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BREVE BIOGRAFIA DE SÃO

BERNARDO
Fonte: http://www.abadia.org.br/inicial.htm
Dia 20 de agosto comemoramos a festa de São Bernardo de Clairvaux, e como
este é padroeiro do nosso mosteiro, não podemos deixar de contar uma pequena
biografia do grande santo da Ordem Cisterciense.

Roberto, Alberico e Estêvão estão na origem da aventura cisterciense,


definindo-lhe o espírito e a estrutura. Contudo, a nossa Ordem não teria se
tornado o que é, se não tivesse existido a influência genial de uma quarta
personalidade - figura emblemática de seu tempo -, Bernardo de Clairvaux.

A última biografia crítica de S. Bernardo é do século passado. (1) O fato de


ninguém ter realizado uma nova biografia científica de S. Bernardo, mostra
como é difícil este trabalho. Isso nos dá uma idéia da grandeza do
personagem e da amplitude da sua ação: tudo isso parece desencorajar os
autores a realizarem este trabalho. Por outro lado, dispomos, hoje, de uma
notável edição crítica das suas obras, graças a D. Jean Leclercq (+ 1989),
personagem chave dos estudos bernardinos contemporâneos. (2) Fruto
exemplar e típico da sociedade feudal do seu tempo, ligado a uma vasta
florescência de alianças familiares, Bernardo soube fazer de tudo isso a base
da sua ação, seja no momento da sua entrada em Cîteaux, como em seguida.
Uma formação tradicional e puramente literária permitiu-lhe conquistar, logo
cedo, uma grande pureza de estilo e, sobretudo, um excelente conhecimento
dos Padres da Igreja.

Nascido em 1090, já em 1110 teria tomado em consideração o projeto de


entrar em Cîteaux, projeto que realizou em 1113, chegando no mosteiro com
trinta companheiros. O abade Estêvão Harding acolheu com alegria este grupo
e soube discernir a riqueza da personalidade de Bernardo e nele confiar, ainda
que, sob muitos aspectos, descobriu-se entre eles uma notável diferença de
temperamento. Numa primeira abordagem desta diferença, podemos notar que
enquanto para Estêvão a estética está mais sobre a ordem do visível, das artes
plásticas (como demonstram os manuscritos com iluminuras que datam do seu
abaciado), para Bernardo a estética é mais aquela do ouvido e da voz, aquela
da música, da escuta, essencialmente escuta da Palavra de Deus, a escuta do
Verbo de Deus que se dirige ao monge, ao qual não é permitido distrair-se.

Bernardo constrói sobre os ideais e sobre os fundamentos essenciais dados


por Estêvão: fidelidade à Regra, simplicidade, pobreza e, sobretudo, a
caridade.

Seguindo o seu exemplo, de modo especial no que diz respeito à pobreza, os


cistercienses estabeleceram-se em "desertos", onde realizam um duro trabalho
manual que é suficiente para o seu sustento e permite também vir ao encontro
dos necessitados. Conhecem um despojamento que os aproxima daquele de
Jesus Cristo e dos apóstolos. Rejeitam o sistema social da época, renunciam
aos dízimos e feudos que vêm daqueles que têm autoridade feudal e, do
mesmo modo, não aceitam os "benefícios" que poderiam ser propostos pelos
homens da Igreja. Com a idéia da igualdade, no mosteiro, não se faz mais caso
da origem social dos monges; todos vivem do mesmo modo. No que diz
respeito ao abade, inclusive ao abade de Cîteaux, encontram-se todos no
Capítulo Geral no mesmo nível. A simplicidade de vida aparece nos hábitos,
nas construções realizadas com linhas geométricas "limpas", estilo despojado,
sem decorações. A espiritualidade não está dirigida a uma elite, mas a seres
humanos de carne, permeados profundamente do desejo de converter-se. Este
quadro estaria incompleto se não se fizesse menção do culto à Virgem das
Dores e da Ternura, pronta para socorrer as mais diversas angústias, como
para suscitar o respeito da mulher, numa sociedade bastante violenta.

O prestígio pessoal de Bernardo, o seu poder de convencer fazem crescer


continuamente a sua influência na Ordem, na Igreja e no mundo. Esta
influência é exercitada em duas linhas principais: antes de tudo, a consolidação
da Ordem Cisterciense e o reconhecimento da excelência da sua observância;
e depois, a Reforma da Igreja.

