do quarto.
— Acho que isso, nós só vamos saber se você continuar a ler o diário
papai, eu darei o veredito no final da história.
— Mas o final você já sabe há anos, Cattleya. — Falei.
— Eu já me esqueci, por isso você está lendo, lembra-se? — Ela
sorriu para mim. É o sorriso idêntico ao de sua mãe. Sentei-me na cama,
enquanto Pétala abriu mais as cortinas da janela deixando-me ver que o sol
quase não estava aparecendo, pois, a chuva fina e acolhedora estava
começando a fazer barulho no telhado. Com o dia assim essas duas não irão
me deixar sair até eu ler uma boa parte do diário. Cattleya deixou a bandeja de
café em cima da cama e foi até o closet — que Pétala me obrigou a fazer — e pegou
mais quatro travesseiros e os jogou na cama. Ela sentou e se acomodou para
tomarmos café. Pétala andou pelo quarto pegando as coisas que queria perto
dela, ela sorriu ao andar. Ela sabe que meus olhos não a deixaram um segundo.
Sempre foi assim, eu a sinto observando-me quando estou longe, e ela sente
quando eu a observo também. Somos muito ligados um ao outro e se existe
amor no mundo, indestrutível, esse é o nosso.
— Sente-se amor. — Pedi. Ela ficou de costas para mim e aproveito
para olhar o seu corpo de curvas perfeitas para serem tocadas por minhas
mãos.
— Está com saudades? — Perguntou divertindo-se com o timbre de
voz que só eu sei para que ela o faz.
— Em demasia. — Pétala olhou-me por cima do ombro e os cabelos
negros até a cintura se movimentaram lentamente. Não posso descrever o que
sinto em respeito à minha filha curiosa que nos observa. Mas eu a deixo saber
o quão quente estão os meus olhos. Ela é tão provocadora, que mordeu
lentamente os lábios para enlouquecer-me de vez. E por um lapso de segundos
eu esqueço que Cattleya olha-me atentamente e puxo forte a respiração.
— Por que você não toma o seu suco de frutas, amor? — disse ela
suavemente. — Eu já vou me juntar a vocês. — Abaixei meus olhos para a
bandeja em cima da cama. Ela está certa, preciso me controlar. Só que é um
pouco difícil quando se tem Pétala como esposa. Peguei o copo com suco e
tomei uma bela golada sem respirar, mas perdi o jeito ao ouvir minha filha e
quase engasguei.
— É impressionante como isso ainda acontece com vocês, mesmo
depois de tanto tempo. — Disse ela. Coloquei minha vergonha de lado porque
eu estava grudado a ela desde o breve momento de minha falta de controle, e o
copo de suco no outro, e olhei para ela fingindo não entender.
— Do que está falando minha filha?
— De como vocês se desejam. — Engoli em seco.
— Isso não é coisa que se fale para os pais, Cattleya. — Falei quase
sussurrando de vergonha.
— Eu não sei por que vocês não tiveram mais filhos. — Disse a
atrevida.
— Eu também não sei filha. — falou Pétala sentando-se ao meu lado.
— Eu gostaria muito de te dar um irmão, mas até esse momento isso não
aconteceu, vamos esperar, eu sou saudável e não me importo em ser mãe a
essa altura da vida.
— Eu vou amar se caso acontecer. — disse nossa filha. — Vamos
comer porque eu estou faminta e louca para ouvir a continuação da história.
Comemos as panquecas que Cattleya fez e o café estava realmente
saboroso. Pétala aprendeu perfeitamente a fazê-lo como minha mãe deixou nos
cadernos de receitas. Terminamos e Cattleya pegou a bandeja e colocou no
canto no chão ao pé da cama, se acomodou próximo aos nossos pés, cobriu-se
com a coberta e olhou para mim.
— Pode continuar papai. — Disse ela.
— Você esqueceu que ele está lá embaixo? — Perguntei.
— Engano seu, já o trouxe e está ao seu lado no criado-mudo. — Disse
ela sorrindo. Olhei para o criado e meu diário estava lá.
— Você é uma garota que sabe o que quer, não é mesmo?
— Puxei você, pai. — Disse. Pétala se aconchegou em meu ombro,
abri o diário e continuei a ler as minhas memórias escritas.
“Eu vou fazer a comida que você mais gosta, Dexter. Uma lástima porque tenho esse
sonho de um dia colocar uma mesa bem posta com velas e pratos bonitos. Lembro-me qual foi a
última vez que eu comi em uma mesa assim toda enfeitada, foi na casa dos meus pais na
Colômbia. Mas hoje temos que comer nesses pratos de plásticos mesmo, porém, prometo-lhe que
vai ficar delicioso. ”
Disse sua mãe certa vez. Dexter nunca mais comeu em pratos de
plástico fazendo assim uma homenagem a ela.
Ele colocou tudo perfeitamente na mesa e então foi para a sala chamar
a desconhecida para jantar. Ficou atônito ao vê-la sentada e quieta no sofá
olhando para seus pés. A iluminação da casa deixou o ambiente romântico, as
tochas e candelabros, algumas lamparinas para dar o ar mais rústico, ele ficou
orgulhoso de si mesmo por deixar a casa como sua mãe sonhara um dia. E
Pétala, em meio a esta iluminação, era somente a maldita coisa mais linda do
mundo. Ela bateu para fora dele um sentimento novo.
— O jantar está pronto. — disse ele. Ela levantou a cabeça lentamente
e olhou-o, e mais uma vez o deixou sem ar. Um movimento nos lábios fez seu
corpo arrepiar e ele percebeu ali um pequeno sorriso tímido, o mais lindo que
já vira. — A mesa já está posta. — Conseguiu concluir. Ela se levantou
devagar e aproximou ficando de frente para ele, mais não muito perto e
ficaram se olhando um para o outro como se estivessem tentando desvendar o
que se passava na mente de cada um, até que ela coçou a garganta para sair da
distração e falou.
— Eu posso usar o banheiro antes?
— Claro, fica lá em cima. — disse ele apontando para a escada. —
Tome cuidado ao subir. — Ela olhou para onde ele falou e começou a andar,
Dexter percebeu que ela estava sentindo muita dor, mas mantendo-se firme
para não demonstrar. Mancando ela continuou a andar, subiu o primeiro degrau
com dificuldade e apoiar-se no pé machucado causava-lhe dor. Subiu o
segundo e gemeu involuntariamente.
— Acho melhor eu ajudá-la a subir. — Disse logo atrás dela.
— Eu consigo. — Ela estava mentindo.
— Eu sei, mas posso facilitar para você não se machucar. Seu pé, sua
escolha. — Ela virou olhando para trás e o viu bem próximo.
— Como você irá fazer? — Perguntou. Dexter não respondeu. Ele
subiu o primeiro degrau e a pegou no colo sem fazer qualquer esforço, era
como se ela não pesasse uma grama.
— Assim. — disse ele olhando os olhos arregalados e vendo-a
prender a respiração pelo susto. — Você pode respirar agora, não vou lhe
fazer nenhum mal. — Pétala o olhou com espanto. Ela não disse uma só
palavra e ficou ali em seu colo completamente imóvel enquanto ele subiu os
degraus sem se preocupar com o peso em seus braços. Passaram pelo pequeno
corredor e logo chegaram à porta do único banheiro fora dos quartos, então,
ele a deixou no chão e disse. — O banheiro é aqui, vou esperá-la na escada.
— Ele se afastou e ouviu a porta fechar atrás dele. Dexter ficou encostado no
corrimão de madeira feito por ele, abaixou a cabeça olhando para o chão e
colocou as mãos nos bolsos e esperou por Pétala. Mas não foi nada como
antes, o mesmo perfume que sentiu pela manhã quando a trouxe para casa,
adentrou em seus sentidos novamente e tão intensamente que o fez vibrar.
“Deus! Como ela é linda. Está assustada, perdida em pensamentos, mas sua beleza é de
tirar o meu equilíbrio. Ela vai embora amanhã e eu nunca mais a verei novamente” — Pensou
pesaroso.
— Estou pronta. — Ela o tirou de seus pensamentos fazendo-o olhá-la
rapidamente. Pétala colocou os cabelos no alto da cabeça. Sua mãe chamava
esse penteado de coque, ele lembrava muito bem. Ficou olhando para ela de
rosto limpo e cabelos amarrados, o contorno era como desenho feito à mão,
seus olhos grandes e verdes, cílios negros e longos e ao se movimentarem
quando piscava, era enfeitiçador. Como uma hipnose talvez. Ela olhou para o
chão envergonhada de como ele a olhava, percebendo que fora indiscreto, ele
falou.
— Depois do jantar eu vou lhe preparar um banho, você gostaria
disso?
— Eu vou agradecer muito por isso. — Disse e ele pode quase sentir o
alívio em sua voz. Dexter a pegou no colo outra vez e desceu a escada e logo a
deixou sentada no banco de madeira junto à mesa.
— Pronto, acho que agora podemos comer. — Ele sentou no banco do
outro lado da mesa ficando de frente para ela.
— O cheiro está incrível. — Disse ela fazendo-o perceber a voz
tremula.
— Você está com medo de ficar aqui, não está? — Perguntou ele.
Pétala que estava olhando para o prato, levantou a cabeça e encontrou os seus
olhos.
— Um pouco. — “Ela não mente, uma virtude” — Pensou ele. — Sei que
não é culpa sua, eu fui descuidada e me machuquei. Mas ficar com um
desconhecido na floresta realmente é assustador. — Disse com toda
sinceridade. “Ótimo ponto se eu fosse um psicopata, amor. ” — Dexter se serviu do
delicioso veado com legumes que tinha preparado, pegou o garfo e colocou um
pequeno pedaço na boca, deixou o garfo no prato e colocou os cotovelos em
cima da mesa entrelaçando as mãos no ar e lembrou-se que sua mãe sempre
lhe chamava a atenção por isso. Mas às vezes, velhos hábitos não podem ser
mudados.
— Eu entendo. — disse ele. — Se você quiser depois do jantar eu
posso levá-la para um hotel na cidade. — Pétala que ainda estava olhando
para ele ficou surpresa.
— Mas já está tarde e eu não quero dar mais trabalho.
— Não é trabalho algum, só não quero que se sinta desconfortável,
com medo.
— Eu... Eu não sei. — Falou confusa. Dexter abaixou os braços e
continuou a comer. Ela se serviu e devorou tudo silenciosamente. Não
trocaram uma palavra durante todo o jantar e quando terminaram ele começou
a retirar as coisas da mesa.
— Eu vou ajudá-lo. — disse ela e quando tentou levantar-se, seu pé
não a deixou com a dor que sentiu. — Ai, ai. — Ele a olhou preocupado.
— Fique sentada e não se preocupe eu estou acostumado. Mas o seu pé
não está nada bem e disso tenho certeza. — Falou olhando para a expressão de
dor que ela fazia.
— Eu também acho que não foi só uma entorse no tornozelo. Eu estou
tentando concentrar em outras coisas e esquecer essa dor que estou sentindo,
mas não está funcionando.
