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INSTRUMENTISTA

REPARADOR
DESENHO MECÂNICO E
TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS

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DESENHO MECÂNICO E TUBULAÇÕES
INDUSTRIAIS

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MAEOKA, Graciele
FARIA, Rubens Alexandre de (revisão)
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, 2006.

49 p.:56il.

PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.

Av. Almirante Barroso, 81 – 17º andar – Centro


CEP: 20030-003 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

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ÍNDICE
1 Introdução................................................................................................................................7
1.1 Projeção ortogonal .................................................................................................................. 8
2 Perspectiva ............................................................................................................................10
2.1 Construção de modelos ........................................................................................................ 10
2.2 Esboço em perspectiva ......................................................................................................... 10
2.3 Apresentação do desenho técnico ........................................................................................ 11
2.4 A Padronização dos desenhos técnicos ............................................................................... 11
3 Normas da ABNT ..................................................................................................................12
3.1 NBR 10647 – desenho técnico – norma geral ...................................................................... 12
3.2 NBR 10068 – folha de desenho layout e dimensões ............................................................ 12
3.3 NBR-10582 – apresentação da folha para desenho técnico ................................................ 13
3.4 NBR 13142 – desenho técnico – dobramento de cópias...................................................... 14
3.5 NBR 8196 – desenho técnico – emprego de escalas ........................................................... 14
3.6 NBR 8402 – execução de caracteres para escrita em desenhos técnicos........................... 15
3.7 NBR 8403 – aplicação de linhas em desenhos, tipos de linhas e larguras das linhas......... 16
3.8 NBR 12298 – representação de área de corte por meio de hachuras ................................. 17
3.9 NBR10126 – cotagem em desenho técnico.......................................................................... 17
4 Regras para colocação de cotas...........................................................................................18
4.1 Definições básicas ................................................................................................................ 18
4.1.1 Cota ....................................................................................................................................... 18
4.1.2 Linha de cota ......................................................................................................................... 19
4.1.3 Flechas .................................................................................................................................. 20
4.1.4 Linhas de extensão ou auxiliares .......................................................................................... 20
4.2 Cotas necessárias................................................................................................................. 21
4.3 Incorporação de símbolos às cotas ...................................................................................... 21
4.4 Cotagem em série e em paralelo .......................................................................................... 22
4.5 Cotas internas e externas em vistas representadas em corte.............................................. 22
4.6 Cruzamento de linhas de cota............................................................................................... 23
4.6.1 Cruzamento com números .................................................................................................... 23
4.7 Cotagem de inclinação.......................................................................................................... 24
4.8 Cotagem de chanfros ............................................................................................................ 24
5 Sistema de projeções ortogonais ..........................................................................................25
5.1 Plano de vista superior ou horizontal de projeção ................................................................ 26
5.2 Plano de vista frontal ou vertical de projeção ....................................................................... 26
5.3 Plano de vista lateral ou de perfil .......................................................................................... 27
5.4 Plano de vista em corte de projeção..................................................................................... 27
5.5 Traçados da perspectiva isométrica do prisma..................................................................... 28
6 Desenho mecânico................................................................................................................32
6.1 Desenho em corte ................................................................................................................. 32
6.2 Conjunto mecânico................................................................................................................ 36
6.3 Tolerância dimensional ......................................................................................................... 37
6.4 Acabamento .......................................................................................................................... 37
7 Identificação de tubulações, vasos, equipamen-tos e instrumentos.....................................39
7.1 Tipos de desenhos de tubulações......................................................................................... 40
7.1.1 Fluxograma............................................................................................................................ 40
7.1.2 Plantas de tubulações ........................................................................................................... 44
7.1.3 Desenhos isométricos ........................................................................................................... 46
7.1.4 Outros desenhos de tubulação ............................................................................................. 48

