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HISTÓRIA DA ARQUITETURA PORTUGUESA I

Ano letivo 2022/2023

1. A Península Ibérica antes da fundação da nacionalidade

A CULTURA CASTREJA E A ROMANIZAÇÃO NA PENÍNSULA


IBÉRICA

A cultura castreja situa-se a nordeste na península ibérica, limitada


pelo rio Vouga a sul e as Astúrias a este, são civilizações com influências
celtas.
São povoações fortificadas estruturada por habitações em planta
circular, utilização da pedra (granito ou xisto) para a sua construção,
inicialmente eram de elementos vegetais e palha. As casas eram
construídas em forma circular pela falta de conhecimento da construção do
cunhal, ângulo de 90.
Nas primeiras casas castrejas a entrada era pela cobertura, pois não sabiam
como rematar com a pedra então optavam pela essa solução. Não existem
vias, o que sobra do espaço entre as casas é o espaço de comunicação entre
as outras casas. Os castros situam-se em pontos altos como em topo de
montes/colinas/ meia encosta perto de rios, a 500m de altitude entre o
Douro e o Minho, sempre próximo de linhas de água. Viviam de produtos de
pastorícia e pesca, não tanto de agricultura. Formando pequenas comunidades.

Denominações: Castros, Crastos, Castrelo, Castêlo, Cristelo, Cividade, Citânia

A ocupação romana é iniciada a 218 ac e a última zona a ser tomada é os Castros.

A cabana vai sofrendo alterações, inicialmente construindo só com matéria vegetal de


uma forma simples construtivamente, numa fase seguinte ainda com matéria vegetal já com
uma forma de casa, numa terceira fase introduzem a pedra nas paredes, sempre em forma
circular e a cobertura mantém-se com matéria vegetal. Já numa suposta quarta fase supõe-se
que a cobertura também é feita com pedra e depois revestida com matéria vegetal.

Cividade de Terroso, Póvoa de Varzim

É o castro mais antigo, as casas são circulares,


porque não sabiam construir com cunhais, a entrada era
pela cobertura, também pela falta de conhecimento de
como se executavam na sua estrutura, não há espaço
público (é o negativo das casas), portanto não existe nem
ruas nem eixos e dessa forma não há uma organização
definida, por vezes esses espaços sobrantes eram
pavimentados. Muralhas à volta com dupla parede.
Citânia de Briteiros, Guimarães

Já é uma estrutura mais complexa com a introdução das vias de comunicação


influenciado pela romanização, as casas em forma circular têm uma espécie de vestíbulo na
entrada, a porta surge com a influência romana. Quanto à questão da altura é uma dúvida,
construções feitas em pedra granítica ou xisto. Os únicos
edifícios públicos em castros são as saunas/ banhos
purificadores que serviam para rituais de purificação do
corpo e estão sempre perto de uma linha de água. Tinha
mais que uma muralha, o que significa que foi expandida ao
longo do tempo.

Sobre como se desenvolviam em altura, há duas


hipóteses que possivelmente coexistiram:
a) Paredes de 3 a 4 metros de altura, cobertura baixa, com esteio a meio da cobertura
b) Paredes com cerca de 2 metros de altura,
cobertura alta e sem esteio.

Citânia Sanfins, Paços de Ferreira

Apresenta-se como um castro romanizado, com


estruturas de comunicação bastante marcadas, uma rua
principal com vias secundárias, o que cria uma divisão de
espaços onde as famílias iam crescendo e construíam nesse
espaço as suas casas (quarteirões familiares). Há uma variação
da forma nas cabanas, as típicas circulares, as circulares com
vestíbulo e ainda umas quadradas com as pontas redondas por
causa da falta do conhecimento de como tratar o cunhal, estas
últimas cabanas eram utilizadas para os animais. As paredes das
casas apresentavam duas fiadas de pedra e o interior era enchido de entulho, havia ainda um
elemento mais forte para ligar as duas fiadas, um juntouro.

Construção Primitiva

 Arquitetura Primitiva refere-se à arquitetura das sociedades “tecnológica e


economicamente pouco desenvolvida”
 Arquitetura Popular e Arquitetura Vernacular engloba uma intenção “pré-industrial” e
uma “moderna”.

É feita com materiais do local, não requer conhecimento construtivo, não alterada com o tempo.
2. Romanização da Península Ibérica

A conquista Romana é feita no sentido sudeste-oeste, com a conquista vem a rede de


cidades “villae” criando uma divisão administrativa com a criação de estradas e pontes
(ligações).

ESTRADAS E PONTES (vias de comunicações)

Nestas eram utilizados marcos como sinalizadores nas estradas e continham o nome do
imperador, o ano e a distância da província mais próxima. Aeminium é um cruzamento entre a
estrada e o rio e é no monte por causa das inundações e para fácil proteção.

Ponte de Pedra sobre o rio Tuela, Mirandela

Ponte de Segura, Idanha-a-Nova

Ponte de Alcântara, Espanha (maior ponte românica na península ibérica)

Ponte de Vila Formosa, Alter do Chão

CIDADES

Praticamente maioria das grandes cidades portuguesas


nasceram com a romanização. Guimarães, Vila Real e Guarda são
grandes cidades de Portugal, mas estas são medievais e não romanas.

Bracara Augusta (Braga)


Há duas muralhas na cidade, uma romana e uma medieval com uma
zona em comum onde há um desenho mais regular. Com a queda do
império romano e com o cristianismo, a cidade medieval vai
desenvolver-se com o centro na catedral. A catedral estava numa zona
fora da muralha romana, mas depois torna-se o centro na muralha
medieval.

Aeminium (Coimbra)
Estrutura romana – Cardus Decumanus; cardus é paralelo ao fórum e o
Decumanus é mais irregular devido à irregularidade do terreno. O fórum é
hoje o Museu Machado de Castro, Criptopórtico com três pisos, o que
permitiu grande superfície se tornar plana. O templo encontrava-se fora do
fórum, crê-se que fosse a igreja de São Salvador.

Conimbriga
Duas muralhas: Augistina e depois outra mais encolhida para se
proteger das invasões barbaras. Não tem características do
urbanismo romano, o anfiteatro ficava fora da muralha. O fórum
é o único escavado em Portugal e desempenhava a tripla função
– centro religioso, administrativo e comercial. Zona de banhos,
termas. A cidade acabou por ser abandonada, apesar de ser
bastante completa, o bispo foi para Coimbra.
Ebora (Evóra)
Desenho clássico Cardus e Decumanus. No centro seria o fórum, a peça que melhor se preservou
foi o templo dedicado ao imperador e feito de granito, uma pedra pouco associada ao Alentejo.

Egitânia (Idanha-a-Nova)
Duas muralhas, só uma delas existe, a de dentro, a de fora foi reaproveitada para as construções
da população. Castelo dos Templários em cima do templo romano. A cidade tornou-se numa
vila.

VILLAE (vilas e campos)

Villa Romana de Centumcelas, Belmonte

Villa Romana do Rabaçal, Penela


Território muito fértil (produção agrícola), famílias ricas

Villa Romana de São Cucufate, Vidigueira


Vila sem peristilo, edificada em altura.

Villa de Milreu, Estói-Faro


Bom exemplo de arquitetura comum de villa romana em Portugal, com um templo individual,
dimensões generosas e riqueza de mosaicos e decoração, utilização do tijolo.

ARQUITERURA PALEOCRISTÃ EM ROMA

313 (Constantino): Édito de Milão – Liberdade do culto no império


391 (Teodósio): Cristianismo é a Religião oficial
476 Cai o império Romano do Ocidente

A anterior religião era o culto pelo imperador e da divindade.

Arco de Constantino 315


Símbolo da conquista do poder.

Basílica de Maxêncio e Constantino 306-312


É um edifício civil na arquitetura romana dedicado ao imperador, que
servia para tribunal, bolsa de valores e encontros políticos e reuniões
sociais. Construído com caixotões de betão para se tornar mais leve e tijolo.
Corte basilical com 3 naves.

Basílica Júlia 46aC


Fórum coberto de discussão pública com estrutura de madeira no telhado e pedra nas paredes,
tem arcadas

Roma: S. João e S. Paulo 250


Igreja clandestina inserida em blocos de habitação para se camuflar
ÉDITO DE MILÃO (313): Os cristãos constroem as suas estruturas: basílicas

S. João de Latrão, Roma pós 313


O edifício religioso vai adotar a tipologia do edifício civil, planta longitudinal e corte basilical,
ganham afirmação e importância, as colunas simulam o percurso até ao altar. É a primeira sede
do Papa. Constituída por 5 naves sendo a central mais alta para afirmar o corte basilical,
clerestórios para iluminar, entablamento reto, estrutura de madeira na cobertura por ser mais
fácil construir a nível monetário, apoiada por pilares de pedra.

PLANTA LONGITUDINAL (Mundo ocidental) ≠ PLANTA CENTRAL (Mundo oriental)

ATRIUM: “pátio” – espaço antes de entrar na igreja


NARTEX: “abrigo” – transição entre ATRIUM e Igreja

São Pedro Vaticano antes de 324


Surge o transepto na planta longitudinal, onde terá o tumulo de S. Pedro, a construção é em
madeira, com corte basilical, 5 naves, atrium portificado, nártex, entablamento reto. É um
edifício civil adaptado para religioso.

Santa Grace in Gerusalemme 329


Quase uma basílica moderna, com colunas de pedra e estrutura de madeira na cobertura.

ARQUITETURA PALEOCRISTÃ NA PENINSULA IBÉRICA

Basílica de Troia, Setúbal finais do séc. IV


Inserida na comunidade industrial, a indústria do peixe, foi transformada em igreja
com o acrescento da abside e de duas paredes transversais paralelas sobre arcos
apoiados em colunas, as naves são no sentido contrário. É um raro exemplo das
basílicas paleocristãs em Portugal do Império Romano.

A Península Ibérica nos séc. V e VII

409: Vândalos, Alanos e Suevos entram na Península Ibérica


418: Alanos e Vândalos são eliminados na Península Ibérica pelos Visigodos
476: Cai o império Romano do Ocidente
507-539: Francos empurram os Visigodos na Península Ibérica
554: Toledo: Capital do reino Visigótico
Justiniano, imperador Romano do Oriente

Basílica Paleocristã de Torrepalma, Portalegre sec. VI-VII


É uma basílica Paleocristã, mas já depois do Império Romano. É de grandes
dimensões, quase parece uma cidade/vila romana onde a comunidade se
dedicava a atividades agricolas. Com a queda do império romanos, as
cidades perdem a importância e sobrevivem aquelas com sustentos
agrícolas mais perto, como este caso. Tem 2 Absides, batistério com
acesso por escadas. Organização da ila em torno de um pátio central com
torre, versão do séc. XIX de uma vila romana. Só restam as fundações.
Eclésia Paleocristã de Conimbriga sec. VI-VII
Pequena basílica, sem as típicas 3 naves e corte basilical, assemelhando-se à casa romana, com
entrada lateral, peristilo, tanque, triclínio onde comiam. Adaptação da casa para ser uma
pequena igreja, no centro da casa seria o impluvium que é adaptado a um batistério.

Eclésia do Montinho das Laranjeiras, Alcoutim sec. VI-VII


Desenho pouco canónico, caso peculiar, com planta em cruz grega, característica mais comum
no Império Romano do Leste, influência ocidental. As igrejas sírias são influenciadas por estes
desenhos.

ARQUITETURA HISPANO ROMANA DA ÉPOCA VISIGÓTICA

 Região da Península Ibérica que deriva do povo vândalo – Andaluzia


 Vândalos fugiram para o Norte de Africa devido aos Visigodos
 Arquitetura Visigótica: - essencialmente religiosa
- maioritariamente igrejas de planta basilical
- abside virada a nascente precedida pelo coro
- mais decorada no interior do que no exterior
 Cada país tinha a sua língua, mas nas igrejas mantinha-se o latim
 O altar começa a ser vedado, com vedações espessas e altas

VISIGOTOS
- Povo em movimento
- Construções primitivas em madeira
- Aliados dos Romanos

A Península Ibérica nos séculos V-VIII

409: Vândalos, Alanos e Suevos entram na Península Ibérica


418: Alanos e Vândalos são eliminados da Península Ibérica pelos Visigodos
476: Cai o Império Romano do ocidente
507-539: Francos empurram os Visigodos para a Península Ibérica
554: Toledo: Capital do Reino Visigótico
Justiniano, Imperador Romano do Oriente, conquista o sul da Península

585: Cai a monarquia Sueva


Os Visigodos conquistam o Noroeste da Península Ibérica (Leovigildo)
589: Recaredo converte-se ao Catolicismo
654: Código de Recesvinto
711: Tariq atravessa o estreito de Gibraltar (mouros invadem a península)

San Juan de Baños, Palência 661


 Igreja encomendada pelo rei
 Bastante modesta (elementar)
 Corte Basilical com 3 naves e 3 absides
 Capela mor de pedra, teto de madeira, abobadada
 Colunas coríntias
 Elementos vegetais
decorativos
 Arco em ferradura
Mausoléu de São Frutuoso de Montélios, Braga 665
 Mausoléu de um bispo, construído em granito
 Planta de cruz grega/ central, comum em mausoléus
 Marcação nas fachadas
 Elevação turriforme e iluminante sobre o cruzeiro
 3 absides em forma de ferradura e arredondas no interior
 Foi alterada e existem dúvidas de como funcionava

Mausoléu de Galia Placidia, Ravena sec VII


 Influência para o modelo português de São Frutuoso

Santa Comba de Bande, Ourense sec VII, rio lima


 Igreja modesta no exterior, mas monumental no interior
 Confronto entre planta longitudinal e planta de cruz grega
 Composição por adição de volumes
 Monumentalidade: entrada é feita por escadas, temos que
descer para chegar lá
 Pedra com abóbadas em tijolo, técnica romana,
mas toda abobadada
 Capela-mor em arco de ferradura visigótico,
sem pedra de fecho, colunas e capiteis romanos (coríntios)
 Pinturas/ frescos
 Acrescentam-se 4 celas como se fosse um pequeno mosteiro e
uma sacristia

São Pedro de La Nave, Zamora 650-700


 Foi transladada para outro local, por causa de
uma barragem, inicialmente encontrava-se perto
do Douro
 Sítio isolado, mais monumental
 Corte basilical com 3 naves
 Cobertura de madeira
 Planta longitudinal com centro marcado pelo
cruzeiro mais alto e abobadado, mistura de planta longitudinal
e planta cruz grega
 Pórticos laterais: divisão por sexos
 Arcos em ferradura na abertura para a capela-mor
 Capiteis decorados com cenas bíblica

Santa Maria de Quintanilla de Las Vinãs, Burgos VII-VIII


 Exterior modesto com interior decorado
 Só resta parte da cabeceira
 3 naves mais assumidas na volumetria exterior
ARQUITETURA ASTURIANA

711: Tariq Ibn Ziyad atravessa o estreito de Gibraltar


722: Pelágio sustém os árabes na batalha de Covadonga
732: Francos vencem os árabes na batalha Poitiers

800 anos na Península Ibérica


 Romanos refugiam-se nas Astúrias (norte da Península)
 Relações com a arquitetura visigótica
 Sequência de volumes ao qual o elemento mais alto é a nave
 Planta basilical com planta de cruz grega, pórticos
 Autonomia do transepto, capela-mor com capelas laterais
 Colunas e capiteis exteriores com decoração
 Predominância da nave longitudinal

808: Cruz com diamantes de Afonso II, começa nesta altura a dinastia dos reis de Espanha.
Herdeiro do reino Visigótico.

