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Ref: CLT00816/2018
SA: SA-3265/2018
Relatório contendo atualização do diagnóstico da situação atual do Centro Antigo de Salvador com
identificação das atuais características e problemas, contemplando o levantamento de dados (uso e
ocupação do solo; fatores socioeconômicos; geração e atração de viagens; infraestrutura de transporte
e circulação; transporte coletivo de passageiros, transporte de mercadorias; aspectos institucionais e de
gestão, planos e projetos implementados).
Versão final
2 DELIMITAÇÃO DO ESCOPO......................................................................................... 2
Escolaridade ....................................................................................................... 10
Índice de Figuras
Figura 2-1 - Delimitação do Escopo .......................................................................................... 2
Figura 3-1 - População no CAS ................................................................................................. 3
Figura 3-2 - Habitações precárias no CAS ................................................................................ 4
Figura 3-3 - Estado de vacância no CAS ................................................................................... 5
Figura 3-4 - Índice de verticalização do CAS ............................................................................ 6
Figura 3-5- Densidade demográfica no CAS ............................................................................. 6
Figura 3-6 - Equipamentos de saúde e educação no CAS ......................................................... 7
Figura 3-7 - Renda média domiciliar no CAS ........................................................................... 8
Figura 3-8 - Empregos no CAS e em Salvador........................................................................ 10
Figura 3-9 - Escolaridade no CAS e em Salvador ................................................................... 11
Figura 3-10 - Total de matrículas na educação básica segundo a rede de ensino .................... 12
Figura 3-11 - Pirâmide etária do CAS e de Salvador............................................................... 13
Figura 3-12 - Hierarquização Viária do CAS .......................................................................... 14
Figura 3-13 - Nível de Serviço das vias da AUC de Salvador................................................. 15
Figura 3-14 - Via estreita no Centro Histórico de Salvador .................................................... 16
Figura 3-15 - Estacionamentos em locais impróprios no CAS ................................................ 17
Figura 3-16 - Zonas de estudos de estacionamentos do PlanMob ........................................... 18
Figura 3-17 - Infraestrutura de transporte do CAS .................................................................. 21
Figura 3-18 - Movimentação nas estações do metrô de Salvador em 05/05/2017 .................. 22
Figura 3-19 - Linhas de ônibus de Salvador que interagem com o CAS ................................. 24
Figura 3-20 - Cobertura em raio de 200m dos pontos de ônibus do CAS ............................... 25
Figura 3-21 - Linhas de ônibus de Salvador que interagem com o CAS ................................. 26
Figura 3-22 - Carregamentos no transporte coletivo nos principais corredores de Salvador .. 27
Figura 3-23 - Interação dos ascensores com outros modais de transporte ............................... 29
Figura 3-24 - Nível de adequação das calçadas de Salvador ................................................... 30
Figura 3-25 - Rampas de acessibilidade com degrau ou declividade excessiva ...................... 31
Figura 3-26 - Ausências de rampas de acessibilidade no CAS ................................................ 31
Figura 3-27 - Vias com calçadas de largura insuficiente ou inexistentes ................................ 32
Figura 3-28 - Comércio informal nas calçadas do CAS .......................................................... 32
Figura 3-29 - Faixa de pedestres desencontrada da rampa de acessibilidade e semáforo de
pedestres ................................................................................................................................... 32
Figura 3-30 - Deposição de lixo sobre a calçada ..................................................................... 33
Figura 3-31 - interrupção do passeio por veículos estacionados ............................................. 33
Figura 3-32 - Tipologia das ruas .............................................................................................. 35
Figura 3-33 - Avaliação das Calçadas da região do Centro (Material do piso/Condição do
piso/Largura/Dimensão da quadra) .......................................................................................... 36
Figura 3-34 – Mancha de Continuidade Urbana - Escala ........................................................ 39
Figura 3-35 – Mancha de Continuidade Urbana e Caminhos mais Extensos/ Utilizados- Escala
Pedestre .................................................................................................................................... 39
Figura 3-36 - Infraestrutura para transporte cicloviário ........................................................... 40
Figura 3-37 - Estação de "Bike Itaú" (Praça da Sé) e paraciclo (Praça do Campo Grande).... 41
Figura 3-38 - Ciclofaixas existentes ........................................................................................ 41
Figura 3-39 - Ciclofaixas de lazer apagadas ............................................................................ 42
Figura 3-40 - Terminal São Joaquim ....................................................................................... 43
Figura 3-41 - Terminal de barcas ............................................................................................. 44
Figura 3-42 - Planta Geral do Porto de Salvador ..................................................................... 45
Figura 3-43 - Evolução da oferta e demanda na linha São Joaquim - Bom Despacho ............ 46
Figura 3-44 - Evolução da oferta e demanda da linha Salvador - Mar Grande ....................... 46
Figura 4-1 - Atração de viagens no CAS ................................................................................. 51
Figura 4-2 - Produção de viagens no CAS............................................................................... 52
Figura 4-3 - Distribuição de viagens com destino à Piedade ................................................... 53
Figura 4-4 - Viagens produzidas em Macaúbas ....................................................................... 54
Figura 4-5 - Fluxos diários de Transporte Coletivo no CAS ................................................... 55
Figura 4-6 - Fluxos diários de Transporte Individual no CAS ................................................ 57
Figura 4-7 - Deslocamentos diários internos ao CAS .............................................................. 58
Figura 4-8 - Fluxos diários de Transporte Ativo no CAS ........................................................ 59
Figura 4-9 – Propostas do Masterplan no CAS ....................................................................... 63
Figura 4-10 - Etapas de reabilitação viária .............................................................................. 64
Figura 4-11 - Malha cicloviária proposta pelo projeto Cidade Bicicleta ................................. 65
Figura 4-12 - Circuito turístico do CAS - Projeto Salvador Vai de Bike ................................ 66
Figura 4-13 - Transporte vertical previsto no CAS ................................................................. 67
Figura 4-14 – Área de Intervenção do Projeto da Praça Cayru ............................................... 70
Figura 4-15 - Poligonal da área de intervenção – Nova Miguel Calmon ................................ 71
Figura 4-16 - Sistema viário do CAS atual e futuro segundo o PDDU ................................... 73
Figura 4-17 - Viário com calçadas a serem requalificadas ...................................................... 74
Figura 4-18 - Transporte vertical proposto no CAS ................................................................ 75
Figura 4-19 - Faseamento de propostas cicloviárias – PlanMob (2017) ................................. 76
Figura 4-20 - Rede 2032 de transporte sobre trilhos de Salvador............................................ 77
Figura 4-21 - Linhas de BRT propostas ................................................................................... 78
Figura 4-22 - Linha de BRT Lapa – LIP.................................................................................. 79
Figura 4-23 - Linha de BRT Lobato-Paripe-Pituaçu-Corsário-Calçada-Lobato (Circular)..... 79
Figura 4-24 - Linha de BRT/BRS Metrô Aeroporto-Praça da Sé ............................................ 80
Figura 4-25 - Intervenções viárias propostas ........................................................................... 82
Figura 4-26 – Traçado da Ponte Salvador-Itaparica – chegada em Salvador .......................... 83
Figura 4-27 – Vista do traçado de chegada da Ponte em Salvador .......................................... 83
Figura 4-28 - Habitação Social no Centro Antigo de Salvador ............................................... 85
Figura 4-29 – Ações do Projeto Urbanístico do Comércio ...................................................... 86
Figura 4-30 - Frequências de ônibus no CAS .......................................................................... 87
Figura 4-31 - Frequências de conexão entre pontos estratégicos ............................................ 88
Figura 4-32 - Frequências de conexão por ônibus das linhas que atravessam o CAS ............. 89
Figura 4-33 – Frequências de conexão por ônibus das linhas que promovem maior
conectividade no CAS.............................................................................................................. 89
Figura 4-34 - Traçado Preliminar VLT no trecho entre Comércio e Lapa .............................. 90
Figura 4-35 – Comércio a Lapa – Perfil Longitudinal ............................................................. 91
Figura 4-36 – Traçado do bonde na Cidade Alta e outras propostas para o CAS ................... 92
Figura 4-37 – Exemplo de área com desvalorização ao deslocamento do pedestre ................ 93
Figura 4-38 - Estacionamentos em lotes existentes no CAS (Não abrange vagas nas vias e
estacionamentos privados) ....................................................................................................... 94
Figura 4-39 – Exemplos de pontos de melhoria de acesso aos estacionamentos da Fonte Nova
.................................................................................................................................................. 95
Figura 4-40 - Potenciais locais de estacionamento integrado para que usuários não se dirijam
até o centro de automóvel ........................................................................................................ 95
Figura 4-41 – Rotas não acessíveis e com interferência de veículos – Terminal Barroquinha96
Figura 4-42 – Via com boa acessibilidade ao Terminal Barroquinha – Ladeira da Barroquinha
.................................................................................................................................................. 96
Figura 4-43 - Vista de inserção do Projeto da Passarela Via Histórica ................................... 97
Figura 4-44 – Acesso dificultado por barreiras na calçada da parte superior do Plano Inclinado
Pilar .......................................................................................................................................... 98
Figura 4-45 – Trecho da Conexão entre a parte inferior do Plano Inclinado e a Estação da
Calçada que pode ser qualificada para privilegiar pedestre ..................................................... 98
Figura 4-46 – Boa acessibilidade e mobiliário urbano da parte superior do Plano Inclinado
Gonçalves ................................................................................................................................. 99
Figura 4-47 – Proposta de ligação Comércio-Campo da Pólvora.......................................... 100
Figura 4-48 – Mapa de ciclovias propostas Planmob com indicação de possíveis ligações
complementares (em roxo) .................................................................................................... 101
Figura 4-49 - Sistema de transporte coletivo com capacidade para transporte de bicicletas . 102
Figura 4-50 - Rotas comuns aos ciclistas do CAS ................................................................. 103
Índice de Tabelas
Tabela 3.1 - Número de vagas de estacionamento nas regiões de estudo................................ 18
Tabela 3.2 - Preços de estacionamento na região do comércio ............................................... 19
Tabela 3.3 - Ascensores de Salvador ....................................................................................... 28
Tabela 3.4 - Nível de adequação das calçadas de Salvador ..................................................... 30
Tabela 3.5 - Notas das calçadas da região do Comércio.......................................................... 37
Tabela 4.1 - Extensões previstas para as linhas de trem/metrô................................................ 76
Tabela 4.2 - Linha proposta para o terminal Aquidabã ........................................................... 81
Tabela 4.3 - Linhas propostas para o terminal Barroquinha .................................................... 81
Tabela 4.4 - Linhas propostas para o terminal Lapa ................................................................ 81
APRESENTAÇÃO
1
1 OBJETIVO
2 DELIMITAÇÃO DO ESCOPO
O escopo do trabalho é delimitado, segundo contrato, por cinco produtos e doze atividades
principais para os quais a metodologia foi estruturada. Na próxima figura é possível observar
os produtos definidos no âmbito do contrato, assim como o posicionamento das consultas
públicas solicitadas durante a reunião de início dos trabalhos. Nestas consultas, a sociedade
civil e seus representantes poderão colaborar através da exposição de seus desejos, anseios e
críticas relacionadas ao tema central da contratação. A mobilidade Urbana no Centro Antigo
de Salvador.