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LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 – Imagem rupestre - Idade Antiga...........................................................................................7
Figura 1.2 – Desenho mecânico...............................................................................................................8
Figura 1.3 – Projeções Ortogonais...........................................................................................................8
Figura 1.4 – Projeções Ortogonais, horizontal e vertical..........................................................................9
Figura 2.1 – Representação de um cubo através de perspectivas ........................................................10
Figura 3.1 – Formatos padrão de papel, conforme norma ABNT. .........................................................12
Figura 3.2 – Modelo de Legenda............................................................................................................13
Figura 3.3 – Módulo A4. .........................................................................................................................13
Figura 3.4 – Prancha de Desenho..........................................................................................................14
Figura 3.5– Emprego de Escalas. ..........................................................................................................15
Figura 3.6 – Padrão de Escalas Utilizadas.............................................................................................15
Figura 3.7 – Tabela de Linhas Padrão Utilizadas no Desenho Técnico. ...............................................16
Figura 4.1 – Representação das regras de cotagem. ............................................................................18
Figura 4.2 – Exemplos de Cotas. ...........................................................................................................19
Figura 4.3 – Tipos de linhas de cota. .....................................................................................................19
Figura 4.4 – Tipos de flechas. ................................................................................................................20
Figura 4.5 – Detalhes das linhas de extensão. ......................................................................................20
Figura 4.6 – Detalhes de cotagem. ........................................................................................................21
Figura 4.7 – Símbolos na Cotagem: diâmetro e raio..............................................................................21
Figura 4.8 – Exemplo de cotas em série e paralelo. ..............................................................................22
Figura 4.9 – Exemplo de cotagem externa e interna. ............................................................................22
Figura 4.10 – Cruzamento de linhas de cota..........................................................................................23
Figura 4.11 – Cruzamento com números. ..............................................................................................23
Figura 4.12 – Exemplo de representação de telhado inclinado. ............................................................24
Figura 4.13 – Exemplo de cotagem de chanfros....................................................................................24
Figura 5.1 – Representação dos diedros. ..............................................................................................25
Figura 5.2 – Plano de Vista Superior......................................................................................................26
Figura 5.3 – Plano de Vista Frontal. .......................................................................................................26
Figura 5.4 – Plano de Vista Lateral. .......................................................................................................27
Figura 5.5 – Plano de Vista em Corte. ...................................................................................................27
Figura 5.6 – Traçado de perspectiva isométrica com detalhes paralelos. .............................................29
Figura 5.7 – Traçado da perspectiva isométrica com detalhes oblíquos. ..............................................29
Figura 5.8 – Linhas não paralelas. .........................................................................................................30
Figura 5.9 – Vistas da peça. ...................................................................................................................30
Figura 5.10 – Vistas de uma peça..........................................................................................................31
Figura 5.11 – Exemplo de Desenho. ......................................................................................................31
Figura 6.1 – Desenho em corte. .............................................................................................................32
Figura 6.2 – Vista em corte – sem hachuras..........................................................................................32
Figura 6.3 – Tipos de hachuras. .............................................................................................................33
Figura 6.4 – Exemplo de Desenho Técnico com Hachuras. ..................................................................33
Figura 6.5 – Vista em Corte de Bomba Injetora. ....................................................................................34
Figura 6.6 – Representação de parafusos padrão numa válvula...........................................................34
Figura 6.7 – Representação de porcas em eixo.....................................................................................35
Figura 6.8 – Representação de arruelas. ...............................................................................................35
Figura 6.9 – Ilustração do desenho de rebites .......................................................................................36
Figura 6.10 - Indicação de afastamento em desenho. ...........................................................................37
Figura 7.1 – Exemplo de identificação de bombas em desenho de tubulação......................................39
Figura 7.2 – Tabela de convenção para identificação de válvulas e instrumentos (ISA).......................40
Figura 7.3 - Fluxograma de Processo. ...................................................................................................41
Figura 7.4 - Detalhamento do Fluxograma de Processo........................................................................41
Figura 7.5 – Fluxograma Mecânico ........................................................................................................43
Figura 7.6 - Planta de tubulação.............................................................................................................44

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Figura 7.7 - Planta de tubulação. ...........................................................................................................45
Figura 7.8 – Tubulação em área de processo........................................................................................46
Figura 7.9– Representação de Tubulações ...........................................................................................47
Figura 7.10 – Representação Isométrica. ..............................................................................................48

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APRESENTAÇÃO

Existem algumas dúvidas freqüentes sobre o que é a instrumentação e sua finalidade em um


processo de produção industrial. Afinal, para que serve a instrumentação? Em linhas gerais, a
finalidade dos instrumentos é de medir as variáveis envolvidas e, assim poder controlar a produção.
Em um processo de produção contínua, como por exemplo, a indústria petroquímica, a
instrumentação possibilita a avaliação do desempenho da produção, provendo informações para o
operador de refinaria, para que ele tenha um diagnóstico de desvios e que lhe permitirá atuar, caso o
processo esteja fora do ponto de otimização.
Todo processo precisa ter uma elevada precisão em suas medidas das variáveis-chave.
Obviamente, a calibração e o ajuste dos totalizadores de venda de produtos têm que ser feitas com
maior cuidado, usando-se instrumentos devidamente certificados, se possível com redundância, tendo
os operadores envolvidos que serem altamente treinados para não errar.
O grande problema de uma medição é a sua falta de confiabilidade. As unidades de processo,
os sistemas auxiliares e de transferência e estocagem têm que ter rotina de calibração e aferição dos
instrumentos e esta rotina tem que ser rigorosamente respeitada. Afinal, tudo o que se lê e se mede
produz dados que, isolados, podem nada significar. Mas, quando analisados dentro de um contexto
global operacional, são informações que podem nos levar à decisão correta ou à não otimização.
Concluindo, a função do instrumentista reparador é prestar um serviço que disponibilize
instrumentos confiáveis, para que aqueles que os utilizarão depois, ou seja, técnicos da operação, do
controle da produção, faturamento e engenheiros de acompanhamento, realizem sua missão, levando
ao sucesso o conjunto refinaria. Você, instrumentista, quando executa seu trabalho, torna-se peça
chave na obtenção desse sucesso, porque permite que todos saibam para onde estão levando o
processo produtivo e sobre as conseqüências do que estão fazendo, assim como quais serão os
impactos na segurança, no faturamento e na produtividade da refinaria.
Pense nisso! Você, como parte de uma equipe, é imprescindível para a rentabilidade e a
segurança do seu local de trabalho, mesmo depois de você já ter ido embora!
Você não está mais lá, mas o seu serviço está...

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I-INTRODUÇÃO

1 Introdução
Desde a Antigüidade, o desenho é uma forma importante de comunicação. Para entender
essa importância basta observar a História, que mostra a cultura e costumes de nossos ancestrais
através de desenhos em paredes e rochas.

Figura 1.1 – Imagem rupestre - Idade Antiga.