Oviedo vai se tornar a capital do reino asturiano

Palácio de Afonso II, Oviedo812


 Edifício pré-românico
 Lembra uma vila romana
 É o palácio dos reis das Astúrias, a capela real ainda existe

San Julian de Los Prados, Oviedo 812-848


 Uma das igrejas mais notáveis neste período,
 Corte basilical com transepto afirmado 3 pórticos (dois
laterais, pessoas mais importantes, clero e a axial para o
povo), 3 naves, 3 capelas mor retas, 3 cabeceiras
 Planta clara, faz síntese das características principais das
igrejas asturianas
 Capela-mor abobadadas, mas só na zona da cabeceira
 Galeria com janelas perfuradas
 ICONOSTÁSIS: elemento que separa a nave do transepto, arco
com parede incorporada, parede com pilastras, separa a
assembleia do espaço do padre
 CONTRAFORTES: elementos estruturais em madeira, importantes nas
coberturas abobada
 Cobertura de madeira que permite a monumentalidade, naves maiores – algo
que não era atingido com os edifícios em construção de pedra
Desejo de monumentalidade
Utilização de frescos, raro naquela altura, com representações
de arquitetura, cidades, edifícios
Compartimento inacessível que não se conhece
verdadeiramente a sua função, não tem acessos nem ligações,
pensasse que seria acedido por uma corda para que ficasse nesse
espaço refugiado para meditar, pode também ser visto como
apenas um elemento arquitetónico para dar maior escala.
Palácio de Naranco, Oviedo 842
 Edifício famoso
 Palácio de Verão/retiro, sala de audiência
 Palácio transformado numa igreja
 Peça notável da arquitetura, com estrutura muito
bonita
 Abobadado
 Arcos torais – Abóbada de berço com espécie de
esqueleto
 Pedra
 Ideia de monumentalidade com um andar falso
 Contrafortes: marcações de ritmo
 Acelera a perspetiva com a altura dos arcos, vontade que a sala seja
monumental
 Relação com a paisagem através de varandas
 Marcação decorativa na fachada, vegetalista com espécie de filigrana, muito
trabalhado

San Miguel de Lillo, Oviedo842-850


 Parte da capela caiu, 2/3 devido a limitações na construção
 Cabeceira tripartida com as 3 capelas quadrangulares
 3 naves com corte basilical, abobadada
 Cobertura em pedra – espaços mais pequenos e apertados: nave
 Tribuna sobre a entrada para o rei
 Capela mor acrescentada à estrutura que restou
 Contrafortes retangulares em toda a volta
 Decoração dos arcos, vontade de criar um ambiente
luxuoso e elaborado, mas a técnica é limitada, assim
como a vontade de ser monumental sem ter as
capacidades necessárias para tal

Santa Cristina de Lena 842-850


 Pequena capela
 Duplamente simétrica – retângulo com capela mor,
pórtico de entrada e dois pórticos laterais
 Planta longitudinal
 Abobada com arcos torais, arcarias
 Contrafortes em toda a volta do edifício
 Zona de celebração da missa é mais alta
 Tribuna acima da entrada
 Complexidade espacial, com pequenos truques e
efeitos
 Iconóstases, elemento delicado com função espacial
que separa a zona de onde se celebra a missa da zona
de assembleia
 Pé direito alto, com variações; conjunto de
circulações verticais
 Construção em xisto
San Salvador de Valedediós 893
 Alta e estreita, 3.5m de largura
 Corte basilical
 Tribuna por cima da entrada, espécie de
coro alto com acesso de escada
 Contrafortes em volta
 Cabeceira tripartida
 3 naves
 Transepto
 3 metros de nave
 Abobadada
 Vontade de monumentalidade, mas com pouca capacidade
técnica
 Nota-se que a civilização é muito parada no tempo, quer
construir edifícios monumentais me não sabe como, poucos
recursos.

ARQUITETURA ISLÂMICA NA PENINSULA IBÉRICA

O povo mouro esteve na Península Ibérica desde 711, quando passaram o estreito de
Gibraltar até 1492, quando os reis católicos conquistaram granada. Quase 800 anos de
permanência islâmica no território peninsular, mais do que os romanos.
Nesta altura a civilização muçulmana causava admiração por toda a Europa, a cidade de
Córdoba tinha a cidade iluminada à noite em pleno séc. IX. Árabes tinham grandes bibliotecas,
foram portadores e herdeiros da ciência (filosofia, medicina…).

Mesquita de Córdoba, Espanha978-987


 A mesquita tem uma catedral dentro o que mostra a sua
dimensão
 A mesquita sofre evoluções em cerca de 200 anos com
adição de elementos
 Arco islâmico, em que o extradorso acompanha o
intradorso paralelamente
 Pátio aberto e espaço coberto depois
 Minarete (torre da mesquita)
 Orientado a Meca
 Capela-mor: Mirado – representação do altar e Kibula – parede de fundo
 Espaço central, ao pé do altar, que é mais elaborado, complexo com abobada e
muito decorado
 Equivalente ao fórum romano
 Mistura religião e estado, toda lei é feita a partir da religião
 Decoração muçulmana: decorações escritas, não há
decorações figurativas, os mouros só usavam
representações vegetais muito estilizadas, padrões
geométricos e caligrafia
 Várias estruturas
 Grande espaço que pode levar a desorientação espacial
 Sala polivalente abrigada e com ambiente fresco
Alhambra, Granada
 Último espaço islâmico conquistado pelos
cristãos em 1492
 Palácios islâmicos eram mais luxuosos que os
cristãos
 Muitos pátios para o rei e para toda a família
real, este com fontes de água
 Trabalho com a água, recurso precioso
 Fortaleza e palácio ao mesmo tempo
 Grande sala quadrada fortificada de receção
 Por fora parece um paralelepípedo forte, mas
por dentro há uma imaterialidade, deixa de
haver paredes
 Superfície complexa e continua
 Cidade muralhada
 Decoração vegetal, abstrata e caligráfica, nunca
é figurativa
 Frases do Corão como decoração

Castelo de Alcaçova (Al Qaban), Coimbra sec.X


 O Pátio das Escolas era uma grande fortaleza muçulmana
 A porta férrea era a porta de entrada
 Todas as estruturas da muralha de Coimbra têm origem romana, mas foram
fortificadas neste período. Exemplo da torre de Almedina, foi adaptada da
muralha islâmica
 Nas muralhas islâmicas a entrada nunca é de frente, 45º graus, sifão
 Romana, adaptava pelos árabes e depois pelos cristãos e por fim com edifício
manuelino

Mesquita em Mértola
 Mesquita transformada em igreja cristã no séc XVI,
mas com origem islâmica
 Não se entra a eixo, mas sim de lado
 Porta moura com arco em ferradura
 Vestígios Muçulmanos
 Colunas e capiteis coríntios islâmicas (também
herdaram cultura romana)
 Minarete transformado em torre com uma cruz em cima
 Naves semelhantes as de Córdoba
 Telhados seguidos fazem lembrar a mesquita de Córdoba
 Hoje o telhado é único, tetos abobadados, 20 anos
depois num tardo manuelino
ARQUITETURA MOÇÁRABE | NOROESTE DA PENÍNSULA IBÉRICA

Arquitetura feita por cristãos, quando viveram sob domínio árabe. Por vezes construíam
no próprio terreno mouro, como depois também na reconquista, houve algumas comunidades
mouras que ficaram do lado cristão.
Os cristãos vão ser influenciados pelas características árabes, levando essas técnicas
para norte, fenómeno interessante e curioso na Península Ibérica por os edifícios cristãos
acabarem por ser construídos com estruturas e técnicas muçulmanas.
Os reinos cristãos aceitam a vinda das pessoas que estavam a fugir do sul, mas enviam-
nas para locais, por vezes isolados, para consolidar a presença cristã.

Podemos ter dois tipos:


 Edifícios mais pequenos que funcionam como soma de vários volumes
autónomos;
Ou
 Edifícios maiores tipo basílica com organização espacial de “desorientação”.

Igreja de Santiago de Peñalba, Ponferrada 909


 Local remoto no norte de Espanha numa aldeia de xisto em Leon
 Ardósia
 Porta de entrada com duplo arco islâmico, diferente do arco
visigótico – ALFIGE
 Entrada lateral e não axial, o mistério na arquitetura islâmica
 Composição de volumes, cada um com a sua própria estrutura
 Colunas clássicas à maneira árabe
 Cúpulas gomadas, como se fossem gomos de laranjas, lembram
as cúpulas orientais
 Contrafortes
 Duas absides, pensa-se que teria um túmulo de
um santo numa delas
 Arcos de ferradura em planta
 Portas e janelas com arcos em ferradura

Capela de San Miguel de Celanova, Ourense 936


 Pequena capela com 7 metros de
comprimento
 3 volumes autónomos
 Colunas e arcos
 Cada qual com a sua lógica
construtiva
 Entrada lateral
 Mísulas, suportam os beirados
Igreja de San Miguel de Escalada Léon 913
 Configuração mais clássica de igreja, de estrutura
maior, ampla
 Basílica paleocristã com corte basilical, 3 naves com a
central mais alta
 Arcaria
 3 capelas redondas, com desenho de arcos de
ferradura em planta
 Galeria em arcada que protege a entrada, que é feita
pela lateral, a abertura axial não é uma entrada, mas
sim uma janela
 Iconóstases
 Espaço complexo, não é clara a disposição e
organização espacial
 Interior faz lembrar a Mesquita de Córdoba, floresta de
colunas

Igreja de San Cebrián de Mazotex


 Semelhante a San Miguel de Escalada
 Entrada lateral evidente
 Tipo basilical em corte e planta
 Cúpulas de gomos
 Cobertura de madeira na nave
 Cruzeiro tem autonomia relativamente à abside
 Contra abside onde também haveria um túmulo
 Capitéis de desenho vegetalista
 Basílica crista desenhada com elementos arquitetónicos
islâmicos

Santa Maria de Lebeña 924


 Implantada no meio das montanhas
 Duas entradas laterais
 Pórtico: mais recente
 Mísulas no rebordo do telhado. São peças estruturais e
decorativas – características da arquitetura moçárabe
 Planta experimental: duas cruzes, espécie de
dupla cruz grega sobreposta
 Essa junção resulta em dois cruzeiros
 Capela-mor, contra abside
 Independência entre volumes
 Arcos em ferradura muito bem construídos
Capela de San Baudelio de Berlanga 913
 Pequena igreja que parce um cubo
 Coluna central que saem arcos em
ferradura em todas as direções, faz
lembrar uma palmeira
 Espécie de coro alto/tribuna, escadas
 Capela-mor
 Entrada lateral, temos que nos virar
para estar de frente para o altar
 Pequeno espaço de meditação no topo, recolhimento,
acessível com uma corda, no negativo da abobada
 Muito decorada

3. Arquitetura Românica

Primeiro estilo verdadeiramente internacional depois da Arquitetura Clássica, depois da queda


do Império Romano do Ocidente.
1143 o Rei Leão e 1179 pelo Papa.

As 3 principais características:
I. Introdução de elementos verticais – Torres
 O românico faz a síntese de vários elementos (basílica e torres)
 Duas torres flanqueiam a entrada principal (ideia da porta romana)
 As torres têm como função sineira, defensiva e iluminação (iluminar o cruzeiro)
 Corte basilical
II. Articulação rítmica do espaço – Planta longitudinal
 Conceção longitudinal do espaço torna-se predominante
 O percurso de encontro a Deus é “real”, mais do que “abstrato”
 Sequência rítmica dos espaços
III. Aspeto fechado e maciço
 Não obstante, inicia-se o caminho para uma nova relação entre o interior e o
exterior que conduzirá à estrutura esquelética (invenção do período gótico)

➢ Idade média, período mais de destruição do que construção


➢ Não percebemos o gótico sem entender o românico
➢ Evolui de forma mais ampla e leve
➢ O plano das igrejas românicas é quase sempre BASILICAL, adotam NAVES e CABECEIRA,
além do TRANSEPTO. A cabeceira era reservada aos altares, o transepto ao coro e as
naves ocupadas pelo público
➢ Comparação com a cruz de Cristo: cabeça no altar, braços no transepto e a parte inferior
do corpo nas naves
➢ Espaços mais homogéneos e contínuos, maior cuidado na fachada, alçados laterais e no
aspeto exterior das coberturas, denunciando a organização espacial interior
➢ A igreja pré-românica era para ser vista por dentro e as românicas por dentro e por fora
➢ Distinguem-se dois tipos de abobadas: ABÓBADA DE BERÇO/CANHÃO e a ABOBADA DE
ARESTA, que no fundo são um cruzamento entre duas abobadas de berço
➢ No gótico aparece a abobada de ogiva com nervuras
Igreja de São Martinho de Tours, França final do séc V
 Introdução de novos elementos: torres (função defensiva,
sineira e iluminação), transepto e cruzeiro
 Corte basilical
 Cobertura em madeira
 Vários volumes
 5 naves com 7 capelas
 Nave central com abobada de canhão e naves laterais com
abobada de aresta

Igreja de São Miguel de Hildesheim, Norte da Alemanha 1001


 Pré-românica, tem cobertura de madeira
 Composição de volumes horizontais e verticais
 6 torres (uma para cada cruzeiro e 4 torres circulares
com acessos verticais)
 Westwerk – dois transeptos
 Cripta por baixo da capela-mor
 Absides nas extremidades
 Planta longitudinal
 Deambulatório

Catedral de Speyer, Alemanha 1930


 Pré-românica
 Cobertura já é em pedra com abobadas de aresta
 Elementos verticais – torres para iluminação e campanários
 Síntese entre o corpo comprido e elementos verticais

Em França, a ideia de deambulatório foi trabalhada com maior complexidade e a zona


da cabeceira vai também ter muito detalhe para permitir zona de túmulos dignos para santos,
bispos e reis. Capelas Radiais permitem várias cerimónias religiosas acontecerem ao mesmo
tempo que a cerimónia principal a decorrer na capela principal. Mais cerimónias, mais fiéis, mais
ofertas, mais dinheiro. Este fenómeno é desenvolvido no românico.

Igreja de Saint-Philibert de Tournus 950-1120


 Torres
 Cabeceira abobadada
 Capelas radiais com dois andares, o dobro de cerimónias
que podem ser realizadas em simultâneo
 Deambulatório, é por onde se acede às capelas radiais
 Criptas
 3 naves
 Abobadas de aresta sem nervuras nas naves laterais
 Abobadas de berço na nave principal com pé direito total
transversais
 Sistemas de arcos de diafragma transversais à nave principal que reduzem o
peso que a cobertura exerce sobre as paredes laterais
O Caminho de Santiago

Vários caminhos provinham de França, culminavam os Pirinéus e resultam em Santiago


de Compostela. Esta peregrinação vem da história mítica de que os ossos do apostolo Santiago
tinham dado à costa num barco e ali teriam sido enterrados os seus restos mortais, construindo-
se uma capela.

Desde França até à Igreja de Santiago de Compostela, encontram-se cinco importantes


igrejas, estando esta incluída. Este conjunto representa a síntese da melhor arquitetura que se
fez à época, são de vanguarda. A 100km de Portugal, vai ter, naturalmente influências na
arquitetura portuguesa.

Nestas igrejas notam-se desenvolvimentos do românico, do domínio da pedra, em que


as colunas maciças que ocupavam grandes áreas, passam a um sistema otimizado com colunas
delgadas. Cem anos antes, uma importante igreja da Borgonha tinha pilares a corresponder a
80m2 e Santiago de Compostela ocupava apenas 27m2 num sistema otimizado com arcos torais.
Estas igrejas são completamente abobadas – completamente românicas.

