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A Cultura

da Catedral
Módulo 4 – arte Gótica
Do século XII à 1ª metade do século XV
Período de renovação e expansão da Europa Estimularam os
mercados internos

Devido a fatores:
Contribuíram para a abertura
do comércio internacional,
• económicos Fruto
pelo:
• sociais - da agricultura excedentária - Mar mediterrâneo
• políticos
- do incremento das atividades - Mar báltico
• culturais
artesanais - Oceano atlântico
• religiosos

Necessidade de uma
economia monetária em
As feiras nacionais e internacionais
crescimento (surgimento
deram origem a cidades de renome
dos câmbios e cambistas)
Do campo para as cidades
Crescimento económico e financeiro
As cidades cresceram, enriqueceram
e tornaram-se as sedes de produção
Crescimento demográfico
artesanal, dos mercados e dos
negócios

Nas aldeias, deu origem à


libertação de mão de obra para as
cidades Organizados em
Burguesia grupos profissionais
Nas Cidades formou-se - artesãos
um novo grupo social - mercadores Com mais liberdade e
- letrados direitos em relação ao
poder feudo-senhorial
Do campo para as cidades
A nível político

Aumentou o número de
escolas e foram criadas
Centralização Régia universidades
Novo estilo de vida mais
O Rei rodeou-se de cortesão e pacífico (ensino escolástico
- nobres baseado nos filósofos
clássicos e nos autores
- eclesiásticos Viviam em ambiente
cristãos)
mais luxuosos
- burgueses

Encomendadores Benefício para a cultura


Reis e clero e para as artes
e mecenas
Na 2ª metade do século XIV
Todo este progresso foi interrompido
Maus anos agrícolas
Resultantes,
- Grande depressão principalmente, da
Inflação monetária
- Profunda crises chegada da Peste Negra
à Europa
Prolongada Guerra
dos Cem Anos

Só a partir do século XV Dinamismo de Posterior abertura marítima


é que a Europa saiu algumas cidades de e comercial (obra de
desta depressão devido Itália e Flandres Portugueses e Espanhóis)
A Europa das cidades
Século XII Passagem da Europa Rural para a Europa das Cidades

Polos dinamizadores da vida:


- económica
- social Nova mentalidade
- mais livre Na Europa, as cidades
- política
- mais laica salientaram-se pelas suas
- cultural especificidades funcionais
- individualista
- religiosa
- pragmática
- artística
Na Europa, as cidades salientaram-se pelas suas especificidades funcionais:

Industria Cidades-porto
Cidades de Itália Ou cidades situadas em locais de
(Florença, Génova...) e passagem (litoral mediterrâneo,
de Flandres (Bruges, atlântico e Báltico) – Génova,
Ypres…) Veneza, Sevilha, Lisboa, La
Rochelle, Roterdão, Amsterdão e
Riga

Cidades-feira Culto e ensino


Zona de Cidades onde havia igrejas de
Champagne, peregrinação e onde se
França implantaras as univerdidades
A cidade – complexo urbano
Espaço, população, subsistência; A fixação dos poderes, dos ofícios e dos artesãos

Séculos - Novas muralhas


Cidades/burgos cresceram
XII a XV - Aparecimento de novas cidades

Tornaram-se nos centros


Refúgios em tempos de guerra económicos, financeiros,
políticos, administrativos e
Transformaram-se
em religiosos da época

Centros populacionais prósperos, abrigando


as sedes do comércio, da administração e as
universidades
As Cidades comportavam
• Centros orgânicos
- Catedral • Por vezes extensão do adro da
- Palácio administrativo (cidadela, casa catedral e do Palácio Signoria
comunal ou signoria) • Onde era colocado o pelourinho
(símbolo da autoridade pública)
- Casas das cooperações
• Onde se realizavam festas, atos
públicos e o mercado
Rodeavam a praça ou praças

• Estreitas e tortuosas
De onde partiam as ruas que • Sujas
acabavam nas portas das muralhas • Povoadas por gentes e animais

As casas comuns, geralmente de


• Organizadas por ofícios (um por rua)
Rua dos sapateiros, Rua dos Ourives, …
madeira, possuíam no rés do chão,
lojas e oficinas
As cidades cresceram
desordenadamente e sem
planeamento urbano, com o
casario distribuído ao longo de
Cidade medieval de
Monteriggioni, Toscana, ruas estreitas e sinuosas que
Itália, século XIII.
confluem na praça

Cidade medieval de San


Gimignano, Toscana,
Itália, séculos XIII-XIV.
O governo da cidade é dirigido pelos
burgueses mais poderosos e ricos.

A cidade medieval tem as componentes


seguintes:
• residencial – habitações, palácio e castelos;

• económica – lojas comerciais, oficinas,


bancos, feiras e mercados;

• política – comuna, câmara municipal;


Cidade medieval de Siena, Toscana, Itália, século XIII.

• religiosa – catedral, igreja, capelas;


O edifício da Câmara Municipal (a comuna)
representa o poder cívico. • lúdica – festas, cerimónias, torneios e justas,
As torres das Câmaras Municipais rivalizam cortejos e procissões, espetáculos.
em altura com as torres das catedrais.

