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Rio de Janeiro
1º Semestre/2023
Rio de Janeiro
2023
Élcio de Lacerda Ximenes
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Orientador: Prof. Dr. Marcio Luiz Moitinha Ribeiro
_______________________________________
Avaliador 2: Prof. Dr. Francisco de Assis Florêncio
Dedicado, In Memoriam, aos meus saudosos e
abnegados pais, Delcio Ximenes e Ilgayr de
Lacerda Ximenes.
AGRADECIMENTOS
Acima de tudo agradeço ao meu Senhor Criador, único e verdadeiro, Trino Deus – Pai de
amor, Filho Unigênito Salvador e Santo Espírito Consolador – Quem pela Sua maravilhosa
graça e eternas misericórdias as quais “novas são a cada manhã”, capacitou-me e me
sustentou de modo a me permitir desenvolver e concluir esta tarefa. Simplesmente para a
honra, louvor e glória do Seu poderoso Nome.
Agradeço à minha amada esposa Sônia Ximenes pelo carinho e atenção, em todo momento ao
meu lado; tanto quanto a meu querido filho Élcio Ximenes Júnior pela confiança e apoio.
Agradeço ao meu caro orientador Professor Doutor Márcio Luiz Moitinha Ribeiro pela
amizade, fineza e assistência. Sempre disposto a me ajudar e a me incentivar; um catedrático
que além de corresponder à estatura de excelência da Universidade em que ministra,
encarece-a com o seu modo personalíssimo de ensino.
Agradeço aos atenciosos Professores Doutores Amós Coêlho, Francisco de Assis Florêncio,
Luiz Fernando Dias Pita e Márcia Regina de Faria da Silva, por todos os sábios
conhecimentos que partilharam comigo ao longo deste Curso de Especialização.
Agradeço a todos os meus amigos de classe, pelo companheirismo durante todo o tempo em
que estivemos reunidos e unidos, em torno de tão nobre objetivo.
Por fim, agradeço à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) pela criação do Curso
de Especialização em Língua Latina, por sua manutenção, otimização; e sobretudo pela luta
renhida no ensino gratuito, de alto quilate, em nível superior.
RESUMO
Este trabalho acadêmico tem por escopo: a) propiciar ao leitor o descobrimento, tanto
da relevância quanto da singularidade etimológicas, de termos latinos incorporados à vida
cotidiana; b) despertar a sua atenção para a aquisição do conhecimento da língua-mãe, ante
suas peculiaridades, por meio de tais noções; e c) colaborar para o entendimento da
necessidade de resgatá-la, com vista à sua aplicação na educação de modo geral.
Qual pequena parcela de contribuição, entenda-se o aqui consignado como uma
tentativa de se produzir certa fagulha destinada a atrair o olhar, quiçá, por parte de algum dos
atores1 envolvidos; a qual possa também dinamizar um oportuno interesse pela Língua Latina
e sua implementação. Quer por aquele em que lendo estas linhas cônscio de sua
responsabilidade, quer por aqueloutro talvez amante do vernáculo (ainda que despretensioso);
permitam-se sentir imbuídos do espírito cidadão e, em potencial, participantes da aspiração
pela reinserção do Latim nas pautas educacionais.
1
Agentes do poder público; profissionais da área da Educação (docentes, diretores, coordenadores); pais;
sociedade; dentre outros.
ABSTRACT
This paper aims to: a) allow the reader to discover the etymological relevance and
singularity of Latin terms incorporated into everyday life; b) awaken their attention to the
acquisition of knowledge of the mother tongue given its peculiarities through its notions; and
c) contribute to the understanding of the necessity to rescue it, with the scope to its application
in general education.
Through this small contribution, what is hereby consigned is an attempt to produce a
certain spark destined to captivate, perhaps, some of the actors¹ involved; which can also
stimulate a timely interest in the Latin language and its implementation. Either by the person
reading these lines due solely to academic responsibilities, or by that other perhaps lover of
the vernacular (albeit unpretentious); allow yourselves to feel imbued with the citizen spirit
and, even potentially, become participants in the aspiration for the reinsertion of Latin in
educational guidelines.
