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ABREU SOUZA, Ana Cristina Gonçalves. Formação docente e a experiência: um diálogo com Antonio
Nóvoa, p:15-27. In: Marta Rovai; Marcio D de C e Silva. (Orgs.). Educação, gênero e política: debates
contemporâneos.. 1ed.São Paulo: Mentes Abertas, 2020, v. 01, p. 01-182.
Este capítulo tem por objetivo apontar as contribuições teóricas com foco na
formação docente e a experiência a partir dos referenciais de Antonio Nóvoa,
pesquisador e professor da Universidade de Lisboa, em Portugal, onde atuou como
Reitor da Universidade. António Manuel Seixas de Sampaio da Nóvoa nasceu em
1954, em Valença do Minho. Cursou o ensino básico em escolas públicas de Portugal,
tendo estudado Ciências da Educação na Suíça. É Doutor em Ciências da Educação
pela Universidade de Genebra (1986) com uma tese sobre o processo de
profissionalização docente em Portugal. Mais tarde, em 2006, doutorou-se também
em História Moderna e Contemporânea pela Universidade de Paris IV-Sorbonne com
uma tese sobre a construção do modelo escolar. Foi professor na Universidade de
Genebra, na Suíça, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Universidade de Lisboa e em muitas outras universidades europeias, brasileiras e
norte-americanas. Entre 2000 e 2003 foi presidente da Associação Internacional de
História da Educação. Em 2006 foi eleito reitor da Universidade de Lisboa. É autor de
centenas de trabalhos científicos.
1.
ABREU SOUZA, Ana Cristina Gonçalves. Formação docente e a experiência: um diálogo com Antonio
Nóvoa, p:15-27. In: Marta Rovai; Marcio D de C e Silva. (Orgs.). Educação, gênero e política: debates
contemporâneos.. 1ed.São Paulo: Mentes Abertas, 2020, v. 01, p. 01-182.
de um cotidiano pedagógico, o que nos faz compreender que o autor valida os saberes
e fazeres gerados da experiência docente.
Nóvoa (1992), quase que de maneira permanente em suas obras, enfatiza
o saber da experiência, o que nos incentiva a confirmar a importância dos percursos
próprios da profissão para ações críticas, que desenvolvam a consciência e a reflexão
em relação ao cotidiano, com ênfase nos sentidos das histórias de vida do professor:
A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de
conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de
reflexividade crítica sobre as práticas e de (re) construção
permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante
investir na pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência.
(NÓVOA, 1992, p.25)
individualidade do fazer pedagógico, mas que amplia para a troca do fazer coletivo e,
assim, abre espaço para a consciência crítica do próprio fazer e do próprio pensar
sobre ele.
No movimento de pensar o próprio fazer viabiliza-se a inserção da dimensão
do desenvolvimento pessoal, e Nóvoa fortalece a importância de estabelecer um
modelo de formação que considere a dimensão pessoal, a autoformação e a
significação das Histórias de Vida dos professores. “O professor é a pessoa. E, uma
parte importante da pessoa é o professor” (NIAS, 1991 apud NÓVOA, 1995)
Para Nóvoa, “(...) urge, por isso, (re) encontrar espaços de interação entre as
dimensões pessoais e profissionais, permitindo aos professores apropriar-se dos seus
processos de formação e dar-lhes um sentido no quadro das suas histórias de vida”
(NÓVOA, 1992, p. 25). O que define as crenças, as decisões e os fazeres do professor
é o seu processo de existência, de vida, o que nos remete a compreendermos o
docente como um sujeito histórico que não passa a existir somente nos âmbitos
educativos, acadêmicos ou escolares, mas já existe, muito antes dos processos
institucionais, na dimensão pessoa, e se desenvolve, desde a sua origem de vida, em
interações com o mundo:
Neste esquema de análise, Houssaye (2007) aponta que o sujeito é aquele que
existe, de modo prioritário, aquele que se reconhece e estabelece relações. O morto é
definido pelos outros; aquele que não existe, que não se reconhece como sujeito e
também não reconhece o outro como sujeito; o seu lugar é assinalado e definido pelos
outros:
O triângulo pedagógico, apresentado por Jean Houssaye, organiza-
se em torno dos seguintes vértices: os professores, os alunos e o
saber. A partir de uma relação privilegiada entre dois destes
vértices, é possível imaginar, de forma necessariamente
simplificada, três grandes modelos pedagógicos: a ligação entre os
professores e o saber configura uma perspectiva que privilegia o
ensino e a transmissão de conhecimentos; a junção entre os
professores e os alunos valoriza os processos relacionais e
formativos; a articulação entre os alunos e o saber favorece uma
lógica de aprendizagem. (NÓVOA, 1995, p. 8)
Professor
Saber
Aluno
Professor
Considerações Finais
Os estudos sobre formação docente e a experiência, a partir das contribuições
de Antonio Nóvoa e diálogos com Freire, permitem afirmar que a experiência
concreta é construída nos espaços profissionais e requer a reflexão e a crítica a partir
da própria identidade e do próprio fazer. Nóvoa defende a formação dentro da
profissão, com reflexões sobre o próprio fazer e pensar pedagógico, o que fortalece a
importância do conhecimento pedagógico.
Pautados por esses estudos, conceituamos a experiência como uma ação que
requer reflexão, sensibilidade, sentidos, criticidade, exercício de autoconhecimento e
autoria, ações que singularizam o indivíduo; para construir a experiência o sujeito
precisa ser tocado, afetado pela situação, o que o fará buscar explicações,
conhecimentos e aprofundamentos.
Referências bibliográficas
FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1989.
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ABREU SOUZA, Ana Cristina Gonçalves. Formação docente e a experiência: um diálogo com Antonio
Nóvoa, p:15-27. In: Marta Rovai; Marcio D de C e Silva. (Orgs.). Educação, gênero e política: debates
contemporâneos.. 1ed.São Paulo: Mentes Abertas, 2020, v. 01, p. 01-182.