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ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS

BACHARELADO EM CIÊNCIAS MILITARES

KAIO CÉSAR DAMACENA

ANÁLISE QUANTITATIVA DOS ATENDIMENTOS ENVOLVENDO O


SALVAMENTO E A CAPTURA DE ANIMAIS SILVESTRES, PELO CORPO DE
BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS

BELO HORIZONTE

2017
KAIO CÉSAR DAMACENA

ANÁLISE QUANTITATIVA DOS ATENDIMENTOS ENVOLVENDO O


SALVAMENTO E A CAPTURA DE ANIMAIS SILVESTRES, PELO CORPO DE
BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS

Monografia apresentada à Academia de


Bombeiros Militar de Minas Gerais, como
requisito parcial à obtenção do grau de
Bacharel em Ciências Militares.

Orientador: Eduardo Lauria Manhães, Ten


Cel BM

BELO HORIZONTE
2017
Para Deus e para minha família...
AGRADECIMENTOS

À Deus.

Aos meus pais César e Clêudima, a meu irmão Bruno e demais familiares.

A minha esposa Fernanda e ao meu filho Benício.

A meu orientador Tenente Coronel Manhães.

Aos meus instrutores.

Aos meus companheiros.

Aos demais colaboradores desse trabalho, em especial ao Prof. Dr. Pesqueiro e a


Ms. Jesica.
RESUMO

Devido a degradação causada aos dois biomas ocupados pelo estado de Minas
Gerais: Cerrado e Mata Atlântica, a fauna silvestre é diariamente afugentada de seu
meio natural e pressionada a procurar alimento e abrigo em locais mais próximos de
complexos urbanos. Por si só, essa maior aproximação vem a ser um fator para que
hajam incidentes envolvendo animais e seres humanos, ensejando a intervenção do
Poder Público e, logo, do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. A Corporação
se organiza para atender aos chamados que lhe chegam, inclusive associados a
essas operações, em quatorze Unidades Operacionais, que ficam responsáveis cada
uma por uma determinada área territorial. Diante disso, realizou-se um trabalho sob
essa ótica de modo a identificar a variação no número de atendimentos relacionados
ao salvamento e à captura de animais silvestres nas diferentes Unidades e ao longo
do ano, que, por sua vez, foi dividido em dois períodos referentes a duas estações
distintas: seca e chuvosa. Foi construída uma amostragem baseada nos registros de
ocorrências dos anos de 2015 e 2016, referentes as naturezas: salvamento de animal
em risco/ perigo e captura de animal silvestre perigoso/ agressivo, cujos códigos são
S06.001 e S06.002, respectivamente. Para analisar os dados foram aplicados os
testes paramétricos ANOVA, Tukey e t de Student, além da estatística descritiva.
Houve um total de 13649 ocorrências, sendo 8692 referentes à natureza S06.001 e
4957 à S06.002. A maior concentração de intervenções se deu nos meses da estação
chuvosa e as Unidades que mais foram empenhadas para realizar esses
atendimentos foram o 9° e o 2° BBM e a 1ª Cia Ind. Ao final, com base nos resultados,
foram sugeridas algumas ações para melhor gerenciamento dos recursos logísticos e
humanos associados a essas operações.

Palavras-chave: Corpo de Bombeiros; animais silvestres; salvamento e captura;


Unidades Operacionais; estações.
ABSTRACT

Due to the degradation caused to the two biomes occupied by the state of Minas
Gerais: Cerrado and Mata Atlântica, the wild fauna is daily driven away from its natural
environment and pressured to look for food and shelter in places closer to urban
complexes. By itself, this greater approximation becomes a factor for the occurrence
of incidents involving animals and human beings, allowing the intervention of the Public
Power and, soon, of the Military Fire Brigade of Minas Gerais. The Corporation is
organized to meet the calls that come to it, including those associated with these
operations, in fourteen Operational Units, which are each responsible for a certain
territorial area. Therefore, a work was done in this way to identify the variation in the
number of visits related to the rescue and capture of wild animals in the different Units
and throughout the year, which, in turn, was divided into two periods referring to two
distinct seasons: dry and rainy. A sampling was constructed based on the occurrence
records of the years 2015 and 2016 regarding the kinds: animal rescue at risk / danger
and capture of dangerous/ aggressive wild animal, whose codes are S06.001 and
S06.002, respectively. To analyze the data, we applied the ANOVA, Tukey and t of
Student parametric tests, in addition to the descriptive statistics. There were a total of
13649 occurrences, of which 8692 were related to nature S06.001 and 4957 to
S06.002. The highest concentration of interventions occurred in the months of the rainy
season and the Units that were most committed to carry out these services were the
9° and 2° BBM and the 1ª Cia Ind. In the end, based on the results, some actions were
suggested to better manage the logistics and human resources associated with these
operations.

Keywords: Fire Department; wild animals; rescue and capture; Operational Units;
seasons.
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Lista de itens mais utilizados para se realizar a contenção física, no


CBMMG..................................................................................................................... 17

Mapa 1 - Articulação Operacional do CBMMG, conforme as áreas de responsabilidade


dos COBs e das UEOps ............................................................................................ 23

Mapa 2 - Articulação Operacional do CBMMG, conforme os municípios que possuem


instalações BM .......................................................................................................... 24

Mapa 3 - Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Grande ..................................... 43

Gráfico 1 - Frequência de registros envolvendo o salvamento ou a captura de animais


silvestres, conforme a natureza................................................................................. 31

Gráfico 2 - Frequência média anual dos registros, conforme as UEOps analisadas . 36

Gráfico 3 - Frequência média mensal da raiz quadrada do total de registros, conforme


as Unidades Operacionais. Médias rotuladas com no mínimo uma letra igual não
diferem entres si (Tukey, p < 0,05) ............................................................................ 37

Gráfico 4 - Frequência média mensal da raiz quadrada dos registros referentes à


natureza S06.001, conforme a Unidades Operacionais. Médias rotuladas com no
mínimo uma letra igual não diferem entres si (Tukey, p < 0,05) ................................ 38

Gráfico 5 - Frequência média mensal da raiz quártica dos registros referentes à


natureza S06.002, conforme a Unidades Operacionais. Médias rotuladas com no
mínimo uma letra igual não diferem entres si (Tukey, p < 0,05) ................................ 39

Gráfico 6 – Divisão em três grupos de UEOps, conforme a expressividade dos


resultados .................................................................................................................. 45

Gráfico 7 - Frequência de registros mensais, conforme a natureza .......................... 46


Gráfico 8 – Frequência média anual dos registros em cada estação, conforme a
natureza .................................................................................................................... 47
LISTAS DE SIGLAS

AL - Alagoas
ANOVA - Análise de Variância
BBM - Batalhão Bombeiro Militar
BM - Bombeiro Militar
BM2 - 2° Seção de Estado-Maior Bombeiro Militar
CETAS - Centro de Triagem de Animais Silvestres
Cia Ind - Companhia Independente
CINDS - Centro Integrado de Informações e Defesa Social
CBMAL - Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas
CBMMG - Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
CBMPB - Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba
CBMERJ - Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro
COB - Comando Operacional de Bombeiros
CRAS - Clínica de Recuperação de Animais Silvestres de Várzea
Pequena
EPI - Equipamento de proteção individual
GuBM - Guarnição Bombeiro Militar
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
ITO - Instrução Técnica Operacional
MMA - Ministério do Meio Ambiente
PVC - Policloreto de polivinila
REDS - Registro de Evento de Defesa Social
UEOp - Unidade de Execução Operacional
UNESA - Universidade Estácio de Sá
LISTAS DE SÍMBOLOS

= - Igual a
< - Menor que
gl - Graus de liberdade
F - Letra que representa o valor do resultado do teste de ANOVA
t - Letra que representa o valor do resultado do teste t de
Student
p - Letra que representa a probabilidade obtida no teste
estatístico
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

1.1 Problematização ................................................................................................ 11

1.2 Atuação do CBMMG .......................................................................................... 14

1.3 Hipótese preliminar e justificativa ................................................................... 19

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 22

2.1 Geral ................................................................................................................... 22

2.2 Específicos ........................................................................................................ 22

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 23

3.1 Área de estudo .................................................................................................. 23

3.2 Procedimentos amostrais................................................................................. 25

3.3 Tratamento dos dados ...................................................................................... 26

3.3.1 Distribuição por UEOps ................................................................................. 29

3.3.2 Distribuição por período do ano ................................................................... 30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 31

4.1 Análise da amostragem .................................................................................... 31

4.2 Análise da distribuição por UEOps.................................................................. 36

4.3 Análise da distribuição por período do ano .................................................... 46

5 SUGESTÕES QUANTO AO GERENCIAMENTO DE RECURSOS LOGÍSTICOS E


HUMANOS ................................................................................................................ 51

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57

ANEXO A .................................................................................................................. 63
11

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problematização

Com 586.521,235 de quilômetros quadrados de extensão territorial, Minas Gerais é o


quarto maior estado do Brasil. Devido a essa grande extensão territorial, ocupa dois
grandes biomas brasileiros: Cerrado e Mata Atlântica, ambos classificados entre os
vinte e cinco “hotspots” mundiais da biodiversidade, assim definidas as regiões com
alta representatividade biológica, elevados níveis de desmatamento e prioritárias para
a conservação (IBGE, 2017b, 2016; MONTOVANI; PEREIRA, 1998; MYERS; et al.
2000).

O Cerrado é o segundo maior bioma do país, ocupando, originariamente, quase dois


milhões de quilômetros quadrados e aproximadamente 22% do território brasileiro,
possuindo diferentes tipos de vegetação, denominadas campo limpo, campo sujo,
cerrado strictu sensu e cerradão (BRASIL, 2007; COUTINHO, 1990; DOUROJEANNI;
PÁDUA, 2001; MONTOVANI; PEREIRA, op.cit; SANTOS; MARTINS; FERREIRA,
2008).

Apesar de abrigar uma grande diversidade biológica, ele sofre de ocupação


descontrolada que se intensificou nas décadas de 60 e 70, movida pelo progresso
agropecuário, industrial e urbano e por isso, já foi antropizado em torno de 66% a 70%
de sua extensão original. Ultimamente, tem apresentado diversos problemas
ambientais como a perda de biodiversidade, a poluição hídrica e atmosférica e a perda
de solos por erosão (BRASIL, op.cit; COUTINHO, op.cit; DOUROJEANNI; PÁDUA,
op.cit; SANTOS; MARTINS; FERREIRA, op.cit).

