Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
se determinou com a chegada de Fernão Lopes, indicado por Dom Duarte, a um cargo
de Guarda-Mor da Torre do Tombo. Isso se deu historicamente com a Revolução de
1383, esta que se acendia por conta da morte de Dom Fernando e, principalmente, a
insatisfação com o governo de sua mulher, D. Leonor Teles, espanhola. O Mestre de
Avis, declarado então de D. João I, assume o trono.
O rei João I, felizmente, possuía uma aguça além de seu tempo, em outras
palavras, considerava de suma importância os conhecimentos culturais e, acima de tudo,
o desenvolvimento das artes letrais. Assim, D. João I clarificou seus conhecimentos a
seu filho, D. Duarte, este que condicionou a aparição de Fernão Lopes em cargos de
excelência, redimensionando a Literatura Portuguesa.
Em razão de sua morte, a sua sucessão se dá por Gomes Eanes de Azurara, não
estando ao patamar literário de Lopes, apesar de uma diferenciação no que tange o
método histórico de reis (regiocêntrica) com uma forte presença das massas sociais para
uma diminuição dessa massa. Entretanto, ele incorporou períodos extremamente
importantes à história portuguesa: a expansão ultramarina e uma linha extremamente
nacionalista que incorporaria futuramente Os Lusíadas (1572). A cultura clássica foi
outro elemento de importância para Azurara, isto se retrata por suas constatações e
fraseologias.
Houve, após Azurara, a substituição por Rui de Pina, uma nova declinação em
matéria intelectual e literária em comparação ao Fernão Lopes instaurou-se, e, ainda
mais forte que Azurara, o quesito clássico tornou-se mais presente. Ao longo do século
XV, entretanto, a prosa doutrinal e excessivamente moralista cultivava-se intensamente.
Esta, servia principalmente para a educação da realeza em seus projetos de convívio
social. Diversas obras, como Livro de Montaria, de D. João I, e Leal Conselheiro e
Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, de D. Duarte, cujo objetivo
fundamentava-se na arte de caça e cavalgação.
É evidente, porém, que essas temáticas são apenas subjugadas por uma questão
de dominância, visto que determinados gêneros continuam sendo produzidos e
encenados mesmo após sua “época d’ouro”. Notadamente, há uma tendência à produção
de Autos secularizados, sociologicamente significando que a descrição da perda de
influência da religião em determinados aspectos culturais e sociais do período.
Quanto à condição de como eram interpretados os Autos de Vincente, é de
aceitação histórica que eram deveras precárias, nunca mencionando a presença de
palcos ou bastidores, notando um descaso com o cenário. Esta precariedade, porém, não
significava que a qualidade da obra era demasiadamente rebaixada, visto que poderia
ser encenada em qualquer período em que se encontrasse, como era de feitio de
Vincente, desde palácios, mosteiros gigantescos até uma hospitais e praças.