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Todos os meses eu encaro o desafio de produzir minha coluna – que ocupa uma página,
diagramada em 600 palavras ou 4000 caracteres – para a edição impressa da Linux
Magazine brasileira e, ao longo dos anos, percebi que isso me ajudou a encontrar
algumas técnicas para a melhoria dos meus textos do dia-a-dia, como atas, registros de
reunião, apresentações e o ocasional artigo.
Elas são genéricas o bastante, bastando que você escolha quais se encaixam nas suas
demandas. E o mais interessante é que elas também podem ser apresentadas em menos
de 4000 caracteres!
Vamos a elas:
Não se intimide. Colocar suas idéias por escrito pode ser uma tarefa desafiadora, ainda
mais quando se quer fazê-lo de forma sintética. Aceite o desafio, pois um texto curto e
direto tem muito mais chance de ser lido integralmente, e o processo de escrevê-lo pode
ajudar você até mesmo a refinar a sua idéia.
Primeiro sintetize mentalmente. Não saia escrevendo parágrafos a esmo, para depois
se ver obrigado a amputá-los, formando um texto desconjuntado. Pare, delimite, pense
nos tópicos essenciais do seu tema, coloque-os em ordem de importância, corrija
excessos e ausências. Ao fim do processo, você já terá uma boa idéia do que deverá ser
escrito, e em que ordem.
Deixe o título e o começo para depois. Em um texto curto, a primeira frase pode ser a
mais importante, e não necessariamente precisa seguir a regra de apresentar uma síntese.
Existem muitas formas de dar ao leitor uma razão para prosseguir a leitura (o texto que
você está lendo, por exemplo, começou com uma pergunta que apresenta um desafio), e
é mais fácil escolher a certa quando o corpo do texto já está pronto.
Seja direto. Você não precisa guardar o melhor para o final, e nem abusar de enfeites
estilísticos. Bons textos curtos vão direto ao ponto, em palavras simples e vivas, com
uma sequência lógica e cadenciada.
Quebre os parágrafos. Nem sempre é adequado recorrer a listas de itens, como eu fiz
neste texto, mas vale a pena evitar os parágrafos longos. Em um texto organizado e bem
dividido, o leitor tem maior facilidade em captar a importância e o interesse antes
mesmo de começar a ler.
Escreva para o seu leitor. Parece óbvio, mas muita gente escreve sempre como se o
texto fosse ser lido pelos seus professores, pelos seus desafetos ou, ainda pior, pelo
Google. Saiba a quem você está se dirigindo, e use a linguagem adequada, sem jargões,
sem técnicas que privilegiam indexadores em detrimento dos leitores de carne e osso, e
sem exagerar na inclusão de destaques, piadas internas e espertezas verbais.
Não tente esgotar seu tema. Poucos temas podem ser esgotados em 2 páginas. Ao
escrever um texto curto, mantenha o foco nos aspectos essenciais. Se necessário,
referencie fontes onde há maior detalhamento, mas sem tentar reproduzi-las.
Busque o equilíbrio. Após escrever a primeira versão, compare o texto com a lista de
tópicos essenciais que você identificou antes de começar. Verifique se estão todos
presentes, e se você não dedicou espaço demais aos seus preferidos, em vez dos mais
importantes.
Leve o leitor a concluir algo. O leitor pode até discordar de você, mas precisa terminar
a leitura sabendo qual era a sua intenção – mesmo quando o texto terminar em um
questionamento ou convite a reflexão.
Releia, treleia e quadrileia. Em textos curtos, todos os erros ficam mais evidentes.
Revise múltiplas vezes, procure por erros de ortografia e estilo, corrija as idéias
incompletas e os excessos.
Ao final do processo, você terá um texto curto, direto, fácil de ler e de entender.
Acrescente uma boa dose de inspiração, duas pitadas de estilo, e aí é só servir,
acompanhado de duas rodelas de empatia!
– E o texto acima tem exatos 3880 caracteres ;-) –
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