Em um estudo avaliativo sobre a cobertura vegetal do Cerrado, Montovani e Pereira


(op.cit) encontraram em seus resultados que o estado de Minas Gerais abriga uma
das regiões onde o Cerrado mais foi fortemente antropizado, em comparação com
outras localidades do Brasil.
12

Já a Mata Atlântica está entre as maiores florestas tropicais das Américas e é


considerada uma das mais prioritárias do mundo, quando se refere ao seu grau de
ameaça e diversidade biológica. Com uma amplitude latitudinal de aproximadamente
29 graus, cobre originalmente uma área de 150 milhões de hectares, estendendo-se
por regiões tropicais e subtropicais desde uma cadeia montanhosa presente ao longo
da costa atlântica até o interior do Brasil, atingindo uma média de 200 quilômetros de
largura. Possui ainda diferentes tipos de fitofisionomias, como Floresta Ombrófila
Mista, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa e outros
ecossistemas associados (ARAUJO; et al. 1998; DEAN, 1997; SOUZA; MARQUETE,
2000).

Pior ainda que o Cerrado, já foi degradada em aproximadamente 92% de seu território
original, que, como foi dito, antes se estendia pela maior parte do território brasileiro.
A maior parte de seus remanescentes preservados se encontram no sudeste do
Brasil, em sua maioria em áreas de encosta onde a terra é inadequada para atividades
econômicas ou o acesso é dificultado pela topografia, sendo os demais apenas
pequenos fragmentos isolados, menores que 50 hectares. (ARAUJO; et al. op.cit;
LEITÃO-FILHO, 1982; RIBEIRO; et al. 2009).

Atualmente, possui a demografia populacional mais densa do Brasil, e abriga os


maiores pólos industriais e cidades, como a região metropolitana de Belo Horizonte
(MMA, 2000). Com tudo isso, pode-se dizer que é o bioma que mais foi antropizado
no Brasil (ARAUJO; et al. op.cit). Apesar de toda essa devastação, segundo Marchesi
(2012), esse bioma apresenta-se como um dos mais importantes do mundo, devido a
seus altos níveis de endemismo, grande diversidade biológica e elevado número de
espécies ameaçadas de extinção.

Toda essa degradação aos ecossistemas abrigados nesses biomas está diretamente
relacionada a inúmeras ações antrópicas. Entre elas, pode-se citar: o crescimento
desordenado, os desmatamentos para se transformar as matas em pastagens ou se
retirar combustíveis fósseis, as queimadas ilegais, as construções de rodovias, a
13

invasão de mananciais, entre outras intervenções humanas (ALVES, 2011;


MARCHESI, 2012, SZPILMAN, 1998).

Tudo isso vem a causar sérios distúrbios nos hábitats da fauna, visto que ao serem
destruídas as áreas verdes de determinada região, os animais perdem seu hábitat
natural e se vem pressionados e/ou atraídos a forragear em locais mais próximos de
ambientes urbanos, buscando alimento e abrigo, no intuito de suprir suas
necessidades de sobrevivência (ALVES, op.cit; CBMMG, 2016b; JACOBI, 2011).

Exemplos de atratividade provocados pelas cidades quanto a ofertas de alimentos


seriam o lixo orgânico, que serviria aos onívoros, a proliferação descontrolada de
pombos, ratos e insetos, que serviria aos carnívoros e a ração de animais domésticos,
que serviria a ambos. A arborização e a presença de sótãos e construções seriam
também outros fatores que aumentariam a atratividade por abrigos, por exemplo
(PRIMACK; RODRIGUES, 2001; SZPILMAN, op.cit).

A partir disso, inúmeras espécies, após entrarem em contato com os ambientes


urbanos, enxergam uma oportunidade de sobrevivência e, sem ter também para onde
ir, acabam por permanecer nesses locais em razão da disponibilidade de recursos
(ALVES, op.cit).

Segundo Sepini (2010), o desmatamento, que está entre os principais motivos de


extinção da fauna, é também um processo de destruição de habitats que pressiona
animais e plantas a serem deslocados para outros locais, muitas vezes menos
distantes do complexo urbano. Dessa forma, essa maior aproximação tende a
ocasionar o contato direto e muitas vezes indesejável com pessoas, ensejando a
intervenção do Poder Público (CBMMG, op.cit b).
14

1.2 Atuação do CBMMG

Conforme o que prevê a Legislação concernente, em Minas Gerais o CBMMG é uma


das Instituições responsáveis por realizar o salvamento e a captura de animais, sejam
eles silvestres ou domésticos, ordinariamente em duas situações: quando estiverem
em perigo e/ou situação de risco, ou quando estiverem soltos e oferecendo risco à
população (CBMMG, 2016b). A própria Corporação traz definições para cada um
desses dois casos. No primeiro, enquadram-se:
“todo e qualquer animal que esteja em situação que o impossibilite de se
locomover ou sair de determinado local, desde que haja ameaças iminentes
à saúde ou à vida. O risco pode estar associado à ação humana ou do próprio
ambiente” (CBMMG, op.cit b, p. 9).

Já o segundo, estariam relacionados a toda “situação na qual há risco imediato,


portanto, caso não haja intervenção, o quadro poderá evoluir de forma a causar danos
à integridade física de alguém” (CBMMG, op.cit b, p. 10).

Essas duas atribuições do CBMMG são previstas na Constituição da República de


1988, que em seu artigo 144, reza que os Corpos de Bombeiros Militares são órgãos
responsáveis pela preservação da ordem pública e pela incolumidade das pessoas
(BRASIL, 1988). Em se tratando do estado de Minas Gerais, a Constituição Estadual
de 1989 também prevê que o CBMMG é competente em realizar ações de busca e
salvamento. Dessa forma, fica entendido que a Corporação é a legítima para realizar
operações como essas, pois elas se enquadram na missão constitucional de preservar
e proteger vidas e bens (MINAS GERAIS, 1989).

Diante dessa necessidade legal, em 2016 foi publicado no CBMMG a ITO 26, que visa
doutrinar as operações envolvendo a captura de animais, por parte da Corporação.
Com ela, buscou-se melhorar o atendimento a esses tipos de ocorrências,
padronizando o uso de equipamentos e técnicas, além de orientar as ações das
GuBMs. Assim, esperou-se diminuir a possibilidade de se causar ferimentos e
sofrimentos nos animais atendidos e proteger a integridade física dos bombeiros
envolvidos. Segundo a própria Instrução, o número de atendimentos desse tipo tem
15

aumentado progressivamente nos últimos anos, justificando ainda mais a necessidade


de preparação específica para essa atividade (CBMMG, 2016b).

Conforme descrito ainda nessa Instrução Técnica, animais silvestres seriam “aqueles
pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou
terrestres, que tenham a vida ou parte dela ocorrendo naturalmente dentro dos limites
do território brasileiro e suas águas”. No caso específico deles, entende-se que o
CBMMG é acionado para atuar quando há sua aproximação e contato com a
população em geral, seja porque se acham oferecendo algum risco à população ou
estão em situação de perigo (CBMMG, op.cit b, p. 9).

Restringindo-se o assunto para vertebrados silvestres, os mais recorrentes em


atendimentos do CBMMG são àqueles oriundos das Classes das aves, dos répteis e
dos mamíferos, destacando-se nesse último: gambás, tamanduás, capivaras,
morcegos, javalis, macacos, canídeos e felídeos. Para se realizar o salvamento ou a
captura de animais como esses são necessários procedimentos e materiais
específicos para contê-los, para que sejam imobilizados e, em seguida, transportados
para seu hábitat natural ou para alguma Instituição específica, conforme a
necessidade (CBMMG, op.cit b).

Por sua vez, essa contenção pode-se realizar de maneira química, em que se faz o
uso de drogas com o fim de se levar o animal a um estado de sonolência ou letargia,
para que possa ser manuseado ou física, em que se objetiva a cessação dos
movimentos do animal com o uso de equipamentos mecânicos, de modo a permitir a
intervenção desejada. A escolha do método depende do conhecimento de alguns
critérios, como o porte do animal, sua biologia e possível resposta frente a um estresse
(CBMMG, 2016 b).

Em geral, capturas por meio de contenção farmacológica são utilizadas em silvestres


de maior porte e/ou considerados de alta agressividade, os quais não permitem
aproximação por parte da GuBM. Para situações como essas é necessário que seja
16

acionado um profissional registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária,


para preparar o fármaco a ser empregado, conforme prevê a Lei Federal 5517, de 23
de outubro de 1968. Ainda assim, nessas intervenções a injeção propriamente dita da
droga no animal pode ser feita pelo bombeiro militar que estiver atuando, ensejando
a necessidade de padronização da técnica a ser empregada (BRASIL, 1968; CBMMG,
op.cit b).

Nos demais casos, a contenção mecânica é mais usual. Cabe ressaltar que se deve
priorizar a imobilização das partes do corpo do animal mais usadas para defesa,
surgindo então a necessidade de se conhecer seu comportamento instintivo, para que
sejam usadas as técnicas e os equipamentos corretos. Além disso, o prolongamento
e a intensidade dos estímulos provocados devem ser os mínimos possíveis, de forma
a não causar demasiado estresse, ferimentos ou até a morte do animal (CBMMG,
op.cit b).

No Quadro 1, são listados alguns EPIs e equipamentos utilizados para se conter


fisicamente vertebrados silvestres, conforme indicado na ITO 25 (CBMMG, op.cit b).
17

Quadro 1 - Lista de itens mais utilizados para se realizar a contenção física, no


CBMMG

Aves Serpentes

EPIs Equipamentos EPIs Equipamentos


para captura para captura

Luvas de raspa ou Panos e toalhas Botas ou perneiras Ganchos


vaqueta

Óculos Puças ou redes de Luvas de raspa ou Pinças


malha fina vaqueta

Capacetes Caixas de Óculos Cambões


transporte

Roupões de Sacos Tubos PVC


aproximação

Caixas de
transporte ou
captura

Laços de Lutz

Felídeos Roedores

EPIs Equipamentos EPIs Equipamentos


para captura para captura

Luvas de raspa ou Panos e toalhas Luvas de raspa ou Panos e toalhas


vaqueta vaqueta

Óculos Puças ou redes Óculos Puças ou redes de


malha fina

Capacetes Caixas de Capacetes Caixas de


transporte e/ou transporte e/ou
captura captura

Roupões de Gaiolas, jaulas e Cambões ou


aproximação armadilhas enforcadores

Cambões ou
enforcadores
18

Jacarés Canídeos

EPIs Equipamentos EPIs Equipamentos


para captura para captura

Botas ou perneiras Cambões ou Luvas de raspa ou Cambões ou


enforcadores vaqueta enforcadores

Luvas de raspa ou Laços Óculos Cordas


vaqueta

Óculos Fitas adesivas ou Capacetes Redes


tiras de câmaras
de ar

Capacetes Panos Roupões de Puças


aproximação

Redes Botas Caixas de


transporte ou
captura

Cordas Sacos

Gaiolas de
transporte ou
captura

Primatas Tamanduás

EPIs Equipamentos EPIs Equipamentos


para captura para captura

Luvas de raspa ou Panos e toalhas Luvas de raspa ou Puças ou redes de


vaqueta vaqueta malha fina

Óculos Puças e redes de Óculos Cambões ou


malha fina enforcadores

Capacetes Caixas de Capacetes Caixas de


transporte e/ou transporte e/ou
captura captura

Roupões de Gaiolas armadilhas Roupões de


aproximação aproximação

Fonte: CBMMG, 2016 (modificado)


19

Com todo o exposto, fica entendido que as intervenções destinadas ao salvamento e


à captura de animais devem ser tidas como operações especializadas do CBMMG,
em que, além da observância à ITO 26, existe a necessidade de se conhecer e utilizar
bem as técnicas e os equipamentos a serem empregados, como também a biologia e
o comportamento do animal que se almeja capturar, de forma a se garantir a
excelência do atendimento (CBMMG, 2016b).

