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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação e Humanidades


Instituto de Letras

Élcio de Lacerda Ximenes

A ETIMOLOGIA DE VOCÁBULOS LATINOS

Rio de Janeiro
1º Semestre/2023

Élcio de Lacerda Ximenes

A ETIMOLOGIA DE VOCÁBULOS LATINOS

Monografia apresentada como requisito parcial


para obtenção do título de Especialista em
Língua Latina, ao Programa de Pós-Graduação
em Latim, da UNIVERSIDADE DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO.

Orientador: Prof. Dr. Márcio Luiz Moitinha Ribeiro

Rio de Janeiro
2023
Élcio de Lacerda Ximenes

A ETIMOLOGIA DE VOCÁBULOS LATINOS

Trabalho final, apresentado à Universidade do


Estado do Rio de Janeiro, como parte das
exigências para obtenção do título de especialista
em língua latina.
Rio de Janeiro, 24 de julho de 2023.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________
Orientador: Prof. Dr. Marcio Luiz Moitinha Ribeiro

_______________________________________
Avaliador 2: Prof. Dr. Francisco de Assis Florêncio
Dedicado, In Memoriam, aos meus saudosos e
abnegados pais, Delcio Ximenes e Ilgayr de
Lacerda Ximenes.

AGRADECIMENTOS

Acima de tudo agradeço ao meu Senhor Criador, único e verdadeiro, Trino Deus – Pai de
amor, Filho Unigênito Salvador e Santo Espírito Consolador – Quem pela Sua maravilhosa
graça e eternas misericórdias as quais “novas são a cada manhã”, capacitou-me e me
sustentou de modo a me permitir desenvolver e concluir esta tarefa. Simplesmente para a
honra, louvor e glória do Seu poderoso Nome.

Agradeço à minha amada esposa Sônia Ximenes pelo carinho e atenção, em todo momento ao
meu lado; tanto quanto a meu querido filho Élcio Ximenes Júnior pela confiança e apoio.

Agradeço ao meu caro orientador Professor Doutor Márcio Luiz Moitinha Ribeiro pela
amizade, fineza e assistência. Sempre disposto a me ajudar e a me incentivar; um catedrático
que além de corresponder à estatura de excelência da Universidade em que ministra,
encarece-a com o seu modo personalíssimo de ensino.

Agradeço aos atenciosos Professores Doutores Amós Coêlho, Francisco de Assis Florêncio,
Luiz Fernando Dias Pita e Márcia Regina de Faria da Silva, por todos os sábios
conhecimentos que partilharam comigo ao longo deste Curso de Especialização.

Agradeço a todos os meus amigos de classe, pelo companheirismo durante todo o tempo em
que estivemos reunidos e unidos, em torno de tão nobre objetivo.

Por fim, agradeço à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) pela criação do Curso
de Especialização em Língua Latina, por sua manutenção, otimização; e sobretudo pela luta
renhida no ensino gratuito, de alto quilate, em nível superior.
RESUMO

Este trabalho acadêmico tem por escopo: a) propiciar ao leitor o descobrimento, tanto
da relevância quanto da singularidade etimológicas, de termos latinos incorporados à vida
cotidiana; b) despertar a sua atenção para a aquisição do conhecimento da língua-mãe, ante
suas peculiaridades, por meio de tais noções; e c) colaborar para o entendimento da
necessidade de resgatá-la, com vista à sua aplicação na educação de modo geral.
Qual pequena parcela de contribuição, entenda-se o aqui consignado como uma
tentativa de se produzir certa fagulha destinada a atrair o olhar, quiçá, por parte de algum dos
atores1 envolvidos; a qual possa também dinamizar um oportuno interesse pela Língua Latina
e sua implementação. Quer por aquele em que lendo estas linhas cônscio de sua
responsabilidade, quer por aqueloutro talvez amante do vernáculo (ainda que despretensioso);
permitam-se sentir imbuídos do espírito cidadão e, em potencial, participantes da aspiração
pela reinserção do Latim nas pautas educacionais.

Palavras-chave: Ensino, Etimologia, Língua Portuguesa e Língua Latina.

1
Agentes do poder público; profissionais da área da Educação (docentes, diretores, coordenadores); pais;
sociedade; dentre outros.
ABSTRACT

This paper aims to: a) allow the reader to discover the etymological relevance and
singularity of Latin terms incorporated into everyday life; b) awaken their attention to the
acquisition of knowledge of the mother tongue given its peculiarities through its notions; and
c) contribute to the understanding of the necessity to rescue it, with the scope to its application
in general education.
Through this small contribution, what is hereby consigned is an attempt to produce a
certain spark destined to captivate, perhaps, some of the actors¹ involved; which can also
stimulate a timely interest in the Latin language and its implementation. Either by the person
reading these lines due solely to academic responsibilities, or by that other perhaps lover of
the vernacular (albeit unpretentious); allow yourselves to feel imbued with the citizen spirit
and, even potentially, become participants in the aspiration for the reinsertion of Latin in
educational guidelines.

Key-words: Teaching, Etymology, Portuguese Language and Latin Language.

¹ Government agents; education professionals (teachers, directors, coordinators); parents;


society; among others.
SUMÁRIO

I- Introdução ..................................................................................................................................... 9

II - Simbolismo dos Vocábulos......................................................................................................... 11

III - Falsos Amigos............................................................................................................................. 17

IV - Filhos Desnaturalizados .............................................................................................................. 21

V- Artes, Filosofia e Ciências .......................................................................................................... 27


Literatura (Canônica) .................................................................................................................. 27
Literatura (Portuguesa) ............................................................................................................... 28
Literatura (Brasileira).................................................................................................................. 28
Música (Cívica) ........................................................................................................................... 30
Música (Erudita) ......................................................................................................................... 32
Música (Cristã)............................................................................................................................ 34
Artes Plásticas ............................................................................................................................. 36
Filosofia ...................................................................................................................................... 39
Filosofia Cristã ............................................................................................................................ 41
Teologia ...................................................................................................................................... 42
Ciências Jurídicas........................................................................................................................ 45
Ciências Médicas ........................................................................................................................ 46

VI - Marcas De Origem Latina ........................................................................................................... 48

VII - Considerações Finais .................................................................................................................. 53

VIII - Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 54


Sítios consultados........................................................................................................................ 55
“Eis que ensinaste a muitos e tens
fortalecido as mãos fracas”.
(Jó 4:3)
9

I - INTRODUÇÃO

Em que pese a humanidade, ao longo dos tempos, ter chegado até o momento à
conquista de significativos avanços em diversos campos do saber; por mais lamentável e
impressionante ainda se ouve e se considera, aqui e ali, ser o latim uma língua “morta”. Nesse
sentido, em meio ao afã pós-moderno, além de passar imperceptível uma gama de traços tão
vívidos e corriqueiros – mas também aparentemente ignorados – e diante da insistência em
depreciá-la, não raro relegando-a, chegou-se a ponto de ser tida como ultrapassada e
inaplicável.
Lembrando aquelas admiráveis palavras: “ensinar não é ditar... Educar é incutir no
estudante o espírito de análise, de observação, de raciocínio, capacitando-o a ir além da
simples letra do texto...” (ALMEIDA, 2002, p. 8). Desta forma “...o verdadeiro mestre não
transmite apenas conhecimentos da ciência, constitui ele próprio um exemplo de vida,
passando, assim, aos discípulos as virtudes... os ensinamentos indispensáveis para
descortinarem as riquezas do idioma...” (ROLIM, 1996, p. 2). Exatamente essa é a
propriedade do Latim, enquanto veículo peculiar, conduzindo o leitor ao exercício e à
reflexão. “Não é para ser falado que deve ser estudado. É para aguçar seu intelecto, para se
tornar mais observador... para se aperfeiçoar no poder de concentração de espírito... para se
acostumar à calma e à ponderação...” (ALMEIDA, 2002, p. 9). Como se não bastasse
grandioso “conhecer o vocabulário latino (pois) é o caminho que leva à perfeita tradução”
(ROLIM, 1996, p. 11), “o que interessa no latim é sua literatura, sua virtude formadora do
espírito”. (ALMEIDA, 2002, p. 11).
Desse modo, o presente esforço será o de apresentar a sua menção e utilização na
contemporaneidade. E assim convidar os desconhecedores a que possam vislumbrar e
reconhecer pelo menos alguns elementos da Língua de Cícero – Esta que é, segundo José
Joaquim Nunes (XAVIER, 1995, p. 73) o “substratum do nosso idioma;” – e por conseguinte,
admirá-la discernindo o seu atualíssimo valor.
Com efeito, presentemente, o latim está apegado à alma brasileira. Haja vista na
História e na Cultura, palavras faladas, cantadas – não só aqui – desde as ruas até os
escritórios. Aos quatro ventos ainda se faz exalar aquele antigo, inato e encantador perfume
da que fora aclamada e chamada por Olavo Bilac de “a última flor do Lácio”.
Dessa forma se pretende, nesta pesquisa, fazer valer sua relevância e transparência
no sentido de se perceber, algures, a necessária conscientização.
10

Uma vez que, após certa reformulação legislativa, com “a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional de 1962, torna-se facultativo o latim, no secundário... golpe duro
sobretudo para a futura formação de professores de Português, de Linguística, de Filologia. E
pensar “quem se destina(va) a estudos superiores na Áustria estuda(va) sete anos o latim... e
na Alemanha, nove...” (ALMEIDA, 2002, p. 8). Enfim, ...três décadas adiante, como para
completar a queda gradual... a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996
– faculta o latim, no curso superior”. (MOITINHA, 2017, p. 13). Desse modo, fez-se sentir
vertiginoso declínio na sua difusão e por conta disso, um flagrante desinteresse.
Não obstante, afirma Napoleão Mendes de Almeida no final de seu
prefácio:
“asas de um pássaro, o latim e o português devem voar juntos”.
(ALMEIDA, 2002, p. 11).

Logo – perante o tema – faz-se imperioso os cabos soltar, o timão reaver e acertar o
rumo ao porto seguro da Educação continuada e viva.

Partamos, agora, para o foco de nosso estudo e monografia e apreciemos a


etimologia de alguns vocábulos latinos. A iniciarmos pelos seus simbolismos e falsos amigos
cotejando com o vernáculo.
11

II - SIMBOLISMO DOS VOCÁBULOS

Neste capítulo, apresentamos a leitura filológica de cada autor acerca da


“etimologia”; em seguida, para ilustrar, selecionamos alguns vocábulos portugueses de
origem latina que retratam tal simbolismo.

Segundo o lexicógrafo Caldas Aulete, entende-se etimologia como:

“o estudo da origem, formação e evolução das palavras e da construção


de seus significados a partir dos elementos que as compõem; o étimo”.
[F.: Do gr. etymología, pelo lat. etymologia.]. Enquanto étimo significa
“Palavra ou forma que é a base de formação e evolução de outra palavra
na língua”. [F.: Do gr. étymon, pelo lat. etymon.]. (AULETE,
aulete.com.br).

