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DEPARTAMENTO DE ANATOMIA
ANATOMIA TOPOGRÁFICA
RECIFE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Coordenação e Execução
INTRODUÇÃO
Anatomia topográfica se ocupa dos estudos dos diferentes órgãos que entram
na constituição de cada região do corpo. Por esta razão também É chamada de anatomia
regional ou de anatomia aplicada, tal a sua importância médico-cirúrgica. Como a
anatomia descritiva, a topografia estuda o corpo humano inteiro, porém sua abordagem é
diferente. A anatomia descritiva ou sistemática divide o corpo em uma série de sistema
ou de aparelhos, e o estuda isoladamente (sistema digestivo, respiratório, esquelético,
etc.) enquanto que, na anatomia topográfica ao dividir o corpo humano em regiões, tais
como região temporal, região poplítea, etc, estuda sucessivamente, em cada uma dessas
regiões, sua forma, seus limites, mas sobretudo a ordem, de superposição e as relações
recíprocas de todas as estruturas que constituem cada uma destas regiões.
Holotopia visceral. – É o estudo da relação de cada órgão para com o corpo como um
todo, isto é sua situação no corpo. Por exemplo, o coração está situado no tórax, o
encéfalo na cabeça ,etc.
Sintopia visceral - Estuda a relação de cada órgão com seus vizinhos imediatos. Por
exemplo, temos a traquéia que se relaciona com o esôfago, o fígado se relaciona com o
duodeno, etc.
Esqueletopia visceral – Estuda a relação especial de cada órgão com o esqueleto. Ex.:
a projeção do coração sobre o 3ª,4ª,5ª e 6ª costelas, o tronco celíaco situa-se ao nível da
12ª vértebra torácica, etc.
Histiotopia visceral - Estuda a relação recíprocas entre os vários tecidos que compõem
um mesmo órgão. Para exemplo temos a relação entre a túnica adventícia e muscular do
esôfago, etc.
MAMA
A mama situa-se ventralmente aos músculos peitoral maior, serrátil anterior e
oblíquo externo do abdome, estendendo-se da 2a a 6a costelas e do esterno à linha axilar
média. A mama direita geralmente é maior e mais baixa do que a esquerda. O quadrante
súpero-lateral da mama contém a maior parte de tecido glandular e é local de maior
incidência de tumores.
Esta glândula encontra-se entre as camadas da tela subcutânea
(superficial/profunda).
O parênquima é constituído de cerca de 15 a 20 glândula alveolares compostas
ou lobos, cada uma com um ducto lactífero, que se abre no mamilo. Estes ductos podem
apresentar dilatações próximas a sua terminação. Ao redor do mamilo ( papila mamária)
encontramos uma área escura denominada de aréola. O estroma consiste de tecido adiposo e
fibroso, entremeados de parênquima epitelial.
A irrigação da mama provém de ramos perfurantes da artéria torácica interna e
de ramos de artéria axilar. A drenagem é importante, pois indica o caminho dos linfáticos.
Um carcinoma pode metastear-se por meio deles. As veias que são satélites e homônimas
das artérias drenam por meio de ramos perfurantes da torácica interna ou para a parte
inferior do pescoço. Os linfáticos drenam para linfonodos axilares, cervicais profundo e
torácico internos de ambos os lados.
O tegumento externo pode experimentar variações de sua cor, ora com doenças
que alteram a pigmentação cutânea, ora sob impactos emocionais que levam desde germes
sépticos que migram para a corrente sanguínea logo que uma solução de continuidade se
instale. A higiene da pele, deve constituir uma preocupação, afim de que tenhamos
assegurada a sua integridade, o que equivale a dizer, uma boa respiração cutânea.
CABEÇA
A face (fig. 6) compreende 5 regiões principais a saber: região nasal, labial, mental
(mentoniana), massetérica e geniana. Alguns autores ainda consideram as regiões orbitária,
supra-orbitária e zigomática.
A- Região nasal (fig.6) é impar e central, corresponde a eminência em forma de pirâmide
chamada de nariz externo.
a- Limites- Superficialmente está limitada: superiormente, por uma linha que vai de um
supercílio a outro. Imferiormente, pelo suco nasolabial; lateralmente, pelos sucos
nasopalpebral e nasogeniano.
b- Planos superficiais (fig.7) - Possui três planos: pele, tecido celular subcutâneo e camada
muscular, formada pelos músculos prócero, nasal( parte transversa e alar), depressor do
septo e o músculo levantador do lábio superior e da asa do nariz (fig. 8).
c- Vasos e nervos (fig.7) -As artérias são a nasal (ramo da artéria oftálmica), a do septo
nasal ( ramo da artéria labial superior) e a angular ( ramo da artéria facial). As veias se
dirigem para a angular e facial. Os linfáticos drenam para os nódulos submaxilares. Os
nervos motores são ramos do facial e os sensitivos são ramos do nervo oftálmico.