Em relação aos silvestres, cabe um cuidado ainda maior, visto que eles
costumeiramente possuem pouco contato com humanos. Logo, qualquer intervenção,
por menor que seja, já tende a gerar um maior estresse, em relação aos domésticos.
Tal fato tende a piorar quando são usados procedimentos incorretos por parte da
GuBM, podendo levar o animal até mesmo à morte ou se expor a integridade física do
bombeiro (CBMMG, 2016b).

Ainda segundo Alves (2011), as ações dos Corpos de Bombeiros destinadas a salvar
ou a capturar animais silvestres encontrados em contato com humanos em área
urbana têm se tornado cada vez mais imprescindíveis para a mitigação do
desequilíbrio ecológico que gerou esse problema. Isso devido a afugentamento da
fauna silvestre de seu hábitat natural, cada vez maior. A partir disso, destaca-se o
compromisso do CBMMG em realizar operações como essas, que estão intimamente
relacionadas à manutenção de um meio ambiente mais saudável.

1.3 Hipótese preliminar e justificativa

De acordo com o que prevê o Plano de Articulação Operacional do CBMMG, Minas


Gerais foi dividida em 6 (seis) Comandos Operacionais para fins de descentralização
da competência pelo atendimento em cada região do estado. Por sua vez, esses
Comandos se subdividem em algumas áreas espaciais de atuação. Cada uma dessas
áreas fica sob a responsabilidade de uma Unidade Operacional Bombeiro Militar, que
pode ser um Batalhão (BBM) ou uma Companhia Independente (Cia Ind). Ao todo,
existem no CBMMG 10 (dez) BBMs e 4 (quatro) Cias Ind (CBMMG, 2016c).
20

Nesse contexto, cada uma dessas 14 (quatorze) UEOps é responsável por atender os
chamados provenientes de sua região de competência. Com efeito, as ocorrências
envolvendo o salvamento ou captura de animais silvestres são também efetivadas
dessa mesma forma, ou seja, pela UEOp responsável pelo local onde haja a
necessidade da intervenção bombeiro militar (CBMMG, op.cit c). Portanto, é relevante
que se faça um estudo sobre como se distribuem os chamados desse tipo que
envolvam animais silvestres ao longo do estado, em relação as Unidades
Operacionais do CBMMG.

Além disso, é possível que a quantidade de ocorrências como essas variem conforme
o período do ano. Em um trabalho que versou sobre a climatologia de Minas Gerais,
Abreu (1998) verificou que o estado possui duas estações bem definidas. A seca teria
início no mês de abril e terminaria em setembro, enquanto que a chuvosa, que
concentraria os maiores índices pluviométricos, corresponderia aos demais seis
meses do ano. Essa descrição daria ensejo a um estudo que avaliasse a influência da
época do ano no número de ocorrências relativas ao contato humano com animais
silvestres.

Mediante o contexto exposto, esse trabalho utilizou-se da hipótese de que há


diferenças estatísticas significativas nos números de atendimentos feitos por cada
UEOp e também em cada uma das duas estações, em relação a esse tipo de
ocorrência.

Um estudo com essa característica fundamenta-se na necessidade do CBMMG em


entender como se relacionam os fenômenos atinentes a sua atividade fim, em especial
o salvamento e a captura de animais silvestres, viabilizando um melhor planejamento
de operações, treinamentos, compras e distribuições de materiais e equipamentos,
entre outras ações, sejam elas estratégicas, táticas ou operacionais. Dessa forma,
contribuindo para a melhoria da qualidade dos serviços prestados pela Corporação,
no tocante a essa área.
21

No caso específico deste trabalho, a contribuição foi no sentido de se otimizar a


distribuição de EPIs e equipamentos para contenção de animais silvestres nas 14
(quatorze) UEOps do CBMMG que foram analisadas, de forma a se priorizar e
aumentar o número de itens daquelas que mais realizam operações desse tipo,
conforme foi descrito no Quadro 1. Também, melhorar o planejamento de operações
baseando-se na diferença existente no número de ocorrências em cada período do
ano.

Os resultados aqui descritos, poderão também embasar o aumento de treinamento,


ou mesmo aperfeiçoamento da tropa, no tocante ao melhor uso das técnicas e dos
equipamentos necessários para se salvar ou capturar um animal. Isso poderá ser feito
principalmente nas UEOps que tiveram maior significância em seus atendimentos e
nos períodos que antecedem àqueles que são mais críticos em termos de quantidade
de ocorrências.
22

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar quantitativamente as ocorrências, cujas naturezas estejam relacionadas ao


salvamento ou a captura de animais silvestres, por parte dos Batalhões e Companhias
Independentes do CBMMG, de forma regionalizada e ao longo do período de estudo.

2.2 Específicos

Analisar a variação dos registros dessas ocorrências nas UEOps e nas estações do
ano.

Definir quais são as UEOps e o período do ano mais crítico quanto ao número de
ocorrências.

Discutir alguns fatores que possam estar influenciando nos padrões de distribuição
espacial e temporal.

Sugerir medidas que contribuam para o melhor gerenciamento dos recursos logísticos
e humanos relacionados à essas operações, por parte do CBMMG.
23

3 METODOLOGIA

3.1 Área de estudo

A seguir, é representado pelo Mapa 1 o estado de Minas Gerais sob a ótica da forma
como o CBMMG se organiza territorialmente para atender as demandas que lhe
chegam, tal como já comentado anteriormente. São representadas as áreas regionais
de competência dos seis COBs e de suas respectivas UEOps subordinadas, em
conformidade com o que é descrito no Plano de Articulação Operacional da
Corporação (CBMMG, 2016c). É baseado nessa estrutura de competências regionais
é que o presente estudo, se desenvolveu.

Mapa 1 - Articulação Operacional do CBMMG, conforme as áreas de


responsabilidade dos COBs e das UEOps

Fonte: CBMMG, 2016


24

Por sua vez, para se distribuir em sua área de responsabilidade, cada uma dessas 14
(quatorze) UEOps possui Subunidades e Frações BM subordinadas. Ao todo, existem
no estado 63 municípios que possuem algum tipo de instalação do CBMMG destinado
a atender ocorrências. Cada uma dessas instalações fica responsável por atender aos
chamados em um número determinado de municípios, próximos à sua localização, tal
como é previsto também no Plano de Articulação Operacional (Mapa 2) (CBMMG,
2016c).

Mapa 2 - Articulação Operacional do CBMMG, conforme os municípios que possuem


instalações BM

Fonte: CBMMG, 2016 (modificado)

Sempre que uma GuBM pertencente a uma dessas instalações atende a um chamado
da população, seja ele qual for, a ocorrência é registrada em um banco de dados
denominado sistema REDS do CBMMG. Posteriormente, esses dados são tratados e
25

disponibilizados pela Corporação sob a forma de Anuários Estatísticos. Com efeito, o


procedimento para o registro das operações envolvendo o salvamento e a captura de
animais silvestres são também efetivados da mesma forma (MINAS GERAIS, 2004).

3.2 Procedimentos amostrais

Para a realização desse trabalho, foi composta uma amostragem tendo como base as
ocorrências, cuja natureza esteja relacionada ao salvamento ou a captura de animais
silvestres, atendidas pelas Unidades Operacionais do CBMMG, durante os anos de
2015 e de 2016. Para tanto, foram utilizados os registros provenientes do Anuário
Estatístico do CBMMG referentes ao ano de 2015 e de Informações prestadas pelo
CINDS/BM2 referentes ao ano de 2016, conforme Ofício contido no Anexo A
(CBMMG, 2016a; CBMMG, 2017).

Primeiramente, destacou-se dos dados obtidos as naturezas de ocorrências


relacionadas ao tipo de empenho mencionado, conforme as padronizações de
registros de eventos no CBMMG, contidas na ITO 25. Tais naturezas se encontram
descritas a seguir:
Salvamento de animal em risco / perigo [cujo código é S06.001]: enquadram-
se as operações de salvamento de animais domésticos ou silvestres em
ambiente urbano ou rural em situações nas quais ficaram presos ou sem
condições de locomoção, que exijam a intervenção do CBMMG através de
guarnição (ões) de salvamento, com o emprego de técnicas e equipamentos
específicos de salvamento terrestre (CBMMG, 2014, p. 127).
Captura de animal silvestre perigoso / agressivo [cujo código é S06.002]:
enquadram-se as operações de captura de animais silvestres em ambiente
urbano ou rural com risco de ataque a pessoas ou outros animais, que exijam
a intervenção do CBMMG através de guarnição (ões) de salvamento, com o
emprego de técnicas e equipamentos específicos de salvamento terrestre
(CBMMG, 2014, p. 127).

Como se pode notar na descrição da natureza S06.001, em se tratando de


intervenções do CBMMG em que o animal se encontre em situação de risco ou que
afete sua locomoção, não existe um enquadramento específico para os casos que
envolvam a fauna silvestre, sendo a padronização de registros desse tipo de operação
realizadas de forma genérica, tanto para silvestres quanto para domésticos,
denominada: salvamento de animal em risco/ perigo. O mesmo não ocorre com a
26

natureza S06.002, pois nas intervenções em que o animal se encontra oferecendo


risco à população ou a outros animais, os silvestres capturados são enquadrados em
uma natureza específica chamada: captura de animal silvestre perigoso/ agressivo.
Nesse último tipo de operação, as ocorrências em que domésticos são capturados
são registradas com outros tipos de codificação, a saber: S06.003 e S06.004,
denominadas, captura de cão perigoso/ agressivo e captura de outros animais
domésticos perigosos/ agressivos, respectivamente, não inclusas nesse trabalho
(CBMMG, 2014; CBMMG, 2016a; CBMMG, 2016b).

