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Coordenação das Engenharias

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GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL e


CIVIL
Coordenadores: Leopoldo C. Loreto Charmelo/ Alessandro Saraiva Loreto

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA
Professor: Alessandro Saraiva Loreto, M.Sc.

______________________________________________________________________

www.unec.edu.br
(33)3322-7900
RAMAL 7994
engenhariacoordenacao@funec.br
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SOBRE O AUTOR

Nascido em Vitória – ES, graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal


de Viçosa (1999). Cursou mestrado em Engenharia Civil – Geotecnia Ambiental na
Universidade Federal de Viçosa, tendo concluído o curso em 2002, respectivamente.
Possui ainda pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho cursada na
UNIMAR e concluída em 2012. Atualmente é Coordenador e professor do centro
universitário de Caratinga – UNEC, na cidade de Caratinga. Tem experiência na área
de Engenharia de Contenção, com ênfase em Resíduos Sólidos.

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APRESENTAÇÃO GERAL

Prezado aluno, você está ingressando em um curso superior e já parou para


pensar o por quê de ter escolhido o Curso de Engenharia Civil?
Na maioria das vezes, fazemos esta escolha baseados numa percepção
generalista da profissão e do seu exercício que adquirimos pelo contato com familiares
ou amigos Engenheiros, contacto visual quotidiano com construções e obras,
reportagens em jornais, tv, internet, etc.
No entanto, que deve ser exigido ao novo aluno e futuro Engenheiro Civil um
conhecimento mais aprofundado daquela que, mais do que uma simples opção
profissional, virá a ser também uma opção de vida.
Este o objetivo da disciplina de Introdução à Engenharia Civil. Contribuir para a
formação do aluno, fazendo-o conhecer um pouco mais da profissão do Engenheiro
Civil. Assim, esta contribuição se dará em três níveis:
- Cultural, pois apresentaremos uma perspectiva histórica, com referência às
grandes realizações, figuras e contribuições que vieram a culminar na autonomização
da Engenharia Civil enquanto profissão;
- Ético, despertando a consciência do aluno para os problemas que poderão
encarar numa profissão com tão profundo impacto na sociedade;
- profissional, trazendo experiências do mundo real ao contacto com os alunos,
mediante apresentação de projetos, obras, estudos ou qualquer outro aspecto de
interesse da profissão.
Esperamos que esta disciplina desperte cada vez mais o seu interesse pela
profissão que acaba de escolher.
Seja bem vindo, dedique-se aos estudos e mãos à obra!

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OBJETIVOS GERAIS

Este caderno de estudos tem como objetivo:


 Apresentar uma introdução aos aspectos sociais, funcionais e de campos
das áreas de atuação da Engenharia Civil.
 Estimular o aluno a visualizar para além do Ciclo Básico, antecipando,
sinteticamente, o que as disciplinas do Ciclo Profissional representarão
para o efetivo exercício da profissão nas diversas áreas de especialidade
dentro da Engenharia Civil.

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SUMÁRIO
1. Engenharia Civil
Introdução
O que é Engenharia?
A Engenharia Civil.
Das primeiras construções aos dias atuais.
As grandes obras no mundo.
2. A Engenharia Civil no Brasil
Origem, história e desenvolvimento.
O Ensino da Engenharia no Brasil.
Importantes Engenheiros Civis Brasileiros.
3. O Curso de Engenharia Civil
A função social da profissão.
Da regulamentação da profissão e da concessão de atribuições profissionais.
Competências e Habilidades.
Mercado de Trabalho.
4. As áreas de atuação do Engenheiro Civil
Estruturas.
Estradas e Transportes.
Geotecnia.
Hidráulica e Saneamento.
Materiais.
Construção Civil.
5. Regulamentação da Profissão
CONFEA.
CREA.
Exercício profissional.
Código de ética.
Responsabilidade legal e social.
Código de defesa do consumidor.

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ICONOGRAFIA

Fala Professor – Palavra do professor sobre o assunto abordado

Atividades – Atividades a serem feitas pelo aluno após a leitura do


conteúdo

Leia mais – Conteúdos complementares

Atenção – Destaque de parte importante do conteúdo apresentado

Reflexão – Questionamento sobre um assunto apresentado

Anotações – Espaço usado para anotações do aluno

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TÍTULO DO MÓDULO

MÓDULO 1
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

OBJETIVOS DO MÓDULO

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz de:
 Conhecer sobre a profissão que escolheu
 Conhecer algumas obras importantes desde a antiguidade até os dias atuais
 Conhecer grandes obras de Engenharia pelo mundo

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 INTRODUÇÃO

1. Engenharia Civil

Introdução

Antes de iniciarmos nossos estudos, é importante pensarmos sobre o curso que


escolheram e estão iniciando. Então, gostaria de fazer duas perguntas:

Você sabe a origem do termo engenharia?

Bem, a palavra engenharia é oriunda do latim (ingeniu que significa faculdade


inventiva, talento). Desta forma, engenharia é a ciência agregada ao esforço para
empreender resultados tácitos ou não.

A origem da engenharia vem desde os primórdios da humanidade, em que o homem


necessitava de artefatos para auxílio no seu cotidiano, com isso ele produzira itens
como pedras pontiagudas onde era possível facilitar o preparo da caça para sua
alimentação. A partir de então a seqüência na produção de novos itens e técnicas para
otimizar suas tarefas fez com que a engenharia se tornasse essencial para
sobrevivência e evolução da humanidade.

E o que é Engenharia?

Ao longo da história, diversas definições já foram apresentadas. No entanto, todas


possuem a mesma essência. Apresentarei para você agora a definição do Comitê de
Certificação de Engenharia e Tecnologia dos Estados Unidos, de 1982, que diz que
“Engenharia é a profissão na qual o conhecimento das ciências matemáticas e
naturais, obtido através do estudo, experiência e prática, é aplicado com julgamento no
desenvolvimento de novos meios de utilizar, economicamente, os materiais e forças da
Natureza para o benefício da humanidade.

Utilizando a energia do fogo, da água, dos fósseis, do solo, do vento e dos átomos, o
homem foi aprendendo a se relacionar com a natureza, desfrutando-a segundo suas
necessidades. Assim, percebemos que desde suas mais incipientes manifestações, a
engenharia tem contribuído como mediadora das relações entre o homem e a natureza.
Apesar de muitas vezes ao longo da história o homem usufruir da natureza sem se
preocupar com sua preservação, este conceito vem se modificando a cada dia. A
preservação da natureza nos dias atuais é preocupação não só dos profissionais da
engenharia como de toda a sociedade.

Podemos constatar, ainda, que o aspecto mecânico e direto desse relacionamento


originou a tecnologia, e, como conseqüência, a ciência constitui o registro e a
verificação experimental das explicações e demonstrações feitas pelo homem.

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A Engenharia Civil

Vamos falar agora um pouco mais da especialidade da Engenharia que você optou:

A Engenharia Civil é uma das mais antigas profissões da humanidade. A primeira


denominação para a engenharia civil vem dos Romanos “Ingenium Civitas”, isto é,
Engenharia das Cidades ou Engenharia da Civilização, pois era a profissão que
durante o Império Romano era responsável por projetar e construir as estradas, pontes,
aquedutos, palácios, sistemas de esgotos, termas, ou qualquer obra ligada à vida das
pessoas em sociedade.

Assim como para o termo Engenharia, podemos encontrar diversas deficinições para a
Engenharia Civil. Vamos considerar uma definição geral que diz: “Engenharia Civil é a
arte da aplicação da ciência e da tecnologia na utilização racional dos recursos naturais
em benefício do homem em sociedade”.

Desta forma, a engenharia civil é uma profissão fim, pois é responsável pelo
planejamento, coordenação, projeto, fiscalização, construção, operação e manutenção
de qualquer obra ou atividade ligada à indústria da
construção civil. O que é ser
engenheiro civil?
A engenharia civil esta presente em todos os lugares da
Terra onde existe a presença da civilização e em todos os Engenheiros civis
momentos da nossa vida, enquanto cidadãos. Está presente são profissionais que
quando dirigimos nosso automóvel por uma rodovia, estudam, projetam,
circulamos por uma rua ou avenida, no Metrô que viajamos, fiscalizam e
no edifico que trabalhamos, na residência em que vivemos supervisionam
na água potável que bebemos e utilizamos, no lixo ou esgoto construções de
que descartamos, na energia elétrica que consumimos nos pontes, elevados,
aeroportos que decolamos e aterrissamos com as
túneis, viadutos,
aeronaves, nos portos onde são feitos os transbordos de
edifícios, redes
mercadorias, nas ferrovias que transportam passageiros e
cargas, nas hidrovias, nos túneis, no transito urbano, no hidráulicas e de
planejamento dos sistemas de transportes de passageiros e esgoto, barragens,
de mercadorias, no planejamento urbano e territorial, nas rodovias, ferrovias,
barragens e diques, nas pontes e viadutos, nas escolas, nos estádios etc.
hospitais, nas indústrias, nas fundações dos edifícios e
Transformam,
pontes, nas áreas de lazer que freqüentamos, enfim, em
qualquer espaço construído ou modificado pelo homem na através de cálculos e
superfície e sub-superfície terrestre. desenhos, materiais
brutos - calcário,
Depois de tantos exemplos da presença da engenharia civil pedra, ferro, aço,
em nossas vidas, podemos apresentar as áreas em que ela madeira, terra, areia
está dividida que são: estruturas, estradas e transportes,
- em estruturas úteis
Geotecnia, hidráulica e saneamento, materiais, e construção
civil. Falaremos mais sobre estas áreas no modulo 4, para o homem,
aguarde! buscando sempre o
menor custo e as
melhores condições
de segurança.