Assinalavam o lugar do poder


político, e serviam de vigia à cidade.
Politico-administrativamente, havia 4 tipos de cidades:

Cidades reais Cidades senhoriais


Governadas por 1 3 Governadas pelos
reis senhores feudais

Cidades episcopais Cidades livre


Governadas por 2 4 Também conhecidas
bispos por comunas
AS CIDADES MEDIEVAIS NÃO TINHAM:
• Polícia
• Iluminação pública
• Água canalizada
• saneamento

Com exceção das construções importantes:


• Eram de pedra, taipa ou madeira
• Tinham poucas condições
• Eram propicias a incêndios
A catedral: representação do divino no espaço
A catedral tornou-se o centro e o símbolo da cidades:
- junto dela realizavam-se as mais importantes
atividades
- era a prova do orgulho cívico e do entusiasmo religioso
dos habitantes
- Expressão do poder económico, politico e social da
comunidade
- Motivo de rivaldiade entre cidades
- Casa de Deus na cidadde dos homens (papel doutrinal
e didático – formação das coceções religiosas da época)
A catedral, do latim
cathedra, é a igreja que
recebe o trono do bispo, é
simultaneamente o
símbolo do poder
espiritual (a autoridade
eclesiástica) e do poder
temporal (o poder da
burguesia).

Catedral de Laon, França, 1160-1230. Catedral de Tours, França, 1170-1286.


População maioritariamente analfabeta - a
imagem adquiriu um papel muito relevante
na cultura medieval, convertendo-se no
meio privilegiado para veicular as «Verdades
da Fé» e a «Palavra do Senhor».

Os vitrais coloridos e animados pela «luz


mística» que os trespassava, constituíam
um dos veículos mais eficazes da catequese,
ou seja, um dos meios mais persuasivos
para transmitir os ensinamentos de Deus.

Vitrais da Catedral de
Chartres, França, c. 1150.
Catedral de Reims, França, 1211-1275 Catedral de Chartres, França, 1145-1220.
A Peste Negra
•A Peste Negra foi a mais terrível e trágica
pandemia que, desde sempre, avassalou a
Europa vitimando cerca de 75 milhões de
pessoas, ou seja, 1/3 de toda a população
europeia na época.

•A doença teve origem na picada de uma


pulga de um rato-preto originário da Ásia. A
picada era de tal modo fatal que, em pouco
menos de três dias, a pessoa infetada morria.
• Admite-se que a contaminação se
terá desencadeado na Crimeia
(Ucrânia), e que se terá propagado
através de barcos genoveses que
entraram nos portos de Messina,
Veneza, Génova e Marselha.

• A partir de 1348, a praga atravessou


a Europa pelas vias comerciais,
chegando até à Escandinávia e às
regiões do Báltico.

Geografia da Peste Negra na Europa, 1346-1353.


CONSEQUÊNCIAS
• Queda da demografia
• Migração da população para o campo
• Paralisação da economia e do Enfermos com
Peste, iluminura
comércio da Bíblia de
Toggenburg,
Suíça, c. 1411.
• Consequente inflação e fome
• Revoltas e violência
• Práticas extremas de penitências
• Vadiagem e procura de uma vida de
prazeres Judeus
incinerados em
1349, iluminura
do manuscrito
Antiquitates
Flandriae, século
XIV.
Foram tempos de terror, de medo, de
ameaças e de punições que despertaram o
misticismo e o fervor religioso, com as
seguintes consequências:
• impulsionaram os donativos à Igreja, como
forma de «expiar os pecados»;
• fizeram ressurgir as peregrinações aos
locais das relíquias;
• conduziram a manifestações de profunda
devoção religiosa, tais como as «procissões
de flagelação coletiva» de penitentes, como
meio de «expiar os pecados».
Os médicos acreditavam que a proteção de
uma capa, luvas, botas e uma máscara
semelhante à cabeça de uma ave os
protegia da contaminação e lhes conferia
Médico da Peste Negra, gravura de Paul imunidade.
Fürst, 1656.
OUTRAS CONSEQUÊNCIAS
• Perseguições e massacres a
comunidades minoritárias, tais como os Estas atitudes deixaram
judeus, considerados suspeitos de marcas na literatura e nas artes
propagarem o vírus.
Os artistas representavam
cenas desta tragédia, numa
A perseguição fanática aos judeus e o referência à fragilidade da vida
extermínio das suas comunidades levou à
emigração massiva desta comunidade
para a Polónia e para a Rússia, onde Medos e Mortes
passaram a desenvolver as suas atividades
e a instalar os seus negócios.
Doações às igrejas, que
Também os leprosos foram acusados de aplicaram na construção de
disseminar a doença, sendo perseguidos e igrejas, hospitais e hospícios.
incinerados em piras coletivas.
A Cultura cortesã
Tempos de paz e bem-estar

Cultura ligada a acontecimentos


religiosos (episódios da vida de Cristo)
Propícios ao desenvolvimento ou calendário litúrgico (como o
de uma cultura: advento, Natal, Quaresma, Páscoa,...)
- profana
- mais humanista
• Festa s e romarias Entreter e educar o povo
• Procissões
• Autos teatrais
• Danças e cantares
A Cultura cortesã
Os assuntos mais
intelectualizados eram
Cultura essencialmente oral
apresentados por trovadores
profissionais
Exprimia-se em cantares
acompanhados por música
Entretinham o clero e a
aristocracia e a alta burguesia
Estão patentes:
Cortes reais e • Conforto Durante
• Luxo Em dias
senhoriais • Banquetes
• Prazer festivos e
• Festas
• Diversão serões
• Bailes

Surgiu a poesia trovadoresca


A Cultura cortesã
Jogos guerreiros • Justas
• Torneiros
• Caçadas ao veado e
ao javali
Jogos da bola
Jogos de tabuleiro

Eram também Objetivo: exercitar


práticas da nobreza a mestria física
Arquitetura
Gótica
A Arte e Arquitetura Gótica
• Desenvolveu-se a partir de França, no século XII
• Teve na Catedral Urbana a expressão de um edifício-símbolo construído para
representar uma ideia – o louvor de Deus e dos homens

Arquitetura Deriva da Românica Acrescentou na sua construção


outras inovações:
- técnicas
- estéticas
- Planta basilical - tipológicas
- Cabeceira em abside
A arquitetura gótica difundiu-se por toda a Europa graças à mobilidade das
Guildas de artesãos que, viajando de cidade em cidade, trocavam ideias sobre
o novo sistema estrutural.