2
3 CARACTERIZAÇÃO DO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR - CAS
3
para moradia, como para empreender projetos das mais variadas magnitudes. Portanto,
vislumbra-se a oportunidade da mobilidade urbana atuar, neste caso específico, com um dos
principais agentes indutores de desenvolvimento urbano, resguardando obviamente sua
intrínseca relação com as políticas de uso e ocupação do solo atualmente em discussão na
região.
Ao mesmo tempo em que o crescimento econômico brasileiro vivenciado pós ano 2000 pode
ter sido responsável por um aumento na renda média da população e por consequência a busca
por regiões mais valorizadas, associada à exploração do mercado imobiliário que incentivaram
o êxodo da região central, o Plano de Reabilitação Participativo do Centro Antigo de Salvador
aponta severos problemas relacionados ao desgaste da infraestrutura urbana no CHS, limitando
a moradia local a condições precárias, em ocupações informais nas encostas, vilas, cortiços e
ocupações de movimentos sem teto.
Segundo o estudo, Ocupação Urbana e Ambiente Construído (2009), dentre os 16,6 mil
registros do levantamento de uso e ocupação do solo na região do CAS, aproximadamente
11 mil correspondem a habitação. Entretanto, 28% das edificações se encontravam em situação
precária e 58% necessitam, pelo menos, de uma intervenção física para melhora de suas
condições de habitabilidade. A evasão dos moradores da região central, desta forma, pode ser
também justificada pelas condições de conservação das edificações, contribuindo para o
aumento na vacância dos imóveis.
4
Figura 3-3 - Estado de vacância no CAS
Fonte: Escritório de Referência do Centro Antigo. Consultoria UNESCO/SECULT, Ocupação
Urbana e Ambiente Construído, coord. Ângela Gordilho Souza, set. 2009.
Tomando-se o CAS como um todo, as funções das edificações foram descritas pelo parecer da
professora Ângela Souza:
“A preponderância do uso habitacional (65%), seguido pelo comércio e
serviços (22%), além do uso institucional (6%). Esse levantamento
também indica que, no âmbito do CAS, as áreas de maior incidência de
uso de comércio e serviços estão localizadas no bairro Centro,
prolongando-se até o Centro Histórico, Santo Antônio e Comércio.
Nesse bairro, o uso institucional é marcante, com destaque para a área
do Porto, com uma grande área aberta destinada aos contêineres, bem
como para a grande gleba do Distrito Naval. É também relevante
observar-se a instalação recente de instituições privadas de ensino
superior no bairro do Comércio (Dom Pedro II, São Salvador,
Faculdade da Cidade), que muito dinamizam o uso dessa área, inclusive
à noite. Na poligonal do CHS, a incidência de comércio e serviços é
preponderante, seguido pelo uso institucional, ruínas e imóveis fechados,
sendo menor a presença de uso habitacional, que apenas aparece com
maior destaque no bairro de Santo Antônio, sobretudo no Carmo”
(BAHIA; UNESCO, 2010).
Figura 3-4 - Índice de verticalização do CAS Figura 3-5- Densidade demográfica no CAS
Fonte: GPO/Sistran, adaptado de (IBGE/2010) Fonte: GPO/Sistran, adaptado de (IBGE/2010)
No que diz respeito às centralidades comerciais, estas encontram-se distribuídas por todo o
CAS, com destaque para as concentrações na Rua Chile, Avenida Sete de Setembro, Rua Carlos
Gomes, Avenida Joana Angélica e o bairro do Comércio, este último ainda contando com boa
parte dos serviços financeiros, serviços públicos, principalmente federais e municipais,
atividades portuárias, serviços automotivos, além de escritório de serviços autônomos e
restaurantes.1
O uso institucional, que também possui sua relevância no interior do CAS, é composto
majoritariamente por instituições do serviço público e militar, somando 294 registros, e ainda
forte presença de instituições religiosas na região, com 94 registros. Destaca-se ainda a
1
SEI-2013 - Centro Antigo de Salvador
6
presença de equipamentos de educação, hospitais e Postos de Saúde, conforme pode ser
observado a seguir a título de exemplificação.
7
da região. Renda média, escolaridade e perfil etário incluem-se entre os fatores importantes
para o entendimento das necessidades por transporte e preferências entre modais da população
local.
Renda Média
A Região do CAS como um todo é caracterizada pela baixa atratividade para habitação, sendo
assim, sua ocupação se dá majoritariamente por parte de populações de mais baixa renda em
relação à média do restante do município. Com destaque para as regiões do Centro Histórico e
do subúrbio, foi diagnosticado que os habitantes do CAS apresentam forte dependência do
sistema público de transporte coletivo e de condições de infraestrutura urbana que favoreçam
o transporte ativo.
8
Ainda que a Renda Média do CAS seja significativamente inferior em relação ao restante de
Salvador, esta constatação, ao menos no cenário empregatício de 2010 detalhado pelo censo
demográfico, não pode ser explicado pelos níveis de desemprego da região. A proporção de
autônomos, empregadores, trabalhadores domésticos e funcionários públicos não se destacam
na região do CAS, entretanto, o alto grau de empregados com carteira assinada permite que a
empregabilidade local supere os 80%, o que não é observado para o munícipio de Salvador
como um todo.
Portanto, embora estejam empregados, os valores de remuneração são relativamente baixos e
condicionam esta parcela da população a permanecer na região de estudo não se caracterizando,
desta forma, como público “target” para exploração do mercado imobiliário em regiões mais
valorizadas da cidade. Além disso, os empregos instalados na área de estudo, podem assegurar,
mesmo que durante determinados horários do dia, relações urbanas importantes que devem ser
intensificadas. Sabe-se conforme determinado pela Pesquisa Origem/Destino, que grande parte
da população que trabalha no CAS é proveniente de outras regiões da cidade, que usam o CAS
apenas durante o período comercial. Existe nesta situação, um potencial de população que
frequenta o CAS e que poderia ser capturada para fixar residência na região de estudo, para
isso, a infraestrutura urbana oferecida deve ser atrativa e compatível em termos as
características desejadas por esta população “target”. Ou seja, é importante que as estratégias
de adensamento do solo sejam delimitadas para atender as diversas caraterísticas que este
público alvo possa desejar. Idealmente estas estratégias devem se mostrar atrativas para uma
população que atualmente não frequenta o CAS, mas poderia passar a frequentá-lo desde que
a infraestrutura desejada atenda suas expectativas.
Não há expectativa deste estudo identificar as estratégias de uso e ocupação do solo mais
adequadas para a região de estudo, no entanto, estas informações deverão ser consideradas para
o desenvolvimento das proposições de acessibilidade e mobilidade urbana, sobretudo quanto
ao dimensionamento das infraestruturas de transporte a serem previstas.
Na próxima figura é possível observar um comparativo entre as formas de contratação dos
empregados no CAS e em Salvador.
9
Figura 3-8 - Empregos no CAS e em Salvador
Fonte: CAS - Centro Antigo de Salvador [livro eletrônico]: território de referência. -- Salvador: SEI, 2013
Cria-se neste ambiente, uma forte vocação para atividades comerciais populares e sobretudo
de comércio informal, que exercem forte influência nas relações urbanas da cidade, inclusive,
nas condições de mobilidade.
A população economicamente ativa tem por característica a produção de viagens nos horários
de pico, demandando assim um eficiente sistema de transporte coletivo capaz de conectar as
residências dos indivíduos aos principais polos geradores de emprego não só no interior do
CAS, como também nas demais regiões de Salvador.
Escolaridade
O acesso à rede de ensino representa mais um importante componente que define o perfil da
mobilidade no interior do CAS. Tomando por base os dados amostrais do censo 2010 do IBGE
é notável a defasagem que a população do CAS apresenta quanto a sua formação escolar se
comparada ao restante de Salvador.
10
Figura 3-9 - Escolaridade no CAS e em Salvador
Fonte: CAS - Centro Antigo de Salvador [livro eletrônico]: território de referência. -- Salvador: SEI, 2013
Em que pese o fato deste diagnóstico não se aprofundar nas questões socioeconômicas e
demográficas, uma análise feita sobre a escolaridade no CAS, revelou a redução na quantidade
de matrículas na região. Isto pode significar, num primeiro momento, uma simples retração nas
oportunidades de acesso à educação para a população em idade escolar residente na região em
estudo, especialmente para jovens provenientes de famílias com baixos rendimentos, que
precisam entrar no mercado de trabalho de forma precoce. Análises mais aprofundadas sobre
esta característica da população poderão ser incluídas ao longo do estudo caso necessário, no
entanto, ressalta-se que este fator também pode ser identificado no Brasil como um todo
podendo tratar-se, portanto, de um reflexo de políticas educacionais abrangentes ao território
nacional, ou de simples retração da população na faixa etária escolar, nas esferas pública e
privada, evidenciada em todo Brasil conforme censo escolar 2018. A figura a seguir, evidencia
o total de matrículas na educação básica segundo a rede de ensino.
11
Figura 3-10 - Total de matrículas na educação básica segundo a rede de ensino
Fonte: INEP. Notas Estatísticas do Censo Escolar, 2018
Composição Etária
É necessário às pessoas que apresentam alguma restrição de mobilidade que lhes sejam
oferecidas condições dignas de locomoção por transporte público, e, sendo este grupo
diretamente atrelado à condição de pessoas idosas, faz-se importante analisar a composição
etária da população do CAS para diagnosticar as implicações que os atuais problemas na
infraestrutura e operação de transportes e circulação têm sobre este tipo de cidadão e sobre a
fluidez do transporte coletivo como um todo. Neste sentido, o CAS apresenta 15% da
população acima de 60 anos e, para este contingente, é necessário prever possibilidades de
2
Smith (2010)
12
acesso seguro ao transporte público, como calçadas com piso antiderrapante, iluminação
pública, sinalização adequada e outros equipamentos que possam ser incorporados ao ambiente
urbano.