Baseando-se nas igrejas pré-românicas francesas, em Santiago de Compostela


consolida-se a integração das torres (duas na fachada e uma no cruzeiro), cabeceira complexa
com deambulatório e capelas radiais, planta longitudinal, 3 a 5 naves, transepto tem 3 naves
que permite um circuito perimetral (continuidade entre as naves, o transepto e o
deambulatório. Tem mais capelas no braço do transepto, o aperfeiçoamento técnico permite
pilares mais esbeltos e todas elas são em pedra. Estas características em comum vão levar a
plantas muito parecidas com escalas a diferir.
Catedral Santiago de Compostela 1075-1211
 Planta basilical em cruz latina
 Transepto bem afirmado com 3 naves
 3 naves
 9 torres
 Capela-mor com deambulatório e capelas e radiais
 Ideia de ritmo, percurso, linearidade e longitudinal
marcadas
 Nave principal - Abobada de berço com arcos torais com
continuidade estrutural
 Naves laterais – Abobadas de canhão com arcos torais mais abobadadas
de aresta
 Galerias nas naves do transepto
 Cobertura em pedra
 A fachada atual é barroca

ARQUITETURA ROMÂNICA EM PORTUGAL – As Sés


➢ Corresponde aos reinados de Afonso Henriques e Sancho I
➢ Madeira e pedra como materiais principais
➢ As Sés: entrada do romântico internacional em Portugal, promovidas pelo Bispo
➢ Igrejas longitudinais orientadas a nascente: Orientação canónica
➢ Capela-mor quadrangular com cobertura de madeira
➢ Presença de contrafortes

D. Afonso Henriques 1109-1143-1185


 Tratado de Zamora
 Processo paralelo com a reconquista cristã
 Avançar para Sul, Portugal chega mais depressa
 Fez a sua capital em Coimbra

Conquistas aos mouros no reinado de D. Afonso Henriques


1135-45: Leiria
1147: Santarém e Lisboa
Sé de Braga1097-1230
 Primeira grande construção religiosa em Portugal
 Única sé em Portugal com cobertura de madeira; sem
abobadas
 Não há deambulatório
 Transepto de uma só nave
 Tenta ser Santiago de Compostela, mas acaba por ser uma
versão muito mais modesta
 3 naves
 5 capelas na cabeceira, a original seria redonda
 Fachada atual é clássica do século XVII
 Duas torres na fachada
 Arcos Diafragma: sistema engenhoso de elevar a cobertura
acima dos arcos, de forma a esconder a madeira, só vemos a sequência de arcos,
essas paredes de pedra, apoiados em fortes pilares.
Arcos com plano de parede onde assenta o teto e
que fazem efeito de construção em pedra
 Construção em calcário
 Átrio que prepara a entrada nas naves
 Claustro a norte da igreja – sistema utilizado pela
ordem beneditina
 Ilusão ótica
 Peça comprida e horizontal
Sé de Lisboa 1150-finais do séc. XII, Mestre Roberto
 Grande catedral românica
 Fotocópia da Sé de Coimbra
 Construída sobre uma mesquita
 3 naves com 6 tramos
 Transepto simples de uma só nave, pouco
evidenciado
 2 torres sineiras
 A cabeceira original não tinha deambulatório,
uma cabeceira simples com 3 capelas redondas
(capela-mor e duas absides laterias)
 Cobertura da nave principal com abobada de berço
 Naves laterais com abobada de ogiva
 Não tem corte basilical
 Portal sem arquivoltas
 Abobada, com arcos torais
 Galeria no primeiro andar semelhante a Santiago de Compostela,
mas simplificado (percurso só para uma pessoa) - trifório
 Tinha uma torre sineira e lanterna sobre o cruzeiro, desapareceu
com o terramoto de 1755
 Construção em calcário
 Rosácea, anteriormente seria um óculo grande, mas não deriva da rosácea atual
 Claustro gótico particular, é atrás da igreja e não ao lado

Fachada da Sé de Coimbra Fachada da Sé de Lisboa


Sé Velha de Coimbra 1162-inicios do séc. XIII, Mestres Roberto, Bernardo, Soeiro
 Influências das igrejas do caminho de Santiago
 Contrafortes que marcam um desenho como se fossem as
torres na fachada que contem a torre sineira
 Não tem torres, é mais pequena e não tem espaço
 Duas portas: uma porta terrestre por onde se entra e uma
porta celeste, simbólica por onde entra luz
 Portal com arcos sucessivos
 Não tem corte basilical
 Claustro gótico
 Planta de cruz latina simplificada
 3 naves de 5 tramos
 Transepto simples de uma nave e pouco afirmado com 1
cruzeiro
 Não tem deambulatório
 Arcos torais
 Nave central com pé direito duplo com abobada de berço
 Naves laterais com abobada de aresta
 É a única sé que tem a capela-mor redonda, representa mais ao
menos o original com a remoção da sacristia do século XVII
 3 capelas na cabeceira, redondas
 Lanterna é barroca no exterior e gótica por dentro com
abobada de ogiva
 Galeria no piso superior com abobada de berço, no topo do
transepto procura o pequeno percurso de uma pessoa como na
Sé de Lisboa (trifório)
 Galeria superior à maneira de Santiago de Compostela também
 Desenho moçárabes no portal
 Semi colunas que engatam nos arcos torais
 Ameias
 Capiteis pouco decorados, mais no primeiro andar com
elementos vegetais e animais
Sé do Porto 1175 – meados do séc. XIII, Mestres Roberto, Bernardo, Soeiro
 Última catedral românica
 3 naves de 5 tramos
 Transepto alto e saliente
 Não tem trifório (galerias) como em Coimbra e
Lisboa, apenas janelas de iluminação
 Corte basilical
 Arcos botantes no exterior
 2 torres
 Se tirarmos “as cebolas” das torres e o portal fica
uma imagem mais próxima do original
 Portal como o de Coimbra com arcos sucessivos
 Cabeceira não é a original, tem um aspeto
maciço e bruto e é barroca
 Única catedral com deambulatório como em
Santiago de Compostela
 Rosácea gótica na fachada introduzida mais
tardia
 Claustro gótico
 Construção em granito
A Sé de Évora, a sul do país, é também românica, de grande escala, mas tem mais elementos
góticos.

4. Igrejas Beneditinas

As construções beneditinas, nomeadamente, de mosteiros rurais no interior, em zonas mais


remotas são uma outra porta de entrada da arquitetura românica. Construção importante com
apoio de nobres e membros da família real. Atividade agrícola é uma característica nestes
mosteiros. Ordem religiosa beneditina.

São Bento de Núrsia 480-547

S. Bento de Núrsia é um monge italiano, que procura regulamentar a vida dos monges.
Cria uma regra beneditina “Ora e labora” – reza e trabalha, viver em comunidade, rezavam e
trabalhavam na agricultura para aumentar a riqueza do mosteiro. Acordavam com a aurora,
rezavam a missa, trabalhavam e à hora de almoço comiam no refeitório juntos enquanto alguém
lia as sagradas escrituras. O canto gregoriano foi desenvolvido pelos beneditinos. Todo o
quotidiano da vida monástica tinha sido previsto por S. Bento de Núrsia. Ordem beneditina é a
primeira ordem religiosa que aparece.

Organização de um Mosteiro

Igreja, Claustro, Dormitórios/Celas, Refeitório, Sala do Capítulo


Igreja e Mosteiro de Cluny III1088-1121
 Maior mosteiro medieval da Europa Ocidental
 6 torres no total: 2 torres cruzeiro, 2 na fachada e 2 no
transepto
 40 metros de altura
 Dois níveis de galerias (trifório + clerestório)
 Abobada em canhão suportada por arcos torais
 Sistema de meias colunas que lançam arcarias da nave e lançam arcos torais nas
naves laterais, perpendiculares à nave principal
 Abobada de berço quebrada
 5 naves (complexidade)
 Corte basilical
 Nártex onde estão duas das torres
 Fachada com imagem forte com portal decorado com símbolos para transmitir
uma mensagem, já que maior parte das pessoas não sabiam ler
 Portal acaba por ser tapado com o nártex
 Construída em pedra
 O coro reunia-se na capela-mor, o som propagava-se por toda a nave
 Não tem um deambulatório complexo, tem 3 absides
 Contem programa extenso: oficina, enfermaria, padaria, adega, sítio para
guardar animais – grande produção
 Continha uma grande quinta agrícola
 Máquina de ostentação/poder
 S. Hugo de Cluny (abade) contribuiu muito para a expansão de Cluny, tornou-se
uma ordem tão rica que passados 100 anos destruíram a igreja de Cluny II e
constroem uma muito maior – Cluny III
IGREJAS BENEDITINAS EM PORTUGAL

Primeiras comunidades vieram de França, estas são predominantes no Norte de


Portugal. É notável pela organização espacial e pela escultura ornamental. As maiores
apresentam falso transepto, só as absides e absidíolos são abobadados. Destaca-se a riqueza
ornamental nos capiteis da nave, nos portais e nos tímpanos com escultura de temas bíblicos.

Tipologia Beneditina:
➢ 3 naves
➢ 3 tramos
➢ Transepto (pode ser evidenciado ou absorvido pela volumetria geral)
➢ Cobertura de madeira
➢ Cabeceira de 3 capelas com planta semicircular com cobertura em abobada de
pedra
➢ Arcos diafragma
➢ Escala variável

São Pedro de Rates, Póvoa de Varzim séc.XII- Restaurada em 1946


 Mosteiro no Norte de Portugal que vai ser doado a frades beneditinos que vêm
de França
 Terreno produtivo
 Ar rude e bruto, mas com simplicidade
 Fachada com carácter forte e maciço, influenciado pelos
modelos franceses, mas simplificada
 3 naves
 4 tramos de tamanho desigual
 Corte basilical
 Poucas aberturas, são em forma retangular, mas também não
são originais
 Portal com imagem de Cristo, com arquivoltas e decoração em
redor das colunas e dos capiteis. mas simplificado
 Naves com cobertura de madeira e transepto abobadado em
pedra
 Abside e absidíolos redondos
 Ritmo de pilares estranho, por terem formas diferentes
 Contrafortes com decoração nos alçados laterais
 Cabeceira não é a original, barroca
 Intervenção feita por Rogério de Azevedo, arquiteto que fazia de
tudo na arquitetura, fez a cabeceira neorromânica
 Sacristia foi demolida
 Rosácea feita pelos monumentos nacionais, no lugar de uma
janela existente
 Construção em granito
São Salvador de Travanca, Amarante 2º Quartel do séc. XII
 Pequeno mosteiro beneditino em granito
 Torre defensiva ao lado da igreja, reconstruída com o
que seria anteriormente com os cachorros que
estariam a suportar uma plataforma mais larga, pelos
monumentos nacionais
 3 naves com 3 tramos
 Ilusão da cobertura ser em pedra, mas é em madeira
 Arcos torais
 Clerestório ao longo da nave central
 Transepto absorvido pela volumetria
 Corte basilical
 Cabeceira e capela-mor redonda
 Arcos diafragma com arcos meio apontados nas naves
 Tímpano sem decoração
 Aberturas pequenas
 Portal simples
 Capela mor original era abobadada de pedra e seria mais pequena, foi
substituída pelo charuto porque precisavam de espaço para os cadeirais
dos monges e por isso todas as igrejas mudaram as suas capelas-mor no
século XVII, período de grande riqueza

Igreja de São Salvador de Ganfei, Valência do Minho finais do séc. XII


 Pequena igreja, hoje é totalmente barroca no exterior
 Corte basilical
 Transepto sem expressão volumétrica
 3 naves com 4 tramos
 Cobertura em madeira
 Cabeceira é alterada
Paço de Sousa, Penafiel meados do séc. XIII
 Igreja um pouco mais tardia
 Rosácea, alterada
 Corte basilical
 3 naves com 3 tramos
 Portal decorado, com parede mais espessa escavada
 Marcação de lintel com cachorros por cima do pano do
corpo principal da fachada, onde está o portal
 No século XVII a torre é retirada pela intervenção dos monumentos nacionais
 Transepto afirmado (mas não é na planta) com uma
pequena torre de cruzeiro (particularidade)
 3 capelas-mor
 Cabeceira é alterada, transformada em charuto, retangular
e alongada
 Arcos em diafragma que disfarçam a cobertura
 Arcos apontados
 Cobertura em madeira, apesar de ser em madeira, tem um sistema muito forte
e pesado
 Sistema em colunelos no sentido da nave e no sentido transversal
 Construção maciça em pedra
 Estilo de transição entre o românico e gótico
 Claustro gótico

Pombeiro de Ribavizela, Guimarães meados séc.XII


 Maior e mais importante abadia no norte e a mais rica
no período medieval
 Aspeto germânico
 Muito transformada no século XVII, nomeadamente na
fachada
 2 torres que foram acrescentadas
 Portal e rosácea que são elementos originais
 Interior barroco revestida a talha dourada e pintura branca, mas vemos um dos
absidíolos da capela mor
 Planta típica com 3 naves com 3 tramos
 Transepto pouco afirmado em planta
 Cabeceira foi também alterada
Acontece sempre o mesmo
sistema nas igrejas que vimos.
O esquema é sempre o
mesmo, o que varia é a escala,
dependendo da importância
da igreja e das possibilidades
económicas.

5. Igrejas Agostinhas

Ordem de Santo Agostinho, diferente, mas que se


rege pela ordem Beneditina, mas vai ter implantações
sobretudo urbanas. Uma ordem com cónegos, ou seja, são
padres, não propriamente frades, todos celebram missa e
vivem em comunidade.
A principal característica é a torre sobre a fachada.
Normalmente tem a torre sobre a entrada que provinha de
a implantação ser fora das muralhas, numa posição mais
defensiva.

Santa Cruz de Coimbra meados séc. XII


 Mosteiro da Ordem de St. Agostinho com
apoio direto de D. Afonso Henriques, que fez
Coimbra a sua capital
 A igreja tinha a sua própria muralha, estava
localizada fora das muralhas da cidade
 Não sabemos como era originalmente, hoje é uma igreja manuelina,
reconstruída como igreja de uma só nave com abobada de canhão
 Portal com elementos manuelinos e renascentistas
 Maciça
 A zona que se tem mais informação é a entrada porque existem vestígios de
arcos
 Reconstrução hipotética de Jorge Alarcão: hipótese de ter 3 capelas laterias,
abobada única, cabeceira arredondada, torre e nártex na fachada, transepto de
3 naves
 Dúvidas sobre ter abobada porque há capela gótica so séc. XIV do lado direito.
Seria difícil abrir essa capela com uma abobada tão pesada e grande.
 É uma réplica em escala reduzida da Sé Velha
São Vicente de Fora, Lisboa meados séc. XII
 “De Fora” – fora das muralhas
 Igreja reconstruída completamente, século XVI
 Planta em cruz latina, com nave única com 6 capelas laterais
com transepto inscrito
 Capela mor muito estranha por ter capela mor que cresce
para trás – possível acréscimo posterior
 Torre sobre fachada
 Podia ser de madeira ou abobadada
 2 claustros
 Desenvolve-se em 3 andares
 Estátuas de Santos Agostinho, Sebastião e
Vicente, sobre a entrada

Igreja Paroquial de São Martinho de Mouros, Resende


 Pequeno convento rural, não pertence à ordem de St. Agostinho
 Igreja paroquial que copiou esta tipologia
 Torre sobre a entrada
 Cobertura de madeira
 Planta longitudinal com nave única
 Capela mor, mais capela lateral e sacristia
 Portal com arquivoltas
 Abobadada até ao transepto

Mosteiro de São Martinho de Castro, Arcos de Valdevez


 Implantada sobre o declive nascente de uma coluna
 Convento Agostinho
 Torre sobre a entrada
 Igreja muito comprida e estreita de uma só nave
 Capela mor
 Organização espacial monástica muito embrionária, mas bastante clara
 Edifício em volta teria sido um claustro de madeira que caiu posteriormente
São Martinho de Cedofeita, Porto
 É ainda uma pequena igreja agostinha
 Simples
 Nave única abobadada com abobada de
canhão
 Capelo mor com arcada cega – ligeireza
 Capela mor como espaço mais trabalhado
e mais importante da igreja
 Nártex na entrada
 Intervenção dos monumentos nacionais num sentido de Violet le Duc
 Arcos torais, meias colunas laterais
 Cobertura em pedra

6. Românico no Norte de Portugal


Outro fenómeno do românico rural são as igrejas paroquiais das vilas e das aldeias do
norte de Portugal, vão mostrar a importância da arquitetura românica nas pequenas
comunidades agrícolas que ocupavam a zona norte de Portugal.

