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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

CAMPUS THEODOMIRO CARNEIRO SANTIAGO

FELIPE PROCÓPIO ROSA COSTA

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DA ADEQUAÇÃO DA ESTRUTURA DE UM


GALPÃO DE AÇO PARA ATENDER A MOVIMENTAÇÃO DE CAMINHÕES
FORA DE ESTRADA

Itabira - MG
2023
FELIPE PROCÓPIO ROSA COSTA

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DA ADEQUAÇÃO DA ESTRUTURA DE UM


GALPÃO DE AÇO PARA ATENDER A MOVIMENTAÇÃO DE CAMINHÕES
FORA DE ESTRADA

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Itajubá
– Campus Theodomiro Carneiro Santiago, como
requisito para obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. André Luis Riqueira Brandão.


Coorientador: Eng. Vitor Rigueira de Godoy.
.

Itabira – MG
2023
FELIPE PROCÓPIO ROSA COSTA

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DA ADEQUAÇÃO DA ESTRUTURA DE UM


GALPÃO DE AÇO PARA ATENDER A MOVIMENTAÇÃO DE CAMINHÕES
FORA DE ESTRADA

Prof. Dr. André Luis Riqueira Brandão


Universidade Federal de Itajubá

Engenheiro Civil e Mecânico Vitor Rigueira de Godoy


Emalto Indústria Mecânica LTDA

Prof. Dr. Leonardo Albergaria Oliveira


Universidade Federal de Itajubá

Prof. Dr. Washington Batista Vieira


Universidade Federal de Itajubá

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi
julgado adequado para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica obtido pelo
Curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Itajubá, Campus Theodomiro
Carneiro Santiago.
____________________________
Coordenação de TFG do Curso de Graduação em Engenharia Mecânica

____________________________
Prof. Dr. André Luis Riqueira Brandão
Orientador

Itabira - MG
2023
Dedico este trabalho ao meu Deus, à minha querida
família e aos meus grandes amigos que sempre me apoiaram em
todos os momentos.
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, primeiramente, a Deus, por me dar sabedoria para enfrentar os


momentos de dificuldade, foco e força para concluir o presente trabalho. Agradeço também ao
meu professor e orientador e coorientador, Prof. André Luis Riqueira Brandão e Vitor Rigueira
Godoy, respectivamente, pela confiança em mim investida, por todo o apoio e conhecimento
transmitido. Agradeço também à Universidade Federal de Itajubá - Campus Itabira e aos seus
professores, aos quais fui aluno, contribuindo para minha formação profissional. Também
gostaria de agradecer aos meus familiares, em especial minha mãe Marílian e minha tia Maria,
que sempre me apoiaram durante esta jornada, e ao meu padrinho Marco Antônio pelos
conselhos, suporte e pela confiança depositada em mim. Aos meus irmãos Rafael Helyas
Fernandes de Almeida e André Marinho Dias, obrigado por todo o apoio ao longo destes anos
ao meu lado. Agradeço aos meus grandes amigos do grupo "UNIFEIOS" pela amizade,
companheirismo ao longo do curso e por tornarem essa jornada mais leve e proveitosa.
Agradeço também aos amigos que fiz durante a graduação, em especial Rafael Thomaz de
Camargo Rodrigues, André Dallora dos Reis, Ítalo Araújo Quintão e Gustavo Rocha de
Queiroz, pela colaboração com meu foco e saúde para o desenvolvimento do trabalho,
acrescentando conhecimentos e valores que levo para minha formação pessoal e profissional.
"Sonhe grande e ouse falhar. Tudo é possível
para que um sonho se realize.”
– James Hetfield.
RESUMO

O objetivo deste trabalho é apresentar a análise e o dimensionamento estrutural de um


galpão industrial para acomodar a movimentação de caminhões fora de estrada. O galpão,
projetado na década de 1970 para caminhões menores, não atende plenamente às demandas
atuais da empresa devido às dimensões maiores e capacidade de carga dos caminhões utilizados.
A principal dificuldade está na distância entre as colunas em uma parte específica do galpão, a
qual limita a entrada e saída dos caminhões fora de estrada para a realização de serviços críticos,
como troca de suspensão, radiador, soldagens e remoção de pneus. Para solucionar essa questão,
propõe-se a remoção alternada das colunas, aumentando o vão disponível para a movimentação
dos caminhões. Entretanto, essa alteração implica no redimensionamento das vigas de
rolamento da ponte rolante, com capacidade de 70 toneladas, pois estas passam a ter o dobro
do comprimento. Além disso, uma treliça de transição deve ser projetada para suportar as ações
da cobertura, uma vez que as colunas serão removidas. Neste estudo, utilizou-se o software
SAP2000 para verificar os estados limites últimos e de serviço das estruturas, considerando a
combinação de ações agressivas pela norma NBR 8800 (2008). Os resultados indicam que as
colunas remanescentes não necessitam de reforço, e que a nova viga de rolamento pode ter a
mesma seção transversal da viga original. Para a treliça de transição, foi proposta uma
configuração do tipo Pratt, composta por seções I e cantoneiras.

Palavras-chave: Galpão Industrial. Viga de Rolamento. Treliça. SAP2000.


ABSTRACT

The objective of this project is to present the analysis and structural design of an
industrial shed to accommodate the movement of off-road trucks. The shed, designed in the
1970s for smaller trucks, does not fully meet the current demands of the company due to the
larger dimensions and load capacity of the trucks used. The main difficulty lies in the distance
between the columns in a specific part of the shed, which limits the entry and exit of off-road
trucks for critical services such as suspension replacement, radiator maintenance, welding, and
tire removal. To solve this issue, the alternate removal of columns is proposed, increasing the
available space for truck movement. However, this alteration implies the resizing of the
overhead crane's runway beams, which have a capacity of 70 tons, as they will now have twice
the length. Additionally, a transition truss must be designed to support the roof loads since the
columns will be removed. In this study, the SAP2000 software was used to verify the ultimate
limit states and service limit states of the structures, considering the combination of aggressive
actions according to the NBR 8800 (2008) code. The results indicate that the remaining
columns do not require reinforcement, and the new runway beam can have the same cross-
sectional shape as the original beam. For the transition truss, a Pratt-type configuration was
proposed, consisting of I-sections and angles.

Keywords: Industrial shed. Crane runway beam. Truss. SAP2000.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - VISTA INTERNA DA OFICINA DE CAMINHÕES, ALOJANDO ALGUNS EQUIPAMENTOS DE


TRANSPORTE. ..................................................................................................................... 22

FIGURA 2 – DISPOSIÇÃO DOS CAMINHÕES NA PORÇÃO EXTERNA DA OFICINA. ........................... 22


FIGURA 3 – GALPÃO INDUSTRIAL DO TIPO SHED. ....................................................................... 24
FIGURA 4 – TRELIÇA COM DESTAQUE PARA OS ELEMENTOS QUE A CONSTITUEM. ...................... 25
FIGURA 5 – TIPOS DE TRELIÇA QUE ATUAM COMO VIGAS........................................................... 25
FIGURA 6 – EDIFÍCIO COM PILARES COMPRIMIDOS. .................................................................... 27
FIGURA 7 – FENÔMENOS DE FLM E FLA, RESPECTIVAMENTE, EM UMA VIGA DE AÇO. .............. 29
FIGURA 8 – VIGA DE AÇO SUBMETIDA AO ESFORÇO DE FLEXÃO................................................. 30
FIGURA 9 – VIGA DE AÇO SUBMETIDA À FLAMBAGEM LATERAL COM TORÇÃO. ......................... 30
FIGURA 10 – FORÇAS HORIZONTAIS TRANSVERSAIS E HORIZONTAIS LONGITUDINAIS PRESENTES
EM UMA VIGA DE ROLAMENTO. .......................................................................................... 35

FIGURA 11 – PONTE ROLANTE DO GALPÃO INDUSTRIAL EM ESTUDO, COM VISTA PARA A PONTE
ROLANTE. .......................................................................................................................... 35

FIGURA 12 – ILUSTRAÇÃO DAS FORÇAS ATUANTES NUMA VIGA DE ROLAMENTO DEVIDO ÀS


CARGAS DA PONTE ROLANTE. ............................................................................................ 36

FIGURA 13 – GRÁFICO CONTENDO AS ISOPLETAS DA VELOCIDADE BÁSICA DO VENTO V_(0 )


(M/S). ................................................................................................................................. 37
FIGURA 14 – FATOR TOPOGRÁFICO S1. ...................................................................................... 39
FIGURA 15 – EXEMPLO DE COMO A SUCÇÃO E A SOBREPRESSÃO ATUAM NA ESTRUTURA. ......... 44
FIGURA 16 – RELAÇÕES DAS MEDIDAS DAS SEÇÕES DO GALPÃO EM PLANTA RETANGULAR. ..... 45
FIGURA 17 – TABELA 33 DA NBR 6123 (1988), PRESENTE NO ANEXO F, CONTENDO AS
RELAÇÕES PARA DETERMINAR OS COEFICIENTES DE PRESSÃO E DE FORMA, EXTERNOS, DE

UM TELHADO TIPO SHED. ................................................................................................... 46

FIGURA 18 – EXEMPLO FORNECIDO PELA NORMA NBR 6123 (1988)......................................... 47


FIGURA 19 – EXEMPLO FORNECIDO PELA NORMA NBR 6123 (1988)......................................... 47
FIGURA 20 – VALORES DOS COEFICIENTES DE PONDERAÇÃO. ................................................... 49
FIGURA 21 – VALORES DOS FATORES DE COMBINAÇÃO Ψ0 E REDUÇÃO Ψ1 E Ψ2. ......................... 49
FIGURA 22 – PARÂMETROS DE FADIGA. ..................................................................................... 52
FIGURA 23 – FAIXA ADMISSÍVEL DE VARIAÇÃO DE TENSÃO PARA O ELEMENTO EM ESTUDO. ..... 53
FIGURA 24 – VISTA NA PLANTA DO GALPÃO DA OFICINA DE CAMINHÕES. DESTACADA EM VERDE
A ÁREA DE ESTUDO DO PRESENTE TRABALHO E AS SETAS INDICAM OS ÂNGULOS DE

INCIDÊNCIA DOS VENTOS. .................................................................................................. 54

FIGURA 25 – FACE NORTE DA OFICINA, COM DETALHE PARA A ENTRADA DOS BOXES E ALGUNS
EQUIPAMENTOS ESTACIONADOS NA PARTE EXTERNA. ........................................................ 54

FIGURA 26 – POR OUTRO ÂNGULO, VISTA DA FACE NORTE DO GALPÃO. .................................... 55


FIGURA 27 – VISTA DA FACE OESTE DO GALPÃO, TOTALMENTE IMPERMEÁVEL. ........................ 55
FIGURA 28 – VISTA PARCIAL DA FACE SUL, APRESENTANDO 1 DAS 3 ABERTURAS PRINCIPAIS. . 56
FIGURA 29 – VISTA DA PORÇÃO INTERMEDIÁRIA DA FACE SUL DO GALPÃO. ............................. 56
FIGURA 30 – NA IMAGEM É POSSÍVEL VER A ÚLTIMA PORÇÃO DA FACE SUL DO GALPÃO,
APRESENTANDO DUAS ABERTURAS PRINCIPAIS. ................................................................. 57

FIGURA 31 – VISTA DA FACE LESTE DA ESTRUTURA, COM DOIS GALPÕES À SUA FRENTE E UMA
ABERTURA NA PORÇÃO INTERMEDIÁRIA. ........................................................................... 57

FIGURA 32 – REPRESENTAÇÃO 3D DO GALPÃO VIA GOOGLE MAPS COM DESTAQUE PARA A


MEDIDA DOS SEUS LADOS E A ÁREA EM ESTUDO. ............................................................... 58
FIGURA 33 – REPRESENTAÇÃO DA FATIA DO GALPÃO EM ESTUDO MODELADA NO PROGRAMA
SAP2000, MOSTRANDO COMO A ESTRUTURA É ATUALMENTE, SEM AS MODIFICAÇÕES
APLICADAS. ....................................................................................................................... 59

FIGURA 34 – VISTA GERAL DA FACE EM ESTUDO DO GALPÃO. ................................................... 59


FIGURA 35 – DETALHE DA DIMENSÃO DOS ELEMENTOS DA FACE EM ESTUDO DO GALPÃO. ........ 60
FIGURA 36 - IDENTIFICAÇÃO DAS MEDIDAS DE UMA VIGA DE SEÇÃO I. ...................................... 61
FIGURA 37 – DADOS DA TELHA ESTIMADA PARA CÁLCULOS DE CARGA CONCENTRADA EM CADA
BAIONETA. ......................................................................................................................... 62

FIGURA 38 – DESTACADA EM CINZA, A ÁREA DE INFLUÊNCIA DA CARGA CONCENTRADA NA


BAIONETA. ......................................................................................................................... 63

FIGURA 39 – MEDIDAS DAS SEÇÕES DO GALPÃO PARA VENTOS INCIDENTES A 0° (ESQUERDA) E A


180° (DIREITA). EM VERMELHO, A PORÇÃO DO GALPÃO EM ESTUDO. ................................ 66
FIGURA 40 – COEFICIENTES DE PRESSÃO EXTERNA PARA VENTO INCIDENTE A 0°. EM DESTAQUE,
A PORÇÃO DO GALPÃO EM ESTUDO. ................................................................................... 67

FIGURA 41 – COEFICIENTES DE PRESSÃO EXTERNA PARA VENTO INCIDENTE A 180°. EM


DESTAQUE, A PORÇÃO DO GALPÃO EM ESTUDO. ................................................................. 68
FIGURA 42 – MEDIDAS DO GALPÃO PARA VENTO INCIDENTE A 90°. EM DESTAQUE, A PORÇÃO DO
GALPÃO EM ESTUDO. ......................................................................................................... 69
FIGURA 43 – MEDIDAS DO GALPÃO PARA VENTO INCIDENTE A 270°. EM DESTAQ ... UE, A PORÇÃO
DO GALPÃO EM ESTUDO. 69
FIGURA 44 – COEFICIENTES DE PRESSÃO EXTERNA PARA VENTO INCIDENTE A 90°. EM
DESTAQUE, A PORÇÃO DO GALPÃO EM ESTUDO. ................................................................. 70