— Eu sei. — Disse ele. Dexter organizou toda a cozinha enquanto
Pétala ficou sentada. Ele se lembrou da sobremesa que tinha preparado um dia
antes dela aparecer. Sua mãe gostava de doces após as principais refeições,
parecia ser um vício. Ela dizia quando colocava uma sobremesa na boca —
Deus, eu poderia morrer agora só por sentir esse sabor — e comia de olhos
fechados todos os doces que preparava. Então ele a ofereceu.
— Você aceita sobremesa? Temos torta de queijo banhada com calda
de licor e frutas vermelhas. — Pétala o olhou com uma interrogação franzida
na testa. E foi a primeira vez por horas que ele a viu tranquila.
— Você é casado? — Perguntou ela.
— Não.
— Tem namorada?
— Não.
— Vive aqui sozinho?
— Desde os treze anos.
— Tem família que mora próximo?
— Não, eu não conheço ninguém da minha família.
— Tem vizinhos?
— Muito distantes, sou o dono de quase toda a região da mata, exceto
por uma grande fazenda vizinha.
— Você recebe visitas?
— Nunca.
— Por quê?
— Porque eu não conheço ninguém, não tenho amigos.
— Impossível você não ter nenhuma namorada, você é simplesmente
lin...
Ela parou imediatamente de concluir seu pensamento. Pétala ficou
olhando-o com olhos arregalados, mas logo voltou a seu estado interrogativo.
Não antes de ele responder em seu próprio pensamento. “Obrigado pelo lindo, não é
a primeira vez que ouço, mas... somente vindo de você é que fez ser importante” — Então,
como você aprendeu a cozinhar tão bem? — ela foi rápida em mudar de
assunto e olhou em sua volta. — E deixar essa cabana acolhedora como se
fosse realmente um lar feliz? E... — ela olhou-o novamente — Como você
consegue viver assim, distante de tudo o que facilita sua vida? — Dexter deu
um leve sorriso e não disse nada. Afastou-se e pegou dois pirex, colocou uma
fatia de torta em cada um, pegou duas colheres e voltou para a mesa deixou-os
em sua frente, foi até um pequeno armário próximo à lareira, pegou alguns
cadernos grandes e voltou e colocou-os todos em cima da mesa.
— A minha mãe era uma grande cozinheira, ela inventava as receitas e
quando dava certo escrevia nos seus cadernos. Isso, essa cabana e uma única
foto são tudo o que eu tenho dela. Por isso sei cozinhar, eu apenas sigo as
receitas. — Ele sorriu e sentou-se no banco à sua frente.
— Nossa, eu não esperava por isso. — ela pegou a colher e tirou um
pequeno pedaço da torta, colocou na boca e fechou os olhos sentindo o sabor.
— Deus do céu isso está divino. — Ela abriu os olhos e o encontrou sorrindo
olhando para ela.
— Obrigado. E quanto às outras perguntas...
— Não precisa responder. — ela o interrompeu. — Eu fui muito
impessoal, desculpe-me.
— Não tem problema, você falou que aqui parece um lar, e é, é o meu
lar.
— Sim. Mas confesso que não entendo porque você não é casado. —
Disse tímida.
— Por quê? — Perguntou ele.
— Ora porque, porque sim. Viver aqui sozinho não te deixa, triste?
— Não.
— Há! — respondeu ela. — Posso te fazer uma pergunta?
— Mais uma? — Ele disse sorrindo e terminando de comer a torta.
— Sim, mais uma. — Ela sorriu também.
— Faça.
— Quantos anos você tem?
— Trinta e três. — Respondeu Dexter. Pétala olhou para ele sem
entender a sua solidão e não perguntou mais nada. Ela entendeu que ele era um
homem de respostas rápidas e sem complementos a elas.
E u fiquei pensando no
que Cattleya falou, mas
não o contexto e sim, a
profunda amargura que senti em suas palavras. Havia algo maior no sentido
delas.
— Tem alguma coisa acontecendo com nossa filha de dezessete anos,
Pétala. — sussurrei. Cattleya foi até a cozinha preparar alguns lanches. Lá fora
a chuva caia mais forte do que pela manhã. Olhei para Cattleya e ela estava
concentrada com uma faca na mão cortando fatias de bolo de laranja. — Eu
vou falar com ela mais tarde.
— Eu imagino o que seja. — Disse minha mulher. Procurei seu rosto
em busca de respostas.
— Você imagina? — Perguntei.
— Sim.
— Por quê?
— Porque nossa filha não sabe que eu sei, amor. — Ela levantou um
pouco e se acomodou melhor. — Acho não, tenho certeza que ela está assim
por causa de Spencer.
— Spencer? — Falei alto demais.
— Fale baixo amor, você quer que ela nos ouça?
— Não. — sussurrei. — E o que Spencer tem com essa história? —
Perguntei, mas já intuindo a resposta. Spencer é primo de Cattleya e filho de
Chris, irmão de Pétala e sua ex-namorada, Ellen. Que o deixou antes que ela
morresse uma drogada grávida. Hoje ela é uma mulher que faz campanhas e
tem instituições de recuperação de jovens usuários de drogas.
— Lembra que eles cresceram juntos? Mesmo ele sendo cinco anos
mais velho que ela, eles não se desgrudavam quando ele vinha passar as férias
aqui. E quando ela ia para casa dele, os dois pareciam casal, crianças, mas
casal. Ellen sempre me disse que eles estavam apaixonados um pelo outro. —
Falou minha mulher, assim, tranquilamente e com sorriso nos lábios. Como se
fosse normal falar isso para um pai.
— E você fala isso assim, sorrindo?
— Você queria que eu dissesse como, chorando? Ela está amando
Dexter, e isso já faz algum tempo.
— E por que eu nunca soube disso? — Perguntei. Mas acho que eu
sempre soube.
— Porque os homens são assim, desligados aos detalhes.
— Mas Spencer vai se casar daqui a alguns dias e nós seremos os
padrinhos. — Falei.
— Isso mesmo, entendeu agora porque nossa filha está triste e focada
nesse livro que ela quer escrever?
— Agora entendo. Eles tomaram rumos diferentes, Spencer foi estudar
em Harvard e voltou noivo de uma colega de classe.
— Sim.
— Mas e ele? Corresponde a esse sentimento? — Perguntei. Pensando
no tempo em que eles eram crianças, agora faz todo sentido. Spencer chorava
quando Cattleya se machucava e cuidava dela até se sentir melhor. Eles
corriam, brincavam, tomavam banho e dormiam juntos, sempre um ao lado do
outro. Só parou quando ele começou a ficar rapazinho, ele dizia que não
podiam tomar banho porque era um homem e Cattleya uma menina. Pétala
ensinou isso para ele. Lembro-me de como eles ficavam abraçados embaixo
das cobertas para assistirem filmes. Estou chocado como nunca percebi as
evidências antes, ou fingi não perceber por achar que eram crianças demais
para tal feito, o amor.
— Acho que ele corresponde sim, mas com a ida dele para Harvard
muita coisa mudou na vida e na cabeça dele. Ele conheceu outras pessoas,
novas conquistas, sexo e tornou-se um homem com muitas opções em suas
mãos por ser muito bonito e rico. E agora irá se casar.
— Ela está sofrendo há muito tempo. — Falei.
— Sim, e sei exatamente o dia em que começou.
— Sabe? — Perguntei incrédulo.
— Sim. Lembra-se de quando tivemos que ir para NY, porque eu tinha
uma reunião muito importante com os Japoneses?
— Lembro.
— Então, Spencer foi nos visitar na nossa casa e levou uma garota.
Não era a Victória, sua noiva hoje, era outra garota. Ele não foi o mesmo com
Cattleya desde esse dia. Suas diversões e seus assuntos já não incluíam a
nossa filha no meio. Na hora do jantar ela não ficou na mesa com todos nós
porque Spencer beijou apaixonadamente a garota, e Cattleya não suportou ver
nada daquilo. — Disse ela.
— Como eu não vi isso antes, Pétala? Nossa menina de dezessete anos
sofrendo por amor?
— A cabeça dela já é tão madura que às vezes esqueço que ela tem
somente dezessete anos. — Disse ela.
— Mas se ela é tão apaixonada assim, é porque aconteceu alguma
coisa entre eles? — Falei.
— Eu também acho isso, pelo simples motivo que eu já os peguei se
beijando, se declarando um para o outro com a promessa de nunca deixar o
amor que sentiam morrer. — Disse minha mulher.
— O que você está me dizendo? — Perguntei quase tendo um ataque.
— Eu não dei muito crédito quando vi, Cattleya tinha somente doze
anos e ela o ouviu falar aquelas palavras como uma promessa de um primo
apaixonado. Eu pensei que ele também não sabia o que estava dizendo e que
isso ia passar com o tempo. Para Spencer passou, para ela não, ela ainda o
espera.
— Por que você nunca me disse nada disso? Por que eu estou sabendo
que minha filha aos doze anos já beijava na boca e fazia promessas de amor
eterno? — Perguntei tentando esconder o tom da minha voz.
— Eu não contei para não o preocupar, sei que você é capaz de sair
daqui nesse momento e pegar um avião e ter uma conversar com Spencer. E
você não vai fazer isso, se ele não ama nossa filha, então ela merece um
homem que a ame como você me ama, entendeu Dexter? — Disse ela séria
demais.
— Claro, não vou fazer isso. É incrível como o tempo passa rápido.
— Sim.
— Do que vocês estão falando? — Perguntou Cattleya chegando
sorrateiramente para tentar nos ouvir.
— Da nossa vida, querida. — Falou Pétala ajudando-a com a bandeja
cheia de lanches.
— Meu Deus, eu preciso correr o triplo nessa mata para não engordar.
— Brinquei.
— Você não precisa papai, é um coroa “saradão”. — Rimos todos. Ela
sempre solta uma piada sobre isso.
— Obrigado, pelo elogio.
— De nada. — Comemos em meio a risos e piadas de nossa filha e
agora eu sei o porquê ela quer saber com mais detalhes a nossa história. Ela
está amando e sofrendo. Buscando um refúgio para apegar-se e pensar que
seremos um exemplo para seguir. Não se contentando com menos do que ela
tem em seu próprio lar. E minha filha está certa, ela precisa saber que não é
qualquer palavra ouvida que é verdadeira, entender que amor não acaba com o
primeiro gole de bebida. Como fora com meus pais.
— Vamos papai, continue a leitura. — Disse ela quando terminamos de
nos alimentar.
— Tudo bem. — Peguei meu diário e coloquei na minha voz, todo o
sentimento que Cattleya precisava sentir e saber para fazer suas escolhas,
sejam elas quais forem.
O silêncio pairou em
toda a cabana.
Pareceu até que minha
mulher e filha não estavam respirando, olhei-as e pude notar que Cattleya
estava pensativa, já Pétala secando disfarçadamente uma lágrima em seu rosto.
— Mãe? — Chamou Cattleya.
— Sim, filha.
— Você superou esse sentimento de culpa pela vovó e o tio Chris? —
Perguntou.