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Para aguçar sua curiosidade: Minerva

Os verbos engenhar e arquitetar possuem o mesmo Deusa romana da


significado e, por isso, considera-se que tanto a Engenharia sabedoria, das
quanto a Arquitetura são “filhas” da mesma mãe Minerva. A artes e da
integração entre engenharia civil e arquitetura é muito estratégia de
importante para que o habitat humano esteja em constante guerra, era filha de
aprimoramento. Júpiter. Minerva
Engenhar significa inventar, planejar, traçar, criar, etc., assim representa-se com
pode-se dizer que os engenheiros inventam, pelo uso da um capacete na
aplicação da ciência e criatividade humana, um futuro que cabeça, escudo no
está sempre se modificando com a utilização de novas braço e lança na
tecnologias. mão, porque era
deusa da
Muitas vezes os projetos arquitetônicos exigem esbeltez dos estratégia de
pilares, das vigas, das lajes, etc., no entanto, o engenheiro
guerra, tendo junto
civil, compromissado com o equilíbrio das estruturas e com a
segurança, necessita maior robustez daquelas estruturas, de si um mocho e
causando polêmicas, tanto teóricas como no dia-a-dia da vários
atuação profissional. Entretanto, são estas discussões que instrumentos
levam à evolução da engenharia civil estrutural, buscando matemáticos, por
sempre responder aos desafios (de encontrar soluções ser também deusa
ousadas) que sua "irmã arquitetura" lhe apresenta. da sabedoria. A
Minerva é o
símbolo oficial dos
Das primeiras construções aos dias atuais. engenheiros.

A historia da engenharia civil se confunde com a historia da


humanidade e, portanto, com a historia da civilização, desde a idade antiga até a era
moderna. Contar essa historia é praticamente impossível, pois por detrás dela esta
cada construção feita pelo homem em todas as épocas e em todas as partes do
mundo, mas vamos degustar um pouco desta história!

Na Idade Antiga, uma das obras monumentais da época dos romanos é a “Cloaca
Massima” ou “Grande Esgoto” em Roma, uma das mais antigas redes de esgoto do
mundo. Essa grande rede subterrânea foi construída no final do Século VI a.C.,
recebendo as águas pluviais, esgotos e lixo, e funcionam até os dias de hoje, com mais
de dois milênios de existência.

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Planta de Roma durante a


idade imperial (à
esquerda), com a Cloaca
Máxima em evidência
abaixo.

Além das redes de esgoto, os Romanos se preocupavam também com o


abastecimento de água e chegaram a construir condutos em canais revestidos, com
inclinação constante de 0,5% ao longo de dezenas de quilômetros, atravessando
elevações com túneis escavados na rocha e vales com aquedutos elevados. Os canais
de escoamento eram revestidos com argamassas obtidas de calcários, que por
possuírem superfícies lisas diminuíam o atrito e aumentavam a vazão, demonstrando
conhecimentos de hidráulica de canais.

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O Aqueduto de
Segóvia foi construído
durante os séculos I e
II, no reinado dos
imperadores romanos
Vespasiano e Trajano

Os engenheiros civis Romanos também foram hábeis na construção de pontes em


arcos constituídos por blocos de rochas, estradas pavimentadas, palácios, entre outras
maravilhas da engenharia civil e arquitetura, que permanecem até hoje como
testemunha da engenhosidade e criatividade humana.

A Ponte Romana de Chaves, também


conhecida como ponte de Trajano, é
uma ponte romana sobre o rio
Tâmega, situada em Chaves. Foi
construída entre fins do século I e o
início do século II d.C. e permanece
até hoje.

Muitos séculos depois, durante a Idade Média, a engenharia civil passou a ser
denominada somente de engenharia e incorporava tanto a parte civil como a militar.
Nesta época, foram construídas grandes catedrais e castelos e os profissionais
começaram a se organizar em sociedades de construtores.

Um dos grandes exemplos de construção desta época é a Catedral de Notre Dame, em


Paris, construída entre 1163 e 1250 e uma dos maiores pontos turísticos da cidade nos
dias atuais. Esta cathedral é um exemplo das igrejas góticas construídas nesta época e
são igrejas gigantescas, que simbolizam a tentativa de alcançar os limites celestes e
tocar, com suas torres pontiagudas, em Deus. Altas e espaçosas, serviam para acolher
em seu interior o maior número possível de fiéis, o que era difícil de se fazer nas igrejas
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de estilo românico.

Catedral de
Notre Dame

Modernamente a denominação de Engenharia Civil passou a ser utilizada a partir do


inicio do Século XVIII, mais precisamente em 1744, na Politécnica de Paris, França,
quando houve a separação entre engenharia militar e civil. A partir desta época, o
engenheiro civil é considerado o profissional responsável pelo projeto e construção das
obras de infra-estrutura para a sociedade civil, sendo, portanto, o engenheiro que
construía para o bem da humanidade. Na Inglaterra, o primeiro engenheiro civil foi John
Smeaton (1725 – 1792), que criou o Institution of Civil Engineers de Londres e é
considerado modernamente o Patrono da Engenharia Civil.

Outras associações de engenheiros civis ao redor do mundo podem ser encontradas


no site: http://www.asce.org/inside/intlagree.cfm.

Como você pode ter percebido, a engenharia civil é uma profissão muito ampla e de
grande importância para a sociedade, desde a antiguidade até os dias atuais,
implicando em muita responsabilidade para quem a exerce.

Na história moderna, a engenharia civil produziu mudanças na geografia da Terra, com


a construção de grandes canais, como o Canal do Panamá ligando o Oceano Atlântico
ao Pacifico, e o Canal de Suess, ligando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho,
construção de grandes túneis submarinos, pontes, ferrovias transcontinentais, ilhas
artificiais para grandes aeroportos, etc.

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Canal do Panamá é um canal


marítimo com 81 quilômetros
de extensão, que corta o istmo
do Panamá, ligando assim o
Oceano Atlântico e o Oceano
Pacífico, no Panamá. O canal é
considerado como um ponto
importante para o comércio
internacional devido a grande
diminuição do percurso feito
pelos navios (a rota alternativa
contorna o Cabo Horn).
Começou a ser construído em
1880 e foi terminado em 1914.

Devido à impossibilidade
deste ser construído em
terra, foi decidido construir
a pista do Aeroporto
Internacional de Macau
numa ilha artificial no mar
do sul da China.

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A seguir, apresentaremos algumas das principais obras da engenharia civil desde a


antiguidade até a era moderna.

As grandes obras no mundo ao longo da História.

- Farol de Alexandria

O farol de Alexandria (em grego, ὁ Φάρος της Ἀλεξανδρείας) era uma torre construída
em 280 a.C. na ilha de Faros (uma ilha, hoje uma península, situada na baía da cidade
egípcia de Alexandria e ligada por mar ao porto desta) para servir como um marco de
entrada para o porto e posteriormente, como um farol.

Considerada uma das maiores produções da técnica da Antigüidade, foi construído


pelo arquiteto e engenheiro grego Sóstrato de Cnido a mando de Ptolomeu.

O Farol era uma esbelta torre octagonal de mármore erguida sobre uma base
quadrada, com uma altura que variava entre 115 e 150 metros de altura, que por mais
de cinco séculos manteve-se entre as mais altas estruturas feitas pelo homem. Em seu
interior ardia uma chama que, através de espelhos, iluminava a uma distância de até
50 quilômetros – daí a grande fama e imponência daquele farol, que fizeram-no ser
identificado como uma das sete maravilhas do mundo antigo por Antípatro de Sídon.

Antípatro de
Sídon
foi um grego,
poeta e escritor,
que é
normalmente
atribuído como o
criador da lista das
sete maravilhas do
Mundo Antigo.

Pesquise mais
sobre as Sete
Maravilhas do
Mundo Antigo.

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Representação em 3D do Farol de Alexandria (fonte: Wikipedia)

- Pirâmides do Egito

As Pirâmides do Egito são monumentos de alvenaria construídos no Antigo Egito.


Como o nome indica, são formandas por uma base quadrada de quatro faces
triangulares que convergem para um vértice.

As três mais famosas piramides estão no planalto de Gizé, na margem esquerda do rio
Nilo, próximo à cidade do Cairo. Porém existem 138 pirâmides redescobertas, em todo
o Egito, remanescentes do Antigo e Médio Império, muitas delas não conservadas,
sendo a maioria, considerada templos mortuários para os faraós e suas concubinas,
principalmente, mas também para sacerdotes e nobres mumificados. Algumas
piramides tinham seus vértices decorados ou forjados com flores.

Devido ao seu alto grau de complexidade arquitetônica, aos esforços empregados em


suas construções, e a sua notável beleza, as piramides são culturalmente associadas
ao místiciosismo, sendo a fonte de muitas hipóteses e lendas a cerca dos mistérios de
sua construção e finalidade.

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Pirâmides de Gizé (Fonte: Wikipédia)

- Acrópole de Atenas

A Acrópole de Atenas é a mais conhecida e famosa acrópole do mundo. Embora


existam muitas outras acrópoles na Grécia, o significado da Acrópole de Atenas é tal
que é comunente conhecida como A Acrópole, sem qualificação. É uma colina rochosa
de topo plano que se ergue 150 metros acima do nível do mar, em
Atenas, capital da Grécia, e abriga algumas das mais famosas Acrópole
edificações do mundo antigo, como o Partenon e o Erecteion.
é a parte da cidade
As acrópoles da Antiga Grécia eram, como o próprio nome diz, construída nas
"cidades altas" (do grego ἄκρος, "alto", e πόλις, "pólis"); partes mais altas
construídas no ponto mais elevado das cidades, serviam do relevo da
originalmente como proteção contra invasores de cidades inimigas, região. A posição
e quase sempre eram cercadas por muralhas. Com o tempo, tem tanto valor
passaram a servir como sedes administrativas civis ou religiosas. A simbólico, elevar e
Acrópole de Atenas foi construída por volta de 450 a.C., sob a enobrecer os
administração do célebre estadista Péricles; foi dedicada a Atena,
valores humanos,
deusa padroeira da cidade. A maior parte das estruturas da
Acrópole de Atenas estão em ruínas; entre as que ainda estão de como estratégico,
pé, estão o Propileu, o portal para a parte sagrada da Acrópole; o pois dali podia ser
Partenon, templo principal de Atenas; o Erecteion, templo dos melhor defendida.
deuses do campo, e o Templo de Athena Nice, simbólico da
harmonia do estado de Atenas.
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Vista da Acrópole de Atenas (Fonte: Wikipédia)

- Partenon

O Partenon ou Partenão (em grego antigo Παρθενών, transl. Parthenōn; em grego


moderno Παρθενώνας, transl. Parthenónas) foi um templo da deusa grega Atena,
construído no século V a.C. na acrópole de Atenas. É o mais conhecido dos edifícios
remanescentes da Grécia Antiga e foi ornado com o melhor da arquitetura grega. Suas
esculturas decorativas são consideradas um dos pontos altos da arte grega.