Embora a codificação S06.001 sirva também para o registro de animais domésticos,


não é interessante ao objetivo desse trabalho deixar de incluir essa natureza nas
análises, uma vez que os dados oriundos desses casos continuam sendo
potencialmente relacionados ao salvamento de silvestres, contribuindo também para
o conhecimento sobre a distribuição da fauna no estado de Minas Gerais e, sobretudo,
para o entendimento dos fenômenos relacionados a esse tipo de operação no
CBMMG (CBMMG, op.cit).

Ressalta-se ainda que não foram computados os dados relativos às operações


envolvendo a captura ou o extermínio de insetos, que se referem, respectivamente,
às naturezas S06.005 e S06.006. O motivo foi delimitar melhor o foco do trabalho
(CBMMG, op.cit a).

3.3 Tratamento dos dados

O presente estudo se utilizou do método indutivo e estatístico, cujo objetivo principal


é obter descrições quantitativas e generalizar conclusões sobre determinados
fenômenos, a partir da observação e análise de dados numéricos de amostras
(AYRES; et al. 2007; FREITAS, 2013; PRODANOV).

A partir disso, os dados provenientes da amostragem que incluiu as duas naturezas


aqui descritas foram analisados de forma a se identificar variações nos números de
27

atendimentos realizados por cada Unidade Operacional e em cada período do ano.


Essa análise foi feita relacionando-se os atendimentos realizados pelas Unidades do
CBMMG nos dois anos de estudo com os registros das duas codificações de
ocorrências em sua totalidade e individualizando cada natureza.

Com esse método, permitiu-se verificar o padrão de distribuição espacial e temporal


dos registros para que pudessem ser, posteriormente, definidas as UEOps e o período
do ano mais crítico, quanto à quantidade ocorrências, e discutidos os eventuais fatores
que possam estar influenciando nas variações percebidas nas análises. Da mesma
forma, com as diferenças aqui obtidas foram propostas algumas medidas de
gerenciamento de recursos em relação a essas operações, por parte do CBMMG.

Por conseguinte, utilizou-se nesse trabalho da estatística, como forma de se expor os


resultados. Num primeiro momento, a estatística descritiva permitiu sintetizar as
informações obtidas e explorar os dados em busca de padrões, contribuindo para a
melhor compreensão visual de toda a situação. Para tanto, foram gerados gráficos e
cálculos como a porcentagem, com apoio do programa Microsoft Excel 2016 (AYRES;
et al. 2007; VIEIRA, 2008; VOLTOLINE, 2005).

Posteriormente, a estatística inferencial mostrou-se imprescindível para se testar as


hipóteses apresentadas e, sendo assim, avaliar como as ocorrências se distribuem ao
longo das UEOps e do período de estudo. Nesse sentido, foram aplicados os testes
paramétricos de Análise de Variância (ANOVA), também conhecido como teste F, a
0,01 ou 1% de significância e, adicionalmente a ele, o teste de Tukey, a 0,05 ou 5%
de significância. Em outro momento, foi ainda aplicado o teste t de Student, a 0,05 ou
5% de significância. Conforme prevê a bibliografia associada, significância é um valor
exposto sob a forma percentual ou de proporção e que se refere à probabilidade
máxima de erro admitida pelo pesquisador quanto ao resultado do teste (AYRES; et
al. op.cit; VIEIRA, op.cit; VOLTOLINE, op.cit).
28

Conforme a literatura aqui descrita, para se utilizar esses testes de hipóteses em uma
análise faz-se necessário que os dados amostrados respeitem as suposições de
normalidade e homocedasticidade. A primeira diz respeito a distribuição dos dados,
que devem se aproximar de uma curva normal ou gaussiana. Já a segunda é relativa
homogeneidade das variâncias apresentadas em cada grupo de tratamento, que
devem ser o mais próximas o possível umas das outras (AYRES; et al. 2007; VIEIRA,
2008; VOLTOLINE, 2005).

Partindo dessas premissas, foi realizada como técnica estatística a transformação dos
dados, procedimento que visa a mudança de escalas das amostras com o intuito de
se aumentar a normalidade da distribuição e a estabilização das variâncias. Dessa
forma, os números dos três bancos de dados (da amostra de natureza S06.001, da
amostra de natureza S06.002 e da amostra das duas naturezas somadas) passaram
a ser expressos sob outras escalas, conforme o caso, antes de serem comparados os
registros das UEOps e das estações do ano pelo método estatístico inferencial
(AYRES; et al. op.cit; VIEIRA, op.cit; VOLTOLINE, op.cit).

Dessa forma, apenas posteriormente a essas transformações é que foram feitas as


demais análises propostas, por meio dos testes de ANOVA, de Tukey e de t de
Student. Ressalta-se, no entanto, que ainda assim, conforme prevê a literatura, esses
testes são considerados paramétricos robustos, assim ditos àqueles que aceitam
dados que não cumprem perfeitamente as suposições de normalidade e
homocedasticidade (AYRES; et al. op.cit; VOLTOLINE, op.cit).

Segundo Vieira (op.cit, p. 249), o objetivo da inferência estatística é exatamente


estabelecer “conclusões para a população com base nos dados de uma amostra e no
resultado de um teste estatístico”. Nesse sentido, o uso dessa técnica no presente
estudo objetivou generalizar os resultados adquiridos nas análises, passando-se a
admitir que os fenômenos percebidos nos resultados são recorrentes a todo o
CBMMG e, logo, não restritos apenas à amostragem referente aos anos de 2015 e
2016 (AYRES; et al. op.cit).
29

Nas análises, foram considerados apenas os 10 (dez) Batalhões de área e as 4


(quatro) Companhias Independentes do CBMMG. Os demais registros não foram
analisados da mesma forma por se tratarem de atendimentos feitos por Unidades
Especializadas, não responsáveis por uma região em específico, ou que não sejam
de Execução (BEMAD, antiga CIR e COBs). Se tratam, na verdade, de ocorrências
das quais os números são discrepantes ou extremos, por serem muito baixos em
relação aos outros dados da amostragem. Assim, foram considerados como outliers
no estudo presente. (CBMMG, 2016a; VOLTOLINE, 2005).

3.3.1 Distribuição por UEOps

Em se tratando de analisar a variação dos registros pelos Batalhões e Companhias


Independentes, foram feitos alguns gráficos que objetivaram apresentar os registros
obtidos por cada UEOp, inclusive comparando-se com as demais Unidades não
analisadas.

Em relação a técnica estatística, o teste de ANOVA, ou teste F, é que foi o responsável


por avaliar o efeito da variável UEOps, considerada independente, na variação da
média da variável resposta, que nesse caso, são o número de atendimentos objetos
desse trabalho. Segundo Ayres et al. (2007) e Voltoline (2005), o propósito desse teste
é comparar três ou mais grupos de dados, que nesse caso foram caracterizados pelos
registros em cada UEOp, por meio de suas variâncias.

Nesse sentido, foram usados as 14 (quatorze) UEOps descritas acima como sendo
os níveis do tratamento e os 24 (vinte e quatro) meses dos dois anos analisados como
sendo as repetições. Isso permitiu verificar se as médias do número de ocorrências
registradas por cada UEOp diferiram estatisticamente ou não (AYRES; et al. op.cit;
VOLTOLINE, op.cit).

Posteriormente a esse procedimento, com o intuito de se verificar exatamente quais


grupos se diferem entre si, graças à diferença apresentada na ANOVA, é que foi
30

utilizado o teste de comparações múltiplas denominado Tukey. O software estatístico


utilizado foi o Assistat 7.7 (AYRES; et al. 2007; VOLTOLINE, 2005).

3.3.2 Distribuição por período do ano

Enquanto isso, para se analisar como se deu a distribuição das ocorrências ao longo
dos dois anos de estudo, foi elaborado um gráfico que representou a curva de
frequência mensal dos atendimentos. Esse procedimento foi feito considerando-se a
soma de todos os registros feitos pelas quatorze UEOps analisadas, conforme as
naturezas S06.001 e S06.002, separadas e em conjunto.

Quanto à análise inferencial, o teste t de Student é que ficou responsável por avaliar
o efeito da variável independente estações sob a média da variável número de
ocorrências, considerada resposta. Novamente, segundo Ayres et al. (op.cit) e
Voltoline (op.cit), o objetivo desse teste é avaliar se as médias de dois grupos de
dados, que nesse caso foram as duas estações, diferem estatisticamente uma da
outra, baseando-se em um determinado modelo de distribuição.

Utilizou-se para tanto das 2 (duas) estações como sendo os níveis de tratamento, ao
passo que para as réplicas foi realizado o seguinte esforço amostral: número de
atendimentos feitos pelas 14 (quatorze) UEOps ao longo dos 12 (doze) meses
referentes à cada estação nos dois anos de estudo. Dessa forma, somaram-se 168
(cento e sessenta e oito) repetições, dentro de cada nível do tratamento. O software
estatístico utilizado foi o Bioestat 5.3 (AYRES; et al. op.cit; VOLTOLINE, op.cit).

Essa técnica estatística é que permitiu comparar os dois grupos de dados (estações
do ano), por meio de suas médias para a amostragem da natureza S06.001, da
S06.002 e para ambas somadas (AYRES; et al. op.cit; VOLTOLINE, op.cit).
31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Análise da amostragem

Segundo o Anuário 2016 e os dados fornecidos pelo CINDS/BM2, nos anos de 2015
e 2016 foram atendidas pelo CBMMG 8.832 ocorrências de natureza S06.001, que se
refere tanto a animais silvestres como domésticos, e 4.984 de natureza S06.002, que
se refere apenas a silvestres, perfazendo juntas um total de 13.816 registros (Gráfico
1). Considerando-se apenas as quatorze Unidades Operacionais analisadas nesse
trabalho (10 BBMs e 04 Cias Ind), foram registradas 13.649 ocorrências envolvendo
esse tipo de operação, ou seja, 98,7912% do total, sendo 8.692 referentes a natureza
S06.001 e 4.957 de natureza S06.002 (CBMMG, 2016a; CBMMG, 2017).

Gráfico 1 - Frequência de registros envolvendo o salvamento ou a captura de


animais silvestres, conforme a natureza

140
9000
8000
7000
Frequência absoluta

6000
27
5000 8692
4000
3000 4957

2000
1000
0
S06.001 S06.002

Unidades analisadas Outras unidades

Fonte: CBMMG, 2016 e 2017 (modificado)


32

Considerando todos esses 13.649 atendimentos e os dois anos de estudo, houve uma
média de 487,464286 intervenções/UEOp/ano e 40,622024 intervenções/UEOp/mês
em todo o estado, sendo 310,428571 intervenções/UEOp/ano e 25,869048
intervenções/UEOp/mês relativas à natureza S06.001 e 177,035714
intervenções/UEOp/ano e 14,752976 intervenções/UEOp/mês à natureza S06.002.

