Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
J acques B e r l io z
Monges e Religiosos
na Idade Média
Terramar
Este livro resulta de uma recolha de artigos inicialmente publicados
pela revista L ’Histoire e posteriormente editados, sob a forma de
livro, pelas Éditions du Seuil. A apresentação de Jacques Berlioz
foi expressamente escrita para este livro.
FICHA TÉCNICA
ISBN: 972-710-127-5
LISBOA-PORTUGAL
S. Francisco de Assis
André Vauchez
A mensagem espiritual
fazer ver para fazer crer. A inscrição na sua carne dos estigmas
da Paixão — as chagas das mãos, do pés e do lado — mostra
que esta maneira de viver a realidade do Evangelho se situa
muito para além do procedimento pedagógico ou do jogo.
De facto, foi primeiro na sua vida quotidiana que Francisco
se esforçou por imitar Cristo. Daí a importância, fundamental
aos seus olhos, da humildade e da pobreza. O próprio nome que
ele deu à sua ordem, os irmãos menores, atesta o apego que ele
sentia pela primeira destas virtudes. “Éramos simples e submis
sos a todos” — diz ele no Testamento, ao evocar a época das
origens. E quando os seus companheiros lhe faziam queixas
por terem sido mal recebidos pelos sacerdotes e pelos bispos,
ele recomendava-lhes que não insistissem e se afastassem sem
recriminações ou sem fazer caso dos seus direitos. Quanto à po
breza, sabemos que ela está no âmago da experiência francisca-
na. A entrada na ordem implicava aliás que se renunciasse a
todos os bens pessoais, que estes fossem distribuídos pelos po
bres e que se ficasse apenas com uma túnica, umas ceroulas e
uma corda, uma vez que os irmãos menores, ao contrário dos
monges e dos outros religiosos, não deviam possuir nada. nem
de seu nem sequer em comum. Viver segundo o Evangelho era
recusar toda a segurança e entregar-se à providência no que se
referia à subsistência, ao alojamento e a todas as outras necessi
dades. As polêmicas que surgiram na ordem após a morte de S.
Francisco em tomo da noção de pobreza obscureceram um pouco
o sentido da sua escolha da “Pobreza” como do apego apaixo
nado que ele lhe manifestava. Para ele, tratava-se menos de recu
sar, a priorí, toda a forma jurídica de propriedade (em 1213
aceitou que o conde Orlando de Chuisi lhe desse a localidade
de La Vema para aí estabelecer um eremitério) do que de aniqui
lar em si mesmo o espírito de apropriação. Foi assim que dei
xou um dia precipitadamente uma cela que os irmãos lhe tinham
preparado por um deles se lhe ter referido dizendo “a tua cela”.
O facto de se instalar em algum sítio ou em alguma coisa que se
podia reivindicar como seu arriscava-se com efeito a afastar o
S. FRANCISCO DE ASSIS 257
Vida de S. Francisco:
E. Renan, “Saint François d’Assise”, em Nouvelies Éludes d'Histoire
Religieuse. Paris, 1884, pp. 323-3S2.
P. Sabatier, Vie de Saint François, 2* ed.. Paris, 1931.
I. Gobry, Saint François d 'Assise et l 'Esprit Franciscain, Paris, Éd.
du Seuil, 1977.
E. Longpré, Saint François d ’Assise et son Expérience Spirituelle,
Paris, Éd. Franciscaines, 1966.
R. ManseWi, François d'Assise, Paris, Éditions Franciscaines, 1981.
Cassetes-vídeo:
Podem ser adquiridas na France-Culture (Av. du Président-Kennedy,
n.° 116 Paris XVle) as cassetes-vídeo da emissão “Un homme, une
ville: saint François et Assise”, que foi transmitida em Julho de 1981.