A ideia principal é serem de composição muito simples:


➢ 2 volumes: nave e capela-mor (redonda ou retangular e
abobadada ou de madeira)
➢ Introdução da decoração
➢ Portais laterais e na capela mor trabalhados com
representação de símbolos
➢ Escultura românica de simbologia muito básica, primária
para educar as populações na religião cristã
➢ Capiteis expressivos

Igreja de São Pedro de Ferreira, Paços de Ferreira séc. XII-XIII


 Esquema simples com nave única estreita, longa e muito
alta
 Recinto à entrada da igreja com decoração abstrata, para
representar a entrada num mundo celestial, como se
estivéssemos a entrar no céu. Presença de animais
fantásticos (aves, aguias) para afugentar o mal -
PARADISOS
 GABLETE – elemento pré gótico, é uma peça que alberga
portal de entrada com decoração muito minimal em
forma triangular
 Capela mor composta, é reta e redonda com a mesma
largura da nave, abobadada
 Cobertura de madeira, mas é possível ter sido pensada
para abobadada
 2 andares, um de arcada cega
 Arco toral da cabeceira apoia-se em pilastras
 Grande dimensão, meio rico – é uma pequena comunidade que
consegue construir uma igreja com qualidade técnica
 Arcos desenhados na parede – vontade de abrir janelas, mas para
suportar a abobada não era possível
 Monumentalidade e sobriedade
São Salvador de Ansiães, Carrazeda de Ansiães séc. XIII
 Implantação num espaço isolado ao pé de penedos de
granito, a aldeia desapareceu e restou a igreja
 Muito elementar/ modesto
 PARADISOS – cemitério como corpo coberto na entrada
 Portal muito trabalhado, com representação de cristo
com a mão sobre a bíblia e outra a benzer dentro da
mandorla e 4 figuras à volta que representam os evangelistas:
Águia – São João
Leão com asas – São Marcos
Boi (touro) – São Lucas
Anjo – São Mateus
 O portal tem uma decoração com função pedagógica, são populações isoladas
em que maior parte não sabiam ler nem escrever e eram assim ensinadas
através das decorações
 Planta mostra a simplicidade
 2 volumes retangulares – nave e capela mor, ambas com cobertura de
madeira
 A maior complexidade encontra-se no portal a sul

São Cristóvão de Rio Mau, Vila do Conde sec. XII-XIII


 Apesar de estar no norte, a pedra utilizada não é o granito, mas
talvez um arenito
 Muito pequena
 Pequeno campanário que foi destruído pelos monumentos
 Composição simples com 2 volumes, nave + capela mor
 Nave com cobertura de madeira, mais pobre e menos cuidada
 Capela mor com abobada de berço, retangular iluminada por 6
janelas
 Espaço muito fechado, ar misterioso
 Tratamento particular com marcação forte no arco triunfal
 Decoração no portal lateral, tímpano com decoração muito apagada de bichos
fantásticos, de difícil interpretação
 Portal com 3 arquivoltas com figura do Bispo, Grinfo e um
dragão - animais fantásticos a lutar
 Capiteis marcantes na capela mor, com desenhos pitorescos,
naïfs, populares que contam histórias, muito expressivos e
plásticos
 Separação entre nave e capela mor – representação de uma
igreja mais antiga e com o aproximar do gótico, tinham
tendência a aumentar os espaços
São Salvador de Bravães, Ponte da Barca Séc. XIII
 Composição simples com portal muito decorado
 Portal fantástico, complexo – Cristo no centro dentro de
uma mandorla. Dois santos, um de cada lado, pode ser S.
Pedro e S. Paulo.
 Arquivoltas estilizadas uma com aguias, outra com leões,
aves, serpentes e outra com apóstolos
 Colunas com representação da Anunciação:
representação da virgem grávida com a mão na barriga e
figura masculina que pode ser S. José
 Decoração dos capiteis a intercalar desenhos animalescos
com vegetalistas
 Interior com marcação vincada do arco triunfal,
separação entre a nave e a capela mor, para dar uma
sensação de um espaço misterioso, obscuro da igreja,
com menos luz
 Capela mor apertada e retangular
 Volumes articulados com coberturas escalonadas
 Ambos os volumes têm cobertura de madeira
 Interior caiado, a cal protegia a pedra da chuva
 Sistema estrutural de paredes portantes

São Pedro das Águias, Tabuaço (Rio Távora) Séc. XII-XIII


 Igreja mais elementar, mas muito interessante devido à sua
implantação
 Localiza-se perto do rio Távora, num sítio muito isolado,
rochas que tinham grutas que funcionavam várias eremitas
 Cabeceira voltada para nascente
 Igreja fazia separação entre o espaço religioso e o espaço
publico com a aldeia
 Igreja construída contra a rocha e portal só se vê se estivermos lá
debaixo
 Desenho vegetalista quase céltico
 Planta simples, mas forte que marca bem a relação entre a igreja e
a rocha
 Planta simples do românico nortenho: nave única e capela mor
retangular
 Marcação forte e trabalhada no arco triunfal que separa a nave da
capela mor – espaço místico
 2 volumes, o mais simples possível, retangular, articulados por coberturas
escalonadas
 Cobertura de madeira
 Truque recorrente neste tipo de igrejas: degraus à entrada para descer de
nível e tornar o edifico mais monumental
 Representação do Cordeiro de Deus que retira o pecado do mundo, frase
escrita na porta que mostra a igreja como lugar de proteção, de
recolhimento
 Fachada principal em empena, rasgado por um portal em arco de volta
perfeita, com várias arquivoltas decoradas
 Granito e madeira
Sanfins de Friestas, Valença Séc. XII-XIII
 Simples com planta retangular
 Volumes articulados com coberturas escalonadas
 Telhados de 2 águas
 Nave única simples
 Capela mor trabalhada, abobada de berço e com meia
cúpula
 Semelhanças com a igreja de São Pedro de Ferreira, mas
simplificada
 Igreja muito vertical
 Contrafortes nas laterais
 Mísulas
 Portal com 3 arquivoltas
 Portal muito conhecido por ter um desenho muito estilizado, com
espécie de texturas, com 4 faixas que se pensa representarem os
4 elementos (ar, terra, água, fogo) e também relação com
os 4 evangelistas
 Representação de Leão, protetor que protege a igreja da
entrada do Mal, também se pode ver bois ou burros,
animais mais pacíficos ligados ao dia a dias das populações
 Tinha um espaço para enterrar os mortos e um pequeno
claustro ao lado
 Tinha um pequeno mosteiro ao lado com claustro

IGREJAS COM TORRE

Outro tipo de igrejas que é comum aparecerem é a associação de torres senhoriais com
igrejas, comum por haver muitas famílias nobres no Norte.

Manhente, Barcelos
Barcelos tem muitas freguesias e em cada uma delas há uma
igreja. Esta é uma torre residencial onde nobres viviam (solar).

Freixo de Baixo, Amarante


Não é torre residencial, é torre campanário/ sineira.

Santa Maria de Abade, Barcelos


OBRAS IMCOMPLETAS/ MUDANÇA DE PLANOS
Edifícios que foram pensados em determinada escala e que, a meio caminho, tiveram
de ser repensadas por deixar de haver oportunidade para construir o edifício com tamanho
pensado originalmente, nomeadamente pelo processo económico. Algumas associadas a ordens
religiosas e outras a paróquias.
Mostram as dificuldades económicas dos povoados do Interior. Projetos não tinham
possibilidade que sustentasse estas grandes igrejas. Ocupação muito condicionada que não
permitia projetos arquitetónicos de maior escala.

Santa Eulália de Arnoso, Vila Nova de Famalicão


 2 volumes com coberturas escalonadas de 2
águas
 Ideia de pano de parede que podia continuar
 Porta lateral
 Interior com trabalho das arcadas cegas mais comum na capela
mor
 Faltou dinheiro e onde era para ser a capela mor, ficou a nave e
fizeram uma capela mor mais pequena, espaço apertado
 Capela mor de 2 tramos e cobertura por uma abobada cilíndrica
 Limpeza feita pelos monumentos nacionais de tudo o que era
barroco
 Cobertura de madeira

Castro de Avelãs, Bragança


 Aparenta ser uma pequena igreja paroquial barroca, mas na zona
traseira mostra ter uma edificação em tijolo (beneditina)
 1 nave, era para ter 3 naves
 Cabeceira tripla de grande escala que seria de uma igreja
beneditina monástica com o esquema típico desta
 Começa a faltar pedra e constroem em tijolo
 Capelas colaterais ficam do lado de fora, uma é adaptada para a
sacristia e outra ficou por fora reconstruída pelos monumentos
nacionais para devolver a escala do projeto original
 Retiraram a cal para deixar o tijolo a vista na totalidade
da cabeceira
 Igreja do mesmo género, mas na zona de León

Santa Maria de Ermelo, Arcos de Valdevez


 3 arcos do triunfo, mas fez-se uma igreja mais simples
 1 nave em vez de 3
 Capela mor quadrangular
 Cobertura de madeira com telhado de 2 águas
 Igreja simples com recursos limitados
 Decoração muitas vezes pedagógica
DA CIDADE ISLÂMICA À CIDADE CRISTÃ

➢ Reinados de D. Afonso Henriques (1128-1185) e D. Sancho I (1185-1211)

Transformações e permanência na estrutura urbana:


➢ Perdeu-se a noção (em planta) dos edifícios chave da cidade (fórum, banhos, etc.)
➢ Desenho urbano passa de priorizar esses edifícios chave para uma planta de acrescentos
➢ Ou é tábua rasa e remete para uma certa ordem

DA CIDADE DISPERSA À CIDADE SATURADA

CONQUISTA NORTE-SUL --- FRONTEIRA: COIMBRA --- CONQUISTA SUL-NORTE


Românico (cristã) Separação de linguagens arquitetónicas Islâmica (árabe)

ARQUITETURA CISTERCIENSE – vem de França para ajudar Portugal a ter uma arquitetura cristã
➢ Sé de Lisboa
➢ Sé de Coimbra Construídas sobre antigas mesquitas
➢ Igreja em Mértola

ARQUITETURA FORTIFICADA
➢ Castelo de Lisboa (estrutura/cerca moura adaptada para cristãos)
➢ Castelo de Silves
➢ Paço das Escolas, Coimbra (AL-QAZAR – casa pátio gigante)
➢ Torre de Almedina, Silves
➢ Arco de Almedina, Coimbra
➢ Convento da Graça, Tavira

CIDADE ISLÂMICA – Processo e não produto, soma do desenho e do uso

7. Românico em Coimbra
➢ D. Afonso Henriques escolhe Coimbra como capital, Lisboa ainda era muçulmana
➢ Sé Velha, edifício mais importante construído neste período
➢ Abobada de berço na nave principal, de aresta nas laterais
➢ Torre de Almedina
➢ Ponte de Coimbra – infraestrutura principal do país – liga o Sul a Norte de Portugal
– espinha dorsal. O rio Mondego é um grande obstáculo físico e a ponte une; tinham
uma portagem
➢ Muralha árabe
➢ Castelo construído na zona mais favorável
➢ A praça D. Dinis tinha duas torres do castelo, na altura de Marquês de Pombal
destruíram as torres e no Estado Novo deitaram abaixo o castelo todo
➢ Mosteiro de Santa Cruz tem a sua própria muralha porque está fora da cidade, D.
Afonso Henriques e D. Sancho I estão lá enterrados
➢ Coimbra no tempo de D. Sancho I
➢ Santa Clara é gótico
➢ Todas as igrejas têm orientação canónica (cabeceiras orientadas a nascente)
➢ Sítio de acesso mais fácil tem o castelo
➢ Aqueduto romano, não devia estar a funcionar
➢ Encostas dramáticas (defesa natural)
➢ Igrejas que acompanham a construção da Sé Velha
➢ A principal diferença entre o românico de Coimbra e do Norte é o material: Coimbra
– calcário e Norte - granito
São Cristóvão
 Demolida no século XIX (reação do antigo regime)
 Semelhante a Sé Velha
 Fachada como cópia da Sé Velha (contrafortes laterais, corpo central
avançado, entablamento por cima do arco do portal)
 Tipologia beneditina aplicada a uma igreja paroquial
 Transepto não afirmado
 Cripta por baixo do transepto
 3 naves com 3 tramos
 3 capelas laterais redondas com maciço quadrangular
 No lugar, hoje encontra-se o teatro Sousa Bastos

São Tiago, Praça do Comércio


 Mesma estrutura da Sé Velha
 Remate na cobertura é intervenção dos monumentos nacionais
 Estrutura de vigas de madeira
 Portal escavado no maciço da fachada com desenhos moçárabe, que
remetem para o desenho do portal da Sé Velha
 Portal lateral com desenho moçárabe geometrizado, vegetalista, abstrato da
cultura islâmica e que se pensa ter sido feito pelos moçárabes de Coimbra
(foi a partir deste que se restaurou o da Sé Velha)
 O recorte triangular é questionável, por não ser semelhante ao modelo da Sé
Velha e não ter essa característica, a solução implementada triangular terá
sido pela cobertura de madeira
 Quando se alargou a Rua Visconde da Luz no séc. XIX, fez-se um
recorte à faca pela capela mor à maneira de Haussman em Paris
e regularizou-se a rua, cortando a igreja, vítima da operação.
Ainda se pode ver as fundações por baixo do passeio da rua.
 3 arcos para as absides
 Havia restos de colunas
 Foi estabelecido um sistema novo baseado numa
estrutura de madeira
 Rebordo da capela mor com cachorros, modilhões,
mísulas e desenho dos capiteis a toda a volta (é o único
absidíolo erguido, os outros foram recortados)

São Salvador
 Igreja muito alterada (zona superior séc. XVII, parte inicial
romana. Arcado do século XVII, mas com colunas originais)
 É possível que fosse a cela do tempo romano
 Planta com o esquema beneditino: 3 naves com 3 tramos e
transepto falso
 Tabuleiro que divide o andar
 Capela mor quadrada desalinhada pois foi construída através do esquema
do fórum romano
 Cobertura de madeira
 Portal é o original, simples com 3 arquivoltas de arco pleno (arco romano)
 Aparelho romano que teria a ver com o templo romano do fórum que é ali
perto, hipótese colocada pelo professor Jorge Alarcão
São João de Almedina
 Palácio episcopal/ Paço do bispo
 Igreja por cima do fórum romano
 Igreja colegiada: párocos sustinham a igreja do ponto de vista
quotidiano e o claustro era o espaço de reunião (claustro
românico no Museu Machado de Castro)
 O pequeno conjunto apresenta elementos de duas fases
distintas, a primeira tem fortes presenças moçárabes na base e decoração dos
capiteis. As colunas da segunda fase mostram base e capiteis românicos

São Pedro, Leiria


 Igreja românica ao pé do Castelo
 Período do século XII
 Maciço na fachada com arquivoltas
 Portal típico do românico
 Muito alterada
 Cabeceira muito alterada, mas que se percebe ser original do
românico, embora esteja dentro de caixas quadradas
 Provavelmente teria 3 naves
 Provável teria uma comunidade moçárabe
 Influenciada pelas tendências românicas e moçárabes de Coimbra

Charola dos Templários, Tomar 1160-1230/1250


 Última obra importante do românico com simbolismo bastante grande
 Tipologia própria, muito particular
 Charola é uma igreja redonda com modelo do Santo Sepulcro de
Jerusalém
 D. Afonso Henriques ofereceu o território de Tomar que é de
localização estratégica, ao estar à entrada do Alentejo. Base para partir
daqui e conquistar mais uns territórios a sul.
 Templários com função de conquistar terras aos mouros
 Castelo e cerca num planalto em frente à vila de Tomar, originalmente
a vila estava dentro do castelo, no ponto alto, mas espalhou-se para a
cidade junto ao rio
 16 tramos circulares com 8 colunas
 Abobada de canhão que se apoia em 16 arcos torais
 Hoje funciona como capela mor de uma igreja manuelina, mas originalmente
era uma igreja única e redonda
 No interior tem pintura de programa manuelino e renascentista, mas estrutura
românica
 Foi acrescentada uma torre sineira
8. Arquitetura Cisterciense

Outra ordem religiosa com preceitos e regras arquitetónicas próprias, a ordem de Cister. A
ordem de Cister foi fundada por São Roberto e Molesme que baseava o seu dia a dia na ordem
beneditina, mas criticava a extrema opulência dos grandes mosteiros beneditinos, como Cluny
II e Cluny III, com igrejas gigantescas e ornamento excessivo no portal. Considerava que se
estavam a afastar dos preceitos da vida de Cristo, que era vida de pobreza, de modéstia e
humildade. Então, cria regra nova para a arquitetura que considerava ser mais modesta e mais
de perfil recatado. S. Roberto conseguiu juntar algumas abadias na Borgonha para fundar a
ordem que são as primeiras cinco abadias cistercienses (Cister, Le Ferté, Pontigny, Morimond,
Claraval). Outra figura importante na ordem é São Bernardo de Claraval, que vai expandir a
ordem, cria mosteiros subsidiários em toda a Europa. Vai ser o grande estratega da expansão de
Claraval. Os cistercienses são conhecidos também por monges de São Bernardo, o colégio de
São Bernardo é cisterciense. As Bernardas são as freiras cistercienses.
O hábito deles é branco por oposição ao dos beneditinos que era preto, relação de oposição.