Em um trabalho avaliativo sobre o resgate e a captura da fauna silvestre realizado por


um Batalhão Operacional do CBMPB, Alves (2011) encontrou números bem menores
quando comparado aos obtidos nesse trabalho. Em seis anos, o 3° BBM daquela
Corporação havia registrado apenas 98 operações envolvendo animais silvestres,
perfazendo uma média de 16,333333 intervenções/ano. Por outro lado, no presente
trabalho, somente o 3° BBM do CBMMG, UEOp que menos realizou atendimentos
relacionados à natureza S06.002, registrou uma frequência de 87 intervenções/ano
relacionadas à essa mesma natureza. Ao passo que outros como o 9° BBM, chegaram
a registrar 498,5 intervenções/ano da natureza S06.002 (Gráfico 2).

Um fator considerável que poderia justificar essa alta de registros como um todo no
estudo presente seria o fato de Minas Gerais ter uma malha rodoviária bastante
extensa, quando comparada a outros estados (MARTINS; LEMOS, 2006). Rodovias
são consideradas extremamente degradantes aos ecossistemas em que estão
inseridas, desde sua construção. Como exemplos de impactos diretos à fauna, pode-
se citar: mudanças comportamentais de indivíduos; deterioração fisiológica;
alterações nos níveis tróficos de comunidades; criação de obstáculo ao deslocamento
natural; e os atropelamentos de espécimes expostas (PRADA, 2004; ROMANINI,
2001; TROMBULAK; FRISSEL, 2000).

Tais atropelamentos podem vir a dar causa a chamados para que animais vitimados
sejam socorridos, caracterizando um exemplo típico de natureza S06.001. Ressalta-
se que algumas espécies possuem até mesmo certa afinidade com as rodovias, em
virtude da disponibilidade de alimentos, como os grãos que são derrubados de
caminhões de transporte. Isso, similarmente ao que ocorre com a atratividade que os
meios urbanos oferecem a algumas espécies afugentadas de seu meio natural
33

(JACOBI, 2011; LIMA; OBARA, 2004; SEPINI, 2010; SZPILMAN, 1998). Por sinal,
esse fator de atração pode vir a ser um agravante ao perigo que passam os animais
já prejudicados pelas rodovias, gerando situações plenamente potenciais de
surgimento de ocorrências, por parte do CBMMG.

Outros estudos, que embora não se relacionem estritamente a salvamentos e a


capturas realizadas pelos Corpos de Bombeiros, mas que também poderiam ser
comparados aos resultados obtidos no presente trabalho seriam o de Santos; Santos
(2009) e o de Gonçalves; et al. (2016). Os mesmos se referem a análises de registros
de órgãos destinados ao recebimento de animais silvestres que se envolveram em
incidentes ao entrar em contato com o ser humano, por algum motivo.

No trabalho de Santos; Santos (op.cit) verificou-se o registro de 3244 animais


silvestres, entre aves, mamíferos e répteis, recebidos pelo CETAS/AL, em um ano de
estudo. Apesar da maioria desses animais se referirem a apreensões realizadas pelo
Batalhão de Polícia Ambiental de Alagoas, na maioria aves, nos registros consta-se
que 144 répteis (25%) e 51 mamíferos (18%) foram entregues via resgates feitos pelo
CBMAL, totalizando 195 silvestres que foram destinados ao CETAS/AL por parte
daquela Corporação, em um ano de trabalho.

Embora pareçam números pequenos, não foram contabilizados no estudo os animais


que após serem salvos ou capturados, foram entregues a clínicas veterinárias ou
devolvidos diretamente ao seu meio natural, entre outros destinos. Esse número de
195 animais resgatados pelo CBMAL pode ainda ser considerado semelhante à média
de ocorrências de natureza S06.002 atendidas por UEOp em um ano, no CBMMG:
177,035714 intervenções/UEOp/ano (SANTOS; SANTOS, op.cit).

Enquanto isso, Gonçalves; et al. (op.cit) realizou um estudo no Rio de Janeiro em que
avaliou apenas os mamíferos que haviam sido destinados por Instituições como o
CBMERJ ao CRAS/UNESA, ao longo de seis meses do ano de 2015. No total, foram
contabilizados 340 indivíduos. As espécies mais comuns verificadas nesse trabalho
34

foram àquelas de porte menor e/ou que possuem hábitos mais generalistas e
tolerantes a ambientes antropizados, como gambás e saguis, em semelhança ao que
foi encontrado por Damacena (2011), em relação ao oportunismo dos mamíferos junto
às rodovias.

Como motivo dessa maior adaptação, foi citado o maior período de reprodução e a
vantagem numérica das proles dessas espécies, entre outros fatores. De fato, fêmeas
gestantes ou com filhotes possuem maior necessidade de procurar alimentos que
garantam a sobrevivência de sua prole, aumentando a possibilidade de encontros
inesperados com o ser humano em complexos urbanos (GONÇALVES; et al. 2016).

Por sua vez, essa característica vem a corroborar o que foi comentado por Szpilman
(1998) e Jacobi (2011) em relação à atratividade que algumas cidades geram em
certas espécies. Segundo Negrão e Pádua (2006), a maior presença desses animais
mais adaptados e tolerantes ao meio urbano pode ser até mesmo um indicativo da
perturbação e da má qualidade ambiental de determinada localidade. Ainda, grande
parte das espécies com essas características são consideradas exóticas ao bioma em
que estão inseridas, pois não ocorrem naturalmente na região e competem com
aquelas que o são.

Conforme indicado no Quadro 1, em operações em que seja necessário se conter


fisicamente mamíferos como esses, que foram mencionados como sendo mais
oportunistas e tolerantes, são imprescindíveis alguns EPIs como luvas de raspa ou
vaqueta, óculos, capacetes e roupões de aproximação. Ainda, como equipamentos e
materiais de captura específicos e necessários pode-se citar: panos e toalhas, puças
ou redes, caixas de transporte e/ou capturas, cambões ou enforcadores, gaiolas,
jaulas e armadilhas (CBMMG, 2016b).

Os principais motivos que ensejaram a entrada de silvestres no CRAS/UNESA


durante o período de estudo teriam sido humanos, variando entre ataque de pessoas
e de animais domésticos, infecções por alimentação antrópica e também
35

atropelamentos em vias de transporte (GONÇALVES; et al. 2016), todos


caracterizados como ocorrências de natureza S06.001, se fossem atendidos pelo
CBMMG.

Ocorrências por causas naturais, por outro lado, foram bem menos expressivas,
denotando que esses animais foram vitimados muito mais por causas relacionadas a
encontros não desejáveis com o ser humano. Os registros com origem em
atropelamentos, por sinal, corroboram com o que foi apontado no presente estudo
como sendo uma possível justificativa para a alta expressividade de ocorrências das
duas naturezas analisadas no estado de Minas Gerais (GONÇALVES; et al. op.cit).

Ainda com relação ao estudo presente, cabe ressaltar que os números obtidos na
amostragem não representam a totalidade das situações em que houve o contato de
animais silvestres com a população, pois há casos que impedem ou dificultam o
acionamento do CBMMG, como a ausência de instalações BM em muitos municípios
mineiros (CBMMG, 2016a). De fato, o estado de Minas Gerais é formado por 853
municípios e, no entanto, conforme descrito no Mapa 2, apenas 63 destes possuem
alguma Unidade, Subunidade ou Fração BM instalada (CBMMG, 2016c; IBGE,
2017a). Esse fenômeno é mencionado no Anuário 2016 como sendo um fator de
demanda reprimida (CBMMG, op.cit a).

Segundo Alves (2011), as grandes distâncias de várias cidades a Unidade do Corpo


de Bombeiros mais próxima, potencialmente tendem também a gerar um desinteresse
por parte da população em acionar a Corporação em situações como essas, muitas
vezes relacionadas a questões de desequilíbrio ecológico.

Com relação ao uso e aperfeiçoamento de procedimentos e técnicas associadas ao


salvamento e a captura de animais, não existe um curso de especialização específico
com essa temática no CBMMG, apesar de toda essa demanda e expressividade dos
resultados apresentados. Atualmente, esse assunto é tratado apenas como sendo um
36

módulo incluso no curso de Salvamento Terrestre, quando se trata de especialização


(CBMMG, 2016d).

4.2 Análise da distribuição por UEOps

Considerando novamente as 14 (quatorze) UEOps analisadas, a forma como a


frequência média anual dos registros da natureza S06.001 e S06.002 se distribuíram
se encontra ilustrado no Gráfico 2. Pelo gráfico, já consegue-se perceber algum
padrão de distribuição das ocorrências envolvendo o salvamento ou a captura dos
animais silvestres.

Gráfico 2 - Frequência média anual dos registros, conforme as UEOps analisadas

600
Frequência média anual

500

400

300

200

100

0
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 1ª 2ª 3ª 4ª
BBM BBM BBM BBM BBM BBM BBM BBM BBM BBM Cia Cia Cia Cia
Ind Ind Ind Ind
S06.001 329.5 575.5 416 246.5 357 135 310 329.5 498.5 306.5 318 191.5 150.5 182
S06.002 110.5 154 87 156.5 209 101.5 165 242 385 216 283.5 117.5 102.5 148.5

S06.001 S06.002

Fonte: CBMMG, 2016 e 2017 (modificado)

Por sua vez, de acordo com a técnica estatística empregada, a forma como a média
mensal de todos os registros se distribuiu conforme a Unidade que os atendeu se
encontra ilustrado no Gráfico 3, constatando-se que houve diferença significativa entre
37

tais médias (ANOVA, F = 39,66611, gl = 3222, p < 0,013). Para essa análise, foram
somadas as duas naturezas estudadas nesse trabalho em conjunto.

Gráfico 3 - Frequência média mensal da raiz quadrada4 do total de registros,


conforme as Unidades Operacionais. Médias rotuladas com no mínimo uma letra
igual não diferem entres si (Tukey, p < 0,05)

9 A

AB
8
BC
CD CD
7 CDE
CDE CDE
Frequência média mensal

DEF
6 EFG
FGH
GH
5 H H

4 Média

0
9° 2° 1ª 8° 5° 10° 3° 7° 1° 4° 4ª 2ª 3ª 6°
BBM BBM Cia BBM BBM BBM BBM BBM BBM BBM Cia Cia Cia BBM
Ind Ind Ind Ind

Fonte: CBMMG, 2016 e 2017 (modificado)

Observa-se ainda pelos Gráficos 2 e 3 que quem mais realizou operações desse tipo
foi o 9° BBM, responsável por 12,9560% dos registros. O mesmo não diferiu
estatisticamente apenas do 2° BBM, que registrou 10,6894% dos atendimentos.
Dessa forma, nos anos de 2015 e 2016, essas duas UEOps foram as que mais

1 Valor calculado do resultado da ANOVA.


2 Graus de liberdade (gl) são parâmetros indexadores estatísticos correspondentes ao número de
observações independentes feitas para a construção da amostra, ou seja, aos níveis de tratamento e
às repetições (Ayres et al., 2008)
3 É o valor da probabilidade obtida no teste, sendo que se espera ser ela menor que o valor da

significância admitida pelo pesquisador. (Ayres et al., 2008; VOLTOLINE, 2005).