Outro aspecto que merece ser evidenciado é a necessidade de desenvolvimento de uma política
de inclusão a longo prazo. A pirâmide etária apresentada sugere aumento da população com
mais de 60 anos nos próximos 30 anos, considerando a crescente expectativa de vida do
brasileiro.
Sistema Viário
A infraestrutura para o atendimento do transporte individual motorizado e das linhas de ônibus
que passam pelo CAS é composta por um sistema viário caracterizado pela predominância de
vias locais e coletoras. Dentre as vias de maior capacidade da região, destaca-se a Av. Jequitaia,
interligando a área comercial da Cidade Baixa aos bairros ao Norte do CAS, representando um
13
importante ponto de acesso à região a partir do bairro da Calçada, onde hoje se localiza o
terminal do trem de subúrbio.
A Av. Vale dos Barris, também com características de via arterial é o principal meio de entrada
a partir de Barris, ligando o CAS aos bairros ao sul, enquanto a conexão com os bairros do
interior tem como principais vias de acesso a Av. Pres. Castelo Branco e a Via Expressa Baía
de Todos os Santos.
Ademais, o CAS conta com uma densa malha viária de vias de menor capacidade, desde as
estreitas vias locais que por vezes não são acompanhadas sequer por calçadas, às vias coletoras
que se conectam com as principais avenidas citadas. Assim, a hierarquização viária do CAS se
dá como no PDDU 2016 de Salvador, com a ressalva de que a via expressa Baía de Todos os
Santos ainda não fora considerada.
15
Figura 3-14 - Via estreita no Centro Histórico de Salvador
Fonte: GPO/Sistran Engenharia, 2019
16
Figura 3-15 - Estacionamentos em locais impróprios no CAS
Fonte: GPO/Sistran Engenharia, 2019
Em uma análise específica da oferta de estacionamentos em Salvador, o PlanMob (2017) tomou
como uma de suas três amostras a região do comércio no CAS, avaliando o número e preço de
vagas de cada tipo disponível para o atendimento da forte demanda que a região apresenta,
especialmente nos horários de pico.
17
Figura 3-16 - Zonas de estudos de estacionamentos do PlanMob
Fonte: PlanMob (2017)
Os resultados da pesquisa de oferta de vagas se encontram na tabela a seguir, pela qual se nota
considerável carência no número total de vagas ofertadas quando se compara a região do
Comércio com as duas outras regiões pesquisadas de áreas similares. O resultado da alta disputa
por vagas é a elevação do preço destas para o usuário, sendo na região do Comércio a região
com maior representatividade das vagas regulamentadas por “zona azul” em relação às vagas
livres e em estacionamento público.
Tabela 3.1 - Número de vagas de estacionamento nas regiões de estudo
18
Segregando a zona do Comércio em três regiões como indicado na figura, foi também feita a
análise de preços horários para cada tipo de vaga, mostrando que em média o custo do
estacionamento local é de R$ 5,11/h.
Tabela 3.2 - Preços de estacionamento na região do comércio
Transporte Coletivo
A rede de transporte coletivo do CAS é composta por uma série modais distintos para atender
os mais variados tipos de demanda. O acesso à região por meio de trilhos se dá por uma das
duas estações da linha 1 do metrô de Salvador localizadas no bairro de Nazaré: Estação Campo
da Pólvora e Estação Lapa, contudo, vale ainda destacar o Terminal Calçada do trem de
subúrbio que, localizado nas proximidades do CAS, proporciona também um forte impacto na
mobilidade da região.
19
O transporte por ônibus no CAS dispõe da infraestrutura de quatro terminais de relevância, o
Terminal Lapa, ao lado da estação de metrô, e os Terminais da França, Barroquinha e Aquidabã
(este último desativado). Enquanto para o transporte hidroviário destaca-se no CAS o Terminal
de São Joaquim, que realiza o transporte de veículos e passageiros por meio de balsas o
Terminal das Barcas, que conta com lanchas para realizar travessias de passageiros e o
Terminal de Cruzeiros, localizado na área portuária com capacidade para receber embarcações
de grande porte.
Por fim, dispositivos de transporte vertical estão dispostos ao longo do frontispício do CAS
para auxiliar os pedestres e ciclistas na transposição de algumas barreiras geomorfológicas ali
presentes. Atualmente encontram-se em operação dentro do perímetro do CAS o Elevador
Lacerda, e os planos inclinados Pilar e Gonçalves.
Importante destacar que o transporte vertical deveria ser interpretado como uma continuação
das calçadas e, portanto, ser completamente integrado aos sistemas de transportes individuais
motorizados e não motorizados e, principalmente, ao sistema de transporte coletivo por ônibus.
Ressalta-se ainda a possibilidade de desenvolvimento de uma estrutura de gerenciamento de
transporte vertical, que possa prover gratuidade ao deslocamento dos passageiros integrados e
outras modalidades que poderão ser amadurecidas e delimitadas ao longo dos trabalhos. A
exploração publicitária destes equipamentos e a implantação de empreendimentos associados,
poderá gerar subsídios suficientes para garantir a manutenção, conservação e eventual
ampliação da capacidade operacional.
20
Figura 3-17 - Infraestrutura de transporte do CAS
Fonte: GPO/Sistran (2019)
21
3.3.2.1 Transporte Sobre Trilhos
O modal de maior capacidade a atender a região do CAS é o Metrô de Salvador, que dentro
dela conta com duas estações da Linha 1: Lapa e Campo da Pólvora, sendo a primeira a estação
mais movimentada do município considerando-se a soma do volume de entradas e saídas em
dias úteis.
A linha 1 do metrô de Salvador, em seus aproximados 12km de extensão, conta com o total de
oito estações e liga as duas estações da região do CAS à estação Pirajá e às estações da linha 2
do metrô por meio de transbordo realizado na estação Acesso Norte. Atualmente é estimado
que 80 mil passageiros façam uso dos serviços da linha 1 em dias úteis, dos quais 30 mil
possuem uma das estações do CAS como modo de acesso ou egresso ao metrô.
22
Além de sua importância para pontos de relevância em seus arredores, como o Shoppings Lapa
e Piedade, Colégio Central e comércio no entorno da Avenida Sete de Setembro, a estação
Lapa tem sua demanda potencializada pela presença do terminal de ônibus, que distribuem de
maneira mais capilar os passageiros que se destinam a outras regiões do CAS ou mesmo fora
dele. Tais características fazem com que a movimentação diária nesta estação seja a mais
volumosa da rede, com 26.227 entradas e 21.354 saídas levantados no dia 05/05/2017 pela
empresa operadora CCR Metrô Bahia.
Sob a Praça do Largo Campo da Pólvora, ainda no bairro de Nazaré, a infraestrutura que
compõe a estação Campo da Pólvora, em sua área de 4.156,06m², é ainda mais abrangente que
a do terminal Lapa:
• 2 plataformas laterais;
• 18 escadas rolantes;
• 3 mezaninos;
• 3 elevadores;
• 2 acessos pela praça do Campo da Pólvora3.
Nesta estação, observou-se para o mesmo dia 05/05/2017 um volume de 6.488 entradas e 8.632
saídas. Localizada a 1km da estação da Lapa, o Campo da Pólvora também é um importante
acesso à zona central, com sua demanda justificada pelos polos atrativos de viagens nos seus
arredores, que incluem o Fórum Ruy Barbosa, Baixa dos Sapateiros e a Arena Fonte Nova,
responsável por fortes picos de demanda durante os eventos que nela ocorrem.
3
Dados CCR Metrô Bahia
23
proximidades destas avenidas. Apenas uma linha tem percurso exclusivamente interno à região
do CAS.
Todas as demais regiões de Salvador estão interligadas ao CAS por meio de linhas de ônibus,
sendo este um modal densamente presente na região, como se observa no mapa da figura a
seguir:
A análise da malha de ônibus para o Centro Antigo de Salvador indica uma cobertura eficaz de
toda a sua área, podendo qualquer ponto do interior do CAS ser acessado a partir de um ponto
de ônibus a não mais que 300m de distância, excluindo-se regiões não acessíveis a pessoas não
autorizadas, como é o caso da área portuária.
Existe atendimento por linhas de ônibus aos principais locais de transbordo entre diferentes
modais, uma vez que os terminais náuticos de São Joaquim, estação das barcas e terminal de
cruzeiros contam com pontos de ônibus a distâncias inferiores a 200m assim como as duas
estações de metrô: Lapa e Campo da Pólvora. Quanto aos pedestres que buscam acesso às
linhas de ônibus após utilizarem um dos ascensores da região, encontram-se muito bem
atendidos no elevador Lacerda e no plano inclinado Pilar, contudo ao deixarem o plano
24
inclinado Gonçalves em seu nível superior, os pedestres têm de caminhar distâncias próximas
a 300m até o ponto de ônibus mais próximo.
Observando-se o acesso do CAS à outras regiões da cidade, é possível afirmar que os diversos
bairros que compõem o CAS podem ser acessados por meio de linhas de ônibus advindas das
regiões do subúrbio, miolo, orla atlântica e demais áreas da AUC. O fato de existirem linhas
que transitem entre os diferentes bairros do CAS e as demais regiões de Salvador não garante
que as mesmas ofereçam frequências, capacidade ou um nível de serviço satisfatório.
25
Figura 3-21 - Linhas de ônibus de Salvador que interagem com o CAS
Fonte: PlanMob/2017
Em primeira análise, a partir da rede de simulação do PlanMob (2017), observa-se que as linhas
de ônibus que atendem o CAS não se encontram sobrecarregadas pela demanda interna da
região, contudo somando-se a atratividade por viagens de ônibus do CAS com a de regiões
externas no pico da manhã, com destaque para a AUC, são hoje identificadas linhas que passam
pelo CAS atualmente sobrecarregadas em alguns de seus trechos. Pode-se observar que os
principais corredores de transporte de Salvador, embora não estejam localizados no interior do
CAS, coincidem com muitas das linhas que o atendem.
26
Figura 3-22 - Carregamentos no transporte coletivo nos principais corredores de Salvador
Fonte: PlanMob/2017
27
Tabela 3.3 - Ascensores de Salvador
A acessibilidade dos ascensores do CAS por meio de outros modais de transporte é facilitada
pela capacidade destes de transportarem passageiros com bicicletas, de forma que, mesmo
estando distantes da rede cicloviária estabelecida, há uma boa integração dos ascensores com
o transporte por bicicletas. De modo geral, os ascensores são também bem atendidos pelas
linhas de ônibus do CAS, dispondo de pontos de ônibus nas proximidades de ambos os lados
dos equipamentos, a exceção é observada na extremidade superior do Plano Inclinado
Gonçalves, que exige caminhadas da ordem de 500m para chegar ao ponto mais próximo.