O desenho técnico, tal como o entendemos hoje, foi desenvolvido graças ao matemático
francês Gaspar Monge (1746-1818). Os métodos de representação gráfica que existiam até aquela
época não possibilitavam transmitir a idéia dos objetos de forma completa, correta e precisa. O
método permite representar com precisão os objetos que têm três dimensões (comprimento, largura e
altura) em superfícies planas, sendo a base do desenho técnico.
De uma maneira geral o desenho técnico é uma forma de representação gráfica, usada, entre
outras finalidades, para ilustrar instrumentos de trabalho como máquinas, peças e ferramentas,
demonstrando a forma, dimensão e posição de objetos de acordo com as diferentes necessidades
requeridas pelas diversas modalidades de projeto.
Utilizando-se de um conjunto constituído por linhas, números, símbolos e indicações escritas
normalizadas internacionalmente, o desenho técnico é definido como linguagem gráfica universal da
engenharia e da arquitetura, e deve transmitir com exatidão todas as características do objeto que
representa. No Brasil, a entidade responsável pelas normas técnicas é a ABNT - Associação Brasileira
de Normas Técnicas.

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Figura 1.2 – Desenho mecânico.

1.1 Projeção ortogonal

Nos desenhos projetivos, a representação de qualquer objeto ou figura será feita por sua
projeção sobre um plano, ou seja, os raios projetantes tangenciam a imagem e atingem o plano de
projeção formando a projeção resultante.
Como os raios projetantes são paralelos e perpendiculares em relação ao plano de projeção,
a representação resultante representa a forma e a verdadeira grandeza do objeto projetado. Este tipo
de projeção é denominado Projeção Ortogonal (do grego ortho = reto + gonal = ângulo).

Figura 1.3 – Projeções Ortogonais.

A visualização da forma espacial de um objeto só será possível a partir da associação das


diversas vistas utilizadas na sua representação, e a associação das projeções ortogonais com os
diferentes sentidos de observação da peça. Tal visualização permitirá o entendimento da imagem
espacial representada.
A partir da figura 1.3, pode-se observar que a projeção é feita sobre o plano respeitando sua
forma e sua grandeza.
Para a visualização completa de um objeto é necessária a projeção ortogonal de mais de uma
vista, por se tratar de formas espaciais. Desta maneira, a terceira dimensão é representada por uma
segunda projeção ortogonal a partir de uma outra vista. A figura 1.4 mostra três sólidos sendo
projetados nos planos vertical e horizontal.

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Figura 1.4 – Projeções Ortogonais, horizontal e vertical.

Desta forma, conhecendo os rebatimentos é possível associar as projeções ortogonais com


os sentidos de observação e entender a forma espacial da peça desenhada. A visualização da forma
espacial dependerá da capacidade individual de cada um para interpretar e associar as projeções
ortogonais aos rebatimentos dados na peça.
Dependendo da complexidade da peça é necessário um estudo parcial das projeções
ortogonais analisando separadamente cada superfície do objeto, e assim a imagem integral da forma
espacial representada nas projeções ortogonais será obtida.

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II-PERSPECTIVA

2 Perspectiva
A visualização de um objeto traz a sensação profundidade e relevo. As partes mais próximas
parecem maiores e as partes mais distantes aparentam ser menores. Por exemplo, a fotografia mostra
um objeto do mesmo modo como ele é visto pelo olho humano, pois transmite a idéia de três
dimensões: comprimento, largura e altura.
O desenho, para transmitir essa mesma idéia, precisa recorrer a um modo especial de
representação gráfica: a perspectiva. Existem diferentes tipos de perspectiva:

Figura 2.1 – Representação de um cubo através de perspectivas


.
Comparando as três formas de representação, observa-se que a perspectiva isométrica é a
que melhor representa o objeto (iso= mesma; métrica= medida), pois mantém as mesmas proporções
de comprimento, largura e altura do objeto representado.

2.1 Construção de modelos

A construção de modelos é um método utilizado para entender as formas espaciais das


superfícies que compõem uma peça, e consiste em construir um modelo em qualquer material macio
e fácil de cortar, como por exemplo, massa de modelar ou uma barra de sabão.
A modelagem pode ser feita de dois modos diferentes: a partir de um bloco onde são feitos
cortes sucessivos ou pela justaposição de diferentes sólidos geométricos.

2.2 Esboço em perspectiva

O esboço em perspectiva são desenhos feitos rapidamente à mão livre e é outro método
utilizado para facilitar a visualização da forma espacial do objeto.
Um dos procedimentos para leitura do desenho através do esboço em perspectiva é
semelhante à modelagem a partir de um bloco com cortes sucessivos. Desenha-se inicialmente a
perspectiva de um paralelepípedo que contenha as dimensões de comprimento, largura e

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profundidade da peça, fazendo a localização nas faces do paralelepípedo dos sentidos de observação
que foram utilizados na obtenção das projeções ortogonais.
Comparando os sentidos de observação marcadas nas faces do paralelepípedo com as
respectivas projeções ortogonais, é esboçado em perspectiva os detalhes definidos em cada vista do
desenho.
Na elaboração de desenhos à mão livre, ainda que a perfeição dos traços seja importante, é
muito mais importante o rigor das proporções e a correta aplicação das normas e convenções de
representação.
O domínio dos músculos do pulso e dos dedos, e a prática com persistência e coerência
desenvolvem a habilidade para esboçar. Existem algumas recomendações que devem ser seguidas
para facilitar a elaboração de desenhos à mão livre:
• Antebraço totalmente apoiado sobre a prancheta;
• Segurar o lápis naturalmente, sem forçar e sem apoiar na prancheta;
• Evitar desenhar próximo às beiradas da prancheta, sem o apoio do antebraço;
• Traços verticais, inclinados ou não, são geralmente desenhados de cima para baixo;
• Traços horizontais são feitos da esquerda para a direita.