Por sua vez, o filólogo Antônio Houaiss (HOUAISS, 2022, p. 427), traz o conceito
de etimologia como sendo:

“o estudo da origem e da evolução das palavras; ramo da linguística que


se dedica a esse estudo”. Ao passo que a definição de étimo, estabelece
“Vocábulo de que se originou outra palavra; palavra ou elemento
(morfema) a partir de que se formaram, por composição ou derivação,
certos grupos de palavras”.

Por seu turno, o Dicionário Michaelis (MICHAELIS,


michaelis.uol.com.br), informa-nos que:

“etimologia compreende a “Origem de uma palavra, seja na sua forma


mais antiga, seja em alguma fase de sua evolução”. No mesmo passo
étimo, corresponde a “Toda forma dada ou estabelecida que constitui a
base ou origem de uma palavra”.
12

O léxico português de Priberam (PRIBERAM, 2023), atribui etimologia


à:

“parte da gramática que trata da origem e formação das palavras; origem


de uma palavra, étimo”. (latim etymologia, -ae, do grego atumologia, -
as.). Por seu lado étimo, indica “Vocábulo considerado como origem de
outro. (do grego étumon, - ou, verdadeiro significado de uma palavra, de
acordo com a sua origem, do grego étumos, -ê, -on, verdadeiro”.

Por sua parte, enriquece-nos Antenor Nascentes (NASCENTES, 1955, p.


12) com a gênese etimológica, quando assim ministra:

“foi só com o advento da linguística no séc. XIX que a etimologia passou


a ter base científica. O método histórico-comparativo estudou os
vocábulos na língua mãe e nas línguas irmãs, examinando-os as
transformações de forma e de sentido, conseguiu estabelecer, em sólidas
bases, as verdadeiras origens. O objeto da etimologia é o conhecimento
do verdadeiro sentido de um vocábulo, segundo ALOIS WALDE
(Introdução do Lat. Etym. Wörterbuch,)”.

Ronaldo Caldeira Xavier (XAVIER, 1995, pp. 24-26) nos instrui, magistralmente,
com o seguinte pensamento:

“etimologia é a ciência da origem das palavras. Por família etimológica


entende-se um grupo de vocábulos cognatos, ou seja, originários de um
radical comum. Radical é o elemento onde está situada a base da
significação externa da palavra.

Formam-se as famílias etimológicas através da agregação, ao radical (ou


radicais), de vários morfemas: afixos (prefixos e sufixos); desinências;
vogal temática; vogal e consoante de ligação.

Pelo conhecimento da significação nuclear dos radicais e afixos gregos e


latinos (contribuintes maiores da constituição lexical da língua), torna-se
13

mais fácil inferir o sentido de muitas palavras ouvidas ou lidas pela


primeira vez... Seguem-se três exemplos de famílias etimológicas.

LEG (Do lat. legere, ler, colher) – lenda, lendário, legenda, legendário,
legível, ilegível, colégio, florilégio.

LEG (Do lat. lex, legis, lei) – legal, legista, ilegal, legítimo, legar, legado,
legação, legatário, legislação, legislatura, legisperito, legiferar, leguleio,
ilegalidade, delegacia, alegação;

JUR (Do lat. jus, juris, direito) – jura, juramento, abjurar, júri, juro,
jurado, jurista, jurídico, jurígeno, jurisdição, juridicidade, injúria,
perjúrio, jurisperito, jurisconsulto, conjura, jurisprudente, esconjuração”.

Ademais, saliente-se, o que nos acrescenta o etimólogo da USP, Mário Eduardo


Viaro (VIARO, 2022, p. 36):

“a etimologia era chamada sýmbolon por Aristóteles e adnotatio por


Cícero...”

Por sýmbolon, consoante o Dicionário Grego-Português, de Malhadas, Dezotti e


Neves, (MALHADAS-DEZOTTI-NEVES, 2022, p. 1017), lemos:

“1. Sinal de reconhecimento; senha, cada uma das duas metades de um


objeto (presentes de hospitalidade, moedas), que dois parceiros
conservavam para, no momento adequado, juntar e provar suas
identidades...). 2. Qualquer indício que serve como prova de identidade.
‘[o deus] que conservou para mim os sinais de reconhecimento de minha
mãe. (Eurípides)’”.

Acepções nas quais são notórios a veracidade, o fator generante e o geracional


(famílias etimológicas), atributos do étimo.
14

E quanto ao conceito de adnotatio, o catedrático Francisco Torrinha (TORRINHA,


1942, p. 59) rege com louvor:

“adnoto = annoto = annotatio = 1. Anotação, nota; 2. Adição a um


escrito; inscrição numa lista; 3. Nota ou apostila do imperador em
alguma carta ou escrito; 4. Etimologia”.

Definições, a par de etimologia, que também se identificam com a face escritural que
reveste o étimo.

Dessa maneira, referimo-nos às formas originárias e derivativas dos termos da


Língua Portuguesa; cujas raízes encontram-se fincadas naquele fértil solo, irrigado pelo Lácio.
Embora nos pareçam simples vocábulos, os quais, por vezes, passam-nos despercebidos; em
verdade, escondem estruturas se não intrigantes, decerto curiosas e inspiradoras. Pois quando
sobre eles nos debruçamos, são essas últimas reveladas para nos fazer ver todo o seu vigor
intrínseco.

Notemos algumas palavras selecionadas, que nos saltam aos olhos, inicialmente sob
a lousa do mestre Aires da Mata Machado Filho (MATA, 1966, pp. 14, 31, 82, 100 e 102).

ALUGUEL ou ALUGUER – Por “...assimilação do ‘r’ ao ‘l’, as duas formas são


boas”.
Destarte aluguel, palavra empregada por Rui Barbosa (“Réplica”, p. 204), conduz-
nos à seguinte questão.
“Locare” significa dar de aluguel; por outro lado, tomar de aluguel era “conducere”.
Nós, porém, juntamos as duas ideias, no vocábulo “alugar”, derivação do primeiro desses
dois verbos latinos”. Então, “qual o verdadeiro sentido do verbo ‘alugar’? Quem aluga é o
locador ou o locatário, ou ambos?”
Portanto, “‘alugar’ é termo de significação ativa e passiva. Quer dizer tanto dar como
tomar de aluguel”.
VERNÁCULO – “Do latim ‘vernaculu’, escravinho, crioulo, nascido em casa do
senhor; daí, nascido no país, próprio do país” (Antenor Nascentes, ‘Dicionário
Etimológico’)”.
15

VERMELHO – “Do latim ‘vermiculu’, pequeno verme, a cochonilha, de que se


extrai uma tinta escarlate, o carmim. (Antenor Nascentes, ‘Dicionário Etimológico’)”.
JEITO – E seus derivados: ajeitar, enjeitar, rejeitar etc. “Do latim ‘jactum/jactu’, que
significa o ato de lançar. O mesmo elemento que aparece por exemplo, em ‘dejeto’, ‘projeto’,
‘objeto’, ‘sujeito’. Oriundos dos respectivos: ‘dejectu’, o que se lança fora; ‘projectu’,
lançado sobre; ‘objectu’, lançado adiante; ‘sujectu’, atirado para debaixo”.

Quanto ao histórico Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de Antenor


Nascentes; e do não menos enriquecedor Dicionário da Língua Portuguesa de Caldas Aulete;
dentre outros expoentes, colhemos:

ABARCAR – Do lat. abbrachicare, abraçar; (NASCENTES, 1955, p. 02). “Envolver


com os braços, abraçar: Abarcou o presente recebido”. (AULETE).
COMPANHIA – De companha e suf. ia. Onde “companha”, do latim compania;
etimologicamente o grupo de pessoas que comiam pão (pane), juntamente, que repartiam o
pão entre si. (NASCENTES, 1955, p. 130).
ESTIPULAR – Do lat. stipulare por stipulari, contratar. Entre os romanos primitivos
as partes contratantes, ao fazer um pacto, quebravam um pedacinho de palha, (stipula), e em
ocasião oportuna juntavam os dois fragmentos para ver se eram os mesmos. (ib.).
HOMEM – Do lat. homō. (...) a língua latina se serve da palavra uir e homō. Homō
tem um campo semântico mais abrangente do que uir. Homō pode incluir a femina “mulher”.
É uma palavra que tem a mesma origem de humus terra. (Literalmente), portanto, homō é o
terrestre, o que habita a terra. (À medida que), embora a forma uir tenha desaparecido, ela, no
entanto, aparece no derivado viril, em latim uirīle(m). “uir”, termo empregado pelo poeta
Vergilio no início de sua obra épica A Eneida, (...) dizendo “Arma uirumque cano” canto as
armas e o varão, isto é, o homem, o herói. (ROSÁRIO, 2002, p. 3).
ÔNIBUS – É o latim omnibus, para todos, (NASCENTES, 1955, p. 364), dativo plu-
ral do pronome omnis. Scilicet carro. De uma publicação por uma empresa que explora o ser-
viço destes veículos extraímos...: “Segundo a história havia em Nantes, um vendeiro popular
chamado Omnes, cuja freguesia fazia inveja a seus concorrentes. A esse tempo as casas não
eram numeradas e as de negócio para despertar a atenção, usavam umas tabuletas berrantes
com dísticos mais ou menos engenhosos (...). Omnes, com muita argúcia, colocou na sua ta-
buleta o dístico-trocadilho: ‘Omnes omnibus’. Vendo Baudry (quem mantinha para transporte
de banhistas um carro com dois bancos paralelos), o sucesso alcançado pelo dístico e alme-
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jando-o para si, também, adotou-o para o seu veículo, obtendo com isso um êxito extraordiná-
rio. Depois de vários insucessos, o omnibus surge vitorioso na Inglaterra, na primavera de
1829”. (A. R. Gonçalves Viana, Apostilas aos Dicionários Portugueses, Tomo II, p. 195. LI-
VRARIA CLÁSSICA EDITORA A. M. Teixeira & C/ (Filhos) PRAÇA DOS RESTAURA-
DORES, 17 LISBOA-1906).
PALÁCIO – Do lat. palatiu, nome aplicado à casa do imperador, situada no monte
Palatino; houve extensão do sentido para toda casa grande de poderosos. (NASCENTES).
PALADAR – Do lat. palatare, calcado em palatu, céu da boca. (ib.).
SEMANA – Do lat. septimana, espaço de sete dias. (ib.)
SINCERO – Do lat. sinceru, puro (aplicado ao mel), como sine cera, sem cera. (ib.)
TORPEDO – É o lat. torpedo, torpor. Deu-se este nome a um gênero de arraias que
descarregam choques elétricos na mão de quem as quer apanhar. Aplicou-se depois a um pro-
jétil destinado a afundar navios. (ib.)
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III - FALSOS AMIGOS

O significado do adjetivo “falso”, dentre outros, indica, consoante Caudas Aulete:

“o que não corresponde à verdade ou à realidade. [Era falsa a notícia da


separação]; que não é exato; errado; inexato [É falso que tenha nascido
no Brasil, na verdade chegou aqui ainda criança]; que parece real, mas
não é [Forro falso, parede falsa]; enganoso”. (AULETE)

Ante a qualificação mencionada atribuída ao subtítulo, cabe a abordagem de alguns


vocábulos latinos exemplificativos; os quais – a princípio – transmitem pela sua apresentação
morfológica uma determinada ideia, mas que de fato não são o que aparentam ser.