FIGURA 45 – COEFICIENTES DE PRESSÃO EXTERNA PARA VENTO INCIDENTE A 270°. EM


DESTAQUE, A PORÇÃO DO GALPÃO EM ESTUDO. ................................................................. 70

FIGURA 46 – VALORES OBTIDOS PARA OS COEFICIENTES DE PRESSÃO EXTERNA DO TELHADO


COM O VENTO INCIDENTE A 0°. .......................................................................................... 71

FIGURA 47 – VALORES OBTIDOS PARA OS COEFICIENTES DE PRESSÃO EXTERNA DO TELHADO


COM O VENTO INCIDENTE A 180°. ...................................................................................... 71

FIGURA 48 – VALORES OBTIDOS PARA OS COEFICIENTES DE PRESSÃO EXTERNA DO TELHADO


PARA VENTOS A 90° E 180°. ............................................................................................... 71

FIGURA 49 – TABELA ADAPTADA DO ANEXO D DA NBR 6123 (1988) PARA CÁLCULO DO


COEFICIENTE DE PRESSÃO INTERNA PARA VENTO A 0°. DESTACADO, EM VERDE, O

COEFICIENTE DE PRESSÃO INTERNA OBTIDO. ...................................................................... 72

FIGURA 50 – TABELA ADAPTADA DO ANEXO D DA NBR 6123 (1988) PARA CÁLCULO DO


COEFICIENTE DE PRESSÃO INTERNA PARA VENTO A 90°. DESTACADO, EM VERDE, O

COEFICIENTE DE PRESSÃO INTERNA OBTIDO. ...................................................................... 72

FIGURA 51 – TABELA ADAPTADA DO ANEXO D DA NBR 6123 (1988) PARA CÁLCULO DO


COEFICIENTE DE PRESSÃO INTERNA PARA VENTO A 180°. DESTACADO, EM VERDE, O

COEFICIENTE DE PRESSÃO INTERNA OBTIDO. ...................................................................... 73

FIGURA 52 – TABELA ADAPTADA DO ANEXO D DA NBR 6123 (1988) PARA CÁLCULO DO


COEFICIENTE DE PRESSÃO INTERNA PARA VENTO A 270°. DESTACADO, EM VERDE, O

COEFICIENTE DE PRESSÃO INTERNA OBTIDO. ...................................................................... 73

FIGURA 53 – REPRESENTAÇÃO DA SEÇÃO DO GALPÃO EM ESTUDO, JÁ COM AS MODIFICAÇÕES


APLICADAS, NO SAP2000. ................................................................................................. 81

FIGURA 54 – PADRÕES DE CARREGAMENTO GERADOS MANUALMENTE NO SAP2000................ 82


FIGURA 55 – DEFINIÇÃO DAS COMBINAÇÕES DE CARREGAMENTO NO SAP2000. ...................... 83
FIGURA 56 – RELAÇÕES PARA DETERMINAÇÃO DA CARGA CONCENTRADA EM CADA RODA DA
PONTE ROLANTE. ............................................................................................................... 85
FIGURA 57 – ESFORÇOS ENVOLVIDOS NA COMBINAÇÃO PARA ANÁLISE DO ESTADO-LIMITE
ÚLTIMO DA TRELIÇA DE TRANSIÇÃO. ................................................................................. 87

FIGURA 58 – ESFORÇOS ENVOLVIDOS NA COMBINAÇÃO PARA ANÁLISE DO ESTADO-LIMITE


ÚLTIMO VIGA DE ROLAMENTO. .......................................................................................... 88
FIGURA 59 – ESFORÇOS ENVOLVIDOS NA COMBINAÇÃO PARA ANÁLISE DO ESTADO-LIMITE DE
SERVIÇO DA VIGA DE ROLAMENTO. .................................................................................... 89

FIGURA 60 – ESFORÇOS ENVOLVIDOS NA COMBINAÇÃO PARA ANÁLISE DO ESTADO-LIMITE DE


SERVIÇO DA TRELIÇA DE TRANSIÇÃO. ................................................................................ 90

FIGURA 61 – INDICAÇÃO DO COMPRIMENTO “L” DO VÃO DA VIGA DE ROLAMENTO. ................. 92


FIGURA 62 – MEDIDAS DAS PARTES DA VIGA DE ROLAMENTO UTILIZADA ATUALMENTE NO

GALPÃO. ............................................................................................................................ 93

FIGURA 63 – TRELIÇA DO TIPO PRATT SUGERIDA PARA SERVIR COMO MEIO DE TRANSIÇÃO DAS
CARGAS. ............................................................................................................................ 93

FIGURA 64 – TRELIÇA MODELADA NO SAP2000 A SER UTILIZADA NA REPRESENTAÇÃO DA


PORÇÃO DO GALPÃO EM ESTUDO. ...................................................................................... 94
FIGURA 65 – REPRESENTAÇÃO DAS FORÇAS DO VENTO INCIDENTE A 0° NA ESTRUTURA. .......... 99
FIGURA 66 - REPRESENTAÇÃO DAS FORÇAS DO VENTO INCIDENTE A 90° NA ESTRUTURA. ....... 100
FIGURA 67 – REPRESENTAÇÃO DAS FORÇAS DO VENTO INCIDENTE A 180° NA ESTRUTURA. .... 101
FIGURA 68 – REPRESENTAÇÃO DAS FORÇAS DO VENTO INCIDENTE A 270° NA ESTRUTURA. .... 102
FIGURA 69 – COMBINAÇÃO DE AÇÕES MAIS CRÍTICA PARA A ESTRUTURA. .............................. 102
FIGURA 70 – COMBINAÇÃO MAIS CRÍTICA PARA A ATUAL ESTRUTURA DO GALPÃO ATUAL E A
RAZÃO ENTRE DEMANDA E CAPACIDADE. ........................................................................ 103

FIGURA 71 – REPRESENTAÇÃO DAS PRIMEIRAS 10 COLUNAS DA FATIA EM ESTUDO DO GALPÃO,


APRESENTANDO UMA RAZÃO D/C BAIXA. ........................................................................ 103

FIGURA 72 – REPRESENTAÇÃO DAS ÚLTIMAS 11 COLUNAS DA FATIA EM ESTUDO DO GALPÃO,


APRESENTANDO UMA RAZÃO D/C BAIXA. ........................................................................ 104

FIGURA 73 – COMBINAÇÃO MAIS CRÍTICA PARA A ATUAL ESTRUTURA DO GALPÃO COM AS


ADEQUAÇÕES E A RAZÃO ENTRE DEMANDA E CAPACIDADE. ............................................ 104

FIGURA 74 – RESULTADO DO DIMENSIONAMENTO DE 6 COLUNAS DO GALPÃO. ....................... 105


FIGURA 75 – RESULTADO DO DIMENSIONAMENTO DE 7 COLUNAS DO GALPÃO. ....................... 105
FIGURA 76 – A ANÁLISE DO ESTADO-LIMITE ÚLTIMO DA VIGA DE ROLAMENTO. ...................... 107
FIGURA 77 – VERIFICAÇÃO DA DEFLEXÃO VERTICAL PELO ESTADO-LIMITE DE SERVIÇO. ........ 108
FIGURA 78 – VERIFICAÇÃO DA DEFLEXÃO LATERAL PELO ESTADO-LIMITE DE SERVIÇO .......... 108
FIGURA 79 – RAZÃO D/C PARA OS ELEMENTOS DA TRELIÇA, DENTRO DOS LIMITES
ESTABELECIDOS POR NORMA. .......................................................................................... 110

FIGURA 80– VALORES OBTIDOS DE DEFLEXÃO A PARTIR DA ANÁLISE DO ESTADO-LIMITE DE


SERVIÇO. .......................................................................................................................... 111
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – VALORES PRÉ-DEFINIDOS DO FATOR TOPOGRÁFICO S1.. ......................................... 38


TABELA 2 – PARÂMETROS METEOROLÓGICOS P E B. .................................................................. 41
TABELA 3 – VALORES DE S2 PARA AS CATEGORIAS E CLASSES DEFINIDAS DE ACORDO COM O
TIPO DE EDIFICAÇÃO. ......................................................................................................... 41

TABELA 4 – VALORES MÍNIMOS DO FATOR S3 ............................................................................ 42


TABELA 5 – COEFICIENTES DE PRESSÃO E DE FORMA, EXTERNOS, PARA PAREDES DE
EDIFICAÇÕES DE PLANTA RETANGULAR. ............................................................................ 45

TABELA 6 – GEOMETRIA DA COLUNA PRINCIPAL DO GALPÃO. ................................................... 61


TABELA 7 – GEOMETRIA DA VIGA DE ROLAMENTO. ................................................................... 61
TABELA 8 – ALTURAS DO GALPÃO. ........................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
TABELA 9 – VALORES ENCONTRADOS EM TABELA PARA S2. ...................................................... 64
TABELA 10 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 0° NOS PÓRTICOS PARA
DETERMINADAS ALTURAS ZG, NA PRIMEIRA SEÇÃO DO GALPÃO......................................... 74

TABELA 11 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 0° NOS PÓRTICOS PARA


DETERMINADAS ALTURAS ZG, NA SEGUNDA SEÇÃO DO GALPÃO......................................... 75

TABELA 12 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 0° NOS PÓRTICOS PARA


DETERMINADAS ALTURAS ZG, NA TERCEIRA SEÇÃO DO GALPÃO. ....................................... 75

TABELA 13 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 0° NOS PÓRTICOS PARA


DETERMINADAS ALTURAS ZG, NA FACE DE BARLAVENTO. ................................................. 75
TABELA 14 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 0° NOS PÓRTICOS PARA
DETERMINADAS ALTURAS ZG, NA FACE DE SOTAVENTO. .................................................... 76

TABELA 15 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 90° NOS PÓRTICOS PARA
DETERMINADAS ALTURAS ZG. ............................................................................................ 76

TABELA 16 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 180° NOS PÓRTICOS PARA
DETERMINADAS ALTURAS ZG, NA PRIMEIRA SEÇÃO DO GALPÃO......................................... 77

TABELA 17 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 180° NOS PÓRTICOS PARA
DETERMINADAS ALTURAS ZG, NA SEGUNDA SEÇÃO DO GALPÃO......................................... 77

TABELA 18 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 180° NOS PÓRTICOS PARA
DETERMINADAS ALTURAS ZG, NA TERCEIRA SEÇÃO DO GALPÃO. ....................................... 78
TABELA 19 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 180° NOS PÓRTICOS PARA
DETERMINADAS ALTURAS ZG, NA FACE DE BARLAVENTO. ................................................. 78
TABELA 20 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 180° NOS PÓRTICOS PARA
DETERMINADAS ALTURAS ZG, NA FACE DE SOTAVENTO. .................................................... 78

TABELA 21 – VALORES DAS AÇÕES DO VENTO INCIDENTE A 270° NOS PÓRTICOS PARA
DETERMINADAS ALTURAS ZG. ............................................................................................ 79

TABELA 22 – DETALHE DAS COMBINAÇÕES GERADAS NO SAP2000. ........................................ 83


TABELA 23– DESLOCAMENTOS HORIZONTAL E VERTICAL MÁXIMOS PARA UMA VIGA DE
ROLAMENTO. ..................................................................................................................... 91

TABELA 24 – PERFIS UTILIZADOS NA TRELIÇA. ........................................................................ 110


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

a Comprimento do galpão
A Área
Ae Área líquida efetiva da seção
Ag Área bruta da seção transversal

Ainf Área de influência

An Área líquida

b Largura do galpão

b Fator meteorológico

bf Largura da mesa

Cb Fator de modificação para diagrama de momento fletor não-uniforme

Ce Coeficiente de forma externo

Cf Coeficiente de fadiga

Cf Coeficiente de pressão final

Ci Coeficiente de forma interno

Cpe Coeficiente de pressão externa

Cpi Coeficiente de pressão interna

Ct Coeficiente de redução usado no cálculo da área líquida efetiva

d Altura da seção

d’ Altura da alma

ELS Estado-limite de serviço

ELU Estado-limite último


FLA Flambagem local da alma

FLM Flambagem local da mesa comprimida

FLT Flambagem lateral de torção

F Força do vento distribuída sobre uma coluna

Fd Força atuante na estrutura

Fe Força externa à edificação que atua na superfície plana de área A

FGi,k Valores característicos das ações permanentes

FQ1,k Valor característico da ação variável principal

FQ,exec Valor da ação transitória excepcional

FQi,k Valor característico da ação variável especial

FQj,k Valores característicos das ações variáveis secundárias

Fi Força interna à edificação que atua na superfície plana de área A

Fser Ação atuante na estrutura

fu Resistência à ruptura do aço

fy Resistência ao escoamento

γa1 Coeficiente de ponderação referente à resistência

γa2 Coeficiente de ponderação referente à ruptura

γf1 Coeficiente de ponderação das ações variáveis

γf2 Coeficiente de ponderação da atuação simultânea das ações

γf3 Fator que considera possíveis erros dos efeitos das ações

γg Ações permanentes atuantes na estrutura

γq Ações variáveis atuantes na estrutura


h Altura do galpão

HL Forças horizontais longitudinais

HT Forças horizontais transversais

L Medida do vão da viga de rolamento

λ Esbeltez da alma

λ0 Índice de esbeltez reduzido

λp Parâmetro de esbeltez correspondente à plastificação

λr Parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento

N Número de ciclos de variação de tensões

Ne Força de flambagem elástica

Nc,Sd Força axial de compressão solicitante

Nc,Rd Força axial de compressão resistente

MRd,x Momento fletor resistente relativo ao eixo x

MRd,y Momento fletor resistente relativo ao eixo y

MSd,x Momento fletor solicitante relativo ao eixo x

MSd,y Momento fletor solicitante relativo ao eixo y

Nt,Rd Força de tração resistente

p Fator meteorológico

pp Estimativa do peso próprio da ponte rolante

P Força nos pórticos devidas ao vento, distribuída na coluna

Ptelha Peso da telha

Ψ0 Fator de combinação
Ψ0j,ef Fator de combinação das ações variáveis atuantes junto a ação variável FQ1

Ψ1 Fator de redução

Ψ2 Fator de redução

q Pressão dinâmica

Q Fator de redução relacionado à compressão

S1 Fator topográfico

S2 Fator de rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno

S3 Fator estatístico

σSR Faixa admissível de tensão

σTH Limite admissível da faixa de variação de tensões

tf Espessura da mesa

tw Espessura da alma

T Carga máxima de içamento

V0 Velocidade básica do vento

Vpl Força cortante de plastificação

VK Velocidade característica do vento

VRd Esforço cortante resistente

χ Fator de redução relacionado à resistência de compressão

Zg Altura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 22
2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 23
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 24
3.1 Galpão industrial em shed ..................................................................................... 24