2.3 Apresentação do desenho técnico

Na maioria dos casos, os desenhos são elaborados em computadores através de softwares


(CAD, CAM, CAD Design, CAD Map) de Desenhos Técnicos. Os desenhos definitivos são elaborados
de acordo com a normalização envolvida e contêm todas as informações necessárias à execução do
projeto.

2.4 A Padronização dos desenhos técnicos

Conforme comentado anteriormente, o desenho técnico é uma forma de apresentar projetos


de modo que qualquer pessoa ligada a área técnica possa interpretá-lo e executá-lo. Para que isso
seja possível, os desenhistas seguem as normas estabelecidas por entidades regulamentadoras,
como por exemplo:
• ASA = American Standard Association;
• JIM = Japan International Norm;
• DIN = Deutsch Industrie Normen;
• ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas.

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III-NORMAS DA ABNT

3 Normas da ABNT
A execução de desenhos técnicos é inteiramente normalizada pela ABNT. Os procedimentos
para execução de desenhos técnicos aparecem em normas gerais que abordam desde a
denominação e classificação dos desenhos até as formas de representação gráfica, como é o caso da
NBR 5984 – Norma Geral de Desenho Técnico (Antiga NB 8) e da NBR 6402 – Execução de
Desenhos Técnicos de Máquinas e Estruturas Metálicas (Antiga NB 13).

3.1 NBR 10647 – desenho técnico – norma geral

O objetivo desta norma é definir os termos empregados em desenho técnico. A norma define
os tipos de desenho quanto aos seus aspectos geométricos (desenho projetivo e não-projetivo),
quanto ao grau de elaboração (esboço, desenho preliminar e definitivo), quanto ao grau de
pormenorização (desenho de detalhes e conjuntos) e quanto à técnica de execução (à mão livre ou
utilizando computador).

3.2 NBR 10068 – folha de desenho layout e dimensões

Esta norma padroniza as dimensões das folhas utilizadas na execução de desenhos técnicos
e define o layout com suas respectivas margens e legenda. As folhas podem ser utilizadas tanto na
posição vertical como na posição horizontal.
O formato básico de papel designado de A0 (A zero) considera um retângulo de 841 mm (x)
por 1.189 mm (y) correspondente a 1 m² de área. Deste formato derivam-se os demais formatos na
relação y = x* 2 , conforme a figura 3.1 a seguir:

Figura 3.1 – Formatos padrão de papel, conforme norma ABNT.

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Havendo necessidade de utilizar formatos fora dos padrões mostrados na figura 3.1, é
recomendado o uso de folhas com dimensões de comprimentos ou larguras correspondentes a
múltiplos ou a submúltiplos dos citados padrões.
A legenda é um quadro que deve ser apresentado no canto inferior à direita, com a finalidade
de fornecer todas as informações para uma consulta rápida de identificação e interpretação do
desenho (número, origem, título, executor etc.), conforme mostra a figura 3.2.

Figura 3.2 – Modelo de Legenda.

O módulo é a unidade empregada nos desenhos arquitetônicos, mecânicos, topográficos, etc.


e tem a finalidade de definir as denominadas “Pranchas” ou “Folhas” de desenho. É considerado um
módulo o formato “A4” com as dimensões 210 mm (x) por 297 mm (y) que representa o tamanho de
uma folha papel ofício.

Figura 3.3 – Módulo A4.

3.3 NBR-10582 – apresentação da folha para desenho técnico

A NBR-10582 normaliza a distribuição do espaço da folha de desenho, definindo a área para


texto, o espaço para desenho e outras distribuições. Como regra geral deve-se organizar os desenhos
distribuídos na folha de modo a ocupar toda a área e organizar os textos acima da legenda junto à
margem direita, ou à esquerda da legenda logo acima da margem inferior.
Normalmente empregam-se as denominadas “pranchas” ou “folhas” de desenho utilizando-se
de vários módulos “A4”, que permite variar o tamanho da folha de desenho em função do desenho
desejado, contribuindo para diminuir o espaço em branco. Procura-se empregar as medidas na
horizontal (x) em módulos ímpares (185 mm), enquanto que na vertical (y) esta medida pode variar até
o limite do papel de mercado (1200 mm).

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Figura 3.4 – Prancha de Desenho.

3.4 NBR 13142 – desenho técnico – dobramento de cópias

Esta norma fixa a forma de dobramento de todos os formatos de folhas de desenho para
facilitar o arquivamento, de tal maneira que o resultado final é a dimensão da folha do módulo “A4”. Se
a modulação empregada for de número ímpar tem-se uma dobradura perfeita, enquanto que, se for
par haverá uma medida menor que um módulo, resultando em uma dobragem denominada de “falsa”.

3.5 NBR 8196 – desenho técnico – emprego de escalas

Escala é a relação entre as dimensões representadas no desenho e as dimensões reais do


objeto. É importante ressaltar que, sendo o Desenho Técnico uma linguagem gráfica a ordem da
razão nunca pode ser invertida, e a escala do desenho sempre será definida pela relação existente
entre as dimensões lineares de um desenho com as respectivas dimensões reais do objeto
desenhado.

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Figura 3.5 – Emprego de Escalas.

Para facilitar a interpretação da relação existente entre o tamanho do desenho e o tamanho


real do objeto, pelo menos um dos lados da razão sempre terá valor unitário, resultando nas seguintes
possibilidades:
• 1:1 para desenhos em tamanho natural – Escala Natural;
• 1: n > 1 para desenhos reduzidos – Escala de Redução;
• 1: n < 1 para desenhos ampliados – Escala de Ampliação.