Destaca-se ainda que o Plano Inclinado Gonçalves e o Elevador Lacerda localizam-se a menos
de 500m do terminal das barcas, podendo também se integrar ao transporte hidroviário.
Poderão ser desenvolvidas futuramente, caso necessário, estudos específicos sobre a
capacidade operacional destes equipamentos, principalmente se verificada a necessidade de
integração com modos de maior capacidade.
28
Figura 3-23 - Interação dos ascensores com outros modais de transporte
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
Transporte Ativo
O diagnóstico da Infraestrutura para Transporte Ativo, também denominado Transporte Não-
Motorizado, no CAS busca compreender a viabilidade de trajetos rotineiros internos à região
serem feito a pé, de bicicleta ou através de qualquer outro tipo de transporte não motorizado,
passando assim por uma avaliação qualitativa das calçadas e ciclofaixas, distâncias e
declividades a serem enfrentadas, acessibilidade aos destinos mais recorrentes e à própria
infraestrutura de transporte ativo e segurança oferecida aos pedestres e ciclistas. Neste sentido,
foram realizadas vistorias de campo para caracterizar, avaliar e detectar eventuais carências
nos aspectos locais das infraestruturas. De forma geral, cumpre relatar que a vistoria executada
contraria parte da avaliação apresentada no próprio plano de mobilidade urbana, e corrobora
com a avaliação do Plano de Reabilitação do Centro Antigo.
29
3.3.3.1 Infraestrutura para pedestres
Sendo o CAS uma região representativa da Área Urbana Consolidada de Salvador (AUC), é
notável que esta disponha de infraestrutura para transporte ativo em melhores condições
quando comparadas às demais regiões do município, e assim é demonstrado pelo levantamento
do nível de adequação das calçadas realizado pelo PlanMob (2017), no qual a AUC aparece
com 35% de calçadas consideradas adequadas dentro dos critérios adotados.
Tabela 3.4 - Nível de adequação das calçadas de Salvador
Ainda que a Área Urbana Consolidada de Salvador, onde se encontra o CAS, de modo geral
conte com as calçadas de melhor qualidade do município, são majoritários os trechos que
necessitam de adequação para atender aos pedestres, podendo ser observado na região do CAS
inúmeros obstáculos à circulação por Transporte Ativo. Desde pequenas irregularidades, como
declividade excessiva em rampas de acessibilidade para cadeirantes ou mesmo ausência destas,
30
até a inexistência de calçadas como observado nas estreitas ruas do CHS, elementos
dificultadores do Transporte Ativo estão presentes em todas as regiões do CAS.
Em visita de campo, uma série desses empecilhos foram identificados, sejam estes causados
pela deficiente infraestrutura proporcionada pela prefeitura ou mesmo produtos de aspectos
culturais da população.
31
Figura 3-27 - Vias com calçadas de largura insuficiente ou inexistentes
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
32
Figura 3-30 - Deposição de lixo sobre a calçada
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
33
3.3.3.2 Caminhabilidade na Região do Centro
No intuito de obter valores mais objetivos para a avaliação da caminhabilidade das calçadas no
centro da cidade, o PlanMob de Salvador realizou ainda um estudo tomando como amostra
uma região do Centro (quadras do entorno da Avenida Sete de Setembro em seu trecho mais
comercial) e baseando-se nos seguintes indicadores de qualidade:
• Tipologia da rua
• Material do Piso
• Condições do Piso
• Dimensão das quadras
• Largura da calçada:
• Distância ao transporte coletivo de alta capacidade
• Segurança do Pedestre nas Travessias:
• Velocidade máxima do tráfego motorizado
As vias da região do Centro apresentam em geral velocidades superiores a 30 km/h, o que
juntamente com a falta de sinalização adequada, reduz a sensação de segurança do pedestre ao
caminhar por ali. A segurança nas travessias adaptadas é avaliada como completa quando a
face de quadra em análise possui toda a estrutura de rebaixamentos de guia, faixas de pedestre
e semáforos (conforme metodologia de avaliação do ITDP). Nenhuma das quadras analisadas
obteve tal qualificação.
Boa parte das calçadas possuem piso de pedras portuguesas, características de salvador e
visualmente agradáveis, porém identificam-se intervenções a serem realizadas decorrentes das
características do tipo de piso, no sentido de eliminar os buracos que surgem e implementar
pisos táteis. Em uma análise considerando buracos grandes, que exigem readequação da
calçada e não apenas manutenção pontual, foi observado que são minoria as vias com menos
de 2 buracos a cada 100m.
De um modo geral, as calçadas possuem largura adequada, à exceção da Rua Nova São Bento
e Rua Paraíso, forçando muitas vezes os pedestres a caminharem junto aos carros. Ainda que
praticamente todas tomadas por comércio informal, a presença de vias exclusivas para a
circulação de pedestres em parte da rede de circulação mostradas no mapa a seguir pela cor
azul oferece a eles grande segurança para realizar o trajeto a pé.
34
Figura 3-32 - Tipologia das ruas
Fonte: PlanMob (2017)
Tomando o conjunto de todos os indicadores mostrados, foi obtido o resultado global para a
caminhabilidade no trecho viário selecionado, que sugere condições aceitáveis para o trânsito
de pedestres pelas 20 quadras selecionadas, chegando a atingir até pontuações para
classificação “Bom” nas proximidades da estação Lapa, e sendo o critério de segurança o mais
crítico dentro desta metodologia de análise.
Embora esta avaliação seja em uma das áreas de maior circulação de pessoas no CAS, ela não
pode ser considerada representativa de outras regiões, que pela visita de campo apontam para
uma ´serie de necessidade de melhorias.
35
Figura 3-33 - Avaliação das Calçadas da região do Centro (Material do piso/Condição do piso/Largura/Dimensão da quadra)
Fonte: PlanMob (2017)
36
Tabela 3.5 - Notas das calçadas da região do Comércio
37
Em vista disso, um dos aspectos a considerar na promoção de uma maior mobilidade e
acessibilidade local no CAS, é a implantação de novos caminhos e conexões para o pedestre,
que melhor articulem os espaços públicos e logradouros.
A maior integração entre os bairros do CAS e do seu entorno visa criar novas dinâmicas que
beneficiem uma maior mobilidade de modais ativos e, em decorrência disso, uma maior
integração socioeconômica.
Para identificar e hierarquizar os novos caminhos para pedestres - assim como os caminhos
existentes (a serem requalificados) - está em elaboração a seguinte metodologia.
A partir das barreiras urbanas existentes (para o pedestre) gerou-se um mapa de manchas de
continuidade apresentado na figura a seguir.
A representação em branco corresponde à mancha de continuidade física de
acessibilidade entre espaços públicos do CAS e entorno. Os espaços intersticiais à
mancha correspondem às barreiras aos pedestres.
Os critérios adotados na definição do que consistem em barreiras urbanas foram os seguintes:
• Barreira topográfica sem condição de ser vencida (com escadas e/ou outros mecanismos
de transporte vertical).
• Barreira física contínua com mais de 150 m de extensão (isso inclui muros e quarteirões
de grandes extensões).
• Sistema viário expresso ou semi-expresso, sem travessia para pedestres.
• Massas aquáticas/ cursos d´água.
Não foram consideradas barreiras, apesar de constituírem situações pouco favoráveis ao
conforto da circulação a pé:
• Escadas e rampas, ainda que construtivamente precárias.
• Vielas e/ ou becos, ainda que com sensação de segurança prejudicada.
• Sistema viário usualmente atravessado pelos pedestres, mesmo que fora de faixas
sinalizadas.
• Quadras com lados com menos de 150 m de extensão. Neste caso, apesar delas
também serem barreiras, esse critério permite identificar mais claramente as regiões
com melhor integração local.
38
Figura 3-34 – Mancha de Continuidade Urbana - Escala
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
Ao mapa acima superpõe-se os caminhos existentes mais extensos e mais intensamente
utilizados pelos pedestres. Vide Figura a seguir, onde os referidos caminhos são representados
em amarelo.
A partir deste diagnóstico inicial, pretende-se a seguir (na etapa de propostas), avaliar e
comparar as novas conexões a serem sugeridas.
Figura 3-35 – Mancha de Continuidade Urbana e Caminhos mais Extensos/ Utilizados- Escala Pedestre
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019
Também aparecem nos mapas acima o traçado do Metrô de Salvador e o do futuro VLT
(Comércio - Calçada - Subúrbio Ferroviário).
39
Esta análise será tomada como ponto de partida para o desenvolvimento das proposições que
serão devidamente organizadas em cenários e debatidas conjuntamente com a FMLF.
40
Figura 3-37 - Estação de "Bike Itaú" (Praça da Sé) e paraciclo (Praça do Campo Grande)
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
Transporte hidroviário
O transporte hidroviário no Centro Antigo de Salvador se faz muito presente não só quanto ao
transporte coletivo de passageiros, realizado pelos serviços de lanchas e Ferry Boats, mas
também no transporte de mercadorias, uma vez que conta com toda a infraestrutura do Porto
Comercial com influência sobre todo o estado da Bahia, Sergipe e o sudoeste do estado de
Pernambuco.
Em terra, o serviço de transporte de veículos e pedestres via Ferry boat, que liga o Terminal
Hidroviário de São Joaquim ao Terminal Bom Despacho em Itaparica, dispõe da infraestrutura
do terminal São Joaquim que contém dois atracadores para embarque e desembarque e se utiliza
de trechos do sistema viário local para a formação de filas.
42
Figura 3-40 - Terminal São Joaquim
Fonte: G1 – Globo.com
A operação do Ferry Boat é realizada pela concessionária Internacional Travessias, com nove
embarcações de capacidades variadas que realizam o trajeto de ida e volta em
aproximadamente 30min cada trecho, operando de segunda a sábado das 5 às 23:30 h e aos
domingos das 6 às 23:30h. Ao todo foram transportados em maio de 2017 cerca de 256 mil
passageiros e 53 mil veículos.
O Terminal Turístico Náutico da Bahia (TTNB), localizado na Av. da França no bairro do
Comércio teve sua infraestrutura ampliada em outubro de 2016, de modo que hoje conte com
nove estações de bilhetagem e um Centro de Controle de Operações, dispondo de uma
capacidade de 42 embarcações de até 80 pés para o atendimento de cerca de 300 mil passageiros
mensais 4 . No TTNB está presente a estação das barcas, onde é realizado o transporte de
pedestres através de lanchas até Vera Cruz apresenta apenas uma pequena infraestrutura de um
píer para embarque e desembarque.