I- Introdução ..................................................................................................................................... 9
I - INTRODUÇÃO
Em que pese a humanidade, ao longo dos tempos, ter chegado até o momento à
conquista de significativos avanços em diversos campos do saber; por mais lamentável e
impressionante ainda se ouve e se considera, aqui e ali, ser o latim uma língua “morta”. Nesse
sentido, em meio ao afã pós-moderno, além de passar imperceptível uma gama de traços tão
vívidos e corriqueiros – mas também aparentemente ignorados – e diante da insistência em
depreciá-la, não raro relegando-a, chegou-se a ponto de ser tida como ultrapassada e
inaplicável.
Lembrando aquelas admiráveis palavras: “ensinar não é ditar... Educar é incutir no
estudante o espírito de análise, de observação, de raciocínio, capacitando-o a ir além da
simples letra do texto...” (ALMEIDA, 2002, p. 8). Desta forma “...o verdadeiro mestre não
transmite apenas conhecimentos da ciência, constitui ele próprio um exemplo de vida,
passando, assim, aos discípulos as virtudes... os ensinamentos indispensáveis para
descortinarem as riquezas do idioma...” (ROLIM, 1996, p. 2). Exatamente essa é a
propriedade do Latim, enquanto veículo peculiar, conduzindo o leitor ao exercício e à
reflexão. “Não é para ser falado que deve ser estudado. É para aguçar seu intelecto, para se
tornar mais observador... para se aperfeiçoar no poder de concentração de espírito... para se
acostumar à calma e à ponderação...” (ALMEIDA, 2002, p. 9). Como se não bastasse
grandioso “conhecer o vocabulário latino (pois) é o caminho que leva à perfeita tradução”
(ROLIM, 1996, p. 11), “o que interessa no latim é sua literatura, sua virtude formadora do
espírito”. (ALMEIDA, 2002, p. 11).
Desse modo, o presente esforço será o de apresentar a sua menção e utilização na
contemporaneidade. E assim convidar os desconhecedores a que possam vislumbrar e
reconhecer pelo menos alguns elementos da Língua de Cícero – Esta que é, segundo José
Joaquim Nunes (XAVIER, 1995, p. 73) o “substratum do nosso idioma;” – e por conseguinte,
admirá-la discernindo o seu atualíssimo valor.
Com efeito, presentemente, o latim está apegado à alma brasileira. Haja vista na
História e na Cultura, palavras faladas, cantadas – não só aqui – desde as ruas até os
escritórios. Aos quatro ventos ainda se faz exalar aquele antigo, inato e encantador perfume
da que fora aclamada e chamada por Olavo Bilac de “a última flor do Lácio”.
Dessa forma se pretende, nesta pesquisa, fazer valer sua relevância e transparência
no sentido de se perceber, algures, a necessária conscientização.
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Uma vez que, após certa reformulação legislativa, com “a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional de 1962, torna-se facultativo o latim, no secundário... golpe duro
sobretudo para a futura formação de professores de Português, de Linguística, de Filologia. E
pensar “quem se destina(va) a estudos superiores na Áustria estuda(va) sete anos o latim... e
na Alemanha, nove...” (ALMEIDA, 2002, p. 8). Enfim, ...três décadas adiante, como para
completar a queda gradual... a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996
– faculta o latim, no curso superior”. (MOITINHA, 2017, p. 13). Desse modo, fez-se sentir
vertiginoso declínio na sua difusão e por conta disso, um flagrante desinteresse.
Não obstante, afirma Napoleão Mendes de Almeida no final de seu
prefácio:
“asas de um pássaro, o latim e o português devem voar juntos”.
(ALMEIDA, 2002, p. 11).
Logo – perante o tema – faz-se imperioso os cabos soltar, o timão reaver e acertar o
rumo ao porto seguro da Educação continuada e viva.
Por sua vez, o filólogo Antônio Houaiss (HOUAISS, 2022, p. 427), traz o conceito
de etimologia como sendo:
Ronaldo Caldeira Xavier (XAVIER, 1995, pp. 24-26) nos instrui, magistralmente,
com o seguinte pensamento:
LEG (Do lat. legere, ler, colher) – lenda, lendário, legenda, legendário,
legível, ilegível, colégio, florilégio.
LEG (Do lat. lex, legis, lei) – legal, legista, ilegal, legítimo, legar, legado,
legação, legatário, legislação, legislatura, legisperito, legiferar, leguleio,
ilegalidade, delegacia, alegação;
JUR (Do lat. jus, juris, direito) – jura, juramento, abjurar, júri, juro,
jurado, jurista, jurídico, jurígeno, jurisdição, juridicidade, injúria,
perjúrio, jurisperito, jurisconsulto, conjura, jurisprudente, esconjuração”.