O Partenon é um símbolo duradouro da Grécia e da democracia, e é visto como um


dos maiores monumentos culturais do mundo. O nome Partenon parece derivar da
monumental estátua de Atena Partenos abrigada no salão leste da construção. Foi
esculpida em marfim e ouro por Fídias e seu epíteto parthenos (em grego παρθένος,
"virgem") refere-se ao estado virginal e solteiro da deusa.

O Partenon foi construído para substituir um antigo templo destruído por uma invasão
dos persas em 480 a.C.. Como muitos templos gregos, servia como tesouraria, onde se
guardavam as reservas de moeda e metais preciosos da cidade e também da Liga de
Delos, que se tornaria mais tarde o império ateniense. No século VI foi convertido numa
igreja cristã dedicada à Virgem Maria e depois da conquista turca foi transformada
numa mesquita.

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Em 1687, um depósito de munição instalado pelos turcos explodiu após ser atingido
por uma bala de canhão veneziana, causando sérios danos ao edifício e a suas
esculturas. No século XIX, o diplomata britânico Thomas Bruce, 7.° Conde de Elgin,
removeu muitas das esculturas sobreviventes para a Inglaterra, hoje conhecidas como
Mármores de Elgin e expostas no Museu Britânico, em Londres. Uma disputa polêmica
pede o retorno dessas peças à Grécia.

O Partenon e outros edifícios da acrópole formam hoje um dos mais visitados sítios
arqueológicos da Grécia e o Ministério da Cultura grego leva adiante um programa de
restauração e reconstrução.

O Partenon (Fonte: Wikipédia)

- Coliseu de Roma

O Coliseu, também conhecido como Anfiteatro Flaviano, deve seu nome à expressão
latina Colosseum (ou Coliseus, no latim tardio), devido à estátua colossal de Nero, que
ficava perto a edificação. Localizado no centro de Roma, é uma excepção de entre os
anfiteatros pelo seu volume e relevo arquitectónico. Originalmente capaz de abrigar
perto de 50 000 pessoas, e com 48 metros de altura, era usado para variados
espetáculos. Foi construído a leste do Fórum Romano e demorou entre oito a dez anos
a ser construído.

O Coliseu foi utilizado durante aproximadamente 500 anos, tendo sido o último registro
efetuado no século VI da nossa era, bastante depois da queda de Roma em 476. O
edifício deixou de ser usado para entretenimento no começo da Idade
Média, mas foi mais tarde usado como habitação, oficina, forte, Partenon
pedreira, sede de ordens religiosas e templo cristão.
Existem
Embora esteja agora em ruínas devido a terremotos e pilhagens, o diversas
Coliseu sempre foi visto como símbolo do Império Romano, sendo um replicas
dos melhores exemplos da sua arquitectura. Atualmente é uma das do
maiores atrações turísticas em Roma e em 7 de julho de 2007 foi Partenom
eleita umas das "Sete maravilhas do mundo moderno". Além disso, o espalhada
Coliseu ainda tem ligações à igreja, com o Papa a liderar a procissão s pelo
da Via Sacra até ao Coliseu todas as Sextas-feiras Santas.
mundo.

Coliseu de Roma – Fonte Wikipedia Pesquise


algumas
delas!

- Muralhas da China

A Muralha da China, também conhecida como a Grande Muralha, é uma


impressionante estrutura de arquitetura militar construída durante a China Imperial.

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A Grande Muralha consiste de diversas muralhas, construídas durante várias dinastias


ao longo de aproximadamente dois milênios (começou no ano 221 a.C com término no
século XV, durante a Dinastia Ming). Se, no passado, a sua função foi essencialmente
defensiva, no presente constitui um símbolo da China e uma procurada atração
turística.

As suas diferentes partes distribuem-se entre: o Mar Amarelo (litoral Nordeste da


China), o deserto de Góbi e, a Mongólia (a Noroeste).

Por não se tratar de uma estrutura única, as características da Grande Muralha variam
de acordo com a região em que os diferentes trechos estão construídos. Devido a
diferenças de materiais, condições de relevo, projetos e técnicas de construção, e
mesmo da situação militar vivida por cada dinastia, os trechos da muralha apresentam
variações. Perto de Beijing, por exemplo, os muros foram construídos com blocos de
pedras de calcário; em outras regiões, podem ser encontrados o granito ou tijolos no
aparelho das muralhas; nas regiões mais ocidentais, de desertos, onde os materiais
são mais escassos, os muros foram construídos com vários elementos, entre os quais
faxina (galhos de plantas enfeixados). Em geral os muros apresentam uma largura
média de sete metros na base e de seis metros no topo, alçando-se a uma altura média
de sete metros e meio. Segundo anunciaram cientistas chineses em abril de 2009, o
comprimento total da muralha é de 8.850 km.

Muralha da China – Fonte Wikipedia

- Remodelação de Paris

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Sob a administração de Georges-Eugène Haussmann (1809 - 1891), largamente


conhecido apenas como Barão Haussmann- o "artista demolidor e a coordenação do
engenheiro civil Marie François Eugène Belgrand (1810- 1878), Paris passou por uma
intensa reconstrução, tendo produzido grandes avenidas, edifícios majestosos e um
dos mais fabulosos sistemas de esgotos do mundo. Grande parte da atual Paris deve-
se a esses grandes profissionais que tiveram a ousadia e a capacidade de vislumbrar o
futuro e criar uma das mais belas cidades do mundo moderno.

O Boulevard Haussmann, em Paris. (Fonte: Wikipedia)

- Torre Eiffel

Inaugurada em 31 de Março de 1889, a Torre Eiffel foi construída para honrar o


centenário da Revolução Francesa. Era para ser uma estrutura temporária, mas tomou-
se a decisão de não desmontá-la. O Governo da França planejou uma Exposição
mundial e anunciou uma competição de design arquitetônico para um monumento que
seria construído no Campo de Marte, no centro de Paris. Mais de cem designs foram
submetidos ao concurso. O comitê do Centenário escolheu o projeto do engenheiro
Gustave Eiffel (1832-1923), de quem herdaria o nome, da torre com uma estrutura
metálica que se tornaria, então, a estrutura mais alta do mundo construída pelo
homem. Com seus 324 metros de altura, possuía 7 300 toneladas quando foi
construída.

Eiffel, um notável construtor de pontes, era mestre nas construções metálicas e havia
desenhado a armação da Estátua da Liberdade, erguida pouco antes no porto de Nova
Iorque. Quando o contrato de vinte anos do terreno da Exposição mundial (de 1889)
expirou, em 1909, a Torre Eiffel quase foi demolida, mas o seu valor como uma antena

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de transmissão de rádio a salvou. Os últimos vinte metros da torre correspondem à


antena de rádio que foi adicionada posteriormente.

A torre manteve-se como o monumento mais alto do mundo ao longo de mais de


quarenta anos. Foi destronada em 1930 pelo o Edifício Chrysler, de Nova Iorque, que
tem 329 metros.

Torre Eiffel: Fonte Wikipedia

- Ponte do Brooklyn

A Ponte do Brooklyn (oficialmente, em inglês, New York and Brooklyn Bridge, "Ponte
de Nova Iorque e do Brooklyn") é uma ponte na cidade de Nova Iorque, uma das mais
antigas pontes de suspensão nos Estados Unidos, com extensão de 1.834 metros, e
situa-se sobre o rio East, ligando os distritos (boroughs) de Manhattan e Brooklyn.

Ao ser finalizada era a maior ponte de suspensão do mundo, e a primeira a utilizar-se

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de cabos. Foi a primeira ponte de aço suspensa do mundo e suas imensas torres de
suporte já foram as estruturas mais altas de toda a cidade de Nova Iorque.

Ponte do Brooklyn: Fonte Wikipedia

- Golden Gate Bridge

A Golden Gate Bridge é a ponte localizada no estado da Califórnia, nos Estados


Unidos, que liga a cidade de São Francisco a Sausalito, na região metropolitana de
São Francisco, sobre o estreito de Golden Gate. A ponte é o principal cartão postal da
cidade, uma das mais conhecidas construções dos Estados Unidos, e é considerada
uma das Sete maravilhas do Mundo Moderno pela Sociedade Americana de
Engenheiros Civis.

O nome da ponte foi escolhido em 1927, quando MM O'Shaughnessy, importante


engenheiro de São Francisco mencionou a ponte como Golden Gate Bridge, referindo-
se ao estreito. A dificílima tarefa de projetar tal estrutura ficou a cargo do alemão
Joseph Strauss. Embora não tivesse nenhuma experiência com pontes suspensas,
Strauss fechou contrato com a prefeitura e projetou a ponte que começou a ser
construída em Janeiro de 1933 e concluída em 1937.

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Golden Gate Bridge: Fonte Wikipedia

Como podem ter notado, o grande desenvolvimento da Engenharia na era moderna


ocorreu após a revolução industrial e criação das ferrovias. Novas técnicas também
vem se desenvolvendo nas últimas décadas com o desenvolvimento da informática.
Esses assuntos são bastante amplos e não se encerram neste modulo.

Espero que tenha gostado de nosso primeiro modulo e estejam ansiosos por mais
hoistórias do curso de escolheram. Em nosso próximo modulo, vamos falar um pouco
do desenvolvimento da Engenharia Civil no Brasil.

Até breve!

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RESUMO

Neste módulo, abordamos:

 Um pouco da história da Engenharia, desde o seu surgimento


 O desenvolvimento da Engenharia Civil
 Destacamos algumas obras importantes desde a antiguidade até os dias atuais
 Conhecemos grandes obras de Engenharia pelo mundo

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAZZO, W. A. Introdução a Engenharia. 2 ª ed. Santa Catarina: Ed. UFSC, 1990.


BAZZO, W. A. Educação Tecnológica – enfoques para o ensino de engenharia.
Florianópolis: Ed. UFSC, 2000.

BUARQUE, C. A revolução nas prioridades: da modernidade técnica à


modernidade Ética. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1994.

