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FACULDADE TERRA NORDESTE

CURSO DE BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ERANDY MOREIRA DA SILVA

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL CANINO DA RAÇA POODLE

CAUCAIA – CE
2023
11

ERANDY MOREIRA DA SILVA

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL CANINO DA RAÇA POODLE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Medicina
Veterinária da Faculdade Terra Nordeste,
como requisito parcial à obtenção do grau de
bacharel em Medicina veterinária.
Orientador: Prof. Dr. Alan Diniz Lima.

CAUCAIA – CE
2023
ERANDY MOREIRA DA SILVA
12

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL CANINO DA RAÇA POODLE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Medicina
Veterinária da Faculdade Terra Nordeste,
como requisito parcial à obtenção do grau de
bacharel em Medicina veterinária.
Orientador: Prof. Dr. Alan Diniz Lima.

Aprovado em:

________________________________________________________
Prof. Dr. Alan Diniz Lima
Faculdade Terra Nordeste - (FATENE)

________________________________________________________
Ms. Diego Oliveira Teixeira
Médico Veterinário

________________________________________________________

Dr. Kenio Patrício Lima de Oliveira


Médico Veterinário

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação


13

Faculdade Terra Nordeste


Sistema de Bibliotecas
14

AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao grande Criador do universo;

A todos que me apoiaram na minha jornada tão árdua que é a formação;

A meu Pai (In memoriam) e minha Mãe (In memoriam), que mesmo sem poder se fazer
presentes, fizeram o possível para eu ter uma educação de qualidade;

A meus filhos, minha namorada, e aos meus colegas;

E por fim, a todos os professores e pessoas que estiveram ao meu lado me apoiando nessa
trajetória;

Gostaria de expressar minha profunda gratidão.


15

RESUMO

O Tumor venéreo transmissível canino também comumente chamado de TVT se


caracteriza por uma patologia neoplásica contagiosa enfermidade contagiosa, que pode ser
encontrada na mucosa genital e não genital dos caninos. O presente trabalho tem por
objetivo relatar um caso de TVT localizado na região genital de um cão fêmea da raça
poodle. O diagnóstico foi possível através da avaliação clínica, exame físico e histórico
relatado pela tutora e confirmação de TVT através do exame citológico. Optou-se pelo
tratamento quimioterápico com sulfato de vincristina associado à ivermectina. Após a
regressão do tutor e melhora do quadro clínico do animal finalizou-se com a realização de
uma Ovariosalpingohisterectomia (OSH), tendo compatibilidade com prognóstico positivo,
visto que houve remissão do tumor e recebeu alta devida com qualidade de vida.

PALAVRAS-CHAVE: Neoplasia contagiosa, Quimioterapia, Canino.


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ABSTRACT

Canine transmissible venereal tumor, also commonly called TVT, is characterized by a


contagious neoplastic disease, which can be found in the genital and non-genital mucosa of
canines. The present work aims to report a case of TVT located in the genital region of a
female poodle dog. The diagnosis was possible through clinical evaluation, physical
examination and history reported by the owner and confirmation of TVT through
cytological examination. We opted for chemotherapy treatment with vincristine sulfate
associated with ivermectin. After the owner's regression and improvement in the animal's
clinical condition, an Ovariosalpingohysterectomy (OSH) was performed, which was
compatible with a positive prognosis, as the tumor remitted and was discharged with
quality of life.

KEYWORDS: Contagious neoplasm, Chemotherapy, Canine.