Fig. 6- Face: 1-região nasal; 2- região labial; 3-
região metoniana; 4- região massentérica; 5-
região geniana.
B- Região labial (fig. 6) - É impar e central compreendendo as partes moles que constituem
os lábios.
a- Limites- Acima, sulco nasolabial e labiogeniano; abaixo, o sulco mentolabial,
prolongando-se lateralmente até uma linha vertical que passa a 10 a 12 milímetros da
comissura dos lábios.
b- planos constituintes (figs. 8 e 9) - Esta região é composta de quatro planos: pele;
camada muscular (formada pelo músculo orbicular da boca), amada glandular (glândulas
salivares labiais) e mucosa labial.
c – Vasos nervos (fig. 9) – artérias labiais superiores e inferiores (ramos da artéria facial).
As veias drenam para veia facial. Os linfáticos drenam para os nódulos submaxilares e
submentoniano. Os nervos são ramos do facial (inervação montora) e do mandibular
(inervação sensitiva).
C- Região metoniana (fig.6) - Também ímpar e mediana, formada pela eminência metoniana
da mandíbula juntamente com as partes moles que a cobrem.
a- Limites – De forma quadrilátera, tem por limites: superiormente o sulco mento-labial;
inferiormente, a margem inferior da mandíbula e lateralmente, uma linha vertical traçada
pela extremidade interna do sulco labiogeniano.
b- Plano superficiais (fig 10) - Considera-se 3 camadas nesta região: pele, tela subcutânea,
camada muscular (formada pelo músculo do mento, depressor do lábio inferior e o depressor
do ângulo da boca).
c- Vasos e nervos – As artérias são a submental e labial inferior, ambos ramos da artéria
facial. As veias drenam para a veia facial. Os nervos são ramos do facial (inervação motora)
e do mandibular (inervação sensitiva).
E- Região geniana (fig. 6) – É uma região irregularmente quadrilátera que ocupa as partes
laterais da face.
a- Limites - Superior, reborda inferior da órbita; inferior, margem inferior da mandíbula;
posterior, margem inferior do masseter ; anterior, sulcos nasogeniano e labiogeniano.
b- Planos superficiais (fig.12) Considera-se 4 planos nesta região: pele; tela subcutânea,
camada muscular (onde encontra-se os músculo zigomáticos maior e menor, levantador do
lábio superior e da asa do nariz, levantador do ângulo da boca , músculo bucinador, parte do
orbicular do olho e parte do conduto parotídeo.
c- Vasos e nervos (fig.12) As artérias provêm da facial, temporal superficial e da maxilar.
As veias drenam para a veia facial, oftálmica e temporal superficial.Os linfáticos drenam
para os nódulos submandibulares. A inervação motora é dada pelo facial e a sensitiva pelo
nervo maxilar.
O pescoço (fig.13) É a região do corpo que une a cabeça do tórax. Seu limite
superior corresponde ao limite inferior da cabeça. Seu limite inferior é dado pela margem
superior do esterno e das clavículas e por uma linha transversal que vai de uma articulação
acrômio-clavicular a outra, passando pela apófise espinhosa da 7ª vértebra cervical.
Topograficamente, o pescoço se divide em duas grandes regiões: região posterior
ou região nucal e região anterior.
Fig.19-Trígono submental:1-
ventre anterior do m. digástrico;
2- hióide; 3- tubérculo mental; 4-
m. milohióideo; 5- linfonodos.
Fig.20- Trígono submandibular:1-
ventre anterior do m. digástrico; 2-
ventre posterior do m. digástrico; 3-
artéria facial; 4- veia facial; 5-
glândula submandibular; 6- nervo
hipoglosso; 7- nervo lingual; 8-
linfonodos
Fig. 23- Trígono occipital: 1- músculo esplênico da cabeça; 2- músculo escaleno médio; 3-
músculo elevador da escápula;4- ramos musculares do plexo cervical; 5- nervo acessório; 6-
vasos transversos cervicais.
O tórax (fig. 25) - É a região situada entre o pescoço e o abdome. Está limitada
superiormente por um plano obliquamente dirigido para baixo e para frente que passa para
apófise espinhosa da 7ª vértebra cervical e pelas margens superiores das primeiras costelas e
do esterno. Inferiormente está separado do abdome pelo músculo diafragma, que
corresponde a um plano oblíquo para baixo e para trás, que partindo do apêndice xifóide vai
terminar na apófise espinhosa de 12ª vértebra torácica.O tórax possui forma de um tronco de
cone cuja base maior é para baixo e a menor para cima.