4
Ampliação do Terminal Náutico é finalizada em Salvador - Bahia.Ba - Consultado em 07/03/2019
43
Figura 3-41 - Terminal de barcas
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
O serviço de barcas é operado por duas operadoras; CL Empreendimentos e Vera Cruz, com
um total de 14 embarcações, em intervalos de 30 minutos. Em maio de 2017 foram realizadas
cerca de 1,6 mil viagens e transportados cerca de 122 mil passageiros, chegando na hora pico
da manhã a transportar uma média de 417 passageiros5. O TTNB conta também com translado
turístico para Morro de São Paulo e passeios de escuna para praias paradisíacas da região, como
Ilha dos Frades.6
No que tange à infraestrutura hidroviária, o Porto de Salvador, ao longo de seus 2.085m de
extensão de cais acostável, é sem dúvida o de maior abrangência em área, dispondo de um total
de onze berços de atracação, armazéns cobertos, terminal de contêineres e uma rampa para
operações de navios roll-on/roll-off.
5
Relatório Técnico RT06: Diagnóstico da Mobilidade em Salvador – Planmob 2017
6
Infraestrutura de Terminal Náutico de Salvador é ampliada – leiamais.ba - Consultado em 07/03/2019
44
Figura 3-42 - Planta Geral do Porto de Salvador
Fonte: Codeba, 2006
45
Porto de Salvador no período entre Janeiro e Abril de 2017, com uma movimentação
para a mesma temporada de 140.000 passageiros.7
Figura 3-43 - Evolução da oferta e demanda na linha São Joaquim - Bom Despacho
Fonte: Elaboração PlanMob (2017) - Dados AGERBA
7
1 Salvador: Contermas revela mais detalhes e planos para terminal de cruzeiros - WORLDCRUISES.COM
- JANEIRO 22, 2017
46
Nota-se para ambas as travessias o grande pico de demanda sazonal ocorrido entre os meses de
dezembro e janeiro, provocando, no caso do Ferry Boat, filas que superam 3h de espera e
tomam grandes extensões do viário local.8
Transporte de Mercadorias
Como detalhado no item referente ao Uso e Ocupação do Solo, existem zonas comercias
espalhadas por todo o CAS, com destaque para as concentrações na Rua Chile, Avenida Sete
de Setembro, Rua Carlos Gomes e o bairro do Comércio. Desta forma, a necessidade por
abastecimento de zonas intensamente comerciais eleva o carregamento das vias para o
transporte de mercadorias.
Em termos de abastecimento de estabelecimentos individualmente, observa-se o transporte de
mercadorias através de veículos comerciais, capazes de proporcionar a capilaridade exigida,
que variam de caminhões de grande e médio porte que carregam as vias de maior capacidade
do CAS, a bicicletas de carga, para transporte em distâncias reduzidas e de menor volume de
mercadorias.
Entretanto, o transporte de mercadorias na região do CAS não se resume ao abastecimento
interno. A zona portuária na Baía de Todos os Santos é responsável pelo escoamento de grandes
volumes de mercadorias e é acessada através do sistema viário urbano da zona do comércio de
Salvador, que levam às rodovias BR-101, BR-110 e BR-116.
Também compõem o sistema de acesso ao porto por modal rodoviário o túnel Américo Simas,
o Vale do Nazaré, o Vale do Bonocô, o acesso norte e finalmente a rodovia federal BR-324,
em pista dupla de Salvador a Feira de Santana, conectando-se com as rodovias.9 Esta última
rodovia contudo, na avaliação do PlanMob “apresenta algumas limitações de articulação física
que dificulta o tráfego de veículos de carga de grande porte. Entre os problemas identificados
estão a ausência de faixas de aceleração/desaceleração para acesso aos dispositivos de conexão
entre as pistas (expressa e marginal) ou quando existentes, se mostram insuficientes (problemas
que relacionados ao DNIT/Concessionárias). Mas principalmente, tem falta de importantes
8
2 G1 BA 03/01/2019 18H21 - ESPERA PARA EMBARQUE DE CARROS NO FERRY BOAT CHEGA
A 3H NO SENTIDO ITAPARICA – SALVADOR
HTTPS://G1.GLOBO.COM/BA/BAHIA/NOTICIA/2019/01/03/ESPERA-PARA-EMBARQUE-DE-CARROS-NO-FERRY-
BOAT-CHEGA-A-3H-NO-SENTIDO-ITAPARICA-SALVADOR.GHTML
9
O Porto de Salvador – PUC-Rio Certificação digital Nº0321303/CA
47
articulações nos “trevos rodoviários” com os viadutos de transposição da BR-324,
sobrecarregando dessa forma o sistema viário urbano do entorno, impondo a circulação de
carretas não previstas para fazê-lo (por exemplo, junto aos viadutos do Porto Seco e Brasilgás).”
O conflito entre os veículos de carga pesada destinados ao Porto Comercial e o tráfego urbano
do sistema viário central foi minimizado em 2013 com a inauguração da Via Expressa Baía de
Todos os Santos (VEBTS), que melhorou o acesso à BR-324 contando ainda com um
regramento em condições especiais quanto à circulação de veículos de carga pesada com
destino ou originados do Porto Comercial para acessar diretamente as pistas centrais e com
fluxo expresso das VEBTS. Ainda que não tenha representado uma solução definitiva aos
problemas apontados, ganhos significativos na fluidez do tráfego nas vias locais puderam ser
observados em todo o arredor da área portuária.
Outro polo de destaque para o transporte de mercadorias dentro do CAS que vale ser citado é
a Feira de São Joaquim, que no decorrer do tempo passou a exercer forte impacto sobre o
sistema viário local. Os caminhos tortuosos são percorridos a pé, pelos carrinhos-de-mão, pelas
bicicletas e pelos caminhões que trazem as mercadorias para o interior da Feira. Pelo mar, os
saveiros aportam desembarcando os pescados e o artesanato. Na área externa, a população
dispõe de pontos de ônibus e de táxi.10
No intuito de melhorar a fluidez do trânsito na Av. Oscar Pontes, nas imediações da feira, a
Transalvador iniciou em Janeiro de 2015 uma série de intervenções viárias para a completa
requalificação do local, envolvendo alargamento de pista para cinco faixas de tráfego, retirada do
canteiro central defronte à feira, nova pavimentação da calçada, criação de 68 vagas de
estacionamento somadas às 50 já existentes, relocação de pontos de ônibus e nova sinalização.11
10
QUERINO, F. MATTEDI, M. R. M. – A Feira de São Joaquim
3 11 Intervenções viárias na região da Feira de São Joaquim serão iniciadas nesta quarta-feira (3) – Varela
Notícias – 01/06/2015
http://varelanoticias.com.br/intervencoes-viarias-na-regiao-da-feira-de-sao-joaquim-serao-iniciadas-nesta-
quarta-feira-3-confira/
48
resultados de projeto ao tempo necessário. Para tanto, envolvem-se na elaboração do projeto
os seguintes órgãos:
49
4 QUADRO REFERENCIAL
50
Figura 4-1 - Atração de viagens no CAS
Fonte: GPO/Sistran Engenharia, adaptado do PlanMob (2017)
51
Figura 4-2 - Produção de viagens no CAS
Fonte: GPO/Sistran Engenharia, adaptado do PlanMob (2017)
Os dados de produção e atração de viagens para as zonas de tráfego do CAS, no entanto, são
pouco conclusivos no que tange ao perfil das viagens que ocorrem na região. Os dados de
demanda podem ser melhor compreendidos através da análise de deslocamentos para zonas
específicas dentro da área de estudo. Para esta etapa do projeto foram tomadas duas
microrregiões do CAS para análise mais aprofundada quanto ao perfil dos deslocamentos,
sendo uma delas o polo que envolve Piedade/Lapa, o grande polo atrativo de viagens no pico
da manhã, e a outra um representativo polo de produção de viagens: Macaúbas.
52
A demanda de viagens com destino à Piedade/Lapa no pico da manhã obedece à seguinte
distribuição quanto aos locais de origem:
• 18% Pirajá/Cajazeiras
• 15% Miolo (Retiro/Iguatemi)
• 14% Campo Grande/barra/Rio Vermelho
• 13% Brotas
• 9% Amaralina/Pituba
• 31% Outros
Observando-se agora as viagens que partem de Macaúbas na hora pico da manhã, temos que
os destinos seguem as seguintes proporções:
• 34% Campo Grande/Barra/Rio Vermelho
• 28% Liberdade/Caixa D’Água
53
• 11% Pilar
• 5% Amaralina/Pituba
• 11% Outros
55
Comércio, Centro e Lapa se destacam como polos finais de viagens dentro do CAS. Além disso,
nota-se uma diversidade de eixos de demanda provenientes do eixo leste com volume acima
de 10 mil passageiros diários. Embora estes eixos não necessariamente reflitam o caminho
realizado, percebe-se maiores volumes provenientes da região da porção sul da AUC em
direção à Pituba, um outro eixo proveniente da Liberdade e outros bairros em sentido à BR 324,
como Cabula, São Marcos e Cajazeiras, chegando até Camaçari na RMS.
Notam-se eixos menos volumosos para outros polos do CAS, como Campo Grande, Dois de
Julho e Centro Histórico. O eixo formado pelo bairro de Nazaré parece contribuir com pouco
volume em relação ao fluxo de passagem, destacando-se como ponto intermediário entre a
maioria dos fluxos de relevância. Um eixo central com altos volumes que vai de Nazaré até a
região da Av. Sete de Setembro demonstra a importância dos terminais mais centrais como o
da Sé e da Barroquinha.
Quanto ao Transporte Individual no CAS, é de se esperar que fluxo de desejos de viagens se
assemelhem de alguma forma às de Transporte Coletivo. De fato, observa-se que boa parte dos
principais eixos foi mantida, entretanto algumas peculiaridades na redução de demanda pelo
eixo da Calçada e um dos eixos de Nazaré merecem ser melhor avaliados.
56
Figura 4-6 - Fluxos diários de Transporte Individual no CAS
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
Assim como na distribuição de viagens por Transporte Coletivo, dentre as zonas de alta geração
de viagens estão a Região Metropolitana de Salvador, que somada à demanda do Miolo compõe
o eixo de acesso pela Liberdade, e a Área Urbana Consolidada responsável pelos importantes
eixos nos bairros de Nazaré e Tororó. Entretanto, a análise de Transporte Individual não
identifica um fluxo representativo de veículos privativos ao longo da Cidade Baixa entre a
57
Calçada e São Joaquim, indicando uma maior utilização do transporte coletivo por parte dos
habitantes do subúrbio e da Cidade Baixa externa ao CAS.
Outro ponto a ser destacado é o acesso ao CAS através de Nazaré, que no caso de Transporte
Individual permanece como o fluxo mais volumoso de todo o perímetro, mas neste caso com a
demanda mais representativa sendo relativa à AUC, enquanto o eixo que parte na direção
Nordeste a partir de Nazaré não é mais tão impactante.
