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Concurso Nacional de

Redação da SBQ - 2022:


Redações
Vencedoras

TEMA
Contribuições da Química para
o Desenvolvimento Sustentável
e Soberano do Brasil

Organizadores
Amadeu Moura Bego
Bruno Silva Leite
Daisy de Brito Rezende
Márlon Herbert F. Barbosa Soares
Concurso Nacional
de Redação da SBQ
2022: Redações
Vencedoras
Gestão 2020-2022

Diretoria
Romeu Cardozo Rocha Filho
Presidente
Shirley Nakagaki Bastos
Presidente Sucessora
Luiz Gonzaga de França Lopes
Vice-Presidente
Fernando de Carvalho da Silva
Secretário Geral
Márlon Herbert Flora Barbosa Soares
Secretário Adjunto
Lídia Moreira Lima
Tesoureira
Carolina Horta Andrade
Tesoureira Adjunta

Conselho Consultivo
Aldo José Gorgatti Zarbin
Claudia Moraes de Rezende
Fernando Antonio Santos Coelho
Norberto Peporine Lopes
Paulo Cezar Vieira
Rossimiriam Pereira de Freitas
Vitor Francisco Ferreira

Sociedade Brasileira de Química


Avenida Professor Lineu Prestes, 748
Bloco 3 Superior – Sala 37
Cidade Universitária
05508-000 São Paulo – SP
www.sbq.org.br
Amadeu Moura Bego
Bruno Silva Leite
Daisy de Brito Rezende
Márlon Herbert F. Barbosa Soares
(Organizadores)

Concurso Nacional
de Redação da SBQ
2022: Redações
Vencedoras

São Paulo – 2022


© 2022 Sociedade Brasileira de Química

Capa
Projeto gráfico
Diagramação
Nerilso Guimarães Bocchi

Patrocínio
Conselho Federal de Química
Grupo Ultra
INCT Inomat
Galembetech

Ficha catalográfica elaborada na Biblioteca Comunitária da UFSCar


Bibliotecário responsável: Ronildo Santos Prado - CRB/8 7325

Concurso Nacional de Redação da SBQ – 2022 : redações


vencedoras / organizadores: Amadeu Moura Bego, Bruno
C744c
Silva Leite, Daisy de Brito Rezende ... [et al.]. — São Paulo:
Sociedade Brasileira de Química, 2022.
60 p.

ISBN: 978-85-64099-36-4

1. Química. 2. Desenvolvimento sustentável. 3. Ensino de Química. 4.


Química e sustentabilidade. 5. Química verde. I. Título.
CDD: 540 (20a)
CDU: 540

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou
transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânicos,
incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema de banco de dados
sem permissão escrita da Sociedade Brasileira de Química.
Sumário

Apresentação................................................................................. 7

REGIÃO CENTRO-OESTE
QUÍMICA, POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIEDADE: SOBERANIA
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO BRASIL
Gabriel Alves de Oliveira e Bruna de Araújo Costa.......................................... 13

QUÍMICA: A FÓRMULA DE UMA VIDA MELHOR


Eduardo Moreira Furtado e Silvia Cardoso Bueno Martins................................ 15

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E RESPONSABILIDADE


SOCIAL NO USO CONSCIENTE DA QUÍMICA
Victor Hugo N. Custódio Benitis e Michelly Christine dos Santos........................ 17

QUÍMICA VERDE PARA A SOBERANIA DO BRASIL


Alícia Beatriz Mendes Spies e Cristina Tatiane S. de Campos Carvalho................ 19

SUSTENTABILIDADE E PROGRESSO
Milena Guimarães de Carvalho e Flávio de Souza Pereira................................. 21

REGIÃO NORDESTE
QUÍMICA, DESENVOLVIMENTO E SOCIEDADE
Lívia Araújo dos Santos e Rafael Augusto Ventura........................................... 25

A IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA PARA O DESENVOLVIMENTO


DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
Nayane Loise da Silva e Willame Santos de Sales............................................ 27

A CONTRIBUIÇÃO DA QUÍMICA NOS TRÊS PILARES DA SUSTENTABILIDADE


Mariana Moraes Sousa e Helyn e Jullee Rodrigues Carvalho............................. 29

A QUÍMICA PODE MUDAR O RUMO DA SUSTENTABILIDADE DO PAÍS


Laura Costa de Oliveira e Alef Bruno dos Santos............................................. 31
REGIÃO NORTE
O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO BRASIL
FRENTE À ENERGIA RENOVÁVEL
Kaemilli de Oliveira Fagundes e Elise Marques Freire Cunha............................. 35

QUÍMICA E SUSTENTABILIDADE: GARANTIA DE


PROGRESSO E MANUTENÇÃO DA VIDA
Josué Calebe Sales da Silva e João Paulo de Souza Bezerra.............................. 37

A INFLUÊNCIA DA QUÍMICA SUSTENTÁVEL


NA SOCIEDADE BRASILEIRA
Livia Santana Lopes e Matheus Gonçalves Rodrigues...................................... 39

REGIÃO SUDESTE
A QUÍMICA E OS DESAFIOS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO
Hérika Aparecida Paes da Silva e Renata Cristina Nunes.................................. 43

O CONHECIMENTO DA QUÍMICA É UM REAGENTE,


A SUSTENTABILIDADE É A SOLUÇÃO
Danielle das Neves Rodrigues Viâna e Maiara da Silva Santos.......................... 45

QUÍMICA: A NOVA MITIFICAÇÃO DA CIÊNCIA BRASILEIRA


Ana Clara Macedo Zambon e Marcelo Góes.................................................. 47

A IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA SUSTENTÁVEL NA SOCIEDADE BRASILEIRA


Maria Luiza Géa Lima e Clovis Tsuyoshi Miyasaki........................................... 49

REGIÃO SUL
QUÍMICA SOBERANA, PAÍS SUSTENTÁVEL!
Pedro Henrique Pereira Caregnato e Renata Aparecida Rossieri......................... 53

QUÍMICA E SUSTENTABILIDADE NO NOSSO COTIDIANO


Maria Eduarda Lau Mazon e Douglas Henrique Fockink................................... 55

CONTRIBUIÇÕES DA QUÍMICA PARA A REALIZAÇÃO DOS 17 ODS


Lara Nörnberg Colomby e Felipe Abreu da Silva.............................................. 57

A QUÍMICA COMO ALIADA DA VIDA


Maria Fernanda Marinoni Veiga e Cleuza Cecato............................................ 59
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Apresentação

E
m 2021, a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) lançou o
Movimento Química Pós 2022 – Sustentabilidade e Soberania
(MQP2022) com o intuito de promover atividades destinadas à
contribuição da Química para o desenvolvimento sustentável e soberano
de nosso país.
O MQP2022 está alinhado à Agenda 2030 da Organização das Na-
ções Unidas (ONU) que estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS). São 17 ODS e 169 metas a serem atingidos até 2030
pelos 193 países-membros da ONU, dentre os quais o Brasil.
Os temas da nova agenda da ONU são divididos em quatro principais
dimensões - social, ambiental, econômica e institucional – em que são
previstas ações em escala mundial no tocante à erradicação da pobreza,
segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero,
redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões susten-
táveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentá-
veis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres,
crescimento econômico inclusivo, infraestrutura, industrialização etc.
A consecução de objetivos com tamanha envergadura e audácia de-
mandará diversos esforços e ações integradas de médio e longo prazos em
diferentes áreas. É nesse contexto que o MQP2022 vem promovendo uma
série de atividades que almejam catalisar a sustentabilidade e soberania
do país por meio da Química.
Dentre essas atividades, pode-se destacar a 45ª Reunião Anual da SBQ,
realizada neste ano, que teve como tema “Química para o desenvolvimento
sustentável e soberano”. Em paralelo, as revistas da PubliSBQ publicaram
edições específicas com artigos relacionados ao tema da sustentabilidade
e soberania: i) Química Nova na Escola, número 2, volume 44; ii) Revis-
ta Virtual de Química, número 3, volume 14; iii) Journal of the Brazilian
Chemical Society, números 7 e 8, volume 33. Ao mesmo tempo, em Quí-
mica Nova (número 4, volume 45) foi publicado um artigo sobre o plano
de ação (vide abaixo) e um editorial sobre o próprio MQP2022. Por outro
lado, mediante uma chamada nacional, serão publicados sete e-books na

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Coleção Química no Cotidiano, sendo estes os títulos dos cinco primeiros:


A energia química em movimento; Sustentabilidade em jogo; A fábrica de
medicamentos da natureza: alguns fármacos de origem vegetal, animal,
microbiana e marinha; Química para o desenvolvimento sustentável na
gestão de resíduos industriais e agroindustriais; Conhecimentos químicos
de que você precisa para sobreviver ao apocalipse zumbi: edição revisada.
Está também em construção um audacioso plano de ação denomi-
nado “Química e seus atores para um Brasil sustentável e soberano” com
base em dois “Objetivos da Química para o Desenvolvimento Sustentável
(OQDS)”: promover a sustentabilidade através da Química na Educação
Básica; e promover a sustentabilidade através de CTI&E em Química na
indústria e na universidade. Esse plano tem o intuito de promover a sus-
tentabilidade e soberania do Brasil por meio da Química com metas para
2030 e 2050, a partir dos ODS da ONU.
No bojo dessas atividades, foi lançado pela SBQ, por meio da Divi-
são de Ensino de Química (EDU) e de sua Diretoria e com o patrocínio
do Conselho Federal de Química, do Grupo Ultra, da Galembetech e do
INCT - Inomat, o Concurso Nacional de Redação. Ele teve como tema
“Contribuições da Química para o desenvolvimento sustentável e sobera-
no do Brasil” e objetivava envolver uma parte significativa da comunida-
de escolar brasileira, particularmente os estudantes da Educação Básica e
seus professores de Química.
A importância dessa atividade, em tempos de negação da Ciência e
das Universidades Públicas, foi contribuir, de um lado, para a melhoria
da imagem social da Química, usualmente entendida como causadora
de malefícios no ideário popular e, de outro lado, desencadear reflexões
sobre sua importância e seu papel para o desenvolvimento sustentável e
soberano do Brasil junto aos estudantes da Educação Básica, mediados
por seus professores de Química.
Nessa edição do ano de 2022, o Concurso Nacional de Redação
teve 986 participantes cadastrados no site do evento, em que 879 ins-
crições foram confirmadas, representando 89,2%. Dentre as 879 ins-
crições confirmadas, 350 (39,8%) eram de estudantes de escolas pú-
blicas e 403 (45,9%) de estudantes do sistema privado de ensino. Além
destes, houve 126 (14,3%) professores da Educação Básica inscritos
no site do evento.

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O Concurso contou com inscritos de todas as regiões do país, em
que a Região Nordeste se configurou como a região com maior núme-
ro de inscritos com um total de 371 (42,2%) inscrições, seguida da Re-
gião Sul com 157 (17,9%) inscritos e da Região Sudeste com 156 (17,7%)
inscritos. A Região Centro-Oeste teve 140 (15,9%) inscritos e, a Região
Norte, 55 (6,3%) inscritos. Além disso, todos os Estados brasileiros e o
Distrito Federal tiveram estudantes e professores inscritos no concurso,
conforme Quadro abaixo.

Região Norte inscritos Região Centro-Oeste inscritos


Acre (AC) 2 Distrito Federal (DF) 78
Amapá (AP) 2 Goiás (GO) 34
Amazonas (AM) 21 Mato Grosso (MT) 19
Pará (PA) 13 Mato Grosso do Sul (MS) 9
Rondônia (RO) 12 TOTAL 140
Roraima (RR) 1
Tocantins (TO) 4 Região Sudeste inscritos

TOTAL 55 Espírito Santo (ES) 2


Minas Gerais (MG) 27
Região Nordeste inscritos
Rio de Janeiro (RJ) 64
Alagoas (AL) 15
São Paulo (SP) 63
Bahia (BA) 12
TOTAL 156
Ceará (CE) 50
Maranhão (MA) 45 Região Sul inscritos
Paraíba (PB) 8 Paraná (PR) 34
Pernambuco (PE) 135 Rio Grande do Sul (RS) 15
Piauí (PI) 16 Santa Catarina (SC) 108
Rio Grande do Norte (RN) 86 TOTAL 157
Sergipe (SE) 4
TOTAL 371 TOTAL GERAL 879

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Em relação aos trabalhos submetidos, foram avaliadas 341 redações


por uma comissão constituída de 29 especialistas, todos formados em
Química, doutores e mestres em Ensino de Química/Ciências e/ou Edu-
cação com pesquisa voltada para a área de Ensino de Química.
Das 341 redações avaliadas na Etapa Regional, 122 (35,8%) obtive-
ram nota superior a 7,0 (sete). E, destas, as 20 melhores redações foram
selecionadas para compor este e-book, além de terem participado de uma
nova avaliação na Etapa Nacional.
Desta forma, neste e-book, apresentamos as 20 redações vencedoras
da etapa regional, separadas por região. Em cada uma delas, além do títu-
lo e dos autores, descrevemos a colocação obtida tanto na etapa regional,
quanto na etapa nacional.
São produções realizadas por estudantes de ensino médio, na pers-
pectiva de geração de um importante debate sobre a Química e o De-
senvolvimento Sustentável e que, quem sabe, poderão ser futuros estu-
dantes dos cursos de Química ou, indo mais além, pesquisadores que se
utilizarão da Química para a transformação social do Brasil por meio da
sustentabilidade.