Definições, a par de etimologia, que também se identificam com a face escritural que
reveste o étimo.
Notemos algumas palavras selecionadas, que nos saltam aos olhos, inicialmente sob
a lousa do mestre Aires da Mata Machado Filho (MATA, 1966, pp. 14, 31, 82, 100 e 102).
jando-o para si, também, adotou-o para o seu veículo, obtendo com isso um êxito extraordiná-
rio. Depois de vários insucessos, o omnibus surge vitorioso na Inglaterra, na primavera de
1829”. (A. R. Gonçalves Viana, Apostilas aos Dicionários Portugueses, Tomo II, p. 195. LI-
VRARIA CLÁSSICA EDITORA A. M. Teixeira & C/ (Filhos) PRAÇA DOS RESTAURA-
DORES, 17 LISBOA-1906).
PALÁCIO – Do lat. palatiu, nome aplicado à casa do imperador, situada no monte
Palatino; houve extensão do sentido para toda casa grande de poderosos. (NASCENTES).
PALADAR – Do lat. palatare, calcado em palatu, céu da boca. (ib.).
SEMANA – Do lat. septimana, espaço de sete dias. (ib.)
SINCERO – Do lat. sinceru, puro (aplicado ao mel), como sine cera, sem cera. (ib.)
TORPEDO – É o lat. torpedo, torpor. Deu-se este nome a um gênero de arraias que
descarregam choques elétricos na mão de quem as quer apanhar. Aplicou-se depois a um pro-
jétil destinado a afundar navios. (ib.)
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AMA – Identifica-se com o substantivo feminino “ama”, “Ama-seca, babá. Babá que
amamenta; ama de leite. A dona de casa em relação aos empregados; patroa; senhora. (…)”
(AULETE). No entanto, traduz-se por “balde” (de incêndio). “ama, -ae, v. hama. (ama), -ae,
subs. fem.” (FARIA, 1956, p. 422).
ANTES – A despeito de equivaler graficamente ao advérbio de tempo “antes”, é na
realidade um substantivo: “fileiras (de cepas de vinha) (...); canteiros (de plantas, flores) (…)”
(FARIA, 1956, p. 77).
AUT – Posto que pareça com o substantivo “auto” (Registro, ato público, solenidade,
ou mesmo com a forma reduzida de automóvel); trata-se de uma conjunção. 1) ou, ou então;
2) ou senão, ou do contrário; 3) aut...aut; ou...ou; ou...ou então; ou...pelo menos. 4) [Depois
de negação] nem. Obs. Aut é uma conjunção disjuntiva que serve para distinguir dois objetos
ou duas ideias das quais uma deve excluir a outra.
BASTA – Apesar de se assemelhar ao substantivo (Parada, fim), ou à interjeição
(Basta!) (AULETE); originalmente trata-se de uma cidade na Calábria. (FARIA).
BELO – Não obstante ser de igual forma ao adjetivo “belo”, seu significado real
indica = balo, -as, -are, -avi, -atum, verbo intransitivo, equivalendo a balir, dar balidos.
(FARIA).
BOIA – Não se trata de “objeto de material flutuante (ger. plástico inflado ou poroso)
us. para evitar que pessoas ou coisas afundem, na água”. (AULETE). E sim de (-ae, pl.: boiae,
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-arum, subs. f.), 1) correia de couro de boi; 2) qualquer espécie de argola, colar ou laço feito
de couro. (FARIA).
BOLA – Não sendo sinônimo daquele conhecido brinquedo; mas identificando uma
antiga cidade do Lácio com o mesmo nome “bola”, -ae. (Bolae -arum.) (FARIA).
BULLA – Mesmo semelhante à conhecida “BULA”, por meio da qual tomamos
conhecimento da composição dos remédios; apresentava-se polissêmico, ou seja: 1) Bolha de
ar que se forma na superfície da água. daí, objeto, em forma de bolha; 2) Cabeça de prego
para ornamentar as portas; 3) prego que serve para marcar os dias felizes e infelizes; 4) Botão
de talabarte; 5) Bolinha de ouro ou de outro metal e de couro que os filhos dos patrícios
traziam no pescoço até a idade de 17 anos; 6) Bola metálica suspensa ao pescoço de um
animal. Sent. fig.: Um nada, uma ninharia. (FARIA).