17

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 19
2 RELATO DE CASO 21
3 DISCUSSÃO 27
4 CONCLUSÃO 30
18

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL CANINO DA RAÇA POODLE

RESUMO

O Tumor venéreo transmissível canino também comumente chamado de TVT se caracteriza por
uma patologia neoplásica contagiosa enfermidade contagiosa, que pode ser encontrada na mucosa
genital e não genital dos caninos. O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de TVT
localizado na região genital de um cão fêmea da raça poodle. O diagnóstico foi possível através da
avaliação clínica, exame físico e histórico relatado pela tutora e confirmação de TVT através do
exame citológico. Optou-se pelo tratamento quimioterápico com sulfato de vincristina associado à
ivermectina. Após a regressão do tutor e melhora do quadro clínico do animal finalizou-se com a
realização de uma Ovariosalpingohisterectomia (OSH), tendo compatibilidade com prognóstico
positivo, visto que houve remissão do tumor e recebeu alta devida com qualidade de vida.

PALAVRAS CHAVE: Neoplasia contagiosa, Quimioterapia, Canino.

CANINE TRANSMISSIBLE VENEREAL TUMOR OF THE POODLE BREED

ABSTRACT

Canine transmissible venereal tumor, also commonly called TVT, is characterized by a contagious
neoplastic disease, which can be found in the genital and non-genital mucosa of canines. The
present work aims to report a case of TVT located in the genital region of a female poodle dog. The
diagnosis was possible through clinical evaluation, physical examination and history reported by
the owner and confirmation of TVT through cytological examination. We opted for chemotherapy
treatment with vincristine sulfate associated with ivermectin. After the owner's regression and
improvement in the animal's clinical condition, an Ovariosalpingohysterectomy (OSH) was
performed, which was compatible with a positive prognosis, as the tumor remitted and was
discharged with quality of life.

KEYWORDS: Contagious neoplasm, Chemotherapy, Canine.


19

1 INTRODUÇÃO

O TVT (Tumor venéreo transmissível) é uma das neoplasias de células redondas de


maior incidência na clínica de caninos, esta patologia acomete todas as células, em maior
grau as regiões genitais, (TOLEDO & MOREIRA, 2018). Por ser um tipo de câncer, o
TVT possui crescimento de células descontrolado, através de mutação genética ou mesmo
através de fatores no ambiente (BELOV, 2012). Há três tipos tumorais originados através
da implantação de células tumorais de formas naturais como o tumor de hamster sírio, o
tumor facial do diabo da tasmânia e o tumor venéreo transmissível canino (TVTC)
(OSTRANDER et al., 2016).
O TVTC trata-se de um tumor contagioso, acometendo em maior grau animais de
rua e sexualmente ativos. O TVT possui três fases sendo a proliferativa, estável e regressão
apesar de nem todos chegarem à terceira (TINUCCI-COSTA & CASTRO, 2016). Pode
ocorrer remissão espontânea deste tumor através do sistema imunitário, humoral e celular,
através de células invasoras, em sua maioria linfócitos do tipo T (OSTRANDER et al.
2016). No entanto, Belov (2012) descreve que a regressão sem terapia é praticamente
inviável de acontecer em casos que o TVT esteja instalado no organismo por período maior
que seis meses. Em animais com a imunidade em risco ou em filhotes o tumor age com
maior potência e gera metástases à distância tendo menos ainda a possibilidade de
regressão espontânea (MARINO et al. 2012).
A distribuição desta patologia é de caráter global e possui como predileção regiões
subtropicais e tropicais de clima temperado (DEN OTTER et al., 2015). Os Estados
Unidos, América Central, América do Sul, África, Oriente Médio, Extremo Oriente e o
Sudeste da Europa é considerado áreas enzoóticas (STRAKOVA & MURCHINSON,
2014).
A transmissão se dar de maneira natural quando a célula mutada se torna o mesmo
agente causador e se instala parasitando o organismo canino (GANGULY et al., 2013)
ocorrendo a implantação de células tumorais através do coito ou contato direto de animais
sadios com animais acometidos, no qual estes animais passam por mutação cromossômica,
pois ao invés de possuírem células normais contendo 78 cromossomas, passam a ter 57 a
59 cromossomas. Apesar de não haver predisposição sexual comentada por alguns autores,
muitos relatam uma incidência maior em cadelas do que em cães machos (DEN OTTER et
al., 2015).
20