3.2 Treliça .................................................................................................................... 24

3.3 DIMENSIONAMENTO DE BARRAS SEGUNDO A NBR 8800 (2008) .......... 25

3.3.1 Barras metálicas submetidas a esforços de tração............................................ 26

3.3.2 Elementos metálicos submetidos a esforços de compressão ............................ 27

3.3.3 Elementos metálicos submetidos a esforços de flexão ...................................... 29

3.3.4 Barras de aço sob combinação de esforços combinados .................................. 31

3.3.5 Esforço cortante resistente para vigas ............................................................... 32

3.4 Ações .................................................................................................................... 32

3.5 Cargas móveis ........................................................................................................ 33

3.6 Forças devidas ao vento ......................................................................................... 36

3.6.1 Fator topográfico S1............................................................................................. 38

3.6.2 Fator de rugosidade do terreno S2 ..................................................................... 39

3.6.3 Fator estatístico S3 ............................................................................................... 42

3.6.4 Pressão dinâmica ................................................................................................. 42

3.6.5 Coeficientes de forma .......................................................................................... 42

3.6.6 Coeficiente de pressão e de forma, externos para as paredes .......................... 44

3.6.7 Coeficientes de pressão e de forma, externos, para o telhado ......................... 45

3.6.8 Coeficiente de pressão interna ............................................................................ 46

3.7 Combinações de ações ........................................................................................... 47

3.7.1 Combinações últimas normais ............................................................................ 50

3.7.2 Combinações quase permanentes de serviço ..................................................... 50

3.7.3 Combinação frequente de fadiga ........................................................................ 51


3.8 Verificação da fadiga em uma estrutura de aço ..................................................... 51

3.8.1 Condições de carregamento - Número de ciclo (N) .......................................... 51

3.8.2 Categorias de detalhe .......................................................................................... 51

3.8.3 Faixa admissível de variação de tensão ............................................................. 52

4 DESENVOLVIMENTO ...................................................................................... 53
4.1 Representação do galpão ....................................................................................... 53

4.1.1 Peso próprio dos elementos ................................................................................. 60

4.1.2 estimativa dos perfis ............................................................................................ 62

4.2 Determinação da velocidade básica do vento V0 ................................................... 63

4.2.1 Definição do fator topográfico, S1 ...................................................................... 63

4.2.2 Determinação do fator de rugosidade, dimensões da edificação e altura sobre


o terreno, S2 ............................................................................................................................. 64

4.2.3 Definição do fator estatístico............................................................................... 64

4.3 Cálculo da velocidade característica do vento ....................................................... 64

4.4 Pressão dinâmica ................................................................................................... 65

4.5 Coeficientes de pressão e de forma, externos e internos ....................................... 65

4.6 Coeficientes de pressão interna ............................................................................. 72

4.7 Ações de vento na estrutura ................................................................................... 73

4.8 Software SAP2000................................................................................................. 79

4.8.1 Estudo da modelagem ......................................................................................... 80

4.8.2 Definição dos carregamentos no SAP2000 ........................................................ 81

4.8.3 Definição das combinações de ações no SAP2000 ............................................. 82

4.9 Ações atuantes na viga de rolamento..................................................................... 85

4.9.1 Estados-limites últimos........................................................................................ 86

4.9.2 Estados-limites de serviço ................................................................................... 88

4.10 Flechas admissíveis numa viga de rolamento ........................................................ 90

4.11 Treliça de transição ................................................................................................ 93


4.12 Verificação de fadiga ............................................................................................. 95

5 RESULTADOS .................................................................................................... 97
5.1 Ações do vento ...................................................................................................... 98

5.2 COLUNAS .......................................................................................................... 102

5.3 Viga de rolamento................................................................................................ 106

5.4 TRELIÇA de transição ........................................................................................ 109

6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 111


7 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 113
22

1 INTRODUÇÃO

Durante as operações na oficina de caminhões da mineradora Vale, localizada em


Itabira – Minas Gerais, vê-se necessário o posicionamento dos equipamentos na porção interna
do galpão para serviços críticos, como troca de suspensão e radiador, soldagens e remoção de
pneus. O galpão, projetado na década de 1970 para caminhões menores, hoje já não atende
totalmente à demanda da companhia devido ao fato de atualmente possuir maquinário com
dimensões maiores e, consequentemente, com maior capacidade de carga. Atualmente, a frota
é composta por 70 equipamentos, entre máquinas destinadas ao transporte do material extraído
e irrigação da mina, sendo os Caterpillar 789C, Caterpillar 793D, Caterpillar 793F e o Komatsu
830E.

Figura 1 - Vista interna da oficina de caminhões, alojando alguns equipamentos de transporte.

Fonte: Autor.

Figura 2 – Disposição dos caminhões na porção externa da oficina.

Fonte: Autor.
23

Na parte da estrutura do galpão existente, objeto deste estudo, existem duas fileiras
com 21 colunas formando 20 boxes para o estacionamento dos caminhões, sendo utilizados 16
para tal propósito. Visando a segurança das operações, foi proposto o estudo do aumento do
vão destes boxes para que estas modernas máquinas possam acessar a parte interna do galpão
sem haver o risco de colisão com alguma coluna durante o processo de posicionamento.
Na porção superior das colunas estão apoiadas as vigas de rolamento e as baionetas,
que são de menor seção transversal e tem a função de suportar as ações oriundas da cobertura.
O desafio foi encontrar uma maneira de distribuir o carregamento de algumas baionetas, agora
sem apoio das colunas intermediárias, para as outras colunas e verificar a nova condição da viga
de rolamento, que possui um vão maior. Para solucionar tal problema, a utilização do software
SAP2000, específico para dimensionamento de estruturas metálicas, é uma ferramenta bastante
útil para fazer o dimensionamento de uma treliça de transição e a definição da nova geometria
da viga de rolamento.

2 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo realizar a análise e dimensionamento estrutural de um


galpão industrial para acomodar a movimentação de caminhões fora de estrada. De forma
específica, os objetivos do estudo são:
• avaliar a adequação da estrutura existente do galpão de aço para as demandas atuais da
empresa, considerando as dimensões e capacidade de carga dos caminhões utilizados.
• identificar os pontos problemáticos no galpão que limitam a entrada e saída dos
caminhões fora de estrada para serviços críticos.
• propor uma solução alternativa, removendo colunas específicas do galpão para
aumentar o vão disponível e permitir a movimentação dos caminhões.
• redimensionar as vigas de rolamento da ponte rolante, levando em conta o aumento do
comprimento resultante da remoção das colunas.
• projetar uma treliça de transição para suportar as ações da cobertura após a remoção das
colunas.
• definir as combinações de ações no sistema estrutural, com base na NBR 8800 (2008).
24

• analisar os resultados obtidos para determinar se as colunas remanescentes requerem


reforço estrutural e se a nova viga de rolamento pode ter a mesma seção transversal da
viga original.
• propor uma configuração adequada para a treliça de transição.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 GALPÃO INDUSTRIAL EM SHED

Galpões industriais são estruturas compostas por pórticos regularmente espaçados,


com cobertura apoiada em terças e vigas (ou treliças), destinadas para uso comercial, industrial
ou agrícola. Um galpão do tipo shed se caracterizada pela presença de telhados em forma de
dente de serra. A figura 3 ilustra um galpão do tipo shed.

Figura 3 – Galpão industrial do tipo shed.

Fonte: Galpões para usos gerais /Instituto Aço Brasil, CBCA.

3.2 TRELIÇA

Uma treliça é uma estrutura formada por elementos lineares interconectados que
colaboram em conjunto para suportar as forças de compressão e tração exercidas sobre ela. Esse
tipo de estrutura é amplamente utilizado nos campos da engenharia para criar sistemas estáveis
e robustos. A principal característica de uma treliça reside na sua habilidade de distribuir
25

eficientemente as forças aplicadas entre os seus componentes. Essa capacidade é alcançada


devido à disposição geométrica das barras e às conexões nas junções, que permitem a
transferência de forças através da estrutura. Na figura 4 é mostrada uma treliça e seus principais
elementos. Na figura 5 são exemplificados alguns tipos de treliça.

Figura 4 – Treliça com destaque para os elementos que a constituem.

Fonte - Fakury, 2017.

Figura 5 – Tipos de treliça que atuam como vigas.

Fonte: Fakury (2017)

3.3 DIMENSIONAMENTO DE BARRAS SEGUNDO A NBR 8800 (2008)

Essa seção irá abordar o dimensionamento de elementos metálicos submetidos a


esforços de tração, compressão e flexão, de acordo com as orientações da NBR 8800 (2008).
26

3.3.1 Barras metálicas submetidas a esforços de tração

Para Fakury (2017) barras de aço tracionadas são aquelas solicitadas exclusivamente
por força axial de tração resultante de ações estáticas. Segundo a NBR 8800 (2008), no
dimensionamento de peças submetidas a esse tipo de esforço, deve ser atendida a seguinte
condição mostrada na expressão 1:

𝑁𝑡,𝑆𝑑 ≤ 𝑁𝑡,𝑅𝑑 (1)

onde:
- 𝑁𝑡,𝑆𝑑 é a força de tração solicitante;
- 𝑁𝑡,𝑅𝑑 é a força de tração resistente.

A força axial de tração resistente de cálculo a ser aplicada no dimensionamento é


determinada como o valor mínimo obtido ao considerar os estados-limites últimos de
escoamento da seção bruta e ruptura da seção líquida, conforme expressões 2 e 3:

𝐴𝑔 𝑓𝑦
𝑁𝑡,𝑅𝑑 = (2)
𝛾𝑎1

onde:
- Ag é a área bruta da seção transversal;
- 𝑓𝑦 é a resistência ao escoamento;
- γa1 é o coeficiente de ponderação referente à resistência.

𝐴𝑒 𝑓𝑢
𝑁𝑡,𝑅𝑑 = (3)
𝛾𝑎2

onde:
- 𝐴𝑒 é a área líquida efetiva da seção;
- 𝑓𝑢 é a resistência à ruptura do aço;
- γa2 é o coeficiente de ponderação referente à ruptura.
27

A área líquida efetiva tem seu valor dado pela expressão:


𝐴𝑒 = 𝐶𝑡 𝐴𝑛 (4)

onde:
- 𝐶𝑡 é o coeficiente de redução aplicado à área líquida;
- 𝐴𝑛 é a área líquida;

3.3.2 Elementos metálicos submetidos a esforços de compressão

Segundo Fakury (2017), elementos comprimidos são aqueles submetidos apenas a força
axial de compressão decorrente de ações estáticas. A figura 6 exemplifica o esforço de
compressão:

Figura 6 – Edifício com pilares comprimidos.

Fonte - Fakury (2017)


28

De acordo com a NBR 8800 (2008), a condição a ser atendida no dimensionamento de


um elemento submetido ao esforço de compressão é descrito na expressão 5:

𝑁𝑐,𝑆𝑑 ≤ 𝑁𝑐,𝑅𝑑 (5)

Onde:
- 𝑁𝑐,𝑆𝑑 é a força axial de compressão solicitante;
- 𝑁𝑐,𝑅𝑑 é a força axial de compressão resistente;

PFEIL e PFEIL (2008) fazem algumas considerações sobre elementos estruturais


submetidos à compressão, dizendo que os esforços de compressão tendem a acentuar o efeito
de curvaturas iniciais existentes no elemento. Deslocamentos laterais produzidos pela
compressão compõem o processo conhecido como flambagem global, que é uma instabilidade
caracterizada pelo aparecimento de deslocamentos transversais à chapa, no formato de
ondulações.

Devem ser levados em consideração, para o cálculo de resistência à compressão de


uma viga, os efeitos de flambagem, tanto globais quanto locais. Ambos os efeitos estão
diretamente ligados com a esbeltez da viga, sendo a flambagem global relacionada com a
esbeltez da peça como um todo e a flambagem local relacionada com a esbeltez da chapa. A
esbeltez de uma viga é uma medida da sua capacidade de resistir a forças aplicadas sem sofrer
deformações excessivas. É definida como a relação entre o comprimento da viga e sua menor
dimensão transversal. Quanto maior for a esbeltez, mais suscetível a viga será à flexão lateral
ou ao encurvamento.

𝜒𝑄𝐴𝑔 𝑓𝑦
𝑁𝑐,𝑅𝑑 = (6)
𝛾𝑎1

onde:
- 𝜒 é o fator de redução relacionado à resistência à compressão;
- Q é o fator de redução relacionado à flambagem local;
- 𝐴𝑔 é a área bruta da seção transversal;
- 𝑓𝑦 é a resistência ao escoamento do aço.
29

O fator "χ" está relacionado ao índice de esbeltez λ0 e é determinado pela expressão:

0, 65802 , 0  1,5



 =  0,877 (7)
  2 , 0  1,5
 0

O índice de esbeltez reduzido é dado por:

𝑄𝐴𝑔 𝑓𝑦
𝜆0 = √ (8)
𝑁𝑒

onde:
- 𝑁𝑒 é a força de flambagem elástica.

A figura7 ilustra o fenômeno de flambagem local da mesa comprimida (FLM) e


flambagem local da alma (FLA):

Figura 7 – Fenômenos de FLM e FLA, respectivamente, em uma viga de aço.

Fonte: Fakury, 2017.

3.3.3 Elementos metálicos submetidos a esforços de flexão

Segundo Fakury (2017), elementos fletidos são aqueles submetidos a flexão normal
simples decorrente de ações estáticas. A figura 8 ilustra uma viga submetida ao esforço de
flexão:
30

Figura 8 – Viga de aço submetida ao esforço de flexão.

Fonte: Fakury, 2017.

A condição a ser atendida para dimensionamento de uma viga submetida à flexão


presente na NBR 8800 (2008) é explicitado na expressão 9:

𝑀𝑆𝑑 ≤ 𝑀𝑅𝑑 (9)

onde:
- 𝑀𝑆𝑑 é o momento fletor solicitante e
- 𝑀𝑅𝑑 é o momento fletor resistente.

O valor do momento resistente pode ser afetado pela flambagem local, definida pela
perda de estabilidade das chapas comprimidas que compõem o perfil, e pelo efeito da
flambagem lateral com torção, definida pela perda da estabilidade no plano principal de
flambagem e apresentando deslocamentos laterais e de rotação. A figura 9 ilustra a flambagem
lateral por torção (FLT).

Figura 9 – Viga de aço submetida à flambagem lateral com torção.