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Concurso Nacional de
Redação da SBQ - 2022:
Redações Vencedoras

REGIÃO
CENTRO-OESTE
Concurso Nacional de Redação | Redações Vencedoras

QUÍMICA, POLÍTICAS PÚBLICAS


E SOCIEDADE: SOBERANIA PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
NO BRASIL
Gabriel Alves de Oliveira e Bruna de Araújo Costa
Colégio Estadual Jardim Europa | Goiânia – Goiás

2ª Colocada – Etapa Nacional / 2ª Colocada – Etapa Regional – Rede Pública

A série animada “A Hora da Aventura”, transmitida pela emissora


Cartoon Network, se passa em um mundo pós-apocalíptico, onde houve
a “Guerra dos Cogumelos”. Esse evento retratou uma guerra de nature-
za nuclear, que quase acabou com todos os seres humanos do mundo.
Ao longo da série, foi revelado ao público que houve sobreviventes que,
por sua vez, deram origem a civilizações complexas. Em alusão à série,
fora da ficção, a humanidade vem sofrendo com a extinção de espécies,
destruição de habitats, alterações climáticas, dentre outros conflitos so-
cioambientais decorrentes do uso crescente de produtos químicos. Não
obstante a isso, a área química vem contribuindo com diversos projetos
que associam a indústria química a meios sustentáveis e soberanos do
Brasil, com o intuito de garantir o bem-estar social e ambiental atrelado
ao desenvolvimento econômico.
Do ponto de vista econômico, as contribuições da área da química
são explícitas, como cita o Ministério do Meio Ambiente: “Os produtos
químicos desempenham um papel em quase todas as atividades huma-
nas (medicamentos, purificadores de água, produtos químicos agrícolas,
brinquedos, produtos eletrônicos, baterias e peças automotivas), dessa
forma, a indústria química faz grandes contribuições para as economias
nacionais em termos de PIB e criação de empregos”. Esse contexto dei-
xa evidentes as contribuições da química diretamente com os aspectos
econômicos e sociopolíticos. Para o atendimento ao desenvolvimento
sustentável e soberano do Brasil, é preciso atrelar também os aspectos
ambientais. Em que está envolvido todo o ciclo e vida-útil do produto,
desde a matéria-prima com o uso de recursos renováveis até o produto
acabado – relacionado ao descarte, além de se continuar elaborando pro-

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jetos associados ao tratamento de resíduos, despoluição do solo, água e


ar. Nesse aspecto, é necessário que os químicos proporcionem para o país
produtos sustentáveis e biodegradáveis, por meio de atividades e condu-
tas da química verde.
Paralelamente a isso, é fundamental um subsídio governamental para
implantação dos projetos que abordem tecnologias ambientalmente ade-
quadas. Além disso, é imprescindível a aplicação de leis mais severas que
imponham maiores impostos para empresas poluidoras; maior rigidez
na fiscalização das legislações como, por exemplo, com relação à Política
Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), que dispõe “sobre os
princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relati-
vas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos
os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos
instrumentos econômicos aplicáveis”; incentivo para implantação do selo
verde (certificação ambiental) e para meios que substituam as fontes de
energia não renováveis como, por exemplo, a exploração da química das
biomassas; redução de impostos para empresas ambientalmente adequa-
das, implantação do reflorestamento e sensibilização da população para
uma mudança de atitude no sentido de se aplicar a política dos 3R’s da
sustentabilidade: reduzir, reutilizar e reciclar.
De uma forma geral, percebe-se que a Química é fundamental para a
existência de seres vivos, tanto quanto ao aspecto do funcionamento dos
organismos vivos, quanto pela utilização de materiais e tecnologias. Por ou-
tro lado, os produtos químicos estão associados a vários efeitos adversos à
saúde humana e ao meio ambiente e, consequentemente, afetam a qualidade
de vida. Para não haver consequências drásticas, como na ficção, “Guer-
ra dos Cogumelos”, é importante uma atuação conjunta entre a Indústria
Química, Governo e Sociedade. E com isso, a Ciência Química caminhar
de modo condizente aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS,
sendo eles: erradicação da pobreza; fome zero e agricultura sustentável; saú-
de e bem estar; educação de qualidade; igualdade de gênero; água potável e
saneamento; energia limpa e acessível; trabalho decente e crescimento eco-
nômico; indústria, inovação e infraestrutura; redução das desigualdades; ci-
dades e comunidades sustentáveis; consumo e produção responsáveis; ação
contra a mudança global do clima, vida na água; vida terrestre; paz, justiça e
instituições eficazes e parcerias e meios de implementação.

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QUÍMICA: A FÓRMULA DE
UMA VIDA MELHOR
Eduardo Moreira Furtado e Silvia Cardoso Bueno Martins
Colégio Estadual Jardim Europa | Goiânia – Goiás

1ª Colocada – Etapa Regional – Rede Pública

Os primeiros registros da Química vêm da Grécia Antiga, quando


o filósofo Demócrito refletia acerca de uma unidade fundamental que
compunha toda matéria no cosmos, denominando de átomo a menor
partícula indivisível. Desde então, o aperfeiçoamento dos estudos dessa
área, somado aos métodos científicos de grandes químicos como Dalton,
Mendeleev e Lavoisier, se aprimorou de modo a trazer inúmeras con-
sequências que acarretam os dias atuais, como a compreensão de fenô-
menos da natureza e o aprimoramento tecnológico. Assim, a Química
tem extrema importância na sociedade brasileira pois contribui para o
desenvolvimento da sustentabilidade, ainda que parcela das pessoas não
a vejam com bons olhos.
Em primeira análise, deve-se ressaltar que a imagem social da Quí-
mica é prejudicada pela associação a entes degradantes. Por isso, con-
vém mencionar que isso se deve a um desconhecimento do vocabulário
científico por parte da população e da mídia, que propaga informações
com conceitos inadequados. Como resultado, quando se pensa em algo
químico, rapidamente as pessoas relacionam a alimentos e produtos que
prejudicam o organismo ou o meio ambiente. Nesse sentido, de acordo
com Sérgio P. J. Rodrigues, Doutor em Química Teórica na Universidade
de Coimbra, grande parte desse tipo de pensamento não passa de mitos e
preconceitos enraizados no corpo civil, já que existe uma confusão entre
o que é natural ou “químico”. Além disso, ele explica que todas as coisas
são químicas, inclusive, as ditas naturais, que podem ser mais maléficas
do que uma substância sintética. Dessa forma, fica evidente que é preciso
mudar o entendimento da população com a finalidade de mostrar a real
contribuição da Química para a sociedade contemporânea.
Em segunda análise, vale lembrar que a sustentabilidade se dá em ra-
zão do estudo da Química que faz o combate do desequilíbrio ecológico
e contribui para questões sociais. Nesse viés, segundo o diretor da fun-

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dação Greenpeace, Paul Watson, “inteligência é a habilidade das espécies


para viver em harmonia com o meio ambiente”, pois saber de estraté-
gias para conservação da natureza traz mudanças no aspecto ambiental,
sociopolítico e econômico. Desse modo, uma das soluções encontradas
pela ciência da matéria foi a troca de energia convencional pela energia
renovável, uma vez que fontes nucleares produzem material radioativo e
poluem biomas, bem como fontes de combustíveis fosseis liberam para a
atmosfera gases altamente tóxicos como o metano e o dióxido de carbono
que intensificam o efeito estufa. Em contraposição, as energias limpas são
superiores porque preservam o ambiente e são financeiramente baratas,
visto que se renovam a curto prazo, necessitam de pouca manutenção e
não usam recursos naturais limitados. Prova disso, de acordo com Agên-
cia Nacional de Energia Elétrica, é que 80% da matriz energética do Bra-
sil é renovável, o que, consequentemente, demonstra a soberania do país
verde-amarelo em relação ao mundo que usa exorbitantemente energia
petrolífera e de carvão mineral. Portanto, é notório que a Química possui
papel determinante para a “harmonia com o ambiente”, pois pode entre-
gar para sociedade elementos que colaboram para a qualidade de vida
com sustentabilidade.
Em suma, entende-se que a Química está presente em tudo e sua
investigação provoca reflexões sobre a relação do homem com a natu-
reza, posto que, com o devido entendimento da área, mostram como
manter relações saudáveis com o meio ambiente, garantindo a susten-
tabilidade e o desenvolvimento soberano do Brasil. Dessa maneira, é
possível que o ser humano mude seu comportamento degradante para
com o ambiente e suas consequências geradas para a população, por
meio da busca pelo conhecimento e uso da energia renovável, a fim de
solucionar entraves ambientais e sociais -como poluição de ecossiste-
mas, aquecimento global e a crise energética-, mas também valorizar
a imagem da Química e suas contribuições para a sociedade desde 440
a.C. com as ideias de Demócrito.

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Concurso Nacional de Redação | Redações Vencedoras

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E
RESPONSABILIDADE SOCIAL NO USO
CONSCIENTE DA QUÍMICA
Victor Hugo N. Custódio Benitis e Michelly Christine dos Santos
Instituto Federal de Goiás – Campus Cidade de Goiás | Goiás – Goiás

2ª Colocada – Etapa Regional – Rede Pública

É notório que a palavra “Química”, muitas vezes, é relacionada a algo


tóxico e até prejudicial para as pessoas e para o meio ambiente. Porém,
essa é uma percepção muito ultrapassada, visto que existem diversas for-
mas de produzir uma Química sustentável que pode contribuir imensa-
mente para o desenvolvimento social e ambiental. Além disso, a utiliza-
ção dela é mais abrangente do que normalmente é veiculado, pois, por
meio de seu uso, é possível haver a garantia de mais conforto, segurança,
qualidade da água, do ar e dos alimentos.
Tendo em vista esse contexto, é perceptível que a Química resguarda
a sociedade de modo global em áreas de extrema importância, não apenas
no cenário nacional, mas também no internacional. Logo, um dos novos
ideais da ciência é a chamada “Química Verde”, que tem como principal
objetivo melhorar a qualidade de vida, seja diminuindo, seja eliminan-
do a produção de substâncias prejudiciais ao meio ambiente e à saúde
humana. Consequentemente, essa “nova” Química é mais sustentável e
auxilia na redução da emissão dos gases de efeito estufa e no combate ao
aquecimento global e aos demais problemas ambientais, como a poluição
e a degradação do solo.
Dessa forma, não há dúvidas de que a Química contribui signifi-
cativamente para o desenvolvimento social, pois, através do emprego
consciente de suas potencialidades, é possível substituir os processos
químicos perigosos para o ambiente por outros modos menos nocivos.
Diante disso, vale salientar que, de acordo com o art. 225 da Constituição
Federal de 1988, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defen-
dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Assim sendo,

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Concurso Nacional de Redação da SBQ - 2022: Redações Vencedoras

esse direito, exposto em nossa atual Carta Magna, vai além da dimensão
individual e até coletiva, pois pertence também às próximas gerações, o
que reforça a necessidade de usar as propriedades da Química com cons-
ciência e responsabilidade.
Outro aspecto a ser abordado é o fato de que o Brasil ocupa o 6º
lugar no ranking mundial de faturamento no setor químico e, mesmo
observando que no período de 2014 - 2018 ocorrera uma redução enor-
me nos orçamentos da ciência e tecnologia do Brasil, o setor científico
se manteve firme. Um reflexo disso é que o Brasil foi um dos países que
mais produziu conhecimento científico sobre a Covid-19 até meados de
2021. Em uma entrevista ao Jornal da USP em 2021, o Professor Emérito
do Instituto de Química da USP, Hernan Chaimovich, afirmou que, “se
o investimento tivesse sido adequado, pelo menos três vacinas brasileiras
já estariam no mercado”. Nesse contexto, é inegável a relevância de haver
maiores investimentos na área da pesquisa científica. No entanto, durante
a pandemia da Covid-19, ficou evidente o descaso com o conhecimento
científico e a grave desvalorização da ciência.
Portanto, em virtude dos fatos mencionados, entende-se que a Quí-
mica contribui de forma expressiva para o desenvolvimento sustentável
e soberano do Brasil. Por isso, faz-se necessário que as autoridades go-
vernamentais trabalhem realizando ações que conscientizem a popula-
ção acerca da relevância dessa ciência para a sociedade, utilizando-se de
mecanismos como palestras em escolas e ampla publicidade. Também é
essencial que o Estado aja de modo ativo em prol da valorização de tal
ciência, por meio de maiores investimentos em pesquisas científicas e de
um adequado reconhecimento dos profissionais da área, para que, assim,
as colaborações da Química para o desenvolvimento do país sejam ainda
mais significativas e amplamente difundidas.