OLIVEIRA, O. J., MELHADO, S. B. Como Administrar Empresas de Projeto de


Arquitetura e Engenharia Civil. São Paulo. Pini, 2006.

CUNHA, J. C. A História das Construções – Volume 1. Belo Horizonte: Autêntica


Editora, 2009.

CUNHA, J. C. A História das Construções – Volume 2. Belo Horizonte: Autêntica


Editora, 2009.

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CADERNO DE EXERCÍCIOS DO MÓDULO I

 6 QUESTÕES OBJETIVAS E 2 DISCURSIVAS

 COM GABARITO

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A Engenharia Civil no Brasil

MÓDULO 2

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

OBJETIVOS DO MÓDULO

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz de:
- Conhecer a história da Engenharia no Brasil, do descobrimento aos dias atuais;
- Conhecer a história do ensino da Engenharia no Brasil até os dias atuais.

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2. A Engenharia Civil no Brasil


Origem, história e desenvolvimento.

Como dissemos no módulo 1, a Engenharia teve início nos primórdios da humanidade.


Da mesma forma, no Brasil, a existência de índios antes do descobrimento do país
pelos portugueses no ano de 1500 d.C. nos permite afirmar que aqui também a
Engenharia estava presente. Entretanto, seu desenvolvimento começou a acontecer,
de forma sistemática, no período Colonial, com a construção de fortificações e igrejas.
Logo em 1549, com a decretação do Governo Geral, o engenheiro Luiz Dias foi
incumbido pelo “governador das terras do Brasil”, Tomé de Souza, de levantar os
muros da cidade de Salvador (BA), a capital. Dias acabou construindo também o
edifício da alfândega e o sobrado de pedra-e-cal da Casa da Câmara e Cadeia, que se
tornou célebre como o primeiro do gênero na Colônia. Diferentemente de diversas
outras cidades pelo mundo onde os muros continuam preservados até hoje, os muros
da cidade de Salvador vieram ao chão por serem de taipa e nunca serem reparados.
Não se sabe, no entanto, se a falta de reparo se deve ao descuido dos governadores
ou porque a cidade estava se estendendo muito por fora dos muros. Independente do
motivo, agora não há memória aonde eles estiveram, o que é uma grande perda para o
patrimônio cultural do nosso país.

Mapa de Salvador em 1631 por Teixeira Albernaz I.

Nesse período colonial, entre os séculos XVI a XVIII, o trabalho de engenheiros se


voltava muito para a construção de fortificações e de igrejas.

Para aguçar nossa curiosidade, a Igreja Nossa Senhora da Misericórdia, localizada em


Porto Seguro – BA, é a primeira igreja do Brasil. Foi construída no ano de 1526 e
recebeu primeiramente o nome de Igreja Nossa Senhora dos Passos. Atualmente, a
igreja é um museu de arte sacra e guarda raridades preciosas como a imagem de
nosso Senhor dos Passos, do ano de 1585, que tem os olhos de vidro, dentes de

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marfim e gotas de sangue, confeccionadas com rubi.

Igreja Nossa Senhora dos Passos - Porto Seguro - Bahia

A fortificação militar mais antiga do Brasil é o Forte São João, primeiro monumento
erguido em paliçada no País, em 1532, para defender as vilas de Santos, São Vicente
e São Paulo de ataques de inimigos e indígenas. Está localizado no canal de Bertioga
e é considerado pelo Iphan o forte mais bem-conservado do Brasil. No local,
encontram-se artefatos, réplicas de espadas, arcabuzes, canhões, armamentos
utilizados pelos portugueses no século 16, além de diversas passagens de nossa
história.

Forte São João - Bertioga - SP

Tenho certeza que ficou cheio de curiosidade sobre as construções históricas que
estão preservadas em nosso país. Então, aproveite para dar uma parada em sua
leitura e satisfazer a sua curiosidade. Pesquise outras construções do período colonial
e compartilhe seu conhecimento com os demais alunos no nosso curso.

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Voltando aos nossos estudos, as mudanças no Brasil começaram a acontecer com o


advento da cultura cafeeira, que conduziu à necessidade de se construir estradas de
ferro para se escoar o café do interior do estado de São Paulo para a capital e desta
para o porto de Santos, e, também, com a demanda crescente para a construção de
casas e edifícios.

Os trabalhos para distribuição de água na cidade do Rio de Janeiro tiveram início em


1602 mas só em 1876, foi construído o primeiro sistema público de abastecimento de
água potável, na cidade do Rio de Janeiro. Esta mesma cidade se tornou, em1864, a 5 a
cidade do mundo a adotar um sistema modernizado de coleta de esgotos sanitários. No
entanto, apenas no início do século XX as principais cidades brasileiras se
estruturaram sanitariamente e ainda hoje é um dos problemas mais graves do país.

Aqueduto da Carioca (Leandro Joaquim, 1790)

Aqueduto da Carioca, conhecido atualmente como Arcos da Lapa

Até o século XVIII os principais materiais utilizados na construção civil no Brasil eram
pedra, cal e taipa. No século XIX e início do século XX, especialmente com a influência
da ‘‘Missão Artística Francesa’‘ e a introdução do estilo neoclássico, que passou a ser
considerado como padrão de status no país, é que começam a se empregar estruturas
metálicas e tijolos.

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A utilização do cimento Portland no Brasil só teve início no século XX


apesar da primeira tentativa de aplicar os conhecimentos relativos à Missão
fabricação do cimento Portland ter ocorrido em 1888 no estado de
Artística
São Paulo. Após algumas fábricas terem sido criadas e fechadas
posteriormente como uma pequena instalação produtora na ilha de Francesa
Tiriri, na Paraíba, a usina de Rodovalho e uma fábrica fundada pelo
governo do Espírito Santo na cidade de Cachoeiro do Itapemirim, em foi um grupo
1926, em Perus, São Paulo, tem início o funcionamento da de artistas e
Companhia Brasileira de Cimento Portland. artífices
franceses que,
As primeiras obras em concreto armado que se tem relato oficial no deslocando-se
Brasil são de 1905 e 1907 com a ponte sobre o rio Maracanã. para o Brasil no
início do século
XIX,
revolucionou o
panorama das
Belas-Artes no
país
introduzindo o
sistema de
ensino superior
acadêmico e
fortalecendo o
Neoclassicismo
que ali estava
iniciando seu
aparecimento.
O grupo era
liderado por
Joachim
Ponte sobre o Rio Maracanã. Lebreton e foi
amparado pelo
governo de
Em 28 de setembro de 1940 é criada a Associação Brasileira de Dom João VI.
Normas Técnicas (ABNT), que seria a responsável pela normatização
e padronização do emprego dos materiais utilizados na construção
civil no Brasil (TÉSIO, 2007).

Com relação à utilização do aço na construção civil no Brasil, o seu início se deu em
meados do século XVIII, sendo o material importado da Inglaterra, Escócia e Bélgica.

A primeira Fábrica de Estrutura Metálica – a Companhia Brasileira de Construção


‘‘Fichet Schwartz Hautmont’‘ – se instalou no Brasil no ano de 1923 em Santo André-
SP. A primeira Usina Siderúrgica de grande porte no Brasil – a Companhia Siderúrgica
Nacional – foi implantada em 22 de Junho de 1946 em Volta Redonda- RJ. As
primeiras obras onde a estrutura metálica foi aplicada no Brasil foram as estradas de
ferro no século XIX.

A Estrada de Ferro São Paulo Railway, inaugurada em 1867, representa um marco na


Engenharia Civil do Brasil, ligando São Paulo ao porto de Santos, pela necessidade do
transporte do café do interior até o porto. O trecho de descida da Serra do Mar, de

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800m, era considerado impraticável; por isso, o Barão de Mauá foi atrás de um dos
maiores especialistas no assunto: o engenheiro ferroviário britânico James Brunlees.
Este, veio ao Brasil e considerou o projeto viável. O projeto foi executado por Daniel
Makinson Fox, engenheiro que havia adquirido experiência na construção de estradas
de ferro através das montanhas do norte do País de Gales. Ele propôs que a rota para
a escalada da serra deveria ser dividida em 4 declives, tendo cada uma, uma
inclinação de 8%. Nesses trechos, os vagões seriam puxados por cabos de aço. No
final de cada declive, seria construída uma extensão de linha de 75m de comprimento,
chamada de patamar, com uma inclinação de 1,3%. Em cada um desses patamares,
deveriam ser montadas uma casa de força e uma máquina a vapor, para promover a
tração dos cabos. Para proteger o leito dos trilhos das chuvas torrenciais foram
construídos paredões de alvenaria de 3m a 20m de altura, o que consumiu 230.000 m 3
de alvenaria.

Trecho da Serra da SP Railway, em foto da primeira metade do século XX.

A construção da São Paulo Railway teve uma importância econômica muito grande,
pois provocou, juntamente com a navegação a vapor, a articulação da capital e do
interior do estado com o mercado internacional, além de abrir espaço para novas
atividades empresariais, quer no setor de transporte (novas ferrovias, navegação e
bondes de tração animal), quer na exploração de alguns serviços urbanos, como água
e gás, bem como na construção civil. A maioria dos engenheiros e empresários era
estrangeira. Na década de 1870 apareceram os primeiros engenheiros brasileiros de
outros estados, formados no Rio de Janeiro e no exterior. Na década seguinte
chegaram os paulistas formados em outros países.

No campo do aproveitamento de recursos hidráulicos, em 1883 é instalada a Usina de


Ribeirão do Inferno, em Diamantina/MG, para a alimentação de bombas de água na
exploração de diamantes. Em 1889 é inaugurada a primeira hidrelétrica da América do
Sul, a usina de Marmelos, em Juiz de Fora-MG.

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Usina de Marmelos - Juiz de Fora - MG

Em 1901, entrou em operação a Usina Edgard de Souza, no rio Tietê, para distribuição
de energia na cidade de São Paulo. Na década de 70, com a criação do Plano Nacional
de Saneamento (Planasa) e das companhias estaduais de saneamento, é fortalecida a
estruturação sanitária das cidades, embora ainda nos dias de hoje o país não tenha
cumprido as metas de universalização dos serviços de abastecimento de água potável
e principalmente de coleta e tratamento de esgotos.