3.1-Regiões torácicas parietais
3.1.1- Regiões ventrais do tórax (Fig.25) - São em número de quatro, a saber: região pré-
esternal; região peitoral (região mamária), região infra-mamária e região axilar.
Consideraremos ainda duas fossas: fossa infra-clavicular e fossa axilar e o trígono clavico-
delto-peitoral.
B-A região peitoral ou mamária é a parte da parede torácica que na mulher se acha ocupada
completamente pelo seio ou mama.
a – Limites (Fig.25) - Esta região esta limitada à própria mama, que equivale dizer a
extensão do músculo peitoral maior situado mais profundamente. Limita-se inferiormente
com a região inframamária através do sulco submamário. Nela encontra-se superiormente, a
fossa infra-clavicular.
b-Plano constituintes (Fig.27) – Pele (que na sua parte média se modifica para forma aréola
e o mamilo); tela subcutânea; glândula mamária; camada muscular (músculo peitorais maior
e menor).
C- A região infra-mamária – Compreende uma estreita faixa que se estende do sulco infra-
mamário até a projeção anterior da cúpula diafragmática. Lateralmente está limitada através
da linha axilar anterior e medialmente pela linha para-esternal (fig. 25).
a- Planos constituintes (fig. 28) - Pele, tela subcutânea, gradil costal com os músculos
intercostais. É vascularizada por ramos dos vasos intercostais e inervada pelos intercostais
inferiores.
a- Planos constituintes (fig. 29) – pele, subcutânea, camada muscular (músculos serrátil
anterior e intercostais). Esta região é vascularizada e inervada pelos vasos e nervos
intercostais respectivamente.
Fig. 28- Região infra-mamária (planos constituintes): 1- pele e tela subcutânea; 2- costelas;
3- músculos intercostais; 4- músculo diafragma; 5- fígado.
Fig. 29- Região axilar (planos constituintes): 1- pele e tela subcutânea; 2- músculo serrátil
anterior; 3- músculos intercostais; 4- costelas; 5- pleuras; 6- pulmão; 7- diafragma; 8- fígado.
3.1.2- Regiões dorsais do tórax (fig. 30) - São em números de 4(quatro) a saber: escapular,
supra-escapular, infra-escapular e vertebral.
Fig. 30- Regiões dorsais do tórax:1- região escapular; 2- região supra-escapular; 3- região
infra-escapular; 4- região vertebral.
Planos constituintes (fig. 31)- Destas regiões são: pele, tecido subcutâneo, camada muscular
(trapézio, infra-espinhoso, rombóides, grande dorsal, serrátil posterior, etc.).
Vasos e nervos (fig. 31)- As artérias procedem dos ramos dorso-espinhais das artérias
intercostais. As veias drenam para as veias intercostais e destas para as veias ázigos. Os
nervos são ramos posteriores dos nervos dorsais.
3.2- Cavidade torácica e seu conteúdo
A cavidade torácica acha-se dividida em duas regiões laterais chamadas de regiões
pleuropulmonares, e em uma região média chamada mediastino (fig. 32).
Regiões pleuropulmonares - Em número de duas, direita e esquerda, cada uma compreende
o pulmão correspondente e a pleura que o envolve.
Fig. 31- Regiões dorsais do tórax (planos constituintes): 1- pele e tecido subcutâneo; 2-
m.trapézio; 3- m. rombóide; 4- m. grande dorsal; 5- m. serrátil posterior; 6- vasos e nervos.
Fig. 34- Mediastino superior (vista ventral): 1- traquéia; 2- esôfago; 3- troncos venosos
braquiocefálicos; 4- tronco arterial braquiocefálico; 5- artéria carótida comum esquerda; 6- artéria
subclávia esquerda; 7- veia cava superior; 8- arco aórtico; 9- artérias pulmonares.
Fig. 35- corte transversal do tórax a nível da quarta vértebra torácica: 1- manúbrio esternal; 2-
tecido conjuntivo e gorduroso; 3- vestígios do timo; 4- tronco venoso braquiocefálico esquerdo; 6-
tronco arterial braquiocefálico; 7- artéria carótida comum esquerda; 8- artéria subclávia esquerda;
9- nervo frênico esquerdo; 10- nervo vago esquerdo; 11- linfonodos; 12- traquéia; 13- esôfago;
14- 4ª vértebra torácica; 15- pulmão; 16- pleura mediastínica.