As novas possibilidades estáticas possibilitadas


pelos:
- arcos ogivais
- abóbadas de cruzaria de ogivas
A rivalidade existente entre cidades
- pelos arcobotantes motivou os arquitetos a elevar cada
- contrafortes vez mais as naves e as torres das
suas catedrais, tentando superar
tudo o que havia sido feito até
então.
fizeram desaparecer os
maciços muros românicos
Primeira inovação técnica

Arco em ogiva
(ou quebrado, ou apontado)

• Elemento constante na arquitetura gótica


• Exerce menos preção lateral

Permite novas Abóbadas


formas de cobertura de cruzaria

Permite novos sistemas


de sustentação
- Dispensaram as paredes
- Assentando unicamente nos pilares
internos e nos novos contrafortes exteriores
Inovações técnicas feitas para corresponder aos objetivos estéticos

• Acentuar a verticalidade da construção


• Tornar o espaço interior mais amplo
• Criar grandes janelas cobertas por vitrais coloridos = interiores
mais iluminados e alegres

Para a construção de um
ambiente transcendente “Deus é Luz”
e místico

Estas inovações técnicas permitiram a alteração da forma e da dimensão


não só dos edifícios da arquitetura religiosa mas também da arquitetura
civil (palácios urbanos, casas comunais e castelos senhoriais)
Alterações – interior da catedral:

• Cabeceira - tornou-se substancialmente maior (podendo ocupar 1/3 da


área total)
• Transepto – pouco saliente ou até não saliente
• Alçado lateral interno – só com trifório e clerestório o que, juntamente
com a maior altura das naves centrais, permitiu o desenvolvimento
vertical de aberturas que também ocupavam toda a largura das paredes,
entre pilares
• Fachada – rosáceas cobertas por coloridos vitrais que iluminam a igreja
• Reduzida decoração interna
Abóbada de cruzaria de ogivas

Clerestório

Trifório

Sobre o cruzeiro (na interseção da nave com o


transepto, ergue-se uma abóbada de cruzaria de
ogivas, a cúpula e o zimbório

A nave eleva-se no espaço, num movimento


ascensional, sendo iluminada pela «irradiação de
luz divina» através dos vitrais do clerestório

Em torno da abside e do deambulatório, as capelas


radiantes (absidíolas) rasgadas com vitrais, projetam
no espaço uma «luz mística e divina»

A nave conduz-nos para a abside e para o altar, o


lugar do culto

Catedral de Amiens, nave central, França, 1220-1280.


COBERTURA

ABÓBADA DE
CRUZARIA DE OGIVAS

PINÁCULO

ARCOBOTANTE

CLERESTÓRIO

CONTRAFORTE
TRIFÓRIO

ARCO OGIVAL

ARCADA PILAR FASCICULADO

NAVE NAVE LATERAL


CENTRAL

CRIPTA
CRUZEIRO
NAVE NAVE PORTAL CAPELAS
NARTEX LATERAL CENTRAL NORTE CORO RADIANTES

PORTAL TRANSEPTO
OCIDENTAL PORTAL ALTAR-MOR
SUL
Alterações – exterior da catedral:

• Entradas
- são triplas e correspondem às 3 naves
- enquadradas em pórticos salientes que as tornam mais
profundas
- as arquivoltas em ogiva e os gabletes acentuam a verticalidade
dos portais

• As torres sineiras e a lanterna terminam em telhados cónicos ou em


agulhas e pináculos rendilhados, aumentando a noção de verticalidade

• A decoração exterior, esculpida e pintada, tornou-se exuberante,


ocupando todos os lugares (das portas aos pináculos)
As torres evocam o movimento ascensional
em direção ao Céu e ao Divino

A grande rosácea, ao centro, irradia a luz


divina sobre o espaço interior, promovendo o
contacto com o sagrado

Reis e Santos juntam-se na fachada


simbolizando a união entre o «poder
temporal» e o «poder espiritual»

O grandioso portal repleto de iconografia


representa a «Porta do Céu»

A decoração esculpida, abundante e


complexa, pretende enriquecer o edifício mais
importante do Homem medieval

Catedral de Amiens, França, 1220-1280.


TORRE TORRE
NORTE SUL

SUPERIOR
NÍVEL
INTERMÉDIO
GALERIA DAS
GÁRGULAS

NÍVEL
ROSÁCEA

INFERIOR
GALERIA DOS REIS

NÍVEL
PORTAL DO JUÍZO FINAL

PORTAL DE SANTA ANA

PORTAL DA
VIRGEM

Catedral de Notre-Dame, Paris, 1163-1250.


Expansão do gótico pela Europa

Este modelo de catedral nascido e criado


em França foi seguido nos restantes países
da Europa devido à grande mobilidade das
guildas de artesãos que, viajando por toda a
Europa à procura de novas obras, acabaram
por promover as trocas de ideias sobre
sistemas construtivos, formas arquitetónicas
e planificação de obras.

Nesta expansão do Gótico pelo espaço


europeu, podemos distinguir quatro fases
de evolução

Catedral de Colónia,
Alemanha, 1248-1473.
1 2

Gótico Primitivo

• Primeiras experiências
desenvolvidas na île-de-france
(abadia de saint-denis) e em paris
(catedral de notre-dame).
• Introdução do sistema estrutural
gótico;
3 4
• Construção de quatro níveis com
grandes arcadas rasgadas no 1º
nível inferior;
• Construção de tribuna, trifório e
coroamento das torres com
janelas altas.