A forma de organização do trabalho nos canteiros de obras era bastante distinta: era
proibida a utilização de mão-de-obra escrava para não ser desviada da atividade rural,
considerada a base da economia. No entanto, era permitido a utilização de presidiários
nas obras públicas. Com a República, diversificou-se a atividade pública e privada,
estimulando extraordinariamente a construção civil. Esta foi organizada de forma
institucional. Foram fundadas as primeiras escolas de engenharia e arquitetura e
criados e ampliados órgãos públicos para a implantação de programas de obras. Ao fim
da primeira República o panorama começou a se transformar. O período de 1929 a
1945 foi de crise e redução nas atividades da construção civil, pois como deve estar
lembrado, foi neste período a grande recessão com a crise da Bolsa de Valores de
Nova Iorque e a 2a Grande Guerra Mundial. Foi nesses anos que ocorreram as grandes
transformações qualitativas, com o desenvolvimento do uso do concreto e a
reorganização das formas de trabalho. Após a Segunda Guerra Mundial a organização
do trabalho na construção civil foi estabelecida com novas características. O poder
público deixou de assumir diretamente a responsabilidade pela execução das obras,
abrindo espaço para as empresas privadas. O ingresso em uma nova fase de
desenvolvimento implicou em dinamização da construção civil. Mas foi somente no
período de 1955 a 1965 que começarama se implantar os programas de grandes obras
de infra-estrutura e serviços. A partir de então, o poder público retirou-se também dos
projetos, surgindo os escritórios especializados. Já não se tratava de projetar e
executar algumas obras, mas de implantar programas amplos e variados, cuja
execução exigia mobilização técnica equivalente.

Atualmente, o Brasil tem uma das indústrias de construção mais desenvolvidas do


mundo, com participação importante no PIB nacional e trabalhos realizados em vários

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países do mundo. O Brasil é um dos dez maiores produtores de cimento Portland,


sendo o maior produtor da América Latina, e detém uma das mais avançadas
tecnologias na fabricação desse produto. A tradição da Engenharia Civil nacional conta
com obras como a ponte Rio-Niterói, a hidrelétrica de Itaipu, as usinas nucleares de
Angra dos Reis, a estrada de ferro Carajás, e tantas outras que orgulham os
profissionais e a população brasileira. Vamos falar um pouco de algumas delas:

- Ponte Rio-Niterói

A ponte Presidente Costa e Silva, conhecida popularmente como Ponte Rio-Niterói por
interligar estes dois municípios, foi inaugurada em 1974 e possui extensão total de
13,29 km, dos quais 8,83 km são sobre a água, e 72 m de altura em seu ponto mais
alto. Atualmente é considerada a maior ponte, em concreto protendido, do hemisfério
sul e atualmente é a sexta maior ponte do mundo. No ano em que foi concluída, era a
segunda maior ponte do mundo, perdendo apenas para a Causeway do lago
Pontchartrain nos Estados Unidos.

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- Hidrelétrica de Itaipú

A Usina Hidrelétrica de Itaipu é uma usina binacional localizada no Rio Paraná, na


fronteira entre Brasil e Paraguai. Construída por ambos os países no período de 1975 a
1982, Itaipu é, hoje, a maior usina geradora de energia do mundo.

Tem uma potência geradora de cerca de 14 mil MW, 20 unidades de geração de


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energia elétrica e fornece uma parte muito significativa da energia elétrica consumida
em ambos os países. A sua construção implicou o uso de 13 milhões de m 3 de
concreto e a intervenção de cerca de 40 mil operários.

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- Usinas Nucleares de Angra dos Reis

A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto é formada pelo conjunto das usinas
nucleares Angra 1, Angra 2 e Angra 3, sendo o resultado de um longo programa
nuclear brasileiro que remonta à década de 1950 liderado na época principalmente
pela figura do Almirante Álvaro Alberto. Estão localizadas na praia de Itaorna, em
Angra dos Reis - RJ. Após um longo período de paralização das obras, a usina de
Angra 3 finalmente teve sua construção retomada.

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- Estrada de ferro Carajás

A Estrada de Ferro Carajás, inaugurada em 1985, liga a Serra dos Carajás, no Sudeste
do Pará, ao Porto de Itaqui, no Maranhão. É operada pela Companhia Vale do Rio
Doce, possui 5 estações, 10 paradas e percorre ao todo 892 km ligando os municípios
de São Luís, Santa Inês, Açailândia, Marabá e Parauapebas. A estrada é usada para o
transporte de minérios (principalmente minério de ferro) e também de passageiros,
transportando, atualmente cerca de 1.500 usuários/dia.

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- O Edifício Mais Alto do Brasil – Mirante do Vale

O edifício mais alto do Brasil continua a ser o Mirante do Vale. Este arranha-céus foi
construído em São Paulo durante a década de sessenta e tem uma altura de cerca de
170 metros. Localizado no Vale do Anhangabaú, demorou 6 anos a ser construído,
sendo uma obra absolutamente inovadora na época. Possui algumas características
bastante peculiares para um edifício desta altura, nomeadamente o fato de sua
estrutura ser constituída quase inteiramente por concreto armado ao invés da
crescente tendência do uso combinado aço e concreto, em estrutura mista.

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Apesar de todo este desenvolvimento, não podemos esquecer que ainda existem
déficits consideráveis relacionados à Engenharia Civil a serem resolvidos, como, por
exemplo, o déficit estimado de 8 milhões de moradias e sérios problemas na área de
infraestrutura de transportes e saneamento no país. Pense nisso!

O Ensino de Engenharia No Brasil

A data de início formal dos cursos de Engenharia foi 17 de dezembro de 1792, com a
criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, na cidade do Rio de
Janeiro, sendo instalada inicialmente na ponta do Calabouço, na Casa do Trem de
Artilharia (atual Museu Histórico Nacional). Esta Escola foi a primeira das Américas e
seguia o mesmo modelo da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho criada
pela rainha Dona Maria I em 2 de janeiro de 1790, em Portugal.
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CASA DO TREM: local onde a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho iniciou as suas
atividades em 1792. Fonte: Escola Politécnica/UFRJ (2009)

Na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, os futuros oficiais da infantaria


e artilharia concluíam seus cursos, respectivamente, em três e cinco anos, e os oficiais
de Engenharia tinham um ano a mais, durante o qual cursavam “cadeiras” de
Arquitetura Civil, Materiais de Construção, Caminhos e Calçadas, Hidráulica, Pontes,
Canais, Diques e Comportas.

No entanto, o marco fundamental para o ensino superior no país foi a vinda da família
real portuguesa para o Brasil, em 1808, fato que permitiu a criação de diversas
instituições, algumas delas oferecendo cursos de ensino superior, entre elas, a
Academia Real Militar, criada em 4 de dezembro de 1810, pelo príncipe Regente
(futuro Rei D. João VI), substituindo a Real Academia de Artilharia, Fortificação e
Desenho, instalada em 17 de dezembro de 1792. A Academia Real Militar foi a primeira
escola a funcionar nas Américas e a terceira no mundo, sendo antecedida somente
pela Escola de Pontes e Calçadas, em 1747 (Instituto Militar de Engenharia, 1999), na
França e pela Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho, em Portugal, em
1790.

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Real Academia Militar - Rio de Janeiro - RJ

Antes da abertura da Academia Real Militar, havia cursos regulares de Engenharia no


Brasil, em formato de aulas isoladas. Em 1699, foi criada a Aula de Fortificação no Rio
de Janeiro e, em 1710, a Aula de Fortificação e Artilharia em Salvador.

A Academia Real Militar responsabilizava-se pelo ensino das ciências exatas e


engenharia em geral. A Academia não formava só militares, mas também engenheiros
civis (não militares) com a finalidade de conduzir estudos e elaborar trabalhos em
minas, caminhos, portos, canais, pontes, fontes e calçadas.

Ao longo dos anos, a Academia Real Militar passou por reformas e transformações.
Seu nome mudou quatro vezes: Imperial Academia Militar (1822), Academia Militar da
Corte (1832), Escola Militar (1840) e Escola Central (1859).

No decorrer do Segundo Reinado, após a Independência do Brasil de Portugal, com o


desenvolvimento do comércio e das obras públicas. Foi criada, em 1 o de março de
1858, a Escola Central do Exército no Brasil, que se encarregou do curso de
Engenharia Civil, inexistente no País. A partir de então, o ensino militar ficou a cargo da
Escola de Aplicação do Exército, agora denominada Escola Militar e de Aplicação de
Exército, e da Escola Militar do Rio Grande do Sul.

Em 1874, a Escola Central foi transformada em Escola Politécnica do Rio de Janeiro,


voltada exclusivamente para o Ensino das Engenharias e subordinadas a um Ministro
Civil, o que desvinculou definitivamente o ensino de engenharia de sua origem militar.

No entanto, antes da Escola Politécnica, havia outras duas instituições dedicadas ao


Ensino de Engenharia. O Gabinete Topográfico, criado em 1835, para formar
topógrafos, engenheiros de estradas e medidores de terras e o Imperial Instituto de
Agronomia, localizado na Bahia, com o objetivo de formar engenheiros agrônomos e
regentes rurais.

A partir de segunda metade do século XIX, no Segundo Império, houve uma


decadência das lavouras tradicionais – cana-de-açúcar, algodão e tabaco, e um
acentuado progresso industrial. Neste contexto, o Ensino de Engenharia, também
passou por crescimento. Foram criadas a Escola de Minas de Ouro Preto, em 1876; a
Politécnica de São Paulo em 1893; a Politécnica do Mackenzie College e a Escola de
Engenharia do Recife, em 1896; a Politécnica da Bahia e a Escola de Engenharia de
Porto Alegre, em 1897.

A figura a seguir apresenta evolução histórica da primeira escola de Engenharia do


Brasil.

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1 Resultado da fusão da Academia Militar e de Guardas-Marinha, que voltaram a separar-se em


1833.
2 A Escola Militar desdobra-se em duas ficando a Escola Central com a incumbência de formar os
engenheiros “civis” e a Escola Militar os engenheiros “militares”, mas continuando ambas ligadas ao
Ministério da Guerra.
3 A partir de 1874, com o nome de Escola Politécnica, desvincula-se do Ministério da Guerra,
passando para o Ministério da Instrução.
Fonte: Organizado por Vanderlí Fava de Oliveira com base em um quadro sem autor, encontrado na
Revista de Ensino de Engenharia (1983).

