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ÉPOCA MODERNA – Período cronológico da história da humanidade que se situa entre meados
do século XV e finais do século XVIII. Durante este período decorreram as descobertas marítimas e o
encontro de povos, o triunfo do capitalismo comercial e ascensão burguesa, o absolutismo régio, o
Renascimento, a Reforma e a afirmação do espírito científico. O ano da conquista de
Bizâncio/Constantinopla pelos Turcos Otomanos, em 1453, marca o início da Época Moderna e a
Revolução Francesa, em 1789, marca o se fim.
As cidades recuperaram da fome, da peste e da guerra, reanimando-se e fazendo prosperar as elites
burguesas e aristocratas, descobrem-se novas técnicas e conhecimentos como a náutica, a cartografia, novas
rotas marítimas como as rotas do Cabo e das Américas, a descoberta da imprensa e a utilização de armas de
fogo revolucionaram a vida.
RENASCIMENTO – Termo criado pelo pintor e escultor italiano Giorgio Vasari para designar, a
partir do século XV, um ressurgimento/renovação da literatura e das artes, baseado nas obras e nos
autores da Antiguidade Clássica (Gregos e Romanos).
Inovações técnicas
- mineração Descobrimentos e expansão
Recuperação demográfica marítima
- metalúrgica
- processos técnicos aplicados à - náutica
produção agro-industrial - energia
- cartografia
- desenvolvimento urbano - hidráulica
- novo paradigma geográfico
- capitalismo comercial e financeiro - têxteis
- mentalidade quantitativa
- seda
- experiencialismo
- alúmen
- cosmologia
- papel
- vidro
- imprensa
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A rivalidade política entre os pequenos Estados que desejavam ultrapassar-se uns aos outros em
grandeza cultural e artística;
A prosperidade económica graças ao comércio com o Oriente e o Norte de África;
As famílias sedentas de protagonismo;
A vinda dos sábios bizantinos para a Itália;
A herança da civilização clássica patente nas ruínas dos monumentos.
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Pelo conhecimento de experiência feito de novas terras, novos mares, novos povos e novos produtos, os
países ibéricos deram um contributo peculiar para a vivência universalista da cultura do Renascimento.
LISBOA
Metrópole comercial onde afluíam as mercadorias do Império Português (açúcar, ouro, escravos,
marfim, pimenta e outras especiarias, pedras preciosas, pérolas, sedas, pau-brasil) e da Europa (cobre,
mercúrio, cereais, têxteis).
Casa da India como armazém dessas mercadorias.
Bazares na Rua Nova dos Mercadores.
Crescente movimento portuário, onde se concentravam as tripulações das armadas, mercadores e
financeiros, soldados, missionários e aventureiros.
Crescimento demográfico (pela concentração de população oriunda do reino e pelos escravos negros)
Construção naval na Ribeira das Naus.
Metrópole política, com a instalação da corte e da administração.
Reconstrução urbanística (o novo Paço da Ribeira, a Alfândega Nova, o Hospital de Todos os Santos, a
Igreja da Madre de Deus, o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém).
SEVILHA
Metrópole comercial, único lugar de partida e de chegada das armadas da Carreira das Índias.
Recebia o ouro, a prata, o açúcar, as plantas tintureiras das Índias (domínios americanos da Espanha) e
as pérolas e especiarias das Filipinas transportadas pelo galeão de Manila para as Índias.
Casa da Contratação a dirigir a política colonial da Espanha, onde se concentravam as mercadorias
enviadas e recebidas do Império. Afluxo de firmas comerciais estrangeiras, atraídos pelas cargas de
metais preciosos que dinamizavam a economia europeia.
Azáfama do porto fluvial.
Estaleiros navais.
Riqueza arquitetónica dos edifícios góticos, mouriscos e renascentistas (a Catedral com a torre da
Giralda, o Alcázar, os palácios).
O CONTRIBUTO PORTUGUÊS
Nos séculos XV e XVI coube ao reino de Portugal um poderoso e inestimável contributo para o
alargamento do conhecimento do mundo e para a síntese renascentista. Tal se deveu à
expansão/descobrimentos marítimos de que os Portugueses foram pioneiros e que se saldou na primeira
globalização da história moderna.