1) Catedral de Saint-Étienne de Sens. 2) Catedral de Noyon, França. 3)


Catedral de Laon, França. 4) Catedral de Notre-Dame, Paris, 1163-1250.
Gótico Clássico (1190 - 1240)

• Define-se nos grandiosos programas


de cidades como Chartres, Bourges,
Reims, Tours ou Amiens
• Amadurecimento do sistema estrutural
gótico;
1 2
• Definição de três níveis na fachada
ocidental; 3 4

• Consolidação da abóbada de cruzaria


de ogivas e do arcobotante;
• Paredes mais ligeiras e adelgaçadas;
• Suprime-se a tribuna, mantém-se o
trifório mais baixo.

1) Catedral Catedral de Chartres, França. 2) Catedral de Bourges,


França. 3) Catedral de Reims, França. 4) Catedral de Amiens, França
Gótico Radiante (1240 – 1350)

• Gótico expande-se plenamente por


toda a Europa.
• A matriz gótica é enriquecida com
variantes regionais, atingindo uma
simplicidade espacial;
• A decoração atinge maior 2
1
complexidade; forte utilização de linhas
radiais; 3 4

• Utilização de janelas cada vez mais


altas, com motivos ornamentais muito
elaborados;
• Utilização de grandes rosáceas com
uma decoração muito complexa.

1) Catedral de Beauvais, França. 2) Sainte-Chapelle, Paris. 3) Catedral


de Colónia, Alemanha. 4) Basílica de Santo Urbano de Troyes, França
1 2
Gótico Flamejante/ tardio (1350 - 1520)

• Sobretudo em França e na Alemanha.


• Decoração intensa e exuberante cobrindo as
formas e as superfícies arquitetónicas;
• Utilização de uma ornamentação fluida e
ondulante, de curvas e contracurvas;
• A luxuriante profusão ornamental sobrepõe- 3

se à estrutura arquitetónica;
• Utilização de complexas molduras, lintéis e
capitéis, fantasiosos e desordenados.

1) Catedral de Notre-Dame de l’Épine, França. 2) Igreja de


Saint-Maclou, Rouen, França 3) Catedral de Milão, Itália.
Gótico Perpendicular 1

Em Inglaterra o Gótico desenvolveu um


percurso particular, surgindo nos séculos
XIII a XV o designado decorated style (ou
«estilo curvilíneo») e o Gótico perpendicular.

• «estilo curvilíneo» (c. 1275-1380):


composições complexas de linhas curvas
e ondulantes, semelhante ao Gótico 2 3

radiante;
• Gótico perpendicular (c. 1380-1520):
acentuação da linearidade e
perpendicularidade dos elementos;
• Janelas altas e estreitas, numa dimensão
vertical.

1) Catedral de Lincoln, Inglaterra. 2) Catedral de


Salisbury, Inglaterra 3) Catedral de York, Inglaterra.
Escultura
Gótica
Escultura Gótica
Começou no pórtico ocidental da Gótico VS Românico
Catedral de Chartres (meados do séc. XII)
com as estátuas-colunas
A escultura já não está
presa à arquitetura mas
Afirmou-se plenamente no século XIII pousada sobre mísulas,
com estátuas de vulto redondo, como as nas fachadas das
do portal central da fachada oeste da catedrais
Catedral de Reims +
Reportório de temas
mais alargado
Pórtico da Glória, Catedral de Santiago de Compostela,
Espanha, século XIII.

MÍSULAS

Anunciação e Visitação, Catedral de Reims, França, 1225-1245.


Principais características da escultura gótica:

• Caráter mais naturalista e realista representação do corpo humano e da


Natureza
• Correta modelação anatómica
• Naturalismo na representação das roupagens, das pregas dos tecidos e
dos cabelos;
• Expressividade na representação das emoções e na delicadeza e
graciosidade dos gestos
• Desenvolveu novas capacidades plásticas e expressivas
• Maior domínio técnico-artístico
• Trabalho de pormenor
• Ganhou, gradualmente, autonomia em relação à arquitetura.
Outra das inovações significativas introduzidas pela
escultura gótica refere-se à organização do portal.

• As jambas (as ombreiras) são substituídas


por estátuas-coluna em vulto redondo de
grandes dimensões.
• Estas estátuas ocupam um nível abaixo
das arquivoltas, aproximando-se dos
crentes e estabelecendo com eles uma
relação de maior empatia, pelo
naturalismo das expressões e dos gestos.
• O santo patrono ocupa o centro do
tímpano rodeado por cenas da sua vida,
ao qual se juntam os santos da diocese
nas jambas e anjos ao longo das
arquivoltas.

Estátuas-coluna das jambas, Catedral de


Chartres, França, 1134-1200.
ARCO OGIVAL

ARQUIVOLTAS

TÍMPANO

LINTEL

ESTÁTUAS-COLUNA

MAINEL ou
«PARTELUZ»
Portal ocidental, Catedral
Notre-Dame, Paris, c. 1225.
Temas tratados nos tímpanos e nas
ombreiras dos portais
• Figurativos, tal como na arte Românica*
• Marianos, relacionados com a vida da
virgem Maria (nascimento, maternidade, morte)
A Morte da Virgem, Catedral de
• Nascimento de Cristo Estrasburgo, França, c. 1230.