Dentre os sinais clínicos de cães acometidos demonstram-se espirros, epistaxe,


secreção na região genital, descarga prepucial, lambedura da região afetada, disúria,
hematúria (TINUCCI-COSTA & CASTRO, 2016). González et al (2000) inclui que os
principais sintomas são nódulos avermelhados e pequenos tumores que se assemelha ao
aspecto de uma couve-flor, além de secreção com sangue saindo pela vagina ou pênis do
animal.
O diagnóstico é realizado pelo histórico do animal, análise dos sinais clínicos e da
citologia e histologia, em alguns casos através da imunohistoquímica quando necessário
(TOLEDO & MOREIRA, 2018). Geralmente se observa nas fêmeas o tumor na região
caudal da vagina ou do vestíbulo (AKKOC et al. 2017) e nos machos na base da glande,
necessitando a retração caudal peniana para a visualização do tumor (VARUGHESE et al.,
2012).
Como forma de tratamento, possuem inúmeros agentes quimioterápicos, pois o
tratamento se baseia na monoquimioterapia com sulfato de vincristina. Existem várias
opções disponíveis. Uma variedade de agentes quimioterápicos antineoplásicos isolados ou
em combinação com outras drogas podem ser empregadas, como a ciclofosfamida,
vimblastina, metotrexato e prednisolona, embora nenhuma tenha demonstrado
superioridade sobre a quimioterapia intravenosa utilizando o sulfato de vincristina como
agente único (LORIMIER e FAN, 2007; DEN OTTER et al. 2015).
O Prognóstico para o TVT geralmente tende a ser favorável e depende totalmente
de boa anamnese e observação da situação do paciente (COSTA & CASTRO, 2016) na
maioria dos casos tende a ser positivo quando há total remissão de tumores e bem-estar do
animal (GANGULY et al., 2013). Porém, em casos de metástases em locais como sistema
nervoso e ocular o prognóstico não se torna favorável. Além disso, este depende de fatores
imunológicos, tipo celular predominante é o tipo de tratamento e a rapidez deste
(AMARAL et al., 2004).
Para análise de prognóstico, a atividade de analisar nucléolos e seus processos
torna-se importante, visto que a proliferação destes está relacionada às neoplasias, sua
quantidade, tamanho e formato estão diretamente ligados ao prognóstico em razão da taxa
de proliferação (GREATTI et al., 2004). Para Santos et al (2001) ha uma pequena
porcentagem de pacientes que resistem ao tratamento e ainda possuem bom prognóstico,
porém leva-se em consideração a existência de tratamentos prévios, regressão tumoral de
modo incompleto em casos de resistência ao quimioterápico.
21

Dessa forma, objetivou-se com essa pesquisa abordar um relato de caso sobre
Tumor venéreo transmissível (TVT) em uma cadela da raça poodle.

2 RELATO DE CASO

Foi atendido no dia 04 de novembro de 2022, no Centro Veterinário Via Animal, no


Município de Quixeré do Estado do Ceará, um canino fêmea, da raça poodle de 7 anos de
idade, pesando 6,2 kg de massa corporal, vacinada, vermífugada e não castrada (Figura
1). Possuía alimentação exclusivamente de ração seca e as vezes era ofertado sachê como
petisco.

Figura 1 - Paciente da raça poodle

A tutora informou que a cadela não havia tido acesso a procedimentos veterinários
por enfermidades, somente por prevenção, não tinha acesso à rua livremente, apenas
acompanhada na guia e que a única gestação que teve foi indesejada através de uma fuga.
Ao chegar à clínica dia 04 de novembro de 2022, a tutora informou que à cerca de 8
meses pós gestação, a cadela apresentou a aparição de alguns carrapatos, letargia (cansaço
com diminuição de energia), perda de peso, falta de apetite, picos de febre, êmese
(vômito), cansaço respiratório e, secreção ocular. Foram então solicitados hemograma e
exame bioquímico, sendo creatinina, ureia, transaminases oxalacética e pirúvica. Após
análise dos exames e da anamnese, foi confirmada hemoparasitose através do hemograma
que detectou anemia, trombocitopenia. Ademais eritrócitos com hipocromia e anisocitose
(Tabela 1).

