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Escolas laicas medievais – preparar filhos de mercadores – ensino primário, enquanto que a
Igreja ainda monopolizava o ensino “superior” - escrita, cálculo, geografia e línguas vivas –
ajuda na escrita de manuais de viagem – como exercer a função de mercador quando for à
China, por exemplo – Marco Polo
Geografia – Livro das Maravilhas – geografia prática (tratados científicos, narrativas de viagem
e cartografia) – escolas de cartografia genovesa e catalã – tratados sobre “o que se deve saber
quando for para ...”
O ano religioso começava numa data variável entre 22 de março e 25 de abril. Os mercadores
tinham necessidade de pontos de partida, referências fixas para seus cálculos e para
estabelecer seus orçamentos. Entre as festas litúrgicas, eles escolheram uma secundária, a da
Circuncisão, e fizeram com que suas contas começassem e terminassem em 1 de janeiro e em
1 de julho. A Igreja também determinara as horas de acordo com as estações do ano e suas
respectivas preces. Matinas, Primas e Angelus. Regulavam-se pelo Sol e variavam ao longo do
ano. Os sinos respondiam aos quadrantes solares. O mercador tinha necessidade de um
quadrante racional, dividido em doze ou vinte e quatro partes iguais. Foi ele que favoreceu a
descoberta e a adoção dos relógios de campainha automática e regular. Doravante, já não era
pelo sino da Igreja que se regulava a vida das pessoas, mas pelo relógio comunal, laico.
Cultura de classe – ensino prático reservado aos filhos de mercadores-banqueiros – baixa
mobilidade social
A influência dos mercadores não se restringia à evolução do ensino, mas também se via
presente no desenvolvimento literário e artístico – MECENATO – ser cliente de artistas,
protegendo-os, comprando suas obras, contratando-os para trabalhar em lugares, é
manifestação de riqueza e posição social – patrocínio para decoração de cidades – Florença e
as portas do Batistério – novos padrões estéticos – controlar os poderosos meios de influência
sobre o povo (literatura para inspirar poemas, panfletos favoráveis à sua pessoa, profissão e
política, controle da arte de modo que os temas respondam a seus interesses e que dessem ao
povo espetáculos e obras para se divertir, mas sem que desenvolvesse neste um interesse pela
política ou reflexão de sua condição social) – similar ao pão e circo – artistas não eram de fato
prestigiados, eram tratados como assalariados
“A religião ainda fornecia, no fim da Idade Média, muitos dos temas e o essencial da inspiração
artística. A Igreja continuava a exercer sobre a produção literária e artística um controle que
muitas vezes podia contrariar o "espírito burguês" da clientela comerciante. A burguesia
contentou-se em servir a causa da Igreja, que por sua vez a servia, ao assegurar uma ordem
social que lhe favorecia e ao fornecer explicações dos acontecimentos que não questionavam
a organização da economia e da sociedade.” (p. 115) O gosto da burguesia mercantil nem
sempre foi original. Para tornar-se nobre, afirmou-se, o melhor meio era, antes de mais nada,
adotar o "gênero de vida" nobre. Que domínio, melhor que o da literatura e da arte, oferecia
aos mercadores o ensejo para essa assimilação?
Foi na arquitetura que inicialmente o burguês imprimiu sua marca. Também a pintura recebeu
a marca do mecenato dos mercadores – representação de famílias aristocráticas – arte do
retrato, sentimentos piedosos e o gosto pelo prestígio – “O mercador partilha com o nobre e
com o clérigo de posição elevada o desejo de aparecer sob os traços do doador e de ali se fazer
imortalizar. [...] Mais que todos os outros, porem, os mercadores querem impor aos seus
contemporâneos e à posterioridade sua presença eternizada. [...] Eles que não têm, como os
nobres, os bispos e os abades, armaduras, emblemas, mitras ou báculos que simbolizem sua
classe social, são mais atentos à reprodução exata de seus traços” (p. 119) – reflexo de uma
tendência ao particular
Literatura burguesa – moral de um espírito novo trazido por classe social nova – prudência,
senso prático, preservação de dinheiro, da propriedade, família e saúde
Humanismo nascente deve ao espírito e necessidade de justificar a posição que ocupam no
mundo – temas da literatura humanista: riqueza (aprovação divina, prazeres), fortuna (atos e
ideais do mercador) e virtù (fonte da energia, personalidade humana e fonte de sucesso) –
culmina no “espírito moderno” da moral e arte.
Dinheiro acumulado pelo mercador humanista é investido em bens culturais, e essa nova
direção das despesas pode ser nova especulação não só intelectual como também material –
adornamento artístico das cidades como ponto de partida para política turística que atrai
viajantes e gera novos ganhos – parcial reconversão econômica