Regras de Bernardo de Claraval:


 Visitas de inspeção – no sentido se verificar as regras rigorosamente da ordem se estão
a ser cumpridas
 Implantações em lugares remotos – promover a produtividade do território
 Igrejas não tinham criptas nem torres – onde havia maior presença e maior
investimento decorativo
 Não era permitido o alarde arquitetónico – construções espetaculares
 Decorações escultóricas foram proibidas

Quando São Bernardo morreu havia já mais trezentos mosteiros afiliados à ordem de Cister –
alguns adaptados, mas muitos construídos do nada.

Torres de pedra foram proibidas, os vitrais coloridos foram mandados retirar. Os mestres
construtores não podiam trabalhar fora da ordem.

O resultado é uma arquitetura minimalista, simples, sem torres, sem alarido arquitetónico
(decorações), perfil de duas águas.

Abadia de Cister 1125-1150


 Mosteiro mãe dos cistercienses, grande mosteiro
 Trabalham na produção agrícola e irrigação da água
 O original já não existe, só levantamentos
 Sem torres na fachada
 Cabeceira com desenho seco e reto
 Planta-tipo cisterciense (Planta em Pente):
 Claustro a sul
 Sala do capítulo sempre na mesma posição (eixo do claustro)
 Sala por baixo do dormitório comum que está no primeiro
andar
 Refeitório com lavabo sempre em frente e é perpendicular ao claustro, algo
único, já que nas outras ordens o refeitório está normalmente paralelo ao
claustro
 Frente para os conversos – trabalhadores da Ordem, mas que não são da ordem
e que têm ala na fachada
 Igreja normalmente com 3 naves
Abadia de Claraval II
 Igreja com uma certa dimensão
 Toda em pedra
 Modelo de cabeceira reta

Abadia de Fontenay 1139-1147


 Planta típica de um mosteiro cisterciense – planta em pente
 Alçado minimalista, discreto, com elementos fundamentais e sem torres
 Arcos torais, mas sem ogivas e sem decoração
 Austeridade plena
 Estruturalmente é românico
 Abobadas das naves laterais são perpendiculares à nave principal – para
aguentar o impulso da nave principal
 Construção em pedra, por ser mais duradoura
 Ordem rica, mas com aspeto discreto
 Implantações que permitissem desenvolver a produção de bens agrícolas para
abastecer a aldeia
 Refeitório perpendicular ao claustro
 Sala do capítulo
 Lavabo no claustro (cistercienses trabalham bem a questão da água)
 Cabeceira simples com 2 capelas laterais de cada lado e abobadas e fachadas
simples
 Corte basilical tende a desaparecer em prol de uma empena de duas águas
 Claustro românico, construção sólida e pesada com arcos de volta inteira e
abobada de berço
ARQUITETURA CISTERCIENSE EM PORTUGAL

Os arcos torais não apoiam no chão, apoiam em cachorros, é uma construção minimalista, mas
mais forte.

São João de Tarouca, Lamego 1154-1169


 Primeira igreja cisterciense em Portugal, fundada no tempo
de D. Afonso Henriques
 Vem monges da Borgonha para consolidar o território e vão
colocar o país a produzir, têm dinheiro, podem produzir e
podem construir
 Implantação interessante, bonita junto de uma linha de água
que passa no meio do claustro
 Nas escavações é visível o desenho do refeitório
 Claustro a norte e não a sul como habitual devido à questão da
implantação com a linha de água
 Dormitório barroco, encontra-se me ruínas, sem cobertura
 A igreja é o único elemento que se mantém do complexo original
 Fachada simplificada, mais tarde é adicionada decoração
 Alçado lateral também minimal, com janelas e contrafortes
 Já não apresenta corte basilical, mas sim corte com perfil
de duas águas
 Janelas e portal já são acrescentos clássicos do século XVII
 Planta simples-tipo de 3 naves com 5 tramos, com
transepto bem afirmado e cabeceira reta, que
posteriormente foi aumentada
 Sistema de abobada quebrada com abobadas de berço
transversais a suportar
 Capela mor barroca
 Construção em pedra
 Simplificação de Fontenay
 No período barroco, a regra da simplicidade cisterciense foi
perdida e encheu-se de talha dourada, depois é limpa pelos
monumentos nacionais
 Mísulas brutas onde os arcos aterram (característica da
arquitetura cisterciense, como construtiva e não decorativa)
 Arcos do transepto mais altos que o das naves laterais
 Comunicação entre capelas laterais

Abadia Velha de Salzedas 1168


 Beira Alta e Alto Douro
 Obra incompleta e foram descobertos os seus vestígios
 Primeiro pensou-se que a cabeceira seria quadrada, mas a escavação
mais recente mostra, que é poligonal
 Tipologia cisterciense: 3 naves com 5 tramos, transepto e 3 absides
 Os frades abandonam a obra e foram habitar a igreja beneditina
Abadia Nova de Salzedas 1194
 Originalmente igreja beneditina que passa a ser cisterciense
 Experimentação na cabeceira: 5 cabeceiras redondas
 3 naves escalonadas com 5 tramos com arcos torais e
transepto saliente
 Já não é clara a tipologia cisterciense, a não ser na sala do
capítulo
 Reforma no período barroco, fazem um
cadeiral barroco
 Arco redondo e não apontado
 Fachada barroca que poderia ter plano para
torres não construídas
 Claustro a sul
 Contrafortes
 Cobertura de madeira

Igreja de Fiães, Melgaço 1194


 Perfil de duas águas
 Sem torres
 Sem decoração
 Marcação de contrafortes na fachada
 Cobertura de madeira
 3 naves com 4 tramos, transepto e cabeceira reta com três capelas
 Arcadas com cobertura de madeira
 Torre sineira a norte que parece que contradiz a arquitetura cisterciense
 Na sua origem, era uma capela beneditina que passou a cisterciense, os monges
queriam passar para a ordem de Cister e com essa mudança é natural a
alteração da tipologia

Santa Maria de Aguiar, Figueira de Castelo Rodrigo 1200


 Quando foi construída ainda era território espanhol
 Convento feminino
 Ficou incompleta, como vemos em planta porque faltam 3 tramos,
só tem 2, a nave seria mais comprida
 Cabeceira reta – experimentação a nível das cabeceiras
 Arco do transepto mais alto que os laterais
 Nave central com teto de madeira e laterais com abobadas de
ogiva
 Contrafortes e mísulas
 Claustro a norte, estranho porque desta forma a igreja sombreia o
claustro
 Sala do capítulo
 Imagem muito forte proveniente de uma tipologia muito
forte também
 Os monumentos nacionais fazem uma limpeza
 Corte basilical afirmado
9. Arquitetura Gótica

A arquitetura gótica prossupõe de uma evolução no sistema construtivo e essa é a diferença


entre arquitetura gótica e românica.
É no século XII, que se fixa definitivamente em Portugal durante o reinado de D. Afonso III.
A construção do Mosteiro de Alcobaça marca datas importantes para este estudo, sendo uma
grande obra de patrocínio régio, começada a construir a segunda igreja em 1195 já em estrutura
gótica.
A chegada das ordens medicantes (franciscanos, dominicanos, clarissas) também é
marcante. Franciscanos seguem o francês Francisco de Assis e Dominicanos seguem o espanhol
S. Domingo de Gusmão. Clarissas seguem Santa Clara de Assis, são a versão feminina dos
franciscanos, com o mesmo exemplo de vida.

As características principais das ordens medicantes e que as distingue dos beneditinos e dos
cistercienses são:
 São ordens urbanas (beneditinos e cistercienses são rurais), o objetivo das ordens
medicantes não é viver da agricultura, nem produzir, é trabalhar as almas dos
cidadãos. Tentam ter atividade de missionação na cidade.
 Não vivem em clausura, no mosteiro e no claustro, podem sair do convento e viver
em comunidade, falar com pessoas, guiar as vidas das pessoas de acordo os
preceitos cristãos – os masculinos porque as clarissas vivem em clausura.
 Não vivem da agricultura, mas de doações de pessoas que deixam os bens para a
ordem, pessoas que ou não têm descendentes ou deixam em testamento os seus
bens para as ordens. Vivem vida de pobreza, andam descalços e apenas de hábito
castanho com corda. Estética minimalista – neste aspeto têm semelhanças com os
cistercienses.

Arquitetura Gótica Internacional

➢ Surge numa região de Paris


➢ O gótico é associado às grandes catedrais francesas
➢ Marca a passagem da vida rural para a vida urbana, da arquitetura local romana
para um estilo grandioso e eclesiástico
➢ São igrejas muito despidas, onde prevalece a sobriedade do espaço
➢ Aparece o arco apontado, com uma razão técnica, o peso, os pilares estreitam-
se e ganham maior altura, ao distribuir o peso mais na vertical é possível ganhar
mais em altura
➢ O sistema gótico permite forma mais variadas de plantas e espaços
➢ Os contrafortes dão origem aos arcos botantes, que apoiam o impulso da
abobada da nave central
➢ As igrejas perdem os pesados muros laterais, que se abrem para permitir maior
entrada de luz através de vitrais coloridos
➢ A pesadas abobadas de berço foram substituídas por
esqueletos de ogivas cruzadas com linhas policêntricas, têm
moldes em madeira e punham as pedras por cima
➢ Luz, verticalidade e o ser amplo são as características principais
das igrejas góticas
Arquitetura Normanda e Anglo-Normanda

St. Etienne de Caen 1066


 Torres muito verticais
 Fachada com carater românico sem as torres
 Base românica, estrutura maciça
 Novidade no interior
 Abobadas de nervura/ogiva porque o sistema é
gótico, mas a linguagem é românica
 Abobada HEXAPARTIDA – tem seis pontos de apoio, cada abobada são
dois tramos da nave
 Aspeto pesado

Catedral de Durham 1115-1130


 Igreja de transição
 Pilares muito grossos preparados para levar um abobada de
berço e quando vão a construir a abóbada, já há o sistema novo
que é gótico
 Contraste entre a grossura dos pilares e o sistema de abobadas
utilizado: mais elegante mais leve que as abobadas de canhão

Arquitetura Borgonhesa

Igreja de Cluny III 1088-1121


 Igreja românica com elementos góticos
 Vontade de verticalidade
 O perfil da nave é em arco apontado
 Abobada quebrada

Igreja de Paray le Monial 1110


 Mini Cluny, também românica com elementos góticos
 Já tem arco apontado em perfil mais vertical - necessidade de tornar as forças
mais verticais possíveis e menos forças laterais

Igreja de Pontigny 1140


 Perfil em arco quebrado/ apontado
 Sistema misto de abobadas: góticas e românicas

Os começos do Gótico na Ile de France

Meados do século XII, em Portugal ainda não se tinha começado a Sé Velha e em França já
estavam com um novo sistema construtivo
Igreja de St. Pierre de Montmartre, Paris 1133
 Uma das primeiras igrejas góticas construídas com o sistema completo
 Nervura gótica
 Paredes mais finas/ ligeiras – sistema esquelético
 As forças estão concentradas nos pilares, nos colunelos
 Elegância e delicadeza que suportam uma grande estrutura
Igreja de St. Martin des Champs, Paris deambulatório começado em 1135
 Pequena igreja, experimentação do novo sistema
 O românico só funciona com elementos ortogonais e o
gótico já permite elementos circulares
 Cabeceira toda iluminada porque a estrutura já permite
janelas em todo o lado
 Abobada de nervuras permite desenho do espaço de
forma mais abrangente

Abadia de St. Denis, nova fachada, Abade Suger 1135


 Local onde foram enterrados todos os reis de França, simbologia forte
 Igreja românica, o abade sugere fazer uma nova cabeceira e uma nova
fachada góticas, mas, entretanto, morreu e ficou a obra como se encontra
 Cabeceira com deambulatório, absidíolos, agrega muita luz por não serem
necessárias paredes e reaproveitou uma série de colunas clássicas da igreja
românica pelo valor simbólico
 Deambulatório com formas mais estranhas que o gótico permite, tem dois
percursos
 Deambulatório com laminas e os arcos
botantes, foi depois
reconstruído num gótico
radiante já mais evoluído
 Uma porta para cada nave
 Noção de maior abertura
 Aparece a rosácea na fachada

Deambulatório e coro da Catedral de Notre Dame


de Paris 1163
 Desenho do espaço com abobada
hexapartida
 Aumento exponencial em altura, Cluny III
tinha 40m com sistema românico, com o
gótico é possível aumentar ainda mais essa
altura
 100 a construir

ARQUITETURA GÓTICA EM PORTUGAL

➢ A arquitetura gótica implanta-se em Portugal no século XIII durante o reinado de D.


Afonso III.
➢ As igrejas são maioritariamente pequenas, de estruturas baratas, com coberturas de
madeira nas naves e transepto.
➢ Os contrafortes usados noutras épocas mantiveram-se
➢ Uma igreja-tipo de média dimensão apresenta planta em cruz com 3 naves com arcadas
longitudinais cobertas em madeira, transepto pouco saliente, cabeceira tripla com
abobada de nervuras
➢ Arcos botantes que tinham deambulatórios
Abadia de Alcobaça 1178-1223
 Primeira igreja gótica em Portugal que começa por ser
românica (cisterciense), construída por monges vindos de
França
 Alcobaça: Castelo, dois rios – Alcoa e o Baça, monte
 D. Afonso Henriques acaba de conquistar Lisboa, entrega
estes terrenos à ordem de Cister
 Típico edifício cisterciense
 Evoluções posteriores: claustros, novas fachadas, praça
 A vila surge depois do mosteiro
 Planta em cruz latina de 12 tramos, com 3 naves da mesma altura, as laterias
são mais estreitas
 Naves cobertas por abobadas de ogiva
 Transepto desenvolvido em 2 naves e 4 capelas
 Deambulatório com arcos botantes, com 9 capelas radiais de abobada perfeita
 Colunas na capela mor a suportar os arcos como em Notre Dame e em St. Denis
 Planta de organização cisterciense:
 Claustro a norte e não a sul, por causa da água do ponto de vista da lógica
funcional, o mais extenso de Portugal
 Segundo claustro no século XVI manuelino
 Dormitório no 1º piso, funcionava como camarata, não havia ainda a
ideia de celas individuais, abobadado
 Lavabo no claustro
 Sala do capítulo com alguma decoração vegetalista, abstrata, mas
simples, com algum gosto românico pelos arcos de volta inteira
 Refeitório – é o espaço mais espetacular da abadia e que corresponde
aquele corpo central da planta, abobadado, fica por baixo do dormitório
 Cozinha nova barroca ao lado do refeitório
 Número 12 como simbologia religiosa – 12 apóstolos – 12
colunas na nave, no transepto e 12 pilares à volta da
cabeceira
 Primeiro projeto com cabeceira redonda; Segundo
cabeceira quadrada; Terceiro deambulatório
 Sacristia construída no século XVI
 Escadaria barroca
 Maior igreja feita até então em Portugal, toda abobadada
 Hipótese de evolução da igreja:
 1178 construção ainda tipo românica, tipo S. João de
Tarouca
 A partir do século XII, assemelha-se com a Abadia de
Fontenay, mais comprida
 Inicio do século XIII começou-se a cobrir e já se usou um
sistema gótico e a cabeceira vai ser o elemento novo, com deambulatório e
as capelas radiais
 Antes da intervenção de Gonçalo Byrne na praça tinha sido feita
quando a Rainha de Inglaterra visitou Portugal em 1957, agora
com um desenho mais limpo, afastou as arvores da fachada
para ter uma total visão do volume e desenha o pavimento,
semelhante ao que depois fará no Pátio das Escolas em Coimbra
 A fachada barroca com torres, não seguindo a ideologia da Ordem de Cister do
século XII, a original não teria torres, teria um corte em perfil de duas águas,
com um portal simples sem decoração e sem a rosácea
 Fachada lateral denuncia a arquitetura original do
edifício, com leitura minimalista, seca e com
contrafortes
 O interior foi limpo pelos Monumentos Nacionais,
estava cheia de talha dourada e aplicações e foi trazida
à sua pureza original sem decoração
 Interior marcante pela sua dimensão, ritmo e sequência
 No transepto encontram-se os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro
 O claustro foi construído de origem em sistema gótico e só tinham 1 piso – todos
os claustros começam só por ter um piso
Claustro e Lanterna da Sé Velha de Coimbra
 Claustro: 1218-1250; Lanterna: 1240
 Quando se terminam as Sés começam a
construção dos claustros, já se domina o
sistema gótico
 Relação da Sé com o claustro, em corte
percebe-se muito bem
 Estética românica do arco de volta inteira, mas com sistema gótico
das ogivas a cruzar na cobertura
 Claustro de um só piso, como todos eles eram
originalmente
 5 arcos apontados, 6 tramos e 5 arcadas em cada
galeria, marcação de contrafortes
 Um problema de desenho dos claustros era o ponto
de interesse era a forma como desenhavam e
solucionavam o ângulo – aqui criam uma forma
elegante com uma espécie de arco apontado com
dois arcos de volta inteira na arcaria
 Decoração já mais figurativa, com animais
 A lanterna também é gótica, com abobada quadrada
de ogiva, única abobada de ogiva na igreja, o remate
é barroco