Tabela 1 – Hemograma comprobatório da hemoparasitose


22

HEMOGRAMA COMPLETO

Data: 04/11/2022

Nome: Sol (canino)

Resultados Valores de Referência

ERITROGRAMA

Eritrócitos: 2,95 /mm3 5.50 – 8.50

Hemoglobina: 7,00 g/dL 12.0 – 18.0

Hematócrito 28,40 % 37-55%

VCM: 80,79 fL 60-77

CHCM: 28,69g/dL 32-36

LEUCOGRAMA

Leucócitos Totais: 25.000 / mm3 6.000 – 17.000

relativo % absoluto/uL

Mielócitos: 0% 0.0 / mm3

Metamielócitos 0 % 0.0 / mm3


:

Bastonetes: 6,0 % 1.800 / mm3

Segmentados: 72 % 21.600 / mm3

Linfócitos: 13% 2.900 / mm3

Monócitos: 2% 1.100 / mm3

Eosinófilos: 4% 1.200 / mm3

Basófilos: 0% 0 / mm3

PLAQUETAS: 22.000 %/uL 175.000 – 500.000

PROTEÍNAS TOTAIS 3,84 g/dL 3,57 – 9,54


PLASMÁTICAS:
23

OBSERVAÇÕES ADICIONAIS:

Ausência de Granulações tóxicas em Neutrófilos, Leucocitose com Neutrofilia,


Plaquetas Morfologicamente Normais e Numericamente diminuídas, Eritrócitos
com Hipocromia e Anisocitose.

BIOQUIMICO

UREIA 32,5 mg/dL 20-56

MATERIAL SORO
UTILIZADO:

MÉTODO: Colorimetro urease

CREATININA 0,73mg/dL 0.5-1.5

MATERIAL SORO
UTILIZADO:

MÉTODO: CINÉTICO

O tratamento no qual o animal foi submetido foi a Doxiciclina (Doxinew) 50mg


sendo ¾ uma vez ao dia por 28 dias, Dexametasona (Dexavet) 0,50 mg com dosagem de
0,5 comprimido, uma vez ao dia por 8 dias, Suplemento vitamínico com probióticos e
probióticos com nome comercial de Promun Dog sendo 1 comprimido por dia durante 30
dias, Omeprazol (Gastroblock) 10 mg, sendo 0,5 comprimido uma vez ao dia, por 20 dias
em jejum e suplemento vitamínico (Metacell Pet) uma vez ao dia por 20 dias.
Após 13 dias, no dia 17 de novembro de 2022, a tutora retornou ao centro veterinário
e alegou que não havia tido melhora significativa do quadro do animal e que havia
observado que quando a cadela sentava, havia sangramento genital. A fim de descartar
sangramento devido a cio, foi realizado exame físico e observado alteração anormal da
vulva (Figura 2).
24

Figura 2 – alteração da vulva e sangramento

No exame clínico o animal apresentava apatia, hiporexia, histórico de carrapatos,


sangramento vulvar, TPC 3, frequência cardíaca 120bpm, frequência respiratória 30 rpm e
temperatura retal de 39,6 C. A suspeita após o exame físico era de tumor venéreo
transmissível (TVT). Foi então solicitado exame histopatológico e confirmou-se a
patologia (Figura 3).