Afim de entender a dinâmica das viagens que se dão integralmente no interior do CAS, vale
também analisar os deslocamentos por transporte motorizado com origem e destino dentro do
perímetro. Esse tipo de deslocamento possui ordem de grandeza entre 4% e 7% do fluxo total
do CAS, tanto para transporte individual quanto coletivo.
58
do Centro Histórico. Nota-se também a baixa produção de viagens de Transporte Coletivo por
parte da zona de São Joaquim, de modo que o fluxo de passageiros local seja composto
essencialmente por indivíduos que transitam entre Comércio e Calçada.
Finalmente, foram isoladas as viagens por transporte não motorizado afim de identificar os
principais fluxos de pedestres e ciclistas no CAS possibilitando a averiguação das
potencialidades que a região apresenta para o desenvolvimento de um tipo mais saudável e
sustentável de locomoção.
60
Centro Antigo(DIRCAS), associada à CONDER, a fim de conjugar ações e
projetos propostos no Plano para o CAS com maior autonomia e capacidade
gerencial;
• Lista de projetos disponibilizado pela FMLF com memorial descritivo de
projetos em andamento e coordenados pela instituição;
• Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU 2016: documento que
define uma série de intervenções para o desenvolvimento urbano da cidade,
inclusive propostas d intervenções no sistema viário, no sistema de transporte
coletivo estrutural e sistema de transporte vertical;
• PlanMob (2017): documento que, na mesma linha do PDDU, apresenta uma
série de propostas de mobilidade da cidade.
61
planejamento dos sistemas de transporte. Outras ações a serem tomadas segundo o plano de
reabilitação impactarão os aspectos socioeconômicos e de uso e ocupação do solo do CAS,
desta forma, também se fazem dignas de atenção especial:
• Recuperação de imóveis selecionados para participar do Fundo de
Investimentos Imobiliários como instrumento de viabilização do patrimônio
construído;
• Recuperação do Frontispício;
• Implantação de Mirantes (belvederes);
• Revitalização da Rua Direita de Santo Antônio;
• Revitalização do Largo de Santo Antônio;
• Revitalização das ruas Chile, Baixa dos Sapateiros e Ruy Barbosa;
• Intervenção na Orla Marítima – Trecho 2. Com a transferência das atividades
portuárias para outro local e a consequente liberação de todo o trecho de
logística de carga e descarga para a implantação definitiva de toda a orla
marítima para uso da população, com a remoção de alguns galpões e a
reciclagem de outros com usos afins (restaurantes, lojas e áreas de lazer);
• Recuperação das praças;
• Reativação dos elementos âncoras;
• Revitalização do Território dos Fuzileiros Navais e entorno.
62
Figura 4-9 – Propostas do Masterplan no CAS
63
Figura 4-10 - Etapas de reabilitação viária
Fonte: DIRCAS.CONDER
12
CONCEIÇÃO E. S. F. e GUIMARÃES R. M. S.- MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL, A BICICLETA
COMO UM MEIO DE TRANSPORTE - O CASO DO PROJETO CIDADE BICICLETA – SALVADOR/BA
64
Figura 4-11 - Malha cicloviária proposta pelo projeto Cidade Bicicleta
13
Site da Prefeitura de Salvador, www.salvadorvaidebike.salvador.ba.gov.br/, 2016
65
criação de uma ciclofaixa de lazer e turismo cuja operação se dará apenas em domingos e
feriados, das 7h às 17h, através da segregação parcial das pistas de rolamento de algumas vias.
Infraestruturas para transporte ativo de pedestres no CAS também estão previstas pelo Plano
de Reabilitação Participativo. Uma passarela de 370m será construída para conectar o bairro
do Pelourinho às proximidades da Arena Fonte Nova. A passarela climatizada e que dispõe de
escadas rolantes ao longo de sua extensão, partindo da Rua das Laranjeiras, ainda estabelecerá
uma ligação com o Mercado de São Miguel, na Baixa dos Sapateiros, por meio de uma torre
mirante dotada de elevadores, e chegando até a Av. Joana Angélica, promovendo aos pedestres
do Pelourinho uma conexão de fácil acesso e em trajeto plano até a estação de metrô Campo
da Pólvora e um importante equipamento âncora, a Arena Fonte Nova.
Também merecem destaque a recuperação das ladeiras, que são historicamente elemento
importante ao pedestre no transporte vertical Cidade Baixa-Cidade Alta, e as extensas obras de
pavimentação e qualificação de vias e passeios, sinalização, iluminação e vala única, incluindo
rede subterrânea de telecomunicações. A maior destas obras destina-se à requalificação urbana
da Baixa dos Sapateiros e está sendo realizada por etapas, sendo a primeira para implantação
da vala única (rede subterrânea de telefonia e internet) e a segunda de requalificação
(recuperação de vias e passeios, reurbanização de praças e largos e iluminação pública). Esta
etapa incluiu a recuperação da Ladeira do Pax (ligação entre a J. J. Seabra e o Pelourinho) e a
Praça dos Veteranos.14
O Plano de Reabilitação Participativo de Salvador prevê um incremento na participação do
transporte coletivo vertical para a conectividade territorial do CAS. Para tanto, além da
14
Plano de Reabilitação Participativo: Avanços
66
reabilitação de ascensores cuja operação atual é passível de melhorias, como o Plano Inclinado
Pilar e o elevador Lacerda, onde se observa com frequência um ou mais de seus quatro
elevadores inoperantes.
67
Ressalta-se que, atualmente a CONDER está executando obras de melhorias das calçadas na
região estudada.
69
Figura 4-14 – Área de Intervenção do Projeto da Praça Cayru
70
Figura 4-15 - Poligonal da área de intervenção – Nova Miguel Calmon
72
Figura 4-16 - Sistema viário do CAS atual e futuro segundo o PDDU
73
Figura 4-17 - Viário com calçadas a serem requalificadas
74
Figura 4-18 - Transporte vertical proposto no CAS
As propostas formuladas pelo PlanMob Salvador para o transporte cicloviário incluem sete
conjuntos de ações a serem realizadas em três etapas distintas:
• Configuração da rede cicloviária estrutural;
• Requalificação da infraestrutura cicloviária existente;
• Implantação de infraestrutura cicloviária junto às obras viárias novas;
• Implantação de bicicletários;
• Aprimoramento do sistema de compartilhamento de bicicleta;
• Consolidação do sistema cicloviário proposto;
• Caracterização das etapas de implementação.
No âmbito do Centro Antigo, destaca-se a infraestrutura cicloviária proposta para 2025, na
Fase 1 de implementação, que receberá pequenos complementos nas subsequentes Fase 2
(2032) e Fase 3 (2049).
75
Figura 4-19 - Faseamento de propostas cicloviárias – PlanMob (2017)
Outro modal de transporte sobre trilhos que proporcionará grande impacto na mobilidade do
CAS é o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) a ser construído. Atualmente em fase de licitação,
o VLT substituirá o trem de subúrbio, que hoje apresenta operação precária, e terá seu traçado
estendido para o interior do CAS até o bairro do Comércio. De acordo com o PlanMob, até o
ano de 2025, quatro novas estações serão construídas para o VLT, sendo estas São Joaquim,
76
Porto, França e Comércio. Os trens circulantes nesta linha operarão realizando três ligações
distintas, num “carrossel operacional” combinando os intervalos ente as composições:
• A Linha 1 VLT entre Comércio e São Luiz, com uma extensão aproximada de 18,5
quilômetros e 20 estações, com hdw = 20 min na HPM.
• A Linha 2 VLT entre Comércio e Periperi, com uma extensão aproximada de 14,1
quilômetros e 17 estações, com hdw = 20 min na HPM.
• A Linha 3 VLT entre Comércio e Plataforma, com uma extensão aproximada de 8,9
quilômetros e 11 estações, com hdw = 10 min na HPM.
Para o ano de 2032 existe ainda planos mais ambiciosos para expansão da Linha 3 de VLT até
a estação Lapa, conectando-a com os terminais de ônibus e da Linha 1 do metrô, dispondo
ainda de uma estação intermediária entre Comércio e Lapa, onde poderá ser realizado o
transbordo a partir do terminal da Barroquinha.
O VLT já passou pelo processo licitatório e as últimas informações apontam para que seu
traçado na região do Comércio se desenvolva pela Avenida da França.
Com previsão de implantação até 2025, a rede máxima de Transporte Coletivo descrita
apresenta planos para sete linhas de BRT (Bus Rapid Transit) em todo o município de Salvador,
dentre as quais destacam-se as linhas que oferecem atendimento ao CAS:
77
1. BRT Lapa-LIP (via Av. Vasco da Gama e Av. Antônio Carlos
Magalhães);
2. BRT Paripe-Corsário (via Av. 29 de Março);
3. BRT Lobato-Paripe-Pituaçu-Corsário-Calçada-Lobato (Bi-Circular, via
Av. Gal Costa);
4. BRT Metrô Aeroporto-Praça da Sé (via Av. Otávio Mangabeira);
5. BRT Corsário-Retiro (via Av. Magalhães Neto e Av. Luis Eduardo
Magalhães);
6. BRT Águas Claras-Bairro da Paz (reforço do BRT 29 de Março);
7. BRT Corsário-Pituaçu-Pirajá (reforço do BRT Gal Costa).
O sistema de BRT como um todo surtirá impacto nas viagens com destino ou origem ao CAS,
entretanto três linhas atendem diretamente à demanda da região, conectando além do Terminal
Lapa, as regiões de São Joaquim e da praça da Sé ao restante da cidade por meio de corredores
de ônibus de alta capacidade.
78
Figura 4-22 - Linha de BRT Lapa – LIP
Fonte: PlanMob (2017)
79
Figura 4-24 - Linha de BRT/BRS Metrô Aeroporto-Praça da Sé
Fonte: PlanMob (2017)
Quanto às linhas do ônibus comuns a serem implementadas quinze terão sua operação atrelada
à um dos terminais do Centro Antigo de Salvador. Das quais uma possui como ponto final o
terminal Aquidabã, quatro interagem com o terminal Barroquinha, e dez tem o Terminal Lapa
como ponto final.
80
Tabela 4.2 - Linha proposta para o terminal Aquidabã
Outro sistema existente, porém, inativo, é o Elevador do Taboão, com localização intermediária
entre o Plano Inclinado Pilar e Plano Inclinado Gonçalves. Está nos planos da prefeitura
revitalizá-lo. Porém, é importante mencionar que sua reativação não depende apenas de uma
ação isolada, é necessário que equipamento seja integrado, sobretudo com o sistema de
transporte coletivo e que, em paralelo, ações de revitalização das edificações próximas ao
Elevador do Taboão sejam efetivadas para gerar maior dinâmica à região, hoje degradada.