Como podemos observar a seguir.

AMA – Identifica-se com o substantivo feminino “ama”, “Ama-seca, babá. Babá que
amamenta; ama de leite. A dona de casa em relação aos empregados; patroa; senhora. (…)”
(AULETE). No entanto, traduz-se por “balde” (de incêndio). “ama, -ae, v. hama. (ama), -ae,
subs. fem.” (FARIA, 1956, p. 422).
ANTES – A despeito de equivaler graficamente ao advérbio de tempo “antes”, é na
realidade um substantivo: “fileiras (de cepas de vinha) (...); canteiros (de plantas, flores) (…)”
(FARIA, 1956, p. 77).
AUT – Posto que pareça com o substantivo “auto” (Registro, ato público, solenidade,
ou mesmo com a forma reduzida de automóvel); trata-se de uma conjunção. 1) ou, ou então;
2) ou senão, ou do contrário; 3) aut...aut; ou...ou; ou...ou então; ou...pelo menos. 4) [Depois
de negação] nem. Obs. Aut é uma conjunção disjuntiva que serve para distinguir dois objetos
ou duas ideias das quais uma deve excluir a outra.
BASTA – Apesar de se assemelhar ao substantivo (Parada, fim), ou à interjeição
(Basta!) (AULETE); originalmente trata-se de uma cidade na Calábria. (FARIA).
BELO – Não obstante ser de igual forma ao adjetivo “belo”, seu significado real
indica = balo, -as, -are, -avi, -atum, verbo intransitivo, equivalendo a balir, dar balidos.
(FARIA).
BOIA – Não se trata de “objeto de material flutuante (ger. plástico inflado ou poroso)
us. para evitar que pessoas ou coisas afundem, na água”. (AULETE). E sim de (-ae, pl.: boiae,
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-arum, subs. f.), 1) correia de couro de boi; 2) qualquer espécie de argola, colar ou laço feito
de couro. (FARIA).
BOLA – Não sendo sinônimo daquele conhecido brinquedo; mas identificando uma
antiga cidade do Lácio com o mesmo nome “bola”, -ae. (Bolae -arum.) (FARIA).
BULLA – Mesmo semelhante à conhecida “BULA”, por meio da qual tomamos
conhecimento da composição dos remédios; apresentava-se polissêmico, ou seja: 1) Bolha de
ar que se forma na superfície da água. daí, objeto, em forma de bolha; 2) Cabeça de prego
para ornamentar as portas; 3) prego que serve para marcar os dias felizes e infelizes; 4) Botão
de talabarte; 5) Bolinha de ouro ou de outro metal e de couro que os filhos dos patrícios
traziam no pescoço até a idade de 17 anos; 6) Bola metálica suspensa ao pescoço de um
animal. Sent. fig.: Um nada, uma ninharia. (FARIA).
CALO – Muito embora sua forma transmita de imediato a ideia de “calosidade”;
significa: criado de baixa categoria, criado de um soldado ou de exército, bagageiro.
CAMERA – Sem embargo de assemelhar-se à “câmera” (fotográfica, p.ex.); carrega
outro significado, qual seja: 1) teto abobadado, abóbada, arco. 2) coberta de navio, navio com
cobertura em forma de arco.
CANA – Inobstante sua forma ser exatamente a mesma do substantivo “cana” (de
açúcar, p.ex.); distingue-se no significado por se tratar de nome de mulher. (FARIA).
CANO – Livremente de se confundir com o “cilindro comprido e oco, de metal,
madeira, plástico etc. (cano de descarga)”; consiste em verbo intransitivo e transitivo. Sent.
Próprio: 1) cantar (falando de pessoas); 2) Tratando-se de animais.
CARO – Diferentemente do adjetivo “caro” (dispendioso); indica: 1) Pedaço de
carne, carne. sent. metafórico: 2) Polpa (de um fruto). sent. fig.: 3) Carne (em oposição ao
espírito), o corpo, a matéria.
CASO – De maneira distinta, não equivale a “caso” (fato, ocorrência,
acontecimento). ou seja: iguala-se a “casso”, que por sua vez equivale a “quasso” – 1) Sacudir
fortemente, agitar incessantemente; 2) Quebrar sacudindo, quebrar; 3) Abalar, enfraquecer,
quebrar, tremer.
CENA – Malgrado assemelhar-se à “cena” (teatral, acontecimento etc.); quer dizer:
1) Jantar (refeição principal, entre as três e quatro horas da tarde); 2) Sala de jantar; 3)
Convidados; 4) Conjunto de iguarias que se servem ao mesmo tempo.
CENTO – Diferindo do numeral “cem” e do substantivo indicativo de cem unidades
ou de uma centena; vai determinar: 1) Espécie de manta feita de retalhos cosidos uns aos
19

outros (para vários fins e, especialmente, para apagar incêndios). 2) Centão (poesia de algum
autor célebre); 3) Centão, sobrenome romano.
CEU – Tendo o sentido distinto do substantivo “céu” (a atmosfera, por ext.);
significa: 1) Como, assim como, bem como; 2) Como se. Obs.: a partícula ceu, quer isolada,
quer em correlação com sic, ita etc., designa comparação. É sinônima de ut, sicut, quase.
COMUM – Apesar de sua íntima semelhança com o vocábulo “comum”, não se
coaduna com nenhum dos seus vários significados. Antes vai equivaler a “como”, cidade da
Gália Transpadana.
CONCERTO – Mesmo que sua grafia seja exatamente igual ao substantivo
“concerto” (obra musical); constitui-se, em verbo intransitivo: 1) Combater, entrar em conflito
com, lutar; 2) Discutir, disputar, altercar.
COPA – Conquanto pareça com o substantivo feminino “copa”, não tem qualquer
relação com nenhuma de suas acepções; mas o sentido de “taberneira”, isto é, mulher de
taberneiro; vendedora de vinho em taberna; dona de taberna; sent. fig.: mulher pouco asseada.
DECERTO – Apesar de lembrar o advérbio que tem como sinônimo, “certamente,
por certo”; concerne ao verbo “combater, lutar”.
DIABETAE – Ainda que se assemelhe ao “diabetes” (doença caracterizada por
excessiva secreção de urina); tem outro sentido e sinônimo: “diabetas”, nome de quatro ilhas
próximas de Rodes.
DICA – Tendo a exata grafia da palavra “dica” (informação útil, proveitosa, ger.
pouco conhecida); entretanto, absolutamente não se confunde. Seu significado é: processo,
ação judicial.
DISCO – Com grafia igual à do substantivo “disco” (Peça, objeto circular e achatado
de qualquer material); entretanto não partilha com ele nenhuma significância. Sendo verbo
transitivo, indicando: aprender, instruir-se, estudar.
DITO – Apesar de exata semelhança com o termo “dito” (que se disse, mencionado,
referido); significa: tornar rico, enriquecer.
DORSO – Mesmo muito parecido com o vocábulo “dorso” (costas); tem como
sinônimo “Dorsão”, sobrenome romano da gens Fábia.
FARRA – Ainda que corresponda de maneira exata com o substantivo “farra”
(diversão animada e ruidosa); indica plural de “far”, que por sua vez significa: 1) Espécie de
trigo (espelta), trigo; 2) Farinha; 3) Bolo.
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FIGO – Aparentemente lembra o fruto da figueira. Porém seu sentido é outro: 1)


Pregar, cravar, espetar. Donde: 2) Fixar, furar, transpassar (sent. próprio e figurado); Daí: 3)
Afixar, promulgar. Sent. fig.: 4) Ferir, matar. (FARIA).
FIO – Igualmente, em nada se relaciona com o que aparenta ser, isto é, fibra
comprida e delgada de matéria têxtil (AULETE). Na realidade, trata-se de um verbo (passado
de facio), com o sentido de: 1) Ser feito, ser criado, fazer-se, tornar-se; 2) Produzir-se, nascer,
acontecer, existir. (FARIA).
FOLIA – Não se coaduna com “brincadeira ou farra”; porém com sentido de nome de
mulher, FÓLIA.
FRANGO – Não se relaciona com nenhuma das acepções próprias do termo; antes,
tem natureza de verbo, significa: 1) Quebrar, partir, romper, rasgar, dilacerar, fazer em
pedaços; Sent. fig.: 2) Romper, violar, infringir; 3) Abater (sent. físico e moral), abrandar,
debilitar, enfraquecer; 4) Refrear, reprimir, reduzir, vencer, destruir, arruinar.
FURO – Não guarda relação alguma com buraco ou orifício; sendo efetivamente
verbo intransitivo com sentido próprio de: 1) Estar fora de si, estar doido, estar furioso,
violento; sent. fig.: Estar louco de amor, desejar ardentemente; 3) Entregar-se, desencadear-
se, estar louco de vontade (poético).
GALERIA – Longe de indicar espaço amplo; na verdade GALÉRIA: 1) Mulher de
Vitélio; 2) Galeria tribus (...) “a tribo Galéria”.
NUNC – Embora pareça com o advérbio de negação “nunca”, na verdade quer dizer:
“agora, no momento presente (sent. temporal); então (com verbos no pass. ou no fut.); ora,
assim sendo, em vista disso (sent. lógico); mas em realidade, assim pois”. (FARIA, 1956, p.
633).
RADIO – Aparentemente quase idêntico ao substantivo “rádio” (osso, elemento
químico, ou mesmo aparelho radiofônico); porém consistindo em um verbo tr. e intr.: radio, -
as, -are, -avi, -atum. i – sent. próprio: 1) Enviar raios, irradiar; 2) Munir de raios; ii – daí em
sent. fig.: 3) Tornar brilhante: radiari gemmis (ov. p. 3.4. 103) “Tornar-se brilhante pelas joias
(pedras preciosas)”. (FARIA).

Obs. Exemplos supracitados extraídos do Dicionário Escolar Latino-Português de Ernesto


Faria, 1956; bem como do Dicionário da Língua Portuguesa de Caldas Aulete.
21

IV - FILHOS DESNATURALIZADOS

Por “desnaturalizado” entende-se “(...) 3. Que foi adulterado ou teve sua natureza
corrompida (visão desnaturalizada)” (AULETE).
Consideramos aqueles termos da língua portuguesa que – em princípio –
apresentavam determinada acepção, mas que ao longo do tempo passaram a apresentar
outro(s) sentido(s); foram ressignificados adquirindo roupagem diversa da original.

Passemos a alguns exemplos.

