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MÓDULO 4 TEMA

A CULTURA DA CATEDRAL AS CIDADES E DEUS AULA 49 1

A EUROPA DAS CIDADES


Em 1204 a Quarta Cruzada conquistou Constantinopla, a
capital do Império Bizantino, encontrando uma cidade
rica e mais desenvolvida do que qualquer centro urbano
na Europa Ocidental naquela época.
O contacto com o Oriente (Jerusalém e Constantinopla)
através das Cruzadas e das peregrinações intensificou as
trocas comerciais e culturais, contribuindo para as
A Tomada de Constantinopla, Delacroix, 1840. alterações sociais, políticas e culturais que se verificaram
a partir do século XII.

Em resultado das peregrinações e das Cruzadas


surgiram diversos pontos de abastecimento ao longo
dessas rotas e estabeleceram-se importantes redes
comerciais entre a Europa e o Oriente.

Formaram-se grandes cidades, com importantes centros


comerciais e mercados financeiros: Paris e Marselha
(França), Londres, Bristol e Iorque (Inglaterra), Bruges e
Gand (Flandres), Frankfurt e Nuremberga (Alemanha),
Veneza, Génova e Florença (Itália).
Movimentos das Cruzadas (1096-1270).
Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
© Raiz Editora, 2021. Todos os direitos reservados.
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A EUROPA DAS CIDADES

O século XII foi marcado pelos factos seguintes:


• registou-se um extenso período de clima moderado;
• foi um tempo de paz e de relativa estabilidade
política;
• surgiram inovações técnicas ao nível da agricultura
com melhor aproveitamento dos solos;
• verificou-se o aumento da produtividade.
Desta dinâmica, nasceu uma economia de mercado,
ou seja, um sistema onde as trocas comerciais e a
circulação de moeda gera acumulação de riqueza por
parte de uma elite social constituída por produtores,
mercantilistas, comerciantes e banqueiros.
Surgem os bancos – instituições financeiras que
recebem depósitos de moeda e fazem empréstimos
Um mercado medieval, miniatura do manuscrito Le Chevalier errant, mediante a cobrança de juros.
de Thomas III de Saluzzo, 1400-1405.
Surgem os cambistas – agentes que trocam moedas
por «cheques» e «vales» evitando o transporte de
valores monetários.
Paulo Simões Nunes
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O RESSURGIMENTO DAS CIDADES

Enquanto o feudalismo, como sistema económico, se


desintegrava, o crescimento da produção agrícola, do
artesanato e do comércio fazia ressurgir as cidades.
Esta expansão económica provoca profundas
alterações políticas, sociais e culturais, dando origem a
uma nova elite: a burguesia, que adquire grande poder
económico.
A burguesia vai crescer, tornar-se culta e disputar
privilégios que até então eram exclusivos da nobreza.

As cidades passam a ser os polos dinamizadores de


toda a sociedade, constituindo o motor da economia
e o centro da vida política, social e cultural da época.
Centrada na vida urbana, intensa e dinâmica, a
sociedade manifesta uma tendência para uma
mudança de mentalidade, cultivando um espírito mais
© Shutterstock

laico, mais racional e mais aberto ao mundo.

Cidade medieval, Siena, Itália.


Paulo Simões Nunes
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A EUROPA DAS CIDADES

A partir do século XI as cidades transformaram-se em


permanentes estaleiros de obras e construção de
edificações.

Esta dinâmica de construção constituiu um autêntico


motor de desenvolvimento económico, social e
cultural.

Alamy/Fotobanco
Estaleiros de obras numa Por outro lado, este fervor empreendedor fez surgir as
cidade, Manuscrito de
Girart de Roussillon, Viena, corporações das diversas atividades ligadas à
Áustria, século XII. construção: pedreiros, carpinteiros, serralheiros,
ferreiros, vidraceiros, pintores, etc.

Com o renascimento das cidades e da vida urbana, a


Catedral impõe-se como uma «igreja urbana» – a sede
do Bispo e a máxima representação de Deus na Terra.
Por Pline, CC BY-SA 3.0

A Catedral é obra e expressão de toda a comunidade,


convertendo-se no símbolo das cidades.

Catedral de Laon, França, 1160-1230.


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A EUROPA DAS CIDADES

Após um período de desenvolvimento económico e


progresso social, vários fatores vão provocar uma
recessão económica e uma nova fase de estagnação nos
finais do século XIV.
De entre esses fatores, destacamos os seguintes:
• registam-se acentuadas alterações climáticas;
• verificam-se quebras na produção agrícola e aumento
do preço dos cereais;
• favorece-se o crescimento urbano desordenado e as
más condições higiénicas das ruas e das habitações;
• em consequência, alastram as doenças e aumenta a
mortalidade da população;
• evidencia-se uma crise generalizada a toda a
sociedade.
Este ambiente provoca a descrença e o
descontentamento das populações contra os privilégios
Ricardo II de Inglaterra encontra-se com os rebeldes da Revolta dos
Camponeses de 1381, iluminura de Crónicas de Jean Froissart, Paris, França,
da aristocracia e da burguesia, favorecendo um quadro
século XIV. de instabilidade política e degradação social.
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A EUROPA DAS CIDADES

Grandes acontecimentos que marcam a crise do século XIV:

A Guerra dos Cem Anos (1337-1453)


A França e a Inglaterra envolvem-se num longo conflito que
se generalizou a toda a Europa.
Em consequência, este conflito traduz-se na acentuação da
depressão económica, na desvalorização das moedas e no
aumento de impostos sobre as populações para compensar
Batalha de Crécy, iluminura de Crónicas de Jean despesas da guerra.
Froissart, França, século XIV.
A Peste Negra (1348-)
A maior pandemia que aconteceu na Europa, até então,
matando cerca de 1/3 da população (75 milhões).

O Grande Cisma do Ocidente (1378)


Crise religiosa que conduziu à existência de dois papas: o
papa Urbano VI, em Roma; o papa Clemente VII, em
Avinhão, imposto pelo rei de França.
Conflito só resolvido em 1417.

O povo de Tournai enterrando as vítimas da Peste Negra, miniatura de Paulo Simões Nunes
Pierart dou Tielt, Bélgica, c. 1353. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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