— Superei. — disse Pétala levantando-se para esticar as pernas. —
Uma boa parte disso eu devo ao seu pai, por passar horas conversando comigo
e me fazendo ver de outros pontos. — Falou cruzando os braços e nos
olhando.
— Eu não consigo pensar no tio Chris batendo em você para comprar
drogas. — Disse Cattleya.
— Ele não estava em seu estado normal. O crack destrói a vida das
pessoas, aliás, qualquer droga acaba com a dignidade humana.
— Eu sei, tenho orgulho de você mamãe, por não deixar o seu mundo
desabar. Você era tão nova e teve que ter tantas responsabilidades que isso me
orgulha em tê-la como minha mãe. — Pétala não se conteve, ela deixou as
lágrimas caírem.
— Obrigada, querida. Mas eu tive uma grande educação por parte de
meu pai. Quando a mamãe começou a beber em demasia, ele não desistiu e
ensinou-me a direcionar a minha vida ao rumo certo. — Disse ela.
— Eu imagino, gostaria de tê-lo conhecido. Iríamos nos dar muito bem
eu tenho certeza.
— Sim, seu avô era um homem muito amável, sociável, educado, um
verdadeiro cavalheiro. — Eu fiquei olhando para as duas conversarem e
lembrei-me do quanto nós tínhamos incomum. Nossas vidas se cruzaram no
momento certo.
— Dexter. — Pétala me chamou de volta para ela.
— Sim.
— Onde você estava?
— Você me chamou antes de eu chegar lá. — ela sorriu. — Já está
tarde e ficamos o dia todo dentro desta casa por culpa de vocês duas.
— Ah tá bom pai, você gosta de ficar assim com suas duas mulheres,
pensa que eu não sei?
— Você me pegou, mas como disse já é noite e estou com fome e vocês
duas? — levantei-me deixando o diário em cima da mesa de centro. — Para o
banho, o jantar é por minha conta.
— Êêêêêê. — Elas vibraram como se fosse a melhor coisa do mundo.
Cattleya levantou e dobrou as cobertas colocando-as em cima do sofá.
— O que você vai fazer para o jantar? — Perguntou.
— Um certo macarrão do primeiro jantar, quando esta linda mulher. —
eu abracei Pétala pela cintura e ela colocou os braços em volta do meu
pescoço. — Veio me visitar.
— Nostalgia? — Perguntou ela com o timbre de voz que amo ouvir.
Minha esposa muda o som de sua voz para cada momento em específico, é
encantador.
— Sim, aquela sensação de vê-la, sentir seu perfume enquanto
tomávamos chá, eu gostaria de reviver aquele dia. — Falei.
— Eu vou subir e tomar um banho porque sei que o clima está
esquentando. — Disse Cattleya sorrindo ao subir correndo a escada.
— Palhaça. — Gritou a mãe as gargalhadas, já sozinhos ela disse.
— Você acha que estamos estacionados com nossos sentimentos? —
Perguntou preocupada.
— Não, por quê?
— Você tem saudades?
— Sim amor, muitas saudades. Mas não porque não sinto meu
estômago pular como quando eu a via chegar, porque mesmo depois de todos
esses anos isso acontece mais do que você imagina. Eu ainda sinto aquele frio
na barriga toda vez que a vejo abrir os olhos pela manhã e olhar-me como se
eu fosse o seu coração batendo fora de seu corpo. Sinto-me nostálgico por
tudo o que passamos juntos e crescemos para chegar até aqui. Um momento
que eu gostaria de revivê-lo foi aquele na floresta, a nossa primeira vez. —
Ela sorriu.
— Acho que já fizemos momentos bastante parecidos com aquele
dentro desta mata, seu lenhador pervertido. — ela passou o dedo na ponta do
meu nariz. — E você é o meu coração batendo fora do meu corpo, meu amor.
— Disse ela.
— Eu sei que sou, porque você é também assim para mim. E é verdade
o que disse sobre a mata, mas quero de novo porque se tratando de você, sou
um homem insaciável. — Sussurrei.
— Não esqueçam que estou em casa. — Gritou Cattleya. Eu sabia que
ela não estava nos ouvindo porque eu estava sussurrando.
— Ela sabe cortar o clima. — Disse Pétala.
— Ela é uma peste. — falei. — Por que não a vendemos para os
Chineses quando ela era bebê? — Perguntei e Pétala sorriu.
— Porque somos de coração mole, mais ainda dá tempo. — Gritou
Pétala.
— Porque vocês me amam. — Gritou nossa filha.
— Você não disse que ia tomar banho? — Perguntou minha linda
esposa.
— Sim, estou fazendo algumas anotações importantes para o livro. Vai
logo fazer o jantar papai.
— E ainda exige? — perguntei. — Tudo bem, vou para o fogão a
lenha.
— Delícia! Amo quando você usa esse fogão. — Disse Pétala. Ela me
beijou e eu segui para a cozinha, mas não antes de vê-la pegar o seu diário
dentro da gaveta da mesa de centro e sentar-se confortavelmente no sofá. Esse
é um diário novo e estou louco para lê-lo, tenho que confessar.
Preparar o mesmo prato de quando minha esposa veio me visitar a
primeira vez, é sentir a mesma emoção. É surreal como nós às vezes sentimos
as coisas, os momentos que marcam as nossas vidas. Eu vivi por muitos anos
sozinho, falando apenas com os empresários que vinham comprar minhas
mercadorias. Eu recebi o, presente Pétala, no momento certo da minha vida. E
depois de anos lendo um diário especifico para “Lições de vida para Dexter, meu
amado filho” Sei que andei em caminhos certos.
Nele tinha anotado: Livros para ler, autores que valiam a pena
conhecer, músicas para cada momento em que eu estivesse passando, mentiras,
verdades, poesia, Deus, fé, dinheiro, cultura, línguas, artes, países, museus,
vinhos e o principal dos ensinamentos, O AMOR.
Eu li todas as lições que minha mãe pensou ser útil. E foi. Algumas eu
precisei vivê-las para aprender. E muitas eu precisei senti-las.
“Obrigado, mamãe” — Pensei.
O jantar não demorou a ficar pronto e enquanto estava colocando os
pratos na mesa, eu observei Pétala concentrada em seus manuscritos. Cattleya
já estava de banho tomado e sentada em uma poltrona um pouco distante da
mãe, também observando-a escrever.
Pétala sorri imersa em seu próprio mundo aguçando a minha
curiosidade de ler o seu diário. Ela nunca deixou, quer dizer, ela nunca disse:
Pode ler Dexter. Por isso jamais me atrevi a fazer tal ato. Aproximo-me
devagar, Cattleya olha-me e sorri e eu sorrio de volta para ela. Em uma
distância ainda de dar-lhe privacidade, eu chamo minha esposa.
— Amor. — ela olha em meus olhos e vejo-os como brasas vivas. Ela
estava lembrando-se de alguma coisa, quente. — O jantar está pronto.
— Obá! — Pulou da poltrona nossa filha correndo para a mesa. Eu
fiquei ali, olhando a mulher mais linda do mundo mexer a garganta por
segundos e então disse.
— Obrigada amor, já estou indo. — Inocente isto, não é mesmo? Não.
Não é nada inocente. Pétala mudou o timbre da voz para deixar-me louco,
assim como ela estava. Senti meu corpo arrepiar, cada fio de cabelo se erguer
com minha pele, que agora estava em chamas. “Ela é uma diaba” — Pensei.
— Isso não se faz. — Sussurrei.
— Eu sei, Lenhador. — Ela sabe jogar.
— Eu vou esperá-la na mesa. — virei-me de costas para ela. — Com
nossa filha. — Falei alto. Cattleya olhou-me sorrindo sem saber da
provocação da mãe.
— Você já está comendo, sua sem educação? — A esperta da minha
filha já estava devorando o jantar.
— E não me arrependo, está maravilhoso. — Pétala me abraçou e
beijou meu rosto, sentando-se ao meu lado.
— Eu não a culpo filha, eu sei o poder que esse macarrão tem. —
Falou sorrindo.
— Você ainda vai ler hoje, papai?
— Estou cansado. Vamos jogar Poker, o que acha?
— Digno, porém injusto para com vocês, eu sempre ganho. — Disse
ela.
— Não hoje querida, não hoje. — Falou Pétala olhando-a
desafiadoramente fazendo uma batalha ser lançada na mesa entre mãe e filha.
Comemos e conversamos e quando terminamos fomos aos jogos e graças a
Deus eu não tenho sorte no jogo, mas no amor, esse eu sou o mestre. Já era
madrugada quando paramos de jogar e fomos dormir ao som de Cattleya
falando que continuaríamos a leitura bem cedo, ao raiar do dia. Eu adormeci
abraçado ao corpo quente da minha esposa.
Por incrível que pareça, Cattleya ainda estava dormindo. Levantei-me
devagar para não acordar Pétala, vesti meu moletom de corrida, tênis, e saí
sorrateiramente. Ao abrir a porta da sala o vento frio me disse bom dia
batendo no meu rosto e trazendo-me o perfume das flores silvestres. O sol já
estava surgindo e quando olhei para dentro da mata, os raios que adentravam
iluminando o lugar pareciam me chamar para correr entre eles.
Respirei fundo, coloque meu capuz e corri para onde meus
pensamentos ficam em ordem. O barulho das minhas pisadas fortes faz-me
concentrar somente no momento, meu corpo começou a acordar de verdade e
os meus ouvidos agradecem aos pássaros cantar somente para mim. Corro por
entre as árvores e os flashes daquele dia aparecem diante dos meus olhos. Tão
linda, entregue, sem medo, suave, sexy, pronta para ser minha. Ela veio com
esse único objetivo. Sinto meu corpo formigar e dentro do meu moletom,
sinto-o crescer tão rápido quanto minha vontade de possuí-la neste momento.
E quando acordo do meu estado inebriante de desejo, vejo-me parado
exatamente no nosso lugar. Olhando para o chão na relva limpa e secreta para
amantes sedentos e apaixonados. Olho por tempo suficiente para fazer meu
corpo querer expulsar o meu prazer sem ao menos eu tocar no meu membro
inchado. Minha mão desobediente invade minha calça tirando-o para fora e
com somente três vezes que desço e subo a mão por todo ele, eu jorro longe o
líquido branco do prazer que era para ser derramado dentro dela. Meu corpo
sedento e fora do meu controle treme com as lembranças daquele dia intenso e
cheio de mágica. — Ela é culpada disto. — Falo para a solidão da mata.
Depois de tentar controlar o meu sistema, faço o meu caminho de volta para
casa correndo, tremendo e dolorido pela sede que não passou pelo meu breve
momento de luxúria.
Sinto o cheiro de café fresco, logo que abro a porta.
— Bom dia amor, eu não o vi sair da cama. — Disse Pétala com uma
caneca de café na mão e encostada ao pilar da sala.
— Fiz o possível para não a acordar.
— Percebi. — ela sorri. — Onde foi na sua corrida?
— Adivinha.