31

Fonte: PFEIL, Walter, PFEIL, Michèle, Estruturas de aço: dimensionamento prático. 8a ed., Ed. LTC,
2009.

Segundo a NBR 8800 (2008), o momento fletor resistente de cálculo deve ser
considerado aquele com o menor valor entre os valores obtidos, levando em conta os estados-
limites de flambagem lateral com torção (FLT), flambagem local da mesa (FLM) e
flambagem local da alma (FLA). A figura 10 mostra a curva de flambagem para seções
compactas (região de plastificação total da seção transversal), semicompactas (regime
elastoplástico) e esbeltas.

Figura 10 - Curva de flambagem genérica para seções I.

Fonte: Adaptado de Fakury (2017).

3.3.4 Barras de aço sob combinação de esforços combinados

Esforços combinados podem ser definidos como diferentes tipos de carregamentos que
atuam de maneira simultânea em uma estrutura. A Verificação para esforços combinados é
descrita pela expressão 10:
32

N Sd
 0, 2 (10)
N Rd

Se a condição for atendida, os cálculos devem seguir de acordo com a equação 11.
Caso contrário, deve-se seguir os cálculos contidos na expressão 12:

N Sd 8  M Sd , x M Sd , y 
+  +   1, 0 (11)
N Rd 9  M Rd , x M Rd , y 

N Sd 8  M Sd , x M Sd , y 
+  +   1, 0 (12)
2 N Rd 9  M Rd , x M Rd , y 

3.3.5 Esforço cortante resistente para vigas

De acordo com a NBR 8800 (2008) o esforço cortante resistente é calculado


considerando os estados limites de plastificação total e de flambarem da alma por esforço
cortante. A verificação do esforço cortante deve ser feita de acordo com as seguintes
expressões:
V pl
VRd = , para λ ≤ λp (13)
 a1

 p V pl
VRd = , para λp < λ ≤ λr (14)
  a1

  p  V pl
2

VRd = 1, 24   , para λ > λr (15)


    a1

3.4 AÇÕES

Segundo a NBR 8681 (2004), uma ação pode ser entendida como qualquer influência
ou até mesmo um conjunto de influências que gera algum estado de tensão, deformação ou o
33

movimento de corpo rígido em uma estrutura. Essas ações podem ser classificadas, nas
estruturas de aço, como permanentes, variáveis ou excepcionais. De acordo com a NBR 8681
(2004) as ações permanentes são caracterizadas como aquelas que ocorrem com valores
constantes e apresentam pouca variação em sua média ao longo da vida útil da estrutura. As
ações permanentes podem ser divididas em duas categorias, diretas e indiretas, e são
consideradas invariáveis ao longo da vida útil da estrutura. As ações permanentes diretas são o
peso próprio da estrutura e todos os elementos que compõem a estrutura. Ações permanentes
indiretas são a proteção, recalques de apoio e a retração dos materiais.

Para Fakury (2017), caracteriza-se como ações variáveis aquelas que apresentam
variação ao longo do tempo, podendo apresentar natureza e intensidade normais ou especiais.
Ações de natureza e intensidade normais assumem valores significativos durante uma parte
importante da vida útil da estrutura, apesar de poderem se apresentar nulas. Como exemplo de
ações variáveis, pode-se citar a ocupação da edificação, vento e temperatura. Ações de natureza
e intensidade especiais são aquelas que apresentam comportamento transitório, ou seja,
possuem uma duração muito curta quando comparada à vida útil da estrutura, possuindo valores
que ultrapassam os das outras ações variáveis, como sismos e transporte eventual de
equipamentos de grande peso.

De acordo com a NBR 8681 (2004), ações excepcionais apresentam variação com o
tempo e assumem valores intensos em uma pequena fração da vida útil da estrutura e têm baixa
probabilidade de ocorrência, como por exemplo, choques de veículos e embarcações,
explosões, tornados, furacões e incêndio. Devem ser levadas em consideração em apenas alguns
tipos de construção, aquelas onde não é possível aplicar contramedidas às consequências dos
efeitos dessas ações.

3.5 CARGAS MÓVEIS

Cargas móveis são um tipo de carregamento aplicado em uma estrutura que pode variar
de posição e ser distribuído durante a utilização de um sistema. Essas cargas podem se referir a
equipamentos, como pontes rolantes e guindastes, ou até mesmo pessoas e veículos. Esse tipo
de carga deve ser levado em consideração nos projetos de estruturas como pontes, passarelas e
vigas de rolamento, por exemplo.
34

É necessário posicionar a ponte em várias posições ao longo de todo o comprimento


da viga a fim de determinar a localização onde essas cargas exercem maior influência sobre a
resistência da viga de rolamento. Dessa forma, é possível identificar a posição que gera o maior
momento de flexão e força cortante.

Uma ampla gama de elementos estruturais é submetida a cargas móveis, tornando-se


essencial compreender como a seção se comportará com a variação da posição das cargas na
estrutura. É importante conhecer os efeitos máximos que afetam cada seção, e para avaliar esse
problema, utiliza-se o conceito da linha de influência. A linha de influência é uma representação
gráfica ou analítica dos efeitos elásticos em uma determinada seção, gerada por uma carga
unitária concentrada que atravessa a estrutura de cima para baixo.

Vale ressaltar que, devido às forças em constante mudança que afetam a estrutura de
uma ponte rolante, é necessário levar em consideração coeficientes de impacto específicos para
cada tipo de operação. Além disso, é essencial considerar o efeito localizado de pressão causado
pelas rodas das vigas de cabeceiras associadas às vigas de rolamento (Bellei, 2010).

De acordo com Bellei (2010), as vigas de rolamento estão submetidas a cargas


verticais, que compreendem carregamentos causados pelo peso próprio da ponte rolante com
seus equipamentos, somados à carga máxima de içamento da posição mais desfavorável,
denominado trem-tipo, pelo peso próprio da viga de rolamento, pelo trilho e seus acessórios,
sobrecargas em passarelas, quando houver, e por cargas de qualquer parte da estrutura que se
apoie sobre ela. Além do carregamento vertical, as vigas de rolamento estão sujeitas a forças
horizontais transversais (HT) causadas pelo movimento de frenagem do trole e pelo içamento
das cargas com o cabo inclinado, e forças horizontais longitudinais (HL) causadas pelo
movimento e pela frenagem da ponte, tendo pouca influência no dimensionamento da viga.
35

Figura 11 – Forças horizontais transversais e horizontais longitudinais presentes em uma viga de rolamento.

Fonte – Bellei (2006)

Vigas de rolamento são elementos que têm como objetivo sustentar o caminho de
rolamento das pontes rolantes e transmitir os esforços por elas gerados para as estruturas de
suporte. Essas vigas são normalmente biapoiadas e apresentam seções transversais tipo I,
laminado ou soldado, estando sujeitas a carregamentos verticais, horizontais transversais (𝐻𝑇 )
e horizontais longitudinais (𝐻𝐿 ) (Bellei, 2010). A figura 11 mostra a ponte rolante existente na
atual estrutura do galpão, com capacidade para içar cargas de até 70 toneladas, possui 4 rodas
de cada lado:
Figura 12 – Ponte rolante do galpão industrial em estudo, com vista para a ponte rolante.

Fonte: Foto do autor.


36

Figura 13 – Ilustração das forças atuantes numa viga de rolamento devido às cargas da ponte rolante.

Fonte: Fakury (2017)

3.6 FORÇAS DEVIDAS AO VENTO

Segundo Bellei (2010) a ação do vento atuante na estrutura é uma das mais importantes
a considerar, não podendo ser negligenciada, podendo levar ao colapso da construção.

De acordo com o item 4 da NBR 6123 (1988) as forças oriundas do vento sobre uma
estrutura devem ser calculadas para:

a) Elementos de vedação e suas fixações (telhas, vidros, esquadrias, painéis de vedação


etc.);
b) partes da estrutura (telhados, paredes, tec.);
c) a estrutura como um todo.

Dois conceitos que devem ser definidos são face de barlavento e face de sotavento,
que serão citados ao longo deste trabalho. Segundo Chamberlain (2013) o termo barlavento
pode ser definido como sendo a região de onde sopra o vento e sotavento a região oposta àquela
de onde sopra o vento.

Como aponta a NBR 6123 (1988) as forças estáticas devidas ao vento são
determinadas a partir da velocidade básica do vento, 𝑉0 , que deve ser adequada ao local de
construção. Essa velocidade 𝑉0 é definida como a velocidade de uma rajada de vento de 3
segundos de duração exercida em média uma vez em 50 anos, a 10 metros acima do terreno em
campo aberto e plano. Como regra geral, esse vento básico pode soprar em qualquer direção
horizontal. Para a determinação desta velocidade é utilizado o gráfico das isopletas, que são
37

linhas que conectam pontos em um gráfico para representar fenômenos naturais ou


características do relevo.

Figura 14 – Gráfico contendo as isopletas da velocidade básica do vento V 0 (m/s).

Fonte: NBR 6123 (1988).

Segundo a NBR 6123 (1988) a velocidade básica do vento é multiplicada pelos fatores
𝑆1, 𝑆2 e 𝑆3 para que a velocidade característica do vento, 𝑉𝑘 , seja obtida para a porção da
edificação em estudo. A equação para determinar o valor de 𝑉𝑘 é dada por:

𝑉𝑘 = 𝑉0 𝑆1 𝑆2 𝑆3 (16)

Onde:

- S1 é o fator topográfico
38

- S2 é o fator de rugosidade do terreno;


- S3 é o fator estatístico.

3.6.1 Fator topográfico S1

Segundo a NBR 6123 (1988) o fator topográfico (S1) leva em consideração as


variações do relevo do terreno. Este fator pode ser definido a partir do seguinte modo:

Tabela 1 – Valores pré-definidos do fator topográfico S1.


Topografia
S1
1 Terreno plano ou fracamente acidentado 1,0
Taludes e morros: taludes e morros alongados, nos quais podem ser admitido
2 um fluxo de ar bidimensional soprando no sentido indicado na figura 6. No 1,0
ponto A (morros) e nos pontos A e C (taludes).
3 Vales profundos, protegidos de vento em qualquer direção 0,9

Fonte: Adaptado de NBR 8800 (1988).


39

Figura 15 – Fator topográfico S1.

Fonte – Adaptado de NBR 6123 (1988)

3.6.2 Fator de rugosidade do terreno S2

Como aponta a NBR 6123 (1988) fator de rugosidade do terreno, dimensões da


edificação e altura sobre o terreno, 𝑆2 , considera o efeito combinado da rugosidade do terreno,
variação de velocidade do vento com a altura acima do terreno e das dimensões da estrutura.
Pode-se entender rugosidade do terreno como as condições do entorno da construção. Esse fator
é dividido em 5 categorias:
- Categoria I - Superfícies lisas e de grandes dimensões, com mais de 5 km de extensão,
medidas na direção e no sentido do vento incidente (mar calmo, lagos, rios e pântanos
sem vegetação);
- Categoria II - Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com poucos
obstáculos isolados, como árvores e edificações baixas (zonas costeiras planas, pântanos
com vegetação rala, campos de aviação, pradarias e charnecas e fazendas sem sebes ou
muros);
- Categoria III - Terrenos planos ou ondulados com obstáculos como sebes e muros,
poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas (granjas e casas de
40

campo, com exceção das partes com matos, fazendas com sebes e/ou muros, subúrbios
a considerável distância do centro, com casa baixas e esparsas);
- Categoria IV - Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e poucos espaçados, em
zona florestal, industrial ou urbanizada (zonas de parques e bosques com muitas árvores,
cidades pequenas e seus arredores, subúrbios densamente construídos de grandes
cidades, áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas). A cota média do topo
dos obstáculos é considerada igual a 10 m.
- Categoria V - Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco
espaçados (florestas com árvores altas de copas isoladas, centros de grandes cidades,
complexos industriais bem desenvolvidos). A cota média do topo dos obstáculos é
considerada igual ou superior a 25 m.

Quanto às classes das edificações, a NBR 6123 (1988) as classifica de acordo com as
dimensões da estrutura, podendo ser divididas em:
- Classe A: todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças individuais
da estrutura em vedação. Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou
vertical não exceda 20 metros;
- Classe B: toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal
ou vertical esteja entre 20 e 50 metros;
- Classe C: toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal
ou vertical exceda 50 metros.
-
De acordo com a NBR 6123 (1988) o fator 𝑆2 também pode ser definido através
da equação 10, para alturas abaixo de 𝑍𝑔 = 250 m. O fator de rajada F é sempre
correspondente à categoria II, presente na tabela 2.

𝑆2 = 𝑏𝐹𝑟 (𝑧/10)𝑝 (17)

onde:
- Fr é o fator rugosidade;
- b é o fator meteorológico;
- p é o fator meteorológico.
41

Tabela 2 – Parâmetros meteorológicos p e b.

Fonte: NBR 6123 (1988)

Os respectivos valores para tais categorias e classes, definidas de acordo com as


características da construção, podem ser obtidos na tabela 3:

Tabela 3 – Valores de S2 para as categorias e classes definidas de acordo com o tipo de edificação.

Fonte: Adaptado de NBR 6123 (1988)


42

3.6.3 Fator estatístico S3

Conforme a NBR 6123 (1988) o fator 𝑆3 é baseado em conceitos estatísticos, e considera


o grau de segurança requerido e a vida útil da estrutura. A probabilidade de que a velocidade
básica 𝑉0 seja igualada ou excedida no período médio de 50 anos é de 63%. Os valores mínimos
de 𝑆3 são obtidos a partir da tabela 4:

Tabela 4 – Valores mínimos do fator S_3

Fonte - Adaptado de NBR 6123 (1988)

3.6.4 Pressão dinâmica

Para Bellei (2010) a pressão dinâmica “q” depende essencialmente da velocidade


característica do vento, 𝑉𝐾 , e dos fatores que estão embutidos na determinação desta
velocidade. A velocidade básica do vento, 𝑉0 , é definida de acordo com o local onde a estrutura
será construída. Essa velocidade básica é multiplicada pelos fatores 𝑆1, 𝑆2 e 𝑆3 , para se obter a
velocidade característica 𝑉𝐾 . A pressão dinâmica pode ser calculada, em 𝑁/𝑚², pela equação:

q = 0,613Vk2 (18)

3.6.5 Coeficientes de forma


43

Como disposto na NBR 6123 (1988) a força do vento sobre um elemento plano de
edificação de área A atua em direção perpendicular a ele, dada pela equação:

𝐹 = 𝐹𝑒 − 𝐹𝑖 (19)

onde:
- 𝐹𝑒 é a força externa à edificação que atua na superfície plana de área A;
- 𝐹𝑖 é a força interna à edificação que atua na superfície plana de área A;

Sendo assim, pode-se calcular esta força a partir de outra equação:

𝐹 = (𝐶𝑒 − 𝐶𝑖 ) ⋅ 𝑞 ⋅ 𝐴 (20)

onde:
- 𝐶𝑒 é o coeficiente de forma externo;
- 𝐶𝑖 é o coeficiente de forma interno;

De acordo com a NBR 6123 (1988) valores positivos desses coeficientes de forma
externo e interno correspondem a sobrepressões, e valores negativos correspondem a sucções.
Valores positivos de F indicam que a força atua para o interior da estrutura, enquanto valores
negativos indicam que a força atua para o exterior da edificação. Para casos previstos na
norma supracitada, a pressão interna é considerada uniformemente distribuída no interior da
edificação. Por consequência, nas suas superfícies planas o coeficiente de pressão interna é
igual ao coeficiente de forma interno, ou seja, 𝐶𝑝𝑖 = 𝐶𝑖 . A figura 15 exemplifica a definição
de sobrepressão e sucção:
44

Figura 16 – Exemplo de como a sucção e a sobrepressão atuam na estrutura.