CALO – Muito embora sua forma transmita de imediato a ideia de “calosidade”;
significa: criado de baixa categoria, criado de um soldado ou de exército, bagageiro.
CAMERA – Sem embargo de assemelhar-se à “câmera” (fotográfica, p.ex.); carrega
outro significado, qual seja: 1) teto abobadado, abóbada, arco. 2) coberta de navio, navio com
cobertura em forma de arco.
CANA – Inobstante sua forma ser exatamente a mesma do substantivo “cana” (de
açúcar, p.ex.); distingue-se no significado por se tratar de nome de mulher. (FARIA).
CANO – Livremente de se confundir com o “cilindro comprido e oco, de metal,
madeira, plástico etc. (cano de descarga)”; consiste em verbo intransitivo e transitivo. Sent.
Próprio: 1) cantar (falando de pessoas); 2) Tratando-se de animais.
CARO – Diferentemente do adjetivo “caro” (dispendioso); indica: 1) Pedaço de
carne, carne. sent. metafórico: 2) Polpa (de um fruto). sent. fig.: 3) Carne (em oposição ao
espírito), o corpo, a matéria.
CASO – De maneira distinta, não equivale a “caso” (fato, ocorrência,
acontecimento). ou seja: iguala-se a “casso”, que por sua vez equivale a “quasso” – 1) Sacudir
fortemente, agitar incessantemente; 2) Quebrar sacudindo, quebrar; 3) Abalar, enfraquecer,
quebrar, tremer.
CENA – Malgrado assemelhar-se à “cena” (teatral, acontecimento etc.); quer dizer:
1) Jantar (refeição principal, entre as três e quatro horas da tarde); 2) Sala de jantar; 3)
Convidados; 4) Conjunto de iguarias que se servem ao mesmo tempo.
CENTO – Diferindo do numeral “cem” e do substantivo indicativo de cem unidades
ou de uma centena; vai determinar: 1) Espécie de manta feita de retalhos cosidos uns aos
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outros (para vários fins e, especialmente, para apagar incêndios). 2) Centão (poesia de algum
autor célebre); 3) Centão, sobrenome romano.
CEU – Tendo o sentido distinto do substantivo “céu” (a atmosfera, por ext.);
significa: 1) Como, assim como, bem como; 2) Como se. Obs.: a partícula ceu, quer isolada,
quer em correlação com sic, ita etc., designa comparação. É sinônima de ut, sicut, quase.
COMUM – Apesar de sua íntima semelhança com o vocábulo “comum”, não se
coaduna com nenhum dos seus vários significados. Antes vai equivaler a “como”, cidade da
Gália Transpadana.
CONCERTO – Mesmo que sua grafia seja exatamente igual ao substantivo
“concerto” (obra musical); constitui-se, em verbo intransitivo: 1) Combater, entrar em conflito
com, lutar; 2) Discutir, disputar, altercar.
COPA – Conquanto pareça com o substantivo feminino “copa”, não tem qualquer
relação com nenhuma de suas acepções; mas o sentido de “taberneira”, isto é, mulher de
taberneiro; vendedora de vinho em taberna; dona de taberna; sent. fig.: mulher pouco asseada.
DECERTO – Apesar de lembrar o advérbio que tem como sinônimo, “certamente,
por certo”; concerne ao verbo “combater, lutar”.
DIABETAE – Ainda que se assemelhe ao “diabetes” (doença caracterizada por
excessiva secreção de urina); tem outro sentido e sinônimo: “diabetas”, nome de quatro ilhas
próximas de Rodes.
DICA – Tendo a exata grafia da palavra “dica” (informação útil, proveitosa, ger.
pouco conhecida); entretanto, absolutamente não se confunde. Seu significado é: processo,
ação judicial.
DISCO – Com grafia igual à do substantivo “disco” (Peça, objeto circular e achatado
de qualquer material); entretanto não partilha com ele nenhuma significância. Sendo verbo
transitivo, indicando: aprender, instruir-se, estudar.
DITO – Apesar de exata semelhança com o termo “dito” (que se disse, mencionado,
referido); significa: tornar rico, enriquecer.
DORSO – Mesmo muito parecido com o vocábulo “dorso” (costas); tem como
sinônimo “Dorsão”, sobrenome romano da gens Fábia.
