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Resenha do Texto: O livro didático de literatura e o não alcance do leitor

contemporâneo: Do depósito de conteúdo ao contato com a linguagens


artísticas
Calebe Pinheiro

O texto “O livro didático de literatura e o não alcance do leitor


contemporâneo: Do depósito de conteúdo ao contato com a linguagens artísticas”
aborda de maneira crítica a abordagem metodológica da literatura no Ensino Médio,
tanto como componente curricular quanto como conteúdo da disciplina de língua
portuguesa. O autor destaca dilemas conhecidos, como a tradicional escolarização
da literatura, que muitas vezes busca domesticar o texto artístico por meio da
interpretação dirigida ou submetê-lo a servir a outros propósitos.
A introdução do texto destaca a importância de abordar essas questões e
menciona a utilização das memórias de leitura de Alberto Manguel como base para
o debate. O autor também recorre a teóricos como Graciela Montes, Jorge Larrosa,
Michel Foucault, Michèle Petit e Paulo Freire para embasar suas reflexões sobre o
ensino da literatura.
A crítica central do texto recai sobre o papel do livro didático como aliado que
potencializa as fragilidades da abordagem da literatura no Ensino Médio. O autor
argumenta que o livro didático muitas vezes reproduz uma metodologia que não
estimula o contato significativo com as linguagens artísticas presentes na literatura,
reduzindo a obra literária a um mero depósito de conteúdos.
A análise se aprofunda ao exemplificar o problema com base em um material
didático específico destinado ao ensino das cantigas líricas de amor e amigo do
Trovadorismo na literatura portuguesa. O autor demonstra como o material didático,
ao invés de promover uma abordagem criativa e contemporânea, reproduz uma
visão limitada e tradicional do conteúdo, negligenciando as potencialidades do leitor
contemporâneo.
A discussão avança para a relação entre literatura, poesia e produtos
culturais-midiáticos, evidenciando a importância de considerar as experiências e a
autonomia do leitor no processo de formação. O autor destaca a necessidade de
ultrapassar a abordagem histórica predominante nos livros didáticos, enfatizando
que o ensino da literatura deve ir além da transmissão de informações para
promover uma compreensão mais ampla das relações entre a manifestação
poético-literária e o contexto histórico-cultural.
Na conclusão, o texto propõe uma visão mais positiva do ensino da literatura,
destacando a importância de promover a ativa participação do aluno na construção
de significados a partir da interação com os textos literários. O autor sugere que a
escolha dos textos deve considerar a proximidade do aluno leitor e que o diálogo
entre diferentes linguagens artísticas pode enriquecer a compreensão da obra
literária.
Em resumo, o texto oferece uma crítica substancial ao ensino da literatura no
Ensino Médio, destacando as limitações do livro didático e propondo uma
abordagem mais dinâmica e contemporânea que valorize a experiência do leitor e a
interação entre diferentes formas de expressão artística.

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