ABSURDO – Do lat. absurdu, desagradável ao ouvido, mas já com o sentido de fora


de propósito, em Cícero e Tácito”. (MATA, 1966, p. 104). Portanto desvencilhado do
original: 1. Que demonstra falta de bom senso, de lógica; contrário a um modelo (ideia
absurda; pedido absurdo). 2.Ext. Que foge a regras e condições estabelecidas. 3. Que é
inaceitável; disparatado. sm. 4. Aquilo que é desprovido de propósito, sem sentido, sem
nexo.; absurdez; absurdeza 5. Disparate, despropósito. 6. Quimera, utopia. 7. Mat. Método de
demonstrar um teorema pelo confronto com o conceito seu oposto. 8. Teat. Forma de
expressão artística que reflete a consciência da absurdez da condição e da existência humanas
(teatro do absurdo). 9. Fil. Pensamento ou crença inconsistente do ponto de vista lógico.
(AULETE).
ÁLBUM – Do lat. album - “-i, subs. n. Quadro branco em que se registravam os
nomes dos magistrados, as festas solenes, exposto publicamente para que todo mundo pudesse
ler o que continha. Depois passou a designar qualquer registro, lista”. (FARIA, 1956, p. 53). E
assim a descaracterização: “Livro em branco para colecionar fotografias, postais, selos,
recortes. Livro em branco em que se colecionam notas, pequenas composições literárias,
autógrafos. Livro com muitas ilustrações, geralmente acompanhadas de pequenos textos (ex.
Álbum de banda desenhada). Obra musical de longa duração, gravada em suporte físico (CD,
vinil) ou digital”. (PRIBERAM, 2008).
AMBULATÓRIO – Do lat. ambulatoriu, onde se pode passear, andar.
AMBULANTE, Do lat. ambulante, que passeia. (Entretanto, passou a designar hoje) hospital
onde não se tratam doentes que não caminhem por seu pé. (NASCENTES). Já que
“ambulatorius”, -a, -um, significava: 1) Feito durante um passeio; 2) Que vai e vem, móvel.
(FARIA).
22

ARRANCAR – Vem de “ab” mais “radicare”, mediante a assimilação do “b” do


prefixo em “r”. Significa “tirar as raízes da terra, desprender pela raiz”. (“José Oiticica,
“Manual de Análise”, p. 57). E hoje podemos até, sem redundância sensível, arrancar pela
raiz. (MATA, 1966, p. 104). O que comumente encontramos: “...Fazer aparecer ou surgir;
provocar [Arrancou aplausos da plateia]; obter com dificuldade [Tanto fizeram que
arrancaram o segredo da irmã]; obter por ameaça ou violência; extorquir [Arrancar dinheiro
dos comerciantes]; avançar, sair com ímpeto e de repente [Arrancar contra o adversário;
arrancar com o carro]”. (HOUAISS, 2022, p. 84). E ainda “Fazer abandonar, apartar, separar
[Conseguiu arrancar o filho das drogas]; exterminar, eliminar, extinguir, destruir [Os
conquistadores arrancaram todos os vestígios da cultura nativa]; livrar (de jugo, de opressão);
libertar [Arrancar o país do domínio estrangeiro]”. (AULETE).
AULA – Pelo lat. aula, -ae, subs. Pátio exterior à entrada da casa dos romanos;
vestíbulo. (MICHAELIS). I – Sent. Próprio: 1) Pátio (de uma casa ou de um palácio); 2) =
atrium; 3) Palácio, corte. AULA = olla, -ae, subs. f. Panela. (FARIA). Ainda: Aprisco; curral;
gaiola. (TORRINHA). No entanto hoje “tomou sentido de classe por causa das escolas anexas
aos palácios dos grandes”. (NASCENTES). E comumente: 1. Explicação sobre alguma
matéria; lição; 2. Sala em que se leciona; classe; 3. Parte de um programa de ensino, no
conjunto de um curso. (HOUAISS).
BRILHAR – Do lat. berillare, cintilar como o berilo; (...) o sentido depois se
generalizou. (NASCENTES). Tanto que se lê, diz e ouve, comumente: “1. Irradiar ou refletir
luz (tb. com cintilações); apresentar brilho; fulgurar; luzir [int.: As estrelas brilham no
firmamento: Com o colírio seus olhos brilham ainda mais.]. 2. Fig. Ter atuação excelente;
sobressair [int.: "Capaz de brilhar nas competições internacionais" (Josué Montello, Sempre
serás lembrada)]. 3. Fig. Fazer-se admirar; atrair, cativar a atenção [int.: Brilha pelo seu
talento e virtudes.]. 4. Fig. Ser visível, transparecer, revelar-se. [A paixão brilhava nos olhos
daquela mulher]. (ib.).
CALAMIDADE – Do latim, calamitate; ALOIS WALDE, (Linguista austríaco, na
sua obra “Lateinisches Etymologisches Wörterbuch”, 2ª ed., Heidfelberg, Carls Winter,
1910), considera etimologia popular a relação com calamus, colmo, no sentido de ter o étimo
significado primitivamente o prejuízo causado por um temporal, por uma saraivada que
quebrasse as hastes verdes do trigo”. (NASCENTES, 1955, p. 88). “...vocábulo esse que já
não tem que ver com a acepção primitiva de granizo destruidor dos cálamos de certas
plantas”. (MATA, 1966, 103- 104). Hodiernamente: “ocorrência de, ou acontecimento que
gera destruição, perdas e mortes (como guerras, furacões, vulcões, tsunamis); catástrofe;
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grande infelicidade ou desgraça; infortúnio; Fam. Fig. Fato, coisa ou pessoa desastrada,
desacertada, infeliz. Ex. Estava num dia ruim, tudo o que fez foi uma calamidade. Esse
jogador é uma verdadeira calamidade. [Do lat. calamitas, atis.]”. (ib.).
CANDITATO – Do lat., candidatu; os pretendentes a cargos eletivos vestiam-se de
branco para demonstrar publicamente suas aspirações. (NASCENTES, 1955, p. 93).
“Vestiam-se de branco os pretendentes a cargos públicos; eram “candidatos”, e ainda são, seja
qual for a cor de suas roupas. (MATA, 1966, p. 103). Pois, “candidus, significava sincero,
franco, límpido”. (FARIA, 1956, p. 146). Porém, na atualidade se diz: “[Não raro, us. de
modo irôn. ou joc. Ex. Detestei o filme; é o meu candidato ao (prêmio de) pior do ano.] [Do
lat. canditatu(m), cujo significado original é ‘em trajes brancos’, pois os aspirantes a cargos
eletivos, na antiga Roma, vestiam togas dessa cor.]” (ib.).
CAVALGAR – Do lat. caballicare. (NASCENTES). De caballus, Cavalo de
trabalho, cavalo pequeno. (TORRINHA). No entanto, o ato de cavalgar deixou de se referir
apenas a esse animal: 2. Sentar-se sobre algo com as pernas abertas; montar ou deslocar-se
sobre (algo, alguém), como em um cavalo. [td.: um grupo de batedores, cavalgando suas
motocicletas: "As crianças nuas, com as perninhas tortas pelo costume de cavalgar as ilhargas
maternas..." (Aluísio de Azevedo, O mulato)] [tr. + em: O palhaço cavalgava na vassoura para
alegrar a criançada.] 3. Fig. Deslocar-se (ger. com energia ou destreza) sobre algo que se
movimenta de modo bravio [td.: Cavalgar ondas numa prancha de surfe.] [tr. + em: O veleiro
cavalgava nas ondas.] 4. Passar ou saltar por cima de (algo), montado em cavalo, ou
carregado ou impulsionado de outra maneira; galgar. [td.: cavalgar o açude.] [ta.: O barco
cavalgou por cima do banco de areia com o impulso da corrente.] 5. Colocar (algo) em
posição superior, ger. apoiado em algum suporte; apoiar os (óculos) à frente dos olhos [td.:
"Cavalgou os óculos no nariz, estendeu o papel a uma réstia de sol, olhou para André com
certa ufania e leu..." (Antônio Feliciano de Castilho, Mil e Um Mistérios)].
CHEGAR – Do lat. plicare, dobrar (as velas, quando o navio chega). Deu-se
generalização de sentido. (NASCENTES). Na sua célebre “Preparação à Linguística
Românica” Silvio Elia (ELIA, p. 248), ratifica esse generalizar ao dizer que tal evolução teria
decorrido do emprego do verbo pelos navegadores na expressão plicare vela. Dobrar as velas
da nau quando a embarcação chega ao porto. Tendo em vista que hoje não se vê, no
significado, nenhuma relação com aquele expediente náutico.
COMBINAR – Do lat. combinare, juntar aos pares; generalizou o sentido.
(NASCENTES, 1955, p. 129). “Em ‘combinar’, temos o elemento ‘bi’ que significa ‘dois’.
24

Entretanto já se combinam muitos... (MATA, ibidem). Por conseguinte: “Fazer combinação


de (várias coisas para que resulte um todo ou composto)”. (PRIBERAM, 2008).
CONSIDERAR – Do lat. considerare; o sentido etimológico foi observar os astros
(lat. sidus), depois examinar atentamente qualquer coisa. (NASCENTES). Consido, -is, -ere,
sedi, -sesssum. Assentar-se juntamente, assentar-se, pousar. (FARIA). (Ver as estrelas com
alguém). Contudo, usa-se no dia a dia de outros modos: 1) Ter certa opinião ou juízo sobre;
achar; julgar; 2) Olhar atenta e minuciosamente; fitar-se. (AULETE).
DECORAR – Do lat. decorare, ornar; de cor, aprender de memória. (NASCENTES,
1955, pp. 149, 135). “COR (cordis), Sent. Próprio: coração (víscera); Sent. moral: coração
(sede da alma, da sensibilidade e da inteligência), alma; Sent. figurado: Inteligência, espírito,
bom senso (...)”. (FARIA, 1956, p. 237). Vulgarizou-se, popularmente se dizendo
“DECOREBA” – “Bras. Gír. Ação ou resultado de decorar, de memorizar sem o cuidado de
compreender ou entender aquilo que se estudou; quem costuma estudar apenas decorando
textos, sem tentar aprender”. (AULETE).
EMBARCAR – “De em + barca e des. ar; primitivamente entrar em barca;
generalizando depois o sentido”. (NASCENTES, 1955, p. 169). “No sentido etimológico de
“embarcar”, salta aos olhos o elemento ‘barca’: e sem embargo, há tantas maneiras de
embarcar no mundo, e ainda embarcamos deste para o outro”. (MATA, ib.) “Bras. Pop. Cair
(em logro ou ardil); deixar-se levar por (tentação, embuste). Ex. Como pude embarcar naquela
mentira...? Bras. Pop. Morrer” (AULETE).
HECATOMBE – “Era a matança de cem bois sacrificados. Hoje todo o mundo sabe
que é um morticínio, uma grande desgraça”. (MATA, ib.). “Do gr. hekatómbe, sacrifício de
cem bois, pelo lat. hecatombe. O sentido ficou indeterminado, para um grande número”.
(NASCENTES, 1955, p. 254).
MANCAR – Do lat. mancare (NASCENTES). Primitivamente era “manco”
sinônimo de “maneta”. Por extensão, aplicou-se o adjetivo aos membros inferiores. Tal é o
sentido vigente na língua atual. O certo é que “manco”, que era termo genérico, hoje se limita
a significar coxo, aleijado dos pés ou das pernas, ficando “maneta” para designar o aleijado da
mão, o que primitivamente era função exclusiva de “manco”. Esse termo tanto se alargou em
seu sentido, que afinal alguma coisa perdeu. (Pois) é corrente na gíria o termo “mancada”, que
parece reação vernácula contra o galicismo “gaffe”. Todavia, os dicionários mencionam
“manquejar” frequentativo de “mancar”. (MATA, 1966, pp. 73-76).
ORTOGRAFIA – Do gr. orthographia, escrita correta (palavra tomada de
empréstimo ao grego), pelo lat. ortographia. (Se significasse apenas “escrita correta”, seria
25

rematado absurdo que Mário Barreto se referisse à reforma “reguladora” da ortografia