Contribuíram para a
suavização dos costumes e
valorização da mulher-mãe

* (Cristo em Majestade, Evangelistas,


Apóstolos, Juízo Final, …)
Contexto social, cultural (Peste Negra, por exemplo)

Realeza e aristocracia procuram - preservar as suas imagens


- imortalizar a sua ação em
esculturas tumulares

Relevos historiados na caixa


mortuária ou sarcófago
Na tampa, colocam a estátua
jacente mas o rosto é cada vez
mais individualizado

Estátua jacente de D. Pedro I, Alcobaça, 1361-1368.


GÁRGULAS E QUIMERAS GÓTICAS

Gárgulas
• As gárgulas são elementos
arquitetónicos, suspensos dos
beirais dos telhados para escoar as
águas pluviais.
• No Gótico, as gárgulas eram
decoradas com figuras monstruosas,
humanas ou animalescas, tendo
como função simbólica alertar os
crentes para os males do demónio e
do Inferno.

1) Gárgulas da Catedral de Notre-Dame de Amiens, França, 1230-


1240. 2) Gárgulas da Catedral de Notre-Dame, Paris, 1163-1250.
Quimeras
• São figuras monstruosas, originárias da mitologia grega, constituídas por
partes de vários animais.
• As quimeras surgem no topo de elementos arquitetónicos, «contemplando»
do alto tudo à volta numa atitude ameaçadora, como se estivessem em
«vigilância».

Quimeras da Catedral
de Notre-Dame, Paris,
1163-1250.
Vitrais e
Iluminuras
Góticas
O Vitral
• O vitral é uma manifestação genuína da arte gótica.
• A forte utilização do vitral neste período é uma consequência direta da
técnica de construção gótica e da abóbada de cruzaria de ogivas.

Sistema de construção gótico


estruturado em: puderam rasgar-se grandes vãos
- pilares verticais nas paredes com altas
paredes libertas janelas e grandes rosáceas,
- arcos ogivais
da sua função preenchidas com painéis de vidros
- arcobotantes estrutural coloridos e imagens fortemente
- contrafortes simbólicas
O Vitral é composto por pequenos
pedaços de vidro coloridos, unidos
por um perfil de chumbo com a
forma de um duplo U

Vitral «História de Carlos Magno», Catedral de


Notre-Dame de Chartres, França, 1205-1240.
ROSÁCEA

CLERESTÓRIO ABÓBADA DE
CRUZARIA DE
OGIVAS
TRIFÓRIO

ARCO CLERESTÓRIO
OGIVAL

TRAMO
TRIFÓRIO

TRAMO

Basílica de Saint-Denis, Île-de-France, século XIII.


Catedral de Notre-Dame de Amiens,
França, 1220-1280.
A pintura que ocupavam os interiores das igrejas românicas deu lugar a
enormes painéis de vidro - o Vitral

Temas
• Cenas religiosas A luz do dia atravessa o vitral dando uma
ideia de uma imagem celestial e mística
• Ofícios/profissões
• Imagens de reis, clero, “Deus é Luz”
aristocracia e alta burguesia*
* Eram, geralmente, os encomendadores

O vitral atingiu o seu apogeu


nos séculos XII e XIV
Regras de representação
• Expressividade e linguagem
técnico-artística semelhante à
escultura
Características das iluminuras
• Temas religiosos
• Composições complexas, onde a representação do espaço é ocupado
por:
- elementos da natureza
- figuras incluídas em cenários arquitetónicos e naturais com
sugestões de profundidade
• Cores ricas (predominam os azuis, os vermelhos e os dourados)

Deixaram de ser feitas exclusivamente pelos mosteiros passando a ser


feitas pelas oficinas laicas
Pintura
Gótica
Influências recebidas na transição
do Românico para o Gótico:

• Cultura Bizantina (devido à


intensificação dos contactos
comerciais com o Oriente)

• Cultura Greco.-Romana (sobretudo


em Itália, devido à proximidade das
reminiscências artísticas e culturais de
Roma) Maestà, Duccio di Buoninsegna, 1308-1311.
Principais características da pintura Gótica
• procura de um maior realismo na representação
das figuras humanas, do rosto e panejamentos;

• nova conceção do espaço;


• desenvolvimento do retrato e da paisagem.

A Anunciação e Dois Santos,


Simone Martini, c. 1333.
Áreas em que se desenvolveu a pintura Gótica:
• o vitral (consequência direta da estrutura do edifício gótico e do seu
programa estético)

• a iluminura de manuscritos, com a técnica da têmpera e recebendo


novas temáticas

• a pintura sobre diversos suportes e técnicas.

Técnicas e suportes:
• a pintura de influência bizantina sobre suportes de madeira:
- em retábulos • a pintura a têmpera sobre
- conjuntos de painéis situados atrás do altar suportes de madeira
- tábuas de madeira • a pintura a fresco nas paredes de
- quadros portáteis igrejas e palácios da aristocracia
Apresentação da Virgem no Templo, Giotto, pintura a fresco, Madona com o Menino, Duccio,
1304. pintura a têmpera, c. 1300-1305.
Iluminuras Consequência:

deixam de ser um exclusivo Os temas deixam de ser


dos scriptoria dos mosteiros estritamente religiosos: Interesse pela
realidade e pela
- assuntos do quotidiano
observação da
- retrato da vida real das natureza
passando a ser executada
cortes e das populações
por pintores laicos.