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Concurso Nacional de Redação | Redações Vencedoras

QUÍMICA VERDE PARA A


SOBERANIA DO BRASIL
Alícia Beatriz Mendes Spies e Cristina Tatiane S. de Campos Carvalho
Colégio La Salle – Águas Claras | Distrito Federal

1ª Colocada – Etapa Regional – Sistema Privado

Muito se subestima a capacidade da natureza de absorver certos


efluentes, pois a química é vista como totalmente maléfica para o meio
ambiente. Em contrapartida, o papel dessa ciência para promover a sus-
tentabilidade e a preservação ambiental é imprescindível. São inúmeros
os produtos químicos criados para amenizar a poluição, melhorar a qua-
lidade de vida e proteger o ecossistema biológico. Eles reduzem a quan-
tidade de gases poluentes enviados para a atmosfera, de forma ecológica,
minimizando o gasto de energia. Uma das áreas que os utiliza é a de cons-
trução civil - a química detém uma grande importância nesse âmbito, em
razão da preservação do biossistema.
Em 1993, foi criado o primeiro conselho de construção sustentável
nos Estados Unidos (USGBC), no qual foram estabelecidos 6 princípios
para utilização na produção dos edifícios - dentre eles estavam a reuti-
lização de insumos, minimização do consumo e proteção do ambiente
natural - consolidando a química verde. O conselho foi um dos motivos
para a fabricação de recursos químicos sustentáveis, como o bioconcre-
to, pois a utilização do concreto e do cimento libera uma porcentagem
considerável de dióxido de carbono no ambiente, o qual é um dos ga-
ses do efeito estufa. Ele utiliza resíduos da própria obra para a sua fabri-
cação, fazendo a mistura de tijolos e telhas que seriam descartados, em
um equipamento próprio para essa atividade. Existe também o bloco de
adobe, um material mais rústico e barato utilizado há anos: uma mistura
de terra, água e fibras naturais. Já no campo moderno, o bioconcreto é
umas das apostas tecnológicas - uma bactéria é utilizada para produzir
carbonato de cálcio, entra em contato com a água e o oxigênio na mistura
de concreto, e são produzidas fissuras que selam as rachaduras, assim o
concreto possui maior durabilidade e resistência. Além desses exemplos,
a utilização de sistemas que economizem energia e água dentro dos pro-
jetos, e a reciclagem consciente durante o processo, são vitais.

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Concurso Nacional de Redação da SBQ - 2022: Redações Vencedoras

Em Brasília, já se utilizou concreto reciclado nas obras públicas. A


Unidade de Recolhimento de Entulho (URE) tratava os materiais des-
prezados em outras construções e enviava às administrações para nivelar
pistas ou cobrir erosões. Já em São Paulo, o “EcoCommercial Building”
(ECB) é um edifício que possui mais de 20 tecnologias ecoeficientes, den-
tre elas isolamentos térmicos, painéis de energia solar, e um sistema que
monitora a geração do sistema fotovoltaico, o consumo de água e o siste-
ma pluvial. Utilizam-se, nesses processos, sistemas termoquímicos, que
absorvem ou liberam energia na forma de calor, como os isolamentos tér-
micos, e separação de misturas, possibilitando a reciclagem de restos de
insumos das construções para utilização em outros projetos. Essas duas
obras garantiram a economia de água e energia elétrica, e minimizaram
os resíduos nas construções civis, ou seja, modificações que impactam o
futuro da humanidade. Porém, utilizar esses recursos não possui um cus-
to tão favorável quanto os métodos tradicionais. São as mudanças positi-
vas que acontecerão no país em alguns anos. Em uma live sobre inovação
e química para o desenvolvimento sustentável, o palestrante Ciro Marino,
presidente da Associação Brasileira da Indústria Química, relatou que,
querendo ou não, os profissionais da área se envolveriam nas questões
ambientais cada vez mais durante os anos, e o mercado de trabalho au-
mentaria nesse setor.
Por conseguinte, é notável a importância que a química apresenta
em relação à sustentabilidade nas construções civis. Os sistemas possuem
tanta relevância que o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pode
ser descontado nos edifícios que adquirirem projetos ecologicamente
corretos, chamado de IPTU ecológico, a fim de incentivar tais contribui-
ções. Mudanças pequenas, como a diminuição do uso do aço e do concre-
to minimizam as emissões de gases, por isso são tão estimuladas. O Brasil
é a sexta maior indústria de química do mundo e possui profissionais
bem-preparados para o desenvolvimento, mas é necessário investimento,
incentivo e promoção de mais pesquisas nessas áreas, pois 11% de tudo
o que o país produz estão relacionados a essa ciência. Já existem algumas
edificações nacionais que utilizam da química verde em suas obras, e a
tendência é aumentar cada vez mais. Ainda é um processo recente, mas
que possui muito potencial para o futuro. Aos poucos, as adaptações vão
surgir e o modo de pensar irá mudar para uma forma mais consciente.

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Concurso Nacional de Redação | Redações Vencedoras

SUSTENTABILIDADE E PROGRESSO
Milena Guimarães de Carvalho e
Flávio de Souza Pereira
Colégio Batista de Brasília | Brasília – Distrito Federal

2ª Colocada – Etapa Regional – Sistema Privado

A química trouxe inúmeras contribuições para a humanidade com


medicamentos, alimentos e transporte, dentre outros. Atualmente, mes-
mo sendo associada a práticas que prejudicam o meio ambiente, ela tem
um importante papel na sua manutenção. A utilização de energias sus-
tentáveis, por exemplo, está se difundindo nacionalmente. E, por meio
desta, o Brasil desenvolveu o uso da biomassa, contribuindo para o pro-
gresso e autonomia do país.
A Revolução Industrial foi possível devido a contribuições químicas.
No entanto, sabemos hoje que o processo de queima de carvão mineral
contribuiu para o aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera.
Dentro dessa perspectiva, o Brasil vem incentivando o uso de fontes re-
nováveis de energia, onde se destaca a biomassa, na qual elementos orgâ-
nicos e resíduos são a principal matéria-prima. Devido a isso, essa matriz
energética apresenta uma inovação, pois o dióxido de carbono resultante
das transformações é recuperado por meio da produção de materiais fo-
tossintetizantes. Logo, é considerada como uma fonte limpa.
Além disso, há uma grande quantidade de restos de plantas e ani-
mais desperdiçados pela sociedade brasileira, o que contribuí para os al-
tos níveis na geração de lixo. Todavia, é possível beneficiar o país a partir
de uma ação em que esses resíduos podem se tornar significativos para
obter energia de cunho renovável, contribuindo para a diminuição nos
índices de acúmulo de rejeitos.
O avanço da soberania nacional é promovido pela independência
tanto nos processos de aquisição de recursos quanto de aplicação des-
ses. Desta forma, autossuficiência na questão energética, pela promo-
ção sustentável, significa uma conquista essencial. E não depender da
importação de combustíveis fósseis ou de outros elementos finitos na
natureza é um grande passo, que, pelo uso de biomassa, já vem sendo
notado no país.

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Concurso Nacional de Redação da SBQ - 2022: Redações Vencedoras

Portanto, o investimento científico em novas tecnologias trará a


possibilidade de promover o uso de meios renováveis. Sendo assim, a
química proporcionará a especialização nessa obtenção, tendo uma gran-
de importância e a interação desses processos, sustentabilidade com um
Estado autônomo, torna-a, cada vez mais, necessária. Porque, por meio
dela, novas descobertas promoverão um mundo melhor com a sua con-
servação para as gerações futuras”.

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Concurso Nacional de
Redação da SBQ - 2022:
Redações Vencedoras

REGIÃO
NORDESTE
Concurso Nacional de Redação | Redações Vencedoras

QUÍMICA, DESENVOLVIMENTO E SOCIEDADE


Lívia Araújo dos Santos e Rafael Augusto Ventura
Instituto Federal do Rio Grande do Norte – Campus Currais Novos | Jd. do Seridó, RN

1ª Colocada – Etapa Nacional / 1ª Colocada – Etapa Regional – Rede Pública

Segundo a Alegoria da Caverna, metáfora desenvolvida por Platão,


filósofo grego, aqueles que não buscassem o conhecimento estariam fa-
dados à ignorância e alienação. A alegoria mostra-se presente na contem-
poraneidade, visto que a sociedade tende a estigmatizar a Química pelo
conhecimento raso que tem sobre ela, e, consequentemente, permanece
sem compreender sua vasta atuação no planeta. Entretanto, ela tem exer-
cido um importante papel para a humanidade em diversos aspectos, des-
tacando-se especialmente por suas contribuições em dois setores: susten-
tabilidade, por meio da Química Verde, por exemplo, e desenvolvimento
econômico, considerando que a indústria Química é base para as demais.
O conceito de desenvolvimento sustentável popularizou-se em 1987,
definido pelo Relatório Brundtland como “o desenvolvimento que procu-
ra satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capaci-
dade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”, ou seja, o
desenvolvimento sustentável consiste, basicamente, na preocupação com
questões ambientais, para que os indivíduos, tanto agora quanto no futu-
ro, tenham uma qualidade de vida plena.
Por volta da década de 1990, surge um projeto cujo objetivo é mitigar
impactos ambientais causados pelas indústrias, tais como o efeito estufa
e a poluição, construindo um planeta mais sustentável. O nome dado a
essa iniciativa foi “Green Chemistry”, ou, em português, “Química Ver-
de”. John Warner e Paul Anastas, autores do livro “Química verde: Teoria
e Prática”, publicado em 1991, conceituaram a Química Verde como “A
invenção, o desenvolvimento e a aplicação de produtos e processos quí-
micos para reduzir ou eliminar o uso e a geração de substâncias nocivas
à saúde humana e ao ambiente”, conceito utilizado até a atualidade pela
União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC). Dentre as
ações incessantes da Química Verde pela busca da sustentabilidade estão:
a utilização de reagentes renováveis, a redução do uso de energia, a mini-
mização de substâncias tóxicas, o desenvolvimento de novas substâncias

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Concurso Nacional de Redação da SBQ - 2022: Redações Vencedoras

que não impactem o meio ambiente etc. Outros projetos ligados direta-
mente à Química e com objetivos similares aos da Química Verde são a
Agenda 21, a Conferência de Estocolmo e a Agenda 2030. Logo, a atuação
da Química na sustentabilidade é notória e incontestável.
Além dos fatos supracitados, a Química é, de fato, promissora na eco-
nomia e soberania de um país. Segundo Mário Newton, Conselheiro do
Conselho Federal de Química, “o desenvolvimento da indústria química
traz desenvolvimento para o país”. O conselheiro cita ainda os exemplos
da Alemanha, Estados Unidos e China, três grandes potências que têm
massivo investimento na indústria química. Sua relação com o desenvol-
vimento econômico está atrelada ao fato de que a Química é base para
as outras indústrias. Isso ocorre devido à dependência das tecnologias e
insumos provenientes da indústria química para outros setores, exemplo
disso são os fertilizantes para o agronegócio; controle sanitário na in-
dústria alimentícia; suporte nas áreas de biotecnologia e nanotecnologia,
responsáveis pela criação de aparelhos celulares e vacinas, entre outros.
Além da importância nos setores específicos já mencionados, a Quí-
mica atua na economia do país. Segundo pesquisa realizada em 2019 pela
Confederação Nacional da Indústria, 76,5% das indústrias já adotavam
práticas da economia circular no Brasil, que se baseia na melhor utiliza-
ção de recursos naturais visando o desenvolvimento econômico, no qual,
novamente, a Química se mostra necessária por sua capacidade de trans-
formação e aprimoramento da matéria. Tendo em vista o exposto sobre a
Química, fica clara sua influência no âmbito econômico e soberano.
Portanto, ter uma visão crítica sobre a Química facilita a compreen-
são de sua importância para a sociedade atual e para as gerações futu-
ras. Logo, cabe ao Estado incentivar inovação e exploração dentro da
área, de acordo com as condições possíveis, por meio do financiamento
de pesquisas. Isso abrange o aparelhamento de instituições científicas e
melhoria da infraestrutura, complementarmente a propagandas de cons-
cientização para a população acerca da temática, a fim de que, assim, a
Química possa continuar a evoluir e trazer contribuições significativas
para a humanidade. Dessa maneira, será possível atingir enormes avan-
ços científicos, colaborando não apenas para uma melhor qualidade de
vida dos indivíduos, mas também para o meio ambiente que os cerca.