(“Novos Estudos”, p. 36). Demais, os melhores autores empregam, sem escrúpulo
“ortografia”. (Daí) “confusão ortográfica” (Réplica, p. 222); e do mesmo Rui, ...“erros
ortográficos”. Contudo, não havendo impropriedade em dizer ou escrever “erro de
ortografia”, “má ortografia”, pois, realmente, esse vocábulo é (ou passou a ser) sinônimo de
grafia, escrita, escritura. (MATA, 1966, pp. 105, 106).
PESSOA – Do lat. persona, máscara que usavam os atores gregos e romanos,
vocábulo de provável origem etrusca (WALDE); de máscara passou ao sentido de papel,
personagem, depois ao atual. (NASCENTES). E Francisco Torrinha, em seu relevante
Dicionário Latino Português, ilustra na acepção 6. Pessoa: “foi assim que Ápio tirou a
máscara”. (TORRINHA). Tendo passado a ser utilizado em variados sentidos: 1. Indivíduo da
espécie humana, homem ou mulher; criatura; ser; 2. Gram. Ling. Categoria pela qual se indica
quem fala, diferenciando emissor (primeira pessoa), destinatário (segunda pessoa) e objeto de
que se fala (terceira pessoa); 3. Jur. Ser ao qual se atribuem direitos e obrigações (pessoa
física; pessoa jurídica); 4. Personalidade, indivíduo notável, eminente; personagem; 5.
Individualidade; 6. Teol. No catolicismo, as pessoas divinas, as três pessoas da Santíssima
Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. (AULETE).
QUARENTENA – “De quarenta, [do lat. quadraginta (...) teríamos então
quaragenta. Arc. quaraenta, quareenta.]. Como profilaxia contra as pestes do Oriente, na
idade média estabeleceu-se o prazo de isolamento durante quarenta dias para os viajantes”.
(NASCENTES, 1955, p. 425). “Se fôssemos atrás da etimologia, a “quarentena” não poderia
ser senão de quarenta dias, de quarenta anos etc.; mas (em nossos dias) pode durar quanto for
necessário”. (MATA, ib.).
SABATINA – Do lat. sabbatu, sábado. Neste dia se recordavam as lições da semana.
O vocábulo perdeu o sentido etimológico. (NASCENTES). Na prática se usa de forma
diferenciada: 3. Fig. Matéria a ser discutida; questão; tese; 6. Ant. Tese que os estudantes de
filosofia defendiam ao final do primeiro ano do curso. (AULETE). Haja vista expressões
catacréticas2 como “sabatina na quarta-feira”. (XAVIER, 1995, p. 195).
SUBSTÂNCIA – Neste vocábulo há o prefixo “sub”, movimento para baixo, o que
está embaixo de, e “stância”, que se relaciona com o verbo “stare”, estar em pé. Todavia, a

2
XAVIER, 1995 (pp. 194, 195) conceitua “expressões catacréticas” como aquelas ligadas à Figura de Palavra
chamada “catacrese”, uma das variedades da metáfora. A mudança do significado natural de uma palavra,
geralmente pela defecção, no idioma, de termo mais apropriado. Ex.: cavalgar um asno, azulejos amarelos,
embarcar num avião, aterrizar na Lua, chá de erva-doce, enterrar um alfinete no dedo etc. Em consonância com
MATA, 1966, p. 104, quando chama “o esquecimento etimológico” de “catacrese”.
26

substância não é uma coisa que está de pé debaixo das outras. (ib. p. 104). Tenha-se em vista
como se generalizou o seu uso: 1. Qualquer matéria caracterizada por suas propriedades
específicas (substância sólida, líquida ou gasosa); 4. O que é necessário à vida; sustância:
refrigerantes não têm substância; 5. Conteúdo: a substância de um filme; 6. O ponto
fundamental de uma questão; o essencial. (AULETE).
TALVEZ – Significava, antigamente, “algumas vezes” e era seguido pelo verbo no
modo indicativo. Adquiriu depois a acepção de “provavelmente”. Passou a advérbio de
dúvida, bem caracterizado, e, desde então, demanda o verbo no subjuntivo: “Talvez consiga
falar”. (ib. p. 40). Por conseguinte, vê-se usualmente fora do sentido original de
“probabilidade”, como segue: Palavra que indica possibilidade ou dúvida, mas nunca certeza;
acaso, porventura; quiçá. [Usa-se geralmente com o verbo no subjuntivo e, raramente, com o
verbo no indicativo.]. Às vezes, por vezes; eventualmente, ocasionalmente, alguma vez.
(AULETE).
TRABALHO – Do b. lat. tripaliu, aparelho composto de três paus e destinado a
sujeitar cavalos que não se queriam deixar ferrar. (NASCENTES). Posteriormente aplicado e
amplamente alargado o seu sentido: 1. Emprego da força física ou intelectual para realizar
alguma coisa; 2. Aplicação dessas forças como ocupação profissional; 3. Local onde isso se
realiza; 4. Esmero, cuidado que se emprega na confecção ou elaboração de uma obra; 5. A
confecção, elaboração ou composição de uma obra; 6. Obra realizada; 7. Grande esforço;
trabalhão; trabalheira; 8. Exercício para treino; 9. Ação contínua de uma força da natureza e
seu efeito; 11. Resultado do funcionamento de uma máquina, um aparelho etc. 12. Obrigação
ou responsabilidade; dever; encargo; 13. Econ. Conjunto das atividades humanas empregado
na produção de bens; 14. Tarefa a ser realizada; 15. Treinamento durante a semana como
preparação para o páreo. (AULETE).

Obs. Exemplos supramencionados colhidos das referidas obras, de Aires da Mata Machado
Filho; Alois Walde; Antenor Nascentes; Antônio Houaiss; Caldas Aulete; Ernesto Faria;
Francisco Torrinha; Michaelis; Priberam; Ronaldo Caldeira Xavier; e de Silvio Elia.
27

V - ARTES, FILOSOFIA E CIÊNCIAS

Já não é de se admirar a forte presença quotidiana de termos latinos, ostensivos ou


não, nas mais diversificadas áreas. Nesse sentido, além de aqui abordarmos alguns recorrentes
buscamos também outros remotos; que embora de modo literal possam ser conhecidos,
visíveis ou audíveis, a depender do objeto, por vezes acaba por fugir à percepção de muitos o
então étimo subjacente.
Todavia, quando um pouco mais se garimpa ora no campo das realizações artísticas
(Literatura, Música, Artes Plásticas), ora no da Filosofia, ora no das Ciências (Jurídicas,
Médicas); com efeito quem a isso se dispõe sentir-se-á por certo recompensado, e às vezes
surpreso, ao descobrir afinal a densa carga etimológica encoberta.

A seguir, citamos alguns:

Literatura (Canônica)

VULGATA – “1. Versão latina da Bíblia (...); 2. Versão de um texto


ou documento que é mais divulgada ou que considerada autêntica.
Origem etimológica: latim tardio Vulgata, feminino do latim vul-
gatus, -a, -um, comum, habitual, ordinário”. (PRIBERAM). Vul-
gatus ou volgatus – 3. Ensinado; mostrado. 4. Que serve para o
público. (TORRINHA). Vulgator -oris, subs. m. O que divulga,
revelador. (FARIA).

SACRA – Do lat. sacra, scilicet verba, palavras sagradas. (NAS-


CENTES).
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Literatura (Portuguesa)

LUSÍADAS – Descendentes dos antigos lusos; > LUSITANO – Do


lat. lusitanus, a, um – 1. Aquele que nasceu ou viveu na Lusitânia,
antiga região do oeste da península Ibérica, correspondente em
grande parte ao atual território português. 2. Aquele que nasceu ou
vive em Portugal; português; luso. (AULETE).

RELÍQUIA – Do lat. relíquia -ae. Objeto de grande valor em fun-


ção de ser raro ou antigo. (ib.).

Literatura (Brasileira)

CASA – Do lat. casa, ae. (ib.). I – Sent. próprio: 1) Cabana, choupana. 2)


Tenda, barraca (de soldados). (FARIA).

VELHA – Fem. de velho. Do lat. vetulus, a, um 'de certa idade, algo ve-
lho, velhinho', que no lat. vulg. substituiu a vetus, eris 'velho', do qual aque-
le era dimin., sendo então pronunciado veclus. Ant. ger.: jovem, moço.
(AULETE).
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VIDA – Do lat. vita. (ib.). I – Sent. Próprio: Vida (em oposição a


mors) II – Sent. fig.: 2) Maneira de viver, subsistência, recursos
(...) (FARIA).

SECA – Fem. de seco. Do lat. siccu. (AULETE); siccus, -a, -um, adj.
I – Sent. próprio: 1) Seco, sem umidade II – Por extensão: 2) Seco,
firme; Sent. fig.: 3) Seco, sedento (...) (FARIA).

OLHAR – Do lat. adoculare (...) A. Coelho derivou de olho e Cor-


tesão do lat. oculare. (NASCENTES). Daí os atuais “óculos” - Do
lat. oculu, olho. (ib.).

LÍRIO – Do lat. liliu, de duvidosa origem grega (...). Muitos grafaram com
um y que nada tinha de etimológico, mas que para o simbolismo represen-
tava a forma da flor. (NASCENTES).

CAMPO – Do lat. campu(m) (ib.); I – Sent. próprio: 1) Planície, terreno


plano. Daí: 2) Campina cultivada; 3) Campo para exercícios ou campo de
batalha; 4) Campo de Marte, exercícios no Campo de Marte, comícios, elei-
ções. II – Sent. Figurado: 5) Superfície do mar, o mar, ou do céu, o céu; 6)
Campo livre (carreira, teatro). (FARIA).

GRANDE – Do lat. grandis. Ideia de ‘grande’: grão- (grão-duque);


macr(o)- (macroeconomia); maxi- (maxidesvalorização); meg(a)-,
megal(o)- (megafone, megalocéfalo). 1. Que tem dimensões avantaja-
das (grande réptil; nariz grande). (AULETE).
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VEREDA – Do lat. vereda, ae. Caminho estreito; senda; Sent. Fig.


caminho; rumo: Sua vida seguiu por uma vereda inesperada. (ib.)

QUINZE – Do lat. vulg. quindecimu (m). (ib.)

Música (Cívica)

SALVE – Do lat. salve, segunda pessoa do singular do presente do


imperativo de salvare, ter saúde, usado como fórmula de saudação.
(NASCENTES).

AUGUSTO – Do lat. augustus – 1. Augusto, majestoso, venerável; 2.


Santo, sagrado. (FARIA).