FARRA – Ainda que corresponda de maneira exata com o substantivo “farra”
(diversão animada e ruidosa); indica plural de “far”, que por sua vez significa: 1) Espécie de
trigo (espelta), trigo; 2) Farinha; 3) Bolo.
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IV - FILHOS DESNATURALIZADOS
Por “desnaturalizado” entende-se “(...) 3. Que foi adulterado ou teve sua natureza
corrompida (visão desnaturalizada)” (AULETE).
Consideramos aqueles termos da língua portuguesa que – em princípio –
apresentavam determinada acepção, mas que ao longo do tempo passaram a apresentar
outro(s) sentido(s); foram ressignificados adquirindo roupagem diversa da original.
grande infelicidade ou desgraça; infortúnio; Fam. Fig. Fato, coisa ou pessoa desastrada,
desacertada, infeliz. Ex. Estava num dia ruim, tudo o que fez foi uma calamidade. Esse
jogador é uma verdadeira calamidade. [Do lat. calamitas, atis.]”. (ib.).
CANDITATO – Do lat., candidatu; os pretendentes a cargos eletivos vestiam-se de
branco para demonstrar publicamente suas aspirações. (NASCENTES, 1955, p. 93).
“Vestiam-se de branco os pretendentes a cargos públicos; eram “candidatos”, e ainda são, seja
qual for a cor de suas roupas. (MATA, 1966, p. 103). Pois, “candidus, significava sincero,
franco, límpido”. (FARIA, 1956, p. 146). Porém, na atualidade se diz: “[Não raro, us. de
modo irôn. ou joc. Ex. Detestei o filme; é o meu candidato ao (prêmio de) pior do ano.] [Do
lat. canditatu(m), cujo significado original é ‘em trajes brancos’, pois os aspirantes a cargos
eletivos, na antiga Roma, vestiam togas dessa cor.]” (ib.).
CAVALGAR – Do lat. caballicare. (NASCENTES). De caballus, Cavalo de
trabalho, cavalo pequeno. (TORRINHA). No entanto, o ato de cavalgar deixou de se referir
apenas a esse animal: 2. Sentar-se sobre algo com as pernas abertas; montar ou deslocar-se
sobre (algo, alguém), como em um cavalo. [td.: um grupo de batedores, cavalgando suas
motocicletas: "As crianças nuas, com as perninhas tortas pelo costume de cavalgar as ilhargas
maternas..." (Aluísio de Azevedo, O mulato)] [tr. + em: O palhaço cavalgava na vassoura para
alegrar a criançada.] 3. Fig. Deslocar-se (ger. com energia ou destreza) sobre algo que se
movimenta de modo bravio [td.: Cavalgar ondas numa prancha de surfe.] [tr. + em: O veleiro
cavalgava nas ondas.] 4. Passar ou saltar por cima de (algo), montado em cavalo, ou
carregado ou impulsionado de outra maneira; galgar. [td.: cavalgar o açude.] [ta.: O barco
cavalgou por cima do banco de areia com o impulso da corrente.] 5. Colocar (algo) em
posição superior, ger. apoiado em algum suporte; apoiar os (óculos) à frente dos olhos [td.:
"Cavalgou os óculos no nariz, estendeu o papel a uma réstia de sol, olhou para André com
certa ufania e leu..." (Antônio Feliciano de Castilho, Mil e Um Mistérios)].
CHEGAR – Do lat. plicare, dobrar (as velas, quando o navio chega). Deu-se
generalização de sentido. (NASCENTES). Na sua célebre “Preparação à Linguística
Românica” Silvio Elia (ELIA, p. 248), ratifica esse generalizar ao dizer que tal evolução teria
decorrido do emprego do verbo pelos navegadores na expressão plicare vela. Dobrar as velas
da nau quando a embarcação chega ao porto. Tendo em vista que hoje não se vê, no
significado, nenhuma relação com aquele expediente náutico.
COMBINAR – Do lat. combinare, juntar aos pares; generalizou o sentido.
(NASCENTES, 1955, p. 129). “Em ‘combinar’, temos o elemento ‘bi’ que significa ‘dois’.