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Concurso Nacional de Redação | Redações Vencedoras

A IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA
PARA O DESENVOLVIMENTO DE
ENERGIAS RENOVÁVEIS
Nayane Loise da Silva e Willame Santos de Sales
Instituto Federal do Rio Grande do Norte – Campus Nova Cruz | Lagoa d’Anta – RN

2ª Colocada – Etapa Regional – Rede Pública

Muitos brasileiros desconhecem a importância da Química para o


desenvolvimento sustentável e soberano do Brasil. A falta de conheci-
mento referente ao tema gera um pensamento de que os produtos quí-
micos são apenas produzidos e descartados de forma incorreta, expondo
a população a altos níveis de poluição e doenças. Entretanto, a Química
contribui essencialmente para solucionar essas questões ambientais.
O cientista Cesar Zucco, presidente da Sociedade Brasileira de Quí-
mica (SBQ) e diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa e
Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), pontua que “sem o tra-
balho químico, obviamente que também são necessários os conhecimen-
tos dos outros campos da ciência, a sociedade não teria as tecnologias
ambientais e as energias renováveis que tem hoje”. A observação desse
cientista é um fato incontestável. Basta que se observem as várias linhas
de pesquisa que estão sendo desenvolvidas para a resolução de impactos
ambientais, como a reciclagem energética e os painéis solares.
A reciclagem energética é uma nova tecnologia desenvolvida por
cientistas que transforma resíduos, como plástico, restos de comida e ma-
teriais descartáveis, em energia térmica/elétrica. Esse processo consiste
na queima de resíduos, em um forno industrial a 1000 °C, eliminando
quase 100% do lixo. A parte não eliminada pode ser usada, por exemplo,
para a confecção de tijolos e telhas, o que torna o processo ainda mais
ecológico. A tecnologia aplicada nesse procedimento impede a emissão
de gases poluentes durante a queima de resíduos, o que favorece a quali-
dade do oxigênio atmosférico. Todavia, essa fonte de energia ainda não
é tão utilizada no Brasil, mesmo sendo sustentável e de grande potencial
para o desenvolvimento do país.

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Concurso Nacional de Redação da SBQ - 2022: Redações Vencedoras

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA),


aproximadamente 160 mil toneladas de resíduos sólidos são geradas por
dia no Brasil. Desses resíduos, cerca de 40% são passíveis de reutilização;
porém, apenas 13% são realmente reciclados. Essa grande quantidade de
resíduos que não podem ser reutilizados é descartada incorretamente,
prejudicando o meio ambiente com a contaminação das águas e dos solos
bem como a produção de gás metano, o que contribui para o efeito estufa.
Assim, é evidente que a reciclagem energética é de grande valia para solu-
cionar problemas ambientais. Ademais, ela pode tornar o Brasil tecnologi-
camente mais rico e posicioná-lo à frente de outras nações desenvolvidas.
Além disso, outra invenção físico-química que coopera para o de-
senvolvimento do país são as placas solares, as quais transformam a ener-
gia da luz do sol (energia solar) em energia elétrica por meio de células
fotovoltaicas fabricadas com silício. As placas funcionam a partir dos fó-
tons que atingem as células fotovoltaicas, fazendo com que os elétrons
que circulam o átomo se desprendam e migrem para a célula de silício,
formando, assim, corrente elétrica. Essa tecnologia ajuda a reduzir vários
impactos ambientais: diminui a poluição por fontes contaminadoras, re-
duz o efeito estufa e contribui para a preservação dos recursos naturais.
Como se não bastante, a energia solar tem potencial para ser um
investimento de grande retorno para o Brasil, pois o país, de clima tro-
pical, registra grande incidência de luz do sol. Investir nessa tecnologia
pode contribuir para um desenvolvimento ecologicamente equilibrado.
Portanto, esse tipo de energia renovável deve ser explorado no país, já que
este reúne as condições naturais para sua produção.
Dito isso, é necessário enfatizar que essas tecnologias não seriam viá-
veis sem o avanço da Química. Os estudos científicos dessa área do co-
nhecimento proporcionam tecnologias renováveis que contribuem para
o desenvolvimento sustentável e soberano do Brasil. Nesse contexto, a
reciclagem energética e as placas solares são exemplos de como a Quí-
mica pode contribuir para promover um desenvolvimento sustentável,
haja vista a redução da emissão de gases e o favorecimento da qualidade
do oxigênio atmosférico bem como a preservação dos recursos naturais.

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Concurso Nacional de Redação | Redações Vencedoras

A CONTRIBUIÇÃO DA QUÍMICA NOS TRÊS


PILARES DA SUSTENTABILIDADE
Mariana Moraes Sousa e Helyne Jullee Rodrigues Carvalho
Jardim Escola Crescimento Ltda | São Luiz - Maranhão

1ª Colocada – Etapa Nacional / 1ª Colocada – Etapa Regional – Sistema Privado

No século XXI, o negacionismo científico revelou-se como um mo-


vimento que não aceita as ideias, juízos ou fatos apresentados por uma
comunidade científica ou acadêmica como verdadeiros e fundamenta-se
sobre teorias da conspiração, imprecisões e omissões. Tal corrente, ante
uma época em que o esgotamento dos recursos naturais e a degradação
do meio ambiente são temáticas de grande relevância, evidenciou-se na
área da Química ao apontar essa ciência como causadora dos grandes
problemas ambientais da humanidade. À vista disso, é imprescindível de-
bater as contribuições da Química para o desenvolvimento sustentável
e soberano do Brasil, uma vez que a sustentabilidade abrange aspectos
ambientais, sociopolíticos e econômicos da sociedade.
A Química é uma ferramenta que pode contribuir para o desenvol-
vimento sustentável do Brasil, por meio da elaboração de metodologias
sintéticas que considerem os impactos ambientais da geração e do consu-
mo das substâncias químicas no futuro do planeta. Consoante o princípio
da responsabilidade formulado por Hans Jonas, quando a humanidade se
preocupa apenas com o presente, sem ter responsabilidade pelas futuras
gerações, a integridade e a continuidade da vida na Terra são prejudica-
das. No âmbito da sustentabilidade, a substituição dos combustíveis fós-
seis e a utilização de novas fontes energéticas renováveis são, em associa-
ção, a principal necessidade ambiental da contemporaneidade brasileira.
Isso ocorre devido ao fato de que o efeito estufa, as mudanças climáticas,
o esgotamento de recursos não renováveis e a emissão de gases poluentes
são fatores que evidenciam a falta de ética e responsabilidade planetá-
ria na sociedade. Diante dessa conjuntura, é importante destacar que a
Química apresenta um importante papel na implementação efetiva da
sustentabilidade, ao passo que contribui para o uso de matérias-primas
renováveis, como a biomassa e na síntese de produtos biodegradáveis.
No aspecto sociopolítico, a Química pode atuar de maneira a impedir a

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formação de substâncias tóxicas que promovem impactos negativos na saúde


humana, além de minimizar os riscos de acidentes, vazamentos, incêndios
e explosões envolvendo substâncias químicas. Em fevereiro deste ano, mo-
radores do Parque Estadual do Mirador, área situada no sul do Maranhão,
denunciaram que estavam sendo contaminados por agrotóxicos usados nos
plantios de soja da região. O embate reside no fato de que, depois do contato
com a água contaminada, os habitantes, sem água e sem acolhimento mé-
dico, relataram diarreias, dores de cabeça, queimaduras e problemas renais.
Nessa situação, a Química pode contribuir para desenvolver substâncias ino-
fensivas à saúde humana e ao meio ambiente, além de poder detectar em
tempo real a possibilidade de contaminação, de acidentes ou vazamentos,
garantindo um desenvolvimento sustentável e soberano para o país.
Ademais, é relevante contrastar o desenvolvimento sustentável ao
modelo de produção linear vigente na sociedade brasileira, na qual o
capitalismo está centrado em promover lucro com a venda de grandes
volumes de mercadorias, eximindo-se de qualquer responsabilidade pela
destinação dos rejeitos e do produto em si. Nesse contexto, a Química
pode transformar de modo efetivo a relação entre a sociedade e a produ-
ção dos bens de consumo, por meio do reciclo, reuso e remanufatura dos
resíduos industriais, da utilização de biomassas renováveis nos processos
químicos e da biocompatibilidade. Além disso, o ato de evitar a formação
de resíduos tóxicos torna-se menos dispendioso do que tratá-los depois
da produção e despejo inadequados. Na realidade, essa situação pôde ser
evidenciada pelo rompimento das barragens de Brumadinho e Mariana,
uma vez que as ações de reparação implicaram ao Brasil grandes despesas
e prejuízos socioeconômicos, além de danos irreparáveis à vida.
À face do exposto, reconhece-se a necessidade de substituir os com-
bustíveis fósseis por fontes de recurso renováveis com menos impactos
para o meio ambiente, diminuir a produção de substâncias tóxicas à saúde
humana e desenvolver metodologias de produção que utilizem produtos
biodegradáveis e insira-os na economia circular. Tais aspectos de desenvol-
vimento podem ser implementados efetivamente na sociedade com a con-
tribuição da Química na criação de mecanismos que tragam perspectivas
mais otimistas em relação à qualidade de vida, à garantia de saúde, inclusão
social e geração de empregos, não apenas no presente, mas para as gerações
futuras, promovendo sustentabilidade e soberania plenas do Brasil.

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A QUÍMICA PODE MUDAR O RUMO DA


SUSTENTABILIDADE DO PAÍS
Laura Costa de Oliveira e Alef Bruno dos Santos
Colégio Nossa Senhora do Carmo | Nova Cruz – Rio Grande do Norte

2ª Colocada – Etapa Regional – Sistema Privado

Segundo a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 225, parágra-


fos IV e V, é exigido um estudo prévio para a realização de atividades cau-
sadoras de poluição, e controle de produção, comercialização e emprego
de técnicas e substâncias que possam acarretar riscos ao meio ambiente.
No entanto, quando se observa o cenário hodierno do Brasil, percebe-se
que tal artigo não está sendo respeitado, haja visto o grande e crescen-
te índice de poluição ambiental. Nesse contexto, configura-se a química
como uma grande aliada para combater esse problema.
Em primeira análise, é notória a importância do meio ambiente
para tudo na vida do ser humano, pois, em todas as atividades cotidia-
nas, ou não, sempre estão diretamente, ou indiretamente, ligado a ele
todos os seres, bem como suas condições biológicas, físicas e químicas.
É de suma importância também ressaltar que a qualidade dos recursos
naturais do meio ambiente influencia a qualidade de vida humana e
animal, então uma natureza danificada por poluição ou outros tipos de
degradações significa uma qualidade de vida comprometida e não sau-
dável para todos os seres, sem contar que muitos desses recursos não
são renováveis, ou seja, uma vez esgotados não serão mais reabasteci-
dos. Daí nasce a necessidade obrigatória de se usar de forma sustentável
os recursos por ele oferecido.
Em segunda análise, pode-se evidenciar a química, e todo o seu
campo de estudo, como uma importante aliada no combate à poluição e
ao desenvolvimento da sustentabilidade soberana no Brasil. As áreas de
atuação desse campo são muito amplas e podem, com ajuda de estudos
e experiências de testagem, transformar a produção de muitas fábricas
que geram substâncias poluentes e tóxicas em produções mais sustentá-
veis e que gerem menos poluição para o ambiente, como: apresentando
reagentes alternativos e renováveis para diminuir os reagentes tóxicos
e não biodegradáveis, desenvolvendo condições racionais para se obter