Nesta época, o objetivo era formar engenheiros politécnicos, ou seja, com múltiplos
conhecimentos técnicos para atender a diversidade dos novos campos de atuação. A
rigor o aluno continuava formando-se em engenharia civil, na medida em que esse era
o maior campo de trabalho, mas especializava-se também em uma outra área de
conhecimento. Eram também conhecidos como "engenheiros enciclopédicos". No
conteúdo das primeiras reformas houve uma fortíssima influência francesa. A rigor essa
influência já vinha ocorrendo desde a Escola Central, pois até o seu nome foi
evidentemente influenciado pela École Centrale des Arts et Manufactures, criada em
Paris em 1828.

As crises econômicas do final do século XIX e início do século XX e as consequentes


mudanças nos sistemas econômicos do Brasil, implicando ainda em mudanças
ideológicas e políticas propiciaram uma nova configuração no ensino de engenharia. As
Escolas de Engenharia voltaram-se para a necessidade de produção industrial. O
ensino começou a seguir uma vertente pragmática, focalizava-se o aspecto prático em

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detrimento do estilo enciclopédico. A eliminação do cunho teórico-genérico e a


especialização vinculavam-se aos interesses da produção industrial.

Nessa fase, estruturou-se um modelo de ensino brasileiro com maior ênfase à


especialização do engenheiro sem, no entanto, perder as características de formação
geral. A Engenharia estruturada sobre a concepção pragmática proclamava o princípio
do domínio do homem sobre a natureza, com o propósito no benefício do próprio
homem. Na prática, o princípio estendeu-se a dominação do homem sobre o homem.

A partir da década de 1930, a concepção da engenharia foi a de ciência aplicada aos


problemas concretos, que visava a sua solução. As mudanças progressivas no ensino
de engenharia resultaram em uma maior divisão do trabalho do engenheiro e no
crescente surgimento das novas especialidades, rompendo com a visão mítica do
engenheiro-expert universal, tornando o engenheiro cada vez menos generalista e
cada vez mais especialista em um determinado ramo da engenharia.

Vimos que o início do ensino formal da Engenharia ocorreu no início do século XIX com
a criação da Real Academia Militar. Entretanto, a regulamentação em caráter nacional
da profissão de engenheiro, arquiteto e agrimensor só ocorreu em 1933, por meio do
Decreto Federal no 23.569.

Até 1946, existiam quinze instituições de Ensino de Engenharia no Brasil. Após a II


Guerra Mundial, principalmente a partir de 1955, houve uma ampliação das Escolas de
Engenharia no Brasil, pois as mudanças ocorridas no aparelho econômico propiciaram
a utilização intensiva da tecnologia.

O Governo de Juscelino Kubitschek, entre as décadas de 1950 e 1960, com o apoio


dos Estados Unidos, tinha um plano de desenvolvimento de metas para o Brasil. Nesse
contexto, houve grande influência norte-americana no sistema educacional, além do
econômico, com o objetivo de implantar novas universidades e remodelar as já
existentes no sentido de incrementar a educação técnica em prejuízo à formação
humanística.

Até o início da década de 60, mais de 80% das Escolas de Engenharia eram públicas.
A partir dessa década houve um crescimento maior de Escolas Privadas e no início da
década de 70 estas já eram praticamente a metade das Escolas existentes.
Crescimento esse que ocorreu na esteira do chamado “milagre econômico”. Na década
de 80, considerada a década perdida, esse crescimento arrefeceu e voltou aos índices
dos anos 50, porém ainda foi maior no setor privado. No ano de 2008 temos,
aproximadamente, 80% das Escolas pertencentes ao setor privado.

Para atender a demanda dos processos produtivos em transformação acelerada, os


engenheiros começam a atuar em novas áreas. Hoje, há aproximadamente 61 áreas
de atuação profissional, de acordo com a Resolução no 1.010 de 22 de agosto de
2005, que entrou em vigor no dia 1o de julho de 2007. Para formar profissionais para
atuar em novos setores, novos cursos de engenharia estão sendo criados. Constata-se
a aceleração de abertura de novos cursos de engenharia no período de 1980 até os
dias de hoje.

Em 29 de junho de 2009, o Ministério da Educação brasileiro anunciou uma futura


reforma no nome dos cursos de graduação – entre eles, os cursos de Engenharia, que,
atualmente, possuem 258 nomenclaturas diferentes. Os nomes dos cursos atuais serão

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reduzidos a 22:

1. Engenharia Aeronáutica
2. Engenharia Agrícola
3. Engenharia de Agrimensura
4. Engenharia de Alimentos
5. Engenharia Ambiental
6. Engenharia Civil
7. Engenharia de Computação
8. Engenharia de Controle e Automação
9. Engenharia Elétrica
10. Engenharia Eletrônica
11. Engenharia Florestal
12. Engenharia de Fortificação e Construção
13. Engenharia Mecânica
14. Engenharia Mecânica e de Armamento
15. Engenharia de Materiais
16. Engenharia de Minas
17. Engenharia Metalúrgica
18. Engenharia Naval
19. Engenharia de Pesca
20. Engenharia de Produção
21. Engenharia Química
22. Engenharia de Telecomunicações

Importantes Engenheiros Civis brasileiros

O Brasil possui uma engenharia civil muito desenvolvida, equiparando-se aos paises
mais desenvolvidos do mundo. Isto se deve, como já vimos ao longo deste módulo, a
grandes obras como usinas hidroelétricas, rodovias, pontes, etc., e a centros de
pesquisas avançadas nas diversas áreas da engenharia civil.

Ao longo da historia o Brasil contou com inúmeros profissionais de elevada


competência, entre eles, pode-se citar:

. - André Rebouças (1843-1898)

. Nascido na Bahia seguiu a carreira de engenheiro civil, tornando-se o responsável por


importantes obras ferroviárias, portuárias e de saneamento em diversas províncias do
Brasil. Foi militante do movimento abolicionista junto com José do Patrocínio, tendo
fundado, com Joaquim Nabuco, o Centro Abolicionista da Escola Politécnica, onde era
professor e jornalista.

. - Eugenio Gudin (1886-1986)

. Engenheiro civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro (1905). Professor da


Universidade do Brasil. Atuou como Engenheiro na construção de Ribeirão das Lages
nas obras do Rio Carioca do abastecimento de água do Rio de Janeiro, da Exposição

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Nacional de 1908 e várias outras obras tais como na Construção da grande represa do
Acarape no Ceará. Foi Presidente da Associação das Estradas de Ferro do Brasil da
Companhia Paulista de Força e Luz e da Sociedade Brasileira de Economia Política.
Doutor Honorís Causa pela Universidade de Dijon, França e pela Universidade da
Bahia (1957), recebeu também, Diploma de Doutor Honorís Causa da Escola Superior
de Guerra (1978). Professor da Universidade do Brasil (1957). Sócio honorário da
American Economic Associatíon. Homem Global (1973) e Homem Visão (1974).

. - Francisco Paes Leme de Monlevade (1861-1944)

. Engenheiro Civil responsável pela primeira eletrificação ferroviária no Brasil. Diretor


(1897) e Inspetor Geral da Companhia Paulista de Estradas de Ferro (1907 – 1927)
implantou a eletrificação da linha principal da Cia Paulista, no interior do Estado de São
Paulo. Este feito fez com que de 1921 a 1926, o Brasil ganhou uma ferrovia eletrificada
com o sistema mais moderno existente na época, superando então quase todos os
demais paises.

. Entre outros iminentes engenheiros civis brasileiros, pode-se citar: Prestes Maia, Odair
Grillo, Ramos de Azevedo, Teodoro Sampaio, Aarão Reis, Figueiredo Ferraz, Lucas
Nogueira Garces, Falcão Bauer, Milton Vargas e muitos outros mais. Pesquise um
pouco mais sobre cada um deles.

O Brasil encontra-se neste momento na maior fase de crescimento econômico e


humano da sua história. O mais importante motor desse desenvolvimento é a indústria
da construção. Grandes obras de Engenharia Civil estão planeadas para os próximos
anos no Brasil, algumas das quais de grande dimensão e complexidade.

Espero que tenha gostado e aprendido bastante sobre a história do curso que está
iniciando. Aproveite para pesquisar e se apronfudar nstas histórias. Resolva os
exercícios do módulo e nos vemos em breve no módulo 3.

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RESUMO

Neste módulo, abordamos:

 a história da Engenharia no Brasil, do descobrimento aos dias atuais;


 a história do ensino da Engenharia no Brasil até os dias atuais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REDE DA MEMÓRIA VIRTUAL. Fundação Biblioteca Nacional.


http://bndigital.bn.br/redememoria/poli.html.

Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Trajetória e estado da


arte da formação em engenharia, arquitetura e agronomia. Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Brasília, 2010.

MORAES, J. C. T. B. Quinhentos Anos de Engenharia no Brasil. São Paulo, 2005.

REIS, N. G. Aspectos da História da Engenharia Civil em São Paulo. Livraria


Kosmos Editora, São Paulo, 1989.

TELLES, P. C. S. História da Engenharia no Brasil Século XX. Clube de Engenharia,


1984.

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CADERNO DE EXERCÍCIOS DO MÓDULO 2

 6 QUESTÕES OBJETIVAS E 2 DISCURSIVAS

 COM GABARITO

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O Curso de Engenharia Civil

MÓDULO 3

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

OBJETIVOS DO MÓDULO

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz de:
 Conhecer a função social do Engenheiro Civil.
 Conhecer sobre a regulamentação da profissão.
 Identificar as competências e habilidades do Engenheiro Civil.
 Conhecer o mercado de trabalho do Engenheiro Civil.

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3. O Curso de Engenharia Civil

A função social da profissão.

Atualmente o Engenheiro Civil é um profissional de formação generalista,


diferentemente do que ocorreu no ínicio do século XX onde a Engenharia Civil buscava
um perfil mais especialista. O profissional atua na concepção, planejamento, projeto,
construção, operação e manutenção de edificações e de infraestruturas.