Fig. 36- Mediastino (vista pelo lado esquerdo): 1- pericárdio aberto verticalmente, 2- coração; 3-
esôfago; 4- traquéia; 5- aorta torácica; 6- subclávia esquerda; 7- carótida primitiva esquerda; 8-
tronco arterial braquiocefálico; 9- tronco venoso bráquiocefálico; 10- artéria pulmonar; 11-
ligamento arterioso; 12- vasos torácicos internos; 13- veia hemi-ázigo e ázigo acessória; 14- veias
intercostais; 15- nervo vago esquerdo; 16- nervo frênico esquerdo; 17- cadeia simpática; 18-
nervos esplâncnicos torácicos.
4- ABDOME (Fig. 39) - È a região do tronco, situada abaixo do diafragma. Suas paredes formam
uma cavidade que protege a maior parte do tubo digestivo e do sistema urogenital.
4.1- Divisão da parede abdominal (Fig. 39)
A divisão clínica é realizada em nove regiões obedecendo a quatro linhas traçadas a partir de
relevos ósseos dos esqueletos torácico e pélvico. Duas linhas verticais que partem do meio das
clavículas (linha hemi-clavicular), cruzam a reborda costal e terminam no meio do ligamento
inguinal. Duas linhas horizontais são traçadas; a primeira, mais superior, pára nos pontos em que
as linhas verticais cruzam a reborda costal (linha transpilórica), a segunda mais inferior, é traçada
tangenciando a crista ilíaca (linha intertubercular). Delimitam-se assim três regiões pares:
hipocôndrios direito e esquerdo; flancos direito e esquerdo e inguinais direita e esquerda e três
regiões ímpares: epigástrio, mesogástrio (umbilical) e hipogástrio (púbica).
A projeção superficial das vísceras abdominais é realizada segundo estas regiões com alguma
variabilidade, devido ao fato de que há variações na estática visceral do abdome (Fig. 40).
Fig. 42- Corte transversal do abdome no nível da 3ª vértebra lombar: 1- músculo oblíquo
externo; 2- músculo oblíquo interno; 3- músculo transverso; 4- fáscia transversal; 5-
peritônio parietal; 6- músculo reto do abdome; 7- bainha do músculo reto; 8- linha alba; 9-
prega umbilical mediana; 10- prega umbilical medial.
A cavidade peritoneal é virtual, mas podendo tornar-se real em casos de derrames gasosos
ou líquidos. O colo transverso e o seu mesocolo (Fig.45) dividem esta cavidade em dois
grandes compartimentos: superior e inferior. O compartimento superior ou supra-mesocólico
estende-se desde a abóbada do diafragma até o colo transverso e seu meso. Contém o fígado,
o estômago, o pâncreas e o baço. Está subdividido pelo omento menor em 3 cavidades
secundárias; a fossa hepática (ocupada pelo fígado), a fossa gástrica (ocupada pelo
estômago) e a bolsa omental (Fig. 46). A bolsa omental, situa-se atrás do omento menor, do
estômago e parte do duodeno. Na parede posterior da bolsa, as lâminas ascendentes do
omento maior cobrem os pilares do diafragma, as artérias frênicas, a parte alta do rim
esquerdo e glândula supra-renal, a porção abdominal da aorta e o tronco celíaco.
Inferiormente a bolsa omental é delimitada pelo mesocolo e colo transverso. O limite direito
da bolsa acima do forame epiplóico é formado pelo lobo caudado do fígado. O seu limite
esquerdo é dado pela reflexão do peritônio do diafragma para a margem da área nua do
estômago e pelos meso gastrofrênico e pelos omentos gastroesplênico e esplenorrenal.
O canal inguinal é ocupado pelo funículo espermático ou pelo ligamento redondo do útero,
com bainhas que são contínuas com as camadas da parede abdominal, isto é, a fáscia
espermática externa, da aponeurose do músculo oblíquo externo; a fáscia cremastérica, dos
músculos oblíquo interno e transverso; a fáscia espermática interna, da fáscia transversal
(Fig. 50).
4.7- Fossas inguinais (fig.51) - se examinarmos a região inguinal pela parede posterior,
veremos a existência por cima do púbis e do arco crural de três pregas: a prega umbilical
mediana (úraco), a prega umbilical medial (artéria umbilical obliterada) e a prega umbilical
lateral (vasos epigástricos inferiores). Entre estas três pregas delimitam-se três depressões
chamadas fossas inguinais.A fossa inguinal lateral está situada por fora da prega umbilical
lateral. A fossa inguina medial situa-se entre as pregas umbilicais lateral e medial. Por sua
vez a fossa supravesicular (paravesicular) situa-se entre as pregas umbilicais medial e
mediana.