Igreja de São João de Alporão, Santarém séc. XII-XIII


 Igreja de transição, do românico para o gótico
 A cobertura ia ser de madeira, mas introduziram o modelo gótico com cobertura
de nervuras
 Nave única abobadada de 3 tramos
 Volumes paralelepipédico
 Fachada principal com empena triangular de perfil de 2 águas
 Telhado de 2 águas saliente a proteger o portal de entrada (GABLETE)
 Porta lateral
 Estrutura gótica no interior
 Rosácea, introduz iluminação
 Contrafortes para suportar a abobada de ogivas no interior
 Cabeceira poligonal com um efeito de leveza
 Parede dupla na capela mor como uma membrana que
faz iluminação. No exterior parece mais fechado e
através de frestas ilumina a capela mor na segunda
parede. Arcada e janelas falsas com dupla membrana
Chegada das ORDENS MENDICANTES A PORTUGAL

Franciscanos 1209 – a partir de 1217


Dominicanos 1216 – a partir de 1217
Clarissas 1212 – a partir de 1254

Os mais importantes exemplos de arquitetura franciscana e dominicana dos primeiros


tempos encontram-se em Santarém, porque era uma zona sem bispo e com um palácio real.
Virtudes propagadas pelos frades: pobreza, obediência e castidade.
Assim, os conventos destas ordens mostravam uma desarmante simplicidade, com
adoção de uma arquitetura límpida e despojada, ainda que assente nis princípios da arquitetura
gótica.
São ordens urbanas que se dedicavam à missionação, a tentar pregar junto das pessoas
que vinham às cidades, apoiavam os viajantes. Viviam de donativos e de dádivas, pois não
tinham fonte de rendimento próprio. Usavam um traje castanho comprido composto por uma
corda com três nós e andavam descalços.
O gótico está mais presente no centro e sul de Portugal. Santarém tem a presença dos
reis e das ordens mendicantes, ganhava mais força nesta época e os mais importantes exemplos
encontravam-se lá.

Igreja de São Domingos, Santarém 1242-1250


 Uma das primeiras igrejas mendicantes a ser construída em Portugal
 O rei passava lá muito tempo, as rainhas e os nobres rapidamente começaram
a proteger estes frades que viviam da pobreza, para darem o exemplo
 Foi demolida em 1870
 Tinha elementos renascentistas, como o portal
 Corte basilical com 3 naves

Igreja de São Francisco, Santarém 1242-1250


 Mudança de material para pedra branca – calcário
 Igreja de grande dimensão, apesar de ser uma ordem que vive
de donativos
 Corte basilical com 3 naves de 5 tramos
 Nave principal com arco de volta perfeita e arcos laterais
apontados
 Cobertura em madeira pela grande dimensão (mais económica)
 Rosácea adicionada posteriormente
 Transepto bem afirmado, que funciona como um grande ecrã onde estão as
capelas
 5 capelas poligonais incluindo a capela mor que foram
reconstruídas quadradas
 Capelas laterais escalonadas – vão ficando mais pequenas
como uma escada, gradação de dimensões
 Portal com gabelete
 Arcos ogivais
 Colunas poligonais sustentam os arcos ogivais
 Janelas “grandes”, espaço bem iluminado
 Clerestório mais pequeno, cobertura abobadada
 Capela mor em pedra com o sistema gótico
 Claustro gótico só com 1 andar, mas de aspeto muito simples, relacionado
com a estética franciscana, com abobadas de ogivas e decoração vegetalista
muito elementar
 Sala so capítulo
 Cavalariças
 Durante anos foi o quartel de Santarém, a
igreja era o estábulo

Igreja de Santa Clara, Santarém 1529-1300


 Ordem feminina de São Francisco, mesma forma de vida adaptada à vida
feminina
 Igreja muito transformada, não correspondendo a sua originalidade
 Imagem da igreja de Santa Clara aumentada no século XVI, XVII –
grande convento com igreja comprida e simples (característica da
ordem, simplicidade)
 Reconstrução radical nos séculos XVIII
 No século XX foi reconstruído o transepto, saliente, marcado por um
arco maior, pelos monumentos nacionais
 Cabeceira e capelas abobadadas com 5 capelas escalonadas
 3 naves com 7 tramos
 Cobertura de pedra na cabeceira, restante em cobertura de madeira
 Intervenção radical no interior, com talha com dourada e madeira ao
open space
➢ Capela barroca
➢ Parede em grelha
➢ Duas portas laterais
➢ Padres celebravam a eucaristia na capela mor e o público estava
muito perto
 Capela mor em sistema gótico, abobadada com pedra trabalhada nos
cunhais, em torno da rosácea
 Pequeno campanário do lado direito
 2 claustros – demolidos nos anos 20 do século XX
 Não tem portal – as igrejas das ordens femininas não é suposto ter uma
porta a eixo, é lateral
 As igrejas femininas dividem-se em dois espaços – uma pública e uma para o
convento feminino com divisória, desta forma as freiras não eram vistas
 Corte basilical
 Fachadas em alvenaria de calcário aparente
 Mosteiro foi destruído
Igreja de Santa Maria do Olival, Tomar 1250
 Espécie de igreja paroquial, da ordem dos Templários, mas que vai utilizar a
estética gótica de igreja mendicante
 Não pertence a nenhum convento
 Igreja para a população que mora junto ao rio
 Corte basilical com 3 naves
 A estética é gótica, não o sistema – o único elemento gótico é a
cabeceira – elemento mais tratado
 Descida no momento de entrada – monumentalidade
 Pé direito monumental
 Arcada continua
 Elegância interior
 Pedra calcária mais clara
 Capela mor destacada por ter a pedra a vista como a fachada, restante
é rebocado, pelo exterior
 Espaço aberto e mais luminoso, tendência para um espaço global
– open space
 O que chama mais atenção é a capela mor redonda e luminosa
 3 capelas abobadadas, 2 delas são quadradas
 Sem transepto
 Introdução de uma torre exterior
 Rosácea na fachada
 Verticalidade
 Igreja sóbria

Igrejas de Coimbra, junto da ponte do rio


Mondego que era conexão para Lisboa e que
desapareceram. Eixo Norte-Sul que passava em Almedina,
Santa Cruz, Rua Direita. Na saída Norte, estava S.
Domingos, na saída Sul estava São Francisco e Santa Clara.
Essa é a lógica de implantação destes conventos. Sempre
fora de muralhas urbanas, seja em Coimbra, Santarém,
Porto, Lisboa.
Com o assoreamento dos rios, os mosteiros
construídos junto destes desapareceram, sobram Santa
Clara-a-Velha por ter cobertura abobadada.
Igreja de São Francisco, Coimbra 1247-1317
 Uma das igrejas que sofreu com o assoreamento dos rios
 Semelhante aos modelos de
Santarém
 3 capelas já quase redondas
(poligonal) e com o gótico
presente
 Coberturas de madeira
 Corte basilical
 Transepto bem afirmado

Igreja de São Domingos, Elvas XIII


 Fachada barroca profundamente
alterada no século XVIII
 Corte basilical
 3 naves com 5 tramos
 Transepto gótico
 Cabeceira gótica com 3 capelas – capela
mor redonda com contrafortes
(poligonal) e as 4 capelas colaterais
retangulares – cabeceira abobadada
 Capelas escalonadas
 Cobertura de abobada de pedra exige a presença de contrafortes que dão
aspeto mais sólido - ogivas
 Arcos quebrados nas arcadas das naves
 Verticalidade dada através de janelas muito altas e compridas

Igreja de São Francisco, Estremoz 1255


 Fachada barroca so século XVIII
 Interior com pedra gótica
 Arcada gótica com arcos apontados
 Janela de clerestório em cima do pilar
do arco
 Cobertura de madeira
 Pináculo no transepto

Igreja do Convento, Odivelas 1295-1305


 Igreja da ordem de Cisterciense
 Cabeceira é original, gótica
 Capela mor e 2 colaterais – capelas escalonadas
 Sofreu com o terramoto
 Túmulo de D. Dinis – vai implantar o pinhal de Leiria para a
construção de navios para a descoberta do mundo, funda a
universidade portuguesa e começa a fazer de Lisboa a capital
Igreja de São Francisco, Porto 1383
 Ao do rio Douro, fora das muralhas da
cidade
 Igreja mendicante, 100 anos depois das
que vimos anteriormente e mantém o
esquema
 Transepto saliente e alto
 Cabeceira escalonada de 3 capelas em
forma poligonal
 Portal com gablete
 Rosácea
 Corte basilical
 3 naves com 5 tramos
 Cobertura de madeira
 Interior barroco com talha dourada ao contrário da
parte gótica que é despojada com a estética
franciscana
 É uma das igrejas com mais talha dourada em Portugal,
 Forte horizontalidade no seu conjunto, mas a
cabeceira é lida como grande verticalidade, pelas janelas muito verticais e pelo
uso de contrafortes

CLAUSTROS GÓTICOS

Claustro do Mosteiro de Alcobaça 1308


 Arquiteto Domingos Domingues
 Só o primeiro andar é original, o segundo é um
acrescento do século XVI
 Construído 100 anos depois da igreja
 Sistema gótico, estrutura com abobada de ogiva
em pedra
 Lavabo é a peça mais importante e decorada do claustro
com nervuras - gótico
 Desenho de rosáceas

Claustro da Sé de Lisboa 1319-1332


 Segundo piso é um acrescento
 Primeiro piso original com desenho de rosácea
 Construído atras da capela mor por que não tinha espaço
 Construção em pedra
 Abobadas de ogiva
 Tramos marcados no exterior por contrafortes
 3 galerias
Claustro da Sé do Porto século XIV 1385
 Piso único
 3 arcos por cada tramo com arco apontado
 Não há contraforte angular
 Construção em granito de grande qualidade
 Semelhante com o da Sé de Coimbra com diferença
dos arcos que são botantes e são 3 e não
2 – 3 arcos interlaçam-se por cada 1
 Galerias curtas

Sé de Évora 1280-finais do século XV


 Construída na transição do românico para o gótico, demora 200
anos a ser construída
 Granito
 Grandes dimensões, escala enorme
 Cabeceira barroca, não é original, com 5 capelas escalonadas
poligonais
 Presença de 2 torres assimétricas – importantes na simbologia
das catedrais
 Rosáceas no transepto saliente e alto
 3 naves com 7 tramos, 1 arco por tramo
 Nave central com abobada quebrada
 Galerias por cima das naves laterais
 Cobertura em pedra dá um ar pesado à construção
 Abobada de ogiva
 Nártex gótico
 Portal com arco apontado com decoração escultórica com
figuras a representar os 12 apóstolos
 Janelas góticas
 Presença de arcos torais, não têm nervuras
 Fachada com tribuna porta e janela gótica por cima
 Cruzeiro com torre com influência francesa
 Claustro gótico – abóbadas de ogiva, arcos portantes, desenho
minimalista
TRÊS OBRAS EXCECIONAIS SEGUNDO PAULO PEREIRA

Convento de Santa Clara-a-Velha, Coimbra 1317-1340


 Arquitetos Domingos Domingues e Estevão
Domingues
 Patrocinada pela Rainha Santa
 Túmulo da Rainha Santa Isabel, mulher de D. Dinis
 Cobertura de pedra e não de madeira
 Alta
 Não tem corte basilical
 3 naves, à mesma altura, com 7 tramos, 7 arcos
torais
 Cabeceira com 3 capelas quadrangulares
 Capela mor poligonal
 Sem transepto
 Perfil triangular de duas águas com presença de
mísulas que não chegam ao chão: característica
cisterciense
 Rosácea
 Entrada lateral e dois espaços dentro marcados por uma
divisão em planta
 Sistema abobada de berço quebrada
 Abobadas de ogivais nas naves laterais e de berço na nave
principal assentada em arcos torais
 Claustro com lavatório, existe ainda um segundo claustro
ainda enterrado
 Sala do capítulo com um pequeno altar
 Refeitório requer sempre um lavatório no claustro
 Encontrava-se à altura da rua, atualmente a rua está muito mais alta, só
sobreviveu às cheias por ser suficientemente altar e por sem em pedra, se fosse
madeira não resistia
 Influências do Mosteiro de Alcobaça
 Intervenção se Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez

Cabeceira da Sé de Lisboa 1341-1357


 Patrocinada por D. Afonso IV, filho da Rainha Santa
 Parecida com a cabeceira do mosteiro de Alcobaça, atualmente a cabeceira
é barroca (período de D. João V), mas o deambulatório ainda é gótico
 Deambulatório com 9 capelas radiais em volta, abobadas de ogiva e
iluminação
 A capela mor era fechada por uma abside poligonal com 7 panos de parede
fenestrado
 Cobertura em abobadas de ogiva
 Arcos botantes duplos à volta da capela mor
 Sistema gótico
 Torre sineira sobre o transepto, que sofreu com o
terramoto, hoje vemos arcos botantes que iriam
suportar uma estrutura mais complexa para cima
Tribuna do Rei na Igreja de São Francisco de Santarém 1372
 Patrocinada por D. Fernando para ele, filho de D. Pedro I
 3 tramos situados entre as colunas da nave central onde
ficaria o túmulo do monarca
 Coro alto a meio da igreja para colocar o túmulo
 Rigor no desenho da estrutura, capitéis muito baixos
 No túmulo falta a escultura por cima
 Separada do transepto e da entrada

Coro Alto s. XVI

10. Arquitetura Civil e Militar dos séculos XII-XIV

No românico não existem estruturas de casas-torre/ casas fortes. O conforto não era o
mesmo, as construções eram primitivas, muito militares, com poucas condições. No fundo, eram
torres de um castelo, de estruturas pouco desenvolvidas no sentido de conforto habitacional.
Era necessária uma autorização (feita a D. Dinis) para construir uma torre, por causa do
pode, só os nobres é que podiam ter com a devida autorização, até porque permitia alguma
defesa. Se alguém fosse pedir vassalagem ou cobrar impostos, podiam não dar por estar no
castelo/torre. A torre dá estatuto à família.
Sobretudo no Norte do país, podemos reconhecer e visitar algumas estruturas civis. No
fundo, o que mais chegou aos nossos dias foram casas nobres rurais que não sofreram grandes
transformações.
A tipologia é de casa-torre ou de casa forte, podia à partida, parecer uma torre que
pertencesse a um castelo, mas não há cerca e por isso, percebemos que era uma construção
nobre.
Sempre com porta alta, poucas janelas. Forma básica de vida por questões defensivas.
Podemos começar a ver alguns elementos a aparecer, como varandas.