— Não faço a mínima ideia. — Pétala é uma mulher perceptiva. Ao
ouvir a minha voz uma luz se ascendeu dentro de sua cabeça e a fez notar que
algo diferente acontecera na corrida. Ela aproximou-se observando meu corpo
e olhando atentamente para meu pescoço. As veias ainda pulam por causa da
corrida e pelo meu pequeno e quase descoberto segredo. Ela conhece-me
como a palma de sua mão. — Mas vejo que andou se divertindo. — olhou-me
bem dentro dos olhos. — E seus olhos estão dilatados, amor. — Ela sorriu.
— Talvez eu não resistisse às lembranças. Eu corri até o nosso lugar
então, foi mais forte que eu. — Ela sorriu novamente.
— É o meu lugar dos sonhos. Precisamos ter outra primeira vez.
— Mais? É uma ótima ideia. — Ela chegou perto e cheirou minha
roupa, meu pescoço e olhou-me nos meus olhos novamente.
— Vá tomar um banho Lenhador, você fede. — Disse e se afastou as
gargalhadas.
— Atrevida. — Vou para meu quarto ao som de suas gargalhadas. Sei
que minha filha já está desperta, mas por algum motivo ela ainda não desceu.
Depois do banho e com uma roupa confortável, me junto as minhas lindas
mulheres na sala, que já estão tricotando assuntos de mãe e filha.
— Bom dia, papai. — Disse Cattleya.
— Bom dia, filha.
— Eu estou faminta.
— Eu sei você come como um leão. — Brinquei.
— Sou sua filha, esqueceu?
— Jamais. — Dou um beijo no rosto das duas e sento-me ao lado delas
no chão, onde improvisaram nosso lugar para tomar café da manhã em frente à
lareira. Depois de saborear o café preparado por minha linda mulher, não
esperei Cattleya pedir e logo comecei a ler o meu diário outra vez.
— Sim, isso eu não posso negar. — pausei. — Eu vou pular essa parte,
não gosto de falar disso sabendo que minha filha está ouvindo.
— NÃO! — Gritaram em uníssono.
— Ok! — Continuei a ler.
E
— u tenho muitas coisas para fazer Rose, preciso ir para casa.
— Podemos ir agora, eu deixo a mamãe tomando conta do caixa. —
disse ela. — Vamos lá Dexter, eu sei do que você precisa. — Dexter olhou no
velho relógio de pulso e não era nem nove horas da manhã ainda. Talvez uma
hora de diversão não fosse tão ruim.
— Tudo bem, tem que ser agora. Vou pagar essas coisas e te espero na
sua casa.
— Ótimo, te vejo lá. — Rose se afastou saltitante. Dexter sabia que ela
nutria sentimentos que não podia corresponder, ela mencionou vezes demais
para os dois começarem um relacionamento e ele sempre disse não. Ele não
gostava do que fazia com Rose, porém jamais deu-lhe esperanças de um
relacionamento futuro. Dexter passou no caixa e pagou as compras e logo
estava na velha caminhonete a caminho da casa de Rose. Esperou cinco
minutos até que ela bateu no vidro do carro.
— Hora de brincar, vamos. — Dexter saiu e entraram na casa de mãos
dadas.
Dexter chegou ao meio-dia em sua casa e foi como se ele não visse o
caminho que fez até ali. Seu coração estava magoado com o que tinha acabado
de acontecer. Não que Rose fosse uma garota ruim, mas o sentimento de
traição que fixou em seu coração, foi mais forte do que o prazer que sentiu.
Para Dexter, ele acabara de trair Pétala. O que era absurdo pensar assim, eles
jamais tiveram um relacionamento e provavelmente não iriam ter. Ela já não
dava notícias há um mês.
Ele entrou em sua casa e foi para o banheiro. Lavou do seu corpo todo
o vestígio daquele adultério imaginário. — Olhei de soslaio para Pétala, ela
estava sorrindo e sei que dessa parte ela gosta muito. — Continuei.
Depois de passar quase quarenta minutos debaixo da água, ele saiu,
mas a culpa não. Dexter tentou não pensar sobre isso e levou o seu dia mais
normal possível. Organizou tudo o que precisava, se alimentou e depois foi
gastar um pouco de força com seu machado. Já era noite quando ele voltou
para a cabana, comeu, leu um livro, ou tentou, e foi dormir não deixando
Pétala sair um segundo de seus pensamentos.
Uma semana se passou, era sábado à tarde e Dexter voltou da mata
todo sujo de seu trabalho. Ele entrou em casa e deixou suas coisas no canto da
porta e foi para o quarto tomar um banho. Foi uma semana difícil, ele estava
confuso, com raiva pelos sentimentos que o atormentavam e com raiva também
de Pétala, por ela ter aparecido em sua vida e desaparecido como pluma no
vento. Quando ele estava se vestindo, ouviu um barulho vindo do andar de
baixo. Ele saiu do quarto devagar, morar sozinho é uma lição para os ouvidos,
ficam atentos para qualquer barulho incomum. Ele passou pelo pequeno
corredor e parou no topo da escada tendo a visão mais linda que ficou longe
dele por dias incontáveis.
Capítulo oito
Q
uando você conhece um homem lindo, alto, cabelos
castanho bem claro chegando quase ao loiro, olhos
verdes, forte, e sabe bem no fundo do seu coração
que ele é o homem da sua vida, o que você faz?
Você, eu não sei. Mas eu sei e fiz.
Eu acordei na cabana de Dexter Sawyer. Acampei por dois dias
fugindo da minha responsabilidade de visitar minha mãe e meu irmão. No
terceiro dia, eu resolvi enfrentar os meus medos e levantei acampamento.
Gosto de fazer escaladas e em uma dessas; escorreguei e cai me machucando
feio. Consegui me arrastar por dentro da vasta plantação de pinheiros até que a
dor foi mais forte, e a chuva e o frio também não me ajudaram em nada.
Acomodei-me no primeiro tronco de árvore grande que vi e não me lembro de
mais nada depois disso.
Dexter assustou o inferno dentro de mim. Acordar na casa de um
homem e descobrir que ele vive sozinho é no mínimo amedrontador. Mas
somente pelos primeiros cinco minutos, se esse homem for o meu lenhador.
Começamos a conversar e gostei do que senti, então eu fiquei bem para o que
estava acontecendo, aliás, eu gostei de estar como estava, em sua casa,
olhando para ele, o vendo como ele era lindo e manso. Passei tempo suficiente
gravando em minha memória cada detalhe de seu rosto. Ele é
devastadoramente bonito.
Mas... A minha vida era longe dali e eu tinha uma situação complicada
com minha família, e uma quantia obscena de dinheiro para tomar conta.
Então, ver os detalhes de Dexter e gravá-los, era só o que eu tinha a fazer. Foi
uma paixão à primeira vista, ou amor, ou loucura, eu não sei, mas odiei que o
dia amanheceu e eu precisei ir embora. Com gesso no pé e receita de remédios
na mão, Dexter me deixou em meu hotel. Sou dona de uma rede de hotéis sete
estrelas. Hotéis Walmortt, império construído pelo meu saudoso pai.
Ao entrar pelas grandes portas de vidro, entrei somente com meu
corpo, porque meu coração foi levado por ele. Perguntei-me inúmeras vezes
se era normal amar uma pessoa somente em olhar para ela ou se eu estava
ficando louca mesmo. Nunca obtive respostas sábias, eu não seria capaz disso.
Já na minha monstruosa e luxuosa suíte, fechei a porta e chorei sem nenhum
sentido. Sem saber o porquê fiquei assim com o coração pequeno como se meu
mundo já não estivesse em órbita, meus sonhos já não pertencessem somente a
mim e sim, a nós. Nós quem? Perguntei-me. Sem resposta.
Tomei um banho e fiz de tudo para não molhar o gesso e depois de
pronta, vesti uma roupa com o valor que daria para sustentar uma família por
cinco anos, pais e três filhos. E pensar que em pouco tempo, eu me senti
completa em um lugar que não tinha eletricidade, o fogão era a lenha, e a casa
era de madeira. E aqui, onde estou regada a dinheiro, jamais me senti
pertencer somente a esse tipo de lugar, de vida, de mundo. Com isso em mente,
fui para a sala de reunião, onde com certeza, meus funcionários estariam
loucos sem saber o que podiam ou não fazer sem minhas ordens. Mesmo com
todo trabalho acumulado e videoconferências importantes, negócios a serem
resolvidos, ele não saiu da minha cabeça. Ele não saiu por muito tempo
depois, até o dia em que me vi presa entre a parede e seus braços.
Foram dias muito difíceis e eu não consegui deixar a cidade e ir para
outro hotel, resolvi tudo dali mesmo. Até que Bart chegou de viagem, ele
estava na Europa. E ao invés de dias difíceis, passaram a ser insuportáveis.
— Você está diferente, aconteceu alguma coisa, amor? — Perguntou
Bart.
— Não, por que pensa isso? — Falei e continuei digitando no
computador.
— Você está distante. Parece que nunca está onde está. — Levantei
meus olhos dando-o total atenção. Ele é um homem bonito, inteligente, rico e
astuto. Mas nunca com uma índole, caráter ou respeito como Dexter Sawyer.
— Eu estou, onde estou, Bart. — Falei.
— Você não conheceu ninguém, não é? — disse dando a volta em
minha mesa. — Ainda está intacta para a nossa noite de núpcias, não é mesmo
querida? — Bart ficou próximo o suficiente para eu sentir o seu cheiro e
querer vomitar.
— Eu não gosto quando você fala assim. — Rosnei.
— Não me importo querida, só exijo que minha futura esposa seja
virgem. — Ele andou até o bar e servir-se de uma bebida. Eu não consegui
falar mais nada.
Bart é filho de um grande amigo de meu pai, eles me ajudaram muito
quando meu irmão e minha mãe desapareceram. Ninguém sabe sobre essa
história e sendo assim eu recebi todo o apoio deles. Bart é um multimilionário
que não precisa do meu dinheiro, seu único objetivo é me ter como esposa,
tornar-me sua mulher troféu. A que deseja ser o primeiro e se vangloriar para
os amigos dizendo que me fez sangrar em seus lençóis. E também, a única que
ele não usará preservativos. Ficamos noivos por insistência dele, mas não
quero esse casamento, no entanto, sou uma mulher monogâmica e leal, se dei
minha palavra que vou me casar, então, eu vou me casar.
Bart viajou novamente a negócios e com isso, eu fiquei livre por um
tempo. Visitei Dexter e foi um dia perfeito, mas quando deixei a cabana, eu
chorei mil mortes. E mais dias se passaram até o dia da dor mais profunda que
senti no mundo. Ver as cicatrizes em suas costas foi um choque e ouvir o que
ele me falou, me fez entender o quão fodidos éramos. E sentir como ele era
quente, não me fez ter dias sem desejá-lo. Quando ele me mandou ir embora de
sua casa, ele também mandou ir embora a minha covardia.