Suas atividades são bastante diversas e incluem: supervisão, coordenação e


orientação técnicas; estudo, planejamento, projeto e especificação; estudo de
viabilidade técnico-econômica; assistência, assessoria e consultoria; direção, execução
e fiscalização de obra e serviço técnico; vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo
e parecer técnico.

Pode desempenhar ainda cargos e funções técnicas, elaborar orçamentos e cuidar de


padronização, mensuração e controle de qualidade. Pode coordenar equipes de
instalação, montagem, operação, reparo e manutenção. Executa desenho técnico e se
responsabilizar por análise, experimentação, ensaio, divulgação e produção técnica
especializada.

Coordena e supervisiona equipes de trabalho, realiza estudos de viabilidade técnico-


econômica, executa e fiscaliza obras e serviços técnicos; e efetua vistorias, perícias e
avaliações, emitindo laudos e pareceres. Em suas atividades, considera a ética, a
segurança, a legislação e os impactos ambientais.

Verificamos que o Engenheiro Civil atua em diversas áreas e é responsável por gerar a
infraestrutura para o desenvolvimento econômico, social e ambiental de toda uma
sociedade ou país. Desta forma, a função social do Engenheiro Civil está diretamente
relacionada com a contribuição deste profissional para melhorar a qualidade de vida
das pessoas menos favorecidas deste país, tendo em vista que o progresso industrial
não atinge toda a sociedade com a mesma intensidade.

Da regulamentação da profissão e da concessão de atribuições profissionais

Como mencionamos no módulo 2, o marco fundamental da regulamentação da


profissão de engenheiro no Brasil é o Decreto no 23.569, de 11 de dezembro de 1933,
assinado pelo Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do
Brasil, Presidente Getúlio Vargas. O decreto de 1933 criou o Sistema CONFEA/
CREAs (Conselho Federal e Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura) e
definiu as competências para modalidades de Engenharia conhecidas à época, entre
elas para o engenheiro civil e agrimensor. Falaremos mais sobre o Sistema
CONFEA/CREAs no módulo 5.

UNEC – Coordenação das Engenharias 2013


55

O decreto estabeleceu também as condições para o exercício das profissões e as


penalidades para o exercício ilegal. Discutiremos também o Código de Ética do
Engenheiro no módulo 5.

As competências para o engenheiro civil foram definidas pelos artigos 28 e 29 do


decreto, e são listadas a seguir:

Art. 28 – São da competência do Engenheiro Civil:

a) trabalhos topográficos e geodésicos;

b) o estudo, projeto, direção, fiscalização e construção de edifícios, com todas


as suas obras complementares;

c) o estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das estradas de rodagem


e de ferro;

d) o estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras de captação e


abastecimento de água;

e) o estudo, projeto, direção, fiscalização e construção de obras de drenagem e


irrigação;

f) o estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras destinadas ao


aproveitamento de energia e dos trabalhos relativos às máquinas e fábricas;

g) o estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras relativas a


portos, rios e canais e das concernentes aos aeroportos;

h) o estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras peculiares ao


saneamento urbano e rural;

i) projeto, direção e fiscalização dos serviços de urbanismo;

j) a engenharia legal, nos assuntos correlacionados com as especificações das


alíneas ‘‘a’‘ a ‘‘i’‘;

k) perícias e arbitramento referentes à matéria das alíneas anteriores.

Art. 29 – Os Engenheiros Civis diplomados segundo a Lei vigente deverão ter:

a) aprovação na Cadeira de ‘‘portos de mar, rios e canais’‘, para exercerem as


funções de engenheiro de Portos, Rios e Canais;

b) aprovação na Cadeira de ‘‘saneamento e arquitetura’‘, para exercerem as


funções de engenheiro Sanitário.

O texto contemplava as áreas de ação do engenheiro civil formado pelas principais


instituições brasileiras e espelhava-se no currículo da então Escola Politécnica do Rio
de Janeiro, hoje Escola de Engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro), cujo currículo era bastante amplo e abordava as áreas de Construção de
Edifícios, Estruturas, Hidráulica e Saneamento, Transportes e outras.

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56

Em 24 de dezembro de 1966, portanto 33 anos após o Decreto no 23.569/33, o


Presidente da República sancionou a Lei no 5.194, que regulamentava as profissões
do engenheiro, do arquiteto e do engenheiro agrônomo. Passados mais de 45 anos, o
texto legal é ainda vigente. A Lei no 5.194 dispõe sobre a caracterização das profissões
abrangidas, do uso do título profissional, do exercício ilegal da profissão, das
responsabilidades e autoria, e trata em seu artigo 7 o das atribuições profissionais,
definindo de forma genérica as atividades e atribuições de engenheiros, arquitetos e
engenheiros agrônomos:

Art. 7o – As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto e do


engenheiro- agrônomo consistem em:

a) desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais,


paraestatais, autárquicas e de economia mista e privada;

b) planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras,


estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da
produção industrial e agropecuária;

c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e


divulgação técnica;

d) ensino, pesquisa, experimentação e ensaios;

e) fiscalização de obras e serviços técnicos;

f) direção de obras e serviços técnicos;

g) execução de obras e serviços técnicos;

h) produção técnica especializada, industrial ou agropecuária.

Parágrafo único – Os engenheiros, arquitetos e engenheiros-agrônomos poderão


exercer qualquer outra atividade que, por sua natureza, se inclua no âmbito de suas
profissões.

Por se tratar das atividades e atribuições, no artigo 7o da lei, de forma genérica, o


CONFEA iniciou os trabalhos da regulamentação do texto legal, especificamente para
discriminar as atividades e atribuições para as diversas modalidades de engenheiros,
arquitetos e agrônomos.

A regulamentação da lei, no que diz respeito às atribuições profissionais, foi publicada
em 1973, no texto da Resolução no 218, de 29 de junho daquele ano. Em sua estrutura,
a Resolução no 218 estabelece em seu art. 1 o as atividades profissionais que
representam as ações que caracterizam o exercício profissional. As atividades estão,
no artigo 1o, organizadas em 18 itens, agrupados por afinidade. A seguir é transcrito o
artigo 1o da resolução:

Art. 1o – Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às


diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em
nível médio, ficam designadas as seguintes atividades:

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Atividade 1 – Supervisão, coordenação e orientação técnica;

Atividade 2 – Estudo, planejamento, projeto e especificação;

Atividade 3 – Estudo de viabilidade técnico-econômica;

Atividade 4 – Assistência, assessoria e consultoria;

Atividade 5 – Direção de obra e serviço técnico;

Atividade 6 – Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico;

Atividade 7 – Desempenho de cargo e função técnica;

Atividade 8 – Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação


técnica; extensão;

Atividade 9 – Elaboração de orçamento;

Atividade 10 – Padronização, mensuração e controle de qualidade;

Atividade 11 – Execução de obra e serviço técnico;

Atividade 12 – Fiscalização de obra e serviço técnico;

Atividade 13 – Produção técnica e especializada;

Atividade 14 – Condução de trabalho técnico;

Atividade 15 – Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo


ou manutenção;

Atividade 16 – Execução de instalação, montagem e reparo;

Atividade 17 – Operação e manutenção de equipamento e instalação;

Atividade 18 – Execução de desenho técnico.

Os artigos de no 2 ao no 24 são destinados a definir as áreas de atuação a as


atividades para cada modalidade existente à época. O artigo 7o refere-se ao
engenheiro civil e ao engenheiro de construção:

Art. 7o – Compete ao ENGENHEIRO CIVIL ou ao ENGENHEIRO DE FORTIFICAÇÃO


e CONSTRUÇÃO:

I – o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1 o desta Resolução, referentes a


edificações, estradas, pistas de rolamentos e aeroportos; sistema de transportes, de
abastecimento de água e de saneamento; portos, rios, canais, barragens e diques;
drenagem e irrigação; pontes e grandes estruturas; seus serviços afins e correlatos.

O texto da resolução ainda contempla em seu artigo 25 a seguinte condição:

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Art. 25 – Nenhum profissional poderá desempenhar atividades além daquelas que lhe
competem, pelas características de seu currículo escolar, consideradas em cada caso,
apenas, as disciplinas que contribuem para a graduação profissional, salvo outras que
lhe sejam acrescidas em curso de pós-graduação, na mesma modalidade.

Dessa forma, percebemos que apenas a formação de graduação conduzia a


atribuições profissionais, sendo que a continuidade no processo de formação em outra
área da Engenharia não oportunizava novas atribuições àqueles que cursassem, por
exemplo, mestrado ou doutorado em outra área.

Em meados da década de 80, iniciou-se um processo de críticas a essa resolução,


críticas essas que aos poucos aumentaram e que eram motivadas, entre outras coisas,
por ser um texto considerado “engessado”, que não permitia a revisão e estava
“fechado” para novos cursos e novas áreas inexistentes quando quando o texto foi
aprovado em 1973. Os novos cursos, não contemplados na resolução, tais como
Engenharia de Produção e Engenharia Ambiental, apenas para citar dois que
apresentaram um grande crescimento nos últimos 20 anos, obrigavam o CONFEA a
editar novas resoluções específicas, para definir as atividades e atribuições dos seus
egressos.

O desgaste da resolução 218 acentuou-se ainda mais com a aprovação da Lei n o


9.394, de 1996, a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que trouxe alterações
para a educação nacional e de forma particular para a educação em Engenharia, por
conduzir às Diretrizes Curriculares Nacionais, flexibilização curricular, à nova
organização dos currículos, com ênfase no processo de desenvolvimento de
habilidades e competências, entre outras questões.

Por isso, era preciso modernizar o texto que tratava das atividades e atribuições dos
profissionais da área, de forma a contemplar essa nova ordem educacional, em que a
graduação seria agora apenas uma etapa inicial na formação, e o processo de
educação continuada deveria conduzir os profissionais para novas fronteiras e novas
atribuições. Esse processo conduziu à Resolução no 1.010, aprovada em 2005.