Figura 3.6 – Padrão de Escalas Utilizadas.

3.6 NBR 8402 – execução de caracteres para escrita em desenhos


técnicos

Esta norma visa estabelecer os tipos de letras e algarismos empregados para proporcionar a
uniformidade e legibilidade ao trabalho, além de serem de rápida execução e de tamanho adequado
ao desenho, evitando assim prejuízos na clareza e a possibilidade de interpretações erradas.
No desenho de pranchetas a caligrafia normografada (uso de réguas normógrafos, aranha e
canetas a nanquim) é utilizada. Emprega-se também, em certos desenhos, a caligrafia técnica vertical
ou inclinada. No desenho via computador trabalha-se com caligrafias definidas pelos softwares.

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3.7 NBR 8403 – aplicação de linhas em desenhos, tipos de linhas e
larguras das linhas

Esta norma visa estabelecer a espessura das linhas utilizadas nos desenhos técnicos, pois
em todo desenho deve-se empregar uma variância de tipos de linhas e espessuras, permitindo
destacar o que é mais importante na visualização.
A espessura da linha pode variar sendo:
• Grossa;
• Média;
• Fina.

Figura 3.7 – Tabela de Linhas Padrão Utilizadas no Desenho Técnico.

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3.8 NBR 12298 – representação de área de corte por meio de
hachuras

Para se mostrar detalhes de peças, em muitos casos utiliza-se a representação através de


cortes ou seções. Estas superfícies, cortadas ou seccionadas, sempre se apresentarão hachuradas,
seguindo as especificações da NBR-12298.

3.9 NBR10126 – cotagem em desenho técnico

As cotas devem ser distribuídas pelas vistas e dar as dimensões necessárias para viabilizar a
construção do objeto desenhado.
Todas as cotas de um desenho ou de um conjunto de desenhos de uma mesma máquina ou
de um mesmo equipamento devem ter os valores expressos em uma mesma unidade de medida,
sendo que a unidade mais utilizada é o milímetro.
Outras normas empregadas:
• NBR10067 – Princípios Gerais de Representação em Desenho Técnico;
• NBR 8196 – Desenho Técnico – Emprego de Escalas;
• NBR8404 – Indicação do Estado de Superfície em Desenhos Técnicos;
• NBR 6158 – Sistema de Tolerâncias e Ajustes;
• NBR 8993 – Representação Convencional de Partes Roscadas em Desenho Técnico.
Existem normas que regulam a elaboração dos desenhos e têm a finalidade de atender a uma
determinada modalidade de engenharia. Como exemplo, pode-se citar: a NBR 6409, que normaliza a
execução dos desenhos de eletrônica; a NBR 7191, que normaliza a execução de desenhos para
obras de concreto simples ou armado e a NBR 11534, que normaliza a representação de
engrenagens em desenho técnico.

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IV-COLOCAÇÃO DE COTAS

4 Regras para colocação de cotas


Cotagem é a colocação das dimensões de um objeto no desenho de forma padronizada. Em
outras palavras, cotar um objeto é representar suas dimensões no desenho através de uma grandeza
numérica, símbolos e notas.
As regras de cotagem devem seguir as orientações e princípios padronizados pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, conforme NBR 10126 e critério de ”máxima
clareza”, de modo a admitir uma única interpretação das informações do desenho.

Figura 4.1 – Representação das regras de cotagem.

4.1 Definições básicas

4.1.1 Cota

É o valor numérico que representa a dimensão REAL do que é desenhado, escrito acima e no
centro da linha de cota. A unidade da medida, quando idêntica a todas as demais medidas da peça,
não deve ser escrita ao lado da cota.

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Figura 4.2 – Exemplos de Cotas.

No Brasil, por força da ABNT, subentende-se que as cotas são expressas em milímetros.
Caso contrário, a unidade da cota deve ser colocada.

4.1.2 Linha de cota

A linha de cota é uma linha fina, escura, traçada paralelamente a direção do comprimento a
ser cotado, limitada por flechas (no caso de desenho mecânico) ou por traços (no caso de desenho de
arquitetura) indicando os limites da cota. A linha de cota deve ser traçada a uma distância de
aproximadamente 7 mm de outras linhas de cotas ou do contorno do desenho.

Figura 4.3 – Tipos de linhas de cota.

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4.1.3 Flechas

As flechas são setas colocadas nas extremidades da linha de cota indicando seus limites

Figura 4.4 – Tipos de flechas.

4.1.4 Linhas de extensão ou auxiliares

São linhas finas, perpendiculares à linha de cota, que representam um prolongamento do


contorno da peça onde a dimensão tem seus limites.

Figura 4.5 – Detalhes das linhas de extensão.

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4.2 Cotas necessárias

O desenho deve conter apenas as cotas necessárias, espalhadas nas vistas e projeções da
peça de modo a não se concentrarem em uma única vista, sem repetições e na posição que melhor
caracterize a dimensão.

Figura 4.6 – Detalhes de cotagem.

4.3 Incorporação de símbolos às cotas

Podem ser incorporadas às cotas informações sob a forma de símbolos necessários ao


completo entendimento de detalhes da peça, tais como o diâmetro, raio, etc.

Figura 4.7 – Símbolos na Cotagem: diâmetro e raio.