Entendi que meu casamento com Bart era trágico. Entendi que se eu
não enfrentasse minha família drogada, ninguém o faria por mim. Então eu fiz.
Terminei o meu trágico noivado com Bart. Ele ficou furioso. Inventei que o
traí, me apaixonei e me entreguei ao homem que ganhou meu coração e só aí
ele aceitou, deu-me um beijo no rosto e disse: Tudo bem querida, sairei a procura de
virgens, não é fácil nos dias de hoje, mas verei o que posso fazer. E saiu. Lamentável
homem tão pequeno, lixo. Nunca entendi porque era tão importante ele se
casar com uma virgem, pensei que seria por uma tradição até, sua mãe era
quando se casou com seu pai. Nunca fora apenas para ter uma mulher troféu,
sei que tem mais por trás dessa obsessão, mas agora, isso já não me diz nada,
somente que já estou livre para ser quem eu desejo ser. Eu fiquei olhando para
o sol acordar lá fora. Decidi que mesmo com Dexter magoado e ter me
expulsado de sua vida, eu precisava falar com ele e dizer que jamais amei o
meu ex-noivo e que agora livre, eu poderia ser dele. E o único a qual eu
pertencia desde o dia em que me salvou.
Tomei café da manhã e revisei alguns documentos e os enviei via e-
mails, logo, resolvi tudo o que precisava. Até me assustar quando olhei no
relógio.
— Droga! 10h30min da manhã. Apresse-se Pétala Mackay. — Falei
para mim mesma. Tomei um banho rápido e me vesti, olhei a meteorologia na
internet e o tempo estava de sol o dia todo, ótimo para a roupa que escolhi.
Dexter era um homem simples, não eram roupas e joias que o conquistariam e
sim, a verdade de uma pessoa. Eu só precisava ser eu, verdadeiramente para
ele. Saí do quarto com meu corpo em chamas e a expectativa de sua reação me
fez ter medo, mas iria enfrentá-lo e fazê-lo enxergar que eu estava entregue.
— Vai sair Srta. Mackay? Quer que chame Thomas? — Perguntou o
rapaz da recepção cujo nome Martin, estava gravado em seu uniforme.
— Não, hoje irei sozinha. — Entrei no meu carro e segui tomando a
direção da cabana. Fiz todo o caminho tremendo e a cada milha que me
aproximava de sua casa, meu corpo sentia o seu corpo prender-me contra a
parede. Seus lábios passando no meu pescoço e seu beijo fortemente
possessivo, deu-me um bom entendimento de como era o homem que eu estava
indo encontrar.
— Concentre-se Pétala, é você quem está dirigindo hoje. — Quando vi
a curva que dava diretamente na cabana senti meu coração quase sair pela
boca. Estacionei o carro e saí antes que a coragem me faltasse. Olhei para a
porta, respirei fundo e bati chamando-o.
— Dexter. — esperei e não ouvi nada. — Dexter. — silêncio. —
Empurrei-a e entrei. Olhei para todos os lados e ele não estava, subi a escada
e entrei em seu quarto. Cama arrumada, roupas dobradas e nada dele. Até
ouvir de longe um barulho, olhei pela janela e abri um pouco as cortinas. “É
ele” — Pensei. “Está cortando alguma coisa” Desci a escada correndo e fui para
fora da cabana, prestei atenção e segui o barulho vindo da mata. Tirei os meus
saltos e segui o eco do som o mais rápido que consegui e quando eu o avistei,
o medo também me dominou. Parei, e não consegui dar mais um passo à frente.
Eu o vi, lindo, com calça jeans e sem camisa cortando lenha com machado e
amontoando na carroceria da velha caminhonete. Obriguei-me a dar um passo
à frente e pisei em um galho seco que fez um barulho alertando-o. Quando
virou-se para ver o que era, eu me escondi atrás do primeiro pinheiro que eu
estava perto.
— Por que, Pétala? Por quê? — Sussurrei. Ele continuou o trabalho
com o machado dando atenção a lenha sendo cortada com força. Pelo barulho
dos golpes e urros que saiam de sua boca, Dexter estava com raiva. Fechei
meus olhos e respirei fundo, senti entrar em meus pulmões o cheiro limpo do
ar não poluído, o cantar dos pássaros eu também ouvi, e sorri ao entendê-lo
por viver ali sozinho em companhia somente do silêncio e de sua hombridade.
Tomei coragem e abri meus olhos, olhei devagar em sua direção e para ele não
me notar ali, e dei mais um passo à frente como um ladrão à noite,
cuidadosamente. Dois, três, até pisar em outro galho seco e me esconder feito
uma idiota criança medrosa.
— Apareça. Olhe-me nos olhos e diga-me o que quer. Posso ver que
você se esconde. — Disse ele em voz alta. “Ele sabe que é você, Pétala” — Pensei.
Eu saí de trás da árvore e o encarei. Não consegui segurar os meus sapatos e
os deixei caírem no chão. Ele não deixou os meus olhos um só segundo.
— O que faz aqui, Pétala? — Perguntou.
— Eu... Eu preciso falar com você. — Falei em sussurro.
quarto sem bater na porta, e te viu nu, você tinha acabado de sair do banho e
estava se secando. — ela começou a rir baixo. — Ela perguntou: Isso é bicho
papai? — Pétala abafou as gargalhadas no meu peito. Lembrar daquela cena
com minha filha me deixou com vergonha.
— Nem me fale, eu pulei na cama e me cobri, gritei por você
desesperado como se ela tivesse caído e se machucado gravemente.
— Sim, como um menino assustado.
— Foi mesmo. — Ela parou de rir e me abraçou. Já estávamos
deitados e peguei o diário novamente. — Quer que eu continue?
— Sim, por favor. — Disse ela.
Foram dias difíceis para Dexter e ele se lembrou muito de sua mãe e
de seus ensinamentos. “Dexter, nunca fique entre um homem e uma mulher. O amor que for
para ser seu, vai tê-lo sem esforço algum. Ele virá até você filho, eu garanto” Ele nunca
ficaria entre Pétala e seu noivo. Afinal, ela não respondeu que não o amava.
Dias se passaram e ele tinha pedidos a serem entregues e logo que o
sol estava lindo no céu ao amanhecer, ele estava na mata trabalhando duro.
Não contratou mais homens, ele precisava do silêncio só para ele. O sol
estava bom, o vento trazia-lhe o cheiro das flores enquanto trabalhou com seu
machado. Logo tirou a camisa pois começou a ficar quente e o suor escorrer
por seu corpo e rapidamente continuando o seu árduo trabalho braçal. Por
algum tempo, a força que ele colocou no machado era também toda sua raiva
saindo junto. A cada pedaço cortado ele revivia em sua memória as palavras
proferidas entre ele e Pétala naquele dia. Suas mãos ainda podiam senti-las em
sua pele, nas costas, os gemidos que perfuravam seus ouvidos, o sabor de seus
lábios, tudo estava vivo ali e ele tentava tirar com a brutalidade do corte na
pobre madeira sem culpa.
Ele estava distraído, destruindo o mundo em machadadas quando ouviu
um barulho que lhe chamou atenção. Parou, olhou para onde achou tê-lo
ouvido e pôde vê-la se esconder detrás de uma árvore. Não disse nada,
conteve a sua raiva e continuou o trabalho. Logo o barulho foi mais perto,
respirou fundo e virou-se para vê-la. Mas a covardia não a deixou se
aproximar e isso o irritou.
— Apareça. Olhe-me nos olhos e diga-me o que quer. Posso ver que
você se esconde. — disse Dexter. Ele a viu sair e o encarar muito
envergonhada que o deixou até com dó quando olhou seus olhos brilhando com
lágrimas presas. — O que faz aqui, Pétala?
— Eu... Eu preciso falar com você. — Disse ela quase em sussurro.
— Acho que você falou tudo aquele dia. Eu não vou ficar no meio
disso. — Dexter viu quando ela começou a tremer.
— Eu nunca pediria isso para você. — Disse ela.
— Diga-me logo o que quer, eu estou ocupado.
— Eu... Eu... — Dexter ficou olhando em seus olhos vendo-a insegura
de suas ações. Ele a viu fechar os olhos, respirar profundamente para se
acalmar e quando os abriu novamente, ele viu a força de uma guerreira neles.
— Eu não o amo. Eu nunca o amei e não vou amá-lo. — Pétala deu alguns
passos à frente e tirou o pequeno casaco deixando-o cair no chão. — Nosso
noivado foi por insistência dele.
— Eu não preciso saber disso. — Disse ele.
— Precisa e vai. — ela mudou o tom de voz e isso fez seu corpo se
aquecer. Pétala tirou uma alça de seu vestido. — Eu quero dizer-te que, eu não
pertenço a ele. — outra alça. — Terminei tudo, não estou mais de casamento
marcado. — ela deixou o vestido cair em seus pés. Dexter olhou para ela e
cambaleou para trás prendendo o gemido dentro de sua garganta. — Eu
também estou apaixonada por você. — ela levou as duas mãos na pequena
calcinha e a empurrou para seus pés. Ele sentiu crescer o seu membro e não
gostou da dor de vê-lo preso dentro da calça. Ganhou força e vida que quase
pulou sozinho para fora de seu zíper. Eu pertenço a você, eu quero pertencer
somente a você, Dexter. — Nua. Pétala estava nua diante de seus olhos e
deixou cair o machado que ainda estava em suas mãos. Olhá-la com a pele
toda arrepiada, com o corpo mais lindo que nem em seus sonhos ele imaginara
ser tão perfeito, o fez gemer. Seus olhos passearam por todo ele com suas
curvas suaves e delicadas a sua frente, ele pode sentir o seu prazer vindo e
quase explodindo para fora dele. O vento bateu nos longos cabelos negros de
Pétala, balançando lentamente deixando a imagem mais perfeita para seus
olhos contemplarem.
— Malditamente linda. — Falou com a voz rouca e quase inexistente
em sua garganta.
— Eu sou sua, Lenhador. Desde o primeiro momento e talvez eu nem
soubesse o que estava acontecendo, mas tudo trouxe-me até você, para que
pertencêssemos um ao outro. — Dexter não conseguiu parar de olhar para ela.
Admirou o quanto seu corpo era perfeito, ombros, seios, colo, ventre, umbigo
e seu sexo nu e olhando-o atentamente sentiu sua boca salivar por seu sabor.
Então, muito rápido ele se aproximou e pode sentir o calor que vinha dela. Ele
segurou os cabelos de sua nuca forçando lentamente a sua cabeça para trás.