O intestino ou omento pode sair da cavidade abdominal por uma dessas três fossas para
constituírem as hérnias inguinais. A hérnia que sai pela fossa lateral (hérnia inguinal
indireta), é a mais freqüente das hérnias inguinais, ela começa pelo orifício profundo,
lateralmante aos vasos epigástrico inferiores, segue todo o comprimento do canal,
anteriormente ao funículo espermático, partilham com eles todas as coberturas fasciais. As
hérnias que penetram pela fossa inguinal média ou pela fossa paravesical contituem as
hérnias inguinais diretas, e são causadas por um defeito na resistência da parede abdominal.
A primeira é coberta por fáscia derivada da fáscia transversal, independente da fáscia
espermática interna do cordão espermático, mas sendo lateral ao tendão conjunto, hérnia e
cordão partilham a sua fáscia cremastérica. A segunda, distende ou rompe o tendão e assim
suas coberturas, profundamente a fáscia espermática externa, são independentes daquelas do
cordão. A hérnia inguinal indireta é a mais comum e muitas vezes é devido ao fechamento
incompleto do processo vaginal. As hérnias inguinais são menos freqüentes nas mulheres,
cujo canal é menor.
Fig.51- A porção inguinal da parede anterior do abdome vista por trás: 1- prega umbilical
mediana; 2- prega umbilical medial; 3- prega umbilical lateral; 4- fossa supravisical; 5-
fossa inguinal medial; 6- fossa inguinal lateral.
5- PERÍNEO
Por períneo se entende o conjunto de partes moles que fecham inferiormente a cavidade
pélvica, com os diferentes condutos que o atravessam. Estes condutos correspondem á
porção terminal do tubo digestivo e ao sistema urogenital. O períneo (fig. 52) apresenta uma
forma aproximadamente losângica com o eixo maior ântero-posterior, cujos quatro ângulos
correspondem: o anterior, à sínfise púbica; o posterior, ao ápice do cóccix; os dois laterais,
as duas tuberosidades isquiáticas. Uma linha transversal que vai do ísquio ao outro, divide o
períneo em duas partes: anterior, que constitui o períneo anterior, e posterior, que forma o
períneo posterior. O períneo posterior ou anorretal está limitado por diante pela linha bi-
isquiática e por trás pelas margens dos glúteos maiores e vértice do cóccix. Nesta região
encontra-se o orifício anal e a porção perineal do reto. O períneo anterior ou uro-genital
também tem a forma triângular, cuja base corresponde a linha bi-isquiática e o vértice na
sínfise púbica, seus lados laterais estão formados pelos ramos ísquio-pubianos. Nesta região,
no homem, encontra-se a uretra membranácea e na mulher encontra-se um conjunto de
formações que constituem a vulva ou pudendo feminino.
O trígono urogenital tem por referência a membrana perineal (fig. 52) de forma triângular,
cuja a margem anterior se espessa para a formar o ligamento transverso do períneo. Sua
margem posterior é fusionada no centro tendíneo. A membrana perineal é também chamada
fáscia inferior do diafragma urogenital; a fáscia superior deste diafragma é a parte da fáscia
profunda da pelve. Ambas as fácias, superior e inferior fundem-se anterior e posteriormente,
delimitando o espaço perineal profundo (fig.53), ocupado pelo músculo esfíncter da uretra,
músculo transverso profundo do períneo, glândulas bulbouretrais, parte membranácea da
uretra, vasos pudendos internos e glândula bulbo-uretral. Estas estruturas envolvidas pelas
fácias formam o diafragma urogenital.
O espaço perineal superficial, inferior a membrana perineal, é completada pelo extrato
lamelar da tela subcutânea. Este espaço é incompletamente dividido atrás, no homem, pelo
septo mediano e contém a raiz do pênis, os músculos superficiais do períneo, ramos dos
nervos perineais e vasos escrotais. Na mulher, ambos os espaços, superficial e profundo são
divididos pela vagina e contém os elementos correspondentes.
No trígono anal, a cada lado do canal anal, encontra-se a fossa ísquio-retal, de lados
constituídos pelas fácias dos músculos obturador interno e do elevador do ânus.
A base desta fossa é constituída pela tela subcutânea e pele do períneo. O conteúdo da fossa
compreende vasos e nervos retais inferiores e um corpo adiposo que permite a distensão do
canal na defecação.
5.3- Inervação
O períneo é inervado por fibras parassimpáticos de S3 e S4 e pelo ramo perineal do nervo
pudendo, e vascularizado pela artéria e veia pudendas internas.