PAZ – Do lat. pax, pacis [raiz pak – “Estabelecer por uma


convenção, resolver por acordo entre duas partes”]. 1. (...) ausência
de guerra; tratado de paz; (...) (TORRINHA).

NOBRE – Do lat. nobile. Sent. próprio: 1) Conhecido, bem


conhecido, célebre, famoso, ilustre. 2) De boa origem, de boa
31

ascendência, de origem nobre. (FARIA).

PRESENÇA – Do lat. praesentia. I -Sent. próprio: 1) Presença; 2)


Tempo presente; II - Sent. figurado: 3) Presença de espírito; 4)
Eficácia, poder, força. (ib.)

PÁTRIA – Do lat. patria, terra, terra do pai (pater). (NASCENTES).

PLÁCIDO – Do lat. placidus, -a, -um, adj. Sent. próprio: 1) Acalmado,


apaziguado, aplacado, serenado; daí, em sent. comum: 2) Manso,
brando, calmo, tranquilo, pacífico em paz, benévolo. (FARIA).

MARGEM – Do lat. margo, inis. Ideia de ‘margem’: margin(i) –


(marginal). Faixa de terreno que acompanha a linha divisória entre a
terra e as águas de um lago, rio ou mar; beira. (AULETE).

SOL – Do lat. sol, solis. Estrela da galáxia Via Láctea, em torno da


qual giram a Terra e outros planetas do sistema solar. Fig. A luz do
dia: Prefere o sol à escuridão; Luz, brilho, esplendor; Alegria,
esperança: Afinal, o sol voltará ao seu lar. (ib.).

LIBERDADE – Do lat. libertas, atis. Possibilidade de agir conforme


a própria vontade, mas dentro dos limites da lei e das normas
racionais socialmente aceitas. (ib.).

FÚLGIDO – Do lat. fulgidus, a, um, brilhante (NASCENTES);


fulgidus, a, um. adj. Luminoso, brilhante. (FARIA).

INSTANTE – Do lat. instante, que está sobre; que persegue, que


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apressa. (NASCENTES); instans, -antis. I – Sent. próprio: 1) Que


insta (...) iminente; II – Sent. figurado: 2) Presente, próximo.
(FARIA).

Música (Erudita)

CARMEN – -inis, subs. n. I - Sent. Próprio: 1) Tudo que é escrito em


verso, fórmula ritmada, fórmula mágica, fórmula solene (religiosa ou
jurídica) (Cíc. Mur. 26); 3) Poema, e especialmente poesia lírica ou
épica (Cíc. Br. 71) (FARIA, 1956, p. 153).

MAGNIFICAT – Magnífica – Do lat. magnificat, engrandece, palavra


inicial da versão latina do cântico de alegria que Maria dirigiu ao
Espírito Santo, por ocasião da Anunciação (Lc. I, 39-55).
(NASCENTES).

AVE – ou have. 1) (Fórmula de cumprimento), Bom dia, salve-o


Deus! 2) (Sobre sepulturas), adeus! (FARIA).

VERUM – Subs, n. 1) O verdadeiro, a verdade 2) O justo. (ib.).


33

CORPUS – -oris, subs. n. I – Sent. Próprio: 1) Corpo (em oposição à


alma) (...) (ib.).

AVE VERUM CORPUS


Salve, verdadeiro Corpo nascido da virgem Maria,
verdadeiramente atormentado, imolado na cruz pelos homens,
de cujo lado perfurado fluíram água e sangue;
sê para nós uma antecipação [do banquete celeste] na provação da
morte.
Ó Jesus doce, ó Jesus piedoso, ó Jesus, filho de Maria!
(https://pergunteaomaestro.com.br/a-musica-sacra-de-w-a-mozart/)

IMPROMPTUS – Não pronto, não expedito, que não tem ardor.


(FARIA).

OPUS – I - Sent. próprio: 1) Trabalho, obra; Daí na língua agrícola:


2) Trabalho dos campos, agricultura. Na língua militar: 3) Obras
militares (obras de defesa); 4) Obra (de um autor); 5) Obra (de um
artista). (ib.).
34

CORIOLANUS – Coriolano, general romano, vencedor de Coríolos


(= Corioli, cidade do Lácio). (ib.).

Música (Cristã)

BENDITO – Do lat. benedictus. (AULETE); part. de benedico: 1.


Abençoado; louvado. 2. Consagrado. (TORRINHA).

CORDEIRO – Do lat. chordariu, derivado de chordu, tardio em


nascer. Foi filiado ao lat. chorda, animal conduzido por uma corda.
(NASCENTES).

DEUS – Do lat. deus, dei. (AULETE); I – Sent. próprio: 1) Deus,


divindade (FARIA).

CRUZ – Do lat. crux (AULETE); crux, -ucis. I - Sent. próprio:


Instrumento de suplício; II – Sent. figurado: 2) Tortura, tormento, dor
(FARIA); crux, crucis. (...) b) força; c) estaca, patíbulo. 2. Tortura;
tormento; dor; flagelo (TORRINHA).
SANGUE – Do lat. sanguis, -inis I – Sent. próprio: 1) Sangue (que
corre, em oposição a cruor, sangue coagulado). II – Sent. poético: 2)
Parentesco, raça, família, descendente. III – Sent. figurado: 3) Força
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vital, vigor, sangue, vida. (FARIA).

VERTER – Do lat. vertere (NASCENTES). vertere – virar, voltar,


mudar. (Dicionário Latim-Português Porto Editora).

CRISTÃ – Fem. de cristão. Do lat. christianus. (Christus – Ungido)


(TORRINHA).

ELO – Do lat. annellu, anel (NASCENTES).

OUVIR – Do lat. audire. (AULETE); audire, is, ire (...) – 1. Ouvir;


sensus audiendi; faculdade de ouvir, audição. 2. Ouvir dizer, saber
por ouvir dizer, saber, ter conhecimento de; ser informado.
(Dicionário Latim-Português Porto Editora).

DIZER – Do lat. dicere. (AULETE); dico, is, ere (…) – 1. dizer,


Pronunciar. 2. Mostrar pela palavra...expor, afirmar. (ib.)

SONORO – Do lat. sonorus, a, um [sonor] adj. – 1. Sonoro; ruidoso;


retumbante. 2. Sonoro, pomposo (fal. do estilo). (TORRINHA).

ESPIRITUAL - Do lat. spiritualis – De ESPÍRITO (spiritus) – 1.


Sopro; vento; hálito; exalação; respiração. 2. O ar. 3. Aspiração;
espírito. 4. Sopro divino; espírito divino; inspiração; o Espírito Santo.
5. Espírito, alma; sentimento; ira; cólera; grandeza de alma; coragem.
(ib.).
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MINISTÉRIO – Do lat. ministerium, ii – [minister] 1. Ofício de


servo; função servil. 2. Ofício; mister; cuidado; ocupação; trabalho;
serviço (de mesa). 3. Serviço dos altares; sacerdócio; ministério
sagrado. (ib.).

ALTAR – Do lat. altare, is – altar (judaico e cristão) (Dicionário


Latim-Português Porto Editora).

PROMESSA – Do lat. promissa, prometida. (NASCENTES).


promissa, ae f. – A que está prometida em casamento, noiva.
(Dicionário Latim-Português Porto Editora).

RARIDADE – Do lat. raritas, atis. Sin. ger. (p.us.): rareza


(AULETE); raritas, atis (rarus) – (…) 5. caráter excepcional, pouca
frequência, raridade. (Dicionário Latim-Português Porto Editora).

Artes Plásticas

Dama com ARMINHO – Do lat. armenius (mus). Mamífero polar, da família dos
Arminho
mustelídeos (Mustela erminea), cuja pele é muito apreciada por sua
maciez e pelo tom alvo que adquire no inverno. Fig. Brancura.
(AULETE). Armenius, a, um (Armenia), adj. 1. Da Armênia.
(TORRINHA). (Contudo) foi a pele que deu o nome ao animal
(Leonardo Da Vinci)
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porque este não é absolutamente originário da Armênia (Stapers).


Aparece como adjetivo no português arcaico (...). (NASCENTES).

A Criação de Adão CRIAÇÃO – Do lat. creatio, onis. (AULETE). 1. Procriação, 2.


Criação; nomeação; eleição. (TORRINHA).

(Michelangelo)

O Nascer do Sol NASCER – Do lat. vulg. nascere por nasci (AULETE); nasci – 1.
nascer. 2. (fig.) nascer, ter a origem, provir, começar, encontrar-se,
haver; 3. nascer (os astros), levantar-se (o vento). (Dicionário Latim-
(Monet) Português Porto Editora).

Menina com as MENINO – (...) prende-se ao lat. minimu, mínimo. (NASCENTES);


Espigas
minimus, a, um – 1. Muito pequeno, mínimo, o menor; 2. (...) o mais
jovem de mais de dois. (Dicionário Latim-Português Porto Editora).

ESPIGA – Do lat. spica Hom./Par.: espiga (sf.), espiga (fl. de

(Renoir) espigar). Col. Atilho, espigame paveia. (AULETE); spica, ae, f. 1.


Espiga. 2. Objeto em forma de espiga; a) vagem; b) ladrilho ou tijolo
oblongo (que servia para fazer pavimentos que imitam a disposição
dos grãos de trigo na espiga). (...) (TORRINHA).

A Lição de LIÇÃO – Do lat. lectio, lectionis, subs. f. I – Sent. próprio: 1) ação de


Anatomia do
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Doutor Tulp escolher, escolha, eleição, nomeação; II – Daí, em sent. particular: 2)


Seleção (no senado); 3) Leitura, o que se lê, texto. (FARIA).

ANATOMIA – Do lat. tard. anatomia, ae. (AULETE); do gr. anatomé,


(Rembrandt)
incisão, dissecação, e suf. ia, pelo lat. anatomia (NASCENTES);
anatomia ou anatomica – anatomia, dissecação do corpo. (Dicionário
Latim-Português Porto Editora).

DOUTOR – Do lat. doctor, doctoris. (AULETE); o que ensina,


mestre (FARIA); o que sabe para ensinar. (NASCENTES).

Noite Estrelada NOITE – Do lat. nocte ou noctu, abl. tomado adv. De noite, durante a
noite. (FARIA).

ESTRELADA – F. estrelado. > Part. de estrelar. > Estrela. Do lat.


(Van Gogh) stella, ae. Hom./Par.: estrela (fl. estrelar). (AULETE); I – Sent.
próprio: 1) Estrela, estrela cadente. Por extensão: 2) Astro,
constelação, planeta; II – Sent. diverso: 3) Sol. (FARIA).

Menino com CARNEIRO – Do lat. vulg. *carnariu, 'carneiro; o animal que serve
Carneiro
de alimento; a sua carne', posv. substv. do adj.lat. carnarius, a, um,
'referente a carne'. (ib.)

(Portinari)
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Filosofia

ALMA – Do lat. anima, ae, 'sopro', 'alento' (AULETE). I – Sent.


próprio: 1) sopro, emanação, ar; daí: 2) alma (princípio vital), sopro
vital, vida. Alma dos mortos (que se escapou do corpo por ocasião do
passamento), alma (em oposição ao corpo); dat. – abl. pl. animabus
(decadência). (FARIA).