4 Dados transformados, conforme a técnica estatística.
38

realizaram operações envolvendo as duas naturezas de ocorrências estudadas nesse


trabalho, sendo responsáveis juntas por 23,6454% desses registros.

O 9° BBM foi ainda o segundo a atender mais ocorrências relacionadas apenas à


natureza S06.001, sendo responsável por 11,4703% desses registros (Gráficos 2 e
4). Para essa natureza em específico, quem mais registrou atendimentos foi o 2° BBM
(13,2421%), que em se tratando das duas naturezas em conjunto havia sido o
segundo a mais atender (Gráficos 2 e 3). Tal como nota-se no Gráfico 4, houve
também diferença significativa entre as médias mensais dos atendimentos de cada
UEOp (ANOVA, F = 46,0768, gl = 322, p < 0,01), sendo que mais uma vez o 2° e o 9°
BBM não diferiram estatisticamente. Essas duas UEOps foram responsáveis juntas
por 24,7124% dos registros atinentes à natureza S06.001, nos anos de 2015 e 2016.

Gráfico 4 - Frequência média mensal da raiz quadrada dos registros referentes à


natureza S06.001, conforme a Unidades Operacionais. Médias rotuladas com no
mínimo uma letra igual não diferem entres si (Tukey, p < 0,05)

A
7
AB
BC
6
CD
CDE CDE CDE
Frequência média mensal

DE DE
5 EF
FG FG
4 G
G

3 Média

0
2° 9° 3° 5° 8° 1° 1ª 7° 10° 4° 2ª 4ª 3ª 6°
BBM BBM BBM BBM BBM BBM Cia BBM BBM BBM Cia Cia Cia BBM
Ind Ind Ind Ind

Fonte: CBMMG, 2016 e 2017 (modificado)


39

Já em se tratando apenas da natureza S06.002 individualmente, o 9°BBM (15,5336%)


foi novamente o que mais atendeu ocorrências desse tipo, tal como também foi nos
registros totais (Gráficos 2, 3 e 5). Mais uma vez, no caso particular dessa natureza,
houve diferença significativa entre as médias mensais dos registros efetuados por
cada UEOp (ANOVA, F = 21,4561, gl = 322, p < 0,01).

Gráfico 5 - Frequência média mensal da raiz quártica dos registros referentes à


natureza S06.002, conforme a Unidades Operacionais. Médias rotuladas com no
mínimo uma letra igual não diferem entres si (Tukey, p < 0,05)

6 A

5 AB
Frequência média mensal

BC
BCD BCD

4 CDE DE DE DE
EF EF EF EF
3 F
Média

0
9° 1ª 8° 10° 5° 7° 2° 4° 4ª 2ª 1° 3ª 6° 3°
BBM Cia BBM BBM BBM BBM BBM BBM Cia Cia BBM Cia BBM BBM
Ind Ind Ind Ind

Fonte: CBMMG, 2016 e 2017 (modificado)

Ao contrário das duas análises apresentadas anteriormente, nota-se pelo Gráfico 5


que dessa vez o 9° BBM diferiu estatisticamente do 2° BBM. Por outro lado, a 1ª Cia
Ind, com 11,4384% dos registros, é que foi a segunda a mais atender ocorrências
dessa natureza, sendo a única a não diferir estatisticamente do 9° BBM, nessa
análise. Juntas, 9° BBM e 1ª Cia Ind foram responsáveis por 26,971% dos registros
da natureza S06.002, nos dois anos estudados (Gráficos 2 e 5).
40

O 9° BBM é a Unidade de Execução do CBMMG pertencente ao 6° COB responsável


pela resposta aos chamados provenientes de uma área geográfica com limites no
extremo sul do estado de Minas Gerais (Mapa 1) (CBMMG, 2016c). A exposição dos
resultados acima demonstra que os atendimentos efetuados por esse Batalhão foram
significativos em relação às outras UEOps em razão dos registros das duas naturezas
estudadas, visto que essa Unidade esteve sempre entre os que mais realizaram
operações envolvendo o salvamento ou a captura de animais silvestres,
estatisticamente, tanto para a natureza S06.001, como também para a S06.002. Isso
foi visível tanto nas análises relacionadas as duas naturezas em separado (Gráficos
4 e 5), como também em conjunto (Gráfico 3).

Tal como consta ainda no Anuário 2015, nesse ano em específico o 9° BBM foi a
Unidade do CBMMG que mais realizou atendimentos em todo o estado. Isso levando-
se em consideração todos os grupos de natureza típicas de bombeiro militar, com
44.661 registros, demonstrando que o elevado número de atendimentos feitos por
esse Batalhão não é exclusivo dos casos oriundos de intervenções com animais
silvestres, mas se referem também ao cumprimento de outras missões constitucionais
que realiza o CBMMG (CBMMG, 2016a).

Já o 2° BBM, que pertence ao 1° COB, é a Unidade responsável por atender aos


chamados provenientes de uma vasta área da região metropolitana de Belo Horizonte
(Mapa 1) (CBMMG, 2016c). Ressalta-se que ele não apresentou significância
estatística em relação às demais UEOps em todas as análises feitas nesse trabalho,
mas sim apenas no caso dos registros das duas naturezas em conjunto (Gráfico 3) e
da natureza S06.001 em separado (Gráfico 4), da qual foi a Unidade que mais realizou
registros. No caso da natureza S06.002, o 2° BBM foi somente o sétimo a mais atender
os chamados (Gráfico 5).

Tal fato demonstra que a significância estatística dos números apresentados por essa
Unidade são devidos na maioria à natureza salvamento de animal em risco/ perigo.
Como foi dito anteriormente, na natureza S06.001 são enquadradas as intervenções
em que tanto silvestres com também domésticos tiveram sua locomoção
41

comprometida ou se encontravam em situação de risco, ao contrário da natureza


S06.002, na qual se enquadram apenas os silvestres que se encontravam oferecendo
perigo a outrem.

Além disso, em regiões metropolitanas, como é o caso da área de responsabilidade


do 2° BBM, a densidade demográfica é bem maior, quando comparado a locais mais
distantes das capitais. O município de Contagem, por exemplo, que é a sede do
Batalhão em questão, é a terceira cidade mais populosa do estado de Minas Gerais,
com 653.800 habitantes, estimados (IBGE, 2017a). Dessa forma, a área do 2° BBM
está inserida em um contexto bem mais urbano do que rural, o que vem a ensejar um
menor aparecimento de animais silvestres.

Todos esses fatores vêm a demonstrar que, possivelmente, a significância


apresentada pelo 2° BBM nesse trabalho deve estar relacionada muito mais ao
atendimento a animais domésticos que de alguma forma estiveram acometidos por
uma situação de risco e não a silvestres.

Por outro lado, no estudo feito por Alves (2011) foi observado uma relação oposta a
essa nas parcelas com perímetro urbano analisadas por ele, visto que nesses locais
é que houve considerável registros de silvestres sendo capturados ou resgatados.
Uma explicação dada por ele, seria o fato de haverem nos bairros mais centrais da
cidade e que tiveram as maiores estatísticas, alguns fatores de atratividade aos
animais silvestres. Entre eles: feiras de hortifrutigranjeiros e indústrias de alimentos,
que possuem oferta acentuada de comida e odores, provenientes do lixo.

Segundo Jacobi (2011), o grau de abundância de algumas espécies mais oportunistas


pode até se elevar com o aumento de áreas urbanas, em virtude da oferta de
alimentos e da ausência de predadores e competidores naturais, justificando um
possível maior aparecimento de indivíduos.
42

Por sua vez, a 1ª Cia Ind é a Unidade de Execução responsável por atender chamados
em uma parcela da região sul do estado, tal como também ocorre com o 9° BBM.
Juntas, essas duas UEOps integram o 6° COB do CBMMG (Mapa 1) (CBMMG,
2016c). Pela análise dos resultados, percebe-se que essa Unidade apresentou maior
relevância estatística em relação às demais UEOps estudadas apenas quando se
levou em consideração a natureza S06.002 isoladamente (Gráfico 5), que se refere a
capturas de silvestres, exclusivamente, que se encontrem oferecendo risco de ataque
a pessoas ou a outros animais. No caso da análise em que foi considerada a natureza
S06.001 isoladamente (Gráfico 4), a 1ª Cia Ind se apresentou como sendo somente a
sétima a mais atender ocorrências desse tipo.

Cabe ressaltar que embora no caso específico dos registros totais essa Companhia
tenha diferido estatisticamente do Batalhão que mais atendeu a soma das duas
naturezas em conjunto (9° BBM), a mesma se encontrou como sendo a terceira a mais
atender os chamados desse tipo e não diferiu estatisticamente do 2° BBM, que foi
nesse caso o segundo a mais atender (Gráfico 3).

Do resultado fica expresso que a significância estatística de seus números deve estar
associada as operações classificadas com a natureza S06.002, tal como o 2° BBM o
foi em relação a natureza S06.001. Assim, possivelmente, a maior parte dos
atendimentos envolvendo o salvamento ou captura de animais praticados pela 1ª Cia
Ind devem estar relacionados a casos envolvendo silvestres, levando-se em
consideração a natureza S06.002 e também a S06.001.

A área geográfica sob responsabilidade do 6° COB e, por tanto, do 9° BBM e da 1ª


Cia Ind (Mapa 1) está contida em grande parte na região da Bacia Hidrográfica do Rio
Grande, possuidor de vários afluentes e mananciais considerados importantes para o
estado e também para o Brasil (Mapa 3) (IPT, 2008). Conforme Szpilman (1998),
invasões de mananciais e desmatamentos de áreas vizinhas são fatores que vitimam
acentuadamente animais silvestres e podem vir a pressioná-los a se aproximar mais
de complexos urbanos. Isso poderia justificar a tão alta expressividade dos registros
encontrados em toda a área do 6° COB, em relação às demais.
43

Mapa 3 - Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Grande

Fonte: IPT, 2008

Vale a pena ainda salientar que outras Unidades também apresentaram relativa
significância estatística em suas médias mensais de atendimentos, embora tal
expressividade não tenha estado entre as maiores demonstradas pelas quatorze
UEOps. Com efeito, faz-se oportuno destacar o 3° BBM na análise relativa à natureza
S06.001 (Gráfico 4). Nota-se pelo gráfico que essa UEOp não diferiu estatisticamente
do 9° BBM, segundo a mais atender ocorrências estritamente dessa natureza, embora
o tenho sido do 2° BBM, primeiro a mais atender.