A expansão permitiu:
descoberta de novas terras, novos mares, novas estrelas e novas plantas, sabores e riquezas
passagem da navegação de cabotagem (junto à costa) para uma navegação astronómica (pelos
astros)
conhecer a real configuração da Terra-um globo que se pode percorrer, dando ao ser humano a perceção
de domínio do espaço geográfico
assegurar a conexão entre os vários povos da Terra que mutuamente se conheceram, num processo de
descoberta da alteridade
criar e articular, graças às novas rotas intercontinentais, um espaço comercial à escala global, em que as
trocas de produtos se fizeram acompanhar da circulação de pessoas e de intercâmbios culturais
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Construção de um império global naval OU império marítimo, graças às viagens marítimas/Expansão/
Descobrimentos.
Domínio de territórios ultramarinos localizados na África, Ásia e América e articulados por uma rede de
rotas intercontinentais e inter-regionais percorridas pelas armadas.
Criação de um espaço comercial à escala do globo, em que as trocas de mercadorias se realizam de
forma complementar, permitindo umas a compra de outras.
Circulação de pessoas à escala global: marinheiros, comerciantes, missionários, colonos, funcionários,
escravos.
Intercâmbios culturais: língua, costumes, religião.
FATORES DA EXPANSÃO
Económicos:
Falta de moeda e de cereais
Necessidade novos mercados e produtos
Falta de mão de obra
Sociais
Clero: combater o infiel e expandir a fé cristã; obter rendas e doações
Nobreza: conquista de terras e obtenção de rendimentos; aceder a cargos e títulos
Burguesia: aumentar os rendimentos e conquistar novos mercados
Políticos:
Ocupar a nova nobreza que tinha apoiado D. João I na ascensão ao trono
Reforçar a iniciativa régia com o apoio e envolvimento dos filhos de D. João I
Religiosos:
Difundir a fé cristã e combater o infiel
1ª FASE DA EXPANSÃO:
Norte de África – a partir de 1415 com a conquista de Ceuta
Arquipélagos Atlânticos (Madeira e Açores) – a partir de 1418
Litoral africano – a partir de 1434
Período henriquino – (1434-1460) período em que o Infante D. Henrique (filho de D. João I) esteve à
frente dos descobrimentos
Descoberta do caminho marítimo para a Índia – (1497-1498)
Descoberta do Brasil – (1500)
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O PAPEL DOS PORTUGUESES NA ABERTURA EUROPEIA DO MUNDO
O IMPÉRIO PORTUGÊS:
O cosmopolitismo de Lisboa
O primeiro poder global naval
A PROSPERIDADE DAS POTÊNCIAS IMPERIAIS:
Tráfico de seres humanos
O COMÉRCIO INTERCONTINENTAL: O COSMOPOLITISMO DE LISBOA
Lisboa: centro de comércio
Ponto de partida de viagens de descobertas
Ponto de chegada dos novos produtos – a capital das especiarias
Ligação entre a Europa, Ásia, África e América
A PRIMEIRA GLOBALIZAÇÃO
Sistema mundial de rotas que ligou povos e culturas da Europa, América e África
A ESCRAVATURA
A escravização generalizou-se durante os séculos XV e XVI
O tráfico de seres humanos, principalmente de África, tinha diversos destinos:
Metrópole
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Arquipélagos atlânticos
Territórios coloniais
A prática esclavagista intensificou-se:
Assegurou a produção económica nas plantações das Américas
Garantiu a prosperidade de vários impérios coloniais que se formaram
Construção da caravela, cujas velas triangulares permitiam navegar contra o vento (bolinar).
Construção de naus e galeões robustos, com velas redondas e triangulares, apetrechados com artilharia.
Prática da navegação astronómica: medição da altura dos astros com o quadrante, astrolábio e balestilha;
cálculo da declinação solar (ângulo que o Sol forma com o equador celeste devido ao desalinhamento do
eixo da Terra); adição ou subtração deste valor (conforme se está no hemisfério norte ou sul) à altura e
cálculo da latitude.
Elaboração de Livros de Marinharia, Guias Náuticos e Roteiros com informações astronómicas,
oceanográficas e meteorológicas úteis à navegação.
Elaboração de cartas geográficas de traçado e projeção rigorosos, com a inclusão de novas terras, mares,
etnias, faunas, floras, troncos de léguas, escalas de latitudes.
Permutas de culturas
Afirmação dos Tráfico de seres
primeiros impérios humanos
coloniais 6
CONHECIMENTO CIENTÍFICO DA NATUREZA
Matematização do real:
Negação, por Copérnico, da teoria geocêntrica de Ptolomeu, ao dizer que a Terra não é o centro do
Universo.
Substituição do geocentrismo pelo heliocentrismo, ao dizer que o Sol é o centro do Universo, em
torno do qual gravitam os outros astros.