Em 1115 Bernardo foi enviado com um grupo de monges para fundar Clairvaux
e aí passa toda a sua vida como abade, renunciando a qualquer outra
dignidade eclesial.

Em 1118 Clairvaux funda a sua primeira casa-filha e durante trinta anos o ritmo
das fundações é de dois mosteiros por ano, através de toda cristandade
ocidental, com exceção da Europa Central. À sua morte, em 1153, a Ordem de
Cîteaux conta com 345 mosteiros, dos quais 167 são filiações de Clairvaux,
fundações ou mosteiros que pedem para serem incorporados à Ordem.

O ano de 1130 é uma data chave para a vida de Bernardo: até agora tinha se
consagrado somente à vida da sua comunidade e da sua Ordem, agora entra
de modo ativo e decisivo na vida da Igreja, ajudando a resolver situações de
crise que deriva da dúplice eleição de Inocêncio II e de Anacleto II, situação
que provoca um cisma que durou oito anos e que foi ocasião das primeiras
viagens de Bernardo à Itália.

Em 1140 intervém contra os erros de Abelardo.

Em 1145 percorre o Languedoc para pôr fim aos erros hereges. Em 1147, o
Papa Eugênio III (3), que tinha sido abade cisterciense de Tre Fontane (Roma),
dá-lhe a missão de pregar a II Cruzada, que foi um fracasso, do qual ele se
considerou responsável.

Em 1150, sob a insistência de Suger, abade de S. Denis, tenta, em vão,


convencer Eugênio III de retomar a Cruzada.

Na primavera de 1153 inicia uma última viagem na Lorena, retorna a Clairvaux,


onde recebe a notícia da morte de Eugênio III e morre também ele aos 20 de
agosto do mesmo ano.
Em 1163 o seu culto é introduzido em Clairvaux e em 1174 o Papa Alexandre
III o canoniza. \

Este elenco de datas é somente o aspecto externo da vida de Bernardo, pois


no mesmo período produz uma atividade literária considerável - é o maior
escritor do seu tempo - apesar do seu estado de saúde sempre precário em
virtude das austeridades que se impôs.

É impossível, em poucas linhas, focalizar a obra de S. Bernardo e a sua


originalidade. Digamos somente que Bernardo, como todos os outros autores
cistercienses do seu tempo, cantou o amor, o amor de Deus pelo homem e o
amor do homem por Deus. Um amor que é fonte de verdadeiro conhecimento -
é sobre este ponto que ele diverge de Abelardo e da teologia escolástica
nascente - um amor nupcial entre Deus e aquele, aquela que sabe estar na
escuta dele. E é esta mensagem que falou ao coração de tantos homens e
mulheres do seu século e povoou numerosos mosteiros.

(1) E. VACANDARD, Vie de Saint Bernard, 2 volumes, Paris, 1895. Para uma
orientação bibliográfica sobre s. Bernardo, cf.p. ZERBI, Bernardo di
Chiaravalle, in, Biblioteca Sanctorum, III, Roma, 1963, col. 31-37. Para uma
apresentação geral da vida e da obra de S. Bernardo, pode-se consultar: J
LECLERCQ, San Bernardo e lo Spirito cistercense, Turim, 1976; J. LECLERCQ
Opere di San Bernardo, aos cuidados de Ferruccio Gastaldelli, Milão, 1984
volume I, Introdução geral, pp. XI-LXI.

(2) J. LECLERCQ et H. ROCHAIS, Sancti Bernardi Opera 9 volumi, Roma


1957-1977

(3) O mosteiro das Tre Fontane tornou-se cisterciense em 1140. Bernardo


dedicará ao Papa Eugênio III o Tratado De Consideratione.

(Traduzido do original em italiano "Ordie Cistercense - Nono


Centenario dalla Fondazione, 1098-1998 por D. Abade Edmilson
Amador Caetano, O. Cist.).

http://historymedren.about.com/od/templars/The_Knights_Templar.htm

http://historymedren.about.com/sitesearch.htm?
TopNode=99&SUName=historymedren&terms=saint%20bernard%20of%20clairvaux

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