Figura 3 - Citologia de Nódulo


25

Após a constatação de TVT entrou-se imediatamente com o protocolo padrão de


tratamento para a patologia, sendo a quimioterapia com sulfato de vincristina 0,08 ml
associada à ivermectina a 0,2 ml. Sendo uma dose por semana, na qual tiveram um total de
seis aplicações.
Na primeira aplicação o animal apresentou vômito como reação, instituiu-se então, a
medicação metopramida (Nausetrat) a 1 ml, por via subcutânea sendo uma única
aplicação. No decorrer das aplicações de vincristina não houveram mais reações adversas
ao tratamento. No intervalo da segunda para terceira dose, observou-se uma evolução
positiva significativa na melhora do quadro do animal, retornando a se alimentar
normalmente, suspensão de sangramento vulvar e na regressão do TVT. No final das
aplicações o animal apresentou alopecia nos membros e no dorso, devido ao tratamento
(Figura 4).

Figura 4 – Alopecia pós-tratamento.

Após finalizar o tratamento para hemoparasitose e o TVT, o animal foi submetido a


um novo hemograma que constatou a saúde restabelecida (Tabela 2), além de total
regressão do tumor (Figura 5).
26

Figura 5 – Processo de Regressão do tumor.


Tabela 2 – Hemograma pré-cirurgia
HEMOGRAMA COMPLETO
Data: 11/01/2023
Nome: Sol (canino)
Resultados Valores de Referência
ERITROGRAMA
Eritrócitos: 6,45 /mm3 5.50 – 8.50
Hemoglobina: 7,00 g/dL 12.0 – 18.0
Hematócrito 28,40 % 37-55%
VCM: 80,79 fL 60-77
CHCM: 28,69g/dL 32-36

LEUCOGRAMA
Leucócitos Totais: 9.000 / mm3 6.000 – 17.000
relativo % absoluto/uL
Mielócitos: 0% 0.0 / mm3
Metamielócitos 0% 0.0 / mm3
:
Bastonetes: 40 % 1.800 / mm3
Segmentados: 72 % 21.600 / mm3
Linfócitos: 8% 2.900 / mm3
Monócitos: 2% 1.100 / mm3
Eosinófilos: 0% 1.200 / mm3
Basófilos: 0% 0 / mm3

PLAQUETAS: 220.000 %/uL 175.000 – 500.000


PROTEÍNAS TOTAIS 3,84 g/dL 3,57 – 9,54
PLASMÁTICAS:

OBSERVAÇÕES ADICIONAIS:
Ausência de Granulações tóxicas em Neutrófilos, Leucocitose com Neutrofilia,
Plaquetas Morfologicamente Normais e Numericamente diminuídas, Eritrócitos
com Hipocromia e Anisocitose.

BIOQUIMICO

UREIA 32,5 mg/dL 20-56


MATERIAL SORO
UTILIZADO:
MÉTODO: Colorimetro urease

CREATININA 0,63 mg/dL 0.5-1.5


MATERIAL SORO
UTILIZADO:
MÉTODO: CINÉTICO
27

Estando com o quadro estável, após 1 mês e 3 semanas, foi submetida a intervenção
cirúrgica de ovariosalpingohisterectomia total (OSH). No pré-cirúrgico, verificou que o
peso do animal era de 6,4kg estava de jejum desde as 07:00 horas da manhã, sendo
realizado o procedimento às 13:20 horas, durando o procedimento 1 hora envolvendo toda
a conduta. Sendo o protocolo fármaco MPA (metadona) na dose de 0,3mg/kg por via IM
(v= 0,19ml), Dexmedetomidina na dose de 3mcg/kg, pela via IM (0,19ml). Sendo indução
por Propofol na dose de 6mg/kg, pela via IV (V=3,8ml), manutenção Cetamina na dose de
10mg/kg pela via IV (V=0,64ml), Midazolam na dose de 0,5mg/kg pela via IV
(V=0,32ml).
Foi realizada uma incisão próxima à região umbilical, acessado o corno uterino
esquerdo, realizada hemostasia, seguida de sutura transição abaixo do ovário,
posteriormente feita à incisão no mesmo. Certificou-se de que não havia sangramento,
então houve liberação para o outro corno com procedimento semelhante. Já na base, foi
feito uma incisão logo acima da cérvix, sendo feita a transfixação e metalizado para
garantir que não houvesse aderência ao órgão.
Na musculatura foi feita a sutura sutan, seguida de redução de espaço com ponto
simples e continuo. Na pele foi feita sutura Donatti. No pós-cirúrgico foi passado Agemox
tri-hidratada 0,32ml 2 vezes ao dia, 1 predvet 5mg por dia durante 6 dias, 7 gotas de
dipirona 2 vezes ao dia por 8 dias, limpeza da região 2 vezes ao dia, hidratar o local com
óleo ozonizado. Após 8 dias, foi então retirado os pontos e o animal estava curado,
recebendo então alta devida.