Encomenda de livros
manuscritos As cores aproximam-se da representação
do real e da luz natural, evidenciando uma
cortes principescas disputam nova preocupação pela representação do
com o clero a encomenda de claro-escuro
livros religiosos
Les Très Riches Heures du Duc de Berry, Paul e Jean de Limbourg, França, 1412-1416.
As Artes na Itália e na Flandres:
do Humanismo Italiano à revolução pictórica flamenga

Itália Flandres

Desde finais do Duecento os A pintura gótica só atingiu o


pintores afastam-se das seu ponto mais alto em
tradições bizantinas e meados do século XV
românicas
Apesar das marcas da arte bizantina, atingiram-se importantes inovações
que preparam o advento do Renascimento:

• Ilusão de profundidade através do enquadramento de cenários naturais e


arquitetónicos – perspetiva empírica

• Aperfeiçoamento do volume dos corpos pelo tratamento do claro-escuro

• Figuras mais trabalhadas quanto à anatomia

• Definição de um pathos emotivo e profundamente humano (Giotto)

• Forma narrativa como trata os protagonistas e as ações (Giotto)


Artistas
• Valor simbólico dos elementos que caracterizam o cenário (Giotto) Cimabue
Giotto
• O espaço é humanizado, as personagens exprimem emoções e
desempenham um papel numa determinada ação (Giotto)
A Lamentação,
Giotto di Bondone,
1303-1305.

S. Francisco e o Papa
Virgem em Majestade, Honório II, Giotto,
S. Francisco de Assis e Cenas da Sua Vida,
Cimabue, c. 1280-1290. Assis, 1296-1300.
Berlinghieri, 1235.
Na região dos Países-Baixos, na Flandres, o
desenvolvimento económico e social do século XV,
sustentado por uma poderosa classe burguesa,
refletiu-se também nas artes:

• Príncipes e burgueses vão investir na produção


cultural e artística

palácios e cortes = centros de irradiação


cultural e artística

forma de exprimir e afirmar o seu poder.


A Virgem com o Chanceler Rolin, Jan van Eyck,
1435.
A aproximação ao real que caracterizou o Gótico final na Flandres
ficou a dever-se a dois fatores:

• à clientela burguesa (comerciantes, mercadores, industriais,


banqueiros), desejosa de ver reproduzido nas pinturas o seu
modo de vida, faustoso e requintado

• à utilização da pintura a óleo pelos pintores flamengos, a partir


do início do século XV.

Novos temas:
• temas religiosos em ambientes de quotidiano;
• retratos e paisagens;
• naturezas-mortas;
• cenas de costumes.
Características da «revolução pictórica» flamenga:

• tratamento do volume através de elaborados jogos de luz e sombra

• representação do espaço em profundidade, simulando uma ilusão espacial


tridimensional

• tratamento suave e minucioso das cores e dos tons, conferindo um grande


realismo às figuras e objetos.

Novas técnicas:
• A pintura a óleo: inovação de caráter técnico que, devido ao processo de
secagem lenta, permitia um trabalho minucioso de retoque e sobreposição
de tons, resultando num realismo nunca antes alcançado.
Robert Campin, conhecido como
Mestre de Flemalle

• o elaborado tratamento da luz e da


cor acentua o realismo das figuras
e dos objetos

• a introdução de vistas de paisagem


através das janelas contribui para a
sugestão de espaço infinito.

Retábulo de Werl, Mestre de Flemalle, 1438.


Jan van Eyck

• Humanizou os seus quadros,


conferindo uma expressão psicológica
e real às figuras sagradas

• Deu volume às figuras e aos objetos


através de um elaborado jogo de luz e
sombra

• Captou a profundidade do espaço


através da representação da
perspetiva

• Registou os detalhes e tratou as


texturas dos tecidos e dos materiais
com uma minúcia técnica única, Madona e o Cónego Joris van de Paele, Jan van Eyck, c. 1434-1436.

jamais alcançada até então


Jan Van Eyck, O
Casamento dos Arnolfini,
1434, óleo sobre madeira
de carvalho, 82 x 60 cm
Gótico
em Portugal
Após a fundação de Portugal (1143) o Românico desenvolveu-se
nos reinados de D. Afonso Henriques e de D. Sancho I,
prolongando-se pelo século XIII.

O Gótico só virá a exprimir-se plenamente em território nacional no


período final da Reconquista, a partir dos reinados de D. Sancho II
(r. 1223-1248) e D. Afonso III (r. 1248-1279).

A primeira fase do Gótico português teve características rurais


e monásticas, de formas e linhas modestas e simples, devido à
escassez de recursos e à influência das ordens religiosas que
impuseram a austeridade das suas regras.
Igreja de Santa Maria dos Olivais, Tomar, século XIII. Mosteiro de Leça do Balio, Matosinhos, século XIV.
1ª construção Igreja da Abadia de
Gótica em Portugal Alcobaça (1178 – 1252)

INTERIOR EXTERIOR
• Cópia da Abadia de Claraval • Capela-Mor coroada de
• Gótico austero, despojado e frio, luminoso e ameias com os primeiros
branco arcobotantes construídos em
Portugal
• Igreja de cruz latina
• 3 naves quase à mesma altura
• Transepto saliente
• Abside com deambulatório e cobertura com
abóbada de arcos ogivais
• Decoração vegetalista limitada aos capiteis
Abadia de Santa Maria de Alcobaça, 1178-1254.
Portugal vivia ainda tempos Construções nacionais do Ligados às
de consolidação territorial período Gótico só começaram ordens
em finais do século XIII monásticas