IMORTAL – Do lat. immortalis, -e. (AULETE). I – Sent. próprio:


1) Imortal; II – Daí: 2) Eterno, imorredouro. (FARIA).

JUSTO – Do lat. justus, a, um. Hom./Par.: justo (fl. de justar). Ideia


de 'justo', usar suf. -diceia. (AULETE). I – Sent. próprio: 1) conforme
o direito, justo, legítimo. Daí: 2) que tem a justa medida, convenien-
te, suficiente; 3) razoável (...). (FARIA).

DIVINA – F. divino. Do lat. divinus. (AULETE). I – Sent. próprio:


1) relativo à divindade, divino, de Deus (...); 2) inspirado pela divin-
dade, profético. II – Sent. figurado: 3) Excelente, maravilhoso, extra-
ordinário, admirável, divino; 4) imperial (...). (FARIA).

REPÚBLICA – Do lat. republica < lat. res publica, 'coisa pública'.


Hom./Par.: república (sf.), republica (fl. de republicar). (AULETE).

RES – subs. f. I – Sent. próprio: 1) bens , propriedade, posses, interes-


se em alguma coisa, daí: 2) utilidade, vantagem; II – Sent. particular:
3) assunto judiciário, litígio, questão judicial, processo; daí: 4) Ne-
gócio (sent. genérico); 5) fato, realidade; 6) ação realizada, coisa,
acontecimento, empresa, façanhas, feitos militares, fatos históricos,
40

feitos notáveis; etc. (FARIA).

PUBLICA – publico, as, are, avi, atum, v. tr. I – Sent. próprio: 1)


tornar público, pôr à disposição do público; daí: 2) confiscar; II –
Sent. figurado: 3) prostituir; 4) na época imperial: publicar (...). (FA-
RIA).

METAFÍSICA – Do lat. medv. metaphysica, do gr. Metaphysiká


(AULETE). Do gr. Metà tà physiká. Depois dos tratados de física. Os
quatorze livros, cujo verdadeiro nome é próte filosofia, filosofia pri-
meira, na obra de Aristóteles (...). Como esses livros tratavam de
questões de ordem mais elevada que a física (...) (NASCENTES).

LEI – Do lat. lex, legis. Col.: código, consolidação, corpo, legisla-


ção, polícia, repertório. (AULETE). I – Sent. próprio 1) lei (direito
escrito e promulgado); II – Daí: 2) convenção (entre particulares),
contrato: lex mancipi “contrato de venda”. 3) cláusula, condição; 4)
conjunto de preceitos jurídicos aceitos pela assembleia dos cidadãos
romanos, depois de terem sido ouvidos sobre o assunto (...); III –
Sent. figurado: 5) regra, preceito, obrigação; IV – Sent. poético: 6)
ordem (...). (FARIA).
41

Filosofia Cristã

DE TRINITATE – Do lat. trinitas, atis. 1. Reunião de três. 2. A


Santíssima Trindade. (TORRINHA)

ADORO TE DEVOTE ADORO – -as, -are, -avi, -atum, v. tr. I – Sent. próprio: 1) dirigir uma
Hino cristão escrito súplica a, pedir (suplicando), implorar. 2) adorar, prestar culto a,
por
Tomás de Aquino: venerar. (FARIA)

“Eu te adoro com


afeto, Deus oculto, DEVOTE – > DEVOTO, -as, -are, -avi, -atum, v. tr. 1. Dedicar,
que te escondes nestas
aparências. consagrar (TORRINHA).
A ti sujeita-se o meu
coração por inteiro
e desfalece ao te
contemplar.
A vista, o tato e o gosto
não te alcançam,
mas só com o ouvir-te
firmemente creio.
Creio em tudo o que
disse o Filho de Deus,
nada mais verdadeiro
do que esta Palavra da
Verdade. (...)”

(https://www.todamat
eria.com.br/sao-
tomas-de-aquino/)
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Teologia

NOTA – Do lat. nota, ae. Hom./Par.: nota (sf.), nota (fl. de notar).
Nota: Nesta acp., tb. se diz nota fiscal. (AULETE).

NOVO – Do lat. novus. (AULETE). I – Sent. próprio: 1) novo, re-


cente, fresco; daí: (...) III – Sent. particulares: 6) Novidades políticas,
mudança política, revolução; 7) Livros onde são registradas as dívi-
das, redução ou abolição de dívidas; tabulae novae “novos livros de
contas, onde se registravam as dívidas” etc. (FARIA).

TESTAMENTO – Do lat. testamentum. 1. Jur. Ato pelo qual


alguém dispõe, para depois de sua morte, com amparo da lei e
unilateralmente, de todos ou de parte dos próprios bens, podendo
também nomear tutores, reconhecer a paternidade de filhos naturais
etc.: 2. Jur. Declaração escrita e autêntica em que uma pessoa
descreve e consigna as suas últimas vontades, dispondo de todos ou
em parte de seus bens; 3. Bras. Irôn. Nomeações ou favores feitos nos
últimos dias de um governo; 4. Fig. Carta ou discurso muito longo e
prolixo; 5. Rel. Aliança feita por Deus com os homens, mediante
Moisés (Antigo Testamento) e Jesus Cristo (Novo Testamento).
(AULETE).

POVO – Do lat. populus, i. Ideia de ‘povo’: dem(o) – (democracia),


popul- (populismo). Conjunto de pessoas que vivem num mesmo país
e que estão sujeitas às mesmas leis. (AULETE).

NAÇÃO – Do lat. natione, natio, -onis, Sent. concreto (língua


rústica): Ninhada, nascimento dos filhos de um animal, raça,
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espécie. Daí: Nação, povo, conjunto de indivíduos nascidos


num mesmo lugar ou mesmo tempo. (FARIA).

MUNDO – Do lat. mundu (NASCENTES), mundus, -i, subs.


m. I – Sent. próprio: 1) Conjunto dos corpos celestes, a abó-
bada celeste, o firmamento. Daí: 2) O mundo, a criação, o
universo. 3) O globo terrestre, a terra. II – Sent. figurado: 4)
Habitantes da terra, humanidade. (FARIA).

ANTIGO – Do lat. anticu (NASCENTES), antiquus, -a, -um,


adj. I – Sent. próprio: 1) Antigo, velho, passado, de outrora.
II – Sent. figurado: 2) Mais importante, preferível, muito no-
tável (...) Obs. A forma anticus é também encontrável.

SEITA – Do lat. secta -ae, subs. f. (AULETE). I – Sent. próprio: 1)


Seita, escola (filosófica). Por extensão: 2) Linha de conduta política,
partido. II – Sent. figurado: 3) Princípios práticos, método, gênero de
vida. (FARIA).

SINAL – Do lat. signalis -e. Hom./Par.: senal (a2g. sm.). Ideia de


'sinal': sem (a /i) (semáforo, semântica); sign - (signatário, significa-
do, signo); -semia (poliessemia). (AULETE).

FIM – Do lat. fînis, is. Ideia de: fin- (AULETE). I – Sent. próprio: 1)
Raia extrema, fronteira, limite. II – Daí, no pl.: 2) fronteiras (de um
país); 3) O próprio país, território. (...) III – Sent. figurado: 5) Limi-
te; 6) Fim, alvo, escopo, finalidade; 8) Termo, ponto final. (FARIA).

TEMPO – Do lat. tempus, oris. Ideia de ' tempo': cron(o)-


44

(cronômetro); -cronia (sincronia); -crono (síncrono); -evo (longevo).


(AULETE).

DEFESA – Do lat. defensa. (NASCENTES), defenso, -as, -


are, -avi, -atum, I – Sent. próprio: 1) Repelir. Daí: 2) Defen-
der com toda a energia, com vigor. (FARIA).

CRISTO – Christus, - i, subst. m. Cristo (FARIA), Christus,


adj, 1) Ungido; 2) Cristo. (TORRINHA).

Obs. Informações colhidas das obras de Antenor Nascentes; Caldas Aulete; Ernesto Faria;
Francisco Torrinha e de Priberam.
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Ciências Jurídicas

AD HOC – Indica o substituto ocasional, designado para a feitura ou prática de um ato


ou solenidade, pela ausência ou impedimento do serventuário ou funcionário efetivo.
AD LITTERAM – Exprime a circunstância de se ter transcrito ou lido literalmente, sem
omitir qualquer palavra, ou período, o que se encontra escrito em outro documento.
AD REFERENDUM – Locução empregada para indicar ato praticado por alguém sem
ampla autoridade para o praticar.
A POSTERIORI - Segundo as consequências, ou consoante acontecimento previstos e
realizados.
A PRIORI – Aplicada para indicar as conclusões a que se chega, fundamentadas em
hipóteses, isto é, sem a verificação das consequências ou resultados anteriores.
BIS IN IDEM – Aplicada propriamente em matéria fiscal. Significa imposto repetido
sobre a mesma coisa, ou matéria já tributada.
BONUS – Geralmente, expressão usada para indicar todo título ou documento, passado
por alguém, no qual assume o compromisso de pagar, em dinheiro ou em mercadorias.
CLÁUSULA CONSTITUTI – Forma uma obrigação, um pacto ou uma convenção, que
se acrescenta ao contrato ajustado entre as partes, no intuito de modificar ou alterar a natureza
do ajuste que se estabelece.
DE CUJUS – Utilizada não somente para indicar que a sucessão está aberta, como para
significar a pessoa falecida, sendo, assim, equivalente ao morto, ao falecido, ao sucedido.
DE FACTO – Traduz-se de fato, com o sentido de efetivamente ou realmente. Opõe-se
ao de jure (de direito).
DEFICIT – Exprime a carência de valores necessários para equilibrar uma posição
financeira, que, pela falta ou ausência deles, apresenta-se em situação de deficiência.
DEMANDA – Derivado do verbo latino demandare (confiar, cometer), significa o ato
pelo qual uma pessoa confia ou entrega ao julgamento da justiça a solução do direito.
DEMISSÃO – Derivado de demissio, do verbo latino demittere (deixar cair, fazer
descer), em sentido geral, quer o vocábulo significar o ato pelo qual a pessoa deixa ou
abandona alguma coisa, ou renuncia a qualquer benefício de bens ou de direitos.
EDIFICAÇÃO – Derivado do verbo aedificatio, de aedificare (construir), é empregado
mais propriamente para indicar a construção que se vai executar.
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EFICÁCIA – Derivado do latim efficacia, de efficax (que tem virtude, que tem
propriedade, que chega ao fim), compreende-se como a força ou poder que possa ter um ato
ou um fato, para produzir os desejados efeitos.

Obs. Fonte consultada, Vocabulário Jurídico De Plácido e Silva – Forense – 1ª ed. 1963 – RJ.