— É perigoso o que você está fazendo. Oferecendo-me teu corpo
quando estou tão sedento dele. — Dexter a beijou forte e eles entregaram-se
ao prazer de sentir seus corpos quentes e trêmulos. Os lábios macios da
mulher que ele estava completamente apaixonado estavam mais doces que
outrora a beijara. Sua mão livre explorou cada centímetro dela passando por
suas curvas e quanto mais sentia o calor de sua pele delicada, seu sangue
fervia ardente dentro de suas veias. Ele explorou cada parte sedosa e cheirosa
passando os lábios e a língua descendo por seus seios e ventre. Ele tocava-a
como se fosse a última vez, uma despedida doída onde nunca mais a teria em
seus braços, mesmo sabendo que era somente o início de tudo, de uma vida ao
lado dela e que nunca mais ela iria para longe dele. Seu corpo começou a
formigar desejando que seu prazer jorrasse para fora ao ouvi-la gemer como
cântico em seus ouvidos pelo que estava sentindo, então, virou-a de costas
para ele e beijou todo seu corpo até chegar no mais primoroso bumbum que já
vira. Dexter estava com o sangue fervendo, seu desejo maior que sua
delicadeza o fez abrir as partes de sua carne dura e avantajada para logo
adentrar com a língua por todo seu sexo sentindo o quão surpresa ela ficara
por ele chupar forte seu ânus e espalmar a mão levando-a para frente e
tocando-a em seu clitóris. Pétala segurou-se em seus pulsos para não perder o
equilíbrio enquanto clamava delirantemente por seu nome. Ele a deixou por
não suportar mais a dor em seu próprio sexo e a pegou no colo tão rápido que
ouviu o grito que saiu de sua boca, deixando-a pendurada em seu quadril e
novamente de frente para ele. Dexter gemeu com o contato dela em seu
abdome. — Eu posso sentir o calor de seu sexo, Pétala, estou com medo de
machucá-la pela sede que tenho de entrar em você. — Disse ele gemendo entre
seus beijos desesperados.
— Não vai, eu confio em você.
— Eu estou quase derramando todo o meu prazer só em vê-la nua. —
ele passou a mão por baixo de suas pernas penduradas em seu quadril e
desabotoou o zíper de seu jeans. Seu membro pulou para fora e foi libertador
senti-lo babado em suas mãos. — Eu quero entrar em você agora. — disse.
Dexter abocanhou seu mamilo duro e chupou forte ouvindo os gemidos mais
lindos que seus ouvidos já ouvira. Posicionou a cabeça grande em sua entrada,
firmou os pés no chão e olhou para ela que se apoiava segurando em seus
ombros. — Olhe para mim. — ela o fez. — Diz a quem você pertence a partir
deste momento? — Perguntou ele.
— Somente você, Lenhador.
— Prometa-me nunca mais deixar-me como outrora.
— Eu te entrego a minha vida, Dexter. Prometo nunca mais te deixar
porque eu estaria fugindo para o nada e encontraria somente a infelicidade. —
Pétala estava pendurada em seu corpo. Dexter com toda sede por ela, colocou
a cabeça bem encostada a sua fenda melada, segurou firme com seus braços
embaixo de suas coxas e a levantou um pouco, descendo-a com toda força logo
em seguida e empalando-a até encostar no fundo dela e sentindo toda sua carne
apertada ao seu redor. Pétala gritou abafando a voz em seu pescoço.
— Desculpe, eu não queria ser tão grande. — Ele sussurrou com pesar,
sabia que era normal o primeiro impacto sentirem dor pelo seu tamanho e
espessura. Ela afastou-se um pouco o corpo e olhou para seus lindos olhos
verdes, ele viu as lágrimas escorrendo em seu rosto.
— Eu estou bem. Continue. — Disse ela com um pouco de dificuldade
e ele continuou. Tomou seus lábios e sugava-os por fome de mais e mais deles.
Ouvia-a gemer de dor, ele sabia, mas tão logo ela começou a gemer de prazer.
Ele levantava-a e abaixava-a com facilidade em seu membro e era como se ela
tivesse o peso de uma pluma. As fortes batidas e gemidos ecoavam dentro da
mata fechada, acasalavam como dois animais famintos um do outro, ele podia
sentir o quanto ela era apertada, molhada para ele, sugando e mordendo seu
membro dentro dela.
— Amor. — ele a chamou e ela o olhou em chamas vivas. — Diz que é
só minha.
— Só sua, Lenhador. Agora não tenha dó de mim e faz como vejo que
está louco para fazer, sou forte, eu aguento. — Ele gemeu e cambaleou com a
oferta.
— Atrevida. — disse ele. Então o fez. Dexter bateu tão forte que
Pétala segurou firme em seus ombros. Ela gemia, gritava seu nome até ele
sentir todo o prazer dela chegar. Bateu mais forte, rápido e fundo, e ela
começou a tremer, ele não se segurou também. — Eu estou chegando. — Disse
com dificuldade. Ela não conseguiu dizer nada, somente sentir e se entregar ao
momento fazendo-o saber que estava perfeito. Dexter sentiu seu pênis pulsar e
inchar dentro dela. Ver sua linda Pétala se empurrando para ele, sedenta de tê-
lo mais fundo o deixou à beira de ser o primeiro. Mas conseguiu se controlar e
vê-la tremer e jorrar esguichando tudo nele, ela se derramou de prazer
gritando o nome que nunca mais sairia de sua boca.
— De... De... Dexter. — Ela gritou para toda mata ouvir. Ele a encheu
com seu sêmen depositando tudo bem dentro dela com batidas firmes e fortes,
tremendo e sentindo o sabor de seus lábios quentes e contendo os seus
gemidos só para ele ouvir. Dexter não conseguiu segurar seu próprio corpo, as
pernas trêmulas o fez descer devagar para o chão com Pétala. Ele a deitou no
capim verde e ficou entre suas pernas continuando em fortes movimentos de
entrar e sair. Ele não parou e Pétala se abriu mais para ele, sentindo tudo o que
ele empurrava dentro dela.
— Dexter...
— Isso, chama meu nome. Eu quero ouvir você gritar mais uma vez. —
Ele apoiou-se em suas mãos, uma de cada lado de seu corpo no chão e a
empalou ferozmente. Ela segurou em seus pulsos para não sair do lugar e a
cada vez que ele entrava nela era uma sacudida forte.
— Dexter. — Ela estava vindo novamente, e ele também. Eles se
olharam nos olhos não os deixando um só momento. Até que explodiram em
prazer e gritando seus nomes. Ele caiu em cima de Pétala, abraçando seu
corpo e enterrando o nariz em seu pescoço. Sentiu o quanto ela estava
tremendo debaixo dele.
— Agora estou viciado em você e não posso ficar sem tê-la assim, tão
entregue. — ela começou a acariciar seus cabelos e suas costas, eles estavam
nus dentro da floresta ouvindo somente o som de suas respirações pesadas. —
Posso te fazer uma pergunta? — Ele levantou a cabeça olhando-a
intensamente.
— Sim Lenhador, faça a pergunta. — Sussurrou ela.
— Eu sou o primeiro, não é? Você se entregou para mim, virgem? —
Pétala que estava de olhos fechados, abriu-os olhando-o profundamente.
Passou os dedos em seus lábios lindamente desenhados e vermelhos por ela
chupá-los com força.
— Sim, eu nunca estive com homem algum. Eu não quero e não
conseguirei ser de outro homem nunca mais. Você me estragou para o resto do
mundo, Lenhador. — Ele sorriu.
— Eu estou tão feliz com isso, que tenho vontade de chorar agora. Mas
também preocupado, eu devo tê-la machucado muito. — Disse ele com
lágrimas nos olhos.
— Shiiii, não se preocupe. Eu senti muita dor não vou mentir, mas
agora eu estou como você e viciada em senti-lo dentro de mim.
N
nossa filha. Eu a conheço bem o suficiente para saber que ela
estava decidindo por onde começar a falar. Não acho que
estamos invadindo sua privacidade, precisamos saber o que ela pensa e sente
para podermos ajudá-la, seja em um conselho ou apenas um ombro para
chorar. Sou o pai de Cattleya, dei-lhe tudo o que um dia não tive de meu pai,
cuidei da minha menina desde o primeiro momento em que ela respirou fora
do ventre de minha linda mulher. Eu a amo demasiadamente e isso me sufoca o
peito, principalmente ao vê-la sofrendo calada.
Sei que filhos são para o mundo, mas sou pai e não abro mão dos meus
direitos em ajudá-la a viver neste mundo de um jeito menos sofrido.
— Vamos? — Chamei-as.
— Sim. — Responderam em uníssono. Eu fiz uma casa na árvore para
Cattleya, ela tinha cinco anos quando a construí com ela brincando e
tagarelando ao meu lado. Eu queria ter tido uma casa assim quando criança, vi
uma vez em uma das revistas de minha mãe, mas meu pai dizia que era coisa
de menino afeminado. Ele não gostava de pronunciar gay ou homossexual
dentro de nossa casa. Machista e alcoólatra, impossível entender a diferença
de um garoto com suas preferências a gostar de outros garotos, para sonho de
uma criança. E a forma desrespeitosa em que ele se referia era deplorável até
para um menino sem muitas informações como eu era. Acho que amor é amor e
isso basta, independentemente de quem você ame, homem e mulher ou pessoas
do mesmo sexo, amor é o que salva qualquer pessoa de seus medos e
monstros. É só o amor que importa.
Saímos da nossa casa andando silenciosamente respeitando os
pensamentos um do outro. Quando chegamos na grande árvore que construí a
casa, Cattleya sorriu.
— Eu fui muito feliz aqui. — Disse ela olhando para cima. Admito que
fui um ótimo construtor, a casa ainda estava impecável na conservação.
— Você ainda é, Cattleya. — Falou Pétala.
— Sim, eu sou. Mas a menina que brincava nesta casa, via o amor em
sua forma pura, ele não doía. Hoje ele me maltrata, me fere, faz-me desistir e
deixar para trás tudo o que sonhei em viver como amor.
— Não diga isso filha. — Pétala falou quase chorando. Cattleya
olhando-a disse.
— Vamos subir mamãe, você entenderá o que estou dizendo. —
Subimos pela escada que fiz em volta da grande árvore. Cattleya abriu a porta
e entramos, tudo estava como ela havia deixado. Decorado como uma típica
menininha do papai, todo cor de rosa. Olhei para ela e a vi secar as lágrimas
disfarçadamente e isto foi de cortar o coração.
— Sinto saudades de ser criança. — Disse ela.
— Quem disse que você cresceu? — Perguntei.
— Somente para você papai, sou sua garotinha pequena.
— Você tem dezessete anos. — Falei.
— Prestes a me tornar maior de idade. Posso continuar debaixo das
asas de vocês? — Perguntou levantando a sobrancelha.
— Por favor, querida, nunca pense em sair. — Falei.
— Obrigada papai, você é muito gentil.
— De nada. — Ela sorriu.
— Sentem-se e vamos começar logo, pois quero sair daqui o quanto
antes. — Nos sentamos no chão com o tapete rosa felpudo, e Cattleya sentou-
se à nossa frente, então começou a falar.
Cattleya
Ver a angústia nos olhos do meu pai hoje pela manhã ao dar-me bom
dia, deixou-me sem chão. Nada sobre mim fica escondido aos seus olhos, ele
me observa desde bebê como protetor que é, e soube exatamente o que fazer e
não fazer em relação a minha formação.