PARTICULARIDADES DAS IGREJAS EM PORTUGAL


• Mais pequenas de dimensão
• Com pouca verticalidade
• Simples nas estruturas em planta e volume
• Pequenas e poucas aberturas
• Matem :
- os contrafortes Românicos
- coberturas de madeira
- abóbadas de pedra
• Decoração pobre, vegetalista, limitada as capitéis no interior e,
no exterior, aos portais
Fim do
século XV CARACTERISTICAS
• Igreja de grandes dimensões
• 3 naves abobadadas por arcos
Apogeu do ogivais apoiados em pilares
Gótico em PT • Janelas grandes Modelo para
• Arcobotantes na cabeceira e no outras igrejas
corpo da igreja
Construção do • Decoração figurativa com finos
Mosteiro da Batalha rendilhados e de linhas
por ordem de D. João I perpendiculares
Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha, 1388-1438.
Gótico tardio Reinados de D. João II, D. Surgimento do
(1490-1540) Manuel e D. João III estilo Manuelino

A originalidade e identidade está na


À estrutura Gótica DECORAÇÃO
acrescentou poderosa
carga ornamental de • Profusa
Finos rendilhados e
múltiplas influências • Exuberante
cinzelados na técnica
• Concentrada em do relevado
- portas
- Janelas
- abóbadas
O Manuelino apresenta originalidades, em particular
nos motivos decorativos:

• Elementos relacionados com as atividades marítimas, como,


amarras, boias de rede, conchas e corais;

• Elementos de carácter vegetalista e naturalista, por exemplo


troncos podados e alcachofras;

• Símbolos reais e nacionais como a esfera armilar, a cruz da


Ordem de Cristo e o escudo das quinas.
NA ARQUITETURA
• Planta de 3 naves à mesma altura (igreja-salão)
sem transepto
OU
• Plantas de nave única com cabeceira quadrangular
• Arcos e abóbadas variadas

Mosteiro dos Jerónimos


Torre de Belém
Janela da casa do capítulo no Convento de
Construções ao Cristo em Tomar
estilo Manuelino Capelas Imperfeitas no Mosteiro da Batalha
Palácio Real de Sintra
Palácio do Alvito
Paço de D. Manuel em Évora
• Encomendado por Manuel I de Portugal;

• Iniciado em 1502 teve vários arquitetos e


construtores:

- Diogo Boitaca (c. 1460-1528): plano inicial e


parte da execução
- João de Castilho (c. 1475-1552): abóbadas
das naves e do transepto, pilares, porta sul,
sacristia e fachada
- Diogo de Torralva (c. 1500-1566)
- Jerónimo de Ruão (1530-1601)

Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa • No reinado de D. João III foi acrescentado


o coro alto.
Mosteiro dos Jerónimos, Diogo Boitaca e
João de Castilho, Lisboa, 1514-1520.
• Construída em homenagem ao santo
patrono de Lisboa, S. Vicente;

• Decoração de estilo Manuelino, que


simboliza o poder do rei:
- cordas que envolvem o
edifício rematando-o com
elegantes nós
- esferas armilares
- cruzes da Ordem Militar de
Cristo
- elementos naturalistas.
Torre de Belém, Francisco de Arruda, Lisboa
A
A CRUZ DA ORDEM DE CRISTO

C B ESFERA ARMILAR
B
C ARMAS DE D. MANUEL I

D E D CABOS

E FRAGMENTOS DE ALGAS
F
F CORRENTES DE ÂNCORAS

Janela do Convento de
Cristo, Tomar G G CABOS RETORCIDOS
Janela da Casa do
Capítulo, Diogo de
Arruda, Convento de
Cristo, Tomar, 1510-1513.
Igreja de S. Quintino, Sobral de Monte Agraço, 1520.
Arquitetura civil e militar

Na arquitetura civil e militar destacam-se:


• o Palácio-Solar dos Pinheiro (Barcelos)
• o Paço dos Duques de Bragança
(Guimarães)
• o Paço do Castelo de Leiria
• o Castelo de Ourém
• o Castelo de Porto de Mós, entre outros.

Palácio-Solar dos Pinheiros, Barcelos, 1448.


Paço do Castelo
de Leiria,
séculos XIV-XV.

Castelo de Porto de Mós, século XV.

Paço dos Condes


de Ourém, século
XV.
Escultura Gótica em Portugal
Continuou o programa funcional da escultura românica MAS refletiu uma evolução
cultural que teve a sua melhor expressão no reinado de D. Dinis (r. 1279-1325).

Tumulária
CARACTERÍSTICAS
(arcas tumulares e
estátuas jacentes) • elevado nível técnico e plástico
• acentuado naturalismo na representação
do corpo
Onde se desenvolveram os
principais programas • forte expressividade no tratamento do
escultóricos nos séculos XIV rosto e das vestes.
e XV.
Apostolado da Sé Catedral de Évora, Mestre Pero, 1322-1340. Cristo Morto no Túmulo, Museu Nacional Machado de Castro,
Coimbra, século XV.
Pintura Gótica em Portugal
• Desenvolveu-se, sobretudo, em painéis de madeira de polípticos destinados aos
altares, aos retábulos ou à decoração de paredes.