Ciências Médicas

AUXILIUM – -i, subs. n. 1) Auxílio, socorro, ajuda, assistência. Daí: 2) Meio de


socorro, recurso, reforço; 4) Remédio, socorro (em medicina). (FARIA)
CADÁVER – Do lat. cadaver. 1. Corpo morto, esp. de ser humano; defunto. (AULETE)
CÉREBRO - Do lat. cerebrum 1. Anat. Órgão mais importante do sistema nervoso
central dos vertebrados, situado no interior do crânio e ligado à medula espinhal, sendo
responsável pela inteligência, coordenação dos estímulos (internos e externos), dos sentidos e
dos movimentos; encéfalo. (ib.)
DISSECAR – Do lat. dissecare. 1. Anat. Cortar e separar metodicamente, por meio de
escalpelo, bisturi ou instrumento análogo, órgãos, tecidos ou partes de órgãos ou tecidos de
animal ou de pessoa morto, para estudar sua anatomia ou para análise patológica: dissecar um
cadáver. (ib.)
GLÓBULO - Do lat. globulus. 1 Hem. Histl. Termo genérico para cada um dos três
elementos figurados do sangue, o glóbulo branco (leucócito), o glóbulo vermelho (hemácia) e
a plaqueta. (ib.)
IN VITRO – Loc. Adv. latina 1. Med. Que ocorre em meio artificial, p.ex. em um tubo
de ensaio, e pode ser observado (fertilização in vitro). (ib.)
MEDICINA – Do lat. medicina, ae. 1. Med. Ciência que trata da prevenção e da cura de
doenças. (ib.)
OSSO - Do lat. ossum, -i. Ideia de 'osso': oss(i)- (ossificar), ost(e/o)- (osteoporose), -
ósteo (teleósteo). 1. Anat. Matéria dura que forma o esqueleto do homem e dos demais
vertebrados, constituída de tecido conjuntivo com osseína e fibras de colágeno repletas de sais
de cálcio; proporciona apoio estrutural à atividade muscular, protege órgãos como o cérebro e
a medula espinhal, funcionando também como reservatório de cálcio e fosfato. (ib.)
47

PULSAÇÃO - Do lat. pulsatìo, onis. 1. Ação ou resultado de pulsar, de dilatar-se e


contrair-se alternadamente, esp. o coração e as artérias; latejamento; latejo. (ib.)
REMÉDIO – Do lat. remediu -ii. Ideia de ‘remédio’: farmac(o) – farmacologia,
farmacologista, farmacopeia). (ib.)
SANGUE – Do lat. sanguen. 1. Hem. Líquido viscoso, vermelho, que circula pelo
organismo animal, através de artérias e vasos, impulsionado pelo coração. (ib.)
TRABALHO – Do b. lat. tripaliu. 10. Med. Fenômeno orgânico que se opera no interior
dos tecidos (trabalho inflamatório; trabalho de cicatrização).
TRANSFUSÃO – Do lat. transfusio, onis. Transfusão (de sangue). 1 Hem. Med. Ação e
resultado de injetar certa quantidade (ger. c. 300cl) de sangue de uma pessoa no sistema
circulatório de outra, seja diretamente de pessoa para pessoa, seja por meio de armazenamento
do sangue do doador em banco de sangue.
VIDA – Do lat. vita. Vida (vegetativa) - 1 Med. O processo vital em andamento, sem
interferência da vontade ou da consciência do ser vivo.

Obs. Exceto com relação ao vocábulo “auxilium”, da retromencionada obra de Ernesto Faria,
1956; as demais consultas foram realizadas no sítio www.aulete.com.br.
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VI - MARCAS DE ORIGEM LATINA

Por trás da História e da Cultura romanas – mesmo no mundo corporativo – ainda se


percebem a força e o estilo do étimo latino sobre o consumidor por meio de diversas marcas.
Se não atraentes para uns, porém sofisticadas para outros, nada obstante; inevitavelmente
emblemáticas.

Vejamos alguns exemplos.

BIS – Duas vezes 1) É um advérbio multiplicativo, de emprego


frequente com os numerais distributivos e cardinais.

CARITAS – 1) Ternura, afeição, amor. 2) Carestia, alto preço.

CIVITAS – -tatis, subs. f. 1) Condição de cidadão, direito de


cidadão.

CLIO – -us, subs. f. 1) A musa da História.


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CONSUL – 1) O primeiro magistrado romano; 2) Procônsul.

CORPUS – 1) Corpo (em oposição à alma).

CRYSTAL – CRYSTALLUS (crystallos), -i, subs. m. e crystallum,


-i, subs. n. 1) Cristal.

CORONA – 1) Coroa. 2) Sent. fig. Todo objeto em forma de


coroa.
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ENO – Sent. próprio: 1) Salvar-se a nado, abordar; 2) Sent. fig.


Escapar-se, evolar-se, livrar-se.

FIAT – Faça-se.

HERBARIUM – Lugar onde se guarda plantas.

LUX – Luz.

FIAT LUX – Faça-se a luz.


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FOCUS – 1) Lar (doméstico), lar (morada dos deuses); 2)


Habitação, casa, fogo.

INTIMUS – -a, -um, superlativo correspondente ao comparativo


interior. 1) Íntimo, o mais profundo, o mais recôndito. Sent. fig.:
2) Íntimo, estreito.

LACTA – Do lat. “Lacteo” 1. Mamar, ser amamentado; 2. Ser


leitoso.

MAGNUM – MAGNUS, -a, -um, adj. 1) Grande, elevado, vasto,


abundante. (ib.)

NATURA – Sent. primitivo: 1) Ação de fazer nascer, nascimento


2) Natureza, caráter natural, índole, temperamento, propriedade.
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OPTIMUM – Ótimo, o melhor, excelente, esplêndido.

PLUS VITA – Mais vida.

UNO – Único.

VOLVO – Sent. próprio: 1) Rolar, fazer rolar; Sent. fig.: 2)


Revolver no espírito, meditar, refletir.

Obs. Significados etimológicos recolhidos do Dicionário Escolar Latino-Português de Ernesto


Faria, 1956.
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VII - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em face do exposto, a despeito da pálida abordagem frente à imensidão de conteúdo


que a matéria oferece e por outro lado demanda; talvez não tão futuramente (é o nosso
desideratum), possam figurar um pouco mais clara e reflexiva a sua importância bem como a
sua aplicabilidade.
Com a devida permissão a Mário Eduardo Viaro, da envergadura de sua obra
“Etimologia”, eis que extraímos as suas palavras para fazê-las nossas: “...a Etimologia (ou a
análise etimológica), não deve conter um discurso de convicção para pretender-se científica,
se quer diferenciar-se da Religião”. (VIARO, 2022, p. 314). Depreendendo-se daí que não se
pode, nem se deve arrogar para si retumbante sapiência aquele que ao desvendar o que estava
a perseguir; ufana-se por tê-lo encontrado. Pelo contrário, deveras, com humildade e
serenidade, sem pretensões compartilhar o achado a fim de edificar os seus pares.
Ao passo que de novo ilumina o caminho, no mesmo ensejo, ao expor uma notável
reflexão: “quanto mais sabemos, mais enxergamos o que não sabíamos e mais ainda temos a
dimensão do que não sabemos. Saber é, paradoxalmente, estar consciente de sua ignorância”.
(ib.).
Na medida em que curiosamente as palavras supracitadas nos lembram um outro
momento da História (56 d.C.). Quando um verdadeiro paradigma, remetido aos Coríntios,
fora insculpido do próprio punho do apóstolo Paulo, assim dizendo: “se alguém cuida saber
alguma coisa, ainda não sabe como convém saber”. (I Co. 8:2) (ALMEIDA, 2011, p. 1.219).
À vista disso, segue o discípulo sempre em busca daquele ideal aristotélico contido no
sýmbolon. Qual seja, o da procura do real significado.
Ainda assim, paremos por um instante e nos perguntemos: buscar o sentido e/ou a
origem somente das palavras, mesmas; ou da própria vida? Visto que o alvo do latim é
suplantar a letra, a exemplo do modelo grego que também buscava o transcender,
perscrutando o metafísico. Consequentemente, divisamos a lição final que o latim nos sinaliza
e pode proporcionar-nos. A qual consiste em cultivar a sede da veritate (verdade; realidade;
justiça; equidade), muito mais além da letra, visando ao contínuo aperfeiçoamento do espírito.
Deste modo, restando-nos de pronto avançarmos valorizando tamanha herança; e
sempre avante ao sabor do destilar desse rico legado – deixado a nós pelos clássicos – com
vistas àquele porto que proferimos de início, independentemente dos contraventos e
encapelado mar... para então em solo pátrio cravarmos a bandeira do latim.
E como pudemos apreciá-lo, hoje mais vivo do que nunca.
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VIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia Sagrada – ACF, 4ª ed. Sociedade Bíblica Trinitariana
do Brasil. São Paulo, SP, 2011.

ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática Latina. 29ª ed. Saraiva, RJ. 2002.

BARBOSA, Rui. Réplica. Vol. XXIX. Tomo II. Ed. do Ministério da Educação e Saúde. RJ.
1953.

BARRETO, Mário. Novos Estudos da Língua Portuguesa. 3ª ed. Presença, RJ. 1980.

CASTILHO, António Feliciano de. Mil e um Mistérios. Tipografia Lusitana, Lisboa, 1845.

CUNHA, Celso. Gramática da Língua Portuguesa. 8ª ed. FENAME, RJ. 1982.

ELIA, Silvio. Preparação à Linguística Românica. 2ª ed. Rio de janeiro, RJ. Ao Livro
Técnico S.A. 1988.

ESPAÑOLA, Real Academia. Vox Diccionario Ilustrado Latino-Español Español-Latino. 15ª


ed. Barcelona. Biblograf S.A. 1982.

FARIA, Ernesto. Dicionário Escolar Latino-Português. 2ª ed. MEC, Rio de Janeiro, RJ.
1956.

FARIA, Ernesto. Fonética Histórica do Latim. 2ª ed. Livraria Acadêmica, Rio de Janeiro, RJ.
1970.

FARIA, Ernesto. Gramática da Língua Latina. 2ª ed. (revista e aumentada) Brasília, FAE,
DF. 1995.

FREITAS, Horácio Rolim de. A Obra de Olmar Guterres da Silveira. 1ª ed. Metáfora Editora,
RJ. 1996.

HOUAISS, Antônio. Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa, 1ª ed. reimpressa, Moderna,


SP. 2022.

MALHADAS-DEZOTTI-NEVES, Dicionário grego-português, 2ª ed. Ateliê Editorial, SP.


2022.

MATA, Aires da Machado Filho. Coleção Escrever Certo Vol. II. 2ª ed. Boa Leitura, São
Paulo, SP. 1966.

MOITINHA, Márcio. Gramática Latina (Morfologia) Ampliada com a Morfologia Histórica


das Declinações. 2ª ed. São Gonçalo, RJ, Marcio Moitinha Editora, 2017.

MONTELLO, Josué. Sempre Serás Lembrada. 1ª ed. Ed. Nova Fronteira, RJ, 1999.

NASCENTES, Antenor. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 2ª tiragem, Livraria


Acadêmica, RJ. 1955.
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SILVA, Amós Coêlho da. Fundamentos Clássicos da Língua Portuguesa. Apostila.

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VIARO, Mário Eduardo. História das Palavras: Etimologia. Museu da Língua Portuguesa
Estação da Luz - https://doceru.com/

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