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4.4 Cotagem em série e em paralelo

As cotas que tiverem a mesma direção são dispostas em série e quando admitirem origem
comum, em paralelo.

Figura 4.8 – Exemplo de cotas em série e paralelo.

4.5 Cotas internas e externas em vistas representadas em corte

É aconselhável separar as cotas internas das externas.

Figura 4.9 – Exemplo de cotagem externa e interna.

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4.6 Cruzamento de linhas de cota

Devem ser evitados os cruzamentos e intersecções de linhas de cota com linhas de extensão.
Como regra, as cotas maiores são colocadas por fora das menores, a fim de evitar o cruzamento.

Figura 4.10 – Cruzamento de linhas de cota.

4.6.1 Cruzamento com números

Devem ser evitados os cruzamentos dos números das cotas com qualquer reta.

Figura 4.11 – Cruzamento com números.

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4.7 Cotagem de inclinação

A figura 4.12 a seguir mostra como devem ser cotados os detalhes da inclinação:

Figura 4.12 – Exemplo de representação de telhado inclinado.

4.8 Cotagem de chanfros

Os chanfros [ch] podem ser cotados das seguintes formas:

Figura 4.13 – Exemplo de cotagem de chanfros.

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V-PROJEÇÕES ORTOGONAIS

5 Sistema de projeções ortogonais


O Sistema de Projeções Ortogonais consiste em uma ou mais vistas, separadas e tomadas de
posições diferentes (geralmente em ângulos retos entre si), dadas por perpendiculares do objeto ao
plano de projeção. Cada vista mostra a forma do objeto a partir de um plano de visão.
Considerando os planos vertical e horizontal prolongado além de suas intersecções, o espaço
será dividido em quatro ângulos diedros (que tem duas faces). Os quatros ângulos são numerados no
sentido anti-horário, e denominados 1º, 2º, 3º, e 4º diedros.

Figura 5.1 – Representação dos diedros.

Entretanto, para viabilizar o desenvolvimento industrial e facilitar o exercício da engenharia, foi


necessário normalizar uma linguagem que simplificasse o intercâmbio de informações tecnológicas.
Assim, a partir dos princípios da Geometria Descritiva, as normas de Desenho Técnico fixaram a
utilização das projeções ortogonais somente pelos 1º e 3º diedros, criando pelas normas
internacionais dois sistemas para representação de peças:
• Sistema de projeções ortogonais pelo 1º diedro;
• Sistema de projeções ortogonais pelo 3º diedro.

25
O uso de um ou de outro sistema dependerá das normas adotadas por cada país. No Brasil é
mais utilizado o 1º diedro, porém, nas indústrias oriundas dos EUA, da Inglaterra e do Japão, poderão
aparecer desenhos representados no 3º diedro.

5.1 Plano de vista superior ou horizontal de projeção

Esta projeção produz a “vista superior” do objeto ou a de “cima”. O observador se posiciona


acima do objeto e tem uma visão das dimensões do objeto (largura e comprimento).

Figura 5.2 – Plano de Vista Superior.

5.2 Plano de vista frontal ou vertical de projeção

Produz a “vista de frente” do objeto. O observador se posiciona frontalmente ao objeto e tem a


visão das alturas do objeto. Também é denominada de “fachada” ou “elevação”.

Figura 5.3 – Plano de Vista Frontal.

26
5.3 Plano de vista lateral ou de perfil

Nesta projeção tem-se a “vista lateral” do objeto. O observador se posiciona ao lado do objeto
(à direita ou à esquerda) e tem também a visão das alturas.

Figura 5.4 – Plano de Vista Lateral.

5.4 Plano de vista em corte de projeção

Esta projeção produz a “vista vertical” cortando o objeto. O observador se posiciona


internamente e tem uma visão frontal do detalhamento interno (construções), podendo este estar em
qualquer lugar de visão, tanto no comprimento quanto na largura, normalmente sempre onde há o
maior detalhamento de informações.

Figura 5.5 – Plano de Vista em Corte.

27
5.5 Traçados da perspectiva isométrica do prisma

O prisma é usado como base para o traçado da perspectiva isométrica de qualquer modelo.
Os passos básicos para esboço de um prisma encontram-se na tabela 5.1 a seguir:

Tabela 5.1 – Passo básicos para esboço de um prisma

Passo 1 - Traçar os eixos isométricos;

Passo 2 - Marcar nesses eixos as medidas de


comprimento, largura e altura do prisma;

Passo 3 - Traçar a fase de frente do prisma,


tomando-se como referências as medidas do
comprimento e da altura, marcadas nos eixos
isométricos;

Passo 4 - Traçar a face de cima do prisma


tomado como referência as medidas do
comprimento e largura, marcadas nos eixos
isométricos;

Passo 5 - Traçar a face do lado do prisma


tomando como referência as medidas da largura
e da altura marcadas nos eixos isométricos;

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Passo 6 - Finalizar o traçado da perspectiva
isométrica e apagar as linhas de construção e
reforçado o contorno do modelo.

Figura 5.6 – Traçado de perspectiva isométrica com detalhes paralelos.

Figura 5.7 – Traçado da perspectiva isométrica com detalhes oblíquos.

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As linhas que não são paralelas aos eixos isométricos são chamadas linhas não-
isométricas.

Figura 5.8 – Linhas não paralelas.

Dispondo as vistas alinhadas entre si, tem-se as projeções da peça formadas pela vista
frontal, vista superior e vista lateral esquerda.
Normalmente a vista frontal é a vista principal da peça. As distâncias entre as vistas devem
ser iguais e proporcionais ao tamanho do desenho.