Defesa de que a Terra se move em torno do próprio eixo (movimento de rotação) e em torno do Sol
(movimento de translação).
HUMANISTAS:
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Homens letrados do Renascimento, interessados em várias áreas do saber
Revitalizavam as línguas e as letras da Antiguidade Clássica
Ensinavam em universidades e publicavam obras
Procuraram harmonizar os valores clássicos como o Cristianismo (somos todos iguais e
devemos ajudar e respeitar os outros, especialmente os mais pobres)
CLASSISISMO
O culto da estética e dos valores da Antiguidade Clássica, o classicismo, foi uma das características mais
distintivas da cultura renascentista.
Os fatores que motivaram este culto foram:
A queda do Império Romano do Oriente, que levou ao exílio de muitos intelectuais bizantinos para a
Península Itálica
O desenvolvimento de um clima de curiosidade em torno dos vestígios materiais e do passado glorioso
do Império Romano
A difusão dos textos da Antiguidade, facilitada pela invenção da imprensa
A veneração do saber dos antigos a quem era conferido o carácter de autoridade, o que se refletiu na
sobrevalorização das letras em relação às demais do conhecimento
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A promoção cultural e artística pela ação dos mecenas que tornavam os seus palácios em centros de
erudição
ANTROPOCENTRISMO
Na visão antropocêntrica dos humanistas, o homem é senhor do seu próprio destino, e, por meio do
uso da razão, pode atingir a sua realização plena.
A produção artística passou a ser equiparada à produção intelectual
Alguns artistas eram humanistas
A criação artística assemelhava-se à criação divina
O artista tinha a capacidade de fazer uma leitura racional do universo sensorial que o rodeava e de o
verter nas suas obras
A REINVENÇÃO DAS FORMAS ARTÍSTICAS
A arte do Renascimento consolidou a rutura com as conceções e técnicas de representação da arte
medieval:
Contou com as experiências destes percursores
Beneficiou do renascer das fontes de inspiração da Antiguidade Clássica (classicismo)
A par do florescimento da produção literária, proporcionado pelo movimento humanista, o
Renascimento operou ume autêntica revolução no campo da arte.
A nova estética irradiou da Itália e, tal como o Humanismo, apresentou se marcada pelo classicismo.
Se os humanistas procuravam avidamente manuscritos, os artistas deleitavam se com as estatuas e os
monumentos descobertos pelas escavações arqueológicas levadas a cabo em Roma. Papas e outros
mecenas colecionavam peças antigas, que veneravam como relíquia.
Imitar as formas e as temáticas dos clássicos tornou-se corrente entre os artistas renascentistas, que,
no arte greco-romana, viam a exemplo de harmonia, da proporção e da suprema beleza. Porem, a admiração
pelos clássicos jamais conduziu a uma imitação servil.
Assim como os humanistas tiveram consciência dos seus talentos e se revelaram pessoas críticas e
interventivas, também os artistas superaram os modelos da Antiguidade. Demonstraram uma notável
capacidade técnica no utilizarem a perspetiva e ao pintarem a óleo. Ultrapassaram os clássicos com o
naturalismo na representação de seres humanos, animais, paisagens. Pela Europa fora, aliás, produziu-se
uma arte rica e inovadora, resultado, tantas vezes, de curiosas sínteses das influências clássicas com as
tradições nacionais, como foi o caso da arte manuelina em Portugal.
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A IMITAÇÃO E SUPERAÇÃO DOS MODELOS DA ANTIGUIDADE
Classicismo é o nome que se dá á tendência estética que assenta na imitação das formas clássicas
na literatura e nas artes plásticas. Isto é, os homens das letras e das artes do Renascimento inspiraram-se nos
modelos clássicos e procuraram reproduzir as suas características, todavia, não se limitaram a uma
imitação passiva dos modelos greco-latinos Habilitados com as inovações técnicas e com elementos
culturais novos proporcionados pelo novo conhecimento do mundo, os artistas do Renascimento, mais do
que imitar, acabaram por produzir uma plástica inteiramente nova. Fazer melhor do que os artistas gregos e
romanos que lhes serviam de modelos acabou por ser o grande desafio que os artistas renascentistas se
propuseram.