A Resolução no 1.010/2005 – A Nova Sistemática de Concessão de Atribuic ̧ões


Profissionais

Aprovada em 2005 pelo Plenário do CONFEA e vigente desde 1 o de julho de 2007, a


Resolução no 1.010/05 é o texto substituto da Resolução no 218, de 1973, na definição
da sistemática de concessão de atribuições profissionais aos engenheiros, de todas as
modalidades, arquitetos e urbanistas, agrônomos, geólogos, geógrafos,
meteorologistas, técnicos e tecnólogos da área.

O texto da Resolução no 1.010/05 define os princípios da nova sistemática de


concessão de atribuições profissionais, entendido como o ato de consignar direitos e
responsabilidades aos profissionais.

O disposto na resolução atinge todos os ingressantes em cursos da área tecnológica a


partir de julho de 2007, mas é opcional para todos aqueles que estão cursando suas
graduações ou cursos técnicos. Além disso, os profissionais já registrados podem
solicitar extensão de atribuições profissionais, pelo novo texto, para cursos de pós-
graduação, desde que cumpram os requisitos estabelecidos na resolução. Assim,

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podemos verificar que as atribuições que você receberá quando concluir o seu curso,
estão regulamentadas por esta resolução.

A Resolução no 1.010 do Confea define que as atribuições profissionais sejam


concedidas inicialmente em função do currículo padrão do curso, ou seja, em função
das disciplinas e atividades obrigatórias cursadas por todos os alunos concluintes. As
disciplinas e atividades optativas cursadas na graduação e também os cursos e
programas de pós-graduação possibilitam ao profissional já registrado a extensão de
suas atribuições profissionais mediante requerimento individual, que será analisado
nas Câmaras Especializadas dos CREAs, mas ainda não é hora de você, prezado
aluno, pensar sobre isso!

A Resolução no 1.010 define ainda que os títulos profissionais devem ser estabelecidos
em acordo com os campos de atuação, e que não há obrigatoriedade de concordância
do título profissional com o título acadêmico, sendo que para a atribuição do título
profissional deve-se observar a tabela de títulos definida na Resolução no 473/2002,
que é atualizada anualmente pelo CONFEA.

Para a modalidade Civil, dentro da concepção e da organização do Sistema


CONFEA/CREAs, em que além da Engenharia Civil estão presentes também, na
Câmara Especializada de Engenharia Civil, a Engenharia de Construção, a Engenharia
Sanitária e a Engenharia Ambiental, os novos campos de atuação definidos no Anexo II
da resolução estabelecem os seguintes setores para a modalidade: Construção Civil,
Sistemas Estruturais, Geotecnia, Transportes, Obras Hidráulicas e Recursos Hídricos,
Saneamento Ambiental, Higiene do Ambiente, Recursos Naturais e Recursos
Energéticos; sendo que foram apresentados ainda, pela Comissão de Especialistas do
Confea para a Matriz de Conhecimentos da área Civil, as áreas de Sistemas, Métodos
e Processos Ambientais em Áreas Urbanas e Rurais, e Engenharia Costeira.

As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia foram


instituídas pela resolução CNE/CES 11, do Conselho Nacional de Educação, de 11 de
março de 2002 e institui os requisitos mínimos a serem observados na organização
curricular das Instituições do Sistema de Educação Superior do País.

Em seu artigo 2o, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação em


Engenharia definem os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da
formação de engenheiros, estabelecidas pela Câmara de Educação Superior do
Conselho Nacional de Educação, para aplicação em âmbito nacional na organização,
desenvolvimento e avaliação dos projetos pedagógicos dos Cursos de Graduação em
Engenharia das Instituições do Sistema de Ensino Superior.

Em seu artigo 3o, o texto diz:

Art. 3o O Curso de Graduação em Engenharia tem como perfil do formando


egresso/profissional o engenheiro, com formação generalista, humanista, crítica e
reflexiva, capacitado a absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua
atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando seus
aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e
humanística, em atendimento às demandas da sociedade.

A formação do engenheiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos

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requeridos para o exercício de competências e habilidades gerais que estão definidas


em seu artigo 4o e veremos em um tópico específico mais à frente.

Além destes tópicos, a resolução CES/CNE 11 dispõe sobre os conteúdos básicos,


específicos e profissionalizantes para os cursos de Engenharia, laboratórios para os
conteúdos do ciclo básico, realização de estágio curricular e trabalho de conclusão de
curso, dentre outras disposições. Caso queira ler a resolução na íntegra, você pode
acessar o site http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES112002.pdf.

Competências e Habilidades.

Conforme o artigo 4o da resolução CES/CNE 11, a formação do engenheiro tem por


objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das
seguintes competências e habilidades gerais:

I - aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais


à engenharia;

II - projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados;

III - conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos;

IV - planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de


engenharia; V - identificar, formular e resolver problemas de engenharia;

VI - desenvolver e/ou utilizar novas fe rramentas e técnicas;

VI - supervisionar a operação e a manutenção de sistemas;

VII - avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas;

VIII - comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica;

IX - atuar em equipes multidisciplinares;

X - compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissionais;

XI - avaliar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e


ambiental; XII - avaliar a viabilidade econômica de projetos de engenharia;

XIII - assumir a postura de permanente busca de atualização profissional.

Dispõe ainda que cada curso de Engenharia deve possuir um projeto pedagógico que
demonstre claramente como o conjunto das atividades previstas garantirá o perfil
desejado de seu egresso e o desenvolvimento das competências e habilidades
esperadas.

Mercado de Trabalho.

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O mercado para o Engenheiro está aquecido em todo o país, e a expectativa é


melhorar ainda mais nos próximos anos. O bom momento atual é reflexo do
crescimento da economia e de projetos do governo federal como o Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa Minha Vida, que aumentou a oferta
de imóveis, o que beneficia o Engenheiro Civil.

Além disso, as perspectivas para os próximos anos é ainda melhor, a demanda pelo
profissional deve aumentar, já que dois grandes eventos serão sediados no país: a
Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016.

O aquecimento do mercado imobiliário nos últimos anos segue influenciando a grande


procura por esse engenheiro e é outro fator que estima o mercado para o Engenheiro.
Escritórios de arquitetura também costumam contratar o profissional para atuar no
planejamento de projetos.

Entre os setores apontados como promissores, estão o de petróleo e gás, que deverão
receber investimentos em obras de grande porte, como gasodutos, refinarias,
plataformas, navios e estaleiros.

Outras áreas com boa perspectiva são energia e saneamento básico.

Você, futuro engenheiro, precisa estar atento às mudanças da profissão. O essencial


para o profissional é manter-se atualizado constantemente, porque esse será o seu
diferencial competitivo no mercado. Então, mãos à obra!

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RESUMO

Neste módulo, abordamos:

 Discutimos a função social do Engenheiro Civil.


 Conhecemos sobre a regulamentação da profissão.
 Identificamos as competências e habilidades do Engenheiro Civil.
 Apresentamos as considerações sobre o mercado de trabalho do Engenheiro
Civil.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAZZO, W. A. Introdução a Engenharia. 2 ª ed. Santa Catarina: Ed. UFSC, 1990.

Lei 5.194/66 do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia).

Resolução 1.010/05 do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e


Agronomia).

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CADERNO DE EXERCÍCIOS DO MÓDULO 3

 6 QUESTÕES OBJETIVAS E 2 DISCURSIVAS

 COM GABARITO

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As áreas de atuação do Engenheiro Civil

MÓDULO 4

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

OBJETIVOS DO MÓDULO

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz de:
- Conhecer a história da Engenharia no Brasil, do descobrimento aos dias atuais;
- Conhecer a história do ensino da Engenharia no Brasil até os dias atuais.

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4. As áreas de atuação do Engenheiro Civil


Estruturas.
Estradas e Transportes.
Geotecnia.
Hidráulica e Saneamento.
Materiais.
Construção Civil.

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RESUMO

Neste módulo, abordamos:

 xxxxxxxxxxxxxxx

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAZZO, W. A. Introdução a Engenharia. 2 ª ed. Santa Catarina: Ed. UFSC, 1990.


BAZZO, W. A. Educação Tecnológica – enfoques para o ensino de engenharia.
Florianópolis: Ed. UFSC, 2000.

BUARQUE, C. A revolução nas prioridades: da modernidade técnica à


modernidade Ética. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1994.

OLIVEIRA, O. J., MELHADO, S. B. Como Administrar Empresas de Projeto de


Arquitetura e Engenharia Civil. São Paulo. Pini, 2006.

CUNHA, J. C. A História das Construções – Volume 1. Belo Horizonte: Autêntica


Editora, 2009.

CUNHA, J. C. A História das Construções – Volume 2. Belo Horizonte: Autêntica


Editora, 2009.

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CADERNO DE EXERCÍCIOS DO MÓDULO 4

 6 QUESTÕES OBJETIVAS E 2 DISCURSIVAS

 COM GABARITO

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Regulamentação da Profissão

MÓDULO 5

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

OBJETIVOS DO MÓDULO

Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste módulo, você seja capaz de:
- Conhecer a história da Engenharia no Brasil, do descobrimento aos dias atuais;
- Conhecer a história do ensino da Engenharia no Brasil até os dias atuais.

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5. Regulamentação da Profissão
CONFEA.
CREA.
Exercício profissional.
Código de ética.
Responsabilidade legal e social.
Código de defesa do consumidor.

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RESUMO

Neste módulo, abordamos:

 xxxxxxxxxxxxxxx

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAZZO, W. A. Introdução a Engenharia. 2 ª ed. Santa Catarina: Ed. UFSC, 1990.


BAZZO, W. A. Educação Tecnológica – enfoques para o ensino de engenharia.
Florianópolis: Ed. UFSC, 2000.

BUARQUE, C. A revolução nas prioridades: da modernidade técnica à


modernidade Ética. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1994.

OLIVEIRA, O. J., MELHADO, S. B. Como Administrar Empresas de Projeto de


Arquitetura e Engenharia Civil. São Paulo. Pini, 2006.

CUNHA, J. C. A História das Construções – Volume 1. Belo Horizonte: Autêntica


Editora, 2009.

CUNHA, J. C. A História das Construções – Volume 2. Belo Horizonte: Autêntica


Editora, 2009.

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CADERNO DE EXERCÍCIOS DO MÓDULO I

 6 QUESTÕES OBJETIVAS E 2 DISCURSIVAS

 COM GABARITO

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