Dexter Sawyer, é o melhor pai do mundo. Às vezes ele chega a ser
inocente por carregar tanto amor em seu coração. E neste momento olhá-lo tão
atento em meus olhos esperando o meu desabafo, faz-me amá-lo ainda mais do
que todos os meus dezessete anos.
— Eu senti sua falta, Lenhador. Nada foi como antes, tudo estava ruim
e não consegui fazer minhas reuniões e tomar minhas decisões porque você
apossou-se de minha mente e meu coração. Você não estava lá comigo para me
acalmar. — Dexter a puxou para um beijo ardente, sentiu toda a pele macia de
Pétala, quente, como se fogo estivesse nas veias no lugar de sangue fazendo-a
tremer em seus braços. Ele beijou todo o seu pescoço, ombros, colo e
mamilos, sugou seus seios com força, ouvindo-a gemer em seus ouvidos. Ele a
pegou em seu colo e a levou para o sofá de frente para a lareira, não deixou de
devorar sua pele em nenhum momento, deitou-a e rasgou a linda calcinha que o
atrapalhava e abriu suas pernas abocanhando seu sexo logo em seguida e
sentindo todo o gosto e cheiro que ficou em sua memória confortando-o da
distância entre eles.
— Lenhador! — Ela gemeu abrindo mais suas pernas e entregando-se
para ele, o único dono de seu corpo. Dexter chupou sua fenda com muita sede
deixando bem duro seu clitóris e quando sentiu que ela estava perto de liberar-
se em sua boca, ele tirou para fora da calça o mastro duro e grande, e de uma
só vez, a penetrou profundamente. Pétala não resistiu ao seu homem dentro
dela, explodiu em orgasmos múltiplos com as empaladas fortes de seu
membro. Dexter não deu tempo para ela, abaixou seu corpo prendendo-a no
sofá e a possuiu como macho alpha, entrando e saindo da carne apertada e
melada de sua amada. Pétala estava com todo seu corpo arrepiado e tremendo,
e no intervalo de um orgasmo para o outro, Dexter falou.
— Olhe para mim, Pétala. — ela ficou com os olhos fechados e
quando tentou abri-lo para olhá-lo como pediu, ele viu suas pupilas dilatas e
lágrimas de prazer escorrerem por seu rosto. Ela estava mole e sedenta dele,
olhando-o e amando estar ali, sendo dele, amada por ele. — Nunca mais ouse
a deixar-me aqui, sozinho, sem tê-la em meus braços, sem senti-la por dentro,
sem os teus lábios, sem os teus olhos olhando-me como agora. Você entendeu,
meu amor? Eu não posso com isto Pétala, eu não quero sentir a sua falta, sentir
saudades de você, ficar sem ouvir sua voz chamando-me de Lenhador. —
Disse sussurrando. Ele não deixou de penetrá-la com força fazendo seu corpo
balançar.
— Eu... Eu não vou, Lenhador. Todos esses dias foram para mim de
grande tormento sem você. Não quero a distância entre nós. — Disse ela quase
sem forças.
— Ótimo, porque todos os dias de minha vida, quero sentir seu
coração como estou sentindo agora, pulsando junto com o meu. Quero te fazer
minha sem horas e restrições, quero tê-la em meus braços para abraços de
amor e noites de amantes apaixonados. Eu quero você, Pétala, para sempre. —
Ele a beijou apaixonadamente sentindo todo seu corpo tremendo enquanto ela
derramava-se de prazer gritando seu nome, fazendo-o saber que ela era sua
mulher de corpo, alma e coração. Ele não demorou e deixou todo o seu sêmen
dentro dela, lá no fundo, marcando-a como a mulher do lenhador que era. Ela
chorou. Ele chorou.
— Eu te amo. — Disse ele.
— Eu te amo mais, Lenhador. —- Eles ficaram deitados no sofá.
Dexter ainda dentro dela, adormecendo devagar e sentindo a pulsação de sua
carne desacelerar. Fecharam os olhos e se abraçaram, não precisaram dizer
nada, seus corpos diziam tudo, seus corações falaram por eles.
— Eu posso sentir o seu coração como aquele dia, aqui e agora, amor.
— Disse Pétala me interrompendo. Eu olhei para minha linda esposa que
estava deitada de lado olhando-me carinhosamente.
— Eu posso sentir o perfume que você usava aquele dia. — falei. —
Ouvir o timbre de sua voz, sentir o seu coração, o gosto de sua boca, sua pele.
Eu posso viver aquele momento somente com minhas lembranças. — Falei
olhando-a com admiração.
— Vamos para mata, Lenhador. Aqui não será possível fazermos o que
desejo, quero ser tua sem reservas e preocupações. — Pétala levantou-se
rápido da cama, colocou o robe de seda que fica pendurado no closet, olhou-
me e sorriu. — Espero você. — Disse ela com o timbre de voz que me deixa
em chamas e saiu do quarto calmamente. Como uma felina prestes a dar o bote
em sua presa.
Levantei-me apressado e me vesti com uma calça de moletom, abri a
porta devagar e sai do quarto fazendo o mínimo de barulho possível, para não
despertar nossa menina curiosa. Quando abri a porta da sala para sair, pude
ver Pétala correndo para dentro da mata, fiz o mesmo. Fechei a porta devagar
e fui em direção a minha sedenta mulher. A mata estava fria, as folhas no chão
me deram a pista de onde ela estava. Fechei meus olhos e ouvi no silêncio os
seus passos apressados, ela queria o máximo de distância da casa e mesmo
com a escuridão da noite, Pétala sabe que eu a caço pelo faro a encontro onde
quer que esteja. Abri meus olhos e segui o barulho das folhas secas, meu
coração disparado pela adrenalina que ela me faz viver, nossa vida nunca foi
monótona, sem graça ou sem um pouco de sorriso. Pétala sempre me deixou
aceso o tempo inteiro, uma verdadeira mulher que coloca fogo na lenha para
ver-me queimando de desejo por ela. Eu a vejo correndo entre as árvores, a
lua sempre esteve ao meu favor, linda e imponente no céu só não era mais
perfeita que minha mulher, de cabelos soltos e sorriso nos lábios, correndo e
olhando para trás lançando-me um olhar sedutor. Ela parou e ficou de frente
para mim, diminui meus passos e o ritmo de meu coração com fortes puxadas
de ar para meus pulmões, aproximei-me de Pétala que estava ofegante.
— Você é uma menina má, sabe disso, não é?
— Sim Lenhador, agora não fale mais nada e toma-me em teus braços,
pois estou queimando de vontade de senti-lo dentro de mim. — Pétala
desamarrou o robe e deixou cair no chão, nua e linda aos reflexos da lua, seu
corpo é como uma pintura desenhado pelo próprio Deus e colocado em uma
moldura. Ele a fez perfeita para mim. Tirei minha calça deixando-a no chão e
dei um passo à frente, eu vi nitidamente como isso fez subir e descer o seu
peito, ela já estava sentindo-me dentro dela. Olhei em seus olhos e fiquei bem
perto de seu corpo, passei minhas mãos vagarosamente em seus braços de
cima para baixo, sentido todo o arrepiar, ouvindo o ofegar de sua respiração e
olhando em seus olhos a suas pupilas dilatadas de prazer. Eu segurei entre os
dedos os seus mamilos duros — ela gemeu incontrolavelmente — quase
fechando os olhos, mas ela conhece-me bem para que os mantenha abertos
olhando-me. Seus lábios se abriram e ela começou a tremer, desci passando os
dedos por seu ventre devagar, e ela ficou ofegante. Coloquei minha mão em
sua nuca e segurei seus cabelos mantendo sua boca a minha mercê. Com a
outra mão, desci até seu sexo e a penetrei com os dedos beijando seus lábios
doces e contendo seus gemidos, segurando seu corpo contra o meu para que
ela não desabasse no chão, pelo intenso e rápido orgasmo que a proporcionei.
— Lenhador. — Gemeu em meus lábios. Pétala afastou-se do meu
corpo tremendo, ofegante com as pernas sem controle. Ela abaixou-se no chão
olhando-me como uma felina sedenta, virou-se e se pôs de quatro, empinando
e oferecendo-me todo seu sexo babado. Eu não disse nada, somente concedi a
ela o seu desejo. Abaixei-me de joelhos entre suas pernas e segurei sua carne
farta da bunda empinada para mim, ela abaixou seu tronco todo no chão,
fazendo das folhas secas os seus lençóis. Segurei meu membro já babado de
líquido pré-sêmen e passei por toda a sua abertura, da linda e apertada fenda
até o ânus desejoso de meu mastro. Voltei para a entrada da fenda e a penetrei,
fundo e forte, como ela gosta. O único som que ouvi além do silêncio da mata,
foram seus gemidos incontroláveis enquanto eu a empalei duramente.
— Pétala. — Ela não respondeu. Mas não precisei de respostas por
sua voz, seu corpo estava me dando todos os sinais de seu prazer e os motivos
que a deixaram sem conseguir falar. Senti toda a parede de seu sexo
apertando-me, engolindo-me, devorando-me como se eu fosse deixá-lo e ir
para longe. Levantei o corpo trêmulo de Pétala segurando em seus lindos
seios. Sei que ela tem certo desprezo por eles, eu não, amo-os e farto-me de
como eles são. A amamentação os deixou levemente caídos e com uma
flacidez quase imperceptível aos meus olhos, se não fosse por ela falar tanto
que não gosta, eu nunca perceberia este detalhe insignificante. Encostei suas
costas em meu peito, e a penetrei mais forte e duro, apalpando, enchendo
minhas mãos com seios deliciosos que amo, não os trocaria por nada no
mundo e jamais permitirei aquelas coisas de plástico, silicone ou sei lá o
nome daquilo neles tirando toda a naturalidade, pelo qual sou loucamente
apaixonado. Pétala começou a tremer mais forte, espasmos intensos e gemidos
desesperados pelo prazer, então eu comecei a bater fundo dentro dela,
sentindo o tremor de sua carne úmida e quase não consegui me controlar com
todo seu sexo sugando o meu, em forte espasmo de orgasmos intensos. Seus
gritos são como música para meus ouvidos e então, eu explodo dentro da
minha linda e deliciosa mulher, de onde eu jamais deveria sair, mantendo
nossos corpos entrelaçados para o resto de nossas vidas, dando-lhe prazer
como ela merece.
— Dexter. — gritou. E eu continuei até deixar dentro dela a última gota
do meu esperma. — Eu te amo, Lenhador.
— Eu te amo, minha Pétala. — Sussurrei em seu ouvindo mostrando-
lhe com minha voz todo o prazer que estava sentindo e isso a fez tremer mais.
Caímos deitados em cima do robe de seda, eu a abracei por trás e ficamos
ouvindo o acalmar de nossas respirações e adormecemos com a lua nos
beijando em sua majestade.
Capítulo quinze
E
— Boa tarde, senhores! — Disse ela sorridente.
les foram até a grande
sala de reunião onde
sete
O cheiro de
despertou-me.