81
o interesse na duplicação e requalificação de vias estratégicas, e propondo a construção de
novas vias.
82
Figura 4-26 – Traçado da Ponte Salvador-Itaparica – chegada em Salvador
Fonte: Projeto Básico da Ponte Salvador-Itaparica
83
4.3 ANÁLISES GERAIS
Uso do Solo
A principal conclusão apontada pelos estudos urbanísticos realizados é de que a região do
Centro Histórico e Comércio se especializaram demais em suas funções turísticas e comercial,
respectivamente e, portanto, perderam o dinamismo em horários e períodos em que essas
atividades não se desenvolvem. No Comércio, a falta de dinamismo é a noturna, já que as
atividades ocorrem predominantemente em horário diurno. Já no Centro Histórico, a
sazonalidade é mais facilmente percebida ao longo do ano, nos meses de menor incidência
turística.
Fato é que esse conjunto de fatores não proporcionou uma dinâmica de circulação nos bairros,
especialmente nos horários noturnos, que consequentemente geram degradação e insegurança
dos espaços públicos, à medida que passam a ser subocupados e mal frequentados.
Complementarmente, estudos destacaram também a dificuldade de conexão com os bairros do
entorno do CAS, seja pela topografia, seja pela separação de funções que não estimulou a
circulação mais diversificada entre área por moradores e visitantes.
Diante disso, medidas no sentido de ofertar mais habitações no Comércio foram propostas,
inclusive num programa de realocação de famílias que atualmente moram em cortiços e
subocupações na encosta entre Cidade Alta e Cidade Baixa para edificações do entorno,
liberando espaço para recuperação do frontispício como espaço público aberto e valorização
dos mirantes como área de contemplação da Baía de Todos os Santos.
O cenário mais atual apontado para habitação social indica uma previsão de 1884 unidades
habitacionais, sendo que 27% já haviam sido concluídas em 2014. Vale ressaltar que os
projetos não se restringem à região do Centro Histórico, sendo desenvolvidos também nos
bairros de Macaúbas, Liberdade, Barbalho, Saúde e Nazaré.
84
Figura 4-28 - Habitação Social no Centro Antigo de Salvador
85
da Catedral Basílica, a Casa do Carnaval, que dispõe, dentre outras atrações, de uma biblioteca
de livros relacionados ao carnaval, cinema interativo e o primeiro museu do país dedicado à
memória da festa. Destaca-se também o Centro de Economia Criativa e Colaborativa,
responsável por megaeventos focados em inovação e cultura, e o Arquivo Histórico Municipal de
Salvador.
Uma síntese das ações em andamento e das propostas do Plano Urbanístico do Comércio é
apresentado na figura a seguir.
Diante desse panorama, o uso do solo, que é importante vetor de uma mobilidade mais
sustentável, parece estar bem endereçado na região do Comércio, no sentido de contribuir para
que mais pessoas circulem no centro em variados horários e não só durante o período comercial.
Entretanto, vale destacar a importância de implantação de atividades e usos que complementem
e fortaleçam a função residencial, como apontado no Projeto Urbanístico do Comércio.
86
Figura 4-30 - Frequências de ônibus no CAS
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
87
Figura 4-31 - Frequências de conexão entre pontos estratégicos
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
As demais rotas que os ônibus realizam dentro do CAS tem por característica ou a baixa
conectividade da região, ou por rotas destinadas à oferta de conectividade interna. As linhas de
baixa conectividade na região somam 490 ônibus/hora e se dividem em dois tipos: aquelas que
apenas atravessam o CAS e aquelas que somente conectam-se a um terminal de ônibus no CAS
e em seguida já partem para outras áreas da cidade. Já as rotas com oferta de conectividade
interna soma 117 ônibus/hora e tem como principal característica a conexão a terminais que
exigem percursos mais internos dentro do CAS, como acesso ao Terminal Barroquinha,
proximidades da Sé ou o eixo Av. Joana Angélica/Ladeira do Arco.
88
Figura 4-32 - Frequências de conexão por ônibus das linhas que atravessam o CAS
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
Figura 4-33 – Frequências de conexão por ônibus das linhas que promovem maior conectividade no CAS
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
89
ao seu traçado que se prolonga do Comércio até o Subúrbio Ferroviário em substituição da
ferrovia atual.
O estudo do Projeto Urbanístico sugere um traçado mais urbano, que utilize a Avenida Miguel
Calmon ao invés da Avenida da França no trecho do Comércio. Independente de qual proposta
seja levada adiante, cabe destacar o potencial do projeto em reduzir um pouco do volume de
ônibus que passa na região em função de uma provável reorganização do sistema com a
presença de um novo sistema estrutural.
Esta oferta de transporte certamente contribui positivamente para qualificar ainda mais o
espaço do Comércio para a função habitacional. Conforme apontado nos dados de demanda e
nos estudos do PlanMob, atende a um dos principais fluxos de transporte coletivo que é o
Comércio. Propostas complementares direcionam para uma extensão da linha para integração
do Comércio com o Terminal da Barroquinha e da Lapa através de um túnel.
15
Disponível em http://www.sedur.ba.gov.br/arquivos/File/Mobilidade.pdf acesso em fev/2019
90
Figura 4-35 – Comércio a Lapa – Perfil Longitudinal
Fonte: SEDUR/BA
Já os BRTs previstos no Plano de Reabilitação, que interagem com o CAS conectam a Estação
da Lapa e a Estação da Calçada a outras regiões da cidade, promovendo pouca oportunidade
para deslocamentos internos ao CAS. A linha de BRT Lobato-Paripe-Pituaçu-Corsário-
Calçada-Lobato (Circular) promove um aumento da conectividade para quem está na parte
inferior de Macaúbas e que tem interesse em se deslocar para Calçada e o bairro de Água de
Meninos, onde está a Feira de São Joaquim.
Outro projeto citado em estudos, e também na oficina participativa, é a possibilidade de
implantar uma linha de bonde que facilite o deslocamento entre bairros, em especial no Centro
Histórico, por adicionarem uma valorização na área turística.
Um projeto conceitual citado no Plano de Reabilitação sugere uma ligação que vai da Praça
Castro Alves a Santo Antônio Além do Carmo, cruzando o Pelourinho e conectando nas suas
estações superiores os ascensores existentes em seu percurso.
91
Figura 4-36 – Traçado do bonde na Cidade Alta e outras propostas para o CAS
Um ponto chave na formulação de cenários será repensar a articulação entre bairros no CAS.
Para tal, serão avaliados horizontes de implantação de projetos existentes, bem como a
articulação entre todos os sistemas de transportes existentes: transporte vertical x transporte
coletivo, transporte coletivo x transporte por bicicleta e área de circulação prioritária ao
pedestre.
92
um todo e também da região do CAS. Seria interessante avaliar a utilização exclusiva para
pedestres em algumas vias.
Cabe destacar a importância de que a abertura de espaço para pedestres seja acompanhada de
políticas complementares que disciplinem o estacionamento de automóveis e ofertem
transporte coletivo de alta qualidade.
Dois aspectos principais podem ser pontuados em relação aos estacionamentos: o desestímulo
à ocupação do espaço viário, que pode ser mais bem utilizado em prol do pedestre, e
transferência do automóvel para lotes em localização estratégica.
A disponibilidade de transporte coletivo de alta qualidade vai de encontro a essas funções,
conectando regiões e atraindo usuários do automóvel para o meio de transporte que ocupa
menos espaço por passageiro transportado.
O mapa a seguir apresenta a localização de estacionamentos de maior porte, não contabilizando
vagas livres ou de zona azul. É possível observar boa oferta no Barris/Centro, ao longo da
Avenida Sete de Setembro e na região do Comércio. Entretanto, não parecem ser suficientes
para inibir estacionamento na rua.
93
Figura 4-38 - Estacionamentos em lotes existentes no CAS (Não abrange vagas nas vias e estacionamentos
privados)
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
Numa análise mais abrangente para a cidade como um todo, políticas de gerenciamento de
demanda podem ser pensadas para inibir a ida ao centro de transporte individual, transferindo-
o para o transporte coletivo ou criando estacionamentos na região limítrofe para que a partir
daí o usuário possa complementar sua viagem confortavelmente a pé.
Dois exemplos seria um melhor aproveitamento da infraestrutura de transporte coletivo
existente em especial do metrô e a criação ou aproveitamento de estacionamento nos limites
do CAS, como o estacionamento da Arena Fonte Nova, por exemplo.
94
Os estacionamentos da Fonte Nova poderiam ser utilizados para outros usos fora dos horários
de eventos, uma vez que possuem boa oferta de ônibus no entorno, cabendo uma melhoria nos
acessos à Avenida Joana Angélica, possivelmente por meio de escadas rolantes ou elevadores.
Figura 4-39 – Exemplos de pontos de melhoria de acesso aos estacionamentos da Fonte Nova
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
Em relação ao metrô, poderiam ser implantados estacionamentos integrados às estações mais
distantes, para que usuários acessem o Centro pelas estações Lapa e Campo da Pólvora.
Figura 4-40 - Potenciais locais de estacionamento integrado para que usuários não se dirijam até o centro de
automóvel
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
95
Outro ponto que merece atenção no projeto é a qualificação da acessibilidade dos terminais de
transporte coletivo existentes. Para citar os exemplos mais proeminentes, os principais acessos
do Terminal da Lapa são através de corredores estreitados pela presença de ambulantes. Já o
Terminal Barroquinha possui parte de acessos disponíveis apenas através de escada e, ainda
assim, parcialmente obstruído por carros estacionados na calçada. O acesso via Ladeira da
Barroquinha tem boas condições de acessibilidade, embora a circulação de carros poderia ser
mais restrita para melhorar o deslocamento do pedestre.
Figura 4-41 – Rotas não acessíveis e com interferência de veículos – Terminal Barroquinha
Fonte: PGPO/Sistran Engenharia (2019)
Figura 4-42 – Via com boa acessibilidade ao Terminal Barroquinha – Ladeira da Barroquinha
Fonte: PGPO/Sistran Engenharia (2019)
96
Em relação aos projetos previstos voltados ao deslocamento dos pedestres, dois deles são de
grande porte e podem ser destacados: Parque Linear do Frontispício e a Passarela Via Histórica,
pensada junto com a revitalização do Mercado Municipal de São Miguel.