Figura 5.9 – Vistas da peça.

30
Exemplo de desenho:

Figura 5.10 – Vistas de uma peça.

Figura 5.11 – Exemplo de Desenho.

31
VI-DESENHO MECÂNICO

6 Desenho mecânico
O desenho mecânico é a representação gráfica voltada ao projeto de máquinas, motores e
peças mecânicas.
Para que a interpretação e construção da peça sejam possíveis, são aplicadas algumas
técnicas de desenho e noções de visualização que serão comentadas a seguir.

6.1 Desenho em corte

Como o próprio nome diz, corte significa divisão, separação, ou seja, esse tipo de desenho
permite detalhar as partes internas da peça.

Figura 6.1 – Desenho em corte.

O local onde deverá ser passado o corte na peça, dependerá do tipo de detalhe a ser
mostrado, como exemplifica a figura 6.2 a seguir:

Figura 6.2 – Vista em corte – sem hachuras.

No desenho em corte, as superfícies são preenchidas por linhas estreitas (hachuras) que
além de designar a região de corte indicam o tipo de material da peça, conforme mostra a figura 6.3.

32
Figura 6.3 – Tipos de hachuras.

Exemplo de desenho técnico com hachuras:

Figura 6.4 – Exemplo de Desenho Técnico com Hachuras.

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Parafusos
Nos desenhos em corte, os parafusos não são cortados, mesmo quando o corte passa por
eles. A figura 6.5 a seguir mostra uma bomba injetora, onde 1, 2 e 3 são indicações de parafusos em
corte.

Figura 6.5 – Vista em Corte de Bomba Injetora.

Quantas representações de parafuso padrão você consegue identificar nesta válvula?

Figura 6.6 – Representação de parafusos padrão numa válvula.

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Porcas
Assim como os parafusos, as porcas não são cortadas quando representadas em ilustrações
de cortes de componentes mecânicos.

Figura 6.7 – Representação de porcas em eixo.

Arruelas

Figura 6.8 – Representação de arruelas.

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Rebites
Os rebites são elementos para fixação permanentes entre duas ou mais peças. A figura 6.9
ilustra os rebites que fixam as lonas de freio à cinta.

Figura 6.9 – Ilustração do desenho de rebites

6.2 Conjunto mecânico

O conjunto mecânico é a reunião de peças justapostas com a finalidade de executar uma


função. Desta forma, o desenho de um conjunto ou subconjunto mecânico tem como principal função
mostrar como os componentes e peças estão distribuídas neste conjunto, seja para montagem,
manutenção ou documentação, sendo normalizado pela NBR-10582/88.
A descrição técnica para a produção de uma máquina ou estrutura é dada por um conjunto de
desenhos, no qual estão especificadas todas as informações necessárias à execução dessa máquina
ou estrutura.
De modo geral, a descrição fornecida pelo conjunto de desenhos deve incluir:
• A representação gráfica completa da forma de cada peça;
• As dimensões de cada peça;
• Notas explicativas gerais e específicas sobre cada desenho, fornecendo as
especificações de material, tratamento térmico, tipo de acabamento, entre outros
detalhes;
• Legenda descritiva em cada desenho;
• Descrição das relações de cada parte ou peça com as demais (montagem);
• Relação ou lista de materiais.

36
6.3 Tolerância dimensional

Quando uma peça é fabricada espera-se que esta atenda as dimensões de projeto, ou seja,
as suas dimensões nominais. Porém, ao fabricar-se uma peça ocorrem variações ou desvios das
cotas devido a diversos fatores, como por exemplo, falha de operador, imperfeições de instrumentos e
máquinas, entre outros. Estes desvios devem estar dentro de um limite permitido para que não
prejudique a qualidade e a funcionalidade do conjunto mecânico. Este limite ou desvio aceitável
recebe o nome de tolerância dimensional.
Os desvios dentro dos quais as peças mantêm a sua funcionalidade são chamados de
afastamentos, e são indicados conforme a figura 6.10 abaixo.

Figura 6.10 - Indicação de afastamento em desenho.

A dimensão final da peça é denominada de dimensão efetiva ou real e deve estar dentro dos
limites de dimensão máxima e mínima do projeto. A tolerância é a variação entre a dimensão máxima
e mínima da peça. Desta forma, a tolerância da figura 6.10 será de 0,13 mm.
Quando as peças possuem eixos, ou seja, uma parte da peça será alojada dentro de outra,
exige-se um acoplamento entre as partes. Para que este acoplamento seja possível, são realizados
alguns tipos de ajustes, como por exemplo:
• Ajuste com folga: quando o eixo se encaixa no furo de modo a deslizar ou girar
livremente;
• Ajuste com interferência: o eixo se encaixa no furo com certo esforço, tornando-se
fixo;
• Ajuste incerto: neste caso, o eixo pode se encaixar no furo com folga ou com
interferência dependendo das dimensões específicas.

6.4 Acabamento

O acabamento dado à peça irá corresponder ao grau de rugosidade da superfície dela.


Classifica-se em:
• Superfície em bruto: as rebarbas e saliências são eliminadas, porém o material não
passa pelo processo de usinagem;

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• Superfície desbastada: os sulcos deixados pela ferramenta são visíveis;
• Superfície alisada: os sulcos deixados pela ferramenta são pouco visíveis e a
rugosidade é pouco percebida;
• Superfície polida: os sulcos são imperceptíveis e a rugosidade é detectada somente
por meio de equipamentos específicos.
A norma NBR-8404 traz as convenções dos símbolos utilizados para determinar o
acabamento das superfícies.