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maior rendimento e menor geração de subprodutos, mostrando solven-


tes inofensivos que, quando utilizados durante os processos de síntese,
diminuem as perdas e aumentam o rendimento, além de gerar um me-
lhoramento dos processos naturais, tais como biossíntese e biocatálise,
entre outros.
Nesse mesmo viés, atualmente alguns estudos já estão sendo ela-
borados envolvendo a química com essa finalidade sustentável. A “Quí-
mica Verde” ou “Química Limpa” é uma prática que visa a prevenção
da poluição causada pelas mais diversas atividades através da quími-
ca. Para isso, sua proposta é desenvolver metodologias e processos que
usem e gerem uma menor quantidade de agentes tóxicos e inflamáveis.
Tal projeto, aliado à EPA – Agência de Proteção Ambiental – vem dis-
seminando cada vez mais práticas contra a poluição, que priorizam a
fabricação de produtos sustentáveis.
Portanto, fica claro as diversas possibilidades de como a química
pode auxiliar o Brasil nessa caminhada para um país sustentável, mas,
para que isso possa acontecer, algumas medidas ainda precisam ser to-
madas. Como, por exemplo, o Ministério do meio ambiente aliado ao
Ministério da Educação e ao Governo Federal investir no estudo e na
capacitação, cada vez mais avançada e forma pública, para os estudantes
na área da química e de seus campos de estudo, visando formar profis-
sionais de excelência, conscientes e preparados para utilizar o seu co-
nhecimento em prol da sustentabilidade, desenvolvendo ações, projetos
e produtos sustentáveis. Além de incentivar as mais diversas fábricas a
investirem em conhecimentos químicos, conscientizando dos benefí-
cios que isso pode acarretar tanto para a produção como para o meio
ambiente, e impor leis com severas punições para fábricas que durante
o seu processo de produção gerarem uma grande e desnecessária quan-
tidade de resíduos tóxicos e poluentes. Para que, assim, o futuro do Bra-
sil sendo um país livre da poluição e exercendo uma sustentabilidade
soberana esteja cada vez mais próximo.

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REGIÃO
NORTE
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O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO
BRASIL FRENTE À ENERGIA RENOVÁVEL
Kaemilli de Oliveira Fagundes e Elise Marques Freire Cunha
Instituto Federal de Rondônia – Campus Ji-Paraná | Ji-Paraná – Rondônia

1ª Colocada – Etapa Regional – Rede Pública

Desde os primórdios, a humanidade vem buscando fontes de energia


eficazes para propiciar sua sobrevivência; na antiguidade, o ser humano
utilizava a energia do próprio corpo e do sol, com o tempo aprendeu a
dominar o fogo e, assim, construiu suas civilizações. Com o advento da
Revolução Industrial, no século XVIII, sucedeu a descoberta de combus-
tíveis fósseis, por exemplo, o carvão mineral, o petróleo, entre outros, que
servem como combustível para a sociedade até hoje.
Todavia, essas são fontes de energia não renováveis, o que acarreta
sérios problemas ambientais, dentre os quais cabe citar a emissão de ga-
ses poluentes no planeta, essencialmente, o dióxido de carbono (CO2),
gás responsável pelo efeito estufa que contribui para o aquecimento
global se estiver em excesso na atmosfera. O CO2 também é progenitor
da chuva ácida, que prejudica tanto a saúde do meio ambiente como
a humana. Segundo o Programa Estadual de Mudanças Climáticas de
São Paulo (PROCLIMA), desde 1750 houve um aumento de 31% de
CO2 na atmosfera. Esse fato favoreceu um aumento de 60% do Aqueci-
mento Global. A Organização Meteorológica Mundial afirma que, em
2017, houve um recorde global de lançamentos desse gás na atmosfera
que corresponde a 146%, emitido principalmente por indústrias e pelas
ações antrópicas cotidianas.
Dado isto, é necessário investir em uma nova fonte de energia re-
novável para o abastecimento da sociedade, visando cumprir com a
agenda de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU até 2030.
Neste quesito, destaca-se, por ora, o objetivo 7 da agenda, intitulado
“Energia limpa e acessível”: O Brasil, por ter o maior bioma do mundo
concentrado principalmente na região norte, tem um grande potencial
para investir em fontes energéticas provindas da biomassa. A biomassa
é uma fonte de energia que deriva da matéria orgânica, nesse sentido,
o biogás, que é produzido a partir da decomposição anaeróbia de re-

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síduos orgânicos da biomassa, tem grande potencial para ser utiliza-


do como fonte de energia elétrica e para abastecimento de automóveis.
Além de ser uma fonte de baixo custo, é renovável, sua queima diminui
a quantidade de metano (CH4) emitido na atmosfera e seus resíduos
podem ser usados como biofertilizantes. Não obstante, a produção de
biogás traz como constituintes o dióxido de carbono e o sulfeto de hi-
drogênio (H2S) que diminuem o potencial de energia do combustível e
este fato eleva os custos da produção.
Recentemente, novas pesquisas estão sendo realizadas sobre absor-
ção de CO2 e H2S em microalgas, uma dessas foi executada pela Univer-
sidade do Vale do Taquari- UNIVATES, denominada Processo Biológico
de Purificação de Biogás Através do Cultivo de Microalgas. Esta pesqui-
sa apresentou um protótipo e foi muito bem-sucedida na absorção de
H2S, em baixas quantidades equivalentes a 85,48%, em altas quantidades
39,5% e para o CO2, 16,48%. Essa baixa quantidade de absorção do dió-
xido de carbono foi ocasionada pela questão de ambientação e estudo das
espécies de microalgas no sistema, o que levaria tempo e mais recursos
econômicos que não foram viabilizados. Contudo, existem várias pesqui-
sas e projetos desenvolvidos em todo mundo sobre essa possibilidade.
Logo, basta o investimento do governo em pesquisas e viabilizar
lugares que possam ser utilizados para realizá-las aqui no Brasil, como
o Vale do Taquari (RS), região que tem atividade agropecuária intensa,
onde os resíduos de biogás podem ser descartados no campo. No entan-
to, existem outros lugares também no território nacional que podem ser
usados, já que a economia brasileira é agrícola. Também, a divulgação
dessas análises em rede nacional é relevante para a desmistificação sobre
a ideia do que é a química para os cidadãos. Investir nessa nova fonte
de energia faria do Brasil o pioneiro desta área, o que poderia ajudar no
desenvolvimento socioeconômico do território e novas políticas susten-
táveis estariam sendo providenciadas, dessa forma, protegendo a maior
riqueza natural do país, a Floresta Amazônica. Sobretudo, é de extrema
urgência que novas políticas sustentáveis sejam tomadas, uma vez que,
a atual crise ambiental só mostra que as ações antrópicas, incitadas pelo
modelo econômico, são insustentáveis ambientalmente, portanto, é ne-
cessário inserir nesse modelo a sustentabilidade.

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QUÍMICA E SUSTENTABILIDADE: GARANTIA DE


PROGRESSO E MANUTENÇÃO DA VIDA
Josué Calebe Sales da Silva e João Paulo de Souza Bezerra
Colégio Exitus | Igarapé-Açu – Pará

1ª Colocada – Etapa Regional – Sistema Privado

A Química desde sua criação, no século XVII, tendo como base a Al-
quimia, tem auxiliado no desenvolvimento e no progresso do ser huma-
no e do meio social. Atualmente, na Idade Pós-Moderna, essa realidade
não tem sido diferente, contudo, ressalta-se que há um olhar voltado ao
avanço químico sustentável, uma vez que ele se configura como essen-
cial para garantir as necessidades presentes, sem comprometer o futuro.
O Brasil está imerso nesse contexto, por isso, é relevante refletir sobre
as contribuições desta ciência básica para a nação brasileira, bem como
acerca dos entraves que enfrenta em território nacional.
Nas indústrias, o uso e o descarte de produtos químicos sempre fo-
ram um problema, no entanto, com a chegada da Química Verde, a qual
se constrói com base em um conceito de ciência mais recomendável, tor-
nou-se possível começar a mudar esse cenário. No Brasil, a indústria quí-
mica, 4º maior participante no PIB nacional, está inserida nesse contexto
sustentável e busca cada vez mais o planejamento de produtos e proces-
sos químicos que visam reduzir e/ou eliminar a utilização e a geração de
substâncias perigosas para o meio ambiente e para a população, como o
benzeno e o dióxido de carbono, provenientes do petróleo e do uso de
combustíveis fósseis, respectivamente.
Além disso, a partir de um dos princípios da Química Verde, o desen-
volvimento sustentável, viabilizou-se a busca por fontes de energia mais
eficientes e menos agressivas ao planeta. Isso permitiu ao Brasil começar
a romper a barreira da produção energética com base em hidroelétricas,
e ampliar a produção e inserção do biogás enquanto fonte de energia, por
exemplo. Nessa perspectiva, pode-se afirmar que o país possui grande
potencial para tal produção, todavia, ainda pouco explorado. De acordo
com a Revista online Opinião, o potencial de produção de Biogás que
o país deixa de aproveitar poderia suprir cerca de 30% da demanda de
energia elétrica do país, ou substituir até 70% de todo o nosso consumo

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de óleo diesel. Em vez disso, o biogás representa menos de 0,1% da matriz


energética brasileira, com apenas 304 MW instalados.
Essa falta de aproveitamento prejudica o ambiente e implica na eco-
nomia brasileira, que poderia crescer bastante com a exportação desse
produto. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Cli-
máticas – COP26 - realizada em Glasgow, na Escócia, o presidente da
ABiogás, Alessandro Gardemann, falou que o investimento nesse setor é
essencial para se cumprir o Compromisso Global do Metano, que prevê
o corte de 30% nas emissões até o fim da década. Ademais, essa amplia-
ção pode tornar o país ainda mais autossuficiente na geração de energia
limpa, de modo a favorecer a saúde do planeta, o desenvolvimento social
do país, devido à instalação de diversos serviços relacionados à geração
de energia, e contribuir para que se cumpra o previsto na Agenda 2030.
Tudo isso somente é possível com o uso de uma Química sustentável, o
que ressalta a importância das ciências básicas para a sociedade.
Portanto, é evidente que a Química apresentou um progresso deri-
vado da tecnologia e das demandas sociais e ambientais. Nesse âmbito,
em território brasileiro, esse processo permanece presente e, também,
parte do preceito de que não só o desenvolvimento socioeconômico é
importante, mas também a sustentabilidade, isto é, a garantia de avan-
ços presentes, aliados à manutenção de um futuro. Isso faz com que a
Química, em si, torne-se menos degradante ambientalmente e ao mes-
mo tempo mais segura para os seres vivos que habitam o planeta. Por
outro lado, vale ressaltar que o Governo brasileiro precisa ampliar os
investimentos em ciência e tecnologia, ao mesmo tempo em que pro-
move ações informativas acerca da importância da utilização de produ-
tos fabricados por processos menos agressivos. Com tais ações, valori-
za-se o ramo científico em questão e se potencializam as contribuições
que ele promove no Brasil.