A passarela Via Histórica tem como intuito conectar o Pelourinho à Avenida Joana Angélica,
com conexão intermediária no Mercado de São Miguel por um conjunto de elevadores. A
passarela promoverá um caminho plano entre os pontos e incluirá esteiras rolantes e espaço
para circulação de bicicletas. Este caminho facilitaria o deslocamento entre usuários que se
deslocam entre a estação Campo da Pólvora e o Pelourinho.
O Parque urbano linear na encosta parece uma interessante forma de atrair pessoas para a
circulação entre as Cidades Alta e Baixa. A área do parque se estende desde o entorno da
Escadaria do Beco do Sodré, passa pelas encostas da Ladeira da Montanha até as imediações
do Túnel Américo Simas (possivelmente estendendo-se até o Largo de Santo Antônio). Este
projeto tem como principal potencialidade a sua capacidade de articulação entre áreas do
entorno. Entretanto, seria desejável sua continuidade ao longo de toda a extensão, mas não fica
97
claro no projeto disponibilizado se há essa possibilidade. Sendo assim, a possibilidade de
transposição desses planos inclinados é algo a se investigar na formulação de cenários.
Uma atenção especial precisa ser dada às conexões verticais, seja por escada, plano inclinado
ou por outro dispositivo mecânico de transporte (elevador, teleférico, escada rolante, etc.). Um
primeiro ponto é a necessidade de melhorar a acessibilidade aos dispositivos existentes. As
figuras a seguir apresentam exemplos de pontos negativos e positivos observados nos Planos
Inclinados Gonçalves, Pilar e Liberdade/Calçada.
Figura 4-44 – Acesso dificultado por barreiras na calçada da parte superior do Plano Inclinado Pilar
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
Estação Calçada
P.I. Lib-Calçada
Figura 4-45 – Trecho da Conexão entre a parte inferior do Plano Inclinado e a Estação da Calçada que pode ser
qualificada para privilegiar pedestre
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
98
Figura 4-46 – Boa acessibilidade e mobiliário urbano da parte superior do Plano Inclinado Gonçalves
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
Uma série de novas conexões foi proposta no âmbito do Planmob, como citado anteriormente.
A despeito desses pontos ainda não é possível avaliar sua viabilidade, mas destaca-se a
dependência que os teleféricos teriam de um plano que abrange também propostas de uso do
solo e, portanto, de maior complexidade de implantação. O Planmob também não apresenta
um detalhamento de diretriz de traçado para os elementos propostos e assim, esses serão objeto
de análise mais aprofundada na etapa de formulação de cenários, junto com o levantamento de
outras potenciais conexões.
Relembrando as ligações propostas no PlanMob (2017):
• Escadaria - R. do Paraíso, Barroquinha - Extensão 100m
• Plano Inclinado - R. Luís Murat, Dois de Julho - Extensão 150m
• Plano Inclinado - Estr. da Liberdade, Liberdade - Extensão 120m
• Plano Inclinado - Travessa Democrata, Dois de Julho - Extensão 95m
• Plano Inclinado - Ladeira da Preguiça, Dois de Julho - Extensão 105m
• Teleférico - Largo do Cais do Ouro – Extensão 950m
• Teleférico - Região Central– Extensão 920m
Outro ponto cuja viabilidade precisa ser avaliada: a conexão subterrânea do Comércio com a
Estação Campo da Pólvora do Metrô, apresentado no Projeto Urbanístico do Comércio.
Embora interessante, a proposta só aponta o local de conexão no lado do Comércio, nas
99
proximidades do Plano Inclinado Gonçalves, sem detalhar um ponto específico na conexão
com o metrô, nem a extensão da ligação
4.3.3.2 Bicicleta
A infraestrutura cicloviária no CAS ainda é escassa, mas a expectativa de implantação de
projetos é grande, visto o plano de investimentos apresentado no Planmob. Em relação à
infraestrutura proposta no Planmob para o CAS, chama a atenção a falta de ciclovias em
algumas regiões, como as vias transversais na região do Centro Histórico e Mouraria/Lapa.
Podem ser avaliadas ciclovias complementares entre as Avenidas J.J.Seabra e a Avenida Joana
Angélica (apesar da topografia desfavorável), alguma conexão interna aos bairros dos Barris e
Baralho/Macaúbas. Alternativamente, vias nestas regiões podem ser apontadas como
ciclorrotas, através de sinalização adequada.
100
Figura 4-48 – Mapa de ciclovias propostas Planmob com indicação de possíveis ligações complementares (em
roxo)
Outro fator a ser explorado nas propostas é uma maior quantidade de estações de bicicletas por
compartilhamento. O Planmob sugere para a região do CAS a implantação de um sistema de
compartilhamento de bicicletas diferente do existente, não necessariamente substituindo o atual
sistema. Neste novo sistema, seria permitido ao usuário pernoitar com a bicicleta e as estações
de compartilhamento seriam prioritariamente instaladas em terminais de integração com o
TC nos bairros ou próximos a dispositivos verticais (ascensores), possibilitando assim que
os usuários façam a última parte do trajeto de volta por bicicleta (terminal > casa) e só faça a
devolução da bicicleta no outro dia ao realizar a primeira parte do trajeto de ida (casa >
terminal).
101
Outra estratégia a analisar é a maior densificação de estações de compartilhamento existente
na região central. Usuários de sistemas compartilhados não querem andar muito para pegar ou
deixar uma bicicleta em relação a sua origem e destino finais. Estudos recomendam que a
distância conveniente para garantir atratividade de usuários é de uma estação a cada 300 metros
ou a uma distância de caminhada de 3 a 5 minutos entre estações 16 17, que visivelmente não
ocorre na rede de compartilhamento de bicicletas atual. O mesmo princípio de densificação
pode ser aplicado a instalação de paraciclos, que pela visita de campo restringem-se atualmente
às praças.
Ressalta-se, entretanto, a importância da existência da rede consistente, conectada e bem
mantida para manter a atratividade de usuários.
Levando-se em conta a importância da intermodalidade que os meios de transporte ativo
comumente demandam, é interessante que pontos de interesse frequentes, como as estações de
metrô, contem com bicicletários para atendimento aos ciclistas. Nesse sentido, um ponto
positivo percebido é a possibilidade de utilizar os planos inclinados/elevador com bicicleta.
Figura 4-49 - Sistema de transporte coletivo com capacidade para transporte de bicicletas
Fonte: GPO/Sistran Engenharia (2019)
Como ponto de partida para novas propostas, uma importante referência é a imagem a seguir,
produzida pela Salvador Vai de Bike, que indica rotas comuns aos ciclistas no Centro Antigo.
16
https://www.citylab.com/transportation/2011/10/how-new-york-city-will-choose-its-bike-share-stations/248/
17
https://nacto.org/wp-content/uploads/2016/04/NACTO-Bike-Share-Siting-Guide_FINAL.pdf
102
Figura 4-50 - Rotas comuns aos ciclistas do CAS
Fonte: Salvador Vai de Bike
104
HUB Tecnológico, como referência de polo de economia criativa que já vem atraindo
jovens para a região do centro.
Entre os pontos levantados, destacam-se as críticas ao funcionamento dos sistemas verticais de
transporte. Diversos foram os comentários sobre a necessidade de ampliação do horário de
funcionamento, necessidade de melhorias, relatos de falhas frequentes. Foi consenso que é
necessário um modelo de gestão mais eficiente dos ascensores, com investimento para que o
serviço seja melhor ofertado.
Críticas foram feitas quanto ao fator segurança e conservação das ladeiras e escadas que
conectam a Cidade Alta e Cidade Baixa e à barreira criada pela Via Expressa Baía de Todos
os Santos. Entre eles:
• Elevador Taboão: poderia ser revitalizado, embora precise se investigar sua
viabilidade;
• Ladeira do Taboão: risco de assalto, condições degradadas da infraestrutura;
• Ladeira do Sodré: riscos de assalto;
• Ladeira da preguiça e acessos a Praça Castro Alves: abandonados;
• Ladeiras em geral: fontes de água abandonada, escoamento de água (vazamentos?),
degradação social (uso de drogas);
• Um dos pontos de ônibus na Praça Marechal Deodoro poderia ser deslocado cerca de
1,5m mais distante da amendoeira para melhorar acesso de pedestres e circulação de
veículos;
• Travessia de pedestres na via expressa deveria ser complementada por elevadores e
passarelas.
Os comentários abordados seguem a mesma linha discussão do relatório de acompanhamento
dos avanços do Plano de Reabilitação Participativo do Centro Antigo de Salvador.
Em resumo, o diagnóstico da situação do CAS já foi bastante debatido e é chegada a hora de
propor soluções. A ideia é que o estudo mescle contribuições de melhorias pontuais e manuais
de intervenção para orientar outros projetos, não deixando de observar projetos estruturadores,
em especial para o transporte coletivo, na região.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
105
O sistema viário pode ser classificado como de baixa articulação e possui diversas vias estreitas
remanescentes de um processo histórico de ocupação da cidade.
A massiva utilização do carro na cidade também tem reflexo na mobilidade da região central.
Veículos param em vias estreitas e muitas vezes se utilizam das calçadas, restringindo a
circulação de pedestres. Sendo assim, o disciplinamento de locais de estacionamento de carros
ao longo das vias, aliado à implantação de estacionamentos estratégicos são desafios
importantes para a elaboração de propostas. Menos carros significa disponibilizar mais espaço
para pedestres e ciclistas, contribuindo para uma mobilidade mais compatível com áreas
comerciais e de valor histórico. Soma se a isso, a premente necessidade de integração entre os
modos de transporte. Especial atenção precisa ser direcionada à operação dos sistemas de
ascensores e elevadores. Sua integração operacional com os demais modos, especialmente com
os sistemas de ônibus, é uma necessidade diagnosticada e desejável integrá-lo com
infraestruturas acessíveis como as calçadas e ciclovias.
As restrições de alteração arquitetônica do Centro Histórico e de uma série de edificações é
outro desafio importante a ser considerado, visto que as propostas devem harmonizar com o
patrimônio envolvido.
Sabe-se, entretanto, o poder que infraestruturas de qualidade e com alta funcionalidade têm em
influenciar novas dinâmicas que qualifiquem o deslocamento na região. Ideias bem projetadas
auxiliam na melhor utilização do uso do solo e do sistema de transporte, sendo acompanhado
ainda de um processo de valorização do espaço público por parte da população.
Portanto, em que pese o fato das políticas de uso e ocupação do solo estarem atualmente em
discussão é necessário que, para o sequenciamento das atividades previstas, sejam definidos
cenários, sobre o uso e ocupação do solo. Estes cenários serão tratados como subsídios, assim
como os planos e projetos previstos, que serão selecionados e, eventualmente incluídos ao
desenvolvimento das propostas de plano funcional de mobilidade urbana do CAS.
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