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2
XAVIER, 1995 (pp. 194, 195) conceitua “expressões catacréticas” como aquelas ligadas à Figura de Palavra
chamada “catacrese”, uma das variedades da metáfora. A mudança do significado natural de uma palavra,
geralmente pela defecção, no idioma, de termo mais apropriado. Ex.: cavalgar um asno, azulejos amarelos,
embarcar num avião, aterrizar na Lua, chá de erva-doce, enterrar um alfinete no dedo etc. Em consonância com
MATA, 1966, p. 104, quando chama “o esquecimento etimológico” de “catacrese”.
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substância não é uma coisa que está de pé debaixo das outras. (ib. p. 104). Tenha-se em vista
como se generalizou o seu uso: 1. Qualquer matéria caracterizada por suas propriedades
específicas (substância sólida, líquida ou gasosa); 4. O que é necessário à vida; sustância:
refrigerantes não têm substância; 5. Conteúdo: a substância de um filme; 6. O ponto
fundamental de uma questão; o essencial. (AULETE).
TALVEZ – Significava, antigamente, “algumas vezes” e era seguido pelo verbo no
modo indicativo. Adquiriu depois a acepção de “provavelmente”. Passou a advérbio de
dúvida, bem caracterizado, e, desde então, demanda o verbo no subjuntivo: “Talvez consiga
falar”. (ib. p. 40). Por conseguinte, vê-se usualmente fora do sentido original de
“probabilidade”, como segue: Palavra que indica possibilidade ou dúvida, mas nunca certeza;
acaso, porventura; quiçá. [Usa-se geralmente com o verbo no subjuntivo e, raramente, com o
verbo no indicativo.]. Às vezes, por vezes; eventualmente, ocasionalmente, alguma vez.
(AULETE).
TRABALHO – Do b. lat. tripaliu, aparelho composto de três paus e destinado a
sujeitar cavalos que não se queriam deixar ferrar. (NASCENTES). Posteriormente aplicado e
amplamente alargado o seu sentido: 1. Emprego da força física ou intelectual para realizar
alguma coisa; 2. Aplicação dessas forças como ocupação profissional; 3. Local onde isso se
realiza; 4. Esmero, cuidado que se emprega na confecção ou elaboração de uma obra; 5. A
confecção, elaboração ou composição de uma obra; 6. Obra realizada; 7. Grande esforço;
trabalhão; trabalheira; 8. Exercício para treino; 9. Ação contínua de uma força da natureza e
seu efeito; 11. Resultado do funcionamento de uma máquina, um aparelho etc. 12. Obrigação
ou responsabilidade; dever; encargo; 13. Econ. Conjunto das atividades humanas empregado
na produção de bens; 14. Tarefa a ser realizada; 15. Treinamento durante a semana como
preparação para o páreo. (AULETE).
Obs. Exemplos supramencionados colhidos das referidas obras, de Aires da Mata Machado
Filho; Alois Walde; Antenor Nascentes; Antônio Houaiss; Caldas Aulete; Ernesto Faria;
Francisco Torrinha; Michaelis; Priberam; Ronaldo Caldeira Xavier; e de Silvio Elia.
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Literatura (Canônica)
Literatura (Portuguesa)
Literatura (Brasileira)
VELHA – Fem. de velho. Do lat. vetulus, a, um 'de certa idade, algo ve-
lho, velhinho', que no lat. vulg. substituiu a vetus, eris 'velho', do qual aque-
le era dimin., sendo então pronunciado veclus. Ant. ger.: jovem, moço.
(AULETE).
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SECA – Fem. de seco. Do lat. siccu. (AULETE); siccus, -a, -um, adj.
I – Sent. próprio: 1) Seco, sem umidade II – Por extensão: 2) Seco,
firme; Sent. fig.: 3) Seco, sedento (...) (FARIA).
LÍRIO – Do lat. liliu, de duvidosa origem grega (...). Muitos grafaram com
um y que nada tinha de etimológico, mas que para o simbolismo represen-
tava a forma da flor. (NASCENTES).
Música (Cívica)
Música (Erudita)
Música (Cristã)
Artes Plásticas
Dama com ARMINHO – Do lat. armenius (mus). Mamífero polar, da família dos
Arminho
mustelídeos (Mustela erminea), cuja pele é muito apreciada por sua
maciez e pelo tom alvo que adquire no inverno. Fig. Brancura.
(AULETE). Armenius, a, um (Armenia), adj. 1. Da Armênia.