Fonte: Fakury, 2017.


3.6.6 Coeficiente de pressão e de forma, externos para as paredes

Segundo a NBR 6123 (1988) valores dos coeficientes de pressão e de forma,


externos, para diversos tipos de edificações e para direções críticas de incidência do vento são
dados na tabela 5. Superfícies em que ocorrem variações consideráveis de pressão foram
subdivididas, e coeficientes são dados para cada uma das partes.
45

Tabela 5 – Coeficientes de pressão e de forma, externos, para paredes de edificações de planta retangular.

Fonte - NBR 6123 (1988)

A figura 16 mostra a o ângulo de incidência do vento, 0º e 90º, e as relações de


acordo com as seções do galpão em planta retangular, 𝐴1 𝑒 𝐵1 , 𝐴2 𝑒 𝐵2 , 𝐶 𝑒 𝐷 para vento a 0º
e A, B, 𝐶1 𝑒 𝐷1 , 𝐶2 𝑒 𝐷2 para vento a 90º.

Figura 17 – Relações das medidas das seções do galpão em planta retangular.

Fonte: NBR 6123 (1988).

3.6.7 Coeficientes de pressão e de forma, externos, para o telhado


46

De acordo com a NBR 6123 (1988) para a determinação dos coeficientes de pressão e
de forma, externos, para telhados múltiplos com uma água vertical, de tramos iguais, tipo Shed,
deve-se seguir o que é mostrado na figura 17:

Figura 18 – Tabela 33 da NBR 6123 (1988), presente no anexo F, contendo as relações para determinar os
coeficientes de pressão e de forma, externos, de um telhado tipo Shed.

Fonte: Adaptado de NBR 6123 (1988).

3.6.8 Coeficiente de pressão interna

De acordo com a NBR 6123 (1988) para edificações com paredes internas
permeáveis, ou seja, faces em que o vento possa entrar, a pressão interna pode ser considerada
uniforme. Para fins deste trabalho, a vazão de ar por uma pequena abertura de área A é dada
pela expressão 21.

A
1
| C pe − C pi |= 0 (21)
47

onde:
- 𝐶𝑝𝑒 é o coeficiente de pressão externa;
- 𝐶𝑝𝑖 é o coeficiente de pressão interna;

A NBR 6123 (1988) fornece um exemplo, mostrado na figura 12 o cálculo realizado


para a aproximação do coeficiente de pressão interna. Nota-se que o valor do 𝐶𝑝𝑖 a ser escolhido
para utilização é aquele cujo somatório das vazões de ar sejam mais próximas de 0. A figura 19
exemplifica a determinação do coeficiente de pressão interna em um pavilhão industrial,
conforme a figura 20.

Figura 19 – Exemplo fornecido pela norma NBR 6123 (1988).

Fonte: Adaptado de NBR 6123 (1988).

Figura 20 – Exemplo fornecido pela norma NBR 6123 (1988).

Fonte: Adaptado de NBR 6123 (1988).

3.7 COMBINAÇÕES DE AÇÕES


48

Segundo Lima et al. (2015) as combinações de ações são carregamentos que atuam
simultaneamente em uma estrutura durante um certo intervalo de tempo. A combinação das
ações tem como função determinar os efeitos mais críticos possíveis para a integridade da
estrutura. A quantidade das combinações deve ser tal que a segurança da estrutura seja
verificada. Na execução das combinações últimas são verificados os estados-limites últimos,
enquanto os estados-limites de serviço são verificados nas combinações de serviço. Durante
toda a vida da estrutura pode ocorrer as combinações últimas, sendo classificadas em:

- combinações últimas normais;


- combinações últimas especiais;
- combinações últimas excepcionais;
- combinações últimas de construção.

No que tange as combinações de serviço elas são classificadas de acordo com a sua
atuação na estrutura, sendo:

- combinações quase permanentes de serviço;


- combinações frequentes de serviço;
- combinações raras de serviço.
49

Figura 21 – Valores dos coeficientes de ponderação.

Fonte: Adaptado de NBR 8800 (2008, p. 18).

Figura 22 – Valores dos fatores de combinação ψ0 e redução ψ1 e ψ2.

Fonte: Adaptado de NBR 8800 (2008 p. 19)


50

3.7.1 Combinações últimas normais

Conforme a NBR 8800 (2008) as combinações últimas normais decorrem do uso


previsto para a edificação. Devem ser levadas em consideração as combinações das ações
quantas forem necessárias para verificar a segurança da estrutura de acordo com os estados-
limites últimos aplicáveis ao estudo. Devem ser incluídas nessas combinações as ações
permanentes e variáveis, com seus valores característicos e seus valores reduzidos (𝜓0 ) de
combinação.

Fd =  ( gi FGi ,k ) +  Q1,k +  (  Qj 0 j FQj ,k )


m n
(22)
i =1 j =2

onde:

- 𝐹𝐺𝑖,𝑘 são os valores característicos das ações permanentes;


- 𝐹𝑄1,𝑘 é o valor característico da ação variável principal;
- 𝐹𝑄𝑗,𝑘 são os valores característicos das ações variáveis secundárias.

3.7.2 Combinações quase permanentes de serviço

De acordo com a NBR 8800 (2008) as combinações quase permanentes de serviço são
aquelas que atuam durante aproximadamente a metade da vida da estrutura. São utilizadas para
efeitos de longa duração e para a aparência da construção. Lembrando que o termo “aparência”
se refere a deslocamentos excessivos que não comprometam outros componentes da estrutura.
Nas combinações quase permanentes, todas as ações variáveis são consideradas com seus
valores quase permanentes 𝜓2𝑗 𝐹𝑄𝑗,𝑘 :

Fser =  FGi ,k +  ( 2 j FQj ,k )


m n
(23)
i =1 j =2
51

3.7.3 Combinação frequente de fadiga

Quanto à fadiga, existe uma verificação de um estado-limite referente a este fenômeno,


mostrado na equação 24:

m n

F
i =1
Gi , k + 1  FQj ,k ,  1 = 1, 0
j =1
(24)

3.8 VERIFICAÇÃO DA FADIGA EM UMA ESTRUTURA DE AÇO

De acordo com Bellei (2010) um elemento estrutural sujeito a variações cíclicas de


carga pode falhar após certo número de aplicações, mesmo se a tensão máxima em um simples
ciclo for menor que a tensão de escoamento do material.

A falha por fadiga ocorre devido a formação de uma trinca e sua propagação. A trinca
geralmente se inicia em uma descontinuidade no material em que a tensão cíclica é um máximo.
Essa descontinuidade pode surgir em razão de elementos que rolam e/ou deslizam uns contra
outros sob altas pressões de contato, desenvolvendo tensões concentradas que podem causar
formação de cavidades superficiais ou lascamento depois de vários ciclos de carga (Shigley,
2011).

3.8.1 Condições de carregamento - Número de ciclo (N)

De acordo com Bellei (2010) o número “N” de ciclos a que o elemento está sujeito
deve ser estimado a partir do número de aplicações diárias, número de anos que o elemento
estará em uso multiplicado por 360 dias. O número de ciclos deve ser calculado segundo a
expressão 29:

𝑁 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎𝑠 ⋅ 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑜𝑠 ⋅ 360 (25)

3.8.2 Categorias de detalhe


52

De acordo com a NBR 8800 (2008) para elementos que se enquadram nas categorias
A, B, B’ e C da figura 21, a faixa admissível de variação de tensões, 𝜎𝑆𝑅 , deve ser determinada
pela seguinte equação:

327𝐶𝑓 0,333
𝜎𝑆𝑅 = ( ) ≥ 𝜎𝑇𝐻 (26)
𝑁

onde:
- σSR é a faixa admissível de tensões;
- Cf é a constante dada na figura 21 para sua categoria correspondente;
- N é o número de ciclos de variação de tensões;
- σTH é o limite admissível da faixa de variação de tensões, dado na figura 22.

Figura 23 – Parâmetros de fadiga.

Fonte: Adaptado de NBR 8800 (2008).

3.8.3 Faixa admissível de variação de tensão


53

De acordo com Bellei (2010) a faixa admissível de tensão, 𝜎𝑇𝐻 , deve ser determinada
a partir do número de ciclos e da categoria do parâmetro de fadiga em que o elemento se
enquadra, em kN/cm², sendo mostrado na figura 23:

Figura 24 – Faixa admissível de variação de tensão para o elemento em estudo.

Fonte: Bellei (1998)

4 DESENVOLVIMENTO

Nessa seção será descrito as atividades realizadas para obtenção dos resultados do
trabalho.

4.1 REPRESENTAÇÃO DO GALPÃO

O início do estudo deu-se pelo estudo das forças devidas ao vento atuantes na
estrutura do galpão, situado em uma área aberta, sem muitos obstáculos e com uma face
majoritariamente permeável. A figura 24 ilustram o galpão como um todo, detalhando todas
as suas faces e os ângulos de incidência dos ventos.
54

Figura 25 – Vista na planta do galpão da oficina de caminhões. Destacada em verde a área de estudo do presente
trabalho e as setas indicam os ângulos de incidência dos ventos.

Fonte: Google Maps.

Figura 26 – Face norte da oficina, com detalhe para a entrada dos boxes e alguns equipamentos estacionados na
parte externa.

Fonte: Foto do autor.


55

Figura 27 – Por outro ângulo, vista da face norte do galpão.

Fonte: Foto do autor.

Figura 28 – Vista da face oeste do galpão, totalmente impermeável.

Fonte: Foto do autor.


56

Figura 29 – Vista parcial da face Sul, apresentando 1 das 3 aberturas principais.

Fonte: Foto do autor.

Figura 30 – Vista da porção intermediária da face Sul do galpão.

Fonte: Foto do autor.


57

Figura 31 – Na imagem é possível ver a última porção da face sul do galpão, apresentando duas aberturas
principais.

Fonte: Autor.

Figura 32 – Vista da face leste da estrutura, com dois galpões à sua frente e uma abertura na porção
intermediária.

Fonte: Autor.
58

A fatia do galpão em estudo que comporta a oficina de caminhões, destacada na figura


32, possui 21 colunas principais de sustentação do galpão em cada lado formando os 20 boxes
da estrutura. Desse total de 20 boxes, 16 são utilizados para o estacionamento dos equipamentos
de transporte, enquanto o restante é utilizado como área de montagem de componentes e
soldagens.

Figura 33 – Representação 3D do galpão via Google Maps com destaque para a medida dos seus lados e a área
em estudo.

Área em estudo

Fonte: Adaptado de Google Maps (2023).


59

Figura 34 – Representação da fatia do galpão em estudo modelada no programa SAP2000, mostrando como a
estrutura é atualmente, sem as modificações aplicadas.

Fonte: Autor.

A figura 34 é uma modelagem 2D no software AutoCAD 2022 ® da parcela do


galpão que está sob estudo, contendo 21 colunas. A figura 35 mostra algumas medidas dos
elementos da estrutura.

Figura 35 – Vista geral da face em estudo do galpão.

Fonte: Autor.
60

Figura 36 – Detalhe da dimensão dos elementos da face em estudo do galpão.

Fonte: Autor.

4.1.1 Peso próprio dos elementos

O peso próprio dos elementos que compõem a estrutura do galpão foi calculado
automaticamente pelo programa utilizado. Para isso, foi necessário fornecer ao software quais
seções estão presentes no galpão e as dimensões da viga de rolamento e da coluna que sustenta
o galpão. A coluna principal, responsável por suportar tanto a carga oriunda do telhado quanto
a viga de rolamento da ponte rolante, é fabricada com o aço ASTM A36, material que possui
baixo carbono em sua composição que permite que seja facilmente soldado, apresentando
resistência à tração de 250 MPa. Na figura 32 é mostrada as relações de dimensão de uma viga
com perfil I.
61

Figura 37 - Identificação das medidas de uma viga de seção I.

Fonte: Autor.

A geometria das colunas foi definida a partir de medições no local, podendo ser
conferida na tabela 9:

Tabela 6 – Geometria da coluna principal do galpão.


Geometria da coluna principal
d 1.420 mm
tf 20 mm
bf 540 mm
d’ 1.400 mm
tw 54 mm
Fonte: Autor.

A geometria da viga de rolamento também foi estimada na mesma maneira utilizada


para as colunas, apresentando as seguintes medidas contidas na tabela 7.

Tabela 7 – Geometria da viga de rolamento.


Geometria da viga de rolamento
d 980 mm
tf 20 mm
bf 400 mm
d’ 980 mm
tw 20 mm
Fonte: Autor.

A telha utilizada também foi estimada, devido a impossibilidade de realizar a


medição de suas dimensões. Portanto, foi utilizada uma telha comumente utilizada no meio
industrial, obtida através da tabela do fabricante, ArcelorMittal, sendo destacada em
vermelho, conforme a figura 36:
62

Figura 38 – Dados da telha estimada para cálculos de carga concentrada em cada baioneta.

Fonte: Catálogo ArcelorMittal.

