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MÓDULO 4 TEMA

A CULTURA DA CATEDRAL A CATEDRAL: BISPOS E CATEDRAIS AULA 51 1

A CATEDRAL: A REPRESENTAÇÃO DO
DIVINO NO ESPAÇO
As grandes catedrais góticas são uma síntese da
civilização medieval: refletem as crenças, as ansiedades
e as vidas das pessoas que as conceberam.

Toda a sociedade se vê representada nas suas torres,


nas suas formas, nas suas amplas naves, nos seus
relevos e nos seus vitrais.

Enquanto resultado do esforço das populações, a


catedral é a expressão autêntica da vida comunitária
regional:
• a catedral é a afirmação do poder da cidade e da
capacidade empreendedora do Homem medieval.
A catedral, do latim cathedra, é a igreja que recebe o
trono do bispo, é simultaneamente o símbolo do poder
espiritual (a autoridade eclesiástica) e do poder
temporal (o poder da burguesia).
© Shutterstock

Catedral de Laon,
França, 1160-1230. Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
© Raiz Editora, 2021. Todos os direitos reservados.
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A CATEDRAL: A REPRESENTAÇÃO DO
DIVINO NO ESPAÇO

Erguendo-se em direção ao Céu, as catedrais góticas


são a representação do divino no espaço.

As catedrais góticas são a maior realização do Homem


medieval, são o símbolo de uma forte fé em Deus.

O simbolismo da catedral consiste numa anagogia, isto


é, num «arrebatamento da alma» pela contemplação
de uma coisa divina.

A catedral gótica sugere uma interpretação mística


capaz de transportar o espírito «deste mundo inferior
àquele mundo superior», como referiu o abade Suger.
Imagem de Guy Dugas, por Pixabay

Segundo o teólogo Hugo de S. Vítor, «a igreja na qual os


fiéis se juntam para louvar Deus significa a Sagrada
Igreja Católica construída no Céu através de pedras
vivas».
Catedral de Tours,
França, 1170-1286.
Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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As torres evocam o movimento


ascensional em direção ao Céu e ao
Divino
A grande rosácea, ao centro, irradia a
luz divina sobre o espaço interior,
promovendo o contacto com o
sagrado
Reis e Santos juntam-se na fachada
simbolizando a união entre o «poder
temporal» e o «poder espiritual»

O grandioso portal repleto de


iconografia representa a «Porta do
Céu»

A decoração esculpida, abundante e


complexa, pretende enriquecer o
edifício mais importante do Homem
medieval

Paulo Simões Nunes


Catedral de Amiens, França, 1220-1280. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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Abóbada de cruzaria de ogivas


Clerestório

Trifório

Sobre o cruzeiro (na interseção da nave com


o transepto, ergue-se uma abóbada de
cruzaria de ogivas, a cúpula e o zimbório

A nave eleva-se no espaço, num movimento


ascensional, sendo iluminada pela «irradiação
de luz divina» através dos vitrais do
clerestório

Em torno da abside e do deambulatório, as


capelas radiantes (absidíolas) rasgadas com vitrais,
projetam no espaço uma «luz mística e divina»

A nave conduz-nos para a abside e para o


altar, o lugar do culto

Catedral de Amiens, nave central,


Paulo Simões Nunes
França, 1220-1280. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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A CATEQUESE: IMAGINÁRIA E VITRAL

A catequese constitui, por excelência, o método de


instrução religiosa através do qual os fiéis são
iniciados na doutrina cristã.

Numa época em que a população era analfabeta na


sua esmagadora maioria, a catequese recorria à
narrativa oral ministrada por um eclesiástico.

Num tal contexto, a imagem adquiriu um papel muito


relevante na cultura medieval, convertendo-se no
meio privilegiado para veicular as «Verdades da Fé» e
a «Palavra do Senhor».

Coube à imagem ilustrar as passagens dos


Evangelhos, representar as figuras de Jesus Cristo, da
Virgem Maria e dos Santos.

Os vitrais coloridos e animados pela «luz mística»


que os trespassava, constituíam um dos veículos mais
© Shutterstock

eficazes da catequese, ou seja, um dos meios mais


persuasivos para transmitir os ensinamentos de Deus.
Paulo Simões Nunes
Vitrais da Catedral de Chartres, França, c. 1150. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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