(TORRINHA). (Contudo) foi a pele que deu o nome ao animal
(Leonardo Da Vinci)
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(Michelangelo)
O Nascer do Sol NASCER – Do lat. vulg. nascere por nasci (AULETE); nasci – 1.
nascer. 2. (fig.) nascer, ter a origem, provir, começar, encontrar-se,
haver; 3. nascer (os astros), levantar-se (o vento). (Dicionário Latim-
(Monet) Português Porto Editora).
Noite Estrelada NOITE – Do lat. nocte ou noctu, abl. tomado adv. De noite, durante a
noite. (FARIA).
Menino com CARNEIRO – Do lat. vulg. *carnariu, 'carneiro; o animal que serve
Carneiro
de alimento; a sua carne', posv. substv. do adj.lat. carnarius, a, um,
'referente a carne'. (ib.)
(Portinari)
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Filosofia
Filosofia Cristã
ADORO TE DEVOTE ADORO – -as, -are, -avi, -atum, v. tr. I – Sent. próprio: 1) dirigir uma
Hino cristão escrito súplica a, pedir (suplicando), implorar. 2) adorar, prestar culto a,
por
Tomás de Aquino: venerar. (FARIA)
(https://www.todamat
eria.com.br/sao-
tomas-de-aquino/)
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Teologia
NOTA – Do lat. nota, ae. Hom./Par.: nota (sf.), nota (fl. de notar).
Nota: Nesta acp., tb. se diz nota fiscal. (AULETE).
FIM – Do lat. fînis, is. Ideia de: fin- (AULETE). I – Sent. próprio: 1)
Raia extrema, fronteira, limite. II – Daí, no pl.: 2) fronteiras (de um
país); 3) O próprio país, território. (...) III – Sent. figurado: 5) Limi-
te; 6) Fim, alvo, escopo, finalidade; 8) Termo, ponto final. (FARIA).
Obs. Informações colhidas das obras de Antenor Nascentes; Caldas Aulete; Ernesto Faria;
Francisco Torrinha e de Priberam.
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Ciências Jurídicas
EFICÁCIA – Derivado do latim efficacia, de efficax (que tem virtude, que tem
propriedade, que chega ao fim), compreende-se como a força ou poder que possa ter um ato
ou um fato, para produzir os desejados efeitos.
Obs. Fonte consultada, Vocabulário Jurídico De Plácido e Silva – Forense – 1ª ed. 1963 – RJ.
Ciências Médicas
Obs. Exceto com relação ao vocábulo “auxilium”, da retromencionada obra de Ernesto Faria,
1956; as demais consultas foram realizadas no sítio www.aulete.com.br.
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FIAT – Faça-se.
LUX – Luz.
UNO – Único.
ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada – ACF, 4ª ed. Sociedade Bíblica Trinitariana
do Brasil. São Paulo, SP, 2011.
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina. 29ª ed. Saraiva, RJ. 2002.
BARBOSA, Rui. Réplica. Vol. XXIX. Tomo II. Ed. do Ministério da Educação e Saúde. RJ.
1953.
BARRETO, Mário. Novos Estudos da Língua Portuguesa. 3ª ed. Presença, RJ. 1980.
CASTILHO, António Feliciano de. Mil e um Mistérios. Tipografia Lusitana, Lisboa, 1845.
ELIA, Silvio. Preparação à Linguística Românica. 2ª ed. Rio de janeiro, RJ. Ao Livro
Técnico S.A. 1988.
FARIA, Ernesto. Dicionário Escolar Latino-Português. 2ª ed. MEC, Rio de Janeiro, RJ.
1956.
FARIA, Ernesto. Fonética Histórica do Latim. 2ª ed. Livraria Acadêmica, Rio de Janeiro, RJ.
1970.
FARIA, Ernesto. Gramática da Língua Latina. 2ª ed. (revista e aumentada) Brasília, FAE,
DF. 1995.
FREITAS, Horácio Rolim de. A Obra de Olmar Guterres da Silveira. 1ª ed. Metáfora Editora,
RJ. 1996.
MATA, Aires da Machado Filho. Coleção Escrever Certo Vol. II. 2ª ed. Boa Leitura, São
Paulo, SP. 1966.
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http://bibdig.biblioteca.unesp.br/handle/10/6468
VIARO, Mário Eduardo. História das Palavras: Etimologia. Museu da Língua Portuguesa
Estação da Luz - https://doceru.com/