38
VII-IDENTIFICAÇÃO

7 Identificação de tubulações, vasos, equipamentos


e instrumentos
Em todas as instalações industriais deve existir um sistema de identificação para as
tubulações, vasos, equipamentos e instrumentos. A identificação é utilizada desde a fase de projeto
até a execução, operação e manutenção.
A identificação da tubulação é feita com séries numéricas diferentes para cada classe de
fluido e área. Já a identificação dos vasos e equipamentos normalmente é feita adotando-se para
cada área uma série numérica diferente, precedida de letras indicativas, sendo que a padronização é
feita segundo normas internas da empresa.
Exemplo de identificação de tubulações:
9” diâmetro nominal
V classe de fluido (vapor)
9” V 328 Ac
328 número de ordem da linha
Ac especificação do material do tubo

Exemplo de identificação de vasos e equipamentos:

Figura 7.1 – Exemplo de identificação de bombas em desenho de tubulação

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A norma ISA (Instrumentation Society of América) estabelece os critérios de identificação de
válvulas de controle e instrumentos de acordo com a tabela mostrada na figura 7.2 a seguir.

Figura 7.2 – Tabela de convenção para identificação de válvulas e instrumentos (ISA).

7.1 Tipos de desenhos de tubulações

7.1.1 Fluxograma

Os fluxogramas são desenhos esquemáticos, sem escala, que tem por finalidade mostrar o
funcionamento de um sistema. Dividem-se em:

7.1.1.1 Fluxograma de processo

Os fluxogramas de processo devem apresentar:

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• Todos os equipamentos secundários que fizerem parte do projeto, tais como vasos,
torres, reatores, tanques, entre outros, com a indicação de suas características
básicas;
• Todos os equipamentos importantes tais como bombas, compressores,
permutadores, entre outros, com seus dados principais (vazão, temperatura, pressão);
• As principais tubulações com indicações de fluido conduzido e sentido de fluxo.
O fluxograma de processo é elaborado na fase inicial do projeto. As figuras 7.3 e 7.4 a seguir
mostram um exemplo:

Figura 7.3 - Fluxograma de Processo.

Figura 7.4 - Detalhamento do Fluxograma de Processo

41
7.1.1.2 Fluxograma mecânico ou de detalhamento

Os fluxogramas mecânicos constituem a base para o desenvolvimento de todo o projeto de


tubulação. Devem conter:
• Todos os equipamentos, inclusive os de reserva;
• Todas as tubulações (principais, secundárias e auxiliares) com indicação de
diâmetros, sentido de fluxo, caimentos e exigências de serviço;
• Todas as válvulas com indicação do tipo, tamanho, e outros detalhes de projeto;
• Todos os instrumentos com indicação do tipo, tamanho, linhas de comando e
ligações.

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Figura 7.5 – Fluxograma Mecânico

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7.1.2 Plantas de tubulações

Assim como o desenho mecânico, as plantas de tubulações são desenhadas em escala e


mostram o arranjo físico dos equipamentos com todas as tubulações, indicando elevações, distâncias
entre tubos paralelos e todas as cotas e mudanças de direções.
Além disso, as plantas devem conter:
• Limites de áreas, limites do desenho, linhas de centro as ruas;
• Todas as construções existentes na área (diques, taludes, valas de drenagem, bases
de equipamentos e estruturas);
• Todos os suportes de tubulação;
• Todos os vasos, equipamentos e máquinas ligados as tubulações;
• Plataformas, passarelas e escadas de acesso;
• Instrumentos com identificação convencional e posição aproximada.

Figura 7.6 - Planta de tubulação

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Figura 7.7 - Planta de tubulação.

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As tubulações fora da área de processo são normalmente longas, os desenhos são feitos em
escala reduzida. Em locais de derivação, curva de expansão ou válvulas são utilizadas escalas
maiores.

Figura 7.8 – Tubulação em área de processo.

7.1.3 Desenhos isométricos

São desenhos do grupo de tubulações feito em perspectiva e sem utilizar escala. Além do
desenho padrão, os isométricos devem conter:
• Lista de todo o material necessário para construção da tubulação;
• Identificação das tubulações que estão representadas na folha;
• Temperatura e pressão de projeto;
• Pressão de teste hidrostático;
• Tipo de isolamento e de aquecimento.

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Figura 7.9 – Representação de Tubulações

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Figura 7.10 – Representação Isométrica.

7.1.4 Outros desenhos de tubulação

Desenhos de detalhes típicos:


• Instalação de válvulas;
• Instalação de purgadores de vapor;
• Drenos e respiros;
• Curva de gomos;
• Derivações de tubos soldados;
• Sistema de aquecimento de tubulações;
• Instalação de isolamento térmico.
Além do Desenho de detalhes típicos, tem-se ainda: desenho de fabricação, instalações
subterrâneas, suportes e de locação de suportes.

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BIBLIOGRAFIA

http://www.ufrgs.br/destec/ - acessada em novembro/2007.

FERREIRA, Joel; SILVA, R. Maria. Desenho Técnico – Telecurso


2000/Rede Globo. 2000.

POLETI, E. Roberto - Apostila de Desenho Técnico. Unicamp. 2000.

PIRES, L. Ananias; SILVA, R. Maria - Leitura e Interpretação de


Desenho Técnico Mecânico– SENAI. 1999.

CUNHA, L. Veiga. Desenho técnico. 13. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian

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