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A INFLUÊNCIA DA QUÍMICA SUSTENTÁVEL NA


SOCIEDADE BRASILEIRA
Livia Santana Lopes e Matheus Gonçalves Rodrigues
Sistema de Ensino Authêntico | Belém – Pará

2ª Colocada – Etapa Regional – Sistema Privado

Muito se discute sobre a importância de tornar os processos quími-


cos mais sustentáveis. Então, os químicos de todo o mundo estão empe-
nhados em instituir regras e fundamentos com o objetivo que se origina
na chamada Química Verde, também conhecida como Química Limpa,
que compreende o desenvolvimento, utilização de produtos e procedi-
mentos químicos com o propósito de diminuir ou parar a aplicação e
a criação de substâncias que podem causar danos ao meio ambiente e
aos seres humanos. A Química Verde pode prevenir os danos causados
por práticas no ramo da química. Entretanto, no Brasil, os princípios da
química associada à natureza só começaram a ganhar visibilidade nos
estudos, no governo e até na economia nos últimos tempos.
Na visão de muitas pessoas, a química é considerada em contraposição
ao desenvolvimento sustentável. Elas têm essa visão pois os laboratórios e
indústrias que se envolvem com matérias químicas podem ser perigosos e
causar danos ambientais. Isso pode ocorrer, mas é quando a química é usa-
da de modo incorreto, onde o ser humano a usa de forma leiga e exagerada,
sem ligar para consequências. Quando o homem aplica de maneira correta
os conhecimentos da química no mundo é que se consegue obter resulta-
dos positivos para todos. Se aliarmos a tecnologia à química, a humanidade
vai ser capaz de conseguir produzir outras formas de adquirir avanços na
tecnologia que causem menos danos à natureza.
A química na indústria é fundamental na economia global porque
abrange muitos setores, como: agrícola, com fertilizantes e defensores,
o farmacêutico, com fármacos e medicamentos. Recentemente, a indús-
tria química vem se destacando nacionalmente e mundialmente; a indús-
tria química brasileira já representa a 4º maior contribuição no Produto
Interno Bruto Industrial, segundo ABIQUIM (Associação Brasileira da
Industria da Química) e o IBGE, (Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística). Os impactos ambientais gerados pelo seu desenvolvimento vêm

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Concurso Nacional de Redação da SBQ - 2022: Redações Vencedoras

se tornando uma grande preocupação no mundo, visto que os resíduos


das indústrias químicas, se não forem descartados corretamente, vão
causar danos ao planeta desde os rios, até a atmosfera.
O Brasil tem ótimas condições para se destacar dos demais países
em relação à utilização integral das suas biomassas, em virtude do ter-
ritório que apresenta imensos terrenos férteis e condições climáticas
favoráveis, além de contar com a maior diversidade biológica de todo o
planeta. Um exemplo é o bagaço da cana-de-açúcar que é um recurso
muito usado na produção de energia por biomassa. A biomassa tem
uma grande capacidade de se tornar uma importante matriz de energia
para o Brasil devido a ser uma fonte de energia limpa e de baixo custo.
A biomassa pode ser aproveitada para a produção de combustíveis que
diminuam a dependência de fontes não renováveis, como os combustí-
veis fosseis e produtos químicos.
Em virtude dos fatos analisados, compreende-se que o desenvolvi-
mento brasileiro não precisa ser contrário à preservação do meio am-
biente, ao invés disso, evoluir junto a ele cada vez mais, e os princípios
da Química Sustentável proporcionam uma renovação de práticas e
ideias da sociedade brasileira. Dessa forma, ela permite que as pessoas
observem as consequências que alguns produtos e ações causam no
planeta. A química, se for usada de modo efetivo, vai trazer soluções
para problemas que não estão só no Brasil, mas em todo mundo. Assim,
diminuir a fome, melhorar a qualidade de vida da população e a como-
didade das pessoas, são exemplos de como a química contribui para o
progresso da população mundial.

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Concurso Nacional de
Redação da SBQ - 2022:
Redações Vencedoras

REGIÃO
SUDESTE
Concurso Nacional de Redação | Redações Vencedoras

A QUÍMICA E OS DESAFIOS
DO CRESCIMENTO ECONÔMICO
Hérika Aparecida Paes da Silva e Renata Cristina Nunes
Instituto Federal Fluminense – Campus Cabo Frio | Cabo Frio – Rio de Janeiro

1ª Colocada – Etapa Regional – Rede Pública

“O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra


as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gera-
ções de atender suas próprias necessidades”. Com essa frase, Gro Harlem
Brundtland, líder internacional em desenvolvimento sustentável, definiu
o crescimento de um país visando o âmbito ambiental e econômico. Con-
ceito esse que a química (principalmente a química verde) tenta alcançar
por meio de produtos e processos químicos. E, apesar de alguns desafios,
o Brasil continua sendo um país capaz de ter um desenvolvimento sus-
tentável e abrangente por intermédio dela.
Em primeiro lugar, temos o maior setor econômico do Brasil e o
que mais gera impactos ambientais, o agronegócio. O Brasil é um país
agrícola baseado na produção para exportação, significando a necessi-
dade de uma produção em larga escala e no menor tempo possível, mas
também a necessidade de respeitar os limites da natureza, reduzindo os
seus efeitos negativos. A química verde tem por um dos seus 12 objetivos
a redução desses impactos negativos e o maior aproveitamento dos recur-
sos gerados. Um exemplo da contribuição da química nesse cenário seria
o caso dos processos térmicos, químicos e biotecnológicos que transfor-
mam certas biomassas em moléculas úteis, como a celulose, biopolímero
abundante no Brasil pela sua produção de eucalipto, na obtenção de mo-
léculas de baixa massa molecular e bio-óleo. Em uma escala maior, países
importadores de carne podem fazer pressão para que o projeto ambiental
do Brasil seja mais sustentável nessa área.
Outro aspecto seria a grande geração de resíduos e a queima de
combustíveis fósseis pelo Brasil. Sendo um país em desenvolvimento, é
necessária, ao Brasil, uma grande quantidade de energia para o seu cres-
cimento, considerando a poluição gerada por tais obtenções de fontes de
energia e o descarte dos produtos gerados. O Brasil é o maior produtor
de biocombustíveis do mundo, usando biomassa através do processo de

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transesterificação do óleo vegetal com metanol ou etanol para produzir


biodiesel, obrigatório em uma porcentagem de 10% no óleo diesel do
país. Outro exemplo de como a química pode ajudar na redução de im-
pactos e obtenção de matérias-primas é a iniciativa da Braskem, que efe-
tuou um material plástico a partir de cana-de-açúcar que aprisiona 3,09
toneladas de CO₂ durante seu processo de fabricação.
Infelizmente, muitos projetos de química são retardados por falta de
investimentos. Sem laboratórios em boas condições, auxílios para jovens
cientistas, recursos para as pesquisas, e falta de incentivo na formação
são algumas consequências da falta de recursos destinados à área de
ciências e, consequentemente, para os projetos sustentáveis para o de-
senvolvimento do Brasil. Um exemplo que ilustra bem de onde vem essa
necessidade urgente de capital para a ciência no Brasil é o caso do minis-
tro Marcos Pontes, pego com um corte de 92% das verbas destinadas a
pesquisas científicas.
Por fim, o Brasil deve continuar crescendo e respeitando a natureza
por meio de maiores investimentos em projetos que visem a química ver-
de. Cabe ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, por meio de
suas subsidiárias e verbas, aplicar em programas científicos que desejem
resolver os problemas ambientais atrelados à economia atualmente. Além
disso, também deve investir em palestras que conscientizem a população
e tragam mais pessoas a se interessarem sobre o assunto. Só assim tere-
mos um crescimento adequado, que respeite a nossa grande diversidade
e atenda as demandas internacionais requeridas de nós.

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Concurso Nacional de Redação | Redações Vencedoras

O CONHECIMENTO DA QUÍMICA É UM
REAGENTE, A SUSTENTABILIDADE É A SOLUÇÃO
Danielle das Neves Rodrigues Viâna e Maiara da Silva Santos
Instituto Federal Fluminense – Campus Bom Jesus do Itabapoana | Rio de Janeiro

2ª Colocada – Etapa Regional – Rede Pública

Desde as primeiras descobertas históricas, tecnológicas e medicinais,


em que o estudo da Química se faz presente, apenas o produto termina
por ganhar reconhecimento, enquanto os componentes responsáveis por
tal resultado se mantêm indetectáveis ou até mesmo desprezados – exce-
to quando o resultado é tão poderoso a ponto de exterminar vidas, como
é o caso da reação entre urânio-235 e plutônio-239. É hora, portanto, de
reconhecermos a real importância e poder da Química nas diversas áreas
aplicáveis, em destaque para a sustentabilidade, tão falada e pouco pra-
ticada pelas pessoas. Não é mais compatível se manter neutro, é hora de
reagir em prol de uma alteração positiva.
Inicialmente, se faz notória a necessidade de romper com a errônea
percepção coletiva de que a sustentabilidade está relacionada apenas ao
aquecimento global, o que é um equívoco, pois este não é o único risco
ao qual o Planeta Terra está exposto. Além disso, há poluição do ar, mu-
danças climáticas, desmatamento, extinção de espécies, degradação do
solo, poluição da água, problemas derivados do lixo, queimadas, dentre
outros. Por isso, os cidadãos devem se conscientizar das possibilidades
sustentáveis para cuidar do bem comum maior, o Planeta Terra. E, prin-
cipalmente, ter conhecimento das consequências que pequenas ações
diárias causam a este bem. A conservação do meio ambiente não realiza
mudanças se apenas existe no papel. Tal qual uma reunião na Câmara,
uma lei aprovada ou campanhas políticas possuem o poder de alterar tal
situação, também a Química possibilita essas mudanças, junto de seus
cientistas, pesquisadores e apoiadores.
Há décadas, profissionais da área se esforçam para destacar a im-
portância das ciências químicas e demonstrar sua contribuição para a
sociedade. Em 1922, foi criada a primeira Sociedade Brasileira de Quími-
ca, no Rio de Janeiro, para a divulgação de trabalhos técnico-científicos
nacionais e internacionais e para a implantação de cursos universitários

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Concurso Nacional de Redação da SBQ - 2022: Redações Vencedoras

de Química. Já a criação da segunda Sociedade Brasileira de Química,


em São Paulo, ocorreu em 1977, com o intuito de expandir e promover a
Química do Brasil, com grandes esforços voltados para o lançamento de
publicações científicas de impacto.
Todavia, hoje, ainda há grande ignorância populacional quando se
fala de contribuições da Química para o desenvolvimento Sustentável e
Soberano do Brasil. Como afirma o cientista César Zucco, presidente da
Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e diretor científico da Fundação
de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc):
“Sem o trabalho do químico – obviamente que também são necessários
os conhecimentos dos outros campos da ciência –, a sociedade não teria
as tecnologias ambientais e as energias renováveis que tem hoje”. Ou seja,
torna-se fundamental que os cientistas químicos sejam reconhecidos,
junto com seus esforços e trabalhos.
As pesquisas e a formação em Química que buscam a sustentabili-
dade e visam a preservação do meio ambiente se enquadram na Química
Verde – conceito que significa diminuir ou eliminar o uso de substâncias
que promovem poluição, bem como recuperar a qualidade do meio am-
biente. As contribuições da Química Verde são indispensáveis à busca da
sustentabilidade dos processos químicos das diferenciadas indústrias do
setor. Dentre as práticas sustentáveis da Química Verde, estão a preven-
ção de formação de resíduos, economia de átomos, seleção de reagen-
tes menos perigosos, produtos mais seguros, solventes menos agressivos
para métodos de separação seguros, diminuição de energia em todos os
processos químicos, entre outros.
Diante de tais fatos, faz-se perceptível a necessidade do reconheci-
mento das contribuições da Química no Brasil e, principalmente, a busca
por outras possíveis contribuições, a fim de tornar possível a proposta
da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, que tem
como objetivo principal garantir um desenvolvimento equilibrado, sus-
tentável e inclusivo no Planeta Terra. É necessário, por isso, implementar
a conscientização geral acerca das contribuições da Química na Socie-
dade Brasileira, como a reciclagem, que são reações químicas contro-
ladas, as quais permitem que matérias-primas sejam recuperadas para
nova utilização. Afinal, “a Química não deve ser apenas para químicos”,
como afirma Miguel de Unamuno, e só assim o conhecimento científico
da Química se tornará um reagente e a sustentabilidade, a solução.