3 DISCUSSÃO

Compreende-se por tumor venéreo transmissível (TVT) uma patologia contagiosa que
em condições naturais geralmente acomete apenas cães, sendo transmissível sexualmente em
decorrência da escoriação da mucosa genital através do coito, mordeduras e lambeduras na
região genital (DABUS et al., 2008).

Para Santos et al . (2011) o TVT é comumente encontrado em cães de vida livre e que
estão ou tem acesso às ruas. O animal do presente estudo teve acesso à rua e posteriormente
apresentou os sinais do contágio, evidenciando o que o autor prediz. O TVT possui predileção
por localizações venéreas como pênis e vagina, mas pode ser encontrado em regiões não
genitais (CHITI & AMBER, 1992). Neste relato o tumor só esteve presente na região genital
28

da cadela não se espalhando para outras regiões que Greatti (2004) relata como lesões
múltiplas, em forma de couve-flor, pendular, nodular, papilar e multilobular e massa solitária.

Cães acometidos pelo TVT tendem a apresentar as lesões como um dos sinais iniciais
desta neoplasia, aparecendo na vagina ou vulva das fêmeas e base do pênis dos machos, no
início sendo de tamanho diminuto, porém evoluindo com o tempo e falta de tratamento. A
cadela deste estudo apresentou os sinais clássicos do TVT como descreve Moya (2005)
sendo estes: lambeduras excessivas nas regiões afetadas, genitálias com protrusão, com
tumores hiperêmicos, no entanto não houve a presença de aspecto esboroável e de couve-
flor.
O fato de não ocorrer sinais de caráter de maior gravidade, foi em razão da busca de
modo breve ao veterinário, resultando em não se agravar o quadro da cadela, que como
aborda Afonso et al (2004), em casos de não buscar auxílio médico, podem vir a apresentar
e secreções hemorrágicas, hematúria e disúria em casos com progressão perineal do tumor.
Ademais, o animal em questão corroborou o que o autor descreve como corrimentos
vaginais com odor anormal e secreções sanguinolentas.
A forma mais frequente de diagnóstico é por meio do exame físico, quando é visível
o tumor na genitália do animal, faz-se a observação deste e a coleta para diagnóstico, isso é
o que ocorre com mais frequência, porém o animal pode não apresentar tumores na
genitália externa, sendo necessários então à utilização da citologia e o exame
histopatológico (SILVA, 2018). Neste presente relato, o exame físico aliado ao histórico
foi o principal sugestivo ao TVT, ainda assim, como cita Silva (2018) foi solicitada a
citologia do nódulo, sendo o método de citologia de decalque ou “imprint”.
No entanto, Floréz et al (2014) afirma que raramente se faz o uso do exame
histopatológico o que condiz com o relato, visto que foi solicitado citológico, no qual o
autor afirma que a avalição citológica é mais útil visto que é mais rápida, de custo menor e
põe o animal em menor risco. Para o diagnóstico definitivo no animal objeto de estudo do
presente trabalho, foi realizado apenas o exame citológico.
O tratamento para o TVT de modo geral consiste na quimioterapia, sendo o método
mais indicado, podendo durar de quatro a seis semanas (FERREIRA et al., 2017). No
presente estudo houve compatibilidade com a quantidade de semanas em que Ferreira et al
(2017) aponta, no qual atingiu as 6 semanas de tratamento de uso da quimioterapia.
Este método pode ser utilizado em casos de tumores múltiplos ou metastáticos e
solitários, podendo ser aliada a uma medicação única ou associada. Para Silva et al (2015)
29