A partir do cálculo presente na expressão 31 é possível determinar o seu peso


concentrado na baioneta:

𝑃𝑡𝑒𝑙ℎ𝑎 = 4,9 𝑘𝑔/𝑚² ⋅ 100,366 𝑚² ⋅ 9,81 𝑚/𝑠² (27)


𝑃𝑡𝑒𝑙ℎ𝑎 = 4,82 𝑘𝑁

4.1.2 estimativa dos perfis

Alguns elementos da estrutura foram estimados utilizando ferramentas de proporção,


devido ao fato de que esses elementos se encontram em regiões mais altas do galpão e por
motivos de segurança somente pessoas autorizadas e com os treinamentos necessários podem
ter acesso. Por isso, foi necessário a utilização desta técnica para calcular um peso próprio
estimado da cobertura da área do galpão em estudo, aplicado em uma coluna que a suporta,
denominada baioneta, sob uma certa área de influência. A figura 38, apresentando dois tramos
do telhado, mostra a representação da área de influência do telhado, destacada em vermelho,
para o cálculo da carga concentrada em cada baioneta.
63

Figura 39 – Destacada em cinza, a área de influência da força concentrada na baioneta.

Fonte: Autor.

Esta área de influência é dada pela expressão 35:

𝐴𝑖𝑛𝑓 = 9,38 ⋅ 5,35 ⋅ 2 (28)


𝐴𝑖𝑛𝑓 = 100,366 𝑚2

4.2 DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE BÁSICA DO VENTO V0

Para a determinação da velocidade V0 é necessário utilizar o gráfico das isopletas,


presente na norma NBR 6123 (1988), utilizando as setas presentes na ilustração e adotando o
valor que esteja mais próximo da região onde a estrutura é construída. Para este trabalho a
velocidade básica do vento foi escolhida a velocidade de 35m/s, mais condizente com o local
de estudo.

4.2.1 Definição do fator topográfico, S1

A NBR 6123 (1988) diz que para terrenos planos ou fracamente acidentados o valor
de S1 a ser adotado deve ser de 1,0.
64

4.2.2 Determinação do fator de rugosidade, dimensões da edificação e altura sobre o


terreno, S2

A estrutura em estudo, segundo a NBR 6123 (1988), se encaixa na categoria 3 referente


às áreas geográficas que apresentam características topográficas planas ou ligeiramente
onduladas, contendo obstáculos como sebes e muros. Essas áreas devem ter uma escassez de
quebra-ventos naturais, como árvores, e são caracterizadas por edifícios de baixa estatura e
dispersos, como granjas, casas de campo e fazendas com cercas e/ou muros. Também, a
estrutura em estudo se encaixa na classe C presente na norma NBR 6123 (1988). Os valores de
S2 para as respectivas alturas contidas na tabela 9 foram obtidas na figura 8 deste trabalho,
sendo mostrados em tabela.

Tabela 8 – Valores encontrados em tabela para S2.


Valores tabelados de S2 de acordo com a altura Z
Z (m) S2
5 0,82
10 0,88
15 0,93
17 0,96
Fonte: Autor.

4.2.3 Definição do fator estatístico

O fator S3, por norma, é determinado como S3 = 1 pelo fato da estrutura se adequar no
grupo 2 da tabela 4, abrangendo edificações para indústria com alto fator de ocupação.

4.3 CÁLCULO DA VELOCIDADE CARACTERÍSTICA DO VENTO

As velocidades características do vento, dependentes dos fatores S1, S2, S3 e da


velocidade básica V0 para alturas definidas do galpão são dadas através das seguintes equações:

Vk (5m) = 35 1 0,82 1 = 28,70 m / s (29)

Vk (10m) = 35 1 0,88 1 = 30,80 m / s (30)


65

Vk (15m) = 35 1 0,93 1 = 32,55 m / s (31)

Vk (17,5m) = 35 1 0,96 1 = 33,60 m / s (32)

4.4 PRESSÃO DINÂMICA

A pressão dinâmica dada pela equação 12 é calculada a partir da equação 37 até 40,
para as alturas 𝑍𝑔 definidas anteriormente:

q5m = 0,613  (20,70)2 = 504,92 N / m2 (33)

q10m = 0,613  (30,80)2 = 581,52 N / m2 (34)

q15m = 0,613  (32,55)2 = 649, 48 N / m2 (35)

q17,5m = 0,613  (33,90)2 = 692,05N / m2 (36)

4.5 COEFICIENTES DE PRESSÃO E DE FORMA, EXTERNOS E INTERNOS

O início dos cálculos dos coeficientes e pressão se dá com a verificação da altura (h),
a largura (b) e o comprimento (a) da estrutura. A relação altura/largura é descrita na expressão
33 e a relação comprimento/largura é descrita na expressão Y:

h 17,5 1
= = 0, 22 0, 22  (37)
b 76, 46 2

a 176
= = 2,3 2  2,3  4 (38)
b 76, 46

O comprimento A1 e B1 é definido pelo maior valor entre b/3 e a/4, desde que o valor
seja menor ou igual a 2h.

b 76, 46
= = 25, 48 (39)
3 3
66

a 176
= = 44 (40)
4 4
2h = 2 17,5 = 35 (41)

A medida A1 e B1 ficam definidas a partir da relação b/3 com a medida de 25,48


metros, menor que a relação 2h. Para os comprimentos C1 e D1 deve ser adotado o menor valor
entre 2h e b/2.

b 76, 46
= = 38, 23 (42)
2 2

Nesse caso o valor para C1 e D1 é definido pela relação 2h igual a 35 metros.

A figura 38 ilustra as divisões do galpão em seções A, B e C, conforme previsto na


norma NBR 6123 (1988) com seus respectivos valores para ventos incidentes a 0° e 180°. As
orientações do vento são determinadas a partir das regras presentes na figura 21, contida na
página 55.

Figura 40 – Medidas das seções do galpão para ventos incidentes a 0° (esquerda) e a 180° (direita). Em
vermelho, a porção do galpão em estudo.
C D
25,48 m

A1 B1
75,26 m

B3 A3
75,26 m

A2 B2
75,26 m

B2 A2
75,26 m

A3 B3
25,48 m

B1 A1
D C
76 m 76 m

Fonte: Autor.
67

Figura 41 – Coeficientes de pressão externa para vento incidente a 0°. Em destaque, a porção do galpão em
estudo.

Fonte: Autor.
68

Figura 42 – Coeficientes de pressão externa para vento incidente a 180°. Em destaque, a porção do galpão em
estudo.

Fonte: Autor.
69

Os ventos incidentes a 90° e 270° estão representados na figura 41 e 42, que mostram
a divisão do galpão conforme a NBR 6123 (1988), contendo a área do galpão em estudo.

Figura 43 – Medidas do galpão para vento incidente a 90°. Em destaque, a porção do galpão em estudo.

B
41,45 m

41,45 m
D1 D2

35 m
35 m

C1
C2
A

176 m
Fonte: Autor.

Figura 44 – Medidas do galpão para vento incidente a 270°. Em destaque, a porção do galpão em estudo.
A

35 m
35 m

C2
C1
mm
41,5

D1
41,45 m

D2
41,45

D1 D2
B

176 m

Fonte: Autor.
70

Figura 45 – Coeficientes de pressão externa para vento incidente a 90°. Em destaque, a porção do galpão em
estudo.

Fonte: Auto.

Figura 46 – Coeficientes de pressão externa para vento incidente a 270°. Em destaque, a porção do galpão em
estudo.

Fonte: Autor.

Os coeficientes de pressão e de forma, externos, do telhado tipo Shed com um ângulo


de inclinação de 10° são pré-definidos de acordo com a tabela 33 apresentada na figura 15. A
estrutura em estudo possui 20 tramos o total, sendo representados apenas 4. Vale destacar que,
para simplificar a visualização, os 16 tramos intermediários foram representados por apenas um
tramo, pelo fato de apresentarem os mesmos valores para os coeficientes.
71

Figura 47 – Valores obtidos para os coeficientes de pressão externa do telhado com o vento incidente a 0°.

Fonte: Autor.

Figura 48 – Valores obtidos para os coeficientes de pressão externa do telhado com o vento incidente a 180°.

Fonte: Autor.

Figura 49 – Valores obtidos para os coeficientes de pressão externa do telhado para ventos a 90° e 180°.

Fonte: Autor.
72

4.6 COEFICIENTES DE PRESSÃO INTERNA

O coeficiente de pressão final, Cf, é obtido pela subtração entre o coeficiente de pressão
externa e o coeficiente de pressão interna, como mostra a equação 47:

𝐶𝑓 = 𝐶𝑒 − 𝐶𝑖 (43)

A determinação do coeficiente de pressão interna é dada a partir do Anexo D da NBR


6123 (1988) que, com o auxílio de uma tabela, é possível obter o valor da variável. As figuras
49, 50, 51 e 52 ilustram as tabelas responsáveis por auxiliar no cálculo do coeficiente de pressão
interna.

Figura 50 – Tabela adaptada do anexo D da NBR 6123 (1988) para cálculo do coeficiente de pressão interna para
vento a 0°. Destacado, em verde, o coeficiente de pressão interna obtido.

Fonte: Autor.

Figura 51 – Tabela adaptada do anexo D da NBR 6123 (1988) para cálculo do coeficiente de pressão interna para
vento a 90°. Destacado, em verde, o coeficiente de pressão interna obtido.

Fonte: Autor.
73

Figura 52 – Tabela adaptada do anexo D da NBR 6123 (1988) para cálculo do coeficiente de pressão interna para
vento a 180°. Destacado, em verde, o coeficiente de pressão interna obtido.

Fonte: Autor.

Figura 53 – Tabela adaptada do anexo D da NBR 6123 (1988) para cálculo do coeficiente de pressão interna para
vento a 270°. Destacado, em verde, o coeficiente de pressão interna obtido.

Fonte: Autor.

4.7 AÇÕES DE VENTO NA ESTRUTURA

O primeiro passo para a obtenção dos valores das forças nos pórticos é calcular o valor
de P, correspondente à força distribuída na coluna, em kN/m, conforme a equação 48:

𝑃 = 𝐷𝑞 (44)

onde:
- q é a pressão de obstrução;
- D é o comprimento da metade do vão, multiplicado por 2.
74

Para a determinação da força devida ao vento que atua na coluna é necessário fazer a
ponderação da força P a partir do produto do carregamento distribuído pelo coeficiente de
pressão final, Cf, como é mostrado na equação 49:

𝐹 = 𝑃𝐶𝑓 (45)

onde:

- P é a força distribuída na coluna;


- Cf é o coeficiente de pressão final;
A partir da obtenção dos valores da pressão dinâmica do vento para determinadas
alturas é possível calcular a força do vento nos pórticos com incidência a 0°, 90°, 180° e 270°
numa faixa “D” que corresponde à largura do pórtico, em metros. Foi observado que o vento
incidente a 270° exerce pouca influência na fatia em estudo do galpão. Por outro lado, o vento
que incide a 90° causa mais efeitos na porção da estrutura. Os valores das forças que atuam nos
pórticos para determinadas alturas podem ser encontrados nas tabelas 10 a 21, que contemplam
todas as hipóteses de incidência do vento.

Tabela 9 – Valores das ações do vento incidente a 0° nos pórticos para determinadas alturas Zg, na primeira
seção do galpão.
Hipótese I – Vento a 0° - Seção A1B1
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 -0,42 5 -1,87
8,8 581,52 5,12 -0,42 10 -2,15
8,8 649,48 5,72 -0,42 15 -2,40
8,8 692,05 6,09 -0,22 17,5 -1,34
Fonte: Autor.
75

Tabela 10 – Valores das ações do vento incidente a 0° nos pórticos para determinadas alturas Zg, na segunda
seção do galpão.
Hipótese II – Vento a 0° - Seção A2B2
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 -0,02 5 -0,09
8,8 581,52 5,12 -0,02 10 -0,10
8,8 649,48 5,72 -0,02 15 -0,11
8,8 692,05 6,09 0,18 17,5 1,10
Fonte: Autor.

Tabela 11 – Valores das ações do vento incidente a 0° nos pórticos para determinadas alturas Zg, na terceira
seção do galpão.
Hipótese III – Vento a 0° - Seção A3B3
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 0,18 5 0,8
8,8 581,52 5,12 0,18 10 0,92
8,8 649,48 5,72 0,18 15 1,03
8,8 692,05 6,09 0,18 17,5 1,10
Fonte: Autor.

Tabela 12 – Valores das ações do vento incidente a 0° nos pórticos para determinadas alturas Zg, na face de
barlavento.
Hipótese IV – Vento a 0° - Face C
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 1,08 5 4,8
8,8 581,52 5,12 1,08 10 5,53
8,8 649,48 5,72 1,08 15 6,17
8,8 692,05 6,09 1,08 17,5 6,58
Fonte: Autor.
76

Tabela 13 – Valores das ações do vento incidente a 0° nos pórticos para determinadas alturas Zg, na face de
sotavento.
Hipótese V – Vento a 0° - Face D
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 -0,08 5 -0,36
8,8 581,52 5,12 -0,08 10 -0,41
8,8 649,48 5,72 -0,08 15 -0,46
8,8 692,05 6,09 -0,08 17,5 -0,49
Fonte: Autor.

Tabela 14 – Valores das ações do vento incidente a 90° nos pórticos para determinadas alturas Zg.
Hipótese VI – Vento a 90°
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 1,2 5 5,33
8,8 581,52 5,12 1,2 10 6,14
A
8,8 649,48 5,72 1,2 15 6,86
8,8 692,05 6,09 1,2 17,5 7,31
8,8 504,92 4,44 0 5 0
8,8 581,52 5,12 0 10 0
B
8,8 649,48 5,72 0 15 0
8,8 692,05 6,09 0 17,5 0
8,8 504,92 4,44 -0,4 5 -1,78
8,8 581,52 5,12 -0,4 10 -2,05
C1
8,8 649,48 5,72 -0,4 15 -2,29
8,8 692,05 6,09 -0,4 17,5 -2,44
8,8 504,92 4,44 0 5 0
8,8 581,52 5,12 0 10 0
C2
8,8 649,48 5,72 0 15 0
8,8 692,05 6,09 0 17,5 0
8,8 504,92 4,44 -0,4 5 -1,78
D1 8,8 581,52 5,12 -0,4 10 -2,05
8,8 649,48 5,72 -0,4 15 -2,29
77

8,8 692,05 6,09 -0,4 17,5 -2,44


8,8 504,92 4,44 0 5 0
8,8 581,52 5,12 0 10 0
D2
8,8 649,48 5,72 0 15 0
8,8 692,05 6,09 0 17,5 0
Fonte: Autor.