Eu não consegui ficar lá. Todos esses dias tem sido a minha morte. Eu
a vejo feliz e tento manter-me o máximo longe dele. Era para ser eu, e ele a
trouxe para casar-se com ela, o seu novo amor. Amor que é entre um homem e
uma mulher, não duas crianças. Spencer não está errado, ele seguiu sua vida
assim como eu deveria ter feito. Mas acho que para mulher isso se torna um
pouco mais difícil. Quando amamos um homem, entregamo-nos em todos os
sentidos, eles são mais frios, menos papai. Papai é puro sentimento, emoção,
amor. Desejo que eles sejam felizes, só é difícil ver isso sem sentir dor.
Ele sentiu o meu cheiro, não esqueceu e cheguei a pensar por todos
esses dias, que isso deveria significar alguma coisa, não? Ilusão, talvez. Estou
indo para o pico das nossas terras, lá está vovó Honddra descansando, é o
lugar mais encantador que temos aqui. E eu preciso chorar para fora toda esta
dor que sinto, porque quando eu voltar, Spencer já não vai estar mais em
minha pele, meu coração. É uma promessa.
Paro o carro perto dos túmulos dos meus avós. Olho para o do vovô e
sinto raiva, mas logo passa. Ele era um bom homem, só não soube amar e
receber de volta. Beijo a ponta dos meus dedos e toco na cruz que papai fez
com o nome da minha avó.
— Eu estou perdida aqui, vovó. Algum conselho? — Afasto-me para
sentar nas grandes pedras que tem na beirada do precipício, e olho para a
linda paisagem que meus olhos podem contemplar. Sinto quando o soluço vem
forte e me derramo em lágrimas como jamais fiz em meu quarto. Meu pai
ficaria à beira da morte se me visse assim.
Eu deixo ir a dor, frustração, incertezas de que um dia fora real o que
senti. E olhando para o nada além do verde, ouço um barulho atrás de mim e
olho assustada. Eu não quero conversar com ninguém, eu quero ter a liberdade
de chorar e ficar sozinha por algum tempo, e assim que o barulho se aproxima,
vejo Spencer parar seu carro ao lado do meu. Ele desceu olhando para os
meus avós e veio em minha direção, colocou a mãos dentro dos bolsos de seu
jeans e andou lentamente. Eu o analiso e fico sem ar, lindo, alto, quente.
Spencer cresceu e ficou um homem lindo, desses de fazer chorar por não os
ter. Eu seco minhas lágrimas e ouço sua voz rouca.
— Não precisa secar, Cattleya. Elas fazem parte de mim. — olho-o e o
vejo que também chora. Sentou-se ao meu lado fazendo meu coração bater
mais rápido. — Eu te amo, Cattleya. Tanto que dói olhar para você e não te
tocar, beijar. Eu estou aqui para te pedir perdão, porque eu sou um idiota que
erra muito. Não é só você que está em conflito aqui.
— Me ama? Casando-se com outra e em minha casa? — Perguntei.
— É exatamente por isso que estou pedindo perdão. Sei que cometi
muitos erros, mas o medo que sinto de não corresponder aos seus sonhos,
deixa-me apavorado. — Ele olha-me com dor.
— Do que você está falando? — Perguntei.
— Diga-me Cattleya, diga-me que me ama, que me perdoa e eu sou
seu.
— Foi você quem me jogou para longe, Spencer. Eu sempre estive lá
para você e o que fez com isso? Ficou de braços em braços.
— Como vou competir com seu pai? Você o ama e deseja que o homem
com quem se casar, seja igual a ele. Eu não sou ele, Cattleya. — gritou. E foi o
grito mais sufocante que já ouvi. — Eu nunca poderei ser ele para você,
porque sou imperfeito, cometo erros, mas te amo como a porra do inferno todo
do mundo. Sempre espalhou para toda a família o seu livro e como não se
permitiria não viver uma história igual a de seus pais, acha mesmo que isso
nunca chegou em meus ouvidos? E com tudo eu sentia-me frustrado por não
corresponder a isso, não ser o príncipe que você sonha para sua vida.
— Eu nunca pedi para você ser igual ao meu pai, Spencer. Mesmo
porque eu não conseguiria viver com você se ao menos tentasse ser. Eu o amo
como pai maravilho que é. E você deixou-me para viver sua vida, suas
mulheres e eu o entendo, estava tudo ali ao seu dispor. Jovem, bonito, rico,
livre.
— Eu trocaria tudo para estar ao seu lado, se eu soubesse que você me
aceitaria como sou. — Disse ele.
— Eu aceito você o homem que é. Posso ser nova, mas jamais pensei
em transformá-lo em meu pai ou qualquer outro homem que eu vir a ter. O que
não aceito é você disponível para mim e outras mulheres, isso nunca. —
Spencer em um impulso rápido, agarrou-me e nos levantou abraçados um ao
outro. Ficamos frente a frente enquanto senti envolvendo seus dedos em meu
cabelo na nuca. Puxou um pouco forte fazendo-me erguer a cabeça e olhá-lo
nos olhos.
— Eu quero você. Quero como minha esposa e te fazer minha, passar
todos os dias enterrado dentro de você, sentindo seu gosto e seus beijos. —
beijou-me possessivamente. — Seu corpo quente e suado debaixo do meu,
tremendo com meu toque. — Disse ele. Sua voz rouca fez-me molhar lá
embaixo.
— Spencer. — afastei-me o quanto consegui de seu aperto. — Você
não pode falar essas coisas para mim.
— Por quê? Já somos adultos e sabemos que, quando voltarmos para a
cabana, não haverá casamento, Cattleya. Você aceita-me com meus defeitos?
Prometo que farei tudo para fazê-la feliz, eu sou seu assim como é minha, só
minha. Nenhum desses namorados que você teve no passado, vai chegar perto
de você, porque eu sou o seu homem para sempre. — Disse ele.
— Eu nunca tive namorado. — Falei com nossos lábios tocando-se e
ouvindo nossas respirações pesadas.
— O que você quer dizer com nunca tive namorado? — Perguntou-me
com olhos arregalados. Segurei em seus braços fortes.
— Eu disse o que eu quis dizer. Que nunca tive namorado.
— Cattleya, não fale nas entrelinhas. Você está dizendo-me que é
virgem, é isso? — Spencer apertou mais o meu cabelo deixando minha boca a
sua disposição. Sua outra mão desceu abaixo das minhas costas e aproximou
meu corpo mais ao seu.
— Sim, eu sou virgem. — Minha boca foi tomada com posse. Seus
lábios macios como eu me lembrava. Spencer é um homem hoje, e pelo que
sinto, é movido a fogo, sangue quente. Meu corpo começou a tremer e senti
quando minha fenda melou. Sei o que é isso, é ele fazendo-me querê-lo dentro
dela. Mas não assim, não agora.
— Spencer. — falei em sussurro. — O que está fazendo?
— Eu quero você agora, aqui e em meus braços. Vou te fazer minha
como sempre foi. Vou desposá-la e você não vai querer ficar de outro jeito se
não for recebendo todo o meu amor.
— Não podemos. — Ele lambeu meu pescoço.
— Por quê?
— Porque você tem Victória esperando para casar-se com ela.
— Eu não a tenho e não vou me casar com ela. Eu tenho você e você
me tem. Nos amamos e vou te fazer minha, agora.
— Não, Spencer. — falei quase sem ar. — Podemos voltar aqui e
continuar deste mesmo ponto, mas antes disso, resolva o que é preciso
resolver com ela e com todos. Não me deixe mais entre uma navalha porque
isso fere o inferno dentro de mim. Precisamos conversar sobre coisas que
estamos desviando para saciar a sede, saudades que temos um do outro. Mas
existe um problema aqui e eu não vou ser sua até que o resolva. — Falei. Eu
sou filha de Dexter e Pétala Sawyer para ser uma mulher de fibra. Primeiro
resolver os problemas, depois voltamos ao ponto onde paramos, sem mais.
Ele olhou-me pensativo.
— Você está certa, perdoe-me por isso.
— Vamos sair daqui.
— Sim, precisamos ou eu não respondo por mim.
— Você me terá, Spencer. Hoje. Talvez. — Ele sorriu.
Voltamos para a cabana, eu não sei quanto tempo ficamos fora, mas
quando entramos em casa, minha família estava apreensiva na sala. Toda a
casa decorada e inacreditavelmente, com tudo o que eu havia pensado para o
meu casamento. Não gostei desde o primeiro momento que percebi isso. Papai
respirou aliviado ao olhar-me e mamãe sorriu. Victória estava descendo a
escada olhando-nos fixamente.
— Então é isso. Vocês finalmente estão juntos.
— Precisamos conversar, Victória. — Disse Spencer.
— Não precisa, eu já sabia desde a primeira vez que ouvi o nome dela
sair de sua boca. Mesmo assim tive uma esperança inútil de conquistá-lo. Mas
nada vence o amor, não é mesmo. — Falou.
— Sinto muito. — Disse ele. Fiquei olhando-os.
— Você a chama em seus sonhos e eu não fui a única a ouvir. — ela
olhou-me. — Você sempre o teve, Cattleya. Ele nunca a deixou.
— Eu também nunca o deixei. — Falei
— Espero que vocês sejam felizes. — Disse e voltou a subir os
degraus e foi para o quarto. Ficamos sem entender absolutamente nada.
— Acho que tive uma conversinha de mulher para mulher com
Victória. — disse minha avó Isadora. — Sabíamos todos do amor de vocês,
falei com ela e perguntei o motivo de ela estar se casando com um homem
mesmo sabendo que ele ama outra. Eu ouvi, ela ouviu, entendeu e aceitou. Fim
da história. Bem como eu imaginava, ela nunca amou Spencer. — Disse vovó
olhando-nos. Papai olhou-a admirado.
— Você é surpreendente. — Disse ele.
— Eu sei. — respondeu sorrindo. Victória precisava de uma muleta
para superar o bebê que perdeu.
— Que bebê? — Perguntei.
— Depois querida, não é o momento. Então, conversamos por muitas
horas enquanto esse idiota do meu neto, se permitia ter coragem e limpar as
calças para falar com Cattleya. — Não posso acreditar nisso. A decoração do
casamento é para mim? — Pensei. Mamãe olhou-me e soube o que estava
fervendo na minha cabeça.
— Vai para o seu quarto, filha. Você tem um casamento para ir. —
Disse ela.
— Por que eu sou o último a saber das coisas? — Perguntou meu pai
com raiva.
— Porque você é tão protetor com nossa filha, que se eu falasse do
casamento e tudo o que mamãe estava fazendo, você a trancaria em uma caixa
e a deixaria sair somente com cinquenta anos de idade.
— Isso não tem graça e ainda dá tempo de trancá-la, não é? Ela não
vai se casar hoje. — Falou olhando-me. Eu sorri e sentei ao seu lado.
— Não vou, papai?
— Sim, vai meu amor. — seu rosto banhado em lágrimas. — Estou
muito feliz por vê-la feliz.
— Obrigada, eu amo você. — Falei.
— Eu também te amo, Cattleya.
Epílogo
Fim.
Obrigada a todos os meus leitores.