CASAS-TORRE E CASAS FORTES | “FORTUS DOMUS”

Torre de Refoios, Ponte de Lima século XIII


 Casa nobre
 Porta alta, 2º andar – não estavam propriamente à espera de
visitas, tinha um carater defensivo, o acesso era feito por escadas
de madeira ou corda
 Janelas mínimas, com o tempo, vão começando a ganhar esses
elementos
 Ideia de segurança, defensivo
 Estrutura bastante básica
 Símbolo de poder
Torre de Dornelas, Amares século XIII
 Porta sempre alta – 5/6 metros
 Janelas mínimas
 Torre quadrangular

Torre de Penegate, Vila Verde 1322


 Porta alta e elevada
 Poucas janelas
 Começam a surgir elementos como varandas – útil e decorativo
 Pertencia à pessoa que cobrava os impostos, para a sua segurança, D. Dinis
abriu uma exceção pois não queria que houvesse construções deste tipo

Torre de Giela, Arcos de Valdevez século XV


 Sendo já no século XV, faz-se a torre com uma espécie de casa ao
lado, que traz mais conforto, como que um Paço, onde já se
adicionam mais janelas, varandas, balcões – relação com o exterior
mais franca
 A torre não é abandonada por ser um elemento de prestígio
 Reabilitado, estrutura metálica para entrar pela porta alta
 Mata-cães na varanda e nos cantos

Torre de Quintela, Vila Real século XV


 Aspeto menos austero, mais trabalhado
 Varandas que permitem a leitura da paisagem, da varanda
podiam mandar baldes de óleo, pedras
 Varandas nos cantos
 Carater simbólico
 Estes tipos de estruturas podiam, inicialmente, também ser
adaptadas a mata-cães dos castelos
 Linguagem militar muito presente
 Sede da casa dos Quintela
 Escadas moderna do século XX

CASTELOS

Castelo do Sabugal 1269-1303


 Inovações – introdução da barbacã – muralha mais pequena que rodeia a
muralha principal, serve para impedir que os inimigos entrem, escavem a
muralha ou que construam uma torre de acesso para poderem entrar
 As duas muralhas dificultam o processo
 Torre pentagonal, com o bico para o exterior da muralha, uma cunha, se o
inimigo enviar projeteis ou catapultas, a pedra bate e faz ricochete,
colocada em sítio estratégico. Grande presença na paisagem (30 m
de altura)
 Elementos expressivos das varandas – cachorros (mísulas) que
suportam as varandas e é um elemento decorativo
 Caminho de ronda, circuito em volta do castelo, circular a cota alta,
que se torna mais fácil para defender do que à cota térrea
 Elaboração de desenho nas ameias, elemento mais expressivo
 Registos de Duarte de Armas, contratado por D. Manuel para
desenhar as fronteiras
Torre do Castelo de Estremoz 1267-1370
 Onde morreu a Rainha Santa
 Salas abobadas com nervuras
 Torre muito alta, 27m
 Mata-cães nos cantos – balcões de contemplação, com
mais decorações
 Estrutura gótica
 É um castelo real, é um Paço
 Segunda cerca que corresponde a um arrabalde, uma
segunda expansão da cidade
 Atualmente é uma Pousada Rainha Santa Isabel
 Articulação de sistemas defensivos
 Couraça – elemento retangular e fino, muralha perpendicular à
muralha principal que serve para chegar à cota mais baixa e ir
buscar água
 A porta é discreta, portinhola e não uma porta urbana por ser uma
estrutura defensiva, porta de serviço
 Torre no fundo da couraça

Torre do Castelo de Beja 1310-1398


 Torre de menagem mais alta de Portugal – 40 m em relação à muralha
 Semelhanças com a Torre de Belém
 Marcações, decorações, ameias piramidais
 Estrutura defensiva complexa
 Janelas góticas
 Três salas todas abobadadas

EDIFICIOS CIVIS

Paço da Audiência de Estremoz século XIV


 Edifício onde o rei podia receber os nobres, emissários de outras cidades,
reunir a corte para discutir assuntos da governação
 Construído no sistema gótico
 Planta estrelada com estrutura de 8 tramos
 Galeria, espécie de nártex à frente
 Portal apontado
 Abobada octogonal manuelina

“Domus Munícipalis de Bragança 1º terço século XV


 Parece mais antigo do que é – peso do românico destas
comunidades mais isoladas
 Edifício municipal em forma poligonal irregular
 Grande arcada sem vidros
 Câmaras organizadas por profissões, todos os representantes se
sentavam num banco de pedra corrido à volta e discutiam
 A casa municipal instalava-se por cima da reserva de água da cidade,
em corte vemos a cisterna
 Cobertura de madeira com asnas com telhado de 5 águas
 Mísulas, cachorros que seguram a cornija e suportam a estrutura de
madeira reconstruída pelos MN
ARQUITETURA DAS ORDENS MILITARES
As Ordens Militares tiveram um papel importante na consolidação do território, na conquista
aos mouros para a Coroa Portuguesa. Templários passam a chamar-se Ordem de Cristo em
Tomar. Ordem de Avis, Alentejo; Santiago, Palmelas

Igreja fortificada de Leça do Balio 1320 – 1370 (Ordem do Hospital)


 Elementos que não existem na ordem dominicana: torre castelo –
rodeada de ameias
 Igreja fortificada
 Corte basilical pelo transepto
 Ameias pontiagudas, carácter mais expressivo
 3 naves, 4 tramos; cabeceira com 3 capelas poligonais abobadadas;
transepto inscrito; torre sineira quadrangular
 Cobertura de madeira e cabeceira abobada
 Volumes da nave, transepto e cabeceira escalonados

Igreja fortaleza da Boa Nova, Terena, Alentejo 1325 – 1332 (Ordemde Avis)
 Mistura de capela e fortaleza aomesmo tempo
 Pequena capela no Alentejo
 Caminho à volta
 Escada em caracol para aceder àcobertura
 Planta em cruz grega
 Abóbadas de berço quebradas
 Abóbada de nervura
 Capela-mor
 Tem merlões; cruzeiro com ogiva simples

Paço e Igreja fortaleza da Flor da Rosa 1340 – 1430 (Ordem de S. Joãode Jerusalém / Malta)
 Atualmente é uma pousada intervencionada por Carrilho da Graça
 Igreja com planta em cruz
 Igreja vertical
 Pai de D. Nuno Álvarez Pereira viveu aqui
 Zona de Portalegre
 Convento para mongese cavaleiros; paço para a família real
 1 nave, capela-mor quadrangular curta; longo transepto
 3 torres na fachada principal
 Planta composta pelo paço acastelado (ou casa-forte), pela igreja de Santa
Maria e pelasdependências conventuais
IGREJAS GÓTICAS PAROQUIAIS
Sécs. XIII-XIV
 Românico foi mais duradouro no Norte de Portugal
 Arquitetura gótica incide
mais no Centro Oeste do
país

Igreja de Santo André,


Mafra, final do séc. XIII
 Capela-mor poligonal
 Corte duas águas

Igreja Santa Maria, Sintra, final do séc. XIII


 Portal gótica
 Igreja de duas águas
 Arcadas; colunas com capitéis mais clássica; arco apontado
 Não se põem a questão da iluminação por serem pequenas
 Capela-mor poligonal  significa que já passou o românico porque é uma
marca do séc. XIV
 Não tem transepto afirmado

Igreja de São Pedro, Arganil, inícios do séc. XIV


 Construção elementar/básica; passava por uma igreja
asturiana do séc. XII
 Possivelmente era para ser caiada
 Rude; pilares fortes
 Capela-mor quadrada
 Mostra a diferença dos meios, por ser uma zona mais isolada
 Corte basilical (?); arco apontado

Igreja de São Lourenço, Atouguia da Baleia, séc. XIV


 Corte basilical; grande óculo; portal gótico
 O que era para ser à vista
 De maiores dimensões
 Portal interior é renascentista
 Aumentar a verticalidade com uma descida na entrada
 Passava por uma igreja franciscana ou dominicana
 Vila com importância na altura
 Clerestório
 Portal e capela-mor; arco do triunfo (internamente) marca a entrada na capela-mor

54
Igreja Paroquial da Lourinhã, 1384-1397
 Zona entre Lisboa e Peniche  zona da arquitetura
gótica
 Corte basilical; médias dimensões
 Capela-mor e portal mais trabalhado
 Cobertura em madeira
 Visão do espaço interior

Igreja de São Domingos de Vila Real, início do


séc. XV
 No norte, o gótico tem um aspeto mais pesado
 Igreja conventual
 Na idade média, só eram considerados as cidades se
tivessem Sé

ARQUITETURA TARDOGÓTICA
OS CAMINHOS DO SÉC. XV
 Século rico porque é mais aberto a outro tipo de influências
 Abertura das rotas comerciais
 Correntes artísticas vindas de toda a Europa
 Situação mais pacificada; contactos

Convento de Santa Maria da Vitória – Batalha,


1388-1438
 Grandes obras patrocinadas por reis

Batalha de Aljubarrota – 14 agosto 1385


 D. Fernando morre deixando a única filha casada
com o rei de Castela que tinha direito a ser rei de Portugal
 O povo não quis e propuseram que D. João, Mestre de Avis fosse rei
pois era filho (ilegítimo) de D. Pedro
 Nobre portugueses apoiavam os espanhóis porque, pela lei, o Rei de
Castela tinha direito ao trono
 O povo, que queria manter a independência, apoiava D. João
 Exército espanhol era 5x maior e com cavalaria; deram a volta
 Tudo intencional por D. Nuno Álvares Pereira
 Castelhanos caíram nos buracos
 Manda construir um grande mosteiro para agradecer apoio divino
pois tinha tudo para perder

Casamento de D. João I com Filipa de Lencastre –


Porto, 1387
D. João I (1357-1385-1433)
 Casou com Filipa de Lencastre, princesa inglesa
 O da Boa Memória
 Reinado longo, de quase 50 anos
 Momentos importantes no seu reinado: Conquista de Ceuta e descoberta da Madeira e Açores

55
Mestre Afonso Domingues: 1388-1402
Mestre Huguet: 1402-1438

 Mestre da Batalha era o cargo de mais prestígio que um arquiteto podia ter em Portugal
 Mosteiro da ordem dominicana
 Cruz latina muito comprido
 3 naves e 8 tramos, nave central mais alta, naves laterais mais estreitas
 Três naves todas abobadadas com abóbadas de ogiva; iluminação
 Cinco capelas na cabeceira
 Capela-mor com arco triunfal e elevada em 2 andares
 Dormitório muito comprido; refeitório
 Não foi no sítio da batalha por seu um sítio agreste
 Foge à regra dos conventos dominicanos que ficam numa
cidade e este fica no meio do nada
 Ao fundo do vale aparecia a Igreja; ideia destruída pela
Estrada Nacional construída no Estado Novo
 Cabeceira não poligonal, arredondadas
 Todo coberto em pedra; abóbadas  sinal de prestígio da
obra e da encomenda régia
 Toda abobadada
 Corte: percebe-se o efeito de abobadamento da igreja
 Transepto saliente de topos retilíneos com torres
 Muito vertical; clerestório e arcos botantes
 Imagem mais próxima das catedrais francesas
 Com são quase planas, dá um corte basilical
 Pequena pendente

 Lançado por Mestre Domingos, continuado por Huguet (não


se sabe de onde é, talvez inglês ou catalão)
 O primeiro faz o layout o lançamento das paredes
 O segundo abobada a igreja e todos os elementos decorativos
 Decoração da parede: influência deste arquiteto
 Decoração muito encontrada em Inglaterra
 Decorativismo próprio deste período
 Portal lembra portais góticos franceses
 Arco conopial
 Parecido com portal de Sé Évora
 No topo a Santa Maria da Vitória e em baixo Cristo (sentado no meio)  à volta, os
símbolos dos evangelistas
 Doze apóstolos, seis de cada lado

56
 Figuras do antigo testamento
▪ Simboliza a união dos dois testamentos  religião cristã
 Interior seco/austero, comparado com exterior
 Surgem os vitrais pela primeira vez em Portugal; janelão em vez da rosácea
 Edifício próximo da catedral gótica dominicana
 Complexidade nas colunas é uma consequência do gótico
 Claustro gótico com desenho relativamente simples, bem executado; surgem pouco elementos
decorativos
 Partes terminadas no tempo Manuelino
 Sala do Capítulo: Huguet
 Abóbada de Huguet
 É possível que o portal (lateral) do transepto seja de Afonso Domingues
 Sala de capítulos cobertos por abóbadas de estrela; tímpano muito rico e trabalhado
 Pilares cruciformes
 Desenho de James Murphy, irlandês; livro “Gothic Architecture”
 A rainha era inglesa; os ingleses sempre tiveram fascínio pelo gótico

1425-1438
 No reinado de D. Duarte querem manter-se associados a esta obra
 Símbolo da independência nacional
 Panteão de D. João I e panteão de D. Duarte
 Planta central, característica dos mausoléus
 Colocados em pontos distintos
 D. Duarte morreu nova e a capela não se acabou
 A capela de D. João teria um pináculo que já não existe, é possível que
tenha caído no terramoto
 Feitos pelo Huguet  está 40 anos à frente da obra
 D. João I, D. Duarte (nas capelas imperfeitas), Afonso V e infante D.
Henrique  filhos de D. João I
 Segundo claustro é posterior 50 anos
 Para a construção da capela de D. Duarte, supunha-se a demolição das
capelas para acesso, mas nunca se fez e acede-se pelo exterior
 Conhecidas como capelas imperfeitas

57
D. Duarte (1491-1433-1438)
 É provável que o Homem do Chapelão ser D. Duarte e não o infante
 Enterrado com a mulher; possivelmente queria estar ao centro
 Pensa-se que não foi acabado por questões estéticas pois D. João III
estaria mais interessados no estilo renascentista
 Desinteresse ao longo dos tempos
 Próprio Murphy faz um desenho de uma proposta de como seria

Convento do Carmo, Lisboa, 1389-1423


 Igrejas irmãs
 Carmelitas
 Patrocinada por D. Nuno Álvares Pereira (tornou-se o homem mais rico de Portugal a seguir ao rei)
 Casou com filha do duque de Bragança
 Dedicou-se à igreja; tornou-se frade
 Tornou-se santo por fundar este convento com nova ordem
 Planta em cruz latina com 3 naves longitudinais
 Capela-mor abobadada
 Transepto pouco saliente e cabeceira escalonada com abside e 4 absidíolos
 Arco canopial
 Portal escavado composto por várias arquivoltas apontadas assentes em colunas ornadas por figuras
antropomórficas e com capitéis de ornamentação
 Empenas triangulares; grande rosácea
 Afetado muito pelo terramoto
 Está a céu aberto, abóbada caiu
 Três naves abobadadas
 Parecida com igreja da Batalha, mesmo partido arquitetónico
 Capela-mor coberta
 Ganha altura na parte de trás, na cabeceira
 Presença dominante sobre o Rossio
 Afirmação da cabeceira
 É mais curta que o da Batalha; tem cinco tramos enquanto a da Batalha tem oito
 É possível que muitas peças tenham sido postas depois terramoto
 O túmulo de D. Fernando estava aqui

Convento da Graça, Santarém, 1380-1425


 Ordem dos Gracianos  regra do Santo Agostinho mas dominicana
 Planta mais simples que a da Batalha
 Grande espaço, sem contrafortes  cobertura de madeira
 Tendência do espaço total e glorioso da arquitetura gótica

58
 Igreja gótica elemento decorativo derivado da Batalha  portal com friso quadrado, arco
conopial
 Rosácea; tendência para janelas maiores  espaço interior mais iluminado
 Perfil basilical e coberturas inclinadas
 Capelas escalonadas encaixam na parede do transepto como se fossem encaixadas num ecrã
 Percurso de escadas  capela-mor com presença maior na cidade
 Transepto bem afirmado como os anteriores, não só em altura como no exterior, com espaço amplo
 Preferência por capelas redondas
 Cobertura de madeira  espacialidade mais ampla
 Capela-mor  elemento de grande marcação com janelas muito verticais
 Capela colateral  que estão ao lado da capela-mor
 Obra com impacto urbano apesar do alçado modesto
 Fachada principal de 3 panos definidos por contrafortes; fachadas laterais de pano único
 Cabeceira mais alta
 Arquitetura gótica: ganham altura internamente com a descida das escadas
 Preceito da orientação canónica  cabeceira a nascente

Arquitetura Civil
Paços
 Pequena nobreza apoiava o mestre de Avis porque não tinham interesse em perder as rotas
comerciais marítimas em prol dos espanhóis
 Renovação da nobreza e dos palácios

Paço do Castelo de Leiria


 Cidade mais importante a seguir à Batalha
(devido à proximidade)
 Korrodi reconstrói, projeto do início do séc.
XV
 Atualmente, a cidade está toda fora da
muralha
 Inspirado em Ledoux
 Espaço central com dois elementos mais
elevados
 Constituído por uma sala de receção,
antecâmara (local mais privado onde se
tratavam de negócios mais importantes),
câmara (quarto apenas para as pessoas da casa), trescâmara (vestuário), oratório
 Castelo românico e gótico, de planta poligonal com forte sistema defensivo rodeando o reduto
central onde se encontram o paço real
 Arquitetura civil

59
 Relação franca com a paisagem
 Capela exterior  exclusiva da família real
 Korrodi propunha reconstruir o telhado todos mas não foi feito, ficou mais seco
 Nível de privacidade não só em extensão como podia evoluir em altura

“Prymeira, salla, em que entram todollos do seu senhorio (…) e assy os estrangeiros que ella
querem viir. Segunda, camara de paramento, ou antecâmara em que custumam estar os
seus moradores e alguus outros notaveis do reyno. Terceira, camara de dormir, que os
mayores e mais chegados de casa devem aver entrada. Quarta, trescamara, onde se
custumam vestir (…) Quinta, oratorio, em que os senhores soos alguas vezes cadadia he bem
de sse apartarem para rezar, ler per boos livros, e pensar em virtuosos cuidados”.