Tal como o 2° BBM, o 3° BBM pertence ao 1° COB e é responsável também por


atender aos chamados em uma parcela da região metropolitana de Belo Horizonte
(Mapa 1) (CBMMG, 2016c). Partindo desse ponto e por ter tido relativo destaque
apenas na natureza relacionada ao salvamento de animal perigoso/ agressivo,
convém supor que a grande parte das operações estudadas nesse trabalho que foram
realizadas por esse Batalhão devem estar atreladas a intervenções envolvendo
animais domésticos, nos mesmos moldes do que foi o 2° BBM.
44

Dentro ainda desse contexto e quanto à análise que se refere apenas à natureza
S06.002, tiveram registros relevantes o 8°, o 10° e o 5° BBM (Gráfico 4). Essas três
UEOps diferiram estatisticamente do 9° BBM, que foi o Batalhão que mais atendeu
ocorrências de natureza captura de animal silvestre perigoso/ agressivo, mas não
diferiram da 1ª Cia Ind, segunda a mais atender.

As áreas de responsabilidade do 8° e do 5° BBM estão localizadas na região do


triângulo mineiro, subordinadas ao 2° COB, ao passo que o 10° BBM pertence ao 1°
COB, assim como o 2° e o 3° BBM, sendo sua área de atuação mais próxima da
capital mineira, em uma região mais central do estado (Mapa 1) (CBMMG, 2016c).

O 8° BBM, em especial, foi a UEOp que obteve o resultado mais expressivo entre
essas três agora destacadas. Da mesma forma que as áreas de responsabilidade do
6° COB (9° BBM e 1ª Cia Ind), sua região de competência está localizada em grande
parte na Bacia Hidrográfica do Rio Grande (Mapa 3), que como foi comentado é
considerada de extrema importância no que se refere aos seus recursos hídricos.
Adicionalmente, o 10° e o 5° BBM, apesar de não estarem inclusos
predominantemente nessa Bacia, possuem seus limites geográficos muito próximos a
ela (CBMMG, 2016c; IPT, 2008). Essa característica poderia também justificar a
significância apresentada pelo 8° e também pelo 10° e 5° BBM, assim como o foi para
o 9° BBM e para a 1ª Cia Ind, da forma dita por Szpilman (1998).

Dos resultados, convêm classificar as 14 (quatorze) Unidades ora analisadas em três


grupos distintos e similares entre si, baseando-se na expressividade que cada uma
apresentou nas três análises: de cada natureza individualmente e também em
conjunto (Gráficos 3, 4 e 5). No primeiro grupo se enquadrariam o 9°, o 2° BBM e a 1ª
Cia Ind, que foram responsáveis por 32,4493% dos registros totais. No segundo
ficariam o 8°, o 5°, o 10° e o 3° BBM, responsáveis por 31,6946% dos mesmos
registros. Enquanto isso, no terceiro permaneceriam as demais sete UEOps estudas,
que representaram, juntas, 35,8561% dos registros totais (Gráfico 6).
45

Gráfico 6 – Divisão em três grupos de UEOps, conforme a expressividade dos


resultados

12.00%

10.00%

8.00%

6.00%

4.00%

2.00%

0.00%
9° 2° 1ª Cia 8° 5° 10° 3° 7° 1° 4° 4ª Cia 2ª Cia 3ª Cia 6°
BBM BBM Ind BBM BBM BBM BBM BBM BBM BBM Ind Ind Ind BBM

Fonte: Dados de pesquisa, 2017

Na figura, esses três percentuais de registros em relação ao total foram distribuídos


equitativamente dentro de cada grupo, de modo que se demonstrasse a igualdade
das UEOps similares, apresentada nas análises inferenciais. Ainda, além de estarem
divididas nos três grupos mencionados, as 14 (quatorze) UEOps foram listadas em
ordem decrescente de expressividade que cada uma obteve nos registros totais,
desde o 9° BBM, Batalhão que mais realizou atendimentos envolvendo as naturezas
S06.001 e S06.002 somadas, até o 6° BBM, UEOp que menos foi empenhada em
ocorrências classificadas nessas duas naturezas.

O objetivo de se classificar dessa forma, seria racionalizar a tomada de decisão quanto


à distribuição para as UEOps de EPIs e equipamentos de captura necessários as
atividades de salvamento e captura de animais, que foram mencionados no Quadro 1
do presente trabalho, baseando-se nas demandas que os três grupos distintamente
apresentaram. E, ainda, prever em quais Unidades se deve focar mais atenção em
relação as outras, considerando-se o melhor planejamento de operação e
46

treinamentos, além do aprimoramento de técnicas, procedimentos e utilização de


materiais associados a essas operações.

4.3 Análise da distribuição por período do ano

A curva de frequência das ocorrências contidas em toda a amostragem ao longo do


tempo mostrou um crescimento do início de 2015 para o fim de 2016, demonstrando
o que foi pontuado na ITO 26 como sendo uma tendência de aumento na demanda
por ocorrências de salvamento e captura de animais, anualmente (Gráfico 7)
(CBMMG, 2016a).

Gráfico 7 - Frequência de registros mensais, conforme a natureza

900

800

700
Frequência absoluta

600

500

400

300

200

100

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Aug Set Out NovDez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Aug Set Out NovDez
Meses de 2015 e de 2016

S06.001 S06.002 Total

Fonte: CBMMG, 2016 e 2017 (modificado)

Observa-se também por essa figura, que houve picos de registros nos meses de
março e outubro, tanto no ano de 2015, como também de 2016. Juntos, esses meses
foram responsáveis por 20,1846% dos registros totais, ou seja, quase um quarto
deles, sendo que 19,0289% foram relativos à natureza S06.001 e 22,2110% à
47

natureza S06.002. Vale lembrar ainda que março e outubro são os dois meses que
terminam e iniciam a estação chuvosa, respectivamente, em conformidade com o
trabalho de Abreu (1998).

Por sua vez, o padrão de variação existente entre as duas estações do ano pode ser
verificado no Gráfico 8. Por ele, consegue-se notar que a maior parte dos registros se
deu realmente no período chuvoso, tanto em relação as duas naturezas em separado
e também em conjunto.

Gráfico 8 – Frequência média anual dos registros em cada estação, conforme a


natureza

4000

3500
Frequencia média anual

3000

2500

2000

1500

1000

500

0
S06.001 S06.002 Total
Estação seca 2054.5 949 3003.5
Estação chuvosa 2291.5 1529.5 3821

Fonte: CBMMG, 2016 e 2017 (modificado)

Falando em termos de valores percentuais e tendo em vista que a estação chuvosa


apresentou maior expressividade nas três comparações do gráfico acima, os registros
totais referentes a mesma foram 27,2182% superiores àqueles referentes à estação
seca. Já quanto as ocorrências de cada natureza individualmente, os registros da
estação chuvosa superaram a seca em 11,5356%, no que se refere à S06.001, ao
48

passo que quanto à natureza S06.002, a mesma estação foi 61,1696% superior à
seca, novamente.

Ainda, ao comparar as incidências nas duas estações pelo método estatístico


inferencial, observa-se também que houve maior ocorrência média mensal de
atendimentos na estação chuvosa dos dois anos estudados, ao se comparar com a
seca. Isso foi notado nas três análises: tanto quanto aos registros das duas naturezas
somados (t = -4,83735, gl = 334, p < 0,0001), como também individualmente. Tudo
isso, vem a corroboram a hipótese de que existem diferenças estatisticamente
significativas entre as duas estações do ano, no que se refere aos registros das
operações objetos do trabalho presente.

Nota-se ainda que a diferença apresentada pelas médias da natureza S06.002 em


cada estação foi mais significativa (t = -6,6390, gl = 334, p < 0,0001), quando
comparado à natureza S06.001 (t = -2,0035, gl = 334, p = 0,0236), devido ao resultado
do teste estatístico em cada caso. Para a amostra de natureza S06.002 o resultado
de t foi de -6,6390, que é maior em módulo do que -2,0035, obtido pela amostra de
natureza S06.001. Da mesma forma o valor de p para a S06.002 foi menor que 0,01,
ao passo que para a S06.002 esse valor foi de 0,0236, se aproximando mais da
significância máxima admitida pelo pesquisador, que foi de 0,05, ou seja 5%.

Logo, por esses números e também pelos Gráficos 6 e 7, percebe-se que a


contribuição maior pela oscilação nos registros ao longo do tempo é por conta,
principalmente, das operações classificadas por captura de animal silvestre
perigoso/agressivo, que se refere apenas a silvestres, ou seja, de natureza S06.002
e não S06.001.

Essa diferença já é notada em relação a tendência de crescimento da quantidade de


ocorrências do início de 2015 para o fim de 2016 e aos picos de registros nos meses
de março e de outubro, que são mais acentuados no que se refere a natureza S06.002

5 Valor calculado do resultado do t de Student.


49

(Gráfico 7). E, igualmente, para essa natureza, a diferença apresentada da estação


chuvosa em comparação com a seca foi maior no período de estudo (Gráfico 8), assim
como resultou as análises inferenciais.

Possivelmente, a oscilação nos registros ao longo das duas estações deve estar
mesmo associada, de fato, a diferenças existentes entre esses dois períodos, devido
a mudança de variáveis como precipitação, umidade e temperatura, que vem a
influenciar nos padrões de deslocamento da fauna, (ALVES, 2011). Dessa mesma
forma, foi encontrado por Gonçalves; et al. (2016) oscilações no número de resgates
registrados em seu trabalho nas diferentes estações do ano, o que pressupõe ser
causa a mudança quantitativa de tais variáveis. Nesse último estudo em particular, até
mesmo a causas das intervenções variaram conforme a estação.

Para Prada (2004), que realizou um trabalho com modelo de inventário de animais
silvestres, a maior incidência da fauna no período chuvoso deve estar relacionada à
convergência desse período com o ciclo de reprodução de várias espécies e, logo, de
maior abundância. Conclusão essa semelhante ao que também foi encontrado por
Gonçalves; et al. (op.cit), com relação a pelo menos as espécies mais oportunistas
registradas.