Algumas obras exprimem uma elevada qualidade


técnica e plástica no:
• domínio da representação naturalista das
figuras Período marcado pela
• no domínio do espaço pictórico excecionalidade da obra de
Nuno Gonçalves (c. 1420-c.
• no tratamento da luz e do claro-escuro. 1490), cuja singular
originalidade e mestria
artística se verifica, por
exemplo, nos Painéis de
São Vicente
Ecce Homo, autor São Vicente atado à
desconhecido, Museu coluna, Nuno Gonçalves,
Nacional de Arte Antiga, Museu Nacional de Arte
século XV. Antiga, c. 1470.
Painéis de São Vicente, Nuno Gonçalves, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, c. 1470-1480.
Os Reinos
Muçulmanos na
Península Ibérica
A Partir do - Crises internas Decadência do Degradação política das
século XI Império Muçulmano duas principais dinastias
- Lutas pelo poder - Omídias, 661-750
- Abássidas, 759-1258

Surgimento de várias Formação de reinos


Estas dinastias dominaram
dinastias de califas dispersas taifas no Al-Andaluz
o Al-Andaluz até que, em
por várias regiões (a Península Ibérica)
1238, a dinastia Nasrida
fundou o reino de Granada,
o último reduto islâmico
na Europa até ser
Para combater a investida cristã durante
conquistado pelos reis
a Reconquista, receberam auxílio das
católicos em 1492.
dinastias beberes do Norte de África
- Almorávidas
- Almóadas
Arte dos Reinos de taifas Aplicada em
- utilização de tijolo, estuque e argamassa Palácios
- decoração abundante de motivos florais Alcáçovas (cidadelas ou fortalezas)
- Arte luxuosa e rica, mas pouco duradoura Banhos públicos

Império Muçulmano, c. 750.


Arte Almorávidas

1º período
- arquitetura sóbria e austera
- sem ornamentos
- segue os princípios religiosos

Palácio da Aljafería, Zaragoza, século XI.


2º período
- renasce a ornamentação exprimindo o luxo e o
requinte dos espaços
- vocabulário mais rico e diverso
- impôs-se segundo a tradição hispano-muçulmana
Muqarnas.

Arcos
polilobados

Arabescos.
Arte Almóadas
- procura do purismo das formas
- simplicidade na decoração
- maior racionalidade na arquitetura
- maior monumentalidade
- pátios e os espaços interiores adquirem um grande requinte e intimismo
através dos revestimentos de painéis de azulejos e composições ornamentais.

A mesquita apresenta particularidades:


- na planta geométrica
- no tamanho das naves central e laterais e nos arcos que se param as naves
Torre do Ouro, Sevilha, La Giralda, Sevilha, 1184-96. Reais Alcazares, Sevilha, 713-século XII.
século XIII.
Arte nasride, em Granada
2 tipos de arquitetura

• funcional e perecível
- devido aos materiais empregues
- foi aplicada em muralhas, banhos e alcáçovas

• Mais rica, utilizada nos palácios


- revestimentos de mármores
- colunas com capitéis trabalhados
- arcos peralteados
- tetos de madeira artesoados ou abobadados
- painéis de azulejos no chão e nas paredes
- estuques decorados com motivos vegetalistas, geométricos e
epigráficos (arabescos)
Alhambra, Granada, 1238-1391. Palácio do Generalife, Granada, século XIV.
A Alhambra é uma fortaleza (a
Alcazaba) e um complexo palaciano
onde estava instalada a corte
Nasrida e que constitui o expoente
do refinamento da arte cortesã
muçulmana.

Seguindo a tradição islâmica, a


compartimentação das salas
articula-se em torno de pátios com
lagos e repuxos, precedidos por
pórticos e antecâmaras.

Todos os espaços e superfícies


encontram-se revestidos com uma
Alhambra, Granada, 1238-1391.
intensidade decorativa que contribui
para uma simbiose perfeita entre
espaços, formas, luz e água.
É em torno do Pátio dos Leões que se organiza a
área mais privada do palácio, estruturando uma
série de salas através de pórticos, miradouros e
repuxos.

Este sistema determina uma alternância de


espaços abertos e fechados, zonas de luz e de
penumbra, cujo objetivo é a criação de um
ambiente refrescante por meio da circulação do
ar e da água.

Pátio dos Leões.


Alhambra, Granada, 1238-1391.
A intensidade decorativa
reforça o caráter intimista,
introvertido e «secreto» do
conjunto palaciano.

A complexidade espacial e
ornamental da Alhambra
representa o ideário islâmico
de harmonia entre o Homem, o
divino e a Natureza.

Pátio dos Arraiões.


Alhambra, Granada, 1238-1391.
O Palácio do Generalife era a residência
de verão dos emires nasridas do reino
de Granada.

Situava-se nas proximidades da


Alhambra no meio de uma serra e de
uma vegetação frondosa.

Generalife significa, em árabe, o «jardim


do arquiteto», numa referência a Alá,
criador do Universo, e à harmonia entre
a arquitetura, o Homem e a Natureza ali
criada.
Palácio do Generalife, Granada, século XIV.
Tratava-se de criar um ambiente
requintado e propício ao repouso e
ao contacto com Alá.

O Generalife era um conjunto de


salas, salões, pátios, jardins e
repuxos com uma grande
intensidade decorativa e
ornamental.

Pátio da Acequia, Palácio do Generalife, Granada, século XIV.


Durante este período desenvolveu-se a Arte Mudéjar

Arte produzida por muçulmanos que


permaneceram em território cristão após a
Reconquista.

Marcou a península ibérica entre os séculos XII e XV

Misturou tradições: Características:


- judaicas - Materiais baratos
- cristãs - Grande efeito
- islâmicas ornamental
Arquitetura Civil
Palácio de Pedro I,
em Sevilha
Apesar das várias influências é tida como um estilo
próprio, com elementos estruturais típicos

Desenvolveu um novo tipo de igreja

Planta basilical
• três naves separadas por arcadas em ferradura, Mais tarde passaram a ter:
apoiadas em: • naves mais altas, separadas
- colunas por arcos apontados
- pilares simples
- pilares com colunas adossadas
• cobertura em madeira
• torre sineira quadrada semelhante aos minaretes • torres divididas em corpos
sobrepostos
• aberturas em ajimez
Arquitetura Religiosa
Igreja de são Salvador, em Teruel, Espanha, dos séculos XIII e XIV

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