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QUÍMICA: A NOVA MITIFICAÇÃO


DA CIÊNCIA BRASILEIRA
Ana Clara Macedo Zambon e Marcelo Góes
Colégio Pequeno Príncipe | Ribeirão Preto – São Paulo

1ª Colocada – Etapa Regional – Sistema Privado

Na Mitologia Grega, a jovem profetisa Cassandra augura sua família


a respeito da Guerra que devastaria Tróia; contudo, vítima de uma mal-
dição do Deus Apolo, ninguém crê em suas previsões. Fora da ficção,
assim segue a narrativa dos cientistas brasileiros. Feitos “Cassandras mo-
dernas”, estes são condenados pela ignorância do coletivo que limita os
saberes químicos à tabela periódica e que desvaloriza a sua essencialidade
para o desenvolvimento soberano e sustentável da nação. Neste contexto,
indaga-se: quais são essas contribuições?
Primordialmente, vale destacar o potencial que o Brasil apresenta
para a elaboração de alternativas sustentáveis devido à abundância de re-
cursos naturais disponíveis em seu território. Sua vasta biodiversidade
facilita o desenvolvimento de produtos e processos químicos que visam
minimizar os males da ação antrópica no meio ambiente – denomina-
da pela Agência Ambiental Norte-Americana (e posteriormente adota-
da pela IUPAC) como, “Química Verde” – beneficiando-se destas fontes
renováveis como matéria-prima. Um exemplo notável disso é a produ-
ção do “(CH2-CH2)n” ou “Polietileno Verde” (plástico obtido a partir
do processo de desidratação do etanol para obtenção de eteno) que pos-
teriormente é polimerizado originando o mesmo material advindo de
combustíveis fósseis através da cana-de-açúcar, que reduz a emissão de
gases estufa na atmosfera terrestre em seu plantio. A utilização dele vem
tornando-se frequente na manufatura de embalagens que recebem o selo:
“I’m green”. Isso evidencia a necessidade da incorporação desses novos
caminhos “verdes”, para que a tonalidade continue predominante nas flo-
restas violentamente desmatadas e não apenas nos rótulos.
Além disso, em tempos de negligência para com a ciência, a elabo-
ração da vacina CoronaVac, frente à crise sanitária do COVID-19, es-
cancarou a importância das descobertas científicas para solidificação de
uma maior autonomia brasileira na dinâmica geopolítica atual. Parado-

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xalmente, expôs, de maneira atroz, o descaso com a comunidade quími-


ca, uma vez que, além da desinformação da população acerca de princí-
pios científicos básicos, os aplausos e as referências neste período foram
direcionados quase exclusivamente aos profissionais da saúde: médicos,
enfermeiros, infectologistas. Contudo, onde estão reservadas as salvas de
palmas aos químicos diretamente envolvidos nesse processo? A resposta
infelizmente é simples: em lugar algum. Tal situação sublinha um grave
hiato no sistema educacional nacional. A forma precária com que a quí-
mica é introduzida, majoritariamente, na vida dos brasileiros leva estes a
um apagamento intelectual sobre ela e reduz esse saber como um todo.
Essa ausência de conhecimento acerca do papel crucial que a química
exerce na prosperidade econômica e, consequentemente, na soberania da
pátria torna o tecido social sujeito à manipulação de líderes imediatistas
que inviabilizam o exercício da ciência no Brasil por priorizarem o ca-
pital, ceifando o desenvolvimento de novas tecnologias que auxiliariam
no avanço autossuficiente do país. Nesse contexto, a nação caracteriza-se
extremamente pela dependência da tecnologia de países desenvolvidos –
fazendo com que os cientistas migrem, infelizmente, para esses países em
busca de oportunidades e de novos desafios intelectuais.
Torna-se evidente a relevância da Química para o desenvolvimento
de um Brasil independente e sustentável. Para isso, os líderes políticos e a
população precisam valorizá-la. Sem financiamento, as inovações pionei-
ras não serão descobertas e, sem reconhecimento, os cientistas brasileiros
deixarão de ser pesquisadores ou continuarão a ser meras Cassandras.

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A IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA SUSTENTÁVEL


NA SOCIEDADE BRASILEIRA
Maria Luiza Géa Lima e Clovis Tsuyoshi Miyasaki
Colégio Santa Marcelina | Belo Horizonte – Minas Gerais
2ª Colocada – Etapa Regional – Sistema Privado
O Artigo 225 da Constituição Federal de 1988 declara que “todos
têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado”. Todavia,
tal prerrogativa configura-se, muitas vezes, ineficiente no corpo social
brasileiro, uma vez que a contribuição da química para o desenvolvi-
mento sustentável soberano no país continua sendo comumente negli-
genciada no que tange à preservação dos ecossistemas, simultaneamente
com o descomprometimento da sociedade. Com vistas a discutir tama-
nho desrespeito, faz-se imprescindível a denúncia dos potencializadores
dessa problemática: o descaso com a extinção do comodismo e a visão,
grandemente pejorativa, que muitos atribuem à química.
Diante desse cenário, é válido salientar a ineficiência do governo
como um perigoso legado para o país. Acerca disso, o filósofo libertário
Barnett, em uma de suas análises críticas, pontua que o Estado é incapaz
de obedecer às suas próprias leis, de forma a ser necessariamente inefi-
ciente e contraditório como legislador. Desse modo, a máxima do pensa-
dor vai ao encontro da quantidade irrisória de políticas cooperativas em
relação à implementação de práticas que visem à substituição total dos
recursos não renováveis, ou limitados, por aqueles renováveis, de forma
a resultar na diminuição da taxa de extração e de dispersão dos resíduos,
situação que, caso ocorresse da forma ideal, favoreceria condições dig-
nas de vida para as gerações atuais e futuras, como tão bem proposto
na Constituição Cidadã. Assim, fica claro que tais problemas persistem
devido, grandemente, ao descaso governamental para com as ciências,
a saber, a química, pois, embora a sustentabilidade seja imprescindível,
haja visto ser a habilidade de satisfazer as necessidades da geração atual,
preservando as possibilidades das futuras gerações, faltam recursos para
a efetivação de práticas sustentáveis no país.
Ademais, é oportuno destacar que, apesar das muitas contribuições da
química para melhorar a qualidade de vida, não é essa a ideia geralmente
transmitida ao público. O termo passou, em muitos casos, a ter conota-

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ção negativa, tal como a indústria química, que é vista como nociva para
o ambiente e para as pessoas, sendo seu efeito desfavorável na questão do
desenvolvimento da diversidade biológica e sociocultural. De fato, Manoel
de Barros, poeta pós-modernista, desenvolveu em suas obras uma “teolo-
gia do traste”, cuja principal característica reside em dar valor às situações
frequentemente esquecidas ou ignoradas. Sob essa lógica, o pensamento
do autor deveria se fazer presente na área da química, uma vez que é ne-
cessário valorizar também a problemática da não utilização absoluta da
Química Verde, ramo da ciência que busca diminuir ou eliminar o uso de
substâncias que promovem poluição, bem como recuperar a qualidade do
meio ambiente e a sustentabilidade, e, com efeito, extinguir o uso ou a ge-
ração de substâncias perigosas durante o projeto, a fabricação e a aplica-
ção de produtos químicos. Essa abordagem é fundamental para a proteção
ambiental e para o gerenciamento de materiais tóxicos e de longo ciclo de
vida, além de incentivar a produção de insumos e de energias limpas, como
biomassas, usando menos poluentes industriais, de modo a garantir que os
fabricantes assumam mais responsabilidade pelos produtos, criando ma-
teriais adequados às necessidades humanas, menos agressivos, com ciclos
de vida mais curtos no meio ambiente, buscando projetos com aplicações
ecologicamente corretas, visando à preservação da vida sustentável. Logo,
enquanto essa questão persistir, a sociedade utilizará mais do que pode ser
renovado, desfavorecendo as condições futuras.
Percebe-se, portanto, que a gestão de energia renovável, concomi-
tantemente com a Química Verde soberana, representa um importante
caminho para uma organização social mais sustentável. Com o fim de
efetivamente implementá-la, cabe ao Ministério do Meio Ambiente am-
pliar o incentivo a esse modelo de produção, assim como desenvolver
suas próprias tecnologias capazes de produzir a ciência de forma susten-
tável, mediante projetos de lei e de parcerias público-privadas, que ga-
rantam desenvolvimento, distribuição e manutenção das matrizes ener-
géticas ambientalmente certificadas. Tal medida será um passo rumo ao
crescimento do país, à preservação do meio ambiente e à incorporação
da noção correta de sustentabilidade à ciência contemporânea, ou seja,
aquela voltada para a construção de uma sociedade justa, democrática e
ecologicamente responsável. Dessa forma, será efetivada a reflexão onto-
lógica, que dita o respeito a outras formas de vida, já que sua existência
implica diretamente a continuidade humana.

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REGIÃO SUL
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QUÍMICA SOBERANA,
PAÍS SUSTENTÁVEL!
Pedro Henrique Pereira Caregnato e Renata Aparecida Rossieri
Colégio da Polícia Militar do Paraná | Cornélio Procópio – Rio Grande do Sul

1ª Colocada – Etapa Regional – Rede Pública

A Química pode ser considerada a principal difusora de estudos e


contribuições para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Tal afirma-
ção não é passível de dúvidas, uma vez que existem inúmeras pesqui-
sas, trabalhos e contribuições desta área das ciências da natureza para a
sustentabilidade. Nesta esteira, podemos citar como exemplo a Química
Verde, que tem o intuito de diminuir substancialmente ou, até mesmo eli-
minar, o uso de substâncias que alavancam a poluição, com a finalidade
de recuperar a qualidade do meio ambiente.
Em uma primeira análise, para se falar de desenvolvimento sus-
tentável, termo que foi usado pela primeira vez em 1987, pela então
presidente da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desen-
volvimento da Organização das Nações Unidas (ONU), Gro Harlem
Brundtland, precisa-se entender seu significado, que, de acordo com
o livro Nosso Futuro Comum, escrito pela própria Harlem, signifi-
ca suprir as necessidades econômicas e sociais atuais, não esgotando
qualquer recurso, assim garantindo que as gerações futuras tenham a
mesma capacidade.
Um dos avanços de tal área presente no Brasil são as cidades susten-
táveis. Esse termo incialmente pode causar certa estranheza, uma vez que,
até pouco tempo atrás, quase não havia discussões sobre essa temática, e
muito menos era feita a associação entre cidade e sustentabilidade. Tais
cidades colocam em prática muitas ações, dentre elas estão: a diminuição
dos gases do efeito estufa, a criação de sistemas ligados à reciclagem de
lixo, planejamento da mobilidade urbana, entre outros.
Algumas cidades nacionais são bem reconhecidas por tomarem esta
iniciativa, uma delas é João Pessoa, capital paraibana, que possui várias
áreas de proteção ambiental, a citar os parques: Mata do Jacarapé, Trilha
dos Cinco Rios e Aratu. Curitiba, capital paranaense, é admirada pela sua
excelente estratégia de reciclagem do lixo, pois cerca de 70% têm algum

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destino de reuso, além de 208 Km de ciclovia e mais de 210 linhas de ôni-


bus, que foram responsáveis pela diminuição de aproximadamente 30%
do tráfego de automóveis.
Esta diminuição é realmente louvável, uma vez que, de acordo com
o site Scielo, tal tráfego pode causar impactos ambientais e energéticos
além de afetar a saúde pública. Ainda de acordo com o sítio, os prin-
cipais poluentes emitidos pelos automóveis são: monóxido de Carbono
(CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e hidrocarbonetos (HC), sendo o NOx
e o HC, os iniciadores do gás ozônio (O3), gás do efeito estufa, que em
sua teoria é bom, porém, com a ação do homem, ele acabou crescen-
do demasiadamente, e como um de seus princípios é manter o calor na
Terra mesmo quando é noite, a temperatura do planeta acaba subindo,
acarretando no derretimento de geleiras, desertificação de áreas, e vários
outros graves impactos ambientais. Como tal efeito tem aumentado em
grande escala ultimamente, mais uma vez a química age como propulsora
de mudanças, ideias e resoluções para problemas enfrentados principal-
mente pelos países emergentes, como é o caso do Brasil. Uma das formas
que ela encontrou para diminuir este efeito foi a implantação de energia
renovável; em 2019, um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econô-
mica e Aplicada (IPEA) apontou que cerca de 45% da matriz energética
brasileira foi formada por fontes renováveis.
Tendo em vista os fatos apresentados neste texto, conclui-se que a
Química é sim excepcional para o desenvolvimento sustentável e sobe-
rano do Brasil, pois ela não age como apenas uma matéria ensinada a
jovens, mas sim como uma mãe das evoluções que acontecem nos ramos
que permeiam a sustentabilidade.