Tabela 15 – Valores das ações do vento incidente a 180° nos pórticos para determinadas alturas Zg, na primeira
seção do galpão.
Hipótese VII – Vento a 180° - Seção A1B1
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 -0,32 5 -1,42
8,8 581,52 5,12 -0,32 10 -1,64
8,8 649,48 5,72 -0,32 15 -1,83
8,8 692,05 6,09 0,28 17,5 1,71
Fonte: Autor.

Tabela 16 – Valores das ações do vento incidente a 180° nos pórticos para determinadas alturas Zg, na segunda
seção do galpão.
Hipótese VIII – Vento a 180° - Seção A2B2
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 0,08 5 036
8,8 581,52 5,12 0,08 10 0,41
8,8 649,48 5,72 0,08 15 0,46
8,8 692,05 6,09 0,28 17,5 1,71
Fonte: Autor.
78

Tabela 17 – Valores das ações do vento incidente a 180° nos pórticos para determinadas alturas Zg, na terceira
seção do galpão.
Hipótese IX – Vento a 180° - Seção A3B3
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 0,28 5 1,24
8,8 581,52 5,12 0,28 10 1,43
8,8 649,48 5,72 0,28 15 1,60
8,8 692,05 6,09 -0,08 17,5 -0,49
Fonte: Autor.

Tabela 18 – Valores das ações do vento incidente a 180° nos pórticos para determinadas alturas Zg, na face de
barlavento.
Hipótese X – Vento a 180° - Face C
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 1,18 5 5,24
8,8 581,52 5,12 1,18 10 6,04
8,8 649,48 5,72 1,18 15 6,74
8,8 692,05 6,09 1,18 17,5 7,19
Fonte: Autor.

Tabela 19 – Valores das ações do vento incidente a 180° nos pórticos para determinadas alturas Zg, na face de
sotavento.
Hipótese XI – Vento a 180° - Face D
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m)
8,8 504,92 4,44 -0,18 5 -0,8
8,8 581,52 5,12 -0,18 10 -0,92
8,8 649,48 5,72 -0,18 15 -1,03
8,8 692,05 6,09 -0,18 17,5 -1,10
Fonte: Autor.
Hipótese XII – Vento a 270°
D q (N/m²) P = D.q (kN/m) Cf Zg (m) F = P.Cf (kN/m) 79
8,8 504,92 4,44 1,2 5 5,33
8,8 581,52 5,12 1,2 10 6,14
A
8,8 649,48 5,72 1,2 15 6,86
8,8 692,05 6,09 1,2 17,5 7,31
8,8 504,92 4,44 0 5 0
8,8 581,52 5,12 0 10 0
B
8,8 649,48 5,72 0 15 0
8,8 692,05 6,09 0 17,5 0
8,8 504,92 4,44 -0,4 5 -1,78
8,8 581,52 5,12 -0,4 10 -2,05
C1
8,8 649,48 5,72 -0,4 15 -2,29
8,8 692,05 6,09 -0,4 17,5 -2,44
8,8 504,92 4,44 0 5 0
8,8 581,52 5,12 0 10 0
C2
8,8 649,48 5,72 0 15 0
8,8 692,05 6,09 0 17,5 0
8,8 504,92 4,44 -0,4 5 -1,78
8,8 581,52 5,12 -0,4 10 -2,05
D1
8,8 649,48 5,72 -0,4 15 -2,29
8,8 692,05 6,09 -0,4 17,5 -2,44
8,8 504,92 4,44 0 5 0
8,8 581,52 5,12 0 10 0
D2
8,8 649,48 5,72 0 15 0
8,8 692,05 6,09 0 17,5 0

Tabela 20 – Valores das ações do vento incidente a 270° nos pórticos para determinadas alturas Zg.
Fonte: Autor.

4.8 SOFTWARE SAP2000


80

De acordo com MULTIPLUS (2023) O SAP2000 é um programa que utiliza o método


de elementos finitos, com uma interface gráfica 3D, projetado para realizar de forma integrada
a modelagem, análise e dimensionamento de uma ampla variedade de situações em engenharia
estrutural. O SAP2000 utiliza a metodologia dos elementos finitos para realizar os cálculos e
simulações das modelagens.

O método dos elementos finitos tem como objetivo a determinação do estado de tensão
e de deformação de um sólido sujeito a ações exteriores. A metodologia consiste em dividir a
geometria em uma malha com elementos finitos que podem ser definidas como sub-regiões
geométricas, sendo definidos com um conjunto de pontos de referência, denominados nós, que
são calculados através de cálculos matemáticos avançados (Azevedo, 2003).

Para a solução de um problema de engenharia utilizando a metodologia de elementos


finitos no SAP200 é preciso seguir os passos:

- modelagem da estrutura no programa;


- definição dos tipos de carregamento;
- criação das combinações de carregamento;
- simulação da estrutura para cada caso de carregamento;
- análise dos resultados fornecidos pelo programa.

4.8.1 Estudo da modelagem

O início da modelagem se iniciou com a criação da fatia do galpão numa estrutura 3D


dentro do SAP2000, já com as colunas secundárias removidas, as treliças instaladas e as
baionetas, que antes eram sustentadas pelas colunas, agora apoiadas sobre as treliças. A figura
53 ilustra a concepção da adaptação:
81

Figura 54 – Representação da seção do galpão em estudo, já com as modificações aplicadas, no SAP2000.

Fonte: Autor.

Os valores dos pesos próprios dos elementos que constituem a porção do galpão em
estudo são calculados pelo SAP2000 de acordo com o material utilizado, comprimento e
quantidade.

4.8.2 Definição dos carregamentos no SAP2000

Para simular as condições reais do galpão no SAP2000 foram criadas, manualmente,


alguns padrões de carregamento, como mostrado na figura 54, que contemplam as forças
provenientes das ações do vento, a carga móvel e carga lateral atuantes na viga de rolamento,
sobrecarga prevista na NBR 8800 (2008) e o carregamento das telhas.
82

Figura 55 – Padrões de carregamento gerados manualmente no SAP2000.

Fonte: Autor.

4.8.3 Definição das combinações de ações no SAP2000

A criação das combinações de carregamento permite simular, simultaneamente, duas


ou mais ações atuantes nas estruturas com seus devidos coeficientes de ponderação. Para o
presente trabalho foram geradas 13 combinações, sendo 10 delas com a finalidade de avaliar os
estados-limite últimos e 3 delas para verificar os estados-limite de serviço. As combinações são
mostradas na figura 55 e detalhadamente na tabela 22.
83

Figura 56 – Definição das combinações de carregamento no SAP2000.

Fonte: Autor.

Tabela 21 – Detalhe das combinações geradas no SAP2000.


Coeficientes Estado-
Caso Combinação de limite
ponderação verificado
Peso próprio elementos 1,25
Peso próprio telha 1,25
ELU – Galpão – 1 ELU
Sobrecarga 1,5
Vento a 0° 0,6 × 1,4
Peso próprio elementos 1,25
Peso próprio telha 1,25
ELU – Galpão – 2 ELU
Vento a 0° 1,4
Sobrecarga 1,5 × 0,8
Peso próprio elementos 1,25
Peso próprio telha 1,25
ELU – Galpão – 3 ELU
Sobrecarga 1,5
Vento a 90° 0,6 × 1,4
Peso próprio elementos 1,25
ELU – Galpão – 4 ELU
Peso próprio telha 1,25
84

Vento a 90° 1,4


Sobrecarga 1,5 × 0,8
Peso próprio elementos 1,25
Peso próprio telha 1,25
ELU – Galpão – 5 ELU
Sobrecarga 1,5
Vento a 180° 0,6 × 1,4
Peso próprio elementos 1,25
Peso Próprio telha 1,25
ELU – Galpão – 6 ELU
Vento a 180° 1,4
Sobrecarga 1,5 × 0,8
Peso próprio elementos 1,25
Peso próprio telha 1,25
ELU – Galpão – 7 ELU
Sobrecarga 1,5
Vento a 270° 0,6 × 1,4
Peso próprio elementos 1,25
Peso próprio telha 1,25
ELU – Galpão – 8 ELU
Vento a 270° 1,4
Sobrecarga 1,5 × 0,8
Peso próprio elementos 1,25
CM – Carga móvel 1,5
ELU – VR – 1 ELU
HL – Carga lateral viga de
1,5
rolamento
Peso próprio elementos 1
CM – Carga móvel 1
ELS – VR – 1 ELS
HL – Carga lateral viga de
0,8
rolamento
Peso próprio elementos 1
CM – Carga móvel 0,8
ELS – VR – 2 ELS
HL – Carga lateral viga de
1
rolamento
Peso próprio elementos 1,25
ELU – TT – 1 Peso próprio telha 1,25 ELU
Sobrecarga 1,5
ELS – TT – 1 Peso próprio elementos 1 ELS
85

Peso próprio telha 1


Sobrecarga 0,6

Fonte: Autor.

4.9 AÇÕES ATUANTES NA VIGA DE ROLAMENTO

A viga de rolamento está sujeita a dois tipos de carga, HT e o peso da ponte rolante
que, segundo BELLEI (1998) pode ser estimado utilizando a tabela 56, que determina o valor
da carga distribuída para cada roda da ponte rolante.

Figura 57 – Relações para determinação da carga concentrada em cada roda da ponte rolante.

Fonte: Bellei (1998).

A norma NBR 6120 (2019) ainda preconiza que o peso próprio e demais informações
da ponte rolante normalmente são fornecidos pelo fornecedor do equipamento, mas pode-se
determinar o peso próprio, incluindo o trole e os dispositivos de içamento fazendo-se uma
estimativa, pela expressão x:
1,5𝐿
𝑝𝑝 = (0,25 + 100 )T (46)

onde:
- pp é a estimativa do peso próprio;
- L é a medida do vão da ponte;
- T é a carga máxima de içamento.
86

Adotou-se como valor para a carga em cada roda da ponte rolante o valor de 24 kN,
conforme previsto na figura 53.

4.9.1 Estados-limites últimos

Para a verificação dos estados-limites últimos foram utilizadas as combinações últimas


normais, tanto para a viga de rolamento (50) quanto para a treliça (51), conforme as expressões
50 e 51:

Fd =  (1, 25  FGi ,k ) + 1,5  FQ1,k +  (1,5 1 FQj ,k )


m n
(47)
i =1 j =2

m
Fd =  (1, 25  FGi ,k ) + 1,5  FQ1,k (48)
i =1

As definições das combinações com seus devidos coeficientes de ponderação podem


ser encontradas nas figuras 57 e 58:
87

Figura 58 – Esforços envolvidos na combinação para análise do estado-limite último da treliça de transição.

Fonte: Autor.
88

Figura 59 – Esforços envolvidos na combinação para análise do estado-limite último viga de rolamento.

Fonte: Autor

4.9.2 Estados-limites de serviço

Segundo a NBR 8800 (2008) a recomendação para analisar os estados-limite últimos


de uma viga de rolamento é adotar as combinações raras de serviço explicitada na equação 52,
que são vistas nas figuras 59 e 60, com seus coeficientes de ponderação aplicados a elas:

Fser =  FGi ,k + 1,5  FQ1,k +  ( 0,8  FQj ,k )


m n
(49)
i =1 j =2
89

Figura 60 – Esforços envolvidos na combinação para análise do estado-limite de serviço da viga de rolamento.

Fonte: Autor.

Para a treliça foi adotada as combinações quase permanentes de serviço, apresentadas


na equação 53 e as ações que a compõem junto a seus coeficientes de ponderação ilustrados na
figura 60:

Fser =  FGi ,k +  ( 0, 6  FQj ,k )


m n
(50)
i =1 j =2
90

Figura 61 – Esforços envolvidos na combinação para análise do estado-limite de serviço da treliça de transição.

Fonte: Autor.

4.10 FLECHAS ADMISSÍVEIS NUMA VIGA DE ROLAMENTO

A NBR 8800 (2008) traz algumas orientações referentes ao cálculo da flecha


admissível para uma viga de rolamento. A tabela 23 mostra qual deve ser o cálculo de flecha
admissível a ser adotado para alguns tipos de viga de rolamento, dependendo diretamente da
carga máxima que a ponte rolante pode içar:
91

Tabela 22 – Deslocamentos horizontal e vertical máximos para uma viga de rolamento.

Fonte: Adaptado de NBR 8800 (2008, p. 117)

Conforme a NBR 8800 (2008) a flecha máxima admissível numa viga de rolamento
para carregamento igual ou superior a 200 kN é dado pela equação 42:

𝐿
𝐹𝑙𝑒𝑐ℎ𝑎 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙 = (51)
800

onde:

- L é o comprimento do vão.

Segundo a norma NBR 8800 (2008) a flecha máxima horizontal admissível numa viga
de rolamento para solicitações de esforços iguais ou superiores a 200 kN é dada pela expressão
43:

𝐿
𝐹𝑙𝑒𝑐ℎ𝑎 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙 = (52)
600
92

Figura 62 – Indicação do comprimento “L” do vão da viga de rolamento.

Fonte: Fakury (2017)

Foi feito um estudo com a viga de rolamento atual para verificar se ela é capaz de
suportar o mesmo carregamento da ponte rolante, porém agora com um vão maior. A geometria
do perfil é mostrada na figura 63:
93

Figura 63 – Medidas das partes da viga de rolamento utilizada atualmente no galpão.

Fonte: Autor.

4.11 TRELIÇA DE TRANSIÇÃO

Dentre os diversos tipos de treliça existentes, o modelo escolhido para fazer a transição
da carga das baionetas sem apoio das colunas principais foi o modelo Pratt, que trabalha com a
compressão no banzo superior e nos montantes enquanto o banzo inferior e as diagonais estão
tracionadas. Na figura 63 é possível ver a geometria de uma treliça Pratt:

Figura 64 – Treliça do tipo Pratt sugerida para servir como meio de transição das cargas.

Fonte: Fakury (2017)


94

A figura 64 mostra o modelo da treliça Pratt modelada no SAP2000 para executar as


simulações:
Figura 65 – Treliça modelada no SAP2000 a ser utilizada na representação da porção do galpão em estudo.

Fonte: Autor.

A deflexão vertical máxima para este elemento estrutural, considerada uma viga que
suporta pilares, é definida pela NBR 8800 (2008) segundo a tabela 23.
Tabela 23 - Verificação da deflexão da treliça de transição.

Fonte: Adaptado de NBR 8800 (2008).