a quimioterapia geralmente é eficaz, porém há relatos de recidivas. Porém neste caso não
houve recidiva tendo regressão do tumor. Varughese et al (2012) descreve que sulfato de
vincristina é considerado o agente quimioterápico mais seguro e efetivo no tratamento de
TVT. Inibindo divisão celular e a bloqueando na metáfase.
Como afirma Varughese et al (2012), foi utilizado o sulfato de vincristina e pode se
observar seus benefícios na eficácia do tratamento e rapidez de regressão tumoral. Ainda
de acordo com Tilley (2008) a predileção pela vincristina em relação a outros fármacos foi
devido à baixa toxicidade, ser financeiramente aceitável e ter alta taxa de remissão, pela
paciente não apresentar resistência nem aversão à vincristina obteve-se sucesso no uso.
Porém, como aponta Tilley (2008) o animal teve reações que são advindas do
sulfato de vincristina como vomito e alopecia, não apresentando outros sintomas de reação.
Ainda assim, foi utilizada como coadjuvante a ivermectina no tratamento em razão da
capacidade de inibir a glicoproteína P e assim, reduzir a massa tumoral em menor tempo
(JUAREZ et al., 2018).

Alves (2020) explica que o procedimento cirúrgico de ovariosalpingohisterectomia


(OSH) consiste na retirada dos ovários, dos cornos uterinos e do útero, trazendo inúmeros
benefícios para as fêmeas e melhorando a qualidade de vida.
No presente estudo foi escolhida a OSH em razão da medida profilática de
situações como controle populacional, patologias como piometra, neoplasia mamária e
também para o combate e controle de zoonoses (HOWE, 2006) e também como aponta
Araújo (2019) no qual se evita o contágio do TVT como uma neoplasia do trato
reprodutivo contagioso a outros cães e canídeos e em sua maioria é transmitido por contato
sexual.
Ainda assim, Alves (2020) aponta que a esterilização cirúrgica em consonância
com o bom prognóstico através da OSH em cães pode diminuir a incidência do TVT visto
que esta gera perda da libido sexual, redução de fugas, falta de acasalamento e
consequentemente contágio pela infecção neoplásica, em compatibilidade com o animal do
presente estudo que obteve sucesso na diminuição de fugas e consequentemente de
contágio indevido.
30

4 CONCLUSÃO

Cadelas adultas e sem castração possuem maior incidência de TVT quando possuem
acesso à rua ou a animais errantes, sendo o sulfato de vincristina o protocolo médico
veterinário de maior utilização para o tratamento, tendo ótima eficácia, apesar de que outros
métodos como descritos no trabalho podem ser utilizados como coadjuvantes ao tratamento
padrão sendo estes integrativos.
A conclusão do relato deste trabalho foi de que, quando o TVT é descoberto com
antecedência possui mais chances de recuperação do animal e qualidade de vida. Também que
o tratamento de vincristina ainda é o mais utilizado pelas clínicas veterinárias em razão de sua
eficiência em curto prazo apesar de em alguns animais os efeitos colaterais serem mais
evidentes. Observou-se também que a OSH é um método necessário dentro da remoção do
tumor a fim de não haverem prejuízos futuros ao sistema reprodutor do animal.

REFERÊNCIAS

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ALVES, Brunna Fernanda Arraez; HEBLING, Leticia Maria Graballos Ferraz. Vantagens e
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