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QUÍMICA E SUSTENTABILIDADE
NO NOSSO COTIDIANO
Maria Eduarda Lau Mazon e Douglas Henrique Fockink
Setor de Educação Profissional e Tecnológica – UFPR | Curitiba – Paraná

2ª Colocada – Etapa Regional – Rede Pública

Sob uma perspectiva histórica, é notável a presteza com que a quími-


ca ampara o desenvolvimento humano com suas diversas contribuições
que nos foram propiciadas ao longo do tempo. Os avanços tecnológicos
gerados pela química continuam atualmente e estão intrinsecamente pre-
sentes nos principais temas em pauta da atualidade, dentre eles, a susten-
tabilidade. Observando tamanha complicação dos problemas ambientais
cada vez mais presentes no Brasil e no mundo, torna-se de suma impor-
tância que providências sejam adotadas, de tal modo que se evidencie um
desenvolvimento sustentável em prol do planeta Terra. Para tal, pode-se
fazer o uso dos princípios e estudos da química, a fim de, por exemplo,
criar fontes de energia renováveis, como também o aprimoramento da
tecnologia sustentável. De acordo com o raciocínio do químico Antoine
Lavoisier, “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”,
é possível enfatizar a utilização de recursos renováveis para a produção
de energia. Tendo em vista a crescente demanda por energia e a conscien-
tização ambiental das indústrias e da sociedade, ocorre a necessidade de
que novas alternativas energéticas sejam estudadas, de modo a desenvol-
ver tecnologias limpas.
Nesta perspectiva, temos os combustíveis etanol e biodiesel, que são
considerados mais econômicos e sustentáveis, uma vez que são produzidos
a partir de fontes renováveis e reduzem a emissão de gases tóxicos na com-
bustão. O etanol é um dos combustíveis renováveis mais utilizados atual-
mente, além de ser menos poluente para o meio ambiente. A sua produção
ocorre através da fermentação alcoólica da sacarose que está presente na
cana-de-açúcar ou em hidrolisados enzimáticos do amido de milho. Além
disso, também é possível produzir etanol a partir de uma biomassa, que
pode ser definida como qualquer material de origem vegetal que dispõe de
energia para ser processada. No Brasil, uma biomassa gerada em grande
quantidade na agroindústria é o bagaço da cana-de-açúcar, do qual pode

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ser produzido o etanol de segunda geração. Paralelamente, o biodiesel é


utilizado para substituir de forma parcial ou total o diesel, o qual corres-
ponde a uma fração mais pesada do petróleo e consequentemente um dos
combustíveis fosseis que mais geram poluentes. O biodiesel é produzido a
partir de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras de animais, po-
dendo ser utilizado, em geral, nos motores de caminhões e de automóveis
de grande porte. Sua produção teve o ápice em 2010, a qual tornou o Brasil
o segundo maior mercado mundial de biodiesel.
A biomassa também pode ser utilizada para a obtenção de produtos
biodegradáveis, como os polímeros produzidos a partir do amido de mi-
lho. Estes materiais podem diminuir os impactos negativos que os plás-
ticos convencionais causam no meio ambiente. A principal vantagem da
utilização de produtos derivados de polímeros biodegradáveis está rela-
cionada com a rápida degradação do material que ocorre através da ação
de micro-organismos presentes na natureza.
Visando o desenvolvimento de metodologias e processos que redu-
zem ou eliminam o uso de substâncias tóxicas e persistentes no ambiente,
foi criada a química verde. Esta é uma abordagem que visa a prevenção
da poluição causada por atividades na área da química. As indústrias quí-
micas devem buscar contribuir para a preservação do meio ambiente,
por meio do aumento da eficiência de seus produtos e processos, além da
diminuição dos seus impactos ambientais. Por isso, a Associação Brasi-
leira da Indústria Química (Abiquim) criou o Programa de Atuação Res-
ponsável, o qual tem como objetivo demonstrar o comprometimento das
indústrias químicas com a preservação do meio ambiente e segurança.
Dentre as empresas brasileiras participantes, temos a Associação Brasi-
leira da Indústria de Cloro Álcalis e Derivados (ABICLOR) e o Polo Pe-
troquímico do Sul.
Ademais, são evidentes a amplitude e a importância da química para
o bem-estar da vida na Terra. Para isso, é imprescindível o investimento
por parte dos órgãos governamentais em instituições de ensino e pesquisa,
a fim de expandir, aprofundar e disseminar os conhecimentos gerados pela
área da química. Além disso, são necessárias parcerias público-privadas
que visem à consolidação da química em projetos sustentáveis. Somente
assim poderemos nos desenvolver e desfrutar dos amplos benefícios que a
química nos proporciona, em busca de um mundo mais sustentável.

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CONTRIBUIÇÕES DA QUÍMICA PARA A


REALIZAÇÃO DOS 17 ODS
Lara Nörnberg Colomby e Felipe Abreu da Silva
Colégio SESI Pelotas | Pelotas – Rio Grande do Sul

2ª Colocada – Etapa Nacional / 1ª Colocada – Etapa Regional – Sistema Privado

Seguindo a agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU,


o ano de 2022 foi designado como o “Ano Internacional das Ciências Básicas
para o Desenvolvimento Sustentável”, trazendo conhecimentos para a popu-
lação sobre as ciências básicas e a compreensão da natureza e tendo o propó-
sito de um desenvolvimento inclusivo, equilibrado e sustentável do planeta.
Convém lembrar que a ONU definiu no Rio de Janeiro, em 2012,
os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um conjunto de
objetivos definidos para suprir os desafios ambientais, políticos e econô-
micos, garantindo que todas as pessoas tenham paz e prosperidade. Mas,
como a química pode ajudar-nos nessa missão?
O setor químico vem fazendo um trabalho importante no Brasil. Va-
mos analisar os dados: No mundo todo, 800 milhões de pessoas sofrem
com a fome, a maioria está concentrada nos países em desenvolvimento,
como é o caso do Brasil. De acordo com uma pesquisa da Rede Pessan,
43,4 milhões de Brasileiros (20,5% da população) não têm alimentos em
quantidade suficiente e 19,1 milhões (9%) estavam passando fome. A in-
dústria química, portanto, é uma grande aliada para a agricultura susten-
tável e a erradicação da fome, pois contribui para a segurança alimentar,
irrigação e conservação de alimentos.
A química é uma fornecedora direta do agronegócio, com produtos
especiais que garantem nutrientes ao solo, redução da erosão e proteção
às plantas contra infestações de pragas, contribuindo para o aumento da
produtividade agrícola e atendendo às necessidades básicas nutricionais de
uma população mundial que vem aumentando. Os produtos da indústria
química também auxiliam reduzindo o consumo de água e de outros re-
cursos naturais, porque fortalecem a produtividade por área plantada, aju-
dando no objetivo dois dos ODS, “Fome Zero e Agricultura Sustentável”.
Outra situação preocupante no país e no mundo é o acesso ao sa-
neamento básico. Segundo pesquisa do instituto Trata Brasil, no país são

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quase 35 milhões de pessoas sem acesso à água potável. A água sem trata-
mento pode causar doenças na população, como a Cólera e a Leptospiro-
se, por exemplo. E, felizmente, a química também desempenha um papel
importante nessa questão. Os produtos químicos possibilitam o trata-
mento, saneamento e a distribuição de água potável para a população,
elevando a expectativa e a qualidade de vida mundial com o tratamento
da água, proporcionado graças às inovações da química e seus produtos.
Este é o objetivo seis: “Água potável e saneamento”.
Em nosso cenário atual, onde diariamente temos de lutar contra a
COVID-19, a química tem suas contribuições, possibilitando a criação de
medicamentos seguros e eficazes contra essa e outras doenças. A indús-
tria química é responsável pela produção de equipamentos e dispositivos
de grande importância para a saúde, apoiando o objetivo número três,
“Saúde e Bem-Estar”.
Pensando no desenvolvimento do país, a química também tem sua
participação, sendo considerada a “Indústria das indústrias” porque está
presente na base da cadeia de mais de 96% de todos os bens manufatu-
rados de vários segmentos da economia. A Indústria química é a terceira
maior participação no PIB do Brasil, e é uma importante geradora de em-
pregos qualificados, em um trabalho diversificado e inclusivo, gerando 2
milhões de empregos diretos e indiretos em todo o país. Assim, contribui
para mais dois objetivos dos ODS, o oito “Trabalho Decente e Cresci-
mento Econômico” e nove “Indústria, inovação e Infraestrutura”.
Um dos problemas da sociedade brasileira é que inúmeras pessoas
ainda não construíram uma confiança na ciência. Cada afirmação cien-
tífica compartilhada através de uma fonte confiável surge pelo método
científico. Em uma explicação resumida, é um longo processo de formu-
lação de perguntas e hipóteses, experimentação e análise de resultados.
Há um longo processo antes que a ciência proponha algo.
Assim, concluímos que a ciência tem um papel fundamental na nossa
sociedade. Com destaque para a química, que contribui muito para o desen-
volvimento sustentável e soberano do país, ajudando em práticas sustentáveis
e socioeconômicas para a realização dos 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável. No entanto, a sociedade precisa ter consciência da situação atual
do mundo, dando mais atenção aos problemas ambientais e econômicos,
para tomar atitudes sustentáveis e fazer sua contribuição ao planeta.

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A QUÍMICA COMO ALIADA DA VIDA


Maria Fernanda Marinoni Veiga e Cleuza Cecato
Colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes | Curitiba – Paraná

2ª Colocada – Etapa Regional – Sistema Privado

“Somente quando a última árvore for derrubada, o último peixe for


morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode
comer dinheiro.”, afirma um sábio provérbio indígena. Em uma tentativa
otimista de impedir que essa previsão se concretize, a ONU desenvolveu
a Agenda 2030, projeto acatado por 193 países que se pauta em 17 Obje-
tivos do Desenvolvimento Sustentável. Sendo o Brasil um desses países, a
urgência em lidar com as várias questões ambientais aumentou, e as dis-
cussões sobre o futuro da grande quantidade de recursos que possuímos
são complexas e recorrem às diferentes áreas da ciência, como a química,
para solucionar seus mais diversos problemas. Ademais, os ODSs se pau-
tam, também, na qualidade de vida das populações, abordando temas
sociais, de saúde e de saúde mental, os quais são essenciais para que um
país atinja seu nível mais alto de soberania.
Primeiramente, é necessário que compreendamos a falta de reconhe-
cimento do Brasil como referência em cuidados para com o meio ambien-
te pelo pouco investimento e reconhecimento que os cientistas possuem
dentro do país. É evidente que a matriz energética brasileira precisa se
alterar, já que, por mais que ela seja predominantemente hidrelétrica, ou
seja, renovável, esse fator não impede que problemas aconteçam, como
a crise hídrica que se estabeleceu nos últimos anos pelo regime irregular
de chuvas. Portanto, se o espaço for aberto e a devida atenção ofertada a
pesquisadores da área, é possível que tenhamos fontes de energia varia-
das em funcionamento, de maneira inovadora e adequada, já que a tecno-
logia avançada vem se provando como o caminho mais inteligente para
solucionarmos problemas ambientais. Um exemplo disso são alternati-
vas desenvolvidas por químicos para a geração de energias mais seguras,
como os painéis solares, os quais produzem energia fotovoltaica a partir
de reações químicas específicas.
Embora a química tenha uma má reputação na percepção de signi-
ficativa parte da população, devido ao medo causado pelos famosos aci-

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dentes nucleares - Chernobyl e Fukushima - e ao uso indevido de certas


substâncias por alguns indivíduos, é necessário que a ignorância dessas
pessoas seja correspondida com conhecimento, para que todos possam
entender a química como uma aliada, tanto em situações de resolução
de problemas, quanto em situações de prevenção de possíveis eventua-
lidades. Justamente com o objetivo de tornar a química essa aliada da
sustentabilidade, a vertente de estudiosos da denominada química verde
traz consigo uma proposta interessante, cuja finalidade é reduzir os riscos
que materiais já existentes possuem, protegendo o planeta e toda a socie-
dade de possíveis ameaças e criar alternativas sustentáveis para os novos
produtos que serão desenvolvidos.
Devemos levar em conta, também, que um país desenvolvido, que
esteja no auge de seu potencial, dá suporte a sua população e tem um
bom índice de qualidade de vida. Nesse sentido, o Brasil ainda deve pas-
sar por melhorias, as quais, em diferentes áreas, também se relacionam
com o avanço da ciência. Além dos fatores ambientais, e, é claro, da me-
dicina, é interessante olharmos para os aspectos humanos e psicológicos.
De acordo com o sociólogo Zigmunt Bauman e sua teoria “Modernidade
Líquida”, os problemas de saúde mental e de vício aumentarão muito nos
próximos anos, devido ao uso irresponsável da tecnologia e às mudanças
que a modernidade trouxe para as relações humanas. Por esse motivo,
profissionais que estudem bioquímica neurológica e desenvolvam méto-
dos e medicamentos para solucionar esses problemas serão imprescindí-
veis no esforço para que o bem-estar da população prevaleça sobre essas
e outras questões que devem surgir com o passar do tempo.
Dessa maneira, para que o provérbio indígena continue sendo ape-
nas um alerta e não uma realidade, é fundamental que a consciência am-
biental se propague pelas pessoas, de preferência de um modo inteligente,
como por meio da educação das crianças e por campanhas informativas
sobre trabalhos relevantes desenvolvidos por pesquisadores e seus im-
pactos na vida das pessoas. Assim, os ODSs propostos pela ONU serão
completados com maior colaboração popular e em menor quantidade
de tempo. Essas ações devem se aliar com a valorização e a criação de
oportunidades para que pesquisadores possam colocar em prática seus
conhecimentos e, de fato, fazerem a diferença em relação ao nosso país,
seus recursos naturais e sua população.

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QUÍMICA
PÓS 2022
Sustentabilidade e Soberania

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