95

4.12 VERIFICAÇÃO DE FADIGA

O número de ciclos deve ser calculado a partir dos anos previstos para utilização da
estrutura, número de aplicações diárias multiplicado por 360 dias, conforme mostrado na
seguinte operação matemática:

𝑁 = 19 𝑎𝑛𝑜𝑠 ⋅ 15 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎𝑠 ⋅ 360


𝑁 = 102.600 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠

De acordo com a NBR 8800 (2008), a faixa admissível de tensão σSR deve ser maior
ou igual ao limite admissível da faixa de variação de tensões, sendo mostrado pela expressão
56:

𝜎𝑇𝐻 = 0,66𝑓𝑦 (53)


𝜎𝑇𝐻 = 0,66 ⋅ 250 𝑀𝑃𝑎
𝜎𝑇𝐻 = 165 𝑀𝑃𝑎

0,333
327⋅250⋅108
𝜎𝑆𝑅 = ( ) ≥ 𝜎𝑇𝐻 (54)
102.600

𝜎𝑆𝑅 = 428𝑀𝑃𝑎 ≥ 165 MPa

O perfil em análise se encaixa na categoria de tensão A como mostra a figura 66.


96

Figura 66 - Categoria de tensão da seção e parâmetro de fadiga.

Fonte: Adaptado de NBR 8800 (2008).

É necessário avaliar uma combinação de fadiga a partir da equação 55:

m n

 FGi,k + 1  FQj ,k ,  1 = 1, 0
i =1 j =1
(55)

As propriedades da seção da viga de rolamento foram obtidas a partir do SAP2000,


com destaque para a força cortante no eixo Y, momento fletor no eixo X e Y e módulo de
elasticidades Wx e Wy.
97

Figura 67 - Propriedades da seção da viga de rolamento.

Fonte: Autor.

Os cálculos para verificação de tensões atuantes e fadiga ao cisalhamento podem ser conferidos nas
seguintes equações:

Mx
x = = 85MPa  428MPa (56)
Wx

My
y = = 45MPa  428MPa (57)
Wy

 lim = 0, 4 f y = 0, 4  250 = 100MPa (58)

V 701656 N
= = = 40MPa  100MPa (59)
Aw 1100 16mm²

5 RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados do estudo das ações do vento


realizados na estrutura com as adequações aplicadas e os resultados das verificações dos
estados-limites últimos e estados-limites de serviço para a viga de rolamento e para a treliça.
98

5.1 AÇÕES DO VENTO

A partir das combinações criadas e configuradas no SAP2000, as ações foram lançadas


na estrutura, podendo ser visualizadas nas próximas figuras.
99

Figura 68 – Representação das forças do vento incidente a 0° na estrutura.

Fonte: Autor.
100

Figura 69 - Representação das forças do vento incidente a 90° na estrutura.

Fonte: Autor.
101

Figura 70 – Representação das forças do vento incidente a 180° na estrutura.

Fonte: Autor.
102

Figura 71 – Representação das forças do vento incidente a 270° na estrutura.

Fonte: Autor

As ações do vento mostraram que o caso mais crítico para a fatia do galpão em estudo
é quando o vento incidente está a 90°, gerando maiores esforços na estrutura. O vento incidente
a 270° não gera esforços na porção do galpão que está em estudo devido à área de abertura. A
figura 69 mostra a combinação mais crítica para o modelo.

Figura 72 – Combinação de ações mais crítica para a estrutura.

Fonte: Autor.
5.2 COLUNAS

A razão D/C (SAP2000) refere-se à relação entre a demanda (D) e a capacidade (C)
de uma determinada seção ou elemento estrutural. Essa razão é utilizada para avaliar a
segurança e a eficiência da estrutura. Quando o valor D/C = 1, tem-se a demanda sobre a seção
igual à sua capacidade, indicando que a estrutura está operando no limite de sua capacidade.
D/C >1 indica que a estrutura está sujeita a sobrecargas excessivas e pode não ser capaz de
resistir adequadamente. Em um dimensionamento estrutural, é desejável que a razão D/C seja
menor que 1. Caso contrário, serão necessárias revisões no projeto.
103

A verificação das colunas para o estado-limite último, referente à resistência da


estrutura, se deu a partir da análise da razão entre a demanda sobre a capacidade, denominada
“D/C Ratio”, que se equivale à relação entre a força axial solicitante de cálculo (NSd) e a força
axial resistente de cálculo (NRd),devendo ter um valor menor ou igual a 1. A figura 70 mostra a
combinação mais crítica para a atual configuração da estrutura, é o caso “ELU - Galpão - 6”
que envolve o peso próprio da estrutura, sobrecargas e as forças do vento incidente a 180°. A
proporção D/C apresenta um valor igual a 0,201, como pode ser conferido na figura 73.

Figura 73 – Combinação mais crítica para a atual estrutura do galpão atual e a razão entre demanda e capacidade.

Fonte: Autor.

A análise da estrutura atual, para o estado-limite último, é mostrada nas figuras 74 e


75, que representam as colunas que sustentam a fatia do galpão, podendo ser visto que, pela cor
azul na representação dos pilares, apresentam uma razão entre demanda de carregamento e a
capacidade máxima de carga muito abaixo do limite, mostrando um superdimensionamento no
projeto original

Figura 74 – Representação das primeiras 10 colunas da fatia em estudo do galpão, apresentando uma razão D/C
baixa.

Fonte: Autor.
104

Figura 75 – Representação das últimas 11 colunas da fatia em estudo do galpão, apresentando uma razão D/C
baixa.

Fonte: Autor.

A verificação da razão D/C realizada na estrutura com as adequações aplicadas, para


o estado-limite último, sendo a combinação mais crítica para essa configuração descrita pelo
caso “ELU - Galpão - 4” que envolve o peso próprio dos elementos, sobrecargas e o vento
incidente a 90°, apresenta um valor igual a 0,152 mostrando que, apesar da remoção de algumas
colunas, a relação ficou menor do que o valor da estrutura atual e apresenta um
superdimensionamento no projeto original. A figura 76 mostra a combinação mais crítica e a
razão D/C:

Figura 76 – Combinação mais crítica para a atual estrutura do galpão com as adequações e a razão entre
demanda e capacidade.

Fonte: Autor.

As figuras 77 e 78 ilustram a análise do estado-limite último da estrutura atual. A


análise é dividida em duas imagens que representam as colunas responsáveis por suportar a
seção do galpão. Ao examinar as representações dos pilares, nota-se que a cor azul indica uma
relação entre a demanda de carga e a capacidade máxima de carga que está consideravelmente
abaixo do limite. Isso reforça a ideia de que o projeto original foi superdimensionado e sugere
que a remoção das colunas não terá impacto significativo no galpão.
105

Figura 77 – Resultado do dimensionamento de 6 colunas do galpão.

Fonte: Autor.

Figura 78 – Resultado do dimensionamento de 7 colunas do galpão.

Fonte: Autor.

A tabela 24 mostra os valores obtidos através da análise do SAP2000 para a razão


entre demanda e capacidade na adequação da estrutura.
106

Tabela 24 - Valores da razão D/C obtidos para as colunas remanescentes.

Fonte: Autor.

5.3 VIGA DE ROLAMENTO

Durante a análise do estado-limite último da viga de rolamento, utilizando a


combinação mais crítica "ELU - VR - 1", foi observado que a razão D/C para a seção I
atualmente empregada no galpão não passou nas verificações, indicando a necessidade da
utilização de uma nova seção I com outra geometria, como é mostrado na figura 79, com uma
solicitação de carregamento dentro dos limites aceitáveis.
107

Figura 79 – A análise do estado-limite último da nova seção da viga de rolamento.

Fonte: Autor

A verificação do estado-limite de serviço, que abrange a segurança e o desempenho da


estrutura, foi realizada em duas análises distintas. Uma delas consistiu na verificação da
deflexão vertical da viga, resultante da carga do trem-tipo, enquanto a outra foi responsável por
verificar a deflexão lateral, causada pelo deslocamento lateral do trole da ponte rolante. A flecha
máxima vertical é determinada pela seguinte equação:

17.600
𝐹𝑙𝑒𝑐ℎ𝑎 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = (60)
800

𝐹𝑙𝑒𝑐ℎ𝑎 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = 22 𝑚𝑚

A flecha máxima horizontal é dada pela expressão:

17.600
𝐹𝑙𝑒𝑐ℎ𝑎 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = (61)
600

𝐹𝑙𝑒𝑐ℎ𝑎 𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = 29,33 𝑚𝑚


As dimensões da nova seção da viga de rolamento podem ser conferidas na figura 80,
com uma alma mais alta e mesas mais largas, mantendo as mesmas espessuras de mesa e alma.
108

Figura 80 - Nova seção da viga de rolamento proposta.

Fonte: Autor.

A partir da verificação das deflexões de acordo com a NBR 8800 (2008) é possível
fazer uma comparação com os valores gerados pelo SAP2000, como são mostrados nas figuras
80 e 81, apresentando uma deflexão horizontal de 20,07 mm e deflexão lateral de 17,28 mm e
concluir que tal verificação está dentro dos limites estabelecidos por norma.

Figura 81 – Verificação da deflexão vertical pelo estado-limite de serviço.

Fonte: Autor.

Figura 82 – Verificação da deflexão lateral pelo estado-limite de serviço

Fonte: Autor.

O estudo de fadiga da nova seção da viga de rolamento permitiu constatar que a faixa
admissível de tensão está acima do limite de tensão admissível, conforme previsto na NBR
8800 (2008), podendo ser verificada na expressão 60.
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𝜎𝑆𝑅 = 428 𝑀𝑃𝑎 (62)


𝜎𝑆𝑅 ≥ 𝜎𝑇𝐻
428 𝑀𝑃𝑎 ≥ 165 𝑀𝑃𝑎

A análise da fadiga através da combinação frequente de fadiga também permite


concluir que as tensões atuantes são menores que a faixa admissível de tensão e a tensão de
cisalhamento é menor que o limite calculado, como é mostrado abaixo.

Mx
x = = 85MPa  428MPa
Wx

My
y = = 45MPa
Wy

V 701.656 N
= = = 40MPa  100MPa
Aw 1.100 16 mm²

5.4 TRELIÇA DE TRANSIÇÃO

A treliça do tipo Pratt, que foi modelada para adaptar a estrutura, é projetada de forma
a suportar compressão no banzo superior e nos montantes, enquanto o banzo inferior e as
diagonais estão sujeitos a tração. Durante a análise, verificou-se que a razão D/C para a treliça
é inferior a 0,5, o que se enquadra dentro dos limites estabelecidos pela norma NBR 8800
(2008). A figura 83 ilustra a relação entre a demanda de carga e a capacidade de uma seção da
treliça.
110

Figura 83 – Razão D/C para os elementos da treliça, dentro dos limites estabelecidos por norma.

Fonte: Autor.

Os elementos da treliça foram definidos com as seguintes seções e material, listados


na tabela 24:
Tabela 25 – Perfis utilizados na treliça.
Perfis da treliça
Elemento Perfil Material
Banzo inferior W310x21 ASTM A36
Banzo superior W310x21 ASTM A36
Diagonais 2L x 64 x 64 x 4,8 x 9 ASTM A36
Montantes 2L x 64 x 64 x 4,8 x 9 ASTM A36
Fonte: Autor.

Figura 84 - Perfis utilizados na treliça indicados pelas setas.

Fonte: Autor.
111

A verificação do estado-limite de serviço permitiu avaliar a deflexão vertical,


revelando o valor destacado na figura 85. Foi identificada uma deflexão vertical de 5,75 mm,
valor dentro dos limites de segurança estabelecidos por norma.

Figura 85– Valores obtidos de deflexão a partir da análise do estado-limite de serviço.

Fonte: Autor.

A verificação manual da deflexão máxima pode ser conferida no cálculo matemático


mostrado abaixo:

6 CONCLUSÃO

Neste trabalho, foi proposta a análise das adaptações na estrutura da oficina de


caminhões da mineradora Vale, localizada em Itabira, com o objetivo de assegurar a segurança
das operações no local. Através dessa análise e dos resultados obtidos nas simulações realizadas
no SAP2000, pode-se concluir que é possível sustentar o carregamento do telhado, mesmo com
a retirada de algumas colunas que estavam dimensionadas para valores de ações maiores do que
as requeridas. Para isso, utilizou-se uma treliça como uma viga de transição responsável por
distribuir a carga nas colunas adjacentes. Com o aumento do vão, torna-se necessário o uso de
uma nova viga de rolamento, com o dobro do comprimento da viga atualmente utilizada no
galpão. No entanto, verificou-se que o perfil atualmente utilizado não suporta a demanda de
carregamento e deve ser utilizado uma nova seção I, com seção de maior capacidade resistente.

A treliça proposta e dimensionada para as modificações estruturais satisfaz as


demandas de carga da cobertura do galpão, que anteriormente eram suportadas por colunas com
112

seção menor. Como resultado das adaptações, a altura das colunas foi reduzida para permitir
que elas se apoiassem no banzo superior da treliça.

Por fim, pode-se constatar que as adaptações propostas para o galpão atendem às
demandas de carregamento da cobertura, no que diz respeito à treliça, e a nova viga de
rolamento com a mesma seção da viga atualmente presente na estrutura, porém com um vão
duas vezes maior, suporta as cargas da ponte rolante dentro dos limites de resistência. Além
disso, as colunas remanescentes no galpão são capazes de suportar as ações provenientes da
viga de rolamento e do telhado, garantindo a segurança da estrutura e das operações de
manutenção dos caminhões fora de estrada.

Para dar continuidade ao trabalho desenvolvido, sugere-se dimensionar as ligações


soldadas ou parafusadas, os enrijecedores de apoio (VR), e realizar verificações adicionais para
a VR devido ao efeito localizado da pressão causada pelas rodas: escoamento local da alma,
enrugamento da alma e flambagem da alma por compressão.
113

7 BIBLIOGRAFIA

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de estrutura de edificações. Rio de Janeiro, 2019.

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vento em edificações. Rio de Janeiro, 1988.

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nas estruturas. Rio de Janeiro, 2003.

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de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.

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2011. Porto Alegre: AMGH Editora Ltda. 2011.

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dimensionamento das estruturas de um galpão fabricado com papel laminado por meio
do programa SAP2000. Orientador: Thales José Mendes; Coorientador: André Luís Riqueira
Brandão. 2015. 112 f. Monografia (graduação) – Curso de Engenharia Civil, Departamento de
Graduação Engenharia Civil, Faculdade Única de Ipatinga, Minas Gerais, 2015.
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