D. Duarte, Leal Conselheiro, c.1438

 Livro da etiqueta da Corte


 Organizar um paço: os espaços que deve ter
 Sala: espaço mais público; sala de entrada
 Camara de paramento ou antecamra: onde os senhores se vestiam ou para ter reuniões
 Camara de dormir: só entrava, residentes ou familiares
 Trescâmara, atrás da camara
 Oratorio; retretes
 Não havia corredores, sequência de espaços

Paço de Belas (Sintra), c. 1424, início do séc. XVI


 D. João, filho mais novo de D. João I
 Duas torres e corpo mais baixo, como o anterior
 Galeria; capela com circuito interno para a família da casa
assistir através de uma tribuna e outra entrada para os
funcionários
 Arcada gótica que abre para a paisagem em vez de abrir
para a varanda

Solar dos Pinheiros – Barcelos, séc. XV

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Paço dos Duques de Bragança – Guimarães, c. 1420 – c.1480
 Ainda era Conde de Ourém; filho bastardo de D. João nascido antes de casar com Filipa de
Lencastre; casou com a filha de
Nuno Álvares Pereira
 Intervenção de inspiração de
Ledoux
 Planta quadrada com pátio no
meio
 Quatro torres
 Capela gótica a eixo da entrada
 Edifício inacabado
 O lado de trás é mais espetacular
 Teria uma galeria; portal e
gabelete
 Cachorros que suportavam; importação da arquitetura militar
 Chaminés  representação de bem viver, conforto
 Três volumes da ala posterior do quadrado
 Duas janelas góticas por de trás do altar

 Entrada, parte mais incompleta do edifício

Paço dos Reis de Maiorca Perpignan


 Estado independente
 Elementos semelhantes como colocação da capela

 Intervenção de Rogério de Azevedo: acaba o edifício; estava incompleto e ele termina-o


 Quase tudo é invenção dos anos 30/40, séc. XX

Arquitetura do Reinado de D. Afonso V

D. Afonso V (1432-1438-1481)
 Rei dos 6 anos  quem fica a mandar?
 Rainha Viúva ou D. Pedro, Duque de Coimbra
▪ Consegue exilar a rainha em Aragão e ser regente do reino
▪ Passeia 10 anos pela Europa

61
ARQUITETURA DO DUQUE DE COIMBRA
D. Pedro, Duque de Coimbra (1392-1449)
 Morre na batalha contra o sobrinho
 Infante das 7 partilhas; extremamente culto

Paço ducal de Tentúgal


 Vive no Paço em Coimbra (Hoje da Universidade) e tinha
uma casa do campo
 Sofreu muitas alterações e está abandonado
 Neo-gótico; difícil reconstruir
 Fica do lado do campo
 Capela
 Muito vertical, inclinada
 Inspiração do centro da Europa
 Portal sem capitéis, que existem normalmente
 gosto estético minimalista

Igreja Matriz de Tentúgal


 portal da entrada também não tem decoração nenhuma
 sobriedade / austeridade
 continuidade do gosto vertical

Igreja de Santiago de Palmela, 1443-1482


 nova sede
 ameias  igreja de ordem militar: ordem de Santiago – frades cavaleiros
 gosto minimal, sem decoração nenhuma; gosto depurado e sóbrio; carácter “militante”
 duas águas; 3 naves abobadas à mesma altura; nave principal mais larga
 contraste com a Batalha que tem tanta decoração, apenas, aproximadamente, 50 anos depois
 relação da arquitetura cisterciense
 portal: pano de pedra, sem capitéis, não marca o arranque do
arco
 planta curiosa; cabeceira reta – os retábulos começam a ser
mais imponentes
 capela-mor com abóbada de ogivas – mais trabalhada;
contraforte “estranho”  quadrada “regresso”
 princípio estético do arco da entrada vê-se também nos arcos
 tratamento minimal/elementar
 cruzamento com Santa Clara-a-Velha
 primeiro coro alto (registo) na arquitetura portuguesa  para os frades cantarem e o som
propagava-se pela igreja

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Claustro de D. Afonso V
Convento da Batalha
Mestres da Batalha

Afonso Domingues 1388-


1402

Huguet 1402-
1438

Martim Vasques 1438-1448

Fernão de Évora 1448-1477

Mateus Fernandes 1477-1480 e 1490-1515

 Fernão de Évora faz o segundo Claustro da Batalha


 Claustro mais residencial; elementos novos:
 Dois pisos desde da sua origem; dos primeiros
▪ Para as celas dos frades (em vez de estarem todos juntos em camaratas, cada um
tem o seu cubículo  importante para o estudo)
 Arquitetura minimalista; ausência quase total de decoração
 Cobertura em pedra no piso inferior com contrafortes a suportar abóbada de nervuras básicas/
quadradas
 Há capitéis mas sem decoração, lisos e brqancos
 Estrutura delicada no segundo piso  cobertura de madeira
 Neo-simplicidade; claustro minimalista sem decoração
 Contraforte angular para ajudar a apoiar a esquina
 Gosto minimal do Sul da Europa em oposição ao do Norte, como Reino Unido, com muita decoração

Convento do Varatojo (Torres Vedras)


 Claustro parecido com o da Batalha
 Principal diferença: não tem contrafortes logo os dois pisos são de madeira
 D. Afonso V veio morrer aqui; tornou-se frade franciscano
 Desenho do canto com algum requinte

63
Aspetos estéticos
Painéis de S. Vicente, c.1470

 Pintor: Nuno Gonçalves


 Retrato dos elementos mais representativos da sociedade
 Perspetiva; pormenorização dos retratos
 Quadro moderno para a época
 antónio salvador marques – blog painéis de s. vicente http://paineis.org/INDICE.htm
 elementos que ajudam na identificação das personagens
 S. Vicente aparece duas vezes
 No terceiro painel: rei, D. Afonso V, como figura central (no conjunto); canto inferior esquerdo,
rainha, mulher de D. Afonso V que já teria morrido; junto ao rei, João II, futuro regente e D. Duarte,
pai do rei
 Do outro lado, no quarto painel: conjunto de cavaleiros anónimos
 Penúltimo quadro: os quatro filhos de D. João I: Infante D Pedro à direita; D. Fernando em cima, que
terá sido “abandonado” em África; D. João, à esquerda, novo condestável; e D. Henrique, em baixo,
imagem mais parecida com a estátua do túmulo do mosteiro da Batalha;
 Nuno Gonçalves foi nomeado arquiteto régio
 Outros desenhos minimalistas, perspetiva
 É possível que seja parte de um conjunto mais completo  estudo de Dagoberto Markl
Retrato austero de uma sociedade com um projeto
«Investidura da Nação na missão do Espírito Santo»
Declaração da monarquia imperial

 Ideia do quinto império; expansão portuguesa

Tapeçarias de Pastrana, c. 1471-72


 Encomenda para D. Afonso V pela conquista de dois castelos em África
 Não se sabe quem desenho, talvez Nuno Gonçalves
 Desembarque / Cerco / Assalto Tânger  cidade importante no estreito Gibraltar
 Rodízio – espécie de roda da fortuna é o símbolo pessoal de D. Afonso V
 Tapeçarias representam a conquista de Tânger e Arzila

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Desembarque em Arzila Cerco de Arzila

Tomada de Arzila Entrada em Tânger

Ceuta (1415)
 Conquista de D. João I
 Conquista fora da Europa

Alcácer Seguer (1458)


 Por Afonso V

Tanger (1471) Arzila/Asilah (1471)


 Arqtº Viana de Lima Casa Honorário de Lima / Casa Cortez

 1470: Ainda há mouros na Península Ibérica e Portugal já está a


avançar sobre o Norte de África
 D. Afonso V deixou a tarefa dos Descobrimentos para o tio, o infante D. Henrique que foi até Serra
Leoa

Túmulo de Fernão Teles e de Meneses


Diogo Pires-o-Velho
Igreja de S. Marcos, arredores de Coimbra, c. 1471
 Túmulo gótico com elementos renascentistas
 O senhor tinha um cargo importante em África
 Dois tipos de referências: a Itália, ao renascimento italiano; e aos Descobrimentos,
ao homem selvagem
 Igreja transformada no período barroco com portal ainda gótico

ARQUITETURA DO CONDE DE OURÉM


D. Afonso (1402-1460)
 Grande mecenas da arquitetura porque viajou pela Europa, diversas vezes por Itália
 Não chegou a ser duque porque morreu antes do pai
 O pai construiu o Paço Ducal de Guimarães, Paço Ducal de Barcelos (que domina a entrada na
cidade, hoje é uma ruína)
 Paralelismo com Coimbra; palácio dos duques por cima da ponte, controlavam as portagens

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Paço de Ourém (1450-60)
 Palácio à maneira do Castelo
 Possuía as características de uma arquitetura militar “avançada” da região norte e centro-oriental
italiana, com a sua estrutura compacta e os seus sistemas de defesa ativos modernos
 Referências trazidas de Itália, baseado no modelo da “rocca” italiana
 Duas torres com perfil hexagonal irregular que funcionam como baluartes avançados; são inclinadas
 ponto de vista de defesa
 Introduz-se a pólvora na guerra e têm de se melhorar os sistemas construtivos
 Posição excecional, ao pé do Castelo medieval
 Paço: elemento defensivo com presença na paisagem
 Elementos curiosos – relação com a paisagem
 Estruturas muito estranhas: mecanismos de defesa  percurso coberto do castelo diretamente à
torre; sem passar pela residência
 Desenho da varanda apoiada nos arcos em tijolo  interpretação direta da arquitetura italiana

Cripta de Ourém (t.1481)


 Quadrado com 4 colunas no meio  proto-renascentista, sem
identidade clara
 Túmulo como um príncipe renascentista
 Não tem caracterização clara
 Abóbadas de tijolo caiadas de branco
 “NEIS” “NEMINIS” “Ninguém”
 Ninguém subiu mais alto que ele, como grande
mecenas da arquitetura

Castelo e Paço de Porto de Mós, 1450-60


 Castelo adaptado a paço; castelo como uma praça de armas
interior com dependências fachadas ao seu redor
 Corpo central dotado com uma ampla loggia de quatro arcos
conopiais ladeada por dois balcões sobre matações
 Arcos como os de Leiria
 Varandas que derivam da arquitetura militar
 Torres com pináculos, revestidos a cerâmica  inspirados nos da Batalha
 Apoios ao Castelo  porta com “gotas”
 Pré-renascentistas
 É possível que tivesse umas varandas de madeira
 Emblema do Conde de Ourém e o Brasão da família
 Gosto mais decorativo mas ainda abstrato

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Sinagoga de Tomar, c. 1450 -60
 Ou com o apoio do Conde, ou feita
pelos mesmo arquitetos
 Mesmo princípio construtivo 
abóbada de tijolo caiada de branco e
colunas parecidas
 Ainda existe em Portugal
 Simbologia da religião hebraica nas
colunas

ARQUITETURA DO REINADO DE D. JOÃO II


 Reinado curto, morre com 40 anos mas tem impacto na história; começa a reinar cedo porque o pai
abdica

D. João II (1455-1481-1495)
 Intervenção importante na arquitetura
 Estava atento ao que se passava lá fora e promove a importação de modelos
italianos
 Empenhou-se no descobrimento do caminho marítimo para a Índia; preocupou-
se com as trocas comerciais
 Do Gana à África do Sul – impulso para o Império do Oriente
 Relação com Itália; investimento nos descobrimentos com a relação das trocas comerciais
 Criação de um estado moderno – centralizar o estado na sua figura

Hospital Real de Todos-os-Santos, 1492-1504


 Grande equipamento da cidade de Lisboa
 Hospital não só para os doentes mas também para os sem abrigo
 Fachada é manuelina pois foi acabada por D. Manuel
 Modelo italiano; geométrico, planta organizada  planta cruciforme
 Edifício já não existe – demolido após o terramoto
 Era no Rossio, ocuparia o espaço no meio da Praça da Figueira
 Doentes poderiam assistir à missa sem se levantarem
 Divisão entre Homens/Mulheres e entre doenças contagiosas/não contagiosas
 Nas gravuras de Lisboa, aparece, dominando a Praça do Rossio
 Reconstrução 3D
 Ao pé do Convento de S. Domingues
 Primeiro hospital, feito fora de Itália, com este modelo

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Ospedale degli Innocenti, Florença
 Modelo italiano de Brunelleschi

Ospedale de Santo Espirito, Roma


 Planta geométrica desenhada por arquitetos

Ospedale Maggiore di Milano, Milão


 Obrz de Filarete, grande conjunto, maior que o de Lisboa

Hospital Real de Santiago de Compostela


 Preocupação dos reis
 Ao mesmo tempo
 Ao lado da catedral

Hospital de Santa Cruz de Toledo


 Final do séc. XV
 Agora é um museu
 Modelos e construções que ainda existem e o
de Portugal não

Hospital das Caldas de Óbidos, 1485-1488


 Apoiado pelo Rainha D. Leonor – criadora da Casa da
Misericórdia
 Caldas da Rainha
 Estância termal; uma piscina para Homens, uma para
Mulheres e uma para a Rainha
 Os tanques eram de fontes naturais e tinham uma
forma estranha

Igreja de N. Sª do Pópulo, 1485-1505, Mateus Fernandes


 Tinha uma torre campanária com relógio  elemento novo deste período
 Nome italiano: Pópulo – Povo
 Interesse/referências de Itália
 Ameias em rabo de andorinha – referência italiana

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 As enfermarias já não existem, só a
capela
 Porta direta para o povo
 Arco triunfal – peça manuelina; é
acabada mais tarde
 Gosto do renascimento com o
gótico
 Mais no estilo; a forma leva mais tempo

Relações próximas com Itália


Medalhões – Lucca della Robia
 Encomendados pela Rainha D. Leonor

Andrea Sadovino, Proposta para o túmulo do infante D. Afonso (f.


1491)
 Filho de D. João II que morre cedo, num acidente a cavalo, iria casar com a filha dos reis católicos
 D. Manuel foi rei, era primo (o que D. João não matou) e era irmão da rainha
 Antes do período manuelino que é um tardo-gótico
 Estava a entrar no renascimento; há um período manuelino que dura 30 anos; e só depois é que
Portugal entra no Renascimento
 Relação com Itália acaba com a morte do rei D. João II

Expansão em África
 Sul, a chamada África Negra
 Em função da descoberta do caminho marítimo para a Índia

Feitoria e fortaleza de S. Jorge da Mina, 1481-1482


 Peças pré-fabricadas de Lisboa;
construída em 6 meses
 1ª grande estrutura portuguesa nos
trópicos que ainda existe (com
adaptações)
 Quadrado no meio é a fortaleza original

Processos Militares
 Pôr os canhões nos barcos, nas caravelas – 1º Rei da Europa a fazê-lo
 Como um país tão pequeno conseguiu ter um Império tão grande no Oriente
 Devido a estas técnicas
 Rede ultramarina
 Naus (velas quadradas e barcos maiores)
 Máquinas de guerra

“Cubo” do Castelo de Elvas


 Estrutura adaptada  plataforma com
canhões
 Estrutura inovadora

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 Mais do que um andar – ideia de barcos

“Fortaleza” de Alvito
 Hoje um paço mas pensa-se que foi montado em cima de uma
fortaleza e pensa-se que o paço é so séc. XVI
 Sem o último piso

“Torre Velha” da Caparica


 Torre de S. Sebastião da Caparica
 Em frente à Torre de Belém, do lado Sul  obra
Manuelina já pensada por D. João II
 Numa rocha, parecido com um bunker nazi
 Grande estrutura de defesa da Costa
 No sítio da Torre de Belém – D. João pôs uma Nau com
canhões
 Não é uma obra decorativa mas uma estrutura
de defesa

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