No estudo de Alves (op.cit), o maior número de registros de ocorrências com silvestres


por parte do CBMPB também foi encontrado nos períodos chuvosos daquele estado.
Segundo ele, esse fenômeno estaria relacionado a maior oferta de alimentação que
trazem o aumento de indicies pluviométricos nessa época do ano, tal como o foi
também para Gonçalves; et al. (op.cit). Isso, em contrapartida ao que ocorre na seca,
que é marcado pela menor vazão dos rios, por exemplo. Logo, havendo mais
indivíduos, seja pela época de reprodução ou pela disponibilidade de alimentos, a
possibilidade de haver chamados ao CBMMG, para de alguma forma atendê-los,
aumenta.
50

Em seus trabalhos com rodovias, Damacena (2011) e Prada (2004) também


encontraram uma maior incidência de silvestres na estação chuvosa, mas também
uma boa expressividade nas épocas em que o fluxo de veículos é maior, como os
períodos turísticos. Logo, esses dois fatores tendem a aumentar mais uma vez a
possibilidade de contato dos silvestres com humanos transitando, seja pela
abundância de animais provocado pelo período chuvoso, pela abundância de seres
humanos, provocado pelos períodos turísticos, ou por ambos. Tudo isso faz aumentar
a possibilidade de ter que se acionar os Corpos de Bombeiros, como já foi dito.
51

5 SUGESTÕES QUANTO AO GERENCIAMENTO DE RECURSOS LOGÍSTICOS E


HUMANOS

Com relação a melhor utilização de recursos, sugere-se que sejam tomadas pelo
CBMMG algumas medidas que visem aperfeiçoar o gerenciamento de operações
envolvendo o salvamento ou a captura de animais silvestres e, por consequência,
também de domésticos, com o fim de se chegar a excelência nesses atendimentos e
contribuir para um meio ambiente mais saudável.

Com relação aos recursos logísticos, os itens necessários para a concretização


dessas operações, como EPIs e equipamento para captura, poderiam ser melhor
distribuídos entre as 14 (quatorze) UEOps aqui analisadas. Para tanto, primeiramente
deveria ser verificado a disponibilidade quantitativa desses materiais no CBMMG, de
modo que pudessem ser posteriormente distribuídos de forma percentual ao longo
das Unidades BM do estado. Após isso, a distribuição propriamente dita poderia ser
otimizada ao se utilizar o Gráfico 6 desse trabalho como base, em que as UEOps
foram divididas em três grupos, conforme a expressividade que obtiveram no presente
trabalho.

Partindo desse ponto, as três UEOps que mais atenderam a esse tipo de ocorrência:
9°, 2° BBM e 1ª Cia Ind, receberiam 10,8164% do total, cada uma, entre EPIs e
equipamentos de captura. Enquanto isso, 8°, 5°, 10° e 3° BBM iriam adquirir 7,9236%
cada uma, desses recursos logísticos. Por último, cada uma das demais sete UEOps
analisadas receberiam 5,1223% de equipamentos e EPIs para salvamento e captura
de animais.

Por meio dessa estratégia, seria otimizada a distribuição desses materiais e


equipamentos, conforme a demanda que cada Unidade apresenta, ou seja, de forma
mais racional. A partir disso, naturalmente seria aumentado o estoque desses itens
nas Sessões de Apoio Operacional das UEOps com mais destaque numérico nesses
atendimentos: 9° BBM e 1ª Cia Ind, pertencentes ao 6° COB e 2° BBM, pertencente
52

ao 1° COB, conforme as ponderações do Quadro 1 e do Gráfico 6 desse estudo.


Dessa forma, seria dado prioridade a essas Unidades no tocante a distribuição ao
longo do estado de materiais, equipamentos e EPIs que auxiliem a execução dessas
operações.

Por outro lado, levando-se em consideração a otimização do uso de recursos


humanos por parte do CBMMG, poderiam ser dadas algumas diretrizes específicas
para as Unidades, Subunidades e Frações que obtiveram maior expressividade nesse
trabalho. O mesmo poderia ser feito visando orientar a realização de mais
treinamentos e aperfeiçoamentos de técnicas, procedimentos e uso de equipamentos
de salvamento terrestre que objetivem o salvamento ou a captura de animais.

Com relação a variação nas ocorrências ao longo do tempo, se faz relevante que se
dê também atenção especial aos meses do período chuvoso, principalmente os
próximos a março e outubro, haja vista o maior número de atendimentos nessa época
e os picos apresentados por esses dois meses, em relação às naturezas analisadas.
Talvez fosse interessante, por exemplo, um maior cuidado e preparo com relação a
esses atendimentos ao levar-se em conta o planejamento de operações.

Ainda com relação ao aumento de treinamentos, os mesmos poderiam ser


intensificados de forma a se aprimorar as técnicas e o uso de equipamentos
associados ao salvamento e a captura de animais, no CBMMG como um todo, no
período que antecede o mês de outubro. Como foi visto, esse mês marca o início da
estação chuvosa, além de ter obtido picos de registros nos dois anos estudados,
juntamente com o mês de março. Essa ação aperfeiçoaria a preparação da tropa para
atender esses tipos de ocorrências no período que mais há demandas para as
mesmas.

Nos resultados, mostrou-se ainda que a maior variação temporal das operações se
deu por conta da natureza captura de animal silvestre perigoso/ agressivo. Sendo
assim, esse foco nos meses do período chuvoso, inclusive quanto a preparação e
53

intensificação de treinamentos antes de início do mesmo, poderia ser feito priorizando-


se as ações de contenção e captura de silvestres, característicos da natureza
S06.002. Como exemplo dessa prática, poderiam haver simulados de intervenções de
GuBMs com o intuito de se conter, capturar e transportar vertebrados silvestres que
se encontrarem agressivos e oferecendo perigo a outrem.

Ainda, a criação de um Curso de Especialização específico para essa área de atuação


poderia contribuir para a excelência no atendimento a esses tipos de ocorrências.
Nesse mesmo sentido, parcerias ou convênios com Universidades, Institutos de
Biologia, Centros Veterinários e Secretarias de Meio Ambiente também seriam bem-
vindos, haja vista a expressividade dos números apresentados nesse trabalho e
também a tendência de crescimento da demanda apresentado.

Por consequência, essas duas ações em específico poderiam ser realizadas


principalmente em uma das três UEOps que mais obtiveram destaque nesse trabalho
e com foco nos meses da estação chuvosa, devido a expressividade de seus
resultados. Ressalta-se que, no entanto, tais consecuções carecem de mais estudos,
análises e conclusões a respeito dessa situação, visando o melhor alcance de bons
efeitos.

Os possíveis convênios e parcerias com outras Instituições públicas e privadas, como


Universidades, em particular, poderiam ser feitas no intuito de serem ministradas
palestras técnicas a tropa, que versassem sobre manejo e contenção apropriados de
animais silvestres, conforme a espécie e a situação. Isso poderia aumentar o
conhecimento teórico dos bombeiros militares.

Somando-se a esse fato, parcerias como essa viabilizariam o apoio de veterinários a


ocorrências em que não haja condições de se conter mecanicamente o animal,
conforme as situações já discutidas, mas sim que haja necessidade de escolha,
preparo e injeção de determinado fármaco no animal, para que possa ser manejado e
conduzido ao local adequado. Como já foi visto, com exceção da injeção, os demais
54

procedimentos associados à contenção química só podem ser realizados por


profissional devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária
(BRASIL, 1968).

Conforme ainda a ITO 26, se faz muito relevante que cada UEOp mantenha contato
próximo com os órgãos que tenham potencial em receber animais capturados, como
as clínicas veterinárias credenciadas, CETAS e Universidades. Da mesma maneira,
àqueles que porventura normatizam e regulam as práticas de captura e destinação de
animais, como as Secretarias Municipais de Meio Ambiente (CBMMG, 2016b). O
objetivo dessa aproximação seria o alinhamento e ajuste de ações com essa temática
e a efetividade de apoio em casos que se julgue necessário.
55

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do exposto, conclui-se que, de fato, houve diferenças estatisticamente significativas


no número de ocorrências atendidas pelas 14 (quatorze) UEOps e que houve também
oscilações ao longo do período de estudo, inclusive quanto as duas estações,
conforme foi demonstrado nos resultados.

Demonstrou-se qual o período do ano mais crítico com relação ao número de


atendimentos e quais foram as Unidades que mais foram empenhadas para atender
aos dois tipos de natureza estudados. As possíveis causas naturais e humanas
associadas às variações foram também discutidas, muito embora sejam necessários
mais estudos para se descobrir com mais exatidão as reais influências dessas
variáveis.

Diante de toda a avaliação expressa, salienta-se que os números apresentados nesse


trabalho foram bem representativos como um todo, mesmo para as UEOps que menos
atenderam às ocorrências estudadas, quando comparados a outras avaliações com a
mesma temática (ALVES, 2011; GONÇALVES et al., 2016; Santos; Santos, 2009).
Sendo assim, é importante que o assunto seja mais divulgado e os conhecimentos
disseminados por toda a tropa do CBMMG, em virtude de sua importância e tendência
de crescimento demonstrado.

Com tudo isso, os resultados aqui adquiridos contribuíram em sugerir o melhoramento


de ações relacionadas ao objeto desse trabalho, sejam elas estratégicas, táticas ou
operacionais, por parte do CBMMG. Além disso, houve colaboração no sentido de
aumentar o conhecimento sobre a ecologia e a biologia da fauna dos dois biomas
presentes no estado de Minas Gerais: Cerrado e Mata Atlântica. Ao que parece, foram
demonstrados alguns padrões de distribuição espacial e temporal dos animais, no
tocante a episódios de encontro com o ser humano. Isso, considerando-se as
diferenças estatísticas no número de chamados recebidos por cada Unidade e ao
longo das duas estações do ano.
56

Por fim, modelos de estudos como esse, que buscam identificar e interpretar variações
quantitativas em registros de atendimentos ao longo das Unidades e do tempo
poderiam ser igualmente proveitosos para diversas outras naturezas de ocorrências
previstas no CBMMG. Os motivos seriam os mesmos apresentados no presente
trabalho, haja vista as vantagens para a Corporação em se entender melhor como se
distribuem suas ocorrências, proporcionando um melhor planejamento de ações como
planos de distribuição de materiais e períodos de intensificação de treinamentos.
57

REFERÊNCIAS

ABREU, Magda Luzimar. Climatologia da estação chuvosa de Minas Gerais: de


Nimer (1977) à zona de convergência do Atlântico sul. Geonomos, Belo Horizonte,
v. 6, n. 2. 6p. 1998. Disponível em:
<http://www.igc.ufmg.br/portaldeperiodicos/index.php/geonomos/article/view/166>.
Acesso em: 28 fev. 2017.

ALVES, Ìtalo Bruno Silveira. Diversidade do resgate de fauna e as ações do 3°


Batalhão de Bombeiros Militar da Paraíba em Guarabira-PB. 2011. 65 f.
Monografia (Graduação) - Departamento de Biologia, Centro de Ciências Biológicas
e da Saúde, Universidade Estadual da Paraíba, Paraíba, 2011. Disponível em:
<http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/646/1/PDF%20-
%20%C3%8Dtalo%20Bruno%20Silveira%20Alves.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2016.

ARAUJO, Marcelo; et al. A Mata Atlântica do sul da Bahia: situação atual, ações e
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ANEXO A

Resposta à solicitação de dados de ocorrências

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