Por conseguinte, a estética renascentista não pode dissociar-se das características clássicas nas suas
manifestações de individualismo, naturalismo, realismo e racionalismo, patentes:
na valorização do individuo e da sua liberdade
na exaltação da dignidade humana e das suas realizações
no realismo patente na representação do corpo humano, nu ou vestido, e no retrato que
reproduz fielmente os modelos
na preocupação em reproduzir fielmente a Natureza
no predomínio da razão sobre o sentimento
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o fundo, para o chamado ponto de fuga, de modo a criar-se um espaço geométrico no qual as figuras
mais afastadas têm menores proporções.
a prática da pintura a óleo, inventada na Flandres por Jan Van Eycke, que confere ao quadro maior
luminosidade, brilho, variedade de tonalidades e durabilidade. Graças a estas potencialidades do óleo os
artistas conseguem dar volume aos corpos, recorrendo aos contrastes de luz e sombra, e criar a ilusão de
afastamento e proximidade (técnica do sfumato), uma nova forma de obter a sensação de profundidade,
a perspetiva aérea
No século XVI, Leonardo da Vinci tornou-se num grande teórico da perspetiva aérea, que praticava nos seus
quadros. Para o efeito, utilizava o sfumato, gradação ou esbatimento da luz e da cor, que nos permite
ver os objetos locais com maior nitidez, enquanto os mais afastados se transformam em sombras
azuladas.
Relacionada com o novo olhar que a Humanidade tinha do mundo, a perspetiva representou uma
autêntica desmontagem do conceito medieval de espaço. Na verdade, poder-se-á dizer que o espaço
renascentista se apoiou na observação, na experiência, no real, logo, na verdade. Tal não acontecia nas
representações medievais, onde a disposição e o tamanho dos objetos eram determinados pela
hierarquia social e pelo simbolismo religioso.
o uso da tela, que permitiu à pintura libertar-se dos suportes fixos, ou dos painéis de madeira,
proporcionando aos artistas uma maior comodidade e liberdade no transporte e na rapidez de execução
das obras
a adoção dos esquemas geométricos, sobretudo o piramidal, em que as regras da simetria e da
horizontalidade são aperfeiçoadas.
A procura da proporção entre as dimensões preocupou os pintores renascentistas. Se bem que o sentido
da ordem e do equilíbrio seja um legado da Antiguidade, a verdade é que só no Renascimento o espaço
pictórico foi construído com um rigor matemático, indo-se ao ponto de o projetar a partir de uma
medida-padrão (módulo), que servia de referência para as diferentes dimensões
As representações naturalistas enquadram-se no movimento de descoberta da Natureza e de
valorização do real, numa época em que despontava uma nova conceção de Homem. Atento ao
espetáculo da Natureza, o artista esforçava-se por compreender as leis que a regiam. A sua minúcia e o
seu espírito analítico permitiram-lhe várias conquistas pictóricas.
Em primeiro lugar, a expressividade dos rostos, aos quais não se inibia de apontar imperfeições, e que
eram, frequentemente, de figuras coevas, quando não autorretratos. Não bastou, porém, a veracidade dos
traços fisionómicos. A grandeza dos retratos renascentistas residiu na sua capacidade de exprimir
sentimentos e estados de alma (alegria, tristeza, ternura) e de refletir os traços da personalidade (firmeza,
doçura, bondade). Ressalta, também, a espontaneidade dos gestos e a verosimilhança das vestes e dos
cenários (que eram de casas e paisagens da época, em lugar dos fundos doura dos das pinturas góticas).
Por sua vez, o corpo – de humanos ou animais – foi pintado com verdadeiro rigor anatómico, que resultou,
muitas vezes, de pesquisas e dissecações em cadáveres. Quanto à variedade de rochas, plantas, rios, lagos,
montanhas e cidades, foram consequência de um conhecimento experimental do mundo envolvente, que
permitiu fazer da paisagem um elemento essencial da composição pictórica.
Este foi o naturalismo na pintura, que tanto revestiu matizes mais terrenos e próximos da realidade, como
deixou transparecer atmosferas ideais de sonho, mistério, doçura e serenidade.
(CADERNO)
A INFLUÊNCIA DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA NA ESCULTURA E NA PINTURA
RENASCENTISTAS:
Na escultura:
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a reposição do nu
a recuperação da estatua equestre
a monumentalidade
a representação do corpo humano com harmonia e rigorosas proporções
Na pintura:
nos temas (da mitologia clássica; de episódios e figuras da Antiguidade Clássica
no tratamento do corpo das figuras (rigor anatómico e o nu)
Destaque para duas obras:
Botticelli (1946 - 1510), O Nascimento de Vénus
Rafael (1483-1520), A Escola de Atenas.
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